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CAPACITAÇÃO DE CONSULTORES
EM GESTÃO DE PEQUENOS NEGÓCIOS

FICHA TÉCNICA
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso – SEBRAE-MT

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SEBRAE MATO GROSSO


Presidente do Conselho Deliberativo: Jandir José Milan
Diretor-Superintendente: José Guilherme Barbosa Ribeiro
Diretora Técnica: Eliane Ribeiro Chaves
Diretora de Administração e Finanças: Eneida Maria de Oliveira
Gerência de Relacionamento e Comunicação: Fernando José de Holanda Neves Filho
Coordenação do Projeto de Desenvolvimento: Lorrayne Aparecida de Menezes

Equipe Técnica: Mayara D’Orazio Santos e Rosiane da Silva Alexandre Kochhan

CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO


Autor: Antonio Carlos de Matos - 2020
Este guia teve como referência a Metodologia para Capacitação de Consultores em
Gestão Empresarial – versão Agosto 2020 do mesmo autor.
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso – SEBRAE-MT

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CAPACITAÇÃO DE CONSULTORES
EM GESTÃO DE PEQUENOS NEGÓCIOS

Sessão I
ASPECTOS TRIBUTÁRIOS DE PEQUENAS EMPRESAS

1 - Impostos e contribuições

Esta Sessão pretende apresentar e discutir os aspectos mais importantes, mais


críticos e mais usuais que impactam a gestão das pequenas empresas, e que todo
Consultor de Gestão Empresarial, independentemente de sua especialidade, deveria
dominar. A questão a ser considerada é que toda decisão em gestão empresarial, seja
nas aquisições, na produção, na comercialização, em recursos humanos e gestão de
pessoas, e também em abordagens estratégicas, são impactadas de um jeito ou de
outro pela tributação.
Se não fosse por isso, seria também pela quase obrigação que tem o profissional de
consultoria em conhecer pelo menos o básico da tributação. Pois o Brasil é o país dos
tributos. Assim, não é possível atuar no segmento de negócios alheio à carga tributária
imposta para as empresas. Também há de ser considerado que o Sistema Sebrae
tem atuado de forma muito exitosa na redução da carga tributária e na facilitação das
obrigações acessórias para as pequenas empresas. Assim, atuar em nome do Sebrae
do Mato Grosso impõe a responsabilidade de ajudar os empresários e
empreendedores a se beneficiarem dos avanços conseguidos pelo Sebrae.

Formatos para lançamento dos tributos

No Brasil, para o lançamento do tributo, existem dois principais formatos: de ofício e


por homologação.
• De Ofício: O imposto é calculado por iniciativa da fazenda pública,
independentemente de qualquer colaboração do contribuinte. Ex: IPTU, IPVA

• Por Homologação: A legislação atribui ao contribuinte o dever do cálculo e do


pagamento do tributo sem prévio exame da autoridade administrativa Ex.:
ICMS, IPI, IRPF

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Neste contexto, o contribuinte tem a obrigação tributária principal que é o pagamento
do tributo e a obrigação acessória que diz respeito aos procedimentos que deve
seguir, por exemplo, a escrituração e ao modelo de escrituração.
O não cumprimento dessas obrigações pode configurar crime contra a ordem
tributária. A Evasão fiscal consiste na lesão do Fisco de forma deliberada (fraude) ou
por negligência, que é o caso da sonegação total ou parcial.
O Conluio consiste no ajuste entre duas ou mais pessoas para a prática de evasão
fiscal.
Nestes casos haverá sanções como multa, apreensão dos bens ou documentos e
proibição de contratar com o poder público, além de ficar sujeito ao sistema especial
de fiscalização.
O Sistema Especial de Fiscalização é um acompanhamento temporário feito pelo
órgão fiscalizador, das prestações ou operações de entrada ou saída da empresa, por
exemplo:

 Controle das entradas e saídas de mercadorias ou serviços;


 Abertura e conferencia de volumes, mesmo em trânsito;
 Levantamento de estoque de mercadorias;
 Diligências fiscais sobre movimento comercial do contribuinte.

São exemplos de Crimes contra a ordem tributária:

 Suprimir ou reduzir tributos, omitir informação ou prestar declaração falsa em


documento ou livro;
 Fraudar a fiscalização tributária;

 Falsificar ou alterar Notas Fiscais, Faturas ou Duplicatas;

 Elaborar, fornecer, emitir ou utilizar documento falso;

 Negar ou deixar de fornecer Nota Fiscal ou em desacordo com a lei;  Reter


tributo na fonte e não recolher aos cofres públicos.

1a) – Reflexão: Tarefa: Refletir sobre o comportamento tributário do contribuinte

“Vidros Menem”: avalie se o comportamento denota ou não crime contra a ordem


tributária.

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“O caso da empresa “Vidros Menem”
A empresa Vidros Menem atua no segmento de blindagens de veículos, produzindo
e fornecendo vidros especiais para todos os tipos de automóveis. No processo
industrial a empresa compra vidros planos, corta e molda conforme o projeto
original de cada carro e aplica a tecnologia de blindagem.

Quando fornece para o cliente final, emite duas Notas Fiscais:

Uma NF de venda do produto com valor bem próximo ao custo da mercadoria, com
tributação do ICMS de 17% e do IPI de 15%.
A segunda NF é de serviços de projeto do vidro blindado, com valor suficiente
para cobrir todos os demais custos da fabricação e margem de lucro, sendo
tributado pelo ISSQN, que no respectivo município é de 5%.

Reflita: Como gestor, a atitude do empresário está correta?

Reflexão sobre a atitude do empresário Menem:

O empresário Sr. Menem, parece que se assustou com o valor das alíquotas do ICMS,
17%, e do IPI 15% que incidem sobre a venda dos vidros. Comparadas com a alíquota
do ISSQN de 5% são realmente exageradas. Por isso, provavelmente, prefere atribuir
valor elevado ao serviço de projeto e de instalação dos vidros no veículo, tributado
pelo ISSQN, e reduzir artificialmente o valor da venda do produto. Isto pode
caracterizar sonegação, caso a fiscalização estadual venha a avaliar detalhadamente
e criteriosamente o processo de produção do vidro blindado, que, além de complexo
em número de operações, envolve grande perdas de vidros por quebra e outros
defeitos. Mas, como o preço de venda do produto e dos serviços é de livre arbítrio da
gestão, cobrar mais pelo serviço não incorre em ilegalidade.

Mas a questão que realmente importa aqui para Consultores de Gestão Empresarial
na pequena empresa é que não devemos analisar a carga tributária apenas pelo valor
das alíquotas de alguns tributos. Devemos incluir na análise todos os tributos
envolvidos e a forma de aplicação de cada um. Mais na frente, ficará evidente que tal
comportamento do Sr. Menem está levando a empresa a pagar mais imposto do que
deveria.

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1.1 – Principais Tributos

Os principais tributos que incidem nas operações das pequenas empresas são em
nível federal, estadual e municipal.

1.1.1 - Os tributos federais no contexto da gestão empresarial compreendem:

• Imposto de Importação (II)


• Imposto de Exportação (IE)

• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

• Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativos a títulos


e valores mobiliários (IOF)
• Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR)

• Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza da Pessoa Jurídica


(IRPJ)
• Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)

• Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS)

• Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS)

1.1.2 - Os tributos estaduais são:

• Imposto sobre a Transmissão “Causa Mortis” e Doações (ITCMD)

• Imposto sobre a Circulação de mercadorias e serviços de transporte


interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS)
• Imposto sobre a Propriedade de veículos automotores (IPVA)

1.1.3 - Os tributos municipais são:

• Imposto sobre Propriedade predial e territorial urbana (IPTU)

• Imposto sobre a Transmissão (onerosa) Inter vivos de bens imóveis (ITBI) •


Imposto sobre Serviços de qualquer natureza (ISSQN)

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1.2 - Fato Gerador do Tributo

É a ocorrência à qual o legislador vincula o nascimento da obrigação de pagar um


tributo:
• Imposto de Importação: o fato gerador é a entrada no país - registro da
respectiva
Declaração de Importação;
• Imposto de Exportação: o fato gerador é a saída para fora do país - expedição
da Guia de Exportação ou documento equivalente;
• IOF - entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou
sua colocação à disposição do interessado;
• IRPJ: o fato gerador é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de
renda, como produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; E
de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos
patrimoniais não compreendidos no inciso anterior;
• ITR: o fato gerador é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por
natureza, localizado fora da zona urbana do município – apuração anual em 1º
de janeiro de cada ano;
• CSLL - Obtenção de lucros;

• PIS – Obtenção de receita;

• COFINS – Obtenção de receita;

• ITCMD: o fato gerador é a transmissão “causa mortis” de imóveis e a doação


de quaisquer bens ou direitos. O imposto incide sobre o valor venal, por
sucessão legítima ou testamentária, e por doação;
• ICMS: o fato gerador é a emissão da Nota Fiscal. Exemplos de situações com
incidência:
- Saída de mercadoria do estabelecimento;

- Fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias;

- Transmissão de mercadoria depositada em armazém geral;

- Transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente,


sem trânsito pelo estabelecimento transmitente;
- Início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal;

- Ato final do transporte iniciado no exterior;

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- Prestações onerosas de serviços de comunicação;

- Fornecimento de mercadoria com prestação de serviços;

- Desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas;

- Aquisição em licitação pública de mercadorias importadas do exterior


apreendidas ou abandonadas.
• IPVA: Propriedade, plena ou não, de veículos automotores de qualquer espécie.
Ocorre no dia 1° de janeiro de cada ano, em relação a veículos adquiridos em
anos anteriores, e também na data da aquisição, em relação a veículos
nacionais novos (0 KM) e na data do desembaraço aduaneiro, em relação a
veículos importados.
• IPTU: O fato gerador é a propriedade predial e territorial, assim como o seu
domínio útil e a posse.
• ITBI: Transmissão, por ato oneroso, de bens imóveis, excluindo-se a causa
mortis.
• ISSQN: Prestação de serviços constantes da Lista de Serviços, definida pela
Lei Complementar 116 de 2003.

1b) – Reflexão: Tarefa: Indicar a alternativa correta sobre lançamento dos tributos por
homologação:
O lançamento de tributos por homologação significa:

a) Que o legislador tributário define o valor do tributo para as operações da


empresa.
b) Que somente o governo federal define as regras tributárias que as empresas
devem seguir.
c) Que os 3 níveis de governo, federal, municipal e estadual, acreditam que as
empresas sabem exatamente o que têm de fazer para cumprirem suas
obrigações tributárias.
d) Todas as respostas estão corretas

e) N.d.a.

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2 - Opções Tributárias

As Pessoas Jurídicas, por opção ou por determinação legal, devem pagar tributos

conforme um dos “Regimes Tributários” adotados no Brasil.

Regime Tributário é o conjunto de legislações que regem a forma “homologada” de


cálculo e pagamento do IRPJ e da CSLL, e, adicionalmente, dos demais tributos.
As empresas são tributadas no Brasil através de quatro regimes tributários, são eles:

 Lucro Real

 Lucro Presumido

 Lucro Arbitrado
 Simples Nacional

2.1 - Lucro Arbitrado

É uma forma aplicada pela autoridade tributária quando a pessoa jurídica deixar de
cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido.
Significa que, se a empresa, usando suas prerrogativas de homologada, não utilizar
adequadamente as regras definidas para determinação do lucro tributável, o valor
poderá ser arbitrado.

2.2 – O Regime do Lucro Real

É um sistema de apuração do lucro em um período, conforme regras contábeis oficiais,


ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas por lei.
Significa que a empresa, seguindo regras legais, apura o valor do lucro, considerando
receitas, custos e despesas comprováveis, e sobre ele executa a tributação do IRPJ
e da CSLL.
É facultada a todas as empresas a possibilidade de optar ou não pelo regime de lucro
real, no entanto, algumas empresas são obrigadas, se enquadrarem nas seguintes
possibilidades:
• Empresas com receita bruta total ANUAL superior a R$ 78 MILHÕES (2014)

• Instituições financeiras, empresas de seguros e entidades de previdência


privada aberta;
• Empresas com lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior.

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A empresa que estiver enquadrada no regime de Lucro Real está sujeita à tributação
nas suas transações comerciais, sobre a Receita Bruta e sobre o Lucro apurado.

2.2.1 - Sobre as transações comerciais

Conforme o caso, incidem o Imposto de Importação, Imposto de Exportação,


Imposto sobre Produtos Industrializados, Imposto Sobre Serviços de qualquer
natureza e o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação. Cada um desses impostos tem
a sua legislação específica.

2.2.2 - Sobre a receita bruta

Incidem a Contribuição para o Programa de Integração Social- PIS, com alíquota de


1,65% na regra geral e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social,
com alíquota de 7,6%, na regra geral.

Na opção pelo Lucro Real, estas contribuições não são cumulativas, isto é, os valores
pagos nas entradas do que for destinado à venda poderá ser abatido do imposto
devido na saída.

2.2.3 - Sobre o Lucro

Sobre o lucro que for apurado incidem o Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

O IRPJ tem alíquota de 15% sobre o lucro apurado, mas sempre que o valor do Lucro
apurado ultrapassar R$60.000,00 no trimestre, (ou R$20.000,00 no mês, se a
apuração for mensal) haverá um adicional de IRPJ de 10% sobre o que exceder.

A CSLL tem alíquota de 9% sobre o lucro que for apurado.

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Estes tributos têm regime de apuração trimestral, mas a empresa pode optar pelo
recolhimento mensal, através do regime de apuração por estimativa, devendo neste
caso fazer o ajuste anual.

2.3 – O Regime do Lucro Presumido

É um sistema simplificado de cálculo do IRPJ e da CSLL, não depende da

“Apuração do lucro” para determinar a base de cálculo. Significa que o lucro a ser
tributado não é apurado no período, mas PRESUMIDO, a partir da definição da receita
bruta.

É facultada a toda empresa a opção pelo regime do Lucro Presumido, exceto


aquelas que são obrigadas por lei a opção pelo Regime do Lucro Real. A empresa
que fizer a opção pelo Regime de Lucro Presumido está sujeita à tributação nas
suas transações comerciais, sobre a Receita Bruta e sobre o Lucro que for
presumido.

2.3.1 - Sobre as transações comerciais

Conforme o caso, incidem o Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto


sobre Produtos Industrializados, Imposto Sobre Serviços de qualquer natureza e o
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação.
Cada um desses impostos tem a sua legislação específica.

2.3.2 - Sobre a receita bruta

Incidem a Contribuição para o Programa de Integração Social - PIS, com alíquota de

0,65% na regra geral e a Contribuição para Financiamento da Seguridade SOCIAL -


COFINS, com alíquota de 3,0%, na regra geral.
Estes tributos no Regime do Lucro Presumido SÃO cumulativos, isto é, na regra geral,
os valores pagos nas entradas do que for destinado à venda NÃO poderão ser
abatidos do imposto devido na saída.

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2.3.3 - Sobre o Lucro

Sobre o lucro que for apurado incidem o Imposto de Renda Pessoa Jurídica- IRPJ e a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido- CSLL. Estes tributos têm regime de
apuração trimestral, mas a empresa pode optar pelo recolhimento mensal, através do
regime de apuração por estimativa, devendo neste caso fazer o ajuste anual.
O IRPJ tem alíquota de 15% sobre o lucro que for presumido, mas sempre que o valor
do Lucro Presumido ultrapassar de R$20.000,00 no mês, se fizer apuração mensal,
ou de R$60.000,00 no trimestre, haverá um adicional de IRPJ de 10% sobre o que
exceder.
Para PRESUMIR o valor do lucro que sofrerá tributação do IRPJ (encontrar o valor do
lucro a ser tributado), a empresa deve aplicar os seguintes percentuais sobre a receita
bruta, conforme abaixo:

• Atividades em geral (comércio e indústria), 8,0% da Receita Bruta

• Serviços de transporte de cargas, 8,0% da Receita Bruta

• Serviços hospitalares, 8,0% da Receita Bruta


• Revenda de combustíveis, 1,6% da Receita Bruta

• Serviços de transporte (exceto o de carga), 16%

• Serviços em geral (exceto hospitalares), 32%

• Intermediação de negócios, 32%

A CSLL tem alíquota de 9% sobre o lucro que for presumido.

Para PRESUMIR o valor do lucro que sofrerá tributação da CSLL (encontrar o valor
do lucro a ser tributado), a empresa deve aplicar os seguintes percentuais sobre a
receita bruta, conforme abaixo:
• Indústria e Comércio: 12% sobre receita bruta

• Prestação de serviços: 32% sobre receita bruta

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2.4 – SIMPLES Nacional

É um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido, aplicável às


Microempresas e às Empresas de Pequeno Porte. (SIMPLES: Sistema integrado de
pagamento de impostos e contribuições das microempresas e empresas de pequeno
porte):

• Além da simplificação das obrigações assessórias, da redução de alíquotas, o


recolhimento dos tributos é em documento único de arrecadação – DAS.

Por lei, uma Microempresa (ME) é aquela que obtém Receita Bruta de até

R$360.000,00 ano e a Empresa de Pequeno Porte (EPP) é aquela que obtém

Receita Bruta maior que R$360.000,00 ano e até R$ 4.800.000,00, pela Lei
Complementar 155/2016.
Mas, nem todas as empresas enquadradas nestes níveis de faturamento podem ser
optantes do SIMPLES. Para tanto, por lei, algumas atividades (CNAE) estão excluídas
dessa possibilidade.
E também não podem optar:
• Empresas Simples de Crédito

• OSCIPS

• Cooperativas, exceto de consumo


• Entidades e associações de qualquer espécie como Clubes e Condomínios
• Que seja sócia de outra empresa

• Que tenha como sócia outra empresa

• Que tenha o titular ou sócio com mais de 10% do capital de outra empresa e
receita total das empresas superior a R$4.800.000,00 /ano

2.4.1- O SIMPLES no Comércio

A empresa comercial optante do SIMPLES está sujeita aos seguintes tributos:

• IRPJ e CSLL;

• PIS, exceto na importação;


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• COFINS, exceto na importação;

• CPP (Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a


cargo da pessoa jurídica). A CPP corresponde ao INSS patronal, que no caso
do SIMPLES no comércio, não é tributado na folha de pagamento, mas sobre
a receita bruta, embutido na alíquota geral do SIMPLES. O INSS patronal é da
ordem de 20% sobre o valor da folha de pagamentos. Portanto, não é correto
afirmar que as empresas optantes do SIMPLES estão isentas do pagamento
do INSS patronal.

2.4.2- O SIMPLES na Indústria

A empresa industrial optante do SIMPLES está sujeita aos seguintes tributos:

• IRPJ e CSLL

• PIS

• COFINS

• ICMS

• IPI

• CPP (Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a


cargo da pessoa jurídica). A CPP corresponde ao INSS patronal, que no caso
do SIMPLES na indústria, não é tributado na folha de pagamento, mas sobre a
receita bruta, embutido na alíquota geral do SIMPLES. O INSS patronal é da
ordem de 20% sobre o valor da folha de pagamentos. Portanto, não é correto
afirmar que as empresas optantes do SIMPLES estão isentas do pagamento do
INSS patronal.

2.4.3- O SIMPLES na empresa de Serviços

A empresa prestadora de serviços optante do SIMPLES está sujeita aos seguintes


tributos:

• IRPJ e CSLL;

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• PIS, exceto na importação;
• COFINS, exceto na importação;

• ISS;

• CPP (Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a


cargo da pessoa jurídica). A CPP corresponde ao INSS patronal, que no caso
do SIMPLES, não é tributado na folha de pagamento, mas sobre a receita bruta,
embutido na alíquota geral do SIMPLES (Exceto no caso de empresas
relacionadas ao “Anexo IV” como veremos a seguir). O INSS patronal é da
ordem de 20% sobre o valor d folha de pagamentos. Portanto, não é correto
afirmar que as empresas optantes do SIMPLES estão isentas do pagamento do
INSS patronal.

2a) – Reflexão: Tarefa: Indicar a alternativa correta sobre a possibilidade de opção


pelo SIMPLES

a) - Todas as empresas brasileiras podem ser optantes pelo SIMPLES Nacional

b) - Toda empresa brasileira com até R$4.800.000,00 de receita anual pode ser
optante do
SIMPLES Nacional
c) - Todas as empresas optantes pelo SIMPLES Nacional são tributadas pelo PIS,
COFINS, IRPJ e CSLL.
d) – Todas as respostas estão corretas

e) – N.d.a.

2.4.4- Base de cálculo do SIMPLES

A base de cálculo do imposto SIMPLES é a receita bruta do mês e a alíquota é definida


conforme a receita bruta apurada nos 12 meses anteriores ao mês em questão,
encontrada em tabelas nos chamados anexos da lei do SIMPLES, atualizadas pela
Receita Federal:
 Comércio: Utiliza a tabela de alíquotas do Anexo I
 Indústria: Utiliza a tabela de alíquotas do Anexo II
 Serviços: Utiliza a tabela de alíquotas do Anexo III
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 Outros Serviços: como limpeza e conservação de imóveis, utilizam a tabela de
alíquotas do Anexo IV. O INSS patronal não está incluído na alíquota do Anexo
IV e deve ser calculado à parte atendendo à regra geral.
 Outros Serviços: como de profissionais liberais utilizam a tabela de alíquotas
do Anexo V.
A Lei Complementar 155/2016, alterou, de forma significativa a LC 123/2006 do
SIMPLES Nacional. O então anexo VI (ou 5a) no qual se enquadravam principalmente
os serviços de profissionais liberais, foi extinto. As respectivas atividades foram
migradas para o Anexo V. As atividades anteriormente enquadradas no Anexo V foram
migradas para o Anexo III, com uma condição: a influência do “fator r”.
O Fator “r” caracteriza a relação da receita com a folha de pagamento. Quanto maior
a folha de pagamento em relação às receitas da empresa mais adequada a empresa
é para a opção pelo SIMPLES. Ou seja, empresas de serviços que geram muito
emprego têm a preferência pelo Anexo III e empresas menos geradora de emprego se
enquadram no Anexo V.
É importante o enquadramento da empresa de serviços pelo Anexo III, pois este tem
as alíquotas substancialmente menores que as alíquotas do Anexo V.
Assim, o fator “r” = Massa salarial + CPP+ FGTS (últimos12 meses) / faturamento
últimos 12 meses
 Considerar a Massa salarial total, ou seja, independente de atividades mistas, por
exemplo empresas com atividade de comércio e de serviço, deve considerar os
salários de toda a empresa.
 Massa salarial = Salários, pró-labore, pagamentos a autônomos assim, as
atividades que se enquadravam no Anexo V pela LC 123, e foram migradas para
o Novo Anexo III pela LC 155, voltam a ser tributadas pelo Anexo V quando o
Fator “r” for MENOR que 28%.
E, as atividades do Anexo V, que tiverem o Fator “r” for MAIOR ou igual a 28% SERÃO
TRIBUTADAS PELO Anexo III, de alíquota bem menores.
Assim, pela LC 155, as atividades de cunho intelectual que se enquadram no Anexo

V podem ser tributadas pelo Anexo III se o fator “r” for igual ou maior que 28% são:

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Engenharia, medição, cartografia, topografia, geologia, geodésia, testes, suporte e
análises técnicas e tecnológicas, pesquisa, design, desenho e agronomia. Medicina
veterinária.
Serviços de comissária, de despachantes, de tradução e de interpretação.
Representação comercial e demais atividades de intermediação de negócios e
serviços de terceiros, perícia, leilão e avaliação, auditoria, economia, consultoria,
gestão, organização, controle e administração, jornalismo e publicidade,
agenciamento exceto de mão de obra.
Outras atividades do setor de serviços que tenham por finalidade a prestação de
serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica,
científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou
não.
Por outro lado, pela LC 155, as atividades de cunho intelectual que se enquadram no
Anexo III podem ser tributadas pelo Anexo V se o fator “r” for menor que 28% são:
Fisioterapia, medicina inclusive laboratorial e enfermagem, odontologia e prótese
dentária, psicologia, terapia ocupacional, acupuntura, podologia, fonoaudiologia.
Clínicas de nutrição e de vacinação, laboratórios de análises clínicas ou patologia
clínica, serviços de tomografia, diagnósticos médicos por imagem, registros gráficos e
métodos óticos, ressonância magnética, bancos de leite.
Arquitetura e urbanismo, administração e locação de imóveis de terceiros.

Academias de dança, de capoeira, de ioga e de artes marciais, de atividades físicas,


desportivas, de natação, escolas de esportes.
Elaboração de programas de computadores, de jogos eletrônicos, licenciamento ou
sessão de direitos de uso de programas de computadores, planejamento, confecção,
manutenção e atualização de páginas eletrônicas, montadoras de standes para feiras.

2.4.5- As Tabelas de alíquotas - Os Anexos do SIMPLES

COMÉRCIO - Anexo I

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INDÚSTRIA - Anexo II

SERVIÇOS - Anexo III

SERVIÇOS - Anexo IV

SERVIÇOS - Anexo V

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2.4.6 - O Empreendedor Individual

É a pessoa que trabalha por conta própria e formalizada como empresário (possui
CNPJ).
 Não pode ter participação em outra empresa como sócio ou titular.
 Pode ter no máximo um empregado contratado que receba o salário mínimo
ou o piso da categoria.
 O limite de faturamento é de R$81.000,00 no ano, base 2020
 No ano de abertura, este faturamento é proporcional ao número de meses de
funcionamento
 Ao longo do ano pode ultrapassar o limite em até 20% sem ser excluído
 Em janeiro perde o enquadramento se ultrapassar o limite no ano anterior
 Deve incluir no nome da atividade a extensão “independente” em todas as
ocupações. Significa que não guarda cumulativamente com o contratante do
serviço a relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade, condições
que costumam gerar passivo trabalhista para a empresa contratante do M.E.I.
 Ou seja, no caso de prestador de serviço, não é empregado do contratante,
mas titular do negócio. É contratado para realizar o serviço
 Exemplo: Borracheiro Independente, Pedreiro Independente,
 Tem como obrigação pagar mensalmente valor fixo destinado ao INSS, ao
Estado (ICMS) e ao Município (ISSQN) conforme o caso, através do DAS -
Documento de Arrecadação do Simples Nacional:
 Valor fixo mensal de 5% do Salário mínimo para o INSS: R$52,25, base 2020
 Mais R$1,00 para o ICMS (se indústria ou comércio)
 Mais R$5,00 para o ISSQN, se atividade de serviços
 Se executar atividade de comércio/indústria e serviços: R$1,00 para o ICMS e
R$5,00 para o ISS
 O MEI ainda está obrigado a emitir NF de venda de mercadorias ou serviços
para outras empresas.
 Mas está dispensado de emissão de NF para consumidor pessoa física
 Deve emitir o Relatório de Receitas Mensais
 Deve realizar a Declaração Anual do Microempreendedor Individual

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3 - Aspectos críticos do Lucro Presumido

3.1 - Segregação das receitas

Quando a empresa atua com atividades mistas, ou seja, presta serviços e também
fabrica e /ou comercializa, a base da tributação do IRPJ e da CSLL não pode ser da
receita total, mas segregando a receita de serviços, pois a forma de se chegar ao valor
do lucro tributável é diferente para serviços das demais atividades. Neste caso o IRPJ
e a CSLL incidirão especificamente sobre cada receita.

3a) - Atividade: assista à videoaula sobre segregação de receitas no Lucro

Presumido

3b) Reflexão: Tarefa: refletir sobre a forma de tributação da empresa do IRPJ e a


CSLL em atividades mistas de empresas optantes pelo Lucro Presumido: Como se
faz a segregação de receitas e a tributação da empresa “Metalúrgica Jatobá? A
metalúrgica Jatobá, optante do LP, produz e comercializa artefatos de ferro, e
recentemente incorporou a prestação de serviços, pois identificou ganhos maiores
com a verticalização. Com isso, se deparou com um novo formato de cálculo do
IRPJ e da CSLL: a segregação de receitas. A receita total do trimestre foi de
R$690.000,00, da seguinte forma:

Trimestre Venda de Produtos Venda de Serviços

Mês 1 140.000 70.000

Mês 2 150.000 80.000

Mês 3 160.000 90.000

TOTAL 450.000 240.000

SEBRAE/MT Página 20
Reflita sobre a forma de tributação com a segregação de receitas e calcule o IRPJ devido
e também a CSLL. Aproveite calcule também o valor do PIS e da COFINS.
Conforme explicado na videoaula.

Resolução: Caso Metalúrgica Jatobá Tributação do IRPJ na Metalúrgica


Jatobá

Tributação do CSLL na Metalúrgica Jatobá

Tributação do PIS e da COFINS na Metalúrgica Jatobá

SEBRAE/MT Página 21
Conclusão: Os tributos federais IRPJ e CSLL incidentes sobre o lucro, e o PIS e a
COFINS incidentes sobre a receita bruta da empresa Metalúrgica Jatobá, somam no
trimestre R$59.157,00

3.2 - Retenções de tributos na fonte

No regime do Lucro Presumido, a empresa tomadora dos serviços, quando do


pagamento dos serviços à empresa prestadora, deve reter parte dos tributos
incidentes sobre o valor cobrado: IRPJ – Alíquota da retenção é de 1,5% para serviços
de natureza profissional. E de 1,0% no caso de serviços de limpeza, conservação,
segurança, vigilância e locação de mão de obra.

A retenção do PIS, COFINS e CSLL soma 4,65%, sendo PIS de 0,65%, COFINS de

3%, CSLL de 1%

INSS: é retido com 11% sobre o valor da Nota Fiscal, no caso de atividades de cessão
de mão de obra, empreitada e nos casos de serviços caracterizadamente de natureza
profissional que não forem executados pelo sócio.
A empresa prestadora do serviço faz posteriormente a compensação com o INSS
calculado sobre a sua Folha de Pagamento

4 – Aspectos críticos do SIMPLES Nacional

4.1 - Limites de Receitas

A LC 155/2016 estabeleceu o limite de receita bruta anal em R$4.800.000,00 para a


permanência da empresa no SIMPLES Nacional, com algumas condições: - Para a
tributação do ICMS e do ISSQN dentro do SIMPLES Nacional o limite de receita bruta
anual é de R$3.600.000,00 para os Estados com PIB superior a 1% do PIB do país, e
de R$1.800.000,00 para Estados com PIB inferior a 1% do PIB nacional. Acima destes
valores o ICMS e ISSQN devem ser tributados na regra geral e fora do SIMPLES. Há
uma tolerância de até 20% acima destes limites de receita bruta, ao longo do ano.
Quando o limite com a tolerância de 20% for ultrapassado, já no mês subsequente a
empresa fica desenquadrada do SIMPLES para estes tributos.
Para os demais tributos, o limite de receita bruta anual para enquadramento no
SIMPLES
SEBRAE/MT Página 22
Nacional é de R$4.800.000,00 pela LC 155/2016, mas durante o ano há uma tolerância
de até 20%, ou seja, R$5.720.000,00. Acima deste valor a empresa deve ser excluída
já no mês subsequente.

4.2 - Partilha do SIMPLES Nacional

O imposto SIMPLES é na verdade uma somatória de tributos, e o valor unificado


resultante é posteriormente dividido e remetido para os demais entes da federação,
conforme, nas seguintes proporções: Anexo I – Comércio

Os percentuais são sobre o valor do imposto, para o anexo I e para o Anexo II a seguir.
A partir da 6ª faixa e da tolerância de 20% ao longo do exercício anual, o ICMS será
apurado separadamente.

Anexo II – Indústria

Anexo III – Serviços

SEBRAE/MT Página 23
Os percentuais são sobre o valor do imposto para o anexo III ao Anexo V a seguir. A
partir da 6ª faixa e da tolerância de 20% ao longo do exercício anual, o ISSQN será
apurado separadamente.

Anexo IV – Outros Serviços

Anexo IV – Outros Serviços

4.3 - Cálculo do imposto SIMPLES Nacional

4a) – Atividade: assista à videoaula sobre cálculo do imposto SIMPLES Nacional

O imposto SIMPLES é calculado sobre a receita bruta mensal com base na alíquota
obtida considerando a receita bruta dos doze meses anteriores ao mês em questão

SEBRAE/MT Página 24
(RBT12). Na primeira faixa de receita, ou seja, até R$180.000,00, a alíquota mostrada
em cada anexo já é a alíquota efetiva que deve ser utilizada no cálculo do imposto.
Nas demais faixas, a alíquota mostrada em cada anexo é denominada “alíquota
nominal” que não serve para calcular o imposto, mas será utilizada para cálculo da
alíquota efetiva final. Os componentes do cálculo são:
• A partir da Receita Bruta do mês

• A partir da Receita bruta dos últimos 12 meses anteriores (RBT12)

• Aplica a Alíquota Nominal do Anexo sobre a RBT12

• Utiliza a Parcela a Deduzir do respectivo Anexo

• Calcula a Alíquota Efetiva dividindo o resultado anterior pela RBT12


Calcula o Imposto Simples do mês: aplicando a alíquota efetiva sobre a Receita
do mês, portanto, a regra de cálculo da alíquota efetiva é:

{[(alíquota nominal x RTB12) – parcela de desconto] x 100} / RTB12

Exemplo: empresa sujeita ao Anexo I - Comércio

- Receita Bruta do mês: 40.000,00

- Receita bruta dos últimos 12 meses: 480.000,00

- Alíquota Nominal do Anexo I: 9,5%


- Parcela a deduzir: 13.860,00, indicada na 3ª faixa do Anexo I Cálculo:
9,5% x 480.000 = 45.600;

45.600 - 13.860 = 31.740;

(31.740 X 100) / 480.000,00 = 6,61%, esta é a alíquota efetiva para cálculo do


imposto. Cálculo do imposto SIMPLES: 6,61% x 40.000,00 = 2.644,00

4.4 - Segregação de Receitas

4b) – Atividade: assista à videoaula sobre segregação de receitas no SIMPLES

Nacional

Sempre que uma empresa atuar com atividade mista, pode se enquadrar em mais de
um anexo, o que a obrigará à segregação de receitas para aplicação correta das
alíquotas do SIMPLES sobre a receita bruta individualizada.
SEBRAE/MT Página 25
Exemplo: Considere 3 empresas, todas com RBT12 na primeira faixa de
R$180.000,00 dos seus Anexos, veja figura a seguir:

A primeira empresa é um comércio e obteve uma receita bruta no mês de


R$15.000,00, portanto, na primeira faixa do Anexo I, está sujeita a uma alíquota efetiva
de 4% e o imposto será de R$600,00.
A segunda empresa é de serviços e obteve uma receita bruta no mês de R$15.000,00,
portanto, na primeira faixa do Anexo III, está sujeita a uma alíquota efetiva de 6% e o
imposto será de R$900,00.
A terceira empresa tem atividade mista, comércio e serviços e obteve uma receita
bruta no mês também de R$15.000,00, sendo R$7.500,00 em cada atividade,
portanto, na primeira faixa do Anexo I de comércio e Anexo III de serviços, está sujeita
a uma alíquota efetiva de 4% para o comércio e de 6% para as receitas de serviços.
O imposto será R$300,00 e de R$450,00 respectivamente, totalizando R$750,00. Veja
figura a seguir:
Conclusão: A RTB12 total da empresa com atividades mistas e sujeita a diferentes
Anexos é utilizada para definição das alíquotas, mas a tributação é feita para cada tipo
de receita e o no final o imposto é totalizado. Veja que as empresas de serviços têm
uma tributação maior. Nota: A técnica de segregação de receitas no SIMPLES é
importante inclusive para os profissionais de consultoria. Os serviços qualificados em
treinamento técnico, chamados no mercado de instrutoria são tributados pelo Anexo
III. Já a receita proveniente dos serviços de consultoria propriamente dita fica sujeita
ao Anexo V de alíquotas muito mais elevadas.
Procedendo mensalmente pela segregação o valor total do imposto acaba sendo bem
inferior.

SEBRAE/MT Página 26
5 - Aplicação usual dos tributos

Pode ocorrer que empresas industriais ou prestadoras de serviço que trabalham sob
encomenda, fazem orçamento de venda sem considerar a tributação, discutem preço
sem imposto. Mas no faturamento fazem a consideração dos tributos. Como atribuir
tributos ao preço de venda posteriormente?

5a) – Atividade: assista à videoaula sobre cálculo do imposto SIMPLES Nacional

5b) – Reflexão: Tarefa: Refletir sobre a consideração de impostos no preço de


venda: Dado o Preço de Venda de um produto sem tributos, como chegar no preço de
venda com tributos para a emissão correta dos documentos fiscais?

Como atribuir tributos em preço de venda líquido

O caso da Metalúrgica Jatobá

A metalúrgica Jatobá, optante do Lucro Presumido, produz e comercializa


artefatos de ferro. A venda de determinado produto precisa gerar uma receita
unitária líquida de tributos de R$120,00. Qual valor deve ser o Preço de Venda
com os tributos inclusos?
Os tributos são:
ICMS = 17%; IPI = 10%

PIS = 0,65; COFINS = 3,00

IRPJ = 15% sobre 8% da receita bruta (1,20%)

CSLL = 9% sobre 12% da receita bruta (1,08%)

Resolução:
Para se chegar ao Peço de Venda carregado com a carga tributária devida, a partir do
preço sem tributos, devemos adotar dois procedimentos:

Procedimento 1: considerar os tributos que são INCLUÍDOS no preço, no caso de


empresa optante do Lucro Presumido
 São eles: ICMS, PIS, COFINS, IRPJ, CSLL

SEBRAE/MT Página 27
Procedimento 2: Após a inclusão, considerar os tributos que são ADICIONADOS ao
preço, no caso o IPI

Nota: Alguns especialistas consideram indevida a tributação do PIS e da COFINS


considerando uma base de cálculo carregada com ICMS. O acórdão do Recurso
Extraordinário 574.706 publicado em 02/10/2017, pelo STF, fixou a tese de que
realmente o ICMS não compõe a base de cálculo do PIS e da COFINS. Mas, a
legislação ordinária não foi modificada (até a data de publicação do Acórdão), assim,
é necessário ingressar com a ação judicial para deixar de recolher o PIS e a COFINS
sobre o ICMS embutido no preço.
A IN 1.911 de 15/10 orienta a exclusão do ICMS da base de cálculo somente para as
decisões judiciais transitadas em julgado.
Desta forma, ainda se considera que o cálculo do PIS, COFINS e ICMS utiliza a
mesma base de cálculo.
Procedimento 1 – Inclusão de tributos. A técnica é:

Procedimento 2 – Adicionar o IPI. A técnica é multiplicar por 1+IPI

Cálculo do Preço de venda (PV) com tributos no caso da Metalúrgica Jatobá:

SEBRAE/MT Página 28
2) PV com IPI = 155,70 x 1,10 = 171,27

Assim, neste exemplo, um valor base de R$120,00 resulta em R$171,27 quando


carregado de toda a carga tributária da operação comercial.

6 – Aspectos das relações trabalhistas

Sobre a folha de pagamento das empresas incidem:

• O INSS da empresa, com alíquota de 20% sobre o total da folha de pagamentos


inclusive sobre a retirada de pró-labore dos sócios. Mas as empresas optantes
do SIMPLES já têm o INSS embutido na alíquota, exceto para empresas que
utilizam o anexo IV, que deve ser calculado como nas demais opções
tributárias.
• O INSS descontado dos funcionários com alíquotas que variam da seguinte
forma, após 01/03/2020 – Reforma da Previdência, validade em 2020. Salário
até 1.045,00 a alíquota é de 7,5%,

Salários de 1.045,01 até 2.089,60 alíquotas é 9%

Salários de 2.9089,61 até 3.134,40 a alíquota é de 12%.

Salário de 3.134,41 até 6.101,06 a alíquota é de 14% Portanto,


o teto para cálculo é de R$6.101,06

• FGTS:

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O FGTS é pago pela empresa, com sendo 8% sobre o valor dos salários, férias,
adicional de 1/3 das férias e sobre o 13º salário.
• As contribuições para terceiros:

- Salário-Educação:2,5%

- SESI ou SESC:1,5%

- SENAI ou SENAC :1%

- SEBRAE:0,6%

- INCRA:0,2%

As empresas optantes do SIMPLES estão dispensadas das contribuições para


terceiros.
• Outras contribuições: GILRAT - Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa

Decorrente dos Riscos do Ambiente de Trabalho. (Antigo: Seguro de Acidente do

Trabalho SAT): Alíquotas de 1%, 2% e 3% conforme a atividade da empresa +


Fator Acidentário Prevenção (FAP) que consiste em um multiplicador variável num
intervalo 0,5000 a 2,0000, a ser aplicado sobre a alíquota do GILRAT.
As empresas optantes do SIMPLES estão dispensadas do pagamento do GILRAT.

7 - Finalização da sessão

Esta Sessão tratou dos aspectos mais importantes, mais críticos e mais usuais que
impactam a gestão das pequenas empresas, não considerando situações específicas
de isenções ou enquadramento especiais de atividades não usuais dos pequenos
negócios. Portanto, é um apanhado bastante completo do conjunto de aspectos
tributários que mais desafiam as relações de consultoria, e são assuntos com os quais
o Consultor em Gestão Empresarial se depara com frequência. A seguir, pratique
alguns aspectos da tributação na pequena empresa e na sessão seguinte
estudaremos os aspectos críticos da viabilização e de resultados nas pequenas
empresas.

Os exercícios a seguir na forma de casos de empresa são importantes para avaliar o


nível de entendimento dos assuntos tratados nesta sessão e de promover prática na
aplicação das técnicas abordadas.

SEBRAE/MT Página 30
7a) - Atividade: Resolver os exercícios para prática: Tributação do IRPJ Caso 1: O
Sr. Aloir Gonçalves tem uma empresa de transportes de carga enquadrada no Regime
do Lucro Presumido, pois, por questões tributárias do passado, foi desenquadrado do
SIMPLES. No trimestre passado a receita alcançou R$660.000,00. Qual seria o IRPJ
total, ou seja, considerando o adicional do IRPJ se tiver, devido sobre esta receita.?
Alternativas:

a) 7.920

b) 9.730

c) 7.290

d) 9.370

e) N.d.a

7b) - Atividade: Resolver os exercícios para prática: Tributação da CSLL Caso 2: A


Sra. Madalena Zurquim é a gestora de uma empresa comercial enquadrada no
Regime do Lucro Presumido, pois por questões tributárias do passado a empresa foi
desenquadrada do SIMPLES. No trimestre passado a receita alcançou R$390.000,00.
Qual seria o valor da CSLL devido sobre esta receita?

Alternativas:

a) 4.615

b) 6.416

c) 4.212

d) 6.315

e) N.d.a

7c) - Atividade: Resolver os exercícios para prática: Tributação do PIS

Caso 3: O Sr. Geraldo de Azevedo comanda uma empresa industrial enquadrada no


Regime do Lucro Presumido, pois por questões tributárias do passado a empresa foi
desenquadrada do SIMPLES. No mês passado a receita alcançou o valor de
R$140.000,00. Qual seria o valor do PIS devido sobre esta receita?
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Alternativas:

a) 910

b) 960

c) 4.200

d) 4.600

e) N.d.a.

7d) - Atividade: Resolver os exercícios para prática: Tributação da Cofins Caso 4: A


Sra. Valdirene de Almeida, tem uma empresa de serviços de consultoria e, por ser
sujeita ao Anexo V, de alíquotas elevadas, optou pelo Regime do Lucro Presumido.
No mês passado a receita alcançou o valor de R$270.000,00. Qual seria o valor da
Cofins devida sobre esta receita?
Alternativas:

a) 8.400

b) 8.200

c) 8.100

d) 8.050

e) N.d.a.

7e) - Atividade: Resolver os exercícios para prática: Tributação do SIMPLES Caso 5:


A Sra. Tetis Meira tem uma empresa de serviços optante pelo SIMPLES com atividade
mista: presta serviços de instrutoria e de consultoria. No mês passado a receita total
alcançou a marca de R$44.000,00, sendo R$22.000,00 de serviços de Consultoria
sujeita ao Anexo V e R$22.000,00 de serviços de instrutoria sujeita ao Anexo III. Qual
seria o valor do imposto SIMPLES devido, considerando uma receita bruta total dos
12 meses anteriores na ordem de R$504.000,00?
Alternativas:

a) 2.200,00

b) 3.858,80

c) 6.058,80

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d) 8.658,80

e) N.d.a.

7f) Quiz pessoal

1 -Escolha a resposta correta

a) Toda empresa brasileira pode optar pelo SIMPLES Nacional

b) Toda empresa brasileira pode optar pelo Regime do Lucro Presumido

c) Toda empresa brasileira pode optar pelo Regime do Lucro Real

d) Todas as respostas estão corretas

e) N.d.a.

2 -Escolha a resposta correta

a) No regime do Lucro Presumido o IRPJ resultante é relativamente mais elevado


para as indústrias do que para o comércio, considerando um mesmo nível de
receita.
b) No regime do Lucro Presumido o IRPJ resultante é relativamente mais elevado
para o comércio do que para empresas de serviços em geral, considerando um
mesmo nível de receita.
c) No regime do Lucro Presumido o IRPJ resultante é relativamente mais elevado
para as empresas de serviço em geral.
d) Todas as respostas estão corretas

e) N.d.a.

3 -Escolha a resposta correta

a) Empresas do comércio optantes pelo SIMPLES Nacional tem carga tributária


total mais elevada que empresas industriais, considerando um mesmo nível de
receita.

SEBRAE/MT Página 33
f) Empresas industriais optantes pelo SIMPLES Nacional tem carga tributária total
mais elevada que empresas de serviços, considerando um mesmo nível de
receita.

g) Empresas de serviços optantes pelo SIMPLES Nacional têm tributação mais


elevada.

b) Todas as respostas estão corretas

c) N.d.a.

4 – Empresas optantes pelo SIMPLES e com atividades mistas, devem:

a) Considerar a receita total do mês quando aplicar a alíquota efetiva

b) Considerar a receita total do mês para cálculo da alíquota efetiva

c) Considerar a receita total dos 12 meses anteriores para cálculo de cada alíquota
efetiva.
d) Aplicar as alíquotas efetivas separadamente sobre a receita de cada atividade.

e) As alternativas “a” e “b” estão corretas

f) As alternativas “c” e “d” estão corretas

g) N.d.a.

Autor: Antonio Carlos de Matos


MR Results Gestão Empresarial Ltda
Novembro de 2020

SEBRAE/MT Página 34

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