Você está na página 1de 56

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS

ESCOLA DE ENGENHARIA DA UFMG

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
EM RECURSOS MINERAIS

Disciplina: Exploração Mineral


Módulo I

José Ildefonso Gusmão Dutra


DEMIN - EEUFMG

Belo Horizonte, maio/11


Índice
página

1- INTRODUÇÃO (carga horária = 3 horas) 1


1.1- Fases da mineração 2
1.1.1- Prospecção 3
1.1.2- Exploração 3
1.1.3- Desenvolvimento 4
1.1.4- Lavra 4
1.1.5- Beneficiamento mineral 5
1.2- Meio ambiente 6
1.3- Noções de economia mineral 7
1.4- Utilização do computador em mineração 8

2- LEITURA DE MAPAS E PERFIS (carga horária = 10 horas) 9


2.1- Indicações dos mapas topográficos 11
2.1.1- Classificação dos sinais convencionais 11
2.1.2- Curvas de nível 12
2.1.3- Escala 15
2.1.4- Orientação 15
2.1.5- Dados indispensáveis num mapa 15
2.1.6- Mapas fotográficos aéreos 16
2.1.7- Legenda 16
2.2- Cortes e perfis 17
2.2.1- Natureza dos perfis 17
2.2.2- Construção de perfis 18
2.2.3- Ampliação de perfis 19
2.3- Interpretação das curvas de nível 20
2.3.1- Sentido ascendente e descendente de uma direção dada 20
2.3.2- Altitude de um ponto dado 21
2.3.3- Densidade das curvas de nível 21
2.3.4- Distância entre pontos 22
2.3.5- Inclinação de um declive 22
2.4- Mapa geológico 23
2.4.1- Linhas e símbolos convencionais 24
2.4.2- Posição dos limites entre massas rochosas 24
2.4.3- Relações entre topografia e cartografia geológica 26
2.4.4- Utilização de cartas na construção do mapa geológico 28

ii
2.4.5- Dados necessários para um mapa geológico completo 29
2.5- Interpretação dos mapas geológicos 30
2.5.1- Características importantes dos mapas geológicos 30
2.5.2- Zonas de afloramento 30
2.5.3- Limites da zona de afloramento 31
2.5.4- Símbolos da direção 32
2.5.5- Estratos concordantes 32
2.5.6- Rochas eruptivas 33
2.5.7- Discordâncias 33
2.5.8- História geológica 33

3- AMOSTRAGEM (carga horária = 3 horas) 34


3.1- Utilização da amostragem na mineração 34
3.1.1- Amostragem na prospecção 35
3.1.2- Amostragem na exploração 35
3.1.3- Amostragem na lavra 35
3.1.4- Amostragem no beneficiamento 35
3.1.5- Amostragem para controle de qualidade de produtos 36
3.2- Tipos de amostragem 36
3.3- Métodos de amostragem utilizados na mineração 39
3.3.1- Método de amostragem pontual 39
3.3.2- Método de amostragem linear 42
3.3.3- Método de amostragem de superfície 44
3.3.4- Método de amostragem volumétrica 44
3.4- Preparação e redução de amostras 45
3.5- Tratamento dos dados fornecidos pela amostragem 46
3.5.1- Correlação entre diferentes tipos de amostragem 46
3.5.2- Estimação do erro de amostragem 46
3.5.3- Otimização da amostragem 47
3.5.4- Confiabilidade dos resultados 48
3.5.5- Representatividade da amostra 49
Bibliografia 49
Apêndice 1 50

iii
1- INTRODUÇÃO

A mineração foi sem dúvida a segunda tentativa mais primitiva do


homem, considerando que a agricultura foi a primeira. Agricultura e mineração,
certamente, figuram juntas como as atividades industriais primárias ou básicas da
civilização humana.
Desde os tempos pré-históricos a mineração tem sido essencial para a
existência do homem fornecendo materiais para combustível, abrigo e obtenção
de alimento. O grande impacto dos produtos de mineração no homem pode ser
evidenciado pelo fato dos antropólogos terem relacionado os grandes períodos da
história a atividades de mineração: Paleozóico ( idade da pedra lascada ),
Neolítico ( idade da pedra polida ), idade do Bronze ( 4000 - 1800 AC no oriente
e 2000 - 1000 AC na Europa ) e idade do Ferro, seguindo à idade do bronze.
Hoje em dia o padrão de vida dos povos do mundo muitas vezes é comparado na
base do consumo per cápita de vários metais.
Os mineiros primitivos utilizavam suas mãos e implementos de madeira,
osso, pedra e mais tarde de metal com os quais escavava e extraia minerais.
Provavelmente, com o advento do sistema social, a mineração tornou-se mais
organizada, utilizando trabalho escravo sob supervisão. Nas sociedades
primitivas, implementos foram improvisados, a cunha e o malho foram
inventados, cestas foram feitas para transporte de rocha e água, escadas e
molinetes (guinchos) ajudavam no transporte, iluminação com candeias ou outras
lâmpadas foram introduzidos.
Minas subterrâneas foram escavadas até profundidades de várias centenas
de metros, por exemplo, no antigo Egito; minas de esmeralda no mar vermelho
foram a cerca de 250 metros de profundidade e extensão suficiente para empregar
400 trabalhadores ao mesmo tempo. Algumas minas Romanas na Espanha foram
a 200 metros de profundidade.
Muitas minas foram trabalhadas, em tempos antigos, em torno do
mediterrâneo. Antepassados como Aristóteles mencionaram minerações em suas
obras. Entretanto, tratados notáveis sobre mineração não foram publicados até o
século XVI. O primeiro grande tratado sobre mineração foi publicado em 1556
por Georgius Agricola, com o título "De Re Metalica", somente traduzido para o
inglês em 1912.
A Revolução Industrial criou uma demanda de metais que intensificou a
procura de minerais e acelerou o desenvolvimento de novas minas nos séculos
XVII e XVIII. A primeira importante mudança na prática de mineração foi a
introdução da pólvora negra para desmonte de rocha em 1627, na Hungria. Em

1
1718, a mina de estanho de Cornish foi drenada por bombeamento. Este foi um
grande avanço que possibilitou a lavra de veios à grandes profundidades.
A máquina a vapor e o compressor de ar amplificaram enormemente a
energia em relação ao esforço muscular humano, até então aplicado na
mineração. No final do século XIX, as perfuratrizes de rocha, sob carretas, foram
introduzidas. A descoberta da eletricidade deu grande ímpeto à mecanização e
tornou a aplicação de maquinaria mais flexível.
A introdução da pá-mecânica, a vapor, na mineração à céu aberto, um
pouco antes da primeira Guerra Mundial, foi um outro acontecimento importante
para o aumento de produtividade.
O progresso tecnológico da indústria mineral foi bastante acentuado após
a Primeira Guerra Mundial. Hoje em dia já é possível utilizar mineradores
contínuos em lavras subterrâneas, dispensando o uso da perfuração e desmonte
por explosivos. O transporte do material também pode ser feito de modo
contínuo, por correias transportadoras, até a superfície.
Em mineração à céu aberto, já na década de 70 era utilizada drag line
com capacidade de caçamba de 220 jardas cúbicas e shovel com 180 jardas
cúbicas, em lavras por tiras.
A tendência ao aumento de mecanização e a projeto de usinas com alta
capacidade de produção tem aumentado consideravelmente a eficiência das
atividades de mineração e tem sido responsável por ganhos em produtividade,
tudo isto como conseqüência do aumento na demanda por minerais.
Não só a evolução dos equipamento de mineração foram responsáveis
pela evolução da mineração mas sobretudo o desenvolvimento de tecnologia
aplicada ao processo produtivo. Neste aspecto, devem ser considerados o
desenvolvimento da geoestatística, da mecânica das rochas, da pesquisa
operacional e da utilização cada vez mais intensa de recursos de informática nas
várias fases da mineração.

1.1 - FASES DA MINERAÇÃO

A mineração como um todo, envolve um conjunto de aspectos, que visam,


basicamente a descoberta do bem mineral, sua avaliação, a criação de condições
para sua extração e sua extração. Este conjunto pode ser dividido nas seguintes
etapas que constituem as 4 fases da mineração: prospecção, exploração,
desenvolvimento e lavra. A prospecção e exploração constituem a pesquisa
mineral, que é, a grosso modo, responsável pela descoberta e caracterização de
ocorrências minerais visando a sua utilização econômica.

2
Embora a sequência normal seja aquela apresentada acima, as fases não
são realizadas isoladamente. É muito comum ocorrer sobreposição de fases como
a lavra experimental, durante a pesquisa, ou mesmo, a pesquisa mineral continuar
após o início da lavra, como é o caso da geologia de mina, que nada mais é do
que uma pesquisa de detalhamento durante a lavra. Desse modo, as fases da
mineração devem ser encaradas sob o ponto de vista de suas finalidades, de
acordo com as caracterísiticas do depósito.
Atualmente, tem sido usado o termo Tecnologia Mineral de forma mais
abrangente englobando, além das 4 fases citadas acima, também o
beneficiamento mineral e os problemas causados ao meio ambiente.

1.1.1 - Prospecção

O termo prospecção envolve o conjunto de trabalhos geológicos dirigidos


para a descoberta de depósitos minerais úteis do ponto de vista econômico.
Entretanto, muitas vezes, a prospecção conduz à descoberta de concentrações
minerais sem significado econômico. Por isso mesmo, ela deve ser imediatamente
seguida pela exploração, à qual cabem a caracterização e a avaliação econômica
do depósito. A prospecção pode ainda não descobrir concentrações minerais na
área considerada. Nesse caso, o investimento não significa prejuízo, uma vez que
a área será descartada em futuros trabalhos.
Para estabelecer os critérios para prospecção é necessário um bom
conhecimento de geologia e mineralogia. É exatamente esta fase que exige um
maior conhecimento de geologia, pois é nela que são criadas as primeiras
hipóteses a respeito da ocorrência. Com base nessas hipóteses, a exploração é
planejada, visando avaliar o depósito.

1.1.2 - Exploração

A exploração tem como objetivo fundamental determinar a importância


econômica de um depósito através do estudo quantitativo e qualitativo dos bens
minerais, com o propósito de caracterizar as condições naturais e econômicas nas
quais ele ocorre. Ela toma como base as hipóteses feitas durante a prospecção, a
partir das quais se inicia o programa de exploração com a finalidade de avaliar o
depósito. Esta avaliação é feita através do estudo da variabilidade das
características do corpo de minério. Dentre essas características, a forma e o teor
são as mais importantes.

3
A partir dos resultados da exploração, é feito o estudo de viabilidade
econômica de lavra do depósito mineral. Todo o planejamento de lavra é feito
com base nos dados desta fase, estando portanto, o sucesso da lavra diretamente
ligado à qualidade desses dados. Como esses dados são obtidos através de
amostras e, considerando que os depósitos minerais são quase sempre muito
complexos quanto a distribuição de teores, a representatividade da amostra é o
ponto chave da exploração.
Nesta fase são tomadas as principais decisões do projeto de mineração, a
partir das quais é feito todo o investimento inicial. Tais decisões se baseiam nos
resultados da avaliação econômica do depósito, resultados estes que somente
serão confirmados após a lavra, quando todo o material for extraído. Essa
avaliação é feita através de estimação das variáveis de interesse, a partir das
amostras. Caso esta estimação apresente um erro maior do que o esperado, isto
somente será descoberto após os investimentos iniciais terem sido feitos, daí a
grande importância da etapa de amostragem do depósito mineral.

1.1.3 - Desenvolvimento

Uma vez feito o planejamento da lavra, a partir dos resultados da


exploração, o depósito deve ser preparado para a lavra. Essa preparação consta
basicamente da abertura de acessos, construção de infra-estrutura necessária,
remoção de capeamento e drenagem. A duração desta fase é muito variável
dependendo principalmente do método de lavra adotado. Na lavra subterrânea é
necessária uma preparação mais demorada antes do início da exploração. Na
lavra a céu aberto, o desenvolvimento depende do projeto, podendo ser feito todo
antes do início da exploração, como também tal exploração pode iniciar-se
juntamente com o desenvolvimento.

1.1.4 - Lavra

A lavra ou explotação compreende todas as etapas envolvidas na extração


do bem mineral. Os serviços de lavra mostram finalmente a realidade do
depósito.
Os dados resultantes da lavra refletem a realidade da jazida e são
utilizados constantemente para complementar a avaliação do depósito. Além dos
dados reais que a lavra fornece, ela facilita o acesso a partes antes inacessíveis,
tornando possível um estudo mais detalhado da jazida através da geologia de
mina. A geologia de mina pode ser vista como a contiunação da pesquisa mineral

4
durante a lavra. Ela possibilita um conhecimento mais detalhado do depósito,
além de fornecer subsídios para o controle de qualidade na lavra.

1.1.5 - Beneficiamento mineral

O tratamento de minérios envolve operações de preparação e, em geral,


concentração de bens minerais visando a sua utilização futura. É uma etapa da
chamada tecnologia mineral, aqui conceituada de forma ampla como sendo o
conjunto de atividades em que a matéria prima é o minério. Essa abordagem mais
abrangente tem a vantagem de levar em consideração as importantes interfaces
entre o tratamento de minério e os campos de conhecimento correlatos.
A separação entre os minerais úteis e os de ganga se faz através de
operações de concentração, cujo sucesso depende de três condições básicas: i)
liberabilidade, que é a individualização das espécies a separar em partículas
livres; ii) diferenciabilidade, que é a existência de uma propriedade
diferenciadora (natural ou induzida) entre as espécies a separar e iii)
separabilidade dinâmica, que é a composição de um jogo de forças, atuando na
zona de separação do equipamento, capaz de comunicar trajetórias diferentes às
partículas, em resposta à diferenciabilidade.
Os principais métodos de concentração são apresentados na tabela 1.
Tabela 1 – Principais métodos de concentração

Propriedades Médodos
1. Ópticas - Escolha Óptica (cor, brilho, fluorescência)
(Manual, Automática)
2. Densidade - Líquido denso, Meio denso, Jigues, Mesas, Espirais,
Cones, Ciclones, Ciclones de meio denso, Bateia,
Classificação, Hidrosseparação, Sluice etc.
3. Forma - Idem 2
4. Susceptibilidade Magnética - Separação Magnética
5. Condutibilidade Elétrica - Separação Eletrostática
6. Radioatividade - Escolha com Contador
7. Textura-Friabilidade - Cominuição, Classificação, Hidrosseparação ou
Peneiramento
8. Reatividade Química - Hidrometalurgia
9. Reatividade de Superfície - Flotação, Agregação ou Dispersão Seletiva,
Eletroforese, Aglomeração Esférica

1.2 - Meio Ambiente

5
A extração de minerais e combustíveis fósseis da Terra não é possível
sem alterar as características ambientais naturais. Uma mina requer estradas de
acesso, energia e água, além das escavações que devem ser feitas no terreno
para a extração do bem mineral. Áreas da mina devem ser alocadas para as
instalações de processamento, oficinas, escritórios, instalações de armazenagem
etc. Os rejeitos devem ser depositados, podendo ser sólidos, líquidos e/ou
gasosos. Em adição, há a atmosfera da mina e outros agentes poluentes que
devem ser controlados para salvaguardar a saúde dos trabalhadores.
O controle ambiental tem sido aplicado à mineração há muito tempo,
incluindo restauração do terreno, purificação da água, supressão de poeiras e
dispersão de gases nocivos. As técnicas para esse controle vem sendo
desenvolvidas de modo a reduzir os efeitos adversos da mineração sobre o
ambiente. A legislação ambiental tem sido cada dia mais rigorosa, impondo
restrições para as minerações, de maior ou menos grandeza, dependendo das
condições de cada caso particular. Deste modo, as empresas de mineração devem
dispor de métodos e equipamentos para realizar o controle de poluição desejado,
bem como recuperar o terreno, considerando os prazos de recuperação e os
custos adicionais sobre o empreendimento.
Tendo em vista que a demanda por minerais e combustíveis aumenta de
ano para ano, particularmente por causa do aumento de população, mas também
devido ao aumento no padrão de vida dos povos, as indústrias extrativas
continuam fundamentais para a humanidade. Paradoxalmente, produtos da
indústria mineral são necessários em máquinas e processos de controle ambiental.
Atualmente tem-se buscado o uso múltiplo ordenado dos terrenos, onde minerais
são extraídos utilizando-se meios que minimizem o impacto ambiental e em
seguida o terreno é restaurado visando outras utilizações para o mesmo.
O primeiro tratado sobre tecnologia mineral escrito por Agricola há mais
de quatrocentos anos já revela preocupações quanto ao impacto ambiental
inerente à produção de metais e ligas. Por outro lado, Agricola salienta
enfaticamente em sua obra a imprescindibilidade dos metais para a vida
civilizada.
Apesar do impacto ambiental não ser exclusividade da mineração, poucas
atividades produtivas geram tantas controvérsias quanto a mineração. Os
benefícios da mineração têm sido constantemente demonstrados, situando-a como
uma atividade imprescindível ao bem estar social. Deste modo, já está bem
caracterizado o conflito entre a necessidade do exercício da tecnologia mineral e
a minimização de seu impacto ambiental.

6
1.3 - NOÇÕES DE ECONOMIA MINERAL

Considerando as características de variabilidade dos depósitos minerais


em forma, concentração de minerais, propriedades físicas etc., os estudos de
viabilidade econômica de lavra desses depósitos tornam-se às vezes bastante
complexos. Quando esta viabilização não é muito bem fundamentada, a
mineração pode ser considerada uma indústria de alto risco do ponto de vista de
investimento.
Devido ao fato de todo projeto de mineração ser empreendido com o
propósito de gerar algum benefício para quem o empreende, torna-se necessário
dispor de mecanismos que minimizem os riscos. Qualquer iniciativa neste sentido
envolve análises econômicas.
A economia mineral, portanto, utiliza os recursos de análise econômica
nos vários estágios da mineração, com o propósito de dar sustentação às tomadas
de decisão para a exeqüibilidade do projeto de mineração.
A partir da avaliação econômica do depósito, o planejamento e projeto de
lavra é feito com base nos princípios da economia mineral. Todos os custos são
considerados, como por exemplo os custos de desmonte, escavação, transporte e
beneficiamento. A estes custos devem ser adicionados os custos da pesquisa
mineral, das instalações, do desenvolvimento da mina e da recuperação
ambiental. Enquanto os custos operacionais podem ser calculados em termos de
unidades monetárias por tonelada, os outros custos devem ser distribuídos por
toda a vida do empreendimento.
A economia mineral deve possibilitar a avaliação do custo total do bem
mineral beneficiado, por exemplo, até seu embarque. A subtração deste custo do
valor de venda é o lucro bruto.
Como os custos e preço de venda são estimados através de projeções
para efeitos de projeto de mineração, tanto oscilações no mercado como nos
custos de produção obrigam, normalmente, a um ajuste constante no plano de
aproveitamento econômico.
A economia mineral é, portanto, de fundamental importância para o
sucesso na exeqüibilidade de um projeto de mineração.

1.4 - UTILIZAÇÃO E IMPORTÂNCIA DO COMPUTADOR EM MINERAÇÃO

7
Com a evolução das técnicas de mineração que têm conduzido à
necessidade de processar grandes quantidades de informações, o uso do
computador torna-se imprescindível. Associadas à rapidez de cálculo do
computador estão as facilidades de representação gráfica que o computador pode
propiciar tornando possível não só a execução dos cálculos do projeto, como a
realização de desenhos e gráficos dos mais variados tipos.
A moderna mineração tem utilizado o computador cada vez com mais
freqüência em todas as suas operações. Além da utilização crescente em todos os
estágios da tecnologia mineral, todos os serviços auxiliares têm sido implantados
em computador.
Na prospecção, programas de computador são largamente utilizados nos
levantamentos geofísicos e geoquímicos. Durante a exploração, o computador é
usado na determinação da estratégia de amostragem. Os resultados da
amostragem também são descritos e analisados por computação gráfica e
representações em 3 dimensões são disponíveis para representação de desvios de
furo, recuperação de testemunhos etc.. Na fase de estimação de reservas por
geoestatística ou por um processo tradicional, o tratamento de um grande número
de dados já não é viável sem o computador.
Durante o planejamento e projeto de lavra é freqüente a utilização de
programas, normalmente apoiados em recursos de pesquisa operacional como por
exemplo o método do caminho crítico (CPM) e técnicas de análise e avaliação de
projeto (PERT), dentre outros.
No âmbito do planejamento do empreendimento mineiro, programas de
computador completos são disponíveis. Esses programas tornam as tarefas de
gerenciamento e tomada de decisão, nos projetos de mineração mais rápidas e
eficazes. Técnicas de otimização são empregadas para os pontos críticos ao longo
do projeto como na decisão final de exeqüibilidade.
Apesar da grande contribuição da informática para o aprimoramento das
técnicas e métodos utilizados no projeto de mineração, muitas vezes a sua
utilização indevida tem conduzido a erros irreparáveis. As limitações e condições
dos programas devem ser muito bem conhecidas por quem os utiliza, sob pena de
obter resultados completamente diversos da realidade sem ter controle sobre o
processo.

2 - LEITURAS DE PLANTAS E PERFIS

8
A habilidade em reconhecer as formas topográficas é indispensável a
variados ramos de atividade. Como formas topográficas são classificadas as
colinas, vales, planícies, praias, escarpas etc. A maioria das formas topográficas é
produto dos agentes de erosão e sedimentação que atuam na superfície terrestre.
Algumas vezes, entretanto, as formas topográficas são resultantes da ação de
forças subterrâneas como a tectônica ou os vulcões.
A ciência que estuda as características ou acidentes da superfície da Terra
(sua forma, natureza, origem, evolução e interrelações) é conhecida como
geomorfologia.
A topografia (do grego topos = lugar + grafia = descrição, desenho) é a
ciência que estuda a representação detalhada de um trecho da Terra, considerado
plano. Ela tem como finalidade a determinação da forma dos terrenos e da forma
e posição de coisas nele contidas ( obras civis, divisas de propriedades, minas,
plantações etc.), bem como a representação de tudo isto em desenhos. A
utilização da topografia exige o conhecimento dos instrumentos e dos métodos
que se destinam a efetuar a representação do terreno sobre uma superfície plana,
representação esta que, naturalmente, estará sujeita a algumas hipóteses
fundamentais.
A topografia provém da necessidade que o homem tem de descrever um
lugar, figurando nesta descrição todos os detalhes existentes, como rios, lagos,
montes, vales, casas, estradas, divisas etc.. Através de desenhos, essa descrição
minuciosa é feita pela topografia tomando como base recursos matemáticos e
geométricos de tal modo que os resultados obtidos possam traduzir a verdade.
Sendo a Terra um esferóide, torna-se necessário que façamos a hipótese
de um plano horizontal sobre o qual iremos projetar todos os acidentes e todos os
detalhes a serem representados. Tal plano é tangente ao esferóide terrestre num
ponto que está situado dentro da área a ser levantada. Esse plano recebe o nome
de Plano Topográfico. Com essa hipótese do Plano Topográfico fica afastada a
necessidade de ser levada em consideração a forma da terra, de vez que o estudo
fica limitado ao levantamento dos acidentes, projetando-os nesse plano. A figura
1 mostra a projeção do plano topográfico representada por "HH1" com os vértices
"V2V2' " e "V1V1' ", embora as verdadeiras sejam o prolongamento "OV 1" e
"OV2".

9
v'
2 v'
1

H v2 v1 H 1

Fig. 1 - Plano topográfico

A topografia tem como objetivo a representação gráfica, em projeção


horizontal, dos acidentes de uma parte da superfície da Terra, porém torna-se
ainda necessário que os acidentes representáveis ocupem, no desenho, posições
relativas, separadas por distâncias que, comparadas às verdadeiras, estejam em
relação constante.
Neste aspecto, a topografia dispõe de dois elementos:
1) A projeção horizontal que é denominada PLANTA;
2) A relação constante que é a ESCALA da PLANTA.
A hipótese do plano topográfico, porém, exige certas restrições no que se
refere à extensão da área a ser levantada. O limite teórico de ação da topografia é
cerca de 50 km na prática, entretanto, os levantamentos ficam aquém deste valor
pela própria limitação dos aparelhos de medida.
Para levantamentos de grandes extensões, como todo um município ou
estado, é utilizada a Geodésia, que leva em conta a forma da Terra, oferecendo
meios de solução correta para o problema.
Quanto aos tipos de representação através de desenho, cabe aqui fazer
uma ressalva, pois com freqüência as palavras mapa, carta e planta são
vulgarmente empregadas como sinônimas, de maneira errônea. O uso adequado
é:
1) Mapa, para áreas grandes como países, estados, municípios etc:
2) Planta, para áreas menores como chácaras, sítios, fazendas, jazidas
minerais, obras civis etc;
3) Carta, para a representação parcelada de áreas muito grandes.

10
Assim, há uma diferença bem grande entre planta, carta e mapa, sendo a
planta objeto da topografia e não cogitando a forma da Terra, enquanto que carta
e mapa são objetos da Geodésia e consideram a forma terrestre.
Os mapas que representam os estados do Brasil, por exemplo, podem ser
feitos em escala 1:1 000 000. Para certos fins, todavia, são necessárias escalas
maiores. Por isso, o estado é dividido em quadrículas, por exemplo, em escala
1:100 000. A cada quadrícula corresponde uma carta.
O levantamento, isto é, trabalho topográfico e sua representação, pode ser
denominado:
1) Planimétrico, quando visa tão somente a determinar a projeção do
terreno e das coisas nele contidas sobre uma superfície horizontal;
2) planialtimétrico, quando além disso, determina a elevação de pontos do
terreno, sobre uma superfície horizontal de referência.
Uma vez terminados os trabalhos de levantamento no campo, a fase
seguinte será a representação por meio de desenho de plantas e perfis. A
execução do desenho topográfico exige a utilização de elementos padronizados
que possibilitem uma fácil interpretação por parte de quem utiliza tais desenhos.
A seguir serão descritos os principais aspectos a serem considerados no desenho
topográfico.

2.1 - INDICAÇÕES DOS MAPAS E PLANTAS TOPOGRÁFICAS

2.1.1 - Classificação dos sinais convencionais

Um mapa ou uma planta topográfica deve expressar a forma, dimensões e


distribuição das expressões morfológicas da superfície terrestre. Estas
expressões, normalmente, se classificam em 3 grupos: 1) relevo, incluíndo
colinas, vales, planícies etc.; 2) hidrografia, que compreende mares, lagos,
pântanos, rios, canais etc. e 3) obras e construções, relativas às principais
modificações introduzidas pelo homem na paisagem, tais como cidades, estradas,
represas etc..
Nos mapas é comum utilizar-se convenções para o emprego das cores.
Assim, o azul é usado para representar detalhes que se relacionem com água,
como rios, lagos, brejos, açudes etc., o preto para os marcos, linhas divisórias,
lados do caminhamento, construção, povoações, cercas etc., o vermelho para
obras projetadas, a cor parda para curvas de nível e o verde para vegetação,

11
como pomares, matas, gramados etc.. Raramente são usadas mais do que estas
cores.
Existem muitas convenções para os sinais convencionais dos desenhos,
todas elas procurando mostrar de modo simples os detalhes da área representada.
Assim, os cursos d'água são representados por linhas paralelas que acompanham
a sinuosidade do talvegue, ao mesmo tempo que deve ser indicado por uma seta o
sentido da corrente. Se é navegável, coloca-se uma âncora nos trechos onde
correm os barcos.
A tabela 2 a seguir apresenta alguns sinais convencionais usuais.

Tab. 2 - Sinais Convencionais

Igreja Usina
Casas Marco Geodésico
Cemitério Navegação
Rodovia Fábrica
Ferrovia Picada
Mineração Marco

++++ Linha de Limite RN Referência de Nível


Linha de Limite Sinal Geodésico
. . . Linha de Limite Cidade
+ + Linha de Limite Povoação
. .
Cerca . Cultura
Vale Pântano
Ponte Curso d'água

2.1.2 - Curvas de Nível

Nas plantas , o relevo pode ser representado por curvas de nível, meia
perspectiva, pontos cotados, sombreados etc.. Em alguns casos são adotados
mais de um método. Entretanto, as curvas de nível são utilizadas em quase todas
as situações, pelo fato de ser o único método onde é possível fazer medidas
satisfatórias de altitude, inclinação e distância.

12
O sistema de curvas de nível foi empregado pela primeira vez em 1737,
por F. Bonache. Consiste no emprego de planos horizontais eqüidistantes uns dos
outros, cortando o terreno.
Os traços horizontais com o terreno, projetados num plano horizontal de
referência, são as curvas de nível, (Fig. 2). Como todos os pontos de uma

H4

H3

H2

H1

H
Seção aa'

a a'

Fig. 2 - Curvas de nível

curva de nível têm a mesma cota ou a mesma altitude, basta marcar a cota de um
deles para se conhecer a de todos. Deste modo, o desenho da planta fica muito
simplificado, porque evita acúmulo de números. Tendo o cuidado de manter os
planos de intersecção eqüidistantes, obter-se-á, pela simples inspeção do desenho,
não só a forma mas também o declive do terreno. Sendo a diferença de nível entre
duas curvas sempre a mesma, se duas curvas se aproximam é porque o declive
aumenta, pois existe o mesmo desnível para uma distância horizontal menor, se
as curvas se afastam significa que o declive diminui.
A figura 2 mostra em sua parte inferior as curvas de nível, e na sua partes
superior um perfil do terreno, obtido a partir da projeção das curvas de nível em
uma seção vertical, segundo uma direção dada.
As curvas de nível podem ser definidas como o lugar geométrico dos
pontos de mesma altitude. Nas curvas, algumas são desenhadas em traços mais
cheios. Tais curvas denominam-se curvas mestras. Por exemplo, se a

13
eqüidistância entre as curvas é de 2m, podem ser adotadas como mestras as
curvas com altitudes múltiplas de 10, sendo as quatro curvas intermediárias feitas
com traço mais fino. Isso torna a visualização das curvas mais fácil.
As curvas de nível são obtidas através da interpolação de pontos cotados.
Existem vários modos de fazer tal interpolação, inclusive utilizando computador.
O modo mais simples é procurar entre cada dois pontos cotados consecutivos,
quais os planos que devem interceptar o terreno, fazendo esta distribuição
uniformemente. Por exemplo, na figura 3, entre os pontos "A" e "B" devem
passar 4 curvas, isto é, 11-12-13-14, se a eqüidistância entre as curvas for de 1
metro. Entre os pontos "B" e "C" passam as curvas 11 e 12. O espaço "AB" é
dividido uniformemente para encaixar as 4 curvas, o mesmo fazendo para os
outros pontos.

Fig. 3 - Interpolação de pontos nas curvas de nível

Para a representação de um dado tipo de topografia, a eqüidistância das


curvas de nível deve ser escolhida de modo que seja suficientemente pequena
para revelar os detalhes da referida topografia. Por exemplo, num terreno muito
acidentado, curvas de nível com equidistância de 10m pode ser adequada. De
outro modo, numa planície pode ser necessário utilizar 0,50m entre curvas para
que os detalhes da superfície sejam registrados.
Além das características do relevo, a eqüidistância entre curvas de nível é
associada à escala do desenho. Normalmente, considera-se tal equidistância "e"
como a milésima parte do denominador da escala.
Por exemplo:
Esc 1:1000 e = 1m
Esc 1:5000 e = 5m

14
Esc 1:10000 e = 10m
Dependendo da necessidade de realçar algum detalhe, este critério pode
ser desobedecido.

2.1.3 - Escala

Tendo em vista a necessidade de representar os terrenos através de


desenhos reduzidos, é preciso estabelecer uma relação entre as medidas feitas no
terreno e aquelas transportadas para o desenho.
A razão de semelhanças entre as dimensões lineares de plantas e mapas e
as dimensões homólogas do terreno é igual a 1/E. O número que exprime esta
razão recebe o nome de escala. Assim, uma escala de 1/1000 indica que o
comprimento de uma dimensão no terreno é mil vezes maior do que sua
homóloga na planta.
A escala de um mapa ou de uma planta normalmente é colocada no lado
inferior do desenho. Ela pode ser expressa de várias maneiras. Por exemplo, pode
ser indicada por uma frase, tal como "um centímetro = um quilômetro" ou estar
representada graficamente pela medida de uma linha reta com divisões ou não.
Outro modo de representar a escala é através de uma relação ou fração, quando
ela é chamada de escala numérica ou fração representativa.
As plantas topográficas e geológicas, normalmente, utilizadas em
mineração são de 1:1000, 1:2000 e 1:2500. Entretanto, em levantamentos
geológicos na pesquisa mineral utilizam-se também escalas de 1:5000 e 1:10000
ou menores.

2.1.4 - Orientação

Na maioria das plantas e mapas, a orientação é dada pelos meridianos e


paralelos (longitudes e latitudes). Em plantas a grande escala, a orientação é feita
por uma seta que aponta para o Norte Verdadeiro (NV) e outra seta que corta a
do (NV) apontando para o norte magnético. O ângulo entre essas duas setas
(declinação magnética) deve também figurar no mapa, assim como a variação
anual da declinação.

2.1.5 - Dados indispensáveis numa planta

As características mais importantes das plantas com curvas de nível além


daquelas já descritas anteriormente são a indicação do nome da localidade

15
representada, a legenda, a escala, a eqüidistância das curvas de nível o plano de
referência e o rumo.

2.1.6 - Mapas fotográficos aéreos

As fotografias aéreas, tiradas verticalmente de uma altura considerável,


são, em essência, mapas topográficos. Elas mostram, com notável detalhe, a
forma e distribuição dos aspectos morfológicos da superfície terrestre. Quando
são cuidadosamente preparadas, pode-se traçar, nestas fotografias, as curvas de
nível e então elas podem ser utilizadas para medir distâncias e ângulos de
inclinação do terreno. Entretanto, estas operações requerem o emprego de
instrumentos de precisão e pessoal especializado.
A obtenção da planta com curvas de nível a partir de fotos aéreas é
possível através da restituição estereoscópica.

2.1.7 - Legenda

A legenda fica situada, normalmente, no canto direito inferior dos mapas


e plantas e tem por finalidade identificar o mapa ou planta, e descrever os sinais
convencionais dos mesmos.
No que refere à identificação deve constar da legenda, em caracteres
destacados, o nome da empresa ou orgão responsável pelo levantamento, bem
como o local levantado. Consta também da legenda, o nome do responsável pela
execução do levantamento, a data de execução, a escala utilizada, referências
para identificação e arquivamento e finalidades do desenho (Fig. 4).
Quase sempre a legenda de sinais convencionais, (Tab. 2), é feita num
quadro separado da legenda de identificação. Ela dispõe os diversos sinais
relativos ao relevo, à hidrografia e aos que assinalam as obras e construções.

Fig. 4 - Legenda

16
Para os mapas e plantas geológicos existem convenções de sinais
utilizados para representar os variados aspectos geológico-estruturais
apresentados nos desenhos.

2.2 - CORTES E PERFIS

2.2.1 - Natureza dos perfis

Um perfil é um diagrama que mostra a forma da superfície do terreno tal


como aparece ao cortá-lo transversalmente por um plano vertical. O perfil
compõe-se de quatro linhas que encerram completamente o espaço (Fig. 5). São
elas: a) a linha que constitui o perfil propriamente dito, "MN"; b) a linha de base,
"XY", e c) as duas linhas que limitam os extremos laterais, "MX" e "NY". A
linha do perfil, "MN", constitui o limite superior do diagrama e representa a
interseção do plano vertical com a superfície do terreno. A linha de base é
traçada horizontalmente, e é escolhida de modo que esteja a uma distância
conveniente, abaixo do ponto de menor altitude do perfil. As linhas que limitam
os extremos são perpendiculares à linha de base.

Fig. 5 - Perfil topográfico

A posição, na planta ou mapa, correspondente ao perfil é indicada sempre


por um segmento de reta e identificado por duas letra, "A" e "B" na figura 6,
posto que um corte não tem valor prático se sua localização exata é
desconhecida. Tal segmento de reta, na realidade, é a linha do perfil, na planta,
tal como se projeta sobre o plano horizontal.
Cada perfil tem uma escala horizontal, medida nas unidades
correspondentes sobre a linha de base, e uma escala vertical, que se mede em
unidades de altitude perpendiculares à anterior. Se a escala é a mesma, diz-se
então que o perfil está traçado à escala natural. Em alguns casos, a escala vertical
é duas vezes ou três vezes maior do que a escala horizontal. Neste caso, diz-se
que a escala vertical está exagerada. A exageração da escala as vezes é útil para
representar perfis de terrenos onde o relevo é muito pouco acentuado e, assim,

17
pode-se acentuar a posição de colinas e vales. Habitualmente, recomenda-se o
uso de escalas naturais, principalmente quando são feitas medidas sobre o perfil.

Fig. 6 - Indicação de corte na planta com curvas de nível

2.2.2 - Construção de perfis

Para fazer um perfil ao longo da linha "AB", (Fig. 6), pode-se utilizar uma
tira de papel aplicada sobre "AB". Sobre o bordo do papel, alinhado com "AB",
marca-se um ponto cada vez que "AB" corta uma curva de nível, e um sinal
convencional se atravessa algum detalhe interessante, por exemplo um curso
d'água. Une-se os pontos correspondentes à curva superior de cada colina por
uma linha curva (h na Fig. 5), para indicar onde estão situadas as colinas. Do
mesmo modo, une-se os pontos que representam os talveques (l, fig. 367), para
representar fundo de vale. A seguir, sobre uma folha de papel milimetrado traça-
se XY = AB como linha de base do perfil. Neste caso, a escala horizontal do
perfil é igual a escala da planta. Raramente esta escala é diferente da escala da
planta. Quando isso é necessário, os pontos levantados na planta devem ser
corrigidos.
Escolhida a escala vertical traçam-se linhas horizontais paralela a "XY", a
intervalos iguais à eqüidistância das curvas de nível. Feito isso, transporta-se os
pontos da folha de papel para a linha "XY" e os levanta até a cota correspondente
no perfil. Após terem sido marcados todos os pontos, os mesmos são
interligados.
Na figura 7, o ponto mais baixo do corte "AB" se encontra no lago cuja
elevação sobre a base escolhida está um pouco abaixo da cota de 180m.

18
Fig. 7 - Perfil do corte "AB" na figura 6

Portanto, a cota de 100m será conveniente para a base do corte. A primeira curva
de nível cortada por "AB" á a de 240m de cota, representada por "a" sobre "XY".
Toma-se um ponto verticalmente sobre "a" seguindo a ordenada de 240m.
Verticalmente também, por cima de "b", a posição da curva de nível de 260m é
representada por um ponto sobre a ordenada de 260m. Similarmente, transfere-se
para a ordenada apropriada cada ponto marcado sobre "XY". A união de todos os
pontos marcados forma a curva "MN" que é o perfil do corte "AB". Nota-se no
corte que a parte superior das colinas tem uma elevação superior a 260m, mas
inferior a 280m e que o fundo do canal do rio se acha a menos de 200m, embora
acima de 180m e que a superfície do lago está abaixo da cota de 180m e acima da
de 160m.

2.2.3 - Ampliação de perfis

Os perfis podem ser ampliados multiplicando as escalas vertical e


horizontal pelo mesmo fator. Isto pode ser feito de dois modos distintos.
Suponhamos que a seção ou corte da figura 7 tenha que ser ampliada ao dobro.
Traça-se uma linha de base com o dobro do comprimento de "AB" (Fig. 6) sobre
o papel milimetrado. Sobre a borda de uma tira de papel marcam-se as posições
das curvas de nível e cursos d'água cortados por "AB". De novo aplica-se este
papel sobre a linha tomada como base do corte, de modo que o ponto "A"
coincida com o extremo esquerdo da referida linha. Então transporta-se as
posições dos pontos representativos das interseções com as curvas de nível, de
modo que o espaço entre cada dois pontos seja dobrado, ou seja, as distâncias ao
extremo esquerdo serão iguais a 2Xa, 2ab, 2bc etc.. Uma vez obtidos estes
pontos projeta-se os pontos nas ordenadas das respectivas cotas, considerando-se
também a alteração na escala vertical.
O segundo método é demonstrado na figura 8. Traça-se "XZ" com o

19
Fig. 8 - Ampliação de um corte

fator de ampliação desejado e a partir de "X" traça-se "XY" formando um ângulo


qualquer com "XZ". Liga-se "Y" com "Z" e transfere-se os pontos de "XY" para
"XZ" utilizando-se segmentos de reta paralelos a "YZ". "XZ" passa a ser a linha
de base do perfil. A seguir transporta-se os pontos de "XZ" para as ordenadas de
mesma cota.

2.3 - INTERPRETAÇÃO DAS CURVAS DE NÍVEL

2.3.1 - Sentido ascendente e descendente de uma direção dada

Ao estudar uma planta com curva de nível pode ocorrer que se deseje
saber com certeza qual é o sentido ascendente e o descendente segundo uma
determinada direção que atravessa as curvas. Esta curiosidade pode ser satisfeita
pela leitura das cotas indicadas sobre as curvas que são sucessivamente
atravessadas, ou de outro modo, observando a disposição geral de todas as
curvas sem particular referência àquelas que estão cotadas.
Muitas vezes em determinados locais da planta é dificil escrever a cota
nas curvas ou mesmo acompanhar a curva de nível cotada devido a variações
bruscas no relevo. Neste caso, é importante considerar os seguintes aspectos em
relação ao relevo:
a) As curvas de nível nos vales estão dispostas de modo que aquelas
externas aos vértices têm cota maior;
b) O terreno eleva-se no sentido perpendicular aos talvegues;
c) Ao atravessar um vale, a última curva de nível atravessada antes de
chegar ao talvegue é a primeira que deve ser encontrada ao passar o talvegue.

20
d) A curva de nível mais alta de um divisor de água deve ser cruzada duas
vezes sem encontrar nenhuma outra curva mais alta ou mais baixa.
Normalmente, os divisores de água são caracterizados por cristas ou
colinas, os quais são indicados por curvas de nível mais juntas umas das outras.
A parte interior de tais curvas é a mais elevada. O cume ou ponto mais elevado
da linha divisória é um pouco mais elevado que a curva mais alta, embora menos
que a curva seguinte em altitude.

2.3.2 - Altitude de um ponto dado

Suponha que se necessite conhecer a altitude de certo ponto da planta. O


ponto pode encontrar-se :
a) Sobre uma curva de nível cotada;
b) Sobre uma curva de nível sem cota;
c) Entre duas curvas de nível.
No primeiro caso, (ponto "a" na Fig. 6), a altitude do ponto é encontrada
seguindo a curva de nível até encontrar a cifra que indica a cota. No segundo
caso, (ponto "b" na figura 6), a cota é obtida a partir da altitude da curva cotada
mais próxima, neste caso a de 200m, e averiguando se o ponto em questão está
acima ou abaixo da curva cotada. Na figura 6, "b" se encontra sobre a segunda
curva acima da curva de 200m. Posto que a eqüidistância é de 20m, "b" está a
2x20m acima da curva de 200m, ou seja, a cota de "b" é 240m.
Quando o ponto está entre duas curvas de nível é necessário determinar a
cota das duas curvas de nível e proceder à interpolação do ponto em função da
sua distância às duas curvas de nível.

2.3.3 - Densidade das curvas de nível

A figura 9 torna claro a relação entre a densidade das curvas de nível e a


inclinação e forma de uma superfície ou declive. "A", "B", "C" e "D" são os
perfis dos declives considerados. A é abrupto, B, relativamente suave, C é
convexo e D côncavo. XY é a base dos quatro perfis. Traça-se retas verticais
pelas interseções dos respectivos perfis com as retas horizontais representativas
dos sucessivos níveis. A distância entre tais retas é igual à distância entre as
curvas de nível num mapa que represente estes declives. A figura 9 mostra que,
para uma dada eqüidistância das curvas de nível:
a) as curvas estão mais juntas nos declives mais acentuados;

21
b as curvas estão mais juntas na base de uma superfície convexa e no
cume da superfície côncava.

Fig. 9 - Representação de declives em perfis

Quando várias curvas se juntam em uma só linha, isto indica uma escarpa,
ou se a escala do mapa é pequena, um declive muito acentuado.

2.3.4 - Distância entre dois pontos

Na figura 10, "abc" é o perfil de uma colina. Num mapa com curvas de
nível, a distância de "a" até "c", medida sobre a superfície da colina, é expressa
pelo segmento de reta horizontal "de". A curva "abc" se chama original e a reta
"de" sua projeção. De um modo geral, pode-se afirmar que uma linha que corta

Fig. 10 - Perfil típico de uma colina

as curvas de nível sobre o plano da planta, representa uma distância menor que a
original sobre a superfície do terreno. Uma aproximação à distância real entre
dois pontos dados pode ser obtida construindo-se um perfil à escala natural que
passe por estes pontos, medindo-se o comprimento do perfil. Este método não
pode ser bastante exato devido ao fato dos mapas com curvas de nível
oferecerem apenas uma aproximação correta somente nas curvas. Dentro do
limite entre duas curvas contíguas, o terreno pode apresentar uma inclinação
uniforme ou ser irregular.

2.3.5 - Inclinação de um declive

O grau de inclinação ou gradiente de uma superfície ou linha inclinada


pode ser expresso por uma proporção ou percentagem, ou por um ângulo em
relação a uma reta horizontal. Suponha, na figura 11, o perfil de uma superfície
inclinada, "ac" e que "ab" = 10 e "bc" = 50.

22
Fig. 11 - Ângulo de inclinação de uma superfície

A inclinação desta superfície pode ser dada por:


a) fração: 1/5;
b) porcentagem: 20%;
c) ângulo: i = arc sen (10/50) ; i = 11º 32'.

Nestas plantas, o relevo deve ser analisado através das curvas de nível e
pelo menos dois cortes devem ser feitos em cada planta construindo-se os perfis
topográficos correspondentes a estes cortes. Nos perfis, considerar tanto a escala
horizontal quanto a vertical iguais à escala da planta.
Exercícios de localização de pontos nas plantas e determinação de
coordenadas desses pontos também serão feitos a título de fixação do
aprendizado.
Os dois perfis (P 2.766.600 e P 2.766.800) serão analisados em
correspondência com a planta topográfica na escala 1:1000.

2.4 - MAPA GEOLÓGICO

Um mapa qualquer que mostre a distribuição das rochas e a forma ou


distribuição das estruturas geológicas é um mapa geológico. Basicamente existem
3 tipos de mapas geológicos:
a) mapa geológico da superfície ou mapa de formações;
b) mapa estrutural com curvas de nível;
c) mapa de afloramentos.

O mapa geológico mostra a distribuição das formações geológicas sobre a


superfície do terreno. O mapa estrutural com curvas de nível representa as
características da estrutura geológica por meio de curvas de nível. O mapa de
afloramentos representa somente os afloramentos.
Na preparação do mapa geológico, as feições geológicas são projetadas
sobre um mapa topográfico do terreno contendo divisões naturais ou de
propriedade.

23
A distribuição de rochas sobre um mapa geológico é indicada por
diversas tramas ou cores e as lineações tais como, linhas de falhas, contatos
eruptivos, limites etc., são representadas por linhas de diferentes classes e
espessuras. Todos estes símbolos empregados na planta devem ser devidamente
identificados na legenda.

2.4.1 - Linhas e símbolos convencionais

A trama ou cor utilizadas num mapa de formações geológicas, de


preferência deve seguir uma padronização. O apêndice 1, em anexo, apresenta os
principais símbolos utilizados em mapas geológicos segundo o "Amer. Geol.
Institute - AGI".
Existem também símbolos e cores para representar os variados tipos de
rochas. Nos mapas as rochas, normalmente, são representadas por cores. Nos
perfis os sinais convencionais utilizados para representar as rochas são
exemplificados na figura 12.

Fig. 12 - Hachuras para diferentes tipos de rocha

2.4.2 - Posição dos limites entre maciços rochosos

A cartografia geológica consiste, a grosso modo, na projeção dos limites dos


terrenos (Fig. 13). Quando estes limites estão determinados corretamente é fácil
preencher os espaços, compreendidos entre os limites, com cores ou hachuras.
Existem basicamente três tipos de representação das formações geológicas nos
mapas:
a) aqueles onde os mantos rochosos são representados com ou sem
afloramentos presentes;

24
Fig. 13 - Tipos de linha para representar contatos geológicos
a) contato indicando o mergulho, b) contato indefinido, c) contato oculto

b) aqueles onde somente a rocha aflorante é representada, e


c) aqueles onde os afloramentos e os sedimentos são representados (neste
caso os sedimentos são representados quando sua espessura é considerável).
No trabalho de campo é muito difícil a localização dos limites das
formações rochosas pois as linhas de separação dessas formações muitas vezes
acham-se ocultas pelos sedimentos. Neste caso sua posição pode ser sugerida
pela topografia, ou por interpretação da geologia estrutural. Tomando-se como
exemplo as rochas sedimentares, um estrato pouco resistente pode formar um
vale entre duas capas resistentes, ou um vale pode estar situado ao longo da
junção de dois estratos que possuem aproximadamente a mesma resistência à
erosão.
Quando o limite entre dois afloramentos com direções paralelas não é
visível nem pode ser localizado pela topografia, é comum traçá-lo a meio dos
dois afloramentos e paralelamente à direção comum a ambos (Fig. 14). Isto
considerando que as camadas nos dois afloramentos sejam mutuamente
concordantes. É importante cuidar para que não haja erros ocasionados por
discordâncias ou falhas.

Fig. 14 - Inferência de contato regular

Entre rochas de duas espécies, que não possuem estrutura definida do tipo
de estratificação, a linha de contato pode ser traçada à metade da distância entre
os afloramentos mais próximos, porém sua trajetória deve ser determinada pela
correlação de afloramentos em uma extensa superfície (Fig. 15).

25
Fig. 15 - Inferência de contato irregular

2.4.3 - Relações entre topografia e cartografia geológica

Um mapa é uma projeção de linhas e superfícies sobre um plano


horizontal, cujas linhas e superfície, na realidade, se acham distribuídas sobre
uma superfície terrestre desigual. Uma linha que corta, sem desvios, espinhaços e
vales será, portanto, reta sobre o mapa e suas sinuosidades não aparecem no
plano vertical. Pelo contrário, uma linha irregular que se ache inteiramente
contida num plano horizontal apresenta todas as suas curvas e ângulos
representados com sua verdadeira forma sobre um mapa. Quando uma linha
tortuosa é traçada sobre um plano qualquer que não é vertical nem horizontal, sua
projeção no mapa tem o mesmo número de ondulações em suas mesmas posições
relativas, porém os arcos das curvas são mais largos e os ângulos mais obtusos.
Com relação à topografia, a superfície de contato pode ser uma espécie
qualquer de contato geológico, ou seja, o teto ou o piso do estrato, as salbandas
de um veio ou filão, um contato ígneo, uma superfície de discordância ou uma
falha. Para efeito de mapeamento supõe-se que esta superfície seja plana ou
aproximadamente plana.
Se a supefície considerada é horizontal, o bordo de seu afloramento na
topografia de espigões e vales terá todas as características de uma curva de nível.
Suas direções e curvaturas guardam estreita correspondência com a curva de
nível mais próxima no mapa (Fig. 16).

Fig. 16 - Relação entre a estratificação horizontal e curvas de nível

26
Se a superfície é vertical, o bordo de seu afloramento será uma linha reta
sobre o mapa, sem qualquer relação com a topografia (Fig. 17).

Fig. 17 - Relação entre estratos verticais e curvas de nível

Se a superfície é inclinada, seu afloramento será uma linha irregular com


ondulações em forma de "vês". Nos vales, estes "vês" apontam para cima se o
mergulho é oposto à inclinação do terreno (Fig. 18), e para baixo se o mergulho
está no mesmo sentido da inclinação do terreno (Fig. 19), a menos que o
mergulho seja menor que a inclinação. Neste caso, as curvas apontam para cima
(Fig. 20).

Fig. 18 - Relação entre estratos inclinados e curvas de nível


Nota-se que o vértice do "V" da curva nos vales cai no talvegue. Quanto
mais desigual for uma superfície, tanto mais irregular será sua linha de
afloramento.

Fig. 19 - Relação entre estratos inclinados e curvas de nível

27
Fig. 20 - Relação entre estratos inclinados e curvas de nível

2.4.4 - Utilização de cortes na construção do mapa geológico

Poucas regiões são tão planas como no caso hipotético referido no


subcapítulo anterior. Quando a topografia não é plana, caso mais comum, a
construção do mapa geológico é mais complexa. No exemplo a seguir, considera-
se que os contatos cortam os vales para efeitos de melhor visualização. Suponha-
se que "n" (Fig. 21A) seja um afloramento no qual aparece um contato entre dois
estratos, considerando-se que este contato seja essencialmente plano junto à
superfície do terreno. Considera-se uma escala vertical e constroi-se uma seção
passando por "n" perpendicularmente à direção da camada (Fig. 21B). A linha de
base "XYZ" desta seção pode ser traçada sobre a mesma folha de papel do mapa,
porém perpendicularmente à direção da camada. Projeta-se "n" em "n' ", sobre a
seção. A partir de "n' " traça-se uma reta "n' - e", formando um ângulo de 25º
com a horizontal. Aqui, "n' - e" é a interseção do plano de corte com o plano
de contato da estratificação que passa por "n", corta a curva de nível de 160m do
perfil em "a", a curva de nível de 140m em "b", a de 120m em "c" e a de 100m
em "d". A partir de cada um destes pontos levanta-se perpendiculares a "X-Y",
para cima através do mapa. Onde a reta levantada em "a" atravessa a curva de
160m sobre o mapa, o plano de contato da estratificação chega à superfície neste
ponto. Onde a reta traçada a partir de "b" corta a curva de 140m, o plano de
contato encontra a superfície no nível de 140m, e assim sucessivamente.

28
Fig. 21 - Planta geológica de afloramentos

Entre estes pontos de interseção sobre o mapa traça-se uma linha curva "UVW",
que indica a posição do afloramento contínuo do plano de contato sobre a
superfície do terreno. A perpendicular levantada em "d" não corta a curva de
nível de 100m pois o vale no centro do mapa não é bastante profundo para
alcançar o contato.
Considerando-se agora "fg" (Fig. 21A) que atravessa a direção de uma
série de estratos, suponha que nos afloramentos "o", "p" e "s", tenham-se
registrado contatos entre estratos e que "n" e "p" se encontram no mesmo
horizonte. A estrutura, que se infere um sinclinal, pode ser manifestada num corte
transversal. Desejando-se fazer um mapa geológico das rochas e estruturas
representadas neste corte, cada afloramento será representado tal como foi
explicado para "n".
A figura 21A mostra a distribuição dos contatos de cinco afloramentos.
Entre eles, os diferentes estratos são indicados com sombreados de raias
inclinadas e ponteados. O limite que passa por "o" não continua através do vale,
pois o curso d'água cortou este horizonte, eliminando por completo uma grande
parte da capa sobreposta (Fig. 21A).
Na cartografia geológica não se costuma localizar contatos com precisão
matemática, a menos que seja exigida particularmente uma grande exatidão. Uma
vez adquirida alguma familiaridade com os efeitos gerais da topografia sobre a

29
distribuição de afloramentos pode-se esboçar os limites entre estratos sobre um
mapa com curvas de nível com suficiente precisão, sem ajuda da geometria,
contanto que se conheçam os mergulhos e se observe o relevo e que as diferentes
camadas nas séries tenham sido localizadas ao longo de vários itinerários.

2.4.5 - Dados necessários para um mapa geológico completo

Um mapa geológico é incompleto, a menos que figurem nele legenda,


escala, orientação e posição dos cortes que o acompanham. Deve conter ainda o
nome da localidade ou cidade mais importante e conhecida e a data em que foi
confeccionado. Se foi construído a partir de um mapa com curvas de nível, a
eqüidistância e dados planimétricos devem também figurar. Quando possível,
deve haver pelo menos um meridiano e um paralelo sobre ele.

2.5 - INTERPRETAÇÃO DOS MAPAS GEOLÓGICOS

2.5.1 - Características importantes dos mapas geológicos

A partir do exame de um mapa geológico, pode-se aprender muito sobre a


estrutura geológica, dando-nos as curvas de nível, o conhecimento da topografia.
Em geral há três coisas dignas de consideração, a saber:
a) as curvas de nível;
b) as zonas de afloramento, marcadas com manchas de diferentes cores
ou hachuras que representam os diversos terrenos ou rochas;
c) as linhas que limitam estas zonas.

2.5.2 - Zonas de afloramento

Para a interpretação de um mapa geológico é necessário começar por


averiguar o significado das cores ou hachuras das diferentes zonas de
afloramento. Na legenda é indicado quais são as cores ou hachuras que
representam as rochas eruptivas, as rochas sedimentares e as metamórficas e,
onde quer que estejam em contato duas formações, a legenda nos dará a conhecer
de antemão a ordem da sucessão dos períodos geológicos.

2.5.3 - Limites da zona de afloramento

30
As linhas que limitam os afloramentos geológicos nos mapas representam
os bordos a descoberto das superfícies de contato, ou seja, são aquelas que
separam os estratos concordantes, ou superfícies de discordância, os contatos
eruptivos e as falhas.
Se o afloramento de uma superfície não é atravessado por curvas de nível,
a superfície é horizontal (Fig. 16).
Se a linha de afloramento é retilínea e não tem relação fixa com as cur-vas
de nível, a superfície de contato é vertical ou fortemente inclinada (Fig. 17).
Se a linha que limita o afloramento é sinuosa e corta as curvas de nível, a
superfície é moderadamente inclinada (Fig. 18).
A direção de uma superfície plana inclinada pode ser obtida traçando-se
uma reta entre dois pontos de interseção de uma curva de nível dada, com o
afloramento da supefície (segmento "ab" Fig. 22). A inclinação aproximada de tal
superfície pode ser achada do seguinte modo: a partir do ponto de interseção "c"
(Fig. 22A) do afloramento da superfície em uma curva de nível qualquer que não
seja a que contenha os pontos "a" e "b", traça-se a reta "cd", perpendicular a
"ab". Na figura 22 parte A, utiliza-se a segunda curva de nível abaixo de "a".
Traça-se um segmento de reta horizontal (Fig. 22B), XY = 2cd e no extremo
correspondente à curva de nível mais elevada (y, que corresponde a "d" na figura.
22A levanta-se "YZ" perpendicular a "XY", tomando "XY" igual a quatro vezes
a equidistância das curvas de nível. O ângulo "ZXY" expressa o mergulho da
superfície inclinada e este ângulo pode ser calculado posto que "XY" mede-se
sobre o mapa e "ZY" é conhecido.

Fig. 22 - Direção e mergulho de uma camada inclinada


2.5.4 - Símbolos da direção

31
Nos mapas que contêm afloramentos de estratos dobrados, o rumo geral
da direção das dobras dá uma certa idéia da estrutura. Basicamente, existem três
variedades na disposição da direção:
a) direções retas e paralelas; o dobramento pode ser homoclinal,
monoclinal, sinclinal ou anticlinal. (Fig. 23 A, B e C).
b) direções que convergem alternativamente (Fig. 24A); a estrutura se
compõe de anticlinais e sinclinais.
c) direções que se dispõem formando uma curva completa, a qual pode
ser aproximadamente circular ou oval; a curva é uma abóboda ou domo (Fig.
24B), ou uma dobra em forma de bacia.

Fig. 23 - Tipos de dobramentos

Fig. 24 - Tipos de dobramentos

2.5.5 - Estratos concordantes

Exceto no caso em que a inclinação das rochas estratificadas coincida


com a inclinação do solo, condição estremamente rara, as camadas afloram em
faixas. Os dois bordos de uma destas faixas correspondem, respectivamente, ao
afloramento das superfícies superior e inferior de um estrato e em cada faixa tais
linhas, em suas relações com as curvas de nível, obedecem ar regras dadas no
subcapítulo 2.7.3.

2.5.6 - Rochas eruptivas

32
A maioria dos casos citados para rochas estratificadas é aplicável às
rochas eruptivas. Os diques manifestam a influência de suas faixas de
afloramento sobre a topografia, do mesmo modo que os mantos interestratificados
e estratos.
As chaminés são indicadas nos mapas por manchas circulares ou ovais, os
cones vulcânicos são reconhecidos por serem compostos de materiais
piroclásticos ou de lava e quando são recentes apresentam com frequência
crateras.
Os batólitos que a erosão pôs a descoberto são de maior extensão e de
forma muito irregular.

2.5.7 - Discordâncias

Dos vários tipos de discordâncias, há alguns difíceis de serem


descobertos nos mapas geológicos. Sua presença é indicada na legenda pelo fato
de existirem formações que deverão se interpor entre os estratos discordantes.
A discordância angular entre dois grupos de rochas estratificadas aparece
em todo mapa geológico como uma linha, regular ou irregular, ao lado da qual
terminam bruscamente as capas de uma ou duas formações.
Discordâncias e falhas não devem ser confundidas nos mapas, por isso
devem ser representadas com linhas de espessura diferente.

2.5.8 - História geológica

A interpretação de mapas geológicos deve possibilitar não só a


decifragem das condições estruturais, mas também a leitura da história geológica
representada por eles. Cada mapa geológico mostra certos aspectos
característicos os quais, quando interpretados de modo conveniente, podem expor
a ordem cronológica de formação dos estratos. O mesmo pode-se dizer dos cortes
geológicos e blocos diagrama.
Algumas conclusões também podem ser tiradas dos mapas geológicos
com relação a história fisiográfica.
A título de exercício será construída uma seção geológica ao longo do
meridiano 2.766.800 entre os paralelos 349.100 e 349.800. Para a construção
desta seção geológica, considera-se os mergulhos apresentados no perfil P
2.766.600. A seção geológica a ser executada na escala 1:5000 é a mesma
apresentada no perfil P 2.766.800 à escala 1:1000.

33
3 - AMOSTRAGEM

A amostragem é realizada com a finalidade de fornecer dados para a


estimação de reservas, bem como para a escolha de métodos de beneficiamento e
lavra de minérios. Ela é ainda utilizada para o controle de qualidade na lavra e no
beneficiamento. Os dados fornecidos pela amostragem são utilizados na avaliação
qualitativa e quantitativa de depósitos minerais, com o principal objetivo de
determinar as condições técnicas e econômicas do seu aproveitamento. No
beneficiamento ela possibilita o controle dos produtos.
Na engenharia mineral a amostragem pode ser dividida basicamente em
duas categorias: amostragem de material "in situ" e amostragem de material
desmontado. A amostragem de material "in situ" é largamente utilizada na
pesquisa de depósitos minerais e na exploração para acompanhamento de lavra,
enquanto que a amostragem de material desmontado é utilizada principalmente no
beneficiamento mineral e no controle de qualidade da produção.

3.1 - UTILIZAÇÃO DA AMOSTRAGEM NA MINERAÇÃO

A amostragem é imprescindível para a pesquisa de depósitos minerais,


sendo utilizada tanto na fase de prospecção quanto na fase de exploração. Na
fase de lavra, é a principal fonte de dados que a geologia de mina utiliza para
detalhamento e controle das mineralizações e planejamento a curto e médio
prazo.
Teoria e prática em amostragem e estimação de reservas de minério são
importantes em todas as fases da mineração. Por isso, a amostragem deve ser
tratada "lato sensu" como um método para determinar a composição e
propriedades de minérios. Os critérios utilizados na escolha dos métodos de
coleta e tratamento das amostras são fundamentais. Estes critérios visam
basicamente evitar e controlar os erros e, sobretudo, garantir a representatividade
da amostra.

3.1.1 - Amostragem na prospecção

34
A amostragem utilizada na prospecção tem como finalidade fornecer
subsídios para o estudo geológico da ocorrência. Por isto mesmo, nesta fase,
normalmente a amostragem não é conduzida de maneira sistemática, mas em
função das necessidades de interpretação geológica. Portanto, é mais correto
afirmar que tal amostragem na realidade é uma coleta de espécimes.

3.1.2 - Amostragem na exploração

Nesta fase, a amostragem deve ser programada dentro de um nível de


confiança que assegure sua representatividade. Como a precisão é diretamente
proporcional ao custo, nesta fase, a otimização do programa de amostragem é
fundamental. O sucesso da exploração depende principalmente do programa de
amostragem e da interpretação dos dados amostrados. O programa de
amostragem é uma função do método de amostragem, do acesso ao local, da
situação geológica, dos objetivos do projeto e das necessidades de análise.

3.1.3 - Amostragem na lavra

Durante a lavra, continua a campanha de amostragem, sendo que esta


amostragem é na realidade uma continuação daquela realizada na exploração e
visa a um maior detalhamento do depósito, a partir de um número maior de
amostras.
Uma campanha de amostragem idealmente deveria iniciar-se juntamente
com a prospecção buscando dirigir a amostragem nesta fase, de tal forma que os
dados destas amostras pudessem ser utilizados na exploração. Se isto ocorre, a
exploração complementa a amostragem realizada na prospecção e a geologia de
mina complementa aquela realizada na exploração, ocorrendo simplesmente um
detalhamento de uma fase para outra (no caso de amostragem sistemática
corresponderia ao cerramento da malha).

3.1.4 - Amostragem no beneficiamento

Durante as várias etapas do beneficiamento mineral, as amostragens são


feitas para controle das variáveis de interesse. Independentemente desta
amostragem ser contínua ou não, ela é, normalmente, mais representativa do que
aquela feita na jazida, nas várias fases da mineração.
Ao longo das etapas do beneficiamento, o material vai sendo
homogeneizado e classificado granulometricamente, o que permite estabelecer

35
técnicas de amostragem bastante confiáveis. Existem processos numéricos para
estabelecer o volume das amostras bem como, para controlar a redução das
mesmas.
Tendo em vista que a amostragem durante o tratamento pode ser mais
representativa do que aquela realizada no depósito mineral, é possível utilizar
seus resultados para otimizar o processo de amostragem utilizado no controle da
lavra

3.1.5 - Amostragem para controle de qualidade de produtos

Através deste tipo de amostragem é possível controlar o material extraído


que irá alimentar a usina de beneficiamento, o produto intermediário no
beneficiamento e o produto final, de modo a cumprir as especificações exigidas.

3.2 - TIPOS DE AMOSTRAGEM

A amostragem de depósitos minerais pode ser dividida, quanto ao tipo,


segundo o modo de seleção das amostras e segundo sua finalidade.
Segundo o modo de seleção das amostras, existem três tipos de
amostragem: amostragem sistemática, amostragem aleatória estratificada e
amostragem "intencional".

a) Amostragem sistemática
Este tipo de amostragem é muito utilizado em pesquisa mineral. Seu
emprego porem deve ser feito em função das características estruturais do
depósito, pois existe a possibilidade dos pontos de amostragem coincidirem com
subdivisões naturais do corpo mineral, conduzindo a enviezamento nos
resultados. Como exemplo, considere um depósito apresentando dobramentos
com a mineralização se acumulando nas cristas das ondulações. Estas cristas
podem ser igualmente espaçadas, podendo levar os pontos de amostragem,
sistematicamente distribuídos a coincidirem com o espaçamento das cristas.
Sendo assim, nem toda classe de teores de minério presente no depósito seria
representada e um enviesamento possivelmente seria introduzido nos resultados.
A amostragem sistemática consiste basicamente de uma sequência de
amostragem, repetida num intervalo definido. Este intervalo normalmente é
representado pela distância entre pontos de amostragem. Como na amostragem
sistemática da estatística, a condição para que ela seja probabilística é que o
primeiro ponto deve ser escolhido aleatoriamente.

36
Uma utilização bastante comum da amostragem sistemática é o sistema de
malha regular para furos de sonda (Fig. 25) na qual a superfície a ser amostrada é
subdividida em uma malha regular e um furo de sonda é feito no centro de cada
superfície elementar da malha. A distância entre furos e a disposição dos mesmos
determinam a malha que deve ser implantada aleatoriamente.

a = b ou a ≠ b
Fig. 25 - Malha regular de amostragem

b) Amostragem aleatória estratificada


Neste tipos de amostragem, a área a ser amostrada é dividida em sub-
áreas de mesmo tamanho e uma amostra aleatória é coletada em cada sub-área.
Um exemplo deste tipo de amostragem é a malha aleatória estratificada Fig. 26
onde uma malha subdivide a área em superfícies elementares (normalmente
retangulares), de tamanho constante e uma amostra é coletada em cada superfície
elementar da malha. A locação desta amostra dentro da superfície elementar deve
ser aleatória.

Fig. 26 - Malha aleatória estratificada

c) Amostragem "intencional"

Na amostragem intencional, as amostras são coletadas a critério do


responsável pela amostragem. Este critério de escolha pode ser determinado por

37
vários fatores ligados aos objetivos da amostragem e às características da
ocorrência. Por exemplo, com base na litologia, os pontos a serem amostrados
podem ser escolhidos de maneira que só o corpo de minério seja amostrado. Com
isso, os pontos de coleta da amostra sempre ficam distribuídos irregularmente, o
que dificulta a avaliação. Este tipo de amostragem não é muito confiável,
conduzindo quase sempre a erros significativos.
Segundo sua finalidade, a amostragem pode ser dividida em 4 tipos
principais: amostragem ordinária, amostragem técnica, amostragem tecnológica e
amostragem para controle de qualidade.

a) Amostragem ordinária - Todas as escavações de exploração são


submetidas a este tipo de amostragem. Ela é sem dúvida o principal tipo de
amostragem, sendo realizada com o propósito de determinar sistematicamente a
qualidade e quantidade do minério e delimitar as concentrações de valor
econômico, quando o minério não possui limites geológicos precisos. Através das
amostras ordinárias coletadas é possível determinar o teor de componentes ou
minerais úteis bem como o teor de impurezas. Os dados obtidos das amostras por
meio de análises químicas e mineralógicas, ou por outros processos, são
utilizados na avaliação do depósito.

b) Amostragem técnica - Este tipo de amostragem tem como finalidade o


estudo das propriedades físico-químicas dos minérios. Estas propriedades
compreendem a densidade, a umidade, o grau de fragmentação, a dureza, a
perfurabilidade etc.. A amostragem técnica visa classificar os minérios e materiais
úteis dos depósitos minerais, dentro de especificações que permitam o emprego
dos mesmos. O conhecimento destas propriedades é fundamental para determinar
o valor industrial da matéria prima mineral. Enquanto o conhecimento da
composição química e mineralógica permite determinar a quantidade de
substância útil no depósito, o conhecimento das referidas propriedades permite
determinar que partes do depósito podem ser utilizadas industrialmente, dentro
das especificações exigidas.

c) Amostragem tecnológica - Esta amostragem é realizada para o estudo


das propriedades tecnológicas das substâncias minerais em escala de laboratório,
semi-industrial e industrial. As amostras tecnológicas para laboratório são obtidas
para determinar os métodos possíveis e os esquemas principais de transformação
tecnológica dos minerais. A partir de testes de beneficiamento feitos em amostras
semi-industriais, é possível escolher o esquema mais eficaz de tratamento da

38
substância mineral, de forma a assegurar os índices técnico-econômicos mais
importantes.

d) Amostragem para controle de qualidade - A amostragem para controle


de qualidade é executada para determinar a qualidade das massas de minério
extraídas e dos produtos de sua transformação (concentrados). A coleta da
amostra é feita em vagões, caminhões, correias transportadoras, tremonhas etc..

3.3 - MÉTODOS DE AMOSTRAGEM UTILIZADOS NA MINERAÇÃO

Existem diferentes métodos de amostragem, cujo emprego é função, entre


outros, dos fatores geológicos que condicionam a variabilidade natural. Quando
os fatores geológicos que afetam a amostragem são conhecidos, é possível
determinar um método de amostragem de acordo com estes fatores. Um método
de amostragem pode ser proposto, desde que se tenha algum conhecimento a
respeito do padrão de variabilidade natural.
Dependendo do objetivo final da amostragem, as escavações minerais de
exploração podem fornecer amostras lineares, volumétricas e menos
freqüentemente amostras de superfície e pontuais.
Todos os métodos de amostragem descritos a seguir foram desenvolvidos
a partir de resultados práticos, obtidos em trabalhos de pesquisa mineral,
realizados nos diferentes tipos de minérios existentes no mundo. Portanto, os
valores atribuídos às dimensões das amostras foram obtidos através de
experiências anteriores realizadas em situações semelhantes.

3.3.1 - Método de amostragem pontual

Os métodos de amostragem pontual são de fácil execução, são rápidos e


apresentam um custo relativamente baixo quando comparados com os outros
métodos de amostragem. O principal inconveniente destes métodos consiste em
que a coleta da amostra não se faz de maneira contínua, mas sim em pontos
isolados. Alguns destes métodos podem ser representativos, dependendo do
suporte das amostras, do espaçamento entre amostras, bem como das
características da ocorrência. Neste caso, são utilizados nas fases de
desenvolvimento e lavra para controle de teor. Na fase de exploração
propriamente dita raramente são utilizados. Outros métodos pontuais não
apresentam representatividade, entretanto, são muito importantes como
auxiliares, principalmente na fase de prospecção.

39
A seguir serão apresentados os métodos pontuais mais comuns.

a) Amostragem de espécimens de mão em afloramento


Este é o método mais simples de amostragem. É muito utilizado em
campanhas de mapeamento geológico, onde o objetivo é criar as primeiras
hipóteses sobre a ocorrência. A amostragem baseada em espécimens individuais
responde a questões muito específicas, presentes em locais particulares, ou seja,
nos afloramentos. No caso de um depósito mineral, as propriedades determinadas
em espécimens de mão, raramente se assemelham àquelas das partes não
expostas do corpo.
Neste tipo de amostragem os espécimens são relativamente pequenos,
variando entre 0,5 e 2,0 kg de material. Estes espécimens são coletados dentro
das unidades de interesse, de acordo com as necessidades de interpretação da
litologia, quase sempre sem considerar a representatividade da amostra, em locais
onde ocorram perturbações estruturais ou variação de trama, de preferência
coletando material com o mínimo de alteração possível.

b) Método de amostragem por fragmentos em frente de lavra


O método de amostragem por fragmentos é indicado para corpos de
pequena a média potência e que apresentem distribuição de teor relativamente
regular. É realizado nas partes expostas dos trabalhos de lavra e consiste em
arrancar pequenos fragmentos do corpo de minério com tamanhos
aproximadamente iguais.
As amostras parciais são coletadas segundo um padrão regular,
normalmente uma malha. A amostragem é realizada desenhando-se a malha na
face a ser amostrada, coletando-se uma amostra parcial no centro de cada malha
ou em cada nó da rede. Neste caso, a malha pode ser formada por quadrados,
retângulos ou losângos, (Fig. 27). Para retirar as amostras, utiliza-se talhadeira e
marreta ou um martelete pneumático. A amostra que representa a face é formada
ajuntando-se todas as amostras parciais da malha. O número de amostras
parciais, bem como a massa de cada uma depende da regularidade da distribuição
dos teores.
Este método apresenta bons resultados quando empregado no controle de
teor durante o desenvolvimento e a lavra, principalmente na lavra subterrânea
onde o controle do teor durante o desenvolvimento é fundamental para o
planejamento da lavra.

40
Fig. 27 - Método de amostragem por fragmentos em frente de lavra

c) Método de amostragem por fragmentos de rocha desmontada


O método de amostragem por fragmentos de rocha desmontada apresenta
a vantagem de ser cerca de 3 vezes mais rápido que o anterior sob as mesmas
condições. Isso porque na rocha desmontada não há necessidade de escavar os
fragmentos. Outra vantagem deste método é não atrasar a continuidade dos
serviços.
Enquanto no método anterior a amostragem é feita diretamente na frente,
neste, a amostragem é executada na massa de minério acumulada na frente de
lavra após o desmonte. Para isso, uma rede de arame é lançada sobre a pilha de
material desmontado e um fragmento é coletado em cada malha. Estes fragmentos
são então ajuntados para formarem a amostra que representará a frente
desmontada. A tabela 3 apresenta valores empíricos sugerindo o número de
fragmentos bem como o peso de cada um que deve ser coletado. Para evitar que
ocorram erros sistemáticos relacionados com as perdas seletivas de partículas
ricas, os fragmentos são coletados em cavidades abertas nos pontos de
amostragem. A granulometria é um fator muito importante, devendo ser
determinada a proporção entre material grosseiro e fino na amostra de tal modo a
representar a proporção existente na pilha. Não existe nenhum método numérico
conhecido para determinação do número e peso dos fragmentos para compor a
amostra.
Este método é indicado para locais onde os pontos de amostragem são de
difícil acesso e onde o material a ser amostrado é muito resistente à escavação.
Deve ser evitado em frentes muito irregulares as quais poderão influenciar
negativamente a representatividade da amostra.

41
Peso de
Número de porções de Peso total das
Características da fragmento
fragmentos por desmonte amostras por
mineralização s
em aberturas horizontais desmonte (kg)
(kg)

Muito regular ou regular 12 -16 0,12 1,5 - 2

Irregular 20 - 25 0,25 5 - 6

Muito irregular 36 - 50 0,50 18 - 25

Obs.: Para amostragem em frente de lavra o peso pode ser


somente a metade destes apresentados

Tab. 3 - Número e peso de fragmentos para amostragem por


fragmentos de rocha desmontada

3.3.2 - Métodos de amostragem linear

A amostragem linear é largamente utilizada em pesquisa mineral, uma vez


que pode ser empregada com sucesso em quase todos os tipos de ocorrência
minerais. As amostras lineares garantem a amostragem contínua, permitindo com
isso o estudo de qualquer detalhe da textura do minério ao longo da interseção de
exploração.
A seguir serão descritos os principais métodos de amostragem linear. Em
todos eles as amostras são coletadas linearmente ao longo de intervalos, com área
da seção transversal muito pequena em relação ao comprimento.

a) Método de amostragem por canal


Este método de amostragem é um dos mais tradicionais sendo de ampla
aceitação ao nível mundial. Consiste em cortar um canal ao longo da superfície
exposta do corpo de minério (Fig. 28). O canal, normalmente, tem seção
retangular e é feito segundo uma linha fixada anteriormente. A forma e a seção
transversal do canal não devem variar ao longo do seu comprimento, e sua forma
e dimensões dependem das características do corpo, principalmente da
distribuição de teor. As amostras de canal devem estar orientadas
preferencialmente de modo a coincidirem com a variabilidade máxima das
propriedades do corpo de minério, a qual usualmente coincide com a linha de
potência, (Fig. 28A).

42
Fig. 28 - Canais de amostragem
A- canal na linha de potência
B- canais horizontal e vertical

A amostragem de canal pode ser empregada praticamente em todos os


tipos de depósitos primários. Entretanto, tal amostragem não é recomendada para
amostrar veios altamente irregulares como também certos tipos de minérios
brechados, podendo, nestes casos, gerar erro sistemático. Também não é
recomendada para depósitos de ouro e de platina, consistindo de corpos de
minério muito pequenos com distribuição de teores muito errática, onde é comum
ocorrerem pepitas, bem como para corpos de pegmatito. Isso se deve
principalmente ao fato do volume da amostra de canal ser relativamente pequeno,
quase sempre não sendo representativo para estes casos.

b) Método de amostragem por furo de sonda

O Método de amostragem por furo de sonda fornece através dos


testemunhos de sondagem ou dos fragmentos dos furos o maior número de
amostras usado na pesquisa mineral, nos testes de mecância de rochas e no
detalhamento durante a lavra.
Existem vários tipos de sondagem, dependendo principalmente do tipo de
equipamento utilizado. Quanto ao princípio de funcionamento, elas podem se
divididas em percussiva e rotativa. Dentro desta divisão existem vários tipos os

43
quais são empregados em função do tipo de material e da finalidade do serviço.
Todo equipamento de sondagem é caracterizado por fazer furos longos com
coleta de amostras a intervalos determinados. A sondagem fornece basicamente
dois tipos de amostras: a amostra por tesmunho contínuo e a amostra de
fragmentos do furo. O testemunho é cortado através de uma coroa anular, sendo
coletado no interior de um barrilete. A amostra composta de fragmentos é
coletada através do líquido de limpeza do furo que os conduz até o exterior.

3.3.3 - Método de amostragem de superfícies

Este método de amostragem é usado em casos extraordinários,


especialmente ao explorar filões finíssimos com distribuição muito desigual dos
minerais. A amostragem consiste em raspar uma capa fina e uniforme de toda a
superfície exposta do corpo de minério. A amostragem, normalmente, é realizada
no teto de uma galeria ou no piso de uma trincheira, sendo o comprimento da
camada comumente de 1 a 2 metros. Não existe regra para determinação do peso,
ele depende basicamente da espessura do corpo.
Os cortes devem ser feitos com o máximo cuidado pois, se a camada
cortada não for uniforme, pode levar a erros substanciais como diluição ou
salgamento. Portanto, o local da amostragem deve ser muito bem preparado.
Cortar uma camada é uma operação muito trabalhosa, por isso este
método é usado somente quando outro procedimento é impraticável.

3.3.4 - Método de amostragem volumétrica

A amostragem volumétrica garante os melhores resultados em


comparação aos outros métodos de amostragem, uma vez que apresenta o maior
suporte. Por outro lado, ela se distingue pelo baixo rendimento, pelo alto custo e
pela dificuldade na obtenção das amostras, quando o minério é desmontado com
partes das encaixantes.
A amostragem volumétrica somente é recomendada quando nenhum dos
outros métodos produz resultados confiáveis. Este método é muito empregado em
depósitos de mica, gemas e em alguns depósitos de platina e metais raros, onde o
corpo de minério contém pequenas concentrações pontualmente segregadas. Pode
ainda ser empregada juntamente com outros métodos de amostragem com a
finalidade de avaliar o grau de confiabilidade desses métodos através da
comparação dos resultados. A amostragem volumétrica é mais largamente
utilizada para testes tecnológicos (piloto), os quais normalmente requerem uma

44
grande massa de minérios. Também é indispensável para testar propriedades
físicas e mecânicas dos minérios e das encaixantes.
A massa das amostras deve ser escolhida entre 100kg e 1 tonelada,
podendo em alguns casos chegar a 3 toneladas ou mais dependendo da
variabilidade do corpo e do grau de confiabilidade desejado.

3.4 - PREPARAÇÃO E REDUÇÃO DE AMOSTRAS

A preparação e redução de amostras é de fundamental importância na


amostragem. Os erros cometidos nesta fase refletem-se diretamente nos
resultados da amostragem, a partir dos quais são feitos todos os estudos para
avaliação e cubagem do depósito.
A amostra depois de ter sido coletada deve ser preparada para análise.
Esta preparação visa basicamente reduzir o tamanho da amostra, uma vez que
uma amostra consiste geralmente de uma grande quantidade de material, embora
as análises, via de regra, sejam feitas somente numa pequena porção deste
material. Além disso, para determinados propósitos de amostragem, algumas
vezes é necessário combinar várias amostras, ou submeter a amostra a uma
concentração preliminar.
O tratamento da amostra, a partir do momento em que ela foi coletada até
a amostra final para análise, consta de uma série de estágios de amostragem. Em
cada estágio a amostra deve ser preparada para redução de volume, formando-se
assim uma nova amostra para o próximo estágio. Quando o volume ideal para a
análise é alcançado, a amostra é então preparada para análise.
O principal propósito da preparação da amostra é sem dúvida a
homogeneização. Independentemente da preparação ser feita no campo ou no
laboratório, os procedimentos de homogeneização e redução do volume da
amostra são fundamentais.
O grande problema na redução da amostra é estabelecer o peso mínimo,
para o qual a amostra pode ser reduzida, dentro de uma faixa granulométrica,
conservando o erro de redução dentro de limites admissíveis.
Este peso mínimo confiável depende basicamente da granulometria do
material, do grau de homogeneidade e do valor permissível para o erro de
redução. Quanto mais finas as partículas, menor o peso confiável, quanto menos
homogêneo o material, maior o peso confiável e quanto maior o erro permissível
menor o peso confiável.

45
3.5 - TRATAMENTO DOS DADOS FORNECIDOS PELA AMOSTRAGEM

3.5.1 – Correlação entre diferentes tipos de amostragem

Muitas das dificuldades em análise estatística de dados geológicos


originam-se da fonte dos dados. Enquanto, na maioria dos ramos da ciência os
dados são derivados de experiências controladas, em geologia tudo o que se pode
observar são os resultados de processos naturais incontrolados, mais
freqüentemente ocorridos no passado geológico.
Os dados geológicos são originados, em sua grande maioria, de processos
naturais incontroláveis. Estes processos foram desenvolvidos durante um longo
período e são quase sempre impossíveis de ser repetidos em laboratório, uma vez
que as condições físico-químicas, que os proporcionaram, são extremamente
adversas daquelas possíveis de se obter em testes. Algumas vezes, entretanto, é
possível repetir os processos naturais de maneira mais simples em experiências
controladas em laboratório, embora o fator tempo não possa ser considerado.
Outra dificuldade na compreensão da natureza de dados geológicos decorre do
fato de que a maioria dos processos naturais já terminou, e os resultados já estão
fixados, não sendo possível portanto, observar tais processos. Além disso, a
maioria das evidências que permaneceram estão encobertas em profundidade
inacessível, devido a alterações de diversas naturezas ocorridas na superfície.

3.5.2 - Estimação do erro de amostragem

Durante a amostragem, vários erros podem ocorrer, conduzindo a


resultados que não refeltem exatamente a realidade. Grande esforço deve ser feito
para manter estes erros dentro de limites mínimos aceitáveis. Para facilitar sua
avaliação, o erro pode ser analisado separadamente nas três etapas que compõem
a amostragem: coleta da amostra, preparação ou tratamento da amostra e análise
e testes da amostra.
Existem basicamente dois tipos principais de erros: a) erro aleatório; b)
erro sistemático. O erro sistemático conduz a uma superavaliação ou a uma
subavaliação. É frequentemente de mesmo sinal, e pode conduzir o resultado final
a sérios equívocos, tal como a classificação de uma área não lavrável como
lavrável, ou vice-versa. O erro aleatório é caracterizado pela alternância de sinais.
No caso específico do cálculo de teor médio, geralmente ele se anula, afetando
muito pouco o resultado final. Os erros aleatórios são devidos à inexatidão

46
inerente ao método, a erros de medida, a erro humano etc.. Os erros sistemáticos
são devidos principalmente a deficiências nas técnicas de amostragem, métodos
de análise e preparação da amostra.
A estimação do erro de amostragem pode ser feita através de
procedimento estatístico e/ou geoestatístico, pela determinação da variância.
A variância de estimação pode ser definida como a variância do erro
cometido, quando uma variável num volume "V" é estimada por uma variável
num suporte "v". Técnicas geoestatísticas podem ser usadas para deduzir a
variância de estimação de um teor médio "zV", por exemplo, por outro teor
médio "zv". Os teores médios "zV" e "zv" podem ser definidos em qualquer
suporte, ou seja, "V" pode representar um bloco de lavra e "v" o conjunto de
testemunhos de sondagem.
A variância de dispersão nada mais é do que a medida da dispersão dos
teores observados em amostras de volume constante em relação ao teor médio
destas amostras. Existem dois fenômenos de dispersão bem conhecidos no campo
da engenharia de minas. O primeiro está ligado à dispersão em torno do valor
médio de um conjunto de dados coletados dentro de um domínio "V" que cresce
com a dimensão de "V". O segundo fenômeno se baseia no fato de que a
dispersão dentro de um domínio fixo "V" decresce quando cresce o suporte "v"
no qual cada dado é definido: os teores médios de blocos de lavra são menos
dispersos do que os teores médios de testemunhos de sondagem.

3.5.3 - Otimização da amostragem

A otimização da amostragem visa buscar o equilíbrio entre o custo da


amostragem e a representatividade da amostra. O objetivo de otimizar um
programa de amostragem é estabelecer o tamanho e a posição das amostras no
depósito e o número ideal de amostras necessário para representar as
características de interesse de um corpo de minério.
Nas fases de prospecção, exploração e acompanhamento de lavra, as
campanhas de amostragem devem ser cuidadosamente planejadas em cada
estágio, com o propósito de atender às condições de precisão e custo.
Considerando um mesmo método de amostragem, quanto mais densa for a rede
de amostragem e quanto maior for o suporte da amostra, tanto mais seguros serão
os resultados e tanto maior será o custo da mesma.
Devido principalmente ao fator econômico, a campanha de amostragem
deve buscar sempre a relação ótima entre a representatividade da amostra e o
custo da amostragem.

47
Tal relação ótima pode ser conseguida pela otimização dos três aspectos
seguintes:
a) método de amostragem;
b) malha de amostragem;
c) suporte da amostra.
Dentre os métodos de amostragem deve ser escolhido aquele que garanta
maior representatividade ao menor custo possível. Se por um lado a
representatividade melhora com a diminuição da malha de amostragem e o
aumento do suporte, por outro esta situação implica num aumento do custo da
amostragem. Por este motivo, a otimização da amostragem torna-se difícil.
Todos estes aspectos dependem de fatores de ordem geológica, técnica e
econômica. Em algumas situações as peculiaridades geológicas de um depósito
são decisivas, embora em outros a escolha do método de amostragem, malha de
amostragem e do suporte da amostra é determinada somente por considerações
técnicas e econômicas. Entretanto, na maioria dos casos todos os três fatores
devem ser considerados.

3.5.4 - Confiabilidade dos resultados

A representatividade das amostras é imprescindível, servindo como ponto


de partida para qualquer estudo a respeito da população que elas representam. A
precisão de uma estimação de reserva mineral é dependente, entre outras coisas,
da confiança nos dados nos quais ela é baseada, e nenhuma manipulação
matemática sofisticada pode compensar a qualidade deficiente dos mesmos.
A determinação do grau de confiabilidade dos dados é um dos principais
problemas de amostragem de depósitos minerais. Do ponto de vista estatístico,
esta confiabilidade só pode ser expressa matematicamente para dados aleatórios.
Como em amostragem de depósitos minerais isto raramente acontece, o emprego
da estatística é bastante limitado nesse campo.
É interessante observar que o cálculo da variância reflete apenas a
representatividade da amostra em relação à população que ela representa. Os
erros cometidos na coleta, preparação, redução e análise da amostra devem ser
avaliados através da comparação dos resultados de análises de rotina com os
resultados de análises de controle.

3.5.5 - Representatividade da amostra

48
Considerando as características de variabilidade dos depósitos minerais,
um programa de amostragem deve ser elaborado com base na escala de
observação e no conjunto de propriedades a serem estudadas. Estes dois aspectos
interferem diretamente na representatividade da amostra. Considerando um
mesmo método de amostragem, quanto maior a escala de observação, ou seja,
quanto menor a distância entre amostras e quanto maior o volume das amostras,
mais representativa será a amostra: por outro lado, quanto mais heterogênea e
quanto maior a anisotropia apresentada pela variável de interesse (teor,
granulometria etc) tanto menor será sua representatividade.
Se por um lado o aumento do número e volume das amostras melhora a
representatividade, por outro lado implica num aumento de custo da amostragem,
preparação e análise das amostras. Por este motivo, a amostragem deve utilizar
métodos que considerem as características particulares da mineralização e a
finalidade da amostragem com o objetivo de otimizá-la. Isto implica sempre uma
disputa entre custo e representatividade.

BIBLIOGRAFIA

CARDÃO, C.,1979, Topografia. Edições Engenharia e Arquitetura, BH, 373p.


DUTRA, J. I. G., 1987, Técnicas de amostragem e representatividade de
amostras em depósitos minerais. Tese de mestrado, EEUFMG, 303p.
ESPARTEL, L., 1978, Curso de topografia. Editora Globo, Porto Alegre, 655.
HARTMAN, H. L., 1987, Introductory mining engineering. John Wiley & Sons,
New York, 633p.
LAHEE, F. H., 1970, Geologia prática (edição espanhola). Ediciones Omega,
S.A., Barcelona, 895p.
LOCZY, L.; LADEIRA, E. A.,1981, Geologia estrutural e introdução à
geotectônica. Edgard Blücher, RJ, CNPQ, 528p.
MAIA, J., Pesquisa mineral (mapeamentos geológicos e topográficos). UFOP.
MARANHÃO, R. J. L., 1982, Introdução à pesquisa mineral. Banco do Nordeste
do Brasil S. A., ETENE, 680P.
RODRIGUES, J. C., 1979, Topografia. Livros técnicos e científicos editora,
SP,115p.
SAD, J. H. G., 1986, Fundamentos sobre a variabilidade dos depósitos minerais.
DNPM / CPRM - GEOSOL, RJ, 141p.
VARAJÃO, C. A. C., 1983, Introdução à interpretação de mapas geológicos
(exercícios). UFOP.

49
APÊNDICE I

Símbolos utilizados em mapas e plantas geológicas

50
51
52
53

Você também pode gostar