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Economia Da Informação
Economia Da Informação
Economia da informação
Pedro Onofre Fernandes INTRODUÇÃO
Cleveland3 caracteriza a informação da 6) o real benefício da informação é difícil 8) como a produção e disseminação da
seguinte forma: de ser medido porque ele é limitado ao informação pode ser suportada ou ta-
seu uso, o que é impraticável. xada;
1) a informação é "humana" - somente há
informação através da observação hu- O estudo da economia da informação tor- 9) são os custos adequados aos planos
mana; na-se problemático em face dessas ca- de administração e investimento da or-
racterísticas da informação. ganização;
2) a informação é multiplicável - quanto
mais nós a usamos, mais útil ela se A economia da informação está, contudo, 10) que espécie de medidas são necessá-
torna; o limite básico é a idade biológica tornando-se importante objeto de pesquisa rias para controlar o desempenho dos
das pessoas e grupos; na Ciência da Informação. serviços de informação.
3) a informação é substituível - ela pode MEDIDAS DE CUSTO-BENEFÍCIO Flowerdew & Whitehead8 restringem a
substituir outros recursos como dinhei- análise de custo-benefício a medidas em
ro, pessoas, matéria-prima etc. Por Perguntas que interessam à economia da termos monetários. Esta forma, que é ca-
exemplo, a acumulação de informação informação estão intimamente ligadas à racterística da economia, tem sido critica-
na área de automação substitui vários avaliação dos serviços de informação e da porque benefícios não podem ser sem-
milhões de trabalhadores anualmente. bibliotecas. A teoria básica de avaliação é pre medidos em termos monetários. As-
simples: os objetivos são definidos e então sim, alguns pesquisadores (por exemplo,
4) a informação é transferível - a veloci- nós medimos quão bem a atividade ou ati- Oldman10 e White11) negam a utilidade da
dade e facilidade com que a informação vidades nos ajudam a atingir os objetivos. análise de custo-benefício para medir o
é transferida é um fator considerável A análise económica tem um papel funda- valor da informação no ambiente de biblio-
para o desenvolvimento de todas as mental nessa avaliação. Em geral, tem si- tecas. Outros escritores (como Lancas-
áreas do conhecimento; do usada a análise de custo-benefício para ter12, 13) têm criticado muito e indicado fa-
a avaliação dos serviços de informação e lhas na generalização da análise de custo-
5) a informação é difusiva - ela tende a se bibliotecas. benefício na informação. Eles afirmam que
tornar pública, mesmo que nossos es- tanto os cientistas da Ciência da Informa-
forços sejam em contrário; A análise de custo-benfício é uma técnica ção, quanto os da Ciência Económica têm
que procura determinar e avaliar os cus- dúvidas da possibilidade de medir o valor-
6) a informação é compartilhável - bens tos e benefícios sociais do investimento de-uso da informação. Já Roberts14 indica
podem ser trocados, mas, na troca da para ajudar a decidir se um projeto deve ou que a análise de custo-benefício é poten-
informação, o vendedor continua pos- não ser implementado. A ênfase nos cus- cialmente muito apropriada pára decisões
suindo o que ele vendeu. tos e benefícios sociais distingue-a de ou- sobre alocação de recursos em projetos
tras técnicas de investimento. A técnica de bem-estar social como bibliotecas e
O estudo da economia da informação tem tenta medir as perdas e ganhos em termos serviços de informação onde benefícios
frequentemente usado as teorias econômi- de bem-estar económico para a sociedade nem sempre são diretos e tangíveis . Ele-
cas clássicas. Contudo, durante estudos e tanto na avaliação de um projeto em si, mentos como valor para usuários, tempo e
experimentos práticos, algumas caracte- quanto nas diferentes opções de levá-lo energia economizados podem ser medidos
rísticas especiais da informação têm adiante. ou avaliados e incorporados ao modelo de
emergido7: decisão. Martin15 afirma que a informação
A análise custo-benefício ajuda a tomada deve ser tratada como um bem econômico
1) produtos de informação têm valor, mas decisão quando nós procuramos respon- qualquer e que, em qualquer situação, há
seu benefício também depende da habi- der às seguintes questões8, 9: que se avaliar os custos e benefícios de
lidade do usuário em explorá-los; sua obtenção em maior ou menor detalha-
1) quanto deve a organização investir mento, periodicidade, frequência, precisão
2) a informação não é consumida com o em produtos e serviços de informa- etc. As decisões informacionais não de-
uso; somente o tempo, às vezes, toma ção; vem assim ser diferentes de outras deci-
a informação sem importância; sões empresariais, como, por exemplo, as
2) dos custos correntes da organização, decisões de investimentos ou de estrutu-
3) a informação não é uma constante, isto quanto deve se referir aos serviços de ração dos financiamentos.
é, geralmente ela não pode ser quantifi- informação e quanto a outras ativida-
cada; des; Repo7 justifica que podemos ao menos
3) os recursos atualmente orçados para identificar aqueles benefícios que não po-
4) a informação é uma abstração, ou seja, informação são adequados ou devem dem ser mensurados monetariamente e
ela é produzida, disseminada, acumu- ser alterados; afirma que as análises na prática têm es-
lada e usada para diferentes objetivos e tado perto da visão oferecida pela análise
fins. Esta característica causa muita 4) como são alocados os recursos entre de custo-benefício.
confusão, por exemplo, quando alguém os diferentes serviços de informação;
estima o valor da informação em função A economia da informação pode, portanto,
do que outro está disposto a pagar por 5) os investimentos em serviços de in- ser examinada sob a luz de quatro con-
ela; formação têm obtido sucesso ou eles ceitos básicos, oriundos da teoria da análi-
devem ser mudados; se de custo-benefício:
5) novas informações são produzidas ge-
ralmente com recursos públicos (espe- 6) que utilidade tem tido cada projeto de Custos - Eficácia - Eficiência — Valor
cialmente pesquisa básica), e esses serviços de informação;
custos normalmente não são imputados
para efeitos de definição do preço de 7) como são dados preços aos serviços
mercado; de informação;
4) não-familiaridade com o campo; os A economia da informação tem usado, 14. ROBERTS, Stephen A. Cost management for
economistas não conhecem os proble- com frequência, teorias e métodos de aná- library and information services.
lise económica, em particular análises de Cambrigde, England: Butterworth & Co.,
mas típicos da Ciência da Informação e
1985.
vice-versa; custo-benefício, como instrumento de ava-
liação. 15. MARTIN, Nilton Cano. Dos fundamentos da
5) maior ênfase é dada para a qualidade informação contábil de controle. São Pau-
"científica" do resultado da pesquisa Embora os resultados, muitas vezes, ain- lo: USP, 1987. (Tese de Doutorado).
em detrimento dos benefícios práticos da não sejam satisfatórios, o primeiro
16. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos.
do estudo; passo São Paulo: Atlas, 1987.
já foi dado com a crescente conscientiza-
6) os defeitos metodológicos são óbvios; ção dos especialistas da área da necessi- 17. BARRETO, Aldo de Albuquerque. O compor-
em grande parte devido às característi- dade de visualizar a informação como um tamento dos custos em serviços de infor-
bem económico e, a partir daí, tratá-la co- mação. Ciência da Informação, Brasília,
cas próprias da informação;
v. 13 n. 2, p. 129-135, jul/dez. 1984.
mo tal.
7) o campo é artificialmente restrito aos 18. SOUSA, Maria Cesarina V. de. Custos dos
serviços de informação de ciência e REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS serviços de informação para projetos de
tecnologia. pesquisa. Brasília-. Universidade de Brasí-
1. CUNHA, Isabel M. R. Ferin. Informação e in- lia, 1981. (Dissertação de Mestrado).
formações. Ciência da Informação. Brasí-
7
Repo afirma que todos os modelos meto- lia, v. 14, n. 1, p. 47-50, jan/jul. 1984. 19. TAYLOR, Robert S. Value added process in
dológicos típicos da ciência social - expe- the information life cycle. Syracuse, N Y:
rimental, estatístico, estudo de caso, com- 2. MARTYN, Jonh, FLOWERDEW, A. D. J. The Syracuse University, School of Information
economics of information. London, Studies, 1981.
parativo e estudos descritivos - são váli- England: The British Library Board, 1983.
dos para o estudo da economia da infor- 20. GRIFFITHS, José-Marie. The Value of
mação. Nas pesquisas realizadas todos 3. CLEVELAND, Harlan, Information as a Information and Related Systems, Products
os modelos citados têm sido usados, mas, resource. Futurics, v. 6, n. 3/4. p.1-6, and Services. Annual Review of
como definições exatas e generalizações 1982. Information Science and Technology
(ARIST), NY, v. 17, p. 269-283, 1982.
têm sido problemáticas, os melhores re- 4. HORTON, Forest W. Jr. Information
sultados têm sido alcançados pela análise resources management concept and 21. ABREU, Paulo Fernando Simas P. de, STE-
através de estudos de casos. cases. Cleveland, OH: Association for PHAN, Cristian. Análise de investimentos.
Systems Management 1979. Rio de Janeiro: Campus, 1982.
CONCLUSÃO
5. TAYLOR, Robert S. Value added process in 22. BARBOSA, Maria Dorothéa. Custos dos servi-
information systems. Norwood, NJ: Ablex ços bibliotecários. Curitiba: Universidade
Raramente uma informação é totalmente Publishing Corporation, 1986. Federal do Paraná, 1975. (Dissertação de
inútil. Mas frequentemente muita informa- Mestrado).
ção deixa de ser analisada ou transmitida, 6. CRONIN, Blaise. The Economics of
porque, no contexto geral, sua prioridade é information. Paper presented at 3rd 23. BIERMAN, Harold Jr., DREBIN, Allan R.
Victorian Association for Library Automation Contabilidade gerencial. Rio de Janeiro:
pequena. Logo, ela torna-se inútil.
(VALA) National Conference on Library Guanabara Dois, 1979.
Automation. 1985, November
Nenhuma informação é gratuita e toda in- 28-December 1º Melbourne, Austrália. 24. BIO, Sérgio Rodrigues. Sistemas de informa-
formação pode trazer benefícios. Essa re- VALA; 1985. 10p. ção: um enfoque gerencial. São Paulo:
lação entre gastos e benefícios deve ser Atlas, 1985.
7. REPO, Aatto J. Economics of information.
criteriosamente analisada. Annual Review of Information Science and
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Cranfield, England: Institute of Technology,
has been of mavor concern to those working in the
School of Management, 1978. (Ph.D.
field. Cost-benefit analysis has been the most used
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method, but it has not showed satisfactory results.
de 1991.
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presented and examined from the point of view of 11. WHITE, Herbert S. Cost benefit analysis &
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information systems are drawn. 12. LANCASTER, F. W. The Cost- Effectiveness Pedro Onofre Fernandes
analysis of Information Retrieval and Professor do Departamento de Ciências Adminis-
Key words Disseminations Systems. Journal of the trativas da Faculdade de Ciências Económicas da
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Economics of information; Information / v. 22, n.1, p. 12-27, 1971. professor do Curso de Mestrado em Bibliotecono-
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evaluation of library services. Arlington, VA:
Information Resources Press, 1977.