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CONSANGUINIDADE NAS AVES

Adaptado de: Giorgio de Baseggio - Itália

COMO CALCULAR O GRAU DE CONSANGUINIDADE

Utiliza-se o seguinte gráfico:


Linha entre as colaterais
Onde A é o macho fundador (mas pode muito bem ser uma fêmea); B e B1 são FILHOS de A,
nascidos de duas fêmeas diferentes não consanguíneas. C é filho de B e neto de A; C e C1 são
PRIMOS entre si. A-B-C-D-E é uma linha DIRECTA.
Acasalando-se indivíduos pertencentes entre linhas diversas (por ex. B com Cl; ou D com B1)
obtém-se acasalamentos COLATERAIS.
Entre A e B e entre A e B1 existe o lº Grau de Consanguinidade;
Entre A e C e entre A e Cl existe o 2º Grau de Consanguinidade;
Entre A e D e entre A e Dl existe o 3º Grau de Consanguinidade e assim por diante;
Entre B e B1 (meio-irmão) existe o 2º Grau de Consanguinidade;
Entre C e Cl existe o 4° Grau de Consanguinidade;
Entre D e Dl existe o 6° Grau de Consanguinidade;
Entre E e El existe o 8° Grau de Consanguinidade;
Entre D e Cl existe o 5º Grau de Consanguinidade.

REGRAS – para se calcular o Grau de Consanguinidade entre exemplares pertencentes a duas


diferentes linhas directas, deve-se contar a letra (excluindo a primeira letra) passando através do
A. Por exemplo: o Grau de Consanguinidade entre C e D1 contam-se as letras B-A-B1-C1-D1 =
5° Grau de Consanguinidade.
A consanguinidade é tanto mais próxima quanto menor é o grau.
CONSANGUINIDADE ESTREITA - é de 1° e de 2° grau (INBREEDING);
CONSANGUINIDADE MÉDIA - é do 3° e 4° Grau;
CONSANGUINIDADE LARGA – além do 5º Grau (LINE-BREEDING)

DESCRIÇÃO DE ACASALAMENTOS NA CONSANGUINIDADE ESTREITA

1° ANO: escolhe-se o FUNDADOR A (excelente exemplar) que é acasalado à FUNDADORA


B (óptima fêmea).
Prole: Machos AB (com 50% de A e 50% de B); Fêmeas AB (idem).
2° ANO: Faz-se acasalamento do PAI A com a melhor Filha AB; e acasalamento da MÃE B
com o melhor FILHO AB.
Assim: Pai A x Filha AB
Prole: machos AAB e fêmeas AAB,
ou: Mãe B x Filho AB
Prole: machos ABB e fêmeas ABB.
3° ANO: o melhor MACHO do acasalamento PAI x FILHA é acasalado com a AVÓ B: m.
AAB x f..B
Prole: filhos machos AABB e fêmeas AABB (onde m.= macho; f.= fêmea).
A melhor FÊMEA do acasalamento MÃE x FILHO é cruzada com o AVÔ A. m.ABB
Prole: filhos AABB e filhas AABB.
4° ANO: a partir deste ano os melhores nascidos no 3° ano são acasalados com os seus avós e
assim por diante nas sucessivas gerações.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

1 - São escolhidos sempre os MELHORES exemplares e jamais acasalar aqueles com defeitos.
2 - Do esquema acima ALGUNS SEXOS de determinados acasalamentos não são utilizados.
Mas alguns exemplares não utilizados poderão ser preciosos evidenciando boas características.
Nesse caso um dos melhores MACHOS não utilizados no acasalamento (MÃE x FILHO) do 2°
ano - ABB pode ser acasalado com as melhores FÊMEAS do outro acasalamento PAI x FILHA
- AAB.
3 - Após o 3° ano se os dois FUNDADORES eram excelentes e de boa genealogia aparecerão
nos exemplares produzidos as excelentes características das duas FUNDAÇÕES: ou seja, o
BOM GENOTIPO aparecerá também na exterior conformação dando um bom FENOTIPO.
Quer dizer, dava-se a HOMOZIGOSE na linhagem.
4- Depois do 4° ano o criador terá à disposição diversos bons exemplares nascidos de diferentes
acasalamentos e todos eles terão um BOM GENOTIPO, podendo-se acasalá-los entre si para
obter-se DIVERSAS LINHAS CONSANGUÍNEAS (A-B-C-D, por exemplo) as quais, por
serem entre si aparentadas, possuirão uma certa heterozigose entre as diversas linhas.
5 - Nos anos sucessivos convém-se UNIR EXEMPLARES PERTENCENTES a LINHAS
diferentes se obterão exemplares ÓPTIMOS (férteis, com excelentes características) porque a
prática de criação tem constatado que se obtém o MELHOR VIGOR unindo-se entre si duas ou
mais linhas consanguíneas e não acasalando-se indivíduos NÃO consanguíneos.

LINE-BREEDING ou CONSANGUINIDADE LARGA

É o método de consanguinidade larga que permite a introdução rápida da característica de um


exemplar FUNDADOR de valor numa linhagem. Acasala-se o macho FUNDADOR F com 3
fêmeas de valor.
MACHO FUNDADOR: m.F x f.A ; f.B; f.C
PROLE: machos AF BF CF; fêmeas AF BF CF
Todos os novos terão 50% do "sangue do macho FUNDADOR F e 50% de "sangue" das 3
fêmeas
NOVOS: do 1° ANO: 1/2F e 1/2A 1/2F e 1/2B 1/2F e 1/2C
2° ANO: ao macho FUNDADOR F acasala-se as melhores 3 novas fêmeas (ou nascidas
também da própria fêmea, na falta de fêmea nascida das outras duas) nascidas de cada uma
fêmea A-B-C.
m FUNDADOR F x f. 1/2F e 1/2A f. 1/2F e 1/2B f. 1/2F e 1/2C
NOVOS DO 2° ANO serão: 3/4 de F e 1/4 de A, ou de B ou de C.
Estes novos têm 75% do "sangue" do macho FUNDADOR F.
3° ANO: ao macho FUNDADOR F serão acasalados as melhores três fêmeas (ou duas se F tem
um "decréscimo de vigor") nascidas no segundo ano de cada uma fêmea. Os NOVOS do 3° ano
terão intensificado a influência do macho F e reduzido a influência das 3 fêmeas A-B-C
divididas.
No 4° ANO escolhe-se as fêmeas com o mesmo procedimento de acasalar ao FUNDADOR F.
Entre os novos nascidos no 3° e no 4° ano escolher um novo fundador e repetir-se-á o ciclo.
Depois do 3° ano, os novos de ambos os sexos terão uma alta percentagem de sangue F: assim
obtém-se uma linhagem seleccionada em consanguinidade larga, porém bastante UNIFORME
para se utilizar nos anos sucessivos para obter 3 LINHAS A-B-C (proveniente das três fêmeas).
São linhas de consanguinidade LARGA que tem em comum a característica de valor do
fundador F.
Os exemplares das 3 LINHAS podem ser acasalados entre si aumentando o vigor e fertilidade
dos descendentes e mantendo um certa UNIFORMIDADE na linhagem seleccionada.
EVITAR o máximo a INTRODUÇÃO de "sangue" de um exemplar "externo" (ou seja,
proveniente de outro criador ou de outra linhagem).
OUTROS EXEMPLOS DE CONSANGUINIDADE

Escolhe-se um MACHO EXCEPCIONAL que tomar-se-á o FUNDADOR (chamaremos A).


Escolhe-se uma FÊMEA de ÓPTIMAS características provenientes de uma linhagem
seleccionada (chamaremos B).
l°ANO: m.A x f.B
PROLE: machos AB; fêmeas AB
2° ANO: acasala-se PAI com a MELHOR FILHA AB: m.A x f.AB
PROLE: machos AAB; fêmeas AAB
3° ANO: a melhor NETA AAB com o AVÔ A m.A x f.AAB (AVÔ x fêmea NETA)
PROLE: machos AAAB; fêmeas AAAB
4° ANO: se o FUNDADOR A ainda está em forma, acasala-se com a melhor fêmea nascida do
3° ano. m.A x f.AAAB (m.AVÔ x f. SOBRINHA (2° grau))
PROLE: machos AAAAB; fêmeas AAAAB
5° ANO: geralmente o FUNDADOR, nesta altura, perde o seu melhor vigor (porém, se estiver
ainda em boas condições de reprodutor, pode-se acasalá-lo às melhores fêmeas nascidas do
cruzamento do 4° ano). Se estiver muito velho, escolhe-se o MELHOR NOVO (macho) dos
nascidos no 4° ano : este novo será o FUNDADOR para os futuros acasalamentos.
Agora o NOVO macho escolhido AAAAB é acasalado com um óptimo exemplar fêmea NÃO
APARENTADO: a fêmea pode fazer parte do mesmo criador, porém proveniente de OUTRA
LINHA, com escasso grau de consanguinidade em relação ao novo FUNDADOR AAAAB (é
esta a melhor escolha); ou então, na falta desta, o criador pode conseguir a fêmea de um outro
criador, porém assegurando-se de que a fêmea "externa" provenha de uma boa linhagem
seleccionada em consanguinidade com os mesmos critérios usados pelo criador em causa, isto
porque a AQUISIÇÃO DE EXEMPLARES DE OUTRAS LINHAGENS (outros criadores)
DEVEM SER MUITO CAUTELOSAS pelo perigo de INTRODUZIR-SE na própria linhagem
taras hereditárias recessivas perigosas, que levaria a nada o trabalho de selecções de todos os
anos precedentes. Se a aquisição "externa" provém de uma boa linhagem seleccionada em
consanguinidade, a nova aquisição terá um número muito reduzido (ou será ausente) de taras
hereditárias em relação a um outro exemplar proveniente de criador onde não se pratica a
consanguinidade.
A fêmea "externa" trará "sangue fresco" para aumentar, na linhagem seleccionada nos anos
precedentes vigor, robustez, fertilidade e eventualmente características de qualidade que faltam
na linhagem seleccionada.
Chamamos a FÊMEA EXTERNA com símbolo "C" e o NOVO MACHO FUNDADOR com
"4AB".
ACASALAMENTOS:
l°ANO: m.4AB x f.C
PROLE: machos 4ABC; fêmeas 4ABC
2°ANO: a melhor FILHA 4ABC com o PAI 4ABC - (m.4ABC x f.4ABC)
PROLE: machos 4AABC; fêmeas 4AABC
3°ANO: a melhor fêmea nascida no 2º ano (4AABC) acasalada ao FUNDADOR 4AB m.4AB x
f. 4AABC
PROLE: machos 4AAABBC; fêmeas 4AAABBC
Após o 3° ano seleccionar e escolher os novos nascidos no 3° ano e considerar como NOVOS
FUNDADORES: 4AAABBC. Nota-se que um ciclo de 4 ANOS (como no ciclo precedente) ou
de 3 ANOS (como o último ciclo) retoma com um NOVO CICLO (e 3 ou 4 anos, segundo o
"vigor" do macho fundador).
Como o exemplo acima, por volta de sete anos, estão desenvolvidos DOIS CICLOS (um de 4 e
um de 3 anos) utilizando-se 2 MACHOS FUNDADORES consanguíneos. Com 6 ou 7 anos ou
estações de reprodução forma-se uma LINHAGEM SELECIONADA que reagrupa as
características de excelência do 1° macho fundador (A), acolhe também algumas características
"externas" que faltavam na linhagem, mediante a introdução da FÊMEA C não consanguínea.
Para se prevenir contra a eventual morte do pássaro fundador convém ter também sempre um
irmão de sangue do próprio fundador para substituí-lo.
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS RETIRADAS DA EXPERIÊNCIA PRÁTICA

Tem-se constatado que, nas raças de canários, em 9 de 10 casos, as seguintes características são
herdadas de:
MACHO: qualidade da PLUMAGEM - COR e TAMANHO
FÊMEA: FORMA - óptima CABEÇA - CONSTITUIÇÃO.
Enquanto que as seguintes características parecem ser transmitidas por ambos sexos:
POSIÇÃO - ROBUSTEZ - FERTILIDADE
Por outro lado, pode-se dizer igualmente para os DEFEITOS: no sentido que as características
defeituosas são portadas como acima, pêlos dois sexos. Ou seja, os MACHOS, mais que as
fêmeas, podem perpetuar na prole os DEFEITOS de PLUMAGEM -COR - TAMANHO.
Enquanto que as FÊMEAS, mais que os machos, podem transmitir as características negativas
predominantemente da FORMA e na CONSTITUIÇÃO.

"BALANCEAR OS DEFEITOS" É UMA PRÁTICA PERIGOSA

Diversos criadores, sobretudo aqueles mais antigos, têm a opinião que ao acasalar-se dois
exemplares com DEFEITOS OPOSTOS (por exemplo, macho de asas cruzadas e fêmeas de
asas caídas) os filhos terão um balanceamento e as asas normais.
Pelo contrário, achamos que ao acasalar-se pássaros com defeitos obter-se-á prole que
apresenta os defeitos dos pais pois os defeitos são hereditários. Unindo-se dois
exemplares com defeitos opostos a prole evidenciará o defeito que porta o gene
dominante (maioria filhos...), porém AMBOS defeitos opostos entrarão na linhagem. A selecção
deve ser feita acasalando-se PAIS COM UM MENOR NÚMERO DE DEFEITOS: eis a
importância de se conhecer as características dos antepassados dos reprodutores (genitores),
avós, bisavós etc.), ou seja, o "livro genealógico". Oportunamente antes das aquisições, visitar
todos os pássaros do criador/vendedor e constatar se esses são em grande parte de boa qualidade
e pedir-lhe as características dos antepassados dos exemplares que se vai adquirir.

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