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Ie ne fay rien
sans
Gayeté
(Montaigne, Des livres)
Ex Libris
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A TEMPORADA LYRICA - O u v i n d o o R l g o l e t l o
ANIMO
INT. 1
I DDFfDS Rio
K K L W O ESTADOS, 600 BS.
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1921
U
SETEMBRO
GRUPOS KOHLER FABRICADOS PELA Co. U. S. A.
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15, 17 - R u a M u n i c i p a l 19, 21 R I O DE J A N E I R O
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Importadores | Fabricantes de
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Sellins,
de Couros
e Arreios,
artigos para e
Carros Equipamentos
e Viagens, militares
*••••*•»*••••*«•••*•••*
P ASSAVA um dia o
grande maestro por
Importadores de appare-
Ihos para electricidade,
uma casa pobre, de
que sabiam as notas de uma
sua sonata. Parou, ao ouvir
uma voz de mulher que de
dentro dizia:
— Que não daria eu para
água. gaz, luz incandes-
cente, esgotos, folha de
Flandres, cobre, eslanho,
bacias e la>-alorios de fer-
ro esmaltado e de louça,
fogões, canos de
pn
ouvir esta musica tocada por ferro e de chumbo,
um artista 1 lustres, lampeôes,
Beethoven empurrou arandelas e móis
porta da humilde habitação artigos concernen-
aAou-se numa saleta muito tes, e das legitimas
simples, contígua <» uma loja lâmpadas
de sapateiro.
Sentada ao piano estava
uma moça e junto delia um
LUCAS
rapaz com roupas de trabalho.
— Peço-lhes perdão — disse Beethoven aos dois jo- Encarregam-se de installações eleclricas
vens — mas ouvi musica e como entendo um bocadinho dessa
arte, não resisti ao desejo de entrar...
A moça enrubeceu e o joven franziu cenho, quasi
MEDEIROS SARTORE & C.
ameaçador. Successores de MEDEIROS & BORGES
— Além disso, accrescentou Beethoven, ouvi que Rua Marechal Floriano, 23 e
disse a menina. Queria. desejava ouvir . . . Emfim, quer
deixar-me tocar ? Theophilo Ottoni, 142
— Obrigado, senhor, respondeu joven irmão da T E L E P H O N E N O R T E 1035
moça, mas o nosso piano é muito máu e além do mais R I O IDE J A N E I R O
não temos musica.
— Não têm musica? exclamou o maestro. Mas ent5o
como toca a menina?
Mas interrompeu-se córou. Tinha percebido que a » • • * • * • » • *
I
A esse tempo os raios argenteos da lua penetraram
na saleta acariciaram a. face tr.ste da céguinha.
O olhar do rapaz encontrou o da moça, e elle excla- Brande soilimenlo de Trens de cosinha em alumínio
mou, commovido:
— Pobre irmãzinha 1
— Está bem, disse o maestro. Desde que ella náo 9, Rua da Carioca, 9
pôde ver o luar, vai «ouvil-o...v
Poi-se a tocar de novo e improvisou aquella melo- Telcphone Central 1305
dia inesquecível que o mundo conhece pelo nome de «Sonate
du clair de lune...» RIO DE JANEIRO
Pippo LEOPARDI
nado de
martello Este cidadão mostrava aos presentes u " " di
ffcTLE,LlPS i.iu
bem feio, valha a verdade, AJgun •
contai em vôi alta. Oito mil setecejntot
oito mil setecentos trinta. Gostei de ver
em arithmetica. Oito mil setccentjs c trinta
1 !•/ se um silencio.
vinte
força di •' gente
setej
D pcq
ts
i
me
i minha
pareceu
Pensei que talvez não houvesse entre os presente»
nenhuma pessoa que soubesss contar além de nove mil. E
<\- lamei: Nove mil
Uma senhora de idade que
quinhentosl
havia irritado com i
ainda mais lasl imprei uma arithmetica r, ostentação dos seus conhecimentos aridimeticos, encarou-me
I ., minha chamada a cartório, estudo todas ,,,,,, um ar esquerdo disse: Dez mill»
um
ird< - duís li >ras. A ' Í j i pouco. Onze nul! bradei.
Ha dias passava eu pela rui — Doze! disse i:11a.
Cm • i asa, na i squ na da rua Grange - — T r e z e ! volvi.
HJI, OU minha attenção. I urregadores entravam — Quatorze mil quinhentosl oppoz a velhota,
i Perguntei .. um transeunte: Pode faz -r favor A sala inteira, cheia de admiração, tinha os olhos vol.
de din casa i esta? EU< mdeu: E' tados para mim. Recolhi-me um instan-
te. Depois pronunciei claramente, com
uma pose excéllente :
— \'intc mil I
A velhota calou-se. Reinou um
longo silencio. Eu estava encantado
com a historia. 0 cavalheiro bateu
• com martello na mesa olhou-me
, ,,:n certa estim i, murmurando i Vd
ü judicado!. Eu não comprehendia bem
i|ue elle queria dizer, m i s estava
orgulhoso. Pediram-me que deixasse
o meu nome c endereço.
V. não entendo mais coisa algum.i
deste t a s o complicado. Obrigaram-me
u pagar vinte mil franco.; e me pre-
sentearam com um velho centro de me-
i a . . . Que é que eu vou faicr d e i : i
N a antigüidade só se usavam,
para medida do tempo, i qua-
drante solar os relógios d'agua,
ou clepsydras. A idade média foi
o reino da ampulh-la, cuja invenção
se attribuc aos chinezes.
A idéa de fa;er gyrar pontei-
ros sobre um quadrantü graduado,
com auxilio de rodas dentadas mo-
vidas por um peso c no emtanto mui-
to antiga, foi já a ella so refere
Aristóteles.
Mas foram nei essarios sc< ulos
G para * resolução do delicado proble-
ma que consiste cm g r a d u a r o mo-
vimento gerador. O primeiro relógio
mecânico foi fabricado em fins do
SeCUlO X.
Tratou-se depois de construir
ALGERIA PITTORESCA portáteis. Um autor do sé-
Lm quadro csracteristico: muros vetustos, albornozes, palmeiras, água culo XV conta que no seu tempo
para soluções e um sol de escaldar...
hawa já relógios portáteis que não
Hotel Drouol Ha u:na grande affluencia de a m a d o r eram maiores do qu~ uma amêndoa . Mas somente depois
causa do leilã.» X—V—Z . da invenção, p j r Huygeni, em i^74. do regulador de mola
Lsta resposta não me adiantou nada. Emfim... como os em espiral, é que os relógios entraram no caminho do
divertimentos gratuitos não são muitos em Paris, segui os progre
visitamos. E foi em I75"J qu-; Uarrison construiu u , prim
Numa vasta saia esia.ar.: pcssAas amontoadas de pé. chronometros.
• •_ A XXXXXXXDXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
"GERMANIA"
a mais afamada e barata, pois
custa só
1 $ 5 0 0
COISAS LONDRINAS O pobre Tancredo não podil com ilinr o BOmBft M "
voh'ia-se. inquieto, no leito, COOU a t e n u a d o pot UM remorso.
Intrigada, Angela, sua esposa, indagou-lhe:
— Porque te remexes assim na Cama, Tancredo ?
— Ora, porquel Porque lenho que pagar eoolooo,
amanhã, ao casca do Felicio, n l o tenho nem 5*oool
— E é isso que te preoecupa? fez ella calmamente.
— Está claro I
— Muito bem: levanta-te, vac procurar o r e l i d o ,
acorda-o dite-lhe; «Tenho de pagar-te amanhã 200J000,
mas não pago, porque estou «promptol»
— E então ?
— Então, continuou Angela, será o Felicio quem
perderá o sccnno tu dormirás regaladamente. . .
— BOt —
NEGOCOS, NEGÓCIOS...
Miss Margaret Wilson, a filha do ex-presidente dos
Estados Unidos (pae, também, de Miss Lcague of Nations),
iniciou nova vida, em Julho ultimo, ingressando na car-
reira commcrcial.
Miss Margaret associou-se a uma agencia de publi-
cidade cujo quartel general é em New-York. Aos photogra-
phos e aos jornalistas q u : puzeram cerco aos seus sumptuo-
sos escriptorios, declarou nova «business woman» que o
cornmercio sempre a havia interessado. H a um anno resolvida
a escolher uma carreira, ella decidiu pela publicidade, cujos
segredos estudou cuidadosamente durante um anno.
Miss Wilson permanece no seu escriptorio, de 9 ás
17.30 horas, consagrando apenas 30 minutos ao almoço.
O inlelligente c a v a l l o " D i c k " , q u e no "Lyceum
Ao que dizem, poucas horas depois de inaugurada,
imita o c t l c b r e C i r l i l o .
já a nova agencia havia conseguido alguns contractos im-
4 portantes . . . «Ce qui femme veut...»
e do universo no interior da vulcão a cuja base Ulysses A mais terrível, talvez, dessas catastropnes periódi-
encontrara o gigante Poliphemo. cas, fez morrerem em 1693 cerca de 60.000 homens. Mas,
passada a cólera, os homens voltam, felizes de viverem
Sem duvida a Etna, chamado outr'ora «o pilar dos
sob o mais bello sol do mundo e sobre uma terra tão fér-
céus» é digno de ter suscitado nos espíritos heróicos fan-
til que não exige o menor esforço humano.
tásticas legendas, pelo seu aspecto formidável e pelas ter-
ríveis ameaças que espalha pelos arredores. O vulcão é cultivado até á altura de 700 metros,
em que começa o zona chamada das florestas, mas que
A montanha tem 180 kilometros de circumferencia na
actualmente está quasi completamente despida pelos l;nha-
base lança o fumo, pela sua cratera principal, a 3.369
dores. A partir de 2000 metros não ha sombra de ve-
metros de altura. Menos harmonioso de linhas do que o
getação nem de cultura.
Vesuvio. de cume muito mais aggressivo, embora relu-
zente ao sol como velludo negro, o Etna é mais acces- A 3000 metros se abre atravéz dos flancos subver-
ral á escalada, pois nelle não K encoatram ciazas moyedt- tidos, uma infinidade de crateras hiautat. . .
•
- AMERICA -
am inimigo invisível com todo o esforço da sua potente
musculatura. O seu autor, Fernando Thauby, verdadeiro
«avançado» da nova geração, parece ter a s s u m ü o o papel de
N ÃO se passa anno em que as revistas parisienses plasmador das legendas da raça aborígene do Chile, os
de arte não assignalem a victoria de alguns ar- famosos araucanios dos tempos da conquista hespanhola.
tistas hispano-americanos, especialmente chilenos, A arte chilena, apoiando-se muito embora nos ele-
alguns dos quaes, como o esculptor Nicanor Plaza e o mentos tradicionalistas, procura esforçada e brilhantemente
pintor Valenzuela Llanos, chegaram alcançar medalhas do caminho da emancipação da originalidade.
«Salon>> official, distincção hsongelra si se considerar es-
pirito exclusivista francez.
A escola franceza teve grande influencia na pintura
chilena, orientada ha meio século por Paris, pelos seus
pensionistas, os seus mestres francezes e pelo gosto das
classes abastadas educadas na França.
D e algum tempo para cá. porém, a nova geração
e artistas chilenos começa achar no Hespanha a sua
: [aturai tradição artística. Esse movimento culminou com o
advento de Alvares de Sotomayor que, como director da
Í ireza ambiente.
N a esculptura chilena occorre outro tanto; mas é
difficil assignalar influencias atravéz do toque vigoroso que
a raça a terra novas imprimem aos velhos moldes.
Uma prova disso está na obra que aqui reproduzimos, C/'C/JC "drrxc/ç*, "
na qual um «toqui», ou caudilho araucaoio, sa defende de V
ANNO I Rio de Janeiro, Setembro de 1923 N°. 1
A CIDADE-PROTEU
17
começou d e 1904. Dahi esta verdade proclamada algujes :
civilização do paiz data d o momento preciso em q u e foi
RIO é hoje uma grande cidade, onde já se
sem fausto. Mesmo porque, n a phrase luminosa <= rebelde este theatro definiti/o tenha defeitos insanáveis e irremovi-
veis. Tem, alem disso, hotéis modernos, confortáveis, onde
de Ingenieros, o futuro sempre é melhor.
se paga muito para a acquisição d e dyspesias, assim como
Quando o Castello ficar completamente arrazado e
possue cassinos, estabelecimentos balneários, cabarés c casas
surgir d e s u a vasta área a perspectiva d e novos parques,
de chá, q u e , noutro tempo, só se tomava, á s vezes,
praças, ruas e avenidas, na imponência d e monumentos t
em pequeno.
palácios, d e edifícios majestosos e amplos, o Rio tornar-se-á
O Rio, pois, é uma cidade que se vae tornando digna
uma cidade soberba; nesse dia, q a e n ã o está longe, o s
da natureza que lhe serve d e edênica moldura. Chamavam-
famosos thesouros, creados pela lenda ou pela imaginação
lhe a cidade d e Deus. Hoje, já se v a e tornando a do
saudos:sta de reUrdatanos inveterados, tomarão u m a forma
homerp. Falta-lhe, certamente, muito para alcançar todo o
d e realidade, pois valorizada essa parte opima do perimetru
seu esplendor.
urbano, * «todletc» d a metrópole brasileira apresentará o
Actualmente, a sua insipidez desappareceu, com
regio prestigio d a belleza, do luxo, d a esthetica, da hygiene
movimento dos turistas, o bulicio d a s ruas, o augmento do
e d o conforto.
transato, a s delicias d a vida nocturna, cheia d a s pernas,
Antes desse combate renhido, em que o tradicionalismo
das vozes, dos risos d o «Ba-ta-clan » e do encanto, d a
foi arrazado (consistia elle n u m a'cervo d e monstruosidades graça, d o s meneios d a s «tiples» d a Velasco.
históricas, espécie d e exposição permanente d e mau g o s t o . . . ) ,
Si o Rio continuar nesse crescendo, ficará em breve
O Rio e r a a. Porcopolis, repleta d e «cortiço3»... sem abelhas.
um p a r a i s o . . . para os ricos.
Passos e Oswaldo Cruz foram os heróes destemidos,
que, á guisa d e Hercules, limparam a s estrebarias d e Augias.
Saul de NAVARRO
Até então, venerava-se o erro e o descuido legados
pelos successores d e Estacio d e Sá. A tradição brasileira
IKK I *
FEMINISMO E ECONOMIA
^=
<a " duziram-se de muito a-- occupaçôes
domesticas a mulher, com isso.
o
I 'i"]l'
feminismo começou
ii.ir-st- |>o-M\t'l desde que as
i tor- loi se entregando ao luxo.
E' certo que lhe ficava lhe
sociedades passaram do typa ficará ainda uma missão esthetica e
guerreiro ao industri il. moral e mesmo uma funeção admi
Numa sociedade guerreira i mu- nístrativa; mas reduziu-se tanto o âm-
Iher tinha que ser inferior. bito da casa antiga e augmenta-
E si .1 passagem da socie- ram de tal modo as necessidades ar-
dade guerreira á indus:rial foi i> pró- tificiaes creadas pela civilização, que
logo do feminismo, a granie in- a mulher teve de sahir á rua, impei-
dustria escreveu o primeiro capitulo lida pela força dos factos econômicos
de conclusões terminantes. A gran- Em plena rua, no mesmo plano do
de industria foi reduzindo as in- homem, a antiga divisão não tem
dustrias domesticas e tirou á casa razão de ser e a igualdade de direi-
a sua importanccia industrial. O lar tos, que é norma de justiça para t
era um centro industrial que abas- concurrencia, instaura-se fatalmente.
tecia de muitas coisas .x família
alli se fiava : tecia, se i onfei ciona- Gotnez de BAQiERO
vam os tecidoã OU pai I menos par
te dcllcs: alli se obtinham do cur-
ral OU da horta muitos prnducto?
Mais vale uma verdade amar-
de alimentação. Km summa: com
ga do que uma doce mentira.
prava-se pouco. A casa tinha um
logar importante na economia priva- HalL CAINE.
da, e esta economia era presidida
pela mulher: era o seu reino.
IBBHBUUBBBBBBUBUBUãUUUUBBaBaUUUUUUUUUUUUUBBUBBBUUUUUUUUUBBBUUUUBBBUUBBãUUl
OS IrPIIISr-TOIFllES I D O HNTTJ
•Mon modele ef mon chien», de Hervé. (Salão de Paris, 1912)
1
as villas e as aldeias l:va, dizem, ao mar em que
Esse prado é 9 sua pá-
tria; é-lhe caro parque ella alli
estão os navios. tem sua morada, junto dum ANATOLE FRANCE
Os cinco companheiros não vão até lá. Mas pre- riacho. Salta.
RICA
Uma
I Ma
ia
t
é uma
verde:
grande
tem
curiosidade
HpeCtO de
CM dá-lbe qualquer e u s » de maravilhoso. Ber-
da
uma
natureza.
folha \n.i
V
nardo. Rogério, facques <• Marcello lançam-se em sua per-
see.uu.io. Adeus I lienos e helli estrada toda amarellal
adeus |I|HIIHM|I i . i l o s no prado. Sentem logo os pés
enterrarem na Urra fôf.i que alimenta um matto espes-
so. Alguns passos m>is se enlameiam até aos joelhos:
3 matt i eacoudia um brejo I
S.íim com muito custo. Os seus sapatos, meias t
pernas estão negros. Foi a nympha do prado verde que
calçou botas de lama nos quatro desobedientes.
Etienne alcança-os exhausto. Não sabe, ao vel-os as
sim calçados, si deve ficar satisfeito ou triste. Medita
na sua alma innocenle as catastrophes que férem os
grandes e os fortes. Quanto aos quatro enlameados, voltam
lamentavelmente sobre os seus pissos. Pois como haviam
de ir ver amigo João em tal estado? Quando entrarem
em casa, as suas mães lerão nas s j a s pernas a falta que
commctteram. ao passo qu3 ú candura do pequeno Etienne
reluzirá nas suas perninhas rosadas.
Anatole FRANCE
I I l>
tativa. Contemplou cm silencio a machina, que parecia espe- aos azares do |ogo da bqísa; mas na realidade de verme que
rar ft chegada de ruàos ageis qu.i fizessem palpitar re- só provou fél do infortúnio, foi plebeu, plebeu como CM
cendo poemas narrações emotivas cruéis. Naquella mistura demais: um desgraçado escravo de um noiic, com a-
d e alavancas e de molas escondia-se o enigma do porvir. rot.is e um eterno socr;sí amargo n >.s lábios.
As idéas audazes, as salvadoras arrogância?, os preceitos lu- Certa vez lhe s u p p r i m i i a n o de nos documentos
ninosoS, .i> tormulas mercantis, os pensamentos dos homens oífic aes. Alfeu n espí ito de n o c r a t x o , offendiio pet t nobreza
que, com os seus egoismos, turbam paz dos povos ou do collega, tomara a q u e l a vingança. Pa a que reclamar? \')eséx
•os fazem invencíveis, as profanas crenças futuras, a honra, então elle próprio o supprimíra nos seus cartões. Fotté
a virtude, O delictn. . . Alli estava o cérebro mecânico que Antônio de Villasantos? O r a ! [<»->• Vi Uviutos, prómpío*í
deixaria gravada com signaes indeléveis, para assombro Todas as manhãs, ao chegar á repartição,• havia
das gerações futuras, frieza de uma geração que zom- pre um collega para eonvite iufallivel :
bava das legendas sagradas dos tempos românticos em que Chefe, um rateio para o café!
os homens se matavam por uma mulher, por uma honra ou E • café era tomado em commuin. Café' servídc •
por , uma bandeira. colheres, p>rqu_* fornecedor da b 2b ida achava qu-
O senhor de \ illasantos cerrou os olhos, porque se perdiam sempr entre os objectos accumulados sobre as
•Smith lhe pareceu uni sangrento instrumento de tor- mesas. Palitos pileíras d ; âmbar duvidoso faziam as
tura, Depoois cobriu-a com o panno negro. E, * Hvr< suas vezes.
d a - influencia do modernismo, pôz-se ler livros torn- — Succulento! dizia invariavelmente um deites
eado- de tolhas amarelladas. mystico legado da s u i santa mãe. riciando bigode.
— g u a n d o eu morrer — disse-lhe ella nos dias dis- — .Detestável! respondia outro.
tantes dá meninice — estes livros s^rão os teus miis fieis E Víllasantoos intervínha. sorrindo, paternal.
aVl.igos; nelles aprendjrás os códigos d i honra; pn elles — «'alma. meus amigos. O café não é boi
conheceria os feitos gloriosos dos homens que traziam o teu mau. E ' um café burocrata. sem aroma agradai e .
appeilido. as legendas sublimes da tua estirp.-. porquê sabor definido. Mas fum rga DOS faz felizes . .
—r Brutal, amigo Sr. José !; dia-se. de tarde, entre as moitas dos jardins floridos, em
— Senhores, acabada (a nossa merenda humilde, es- que, ébrias de prazer, brincavam crianças". E quasi sempre
pera-nos trabalho.. . — insinuava o chefe com a timi- os seus risos c cantigas o faziam chorar, como si fos-
dez de um collegial. sem censuras á sua via estéril.
— Melhor seria que nos esperasse unia loura: por As províncias adormecidas, longe de lenitivos, são
exemplo, a vendedora de fumos, da esquina. Não acha, Sr. offertorios de lembranças para as almas torturadas, Elias
José da minValma? nos obrigam a julgarmos severamente o nosso passado, «».
nos orgulharmos de êxitos distantes nos mortificar-
— Quem fala ém tabaco ?
mos com as sombras de imperdoáveis esterilidades. Mais
Não ha um pito- para este desgraçado chefe de
do que províncias adormecidas, são povos que vivem de
família? perguntava, de um canto, um sujeito de roupa recordações.
lustrosa pelo uso.
No seu retiro voluntário, o senhor de Villasantos ha-
— Ordem, senhores!
via tido o. infeliz idéa de escrever as suas Memórias. Apenas
— Sim, ordem . . . do dia : trabalhar o mais devi um instante considerou fracassada «. sua árdua empreza.
gar possível, para dar menor rendimento. Lançou longe os livros da herança materna e, com «. tena-
— Amén ! cidade dos velhos, descobriu a machina e os seus dedos
— Tor todos os séculos dos séculos... esqueléticos côr de cera recomeçaram «i bater fe-
suasivos.. José Antônio de Villasantos, chegou a. considerai explicação daquelle facto anormal na existência monótona
ilo ancião.
a sua leitura como um cauterio purificador. Quando o apo-
sentaram, ao completar os sessenta cinco annos, retirou- — Estou escrevendo *. minha vida... respondeu elle.
se para <t calma de uma tranquilla província. A sua vida — A sua vida ?
melhodizou-se ainda mais. Ouvia, devotameiite. a missa diá- — Sim! Uma vida estéril. .
ria na legendária calhedral. que destacava, orgulhosa, as
suas torres mudas no fundo violeta do amanhecer. Escon- Gloria de SAN T E L M O — (Desenhos de Ochua).
i^vyVu-Lrr»ii*^*^*i*i* ** •«••****
<8> ®
<2> ©
PINTURA CON;r,Et}ÍJ)?Oiyv,t%\ ,'„..
«La rafale», de A. Quínsac. Salão de Paris, 1913).
Vinham paia .. vida - scenari» de duello, pela con-
quista de uma ventura precária — onde i' forçoso que -
CD
sinceridade seja tangida pelo sarcasm > que I pureza per-
corra, ignorada infeliz, sua via dolorosa...
E porque vinham elles, alvas columbas lamentáveis,
ra>gar nos espinhos as carnes tenras ; expor o collo niveo a
dilaceraç&o monstruosa das fréchas? Ou, pequeninas bestas
ainda innocentes, cumprir o destino odioso de puugir tam-
bém, de também arrancar aos corações alheios ais dolo-
ridos e lagrimas ardentes ?
Silverio ROSAS.
J)e urr] livro igqorado inm»M«niKMitw Quando se está alegre, é que não se ama:
o amor é uma coisa grave, triste e profunda.
sombra !
Dispondo, como paiz em phase evolutiva, bicionismo para que se veja mais a ellas do que
de escassos recursos para a diffusão da cultura. a scena que se desenvolve diante de nossos olhos...
o theatro deveria constituir para nós um poderoso Approveitemos o theatro como um excellen-
elemento de educação, não só esthetica, mas te instrumento de conformação da consciência
mesmo moral das multidões. Ao lado do thea- do povo. Transformemol-o n'uma arma de civi-
tro-industria, fonte de rendimento, ha logar para l'sação, n'um espelho em que se reflictam de
a belleza. Não se confunda o appello aos appeti- preferencia os nossos defeitos, os nossos encantos.
tes grosseiros com manifestação artistica . . .
Nesse particular o brasileiro é um povo C a r l o s MAUL
calumniado. Dizem - no hostil á
arte superior, ávido de prazeres 1 | 1 1 i
rasteiros que a sua mentalidade
amorpha digere voluptucsamente.
Será exacto esse conceito, ou será
0 fumo é desinfectante?
que lhe dão o baixo theatro por
Um italiano, o Sr. Puntoni, aca-
não lhe poderem offerecer outro
ba de estudar a acção desinfectante
os que o responsabilisam pelo
do fumo em condições comparáveis
supposto calor com que appliude á da cavidade buccal e a mesma
a farça triumphante ? . . . acção «in vitro», a titulo de com-
Mas .tal affirmação não cor- paração.
responde á realidade. Não conheço
povo mais dócil, mais plástico, do Basearam-se os seus estudos no
o nosso. Elle acceita tudo. E se virus cholerico, no meningococo,
acceita tudo, por que não lhe dar- no bacillo de Pfeifer, no da fe-
mos, através do palco, uma orien- bre typhica, no da diphteria, no
tação para a belleza, para o bom estapilococo, no estreptococo, to-
gosto, para a comprehensão das dos elles collocados em recipientes
idéas ? . . . de vidro: os germens foram mor-
Quando lançamos, a titulo tos no fim de cinco a trinta mi-
de experiência, o Theatro da Na- nutos.
tureza, não foi com enthusiasmo frt
" ''jjgnf • Estudando a composição do fu-
que a platéa vibroa diante das mo, reconheceu o Sr. Puntoni que
tragédias eternas que o gênio gre- as suas propriedades bactericidas
go, tão claro e tão empolgante, eram devidas a três corpos: o
nos legou ? Aquella simplicidade formol, o piveol e a nicotina.
formidável toca todas as almas, é Entretanto foi observado que
penetrante como um philtro, e o poder desinfectante que o fumo
não ex'ge conhecimentos especiaes exerece de um modo notável «in
para a sua percepção. Nós não vi- vitro», está longe de ter o mes-
K* • i »fVOM «
«Yéra»,
de
Pedro
Bruno
Antes do mais, o «Salão» deste anno denota do /gufis>u' Inferno Verde, (Brasil) e Hora Dou-
uma operosidade e um esforço dignos de admi- rada ('França), com o triptyco Terra Natd, mos-
ração num paiz em que a indifferença glacial tram que a paizagem brasileira, como a extra-
ambiente ameaça matar em germen toda velleidade nha, não tem segredos para o seu pincel.
artística e em que é preciso ter a obstinação dos Timotheo da Costa expõe obras em que
fanáticos para vencer os incontáveis óbices que sobresáe uma Paizagem.
estorvam a carreira das artes — ainda entre nós André Vento apresenta o painel decorativo
consideradas um passatempo de meninas ricas ou Matinal (pointillé) e um mystico Pierrot em Sonho
uma mania de indivíduos que não dão para ou- desfeito. Mais terrenos são os motivos de Pedro
tros misteres mais sérios. Bruno: Symbolo das Praias, Yára e 'Repouso,
A actual Exposição, em que se contam onde a mestria da factura rivaliza com a lim-
muitos trabalhos excellentes, é um documento de pidez dos tons.
que os artistas brasileiros empregam brilhante- Carlos Chambelland detém o espectador dian-
mente o seu talento e o seu esforço afim de as- te da formosa luz das Commungantes e da exe-
segurarem á nossa terra, no terreno artístico, um cução do Retrato.
logar de destaque entre as nações americanas. Levino Fanzeres dá-nos aspectos da natureza
Baptista da Costa expõe algumas telas nota- em Paizagem de Campos e Terra Virgem além
rp oiusuniuss o t-pAaj ZSA EUITI SIBUI anb u » sraa de outros. Na praia., Balcão florido e Fim fa
r
— AMERICA —
S . IF
«FIM DE PASSEIO»,
de Georgina' Albuquerque
passeio, telas de Georgina de Albuquerque, encan-
tam pela frescura e pela luz.
Oswaldo Teixeira é incansável e vertiginoso
nos seus progressos. Apenas um adolescente, ex-
põe trabalhos que forçam o estudo: Sinite par-
vulos... Recostada. Admira-se ainda um Re-
trato e um delicadíssimo pastel; Adolescente.
Bernardino Pereira conseguiu em Depois d>
vento um mágico effeito de transparência da água
de um lago de parque.
Bracet trabalha o sagrado e o profano em
Direito de asylo e Manoel Constantino faz um re
trato, Edith, que é toda uma psychologia in-
fantil.
Manoel Faria expõe um bom retrato (n. 62),
junto de Maruf e Retrato da s°nhorinha L. B.
de Sarah Figueiredo.
«RECOSTADA»,
Podem notar-se ainda os desenhos a car- d e O s w a l d o Teixeira
<>»C<>C<?0<;<:<>cX^
f^SUFFRAGISTASTi
EJ-
Realizava-se um congresso feminista. Havia
Um dos títulos de gloria do carioca é a
«ma agitação entre as congressistas e uma an- facilidade ( e a felicidade j com que cria os
ciedade insopitavel pela discussão dos ; hemas neologsmos mais expressivos e a presteza com
de que dependia o futuro do partido. que se apropria das expressões de outros
Afinal, uma senhora, a presidente, ergue- pontos do paiz e as torna incisivas, com uma
se com solennidade. Estava magni- força que nem sempre possuíam.
O linguajar carioca já teve a
ficamente vestida e ostentava um
honra de dois livros, o que mostra
chapéu ultimo modelo, de cau-
< star sendo motivo de attenção.
sar inveja... E depois de agitar
Bamba . . . Haverá um termo que
nervcsamente uma campanha, dirige- melhor exprima o valentão ?
se ás circumstantes: O nome de um theatro de Pa-
— Concidadãs! Estou prompta ris desembarcou no Pharoux com
uma troupe theatral. Pois já o ca-
a responder a todas as perguntas
rioca enriqueceu o seu léxico com as
que me quizerem fazer ! t x p r ss e s : batacl n s o, hataclanizar,
E todas as suffragistas, em uni- bataclanico. E a p h r a s ; adquire um
sono: enorme poder expressivo:
— A «psquena» estava batacla-
— Onde é que a senhora com-
nicamente vestida . . .
prou esse delicioso chapéu ?
X. Y.
LON o £ > A ( M S 1918
W.MOHfflSS'fí»
15i:i.LAS-AKTKr>!
HEURE CALME, d e H. M o n t a s M e r . ( S a l ã o de P a r i s , 1912)
| CZ>Q>CD |j CZXQXCJ [ c ^ O c n j| n=>Q<=2 j| i z > ) õ ] | pQq |[pQq j| c z ^ ã ] j ç ^ Q c n || P < ) < Z I | PQCZ] |[~J=>Qc3i \
# <
Padaria Prozerpina
Deposito listrada
de ^erpo Central do J|razil
(FILIAL)
Muita gente ignora que Berlioz esteve a agrada isso. Lndicae-me um dia em que poderei
ponto do collaborar com o autor da «Marselheza».
<» musicista romântico havia feito* um arranjo do
hymno nacional trance/ para dois coros e uma
encontrar-vos ou
tal. adorado
z
coi
jm
pelo
massa instrumental, e dedicara o seu trabalho ao ar dos campos. Ku não esperei esta oceasiãò para
iiutoi desse canto admirável. Foi então que elle tentar approximar-me de vós e agradecermos a
recebeu de Rougel de Lisle esta curiosa carta: honra que fizestes t uma pobre obra minha,
vestindo-a de novo e cobrindo, ao que se diz, a
tChoisy le-Çoi, 29 de Dezembro de 1830- sua nudez de todo o brilho da vossa imagina-
Nós não nos conhecemos, Sr, Herlioz. Que- ção. Mas sou um pobre eremila enfermo que só
reis que Havemos relações ? A vossa cabeça parece rara e rapidamente apparece na vossa grande
um vulcão eternamente em erupção; na minha cidade e que ahi não faz o que desejaria. Fi-
nunca houve mais do que um fogo de palha que caria muito lisongeado si não recusasseis o
se extingue e ainda fica 1 fumegar um pouco. No meu pedido, si bem que elle não VOS seja
eintanto, da riqueza do vosso vuh ao e dos res- muito agradável.
to-- <lo meu logo de palha, pó le resultar qual- Tratava-se de um libreto de opera sobre
quer t oisa. Tenho a fazer vos. a esse respeito, uma Othelo, que o autor da «Marselheza» tinha pre-
ou mesmo duas propostas. Para isso era preciso parado e para o qual esperava a musica do
que nos tríssemos nos entendêssemos. Si vos joven Berlioz.
V - ^ ^ - ^ r V ; ; •':•••: • ::::;:;;-"^i;:-:::í;!:::
Is chapéus parisienses
Um lindo
modelo que
parece Ins-
pirado no
futurismo.
— AMERICA —
DESESPERAÇAO DE CINZAS
Moacyr de ALMEIDA
I1 RH 1
111/
T ^• * ^^ w » ,
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AVWN^i^^l^WWWWWV/lVVVVSlVIliW
A Temporada Lyrlca
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Duas cartas inéditas de bima fôarrefo
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• •- humano dol iinenti Que valia a |u 'I typu sem sei 1 cpoi tjrV 1 litilv
I li" i.i" podia i' 1 - M I ! 1 \ " ni"ii"-. i| 1 in.i"
: -t i ' das
i . inipi 1 11 -i linh 1 11 ' 1 1 1 .1 1 1 I1 certa repci
t
' ' Kepoi ti 1 saiu dahi cm diante sumpn -, 1 11
orna 'I" paiz.
' otltl mi i p i o i u i llill.l.
\ |'|i|i<|ll" ri < li. M l "
t
' ' \< in falou, I ilnii 1 uqucU '
i .111. 5a I", 1. 11. ,i" aquelhi falta de isãu qui
Eu já sabia 'I" i .< q ti I' 11 . di i a m . ' li n a 11
1. i i . i 1 1 ii.i t .i nl 11 .1 .1"
Svl.i ,11. Bonnarú,
lt in.i vez qu< estivi pa • "i |U'zcn Disse q u • . ia 11' !• pre "
liou in na histõi ia. Não .1" ii ,.i I " li 1I1.1 p Ia paz
i v minli i \ :n i i [ue inti- lllli r i - a i . An.ilolc I C -|M n le 1 >.ili .nu -iit •
midade <11 ,il <•. a li i '1 ' tu -.ti i.il de- se I c ". .Sc 11 ,1 -. 1 n o . i d o . ;"i I 1 ,
' • i ' 5o em Mme. i|" • ch gará ao amargor. te? apreciava mu t esl i tci 11. I> :lla,
fulgando abra, a l ly osa e'la vae etc., cm que não li 1.1 1 prejuízos de 1 .t.,-i ,
i -n - ' b jou o iti 11.1.
1 ei nai Quanto J |> 1/ nu" cisai 'li . que
i: nl hisloi ia d d e Íamos gíiat da 1." das IUI pi' za 'I" .
i qu \\ .i-i i1 g ti ntou me. I lav t.i entimentos do enganos <!" 1 oração.
no Republica . do Glyceriq, uni repórter 1
omo já está consagrado, ande I c
Era um cap i ola di iiicni andou aqui, p Ias ruas, era pio-
Minas ou Estado do Rio canhestro, bom. tissão, -i ' imuanhado de repoi tei . de
Fazia policia. photographos. T*»»>ft:. ft/y) o~ rj^x^t-a»
Não - mesmo ahi que • II '• a^ i^iTq. As. -^ q C ^
travou conhecimento com uma rapa I assim j ' . . >"i.i elli-, e e i não "
mulata Gcorgin - na rua li
ge. O paquete 1 In gou • !•" iigo i noiti . pio
do Lav radio. 1 --a" ai,ilou |. I . a , |„ ,. . . . ,,. expediente
Todos os 'í a; ' 1'. ia dormir com 1' l i . ue' -, l' / tal refoi
cila, após terem ambos seu trabalho. Elle ia importância da 11 pari ção eu penso livro
mais cansado do que ella. porque escrever, mesmo quando
em nada , futura, p .-i ri< . •-. Vndo ima-
se è repórter, cança mais que amar. A consideração 6
ginando o meio de sair daqui. S
minha. Supponhj que ambos estavam satisfeitos, tanto as-
dé .rancon 1 tças á tal
sim, isto por p a r t ; ddla. q u ; o pombal: todo falava
qui termo!) da Gejrgina com • repórter, • lam-se promoções e eu no •. preterido,
e inveja. qui é Domingos pro
Mas Repórter não estava satisfeito com a im- me sabem como ro
fui,d"
prensa. E s t a r puvear o bestunto em coisas de assassinato,
incêndios, etc.. — era de esvasiar craneo! Cavou, cavou. íclí-
do Interior.
elle ganhava 120 mil, nas Obras
elle ia ganhar 250SÍ000. candidato á \, , „.-,
Na tarde da nom : u contente para a
- .. Ia ganhar m i i s e lhe podia fazer p do Hermes. Elle to-noa ~ serio. O L,. indo le-
- auxiliai-a em dia de difficulda ' vantaram ~ candidatura
Entrou radiante, beijou-a muito. etc.
— Deixei a imprensa, sabes ?
— Porque ?
— Xão gosto, é uma vida i n g r a t a . . .
AMERICA —
Ww w w
i Sk Si Bt
•W S V i V W S V X S V S V V .
CANDIDAMEN
=^ (C O N T O )
na c o n f u s ã o d e r u í d o s e d e luzes, uma m u l t i d ã o
( J p a r descia, m u i t o u n i d o , n u m a a u s ê n c i a ia e vinha a p r e s s a d a , confusa, o n d e a n t e .
a b s o l u t a d a s r e a l i d a d e s o b l i t e r a d a a pe l i r a a h o r a da sahida d o s b a n c o s e d a s
^ los í n t i m o s f e r v o r e s , a c a l ç a d a l a r g a lojas e o povo d e n s o , p e s a d o , .is vezes a l e g r e e
no crepúsculo da g r a n d e cidade. Uma nevoa r u i d o s o • 0111 excesso, o u t r a s triste e a t o r d o a d o
I
p a r d a c e n t a , feita de pó e da e v a p o r a ç ã o d a s n u s
havia p o u c o i r r i g a d a s , esmaecia as luzes artifi
ciacs q u e se iam a c c e n d e n Io e os envolvia de
u m a i m p r e c i s ã o a c ç ó r d e com a seu v a g o sentir.
próprio de namorados.
1 om essa tontttra d e q u e m , e n c e r r a d o m u i t o t e m p o
n u m a sala e s c u r a , se a c h a d e r e p e n t e e m plena
Iu/ e ao a r livre, ia. pelas c a l ç a d a s , afastava-
se d o c e n t r o , r a r e f e i t o e mais t r a n q u i l l ò pela
ausência d e n e r v o s i s m o s .
Parecia que o a m o r ao m e s m o t e m p o os E, sem d a r e m p o r isso, elles e n c u r t a r a m
guiava, isolava e e x a l t a v a . Para elles a q u e l l e o p a s s o e as suas p a l a v r a s t o m a v a m u m a dia
amor. o seu a n u i r . era .. única r a z ã o de :i p h a n e i d a d e u n g i d a d e um a r r o u b o q u a s i m y s t i i u .
P a r a elle viviam e d e l l c t i r a v a m t o d a s as suas - Olha. di/ia o rapaz, falta pouco, Hoje
illusies. Q u a n d o n o - c a s a r m o s . . . Q u a n d o tiver- sem ir m a i s l o n g e , d i s s e - m e o chefe que está
m o s a n o s s a casinha... Q u a n d o eu fôr p r o m o v i - m u i t o s t t i s f e i t o c o m m i g o e p e n s a r á em mim
lo... Q u a n d o tu fores p r o m o v i d a e a tua m a m ã e Fez u m a p a u s a e p r o s e g u i u :
>2 d e i x a r convencer... T a e s os seus p e n s a m e n t o s — Si elle m e p r o m o v e r a n t e s d o fim d o
as suas palav r a s . a n n o , vou falar á tua m ã e . P ô d e ser q u e se
E r a m ambos empregados num banco: elle o p p o n h a ; m a s afinal n ã o terá o u t r o remédio
. orno p a g a d o r e ella c o m o d a c t y l o g r a p h a . saião ceder. Viveremos a principio muito modes-
F a z i a m u m b o m p a r . T a l v e z elle fosse u m t a m e n t e ; q u e i m p o r t a ! ao m e n o s e s t a r e m o s jun-
pouco deselegante, alto e m y o p e . Ella porém. t o s . . . Depois . .
e r a m u i t o b o n i t a - - o l h o s v e r d e s , fina e p i d e r m e . A c a l ç a d a ia ficando d e s e r t a . N a confu-
c a b e l l o s c r e s p o s , e m a c i o s . Vestiam a m b o s com são de luzes o a s p h a l t o parecia um rio e s c u r o
m o d é s t i a ; elle. um t a n t o d e s c u i d a d a m e n t e e cila, • r e l u z e n t e . D e vez em q u a n d o passava, r á p i d o ,
k
EIle falava-lhe a p a i x o n a d a m e n t e , com um
luz, m u i t o sol e m u i t o ar. LcVarâs ps teus ,pas-
•mo fervor cheio- d e caricias, com u m a a r d e n t e
is iros e as m a s Flores . . .
contida n u m a h u m i l d a le de a d o r a ç ã o .
I n c l i n a d o s o b r e o h o m b r o da sua amada., ia-lhe Ella não m u ia quasi. Via desi ei pela
d e r r a m a n d o na concha da o r e l h a , leve graciosa rua um a u t o e n o r m e . < Is ph iróes .i<< "it liam <•
no um i aracol m a r i n h o , .1 ia ara ia de 1 ari a p a g a v a m com um piscar irônico. A l l u e i n a d a . vi.i •>
de de a m o r . A's \ e / e , apoia c h e g a r , a t i r a r s- s o b r e o seu n a m o r a d o . Ks|e nada
e p ire ia uma 1 riate.a qtlC |i 1 pei 1 ebia ; o seu anioi \ endava lhe os o l h o s ;
om .1 m a m ã e . Então ell 1 lábia sorrir < M.u . t a r d e . . .
achar a 1
(.ala , ra o p p o r t u n a , "nu 1 I teu uni p i s ,0 sem que ella t i / e s s e
0
um g e s o p a i a delel o e o I a l i o av ançOVJ
divino dom fie m a i c r n i l:i'le que têm
olii 1 ell, [' oi e n t ã o que ella recuou,
as m u l h i
dei cando o a b y s m a r se na m o r t e .
E m t o r n o d e l l e s a \ ida 'Ia 1 noi t i c a r r o pá roa. I lou\ è g r i t o s , c o r r i Ias.
' idade g . r r. a i 0111 a sua trepi- e\i l a m a ç õ e s a n g u s t i o s a s .
dação surda t amea Ella 1 ti ou um ins
1 Passavam ra- tante a i o n t e m p l a l ó
pidos os auton . i 0111 as suas p u p i l l a s
COm O es' repito (Ias
. Iara 11 ias. indiffe-
b u z i n a s e o rugíi 1 -i-nies | >epo ; - afastou
i r e n a s ; 05 j o r r o s de i . se p e r d e u na som
1/ «iu ' .1 phari lira, e n t r e as ,11 v ores...
l h a m tuna iiiterinit
encía q u e c e g a v a c, A n t a de HOYOS Y VISEI).
. POBRE RAPAZ
os \elhos. fúnebres
]•'. dê-se uma Fe m ".eme ii-
l.iia I
t Ali i ' de , .o tola '• sobrei asai a...
I. verdade. Em siniima. esse addravel rapaz estavi
uma noite num baile, em i as i de uma família
E que cara! Nem tinha notado.
e ollde vens
distineta. O dono t\.\ casa 6 sub-director,
Mas v a m o s ao rs
1 >a igre ja.
C Z D C D ( T D ( Z D C Z D C D ( Z D C Z ) sencial.
Já sei um a m i g o .
.Muito , a r o .
Mossa noite, o meu
pobre amigo não pai a • i
Mo
de dansar. ( o m p i ehen
Trinta annos. Eri-
d e se : b c l l o r a p a / , toi Ia
genheiro eli ctri. is.a. Um
o admiravam, jovens
joven d e futuro. Ah. bem
velhas. Como sen
iillm a g i n a s , i vida 6 uma
tia muito calor, commel
o si estúpida.
teu i imprudência de ir
E tu ii i onhei ias
ao b u l i e t para t o m a r um
I teS !e ha muitos
sorv ele, s e n t o u se junto
nos.
i unia janella por onde
Ah, entrava uni a r fresco, a o
^ 1 izemos juntos os lado de uma linda pe-
estudos.
quena e ...
Os meus |>ais o esti-
E ...
mavam muito. E pensí-
- N a d a m a i s foi pre-
mos até que a minha
ciso.
irmã... P o b r e d i a b o !
Acabo de i hegar ila
Que queres, tilho1
igreja.
E* a vida . . .
— Vieste do seu en-
Bem s •[.
terro . . .
Devemo-nos con-
— Não. Acabo de
formar . . .
assistir ao seu (asamen
Está visto . . .
to . . .
E como foi ?
Muito naturalmente.
Como os outros ? Pelix G A L I P A U X
Como os outros.
Elle resplendia de saúde,
era espirituoso. jovial,
p r o c u r a d o p o r t o d e s , dis-
c? c?
V
putado nos salões. Co-
o
nhecia todo mundo em
> : *
Paris, era obrigado a
í?
a c e c e i t a r t o l o s os convi-
-->
tes.
».».»-»-».*.»:i».».*.v.»
THE [ m m BOPEWORK EXPORT [B„ [TO.
Fabricas: PORT GLASGOW, GREENOCK & LANARK GRÀ-BRETANHA
ESTABELECIDA EM 1736
BARRACA F E R R O CARRIL
I
poeira do império tios Pharaós. cada com o ssu nonr?. e o seu numero de collegio
Ha alguns annos poliam v e r s e ainda, no as margens estão cobertas de notas e correcçõe
aposento oecupado por Champollion em casa do em hebraico, sem emendas nem hesitações. São o
seu irmão mais velho, os desenhos por este traça- passa-tempos dos seus quinze annos; mas ond
dos na parede e que uma (amada de cal fez des- apprendeu elle o hebraico? E ' com dezesete n
apparecer. Eram grupos de caracteres egypcios nos que, terminados os seus primeires estudos
que elle, quando adolescente, copiava e recopiava, chega a Paris e oecupa o logar na Bibliothec
tentando adivinhar o seu sentido obstinadamente Imperial, cons-guindo pelo seu irmão.
oceulto. Xinguem até então os traduzira. M is O logar é modesto, não dá para a subsiston
uma vóz interior dizia-lhe: cia, mas ao menos se está junto aos mais lumino
— E's o enviado que os lera. sos centros do saber.
E durante vinte annos só teve um apaixo- «Posso agora entregar-me de todo ao estudi
nado desejo: lel-os. do árabe, do syriaco, do childaico e do persa»,
Em Vif, na morada da família Champol- escreve elle.
lion. foram por muito tempo conservadas, intac- E mede o poder oceulto da impulsão que o.
tas e quasi todas inéditas, as cartas do illustre anima. Uma vontade o arrasta, e é simplesmente
egyptologo. E talvez ainda lá estejam. E ' neces- a sua vontade. Nas trevas em que penetra, des-
sário ler essas cartas de um collegial ao sau ir- lumbrado e arquejante, uma mão o empolga. Elle
mão, de um estudante exilado em Paris, para ver escreve ao i r m ã o :
como se preparam esses entes dotados do divino
«Fui irresistivelmente impellido pela minha
dom da intuição para realizar entre os homens
cabeça, meus gostos e meu coração, nos cami-
I
a sua missão providencial.
nhos difficies e eriçados de asperezas que sem
Champollion entra no Lyceu de Grenoble
cessar se renovam. Tal é o meu destino. Cum
com treze annos. E ' timido, impressionável, mas
pre-me realizal-o a todo transe».
voluntarioso. A vivacídade da sua intelligencia
é surprehendente como a escolha dos seus estu- Este grito do predestinado é o signal do
I
dos. Ella aprende sósinho dialectos que ninguém eleito.
lhe ensina. Afflige-o a mediocridade dos seus recursos.
— Este menino tem curiosidades interes- Obrigado a despedir a empregada, por econo
santes, dizem os mestres. mia, o estudante faz os seus próprios serviços
Champollion vae assim, como solicitado por e se impõe uma parcimônia rigorosa.
uma força extranha. com os olhos voltados para Feitas todas as contas do seu orçamento,
o Oriente, ou como guiado por uma estrella simi- restam-lhe apenas vinte francos para as distracções
lhante á que orientou os reis magos. E essa es- próprias da mocidade. Mas os seus estudos não
trella pára sobre a terra lhe deixam tempo para isso.
dos Pharaós. Elle sonha E no Paris apaziguado
o Egypto que apenas co- em que reina a abundân-
nhece pelas narrativas da cia, em que o luxo recupe-
Historia Antiga e pelo An- rou o seu império e em que
tigo Testamento. O jovèn o soberano ordena se reali-
estudante segue o program- zem festas e recepções, o
ma clássico por obediência pobre Champollion elegan-
mas faz estudos á parte e te, communicativo, jovial e
estuda tudo o que o appro- loquaz é obrigado a fugir
xima da sua obsessão. da sociedade, por se não
— AMERICA —i
I\ IDEHL
F VEIGA & Cia.
MOBILIÁRIOS DE
ESTTJLO
ARTIGOS DE ES-
< RIFTORIO E
TAPEÇARIAS
PREÇOS MÓDICOS
RUA SÀO JOSÉ, 74
TEI,
vexar. Apezar disso, sempre consegue travar ai «Tudo o que disseram sobre os obeliscos os
gumas relações. Kircher, os Jablonski os Warbuton, só 'serve
I
para provar que nada entendem disso».
Freqüentador assíduo do Collegio de Fran;a
E elle próprio, que meditou dias, mezes
inteiros, sente-se desanimado. Nada comprehen-
deu! Volta a Grenoble. onde é nomeado profes-
e da Escola Especial das Línguas Orientaes, elle sor de historia na Faculdade. São-lhe necessários
se sente logo mais apto a dar lições que a recs- ainda dez annos de labor ininterrupto, exclusivo,
bèl-as. As suas conquistas são fulminantes. Mal obstinado, para poder exclamar:
aborda uma língua difficial e esta lhe pertence
inteira... Nada lhe resiste: já está senhor do copta — Eureka !
e do árabe; pede ao irmão uma grammatica chi- E ' nessa época que, no aposento de Vif, elle
neza «para se distrahir» e confessa sentir gran- traça na parede esses grupos de signaes myste-
de prazer com o estudo do pcheleri e do zend. riosos, hoje apagados, entre os quaes dois princi
«Tenho a satisfação de poder ler coisas que palmente o preoccuparão, porque elle presente que
ninguém conhece, nem mesmo de nome». dalli deve jorrar a luz.
Mas a sua idéa fixa são esses espelhos ainda
velados das civilizações mortas: os papyrus. Cham Trata-se de dois fragmentos: um, com ins
pollion sabe que alli está a sua gloria. cripção em três caracteres: hieroglyphicos, de
«Os papyrus estão sempre presentes á mi- módicos e gregos, achado pelos soldados france
nha memória. Tão bôa palma a colher! Espero zes em Rosetta, durante a campanha do E g y p t o
I q u e ella me seja destinada ! » Pela inscripção em grego, verificava-se que a hi
No seu tempo e anteriormente estrangeiros eroglyphica significava o nome Ptolomeu. No ou
se atiraram á mesma aventura: o inglez Young, tro fragmento achado num obelisco, a palavra P t o
cujas descobertas, diz elle, não passam de uma «ri- lomeu estava junta ao nome Cleopatra.
dícula impostura»; o sueco Akerblad »que, apezar Champollion nota um dia —• é ,o golpe de
do seu alphabeto, é incapaz de ler três palavras gênio annunciador — que o primeiro signal da
a seguir numa inscripção egypcia; o allemão palavra Ptolomeu, é igual ao quinto de Cleopatra;
Guntherwalh, cuja pretendida decifração é apenas o segundo de um, T, é o sétimo do outro; o
segundo o sábio francez, um «sonho tudesco»; e quarto do primeiro, L, é o segundo do outro. O
o dinamarquez Zoega, que ajuntou uma enorme numero dos signaes reconhecidos accresce-se de-
quantidade de materiaes e «não poude collocar
pedra sobre pedra».
I - >AMERICA -
todos os que compõem o nome Cleopatra, E ahi o duque de Orleans tomava posse delia, solomne-
st.i, com i metade do alph ibetn. i chave dos mente. em nome da França.
üeroglyphos. A sagacidade do sábio venceu <> \ brilhante descoberta do alphabeto egyj
mutismo da esphinge. Caiu o véu. o Egypto CÍO, ilizia elle, honra tanto 0 sábio como a naçãi
revela, com o segredo da sua língua, o da sua a que elle pertence. Esta deve orgulhar-se de que
historia. um francez tenha decifrado esses signaes cuja de-
A 22 de setembro de 1S22, numa sessão pre- cifração desesperou todos os povos modernos.
sidida pelo Snr. de Sacy, Champollion dava a co- Champollion colheu pois a palma esperada.
nhecer á Academia das Inscripções o resultado Mas o seu destino estava cumprido e dez annos
definitivo da sua descoberta. No anno segui.ue. mais tarde ella ornava o seu túmulo.
na Sociedade Asiática por elle próprio presidida. Gcorg. s MONTORGUEIL
Koek - Koek, um vigoroso artista iaglez, qus berar de um temperamento torturado e empol-
é um rebelde luminoso d i esth:s'.a, apparec:u ha gante. O quadro, cuja única reproducção existente
pouco tempo no Rio, pela primeira vez, abrindo entre nós, estampamos, não foi exposto no Rio. E '
uma exposição de quadros que impressionaram uma perspectiva lindíssima do canal de Ams-
vivamente a quantos lhe viram, nas tintas fortes, terdam, cujo original se encontra num museu
n o esbranjamento atordoador de luz, o transver- de Gênova.
As residências con-
fortaveis
r
.2TE
XI E' famoso o gosto inglez pelo jardim. Na tranquillldade deste c a n t o d e p a r q u e /<
d e s t a c a - s e o b a n c o d e p e d r a q u e d a t a d e 1700. Duas e s t a t u a s d e Eros p a r e c e m e s p e r a r q u e
o s o c e g a d o r e c a n t o s e e n c h a d e arrulhos...
^ ^ » « •
W ®^ fffe
A invenção dos sellos do Correio
O sello do correio nasceu em Londres, a clarando-lhe que era tão pobre que não podia
10 de Janeiro de 1S40 e a Inglaterra o empre- pagar um shilling. Hill offereceu-lhe o shilling e
gou, sósinha, durante dez annos. A França só o custou a vencer a recusa da mocinha.
adoptou em Janeiro de 1849, e a Allemanha em
Quando o carteiro já ia longe, ella confes-
1S50.
sou que a carta nada tinha escripto no interior
Antes da sua creação, o preço do po e s:m na sobrecarta, onde alguns signaes que
muitíssimo elevado, não era pago, como hoje, completavam o .endereço lhe ciavam suffficientes
pelo remettente, mas pelo destinatário, que o en- noticias do seu irmão — ou do seu noivo — e
tregava ao carteiro. que elles haviam combinado esse modo de cor-
Um viajante inglez, Rowland Hill, foi quem respondência afim de evitaram o pagamento das
imaginou o pagamento na partida da carta e inver- taxas.
teu, portanto, os papeis. Isso porque notou que o Assim o amor (fraterno ou simplesmente
systeim então em uso dava logar a innumeras o amorj concorreu para um invento que tanto
fraudes. veio facilitar as relações entre homens.
Por occasião de uma viagem pelo norte do
iMMWAhVAMlWVWVvyvVMWWV^WlMMMMMMMNM
seu paiz, chegou Hill a uma hospedaria junto
com o carteiro. Uma mocinha recebeu a carta- A moralidade é a organização systematica
que lhe foi apresentada, examinou-a attentamen- da fraqueza co.nmum. — Raul P O M P E I A .
te, perguntou quanto devia pagar e acabou de- Devemos fazer as coisas; mal, porém fazel-
volvendo-a, com um suspiro, ao carteiro, e de-
as. — S A R M I E N T O .
O magnífico effeito que se pôde tirar do papel pintado para a decoração
de uma sala de jantar moderna.
Um admirável desenho do
mimai sta Paul Jouve.
,1.1// RH 1
®
ESTALEIROS E 0FFIC1NAS DE CONSTRUCÇÕES NAVAES
<> <•
Encarregam-se de construcções,
reconstrucções e encalhes de qualquer espécie de embarcação.
-«•c-o-
Incumbem-se de effectuar vistorias
e de fornecer planos e orçamentos para quaesquer obras
de construcção naval.
Embora nunca houvesse Taine solicitado a E' nosso agente geral para o Estado de S. Paulo
o Snr. Antônio de Maria. (Rua da Boa Vista, 5 - A)
honra de ser nomeado membro da Academia a quem se devem dirigir os Snrs. agentes de revistas
das cidades do interior daquelle Estado que desejarem
Franceza. esta instituição lamentava que os seus receber este magazine.
compatriotas não tivessem feito ainda «immor-
Redacção: AVENIDA RIO BRANCO, 112
tal» o celebre critico e philosopho.
R I O IDE JANEIRO
Fez-se afinal a honrosa designação.
1
J P ^ v l )+•*& l ?T
jovens de mulher.
J A N E e KATHERINE LEE,
J l_J
I—I—I—l
[_ 4- J i l | I I |_
~r~r 4-++++++
LAGE IRMÃOS
COMMISSÕES E CONSIGNAÇÕES
of/a A A R T E M Á G I C A DO P E R F U M I S T A DQQ
• M A * M * M A * * W * M * A * A A * A * A A * * * . * * * * * * , * • «i*i*i» «•*i«,.»«»«»*fc«,«,.|-.-^WlrY\r*Lr\rWV rfVtftAJX*.
muito raro encontrar-se hoje um per- notas graves, ordenou-os em escala. Com o odo-
E fume novo. porque estão de tal fôrma
phono considerou-se possível produzir qualquer
perfume harmonioso que impressionasse os nervos
explorados os recursos do pcrfumista olfactivos do mesmo modo que a musica clássica
que é cada vez mais difffic.il achar uma combi- impressiona o ouvido de um auditório. As combi-
nação para um aroma desconhecido. nações e recombinações de odores são quasi infi-
Um dos principaes perfumistas de Paris gas- nitas e a fabricação de perfumes delicados pôde
ta annualmente uma importância respeitável em considerar-se tão illimitada como a composição mu-
experiências para produzir perfumes novos. sical. Só uma casa de Paris fabrica mais de qui-
Acham-se reunidas em seu laboratório todas as nhentos perfumes differentes.
matérias primas produzidas no mundo e appli- O odophono pôde servir de guia ao per
iveis á fabricação de essências: essência de fumista; mas este, de qualquer modo, deve tei
rosas, de violetas, de jasmins, de tomilho e de muito delicado o sentido do olfacto no que se
mentha. Figuram ainda na lista o âmbar, a alga- refere á apreciação dos perfumes. E ' um artista
lia, o almiscar do Himalaya. o áloe, o cedro, o que trabalha com um instincto mais elevado do
sandalo da Palestina, a canella, a r.óz muscada, o que o do homem de sciencia que toma medidas
limão, a tilia dos trópicos, da America do Sul e faz cálculos de accôrdo com regras e fórmulas
e da África, e todas as distillações syntheticas do
ai fixas.
alcatrão e de productos mineraes. Com todos
es
Não se pôde aprender num dia a arte do
esses
m perfíumes essenciaes e com as suas innu-
perfumista; nem num anno, si se. carece de um
meras modificações, o perfumista obtém os má-
delicado sentido de olfacto.
gicos productos da perfumaria moderna.
Não satisfeito com tal acervo de matérias Os perfumes têm sido usados desde a mais
P'
primas, o fabricante de hoje possue per/los per- remota antigüidade e figuraram sempre em gran-
«"
fumistas
eri que correm bosques, campos e jardins des actos, quer sob a fôrma de incenso religioso,
em busca de novas combinações de fragrancias.
E: quer na satisfação pessoal. Recordando as velas
Esses
tr; homens, que recebem elevados ordenados, perfumadas que levavam Cleopatra sobre o Nilo,
trabalham com afinco, invadindo até os jardins ou a extravagante fragrancia que acompanhava
freqüentados por gente elegante. sempre a Helena de Tróia, ou o banho diário
rr Da mesma forma que as cores, os perfu- de leite perfumado com essência de violetas da
mes têm uma gamma, chamada odophono, devi- imperatriz Josephina, vemos que a perfumaria
da á descoberta do D r . Septimus Piesse, que a serviu para que as nações buscassem o progresso
estabeleceu sob bases scientificas. Baseia-se o na arte. Seriam necessárias muitas paginas para
odophono do Dr. Piesse na supposição de que descrever o incenso que a religião emprega —
existe certa escala ou gamma de odores, como extrahido de resinas, cortiças, madeiras, flores
existe a dos sens; e para demonstrar esta con- e sementes. Cada deus ou deusa tinha o seu in-
clusão classificou e ordenou uns cíncoenta perfu- censo especial. E a arte da fabricação de misturas
mes, de maneira que correspondessem a outras caríssimas para. incensar attingiu o seu apogeu ha
tantas notas differentes. Tomando os perfumes mais de mil annos . . .
J)olsa de vaidade
illuminada
A Universal Leather Gooda Company, de
xniHüaLDDmnrnnDiDDajm
fl flustralia
e os kangurús
O kangurú tornou-se raro na Austrália, em
E elle as aproveitou tão bem que consti sião a dama possa não só encontrar qualquer
tue actualmente um flagello para os fazendeiros objecto que alli esreja guardado, como também
como os coelhos.
Os sports, no Brasil, já conquistaram o seu logar ao sol. E' uma verdade cuja demonstra-
ção não se precisa fazer. Às coisas do sport são hoje entre nós tratadas com particular carinho.
Aqui esfá, por exemplo, a soberba archibancada da piscina da ilha das Enxadas, mandada construir
pela Liga dos Sports dn Marinha. A sua consfrucção. em que o conforto e a elegância se casam
admiravelmenfe, foi confiada aos Srs. Prado Peixoto & C. e é um aftesfado da competência desses
consfructores.
Griffith, o famoso director de emprezas ci- matographicas, então já produzidas com as suas
nematographicas, prevê que no anno de 2023 a cores naturaes.
industria editorial publicará films em vez de li- Griffith, como se vê, não chegou ás ultimas
vros. As bibliothecas de films cinematographicos conseqüências das suas previsões. Vamos tentar
serão tão diffundidas como o são hoje as biblio-
completal-o: abandonando gradativamente o uso
thecas particulares. O cinema será muito mais im-
da palavra, substituída pelas «imagens», o ho-
portante que o theatro. O phonographo receberá
mem de 3023 terá perdido o dom da vóz e in-
mil aperfeiçoamentos e será mais empregado do
que actualmente, m a s o publico pouco se inte- voluido para o primata, tão certo é que a func-
ressará pelas palavras: preferirá as imagens cine- ção é que faz o órgão.
a
a maioi
maior e mais sortida em artigos 1
S* C* i
sports, roupas de banho
Casa Sportsman ^ e calçados finos.
Srande sortimenfo de artigos de foot-ball- Camisas, bolas, meias, shooteiras, joelheiras, e
25^Rua dos Otirives^-^T—Raul Campos
(FOLK-LORE ARGENTINO)
I
cando-o com Zupay. Ha quem o pinte com fôr- seu instrumento de trabalho, disposto a.combater;
mas de animal hybrido, de tigre e to.iro por o seu amigo fugiu, espavorido, e escondeu-se nas
exemplo. E os ingênuos moradores dos logares moitas. Foi elle quem assim poude assistir e
visinhos á floresta fogem delia assim que as narrar a metamorphose de Juncho.
sombras começam a derramar mysterio nas fo- O companheiro esperava, tremulo, o começar
lhagens e pavor nos peitos mais fortes. da lucta, quando viu que Juncho se immobili-
Muitas legendas attestam a perversidade des- zava na sua attitude aggressiva, deixando ca-
se espirito selvático que odeia o homem porque hir das mãos o machado. Depois viu que a
Um modelo de chapéu
de tim rosto
rê nelle o seu inimigo sempre prompto a ,de- sua figura tomava um aspecto raro, mais negro
i-astar os seus domínios. e rugoso; e viu-o por fim deitar galhos e fo-
lhas, rapidamente, e, de medo, perdeu os sen-
tidos. Quando voltou a si, já não viu o monstro;
mas na clareira, banhada pelo luar, erguia-se
Juncho era um rapagão de músculos rijos
e bello porte; era lenhador e passava os dias uma arvore para elle desconhecida: uma arvore
na floresta a abater gigantes. O seu machado da altura de um homem, de tronco espesso e
inexorável fendia os grossos troncos e a flo- galhos curtos. E parecia um homem em attitude
resta, graças ao seu trabalho, tinha clareiras de entrar em combate . . .
em que o astro diurno podia já arrastar as Passaram-se muitos annos. A floresta j á
suas doiradas vestes. não rodeia aquella arvore; mas os lenhadores
Mas o espirito da floresta o espreitava, que passam por ella se descobrem, porque jul-
espreitava-o com olhos phosphorescentes e gar- gam com essa demonstração de respeito afastar
ras promptas, por entre as arvores, por detraz o perigo a que se expõem quando vão desafiar
das moitas, prestes a vingar os seus mortos. o espirito que a floresta esconde no seu seio
Chegou o dia da vingança. Certa vez, em plena e de cujo terrivel poder é prova aquella arvore
selva, a noite serprehendeu Junchó e " um seu que outr'ora foi um homem . . .
companheiro bisonho; regressavam elles, machado
ao hombro, cantarolando uma vidalita; de re-
pente, ao passarem por uma das clareiras abertas Ernesto MORAbES.
— AMl RH A -
Eu, mal ?! Nunca me senti melho
OS TÚMULOS VENERADOS minha vida !
Então porque gemia tanto ?
Ha nos arrabaldes de Vienna um numero Eu não gemia ; cantava . . .
considerável de velhos cemitérios ha muno aban
donados, que a municipalidade vae transformar
erri jardins públicos. De futuro, pois. as crian;as
UM CONSELHO
brincarão alegremente sobre cs túmulos nivelados
eus gritos ingênuos não pertubarão, sem du-
Uma sociedade de beneficência dava
vida, o somno dos mortos esquecidos.
concerto e 'contava com o gentil concurso da es
Mas uma forte ema ão empolgou o mundo trella» lyrica local. Conscguira-o com muito tra
intellectual quando se soube que o cemitério de balho e muitos rogos, pois a «estrclla» estava
Waehring estava incluído n<— projecto de tans- resfriada e com tosse e resistia a prestar o sen
forma pois, tocar nos dois mortos illus- auxilio á festa.
Ao começar o numero de canto pediu des
tres. Beethoven e Mozart, que repousam naquelle culpas ao publico por não achar-se, devido á
humilde recinto ? Em conseqüência dos instantes tosse pertinaz, á «altura das espectativas»
pedidos, decidiu s,. poupar i s dois túmulos sagra- E começou:
dos, a cujo lumlo os peregrinos da arte vêm me- «Dependurarei minha harpa num salgueiro
ditar junto do bocado de pó tornado pó», que foi (Tosse).
Repetiu:
0 invólucro terrestre tio titan da musica e do dc-
Dependurarei minha harpa num salgueiro.,
itor da Flauta encantada. (Tosse continuada).
Então, do fundo da sala, uma vóz compassiva
gritou :
— Dependure-a num ramo mais baixo
O código moral e social dos esquimós con-
têm alguns preceitos bem interessantes. Aqui vão Z CZ2CZHZ3CZJZZ)CZDCDCDC3
alguns delles: O homem que, voluntária ou invo-
luntariamente, mata outro, deve. emquanto viver,
sustentar a viuva e os filhos da sua victima. A ma-
deira encontrada nas praias é um thesouro que per-
tence ao que a achou. Ninguém deve comer no
mesmo dia phóca e bacalhau. Os grandes ani-
maes caçados são considerados propriedade com-
mum da tribu e não do caçador.
CARUSO INCOMPREHENDIDO
3
spuz^^jli n fo II i ]|IE>*KZ3 |[1irjfcb<>c31| n jL-^
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ECE«HI'í>Ca«S *
© CífNTAS
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COSTAS
Cintas fortes,
aconselhadas petos Srs.
resistentes,
Cirur-
• giões, próprias para appendicile,
hérnias e eventrações, sobrevin-
das após as intervenções cirúrgi-
a cas, faz-se todo e qualquer tra-
tf) Oi
CPltETE PARA MODElAfc
balho de borracha em lamina ou
O C°RPO j tecidos com bor-
Colletes e por- racha, poupas de
I ta-seios
O senhoras e Cin-
para 'Sscaphapdro
vilegiadas e ado-
pri- I
O
o tas para homens piadas como typo Q
o
r e senhoras,
quenas ou gran-
des, fazendo
pe- na
Çu erra
JYÍarinl]a
brasileira.
de
desapparecer ''JJt***^'
Henrique Schayé
localmente as ^''^jüjsr
HP &p
ir .«'."i^BlfV
Innnm 'Vf
\ •...
^jmjur
:-r-r z z ' ;
OS INSECTOS
A. I L H A D O S PINGÜINS
de i ai em bus a
do seu primi i\ o abi i
0 penedo que deu o
á Inglaterra
go porque, i om o
.\<\\ cano da paz, i cs 4 l/ilr n il ,1 r . . 1 PílSSl
'I 1 alais ilc-cn li. 1
sou o ruido da .iiii I a, c vci ;i, pei to de -ti ci-
lha ria nas proximi !a
REX INGRAM, dade ingleza, o pene lò
qu • o, ingle/eí i li unam
dês das -nas ilhas pa : 1
hakespi a e's Cli I, [amo o,
3 homei
i iiicis. i is pingüins nã ' por ter nome il<»
grahdc poeta-ai to , mas pói -
deii stam i guerra... que elle se deve nome de Albion, pelo qual os
os o, 11.1 103 1 UMIIC a n Gr3 Uretanli i airida
usado actualmente, com epichetos m u s 011 menos
í;i oraveU, para designar a poütii i ihg'.eza em J I C rela
Uma de Mark Twain outros |' 1 / - -.
O pene Io <11 i oita sul da Inglatci
Quando estava cm New York costu- ia, abuadante em cal, apresenta uma
mava o endiabrado humorista passear .. I - 1,,, 1. . m la<i n : albu
rio da visinhiaça, fechado 03 a n t g o i por i s , . baptizararn ilha
apenas por uma cerca. /afi\' rom o nome de Albion.
Mark Twain encontrou-se uma tarde A ellas faz Júlio César referem
com uns suje tos qu^ ian e vinham por nos si us Commentar o
aquelle logar de repouso. ^ discutir e a
tomar medi
Intrigado, pergu.it -u-lhes L;ran l< A ignorância é
criptor :
berba. — FLAUBERT.
— Que fazem vocês aqui?
Ao que um delles respondeu :
— Vamos construir um muro e.n
11- tscra.os iu Io \, :rde n n •
volta do cem te rio. porque esta cerca é
insutticiente.
até
RI
— l"m muro? Para que?
E' integramente desn^cessari"
que estão aht dentro não sahlrão nanca
e raios me partam si os que estão de Para i
têm vontade de entrar !
AMERICA
"PLRSANt"
Vestido para
a tarde
Creaçío Char-
lotte, de Paik
11// RH 1
Uma ilha... uni penhasco rude no mar fu- Apezar de envolvida ás vezes nas brumas
rioso... depois, uma inexpugnável fortaleza onde do Mar do Norte, Heligoland é acariciada no
se amontoaram machiftas de destruição. Eis He- verão pelos longos sorrisos do sol. E' por isso
[igoland. Mas uni terceiro periudu começa para que levam paia lá as crianças que se estiolam
ilhota: unia sociedade de beneficência Lrans- nas ruas sombrias das cidades.
F O O T - B A L L
5
I^LJCÍ^
K.
O fV E TOS /; E
r = == , — —
LUIZ DELPHINO
P e l e j a inútil
Quando ás vezes procuro um nome que resuma
— o que sou ? porque sou ? por onde vamos indo ? . .. —
si penso, não encontro o Belto em coú a alguma ;
si não penso, acho mais ou menos tudo lindo ...
Um som prende outro som, cobre a espuma outra espuma
de um grande sonho, como um vasto mar infindo :
si irrequieto o abandono e outro caminho scindo,
é tudo arneiro, steppe, ou rocha, ou vento, ou bruma.
Por mais que eu clame a um Deus, um Deus qualquer que seja,
para mudar da aranha o esquálido organismo
que baba os fies de ouro em que o universo arqueja,
nada: e torno a clamar: ninguém ; indago, scismo ...
e largo, de cansado, a estúpida peleja.
tendo a um lado o mysterio e do outro lado o abysmo.
Marinha
Como um milhar de leões, disse me o Oceano: Eu rujol
Pois bem : á tarde, em pé, eu vi do tombadilho
do barco em que ia, entrar no oceaso o Sol, por cujo
antro ainda lançava ao longe igneo rastilho ;
e a noite vir, trepar, subir como um marujo,
por mastros e brandaes cheios de azas e brilho
de anneis de aço e de bronze areados, num sarilho ;
manchando tudo em torno ao pulso enorme e sujo ;
e eu surprehendi em baixo o Mar numa humilhada
attitude, ante o céu calmo, estreitado e frio :
e essa água assim escura, ondeante e fatigada,
parecia-me então um polvo luzidio
que pelo dorso immundo e visguento, agarrada,
arrastava na sombra a concha do navio !
O O
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f Í ^ S M ^ ; M
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MOLHADOS E CEREAE3
CASA FUNDADA EM 1852
o-- rw!i:J-e
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RIO DE JANEIRO
— AMERICA —
D 0
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D
RODOLPHO VALENTINO,-depois
de muito meditar, a vista das
paixões que suscitou, resolve
divorciar-se.
O GUARDA-LIVROS
i VNOO velho l r.is, guarda-livros Eram-lhe sempic igu.ics os di is, as semanas, os
Ha f nu t l.ibu-c ,V C , sahiu do meies, as estações os annos. Toda dia, :i mesma hora,
, ntabelei imi nt >. 5cou alguns ms erguia-se, partia, chegava ao escriptorio, almoçava, retira
t ii tes deslu ulir.i lu u n i o brilho U - T , jantava c detava-se, sem que nada h o u v e s s : jamais
do sol |> tente. rrabalhara todo interrompido monotonia dos mesmos actos. do.s metmoi
o ilii á luz amaveUada tio bico de acontecimentos *; d a s mesmas ide 16,
gax, no tuado d a loja, junto da Outr'ora, diante d o pequeno espelho redondo deixado
,i i i e s t e t i p m f u i d t como uni pelo seu predecessor, elle contemplava seu bigode touro
po o. E r a tão escura saleta em o s seus cabcllos anuclados. E agora, todas a s tardes,
D bavu qu.irenti a o n i s , passa- antes d e partir, vi i pelo mesmo espelho o bigode branco
va o- dias, q u : mesmo em pleno ã fronte irremediavelmente calva. Q u t r c n t a annos se ha
veras elle só polia dispensar a lu/ viam escoado, longos e rápidos, vazios como um dia de
arl i ial » nt:< a s onz-- as ir - tristeza e iguaes como a s horas de u m a , mesma noitel
horas Quarenta annos de q u e nada ficara, nem mesmo uma
Havia -enipre .d i. humidade lembrança, nem mesmo uma desgraçça, d e p ô s da 11101 te dos
tt ', ,i> emanações daqurlli cs- seus pães. Nada I
pec.i di fossa em qu s ab ia janella entravam pela
saleta - -c U r.i ., enchiam dum cheiro de bolor e de
esgotto Nesse dia velho Leras ficou deslumbrado, n i porta
Desde quarenta annos passados Leras chegava toJa< as da rua, pelo fulgor d o sol poente,' ^, e m vez de j e di-
manhãs ,,s M hora-, essa prisão, : alli ficava a t é iie.ii .1 casa, teve a idéa d e fazer u m pequeno gyro
as - d i .. ui . ad i - ibre os livros, antes do jantar, q u e lhe acontecia
es " 1 " ' mi de mu bom quatro ou cinco vezes no anuo.
enipn e.., Io, Chegou a o s boulevards, onde se agi-
Ganhiva aciualm ut três m l fran- tava - multidão sob a s arvores rever-
• ••- p ii ann i, teu Io i o.n .i I i m 1 decidas. E r a uma tarde d e primavera,
c qu nl, nlos fr m ,,.. Era celibatario uma dessas primeiras tardes tepidas
porqu s , ordenado nun a Ih.- p i - niolles que turbam os corações com
mittira qu< - casasse. E nada tendo ^o uma embriaguez d e vida.
da vida, nà i t n h i ambição alguma, Leras caminhava co:n o seu passo
No , m i i i i t i . uma vez o.i outra, can- saltitante de velho; ia com um brilho
sei,, do seu labor mo.iotono • niimu,. alegre no olhar, feliz com alegria uni-
formulava um desejo platônico: AM si versal e com a tepidez d o a r .
• •-- cinco mil libras de renda, Chegou a o s Campos Elyseos e
que boa vidatl contnuou a andar, reanimado pelos ef-
1 --., boa vida elle aliás nunca flu.ios d e mocidade que passavam na
po.s nunca passara do-, seus ven brisa.
c in '•!• is mensaes O céu inte ro flammejava
V vida Ih passara s e n accidentes, Arco d o Triumpho desenhava a sua
» n 'i"" V- qu isi sem esperanças. A massa negra sobre fundo illumiaado
faculda h de sonho, que cada uin de do horizonte, como um gigante d e pé,
nós t ., co-nsigo, nunca se desemolvêra no meio de um incêndio. Quando che-
n.t nu liocrilade das MUS ambições. gou junto do monstruoso monumento,
I is vinte um anno- p.ir.i b velho guarda-livros sentiu fome e
.» , . i s , Labuie Jc C , de lá não mais sahira. entrou num rest mrante para jantar.
Em 1.^50 perdera o pa,i, depois a mãe. em 1859. Serviram-lhe diante d o estabelecimento, n i calçada,
E depois disso o único acontecimento da sua vida foi um pedaço d e carneiro, u m i salada e s p a r g o s ; e Leras
uma mudança em 1S6S. porque seu senhorio augmen- jantou como havia muito não fazia. Comeu queijo d e
IAT.Í o aluguel do quarto. 15 ne e bebeu meia garrafa d e bordeaux fino. Tomou d e -
Saltava do leiio todos o ; d a s . ás 6 horas p.ecis.is, pois café e licores, q u e raramente lhe acontecia.
ao sem d e um ruido terrível de c o r r e n t e . Depois d e ter "pago, sent.u-se alegre, vivo mesmo
Duas veies, no emtanto. esse relógio se desarranjára. um tanto perturbado. Disse comsigo: «Que bôa noite! Vou
em i;:< e em 1S-4. sem que elle jamais descobnss continuar o passeio até á entrada do Bois d e Boulogne,
-... Levantava-se, fazia cama. varria quarto que isso me fará bem.->
espanava -i cadeira : „ cornmoda. E nesse trabalho E partiu. U m fragmento de canção q u e outr'ora can-
. uni 1 hora meia. tada uma d a s suas visinhas, vinha-lhe obstinadamente í
Depois sahia. comprava um pão na padaria Lahure, memória.
de qu- conhecera doze proprietários differentes sem que Quand le bois re-. erdít,
ella perdesse o n o i t - ; punha-se caminho, 1 comer va- Mon amoureux m e dit :
garosa- Viens respirer, m i belle.
A sua existência inteira decorrera pois na estreita Sous Ia tonnelle.
sala sombria, forrada sempre c o n mesmo papel. E n t r a r a E elle o trauteava sempre, e recomeçava todo m o -
mcKv*- como ajudante d o sr. Brument. com desejo de mento. A noite descera sobre Paris, uma noite sem
subsrrjil-o. mais tarde. \ento, uma noite d e estufa. Leras s :guia a avenida do Bois
- -bst taira-o e agora nada mais esperava, de Boulogne distrahia-se » ver passarem os fiacres. O s
j Toda essa seara de recordações q_ie colh-m <>s carros vinham, com os seus olhos luminosos, u n a t r á z d o
oaoens no decorrer d a existência os acontecimen- outro, de xando v e r p o r momentos u m p a r abraçado, aI
tos- imprevistos, os amores doces ou trágicos, as viagens mulher d ; vestido claro, o homem d e terno preto.
aver.'-*vsas todos 05 azares d e u m a vida li i r e ha t.im-lhe E r a uma longa procissão d e namorado,, a p
- -iros. sob céu estreitado ardente. E elles p i s s i a m , passa»
AMERICA
vam sempre, recostados nas carruagens, mudos, aconche- ainda só, sempre só, isolado como ninguém no mundo . . .
gados, perdidos na allucinação, na emoção do desejo, no Levantou-se, deu alguns passos e, bruscamente fati-
frem to do próximo amplexo. A sombra tépida parecia cheia gado como si acabasse de fazer uma longa viagem » pé,
de beijos que voejavam, que fluctuavam no ar. Uma sen- cahiu pesadamente sobre banco visinho.
sação de ternura enlanguescia o ambiente, tornava-o mais Que esperava elle? Nada! Pensava somente que deve
suffocante. Todas essas creaturas enlaçadas, na embr aguez ser bom, quando ss é velho, achar, ao entrar em casa,
do mesmo desejo, do mesmo pensamento, faziam correr uma crianças que papagueiam. E ' doce envelhecer quando es-
febre pelo ar. Todas essis carruaens, cheias de caricias, dei- tamos cercados desses pequeninos entes que nos devem
xavam á sua passagem uma emanação subtil perturbadora. vida, que nos amam e acariciam, que dizem essas palavras
Leras. um pouco fatigado da marcha, sentou-se um plgenuas encantadoras que reanimam o coração conso-
banco para ver passarem os fiacres carregados de amor. Iam de tudo . . .
E logo depois chegou-se a elle uma mulher e tomou E. ao pensar no seu quarto vazio, no seu pequeno
logar a seu lado. quarto limpo e triste, onde só elle entrava,
— Boa noite. . uma sensação de agonia assaltou-lhe <* alma.
Leras não respondeu. Ella continuou: \ \ O seu quarto pareceu-lhe ainda mais la-
— Não sejas casmu-ro, meu c a r o ; verás como ,/ mentavel que o escriptorio.
eu sou cai inhosa. Ninguém o visitava, ninguém falava
Elle exclamou, afinal : alli. Era um quarto m o r t j , mudo, sem
— A senhora está e n g a n a d a . . écho de vóz humana. Dir-se-ia que as paredes
A rapariga passou-lhe o braço ao pescoço. guardam qualquer coisa das pessoas que vi-
— Deixa-te disso, não te faças estú- vem entre ellas, qualquer coisa das suai
pido. Ouve . . . attitudcs, das suas figuras, das suas pa-
O velho ergueu-se e se afastou, com lavras. As casas habitadas pelas familias fe-
coração oppresso. lizes são mais alegres do que as habi-
Cem passos adiante. abordou-o uma tações dos miseráveis. O seu quarto era
outra mulher. de recordações como sua vida.
— Queres sentar-te um momento ao pé E espanteu-o a idéa de entrar
mim. meu rapaz ? nesse quarto, sósinho, de tar-se <na
Elle indagou-lhe: sua cama, repetir todos os seus mo-
— Porque fazes isto'' vimentos todas as suas tarefas
A mu her collocou-se diante costumeiras. E, como para mais se
delle, com i vóz alterada, rouca, afastar desse s i n s t r o aposento da
»
indignada : hora de para elle voltar, levan-
—: Oral Nem sempre é por tou-se e, encontrando de súbito *.
prazer I primeira aléa do parque, entrou
Leras insistiu, com uma voz para sentar-se sobre a relva. .
branda : Ouvia em torno, no Aito, em
— E então, que é que te toda parte, um rumor confuso,
obriga ? immenso, cont nuo, fSito de ruidos
Ella rosnou . innume o ; e diferentes, um rumor
— E ' preciso viver, sabes ? turdo, próximo, distante, uma va-
E afastou-se cantarolando. ga e enorme palpi.ação de vida:
O velho guarda-Lvros fi~oj as- terá o hálito de Paris que respi-
r
na vida que levara, tão differente da vida dos outros, nessa nos braços do companheiro.
da tão sombria e i n s i p d i , tão vasia e e s t é r i l . . .
Chamados os guardas, estes retiraram dos ramos um
H a creaturas que posit.vãmente não têm sorte. E de
repente, como si se houvesse rasgado um espesso véu, velho enforcado nos suspensorios.
elle percebeu a miséria, a infinita, a monótona miséria Verificou-se que a morte oceorrêra na véspera. P«-
da s u a existência: a miséria passada, a presente e «* fu- lo.s papeis encontrados nos seus bolsos, ficou apurado tra-
tura; os últimos dias em tudo iguaes aos primeiros, sem
tai-se de um guarda-livros, por nome Leras, empregado da
nada em volta delle, nada no coração, nada em parte al-
guma, n a d a . . . casa Labuze & C.
O desfilar dos carros continuava. E elle via sempre A sua morte foi atribuída « um suicídio, de causa
apparecerem e desapparecerem, na rápida passagem do ignorada. Talvez um súbito accesso de loucura. . .
carro descoberto, os pare3 silenciosos e abraçados. Parecia-
lhe que i humanidade inteira desfilava d a n t e delle, ébria
de alegria, de prazer e de felicidade. E elle estava só- CUiy <le N A U I M N N A N T
sinho z olhai-a, s6, inteiramente só. E amanhã estaria
AMERICA —
R E G A T A S DE AGOSTO
"Candinho' , da Faculdade de Medicina, vencedor do Campeonato Acadêmico
O C O O ü O C O O O O O O O O O C O O w O O O C O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O
I a
maioria
Os traços do rosto de muitas dellas são de
pureza perfeita
representavam
certa a sua origem
e acredita-s e que em
a deusa
carthagineza.
Tanit,
sua
pois é
tando-ss para a senhora de preto, indagou:
— Mamãe ! Que é mais que você me pe-
diu para perguntar ?
Na primeira parada desceram apressadamente
dois passageiros . . .
GrY^iKASIO BRASILEIRO
ESTABELECIMENTO DE INSTRUCÇÃO PRIMARIA E SECUNDARIA
INTETllNTATO, SEJVCI - IJNTXEJHJNTA.TO E EXTERNATO.
R U A C O P A C A B A N A . , 6 2 0
AMERICA u
<3=í>
Fr&uk W iv-i-»t • nome «!»• um artista americano \ ida das aves aquáticas, cujos costumes surprehendeu admi-
Kfejftboente muito cm i6ga na terra d > dollar do. . . ravelmentc o seu lápis aídextrado. lü, como é natural, sua
i mtMii.t. Bensoa tornou-se um especialista eaa flagrantes da fama voou sobre as fronteiras 2 actualmente cone mundo.
[-.^^
é -.•-"•."'"
mJ?*fy.- :i
'-•>-•-;y^^y^^-^ístéi. ^ \H Desta cidade p issou segredo dos phosphoros Londre*,
•^njm
z00t&'"y
onde dois chímícos porííaram em fazer fortuna com *:11*.
Depressa cahiu fabricação n-> domínio publico, sendo que
o seu inventor anonymo não tir.íra p ttente.
- •
-! " -- "~- O phosphoro branco ordinário, devido te
accádentes mortaes servido (ura fitts 1 rímínoeos, foi
-mu.do. por proposta dos professores Revoai e La •-•
A. paathfra SACA' e:icarrega-se de vigiar o autumovêl
Es< oia de Alfort, pelo phosphoro vermelho, 1 hamado amor
de sen d»':i«.» Morriner Haii'i«vk. de Paris, emquanto pho. . que não pfferece nenhum perigo de en\ 1
O POETA
A LAGOSTA
Tasse-uva um dia (iéiaid de Nerval
oelas rua*- de 1'aris. puxando por um
. ordel. 101110 um cão de luxe, uma
enorme lagosta. Houve escândalo, for-
mou-Sf uma multidão de basbaques que
impediam o transito. Resultado: poc-
Li foi parar 110 p03tO de policia. In-
quirido pelo coinmissario sobre tal
extravagância, Nerval exclamou, indi-
gnado — Vocôs saem á rua com ca- 'ARCHITECTURA COLONIAL MEXICANA
chorros gatos, animaes entupidos que A igrej* de S. Francisco Acafepec, no Estado de Puebla, México, é um lempto
do mais p««ro estylo cht/rrigueresco. tão luxuoso exferna, como infernamenle Profusa-
aada sabem. Ao passo qu? minha la- menle decorado com azulejos de Talavera, columnas salomonícas c uma infiníd ade de la-
gosta conhece as maravilhas das pro- vores de cantaria, essa igreja é uma jóia da architectura colonial mexicana aftráe fo-
rasteiros sem conta pela sua fama muitas vezes justificada.
rundeias marinhas
PRECOCIDADES
Ao completar doze annos já havia Pascal resolvido
as trinta ,. duas proposições de Euclydes. Outros exemplos
de precocidade: Dante compôz o seu primeiro soneto aos
nove a n n o s ; o Tasso escreveu os primeiros versos aos d e z ;
Calderon começou a escrever a o s treze; Victor Hugo, a o s
quatorze, e r a laureado da A c a d e m a dos jogos floraes d e
Tolosa; aos doze annos já Byron versificava; Meyerbeer
dava concertos de piano apenas com seis annos d e idade;
Cláudio Vernet desenhava perfeitamente aos sete; com onze
annos já Mirabeau e r a auctor de um volume; Haendel com-
punha u m a missa aos treze; Raphael já e r a pintor a o s
sete; finalmente, com quatorze annos, Weber fez repre-
sentar *i sua primeira opera.
A odysséa do marco
Uma das coisas q u e mais chocam o espírito do
estrangeiro q u e actualmente chjga á Allemanha é o a u g -
mento formidável d o preço, em marcos, d o s objectos mais
modestos. Apezar d e nos dizerem os jornaes, todos os dias,
o quanto é Ínfimo o valor d o marco actual, so u n exem-
plo concreto nos poderá d a r idéa justa d a derrocada mone-
tária naquelle paiz.
Eis alguns documentos extrahidos de um jornal alle-
m í o que, ai.ás, os commenta sem azedume.
Sob titulo '<Uma triste historia em cinco imagens
banaes», o «Berliner Illustrírte Zeitung* consigna prelimi-
narmente q u e i#ooo marcos valem apenas 3 ou 4 pfcnnigs-
oaro. O padrão pelo qual parece fixar-se nesta hora o ins-
tável valor d o m a r c o é z dollar, em razão do commercio
activo entre a Allemanha os Estados-Unidos. Segue-se
dahi q u e lá tudo se refere a o curso do dollar. A mais
obscura vendeira, a quem se compra um maço de ci-
«jarros, pergunta infallivelmente :
— A quanto está hoje dollar, senhor ?
Ella faz essa pergunta sem anciedade nem ainar-
jjora, como si perguntasse qu2 h o r a é ; porque, para a orga- PHOTOGRAPHIA ARTÍSTICA
nização da sua vida, é-lhe tão necessário conhecer o curso do
dollar como a hora. Paizagem da costa da Califórnia em que u m a arvore
As pessoas mais humildes, os menos aptos a affrontar torturada, diante do nevoeiro d ò horizonte, tem qualquer
o grande problema d o s câmbios e a sua solução sempre coisa de dantesco . . .
C om o feito brilhante do aviador patrício pêndulo que marca os instantes de emoção dos
<- arlos Chevalier, ficou em moda a prova fasci- que, em terra firme, contemplam a proeza.
nadora do salto em pára-quedas — tão fasci- A proposto, julgamos interessante publicar
aadora que já outros, inclusive uma senhora. aqui as impressões que da sua primeira queda
se aprestam para imital-o. lançando-se de uma
trouxe Fronval. o destemido campeão mundial
altura vertiginosa e abandonando-se á mercê do
do looping.
vento . . .
Depois de haver lançado do seu avião m-
E ' uma prova perturbadora essa pelo
numeros «pára-quédistas», lá num dia resolveu
sangue-frio que requer, pela seguran^i que exi-
ge no lançar-se o sportman do apparelho. des- Fronval precipitar-se também das alturas, e fel-o
amparado, numa queda brus;a, até ao momen- em optimo estylo, como o attestam os succes-
to em que o pára-quedas abra a umbella pro- sivos instantâneos, que aqui reproduzimos, do
tectora e faça cessar a vertigem . . . E o ousado film então tomado de um avião.
sportman vae descendo. balouçando-se, como um «Si muitos espectadores, diz elle, assistem
ME RI CA —
n
GD.
O
' I
na
n
á descida em pára-quedas, levados pela attracção Depois, ::ada: não senn a menor emoção desde
do perigo, muitos ha que comprehendem a im- o salto até á abertura do apparelho. Essa ma-
portância capital desse anjo tutelar, dessa boia nobra é tão rápida que nada se sente. O único
de salvação aérea. Na America, entre as pro- incommodo para um piloto é tiao poder dirigir-se
vas do brevet de piloto, é obrigatória descida
c ficar á discri.ão do vento.
em pára-quedas.
A própria chegada ao sól:> é banal. O que
E ' por isso que. depois de lançar tantos
me chocou nos meus sentimsntos de aviador foi
coflegas, fiz questão de, por meu turno, atirar-
ver que uma multidão se precipitava para me
me do alto de um avião. Devo confessar, sem
dirigir felicitações. Não sei porque se cumpri-
nenhuma pretenção ou exaggero, que não sof-
íri angustia de espécie alguma. Deixar-se cahir menta um homem que s- contenta com substituir
em pára-quedas é, mais ou menos, fazer como um sacCO de areia . . .
o mergulhador — com a differença de ser de Como se vê, Fronval, além de ousado, é'
mais alto. E ' esse o único momento desagradável. modesto . . .
1.1// RH \
A ACROPOLE
'ELLAS" p o r "ELLES"
LUTZ, FERRANDO
Jeao.
O- -<>
«O marido de Mary» e Evelyn Brent, numa scena do
:: novo film «Bagdad'. de que sSo protagonistas. :: ::
o-
ái
AMERICA —
<WMWWW*WM
ACA
**V*A**^<WSAr
«*^^lM»W^»V»»WVi (VWKIIIIWIWIW^WVWIIW*
Boje, 2i<« a litteratura sertaneja, com a frescura Mostra mais uma coisa, mais outra: « roça de mi-
e o encanto de todas as cousas singelas e ingênuas, está lho, as crias no pasto, emfim, p ' r a encurtar palavra, o
jantar demorou um pedaço bom.
em franco successo. i ae lastimcr que se ache em esque-
E pagou a pena que estava «chiba», acompanhado
cimento o nome de Azevedo Júnior, o ynallogrado escri- de um restillo que não era de arrenegar.
ptor patrício que com tanto talento fixou os costumeft e O sol já ia querendo tombar, quando eu, tendo
posto uns badulaques na capanga p'r'os meninos, montei
a p«yche dos nossos matutos. no «Queimado».
E' no intuito de relembrar esse nome que aqui re- A principio, tudo foi sem novidade, nem eu me
importei com uma zoeira nos ouvidos assim a modos
produzimos o conto '-S03ÍBBAÇAO", ha cerca de um
de umas tonturas. . . Feri logo na binga, accendi o meu
decenwo publicado na imprensa carioca. pito, e deixei o pagão andar numa toada.
Mas vocês sabem que daqui ao sitio do compadre
U R O por Deus que eu vi Quinca tem terra damnar.
J I
sombração, ali na
da, pegado á
estra-
ribanceira
onde o C h c o tropeiro to-
Foi pegando a escurecer.
Olhei para o céo: as estrellas es-
tavam pintando aqui ali. N o var-
mou com ferro no sangrador e gedo, já estava bem pretum;, de
adornou de uma banda, que não modo que, depois de passar a ponte
abriu mais, — disse Benedicto que Velha começar a subir o tope on-
estava «batendo taquara» no nego- de está » cruz do Chico, era um
cio do povoado, naquella noite frio- estirão . . .
renta de Junho. *)yy Tentação do capeta 1
Os parceiros arregalaram os olhos, E m vez de banzar minhas coisas,
mu to curiosos, aconchegando-se uns peguei matutar no coitado, que
aos outros: todos tinham conhecido i Deus lhe fale n'alma.
Chico, homem de suas posses, tendo O coiração desandou bater com
uma b u r r a d a bòa, vivendo, abaixo e uma força, que não tinha mais pa-
arriba, nesses fundos de sertão. Crea- rada . . .
tura de se lidar com geito, porque, 0 cabello cresceu que até, juro
por um tiquinho de nada, fechava a por essa luz, o chapéo « modo que
cara, dava uma resposta, e ferrava pulou rto ar. E , naquelle pretume to-
logo. Pagou caro malucagem, pois do, eu vi uma coisa branca . . . bran-
íoi «maligno» servido que o Chico ca, espichando do lado da ribancei-
batesse bocea com um caboclo gran- ra
dalhão, e ambos, esquentados de Cruzl credo ! Correu-me uma
pinga e de «reiva», travaram num tremedeira pelo corpo todo, que nem
átimo: o grandalhão sugigou o tropei- sei como tive p i para fincar a espora
ro que comeu terra como um perrengue. e foi o preci- no (Queimado», que abriu num galopão desabotinado.
P p i c i o , que todo o povoado soube. Coragem para olhar p'ra traz, «adonde?» Parecia que
O criminoso botou o pé na estrada e sumiu, que sombração «avoava» em riba de m i m . . .
nem mais noticias delle. Amoitou por esse mundo. Só tomei «suspiração» quando vi a luzinha em casa
Puzerarn uma cruz no logar onde Chico tombou do «seu» João Carapina . . .
de uma feita. Até então, nunca ninguém tinha visto nada, Com graça de Deus, estava no a r r a i a l . . . Pen-
e o povo não deixava de trançar por allí, fosse a que hora sei morrer . . . ; • I i J ^ 4". I
fosse, que sertanejo santo a n l a com o sol claro, como de Falei do «causo» com o compadre vigário, mas
noite com o escuro, que nem zumbi, elle riu muito e disse que o Chico precisava era de
O que Benedicto vinha contar agora era de fazer missa. Não fiz questão; mandei rezar duas logo, ouvi
correr um tremor na regueira das costas, Elle não era com a dona.
potoqueiro, nem também qualquer páu arranhando no matto E o caboclo, ainda assustado, concluiu: cruzl
ou coriango soando mettiam medo. Tinha varado esses Os parceiros guardaram silencio, pensando no que
caminhos todos, ás vezes debaixo de um aguão doido, só acabava de lhes contar o Benedicto, que não era «sapé-
vendo o trilho quando relampiava, e nunca topara nem cador»; ao contrario, palavra na bocea delle era verdade.
IWWWMMMW^WWWtWWWWWW* «• w » i w
:.00<rQOOOOOOOOO o ooo o o o o o o o o o o o o o o o o
^ - ^
o
r-\ FAR-WBST
/ " ^
O Far-West, região agqra tão em moda, é Tuscon, ao sul, e até aos arredores de Los An-
uma vastíssima zona que o cinema se annexou e geles, San Francisco e Taconna, a oeste.
em que sustenta um verdadeiro exercito de lan- J á não existem mais as enormes soliiões de
çadores de laço e de cavalleiros intrépidos, sempre outr'ora: novas cidades avançam cada vez mais pe-
promptos a saltar atravéz de valles e barrancos. los campos,
Em realidade, Far-West é uma expressão florestas e
empregada pelos primeiros americanos das cida- montanhas.
des do E'ste para indicar os irnmensos territó- Linhas fér-
rios quasi desertos e quasi mysteriosos do longín- reas percor-
quo Oeste. Nesse tempo o Far-West começava
rem os espa-
nos montes Alleghannys e comprehendia os iicos
ços antigamente desertos.
territórios regados pelo Ohio e pelos seus affluen-
Ranchos de «cow-boys,»
tes. e habitado por tribus indígenas e buffalos.
guarntçõe» federaes, po-
A partir de iSoo, o termo se applicava a todos
voam cada vez ma : s o
os territórios que deviam mais tarde formar os
Far-West, que engen-
Estados de Kansas, Xebraska. Texas, Colorado,
drou toda uma litteratura
Wyonning. Montana e Dakota.
tão explorada pelo cine-
Hoje em dia pode-se dizer que a expressão
ma, mas cujo pittoresco
Far-West designa, de um modo um tanto vago, a
porção immensa de terras que se extende de Bis- de»apparece de dia para
dia... CD CZD t a
mark e Glandive, ao norte, até Paso dei Xorte e
— AMERICA -
í A! mos.
de altura!
malasio.
rm
*P- iyj
JÍ
O FIM UTILITÁRIO DA NATAÇÃO
O methodo de salvamento de Weissmuller, recordman do mundo
A
S mais issc ias performances» dos nadadores Anui está, nos instantâneos que illustrain esta pagina,
um methodo por mim julgado sup.nor a to-los os outros
ã procura constante da melhor,a do techníca até aqui usado-. A s m i/antagern <:,,,,.,! está em que
do est)'lo, facl ires da velocidade na água, não salvador não 6 incommodado pelo movincuto das pernas
devem fazer esquecer fiim utilitário da natação. conserva sufficicntc força para l : v a r vic tinia á praia,
* N à - foi sem duvida para baterem records . m a s para se mo que esta se d e b a t i , o qu/a 6 caso freqüente.
Icfendercm contra água, que os primeiros homens pro- Pode-se observar nesta-, photographias, que po
curaram aprender nadar. Infelizmente essa doutrina foi senhorita Sibyl Bau-r, minha liberdade: de movimento»
depressa abandonada só lado sportivo parece interessar - i possibilidade que tenho d< s m fadiga, arrastar sobre a
- u convencido de que causariam enthusiasmo e. Não se trata, neste caso, de n a d o . de cítylo, mas de
de qu idejm uma necessidade. eade; e seria mais importante saber o modo de salvar
uma pessoa a afogar-se, do que tentar bater recordíi
Acho que está muito descurada a educação dos sal-
• ada vez maiores.
ores a que muitos ho - eado iia-iar p-r-
fe:tamente, ficariam embaraçadissimos para salvar uma pes- i>ou eu, a l a s . primeiro convencido deita W-idude
soa em perigo, por não saberem como mover-se carregando Johnny WEISSMULLER
aquelle peso morto que ás vezes atrapalha unto salvador.
A garantia de uma machina
está na lubrificaçãou
!
«
l u OJ óleos de classe «
«
Hélio A
Hélio B
I
Hélio C
Soviel-Betaluna e Engine Dick
• •••••**•«••«-
T
s/t- "s ir"-" '•• "
; •
. • • " . '
- :y^'S '
= ^
9 ISSO, meu caro, disse Lamirre a Sem- á sua mulher. Desta fôrma, a primeira coisa
oo instrumento é uma espécie de tambor que theogonia compiicadissima, cujo chefe é um ente
acompanha o canto num rythmo sempre dif- feminino, Nudliajok, mie de todos <>s homens,
ferente. que, depois da morte destes, manda os bons
() doutor Leden trouxe dessa musica, cuja para 0 paraíso, no fundo do mar, lá, onde ha
gamma e intervallos differem inteiramente dos calor
nossos, vários discos phonographicos, que são Pathetica aspiração de unia raça cuja vida
documentos preciosos. se escoa na luta contra 0 frio e que procura o
Os costumes de todas essas tribus são mui- seu céu no fundo do mar, a>> passo que envia
to simples e tão sérios que não ha alli tribu- os maus para ura inferno collocado no alto, nas
naes nem policia. A religião apresenta uma regiões geladas do ar...
^^mãááMMãÉ^^S^mMMmáMmÉMÍ^
^ ^ ^
UM TRAMPOLIM MODELO
s5- ^ -
Mas a sua anciã persiste, porque o poeta Mi taciturna frente ya quimeras no forja;
• o rhapsodo de todas as almas que soffrem .. roto está, cuú Ia ma/ia, de mis sue nos, mi vaso;
nostalgia das vilas anteriores. E contemplando leve, como l-i huella de mis pi^s, es mi a'/on i.
uma es r e l a . murmura de si para comsigo, num i
confidencia com astro solitário e indifferente: Eu mi rostro caindo li fatig'i se adviert.',
V tm,i> g° Ei marcha v aligero mi paso,
desdi Ia tierra innobl fijo en ti Ias pupilas a ver s' ai fin consigo fio andar más, en Ia musrte
con una indejinible nos algia s deral
Ras li Islã, com ,i sua lyra de ouro, canta
Em Momento Musical o mesmo requinte
á maneira desses peregrinos, que ssguem, p 1 i
de esthesia. Rasch Islã. depois, em Sueho d
vida. com os olhos voltados para as eslrellas...
Artista, tem o surto de um condor.
NU admirável soneto Idilio Matinal, cies-
cicve. como numa aquarela, o amor de duas
C O u 0 O u d O u O O O O C O O O O O D C O O O O O O O O O O
Ifr^KtA^
QUE PBRGUNT4I
ELLE — Porque é que pintas a cara a s s i m ?
ELLA — H o m ' e s s a l Oue q u e q u e r i a s q u e e u p i n t a s s e TI
4 W/ RH 1
AS LOURAS DO CINEMA
o-
S //íriasor possue urna
cabelieira lou im c u r o lào puro,
que om tazedor de madrigaea s<
cap< omparal-a â... O io
o linha oui O ).
A idéa de formar personalidades p t l n mo
da. de não confundir c s t y p o s , em o n l i o l o m -
)em éciSo no que se ri lere ao penteado,
D e p o i s do império quosi universal dos
«americanas.. Iioje usadas somente pelai
irocinhas, pelo razão de t ô a ellos «ciem
convenientes, a moda p r o c u r a , por todos os
meio*, corivencer a mulher da neceSMdode
de fazer um penteado para St, para dar
mais caracter e ferça ás suas leilões e lui
mais intensa aos seus olhos.
Esla tendência não pôde ser mais acer-
(ada. uma vez que nada conlribue lanlo para
a f o i c i a ç õ o de um lypo de belleza, como o
m o d o de dispor os eabellos.
h difíieilmenle poder-se-ó rnccnlror
uma fôrma de penlcndo que favoreça a I o -
das igualmente, nem mesmo a numero re-
duzido.
O s adornos lançados por alguns mo-
dislas facilitam muito a tarefa de encontrar
a maneira de pentear se bem.
A pluma a c a r i c a d o r a , o «bonde a i i . se-
vero, a ingênua g n n a l d a . os diademas ru'i-
lanles. são outros tantos laelores da belle-
za que a mulher deve aproveitar p a r o , com
elles, crear um lypo que revele e alfirme
s u j individutlidadc eslhelica...
AMERICA
....:
" >m •-•*• •• • • ''sw^v.^v
Capital — 3.000:000$000
Fundo de reserva — 300:000$000
Secção de Transporte
Especialistas cm construcções de habitações de luxo
U'j
e econômicas.
I
Construcções em cimento armado
I1
i
Organisam plantas, projeefos c orçamenlos
1
M O N U M E N T O DOS ANDPADAS SANTOS
^ 1': 1 > E :
F l L I A i: S;
No Rio de Janeiro
Avenida Rio Branco, 35-A
Endereço Telegraphico " C O N S T R U C T O "
CAIXA P O S T A L 6 0 7
E D I F Í C I O DA B O L S A D O C A F É SANTOS
TELEPHONE NORTE « 7 3 1
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A Carlos Maul
Ibranlína Cardona.
(Do livro "Kosmos", n o prelo)
V. -J\
AMIRH A
O j a t r o esplendidos figurinos para os pequeninos "homens de amanhã" O s desenhos e ornafos revelam o bom gost
moderno desse gênero de indumentária.
FRAGMENTOS DE PHILOSOPHIA
sr
Gustave LE BOX.
— AMERICA —
o— Calixto Cordeiro
I NOSSA C I P |o Não poderíamos dar me-
lhor noticia ao nossos lei-
O desenho primoroso da tores: Calixto Cordeiro, o
capa deste numero de AME- Aos jornaes da Capi= grande artista que tem um
passado de glorias na arte
RICA, devemol-o ao lápis íal e dos Estados, a brasileira, inicia no presente
elegante de Jefferson, o ad- numero de AMERICA a sua
Dírecção de AMERICA collaboração, com uma char-
mirável illustrador patrício,
que tem o dom invejável manifesta a seu profurv ge em que não se sabe o
que mais apreciar: si o hu-
de apresentar em cada tra- do r e c o n h e c i m e n t o mor adorável da idéa, si a
balho uma novidade que é elegância e a correcção do
pelas capíívaníes e ani= traço.
um encanto para os olhos e
para o espirito.
madoras palavras com E ' excusado qualquer en-
carecimento da acquisição
E' esse o melhor elogio que noticiaram o appa* soberba que fizemos, tra-
tando-se, como se trata, de
que, a nosso ver, se pôde recímento deste maga»
I
um illustrador capaz de riva-
fazer a esse artista perfeito
zlne. lizar com os mais vigorosos
cuja nomeada provém do es- artistas estrangeiros.
forço e do talento com que Calixto Cordeiro já nos
prometteu a illustração d a
elle se consagra, entre nós,
f\ Sr* capa para o nosso terceiro-
á arte difficil da illustração. numero.
— AMERICA -
ASPECTOS DO BKASIIi
l'ma colônia de pescadores em Cubatão, posando em frcnfe á respecliva escola.
A
entre
jamin
o Brasil
C o s t a l h t e Miccolis o novo
de Carlos
e a
Maul, intitulado: A
Argentina.
livro
intriga
AMERICA
EXPEDIENTE
Nessa obra o escriptor patrício estuda di- Numero avulso:
versos aspectos das questões que perturbam a Na Capital $500 Nos E s t a d o s . $600
cordialidade entre as nações de Continente, e
aponta os rumos para uma acção de fraternidade
E' nosso representante na cidade de San-
larga e duradoura. tos o Sr. José Espíndola Teixeira.
E um livro que merece ser lido e medi-
tado pelos bons americanistas. E' nosso agente geral para o Estado de
S. Paulo o Sr. Antônio de Maria. (Rua da
Boa Vista, 5-A) a quem se devem dirigir
os Srs. agentes de revistas das cidades do
Muito devo aquella senhora que alli interior daquelle Estado que desejarem re-
ceber este magazine.
vai.
— E' sua bemfeitora ?
E' nosso agente na cidade de Santos o
— Não. E ' a modista de minha mulher...
Sr. Paiva Magalhães, cujo estabelecimento é
conhecidissimo nessa importante cidade pau-
lista.
A humanidade não chega até onde querem
os idealistas em cada perfeição particular: mas Redacção. Rua da Quitanda, 157, 1.* andar
ultrapassa sempre o ponto aonde teria ido s^m RIO D E JANEIRO
o seu esforço. — INGEXIEROS.
— AMERICA —
I
acção e reclama, para o sport reis modernos gastam nisso meia
com que vive a sua vida, o existência; a outra metade da vi-
marco do Renascimento. da elles a levam a comer, dor-
— Qual é, para o Sr., o mir, governar e outros miste-
maior escriptor da prosa? res. — DICENTA.
— AMERICA -
*> S A C R I F Í C I O &
oo w x o J=
JL
P
ARA uns era um monstro de egoísmo e
de frieza; para outros, um sábio pro- seu laboratório, quando Badel, o seu intimo ami-
fundo que sabia para onde ia, a quem go e companheiro de estudos, lhe trouxe a no-
os eunuchos '3 os superficines não li- ticia de que o seu filho Hygino acabava de
gavam importância. Para outros, emfim, era um assassinar um homem, num cabarct de luxo. Mo-
homem, no sentido mais nobre e amplo do vo- tivos ? Os mesmos de sempre: o álcool, as mu-
cábulo. lheres... O sábio ficou alguns instantes pensa-
Diziam os primeiros, ao v e l o passar a uma tivo; depois, sem affectação, sentenciou grave-
distancia que lhes não offerecia perigo: — Alli mente :
vai com toda a ele- — Cadeia, caso ] er-
gância e toda a dis- dido... Sim, ponham-
plicência, o pai que n'o na c a d e i a . . .
assassinou o próprio — Mas, Jaymc, co-
filho... mo podes falar as-
Os segundos se li- sim, tratando-se do
mitavam a dizer inti- teu único f lho ho-
mamente: — Esse ho- mem, a quem sempre
mem não saberá on- quizeste acima de tu-
de põe o pé, mas sa- do ? Estás em teu
be o que foi, o que é juizo perfeito? Reflec-
e provavelmente o
te, é preciso. O ra-
que será o seu espiri-
paz não deve e não
to. Os últimos aceres-
pode ir para a ca-
centavam: — Pensará
deia ! Além dis^o, não
muito, porém melhor
o ju'go culpado; um
e com mais sciencia.
impulso, dreumstan-
E si encontrarmos
num homem um gran- cias especiacs... as mu-
de coração antes de lheres, o álcool, a
um grande cérebro, mocidade . . . Sabes o
vangloriemc-n s delle, que isso é ? Sem du-
pensando naquelle ho- vida. Pois então ? Uma
mem da legenda, que palavra tua ao depu-
conduzia todo um po- tado Freitas, um tele-
vo atravéz de uma phonema ao senador
floresta sinistra, sob Alzaga Gómez. O teu
uma noite eterna: e p r e s t i g o é enorme;
como o povo duvida- diante da tua vonta-
ra do seu salvador, de não haverá juiz
este arrancou do peito o coração e com o co- inflexível nem porta de cadeia que se não abra...
ração erguido á maneira de archote,. chegou á — Cala-te! Não darei um passo, não pro-
terra promettida. Ahi entristeceu-se e morreu, nunciarei uma palavra para attenuar a sua con-
e os outros homens partiram o seu coração e demnação, nem entrarei em tratos com homens
cada fragmento foi uma particula de ouro e de influentes. Hygino é um caso perdido.
luz... Não acreditas': Serás forçado a isso. Luc-
Passavam pela casa do doutor Oman to- tei sem descanço durante vinte e cinco annos,
das aquellas almas de algum modo soffredoras, com toda a fé e todo o amor de que é capaz
e todas eram por elle consoladas. Elle col lo- um medico e um pai, para desviar um filho
cava num mesmo plano os obreiros e os po- da inclinação ingenita ao mal e ao delicto, e fo-
derosos.
ram vãos todos os meus sacrifícios... A semente
— AMERICA
elle
mais lyrico e metaphysico: podes chegar por
ser um grande conductor do povos, <>u
€
um s mples mordom 1... ™1 «Casa Branca», cujo nome official é
I min clcpcndc das tuas aptidões, do m e l o A The Executive Mvtsion, é a residên-
por que encares o mundo. Trata-se de embarcar cia do primeiro magistrado dos Es-
num navio que parte amanhã para ,. Europa, | k O==^ü tados Unidos e está situada numa ele-
sem outra bagagem sinão os tuas iüus.ões e vação de terreno, num quadro de verdura, a
sem outros haveres m lir- do que o teu passa- alguns minutos cio Capitólio, cujo parque se
porte. Que 1.1I f confunde com os seus jardins, á margam do
- Si apenas ha esses dois caminhos, ama- Potomac. E ' tão modesta, que muitas vezes se
nhã tomarei um. E ella - Sabes o quanto me têm feito zombarias sobre a sua simplicidade.
ama? Não poderia viver sem mim; conheçó-a e Edificada em 1792 para Washington, por um
>ei que se mataria. E' essa morte... irlandez estabelecido em Charleston, Carolina do
< ) doutor 1 im.m comprehendeu 1 ..Ilusão e Sul; que se inspiroa no palácio do duque de
-..in astii o: Lcinster, em Dublin, a Cisa Branca foi em 1.S14
Não serei eu, nem ninguém, que h ide destruída por um incêndio, e logo depois re-
carregar na consciência o remorso de haver pro- construída sobre os mesmos planos e com as
vocado .1 morte tia loura Alice Fons. Ella sa- mesmas pedras amarellas pintadas de branco.
berá consolar-se no dia em que deixares de E ' uma bella morada mas não p issue nada de
mostrar-lhe .1 tua fortuna. Fica tranquillo quanto particularmente artístico. A fachada sul ,é em
a isso, Hygino; essa categoria de mulheres finas fôrma de columnata semi-circular :• 0 lei to cer-
e elegantes como tua Alice nunca perdem a cado de balaustres. No vestibulo altos espelhos
c abeca pelo ultimo imbei í] p >r quem se deixa-
reflectem os retratos de todos os presidentes,
ram c cinciinsi.il' . . .
desde John Adams, que foi o primeiro. Alli se
•»« encontra o de M o n r o ; e a alta figura de Was-
Nessa noite, ao deitar-se. o joven Hygino hington, coroada de louros e cercada de tro
teve o cuidado de examinar bem a pistola. To- phéos, com a de Lincoln a fazer-lhe pendaat. As
das .is balas estavam no logar. Excellentel Um recepções têm logar no salão azul. Mais adiante
leve sorriso illuminou-lhe o rosto p d l i d o . Sabia está o salão verde, depois o vermelho, muito inti-
que no dia seguinte não tomaria nenhum dos mo, cheio de bibeljts. Roosevelt fez augmentar
caminhos que generosamente lhe indicara o seu a sala de jantar, que pode receber cem con/ivas.
velho pai. Não se sentia capaz de s^r heróe, No primeiro e único andar estão os escriptorios
nem siquér ho.nem; o futuro apparecia-lhe como e aposentos privados e a bibliotheca que < onta
um monstro apocalyptico e decidiu-se pelo ca- 7.000 volumes e cuja mesa é feita com a ma-
minho que não assusta nunca os covardes, pelo deira do navio Resolute, enviado cm 1.S32 ás
caminho prohibido aos sábios e aos que de al- águas areticas, á procura de John Franklin. As
gum modo se sentem homens e a quem não suas estufas são afamadas. A Casa Branca é
attráe a sereia de um fragmento de c h u m b o . . . accessivel a todos em certos dias em que o presi-
*** dente está at home. Qualquer cidadão americano
Alice vi\c ainda e cada dia está mais de- pôde entregar o seu cartão: um secretario par-
liciosa. Si alguém lhe pergunta porque tão de- ticular o recebe e faz entrar. Por fim, uma
pressa subs ituiu no seu coração Hygino Oman tradição amável: a seguna-feira de Paschoa; para
por Homero Vidal. ella. com a graça própria gáudio das crianças de Washington que se espa-
das deusas olympicas, responde: lham pelos jardins, os ovos de todas as tôres
--- Não sei... não sei! são ccllccados ao lon-
Hygino era bom e ás ve- go dos gramados.
zes até intelligente. Mas
eu o achava um pouco
pateta, coitado !
J. V. M a n s i U a Eorim de. cobertas nos
sepulcros egypcios har-
pas cujas cordas se con-
A alegria dos velhos é servaram intactas e soam
um mandamento para a harmoniosamente depois
vida. — GRAÇA ARA- de um silencio de três
NHA. mil annos.
AMERICA -
IP
~ir"
J O ANJO DO LAR I ?*%
&
â^m ^ IL-
H
\ mulheres que são um peso paia a vida litados, isto é, o histerismo, a neurasthenia qi
de um homem e que MI servem para ataca as mulheres ociosas á força de so pcnsaie
difficultar-lhe a marcha. em adoecer. As mulheres acabaram acreditando Io
Não me refiro ás mulheres formosas que o chie é ser nervosa, e com uma incrível
OU garridas que, inspirando uma grande pai- leviandade confundem nervos debilitados com
xão, põem cm perigo o futuro e a existência do irascibilidade de caracter. E' assim que muita
enamorado. Falo apenas das mulheres communs, senhoras só têm nervos para se enfastiai, par
das que já t e m o com chorar, para
pai la/e
pinheiro para a vida. alarido e nunca paia !
E alludo precisamen- empregal-os em qual-
te ás que amam o seu quer coisa proveitosa.
companheiro, áquellas Estas nervosas têm
que, cm determinado sempre uma doença
momento, são capa/es qualquer, entristecem
dos maiores Sacrifícios o marido com a nar-
pelo ente amado. Re- ração das suas dores
I
firo-me a estas e para c si este, que ao prin
estas eSCreVO, que ás cipio ouviu pachorren
outras — ás que vi- tamente, acaba por
vem sem amor junto não fazer caso, recebe
ao seu marido - na- o qualificativo de mau
da adianta dizer nem homem, de egoísta ;•
ha que fa/er em seu de sem coração,
beneficio.
Outra, e não menos
Mulheres ha que,
nociva, é a ambiciosa
amando e sendo ama- eternamente descon-
das, bem depressa fa- tente da sua situa
zem a vida do lar ção pecuniária, nã;
insupportavel para o acha bom nada do
seu marido. que é seu; nunca se
Toda mulher, ao le- acha bem vestida e a
vantar-se, deve pensar sua casa nunca está
como melhor oração apresentavel; hoje tem
matutina: Si o amoi necessidade de um
de uma mulher não movei, amanhã de um
facilita a vida do seu a d o r n o . . . O ordenado
amado, para que ser- do marido nunca che
ve ? ga para esses supér-
Facilitar a vida ! fluos, porém, ella, co-
Deixar de pôr, com a mo boa dona de casa,
rudeza dos gestos, LA MOUCHEi economiza e com isso
W i ' "!. GUILL/IUME D(E FueSS .
com a irritação da S3S THC- r-LV . . Zfy arranja a sua casa.
vóz, com a mesqui- Um encanto de mu-
nhez dos sentimentos, A s c o n q u i s t a s f e m i n i n a s n a Arte lher! pensa muita gen-
a nota dissonante, as- LA MOUCHE. de Mlle. M. Guillaume. (Salão de Paris. 1912)
te, excepto o seu ma-
pera. brutal, na melodia da existência! Facilitar rido, pois este sabe que a sua economia co-
a vida eqüivale a abrandar a morte, porque meçou pela suppressão da empregada e que ella
quem viveu sem sobresaltos saberá morrer serena- própria cose a roupa, trabalha todo o dia,
m e n t e . . . E isso demanda um tão simples, um nervosa, cansada e não tem tempo para sentar-se
tão pequeno esforço da mulher que ama o junto delle, com a cabeça apoiada ao seu peito,
seu marido ! o u v i n d o - o f a l a r . . . Por economia não vai ao
Ha mulheres que só fazem tornar pesada a passeio, ao theatro, pelo braço do marido —
existência de um homem. Um exemplo: a que como dois noivinhos - despreoecupados e .indo
tem a mania das enfermidades, dos nervos debi- de tudo. Não se dá ao luxo de esperai-o um
AMERICA
dia com a surpreza de uma guloseima. Am- o amor próprio do homem. Mas dahi aos ex-
biciosa, descontente, sonha com moveis caros e tremos da ciumenta, que não acredita na pa-
cama
c de bronze... «A minha cama é o meu lavra do marido, que entrega a sua imaginação
ninho» diz, falando da sua, a mestra das mu- ás fantasias e aventuras, torturando-lhe a vida,
lheres amorosas, a poetiza Ibarburu'. vai grande differença. Também os ciúmes se
Ha ainda a queixosa, sempre aborrecida curam... As mulheres — peso fazem um mal
com os filhos, com as criadas e com os visinhos; enorme. A s vezes bastam essas mesquinharias'
conta ao marido as manhas do bébé, os estouva- para fazerem fracassar a vida de um homem.
mentos da criada e a desfeita que lhe fez Ameniza a vida, mulher, domina os teus
a visinha. E o pobre homem, antes de entrar em nervos, acalma a tua ambição, cura os teus
casa, pensa com horror e em seguida com indif- ciúmes, sê suave e serena, desinteressada e jo-
ferença em tudo o que lhe vai dizer a mtt- vial, que o teu amado t o agradecerá.
lher e que elle já sabe de c ó r . . . No caminho da vida — olha que um homem
I
Mas ha outra mais: a ciumenta, a ciumenta é alguma coisa mais do que imaginas — não
absurda, que tem visões e vê sombras. te tornes o espinheiro que o detenha ou fira;
O ciúme é para o amor o que o sal sê antes sempre para elle a relva fresca, suave
é para a comida. Sem elle o amor é insipido; silenciosa, para que elle caminhe sem tropeços e
em demasia — como o sal — desagrada e pre- repouse nas horas de fadiga...
judica. O ciúme é necessário porque lisongeia Herminia C. BRUMANA
O THEATRO INGLEZ
Um .racterizações admiráveis
or britanníco Regínald Bach, cujas
glorias no palco londrino datam de 1912..
^
[ilji ii >Qc II i ii i
A CELEBRE REGATA OXFORD-CAMBRIDGE
A parlida do pareô. Os remadores comeram já a enfrer em acção, mas ainda não empregam esforço considerável
As '" arrancadas de partida são hoje consideradas absurdas.
evolução cia ii' c a., de propriedade rea- o u t r o r a . adquire um valor muito maior devido
A liza se hoje num sentido duplo. Por
aos esforços e á propaganda do < ommercinnte que
acredito 1 o seu estabelecimento. O povo acostuma
um lado .1 collectividade tende a affir- se a frei|uental-o. 0 immovel ganha assim maii
mar o seu direito sobre certos bens que \ i l o r independentemente do proprietário. No em
até ha pouco reconhecia como de inteira proprie- tanto, uma vez terminado o contracto, o propr'e
dade de partii ulares. N 1 I rança, por exemplo, tario exige do inquilino um augmento do preçi
as cachoeira- e as minas não serão concedidas em do aluguel, sob a ameaça de usar do seu díreíti
propriedade plena e perfeita mias a titulo precário de recusar a renovação do contracto e de r.lug'
e transitório. o local a outro commerciante do mesmo ramo
Por outro lado. a complexidade da vida mo- E assim fazendo usa de um direito estríeto
derna faz nascer e reconhecer-se um direito de mantém-se nos termos do contracto. Muito bem
propriedade sobre bens que não parecia terem Cada vez mais penetra nas idéas jurídicas a noçã'
uma individualidade sufficiente para isso. A pro- de um «possível abuso do direito», que o legis
priedade, limitada a principio aos objectos ma- lador deveria evitar. Como conseguil-o ?
teriaes e bens moveis, extendeu-se pouco a pouco
Duas soluções parecem possíveis. Uns véu
.1 terra, para recahir finalmente sobre coisas
no augmento do valor dado a um immovel peli
incorporeas ou immateriaes. Assim nasceu a pro-
oecupante um verdadeiro direito que confere ai
priedade industrial sobre os inventos, as marcas
locatário a faculdade de obter a renovação au
e as patentes e a propriedade litteraria e artísti-
tomatica do contracto, uma vez vencido: salvo
ca contra o plagio, etc.
reserva de rescisão normal e a de fixar, em curt
O parlamento francez occupa-se actualmente
casos, por meio de arbitragem, o novo preço d
em proteger a propriedade commercial». Que
aluguel. A propriedade commercial apparece
vem a ser isto ?
sim como um direito que se oppõe á propriedad
A noção de propriedade commercial nas
inimobiliaria. Outros p r o p l e m uma solução mais
ceu da reacção contra o abuso da propriedade
modesta: o commerciar.te a quem se pede a casa
e nas seguintes condições: Um negociante aluga
tem direi.o a uma indemnização pelo maior valor
por um determinado tempo um local para com-
dado ao local, do mesmo modo que o colono ar-
mercio. Graças aos seus esforços, á sua habilidade,
rendatário te 11 direito a uma pelas bemfeitorias
ás suas qualidades, o negocio prospera e a clien-
introduzida 1 - no campo que lavrou.
tela augmenta. O local alugado, de pequeno valor
AMERICA
1 DIÁLOGOS CONTEMPORÂNEOS
•kl:
DA GUERRA Am
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JOHN R. LAEDLEIN. artista norte-americano, é um decorador de inegualavel bom gosto e tem diante de si uma carrei-
ra vidoriosa. O despertar dâ Primavera e A Partida do Outomno aqui reproduzisos. são duas
pequenas obras-primas de gravura em madeira executadas com um simples Iraço branco sobre
fundo negro e em que se pôde nofar o gôsfo discreto de composição alliado a
uma extraordinária belleza de linhas.
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O L A G O IDE H E N L E Y
O Inijo de Henley, em que se disputam as mais celebres provas de remo da Inglaterra, é um dos mais formosos do mundo.
A enorme multidão epinhada as suas margens diz bem do enlhusiasmo que desperta naquelle paiz o spoit do
remo. Milhares de barcos de Ioda sorte, cheios de tripulantes animadíssimos, flucfuem sobre as
águas tranquillas do lago.
porém, não perdi um detalhe das operações. Pos- ou n'uma revolução. E ' nas luctas sangrentas que
suiamos excellentes binóculos . . . .i humanidade se retempera ; melhora . . .
Vejo que o senhor não tem um braço. E'
\ etcr.mo "-.... ') HOMEM SÁO
. . . s perde os braços, as pernas, os olhos...
ii MANETA
Não. fiquei sem o braço n'um desastre de O CAOLHO
estrada de terro. Não havia ainda a lei de acci- . . . e adquire mais confiança nas suas for-
dentes de trabalho. Antes houvesse sido na guer- cas. Que importa a morte e a ruína de milha
ra. Com a medalha de mérito e o soldo não esta res de individous, se elles não serão esquecidos
ria mendigando o pão . . . Eu amo o heroísmo . . . pelos que lhes sobrevivem e rememoram os feitos ':
Eu lamento não ter entrado n'uma guerra, por
<» VELHO que estou certo que nada de maior me suecederia
Quando vejo um mutilado, não posso es- além da perda de um olho. E com que satisfaçãi
quecer T espectaculo soberbo de um trem carre- eu contaria aos moços de agora as minhas proe-
gado de feridos. Milhares de homens sem pernas, zas, cone itando-os a se prepararem para uma re
sem orelhas, sem braços, sem nariz, sem mãos, produção do meu exemplo dignificador.
iodos moços e vigorosos, sacrificados pela liber-
d.ide da Pátria I O FABRICANTE DE PANEI-LAS
A paz é inimiga do progresso. Eu que o
I' CAOLHO
diga e vivo de fabricar panellas para as cosi-
Eu perdi um olho n'um conflicto entre bê- nhas domesticas. Se o governo declarasse uma
bados. .Desejaria antes tel-o vasado por uma bayo- guerra, a minha industria, requisitada pelas au-
neta n'um encontro corpo a corpo entre exércitos toridades desenvolver-se-ia, e com o mesmo ferro
das caçarolas talvez eu pudesse confeccionar algu-
mas toneladas de balas. Assim, não saio da po-
resa, da m e d i o c r i d a d e . . .
O CAMPONEZ
Não ha povos bellicosos. O que ha são fa-
bricantes de panellas, caolhos, capengas, manetas
e velhos velhacos illudindo a humanidade. O que
- AMERICA -
I
ri
D CAPENGA ha são os vadios explorando os simples.
Adoro a guerra ! Gosto de ver os batalhões
() HOMEM SÃO
garridos, disciplinados, marchando para o morti-
A guerra é um artificio dos ineptos para a
cínio com musica !
extorsão violenta da fortuna alheia, um meio de
O CAMPONEZ impedir que os que trabalham recolham os fruc-
tos da sua operosidade. E ' uma allucinação col-
E os resultados da guerra ? Quem lucra lectiva provocada pela insidia de meia dúzia.
com a lucta dos povos ? Quem trabalha ? Quem Tens razão, camponio, quando attribues aos invá-
produz ? Quem arranca a riqueza do seio da terra lidos physicos e moraes a culpa dos embates en-
e a dístribue a mancheias pelo mundo para a feli-
tre as nações. Quem se recruta para a vanguarda
cidade de todos ? Não.
com a lisonja á sua vitalidade e galhardia ?
Quem tira proveito da carnificina és tú. ó ()s elementos varonis dos quaes depende o fu-
fundidor de panellas. és tú, ó caolho: sois vós, o turo das nacionalidades. A peleja de um dia ex-
capenga, ó maneta, ó velho, que odiaes os ho- termina varias gerações robustas, esmaga „ obra
mens sadios, os perfeitos: que não tendes em que de cem annos de labuta pacifica. Quem perde,
pensar pelo estado de incapacidade em que viveis, perde, e quem ganha também perde. E quem
e que por isso mascaraes as vossas idéas pérfidas fica para restaurar o edifício desmantelado até
com o manto do patriotismo, que só germina na que as creanças se tornem adolescentes aptos para
paz e não é uma doutrina de maldades, de in- um esforço utilitário e profícuo ? Os velhos, os
vejas, de destruição.
manetas, os capengas, os caolhos, em summa, a
legião dos incapazes, dos mostrengos, dos pro-
o CAPENGA
creadores de tarados e de loucos.
O sr. é pacifista ? Os pacifistas acabam sen- E por que se ensina, como estimulante das
do victimas dos povos bellicosos. boas qualidades, da nobreza individual, o amor á
/ y V M V W - V A V W W V l M S ^ f V C M V U V ^ V ^ *^"!/^^^^WAW^^^A^*lWil'i^cM^^AAWl
0 pai da guilhotina
TARTUFO
Carlos MAUL
A ORIGEM DO T E R M O «YANKEE»
OS OLHOS PERIGOSOS
f\ UNIVERSALIDADE DO LYRISMO
^
£== ==a
I
mesma serenidade, desabrochando em metapho-
de Einstein. ras tão brilhantes nas regiões clivosas dos An-
Poesia de orientaes, bebida no manancial des, como no avelludado remanso dos hortos de
de Tagore e Ornar Kheyan, já velhos c onha- louros, tão suaves nas rnvinas geladas da Ks-
dores e pensadores que, no silencio e no clarão candinavia como nos vermelhos infernos de areia
de seus paizes nataes, são apenas reflexo do d'Africa. E' quem se deteve a sentir a poesia
sonho e do pensamento de antigos poetas, an- dos povos, borbotando em imagens lyricas, no-
tiquissimos aedos que povoaram de rythmos,en- ta quanto c interessante essa egtialdade. A mes-
tre luz e rosas, os afastados tempos de esplen- ma imagem que abrolhou da cythara de mar-
dor de sua pátria. Esse lyrismo de abstra- fim do aédo helleno, inflamma a pesada harpa
ções e deslumbramentos, mysticos ou arrebata- do hebreu, e rola na voi rouca e meiga do
dos, esse pendor para a synthese vaga, esse Scalda dos fjords, e do haravec dos Andes.
icbuscamento em que se afervoram alguns Se lermos uma poesia dos Incas encontraremos
para pincelar ligeiramente uma scena, manchan- tão grande semelhança com a dos outros po-
do-.! em cores rápidas —tudo isso é resultado vos, a ponto de se fazer confusão. Eis ahi um
de uma influencia que nos vem das terras lon- trecho yaravi do Peru' pre-co!ombiano, que en-
gínquas e radiantes do Oriente, com escalas contramos em Ollantay, o poema-dramatico de
pelos centros da Europa. E' isso qu? faz mui- autor iftcà desconhecido:
tos de nossos jovens intellectuaes, desabrirem-
«Sua bocea entreaberta descobre duas filei
se contra ,a poesia até hoje existente, quando
ras de pérolas; suas faces são como duas ro-
elles nem- forma de expressão nova possuem,
sas cahidas na neve; seus supercilios são dous
pois que requintam a sua expressão em não ter
arco-iris, seus cilios flechas ardentes e mata
forma, e em exprimirem sem belleza a bel-
doras, sobre os seus olhos fulgidos como sóe
leza que pretendem encerrar nos versos.
nascentes... »
E o que mais é de notar está no que di-
A metaphora dos dentes como pérolas é vul
zem esses pretensos renovadores, alardeando que
garissima e fácil de se encontrar, tão cedo en
o seu lyrismo, é diverso de todo o que, até
tre os malaios, como entre os parisienses moder
o momento presente, tem sido cultivado no
nos. Assim também a das faces comparadas
mundo, quando todos nós sabemos que o ly-
rosas. Mas a linda imagem das sobranjelha
rismo, como, aliás, todas as manifestações de
como arcos, menos commum, eil-a numa ca
poesia, é sempre o mesmo. O asiatismo pasti-
ção de Kechich-Oglu, poeta kirghiz das mar-
chado desses modernistas é uma sombra defor-
gens lendárias do Da-
mada da belleza que
núbio: «Estou presi
enchia a alma barba-
de amor por uma jo
ra dos povos, desde
vem bella, de olhos
quando ainda vagia,
langurJos, cujas
no seu berço de gra- brancelhas são arcos
nito, a civiüsação. que e os cüios flechas...
partiria do Altaí, a Num outro canto in
montanha de ouro ca, recolhi Jo porOar
que tocava a via-'.a- ti'asso, deparamos a
tea dispersa em mi-
H ml
I
imagem dos seios d
grações sobre o ocei- mulher comparados
dente.
dous cabritos brancos, muito approximada a nas odes de Anacreonte, ou na cadência bar-
uma semelhante de Sa'omão. Por toda a poesia bara dos hindus, nos seus hymnos violentos a
dos ottomanos e árabes, cantando a formosura Kama, deus dos serralhos e do amor.
das Mihri, Zeineb ou Leila, estão semeadas as O lyrismo é sempre o mesmo. O correr dos
metaphoras que lembram as do lyrismo dulcis- séculos não torce o curso ao fluir da poesia,
simo dos dinamarquezes adoradores de Herdia que é a mesma, entre os asiáticos, como entre
edeThor, ou dos celtas, ou dos finno-mogóes, nós, tão linda ha vinte séculos, como nestas eras
que acampavam, sob as «yourtes» rubras, na ne- actuaes, em que a electricidade transmitte ao
ve da Europa central, ou dos japonezes, cuja homem a illusão de que pode renoval-a. Tudo
arte de sol é uma explosão de cores. A .ensua- é velho na humanidade, como diria Accacio. A
lidade na poesia, que Coleridge disse ser uma questão está na belleza que se pode trans-
as grandes virtudes de Milton, rebenta em mittir...
que seriam precisos, em 1819, oitocentos annos para um aquella com que não me casei . . .
sJ--n. f-j:
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A T A P I X A K I A I T A I J A N A
LAGE IRMÃOS
COMMISSÕES E CONSIGNAÇÕES
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preferível a um amigo urso... ífjllVF
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I 11// RICA
!©6sEXnA/\Í?a (Fragmento)
E
OS exames vieram. Num dia luminoso
c caliclo cie novembro a grande sala samente as face; cm que se franziam Ftiper>
de visitas, preparada para o acto, en- cilios, na protecção dos olhos deslumbrados.
cheu-sc da turba ruidosa e inquieta Transeuntes appareceram, que se detinham uni
dos aluirmos, acompanhados de pães e mães, momento, inquiriam com o olhar, um lorriso
de pessoa; da família da mestra e d? convida- estúpido nas faces e iam-se, indifferentes, a
dos. Dispostas em semi-circulo, as cadeiras da- pensar noutra coisa, á; voltas de novo com
vam á peça a apparencia de um pequeno theatro os seus cuidados. Outros, ociosos, atracavam-
e,em face, uma mesa garrida desapparecia qua- se definitivamente ao peitoril, satisfeitos, ni ex-
si, sob uma invasão de flores em jarras, cem pectativa de um passa-tempo gratuito...
um panno grenat muito vistoso. Tre; cadeiras, A directora tomou o seu logar c foi logo
de um lado, eram destinadas á directora e aos ladeada por um rapaz de óculos, muito in-
dois examinadores. Do lado opposto, de cos- sinuante — era o seu irmão e por uma
tas para a assistência, assentar-se-ia o exami- senhora grave que respirava indulgência, mui-
nando. Ostentava-se mais uma vez o apparato to compenetrada, aliás, do seu papel de juiz.
das provas de exame, feito talvez numa inten- Houve na sala um vozeio abafado, confuso, cor-
ção innocente de festa e de alegria e que tado a tempos de scius! imperiosos.
acarreta os peiores resultados para o animo E veio o primeiro examinando, um estreante
timido e impressionável das crianças, provoca naquella sorte de cerimonias. Leu o seu trecho,
com a sua solennidade as inhibições da me- respondeu, um pouco hesitante, a todas as per-
Í mória, as desordens do systema circulatório, o > guntas feitas pelo moço em vóz paternal, per-
prime o coração, estrangula as vozes na gar- guntas a que se seguia, em tom mais baixo, o
ganta e gela a; extremidades dos dedos tre- subsidio immediato da primeira syllaba da res-
»mulos. posta :
Crianças iam e vinham, como pássaros as- — A capital da França é . . . ? Pa..
su
sustados, chamados aqui e alli por scius. im- — Paris !
pa
pacientes mas discretos. Todos procuravam lo- — Paris, não é? O examinador exultava, num
ar, arrumavam-se como para um espectaculo. sorriso beatifico que lhe sulcava o rosto ma-
No corredor que dava para a sala de jantar, gro; os seus óculos tinham scintillações de re-
onde: enormes pratos de biscoitos se escondiam lâmpagos. Muito bem !
á sombra de ramalhetes bastos, que cediam ao Ou, então:
próprio peso, a alacridade e o ruido eram in- — O Brasil é republica ou monarciiia? Re...
tensos. Commentarios, risinhos nervosos, confi- — Republica !
dencias, as derradeiras trocas de idéas antes — Perfeitamente !
da prova imminente animavam aquellas cabeci- E o examinando sentia que havia acertado,
nhas muito frisadas, preparadas com longos cui- esquecido já do auxilio e sem fazer bem uma
dados para a festa, com cabelleira; dispostas idéa do que vinha a ser uma monarchia ou uma
em pastinhas ou cachos meticulosos nos meninos, republica. Acertara. Ainda bem !
ornadas de grandes laços vermelhos, verdes, Passou depois á senhora. Sommou, subtrahiu,
I
azues, nas meninas; emquanto a pro- multiplicou, plantado diante do qua-
fessora ia e tornava, numa febre, dro negro, a gizar algarismos com
providenciando, como um contra-re- um tac-tac surdo, no meio do silencio
gra, para que nada faltasse ao bri- geral cortado a espaços por um ou
lho da cerimonia. outro pigarrear sonoro. Notava-se que
Fora, o sol de meio-dia avermelha- se constrangia sob o dardejar de tan-
va os telhados e pro- tos olhares curiosos.
jectava sombras arro- Na divisão, porém,
xeadas que escorriam emperrou. A examina-
pelas paredes das ca- dora soecorreu-o lo-
:.as fronteiras. Ao fun- go, como a um nau-
do, o céu recurvava- frago, e o moço de
se, muito límpido e óculos, e a directora,
distante. Abafa-se. e a sala em peso ti-
Abriram-se as janel- veram uma inquieta-
O NODERXO MOBILIÁRIO ITALIANO
Sala cie jantar executada de accôrdo com os desenhos de Ezio Giovannozzi. As lâmpadas
são obras-primas da fabrica De Matíeis.
ção e um desejo imperioso de salval-o a todo um reprovado! E a cada «approvado com dis-
transe, numa soidariedade commovedora. Cabe- tincção e louvor», «approvado plenamente», um
ças erguiam-se, anciosas, ademanes discretos esbo- murmúrio corria pela sala, procurava-se insis-
çavam-se na consternação geral, olhares obsti- tentemente o pequeno heróe, que sé afundava
nados procuravam transmittir, no seu magne- mais na cadeira, meio vexado, numa modéstia
tismo, a chave do enigma diante do qual he- sincera.
sitava e tremia aquelle OEdipo de calça; curtas. Distribuiram-sc então os prêmios, vistosos li-
E quando a difficuldade foi vencida, houve na vros para crianças, cheios de gravuras encan-
assistência um profundo suspiro de allivio. Salvo! tadoras, com uma dedicatória enthusiastica no
Palmas reboaram. A prova estava termina- frontespicio.
da. E veio outro, e passaram pela; suavíssimas Depois, a mesa de doce;, com as balas e os
forças caudinas toda; aquella; cabecinhas inquie- biscoitos, onde a familiaridade dissipou os úl-
tas. Ao termo de cada exame, os applausos cho- timos, resíduos da solennidade de momentos
viam infalliveis. E a criança victoriosa, pas- antes.
mada do seu próprio mérito, duvidando ainda E quando sahiram, como um bando de aves
um pouco da realidade, tinha o ar -satisfeito de rumorosas, para a rua tranquilla que modorrava
quem conquistou um mundo. ao sol, cada menino apertava ao peito, com
Seguiram-se momentos de expectativa anciosa. amor, o seu livro de figuras, despojo opimo da
Os examinadores e a directora consultavam-se, primeira victoria — tão fácil ! — na emula-
discutiam em vóz baixa, organizavam o «re- ção trágica da vida . . .
sultado >. Depois a presidente proclamou-o. Nem S . I-
- AMERICA -
A ORDEM NA DESORDEM
I EMPRE me causou surpreza, pela exces- eirados, não estão assim por desidia nem por
siva nccedade que encerra, um dito falta de tempo para a arrumação 0 inlel-
S
I I
vulgar: Como é desordenado este ho-
mem ! principalmente quando se ap-
lectual nunca se queixa de falta de tempo
mas porque é exactamente ness.i posição que v"i i
;
plica a uma pessoa não vulgar ou de méritos ser uti izado; no momento prechoj é que deu
indiscutíveis em algum ramo de trabalho útil tio dessa desordem apparente reina a ma.s ad-
á sociedade. mirável unidade, com o fim de facilitar deter
No emtanto ouvi remo; sempre repetida essa minado estudo ou, ás veze;, alguma gloiiisi
phrase diante da mesa de trabalho de um pro- descoberta.
fessor eminente, do investigador inquieto, incan- E sempre assim, uma mestra sábia, ini-
sável,, do estudioso que, aproveitando o minuto mitável, a Natureza, é o modelo perfeito da
Idisponível, desordena o seu material de trabalho desordem geradora da ordem natural dos acon-
sem se preoecupar da sua arrumação. tecimento; da vida: uma erupção, causadora de
Pôde oecupar-se de est.ietica o jurista cioso uma insoMta perturbação em certo ponto d,i
da sua profissão, quando vae do código civil crosta terrestre, nada faz sinão preparar uma
éra de prosperidade e de riqueza pira o logar
ao penal, deste ao registro official e depois
em que se produziu, pondo as
ás recopilações de leis, para vol-
cousas numa ordem admirável:
tar em seguida ao; códigos? Evi-
Virá o resfriamento da massa can-
dentemente a desordem do seu
dente de lava, depois a sua conso-
escriptorio s> se produz quando
lidação; c finalmente essa massa
a sua esposa, com toda a garridi-
se decomporá e enriquecerá o so-
ce, empilha os livros de capa azul
lo com elementos mineraes, como
ao lado dos vermelhos e estes
ferti izante; adubo; chimicos.
junto dos verdes. Porque quem
trabalha restringe-se a um mundo Por sua vez as myriade; de
que é a sua mesa e alli está átomo; amontoados na mais in-
familiarizado com os membros crível desordem diante dos que os
dessa communidade (livro; e ap- observam de uma dessas janel-
parelho;), seus amigos que, onde las do infinito qu; são a; lentes
quer que sejam collocados, lhe do ultra-microscopio, estão eipe-
sorriem, recordando-lhe theorias, rando que o átomo central, dire-
idéas e conceitos básicos mettidos ctor da obra, dê a ordem de forma-
nas suas vestes de cores variadas. ção, para que desse pandemônio saia
Ao passo que a sua esposa julga que a catego- á vista attonita do observador o modelo mais
maravilhoso de ordem e harmonia, apresenta-
ria do; conhecimentos e;tá na razão directa das
do instantaneamente num conjuneto perfeito, com-
cores da lombada e da capa dos livros. Do
plexo e definitivo da molécula recemnascida.
mesmo modo que a esposa ingênua, quantos
pseudo-bibliophilos põem o seu orgulho na en- E a que se deve tudo isto ? A' ordem
cadernação das obras expostas na; estantes com immutavel que reina na mais apparente des-
toda ordem, para que apenas sejam Ida; pela ordem, comparável ao prodígio da retina que,
poeira ? apenas com o contacto dos innumeros raios
heptaco'orido; do espectro disseminados ao aca-
Eis-nos diante da mesa de trabalho do so, faz surgir a magia da luz branca, que
sábio pesquizador: elle sahiu por alguns mo- é o encanto da vista e da existência !
mentos para observar o funecionamento de al-
guns apparelhos em outra sala. Quem não co- D. CORTI.
nhecesse a autoridade do conhecido scientista, Santa Fé, 1923.
acharia ridículo pretender outorgar-lhe tanta no-
meada, tal é a desordem do seu gabinete. MÁXIMA ORIENTAL — O porteiro de um
tolo pôde sempre affirmar que não está nin-
Mas esse microscópio posto a um canto,
guém em casa.
esse frasco destampado, aquella proveta sempre — — «o»
em ebulição, esta pinça, este tubo quebrado, A coisa que eu mais detesto ('• ferir a ver-
aquelle montão de papeis amarellados, empo- dade. — PASCAL.
- AMERICA —
BLANCHE SWEET
-O
A formosa artista do cinema não
desmente o nome : muito " branca "
e muito " doce "...
y
I 1// RH \
O PAIZ
DAS MULHERES FORMOSAS
\<) ha região do mundo que tenha al- simas e attentas e tratam muito bem a sua
I
N d o
cançado tanta fama pela formosura das
suas mulheres como a parte Occidental
Caucaso, onde vivem os circassia-
mercadoria.
Não é preciso dizer que, para u u pai cir-
cassiano, casar uma filha é uma desgraça. I du-
nos. Uma belleza circa;;iana é a jóia mais apre- cal-a, polil-a e aformoseal-a, com a esperança de
ciada nos harens di Turquia, de Marrocos ou a vender bem e ver surgir um troca-tinl is que
do Egypto. se apaixona por ella e a leva, não é lá de
O segredo da formosura dessas mulheres facto coisa muito engraçada. Por isso alli, en-
está simp'e;mente nos cuidados de que as cer- tre os pobres, que são a maioria, ninguém con-
cam desde meninas. Mesmo nas famílias iwi.s cede a mão da sua filha e portanto é inútil
pobres da montanha a delicada epiderme femi- pedil-a. Quando um homem ama a uma mulher,
nina é friecionada diariamente, dos pés á ca- apresenta-se a cavallo em sua casa, ataviado
beça, com ungiientos perfumado; que a tornam pomposamente, toma-a pela cintura, põe-na sobre
branca e suave; as mãos e os pés têm um a sella e foge com ella a galope.
trato que assombraria o mais hábil manicuro de No dia seguinte o raptor aplaca a ira dos
Londres ou de Paris; três vezes por dia, no seus sogros enviando-lhes o kalim, ou preço da
minimo, se untam com óleo e se pen- mulher; sem o que correria o gan
V V W W . W C V W M W W A W > W
LOQUACIDADE MASCULIKTA
U E R O d e pr.ssageni contribuir com o tolices e das villanias que havemos de commetter.
Q meu fraco concurso para o descrédito de
uma legenda posta em circulação pela
Falar demais nunca evitou uma acção má. Ao
contrario, tem ajudado a preparar um grande
vaidade do homem. Qual de nós, gente numero dellas.
de calças, tem deixado de troçar d a loquacidade André L I C H T E N B E R G E R
feminina, num tom de superioridade ferina c
irônica ? Quaes os que não ridicularizam as reu-
niões femininas cujo pretexto é variável: absorção
de chicaras de chá, execuções musicaes, obras de
caridade, etc. ? Sejamos francos ao menos uma
vez e confessemos que. d e nossa parte, fazemos
o mesmo e que só os pretextos differem. Está claro
que não praticamos os fivc-á clock nem as reu-
niões de costura. Mas no fundo, nas varias assem-
bléas. políticas, beneficentes, sociaes, em que se
dispende uma tão grande parte d a nossa activi-
dade, nas nossas academias, nos conselhos de ad-
ministração, nas commissSes. quantos minutos são
real e utilmente consagrados á discussão cerrada e
efficaz das altas questões em debate ? Quantos, ao
contrário, são gastos em fórmulas vãs, em perío-
dos redundantes, em phraseologia estéril, em cum-
primentos, em excusas. em exercícios verbaes so-
noros e ocos, cuja única explicação, aliás in ustifi-
cavel, é o prazer que tem o homem em enfileirar
vocábulos que agradam ao ouvido e lisongeiam
a sua vaidade ? Experimentae fazer a discriminação
dos instantes consagrados ao trabalho e dos que
são perdidos nessas gymnasticas lamentáveis: e
por muito pouco pudor que tenhais, acabareis
confessando para que lado pende a balança. E
á tarde, quando a vossa esposa chegar atrazada
das suas visitas, s;rá com um sorriso menos con-
descendente que opporeis ás futilidades das suas
distracções a gravidade substantcial das sessões o
reuniões em que vos oecupastes.
Direis, afinal:
— Seja. Mas, no fim de contas, que mal ha
nisso 1- Poder-se-ia fazer coisa muito peior.
E ' exacto. E declaro abertamente que mais
vale a gente tagarelar do que se consagrar a assai
tos ou a assassinatos, nos minutos de lazer. Infe-
lizmente, porém, o tempo dedicado a esse papa-
guear supérfluo o í raramente em prejuízo das
c M M / / / / A H M <
.V P I N T U R A CONTEMPORÂNEA
"LE RETOUR DU JOUR", de A. Osbert. (Salão de Paris, 1Q12.).
As mulheres não go;tam muito dos con- UMA PROVA do terror que experimen-
templadores e prezam singularmente os que põem tam os animaes com a presença do homem é o
as idéas em acção. — THEOPHILE OAUTIER facto referido por Sven Hedin, relativo aos
camellos selvagen; das planícies asiáticas. Es-
Todo misogyno ignora a mulher: são gran-
ses animaes farejam a presença do «homo-sa-
des meninos desiüu lidos que fazem do seu ran-
piens» a uma distancia de vinte küometros e fo-
cor uma theoria e que negam, para não serem
Vencidos por ella, es;a coisa frágil, ondeante, gem em seguida, com tal su;to e tanta rapidez
ductil e delicada que é uma alma de mu- que por vários dias não Be detêm: e sabe-se
lher. — VARGAS VILA. que um camello pôde correr em um dia cen-
tenas de Mlometros !
O MILAGRE DOS LIVROS Além disso os camellos levam annos sem
se acercarem do logar peri-
Í
OS livros realizam mila-
gres como os das legendas ru- goso em que esteve acampa-
nicas. Elles persuaden aos ho- do um bando de caçadores,
mens. A mais insignificante no- a menos que as chuvas hajam
feiio desapparecer o «cheiro do
É v e l l a , dessas que nas remotas
homem...»
aldeias entretêm a ociosidade
das moças simples, contribue CZ> CD CDCD CD CD
PESCA no Brasil tem a beirinhas, com ligeiras diffcrcnç is, ainda con
sua origem perdida nos servam muitos do; hábitos do indígena, nesse
nossos tempos pre-colo- sentido. As audacias da grande industria são
niaes. Os autochtones ali- lhes quasi desconhecidas, e os apparelhos que
mentavam-se de prefe- empregam pouco distam dos petrechos em voga
rencia da caça e do nas tabas.
peixe abundante dos nos- O que ha de curioso na pesca no Brasil é
sos rios e das nossas o seu característico em determinadas regiões,
costas extensissimas. Do-
principalmente no norte e nordeste do paiz. Nos
minando a montaria»,
rios é a piroga, no oceano é a jangada, que
nome que o nosso ca-
preponderam, revelando nos seus tripulantes qua-
boclo da bacia amazô-
nica dá á sua canoa, o habitante primitivo das lidades raras de intrepidez e de bravura.
selvas brasi icas persegue os cardumes e prende-o Se compararmos as nossas pescarias, pra
nas suas redes de tucum, fio finíssimo e ícsis- ticadas por cerca de cem mil indivíduos, e as
tente tecido de fibras vegetaes. das nações que lhe; deram uma organisação in
O mais interessante, porém, é que actual- dustrial em que tudo do peixe se aproveita,
mente, as nossas populações littoraneas e ri- desde a carne aos mais Ínfimos resíduos, vtri
A casa de um pesca-
dor na Praia do Abra-
hão, Ilha Grande.
AMERICA -
I
U M RETRATO DE BAUDELAIRE
^_ STE retrato e'o exquisil cantor das I 1 «"> expressão de desillusão • de dôr uma réplica
ri s do mal pertence ao I >r. Briand commovida do grande satyrista aos quartetos que
0 poeta lhe dedicou um dia ?
que ei rei ebeu i orno presente do Snr
A authcnlic idade desta obra está portanto
^o Lucipia. antigo prosidente do Con- muito longe de ser estabelecida. Ignora-se ainda
sc1 ho M u n i i i ]i a 1
o nome do artista
de Paris. Este, por
que, c o u uma espei ie
seu turno, o rei ei í i a
de genial espontanei-
de um am : go pobre,
seu protegido, que dade, so.ibc fixar lia-
Ih • ha\ i i ei fei ta Io .. ra sempre c com toda
. ciis.i ni.iis pie i rosa ,i emoção da sua ai
que possui.i Sobre a ma, a expressão dolo-
macieira do i hassis 1 - rosa c agoniada do
se, meio apagado, o B ,u lelaire dos ulti -
nome de Mon/.icelli. mos dias, do Baude-
I o 'os os que \ iram laire das torturas do
este retrato i riticaram
ópio : «Dentro em
tal attribuição, que guar-
po.xo vai o scetiario
da no emtanto um va-
enncgrecer - se e as
lor de indicação. Igno-
ra-se ate' hoje o nome tempestades se amon-
do autor desta ima- toarão na t r é v a . . . »
gem commoicntc
são desconhecidas as
condições em que foi
executada. Submetida e^sa
ao exame de vários e
notories cii ices de
O homem, por arti-
arte, ella até agora
licios cie rhetoricJ, p r
apenas suggeriu opi-
habilidade profissional.
niões vagas. Para uns
pe'o habito de em-
trata se de um fogoso
BAUDELAIRE, pregar a penna para
esboço de Monticelli. tratar de todos os ne-
Para outros, de um inl c o m o i<>i r e t r a t a d o p e l o p i n t o r
gócios da vida, chega
<I<«.<<>I|||<'<Í<I<>
estudo de Ricard, que sempre a disfarçar a
admirava muito Baudelaire c- que parece ter exe- sua natureza própria na sua prosa impessoal, uti-
litária ou Literária. A mulher, porém, só escreve
cutado um retrato do poeta depois da sua morte.
para falar de si e põe um pouco delia em cada
Os mais positivos, finalmente, descobrem nesse
palavra. Ella não conhee as astucias do estylo e
genial e penetrante esboço a mão de Daumier.... abandona-se inteira na innocencia das suas ex
Xão seria essa pintura tão viva na sua pungente pressões. — M A U P A S S A N T .
A S BAILARINAS EM VOGA
IO
1
o
ANNITA BEKBER, NA SUA
DANSA «O DANDY HES-
PANHOL' .
v __ Sy
O PADRINHO
(CONTO
§ sós ?
— Mas porque não sahimos
t
— Não vens, Juanito? grita-
am-lhe.
D D
Elle respondeu-lhes :
— Não! A tarde ficou feia.
PARASOL é o cogumelo das praias. bitação ao ar livre em que as pessoas geral-
I udo ei que justo já foi pensado, mas 1 1 amor desappareceu, era a iunocein i,i do
levemos fazer esforços para pensal-o cie 110- coração - a Humanidade está na idade adul-
i.i 'Kl HE. ta. COELHO NETTO.
0 M A I O R R E L Ó G I O D O M U N D O é o do edifí-
cio do M e t r o p o l i t a n a , companlro de seguros de vida com AN I LS DA G L J L R R A esteve em moda na Allemanha
sede em N e w - Y o r k . O s p o n - o uso de pholographias nas
leiros desse relógio monstro unhas, hsta moda foi lança-
occuoam a altura de Ires an- da por um sobrinho do ex
dares e quando passam dian- liaiscr que ostentava, sobre a
te das janellas fazem trova I) tinha, um minúsculo retraiu da
absoluta no interior do p"edio ' sua noivo.
: m • Como o chloroformío,
SEGUMDO EMA AN II- a mentira, tem a sua 1 011
G A superstição romana, cada
mulher tinha um fio de cabel- ta de ser applirada A
lo consagrado a Proserpina. certo ponto é indispen
rainha dos infernos, e só mor- savel retirar o fluido das
reria quando esse fio cahisse.
narinas do anesthesiado,
abrindo as janellas por
Uma bella série de tra- onde penetre a regcnera-
balhos do mestre veneziano dora corrente de ar e luz.
Umberlo Belloto que com Eduardo Ramos
echnica segura e grande o r i -
ginalidade une o ferro fundi- A BANDEIRA NACIO-
N A L mais antiga é a da D i n a -
do ao vidro e ao esmalte.
marca, que se usa desde 1219.
I
Urna interprerev ["heodoro
koberfs, rio prólogo blbl dez
mandamentos". a nova produ
de Cecil B. de Milles.
0_ <P
AMERICA -
V K K S O S « E S C O O U E C I D O S
• >E X * U
COMO POMBAS
UMA SENHORA de idade indefinida canta
Ante a loira Cipria que inflamtna o co- num salão uma coisa ra-i;sirni a qu; ella pró-
ração os tigres da Hircania -se transformam em pria chama roman/i. Um ouvinte pergunta a
pombas ; outro :
Ouve-se já o alegre ruido do carro de Ti-
— Como se chama isso ?
tania, que enamorada, procura os beijos de
Oberon. — &0 adeus á vida».
A festa das ro- — Não diga mais nada. Eu pago o enterro...
sas e o canto dos
ninhos enchem os
verdes campos e
povoam o vergel.
PROVÉRBIO CHINEZ
1 ^ - s
juneto
^
E R G I P E está agora entregue a uma ad-
de
ministração h -nesta e intelligente,
trabalha. O Sr. Graccho Cardoso, pri-
meiramente, soube cercar-se de um con-
auxiliares. antes do mais jovens,
que
e
se sente da mensagem, está lhe merecendo útil
attenção.
Diz s. excia.:
Acompanhemos
Sergipe, tradicional
em
do governador Graccho Cardoso nesse particular.
viveiro
parte
de
as palavras
excedentes
ch?ios de leaes intenções d ; trabalho. Da irrepro- educadores, não deve esquecer o seu brilhante
chavel gestão d : s n e g . c o s públicos daquelle Es- passado, cumprindo-lhe por um pouco mais de
taco, tem-se uma s n c e r a e inconfundível impres- desvelo e de c a r n h o na formação dos m;stres
são, atravez a leitura da recente primeira m?n- incumbidos de preparar as gsraç~es do futuro.
sagem do governador sergipano, que é um docu- Não ha funeção tãa primordial para um povo
mento á altura dos meritas do principal auxiliar nem mais delicada para um Governo. Seleccione-
do mais efficiente ministro da agricultura, que mos, associemos a aptidão ao saber, emfim re-
I
jamais tivemos. Sr. José Bezerra. formemos sinceramente a nossa instrucção, a
Da leitura da alludida mensagem, sente-se começar pela normal, porquanto só os professo-
que Sergipe entra n'uma segura phase de tra- res consumados tornam as escolas capazes.
balho e prosperidade. Antes do mais, as suas De que vamos a cada passo comprehenden-
finanças vão sendo postas em ordsm, e o s?u do melhor que o ensino é um alimento in-
novo governador vae encontrando recursos, para dispensável é documento frisante a crescente
pôr um funeção as forças vitaes do Estado. Pri- progressão da matricula geral m s estabelecimen-
o movimento dessas escolas foi o seguinte: Nesta ordem de ideas adeantadas, um dos
cuidados do g iverno serg pano foi 11 anáfoimar
Matricula Freqüência
muitos edifícios de cadeia. 110 interior do Estado,
Meninos 4-24' 3-359 em escolas o grupos escolares, 'K' dessa iio\.i
Meninas 4-499 3-5ÔS orientação (pie surgiram os grupos escolarse de
Sylvio Roméro Vigário Barroso. Mas além
S.740 6.924 dessas adaptações felicíssimas, registra-se .1 cria-
ção de novos grupos escolares, nos pontos mais
A matricula em duas escolas nocturnas de
importantes do pequeno e progressista Esta Io.
Aracaju, em duas da cidade de Estância e em
uma de Própria, únicas existentes, accusa este Estas ideas adeantadas do actual governo
pouco proveito que representam: matricula mas- com que o Sr. Graccho Cardoso procura melhor
culina. 95: feminina, 89; freqüência masculina, apparelhar o tsAtheneu Sergip. ns.«, curando es-
58; feminina, 8 1 ; ou seja o total de matricula pecialmente de uma bibliotheca digna de sua
de ambos os sexos, 184; total de freqüência de finalidade. Mas não é só da instrucção em geral
niriÀ
D D D D a a D D CD CD CD CD t^l CD C_)
A ASSUMPCÃO E OS PINTORES
Limitemo-nos aos antigos; uma das pri- anjos sobre nuvens, composição de Raphael. E m
meiras obras conhecidas é a pintura a fresco de Dusseldorf ha sobre o mesmo assumpto um qua-
S. Clemente, em Roma, que data do século nove dro de Rubens, como na National Gallcry, de
Em todos os museus do mundo se acha Londres, se encontra um interessante trabalho de
representada essa apotheose de Maria. Como ci- Boticelli. Mas de todos os gênios da pintura, é
tar todos os sanctissima assumpta da Itália ''. Ha Murillo o que merece o titulo de pintor da Vir-
os de Andréa dei Sarto, de Perugino, de Tinto- gem. Ha, do mestre hespanhol, três assumpções
reto, de Paulo Veronez. Ticiano havia feito uma na Inglaterra e uma em Petrogrado.
obra - prima que por muito tempo ficou ignora- Quanto a Poussin, pintou nada menos de
da no convento de Frari, onde foi descoberta, treze quadros sobre o assumpto.
.4.11/ RICA
— AMERICA
I
I O THEATRO RUSSO CONTEMPORÂNEO "]
* > t
NTES da revolução, o theatro dramático evolução da arte dramática daquelle paiz.
quecivcl pela SUS duccção d IS peças do thea- Fimcciona actu ilmentc em Berlim um tlntheat
tro Hahima . fantil russo que tem sido muito apreciado pe-
Este theatro, creado em Moscou ao tempo lo próprio publico allemão.
da revolução, é a primeira tentativa da repre- O repertório do theatro infantil compõe-
sentação, na Rússia, de peças dramáticas em se dos melhores contos de Andersen, de Ki-
hebreu antigo. Os artistas que formam o seu pling, etc, e de peças especialmente para elle
elenco são jovens dotados de muito talento e escriptas.
enthusiasmo. O melhor testemunho do valor de Nos theatros de opera, na Rússia, também
tal conjuneto é a carta de Máximo Oorki pu- se realizam representações especiaes para a in-
blicada num periódico russo editado em Berlim, fância.
na qual o eminen- As companhias de
te escriptor diz que bailados russos são
os artistas do theatro famosas no mundo
* Habima o fazem inteiro. As compa-
recordar os do «Thea- nhias russas de ope-
tro de Arte» na ra fazem também a
época da sua juven- propaganda intensa da
tude, quando, cheios musica russa.
de enthusiasmo, es-
Assim, pois, a re-
tavam a crear a fa-
volução russa não
mosa companhia.
acarretou a decadên-
Em 1918 formou- cia da arte theatral
se em Petrogrado o daquelle paiz, mas
primeiro theatro in- produziu, ao contra-
farrtil sob a direc- rio, a eclosão de fôr-
ção de Borich e de mas novas que fa-
um conselho theatral rão época na arte
formado de famoso1, theatral.
pedagogos e culto;es
da litteratura in- R. L. de Dorfman.
fantil.
Até agora, em ne-
nhuma parte do mun-
do, despertou inte- E' precisa ás vezes
resse a creação de tanta bravura para
um theatro infantil, arrostar o encomio
a não ser as ten- face a face, como as
tativas de uma so- aggressões. Raul
ciedade pedagógica POMPEIA.
de Budapest e as de
Benevente, na Hespa-
nha, todas infrueti-
feras. EM UGANDA é
No emtanto o thea- impossível construir-
tro infantil pode con- se uma rede telegra-
siderar-se como uma phica porque os ne-
fôrma ideal de thea- igros cortam e rou-
tro em que os ar- o INTP ARTÍSTICO jbam os fios de co-
tistas e o publico "La femme à 1'évenfail", de J . Monfi. (Salão de Paris, 1912) ibre para fabricarem
se sentem unidos, braceletes.
pois que os meninos, que possuem a imagina-
ção mais viva e espontânea que os adultos, par-
ticipam da vida do palco com toda a alma
Só os grandes corações sabem quanta glo-
e apreciam com enthusiasmo o trabalho dos ar-
ria ha em ser bom. — FENELON.
tistas.
Ao theatro infantil se attribue uma grande
importância pedagógica. Nelle se representam
peças de caracter instruetivo que muito influem O melhor meio de se desfazer de um ini-
no desenvolvimento da moral dos meninos. migo é fazel-o um amigo. — HENRIQUE IV.
— AMERICA —
•••••••••••••••••••*
>••••••••••••••••
••••••••••••••••
— ^V >I O I> A . —
Elegante costume de Marion Belle em
"crêpe maio;ain" preto, com blusa e vistas
de crépe da China "beije" e preto.
A Ml RICA
O
NMl >R foi sempre. <• em todas as I I
vili/ic.cCs. um dos princip.ies themaa
O feitura de polii ia cie Paris, rei ebeu o
nome de «escriptorio de psychiatria e
1 tterarios. Porque ? !'c rque o amor é não ha um so dos seus empregados
_:::.::vi ci:n ,ticito o centro da vida e a que não saiba a r.i/ão disso. A clientela que
preoccupaçâo máxima do gênero humano? No elle recebe não se ívn >\ i tanto eo no se poderia
emtanto talvez tudo se p issa explicar como um imaginar. São. em principio, sempre os mesmos
caso cie utüitarisma de negocio littcrario. Sim, os que perdem qualquer coisa e que voltam, pois
fala se muito de am ir em litteratura parque os o esquecimento é nelles um mecanismo de repe-
verdadeiros consumidores, os que formam a gran- tição.
de clientela litteraria, são os jovens... Ma casos incríveis até: os de pessoas que
Estes formam a massa espessa do publico, esquecem naquella repartição o objecto que aca
a multidão impaciente e curiosa, o numero, o bam de recuperar, 0.1 oura qualquer, o que é
enthusiasmo. São elles que se encarregam de conforme a thenria tios actOS falh idos de l''reud.
exgottar as edições e de encher os theatros. Uma senhora perde sua bolsa, dá 10
São elles qüe lêm avidamente, gulosamente, t francos de recompsnsa ao recebedor do bonde
qualquer hora do dia ou da noite, no peior dos que a achou e, alguns minutos mais tarde, dei-
xa-a de novo num outro bonde.
logares, na mais incommoda das situações, sa-
lia pessoas que perdem até 1 noção cio
crifii ando o s iiiino. a alimentação, os prazeres,
caminho percorrido ou, quando escrevem, es-
Uiclo enilini. ]iela satisfação do seu vicio impe-
quecem de dizer o indispensável, isto é, objei -
rioso. Mais tarde fazemo-nos displicentes, par-
to perdido e reclamado: falam dos pais, dos
cimoniosos, exigentes; vacillamos muito antes de
amigos, das relaçles, do interesse que têm pelo
lêr um novo livro e exigimos que elle nos diga
objecto, lembrança de família, contam a historia
«ois.is extraordinárias, porque a vida, por sua
desse objecto mas esquecem de dizer de que se
(cinta, já nos narrou muita c o i s a . . .
trata. Outras pedem uma resposta urgente, as-
Não somos nós, os homens maduros, que signam de modo illegivel e não deixam o end -
fazemos com que se exgottem as edições. São reco !
os moços. E estes vivem cheios de idéas e sen- Outro caso: um rapaz entrou lá um dia para
saçc es de amor. Assim se co.nprehende que es- buscar uma bengala que esquecera num bonde
criptores e editores adulem e favoreçam a essa O empregado consultou os livros e achou o re-
paixão erótica da juventude. Quasi todas as no- gistro da bengala. O rapaz desceu ao gllichet
vcllas começam monotonamente tratando, desde das restituições, deixando no 1.0 andar as luvas
a primeira pagina, de um conflicto e o chapéu. A surpreza fzéra-o
de amor. ou descrevendo uma in- perder a cabeça. Recebida a
decente scena de luxuria. Mes- bengala, elle assigna o recibo
quinha escrav idão litteraria ! Tris- e... deixa-a no guichet!
te negocio, quando não se faz por
necessidade do temperamento e Felizmente um empregado o es-
sim por ganância ! piava e não deixou que o ra-
paz sahisse de lá... sem paletot 1
Os trágicos gregos nos de-
monstram que é possível reali-
zar um dos maiores esforços litte- O ESTYLO É O HOMEM
rarios sem que o amor sexual
intervenha sinão em pequena par- Eis uma phrase muito citada
te. A tragédia grega do grande por pessoas que nunca leram o
século manobra com outros con- discurso acadêmico de Buffon.
flictos mais profundos e mais hu- Ora, o grande naturalista dis-
manos do que os que provêm do •y se «Le style est de 1'honm- mê-
erotismo. n-.e» querendo declarar com isso,
não como se crê commumente,
O amor füial e fraternal, o que a maneira de escrever de
culto dos antepassados, a supers- um autor tráe o seu tempera-
tição religiosa, o ódio. a vingança, a ambição, mento, mas que o estylo somente, isto é, os
eis os principaes motivos da tragédia grega, materiaes que pertencem a todo mundo, cons-
tão cheia de paixão e de ternura, apezar da titue o mérito e a originalidade de um es-
ausência quasi completa do erotismo e da lu- criptor.
xuria. I
J o s é M. S A X A Y E R R I A HDr
— A 1// RH \
,^úhs,
O invólucro
soberbo
A mulher deve appere-
cer-nos numa auréola de luxo,
senfrnciou o grande roman-
cista em cuja obra a mulher
a todo momento perpassa,
num bater de azss ovantes ou
estraçalhadas . \ crdade
profunda de que se compene-
traram os . . costureiros, a
ponto de crearem trajos como
esta sumpluosa capa de vel-
ludo broche, trobilho pari-
siense que vem msis uma vez
justilicar a det nçãodo sceptro
da moda pela cirande Cidade-
Luz.
^ ^ ^
AMERICA
As moscas falam e ouvem tinetos, O apparelho para isso usado foi o microphonoe
o observador teve oceasião de escutar, durante duas ho-
ras, a palestra que enlrefiveram animadamente três illustres
moscas.
Depois de terem verificado que as aranhas gostam da As Ires dislinetas representantes da familia das mus-
musica, que os peixes ouvem e outras curiosidades desse cidas commentaram jovialmente a questão do cambio, do
jaez. tentaram os sabies descobrir si as moscas falom entre desarmamento, da tuberculose e dos assucareiros hygeni
si. Lm doutor americano chegou emfim a constatar que cos e a conversa terminou com phrase lapidar da mais
essa linçua^em existe e que não é puramente mímica como velha :
a das formigas. As moscas emiltem sons variados e dis- Não ! Decididamente o homem é o rei. . . da blügüí
modesta, está installado sem cerimenia, pois o née da Agencia Co >k, suspeitarão, porventura,
homem tirou o paletot... da riqueza de recordações que surgem de toe l i -
1
'~ petits Poalbots andam e n t r e as mesas as partes em volta delle- ?
recusando alguns vinténs, ne.n punhados de
iS . . . Porque Montmartre. - - o verdadeiro, o do
i is cantores populares modulam romanzas Outeiro. que nada tem d e c o m m u m c o m as "boi-
seninenêaes a c o m p i n h a n d o s.1 n a s s u a s guitarra-. tes de nuit» fraudulentas do bairro Pigalle —
antes do peditorio . . . conservou o seu acolhimento familiar.
Estes hospedes elegantes, cujo auto espera A fama que agora o beneficia durará mui-
nos livros ilos autores que são com< que se eSVâe logo que i N i t u i e / i consegue 0
qut i Natureza necessita, para perpetuar-se, do seu intento. Mis, desde que tanto agrada >08
auxilio desse frenesi erótico pelo qual as cs- teus lábios a palavra realidade, dize-me si crj
pecies evitam o risco de desapparecer : que o cada minuto não se contém em iodo amor a
amor é o modesto intermediário ti i eternidade. suprema das realidades. Dize-me si o amor não
é a máxima realidade, cada vez cm que vem
encher o coração dos seres. Tu 0 comparas ao
baile. Pois seja! 0 baile é uma expressão dio-
nysiaca que enlouquece tio prazer e tL alegria
os dansarinos. E é menos enlouqiiecedor ; ale-
gre porque ao espectador afastado pareça ri-
sível ? A culpa seria da distancia, da frial-
dade, da falta de realidade do espectador! As-
sim também o amor exalta e enlouquece ao que
se sente ferido pela sua divin i tortura e cada
namorado pensa realizar uma funeção única e
transcendente, obedecendo a esse impulso natu-
ral e necessário que sentem totlos os seres
de julgar que são o centro do mundo.
O MISANTHROPO
O NAMORADO
O MISANTHROPO
A mim a d o r parece-me absurda. Si para
chegar ao prazer tenho que passar pela dor,
prefiro a b s t e r - m e . . .
O NAMORADO
O MISANTHROPO
O NAAAORADO
O MISANTHROPO
(
giinos que a mulher seja como essa imagem
que está e n mi-, não a encontramos e somos pre- derável, a faculdade de produzir embriaguez,
sa de desespero. Por isso ha em todo amante era a única realidade d o vinho. Assim acon-
um falhado. A pobre mulher por sua vez se tece com tudo no mundo. Porque o mundo sem
affliiíc porque não sabe como dar o que lhe espirito, e o espirito é uma embriaguez, se
exigimos; sente-se incapaz de chegar á imagem converteria numa coisa insipida, numa coisa sem
que trazemos dentro de nós; e sente-se menos realidade. Tudo o que disséste do amor é essa
mulher, uma mulher de vôo baixo, mulher real coisa insulsa que fica depois da tua analyse;
v carnal, jungida á t e r r a . . . Ella só possue o rea- mas o resto te escapa e o resto, que era o
lismo da mulher, uma imaginação terrena e espirito, era também a única realidade.
normal e uma ternura profundamente humana,
que breve adquire o seu sentido verdadeiro: O MISANTHROPO
ternura de mãe. Então estabelece-se o con-
Não. O real no amor é o tédio. O amor
flicto: não se entendem. Ella procura fingir.
termina sempre por um bocejo.
Engana o homem, simulando emoções desme-
suradas, e elle volve instjnctívamente aos seus O NAMORADO
sonhos, buscando em outra mulher a imagem
que havia construído em seu intimo. Eis a ver- O ' desventurado! Como entendes mal a es-
dadeira historia do amor, quando o despimos sência do amor! O amor é uma tão grande
de eloqüência. exaltação da personalidade que o infinito mes-
mo parece-lhe insufficiente para a sua pro-
O NAMORADO jecçâo. »Amar-te-ei eternamente!» exclama o na-
morado. O t é d i o . . . Mas isto existirá real-
Si tirares a eloqüência a todas as grandes
mente ?
coisas que fazem a vida digna de ser vivida,
só te ficará o vácuo entre os dedos. Sob a tua José M. SALAVERR/A.
— AMERICA
1 a RESTAMOS hoje sincera homenagem ao sima, ainda hoje, após quinze annos de execução,
•*• : almirante Alexandrino de Alencar, emi- o almirante Alexandrino de Alencar é um mo-
•*••* nente ministro da Marinha, cujo sep-
delo vivo para a mocidade brasileira, na phra-
tuagesimo quinto anniversario passou na
se competente do chefe da Missão Naval Ameri-
data de 12 de Outubro.
cana, o almirante Vogelgesang.
Official de um passado de gloriosas tradi-
Estimadissimo no seio de sua classe pelas
ções, aspirante aos 15 annos de edade e logo
enviado ás águas paraguayas onde tomou parte qualidades de caracter altivo, de republicano
na campanha e depois disso, quasi 60 annos de convicto, tratando a todos com rigorosa justi-
actividade productiva, como commandante tle ça, desinteresse e completa isenção de animo,
torpedeiras, instructor de artilharia, ajudante tle unindo á grande modéstia e simplicidade de
~"&É DONA
• • • • • • • •
; HOMAS Graham, juiz superior do tri- «Os maridos, diz elle, não gostam das mu-
T •
:
bunal tle Chicago e quasi especialista
nos processos de divorcio, de que jul-
lheres que se penteiam mal; c pentear cabellos
compridos é uni trabalho complicado a que mul-
ga por anno uma media tle mil c qui- tas vezes se renuncia».
nhentos, acaba de fazer uma conferência em favor Isto parece-me de unia medíocre psycho-
:da nova moda. adoptada pelas moças, de trazer logia. Em primeiro logar, nunca se viu uma
cabellos curtos. mulher deixar de consagrar á sua toilette o
Desde que existe esta moda, ha portanto tempo indispensável, e mesmo mais do que isso.
dois annos. affirmou elle. ainda não vi uma Em segundo, ha numerosos casos de mulheres
única senhora de cabelleira curta figurar num que tinham os cabellos tão curtos que eram obri-
processo de divorcio. gadas a usar cabclleiras postiças e isso não as
«E' verdade, prosegue elle. que conheci mui- impediu de se divorciarem.
tos maridos de senhoras de cabellos curtos que A verdade parece ser que a moda dos ca-
se queixavam de que estas tinham seduzido ou- bellos curtos é um signal - - feliz ou lamentável,
tros homens, mas também nunca elles tiveram a não sei bem — de uma certa «masculinização»
coragem ou o desejo de as abandonar. das mulheres. Assim masculinizadas. ha uma por-
(Além disso está averiguado que, ha mais ção de coisas de ordem sentimental que cilas
de um anno. nenhuma moça de cabellos curtos não tomam ao serio, nem de modo trágico. En-
tem feito tentativa de suicídio. Parece que cilas tão, não só cilas não se divorciam, mis também
tem um temperamento muito alegre para cor- não se atiram mais á água nem pela janella.
rerem a tal extremo». A única questão é de saber si, sob o ponto de
Está portanto entendido:, as mulheres que vista social, isso representa um progresso ou uni
cortam o cabello nem se divorciam, nem s.; recuo. Digamos que seja apenas uma evolução...
suicidam. Mas onde creio que esse magistrado
se engana é na explicação do phenomeno: Pi erre MI ELE
A Capital da Republica mantém, apesar da crise eco- Tivemos oceasião de passar a vista sobre diversas
nômica que atravessamos, estaleiros de construccão naval notas de obras executadas nesse estabelecimento e afora
que honram o bom nome brasileiro. os particulares e as de pequena monta i Concertos geraes
Esses estabelecimentos, quer particulares, quer offi- de um contra torpedeiro e de um navio mineiro, Transfor-
ciaes. com raras excepções. conseguiram, com o ensina- mação de um casco em bafelão para carvão. Adaptação
mento que a guerra deu aos demais estabelecimentos con- de um navio para transporte de óleo combusíivel. Cons-
gêneres dos paizes em lueta. melhorar grandemente seu írucção de oito lanchas para as capitanias de portos. Con-
apparelhamento e pessoal. certos de rebocadores e lanchas. Construccão de embarca-
A siderurgia, porem, só agora iniciada entre nós, ções meúdas. Construccão de uma ponte batei para o dique
obriga-nos a depender ainda grandemente do estrangeiro, 'Santa Cruz' E muitos outros.
o que representa uma desvantagem que não é preciso de-
monstrar. A photographia que hoje apresentamos mostra uma
parte das carreiras do alludido estabelecimento.
Temos que favorecel-a em larga escala para que ella
Ao fundo vê-se a cidade de Nictheroy ( S . Lourenço).
nos possa dar de futuro tudo o que, por ventura, preci-
sarmos para todos os misteres. Atracado está o contra torpedeiro "Matto-Grosso",
Desses estabelecimentos o primeiro que visitamos foi A vista de tudo isso estamos convencidos de que
o da ürma Prado Peixoto & Cia., optimamente montado, podemos obter desse estabelecimento tudo o que necessi-
em Nictherov. tarmos relativamente a construccão naval,
As officinas recem-reformadas. os machinismos aper- Não podia, pois. ser melhor a impressão de progres-
feiçoadissimos de que se acham suppridos, offerecem ao so, que trouxemos daquella immensa colmeia onde
operário todo o conforto e facilidade de trabalho. centenas de operários exercem a sua actividade e se es-
O que importa em operários bem dispostos á execu- forçam por elevar a industria brasileira aos destinos que
ção dos trabalhos os mais perfeitos e completos. lhe esfão reservados.
^ : ízffl
F L I R T < n<eí K « l l x l o )
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.AISTÜSTO I
E S T A D O S , 6 0 0 R S . 1 9 2 Ü
INT." 3
I
(»raiiailiialls(iiii3Ntll3»i[ái.(osli!iríi
Importantes estaleiros da Ilha do Víanna
Apparelhos com todos os aperfeiçoamentos modernos para
quaesquer trabalhos de reparação e construccão naval
LAGE IRMÃOS
COMMISSÕES E CONSIGNAÇÕES
s
Magazine de cunho caracteristicamente arlistico, apresen-
tar-se-á A m e r i c a nessa edição especial com o numero
de paginas augmentado, além do desenvolvimento das suas
secçòes de arte, moda, cinema e sports a que deve a acceifa-
ção lisongeira que teve por parte do publico brasileiro, sem-
pre justo no avaliar os o f o r ç o s dos que intentam servil-o.
T H E A T B O i: C A N I N O P A R Q U E Ü A I A E A K I O
ConMtriirrão d » C o m p a n h i a C o n s t r u c t o r a «le S u m o »
Capital — 3.000:000$000 g IS 13 E ;
Os modernos brinquedos
para crianças
Os brinquedos para crianças evoluíram também e
collocaram-se á altura da época. Ahi está por exemplo
o carro em que Pat e Micky Moore, pequenos artistas
do cinema, brincam nas hores de descanso. A outra
pholographia representa um automóvel em miniatura
pilotado por um pequerrucho da terra dos dollars.
MAGAZINE MENSAL ILLLSTRADO
A R T E ~ LETTRAS - MODA ~ CINEMA ~ S P O R T
D i r e c t o r - p r o p r i e t á r i o : SYLVIO FIGUEIREDO ^-.^ G e r e n t e : M. ESPÍNDOLA.
Moralidades... Immoralidades...
AIS uma victoria do fe- sentativos da civüisação latina protestam contra
minismo ! E ' esse o os costumes dissolutos, isto é contra a osten-
nosso grito de satis- tação da belleza feminina, contra a elegância,
fação, a cada senho- a desenvoltura dos movimentos, a graça dos ade-
ra ou senhorita que manes. O contraste é evidente. E m Constanti-
ingressa n'uma secre- nopla escancaram-se os serralhos e os rostos se
taria de Estado pa- illuminam sem aquelle tchartcharf impertinente que
ra encanto da buro- lembra o véu espesso com que as carmelitas apa-
cracia e. dizem os en- gam as visões do mundo.
tendidos, também para Em Roma o suecessor de S. Pedro impõe
a boa ordem dos serviços públicos. ás suas fieis ovelhas blusas de golla alta e saias
Estarão as mulheres de accordo com o até ao tornozelo para gáudio dos costureiros
nosso enthusiasmo de concurrentes que se dei- e indignação dos esthetas . . .
xam vencer, alegres, por esse suavíssimo do- São os imperativos da moral superando a
mínio ? dictadura da moda. Da moral ? . . . Sim, da moral,
Contentar-se-ão ellas com uma conquista tão ou da moralidade, para aquelles que, repetin-
pequena que os velhos ronds de cair saúdam do os anathemas da Biblia, sagraram a mulher
com o mais límpido dos seus sorrisos de fau- o foco da immoralidade humana, o symbolo trá-
nos decrépitos ? . . Será para ellas, hoje, o func- gico da tentação e do p e c c a d o . . .
cionalismo do governo o equivalente do «teu Nas praias acontece o mesmo. Os olhares
amor e uma cabana» dos lindos tempos ro- pudicos repudiam a contemplação dos corpos de
mânticos ? I linhas esplendidas que se entregam á volúpia
T a l v e z . . . Mas o mais interessante é que, das ondas marinhas, a mais carinhosa e ingênua
ao passo que as mulheres penetram nas offi- de todas as volupias.
cinas que pareciam privativas dos homens, a so- E ' um escândalo !
ciedade lucta por compellil-as á sua antiga con- — E ' uma vergonha I
dição de coisa, objecto de luxo, jóia musulmana - As mulheres vão quasi nuas ao banho !
para a delicia dos sultões m o d e r n o s . . . Prefere- E o clamor avulta, pedindo medidas po-
se á mulher — mulher, a creatura que oscilla liciaes oppressivas que recondu/am a mulher ao
entre a ferocidade britannica de uma Pankurst recato de out'rora, aos dias em que os idyl-
e a bravura indiatica de uma professora Dal- lios eram monótonos sob o cuidado das ma-
tro... tronas h i r s u t a s . . . As praias alvissimas estão
Prova desse retrocesso tem oi-a, de um lado, condemnadas á tristeza. Em vez das correrias
no recente aviso do Vaticano em que o Papa alacres, do especlaculo pagão do banho das
se recusa a receber as senhoras que não esti- nymphas, i sombra de um cortejo de monjas
verem vestidas segundo um figurino ecclesiastico, afogadas nas dobras de mantos negros.
e de outro, na nossa ogerisa falsa ogerísa E d'ahi, - quem sabe ? - talvez os mo-
aliás - á indumentária das praias de banhos. ralistas tenham as suas razões serias para exigir
Emquanto na Turquia, a «enferma da Eu- que as mulheres oceultém ... sua belleza. Elles
ropa» como o Oceidente desdenhoso chrismou preferem adivinhar o que não vêm, e com isso
a pátria dos Osmanlis, um revolucionário da dão trabalho á imaginação... Cubram-se pois
fibra de Kemal Pae há arromba as portas dos as mulheres e vistam-se as estatuas...
harens e liberta da vigilância d o - eunuchos os
bandos de formosas odaliscas, os povos repre- Carlos M A U L
I 1// RH 1
JKZ A SEKEU
PPARECEU de improviso, certa manhã. lactites teceu o mais vaporoso traje, expc
te, desabrochou, rápido, numa pompa jubilosa; boios estridulava, substituindo, na solitude ar-
e as arvores se uniram sobre os caminhos, para cadica, o canto sonoro dos rouxinóes e dos mel-
fazerem os seus dóceis, e as flores atapetaram ros...
os valles, e a neve dos pincaros desceu á terra E. Ramires ANGEL
cantando, feita transparência e l i g e i r e z a . . . Tudo
se poz a rir na natureza, tudo se consagrou á
a l e g r i a . . . E surgiram os vernizes, os enfeites
que rejuvenescem as perspectivas e dão firmeza
definitiva ao esboçado e ao indeciso. Do seio da
AS CHAMINÉS MAIS ALTAS DO MUNDO
mãe-terra começou a fluir o aroma sensual das
MAIS alta chaminé do mundo é a
germinações e dos renascimentos. O homem co-
das fabricas americanas de Anacoada
meçou a sentir que os seus pés, ao contacto da-
e serve para o escapamento dos ga-
quella terra vernal, se deformavam um pouco
—— -^—i- zes que se desprendem com o trata-
e tomavam o aspecto da pata do satyro. A mu-
mento do cobre, gazes summamente prejudiciaes
lher desejava, cheia de languidez,
a todo ser vivo, incluídas as plan-
a sombra da arvore, a cuja som-
tas.
bra julgava enroscada outra ser-
A sua altura é de 178 met-
pente. Tudo na vida era expec-
tros e o seu diâmetro, na base,
tativa e na natureza tudo satis-
de 22,85. A espessura das pare-
fação. A fada do mar, noiva de
des é de dois metros, na base, e
Maio, havia mobilizado as turbu-
de 60 centímetros no ápice. Pode
lentas manifestações do bom tem-
evacuar cem mil metros cúbicos
po.
de gaz por minuto.
E dominados os vendavaes, ali- Vem em seguida a chaminé
sadas as relvas. bem limpos e das fabricas metallicas japonezas
aplainados os caminhos, reforça- de Saganosaki, com 167 metros
da a alliança entre o ínar e a al- de altura e 8,40 de diâmetro na
deia, acolhedora a praia e mais parte superior.
oxygenada do que nunca, come-
çou entre os homens a éra res-
plandecente do veraneio.
Pela ribanceira próxima avan- Sem pátria não pode haver
çavam durante o dia filas inter- sentimento collectivo da naciona-
mináveis de carros cheios de via- lidade— inconfundível com a men-
jantes ; pela estrada d eslisavam, tira patriótica explorada em to-
ásperos e sussurrantes, os pneuma- dos os paizes pelos mercadores
ticos dos automóveis; e todos con- e pelos militaristas. Só é possí-
duziam no seu interior alguns ca- vel na medida que marca o ryth-
valheiros que haviam resolvido mo unisono dos corações para
mudar de tédio, oxygenando-o um nobre aperfeiçoam?nto e nun-
junto do Oceano. ca para uma aggressividade ignó-
Ao termo de um anno o bil que fira o mesmo sentimen-
homem voltava ao campo, sob o pretexto fallaz to de outras nacionalidades.
de que assim o exigia a saúde. Exigente saúde
Não ha maneira mais baixa de amar a pró-
que não podia tolerar os rigores do estio sem
pria pátria do que odiar á pátria dos outros ho-
appellar para os remédios da pharmacopéa do
mens, como si todas não fossem igualmente dignas
baccarat, do foot-ball e do flirt no terrasso de
de gerar em seus filhos iguaes sentimentos. O pa-
asphalto...
triotismo deve ser emulação collectiva para que a
O mar passava a oecupar a categoria, aliás própria nação ascenda ás virtudes de que dão
honrosa, de pretexto, de alcoviteiro. Cumpria uma exemplos outras melhores •? nunca inveja collectiva
missão decorativa, uma missão de cumplicidade. que faça soffrer com a superioridade alheia e le-
Fazia-se mundano e perdia a sua majestade. Ves- ve a desejar o labaixamento dos outros até ao pró-
I
tia o smoking, como certos libertinos. Reservava prio nível. Cada pátria é um elemento da hu-
o seu desprezo e a sua má educação para o manidade; aiihelci da dignificação nacional deve
inverno, para a rede e para a n u v e m . . . ser um aspecto da nossa fé na dignificação hu-
Assim, quando a sereia cheia de pedrarias mana. Ascenda cada raça ao seu mais alto nivel
viu consumada a metamorphose da paizagem, rea- como pátria, e pelo esforço de todos se alevanta-
lizada em honra da sua belleza e do seu sor- rá o nivel da espécie, como humanidade.
I
riso, julgou-se um estorvo e afastou-se por en-
tre as grutas e os alcantis. O apito dos com- JOSÉ 1NGENIERÜS
,1.11/ RH \
A • A ::<x>
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AS PEQUENAS ESTRELLAS DO CINEMA
.....
<><XX>S<>G'C<>G<XXXX>C<XXXXX>CO,>' 4C-fX>^<>G=<><X><><><X><X>0><X><><>^'C'<><>
* " ' " " " i i| necessária a invenção e o desenvolvi- quenita seria a protagonista. A experiência foi
• l-T •• mento da cinematographia para que decisiva: Babby Peggy provou que podia ar-
I ; | nasce—e .1 categoria dos pequenos míl- rancar risos e lagrimas aos espectadores.
: : : : : : : : : : Honarios, feitos pelo seu próprio es- Uma importante companhia monopolizou lo-
forcei, e que não se devem confundir com os que go a pequena, fazendo-a assignar por pro-
na-, iin riquíssimos, «com uma colher de ouro a curação I um contracto de três annos que
bocea segundo a curiosa expressão ingleza. lhe a-segura o ordenado animal de 1.500,000
Rei eber uma migalha da humanidade, i ma dollars !
pequerrucha de três annos, ordenados animaes de
milhares de dollar-. ei- Jackíe Coogan é ou-
um facto que deverá pro- tro menino prodígio th
vocar gritos de inveja ou enormes salários: o epi-
de horror aos que não theto de thc iniUion d l
ha muito se indignavam lar kid (o gury milliona-
de que um pugilista g a - rio) que ha quatro annos
nhasse outro tanto pa- lhe deram os seus com-
ra -e exhibír sobre um patriotas (elle tem oito
estradei trocar -necos annos, agora) basta pa-
com um rival. W.**' ra nos informar sobre .1
E í sempre a eterna sua fortuna.
lei da offerta e da pro- Jackíe foi descoberto
cura. Si o publico re- e lançado pelo célebre
i Iam i c rianças ai tri- Charlie Chaplin, que
ze- no écran, é preciso com elle representou va-
dar-lh'as a todo transe. rias peças antes de en-
E si um desses minús- commendar os dramas e
culos artistas conqui-ta comédias de que o me-
os favores de publico, nino era o heróe. A fa-
torna-se logo uma mer- <k I ma do petiz tornou-se
cadoria rara cuja posse enorme, tão grande que
as companhias cinemato- os seus pais o arrebata-
graphícas se disputam. « y
ram a Carlito para fun-
V ^ dar com elle uma com-
Essa é a historia de panhia, The Jackíe Coo-
Babby Peggy, porque es- gan Productions Limited.
sa pequenita de quaren-
ta e três mezes tem já
uma historia que enche
columnas de numerosas publicações surgidas da ROSTAND ASTRÔNOMO
voga cada vez maior que essa arte tomou em
todos os paizes.
S
E D U Z I D O pelo mysterio dos mundos
O seu verdadeiro nome é Montgomery. Os longínquos, o autor de Cyrano, como
seus pais habitam Los - Angeles, a linda cidade Saint - Saéns, fizéra-se astrônomo e in-
da Califórnia que. graças á sua límpida atmos- terrogava os espaços estellares: Não era um sim-
phéra e aos seus arredores pittorescos e varia- ples astrônomo amador, mas um erudito conhece-
dos, se tornou o maior centro cinematographico dor do mundo planetário que entretinha cor-
do mundo. respondência com sábios e era por estes trata-
Os seus destinos foram decididos a vapor: do de «confrade».
em algumas horas. Ha poucos mezes fazia ella A Sociedade Astronômica da França con-
parte de um elenco infantil e desempenhou o tava-o entre os seus sócios. Rostand foi acceito
seu papel mudo com tanta naturalidade qu? o nesse instituto por unanimidade e teve como pa-
en-cenador a notou entre todas e pediu a um drinhos Bailland, director do Observatório de
autor que compuzesse uma peça de que a pe- Paris e Camille Flammarion.
AMERICA —
• • • • • • • • • • < • • • • • • • • • • • • • • •
.» « * • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
I
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.............
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I
I
panhia do Trianon, que a platéa carioca já se
habituou a applaudir, numa calorosa homenagem
ao seu talento.
!
- AMERICA
ASPECTOS CARIOCAS
Uma vista da Guanabara, num lindo domingo de sol em que se realizaram as regat«s á vela do "Àudax - Club
• • • • • » • » manonomaminon
que fuzile o gênio, fallecem actualmente no ças á viva claridade espalhada pelo crescente lu-
mundo da dramaturgia. Possa, em Teirlinck, nar. Os cidadãos de Bysancio, reconhecidos, pu-
ter a Bélgica um gênio que, como Maeter- zeram essa insígnia na sua bandeira.
linck, seja uma constellação entre as torres Quando vieram os romanos, estes adopta-
gothicas das cathedraes e as brumas da velha ram para a nova cidade de Constantinopla o es-
Flandres... tandarte ornado do crescente. Emfim, quando
Mahomet II tomou a grande capital em 1453,
Moarvr de ALMEIDA. ajuntou o emblema já celebre á sua própria ban-
deira que até então era toda vermelha. E elle
costumava explicar aos seus soldados que a nova
bandeira representava Constantinopla sobre um
campo ensangüentado.
O CRESCENTE
Pensamento chinez.
ISCUTE-SE agora sobre si, depois de
m Mede a altura da agita antes de entrares
r
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O CAMPEONATO DE FOOT-BALL
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7" -W W ^
O c o m b i n a d o paulista., c a m p e ã o d e 1923
CD CD CD CD CD CD CZD^ CD CD CD CD CD CD CD CD
S'-v*'---^*vv*s*'****^-*-**s*-^&vv*r^^
A PINTURA CONTEMPORÂNEA
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"Christo apparecendo a Cleopas cm E m m a u s " ,
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quadro do mestre francez Jean Louis Forain.
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- AMLRICA M
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EPIGIWMMISMO sm
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\() gastes a tua intelligencia em fazer renos cimos do pensamento, para banhar a alma
HISTORIAS W
3 ( F r a g m e n t o ) £7
D E S P E R T A R da sua ardente fanta- que, para casar, ser feliz e ter muitos filhos,
MARÍTIMO
Morrer um homem ignorante, quando ti- Trivial, etymologicamente, quer dizer: aquillo
nha a faculdade de conhecer, eis a que eu cha- que se encontra ao atravessar a rua.
mo uma coisa trágica e que deve acontecer
***
mais de vinte vezes por minuto, como de facto
acontece. Porque não se communicar a todos, As leis primitivas faziam parte dos cultos
diligentemente, a miserável fracção de sciencia e eram cantadas. Por isso sempre se escreveram
que o gênero humano adquiriu em um vasto em verso, como, por exemplo, os versículos do
universo de ignorância ? livro de Moysés e os çlocas do de Manú. Entre
CARLYLE os romanos chamavam-se carmina (versos) e en-
sa, eram o ideal da inopia de uma raça acor- tendo sempre diante de si o espectaculo gran-
rentada á monotonia do deserto hostil e só podia dioso de florestas fartas onde corre a gamma
despertar um interesse medíocre ou uma curio- toda do verde, de águas cantantes de rios e
sidade frivola no homem que vive em meio á cachoeiras, de uma fauna e uma flora mara-
opulencia de uma natureza que exgottou no in- vilhosas, não aspirará o oásis, não sonhará Cha-
cola a capacidade de sonho. O brasileiro, leva- naan...
do á vertigem por um delírio de luz e de
cores, existindo junto a um oceano soberbo e S. F.
— AMERICA —
ESTRELLAS DO CINEMA
O
Claire Windsor, a linda artista ame-
ricana, metamorphoseada em Mme.
Du Barry, a favorita de Luiz XV.
O O
- AMERICA —
* » SAiMIÜ * f?
BusU s múltiplas legendas imaginadas pelos an- rapariga e alguns fragmentos. M.is ahi não se
j \ \ tigos gregos cm honra de Sapho, c ;am- encontra a graça e a doçura do rythmo :iem a
! bem as aventuras de quê ornaram a Sua musica da linguagem que maravilharam os gre-
historia, fizeram dessa mulher famosa gos.
No emtanto, só pelo facto de ter Sapho
unia personagem mythica. Ella viveu, ao que inspirado os poetas que a cantaram, os grava-
parece, entre 630 e 570 antes de Christo e oouca dores que reproduziram os seus traços em me-
dalhas e os esculptores que animaram o már-
coisa ha de certo sobre a sua existência real.
more com a sua figura, deve a arte humana
Não obstante, sabe-se que ella morou em á poetiza grega uma enorme gratidão.
Fesbos e que foi
obrigada a fugir FRAGMENTOS OE
para a Sicilia. Ma-
PHILOSDPHIA
is tarde voltou a
Mitylene, onde cos- A grande guer-
tumava fazer reu- ra demonstrou dois
niões de moças, a factos inteiramente
quem cantava, ao novos. () primeiro
som da lyra. ver- é que, com o cus-
sos da sua lavra to actual das bata-
e a quem ensina- lhas, o vencedor fi-
va a poesia. Sabe- ca tão arruinado
se também que ella como o vencido.
casou com Cerco- O segundo, que as
las de Andros, teve indemnizações de-
uma filha, Cleio, vidas pelo vencido
e morreu em idade são indirectamente
avançada, o que pagas pelos povos
desmente a fábula, que não tomaram
repetida por Ovi- parte alguma no
dio. do seu suicí- conflicto.
dio por ciúmes. **»
Muitas outras fic-
A civilização da
ções de que ella
intelligencia não es-
foi objecto só
tá em relação com
têm valor histórico
a do sentimento,
por haverem orna-
Alguns annos de
do as narrações A. i n f â n c i a n a P i n t u r a educação clássica
dos velhos aédos La loíletts d e Ia p o u p é e , q u a d r o d e A. F a u g e r o n .
bastam para fazer
gregos. de um negro um doutor, mas são necessários
Aliás, não se comprehende. examinadas á séculos para se fazer delle um homem civili-
parte as legendas, o enthusiasmo dos hellenos zado. A guerra mostrou como eram numerosos
por Sapho. por elles considerada o maior poeta nos grandes paizes os homens dotados de uma
lyrico. superior mesmo a Pindaro. E' verdade alta cultura mas que não tinham sahido ainda
que de todas as suas obras só chegaram até da barbaria ancestral.
nós um hymno a Aphrodite, uma ode a uma Gustave LE BON
^Mm <&oefa muito nosso
z
^ ^ < ^ ^ -
E S. Paulo, daquella admirável S. Pau- nicas nos seus respectivos logarss, á maneira das
lo de Klaxistas e que a par da poesia columnas resistentes a qualquer humidade do en-
machiavelica dos Andradas nos tem da- genheiro ferro-viario dr. Luiz Carlos.
do, felizmente, o lyrismo encantador O que o caipira quer é dizer o que sente,
de Cleómenes Campos, o poeta encantador de o que lhe vae dentro d'alma, seja lá como fôr.
«Coração Encantado» e o estro riquíssimo, opu- E ' a esse salva-vidas poético — a ingênua liber-
lento de Paulo Gonçalves, chegou-me, ha dias, dade de não fallar correcto — que se agarram
um novo livro de versos absolutamente caipiras: com unhas e dentes os senhores poetas cai-
— «As Moreninhas», de Cesidio Ambrogi. piras, salva-vidas esse que dispensa os trabalhos
Devo confessar, primeiramente, que tenho estafantes do verso limado e da imagem buri-
em bôa conta a classe, que já se vae tornando lada.
numerosa, dos chamados poetas caipiras, o nosso E esse commodismo poético não deixa de
Catullo inclusive, mau grado algumas daquellas ser, afinal, uma demonstração clara, evidente,
suas imagens de um lyrismo muito Academia de acceitavel sinceridade.
de Lettras, mettido a martello na cachóla dos Pelo menos não ha nesse gênero nacionà-
indefesos carreiros do Cariry e dos vaqueiros lisado como caipira, a intenção de pulverizar
Continue, portanto, o sr. Cesidio Ambrogi de o poeta: essa exigente senhora quando pre-
a ver e observar as choças dos nossos pacatos tende homenagear alguém não se recusa nunca
caboclos, deixando de parte a malfadada poe- a tomar uma passagem, acredite o sr. Cesidio,
sia symbolista dos sertões do nosso Parnaso. no próprio trem da M o g y a n a . . .
E quanto á Posteridade, não se incommo- T e r r a de SEN NA
AMERICA
T I H I E I D A . I B ^ I R A .
-O
A fama, de que sempre foi favorita a formosa Theda bara, parece havel-a esquecido um pouco . . . E no emtanto
Theda foi uma artista que escravizou plaléas . . Os seus olhos líquidos, profundos, expressivos, ainda hoje man-
têm nos olhos que os viram o prestigio que emana de Iodas as coisas magnéticas.
O-
-«o
<>í*í S P O R T S N.V A.IÍOEIVTIIVA
l n>.> viste» g e r a l d o i m p o r t a n t e e d i l i c i o d o Club d e R e g a t a s d e R o s á r i o , t o m a d a
numa taide calma de verão.
S> <G> O O <£ O O O v v O <? O ">íJ> v <C= <p O «!? <> O
— AMERICA
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i> o o o <? O O O O O
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O O O CABELLOS CORTADOS O O O O O
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0 O o o O O O O O O O O O o o O O O O o <> o .:. c;
AS CAPITÃES NORTISTAS
Vista geral de Aracaju, capital do pequeno mas prospero Estado, tomada de um avião. Vêm-se
junto á praia, dois hydroplanos em evoluções.
wjwwmwww
à
As modernas Insíallações
•>'A ÓPTICA
RUA DA QUITANDA - Esquina da RUA BUENOS AIRES
<Ò*
Gabinete
para exames
-©-
-ô-
Offícinas
w
AMERICA —
ÍASSOPRANDO 0 BORE
MER1CANOS ! Deus, e regulem a acção dos homens pelo movi-
E' preciso que ha- mento dos soes?...
ja músculos de fer- Nada disso possueis ainda, America !
ro que levantem o Nada de espiritualmente grandioso te enverga
r
El-Dorado, e o apre- a lombada de cordilheiras e de rios-mares!
.- » i i sentem rudemente Nada d'isso te faz sorrir como um jequitibá or-
gulhoso das suas centenas de franças. Nada
d i s s o , noiva de Tupan . . .
Tal o cacique exilado das suas hordas de
bronze, — espera, ó virgem abandonada, que
l, J" \&{\ á Europa, á Ásia, os teus gigantes remidos descerrem os braços
II ^\v^JE0\ •* África, á Ocea- para o Azul, coalhando os teus sertões, desde
// J \S R 4 . nia! E' tempo de
J/A \) o Amazonas ao enxame de ilhas do Canadá e
levarmo? á bocea as da Patagônia. Espera !
pocemas enormes, e, com ellas, apavorarmos as Espera, que uma geração de cyclopes vem a
caminho de ti, neste s é c u l o . . .
ístrellas! E' t e m p o de manejarmos os tacapes
Padua de ALMEIDA.
leante do Sol !
A pujança da America ruge pelos seus titans Sarah Bernhardt
:le luz, que não a plasmam como ella é! Que é confeiteira
los esculptores, de veias
Pouco faltou para que
;ntumescidas, que lhe i insigne trágica france
dêem o relevo dos as- /a fosso uma . . . confei-
teira.
tros, com seus buris
Num momento de rai-
faiscantes? Que é dos va e de despeito, quan-
pintores que escorem do se achava no thea-
tro do Gymnasio c Mar
os troncos das suas flo-
tignj lhe havia confia-
restas e as catadupas do uni papel que lhe
los seus rios, em toda desagradava. Sarah pen-
sou seriamente em de-
sua grandeza natural ?
dicar-se ao commercio;
Que é dos trovadores lào seriamente, que ate'
íusculosos que a can- já havia escolhido o ra-
mo a que ia consagrar
tem em bailadas e es-
se: confeitaria.
trondos; e, com o arco Para isso chegou mes-
retezado ao busto mo- mo a tratar uma no
I
boiilevard dos Italianos,
reno, entoem o pean da
que afinal não chegou i
sua alegria até as re- adquirir por unia ques-
giões inter-planetarias ? tão de accommodaçces.
Que é dos seus ar- Esse motivo insignifi
caule baStOU para que
tistas ? Sarah llornhanll \ollas
Que é dos seus sacer- se li c arreira de que es.
dotes, que professem a ia\a desgostosa no mo-
mento e que mais tar-
idolatria dos raios e dos de lhe ciaria tanta gloria
condores ? Que é dos
O despertar da America 3 tantos lucros . . .
seus juizes, nus e seve-
Í
ros, que distribuam a
— AMERICA —
k
v \ I3Kr Bnm pecie. Houve quem,
soluto, se abysmam no universo, para roubar o
fogo do ceu, para arrancar o arcano das es-
phinges que os envolvem, numa sublime rebeldia
de titans.
^^J^SüB^^ sonhando demasado, Fausto, para tanto, vende a alma ao Diabo.
JWâS&Sk procurasse tornal-a e- O homem moderno, o torturado de hoje, o novo
/ flfanPWv^ terna, que seria o Fausto tem a mesma aspiração incontida. Ab-
P™>?*a^*'' peior dos supplicios, sorve-o o problema inextricavel da vida e, ao
porque a eternidade deve ser para os deuses revez do symbolo goethiano, entrega o seu cor-
t
uma subtil perversidade de Sylvestre Bonnard.
Os ironistas, pura não serem victimas de O amor próprio é o maior inimigo da ver-
si mesmos, deveriam, na edade critica, abs- dade. SIVRV
IMERICA —
r >
A vitalidade activa dos livros
V J
* f
Vejo pelos teus olhos que acabas de in- — Pois ahi está o que assombra. Estava
tentar essa historia. eu sentado num banco quando, de repente, do
Inventar? fez elle, dando ás suas pala- meio da folhagem, começou a surgir e a appro-
vras una tona sibyllino. E si eu te mostrar o pe- ximar-se de mim, assim como uma nuvem cin-
daço de cera. dirás também que o inventei ? zenta . . . mais p e r t o . . . cada vez mais perto. Olhei:
— E como o tens em teu poder ? era a mãe de Lidochka. Estava tão triste! Che-
— Muito simplesmente: elles subiram a um gou-se rapidamente a mim, poz-me a mão á ca-
carro, eu tomei a trazeira e, quando chegámos beça, ameaçou-me com um dedo e foi-se, sena
aos subúrbios, passei correndo junto do homem me dizer palavra . . .
mais baixo, dei-lhe um tranco e tirei-lhe do — Sim, senhor, exclamou o pai, ilhando
bolso o molde de cera. Aqui está elle ! o filho com una sorriso indulgente. Que coisas
Tomou pela segunda vez do mesmo pedaço acontecem ás vezes !
de madeira que havia mostrado no jardim e — Que papel é este, papai ? perguntou
mostrou-o de longe á avósinha de vista fraca. Kostia, olhando o pai por cima do hombro.
A duvida apossava-se do coração desta: «Bem Tem uma pistola d e s e n h a d a . . .
sei que ê m e n t i r a . . . Mas si acaso é verdade o — Istc/ é a conta da casa de armas. Com-
que elle diz ? Ha casos de ladrões que tiram prei una revolver para o nosso Banco.
moldes das fechaduras, penetram nas casas e de- — Um revolevr ?
golam os moradores. Ainda hontena li no jornal Sina, para o cobrador.
um caso destes. E ' preciso dizer a Lliacha que — Um revolver ?
feche o íerrolho da p o r t a . . . » Kostia, com os olhos muito abertos, olha-
— Vae chamar l l i a c h a . Kostia obedeceu va fixamente a face sorridente do pai. J á ha-
foi a correr até ao vestibulo, onde gritou a viam voado muito longe os seus pensamentos e
liacha. que falava ao telephone: pelo seu rostinho passavam sombras imperceptí-
Lliacha ! Deixaste veis de idéas . . .
outra vez aberta a torneira Tremeu, levantou-se de
da cosinha. Está cheia d'a- um salto e sahiu do ga-
gua e os moveis estão sa- binete, no seu passinho miú-
hindo pela janella ! do. Atravessou como una ven-
Lliacha abandona de- daval as salas e como um
rpressa o phone que bate vendaval, os cabellcs desgre-
ruidosamente contra a pare- nhados, entrou no quarto da
de: corre até á cosinha. tro- mamãe, que trabalhava cal-
peçando nos moveis que en- mamente junto á mesa.
| c c ; n t r a no caminho. Mamãe ! Papai está
Ao cabo de um minu- passando mal !
to desenrolou-se uma scena tremenda. Que foi ?
— Kostia! Mentiste outra vez! Vou-me em- Ao entrar no seu gabinete vi-o ahido
bora desta casa. que não posso mais supporiar ao chão. junto á mesa, ao lado de una revolver.
isto ! Perto ha uma mancha d e . . .
Eu pensava que corria água -»• disse Um grito selvagem, espantoso . . .
Kostia. justifirando-se timidamente, a olhar com
olhos supplicantes a criada enfurecida. Pelo me- Que heide fazer deste menino ? interro-
ios ouvi o b a r u l h o . . . gava a mãe, chorando e olhando Kostia quasi
com ódio, ao passo que este, assustado como
Quem sabe o que era esse doce e inoffen- um pássaro em dia de tormenta, atracava-se ao
sivo menino? Talvez lhe parecesse uma reali- pescoço do pai.
• dade que os homens que estavam fumando pa-
Com as suas mentiras este pequeno aca-
cificamente junto de sua casa intentassem de
bará fazendo-nos loucos! A criada nem pode
facto tirar o molde de cera da f e c h a d u r a . . .
velo, e os meninos o repellem como a um ca-
chorro leproso. E ' uma criança que faz pena.
11 I
Que será delle quando crescer ?
Bem o imagino, infelizmente, disse o
A' noite estava Kostia no gabinete do seu
pai a meia voz, estreitando contra o peito a ca-
pai, junto á mesa de escrever, e com olhos muito
becinha do filho. Crescerá e todo mundo se afas-
t
abertos olhava as mãos do seu progenitor que
tará delle, como agora; não o comprehsnderão e
exiam vários papeis.
zombarão delle .. .
— Onde estiveste hoje, Kostia ?
- E quando se tornar homem emfim ?
— No jardim.
— Viste boas coisas ? Querida, disse tristemente o pai, aba-
Vi a mãe de Lidochka Priaguina. nando a cabeça que já Começava a ene anei cr.
—Que dizes? A mãe de Lidochka já morreu! Será p o e t a . . . Are alio AVERCHENKO
A VIDA U R B A N A
Esperando que passe a chuva...
WOSt I ()H,,-|
I — Porque, mamãe ?
— Porque, num viuvo, foi a força maior que
rompeu os laços. Talvez seja um homem serio
que soffreu; posso acreditar no seu bom coração,
— Eu sou assim. Não gosto do divorcio.
Tenho horror ao divorcio. As nossas mães não
se divorciavam e o mundo não andava aeior;
ao contrario. Quanto a Nageur, uma vez que a
sua mulher não o enganava...
ao passo que um divorciado...
— Bem sabes, que a razão está com Oérard — Era peior ainda! O pobre rapaz fez-
que foi essa Odette que o fez infeliz... me as suas confidencias. Essa Odette tinha um
— Não é isso que diz o processo... gênio terrível.
— Ora, o processo! Creio que não irás cen- — Elle o devia ter verificado antes do ca-
urar a Oérard o ter-se elle mostrado um ca- samento.
— .4.1// RICA -
/H^a^
j
^ ^ O S ^ ^
VITRfiES
ARTÍSTICOS
À arfe do vifral, que foi uma das
maiores bellezas da architectura do Nor-
te, continua a merecer dos italianos o
maior carinho. Ha artistas mediterrâneos
que se consagram com esforço á pro-
ducção de obras-primas nesse gênero
difficel. Viftorio Grassi. por exemplo,
desenhou esse admirável viíral " O idolo'
verdadeiro prodígio de estylizeção que
é uma gloria para a moderna arfe ita-
liana.
r 1L± ^
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CAVALLINHOS E
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Reclame Yankee
A esculptura franceza
A VISÃO DA GUERRA
A
GUERRA é formosa para ti, ó joven ardente Para ti, eterno descontente, político ambicioso que,
depois da carnificina, irás alegrar-te com os restos da
desgraça ou inflar-te com A victoria que tramarás
que, cheio de Ulusões de glória, nasceste cora uma nova infâmia p a r a que, quando a nação houver
boa estrella: as balas inimigas te pouparão, recobrado a saúde perdida e as suas veias de novo
emquanto os teus companheiros irão cahindo se entumecerem, consigas novas discórdias que tragam
como inícios maduros de um ramo secco; sahirás victorioso nova vingança de ódios de invejas.
nas lutas, e quando volta res, cheio do orgulho do ven- Para ti, artista pensador, que achas um campo
cedor, todos de acclamarão como um dos primeiros filhos admirável em que deixes voar as tuas fantasias
da Pátria. Mas p a r a aquellas pobres velhas que somente po-
Para ti, mercador, que pássaras bem explorando derão chorar, p a r a aquellas mulheres pallídas, p a r a aquel-
iniquamente os patriotas necessitados negociando com las míseras crianças d e s a m p a r a d a s . . . para aquellas pf-n-
a Republica, que bemdirás essa discórdia que te encherá sões solicitadas, p a r a aquella luz á noite, p a r a aquel-
de dinheiro e de satisfações. las tristes machinas de c o s t u r a . . . para aquelles ves-
P a i a d. banqueiro, que emprestarás o teu dinheiro tidos pretos
-a j u r o alto: para ti, senhor da pólvora e de machinas
d t matar homens, que vende rás os teus ferros a pre- Ruben DARIO.
ç o s fabulosos — sangue c ouro — verdugo de míse-
r o s povos lançados ao mar, a o vento á sepultura.
AMERICA —
LEITURAS D E
MARAT E A VIVISECCÃO
INFÂNCIA
M tempo de férias, as minhas exigên-
As
correspondência
antes dos
linhas
sombrios
que
de Marat
se
dias
vão lêr, extrahidas
e traçadas dez
do Terror,
da
annos
constituem
E cias
pouca
intellectuaes
coisa.
Isso porque é agradável, e ao
se reduzem a bem
um documento curioso sobre a mentalidade do mesmo tempo hygienico, descansar o cérebro por
famoso revolucionário. algumas semanas. Bem
«Affirmaes, escreve sei que se poderia as-
o futuro terrorista a pirar una uso mais in-
um dos seus amigos, tenso da intellectua-
que não podeis ver lidade. Ha tantos gê-
innocentes animaes ras- nios eminentes, po-
gados pelo escalpél- rém mais ou menos
l o : o meu coração é absconsos, aos quaes
tão terno como o vosso nunca tivemos a co-
e eu também não gos- ragem de procurar e
to de ver soffrer po- a que poderíamos
bres creaturas ; mas consagrar algumas tar-
seria impossível com-
des ! Embora fique
prehender as secretas,
diminuído aos vossos -
pasmosas e inexplicá-
olhos,-, confesso ter
veis maravilhas do
da philosophia de Spi-
corpo humano si se
•noza e do poema d e
não tentasse surpre-
Dante idéas singular-
hender a natureza n a
mente superficiaes.
sua obra e não se
Não seria a oceasião
poderia chegar a es-
de aprofundal-as ?
se resultado sem fa-
zer um pouco de mal Sena duvida, mas
por muito bem: só não a aproveitarei.
assim se pode ser Porque ha igualmen-
bemfeitor da huma- te ao alcance da mi-
nidade. A observação nha mão «As desven-
dos músculos e as
turas de Sophia», «Os
o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o
.André LICHTENBERGER
— AMERICA —
r
^ ^
ELTRO galantemente recurvado, dentes
de lobo sob um bigode retorcido, a
mão pousada sobre a concha de uma lon-
Quando, em 1640, o futuro mosqueteiro to-
mou o caminho de Paris, é provável que, com
tal regimen, estivesse migro como um pastor
ga espada; intrépido mas reflectido : da sua terra. Elle não perdera tempo em estudar;
orgulhoso, mas astuto; hábil no manejo das ar- a sua instrucção se limitava a saber manejar
mas, mas com o espirito fino como a lamina da sua uma espada, e elle a manejava bem.
espada, tal se apresenta á nossa imaginação o Essa espada era a sua principal riqueza;
dArtagnan, heróe do romance. Que perderá, com-
si nada prova que elle partisse do castello na-
parado a elle, o verdadeiro mosqueteiro do rei,
tal com uma golla de 22 francos e com dez es-
Charles de Batz-Castelmore, chamado dArtagnan?
cudos nas botas, o que é certo é que elle não
E' que os homens de lettras se mostram pródigos
possuía as 250 libras necessárias, nesse tempo
de anecdotas aventurosas a seu respeito. An-
de vida barata, para ir a Paris equipar-se con-
tes de Alexandre Dumas, um outro escriptor,
venientemente e esperar o bom vento. Mise-
Courtils de Sandras, começou a legenda. Desde
rável dos maiores, elle era além disso de
1700, isto é, vinte e
uma nobreza duvido-
sete annos depois da
morte da per sonagem, sa, o que prova a
já esse folliculario multa imposta mais
orna a sua historia tarde, por usurpação
de episódios cheios de titulo aos seus ir-
de imaginação e de mãos, como elle Batz-
erros. Para melhor il- Castelmore. Por pru-
ludir o leitor, elle dência, pois, o nosso
publica as memórias cavalheiro intitulou-se
de dArtagnan, de Artagnan, nome já
que o heróe jamais usado com vantagem
escreveu uma linha, na corte e oriundo
mas atravéz dasquaes, da illustre família
sempre com a espada dos Montesquiou, a
á mão e a fanfarri- que pertencia a sua
ce aos lábios, elle mãe, cuja alliança ha-
se eleva á fortuna via enchido de orgu-
sob o sorriso das gulho os Batz-Castel-
bellas e a admiração more, descendentes de
dos poderosos. commerciante de Lu-
Na aldeia de Lu- piac. Não importa.
piac, não longe de Não era necessário
- ,1.»// RH A
possuir tantos escudos, nem títulos de nobreza Artagnan certamente tomou pai te em duel*
para vencer Sob Lui/ XIII, quando se era gav- los. \\;is si se ignora que elle tenha sido algum
ião, isto é, bravo, ambicioso, cheio de pic- dia ferido em combate regular, muito menos se
sumpçSo, com o nariz assestado para a fortuna. sabe que elle haja participado de encontros
Em Paris Artagnan instailou-sc na rua des sensacionaes. Quando elle appareceu em Paris
Fossoyeurs, no albergue do Gaillard-Bois, a dois os editos de Richelieu tinham acalmado os
passos da rua de Tournon, em que estava o pa- duellistas. Havia ainda quem se batesse por ques-
lácio do senhor de Troisville, capitão dos mos- tões de honra, mas a moda estava em declínio.
queteiros. BastOU pois a d'Ar-
E' exacto que tagnaii mo3trar-se,
elle tinha uma em algumas cir-
carta de recom- cumstancias banaes,
mendação para de com a espada á
Troisville e que mão, para estabe-
elle travou conhe- lecer a sua reputa-
cimeento, em ca- ção de gentilho-
sa deste, mas sem mem valoroso. Em
episódios romanes- todo caso, é certo
cos, com três ou- que sobre o seu
tros gascões, gran- destino os duellos
des espadachins, nenhuma influen-
chamados pela le- cia exerceram; nem
genda : Athos, Por- o sitio de La Ro-
thos E Aramis. chelle, tampouco,
O primeiro que nem as contendas
elle encontrou, Por- tle Richelieu com
thos (na realida- Anna dAtistria e
de, Isaac de Por- Buckingham, pois
tau) depois de ou- o nosso cadete de
vir o joven Arta- Oasconha, nessa
gnan elogiar os época, ainda brin-
seus parentes de cava nas ruas de
Montesquiou, dis- Lupiac com fede-
se-lhe mais ou me- lhos da sua idade.
nos o seguinte: E n t r a n d o para
— Está bem. as g u a r d a s elle fi-
Deveis, pois, imi- cou quasi sempre
tal-os em tudo ; nos exércitos e se
do contrario o me- conduziu brilhan-
lhor é voltardes pa- temente nos assé-
ra o logar de que dios de Arras, de
viestes. La Bassée e de
Artagnan ligou- algumas outras ci-
se também a Hen- dades. Em Qrave-
rv dAramitz, a lines elle penetra
que o titulo feu- só num forte avan-
dal de abbade lei- çado dos hespa-
go dAramitz va- nhóes. O camara-
P H O T O G R A P H I A ARTÍSTICA da que o acom-
leu, sob o reino
de Alexandre Du- "o ?L:RT" P O S E D E HANNA GATH E ILSE EILERS, DE BERLIM. panhava abando-
mas, um episcopa- na-o e conta na
do imaginário e gostos ecclesiasticos provavel- companhia que Artagnan morreu crivado de gol-
mente também imaginários. pees. Os francezes atacam e o encontram bem
O terceiro amigo, Armand de Sillègue d'A- vivo, oecupando sósinho a posição onde aliás
thos, nunca teve nada de mysterioso. Franco- elle não achara inimigo algum. Foi sem duvida
mosqueteiro, elle não se tornou conde de Ia este episódio que fez conceber a Dumas a idéa
Fere, na sua velhice, pela simples razão de do bastião de La Rochelle. No emtanto, ape-
que morreu em 1643, de um ferimento a espada zar dos seus serviços, Artagnan arrasta sempre
recebido talvez no curso de um combate no botas sem solas; afinal, nomeado mosqueteiro,
qual elle assistia o nosso heróe. elle entrevê as primeiras perspectivas. E' no
— AMERICA
campo de Amiens. Mazarino pede a de Iro.sville Saudado na cidade pelo olhar admirado das
a designação de dois mosqueteiros que sejam fi- burguezas, Artagnan procura imitar a alta perso-
§ dalgos mas que tenham apenas a capa e a es- nagem na corte em que elle tem o favor do
pada, afim de estar certo do seu zelo em troca soberano; freqüenta a casa de Mme. de Sévigné,
da fortuna que lhes promette. De Troisville perde-se ás vezes pelos salões das preciosas e
apresenta-lhe dArtagnan e um certo Besmatin. necessita de uma singular finura de espirito para
Os dois mosqueteiros imaginam-se já su- não deixar transparecer, sob o seu gibão de
bitamente ricos; mas têm de fazer largo descon- cavalleiro parvenu, o fidalgo ignorante e rude que
to, porque a generosidade de Mazarino é limi- vinte annos de campanha ainda mais embrutece-
tada. O ministro os emprega em várias mis- ram. Elle fará ainda melhor neste gênero.
sões, para as quaes lhes entregaram algum di- Falta apenas á sua fortuna um casamento ri-
nheiro; mas, pagas as despezas, ficava-lhes tão co; este se apresenta. A 5 de Março de 1659,
pequeno lucro que para elles não havia diffe- no Louvre, em presença de Luiz XIV, elle assi
rença do passado. gna o seu contracto de casamento, com a nobre
Havia no emtanto uma para Artagnan; por- dama Charlotte-Anne de Chanlecy.
que elle bem depressa se fez apreciar pelas suas No emtanto os mosqueteiros acompanham a
qualidades de homem de confiança e pelo seu Saint-Jean-de-Luz Luiz XIV que vai desposar
valor de infatigavel cavalheiro. Tornado crea- nessa cidade Maria Thereza. Talvez, ao passar
tura do primeiro ministro, o mosqueteiro exe- não muito longe de Castelmore, Artagnan ti-
cuta logo proezas formidáveis. Assim, durante vesse deixado o cortejo para ir de uma cami-
a Fronde, recebida a noticia da batalha de Re- nhada saudar a mansão paterna. Mas a visita
thel, elle é enviado a esta cidade, ao marechal foi rápida, porque o gascão não era homem
du Plessis. No dia seguinte elle já se acha de que medisse melancolicamente sobre o limiar
volta. dos seus pães a fuga do tempo e se enternecesse
A sua celeridade e exactidão no cumprimen- com as lembranças da sua mocidade. Só o inte-
to de ordens, o partido que tomou de seguir ressava a acção e um bello dia se preparava
Mazarino durante a sua desgraça, o cuidado com para elle, esse 26 de Agosto de 1660, em que
que serviu ao ministro de mensageiro para a Fran- Paris, coberto de arcos de triumpho, ia aco-
ça, fizeram já delle uma pequena personagem. lher com enthusiasmo a nova rainha que lhe
Artagnan obteve já uma patente de capitão das trazia Luiz XIV, na aurora gloriosa do seu
guardas, mas espera coisa melhor, pois, quan- reino. Artagnan, nessa circumstancia, foi magní-
do Mazarino entra triumphante em Paris, o mi- fico, precedendo os soberanos á frente da sua
nistro sabe, e o joven rei muito menos o igno- companhia, pomposamente vestido e montado num
ra, que Artagnan é tão valente soldado quanto cavallo de preço «ornado, nada mais nada menos,
servidor seguro nas missões que demandam como um altar de confraria», que levava cerca
discreção e esperteza. O gascão ágil e frio, de vinte pistolas de fitas.
como diz Cyrano, está portanto em pleno êxito. O sub logar-tenente está a ponto de tornar-
Quando o rei reorganiza a sua companhia de se capitão; ao horizonte se desenha mesmo para
mosqueteiros, dissolvida em 1646, é a Arta- elle o bastão de marechal. Ellle é chamado para
gnan que elle nomeia o seu sub-logar-tenente. as grandes fortunas, diz Saint-Simon. Luiz XIV
E', em realidade, entregal-a á sua direcção, por- lhe confia, primeiramente, a missão mais de-
que o capitão de titulo, o licada: encarrega-o de pren-
duque de Nevers, delia não der em giande íegredo Fou-
se occupa. Já não se trata, quet, o superintendente das
aliás, dos espadachinsesfar- finanças que, quasi tão po-
rapados de Luiz XIII, ama- 'j£r í I N deroso como o rei, é por
dores de duellos e de gran- este accusado de prevarica-
des bebedeiras nas tavernas. ção. Fouquct é preso em si-
E' o esquadrão de escól que
gillo. O soberano só tem
dá ao seu chefe um logar
entre as altos dignitarios confiança em Artagnan, o
do exercito, composto que é tmico que pódc ver o pri-
de fidalgos disciplinados, to- sioneiro. Dutante longos me-
dos vestidos com a casaca zes elle não o deixará, co-
azul com grandes cruzes de mo a sua sombra e, facto
prata, todos montados em único nos annaes das pri-
magníficos cavallos unifor-
sões, cumpriu a sua mis-
emente pardos.
são satisfazendo o rei, Fou-
.
1.1// RH A
quel e os amigos de Fouquet, de que elle crina soberba, Orgulhoso tle s u p p o i t a r no seu
foi a única consolaçSo. dorso a graciosa artista acrobata que mais ti
••• afagava do que lhe batia com o chicotinho, uni
( inco annos depois de ter conduzido o su- sussurro corria pela multidão que enchia a casa
perintendente á fortaleza de Pignerol, Artagnan de espectaculos. As criança-; batiam palmas e mio
é chamado a exercer os mesmos talentos e as se cansavam de admirar o intelligcnte e bello
mesmas funeções para com uma outra perso- animal.
nagem considerável, Lau/tin, de quem a Cirande Habituado a fazer, desde pequeno, apenas
Mademoiselle queria fazer o seu marido. O já aquelle trabalho, Nelusko nunca se preoecupou
então capitão de mosqueteiros executou mais de aprender outra coisa. E si sabia do trote em
uma vez a tarefa com os louvores combinados volta do picadeiro, apenas tinha geito para mar-
do que deu a ordem de prisão e do próprio pri- char lentamente pelo g r a m a d o do campo em que
sioneiro. pastava, e isso mesmo por que era obrigado a
Que t i d o e que habilidade, nesse soldado procurar os melhores sitios em que havia grama
sem cultura! Habilidade e tacto que fazem del- tenra. Nelusko era indolente e julgava que com
le uma figura muito mais complexa e rara do o fácil trabalho do circo estaria eternamente a
que a do duellista legendário. salvo de difficuldades.
SÓ lhe restava esperar tranquilla- O r a , aconteceu que o dono do circo
mente as ultimas honrarias que lhe resolveu acabar com aquella profissão e
faltavam. Mas Artagnan, apezar de tei- dedicar-se a outros negócios. Vendeu,
mais de cincoenta annos e de haver pois, o material, os artistas dispersaram-
d a d o provas de capacidade como di- se, á procura de outros trabalhos e Ne-
plomata tle corte, era ainda, antes de lusko foi vendido a um leiteiro, para
tudo, um fogoso militar. puchar uma carrocinha de distribuição
Em 167 3 elle toma parte no si- domiciliar de leite.
tio de Maestricht. Ataca com os seus Mas, habituado á marcha circular
mosqueteiros c quando estes voltam, em torno do picadeiro, o antigo cavallo
com a espada amolgada e sangrenta, de circo começou a gyrar com a car-
tendo perdido cento e trinta dos seus, roça no meio da praça publica, mostran-
em tresentos, o capitão falta á chama- do-se imprestável para o novo serviço.
da. Muito amado pelos seus homens, Resultado: apanhou muitas chicotadas,
alguns vão á sua procura numa meia- que nem de longe se pareciam com as
lua batida pelo fogo inimigo, e acham cariciosas chicotadas da acrobata, e, além
Artagnan morto, com o pescoço atra- disso foi vendido a um roceiro, para
vessado por uma bala de mosuuete. montaria. Com o roceiro não se mostrou
O cadette de üasconha morria como heróe. melhor o pobre Nelusko e dava a im-
O rei, diz La Gizctte de tran- pressão de um cavallo maluco todas as
ce, falou muito bem de d A r t a g n a n nes vezes em que o seu proprietário o caval-
sa oceasião, e louvou-o em particular pelo facto gava e começavam os dois a andar á roda.
de ser elle o único homem que achou meios Está claro que o cavalleiro também parecia
de se fazer amar pelos outros, sem fazer aliás doido.
para elles coisas extremamente agradáveis./ Vendido novamente, Nelusko passou de mão
Mesmo despojado das aventuras que o fi- a mão d u r a n t e muitos annos, sempre incapaz de se
zeram celebre atravéz do romance, não vale o ver- adaptar a outro trabalho que não fosse andar á
dadeiro Artagnan tanto como a sua legenda? roda e a apanhar sempre bordoada dos seus do-
H. de EELS. nos enfurecidos.
E, como só a p r e n d e r a a gyrar, acabou medio-
cremente, elle, que fora um cavallo admirado e
0 CAVALLO DE CIRCO invejado, a puxar o braço de um moinho de
íarinha, t r a b a l h o monótono e sem brilho, muito
•i^c—••—i——a—mmmmommmamm•—MI
próprio para a paciência dos pobres burrinhos.
(Conto para crianças)
Isto mostra que animaes e homens necessitam
Kl ELLSKO era um cavallinho malhado, ele- de ter conhecimentos variados, para serem ap-
gante e ligeiro, que fazia inveja aos plicados quando novas condições de vida o
outros indivíduos da sua espécie. Ne- exigirem.
viL- G. L.
nhum animal apparecia com mais garbo
no picadeiro do circo em que trabalhava e onde
fora criado. Quando elle surgia, airoso, menean- Quem sabe viver com pouco, de nada sen
d o a cabeça, com o seu trote miúdo, a agitar a te falta. — P U B L I U S SYRUS.
— AMERICA —
O MASCARA
o
—DE —
'O
FERRO 'O
I F O O T B^ILi,
O combinado carioca, vencido pelos paulistas no ultimo jogo do campeonato deste anno.
AW*W 'S.VWWWWWW^^.IVWVMSAIW^SIMJWW^VS.SIVWWVVWS^^
ma que evitasse todo perigo de una eventual intriga) quiz que o túmulo fosse exeavado em
reconhecimento. 1722, e os ossos fossem depositados «próximo
á casa do capellão»; dahi foram retirados em 17 5 o
e levados para a igreja de Saint-Joseph «onde
Convém observar que. quando uma suppo- ainda estavam em 1770»; só então os inhumar.ini
sição desse gênero se fôrma no cérebro de um de novo «no local primitivo», para de novo os
erudito amador, effectua-se espontaneamente una exhumarem em 1792. Collocados numa caixa e
phenomeno de crystallização que sem cessar a etiquetados, foram mettidos na crypta da igreja,
reforça. Tudo o mais que ler, tudo o que sou- depois levados para o sotão do corpo de guar-
ber, servirá para subsidio da sua idéa. Xão mais da visinho; em 1799 viajaram até ao Museu dos
será senhor da sua critica e fechará voluntaria- Monumentos Francezes (jardim da actual Escola
mente os olhos ás contradicções mais evidentes. de Bellas Artes) e foram emfim collocados, em
Tal foi o caso de Anatole Loquin. Elle estudou 1817. no cemitério du Père-Lachaise. Portanto,
primeiro a certidão de óbito de Molière, e o nem certidão de óbito, nem túmulo.
que ahi achou, ou melhor, o que não achou, en- Anatole Loquin, preoecupado com decifrar
cheu-o de confiança. Officialmente, com effeito, o enigma do Mascara de ferro, propunha-se as-
Molière não morreu a 17 de janeiro de 1673; sim o problema:
a certidão que constata esse pretendido óbito, «Achar um homem célebre, extremamente
não assignada por testemunhas, é legalmente nulla. em vista, de rosto bem conhecido, julgado morto
Póde-se. ao menos, encontrar o túmulo do au- repentinamente depois de 1670 e antes de 1674
tor das Precieuses? Xão. Elle foi innhumado «ao e que tivesse provocado ódios e temores bas-
pé da Cruz.) do cemitério Saint-Joseph. diz esse tante vivos para que fosse afastado definitiva-
documento suspeito e foi nesse logar que Mme. mente, sem morrer, do tracto dos vivos».
Molière fez collocar uma pedra «de um pé de Deve-se reconhecer que nunca um dialec-
altura acima do solo»: mas a desgraça 1 ou a tico foi menos inspirado porque certamente, sen
- AMERICA -
TENNIS
Alguns vencedores
dos jogos cnlrc S.
Paulo e Rio.
/a. -3\
REGATAS
Claudionor Provenzano.
vencedor do Campeonato do
Remador.
e
AMERICA
O PLAGIO DA M O D A ^ *
Os grandes modistas francezes se prepara-
^J
ta de provas. A moda é plagiaria por natu'eza.
ram para perseguir os plagiarios. No tocante á moda a mulher tem um grande
Já não é sé) a litteratura que soffre esta instineto de imitação. Copiam uma das outras,
praga de imitadores. Os modelos que tantos des- penteados, chapéos, trajes, adornos.
velos custam aos artistas da moda e que são Sempre a moda foi plagio. Um dia a Im-
apresentados orgulhosamente por seus creadores, peratriz Eugenia que tão plagiada foi nas suas
soffrem o ultraje da imitação. crinclinas e suas modas, apresentando-se com seu
O papel do plagiario é bastante fácil e se filho, em uma parada militar, collocou uma ban-
exerce sem esforço de deira vermelha como
imaginação. insígnia de guerra, so-
Os industriaes ame- bre o seu traje pre-
ricanos que fazem edi- to. Surprehendida as-
ções clandestinas de sim pela vista da es-
obras européas. che- posa do Embaixador
garam a estabelecer Inglez e seduzida es-
um centro de imita- ta, pela graça da hes-
çces em Paris. nhola, foi lançada a
< Is modistas não a- moda das bandeiras
chana meio de se de- vermelhas.
fender. N ã o ha ne A faixa que amar-
nhum modelo que es- rou nes e.i- cabellos
teja livre de uma co- a bella Marqueza de
pia, tão bem feita, Fontanges de.i origem
que é inútil aos gran- ao penteado de seu
des naodistas invoca- nonae.
rem eis foros de sua
Bastou que um dia
arte. dizendo que o
uma bella levantasse
traje ou chapéo co-
as mangas do vesti-
piado não tem a gra-
do deante do sobera-
ça e a distincção do
no que elogiara seus
modelo orginal : a
braços, para que todas
differença de preço
as outras passassem a
faz com que as co
usar mangas curtas
pias alcancem maior
O mesmo motivo
venda.
fez cahir aquelles ina-
E ' verdadt que ;i mensos penteados que
copia dos modelos é eram castellos com ar-
um delícto. Os mode- madura de arame, pa-
los da alta costura ra que imperasse o
são. como se sabe, pa- penteado baixo.
tenteados c a repro- O S BOUDOIRS M O D E R N O S Não se usam em
du< cão p r o h b í d a ; a Uma e l e g a n t e "coiffeuse" d a ultima m o d a .
nossos dias os ban
copia I- sujeeíta ás penas da 1-i. dós á (lei) de Msrods c ainda não impera a
¥.' tão difficil porém ao modisla provar cinta á Langie como a usa a bella nadadora í
iiii) destes delictos, como ao escriptor ou ao pin- A moda sempre foi imitação. Até uma das
prendas de mais antigo e discutido uso. o corset,
• que v é sua obra desfigurada por um iini-
foi inventado pelas mulheres para imitar i cin-
tador. tura de vespa dos guerreiros do Norte.
Quando uni plag'arío compra um mod:do, 0 que salva o grande modista é poder
mta-0 variando pequenos detalhes, porém 0 suf- satisfazer o anhelo de originalidade, o lesejo
ficiente para que perca ,. identidade e o põe de ser o primeiro em apresentar um íodelo
que usem todas as mulheres, e o orgulho de
venda a preços sem comp Ic-nc i;i, \ ulgarí cm-
ostentar uma grande firma, como garantia de
do-o para a exportação. elegância, no forro das toilettes. Isso deve bas-
' i desespero dos modistas está nessa lal- tar-lhes. CARMEN.
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É
OS PROGRESSOS OE SANTOS 5] 1'ma. boa, r e i ^ i n m c n d a ^ ã o
peccavel, de mérito assás reconhecido, tem dis- 1 quando seus impressos são fei-
criminado os evidentes progressos grandiosos da tos na : - - — — —- — — —
Na era do bailado
^!r =Q fí* =ü^
OS COSTUMES
-v^* *v
ADA dia se torna mais indispensável o Requer essa toilette, como complemento, um
traje tailleur no guarda roupa de uma chapéu de pequenas dimensões e de extrema
dama elegante. Para a manhã, para simplicidade.
essas sahidas improvisadas ás lojas, á Na mão a bengala ou o guarda-chuva,
casa da modista, e t c , a mulher hoje necessita segundo o tempo.
lesses trajes simples de linha severa e graciosa Empregam-se actualmente para a confecção
que resistem a todas as modas de fantasia, con- destes costumes, fazendas lisas de tons cinzentos.
ervando sua integridade e sua distineção... Fazem-se também com a combinação da saia
Para a rua, quer para a dama de alta preta com o casaco em tom «beije» íscuro;
•
roda como para a mulher modesto que sae de porém esse traje, na realidade, parece indica-
para o trabalho. '• o traje ideal. do para excursões de caracter sportivo.
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do u m resultado surprehendente. O
doente, que pesava 3 8 kilos, augmen-
tou s e i s k i l o s c o m o uso de vidro e
meio do referido preparado, tendo as
: m a n i f e s t a ç õ e s cutâneas cicatrizado
completamente.
(Assignado). Dr. H u m b e r t o Mello,
1." tenente encarregado da 8 . 1 enfer-
maria.
o Ú N I C O Q U E : D I Z
Basta tomar um vidro, si for Syphilis
ficará melhor, augmentará de 1 a 4
kilos; si não ficar melhor procure o \
seu medico.
LEIAM A BULLA
'HMà
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DANSARINA MEXICANA ( D e F. A c q u a r o n e )
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L
Âs cidades já não podem prescindir dos campos de aviação
\ política de vistas estreitas que leva as
M\ revista norte-americana publica uma
MARIA VICTORIA
^=.= , c = ^
è i
C \J ^
v
da sua filha. Sentada majestosamen-
te no leito, e julgando ter benefi-
ciado a humanidade, dando mais uma parochia
Maria Victoria completou vinte c oito annos
solteira; o juiz já tinha morrido, talvez. de
aborrecimento, pois toda a sua vida tinha sido
na ao senhor vigário, ella respondeu seriamente um longo bocejo. Viviam mãe e filha, uma ao
— Não sei. lado da outra, no casarão cujo telhado arrui-
nado cobria metade do becco que passava ao
Tia Rita e nh'.\nna. a ama e a curiosa,
lado.
depois de terem affirmado, como de c ostume,
sacudindo as velhas cabeças, que nunca se tinha Era calçado com grandes pedras como tú-
visto creança assim, cochicharam durante algum mulos • por sobre ellas corria um filetc de
lempo. agua, rolando preguiçoso, muito cansado, pare-
Disto resultou, depois de um;i consulta ao cendo evitar passar por baixo da janella onde
jui/. que a recém-nascida passou a chamar-se o visinlio pharmaceutico se debruçava todos os
Maria Víctoria. dias.
Parecia não poder viver sob o peso do Elle babava uni pouco, e, na sua sala de
nome de sua mãe. Cresceu pallida e magra, jantar havia uma esteira enrolada, para quando
tendo os olhos sempre tapados por uma mc- tivesse os a t a q u e s . . . Victoria sentia o seu olhar
< ha de cabellos. cheia de manchas ruivas como momo seguil-a pela casa, atravez das paredes]
queimaduras. todas as tardes.
Quando sahia. a mulher do juiz repuxa- A viuva do juiz, concertando os óculos e
va-os brutalmente para traz. prendendo-os com cotia uma ruga má ao canto da bocea, disse
uma fita azul. Ella abaixava a cabeça, e não um dia á filha: — O pharmaceitico Andrade
a levantava nunca, sempre calada c agarrada pediu a tua m ã o ; o casamento será daqui a
1.1// R/CA —
FIGURINHAS
DA MODA
O O O
Um majestoso
c h a p é u e dois
veslidos l y p l c o s
da moda actual.
um mez Victoria não respondeu, e continuou disseram que o fora a mandado do medico;
i costura, pensando, p e n s a n d o . . . Aos poucos, a quando o negro que o matara foi encontrado
foi lhe subindo ao rosto um rubor que quasi a agonizante na prisão, todos disseram que Maria
tornou b o n i t a . . . Victoria. a viuva, o envenenara.
O pharmaceutico, um mez depois, já não A cadeia era muito grande e na calíça
chegava á janella do becco. nem Victoria mo- branca a humidade traçara signaes mysteriosos,
rava mai> com sua mãe. Os notáveis da pe- esverdeados. Avançava sobre uma l i d i r a fron
quena cidade não se reuniram mais na botica teira á pharmacia. Parecia o craneo apodrecido
para não perturbarem os recem-casados. e a de uma caveira enterrada alli havia muitos an-
pharmacia parecia deserta, com a sua lampa Ia nos. olhando para Maria Victoria com as suas
sempre accesa, ao lado do boccal vermelho. janellas gradeadas. como olhos negros • raia-
Mas foram voltando, e, dentro eiaa breve, dos. E, quando chovia, sahia da porta da cadeia
já se falava alto e ria de novo na pequena uma baba escura e lenta, que vinha passar sob
loja. O promotor, o tabellião e o irmão do o alpendre, tle; onde- Maria Vic toria, chamada
advogado contavam, á meia voz. o que se pas- pelos gritos, pudera distinguir o preto, agar-
sava na casa do novo juiz e na do medico, rado ás grades, delirando com as dores do ve-
i | pharmaceutico era inimigo antigo do medico, neno.
e a? receitas deste eram sempre mal feitas por Aquelles olhos vasios seguiram Maria Vi-
aquelle. ctoria pela casa. atravéz das paredes, e aquella
i I doutor passou um dia pela rua prin- baba lenta, quando chovia, corria até á sua porta
cipal do lugar. Nesse mesmo momento explo- e isso por muitos annos, muitos a n n o s . . .
dio uma ruidosa gargalhada na p h a r m a d a . e.
quando o pharmaceutico foi assassinado, todos (Desenho de JEFFEBSOS) Cornelio de Oliveira PENNA.
AMERICA —
O MELHOE PBESEfelTE
CONTO DE NATA Lo
De
ANTÔNIO
LArAcGO
ff =>j% OÃOSINHO era um bom menino. Obè- --Lcvanta-tc c anda ver o presente do Me-
\^
J ^ft
diente, socegado. excessivamente
fectuoso e muito applicado ao estu-
do das primeiras letras, era
af-
apon-
nino Jesus.
Joãosinho saltou da cama encaminhou-se
para a sala. Uma bella arvore de Natal "lá
tado) como o modelo das crianças ajuizadas, por eslava carregada cie brinquedos. Viam-se, pen-
sua Índole invejável. O pae satisfeito com os dentes de cada galho, em profusão, meias de
seus progressos, com a sua condueta irrepre- file'), de diversos tamanhos, contendo grande va-
hensivel e pelos bons sentimentos que já des- riedade de surprezas, carrinhos de madeira e
pertavam em su'alma, cumulava-o de carinhos de folha, mysteriosas caixinhas envoltas cm pa-
e de brinquedos, orgulhoso de gai ir a qu :11a in- pel cie seda, cartuchos com bonbons, polichi-
telligencia precoce que já se manifestava tão nelos, pequenas espheras colori Ias. minúsculos
promittente de bons fruetos. Xão era commum lampeêes venezianos e muitos objéctos mais. foão-
numa criança de oito annos tanto discernimento sinho, radiante de contentamento, permaneceu por
e cordura. Nessa noite o par- perguntou-lhe: muito tempo contemplar o regio presente do
— Já fiz
Quero uma arvore com brinquedos.
o meu pedido ao Menino Jesus.
Menino
[' bom
]csiis.
Vês,
para
' E abraçando
meu filho,
os meninos que são
a
como
criança
Menino
bons?
beijou-lhe as
Jesus
fa-
ces com ternura.
--Onde vaes pôr os sapatos?
-Debaixo da cama.. Obrigado, paesinho!
- - N ã o seria melhor pólos na sala de vi- Não ('• a mim que deves agradecer.
tisfação por Joãosinho, que demonstrava o seu Joãosinho entrou com o menino e a creada
júbilo quando as melhores prêmios eram adju- que chamara o fechou a porta.
dicados .is creanças mais pobres. Tamanho des- Passado algum tempo o pobresinho app.a
prendimento caracterizava a sua bondade. Quan- receu. Vestia um terno de fustão branco, á ma-
do já não restava na arvore una único brin- rinheira, trazia á cabeça um bonet novo de pala
quedo, viu-se encostado ao portal da sala um envernizada e calçava uns elegantes sapatos d
pobresinho descalço e esfarrapado que olhava camurça. Joãosinho tinha dado ao pobre "ieniin
desconsolada e humilde para a arvore despo- o presente que o pae lhe fizera nesse dia
jada. A sua attitude. a tristeza que se lhe re- Diante da nobreza daquelle gesto, de uma acçá
velava no semblante inspiraram grande compaixão tão magnânima, o pae, tomando Joãosinho nos
a Joãosinho. que se approximou J o retardatario. braços, beijou-o demoradamente e disse lhe- com
Não ganhaste um brinquedo' movido;
Não...
- M u i t o bem, meu filho'
Porque não entraste ?
— Foi o Menino Jesus . . .
Estou de pé no chão. disse a creança
— Foi elle, replicou o garoiiuho. desmet]
sensibilizada até ás lagrimas pelo modo cari-
tindo-o a sorrir.
nhoso com que era interrogado.
Como te chamas ?
Vem cá. O teu presente está lá em cima.
— Luizinho.
E dando a mão á criança, levou-o atravez
das salas até ao seu quarto. O pae que obser- — Pois agradece-lhe. Luizinho. que elle
TERPSYCHORE NO SÉCULO XX
•0
Mae Murray, a excellenle bailarina cujas poses harmoniosas e perfeitas sáo realçadas pelo luxo delirante de suas
. loilelles e dos scenarios inauditos que lhe servem de fundo.
-O
< ; •
- AMERICA •
3K CARTAS DE AMOB
-sSÕ== *^a£g?
í.^" M dos meus confrades en.leiei ou m • annos vem experimentando em vão outros amo
0|<>sí|0
res, a evocação de um amor pelo qual conhe
I I a mim • a outros escriptores) um
ceu tantas alegrias (ou soffrimentos) não dei-
l-;^,^^ questionário a respeito das cartas
xará de- commovel-o melancolicamente, talvez de
<X><X>CG de amor. Devemos desiruil-as. per-
liciosamente. E as cartas relidas nessas condi-
gunta-se, ou. ao contrario, guardal-as ? E pode-
caies recobrarão todo b seu sabor. Repito-o: as
mos esperar dei Ias um reconforto ou uma de-
soluções do problema são variáveis ao infinito.
cepção? Porque ha duas escolas: .. de Danle.
E não sc~ pode responder ,í questão definitiva
que esc revia :
e categoricamente.
A maior desventura
No emtanto, reflectindo bem, creio que ha
!•".' a lembrança f. liz num dia de infortúnio!
interesse em destruir as cartas de amor, porque,
e i de Alfre.l de MuSSet, a quem devemos em três ve/es sobre quatro, edlas se evaporam
c stc -, \ e: s celebres : quando as relemos depois ele alguns me/es ou
annos e provocam no leitor um sentimento de
l'n souvênir heureux est peut-être sur terre magoa e de humilhação. Humilhação de na,Ia
Plus vrai que le honlieur. mais acharmos em in'>s do que sentíamos
outr'ora com tanta febre e violência e, o que
Não é fácil, em verdade, .solucionai- esse é mais doloroso, de nada mais acharmos nessas
pequeno problem i sentimental. E aposto em que phrases ela graça, do encanto, da elegância, ela
as respostas nos surprchenderáo pela sua di- originalidade, do ardor que lhes altribuiamos cm-
versidade. Tudo depende do estado de espiri- tr'ora de boa fé, quando estávamos apaixonados
to ou. como diriam os psychologos. do estado por aquella que as escrevia.
de alma do homem que relê as cariai, no mo- Sim, queimemos as cartas á medida que as
mento em que as relê. Si depois da ruptura, formos recebendo. Assim, primeiramente, evita
da separação, elle Saboreou outras venturas . remos mais catastrophes e depois conservaremos
mais ardentes, mais completas do que aquella no futuro a illusão de que (dias eram únicas,
cujo perfume sente de novo em paginas ama- que nunca ninguém havia escripto nem recebi Io
relladas, elle as percorrerá com o olhar urra iguaes e que é uma pena não as haver con-
tanto secco. um tanto indifferente e ligeiramente servado. Ao passo que, conservando-as, sabemos
desilludido (sobretudo si uma nova paixão o o que nos espera. E mais vale una remorso ou
domina actualmente). Ao contrario, si elle se uma saudade lisongeira do que uma illusão hu-
sente isolado, viuvo de coração, e si ha muitos milhante. Edmond SÉE.
À U X E A I L E A \ A :ZV*. O DD L E » Bf A .
Os modernos artista allemães trabalham com esforço e talento para a producção de obras que não desmintam a
tradições artísticas da Germania. Aqui eslão duas amostras das suggesttvas applicações da arte
decorativa na cerâmica, trabalhos de A. Flad, e uma esculptura, "O mono" concepção "ultraisla" de A. Pukcoger
MAGAZINE MENSAL ILLVSTRADO
A R T E ~ LETTRAS ~ MODA - CINEMA ~ S P O R T
D i r e c t o r - p r o p r i e t á r i o : SYLVIO FIGUEIREDO ^-.^ G e r e n t e : M. E S P Í N D O L A
z
ANNO I RIO DE JANEIRO, D E Z E M B R O DE 1923 N.
O PRÊMIO DA VIRTUDE
l i ) I m.t
I nesses 565 dias de \^:\ não se con- Companhia do Theatro Apollo de Madriel, C0H1
^ ^ solidou, e de uma vev para sempre, o concurso de 4 estrellas de real valor no
^Sr 0 theatro nacional, apregoado desde gênero: Rosa Rodrigo, ex-soprano elo Scala, de
tempos áureos da arte olonial Milão, que aepii já esteve, ha dois annos
de ]oão Caetano no Theatro S. Januário, pode- na temporada Lyrica official: Eugenia Gallindo,
se-, entretanto, affirmar que anno prestes a Clara Milani e Maria Caballe'-, preenchendo toda
findar foi, como os j.i passados, um anno ver- a sua temporada com duas revistas ele grande
dadeiramente promissor para o problema que espectaculo «Arco-íris» e «La tierra de Carmen»,
tantos cabellos brancos creou na cabelleira negra A prata da casa teve um movimento rela-
e espessa do incansável batalhador que foi Arthur tiv amente compensador.
Azevedo. No Trianon a Companhia sob a direcção
Hasta dizer-se que n ) : ; começou com a de- Viriato Corrêa representou as seguintes pi-
noticia sensacional de que o auctor actor Leopoldo cas, todas nacionaes: «E o Amor Venceu», e-
Króe-s iria á Europa comprar peças e descobrir «O Filho de- Papae», de Paulo Magalhães; «O
a u c t o r e s , como Noviço» de Mar
qualquer persi na- tins Penna: «Tra-
gem di- Pirandello, vessuras eh- Bcr
para uma tempora- tha», ile Antônio
da de puro resur Guimarães; «Eva
giniento da Arte no Ministério», ele
Nacional, promessa Mario Dominguese
realizada em Agos- Mario Magalhã s;
to 1 om uma série, «() mime so ("oii •
no S. |ose'\ de 4 bri», c() 'Fio Sal
P e ç a s franceza ^: vador», «Discípulo
Sign d de- Al ir- Amado» e «Graças
iu \s Vinhas a Deus», ele Ar
do Senhor . «O m a n d o (ionzaga;
Rei etc s ( .lande.. «Zúzú» de Viriato
Hotéis Mllc Corrêa: «O Outro
I alharim». André» e -Casado
[sso, apóz a coni- sem ter mulher»,
m m r cão do cen- eh- Corrêa Varella;
tenário, a n i na o u «Fogo de Vista,.
um pouco o naer- de Coelho Netto:
c a d ,. extrangeiro «Dr. Sem Sort-..
que nos forneceu, de Zé Antônio <
a 1 é m do trivial- «Escola da Mentir-
Chaby. Satanellae ra», de Cláudio de-
Henrique Alves, Sejuza. No Recreio,
Ba-ta-clan. (esta apóz o suecesso ela
com unaa única no- peça de estrea
vidade em 4 pe- "Meu bem. não
ças : as pernas es- chora*, ti v e m o s
pirituaes de Mis- p 11 c imp inh a O t
tinguette que só A a c t r í z S r » . A m a d a Fi"onafi*e«lo tilia Amorim. que
fez as 2 primeiras ainda hoje oecupa
C e s t Ia Miss> e o theatro. as revis-
La Marche à 1'Etoile a Lyrica e a Fran- tas e burleta s «A Escripta é outra», de Al
ceza do Municipal, com Mlle. Gabrielíe Dor- fredo Brêda: Rio Alegre,, de Gastão d'ojeiro:
ziat ,i frente as companhias italianas das (Olha á Direita», de Fritz Frotz: «Cabocl
sr.is. Vera Vergani e Maria Melato. servida esta Bonita», de Marques Porto e Ary Pavão, V
á ultima hora como doce sobremeza aos assi- ella que me deixou», de Bittencourt Menezes]
gnantes. «A Botica do Anacleto-, de Marques Porto;
Do mercado europeu nos veio ainda a Maçã» dos Irmãos Quintíliano; "Vida Apert.
- AMERICA -
da», de Freire Júnior; «Minha Terra tem pai sivel má vontade do emprezario Pinfild.
taaeiras» e «Pennas de Pavão», de Marques Porto Finalmente, tivemos, além do projecto Nina
6 Affonso de Carvalho. Sanzi, que pretende cona os dois mil contos
No S. José a companhia de revistas re- que possue construir um theatro de comedia,
presentou as revistas «Tatu subiu no páu», do: uaaa êxito formidável do theatro italiano da sra.
Irmãos Quintiliano, «Você Vae», de Jo.sé Pau- Vera Vergani: a famosa peça de Pirandello «Seis
lista e Renato Alvim e «Meia noite e trinta». personagens á procura de um autor», e mais
de Luiz Peixoto. as temporadas de opereta, no Lyrico e no Re-
Deixando o theatro em Julho voltou em publica, das Companhias Clara Weiss, que nos
Novembro, estreando com a revista «Sonho de trouxe as ultimas novidades como «Danse delle
üpio». de Oscar Lopes e Duque. Libellule», «La Bayadera» e «Noite de Dansa»
A Companhia de comédias dirigida pelo actor e, já aao apagar das luzes, essa «blague» que
Francisco Marzullo, attentíe pelo pomposo
occupando o Carlos nome de Companh ; a
Gomes, de Janeiro a Ba ta-clan Antônio de
Março, representou os Souza.
seguintes orig'na<s:
«A Menina do Café»,
de Victor Pujol e o
«Micróbio do Carna- Felizmente um fa-
val», de Gastão To- cto auspicioso, q u e r ã o
jeiro. foi positivamente as
«reprises» suecessivas
Encerrou a sua de Bataille c Bernstan
ociysséa pelo mar, sem ile Mllc. Dorziat, jus-
enchentes, do velho tifica o titulo hono-
theatro. com i ma peça rifico ile p t o m s s o r
de Paulo Magalhães dado ao anno theatral
— «O Homina que de 1923: a tímporada
morreu», sendo sub- da Companhia Brasi-
stituída pela Compa- leira Abigail Maiaeni
nhia Garrido, que sob Buenos-Ayres e Mon-
a direcção de Alda tevidéo, cona artistas
Oarrido tem repre- e reperte rio exclusiva-
sentado até hoje a, mente nacionaes, gra-
seguiu t-s burletas ças a esse espirito de
«Quem paga é o Co- trabalho formidável
ronel», «Luar de Ra- que é Oduvaldo Vian-
queta», «Rainha de na. E para fechar este
Bflleza» e «A Peque- rápido retrospecto do
i- i da Marmita./, de- nosso movimento sic-
Freire Júnior; -Ma-
nico, emquanto a si a.
ria Sabida», de Vi-
Nina Sanzi não cons-
ctor Pujol; «A Fran-
tróe. com os seus 2
cezinha do Bata
mil contos, o theatro
clan», de Gastão To
naci n d definitivo 1 fa-
jeiro; «O Embaixa
e to esse que já ga-
dor», de Armando
rante o titulo de pro-
Gonazga c «Morena
missor ao anno de
Salomé». de Corrêa O acato» /VT-iarisin<lo <ictnr.íig;}\ 1924J vai- transcrever
da Silva.
o que da nossa Arte
Em Maio a Sra. .UCÍlíí P e r e S t e n t o u , d e affirmou, apóz a estréa ela Companhia Abigail
mãos dadas ao sr. Antônio Ramos, reeditar o Maia no Urquiza, e> chronista theatral de «El
velho repertório das glorias de Dias Braga, mal Dia» de Montevidéo, a propósito da comedia
de que foi acomm°ttida, ha dias, a sra. Maria de Armando Gonzaga «O Ministro do Supremo».
(astro e no mesmo theatro João Caetano.
«Es esta de Gonzaga Ia primera
Tivemos ainda em 1923 a tentativa do obra cômica que se nos dá a conocer,
actor Christiano de Souza no Cinema Central, y nos resulta interessante ei apreciar ei
tentativa essa fracassada graças a uma formi- sentido que se tiene en ei teatro bra-
dável desorganização tcchnica ai liada a uma sen sileião de los motivos hilariantes. No hay
mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm
- AMERICA -
chistes. Esa pirueta antipática a que se )islancia em avião sem moto) 8.kioo,
obliga una palabra para que aparezca di- por ilioret. n'um apparelho Bardin, em Vau
e i e n d o Otra COSa q u e Io d e SU re d Si- ville, no dia _•(> d e Agosto.
g n i f i c a d o , tio existe hasta ahora y
por Io q u e llevanios visto cia ei tea- Duração em balões de /.« categoria
tro b r a s i l e ã o . N o utilizan t a m p o c o los i 9 h s . 4.Í111. p o r M. F l e u r y , n'um balão i
r e c u r s o s s i e m p r e eficaces dei m i e d o i r r e - 400 m 3 de hydrogcnio.
m e d i a b l e y pue-
ril, ni ai fameli-
i o. ni ai m a t o n
aparatos!) y co-
CA E LÁ
b a r d e , ni ai ma-
I In muito quem r!a
rido enganado
daa m i ^ i i s inlindm ris e Iti
ni a n i n g u n o d e
ÜVMIIICS ( e [atvei mulas )
1 s USU lies ti] os
t onb oversias grammatii aei
qu • en ei tea-
? quem exfranlie a falia de
tro riopl t n s e
IKH IIUIS | > O s i | i \ , i s , •-(••illi.is c
si- utilizan en
definitivas p o r a „ artedifficl
pi c c u r a de co-
de Falar tle es( i evci, N'fio
n r c i d a d h reda-
temos regras rirmes pm-.,i D
dos de Ia esce-
corocação de pronomes.
na h spaiiola y
emprego do infinito pessoal
fi an< c-/a .
impessoal é a CQÍPO menos
inconcussa que r x i s l r na
nossa língua. A única rc<j,ni
:;- ria
O movimento de vehirulos no sentido ela primir, inteiramente, os pontos ele pirada para
largura da cidade é grande, mas bem pequena automóveis, c•omprehendere-mos porque não é con-
6 a sua importância se o compararmos com ei tínua a circulação nas grandes ruas. A única
que se realiza no sentido do comprimento (o solução para estas eliflie iildades consistiria na
'<up-dovvn» dos norte-americanos). Para o mo- separação das varias classes de vehiculos por
vimento este-oeste ha cerca de duzentas ruas, vias differentes. 0 «Sub-way» (> o «Elcvated»,
ao passo que para o enorme transite) norte- sul exactamente porque têm um caminho que lhes
ha apenas onze grandes artérias prine ipaes, com e'- próprio, são muito m iis rápidos.
uma extensão apreciável e sem interrupção A segunda causa da lentidão no trafego
do ('entrai Park. sãc) os cruzamentos ele ruas.
Estudadas as causas da lentidão do ira O transito lcslc-ocste não '• grande, mas
concentra-se em certas ruas. com especialidade,
fego nas ruas congestionadas, e-ncontraram-se duas
e cerca de 90 0/0 de, trafe-go transversal são absor-
rausas principaes. vidos por umas elo/e ruas, talvez: aquellas que
A primeira d'ellas residia no facto ,.de tra- servem as pontes • os Kerry-boats.
fegarem, em uma mesma rua, carros, caminhões, A solução ideal para esta elif I ieuldade Se-lia
carros tirados por animaes, omnibus etc. Além a eliminação dos cruzamentos d'- ruas, n'estes
d'isso, salvo uma ou duas excepções, rua al- pontos em que o movimento c muito intenso.
O REGRESSO DO VENCIDO
Firpo ao chegar a Buenos -Vires, agradece, ela janella do trem. as saudações da
multidão apinhada na estação
Ha sempre espíritos investigadores que- pro- Segundo a idéa de Clark, o trafego trans-
curam resolver estes problemas interessantes c, /ersal cortaria esta grande artéria por meio de
quando apparecem soluções intelligentes. ha toda pontes (como nos mostra a figura) e com isto
u. vantagem em que d'ellas se dê publicidade, augmentar-se-ia, de muito, a velocidade do tra-
para que sejam aproveitadas como merecem. fego.
Está n'este caso a solução ideada por Ca- O accesso para o boulevard, ou a sabida
meron Clark para uma melhor circulação de
d'elle seriam feitos por meio de simples cami-
vehiculos na cidade de Xova York. Este norte-
nhos em rampa, partindo de cada cruzamento
americano imaginou um grande boulevard, com
de ruas. E o modo porque foram traçados estes
100 pés de largura (tanto como a nossa Ave-
caminhos sempre aos pares, um descendo e
nida Rio Branco -de edifício a edificio), pas-
outro subindo, evita habilmente a manobra para
sando pelo centro de Manhattan e em um nivel
a mudança de direcção, dentro do boulevard.
mais baixo que o nivel normal das ruas. Este
boulevard deveria dar espaço para quatro linhas De accordo com esta idéa, o carro que
de trafego de carros em cada sentido, cona uma quizer mudar de direcção será o único caceteado
linha extra de cada lado para os carros pa- com a manobra a fazer, em vez de obrigar
rados. os demais carros, de ambas as dirécções, a mo-
Para fazermos uma idéa da importância da dificarem as suas marchas por causa d'elle.
solução imaginada, basta que comparemos a ca- Clark imaginou traçar este boulevard na
pacidade da s\a Avenida, que é de 3.000 carros 2.a Avenida, fazendo-o seguir atravéz da Cana)
por hora. com a que teria este boulevard com Street e da Canal Avenue até ligar-se com o
os seus 18.000 por hora. Riverside drive.
sX;O0<X> \ 0 têm coração, nem romantismo, nem Pela sua historia e por esse mesmo es-
N
3 .M
o |Mo
ancias infinitas de amar e de ser
amadas ? . . .
— Pff!
pirito de sacrifício que vocês negavam que se
pudesse aninhar nessas almas tão propensas aos
formosos c redemptores sonhos do coração. Du-
— Falta lhes espirito ele sacrifício . . . vidam ? Riem burlescamente ? Sou ca que os la-
— Quem disse isso ? mento, porque vocês, tendo olhos, não vêm, e
Esta conversação era travada nuna café-can- tendo ouvidos, não ouvem.
tante entre vários amigos, o primeiro dos quaes, Sim. Marina. Marina Guerra, epie foi noiva
um pintor famoso e ao mesmo tempo inspira - do pobre Guilherme Alvarez.
dissimo poeti. era o que falava com tanta ve- Do que morreu no accidente de avia-
hemencia das raparigas que em outras mesas ção ele- Citruénigo ?
distrahiam os seus ocios ingerindo absurdas e Isso! Do que se suicidou.
diabólicas bebidas. - Ha de tudo no mundo, affirmou o ar-
Douradas mariposas attrahidas pela luz dos tista. Guilherme Alvarez suicidou-se quando, ar-
jalanteios, nella queimavam as azas dos seus ruinado, se viu perdido e não quiz manchar
sonhos, passando a vida na doce interinidade a o seu nome com nenhuma acção indigna. Co-
que as condenanava o seu sexo nheci-o. Fui testemunha das suas
e também a sua própria significa- primeiras loucuras, quando, ape-
ção social. nas sahido da Academia, se fez
Pobres bonecas! Pobres peque- aviador pelo seu amor ao extraor-
nas inspiradoras de tantas nov el- dinário e ao perigoso. Foi então
las futeis e transitórias! que conheceu Marina Guerra e
se entregaram ao seu trágico idyl-
Ahi está a Marina Guerra,
lio. Guilherme, filho de uma fa-
aerrescentou o pintor indicando
mília rica de Cadiz, vivia com
uma mulher de lueto e elegantís-
tal independência que não que-
sima, porém muda e espectral
ria receber dos seus pais a me-
como uma sombra, que, oceulta
nor ajuda.
aum dos ângulos do salão, pare-
cia perdida num mundi) ele lem- Desertor de todas as Uni-
branças, evocaçetes e presentimen- versidades e Escolas, entrou para
te.s. —Ahi está ella! uma. Academia onde se fez avia-
— Ah! A M a r i n a . . . disse outro. dor, como ficou dito, pela anciã
— Parece louca, commentou um de novidades e pelo desejo ele
terceiro. aventuras. Occultando a sua mo-
Mas louca como a nobre desta posição, vivia junto de Ma-
Ophelia immortal e eterna, insis- rina, z quem pintava o seu des-
tiu o pintor. Ahi está como ele tino e a sua situação com co-
costume, absorta e petrificada res lisongeiras, empenhando-se e
empobrecendo, sem que edla sus-
como uma esphinge dolorosa e
peitasse a verdade. Dessa falsa
incomprehensivel.
m unira ele viver sobrev. i -ram não
I
- Você a conhece ?
poucas d sv (-aturas, elas quaes a
— E a admiro.
menor não foi ter a família de
— Porque ?
- s AMERICA —
EL -O
TRAIDOR
(CONTO IITSTOKTCO) O
I
ras de granito, e luz, e neve. As terras perua- Um dia, um homem deu o grito de re-
nas, nesse tempo, convulsionavana-se numa es- bcllião. E r a pequeno de corpo, de olhos de
pantosa tragédia que até em nossos dias re- tigre, e feições duras. Coxeava de uma perna,
percute, sob o nome de «conquista do Peru», mas tinha una braço temível quando fazia brilhar
em estrondos de batalhas e tempestades de pai- a espada; ou a lança. Uma fama sangrenta cer-
xões. Entre os milhares de aventureiros, que cava-o de terror, pois, numa noite de tormenta,
se mudavam em feras ao jogo das ambições á frente de uiaa bando de aventureiros, des-
enormes, a uns attrahia a gloria immorredoura garrados na matta, havia erguido o punho
alcançada em prelios pela bandeira do Rey; cerrado contra o céu livido, insultando e amea-
mas a todos seduzia e arrebatava a perspectiva çando Deus. Ao erguer a voz de revolta, to-
dos thesouros que a terra trazia nas entranhas. dos os seguiram atrahidos por esse sentimento
E foi esse sentimento, que afogueava todos os de pavor e- admiração cruel com que os lo-
ânimos, que arrastara um dia, em Lima, essa bos humanos olham o mais feroz da alcateia.
multidão quasi bravia, á conquista de fortuna O nome de Lope de Aguirre foi acclamado.
como nunca fora ainda descoberta, nessa era ciai meio das arvores tirânicas^ c o bandido,
de maravilhas scheherazadicas. Falaram-lhes de após embeber o punhal no coração de Pedro
uma terra, onde as montanhas eram de sol de Urzua, fez-se proclamar mestre de a m t w
transformado em pedra rutilante. E havia ca- da expedição, e una fidalgo sevilhano, d. Fer-
choeiras verdes petrificadas, as jazidas de es- nando de Guzmàn, teve o titulo de general.
meraldas; e rubins sangrando no fundo dos val-
O assassino, numa assembléa na clareira da flo-
les; diamantes estrellando as grutas de ame-
resta virgem, empunhando o ferro ensangüen-
thista. Prasios, chrysoprasios, granadas c saphi-
tado, agitara as almas desses homens terríveis
ras. todo um pandemônio de radiações e co-
I
com as suas palavras roucas:
res, mergulhado no silencio sinistro das flo-
restas, onde o pello listrado dos tigres punha Eldorado ? Para cjue o queremos ? Eldo-
rado mais fascinante que ha é o
tonalidades flammeas. O sonho de El-
Peru. O céu foi feito para quem o
dorado allucinára os homens rudes
merece- o mundo, para quem o con-
na província ameríco-espanhola. Quan-
quista. Si quizerdes, o Peru será nos-
do Pedro de Urzua, fidalgo navar- so !»
rez, obteve permissão de partir á
E ante esse vulto impressionante,
descoberta das minas desvairadoras,
de cabellos ao vento rugidor da noi-
os aventureiros se agglomeraram em
te, as physionomids do- ex/pediçiona
volta de sua espada que apontaria, rios, avermelhadas pelo clarão de uma
como um cometa, entre as selvas fogueira vai illantc, contralairam-sc vio-
assombrosas, o caminho das rique- lentamente. Os olhos falsearam; e,
zas. E assim era que muitos dias mais rubros que a chamnaa da fo-
e muitas noites, em marcha in- gueira, arderam os corações.
cessante, atravessaram o mysterio *
dos sertões, travando lueta contra • *
as feras, transpondo os rios e
A multidão que partira em busca
- AMERICA -
A C H R O N O P H O T O G I Í A P H I À DA E S G R I M A
U m a série de curiosos documentos obtidos com o apparelho chronophotographico de Marey e
que mostram a decomposição de um golpe de esgrima.
de Eldorado rareara, tempo, depois. Eram cha- pois do banditismo, era o homem mais frio de
mados os «maranones». e oitenta delles exis- todos, nunca .se presentiu em sua fronte
tiam sob a bandeira de Aguirre: um pedaço sombra do remorso. Ha dias, no entretanto, vive
de tafettá negro, cortado por duas espadas ver- afastado e sombrio. Murmura e gesticula sosinho
melhas, em cruz. E m noite de luar muito bran- como um louco. Parece que o persegue uma
co e haacio, próximo a um «pueblo» de Venezue- turba de espectros. Embalde se desmandou era
la, um dos aventureiros que obedeciam ás or- novas atrocidades: o sangue já o não alegra í
dens do bandido, chegava a uma grota, onde incita. Pela manhã de hoje, ao despertarmos,
um homem o aguardava. Desceu do animal res- houve assombro em todo o acampamento. Aguirre
folegante e tirando o largo sombrero, saudou mandara buscar ao «pueblo» um dos frades mis-
aquelle que o esperava. sionários, para ouvil-o em confissão. E como
— Galindo, falou este, ha muito que te es- esse não o quizesse absolver, ordenou que o
pero, bem duas h o r a s . . . Ha suecesso g/ave no enforcássemos . . .
acampamento do traidor? — Por Deus! — clamou o que fora cha-
O que chegara, enxugando o suor que lhe mado de Melendez E quando será enforcado
banhava a fronte, sentou-se a um jaedrouço. e o santo missionário ?
disse: E como se erguesse para saltar sobre a
— Sina. Melendez. Aguirre. que como sa- sella do s e u ginete, Galindo prendeu-lhe o braço:
bes é hoje o único chefe dos anaranones», — Ha tempo, Melendez. Amanhã somente
anda transtornado nos últimos dias. OutCora, esse o frade será assassinado. O que preciso é di-
miserável tinha uma frieza incrível, fora de com- zer-te porque tenho trahido Aguirre
bate: uma serenidade pasmosa, na intimidade. — Sim, não atino com a razão. Nem pedes
Na invasão dos «pueblos» da Venezuela, ma- ouro, nem outro galardão, atraiçoando o Traidor...
tando, saqueando, incendiando, elle não se trans- — E ' o que te contarei agora, Melendez.
figurava senão pelo ódio que lhe cerrava os E sentando-se novamente, falou pausada-
dentes rangentes, e inflammava-lhe os olhos. De- mente:
AMERICA -
I
nenhuma atrocidade em Potosi. Foi numa noite, — Segui-o. Nas suas traições teve-mo elle
como esta, lavada de luar, que o bandido, en- sempre por testemunha. Perdi-o de vista quan-
cabeçando a rebellião que tanto sangue derra- do partiu em companhia de Urzua. E, pas-
mou na região do ouro, deu largas ao seu ins- sado muito tempo, ao saber de seu paradeiro
tineto de fera. A primeira idéa que me veio pila noticia de suas crueldades nesta região,
nessa noite trágica foi o ódio que Aguirre para aqui me fiz de viagena, e alistei-me entre
nutria surdamente contra Hinojosa. Eu morava os «maranones». Mas os soldados do Rei che-
então além das minas, ao pope da montanha, garam próximo ao acampamento. Soube que tu
quando um dos creados do corregedor, escor- os commandavas, c decidi entregar-te Aguirre.
rendo sangue, veio morrer a meus pés dando Tu o terás amanhã, ao romper do sol.
1.W/ RH 1
Sinistro, Aguirre. em sua choupana, mais J.i então os soldados de Melendez, guia
hediondo que nunca, pois em seu semblante dos por Cristobal Galindo, tinham oecupado o
h a \ i i como que a sombra de um í aza satânica acampamento, prendendo os rem inescentes do
murmurava palavras que aterro bando que trouxe em agonia as
rizavam a sua filha, e a amante. opulações andinas, nesses tempos
a celebre Torralba, que 0 havia se- revoltos. Contam os chronistas
guido cm todas as jornadas. A qúe o Traidor recebeu rindo
lu/ do sol que illuminára, i bei- s soldados, apontando para o ca-
ra do carreiro, o oscillante cada iver cia filha, que apunhala
\cr do frade, alumeau as feições ra. Cristobal Galindo, que cr,,
desse homem mil vezes assas um dos primeiros a cercal-o, er-
sino. < i miserável, a quem os li gueu ao hinibro o arcabuz c des-
menhos tinham qualificado, pelas pediu o tiro.
suas atrocidades. 11 loco Aguir- Aprende a atirar, perro!
re scismava negros pensamentos -gritou-lhe Aguirre, ferido no bra-
que lhe davam aos olhos reflexos ço.
infernaes. Ao segundo projectil, que o
Matei muito disse elle. attingiu em cheio no peito, ba
em dado momento. á amante que queou pesadamente. Mas não an-
se achava abraçada á filha a um tes <1<- chalacear ainda:
canto Matei, trucidei. Agora Ah ! este foi cm regra!
sinto que vou morrer: espalhei
tanto sangue que VOU morrer afo-
gado em suas ondas. Todos me 1J •, \
E assim morreu aquelle cuja
amaldiçoam, própria natureza tradição perdura ainda na memó-
me odeia. As montanhas têm uma ria de algumas povoações de Ve-
expressão de raiva, em seus perfis, quando as
nezuela : Colômbia. A cabeça de Aguirre: con-
olho. Odeia-me a luz, c a t r e v a . . .
servou-sc muitos annos. encerrada numa jaula
E mirando a filha que se abraçava á de ferro, num «pueblo» á sombra dos Andes.
Torralba, assustada desses contínuos divagares de E ' o que nos contam os chronistas, entre os
seu abominável pae. Aguirre teve uma idéa hor- quaes Ricardo Palma, fazendo que esse lypo
rorosa. de legenda infame nos surja aos olhos, cercado
Tu \aes ficar no mundo, após a mi- de uma nuvem vermelha e de uma revoaJa
nha morte! - exclamou — Nunca! Nunca per- de abutres . . .
dure sobre a terra o sangue de Aguirre. Fi-
lho ou filha que ficasse depois de eu ser pros- l l u a c j r «le \MIKII>A
trado. perpetuaria uma raça de malvados, e de
naaldictos. O maior malvado e naaldicto, sou eu.
em minha raça: e eu quero que essa desap-
pareça.
As pessoas fracas são as tropas ligeiras
Neste momento, na entrada do valle. es-
do exercito dos maus; são mais maléficas do
tendendo-se na manhã radiosa. rebentou uma
que o próprio exercito: infestam e devastam.
íanfarra de cometas.
— Ah! os realistas! — bradou o bandi- CUAMIORI
— AMERICA
OS JARDINS PE
LUXO
Ao la-lo da resi-
dência confortável, ex-
lende-se o jardim cui-
dado, em Ioda a sua
elegância moderna, os-
tentando a sua ter-
rasse, o seu cara-
manchel e a profusão
das suas flores varia-
das.
E os raios alegres
do sol projeclam som-
bras avelludadjs que
lambem as columnas
com uma indolência de
caricia . . .
o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o ooooo ooo
A VELHICE DE LAMARTINE A joven olhou ainda uma vez o ancião
que se afastava, comprehcndeu a crueldade de
uma tal miséria num tão grande coração c bai-
f~\ G R A N D E poeta francez teve uma ve-
xou a fronte, sentindo que os seus lindos olhos
lhice lamentável. A propósito. Mon-
se humedeciam . . .
selet cita esta passagem pungente:
E r a uma tarde de musica, nas Tulherias.
Uma moça muito elegante, acompanhada duna
rapaz não menos correcto, voltou-se para um
ancião apertado na sua sobrecasaca de golla alta í ENCERAOOR e LUSTRAOOR \
e que tinha «uma cara de águia c de .avalio •Y-
<r
inglez». Ella mostrou o velho ao seu compa- de Moveis, Pianos, Armações, etc. <r
Y <f
nheiro e poz-sc a rir.
Então um escriptor em voga approximou-
se da moça e perguntou-lhe: X EDUARDO MENEZES
— Conhece o nome desse velho que a faz
rir ? t Rua S. Pedro, 142 Tel. N. 1488 t
.Absolutamente.
L ' Lamartine!
LIPTON
'^saMísa?
*"«c-2
« > » * • ' - »--r-víO"-' • -'""-
" * s * ~ -r-->->.-.
Os chapéus simples e graciosos Os simples chapéus que ahi se
Depois de haver recorrido a vêm possuem essa alta qualidade:
todas as extravagâncias, o futu- a de fazerem realçar, graças ás
suas linhas elegantes, a belleza
rismo inclusive, a Moda parece
e ,, graça dos rostos femininos.
ter reconhecido que em chapéus,
como em tudo o mais, a simpli-
cidade é a suprema lei da ele-
gância.
UMA ANECDOTA
rigia-se um pobre diabo de advogado omeii-
cano ao Far-Wesf para ahi tentar fortuna.
A u d a c i o s o em exlrcn.o,
(ornou logar no Irem sem se
munir do bilhefe de virgem.
O seu bilhefe, faz lavotr
— N ã o o tenho, respon-
de o viajante de contrabando,
mas faço parle da redacção
do D a i l y N e w s de Naslivil-
le...
— À sua carfeira de re-
dactor ?
— Também a não tra-
go...
— Então o s:nhor hade
pagar a viagem, a não ser
que o director do D a i l y News,
OS CHAPÉUS ELEGANTES que viaja neite frem o reco-
nheça,..
D o i s lindos modelos de c h a p é u : o primei- Seguindo o corredor que
ro, cloche de feltro malva com plumas, creação atravessa Iodos os trens ame-
Alphonsine : o outro, de seda preta e rajada de ricanos, chegam os dois á
branco c azul. modelo Suzanne Castelli. \ presença do todo - poderoso
director do D a i l y News, a
quem o cobrador explica o
O í>
situação i r r e g u l a r do seu redactor. O dircefor lança um
olhar sobre este e hesita um insfenfe.
AS CAPITÃES DO NORTE
Vista parcial da cidade de S. Salvador, Bahia, tomada de um avião. Vêm-se a praia de Nazareth,
o pharol de Santo Antônio da Barra e o forte de S. Marcello.
CD CD CD
A S y l vio rigueiredo
V.
i OS DIVÓRCIOS IMPREVISTOS
"1
.1
S I se fizesse um catalogo dos motivos de divorcio admil-
lidos nos Estados Unidos, fer-se-ia um documento
bem curioso. Não se passa um dia sem que se apre-
Mas com os preços acfuaes, nem se deve p;nsar nisso, sob
pena de ruina. O s dois esposos pedem autorização de
procurar, cada um do seu lado, um cônjuge mais con-
sentem casaes ao tribunal, a reclamar a sua separação por veniente.
um motivo novo. Tal oufro, ainda, havia prohibido, desde o dia do seu
Tal marido quer abandonar a esposa porque tem a casamento, que a sua sogra viesse vel-o. Elle lhe fixara
idéa particular de que um lar não deve durar mais de mesmo um secfor de circulação. Fizéra-lhe a prohibição
sete anr.os. E aliena que os cônjuges, nesse lapso de tem- absoluta de morar a menos de dez milhas da sua casa. E
po, já se deram o melhor e o p;ior de si próprios. Conhe- como a infeliz mulher houvesse desobedecido á ordem, o
cem a fundo os seu 5 defeitos e qualidades. Com o prolon- marido julga que a sua felicidade conjugai está ameaçada.
gamento da co-habifação. elles somente poderão obter uma E a se empenhar em disputas inúteis, elle prefere a renuncia
repetição fastidiosa. Mais vale romper uma união do que e abandona a mulher.
conserval-a gasta e monótona ! Esses exemplos poderiam ser multiplicados ao infinífo.
Tal outro reclama o divorcio por incompat.bilidade de Mas o ponto mais curioso é esfe : nunca, nos Estados
legumes. A mulher, que é joven. bella e intelligente. seria Unidos, se viu tanto divorcio pronunciado por embriaguez
perfeita sem este pequeno detalhe . ella só gosta dos legu- do marido como depois do advento da chamada 'lei secca».
mes verdes. O marido os detesta 5i a vida fosse menos
cara. um e outro poderiam ter o seu alimento particular. Alberf A C R E M A N T
AMERICA —
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MARTINS FONTES
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PARNASO AMERICANO ^
Et JflRQÍM ENCANTADO
(El clavel; Ia rosa; Ia margarita; ei lirio.)
CASTANEDA ARAGON
(COLUMBIA)
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II
UM ESTABELECIMENTO MODELAR DE ÓPTICA
^
um profissional capaz, é um estudioso infa- torio clinico, de moléstias dos olhos.a cargo
tigavel dos problemas do oculismo. do illustre medico oculista Dr. R o d r i g u e s C a ó .
E m 16 de J u n h o do anno p. findo, deixou Os artigos de venda da casa. taes como
elle. espontaneamente, o cargo de chefe da óculos e pince-nez. "face-à-mains'". binóculos
secção de Óptica da Casa Vieitas, onde adqui- de campo e de theatro. e t c , são de urna impec-
r i u um graiade cabedal de conhecimentos, cahilidade a toda prova: e para justificar o
sendo cerca de H>U * * I o numero de pessoas que asseguramos basta-nos invocar o teste-
por elle exaiaainadas e, logo em seguida, acom- m u n h o sincero do immenso publico que hoje
panhado de todo o pessoal technico. seus em dia dispensa a sua preferencia a esse esta-
antigos auxiliares. installou o modelar esta- belecimento modelar.
OOJVtO SE CRÊA A. 3VT03DA.
:ulíé a grande desenhista das ir.aia apuradas elegâncias parisienses, srea neate seu desenho, que tem a íra?a
'sumptuosa e aristocrática 3119 caracteriza sempre as suas lllustraçôes, "um admirável modele de traje
de noits 39vero e gracica ' ", 9839 gênero de tcilette.
AMERICA —
O MOBILIÁRIO ELEGANTE
l*iii salão de bibliotheca em que o menor detalhe tráe um apurado gosto artístico.
POESIA^l
-ato -Z -ní?n-
Noite de iNatal LUIZ LAMEGO
SILVERIO ROSAS
0 G GD G D D ü 0 D
CHOPIN, O POETA DA MUSICA í
tí "% R E D E R I C O chopin nasceu a 22 de cobertos ele pétalas ele rosas; Frederico Cho-
tf' fevereiro de 1 810, em Zelazowa-Wol 1, pin amou com uma paixão desgraçada a uma
i v£> p ' r t o de Varsovia. (> seu pae, de mulher que nunca epiiz ser sua. Maria Wod/.ins-
^Bd^ origem lorena. era preceptor elo fi- ka. a polaca dominada pelo atavismo bárbaro
lho único da condessa Skarbcek. de um espirito de casta, desdenhou sempre o
A sua mãe, Justina Krzyzanovska, era polaca. artista quem só via quando este tocava. E
sobre essa funesta influencia exercida á distan-
Menino prodigio, Chopin dava concertos aos
cia, pela Mãe Pátria; sobre essa recordação
oito anno-,. aos dezescte realizou a sua primeira
inesquecível — una maço de cartas de Maria
excursão pela Europa ? em novembro de [831
deixou Varsovia para nunca mais voltar. YVodzinska achado entre os papeis ele Chopin
depois da sua morte - escreveu o «poeta da
Chegou a Paris e soffreu a desillusão que musica» o seguinte epitaplaio que o era da sua
a todo artista causa a vulgaridade cosmopolita vida sentimental: Moia breda! Minha desdita!
do boulevard. Mas não tardou em conhecer e
amar .10 Paris verdadeiro e um tanto hermé- Buscando esquecimento para esse mal de
tico ela- aristocracias: aristocracia do talento, aris amor. Chopin teve amores breves, entre os quaes
sobresahiram as suas relações com a condessa
tocracia do sangue e aristocracia do elin'ieiro.
de Agoult e cona Joanna Stirling. Mais tarde
Chopin havia ganhado uma peejuena for-
ahi por 1838, começou a sua lamentável liga-
tuna durante as suas viagens, entre 1827 e
ção cona George Sand: uma convivência sem
1831: isso permittiu que elle se installasse em
ternuras e sem comprehensão mutuas, que durou
Paris com um certo ruielo. Vestia com gosto
dez annos pela força do habito e que acabou
e cuidado apurados. Ornava os dedos com .ni-
em 1847, quando o maravilhoso pianista, ven-
neis .uni-o-, e preciosos e calçava, sempre que
cido pela tisica da larynge, já não era mais
sahia á rua. luvas brancas impeccaveis. As suas
do que uma ruina.
capa-, a- suas bengalas, as suas gravatas er,,m
copiada- pelos devotos daquella romântica ele- Os dois últimos annos de sua vida foram
gancia do tempo, que tão bem c|uadrava com de infinita amargura. A 17 de outubro de 1849,
o typo delicado e cona o caracter sonhador ao cahir da tarde, Chopin sentiu-se morrer. Com-
de Chopin. prehendendo que não veria luzir o sol do dia
seguinte, quiz expirar entre as suas devoções
1 ic-M- modo aquelle artista, eme ao ta-
de arte e os seus affectos humanos. Fez cha-
lento reunia a juventude dos seus vinte e una
mar a s suas amigas e as suas amantes. As ami-
annos. uma grande belleza physica e uma in-
gas vieram. As amantes, não.
superável distincçâo. viu abrirem-S2 para o re-
ceber com toda a honra as portas do., salões Acompanharam o moribundo, naquella noite,
menos .acessíveis dos jaubourgs Saint-Germain a princeza Potoka, a princeza Marceline de Vir-n-
e Saint-Honoré. Pouco depois de chegar era ne, a princeza Czartoriska, madame Solange Cle-
já Chopin o homem da moda em Paris: e singer e Gutman, o seu discípulo predilecto.
assim começou para o grande musico aquelle Antes do alvorecer Chopin pediu á prince-
caminho triumphal que za Potoka que lhe can-
devia ser de perfeita tasse o «Psalmo» de
ventura e que. por obra Stradella. A. princeza,
da fatalidade, foi de im- diante do pianno, cantou,
placável soffrimento até
a reprimir os soluços. As
á morte . . .
outras s-nhoras choravam
Frederico Chopin. que também, de joelhos, re-
inspirava paixões avassal- clinadas sobre o leito.
ladoras ás mulheres mais Quando a vóz da prin-
bellas e- queridas do Pa- ceza Potoka se extinguiu
ris de então: Frederico cona a ultima nota do
Chopin. a quem as suas - Psalmo», Chopin havia
admirad-.«ras recebiam em morrido . . .
sal">es cujos tapetes ha-
viam sido previam ?nte
Anlonio G. di LINARES
AMERICA -
E l l e c o m e ç o u .dni x„ e. n
« cdloo-- m
m ee <* li «» e«,, s e n d o e u u m a « g e m m a ' % nfto
d e v i a e h a m a r - m e ''Clara"»
AMI RICA —
J
O <p O O V Z~ O <? <? Q V -? Q O O & O O O » Q Q O O Q O O < > 0 0 0 0 < > 0
) V - < r—v
@ âifISf4
Tu, artista revél, na tortura inaudita
Desse tédio immortal, sonhador delirante,
Vives; e em torno a ti, em espasmos, se a&ita
A humanidade, — tôrva e barbara bacchante!
Para a tua alma, a Vida inclemente e maldita
É um inferno maior do que o inferno de Dante!
E o Mundo não comprehende essa angustia infinita;
E ha Alguém que não sente esse amor crepitante!
Soffres. Choras. Por fim. ás alturas elevas
Os braços, na afflicção das titanicas luctas,
E tombas, no amargor de um sudario de trevas!
As tuas ânsias, quem chegará a entendel-as?
— 0' grande soffredor, ó poeta, as pedras brutas
Não podem comprehender o sonho das estrellas...
1923 R O B E R T O GI1.
- AMERICA -
!
*
T H E A T R O E < \ S l \ O P A R Q U E !í A I A I C A I Í I O
Construrcão da Companhia Constructora de Santos
Capital — 3.000:000$000 S E D E :
Ik-,
Q X J JE3 J B JR. . A . 3XT - II
\() tem talvez, sentenciou & Seu menino não andava por ahi escapri-
dona, depois de olhar o Üando? perguntou a d°ua, que era já velhota,
doentinho; o que esta crea- mâscadeira de fumo, e muito sabida e.w «coisas
tura de Deus tem é que feitas».
branto. Neste mundo não Andava, «nhora» sim, respondeu a mãe
^^c falta nunca um capeta para do doente.
\\\ atténtar a vida de uma Pois está alai! elle apanheu q u e b r a n t o . . .
(// gente. Algum maligno olhou para elle, e o pobresinho
A cabocla, que j;i esta- está agora p e n a n d o . . . Tem máo olhado, ora
va toda se derretendo no si tem !
pranto d> choro, vendo que -E a dona sabe tirar? perguntou a ca-
o seu «quero bena« perrengava sem geito. con- bocla.
cordou com a donu e contou entre lagrimas
- Saber eu sei, mas aqui naesmn no ar-
que. para o pequeno ficar daquella moda, só
raial tem uma mestra disso.
mesmo coisa feita.
Quem é, inda que mal pergunte ?
Ia crescendo, com a graça de Deus, bona-
zinho deveras e puxando bem o seu angu. Es- A iiá Quiteria do Benedicto, aquella que
tava creando corpo, rodava a casa toda, em- mora no caminho do inunho, assim um tico mais
fina. para encurtar palavra, o pequeno era mes- p'ra riba.
mo «caboclo sarado». E a dena offereceu-se para ir chamar a ben-
Quando no arraial andou a tosse comjorida zedeira, cmquanto a cabocla ficava sentada ao
que foi um disparate, o damnado do menino pé do catre, onde o filho, caboclinho de seus
não teve nada. Brincava no brejo, quando o quatro annos, gemia baixinho de barriga para
sol estava de queimar como labarela, e nunca o ar, devorado pelo febrão.
apanhou uma febre, e até parecia que nem i O pae andava pelejando na roça para ga-
sezão brava da beirada do rio, na baixada das
nhar seus cobres.
águas, podia com elle.
Cona pouca duvida chegaram a dona e siá
De um par de dias para cá, pegou a fi-
Quiteria. atabafada num chalé, porque também
car assim só no canto, tremendo com uns ar-
não estava boa nem nada, cona umas saffocações
repios como no tempo de geada, em que o
que não a deixavam dormir.
frio urra numa toada: perdeu o «appetite de
comer» e achava tudo enjoado. 'Tou mesmo una caco, observou rindo,
mostrando as gengivas murchas.
C
Catarrhão não era.
Entrou no quartinho do doente. Siá Quiteria
Levou o pequeno a seu Chico boticário,
olhou fixe para o pequeno, palpou-lhe a barriga
que mandou dar azeitinho. que «estava que nem um tambor», e concordou
Foi uma campanha! O menino berrou como que era quebranto e dos brados».
um marruá, que não queria beber essa «por- -Mas olhe, disse dirigindo-se para a ca-
queira», mas, afinal, tanto engambellou, que bocla, não pegue a se arreliar dessa moda;
elle virou uma golada. com a graça de Deus, o pequeno não escan-
Qual! ficou assim mesmo, todo encorajado goteia ainda desta v e z . . . Eu tiro o que o
na cama e com uma canseira nos peitos como maligno botou no corpo delle e fica fechado
a dona estava vendo. p'ra sempre.
Voltou na botica, e szti A cabocla sorriu triste-
Chico disse que não era mente, esperançada da pro-
nada e achou que o gumi- messa da dona, que se
lorio cortava o mal de mostrava tão serviçal.
uma vez. Xão vê! Siá Quiteria desamarrou
— E o coitadinho de o lenço grande de rama-
Deus está ahi desse modo, gens e tirou de dentro
que é de cortar o roira- três raminhos de arruda;
ção, terminou a cabocla - enfiou um delles num vi-
muito agoniada, limpando drinho de a/cite doce, fa-
os olhos na ponta do pa- zendo três cruzes sobre
letó. o d n e n e , borrifando-o e
rezando & meia \o/. rosou fora os ramuihos lia de vêr que aquella c.mseiia passa num
e. depois, muito grave, pe.liu um fogareiro. átimo... Mas. foi um quebranto dos diabos p ra
A cabocla, muito espantada, disse que não riba!
tinha isso, mas .1 dona deu logo um pulo i E u b e m talei, a t a l h o u a dona, que nunca
casa e trouxe um com umas brazas muito vivas. falta capeta n e s t e m u n d o p a r a altentar uma gente.
Sobre ellas, siá Quiteria jogou benjoim, incenso Até amanhã1 Ponha seu coiiaçào» no
e .dl.i/em.i. saindo a defumar os quatro c ali
quieto. .' q u e , com a vontade de Deus, não li i
tos do quarto para botar para fora quebranto»
de üssuceder nada de mil ao pequeno.
veiu depois defumar o doentinho, que g-m-u
mais alto, >ng rizido com a fumaça. Saíram as duas velhas da casa de sapé
Vos estalidos das brazas, siâ Quiteria re- do caboclo.
zando, s irriu contente explicou que era a «por- () a r r a i a l i n o d o r r a v a ao sol d e d u a s h o r a s ;
queira que. e s t a v a sain Io n a s m a s .. c r i a ç ã o ciscava, c n a s a r v o r e s can-
A dona, mãos juntas, s -ntad.i num tambo- t a v a m os p a s s a r i n h o s , f u g i n d o ao r i g o r da c a l m a .
rete, rezava também, acreditando que ,. coisa Então, o pequeno como vae? perguntou
feita ha\ i i ile acabar. o Nico, lá de dentro da tenda tio sapateiro.
Inda tenho de voltar dois dias, aceres- á s'â Quiteria.
centou a benzedeira. Veja li: não carece Ass!m... E' quebranto brub >! respondeu
você estar nessa paixão tola, o pequena inda i v,lha.
ha de p e s c a r m u i t a piaba lá n o corgo q u a n d o m a i s
(i Nico sorriu descrente, achando uma bo-
g r a n d i n h o . Bote isso n o p e s c o ç o d e l l e : é figa
bagem; para elle não tinha que vêr o
d e G u i n é e q u e r o vêr qual é o i n i m i g o q u e
p o d e COm ella.
in nino estava carecendo de tom ir «lombrigueiro»,
No quartinho, o enfermo agonizava lenta-
Fez m e n ç ã o d e se r e t i r a r ; m a s cabocla,
muito a g r a d e c i d a , q u i / p o r força q u e ella to-
mente: presa numa fitasinha encarnada, sobre o
inass - um cafésinho coado d<- cagorinha mesmo». peito descarnado, já se ostentava a figa que
Eu fico obrigada, disse a benzedeira, ->, /. siá Quiteria havia dado.
para outra vez. Vá para perto do pequeno... Azevedo J I X I O R
OS IPAJFtGiTJES Xs^COIDEEtlSrOS
Una lindo recanto de parque silencioso e tranquillo onde uma plantação de peonias,
surgindo no mysterio das moitas, parece um cortejo alacre
em saudação á Primavera
A S P E C T O S DO P A I Z
Uma vista da praia José Menino, em Santos, tomada de um avião
Q ç o O d> O Q ~ Õ ~ Q o o o o o o o o~7>~õ~<> o o o o o o o o o o o o o o
^•••••••»
O h l J >eslVa!da o p e n d ã o , s e n h o f d o s v e n t o s !
J{l'ílllCl«' O S IVaillíislíCS I W u U l OS itíitlllI)01'OSl
E , mergulhado entre bulcões e açores,
d e r r i b a o s g r o s s o s m u r o s cios c o n v o n t o s !
iRacha a l b a r r a n s ! N o s feudos e v e r s o r e s
dos* m a i s r u d o s C a u d i l h o s t r u c u l e n t o s ,
d e s a b a si v o z t i o s q u a t r o f i r m a m e n t ô s ,
dlerrúe I o d a s sis c r a s t a s e | ) o n d o r o s !
L e v a as aldeias e os carvalhos, tudo
que puderes, no arranco, levantar
s o b r e si eoátieha t e r r í v e l dess*e e s c u d o !
L e v a ! E , ao sumir das trompas, ao calar
d o s t e u s g u e r r e i r o s n o Infinito m u d o ,
p l a n t a o l>alsão d o a r c o - i r i s s o b r e o m a r !
PADUA DE ALMEIDA
n// RICA -
E S T U D O S D E R Y T H M O
" A. d a n s a " , pose das dansarinas Marion Morgan.
A T1SSÂS1ISA VIDA
•J&
ÃO sabemos comprehender que em toda existência sibilidade de amar e de querer esquecem-se demasiado das
ha alegria e dor e que ambas são necessárias á dores materiaes da existência. Ha sem duvida pezares vagos
harmonia universal e á formação de almas. À fe- e complicados cuja elegância e distincção arrebentam os
licidade — que imaginamos em nosso sonho de vida supe- jovens que andam em busca de sensações reras e as lindas
rior — nunca é completa, e mesmo que a possuíssemos, senhoras ávidas de emoções refinadas; mas que são elles
breve nos fatigariamos delia, porque, segundo um profundo em face das tremendas misérias da inquieta humanidade a
pensamento de Maurice barres, ha uma cousa superior á procurar a luz entre as trevas invasoras e a lutar, pela sua
belleza : é a variedade. No dia em que ninguém mais accei- incerta durabilidade, contra a pobreza, o abfndono e a en-
lar o seu destino, o mundo saltará. Mesmo pobre e aban- fermidade ? A verdadeira vida não é a vida artificial e vã
donado, ninguém deve desesperar, porque não ha desgreça dos fantoches psychologicos que limitam o universo ao es-
completa e definitiva, como não felicidade absoluta. Tudo tudos dos seus pequeninos tédios iníimos e derramam, s o -
se entrelaça, tudo se attenúa, e a vida não é nem tão bôa bre a multidão de desgreçados que elles desdenham a sua
nem tão má como julgamos. piedade de dilettantes.
Todos os livros modernos cuja psychologia pretende
denunciar o mal do pensamento e a nossa dolorosa impos- Honrj B O R D E VI \
AMERICA -
L
O N T R A a crença geral Reniero Dozy, veio decalaindo desde o Califado de CorJova,
em Histor.a d:s Musulinanos da fastigio da sua perfeição e espiritualidade. Da-
Hcspanha, r.ega a imaginação dos quella maravilhosa civilização só conserva o or-
arabes->. O seu sangue, diz elle, gulho da procedência. Muitos mouros de Tetuan
é mais impetuoso e férvido do que o nosso, são conservam com amor, secretamente, as chaves da
mais fogosas as suas paixões, mas elles for- casa de Cordova ou de Granada.
mam o povo menos imaginativo do mundo.» O viajante a principio é deslumbrado e
E accrescenta que em religião não tive- confundido pela côr do ambiente, pela sensua-
ram mythologia. nem epopéia em litteratura. lidade do costume, pelo fanatismo de uma re-
A sua religião é «a mais -,simples e a ligião exterior.
mais isenta de mysterios». Os poetas «descre- Pareceria que o arabe desenvolveu as suas
vem o que vêm e sentem, porém nada in- demais qualidades para oceultar a sua falta de
ventam.» essência imaginativa.
Os contos fantásticos das Mil c uma noi- Si essa raça tivesse imaginação seria a mais
tes são de origem persa e india. Só têm de perfeita c a mais poderosa do mundo.
árabe o real. o costume e a anecdota.
A anciã g u e r r e r a , o seu maior atavismo,
O primeiro olhar do \iajan'.e encheu-se de
desapparece cona a civilização. A guerra se con-
luz e de côr. E pensou erroneamente que se
verte em uma imposição de cultura c de com-
achava diante do povo mais imaginativo do
mercio. Na retaguarda do imperialismo inglez
mundo.
ou allemão vão os navios mercantes e os oro-
Depois, no emtanto. meditou sobre essas fessores.
palavras de Dozy e achou-as verdadeiras. O sol
Essa raça tem, como nenhuma outra, em
provoca a sensualidade, o «colorismo», a reli-
alto grau, o senti io da arte, -o epieurismo
gião apaixonada. O homem dos paizes brunao-
para a vida, unaa simples e ardente fé.
sos é mais imaginativo e a sua religião t t m
um mysticismo d?licado. E m qualquer outra o artista, o sybarit.i,
o religioso, são casos isolados, homens predi-
Dahi o ter o gelado paiz escandinavo crea-
lectos.
do a potente mythologia dos Eddas c o não
Os mais toscos artífices bordam primoro-
possuir a Arábia de sol causticante nem ru-
samente com fios de ouro e de prata; pintam
dimentos de mythologia.
com muito bom gosto um ttifor, estampam de-
Talvez haja cases particulares que consti-
licadamente unaa carteira de
tuam excepção, apezar de não ser possível a
couro, a eiacadcrnação de um
existência de uma palmeira nos gelos do Norte,
livro; tecem luxuosos tapetes,
ou de una iceberg sob o sol do Sahara.
luminosas s?das de cores.
A raça árabe é antes contemplativa. Os Mas reproduzem continuida-
mouros fumam durante horas inteiras os seus mente um archetypo', um mo-
enormes cachimbos de kif, em que ha arabes- delo.
cos lavrados, e ficam-se a contemplar as vo-
Talvez 0 Proph li II.es hou-
lutas aromatícas. Admiram silenciosamente uma
vesse- prohibido a reproducção
bella paizagem. falham a rua vistosa acocora-
da figura, humana, não tanto
dos, arrímados a uma parede.
para e v i a r a idolatria, mas por
Ao vel-OS assim, imaginar-se-ía que elles es- haver notado ausência de ima-
tão a meditar ou a imaginar; no emtanto elles ginação na sua raça.
estão apenas em Icthargo. A visão e a idéa não Por esse motivo o artífice
lhes passa dos olhos adormecidos. mouro carpinteiro, ferreiro,
O kif, o hachish, o ópio, excitam a ima- tecelão, reduziu o ornato
ginarão do europeu, enchem-lhe o cérebro de das suas obras a motivos geo-
imagens de fantasia. A um árabe só causam métricos.
sornno. o próprio architecto nada
Imaginação parece o synonimo de evolu- imaginou. Dahi a uniformidade
ção. A raça arabe não evolue. tAo contrario, da cidade. 0 construetor faz
AMERICA -
os p.iMincntos com mármores nrancos e negros sua religião, diz muito tem Dozy, t
axadrezados ou com miúdos mosaicos de cores; o mais simples e isenta de nu sterioa
põe ladrilhos ,is escadinhas que vão de uma E por isso o Korão menos um livro
,i mura habitação, nos \ãos das janellas e das de regras espirita,ics do que um livro de IIOI
portas, nas columnas; estuca os te:tos cona ver- mas ile proceder na vida.
sículos do Korào; 0 carpinteiro, por sua vez, Assim, por exemplo, exige o Koiào iO'
construirá os seus lavores pintados, as portas crentes, quando tiverdes de (azei a oração, li
em fôrma de ferradura, e sempre 'do mesmo vae o rosto, e as mãos ali- aos COtOvelloS; Btl
modo. xugae a cabe,a, e os pés até aos tornozelos,»
Os themas da arte mourisca S3 reduzem, No enorme território islâmico ha dilatadas
portanto, a complicadas geometrias de cores. A regices sem rio, nem poço, nem manancial. O
geometria artística alcança entre os árabes um Propheta previu es'.e facto, ordenando que si
intenso desenvolvimento. Seria interessante, dado os beduinos não tivessem água, poderiam c ,
o seu instineto congênito, imaginar até onde che- fregar o rosto e as mãos «com areia fina e
garia a arte do arabe sem i coacção religiosa. pura.»
Seria uma apotheose de côr. embora reprodu- A única promessa que se faz aos que
zisse a vida tal qual é. cumprem esses mandamentos ê o Paraíso, um
<> arabe. dizíamos, é também um sybarita. jardim «irrigado por muitos córregos» e em
Gosta de (,avalies csbcltos, de mulheres for- que ha «virgens de olhos honestos».
mosas, de jardins, de cores, de musicas de simi- Para o christão c o buddhista ha um
ptuosidades, mas exclue cio prazer to Ia tdeali- Além illimitado e innumcravel que não se chega
dade. a descrever.
( 1 europeu intensifica o prazer <) beduino devia ser o homem
pela imaginação. O arabe busca a mais religioso dessa raça, por-
imaginação pelos grandes e nu- que para elle. symbolo da sole-
merosos prazeres, isto é. exlráe dade, um regato ou uma virgem
uma gotla de e s.-ncia de uma seriam a felicidade completa.
braçada de rosas. E no emtanto! é o mais soept co.
Ama i vida com epicurism O arabe sedcn'ario, mesmo que
como si nada esperi-s • do Além poss t conseguir na vila o prazer
depois ila m ute. < > jardim '• " prometlido, refugia-se no mysticis
Paraíso que lhe- prometle um mo para augmentar a mollicia.
c intinuado prazer exaltado e inel Tive oceasião de ver es:a cida le
favel. no Ramadan, o mez do jejum
E não é somente o homem da e da abstinência.
cidade que se rodeia de magni- E observei a rigor com que se
ficencias, mas até o mais rude guardavam os preceitos prophe-
montanhez. ticos.
E ' na niinuc a. no detalhe, que Durante o mez ile Ramadan,
que se vê a fina sensualidade o arabe jejúa todo o dia e so-
dessa raça.
Í Mesmo no café mais immundo
ha sobre as sujas mesas de
mente pôde comer entre o ocea-
so- e a aurora.
O homem um pouco descrente
madeira um grande ramo de flores. De vez admira essa constância na fé.
em quando acerca-se delle, para aspirar-lhe o
perfume, algum mouro miserável. E pensa em si ;. civilização não enfra-
Nesses cafés os mouros montanhezes pas- queceria essa fanática e ardente fé. Porque os
sam horas a combinar simples harmonias cona mouros que estiveram em Paris ou em Madrid
as duas cordas do guembri. Si 'elles tivessem já não guardam com tanto rigor o Ramadan.
imaginação, não lhes bastariam duas cordas para Si o arabe tivesse sobre essas qualidades
desenvolver a sua fantasia musical. a imaginação e perdesse o seu instineto cie
A' excepção do mendigo que extende a feroz individualidade, seria a raça mais poderosa
mão ou o prato de cobre, vestido com an-
e perfeita.
drajos, que é igual em todos os paizes, o
mouro mais humilde da cidade veste com cui- Corrêa - C^X^ÜEKO> T
o
Três « r a p a r i g a s ídeaes» p r e m i a d a s
p o r u m g r a n d e d i á r i o de P a r i s , s e m
m a i s oondieões q u e s e r e m bellas
e i o a s . . . P o r q u e e s t a e «raparigas
ideaes» n ã o o o n h e c e m Historia
nem oornprehendem Shakeapeare.
-o
?
GRUPOS KOHLER
FABRICADOS PELA Co. U. S. A.
Para .Iluminação electrica de:
FAZENDAS — ESTAÇÕES — ESTRADAS DE FERRO NAVIOS
DE GUERRA — MERCANTES — ETC.
.1-
AG-EUNTTES E DEPOSITÁRIOS:
1
- AMERICA —
CATECISMO
(EJrt-A-Ca-JVIEISrXO) |
TLIRBA juvenil dos alumnos marche desencontrado, cona paradas bruscas para se
do catecismo era recruta- resolver unaa questão entre dois meninos que se
da, de rasa em casa, por disputavam o lado de fora da calçada ou para
devotas diligentes que, á esperar o fedelho tresmalhado que lá ficara,
frente do batalhão de fu- á esquina, a amarrar os cordões do s a p a t o . . .
turos soldados do Senhor E a caminhada proseguia. Adiante, razia-
(e quantos desertores!) se de novo alto ena frente ide outra casa de
se dirigiam á igreja com aspecto rebarbativo. Batiam-se palmas. Uma cria-
um aprumo de caudilhos, a balouçarem sobre da negra assomava ao flanco do prédio, lim-
o peito murcho a sua insígnia pendente de pando as mãos ao avental, espiava estupida-
uma fita roxa enlaçada ao pescoço. nacnte, interdicta; depois eclipsava-se. Decorriam
Á hora do termo das aulas dos collegios minutos. E de súbito, abrindo uma porta com
leigos, ellas sahiana a arrebanhar os pequenos estrondo, sahia da casa feia e carrancuda, como
legionarios. num trabalho farigante, serviçaes para una lepidoptero da crysalida, uma menina gra-
com Deus, com os sacerdotes e cona os pães ciosa, cona os cabellos cacheados, um laço pe-
dos catechumenos. E r a a hora em que as crian- tulante pousadoj sobre a cabeça como uma gran-
ças, pela prolongada reclusão numa sala de es- de borboleta rubra. E vinha, sorridente, no
cola, ás voltas com estudos complicados e mui- curioso e bamboleante passo infantil, que choca
tas vezes fastidiosos, fizeram jus a uma liber- um contra o outro os jojlhos; descia como una
dade plena, ao ar livre, nas tardes lindas da passarinho, saltitante, os degraus da varanda,
nossa terra, onde pudessem dar expansão á sua empunhando o seu catecismo encardido; e mis-
turava-se no grupo, acolhida entre murmúrios e
alegria natural, como os pássaros a que basta
afagos.
espaço e um raio de sol -para que desfiem
das minúsculas gargantas o rosário dos seus gor- O bando engrossava sempre. Faziam-se vol-
geios dionysiacos. tas estafantes pelo centro da cida-
É conhecida a alacridade com que de, contornavam-se os longos quar-
as crian;as deixam a escola, dissemi- teirões, em marchas e contra-mar-
nando-se ruidosamente pelas rua?, de- chas intermináveis. De caminho, as
pois das horas de circumspecçâo im- crianças contendiam por um objecto
postas pelo estudo. Cantam, com o achado nas calçadas, uma figura de
seu riso franco, o epinicio da liber- carteira de cigarros, unaa ponta de
dade reconquistada, o hymno espon- lápis ou qualquer fragmento de me-
tâneo que rompe de mil peitos inc;n- tal. Á porta dos armazéns apanha-
didos por um sangue novo. e que vam-se mancheias de grãos de milho
rola por mil boceas soffregas de vida, que eram roidos por desfastio. Me-
a marselheza que os impelle ao assal- xia-se com os cachorros nos portões,
to das arvores, na conquista dos fru- para provocar alarido. Subitamente,
ctos tão amados . . . nova parada, novo companheiro para
as fileiras. Até que se chegava ao
Mas vinha a senhora do catecismo poial do templo. Entrava-se. O con-
e consumava-se o esbulho. Largava-se traste da penumbra com a luz de
ás pressas sobre a mesa o livro de fora desgostava una pouco. Mas os
leitura, engulia-se rapidamente uma aspirantes á gloria celeste eram dis-
merenda; e, tomando do Catecismo tribuídos promiscuamente pelos ban-
da Doutrina Chnstã, <> recruta con- cos, no meio de uma confusão bas-
fundia-se no grupo que, impaciente, o tante ruidosa para ser uma irreverên-
esperava á porta. Adeus, jardins e ar- cia . . .
vores, e areias das praias I O bando
Para quem olhasse de longe
rompia, a d ó s de fundo, num marche-
- AMERICA -
ESTABELECIDA EM 1736
•c^»
BARRACA F E R R O CARRIL
LOISTA. IDE L I N H O ,
L O N A IDE A L G O D Ã O ,
L 0 3 X T A IDE J U T A ,
BE-EVE IDE A L G O D Ã O ,
B E L V H D E LiaSTECO.
Correntes de F e r r o , Moitões e Cadernaes Galvanizados
Sapatilhos, Gatos Singelos e Dobrados, Âncoras, etc.
O c i n e m a n í l o nisiiss s e r á mudo
audições phonographicas e sufficientemente for- O apparelho lem tal sensibilidade que pôde
te para -er ouvida em todos os pontos d is ma- ser collocado a uma distancia sufficientemente
iores salas de espectaculo. larga dos a d o r e s ou dos iust nimentos para qui-
6.0 Registrar os sons ., una canto do nada appareça na pellicula exposta simultânea
film bastante estreito para não reduzir sensi mente.
t/elmente ., dimensão das imagens. Isto signi- As correntes telephonicas geradas pelo mi
fica que o registro photographico dos sons deve crúphono são evidentemente de muito fraca in
ser tal que a largura ou a amplitude dos tra- tensidade; mas consegue-se amplificai as vários
ços seja constante. Para isto milhares de vezes por meio
é preciso que as variações ile uma série de amplifica
sonoras sejam interpretadas dores de lâmpadas (esta
photographicamcnie. não por Lâmpada é o audkm e vere-
linhas de differentes dimen- mos, a seu tempo, que só
sões, mas de igual com graças a t l l e ponde ser n a
prinaento e mais ou menos lizado o film falante). K'
cerradas. Ena outn s termos, preciso, com effeito, que el-
o registro luminoso deve to- les possam chegar a mo-
mar a forma de braços pa- dular uma corrente alterna-
rallelos que risquem toda a da de alta freqüência for-
largura da faixa a elle re- necida também por una au-
servada, traços e-ses extre- dion, mas, neste caso, por
m imente finos e sempre per- um audion gerador de on-
pendiculares á direcção em das. Essa corrente de alia
que corre o film.
freqüência atravessa um pe-
E ' claro que estabele- queno tubo cheio de uni
cer princípios é uma coisa gaz judiciosamente escolhi-
c outra achar o meio de do, chamado photion, se-
applical-os. De gundo uma sug-
Forest e os seus gestão do pro-
collaboradores Lt fessor Wood.
gastaram, com
effeito, mais de Essa lampi-
quatro annos de pada photion ê
esforços ininter- collc cada no in-
ruptos para terior do appa-
preparar o pro- relho de projec-
cesso que vamos ção, num pon-
descrever e que to em que o
emergiu de nu- film se desenro-
merosas pesqui- la com movi
zas e tentativas mento continuo
em cujos deta- a cerca de vin-
lhes não entra- te e cinco cen
remos. timetros da ob-
jecliva ( s a b e
Vejamos pri- s" que, junto
meiramente o re- desta, o film é,
gistro. De Fo- ao contrario,
rest r e p e 11 i u animado de um
(AKICATÜRAS DE EÜTUEM,AS...
como impróprio movimento sacu-
o naicrophono de tUarp Pickford, Hila Haldi e Horma Talmadge, segundo o lápis maldoso de Kliz dido, para per-
diaphragma e mittir a photo-
substituiu-o por um microphono thermico. Este graphia das imagens uma por u m a ) ; sob o ef-
instrumento contém, um certo numero de fios de feito da corrente de alta freqüência, a lâm-
platina muito finos e curtos que são aquecidos pada irradia ccns'antemente uma luz violeta-rosa,
ao rubro por uma fonte local de corrente electrica á qual a emulsão photographica é muito sen-
Quando se emittem sons diante desse apparelho, a sível; o tubo é collocado num apparelho cine-
resistência dos fios á electicidade varia continua- matographico de tomada de vistas, de mode-
mente, mas de perfeito accordo com as variações; lo commum.
de extensão das ondas de sons. A luz irradiada pela lâmpada photion c
concentrada por unaa lente sobre uma fenda ex-
cessivamente fina, aberta a prumo sobre uma
AMERICA
orifício pass.i lu/ de uma pequena lampa tCran por Uma musica ou uni poema apropi ia los,
di de grande brilho que, atravessando a parte
referida, incide sobre uma pilha photo-electrica Notemos, para terminar, que, si supprimii
de sulphito de thalio. Convém lembrai- que o nios as imagens ao film falante, restai nos ,i um
sulphito de thalio. como o selenio e o potássio, t il in talado ou de musica. I>ra, nenhum disco
tem i propriedade curiosa de mudar de capa- phonographico poderia apresentar uni registro t&o
cidade de resistência ele. tri. a segundo o grau fiel. e nenhuma agulha seria capaz de o re-
de illuminação a que é submettido. Mais ou produzir sem o menor attrito. Além disso os
menos illuminada, segundo a densidade das li- discos são pesados, frágeis, CUStOSOS e Se es
nhas que [lassam diante do orifício, essa pilha. i r.inam rapidamente.
que foi consideravelmente aperfeiçoada por Theo- A invenção de de Forest constituo por
dore \Y. ( a s e . collaborador de de Forest. re- tanto uma dupla revolução, pois que ao mesmo
transforma ena correntes de intensidade variável tempo transforma o cinema c prometle sulisii
os sons photographados sobre o film. Como no tuir o actual apparelho phonographico por um
a d o do registro, inteiramente novo,
uma bateria de três isento de todos os
lâmpadas audion inconvenientes d o
amplia cerca de mil seu predecessor c
vezes o valor' des- tão próximo da
sas correntes, afim perfeição quanto
de que estas pos- humanamente s e
sam accionar os po- pôde pretender,
r n t e s alto falantes flené BROCARD
dissimulados por
K
traz do ecran.
Isso não quer
dizer que os sons
&$
O REI
r produzidi s sejam
mil vezes mais for- N/1 t n i : dó, nas IJU-
tes do que os sons ' ' radas, o papel
originaes. pais ha do boi, animal bionco
entre o reg stro e — mas cheio da no-
breza respeitável de
a reproducção uma
toda bronquidão hon-
enorme perda de rada e séria—posto a
intensidade. luclar com uns maca-
cos enfeitados, que
ora fogem para aqui,
I alvez ao leitor ora Se escondem alli.
*L ora se esgueirani aos
ocorra a pergun- botes, bobeando o po-
ta: bre ani nal com umn
capa vermelho. Não
— Deve-se desf-
iar que os actores >M ha lucla. O boi, toma-
do de cólera, investe
de cinema falem contra o inimigo, para
e cantem ? se bater á n oda he-
róica, de habito entre
Não, responde- os seus. Mas só en-
remos. Esses acto- contra vultos fugidios,
O IRRESISTÍVEL HAROLDO miragens de homens
res não têm com
O jovial arlis'a. cansado de fazer rir o publico, vae para jurafo da esposa que se somem ante
certeza vozes agra-
que o olha desconfiada, temendo uma nova farça... sues marradas. Por
dáveis : alguns pos- fim o (ouro, compre-
suem uma linguagem incorrecta, outros não co- hendendo o papel grotesco a que o obrigam, embezérre,
nhecem quasi a lingua do paiz. Aliás, não se baixa a cabtça, com lagrimas de vergonha e dor nos olhos
deve procurar transformar o cinema em theatro. bondosos, e não se presta méis ás sortes.
E ' verdade que ha numerosos casos ena que a O papel do boi será idiota, mas o do toureiro é
vil.
introducção conveniente de textos falados ou de No emtanto, o homem é que é o rei dos animaes...
selecções musicaes augmentará consideravelmen-
te o interesse de um film, quer sob o ponto Monteiro LOBATO
de vista artístico, quer sob o ponto de vista
recreativo ou educativo. Quem é feliz não pode morrer sereno. Fe-
Assim, algumas emoções, certos sentimen- licidade e morte tranquilla são termos antagô-
tos, só poderão ser expressos com justteza no nicos. Bertha von SUTTNER.
- AMERICA -
EXPEDIENTE
NUMERO ESPECIAL
l ' r « ' 0 0 : ISOOO p a r a t o d o o B r u s l l
(T""\ O S N O V O S P R O C E S S O S D E I R R I G A Ç Ã O i"£|N
I *O : :O : I
l : o o o o o o D A S CULTURAS o o o o o o : : I
::::::.':::::: f^A das operações mais necessárias á aquelle da trave uma armação metallica, á qual
li I I :: fertilidade das terras, e das mais estão fixadas as torneiras de rega.
•• I M " A água, fornecida por uma bomba especial
:: ^ ^ :: diffáceis, é a réea. E bom oneroso ou pela própria canalização da cidade, acciona
.. .• ° unaa pequena turbina situada na extremidade da
::::::::::::: S erá o trabalho para quem quizer viga. assegura o movimento do carro e vae,
fazer uma irrigação eopiosa c uniformemente dis- atravéz do reservatório longitudinal, regar as
tribuida. plantações.
Procurando solucionar esta difficuldade fo- Una systema de 4 polias, postas cm mo-
ram inventados os apparelhos de rega rotativos, vimento pela turbina,
os quaes apresentam entretanto o inconveniente por meio de una cabo
de exigirem que se sem fim. move o c a n o
regue duas v ezes a n'um ou n outro senti-
mesma porção de ter- do. Um contrapeso im
ra para que se possa mobiliza as duas ro-
cobrir toda a superfí- das de um mesmo
cie do terreno. De fa- lado do carro, o que
cto. a juxtaposição determina o avanço
pelo apparelho rota- d'este. Quando e l l e
tivo deixaria espaços chega ao fina do cur-
sem á g u a ; ist -. en- so, encontra um es-
tretanto, não invalida barro, o qual, pro-
o seu emprego se con- vocando um balanço
sideramos a facilidade no contrapeso, faz com
extrema de sua instal- que entrem em acção
lação. as outras duas polias
Mas ha melhor. e estas, accionaado,
O apparelho repre- por sua vez o carro,
sentado pela photo- fazem-n'o voltar em
graplaia que illustra sentido contr.rio.
estas notas, permitte
Ha una dispositivo
que se obtenha uma
que faz com que cesse
irrigação abundante e a irrigação quando o
regular. sobre qual- carro pára. Coasiste
quer superfície de ter- elle ena que o carro,
reno, seja elle gran- em movimento, accio-
de ou pequeno, e isto na umabombaque t m
sem necessidade de por effeito abrir vál-
pessoal. A cousa é tão vulas situadas abaixo
engenhosa, que ofunc- dos syphões de ali-
cionamento completo mentação das torneiras de rega.
obtém com a manobra
d'este systema de ir- Assim jque o cano pára, pára a bomba e as
rigação automática, se válvulas se fecham automaticamente. Não ha, por
de uma simples torneira. isso, perda de água e os syphões conservam : se
O «Fluviose» (este o nome dado ao appa- sempre escorvados c promptos para quando se
relho ) c constituído por duas partes: uma fixa os queira utilizar.
• outra movei. A parte fixa consiste ena uma Aliás o nivel d'água é mantido constante
trave de ferro mantida a uma certa altura por graças a um flucluador que age sobre a compor-
meio de columnas fixas em bases de concreto. ta de admissão de água.
Ksta viga supporta uma espécie de caixa que A velocidade do carro é de (> metros por mi-
constitue um reservatório longitudinal de água- nuto, o que assegura uma irrigação muito regular.
O comprimento d'csta trave deve ser igual Pode-se diminuir o curso do carro, tanto quan-
to se queira, por meio de esbarros intermediários,
ao do terreno a regar. Sobre ella se desloca
um cano, levando em um plano perpendic -ular
-s,
iíS»-' - -
MOLHADOS E CEREAES
CASA FUNDADA EM 1852
*33èfBÊ*
IA
RIO DE JANEIRO
— AMERICA -
S
por ella, espalhanclo-a por onde passe; inten-
areia que ao mais leve sopro se tando divertir-se e aborrecendo os seus simi-
levanta em torvelinhos, sepultando Ihantes.
tudo o que encontra em seu ca- E não contente com isso, trata de coni-
minho. Respira-se p ó : pó na roupa, no cabello, municar seu tédio aos que elle crê que se
nas sobrancelhas, entre os dentes que rangem... aborrecem debaixo da terra, tanto quanto elle
e nos pulmões. Sede. Sede! alli se sente o sobre ella.
que vale a á g u a ! Só o filho do deserto sabe Para esse fina, acampou em pleno reino
aprecial-a verdadeiramente. Cheiro, cheiro a ca dos reis mortos. Esse novo Barnum que ensur-
mello; alli tudo rescende a camello: o ar, as dece a mundo inteiro, batendo una bombo nunca
pedras, cs i n d í g e n a s . . . e os camellos. ouvido, habita o valle do silencio, goza o de-
Silencio! silencio absoluto; o silencio do- serto, os túmulos e . . . o «spleen».
mina, esmaga. E ' o reino do nautismo. A pala- Os dias suecedem-se ás noites e estas aos
vra destoa. Espera-se a vóz potente de Jehová. dias; uns atráz dos outros, todos iguaes. O
Crê-se . . . mesmo esplendor ao desapparecer do sol como
Depois da terra limitada, o céu sem li- á sua a p p a r i ç ã o . . . e o inglez imperterrito se
mites. <> gigantesco prisma gyra, passam as co- aborrece ena seu sitio.
res da palheta celeste uma atráz das outras: A enorme reclame resoou pela terra e at-
verde, côr da esperança — conaçJi é todo o des- trahiu gente de todas as raças, cores, gostos
pertar depois rosa. amarello. branco, azul. e categorias. Correspondentes, photographos, pin-
violeta, vermelho, ocre e de repente, negro, que tores, reis, millionarios, scientistas, cosinheiros,
se coalha de diamantes. Estas cores intensas, sem- egyptologos, pedreiros. Todos aqui pagam ou
pre as mesmas, ás mesmas horas, suecedem-se são pagos - tudo é negocio, o «business» mais
desde a c reação do repugnante que jamais
mundo, sem descanço. se fez cona um ca-
Nesse clima sente- dáver.
se c|ue sua própria Esse saque ena nada
pcllc íncO nmóda... e se assemelha ao na-
ii ni- e na bocea cm poleonico. Aquelle era
sabor a s a n g u e . . . No pela gloria. este é
meio de tudo isso . . . pelo dinheiro. Pare-
o Valle los r i,< ce que só se trata
<- debaixo de cada pe- de tirar as «pellegas»
dr.i um escorpião. ao publico: por meio
Ahi dormem os dos jornaes, do cine-
ph traós <> somno da ma ou do quer que
morte, rodeados de seja.
irtefacti s ridi ulos, Em compensação,
c sperando a total de- servem-se os despo-
composição do planeta jeis de um infeliz
pare acabarem de ser. que morreu ha três
Perturbando essa mil annos, enfeitados
paz secular... um in- c um as diversas bu-
glez. gigangas de um gos-
* * * to péssimo, que pa-
l i ri homem que se rei em tiradas do
aborrer e. Cançado de guarda-roupa de thea-
sc-us cachimbos, de tro de terceira or-
seus cavallos, de seus dem.
lie ores, de suas idéas Trastes bichados,
e de seu cérebro im- cousas sem arte nem
THEATRO BRASILEIRO razão; objectos que
pregnado de nevoa
britannica, intoxicado A actriz Sra. Abigail Mala só poderiam appetc-
- AMERICA -
O n t i n o NO \OKS<> i m : \ i 1:0
João Martins na revista "Posso desabafa?"
• ei um G u i l h e r m e I I . de nefasta memória.
B e n s q u e si fussem m o s t r a d o s i um be-
cluinci. s e r i a m q u e i m a d o s p a r a s e p a r a r o o u r o
do resto.
Do triângulo que forma o ser do inglez.
o l a d o mais i n n o c u o é, sem d u v i d a , a s u a vai-
d a d e , essa v a i d a d e b r i t a n n i c a que não sorri,
c o m o a latina que parece pedir desculpas
s e n ã o séria e e s t ú p i d a c o m o t u d o o q u e é
s é r i o . N o s s o h o m e m tem a f r a q u e z a d e q u e r e r
q u e (o seu n o m e p a s s e á historia, c o u s a fácil
q u a n d o se t e m d i n h e i r o .
A p e z a r d e t u d o se a b o r r e c e . A b o r r e c e - s e
p o r q u e termiaaou o p e r i g o , a a c ç ã o e o im-
p r e v i s t o : t r ê s c o u s a s q u e f a z e m a vida a g r a -
dável.
*
Uma tarde de modorra. depois de uma
r e f e i ç ã o p e s a d a e d e una vinho o r d i n á r i o , l o n g e ,
muito longe do club londrino • d e seu pri-
moroso bar. o nobre lord acabou por dormir
d e v e r a s e teve u m s o n h o . X ã o u m a visão c o m o
a p ô d e ter um a r t i s t a ou u m s c i e n t i s t a . n ã o .
T e v e u m a visão d e h o m e m rico... u m a v isão
d e film, p r e p a r a d o e c o n f e c c i o n a d o p o r uma
f a b r i c a a m e r i c a n a . . . e riu . . .
Viu bailarinas de «variedades", com pouca O PRETO NO M O S S O THKATItO
roupa e m u i t a p i n t u r a , d a n ç a n d o o ><shimmy». Manoel Ourães io cabo "Mau Nego" da tparita "Fiar tapuya
que me inspirasses um desmedido interesse eça congestionada, não sabia si pelo vinho, a
Agora que te vejo, maltrapilho e sujo, me in- má digestão, o calor ou a posição incommoda.
teressas ainda menos, pois me apercebo de que Estirou-se.
te conservaste muito m a l . . . Dir-te-ei sem inten- Coçou-se . . .
ção de offender-te que melhores que tu, temos - Sonho estúpido! aconteceu-me isso por
no «Iiritish» e em «Mme. Tusand's» . . . ter comido demasiado — Lembrou-se da prophecia
Então?... perguntou Tut um tanto c do extranho beijo. Tão ao vivo foi que pare-
molestado.
cia verdade. Ainda ficara a i m p r e s s ã o . . . uma
-Pois vim v e r t e por duas razoes: um comichão d e s a g r a d á v e l . . . Quanto mais cocava mais
pouco por vaidade e muito porque me abor- doia e até lhe pareceu eme havia, inchado a cara.
recia.
Procurou o espelho; viu qualquer cousa que
- E por essas fiivo'as se movia, que desusava
razões vens perturbir es debaixo de uma pedra.
que em paz esperam, sem Não fez caso. Encontrou
dor. transformar-se em o espelho s certificou-se
nada ? E porque os de de que a cara estava in-
agora não castigam aos chada. No centro havia
violadores de sepulturas? unaa pequetaa mancha ro-
— Já o advinho! E ' xa.
duro! Quando encontra- * * *
mos um desses beduinos Dois dias depois, era
profanando um túmulo, tão cadáver quanto Tut.
não o julgamos . . . vai * *
á forca. Os reis, por muito reis
— - Vamos!... já te que sejam e por muito
ciinipr hendo . . . Tu nos enabalsamados que este-
roubas para p o d e i s co- jam, como os outros se-
mer. Xão é isso ? res da creação, se decom-
— Não sejas tolo! para pêem. A vida, porém,
poder c o m e r - . . . não sa- continua em outra fôrma
bes que sou um illus e a que era rei é outra
tre lord. honra da scien- vez o que foi antes; um
cia. com muito dinheiro pouco de tudo: gaz. lu-
ê protegido pelas au- va, vegetal, mineral.
toridade- ? Talvez, com o tempo,
-Ah! E's um dos contribua para a inte
que mandam ? gração de um novo ho-
Mais ou menos. mem.
Vejo que o mundo O espirito se fôrma de
mudou p o u c o . . . Só o ac côrdo com o ambien-
rrajes e o penteado. te, e com as condições
Assim ,'. amigo do clima.
pharaó. Num clima generoso,
Como dantes; o o verme vil pôde chegar
mais forte faz o que a uma borboleta bella e
q u e r . . . Tem graça ! An- Os c a m p e õ e s europeus iuoffensiva; o mesmo, em
tigamente nós v en lamo-, Paul Marlin, campeão suisso dosflOOe dos 1.500 melros uni meio cruel, difficil,
os judeus, hoje os judeus nos v e n d e m . . . De amolda - se OU perec e Essa lucta cruenta deixa
forma que tu te sent -s m i l . . . Vaidade e aborre- suas pegadas tanto no corpo como na alma.
cimento . .. Também as almas se decompõem. A alma
— Accrtaste. do homem, que é <> Kosmos, não pôde se ajus-
Vou dar-te um remédio para as duas tar ás necessidades de una i flor ou tle um rato.
cousas. Acabará teu aborrecimento e serás cé O pedaço tle alma de una rei tocado pelo
h-bre. escorpião, não pôde estar respirando doçura !
Approximou-se . . . e lhe deu um beijo. Pois as condições m u d a r a m . . . e si o escor-
Caramba! ' c a n o cheiras mal' proles pião faz alguma mordedura, não é para vingar
tou o sabío. Livrou-se do abfaço, abriu <>s olhos este ou o outro. Age segundo sua natureza.
e ... o pharaó havia deaapparecído, Somos •» que c ornemos. Si comemos uma
As banhistas também. i ,à tomamos sua alma, si comemos una peda-
Encontrou se encharcado de suor e «i ca- ço de homem tomamos a alma correspondente
AMERICA
FIGURINHAS DA MODA
aos g l ó b u l o s d e seu s a n g u e ou de su is f i b r a s ,
p o r e m si n o s n u t r i m o s d e l l e . vivente, c o m o o
f a z e m o s n o c o r p o d a m ã e . a d q u i r i n a o s seu es-
pirito e depois o ambiente nos acaba de formar,
i is reis s a t u r a r a m o a m b i e n t e e m r e d o r c o m
i sua p o d r i d ã o . Assina é q u e o a m b i e n t e q u e
respiraes nos túmulos é parte de um pharaó e
d e b a i x o d e c a d a p e d r a ha p a r t e d o seu e s p i r i t o . . .
A e q u i d a d e e x i g e q u e se r e c o n h e ç a u m a a l m a
ena c a d a c o u s a . . . si una i n g l e z a t e m , p o r q u e
n ã o a t e r á una e s c o r p i ã o ?
0 O
OS POETAS BRASILEIROS
visãu c o m p l e t a
en- um grande
Artista pudesse Illlllu.
ser d i t a . cega-
ria o M u n d o . \ bica. ao fundir se na Palav i a , perdi
* sua es-o.icia: o Absoluto; a-tsim, i Palavra
não é uma revelação: ó uma mutilação.
N ã ei h i\ i r.í
*
I Ibra de Arte
T o d o ('.lande P e n s a d o r é um Inacttial, SÓ,
immortal fora
p e r d i d o nu m e i o dos homens.
das da A r t e So
*
ciai.
F o r a da L i b e r d a d e nãó ha Eloqüência; lia
apenas Rhetorica;
< • maior de *
ver da A r t e í
l 111 H o m e m Livre é m a i s d o que um
servir ,í Liber-
e x e m p l o , c- i.ni p e r i g o ' ; s u p p r i m i l - o é um d e v e r
ado.
d e c o n s e r v a ç ã o na T y r n m n i a .
Vargas VILA
A \MC- tem o direito c () dever de im-
miscuir-se nas [ uc tas ardentes dos homens, de
respigar ,, sua colheita de victorias nu campo
fecundo d., Ac,,",,,. ,u- cantar a Marselheza es-
OS INCAS
trondosa dei tudas ai rSbelIiões „ | S grandes ba-
talhas d., Vida, sobr.- u coração <\A Humani
dade vencida e humilhada pela Força.
A brilhanfe civilização alcançada pelo Peru duranlc-
a dominação dos Incas, punha-o, senão em nivel
superior, pelo menos em nivel n t o infeiior ao
dos invasores hespanlióes.
Míinco-Capac, o primeiro Inca, loi um verdadeiro
civilizador. D c l o u inuilas leis humanas e sabias cujes textos
Quem não consegue ser escriptor, faz-se
de lodo se perderam; ensinou ao seu povo as arles a
• ritico; poi nau podei i re ir, conforma-se i orri
ciihura da terra, estabeleceu a familía, ordenou que os seus
destruir.
subdifos conlrahissem malrimonio aos vinle annos e regulou
a mais S'ibia distribuição de terras que se con' ece
Manco-Capcic preocupava-se fanlo com a felicidade
A faculdade critica .'• a negação absoluta
do s u povo que este, em retribuição, considerou-o uni
do Gênio. deus e chamou-lhe Capac, que significa : cheio de viifudes.
F.nlre os descendentes desse grande monarcha encon-
Iram-se reis eminentes como Incn-Koca. que fundou e colas
O a t h l e t i s m o , em toda ordem material, pa-
para os príncipe», onde estes aprendiam a ínlerprela<,ão dos
re, e-me uni spurt de c i r c o . quipos, que eqüivaliam á nossa escripta, e dos quaes se
serviam para conservar ; u a s tradições. Creou
Toda a obra de Arte deve ser unia «g* o cargo de administrador do Império, o qual
era encarregado de conservar os qUipOS no
obra de- combate. C—^~
lemplo do Sol.
Outro Inca famoso foi Pachaculec, que
O vulgo '• o i n i m i g o n a t u r a l do su- fundou cidades,^fez conslruir palácios, aque-
blime.
duclos, estradas, efc.
O joven principe Nez.ahualcoyofl presfou
T e n h o h o r r o r a o s h o m e n s q u e riem lambem grandes serviços e tratou diligente-
e m u i t o d e s p r e z o p e l o s q u e fazem rir. mente do bem-estar do seu povo. Foi elle
* quem mandou construir um grande templo
"ao Deus desconhecido, causa das c a u s a s "
D e t o d o s os g e s t o s a b s u r d o s d e um
E assim desenrola-se uma lista enorme
e s c r i p t o r . o m a i s vil é a q u e l l e e m q u e
de governantes incas cuja única preoecupação
esquece a Santidade da Palavra.
foi a felicidade do seu povo, lista que termina
*
com Sayri-Tupac, chamado Don Diogo Inca
O riso é o relincho dos homens. ultimo imperador do Peru.
MUNDO SIDERAL
O- -o
NÀTHALIE KOVANKO foi uma artisfa que surgiu,- como um aslro, para resplandescer: o seu triumpho é contem-
porâneo da sua estréa. Sobre ser uma das mais hábeis infrepreles de difficies papeis, Nathalie é uma das mais
bellas mulheres que têm apparecido nas telas, O seu ultimo suecesso foi o grande film "Mil e uma noites'
Ò- O
AMERICA -
Q u ã o lonje .-siá o tempo dos pagcns c- des l i t e i r a s ! N a vertigem progressista dos nossos dias duas frágeis e elegantes
senhorilas. quando,-de ejnm passea r , entram sósinhas num aulo e vencem distancias pnsmosas.
I: o monstro de aço obedece documente ás mães femininas, como os dragões das legendas obedeciam ás fadas.
CD=
rur~
o^n 0 estado actual da Aviação
I passarmos unaa revista pelo que tem vôo. Aeroplanos, sem piloto,
£^J feito a Aviação n'estes últimos tena- complicadas.
/s^P pos, ficaremos surprezos diante dos E as maravilhas se suCcedem e
seus recentes progressos, tal a sua tiplicam.
extensão e variedade. Mas, em meio cie toda esta actividade bri-
O record mundial de velocidade já vae lhante para o homem, e que indica o que po-
a perto de 245 milhas por hora. dem o seu esforço e a sua intelligencia, desta-
Os records de duração de vôo não sur- cam-se conquistas que importam muito mais que
prelaendena menos. O Serviço Aéreo norte-ame- isto, porque representam a base solida sobre .1
ricano já tem a gloria de uma travessia trans- qual repousam novas possibilidades para maio
eontinental. sem parar. res triumphos.
As ultimas experiências feitas nos indicam Assim, o que emerge mais claramente .los
a possibilidade de se obter motores que traba- factos acima citados e nos apparecc como que
lhem, a toda a força, durante 250 horas, inin- constituindo importantes linhas geraes é;
terruptamente. t.o)— o enorme augmento na duração de
Aeroplanos sem motor permanecem no ar. trabalho e na confiança que nos inspiram mo-
por muitas horas, sem mais outros elementos tores e apparelhos.
que o ar e a habilidade do piloto: 2,0) — a próxima solução do vôo á noite.
Helicópteros sobem verticalmente, pairam so- 3.0;—o advento do aeroplano sem motor,
bre una dado ponto ou fazem um circuito com- cuja primeira conseqüência será o aeroplano con
pleto, em vôo horizontal. motor de fraca potência, ou. por outras palavras,
Aeroplanos atracam em dirigiveis, em pleno o aeroplano barato.
W ^ wocaç&o àa candeia vr\ca\ca w
—\r-
Um passado de esplendor na visão esthetica de Abraham Valdelomar r
K
-=a
O
PERÚ. com o Império dos Incas, os fantasia abundante c subtil, no rythmo estranho
filhos do Sol,, e o México, cona de sua musica selvagem e suave, coma si fosse
o império dos Aztecas, os gregos i descripção melódica de una so.alao altivolo de
de bronze pelo culto de seu poly- condor.
theismo e prodígio de sua arte, são as duas E ' que Valdelomar não é senão um ani-
grandezas características da America, que, antes mador do passado epico dos filhos do Sol,
da conquista européa resultante da realização do desses apolloneidas bárbaros da America. O seu
sonho de Colombo, tinham uma civilização pró- verbo é uma dansa de véos, uma orchestração
pria, destruída depois pelos invasores brancos, braaaca das neves andinas, um teclado de co-
que foram, assim, os bárbaros do século XVI, res, uma pincelada de s o n s . . . Sc:ate-se-lhe a
no vandalismo de fazer desapparecer o mundo mesma, poesia de Alencar ena Iracznvt e em ou-
romano da Aiaaerindia. que se levantava nos tros poemas em prosa, o n l e cantou a alma pri-
dois extremos deste laemispherio: ena Cuzco c mitiva, a vida, o martyrio c as façanhas dos
ciai Tenochtitlan. nossos aborígenes. O reconstruetor illuminado e
Abraham Valdelomar é um evocador admi- sensível, o restaurador artístico do passado in-
rável da grandeza incaica. Na visão esthetica cáico, tem a mesma doçura, o mesmo brilho do
do magnífico prosador peruano o passado esplen nosso suavíssimo estylista, que inamortalizou as
dido surge ena toda a sua opulencia e belleza. raças rudes, mas heróicas, que foram sacrifica-
Los hijos dei Sol i contos incaicos i revelam os das pelos conquistadores brutaes, violadores da
attributos estheticcs do mallogrado intellectuai, virgindade da terra e da alma da America pre-
morto, prematuramente, em pleno viço da mo- colombiana.
cidade e do talento. O Alencar peruano tem, na opinião de Cle-
A leitura dos chronistas coloniacs, o en- mente Palma, toda a belleza, toda a força des-
thusiasmo pela sua raça heróica, o culto pelo criptiva, toda a suggestão maravilhosa dos gran-
passado glorioso, onde fulge o Império dos In- des poemas.
cas, foram a origeiaa desse pequeno e maravilhoso
livro, serie curta de contos poematicos, perfu-
mados de lenda, rebrilhantes de estylo, repassa- Los hijos dei Sol são um hymno á raça
dos de belleza e simplicidade, rutilos, diaphanos, luminosa, eme fulge, como os thesouros, na his-
que lhe saíram da penna com a graça espon- toria do Peru.
tânea das flores que. pela manhã, orvalhadas O Império dos Incas surgiu no valle do
ainda, parecem, á caricia do sol, a transfiguração Cuzco, sendo fundador dessa dynastia de titans
da luz em perfume . . . .Mane o-Cápac, que alli chegou em companhia da
A prosa de Valdelomar é uma anfora in mulher, Manaa-Odlo, aurcolados pelo prestigio
digena, onde se estvlizou um capricho de or- de uma lenda que os fazia filhos do Sol e
chideas, c- onde se- bebe uma água fresca, co- nascidos no regaço do lago Titicaca, essa pu-
lhida á noite, numa chuva de temporal, á ma pilla dos Andes, aberta a 3.915 metros de al-
neira de um lacrhnario do céa ... titude, onde se refleete o Infinito e os condores
Manuel Beltroy enaltece a se banham . . .
sua imaginação evo< adora, a Os trabalhos do encanta-
sua prosa fulgente e rea- dor indianista são productos
lista, a sua sensibilidade de estudo das origens, das
rara e delicada, gabando- lendas e tradições incaicas,
lhe a excellencía e fínu- e outros sahiram de sua arte
ra do estylo, "estylo ágil. original, louçan e vibrante.
solto. aligero diaphano Nos primeiros contos, sobre-
como péplo de bayadera». sáem El cambio hacia ei
Ha, nesses contos lyricos sol 1 Los Hermanos Ayar
e 'picos ao mesmo tempo, 2 nos últimos El alfarero e
o sabor de uma leitura di- El tiombre Maldito. Laça-
versos sem o eco monótono mos um esboço rápido de
das rimas, no vôo de uma alguns primores dessa obra
AMERICA -
I.UXO. E L E G Â N C I A , CO?fFORTO
Um living-room admirável de hom gosto e de sobriedade, que a tapeçaria, as flores e os livros tomam attrahente e encantador.
suggestiva, verdadeiro florilegio ameríndio. o deixava-se levar pelo seu sonho, numa ânsia
Comecemos pelo que abre o livro; de espaço e de liberdade. Ninguém o via tra-
El alfarero (sanu-camoyok). balhar. Só, em plena selva, colhia flores e
hervas para o preparo de sua pintura, carre-
Apumarcu era um artista da selva, um Phi-
gando barro para o seu labor. E da argila,
dias bárbaro.
sob o sopro dessa alma de artista, sahia uma
Fronte ampla, cabelleira crescida e rebel-
estatua de deusa, uma anfora, uma serpente,
de: olhos fundos: olhar doce c sonhador, simples
uma dança da M o r t e . . .
• silencioso: vivia só. errante, tendo por ha-
bitação uma cabana humilde. Tinham-n "o por Uma tarde, tendo ido ao rio para buscar
louco. água. afina de desfazer o seu barro, ouviu uma
Contemplativo, fugia dos seus semelhantes suave canção na fronde. L depois, approxiniou-sc
O MELHOR DENTIFRICIO
LIMPA E CONSERVA OS DENTES
Encontra-se em todas
as Pharmacias e Perfumarias
— AMERICA —
ARTE MODERNA 1
delle essa caricia audível : um homem, sobre uma E confessou-lhe que. perdendo-a, não po-
rocha, solitário, á margem do rio. locava. La dia ser alegre. Apumarcu, que não a perdera,
Iou-lhe : nem a tivera, por que era triste?
Quem és tu c por que tocas aqui, onde Por que não era o «alfarero» do Inca,
ninguém pude- ouvir-te? que lhe ciaria por esposa a mais bella dama
da corte? Por que vivia solitário? L Apumarcu
E quem és tu, que vens assim a c-ste-s
lha contestou que algo lhe faltava; sentia uma
logares, onde- só ha uma saudade, que : minha?
ânsia inexplicável em sua alma.
respondeu-lhe o Orpheu andino.
«Vo siento que hay algo que yo podria
Sou Apumarcu, ei alfarero» (oleiro).
hacer y sé que podria ser feliz. Tengo un
- A h ! irmão, sou Yacíán Nana) (sem pá-
incêndio en ei alma, veo una serie de cosas
tria), o que toca a «cantara».
pero no puedo expresarlas. Tu sufres y cantas
E desde então se tornaram amigos insepa- eu Ia atilara tu dolor y Itaces llorar a los que
ráveis, se- fizeram irmãos. te escuchan, pero yo siento, veo, imagino gran-
Vactan lhe disse que a sua amada havia des c usas y sou incapaz de realizadas. Sabes?
se perdido e el|e tocava na esperança de encon- Yo quisiera pintar Ia vida tal como Ia vida es.
tral-a. Descrevia-lho a formusura, fazia a Apu- Yo quisiera representar en un pequeno trozo Io
marcu o retrato de sua eleita. O artista fez-lhe que vc-n mis ojos. Aprisionar Ia natufaleza. Ha-
uma cabeça. Vactan lhe disse commovido: cer lu que hace ei rio con los árbolcs y con
ei cielo. Kcproducirlos. Pero yo no puedo: me
Não tocarei senão para ti, irmão, por- faltan colores, los colores no me data Ia idea
que a compreendeste e m'a devolveste. Creio de lu cpte yo tengo en el alma.»
que o barro, em (pie ella está aqui, em tua
obra, viverá eternamente. E's maior que o Sol, Nessas palavras não está todo o anseio
porque elle a fez e a levou, emquanto tu a do ideal, toda a alma dos artistas, todo o cs-
fizeste em dura argila e não morrerá nunca. forço da perfeição?
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11// RICA
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