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período
º
PEDAGOGIA
Antropologia
e Educação
Edina Souza Ramos
Laurenício Mendes da Silva
Edina Souza Ramos Mendes
Laurenício Mendes da Silva
Antropologia e
Educação
2ª EDIÇÃO
2013
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Ministro da Educação Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Aloizio Mercadante Oliva Betânia Maria Araújo Passos
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Antropologia no quadro das ciências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
A Antropologia e educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Sociedade, cultura e educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Educação e diversidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Unidade 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
A escola e os novos complexos culturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Atividades de aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Pedagogia - Antropologia e Educação
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a):
A disciplina Antropologia e Educação é uma disciplina de conhecimento de oferta recente
por parte das Universidades Brasileiras. A nossa proposta se orienta em trabalhar duas áreas com
perspectivas complementares: a científica, cujos conhecimentos a respeito do homem são rele-
vantes para um adequado desenvolvimento pedagógico; e a reflexão antropológica, que propor-
ciona unidade aos conhecimentos empíricos e direção ao processo educativo de acordo com a
perspectiva mais ampla a que se propõe a antropologia aplicada à educação.
A Antropologia e Educação ou Antropologia Aplicada à Educação propõe acompanhar o ho-
mem no seu processo de humanização e refletir sobre os sistemas desenvolvidos para a conse-
cução deste fim. Ao longo do estudo, vamos tratar da questão da educação como um processo
cultural e continuo, ou seja, está sempre em construção.
A possibilidade e necessidade que temos de interagir permanentemente com o meio ao
qual estamos inseridos legitimam esse novo olhar da “Antropologia e Educação”.
A ementa da disciplina nos leva a uma abordagem sobre a educação e sua dimensão social,
os seus paradigmas utilizados na produção de conhecimentos e os agentes informais de educa-
ção, a educação popular e os processos formativos além dos muros da escola. No decorrer dos
estudos propostos, serão apresentados conteúdos informativos, formativos e reflexivos sobre a
antropologia, educação, cultura e diversidade.
A disciplina Antropologia e Educação tem como objetivos principais: propiciar uma reflexão
inicial sobre o objeto de análise da Antropologia e sua contribuição para o debate sobre a rela-
ção entre escola, cultura e sociedade; apresentar, discutir e utilizar a abordagem antropológica
em relação ao fenômeno da educação; utilizar essas noções na reflexão sobre questões educa-
cionais contemporâneas. Para isto, dividimos o nosso estudo em cinco unidades, a saber:
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UAB/Unimontes - 1º Período
O texto está estruturado a partir do desenvolvimento das unidades e subunidades. Você de-
verá perceber que as questões para discussão e reflexão que acompanham o texto são muito im-
portantes, bem como as sugestões para transitar do ambiente de aprendizagem ao fórum, para
acessar a bibliotecas virtuais na web etc. As sugestões e dicas estão localizadas junto ao texto,
aparecendo com os seguintes ícones
Ícones de para saber mais – dicas – atividades e Glossário
A leitura dos textos complementares indicados também é importante, pois indicam desen-
volvimento e ampliações para o estudo e discussão. São recursos que podem ser explorados de
maneira eficaz, por você, pois buscam promover atividades de observação e de investigação que
permitem desenvolver habilidades próprias da análise antropológica e exercitar a leitura e inter-
pretação de fenômenos sociais e culturais.
Ao planejar a disciplina Antropologia e Educação para o curso de Pedagogia, levamos em
conta essas questões e sugestões que são fundamentais para familiarizar o acadêmico, gradati-
vamente, com a visão e procedimentos próprios da disciplina.
Agora é com você. Explore tudo, abra espaços para a interação com seus colegas, para o questio-
namento, para a leitura crítica do texto, bem como as atividades e leituras complementares.
Os autores
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Pedagogia - Antropologia e Educação
UNIDADE 1
Antropologia no quadro das
ciências
1.1 Introdução
Nesta unidade da disciplina Antropologia e Educação, o objetivo é introduzir os acadêmi-
cos do curso de Pedagogia na compreensão e problemática fundamental da Antropologia como
ciência social aplicada e, nesse caso, aplicada a educação. É uma unidade dedicada à análise dos
conceitos e abordagens antropológicos. Ao se defrontar com os conceitos específicos da Antro-
pologia aplicada à Educação, espera-se que os acadêmicos possam refletir sobre a especificidade
da Antropologia como uma ciência diante de outras ciências sociais aplicadas. O objeto de estu-
do e a especificidade da antropologia, sua especificidade, bem como o deslocamento do olhar
antropológico para o fenômeno educacional são os destaques dessa unidade.
GLOSSÁRIO
Antropologia: Etimo-
logicamente, o termo
1.3 Objeto de estudo e a
antropologia significa
estudo do homem
(anthpopos: homem;
especificidade da Antropologia
logos: conhecimento,
saber, estudo). A reflexão do homem sobre o homem é muito antiga. O homem nunca parou de interrogar-
se sobre si mesmo. Em todas as sociedades e em qualquer tempo e espaço “existiram homens
PA RA SABER MAIS que observaram homens”.
Leia o texto de Horace A reflexão do homem sobre o homem e sua sociedade, e a elaboração de um
Miner, “O Ritual do Cor- saber são tão antigos quanto a humanidade, e se deram tanto na Ásia como na
po entre os Nacirema” África, na América, na Oceania ou na Europa. (LAPLATINE, 2000 p.13)
(disponível em http://
comunicacaoeespor-
te.files.wordpress. Assim, o problema de se questionar so- damental, aliás um problema recorrente
com/2011/03/naci- bre as diferenças culturais ou sociais foi sempre para a humanidade em todas as várias
rema.pdf ), e procure constante durante a história da humanidade. etapas de sua história.
descobrir sobre qual No entanto, a constituição de um projeto c. E, como resultado, “é a busca de uma res-
povo o autor está falan- antropológico que se ocupasse do próprio ho- posta sistemática a esse problema que vai
do e tente pensar sobre
a prática da reflexão mem como objeto de conhecimento é bem re- definir, no início, uma atitude, mais tar-
antropológica. cente. Em outras palavras, a preocupação em se de, uma reflexão sistemática, enfim, uma
construir um discurso antropológico com status ciência: a etnografia, etnologia – ou an-
de ciência, ou que se pudesse cumprir certos cri- tropologia” (SANCHIS, 1999, p. 24).
térios de uma teoria cientifica, pode ser situada d. É, portanto, a partir de uma reflexão sis-
a partir da metade do século XIX (LAPLANTINE, temática sobre as diferenças, do encontro
2000; COPANS, 1971; MERCIER, 1974). Lentamen- com o Outro, que a antropologia, paulati-
Atividade te, começa-se a constituir um arcabouço teóri- namente, se constituiu como uma ciência.
co e metodológico visando a apreender a ação Isto significa a elaboração de um conhe-
Reflitam sobre as
oposições entre as
humana como um fenômeno observável e ana- cimento relativista. O outro deixa de ser
“sociedades ociden- lisável. A cultura ou as culturas passam a ser en- o exótico, o esquisito, o desigual e passa
tais” e as “sociedades caradas como um objeto de estudo, pois podem a ser encarado como diferente, com uma
não ocidentais” e que ser apreendidas como um fenômeno passível de lógica própria de dar inteligibilidade para
implicações ideológicas objetivação, ou seja, como um fenômeno possí- si e de elaboração e compreensão socio-
essas oposições podem
ter para a consolida-
vel de ser classificado, explicado ou compreendi- cósmica. Isso exige um olhar de dentro,
ção do conhecimento do de maneira objetiva. que se pudesse captar o ponto de vista
científico e discutam Inicialmente, a Antropologia preocupa- do outro, ou como se diz em antropolo-
esta proposta no fórum se em elaborar um conhecimento ou uma gia “o ponto de vista do nativo”;
de discussão. interpretação sobre as sociedades situadas e. A especificidade da Antropologia, portan-
em espaços geográficos longe das socieda- to, advém crucialmente dessa necessida-
des ocidentais. São as ditas sociedades “sim- de metodológica de apreender o ponto
ples” ou de organização social simples ou de vista do outro e isto só é possível na
ainda sociedades “primitivas” que passam a medida em que o antropólogo imerge na
ser tomadas como objeto de estudo da An- sociedade ou no grupo social que se pre-
tropologia. Assim, a Antropologia acaba de tende compreender. É a experiência do
atribuir-se um objeto que lhe é próprio: o es- trabalho de campo (o próprio pesquisa-
tudo das populações que não pertencem à dor coletando e interpretando seus dados
civilização ocidental. etnográficos) que constitui a marca distin-
tiva da Antropologia.
a. A ciência antropológica instituiu-se no es-
paço do Ocidente; Portanto, veja bem, o contato próximo e
b. O encontro com a diferença mais radical, prolongado, a “observação participante” com
o “OUTRO”. Vislumbra-se, assim, a pos- a sociedade ou com o grupo social que se quer
sibilidade de um distanciamento entre estudar ou compreender impõe uma marca
sujeito e objeto como condição de objeti- distintiva da Antropologia, ou seja, a sua es-
vidade, necessária para se instituir o fazer pecificidade como disciplina científica. Essa
científico. No entanto, o mais fundamen- especificidade reside na possibilidade que o
tal, o que vai definir o enfoque antropo- antropólogo tem de refletir sobre sua própria
lógico é a oposição entre o Nós e o Outro. sociedade. Ou seja, é a partir do encontro com
Instituiu-se o Outro como problema fun- o diferente que posso questionar os meus pa-
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Pedagogia - Antropologia e Educação
[...] preso a uma única cultura, somos não apenas cegos à dos outros, mas mío-
pe quando se trata da nossa. A experiência da alteridade (e a elaboração des-
sa experiência) leva nos a ver aquilo que nem teríamos conseguido imaginar,
dada a nossa dificuldade em fixar nossa atenção no que é habitual, familiar, co-
tidiano, e que consideramos ‘evidente’. Aos poucos notamos que o menor dos
nossos comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem
realmente nada de ‘natural’. Começamos, então, a nos surpreender com aquilo
que diz respeito a nós mesmos, a nos espiar. O conhecimento (antropológico)
de nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento de outras culturas,
e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre
tantas outras, mas não a única (LAPLANTINE, 2000, p.20).
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UAB/Unimontes - 1º Período
BOX 1
“A admiração chinesa por pés pequenos, ou atrofiados, nasceu em 920, segundo pesqui-
sas históricas. O imperador Li Yu se deixou seduzir por uma concubina que dançava com os
pés enfaixados para que se parecessem com uma lua crescente.
O Costume atravessou dinastias chinesas e se sofisticou em 76 formas diferentes de se
enfaixar os pés.
Depois da queda da dinastia Qing, em 1911, criou-se a figura do “inspetor de pés”. Cabia a
ATIVIDADE ele verificar se estava sendo respeitada a proibição dessa prática.
O poder republicano, no entanto, não conseguia impor sua vontade nas regiões mais re-
Na reportagem inseri- motas da China.
da no Box 1, o jornalista
enfoca a influência da Enfaixar os pés sobreviveu alguns anos, até diminuir no início dos anos 30.
cultura até mesmo so- Em 1931, a invasão japonesa desferiu um forte golpe contra o costume imperial. As mu-
bre os aspectos físicos lheres com os pés atrofiados não conseguiam se movimentar com velocidade necessária para
do ser humano. Analise fugir do invasor e muitas acabavam sendo violentadas.
a notícia e procure Os camponeses então começaram a abrir mão do costume. Foi apenas o regime comu-
explicar a relação entre
natureza e cultura. nista que conseguiu livrar definitivamente a China da prática de enfaixar o pé.
Postar no fórum de Algumas mulheres na casa dos 80 anos ainda mantém faixas, porque com elas sentem
discussão. menos dores. Os panos protegem os pés.”
Pois bem, penso ser oportuno refletir inato e ao adquirido para compreender as
nesse momento sobre os campos e divisões diferenciações de populações e não mais
da Antropologia. A ideia é ampliar a discussão de raças (LAPLANTINE, 2000, p. 17).
sobre o campo de estudo da Antropologia So- b. A arqueologia: estudo das sociedades
cial, tentando perceber como ela se distingue desaparecidas, através dos vestígios que
enquanto uma especialização da Antropologia deixavam. Com métodos e técnicas espe-
Geral. cificas os arqueólogos analisam restos ou
Se for razoável afirmar que a abordagem vestígios deixados por grupos ou socie-
antropológica tenciona compreender as múl- dades já desaparecidas com a intenção
tiplas dimensões do homem em sociedade de reconstruir suas técnicas e produções
(LAPLANTIINE, 2000, P. 16), é aceitável dizer materiais, a suas organizações sociais e
que isso não pode ser alcançável por um úni- suas produções culturais.
co cientista. Portanto, durante seu desenvolvi- c. A antropologia Linguística: estudo das
mento, a Antropologia se consolidou a partir línguas (a linguagem) como expressão de
de múltiplos enfoques, criando campos espe- valores, preocupações, ideias, pensamen-
cializados do saber antropológico. Especiali- tos, enfim como produção cultural e ao
dades estas com um corpo teórico e técnicas mesmo tempo como produto da cultura.
próprias. d. A antropologia Social, Cultural ou Etno-
Nesses termos, podemos situar algumas logia: essa é a esfera do conhecimento
esferas principais do conhecimento Antropo- antropológico que nos interessa mais de
lógico: perto, pois é dela que estávamos nos re-
a. A antropologia biológica: campo de es- ferindo ao tempo todo quando falávamos,
tudo outrora chamado de antropologia nesse texto, em Antropologia. E é dela que
física, atualmente dedica-se ao estudo continuaremos falando. Essa esfera da An-
das relações entre o patrimônio genético tropologia tenciona tomar como foco de
e o meio (geográfico, ecológico, social). estudo o Homem como membro de uma
Tomando técnicas e métodos comuns ao sociedade e de um sistema de valores. Por-
ramo da Biologia, os especialistas desse tanto, o antropólogo focaliza a perspectiva
campo de estudo buscam analisar as par- da sociedade humana “enquanto um con-
ticularidades morfológicas e fisiológicas junto de ações ordenadas de acordo com
ligadas a um meio ambiente, bem como a um plano e regras que ela própria inven-
evolução dessas particularidades. Interes- tou e que é capaz de reproduzir e projetar
sando-se pela genética das populações, em tudo aquilo que fabrica” (DA MATTA,
procura-se discernir o que diz respeito ao 1987, p, 32).
14
Pedagogia - Antropologia e Educação
15
UAB/Unimontes - 1º Período
Brasileiro, em que o autor responde à questão Isa Grinspum Ferraz - Elenco: Chico Buarque,
“quem são os brasileiros?”, investigando a for- Gilberto Gil, Luiz Melodia, Darcy Ribeiro, An-
mação do nosso povo. Uma co-produção da tonio Candido, Tom Zé, Azis Ab´Saber, Judith
Superfilmes, TV Cultura, GNT e Fundar, a série Cortesão, entre outros - Ano de Produção: 2000
conta com a participação de Chico Buarque, - Duração: 280 minutos - Cor: Colorido/Preto
Tom Zé, Antônio Cândido, Aziz Ab´Saber, Paulo e Branco - Tipo de Diálogo: Livre - Formato da
Vanzolini, Gilberto Gil, entre outras personalida- Tela: Fullscreen 1.33:1 - Gênero: Documentá-
des. Com imagens captadas em todo o Brasil, rio - Faixa Etária: Livre - País de Produção: Brasil
material de arquivo raro e depoimentos, O Povo - Legenda: Inglês, Espanhol, Francês - Idioma:
Brasileiro é indispensável para educadores, es- Português - Áudio: Dolby Digital 2.0 - Região: 0
tudantes e todos os interessados em conhecer (Multizonal) - Cenas de Sexo ou Nudez: Não - Ce-
mais sobre o nosso País. nas de Violência: Não - Cenas de Racismo: Não -
Título Original: O Povo Brasileiro - Direção: Cenas com Drogas: Não
Referências
COPANS, Jean. Antropologia: ciência das sociedades primitivas? Lisboa: Edições 70, 1971.
DA MATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução à Antropologia Social. Rio de Janeiro: Roc-
co, 1987.
SANCHIS, Pierre. “A Crise dos Paradigmas em Antropologia”. In: Dayrell, Juarez (org.). Múltiplos
olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999, p. 23-38.
16
Pedagogia - Antropologia e Educação
UNIDADE 2
A Antropologia e educação
2.1 Introdução
Nesta unidade, o acadêmico será provo- classes...). Na espécie humana, a educação
cado a pensar sobre o que é educação e edu- não continua apenas o trabalho da vida, ve-
cação na perspectiva antropológica: ninguém remos, ainda, que ela se instala dentro de um
escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja domínio propriamente humano de trocas de
ou na escola, de um modo ou de muitos ou- símbolos, de intenções, de padrão de cultura
tros, todos nós envolvemos pedaços de nossas e relações de poder. A educação do homem,
vidas com ela. Veremos que a educação exis- conforme a visão antropológica, existe por
te de formas diferentes em mundos diversos toda parte e, muito mais do que a escola, é o
(sociedades tribais, agricultores, educação em resultado de todo o meio sociocultural sobre
países desenvolvidos, mundos sociais sem os seus participantes.
17
UAB/Unimontes - 1º Período
da sua sociedade e de sua cultura, ele começa professor –, de acordo com sua posição social
Atividade pensar como problema as formas e os proces- no sistema político de relações do grupo.
Observe o texto Inse- sos de transmissão do saber. Entre os gregos, sempre se conservou
rido no Box 2 e reflita Esse é o começo do momento em que a a ideia de que todo o saber que se transfere
sobre o seu conteúdo. educação vira o ensino, que inventa a pedago- pela educação circula através de trocas inter-
Qual mensagem conse- gia, reduz a aldeia à escola e transforma “to- pessoais, de relações físicas e simbolicamente
guiu captar? dos” no educador. Isto significa que, para além afetivas.
Apresente sua opinião
no fórum de discussão. das fronteiras do saber comum de todas as A educação do homem existe por toda
pessoas do grupo, emergem tipos e graus de parte e, muito mais do que a escola, é o resul-
saber que correspondem desigualmente a di- tado de todo o meio sociocultural sobre os
ferentes categorias de sujeitos – rei, sacerdote, seus participantes. (LOURO, 1997).
BOX 2
“... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agra-
decemos de todo coração”.
Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferen-
tes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de
educação não é a mesma que a nossa.
“... Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do norte e aprende-
ram toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltaram para nós, eles eram maus corredores, ig-
norantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como ca-
çar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles
eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como
conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la,
para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem
alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles homens”.
18
Pedagogia - Antropologia e Educação
Tal abordagem demonstrava as especifi- quisas. O capital cultural seria o acúmulo dos
cidades culturais, possibilitando um diálogo bens culturais adquiridos ou investidos durante
intenso com a psicologia e a psicanálise, tendo a vida. Seria o investimento em arte, literatura
como intuito afirmar e confirmar a existência e imersão no meio de cultura. Quanto maior a
de “personalidades culturais”. exposição, maior o acúmulo de capital cultural.
Outro olhar antropológico importante é o Dessa forma, a relação entre Aantropologia e ATIVIDADE
da Escola Sociológica Francesa, que tem como Educação podem e devem ser dimensionadas.
Ler o livro do Carlos
baluarte principal o sociólogo francês Bordieu Entendendo dessa forma a relação entre Rodrigues Brandão – “O
que trabalha a noção de habitus, tendo em vista Antropologia e Educação, adquire desafios que é Educação” e fazer
o processo educativo que, por viés de sua teo- instigantes. (BORDIEU, 2002, p.61) uma síntese da página
ria, aparece de forma muito dinâmica, como Existem diferenças significativas de abor- 54 a 110, discutindo o
que é educação. Apre-
inculcação de disposições duráveis, matriz de dagens entre as duas disciplinas, existem pro-
sente sua síntese no
percepções, juízos e ações que configuram ximidades, uma vez que tanto a pedagogia fórum de discussão.
uma “razão pedagógica”, ou seja, como lógica quanto a antropologia têm como objeto os
e estratégias que uma cultura desenvolve para modos de vida, os valores e as formas de so-
transmitir os seus valores. O conceito de capital cialização. Ambas têm como alicerce as rela-
cultural é amplamente desenvolvido e coloca ções entre o indivíduo e a sociedade e tratam Atividade
a educação também como centro de suas pes- da existência humana. (BORDIEU, 2002). Como articular o
projeto antropológi-
co de conhecimento
das diferenças com o
19
UAB/Unimontes - 1º Período
o educando tem de ser respeitado como sujei- petências específicas destinadas a satisfazer as
to e, de outro, há de se ter em conta que os da- necessidades do mercado, através da religião
dos ofertados pelas ciências antropológicas se da competitividade.
obtêm a partir de um determinado ponto de A Antropologia da Educação enraíza-se
vista. (BORDIEU, 2002) nas diferentes ciências em que divide a Antro-
Atividade O centro da educação é o homem, por pologia. Por separado, cada uma delas, devido
No livro de Lévi-Strauss ser ele um fim em si mesmo. Quando o capital à sua especialização, torna-se insuficiente para
(1985, p. 14), intitulado impõe seus pontos de vista, como ídolo, pede delimitar a imagem de ser humano a ser traba-
Mito e Significado, o o sacrifício da dignidade humana, sugerindo lhada por meio da Educação. (BORDIEU, 2002,
autor nos comunica uma educação voltada para desenvolver com- p. 22).
que nunca teve a per-
cepção do sentimento
da sua identidade
Educação
atrás da roupagem das
nossas ações não há
um princípio que lhe
dê unidade e sentido,
como educar? Como
conduzir o educando A demanda social sobre a educação exi- maneira crítica sua voz com a voz da cultura e
para que ele desenvol- ge tipos diferentes de investigação. O especí- do fazer popular.
va plenamente as suas fico da Antropologia da Educação consiste em A Antropologia relativiza as culturas e,
possibilidades? Faça
uma reflexão sobre es- criar teorias que possam explicar os fenôme- através da pesquisa da Antropologia da Edu-
tas questões e participe nos educativos e contribuir eficazmente com o cação, quer contribuir para a democratização
de fórum de discussão desenvolvimento pedagógico. do saber, valendo-se do estudo do modelo
apresentando a sua Em se tratando de uma Antropologia a concreto de existência do educando. O edu-
análise. serviço da Educação, cabe esperar que todo cando deve percorrer um caminho que parte
o seu arsenal de conhecimentos, métodos e da realidade social e cultural. Em Homo edu-
técnicas estejam direcionados para o desen- candus, pode ser olhado sob diversas pers-
volvimento pleno do potencial humano do pectivas, a seleção do método de trabalho a
educando. ser seguido em cada pesquisa há de estar em
O estudo do método nos remete à análi- função dos problemas levantados, mantendo-
DICA
se dos elementos básicos que integram o ato se sempre coerência entre o objeto de estudo,
Para aprofundar mais educativo. O ser humano dispõe de faculda- a orientação teórica e o método.
um pouco no assunto,
pesquise um pouco
des que lhe possibilitam a aprendizagem e o No desenvolvimento da pesquisa edu-
mais sobre as principais desenvolvimento criativo de realidades novas. cativa, podem-se seguir várias linhas que, de
correntes filosóficas do Através desse equipamento mental, ele está modo geral, obedecem às grandes correntes
século XIX e início do em condições de apropriar-se de ideias, cos- filosóficas do século XIX e início do século XX:
século XX: positivismo, tumes, saberes e técnicas desenvolvidas por positivismo, fenomenologia e a dialética.
fenomenologia e a
dialética.
outras gerações. São os outros seres huma- O positivismo procura dar resposta aos
nos e o seu mundo, a cultura, o que primeiro problemas educativos, utilizando métodos
aparece na nossa vida. Ao contato estimulante quantitativos, como a análise estatística e o
das relações interpessoais, o educando vai se questionário, sem levar em conta o ponto de
introduzindo num mundo humanizado. A he- vista subjetivo dos indivíduos; busca a expli-
rança cultural serve de guia e estímulo para o cação dos fenômenos através das relações
que há de humano no educando se revele de dos mesmos e a exaltação da observação dos
PARA SABER MAIS
maneira dinâmica no decorrer do processo fatos. O espírito humano deve investigar sobre
Enriqueça os conhe- educativo. o que é possível conhecer, eliminando a busca
cimentos adquiridos A escola, como instituição mediado- das causas últimas.
lendo o livro: TRIVINOS,
Augusto N. S. Intro- ra entre a família e a sociedade, quando se A fenomenologia abandona a pretensão
dução à Pesquisa em prende excessivamente aos interesses clas- de objetividade tal como entendem as ciên-
Ciências Sociais. São sistas da ideologia dominante, limitando-se cias naturais, esforçando-se por compreender,
Paulo: Atlas, 1995. a oferecer uma visão fragmentada da realida- no nosso caso, os problemas pedagógicos no
- Complemente seus de, criando seu mundo próprio, desligado da âmbito intersubjetivo dos atores do processo
estudos assistindo
também o filme e o vida social, desentendo-se do mundo cultural educativo, valendo-se, para isso, de métodos
documentário: Ser e ter em que o sujeito da educação está inserido. qualitativos, como observação participante e
Ao invés de humanizar, barbariza. O proces- entrevista.
so educativo direcionado para a libertação A impossibilidade de quantificar os fenô-
do sujeito e a solidariedade social reclama da menos espirituais provavelmente incapacitará
instituição escolar a urgência de misturar de o pesquisador empírico a entender a dinâmica
20
Pedagogia - Antropologia e Educação
Referências
BORDIEU, Pierre. Escritos de Educação. Petrópolis. Vozes, 2002.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 33ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.
21
UAB/Unimontes - 1º Período
Fernández Gonzáles, Leopoldo Jésus, Tânia Regina Eduardo Domingos. Antropologia e Educa-
ção. Cadernos de antropologia da educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. V.1
Fernández Gonzáles, Leopoldo Jésus, Tânia Regina Eduardo Domingos. O método na antropo-
logia da Educação. Cadernos de antropologia da educação. Petrópolis, RJ: Vozes: 2005. V.4
Fernández Gonzáles, Leopoldo Jésus, Tânia Regina Eduardo Domingos. Linguagem, sociedade,
Cultura e Educação. Cadernos de antropologia da educação. Petrópolis, RJ: Vozes: 2005. V.5
STRAUSS, Claude. “A Estrutura dos Mitos”, in Antropologia Estrutural(I), Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro,1995
22
Pedagogia - Antropologia e Educação
UNIDADE 3
Sociedade, cultura e educação
3.1 Introdução
Nesta Unidade, veremos que a gênese da Antropologia aplicada à Educação se encon-
tra no âmbito da Antropologia cultural norte-americana, concretamente na Escola de Cultura e
personalidade, liderada por Franz Boas. Aprenderemos que toda prática educativa, de maneira
consciente ou inconsciente, firma-se sobre um conceito de ser humano e sociedade. Veremos,
também, que as instituições podem auxiliar as pessoas a valorizarem a sua cultura, seu corpo,
seu jeito de ser ou, pelo contrário, favorecer e incitar a discriminação quando silenciam diante da
diversidade cultural e da necessidade de realizar abordagens de forma positiva. Os novos com-
plexos culturais representados pela combinação entre cultura popular e as novas tecnologias de
comunicação estão produzindo uma transformação radical nos processos de produção de subje-
tividade e de identidades sociais.
Todos devem aprender a ler e escrever e escrever do mesmo jeito que aprendemos?
A diversidade sempre foi explicada como desigualdade de estágios existentes no proces-
so de evolução. Essa explicação foi gerada na corrente da cultura europeia – Eurocentrismo –
modelo de humanidade concebido como universal apenas o homem branco europeu. Visão de
mundo eurocêntrica.
O Etnocentrismo é a perspectiva em que se coloca determinada etnia no centro. Cada povo
acha que é o principal, que sua língua e seus costumes são os normais. O etnocentrismo é co-
mum a todas as culturas e é um grande dificultador na compreensão de outras culturas.
É somente pela compreensão das outras culturas e das outras sociedades que
se pode chegar a ver a sua própria numa perspectiva justa-, compreenden-
do-a, então, em relação à totalidade das experiências humanas (EVANS-PRI-
CHARD, 1978).
O Eu é feito de outros – o indivíduo depen- e nosso padrão estético são expressões de que
de das relações que estabelece com os outros. nos valemos para nos identificar com o gru-
Nossos ritos e símbolos expressam nossas po de pessoas e de valores e nos diferenciar
diferenças. Eles são uma forma de nos reconhe- de outros. As diferenciações entre etnias não
cermos e de nos diferenciarmos daqueles que apenas tem sentido de rotular ou estigmatizar,
compartilham de nossos valores e costumes. tem servido também para a revalorização de
A diferenciação já é uma forma de identi- aspectos culturais que vinham sendo menos-
ficação. Nossa profissão, nossa posição política prezados pela cultura oficial.
23
UAB/Unimontes - 1º Período
À realidade que nasce do afazer humano Historicamente, cada grupo humano tem
denominamos cultura. Ao processo por meio construído o seu código específico de comuni-
do qual alguém vai se introduzindo num de- cação e acordo com sua experiência vital. Essas
terminado âmbito cultural preexistente damos experiências modelaram-se em diferentes ex-
o nome de educação. A escola é uma institui- pressões culturais das quais muitas já desapa-
ção educativa, não a única, que media entre a receram, e outras, particularmente na Amazô-
família e a sociedade, e que ao distribuir cultu- nia, estão em vias de se perderem para sempre.
ra e gerar conhecimento, junto com outras en- A cultura não se transmite genetica-
tidades, vai construindo o sujeito social. mente. O modo de ler o mundo, o sistema de
24
Pedagogia - Antropologia e Educação
Pense, aí, que traços do modo de vida do por aqui. Todos nós sabemos, que para o nosso
povo da sua comunidade são “inconfessáveis”? gosto, tudo isso é uma delícia. ATIVIDADE
Sob essa perspectiva, constituem a cultu- Porém, veja como a culinária pode trazer Leia o texto Cultura e
ra todas as manifestações de um povo, desde riscos à diplomacia! Você já pensou no pro- Democracia de Mari-
os aspectos mais sofisticados aos mais banais, blema que causaria se oferecesse a um judeu lena Chauí em: http://
os mais requintados pensamentos e os mais o nosso delicioso lombo de porco? E a um in- biblioteca.clacso.edu.
folclóricos, os mais elevados ideais e as mais diano um suculento bife de boi? Agora, pense- ar/ar/libros/secret/CyE/
cye3S2a.pdf, escreva
elementares ideias do senso comum. Nesse mos ao contrário. Imagine-se em viagem pela uma síntese e discuta
sentido, não há povo nem indivíduo sem cul- China, tomando, como aperitivo, o sangue com os colegas sobre
tura. Há culturas diferentes, níveis diferen- daquela cobra (serpente) que você acabou de as questões abordadas
ciados de cultura, da erudita à popular. Essas escolher para o almoço. Ou comendo cérebro pela autora no fórum
culturas são constituídas a partir de relações de macaco na própria cumbuca do crânio. discussão.
recíprocas, tanto entre pessoas de uma mes- Que tal, em algum país do interior da África,
ma comunidade quanto entre comunidades comendo fritas de lagarta ao invés dos nossos
humanas diferentes. crocantes torresmos? Procure você mesmo(a)
Poderíamos ir além. Vamos tomar um as- mais alguns exemplos dessas “esquisitices” e
pecto da cultura mineira, a culinária, por exem- verá que tudo não passa de uma questão de
plo. Você sabia que a comida mineira tem fama gosto definido pela cultura. Vamos em frente.
nacional? Pois é, “Feijão, Angu e Couve” é o
nome de um livro que o escritor Eduardo Friei- 3. Iidentitária
ro (1966) escreveu para falar da comida minei- Entre o sentido restritivo da primeira e o
ra. E que comida! Tutu de feijão com torresmo, global e relativista da segunda, diz Forquin
angu com quiabo e frango caipira, pequi com (1993), há outras três acepções. Uma delas é a
arroz e carne de sol, lombo de porco... Paremos identitária, que entende a cultura como “um
25
UAB/Unimontes - 1º Período
[...] à ideia de que o essencial daquilo que a educação transmite (ou do que
deveria transmitir) sempre, e por toda a parte, transcende necessariamente as
fronteiras entre os grupos humanos e os particularismos mentais e advém de
uma memória comum e de um destino comum a toda a humanidade. (FOR-
QUIN, 1993, p. 12).
Pense bem. Nós vivemos no Brasil, em Gestão da Escola e das Diretrizes Curriculares.
Minas Gerais. Temos aquilo que nos distin-
gue, como brasileiros e mineiros, é claro. Mas 5. Filosófica
a nossa “memória comum”, que transcende Há, ainda, a acepção filosófica, que afir-
as fronteiras do estado e do país, nos remete ma ser a cultura, “antes de tudo, um estado
à Civilização Judaico-Cristã e não ao Budismo especificamente humano”, ou seja, “aquilo
ou ao Hinduísmo, por exemplo. Do Cristianis- pelo qual o homem distancia-se da natureza
mo emergiu o Islamismo, o Catolicismo Orto- e distingue-se especificamente da animali-
doxo e o Protestantismo. E destes emergiram dade”. (FORQUIN, 1993, p. 12). Lembre-se. Os
as centenas de igrejas e seitas protestantes animais vivem em sociedade, mas somente
dos nossos dias. O que há de universal na cul- os seres humanos recriam intencionalmente
tura do seu meio? E o que há de particular, seu ambiente. Do ponto de vista puramente
unitário, que talvez só seja encontrado aí? biológico, você sabe qual é a distância entre
O trabalho educativo, em qualquer lu- o homem e o chimpanzé?
gar onde ele se realiza e sob quaisquer con- Os animais reagem a estímulos externos,
dições, diz respeito a uma seleção feita pelos são domesticados e realizam trabalho, inclu-
educadores (pais, pregadores, professores) sive de acordo com exigências humanas. Po-
daqueles bens culturais que eles julgam ne- rém, somente ao homem é permitido criar,
cessário e/ou interessante repassar às novas isto é, ir além daquilo que é dado pela natu-
gerações. Claro que isso não se dá de forma reza e desenvolvido pelo adestramento. Isso
espontânea. Há todo um sistema político e constitui um campo complexo há muito dis-
ideológico que cria regulamentações e esta- cutido pela Antropologia e que genericamen-
belece critérios que restringem a liberdade te pode ser identificado no tema “natureza e
desses educadores. De qualquer forma, eles cultura”. Em um de seus livros mais famosos,
são mediadores. Na escola, aquilo que é se- Marx afirma que “uma aranha executa ope-
lecionado como relevante e necessário aos rações semelhantes às do tecelão, e a abelha
estudantes deriva de recortes de conteúdos supera mais de um arquiteto ao construir sua
diversos feitos por profissionais do ensino e colmeia. Mas o que distingue o pior arquiteto
distribuídos nas disciplinas que compõem o da melhor abelha é que ele figura na mente
currículo. Em algum momento do curso, você sua construção antes de transformá-la em
terá a oportunidade de verificar essa questão realidade. (MARX, 1985, p. 202).
em maiores detalhes, quando for tratar da
26
Pedagogia - Antropologia e Educação
◄ Figura 6: Filme:
Nascidos em
Bordéis
Fonte: www.omelete.
com.br. Acessado em
21 set. 2012.
Este ganhador do Oscar mostra a vida de lutam para poder dar mais esperança, para as
crianças do bairro da Luz Vermelha, em Calcu- quais a pobreza é a maior ameaça à realização
tá. O aparente enriquecimento da Índia deixa dos sonhos.
de lados os menos favorecidos. Porém, ainda Título Original: Born Into Brothels: Cal-
há esperanças. Os documentaristas Zana Bris- cutta’s Red Light Kids - País de Origem: Índia
ki e Ross Kauffman procuram essas crianças e / EUA - Gênero: Documentário - Tempo de
munido de câmeras fotográficas pedem para Duração: 85 minutos - Ano de Lançamento:
elas fazerem retratos de tudo que lhes cha- 2004 - Site Oficial: http://kids-with-came-
mam a atenção. Os resultados são emocio- ras.org/borninobrothels/film.php - Estúdio/
nantes. Enquanto as crianças vão descobrin- Distrib: Focus Filmes - Direção: Zana Briski /
do essa nova forma de expressar, os cineastas Ross Kauffman
27
UAB/Unimontes - 1º Período
Referências
CANDAU, Vera. Multiculturalismo e educação: a construção de uma perspectiva. In: Sociedade,
educação e culturas (Questões e propostas). ______. (org.). Petrópolis, Editora Vozes, 2002.
CHAUÍ, Marilena. Conformismo e resistência: aspectos da cultura popular no Brasil. 6. ed. São
Paulo: Brasiliense, 1994.
DAYRELL, Juarez. A escola como espaço sócio-cultural. In: Múltiplos olhares sobre educação e
cultura. (org.). Belo Horizonte. Editora UFMG, 1997.
FRIEIRO, Eduardo. Feijão, angu e couve: ensaio sobre a comida dos mineiros. Belo Horizonte:
Centro de Estudos Mineiros, 1966.
LARAIA. R. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1986.
MARX, Karl. O capital. Crítica da economia política. Vol. I. São Paulo: Difel, 1985.
SALGADO, Maria Umbelina Caiafa, MIRANDA, Glaura Vasques (Organizadoras). Veredas – Forma-
ção de professores: Módulo 1 – Volume 2/ SEE-MG. Belo Horizonte: SEE-MG, 2002.
SALVADOR, Angelo Domingos. Cultura e Educação Brasileiras. 4. ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 1976.
28
Pedagogia - Antropologia e Educação
UNIDADE 4
Educação e diversidade
4.1 Introdução
Nesta unidade, adentraremos nas temáticas da educação e diversidade, o olhar da Antropo- Para saber mais
logia sobre a educação e o trato pedagógico da questão racial e a proposta da educação antirra- Acesse o site: http://ra-
cista, a educação indígena com uma pedagogia diferenciada. Aprenderemos a diferenciação e ao cismoambiental.net.br/
mesmo tempo a importância de uma educação do campo como proposta de mudança social. A Discuta no fórum apro-
priado: O que é racismo
educação e gênero como forma de revisar e mostrar a sociedade com viés patriarcal e machista, ambiental?
o lugar do feminino historicamente estereotipado e práticas que reproduzem ou reforçam a desi-
gualdade, e isto no âmbito escolar transportando para o social como um todo.
29
UAB/Unimontes - 1º Período
30
Pedagogia - Antropologia e Educação
Além da vasta literatura, os contos e as ças (Clara Nunes), Dia de graça (Candeia), Mão
histórias povoam o universo de nossos alu- de Limpeza (Gilberto Gil), Retrato em Claro e
nos, por que não trazemos para a sua cultura Escuro (Racionais), Sorriso Negro (Dona Ivone
os contos africanos e indígenas? Para a educa- Lara), entre outros.
ção que respeita a diversidade, é fundamental Sugestão de Sítios na Internet: Racismo
contemplar a riqueza cultural de outros povos. e Negritude
Histórias da nossa literatura, como: Histórias Casa das Áfricas www.casadasafricas.
da Preta, o Menino Nito, Ana e Ana, Tranças de org.br Espaço cultural e de estudos sobre so-
Bintou, Bruna e a Galinha de Angola permitem ciedades africanas, exposições virtuais, consul-
o contato com as culturas afro-brasileiras e ta a biblioteca especializada.
africanas, com personagens negras represen- Casa de Cultura da Mulher Negra www.
tadas com qualidade e beleza. casadeculturadamulhernegra.org.br Arti-
As sugestões apresentadas não devem gos e notícias do movimento da mulher negra.
ser tomadas como receita, mas como possibili- Fundação Cultural Palmares www.palma-
dades a serem construídas, reconstruídas, am- res.gov.br Página oficial da fundação ligada
pliadas, enriquecidas com a costumeira criati- ao Governo Federal. Políticas públicas e dados
vidade dos educadores. sobre a população afro-descendente, comuni-
É importante que a temática das relações dades quilombolas, artigos e notícias.
étnico-raciais esteja contida nos projetos pe- Geledés www.geledes.org.br Artigos,
dagógicos das instituições, evitando-se práti- indicação de leituras e notícias do movimento
cas localizadas em determinadas fases do ano negro
como maio, agosto ou novembro. Mestre Didi www.mestredidi.org Infor-
Em pleno Apartheid, numa escola de So- mações sobre ancestralidade africana no Brasil.
weto, em que o exército patrulha de armas e Mulheres Negras www.mulheresnegras.
as crianças gritam “Libertem Mandela”, uma org Artigos sobre diversidade cultural e educa-
professora ensina história de uma forma cen- ção, lista de pesquisadores sobre a história afri-
surável fugindo ao currículo aprovado pelo cana e de afro-descendentes.
regime. Sarafina é uma aluna negra, que relata Mundo Negro www.mundonegro.com.
a história sobre a forma de uma carta dirigida br Portal da comunidade afro-descendente,
a Nelson Mandela e que, como tantos outros traz notícias, agenda cultural e educativa, arti-
adolescentes, se sente revoltada face às injus- gos e debates.
tiças do sistema. Um sistema que as incentiva Núcleo de Estudos Negros www.nen.org.
a estudar para terem uma hipótese de vida, br/index.htm Legislação, artigos e pesquisas.
mas que nunca lhes explica declaradamente Portal Afro www.portalafro.com.br In-
que nunca terão uma hipótese de igualdade formações sobre comunidades quilombolas,
social. (D’ANGELIS, 1999) religiões africanas, arte e culinária.
Sugestão de Músicas: Canto das três ra- Jornal Irohín www.irohin.com.br artigos
BOX 3
31
UAB/Unimontes - 1º Período
BOX 4
a) “Não basta ter um corpo, é necessário senti-lo, amá-lo, cuidá-lo respeitosamente, co-
Para Saber mais nhecê-lo, vivê-lo na totalidade para que possamos, na relação com o outro, assumir com au-
toria o que somos, sentimos, desejamos, pensamos, fazemos com o nosso corpo, nossa vida,
Escolha uma das frases
do Box 4 e escreva um nossa história.” (Madalena Freire /2000.)
comentário no fórum b) “... um indivíduo ou um grupo de pessoas podem sofrer um verdadeiro dano, uma au-
de discussão. têntica deformação se a gente ou a sociedade que os rodeiam lhes mostram como reflexo,
uma imagem limitada, degradante, depreciada sobre ele.” (Charles Taylor, 1994, p. 58)
c) ”É um costume inglês: na primavera, as pessoas semearem, várias sementes mistura-
das. Nada de jardins com cercas separando qualidades... simplesmente espalham-se as se-
mentes, e o maior prazer, é ver o resultado. A maior expectativa é ver como ficará o jardim.
Não interessa tamanhos, cores, espessuras, mas a beleza disforme do jardim...”
32
Pedagogia - Antropologia e Educação
significativos era de que programas de educa- existência de novas normatizações a essa mo-
ção bilíngüe poderiam colidir com os valores dalidade de ensino, conferindo a mesma com-
e os propósitos da “incorporação dos índios à petência para o desenvolvimento da Educação
comunhão (linguística) nacional”, consagrados Escolar Indígena no Brasil. (ROSENDO, 1998,
na Lei. p.32)
A oferta de programas de educação esco- A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
lar destinados às comunidades indígenas assu- Nacional (LDB n° 9.394/96) garante, nos artigos
miu, ao longo da história, movimentos, de um 78 e 79, competências e ações de pesquisa e
lado, marcados pela imposição de modelos ensino a fim de possibilitar a execução de uma
educacionais através da dominação, da nega- educação escolar indígena, de caráter específi-
ção de identidades e da homogeneização cul- co, diferenciado, intercultural e bilíngue.
tural e de movimentos marcados pelos mo- Nesse processo, não resta dúvida que
delos educacionais reivindicados pelos índios cabe ao professor indígena, membro de sua
ressaltados pelo pluralismo cultural, respeito e cultura, detentor desses processos próprios de
valorização de identidades étnicas. aprendizagem, apropriar-se de novos conhe-
Com a promulgação da Constituição Fe- cimentos e desenvolver essa educação esco-
deral de 1988, são notórias as conquistas em lar indígena. É ele o agente intercultural que
uma nova direção referentes aos direitos indí- propiciará a educação específica, diferenciada,
genas, que apontam para um tratamento dife- intercultural e bilíngue, já que não cabe a ne-
rente, na medida em que se reconhecem suas nhuma instituição externa construir ou ditar
identidades étnicas diferenciadas e se incum- normas sobre a natureza da escola diferencia-
be o Estado de proteger suas manifestações da. Cabe, sim, apresentar discussões teóricas
culturais, ao mesmo tempo em que lhes é as- sobre o processo educativo, num contexto de
segurado o direito a uma educação escolar di- reflexão com o docente indígena em processo
ferenciada. Nota-se, então, que a Constituição de formação, seja ela inicial ou continuada.
Federal de 1988 foi um marco balizador para a
Em Minas Gerais, desde 1995, iniciou-se Por preservarem intensamente vivas sua
um trabalho de Implantação de Escolas Indí- língua e sua cultura, mantêm uma intensa vida
genas envolvendo agências governamentais ritual e contato permanente com o mundo
e não governamentais, instituições de ensino dos espíritos.
superior e as organizações Indígenas. Têm uma economia de subsistência ba-
Atualmente, existem quatro grupos in- seada na agricultura da mandioca, batata-do-
dígenas reconhecidos oficialmente em Minas ce e frutas. Aos homens são destinados quase
Gerais: Maxacali, nos municípios de Bertópolis todas as atividades; restando às mulheres o
e Santa Helena; os Krenak, em Resplendor; os serviço doméstico, cuidar das crianças, a pesca
Pataxós, do município de Carmésia (originários e a coleta de frutos e raízes.
do Sul da Bahia de onde foram transferidos Krenak
em 1977); e os Xacriabás, de Itacarambi e São População: 200 habitantes dados (FUNAI,
João das Missões. (BARTOLOMEU, 2000). 2000).
Contextualizando os povos indígenas de Localização: Município de Resplendor, às
Minas Gerais: margens do Rio Doce do Leste Mineiro.
Maxacali Pertencem ao tronco lingüístico Macro-
População: 1000 habitantes (FUNAI, Gê, família Botocudo, língua Krenak. São o
2000). grupo Gut-Krak dos Botocudos. Embora falem
Localização: município de Bertópolis – re- cotidianamente o Português, possuem tam-
serva de Pradinho – e município de Santa He- bém o conhecimento da língua materna em
lena de Minas – reserva de Água Boa. graus variados. Sua autodeterminação é Bo-
Esse grupo (em Minas Gerais) é o que pre- rum Watu.
serva a sua cultura e língua próprias, de for- Apesar de falarem o Português no coti-
ma mais vigorosa. São o único grupo de Minas diano, os krenak também falam a língua Kre-
ainda monolíngue. Possuem uma população nak. Esse grupo ocupa um território definido
em idade escolar de aproximadamente 300 e possui uma liderança local. A caça e a coleta
crianças. Se autodeterminam tikmã, ãn, que ainda são importantes, mas é a pesca a ativi-
quer dizer “nós humanos”. Pertencem ao tron- dade mais importante para a sobrevivência
co lingüístico Macro-Gê de família Maxacali. Krenak.
33
UAB/Unimontes - 1º Período
Além das tarefas domésticas cotidianas e relação à luta pelas terras e pela identidade.
da participação nas atividades econômicas, as Pataxó
mulheres desempenham papel importante na População: 250 habitantes (FUNAI, 2000)
vida política do grupo e forte influência sobre Localização: Terra Indígena Fazenda Gua-
seus filhos e maridos. rani, município de Carmésia.
Xacriabá A comunidade Pataxó é originária de
População: 6000 habitantes (FUNAI, 2000) Barra Velha, próximo a Porto Seguro (Bahia).
Localização: município de São João das Como os Maxacali e Krenak, pertencem ao
Missões e Itacarambi. tronco lingüístico Macro-Gê, mas se expres-
Os Xacriabás pertencem à família linguís- sam hoje, corretamente, apenas em portu-
tica Ge, subfamília Akwen. guês. Há um universo de palavras Pataxós
Atualmente, esse grupo fala somente que estão sendo pesquisadas a fim de serem
o Português (estão a aproximadamente 300 recuperadas, registradas em fontes diversas,
anos em contato com os brancos). Ocupam como parte da reconstrução de sua identida-
uma área de aproximadamente 47000 hecta- de étnica.
res, divididos em 23 aldeias. Possui um forte Com um longo período de contato, pos-
sistema de liderança centralizado, que funcio- suem grande participação na vida da cidade. A
na através de um conselho de “caciques”. principal atividade desse grupo é o artesanato,
Nas escolas Xacriabás, há um número de atendendo a demanda de uma produção colo-
aproximadamente 45 professores Xacriabás, cada pelo mercado. Como parte do processo
escolhidos pela própria comunidade, que en- de venda, fazem apresentações sobre sua vida
sinam suas crianças. Gerenciam, também, as nas aldeias, suas festas e seus costumes.
escolas e definem seu próprio processo edu- Quanto à educação, algumas crianças
cacional. permanecem na Escola Municipal de Carmé-
Esses povos possuem uma longa história sia, mas os Pataxós já se mobilizaram e estão
de luta e resistência, enfrentando sérios pro- trabalhando em suas próprias escolas, volta-
blemas com a sociedade, principalmente em das para a sua cultura.
34
Pedagogia - Antropologia e Educação
35
UAB/Unimontes - 1º Período
36
Pedagogia - Antropologia e Educação
Referências
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CANDAU, Vera Maria, (1996). Formação continuada de professores: tendências atuais. In: RE-
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D’ANGELIS, Wilmar da Rocha, (1999). Educação Escolar Indígena: um projeto étnico ou um pro-
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DINIZ, Margareth e VASCONCELOS, Renata Nunes (orgs) o que produz o silenciamento das mu-
lheres no magistério? Belo Horizonte: Formato, 2004. (Série educador em formação).
FRANCO. Maria Laura P. B. Análise do Conteúdo. 2. ed. Série Pesquisa. Editora Contexto. Liber
Livro, 2. ed. 2007.
ROSENDO, Ailton Salgado. Educação escolar indígena: ranços e avanços. Dissertação de Mes-
trado em Educação/UFGD. Universidade Federal da Grande Dourados, 1998.
37
Pedagogia - Antropologia e Educação
UNIDADE 5
A escola e os novos complexos
culturais
5.1 Introdução
Nesta unidade, abordaremos as novas vida. Surgem, assim, as novas identidades e Para saber mais
configurações sociais e o olhar antropológi- as crises dessas identidades via mobilidade,
Entenda melhor a
co em relação a uma sociedade em constante flutuação, superficialidade e deslocamento estória dos eletroele-
mudança. Um novo mapa cultural formado de sentidos. Dentro desse contexto pós-mo- trônicos em
por novas configurações culturais, que traz derno e diferenciado, abordaremos o ser cul- http://www.youtube.
em seu bojo novas relações entre estudantes tural e a virtualidade e o lugar da educação, com/watch?v=MPWgq-
e professores, entre cultura popular e conhe- da escola e da relação permeada por mu- kIVgbw
cimento científico e o aparecimento das no- danças ininterruptas e por seres humanos in-
vas tecnologias permeando a cultura de mas- fluenciados por tais mudanças em contínuo
sa e moldando comportamentos e modos de processo de adaptação.
39
UAB/Unimontes - 1º Período
Para saber mais aos mecanismos alienantes do processo de vas capacidades e habilidades. Essas novas
Na mudança de uma mercantilização da cultura. subjetividades não podem ser entendidas
cultura baseada nos Em ambas as visões – a conservadora e como carência e desvio em relação a outras
meios impressos para a crítica – os meios e os conteúdos da cultu- formas históricas de produção e transforma-
uma cultura baseada ra de massa – e as capacidades e habilidades ção cultural.
nos meios audiovisuais por ele produzido – são encarados como dis- A separação entre baixa cultura e alta
e nos computadores,
gera-se um sujeito torção, como desvios a serem corrigidos. cultura, característica de ambas as interpreta-
com novas e diferentes Diferem, entretanto, os pontos de re- ções convencionais descritas anteriormente,
capacidades e habili- ferência: numa, um passado romântico não tendem a se dissolver no novo cenário cultu-
dades. perturbado por formas inferiores de cultura; ral representado pela difusão e generalização
Como descrever e ana- na outra, um mundo utópico, não distorcido das novas mídias.
lisar essas mudanças?
pelas tendências mercantilizantes da cultura. Na verdade, essa oposição adquire cada
Ambas as visões colocam implicações vez menos sentido, entre outras razões, por-
para a educação e o currículo. Em uma, a vol- que as novas mídias tendem a incorporar for-
ta a noções tradicionais de alfabetização e mas e conteúdos culturais tradicionalmente
escolarização. Aqui, defende-se a volta a an- pertencentes à esfera da alta cultura, mas de
tigas formas de disciplina e as formas canôni- uma forma completamente nova e transfor-
cas de aprendizagem: a ênfase na palavra im- mada (maquilada).
pressa, o estudo das grandes obras literárias, A educação institucionalizada e os/as
havendo lugar até mesmo para o ensino das educadores/as parecem mal equipado(a)s
línguas mortas, como o latim. para lidar com essas novas configurações do
Supostamente, essas formas culturais – cultural.
a “alta cultura”: da literatura, das artes e das Os pensadores educacionais têm dedi-
ciências – encarnariam valores, capacidades e cado muito pouco tempo a essa importante
conhecimentos “superiores” e mais genuina- questão.
mente humanos. A escola, por outro lado, parece não ape-
A outra, a tradição da crítica à “cultura de nas habitada por seres que se confrontam
massa”, tem apresentado poucas sugestões como numa relação entre alienígenas, mas
em termos de educação e currículo. parece, ela própria, uma nave alienígena e
Nessa tradição, o currículo deveria pro- anacrônica plantada na paisagem futurística
vavelmente incluir formas de desenvolver e ficcional de um outro planeta.
uma apreciação crítica da ideologia da mídia O que aí se passa tende-se a movimentar
de da cultura popular, ancorada provavel- em paralelo com aquilo que se passa no res-
mente em capacidades e habilidades mais tante da paisagem cultural, não havendo pos-
próprias da cultura escrita e impressa. sibilidade de qualquer encontro ou contato.
Aqui, como lá, a “cultura de massa”, os no- O currículo é o espaço em que se corpo-
vos meios, novas formas e conteúdos culturais rificam formas de conhecimento e de saber.
são colocados sobre suspeita, são vistos como Como tal, o descaso pelas radicais transfor-
o outro de uma forma cultural superior, repre- mações efetuadas na produção da subjetivi-
sentada, esta, pela educação institucionaliza- dade e pelas novas mídias, demonstrado pela
da: a escola, a universidade [...]. escola e pelos educadores profissionais, sig-
Esses estudos vêm tentando demonstrar nifica deixar de fora desse espaço formas im-
que as transformações – colocadas pelos no- portantes de conhecimento e de saber que,
vos meios e formas culturais – não podem ser no entanto, à contracorrente da escola, estão,
caracterizadas absolutamente como desvio, na realidade, moldando e formando novas
déficit, regressão, anomalia, patologia. Elas formas de existência e sociabilidade.
devem ser compreendidas dentro de sua pró- O que precisamos é de formas criativas,
pria lógica e ótica e não por referência a ou- abertas, renovadas de pensar e desenvolver
tras formas e meios culturais, característicos currículos que levem em conta esses novos
de uma outra época. mapas e configurações sociais. (CANDAU,
Elas implicam, sim, na produção de no- 1996, p. 12)
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Pedagogia - Antropologia e Educação
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UAB/Unimontes - 1º Período
Uma pequena reportagem na Folha de cados simbólicos que os tornam altamente de-
São Paulo contava sobre esta nova febre, cujo sejáveis. Como nos alerta a pesquisa de Isleide
nome refere-se ao desenho animado/jogo de Fontenelle (2002) sobre a McDonald´s, quem
cartas/videogame japonês que se transforma- come um Big Mac ingere uma combinação
ra em polêmica - acusado de “coisa do demô- complexa de valores, desejos, estilo de vida
nio” - no programa de televisão de Gilberto e padrão universal de gosto, embalados pelo
Barros, na Bandeirantes. Há escolas desenvol- nome da marca. Em sua vida cotidiana, jovens
vendo projeto para fazer frente à invasão dos e crianças são submetidos ao fascínio e aos
Yu-Gi-Ohs, no qual as tais cartas com imagens apelos estéticos consubstanciados em narrati-
representando demônios orientais são substi- vas que empreendem uma verdadeira cruzada
tuídas por tópicos humanistas, retirados do Es- para a mercantilização de objetos, imagens e
tatuto da Criança e do Adolescente. toda a sorte de artefatos consumíveis. Bem à
Se os cards concentraram temporariamen- propósito, poderíamos afirmar que no mundo
te a preferência dos meninos, as bonecas da li- que Guy Debord (1997) batizou de sociedade
nhagem Barbie, fabricada pela gigante Mattel, do espetáculo, pão e circo se confundem.
há mais de trinta anos vêm embalando os so- Parte considerável das análises contem-
nhos das meninas do Brasil e do mundo intei- porâneas tem ressaltado enfaticamente as
ro como modelo de mulher – adulta, sensual, subjetividades como objeto de sujeição e dis-
charmosa, moderna, arrojada, independente, ciplina. Na escola e na família, parece que têm
feminista. Milhões de meninas entre três e dez surgido linhas de fuga, mas é muito difícil es-
anos aprendem com a boneca lições para ser capar do que poderíamos denominar “subje-
uma mulher bem-sucedida. Contudo, a peda- tivação cultural”, algo mais ou menos fortuito
gogia Barbie, assentada, segundo seus críticos, em termos de endereçamento, mas que atinge
sobre consumismo, futilidade e competição, a todos nós, de várias formas, em praticamen-
faz da boneca um brinquedo perigoso, seja te todas as esferas de nossa existência hoje em
pelos valores que dissemina, seja por seu ine- dia. Isto porque as práticas de subjetivação
gável sucesso em promover a identificação das escolares, familiares e religiosas requerem, em
meninas com seu universo existencial. grande parte, renúncia, abnegação, provação
Assim como os Yu-Gi-Ohs e as Barbies, e obediência.
inúmeros artefatos da cultura contemporânea, A subjetivação cultural, por sua vez, re-
especialmente da cultura popular midiática, veste-se quase sempre de peculiaridades que
moldada, como sabemos, por forças políticas, acionam o lúdico, a fascinação, o deleite, ou
econômicas, sociais e culturais, têm não só seja, somos subjetivados na fruição e no pra-
invadido a escola como disputado com ela o zer, ou na expectativa destes; nesses casos, pa-
espaço pedagógico. A indústria do entreteni- rece que não há resistência.
mento não se restringe a fazer circular merca- Assim, não podemos esquecer que os su-
dorias, ela protagoniza uma pedagogia cultu- jeitos do currículo são, antes de tudo, as sub-
ral regida por poderosas dinâmicas comerciais, jetividades forjadas em uma cultura regida pe-
assentadas sobre estética e prazer, que se im- los apelos do mercado. As regras, estratégias e
põem sobre as vidas privadas e públicas de o modus operandi das sociedades neoliberais
crianças, jovens e adultos. de economias globalizadas articulam-se capri-
Em outro departamento da cena escolar, chosamente para fabricar um cliente.
podemos testemunhar, outra vez, a força das Um olhar mais atento nos mostrará, tam-
corporações empresariais nessa modelagem. bém, a expansão de um contingente de cida-
Batata frita, salgadinho, hambúrguer e refrige- dãos de “segunda classe” – crianças, jovens e
rante têm sido os alimentos preferidos da po- adultos pobres, trabalhadores eventuais, su-
pulação jovem escolar, em detrimento de uma bempregados, desempregados, não empre-
merenda balanceada e nutritiva. Amplamente gáveis - que, segundo a lógica do capitalismo
difundidos, os maus hábitos alimentares que tardio, não podem ficar de fora do circuito do
vêm assolando a população mundial - princi- consumo. Mesmo que não estejam habilitados
palmente crianças e jovens -, dobrando o nú- a adquirir mercadorias de primeira linha, inven-
mero de obesos, são incentivados por campa- tam-se categorias a eles adaptadas - réplicas,
nhas promocionais que, não raro, potencia versões baratas de objetos de consumo deseja-
Além disso, a maior parte de tais gulosei- dos –, que circulam amplamente no fluxo con-
mas está associada a desenhos animados, se- tínuo dos mercados globais espetacularizados.
riados de sucesso, grupos musicais etc. Salvo Esse consumo imaginário (em todos os
raras exceções, as cantinas escolares são uma sentidos da palavra imaginário) reforma os mo-
fulgurante vitrine desses produtos destituídos dos com que os setores populares se relacio-
de valor nutricional, mas investidos de signifi- nam com sua própria experiência, com a polí-
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Pedagogia - Antropologia e Educação
tica, com a linguagem, com o mercado, com os pectivas da conexão entre identidade e currí- ATIVIDADE
ideais de beleza e saúde. Quer dizer: tudo aqui- culo, é a forma como as identidades se recon- Pesquise, leia e organi-
lo que configura uma identidade social. figuram face à perda de um cenário que se ze um grupo para de-
A escola é uma destas arenas, no entan- manteve estável por longos anos. Vivemos em bater sobre o assunto:
to “empobrecida material e simbolicamente, um tempo em que novos desenvolvimentos no fórum de discussão
não sabe como fazer para que sua oferta seja tecnológicos e culturais, muito especialmente Os teletrabalhos,
as telecompras, os
mais atraente do que a da cultura audiovisual” a mídia, a computação e a internet, tornaram- telebancos, educação a
(FONTENELLE, 2002) . se organizadores privilegiados da ação e do distância são sintomas
Enquanto, por um lado, proliferam as re- significado na vida dos humanos. Essa fantás- do fim das cidades, do
presentações de crianças e jovens integrados tica mudança desestruturou as instituições congestionamento, das
na condição pós-moderna, familiarizados com consagradas, subverteu práticas centenárias aglomerações huma-
nas?
a cibercultura, com mundos e relacionamen- e instalou em seu lugar a incerteza, a provi-
tos virtuais, imersos criativamente em novas soriedade e a imprevisibilidade. A mudança é
culturas juvenis, adaptados às formas e com- radical, as conseq Fontenelle (2002uências são
posições contemporâneas de “vida familiar”, sérias e exigem investimentos na busca de um
por outro despontam os bem-sucedidos ma- novo modo de ser e de fazer escola.
nuais para pais e professores, best-sellers que Não poderemos vencer uma competição
celebram a retomada da disciplina, da hierar- contra as pedagogias da mídia, tampouco de-
quia familiar, da definição de limites, das fór- veremos fugir amedrontados de nossos alunos
mulas domésticas e escolares de vigilância so- e alunas, bem como seria inépcia desqualificar
bre a vida cotidiana de crianças e jovens que e desperdiçar nossas habilidades e capacida-
estariam fora de controle. des para viver num mundo que, concordemos
É relevante destacar em um texto como ou não, parece que está se tornando cada vez
este que pretende contemplar uma das pers- mais pós-moderno. (VORRABER, 2004, p.51)
Para Saber Mais
Como combinar novas
tecnologias e memória
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UAB/Unimontes - 1º Período
real de comunicação não o é, mas depende da assistência à saúde, educação, serviços públi-
interação entre o emissor e o receptor na in- cos, governo, significam o fim das cidades?
terpretação da mensagem. Para saber mais assista ao Filme “Denise
Isto não implica que os meios de comuni- está chamando”
cação sejam instituições neutras ou que seus Cercados de fax, telefones e computado-
efeitos sejam negligenciáveis. A mídia é a ex- res, os personagens vivem e se relacionam uni-
pressão de nossa cultura, e nossa cultura fun- camente por meio desses aparatos eletrônicos,
ciona principalmente por intermédio dos ma- criando um grande ciclo de relacionamentos
teriais propiciados pela mídia. “virtuais” e dando em uma divertida sátira so-
A era da informação está introduzindo cial sobre a vida nos grandes centros urbanos.
uma nova forma urbana, a cidade informacio- (1995). Estados Unidos
nal. A crescente dissociação entre a proximi- Diretor: Hal Salwen - roteiro: Harold
dade espacial e o desempenho das funções Salwen - fotografia: Harold Salwen - monta-
rotineiras: trabalho, compras, entretenimento, gem: Edil Giguere - música: Lynn Geller
Referências
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COSTA, Marisa Vorraber. Quem são? Que querem? Que fazer com eles? eis que chegam às
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HALL. Stuart. Da Diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: UFMG: Repre-
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Pedagogia - Antropologia e Educação
Resumo
1. A antropologia configura-se pelo enfoque na diversidade cultural. È a percepção da dife-
rença que permite a constituição da identidade entre nós e os outros.
2. A antropologia institui-se como objeto as sociedades ditas, nos meados do século XIX,
“primitivas”. Em outros termos, sociedades exteriores ás sociedades européias ou norte
-americanas.
4. Carlos Rodrigues nos provoca a pensar sobre o que é educação exatamente na perspecti-
va antropológica: ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de
um modo ou de muitos outros todos nós envolvemos pedaços da vida com ela.
6. Na espécie humana a educação não constitui apenas o trabalho da vida. Ela se instala den-
tro de um domínio propriamente humano de trocas: de símbolos, de intenções de padrões
de cultura e de relações de poder.
7. A educação do homem existe por toda partee, muito mais do que a escola, é o resultado
de todo o meio sociocultural sobre seus participantes.
9. Margareth Mead, nos anos 30 do século passado, procurava entender de que forma os va-
lores, gestos, atitudes e crenças eram transmitidos pelos adultos a crianças com o objetivo
central de moldá-los para a vida em sociedade.
10. O capital cultural, ampliamente desenvolvido por Pierre Bordieu, seria o acúmulo dos bens
culturais adquiridos ou investidos durante a vida. Seria o investimento em arte, literatura e
imersão no meio de cultura.
12. Toda prática educativa, de maneira consciente ou inconsciente, firma-se sobre um concei-
to de ser humano e de sociedade.
13. O específico da Antropologia da Educação consiste em criar teorias que possam explicar
os fenômenos educativos e contribuir eficazmente com o desenvolvimento pedagógico.
14. No desenvolvimento da pesquisa educativa, podem –se seguir várias linhas que, de modo
geral, obedecem ás grandes correntes filosóficas do século XIX e início do século XX: posi-
tivismo, fenomenologia e dialética.
16. As instituições podem auxiliar as crianças a valorizar a cultura, seu corpo, seu jeito de ser,
ou pelo contrário, favorecer a discriminação quando silenciam diante da diversidade e da
necessidade de realizar abordagens de forma positiva.
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UAB/Unimontes - 1º Período
17. Os silêncios, os ritos, o currículo, a forma de organização escolar, os tempos e espaços es-
colares, as linguagens que perpassam a nossas atuações docentes produzem meninas e
meninos e perpetuam relações desiguais entre elas e eles.
18. O novo complexo cultural representado pela combinação entre cultura popular ( nos cha-
mados meios de comunicação de massa) e as novas tecnologias de comunicação estão
produzindo uma transformação radical nos processos de produção de subjetividade e de
identidades sociais.
20. Crianças, jovens, mulheres, negros, idosos, docentes, surdos etc, são exemplos de identi-
dades recriadas e reinventadas de múltiplas formas pelas variadas narrativas que passam a
circular de forma planetária, fazendo aparecer novos atores sociais
46
Pedagogia - Antropologia e Educação
Referências
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Suplementares
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Pedagogia - Antropologia e Educação
Atividades de
aprendizagem - AA
1) Qual o objeto de estudo da Antropologia Social e Cultural?
3) O que é etnografia?
4) Qual forma de intervenção em educação que merece um olhar antropológico e um viés críti-
co, levando em conta a sensibilidade para a pluralidade nos espaços de formação humana com a
intenção de reduzir preconceitos e discriminações?
5) Qual o ramo da Antropologia que estuda as línguas (a linguagem) como expressão de valores,
preocupações, ideias pensamentos, enfim como a produção cultural e ao mesmo tempo como
produto da cultura?
9) O que é Etnocentrismo?
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