É também conhecida como a meditação “túnel do comboio”, e é especialmente
útil para deixar para trás os problemas, adquirindo perspetiva e concentrando-se no aqui e agora, livre das preocupações do passado.
Imagine-se passeando ao longo de um caminho plano, muito
reto. É um dia aborrecido, nublado e chuvoso, o caminho estende-se entre duas escarpas elevadas, há relva molhada sob os teus pés e podes ver o céu nebulado lá em cima. De certo modo, sentes-te pesada, tens consciência de uma mochila pesada sobre os teus ombros, tornando pesados e lentos os seus passos. As tuas costas estão um pouco dobradas para suportar o peso e tu pareces estar a olhar para o chão à tua frente, enquanto te arrastas ao longo do caminho, sentindo-te molhada, fria e abatida. Olhas de relance para cima e vês a entrada de um velho túnel de comboio: deve ser uma linha abandonada. Espreitando, consegues ver um ponto de luz na outra extremidade do túnel, pelo que não deve ser demasiado longo. Decides continuar o teu passeio: pelo menos ali estás ao abrigo da chuva… Ao aproximares-te da entrada, o túnel parece muito escuro, mas o pequeno circulo de luz no outro extremo é reconfortante, portanto continuas a avançar no seu interior… A principio, parece-te muito escuro, mal consegues ver, mas o piso é regular e é fácil de caminhar. Enquanto o fases, todas aquelas duvidas antigas sobre ti começam a emergir na tua mente: estás consciente das tuas falhas, das coisas que gostarias de não ter feito, e mesmo das coisas que desejarias ter feito no passado… Deixa-as vir lentamente à superfície da tua mente… A mochila parece ficar um pouco mais leve à medida que as diferentes duvidas e arrependimentos desocupam o interior da tua mente, suave e facilmente… Continuas a andar…descobres uma poça de luz no chão, à tua frente…deve haver ali um poço de ventilação. Ao atravessar o charco de luz, lembras-te, subitamente, de um momento feliz, em que alguém apreciou verdadeiramente a tua companhia, uma altura em que te sentias mesmo bem por seres tu mesmo. Quando sais da luz e voltas a entrar nas trevas, sentes-te ainda mais leve: a mochila vai-se esvaziando e tu estás agora um pouco mais direita, mas as dúvidas estão a vir a tona e os arrependimentos flutuam de novo na tua mente. O circulo de luz no fundo do túnel está a aumentar, mas há outro poço de ventilação, com aquele raio de luz penetrando na escuridão. De novo, ao passar por essa luz, outra boa recordação de ser apreciado por aquilo que é, ser louvado por algo ou elogiado, surge em primeiro plano na sua mente. Agora, está de novo na escuridão, mas ela não parece tão intensa como anteriormente. Sente-se mais leve e mais quente a cada passo, e são cada vez mais as boas recordações, daqueles que te amaram e dos acontecimentos agradáveis que te veem à mente… Há medida que te aproximas do fim do túnel, reparas que deve estar sol, porque há muita claridade lá fora, e apercebes-te de que estás muito mas muito mais leve, como se tivesses perdido a mochila, e um agradável calor começa a substituir quaisquer vestígios de humidade e frio que sentias anteriormente. Por fim, sais para o sol brilhante, aspiras o aroma da relva recentemente cortada e sais, calmamente, para o calor de um belo dia de verão, sentindo-te mais leve e dás mais valor ao que és e ao mundo que te rodeia. Concluis que existem ainda muitas oportunidades e possibilidades a tua espera, e novas hipóteses de fazeres as coisas que te fazem sentir bem contigo, e à vontade com os outros, e que és um ser humano valioso e adorável. Sais do túnel com a certeza de que entras num mundo muito mais luminoso e agradável. Ao teu ritmo, voltas a ter noção do teu corpo…lentamente, voltas a sentir os teus pés, os teus braços, a tua cabeça…a tua respiração está serena e tranquila…abres os olhos…e sentes-te capaz de enfrentar tudo como uma grande guerreira.