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3ª Prova diagnóstica – 2016 – 3ª Série  

Ens.Médio SEDUCE-GO – PORTUGUÊS 


 
ESCOLA: ________________________
Prof.:____________________________
Nome: ___________________________

Leia o texto e, a seguir, responda as questões 1, 2, 3 e 4.


Vidas Secas
Graciliano Ramos

“Ora, daquela vez, como das outras, Fabiano ajustou o gado, arrependeu-se, enfim deixou a transação meio
apalavrada e foi consultar a mulher”. Sinhá Vitória mandou os meninos para o barreiro, sentou-se na cozinha,
concentrou-se, distribuiu no chão as sementes de várias espécies, realizou somas e diminuições. No dia seguinte
Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio notou que as operações de Sinhá Vitória, como de costume,
diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a diferença era proveniente de juros.
Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que ele era bruto, mas
a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os
estribos.
Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo?
Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito palavra à
toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha, conhecia o seu lugar. Ia lá puxar questão
com gente rica? Bruto, sim senhor, mas sabia respeitar os homens. Devia ser ignorância da mulher, provavelmente
devia ser ignorância da mulher. Até estranhara as contas dela. Enfim, como não sabia ler (um bruto, sim senhor),
acreditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava não cair noutra.
O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo o tijolo. Na porta, virando-se, enganchou as
rosetas das esporas, afastou-se tropeçando, os sapatões de couro cru batendo no chão como cascos.
Foi até a esquina, parou, tomou fôlego. Não deviam tratá-lo assim. Dirigiu-se ao quadro lentamente. Diante da
bodega de seu Inácio virou o rosto e fez uma curva larga. Depois que acontecera aquela miséria, temia passar ali.
Sentou-se numa calçada, tirou do bolso o dinheiro, examinou-o, procurando adivinhar quanto lhe tinham furtado.
Não podia dizer em voz alta que aquilo era um furto, mas era. Tomavam-lhe o gado quase de graça e ainda
inventavam juro. Que juro! O que havia era safadeza.
── Ladroeira.
Nem lhe permitiam queixas. Porque reclamara, achara a coisa uma exorbitância, o branco se levantara furioso,
com quatro pedras na mão. Para que tanto espalhafato?
── Hum! Hum!

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3ª Prova diagnóstica – 2016 – 3ª Série  
Ens.Médio SEDUCE-GO – PORTUGUÊS 
 
Recordou-se do que lhe sucedera anos atrás, antes da seca, longe. Num dia de apuro recorrera ao porco magro
que não queria engordar no chiqueiro e estava reservado às despesas do Natal: matara-o antes de tempo e fora
vendê-lo na cidade.
Mas o cobrador da prefeitura chegara com o recibo e atrapalhara-o. Fabiano fingira-se desentendido: não
compreendia nada, era bruto. Como o outro lhe explicasse que, para vender o porco, devia pagar imposto, tentara
convencê-lo de que ali não havia porco, havia quartos de porco, pedaços de carne. O agente se aborrecera,
insultara-o, e Fabiano se encolhera. Bem, bem. Deus o livrasse de história com o governo. Julgava que podia dispor
dos seus troços. Não entendia de imposto.
── Um bruto, está percebendo?
Supunha que o cevado era dele. Agora se a prefeitura tinha uma parte, estava acabado. Pois ia voltar para casa
e comer a carne. Podia comer a carne? Podia ou não podia? O funcionário batera o pé agastado e Fabiano se
desculpara, o chapéu de couro na mão, o espinhaço curvo.
── Quem foi que disse que eu queria brigar? O melhor é a gente acabar com isso.
Despedira-se, metera a carne no saco e fora vendê-la noutra rua, escondido. Mas, atracado pelo cobrador,
gemera no imposto e na multa. Daquele dia em diante não criaria mais porcos.
“Era perigoso criá-los.”
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record.

D3​ ​ Questão ​ 1 ​––––––––––––––––––––––––––| 


No trecho “O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo o tijolo”, a expressão “chapéu varrendo
tijolo” tem o sentido de
(A) poder.
(B) respeito.
(C) admiração.
(D) submissão.
(E) autoritarismo.

D4​ ​ Questão ​ 2 ​––––––––––––––––––––––––––| 


Com base no texto, pode-se dizer que Fabiano apresenta um comportamento
(A) apático diante das autoridades constituídas.
(B) alheio diante de sua mulher, Sinhá Vitória e de seus filhos.
(C) agressivo diante do autoritarismo do patrão e do cobrador da prefeitura.
(D) firme diante das autoridades, representadas pelo patrão e pelo cobrador da prefeitura.
(E) submisso diante daqueles que detêm alguma parcela de poder, como o patrão e o cobrador da prefeitura.

D19​ ​ Questão ​ 3 ​––––––––––––––––––––––––––| 


A repetição da palavra “bruto”, utilizada pelo autor do texto, em diversos trechos, tem o objetivo de
(A) elogiar a submissão de Fabiano.
(B) detalhar a força física de Fabiano.
(C) destacar a rusticidade de Fabiano.
(D) descrever a agressividade de Fabiano.
(E) ressaltar os aborrecimentos de Fabiano.

 
 
D15​ ​ Questão ​ 4 ​––––––––––––––––––––––––––| 
No trecho “Não podia dizer em voz alta que aquilo era um furto, mas era.”, o conectivo “mas” estabelece uma
relação de

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(A) adição.
(B) restrição.
(C) conclusão.
(D) atenuação.
(E) confirmação.

D12​ ​ Questão ​ 5 ​––––––––––––––––––––––––––| 


Leia o texto e, a seguir, responda.
Regra 6 – Regulamentação do jogo de basquete
“Art. 22. Começo do jogo
22.1 Um jogo não pode começar se uma das equipes não estiver na quadra com (5) jogadores prontos para jogar.
22.2 O jogo oficialmente começa quando o árbitro, com a bola, entra no círculo central para administrar o
bola-ao-alto.
22.3 O jogo deverá ser iniciado por um bola-ao-alto no círculo central.
22.4 Os procedimentos no Art. 22.2 e Art. 22.3 acima deverão ser seguidos no início de cada metade, período ou
período extra.
22.5 As equipes deverão trocar de cestas na segunda metade de todos os jogos.
[...]”
Disponível em:<http://www.bolar.com.br/pdfs/regras-basquete.pdf>. Acesso em: 25 fev.2016​.
A finalidade principal desse texto é
(A) narrar.
(B) instruir.
(C) advertir.
(D) informar.
(E) divulgar.

D10​ ​ Questão ​ 6 ​––––––––––––––––––––––––––| 


Leia o texto e, a seguir, responda.
O cavalo e o burro
Monteiro Lobato

“Cavalo e o burro seguiam juntos para a cidade”. O cavalo, contente da vida, folgado com uma carga de quatro
arrobas apenas, e o burro – coitado! – gemendo sob o peso de oito. Em certo ponto, o burro parou e disse:
── Não posso mais! Esta carga excede às minhas forças e o remédio é repartimos o peso irmanamente, seis
arrobas para cada um.
O cavalo deu um pinote e relinchou uma gargalhada.
── Ingênuo! Quer então que eu arque com seis arrobas quando posso bem continuar com as quatro? Tenho
cara de tolo? O burro gemeu:
── Egoísta! Lembre-se de que se eu morrer você terá que seguir com a carga das quatro arrobas mais a
minha.
O cavalo pilheriou de novo e a coisa ficou por isso. Logo adiante, porém, o burro tropica, vem ao chão e
rebenta.
Chegam os tropeiros, maldizem da sorte e sem demora arrumam com as oito arrobas do burro sobre as quatro
do cavalo egoísta. E como o cavalo refuga, dão-lhe de chicote em cima, sem dó nem piedade.
── Bem feito! – exclamou um papagaio.
Quem o mandou ser mais burro que o pobre burro e não compreender que o verdadeiro egoísmo era aliviá-lo
da carga em excesso? Tome! Gema dobrado agora...”
Disponível em: <https://peregrinacultural.wordpress.com/

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2009/06/25/o-cavalo-e-o-burro-fabula-texto-de-monteiro-lobato/>. Acesso em: 25 fev. 2016.

Qual é o desfecho da história narrada?


(A) O cavalo terminar carregando sozinho a carga toda.
(B) O cavalo recusar-se a dividir a carga com o burro.
(C) O burro e o cavalo seguirem juntos para a cidade.
(D) O burro carregar oito arrobas e o cavalo quatro arrobas.
(E) O cavalo e o burro discutirem a má divisão da carga que eles carregavam.

D21​ ​ Questão ​ 7 ​––––––––––––––––––––––––––| 


Leia os textos e, a seguir, responda.
Texto I
Depoimento 1
“A minha propriedade foi conseguida com muito sacrifício pelos meus antepassados. Não admito invasão. Essa
gente não sabe de nada. Estão sendo manipulados pelos comunistas. Minha resposta será à bala. Esse povo tem que
saber que a Constituição do Brasil garante a propriedade privada. Além disso, se esse governo quiser as minhas
terras para a Reforma Agrária terá que pagar, em dinheiro, o valor que eu quero.”
Proprietário de uma fazenda no Mato Grosso do Sul.
SARMENTO, Leila Lauar. Português: literatura, gramática, produção de texto. Volume único. São Paulo: Moderna, 2004. p. 413.

Texto II
Depoimento 2
“Sempre lutei muito. Minha família veio para a cidade porque fui despedido quando as máquinas chegaram lá
na Usina. Seu moço acontece que eu sou um homem da terra. Olho pro céu, sei quando é tempo de plantar e de
colher. Na cidade não fico mais. Eu quero um pedaço de terra, custe o que custar. Hoje eu sei que não estou sozinho.
Aprendi que a terra tem valor social. Ela é feita para produzir alimento. O que o homem come vem da terra. O que é
duro é ver que aqueles que possuem muita terra e não dependem dela para sobreviver, pouco se preocupam em
produzir nela.” Integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de Corumbá – MS.
SARMENTO, Leila Lauar. Português: literatura, gramática, produção de texto. Volume único. São Paulo: Moderna, 2004. p. 414.
Em relação ao “uso social da terra”, o texto I e o texto II apresentam opiniões
(A) opostas.
(B) idênticas.
(C) semelhantes.
(D) convergentes.
(E) complementares.

Leia o texto e, a seguir, responda as questões 8 e 9.


Ou você ou a cobaia
Isaias Raw

Corre o mundo uma campanha em defesa do direito dos animais, pregando o fim do seu uso em testes de
laboratório”. A imagem que se quer passar é a de que os cientistas são indivíduos sádicos, que usam e matam
cobaias inocentes. Há até quem descreva os centros de pesquisa como campos de concentração repletos de
instrumentos de tortura para animais.
Trata-se de uma visão caricatural que contribui para aumentar ainda mais a ignorância e o preconceito das
pessoas diante da ciência.
É provável que essa imagem tenha surgido já no tempo em que Pasteur inoculou a saliva de um cão com o
vírus da raiva no cérebro de outro cão, sadio, e verificou que ele contraiu a doença. (...) Ele também usou coelhos em

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seus experimentos e transmitiu a infecção, sucessivamente de um coelho para outro, 25 vezes – até que o agente da
raiva no cérebro do último desses animais se tornasse incapaz de transmitir a doença. No dia 6 de julho de 1885, um
garoto de 9 anos, chamado Joseph Meister, foi salvo da raiva depois que Pasteur injetou o vírus atenuado da doença
no pequeno paciente, tendo início ali a técnica de produção de vacinas que salvaria, no futuro, a vida de milhões de
pessoas.
Nenhuma das pesquisas que deram origem às vacinas seria possível sem o uso de animais testada em ratos
para verificar se não restou nela nenhum vírus que possa induzir a doença ou provocar efeitos colaterais. (...) O uso
de animais ainda é indispensável para garantir a saúde da população vacinada assim como para preservar a
segurança de substâncias que compõem os medicamentos. (...)
Há 40.000 anos os homens viviam, em média, 28 anos. Hoje vivem mais de 70. Devemos isso às pesquisas que
utilizam animais. No momento em que você estiver lendo este artigo, laboratório acompanham a evolução de
doenças hereditárias em ratos para aliviar, no futuro, o sofrimento dos filhos dos pacientes dessas doenças. Apesar
dos ataques às pesquisas que usam animais geneticamente modificados, estamos mais próximos de um tratamento
para doenças incuráveis, como o Alzheimer, graças ao uso de ratos transgênicos. Quem hesitaria em utilizar animais
em pesquisas se pudesse, com isso, aliviar a dor de um familiar portador de uma doença degenerativa e hoje ainda
incurável?
Garanto que se os pesquisadores encontrassem outra forma de chegar à cura de doenças eles dispensariam o
uso de cobaias. Pesquisas com animais são caras e longas. (...) Mas essa substituição (do uso de cobaias) levará
tempo e a ciência não pode ser refém da história de grupos fanáticos — pessoas que colhem assinaturas em defesa
dos animais usados em laboratórios, mas são insensíveis aos seres de sua própria espécie que precisam de ajuda.
Enfim, não é inaceitável que usemos animais para o benefício humano. Inaceitável é ver o homem matar e expor os
seus semelhantes ao sofrimento por meio de guerras ou pela ignorância que rejeita os benefícios dos avanços da
ciência. É bem provável que os defensores dos direitos dos animais acreditem que é uma arrogância do homem
moderno colocar-se no centro do universo — pessoas que, como Pasteur, priorizou a vida humana diante da vida de
outros animais.
“Para mim, essa arrogância tem outro nome: humanismo.”
RAW, Isaias. In Superinteressante, São Paulo: Abril, maio 2001.​

D9​ ​ Questão ​ 8 ​–––––––––––––––––––––––––| 


Qual é a principal informação desse texto?
(A) Um garoto de 9 anos, ter sido salvo da raiva depois de ter recebido o vírus injetado por Pasteur.
(B) O uso de animais ainda ser indispensável para garantir a saúde da população vacinada.
(C) Os cientistas serem considerados indivíduos sádicos, que usam e matam cobaias inocentes.
(D) Os homens, hoje, viverem mais de 70 anos, do que há 40.000 anos, quando viviam em média 28 anos.
(E) Os defensores dos direitos dos animais acreditarem que é uma arrogância do homem moderno colocar-se no
centro do universo.

D14​ ​ Questão ​ 9 ​––––––––––––––––––––––––––| 


O trecho que apresenta uma opinião do autor do texto é:
(A) “Há 40.000 os homens viviam, em média, 28 anos. Hoje vivem mais de 70.”
(B) “No dia 6 de julho de 1885, um garoto de 9 anos, chamado Joseph Meister, foi salvo da raiva (...)”
(C) “Ele também usou coelhos em seus experimentos e transmitiu a infecção, sucessivamente de um coelho (...)”.
(D) “Corre o mundo uma campanha em defesa do direito dos animais, pregando o fim do seu uso em testes de
laboratório.”
(E) “Inaceitável é ver o homem matar e expor os seus semelhantes ao sofrimento por meio de guerras ou pela
ignorância que rejeita os benefícios dos avanços da ciência.”

D16​ ​ Questão ​ 10 ​–––––––––––––––––––––––––| 


Leia o texto e, a seguir, responda.

5
3ª Prova diagnóstica – 2016 – 3ª Série  
Ens.Médio SEDUCE-GO – PORTUGUÊS 
 

SARMENTO, Leila Lauar. Português: literatura, gramática, produção de texto. Volume único. São Paulo: Moderna, 2004. P. 342.

Na tirinha, o que provoca humor é a


(A) vaca ouvir atenta a cantada do touro.
(B) cantada do touro não ser bem-sucedida.
(C) fala do touro ao dizer “adorei sua tatuagem”.
(D) tatuagem da vaca ser uma marca igual à das outras vacas.
(E) marca da vaca ser confundida com uma tatuagem.

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