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Sandro Eduardo da Silveira Mendes (1); Mauricio Bianchini (2); Vanessa de Jesus Faria (3)
Rua Pres. Pádua Fleury, 654. CEP 81.630-240 - Vila Hauer – Curitiba/PR - vanessa.faria@engemix.com.br
Resumo
Este artigo trata da produção de concretos de alto desempenho - CAD - em laboratório, na faixa de 50 a 120
MPa, utilizando o método de dosagem Mehta-Aïtcin e sua aplicação em central dosadora de concreto em
Curitiba-PR. Para tanto, foram realizados estudos de dosagem, conforme o método utilizado, para
elaboração de uma família de concretos que atenda os diversos níveis de resistência possíveis utilizando os
materiais comumente empregados pela concreteira na produção de concretos convencionais. Os materiais
utilizados foram: cimento CP V-ARI RS, agregado miúdo obtido pela composição de areia natural fina e
areia artificial, agregado graúdo de Dmáx 12,5mm da região, adições de sílica ativa e aditivo
superplastificante de 3ª geração. Os concretos dosados em laboratório foram ensaiados à resistência à
compressão aos 7 e 28 dias e à tração por compressão diametral aos 28 dias. Após a obtenção das curvas
de dosagem, a produção destes concretos foi realizada na central dosadora e seu comportamento foi
analisado. Por fim, foram realizados ajustes necessários nos concretos dosados em laboratório para
atenderem aos requisitos de produção de concretos em centrais. As variações obtidas foram analisadas e
comparadas, visando o estabelecimento de correlações entre a dosagem do laboratório e a da central
dosadora de concreto.
Palavra-Chave: CAD, Curitiba, Concreto de Alto Desempenho
Abstract
This article deals with the production of high performance concrete - HPC - in laboratory, with compressive
strength of 50 the 120 MPa, using the Mehta-Aitcin method of mix design its application in a concrete plant in
Curitiba-PR. For this purpose, experimental studies had being carried through, as described in the mix-
proportioning method, for elaboration of a family of concrete that achieves the highest levels of resistance,
with commonly materials used by the concrete plant in the production of ordinary concrete. The materials
were: cement CP V-ARI RS, fine aggregate obtained by the composition of fine natural sand and artificial
sand, coarse aggregate of 12,5mm from the region, silica fume and a 3rd generation superplasticizer
admixture. The concrete produced in laboratory was tested to the compressive strength at 3, 7 and 28 days
and splitting tensile strength at 28 days. After the attainment of the dosage curves, the production of these
concretes were carried through in ready mix plant and its behavior was analyzed. Finally, necessary
adjustments in these concretes produced in laboratory were carried through to achieve the requirements of
production of concrete in ready mix plant. The observed variations were analyzed and compared, aiming at
the establishment of correlations between the mix-proportioning of the laboratory and of the concrete plant.
Keywords: HPC, Curitiba, High Performance Concrete
Desde os anos 50, muitas obras foram realizadas com concretos de alta resistência, no
entanto nesta época ainda não havia significativa preocupação com a durabilidade das
estruturas construídas com esse material. O CAD começou a ser estudado há cerca de 40
anos, porém somente há vinte anos que a utilização dessa tecnologia foi viabilizada
técnica e economicamente para uso em algumas obras.
Ainda hoje a aplicação dos concretos de alto desempenho, precisa ultrapassar vários
obstáculos para a transição teoria-prática devido a suas características diferenciadas e o
desconhecimento do comportamento em longo prazo do material, entre outros (ISAIA,
2005).
No Brasil, já é comum o uso de CAD em pilares de edifícios altos (E-Tower, SP; Edifício
Banco de Tóquio, BA), pontes e obras de arte especiais, peças pré-moldadas, pisos e
pavimentos (pavimento da Ponte Rio-Niterói, RJ) e recuperações estruturais, entre outros.
A maior vantagem do uso do CAD é a capacidade de carga por unidade. Devido a essa
propriedade esse concreto é comumente usado em pilares de edifícios altos, no qual se
consegue reduzir áreas e volumes das peças dos andares mais baixos (onde geralmente
o carregamento é maior, exigindo grandes seções), isto proporciona ampliação da área
útil, reaproveitamento e rápida reutilização de fôrmas, menor taxa de armaduras
(reduzindo custos), além do aumento da velocidade da construção em altura oriunda da
desforma rápida, proveniente do ganho rápido de resistência, podendo antecipar o
carregamento das peças em menores idades.
3 Materiais e Métodos
3.1.1 – Agregados
A brita utilizada é de origem granítica com massa específica de 2,83kg/dm³ e
Dmáx 12,5mm.
Foi utilizada a combinação de areia natural fina e areia artificial proveniente da britagem
de calcário com massas específicas de 2,62 kg/dm³ e 2,74 kg/dm³, respectivamente. A
granulometria dos agregados é demonstrada nas Figuras 1, 2 e 3:
120,0 120,0
100,0 100,0
80,0 80,0
60,0 60,0
40,0 40,0
20,0 20,0
0,0 0,0
5
o
5
o
15
9,
6,
4,
2,
1,
0,
0,
0,
0,
nd
9,
6,
4,
2,
1,
0,
0,
nd
07
0,
Fu
Fu
0,
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
o
5
3
19
5
,5
15
nd
9,
4,
0,
0,
6,
2,
1,
07
12
0,
Fu
0,
Figura 3 – Granulometria Brita 0
Características Resultado
Superfície específica 20.000 m²/kg
Massa específica 2,22 g/cm³
Formato da partícula Esférica
Diâmetro médio 0,2 μm
Teor de SiO2 Mín. 85%
Equivalente alcalino em Na2O Max. 0,5%
3.1.3 - Aditivos
Com base nos estudos, foi elaborada uma família de traços, através do Método Mehta-
Aïtcin, com resistências estimadas de 50 a 120MPa, sendo que o teor de aditivo foi
determinado experimentalmente com a finalidade de atingir o abatimento que devido ao
desempenho do mesmo e de acordo com as dosagens preliminares foi estipulado em
200±30mm. Após a 1ª etapa do trabalho foram testadas modificações nos traços até obter
concretos no estado fresco que atendesse às condições necessárias para a produção dos
mesmos em centrais dosadoras de concreto. Para os concretos produzidos no laboratório,
foi realizada a “imprimação” da betoneira e os materiais foram colocados na seguinte
ordem, sendo o total da água dividido em 3 partes: agregado graúdo, 1/3 da água, sílica
ativa, 1/3 de água, areias e cimento, sendo que para cada material foi fixado um intervalo
ANAIS DO 49º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2007 – 49CBC0260 5
para mistura de ± 2 minutos, e após a mistura de todos os materiais foi acrescentado o
aditivo diluído no último 1/3 de água do traço, separada previamente. Com este
procedimento, as misturas apresentaram aspecto homogêneo e consistência adequada,
conforme Figuras 4 e 5. Os níveis de resistências dos traços juntamente com os
abatimentos obtidos estão detalhados na Tabela 2.
Resistência
Classe de Relação Slump
Média Prevista
Resistência Água/Aglom (mm)
(MPa)
A1 50 0,45 210
A 65 0,37 210
B 75 0,31 210
C 90 0,26 200
D 105 0,23 230
E 120 0,19 190
140
120 -2,7596x
y = 218,25e
2
100 R = 0,9932
fcj (MPa)
80
60 -2,9822x
y = 165,38e
2
40 R = 0,9951
20
0
0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50
a/aglom
45,76
7 dias 40,63 42,7 2,7 6,4
41,63
A1 0,45
62,28
28 dias 59,32 62,0 2,6 4,2
64,51
51,70
7 dias 53,50 54,5 3,3 6,1
58,18
A 0,37
76,86
28 dias 79,23 78,4 1,3 1,7
79,03
65,28
7 dias 63,42 67,6 5,7 8,4
B 0,31 74,07
95,77
28 dias 94,94 95,4 0,4 0,4
95,45
78,05
7 dias 70,26 76,4 5,5 7,1
C 0,26 80,77
111,31
28 dias 103,73 108,8 4,3 4,0
111,21
82,73
7 dias 81,80 84,4 3,7 4,4
D 0,23 88,62
113,93
28 dias 113,03 115,7 3,8 3,3
120,08
86,56
7 dias 97,05 91,3 5,3 5,8
E 0,19 90,14
119,98
28 dias 130,28 125,4 5,2 4,1
125,89
9,0
8,5
8,0
7,5
-1,7012x
y = 10,921e
fctj (MPa)
7,0 2
R = 0,9013
6,5
6,0
5,5
5,0
4,5
4,0
0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50
a/aglom
As centrais dosadoras de concreto buscam sempre a ordem de adição dos materiais que
proporcione o menor tempo de carga e melhor mistura do concreto dentro das
características de seus equipamentos e materiais. Torna-se inviável uma central dosadora
de concreto efetuar o carregamento da mesma maneira que se procede em laboratório.
Na central onde foi efetuado o carregamento dos caminhões, com um dos concretos
estudados no presente trabalho, a balança de agregados é do tipo P5 (cinco balanças de
agregados). A contar a partir da correia transportadora inclinada os agregados são
dispostos na balança na seguinte ordem: brita 0 – areia artificial – areia natural – brita 1 e
brita 2. O carregamento dos materiais é efetuado da seguinte maneira: inicia-se com o
carregamento com cerca de 70% da água, durante a adição de água inicia-se o
carregamento dos agregados, os quais são todos adicionados simultaneamente, quando
foi carregado cerca de 50% dos agregados já foi concluído o carregamento dos 70%
iniciais de água, então se inicia a adição do cimento, concluída a adição do cimento
completa-se a carga com os 30% restantes da água e o aditivo polifuncional, quando este
é empregado. Esta ordem de carregamento e posição dos agregados na balança foi
estudada e escolhida dentre inúmeras possibilidades como a que apresentou o melhor
desempenho.
A sílica ativa é adicionada juntamente com os agregados, através da correia
transportadora, devido à pequena quantidade de concretos produzidos com este material.
Figura 7 – (a) Dosagem em caminhão betoneira; (b) homogeneidade da mistura após aditivo
Figura 9 – (a) Coesão e trabalhabilidade do concreto; (b) bloco concretado com superfície acabada