Em Portugal, D. João V deixa se influenciar pelos diplomatas que o cercam
intelectuais estrangeiros (que trazem as ideias iluministas) – e pela riqueza vinda do Brasil. O aparecimento no brasil de grandezas jazidas de ouro permite a resolução de alguns problemas financeiros e leva o rei a investir no luxo dos palácios e das igrejas. No entanto o aumento de receita publica e privada não se repercutiu em transformações duradouras no plano económico, ou em modificações sensíveis na estrutura social portuguesa. O rei consumiu quase tudo quanto ao estado coube no rendimento das minas brasileiras na manutenção de uma corte luxuosa e em gastos enormes relacionados com o prestígios real, no entanto, o dinheiro não podia, por si só, resolver nenhum problema. A sua refletia a mentalidade e formação das pessoas que o utilizavam. Ao querer ultrapassar a magnificência do Escorial de Madrid e do palácio de Versalhes, e em ação de graças perante o nascimento do seu filho, manda construir o convento de Mafra, com a inclusão de um grandioso palácio e uma extraordinária basílica (a mais importante realização pessoal de D. João V) Mas Portugal não dispunha de técnica nem de gente para realizar esse projeto , por isso, foi necessário recorrer á importância maciça de artistas estrangeiros e obras inteiramente produzidas fora do pais. O projeto do palácio Convento foi do arquiteto alemão, Ludwig. Este incluía um grande palácio real, um convento para trezentos religiosos e uma basílica. As obras iniciaram- se em 1717 e duraram até 1750. O rei exigiu que a sagração da basílica se fizesse em 1730, no dia do seu aniversario. Para tentar terminar a obra, foram arrebanhados todos os homens válidos do pais e mandados para Mafra amarrados. Criou a biblioteca da Universidade de Coimbra, construiu o aqueduto das Águas Livres, que abasteceu Lisboa, construiu o Palácio e Mosteiro de Mafra e a Capela de S. João Baptista, na Igreja de S. Roque. Juntaram se, assim, em Mafra quarenta e cinco mil trabalhadores, além de sete mil soldados que os vigiavam e obrigavam a trabalhar. Assim o rei português adquire o cognome de o Magnifico, devido ás grandes obras no campo das artes, da literatura e das ciências, como o referido convento de Mafra, o Aqueduto das águas livres de lisboa, a Real Academia Portuguesa de história. Memorial do convento é uma narrativa histórica que percorre este período de aproximadamente 30 anos da história portuguesa, no reinado de D. João V, entrelaçados personagens e acontecimentos verídicos com seres conseguidos pela ficção. Saramago fundamenta se na realidade histórica da inquisição, da família real, do padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão (inventor da passarola voadora) e de muitas das figuras da intelectualidade e da política portuguesa, embora ficcionasse e a sua ação.
Morreu em Lisboa, em 31 de julho de 1750, e sucedeu-lhe o seu filho, D. José I.