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20/02/2019 Taoismo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Taoismo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Taoismo, também chamado Daoismo e Tauismo,[1][2] é Este artigo contém texto em
uma tradição filosófica e religiosa originária do Leste Asiático chinês.
que enfatiza a vida em harmonia com o Tao (romanizado Sem suporte multilingue apropriado,
atualmente como "Dao"). O termo chinês "Tao" significa você verá interrogações, quadrados
ou outros símbolos em vez de
"caminho", "via" ou "princípio", e também pode ser encontrado caracteres chineses.
em outras filosofias e religiões chinesas. No taoismo,
especificamente, o termo designa a fonte, a dinâmica e a força motriz por
trás de tudo que existe.

É, basicamente, indefinível: "O Tao do qual se pode discorrer não é o eterno


Tao."[3] A principal obra do taoismo é o Tao Te Ching, um livro conciso e
ambíguo que contém os ensinamentos atribuídos a Lao Zi (chinês: 老
子 , pinyin: Lǎozi, Wade-Giles: Lao Tzu). Juntamente com os escritos de
Zhuangzi, estes textos formam os alicerces filosóficos dessa religião. Este
taoismo filosófico, individualista por natureza, não foi institucionalizado.

Ao longo do tempo, no entanto, foram sendo criadas formas


institucionalizadas do taoismo na forma de diferentes escolas que,
frequentemente, misturaram crenças e práticas que antecediam até mesmo
os textos-chave do taoismo - como, por exemplo, as teorias da Escola dos
Naturalistas, que sintetizaram conceitos como o do yin-yang e o dos cinco Estátua representando Lao-Tsé, o
mítico fundador do taoísmo
elementos. As escolas taoistas tradicionalmente reverenciam Lao Zi e os
"imortais" ou "ancestrais" e possuem diversos rituais de adivinhação e
exorcismo, além de práticas que visam a atingir o êxtase e obter maior
longevidade ou mesmo a imortalidade.

As tradições e éticas taoistas variam de acordo com a escola, porém, no


geral, enfatizam a serenidade,[4] a não ação (wu-wei), o vazio, a moderação
dos desejos,[5] a simplicidade,[6] a espontaneidade, a contemplação da
natureza[7] e os Três Tesouros: compaixão, moderação e humildade.

O taoismo teve uma influência profunda na cultura chinesa no decorrer dos


séculos. Os clérigos do taoismo institucionalizado (chinês: 道 士 , pinyin:
dàoshi), geralmente, tomam cuidado para deixar clara a distinção entre
suas tradições rituais e os costumes e práticas encontrados na religião
Representação do "Tao", o conceito
popular chinesa, uma vez que estas distinções podem ser facilmente pouco fundamental do taoísmo, na escrita
perceptíveis. A alquimia chinesa (especialmente neidan), a astrologia chinesa
chinesa, o zen-budismo, diversas artes marciais, a medicina tradicional
chinesa, o feng shui e diversos estilos de qiqong têm suas histórias
entrelaçadas com a do taoismo. Além da China em si, o taoismo teve grande influência nas sociedades do leste da Ásia.

Após Lao Zi e Zhuangzi, a literatura do taoismo cresceu com regularidade e passou a ser compilada na forma de um
cânone, o Daozang, que, por vezes, era publicado a mando do Imperador da China. Ao longo da história chinesa, o
taoismo foi, por diversas vezes, decretado a religião do Estado. Após o século XVII, no entanto, ele perdeu muito de
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sua popularidade. Tal como todas as outras atividades religiosas, o taoismo


foi reprimido nas primeiras décadas da República Popular da China e até
mesmo perseguido durante a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung;
continuou, no entanto, a ser praticado livremente em Taiwan. Hoje em dia,
é uma das cinco religiões reconhecidas pela República Popular da China e,
embora não costume ser compreendida com facilidade longe de suas raízes
asiáticas, tem seguidores em diversas sociedades ao redor do mundo.[8]

Índice
Categorização
História
O tao do taoismo Prática de tai chi chuan, uma arte
marcial com forte influência taoísta
Filosofia taoista
Wu wei
Textos
Tao Te Ching
Zhuangzi
Daozang
Outros textos
Taoismo e confucionismo
Religião taoista
Influências no zen-budismo
Taoismo fora da China
Templo taoista Nanyan, nas
Taoismo no Brasil
Montanhas Wudang, na província
Ver também de Hubei, na República Popular da
Notas China

Referências
Bibliografia
Ligações externas

Categorização
Há um debate sobre como, e se, o taoismo deve ser classificado. Lívia Kohn dividiu-o em três categorias:[9]

1. Taoismo filosófico (Chinês:道家; pinyin: dàojiā; Wade-Giles: tao-chia) - A escola filosófica baseada nos textos
Dao De Jing (道德 经) e Zhuangzi (庄子);
2. Taoismo religioso (chinês: 道教; pinyin: dàojiào; Wade-Giles: tao-chiao) - Uma família de movimentos religiosos
organizados da China, oriundos do movimento Mestres Celestiais durante o final da Dinastia Han e, mais tarde,
incluindo as seitas "ortodoxa" (Zhengyi; 正 一) e a "Realidade Completa" (Quanzhen, 全 眞), que reivindicam
linhagens descendentes de Laozi (老子) ou Daoling Zhang no final da dinastia Han;
3. Taoismo tradicional - A religião tradicional chinesa. Manifestações da tradição religiosa chinesa, de caráter
popular, integram elementos do taoismo religioso, do confucionismo e do budismo.
Esta distinção é complicada pelas dificuldades hermenêuticas (interpretações) na categorização das escolas taoistas,
seitas e movimentos.[10] Alguns estudiosos acreditam que não há distinção entre daojia e daojiao.[11] De acordo com
Kirkland, "a maioria dos estudiosos que tem estudado o taoismo a sério, tanto na Ásia quanto no Ocidente, finalmente
abandonou a dicotomia simplista de tao-chia (taoismo filosófico) e tao-chiao (taoismo religioso)".[12]

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Hansen afirma que a identificação de "taoismo", como tal, ocorreu pela primeira vez no início da Dinastia Han,
quando dao-jia foi identificado como uma única escola.[13] Os escritos de Laozi e Zhuangzi foram unidos sob esta
tradição única durante a Dinastia Han, mas, notavelmente, não antes desta.[14] É improvável que Zhuangzi fosse
familiarizado com o texto Daodejing (Tao-te-ching).[15][16] Além disso, Graham afirma que Zhuangzi não teria se
identificado como um taoista, uma classificação que não surgiu até bem depois de sua morte.[16]

O taoismo não cai estritamente sob uma definição de uma religião organizada, como as tradições abraâmicas, nem
pode puramente ser estudado como o autor ou uma variante da religião tradicional chinesa, tanto que a religião
tradicional está fora dos princípios e ensinamentos nucleares do taoismo.[17] Robinet afirma que o taoismo pode ser
melhor entendido como um modo de vida do que como uma religião, e que seus adeptos não se aproximam ou veem o
taoismo da mesma maneira não taoista com que os historiadores o têm feito.[18] Henri Maspero observou que muitos
trabalhos acadêmicos enquadram o taoismo como uma escola de pensamento focado na busca pela imortalidade.[19]

História
Tradicionalmente, o taoismo é atribuído a três fontes principais:

A mais antiga, o mítico "Imperador Amarelo", que teria vivido entre 2697 a.C. e 2597 a.C;[20]
A mais famosa, o livro de aforismos místicos Tao Te Ching (Dao De Jing), supostamente escrito por Laozi (Lao
Tse), que, segundo a tradição, foi um contemporâneo mais velho de Confúcio (551 a.C.-479 a.C.);
Os trabalhos do filósofo Zhuangzi (Chuang-Tsé) (369 a.C.-286 a.C.)
Outros livros ampliaram o taoismo, como o Tratado do Vazio Perfeito, de Liezi; e a compilação Huainanzi. Além
destes, o antigo I Ching, "O Livro Das Mutações", é tido como uma fonte extra do taoismo, assim como práticas de
adivinhação da China antiga.

Algumas formas de taoismo podem ser rastreadas até as religiões tradicionais na China pré-histórica, que, mais tarde,
se uniram em uma tradição taoista.[21][22] Laozi é tradicionalmente considerado como o fundador do taoismo e está
intimamente associado, nesse contexto, com o taoismo "original" ou "primordial".[23] Laozi recebeu o reconhecimento
imperial como uma divindade, em meados da século II a.C..[24] O taoismo ganhou status oficial na China durante a
Dinastia Tang, cujos imperadores alegaram que Laozi era seu parente.[25] Vários imperadores Song, mais
notavelmente Huizong, estavam ativos na promoção do taoismo, coletando textos taoistas e edições publicadas do
Daozang.[26] Aspectos do confucionismo, taoismo e do budismo foram sintetizados conscientemente na escola
neoconfucionista, que, eventualmente, se tornou a ortodoxia imperial para os fins burocráticos do Estado.[27]

A Dinastia Qing, no entanto, muito favoreceu clássicos confucionistas e rejeitou os trabalhos taoistas. Durante o século
XVIII, a biblioteca imperial foi construída, mas excluiu praticamente todos os livros taoistas.[28] No início do século
XX, o taoismo tinha caído tanto, que apenas uma cópia completa do Daozang ainda permanecia, no Mosteiro Nuvem
Branca, em Pequim.[29] Atualmente, o taoismo é uma das cinco religiões reconhecidas pela República Popular da
China, que regula suas atividades através de uma estatal burocrática (a Associação Taoista da China).[30]

O tao do taoismo
O ideograma tao (ou dao) ( 道 ) pode ser traduzido como "via" ou
Nomes
"caminho", mas assume um significado mais abstrato para a
Língua chinesa: 道教 ou 道家
religião e para a filosofia chinesa. É o que há de mais profundo e
misterioso na realidade e que faz com que tudo seja como é. É o Pinyin: Dàojiào ou Dàojia
conjunto indiferenciado de tudo o que existe, mas também o Wade-Giles: Tao-Chiao ou Tao-Chia
princípio supremo que gera e está na origem do seu "devir", ou
seja, é também o seu "caminhar". Embora seja invisível, inaudível
e intangível, manifesta‑se pela sua influência, a que se chama

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"virtude" — o te (德, dé). Mas essa influência é espontânea, ou seja,


faz parte da sua própria natureza, do seu próprio fluir natural.
Como se diz no Tao Te King: o tao "age sem agir" (為無為, wu wei).

Um tema no pensamento chinês primitivo é tian-dao ou "caminho


da natureza" (tian, também traduzido como "céu" e, às vezes,
"Deus"). Corresponde aproximadamente à ordem das coisas de
acordo com a lei natural. Tanto o "caminho da natureza" quanto o
"grande caminho" inspiram o afastamento estereotípico taoista das
doutrinas morais e normativas. Assim, pensado como o processo
pelo qual cada coisa se torna o que ela é (a "mãe de todas as coisas"), parece difícil imaginar que temos que escolher
entre quaisquer valores de seu conteúdo normativo - portanto pode ser visto como um princípio eficiente de "vazio"
que sustenta confiavelmente o funcionamento do universo.

Filosofia taoista
Do "caminho", surge "um" (aquele que está consciente), de cuja consciência, por sua vez, surge o conceito de
"dois" (yin e yang), dos quais o número "três" está implícito (céu, terra e humanidade); produzindo, finalmente,
por extensão, a totalidade do mundo como o conhecemos, "as 10 000 coisas", através da harmonia do wu xíng.
O caminho, enquanto passa pelos cinco elementos do wu xíng, é também visto como circular, agindo sobre si
mesmo através da mudança para simular um ciclo de vida e morte nas 10 000 coisas do universo fenomênico.
Aja de acordo com a natureza e com sutileza, em lugar de força.
A perspectiva correta será encontrada pela atividade mental da pessoa, até chegar a uma fonte mais profunda
que guie sua interação pessoal com o universo.[nota 1] O desejo obstrui a habilidade pessoal de entender o
caminho,[nota 2] moderar o desejo gera contentamento. Os taoistas acreditam que, quando um desejo é satisfeito,
outro, mais ambicioso, brota para substituí-lo. Em essência, a maioria dos taoistas sente que a vida deve ser
apreciada como ela é, em lugar de forçá-la a ser o que não é. Idealmente, não se deve desejar nada, "nem
mesmo não desejar".
Unidade: ao perceber que todas as coisas (inclusive nós mesmos) são interdependentes e constantemente
redefinidas pela mudança das circunstâncias, passamos a ver todas as coisas como elas são e a nós mesmos
como apenas uma parte do momento presente. Essa compreensão da unidade nos leva a uma apreciação dos
fatos da vida e do nosso lugar neles como simples momentos miraculosos que "apenas são".
Dualismo: a oposição e combinação dos dois princípios básicos - yin e yang - do universo é uma grande parte da
filosofia básica. Algumas das associações comuns com yang e yin, respectivamente, são: masculino e feminino,
luz e sombra, ativo e passivo, movimento e quietude. Os taoistas acreditam que nenhum dos dois é mais
importante ou melhor que o outro. Na verdade, nenhum pode existir sem o outro, porque eles são aspectos
equiparados do todo. São, em última análise, uma distinção artificial baseada em nossa percepção das 10 000
coisas, portanto é só nossa percepção delas que realmente muda.[nota 3]

Wu wei
Muito da essência do tao está na arte do wu wei ("agir pelo não agir"). No entanto, isso não significa "espere sentado
que o mundo caia no seu colo". Essa filosofia descreve uma prática de se realizarem coisas através da ação mínima.
Pelo estudo da natureza da vida, você pode influenciar o mundo do modo mais fácil e menos disruptivo (usando a
sutileza em vez da força). A prática de seguir a corrente em vez de ir contra ela é uma ilustração: uma pessoa progride
muito mais não por lutar e se debater contra a água, mas permanecendo quieta e deixando o trabalho nas mãos da
correnteza.

O wu wei funciona a partir do momento em que confiamos no nosso design humano, que é perfeitamente ajustado
para nosso lugar na natureza. Em outras palavras, confiando na nossa natureza em vez de na nossa racionalidade, nós
podemos encontrar contentamento sem uma vida de luta constante contra forças reais e imaginárias.

Textos

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Tao Te Ching
O Tao Te Ching (道德經), ou Dao De Jing, é amplamente considerado como o mais influente texto taoista.[31] É uma
escritura de fundação de importância central no taoismo, supostamente escrita por Laozi entre 350 e 250 a.C.[32] No
entanto, a data exata em que foi escrito é ainda objeto de debate: há aqueles que a colocam em qualquer lugar entre os
séculos VI a.C. e III d.C.[33] Ele tem sido usado como um texto ritual ao longo da história do taoismo religioso.[34]

Os comentadores taoistas ponderaram profundamente nos primeiros versos do Tao Te Ching. Eles são amplamente
discutidos, tanto na literatura acadêmica quanto na mais popular. Uma interpretação comum é semelhante à
observação de Korzybski de que "o mapa não é o território".[35] As linhas de abertura, com a tradução literal e a
comum, são:

道 可 道, 非常 道.
"O caminho que pode ser descrito não é o verdadeiro caminho."
(O tao (caminho ou o caminho) pode ser dito, não da forma usual.)

名 可 名, 非常 名.
"O nome que pode ser nomeado não é o nome constante."
(Os nomes podem ser citados, os nomes não usuais.)

Tao, literalmente, significa "caminho" ou "o caminho" e pode significar figuradamente "natureza essencial", "destino",
"princípio", ou "caminho verdadeiro". O filosófico e religioso tao é infinito, sem qualquer limitação. Um ponto de vista
afirma que a abertura paradoxal destina-se a preparar o leitor para os ensinamentos sobre o tao não ensinável.[36]
Acredita-se que o tao é transcendente, indistinto e sem forma. Por isso, não pode ser nomeado ou categorizado.
Mesmo a palavra "tao" pode ser considerada uma perigosa tentação de fazer do tao um nome limitador.[37]

O Tao Te Ching não é tematicamente ordenado. No entanto, os principais temas do texto são repetidamente expressos
em formulações variantes, muitas vezes com apenas uma pequena diferença entre elas.[38] Os temas principais giram
em torno da natureza do tao e como alcançá-lo. O tao é dito ser inominável e capaz de realizar grandes coisas através
de meios pequenos.[39] Há um debate importante sobre qual tradução do Tao Te Ching é a melhor. Discussões e
disputas sobre várias traduções do Tao Te Ching podem tornar-se amargas, envolvendo visões profundamente
arraigadas.[40]

Os comentários antigos sobre o Tao Te Ching são textos importantes por direito próprio. O comentário Heshang Gong
foi, provavelmente, escrito no século II d.C. e é, talvez, o mais antigo comentário. Ele contém a edição do Tao Te Ching
que foi transmitida até os dias atuais.[41] Outros comentários importantes incluem o Xiang'er, um dos textos mais
importantes do Caminho do Mestre Celestial e o Wang Bi.[42]

Zhuangzi
O Zhuangzi ( 庄 子 ) é, tradicionalmente, atribuído a um sábio taoista de mesmo nome, mas isso foi recentemente
contestado no meio acadêmico ocidental. Zhuangzi também aparece como um personagem na narrativa do livro. O
Zhuangzi contém prosa, poesia, humor e disputa. O livro é, frequentemente, visto como complexo e paradoxal quanto
aos argumentos e temas de discussão, que não são aqueles comuns à filosofia clássica ocidental, como a doutrina do
nome de retificação (zhengming) e fazer distinções "isso/não presente" (shi/fei ). [carece de fontes?] Entre o elenco de
personagens das histórias do Zhuangzi, está Laozi, o autor do Tao Te Ching, bem como Confúcio.

Daozang
O Daozang ( 道 藏 ,Tesouro dos Tao) é, por vezes, referido como o cânon taoista. Foi, originalmente, compilado
durante as dinastias Jin, Tang e Song. A versão publicada sobreviveu durante a dinastia Ming.[43] O Ming Daozang
inclui quase 1 500 textos.[44] Seguindo o exemplo do budista Tripitaka, é dividido em três dong ( 洞 , "cavernas",
"grutas"). Eles estão organizados do mais alto para o mais baixo:[45][46]

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1. O Zhen ("real" ou "verdade" - 眞): Inclui o Shangqing.


2. A Xuan ("mistério"- 玄): Inclui o Lingbao.
3. O Shen ("divino" - 神): Inclui textos anteriores a Maoshan (茅山).
Daoshi geralmente não consultam versões publicadas do Daozang, mas escolhem individualmente, ou herdam, os
textos incluídos no Daozang. Estes textos foram passados por gerações de professor para aluno.[47]

A escola Shangqing tem uma tradição de se aproximar do taoismo através do estudo das escrituras. Acredita-se que,
recitando alguns textos muitas vezes, se será recompensado com a imortalidade.[48]

Outros textos
Enquanto o Tao Te Ching é o mais conhecido, há muitos outros textos importantes no taoismo tradicional. Taishang
Ganying Pian ("Tratado do Abençoado na Resposta e Retribuição") discute pecado e ética e tornou-se uma referência
de moralidade popular nos últimos séculos.[49] Afirma que aqueles em harmonia com o tao vão viver longas e
frutíferas vidas. Que os ímpios e seus descendentes vão sofrer e ter encurtadas vidas. Tanto a Taiping Jing ("Escritura
de Grande Paz") e o Baopuzi ("Livro do Mestre que Conserva a Simplicidade") contêm fórmulas alquímicas taoistas
que se acreditavam poder conduzir à imortalidade.[50][51]

Além disso, o Huainanzi é uma compilação da escrita de oito acadêmicos da dinastia Han que combina taoismo,
confucionismo e os conceitos legalistas, incluindo as teorias, tais como yin-yang e cinco fases. O patrono Liu An (c.
180-122 a.C.) foi governador do estado de Huainan e neto do fundador da dinastia Han. O discurso em sua corte,
favoreceu o pensamento taoista e trouxe filósofos, poetas e mestres de práticas esotéricas para a sua corte. Isso
resultou no Huainanzi.[52]

Taoismo e confucionismo
O taoismo é uma tradição que, dialogando com seu tradicional contraste, o confucionismo, modelou a vida chinesa por
mais de 2 000 anos. O taoismo enfatiza a espontaneidade ou liberdade da manipulação sociocultural pelas
instituições, linguagem e práticas culturais. Manifesta o anarquismo - defendendo essencialmente a ideia de que não
precisamos de nenhuma orientação centralizada. Espécies naturais seguem caminhos apropriados a elas e os seres
humanos são uma espécie natural. Seguimos todos por processos de aquisição de diferentes normas e orientações da
sociedade, mas poderíamos viver em paz mesmo se não procurássemos unificar todas estas formas naturais de ser.

Como o conceito confucionista de governo consiste em fazer todos seguirem a mesmo moral, o taoismo representa, de
certa forma, a antítese do conceito confucionista referente a deveres morais, coesão social e responsabilidades
governamentais (embora o pensamento de Confúcio inclua valores taoistas e o inverso também ocorra, como se pode
observar lendo os Analectos de Confúcio.

Religião taoista
Embora Laozi nunca tenha pregado nenhuma religião no Tao Te Ching e tenha sempre se mantido no terreno
filosófico e moral, cerca de mil anos depois da sua morte, formou-se um corpo de doutrinas e de práticas religiosas e
culturais que constituíram a religião taoista. A religião taoista conserva apenas uns traços da filosofia de Laozi, com
empréstimos de ideias e práticas culturais do budismo, com a introdução de vários deuses, deusas e génios, e uma
mistura com algumas crenças preexistentes, como a teoria dos cinco elementos, a alquimia e o culto aos ancestrais.

Tentativas de alcançar maior longevidade eram um tema frequente na magia e alquimia taoistas, com vários feitiços e
poções, ainda existentes, com esse propósito. Muitas versões antigas da medicina tradicional chinesa foram enraizadas
no pensamento taoista e a medicina chinesa moderna, bem como as artes marciais chinesas, são ainda de várias
formas baseadas em conceitos taoistas, como o tao, o qi e o balanço entre o yin e o yang.[nota 4]

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Com o tempo, a absoluta liberdade dos seguidores do taoismo pareceu ameaçadora à autoridade de alguns
governantes, que incentivaram o crescimento de seitas mais comprometidas com as tradições confucionistas. Uma
escola taoista foi formada ao fim da dinastia Han, por Zhang Daoling. Muitas seitas evoluíram através dos anos, mas a
maioria traça suas origens a Zhan Daoling, e grande parte dos templos taoistas modernos pertence a uma ou outra
dessas seitas. As escolas taoistas incorporam panteões inteiros de divindades, incluindo Laozi, Zhang Daoling, O
Imperador Amarelo, O Imperador de Jade, Lei Gong (O Deus do Trovão), entre outros.

As duas maiores escolas taoistas da atualidade são a Seita Zhengyi (evoluída de uma seita fundada por Zhang Daoling)
e o Taoismo Quanzhen (fundado por Wang Chongyang).

Influências no zen-budismo
Como há algumas afinidades entre a visão taoista e a visão budista do mundo, quando, no século I, foi introduzido na
China, o budismo indiano foi, em grande parte, interpretado usando-se conceitos taoistas. O budismo chan ( 禅 宗 ,
chánzōng), que se desenvolveu como uma escola distinta na China medieval, refletiu estas fortes influências da
filosofia chinesa e, em particular, do taoismo. Com o tempo, o chan acabou se estabelecendo na Coreia, onde recebeu o
nome seon. Havia monges que chegavam de outros países da Ásia para estudar o chan e a escola foi se espalhando
pelos países vizinhos. No Vietname/Vietnã, recebeu o nome thien e, no Japão, ficou conhecida como zen ( 禅 , zen).
Através da história, essas escolas cresceram de maneira independente, tendo desenvolvido identidades próprias e
características bastante diferentes umas das outras.

Na China, elementos do taoismo se combinaram com elementos do budismo e do confucionismo na forma do


neoconfucionismo. A adoção por parte dos confucionistas de vários conceitos taoistas deu origem, durante a dinastia
Song (960–1279 d.C.), à chamada "Escola Neoconfucionista" ou "Escola da Razão".

Taoismo fora da China


A filosofia taoista é praticada em várias formas, em outros países além da China. Kouk Sun Do, na Coreia, é uma
dessas variações. A filosofia taoista encontrou muitos seguidores ao redor do mundo. Genghis Khan era simpático à
filosofia taoista e, durante as primeiras décadas de dominação mongol, o taoismo viu um período de expansão, entre
os séculos XIII e XIV. Devido a isso, muitas escolas taoistas tradicionais mantêm centros de ensino em vários países ao
redor do mundo.

Taoismo no Brasil
No Brasil, existem vários ramos ligados ao taoismo, tanto o religioso (taochiao) quanto o filosófico (taochia). Uma das
vertentes religiosas mais importantes é representada pela Sociedade Taoista do Brasil. A Sociedade Taoista do Brasil
foi instituída no Rio de Janeiro, em 15 de janeiro de 1991, com o objetivo de difundir o ensinamento do taoismo em
todas as suas formas de expressão - religiosa, filosófica, científica e cultural - e contribuir para o aperfeiçoamento
espiritual dos frequentadores.

O caminho taoista propõe a restauração do estado pleno de vida e consciência, chamado tao. Para isso, utilizam-se
vários meios, como as práticas que promovem a boa saúde física e mental, o estudo de clássicos escritos pelos grandes
mestres do passado, os métodos místicos para a restauração da ordem interna e fundamentalmente a meditação, como
caminho de autotransformação e elevação espiritual.

A Sociedade Taoista do Brasil foi fundada por Wu Jyh Cherng (1958-2004), sacerdote taoista Kao Kon Fa Shi (Alto
Ofício, Mestre da Lei). Mestre Cherng escreveu diversos livros sobre artes taoistas e traduziu o Tao Te Ching (O Livro
do Caminho e da Virtude) e o Yi Jing (I-Ching, O Livro das Mutações), entre outros clássicos do taoismo.

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Em março de 2002, foi inaugurada a sede de São Paulo, um espaço adequado para a prática e estudo do taoismo, suas
artes e sabedoria, onde há palestras abertas ao público, rituais, meditação e diversos cursos. Entre as atividades de São
Paulo, enfatizam-se as práticas de meditação (tao yin), I Ching (ou Yi Jing), feng shui, astrologia chinesa (zi wei dou
shu), tai chi chuan (ou tai ji quan), chi kung (ou qi gong) e o atendimento de acupuntura e massagem (tui na).

Além dos grupos formalmente ligados ao taoismo, também podem ser encontrados muitos ensinamentos taoistas em
várias escolas do budismo maaiana chinês e também em religiões sincréticas como o cao dai, entre outras.

Ver também
Yingtan
Filosofia oriental
Zen budismo
I Ching
Monismo dialético
Tao Yin
Religiões do Oriente
Qigong
Taoismo coreano
Tai chi chuan
Síntese das religiões orientais
Tai chi pai lin

Notas
1. Veja wu wei.
2. Veja também carma.
3. Ver taiji.
4. Ver yin-yang.

Referências
13. Chad Hansen. «Taoism» (http://plato.stanford.edu/ent
1. Academia Brasileira de Letras. Disponível em ries/taoism/). Stanford Encyclopedia of Philosophy.
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm? Metaphysics Research Lab, CSLI, Stanford
sid=23. Acesso em 26 de setembro de 2013. University. Consultado em 1 de outubro de 2008
2. SCHAFER, E. H. Biblioteca de história universal Life: 14. Kohn (2000), p. 44.
China antiga. Tradução de Maria de Lourdes Campos
Campello. Rio de Janeiro. Livraria José Olympio 15. Chad Hansen. «Taoism» (http://plato.stanford.edu/ent
Editora. 1979. p. 19. ries/taoism/). Stanford Encyclopedia of Philosophy.
Metaphysics Research Lab, CSLI, Stanford
3. Tao Te Ching (Capítulo I) (http://pt.wikisource.org/wik University. Consultado em 1 de outubro de 2008
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Souza. 10ª edição. São Paulo. Pensamento. 1995. p. 18. Robinet (1997), p. 3–4.
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5. TSAI, C. Tao em quadrinhos. Tradução de Maria 20. BLOFELD, J. Taoismo: o caminho para a
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1997. p. 15. 21. Demerath (2003), p. 149.
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Tradução de Margarida e Flávio Quintiliano. São 26. Robinet (1997), p. 213.
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Bibliografia
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Capra, Fritjoff. O Tao da Física. São Paulo: Editora Cultrix
Blofeld, John. O Portal da Sabedoria. [S.l.]: Editora Pensamento
Walker, Brian Browne. O I-Ching Fácil. [S.l.]: Editora Cultrix
Cherng, Wu Jyh. I Ching. A Alquimia dos Números. [S.l.]: Editora Mauad
Cherng, Wu Jyh. Tai Chi Chuan. A Alquimia dos Movimentos. [S.l.]: Editora Mauad
Iniciação ao Taoísmo. I. [S.l.]: Editora Mauad |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
Cherng, Wu Jyh. Iniciação ao Taoísmo. II. [S.l.]: Editora Mauad
Cherng, Wu Jyh. Tao Te Ching. O Livro do Caminho e da Virtude de Lao Tse. Tradução direta do chinês para o
português. [S.l.]: Editora Mauad
Dào. Em Sua Essência. [S.l.]: Editora Mauad |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)

Ligações externas
NETO, José Bizerril; Mestres do Tao: Tradição, Experiência e A Wikipédia tem os portais:
Etnografia (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0
104-71832005000200005&lng=pt&nrm=&tlng=pt) Portal Filosofia
Tao Te Ching, na tradução de Mário Bruno Sproviero (http://www.hott Portal Religião
opos.com/tao/dao_de_jing01.htm)

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