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ENVIO DE CONTRIBUIÇÕES REFERENTE À CONSULTA PÚBLICA Nº 010/2018

NOME DA INSTITUIÇÃO:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA – ABSOLAR

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL

ATO REGULATÓRIO: CONSULTA PÚBLICA Nº 010/2018

EMENTA: Obter subsídios ao aprimoramento das regras aplicáveis à micro e minigeração distribuída,
estabelecidas pela Resolução Normativa nº 482/2012.

CONTRIBUIÇÕES RECEBIDAS

IMPORTANTE: Os comentários e sugestões referentes às contribuições deverão ser fundamentados e justificados, mencionando-se os artigos, parágrafos e incisos a que
se referem, devendo ser acompanhados de textos alternativos e substitutivos quando envolverem sugestões de inclusão ou alteração, parcial ou total, de qualquer dispositivo.

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Contribuições iniciais e pontos relevantes para o debate desta consulta pública:

A ABSOLAR entende como muito positiva e bem-vinda a iniciativa da ANEEL de abrir a Consulta Pública nº 010/2018 (CP 010/2018) para obter
subsídios ao aprimoramento das regras aplicáveis à micro e minigeração distribuída, estabelecidas pela Resolução Normativa nº 482, de 17
de abril de 2012 (REN 482/2012).

Com o objetivo de apresentar objetivamente a visão do setor solar fotovoltaico sobre os aprimoramentos necessários da REN 482/2012, a
contribuição da ABSOLAR está estruturada da seguinte forma:

● Parte 1: comentários com relação a Nota Técnica n° 0062/2018-SRD/SCG/SRM/SGT/SRG/SMA/ANEEL (NT 062/2018)


● Parte 2: respostas ao questionário
● Parte 3: propostas de aprimoramento na REN 482/2012

Em resumo, a ABSOLAR defende as seguintes propostas alinhadas com os agentes do setor:

● Corroborando posicionamento da Consulta Pública da ANEEL Nº 002/2018, a ABSOLAR defende a manutenção da compensação de
todas as componentes da tarifa de energia elétrica (TE + TUSD) da microgeração e minigeração distribuída solar fotovoltaica, aqui no
texto referida como GDFV, inclusive quando compensadas pelas modalidades de autoconsumo remoto, geração compartilhada e
empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras. Na visão da ABSOLAR, a meta principal do processo de revisão e
aprimoramento da REN 482/2012, que se inicia por meio da CP 010/2018 e atividades regulatórias subsequentes é de incentivar e
reduzir barreiras à geração distribuída a partir de fontes renováveis. Um modelo tarifário que se baseia na tarifação binômia, da forma
como aplicada atualmente no Setor Elétrico Brasileiro (SEB), ou mesmo um modelo de compensação sobre algumas componentes da
tarifa conforme propõe a NT 062/2018, inviabilizaria a GDFV para a baixa tensão, impactando negativamente na possibilidade de escolha
do consumidor de gerar a sua própria energia a partir de fontes renováveis. Dessa forma, a ABSOLAR propõe a utilização da alternativa
0 dentre as 6 apresentadas pela ANEEL na NT 62/2018, considerando esta como a única alternativa que permitirá o desenvolvimento
sustentável da GDFV no Brasil. Destaca-se que a REN 482/2012 e o Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE) são
importantes avanços de paradigma para o setor elétrico nacional, pois democratizam e incentivam a geração distribuída a partir de fontes
renováveis pela sociedade brasileira, empoderando os consumidores. Por isso, a REN 482/2012 é um pilar fundamental para o
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desenvolvimento de um setor elétrico brasileiro moderno e conectado com os anseios e expectativas da sociedade, contribuindo para
uma participação mais ativa e consciente dos consumidores em nossa matriz elétrica, ajudando na construção de um setor pautado em
fontes renováveis, limpas, sustentáveis, que auxiliam na diversificação, segurança energética e competitividade do SEB.

● O debate sobre eventuais alterações na forma como ocorre a compensação de créditos de energia prevista pela REN 482/2012 ainda é
precoce, carecendo de aprofundamento e estudos transversais que permitam uma tomada de decisão coerente e que leve em conta,
também, os princípios e norteadores que têm guiado o desenvolvimento de políticas públicas do SEB.

● Nesse sentido, a ABSOLAR defende que a ANEEL, em sua Análise de Impacto Regulatório (AIR), realize uma avaliação criteriosa e
detalhada sobre o reconhecimento dos atributos da GDFV, propondo uma metodologia de valoração de maneira neutra e completa, de
seus benefícios e externalidades, considerando aspectos elétricos, energéticos, sociais, ambientais, econômicos e estratégicos, com o
objetivo de prover maior embasamento técnico para amadurecer a discussão sobre novos modelos tarifários.

● Para além disso, é preciso ressaltar que qualquer alteração que venha a ser realizada no SCEE que possa implicar prejuízo de qualquer
natureza ao consumidor que já aderiu à micro ou minigeração de energia distribuída não pode ser retroativa, de forma a preservar e
garantir a segurança jurídica e estabilidade regulatória, evitando possível nova onda de judicialização do SEB.

● A ABSOLAR avalia que o nível de penetração da GDFV na matriz elétrica brasileira atual e projetado no horizonte de análise é ínfimo,
de forma que as demais alternativas apresentadas prejudicarão o seu desenvolvimento em seu nascedouro de forma prematura e
desnecessária. Alterações na regulamentação e no modelo de compensação devem ser realizados através de processos graduais ao
invés de disruptivos. É entendimento da ABSOLAR que, em virtude da importância do tema e das potenciais consequências, o
cronograma de implementação e avaliação de medidas faz-se crucial para que os resultados almejados sejam sustentáveis no longo
prazo.

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Esperamos que as sugestões apresentadas nesta contribuição sejam de valia para o aprimoramento das regulamentações nacionais que
abrangem a geração distribuída baseada em energias renováveis e, em especial, para uma participação mais presente da geração distribuída
solar fotovoltaica na matriz elétrica brasileira.

Por fim, a ABSOLAR parabeniza a ANEEL pela qualidade do trabalho desenvolvido, pela abertura da Agência em promover um debate amplo
com a sociedade e agradece aos profissionais da agência pela oportunidade em participar deste debate enriquecedor.

Com os nossos melhores cumprimentos,

Dr. Rodrigo Lopes Sauaia


Presidente Executivo, em representação à Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR)

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TEXTO/ANEEL COMENTÁRIO ABSOLAR
18. Tendo em vista que os impactos da GD sobre a rede e os demais Além da potência total é fundamental entender como se desenvolve a sua distribuição territorial,
consumidores têm relação direta com a potência total instalada, e que os analisar os níveis de concentração e a diferenciação dos perfis de carga e perfis de geração de
valores de potência verificados nos últimos anos são superiores às cada localidades e cada tipo de fonte e tecnologia para uma real dimensão de impactos.
projeções realizadas, conclui-se que há uma probabilidade elevada de que
os valores de potência utilizados pela Diretoria da ANEEL como referência Adicionalmente, não somente impactos, como também benefícios devem ser avaliados,
para realização da revisão de 2019 (500 MW) sejam alcançados antes do inclusive os benefícios econômicos foco desta nota técnica e AIR. E não ainda exclusivamente
prazo previamente estimado. Portanto, tal cenário reforça a necessidade de sob a ótica econômica, mas também a norma deve ser revisada sob o ponto de vista de barreiras
revisar a norma com foco no aspecto econômico. técnicas, regulatórias, financeiras, sociais, geográficas para desenvolvimento da GD, bem como
levando-se em consideração os benefícios ambientais, sociais, elétricos, energéticos,
estratégicos, entre outros.
19. O crescimento da potência de GD instalada no Brasil apresenta um A ideia exposta neste trecho não está embasada tecnicamente e principalmente no que se diz
ritmo que merece reavaliação de seus impactos sobre os demais respeito ao “ritmo que merece reavaliação”. Na visão da ABSOLAR, o ritmo de crescimento da
consumidores e de sua viabilidade econômica. Tendo em vista que os GD, apesar de correspondente às previsões da ANEEL, não é necessariamente um ritmo
impactos da GD têm relação direta com a potência instalada, e que os acelerado. É preciso rever tecnicamente tais conceitos. As taxas de crescimento são altas, pois
valores de potência verificados nos últimos anos superam as projeções, o o mercado cresce a uma base pequena de referência e não existe ainda uma série histórica de
ponto de atenção colocado pela Diretoria quando da aprovação da REN nº dados que permita fazer esta conclusão. Cabe destacar que a participação da GDFV no
687/2015 é motivador para a reavaliação do modelo atualmente adotado. suprimento da demanda nacional ainda é irrisória e permanecerá inexpressiva mantidas as
condições atualmente vigentes para o SCEE. Deste modo, a reavaliação do ritmo de crescimento
que deveria ser debatida pela ANEEL neste momento deveria ser direcionada para acelerar, e
não retardar, o desenvolvimento deste segmento ainda incipiente no Brasil.

Para além disso, é preciso ressaltar que a metodologia de estudo desenvolvida pela ANEEL foi
feita para medir a inserção de sistemas de microgeração fotovoltaica somente, de tal forma que,
em busca de um maior rigor metodológico, dever-se-ia considerar, para fins da análise exposta
neste trecho, somente a potência média de sistemas de microgeração FV.
20. Somando-se a isso, nota-se uma esperada redução dos preços dos É importante ressaltar que a tendência de queda de preços se dá de forma gradual e em
componentes da GD, decorrente da sua maior penetração e evolução proporções cada vez menores. Além disso, é preciso avaliar também outras componentes de
tecnológica. Assim, o Sistema de Compensação precisaria ser reavaliado custo que influenciam a competitividade da GD: tributos, serviços, marketing, aquisição de
de modo a equilibrar a regulamentação com a situação atual do mercado, clientes, etc. Por fim, preço e custo não são as únicas referências para avaliação da viabilidade
sendo necessário avaliar a pertinência da forma de remuneração atual, econômica de determinada atividade, de forma que existem questões técnicas, regulatórias,
ponderando a previsão da magnitude dos impactos que a GD causará na tributárias, ambientais, sociais, macroeconômicas, entre outras.
rede e a sua sustentabilidade.
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21. Desse modo, para evitar que se chegue em uma realidade em que a GD É incoerente a visão de que exista uma situação para a qual a GDFV seja benéfica a quem instala
seja excessivamente benéfica a quem instala, e, ao mesmo tempo, e prejudicial ao consumidor. A GDFV comprovadamente se configura como benefício líquido
prejudicial às distribuidoras e posteriormente aos demais consumidores, a para todos os consumidores.
questão a ser atacada é um possível desalinhamento da forma de
compensação vigente em relação à atual realidade da GD.
39. É claro que certas alternativas levariam a mais impactos positivos para A ABSOLAR possui entendimento contrário ao exposto na medida em que há dados concretos,
o setor (para os demais consumidores) do que outras. Em particular, dados inclusive da própria ANEEL, sinalizando que há benefício líquido ao consumidor em função da
os contornos estabelecidos para análise, é de se esperar que opções inserção de GDFV. Neste sentido, não há fundamento para tal afirmação. E consequentemente,
regulatórias que resultam em menor atratividade para os investidores em reduzir a atratividade da GDFV produzirá prejuízos e não benefícios ao setor e aos consumidores
GD tendam a causar mais impactos positivos para os demais consumidores. em geral.
No entanto, há que se ponderar que essas alternativas podem também
resultar em elevados tempos de retorno para o investidor em GD, de modo
que a evolução na quantidade de geração efetivamente instalada seria baixa.
Nesse caso, os benefícios totais para o setor como um todo poderiam ser
muito pequenos.

45. Além disso, deve-se assegurar que os agentes que instalaram GD Essa questão é de extrema importância na visão da ABSOLAR. Um dos principais aspectos para
mantenham a forma de compensação que era vigente na época de sua o desenvolvimento da GDFV é a segurança jurídica, fundamental para a preservação da
conexão por período pré-determinado. Em outras palavras, isso implica que viabilidade dos investimentos e contratos já realizados. Um dos princípios basilares do Estado
quaisquer mudanças na forma de compensação devam valer apenas para os Democrático de Direito é o respeito aos contratos já firmados, e consequentemente aos
acessantes conectados a partir da vigência da nova norma, e não interfiram, investimentos já realizados, nos termos do art. 5°, XXXVI da CF/88, considerando o arcabouço
dentro de determinadas condições e num horizonte definido, naqueles que regulatório vigente, nos quais, principalmente os consumidores, já tomaram suas decisões.
já estão conectados. A consequência de não se aplicar esse princípio seria Referido princípio pétreo também se vê integralmente respeitado e observado nos Princípios
a elevação do risco regulatório, desestimulando interessados ou para Atuação Governamental no Setor Elétrico através da Portaria nº 86/GM, dentre os quais
aumentando o prêmio de risco exigido. destacamos, in verbis: “respeito aos direitos de propriedade, respeito a contratos e intervenção
mínima”. Em respeito a esse princípio, manifesta-se pedido formal para que a ANEEL, em seus
estudos e decisões, não se abstenha de estabelecer um ambiente em que os contratos e
investimentos firmados pelos consumidores sejam respeitados, ou seja, que sejam consideradas
todas as decisões econômicas e financeiras dos consumidores que as realizaram tendo por base
uma determinada estrutura tarifária e a REN 482/2012 vigente, inclusive no tocante à adesão e

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participação no SCEE por meio da GD, em linha com a estabilidade regulatória, a segurança
jurídica das relações e, sem se eximir de sua responsabilidade de manutenção do ambiente atual
de investimentos e o fomento para futuros investimentos pelos stakeholders.
83. Desde a publicação da REN nº 687/2015, nota-se que geradores de A ABSOLAR recomenda a manutenção dos atuais limites de capacidade instalada existentes na
relativamente grande porte têm preferido enquadrar-se como GD, em REN 482/2012 de 5 MW, sem redução deste valor. Cabe lembrar que estes limites de potência
detrimento de participar do ACL. Um dos aspectos que mais têm sido foram estabelecidos recentemente com o objetivo de ampliar o acesso à GD e reduzi-los
objeto de questionamentos é a impossibilidade de divisão de centrais representaria um retrocesso e uma barreira à democratização do acesso à GD.
geradoras para enquadramento nos limites da GD. Isso demonstra o
interesse de agentes de grande porte, que já poderiam ser viáveis no
ambiente não regulado, em tentar se aproveitar dos benefícios atribuídos a
centrais geradoras de menor porte. Na prática, a expansão dos limites para
5 MW pode ter provocado uma espécie de concorrência perversa da GD
com o ACL. Nessa linha, questiona-se se empreendimentos com potência
instalada da ordem de 5 MW (limite atualmente estabelecido para
minigeração) devem permanecer elegíveis ao ambiente da REN n°
482/2012. Em síntese, buscam-se contribuições da sociedade acerta do
limite de capacidade instalada colocado para minigeração distribuída – se
deve permanecer como 5 MW ou se deve ser reduzido e, nesse caso, para
qual valor de potência.

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Parte II – Questionário
Diante das considerações feitas, com vistas a auxiliar a coleta de subsídios acerca do tema para fins de elaboração do Relatório de AIR, apresenta-se, a seguir, um resumo orientativo das
principais questões para discussão:

1) Na lista abaixo, indique os valores a serem considerados nas premissas para realização da AIR, inserindo, no campo “Observações”, informações adicionais tais como
referências e métodos de cálculo.
Variável Unidade Valor Observações
Primeiramente, cabe esclarecer que a potência adequada para a análise que a ANEEL está se propondo a fazer não é a potência
em kWp (kilowatt-pico), usualmente calculada com base na somatória da potência dos módulos fotovoltaicos do sistema, mas
sim a menor potência entre a somatória da potência nominal dos módulos fotovoltaicos e a somatória da potência nominal dos
inversores. Tecnicamente, este é o dado que deve ser registrado junto ao SISGD e utilizado como referência para as análises da
AIR objeto da CP 010/2018, em alinhamento com as diretrizes estabelecidas pelos regramentos da própria ANEEL (vide o
guia de perguntas e respostas da REN 482/2012 da ANEEL), EPE e MME, em conformidade com as características técnicas e
operacionais dos sistemas solares fotovoltaicos.

Para o cálculo do preço de instalação do sistema, a ABSOLAR ressalta que é necessário incluir no projeto do sistema solar
fotovoltaico a relação entre a potência pico dos módulos fotovoltaicos (kWp ou kWdc) e a potência nominal (kW ou kWac) do
sistema, sendo os valores de preços unitários mencionados nesta contribuição referentes à potência pico (kWp). O fator de
Tamanho típico de dimensionamento padrão utilizado em sistemas solares fotovoltaicos de microgeração ou minigeração distribuída é de entre
um sistema solar 1,15 e 1,20, ou seja, calcula-se o uso de 1,15 a 1,20 kWp de equipamentos fotovoltaicos para cada 1,0 kW de potência nominal
3 (kW e não
fotovoltaico típico de kWp do sistema solar fotovoltaico.
kWp)
pequeno porte para
compensação local Para estabelecer uma recomendação bem embasada à ANEEL, a ABSOLAR realizou uma análise detalhada da frequência e
distribuição estatística dos sistemas de geração distribuída solar fotovoltaica no Brasil, com base nos dados disponíveis no
SISGD, tendo encontrado as seguintes informações estratégicas que embasam nossa contribuição:

1- Avaliando-se a distribuição estatística no SISGD do número de unidades consumidoras e da potência instalada por classe de
consumo, para as categorias onde ocorre compensação local (ou seja, geração na própria unidade consumidora e
empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras), evidencia-se que 78,0% do número de unidades consumidoras com
sistema solar fotovoltaico com compensação local são da classe de consumo Residencial, representando 41,5% de toda a
potência instalada solar fotovoltaica com compensação local. Estes fatos qualificam, de forma bastante eficaz, o subconjunto
“Unidades Consumidoras Residenciais com Compensação Local Solar FV” como uma referência adequada para a definição do
tamanho típico de um sistema solar fotovoltaico de pequeno porte para compensação local.

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2- Adicionalmente, dentro do subconjunto “Unidades Consumidoras Residenciais com Compensação Local Solar FV”, 79%
das mesmas possuem potência instalada menor ou igual a 5 kW, representando 52% do total de potência instalada desse
subconjunto. Desse modo, o segmento de unidades consumidoras residenciais com sistema solar fotovoltaico de compensação
local e potência de até 5 kW representa um subconjunto adequado para aprofundarmos nossa análise, com base em dados e
fatos do mercado.

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3- Dentro do subconjunto “Unidades Consumidoras Residenciais com Compensação Local Solar FV e Potência menor ou
igual a 5 kW”, 64,6% das unidades consumidoras, ou seja, praticamente dois terços de todo o conjunto, possuem potência
instalada menor ou igual a 3 kW, que somadas representam 48,1% de toda a potência instalada deste subconjunto.

4- A ABSOLAR recomenda que a classe de consumo residencial seja utilizada como referência para esta avaliação, dado que
este segmento seria um dos mais impactados por qualquer alteração regulatória na REN 482/2012, uma vez que possuem
maiores dificuldades de acesso a crédito (pessoas físicas), custos médios maiores para os sistemas solares fotovoltaicos (menor
ganho de escala), menor familiaridade com temas técnicos e regulatórios afeitos ao setor elétrico brasileiro, entre outros
fatores.

Desse modo, com base nos dados reais obtidos do SISGD e levando-se em consideração os grupos de maior representatividade
para a definição de um “tamanho típico de sistema de geração distribuída solar fotovoltaica de pequeno porte e com

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compensação local”, a ABSOLAR recomenda a utilização de uma potência instalada de 3 kW. Cabe destacar, também, que
51% de todas as unidades consumidoras residenciais com compensação local solar FV possuem potência instalada menor ou
igual a 3 kW e, ainda, 42% de todas as unidades consumidoras com compensação local solar FV possuem potência instalada
menor ou igual a 3 kW (mesmo incluindo-se na análise as demais classes de consumo, como comércios, indústrias, edifícios
públicos e outras).

A ABSOLAR esclarece que a proposta da ANEEL de considerar a média simples de todos os sistemas registrados no SISGD
como base para a definição de uma potência típica de 8 kW não é compatível com os dados disponíveis no SISGD,
apresentando grande dispersão estatística frente à realidade da microgeração e minigeração distribuída no Brasil e
demonstrando pouca correlação com os casos reais de uso da tecnologia no país.

Adicionalmente a sugestão inicial da ANEEL resultaria em um dado pouco representativo do conjunto avaliado como um
todo, uma vez que menos de 5% do número e menos de 5% da potência de todas as unidades consumidoras com compensação
local (geração local + empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras) possuem potência instalada próxima de 8 kW.

Isso reforça a importância da análise estatística realizada a partir dos dados do SISGD como uma referência qualificada para a
definição do valor a ser utilizado, reforçando a razoabilidade da proposta da ABSOLAR de 3 kW de potência instalada para
este item.
Entre
A ABSOLAR destaca que a avaliação econômico-financeira realizada pela ANEEL deve levar em consideração não apenas o
6.500,00 e
custo de instalação do sistema solar fotovoltaico, mas sim o preço total do sistema ao consumidor final, incorporando na
7.000,00,
análise a margem do instalador, os custos de aquisição do cliente, os custos de desenvolvimento do projeto, os custos fiscais e
alinhados
tributários e os custos processuais e procedimentais para registro do sistema junto à distribuidora.
com a
Custo de instalação premissa da
Os valores propostos pela ABSOLAR foram verificados junto aos empresários do setor, levando-se em consideração a
um sistema solar ANEEL,
instalação de um sistema solar fotovoltaico com porte de 3 kW de potência instalada. Os preços de um sistema solar
fotovoltaico de R$/kWp porém com
fotovoltaico variam de acordo com a potência do sistema, motivo pelo qual é necessário cautela na definição de preços que
pequeno porte para embasamento
reflitam de forma coerente a realidade do mercado nacional.
compensação local adicional
devido aos
Destacamos que existe um conjunto distinto de fatores de pressão aos preços de sistemas solares fotovoltaicos, com destaque
fatores
na conjuntura dos últimos anos para o impacto negativo da variação cambial, que afeta sensivelmente a competitividade e a
explicitados
viabilidade da tecnologia solar fotovoltaica, dado o uso de insumos produtivos importados por fabricantes nacionais e de
nas
equipamentos importados disponíveis no mercado, ambos com seus preços atrelados direta ou indiretamente ao câmbio.
observações.
Custos de % anual do 1% ao ano + Mesmo sistemas residenciais possuem procedimentos periódicos de manutenção preventiva que afetam as equações
manutenção um custo de custos de econômico-financeiras do sistema e precisam ser incorporados na avaliação da ANEEL. Para sistemas residenciais de
sistema solar instalação substituição microgeração distribuída solar fotovoltaica de pequeno porte (menor ou igual a de 5 kW), a recomendação do setor solar
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fotovoltaico de do inversor fotovoltaico brasileiro é do emprego de um custo de operação e manutenção de aproximadamente 1% ao ano, somando-se a
pequeno porte para no ano 10 ou este os custos habituais de substituição do inversor fotovoltaico. Usualmente, a substituição do inversor é realizada após 10 ou
compensação local 15 de 15 anos de vida útil do sistema, de acordo com as recomendações do fabricante e a garantia do equipamento. Devemos
(incluindo troca do operação do ressaltar também outros custos relativos a substituição de componentes elétricos, como disjuntores, cabeamento, entre outros,
inversor) sistema solar que não estão sendo contabilizados na análise da ANEEL.
fotovoltaico
Primeiramente, cabe esclarecer que a potência adequada para a análise que a ANEEL está se propondo a fazer não é a potência
em kWp (kilowatt-pico), usualmente calculada com base na somatória da potência dos módulos fotovoltaicos do sistema, mas
sim a menor potência entre a somatória da potência nominal dos módulos fotovoltaicos e a somatória da potência nominal dos
inversores. Tecnicamente, este é o dado que deve ser registrado junto ao SISGD e utilizado como referência para as análises da
AIR objeto da CP 010/2018, em alinhamento com as diretrizes estabelecidas pelos regramentos da própria ANEEL (vide o
guia de perguntas e respostas da REN 482/2012 da ANEEL), EPE e MME, em conformidade com as características técnicas e
operacionais dos sistemas solares fotovoltaicos.

Para o cálculo do preço de instalação do sistema, a ABSOLAR ressalta que é necessário incluir no projeto do sistema solar
fotovoltaico a relação entre a potência pico dos módulos fotovoltaicos (kWp ou kWdc) e a potência nominal (kW ou kWac) do
sistema, sendo os valores de preços unitários mencionados nesta contribuição referentes à potência pico (kWp). O fator de
dimensionamento padrão utilizado em sistemas solares fotovoltaicos de microgeração ou minigeração distribuída é de entre
1,15 e 1,20, ou seja, calcula-se o uso de 1,15 a 1,20 kWp de equipamentos fotovoltaicos para cada 1,0 kW de potência nominal
Tamanho típico de
do sistema solar fotovoltaico.
um sistema solar
100 (kW e
fotovoltaico típico de kWp
não kWp) Para estabelecer uma recomendação bem embasada à ANEEL, a ABSOLAR realizou uma análise detalhada da frequência e
médio porte para
distribuição estatística dos sistemas de geração distribuída solar fotovoltaica no Brasil, com base nos dados disponíveis no
compensação remota
SISGD, tendo encontrado as seguintes informações estratégicas que embasam nossa contribuição:

1- Avaliando-se a distribuição estatística no SISGD do número de unidades consumidoras e da potência instalada para todas as
classes de consumo, para as categorias onde ocorre compensação remota (ou seja, autoconsumo remoto e geração
compartilhada), evidencia-se que 80,0% das unidades consumidoras beneficiadas por sistema solar fotovoltaico com
compensação remota possuem potência instalada menor ou igual a 100 kW. Estes sistemas representam 57% de toda a
potência instalada em sistemas solares fotovoltaicos com compensação remota operacionais no Brasil (autoconsumo remoto +
geração compartilhada), sendo a amostra estatística mais representativa para sistemas de compensação remota, com ampla
folga frente às demais faixas de potência. Ao avaliarmos o número de sistemas solares fotovoltaicos cadastrados como
autoconsumo remoto ou geração compartilhada, 99% dos mesmos possuem potência menor ou igual a 100 kW, demonstrando
que a quase totalidade dos sistemas e a fração majoritária da potência que realiza compensação remota encontra-se abaixo de
100 kW por sistema.

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2- Em contrapartida, o valor proposto pela ANEEL de 1.000 kW, representa apenas 16% das unidades consumidoras
beneficiadas pela compensação remota, apenas 28% da potência instalada solar fotovoltaica e apenas 1% dos sistemas solares
fotovoltaicos cadastrados como autoconsumo remoto ou geração compartilhada.

3- Estes fatos qualificam, de forma bastante embasada, a faixa de potência de 100 kW como uma referência adequada para a
definição do tamanho típico de um sistema solar fotovoltaico de médio porte para compensação remota. Destacamos, ainda,
que a potência de 1.000 kW proposta pela ANEEL melhor representaria sistemas de grande porte para compensação remota,
com a ressalva de que este valor compõe uma fração minoritária dos sistemas e da potência de microgeração e minigeração
distribuída com compensação remota em operação no Brasil.

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Desse modo, com base nos dados reais obtidos do SISGD e levando-se em consideração os grupos de maior representatividade
para a definição de um “tamanho típico de sistema de geração distribuída solar fotovoltaica de médio porte e com
compensação remota”, a ABSOLAR recomenda a utilização de uma potência instalada de 100 kW.
A ABSOLAR destaca que a avaliação econômico-financeira realizada pela ANEEL deve levar em consideração não apenas o
custo de instalação do sistema solar fotovoltaico, mas sim o preço total do sistema ao consumidor final, incorporando na
análise a margem do instalador, os custos de aquisição do cliente, os custos de desenvolvimento do projeto, os custos fiscais e
tributários e os custos processuais e procedimentais para registro do sistema junto à distribuidora, bem como custos médios de
reforço de rede, no caso de sistemas de minigeração distribuída.

Os valores propostos pela ABSOLAR foram verificados junto aos empresários do setor, levando-se em consideração a
instalação de um sistema solar fotovoltaico com porte de 100 kW de potência instalada. Os preços de um sistema solar
Custo de instalação
Entre fotovoltaico variam de acordo com a potência do sistema, motivo pelo qual é necessário cautela na definição de preços que
um sistema solar
5.000,00 e reflitam de forma coerente a realidade do mercado nacional.
fotovoltaico de médio R$/kWp
5.500,00
porte para
A ABSOLAR destaca que os valores indicados nesta contribuição podem apresentar variações dentro da faixa de preço
compensação remota
proposta, como decorrência de custos de desenvolvimento, regularização fundiária, licenciamento ambiental, custos de obras
civis, preparação da estrutura de sustentação do sistema solar fotovoltaico, custos de adequação de rede (conforme requisito
das distribuidoras), entre outros.

Destacamos que existe um conjunto distinto de fatores de pressão aos preços de sistemas solares fotovoltaicos, com destaque
na conjuntura dos últimos anos para o impacto negativo da variação cambial, que afeta sensivelmente a competitividade e a
viabilidade da tecnologia solar fotovoltaica, dado o uso de insumos produtivos importados por fabricantes nacionais e de
equipamentos importados disponíveis no mercado, ambos com seus preços atrelados direta ou indiretamente ao câmbio.
Sistemas solares fotovoltaicos de médio porte possuem procedimentos recorrentes de operação e manutenção bastante distintos
dos utilizados em sistemas de pequeno porte e estas diferenças afetam as equações econômico-financeiras do sistema e
2% ao ano + precisam ser incorporados na avaliação da ANEEL.
Custos de
custos de
manutenção um
substituição Os modelos de negócio de sistemas baseados em compensação remota normalmente deslocam o risco da performance do
sistema solar
% anual do do inversor sistema para o empreendedor e, consequentemente, exigem maiores investimentos na operação e manutenção dos mesmos,
fotovoltaico de médio
custo de no ano 10 ou garantindo com isso a adequada prestação de serviços às unidades consumidoras beneficiadas com os créditos de energia
porte para
instalação 15 de injetados na rede.
compensação remota
operação do
(incluindo troca do
sistema solar Adicionalmente aos custos apontados nesta contribuição, existem outros custos complementares, não computados nesta
inversor)
fotovoltaico proposta, e que também são relevantes para a avaliação econômico-financeira do projeto, dentre os quais: seguro patrimonial,
arrendamento do terreno ou telhado, custos de vigilância e segurança patrimonial da usina solar fotovoltaica, entre outros.

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Para sistemas solares fotovoltaicos de minigeração distribuída de 100 kW de potência instalada, a recomendação do setor solar
fotovoltaico brasileiro é do emprego de um custo de operação e manutenção de aproximadamente 2% ao ano, somando-se a
este os custos habituais de substituição do inversor fotovoltaico. Usualmente, a substituição do inversor é realizada após 10 ou
15 anos de vida útil do sistema, de acordo com as recomendações do fabricante e a garantia do equipamento.
O setor e o mercado solar fotovoltaico brasileiro têm enfrentado significativas dificuldades para viabilizar projetos solares
fotovoltaicos, por conta do elevado custo de capital no mercado brasileiro. Tal custo de capital é especialmente significativo
para consumidores pessoas físicas, uma vez que existe um número limitado de linhas de crédito efetivamente operacionais
para estes consumidores.

Atualmente, a vasta maioria dos consumidores interessados em microgeração distribuída não encontra linhas de financiamento
adequadas no mercado, motivo pelo qual mais de 75% dos consumidores precisa investir recursos próprios para a instalação de
microgeração distribuída solar fotovoltaica, conforme pesquisa realizada pela ANEEL e apresentada no Seminário
29,84% ao Internacional de Micro e Minigeração Distribuída realizado em 20/06/2018.
ano, com base
nos custos Dentre os consumidores que fazem uso de financiamento, o principal veículo de financiamento utilizado atualmente no
atuais mercado para sistemas de microgeração distribuída solar fotovoltaica tem sido o CDC do Santander, com custo de 29,84% ao
Custo de capital de
produtos ano, normalmente dando uma entrada em recursos próprios no sistema e financiando o restante com os custos apresentados
pessoa física para
% a.a. financeiros pela linha de crédito disponível.
investimento em
mais
microgeração
utilizados A ABSOLAR destaca que nenhuma das linhas de financiamento disponíveis hoje no mercado atinge patamares de 6,24% ao
pelos ano, como proposto inicialmente pela ANEEL como um custo de oportunidade para o investimento. Adicionalmente, a
consumidores captação de recursos de terceiros para o desenvolvimento de qualquer projeto de microgeração distribuída exigirá um retorno
pessoa física sobre o investimento significativamente maior do que o patamar de base proposto pela ANEEL. Ainda, a taxa da NTN-B
proposta pela ANEEL sozinha não representa uma boa métrica para fins de definição do custo de oportunidade de um
consumidor pessoa física. Este valor só poderia ser considerado como um ponto de partida para a formação de custo de capital,
agregando ao mesmo um custo de spread atrelado à realidade brasileira e alinhado com os riscos de uma nova tecnologia e
modelo regulatório, ainda pouco conhecido pelo consumidor. Consumidores brasileiros pessoa física tipicamente não realizam
sua decisão de aquisição de um sistema solar fotovoltaico comparando o retorno do sistema diretamente com um fundo de
investimento de baixo risco, dado que o sistema de microgeração distribuída possui riscos intrínsecos superiores aos de um
fundo de investimento de baixo risco.

Entre 1,00 e O setor e o mercado solar fotovoltaico brasileiro têm enfrentado significativas dificuldades para viabilizar projetos solares
Custo de capital de
1,50 ao ano, fotovoltaicos, por conta do elevado custo de capital no mercado brasileiro.
pessoa jurídica para
% a.a. conforme
investimento em
condições da Para consumidores pessoa jurídica, levantamento realizado pela ABSOLAR junto aos seus associados apontou que a linha de
minigeração
linha de financiamento que melhor representa as condições típicas atualmente disponíveis no mercado é a linha PROGER Urbano
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financiamento Empresarial, disponível pelo Banco do Brasil e CAIXA, de ampla aplicabilidade geográfica (abrangência nacional), com as
PROGER seguintes condições:
Urbano
Empresarial, 1- Taxas de juro na faixa entre 1,00% e 1,50% ao ano
de 2- Prazo de amortização de até 72 meses.
abrangência 3- Carência de até 12 meses.
nacional 4- Financiamento de até 80% do sistema.
5- Valor de investimento de até R$ 1 milhão por projeto.
6- Disponível para pessoa jurídica com faturamento anual bruto de até R$ 10 milhões.
7- Sujeito a aprovação de crédito pelo Banco.

O custo de capital próprio calculado pela Nota Técnica nº 23/2018-SRM/ANEEL tem como base um segmento de mercado
(empresas geradoras de energia elétrica) significativamente distinto da microgeração e minigeração distribuída e não reflete
adequadamente os custos de capital de consumidores pessoa jurídica da baixa tensão. Trata-se de um perfil distinto de
investidor, com porte bastante diferente, outra metodologia de análise de riscos e outra expectativa de retorno, horizonte
temporal de análise diferente e outra atividade principal de negócio. Desse modo, considera-se que a métrica proposta pela
Nota Técnica não é adequada para as condições de análise do ambiente da microgeração e minigeração distribuída.
O índice de degradação proposto pela ANEEL refere-se a um valor de referência utilizado apenas para a degradação dos
módulos fotovoltaicos, e não do sistema solar fotovoltaico como um todo.
% de redução
A geração de energia elétrica de um sistema solar fotovoltaico é também afetada por outros fatores internos e externos ao
anual da
sistema, como: a redução de performance dos demais equipamentos e componentes elétricos e eletrônicos do sistema solar
Índice de degradação capacidade de Entre 1,5% e
fotovoltaico (inversor, cabos, conectores, string boxes, entre outros); os fatores ambientais de materiais particulados, poeira,
do sistema geração de 2,0% ao ano
sujeira, poluentes e demais contaminantes externos que reduzem a quantidade de irradiação solar que atinge os módulos
energia pelo
fotovoltaicos (efeito da sujidade ou soiling); entre outros fatores.
sistema
Estudo em andamento no National Renewable Energy Laboratory (NREL) dos EUA em 80 localidades diferentes dos EUA
apontam valores médios apenas para o efeito soiling entre 0,94% e 1,00%.

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Somando-se a isso a degradação de 0,5% dos módulos fotovoltaicos e incorporando na análise também a degradação dos
demais equipamentos e componentes de um sistema solar fotovoltaico, a ABSOLAR recomenda a utilização de valores entre
1,5% e 2,0% para a redução anual média da geração de energia elétrica pelo sistema solar fotovoltaico no Brasil, valor este que
deve ser incorporado nas análises com sistemas de pequeno e médio porte.
% de aumento
Aumento ou
ou decréscimo Conforme
Decréscimo anual A ABSOLAR entende que a ANEEL possui melhores condições de sinalizar as expectativas futuras de variação da tarifa de
da tarifa em avaliação da
real da tarifa de energia elétrica a partir dos dados, metodologias e procedimentos sob a responsabilidade da Agência.
relação à ANEEL
energia elétrica
inflação
% da energia
gerada que é 45% para a Conforme a Nota Técnica nº 056/2017-SRD/ANEEL, a ANEEL estimou em 55% o percentual de injeção de energia na rede
consumida classe pelo microgerador residencial (consumo de energia elétrica. Neste sentido a ABSOLAR entende adequado para a realidade
Percentual de
imediatamente residencial e brasileira o uso de 45% de simultaneidade para sistemas da classe residencial. Complementarmente, a ANEEL estimou em
simultaneidade entre
pela carga, 76% para a 24% o percentual de injeção de energia na rede pelo microgerador de perfil comercial (consumo de energia elétrica
consumo e geração
não sendo classe prioritariamente diurno). Com base neste valor, a ABSOLAR entende adequado para a realidade brasileira o uso de 76% de
injetada na comercial simultaneidade para sistemas da classe comercial.
rede

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A ABSOLAR concorda com a proposta da ANEEL apresentada na Nota Técnica nº 0068/2018-
SRD/SCG/SRM/SRG/SGT/SMA/ANEEL, incluindo a incorporação das condicionantes apresentadas pela EPE em sua Nota
Conforme Técnica EPE DEA 19/14.
metodologia
Número de proposta pela Cabe destacar que, ao se descontar da projeção da ANEEL os consumidores A4 junto à carga (que continuam pagando
Mercado potencial
unidades ANEEL, com normalmente a sua demanda contratada), o crescimento atual do mercado de microgeração e minigeração distribuída tem sido
para geração local
consumidoras ressalvas nas em linha com as projeções da ANEEL.
observações
ao lado A ABSOLAR solicita atentar para as diferenças entre outros consumidores de baixa tensão (B2, B4, consumidores rurais com
tarifa subsidiada de irrigante), que possuem diferenças nas tarifas de energia elétrica. Tais diferenças terão forte impacto na
viabilidade econômica e financeiras de projetos de microgeração e minigeração distribuída.
Conforme A ABSOLAR concorda com a proposta da ANEEL apresentada na Nota Técnica nº 0068/2018-
metodologia SRD/SCG/SRM/SRG/SGT/SMA/ANEEL, incluindo a incorporação das condicionantes apresentadas pela EPE em sua Nota
Número de proposta pela Técnica EPE DEA 19/14.
Mercado potencial
unidades ANEEL, com
para geração remota
consumidoras ressalvas nas A ABSOLAR solicita atentar para as diferenças entre outros consumidores de baixa tensão (B2, B4, consumidores rurais com
observações tarifa subsidiada de irrigante), que possuem diferenças nas tarifas de energia elétrica. Tais diferenças terão forte impacto na
ao lado viabilidade econômica e financeiras de projetos de microgeração e minigeração distribuída.
Taxa de crescimento % de
A ABSOLAR concorda com a proposta da ANEEL de utilizar como referência a taxa média de 3,7% ao ano constante do
anual do mercado crescimento 3,7% ao ano
Plano Decena de Expansão (PDE2026) da EPE.
potencial ao ano
A energia evitada deve ser baseada na geração efetivamente deslocada pela eletricidade gerada pela GDFV. Os geradores de
eletricidade são despachados em ordem de custo variável (do menor para o maior) para atender a carga com o menor custo
global. O despacho considera muitos parâmetros e restrições, incluindo
custo do combustível, eficiência da usina em função da produção da mesma, disponibilidade da usina, tempos de partida da
usina, taxas de rampa e restrições ambientais. O efeito líquido da GDFV é deslocar à geração de custo variável mais elevado,
Vide proposta
capaz de reduzir a geração em resposta à geração de GDFV. O conjunto de métodos que devem ser utilizados para realizar esta
Valoração da energia metodológica
estimativa contempla:
evitada pela micro ou nas
R$/MWh
minigeração observações
- Geração evitada ponderada - assume que a GDFV desloca uma mistura de geração “marginal” típica.
distribuída ao lado
- Preço de mercado - utiliza preços marginais de operação (PLD históricos do sistema e preços marginais de energia de
operação do sistema).
- Despacho - simulação do despacho do sistema usando dados de custo de produção da geração.
- Simulação de geração - simula e compara custos de geração marginais com a GDFV.

Fonte: NREL1
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Possíveis metodologias para avaliar perdas técnicas relacionadas à T&D:
Redução das perdas
Vide proposta
técnicas na - Taxas de perdas marginais locais - calcula as taxas de perda marginal em vários locais no sistema usando dados
metodológica
distribuição em % de redução medidos.
nas
virtude da instalação das perdas - Taxa de perda usando modelos de fluxo de energia - simula modelos detalhados de fluxo de potência em séries
observações
de micro ou temporais para T&D.
ao lado
minigeração
Fonte: NREL1
Redução das perdas Vide proposta Uma parcela dos custos do consumidor está associada à construção de usinas de energia e infraestrutura de T&D. A habilidade
técnicas na Rede metodológica da GDFV de reduzir esses custos é baseada na capacidade de substituir ou adiar investimentos de capital em geração ou
% de redução
Básica em virtude da nas capacidade de T&D, calculando a capacidade do sistema usando carga líquida - avaliando a geração da GDFV durante
das perdas
instalação de micro observações períodos de maior demanda líquida e em períodos de falha do sistema.
ou minigeração ao lado
Adicionalmente, as instalações de GDFV podem contribuir com a otimização da operação do sistema de transmissão. A GDFV
% de redução,
alivia a necessidade de fornecer parte ou toda a carga em um determinado local através da rede de transmissão, podendo
por MW de
efetivamente reduzir a necessidade de capacidade de transmissão adicional.
GD instalado,
Redução do uso da em relação ao Vide proposta
Cabe destacar que, conforme estudo realizado pelo California Independent System Operator (CAISO), intitulado “Briefing on
Rede Básica em montante metodológica
Renewables and Recent Grid Operations, 2018”, os investimentos em geração distribuída solar fotovoltaica e eficiência
virtude da instalação contratado nas
energética realizados pelos consumidores californianos promoveram uma economia de mais de US$ 2,6 bilhões em novos
de micro ou pela observações
investimentos em infraestrutura de transmissão na Califórnia, por meio do cancelamento de 20 projetos de novas linhas de
minigeração distribuidora ao lado
transmissão e a revisão de 21 projetos de reforço de rede que não eram mais necessários, uma vez que os próprios
nas fronteiras
consumidores estava gerando a energia prevista para a expansão do sistema juntamente aos centros de consumo, nos telhados e
com a Rede
fachadas de edifícios urbanos, por meio da fonte solar fotovoltaica (vide figura abaixo).
Básica.

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Formas de cálculo são:
- Modelagem baseada em cenários da GDFV - simula a operação do sistema com e sem combinações de GDFV e
transmissão planejada.
- Simulação de otimização de expansão de transmissão e alternativa de não transmissão - usa uma ferramenta de
planejamento de expansão de transmissão para otimizar a expansão de transmissão e geração e um modelo dedicado
de fluxo de energia para avaliar planos de expansão.
Fonte: NREL1

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Ao longo das últimas décadas, a fonte fotovoltaica passou por um período de forte redução de preços, em especial entre os
anos de 1970 e 2012. Tal redução esteve diretamente associada à evolução da tecnologia, com ganho de competitividade de
módulos fotovoltaicos, através da redução expressiva dos custos dos mesmos ao longo do período, principalmente proveniente
de fatores como o aumento da eficiência de conversão dos módulos fotovoltaicos, aumento da eficácia dos processos
produtivos da indústria, redução no consumo de matérias primas para a fabricação dos equipamentos e economia de escala
com o crescimento do setor e da capacidade produtiva anual mundial.

Redução do No entanto, ao avaliarmos o histórico mais recente do mercado solar fotovoltaico mundial, em especial os últimos 5 anos,
custo do kW podemos perceber que a tendência de queda de preço dos equipamentos tornou-se menos acentuada, com uma mudança na
instalado para inclinação da curva.
cada MW já
consolidado Estudo publicado pelo National Renewable Energy Laboratory em Janeiro de 2018 intitulado “Cost-Reduction Roadmap for
no mercado Residential Solar Photovoltaics (PV), 2017–2030” apontou uma redução anual média de 2,43% ao ano para no horizonte de
Redução do custo de
(ou gráfico 2017 a 2030 para sistemas solares fotovoltaicos de porte residencial no cenário de referência, incluindo os ganhos de
sistemas
que mostre a competitividade sobre bens (módulos, inversores, componentes elétricos, estruturas de suporte) e serviços (vendas, marketing,
fotovoltaicos com o 2% a 3% ao
redução no projeto, instalação), sobre os custos da cadeia produtiva e sobre os custos de registro e interconexão do sistema à rede de
crescimento do ano
custo de distribuição.
número de
instalação de
instalações
um novo A ABSOLAR avalia que para o cenário brasileiro, no curto prazo, as reduções de preços observadas serão principalmente
sistema em provenientes de melhorias no know-how e na produtividade das atividades de prestação de serviços (incluindo
função da comercialização, projeto, instalação, operação e manutenção, bem como as demais áreas funcionais das empresas atuantes no
potência total setor, como administrativo, financeiro, recursos humanos, logística, entre outros) hoje disponíveis no mercado brasileiro. Ao
instalada no mesmo tempo, para o médio prazo, tais reduções de preço tendem a se regularizar e nossas estimativas de redução refletem a
país) média que julgamos adequada para o horizonte de análise, com base nas boas práticas internacionais de mercados com vasta
experiência em geração distribuída solar fotovoltaica.

Adicionalmente, cabe destacar que existe um conjunto distinto de fatores de pressão aos preços de sistemas solares fotovoltaicos,
com destaque na conjuntura dos últimos anos para o impacto negativo da variação cambial, que afeta sensivelmente a
competitividade e a viabilidade da tecnologia solar fotovoltaica, dado o uso de insumos produtivos importados por fabricantes
nacionais e de equipamentos importados disponíveis no mercado, ambos com seus preços atrelados direta ou indiretamente ao
câmbio.

2) Os cenários propostos para a AIR são suficientes? Outras alternativas devem ser adicionadas ao estudo? Quais?

A ABSOLAR recomenda a retirada das alternativas 2, 3, 4 e 5 da AIR, uma vez que, nestas propostas preliminares, diversos dos benefícios conhecidos e mensuráveis da microgeraçao e
minigeração distribuída são integralmente desconsiderados para fins de compensação de energia, situação inadequada para uma análise coerente e equilibrada sobre o tema.
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As propostas de AIR inicialmente sugeridas pela ANEEL carecem de alternativas que incorporem métodos de remuneração pelos benefícios da GD. Além disso, para a análise de
viabilidade de um projeto de microgeração e minigeração distribuída, é essencial levar em consideração todos os impostos atualmente incidentes. Vale lembrar que ainda existem incertezas
sobre a aplicação da base de cálculo do ICMS para a TE e TUSD que deverão ser avaliadas, pois já estão impactando diretamente o mercado, constituindo uma nova barreira ao
desenvolvimento da microgeração e minigeração distribuída no País.

A ABSOLAR entende que a alternativa 0 é a que mais adequadamente representa o valor trazido ao sistema pela microgeração e minigeração distribuída, levando-se em consideração não
apenas custos, mas também os benefícios provenientes desta energia para a sociedade brasileira. As demais alternativas propostas divergem dos objetivos da REN 482/2012, na medida em
que representam um desincentivo ao consumidor interessado em GD. A implementação de qualquer outra alternativa diferente da 0 ocasionaria os seguintes impactos já identificados pela
ABSOLAR:

● Aumento da complexidade do sistema tarifário para consumidores com GD, dificultando a compreensão do mesmo sobre sua tarifa e sobre os benefícios provenientes da
microgeração e minigeração distribuída aos mesmos.
● Desincentivo a novos investimentos privados em GD, eficiência energética e outras medidas de redução de consumo por iniciativa dos próprios consumidores.
● Desincentivo à participação do consumidor como agente protagonista no setor elétrico brasileiro.
● Inviabilização de investimentos realizados e futuros dos consumidores para sistemas de microgeração e minigeração distribuída a partir de fontes renováveis, no caso de
retroatividade de regras, cenário altamente adverso para o mercado e para o País.
● Aumento da complexidade nas faturas de eletricidade para o consumidor de baixa tensão, provocando um efeito inverso ao de aumentar a transparência, tornando faturas
de eletricidade menos compreensíveis ao consumidor.

Outras possibilidades a serem consideradas na elaboração da AIR:

● Tarifaçãohorária: aprimorar a alocação de custos do SEB por meio da adequada valoração horária da energia elétrica utilizada pelos consumidores, estimulando
simultaneamente medidas de adequação do consumo, como a geração distribuída em horários de maior demanda do SIN, a implantação de sistemas de armazenamento
de energia elétrica, a gestão da demanda e a eficiência energética. Tal medida contribuiria para tornar o consumo mais eficiente por meio de um maior acoplamento entre
o sinal de preço e a operação do SIN. Desse modo, o modelo tarifário deve estar atrelado aos sinais horário, locacional e valoração dos benefícios provenientes da geração
distribuída, sendo implementada de forma simultânea a estes mecanismos tarifários.
● Valoração dos atributos da geração distribuída nos âmbitos elétricos, energéticos, ambientais, sociais e econômicos, visando ao correto cálculo dos componentes tarifários
aplicáveis e ao reconhecimento de devida remuneração de serviços da geração distribuída. Tais benefícios líquidos devem ser mensurados a partir de uma análise

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abrangente de custo-benefício, que contemple todos os atributos listados. Esta abordagem proporcionará maior transparência e previsibilidade aos agentes na valoração
dos benefícios da geração de energia elétrica próxima da carga.
● O custo para implementação de sistema de cada modelo de compensação, com a substituição dos medidores atualmente utilizados (este investimento deve ser feito pela
distribuidora sem ônus ao consumidor) e melhoria das redes de distribuição.

3) Além dos impactos apresentados na seção de Análise, deveriam ser considerados outros custos ou benefícios da geração distribuída? Quais? Como modelá-
los e quantificá-los?
A ABSOLAR considera que o levantamento de custos e benefícios efetuados pela ANEEL na NT 062/2018 não está exaustivo e inclui apenas alguns dos impactos e benefícios possíveis.
Para uma análise compreensiva, abrangente e madura do tema, faz-se necessário o desenvolvimento de um estudo quantitativo aprofundado, analisando e comparando todos os benefícios e
custos da microgeração e minigeração distribuída, de modo a estabelecer, de forma objetiva e qualificada, o real valor à sociedade brasileira oriundo da energia elétrica proveniente desta
geração distribuída solar fotovoltaica. A partir desta análise neutra e isenta, o regulador e os agentes terão condições de avaliar diferentes propostas, sob o ponto de vista técnico e do
interesse público.

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Exemplo de Fluxograma para Estudo Integrado de Custos e Benefícios da GDFV (NREL 1)

Dentre as variáveis destacadas, faz-se essencial considerar os benefícios da geração próxima a carga na composição da tarifa. É fundamental apontar, de forma equilibrada, transparente e
coerente, que os efeitos de uma maior participação de GD no SIN vão além de possíveis impactos à receita das distribuidoras. Os efeitos líquidos do aumento da GD no SIN são positivos
para o sistema e para a sociedade brasileira como um todo, motivo que reforça a importância no papel indutor do Estado Brasileiro na aceleração da participação de GD na matriz elétrica
brasileira.

Adicionalmente, a GD tem funções essenciais no balanço de carga e suprimento nas redes de distribuição, além de trazerem ao sistema inúmeros benefícios sinérgicos, dentre os quais cabe
citar:

● Fornecimento de energia elétrica à rede de distribuição pelo consumidor viabilizada por investimento privado, proporcionando economia à expansão da geração, pela compra evitada de
energia centralizada.
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● Suprimento próximo ou junto à carga, postergando ou ainda evitando investimentos em linhas de transmissão e distribuição.
● Alívio de capacidade de subestações, alimentadores e linhas de distribuição, permitindo economia nos custos de operação e manutenção da rede de distribuição.
● Balanço elétrico pelo lado da demanda (ex. veículos elétricos, quando para diminuição da carga por autoconsumo). Esse balanço representa ferramenta estratégica para equilíbrio de
preços e sustentabilidade financeira dos agentes, inclusive as distribuidoras.
● Segurança energética, pois tratando-se de GD proveniente de recursos renováveis, reduz-se a dependência do sistema de custos flutuantes de combustíveis fósseis e aumenta-se o portfólio
de geração disponível para atendimento da demanda.
● Ampliação da eficiência energética: os GD e suas ferramentas de controle proporcionam maior gestão do consumo de energia elétrica e da performance do suprimento, contribuindo para
que decisões sejam orientadas para o alcance de maior eficiência do sistema por meio de decisões racionais dos consumidores.
● Redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE).
● Entre outros.

Uma análise quantitativa detalhada de valoração dos atributos (custos e benefícios) da GD deve ser realizada, considerando três esferas:
● Técnica / Elétrica / Energética;
● Socioeconômica; e
● Ambiental.

Para cada atributo, sugere-se elencar um atributo econômico associado, que possa ser quantificado em unidades volumétricas ou fixas, conforme as características do custo evitado e/ou
receita auferida. Em seguida, é necessário definir para cada atributo e respectivos atributos econômicos o nível de regionalização necessário para quantificá-lo. Em outras palavras, alguns
atributos poderão ser definidos de maneira nacional e outros terão variação com aspectos regionais ou locais. Para uma AIR completa, as variações regionais e locais devem ser
contabilizadas e mensuradas, ainda que isso demande uma variedade maior de resultados possíveis. Além das características locacionais de cada atributo, é necessário avaliar, conforme a
própria ANEEL sugere, o comportamento de cada atributo, bem como os diferentes perfis de consumo (compatibilidade entre consumo e geração).

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Listamos abaixo propostas de atributos relevantes para consideração na AIR da ANEEL:

Esfera Técnica / Elétrica / Energética

Atributos da GD Atributo Econômico Associado


Redução do consumo de ● Custo evitado de geração elétrica no SIN.
energia elétrica pelo ● Economia na fatura de eletricidade do consumidor e possibilidade de reinvestimento em outros segmentos da economia.
consumidor. ● Redução de receita das concessionárias.
Adição de nova capacidade de ● Economia aos cofres públicos pela expansão evitada de nova capacidade de geração, transmissão e distribuição.
geração de energia elétrica
próxima à carga com
investimentos privados diretos.
Minimização de perdas ● Custo evitado com perdas técnicas na transmissão e distribuição.
elétricas de transmissão e
distribuição.
Compatibilidade com ● Custo evitado de geração com despacho no horário de ponta.
atendimento à demanda de
ponta do SIN.
Aumento da segurança ● Redução de custo operacional com falhas no sistema de distribuição de energia elétrica.
energética. ● Aumento da modicidade tarifária em função de menor dependência às flutuações dos custos de combustíveis.
Aumento de reservas ● Custo evitado de esgotamento das reservas operacionais hidrelétricas e térmicas.
operacionais do SIN.
Fornecimento de serviços ● Custo evitado de investimentos da concessionária em reforços na infraestrutura de rede de distribuição de energia elétrica.
ancilares de controle de ● Necessidade de investimentos em mecanismos de segurança, controle, monitoramento e resposta rápida a variações de carga.
reativos, frequência e tensão, e
alívio de alimentadores e
subestações.
Esfera Socioeconômica

Atributos da GD Atributo Econômico Associado

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Geração de empregos de
● Geração de renda para a população com possibilidade de reinvestimento em outros segmentos da economia.
qualidade.
Geração de energia elétrica de
● Perdas econômicas evitadas devido à instabilidade da rede para o consumidor.
qualidade para o consumidor.
● Geração de renda em função do desenvolvimento de uma cadeia produtiva local de fabricante de equipamentos, fornecedores,
Aquecimento da economia pelo instaladores, distribuidores de equipamento e demais serviços (treinamento, capacitação, logística, apoio jurídico e legal, etc.).
caráter pulverizado da GD. ● Aumento de arrecadação de impostos estaduais e federais com o desenvolvimento da cadeia produtiva (equipamentos e serviços e
outros).
● Economia associada ao pagamento de subsídios para a Tarifa Social de Energia Elétrica.
Atendimento à população de ● Economia ao consumidor com possibilidade de aumento de renda, reinvestimento em outros setores como educação e aumento da
baixa renda. qualidade de vida.
● Redução de perdas comerciais da concessionária.
Esfera Ambiental

Atributos da GD Atributo Econômico Associado


Redução de uso do solo na ● Custo evitado com arrendamento de área.
geração de energia elétrica, em ● Perda de renda evitada em função do deslocamento evitado de uso de área entre atividades econômicas.
função do aproveitamento de
telhados, áreas antropizadas e
espaços urbanizados.
Redução de emissões de gases ● Custo evitado no combate às mudanças climáticas, minimizando despesas adicionais em ações de redução de emissões de GEE.
de efeito estufa (GEE). ● Barateamento do custo de implantação da NDC brasileira ao Acordo de Paris.
Redução de emissões de ● Economia nos mecanismos de combate à poluição atmosféricas.
material particulado e poluentes ● Economia no tratamento de doenças respiratórias.
atmosféricos.
Redução de uso da água e ● Minimização dos custos com escassez hídrica na medida em que se contribui para preservação de reservatórios e aumento da segurança
emissão de efluentes líquidos de suprimento hídrico.
na geração de energia elétrica.

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Redução de descarte de ● Minimização de custos com o tratamento de resíduos perigosos.
resíduos sólidos em função do ● Geração de renda com novas atividades de reciclagem e logística reversa.
alto índice de reciclagem dos
equipamentos fotovoltaicos.
Aumento na participação das
energias renováveis na matriz ● Melhora do posicionamento do Brasil frente à percepção de risco de investimento e índices de competitividade internacional.
elétrica brasileira.

Importante ressaltar que um elevado nível de penetração de GD na matriz elétrica brasileira não está previsto para o próximo horizonte decenal, mesmo considerando as projeções já
atualizadas de participação da microgeração e minigeração distribuída no sistema. Neste horizonte, o Brasil sequer atingirá os níveis de participação observados atualmente em países com
algum protagonismo no uso de GD, como EUA, Japão, Alemanha, Austrália, China, Reino Unido, entre outros. Mesmo no caso de maior penetração de GD na matriz, acomodar uma
parcela crescente de geração distribuída na matriz proporcionará oportunidades de investimentos em novas tecnologias e serviços para monitoramento e adequação operativa do sistema.
Desse modo, é fundamental que o Brasil dê início ao desenvolvimento de análises imparciais de custo-benefício destas tecnologias, com base em metodologias internacionalmente
reconhecidas e de forma imparcial e neutra 1, considerando não apenas os custos, mas de igual forma os benefícios proporcionados pela GD ao setor elétrico e, principalmente, à sociedade
brasileira.

Diversos estudos técnicos e científicos internacionais2 que já realizaram análises detalhadas quanto às suas contribuições à sociedade, comparando inclusive seus benefícios e custos,
comprovam que (ver figura a seguir2) o saldo líquido entre benefícios e custos da inserção de geração distribuída em matrizes elétricas é vastamente positivo, sendo que os benefícios

1
NREL. Methods for Analyzing the Benefits and Costs of Distributed Photovoltaic Generation to the U.S. Electric Utility System, 2014. Disponível em:
https://www.nrel.gov/docs/fy14osti/62447.pdf
2
Rocky Mountain Institute. A Review of Solar PV Benefits and Costs Studies, 2013. Disponível em: https://rmi.org/wp-content/uploads/2017/05/RMI_Document_Repository_Public-
Reprts_eLab-DER-Benefit-Cost-Deck_2nd_Edition131015.pdf
Xcel Energy, Inc. Costs and Benefits of Distributed Solar Generation on the Public Service Company of Colorado System. May 2013.
SAIC. 2013 Updated Solar PV Value Report. Arizona Public Service. May, 2013 Beach, R., McGuire, P., The Benefits and Costs of Solar Distributed Generation for Arizona Public Service.
Crossborder Energy May, 2013.
Norris, B., Jones, N. The Value of Distributed Solar Electric Generation to San Antonio. Clean Power Research & Solar San Antonio, March 2013.
Beach, R., McGuire, P., Evaluating the Benefits and Costs of Net Energy Metering for Residential Customers in California. Crossborder Energy, Jan. 2013.
Rabago, K., Norris, B., Hoff, T., Designing Austin Energy's Solar Tariff Using A Distributed PV Calculator. Clean Power Research & Austin Energy, 2012.
Perez, R., Norris, B., Hoff, T., The Value of Distributed Solar Electric Generation to New Jersey and Pennsylvania. Clean Power Research, 2012.
Mills, A., Wiser, R., Changes in the Economic Value of Variable Generation at High Penetration Levels: A Pilot Case Study of California. Lawrence Berkeley National Laboratory, June 2012.
Energy and Environmental Economics, Inc. Technical Potential for Local Distributed Photovoltaics in California, Preliminary Assessment. March 2012.
Energy and Environmental Economics, Inc.California Solar Initiative Cost-Effectiveness Evaluation. April 2011.
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superam, por ampla margem, os custos. Em especial, os benefícios da geração distribuída não se limitam unicamente aos ganhos à infraestrutura do sistema elétrico e incorporam uma série
de outros eixos estratégicos ao país.

R.W. Beck, Arizona Public Service, Distributed Renewable Energy Operating Impacts and Valuation Study. Jan. 2009.
Perez, R., Hoff, T., Energy and Capacity Valuation of Photovoltaic Power Generation in New York. Clean Power Research, March 2008
Contreras, J.L., Frantzis, L., Blazewicz, S., Pinault, D., Sawyer, H., Photovoltaics Value Analysis. Navigant Consulting, Feb, 2008.
Hoff, T., Perez, R., Braun, G., Kuhn, M., Norris, B., The Value of Distributed Photovoltaics to Austin Energy and the City of Austin. Clean Power Research, March 2006.
Smeloff, E., Quantifying the Benefits of Solar Power for California. Vote Solar, Jan. 2005.
Duke, R., Williams, R., Payne A., Accelerating Residential PV Expansion: Demand Analysis for Competitive Electricity Markets. Energy Policy 33, 2005. pp. 1912-1929
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Por fim, a ABSOLAR recomenda uma extensa bibliografia sobre o tema para a ANEEL realizar um benchmarking aprofundado dos estudos e metodologias existentes até o momento:

- Minnesota Department of Commerce - Value of Solar: Methodology, 2014


- Crossborder Energy - CA Net Metering Cost Benefit, 2013
- CAISO - Draft 2017-2018 Transmission Plan, 2018
- Lawrence Berkeley National Lab - Putting the Potential Rate Impacts of Distributed Solar into Context, 2017
- Brookings - Rooftop solar Net metering is a net benefit, 2016
- Berkeley - Puting the DG Impacts into Context, 2017
- CAISO - Briefing on Renewables and Recent Grid Operations, 2018
- EPE - Inserção da Geração Fotovoltaica Distribuída no Brasil - Condicionantes e Impactos, 2014
- E-Source - Net-Metering Wars - What do Customers Think, 2015
- EU PVTP Grid Integration White Paper, 2015
- IEA PVPS - Future PV LCA, 2015
- IEA PVPS - Transition from unidirectional to bidirectional distribution grids, 2014
- IRENA - Renewable Energy Benefits - Measuring the Economics, 2016
- IRENA Understanding Socio-Economics, 2017
- Lawrence Berkeley National Lab - Putting the Potential Rate Impacts of Distributed Solar into Context, 2017
- NC Clean Energy Technology Center - Rethinking Standby and Fixed Cost Charges, 2014
- NC Clean Energy Technology Center - The 50 States of Solar, 2015
- NREL - Environmental and Public Health Benefits of Solar in USA, 2016
- NREL - High Penetration PV Case Study Report, 2013
- NREL - High Penetration PV Integration Handbook for Distribution Engineers, 2016
- NREL - Maximum PV Penetration Levels on Typical Distribution Feeders, 2012
- NREL - Methods for Analyzing the Benefits and Costs of Distributed PV Generation in the US, 2014
- NREL - Utility Regulatory and Business Model Reforms for Addressing the Financial Impacts of Distributed Solar on Utilities, 2016
- Rocky Mountain Institute - A Review of Solar PV Benefit and Cost Studies, 2013
- SEIA - Rate Design Guiding Principles for Solar Distributed Generation. Disponível em:
<https://www.seia.org/research-resources/rate-design-guiding-principles-solar-distributed-generation-0>. Acesso em: 17/07/2018
- Vote Solar - Charge Without Cause, 2016

4) Na hipótese de a AIR indicar a necessidade de atuação da Agência em duas fases (uma válida para os primeiros anos e uma outraregra a ser aplicada depois
de determinado período), quais ações a ANEEL precisaria tomar no sentido de dar maior segurança regulatória aos micro e minigeradores que se instalarem
durante a primeira fase?

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Primeiramente, é preciso reforçar entendimento da ABSOLAR de que não há motivos, necessidade ou justificativa para que seja realizada qualquer alteração na forma e componentes
tarifários pelos quais hoje se dá a compensação de energia elétrica. Tal posicionamento é embasado nos seguintes fatos:

● A penetração da GD de pequeno porte na matriz elétrica é tão irrisória que, em verdade, não há que se falar em qualquer dano material às distribuidoras. Ainda que tal penetração
fosse um pouco maior, vale lembrar que, de acordo com cálculos feitos pela ANEEL em 2015, a redução de receita média das distribuidoras em função de microgeração e minigeração
distribuída, nos melhores cenários da avaliação, será inferior a 0,1% até 2020 e a 1% ao longo de 10 anos de análise. Ou seja, ainda que haja impacto negativo - hipótese que ainda
carece de avaliação holística, que considere também os benefícios da GD ao sistema e à sociedade -, ele será proporcionalmente insignificante frente aos demais fatores que
influenciam a tarifa de energia elétrica.

● Atualmente, parte considerável da expansão da GD tem sido por meio de sistemas remotos de minigeração, que remuneram de forma bem mais que adequada as distribuidoras e seus
ativos, por meio do pagamento compulsório de TUSD-C.

Dito isso, na hipótese improvável de a ANEEL entender que é necessário alterar as regras do SCEE, tais alterações devem:

● ser previamente conhecidas pelo setor, porém escalonadas em calendário de implementação gradual a ser iniciado após 2025;
● ser gradual, ao longo de um período de no mínimo 10 anos, e estar condicionada à ocorrência / verificação de "gatilho de penetração mínima de GD" a ser definido pela ANEEL
após estudo detalhado. A título de sugestão, tal gatilho poderia ser expresso em termos de porcentagem da demanda energética (MWmédios/ TWh) atendida pela microgeração e
minigeração distribuída, de valor não inferior a 5% da demanda energética total do sistema;
● assegurar a segurança jurídica e a estabilidade regulatória, não retroagindo e sendo válida somente para as conexões que ocorrerem após a efetiva entrada em operação do novo
modelo, garantindo-se aos que já estejam conectados à rede a possibilidade - não compulsória - de optar pela migração ao novo modelo, a critério do consumidor.

5) A faixa de custo de capital para pessoa física entre 6,24% e 34,5% a.a. está adequada? Se não, qual faixa poderia ser adotada e por quê? A faixa de custo de
capital para pessoa jurídica entre 5,65% e 10,14% a.a. está adequada? Se não, qual faixa poderia ser adotada e por quê?

Esta questão foi respondida em detalhes na Tabela da pergunta 1, bem como nas observações que acompanham a tabela.

6) A compensação local (na própria unidade consumidora onde a energia é gerada) tem características e impactos diferentes da geração remota (autoconsumo
remoto, geração compartilhada). Como devem ser tratadas essas particularidades? Justifique.
A compensação local e a compensação remota podem possuir características e impactos diferenciados, por exemplo, unidades de compensação remota de minigeração contribuem com a
infraestrutura local por meio de pagamento de TUSD-C. Independentemente das diferenças, deve-se considerar que o atual grau de penetração da geração distribuída no país é tão pequeno e
reduzido que o debate sobre eventual tratamento diferenciado entre os dois modelos de compensação (remota e junto à carga) é precoce e injustificado. Entende-se, pois, que não há porque
estabelecer qualquer tipo de tratamento diferenciado nesta revisão.

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7) Atualmente, a ANEEL monitora a evolução da micro e minigeração distribuída (por meio do SISGD) e a quantidade de energia compensada (via Sistema de
Acompanhamento de Informações de Mercado para Regulação Econômica - SAMP). Como aprimorar esse monitoramento? Quais outros dados (payback dos
sistemas, número de reclamações, redução de mercado das distribuidoras, gases de efeito estufa, etc.) precisariam ser monitorados? Como?
A ABSOLAR avalia que é necessário ampliar as informações que são monitoradas pela ANEEL e disponibilizadas à sociedade brasileira. Isso ajudará a sociedade a conhecer melhor as
diferentes características dos sistemas instalados e seu comportamento tanto no sistema elétrico, quanto no clima brasileiro. Para os dados referentes aos sistemas fotovoltaicos (seção UFV
do BIG), sugere-se que sejam disponibilizadas, em espaço dedicado exclusivamente à micro e minigeração e diferenciado por fonte de energia, ao menos as seguintes informações
adicionais sobre cada sistema registrado através da REN 482/2012:

● Situação do sistema (status): planejado (com indicativo da potência nominal autorizada pela distribuidora) ou operacional (com indicativo da potência nominal fiscalizada pela
distribuidora quando da conexão do sistema à rede de distribuição).
● Tecnologia dos módulos fotovoltaicos utilizados: silício monocristalino, silício multicristalino, silício amorfo, CdTe, CIGS, OPV etc.
● Quantidade, potência nominal e marca do(s) módulo(s).
● Quantidade, potência nominal e marca do(s) inversor(es).

Cabe ressaltar que a maioria destas informações é coletada pela ANEEL em seu “Formulário de Registro de Micro e Minigeradores” e está à disposição da agência. Desse modo, não há
trabalho significativo na coleta destes dados, apenas disponibilizá-los. Considerando que estamos em um momento inicial do desenvolvimento do mercado de micro e minigeração, com
poucos sistemas instalados no país, este é um momento muito oportuno para realizar este aprimoramento, sem que isso acarrete em grandes retrabalhos para a ANEEL. Sugerimos o
estabelecimento de um sistema online no site da ANEEL capaz de acompanhar a dinâmica destes dados, garantindo uma boa fonte de informações para a sociedade brasileira e para
tomadores de decisão. Além de prover maior transparência e acessibilidade à sociedade brasileira, estes dados possibilitarão o planejamento de novas políticas públicas para o fomento à
geração distribuída pelos governos federal, estaduais e municipais. Adicionalmente, os dados poderão ser utilizados em pesquisas acadêmicas e análises de mercado, gerando novos
conhecimentos e informações estratégicas de interesse nacional e internacional.

Adicionalmente, a ABSOLAR recomenda que o relatório sobre as Unidades Consumidoras com Geração Distribuída dispostos no site da ANEEL possam ser impressos e descarregados em
formato Excel automaticamente e que, além da busca por data de conexão e tipo de fonte, outros filtros estejam disponíveis, a citar: UF, município, classe de consumo, modalidade,
distribuidora, subgrupo, tipo de fonte e faixas de potência.

Adicionalmente, a ANEEL deve monitorar e fiscalizar índices de qualidade exclusivos para o atendimento das distribuidoras às solicitações de acesso à rede para conexões de GDFV, além
de índice de satisfação dos consumidores e empresas instaladoras com o atendimento das distribuidoras.

Além disso, a ANEEL deve criar métodos de monitorar e fiscalizar a estruturação dos processos internos das distribuidoras para otimizar o atendimento ao consumidor com GDFV, como
por exemplo: índice de instrução dos colaboradores das concessionárias para lidar com os problemas com as instalações, SAP otimizados, qualificação dos leituristas, sistemas eletrônicos
de atendimento, medidores bidirecionais em estoque, número de reclamações, cumprimento ou atraso médio nos prazos de homologação etc.
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Devemos ressaltar também, a importância de não se imputar custos e burocracia adicionais, advindos de quaisquer alterações propostas aos projetos, de modo a aumentar o tempo médio de
instalação e o payback destes e dessa forma gerar um desincentivo ao mercado de GD.

8) As especificidades das tecnologias e a evolução do mercado de GD têm indicado que o sistema de compensação deva ser aplicado somente a fontes
renováveis. Quais aspectos corroboram ou contrapõem essa afirmação?

A ABSOLAR representa o setor e o mercado solar fotovoltaico brasileiro e considera adequado manter posicionamento neutro frente a esta questão, que diz respeito a outra fonte e
tecnologia de geração distribuída não afeita ao setor que representa.

9) No caso da geração compartilhada, como garantir que os arranjos (consórcio e cooperativa) não se configurem como comercialização?

A ABSOLAR entende como inapropriado qualquer modelo de negócio que se paute no conceito de comercialização de energia elétrica, na medida em que esta configuração é
expressamente vedada pela regulamentação do setor elétrico brasileiro para o ambiente de comercialização regulada. A regulamentação e a própria Resolução Normativa nº 482/2012 já
possuem mecanismos suficientes para impedir o desenvolvimento de modelos de negócio baseados na comercialização direta de energia elétrica, motivo pelo qual consideramos
desnecessário o desenvolvimento de novo regramento sobre o tema.

10) Como permitir uma maior disseminação da micro ou minigeração distribuída localizada junto a condomínios comerciais ou residenciais para compensação
local?

A ABSOLAR avalia que as principais dificuldades atualmente existentes para a disseminação do modelo de empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras estão relacionadas a
complexidades supra-regulatórias, ou seja, do próprio modelo de negócio, devido a fatores como: (i) complexidades no processo decisório de condomínios residenciais e comerciais; (ii)
peculiaridades e variedade de regras utilizadas nos estatutos sociais de condomínios; (iii) complexidade de acesso a financiamento por condomínios, dificultando a finalização da
contratação dos sistemas; (iv) além desta modalidade possuir uma liquidez reduzida dos créditos de energia elétrica, uma vez que tais créditos só podem ser compensados entre os próprios
condôminos (ou seja, há um conjunto restrito de potenciais consumidores participantes do modelo). Por isso, identifica-se como mais viável o desenvolvimento de sistemas com a
modalidade de empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras em condomínios novos ou ainda em fase de implantação, de modo que os participantes já sejam pautados sobre o
tema e tenham suas expectativas e exigências atendidas previamente ao desenvolvimento do condomínio no qual o sistema será instalado.

Caso haja interesse da ANEEL de que esta modalidade de microgeração e minigeração distribuída avance de forma mais efetiva e rápida, seria interessante que a Agência pudesse avaliar
mecanismos complementares de incentivo ao modelo, de modo a fomentar o crescimento do segmento, dado que o mesmo enfrenta dificuldades intrínsecas particulares e diferentes
daquelas identificadas nos demais modelos de compensação de energia elétrica.
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11) Como identificar a tentativa de divisão de centrais de geração em unidades de menor porte para enquadramento nos limites da REN nº 482/2012? Seria
possível a inserção de critérios objetivos de identificação no texto da regulamentação, sem permitir o mau uso da norma por agentes mal intencionados? Quais
critérios?
A ABSOLAR concorda com a definição de critérios objetivos para identificar a divisão de centrais de geração em unidades de menor porte para enquadramento nos limites da REN
482/2012. No entanto, a ABSOLAR avalia como inadequado que o processo de análise e verificação destes casos seja realizado pela distribuidora, uma vez que trata-se de agente do setor
elétrico brasileiro com potencial conflito de interesses frente ao avanço da microgeração e minigeração distribuída. Mais adequado seria que a ANEEL, como agente regulador e fiscalizador
do setor elétrico brasileiro, fosse o ente responsável pelo acompanhamento destes casos e processos, eventualmente por meio da criação de uma nova área interna da ANEEL voltada para a
microgeração e minigeração distribuída.

Devido à complexidade do assunto, recomendamos à ANEEL a elaboração de um processo específico para aprofundamento deste tema e definição de critérios específicos, recorrendo às
informações resultantes da Consulta Pública nº 010/2018, com auxílio complementar da Procuradoria Federal da ANEEL para o devido embasamento jurídico-regulatório e com atenção
especial aos princípios jurídicos identificados abaixo:

● Direito de propriedade;
● Direito do consumidor em participar do SCEE; e
● Objetivo regulatório central da REN 482/2012 de reduzir as barreiras ao desenvolvimento da geração distribuída no País.

12) Os modelos de autoconsumo remoto e de geração compartilhada têm permitido a expansão eficiente do sistema de distribuição?

Já existe um sinal de custos de infraestrutura trazido pela distribuidora na avaliação técnica da solicitação de acesso a rede de distribuição que leva em consideração a necessidade ou não da
expansão da rede, em especial para consumidores com minigeração distribuída, ou seja, conectados em média tensão.

A ABSOLAR avalia que o modelo atual tem permitido a expansão eficiente do sistema de distribuição, haja vista que os empreendimentos enquadrados no modelo de minigeração já são
responsáveis pelo pagamento de custos com expansão de rede. Sendo assim as usinas que são instaladas em locais que não possuem a infraestrutura adequada estarão sujeitas maior
investimento financeiro, relacionado a adequação da rede.

Sendo discutido uma outra metodologia de sinal locacional, a ABSOLAR recomenda que haja incentivos e não custos aos empreendedores, de modo a permitir que os sistemas de maior
porte sejam inseridos próximos à carga e recebam uma remuneração adicional pelo serviço prestado ao sistema, em linha com o princípio de correta alocação de valor aportado pelos
agentes.

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13) Quais são os custos para conexão de minigeração para compensação remota (sem carga associada) na regra de participação financeira atualmente vigente?
Como esses custos de conexão se comparam com aqueles atribuídos a usinas com características semelhantes mas não enquadradas como GD (usinas que
comercializam energia na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE)?

Recebemos contribuições de nossos associados de que os custos para a conexão de minigeração para compensação remota e os custos de conexão atribuídos a usinas não enquadradas como
minigeração distribuída são majoritariamente similares, com a exceção de alguns parâmetros de qualidade e medição (por exemplo, exigência de medição de quatro quadrantes para usinas
participantes do ACL).

14) Caso queira contribuir com os dados técnicos para realização das simulações, utilize este espaço para apresentar sugestões de métodos diferentes ou
valores que possam ser utilizados para os parâmetros do método atualmente escolhido.

Dado que as projeções apresentadas na Nota Técnica nº 0056/2017-SRD/ANEEL são as que atualmente melhor refletem o desenvolvimento do mercado de microgeração e minigeração
distribuída brasileiro, a ABSOLAR recomenda a utilização de um SBP equivalente a 0,4. Para os parâmetros p e q, entendemos como adequada a manutenção dos valores propostos pela
ANEEL de 0,0015 e 0,20, respectivamente.

A curva de crescimento do mercado depende, dentre outros fatores, do aspecto temporal. Neste sentido, seria adequado considerar que existe uma diferença entre a data inicial de
implementação das novas modalidades de compensação de energia elétrica provenientes da REN 687/2015, qual seja, o período a partir de 1º março de 2016, a partir da qual o mercado de
microgeração e minigeração distribuída começou a responder melhor aos sinais regulatórios.

Importante atentar que, para fins de cálculo de payback do sistemas de microgeração e minigeração distribuída, faz-se necessário considerar a atual cobrança de ICMS, PIS e COFINS sobre
a energia elétrica injetada na rede e posteriormente compensada na forma de créditos de energia, em especial nos modelos de geração compartilhada, bem como a cobrança de ICMS sobre a
TUSD dos consumidores com microgeração ou minigeração distribuída, mesmo daqueles faturados em modalidade monômia, conforme identificado pela ANEEL, pela ABSOLAR e pelo
mercado em diferentes distribuidoras do País, fator este que prejudica fortemente o retorno sobre o investimento nos sistemas.

15) O modelo atual de compensação de energia exige a instalação de um medidor bidirecional para o faturamento. Posicionado após oquadro geral da unidade
consumidora, esse medidor mede apenas a energia gerada injetada e o consumo da rede. Assim sendo, a energia total gerada (que inclui a parcela da geração
consumida instantaneamente) não é medida, ficando assim desconhecida pela distribuidora. A falta dessa informação pode ter impactos nas estatísticas
nacionais, no processo de planejamento realizado pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE e, eventualmente, na operação do sistema, comprometendo as
séries históricas de dados e levando a uma subestimação do consumo e da geração. Nesse sentido, a ANEEL gostaria de avaliar a possibilidade e a viabilidade
econômica de coleta agregada dos dados de geração total dos micro e minigeradores, através das seguintes perguntas:

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a. Os dados de geração total são coletados pelos fabricantes de inversores?

b. Em caso afirmativo, há algum impedimento/dificuldade para a disponibilização desses dados agregados de geração às distribuidoras?

c. Quais os custos associados a essa disponibilização?

d. Há outra alternativa viável para a obtenção dos dados de geração total?

Para fins de planejamento setorial, a geração distribuída pode ser considerada como uma medida de eficiência energética, especialmente a parcela da energia consumida instantaneamente,
que efetivamente não interage diretamente com o Sistema Interligado Nacional (SIN). No caso de sistemas solares fotovoltaicos, os dados de geração total do sistema ficam registrados
junto aos inversores fotovoltaicos, porém não necessariamente estão disponíveis para acesso remoto, uma vez que para isso é necessário um conjunto de equipamentos complementares,
como hardwares e softwares de interface com a Internet, bem como disponibilidade de conexão com a Internet em si. A disponibilização dos dados elencados na pergunta exigiria
investimentos adicionais, imputados aos sistemas de geração distribuída e, em última análise, aos consumidores usuários dos sistemas, uma vez que existem modelos de inversores
com estas funcionalidades. Exigir este dado poderia incorrer em direcionamento tecnológico na e scolha de inversores, já que nem todos os modelos ou tipos de equipamentos
possuem esta funcionalidade de forma padronizada (exemplo: microinversores). Adicionalmente, os próprios consumidores podem preferir não compartilhar dados privativos sobre a
operação de seus sistemas e sobre o seu consumo de energia elétrica (que indiretamente poderão ser inferidas a partir das informações coletadas por este tipo de avaliação).

16) Quais são os custos médios arcados pela distribuidora para análise de uma solicitação de acesso típica de microgeração? E de minigeração? Favor
apresentar dados reais.
Com relação aos custos das distribuidoras, a ABSOLAR não possui dados representativos para emitir um parecer quantitativo sobre a matéria. No entanto, para além dos custos arcados
pelas distribuidoras, a ABSOLAR avalia como relevante que a ANEEL inclua na AIR uma avaliação dos custos arcados pelo consumidor para as solicitações de acesso, registro de sistemas
e efetiva implementação dos mesmos, fatores estes fortemente impactados pelas seguintes questões recorrentes identificadas pelos associados da entidade:

● Ausência de sistema informatizado online para submissão e acompanhamento de novos pedidos de conexão, exigência já disciplinada pela ANEEL e obrigatória
a partir de 01/01/2017.
● Exigências processuais além dos formulários padronizados pela ANEEL.
● Exigências técnicas específicas além do PRODIST.
● Atrasos e falta de previsão para a aquisição de medidores bidirecionais para GD: necessidade de disciplinar o uso de dois medidores unidirecionais nestas
circunstâncias.
● Mudança nas exigências de certificação para equipamentos já etiquetados pelo Inmetro, fora do prazo de revalidação de ensaios.
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● Descumprimento de prazos regulatórios na tramitação de novos pedidos de conexão.
● Divergências interpretativas da REN 482/2012 e do PRODIST, gerando retrabalho e custo adicional à GD.

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Parte III - Contribuições e pontos relevantes para a aprimoramento da REN 482/2012:

Comentários Gerais sobre a REN 482/2012:

A REN 482/2012 foi estruturada pela ANEEL com os objetivos principais de estimular a eficiência energética e incentivar e fomentar a geração
distribuída renovável e de pequeno porte no país. A sua revisão, por meio das Resoluções Normativas nº 687 de 24 de novembro de 2015
(REN 687/2015) e nº 786 de 17 de outubro de 2017 (REN 786/2017), aprimorou as diretrizes e mecanismos do Sistema de Compensação de
Energia Elétrica (SCEE), ampliando os limites de potência instalada para microgeração e minigeração distribuída e criando novas modalidades
de compartilhamento de créditos, a citar, o autoconsumo remoto, a geração compartilhada e os empreendimentos com múltiplas unidades
consumidoras. Tais aprimoramentos possibilitaram novas oportunidades de mercado e acesso à microgeração e minigeração distribuída, tendo
sido bem recebidas pela ABSOLAR e pelo setor solar fotovoltaico brasileiro.

No entanto, passados cinco anos desde o estabelecimento inicial da REN 482/2012, o crescimento da microgeração e minigeração distribuída
mostra-se aquém do potencial nacional. Para garantir que o SCEE cumpra os objetivos que levaram à sua criação e que seu potencial de
democratização do acesso às renováveis e à geração própria, bem como de promoção de maior eficiência ao setor sejam atingidos, alguns
novos aperfeiçoamentos à REN 482/2012 se fazem necessários. Entendendo que esta CP 010/2018 inicia processo de oitiva por parte da
ANEEL dos anseios da sociedade e do setor, a ABSOLAR gostaria de aproveitar a oportunidade para sugerir que sejam consideradas, também,
as alterações e melhorias abaixo expostas.

Sugestões para aprimoramentos à REN 482:

1. Flexibilização das modalidades de compensação de créditos, especialmente para:

a. redução dos entraves postos à modalidade de geração compartilhada, flexibilizando a reunião dos consumidores em
mecanismos além de cooperativa ou consórcio. Subsidiariamente, caso entenda a ANEEL ser necessária a manutenção de
associação dos consumidores em entidade jurídica, que sejam incluídas novas formas associativas, como o condomínio civil
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voluntário ou mesmo a constituição de sociedades de propósito específico. Decorridos mais de dois anos da vinda das novas
modalidades de compensação de créditos, a geração compartilhada corresponde a apenas 3% de toda a potência conectada à
rede em sistemas de micro e minigeração distribuída, não obstante ser a modalidade que, em verdade, tem maior potencial de
expansão junto à sociedade brasileira, por permitir o vencimento de quase todas as barreiras de entrada hoje existentes ao
consumidor. Sua inexpressividade, então, é explicada somente pela exigência posta pela ANEEL de que haja reunião dos
consumidores interessados em consórcios ou cooperativas. A criação de tais institutos é extremamente burocrática, morosa
e onerosa, podendo levar de um a seis meses, ainda com o agravante de que suas regras e especificidades de constituição
podem variar de Junta Comercial para Junta Comercial (ou seja, praticamente de cidade a cidade), desestimulando sobremaneira
a adesão a tal modalidade.

b. A redução dos prazos para que as distribuidoras de energia efetivem mudanças no quadro de participantes ou no
percentual de créditos alocados aos participantes da geração compartilhada, dos atuais 60 para o máximo de 30 dias
corridos. Entende-se que o prazo concedido às distribuidoras para realizar as alterações solicitadas na geração compartilhada -
seja de entrada ou saída de unidades consumidoras ou de alteração do percentual de créditos - é deveras longo. Além disso, a
incerteza sobre o real prazo a ser observado (vez que a resolução versa "em até 60 dias") traz complexidades e problemas ao
sistema, permitindo, por exemplo, que haja destinação de créditos a consumidores que efetivamente já não se encontram mais
na estrutura associativa que os autorizava a receber os créditos. Além disso, já se passou tempo o suficiente desde a revisão
efetuada em 2015 para permitir que as distribuidoras tenham se familiarizado com as novas modalidades e estruturado processos
internos para atendê-las.

2. Otimização do uso dos créditos de energia, com:

a. a possibilidade de transferência de créditos já gerados e acumulados entre unidades consumidoras, sejam elas de
mesma titularidade ou não, mas desde que reunidas em uma mesma modalidade de compartilhamento de créditos.
Atualmente, os créditos uma vez alocados a uma unidade consumidora não poderão ser posteriormente transferidos a nenhuma

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outra. Essa restrição causa uma dinâmica não-ótima no SCEE, fazendo com que haja acúmulo e até mesmo perda de créditos
em unidades consumidoras que deles não se valerão. Visando corrigir tal ineficiência do modelo, sugere-se que haja a permissão
de transferência de créditos entre unidades consumidoras que façam parte de uma mesma modalidade de compensação de
créditos - por exemplo, entre consumidores que recebam créditos de um mesmo empreendimento (como no caso do
empreendimento com múltiplas unidades consumidoras ou autoconsumo remoto), ou de vários empreendimentos, mas sob um
guarda-chuva comum (como a geração compartilhada).

b. no autoconsumo remoto, permitir que cada consumidor opte pela forma como deverá se dar a alocação de créditos nas
outras unidades que os receberão: se por percentual (como é hoje) ou por prioridade e ordem de recebimento, como
anteriormente. Aqui, importante trazer o esclarecimento de que a REN 482/2012, antes de sua atualização pela REN 687/2015,
trazia o critério de compensação dos créditos por ordem de prioridades, compensando primeiramente junto à carga e
posteriormente nas demais unidades consumidoras em ordem pré-estabelecida, por exemplo: em uma situação com 3 unidades
consumidoras (UC1, UC2 e UC3), primeiramente os créditos seriam utilizados para compensar o consumo da UC1,
posteriormente os créditos restantes seriam utilizados para compensar o consumo da UC2, e, por último, os créditos
remanescentes, se houverem, seriam utilizados para compensar o consumo da UC3. O critério supracitado foi substituído pela
metodologia atual que estabeleceu uma alocação de créditos de maneira percentual para cada unidade consumidora, por
exemplo: em uma situação com 3 unidades consumidoras (UC1, UC2 e UC3), poderiam ser alocados hipoteticamente 50% dos
créditos na UC1, 20% na UC2 e 30% na UC3. Entendemos que a alteração foi uma evolução que tornou o modelo mais robusto
e adequado na maior parte dos casos, contudo em algumas situações o modelo anterior permitiria uma utilização mais eficiente
dos créditos. Neste sentido, defendemos que a ANEEL deveria deixar a cargo do consumidor decidir qual modalidade de
compensação de créditos quer aderir, se por prioridade ou por percentual.

c. a eliminação do uso do crédito de energia, seja o gerado no mês corrente ou o anteriormente acumulado, para abatimento
do montante de energia equivalente ao custo de disponibilidade aplicado aos consumidores do grupo B. A regra atual
permite que, no mês em que foi gerado, o crédito possa sofrer desconto dos kWh referentes ao custo de disponibilidade. Tal não

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seria um problema se o consumidor deixasse de pagar por tal custo, mas isso não ocorre. Ou seja, a distribuidora acaba por
receber duas vezes - em kWh de créditos de energia e em pecúnia -, e o consumidor fica onerado. Este efeito é especialmente
perverso em consumidores residenciais que queiram se valer do modelo de autoconsumo remoto: para garantir a utilização de
créditos na outra unidade consumidora, precisarão garantir que o sistema instalado (em suas residências, por exemplo), produzirá
energia o suficiente para abater o seu consumo e o custo de disponibilidade. Nesse sentido, por exemplo, uma vez que nessa
classe consumidora a média de energia consumida gira em torno de 170 kWh/mês (conforme dados da própria ANEEL), a norma
atual pode acabar trazendo a necessidade de um sistema quase que duas vezes maior do que o que seria necessário, causando
um ônus enorme e injustificado ao consumidor.

3. Maior transparência e simplificação dos procedimentos regulatórios:

a. Maior clareza com relação aos prazos e procedimentos regulatórios associados ao fornecimento inicial de unidade
consumidora que inclua micro ou minigeração distribuída. Na REN 482/2012 artigo 4º, parágrafo 5º, estabelece-se que,
nestes casos, a distribuidora deve observar os prazos estabelecidos na Seção 3.7, Módulo 3 do PRODIST para emitir a
solicitação de acesso, bem como os prazos de execução de obras previstos na REN 414, de 9 de setembro de 2010. A REN
414/2010 estabelece, além dos prazos de execução de obras, prazos para elaboração de estudos, orçamentos e projetos para
a viabilização de fornecimento inicial de unidade consumidora, prazos estes que não devem ser observados quando do
fornecimento inicial de unidade consumidora que inclua micro ou minigeração distribuída. A REN 414/2010 é, em sua intenção,
voltada ao consumidor típico, e, portanto, é natural que se observem divergências com relação às disposições da REN
482/2012. Dessa forma, entendemos que um maior esclarecimento sobre quais prazos e quais procedimentos devem ser
observados nestes casos ajudaria a minimizar eventuais divergências de entendimento entre consumidores e concessionárias
distribuidoras.

b. Criação de uma área interna da ANEEL, com profissionais específicos para atendimento das solicitações de
microgeração e minigeração distribuída: ao longo dos anos de 2014, 2015 e 2016, a ABSOLAR recebeu inúmeros

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comentários, dúvidas e reclamações de consumidores, profissionais e empresas do setor solar fotovoltaico atuando no
segmento de microgeração e minigeração distribuída. Os pedidos variaram de simples pedidos de informações sobre a
regulamentação, passando por detalhes sobre as normas e procedimentos de distribuidoras específicas, até a mediação de
conflitos complexos enfrentados por profissionais e empresas do setor ao lidarem com as distribuidoras. A ABSOLAR entende
que o acompanhamento, fiscalização e mediação do setor elétrico são atribuições da ANEEL, que possui um papel estruturante
na resolução de conflitos entre acessantes, acessadas e prestadores de serviços voltados para o emergente mercado
brasileiro de microgeração e minigeração distribuída. Sabemos que a ANEEL, por meio de sua ouvidoria, tem envidado
esforços no atendimento às solicitações dos consumidores e no esclarecimento de suas dúvidas, inclusive com a realização
de webinars, publicação de ofícios, cartilhas e informações em seu site, trabalho que parabenizamos.

Desse modo, tendo em vista que o país caminha para uma inserção mais representativa da microgeração e minigeração
distribuída na matriz elétrica brasileira, solicitamos à ANEEL a estruturação de uma área interna de fiscalização e atendimento
à população para os assuntos de microgeração e minigeração distribuída de energia elétrica e do sistema de compensação
de energia elétrica.

Esta área teria um papel fundamental em acompanhar a evolução do ambiente regulatório, mediar os conflitos e inferir
penalidades aplicáveis aos desvios de procedimento das distribuidoras. Como bem delineado na NT nº 62/2018, crescem os
números relacionados à problemas e, principalmente atrasos, em processos de homologação dos sistemas, bem como,
crescem os números de reclamações quanto a erros de faturamento.

Cabe destacar que em ambos os casos, mas não se limitando, o consumidor é o agente que resta prejudicado. Considerando
o fato, a ABSOLAR entende que seria importante além da criação de área para tratar destes processos, que também se criem
mecanismos que compensem a perda de geração de energia de forma proporcional ao atraso nos processos de homologação
ao mesmo tempo em que sejam considerados critérios de penalidade mais explícitos por erros de faturamento, como por

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exemplo, já o é feito em casos de cobranças indevidas, com a devolução de valores a maior do que o erro imputado a título
de compensação financeira ao consumidor.

4. Maior flexibilidade com relação à definição de parâmetros de projeto de sistemas de minigeração:

a. Retirar-se a limitação da potência instalada da minigeração distribuída pela demanda contratada, em unidades
consumidoras do grupo A. A REN 482/2012, no artigo 4º, parágrafo 1º, estabelece que a potência instalada da micro ou
minigeração distribuída fica limitada à potência disponibilizada para a unidade consumidora onde a central geradora será
conectada. A REN 414/2010, por sua vez, define a potência disponibilizada como a demanda contratada para unidades
consumidoras do grupo A. Uma vez que existe simultaneidade entre o consumo e a geração para unidades consumidoras do
grupo A, não se justifica a necessidade de contratação de demanda adicional para a instalação de um sistema de minigeração
em casos em que sua potência instalada seja superior à demanda inicialmente contratada pela carga. Sugere-se que, em
casos em que houver injeção de potência em montante superior ao da demanda contratada, a unidade consumidora seja
penalizada pela cobrança de uma taxa de ultrapassagem, analogamente ao que ocorre em unidades consumidoras do grupo
A sem minigeração associada.

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