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Qualquer outra resposta seria blasfêmia. Não pode haver nenhuma outra resposta cristã
para a questão desse tormento. Falar aqui sobre um Deus que não pode sofrer faria de
Deus um demônio. Falar sobre um Deus absoluto faria de Deus um nada aniquilador.
Falar sobre um Deus indiferente condenaria o homem à indiferença.
Porém, a reflexão teológica deve concluir a partir de tais experiências do sofrimento de
Deus no sofrimento, que não pode ser relatado em termos humanos. A conversa rabínicia
sobre a humilhação do próprio Deus, conduz para uma distinção entre Deus e o Espírito
de Deus que habita em nós. o judaísmo do período rabínico desenvolveu a noção de tal
personalidade dupla de Deus, a fim de ser capaz de expressar a experiência do
sofrimento de Deus com Israel e, no sofrimento, ser capaz de proteger a “religião da
simpatia”, o acesso a Deus contra a maldição de Deus (Jó 2,9), o endurecimento do
coração e a entrega da esperança. Mas, o problema teológico intrínseco surge quando se
pergunta qual é a causa do sofrimento de Deus, que sofre com a aprisionada, perseguida
e assassinada Israel. Ele simplesmente sofre pela injustiça e pela maldade humana? A
Shekinah, que vagueia com Israel pela poeira das ruas e é pendurada nas forcas em
Auschwitz, sofre no Deus que tem os confins da terra em suas mãos? Neste caso, não
somente o sofrimento afetaria o pathos de Deus externamente, de modo que se possa
dizer que o próprio Deus sofre na história humana da injustiça e da força, mas o
sofrimento seria a história em meio ao próprio Deus. Não estamos preocupados com o
estabelecimento de paradoxos, mas em perguntar se as experiências da paixão e do
sofrimento de Deus levam a um mistério interior do próprio Deus, no qual Ele mesmo nos
afronta.