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UNMISS

Este texto visa fazer uma breve apresentação e analise da missão de paz
da ONU, UNMISS, realizada na República do Sudão do Sul. Aborda-se primeiro
qual órgão pode instaurar essas operações, e número de operações em
andamento. Em seguida, situa-se as condições que levaram a instauração da
missão no Sudão do Sul e, por fim, apresenta os recursos investidos e se tiveram
algum resultado.

As missões de paz da ONU consistem em uma operação de auxílio na


manutenção da paz em determinados países em situações de risco. Está
manutenção pode se dar pela transição de um período de guerra para uma
pacificação do país ou em uma ajuda humanitária no país devido a uma grande
catástrofe na região. Essas operações são instituídas pelo Conselho de
Segurança da ONU, a Carta da ONU prevê esta legitimidade nos capítulos da:
VI, Solução Pacífica de Controvérsias; VII, Ação Relativas a Ameaças à Paz,
Ruptura da Paz e Atos de Agressão; e VIII – Acordos Regionais. Os dois
primeiros capítulos apresentam os poderes do Conselho de Segurança quanto
a tomada de decisões das Nações Unidas frente a situações de guerra ou
violação de direitos humanos, o terceiro trata da possibilidade de acordos
regionais para ação entidades nas operações de paz, desde que sigam os
mesmos valores propagados pelas Nações Unidas. Deve-se esclarecer que o
conselho primeiro visará resolver a situação de modo pacífico. Contudo, caso
não seja possível solucionar o problema com as medidas cabíveis, poderá utilizar
do uso de forças militares.

Atualmente existe quinze operações em andamento nos países: UNISFA


(Abyei); MINUSCA (República Central Africana); UNAMID (Darfur); MONUSCO
(República Democrática do Congo); MINUSMA (Mali); UNSOS (Somália);
UNMISS (Sudão do Sul); MINURSO (Oeste do Sahara); MINUJUSTH (Haiti);
UNMOGIP (Índia e Paquistão); UNFICYP (Chipre); UNMIK (Kosovo); UNDOF
(Golan); UNIFIL (Líbano); UNTSO (Oriente Médio). Este breve texto visa analisar
somente a operação UNMISS, operação de paz realizada no Sudão do Sul.

Antes de entra nos dados da operação no Sudão do Sul, deve-se analisar


a história recente do país para compreender os motivos da instituição dessa
operação. A parte sul do Sudão conquistou sua independência em 9 de julho de
2011, sendo o país mais novo do mundo. Devido a conflitos étnicos, causados
pela diferença entre as populações do norte – maioria árabe e mulçumana – e
da sul – diversidade de etnias e cultos, tendo tanto cristianismo quanto animismo
– as duas regiões nunca formaram uma união nacional, existindo conflitos entre
os dois lados. Após o referendo de independência, o qual estava previsto no
acordo de paz em 2005 que encerrou a guerra-civil no Sudão em janeiro de 2011,
98,83% da população do sul votou a favor da separação.1

Contudo devido à falta de condições financeiras e infraestruturas, além de


conflitos étnicos, em 2013 o país mais recente do mundo mergulhou em uma
guerra-civil. O país se dividiu em duas facções, do presidente Salva Kiir e de seu
ex-vice Riek Machar. O confronto início após a destituição de Machar por Kiir,
sob acusações de golpe de Estado, contudo os motivos por traz desse confronto
são étnicos, Kiir pertence a etnia dinka enquanto Machar a nuer.

A agência de refugiados da ONU, ACNUR, estima um valor de 2,465


milhões de refugiados até o momento, uma das maiores crises humanitárias do
continente africano.2 A Unicef apresentou dados alarmantes das condições de
crianças, passando por inúmeras dificuldades e convivendo com atrocidades
constantemente.3

O Conselho de Segurança da ONU instaurou a missão de paz em 27 de


maio de 2014, pela resolução de 2155, com sede em Juba, capital do país.4
Neste documento, apresenta os casos de violência ocorridos no país que
preocupam as Nações Unidas, reforçam o respeito e segurança a direitos das
mulheres e crianças. Ainda apresenta medidas que podem ser tomadas pelas
forças armadas como proteção dos civis e respeito a direitos humanitários,
tentativa de criação de um espaço de diálogo entre as forças do conflito, além

1
Informações retiradas de: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/sudao-do-sul-como-o-pais-mais-
novo-do-mundo-mergulhou-num-caos-de-guerra-e-fome.ghtml>
2
Dados retirados de:
<https://data2.unhcr.org/en/situations/southsudan#_ga=2.182449127.1518365127.1536533949-
790050237.1536533949>
3
Informações retiradas de: <https://nacoesunidas.org/unicef-alerta-para-jornadas-de-horror-e-
privacoes-de-criancas-no-sudao-do-sul/>
4
Documento pode ser acessado em:
<http://www.un.org/en/ga/search/view_doc.asp?symbol=S/RES/2155(2014)>
do monitoramento da situação do país. Interessante perceber que há outras
resoluções do Conselho de Segurança que monitoram os conflitos e dificuldades
na região, como a 2117 de 26 de setembro de 2013, que trata dos medos do
tráfico de armas leves que escalonaram o conflito no Sudão do Sul.5 Crítica que
pode ser feita a ONU, a entidade internacional percebe e reconhece os
problemas, mas não há uma tomada de atitude eficaz para resolução dos
conflitos, somente incentivos mas sem uma resultado efetivo.

Tratando-se do financiamento da missão de paz. O site do ONU apresenta


que os recursos destinados a todas as operações em 2015-2016 são de $8.3
bilhões. A operação UNMISS recebeu ao todo $ 1.14 bilhão de dólares, mais
1,03 bilhão para manutenção da operação, 44.74 milhões para suporte das
operações da missão de paz e 9.01 milhões para logística da operação com base
em Brindisi, Itália.6

Contudo, houve um corte de $ 600 milhões de dólares pelos EUA em 2017


nas doações para operações de paz, assim as operações tiveram suas receitas
diminuídas nos anos recentes. 7 UNMISS teve em 2017 um investimento de
1.071 bilhão de dólares, segundo o documento que apresenta as contas da
operação.8 Entretanto, os custos para esta operação foram aumentos para 2019,
contando com um adicional de 53 milhões, ao todo tendo 1,124 bilhão.9 Contudo,
não se sabe afirmar se os valores são suficientes para realização das operações,
como se detalhara posteriormente, a região ainda se encontra sob fortes
dificuldades.

O número de pessoas enviadas a zona de conflito até a data de julho de


2018 são ao todo 18.802 pessoas, 7.000 compõe forças militares e 900
contingentes policial. No site da ONU também apresentam as nações que
enviaram estas forças de ajuda para a operação: Ruanda; Índia; Etiópia; Nepal;
Bangladesh; estão nos cinco maiores contribuintes para missão. 10

5
Documento pode ser acessado em: <http://undocs.org/S/RES/2117(2013)>
6
Informações retiradas de: <https://www.un.org/press/en/2015/ga11657.doc.htm>
7
Informações retiradas de: <https://af.reuters.com/article/africaTech/idAFKBN19K0QS-OZATP>
8
Documento pode ser acessado em: <http://undocs.org/en/A/C.5/71/24>
9
Documento pode ser acessado em: <http://undocs.org/en/A/C.5/72/25>
10
Informações retiradas de: <https://peacekeeping.un.org/en/mission/unmiss>
Contudo, apesar dos recursos e pessoas enviadas, UNMISS ainda não
teve resultados muito positivos. Desde da separação, o país se encontra em uma
crise continua, passados sete anos ainda não há previsão para termino de
hostilidades e reconstrução da nação, além da guerra ter escalonado a situações
críticas. Yasmin Sooka, secretária de direitos humanos da ONU, realizou uma
visita de 10 dias em dezembro de 2016, afirmou que o país caminha para uma
limpeza étnica, semelhante ao ocorrido em Ruanda. A fome, estupros em massa,
além da própria violência do conflito, tem levado a inúmeras atrocidades tanto
das milícias que participam no confronto quando do exército do país. 11
Houveram tentativas de comunicação entre os líderes Kiir e Machar em 2015,
entretanto, após expulsão de Machar em julho de 2016, as hostilidades
retornaram.

Conclui-se apontando, que embora a missão de paz não tenha resultado


em pacificação da região, está ainda contribui para proteção de cidadãos e
auxilio de vítimas. Assim, os recursos direcionados a esta operação não podem
ser diminuídos, mas deve ser analisado como auxiliaram na contenção da
violência e dificuldades enfrentadas no país.

11
Toda a fala da secretária da ONU, Yasmin Sooka pode ser lida em:
<https://www.ohchr.org/EN/NewsEvents/Pages/DisplayNews.aspx?NewsID=21028&LangID=E>

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