Este 10º Ano

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Teste de Português – 10.

º Ano

Versão 2

5 Grupo I

Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.

A
10

Lê a seguinte cantiga de amigo.

15 Por Deus, amigo, quem cuidaria


que vós nunca houvéssedes poder
de tam longo tempo sem mi viver?
E des oimais1, par Santa Maria,
5 nunca molher deve, bem vos digo,
20 muit'a creer per juras d'amigo2.

Dissestes-mi u3 vos de mim quitastes4:


"Log'aqui serei convosco, senhor";
25 e jurastes-mi polo meu amor,
10 e des oimais, pois vos perjurastes5,
nunca molher deve, bem vos digo,
muit'a creer per juras d'amigo.

30
Jurastes-m'entom muit'aficado6
que logo logo, sem outro tardar,
15 vos queríades pera mi tornar7,
e des oimais, ai meu perjurado8,
35 nunca molher deve, bem vos digo,
muit’a creer per juras d’amigo.

E assi farei eu, bem vos digo,


40 20 por quanto vós passastes comigo.

D. Dinis, in Graça Videira Lopes, Manuel Pedro Ferreira et al. (2011), Cantigas Medievais Galego Portuguesas
[base de dados online], Lisboa, Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA
45 (consultado em outubro de 2016, disponível em: http://cantigas.fcsh.unl.pt).

1
des omais: de hoje em diante.
2
vv. 6, 12 e 18: acreditar muito nas juras de um amigo.
503 u: quando.
4
quitar/quitar-se: afastar, afastar-se.
5
perjurar: jurar falso.
6
aficado: afincadamente, empenhadamente.
7
tornar: voltar.
558 perjurado: que cometeu perjúrio, falso.

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601. A donzela interpela o amigo e enumera as razões do seu descontentamento.

Demonstra que o descontentamento apresentado vai aumentando ao longo das coblas,


ilustrando a tua resposta com elementos textuais.

2. Explicita o sentido dos dois últimos versos, tendo em conta o refrão das três coblas.

65

3. Apresenta as características formais e temáticas presentes nesta cantiga de amigo.

70Lê atentamente o texto seguinte.

Quase todas as literaturas se iniciam por obras em verso. Excetuando as novas


nacionalidades resultantes da emigração de Europeus a partir do século XVI, a poesia surge mais
75cedo do que a prosa literária. Não é difícil explicar este facto: nas civilizações do passado, a mais
corrente forma de comunicação e de transmissão da obra literária não é escrita, mas oral. Antes
de se fixarem no bronze, na pedra, no papiro, no papel ou no pergaminho, as histórias, as
narrativas, e até os códigos morais e jurídicos gravavam-se na memória dos ouvintes; e havia
artistas que se encarregavam de as divulgar, os aedos e rapsodos entre os Gregos, os bardos
80entre os Celtas, os jograis entre os povos românicos medievais. O verso é, inicialmente, entre
outras coisas, uma forma de ritmar a fala que facilite a memória, quer esse ritmo se baseie em
esquemas de contraste quanto à duração das sílabas (caso do verso greco-latino), quer em
esquemas de contraste de intensidade silábica reforçados por aliterações (caso da poesia
germânica), quer no isossilabismo, isto é, na regularidade quanto ao número de sílabas reforçada
85pela rima (caso das literaturas românicas medievais), quer ainda noutras componentes fonéticas.
Vestígios desta literatura oral são ainda hoje os provérbios que, como facilmente se verifica,
obedecem a ritmos ou recorrências fónicas que facilitam a fixação. As literaturas românicas
medievais apoiam-se, como já notámos, na literatura oral, cujos principais agentes eram os
jograis, embora, por via clerical, apreendessem certos temas e lugares-comuns retóricos de
90tradição greco-romana, sobretudo desde a sua assimilação pelos trovadores corteses (e, na
Península, também pelos segréis, nobres de parcos recursos e também, por vezes,
instrumentistas).

95 Óscar Lopes, António José Saraiva, «A Poesia dos Cancioneiros», História da Literatura Portuguesa,
Porto, Porto Editora, 2002 (1 DVD).

100
4. Indica as razões apresentadas para a poesia ter surgido antes da prosa literária.

5. Explicita o sentido da seguinte afirmação «As literaturas românicas medievais apoiam-se,


105 como já notámos, na literatura oral […].», ll. 15-16, relacionando-o com as cantigas medievais.

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GRUPO II
110

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.


Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Lê o texto.

Manuscritos medievais descobertos em encadernações de livros


115Nova tecnologia holandesa permite detetar e ler manuscritos medievais que, após a
invenção da imprensa, foram reciclados e usados para reforçar as encadernações de livros

Uma revolucionária técnica de raios X desenvolvida por uma equipa de cientistas na


universidade holandesa de Leiden levou já à descoberta e decifração de vários fragmentos de
120manuscritos com mais de mil anos que tinham sido usados para reforçar as encadernações de
outras obras.
“É como uma caça ao tesouro, uma coisa realmente emocionante”, disse ao jornal
britânico The Observer o especialista em literatura medieval Erik Kwakkel, um dos investigadores
envolvidos neste projeto, que utiliza uma nova tecnologia, a Ma-xrf (sigla de macro x-ray
125fluorescence spectrometry), para ler as páginas ocultas sem destruir as encadernações.
Desenvolvida por uma equipa liderada por Joris Dik, da Universidade de Tecnologia de Delft,
a Ma-xrf começou por ser utilizada para revelar camadas ocultas em telas de Rembrandt e de
outros grandes pintores. Foi esta tecnologia que permitiu a descoberta, em 2011, de um até então
desconhecido autorretrato de Rembrandt, que apareceu, incompleto e já um tanto desvanecido,
130sob a superfície de outra pintura.
Mas as potencialidades desta técnica para a descoberta de manuscritos embutidos em
encadernações são particularmente interessantes, porque o revolucionário scanner inventado por
Dik permite não apenas detetar a sua existência, mas também lê-los, e isto sem danificar as
lombadas dos livros.
135 A partir do século XV, e até ao século XVIII, era frequente os encadernadores cortarem e
reciclarem livros medievais, escritos à mão, que a invenção da imprensa viera tornar obsoletos,
para reforçar as lombadas. E alguns desses materiais eram já então antiquíssimos, como se
demonstra pelos primeiros resultados do projeto da Universidade de Leiden, que encontrou numa
das encadernações já radiografadas o fragmento de um manuscrito do século XII, que cita
140excertos de uma obra de Bede: um monge inglês e doutor da Igreja […] que viveu entre os
séculos VII e VIII e redigiu uma célebre História Eclesiástica do Povo Inglês.
A equipa da universidade holandesa tem mesmo conseguido separar virtualmente páginas
que foram coladas umas às outras, tornando legível o texto de cada uma delas.
Erik Kwakkel calcula que uma em cada cinco encadernações dos primeiros tempos da
145imprensa contenha fragmentos de manuscritos medievais, que em alguns casos poderão ser
mesmo o único vestígio que ocultamente sobreviveu de obras há muito dadas como
irremediavelmente perdidas. […]
Para detetar os manuscritos ocultos, a tecnologia Ma-xrf recorre a um feixe de raios X que
regista a presença e a abundância de elementos como o ferro, o cobre e o zinco – principais
150constituintes das tintas medievais – sob as camadas de papel ou pergaminho, um material
particularmente denso, fabricado a partir de peles de animais.
O principal senão da nova tecnologia é, por enquanto, a sua lentidão. Radiografar uma
lombada pode levar 24 horas, reconhece Dik, cuja equipa está a tentar encontrar métodos mais
expeditos. “Para já, provámos que isto funciona”, diz o cientista.
155
in Público, junho 2016, disponível em: https://www.publico.pt
(consultado em outubro de 2016, texto com supressões).
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1. A nova tecnologia, a Ma-xrf, permite
160
(A) tornar nítidas pinturas deterioradas.

(B) descobrir um autorretrato de Rembrandt oculto sobre outra pintura.

(C) decifrar manuscritos ilegíveis.

(D) ver o interior oculto de telas de pintura e de livros.


165
2. Alguns manuscritos foram encontrados em encadernações de livros, porque

(A) estavam a reforçar as lombadas.

(B) estavam escritos à mão.

170 (C) eram textos medievais.

(D) estavam obsoletos.

3. A tecnologia Ma-xrf permite encontrar ferro, cobre e zinco

175 (A) em cima das camadas de papel.


(B) no exterior das lombadas.
(C) debaixo das camadas de papel.
(D) sobre as camadas de pergaminho.

180
4. A frase «O principal senão da nova tecnologia é, por enquanto, a sua lentidão.» (l. 35)
apresenta

(A) uma negação da tecnologia.


185 (B) uma ligação da tecnologia.
(C) uma lacuna da tecnologia.
(D) uma recusa da tecnologia.

5. Em «[…] cita excertos de uma obra de Bede: um monge inglês e doutor da Igreja […] que
190 viveu entre os séculos VII e VIII […]» (ll. 22-24), os dois pontos introduzem

(A) explicação.
(B) diálogo.
(C) citação.
195 (D) enumeração.

6. A frase «“É como uma caça ao tesouro, uma coisa realmente emocionante”» (l. 5), contém

(A) ironia.
200 (B) personificação.
(C) adjetivação.

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(D) comparação.
7. Em «Uma revolucionária técnica de raios X […] levou já à descoberta e decifração de
vários fragmentos de manuscritos com mais de mil anos que tinham sido usados para reforçar
205 as encadernações de outras obras.» (ll. 1-4), a oração subordinada sublinhada é:

(A) adverbial causal.


(B) adverbial final.
(C) adverbial concessiva.
210 (D) adverbial temporal.

8. Indica a que se refere o pronome sublinhado em «[…] porque o


revolucionário scanner inventado por Dik permite não apenas detetar a sua existência, mas
215 também lê-los » (ll. 15-16).

9. Identifica os processos fonológicos que ocorreram na evolução das palavras:


A) OPERA > OBRA
220 B) MULTU > MUITO

GRUPO III
225
Eduardo Lourenço defende que «a língua é uma manifestação da vida e como ela em
perpétua metamorfose» e que «[ela] é, sobretudo, obra dos que a trabalham ou a sonham».

Num texto bem estruturado, de cento e vinte a cento e cinquenta palavras, apresenta a tua
230opinião sobre a importância da língua e as razões que motivam a sua constante mudança.

235Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por
espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/).
Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o
constituam (ex.: /2016/).
2402. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre duzentas e trezentas
palavras –, há que atender ao seguinte:
 um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5
pontos) do texto produzido;
 um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.
245

FIM

250

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255

COTAÇÕES

Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. a 5.
I 100
5 × 20 pontos
1. a 9. [a) e b)]
II 50
10 × 5 pontos

III Item único 50

TOTAL 200

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