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1
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ÍNDICE:
I – Jurisdição e Competência
1. FUNÇÕES DO ESTADO 4
2. A função jurisdicional 6
2.1. Conceito 6
3. A tutela jurisdicional 10
4. Classificação da Jurisdição 11
6. Competência 49
6.1. Conceito 49
1. – Funções do Estado
2
Interposição Conjunta de Recurso Extraordinário e de Recurso Especial, São Paulo: Dialética, 2005, p.
17.
3
Elementos de Teoria Geral do Estado, p. 104.
diversos objetivos almejados, afastando-se o uso de um critério orgânico
para definição de cada uma delas.
2. A função jurisdicional
2.1. Conceito
4
Verbete do Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa.
5
Lecciones de Derecho Procesal, Tomo l, p. 195.
6
Cf. Cintra-Grinover-Dinamarco, Teoria Geral do Processo, p. 131.
órgãos públicos, da atividade de particulares ou de outros órgãos
públicos, já no afirmar a existência da vontade da lei, já no torná-la,
praticamente efetiva”.7
7
Cf. Instituições de Direito Processual Civil, vol. II, p. 11; Principios de Derecho Procesal Civil, Tomo
I, p. 369.
promovendo a pacificação entre as partes e emprestando certeza ao
direito que preexistia à sentença, mas que se encontrava em estado de
incerteza, em virtude da controvérsia.
8
Neste sentido, José Frederico Marques, Instituições de Direito Processual Civil, vol. I, p. 261; Arruda
Alvim, Manual de Direito Processual, v. 1, pp. 162/3; Cândido Rangel Dinamarco, A instrumentalidade
do processo, pp. 117/8, especialmente, nota 10.
autodefesa: “A ninguém é lícito o recurso à força com o fim de realizar ou
assegurar o próprio direito, salvo nos casos e dentro dos limites
declarados na lei”;9
9
No Brasil a ausência de lei autorizando expressamente a autodefesa ou autotutela constitui crime:
“Exercício arbitrário das próprias razões. Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há emprego de violência,
somente se procede mediante queixa”.
10
Dada a característica da litigiosidade da jurisdição, costuma-se apontar como um contra-senso, a
própria afirmação da existência de uma jurisdição que seja voluntária.
(v) definitividade – as decisões proferidas pelos órgãos jurisdicionais
emprestam definitividade às soluções dos litígios, o que é representando
no processo, pelo instituto da coisa julgada material; há a vedação da
revisão daquilo que foi decidido, quando exaurida a jurisdição, ressalvada
a hipótese de vícios processuais que autorizem a propositura de ação
rescisória, dentro do biênio decadencial (art. 975, do CPC), ou, de ação
declaratória de inexistência de ato processual, independentemente de
prazo.
11
Cf. Tutela Jurisdicional Específica: Mandamental e Executiva ‘Lato Sensu’, p. 19.
4. – Classificação da Jurisdição
O art. 92 prevê:
12
Cândido Rangel Dinamarco alude a um numero fechado de órgãos judiciários, Instituições de Direito
Processual Civil, vol. I, p. 366.
VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios.
omissis”
5.1. – O Supremo Tribunal Federal
13
A EC nº 45/04 alterou a competência recursal extraordinária do STF, criando uma nova hipótese de
cabimento do recurso extraordinário, ao acrescentar nova alínea ao inciso III, do art. 102, com a
seguinte redação: “Art. 102 – III – d) julgar válida lei local contestada em face desta Constituição”. Sobre
o tema, ver o nosso, As alterações das hipóteses de cabimento dos Recursos Extraordinário e Especial
promovidas pela Emenda Constitucional nº 45, de 8 de dezembro de 2004, in, Aspectos Polêmicos e
Atuais dos Recursos Cíveis (coord. Nelson Nery Jr. e Teresa Arruda Alvim Wambier), São Paulo: RT, 2006,
vol. 10, p. 329-336.
São órgão jurisdicionais fracionários do Supremo
Tribunal Federal: o Plenário, as Turmas (em número de duas), e, a
Presidência, conforme previsão do art. 3º, de seu Regimento Interno. 14
Todos os membros reunidos compõem o Tribunal Pleno ou o Plenário do
STF.
14
Publicado no Diário Oficial da União, de 27.10.1980.
5.2. – O Conselho Nacional de Justiça
15
A EC nº 45/04 alterou a competência recursal especial do STJ, alterando uma das hipóteses de
cabimento do recurso especial, ao dar nova redação à alínea „b‟, do inciso III, do art. 105, que passou a ter
a seguinte redação: “Art. 105 – III – b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei
federal”.
16
Publicado no Diário da Justiça, de 7.07.1989.
A competência das Seções é fixada pela matéria (art.
8º, do R.I. STJ). A 1ª Seção tem competência, primordial, sobre direito
público, discriminada no art. 9º, §1º, do R.I. STJ. A 2ª Seção tem
competência, preferencial, sobre direito privado, discriminada no art. 9º,
§2º, do R.I. STJ. A 3ª Seção tem competência, prioritária, sobre direito
penal, discriminada no art. 9º, §3º, do R.I. STJ.
17
Cf. Wilson de Souza Campos Batalha, Tratado de Direito Judiciário do Trabalho, V. I, p. 306; Eduardo
Gabriel Saad, CLT Comentada, p. 472.
Por seu turno, compete à Seção de Dissídios Individuais
processar e julgar, originariamente, as causas previstas no art. 3º, I, da Lei
nº 7.701/88, e, os recursos e incidentes processuais estipulados nos
incisos II e III, do referido preceito legal.
18
Em virtude da alteração explicitada no texto, tornou-se possível, ao menos em tese, extinguir-se TRT‟s
que, em rigor, dado seu volume processual não justificava sua criação e instalação, conforme preleciona
Manoel Antonio Teixeira Filho, A Justiça do Trabalho e a Emenda Constitucional nº 45/2004, pp. 21/2,
in, Revista LTr, Ano 69, nº 01, jan/2005. Igualmente, Ives Gandra da Silva Martins Filho, A Reforma do
territórios dos estados do Pará e do Amapá, o da 10ª região, o Distrito
Federal e o estado do Tocantins, da 11ª região, os estados do Amazonas e
Roraima, e o da 14ª região, os estados de Rondônia e Acre.
Poder Judiciário e seus Desdobramentos na Justiça do Trabalho, p. 31, in, Revista LTr, Ano 69, nº 01,
jan/2005.
5.4.3. – Os Juízes do Trabalho
19
Cf. Herculano de Freitas, Direito Constitucional, p. 399; Pontes de Miranda, Comentários à
Constituição de 1967, Tomo IV, p. 200.
federais, com mais de 5 anos de exercício, mediante promoção por
antigüidade e merecimento, alternadamente (art. 107, I e II, da C.F.)
20
A norma tem origem remota na Lei Orgânica da Justiça Federal – LOJF (Lei nº 5.010, de 30.05.1966),
art. 12, que estipula: “Art. 12. Nas Seções Judiciárias em que houver mais de uma Vara, poderá o
Conselho da Justiça Federal fixar-lhes sede em cidade diversa da Capital, especializar Varas e atribuir
competência por natureza de feitos a determinados juízes”.
No âmbito do TRF da 3ª Região, o seu Conselho da
Justiça Federal, por meio do Provimento nº 90, de 18.03.1994, dividiu a
seção judiciária de São Paulo, inicialmente, em 12 subseções judiciárias.21
21
DJU de 25/03/94, p. 12.136, Caderno 1, Parte 1.
A competência dos juízes federais encontra-se em onze
incisos, no art. 109, da C.F. O principal critério de sua estipulação é ratione
personae, tendo em vista a participação na causa da União, entidade
autárquica ou empresa pública federal, como se verifica do teor do inciso
I, do art. 109:
22
Cf. Nelson e Rosa Nery, ob. cit., p. 1.519.
Inicialmente, somente poderia ser autor perante os
juizados especiais, pessoa natural, estando dispensada de advogado, em
1º grau, nas causas de até 20 salários-mínimos (arts. 8º, §1º e 9º, da Lei nº
9.099/95). Atualmente, o rol de legitimados ativos foi alargado, passando
a: pessoas físicas; pessoas enquadradas como microempreendedores
individuais, microempresas e empresas de pequeno porte na forma;
pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público, e, as sociedades de crédito ao microempreendedor.
Igualmente, na Justiça Federal admite-se como autor: pessoas físicas,
micro-empresários e empresas de pequeno porte (art. 6º, I, da Lei nº
10.259/01). Esta regra do Juizado Especial Federal foi implantada nos
Juizados Estaduais, por força do art. 74, da Lei Complementar nº 123, de
14.12.2006 (Estatudo da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte).
6.1. Conceito
23
Cf. Manuale di Diritto Processuale Civile, I, p. 107.
As causas a que a cada órgão ou grupo de órgãos
judiciais toca conhecer e julgar consiste em sua competência.
24
Manual de direito processual civil, vol. 1, p. 262.
6.2. Critérios para determinação da competência
25
Cf. James Goldschmidt, Derecho procesal civil, p. 163; Adolf Schönke, Derecho procesal civil, p. 132.
26
Instituições de Direito Processual Civil, vol. II, pp. 213/6.
27
Cf. Moacyr Amaral Santos, Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, 1º v., p. 201; Arruda Alvim,
Manual de direito processual civil, vol. 1, p. 262; Nelson e Rosa Nery, Código de Processo Civil
Comentado, p. 471; Humberto Theodoro Júnior, Curso de Direito Processual Civil, v. 1, p. 152; Luiz
Fux, Curso de Direito Processual Civil; 85/99.
fatos com o território), considerando-se que, de ordinário, os
atos processuais são realizados na sede do juízo (art. 217, do
CPC), e cumpridos em atenção as ordens judiciais, dentro ou fora
dos limites territoriais em que o juízo exerce sua competência,
neste caso, por meio de ordem ou requisição de carta (arts. 42 e
236, do CPC); e,
28
Cf. Moacyr Amaral Santos, Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, 1º v., p. 202/4. Esta é a lição
da doutrina alemã, v. por todos, Jauernig, Direito processual civil, p. 79.
29
Idem, p. 201.
No Brasil, José Frederico Marques adotou o critério
proposto por Carnelutti, pelo qual “a verdadeira diferença entre as formas
de competência descansa na distribuição de trabalho do poder
jurisdicional, segundo a função desenvolvida e segundo a matéria sobre a
qual a função deve atuar”.30
30
Instituições de Direito Processual Civil, vol. I, p. 328.
31
Cf. Frederico Marques, ob. cit., p. 330.
razon del territorio, en el sentido de que a cada uno se le asigna uma
porción territorial dentro de la que se halla su sede”, revelando uma
competência territorial.32
32
Cf. Instituciones del nuevo proceso civil italiano, pp. 130 e 138. O esquema de distribuição de
Carnelutti foi caracterizado como “de extrema complexidade e utilidade prática muito discutível”, por
Cândido Rangel Dinamarco (Instituições..., v. 1, p. 415), que, todavia, utiliza-se de vários de seus
elementos em sua bem elaborada doutrina.
33
Teoria geral do processo, pp. 235/6. Dinamarco acentua que os arts. 54 e 63, do CPC [artigos citados
do CPC/73], reúnem valor e território, sendo esse um dos problemas a ser solucionado pelos critérios de
determinação da competência; aponta que o art. 62, do CPC, reúne matéria e hierarquia, sendo que a 1ª é
usada inclusive para determinar a competência hierárquica; alerta para o fato de que o sistema legal
brasileiro não explicita a necessidade de conjugação de fatores para solução dos problemas
(Instituições..., v. 1, pp. 439/441).
referidos autores estabelecem quais os dados que podem ser obtidos de
cada elemento da ação para determinação de um critério de competência:
demandante.34
34
Teoria geral do processo, pp. 233/4.
O Código de Processo Civil de 2015 denomina o Título
III, do Livro II – Da Função Jurisdicional, da Parte Geral do CPC, de “Da
Competência Interna” e distribui a matéria no Capítulo I – Da
Competência, reunindo três seções: I – Disposições Gerais; II – Da
Modificação da Competência; e, III – Da Incompetência.
35
A doutrina alemã faz uso do critério funcional, mas, salienta a inexistência de sua previsão na ZPO, cf.
Othmar Jauernig, Direito processual civil, p. 80.
(iv) competência funcional pela natureza do ato. Essa última espécie seria
considerada subsidiária, mas, em verdade resumir-se-ia às outras três.36
36
Cf. Frederico Marques, Instituições de Direito Processual Civil, vol. I, pp. 343/4.
37
Direito processual civil brasileiro, 1º v., p. 173. No mesmo sentido, Humberto Theodoro Júnior, ob.
cit., v. 1, pp. 158/9; e, Marcelo Abelha Rodrigues, Elementos de direito processual civil, v. 1, p. 197.
38
No CPC/73, era explicitado o princípio da imediação do juiz no art. 132, que prescrevia: “O juiz, titular
ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por
qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor.”
preparador e outro juiz julgador, exemplo que costuma ser apontado no
julgamento pelo Tribunal do Júri).39
39
Dinamarco chama a atenção para o fato que mesmo demandas que se exercem em procedimentos
especiais que se desdobram em mais de uma fase (ex.: monitório, prestação de contas), há apenas um juiz
funcionando no processo (Instituições..., v. 1, p. 436).
40
Cf. Moacyr Amaral Santos, ob. cit., p. 244.
funcional. A sua ratio essendi é a existência de um único litígio ou a
derivação de um único litígio que conduza ao conhecimento e execução
em um único juízo.
41
Cf. Moacyr Amaral Santos, ob. cit., p. 244/5.
42
Vicente Greco Filho, ob. cit., p. 173; Marcelo Abelha Rodrigues, ob. cit., p. 198.
competência funcional a um juiz de um dado território, em virtude dessas
exigências, concorrendo o elemento funcional com o territorial.43
43
Cf. Instituições de Direito Processual Civil, vol. II, p. 214. No mesmo sentido, Luiz Fux afirma tratar-
se de critério funcional de determinação de competência “a função a ser exercida no processo”, Curso de
Direito Processual Civil, p. 97.
44
Ob. cit., p. 433 e 435.
45
Cf. Frederico Marques, ob. cit., p. 412.
6.3. Operações lógicas para concretização da competência
46
Cf. Cândido Rangel Dinamarco, Instituições..., vol. I, pp. 421/2. Segue a mesma lição, Marcus Vinicius
Rio Gonçalves, Novo curso de direito processual civil, vol. 1, p. 58.
Na concretização da competência de um órgão
jurisdicional faz-se necessário solucionar algumas questões que partem da
situação mais abstrata (competência do Judiciário nacional) até
determinação do juízo competente. Passemos a analisar as diversas
etapas.
47
O art. 70, do CC, preceitua: “Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua
residência com ânimo definitivo”.
Brasil, após a homologação pelo STJ, cujo procedimento remete ao que
dispõe o seu regimento interno (art. 961, parágrafo segundo, do CPC).
48
Ver item 5.1 sobre os órgãos fracionários em que se divide o STF.
Por outro lado, ainda sob a égide do critério material,
define-se a competência da Justiça Militar quando se tratar de processar e
julgar os crimes militares definidos em lei (art. 124, da C.F.).
49
Conferir item 7.1 sobre competência absoluta.
Tanto as Justiças ‘especializadas’, quanto as Justiças
‘comuns’ estão organizadas mediante uma estrutura hierárquica,
possuindo na base os juízos de 1º grau de jurisdição, sobrepostos pelos
Tribunais de 2º grau de jurisdição, e colimando com órgãos de
superposição: os Tribunais Superiores.
50
Conferir itens 5.4.1; 5.5.1; e, 5.6.1, respectivamente, para a competência do TST, TSE e STM.
51
Conferir itens 5.4.2 e 5.5.2, respectivamente, para a competência dos TRT‟s e TSE‟s.
Não se tratando de competência originária dos TRT’s ou
TRE’s, remanesce a competência originária, em 1º grau de jurisdição, dos
juízes do trabalho e dos juízes e juntas eleitorais.
52
Sobre a composição e competência dos juízos militares de 1º grau de jurisdição, conferir item 5.6.2.
Em 1º grau de jurisdição, os juízes de direito têm
competência originária.
53
Conferir item 5.8.3.
Desse modo, a unidade judiciária básica para a Justiça
dos Estados é designada de comarca. Logo, na Justiça dos Estados, o foro
chama-se comarca.
54
Instituições..., vol. 1, pp. 485/7.
Na Justiça Federal, a delimitação territorial de
competência (foro) dos órgãos jurisdicionais federais é constituída por
seções judiciárias, uma no Distrito Federal e uma em cada Estado
federado, sendo sua sede a respectiva capital (art. 110, da C.F.; art. 5º,
§1º, da LOMAN).
55
Cf. Dinamarco, ob. cit., vol. 1, p. 451.
A competência territorial é determinada sob uma
perspectiva horizontal dos órgãos judiciários, apontando a sede da lide,
consoante a lição de Carnelutti.56
56
Instituciones del nuevo proceso civil italiano, p. 139.
Para a determinação do foro geral ou do foro especial,
o legislador estipula uma regra principal e outra(s) subsidiária(s) para a
hipótese de, numa dada situação concreta, não ser possível fixar a
competência com base nos elementos do foro principal, seja, relativa ao
foro comum ou aos foros especiais.
(i) foro geral ou comum - domicílio réu (46) – ação fundada direito pessoal
ou em direito real sobre bens móveis é proposta no domicílio do réu.
57
Ob. cit., vol. 1, p. 490.
É importante relembrar que os elementos de ligação da
causa ao foro para determinação da competência, são extraídos dos
elementos da demanda concretamente proposta (in statu assertionis).
58
Cf.Arruda Alvim, Manual de direito processual civil, v. 1, 6ª ed., pp. 283/4.
O §2º, do art. 46, efetivamente traz norma subsidiária à
do caput do dispositivo: sendo incerto ou desconhecido o domicílio do
réu, ele será demandado onde for encontrado ou no foro do domicílio do
autor.
59
Nesse sentido, Arruda Alvim, ob. cit., p. 260/1, Marcelo Abelha Rodrigues, ob. cit., v. 1, p. 192; contra,
Dinamarco, aplica a regra da sucessividade de foros subsidiários do §3º ao §2º, do art. 94, ob. cit., p. 504.
poderá ser proposta em qualquer foro. É o critério mais amplo previsto no
CPC.
(ii.1) foro da situação do imóvel (forum rei sitae) (47) – em regra, ação
fundada em direito real sobre bem imóvel deve ser proposta no foro da
situação da coisa.
Os elementos de ligação da causa ao território são de
duas ordens: ação fundada em direito real (natureza da relação jurídica de
direito material, extraída da causa de pedir) relativa a um bem imóvel
(situação do objeto mediato do pedido).
60
No mesmo sentido, Marcus Vinicius Rios Gonçalves, ob. cit., p. 65.
do CC, estipula serem direitos reais: a) a propriedade; b) a superfície; c) as
servidões; d) o usufruto; e) o uso; f) a habitação; g) o direito do
promitente comprador de imóvel; h) o penhor; i) a hipoteca; e, j) a
anticrese; k) a concessão especial para uso de moradia; l) a concessão de
direito real de uso; m) a laje.
61
Arruda Alvim, ob. cit., p. 266; Nelson e Rosa Nery, ob. cit., p. 566.
62
Cândido Dinamarco, ob. cit., p. 518; Marcelo Abelha Rodrigues, ob. cit., pp. 200/1.
(art. 12, Lei nº 5.010/66; art. 4º, Lei nº 9.788/99), sendo que o imóvel
esteja situado dentro do território de uma delas.
63
Ob. cit., p. 296 e 300.
64
Cf. Vicente Greco Filho, ob. cit., p. 206; Arruda Alvim, ob. cit., pp. 297/303; Marcus Vinicius Rios
Gonçalves, ob. cit., p. 73; Nelson e Rosa Nery, ob. cit., p. 588. Dinamarco afirma tratar-se de
competência de foro e, portanto, relativa, quando a competência de juízo for estabelecida por critério
territorial e não por critério de matéria, valor ou qualidade das partes (ob. cit., p. 644). Parece-nos que há
dois pesos e duas medidas, já que valor é critério que pode gerar incompetência relativa e não absoluta
(art. 62), contudo, é considerado como de competência absoluta pelo ilustre Professor.
Com efeito, a eleição de foro estatuída no art. 63, do
CPC, autoriza as partes a derrogarem, por manifestação de vontade, o
foro abstratamente competente, norma que não alcança o juízo
competente, estando as partes proibidas de eleger juízo perante o qual a
demanda pode ser ajuizada.
(ii.5) foro nas causas em que for parte a União - (art. 51, do CPC, adaptado
ao art. 109, §§1º e 2º, C.F.)
65
Cf. Luiz Fux, ob. cit., p. 93.
Parece-nos que o legislador constitucional quis criar
regras análogas à existentes no CPC para determinação da competência
territorial quando a União for ré.
66
Nesse sentido, Luiz Fux, ob. cit., pp. 93/4; Cândido Rangel Dinamarco, ob. cit., pp. 509/510; Marcus
Vinicius Rios Gonçalves, ob. cit., p. 71. Parece ter entendimento distinto Arruda Alvim, ao afirmar que
“não prevalece para ela [União] a regra do art. 95, se a aplicação desta importar em infração à
Constituição” (ob. cit., pp. 295/6).
Justiça Federal, ou em não havendo juízo federal na comarca, perante o
juiz de direito da Justiça Estadual (art. 109, §3º, da C.F.).
67
Cf. Nelson e Rosa Nery, ob. cit., p. 499.
(ii.8) foro das pessoas jurídicas e das sociedades ou associações sem
personalidade jurídica - (53, III, ‘a’ a ‘c’)
68
Cf. Dinamarco, ob. cit., p. 525; Nelson e Rosa Nery, ob. cit., p. 500.
As obrigações quesíveis cumprem-se no domicílio do
devedor, enquanto, as portáveis no domicílio do credor. Necessário
analisar a lei ou o título jurídico em que se embasam.
(ii.10) foro do lugar do ato ou fato danoso (forum delicti commissi) - (53,
IV)
69
Cf. Ernane Fidélis dos Santos, Manual de direito processual civil, v. 1, pp. 153/4; Dinamarco, ob. cit.,
p. 529; Marcus Vinicius Rios Gonçalves, ob. cit., p. 69. Entretanto, o STJ já decidiu que o ilícito pode ser
tanto penal, quanto civil, REsp nº 49.251-RJ, 3ª T., v.u., rel. p. ac. Min. Costa Leite. Arruda Alvim
entende tratar-se de ilícito civil, que pode constituir ilícito penal, ob. cit., p. 310.
70
Nelson e Rosa Nery afirmam somente caber de ilícito extracontratual, para o contratual, incide o art.
100, IV, d (ob. cit., p. 500). Luiz Fux (ob. cit., p. 96) e Dinamarco, aceitam ambos (ob. cit., p. 527).
art. 100, do CPC/73, devendo propor ação no foro geral do domicílio do
réu (Resp. nº 35.500 e Resp. nº 19.767).
IV – omissis”.
71
Quanto aos Juizados Especiais da Fazenda Pública, v. item 5.8.2.1.
72
Conferir sobre os critérios de determinação de competência item 6.2.
E critério territorial, consoante o art. 4º, da Lei nº
9.099/95, pelo que é competente o juizado do foro:
73
Ob. cit., p. 318.
Assim é possível, todavia, remoto, que numa comarca
haja apenas um juízo, o qual exercerá toda a competência originária
pertinente à Justiça dos Estados (civil, penal e eleitoral, inclusive as
competências constitucionais da Justiça do Trabalho e Justiça Federal).
Diz-se que o juízo ou vara tem competência plena.
Relativa
74
Ob. cit., p. 251.
A competência do juízo (absoluta) é pressuposto
processual de validade da relação processual, de sorte que a sua violação
resulta em nulidade absoluta.75 Este vício do processo somente se
convalidará após o decurso do biênio decadencial para propositura de
ação rescisória, contado a partir do trânsito em julgado da decisão (art.
975, do CPC). Efetivamente, um dos fundamentos da ação rescisória é ter
sido a sentença proferida por juízo absolutamente incompetente (art. 966,
II, do CPC).
75
Sobre o tema conferir, Nelson Rodrigues Netto, Breves Apontamentos sobre os Requisitos de
Admissibilidade para o Julgamento de Mérito. Prisma Jurídico, São Paulo: Uninove. Vol. 1, set/2002, p.
147-162.
No regime do novo CPC, a alegação da incompetência,
quer absoluta, quer relativa, por parte do réu é feita em preliminar da
contestação. Não existe mais exceção ritual.
8.1. Prevenção
76
Cf. Moacyr Amaral Santos, ob. cit., p. 258.
do Egrégio Superior Tribunal de Justiça agora está estampada no art. 55,
§1º, CPC/2015.
77
Cf. Instituições de direito processual civil, v. I, pp. 63/4 e 489/510.
de pedir (art. 54, do CPC). O legislador considerou que o elemento partes
é por demasiado tênue a justificar a reunião das ações.78
78
Explicitamente, Moacyr Amaral Santos, ob. cit., p. 259; Marcus Vinicius Rios Gonçalves, ob. cit., p.
76; Ernane Fidélis dos Santos, ob. cit., p. 162. Em sentido contrário, entendendo que houve lapso do
legislador, Marcelo Abelha Rodrigues, ob. cit., p. 212.
79
Cf. Humberto Theodoro Júnior, ob. cit., p. 169; Vicente Greco Filho, ob. cit., p. 209.
Outra novidade muito oportuna do CPC/2015 que não
se trata propriamente de conexão, mas antes, de sua ratio iuris – evitar o
risco de decisões conflitantes ou contraditórias - está capitulado no §3º,
do art. 55:
80
Novo Código de Processo Civil Anotado, comentário ao art. 55.
A hipótese de surgimento posterior da chamada ‘ação
menor’ em relação à “ação maior”, ou seja, aquela cujo objeto já está
abrangido em outra ação, não se refere à continência. Na verdade há
litispendência pois, a 2ª ação (menor) está integralmente decalcada na 1ª
ação (maior) que, por isso, contém objeto mais abrangente.
81
No sentido de que é obrigatória, Nelson e Rosa Nery, ob. cit., p. 505; Marcelo Abelha Rodrigues, ob.
cit., p. 208. No sentido de que ao juiz compete verificar da possibilidade de contradições ou de economia
processual, Arruda Alvim, ob. cit., p. 370/1; Marcus Vinicius Rios Gonçalves, ob. cit., p. 78; Ernane
Fidélis dos Santos, ob. cit., p. 164.
9. Perpetuatio Jurisdictionis
82
Cf. Nelson e Rosa Nery, ob. cit., p. 519.
O MP deverá ser ouvido em 5 dias, em seguida o
conflito será apresentado em sessão de julgamento.