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Lista de manuscritos unciais do Novo

Testamento
Manuscritos do Novo Testamento Grego em letras maiúsculas (ou unciais) são
manuscritos em caracteres maiúsculos, escritos em velino e pergaminho, entre o século
III e o século XI. Existem cerca de 322 Unciais.[1]
Unciais 046-0320
Lista de minúsculos do Novo Testamento
Um Novo Testamento minúsculo é uma cópia de uma porção do Novo
Testamento escrito em grego cursivo (desenvolvido do Uncial).[1][2] Muitos dos minúsculos
foram escritos em pergaminhos. Papel foi usado desde o século XII.

Códex Ebnerianus, Minúsculo 105, (sec. 12), João 1:5b-10.

Um Novo Testamento minúsculo é uma cópia de uma porção do Novo


Testamento escrito em grego cursivo (desenvolvido do Uncial).[1][2] Muitos dos minúsculos
foram escritos em pergaminhos. Papel foi usado desde o século XII.

Lista

Lista dos papiros do Novo Testamento


Um papiro do Novo Testamento é uma cópia de uma porção do Novo Testamento feito
em papiro. O período, abrange o século um e vinte esses papiros são conhecidos. Em
geral, eles são considerados a mais antiga e melhor testemunha do texto original do Novo
Testamento.[1]
O mais antigo papiro, data de antes do ano 90 é um extrato do Evangelho de Marcos,
descoberto em 2012, com uma máscara de múmia egípcia.
Verso do Papiro 37

Lista manuscritos]
Manuscritos em amarelo foram encontrados entre os Papiros de
Oxirrinco
Manuscritos em azul foram encontrados entre os Papiros de Bodmer
Manuscritos em vermelho foram encontrados entre os Chester Beatty
Papyri

Códex Sinaiticus

O Códex Sinaiticus, também conhecido como Manuscrito 'Aleph'


(primeira letra do alfabeto hebraico), é um dos mais importantes
manuscritos gregos já descobertos, pois além de ser um dos mais antigos
(século IV), e o único códex que contém o Novo Testamento inteiro.

Atualmente encontra-se no Museu Britânico (Additional 43725).


Juntamente com o Códex Vaticanus, é um dos mais importantes
manuscritos gregos para o Criticismo Textual, além do texto da
Septuaginta.

É escrito em quatro colunas por página, 48 linhas por página. As letras


não contem acentos e respirações. Contém as Seções Amonianas, e os
Cânones Eusebianos.

Códex Sinaiticus (em grego: Σιναϊτικός Κώδικας, em hebraico: ‫ ;קודקס סינאיטיקוס‬códigos de


referência: Londres, Brit. Libr., manuscritos adicionais 43725; Gregory-Aland nº ‫[ א‬Aleph]
ou 01, [Soden δ 2]) ou Bíblia do Sinai é um dos quatro grandes códices unciais, uma
antiga cópia manuscrita da Bíblia em grego koiné.[1]
Este códice é um manuscrito de texto-tipo alexandrino escrito no século IV em
letras unciais em pergaminho. O entendimento acadêmico moderno considera o Códex
Sinaiticus como sendo um dos melhores textos gregos do Novo Testamento[2] juntamente
com o Códex Vaticanus. Até sua descoberta por Constantin von Tischendorf, o Códex
Vaticanus não tinha paralelos.[3]
O Codex Sinaiticus atraiu a atenção dos estudiosos no século XIX ainda no Mosteiro de
Santa Catarina, na península do Sinai, e material adicional foi descoberto depois nos
séculos XX e XXI. Embora partes do códice estejam espalhadas por quatro bibliotecas, a
maior parte do manuscrito está hoje na Biblioteca Britânica, em Londres, aberto à visitação
pública.[4][5] Desde a sua descoberta, o estudo do Codex Sinaiticus vem se mostrando
extremamente útil para a disciplina da crítica bíblica.
Apesar de grandes porções do Antigo Testamento estejam faltando, assume-se que o
códice originalmente continha os dois testamentos completos.[6] Cerca de metade do texto
do Antigo Testamento em grego (ou Septuaginta) sobreviveu juntamente com todo o Novo
Testamento, todos os livros deuterocanônicos, a Epístola de Barnabé e partes do Pastor
de Hermas.[2]

Descrição

Detalhe do pergaminho em papel velino do Codex Sinaiticus.


O códice consiste de folhas, originalmente duplas, de pergaminho e provavelmente media
40 x 70 cm. Todo ele, com poucas exceções, é formado por cadernos de oito folhas, um
formato popular durante toda a Idade Média.[7] Cada linha do texto tem entre doze e
quatorze letras gregas unciais arranjadas em 4 colunas (48 linhas por coluna) com
quebras de linha cuidadosamente escolhidas e cantos direito ligeiramente
irregulares.[8] Quando aberto, as oito colunas que se apresentavam ao leitor se pareceriam
muito com a sucessão de colunas lida num rolo de papiro.[9] Os livros poéticos do Antigo
Testamento estão escritos esticometricamente com apenas duas colunas por página. No
conjunto, o códice tem quase 4 000 000 de letras unciais[nota 1].
A obra foi escrita em scriptio continua sem respiros e nem acentos
politônicos.[11] Pontos ocasionais e umas poucas ligaduras também foram utilizados, mas
a nomina sacra, com sobrelinha, foi utilizada em todo o texto. Algumas palavras
geralmente abreviadas em outros manuscritos (como πατηρ e δαυειδ) foram escritas
no Códex Vaticanus tanto na forma extensa quanto na abreviada. As seguintes nomina
sacra foram escritas de forma
abreviada: ΘΣ ΚΣ ΙΣ ΧΣ ΠΝΑ ΠΝΙΚΟΣ ΥΣ ΑΝΟΣ ΟΥΟΣ ΔΑΔ ΙΛΗΜ ΙΣΡΛ ΜΗΡ ΠΗΡ ΣΩΡ.[1
2]

Com bastante regularidade, um simples iota é substituído pelo ditongo epsilon-iota


(geralmente — e incorretamente — conhecido como iotacismo), como ΔΑΥΕΙΔ ao invés
de ΔΑΥΙΔ, ΠΕΙΛΑΤΟΣ ao invés de ΠΙΛΑΤΟΣ, ΦΑΡΕΙΣΑΙΟΙ ao invés de ΦΑΡΙΣΑΙΟΙ e
outros casos.[13]
Cada página retangular tem a proporção de 1.1 para 1 enquanto que o bloco de texto tem
a proporção recíproca de 0,91 (a mesma proporção invertida, ou seja, 1 para 1.1). Se os
espaços entre as colunas forem removidos, o bloco de texto ficaria com a mesma
proporção da página. O tipógrafo Robert Bringhurst se referiu ao códice como uma "peça
sutil de artesanato".[14]
Os fólios são feitos de pergaminho de papel velino feito principalmente com pele de
bezerro, mas também pele de cordeiro.[15] O próprio Tischendorf acreditava que o
pergaminho havia sido feito com pele de antílope, mas um exame microscópico moderno
descarta essa hipótese. A maior parte dos cadernos contém quatro folhas, com exceção
de dois, que têm cinco. Estima-se que as peles de cerca de 360 animais foram utilizadas
para construir todos estes fólios. O custo deste material, somado ao pagamento do
trabalho dos escribas e a encadernação equivalia ao salário de um indivíduo por uma vida
inteira.[16]

Trecho de I João 5:7-8, conhecido como Comma Johanneum


Trecho do Livro de Ester numa das folhas preservadas na Universidade de Leipzig.

Trecho da Epístola de Judas.

Trecho com uma marca do corretor.

Texto do códice
Trecho de I João 5:7-8, conhecido como Comma Johanneum.

Trecho do Livro de Ester numa das folhas preservadas na Universidade de Leipzig.


Trecho da Epístola de Judas.

Trecho com uma marca do corretor.

TEXTO DO CODICE

A parte do códice que está preservada na Biblioteca Britânica consiste em 346 fólios e
mais uma metade, um total de 694 páginas (38,1 cm x 34,5 cm), mais da metade do texto
original. Destes fólios, 199 pertencem ao Antigo Testamento (incluindo os livros
deuterocanônicos), e as restantes, ao Novo Testamento e mais dois outros livros (Epístola
de Barnabé e O Pastor de Hermas). Os deuterocanônicos presentes são II
Esdras, Tobias, Judite, I e II Macabeus, Sabedoria e Siraque (ou "Eclesiástico").[16][17] Os
livros do Novo Testamento estão organizados na seguinte ordem: os quatro evangelhos,
as epístolas paulinas (com Hebreus depois de II Tessalonicenses), Atos dos Apóstolos[nota
2], as epístolas católicas e o Apocalipse. O fato de algumas partes do códice estarem

preservadas em boas condições e outras em condições ruins indica que elas foram
armazenadas em locais distintos durante sua história.[18]
Conteúdo
O texto do Antigo Testamento contém as seguintes passagens[19][20]:

 Gênesis 23:19 – Gênesis 24:46 – fragmentos


 Levítico 20:27 – Levítico 22:30
 Números 5:26 – Números 7:20 – fragmentos
 I Crônicas 9:27 – I Crônicas 19:17
 I Esdras-II Esdras (a partir de Esdras 9:9).
 Livro dos Salmos – Siraque
 Livro de Ester
 Livro de Tobias
 Livro de Judite
 Livro de Joel – Livro de Malaquias
 Livro de Isaías
 Livro de Jeremias
 Livro de Lamentações
 I, II, III e IV Macabeus
Versículos omitidos[22]

 Evangelho de Mateus: Mateus 12:47, Mateus 16:2b-3, Mateus 17:21, Mateus


18:11, Mateus 23:14;
 Evangelho de Marcos: Marcos 7:16, Marcos 9:44, Marcos 9:46, Marcos
11:26, Marcos 15:28, Marcos 16:9-20 (o chamado "Marcos 16|final longo de
Marcos]]")
 Evangelho de Lucas: Lucas 17:36
 Evangelho de João: João 5:4, Perícope da Adúltera (João 7:53 até João
8:11), João 21:25
 Atos dos Apóstolos: Atos 8:37; Atos 15:34; Atos 24:7; Atos 28:29
 Epístola aos Romanos: Romanos 16:24
O texto do Novo Testamento está completo, mas com diversas lacunas[21]
Frases omitidas

Mateus 6:13: "ὅτι σοῦ ἐστιν ἡ βασιλεία καὶ ἡ δύναμις καὶ ἡ δόξα εἰς τοὺς αἰῶνας.
ἀμήν" ("Pois teu é o reino o poder e a glória para sempre. Amém").[23]
 Mateus 15:6: "η την μητερα (αυτου)" ("nem a sua mãe").[24]
 Mateus 20:23: "και το βαπτισμα ο εγω βαπτιζομαι βαπτισθησεσθε" ("e seja batizado
com o batismo com que eu fui batizado").[25]
 Mateus 23:35: "υιου βαραχιου" ("filho de Baraquias") - esta omissão só acontece
no 59 (pelo primeiro escriba), três lecionários (ℓ 6, ℓ 13 e ℓ 185) e Eusébio.[26]
 Marcos 1:1: "υιου θεου" ("Filho de Deus").[27]
 Marcos 10:7: "και προσκολληθησεται προς την γυναικα αυτου" ("e se juntará a sua
esposa"), um texto similar a Codex Vaticanus Graecus 1209, Codex Athous
Lavrensis, 892 e ℓ 48, syrs, goth.[28]
 Lucas 9:55b-56a: "καὶ εἶπεν, Οὐκ οἴδατε ποίου πνεύματος ἐστὲ ὑμεῖς; ὁ γὰρ υἱὸς τοῦ
ἀνθρώπου οὐκ ἦλθεν ψυχὰς ἀνθρώπων ἀπολέσαι ἀλλὰ σῶσαι" ("e Ele disse: Vós não
sabeis de que tipo de espírito sois feitos; pois o Filho do homem não veio para
destruir as vidas das homens, mas para salvá-las"), um trecho omitido também
em P45, P75, B, C, L, Θ, Ξ, 33, 700, 892, 1241 syr, copbo.[29]
 João 4:9: "ου γαρ συνχρωνται Ιουδαιοι Σαμαριταις" ("Os judeus não se
comunicam com os samaritanos"), uma das ditas falsas interpolações
ocidentais; trecho omitido também em D, a, b, d, e, j, copfay, ele foi suprido pelo
primeiro corretor, ainda no scriptorium.[30]
Passagens marcadas para exclusão por um dos corretores

 Mateus 24:36: o primeiro corretor marcou a frase "ουδε ο υιος" ("nem o Filho")
como duvidosa, mas o segundo corretor removeu a marca.[31]
 Marcos 10:40: "ητοιμασται υπο του πατρος μου" (e não "ητοιμασται"). O primeiro
marcou a frase "υπο του πατρος μου" como duvidosa, mas o segundo removeu a
marca.[32]
 Lucas 11:4: A frase "ἀλλὰ ῥῦσαι ἡμᾶς ἀπὸ τοῦ πονηροῦ" ("mas livrai-nos do mal")
foi marcada como duvidosa pelo primeiro corretor, mas o segundo removeu a
marca.[33]
 Lucas 22:43-44: o trecho conhecido como "Agonia no Horto" foi incluída pelo
escriba original e marcada como duvidosa pelo primeiro corretor. O terceiro
corretor removeu a marca.[34]
 Luke 23:34a: o trecho "Disse Jesus: Pai, perdoa-lhes; pois não sabem o que
fazem" foi marcada como duvidosa pelo primeiro corretor, mas a marca foi
removida pelo terceiro.[35]
Estas omissões são típicas dos texto-tipo alexandrino.[36]

Interpolações
Mateus 8:13 (veja Lucas 7:10)
Neste trecho há uma frase adicional, "καὶ ὑποστρέψας ὁ ἑκατόνταρχος εἰς τὸν οἶκον
αὐτοῦ ἐν αὐτῇ τῇ ὦρᾳ εὗρεν τὸν παῖδα ὑγιαίνοντα" ("e quando o centurião retornou
para casa naquela hora, encontrou o escravo curado"), como também acontece
nos códices C, (N), Θ, 0250, f1 (33, 1241), g1, syrh.[37]
Mateus 10:12 (veja Lucas 10:5)
Lê-se "λέγοντες εἰρήνη τῷ οἴκῳ τούτῳ" ("Paz seja nesta casa") depois de "αυτην". A
frase foi excluída pelo primeiro corretor, mas o segundo a refez. Esta mesma
leitura aparece em: D, Le, W, Θ, manuscritos f 1, 22, 1010 (1424), it, vgcl.[38][39]
Mateus 27:49 (veja João 19:34)
Neste trecho há uma frase adicional, "ἄλλος δὲ λαβὼν λόγχην ἔνυξεν αὐτοῦ τὴν
πλευράν, καὶ ἐξῆλθεν ὕδορ καὶ αἷμα" ("outro tomou a lança e perfurou seu lado e
imediatamente escorreram água e sangue"), o que também ocorre em vários
outros manuscritos do texto-tipo alexandrino.[40]

Variantes textuais únicas e outras


Mateus 7:22: a palavra "πολλα" ("numerosos") aparece em "e em teu nome não expelimos
[numerosos]] demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?". Nenhum outro
manuscrito traz esta variante.[41]

 Mateus 8:12: é utilizada a palavra "ἐξελεύσονται" ("sairão") ao invés de "ἐκβληθήσονται"


(serão lançados). Esta variante aparece apenas em um outro manuscrito grego (Uncial
0250), e no Codex Bobiensis syrc, s, p, pal, arm, Diatessarão.[42]

 Mateus 13:54: a frase comum "εις την πατριδα αυτου" ("à sua terra") foi alterada para
"εις την αντιπατριδα αυτου" ("à sua Antipátrida"). Esta variante não existe em nenhum
outro manuscrito e, assim como uma outra em Atos 8:5 (vide abaixo), parece ter sido
obra de um único escriba. Segundo T. C. Skeat, as duas alterações sugerem que
a Cesareiateria sido o local onde o manuscrito original foi feito.[43]

 Mateus 16:12: nesta passagem aparece "της ζυμης των αρτων των Φαρισαιων και
Σαδδουκαιων" ("fermento dos pães dos fariseus e saduceus"), uma leitura diferente de
"..do fermento dos pães, mas sim da doutrina dos fariseus e dos saduceus", uma
leitura apoiada apenas pelo ff1 e em syrc.

 Lucas 1:26: "Nazaré" aparece como "uma cidade da Judeia".

 Lucas 2:37: lê-se "εβδομηκοντα" ("setenta") ao invés de "ογδοηκοντα" ("oitenta") como


em todos os demais manuscritos.[44]

 João 1:28: p segundo corretor criou uma variante textual única, "Βηθαραβα"", que
aparece no Minúsculo 892, syrh e em vários outros manuscritos.[45]

 João 1:34: lê-se "ὁ ἐκλεκτός" ("o escolhido"), como nos manuscritos 5,
106, b, e, ff2, syrc e em syrs, ao invés de apenas "υἱος" ("filho").
 João 2:3: onde normalmente se lê "Tendo acabado o vinho", aparece "E eles não
tinham vinho por que o vinho da festa de casamento havia acabado", uma leitura
apoiada por ae j).

 João 6:10: lê-se "τρισχιλιοι" ("três mil") ao invés de "πεντακισχιλιοι" ("cinco mil"), uma
alteração feita pelo segundo corretor.[46]

 Atos 8:5: lê-se "εις την πολιν της Καισαριας" ao invés de "εις την πολιν της Σαμαρειας",
uma troca de "Samaria" por "Cesareia". Esta variante não existe em nenhum outro
manuscrito e, assim como uma outra em Mateus 13:54 (vide acima), parece ter sido
obra de um único escriba. Segundo T. C. Skeat, as duas alterações sugerem que
a Cesareia teria sido o local onde o manuscrito original foi feito.[43]

 Atos 11:20: lê-se "εὐαγγελιστας" ("evangelistas") ao invés de "ἑλληνιστάς" ("gregos").[47]

 Atos 14:9: antes de "ouvindo" está a palavra "não".[47]

 Hebreus 2:4: lê-se "colhidos" ao invés de "distribuídos".[47]

 I Pedro 5:13: lê-se "Babilônia" ao invés de "igreja".[47]

 II Timóteo 4:10: lê-se "Γαλλιαν" ao invés de "Γαλατιαν", uma leitura apoiada


por C, 81, 104, 326, 436.[48]
Exemplos de algumas variantes majoritárias
É o mais antigo manuscrito que atesta a frase "μη αποστερησης" ("não defraudarás")
em Marcos 10:19, que não aparece no Codex Vaticanus (foi acrescentada por um segundo
corretor), Codex Cyprius, Codex Washingtonianus, Codex Athous
Lavrensis, f1, f13, 28, 700, 1010, 1079, 1242, 1546, 2148, ℓ 10, ℓ 950, ℓ 1642, ℓ 1761, syrs,
arm., geo. Esta variante é majoritária entre os manuscritos.[49]
Em Marcos 13:33, o Codex Sinaiticus é também o manuscrito mais antigo que atesta a
variante "και προσευχεσθε" ("e reze"). Tanto o Codex Vaticanus quanto o Codex Bezae não
incluem esta passagem.[50]
Em Lucas 8:48, aparece a palavra "θυγατερ" ("filha"), como nos manuscritos bizantinos, ao
invés da palavra alexandrina "θυγατηρ ("filho"), suportada pelos
manuscritos: B, K, L, W, Θ.[51]

Mosteiro de Santa Catarina, no monte Sinai (Egito), o local onde o manuscrito foi preservado até o
século XVIII.

Leitura ortodoxa
Em I João 5:6 há uma variante textual, "δι' ὕδατος καὶ αἵματος καὶ πνεύματος" ("por meio
de água e sangue e espírito"), que também ocorre no Codex
Alexandrinus, 104, 424c, 614, 1739c, 2412, 2495, ℓ 598m, syrh, copsa, copbo e
em Orígines.[52] Bart D. Ehrman afirma que esta variante é uma leitura corrompida
pelo grupo ortodoxo,[53] uma tese amplamente disputada no meio acadêmico.[54]

Texto-tipo e relação com outros manuscritos


Para a maior parte do Novo Testamento, o Codex Sinaiticus geralmente coincide com
o Codex Vaticanus Graecus 1209 e com o Codex Ephraemi Rescriptus, atestando o texto-
tipo alexandrino. Um notável exemplo de concordância entre o Sinaiticus e o Vaticanus é
que ambos momite a palavra "εικη" ("sem causa", "sem motivo", "em vão") em «Mas eu
vos digo que todo aquele que se ira contra seu irmão [sem motivo], estará sujeito a
julgamento. » (Mateus 5:22a)[nota 3].
Em João 1:1-8:38, o Sinaiticus difere do Vaticanus e de todos os demais manuscritos
alexandrinos e se aproxima mais do Codex Bezae, um texto-tipo ocidental. Por exemplo,
em João 1:4, Sinaiticus e Bezae são os dois únicos manuscritos gregos que apresentam a
variante textual "ἐν αὐτῷ ζωὴ ἐστίν" ("nele está a vida") ao invés de "ἐν αὐτῷ ζωὴ ᾓν" ("nele
estava a vida"). Esta variante é apoiada ainda pela Vetus Latina e por alguns manuscritos
da versão copta saídica. Este trecho contém uma grande quantidade de anotações dos
corretores no Sinaiticus.[55] No total, Hoskier enumerou 3036 diferenças entre o Sinaiticus e
o Vaticanus: 656 em Mateus, 567 em Marcos, 791 em Lucas, 1022 em João.[56] Grande
parte delas são iotacismos e variações na transcrição de nomes hebraicos.
Os dois manuscritos não foram escritos no mesmo scriptorium e,
segundo Hort, Sinaiticus e Vaticanus derivam de uma mesma fonte original muito mais
antiga "cuja data não pode ser maior que a primeira metade do século II e pode ser ainda
anterior".[57]
B. H. Streeter atestou a grande concordância entre o Sinaiticus e a Vulgata de Jerônimo.
Segundo ele, Orígenes levou para Cesareia Palestina o texto-tipo alexandrino utilizado
neste códice e que foi utilizado por Jerônimo.[58]
Entre os séculos IV e XII, sete ou mais corretores trabalharam no Sinaiticus, o que faz dele
o mais corrigido manuscrito ainda existente.[59] Tischendorf, durante sua investigação
em São Petersburgo, enumerou 14 800 correções apenas na porção que ele tinha em
mãos (2/3 do códice).[60] Segundo David C. Parker, o códice todo tem cerca de 23 000
correções.[61] Além delas, algumas letras foram marcadas com um "ponto" para indicar que
são duvidosas (ex.:"ṪḢ"). Muitas dessas correções representam o texto-tipo bizantino, o
mesmo ocorrido em vários outros manuscritos — Bodmer II, L, C e Δ — como descobriu
E. A. Button.[62]

História do códice[
Primeiros anos
Proveniência
Pouco se sabe dos primeiros anos da história do manuscrito. Segundo Hort, ele foi escrito
no ocidente, provavelmente em Roma, como sugere a divisão dos capítulos nos Atos dos
Apóstolos, comum entre Sinaiticus e Vaticanus, que não aparece em nenhum outro
manuscrito grego mas é encontrada em vários manuscritos
da Vulgata latina.[63] Robinson refuta este argumento sugerindo que este sistema de
divisão dos capítulos foi introduzida na Vulgata pelo próprio Jerônimo como resultado de
seus estudos em Cesareia.[64] Segundo Kenyon, as formas das letras são egípcias e
aparecem em manuscritos egípcios mais antigos.[65] Gardthausen,[66] Ropes
e Jellicoe defendem, por isso, que ele teria sido escrito no Egito romano. Harris acredita
que o manuscrito veio da biblioteca de Pânfilo, em Cesareia[65] Streeter,[58] Skeat,
and Milne also believed that it was produced in Caesarea.[43]
Data do códice]
É consenso entre os estudiosos que o Codex Sinaiticus foi escrito no século IV. Ele não
pode ser anterior a 325 por conter os cânones eusebianos, uma data terminus post quem.
Já a data terminus ante quem é menos certa, mas, segundo Milne e Skeat, é improvável
que tenha sido muito depois de cerca de 360.[16] Segundo Tischendorf, o Codex
Sinaiticusera uma das cinquenta cópias da Bíblia encomendadas a Eusébio de
Cesareia pelo imperador romano Constantino depois de sua conversão ao
cristianismo.[67] Esta hipótese é apoiada por Pierre Batiffol.[68] Já Gregory e Skeat
acreditam que ela já estava em produção quando Constantino fez a encomenda, mas o
trabalho teve que ser suspenso para acomodar páginas de tamanho diferente.[43]

Gravura de um escriba num scriptorium medieval.

Tischendorf defendia que quatro diferentes escribas (chamados por ele de A, B C e D


respectivamente) copiaram a obra e que cinco corretores (chamados a, b, c, d & e) fizeram
emendas. Ele afirmou ainda que um dos corretores era contemporâneo dos escribas
originais e que os outros trabalharam nos séculos VI e VII. Acredita-se hoje, depois de
uma re-investigação realizada por Milne e Skeat, que a tese de Tischendorf está errada e
que o escriba C, que teria escrito os livros poéticos do Antigo Testamento na tese dele,
não existiu.[69] Estes livros estão escritos num formato diferente do resto do manuscrito —
o texto ali está disposto em duas colunas (ao invés das quatro do resto do códice) e
escrito esticometricamente — o que provavelmente levou Tischendorf a interpretar a
diferença como sinal da existência de outro escriba.[70] Os outros três escribas são, ainda
hoje, identificados pelas letras propostas por ele: A, B e D[70] Correctors were more, at
least seven (a, b, c, ca, cb, cc, e).[2]:

 O escriba A copiou a maior parte dos livros históricos e os livros poéticos do Antigo
Testamento, quase todo o Novo Testamento e a Epístola de Barnabé.
 O escriba B foi o responsável pelos livros proféticos e pelo Pastor de Hermas.
 O escriba D escreveu os deuterocanônicos Tobias e Judite, a primeira metade de IV
Macabeus, os primeiros dois-terços dos Salmos e os primeiros cinco versículos
do Apocalipse.
 O escriba B tinha problemas para soletrar as palavras e o escriba A é apenas um
pouco melhor; o melhor escriba era D.[71] Segundo Metzger, "o escriba A cometeu
alguns sérios erros incomuns".[60] Os escribas A e B geralmente utilizavam
as nomina sacra de forma abreviada (ΠΝΕΥΜΑ abreviado em todas as
ocorrências, ΚΥΡΙΟΣ em todas exceto duas) ao passo que D geralmente as
utilizava sem abreviar.[72] D fazia distinção entre os usos sagrado e laico
de ΚΥΡΙΟΣ[73] e seus principais erros foram as substituições de EI por I e de I por
EI em posições mediais, ambos os casos bastante comuns. A substituição de I por
um EI no início só se conhece neste caso e a troca de EI no final só ocorre na
palavra ΙΣΧΥΕΙ, na qual se confunde E com AI, uma ocorrência muito
rara.[71] No livro dos Salmos, este escriba escreveu 35 vezes ΔΑΥΕΙΔ ao invés
de ΔΑΥΙΔ; o escriba A normalmente utiliza a forma abreviada ΔΑΔ.[74] O escriba A
foi descrito como incorrendo "no pior tipo de erro fonético" e a confusão entre E e
AI ocorre em todos os casos.[71] Milne e Skeat caracterizaram o escriba B
como "descuidado e iletrado".[75] O texto dos escribas originais é atualmente
designado pelo siglum ‫*א‬.[2]
 Um estudo paleográfico realizado no Museu Britânico em 1938 descobriu que o
texto passou por diversas correções, as primeiras delas ainda
no scriptorium original.[60] O texto que eles introduziram são designados
pelo siglum ‫א‬a.[76] Milne e Skeat notaram que a correção de I Macabeus foi feita
pelo escriba D e que o texto original é do escriba A.[77] O escriba D corrigiu sua
própria obra e a do escriba A, enquanto que este se limitou a corrigir seu próprio
trabalho.[78] No século VI ou VII, muitas alterações foram feitas (designadas
pelo siglum ‫א‬b) — segundo colofão no final de Esdras e Ester, a fonte destas
alterações era "um manuscrito muito antigo que havia sido corrigido pelas mãos do
santo mártir Pânfilo"(martirizado em 309). Se for este o caso, o texto que começa
em I Samuel até o final de Ester seria a cópia original da "Hexapla" de Orígenes. A
partir deste colofão, deduziu-se que a correção teria sido feita em Cesareia no
século VI ou VII.[79] O abundante iotacismo, especialmente
do ditongo ει permanece não corrigido no texto atual.[80]

Descoberta
Descoberta do manuscrito

Konstantin von Tischendorf em 1870, o responsável por levar o manuscrito para São
Petersburgo em 1859.
Czar Alexandre II da Rússia em 1870, o patrocinador de Tischendorf.

Alexander II 1870 by Sergei Lvovich Levitsky.jpg


É possível que este seja o códice visto, em 1761, pelo viajante italiano Vitaliano
Donati quando ele visitou o Mosteiro de Santa Catarina. Em seu diário, publicado em 1879,
está escrito o seguinte:

“ ”
In questo monastero ritrovai una quantità grandissima di codici
membranacei... ve ne sono alcuni che mi sembravano anteriori al settimo
secolo, ed in ispecie una Bibbia in membrane bellissime, assai grandi,
sottili, e quadre, scritta in carattere rotondo e belissimo; conservano poi in
chiesa un Evangelistario greco in caractere d'oro rotondo, che dovrebbe
pur essere assai antico.

"Neste mosteiro eu encontrei um grande número de códices em


pergaminho...há alguns que parecem ter sido escritos antes do século VII
e especialmente uma Bíblia de belo velino, muito grande, fina e quadrada
escrita em letras redondas e muito bonitas; além disso, está também na
igreja um lecionário grego em ouro e letras redondas que deve ser muito
antigo."
— Vitaliano Donati[81].
Esta "Bíblia de belo belino" pode ser o Codex Sinaiticus e o lecionário em ouro é
provavelmente o Lecionário 300 na lista de Gregory-Aland.[82]
O biblicista alemão Constantin von Tischendorf escreveu sobre sua visita ao mosteiro
em "Reise in den Orient" (1846), traduzido para o inglês em "Travels in the East" (1847),
sem mencionar o manuscrito. Posteriormente, em 1860, em sua obra sobre a descoberta
do Sinaiticus, Tischendorf escreveu uma história sobre o mosteiro e o manuscrito que se
estendeu de 1844 até 1859. Ele conta que, em 1844, em sua primeira visita ao mosteiro,
ele viu algumas folhas de pergaminho num cesto de lixo, "lixo que seria queimado nos
fornos do mosteiro",[83] o que é firmemente negado pelo mosteiro. Depois de um rápido
exame, ele percebeu que eram partes de uma Septuaginta escrita em antigas
letras unciais gregas. Deste cesto ele conseguiu recuperar 129 folhas e perguntou se
poderia levá-las consigo, o que alterou a postura dos monges. Eles perceberam o quão
valiosas elas eram e Tischendorf só conseguiu levar um terço do que descobriu, ou seja,
43 folhas. Elas equivaliam a partes de I Crônicas, Jeremias, Neemias e Ester]. Quando ele
retornou para a Europa, elas foram preservadas na Biblioteca da Universidade de Leipzig,
onde ainda estão. Em 1846, Tischendorf publicou este conteúdo e batizou-o de Codex
Fredericus-Augustanus (em homenagem a Frederico Augusto II da Saxônia), ainda
mantendo o segredo sobre a origem destas folhas.[84]O resto das folhas, que continham
todo o livro de Isaías e os quatro livros dos Macabeus, permaneceram no mosteiro.[85]
Em 1845, o arquimandrita Porfírio Uspensky (1804–1885), na época o líder da Missão
Eclesiástica Russa em Jerusalém e, posteriormente, bispo de Chigirin, visitou o mosteiro e
o códice lhe foi apresentado juntamente com as folhas que Tischendorf não pôde
levar.[86] No ano seguinte, o capitão C. K. MacDonald visitou o mosteiro, viu o códice e
comprou dois outros (495 e 496) no mosteiro.[87]
Em 1853, Tischendorf voltou ao mosteiro para tentar comprar as 86 páginas, mas sem
sucesso. Retornando em 1859, desta vez com o patrocínio do czar Alexandre II da Rússia,
que estava convencido de que havia muito mais além das folhas citadas por
Tischendorf,[88] finalmente ele conseguiu ver o Codex Sinaiticus. Ele próprio alegaria
depois que o teria encontrado num cesto de lixo. Esta história pode ter sido inventada ou
pode ser que os manuscritos que ele viu não tinham relação nenhuma ao Sinaiticus. Em
1863, o reverendo J. Silvester Davies escreveu que "um monge do Sinai que ... afirmou
que, segundo um bibliotecário do mosteiro, o 'Codex Sinaiticus' todo esteve na biblioteca
por muitos anos e já aparecia em antigos catálogos. ... É provável ... que um manuscrito
conhecido no catálogo da biblioteca pode ter caído num cesto de lixo". De fato, estudiosos
notaram que as folhas estavam em "boas condições suspeitas" para algo encontrado no
lixo[nota 4].
Depois de muitas negociações, Tischendorf conseguiu o precioso documento. James
Bentley fornece um relato de como isto aconteceu, prefaciando-o com um
comentário: "Tischendorf portando embarcou então em um notável caso de duplicidade
que tomaria sua atenção por toda a década seguinte, que envolveu uma cuidadosa
supressão dos fatos e a sistemática difamação dos monges do monte
Sinai".[91] Tischendorf entregou o códice ao czar Alexandre II, que percebeu sua
importância e ordenou que ele fosse publicado o quanto antes em uma edição fac-
símile que permitisse a análise correta da escrita. Em 1869, o czar enviou ao mosteiro
7 000 rublos e mais 2 000} ao mosteiro do monte Tabor como compensação.[92][93] O
documento em russo formalizando a transação foi publicado em 2007 na Rússia.[94]
Sobre o papel de Tischendorf na transferência do códice para São Petersburgo há
diversas versões. Ainda hoje, os monges de Santa Catarina consideram que ele foi
roubado, um ponto de vista que gera acalorados debates na Europa. Segundo Kirsopp
Lake, "todos os que se envolveram bastante com monges orientais entenderão o quão
improvável é que os termos deste acordo, quais tenham sido, fossem algum dia
conhecidos por qualquer um que não os seus líderes".[95] Num tom mais neutro, o
estudioso Bruce Metzger escreveu:

“ ”
Certos aspectos da negociação que levou à transferência do códice para o
czar estão abertos a uma interpretação que reflete de maneira adversa
sobre o candor e a boa-fé de Tischendorf para com os monges do
Mosteiro de Santa Catarina. Para um relato recente que pretende
desculpá-lo, veja o artigo de Erhard Lauch "Nichts gegen Tischendorf"
em "Bekenntnis zur Kirche: Festgabe für Ernst Sommerlath zum 70.
Geburtstag" (Berlin, c. 1961); para um relato que inclui um até aqui
desconhecido recibo dado por Tischendorf às autoridades do mosteiro
prometendo a devolução do manuscrito de São Petersburgo para a Santa
Confraternidade do Sinai assim que solicitado, veja Ihor Ševčenko, "New
Documents on Tischendorf and the Codex Sinaiticus", publicado no
periódico Scriptorium, xviii (1964), pp. 55–80.
— Bruce Metzger, The Text of the New Testament: Its Transmission, Corruption and Restoration[96].
Seja qual for a história de sua obtenção, o texto desta parte do códice foi publicado por
Tischendorf em 1862[97] e republicado em 4 volumes em 1869.[98] A publicação completa
só só ocorreu em 1911 (Novo Testamento) e em 1922 (Antigo Testamento), em ambos os
casos por Kirsopp Lake. Estas edições apresentaram o documento em tamanho original,
em preto-e-branco, "feitos a partir de negativos tirados em São Petersburgo por minha
esposa e por mim no verão de 1908".[99]
Preservação do manuscrito

Biblioteca Britânica, onde está a maior parte do Codex Vaticanus.

Biblioteca Nacional Russa, a localização do manuscrito até 1933 e onde hoje ainda estão em alguns
fragmentos.
O Mosteiro de Santa Catarina é a localização original do manuscrito e onde hoje estão algumas
páginas.

Juntamente com o Codex Vaticanus, o Codex Sinaiticus é considerado como sendo um


dos mais importantes manuscritos para o estabelecimento do texto original (crítica textual)
do Novo Testamento Grego e também da Septuaginta. É o único manuscrito uncial com o
texto completo do Novo Testamento e o único manuscrito antigo do Novo Testamento
escrito em quatro colunas por página sobrevivente.[2] Com apenas 300 anos separando
sua confecção e a vida de Jesus, é considerado como sendo mais acurado do que a maior
parte das cópias do Novo Testamento posteriores ao preservar a variante correta de
muitas passagens.[9]
No caso dos evangelhos, o Sinaiticus é geralmente considerado pelos estudiosos como
sendo a segunda fonte mais confiável do texto depois do Codex Vaticanus. Nos Atos dos
Apóstolos, os dois são considerados equivalentes, e nas epístolas, o Sinaiticus é
considerado mais confiável. Já no Apocalipse, porém, o texto está corrompido é
considerado de baixa qualidade e inferior ao Codex Alexandrinus, o Papiro 47 e até
mesmo do que alguns manuscritos minúsculos (como minúsculo 2053 e 2062).[16]

Codex Alexandrinus
Codex Alexandrinus (códigos de referência: Londres, Brit. Libr. MS Royal 1. D. V-
VIII; Gregory-Aland nº A ou 02, [Soden δ 4]) é um manuscrito da Bíblia em grego koiné do
século V. Ele contém a maior parte da Septuaginta e o Novo Testamento.[1] É um dos
quatro grandes códices unciais. Juntamente com o Codex Sinaiticus e o Vaticanus, é um
dos mais antigos e mais completos manuscritos da Bíblia. Brian Walton designou-o com a
letra latina "A" em sua Bíblia poliglota em 1657[2] e esta referência foi mantida quando o
sistema foi padronizado por Wettstein em 1751,[3] o que colocou o Alexandrinus no topo da
lista de manuscritos bíblicos.[4]
Ele é originário da cidade de Alexandria, onde permaneceu algum tempo até ser comprado
pelo patriarca de ConstantinoplaCirilo Lucaris (m. 1638).[5] No século XVII ele foi
presenteado ao rei Carlos I da Inglaterra. Até a compra do Codex Sinaiticus, era o melhor
manuscrito da Bíblia grega no Reino Unido[nota 1] e os dois atualmente estão preservados
em vitrines da Galeria Ritblat do Museu Britânico.[7][8] Uma versão fotográfica do volume
do Novo Testamento está disponível no site da Biblioteca Britânica.[9] Como o texto deste
manuscrito é representativo de diferentes tradições, partes diferentes do códice tem
importâncias diferentes para a crítica textual [10].
Final de II Pedro e começo de I João no Codex Alexandrinus

Nome Alexandrinus

Sinal A

Texto Novo Testamento, Antigo Testamento

Data 400–440

Escrito grego

Agora Biblioteca Britânica

está

Tamanho 32 x 26 cm

Tipo Texto-tipo bizantino nos Evangelhos, alexandrino no


restante do NT
Categoria III (nos Evangelhos), I (no restante do NT)

Mão Elegantemente escrito, mas com erros

Conteúdo
O códice atualmente consiste em 773 fólios em papel velino (630 no Antigo Testamento e
143 no Novo) agrupados em quartos (quatro folhas dobradas, o que resulta em 8 páginas)
e encadernado em quatro volumes (279 + 238 + 118 + 144 fólios respectivamente).[10]
O códice contém uma cópia quase completa da Septuaginta, incluindo
os deutercanônicos III e IV Macabeus, o Salmo 151 e o Livro de Odes com apenas dez
fólios faltando. A Epístola a Marcelino, atribuído a Atanásio de Alexandria, e o sumário
dos Salmos de Eusébio de Cesareia estão inseridos antes do Livro dos Salmos. O códice
contém quase todos os livros do Novo Testamento com 31 fólios perdidos (trecho de
Mateus 1:1 até Mateus 25:5). Além disso, o códice contém I Clemente (faltando 57:7-63) e
a homilia conhecida como II Clemente (até 12:5a), com cerca de 3 fólios faltando nestas
duas.[11][12]
Os livros do Antigo Testamento estão distribuídos da seguinte forma: Gênesis até II
Crônicas no volume 1, Oseias até IV Macabeus no segundo e Salmos até Siraque no
terceiro.[13] Os livros do Novo Testamento estão na seguinte ordem: Evangelhos, Atos dos
Apóstolos, epístolas católicas, epístolas paulinas (com Hebreus entre II Tessalonicensese I
Timóteo) e o Apocalipse. Há um apêndice marcado no índice que lista os Salmos de
Salomão e que provavelmente continha mais livros apócrifos/pseudoepígrafos, mas ele foi
arrancado e suas páginas se perderam.

Lacunas[editar | editar código-fonte]


Por conta de fólios danificados ou perdidos, as seguintes passagens se perderam (lacuna)
ou estão defeituosas:

 Faltando: I Samuel12:17-14:9 (1 fólio) e Salmos 49:20-79:11 (9 fólios);[14] Mateus 1:1-


25:6 (26 fólios), João 6:50-8:52 (2 fólios), II Coríntios 4:13-12:6 (3 folhas);[1] I
Clemente57:7-63 (1 fólio) e II Clemente 12:5a-fim (2 fólios).[15]
 Danificados: Gênesis 14:14-17, 15:1-5, 15:16-19, 16:6-9 (a parte inferior de um fólio
rasgado se perdeu);[16]
 Defeituosos (rasgos): Gênesis 1:20-25, 1:29-2:3, Levítico 8:6,7,16; Siraque 50:21f,
51:5;[13]
 Lacunas nas bordas de quase todas as páginas do Apocalipse;[17]
 Colofão ornamentado da Epístola a Filêmon foi recortado.[18]
Lista de "κεφάλαια" do Evangelho de Marcos.

O manuscrito mede 32 x 26 cm e a maior parte dos fólios foram organizados originalmente


em cadernos de oito (quarto). Já em tempos modernos, ele foi re-encadernado em
cadernos de seis fólios. O material é um papel velino fino, elegante e muito bonito,
geralmente descolorido nas bordas, danificadas pelo tempo e, de forma mais marcante,
pela ignorância ou falta de cuidado pelo encadernador moderno, que nem sempre poupou
o texto, especialmente na margem interna superior.[19] Segundo Scrivener, "O velino se
rompeu em buracos em muitos lugares e como a tinta descasca por causa da idade
sempre que uma folha é tocada de forma um pouco mais dura, ninguém tem permissão de
manusear o manuscrito exceto por bons motivos".[20]
O texto está escrito em letras unciais em duas colunas de 49-51 linhas cada[1] e 20-25
letras por linha.[16] As linhas iniciais de cada livro estão escritas em tinta vermelho e as
seções de cada livro estão marcadas por uma grande letra escrita na margem. As palavras
estão escritas continuamente em letras unciais grandes, arredondadas e bem formadas. A
pontuação existente é obra do escriba original[10] e não há acentos e nem marcas de
respiro, exceto uns poucos adicionados por um escriba posterior. As letras são maiores
que as do Codex Vaticanus e não há divisão entre as palavras, com apenas algumas
pausas encontradas onde deveria haver um ponto.[21] Os livros poéticos do Antigo
Testamento estão escritos esticometricamente[10] e as citações ao Antigo Testamento no
Novo Testamento estão marcados com sinal ">" na margem.[22]
As únicas decorações no manuscrito são as folhas finais de cada livro e uma tendência de
escrever letras um pouco maiores no início de cada sentença. As capitulares no começo
da seções se destacam nas margens como acontece nos códices Ephraemi
Rescriptus e Basilensis.[23] O Codex Alexandrinus é o mais antigo manuscrito a utilizar
estas letras capitulares para indicar novas seções.[24] Elas são elegantes, mas mais
simples do que as do Sinaiticus e do Vaticanus[20] e, quando aparecem no final de uma
linha, são geralmente muito pequenas[17].
A maior parte do texto está desgastada e quase apagada[17]. A pontuação é mais frequente
que em outros manuscritos e geralmente aparece no mesmo nível da letra precedente. Os
espaços vazios, em quantidade proporcional às mudanças no sentido, se seguem no final
de um parágrafo.[20] No final de cada livro, o colofão está decorado por belas volutasfeitas
pelo escriba original.[20] As seções amonianas com referências aos cânones eusebianos se
destacam nas margens dos textos dos evangelhos.[10] O códice também apresenta as
divisões em seções maiores, conhecidas como κεφάλαια ("capítulos"), com
os τίτλοι ("títulos") no topo das páginas. Os locais nos quais as seções começam estão
indicados em todo o texto dos evangelhos e, em Lucas e em João, seus números
aparecem nas margens de cada coluna. Todos os evangelhos (presume-se que o mesmo
tenha ocorrido no trecho faltante de Mateus) são precedidos por uma tabela de
capítulos.[25]
As várias seções nas quais os Atos dos Apóstolos, as epístolas católicas e paulinas e
o Apocalipse eram divididas através do uso do aparato eutaliano não foram indicadas
neste manuscrito. Uma "cruz" aparece ocasionalmente com esta função nos Atos. Uma
letra maior na margem em todo o Novo Testamento marca o início de um parágrafo.[26]

Escribas

O número de escribas deste manuscrito foi tema de disputas no passado. Segundo


Kenyon foram cinco, dois no Antigo Testamento ("I" e "II") e três no Novo ("III", "IV" e
"V").[27] Posteriormente, Skeat & Milne defenderam que eles seriam apenas dois ou,
possivelmente, três,[28]o que Kenyon afirmou ser um erro em 1939.[29] Atualmente, os
estudiosos concordam que foram apenas dois (Metzger, Aland, Hernández,
Jongkind).[30][31]
A caligrafia do segundo escriba aparece no trecho de Lucas até I Coríntios 10:8. Algumas
letras tem formato copta (como "Α" - "alfa", "Μ" - "mu", "Δ" - "delta" e "Π" - "pi") e o espaço
entre as letras é um pouco maior do que no restante do texto. A letra "delta" apresenta
uma base estendida, assim como o corte em "pi".[32] Os numerais não são representados
por letras, exceção feita a Apocalipse 7:4 e Apocalipse 21:17.[33]
Cada fólio apresenta uma numeração arábica no verso da margem inferior e a primeira
folha sobrevivente do texto de Mateus apresenta o número 26, o que indica que as vinte e
cinco hoje perdidas ainda existiam quando esta numeração foi acrescentada.[34]

Fim dos Atos dos Apóstolos.

Erros e correções
No passado acreditava-se que este códice teria sido escrito de forma descuidada, com
muitos erros de transcrição, mas o número deles não é maior que o do Codex Sinaiticus e
nem o do Codex Vaticanus.[33]
A troca de vogais com sons similares é muito frequente neste manuscrito. As letras "N"
("nu") e "M" ("mu") também foram ocasionalmente confundidas e o encontro "ΓΓ" ("gama
gama") foi sempre trocado por "NΓ". Estas ocorrências apontam para o Egito[35] como
origem do manuscrito, mas esta hipótese não é universalmente aceita.[36] O texto também
está repleto de iotacismos, como a troca de "αὶ" por "ε", "εὶ" por "ὶ" e "η" por "ὶ", em
quantidade maior do que a encontrada em outros manuscritos da mesma época.[33]
Muitas correções foram feitas ao manuscritos, muitas delas pelo escriba original, mas a
maioria por corretores posteriores.[37] A forma corrigida do texto concorda com os
códices D, N, X, Y, Γ, Θ, Π, Σ, Φ e com a maioria dos minúsculos. Kenyon observou que
os Codex Alexandrinus foi "extensivamente corrigido, em alguns livros mais do que em
outros". No Pentateuco, sentenças inteiras foram apagadas e substituídas. Os livros de
Reis (I Reis e II Reis) foram os menos corrigidos.[38] No Apocalipse, apenas uma de suas
84 passagens singulares foram corrigidas, um contraste notável em relação ao Codex
Sinaiticus, no qual 120 de suas 201 passagens singulares foram corrigidas no século VII.
Colofão da Epístola de Judas.

Texto
Este códice apresenta um desafio aos estudiosos da crítica textual e a sua relação com
outros textos e famílias conhecidos ainda é tema de disputa. O texto grego do códice é
uma mistura de textos-tipo[1]: ele é representativo do texto-tipo bizantino nos evangelhos, o
mais antigo manuscrito deste tipo,[7] e do texto-tipo alexandrino nos demais livros do Novo
Testamento, com algumas leituras do texto-tipo ocidental. Kurt Aland classificou-o
na Categoria III para os evangelhos e na Categoria I para os demais livros.[1] Contudo, o
texto-tipo bizantino nos evangelhos apresenta várias características do texto-tipo
alexandrino e algumas afinidades com a Família Π. Soden associou o texto dos
evangelhos a esta família, mas anotou que ele não era um exemplo puro.[40] Segundo
Streeter, este é o mais antigo manuscrito grego a apresentar uma aproximação do que
seria o texto de Luciano, o Mártir, mas uma pequena parte das leituras parece ser
anterior.[41]
Com relação ao restante do Novo Testamento, o Alexandrinus é muito próximo

74
do Sinaiticus nas epístolas paulinas, ao texto de nos Atos dos Apóstolos e

47) no Apocalipse.[1] No caso


do Codex Ephraemi Rescriptus (contra o Sinaiticus e
das epístolas católicas, o manuscrito apresenta um subtipo diferente tanto
do Sinaiticus quanto do Vaticanus.[36] O texto dos Atos geralmente está de acordo com as
citações da Bíblia feitas por Atanásio de Alexandria.[42] Finalmente, o texto geralmente
concorda com Sinaiticus no caso Antigo Testamento.
Os evangelhos no Codex Alexandrinus são "constantemente citados como testemunhas de
terceira ordem" no aparato crítico do Novum Testamentum Graece enquanto que os
demais livros são citados como de "primeira ordem". Para o Apocalipse e para diversos
livros do Antigo Testamento, é considerado o melhor de todos os manuscritos.[10]

Novo Testamento[editar | editar código-fonte]


Variantes[editar | editar código-fonte]
Marcos 16:9–20, o chamado "final longo de Marcos", está presente no Codex
Alexandrinus.[43]
Em Lucas 4:17, o códice apresenta a variante textual "ἀνοίξας" ("abriu"), como acontece
em B, L, W, Ξ, 33, 892, 1195, 1241, ℓ 547, syrs, syrh, syrpal, copsa, copbo, e não a variante
"ἀναπτύξας" ("desenrolou"), presente
em ‫א‬, Dc, K, Δ, Θ, Π, Ψ, f1, f13, 28, 565, 700, 1009, 1010 e outros manuscritos.[44]
Em João 1:39, o texto apresenta, de forma única, a frase "ωρα ην ως εκτη" ("por volta da
hora sexta") e não "ωρα ην ως δεκατη ("por volta da hora décima"), presente em todos os
demais manuscritos.[45]
Em Atos 8:39, ao invés de "πνεῦμα κυρίου" ("espírito do Senhor"), aparece uma variante
pouco usual, "πνεῦμα ἅγιον ἐπέπεσεν ἐπὶ τὸν εὐνοῦχον, ἄγγελος δέ κυρίου ἥρπασεν τὸν Φίλιππον"
("O Espírito Santo caiu sobre o eunuco e o anjo do Senhor alcançou Filipe"), presente em
diversos
manuscritos minúsculos: 94, 103, 307, 322, 323, 385, 453, 467, 945, 1739, 1765, 1891, 22
98, 36a, itp, vg e syrh.[46][47]
Em Atos 11:20, o manuscrito apresenta a variante textual "Ἔλληνας" ("gregos"), presente

74
também no , no corretor "c" do Codex Sinaiticus e em D, e não a variante
"Ἑλληνιστάς" ("helenistas"), presente em todos os demais manuscritos com exceção
do Sinaiticus (que traz "εὐαγγελιστάς", "evangelistas".[48] Em Atos 15:18 aparece a variante

"γνωστῶν ἀπ᾿ αἰῶνος τῷ κυρίῳ τὸ ἔργον αὐτοῦ", presente apenas em 74.[49]

Em Atos 20:28, lê-se "του κυριου" ("do Senhor") e não "του θεου" ("de Deus"), o que

acontece em 74,
C*, D, E, Ψ, 33, 36, 453, 945, 1739, 1891.[50]
Em Romanos 2:5, lê-se "ανταποδοσεως" ("recompensa") e não "αποκαλυψεως"
("revelação").[51] Em Romanos 8:1, lê-se "Ιησου κατα σαρκα περιπατουσιν" ("Jesus, que
caminha não de acordo com a carne"), como em Db, Ψ, 81, 629, 2127 e vg, e não apenas
"Ιησου" ("Jesus"), como em ‫א‬, B, D*, G, 1739, 1881, itd, g, copsa, bo e eth. Os manuscritos
bizantinos apresentam a frase "Ιησου μη κατα σαρκα περιπατουσιν αλλα κατα πνευμα" ("Jesus,
que caminha não de acordo com a carne, mas com o Espírito").[52]

46, ‫א‬, C, 88, 436,


Em I Coríntios 2:1, lê-se "μυστηριον" ("mistério"), como em
a,r p bo
it , syr e cop . Nos demais manuscritos lê-se "μαρτυριον" ("testemunho") ou "σωτηριον"

("salvação").[53] Em I Coríntios 7:5, lê-se "τη προσευχη" ("oração"), como em 11,


46, ‫*א‬, B, C, D, G, P, Ψ, 33, 81, 104, 181, 629, 630, 1739, 1877, 1881, 1962, it

vg, cop, arm e eth. Nos demais, lê-se "τη νηστεια και τη προσευχη" ("jejum e oração") ou "τη
προσευχη και νηστεια" ("oração e jejum").[54]
Em Efésios 1:7 lê-se "χρηστοτητος" ("probidade" ou "bondade") e não "χαριτος" ("graça"),
uma variante suportada por 365 e copbo.[55] Em Efésios 4:14 lê-se "του διαβολου" ("da
controvérsia") e não "της πλανης" ("do erro").[56]
Em I Timóteo 3:16, o texto apresenta a variante "ὃς ἐφανερώθη" ("manifestado"), como
em ‫א‬, D, Boernerianus, 33, 365, 442, 2127, ℓ 599, e não "θεός ἐφανερώθη" ("Deus
manifestado"), como em Sinaiticuse, A², C², Dc, K, L, P,
Ψ, 81, 104, 181, 326, 330, 436, 451, 614, 629, 630, 1241, 1739, 1877, 1881, 1962, 1984, 1
985, 2492, 2495 e nos manuscritos e lecionários bizantinos.[57][58]
Em Hebreus 13:21 lê-se "παντι εργω και λογω αγαθω" ("tudo que precisa para fazer o bem")
e não "παντι αγαθω" ("todo o bem").[59]
Em I João 5:6 aparece a variante "δι' ὕδατος καὶ αἵματος καὶ πνεύματος" ("por meio da água e
do sangue e do espírito") e não apenas "δι' ὕδατος καὶ αἵματο" ("por meio da água e do
sangue"), assim como em ‫א‬, 104, 424c, 614, 1739c, 2412, 2495, ℓ 598m,
syrh, copsa, copbo e Orígenes.[60] Bart D. Ehrman identificou o trecho como uma uma leitura
ortodoxa errônea.[61]
Em Apocalipse 1:17 há uma variante única deste manuscrito na qual se lê "πρωτοτοκος"
("primogênito") ao invés de "πρωτος" ("o primeiro").[62]

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