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ESTUDO DIRIGIDO – TROVADORISMO

Profª.Mª. Maria Emília M M Costa


Adjetivo
1º ano
CETEP

Trovadorismo foi a primeira escola literária portuguesa. Esse movimento literário compreende o
período que vai, aproximadamente do século XII ao século XIV.
A partir desse século, Portugal começava a afirmar-se como reino independente, embora ainda
mantivesse laços econômicos, sociais e culturais com o restante da Península Ibérica. Desses laços surgiu
próximo à Galícia (região ao norte do rio Douro), uma língua particular, de traços próprios, chamada galego-
português. A produção literária dessa época foi feita nesta variação linguística.
A cultura trovadoresca refletia bem o panorama histórico desse período: as Cruzadas, a luta contra os
mouros, o feudalismo, o poder espiritual do clero. O período histórico em que surgiu o Trovadorismo foi
marcado por um sistema econômico e político chamado Feudalismo, que consistia numa hierarquia rígida
entre senhores: um deles, o suserano, fazia a concessão de uma terra (feudo) a outro indivíduo, o vassalo. O
suserano, no regime feudal, prometia proteção ao vassalo como recompensa por certos serviços prestados.
Essa relação de dependência entre suserano e vassalo era chamada de vassalagem.
A religiosidade foi um aspecto marcante da cultura medieval portuguesa. A vida do povo lusitano
estava voltada para os valores espirituais e a salvação da alma. Nessa época, eram frequentes as procissões,
além das próprias Cruzadas - expedições realizadas durante a Idade Média, que tinham como principal
objetivo a libertação dos lugares santos, situados na Palestina e venerados pelos cristãos. Essa época foi
caracterizada por uma visão teocêntrica (Deus como o centro do Universo). Até mesmo as artes tiveram
como tema motivos religiosos. Tanto a pintura quanto a escultura procuravam retratar cenas da vida de
santos ou episódios bíblicos.
Quanto à arquitetura, o estilo gótico é o que predominava, através da construção de catedrais
enormes e imponentes, projetadas para o alto, à semelhança de mãos em prece tentando tocar o céu.
Na literatura, desenvolveu-se em Portugal um movimento poético chamado Trovadorismo. Os
poemas produzidos nessa época eram feitos para serem cantados por poetas e músicos. Os trovadores eram
poetas que compunham a letra e a música de canções e eram, em geral, uma pessoa culta. Os poemas
recebiam o nome de cantigas, porque eram acompanhados por instrumentos de corda e sopro. Mais tarde,
essas cantigas foram reunidas em Cancioneiros: o da Ajuda, o da Biblioteca Nacional e o da Vaticana.
A produção poética medieval portuguesa pode ser agrupada em dois gêneros: o gênero lírico, em que
o amor é a temática constante, e o gênero satírico, em que o objetivo é criticar alguém, ridicularizando esta
pessoa de forma sutil ou grosseira.
No gênero lírico as cantigas são subdivididas em Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo:
Cantigas de Amor
Nesta cantiga o eu-lírico é masculino e o autor é geralmente de boa condição social. É uma cantiga
mais "palaciana", desenvolve-se em cortes e palácios. Quanto à temática, o amor é a fonte eterna, devendo
ser leal, embora inatingível e sem recompensa. O amante deve ser submetido à dama, numa vassalagem
humilde e paciente, honrando-a com fidelidade. O nome da mulher amada vem oculto por força das regras de
mesura (boa educação extrema) ou para não comprometê-la (geralmente, nas cantigas de amor o eu-lirico é
um amante de uma classe social inferior à da dama). A beleza da dama enlouquece o trovador e a falta de
correspondência gera a perda do apetite, a insônia e o tormento de amor. Além disso, a coita amorosa (dor de
amor) pode fazer enlouquecer e mesmo matar o enamorado.

Cantigas de Amigo
As cantigas de amigo apresentam eu-lirico feminino, embora o autor seja um homem. Procuram
mostrar a mulher dialogando com sua mãe, com uma amiga ou com a natureza, sempre preocupada com seu
amigo (namorado). Ou ainda, o amigo é o destinatário do texto, como se a mulher desejasse fazer-lhe
confidências de seu amor. (Mas nunca diretamente a ele. O texto é dialogado com a natureza, como se o
namorado estivesse por perto, a ouvir as juras de amor). Geralmente destinam-se ao canto e a dança. A
linguagem, comparando-se às cantigas de amor é mais simples e menos musical pois as cantigas de amigo
não se ambientam em palácios e sim em lugares mais simples e cotidianos.
As cantigas satíricas são composições que expressam melhor a psicologia do tempo, onde vêm à tona
assuntos que despertam grandes comentários na época, nas relações sociais dos trovadores. São sátiras que
atingem a vida social e política da época, sempre num tom de irreverência. Os principais temas das cantigas
satíricas são: a fuga dos cavaleiros da guerra, traições, as chacotas e deboches, escândalos das amas e
tecedeiras, pederastia (homossexualismo) e pedofilia (relações sexuais com crianças), adultério e amores
interesseiros e ilícitos. As cantigas satíricas são subdivididas em Cantigas de Escárnio e Cantigas de
Maldizer.

Cantigas de Escárnio
Apresentam críticas sutis e bem-humoradas sobre uma pessoa que, sem ter nome citado, é facilmente
reconhecível pelos demais elementos da sociedade.

Cantigas de Maldizer
Neste tipo de cantiga é feita uma crítica pesada, com intenção de ofender a pessoa ridicularizada. Há
o uso de palavras grosseiras (palavrões, inclusive) e cita-se o nome ou o cargo da pessoa sobre quem se faz a
sátira.

Tanto nas cantigas de escárnio quanto nas de maldizer, pode ocorrer diálogo. Quando isso acontece,
a cantiga é denominada tensão (ou tenção). Pode mostrar a conversa entre a mãe a moça, uma moça e uma
amiga, a moça e a natureza, ou ainda, a discussão entre um trovador e um jogral, ambos tentando provar que
são mais competentes em sua arte.

As novelas de cavalaria
Nem só de poesia viveu o Trovadorismo. Também floresceu um tipo de prosa ficcional, as novelas
de cavalaria, originárias das narrativas de assuntos guerreiros vindas da França, onde havia sempre a
presença de heróis cavaleiros que passavam por situações perigosíssimas para defender o bem e vencer o
mal.
Sobressai nas novelas a presença do cavaleiro medieval, concebido segundo os padrões da Igreja
Católica (por quem luta): ele é casto, fiel, dedicado, disposto a qualquer sacrifício para defender a honra
cristã. Esta concepção de cavaleiro medieval opunha-se à do cavaleiro da corte, geralmente sedutor e
envolvido em amores ilícitos. As novelas de cavalaria estão divididas em três ciclos e se classificam pelo tipo
de herói que apresentam. Assim, as que apresentam heróis da mitologia greco-romana são do ciclo Clássico
(novelas que narram a guerra de Tróia, as aventuras de Alexandre, o grande); as que apresentam o Rei Artur e
os cavaleiros da Távola Redonda pertencem ao ciclo Arturiano ou Bretão (A Demanda do Santo Graal); as
que apresentam o rei Carlos Magno e os doze pares de França são do ciclo Carolíngeo (a história de Carlos
Magno).
Geralmente, as novelas de cavalaria não apresentam uma autoria. Elas circulavam pela Europa como
verdadeira propaganda das Cruzadas, para estimular a fé cristã e angariar o apoio das populações ao
movimento. As novelas eram tidas em alto apreço e foi muito grande a sua influência sobre os hábitos e os
costumes da população da época.

QUESTÕES:
01. CARACTERIZE historicamente o estilo de época denominado Trovadorismo.
02. Qual idioma era utilizado nesta época e por quê?
03. De que maneira a religiosidade influenciava a vida das pessoas nessa época?
04. Por que os poemas medievais eram chamados de cantigas?
05. Diferencie brevemente as cantigas de amor e amigo.
06. Diferencie brevemente as cantigas de escárnio e maldizer.
07. Como era concebido o cavaleiro medieval na literatura?
08. Qual a principal diferença entre as cantigas medievais e as novelas de cavalaria?

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