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DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Feira de Santana
2008
i
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Feira de Santana
2008
i
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Banca examinadora
___________________________________
Professor Jardel Pereira Gonçalves, Dr. pela COPPE/UFRJ
(Orientador)
__________________________________________
Professor Washington Almeida Moura, Dr. pela UFRGS
(Co-orientador)
_______________________________________
Professora Mônica Batista Leite Lima, Dra. pela UFRGS
ii
Dedico este trabalho a Deus por me manter firme nos
meus objetivos, à minha família pelo apoio e estímulo
e a todos aqueles que direta ou indiretamente
contribuíram para a realização do mesmo.
iii
APRESENTAÇÃO
iv
RESUMO
v
ABSTRACT
This work shows the main pathological problems in elevated water tanks made with
reinforced concrete. It also explains preventive and curative solutions to repair the
damages. A survey was carried out on frequent anomalies in civil construction and/or
reinforced concrete. This study had been accomplished in association with a private
company, Ribeiro Mendes Engenharia Ltda., which works in the field of structural recovery
of many kinds of constructions. This work describes three case studies selected considering
a total of 600 recovered structures. Based on this total, it was identified 140 recovery cases
of many kinds of tanks. Later, it was analyzed 75 cases of elevated tanks in which it had
chosen three. During the fulfillment of this study, it could be seen that there were problems
like percolation and/ or water infiltration, cracks and corrosion in the steel billets. These are
the most frequent problems in studied tanks. However, there were other anomalies like
carbonation. The presence of those anomalies in the civil construction field occurs due to
the negligence of the professionals of civil construction and the quality factor. This factor,
in many cases, determines the security coefficient of the structures. The most adequate and
usual technical solutions for those cases and others not mentioned here will be presented in
this work.
vi
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ IV
RESUMO .............................................................................................................................. V
ABSTRACT ........................................................................................................................ VI
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................... X
CAPITULO 1 ........................................................................................................................ 1
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1
1.1 JUSTIFICATIVAS ...................................................................................................... 3
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 5
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................. 5
CAPITULO 2 ........................................................................................................................ 7
2. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS MAIS COMUNS INCIDENTES NAS
CONSTRUÇÕES CIVIS ...................................................................................................... 7
2.1 OS PROBLEMAS PATOLÓGICOS: UMIDADE E BOLOR E SUAS TERAPIAS . 8
2.2 INCIDÊNCIA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS: FISSURAS E
TRINCAS ......................................................................................................................... 10
2.3 A OCORRÊNCIA DO DESLOCAMENTO DO REVESTIMENTO ....................... 12
2.4 A OCORRÊNCIA DA EFLORESCÊNCIA (CARBONATAÇÃO, ETC.) E SUAS
TERAPIAS ....................................................................................................................... 13
2.5 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS INCIDENTES EM ESTRUTURAS DE
CONCRETO ARMADO ................................................................................................. 15
2.5.1 A corrosão da armadura do concreto ........................................................ 17
2.5.2 Fissuração e trincas em estruturas de concreto armado ......................... 23
2.5.3 Desagregação e a perda de aderência do concreto ................................... 25
2.5.4 Carbonatação e/ou a incidência da patologia eflorescência em estruturas
de concreto armado e terapia ................................................................................... 26
2.5.5 A Umidade e a incidência do bolor em estruturas de concreto ............... 31
CAPITULO 3 ...................................................................................................................... 33
3. TERAPÊUTICA DO CONCRETO ......................................................................... 33
vii
3.1 TRATAMENTOS CONTRA A DESINTEGRAÇÃO DO CONCRETO E
MATERIAIS MAIS UTILIZADOS (CARBONATAÇÃO; ATAQUE POR
CLORETOS, ETC.) ......................................................................................................... 34
3.2 TRATAMENTOS DA CORROSÃO DO AÇO DO CONCRETO ARMADO E
MATERIAIS UTILIZADOS NA RECUPERAÇÃO ...................................................... 36
3.3 O TRATAMENTO DE FISSURAS E TRINCAS E MATERIAIS UTILIZADOS .. 41
CAPITULO 4 ...................................................................................................................... 45
4. RESERVATÓRIOS HIDRÁULICOS ..................................................................... 45
4.1 CUIDADOS QUANTO À EXECUÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS
RESERVATÓRIOS HIDRÁULICOS ............................................................................. 45
4.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESERVATÓRIOS DE ÁGUA ............................... 46
4.2.1 Reservatórios enterrados, semi-apoiados e apoiados ............................... 47
4.2.1.1 Incidências patológicas e respectivos tratamentos em reservatórios não
elevados 48
4.2.2 Os reservatórios de água elevados ............................................................. 50
4.2.2.1 As manifestações patológicas incidentes em reservatórios de água
elevados executados em concreto armado .............................................................52
4.3 TRATAMENTOS DAS PATOLOGIAS DOS RESERVATÓRIOS
ELEVADOS E INCIDÊNCIAS ....................................................................................... 52
4.3.1 Tratamento de infiltrações em reservatórios elevados ............................ 54
4.4 INSPEÇÃO, ENSAIOS E MAPEAMENTO DAS ANOMALIAS DOS
RESERVATÓRIOS EXECUTADOS EM CONCRETO ARMADO E SUAS
INCIDÊNCIAS ................................................................................................................ 56
CAPITULO 5 ...................................................................................................................... 58
5. ESTUDOS DE CASO ................................................................................................ 58
5.1 CASO 1: RESERVATÓRIO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE
ÁGUA E ESGOTO (SAAE) DA CIDADE DE ALAGOINHAS - BA........................... 60
5.1.1 Diagnóstico das manifestações patológicas ............................................... 61
5.1.1.1 Análise dos problemas identificados na inspeção técnica ...................64
5.1.2 Terapêutica adotada ................................................................................... 66
5.2 CASO 2: RESERVATÓRIO EM CACULÉ-BA .............................................. 71
viii
5.2.1 Diagnóstico das manifestações patológicas ............................................... 73
5.2.1.1 Análise dos problemas identificados na inspeção técnica ...................75
5.2.2 Terapêutica adotada ................................................................................... 77
5.3 CASO 3: RESERVATÓRIO NO MUNICÍPIO DE IUIÚ-BA .......................... 78
5.3.1 Diagnóstico das manifestações patológicas ............................................... 81
5.3.1.1 Análise dos problemas identificados na inspeção técnica....................86
5.3.2 Terapêutica adotada ................................................................................... 88
5.4 ANÁLISE COMPARATIVA DOS ESTUDOS DE CASO ...................................... 92
CAPITULO 6 ...................................................................................................................... 95
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 95
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 97
ix
x
LISTA DE FIGURAS
CAPITULO 1
1. INTRODUÇÃO
O conceito de patologia das estruturas de acordo com Souza e Ripper (1998) diz respeito
a um novo campo da engenharia das construções que se ocupa da origem, formas de
manifestações, conseqüências e mecanismos de ocorrência das falhas e dos sistemas de
desagregação das estruturas.
Patologia e terapêutica das construções é a parte da engenharia que estuda os problemas
nas construções, avaliando-os para a identificação de suas causas, origens e formas de
manifestação e dos métodos e técnicas adequados para erradicar esses problemas e/ ou evitar suas
reincidências.
As estruturas que apresentam uma ou mais dessas manifestações patológicas apresentam
sinais externos de que há algo errado com elas como as manchas incomuns, deformações, etc. A
esses sinais chamam-se sintomas.
Os problemas nas construções que não são comuns ou rotineiros, exigem uma análise
detalhada. Por esse motivo, é importante dispor de um maior conhecimento sobre patologias das
estruturas através de estudos mais específicos.
Os estudos que envolvem esses problemas identificam causas, origens e natureza que
possam representar perda de desempenho de parte ou da estrutura como um todo. Entende-se por
desempenho de uma estrutura a eficiência com que a mesma realiza a sua função, ou seja, se
atende e satisfaz os fins para os quais foi projetada de forma a utilizar seu potencial máximo.
Segundo Souza e Ripper (1998) alterações nas propriedades físicas e químicas no
concreto têm por conseqüência o comprometimento do desempenho da estrutura promovendo sua
deterioração. Essas alterações ocorrem ao longo do tempo em função dos condicionantes do meio
ambiente
A possibilidade de recuperação da deterioração ou de qualquer que seja a manifestação
patológica que a estrutura apresente é função do tipo e extensão do dano existente, que possibilita
2
decidir sobre a solução a ser adotada. O diagnóstico normalmente é feito em função de visitas a
obras, sendo possível a realização do levantamento das prováveis causas. Em alguns casos o uso
de ensaios auxilia na identificação dessas causas.
O profissional responsável pela determinação do diagnóstico das anomalias em uma
construção deve realizar um levantamento de informações relacionadas ao início e evolução
dessas anomalias, ao levantamento de informações dá-se o nome de anamnese. Compreende-se
por anomalias qualquer problema identificado na estrutura podendo este advir de mau
desempenho da construção, de má execução de projetos ou mesmo inadequação técnica deste.
Quando as propriedades mecânicas podem ser atingidas, mediante incidências
patológicas, a anamnese da construção como subsídio da escolha da terapêutica faz-se
imprescindível. Essa constatação deve-se ao fato de que informações sobre a história da estrutura,
a possível existência de problemas anteriores e ainda tipos de utilização a que esta estrutura foi
submetida ajudam o profissional a descobrir prováveis causas dos tipos patológicos incidentes.
A incidência de problemas e/ou manifestações patológicas em edificações pode ter origem
em qualquer uma das fases de construção ou de utilização das mesmas. As manifestações
patológicas que acometem as estruturas, quando não devidamente tratadas, tem por conseqüência
reduzir o tempo de vida útil dessas estruturas, já que comprometem tanto suas resistências como
durabilidade.
Desse modo, a vida útil de uma construção depende dos cuidados durante seu projeto e de
manutenções periódicas para prevenir as incidências patológicas e restabelecer sua capacidade
portante, ou seja, permitir que continue sendo utilizada para os fins a que foi construída.
Segundo Cánovas (1988), o “tratamento” de alguns problemas patológicos em detrimento
de outros não menos preocupantes, deve-se à postura tendenciosa dos profissionais da área em
buscar soluções apenas para falhas que levem a catástrofes imediatas.
No presente trabalho, as prováveis causas de manifestações patológicas incidentes nas
estruturas de concreto armado são analisadas, além das possíveis origens, seja devido à má
elaboração de projeto, a sua execução inadequada ou ausência de manutenção entre outros
fatores.
3
1.1 JUSTIFICATIVAS
reservatórios quase sempre percolam de maneira indesejada, reduzindo a vida útil das estruturas
de sustentação do próprio reservatório.
Assim sendo, o custo de recuperação estrutural se soma ao custo da água tratada que é
perdida, aumentando o prejuízo tanto para as empresas de saneamento quanto para, as Prefeituras
Municipais, em caso de obra pública. Notadamente, os cuidados voltados para este tipo de
estrutura fazem-se necessários e indispensáveis por atingir direta ou indiretamente a sociedade
como um todo. Além dos fatores já mencionados, está o fato de que tratar-se de estruturas típicas
de reservatórios públicos indispensáveis para o sistema de abastecimento de água de altos
contingentes.
O estudo, direcionado a reservatórios de água elevados executados em concreto armado,
deve-se a muitos fatores, alguns já mencionados. De modo que, esse trabalho, realizado com a
pretendida competência, pode servir de base para a recuperação deste tipo de estrutura.
Para diagnosticar as manifestações incidentes nos reservatórios de água elevados é
necessário fazer um estudo sobre as patologias incidentes nas estruturas de concreto, podendo
este conhecimento ser estendido e utilizado em outras construções.
Ao analisar algumas manifestações patológicas dos reservatórios em questão, com a
finalidade de identificar as origens, as causas e o mecanismo desses problemas, procedimentos
adequados de recuperação ou proteção da estrutura deteriorada são elaborados, assim como, a
especificação de materiais e técnicas construtivas para projeto e execução de obras similares.
Segundo Souza e Ripper (1998), o estudo das causas responsáveis pela implantação dos
diversos processos de deterioração das estruturas de concreto é complexo, sendo matéria em
constante evolução.
Estudar essas causas é relevante, pois, ao identificá-las descobre-se onde o problema teve
início e por conseqüência por onde se deve começar a terapia para saná-lo. A identificação das
causas a partir das quais se desencadeiam os problemas nas estruturas de concreto é parte
indispensável de qualquer etapa de tratamento das manifestações patológicas.
Esse trabalho poderá contribuir, ao indicar as causas mais freqüentes dos problemas
incidentes nos reservatórios de concreto armado, como auxílio a outros profissionais que
precisem lidar direta ou indiretamente com problemas similares identificados nas construções.
5
Outro fator que justifica este trabalho é que a depender de suas localizações e arquiteturas,
os reservatórios podem servir de marcos referenciais da cidade se harmonizando com a paisagem
urbana.
1.2 OBJETIVOS
O Capítulo 2 consta de uma revisão bibliográfica que permite conhecer sobre os mecanismos de
deterioração que acometem as construções, e possibilitar discussões necessárias à elaboração do
trabalho. Elucida as manifestações patológicas mais comuns incidentes na construção civil e
aquelas que acometem as estruturas de concreto armado.
Os tratamentos preventivos e curativos, contra as manifestações patológicas incidentes
nas estruturas de concreto armado são abordados no Capítulo 3.
Busca-se levantar, no Capítulo 4, a continuação da revisão bibliográfica referente às
classificações, cuidados conservativos e de execução dos reservatórios hidráulicos. E por fim,
faz-se uma abordagem geral sobre como ocorrem às inspeções, ensaios e mapeamento das
anomalias incidentes em reservatórios de água elevados executados em concreto armado e suas
incidências nos mesmos.
No Capítulo 5 apresentam-se os três estudos de caso dos reservatórios de água elevados
executados em concreto armado nas cidades (Iuiú, Caculé e Alagoinhas) do estado da Bahia.
Neste capítulo há uma análise das manifestações patológicas incidentes nessas estruturas, bem
como, de seus sintomas, prováveis causas e terapêutica adotada.
Os pontos mais relevantes são elucidados no Capítulo 6 que constitui as considerações
finais que antecedem as referências adotadas como base para a elaboração deste trabalho.
7
CAPITULO 2
Perez (1988) aborda que os técnicos começaram a perceber que os beirais de telhados têm
importante função, pois, protegem os edifícios de efeitos de desgastes ao evitar concentrações de
água que constituem áreas potenciais para penetração.
Esse tipo de incidência patológica pode manifestar-se nas edificações em todos os seus
componentes construtivos e nem sempre a forma de manifestação do problema está associada a
uma única causa.
O emboloramento promovido pela existência de umidade, de acordo com Allucci et al
(1988), constitui o desenvolvimento de microorganismos pertencentes ao grupo dos fungos. Estes
organismos necessitam de um teor de umidade elevado no material onde se desenvolvem, ou de
uma umidade relativa bastante elevada no ambiente. Desenvolve-se bem a temperaturas entre 10
°C e 35°C e em meios ácidos. A composição química do substrato sobre o qual o esporo do fungo
se deposita é fundamental para o êxito da germinação e infecção da superfície.
A incidência dessa manifestação patológica está associada, de acordo com Allucci et al
(1988), à existência de água no estado liquido ou gasoso, decorrente de infiltração, condensação
de vapor, umidade de obra, umidade proveniente do solo ou de vazamentos a partir de falhas em
canalizações hidráulico-sanitárias.
A infiltração decorre, no caso, das paredes externas de uma edificação, através de fissuras
ou trincas existentes na parede, revestimento e/ou pintura, ou de falhas no rejuntamento de
componentes de alvenaria e na junta de caixilho/parede.
É comum o uso de fungicida nos materiais de revestimentos, constituindo-se em uma das
alternativas para a prevenção e combate ao bolor nas edificações.
O bolor, segundo Cincotto (1988), é caracterizado por manchas esverdeadas ou escuras
que tem como possível causa à presença de umidade constante ou por revestimento em
desagregação, neste caso, comum a áreas não expostas ao sol. Seu reparo se dá, no primeiro caso,
através da eliminação da infiltração da umidade ou lavagem do revestimento com solução de
hipoclorito. No caso do revestimento em desagregação deve-se fazer o reparo do revestimento.
O tratamento das áreas afetadas, de acordo com Allucci et al (1988), pode ocorrer com
escova de piaçaba aplicando-se a solução a seguir: 80g de fosfato trissódico; 30g de detergente;
10
90ml de hipoclorito de sódio e 2700ml de água. A superfície deve ser enxaguada com água limpa
e seca com pano limpo.
No caso de superfícies muito infectadas, recomenda-se a remoção do revestimento e a
lavagem com a solução já descrita. Após a limpeza deve-se aguardar a secagem da superfície
antes da execução da pintura, sendo que, no caso de repintura, deve-se empregar tinta resistente
ao desenvolvimento do bolor.
A existência de vesículas na superfície do revestimento, descritas por Cincotto (1988), são
indicadas pelo empolamento da pintura (na cor preta, branca, vermelho- acastanhada) ou por
bolhas contendo umidade no interior. Todos eles são solucionados renovando-se a camada de
reboco. As bolhas são causadas pelo uso prematuro de tinta impermeável e são reparadas com a
eliminação da infiltração da umidade.
As fissuras e trincas podem ser ocasionadas por recalque devido à acomodação do solo,
da fundação e de aterro, além de provir do processo de retração, deficiência ou ausência de
amarração nos cantos de paredes ou no encontro da laje com paredes ou ainda por origens
diversas como: concentração de esforços, impactos, etc.
As fissuras horizontais, de acordo com Cincotto (1988), apresentam-se ao longo de toda a
parede, podendo haver o deslocamento do revestimento em placas, com som cavo sob percussão.
São ocasionadas pela expansão da argamassa de assentamento por hidratação retardada do óxido
de magnésio da cal podendo, neste caso, serem reparadas com renovação do revestimento, após
hidratação completa da cal da argamassa de assentamento.
Outra causa para a incidência dessas fissuras é a partir da expansão da argamassa de
assentamento por reação cimento-sulfatos ou devido à presença de argilo-minerais expansivos no
agregado de modo que, a solução a adotar é função da intensidade da reação expansiva.
11
As fissuras são ditas mapeadas quando têm forma variada e distribuem-se por toda a
superfície. Devem–se à retração da argamassa de base, podendo ser recuperadas através da
renovação do revestimento e da pintura.
O problema das trincas faz-se particularmente importante em meio aos inúmeros
problemas patológicos que atingem as edificações, por significar aviso de provável estado
perigoso, comprometimento da durabilidade da obra e desconforto aos usuários.
Essa incidência patológica, de acordo com Thomaz (1988), pode ser ocasionada mediante
variações de temperatura e do teor de umidade dos materiais de construção; pela atuação de
sobrecarga; deformabilidade excessiva das estruturas de concreto armado e segundo Ioshimoto
(1988), também pode ser proveniente de recalques diferencias das fundações.
As trincas provocadas por variações do teor de umidade dos materiais de construção
ocorrem de forma análoga às devidas as variações térmicas. As alterações de umidade dos
materiais porosos provocam expansão ou contração e devido às restrições estabelecidas por
vínculos entre os elementos ou componentes construtivos desenvolvem-se tensões que podem
gerar as fissuras.
As fissuras que se manifestam nas alvenarias, de acordo com Thomaz (1988), decorrentes
de sobrecarregamentos, são geralmente verticais, originando-se da deformação transversal da
argamassa de assentamento e dos próprios componentes de alvenaria.
Um fator importante, neste caso, é a presença de aberturas de portas e janelas, em cujos
vértices ocorrem acentuadas concentrações de tensões. A atuação de cargas concentradas nas
alvenarias pode provocar seu esmagamento localizado ou a manifestação de trincas inclinadas a
partir do ponto de aplicação da carga.
A manifestação de fissuras horizontais em alvenarias portantes é decorrente da atuação de
cargas verticais excêntricas ou cargas horizontais, podendo surgir, em função da intensidade
dessas cargas, fissuras de tração numa das faces da parede, já que a mesma é solicitada a
flexocompressão.
Thomaz (1988) diz ainda que os componentes das edificações mais sensíveis às trincas
provocadas por deformabilidade excessiva das estruturas de concreto armado, são as alvenarias.
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se acumula sobre a superfície. Entre juntas de alvenaria aparente, que apresentem fissuras devidas
à expansão da argamassa de assentamento, essa anomalia ocorre como um depósito de sal branco.
Essa manifestação só ocorre se há um teor de sais solúveis presentes nos materiais ou
componentes, associado à presença de água e a pressão hidrostática para propiciar a migração da
solução para a superfície.
Segundo Uemoto (1988), os sais que ocasionam o fenômeno da eflorescência podem ser
sulfatos de sódio, de potássio e, com menor incidência sulfatos de magnésio e de cálcio que
podem advir do uso de tijolos de argila com elevado teor de pirita. A pirita, durante sua
calcinação, forma anidrido sulfúrico que, associado ao gás sulfuroso (originado do combustível
utilizado na etapa de queima do tijolo) formam os sais mencionados.
O anidrido sulfuroso em contato com água da chuva, forma ácido sulfúrico que ataca os
silicatos do tijolo e forma sulfatos de sódio e de potássio. Estes dois sais também podem resultar
da reação entre os compostos do cimento da argamassa com o tijolo. Os sulfatos podem ser
provenientes também da poluição atmosférica a partir da combustão do carvão, a exemplo, que
gera o anidrido sulfuroso cujo processo até a formação dos sais já foi explícito.
Os cloretos e sulfatos alcalinos podem ter origem na água de amassamento se forem
provenientes de regiões próximas do mar que podem conter sais. Neste caso, a eflorescência
apresenta-se como um depósito de sal branco, pulverulento e muito solúvel em água e não é
prejudicial, apenas compromete o aspecto estético. Ataca superfícies de alvenaria aparente
(tijolos cerâmicos) ou revestimentos com argamassa, em juntas de assentamento, etc.
A eflorescência proveniente da deposição do carbonato de cálcio, de acordo com Souza e
Ripper (1998), caracteriza-se por um depósito de cor branca com aspecto de escorrimento, muito
aderente e pouco solúvel em água, que em contato com ácido clorídrico apresenta efervescência.
Ocorre em regiões próximas a elementos de concreto ou sobre sua superfície e, às vezes, sobre
superfícies de alvenaria.
Sua recuperação pode ser realizada mediante eliminação da infiltração de umidade;
escovamento da superfície seguida de lavagem com água abundante, devendo-se repetir a
operação até a eliminação total podendo-se utilizar um sabão com poder tensoativo que facilite a
15
penetração da água; com a secagem do revestimento e por fim, com o reparo do revestimento
quando pulverulento.
Em último caso, segundo Uemoto (1988), pode-se realizar a limpeza com uso de ácido
muriático a 10%, molhando inicialmente a superfície da alvenaria para evitar uma penetração
profunda do ácido.
As causas extrínsecas, segundo mesmos autores, podem ser vistas como os fatores que
atacam a estrutura “de fora para dentro” a partir de ações químicas, físicas e biológicas, durante
as fases de concepção ou ao longo da vida útil desta.
Alguns processos físicos de deterioração das estruturas de concreto são: fissuração,
desagregação do concreto, carbonatação do concreto, perda de aderência e desgaste do concreto.
as áreas, anódica e catódica, for muito pequena poderá desencadear intenso mecanismo de
corrosão (FORTES,1995). Esse processo é ilustrado na Figura 1.
-
Cl O2 H2O
concreto
H2 O
+ -
H + Fe (OH)2 Cl
- -
OH Fe Cl2 OH
filme passivo de
óxidos de ferro
O 2 + H2 0 O 2 + H2 0
C ATODO C ATODO
-
2e
AN ODO
arm adura
Figura 1. Esquema de corrosão por pite, Treadaway, (1984, apud FORTES, 1995)
há elevação do fator a/c, aumento da umidade relativa do ambiente e/ou presença de íons como
Cl−, SO42−, H+. Desse modo, a corrente elétrica no concreto surge através de um processo
eletrolítico, característico da corrosão das armaduras (FORTES, 1995) e quanto maior a atividade
iônica do eletrólito, menor é a resistividade.
Essa corrosão, de acordo com Helene (1988), ocorre quando se forma uma película de
eletrólito sobre a superfície dos fios ou barras de aço, causada pela presença de umidade, em
geral sempre presente no concreto. E só ocorre se existir além do eletrólito, uma diferença de
potencial e oxigênio.
A célula ou pilha de corrosão eletroquímica, de acordo com Helene (1988), constitui-se de
anodo, catodo, condutor metálico e eletrólito. Qualquer diferença de potencial (ddp) entre as
zonas anódicas e catódicas acarreta o aparecimento de corrente elétrica e, dependendo da
magnitude dessa corrente e acesso de oxigênio, poderá ou não haver corrosão. Segundo Fortes
(1995), essa ddp pode ser promovida pela concentração variável de umidade, oxigênio, e de
outros agentes deterioradores ao longo da armadura, originando a pilha de corrosão.
Helene (1988) diz que a diferença de potencial entre dois pontos da barra pode ser
promovida além da diferença de umidade, por aeração, concentração salina, tensão no concreto e
no aço etc., e é capaz de desencadear pilhas ou cadeias de pilhas conectadas em série, havendo a
formação da ferrugem sob a condição de presença de oxigênio.
No anodo, ocorre um fluxo de elétrons para o catodo, através das armaduras. Há também
a transformação de Fe em Fe2+, que é transportado através do eletrólito (concreto) em direção ao
catodo. No catodo, a partir do ganho de elétrons, desenvolve-se uma combinação com o
hidrogênio da água, existente nos poros do concreto, gerando íons OH− que migram em direção
ao anodo e se encontram com os íons Fe2+, que estavam sendo atraídos pelo catodo, formando o
Fe(OH)2 que é o hidróxido ferroso (FORTES, 1995). Todo o processo das reações é ilustrado na
Figura 02.
20
Figura 2.Pilha de corrosão em concreto armado com o anodo e catodo em barras distintas Labre e Gomes
(1989, apud FORTES, 1995).
Segundo Fortes (1995), nas células eletrolíticas, ocorre o fenômeno chamado eletrólise.
Esse fenômeno é caracterizado pela passagem de eletricidade, através de solução eletrolítica de
modo que é fornecida energia suficiente para promover reações de oxi-redução.
Essas reações são muito complexas e o produto denominado ferrugem constitui-se de uma
gama de óxidos e hidróxidos de ferro.
O óxido de ferro hidratado Fe2O3.xH2O existe em duas formas, α−Fe2O3 (goetita), não
magnético e o γ−Fe2O3 (lepidocrocita), magnético. O predominante na ferrugem é o α−Fe2O3
que, devido à sua maior estabilidade, apresenta um valor negativo maior para a variação de
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energia livre de formação. É possível a ferrugem ser constituída de três camadas de óxidos de
ferro hidratados, com diferentes estados de oxidação ou de corrosão: FeO, Fe3O4 e Fe2O3, da
superfície do ferro para a atmosfera (Gentil, 1982, apud FORTES, 1995). Matos (1997) menciona
que a goetita e a lepidocrocita são expansivos, enquanto a magnetita não envolve um aumento de
volume tão grande na formação da ferrugem.
De acordo com Fortes (1995), a natureza do produto de corrosão sobre a superfície do
metal pode determinar se a velocidade da reação será alta ou baixa. A ferrugem (Fe2O3.H2O),
produto de corrosão, normalmente depositada sobre o aço, não é totalmente protetora,
predominando a tendência do aço a ser corroído. A corrosão atmosférica do aço/ferro ou de suas
ligas apresenta variações de cor de acordo com a sua localização. A cor preta, no caso da
magnetita (Fe3O4), é comum quando o produto de corrosão está em contato imediato com o
metal. A cor, castanho avermelhada, ocorre quando este produto encontra-se na camada mais
externa em contato com maior teor de oxigênio, que se tem, como exemplo, o óxido de ferro
hidratado, Fe2O3.H2O (FORTES, 1995).
A diferença entre os produtos gerados no mecanismo de corrosão está relacionada ao teor
de oxigênio disponível no meio. Em meios com deficiência de oxigênio, tem-se a reação
seguinte, apresentando como um de seus produtos, a magnetita (FORTES, 1995).
Essa expansão de volume produz esforços no concreto na direção radial das barras, os
quais promovem tensões de tração que culminam com fissuração das peças de concreto, um dos
sintomas da existência do processo patológico de corrosão.
As fissuras obtidas se estabelecem na direção paralela à barra corroída devido a ação dos
agentes agressivos e, são classificadas como fissuras ativas progressivas porque têm aberturas
que aumentam no decorrer do processo corrosivo. A evolução das fissuras implica em posterior
lascamento do concreto, que constitui outro sintoma, devido ao comprometimento do
monolitismo estrutural dado pela deficiência de aderência aço/concreto, e posterior
desplacamento da camada de cobrimento, em geral deixando as armaduras expostas. Essas
ocorrências são ilustradas na 0Figura 3.
A fissura pode ser considerada como uma manifestação patológica característica das
estruturas de concreto, por ser um dano de ocorrência freqüente e por ser de fácil identificação,
tal qual deformações muito acentuadas.
Segundo Cánovas (1988) e Moura (2008), as principais causas de quadros de fissuração
do concreto são:
- Erros de projeto e de execução;
- Cura do concreto deficiente;
- Variações de temperatura;
- Reações expansivas;
- Carregamento excessivo da estrutura;
- Ataques químicos;
- Recalques diferenciais.
De acordo com suas causas, as fissuras apresentam-se com formas e aspectos diferentes,
cada uma representando um tipo característico de fissuração. No entanto, de acordo com Cánovas
(1988), as mesmas causas produzem tipos de fissuras similares, de modo que, torna-se possível
prever o quadro de fissuras e esquematizar o mecanismo de formação, determinando suas
conseqüências.
Esse tipo de incidência patológica nas estruturas de concreto pode ocorrer, segundo Souza
e Ripper (1998), a partir da deficiência de projeto; de contração plástica; do assentamento do
concreto/perda de aderência; movimentação de escoramento e/ou fôrmas; da retração; deficiência
24
da fissuração podem ser várias e nem sempre é fácil detectá-las . Conhecê-las sem dúvida, é
importantíssimo para saber o “porquê” do seu aparecimento a fim de aplicar uma terapêutica
adequada.
Segundo Souza e Ripper (1998) fissuras com abertura inferior a 0,05 mm são
consideradas como microfissuras por não serem perceptíveis a olho nu e não serem significativas,
as fissuras de amplitude entre 0,12 e 0,2 mm não costumam oferecer perigo de corrosão de
armaduras, salvo se o meio ambiente for agressivo.
Estados de fissuração aceitáveis contidos na NBR 6118 (ABNT, 2003):
- Peças não protegidas em meios agressivos- abertura < 0.1 mm;
- Peças não protegidas em meios não agressivos- abertura < 0.2 mm;
- Peças protegidas- abertura < 0.3 mm.
De acordo com Cánovas (1988) um dos sintomas mais claros da existência de ataque
químico é a desagregação. Esta quando incide no concreto, leva-o a perder seu caráter
aglomerante deixando os agregados livres da união que lhes proporciona a formação da pasta. O
problema patológico em questão pode advir da fissuração; da movimentação de fôrmas; corrosão
do concreto; calcinação e ataque biológico.
Segundo Souza e Ripper (1998), a desagregação do material é um fenômeno causado por
muitos fatores, ocorrendo, na maioria dos casos, em conjunto com a fissuração. Devendo-se
entender como desagregação, a separação física de placas de concreto, com perda de
monolitismo, da capacidade de acomodação entre os agregados e da função ligante do cimento.
Uma peça com seção comprometida mediante desagregação do concreto, perde localizada
ou globalmente, a capacidade de resistir aos esforços aos quais está submetida.
Segundo Helene (1992), essa desagregação pode ser propiciada por concreto de
resistência inadequada e aderência comprometida, gradientes térmicos, cargas dinâmicas
26
Ca (OH ) 2 + CO2
→ CaCO3 + H 2 O
2O H
Essa manifestação patológica gera a retração por carbonatação do concreto, mas o mal
pior, sem dúvida, é a diminuição da alcalinidade desse material. A alcalinidade alta (pH maiores
do que 12,5), inerente ao concreto protege as armaduras da corrosão devido à deposição, em suas
superfícies, de um filme de óxido protetor. Reduzindo o pH, a carbonatação pode destruir esse
filme protetor e, na presença da umidade e oxigênio, permitir que as armaduras corroam.
O hidróxido de cálcio é responsável pela formação de uma película protetora ou
passivadora das armaduras do concreto ao tornar o meio básico. Ao sofrer o ataque do CO2
procedente do ar, essa proteção apresenta-se comprometida. Deve-se salientar que esse
mecanismo se agrava em caso de materiais mais porosos e que apresentam um quadro de
fissuração. Isso ocorre devido maior facilidade de acesso do CO2 até maiores profundidades no
interior do concreto caracterizando o avanço do mecanismo de formação da carbonatação
(neutralização do hidróxido de cálcio com formação do carbonato), ilustrado na Figura 40.
28
Procedimento:
1. Molhar a superfície de aplicação contaminada abundantemente (saturação);
Medida preventiva para evitar ataque no concreto por íons cloretos.
2. Aplicar ácido clorídrico, em água, na proporção 1:6;
A aplicação deve ser feita em pequenas áreas, de forma progressiva, por aspersão ou uso
de brocha e em ambiente ventilado.
3. Lavagem posterior ao tratamento com solução neutralizadora de amônia em água, na
proporção 1:4;
Etapa do procedimento que visa neutralizar a ação permanente do ácido.
4. Lavagem final com jatos de água natural.
Parte imprescindível da terapia que elimina quaisquer partículas sólidas e outros resíduos
das soluções utilizadas.
Segundo Souza e Ripper (1998), a agressividade das águas torna-se evidente mediante
dissolução do hidróxido de cálcio e posterior precipitação de géis, com a conseqüente formação
de estalactites e estalagmites.
As estalactites não constituem mecanismo de formação tão comum. É ocasionado pelo
gotejamento intermitente da água e deposição de sais, sendo um tipo de eflorescência
preocupante. Essa deposição de sais vai se sobrepondo e solidificando ao passo que acompanham
o gotejamento da água (possibilita a migração do sal até a superfície) que promovido pela ação da
gravidade confere a aparência característica das estalactites que apresentam a forma de agulhas.
O processo de formação das estalactites apresenta-se lento.
A terapia deste tipo particular de eflorescência ocorre de acordo com o procedimento
apresentado de Souza e Ripper (1998), no entanto, antes de iniciá-lo faz-se necessário à raspagem
de toda a superfície contaminada.
Além do procedimento de remoção do mecanismo de carbonatação, deve-se proceder com
a proteção do substrato quanto a prevenir o acesso do gás carbônico no concreto e eliminar o foco
de umidade, se houver, para não propiciar o mecanismo de formação. Deve-se lembrar que a
31
umidade natural do concreto é suficiente para desencadear o processo, mas a maior abundância
de água, provenientes de infiltrações, beneficia esse desencadeamento.
A ocorrência de umidade em uma estrutura pode ter origem em infiltrações por trincas,
fissuras e deslocamento de revestimento, entre outros. Associada a outros fatores, essa
manifestação patológica, pode desencadear mecanismos de formação de incidência complicados,
como a corrosão do aço do concreto armado.
Segundo Perez (1988), ao se instalar na estrutura, a água pode servir de meio para
substâncias como sais maléficos ao concreto armado e promover esse tipo de deterioração. Mas,
também desencadeia processos mais simples como a instalação do bolor.
A infiltração da água é facilitada quando há um quadro de fissuração que constitui outro
tipo de manifestação patológica. Como já mencionado, um problema que acomete uma estrutura
pode coexistir com outros tipos de incidências ou ainda participar como co-produtor do
mecanismo de formação ao desencadeá-los.
Os problemas quanto à deficiência de impermeabilização das juntas são freqüentes,
devendo-se torná-las estanques por meio de materiais adequados que formam uma película
protetora. Segundo Helene (1992), as superfícies das estruturas podem ser protegidas através de
pinturas impermeabilizantes que atuam como barreira de baixa permeabilidade não somente para
a água ou vapor d’água, mas também para gases.
Essa medida preventiva aliada a métodos ou procedimentos de pintura adequados é
cabível para toda e qualquer estrutura por protegê-las da incidência de umidade e de possíveis
agentes de deterioração que a utilizam como meio e que podem ocasionar outros problemas
patológicos.
Em painéis pré-moldados de concreto leve, quaisquer falhas na pintura, como
microfissuras, ou no material de vedação de juntas, a água pode infiltrar. Essa água pode advir da
penetração através de paredes internas de áreas molháveis devido às falhas em pinturas
impermeabilizantes, em rejuntamento de azulejos ou na junção parede/piso.
32
CAPITULO 3
3. TERAPÊUTICA DO CONCRETO
Segundo Andriolo (1984), o termo reparo, que constitui parte da terapia de incidências
patológicas, refere-se a qualquer reposição, rejuvenescimento, manutenção ou conservação do
concreto ou da superfície do concreto, após a sua colocação inicial.
Souza e Ripper (1998) conceituam manutenção de uma estrutura como sendo o conjunto
de atividades necessárias à garantia do seu desempenho satisfatório ao longo do tempo.
Ao se verificar que uma estrutura de concreto armado apresenta problemas patológicos,
torna-se necessário efetuar uma vistoria detalhada e planejada para a determinação das condições
reais da estrutura, de forma a avaliar as anomalias existentes, suas causas, providências a serem
tomadas e os métodos a serem adotados para a recuperação ou reforço. Após o diagnóstico segue-
se o prognóstico a partir da avaliação das patologias incidentes e do nível de risco a partir destas
que sofre a estrutura.
De acordo com Moura (2008), o diagnóstico é realizado a partir da identificação das
patologias incidentes, dos sintomas, origens e mecanismos de formação apresentados e
determinação das possíveis soluções de terapia ou reparo necessários. Deve-se também, fazer um
prognóstico que indique o grau de risco da estrutura, quanto à evolução prevista dos problemas
caso não se faça à intervenção adequada.
O prognóstico está relacionado não apenas com a intensidade, mas principalmente com o
grau de comprometimento da construção como um todo. Também por esse motivo, a ocorrência
dessas patologias deve ser analisada tanto no aspecto qualitativo quanto no aspecto quantitativo,
pois, podem ocorrer casos com pequena incidência, porém extremamente graves e que
comprometam a integridade da estrutura.
A terapia de qualquer tipo de incidência patológica, segundo Souza e Ripper (1998),
advém da identificação das suas causas e das possíveis soluções para, a partir de então, efetuar a
escolha da terapia mais adequada.
34
Esta deve ser efetuada com todos os cuidados possíveis para que não haja reincidências
dos problemas a partir de ações preventivas que se seguem às ações curativas. As ações curativas
estão relacionadas à contenção do desenvolvimento e/ou evolução da manifestação patológica já
incidente. As ações preventivas já citadas podem ocorrer antes ou depois da patologia se instalar,
evitando que esta ocorra ou evitando reincidências sendo adotadas durante a recuperação.
Rodrigues (1997) afirma que todas as estruturas de concreto armado, sejam edificações,
pontes, etc., sujeitas ao ambiente marítimo ou industrial (urbano), entram em estado de corrosão,
sendo umas mais intensas que outras.
A corrosão, induzida principalmente por cloretos, provoca o desplacamento da camada de
recobrimento das armaduras, expondo-as a um estado de corrosão acentuado. Essa manifestação
pode ser prevenida durante o projeto e execução da estrutura com o estabelecimento de
cobrimento adequado (NBR 6118, ABNT 2003), concreto com a/c baixa, escolha de cimento em
função do meio onde a estrutura estará inserida e, por fim, adequação quanto ao procedimento de
lançamento, adensamento e cura do concreto, evitando segregação e exsudação.
Segundo Cánovas (1988), o concreto armado apresenta uma natural defesa química
proveniente da alcalinidade do cimento que torna o aço passivo e a proteção física é estabelecida
a partir de um revestimento compacto e impermeável mediante cobrimento eficiente (qualidade e
espessura adequada ao meio).
O método convencional de recuperação do concreto armado prevê o corte do concreto nas
regiões com desplacamentos ou com fissuração, provocados pelas fortes tensões de tração,
introduzidas na camada de recobrimento pelas barras em estado de expansão, limpeza,
desoxidação, colmatação das armaduras com resina polimérica e, finalmente, a aplicação da
argamassa/concreto de recuperação.
O processo de corrosão pode ser prevenido por diversas técnicas ao invés de atenuado
com o tradicional sistema de tratamento. Segundo Rodrigues (1997), a causa (as pilhas de
corrosão) é permanente ao longo das armaduras e o processo logo promove novos
desplacamentos.
37
Segundo Cánovas (1988), uma estrutura, dependendo do meio onde está inserida, precisa
de proteções complementares que podem agir diretamente sobre o aço, como no caso da proteção
catódica, galvanização e revestimento com resinas sintéticas, ou sobre o concreto, como acontece
com os inibidores de corrosão e com as tintas de resinas ou asfálticas.
Rodrigues (1997) afirma que o único processo que interrompe a corrosão no concreto
armado é a proteção catódica, seja ela passiva, com ânodo de sacrifício ou por corrente impressa,
aplicando-se uma corrente elétrica contínua.
O concreto úmido apresenta baixa resistividade, logo é um bom condutor de eletricidade e
funciona como elemento de ligação. A umidade contínua em seus poros e os agentes de
contaminação, como os íons cloretos, funcionam como eletrólitos, favorecendo qualquer ligação
elétrica.
Desse modo, a aplicação de uma película de zinco sobre a superfície, pela natural
diferença de potencial elétrico entre esse metal e o aço do concreto promove a interrupção do
processo de corrosão neste último em detrimento do primeiro,ou seja, o zinco corrói funcionando
como um anodo de sacrifício ao proteger catodicamente o aço. A esse processo chama-se
galvanização.
Para concretos com pouca condutividade elétrica poderá ser mais econômico, após a
análise da estrutura, optar-se por instalar um retificador (transforma a corrente alternada em
contínua, na quantidade dimensional para a estrutura) de corrente elétrica, que funcionará como
fonte, fazendo com que a proteção catódica seja por corrente impressa.
Esse sistema, segundo Cánovas (1988), apresenta os inconvenientes de necessitar de
pessoal especializado, exigindo um controle de manutenção constante aplicado em todas as
armaduras, o que exige conexão entre elas.
A corrosão do Zinco, em beneficio das armaduras do concreto, acontece pela formação,
extremamente lenta, de óxido de Zinco, de cor esbranquiçada, fácil de ser percebida.
A superfície do concreto, uma vez protegida, fica renovada e, esteticamente, bela. Em
diversas obras opta-se, no entanto, pela aplicação de uma pintura texturizada adicional de
acabamento. Esta pintura especial deverá ser suficientemente porosa para permitir a migração do
óxido de zinco, não perdendo a aderência com a camada protetora.
38
1) Escoramento da estrutura;
2) Escarificação do concreto;
Retirada do concreto deteriorado até descobrir as barras mais próximas dos estribos para
avaliar o estado de corrosão das mesmas.
A escarificação pode ser realizada, segundo Helene (1992), de forma manual ou
mecânica. A manual faz-se, mais usual na preparação de pequenas superfícies e locais de difícil
acesso para equipamentos maiores, por apresentar baixa produção. É dada pelo apicoamento de
fora para dentro da superfície com uso de ponteiro, talhadeira e marreta até obter concreto coeso
propiciando boas condições de aderência.
A escarificação mecânica é realizada mediante rebarbador eletromecânico de fora para
dentro para remoção de espessuras até atingir concreto são. Apresenta alto rendimento na
preparação, não requerendo mão-de-obra especializada. Nesse tipo de remoção ou no outro, faz-
se necessário à limpeza posterior para eliminação do pó.
39
Remoção de cerca de 2.5 cm do concreto que envolve a armadura para que seja possível
lixar e limpar as barras com escova de cerdas de aço eliminando, todo o produto da corrosão com
aplicação posterior de anticorrosivo ou película impermeabilizante com uso de resina epóxi.
O lixamento da armadura pode ser realizado de forma manual com lixa de ferro para aço
através de movimentos circulares até se obter cor de metal quase branco.
A armadura deve ser encaixada ao piso e à laje no caso de pilares por furos preenchidos
com adesivo estrutural, nos quais suas extremidades são presas. Segundo Souza e Ripper (1998)
se a emenda for realizada no meio da barra as extremidades da barra adicional deverão
ultrapassar alguns centímetros para garantir-se solidária à barra aproveitada e presa à mesma por
meio de adesivo estrutural e arame em aço.
Para qualquer elemento estrutural a ancoragem das barras deve ser garantida para efetivar
o monolitismo ou solidarização entre concreto e aço.
5) Limpeza do substrato;
Segundo Moura (2008), essa limpeza pode ser executada mediante jato de água ou de ar.
Sendo necessário, no primeiro caso, esperar secar o substrato para continuar com o processo de
recuperação.
6) Ajustar formas;
40
7) Recompor o concreto;
A aplicação do adesivo estrutural (resina epóxi) é fundamental para garantir a junção dos
concretos lançados em momentos diferentes, ou seja, do concreto velho ao concreto novo.
O último lance do concreto (pilares) é realizado mediante janelas abertas na laje ou por
encunhamento. Em caso de lajes e vigas, o escoramento deve ser mantido por 14 dias.
11) Cura;
Segundo Moura (2008) a cura úmida deve durar cerca de 14 dias ou aplicar película de cura após
início de pega.
Segundo Cánovas (1988) e Moura (2008), pode ser mediante resinas sintéticas (epóxi),
tintas asfálticas, etc.
O tratamento desse tipo de incidência patológica varia bastante pois, pode ser ocasionada
por motivos diferentes e cada um deles exige uma terapia adequada e específica que resulte no
fim do foco do problema.
De acordo com Souza e Ripper (1998), a injeção de materiais é uma técnica que garante o
perfeito enchimento do espaço formado entre as bordas de uma fenda e que em caso de fendas
42
passivas (processo de abertura estagnado) faz-se com uso de materiais rígidos como epóxi, grout,
etc.
O tratamento de fissuras e trincas pode se dar por injeção de poliuretano hidroexpansivo.
Estando esse tratamento associado à função de impermeabilização desses materiais. Segundo
Souza e Ripper (1998), o uso de resinas acrílicas e de resinas poliuretânicas são comuns para a
vedação de fendas ativas (processo de abertura da fissuração não estagnado).
No caso, de reservatórios é quase impossível não associar a terapia das fissuras à
impermeabilização, tendo em vista que muito comumente os vazamentos se dão a partir de
fissuras ou trincas promovidas por subdimensionamento ou outras causas também freqüentes
como o desenvolvimento de reações expansivas.
O poliuretano hidroexpansivo, em gel e a resina acrílica aquosa foram desenvolvidos para
impermeabilizar, por injeção, qualquer tipo de surgência d’água que apareça através de trincas,
fissuras, ninhos de concretagem, juntas frias e juntas de concretagem, sendo utilizado
corriqueiramente para acabar com minações d’ água em barragens, túneis, caixas de passagem,
reservatórios, caixas de elevadores, paredes diafragma, eletrodutos, cabos de força e telefone que
tenham presença d’ água.
4) Introdução de epóxi com baixa viscosidade mediante uso de pistola ou bombas mecânica ou
manual por meio de ar comprimido;
43
Em alguns casos manter a pressão do bombeamento por alguns minutos para garantir que
a resina chegue até as zonas mais estreitas da fissura.
Essa técnica é realizada com uso de grampos que costuram a fissura de modo a não
introduzirem esforços em linha. Esses grampos ou armadura devem apresentar uma inclinação
em relação ao eixo da fissura e terem comprimentos variáveis. Eles são ancorados no concreto a
partir de furos feitos no mesmo, sendo que, esses furos são previamente preenchidos com adesivo
estrutural, em que as extremidades dos grampos são encaixadas.
Este procedimento é adequado para a terapia de uma deficiência localizada de capacidade
resistente segundo linhas isoladas. No entanto, deve-se ater ao fato de que há um aumento da
rigidez da peça localizadamente e, se o esforço gerador da fenda continuar, produzirá uma nova
fissura em região adjacente em caso de fissuras ativas.
As fissuras provenientes do mecanismo de corrosão são tratadas mediante procedimento
da terapia do concreto armado com incidência de corrosão apresentado no item 3.3
45
CAPITULO 4
4. RESERVATÓRIOS HIDRÁULICOS
Mediante problemas comuns que surgem ao longo da vida útil dos reservatórios, busca-
se, a partir de medidas preventivas, evitá-los. Alguns cuidados devem ser tomados para a sua
conservação tais como: impermeabilização cuidadosa das paredes; localização em áreas onde não
ocorram inundações; proteção dos acessos; proteção dos dispositivos de descarga e extravasão
46
para impedir entrada de animais ou de águas poluídas provenientes de atividades das vizinhanças,
etc. (SANEP, 2007).
A laje de apoio normalmente é em concreto armado. Quando o terreno é rochoso, estável
e sem fendas, pode-se optar por concreto simples ou ciclópico. O fundo do reservatório deve ter
uma declividade em direção ao ponto de esgotamento em torno de 0,5% a 1,0%, para facilitar
operações de lavagens. A cobertura deve ser completamente impermeável, como prevenção
contra contaminações por infiltrações de águas de chuva, bem como, posicionada de tal forma
que não permita a penetração dos raios solares os quais poderiam favorecer o desenvolvimento de
algas na água armazenada (UFCG, 2007).
Quando a área de cobertura é construída de forma plana, pode ser necessária a
manutenção de uma lâmina de água de 10 a 20 centímetros de espessura em cima da laje, para
garantia de que não haverá fissuramento desta laje em decorrência das variações da temperatura
ambiente. Outra forma de evitar essa ocorrência de fissuração é optar-se por coberturas onduladas
(UFCG, 2007).
Não é comum ocorrer à ruína dessas lajes, seja por tensões de cisalhamento ou flexão,
devido ao aumento da pressão hidráulica que atua de forma desigual, no lado positivo, isto é, no
contato com o solo (MONGE, 2002).
Os reservatórios semi-enterrados ou semi-apoiados diferem do apoiado por possuírem
apenas uma parte da sua altura abaixo do nível do terreno. Aqueles ditos apoiados têm laje de
fundo apoiada no terreno (MONGE, 2002).
Dos tipos de reservatórios citados, o mais comum é o semi-enterrado. Quando há garantia
de uma pressão mínima na rede de distribuição a partir das cotas do terreno, ou seja, as cotas do
terreno são favoráveis. Desse modo, sempre que as cotas do terreno sejam favoráveis, os
reservatórios semi-enterrados serão preteridos em relação aos elevados. Deve-se, no entanto,
avaliar os custos de escavação e de elevação, bem como a estabilidade permanente da construção,
além dos possíveis problemas construtivos, de escavação, de empuxos e de elevação (UFCG,
2007).
Com grande freqüência, os reservatórios enterrados e os semi-apoiados são construídos
em alvenaria de pedras ou tijolos com cintamentos ou envolvimentos com malhas de aço (UFCG,
2007).
Os reservatórios enterrados ou semi-enterrados têm a vantagem de manter a água mais
fresca. Em geral, a sua construção também é mais fácil e de menor custo. A escolha entre um e
outro depende da finalidade de uso, das características do terreno e das necessidades técnicas do
sistema de abastecimento de água utilizado (MONGE, 2002). É importante lembrar, que se deve
optar por soluções simplificadas que atendam as orientações técnicas e que ao mesmo tempo
diminua os custos com a construção de um reservatório (SANEP, 2007).
O tratamento de umidade por infiltrações deve-se a toda e qualquer solução referente aos
mecanismos que estejam ligados direta ou indiretamente às causas da mesma.
O uso de mantas de PVC, no lado positivo (em contato com o solo) para garantia de
impermeabilização tem sido usual devido à resistência e flexibilidade desses materiais. Esta
solução confere ao reservatório bloqueio de substâncias prejudiciais para as armaduras do
concreto.
Segundo Monge (2002), essa impermeabilização pode ser efetuada também com
revestimento bentonítico, manta à base de betume e com uso de cimentos cristalizantes.
50
Essas construções são projetadas para quando há necessidade de garantia de uma pressão
mínima na rede e as cotas do terreno disponíveis não oferecem condições para que o mesmo seja
apoiado ou semi-enterrado, isto é, necessita-se de uma cota piezométrica de montante superior à
cota de apoio do reservatório no terreno local. A Figura 6 ilustra um reservatório castelo ou
elevado de seção circular.
Deve-se fazer como etapas do serviço de recuperação e/ou reforço dos reservatórios além
da inspeção; ensaios e mapeamento de anomalias, o projeto de recuperação, com especificação
dos serviços a serem realizados.
O levantamento geométrico da estrutura do reservatório se faz necessário quando não há o
projeto da mesma em arquivo. Essa concepção geométrica deve ser feita utilizando-se de
equipamentos de segurança normalmente utilizados em práticas de montanhismo, de forma a não
colocar em risco a integridade física dos profissionais a realizarem a recuperação de reservatórios
elevados (SOUZA et al, 2007).
O projeto de recuperação consiste em uma série de especificações dos serviços a serem
realizados. Os serviços preliminares consistem de mobilização e instalação do canteiro de obras e
colocação de andaimes, nosquais deverão ser montadas as plataformas de madeira necessárias
para a realização dos serviços (SOUZA et al, 2007).
Os serviços comuns de recuperação constituem-se da remoção de argamassa superficial
de acabamento quando deteriorada; corte do concreto até certa profundidade; apicoamento
superficial nos trechos em que a armadura se encontrar em bom estado de conservação; limpeza
das armaduras; limpeza das superfícies de concreto; lavagem das superfícies com jato d'água;
colocação de armadura de complementação; colocação de fôrmas; aplicação de microconcreto de
alto desempenho ou grout, de forma a que o cobrimento das armaduras seja de 2,5 cm, no
mínimo; e acabamento de pedreiro com desempenadeira de madeira; injeção nas fissuras com
resina epóxi de baixa viscosidade; re-impermeabilização interna da caixa; aplicação de grout para
reconstituição da seção ou de argamassa de cimento e areia modificada com epóxi, de forma a
que o cobrimento seja mesmo garantido (FONSECA E PALMA, 2000).
A pintura externa do reservatório faz-se após lavagem da superfície com hidrojateamento
de alta pressão para a partir de então prosseguir com a aplicação da mesma, que pode ser, a
exemplo, em látex PVA (RECUPERAÇÃO, 2007).
A remoção da pintura das paredes externas deterioradas do reservatório é realizada com
seu lixamento até se chegar ao substrato do concreto limpo. O hidrojateamento de alta pressão é
um processo para se efetuar a limpeza da superfície externa lixada (RECUPERAÇÃO, 2007).
54
Segundo Souza et al. (2007), a avaliação da resistência do concreto pode ser realizada através de
ensaios de penetração de pinos (ASTM C 803) e de esclerometria e a sua homogeneidade pode
ser verificada a partir do ensaio de pulso ultra-sônico e de iso-velocidade baseados na ASTM C
597.
A profundidade de carbonatação nos elementos estruturais que compõem os reservatórios
elevados pode ser conseguida a partir de uma análise do grau de carbonatação do concreto da
estrutura, através da utilização de um indicador sensível a meios alcalinos, tipo fenolftaleína.
Normalmente a anomalia em questão se apresenta intensa nas proximidades dos encontros de
elementos estruturais. Mas, se nessa verificação for constatado ph alcalino nas estruturas, e
houver corrosão de armadura instalada, esta não é ocasionada devido à profundidade de
carbonatação.
A análise de resultados de ensaios e de levantamentos de campo permite detectar a
necessidade de se proceder ou não a uma recuperação em toda a estrutura.
O reforço dessas estruturas normalmente ocorre quando há uma verificação de redução,
quanto à capacidade portante da estrutura, devido a sua deterioração. Caso seja verificada boa
resistência à compressão e que as armaduras ainda resistem bem às solicitações não há
necessidade de reforço. Mas quando a perda de seção transversal dos pilares é acentuada deve-se
complementá-la para que este possa resistir aos esforços aos quais está submetido. Muitas vezes
em função do elevado custo de recuperação opta-se por demolir a estrutura ou parte dela
(RECUPERAÇÃO, 2007).
Para a realização dos trabalhos de recuperação é necessário prever um fornecimento de
água alternativo, através de uma caixa d'água de volume suficiente para a demanda local.
58
CAPITULO 5
5. ESTUDOS DE CASO
O estudo de caso consta de três diferentes situações escolhidas a partir de minuciosa busca
em arquivos, sobre as obras de recuperação já realizadas pela empresa Ribeiro Mendes
Engenharia Ltda., especializada em recuperação de estruturas. Neste sentido, foram realizadas
diversas visitas ao escritório da empresa para realizar o levantamento desses dados.
Vale salientar que todas as buscas foram autorizadas pelo responsável, José Mendes de
Araújo. Algumas dificuldades foram enfrentadas devido, entre outros fatores, à disponibilidade
do computador, no qual estavam os arquivos relativos às obras, além da necessidade da presença
do profissional para auxiliar na pesquisa.
A seleção dos casos estudados foi feita dentre cerca de 600 obras de recuperação
realizadas pela referida empresa. O critério estabelecido é que deveriam ser reservatórios
elevados de água, executados em concreto armado, e já recuperados pela empresa.
Os estudos de caso foram escolhidos de um total de, aproximadamente, 75 reservatórios
elevados. Essa escolha foi definida levando em consideração a obtenção de bons exemplares,
assim caracterizados por apresentarem os problemas patológicos mais freqüentes entre os
reservatórios analisados.
a) inspeção/vistoria técnica;
Nesta etapa busca-se a identificação e caracterização das manifestações patológicas.
b) levantamento de dados;
O levantamento de dados deve contemplar a anamnese, que é o conjunto de informações
que se pode obter sobre o surgimento e a evolução do problema até o momento da intervenção.
59
O primeiro passo, como já mencionado, foi realizar uma inspeção visual para registro das
ocorrências das manifestações patológicas incidentes, seguida de verificações de campo no
referido reservatório. Essa vistoria ocorreu em dezembro de 2004, assistida pela equipe local do
SAAE.
Verificou-se que se trata de uma construção de concreto armado com formato cilíndrico,
apoiada sobre um conjunto de quatro pilares e duas vigas em anel, apresentando cuba com
diâmetro externo de 6,8m e altura de 6m. Sua área interna mede 114m² e seu volume aproximado
é de 160m³.
61
b) Superestrutura
c) Cuba
A cuba responsável pelo armazenamento de água é constituída por uma caixa cilíndrica de
concreto armado, com volume interno de aproximadamente 180m³, com paredes medindo 6,0m
de altura externa e diâmetro externo de 6,8m.
• Prováveis causas
i. ausência de impermeabilização da cuba (etapa de execução e/ou projeto);
ii. fendas nas juntas de concretagem (etapa de execução e/ou projeto/ ausência
de tratamento nas juntas);
iii. ausência de mísula, o que propicia fissuração (etapa de projeto).
b) Carbonatação
• Sintomas
i. manchas brancas aparentes.
As infiltrações através das fissuras nas juntas de concretagem (laje de fundo/parede) são
marcadas por manchas esbranquiçadas devidas a carbonatação, constatação visível na Figura 8.
• Prováveis causas
i. porosidade excessiva do concreto (etapa de produção/ escolha inadequada de
materiais e/ou cura deficiente);
ii. fissuras (etapa de projeto/ ausência de impermeabilização);
iii. período longo para iniciar manutenção ou ausência do mesmo.
• Prováveis causas
i. concreto excessivamente poroso (etapa de produção/ escolha inadequada de
materiais e/ou cura inadequada);
ii. presença de umidade por infiltração através de fissuras e do próprio
concreto (etapa de projeto e/ou de execução/ ausência de impermeabilização,
inadequação das juntas de concretagem, ausência de mísula e concreto
excessivamente poroso);
iii. desencadeamento de formação de pilha (etapa de produção/ diferença de
potencial entre os materiais);
64
limpeza do substrato e aplicação de um adesivo estrutural, como uma resina epóxi. Do mesmo
modo, a ligação laje-parede precisa desse tratamento e de um reforço (mísula) que propicie maior
rigidez ao conjunto.
O mecanismo da carbonatação, incidência patológica identificada no reservatório pela
presença de manchas brancas na superfície do concreto, se inicia com a formação do gás
carbônico no meio. O gás carbônico, reage com o hidróxido de cálcio, composto formado na
etapa de hidratação do cimento e existente em todo concreto que migra para a superfície do
mesmo (o hidróxido é carreado para a superfície mediante pressão da água). Essa reação é
caracterizada pela deposição do carbonato de cálcio.
O problema desse mecanismo de formação desta incidência patológica está no consumo
do hidróxido de cálcio pelo gás carbônico, O hidróxido de cálcio é o principal responsável pela
passivação ou proteção das armaduras do concreto, ao propiciar em torno da mesma um meio
alcalino.
A carbonatação é identificada com uso de um indicador chamado fenolftaleína, sensível a
pH básico. Em presença do hidróxido de cálcio, a substância apresenta variação de cor de incolor
a um tom róseo, constatação benéfica para a proteção das armaduras do concreto.
A penetração do gás carbônico é facilitada em caso de concreto muito poroso e/ou
presença de fissuras, como já mencionado, ou outras incidências patológicas que permitam ou
facilitem a passagem do gás.
Por outro lado, deve-se lembrar que todo concreto apresenta porosidade devido aos
capilares formados pelo escape da água da mistura. A porosidade excessiva promove uma ligação
entre os capilares promovendo a comunicação entre estes.
A cura do concreto deve ser adequada para que a saída de água ocorra de forma
controlada e não gere um concreto muito poroso. Deve-se evitar misturas de materiais
inadequadas como concretos com elevado teor de agregado miúdo em relação ao teor de cimento,
o que dificulta a coesão e, por conseqüência, torna a estrutura mais permeável.
Para prevenir essa incidência patológica deve-se primar pela redução da porosidade do
concreto e/ou da permeabilidade. Para tanto, existem materiais como a sílica ativa que
possibilitam, à estrutura, maior resistência ao ataque químico. Um concreto comum aditivado
66
Neste caso, as fissuras seguem a direção das juntas de concretagem indicando ausência ou
inadequação de tratamento na etapa de execução das mesmas. Sempre que uma junta é executada
é necessário o uso de um adesivo estrutural que garanta o monolitismo da estrutura, ou seja, que
esta funcione como um conjunto contínuo e harmônico e suportar a carga para a qual foi
projetada.
Na ausência de tratamento, as partes funcionam separadamente e uma não acompanha o
funcionamento da outra. Este fato se reflete na estrutura, em forma de fissuras ao longo das juntas
de concretagem que estabelecem esta separação. O adesivo estrutural garante a adesão do
concreto velho ao concreto novo e evita essa manifestação patológica. Pode-se realizar o
tratamento das juntas com resina à base de poliuretano.
A terapia deste caso de fissura se inicia com a escarificação ou remoção do concreto das
paredes e laje internas, que apresentavam regiões de armadura com indício de corrosão. Essa
remoção é de cerca de 10 a 15 cm para baixo e para cima da junta ou até descobrir toda a
armadura afetada, chegando ao concreto e armaduras sem danos.
A corrosão foi identificada apenas nas armaduras situadas nas proximidades das juntas de
concretagem (a cerca de 1,5 m de altura da parede da cuba) decorrente da fissuração. Não se deve
confinar um problema como a corrosão vedando essas fissuras, pois, voltariam a ocorrer devido
ao desenvolvimento da ferrugem, que pode aumentar o volume da barra em até 8 vezes,
promovendo tensões que o concreto não suporta e, conseqüentemente, desencadeia um processo
de fissuração e desplacamentos.
Seguiu-se com o tratamento das armaduras que compreendeu: lixamento de toda a
superfície das barras de aço, descoberta até que não se verifique qualquer sinal de corrosão;
68
limpeza das barras (com esponja ou escova de aço e pano) para eliminar resíduos indesejáveis e
pintura anticorrosiva (uso de primer à base de zinco). Antes da reconstituição do concreto, fez-se
necessário limpar o substrato para remover os materiais pulverulentos ou resíduos provenientes
do processo de escarificação. A limpeza do substrato (concreto) foi feita através de jatos de água.
Em seguida, foi feita a recomposição da seção de concreto com uso de argamassa poliéster.
Deve-se atentar para preparação das formas, que deve ser estanque e fixação das
armaduras, respeitando-se comprimento de emendas.
Na recuperação deste reservatório foi executada uma mísula em concreto armado
(microconcreto) na ligação parede/laje, até uma altura de 1m, com a base de 35 cm de espessura.
As armaduras foram dispostas nos “cantos” da laje de fundo. Essa mísula tem a finalidade de
reforçar o conjunto parede/laje de fundo do reservatório.
No caso de corrosão de armaduras, foi necessária a exposição total de barras, para que
fosse possível lixá-las e limpá-las com eficácia. Neste caso a reconstituição do concreto foi
realizada com microconcreto, buscando garantia do envolvimento total das barras de aço. A
ligação (aderência) entre concreto velho e material de recomposição novo foi estabelecida através
de adesivo estrutural base epóxi, específico para esse tipo de aplicação.
• Tratamento da umidade
mancha de umidade, o reservatório foi esvaziado e na laje de fundo se realizou uma proteção
mecânica regularizadora de argamassa sobre uma manta geotêxtil (um filme de polietileno) em
quadros de 1m², para evitar que esta argamassa atingisse a manta e promovesse a degradação da
mesma.
Caso houvesse ainda qualquer infiltração, estas seriam identificadas, sanadas e o processo
de teste seria repetido.
A carbonatação aumenta a retração do concreto, mas o maior problema promovido por esta, é a
diminuição da alcalinidade que desencadeia a despassivação das armaduras. A alcalinidade do
concreto protege as armaduras da corrosão devido à deposição nas superfícies das mesmas de um
filme de óxido protetor. Ao reduzir o pH, a carbonatação pode destruir esse filme (despassivação)
e associada a outros fatores como presença de umidade e oxigênio, permitir que o mecanismo de
corrosão das armaduras se desencadeie. Essa despassivação ocorre mediante reação do gás
carbônico com o hidróxido de sódio, presente no concreto, responsável pela alcalinidade que
protege as armaduras.
No caso do reservatório em questão, a entrada de gás carbônico foi facilitada pelo quadro
de fissuração já exposto nas juntas de concretagem, fator que propiciou o desenvolvimento da
corrosão das armaduras.
Com o tratamento das fissuras e recomposição do concreto, já mencionados nos subitens
anteriores, as causas da carbonatação são sanadas. No entanto, para dificultar a passagem do gás
carbônico e evitar reincidências, as superfícies das estruturas foram protegidas com pinturas à
base de resina acrílica que tornaram a estrutura menos permeável, além do uso de microconcreto
(juntas de concretagem) de recomposição que se apresentem pouco porosos.
A proteção para a superfície do concreto estrutural, de modo a impedir sua desintegração,
pode ser feita a partir da aplicação de barreiras ou películas à base de resinas acrílicas, epóxicas,
poliuretânicas ou de silicone. Em substituição a esses materiais, tem-se tornado usuais, por serem
71
mais duráveis, a aplicação de substâncias hidrofugantes que penetram e passam a fazer parte da
constituição do concreto, o protegendo de agentes agressivos.
A inspeção visual, para registro das ocorrências das manifestações patológicas incidentes
e caracterização do referido reservatório, foi realizada em setembro de 2004, com
acompanhamento da equipe local da Embasa. Posterior à inspeção visual, foram realizados
alguns ensaios e verificações de campo.
72
a) Fundação
A fundação do reservatório é constituída por sapatas que foram reforçadas anteriormente.
A fundação não foi desenterrada, considerando que a estrutura do reservatório não apresentou na
inspeção, nenhum indício de instabilidade proveniente de deficiência das mesmas.
b) Superestrutura
A superestrutura do reservatório é composta por quatro pilares (0.55 x 0.55 m²) de concreto
armado com 9.30m de altura (acima do piso). As vigas de contraventamento apresentam seção de
0.16 x 0.2 m² e 5.40m de comprimento. Até o primeiro lance de vigas, a uma altura do piso de
3.30m, estes elementos estruturais apresentam sinais de deterioração caracterizados por
fissuração e desplacamento do concreto de cobrimento, ao longo das armaduras principais.
c) Cuba
A cuba responsável pelo armazenamento de água é constituída por uma caixa cilíndrica de
concreto armado com mísula interna e possui um volume de aproximadamente 310m³. As
paredes medem 4.30m de altura entre as lajes de fundo e de cobertura. Esta estrutura apresenta-se
em bom estado de conservação, não tendo sido detectado infiltrações, fissuras ou ocorrência de
qualquer anormalidade nesta inspeção.
73
a) Carbonatação
• Sintomas
ii. manchas brancas aparentes.
• Prováveis causas
i. concreto com grande porosidade (etapa de produção e/ou de projeto/
agressividade do ambiente);
ii. fissuras (etapa de projeto e/ou de execução, corrosão das armaduras,
cobrimento inadequado e ação de agentes agressivos, etc.);
iii. manutenção e/ou recuperação inadequada (barras de aço desprotegidas,
com pintura anticorrosiva descontínua).
• Prováveis causas
i. reações expansivas (formação de ferrugem/ corrosão das armaduras);
ii. manutenção e/ou recuperação anterior inadequada;
iii. cobrimento insuficiente, propiciando despassivação das armaduras (etapa
de projeto e/ou de execução/ reações expansivas posteriores devidas à
penetração de agentes de deterioração).
74
As vigas a uma altura de 3.30m apresentam fissuras consideráveis (Figura 10) seguindo
longitudinalmente as armaduras. Esse tipo de fissuração é característica da incidência de
mecanismo de corrosão.
• Prováveis causas
i. cobrimento original de concreto sobre as armaduras com espessura
insuficiente;
ii. fissuração (etapa de projeto e/ou de execução/ cobrimento inadequado,
etc.);
75
Foi feita uma avaliação do histórico de utilização da estrutura, sua idade e o período da
última intervenção. Neste sentido, atribuiu-se o quadro existente a três fatores:
76
1) área onde se localiza o reservatório (embasa/ casa de química) que envolve manuseio de
produtos comuns ao tratamento da água, a exemplo, do sulfato de alumínio, sulfato ferroso, cal,
barrilha e cloro;
2) recuperação anteriormente realizada de forma inadequada. Por exemplo, foi aplicado um
primer anticorrosivo de forma descontínua nas barras de aço;
3) cobrimento inadequado considerando a presença, no ambiente, das substâncias já
mencionadas.
Provavelmente o cobrimento inadequado tenha sido a principal causa das manifestações
patológicas no reservatório. As substâncias utilizadas no tratamento da água aliadas a outras
condições (umidade natural do concreto, água das chuvas, ação do vento, etc.) promoveram a
despassivação e posterior corrosão das armaduras.
A corrosão das armaduras propiciada pela despassivação mencionada foi identificada e
indicada pela exposição das armaduras devido ao desplacamento do concreto com manchas
ferruginosas na própria armadura e no concreto além de apresentar um quadro de fissuração
característico nas vigas e pilares.
As fissuras, nesses elementos estruturais, são promovidas pela reação expansiva que gera
a ferrugem como produto do mecanismo de corrosão. Desse modo, essas fissuras são ocasionadas
pela imposição de tensões no concreto, provenientes do aumento da sessão das barras mediante a
ocorrência da ferrugem.
Muitas vezes, para identificar ou mesmo indicar o grau de incidência de uma
manifestação patológica, utiliza-se de ensaios simples realizados em campo. Neste estudo de
caso, alguns ensaios de campo foram realizados, a exemplo, da verificação da despassivação das
armaduras, através de um indicador de pH (solução a 1% de fenolftaleína), nas regiões vizinhas
aquelas onde as armaduras estão expostas total ou parcialmente ilustradas na Figura 12.
Em presença do hidróxido de cálcio, o indicador apresenta-se na cor rosa, constatação
benéfica para a proteção das armaduras do concreto.
77
Figura 12. Ensaio de verificação da profundidade de carbonatação, com uso de fenolftaleína na viga e no
pilar (foto cedida pela empresa Ribeiro Mendes Engenharia Ltda.)
contrário não funcionará como uma película protetora. Todo o processo de tratamento das
armaduras deve ser realizado de forma adequada. No que se refere à substituição de
revestimentos, é imprescindível o tratamento prévio e cuidadoso do revestimento antigo
deteriorado.
A intervenção para conseqüente reabilitação da estrutura do reservatório em questão
envolveu os procedimentos como se segue.
a) Fundação
Foi realizada uma escavação na base de um dos pilares (Figura 14) para obter informações
sobre o tipo de fundação do reservatório e as condições que a mesma se encontrava, uma vez que
não existia projeto ou dados da construção e o reservatório apresentava-se inclinado.
80
Identificou-se um conjunto de viga circular e uma sapata com 0,50m de aba, com
profundidade inicial de 0,60m e final desconhecida. Verificou-se, também, que o concreto se
encontrava em boas condições, não apresentando indícios de deterioração.
b) Superestrutura
O Reservatório de Iuiú trata-se de uma estrutura de concreto armado sustentada por seis
pilares de seções de 0.36 x 0.37 m² e 10m de altura contraventados por 4 vigas circulares de
seções de 0.50 x 0.37 m² com diâmetro externo de 4.10m.
c) Cuba
A cuba, responsável pelo armazenamento de água, é constituída por uma caixa cilíndrica de
concreto armado com volume interno de aproximadamente 44.20 m³, com paredes medindo
3.70m de altura e diâmetro interno de 3.90m. A área interna da cuba, envolvendo piso, parede e
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laje de cobertura é de 70.00 m². A laje de fundo apresenta diâmetro externo de 4.10m e interno
de 4.00m. A laje de cobertura apresenta área de 13.20 m².
a) Umidade
A Figura 15 mostra o aspecto de manchas devido a infiltrações no reservatório.
Figura 15. Manchas devidas à infiltrações através de fendas nas juntas de concretagem na parede da cuba
(foto cedida pela empresa Ribeiro Mendes Engenharia Ltda.)
• Sintomas
i. infiltrações e/ ou fluxo de água;
ii. manchas características de umidade.
• Prováveis causas
i. ausência de impermeabilização da cuba (etapa de execução e/ou projeto);
ii. abertura nas juntas de concretagem (ausência de tratamento nas juntas);
82
• Sintomas
i. apresentam-se precipitados de carbonato de cálcio salientes na superfície do
concreto;
• Prováveis causas
i. porosidade excessiva do concreto (etapa de produção/ escolha inadequada
de materiais e/ou cura deficiente);
ii. fissuras (etapa de projeto);
iii. infiltração de água (ausência de impermeabilização adequada);
iv. intervalo de tempo longo para manutenção ou ausência do mesmo.
• Sintomas
i. fissuras de pequena abertura e irregulares.
• Causa
i. variações de temperatura.
• Causa provável
i. ausência ou inadequação de tratamento de juntas de concretagem
(etapa de execução e/ou de projeto/ fissuras acompanhando as juntas);
• Prováveis causas
i. concreto excessivamente poroso (etapa de produção/ escolha inadequada de
materiais e/ou cura inadequada);
ii. presença de umidade por infiltração através de fissuras e do próprio
concreto (etapa de projeto e/ou de execução: ausência de impermeabilização,
inadequação das juntas de concretagem, ausência de mísula e concreto
excessivamente poroso);
iii. fissuração (etapa de projeto e/ou de execução e variação de temperatura);
iv. carbonatação do concreto.
g) Desplacamento do concreto
• Sintomas
i. seções reduzidas em trechos dos elementos estruturais (vigas e pilares).
• Causa provável
i. Tensões ocasionadas por reações expansivas (as barras de aço aumentam de
volume, gerando tensões de tração que o concreto não suporta).
Para essa estrutura ter sua capacidade de utilização restituída, fez-se necessário o reforço
da fundação, que consistiu no aumento das dimensões das sapatas. Também foram recuperados
os pilares e vigas do reservatório, conforme apresentado a seguir.
• Reforço da fundação
• Tratamento da umidade
O carbonato de cálcio é pouco solúvel em água. Desse modo, a remoção dessa anomalia
da superfície do elemento estrutural não seria possível apenas com lavagens a jato d’água.
Executou-se a “raspagem”, na área afetada, e procedeu-se a lavagem com solução de
ácido clorídrico. Inicialmente saturou-se a superfície da viga, após raspagem, para evitar que íons
cloretos atacassem o concreto. Em seguida aplicou-se a solução do ácido em água na proporção
1:6.
Segue-se com uma lavagem abundante com solução de amônia em água na proporção de
1:4 para neutralizar a ação do ácido e posteriormente com jatos de água para garantir a total
remoção das partículas sólidas e das soluções utilizadas.
Em seguida foi aplicada uma pintura a base de resina acrílica para reduzir permeabilidade.
As fissuras ocasionadas por variação de temperatura foram apresentadas apenas pelo caso
3, aquelas promovidas por ausência ou inadequação das juntas de concretagem fizeram-se
presentes nos casos 1 e 3 (Quadro 1). No entanto, apenas no caso 1, nos procedimentos de
recuperação, fez-se o reforço com mísula, para aumentar a rigidez do conjunto, assim como da
junção da parede da cuba com a laje de fundo do reservatório (Quadro 2).
Não há plano de manutenção em qualquer dos casos de estudo e, tanto o caso 1 como o caso
3 nunca foram submetidos a procedimentos de recuperação. Apenas o caso 2 já havia passado por
uma intervenção terapêutica anteriormente e, esta foi realizada de forma inadequada. Uma
intervenção deficiente constitui causa de deterioração da estrutura (armadura com proteção
inadequada devido à aplicação descontínua de anti-corrosivo e cobrimentos deficientes, etc.).
Além disso, verificou-se, como agravante, o fato deste reservatório estar localizado em ambiente
agressivo, próximo a área de tratamento de água, na qual há manuseio de substâncias prejudiciais
(cloretos, sulfetos, etc.) à estrutura.
Quanto à terapia dos três casos, todos, após estrutura recuperada, foram
impermeabilizados com uso de manta asfáltica. Nos casos 2 e 3, houve reforço de vigas e pilares
devido a ação do mecanismo de corrosão das armaduras (Quadro 2). Apenas neste último caso,
fez-se necessário, o reforço da fundação devido instabilidade promovida por inclinação e
comprometimento da estrutura ocasionado pelos problemas patológicos (Quadro 2).
Nos quadros 1 e 2 são apresentados os resumos dos problemas patológicos e reforços necessários
nos casos de estudos.
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Manifestações
Caso 1 Caso 2 Caso 3
patológicas
umidade x - x
carbonatação x x x
estalactites - - x
fissuras x x x
corrosão x x x
instabilidade - - x
Vigas - x x
Pilares - x x
Fundação - - x
CAPITULO 6
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Tecnológicas do estado de São Paulo. Tecnologia das Edificações. São Paulo: PINI, 1988.
HELENE, P. R. L. Corrosão de armaduras para concreto armado. In: IPT - Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do estado de São Paulo. Tecnologia das Edificações. São Paulo: PINI, 1988.
MOURA, W. A. Patologia e terapêutica das construções: Anotações de aula- Parte I e II, Feira
de Santana, Universidade Estadual de Feira de Santana, 2008. 34 p.
99
RODRIGUES, J. ZTP- A mais eficiente arma contra a corrosão de concreto armado. Recuperar:
Revista do Instituto de Patologia da Construção, Rio de Janeiro, n. 18, p. 4-9, Jul/ago, 1997.
UEMOTO, Loh Kai. Patologia: danos causados por eflorescência. In: IPT - Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do estado de São Paulo. Tecnologia das Edificações. São Paulo: PINI, 1988.