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Programa de Educação

Continuada a Distância

Curso de
Toxicologia Geral

Aluno:

EAD - Educação a Distância


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Curso de
Toxicologia Geral

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados a seus respectivos autores descritos
na Bibliografia Consultada.

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MÓDULO I

CONCEITOS GERAIS E PRINCÍPIOS EM TOXICOLOGIA

Temida por todos, a Toxicologia foi considerada até o século XIX como a “ciência dos
venenos”. Seu conhecimento, restrito a alguns estudiosos, relacionava-se à traição, medo
e morte, pois esse conhecimento pouco era empregado em benefício da humanidade.
O envolvimento da substância química na existência humana, como uma arma, fez
a Toxicologia desenvolver-se inicialmente pelo aspecto legal, dada a necessidade da
identificação do toxicante nas vítimas suspeitadas de assassinato ou de suicídio.
Esse fato pode explicar porque o estudo da Toxicologia esteve no mundo inteiro
restrito aos Cursos de Graduação em Farmácia. Com um currículo abrangendo matérias
de Química e Farmacologia, o farmacêutico, através das análises toxicológicas em
material biológico, pode identificar e quantificar o toxicante, seus produtos de
biotransformação e, adicionalmente, as alterações bioquímicas por ele causadas. Essas
informações tornaram-se vitais para a emissão de laudos periciais, quando a causa mortis
apontava para uma suspeita de intoxicação.
A Biologia, a Fisiologia, a Farmacologia, a Bioquímica, a Genética, a Química, a
Matemática, a Física e a Estatística são algumas das ciências necessárias ao
desenvolvimento da Moderna Toxicologia. Com um escopo de atuação abrangente, essa
denominação da Toxicologia neste último século pode ser definida como “a ciência que
estabelece condições seguras de exposição às substâncias químicas”. A avaliação do
trinômio risco x segurança x benefício na exposição a substâncias químicas, dá a certeza
da possibilidade dessa convivência, através do estudo do xenobiótico e de seu
mecanismo de ação no organismo, como ferramenta imprescindível à prevenção da
intoxicação.
TOXICOLOGIA é a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações
de substâncias químicas com o organismo. A toxicologia abrange uma vasta área do
conhecimento, onde atuam profissionais de diversas formações: Química Toxicológica,
Toxicologia Farmacológica, Clínica, Forense, Ocupacional, Veterinária, Ambiental
(Ecotoxicologia), Aplicada a Alimentos, Genética, Analítica, Experimental e outras áreas.

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Divisões da Toxicologia
Toxicologia possui ramos definidos que contribuem para esclarecer a natureza da ação
sob o ponto de vista celular, molecular e bioquímico.

Toxicologia Química ou Analítica – É o ramo da Toxicologia que desenvolve


técnicas de separação, identificação e quantificação da substância química no ambiente e
em material biológico, bem como de seus produtos de biotransformação e as alterações
bioquímicas relacionadas com sua ação tóxica. Seu desenvolvimento possibilita o
diagnóstico clínico da intoxicação, qualifica e quantifica a cinética e a dinâmica do
toxicante, subsidiando o tratamento.

Toxicologia Clínica – Através da avaliação clínica de sinais e sintomas da


intoxicação e de posse dos achados analíticos, torna-se possível acompanhar e controlar
a evolução da intoxicação, estabelecendo medidas específicas de proteção, diagnóstico
de patologias e o tratamento.

Toxicologia Experimental – Estuda a toxicidade das substâncias químicas


através de experimentos em animais, determinando parâmetros de avaliação de riscos da
exposição a um agente tóxico, obedecendo a critérios de similaridade entre o sistema
biológico do animal experimentado e o homem, sobretudo em relação ao metabolismo.
Fazem parte também da Toxicologia Experimental os estudos retrospectivos e
prospectivos das diversas interações das substâncias nos organismos humanos, animal e
vegetal, com vistas à complementação dos dados de toxicidade individualizada e à
manutenção da saúde.

Aspectos da Toxicologia

Com base nos estudos dos três ramos da Toxicologia, torna-se possível identificar
aspectos que determinam a finalidade da abordagem ao problema e a sua possível
resolução.

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Aspecto preventivo – Através do reconhecimento dos riscos que uma dada
substância oferece, podem estabelecer padrões de segurança em relação à exposição. É
o mais importante aspecto da Toxicologia, pois determina os meios de relação segura
com substâncias químicas por extrapolação, hipóteses ou fatos, à luz dos conhecimentos
existentes, com vistas à prevenção da intoxicação. Como exemplos podem ser citados: o
estabelecimento de prazos de carência na aplicação de praguicidas nas lavouras até que
o alimento chegue à mesa do consumidor; o controle da atmosfera nas grandes cidades;
o estabelecimento de concentrações máximas permitidas de aditivos e contaminantes de
alimentos; o controle terapêutico de medicamentos de uso prolongado, entre outros.

Aspecto curativo – A Toxicologia curativa trata o indivíduo de acordo com o tipo


de intoxicação. Através do diagnóstico clínico ou laboratorial, oferece meios de
recuperação do intoxicado, identificando as alterações fisiológicas e bioquímicas e
restaurando a saúde. Através da Toxicologia Curativa faz-se a recuperação de um
indivíduo farmacodependente, ou de um trabalhador com alterações da saúde causadas
pela exposição a substâncias químicas no ambiente de trabalho, ou ainda a
desintoxicação de indivíduos expostos a poluentes ambientais.

Aspecto repressivo – Estabelece a responsabilidade penal dos indivíduos


envolvidos em situações ilegais no uso de substâncias químicas. É o caso da presença de
aditivos químicos nos alimentos não permitido por lei; a utilização de agentes de dopagem
em competições esportivas; a emissão de poluentes atmosféricos por uma fonte acima
dos limites permitidos, etc. O caráter repressivo da Toxicologia está estreitamente
relacionado à Toxicologia Forense, área especializada que estuda os aspectos médico-
legais dos danos que as substâncias químicas causam no sistema biológico.

Áreas da Toxicologia

A classificação da Toxicologia em áreas decorre do tipo de substância estudada e


as circunstâncias sob as quais ocorre a ação tóxica. Assim, uma mesma substância pode

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ser estudada em mais de uma área, dependendo da finalidade do seu uso. É o caso de
um determinado agrotóxico: durante sua síntese pode ocorrer um problema relativo à
exposição ocupacional nos trabalhadores na indústria e, posteriormente, quando da
aplicação na lavoura. Uma vez expandido no ambiente, o mesmo agrotóxico, ao
contaminar o solo, ar e água, transforma-se num agente a ser estudado sob o ponto de
vista ambiental. Como resíduo no alimento, o agrotóxico em questão deverá ser estudado
nessa área específica.

Toxicologia de Alimentos – Nesta área são estudados os alimentos com


substâncias químicas potencialmente tóxicas de origem natural, como a mandioca brava e
os cogumelos tóxicos, ou por adição e contaminação em qualquer uma das fases da
produção.
A adição de substâncias químicas no alimento é feita com diversas finalidades,
visando prover à humanidade o alimento em abundância em qualquer época do ano e em
qualquer parte do mundo. Outras vezes, para conferir-lhe cor, odor ou sabor. Seja qual for
à finalidade a que se propõe, a adição de substâncias naturais ou artificiais nos alimentos
requer leis específicas e um programa de toxicovigilância capaz de controlar o alimento
em todas as fases de sua produção e monitorizar a população usuária, com ações
preventivas à intoxicação.

Os aditivos de alimentos podem ser:

Diretos – quando a substância química é colocada no alimento para permanecer no


alimento até à fase de consumo. É o caso dos edulcorantes adicionados aos alimentos
dietéticos; os corantes que dão melhor aspecto a alimentos pouco atrativos em relação ao
visual; os conservantes que preservam o alimento do crescimento bacteriano ou fúngico;
os estabilizantes que conservam as propriedades físico-químicas; os flavorizantes que
conferem sabor.
Para cada tipo de aditivo há uma correspondente Ingestão Diária Aceitável – IDA –
padrão de segurança que estabelece a quantidade da substância que pode ser ingerida
por dia durante toda a vida, sem representar prejuízo à saúde do consumidor.

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Indiretos – são resultantes da adição de substâncias químicas durante as fases de
produção, de processamento ou de embalagem e estocagem. A ocorrência destes
aditivos no alimento é o maior problema em Toxicologia Alimentar. Sem padrões de
segurança definidos, vários aditivos colocados no alimento, geralmente com propósitos
tecnológicos e sem controle de qualidade para sua ocorrência segura à mesa do
consumidor, podem reunir vários contaminantes e representar um risco toxicológico de
proporções ignoradas.
Entre estes, estão os antibióticos para prevenção e controle de doenças em
animais, os promotores de crescimento, os praguicidas, os metais pesados, os
radioisótopos e outros agentes contaminantes que, com a possibilidade de interações no
alimento ou no organismo, pode resultar em efeitos nocivos inesperados e não
diagnosticados.

Contaminantes – A contaminação do alimento ocorre quando o aditivo direto


ultrapassa a IDA ou quando o aditivo indireto permanece no produto final (exemplo,
resíduo de agrotóxicos), ou por contaminação incidental resultante de poluentes
ambientais, presença de micotoxinas devido ao crescimento de fungos, etc. O
contaminante de alimento pode surgir na fase de produção, do processamento ou da
estocagem, e é de difícil controle.

Toxicologia Ambiental – Estuda as interações das substâncias químicas


contaminantes do ambiente com o organismo humano. É uma área de difícil avaliação,
pois se deve considerar a exposição total do homem em diferentes condições (ar, água,
alimentos, local de trabalho e doméstico).
A Toxicologia Ambiental se ocupa das intoxicações decorrentes da presença de
contaminantes no ar, solo e água, definindo as concentrações nas quais cada substância
pode causar um dano, os efeitos aditivos e sinérgicos da exposição a misturas de
poluentes, estabelecendo padrões de segurança para a população exposta.

As principais fontes de contaminação ambiental são:

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Naturais – quando a própria natureza eleva as concentrações de poluentes na
atmosfera, por exemplo, através do ciclo do nitrogênio, o qual, resultante da combustão
interna de um motor, pode sofrer oxidação na atmosfera, absorver raios ultravioleta e
produzir átomos de oxigênio ativados capazes de iniciar uma seqüência complexa de
reações que conduzem à formação de componentes irritantes como ozônio, aldeídos,
nitratos de alquila, etc. Outros contaminantes naturais se originam de fontes de minérios
radiativos, vulcões, degradação biológica de florestas, crescimento de algas tóxicas em
águas marinhas, entre outros.

Industrial/Automotiva – é o setor mais agravante da poluição ambiental,


influenciando inclusive a contaminação natural, como já descrito. Os poluentes mais
comuns resultantes da atividade industrial e automotiva são: dióxido de enxofre, material
particulado, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio, monóxido e dióxido de carbono.
Poluentes específicos de determinadas atividades industriais também são de importância
toxicológica: amônia, brometos, hidrocarbonetos clorados, cloro e ácido clorídrico, flúor e
fluoretos, mercaptanas, metais, sulfetos, são alguns dos poluentes químicos presentes no
ambiente das cidades industrializadas.

Agrícolas – A poluição decorrente da atividade agrícola está relacionada com a


aplicação de agrotóxicos na lavoura com provável contaminação do ar, solo e água. São
inseticidas, fungicidas e herbicidas e, na maioria organossintéticos, cuja persistência no
ambiente dependerá da estabilidade química do composto, pressão de vapor,
temperatura, solubilidade, grau de adsorção no solo, degradação química, fotoquímica e
biológica.
Outros contaminantes ambientais de importância toxicológica são os metais como
arsênio, mercúrio, chumbo, cádmio, todos originados de fontes industriais; os asbestos,
fibras de silicatos minerais que causam asbestose; os detergentes que impedem a
oxigenação da água quando em quantidades elevadas.
A ação nociva da maioria dos poluentes ambientais está razoavelmente bem
estudada, entretanto os efeitos resultantes da exposição a misturas de poluentes, em

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baixas concentrações em longo prazo são bem pouco conhecidos, sobretudo devido à
diversificação das pessoas expostas que incluem crianças, idosos, pessoas com
patologias diversas. Daí a dificuldade de relacionar causa/efeito para esses
contaminantes e a complexidade da monitorização da saúde da população exposta.
Os padrões de segurança em Toxicologia Ambiental baseiam-se na avaliação do
risco para estabelecer as concentrações seguras da exposição.

São eles:
CME: Concentração Máxima de Emissão – concentração máxima de poluentes que
pode ser emitida por uma fonte qualquer.
CMI: Concentração Máxima de Imissão – concentração máxima do poluente que
pode entrar em contato com o homem sem que haja prejuízo a sua saúde, a curto e longo
prazos.
Para a CME, estabelecem Limites de Tolerância (LT) em partes por milhão (ppm),
partes por bilhão (ppb) ou em microgramas por metro cúbico (μg/m3). Para a CMI, são
estabelecidos Limites de Tolerância Biológicos, os quais são obtidos através de
Indicadores Biológicos de Exposição (IBEs).

Toxicologia Ocupacional – É a área da Toxicologia que identifica e quantifica as


substâncias químicas presentes no ambiente de trabalho e os riscos que elas oferecem.
Com o objetivo de prevenir a saúde do trabalhador ocupacionalmente exposto, estuda-se
os agentes tóxicos de matérias-primas, produtos intermediários e produtos acabados
quanto a: aspectos físico-químicos, interação entre agentes no ambiente e no organismo,
as vias de introdução, a toxicidade, a ocorrência de intoxicação a curto, médio e longo
prazo, os limites de tolerância na atmosfera e no sistema biológico e os indicadores
biológicos de exposição.
A prevenção da intoxicação em Toxicologia Ocupacional pode ser alcançada em 3
etapas fundamentais:

Reconhecimento: Através do conhecimento dos métodos de trabalho, processos e


operações, matérias-primas e produtos finais ou secundários, faz-se a caracterização das

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propriedades químicas e toxicológicas do agente e a sua presença em determinado local
de trabalho ou em determinado produto industrial.

Avaliação: Faz-se através da medição instrumental ou laboratorial do agente


químico, comparando os resultados com os Limites de Tolerância no ambiente e no
sistema biológico. Na etapa da avaliação, verifica-se, entre outros fatores, a delimitação
da área a ser avaliada, o número de trabalhadores expostos, jornada de trabalho,
ventilação, ritmo de trabalho, agentes a pesquisar e fatores interferentes. Os resultados
obtidos definirão a necessidade de execução da 3ª etapa.

Controle: Visa eliminar ou reduzir a exposição do trabalhador ao agente tóxico. São


medidas administrativas e técnicas que limitam o uso de produtos e técnicas de trabalho,
tempo de exposição e número de expostos, mantém comissões técnicas de controle,
disciplina o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), melhoram as condições
de ventilação, treinam os trabalhadores.

Através do cumprimento dessas etapas, torna-se possível estabelecer parâmetros


de exposição tanto na atmosfera do trabalho quanto no organismo dos trabalhadores. São
Limites de Tolerância acima dos quais as atividades são consideradas insalubres.

Limite de Tolerância (LT): Concentração máxima que uma dada substância pode
alcançar no ambiente de trabalho sem que isso represente um dano à saúde do
trabalhador. Os limites de tolerância estão relacionados apenas à via respiratória sem
considerar outras vias de penetração e não contabiliza a exposição extralaboral.
Sob o ponto de vista da monitorização da saúde, a observação apenas destes
limites no ambiente de trabalho é insatisfatória, porquanto não contempla os indivíduos
suscetíveis, hábitos individuais e a somatória de exposições por outras vias de introdução.
Para complementar os dados obtidos na monitorização ambiental são necessários o
estabelecimento de limites biológicos para a identificação de diferenças individuais.

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Limites de Tolerância Biológica (LTB): É a quantidade limite do xenobiótico ou seu
produto de biotransformação encontrada em material biológico (ar exalado, urina,
sangue), bem como alterações bioquímicas e fisiológicas decorrentes da exposição a
determinado agente tóxico, sem que haja o aparecimento de sinais clínicos de intoxicação
ou efeitos irreversíveis.

Toxicologia de Medicamentos – Estuda as reações adversas de doses


terapêuticas dos medicamentos, bem como as intoxicações resultantes de doses
excessivas por uso inadequado ou acidental. As reações adversas na utilização
terapêutica de um medicamento podem ocorrer, por exemplo, pela incapacidade do
organismo em biotransformar e eliminar o medicamento, mas outros tipos de efeitos
inerentes ao medicamento e/ou ao organismo podem ser distinguidos:
Efeito secundário: Pode aparecer não necessariamente em alguns indivíduos como
conseqüência da administração de certos medicamentos. Ex: diarréia concomitante ao
uso de antibióticos.
Efeito colateral: É previsível, pois faz parte da ação farmacológica do medicamento.
Ex: a sonolência em pacientes tratados com anti-histamínicos.
Idiossincrasia: Efeito adverso decorrente de problemas genéticos em geral
relacionados à deficiência do sistema enzimático. Independe da dose e de sensibilização
prévia. Ex: deficiência na atividade da acetilcolinesterase, enzima responsável pela
degradação da acetilcolina.
Alergia: Não se caracteriza como intoxicação e, por isso, é estudada pela
Imunologia e Toxicologia. Não depende da dose e necessita de prévia exposição do
indivíduo ao medicamento. Ex: a reação alérgica que ocorre em boa parte da população à
penicilina.
Tolerância: É a diminuição dos níveis plasmáticos esperados quando da utilização
contínua de determinados medicamentos, havendo necessidade de doses crescentes
para obtenção dos efeitos iniciais. Ex: o uso contínuo de anticonvulsivante tipo barbitúrico,
indutor enzimático, levando a biotransformação mais rápida com conseqüente diminuição
da meia-vida biológica do medicamento.

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Dependência: Ocorre quando o medicamento passa a fazer parte do
funcionamento do sistema biológico. Neste caso, o organismo muitas vezes necessita do
medicamento para se manter vivo ou desempenhar uma função. Ex: a dependência
farmacológica a opiáceos como morfina e heroína ou a etanol e a anfetamínicos.
Interações: Resulta na utilização simultânea de dois ou mais medicamentos,
podendo haver neutralização dos efeitos esperados, ou ainda, uma adição ou potenciação
de efeitos, levando a um quadro variável de intoxicação.
Em Toxicologia de Medicamentos é muito importante a observação e a definição
dos termos: Meia-vida biológica, Biodisponibilidade, Dose-resposta, Dose terapêutica,
Margem de segurança, Dose tóxica, Dose letal, com vistas à consecução de resultados
terapêuticos satisfatórios e à prevenção do aparecimento de efeitos tóxicos.
Um dos instrumentos mais valiosos de que se dispõe para assegurar uma terapia
com máxima eficácia e efeitos tóxicos mínimos, em casos de tratamentos prolongados, é
a monitorização terapêutica. Desta forma, torna-se possível, ao prescrever uma dose,
medir sua concentração no local de ação e, conseqüentemente, prever a intensidade do
efeito. Os fármacos comumente monitorados são: anticonvulsivantes, antineoplásicos,
cardioativos, antibióticos, analépticos, neurolépticos.

Toxicologia Social – Esta área da Toxicologia estuda as substâncias químicas


utilizados sem finalidade terapêutica, com repercussões individuais, sanitárias e sociais.
Para uma abordagem eficaz, faz-se necessário adotar medidas que aprofundem o
conhecimento acerca dessas substâncias e o perfil do usuário, estabelecendo técnicas e
programas de educação, tratamento, reabilitação e readaptação social dos indivíduos
dependentes desses fármacos, denominados farmacodependentes. É uma área
estreitamente ligada à Toxicologia Forense, no que diz respeito à adoção de medidas
repressivas ao cultivo de plantas e à fabricação de drogas psicotrópicas que causam
dependência.
Entretanto, a prevenção deve se sobrepor ao aspecto repressivo.
De acordo com o “Comitê de Peritos da OMS em Farmacodependência”, não existe
uma causa única para a farmacodependência. É indispensável conhecer a interação entre

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o fármaco e o organismo e a interação deste com o meio ambiente. Para isso, classifica-
se a farmacodependência, dentro de hipóteses etiológicas, em 3 grupos:

• Fatores relacionados com características da personalidade do indivíduo usuário de


droga;
• Fatores relativos a distúrbios mentais ou físicos;
• Fatores sócio-culturais e ambientais.

Segundo o Comitê, é provável que várias combinações destes fatores possam


determinar a farmacodependência. Fica claro, porém, que para planejar e executar
programas eficazes de prevenção e tratamento necessita-se mais informações sobre
os fatores associados ao consumo de drogas que causam dependência e sobre as
modalidades e a extensão desse consumo. Além disso, fatores como quantidade,
freqüência, duração e forma de consumo devem ser avaliados, para tentar analisar e
interpretar todas essas interações.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica as drogas que causam


dependência em:

• Tipo álcool-barbitúrico: etanol, barbitúricos e outros fármacos sedativos;


• Tipo anfetamina: anfetamínicos em geral;
• Tipo cannabis: cocaína, folhas de coca, crack;
• Tipo alucinógeno: LSD, mescalina, psilocibina;
• Tipo opiáceo: morfina, heroína, codeína;
• Tipo solvente volátil: tolueno, acetona, clorofórmio.

Principais Conceitos em Toxicologia

- AGENTE TÓXICO ou TOXICANTE: Entidade química capaz de causar dano a um


sistema biológico, alterando uma função ou levando-o à morte, sob certas
condições de exposição.

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- VENENO: Agente tóxico que altera ou destrói as funções vitais e, segundo alguns
autores, é termo para designar substâncias provenientes de animais, com função
de autodefesa ou predação.
- TOXICIDADE: Capacidade inerente e potencial do agente tóxico de provocar
efeitos nocivos em organismos vivos. O efeito tóxico é geralmente proporcional à
concentração do agente tóxico em nível do sítio de ação (tecido alvo).
- AÇÃO TÓXICA: Maneira pela qual um agente tóxico exerce sua atividade sobre as
estruturas teciduais.
- DL 50: (Dose Letal 50%) ou dose letal média de uma substância expressa o grau
de toxicidade aguda de substâncias químicas. Correspondem às doses que
provavelmente matam 50% dos animais de um lote utilizados para experiência.
São valores calculados estatisticamente a partir de dados obtidos
experimentalmente. Com base nas DL50 de várias substâncias, são estabelecidas
classes toxicológicas de produtos químicos e farmacológicos, no entanto, para se
dizer se uma substância é tóxica ou inócua para o ser humano, devemos também
optar por critérios que avaliem se uma substância oferece Risco ou Perigo para um
determinado sistema biológico, para um determinado indivíduo ou para a saúde
pública.
- ANTÍDOTO: Agente capaz de antagonizar os efeitos tóxicos de substâncias.
- INTOXICAÇÃO: É um processo patológico causado por substâncias endógenas ou
exógenas, caracterizado por desequilíbrio fisiológico, conseqüente das alterações
bioquímicas no organismo. Processo é evidenciado por sinais e sintomas ou
mediante dados laboratoriais.
- INTOXICAÇÃO AGUDA: Decorre de um único contato (dose única-potência da
droga) ou múltiplos contatos (efeitos cumulativos) com o agente tóxico, num
período de tempo aproximado de 24 horas. Os efeitos surgem de imediato ou no
decorrer de alguns dias, no máximo duas semanas. Estuda a relação
dose/resposta que conduz ao cálculo da DL50.
- INTOXICAÇÃO SUB-AGUDA OU SUB-CRÔNICA: Exposições repetidas a
substâncias químicas – caracterizam estudos de dose/resposta após
administrações repetidas.

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- INTOXICAÇÃO CRÔNICA: Resulta efeito tóxico após exposição prolongada a
doses cumulativas do toxicante ou agente tóxico, num período prolongado,
geralmente maior de três meses a anos.
- FASES DA INTOXICAÇÃO: O processo de INTOXICAÇÃO pode ser desdobrado,
para fins didáticos, em quatro fases:
♦ Fase de Exposição: É a fase em que as superfícies externa ou interna
do organismo entram em contato com o toxicante. Importante considerar
nesta fase a via de introdução, a freqüência e a duração da exposição,
as propriedades físico-químicas, assim como a dose ou a concentração
do xenobiótico e a susceptibilidade individual.
♦ Fase de Toxicocinética: Inclui todos os processos envolvidos na
relação entre a disponibilidade química e a concentração do fármaco nos
diferentes tecidos do organismo. Intervêm nesta fase a absorção, a
distribuição, o armazenamento, a biotransformação e a excreção das
substâncias químicas. As propriedades físico-químicas dos toxicantes
determinam o grau de acesso aos órgãos-alvos, assim como a
velocidade de sua eliminação do organismo.
♦ Fase de Toxicodinâmica: Compreende a interação entre as moléculas
do toxicante e os sítios de ação, específicos ou não, dos órgãos e,
conseqüentemente, o aparecimento de desequilíbrio homeostático.
♦ Fase Clínica: É a fase em que há evidências de sinais e sintomas, ou
ainda, alterações patológicas detectáveis mediante provas diagnósticas,
caracterizando os efeitos nocivos provocados pela interação do toxicante
com o organismo.

- INTERAÇÕES ENTRE SUBSTÂNCIAS: A exposição simultânea a várias


substâncias pode alterar uma série de fatores (absorção, ligação protéica,
metabolização e excreção) que influem na toxicidade de cada uma delas em
separado. Assim, a resposta final a tóxicos combinados pode ser maior ou menor
que a soma dos efeitos de cada um deles, podendo-se ter:
Efeito Aditivo (efeito final igual à soma dos efeitos de cada um dos agentes

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envolvidos); Efeito Sinérgico (efeito maior que a soma dos efeitos de cada agente
em separado); Potencialização (o efeito de um agente é aumentado quando em
combinação com outro agente); Antagonismo (o efeito de um agente é diminuído,
inativado ou eliminado quando se combina com outro agente).

ATENDIMENTO INICIAL DO PACIENTE INTOXICADO

Os Agentes tóxicos e as circunstâncias das intoxicações podem ser agudas ou


crônicas, ocorrendo por causa acidental, provocada, ocupacional entre outras. Os agentes
tóxicos são os medicamentos, pesticidas, domissanitários, raticidas, produtos químicos
industriais, metais pesados, plantas e animais peçonhentos.

CONDUTAS DE EMERGÊNCIA

Procedimentos terapêuticos gerais:


Suporte Avançado de vida: (baseado no ATLS, *Advanced trauma life support*)
9 Manutenção das vias aéreas: desobstrução e permeabilidade
9 Respiração adequada e suporte ventilatório
9 Circulação: sinais vitais e venóclise periférica
9 Estado neurológico: nível de consciência
9 Exposição: exame físico minucioso

TRATAMENTO DOS PACIENTES INTOXICADOS


MANUTENÇÃO DAS FUNÇÕES VITAIS
9 desobstrução das vias aéreas
9 ventilação
9 venóclise periférica
9 aferição dos sinais vitais (PA, FC, FR, T)
9 avaliar estado neurológico

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PROCEDIMENTOS TERAPÊUTICOS ESPECÍFICOS:
9 DIMINUIR EXPOSIÇÃO AO TÓXICO
1. DESCONTAMINAÇÃO:
™ EXPOSIÇÃO RESPIRATÓRIA:
9 Remover a vítima do ambiente contaminado
9 Ventilação e oxigenação
™ EXPOSIÇÃO OCULAR:
9 Eversão da pálpebra
9 Irrigação com água ou soro fisiológico (20 minutos no mínimo)
9 Neutralização química contra-indicada
™ EXPOSIÇÃO CUTÂNEA:
9 Retirar as roupas e acessórios contaminados
9 Lavar o paciente com sabonete e água corrente, por 15 a 20 minutos
9 Atenção para áreas de depósito (unhas, orelhas, genitália, nariz)
™ EXPOSIÇÃO ORAL:
DESCONTAMINAÇÃO GASTROINTESTINAL:
1. EMESE
VANTAGENS:
9 Realizável no local do acidente
9 Procedimento rápido
9 Tempo de latência curto
9 Remoção de partículas grandes
CONTRA-INDICAÇÕES:
9 Crianças menores de 6 meses
9 Pacientes com depressão do sistema nervoso central
9 Presença de convulsões e agitação psicomotora
9 Ingestão de cáusticos
9 Ingestão de derivados de petróleo e hidrocarbonetos
MEDIDAS PROVOCADORAS DE EMESE:
9 Estímulo físico
9 Estímulo químico

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A. Solução emetizante aniônica
(detergente de cozinha neutro)
B. Xarope de ipeca
C. apomorfina
A. SOLUÇÃO EMETIZANTE ANIÔNICA:
9 Mecanismo de ação
- Irritante gástrico local
9 Latência de cinco minutos
9 posologia
- Administração oral
- 20ml diluída em 200ml água (morna)
9 Efeitos adversos
- Dor abdominal
- Diarréia
B. XAROPE DE IPECA
Cephaellis ipecacuanha ou C.acuminata
9 Mecanismo de ação
- Irritante gástrico local
- Emético de ação central
9 Latência de vinte minutos
9 Administração oral
9 Efeitos adversos
- Vômitos incoercíveis
- Diarréia
- Arritmias cardíacas
- convulsões
C. APOMORFINA
9 Mecanismo de ação
- Emético de ação central
9 Latência de cinco minutos
9 Administração subcutânea

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9 Efeitos adversos
- Depressão respiratória
- Depressão neurológica
- Hipotensão

2. LAVAGEM GÁSTRICA
INDICAÇÕES:
9 Pacientes com depressão SNC
9 Ingestão de tóxicos potentes
9 Ingestão de tóxicos que provocam sintomatologia grave e imediata
CONTRA-INDICAÇÕES:
Absolutas:
9 Ingestão de substâncias cáusticas
9 Ácidos ou bases fortes
Relativas:
9 Paciente com depressão de SNC (sem entubação prévia)
9 Paciente agitado ou apresentando convulsões (sem entubação prévia)
9 Ingestão de derivados de petróleo
PROCEDIMENTO
9 Avaliar permeabilidade de vias aéreas, entubar se necessário
9 Posição: decúbito lateral esquerdo
9 Sonda nasogástrica calibrosa (n0 18-22 adultos; 8-12 crianças)
9 Conferir se posição correta da sonda
9 Retirar primeiro líquido drenável sem diluir (reservar amostra para análise no lab-cci se
necessário)
9 Infundir sf 0,9% (5-6ml/kg - máximo de 200ml para adultos e 100ml para crianças, para
cada infusão)
9 Retirar volume infundido
9 Repetir até retorno límpido
COMPLICAÇÕES:
9 Aspiração pulmonar

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9 Perfuração esofágica
9 Sangramento nasal
9 Distúrbio hidroeletrolítico

3. CARVÃO ATIVADO
Pirólise de material orgânico obtido a partir da polpa da madeira
Mecanismo de ação:
9 Adsorção de substâncias no T.G.I.
9
1g pode adsorver mais de 1m2
Ligam-se ao carvão:
- Substâncias lipofílicas e não ionizadas
Substâncias mal adsorvidas:
9 Ácidos e álcalis
9 Cianeto
9 Etanol
9 Lítio
9 Sulfato ferroso
9 Derivados de petróleo
Posologia
9 Administração oral ou por s.n.g.
9 Dose: 1g/kl ( máximo 50g)
9 Diluição em 200 ml de água

Eficácia
9 Depende do tempo decorrido da ingestão

Efeitos adversos
9 Náuseas e vômitos
9 Obstrução gastrointestinal
9 Constipação
9 Fezes enegrecidas

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9 Pneumonite por aspiração

CIRCULAÇÃO ENTERO-HEPÁTICA

Mecanismo de ação:
• Mecanismo fisiológico para reabsorção de sais biliares (94%)
• Conduta: carvão ativado seriado
• Via oral ou pela SNG

Posologia:
9 Dose: 15-20g adultos; 250mg/kl crianças
9 1h após administração do carvão ativado

Precauções de uso:
9 Doenças cardiovasculares
9 Doenças renais
9 Distúrbios hidroeletrolíticos

Contra-indicações:
9 Íleo adinâmico
9 Obstrução intestinal
9 Diarréia

ALGUNS ANTÍDOTOS
ANTÍDOTO: produto químico que diminui e neutraliza a ação de um agente tóxico, ou
opõe-se a seus efeitos.
ANTAGONISTA: antídoto que age por competição, pelo mesmo receptor no sítio de ação,
com o agente tóxico.

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ALGUNS EXEMPLOS DE ANTÍDOTOS:
9 Pralidoxima: inseticidas organofosforados (IOP)
9 Atropina: IOP, Carbamatos
9 EDTA: Pb, Cd, Cu, Zn
9 Etanol: metanol, etilenoglicol
9 Azul de metileno: metahemoglobinizantes
9 N-acetilcisteína: paracetamol
9 Flumazenil: benzodiazepínicos
9 Vitamina K: cumarínicos
9 CARVÃO ATIVADO
9 SORO ANTIVENENO
SOROS DISPONÍVEIS NO CCI:
1. SORO ANTI-VENENO:
- ANTI-BOTRÓPICO (SAB)
- ANTI-CROTÁLICO (SAC)
- ANTI-BOTRÓPICOCROTÁLICO (SABC)
- ANTI-ARACNÍDICO (SAA)
- ANTI-ELAPÍDICO (SAE)
- ANTI-ESCORPIÔNICO (SAEs)
- ANTI-LONOMIA
2. VACINA E SORO ANTI-RÁBICO (VAR E SAR)
CLASSIFICAÇÃO E N0 DE AMPOLAS
ACIDENTE LEVE MODERADO GRAVE

Bothops 2-4 4–8 12

Coritalus 5 10 20

Micrurus ? ? 10

Tityus * 2–3 4-6

Phoneutria * 2–4 5 - 10

Losxoceles * 5 10

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SORO ANTIVENENO
INDICAÇÕES E DOSES:

9 Neutralizar maior quantidade possível de veneno circulante


9 Dose:
- De acordo com a gravidade do acidente
- Indicação da equipe clínica do cci
- Independe do peso e idade
- Não tem contra-indicações
- Via intravenosa (diluir em SF ou SG, se a diluição for necessária)

PROCEDIMENTOS:
9 Duas venóclises periféricas calibrosas
9 Paciente em repouso absoluto
9 Soroterapia na sala de emergência
9 Comunicar médico do P.S. (antes)
9 Preparo para prevenção de reações adversas (acidente ofídico ou loxoscélico)
9 Infusão lenta (20-60 minutos) vigilância constante do paciente, durante e uma hora
após a soroterapia.

REAÇÕES ADVERSAS:
9 urticárias
9 tosse
9 epigastralgia
9 tremores
9 náuseas
9 dispnéia
rash cutâneo

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9 vômitos
9 hipotensão
9 arritmias

PREVENÇÃO DAS REAÇÕES ADVERSAS:


9 Controlar dose, concentração, e velocidade de infusão.
9 Administrar 15 minutos antes: ****
9 Antagonista h1: maleato de dextro-clorofeniramina ou prometazina
9 Antagonista h2: ranitidina ou cimetidina
corticóide: hidrocortisona

CONDUTA NA REAÇÃO ANAFILÁTICA:


9 Suspender o soro imediatamente;
9 Adrenalina (1:1000) subcutânea;
9 Repetir medicações acima se necessário.

INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICOS DE USO AGRÍCOLA

O PROBLEMA

O uso de substâncias químicas orgânicas ou inorgânicas em agricultura remonta a


Antigüidade clássica. Escritos de Romanos e Gregos mencionavam o uso de certos
produtos como o arsênico e o enxofre para o controle de insetos nos primórdios da
agricultura. A partir do século XVI até fins do século XIX o emprego de substâncias
orgânicas como a Nicotina e Piretros extraídos de plantas eram constantemente utilizados
na Europa e EUA também com aquela finalidade. A partir do início do século XX
iniciaram-se os estudos sistemáticos buscando o emprego de substâncias inorgânicas
para a proteção de plantas, deste modo, produtos à base de Cobre, Chumbo, Mercúrio,
Cádmio, etc., foram desenvolvidos comercialmente e empregados contra uma grande
variedade de pragas, porém com limitada eficácia. Todavia, a partir da Segunda Guerra
Mundial, com a descoberta do extraordinário poder inseticida do organoclorado DDT e,

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organofosforado SHARADAM, inicialmente utilizado como arma de guerra, deu-se início à
grande disseminação dessas substâncias na Agricultura.
A partir dos anos 60, Os agrotóxicos, passam a serem amplamente difundidos.
Basicamente podemos classificar os efeitos dos agrotóxicos em agudos e crônicos, sendo
estes últimos ainda pouco pesquisados, embora devastadores para o organismo. Há pelo
menos 50 agrotóxicos que são potencialmente carcinogênicos para o ser humano. Outros
efeitos são neurotoxidade retardada, lesões no Sistema Nervoso Central - SNC, redução
de fertilidade, reações alérgicas, formação de catarata, evidências de mutagenicidade,
lesões no fígado, efeitos teratogênicos entre outros, compõem o quadro de
morbimortalidade dos expostos aos agrotóxicos.
As principais lesões apresentadas, pelos expostos a ação direta ou indireta dos
agrotóxicos, geralmente utilizados na agricultura irrigada, segundo o médico Dr. Flávio
Zambrone, do Centro de Intoxicação da UNICAMP, estão relacionadas abaixo:

AÇÕES OU LESÕES CAUSADAS TIPO DE AGROTÓXICO UTILIZADO


PELOS AGROTÓXICOS AO HOMEM
Lesões hepáticas Inseticidas organoclorados
Lesões renais Inseticidas organoclorados
Fungicidas fenil-mercúricos
Fungicidas metoxil-etil-mercúricos
Neurite periférica Inseticidas organofosforados
Herbicidas clorofenóxis (2,4-D e 2,4,5-
T)
Ação neurotóxica retardada Inseticidas organofosforados
Desfolhantes (DEF e merfós ou Folex)
Atrofia testicular Fungicidas tridemorfo (Calixim)
Esterilidade masculina por oligospermia Nematicida diclorobromopropano
Cistite hemorrágica Acaricida clordimeforme
Hiperglicemia ou diabetes transitória Herbicidas clorofenóxis
Hipertemia Herbicidas dinitrofenóis e
pentaclorofenol

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Pneumonite e fibrose pulmonar Herbicida paraquat (Gramoxone)
Diminuição das defesas orgânicas pela Fungicidas trifenil-estânicos
diminuição dos linfócitos
imunologicamente competentes
(produtores de anticorpos)
Reações de hipersensibilidade Inseticidas piretróides
(urticárias, alergia, asma)
Teratogênese Fungicidas mercuriais
Dioxina presente no herbicida 2,4,5-T
Mutagênese Herbicida dinitro-orto-cresol
Herbicida trifluralina
Inseticida organoclorado
Inseticida organofosforado
Carcinogênese Diversos inseticidas, acaricidas,
fungicidas, herbicidas e reguladores de
crescimento.

A falta de informação parece ser o maior efeito dos agrotóxicos sobre o meio
ambiente. Desenvolvidos para terem ação biocida, são potencialmente danosos para
todos os organismos vivos, todavia, sua toxidade e comportamento no ambiente varia
muito. Esses efeitos podem ser crônicos quando interferem na expectativa de vida,
crescimento, fisiologia, comportamento e reprodução dos organismos e/ou ecológicos
quando interferem na disponibilidade de alimentos, de habitats e na biodiversidade,
incluindo os efeitos sobre os inimigos naturais das pragas e a resistência induzida aos
próprios agrotóxicos. Sabe-se que há interferência dos agrotóxicos sobre a dinâmica dos
ecossistemas, como nos processos de quebra da matéria orgânica e de respiração do
solo, ciclo de nutrientes e eutrofização de águas. Pouco se conhece, entretanto sobre o
comportamento final e os processos de degradação desses produtos no meio ambiente.
Os dados de contaminação ambiental que mais parece preocupar a opinião pública nos
países desenvolvidos são as contaminações do ar do solo e principalmente das águas.
Há evidencias que algumas substâncias são transportadas a grandes distâncias

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
pela volatilização, retornando junto com a precipitação, contaminando áreas não tratadas,
tendo sido detectadas até em solos urbanos. A maior parte dos agrotóxicos utilizados
acabam atingindo o solo e as águas principalmente pela deriva na aplicação, controle de
ervas daninhas, lavagem das folhas tratadas, lixiviação, erosão, aplicação direta em
águas para controles de vetores de doenças, resíduos de embalagens vazias, lavagens
de equipamentos de aplicação e efluentes de indústrias de agrotóxicos.
Um levantamento nacional realizado pela Agência de Proteção Ambiental dos
Estados Unidos (EPA) concluiu que aproximadamente 10,4% dos 94.600 reservatórios
comunitários de água e 4,2% dos 10.500.000 poços domésticos da Zona Rural
apresentam presença de resíduos de agrotóxicos, sendo que 0,6% acima dos limites
permitidos (Garcia, 1996). No Brasil, praticamente não há vigilância dos sistemas
aquáticos, nem monitoramento ou tratamento de águas de consumo para detectar e/ou
eliminar agrotóxicos, sendo muito provável que tenhamos o mesmo problema ampliado.
No Estado do Paraná, no período de 1976 a 1984, de 1825 amostras de água colhidas
nos rios, sem finalidades estatísticas, mas para atender a outros fins, a SUREHMA
(Superintendência dos Recursos Hídricos e Meio Ambiente) constatou que 84%
apresentaram resíduos e 78% ainda estava contaminada depois dos tratamentos
convencionais de água.
Nos sistemas aquáticos estão inclusos os peixes, um recurso natural dos mais
importantes, pois está intimamente ligado à sobrevivência do homem, sendo por muitas
vezes a principal fonte de alimento de determinadas populações. A conservação deste
recurso depende de técnicas de manejo adequadas que garantam a reprodução das
espécies e a proteção dos alevinos, além da fiscalização eficiente do cumprimento da
legislação em vigor e da educação ambiental. A fauna ictiológica reclama a mesma
proteção que as florestas, os animais silvestres e os campos agricultáveis, afinal os
produtos oriundos destes ambientes, tornar-se-ão alimentos humanos, e, caso estejam
contaminados com agrotóxicos trarão reflexos irreversíveis ao bem estar e a qualidade de
vida das populações consumidoras.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
INSETICIDAS

• ORGANOFOSFORADOS: Ex: Malathion, Diazinon, Nuvacrom, Parathion (Folidol,


Rhodiatox), Diclorvós (DDVP), Metamidofós (Tamaron), Monocrotophós (Azodrin),
Fentrothion, Coumaphós, entre outros.
• CARBAMATOS: Ex: Aldicarb, Carbaril, Carbofuram, Metomil, Propoxur entre outros.
• ORGANOCLORADOS: Uso progressivamente restringido ou proibido. Ex: Aldrin,
Endrin, BHC, DDT, Endossulfan, Heptacloro, Lindane, Mirex, Dicofol, Clordane, entre
outros.
• PIRETRÓIDES: Ex: Aletrina, Cipermetrina, Piretrinas, Tetrametrina, entre outros.

INSETICIDAS ORGANOFOSFORADOS (OF) E CARBAMATOS (CARB)

MECANISMOS DE AÇÃO: Os inseticidas OF ligam-se ao centro esterásico da


acetilcolinesterase (AChe), impossibilitando-a de exercer sua função de hidrolisar o
neurotransmissor acetilcolina em colina e ácido acético. Os inseticidas CARB agem de
modo semelhante aos OF, mas formam um complexo menos estável com a colinesterase,
permitindo a recuperação da enzima mais rapidamente. A AChe está presente no sistema
nervoso central (SNC), sistema nervoso periférico (SNP) e também nos eritrócitos. Inativa
a acetilcolina, responsável pela transmissão do impulso nervoso no SNC, nas fibras pré-
ganglionares, simpáticas e parassimpáticas e na placa mioreural.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Os principais sinais e sintomas da intoxicação aguda por


inseticidas inibidores da colinesterase podem ser agrupados didaticamente da seguinte
forma:

Síndrome Colinérgica Aguda:

Manifestações Muscarínicas (parassimpáticas):

- Falta de apetite, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarréia, incontinência


fecal, dor ao defecar; b;

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
- Broncoespasmo, dificuldade respiratória, aumento da secreção brônquica,
rinorréia, cianose, edema pulmonar não cardiogênico, tosse, dor torácica;
- Lacrimejamento, salivação, sudorese;
- Incontinência urinária;
- Bradicardia, hipotensão, raramente fibrilação atrial.

Manifestações Nicotínicas ( ganglionares, simpáticas e somatomotoras):

- Fasciculações musculares, tremores, cãimbras, fraqueza, ausência de reflexos,


paralisia muscular (incluindo musculatura respiratória acessória) e arreflexia.
- hipertensão, taquicardia, palidez, pupilas dilatadas (midríase), hiperglicemia.

Manifestações em Sistema Nervoso Central:

- Inquietação, labilidade emocional, cefaléia, tremores, sonolência, confusão mental,


linguagem chula, marcha incoordenada, fraqueza generalizada, depressão do
centro respiratório, hipotonia, hiporreflexia, convulsões, coma.

Síndrome Intermediária:

Após 24 a 96 horas da exposição a alguns OF, pode surgir fraqueza ou paralisia


muscular proximal (membros superiores e pescoço). Outros grupos musculares
também podem ser afetados, inclusive a musculatura respiratória (respiratórios
acessórios), levando à parada respiratória. A recuperação pode levar de 4 a18 dias.
Pode ocorrer em intoxicações graves e está relacionado à inibição irreversível da
acetilcolinesterase.

Polineuropatia Tardia:

Este quadro desenvolve-se 2 a 4 semanas após a exposição a inseticidas OF.


Caracteriza-se por fraqueza muscular distal, cãimbras musculares dolorosas,

29
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
formigamento, reflexos diminuídos e um quadro caracterizado por incoordenação
motora, hipertonia ou espasticidade, reflexos exageradamente aumentados e tremores
(síndrome de liberação extrapiramidal – parkinsonismo). A recuperação é variável.
Esse quadro não tem relação com a inibição das colinesterases e relaciona-se com
exposições a alguns OF.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Intoxicação por fungos de ação muscarínica,


barbitúricos, medicamentos de ação colinérgica e opióides. Traumatismo
cranioencefálico, infecção pulmonar e acidente vascular cerebral. Síndrome convulsiva
e edema agudo de pulmão.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO:

MEDIDAS GERAIS: Manter ventilação adequada através da desobstrução das vias


aéreas, aspiração das secreções e, se necessário, ventilação assistida.

Na exposição dérmica, fazer descontaminação, lavando áreas atingidas com água fria e
sabão neutro, por 20 a 30 minutos, pode-se usar solução de bicarbonato – os fosforados
são instáveis em meio alcalino, com atenção especial a cabelos, unhas e dobras
cutâneas, não esfregar a pele com força. Na exposição ocular, lavar com água ou
solução salina morna, durante 15 a 20 min., pode ser usado colírio anestésico
previamente para facilitar procedimento. Na ingestão, descontaminar o trato
gastrointestinal com lavagem gástrica até 4 a 6 horas após, entubado o paciente, não
provocar vômitos pelo risco de aspiração de derivados de petróleo (solventes utilizados
nos inseticidas) e que podem evoluir para pneumonite química. Uso de Carvão Ativado,
com laxativos como sulfato de sódio ou hidróxido de magnésio (para evitar constipação
intestinal pelo uso do carvão). Não usar laxantes oleosos leite ou alimentos gordurosos,
pois aumentam absorção – agentes tóxicos são lipossolúveis. Em todos os casos a partir
de moderada gravidade, usar diazepam EV para controlar fasciculações musculares e
convulsões. Bicarbonato EV para corrigir a acidose metabólica (a correção do bicarbonato
sérico deve ser plena). Controle hidroeletrolítico. Avaliar funções renal e hepática.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Contra-indicado: teofilina, aminofilina, morfina, reserpina e fenotiazínicos: podem
aumentar a depressão central, colaborar para inibição da colinesterase ou provocar
arritmias cardíacas.

O socorrista deve proteger-se com luvas e avental de borracha durante a


descontaminação do paciente, feita em local ventilado.

DIAGNÓSTICO TRATAMENTO

Intoxicação Mal-estar, fraqueza muscular 1. descontaminar pele e mucosa


Leve discreta, náuseas, alguns 2. Afastar o paciente da exposição até
episódios de vômitos. AChe = 75% do basal
AChe está pouco alterada,
raramente
inferior a 50% do basal.

Intoxicação Síndrome muscarínica franca, 1.Sulfato de Atropina: adultos-2 a


Moderada e/ou sinais de estimulação 4mg, crianças-0,01 a 0,05mg/Kg a
nicotínica evidente (tremores, cada 10 a 15 min. EV até sinais de
fasciculações e fraqueza atropiniza ção (ausência de secreção
muscular) além de alterações pulmonar e sudorese; rubor facial;
do SNC (ansiedade, confusão moderada taquicardia FC: 120-
mental ou letargia e 140bpm; resposta pupilo-midríse não
sonolência). A AChe é parâmetro confiável). Repetir a cada
geralmente está entre 25 e 30 ou 60 min, conforme necessidade
50% do basal para manter atropinização (por 24h ou
+).Retirada lenta e gradual e uso
suspenso na ausência de
manifestações colinérgicas, atropina
deve ser restituída.
2. Pralidoxima (Contrathion®): em sol.
1% - maior eficácia nas primeiras 24h.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Adultos: 1 a 2g EV a cada 4 ou 6 h,
diluída em 150
ml de SF,em 30min. (não exceder
200mg/min).Crianças: 20a40mg/Kg de
peso, EV, a cada 4 ou 6h, diluída em
SF, em 30 min.(não exceder
4mg/Kg/min). Manutenção por 48h ou
mais (preferir infusão contínua
a doses repetidas) enquanto
presentes s/s e AChe menor 50% do
basal.
Descontaminação cutâneo-mucosa;
suporte
e manutenção do estado geral.

Intoxicação Agravamento do quadro 1. Aspiração de secreções, intubação


Grave anterior. endotraqueal e oxigenação ao mesmo
Síndrome muscarínica franca tempo em que se administra atropina
e/ou insuficiência respiratória, EV até obter sinais de atropinização
fraqueza muscular, (ver ítem anterior).
fasciculações, convulsões e 2. Pralidoxima: dose de ataque de 2g
coma. A AChe está inferior a EV (20 – 40mg/Kg para crianças) e
25% do basal ou a enzima está manutenção.
completamente inativada 3. Diazepam como sedativo
(AChe = 0). ansiolítico e anti-convulsivante.
4. Descontaminação cutâneo-mucosa;
suporte
e manutenção do estado geral.

OBSERVAÇÕES:
ATROPINA bloqueia efeitos da acetilcolina nos receptores muscarínicos e a
PRALIDOXIMA (Contrathion®) reverte a colinesterase. Até o momento, o Contrathion®

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
não deve ser usado em intoxicações por inseticidas carbamatos, pois não atuam na
colinesterase carbamila e o processo inibitório reverte espontaneamente. Doses
sugeridas de atropina podem ser aumentadas ou reduzidas se necessário, garantindo um
estado de atropinização moderada com o objetivo de eliminar a secreção pulmonar e o
broncoespasmo, otimizando a função respiratória e como conseqüência, haverá melhora
no estado de agitação e taquicardia. Quando se administra em conjunto atropina e
pralidoxima, as doses necessárias do anticolinérgico passam a ser bem menor: por
mecanismos de ação diferentes, os dois fármacos associados produzem efeitos
sinérgicos. A pralidoxima não substitui a atropina.

Pacientes assintomáticos com história de exposição (dérmica, inalatória ou ingesta) a OF


deve ser observado por 24 horas, e exposição a CARB, observar por 6 a 8 horas.

LABORATÓRIO: Os parâmetros bioquímicos mais utilizados para avaliação de


intoxicação aguda por OF e CARB são:

1. Medida de atividade da colinesterase: Plasmática (“pseudocolinesterase”) e


Eritrocitária (indicador mais preciso). Na intoxicação por CARB, esta dosagem tem valor
diagnóstico reduzido, devido rápida reversão e normalização dos níveis alterados
(minutos a algumas horas). (Variáveis que aumentam a atividade da acetilcolinesterase:
alcoolismo, artrite, asma brônquica, bócio nodular, diabetes, esquizofrenia, estados de
ansiedade, hiperlipidemia, hipertensão, nefrose, obesidade, psoríase, tireotoxicose,
exposição a organoclorados; algumas variáveis que diminuem a ativ. da
acetilcolinesterase: anemias crônicas, carcinoma, desnutrição, enferm.hepáticas,
epilepsias, febre reumática, infarto do miocárdio, infecções agudas, anticoncepcionais
orais, clorpromazina, corticóides, drogas anti-câncer, fisostigmina, neostigmina,Raios X,
outros).
2. Creatino-fosfo-quinase (CPK)

3. Eletromiografia

Exames complementares: hemograma, radiografia de tórax, ionograma, gasometria


arterial, uréia, creatinina, eletrocardiograma, e outros.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
PROGNÓSTICO: Morte usualmente por insuficiência respiratória devido fraqueza
muscular e depressão respiratória do SNC, agravados por broncoconstricção e excessiva
secreção brônquica (efeitos muscarínicos).

INSETICIDAS ORGANOCLORADOS

MECANISMO DE AÇÃO: Desconhecido, atua principalmente estimulando o SNC,


causando hiperexitabilidade. Parece atuar nos canais de cálcio, alterando o fluxo de sódio
(sensibilização do miocárdio). Em altas doses são indutores das enzimas microssômicas
hepáticas (possíveis lesões hepáticas). Toxicidade geralmente de moderada a alta;
potencial de armazenamento tecidual. Absorção via oral, inalatória e dérmica.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
- Náuseas, vômitos, diarréia;
- Fraqueza, entorpecimento de extremidades;
- Apreensão, excitabilidade, desorientação;
- Contrações palpebrais, tremores musculares, convulsões generalizadas, podendo
evoluir para coma e depressão respiratória, acidose metabólica, arritmias.
- Pneumonite química se produtos com solventes derivados do petróleo.
TRATAMENTO:
- Assistência respiratória, Diazepam para convulsões, monitorização cardíaca por 6 a 8
horas;
- Medidas de descontaminação: cutânea, gástrica quando pertinente ( Lavagem Gástrica
com Carvão Ativado em doses repetidas (recirculação entero-hepática), se ingestão
pequena, só CA, sem LG, catárticos salinos. Não induzir vômitos pelo risco de convulsão
e aspiração.
Medidas de suporte: corrigir distúrbios hidroeletrolíticos, propanolol para arritmias
ventriculares.
- Avaliação hepática, renal, hematológica, 48 a 72 horas após quadro agudo.
- Para eliminação, não são efetivas, diálise, diurese forçada e hemoperfusão, devido
grande volume de distribuição.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Contra-indicados: alimentos lipídicos, catárticos oleosos (aumentam absorção) e
simpaticomiméticos (risco de arritmias).

Os principais Inseticidas Organoclorados utilizados são:

HEXACLOROCICLOEXANO

Nome técnico ou comum: HCH, antes BHC. O isômero gama é o lindane. Além de
inseticidas ocorre também em sabões e loções escabicidas. Nome comercial – Nedax.

Como inseticida é apresentado em formulações comerciais como: concentrado


emulsionável, pó seco ou grânulos, com diversos nomes de registro: aficide, agrocide,
agronexit, ameisenmittel, aparasin, aplidal, arbitex, BBX, bexol, celanex, chloran,
exagama, forlin, gamacid, gamaphex, magalin, gamahexa, gexane, hexaton, lendine,
lentox, lindgam, lindagranox, lindatox, ldosep, lintox, novigam, omnitox, silvanol, viton.

Comparado com o DDT o HCH possue baixa persistência no ambiente.

DDT – DICLORODIFENILTRICLOROETANO

Outros nomes: anofex, cesarex, neocid etc. Pó sólido branco cristalino, de PF 108,9 graus.
O produto técnico é um pó sólido de cor creme, formado por diversos isômeros e
impurezas de fabricação. É praticamente insolúvel em água e solúvel na maioria dos
solventes orgânicos. Sintetizado em 1873, sendo as propriedades descobertas por Paul
Muller em 1939. É altamente persistente no meio. Seu uso é proibido na maioria dos
países, ficando restrito a áreas endêmicas de malária. Foi introduzido como pesticida na
metade dos anos 40. Possue solubilidade em água extremamente baixa e uma elevada
solubilidade em gorduras. Após a absorção concentra-se no tecido adiposo, o que provoca
uma proteção, pois diminui sua concentração no sítio de ação tóxica, o sistema nervoso
central. Atravessa com extrema facilidade a barreira placentária, e sua concentração no
feto é igual à da mãe exposta. Pela sua degradação lenta, produz o fenômeno de
bioamplificação, ou seja, uma série de organismos da cadeia alimentar acumula
quantidades crescentes do inseticida em seus tecidos gordurosos a cada nível trófico mais

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
elevado. Por último, espécies no topo da cadeia acabam sendo adversamente afetados.
Por exemplo, a população de aves comedoras de peixes pode decair. O declínio é
atribuído à diminuição da espessura da casca dos ovos.

INDUÇÃO ENZIMÁTICA

O DDT, mesmo em doses relativamente baixas, induz o sistema microssomal hepático ou


as oxidases de função mista, mediadas pelo citocromo P450. O resultado é a alteração da
biotransformação de drogas, fármacos e hormônios esteróides. O DDT parece aumentar o
metabolismo dos estrogênios nos pássaros. Este desequilíbrio pode levar a distúrbios no
metabolismo do cálcio. Para complicar o DDT também exerce um efeito estrogênico: inibe
a Ca+2-ATPase que é necessária para a calcificação da casca do ovo. Voluntários
humanos consumiram 35 mg de DDT diariamente, cerca de 1000 vezes mais elevada que
a ingestão humana média, for períodos de 25 meses, sem se observar sintomas.
Entretanto, há estudos apontando para a carcinogenicidade que ocorre após pequenas
quantidades por um longo período (IARC, 1974). O DDT foi banido dos EUA em 1972,
baseando-se esta decisão no desequilíbrio ecológico, no desenvolvimento de insetos
resistentes e na carcinogênese, além de ser potente indutor enzimático. Não obstante
esse problema, seu mérito de ser um erradicador da malária em muitas regiões tropicais,
continua e ser obstáculo para sua total proscrição como pesticida.

DDD – DDD, TDE, rothane etc

É o diclorodifenildicloroetano. ETILAN. É o 2,2 –bis(p-etilfenil) –l,l – dicloroetano.


Conhecido também como perthane. É uma modificação do DDT, com substituição dos
cloros das fenilas por radicais etila, conferindo a este composto menor persistência no
meio, o que lhe confere uma redução expressiva da toxicidade. DL50 em torno de 8000 a
9000mg/kg em ratos. Apresenta baixa absorção pelo trato gastrointestinal de cerca de 5%
apenas.

METOXICLOR

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Nome técnico ou comum: metoxicloro, metoxi-DDT, DMDT e marlate. Nome químico: 2,2-
bis(p-metoxifenil) l,l,l-tricloroetano. Sólido em forma de escamas cinzas, praticamente
insolúvel em água, pouco solúvel nos álcoois e bastante solúvel na maioria dos solventes
orgânicos. Baixa toxicidade, pequena meia-vida biológica, sendo por isso um substituto
natural do DDT, especialmente no controle de insetos de frutas e de vegetais comestíveis.
É também utilizado em forragens.

CLOROBENZILATO

Nome técnico ou comum: clorobenzilato, acar, acarben, benzilan, diclorobenzilato, folbex,


composto 338 etc. Sólido cristalino, incolor ou levemente amarelado, com ponto de fusão
36-37,5 graus. Bastante solúvel em acetona, hexano, metanol, cloreto de metilino, tolueno
e em outros solventes orgânicos. É empregado como inseticida não sistêmico e acaricida,
especialmente em culturas cítricas. É também utilizado em apicultura.

DIFOCOL

Nome técnico ou comum: difocol, kelthane, acarin, mitigan etc. Nome químico: 2,2-bis-
(clorofenil)-l,l,l-tricoloroetanol. O produto puro é sólido incolor, com ponto de fusão de 78,5-
79,5 graus, sendo insolúvem na água e solúvel na maioria dos solventes orgânicos. O
produto técnico é um óleo viscoso de coloração marrom.

HEPTACLOR

Nome técnico ou comum: heptacloro, heptagran, ceresol, dinox, arbinex 30TN, basaklor,
heptaclorane, heptasol, heptox, rhodiaclor, velsicol 104 etc. Tem aspecto de cera,
fundindo-se entre 46 e 74 graus. Puro é um sólido cristalino, com pf de 95 graus.
Praticamente insolúvel em água e solúvel em solventes orgânicos. Usado quase
exclusivamente como formicida. Em alguns países é usado unicamente no controle de
térmitas no tratamento da madeira. Altamente persistente no meio, sendo oxidado a
epóxido ou epoxiheptacloro. Isolado do clordane técnico em 1946.

CLORDANE

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Nome técnico ou comum: clordano, octacloro, chloridan, chlortox, toxichlor, aspon, belt,
topichlor, topiclor, sydane, termex, synclor etc. Líquido escuro de aspecto xaroposo.
Mistura complexa de compostos clorados. Utilizado como inseticida em culturas de arroz,
sementes oleaginosas, cana-de-açúcar e em frutíferas. Em solução oleosa é usado quase
que exclusivamente no controle de térmitas.

ALDRIN

Nome técnico ou comum: aldrin, aldrex, toxadrin, HHDN etc. Quando puro é um sólido
cristalino com pf de 104-104,5 graus. O produto de grau técnico é uma substância de
coloração pardacente. Praticamente insolúvel na água e solúvel em solventes orgânicos,
estável em meio alcalino e também em meio ácido em pH superiro a 3. Altamente
persistente no ambientes. Tem sido extensivamente usado como inseticida, especialmente
como formicida, concentrado (40g/100g). No Brasil seu uso é rigorosamente restringido.

DIELDRIN

Nome técnico ou comum: Dieldrin, HEOD. É produto de epoxidação do aldrin. No estado


sólido, é levemente escuro, apresentando cerca de 85% do composto puro. Quando em
estado de pureza de 90% é de coloração branca com pf de 172-176 graus. É estável em
meio alcalino, e decompõe-se lentamente sob a ação da luz. Praticamente insolúvel em
água, muito pouco solúvel em óleos minerais, hidrocarbonetos alifáticos e álcoois,
moderadamente solúvel em acetona e muito solúvel em solventes aromáticos e
halogenados. Bastante empregado como inseticida em ambientes domiciliares, no controle
dos vetores, como no caso da malária. É altamente persistente.

ENDRIN

Nome técnico ou comum: endrin, endrex, hexadrin etc. É um estereoisomero do dieldrin. O


composto puro é um sólido critalino, branco, que funde a mais de 200 graus, com
decomposição. Produto de grau técnico tem cor pardacenta. Praticamente insolúvel em
água, moderadamente solúvel em acetona, benzeno e xileno. É indicado como inseticida

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nas culturas de algodão e cereais, e no combate ao gafanhoto e ratos silvestres em
pomares. Todavia, o seu uso está proibido em diversos países, inclusive no Brasil.

ENDOSULFAN

Nome técnico ou comum: endosulfan, tiodan, malix, ciclodan etc. Mistura de dois
estereoisômeros, o alfaendosulfan, e o betaendosulfan. O produto técnico contém de 90%
a 95% da mistura dos dois isômeros. É um sólido cristalino de cor marrom, com odor de
dióxido de enxofre, tem um pf de 70-100 graus. É estável à ação da luz, solar, pouco
estável com ácidos e bastante instável à ação dos álcalis. É insolúvel na água e
moderadamente solúvel na maioria dos solventes orgânicos. É um inseticida de amplo
espectro, sendo utilizado no combate às pragas de culturas como o café, chá, algodão
arroz, milho, sorgo, cítricas e hortaliças.

DODECACLORO

Nome técnico ou comum: dodecacloro, Mirex. Sólido cristalino branco, insolúvel em água e
solúvel em solventes orgânicos. Utilizado como formicida sob a forma de iscas atrativas
em com máximas de 0,3 %. Seu uso é severamente restrito, sendo substituído por outros
compostos como, por exemplo, a sulfluramida.

CLORDECONA

Nome técnico ou comum: Clordecone, kepone etc. É obtido pela substituição de um átomo
de cloro por um oxigênio, resultando em um grupo cetona no dodecacloro. Assim é um
produto de oxidação do Mirex. O produto técnico, no estado sólido, contém cerca de 90 %
do composto puro. É pouco solúvel na água, pouco solúvel em acetona e solúvel em
benzeno e hexano. A clordecona é utilizada como inseticida em hortaliças. O principal
metabólito da clordecona é a clordecona álcool, que aparece na bile como conjugado com
ácido glicurônico. A principal rota de excreção é pelas fezes. Colestiramina administrada a
pacientes intoxicados eleva de 3 a 18 vezes a excreção fecal da clordecona, diminui os
T1/2 no sangue de 140 a 80 dias, e aumenta a velocidade de recuperação das

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manifestações tóxicas. Apenas 5 a 10% da clordecona excretada pela bile aparece nas
fezes, o que indica extensiva reabsorção intestinal. Clordecona em leite de vaca pode ser
uma fonte de exposição humana.

TOXAFENO

É obtido através da cloração do canfeno, apresentando de 67 a 69 % de cloro. Tem o


aspecto de graxa viscoas, de cor que varia do amarelo ao âmbar, com uma densidade de
l,660 a 20 graus. É constituído de cerca de 200 compostos químicos similares, dos quais
três são considerados os responsáveis principais pela sua ação inseticida. Também
conhecido como canfeno clorado, é pouco solúvel em água e solúvel na maioria dos
solventes orgânicos. É um inseticida não sistêmico de contato, apresentando também uma
atividade acaricida. Apresenta uma pequena persistência no ambiente e é facilmente
excretado quando absorvido por mamíferos. É empregado no combate às pragas do
algodão e, em menor escala, nas culturas de grãos e na pecuária bovina, caprina e suína.

INSETICIDAS PIRETRÓIDES

MECANISMO DE AÇÃO:
Alergênicos. Também atuam nos canais de sódio da membrana das células nervosas,
alterando a despolarização e a condução do impulso nervoso (estimulam o SNC e em
doses altas podem produzir lesões duradouras ou permanentes no sistema nervoso
periférico).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Dermatite de contato, urticária; secreção nasal aumentada
(irritação de vias aéreas), broncoespasmo; irritação ocular, lesão de córnea; em casos de
intoxicação grave: manifestações neurológicas como hiperexcitabilidade, parestesia e
convulsões.
TRATAMENTO: Medidas de descontaminação – pele: água e sabão; olhos: soro
fisiológico ou água durante 15 minutos; digestiva: carvão ativado, catártico. Anti-
histamínicos, broncodilatadores, corticóides, anti-convulsivantes (Diazepam) Em casos de
hipersensibilidade severa, tratamento imediato: manter respiração, adrenalina, anti-
histamínicos, corticóides, fluídos EV. Medidas de suporte.

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FUNGICIDAS

Os principais grupos químicos são: Etileno-bis-ditiocarbamatos (Maneb,


Mancozeb, Dithane (Manzate), Zineb, Thiram); Trifenil estânico (Duter, Brestan, Mertin);
Captan (Orthocide e Merpan); Hexaclorobenzeno.

Etileno-bis-ditiocarbamatos: Alguns compostos (Maneb, Dithane) contêm manganês


que pode determinar parkinsonismo pela sua ação no SNC. Presença de etileno-etiluréia
(ETU) como impureza de fabricação, com efeitos carcinogênicos (adenocarcinoma de
tireóide), teratogênicos e mutagênicos em animais de laboratório. Intoxicações por estes
produtos ocorrem por via oral, respiratória e cutânea. Exposição intensa provoca
dermatite, faringite, bronquite e conjuntivite.

Trifenil estânico: Em provas experimentais com animais há redução dos anticorpos


circulantes.

Captan: Pouco tóxico utilizado para tratamento de sementes para plantio. Observado
efeito teratogênico em animais de laboratório.

Hexaclorobenzeno: Pode causar lesões de pele tipo acne (cloroacne), além de uma
patologia grave, a porfiria cutânea tardia.

TRATAMENTO: Esvaziamento estomacal com carvão ativado; para irritação cutâneo-


mucosa, tratamento sintomático; no caso de risco de colapso, oxigenoterapia e
vasoconstritores por via parenteral.

HERBICIDAS

Os principais representantes são: Paraquat: (Gramoxone, Gramocil); Glifosato


(Round-up, Glifosato Nortox); Pentaclorofenol; Derivados do Ácido Fenóxiacético:
(2,3 diclorofenoxiacético ( Tordon 2,4 D) e 2,4,5 triclorofenoxiacético (2,4,5 T). A mistura
de 2,4 D com 2,4,5 T é o agente laranja; Dinitrofenóis: Dinoseb e DNOC. Utilização
crescente na agricultura nas duas últimas décadas. Substituem a mão-de-obra na capina,

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diminuindo o nível de emprego na zona rural. Seus principais representantes e produtos
mais utilizados são:
Dipiridilos: Entre os herbicidas dipiridilos, o Paraquat (Gramoxone) é extremamente
tóxico se ingerido (ação rápida); ingestão de volumes superiores a 50 ml é
sistematicamente fatal. No sentido de prevenir o uso para tentativas de suicídio, a
preparação comercial contém substâncias nauseantes e que conferem odor desagradável
ao produto.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
Lesão inicial: irritação grave das mucosas; lesão tardia: após 4 a 14 dias, começa a haver
alterações proliferativas e irreversíveis no epitélio pulmonar; seqüelas: insuficiência
respiratória, insuficiência renal, lesões hepáticas. A absorção dérmica é mínima. Contato
com olhos pode provocar inflamação da córnea e conjuntiva. Contato freqüente com a
mucosa nasal pode determinar sangramento. A ingestão de Paraquat causa desconforto
gastrointestinal em algumas horas. O início dos sintomas respiratórios e a morte podem
ser retardados por vários dias. Os casos de evolução fatal podem ser divididos em três
tipos:
1. Intoxicação aguda fulminante, após absorção maciça, ocorrendo óbito por uma
combinação de edema pulmonar, oligúria, insuficiência hepática, adrenal e distúrbios
bioquímicos.

2. Óbito mais tardio é resultante de edema pulmonar, mediastinite e falência múltipla de


órgãos e sistemas.

3. Fibrose pulmonar tardia iniciando após quatro dias e podendo evoluir por várias
semanas normalmente culminando com óbito por insuficiência respiratória.

Devido a grave e tardia toxicidade pulmonar, é importante o tratamento precoce.


TRATAMENTO: Remoção do Paraquat ingerido por lavagem gástrica e uso de
catárticos. Prevenção da absorção através da administração de Terra de Füller ou carvão
ativado, repetidas quantas vezes forem praticáveis. Remoção do Paraquat absorvido
através da hemodiálise ou hemoperfusão. Manter via aérea permeável e assistência

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respiratória, se necessário. A administração excessiva de O2 pode agravar a lesão
pulmonar. Não existe antídoto específico para o Paraquat.

Glifosato: Ex: Round-up. Absorção oral – 36%, eliminação – 99% em 7 dias. Adulto com
ingesta a partir de 0,5 ml/Kg da formulação comercial necessita avaliação e monitorização
hospitalar. Dose de 25 ml tem causado lesões gastro-esofágicas. Não tem ação inibitória
de colinesterase.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Ingestão: irritação de mucosas e trato gastrointestinal,


hipotensão, acidose metabólica, insuficiência pulmonar, oligúria. Contato com pele:
eritema, ulcerações, formação de vesículas, necrose de pele; contaminação de base de
unha: manchas brancas, rachaduras transversais ou perdas de unhas, seguida por
regeneração normal. Inalação: irritação nasal, epistaxe, cefaléia, tosse. Contato com
mucosa ocular: inflamação severa da conjuntiva e da córnea, opacidade.

TRATAMENTO: Assistência respiratória, O2, estabelecer via venosa (risco de choque).


Lavagem gástrica indicada se dose maior que 0,5 ml/Kg até 4 horas da ingesta, se não
ocorrer vômito espontâneo; entubação endotraqueal previne aspiração. Monitorização
cardiovascular, respiratória, renal. Hipotensão: fluídos, Trendelemburg, vasopressores.
Hemodiálise, se necessário. Endoscopia avalia lesões gastro-esofágicas. Medidas
sintomáticas e de suporte. Evolução: pacientes podem parecer bem e desenvolver
hipotensão e choque refratário a vasopressores, evoluindo para óbito.

Pentaclorofenol: Herbicida com amplo uso como conservante de madeira e cupinicida.


Possui na formulação dioxinas como impurezas extremamente tóxicas e cancerígenas.
Bem absorvido pelas vias cutânea, digestiva e respiratória. Não se acumulam no
organismo, mas exposições repetidas podem causar acumulação de efeitos. Os
dinitrofenóis tem ação semelhante ao pentaclorofenol. Pode aparecer cloroacne e
coloração amarelada de pele.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Dificuldade respiratória, hipertermia que pode se tornar


irreversível, fraqueza, convulsões, perda de consciência. TRATAMENTO: Ingestão:
eméticos medidas provocadoras de vômitos e lavagem gástrica com solução de

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bicarbonato de sódio a 5%, demulcentes e óleo de rícino (dissolve os fenóis e retarda a
absorção), carvão ativado.

Sintomático: combate a hipertermia, com medidas físicas (bolsas de gelo, compressas


frias), correção dos distúrbios hidroeletrolíticos, tratamento das convulsões com
barbitúricos. Contaminação cutânea: lavagens corporais abundantes com água e
aplicação tópica de óleo de rícino.
Derivados do Ácido Fenoxiacético: 2,4 diclorofenoxiacético (2,4D) e o 2,4,5
triclorofenoxiacético (2,4,5T). O 2,4D (Tordon) é bem absorvido pela pele, por ingestão e
inalação, podendo produzir neurite periférica retardada e diabetes transitória no período
da exposição. Em altas doses: lesões degenerativas hepáticas e renais. O 2,4,5T é
semelhante ao anterior, apresenta uma dioxina como impureza, responsável pelo
aparecimento de cloroacnes, abortamentos e efeitos teratogênicos e carcinogênicos. A
mistura do 2,4D com o 2,4,5T representa o principal componente do agente laranja,
utilizado com desfolhante na Guerra do Vietnam, responsável pelo aparecimento de
cânceres, entre eles linfomas, nos veteranos de guerra e de malformações congênitas em
seus filhos.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Perda de apetite, irritação da pele exposta, enjôo,


irritação do trato gastrointestinal, vômitos, dores torácicas e abdominais, esgotamento,
fraqueza, fasciculação muscular, confusão mental, convulsões, coma.

TRATAMENTO: Sintomático e de manutenção. Não há antídoto específico.

INTOXICAÇÃO POR RATICIDA

Raticidas ou rodenticidas são substâncias químicas utilizadas para exterminar ratos


e outros tipos de roedores. O mercado dispõe de uma gama de formulações de raticidas,
mas também são encontrados produtos manipulados e comercializados clandestinamente
(“fundo-de-quintal”). Os raticidas mais utilizados, além dos que utilizam na formulação
Organofosforados (Mata-Rato Aldrine, outros), Carbamatos e outros, são:

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RATICIDAS ANTI-COAGULANTES – Cumarínicos e derivados da indandiona:
USOS: Raticidas, medicamentos.

PRINCIPAIS COMPOSTOS: Medicamentos: Warfarin sódico, Marevan. Raticidas:


Warfarin (Ratox, Brumoline, Dorexa, Storm, Mat-Rat, Mata-Rato m7, Mato-Rato Orval,
Nexarato, Ratofim, Ri-do-Rato, Sigma, outros), Brodifacoun (Klerat, Ratak 10, Talon),
Difenacoun (Ridak), Flocoumafen, Difetialone (Rodilon), Bromadiolone (Fenômeno, Mata-
Rato Purina), Clorfacinona, Difacinona, Pindone, Hidroxicumarina (Racumin).

MECANISMO DE AÇÃO: Inibem a formação, no fígado, dos fatores de coagulação


dependentes da vitamina K (II, VII, IX e X). Estes produtos aumentam também a
fragilidade capilar em altas doses e/ou pelo uso repetido.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Náuseas e vômitos podem ocorrer logo após a ingestão,


mas na maioria dos casos, inicialmente assintomáticos; sintomas poderão aparecer após
dias. A principal manifestação é o sangramento em diversos órgãos: sangramento
gengival, sangramento nasal, tosse com sangue, fezes ou urina com sangue, hematomas
e equimoses. Casos de intoxicação severa: hemorragia maciça (geralmente interna), dor
abdominal aguda, choque, coma.

LABORATÓRIO: Tempo de Protrombina (TP), Tempo de Ativação da Protrombina (TAP).

TRATAMENTO: Medidas de Descontaminação: esvaziamento gástrico quando


pertinente carvão ativado em doses seriadas, catártico salino. Antídoto: Vitamina K1
(Fitomenadiona) - Kanakion: 0,6 mg/Kg de peso para crianças, e 10,0 a 20,0 mg para
adultos. Estas doses podem ser feitas como dose única ou a cada 8 a 12 horas nos casos
graves, administrada por via endovenosa lentamente, não ultrapassando a velocidade de
1,0 mg/min, associada à transfusão de plasma ou sangue fresco, se necessário. Evitar
fármacos que alterem metabolismo dos anticoagulantes. A duração do tratamento
usualmente é demorada.

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ESTRICNINA
USOS: Medicamentos homeopáticos. Seu uso como raticida é proibido, embora haja
distribuição clandestina.

MECANISMO DE AÇÃO: Aumento da excitabilidade reflexa da medula espinal, que


resulta na perda da inibição normal da estimulação do neurônio motor, havendo contração
simultânea de todos os músculos.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: A principal manifestação clínica é a convulsão. O quadro


instala-se 30 minutos após a ingestão e se configura pela rigidez dos músculos do
pescoço e face, seguido de hiperreflexia e hiperexcitabilidade a tal ponto que o menor
estímulo determina convulsões generalizadas, contratura da coluna vertebral e
mandíbula, podendo levar a distúrbios respiratórios pelo comprometimento da
musculatura torácica e diafragmática. As convulsões são dolorosas, pois não há
depressão do SNC. O óbito ocorre entre a 2ª e 5ª crise, por insuficiência respiratória.

LABORATÓRIO: Cromatografia em camada delgada (CCD) em lavado gástrico, sangue


e urina.

TRATAMENTO: Medidas Gerais: hospitalização imediata e evitar qualquer estímulo ao


paciente. Não provocar vômitos pelo risco de convulsões e aspiração. Caso os sintomas
não tenham se iniciado, realizar lavagem gástrica, seguida de carvão ativado. Controle
das convulsões: O diazepam é o fármaco de escolha por ser também miorrelaxante.
Dose: 0,05 a 0,10 mg/Kg, repetido a cada 30 minutos se necessário.

ARSÊNICO
USOS: Proibido atualmente, utilizado como raticida de distribuição clandestina. Algumas
medicações homeopáticas podem conter arsênico.

MECANISMO DE AÇÃO: Liga-se aos radicais sulfidrila (-SH) de grupos enzimáticos e


provavelmente da hemoglobina. Bem absorvidos após ingestão ou inalação. Dose letal
entre 1 a 3 mg/Kg. Dose única potencialmente tóxica entre 5 a 50 mg de arsênico.

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Gosto metálico, queimação na boca, esôfago e estômago,
gastrite ou gastroenterite hemorrágica, diarréia profusa e dolorosa, desidratação.
Irritabilidade, sonolência, delírio, espasmos musculares, tontura, tremores, paralisia,
convulsões, coma. Insuficiência renal aguda. Necrose hepática. Choque hipovolêmico e
cardiogênico. Óbito pode sobrevir entre 24h a 4 dias. Exposição por inalação causa dano
agudo em vias respiratórias, conjuntivas e pele.

LABORATÓRIO: Teste de Reinsch em urina.

TRATAMENTO: Descontaminação externa imediata. Ingestão: esvaziamento gástrico


até 4 a 6 horas após ingesta, com 1 a 2 litros de água. Carvão ativado, evitar catárticos.
Medidas de suporte cárdio-respiratório. Antídoto: dimercaprol ou BAL (Demetal®).
Administração intramuscular 3 a 5 mg/Kg de peso a cada 4 horas durante 2 dias,
diminuição da dose para 2,5 a 3,0 mg/Kg de peso a cada 6 horas por mais 2 dias, seguido
por mais 5 dias com a mesma dose a cada 12 horas. A dose máxima é de 300 mg.
Hemodiálise para remover o complexo arsênico-BAL na insuficiência renal. Medidas de
suporte: sedação da dor, anticonvulsivantes, correção hidroeletrolítica, uso de aminas
vasoativas.

FLUORACETATO DE SÓDIO - (Composto 1080)

USOS: Seu uso como raticida é restrito a situações muito especiais. Uso comercial é
proibido.

MECANISMO DE AÇÃO: Potente inibidor do metabolismo celular causa depleção de


energia e morte.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Desconforto epigástrico e vômito são raros. Apreensão,


alucinações auditivas, nistagmo, fasciculações, alterações da sensibilidade na região da
face. Estes e outros sinais neurológicos aparecem gradualmente após um período de
latência de várias horas. Excitação do sistema nervoso central (SNC), progredindo a
convulsões generalizadas. Severa depressão neurológica, entre ou após os episódios
convulsivos pode ocorrer, mas o óbito por insuficiência respiratória é raro em humanos

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com intoxicação por fluoracetato. Distúrbio de ritmo cardíaco é comum apenas após a
fase convulsiva. Pulso alternado, longas seqüências de batimentos ectópicos
(freqüentemente multifocal) e taquicardia ventricular podem evoluir para fibrilação
ventricular e morte.

TRATAMENTO: Induzir vômitos imediatamente, se possível. Lavagem gástrica, a menos


que convulsões (ou a eminência delas) tornem impraticável este método. Barbitúricos de
ação curta ou benzodiazepínicos podem ser usados no controle das convulsões. Medidas
de suporte: oxigenoterapia e respiração mecânica, se necessário.

------ FIM MÓDULO I -----

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