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GOMES, Angela A República, A História e o IHGB
GOMES, Angela A República, A História e o IHGB
Objeto: Relações que uma espécie de “pedagogia da nacionalidade” firma com a construção de
uma cultura política republicana que necessitava ser produzida no contexto do fim do século XIX
e da primeira metade do XX, em Portugal e no Brasil por meio da obra de autores brasileiros e
portugueses. A autora põe as seguintes questões: como esses pensadores diagnosticavam as causas
do “atraso” brasileiro e da “decadência” de Portugal? Como pretendiam enfrentar os problemas da
“educação nacional”? E, de que maneira a educação reservava um espaço privilegiado para o
ensino da história nacional?
Objetivos: Assinalar a centralidade do período que decorre do fim do século XIX aos anos 1940
para a constituição de uma escrita da História Pátria no Brasil e em Portugal, cuja importância foi
fundamental para a consolidação de um cultura política republicana nos dois países.
Destacar que as duas dimensões da escrita da história, tanto a “científica”, quanto a “ensinável”
encontram-se permeadas pelas relações entre história e memória.
Investigar como essa “cultura política” buscava “produzir” um passado histórico, para ser
ensinado por meio de uma narrativa acessível, que mobilizasse meios de atingir o grande público.
Quadro teórico:
A autora aponta os processos de construção de identidades individual e de grupo. Essas
identidades não se constituem como propriedades fixas e imutáveis no tempo e no espaço. Uma
das dimensões caras à análise do historiador, no processo de construção de identidades é a
produção de um passado comum ao grupo. A autora trabalha com o conceito de “imaginação
social” como responsável pela produção de identidades de grupos.
Sua segunda escolha diz respeito a não trabalhar com uma separação nítida entre a escrita
dos historiadores e a dos divulgadores ou mediadores culturais, entre os quais se inserem os
autores de livros escolares.
Por fim, a autora trabalha também com a relação entre história e memória, asseverando
que, se a segunda tem por encargo “encenar e monumentalizar o passado, em especial o passado
histórico”, à primeira cabe analisar criticamente esse passado, compreendendo-o,
desnaturalizando-o e desmonumentalizando-o. Entretanto, se à história têm um compromisso
crítico, também não deixa de “atuar na construção de memórias”. Assim, se a história toma a
memória como objeto de estudo, a memória também faz uso da história, incorporando-a na
“fabricação de passados” (p. 88)
Fontes e metodologia
Em uma primeira parte do capítulo, é evidenciado o lugar que a educação ocupa entre as
prioridades do republicanismo tanto em Portugal, quanto no Brasil. Para isso, a autora trabalha
com as obras de dois intelectuais muito reconhecidos por suas contribuições. No caso brasileiro, a
autora escolhe José Veríssimo (1857-1916), cuja referência é o livro “A educação nacional”, de
1890, um ano após a proclamação da República. No caso de Portugal, utiliza-se da obra de João
de Barros (1881-1960), intelectual ligado à Primeira República e à educação. O autor foi
responsável pela realização da reforma de ensino primário português. A autora se utiliza de dois
livros do autor, escritos, segundo ela, em contextos que o aproximam ao livro de Veríssimo.
Em uma segunda parte do capítulo a autora busca lançar um olhar sobre dois autores
voltados para o que se considerava uma educação cívico-patriótica, no contexto da propaganda e
do restabelecimento do regime republicano. Esses dois autores são Sílvio Romero, no caso do
Brasil e Arsênio Augusto Torres Mascarenhas, no caso português. Ambos os autores escreveram
livros que traziam biografias de personagens “notáveis” na história dos dois países para utilização
na escola primária.
Hipóteses