Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Pocock, J.G.A. O conceito de linguagem e o métier d’ historien: algumas
considerações sobre a prática. Em: J.G.A. Pocock. Linguagens do ideário político.
Sergio Miceli (org.). Tradução de Fábio Fernandez. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 2003.
2
Métier entendido como prática ou ofício do historiador.
O historiador pode ter certeza de que essa linguagem se encontra em uso porque
ela é utilizada para comunicar-se; porque se discute o uso que outros grupos
fizeram da linguagem criando linguagens de segunda ordens; porque é possível
prever múltiplos significados e conseqüências; no descobrimento da sua
expansão e distribuição e; por último, constatar o não uso de outras linguagens,
sejam mais antigas ou contemporâneas.
A finalidade de apreender estas linguagens não é para escrever nela, mas para
lê-las; ele deverá ter a capacidade de recriar em sua própria linguagem as outras
já lidas, de atualizar as linguagens de outros fazendo com que seu leitor as possa
reconhecer. Esse processo lhe proporciona ao historiador tanto um
distanciamento crítico quanto histórico que lhe permitirá distinguir as
peculiaridades de uma determinada linguagem.
A história proposta por Pocock não é uma história que priorize o estudo da
langue em detrimento da parole; mas, ele procura uma história do discurso que
“o situe entre parole e langue, entre ato de fala e contexto lingüístico”. Nesse
cruzamento é que o historiador deve procurar a criação de linguagens e sua
difusão através do discurso político. Através da parole ou de diversas das
enunciações é que o historiador pode pensar seu significado em termos de seus
efeitos sobre a langue.
Ao pensar-se nos atos de fala desde um ponto de vista individual, temos de estar
consciente de que o individuo desenvolve seus atos num espaço que tem como
base diversas convenções e que seus limites são estabelecidos por diversas
diretrizes; mas o próprio indivíduo entra em contradição com esses espaços e
fronteiras, com a langue dos outros, da própria comunidade.
Essa mudança pode ser feita como quando se usa algum conceito já em desuso
para outorgar-lhe um novo conteúdo em resposta a novas circunstâncias. Sua
transposição ou mudança para outros ou novos contextos diferentes de aqueles
que lhe deram origem expressa o caráter criativo da parole e o caráter aberto da
langue.
“O discurso atua sobre pessoas; os textos atuam sobre leitores; mas essa ação
efetua-se algumas vezes sincronicamente, através das respostas nitidamente
imediatas dos ouvintes ou leitores e, outras vezes, diacronicamente, pela eficácia
da parole em levá-los a aceitar uma mudança nos usos, nas regras e nas
implicações, reconhecidas ou implícitas, da langue. Ao estudar a criação e a
difusão de linguagens, estamos comprometidos com processos que têm de ser
vistos diacronicamente, por mais que sejam constituídos por performances
ocorrendo sincronicamente. As linguagens são poderosas estruturas meditarias,
e atuar sobre elas e no interior delas é atuar sobre pessoas, talvez
imediatamente, mas também por meio de uma transformação dos seus meios de
mediação, o que, com freqüência, é feito de maneira indireta e leva tempo.
Certamente devemos estudar as transformações no discurso na medida em que
elas geram transformações na prática, mas há sempre um intervalo no tempo,
suficiente para gerar heterogeneidade no efeito”.
3 Liste os detalhes importantes. Identifique detalhes e dados
específicos que sustentem as idéias principais. Quando você incluir as palavras
exatas do autor ou de outra pessoa, use aspas para identificar o início e o fim do
texto.