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AS PERSONAGENS
Telmo Pais
Aio, não pertence à nobreza. É confidente de D. Madalena e de Maria, fiel dedicado, com
tendência a tecer juízos de valor. É a única personagem que não acredita na morte de D. João de Portugal,
vivendo dominado pelo sebastianismo. Estabelece uma ligação com o passado, uma vez que testemunha
duas fases da vida de D. Madalena. Tem uma fidelidade absoluta para com o seu primeiro senhor, mas o
amor extremoso que dedica a Maria causar-lhe-á um momento de hesitação.
Tem a função de coro, uma vez que anuncia o futuro, tece comentários sobre a ação e com
apartes esclarece o público.
D. João de Portugal
Nobre, da família dos Vimioso, companheiro de D. Sebastião. Austero e misterioso. Representa,
enquanto Romeiro, o destino implacável e o Portugal antigo, que já não tem lugar no tempo presente - no
fundo termina com a crença sebastianista. É uma personagem ausente, que se vai presentificando até se
concretizar no Romeiro.
Frei Jorge Coutinho
Frei Jorge, irmão de Manuel de Sousa Coutinho, frade domínico. Primando pela serenidade,
representa o consolo cristão, a fé como aceitação de todas as coisas, porque crê que as
situações com que os homens se deparam escapam à sua compreensão, mas espelham a
vontade de Deus. Pelo seu papel de confidente, que o leva a manifestar-se sobre os
acontecimentos, desempenha, como Telmo Pais, um papel semelhante ao do coro das tragédias
clássicas antigas.
- Todo o sermão é uma alegoria, porque os peixes são a personificação dos homens.
- Vieira dirige-se aos moradores do Maranhão, o sal são os pregadores e a terra os ouvintes.
- O sermão vai louvar o bem que os peixes fazem (as virtudes) e repreender o mal (os vícios).
Assim, será dividido em duas partes: a primeira, os louvores das virtudes; a segunda, as
repreensões dos vícios.
Objetivos:
Pretende agitar as consciências (abrir os olhos), conduzir à reflexão.
Pretende evitar o mal e preservar o bem (sal que tenta salgar)
1.1. EXÓRDIO – o orador apresenta o plano (como se vai organizar o sermão), que vai defender
baseado num CONCEITO PREDICÁVEL, extraído da Sagrada Escritura. Tenta captar a atenção do
auditório.
CONCEITO PREDICÁVEL – “Vos estis sal terrae” – “Vós sois o sal da terra
CONSERVAR PURIFICAR
Aqueles que já Converter os
estão convertidos corruptos, hereges
Vaidade dos pregadores (“Se pregam a si e Egocentrismo, satisfação das vontades (“em
não a Cristo”) vez de servir a Cristo, servem a seus apetites”)
1.2. INVOCAÇÃO – orador invoca auxílio divino para pedir bênçãos/auxílio para levar a bom termo a
sua missão de orador e fazer uma boa exposição das ideias
Invocação à Virgem Maria – “Maria, quer dizer, Domina Maria: “Senhora do Mar”; e posto que o assunto
seja tão desusado, espero que não me falte com a costumada graça. Ave Maria”
1.3. Recursos
o QUESTÕES RETÓRICAS:
Efeito rítmico
Retardamento da solução para aguçar a curiosidade
Induz à reflexão
Captar a atenção do auditório - “CAPTATIO BENEVOLENTIA”
"(...) para que procedamos com alguma clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no
primeiro louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios.
o O sermão → ALEGORIA: os peixes são metáfora dos homens, as suas virtudes são por contraste
metáfora dos defeitos dos homens e os seus vícios são diretamente metáfora dos vícios dos homens.
o Os peixes ouvem e não falam. Os homens falam muito e ouvem pouco, têm pouco respeito pela palavra
de Deus.
o Divide o sermão em duas partes: o sal conserva, o pregador louva as virtudes dos peixes; o sal preserva
da corrupção, o pregador repreende os vícios dos peixes.
o Devem manter-se longe dos Homens pois caso contrário sofrerão consequências. Mostra-se que aqueles
que convivem com os homens foram castigados, estão domados e domesticados, sem liberdade.
VIRTUDES
EFEITOS
COMPARAÇÃO
2.2.1.Recursos:
1ª Repreensão: Os peixes “comem-se” uns aos outros – Os homens “comem-se” uns aos outros. – “VÓS
COMEIS UNS AOS OUTROS”
2ª Repreensão: A ignorância dos peixes/A ignorância e cegueira dos homens – “NOTÁVEL IGNORÂNCIA E
CEGUEIRA”
morrem queimados
Os Roncadores: soberbos e orgulhosos, facilmente tendo tanto saber e tanto poder, não se orgulhou
pescados disso, antes se calou. Não foi abatido, mas a sua voz
ficou para sempre
Os Pegadores: parasitas, aduladores, pescados com pegou-se com Cristo a Deus e tornou-se imortal
os grandes
"Com esta última advertência vos despido, ou me despido de vós, meus peixes. E para que vades
consolados do sermão, que não sei quando ouvireis outro, quero-vos aliviar de uma desconsolação mui
antiga, com que todos ficastes desde o tempo em que se publicou o Levítico."
Peroração: conclusão com a utilização de um desfecho forte, capaz de impressionar o auditório e levá-lo a
pôr em prática os ensinamentos do pregador.
estes podiam ir vivos para os só poderiam ir mortos. Deus não quer os homens também
sacrifícios que Lhe ofereçam coisa morta chegam mortos ao altar
porque vão em pecado
ofereçam a Deus o ser sacrificado ofereçam a Deus não ser sacrificados mortal. Assim, Deus não
os quer.
ofereçam a Deus o sangue e a vida ofereçam a Deus o respeito e a
obediência
Orador Peixes
4. SÍNTESE RECURSOS ESTILÍSTICO
o Apostrofes:
Estes e outros louvores, estas e outras excelências de vossa geração e grandeza vos pudera dizer, ó
peixes..."
"Ah moradores do Maranhão..."
"Esta é a língua, peixes, do vosso grande pregador (...)"
"Peixes, contente-se cada um com o seu elemento."
"Oh alma de António, que só vós tivestes asas e voastes sem perigo (...)"
o Antíteses:
Tanto pescar e tão pouco tremer!"
"No mar, pescam as canas, na terra pescam as varas (...)"
"(...) deu-lhes dois olhos, que direitamente olhassem para cima (...) e outros dois que direitamente
olhassem para baixo (...)"
"A natureza deu-te a água, tu não quiseste senão o ar (...)"
"(...) traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras."
"(...) António (...) o mais puro exemplar da candura, da sinceridade e da verdade, onde nunca houve dolo,
fingimento ou engano."
"Oh que boa doutrina era esta para a terra, se eu não pregara para o mar!"
o Comparações:
Certo que se a este peixe o vestiram de burel e o ataram com uma corda, parecia um retrato marítimo de
Santo António."
"O que é a baleia entre os peixes, era o gigante Golias entre os homens."
"(...) com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge;
com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela;
com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura (...)"
"As cores, que no camaleão são gala, no polvo são malícia (...)"
"(...) e o salteador, que está de emboscada (...) lança-lhe os braços de repente, e fá-lo prisioneiro. Fizera
mais Judas?"
"Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos traidor
o Paralelismos e Anáforas:
Ou é porque o sal não salga, e os pregadores...;
ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes...
Ou é porque o sal não salga, e os pregadores...;
ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes...
Ou é porque o sal não salga, e os pregadores...;
ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes..."
"Deixa as praças, vai-se às praias;
deixa a terra, vai-se ao mar..."
"Quantos, correndo fortuna na Nau Soberba (...), se a língua de António, como rémora (...)
Quantos, embarcados na Nau Vingança (...), se a rémora da língua de António (...)
Quantos, navegando na Nau Cobiça (...), se a língua de António (...)
Quantos, na Nau Sensualidade (...), se a rémora da língua de António (...)"
"(...) com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge;
com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela;
com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura (...)"
"Se está nos limos, faz-se verde;
se está na areia, faz-se branco;
se está no lodo, faz-se pardo (...)"
o Enumeração:
No mar, pescam as canas, na terra pescam as varas (e tanta sorte de varas); pescam as ginetas, pescam as
bengalas, pescam os bastões e até os cetros pescam (...)"
"(...) que também nelas há falsidades, enganos, fingimentos, embustes, ciladas e muito maiores e mais
perniciosas traições."
"Eu falo, mas vós não ofendeis a Deus com palavras; eu lembro-me, mas não ofendeis a Deus com a
memória; eu discorro, mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento; eu quero, mas vós não ofendeis
a Deus com a vontade."
o Paradoxos:
a terra e o mar tudo era mar."
"E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa (...) o dito polvo é o maior traidor
do mar."
"hipocrisia tão santa"
o Trocadilhos
Os homens tiveram entranhas para deitar Jonas ao mar, e o peixe recolheu nas entranhas a Jonas, para o
levar vivo à terra."
"E porque nem aqui o deixavam os que o tinham deixado, primeiro deixou Lisboa, depois Coimbra, e
finalmente Portugal."
"(...) o peixe abriu a boca contra quem se lavava, e Santo António abria a sua contra os que se não queriam
lavar."
o Interrogações retóricas
qual será, ou qual pode ser, a causa desta corrupção?"
"Não é tudo isto verdade?"
"(...) que se há de fazer a este sal, e que se há de fazer a esta terra?"
"Que faria neste caso o ânimo generoso do grande António? (...) Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia?
Dissimularia? Daria tempo ao tempo?"
"(...) onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há tantos séculos?!"
o Ironia
Mas ah sim, que me não lembrava! Eu não prego a vós, prego aos peixes."
"E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa (...) o dito polvo é o maior traidor
do mar."
Cesário Verde
Poesia:
- parnasianismo: “arte pela arte” à Tendência artística que procura a confeção perfeita através da poesia
descritiva. Preocupação com a perfeição, o rigor formal, a regularidade métrica, estrófica e rimática.
- poeta-pintor: capta as impressões da realidade que o cerca com grande objetividade; transmite as
perceções sensoriais.
- poesia do quotidiano
Morte/ Vida
- Cidade: - melancolia; monotonia; “desejo absurdo de viver”; vícios; fantasias mórbidas; miséria;
sofrimento; poluição; cheiro nauseabundo, seres humanos dúbios e exploradores; ricos pretensiosos que
desprezam os humildes; incomoda o poeta e os trabalhadores que nela procuram melhores condições de
vida.
Mulher citadina: fatal, frígida, calculista, madura, destrutiva, dominadora, sem sentimentos, erótica,
artificial, predadora, vampírica, formosa, fria, altiva.
- Campo: - vida rústica de canseiras, vitalidade, saúde, liberdade, rejuvenescimento, vida, fertilidade,
identificação do poeta com o povo campesino, local de trabalho onde acontece alegrias e tristezas (oposto
ao local paradisiaco defendido por poetas anteriores).
Mulher campesina: proporciona um amor puro e desconfinado, frágil, terna, ingénua, despretensiosa.
Os Maias
Carlos da Maia
É o protagonista;
Filho de Pedro e Maria Monforte;
Após o suicídio do pai vai viver com o avô para Santa Olávia, sendo educado à inglesa pelo preceptor, o inglês
Brown;
Sairá de Santa Olávia para tirar Medicina em Coimbra;
Admirado pelas mulheres;
Depois do curso acabado, viaja pela Europa;
Quando volta a Lisboa traz planos grandiosos de pesquisa e curas médicas, que abandona ao cair na inactividade,
porque, em Portugal, um aristocrata não é suposto ser médico;
Apesar do entusiasmo e das boas intenções fica sem qualquer ocupação e acaba por ser absorvido por uma vida
social e amorosa que levará ao fracasso das suas capacidades e à perda das suas motivações.
Transforma-se numa vítima da hereditariedade (visível na sua beleza e no seu gosto exagerado pelo luxo, herdados
da mãe e pela tendência para o sentimentalismo, herdada do pai) e do meio em que se insere, mesmo apesar da sua
educação à inglesa e da sua cultura, que o tornam superior ao contexto sociocultural português.
A sua verdadeira paixão nascerá em relação a Maria Eduarda, que compara a uma deusa e jamais esquecerá. Por ela
dispõe-se a renunciar a preconceitos e a colocar o amor no primeiro plano.
Ao saber da verdadeira identidade de Maria Eduarda consumará o incesto voluntariamente por não ser capaz de
resistir à intensa atracção que Maria Eduarda exerce sobre ele.
Acaba por assumir que falhou na vida, tal como Ega, pois a ociosidade dos portugueses acabaria por contagiá-lo,
levando-o a viver para a satisfação do prazer dos sentidos e a renunciar ao trabalho e às ideias pragmáticas que o
dominavam quando chegou a Lisboa, vindo do estrangeiro.
Afonso da Maia
Psicológico: Duro, clássico, ultrapassado, paciente, caridoso (ajuda os mais pobres e mais fracos), nobre, espírito
são, rígido, austero, risonho e individualista.
Símbolo do liberalismo (na juventude), associado a 1 passado heróico, incapacidade de regeneração do país,
modelo de autodomínio.
Morre de apoplexia, no jardim do Ramalhete, na sequência do incesto dos netos, Carlos e Maria Eduarda. É o mais
simpático e o mais valorizado para Eça.
João da Ega
Autêntica projecção de Eça de Queirós pela ideologia literária, usando também um monólogo e era considerado um
ateu e demagogo.
Excêntrico, cínico, o denunciador de vícios, o demolidor energético da política e da sociedade.
É um romântico e um sentimental.
Tornou-se amigo inseparável e confidente de Carlos.
Instalou-se no Ramalhete, e a sua grande paixão será Raquel Cohen.
Como Carlos, tem grandes projectos (a revista, o livro, a peça) que nunca chega a realizar. É também um falhado,
influenciado pela sociedade lisboeta decadente e corrupta.
sobretudo depois do encontro com o Sr. Guimarães, no capítulo XVI.
Pedro da Maia
Protótipo: do herói romântico e é personagem-tipo.
Psicológica: nervoso, crises de melancolia, sentimentos exagerados, instável emocionalmente (como a mãe).
Educação: tradicional – portuguesa – romântica – criado pelas criadas e mãe. Sente um amor quase doentio pela
mãe, pelo que quando esta morre entra em loucura
Deixou-se encadear por um amor à primeira vista que o conduziu a um casamento, de estilo romântico, com Maria
Monforte. Este enlace precipitado levá-lo-ia mais tarde ao suicídio – após a fuga da mulher – por carecer de
sólidos princípios morais e de força de vontade que o deveriam levar à aceitação da realidade e à superação
daquele contratempo.
Mª Monforte:
Psicológica: personalidade fútil mas fria, caprichosa, cruel e interesseira.
Protótipo: da cortesã: leviana e amora, sem preocupações culturais ou sociais.
É filha do Monforte, e é conhecida em Lisboa por “a negreira”, porque seu pai enriqueceu transportando negros e
arrancando a riqueza da “pele do africano”.
Contra a vontade de Afonso, Pedro da Maia apaixona-se e casa com ela. Nasceram Carlos e Maria Eduarda. Maria
Monforte virá a fugir com o italiano Tancredo, levando Maria Eduarda consigo e abandonando Carlos e
Simbolismo:
Toca é o nome dado à habitação de certos animais, apontando desde logo para o carácter animalesco do
relacionamento amoroso entre Carlos e Maria Eduarda, em que o prazer se sobrepõe à racionalidade e aos
valores morais.
O Jantar no Hotel Central proporcionou a Carlos a primeira visão de Mª Eduarda e o contacto com a sociedade
de elite
Mª Monforte e Mª Eduarda espalham a morte provocando o suicídio de Pedro, a morte física de Afonso e a
morte psicológica de Carlos.
Afonso simboliza os valores morais e o liberalismo. Sendo assim, com a morte de Afonso da Maia, todos os
princípios morais, que ainda existiam em Portugal, acabam. A morte instala-se no país.
Fingimento artístico:
Teoria que define o ato artístico como algo superior, que considera o FINGIR como uma exigência da criação
artística e que resulta do uso da imaginação a que todo o artista deve recorrer.
Sonho e realidade:
No ortónimo, o poeta ilude a vida sonhando, mas os seus sonhos revelam-se inúteis, ainda que a sua vocação
seja pensar e sonhar.
Nostalgia da infância:
Perante a consciência de que o estado de inconsciência corresponde ao período da infância, o sujeito poético
evoca o tempo em que tudo parecia possíveç, inclusive poder brincar no jardim do rei e pensar que tudo era
seu. Por isso, deseja viver num estado de pura inocência, liberto do intelecto que o faz questionar-se
continuamente e lamentar não ter usufruído desse anterior estado de pureza, quase instintivo.
Para Fernando Pessoa, um poema “é produto intelectual”, e por isso, não acontece “no momento
da emoção”, mas resulta da sua recordação, sendo considerado uma construção mental.
Para exprimir a arte, o autor criativo precisa de intelectualizar o sentimento, o que pode levar a
confundir a elaboração estética com um ato de “fingimento”.
A dor do pensar
Fernando Pessoa não consegue viver instintivamente a vida por ser consciente da sua própria
efemeridade.
A nostalgia da infância
Frequentemente, para Fernando Pessoa o passado é um sonho inútil, pois nada se concretizou,
antes se traduziu numa desilusão.
O tempo, na poesia pessoana, é um fator de degradação, porque tudo é efémero. Isso leva-o a
desejar ser criança novamente.
Pessoa sente a nostalgia da criança que passou ao lado das alegrias e da ternura. Chora, por isso,
uma felicidade passada, para lá da infância.
Há uma nostalgia do bem perdido, do mundo fantástico da infância, único momento possível de
felicidade.
Alberto Caeiro
Recusa o pensamento, sobretudo o pensamento metafísico, afirmando que “pensar é estar doente
dos olhos”.
Caeiro, poeta de olhar, procura ver as coisas como elas são, sem lhes atribuir significados ou
sentimentos humanos. Considera que as coisas são como são.
Considera que mundo existe e, por isso, basta senti-lo, basta experimentá-lo através dos sentidos,
nomeadamente através do ver.
Condena o excesso de sensações, pois a partir de um certo grau as sensações passam de alegres a
tristes.
Optando pela vida no campo, acredita na Natureza, defendendo a necessidade de estar de acordo
com ela, de fazer parte dela.
O poeta confessa não ter “ambições nem desejos”. Ser poeta é a sua “maneira de estar sozinho”.
Ricardo Reis
Na poesia de Ricardo Reis, há um sentimento da velocidade da vida, mas ao mesmo tempo uma
grande serenidade na aceitação da relatividade das coisas e da miséria da vida.
Reconhecendo a fraqueza humana e a inevitabilidade da morte, Reis procura uma forma de viver
com um mínimo de sofrimento.
A filosofia de Ricardo Reis é a de um epicurismo triste, pois defende o prazer do momento, o ideal
“carpe diem”*, como caminho da felicidade, mas sem ceder aos impulsos dos instintos
(estoicismo).
Ricardo Reis é considerado um estoico epicurista, na medida em que advoga o domínio das paixões
e a renúncia dos impulsos dos instintos, como regras de vida propiciadoras da felicidade.
Cultiva um neoclassicismo neopagão (crê nos deuses e nas presenças quase divinas que habitam
todas as coisas), recorrendo à mitologia greco-latina.
Sendo um epicurista, o poeta advoga a procura do prazer sabiamente gerido, com moderação e
afastado da dor. Para isso, é necessário encontrar a ataraxia (ausência de inquietude/preocupação), a
tranquilidade capaz de evitar qualquer perturbação. O ser humano deve ordenar a sua conduta de
forma a viver feliz, procurando o que lhe agrada.
A apatia, ou seja a indiferença, constitui o ideal ético, pois, de acordo com o poeta, há necessidade de
saber viver com calma e tranquilidade, abstendo-se de esforços inúteis para obter uma glória ou
virtude, que nada acrescentam à vida.
Próximo de Caeiro, há na sua poesia o sossego do campo, o fascínio pela natureza onde busca a
felicidade relativa.
Afirma uma crença nos deuses e nas presenças quase - divinas que habitam todas as coisas. Afirma
que os homens se devem considerar com direito a vida própria.
Álvaro Campos
Álvaro de Campos é o poeta, que, numa linguagem forte, canta o mundo contemporâneo, celebra o
triunfo da máquina, da força mecânica e da velocidade. Exalta a sociedade e a civilização modernas
com os seus valores e a sua “embriaguez”.
Como sensacionista, é o poeta que melhor expressa as sensações da energia e do movimento, bem
como as sensações de “sentir tudo de todas as maneiras”. Para ele a única realidade é a sensação.
Bernardo Soares:
Semi-heterónimo por ser apenas uma mutilação da personalidade de Pessoa, escreve em prosa as reflexões
íntimas do criador no Livro do Desassossego- uma espécie de diário, cheio de visões subjetivas do
quotidiano. Como tal, o livro corresponde ao lado confessional e autobiográfico de Pessoa, não tendo
ordem lógica, nem princípio, meio e fim. Nele encontra-se:
Mensagem e Lusíadas
Lusíadas
Género narrativo: EPOPEIA pois trata-se de uma narrativa, estruturada em verso, que narra os
feitos grandiosos de um herói com interesse para toda a Humanidade
Narração: poeta relata a descoberta do caminho marítimo para a Índia pelos navegadores
portugueses liderados por Vasco da Gama.
Estrutura externa
Mensagem
Intencionalidade comunicativa:
A obra trata do glorioso passado de Portugal. Glorifica acima de tudo, o estilo camoniano e o valor
simbólico dos heróis do passado, como os Descobrimentos. É apontando as virtudes dos portugueses, que
Fernando Pessoa acredita que o país devia-se regenerar, ou seja, tornar-se grande como foi no passado,
através da valorização cultural da nação.
A coroa- realeza,
O timbre- um grifo (abutre que remete para o céu e um leão que remete para a terra), símbolo de
poder legítimo e união entre 2 naturezas: humana e divina;
Os campos.
Símbolos do Brasão:
D.Sebastião- símbolo de loucura audaciosa e aventureira- morreu por uma ideia de grandeza.
2ª parte – Mar Português (vida): Vida do Império – simboliza a essência da vocação de Portugal e o
heroísmo dos portugueses
O Infante- símbolo do Homem universal que realiza o sonho por vontade divina- intermediário
entre homens e Deus,
O Mostrengo- alegoria do medo que tenta impedir os portugueses de completarem o seu destino-
símbolo dos obstáculos, perigos e medos.
Os símbolos,
Os avisos,
Os tempos.
Nevoeiro- símbolo de incerteza e indefinição e do estado caótico em que Porrtugal se encontrava: crise
política, identidade, valores, etc.
Embora tenhamos ânsia de voltarmos ao que éramos, não temos meios (nem rei, nem lei, nem paz nem
guerra).
Sebastianismo- Mito reavivado por Fernando Pessoa, perante a necessidade de reerguer Portugal, sendo
urgente que outros tomem o sonho que outrora moveu D.Sebastião que, transformado em messias redentor,
conduzirá os portugueses à construção de um novo império- Quinto Império
POETAS CONTEMPORÂNEOS
Miguel Torga- Pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha
Manuel Alegre
José Saramago
“o ano da morte de ricardo reis”
Contexto:
Em 1936 assiste-se a uma Europa politicamente conturbada entre as ditaduras de índole fascista e os
movimentos de esquerda que tentavam triunfar.Em Portugal, vivia-se num regime ditatorial, liderado por
Salazar, fortemente enraizado através de uma intensa propaganda política, que pretendia fomentar a ideia
da prosperidade e de grandeza do império.A censura, a repressão policial, a tortura ou a prisão eram as
armas usadas contra quem se opunha à ordem vigente, tendo sido para o efeito criada a Polícia de Vigilância
e Defesa do Estado.
É nesta realidade que o poeta retrata o país. A cidade de Lisboa, palco da ação, apresenta-se como um
labirinto, monótona, pobre, sombria.
Memorial do Convento
Síntese
Com esta obra, Saramago quis fazer simbolicamente justiça aos humilhados da História, aos que
fazem a suor e sangue mas cujos nomes não constam dis documentos dos arquivos ou nas páginas
dos manuais.
Durante o reinado de D. João V, o rigor e as perseguições do Santo Oficio aumentam com vítimas
que tanto podem ser cristãos-novos como todos os considerados culpados de heresias, por se
associarem a práticas mágicas ou de superstição.
Memorial do Convento caracteriza uma época de excessos e diferenças sociais, que se mantêm na
atualidade: opulência/miséria; poder/opressão; devassidão/penitência; sagrado/profano; amor
ausente/amor sincero…
A narrativa está centrada no amor de Blimunda e Sete-Sóis, presente desde o auto de fé em que a
mãe de Blimunda é sacrificada, até à clausura do romance por outro auto de fé, além disso, é a
participação dos dois quer na edificação de Mafra quer na construção da passarola que assegura a
unidade da obra.
Visão crítica: megalomania do rei, má gestão financeira (ouro que veio do Brasil), opressão do povo
pelos poderosos, ausência da valores e censura ao luxo da igreja e dos reis que levavam uma vida
faustosa, cheia de gastos desnecessários.
Existem duas linhas condutoras da ação: a construção do convento de Mafra e as relações entre
Baltazar e Blimunda.
A ação principal é a construção do convento de Mafra, que entrelaça o desejo megalómano do rei
com o sofrimento do povo.
Paralelamente à ação principal, encontra-se uma ação que envolve Baltazar Sete-Sóis e Blimunda
Sete-Luas, numa história de espiritualidade, de ternura, de misticismo e de magia.
Uma voz narrativa controla a ação narrada, as motivações e os pensamentos das personagens, mas
faz também as suas reflexões e juízos valorativos.
A história torna-se matéria simbólica para refletir sobre o presente, na perspetive da denuncia e dela
extrair uma moralidade que sirva para o futuro.
Em Memorial do Convento há, diversas vezes, um discurso de sobreposições narrativas com uma
voz que tanto descreve como desconstrói as situações, que dialoga com o narratário ou manuseia as
personagens como títeres, que domina os conhecimentos da história ou se sente limitado, que faz
ponderações ou ironiza.
Categorias da Narrativa
Ação
Espaço
O narrador afirma que apesar da tentativa de purificação através do incenso, Lisboa permanecia
uma cidade suja, caótica e as suas gentes eram dominadas pela hipocrisia.
Autos de fé
1. O Rossio está novamente cheio de gente: a população esta duplamente em festa,
porque é domingo e porque vai assistir a um auto de fé.
2. A assistência feminina, à janela exibe-se e preocupa-se com pormenores fúteis
relativos à sua aparência física, e aproveita a ocasião para se entregar a jogos de
sedução.
3. A proximidade coma morte dos condenados constitui o motivo do ambiente de
festa.
4. Inicio da relação entre Baltasar e Blimunda
5. Punição dos condenados pelo Santo Oficio – o povo dança em frente das
fogueiras.
Visão do narrador:
O narrador revela a sua dificuldade em perceber se o povo gosta mais de autos de fé ou de touradas,
evidenciando de forma irónica o gosto sanguinário e procura nas emoções fortes uma forma de preencher o
vazio da sua existência que o povo releva.
Tourada
Procissão do Corpo de Deus
O trabalho do Povo no Convento
1. Mafra simboliza o espaço de servidão desumana a que D. João V sujeitou todos os seus súbditos
para alimentar a sua vaidade.
2. Vivendo em condições deploráveis, os trabalhadores foram obrigados a abandonar as suas casa e a
erigir o convento para cumprir a promessa do seu rei e aumentar a sua glória.
Aspetos Símbolicos
Convento de Mafra
Representa a ostentação régia e o místico religioso, mas também testemunha a dureza a que o
povo está sujeito, a miséria em que vive, a exploração a que é sujeito apesar da riqueza do país.
Passarola voadora
Blimunda
Número “sete”
É o número de dias de cada ciclo lunar, que regula os ciclos de vida e da morte na Terra.
Símbolo de sabedoria e de descanso no fim da criação.
Sete-Sóis / Sete-Luas
Símbolo de afastamento, da separação que marca o casamento de convivência entre o rei e a rainha.
Liga-se à frieza do amor, à ausência do prazer, esconde desejos insatisfeitos.
Colher
Baltasar Sete-Sóis
É um homem do povo, simples, analfabeto e humilde, elementar, fiel e terno. É um jovem soldado, de 26
anos, natural de Mafra, que ficou maneta da mão esquerda depois de ter levado um tiro durante a Guerra
da Sucessão. Conhece o padre Bartolomeu de Gusmão e Blimunda em Lisboa, enquanto assiste ao auto de
fé em que está a mãe de Blimunda. Aceita a vida que lhe foi dado viver e a mulher que o destino lhe
ofereceu.
O padre Bartolomeu Lourenço partilha com ele o seu maior segredo, a construção da passarola.
Simbologia da personagem:
O sol identifica-se como fonte de vida, da força, do poder e do conhecimento- Baltasar encarna
simbolicamente a vida de todos os homens do povo, oprimido e espezinhado, que sempre trabalhou e
nunca foi recompensado.
Blimunda Sete-Luas
Casal:
A igualdade do casal é contrária ao estatuto social feminino no século XVIII- é mulher do futuro, que
trabalha ao lado do marido e com ele tudo vive e decide.
Sol e lua completam-se: são a luz e a sombra que compõe o dia (o ciclo diário), juntos pelo amor, são um
só.
A relação entre os dois é perturbadora para a sociedade da época pois não existe um casamento oficial e
porque os 2 têm os mesmos direitos, facto improvável em pleno século XVIII.
Conhecem-se durante um auto-de - fé, levado a cabo pela Inquisição, o de 26 de Julho de 1711 e nunca
mais se deixam de amar.
Vivem um amor sem regras, natural e instintivo, entregando-se a jogos eróticos. A plenitude do amor é
sentida no momento em que se amam e a procriação não é sonho que os atormente como sucede com os
reis.
Blimunda não é de origem Sete-Luas e é o padre Bartolomeu de Gusmão que a batiza com este nome por
ela ser companheira de Sete-Sóis.
O seu amor é tão complementar porque eles próprios são diferentes das outras pessoas- ele com uma
deformidade física devido à guerra e ela com uma capacidade de olhar para dentro das pessoas.
Os nomes de Baltasar e de Blimunda tem o mesmo número de letras, começam por B e as alcunhas são
uma forma de demonstrar a sua complementaridade. Baltasar está relacionado com o sol, fonte de luz, de
calor e de vida enquanto Blimunda surge relacionada com a lua, símbolo de dependência e da renovação.
Baltasar e Blimunda
Baixa estatura,
Tem 26 anos,
Nascido no Brasil, veio para Portugal e logo com 15 anos ingressou na igreja e estudou filosofia.
Já no Brasil contactava com a classe eclesiástica,
É caracterizado como um grande orador (aproximam-no do padre António Vieira)
Foi perseguido pela inquisição, pela modernidade do seu espírito científico e pelo seu
comportamento muitas vezes anti-canónico.
Representa, de uma forma quase de sacrilégio, alguns dos rituais e sacramentos da Igreja.
É um homem genial e incompreendido
Mistura a sua entrega à fé com a sua paixão escondida pela alquimia
Tem um sonho: construir a máquina voadora
Morreu “doido” em Toledo
A sua obsessão de voar levam-no a formar uma Trindade terrestre: baltasar (força física),
Blimunda(magia) e padre (inteligência). Esta tríade simboliza o sonho e o emprenho tornados
realidade, a par da desgraça, também ela partilhada.
Representa as novas ideias que causavam estranheza na inculta sociedade portuguesa. Representa
uma enorme crise de fé.
Simbologia da passarola
A viagem,
Simboliza a liberdade,
Ligação entre o céu e a terra,
As vontades como combustível,
A igreja representa o obscurantismo, um poder imenso que tudo controla segundo a sua vontade,
incluindo as decisões régias.
Controla o país através da inquisição e conta até com a subjugação do próprio rei.
Outros símbolos:
Colher, Sopa, Porta aberta, lareira - conjunto de elementos funciona na obra como um todo que
transmite a ideia de partilha: Blimunda deixa a porta aberta, permitindo que Baltasar entre não só
na sua casa como na sua vida; acende a lareira, serve uma sopa e usa a colher dele, construindo
conforto, um lar e um amor eterno.
Espigão - O espigão de Baltasar de que Blimunda se serve para se defender no Monte Junto da
tentativa de violação, presentifica o próprio Baltasar a “mão” do seu amor.
Palheiro de Morelena, a barraca da burra - O palheiro e a barraca da burra simboliza o amor
intenso de Baltasar e Blimunda, carregado de sensualidade e de cumplicidade; a transgressão das
regras socias e morais por parte deste casal que se ama partilhando as “almas, corpos e vontades”.
Mutilação de Baltasar- A mutilação aparece frequentemente como uma marca de inaptidão e de
marginalidade, todavia, na obra, Baltasar conseguira superar a sua incapacidade ao contribuir para
construir a passarola e o convento.
Sonho- O sonho é o espaço onde as personagens deixam transparecer as suas emoções, medos,
frustrações, desejos, funcionando, por vezes, como um fator de equilíbrio, como é o caso da rainha,
que compensa, no mundo onírico, as suas frustrações afetivas e sexuais. Em relação ao rei, os
sonhos espelham, acima de tudo, a manifestação do seu poder. Os sonhos comuns de Baltasar,
Blimunda e Bartolomeu Lourenço são uma forma de sublinhar a sua cumplicidade e partilha.
A música simboliza a harmonia e a plenitude do cosmos. A música de Scarlatti representa a
comunicação e tem o poder de curar. O som do seu cravo irá fascinar o padre e acompanhar o
processo de construção da passarola e o momento em que ela se eleva no céu.
No capítulo XIX, a pedra, símbolo da Terra-mãe, vai exigir um esforço enorme por parte dos
trabalhadores que, com coragem, força, habilidade e inteligência vão transportar de Pêro Pinheiro
até Mafra. É uma laje descomunal que evidencia a pequenez do homem, mas que
comparativamente ao convento se torna pequena. Conseguir transportar a pedra ate ao seu
destino, vai transformar estes homens em verdadeiros heróis. A pedra, pela sua firmeza, também
se pode associar a sabedoria.
Abegoaria - o espaço escondido onde se constrói a passarola, onde se materializa o sonho. É o
espaço da utopia, da invenção, da descoberta, da partilha e da amizade.
Montanha-Monte - A montanha estabelece a relação da terra com o céu, centro do mundo, traduz
a estabilidade e a inalterabilidade, guardando o que nela permanece, como a passarola que cai no
Monte Junto. A máquina voadora ficou protegida dos homens e do Santo Ofício e assim, mais
Povo: um dos protagonistas do romance como massa colectiva anónima que foi sacrificada na
construção do convento, embora também seja representado por Baltasar e Blimunda. É
caracterizado como ignorante, miserável, violento e escravos dos poderosos. As personagens que
foram individualizadas dessa massa anónima e que representam a força e o companheirismo
perante a desgraça da escravidão e da solidão na construção do convento, traduzem a essência de
ser português.
GRAMÁTICA
Funções sintáticas
Sujeito
O complemento oblíquo é um constituinte selecionado pelo verbo, o que significa que se o retirarmos da
frase muda-se o seu sentido.
Predicativo do sujeito
O predicativo do sujeito é selecionado por um verbo copulativo. Pode atribuir uma propriedade ou
característica ou uma localização no espaço ou no tempo.
Ela é linda.
Ele está atrás da porta.
Verbos copulativos mais frequentes: ser, estar, permanecer, ficar, continuar, andar, parecer, tornar-
se, revelar-se…
O complemento agente da passiva surge apenas quando a frase está na passiva e responde à pergunta
“por quem?”.
O teste foi corrigido pela professora. (foi corrigido por quem? – pela professora)
Modificador do nome
Tal como o nome indica, o modificador do nome modifica um nome (ou pronome). No entanto, como é um
constituinte não selecionado pelo nome, pode ser retirado da frase sem que esta se torne agramatical
(sem sentido).
Modificador que restringe/limita a realidade referida pelo nome que modifica. Geralmente surge à
direita do nome que restringe, que pode encontrar-se tanto no sujeito como no predicado, e nunca está
separado por vírgulas.
O carro, de valor inestimável, nunca será vendido. (de valor inestimável modifica o nome carro)
A Joana, que é a minha melhor amiga, vai ajudar-me. (que é a minha melhor amiga modifica o
nome Joana)
Exemplos:
- O passeio pela ria foi agradável.
- Prefiro bifes grelhados.
- As raparigas bonitas estavam na festa.
Modificador do nome apositivo – o modificador do nome é apositivo quando não contribui para
determinar a referência do grupo nominal.
Exemplos:
- D. Dinis, o rei trovador, viveu na idade média.
- O Ivo, muito satisfeito, partiu para ferias.
Modificador da frase (frásico) – o modificador frásico é uma oração subordinada com a função de
modificar outro constituinte (orações subordinadas relativas, causais, temporais, finais, etc.).
Exemplos:
- O assunto que abordamos preocupa me. (subordinada relativa)
- Comprou uma casa para viver com os filhos. (subordinada final)
Exemplos:
- A necessidade de atenção constante torna se cansativa.
- A estacão do metro fica longe.
Principal - Intransitivo, transitivo direto, indireto, direto e indireto, transitivo- predicativo (achar,
considerar, nomear, eleger, declarar)
Recursos expressivos
Aliteração – Repetição de sons consonânticos. Exemplo:
“Fogem fluindo à fina-flor dos fenos.” (Eugénio de Castro)
“Na messe, que enlourece, estremece a quermesse.” (Eugénio de Castro)
Onomatopeia – Conjunto de sons que reproduzem ruídos do mundo físico. Este conjunto de sons pode
formar palavras com sentido (palavras onomatopaicas). Exemplo:
“Bramindo o negro mar de longe brada.” (Camões)
Antítese – Apresentação de um contraste entre duas ideias ou coisas. Repare-se nesta sequência de
antíteses:
“Ganhe um momento o que perderam anos/Saiba morrer o que viver não soube!” (Bocage)
“Ali, àquela luz ténue e esbatida, ele exalava a sua paixão crescente e escondia o seu fato decadente.”
(Eça de Queirós)
“O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
Comparação – Consiste na relação de semelhança entre duas ideias ou coisas, através de uma palavra ou
expressão comparativa ou de verbos a ela equivalentes (parecer, lembrar, assemelhar-se, sugerir).
Exemplo:
“O génio é humilde como a natureza.” (M. Torga)
Eufemismo – Dizer de uma forma suave uma ideia ou realidade desagradável. Exemplo:
“…Só porque lá os velhos apanham de quando em quando uma folha de couve pelas hortas, fazem de nós
uns Zés do Telhado!” (Aquilino Ribeiro)
"Tirar Inês ao mundo determina."(Camões)
"Vai pera a ilha perdida"(Gil Vicente)
Hipálage – Atribuição a um ser ou coisa de uma qualidade ou ação logicamente pertencente a outro ser.
Exemplo:
“As tias faziam meias sonolentas.” (Eça de Queirós)
“Dá-me cá esses ossos honrados.” (Eça de Queirós)
Elipse – Omissão de uma palavra (um adjetivo, um verbo, etc.) que subentende. Exemplo:
“Quero perder-me neste Pisão, nesta Pereira, neste Desterro.” (Vitorino Nemésio)
Equivalente a: Quero perder-me neste Pisão, [quero perder-me] nesta Pereira, [quero perder-me] neste
Desterro.
Metonímia – Emprego de um vocábulo por outro, com o qual estabelece uma relação de contiguidade (o
continente pelo conteúdo; o lugar pelo produto, o autor pela sua obra, etc.). Exemplo:
Tomar um copo (=um copo de vinho). Beber um Porto (=um cálice de vinho do Porto).
Ando a ler Eugénio de Andrade (=a obra de…)
Perífrase – Figura que consiste em dizer por muitas palavras o que poderia ser dito em algumas ou
alguma. Exemplo:
“Tenho estado doente. Primeiramente, estômago – e depois, um incómodo, um abcesso naquele sítio em
que se levam os pontapés…” (Eça de Queirós)
Deixis
A deixis designa o conjunto de palavras ou expressões (expressões deíticas) que têm como função
‘apontar’ para o contexto situacional. Assim, assinalam o sujeito que enuncia (locutor), o sujeito a
quem se dirige (interlocutor), o tempo e o espaço da enunciação. Em função da sua natureza deítica, é
possível apresentar a seguinte classificação:
Deítico pessoal – indica as pessoas do discurso (locutor e interlocutor); integram este grupo os
pronomes pessoais (ex: tu, me, nós, etc.), determinantes e pronomes possessivos (ex: o meu,
o vosso, teu, etc.), sufixos flexionais de pessoa-número (ex: falas, falamos, etc.), bem como
vocativos. EX: «Aceita que eu exista como os sonhos.»; «Quando eu disser não ouças.»
Deítico espacial – assinala os elementos espaciais, evidenciando a relação de maior ou menor
proximidade relativamente ao lugar ocupado pelo locutor; integram este grupo os advérbios ou
locuções adverbiais de lugar (ex: aqui, cá, além, lá de cima, etc.), os determinantes e
pronomes demonstrativos (ex: este, essa, aquilo, etc.), bem como alguns verbos que indicam
movimento (ex: ir, partir, chegar, aproximar-se, afastar-se, entrar, sair, subir, descer, etc.). EX:
«Vamos até ali.»
Deítico temporal – localiza fatos no tempo; integram este grupo os advérbios, locuções
adverbias ou expressões de tempo (ex: amanhã, ontem, na semana passada, no dia seguinte,
etc.) e sufixos flexionais de tempo-modo-aspeto (ex: falarei, faláveis, etc.). EX: «Depois de
amanhã serei outro.»
Deôntica:
Epistémica:
Coesão Textual:
Coesão lexical:
Coesão gramatical:
Referencial- pronomes
Frásica – concordância de verbos
Interfrásica – orações
Extensão Semântica
Processo que ocorre quando são atribuídos novos sentidos a uma unidade lexical já existente.
Empréstimo
Processo que resulta da apropriação de uma unidade lexical de outra língua.
[gabardina (do francês); pizza (do italiano)]
Amálgama
Processo de criação de palavras que resulta da junção de partes de duas ou mais unidades lexicais.
[informática (informação + automática)]
Sigla
Unidade resultante da junção das iniciais de um grupo de palavras, que são pronunciadas
individualmente.
[PSP (Polícia de Segurança Pública)]
Acrónimo
Unidade lexical resultante da junção das letras ou sílabas iniciais de um conjunto de palavras, sendo
pronunciada como uma palavra.
[sida, nato, ONU]
Onomatopeia
Unidade lexical resultante da imitação de um som natural.
[fru-fru, tique-taque]
Truncação
Processo de criação lexical que resulta da supressão de uma parte da palavra.
[disco (discoteca), Alex (Alexandre)]
Significação lexical
O significado de uma unidade é lexical sempre que refere entidades do mundo, podendo ser
denotativo ou conotativo.
Denotação
Parte objetiva do significado lexical, podendo ser analisada fora do discurso, uma vez que é literal e
estável.
“A chave da porta desapareceu.” - o sentido denotativo de chave é: instrumento metálico destinado a
abrir portas
Monossemia
Caraterística semântica de unidades lexicais que apenas possuem um único significado em todos os
contextos. É frequente nos termos de linguagens especializadas
[“telefone; estetoscópio”].
Polissemia
Caraterística semântica da maior parte das unidades lexicais que possuem vários significados,
relacionados entre si
[borracho - pombo novo; bonito; bêbado].
Relações de Hierarquia
São estabelecidas através de hiperónimos e hipónimos.
[Flor (hiperónimo): cravo, rosa, lírio, jarro, malmequer, etc. (hipónimos)]
Relações de Parte-Todo
São estabelecidas através do recurso a holónimos e merónimos.
[Computador (holónimo): teclado, monitor, rato, etc. (merónimos)]
Orações Coordenadas
A coordenação é a relação sintática estabelecida entre elementos que pertencem à mesma categoria
gramatical e que desempenham a mesma função sintática.
Orações Subordinadas:
A subordinação é a relação sintática estabelecida entre orações em que uma (subordinada) está
sintaticamente dependente de outra (subordinante).
3. Oração subordinada adverbial concessiva - Exprime uma ideia de contraste. Locução: embora,
se bem que…, ainda que..
4. Oração subordinada adverbial condicional (hipótese). Locução: se, caso, a não ser que, desde
que, exceto que...
6. Oração subordinada adverbial final (finalidade/intenção). Locução: para, para que…, a fim
de/que…, com a finalidade de…
7. Oração subordinada adverbial temporal – Locução: quando, mal, apenas, enquanto, logo que…,
assim que…