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INTERPRETADA PELO STJ

Thiago Vasconcelos Luna


Produzi esse curso para ajudar no aprendizado do
conceito atual de União Estável, sua evolução e o que o
Superior Tribunal de Justiça entende sobre o tema,
posicionando seus entendimentos já pacificados.

Acredito que este conteúdo será muito


valioso para aqueles que estão estudando a
matéria para a faculdade, concursos, exame da OAB
e também para os colegas advogados.

Umas das vantagens deste curso é a rapidez com que ele


pode ser feito, em apenas um dia. E isso é excelente
para quem vive às pressas no dia a dia, cumulando
uma rotina cansativa de trabalho e estudos.
Eu acredito que um bom curso é aquele que dá o
maior conteúdo em menor tempo, com didática.

Portanto, espero que goste muito porque


ele foi feito com muito carinho para você.

E mais, esse é o primeiro trabalho da série


"Cursos de Jurisprudências do STJ"
produzido pelo Direito Ensinado.
Ou seja, vem muito mais por ai.
Aguardem.

Thiago Luna
As recentes modificações sobre o instituto da
Família permitiram-na diferentes definições.
Antes a família era constituída por um casal, homem e
mulher. Hoje é possível que a Família seja Convencional,
Homoafetiva e Uniparental, também chamada
Monoparental. Para essa última, ainda há
uma subdivisão pela doutrina, classificando-a como
Heteroparental e Homoparental.

Em palavras simples, temos na Família Convencional, a


presença de um homem e uma mulher, com filho ou não.
Enquanto na Homoafetiva, como já se sabe, existem duas
pessoas do mesmo sexo, com filho ou não. Nesses dois
tipos de Família, percebe-se a necessidade de haver um
casal, independente do sexo, com filhos ou não.
Já na Família Uniparental (art. 226, § 4º), não é necessário
que haja um casal, mas é fundamental e lógico que exista
filho(s), formando então uma entidade familiar.

Apesar da CF/88 definir que o casamento só é possível


entre homem e mulher, hoje, decorrente da permissão
judicial, a Família Homoafetiva também é reconhecida.
Outro ponto que deve ser levantado aqui são os Regimes
de Bens do Casamento que o ordenamento brasileiro
autoriza para a constituição de uma Família.

A partir do art. 1639, o Código Civil começa a dispor sobre


tais Regimes. Vale lembrar que são quatro: Regime de
Comunhão Parcial (1), Regime de Comunhão Universal (2),
Regime de Participação Final nos Aquestos (3) e Regime de
Separação de Bens (4). Cada qual com suas características.

Um deles, o de Comunhão Parcial de Bens, é o mais


adotado e na ausência de escolha do regime pelo casal,
deve-se aplicá-lo, conforme art. 1.640 do CC.
Usando-o também à Comunhão Parcial de Bens nos
Contratos de Convivência que não definir o
regime adotado pelos companheiros.
A CF/88 define através do art. 226 que:

“É reconhecida como entidade familiar a convivência


duradoura, pública e contínua, de um homem e
uma mulher, estabelecida com objetivo de
constituição de família”.

Cumuladamente, o art. 1º da Lei 9.279/96 dispõe:

“É reconhecida como entidade familiar a convivência


duradoura, pública e contínua, de um homem e uma
mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família.”

Dessa forma, é possível perceber que uma mulher e um


homem são uma entidade familiar sempre que estiverem
juntos conjuta e publicamente para a sociedade,
de forma duradoura e contínua, com interesse de ter filhos.
Essa redação foi dada em 1996, quando ainda havia
uma resistência do legislativo em aceitar que a união
entre um homem e uma mulher não precisava de um
filho. Muito maior era a resistência de que a
união poderia ser homoafetiva.

Passados 20 anos, o judiciário interpretou a norma e


hoje é possível que haja uma União Estável entre um
casal de sexos diferentes ou não, com filho ou não.

Agora conceituada a União Estável e apresentado um


breve histórico do seu desenvolvimento, mostraremos
julgados que formam a Jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça acerca deste tema, que é
responsável por inúmeras ações judiciais
interpostas todos os dias no judiciário brasileiro.

“A PRESUNÇÃO LEGAL DE ESFORÇO COMUM


QUANTO AOS BENS ADQUIRIDOS ONEROSAMENTE,
PREVISTA NO ART. 5º DA LEI 9.278/1996, NÃO SE
APLICA À PARTILHA DO PATRIMÔNIO FORMADO
PELOS CONVIVENTES ANTES DA VIGÊNCIA DA
REFERIDA LEGISLAÇÃO.”
Para entender o enunciado acima, é preciso se reportar
ao texto do art. 5º da supracitada lei:

“Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por


ambos os conviventes, na constância da união estável
e a título oneroso, são considerados fruto do trabalho e
da colaboração comum, passando a pertencer a ambos,
em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação
contrária em contrato escrito.”

Ou seja, independente de um ou ambos companheiros


se esforçarem onerosamente na aquisição de
determinado bem, esse passará a ser patrimônio comum
do casal. Por exemplo: Maria, companheira de João,
comprou e pagou sozinha uma casa. Independente de
João ter ajudado ou não no pagamento da casa, este bem
passa a ser seu também.
Entretanto, como determina a segunda parte do
enunciado jurisprudencial, para os casos de bens que
foram adquiridos onerosamente por apenas um dos
companheiros antes da entrada em vigor da Lei 9.278
(13 de maio de 1996), não se aplicará a copropriedade.

Usando o mesmo exemplo dado acima, se Maria


comprou a casa antes de 13/05/1996 (data em que
a lei 9.278/96 entrou em vigor), João não terá direito
a meação. A não ser que Maria, em contrato escrito,
informe que João terá direito.
Seguem julgados referentes a este enunciado:

1. REsp 959213/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE


SALOMÃO, Rel. p/ Acórdão Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em
06/06/2013, DJe 10/09/2013;

2. AgRg no REsp 1167829/SC, Rel. Ministro RICARDO


VILLAS BÔAS UEVA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 18/02/2014, DJe 06/03/2014.

3. VEJA O INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA N.


556.

“É INVIÁVEL A CONCESSÃO DE INDENIZAÇÃO


À CONCUBINA, QUE MANTIVERA
RELACIONAMENTO COM HOMEM CASADO,
UMA VEZ QUE TAL PROVIDÊNCIA DARIA
AO CONCUBINATO MAIOR PROTEÇÃO DO
QUE AQUELA CONFERIDA AO CASAMENTO
E À UNIÃO ESTÁVEL.”
Aqui o entendimento é que não se deve pagar a
concubina indenização por danos morais pela
infidelidade, nem haverá direito a parte dos bens
adquiridos onerosamente pelo “concubino”
na constância do concubinato.

Para o Superior Tribunal, a concessão de tal


indenização à concubina colocaria o concubinato
em posição jurídica mais vantajosa que o próprio
casamento, o que é incompatível com as diretrizes
constitucionais previstas no art. 226 da CF/1988, bem
como as do Direito de Família, tal como concebido.

Ademais, a mútua assistência havida entre os


concubinos, ao longo do concubinato, cujos benefícios
ambos experimentam ainda na constância do
relacionamento, não admite que, após o rompimento
por decisão ou morte de um deles, o outro cogite
pleitear indenização por serviços domésticos
prestados. Essas atividades são naturais num
relacionamento e não oportunizam indenização.
Pode-se usar como julgados para este entendimento:

1. AgRg no AREsp 770596/SP, Rel. Ministra MARIA


ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em
17/11/2015, DJe 23/11/2015;

2. AgRg no AREsp 249761/RS, Rel. Ministro LUIS


FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
28/05/2013, DJe 03/06/2013;

3. REsp 874443/RS, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO


JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 24/08/2010, DJe
14/09/2010;

4. EDcl no REsp 872659/MG, Rel. Ministra NANCY


ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
15/12/2009, DJe 02/02/2010.;

5. VIDE INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA N. 404.


“COMPROVADA A EXISTÊNCIA DE UNIÃO


HOMOAFETIVA, É DE SE RECONHECER O
DIREITO DO COMPANHEIRO SOBREVIVENTE À
MEAÇÃO DOS BENS ADQUIRIDOS A TÍTULO
ONEROSO AO LONGO DO RELACIONAMENTO.”
Como demonstrado no primeiro entendimento
jurisprudencial, independente da onerosidade na
aquisição do patrimônio ser de apenas um dos
companheiros, o outro tem direito de copropriedade
nesse patrimônio. Como hoje há permissão judicial para
a União Homoafetiva, dar-se-ão os mesmos efeitos do
casamento também no momento em que um dos
companheiros falece. Tendo então o companheiro
sobrevivente direito a meação na herança.

Por exemplo: João e José são companheiros em uma


União Estável Homoafetiva registrada por Contrato de
Convivência. Inclusive adotaram uma criança chamada
Joaquim. Durante a união, João adquiriu apenas com seus
esforços um carro e uma casa. Na semana passada, João
faleceu. Agora, com base neste terceiro entendimento
jurisprudencial, José terá direito a participação no carro
e na casa, juntamente com Joaquim.
Traz-se como precedentes para este entendimento:

1. EDcl no REsp 633713/RS, Rel. Ministro RICARDO


VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
11/02/2014, DJe 28/02/2014;

2. REsp 930460/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,


TERCEIRA TURMA, julgado em 19/05/2011, DJe 03/10/2011;

3. VIDE INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA N. 472.


“A INCOMUNICABILIDADE DO PRODUTO DOS


BENS ADQUIRIDOS ANTERIORMENTE AO INÍCIO
DA UNIÃO ESTÁVEL (ART. 5º, § 1º, DA LEI N.
9.278/96) NÃO AFETA A COMUNICABILIDADE DOS
FRUTOS, CONFORME PREVISÃO DO ART. 1.660, V,
DO CÓDIGO CIVIL DE 2002.”
Já se sabe que independentemente de um bem ser
adquirido onerosamente por apenas um dos
companheiros durante a União Estável, o outro
companheiro tem direito de copropriedade. Exceto para
os casos em que os bens foram adquiridos antes de
13/05/1996 (veja o exemplo de Maria e João dado no
primeiro entendimento jurisprudencial).

Mas agora, observe o exemplo: “Maria é companheira de


João, reconhecidamente através de Escritura Pública de
Contrato de Convivência. Maria comprou uma casa em
1995. Agora em 2016, ela resolve alugar essa casa.” Dessa
forma, João terá direito no valor do aluguel, definido
aqui como fruto do bem principal. É o que determina o
art 1.660, inciso V, do Código Civil. E é também o
entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
Veja este julgado:

1. REsp 1349788/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,


TERCEIRA TURMA, julgado em 26/08/2014, DJe 29/08/2014.

“A VALORIZAÇÃO PATRIMONIAL DOS IMÓVEIS OU


DAS COTAS SOCIAIS DE SOCIEDADE LIMITADA,
ADQUIRIDOS ANTES DO INÍCIO DO PERÍODO DE
CONVIVÊNCIA, NÃO SE COMUNICA, POIS NÃO
DECORRE DO ESFORÇO COMUM DOS COMPANHEIROS,
MAS DE MERO FATOR ECONÔMICO.”
Suponha que a casa comprada por Maria em 1995,
tenha se valorizado 300% até agora em 2016. Teria
João direito a essa valorização? Não! Observe o que
um dos julgados abaixo informa:

“A valorização dos imóveis de propriedade da recorrente


trata-se de um fenômeno meramente econômico, não
podendo ser identificada como fruto, produto do bem,
ou mesmo como um acréscimo patrimonial decorrente
do esforço comum dos companheiros. Ela decorre da
própria existência do imóvel no decorrer do tempo,
conjugada a outros fatores, como sua localização,
estado de conservação, etc.”

O mesmo entendimento aplica-se no caso de Maria


ser sócia de uma empresa que se valorizou. Se, na
época, ela comprou as cotas por R$ 10.000,00 (dez mil)
e hoje valem 100.000,00 (cem mil), João não terá
direito a essa valorização.
São alguns precedentes deste entendimento:

1. REsp 1349788/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,


TERCEIRA TURMA, julgado em 26/08/2014, DJe
29/08/2014;

2. REsp 1173931/RS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO


SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em
22/10/2013, DJe 28/10/2013;

3. REsp 1357432/SC (decisão monocrática), Rel. Ministro


ANTONIO CARLOS FERREIRA, julgado em 30/06/2015,
DJe 03/08/2015 ;

4. VIDE INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA 533.


“COMPETE À JUSTIÇA FEDERAL ANALISAR,


INCIDENTALMENTE E COMO PREJUDICIAL DE
MÉRITO, O RECONHECIMENTO DA UNIÃO
ESTÁVEL NAS HIPÓTESES EM QUE SE PLEITEIA A
CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.“
Para que se entenda este segundo enunciado, traz-se
uma das decisões do STJ, que claramente explica:

”...Compete à Justiça estadual o processamento e


julgamento de demanda proposta com o escopo de obter
provimento judicial declaratório de existência de
vínculo familiar, para o fim de viabilizar futuro pedido
de concessão de benefício previdenciário. Seara
exclusiva do Direito de Família, relativa ao estado das
pessoas. Se a ação tem por objetivo provimento judicial
constitutivo relativo à imediata concessão de benefício
previdenciário, ostentando como causa de pedir o
reconhecimento da união estável, deverá ser proposta
perante a Justiça Federal, ante a obrigatoriedade da
participação do INSS no polo passivo da lide, seja de
maneira isolada, se for o caso, seja como litisconsorte
passivo necessário. A presença do INSS é condição que
se impõe porque a instituição de benefício
previdenciário constitui obrigação que atinge
diretamente os cofres da Previdência Social, revelando,
assim, a existência de interesse jurídico e econômico da
autarquia federal responsável pela sua gestão, razão
pela qual ela deve ser citada para responder à demanda
judicial, sob pena de violação dos postulados da ampla
defesa e do contraditório, imprescindíveis para a
garantia do devido processo legal...”
Então, sempre que for necessária Ação de
Reconhecimento de União Estável para pedido
de beneficio previdenciário, será competente
em razão da matéria a Justiça Federal,
para garantir o direito de defesa ao INSS.

A partir de então indaga-se: se a referida demanda


for ajuizada na justiça estadual e for requerida a
citação do INSS como polo passivo? Optando-se
pela justiça estadual será desrespeitado o art. 109
da Constituição Federal, inciso I. Uma vez que
o INSS é uma Autarquia Federal.

Vale lembrar que compete à Justiça Federal processar


e julgar as ações propostas contra a União, autarquias
federais (como o INSS, o Banco Central) e empresas
públicas federais (como a Caixa Econômica Federal),
ou em que estas figuram como autoras.
São precedentes para este enunciado:

1. RMS 35018/MG, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA,


QUINTA TURMA, julgado em 04/08/2015, DJe
20/08/2015;

2. CC 126489/RN, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,


PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/04/2013, DJe
07/06/2013;

3. CC 131529/RS (decisão monocrática), Rel. Ministro


REGINA HELENA COSTA, julgado em 02/09/2015, DJe
14/09/2015;

4. CC 139525/RS (decisão monocrática), Rel. Ministro


OG FERNANDES, julgado em 03/08/2015, DJe
21/08/2015;

5. CC 137385/GO (decisão monocrática), Rel. Ministra


ASSUSETE MAGALHÃES, julgado em 14/04/2015, DJe
23/04/2015;

6. CC 131792/MG (decisão monocrática), Rel. Ministro


BENEDITO GONÇALVES, julgado em 21/11/2014, DJe
02/12/2014;

7. CC 136831/MG (decisão monocrática), Rel. Ministro


MAURO CAMPBELL MARQUES, julgado em 24/11/2014,
DJe 27/11/2014.

8. VIDE INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA N. 517


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Nós vemos no final do Curso.


Um forte abraço!!

Thiago Luna

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