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como montar chorus e flanger

terceira parte e conclusão


old monkey flanger

No artigo anterior coloquei a montagem completa de um chorus, aproveitando parte do


esquema anterior coloco aqui a modificação para o efeito Flanger.
O artigo aqui é um pouco mais reduzido pois parte das explicações são as mesmas do
chorus.

O Efeito

É o que se ouvi quando dois sons são tocados ao mesmo tempo mas um está parado
num local fixo e o outro sendo deslocado de um ponto para outro. O efeito poderá ser
notado mais enfatizado se for feito este deslocamento em uma distancia maior com fontes
sonoras mais possantes. Imagine um radio ligado numa estação em praça pública e no céu
passando um avião a jato com falantes nas asas tocando a mesma estação de radio.

Artificialmente pode-se conseguir o efeito fazendo tocar por exemplo uma mesma música
em dois gravadores apertando a tecla play exatamente no mesmo momento mas um deles
deverá estar com a rotação desregulada em relação ao outro e assim atrasando e
adiantando a música.

E foi realmente assim que se criou o efeito em gravação pela primeira vez quando um
técnico de som reproduzia uma mesma música em dois gravadores de rolo e
acidentalmente esbarrou no carretel da fita de um deles alterando assim a rotação. O nome
“flanger” vem justamente daí, a palavra também existe em português, flange que quer dizer
beirada. O nome correto do carretel de fita é “caraveli” e as laterais do caraveli são as
flanges.

Eletronicamente é possivel reproduzir o efeito muito próximo do real pois o que acontece
com o som é um defazamento do sinal em relação a outro mesmo sinal, e aqui é a palavra
defasamento ao pé da letra pois um som sendo deslocado, ele está sendo defasado em
tempo e distancia em relação a um som de um ponto fixo.

Incialmente antes da existencia de um circuito eletronico (integrados BBD) que


conseguisse atrasar o sinal sonoro, tentou-se reproduzir o efeito apenas desafinando o
sinal eletronicamente (como a rotação desregulada do motor de um gravador) mas sem um
dos sinais estar atrasado no tempo e acabou se inventando o efeito “phaser” que nada mais
é do que um flanger pobre.

Sobre os pontos aonde acontece o defazamento entre dois sinais iguais somados, a
coisa é mais complicada de se explicar eletronicamente entre phaser e flanger mas
podemos dizer que no phaser os pontos são fixos sempre acontecendo num giro de
oscilação em 45 graus, 90 graus , 180 etc e num flanger são em numero muito maior de
pontos que vão variando devido ao ligero atraso no tempo de um dos sinais somados.

O Esquema

A numeração dos componentes segue a mesma do chorus até R31 mas com as
modificações para colocar a realimentação, até ai tem o mesmo número de componentes.
A partir de R32 o circuito se difere ficando a numeração também diferente.

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O Circuito

No circuito o principio é o mesmo do chorus, ou seja, reforçar os médios e agudos para


enfatizar o efeito enquanto atenua a região dos agudos na saída para amenizar o ruído
interno do BBD.
Após o terceiro transistor foi incluido o retorno do sinal atraves de C14 , R27 ,
potenciômetro de REGEN e C15. Os valores aqui são críticos, se forem modificados poderá
haver microfinia na realimantação principalmente C14 e R27.
Como o Flanger funciona com uma frequencia um pouco mais alta que o chorus (um
atraso de sinal mais curto), os filtros podem ser ligeiramente mais fracos, assim retirei o
capacitor de filtro (jogando no terra na saída do terceiro transistor) e C5 passa a ser de
150pF (ao invés de 470pF), essa modificção de C5 faz uma grande diferença deixando o
efeito atuar mais na região aguda.
O circuito de controle é um clock oscilador um pouco mais sofisticado com 4 transistores
em cima dos flip flop do 4013, onde os componentes responsáveis pela frequência de
oscilação são o trimpot de 500k e o C18 (entre 100 a 150pF). No transistor Q8 a base e o
coletor conectados junto não está errado no desenho, é assim mesmo. Este oscilador é
antigo (retirei de um desenho de um MXR), é basicamente o que tem internamente dentro
do integrado MN3101 e 3102 usado como complemento dos BBDs para fazer essa função
de oscilador. O circuito fica maior mas dispensa o MN3101 (muito mais caro).
No oscilador lento, um circuito padrão utilizado em todos os flangers onde os valores dos
capacitores C19 e C20 determinam a velocidade do oscilador com controle no
potenciômetro de VELOCIDADE (como resistor ajustavel).
O potenciômetro de WITDH regula a altura da faixa da frequencia em que oscilador vai
atuar, no som o efeito do avião a jato passando pela música estaria mais perto do solo
(quase aterrissando) ou mais alto no céu.
Temos então tres knobs de controles apenas , REGEN que realimenta o efeito tornando
mais forte, VELOCIDADE do giro da onda e WITDH a faixa de atuação. Geralmente os
flangers tem um quarto controle com o nome de MANUAL que nada mais é do que um

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potenciômetro que dosa (ou corta) a quantidade de vibrato que entra no oscilador e que na
minha opinião tem muita pouca utilidade por isso simplifiquei cortando este controle para o
pedal ficar mais facil, menor, mais barato e mais prático tendo apenas os controles que
fazem realmente diferença.
Na entrada de tensão um circuito estabilizador igual do chorus para manter a tensão
bem constante e não afetar a frequencia dos osciladores e também minimiza o ruído das
fontes externas ainda que caia um pouco a tensão não tigindo exatamente os 9 volts.
No circuito do Led cortei o diodo zenner de 5V1, este diodo está presente nos circuitos
da boss para manter o luminosidade constante independente da voltagem da fonte externa
que não é o caso aqui, essa modificação também poderá ser feita no chorus pois o Led
acende mais forte sem este diodo e R39 pode ser diminuido para algo em torno de 1K.
Coloquei a chave DPDT acionando o Led igual ao Milenium mas com transistor comum,
não vejo qual a razão de se usar FETs igual ao milenium.
R31 foi diminuido para 22K e quando ele é conectado pela DPDT na entrada de Q9
atravez do diodo D3 , a base de Q9 é aterrada, isso aumenta a resistencia entre emissor e
coletor desligando o Led aproveitando R31 que pertence a saida do efeito para essa função.
É o mesmo funcionamento do milenium. O capacitor C25 diminui o estalinho que costuma
dar ao acionar a chave, o valor geralmente é de 47nF mas nas minhas experiencias com
valores maiores diminui mais.
Esta não é a maneira que costumo ligar a DPDT mas é a TRUE BY PASS preferida por
muitos, ao ser acionada para retornar ao som sem efeito sempre dá um pequeno click,
(explico a razão mais claramente no artigo sobre o FUZZ). Aqui pode ser usada esta
maneira pois o circuito não tem muita amplificação e o click é minimizado.

A Montagem

O desenho da placa de circuito impresso segue o mesmo padrão de tamanho igual a do


chorus, se eu tiver tempo farei outros pedais seguindo o mesmo padrão de tamanho e
posição de knobs e jacks na caixa.

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A visão aqui é do lado cobreado da placa assim imagine os componentes do outro lado,
ou seja, não seriam vistos, penso que localizar a posição dos componentes dessa forma é
mais facil. No chorus eu coloquei de outra maneira.
Não desenhei os capacitores pra não sobrecarregar a placa de desenhos.
Na soldagem apenas não coloquem R26 (que soma o sinal limpo da entrada) este
deverá ser colocado depois dos teste feitos e inicialmente também não precisaria ainda dos
potenciômetros de velocidade e de witdh.
A placa é muito parecida com o chorus devido claro o circuito ser parecido porem um
pouco mais apertada pelo maior número de componentes.
A que se observar um pouco abaixo do circuito integrado 4558 (o primeiro de cima) três
Pads quadrados onde será soldado o potenciômetro de Width que fica no meio e um pouco
abaixo dos outros dois.
O círculo na posição do Led é para enfia-lo depois de tudo pronto e a placa no lugar,
dobrar os terminais e soldar nos pads quadrados.
O círculo no meio do trimpot é para tornar possivel a regulagem com pequena chave de
fendas, estes circulos devem furados.
Atenção nos transistores Q5 6 7 e 8 que ficam em posição contraria dos outros.
Os jumpers (saltos) estão maracados com “J” e devem ser soldados um fio rígido.

Os Testes

Repetirei aqui rapidamente como se faz os testes para não precisar reler o artigo do chorus.

Sem nenhum potenciômetro soldado e sem nenhum integrado colocado, interligar os


pinos do 3 e 8 ou 3 e 7 do soquete do MN3207 com fio rígido fino, assim o sinal passará
direto e deverá ter um som com medios acentuados ao se tocar na guitarra.

Colocar o CD4013 e interligar no soquete do MN os pinos 6 e 7 ou 6 e 8 ou ainda 2 e 7


ou 2 e 8 (qualquer opção mas apenas uma opção) com fio rígido (aqui não precisa plugar a
guitarra), ao girar o trimpot deverá ter um apito bem agudo do oscilador.

Só coloque o integrado MN depois de ouvir este apito que é sinal que o oscilador está
funcionando pois se o oscilador não estiver okey o MN poderá se queimar.

Então coloca-se o MN, ao tocar na guitarra o som deverá estar atrasado, mas o apito
continua saindo junto com o som da guitarra, a partir daqui já pode-se soldar R26, até aqui
terá o circuito de um eco simples cujo o tempo de retardo está na regulagem do trimpot
porem com o apito sendo ouvido pois está dentro da faixa audivel, como a linha de retardo
do MN3207 é pequena, se subir a faixa do oscilador para o apito ficar acima da faixa de
audio o tempo de retardo fica curto demais. Soldando-se potenciômetro de Regen teria o
controle das repetições.

Estando até aqui perfeito ao colocar o RC4558 o oscilador lento forçará o oscilador de
alta frequencia a subir a faixa e o apito passará a não ser ouvido devendo ser ajustado no
trimpot até que ele suma por completo quando o oscilador lento atingir a faixa mais grave,
pois nessa região ele entra por um breve momento. Aqui todos os potenciômetro deverão
estar soldados.

Lista do Material (para facilitar)

RESISTORES (50 resistores de 1/8 de watt)


47R R16
100R R48
470R R32
1k R9 34 47 50
2K2 R1
2K7 R43

4
4K7 R6
5K6 R19 20
10K R21 22 23 33 37
15K R15 45 46
22K R11 31
27K R38
47K R4 25 30
56K R14 26
68K R35
100K R2 5 8 10 12 17 18 40 44
180K R27 42
220K R41
470K R3 7 24 28 29 36 39
1M R13 49

CAPACITORES ( 25 caps de bem baixa voltagem )


120pF C18 (cerâmico) crítico
150pF C5 (cerâmico) crítico
1000pF C14 crítico
2n2 C12
3n3 C10
8n2 C4 C11
10n C21
47n C2 C6 C9 C13 C15 (C15 é crítico)
100n C1 C3 C7 C8 C16 C17
eletrolíticos:
1uF C25
10uF C22 C23
33uF C19 C20 críticos
47uF C24

C7 C8 e C21 podem se cerâmicos, os outros de poliester terão margem de erro menor.

TRANSISTORES (aconselhaveis)
Q1 Q2 Q3 Q4 BC549
Q7 Q8 Q9 Q10 BC548
Q5 BC557 (ou outro PNP parecido)
Q6 BC547
(observem que Q5 e Q6 são pares complementares npn e pnp de características iguais
mas o circuito funciona com outros semelhantes)

DIODOS
D1 e D3 1n4148 ou 1n914 (ou outro 1n qualquer)
D2 zenner para 10 volts (1/2 watt é suficiente)

OUTROS
CD4013 MN3207 RC4558 pots de 50k 50k 250k e micro-timpot de 500k (todos
lineares)
Jacks P4 P10 (de plástico) , soquetes para integrados, etc. etc.

Observações Finais

Há muitos componentes de valores críticos além dos que eu marquei acima que não
devem se mudados principalmente em entre a saida de Q1 até a entrada de Q4. Os que
marquei são os mais criticos porque senão o efeito pode sair desregulado.
Acho o circuito de Flanger o mais chato no que se refere a regulagens (pior que delay).

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Pelo enorme número de componentes se vê que não é um circuito tão simples, algumas
modificações poderiam ter sido feitas para diminuir o número de componentes mas as vezes
um circuito simplorio demais deixa a desejar. Este circuito que ai está dá um Flanger legal,
não perde nada para um boss BF2 por exemplo.

A seguir alguns detalhes da furação da caixa de aluminio (fabricada pelo Andyefects),


lembro aqui que apenas compro e utilizo as caixas feitas por ele mas sem nenhuma relação
comercial.

Outros detalhes da caixa e montagem seguir pelos desenhos dos artigos do Fuzz Face e
do Chorus que seguem o mesmo padrão.

Espero com este artigo ter esclarecido em português o funcionamento dos integrados de
linha de retardo e como obter os efeitos com circuitos práticos pois não são muitos com
conhecimento de eletrônica que se dedicam nessa área em nosso idioma.

Agradeço os emails de sugestões e elogios que recebi inclusive de pessoas que


montaram o chorus com sucesso. Até os próximos circuitos.

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