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Faculdade São Luiz

Disciplina: Tópicos da Cultura Brasileira.


Professor: Marcio Ulber
Acadêmico: Rhendel Rodrigues

LEGITIMANDO SEU PODER

A História é contada não só por documentos, mas também por quem vivenciou e
fez parte dela. É natural, pois, que haja contraposições à história tradicional, o que
permite uma melhor análise e compreensão de culturas e seus processos de
transformações de um ponto de vista mais abrangente. A partir desse contraste, pode-
se perceber como certos valores ou costumes, e até acontecimentos, foram inculcados
nas mais diversas culturas através do tempo.
Para impor aquilo que lhes convém, certos grupos criam tradições e
"reconstroem" a história segundo suas vontades e conveniências. Pode-se apagar algo
que não é conveniente e recontar a história de outra forma, deixando acontecimentos
de lado e fadando-os ao esquecimento - ou pelo menos tentando.
Pode-se inserir hábitos novos em culturas já existentes através da repetição.
Desta forma, essas "tradições inventadas" podem inculcar valores que convêm a um
certo grupo social e legitimar instituições.Cria-se a ilusão de uma hierarquia, que é
aceita pela maioria de forma inconsciente ou consciente. As invenções de valores e
tradições podem alterar a cultura de um povo, aniquilar ou substituir hábitos. Exemplo
disso é a formação dos Estados, que tentam, fazendo uso da invenção de tradições,
instituir costumes e símbolos que são utilizados para definir e diferenciar sua cultura.
Caso queira legitimar sua autoridade, um rei - ou qualquer outro governante
-pode fazer uso desse instrumento, tornando-o aceito pela grande população. Ao
mesmo tempo, caso eventualmente algo que não lhe é conveniente aconteça, pode
tentar apagá-lo da história através dos documentos escritos, contando a história da
maneira que lhe convém. Claro que a história terá outras versões, que podem ser
contadas por quem vivenciou esses acontecimentos.
Ao mesmo tempo, para ter total controle sobre os menos favorecidos, as classes
dominantes buscam moldar a sociedade conforme suas vontades. A criação de uma
cultura em massa é usada para fazer com que se padronize o comportamento dos
indivíduos, sem deixar de lado, porém, uma espécie de "segregação" cultural. Nem
todos têm o mesmo acesso às informações, mas tenta-se disponibilizar uma cultura
massificada para o público em geral, a fim de moldá-los segundo suas conveniências.
Em síntese, pode-se dizer que as classes dominantes utilizam-se de aparatos
socioculturais para legitimar seu poder e fazer com que todos as aceitem como tal.
Desde a imposição de hábitos e costumes, até a reformulação da História de acordo
com sua versão e a massificação da cultura. Tudo isso a fim de fazer prevalecer seus
interesses e justificar sua hegemonia.

OBRAS BASE:
 HOBSBAWM, Eric / Ranger, Terence (orgs.) A invenção das tradições.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
 CERTEAU, Michel de. A Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1982.
 GUATARRI, Felix / ROLNIK, Suely. Micropolítica. Cartografia do Desejo.
Petrópolis: Editora Vozes, 2000.

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