Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Pág.
Cap. 3. Transístor bipolar de junções ................................................................................ 3.1
3.1 Introdução
O transístor bipolar de junções é constituído por um cristal semicondutor com duas junções pn
suficientemente próximas para poderem interactuar (Fig.3.1).
p n p
Impurezas aceitadoras
Impurezas dadoras
E C
Contactos metálicos
- Fig.3.1 -
Representação esquemática de um transístor bipolar de junções
A zona intermédia designa-se por base e as zonas extremas designam-se por emissor e
colector. Conforme o tipo de impurezas de substituição de cada uma das zonas, os transístores
designam-se por pnp ou npn. Devido às dimensões em jogo, a baixa resistência apresentada
por uma junção polarizada directamente pode ser transferida para a outra junção. Assim, uma
junção inversamente polarizada pode estar associada a uma corrente elevada mesmo sem estar
em disrupção, se a outra junção estiver polarizada directamente. É esta transferência de
resistência que está na base do funcionamento do transístor bipolar e que é referida no
acrónimo transístor (TRANSfer resISTOR).
- 3.1 -
ND NA
n p p
n n
p p p
IE IC
E C
x A – área transversal UE UC
IB
B
IE IC (a)
p n p
E C
IE IC
E C
UE IB UC
B UE IB UC
B
(b
- Fig.3.3 -
Simbologia e sentidos de referência
(a) pnp (b) npn
- 3.2 -
activa. A zona activa é directa se a junção directamente polarizada é a junção emissora. Se é a
junção colectora que está polarizada directamente, a zona de funcionamento diz-se activa
inversa. Esta não é geralmente utilizada. Em circuitos digitais está-se geralmente interessado
em níveis de tensão ora elevados ora baixos, para se definirem os valores lógicos “1” e “0”.
Para tal, os transístores funcionam no corte (nível elevado de tensão) ou na saturação (nível
baixo de tensão). Por outro lado, em aplicações analógicas geralmente pretende-se à saída do
circuito uma tensão que seja uma réplica amplificada do sinal à entrada. O sistema deve ser
linear. Polariza-se o transistor na zona activa directa.
- 3.3 -
J =J (x )+ J (x ) (3.1)
E ndif pE pdif nE
onde
J ndif ( x ) = qDn
dn
(3.3)
dx
J pdif (x ) = − qD p
dp
(3.4)
dx
[( )
n E ( x) = n E 0 + n x pE − n E 0 e ] − (x pE − x) / LnE ) x ≤ x pE (3.5)
[( ) x − x) / LnC
nC ( x) = nC 0 + n x pC − nC 0 e pC ]( ) x ≥ x pC (3.6)
⎧⎪ x nC − x x − xnE ⎫⎪
⎨[ p( xnE ) − p B 0 ]sh + [ p( xnC ) − p B 0 ]sh
1
p B ( x) = p B 0 +
(
sh b' / L pB ) ⎪⎩ L pB L pB ⎪⎭
⎬
⎛ UE ⎞
⎜ ⎟
qDnE n E 0 ⎜ U T
J n ( x pE ) = e − 1⎟ (3.8)
LnE ⎜ ⎟
⎜ ⎟
⎝ ⎠
⎛ UC ⎞
⎜ ⎟
qDnC nC 0 ⎜ U T
J n ( x pC ) = e − 1⎟ (3.9)
LnC ⎜ ⎟
⎜ ⎟
⎝ ⎠
⎡⎛ U E ⎞ ⎛ UC ⎞⎤
⎢⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎥
J p ( x nE ) =
qD pB p B 0
( ⎢ e
L pB sh b' / L pB ⎢⎜
⎜ U T ⎟ ⎜
− 1 ch b' / L pB − e
) ⎟ ⎜
U T (
− 1⎟ ⎥
⎟⎥
) (3.10)
⎢⎣⎜⎝ ⎟
⎠
⎜
⎝
⎟⎥
⎠⎦
- 3.4 -
⎡⎛ U E ⎞ ⎛ UC ⎞ ⎤
⎢⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎥
J p ( x nC ) =
qD pB p B 0
( ) ⎢ e
L pB sh b' / L pB ⎢⎜
⎜ U T ⎟ ⎜
−1 − e
⎟ ⎜
U T − 1⎟ch b' / L pB
⎟
( )
⎥ (3.11)
⎥
⎢⎣⎜⎝ ⎟ ⎜
⎠ ⎝
⎟
⎠ ⎥⎦
I E = AJ E (3.12)
I C = AJ C (3.13)
em que A é a área transversal das junções. Substituindo (3.8) e (3.10) em (3.1) e esta em
(3.12) obtém-se finalmente
⎛ UE ⎞ ⎛ UC ⎞
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎜
I E = I ES e U T ⎟ ⎜
− 1 − α R I CS e U T − 1⎟ (3.14)
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
⎛ UE ⎞ ⎛ UC ⎞
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
I C = α F I ES ⎜ e U T − 1⎟ − I CS ⎜ e U T − 1⎟ (3.15)
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
sendo
AqD pB p B 0
α F I ES = α R I CS =
(
L pB sh b' / L pB ) (3.16)
⎛D n D pB p B 0 ⎞
I ES = Aq⎜ nE E 0 + ⎟
⎜ LnE
⎝ (
L pB th b' / L pB ) ⎟
⎠
(3.17)
⎛D n D pB p B 0 ⎞
I CS = Aq⎜ nC C 0 + ⎟
⎜ LnC
⎝ (
L pB th b' / L pB ) ⎟
⎠
(3.18)
- 3.5 -
As equações (3.14) e (3.15) são designadas por equações de Ebers-Moll e mostram que a
corrente num dos terminais depende das tensões em ambas as junções. A influência cruzada é
definida pelos parâmetros α F e α R , que estão associados às influências da junção emissora
na corrente de colector e da junção colectora na corrente de emissor, respectivamente. São
dados por
αF =
[ (
1 / cosh b' / L pB )]
(3.19)
D L pB n E 0 ⎛⎜ b' ⎞
⎟
1 + nE th
D pB LnE p B 0 ⎜ L pB ⎟
⎝ ⎠
αR =
[ (
1 / cosh b' / L pB )]
(3.20)
D L pB nC 0 ⎛⎜ b' ⎞
⎟
1 + nC th
D pB LnC p B 0 ⎜ L pB ⎟
⎝ ⎠
As expressões (3.19) e (3.20) mostram que uma vez que cosh ( x ) ≥ 1 , os parâmetros α F e α R
são sempre inferiores a 1. Para que a interacção entre as duas junções seja grande, estes
parâmetros devem ser tão próximos de 1 quanto possível. Para que α F seja elevado devem
verificar-se as seguintes condições
- 3.6 -
As equações de Ebers-Moll mostram que um transístor em regime estacionário pode ser
modelizado por associações paralelo de junções pn e fontes de corrente controladas por
tensões (Fig.3.4). A corrente IES representa a corrente inversa de saturação da junção emissora
resultante de se curto-circuitar a junção colectora, assim como ICS será a corrente inversa de
saturação da junção colectora, resultante de se curto-circuitar a junção emissora.
(
I E1 = I ES eU E UT
−1) α F I E1
IE IC
α R I C1 (
I C1 = I CS eUC UT
)
−1
IB
UE UC
- Fig.3.4 -
Modelo de um transístor pnp
I C = α F I E − I CB 0δ (U C ) (3.21)
sendo
I CB 0 = (1 − α F α R )I CS (3.22)
δ (U C ) = exp(U C / U T ) − 1 (3.23)
I E = α R I C + I EB 0δ (U E ) (3.24)
I EB 0 = (1 − α F α R )I ES (3.25)
I C = β F I B − I CE 0δ (U C ) (3.26)
onde
- 3.7 -
αF
βF = (3.27)
1−αF
I CB 0
I CE 0 = = (1 + β F )I CB 0 (3.28)
1−αF
I E = − β R I B + I EC 0δ (U E ) (3.29)
αR
βR = (3.30)
1−αR
I EB 0
I EC 0 = = (1 + β R )I EB 0 (3.31)
1−αR
ΔI C
αF = U = const (3.32a)
ΔI E C
ΔI E
αR = U = const (3.32b)
ΔI C E
ΔI C
βF = U = const (3.32c)
ΔI B C
ΔI E
βR = U E = const (3.32d)
ΔI B
As equações (3.14), (3.15), (3.21), (3.24), (3.26) e (3.29) são válidas nas zonas de corte,
saturação, activa directa e activa inversa de um transístor pnp ou npn, para os sentidos de
referência definidos na Fig.3.3. Essas equações apenas impõem que nenhuma das junções
esteja em disrupção. As aproximações que se podem fazer para cada zona de funcionamento,
correspondem a desprezar o factor exponencial de δ (U ) , caso a respectiva junção esteja
inversamente polarizada com U << −U T , ou desprezar a parcela 1 face à exponencial, caso a
- 3.8 -
junção esteja directamente polarizada com U >> U T . As equações a utilizar para descrever o
comportamento de um transístor serão aquelas que se revelarem mais cómodas para satisfazer
as necessidades de cada situação. Dispondo o transístor de três terminais, ao ser introduzido
num circuito de modo a estabelecer relações entre dois pares de terminais, um dos terminais
do transístor será comum à entrada e à saída do circuito. Conforme o caso, assim teremos as
montagens de emissor comum, de colector comum ou de base comum. A Fig.3.5 representa
os andamentos espaciais da distribuição de carga, do campo eléctrico, do potencial de
contacto e das bandas de energia num transistor pnp em equilíbrio termodinâmico ou
polarizado.
p n p
Dadores
(a) x
Aceitadores
Aceitadores
(b) x
(c) x
(d)
qUC
(e) qUE
- Fig.3.5 -
Transistor pnp em equilíbrio termodinâmico
(a) densidade volumétrica de carga;
(b) campo eléctrico;
(c) potencial de contacto;
(d) bandas de energia em equilíbrio termodinâmico
(e) bandas de energia com polarização directa no emissor (UE > 0) e inversa no colector (UC < 0)
- 3.9 -
A Fig.3.6 representa o andamento das distribuições de portadores de minoria num transistor
pnp na região activa directa (junção emissora polarizada directamente e junção colectora
polarizada inversamente).
pBE1 = pB 0 eU E UT
p n p
E B C
nC0
nE1 = nE 0 eU E UT
pB0
nE0 nC1 = nC 0 eU C UT
pBC1 = pB 0 eUC UT
- Fig.3.6 -
Distribuição dos portadores de minoria num transistor pnp na região activa directa
Admitiu-se que a geração e a recombinação nas zonas de transição eram desprezáveis. O seu
efeito no díodo é levado em linha de conta se considerarmos o factor de não idealidade η na
exponencial de δ(U). No silício e no germânio esse factor varia entre 0 e 1, mas nalguns
semicondutores compostos pode chegar a ser 4.
A interacção entre as duas junções num transistor pnp dá-se através da corrente devida a
buracos, os quais na base são transportados essencialmente por difusão. Designa-se por
rendimento de injecção do emissor γ a relação entre as densidades de corrente de buracos na
junção emissora e a densidade de corrente total
J pE
γ= U C=0 (3.33)
J pE + J nE
1
γ= (3.34)
D L pB nE 0 b'
1 + nE th
D pB LnE pB 0 L pB
- 3.10 -
J pC
θ =− U C=0 (3.35)
J pE
De (3.19), (3.34) e (3.35) pode concluir-se que o ganho αF pode ser interpretado como o
produto do rendimento de injecção pelo factor de transporte
αF = γ ×θ (3.36)
E R C
R
G G
IE R+D R+D IC
IB
- Fig.3.7 -
Fluxo de portadores num transístor pnp na zona activa directa (ZAD).
R – recombinação; G – geração; D – difusão;
- 3.11 -
βF
b L T
VCE = const.
40
30
20
10
IC (mA)
0,1 1 10 100
- Fig.3.8 -
Variação do ganho βF com a corrente.
No entanto, para correntes IE elevadas o valor de αF volta de novo a diminuir. Com efeito,
para correntes elevadas as concentrações de portadores injectados na base são suficientemente
grandes para que o tempo de vida médio diminua, e portanto diminua o comprimento de
difusão. Tendo em conta (3.19), vemos que quando L aumenta, αF aumenta também. A
Fig.3.8 representa a variação do ganho β F = α F / (1 − α F ) com a injecção.
nas figuras 3.9(a) e (b). Como NE>>NC, a junção E-B entra em disrupção para polarizações
inversas inferiores às da junção C-B.
I B = (1 − α F )I ESδ (U E ) + (1 − α R )I CS δ (U C ) (3.37)
I C ≅ β F I B + I CE 0 (3.38)
- 3.12 -
-IC
ZAI
Disrupção da
junção emissora
ICE0
(1 + βR ) ΔI B
UCE0
UCE
UEC0
IB = 0 IEC0
β F I B1
I B1
β F ΔI B Saturação
Disrupção da
junção colectora
I B1 + ΔI B
IB U CE > 0
U CE = 0
U CE 0
Zona Activa
Corte Directa (ZAD)
IB0
UEdisr.
UE
Disrupção da
junção emissora
(b)
- Fig.3.9 -
Montagem de emissor comum
(a) Características de saída I C (U CE ) I B =const ; (b) Características de entrada I B (U BE )U CE =const .
I E ≅ − β R I B − I EC 0 ou
I C ≅ −(1 + β R )I B − I EC 0 (3.39)
Para cada valor de IB, o valor de UCE que conduz ao anulamento da corrente de colector é
1 + ( β F I B I CE 0 )
U CE ( I C = 0 ) = U T ln (3.40)
1 + ( β F I B α R I CE 0 )
- 3.13 -
A equação (3.40) mostra que para I B = 0 se obtém U CE ( I C ) = 0 e para I B > 0 verifica-se
U CE ( I C ) < 0 . Se I B >> I CB 0
U CE ( I C = 0) ≅ U T ln α R (3.41)
I B = [(1 − α F )I ES + (1 − α R )I CS ]δ (U E ) = I B 0δ (U E ) (3.42)
D pB LnE pB 0
βF ≅ (3.44)
DnE nE 0b'
A equação (3.44) mostra que à medida que UCE se torna mais positivo, a junção colectora fica
mais inversamente polarizada. Assim, o comprimento da região de transição da junção
colectora aumenta, conduzindo a uma diminuição de b' , e portanto, a um aumento de βF. Este
efeito, designado por efeito de Early, e corresponde a um aumento da corrente de colector na
zona activa directa quando UCE aumenta. As características de saída na zona activa directa
não são rectas horizontais tal como representado na Fig.3.9(a), apresentando em vez disso o
aspecto da Fig.3.10.
- 3.14 -
-IC
Tensão de Early
UCE
IB=const.
- Fig.3.10 -
Definição da tensão de Early
O sistema pode ser representado por um par de variáveis de entrada (corrente e tensão Ie e Ve,
respectivamente) e um par de variáveis de saída (corrente e tensão, Is e Vs, respectivamente).
Conforme as grandezas escolhidas como dependentes e independentes, assim teremos
diferentes tipos de representação. Por exemplo, se as grandezas independentes forem as
tensões, o sistema é descrito pela sua matriz de admitâncias [Y ]
⎡ I e ⎤ ⎡Ye Yi ⎤ ⎡Ve ⎤
⎢ ⎥=⎢ ⎥⎢ ⎥ (3.45)
⎣ I s ⎦ ⎣Yd Ys ⎦ ⎣Vs ⎦
De realçar que todos os elementos desta matriz são admitâncias e definidos ou com a entrada
em curto-circuito ( Ve = 0 ), ou com a saída em curto-circuito ( Vs = 0 ). Designam-se por isso
admitâncias em curto-circuito, onde os índices e, i, d, e s significam entrada, inversa, directa e
saída, respectivamente. Assim, por exemplo, Ye representa a admitância de entrada em curto-
- 3.15 -
saída em aberto ( I s = 0 ). As grandezas independentes são agora as correntes e as grandezas
dependentes, as tensões. No âmbito dos circuitos electrónicos é habitual a representação em
matriz [H ] . Esta é definida por
⎡Ve ⎤ ⎡ H e Hi ⎤⎡ Ie ⎤
⎢ ⎥=⎢ ⎥⎢ ⎥ (3.46)
⎣ I s ⎦ ⎣H d H s ⎦ ⎣Vs ⎦
Os elementos da matriz não têm todos, como nos casos anteriores, as mesmas dimensões. A
matriz diz-se por isso híbrida.
ΔI E = g E ΔU E + g mEC ΔU C (3.47)
ΔI C = g mCE ΔU E + g C ΔU C (3.48)
onde
U
⎛ ∂I ⎞ I
E
g E = ⎜⎜ E ⎟⎟ = ES e U T (3.49)
⎝ ∂U E ⎠ P U T
U
⎛ ∂I ⎞ I
C
gC = ⎜⎜ C ⎟⎟ = CS e U T (3.50)
⎝ ∂U C ⎠P UT
U
⎛ ∂I ⎞ I
C
g mEC = ⎜⎜ E ⎟⎟ = α R CS e U T = α R gC (3.51)
⎝ ∂U C ⎠P UT
- 3.16 -
U
⎛ ∂I ⎞ I
E
g m CE = ⎜⎜ C ⎟⎟ = α F ES e U T = α F g E (3.52)
⎝ ∂U E ⎠ P UT
ΔU E 1 gE 1 gC ΔU C
α R g C ΔU C α F g E ΔU E
B B
- Fig.3.11 -
Circuito para componentes incrementais do transistor bipolar
O circuito para pequenos sinais está representado na Fig.3.11, onde do ponto de vista de
entrada e de saída o transistor numa montagem de base comum é equivalente ao paralelo de
uma condutância com fontes de corrente controladas. De realçar que, tal como no caso das
junções, o circuito incremental se utiliza apenas para a descrição do transistor em regime
variável. No entanto, os parâmetros do modelo dependem de forma acentuada da polarização
(ponto de funcionamento em repouso).
ΔI E ΔI C
E C
ΔU E 1 gE α F g E ΔU E ΔU C
B B
- Fig.3.12 -
Circuito para componentes incrementais do transistor bipolar na região activa directa
- 3.17 -
Em montagens de emissor comum a entrada faz-se pela base e a saída pelo colector. Se
atendermos a que na zona activa directa ΔI C = β F ΔI B e que ΔU BE= − ΔU EB , o modelo
incremental da Fig.3.12 pode ser substituído pelo da Fig.3.13.
ΔI B ΔI C
B C
ΔU BE 1 gB β F ΔI B ΔU C
E E
- Fig.3.13 -
Circuito para componentes incrementais do transistor bipolar na região activa directa
De salientar que nos circuitos das figuras 3.12 e 3.13 os parâmetros incrementais estão
relacionados de acordo com
ΔI E = g E ΔU EB = (1 + β F )ΔI B (3.53)
ΔI B = g B ΔU EB (3.54)
g E = (1 + β F ) g B (3.55)
g mCE
= βF (3.56)
gB
Ou
g mCE ΔU EB = β F ΔI B (3.57)
significando que do ponto de vista do colector, o transístor funciona como uma fonte de
corrente controlada por corrente (de base, através de βF, ou de emissor, através de αF) ou por
uma fonte de corrente controlada por tensão (ΔUE). Na literatura é usual representar as
grandezas contínuas por letras e índices maiúsculos (IE, IB, UCE), as grandezas variáveis por
letras e índices minúsculos (ie, ib, uce) e as grandezas totais por letras minúsculas e índices
minúsculos (iE, iB, uCE).
- 3.18 -
Vimos no díodo que a aproximação quase-estacionária tinha que ser completada, à medida
que a frequência subia, com a introdução de capacidades diferenciais e eventualmente, para
frequências ainda mais altas, da ordem dos GHz, pelas indutâncias associadas aos fios de
ligação. Acima dessas frequências deixa de ser válido o modelo dos parâmetros concentrados.
No transístor bipolar de junções podemos admitir o mesmo. Para pequenas variações
sinusoidais em torno de um ponto de funcionamento em repouso podemos linearizar as
equações e as condições de fronteira, concluindo que também são sinusoidais as variações das
concentrações das minorias e das correntes. Por um tratamento em tudo análogo ao que foi
feito para as junções pn no díodo, e admitindo que ωτ << 1 , obtemos
⎡ I E ⎤ ⎡ Ye Yi ⎤ ⎡U E ⎤
⎢ ⎥=⎢ ⎥⎢ ⎥
⎣ I C ⎦ ⎣Yd Ys ⎦ ⎣U C ⎦
(3.58)
onde
Ye = g E + jωC E (3.59)
sendo
UE
I UT
g E = ES e
UT (3.60)
C E = C E D + C ET
(3.61)
UE
L n
C E D = Aq nE E 0 e U T
2U T (3.62)
εqN AE N DB
C ET = A (3.63)
2( N AE + N DB )(VC 0 − U E )
Ys = g C + jωCC (3.64)
- 3.19 -
UC
I
g C = CS e U T (3.65)
UT
CC = CC D + CC T (3.66)
UC
L n
CC D = Aq nC C 0 e U T (3.67)
2U T
εqN AC N DB
CC T = A (3.68)
2( N AC + N DB )(VC 0 − U C )
Yi = α R g C (3.69)
Yd = α F g E (3.70)
⎡U E ⎤ ⎡ H e H i ⎤⎡ I E ⎤
⎢ ⎥=⎢ ⎥⎢ ⎥ (3.71)
⎣ IC ⎦ ⎣H d H s ⎦ ⎣U C ⎦
sendo
⎛U ⎞ 1 1
H e = ⎜⎜ E ⎟⎟ = = (3.72)
⎝ IE ⎠U C = 0 Ye g E + jωC E
⎛ ⎞
⎛I ⎞ ⎛ YY ⎞ ⎜ αFαR ⎟
Hs = ⎜ C ⎟ = ⎜ Ys − i d ⎟ = ⎜1 + ⎟ gC + jωCC = YC + jωCC (3.73)
⎝ U C ⎠ I E =0 ⎝ Ye ⎠ ⎜ 1 + jω C E ⎟
⎜ ⎟
⎝ gE ⎠
⎛U ⎞ Y α R gC
H i = ⎜⎜ E ⎟⎟ =− i = = αR (3.74)
⎝UC ⎠ I E =0 Ye g E + jωC E
⎛I ⎞ Y αF gE
H d = ⎜⎜ C ⎟⎟ =− d = = αF (3.75)
⎝ IE ⎠U C = 0 Ye g E + jωC E
- 3.20 -
As expressões anteriores mostram que num caso geral, devido à presença das capacidades
diferenciais, a entrada e a saída não estão em fase. O circuito equivalente usando os
parâmetros híbridos da matriz [H ] é o da Fig.3.14. De salientar, atendendo a (3.75), a
seguinte igualdade
α F I E = α F I E1 (3.76)
α RU C
IE IC
E C
αF IE 1 YC
UE 1 gE CE CC UC
B B
- Fig.3.14 -
Circuito para componentes incrementais do transistor bipolar (parâmetros híbridos)
IE IC
E C
αF IE
UE 1 gE CE CC UC
B B
- Fig.3.15 -
Circuito para componentes incrementais do transistor bipolar na região activa directa (parâmetros híbridos)
- 3.21 -
3.6 Transistor bipolar de heterojunções
Para não haver atravessamento da base esta tem de ser larga, com evidentes prejuízos no
valor do factor de transporte θ e nos ganhos αF e βF. Vimos que nos transístores para se
obterem valores elevados dos ganhos tem de se verificar a condição nE 0 << pB 0. Nos
transístores bipolares de homojunção esta condição impõe que NAE>>NDB, já que de um e de
outro lado da junção tem-se o mesmo valor para a concentração intrínseca. Nas heterojunções
a relação das dopagens do emissor e da base não é obrigatoriamente aquela. Com efeito
2 2
niE niB 2 2
nE 0 << pB0 ⇒ << ⇒ niE << niB ⇒ WGE > WGB (3.78)
N AE N DB
Ou seja, a base deve ser o material com menor altura da banda proibida, para que mesmo com
uma menor dopagem de emissor se tenha um ganho αF praticamente unitário. Já foram
referenciados transístores com valores de βF da ordem de 50000.
- 3.22 -
região de transição é essencialmente do lado do colector, este efeito é minimizado. Por outro
lado diminuir a concentração de impurezas do lado do emissor tem a vantagem de diminuir a
capacidade de transição da junção emissora e aumentar a sua tensão de disrupção. As
características de saída de uma montagem de emissor comum podem aproximar-se da simetria
(ver Fig.3.9(a), onde as características do 1º e 3º quadrantes são muito diferentes), com
vantagens em aplicações nos circuitos digitais.
3.7 Fototransistores
R ICB0
ICB0 R
E
(a) (b)
- Fig.3.16 -
Fototransistor com o emissor em aberto (a) e com a base em aberto (b)
- 3.23 -
Emissor Base Colector
(p) (n) (p)
n p 0C
LC
pn 0 B
LE
n p0E
- Fig. 3.17 -
Distribuição dos portadores minoritários num fototransistor com o emissor em aberto.
A tracejado representam-se as distribuições de equilíbrio termodinâmico.
pn 0 B
LE
n p0E
- Fig.3.18 -
Distribuição dos portadores minoritários num fototransistor com a base em aberto.
A tracejado representam-se as distribuições de equilíbrio termodinâmico.
- 3.24 -
I E = I ES δ (U E ) − α R I CS δ (U C ) − I E 0 (3.79)
I C = − I CS δ (U C ) + α F I ES δ (U E ) + I C 0 (3.80)
sendo
δ (U ) = eU / U − 1
T
(3.81)
Normalmente despreza-se I E 0 em face de I C 0 . Isto resulta de, por construção, a área exposta
da junção emissora ser desprezável em relação à área iluminada da junção colectora, além de,
pelo facto de normalmente a junção colectora estar inversamente polarizada, o comprimento
da região de transição ser menor no caso da junção emissora.
I C = β F I E 0 + (1 + β F )I C 0 − I CE 0δ (U C ) (3.82)
- Fig. 3.19 -
Modelização de um fototransistor à custa de um fotodíodo+um transistor.
Concluímos assim com base nas considerações dos parágrafos anteriores que numa montagem
com o emissor em aberto o fototransistor trabalha abaixo das suas potencialidades no que toca
à sensibilidade, uma vez que com as duas junções inversamente polarizadas a função
amplificadora não é efectuada. Isto é, nesta situação o fototransistor funciona como um
- 3.25 -
fotodíodo. A Fig.3.20 representa a estrutura esquemática de um fototransistor.
Camada anti-reflectora
SiO2
Colector
Emissor
SiO2
n+ n+
Substrato Si (p)
- Fig.3.20 –
Estrutura de um fototransistor de sílicio.
multiplicadas por factores da ordem do produto dos β F associados aos dois transistores.
Embora com maior ganho, a montagem citada perde em rapidez.
- Fig.3.21 –
Montagem de Darlington.
- 3.26 -