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Estágio Supervisionado
TIMÓTEO
JANEIRO/2019
Relatório de Estágio
Sumário
1. OBSERVAÇÃO CITADA NO RELATÓRIO ...................................................................................... 3
2. OBJETIVO DO ADENDO............................................................................................................... 3
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................................ 4
4. METODOLOGIA ........................................................................................................................... 6
5. RESULTADOS ............................................................................................................................... 7
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Relatório de Estágio
“Excesso de graxa nos mancais: Um dos pontos observados foi o fato de que com menos de
1/4 das facas gastas, o martelo já costuma subir sua amperagem consideravelmente. Pode ser
que o problema não seja necessariamente as facas, é sabido que o excesso de graxa (vide figura
6) causa não somente o sobreaquecimento de motores elétricos, mas que também pode
proporcionar perda de força pelo eixo rotativo, fazendo com que ocorra perda de energia e
requerendo maior potência, causando uma possível elevação da amperagem do martelo. Sem
sombra de dúvidas é uma análise interessante de ser feita, visto que ela pode gerar grandes
economias de tempo com manutenção com a troca de facas e de operação do martelo.”
2. OBJETIVO
O presente adendo visa corroborar a observação feita, acrescentando embasamento
teórico de bibliografia (SHIGLEY) e de catálogos fornecidos pela própria fabricante do
rolamento (NSK) e da graxa (PETRONAS).
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Relatório de Estágio
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo [SHIGLEY, 2011] é necessário compreender a funcionalidade de um
lubrificante antes de selecioná-lo. Para isso, precisa-se definir as condições de trabalho do
mancal e suas características principais. Há dois tipos de mancais que, normalmente, são
lubrificados, o mancal de antifricção e o mancal de deslocamento. O primeiro, refere-se ao
tipo de mancal no qual o movimento relativo principal é o rolamento, enquanto no segundo
é o deslizamento (como em pistões).
Para os mancais de antifricção, que é o caso do mancal utilizado no eixo rotativo do
Martelo da planta de britagem, existem 5 tipos de lubrificação:
1 – Hidrodinâmica – Utilizada para separação metal-metal com alimentação de lubrificante
constantemente;
2 – Hidrostática – Não há movimento das partes em contato, dessa forma a necessidade de
relubrificação é muito baixa ou inexistente;
3 – Contorno – Quando a hidrodinâmica atinge um grau de insuficiência e que pequenas
camadas do material lubrificante atuam na separação metal-metal;
4 – Filme Sólido – Utilizada para mancais que possuem elevadas temperaturas de trabalho;
5 – Elasto-Hidrodinâmica – Lubrificação para contatos de rolamento, como em engrenagens e
em mancais de rolamento.
Todos os tipos de lubrificação realizadas com fluidos considerados newtonianos
podem ser analisados a partir da perspectiva apresentada pela imagem 1. A placa “A”, em
movimento, pode ser caracterizada como a parede do rolamento, o lubrificante (dividido em
camadas da cor rosa) obedecem uma relação de velocidade conforme a tensão de
cisalhamento provocado pela placa. Dessa análise há duas observações importantes: 1-
quanto mais espessa for a camada “h”, maior a quantidade de camadas de lubrificantes que
ficará estática (proporcionando a formação de crostas) e quanto maior a velocidade da placa
(no caso, do eixo de rotação), maior será a tensão de cisalhamento e elevação da temperatura
do mancal.
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Relatório de Estágio
Por isso, segundo a fabricante dos rolamentos, NSK, utilizados na SOLVI, há 3 quesitos
principais para escolha do tipo de lubrificante, sendo eles: (1) Faixa de Temperatura de
Trabalho; (2) Rotação do Rolamento; (3) Características do ambiente do mancal.
(2) Rotação do Rolamento: O limite de rotação é importante visto que a graxa trabalha
com limites consideravelmente menores do que o óleo, conforme a tabela 1.
Após análise dos tópicos acima, é possível considerar o uso de graxa como lubrificante
adequado, considerando especialmente o fator (3). Dessa forma, resta estimar o modelo de
cálculo da quantidade de graxa a ser utilizada. Segundo a NSK, “a quantidade de graxa a ser
inserida no alojamento difere de acordo com as condições: rotação, configuração, tipo de
graxa e ambiente. [...] A quantidade referencial para casos normais [...] é de que o rolamento
deverá ser preenchido suficientemente com graxa [...], já com os rolamentos posicionados,
preenchendo, aproximadamente, de 1/2 a 2/3 para rotações abaixo de 50% do limite e de 1/3
a 1/2 para rotações acima de 50% do limite”. Em suma, não mensura a quantidade de graxa
para ser isenta de responsabilidades para rolamentos de condições adversas.
Contudo, há algumas consultoras que disponibilizam modelos de cálculo que
mensuram a quantidade de graxa a partir das dimensões do próprio rolamento. Seguindo o
modelo da PENHALVER CONSULTORIA, existem 2 métodos para encontrar tal informação, um
generalista (equação 1) e um preciso (equação 2).
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑔𝑟𝑎𝑥𝑎 𝑒𝑚 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎çã𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 (𝑔) = 𝐷 𝑥 𝐵 𝑥 0,01 (1)
D – Diâmetro externo do rolamento em mm
B – Largura da pista do rolamento em mm
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A equação 1 pode ser facilmente resolvida a partir do catálogo fornecido pela NSK,
enquanto a equação 2 carece da determinação do espaço livre no rolamento (equação 3).
Essa equação leva em conta outras informações, como a massa do rolamento, rotação de
trabalho e tipo do rolamento.
𝜋 𝐺
𝐸𝐿 = (( 4 ) ∗ 𝐵 ∗ ((𝐷2 + 𝑑 2 ) ∗ (10−9 )) − (7800)) ∗ (106 ) (3)
G – Massa do rolamento em kg
d – Diâmetro interno do rolamento em mm
Já a incógnita %EL é determinada pelo fator de rotação (equação 4), sendo esse
determinado pelo tipo de rolamento e sua rotação de trabalho, conforme indicado na figura
2.
𝐷 2 +𝑑2
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑟𝑜𝑡𝑎çã𝑜 = 𝑛 𝑥 𝑥𝑓 (4)
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f – fator de rolamento
n – rotação de trabalho do rolamento
4. METODOLOGIA
Antes de iniciar os cálculos, foi necessário buscar as especificações tanto do martelo
quanto do rolamento e da graxa utilizada no mancal. A máquina, que não possui
documentação armazenada de suas especificações, teve sua rotação de trabalho estimada,
com base em moinhos semelhantes, em 1760 RPM. Já a graxa PETRONAS TUTELA KP 2K teve
sua densidade e temperatura de trabalho retirados diretamente do catálogo fornecido pelo
fabricante, assim como as informações do rolamento NSK 22315EAE4 (tabela 1).
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Relatório de Estágio
5. RESULTADOS
5.1 Quantidade de graxa inicial
As especificações e equações foram preparados em um algoritmo de excel, de
modo que ficasse fácil a comparação entre os modelos de cálculo simples e mais
preciso. A diferença entre o valor encontrado no modelo complexo foi de
aproximadamente 50% a menos graxa do que o estimado pelo modelo simples,
conforme indicado na tabela 2.
Dados de Entrada
Rolamento Graxa
Código de série NSK 22315EAE4 Código de série TUTELA KP 2K
Diâmetro (D) - mm 160 Densidade (𝜌) - g/cm³ 1
Diâmetro (d) - mm 75 Espaço Livre do Rolamento (cm³) 674,4630572
Largura (B) - mm 55 % Espaço Considerado 0,3
Massa (m) - kg 5,26
Fator do Rolamento 0,6
Rotação (n) - rpm 1760
Fator de Rotação 16486800
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Relatório de Estágio
Vale ressaltar que essa quantidade de graxa inicial é aquela que deve ser
colocada dentro do mancal a partir da bucha ou rasgo, conforme a figura 3. A superfície
do rolamento também deve ser preenchida com graxa em quantidade suficiente para
cobrir a superfície, conforme indicado na figura 4.
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Relatório de Estágio
Gráfico 1: Relação de período para relubrificação e rotação de trabalho (FONTE: Catálogo Geral nsk A-107)
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6. CONCLUSÃO
Os dados e informações apresentadas indicam que a lubrificação não é um processo
exato e que deve ser testado para adequar a lubrificação ao ambiente e carregamento
realizado. Contudo, foi possível estimar que para a lubrificação inicial do tipo de mancal do
moinho martelo utilizado na indústria SOLVI deve receber um mínimo de 200g e um máximo
de 500g de graxa numa aplicação inicial de graxa, fora a graxa utilizada na parte externa do
rolamento. Além disso, metade dessa quantidade deve ser reaplicada num intervalo de, em
média, 3000 horas de operação.
7. REFERÊNCIAS
BUDYNAS, R. G. Elementos de Máquinas de Shigley, 8.Ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.
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