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Técnico de Restaurante/ Bar

Diferença de Comportamento e
Diferença de Intervenção

Formador(a): Dias

Maio 2015

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ÍNDICE

Conteúdo
OBJECTIVOS GERAIS DO MANUAL............................................................................................................3
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS DO MANUAL...................................................................................................3
Diferença – delimitação e problematização................................................................................................5
Diferenças existentes na educação/ formação............................................................................................9
O acesso à educação.....................................................................................................................................9
As trajetórias escolares................................................................................................................................10
Diferenças de género e a escola................................................................................................................11
Outras diferenças no contexto escolar......................................................................................................13
Diferenças no acesso ao trabalho - públicos com necessidades especiais...................................................15
Jovens............................................................................................................................................................16
Desempregados de longa duração.............................................................................................................16
Pessoas com baixas qualificações..............................................................................................................17
Mulheres........................................................................................................................................................21
Discriminação positiva em Portugal e outros países................................................................................22
Toxicodependentes e ex-toxicodependentes............................................................................................24
Pessoas com deficiência..............................................................................................................................27
Estratégias e estruturas de apoio a consultar:..........................................................................................29
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................29

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OBJECTIVOS GERAIS DO MANUAL

o Numa sociedade cada vez mais competitiva e individualista, pretende-se que os formandos
tenham a capacidade de mobilizar os conhecimentos necessários, em contexto profissional,
para resolverem os conflitos que possam surgir. Compreender as diferenças e semelhanças
entre as diferentes culturas nos vários contextos de atuação em que venham a estar inseridos
e compreender-se a si próprio é o caminho para o desenvolvimento de relações interpessoais
produtivas.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS DO MANUAL

No final desta formação pretende-se que os formandos sejam capazes de:

o Reconhecer as diferenças comportamentais verificadas a nível individual, grupal,


organizacional e social.

o Identificar a multiplicidade de fatores que lhes estão subjacentes às diferenças


comportamentais.

o Identificar os indivíduos com diferenças e/ou desvantagens como um coletivo


heterogéneo.

o Identificar e caracteriza as diversas instituições que na comunidade têm como valências o


apoio nas áreas do social, da segurança, da justiça, da educação e da saúde.

o Identificar políticas, instrumentos e programas que visem a integração socioeconómica e


profissional das populações com dificuldades especiais

MODALIDADE DE FORMAÇÃO

Sistema de aprendizagem.

FORMAS DE ORGANIZAÇÃO

Formação presencial em sala.

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INTRODUÇÃO

Vivemos numa sociedade onde nos deparamos com diferentes tipos de pessoas, que todos os dias
enfrentam dificuldades, devido à ignorância e preconceito, em contornar os obstáculos que encontram pela
frente. Mas qual de nós já parou na rua para ajudar um cego atravessar para outro lado da rua? Ou parou e deu
um pouco de atenção a um idoso? Será que os transportes públicos já estão devidamente equipados para
transportar portadores de deficiência? As escolas têm o que é necessário para integra-los no meio social e
prepara-los para serem ativos na sociedade? Quantas empresas dão oportunidade de emprego a um ex-
toxicodependente ou a um antigo recluso? Homens e mulheres têm as mesmas oportunidades no emprego?
A vida em sociedade, implica um conjunto de regras e normas que são praticadas por todos os indivíduos
porque é uma “condição” para a aceitação de cada indivíduo pelos restantes. Quando surge um elemento num
grupo ou mesmo até um grupo, que tenha caraterísticas diferentes será visto como um grupo diferente na
sociedade porque não possui as mesmas características como um dito um grupo normal.
A diferença pode levar muitas vezes ao isolamento, impede o bem-estar, a participação social e
comunitária. Conviver com alguém significa ter que lidar com as diferenças. Não existem no mundo duas pessoas
iguais, portanto as diferenças surgem a cada instante. “Respeito o outro, desde que ele pense, sinta e aja como
eu”, pode soar como um terrível discurso, de alguém extremamente rígido, dogmático, mas infelizmente, parece
ser o fundamento, ainda, de muitas ações quotidianas. Uma das perguntas que fazemos a nós próprios é: Quem
é o outro? É aquele que não sou eu, aquele que é diferente de mim, aquele que me mostra que nem tudo é
como eu imagino que seja. É tão bom quando nos aproximamos de alguém que pensa como nós, que acredita no
que acreditamos. Mas ao mesmo tempo é incómodo encontrarmos alguém que nos mostre o quanto estamos
iludidos com vários aspetos; o quanto os projetos que estamos a elaborar não encontram um auxílio na
realidade. Para alguns, o que se coloca como diferente daquilo que “sou”, traz impedimentos, objeções à minha
maneira de ser. A negação é uma forma muito comum de se lidar com a diferença.

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Diferença – delimitação e problematização

Ser diferente - conceito

Todo ser humano é diferente. Cada um de nós é reconhecível como um indivíduo, inicialmente
e, mais superficialmente, pela nossa aparência física. Contudo, a nossa singularidade como seres
humanos individuais envolve, não apenas, sermos distinguíveis dos outros, mas também sermos
diferentes no nosso comportamento, personalidade, gostos e
antipatias, talentos, género e nacionalidade.

A nossa origem linguística, religiosa, cultural e étnica


também ajuda a definir quem somos. Alguns dos fatores que
nos tornam diferentes dos outros são resultantes de
exercermos os nossos direitos democráticos e as nossas
preferências, mas existem outros aspetos que, em
circunstâncias normais, não podemos escolher. Estes incluem o
nosso sexo, a cor da nossa pele ou a família ou tradição cultural na qual nascemos. Ainda assim,
somos todos membros de uma indivisível raça humana.

Um dos problemas mais difíceis de lidar que surgem da nossa condição humana, é a nossa
tendência de definir outras pessoas em termos meramente negativos, e de ver todo o grupo ao qual
pertencem como inferior. Isto levou à ideologia e à prática de classificar as pessoas em grupos
distintos e homogéneos, com base em critérios tais como, cor da pele, idioma, religião, ou herança
genética ou cultural. Por este processo, os povos do mundo são classificados em hierarquias fixas de
imutáveis características desejáveis ou indesejáveis, que são usadas para definir e rotular todas as
pessoas de um tal ou qual grupo.
A raça humana tem uma longa história de intolerância à diferença. Ao longo de todo
esse tempo, ser rotulado de “diferente” tem sido sinónimo de ser visto como inferior, indesejável,
apartado e, assim, apropriado apenas para a servidão, a escravidão ou a eliminação.
Em todo o mundo, as mulheres raramente têm igualdade com os homens, os portadores de
deficiências ainda tentam garantir os seus direitos, e os homossexuais ainda são discriminados em

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todas as sociedades. No final do século XX, atrocidades cometidas em Sudão, Ruanda, Bósnia, Kosovo
e Timor Leste, demonstraram até onde os seres humanos ainda estão prontos a ir, para negar aos
outros o direito de serem diferentes. Dentre as muitas lições aprendidas no século XX,
respeitar o direito dos outros de serem diferentes não foi uma delas.

Diferenças no nosso quotidiano

Os ideais da igualdade surgem num contexto histórico preciso e correspondem a uma nova
conceção de justiça que funda e organiza as sociedades modernas. Como esclarecem Fitoussi e
Rosanvallon (1997): “A igualdade é um projeto, um princípio de organização que estrutura o devir de
uma sociedade. […]O princípio de igualdade […] é um movimento através do qual a sociedade procura
libertar, ainda que parcialmente, os indivíduos da sua história para lhes permitir enfrentar melhor o seu
futuro, abrindo-lhes um leque de escolhas que certas circunstâncias do seu passado restringiram em
demasia. A ideia de igualdade instaura um combate contra o determinismo, a explicação linear do
futuro pelo passado.” Historicamente, no debate dos princípios orientadores dos sistemas públicos de
ensino passou-se da ideia inicial de igualdade à de equidade e a de igualdade de oportunidades foi
dando lugar à de igualdade de resultados.

A diversidade pode significar variedade, diferença e multiplicidade. A diferença é qualidade do


que é diferente; o que distingue uma coisa de outra, a falta de igualdade ou de semelhança. Nesse
sentido, podemos afirmar que onde há diversidade existe diferença. Marisa Vorraber Costa (2008)
afirma que a diferença não é uma marca do
sujeito, mas sim uma marca que o constitui
socialmente, e se estabeleceu como uma forma de
exclusão, ser diferente na educação ainda significa
ser excluído e/ou ser sub-representado nas
instâncias sociais. Reconhecer que somos
diferentes para estabelecer a existência de uma
diversidade cultural, não é suficiente para
combater os estereótipos e os estigmas que ainda
marginalizam milhares de crianças em nossas escolas e milhares de adultos na nossa sociedade. Não
se deve contrapor igualdade a diferença. De fato, a igualdade não está oposta à diferença, e sim à
desigualdade, e diferença não se opõem à igualdade, e sim à padronização, à produção em série, à

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uniformidade, a sempre o “mesmo”, à “mesmice”. Reconhecer a diferença é questionar os
conceitos homogéneos, estáveis e permanentes que excluem o ou a diferente. As certezas
que foram socialmente construídas devem se fragilizar e desvanecer. Para tanto, é preciso
desconstruir, pluralizar, (re) significar, reinventar identidades e subjetividades, saberes, valores,
convicções, horizonte de sentidos. Somos obrigados a assumir o múltiplo, o plural, o diferente, o
híbrido, na sociedade como um todo. Falar sobre diferença de comportamento não pode ser só um
exercício de perceber os diferentes, de tolerar o “outro”. Antes de tolerar, respeitar e admitir a
diferença é preciso explicar como essa diferença é produzida e quais são jogos de poder estabelecido
por ela.

A diversidade biológica pode ser um produto da natureza, mas o mesmo não se pode dizer
sobre a diversidade cultural, pois, de acordo com autor, a diversidade cultural não é um ponto de
origem, ela é em vez disso um processo conduzido pelas relações de poderes constitutivos da
sociedade que estabelece “outro” diferente do
“eu” e “eu” diferente do “outro” como uma forma
de exclusão e marginalização. Uma ação pedagógica
realmente pautada na diversidade cultural deve ter
como principio uma política curricular da identidade e da
diferença.

O que é ser diferente no mundo de hoje? É ter


um cabelo moderno com cores nada convencionais? É ter um monte de piercings espalhados pelo
rosto? É não escutar o que a maioria escuta? Ou é ter um estilo que não segue a moda? A maior parte
da nossa sociedade tornou-se tão orgânica que coisas que antes eram consideradas completamente
absurdas tornaram-se, para a maioria das pessoas, comuns.

A sociedade conduz-nos à sua própria conveniência. Alguns, entretanto, escolhem ser


diferentes da maioria, por não se deixar levar pela correnteza. O problema é quando o ser “diferente”
se torna apenas um meio de ter seus quinze minutos de fama, de ter destaque. Então ao contrário de
ser diferente porque é isso que são, as pessoas passam a ser “diferentes” para serem notadas, criam
um perfil e expõem-no para quem quiser ver, essa é a questão, não preciso que você me mostre o
quão diferente você é. Você não é um produto e eu não preciso que me convença a comprá-lo. Eu
quero conhecer a pessoa, e não o estereótipo que criou.

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Ser diferente não é ter sempre gostos e opiniões diferentes de todos, é ter simplesmente a
sua própria opinião, independente de ser comum, ou não.

A inevitabilidade das diferenças - suas desvantagens

Quando nascemos somos é através do processo de socialização que nos tornamos parte da
sociedade. É através deste processo que o sujeito aprende os elementos socioculturais do seu meio, a
socialização torna possível a manutenção da sociedade e a transmissão da sua cultura de geração em
geração. A cultura e a sociedade encontram-se em cada indivíduo, mesmo quando esse indivíduo
explicitamente refuta algumas das suas normas de conduta. A socialização é, portanto, a assimilação
de hábitos característicos do seu grupo social, todo o processo através do qual um indivíduo se torna
membro funcional de uma comunidade, assimilando a cultura que lhe é própria. É um processo
contínuo que nunca se dá por terminado, realizando-se através da comunicação, sendo inicialmente
pela "imitação" para se tornar mais sociável. O processo de socialização inicia-se, contudo, após o
nascimento, e através, primeiramente, da família ou outros agentes próximos, da escola, dos meios de
comunicação de massas e dos grupos de referência que são compostos pelas nossas bandas favoritas,
atores, atletas, super-heróis, etc.
Somos, portanto, seres incompletos e inacabados. Trazemos connosco todo um conjunto
potencial de capacidades e de competências que esperam a situação adequada para surgirem e
desenvolverem-se. Isto permite que cada um de nós se vá construindo e definindo, tornando-se um
indivíduo, um ser único.
Deste modo é impossível fugir à diferença: a diferença está em nós e em todos os outros.
A diferença surge como algo inevitável.

No entanto, a vida em sociedade implica regras e normas, que terão de ser praticados por
todos os elementos dessa sociedade porque é uma "condição" para a aceitação de cada indivíduo pelos
restantes. Neste sentido a própria sociedade quase que anula a individualidade e promove a unidade
de atitudes e comportamentos. Devido a esta "unidade", alguém ou algum grupo que surja com
características diferentes será tendencialmente visto como diferente do grupo da sociedade, adotando
o conjunto da sociedade uma perspetiva negativa em relação às diferenças apresentadas pelo
indivíduo ou grupo.

Direito à diferença

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O direito à diferença só se trata de um verdadeiro direito se exercido num plano de
igualdade. Sem essa igualdade, a diferença rapidamente se transforma em discriminação. Cumpre ao
Estado criar as condições para que essa igualdade se verifique, e cabe-o fazer independentemente de
se verificarem eventuais consensos sociais acerca de determinada matéria decisivamente implicada na
sua realização. Com efeito, a sua ação mostra-se plenamente legitimada pelos valores que
comunitariamente foram erigidos à condição fundamental de constitucionais e pela densificação que
lhes é dada. Hoje temos várias organizações, fundações, associações e outras entidades que procuram
difundir a informação e legislação para salvaguardar situações como a falta das acessibilidades, a
desigualdade no acesso ao trabalho, entre outras situações.

Diferenças existentes na educação/ formação

O acesso à educação

A escola tem o tempo da escrita (Terrail, 2002), mas só se associa ao desígnio da igualdade de
oportunidades com o advento da construção da escola pública. Condorcet, um dos mais acérrimos
promotores da estatização da escola, defende, em 1792, que a escola deve permitir a “qualquer
criança, em função das suas próprias capacidades, chegar à melhor situação social possível, onde os
critérios de seleção e de orientação são por isso intrínsecos à personalidade do aluno e não sofrem o
efeito da origem social” (Van Haecht, 2001: 13).
As decisões dos poderes públicos foram centradas em garantir as condições de acesso e de
frequência da escola pública, instituindo a gratuitidade do ensino e, posteriormente, a sua
obrigatoriedade. A primeira preocupação não foi propriamente a de criar condições para a igualdade de
oportunidades, mas a de garantir o acesso de todos à instrução elementar. De facto, todos têm acesso
à escola pública e, portanto, concretizar a escolaridade obrigatória, no entanto, vão-se colocando
questões como: as crianças não têm os mesmos recursos disponíveis, não aprendem todas da mesma
forma, não têm todas o mesmo apoio (ajuda nos estudos fora do contexto escolar), etc.
Apesar de todos acederem à escola, segundo alguns estudos, a escola vem potenciar a
desigualdade de oportunidades. Isto é, os governos adotaram uma nova perspetiva, que consistiu num
deslocamento da lógica de igualdade para uma lógica de equidade: a distribuição de recursos deve ser
diferenciada em função das necessidades também diferenciadas. Se, quando acedem à escola, os
próprios alunos são portadores de diferentes condições de apreenderem o que a escola lhes
proporciona, torna-se necessário dar mais aos que estão, à partida, menos munidos para responder às

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exigências escolares, de modo a igualar as condições de obtenção de resultados e estes serem
dependentes exclusivamente do mérito de cada um. No entanto, até que ponto os apoios escolares
(subsídios) concedidos às famílias desfavorecidas vêm colmatar essas desigualdades? A resposta é que
não vêm! Globalmente, os efeitos das políticas de discriminação positiva no contexto escolar não têm
produzido os resultados esperados e têm mesmo sido assinalados alguns efeitos perversos. Melhora o
ambiente escolar mas não melhora os resultados.

As trajetórias escolares

As diferenças sociais que se têm revelado associadas à desigualdade de trajetórias escolares


são as condições sociais dos progenitores do aluno, a origem étnico- nacional do próprio e/ou dos seus
ascendentes, o território de residência (rural, urbano, centro da cidade, subúrbios) e, mais
recentemente, a condição de género. Globalmente, e considerando cada um destes conjuntos de
variáveis isoladamente, podemos afirmar que a escola tem penalizado os alunos cujas famílias são
pouco escolarizadas e desempenham profissões consideradas socialmente como subalternas, os alunos
negros, os que vivem em meios rurais e do interior ou em condições de habitação degradada (no
centro das cidades ou nas periferias destas, conforme a dinâmica urbana dos países em causa) e,
ainda, os alunos do sexo masculino.
Por exemplo, quando consideramos as diferenças territoriais, é maior a probabilidade de os
alunos que residem longe dos centros urbanos ou nas periferias destes e nas regiões do interior terem
menor desempenho escolar do que os que residem em zonas de maior desenvolvimento económico e
cultural; isto porque várias razões: menos recursos, menor orçamento por parte do Estado,
profissionais deslocados e “descontentes”, entre outros. No entanto, se considerarmos os alunos a
viverem em regiões marcadamente diferenciadas, mas cujas famílias têm a mesma origem de classe
e/ou os mesmos níveis de escolaridade, essas diferenças nas trajetórias escolares esbatem-se.
Alguns autores construíram um modelo analítico que defende que são as diferenças culturais
entre a escola e os grupos sociais mais desfavorecidos que explicam o seu insucesso escolar. Enquanto
os filhos destes grupos sentem uma descontinuidade ou mesmo rutura entre o seu universo cultural e
o que enforma a escola, os filhos dos grupos sociais mais favorecidos vivem a escolaridade como um
prolongamento da sua cultura familiar, dado serem os membros destes grupos que definem o que é
escolarmente valorizado. Neste sentido, a escola não é mais do que o prolongamento das
desigualdades, e, portanto, não muda nem transforma a sociedade. Mas tal não é verdade, pois muitos
alunos conseguem superar essas desigualdades e ter sucesso na escola, embora o contexto familiar e

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social dos alunos mais desfavorecidos não ser o mais propicio ao sucesso escolar, assistimos à
tentativa de mobilidade social através da escola.

Diferenças de género e a escola

A natureza das desigualdades de géneros na educação sofreu alterações profundas nas últimas
décadas, e, no que respeita aos resultados escolares, tornou-se mais complexa. Além da injustiça que
todos os estereótipos de género representam, a diferença de géneros na educação pode, também,
afetar negativamente o crescimento económico e a inclusão social. Por exemplo, as mulheres, por um
lado, continuam a ser uma minoria no domínio da matemática, da ciência e da tecnologia; por outro
lado, os dados mostram que há uma grande probabilidade de os rapazes se posicionarem
entre os que apresentam um aproveitamento escolar mais baixo em leitura.
Estes dois exemplos mostram que as diferenças de géneros na educação
devem ser tidas em conta na elaboração de políticas e estratégias que
visem a melhoria dos resultados escolares.

Mas o que é isto de “diferença de género” ou “diferença entre sexos”? Não é a mesma coisa?
Não!
São muitos os investigadores que tentaram identificar e diferenciar o significado dos termos
“sexo” e “género”, para compreender o impacto da biologia e de outros fatores no comportamento
humano. Estas diligências são exemplificadas pelas duas tentativas de definição que abaixo se
apresentam.

O termo sexo refere-se às características biológicas e psicológicas que diferenciam os homens


das mulheres (OMS, 2009).
O termo género refere-se aos atributos e as oportunidades económicas, sociais, políticas e
culturais associadas ao ser-se homem ou ser-se mulher. Na maioria das sociedades, os homens e as
mulheres diferenciam-se pelas atividades que levam a cabo, pelo acesso a recursos e ao controlo dos
mesmos, e pela participação na tomada de decisões. Também na maioria das sociedades, as mulheres,

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enquanto grupo, tem menos acesso a recursos, as oportunidades e a tomada de decisões que os
homens (Desprez-Bouanchaud et al. 1987, pp. 20-21).

O género é um atributo socialmente construído, é algo aprendido, as meninas aprendem que


devem de brincar com bonecas e os meninos com carros e bolas. Os comportamentos adequados a
cada género são determinados pela sociedade.
Na escola, a perceção que os professores têm da masculinidade e feminilidade é essencial para
a relação dos mesmos com os respetivos alunos, e pode ser um fator importante para a criação de
igualdade de géneros nas escolas. Os manuais escolares e os materiais de leitura fornecidos nas
escolas podem, também, contribuir para o reforço ou enfraquecimento dos estereótipos de género.
Pois as atitudes dos professores são influenciadas pelos estereótipos já criados, o mesmo acontece
com os manuais ou livros de histórias feitos e direcionados especificamente para rapazes ou para
raparigas.
Os estímulos dados às crianças desde que nascem vão condicionar os sus comportamentos, não
é por acaso que a diferença mais notória de géneros no que respeita ao aproveitamento escolar reside
na vantagem que as raparigas têm relativamente a leitura. Em media, as raparigas leem mais e
gostam mais de ler do que os rapazes. Esta vantagem a favor das raparigas verifica-se em todos os
países, independentemente da faixa etária. Na matemática, os rapazes apresentam resultados
semelhantes aos das raparigas, no quarto e oitavo anos de escolaridade, na maioria dos países. A
vantagem dos rapazes surge nos últimos anos de escolaridade e é especialmente visível entre os
estudantes que frequentam os mesmos programas de ensino e que estão na mesma faixa etária.

Resumindo, o género é apenas um dos fatores que influencia o aproveitamento escolar nas
diferentes disciplinas. O estatuto socioeconómico é, também, um fator muito importante: neste
sentido, é fundamental ter em conta o contexto familiar, além do género, quando se presta apoio a
alunos com baixo aproveitamento escolar.

Outras diferenças no contexto escolar

Todas as identidades e diferenças são produzidas culturalmente, no ambiente escolar estas


diferenças são utilizadas para discriminar, humilhar, inferiorizar. Num espaço escolar, diversas pessoas
trazem as suas contribuições históricas e culturais negociando as suas identidades e diferenças. Trata-

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se de um espaço comum partilhado por pessoas diferentes (diferentes na educação familiar, costumes,
gostos, valores, no corpo, no cabelo, etc…) que nem sempre se compreendem, são criadas rivalidades
e originados conflitos, está presente o preconceito e a discriminação. É importante aprender a lidar
com a diferença e respeitar o outro.
Nem sempre as crianças estão preparadas para lidar com o diferente, o incomum, por exemplo,
com um deficiente motor. As crianças devem compreender que situações de deficiência são normais,
infelizmente, ocorrem e devem ser vistas não com repulsa.
As crianças com necessidades educativas especiais, por exemplo, também precisam de um
acompanhamento diferenciado, além de que, é importante explicar aos pares que devem de respeitar
estas crianças. Pois as crianças que têm necessidades educativas especiais (dislexia, autismo,
hiperatividade, etc…), sempre que possível, beneficiando de apoio, devem de partilhar o “espaço
escola” com todas as outras crianças. É importante integrar e não excluir.

O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos os alunos aprenderem juntos,
sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem. Estas
escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos
vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos,
através de currículos adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, de
utilização de recursos e de uma cooperação com as várias comunidades. É preciso, portanto, um
conjunto de apoios e serviços para satisfazer as necessidades especiais dentro da escola.”
“…as escolas devem acolher todas as crianças, independentemente das suas condições físicas,
intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem incluir as crianças deficientes ou
sobredotadas, as crianças de rua, e as que trabalham, as de populações nómadas ou remontas; as de
minorias étnicas e linguísticas e as que pertencem a áreas ou grupos desfavorecidos ou
marginalizados.”
UNESCO (1994) Declaração de Salamanca e Enquadramento da Acção na Área das
Necessidades Educativas Especiais, Lisboa: Instituto de Inovação Educacional

O homem é capaz de transformar a sociedade tendo como base a história da sua própria
civilização, do seu desenvolvimento, contradições e identidade cultural. Cabe à escola como
instituição que produz e reproduz a nossa sociedade, trazer para o seu quotidiano o
exercício de cidadania consciente em face de diversidade cultural. Mudar mentalidades,
superar o preconceito e combater atitudes discriminatórias são finalidades que envolvem lidar com
valores de reconhecimento e respeito mútuo, o que é tarefa para a sociedade como um todo. A

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escola tem um papel crucial a desempenhar neste processo. Em primeiro lugar porque é espaço em
que existe convivência entre crianças de origens e níveis socioeconómicos diferentes, com costumes e
dogmas religiosos diferentes daqueles que cada um conhece. Em segundo, porque é um dos lugares
onde são ensinadas as regras do espaço público para o
convívio democrático com a diferença. Em terceiro lugar,
porque a escola apresenta à criança conhecimentos
sistematizados sobre o país e o mundo.

A sociedade comprometida com a luta pela escola


democrática, deve levar em conta os valores que vão
sendo veiculados pela mesma participando ativamente da
escola no sentido de poder contribuir para um novo paradigma.
O pensamento complexo é necessário para darmos conta de questões que fora de um contexto
histórico não teriam o menor sentido. Diante desta ideia temos a possibilidade de ultrapassarmos a
rigidez, partindo para uma relação dialógica do conhecimento. Seria inválido pensarmos em qualquer
tipo de transformação nas escolas sem nos preocuparmos com a formação dos professores. Quando
nos assumimos como professores temos que estar preparados para que, em situações de preconceito
no quotidiano escolar, tenhamos a possibilidade e a lucidez de discutir e até de reverter a negação ao
que é diferente a partir do que entendemos como compreensão, ética e solidariedade.

A responsabilidade que os educadores têm é de preservar a diversidade cultural, garantindo a


identidade de cada tradição e promovendo a solidariedade, tarefa intransferível da educação.
A escola que realmente procura ter uma postura democrática de ensino e está preocupada com a
formação do futuro cidadão tem como um dos seus desafios desenvolver uma reflexão consciente
sobre a realidade, no sentido de poder transformá-lo e reconstruí-lo constantemente.
Certos saberes transmitidos pela escola são, sem dúvida, pretextos para fabricar hierarquias de
excelência, para selecionar e para atribuir colocações em uma sociedade meritocrática.
A tolerância e respeito com aquilo que é diferente são aceitáveis para aproximar-se da diversidade.
Diante da diversidade evidente da multiculturalidade entre grupos e diante da variabilidade individual
interna em cada um deles, a educação como um todo, e não só por meio das escolas, deve fomentar a
atitude de tolerância e de abertura para com o outro. A tolerância nas sociedades democráticas, em
geral, ainda quando são pluriculturais, aparece como a virtude por excelência, porque, graças a ela, os
indivíduos podem viver juntos, estabelecer relações e ao mesmo tempo orientar sua existência em
relação a valores diferentes.

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Pensar no indivíduo, significa vinculá-lo a um grupo, sendo este portador de seus códigos,
valores, tradições, costumes e a cultura contextual. Nesta perspetiva, a escola propícia o encontro
destes indivíduos e possibilita trocas muito intensas.
A aprendizagem nasce do encontro de pessoas diferentes. Cada uma delas é singular,
única e, portanto, portadora, em parte do conhecimento, da cultura e da experiência coletiva das
comunidades às quais pertence. A partir desta situação, a função da escola é de atender estas
diferenças percebendo o aluno como centro do processo educativo. Pensamentos estereotipados
devem dar lugar a um outro caminho, permeado pela tolerância, que possibilita o reconhecimento do
outro na construção do conhecimento. Cabe à escola promover o desenvolvimento dos alunos nos
aspetos: cognitivos, sociais e emocionais. Neste processo, tanto alunos como educadores tornam-se
responsáveis com relação aos objetivos a serem atingidos.

Na verdade, é importante que a escola assuma o compromisso de oferecer todas as


possibilidades para a formação de um indivíduo capaz de perceber, entender, analisar e criticar o
mundo em que vive. Esta prática requer dos educadores empenho e paciência.
Todo esforço e comprometimento da sociedade como um todo e da escola, em particular,
devem ser constantes no sentido de contribuir cada vez mais para a construção de uma sociedade que
respeite as diferenças. A escola é o lugar não só de acolhimento das diferenças humanas e sociais
encarnadas na diversidade dos que a frequentam. Por outras palavras, a escola é, por excelência, a
instituição da alteridade, do estranhamento e da mestiçagem, marcas indeléveis da medida da
transformabilidade da condição humana.
A nossa maneira de ser, de agir, de pensar, de sentir é resultante da coordenação de
vários sistemas (ou partes) que formam um sistema mais complexo que define nossa
individualidade.

Diferenças no acesso ao trabalho - públicos com necessidades especiais

Jovens

 São hoje muito prementes os problemas reais que a juventude enfrenta.


 Vivemos numa sociedade consumista e altamente competitiva e como tal os jovens são
obrigados a estar mais preparados para os desafios que essa mesma sociedade lhe reserva.
 É hoje vulgar que pessoas possuidoras de várias licenciaturas se vejam confrontadas com
dificuldades para conseguirem um emprego compatível com as suas habilitações.

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 Por isso mais do que nunca os jovens não poderão alhear-se da vida político-económica do País
onde estão inseridos e não estando presentes com as suas ideias, arriscam-se a perder oportunidades
para exprimir os seus desejos, os seus direitos e fazerem valer as suas opiniões.
 Através de associações de jovens, em debates abertos à sociedade civil, torna-se indispensável
que eles participem de uma forma ativa, podendo assim sensibilizar quem exerce cargos de poder e
chamar a atenção para problemas prementes como a falta de emprego e sobretudo a falta de
oportunidades de poderem desempenhar aquilo que realmente gostam e para o que foram
preparados nos cursos que escolheram.
 É frequente encontrarmos pessoas licenciadas nesta ou naquela área e estarem a desempenhar
funções que nada tem a ver com o curso que possuem.
 Numa sociedade que se quer dinâmica e diversificada, com exigências de excelência, ser
competente é fundamental na área em que se exerce a vida profissional.

Desempregados de longa duração

Consideram-se desempregados, os trabalhadores, inscritos nos centros de emprego, que se


encontrem numa situação de desemprego involuntário e que revelem capacidade e disponibilidade
para o trabalho.
Consideram-se igualmente desempregados, os trabalhadores que se encontrem numa das
seguintes situações:
 Inexistência anterior de prestação de atividade profissional por conta de outrem ou por conta
própria;

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 Cessação de atividade por conta própria, determinada por causas manifestamente não
imputáveis ao trabalhador.

 Consideram-se ainda desempregados os trabalhadores que se encontrem contratualmente


vinculados a:

 Empresa enquadrada em sector de atividade declarado em reestruturação, nos termos


legais;

 Empresa em processo administrativo ou judicial de recuperação, nos termos legais.

Consideram-se desempregados de longa duração, os trabalhadores que se encontrem


inscritos nos centros de emprego há mais de 12 meses, independentemente de terem celebrado
contratos de trabalho a termo, cuja duração conjunta, seguida ou interpolada, não ultrapasse os 12
meses.

Pessoas com baixas qualificações

A qualificação da população é o principal fator competitivo das economias nas sociedades


atuais. E, nesse sentido, afigura-se também como uma variável decisiva para a compreensão do
aumento do desemprego em Portugal.
O debate público em Portugal nos últimos dois anos tem sido marcado, de forma bastante
veemente, por números, nomenclaturas e instituições associado(a)s ao campo financeiro. A crise
trouxe consigo para a ribalta mediática indicadores estatísticos, conceitos e agentes desse campo até
aí na penumbra do debate público. Quantos de nós conheciam a escala alfabética por meio da qual o
risco da nossa dívida era classificado? Quantos estavam a par dos juros da dívida soberana
portuguesa, no mercado primário e secundário? Quem conhecia a centralidade das agências de
notação (rating) nos processos de financiamento das economias nacionais? Certamente muitos menos
do que após a derrocada do sistema financeiro norte-americano e mundial.
A crise iniciada em 2008 concentrou o âmbito do debate público e político. Uma boa parte das
perspetivas que em Portugal têm discorrido sobre as causas da crise financeira no país e sobre as
medidas a adotar para dela se sair caracterizam-se por autonomizarem o problema financeiro. A crise
financeira é por elas equacionada enquanto realidade em si cuja possibilidade de superação depende
essencialmente da diminuição dos défices anuais do Estado e do endividamento externo do país.
Combate-se um problema financeiro recorrendo a medidas de cariz financeiro. Noutros casos, a

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abordagem ao problema financeiro entrecruza-se com a análise do campo económico. As medidas de
austeridade afetam a atividade económica, mas a superação dos défices orçamentais e do
endividamento externo estão dependentes do crescimento da economia portuguesa. A este
nível emergem normalmente dois conceitos quase mágicos: “exportações” e “produtividade”. Como
fazer a economia portuguesa crescer? “Aumentando as exportações e a produtividade”. Porquê?
“Porque o país importa mais do que exporta e além disso tem uma baixa produtividade” (e, já agora,
“leis laborais muito rígidas”). Importa, no entanto, sublinhar que a pertinência dessa lógica de
pensamento é aplicável tanto a Portugal como à maior parte (totalidade?) dos países do mundo. De
facto, a relevância do equilíbrio da balança comercial e a melhoria da qualidade/quantidade do
trabalho produzido são verdades que antes de o ser já o eram.

Foi na categoria dos que concluíram no máximo o ensino secundário/pós-secundário que se


verificou um aumento relativo mais pronunciado do número de desempregados entre os dois
trimestres mencionados. Embora em termos absolutos esta categoria tenha uma expressão bem menor
do que a registada pela que integra os desempregados que não foram além do 9º ano, entre o 3º
trimestre de 2008 e o período correspondente de 2010 o número de desempregados com este perfil
escolar aumentou cerca de 85%. Ora esta é uma categoria de desempregados principalmente
composta por indivíduos com idades até aos 34 anos.

O aumento do desemprego nos últimos dois anos parece assim ter incidido
sobretudo em dois grandes grupos de trabalhadores: um primeiro mais velho e com
qualificações escolares baixas ou muito baixas; um outro composto por ativos mais jovens e
com qualificações intermédias. Este diagnóstico, que é aproximativo e não esgota o conjunto de
variáveis de caracterização sociográfica passíveis de serem convocadas para este tipo de análise,
permite identificar problemas específicos que se colocam ao mercado de trabalho e à economia
portuguesa. De facto, um país que não quer assentar as vantagens comparativas da sua economia nos
baixos custos da mão-de-obra disponível necessita de elevar de forma muito decisiva o perfil escolar
da população ativa. Além de a mão-de-obra em Portugal ser comparativamente desqualificada ao nível
das suas habilitações formais, os dados disponíveis indicam que os níveis de literacia da população
portuguesa com menores qualificações escolares se situam bastante abaixo dos valores médios
registados nos países da OCDE para as populações que detêm esse tipo de perfil habilitacional. Ou
seja, estamos perante um tipo de mão-de-obra pouco preparada para fazer face a desafios laborais
mais complexos e exigentes. Apesar de as competências e os níveis de literacia serem variáveis entre a
população que tem baixas qualificações escolares, não há dúvida de que a situação de desemprego

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dos ativos que têm este tipo de perfil se deve sobretudo à sua falta de preparação para a produção de
bens e serviços a preços comparativamente vantajosos. Este é o principal problema estrutural da
economia portuguesa que, sendo muito anterior à crise financeira e económica, foi por ela potenciado
e evidenciado.

Não é também novidade o facto de a taxa de desemprego dos que concluíram no máximo o
ensino secundário/pós-secundário ser superior ao valor desse indicador para o total da população
ativa. Os níveis de escolarização secundária ou pós-secundária da população ativa
portuguesa afiguram-se bastante baixos no contexto dos países da União Europeia. E, no
mercado de trabalho interno, o número de trabalhadores com este tipo de habilitação
escolar é bastante reduzido. Como explicar então que o número de desempregados com
qualificações intermédias tenha aumentado quase 85% em dois anos e apresente uma
taxa de desemprego a aproximar-se dos 12%? Duas hipóteses de resposta podem ser
sumariamente avançadas.
Embora nos últimos anos se tenha procurado inverter esta tendência, a verdade é que o
principal roteiro para a frequência do ensino secundário em Portugal – mesmo para os alunos que não
planeiam prosseguir os estudos terciários – têm sido os cursos científico-humanísticos. Até que ponto a
destituição de competências profissionais específicas da maior parte da população com habilitações
escolares intermédias pode explicar uma hipotética desadequação deste tipo de mão-de-obra face às
competências laborais exigidas no mercado de trabalho? Mas, por outro lado, não poderá este
fenómeno estar também associado à incapacidade de aproveitamento das competências detidas pelos
trabalhadores com qualificações intermédias por parte de empregadores que apresentam eles próprios
níveis de escolaridade abaixo do verificado para o total da população empregada?

A introdução da problemática das baixas qualificações dos trabalhadores e empregadores


portugueses é um dado nevrálgico para a compreensão das dificuldades económicas do país e dos
impactos no mercado de trabalho da crise financeira. A qualificação dos portugueses e a sua
adequação às oportunidades laborais existentes ou emergentes é o ponto fundamental no combate ao
desemprego e à promoção das possibilidades de crescimento da economia portuguesa. A hipotética
redução dos salários ou a flexibilização da lei laboral são medidas cujo efeito no curto prazo é
discutível e no médio e longo prazo em nada contribuem para a sustentabilidade e competitividade da
economia portuguesa.

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Para ser competitivo com países que não assentam a sua economia nos baixos
salários e na desregulação das relações laborais, Portugal tem de garantir que a sua população ativa
disponha do conhecimento e das competências necessárias ao aumento do volume e qualidade dos
seus produtos e serviços. A melhoria das competências formalmente atribuídas e dos níveis de literacia
de empregados e empregadores é a principal estratégia para o país criar emprego numa economia
global que se estrutura e evolui a partir do conhecimento. Os vários tipos de incentivo dados às
empresas e a aposta em sectores que potenciem os recursos naturais do país são fatores importantes
para se pensar as suas estratégias de desenvolvimento económico. Mas sem o aumento das
habilitações formais e das competências da população empregada atualmente e da que integrará no
futuro o mercado de trabalho qualquer estratégia política nessa área será insustentável.

O problema do acesso ao trabalho é tema recorrente, sobretudo quando se trata de


fomentar oportunidades de trabalho aos indivíduos que possuem alguma espécie de
deficiência física ou mental.
Não só o acesso como também a manutenção do trabalhador especial, em um mercado de
trabalho cada vez mais competitivo e ávido por qualificações específicas, exigem tratamento legal
direcionado, voltado ao fomento de ações de formação e de inclusão social, sejam tais ações
capitaneadas por órgãos oficiais ou pela sociedade civil.
As condições sociais dos portadores de deficiência, ou de "necessidades especiais", como
manda o "politicamente correto", têm, felizmente, apresentado avanços nas últimas décadas. Se antes
aquele que tinha alguma limitação física convivia com o estigma de incapaz, vendo-se e sendo visto
como um estorvo social, hoje observamos a presença eficiente de portadores de
deficiência em várias áreas, seja como profissionais liberais, servidores públicos ou
trabalhadores dos setores de produção. Além disso, a participação brilhante de atletas
paraolímpicos brasileiros em eventos internacionais chama a atenção da sociedade para as
potencialidades do deficiente em geral.

Entretanto, muito ainda há a se avançar, em termos de igualdade de oportunidades


para os deficientes. Algumas ações públicas e mesmo de instituições criadas para defender os
interesses dessa minoria pendem muito mais para um paternalismo alienante que para um real
contributo para o desenvolvimento integral daquele que tem necessidades especiais. O deficiente não
precisa apenas sobreviver, recebendo um salário mínimo do Estado; ele tem necessidades variadas,
como qualquer ser humano, de crescimento emocional, intelectual, psicológico, profissional e

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econômico. Em qualquer contexto em que estiver inserido o portador de necessidades especiais, tais
fatores não devem ser desconsiderados.

Mulheres

A igualdade entre homens e mulheres constitui um dos princípios fundamentais do direito


comunitário. Os objetivos da União Europeia (UE) em matéria de igualdade entre as mulheres e os
homens consistem em assegurar a igualdade de oportunidades e tratamento entre os dois sexos, por
um lado, e em lutar contra toda a discriminação fundada no sexo, por outro. Neste domínio, a UE
optou por uma dupla abordagem, associando ações específicas e «gender mainstreaming». Este tema
apresenta igualmente uma forte dimensão internacional em matéria de luta contra a pobreza, de
acesso à educação e aos serviço de saúde, de participação na economia e no processo decisório e de
direitos das mulheres enquanto direitos humanos.
A igualdade entre homens e mulheres, também designada por igualdade de género, implica
uma igual visibilidade, poder e participação dos homens e das mulheres em todas as esferas da vida
pública e privada, visando, sobretudo, promover a plena participação de todos e de todas na
sociedade.
A igualdade entre homens e mulheres é um direito consagrado na Constituição da República
Portuguesa e é, também, um direito fundamental, dentro dos direitos humanos, que contribui para o
desenvolvimento da nossa sociedade atual. Por outro lado, o Estado Português, assume como uma
das suas tarefas prioritárias não só, garantir o direito a essa igualdade mas, também, assumir a sua
promoção. É, neste contexto, que surge o IV Plano Nacional para a Igualdade – Género, Cidadania e
Não Discriminação (2011-2013), aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 5/2011. Este
aponta um conjunto de medidas consideradas estratégicas para a integração da dimensão de género
na Administração Pública Central e Local, considerando, nomeadamente, como requisito de boa
governação, a implementação Planos de Ação para a Igualdade.

A aplicação do princípio da igualdade de tratamento significa que as condições de acesso -


incluindo critérios de seleção - a profissões ou trabalhos em todos os níveis da hierarquia profissional
sem discriminação em razão do sexo.

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O princípio aplica-se ao acesso a todos os tipos e níveis de orientação profissional, formação
profissional, formação profissional avançada e reconversão profissional.
No entanto, a igualdade
entre homens e mulheres não se
constrói de um dia para o outro,
esta é também uma questão
cultural, de certa forma é preciso
mudar mentalidades.
A CITE – Comissão para
Igualdade no Trabalho e no
emprego – é o mecanismo
nacional público para a igualdade
no trabalho e no emprego desde
logo integra na sua visão, missão
e valores o princípio da integração da dimensão de género, prosseguindo nas suas atribuições a
igualdade e a não discriminação no mundo laboral, a proteção da parentalidade e a conciliação entre a
vida familiar e profissional. Está portanto ao serviço dos trabalhadores e das trabalhadoras e das
entidades empregadoras sendo estes os seus destinatários finais, o que, naturalmente, obriga, a que
também proceda à concretização destas mesmas obrigações no seio da sua organização.

Discriminação positiva em Portugal e outros países

«A discriminação positiva consiste em favorecer um


indivíduo ou um grupo de indivíduos com o objetivo de
eliminar desigualdades historicamente acumuladas, tentando
garantir a igualdade de oportunidades, bem como compensar
perdas provocadas pela discriminação e/ou marginalização,
decorrentes de motivos raciais, étnicos, religiosos, de género,
etc. Ou seja, [segundo essa teoria] devemos dar tratamento preferencial aos membros de grupos
sociais mais desfavorecidos».

Em Portugal existe legislação que visa discriminar positivamente alguns grupos considerados
desfavorecidos, de modo a promover uma maior igualdade de oportunidades.

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Vejamos dois exemplos.

O Decreto-Lei Nº 29/2001 de 3 de Fevereiro estabelece a discriminação positiva de pessoas


deficientes no acesso à Função Pública: «Por forma a favorecer a sua [das Pessoas com Deficiência]
integração profissional no mercado de trabalho, é instituída uma quota obrigatória de 5% nos
concursos externos de ingresso na função pública em que o número de lugares postos a concurso seja
igual ou superior a 10, definindo-se regras específicas para os concursos em que o número de lugares
a preencher seja inferior a 10. Excetua-se a aplicação da presente quota aos concursos de ingresso
nas carreiras que pela sua natureza colocam obstáculos intransponíveis .»

A Lei da Paridade, de 2006, estabelece que nas listas de candidatos deve haver pelo menos
33% de mulheres. A Lei da Paridade tem sido cumprida pelos partidos portugueses? Tem sido
cumprida pela maior parte dos partidos, exceto em eleições autárquicas (em que cada partido tem de
apresentar muitas dezenas de listas). Contudo, isso não significa que cada partido tenha 33% de
mulheres deputadas – pois muitas das mulheres são candidatas em lugares não elegíveis.

Discriminação positiva noutros países:

As cotas raciais estão cristalizadas em países com forte desigualdade social e tensão racial, caso da
África do Sul e da Índia. Tratamentos preferenciais e reservas de vagas existem em Israel, na China,
na Austrália, nas Ilhas Fiji, no Canadá, no Paquistão, na Nova Zelândia e nos Estados sucessores da
União Soviética. Em Israel, medidas especiais foram adotadas para acolher os falashas, judeus de
origem etíope. Na Alemanha e na Nigéria existem ações afirmativas para as mulheres; na Colômbia
para os de origem indígena; no Canadá para indígenas, mulheres e negros. Em Portugal há reserva de
vagas em universidades para estudantes oriundos das antigas colónias portuguesas da África. Na África
do Sul a Constituição de 1996 determina a utilização das políticas de ação afirmativa para garantia de
acesso às diversas instâncias para os negros vítimas do regime do apartheid.

Toxicodependentes e ex-toxicodependentes

Como o seu nome indica, toxicodependência, é a dependência de um tóxico, da droga. As drogas


no início podem provocar bem-estar, mas com a continuação originam dependência física e psíquica,
isto é uma forte necessidade de continuar a tomá-la, caso contrário surge o síndroma de privação. A

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privação é o sofrimento físico e psíquico de um toxicodependente, na ausência da droga, é aquilo a
que é comum chamar a ressaca.
Toxicodependente é todo o indivíduo, dependente da droga que necessita de a tomar para não
sofrer com o síndroma de privação. Os sintomas são: dores musculares insuportáveis, transpiração
intensa, ansiedade, agitação, confusão, pensamento obsessivo sobre a droga.

As drogas atualmente mais utilizadas são tranquilizantes, sedativos, álcool, estimulantes e


antidepressivos, tudo drogas que afetam o bem-estar. Muitas destas drogas atuam alternando os
níveis dos neurotransmissores no interior do cérebro. Por exemplo, as anfetaminas implementam a
produção da norepinefrina, que vai atuar direta ou
indiretamente nas células nervosas cerebrais.
Muitas drogas, incluindo o álcool, são tomadas
para induzir a euforia. O uso habitual de muitas destas
drogas provoca dependência psicológica, pelo que o
utilizador se torna física e emocionalmente dependente.
Quando privado da droga, o toxicodependente torna-se
irritável e incapaz de desenvolver as suas atividades
normais.
Algumas drogas induzem a tolerância quando são
tomadas continuamente durante algumas semanas. Isto
significa que é necessário aumentar muito as doses para
obter os mesmos efeitos. A tolerância ocorre devido ao facto de as células do fígado serem
estimuladas a produzir grandes quantidades de enzimas que metabolizam e inativam a droga. O uso
de algumas drogas, tais como a heroína, o tabaco, o álcool e os barbitúricos, pode provocar o efeito de
adição, de que resultam alterações fisiológicas nos corpos celulares, tornando o utilizador dependente
da droga. Se o utilizador for bruscamente privado da droga, o seu organismo reage, apresentando
sintomas de abstinência extremamente dolorosos. Estes sintomas podem consistir em vómitos, cãibras,
insónias prolongadas, etc., por vezes muito prolongadas e até mortais. Para continuar a obter o efeito
desejado, o toxicómano deve aumentar continuamente as doses. A dependência física do seu
organismo passa a ser acompanhada por dependência psíquica da droga.
As drogas podem atuar nas sinapses impedindo a propagação da mensagem nervosa.
Tranquilizantes como o valium interagem com os recetores. Estimulantes como a cocaína e as
anfetaminas reforçam a ação da norepinefrina, quer
provocando a sua secreção, quer evitando a sua

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reabsorção. Alucinogénios como o LSD e a mescalina interatuam com o neurotransmissor serotonina. A
lista é muito longa e o melhor conhecimento das funções da sinapse permite determinar a ação de
muitas drogas.
Há vários tipos de drogas: drogas lícitas são aquelas que são permitidas por lei, ou seja, de um
modo geral estão acessíveis a qualquer indivíduo que seja maior de idade e podem ser adquiridas no
comércio legal.

Drogas ilícitas são todas aquelas substâncias cuja comercialização é proibida por lei, também
são conhecidas como “drogas pesadas”, por causarem grande dependência.

As drogas ilícitas mais consumidas pelos portugueses são: haxixe, marijuana, heroína, cocaína,
crack, ecstasy e anfetaminas.
As drogas podem ser fumadas, mascadas, inaladas ou consumidas sob a forma de comprimidos e
/ou injetadas. A mais perigosa forma de administração é a injetada por originar dependência mais
rapidamente; ter maior ocorrência de engano na dose, que pode ser fatal, visto que entra diretamente
no sangue, na circulação; a troca de seringas é muito vulgar (uma seringa dá para todos) com
consequências sobre a saúde, devido à contração de doenças como as hepatites, sida e outras
infeções.

As causas da toxicodependência podem ser diversas, portanto, não existe uma só causa, existem
várias: instabilidade familiar, influência do meio onde vive, influência dos amigos e pares, problemas
económicos, fases de crescimento em que os jovens estão mais influenciáveis (curiosidade e espírito
de aventura), ver a droga como uma solução.

PRINCIPAIS RISCOS:
 Morte súbita, por a droga ser falsificada ou por ser uma dose excessiva.
 Contração de doenças graves: sida, hepatite, pneumonia, infeções graves nos locais onde se
picam.
 A utilização obriga ao consumo de doses cada vez mais maiores, mais caras.
 Perda da noção da realidade: delírios – podem estar a atravessar uma estrada convencido que
está no meio do campo.
 Perda de capacidades intelectuais: memória, aprendizagem, decisão.
 Alterações físicas: prisão de ventre e perda da menstruação nas raparigas.
 Diminuição do desejo sexual.

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 Tendência para o isolamento da família e do grupo inicial de amigos. As novas amizades
assentam no consumo da droga.
 Criminalidade: pequenos delitos para arranjar dinheiro para o consumo.

A toxicodependência pode prejudicar o trabalho (absentismo, acidentes, baixa de


produtividade, conflituosidade, imagem). O mundo do trabalho pode contribuir para a
toxicodependência. Trabalho pobre, trabalho rico, inadequação do trabalho, ausência de trabalho, má
gestão do trabalho, stress. O trabalho tem riscos para a saúde física e mental. Por estas duas razões, e
por causa da tal responsabilidade de que tanto falámos, as organizações de trabalho e as pessoas que
aí estão devem fazer qualquer coisa. Dever e querer. Dever ético. Querer, porque sabemos que
poder não chega. E porque querer é poder. Por nós próprios, pelos nossos trabalhos e pelos
nossos filhos, devemos todos fazer qualquer coisa.

A maioria das pessoas com problemas de consumo de álcool e drogas trabalha. Alguns trabalham
de forma "especial", mas trabalham. Por vezes a sua família está desorganizada e os "amigos" vivem
também no mundo da droga. O trabalho acaba por ser a única ponte com o mundo da vida sem
drogas. Por isso, encontrar estas pessoas em contexto profissional é uma oportunidade para ajudar.
Como? Não fingindo que não vemos ou que não é nada connosco (a tal responsabilidade).

Fazer o quê? Ser humano no trabalho é o princípio. Não devemos estar no trabalho como
meros instrumentos ou peças da engrenagem. Devemos ser humanos e tratar os outros como seres
humanos. Estar atento a todos os colegas, em especial aos desadaptados, aos que parecem não estar
bem. Dar a mão. Às vezes basta um pouco de atenção, uma palavra, uma ajuda. Não piorar as coisas
com "bocas" ou ignorando certas pessoas. Quando estamos seguros que há colegas com problemas,
confrontar abertamente. Dizer-lhes que sabemos do seu problema e motivá-los para se tratarem.
Transmitir a esses colegas confiança na sua recuperação e não os pôr de lado quando eles voltam
depois de uma "cura".

Mas o desafio maior que se pode lançar ao mundo do trabalho é a prevenção. Devemos procurar
informação. Devemos formar-nos. Divulgar informação no seio da empresa. Falar destas coisas,
organizar um grupo de discussão e de gestão do problema na empresa, na Comissão de Trabalhadores
ou no Sindicato. Procurar consultores especializados que ajudem o nosso grupo a funcionar e a
produzir trabalho. Contactar organizações especializadas em prevenção e em tratamento. Propor que a

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empresa clarifique a sua política nesta área. Propor à empresa a organização de ações de informação e
de formação para os trabalhadores.

Pessoas com deficiência

Para que haja igualdade de oportunidades entre deficientes e não deficientes, é


importantíssima a compreensão de que os primeiros não são super-heróis, quando conseguem algo de
bom, nem completos incapazes, por não poderem realizar algumas coisas da forma utilizada pela
maioria para tal. Compreendendo que o deficiente não é nem incapaz nem super-herói, os
empregadores e chefes passam a vê-los como trabalhadores como os outros, com a diferença de
terem algumas necessidades diversas das dos demais. A partir dessa perceção, torna-se possível a
quem dirige a prestação de serviços de um deficiente ajudá-lo a desenvolver ao máximo o seu
potencial, para que possa ter um desempenho cada vez mais produtivo no trabalho.
Por outro lado, o deficiente precisa, ainda mais que os "normais", desenvolver as suas
potencialidades, a fim de que consiga não só entrar no mercado de trabalho, mas executar com
eficiência as funções que estiverem a seu alcance. Não deve o deficiente pensar que, porque a
lei lhe reserva vagas no serviço público e na iniciativa privada, pode ser menos eficiente que os demais
trabalhadores. O senso de dignidade humana impõe que qualquer pessoa, deficiente ou não, honre o
seu salário e procure realizar da forma mais
eficiente possível as suas atribuições.
Para que o portador de necessidades
especiais seja um bom profissional, portanto,
faz-se mister que ele se esforce e que aqueles
que com ele trabalham estejam dispostos a
auxiliá-lo, não fazendo o seu trabalho ou
dando-lhe "serviço secundário", mas na
procura de alternativas e adaptações que
tornem mais amplo o leque de atividades que ele pode realizar com bom resultado.

No campo das medidas práticas, para que seja facilitada a entrada, a continuidade e a
eficiência do portador de deficiência no mercado de trabalho, é indispensável a eliminação de uma
série de barreiras de acessibilidade. Não só os prédios públicos e privados devem adequar-se às
necessidades dos deficientes, com colocação, por exemplo, de rampas para cadeiras de rodas, painéis

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em braille nos elevadores e adaptação de banheiros, mas também as páginas na Internet devem ser
produzidas de maneira a possibilitar o acesso por parte da minoria deficiente.

Não é difícil tornar uma página acessível a portadores de deficiência. Basta tomar medidas
simples, como a descrição de imagens, a sonorização de códigos que precisem ser digitados, a
apresentação, em Libras, de mensagens faladas e o emprego de formatos simples.

SE CADA UM FIZER A SUA PARTE...

O deficiente, em geral, tem totais condições de se realizar profissionalmente. Se ele


deseja crescer nesse campo, muitos limites ditos intransponíveis caem. As entidades de e para
portadores de necessidades especiais precisam voltar-se maciçamente para a capacitação dessas
pessoas, para que consigam entrar no mercado de trabalho, conhecer seus direitos, obrigações e
capacidades. Cabe-lhes, também, pressionar o Ministério Público do Trabalho para que fiscalize o
cumprimento das cotas para deficientes nas empresas.
Os empregadores precisam voltar-se para o aproveitamento das muitas potencialidades
que pode ter um portador de deficiência, esquecendo a ideia que alguns têm de dar emprego a um
membro desse grupo de pessoas por piedade.

É função estatal garantir o cumprimento das leis já existentes, o seu aprimoramento e a criação
de novos dispositivos que visem a diminuir o número de portadores de necessidades especiais que
vivem às custas do Estado, de parentes ou da caridade pública. É fundamental, também, que as
escolas especializadas não sejam depósitos de deficientes e que a inclusão na escola regular seja feita
de forma responsável, justa e não paternalista. Não adianta apenas garantir ao deficiente uma vaga na
escola comum; é preciso garantir a ele ensino de qualidade e condições de estudo compatíveis com
suas características.

Assim, com cada grupo fazendo sua parte, certamente teremos, em poucos anos, a
oportunidade de ver uma melhoria notável no padrão de vida das pessoas portadoras de necessidades
especiais, impulsionada pelas melhores oportunidades e condições de trabalho.

Estratégias e estruturas de apoio a consultar:

CITE – Comissão para Igualdade no Trabalho e no Emprego

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IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional
CIG – Comissão para a cidadania e igualdade de género
SICAD - Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências
IDT – Instituto da Droga e Toxicodependência
DGRI – Direção Geral de Reinserção Social
ABRAÇO - Instituição Particular de Solidariedade Social e Organização Não-Governamental de
Desenvolvimento, sem fins lucrativos, que presta serviços na área da problemática do VIH/SIDA.
APD – Associação Portuguesa de Deficientes

BIBLIOGRAFIA

FACHADA, O. (1998). Psicologia das relações interpessoais. Lisboa: Edições Rumo.

MASLOW, A. H. Introdução à Psicologia do Ser. 2.ed. Rio de Janeiro: Eldorado, s/d.

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