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Brasília, 15 a 19 de junho de 1998 - Nº 115

Data (páginas internas): 24 de junho de


1998.

Este Informativo, elaborado a partir de


notas tomadas nas sessões de julgamento das
Turmas e do Plenário, contém resumos não-
oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A
fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo
das decisões, embora seja uma das metas
perseguidas neste trabalho, somente poderá
ser aferida após a sua publicação no Diário da
Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS

ADIn: Perda de Objeto


Advogado Dativo e Defensor Público
Cabimento de ADIn: Lei Distrital
Competência Originária do STF
Criação de Regiões Metropolitanas
Depositário Infiel: Bem Imóvel
Dupla Competência Normativa do DF
Efeito Confiscatório de Tributo
Embargos de Divergência: Cabimento
Escuta Telefônica
Habeas Corpus: Juizado Especial Criminal
Juizado Especial: Intimação pela Imprensa
Multa Fiscal: Natureza Administrativa
Mercosul: Protocolo de Medidas Cautelares
Prescrição Qüinqüenal - 1
Prescrição Qüinqüenal - 2
Princípio da Insignificância

Princípio do Contraditório e Preliminares


Sursis e Crime de Desacato a Superior
Vício de Iniciativa

PLENÁRIO

Habeas Corpus: Juizado Especial Criminal


Compete originariamente ao STF julgar
habeas corpus contra decisão emanada de Turma
Recursal de Juizados Especiais Criminais. Precedentes
citados: HC 71.713-PB (julgado 26.10.94, acórdão
pendente de publicação); HC 75.308-MT (julgado em
18.12.97, acórdão pendente de publicação). HC
76.915-RS, rel. Min. Marco Aurélio, 17.6.98.

Juizado Especial: Intimação pela Imprensa


Julgando o mérito do habeas corpus acima
mencionado, o Tribunal indeferiu o pedido por
entender que o julgamento do recurso pela Turma
Recursal dos Juizados Especiais prescinde da
intimação pessoal das partes, inclusive do
representante do Ministério Público e dos defensores
públicos, nos termos art. 82, § 4º, da Lei 9.099/95
("As partes serão intimadas da data da sessão de
julgamento pela imprensa."). Considerou-se que o art.
370, § 4º, do CPP (com a redação dada pela Lei
9.271/96), que determina a intimação pessoal do
Ministério Público e do defensor nomeado, não
revogou a Lei dos Juizados Especiais à vista do
princípio da especialidade. HC 76.915-RS, rel. Min.
Marco Aurélio, 17.6.98.

Cabimento de ADIn: Lei Distrital


Os atos normativos editados pelo Distrito
Federal no exercício de competência legislativa
reservada aos Municípios (CF, art. 32, § 1º) não se
sujeitam ao controle abstrato de constitucionalidade
pelo STF (CF, art. 102, I, a ). Com base nesse
fundamento, o Tribunal não conheceu de ação direta
ajuizada pelo Governador do Distrito Federal contra a
Lei distrital 1.909/98, que cancela as multas por
excesso de velocidade emitidas pelo DETRAN e pelo
DER/DF com a utilização de barreiras eletrônicas em
vias cuja velocidade máxima tenha sido alterada após a
instalação dos equipamentos, ou que tenham limites de
velocidade variáveis em trechos distintos. ADIn 1.812-
DF, rel. Min. Ilmar Galvão, 17.6.98.

Mercosul: Protocolo de Medidas Cautelares


O Tribunal, por unanimidade, confirmando
despacho do Min. Celso de Mello, Presidente, negou
exequatur a carta rogatória expedida pela Justiça da
República da Argentina mediante a qual se pretendia,
com fundamento no Protocolo de Medidas Cautelares
adotado pelo MERCOSUL, o seqüestro de
mercadorias a bordo de navio atracado em Belém-PA,
bem como o arresto do próprio navio. Ponderou-se que
o referido Protocolo, apesar de ratificado, não está
integrado ao direito interno brasileiro porquanto ainda
não foi promulgado pelo Presidente da República
mediante decreto. Leia em "Transcrições" do
Informativo 109 a íntegra do despacho do Min. Celso
de Mello, Presidente. Carta Rogatória (AgRg) 8.279-
República Argentina, 17.6.98.

Efeito Confiscatório de Tributo


O Tribunal deferiu, com eficácia ex nunc,
medida cautelar em ação direta ajuizada pela
Confederação Nacional do Comércio - CNC, para
suspender, até decisão final da ação, a execução e
aplicabilidade do art. 3º, § único, da Lei 8.846/94, que
prevê, na hipótese de o contribuinte não haver emitido
a nota fiscal relativa a venda de mercadorias,
prestação de serviços ou operações de alienação de
bens móveis, a aplicação de multa pecuniária de 300%
sobre o valor do bem objeto da operação ou do serviço
prestado. Considerou-se juridicamente relevante a tese
de ofensa ao art. 150, IV, da CF ("Art. 150. Sem
prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios: ... IV – utilizar
tributo com efeito de confisco;”). ADInMC 1.075-DF,
rel. Min. Celso de Mello, 17.6.98.

Competência Originária do STF


A competência originária do STF para o
julgamento das causas em que mais da metade dos
membros do tribunal de origem estejam impedidos
(CF, art. 102, I, n) pressupõe que este impedimento
haja sido efetivamente declarado. Com esse
fundamento, o Tribunal julgou improcedente ação de
reclamação em que se alegava o impedimento da
maioria dos membros do Tribunal de Justiça do Estado
do Amazonas para julgar ação popular — proposta
com o fim de anular o concurso público para
provimento de cargos de juiz substituto de carreira —,
pela ausência de manifestação formal da referida Corte
quanto ao seu estado de impedimento. Precedentes
citados: MS (AgRg) 21.832-ES (DJU de 29.4.94); MS
(AgRg) 21.193-DF (RTJ 146/114); MS (AgRg)
21.338-MS (RTJ 137/675). Reclamação 742-AM, rel.
Min. Carlos Velloso, 17.6.98.

Dupla Competência Normativa do DF


Os atos normativos editados pelo Distrito
Federal no exercício de competência legislativa
reservada aos Municípios (CF, art. 32, § 1º) não se
sujeitam ao controle abstrato de constitucionalidade
pelo STF (CF, art. 102, I, a). Com base nesse
fundamento, o Tribunal não conheceu da ação direta
ajuizada pelo Governador do Distrito Federal contra a
Lei Complementar distrital nº 26/97 — que prevê a
dedução de até 3% no valor do ISS, IPTU e IPVA
devido por pessoas físicas e jurídicas, que patrocinem
ou façam doações a atletas ou a instituições de caráter
desportivo, em favor de fundo criado para a promoção
do esporte ou de programa de incentivo às atividades
desportivas no Distrito Federal —, relativamente aos
impostos municipais (ISS e IPTU). Prosseguindo no
julgamento, o Tribunal conheceu da ação
referentemente ao IPVA por se tratar de imposto de
competência legislativa estadual, e referendou
despacho do Min. Nelson Jobim, relator, que
concedera a suspensão cautelar da referida Lei
Complementar por aparente afronta ao art. 167, IV, da
CF, que proíbe a vinculação de receita de impostos a
órgão, fundo ou despesa. Precedentes citados: ADIn
611-DF (RTJ 145/491); ADIn 911-DF (DJU de
12.8.93) e ADIn 1.375-DF (DJU de 23.2.96).
ADInMC 1.750-DF, rel. Min. Nelson Jobim, 18.6.98.

ADIn: Perda de Objeto


A ação direta de inconstitucionalidade por
omissão fica prejudicada, por perda de objeto, quando
revogada a norma que necessite de regulamentação
para sua efetividade. Com base nesse entendimento, o
Tribunal, resolvendo questão de ordem, julgou
prejudicada ação direta ajuizada pelo Procurador-Geral
da República em que se pretendia declarar a
inconstitucionalidade por omissão do Governador do
Estado de São Paulo na adoção de medida necessária
para dar efetividade ao art. 241 da CF, no seu texto
originário (“Aos delegados de polícia de carreira
aplica-se o princípio do art. 39, § 1º, correspondente
às carreiras disciplinadas no art. 135 da
Constituição.”), uma vez que a EC 19/98 deu nova
redação ao referido art. 241 da CF, dispondo sobre
matéria diversa (“A União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei
os consórcios públicos e os convênios de cooperação
entre os entes federados, autorizando a gestão
associada de serviços públicos, bem como a
transferência total ou parcial de encargos, serviços,
pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços
prestados.”). ADIn 1.836-SP, rel. Min. Moreira Alves,
18.6.98.

Prescrição Qüinqüenal - 1
O Tribunal, reconhecendo a prescrição do
direito do Estado de Mato Grosso, julgou extinta ação
cível originária proposta em 1996 por este Estado
contra a União Federal, na qual se alegava o
descumprimento do disposto no art. 38, da LC 31/77,
que estabeleceu apoio financeiro aos Estados do Mato
Grosso e do Mato Grosso do Sul pelo período de dez
anos mediante criação de programas especiais.
Considerou-se iniciado o prazo prescricional de cinco
anos em favor da União Federal (Decreto 20.910/32,
art. 1º) a partir de 10.5.89, isto é, dos dez anos
contados do Decreto 83.436, de 10.5.79, que deu
efetividade à LC 31/77 instituindo o Programa
Especial de Desenvolvimento do Estado do Mato
Grosso - PROMAT, para se concluir pela ocorrência da
prescrição em 10.5.94. ACO 493-MT, rel. Min. Carlos
Velloso, 18.6.98.

Prescrição Qüinqüenal - 2
Ainda no julgamento acima referido, o
Tribunal afastou a aplicação do art. 4º do Decreto
20.910/32 (“Não corre a prescrição durante a demora
que, no estudo, no reconhecimento ou no pagamento
da dívida, considerada líquida, tiverem as repartições
ou funcionários encarregados de estudar e apurá-
la.”), uma vez que não ocorreu demora na apuração da
dívida, mas sim o não reconhecimento desta.
Considerou-se também que, mesmo havendo a
interrupção da prescrição em 22.03.91, data em que
houve reclamação por parte do governo estadual para o
pagamento da dívida, a ação ainda estaria prescrita em
10.5.94, nos termos da Súmula 383 do STF (“A
prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a
correr, por dois anos e meio, a partir do ato
interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco
anos, embora o titular do direito a interrompa durante
a primeira metade do prazo”). ACO 493-MT, rel. Min.
Carlos Velloso, 18.6.98.

Embargos de Divergência: Cabimento


O Tribunal não conheceu de embargos de
divergência opostos contra decisão de Turma que
negara provimento a recurso extraordinário em favor
de militar expulso disciplinarmente, em que se
pretendia o reconhecimento do direito à anistia nos
termos do art. 4º, da EC nº 26/85 (“É concedida a
anistia a todos os servidores públicos civis da
Administração direta e indireta e militares, punidos
por atos de exceção, institucionais ou
complementares.”). Considerou-se não ter havido o
dissídio de teses jurídicas entre as Turmas, uma vez
que o acórdão apontado como divergente tratara de
militar licenciado por ato de exceção, e não de militar
expulso disciplinarmente. RE 120.206-DF(EDv), rel.
Min. Néri da Silveira, 18.6.98.
Vício de Iniciativa
Por aparente ofensa à iniciativa privativa do
Chefe do Poder Executivo para as leis que disponham
sobre regime jurídico e aposentadoria de servidor
público (CF, art. 61, § 1º, II, c), o Tribunal deferiu
liminar em ação direta de inconstitucionalidade
ajuizada pelo Governador do Estado do Rio Grande do
Norte para suspender a eficácia do § 1º, do art. 29, da
Constituição do referido Estado [“O servidor público
aposenta-se com proventos correspondentes à
remuneração do cargo da classe imediatamente
superior ou, quando ocupante de cargo da última
classe da respectiva carreira ou de cargo isolado, com
acréscimo de vinte por cento (20%).”]. ADInMC
1.730-RN, rel. Min. Moreira Alves, 18.6.98.

Criação de Regiões Metropolitanas


Deferida medida cautelar em ação direta
ajuizada pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro
para suspender a eficácia do parágrafo único do art.
357 da Constituição do referido Estado, que exigia
prévia aprovação da câmara municipal para a
participação de município em uma região
metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião. À
primeira vista, considerou-se violado o art. 25, § 3º, da
CF ("Os Estados poderão, mediante lei complementar,
instituir regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar
a organização, o planejamento e a execução de
funções públicas de interesse comum."). Precedente
citado: ADIn 796-ES (RTJ 145/778). ADInMC 1.841-
RJ, rel. Min. Marco Aurélio, 18.6.98.

PRIMEIRA TURMA

Advogado Dativo e Defensor Público


O art. 5º, § 5º da Lei 1.060/50, com a
redação dada pela Lei 7.871/89 ("Nos Estados onde a
Assistência Judiciária seja organizada e por eles
mantida, o defensor público, ou quem exerça cargo
equivalente, será intimado pessoalmente de todos os
atos do processo, em ambas as instâncias, contando-
se-lhes em dobro todos os prazos.") é prerrogativa
exclusiva da defensoria pública oficial, não podendo
ser estendido a outras entidades de assistência jurídica
gratuita. Com esse entendimento, a Turma, por
maioria, indeferiu habeas corpus em que se pretendia
a aplicação da referida norma relativamente aos
advogados do Departamento Jurídico XI de Agosto da
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo,
com a conseqüente nulidade do trânsito em julgado do
acórdão condenatório do paciente pela falta de
intimação pessoal da defesa. Vencido o Min. Ilmar
Galvão, relator, que deferia a ordem por entender que a
mencionada entidade, conveniada com a Procuradoria
de Assistência Judiciária do Estado de São Paulo,
enquadra-se na expressão "cargo equivalente" contida
no mencionado dispositivo. HC 75.707-SP, rel.
originário Min. Ilmar Galvão, red. p/ acórdão Min.
Octavio Gallotti, 16.6.98.

Sursis e Crime de Desacato a Superior


O art. 617, II, a, do CPPM, que veda a
suspensão condicional da pena na hipótese "de crime
de desrespeito a superior e desacato", não exige o
concurso entre tais os crimes, sendo suficiente a
condenação em apenas um deles para afastar o referido
benefício. Com esse entendimento, a Turma indeferiu
habeas corpus em que se pretendia a concessão de
sursis ao paciente, condenado a pena inferior a 2 anos
pelo crime de desacato a superior (CPM, art. 298). HC
77.277-MG, rel. Min. Moreira Alves, 16.6.98.

Multa Fiscal: Natureza Administrativa


Entendendo que a Súmula 565 do STF foi
recepcionada pela CF/88 ("A multa fiscal moratória
constitui pena administrativa, não se incluindo no
crédito habilitado em falência."), a Turma negou
provimento a agravo regimental interposto pelo Estado
do Rio Grande do Sul em que se pretendia a não
incidência desta Súmula quanto aos créditos tributários
de competência estadual, cobrados via executivo fiscal
contra a massa falida. Afastou-se a alegada ofensa aos
artigos 150, § 6º ("Qualquer subsídio ou isenção,
redução de base de cálculo, concessão de crédito
presumido, anistia ou remissão relativos a impostos,
taxas ou contribuições só poderá ser concedido
mediante lei específica, federal, estadual ou
municipal, que regule exclusivamente as matérias
acima enumeradas ou o correspondente tributo ou
contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, §
2.º, XII, g."), e 151, III (" Art. 151. É vedado à União:
... III – instituir isenções de tributos da competência
dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios."),
ambos da CF. Precedentes citados: AG (AgRg)
197.625-RS (DJU de 17.10.97); RE (AgRg) 212.839-
RS (DJU de 14.11.97). AG (AgRg) 212.963-RS, rel.
Min. Octavio Gallotti, 16.6.98.

SEGUNDA TURMA

Escuta Telefônica
A existência nos autos de prova obtida
ilicitamente (escuta telefônica autorizada por juiz antes
do advento da Lei 9.296/96) não basta à invalidação do
processo, se há outras provas consideradas autônomas,
isto é, colhidas sem necessidade dos elementos
informativos revelados pela prova ilícita. Precedente
citado: RHC 72.463-SP (DJU de 29.9.95). HC 76.231-
RJ, rel. Min. Nelson Jobim, 16.6.98.

Princípio da Insignificância
Por falta de justa causa, a Turma deferiu
habeas corpus para trancar ação penal proposta contra
ex-prefeita que fora denunciada pela prática de crime
de responsabilidade (DL 201/67, art. 1º, XIII) por ter
contratado, de forma isolada e por curto período, uma
pessoa para a atividade de “gari”, sem a devida
observância da exigência do concurso para
provimentos de cargo público. Com base nos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade,
entendeu-se configurada a insignificância jurídica do
ato tido como criminoso. HC 77.003-PE, rel. Min.
Marco Aurélio, 16.6.98.
Princípio do Contraditório e Preliminares
Não ofende o princípio do contraditório a
abertura de nova vista ao Ministério Público para se
manifestar sobre questão preliminar argüida nas
alegações finais da defesa. Hipótese em que se aplica
ao processo penal, por analogia, o art. 327 do CPC
[“Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas
no art. 301 (questões preliminares), o juiz mandará
ouvir o autor no prazo de 10 (dez) dias, permitindo-
lhe a produção de prova documental...”]. Com base
nesse entendimento e considerando não ter ocorrido
prejuízo para a defesa, a Turma indeferiu habeas
corpus em que se pretendia a nulidade do processo,
vencido o Ministro Marco Aurélio, que deferia o writ
sob o fundamento de que a inversão da ordem
processual com a nova abertura de vista ocasionara
prejuízo à defesa. HC 76.420-SP, rel. Min. Maurício
Corrêa, 16.6.98.

Depositário Infiel: Bem Imóvel


É legítima a prisão civil do depositário infiel
quando o objeto do depósito é bem imóvel. Com esse
entendimento, a Turma, por maioria, indeferiu habeas
corpus em que se pretendia afastar a prisão civil de
depositário judicial que alienara bem imóvel que se
encontrava sob sua guarda. Vencido o Min. Marco
Aurélio, relator, que deferia a ordem por entender que
o contrato de depósito pressupõe a existência de bem
de natureza móvel, nos termos do art. 1.265, do
Código Civil (“Pelo contrato de depósito recebe o
depositário um objeto móvel, para guardar, até que o
depositante o reclame.”). HC 76.286-SC, rel.
originário Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min.
Nelson Jobim, 16.6.98.

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 17.06.98 18.06.98 21


1ª Turma 16.06.98 -------- 173
2ª Turma 16.06.98 -------- 36

CLIPPING DO DJ
19 de junho de 1998

ADIn. 638-RJ (QO)


RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Questão de
ordem sobre a legitimidade ativa da requerente.
- O Plenário desta Corte, em julgados recentíssimos (assim, a
título exemplificativo, nas ADINs 23, 1138 e 1159), firmou o
entendimento de que a requerente não é entidade de classe
por se tratar de associação de associações, não tendo,
portanto, legitimidade para propor ação direta de
inconstitucionalidade.
Ação direta de inconstitucionalidade de que não se conhece
por falta de legitimidade da requerente para propô-la.

ADIn. 1.804-RS
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. LEGITIMIDADE PARA
AGIR DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA
DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS - ABIMAQ. CF,
ART. 103, IX.
A heterogeneidade de composição dessa associação,
integrada tanto por entes civis de natureza empresarial,
quanto por pessoas jurídicas de direito público, associações,
sindicatos, entidades diversas e instituições de ensino e
pesquisa, vinculadas ao setor de máquinas e equipamentos, a
desqualifica como entidade de classe, por se tratar de
associação de associações.
Caracterizando-se como de natureza híbrida, à luz da
jurisprudência, falta-lhe a necessária legitimidade ad
causam.
Não-conhecimento da ação.
* noticiado no Informativo 107

HC N. 75.889-5
RED. P/ O ACORDÃO: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: "HABEAS CORPUS". USO DE TÓXICO (art.
16 da Lei nº 6.368/76). DOSIMETRIA DA PENA.
INOBSERVÂNCIA DO CRITÉRIO TRIFÁSICO. PENA-
BASE E AGRAVANTE. DESPROPORCIONALIDADE.
1. A teor do art. 61, inciso I, do Código Penal, a reincidência
consubstancia circunstância legal agravante, não podendo
ser considerada como critério para a fixação da pena-base.
2. Ofende o princípio da proporcionalidade entre a agravante
e a pena aplicada, bem assim o critério trifásico previsto no
art. 68 do Código Penal, a sentença que na primeira etapa da
individualização da pena fixa o seu "quantum" no limite
máximo previsto para o tipo penal.
3. Habeas corpus deferido, em parte.

HC N. 75.978-SP
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Crimes hediondos (L. 8.072/90): regime fechado
integral (art. 2º, § 1º), de constitucionalidade declarada pelo
Plenário (ressalva pessoal do relator): inaplicabilidade,
porém, da regra proibitiva da progressão ao condenado pelo
delito de associação incriminado no art. 14 da Lei de
Entorpecentes, inconfundível com o de tráfico, tipificado no
art. 12, único daquele diploma a que se aplica a Lei dos
Crimes Hediondos.
* noticiado no Informativo 110

HC N. 76.100-SP
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Indulto. Decreto 1.860/96. Interpretação de seu
artigo 7º, III. O indulto concedido pelo citado Decreto não
beneficia o condenado tanto pelo crime previsto no artigo
157, § 2º, II, quanto pelo previsto no artigo 157, § 2º, III,
seja um ou outro tentado ou consumado. Precedentes do
S.T.F.
“Habeas corpus” indeferido.
* noticiado no Informativo 109

HC N. 76.267-MG
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Calúnia: inexistência da imputação de fato
criminoso determinado: impossibilidade, no caso, de
desclassificação.
Não constitui calúnia a imputação ao ofendido da prática de
crimes identificados apenas pela menção às denominações
legais dos tipos; ainda que a irrogação possa caracterizar
injúria, se por tal delito fora o paciente absolvido em
primeiro grau, sem recurso da acusação, a desclassificação
não cabe.

HC N. 76.292-SP
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
COMPETÊNCIA - HABEAS-CORPUS - ATO DE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Na dicção da ilustrada maioria
(seis votos a favor e cinco contra), entendimento em relação
ao qual guardo reservas, compete ao Supremo Tribunal
Federal julgar todo e qualquer habeas-corpus impetrado
contra ato de tribunal, tenha este, ou não, qualificação de
superior.
TRÁFICO - ASSOCIAÇÃO - EMENDATIO LIBELLI.
Configura simples emendatio libelli, e não mutatio libelli,
conclusão do Colegiado revisor no sentido não do concurso
material, considerados os delitos dos artigos 12 e 14 da Lei
nº 6.368/76, mas de tráfico de entorpecentes com a causa de
aumento do inciso III do artigo 18 nela inserido. Tratando-se
de tráfico praticado a partir da associação, cumpre observar o
disposto no inciso III do artigo 18 referido. A acumulação
material pressupõe a prática do crime de tráfico sem o
conhecimento dos demais integrantes do grupo criminoso.
Hipótese em que o novo enquadramento jurídico fez-se à luz
de fatos constantes da própria denúncia, aspecto a afastar a
possibilidade de cogitar-se de mutatio libelli.
PENA - DOSIMETRIA - FUNDAMENTAÇÃO. Surge
fundamentada decisão que implique fixação da pena-base
acima do mínimo legal em face dos antecedentes criminais,
com sentença trânsita em julgada, e aumento da pena, pela
associação, na percentagem mínima prevista no inciso III do
artigo 18 da Lei nº 6.368/76.

HC N. 76.563-SP
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: “Habeas corpus”
- O Código de Processo Penal brasileiro não contempla o
princípio da identidade física do Juiz. Precedentes do STF.
- O conceito de miserabilidade não se restringe ao miserável,
mas abrange pessoa de condição modesta ou até da classe
média que se encontrem em situação de não poderem prover
as despesas do processo, sem se privarem de recursos
indispensáveis à manutenção própria ou da família.
Precedentes do STF.
- Para se aferir a suficiência, ou não, da prova para a
condenação, seria mister o reexame dela, o que não pode ser
feito na via estreita do “habeas corpus”.
“Habeas corpus” indeferido.

HC N. 77.042-RJ
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Nulidade: auto de prisão em flagrante, nota de
culpa e auto de apreensão de entorpecente não assinados pela
autoridade policial: superação ou irrelevância, nas
circunstâncias do caso.
1. A falta de assinatura da autoridade policial no auto de
prisão em flagrante e na nota de culpa - valendo por prova de
sua ausência à lavratura - torna ilegítima a prisão, o que,
entretanto, ficou superado no caso, dado que o Juiz relaxou o
flagrante e decretou a prisão preventiva.
2. No auto de apresentação e apreensão do entorpecente,
elemento essencial é a assinatura do policial que a tenha
apreendido com o preso, não a da autoridade policial.

RE (AgRg -EDv - EDcl) N. 85.944-RJ


RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS
DE DIVERGÊNCIA EM EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
COMPROVAÇÃO DE DISSENSÃO DE JULGADOS POR
MEIO DE ACÓRDÃOS JÁ INVOCADOS E REPELIDOS
NO JULGAMENTO DO EXTRAORDINÁRIO.
IMPOSSIBILIDADE.
1. A teor do disposto no art. 331, parágrafo único, do
Regimento Interno desta Corte, não serve para comprovar
divergência acórdão já invocado para demonstrá-la, mas
repelido como não dissidente no julgamento do recurso
extraordinário.
2. Hipótese em que, vencida nesta Instância, a parte
recorrida, via declaratórios com pedido de efeitos
modificativos, pretendeu o acolhimento da tese constante dos
precedentes invocados nos embargos.
Agravo regimental não provido.
AG (AgRg) N. 173.522-DF
RELATOR : MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL,
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL.
IMPORTAÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONTRA ACÓRDÃO
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ALEGAÇÃO
DE OFENSA AOS ARTS. 5º, INCISO II, 93, IX E 150, IV,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.
1. Não conseguiu o agravante demostrar que o acórdão
extraordinariamente recorrido haja mesmo incidido em
ofensa direta a normas da Constituição Federal, havendo,
ademais, prestado jurisdição, ainda que contrariamente aos
interesses do recorrente.
2. Ademais, é pacífica a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, no sentido de não admitir, em Recurso
Extraordinário, alegação de ofensa indireta à Constituição
Federal, por má interpretação e/ou aplicação de normas
infraconstitucionais.
3. Agravo improvido.

AG (AgRg) N. 207.716-PE
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: DESERÇÃO. ALEGADO ERRO DO
TRIBUNAL A QUO NA EMISSÃO DAS GUIAS DE
RECOLHIMENTO DAS CUSTAS.
Alegação insuscetível de ser acolhida, vez que o valor das
custas é pré-fixado em tabela do STF, sendo, portanto, de
conhecimento público.
Agravo regimental improvido.

AG (AgRg) N. 209.534-SE
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: - Agravo regimental.
- Equivoca-se o agravante. O que esta Corte tem admitido é
que, se invocado no recurso o dispositivo constitucional, e o
acórdão, ainda que sem mencioná-lo, examina a questão
constitucional a ele relativa, há prequestionamento explícito,
porque o referido dispositivo constitucional estava em causa.
No caso, isso não ocorre, pois a petição de agravo não
demonstra que, no agravo de instrumento que deu margem
ao acórdão recorrido, o ora agravante tenha invocado o
disposto no artigo 5º, XXX, da Carta Magna, para que esse
aresto o tivesse apreciado, ainda que sem mencioná-lo.
Agravo a que se nega provimento.

AG (AgRg) N. 210.734-1
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: - Agravo regimental.
Segundo o disposto na atual redação do artigo 545 do CPC,
é ao relator que compete admitir o agravo de instrumento
contra despacho de não-admissão de recurso extraordinário,
ou negar-lhe provimento, cabendo agravo de sua decisão
para o órgão colegiado a que pertence, o que afasta as
alegações de ofensa aos princípios constitucionais invocados
na petição de agravo.
Agravo a que se nega provimento.

RE (AgRg) N. 177.157-RS
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA : Bem de família: impenhorabilidade legal (L.
8.009/90): aplicação aos processos em curso, desconstituindo
penhoras anteriores, sem ofensa de direito adquirido ou ato
jurídico perfeito: precedente (RE 171.802, Velloso, DJ
20.6.97).

RE (AgRg) N. 212.353
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO -
PREQUESTIONAMENTO. Tratando-se de recurso de
natureza extraordinária, indispensável é que o tema jurígeno
nele versado tenha sido objeto de debate e decisão prévios,
ficando viabilizado, assim, o cotejo necessário a que se diga
do enquadramento da hipótese em um dos permissivos que
lhe são próprios. O simples fato de a Corte de origem haver
julgado a matéria não resulta em conclusão sobre o exame
de controvérsia no tocante à respectiva competência. Neste
sentido é a jurisprudência sedimentada do Supremo Tribunal
Federal, no que revela indispensável a configuração do
prequestionamento com o predicado da explicitude.
REVISÃO DE VENCIMENTOS - ISONOMIA - De acordo
com o inciso X, do artigo 37 da Constituição Federal, "a
revisão geral de remuneração dos servidores públicos, sem
distinção de índices entre servidores públicos civis e
militares, far-se-á sempre na mesma data", sendo
irredutíveis, sob o ângulo não simplesmente da forma (valor
nominal), mas real (poder aquisitivo), os vencimentos dos
servidores públicos civis e militares (inciso XV também do
rol das garantias constitucionais).

RE (AgRg) N. 224.163-RS
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. ALEGAÇÃO DE QUE O
ACÓRDÃO PROFERIDO PELO PLENÁRIO -
FUNDAMENTO DA DECISÃO AGRAVADA - NÃO
FORA PUBLICADO, ALÉM DE SER DIVERSA A
HIPÓTESE DESTES AUTOS DA QUE APRECIADA
PELO TRIBUNAL PLENO. IMPROCEDÊNCIA.
1. A decisão agravada não teve como fundamento a que
proferida pelo Plenário desta Corte, ainda pendente de
publicação, ao contrário, encontra-se amparada em acórdãos
anteriormente proferidos por esta Turma, cujo entendimento
restou corroborado pelo Tribunal Pleno.
2. Existência de jornada fixada por regulamento da empresa.
Alegação, por isso mesmo, de ser diversa a questão destes
autos da que apreciada pelo Colegiado. Insubsistência.
2.1. A decisão plenária limitou-se a definir o alcance da
norma contida no art. 7º, XIV da Constituição Federal, sem
adentrar a controvérsia acerca da fixação da jornada de
trabalho, por se tratar de matéria fática (Súmula 279/STF).
Agravo regimental não provido.

RE N. 147.776-SP
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Ministério Público: legitimação para
promoção, no juízo cível, do ressarcimento do dano
resultante de crime, pobre o titular do direito à
reparação: C. Pr. Pen., art. 68, ainda constitucional (cf.
RE 135328): processo de inconstitucionalização das leis.
1. A alternativa radical da jurisdição constitucional ortodoxa
entre a constitucionalidade plena e a declaração de
inconstitucionalidade ou revogação por inconstitucionalidade
da lei com fulminante eficácia ex tunc faz abstração da
evidência de que a implementação de uma nova ordem
constitucional não é um fato instantâneo, mas um processo,
no qual a possibilidade de realização da norma da
Constituição - ainda quando teoricamente não se cuide de
preceito de eficácia limitada - subordina-se muitas vezes a
alterações da realidade fáctica que a viabilizem.
2. No contexto da Constituição de 1988, a atribuição
anteriormente dada ao Ministério Público pelo art. 68 C. Pr.
Penal - constituindo modalidade de assistência judiciária -
deve reputar-se transferida para a Defensoria Pública: essa,
porém, para esse fim, só se pode considerar existente, onde e
quando organizada, de direito e de fato, nos moldes do art.
134 da própria Constituição e da lei complementar por ela
ordenada: até que - na União ou em cada Estado considerado
-, se implemente essa condição de viabilização da cogitada
transferência constitucional de atribuições, o art. 68 C. Pr.
Pen. será considerado ainda vigente: é o caso do Estado de
São Paulo, como decidiu o plenário no RE 135328.

RE N. 148.228-1
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
POUPANÇA - CADERNETA - BLOQUEIO - PLANO
COLLOR - ÍNDICE DE CORREÇÃO.
A intangibilidade do ato jurídico perfeito e acabado e a do
direito adquirido são conducentes a concluir-se pela
ilegitimidade da modificação do índice relativo à correção
monetária, isso no período em que perdida a disponibilidade
do investimento.

RE N. 150.166-MG
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
CONCURSO PÚBLICO - LIMITE DE IDADE -
AUDITOR. A teor do disposto no inciso XXX do artigo 7º,
aplicável aos servidores públicos em razão do § 2º do artigo
39, ambos da Constituição Federal de 1988, descabe impor
critério de admissão por motivo de idade. Somente em casos
excepcionais em que a exigência decorra das atribuições do
próprio cargo é possível cogitar-se da valia do limite de
idade para inscrição em concurso público. O cargo de
Auditor, considerada a atividade desenvolvida, não conduz à
necessidade de o candidato não haver ultrapassado certa
idade. Precedentes: Mandados de Segurança nº 21.046-0/RJ -
Pleno - Redator designado, Ministro Sepúlveda Pertence,
com acórdão publicado no Diário da Justiça de 14 de
novembro de 1991 e nº 21.033 - Pleno - Relator Ministro
Carlos Velloso - Revista Trimestral de Jurisprudência nº 135,
páginas nº 958 a 963; Recursos Extraordinários nº
156.404/BA - 1ª Turma - Relator Ministro Sepúlveda
Pertence e nº 157.863-7 - 1ª Turma - Relator Ministro
Moreira Alves, ambos veiculados no Diário da Justiça de 1º
de outubro de 1993; Agravo Regimental em Recurso
Extraordinário nº 141.864 - 2ª Turma, de minha lavra, e cujo
acórdão foi publicado no Diário da Justiça de 15 de março de
1996.

RE N. 170.020-SP
RELATOR : MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: Rateio anual da reserva constituída pelo excesso
de quotas de prêmio de produtividade (Lei Complementar nº
567, de 20-7-88, do Estado de São Paulo).
Parcela de remuneração não permanente e sujeita à
verificação de efetividade de exercício (lei citada, art. 7º) e
insusceptível, portanto, de participação dos aposentados, a
título de aplicação do disposto no § 4º do art. 40 da
Constituição Federal.

RE N. 203.174-7
RELATOR : MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL E
TRIBUTÁRIO. IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL
URBANO (I.P.T.U.). ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS.
CAPACIDADE CONTRIBUTIVA.
1. O S.T.F., em Sessão Plenária, já firmou o entendimento de
que o I.P.T.U., como imposto de natureza real que é,
incidindo sobre a propriedade, o domínio útil ou a posse de
bem imóvel por natureza ou por acessão física, como
definido na lei civil, localizado na zona urbana do município
(CTN art. 32), não pode variar segundo a presumível
capacidade contributiva do sujeito passivo.
2. A única progressividade admitida pela Constituição
Federal de 1988 é a extrafiscal (art. 182, § 4º, II), que,
todavia, depende de lei federal.
3. Daí a declaração de inconstitucionalidade de normas de
leis municipais de Belo Horizonte (RE 153.771) e São Paulo
(RE 204.827), que instituíram a progressividade do I.P.T.U.,
segundo a localização e o valor do imóvel.
4. Examinou-se, nesse último precedente, a Lei n°
10.921/90, do Município de São Paulo, a mesma que é
objeto de questionamento nestes autos.
5. Adotados os fundamentos deduzidos nesses precedentes, o
R.E. é conhecido e provido, para o deferimento do mandado
de segurança.

RE N. 204.305-PR
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Assistência Judiciária gratuita. Alegação de
revogação do artigo 4º, § 1º, da Lei nº 1.060/50 pelo artigo
5º, LXXIV, da Constituição. Improcedência.
- A atual Constituição, em seu artigo 5º, LXXIV, inclui, entre
os direitos e garantias fundamentais, o da assistência jurídica
integral e gratuita pelo Estado aos que comprovarem a
insuficiência de recursos.
- Portanto, em face desse texto, não pode o Estado eximir-se
desse dever desde que o interessado comprove a
insuficiência de recursos, mas isso não impede que ele, por
lei, e visando a facilitar o amplo acesso ao Poder Judiciário
que é também direito fundamental (art. 5º, XXXV, da Carta
Magna), conceda assistência judiciária gratuita - que, aliás, é
menos ampla do que a assistência jurídica integral -
mediante a presunção “iuris tantum” de pobreza decorrente
da afirmação da parte de que não está em condições de pagar
as custas do processo e os honorários de advogado, sem
prejuízo próprio ou de sua família.
- Nesse sentido tem decidido a Segunda Turma (assim, a
título exemplificativo, nos RREE 205.029 e 205.746).
Recurso extraordinário não conhecido.
* noticiado no Informativo 109

RE (AgRg) N. 204.440-SP
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
PRECATÓRIO - SATISFAÇÃO - ATUAÇÃO DA
PRESIDÊNCIA DA CORTE - NATUREZA. Os atos do
Presidente do Tribunal relativos à satisfação fidedigna do
precatório, embora possuidores de contornos judiciais, não
são, em si, jurisdicionais, razão pela qual, ainda que
protocolado agravo regimental, vindo Colegiado a confirmá-
los, não se abre a via do extraordinário - Precedente: Ação
Direta de Inconstitucionalidade nº 1.098-1/SP, da qual fui
Relator.

RE (Edcl) N. 206.039-SP
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Embargos declaratórios: admissibilidade e
efeitos.
Os embargos declaratórios são admissíveis para a correção
de premissa equivocada de que haja partido a decisão
embargada, atribuindo-se-lhes efeito modificativo quando tal
premissa seja influente no resultado do julgamento.

RE N. 206.822-SP
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Recurso extraordinário. Pretensão de extensão
de vantagem, que implica aumento de vencimento, de um
cargo a outro.
- Não cabe ao Poder Judiciário, por equiparação, estender
vantagem, que implica aumento de vencimento, de um cargo
a outro com base no princípio da isonomia, porquanto
permanece em vigor, em face da atual Constituição, a
vedação enunciada na Súmula 339, uma vez que o disposto
no parágrafo 1º do artigo 39 da Constituição é preceito
dirigido ao legislador a quem cabe viabilizar a isonomia ali
preconizada.
- No caso, ademais, a alegada ofensa à Constituição, se
houvesse - e não há -, seria indireta ou reflexa, não dando
margem, assim, ao cabimento do recurso extraordinário.
Recurso extraordinário não conhecido.

RE N. 210.986-SP
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
TRIBUTÁRIO. LEI PAULISTA. MAJORAÇÃO DE
ALÍQUOTA DE IMPOSTO. PRODUTO DA
ARRECADAÇÃO ADICIONAL VINCULADO A ÓRGÃO
ESPECÍFICO. INCONSTITUCIONALIDADE
DECLARADA PELO PLENÁRIO DA CORTE.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE nº
183.906-6/SP, declarou a inconstitucionalidade de
dispositivos da Lei Paulista nº 6.556/89, para afastar a
exigência da majoração da alíquota em um ponto percentual
por ter destinação específica.
Recurso extraordinário conhecido e provido.

RE N. 213.802-PA
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Sindicato. Atuação no processo a título de
representação expressamente autorizada pelos filiados.
Alegação de ser ele, no caso, substituto processual, havendo,
assim, ofensa ao artigo 8º, III, da Constituição.
- Alegação de ofensa indireta à Carta Magna, o que não dá
margem ao cabimento do recurso extraordinário.
Recurso extraordinário não conhecido.

RE N. 223.454-RN
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Recurso extraordinário. Pagamento de
vencimentos. Constituição Estadual que estabelece data-
limite para o pagamento de vencimentos, corrigindo-se
monetariamente seus valores se pagos em atraso.
- A jurisprudência desta Corte já se firmou (particularmente
ao julgar a ADIN 176) no sentido de que o estabelecimento,
em Constituição Estadual, de data-limite para o pagamento
dos servidores estaduais e a determinação de correção
monetária, em caso de atraso, não ofendem o princípio da
independência dos Poderes, pois não implicam a criação de
cargos ou o aumento de remuneração, nem ferem o poder de
iniciativa exclusiva do Governador do Estado. Ademais, de
há muito, e independentemente de lei que a imponha, este
Tribunal se manifesta no sentido da incidência de correção
monetária sobre os vencimentos pagos em atraso por
entender tratar-se de dívida de caráter alimentar; assim, por
haver, em última análise, a Constituição estadual
reconhecido esse caráter a tais débito, não há como
pretender-se tenha ela invadido competência privativa da
União Federal.
Recurso extraordinário não conhecido.

Acórdãos publicados: 222

Assessora responsável pelo Informativo


Maria Ângela Santa Cruz Oliveira
informativo@stf.gov.br

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