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U.S.

NAVY,BUREAUOF NAVALPERSONNEL
TRAINING PUBLICATIONS DIVISION

CURSO COMPLETO DE

ELETRICIDADE
BÁSICA

HEMUS
CURSO COMPLETO DE

ELETRICIDADE
BÁSICA
Tradução:
Cedida pelo Centro de Instrução Almirante Wandenkolk,
Ministério da Marinha, RJ

Coordenação e Revisão:
Equipe Técnica Hemus

Editoração:
Maxim Behar

Título original:
BASIC ELECTRICITY

Publicado pela U.S. Navy, Bureau ofNaval Personnel,


Training Publications Division, Washington O.C.
Todos os direitos reservados
lc) Copyright 1980 by Hemus-Livraria Editora Ltda.
Publicado com licença especial
Todos os direitos adquiridos para a língua portuguesa
e reservada a propriedade literária desta publicação pela

['------'t-]-em
_
us]
hemus livraria editora limitada
01510 rua de. cjore 312 lberdc.de
fone 27GQ<1ll pabx
telex (011)32005hlel br
catxa. postal %86 são paU<> bra.sl

Impresso no Brasil /Printed in Brazil


Índice
Capitulo 1 - Segurança
Precauções de Segurança Elétrica - Precauções Gerais de Segurança - Trabalho em Circuito
Alimentado - Precaução de Segurança na Utilização de Ferramentas Elétricas- Perigos Elétri·
cos - Precauções de Segurança - Educação de Segurança. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Capitulo 2 - Con ceitos Fundamentais da Eletricidade
A Molécula - O Átomo - Eletricidade Estática - Magnetismo - Diferença de Potencial -
Corrente Elétrica- Resistência - Condutância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Cap(tulo 3 - Baterias
A Pilha - A Bateria - Tipos de Baterias - Pilhas de Mercúrio - Baterias de Ácido-Chumbo -
Baterias de N(quel-Cádmio - Baterias de Prata e Zinco - Baterias de Prata-Cádmio . . 51

Cap(tulo 4 - Circuitos Série CC


Circuito Elétrico Simples - Lei de Ohm - Potência Elétrira e Energia - Características do
Circuito Séne- Regras para os Circuitos Série CC - Lei deJ<irchhoff para Tensão - Referência
de Tensão - Circuitos Abertos c em Curto -Efeito da Resistência da Fonte na Tensão, Potên-
cia e Eficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . 83

Cap(tu/o 5 - Circuitos Paralelos CC


Características dos Circuitos Paralelos - Problemas Típicos de Circuitos Paralelos -Combina·
ções Série-Paralelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117

Cap(tulo 6 - Análise d e Redes dos Circuitos "CC"


Técnica Especial de Redes - Teorema de Thevenin -Teorema de Norton -Circuitos em Ponte
- Fontes em Paralelo AUmentando uma Carga Comum - Circuitos de Distribuição. . 147

Capltulo 7- Cond utores Elétricos e Técnicas de Fiação


Milésimo - Resistência Específica ou Resistividade - Medidas de Fios -Fatores que Determi·
nam a Escolha da Dimensão de um Cabo - Condutores de Cobre Versus Condutores de Alumí·
nio - Coeficiente de Temperatura - Isolamento de Condutores - Proteção de Condutores -
Emendas d e Condutores e Conexões em Terminais - Equipamento de Soldar - Conexões em
Terminais - Isolamento da Emenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173

Cap(tulo 8 - Eletromagnetismo e Circui tos Magnéticos


Campo Magenético ao Redor do Condutor - Campo Magnético em uma Bobina - Circuitos
Magnéticos - Lei de Ohm Equivalente para Circuitos Magnéticos- Propriedades dos Materiais
Magnéticos - Eletroímãs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209

Capt'tulo 9 - Introdução à Corrente Alternada


Gerador CA Básico - Análise de uma Onda Senoidal de Tensão - Combinação de Tensões CA 223

Capt'tulo 1O - Indutância
Unidade de I ndutância - Auto-Indução - Indutância Mútua - Efeitos da Indutância em um
Circuito Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241

Capltulo 11 - Capacitância
Revisão de Eletrostática - O Capacitor - Materiais Dielétricos - Unidade de Capacitância -
Fatoreque Afetam o Valor da Capacitância- Tensão nos Capacitorcs -Carga e Descarga de um
Capacitor - Carga e Descarga de um Circuito Série RC - Constante de Tempo RC -
Gráfico Universal de Constante de Tempo - Capacitores em Paralelo e em Série - Perda nos
Capacitares - Tipos de Capacitores - Código de Cores para os Capacitores - Aplicação dos
Capacitares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263
Capr'tulo 12- Reatância Indutiva e Capaàtiva
Reatância Indutiva -Potência no Circuito Indutivo - Reatância Capacitiva o o 291

Capitulo 13 - Fm1damentos de Corrente Alternada


Teoria do Circuito
Resistência, indutância e Capacitância em Série - Indutância e Resistência em Paralelo -
Capacitância e Resistência em Paralelo - Circuito Paralelo LRC - Redução de Tensão com
Resistência - Redução de Tensão com Indutância- Vantagens do Arranjo Indutivo com Corre-
ção do Fator de Potência - Resistência Efetiva. A Energia não Utilizada. Perdas nos Cir-
cuitos CA o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o 303

Capz"tulo 14 -Circuitos de Proteção e Dispositivos de Controle


Dispositivos de Proteção - Dispositivos de Controle o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o 337

Capítulo 15 - lnstrwnentos de Medidas Elétricas


Medidores para Corrente Contínua - Medidor com Palheta de Ferro Móvel - Medidores para
Corrente Alternada - Pontes CA - Freqüencímetros - Medidor de Fator de Potência Mono-
fásico o o o o o o o o o o o o o o o o o o . o o o o o . o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o . o o o o o o 351

Qzp(tulo 16 - Geradores e Transformadores detA


Geradores de CA -Transformadores o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o 399

Capz"tulo 17- Motores de Corrente Alternada


Campo Rotativo - Motores Polifásicos de Indução - Motores Síncronos - Dispositivos de
Partida dos Motores de CA - Motores Monofásicos- o o o o o o o o o o o o o . o o o o o o o o o o o o 439
Gzp(tu/o 18 -Geradores de Corrente Cont ínua
Características Físicas de Construção - Enrolamentos da Armadura - Perdas na Armadura -
Reação da Armadura - Comutação - Reação Motriz no Gerador - Características do Gerador
de CC - Regulagem da Voltagem - Reguladores para Geradores de Velocidade Variável -
Operação de Geradores em Paralelo o o o o o o . o o o o o o o o o o o o o o o o o . o o o o o o o o o o 467
Capitulo 19- Motores de Corrente Contínua
Princípios de F uncionamento dos Motore.s CC - Motores em Derivação - Motor Série - Motor
Composto - Dispositivos Manuais de Partida - Dispositivos de Partida Automática - Eficiência do
Motor - Controle de Velocidade - Velocidade Controlada pelo Sistema Ward- Leonard o o o o o o o o
o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o .o o o o o o o o o o o o o o o 507

Capüulo 20 - Amplificadores Magnéticos


Características - Amplificadores Magnéticos Básicos - Amplificador Magnético Aperfeiçoado
-Princípios dos Circuitos de Realimentação - Aplicações dos Amplificadores Magnéticos 545
Ca pitulo 21 -Sincros e Servomecani'imos
Sincros - Servomecanismos o o o o o o o o o o o o o o o o o o . o . o . o . o o o o o o o o o o o . o o o 575

Apêndices
Apêndice I - Alfabeto Grego o o o o o o o . o o o o o o o o o o o o o o o o o o • o o o o o o o o o o o o 625
Apêndice ll - Abreviaturas Comuns e Símbolos o o o o o o o o o o o o o o o • o o o o o o o o o o o o 626
Apêndice /ll- Glossário o o o . o o o o o o . o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o .o o o o o 627
Apêndice IV - Código de Cores .. o o o o . o . o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o 631
Apêndice V - Ca pacidade de Condutores . . o o o o o o o o o o o o o o o .o o o o o o o o o o o o o o 636
Apêndice VI - Correntes para Motores sob Carga Plena o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o 637
Apêndice VII- Fórmulas o o o o o o o o o o . o o o o o o . o o o o o o o o .o • o o o o o o .o o o o o 638
Apêndice VIII - Funções Trigonométricas . o o o o o o o o o o o o o o o .o , o o o o o o o o o o o o 642
Apêndice I X - Quadrado e Raix Quadrada . o o o . o o o o . o o o o o o o .. o o . o o o . o •o o o 651
Apêndice X - Leis dos Expoentes o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o .o o o o o o o o o o o o o o 652
Ca p(tulo 1

Segurança

No desempenho normal das suas funções, o técnico fica freqüentemente exposto


a diversas condições e situações' de perigo em potencial. Nenhum manual de treinamento,
nenhum conjunto de regras ou regulamentos, nenhuma lista de situações perigosas pode
tomar as condições de trabalho totalmente seguras. Entretanto, é possível ao técnico
viver toda uma vida de trabalho sem sofrer qualquer acidente ou ferimento grave. Para
se manter dentro dos limites de segurança, basta que o técnico conheça as principais
fontes de pe rigo e que se mantenha permanentemente alerta a esses perigos em poten-
cial. Deve ele tomar as necessárias precauções e praticar as regras básicas de segurança,
não importa o quão tolas elas possam lhe parecer. O técnico deve desenvolver uma cons-
ciência de segurança permanente que deve ser, para ele, uma espécie de segunda natureza.
Muitas informações de segurança específica são encontradas nos próprios man uais
de máquinas e equipamentos. Em aditamento, a Marinha procura desenvolver, nos Cen-
tros de Adestramentos e de Formação Profissional , a referida consciência de segurança,
alertando permanentemente o seu pessoal para o perigo que representa a não atenção
e o não cu mprimento das regras elementares de segurança.
O propósito deste capítulo é mostrar ao especialista alguns dos maiores perigos
encontrados em condições normais de trabalho e indicar algumas precauções básicas
que devem ser observadas. Apesar de muitas das precauções serem gerais e de in teresse
para todo o pessoal, algumas delas são específicas e particularmente aplicáveis ao pessoal
que opera e mantém equi pamento elétrico e eletrônico.
A maioria dos acidentes que ocorrem em condições de paz pode ser evitada se
houver um mínimo de cooperação do pessoal e se forem eliminadas certas condições
de insegurança. Nos parágrafos que se seguem, são relacionadas algumas regras gerais
de segurança. Essas regras se aplicam a todos os tipos de atividades e cada homem deve
observar estritamente as precauções conforme aplicáveis ao seu trabalho ou responsa-
bilidade:
1. Comunique ao seu superior qualquer condição de insegurança ou a existência
de qualquer equipamento ou material queocê considera estar operando sem segurança
ou que apresente perigo iminente.
2. Alerte as pessoas que você acredita estarem sujeitas a condições perigosas ou
que não estejam observando as necessárias precauções de segurança.
3. Empregue ou use os dispositivos de proteção dispon íveis, roupas ou equipa-
mentos de tipo aprovado para o desempenho seguro do seu trabalho.
4. Comunique qualquer ferimen to ou evidência de dano à saúde ocorrido na exe-
cução de qu alquer trabalho.

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5. Exerça, na ocorrência de um perigo imprevisto, cuidados razoáveis compatíveis
com a situação.

PRECAUÇÕES DE SEGURANÇA ELÉTRICA

As precauções de segurança elétrica indicadas neste capítulo nã"o substituem as


infonnações e precauções determinadas nos manuais de instrução ou manutenção dos
equipamentos. Se, em qualquer instante, ocorrer dúvidas sobre qual o procedimento a ser
adotado, consulte o seu superior para esclarecimento.

Efeitos do choque elétrico


A quantidade de corrente que pode fluir através do corpo, sem perigo para a saúde
ou risco de vida, depende do indivíduo e do tipo, percurso e tempo de duração do con·
tato.
( A resistência ôhmica do corpo varia de 1.000 a 500.000 ohms quando a pele for
contínua e seca)(a resistência e sua unidade de medida será discutida oportunamente
nesta coletânea). A resistência diminui com a umidade e aumento de tensão, e aumen ta
quando a pele está seca e a tensão é baixa. Rupturas, cortes e regiões queimadas podem
reduzir a resistência do corpo. Mesmo a pequena corrente de 1 miliampêre pode ser
sentida e deve ser evitada (o tenno miliampêre será discutido oportunamente nesta
coletânea). Um valor de corrente igual a 5 miliampêres pode ser perigoso. Se a palma
da mã"o fizer contato com um condutor de corrente, uma corrente de 12 miliamperes
será suficiente para produzir contrações nos músculos, fazendo com que involuntaria·
mente a mão se feche sobre o condutor. Tal choque pode causar sérios danos, depen-
dendo do tempo de duraçã"o do contato e das condições físicas da vítima, particular-
mente das condições do coraçã"o. Muitos acidentes fatais têm ocorrido com um valor
de corrente igual a 25 miliampêres.' Considera-se fatal um fluxo de corrente pelo corpo
igual a 100 miliampêres.) .
Devido à natureza química e fisiológica do corpo humano, é necessário cinco
vezes mais corrente contínua do que corrente alternada para imobilizar um corpo em
contato com o condutor.(A freqüência de 60 hertz, utilizada na energia fornecida às
residências e fábricas, é, qbando comparada com as outras mais altas, a mais perigosj)
Os danos causados por choques elétricos são proporcionais ao número de órgãos vitais
afetados pela corrente, particularmente a percentagem de corrente que flui pelo coração.
Os fluxos de corrente entre 100 e 200 miliampêres são letais. Ocorre fibrilação
ventricular do coraçã"o quando a corrente se aproxima de 100 miliampêres. A fibrila-
çã"o ventricular é a ação não coordenada das paredes do ventrículo do coração. A fi bri-
laça-o faz parar a ação bombeadora do coraçã"o, cessando, desta forma, a irrigação san-
güínea de órgãos vitais. A fibrilação, uma vez ocorrida, requer uma outra força para
restabelecer as ações coordenadoras de bombeamento do coraçã'o.
Queimaduras sérias e inconsciências podem ser produzidas por corrente de 200
miliampêres. Esse valor de corrente comumente não provoca a morte se a vítima for
imediatamente assistida. Nonnalmente , a vítima responde aos processos de ressusci-
tação na forma de respiração artificial. A corrente de 200 miliampêres paralisa os mús-
culos do coração evitando que ocorra a fibrilação ventricular. Quando urna pessoa fica
inconsciente em virtude do fluxo de corrente que passa pelo corpo é impossível dizer
qual a quantidade de corrente que causou a inconsciência. Deve ser imediatamente
aplicada respiração artificial se a ação respiratória parar.

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PRECAUÇÕESGERAJSDESEGURANÇA

Em virtude da possibilidade de produzir ferimentos no pessoal, do perigo de incên-


dio e de uma possível avaria no material , os trabalhos de reparo e manutenção nos equi-
pamentos elétricos devem ser executados apenas pelo pessoal devidamente autorizado.
Qualquer equipamento elétrico em reparo ou revisã"o geral deverá estar totalmente
desligado das linhas de alimentação. As chaves principais de alimentação de cada circuito
da máquina deverão ser desligadas e mantidas nessa posição com um aviso indicando: "Es-
te circuito está em reparo e não deve ser ligado exceto por ordem expressa de... (comu-
mente segue-se o nome do responsável pelo reparo). Após a conclusão do reparo ou revi-
são o aviso deverá ser removido pelo responsável. De forma nenhuma um aviso poderá ser
removido por pessoa não autorizada.
As caixas de fusíveis e de junções deverão ficar permanentemente fechadas e
travadas, exceto quando sob inspeção e reparo. Dispositivos de segurança tais como
interloques, relês de sobrecarga e fusíveis não deverão ser derivados nem desligados
exceto nos casos de substituição. Os dispositivos de segurança e proteção não poderã'o,
de nenhuma forma, ser mudados ou alterados sem a devida autorização.
A chave interloque fica, normalmente , em série com a alimentação primária e é
instalada na tampa ou porta de acesso aos circuitos do equipamento de maneira a desa-
limentá-lo quando a porta for aberta. Uma chave interloque real é de ação totalmente
automática e não precisa ser manipulada pelo operador. Alguns equipamentos, para
aumentar a segurança, usam chaves interloques múltiplas ligadas em série. Uma chave
pode ser instalada na porta principal de acesso e outras na tampa ou seção de alimen-
tação primária. São usados sistemas complexos de interloques quando diversos circuitos
separados devem ser abertos por segurança.
Em virtude de os equipamentos elétricos e eletrônicos terem que ser reparados
com os circuitos alimentados, as chaves interloques são construídas de maneira a per-
mitirem que o técnico as ligue mesmo estando a porta de acesso aberta. Entretanto,
para reduzir o perigo de desligá-las acidentalmente, elas são localizadas de maneira que
se processe, antes, uma série de operações para desarmá-las.
Os fusíveis deverão ser removidos e substituídos somente após o circuito ter sido
desalimentado. Quando um fusível queima, ele deverá ser substituído por um fusível
de mesma capacidade de corrente e para a mesma tensão. Quando possível, o circuito
deverá ser cuidadosamente verificado antes de se fazer a substituição, já que um fusível
queimado é resultado de avaria no circuito.

Precauções de segurança contra alta tensão


da natureza humana se descuidar no cumprimento dos procedimentos de rotina.
Para ilustrar os resultados obtidos pela prática de procedimentos inseguros e enfatizar
a necessidade de serem adquiridos bons hábitos de segurança, particularmente quando
trabalhamos em circuitos de alta tensão ou alta corrente, considere o seguinte acidente:
Um técnico foi eletrocutado quando tentava colocar em curto-circuito um inter-
loque localizado nas proximidades de um circuito de alta tensão alimentado. Tal fato
ocorreu em virtude da violação direta de uma prática básica de segurança e indiretamente
pelo desconhecimento das condições do circuito.
Muitas partes dos circuitos elétricos empregam altas tensões que são perigosas e
podem se r fatais se for feito contato direto com elas. São incorporados diversos dispo-

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sitivos de segurança nos equipamentos, mas eles são inúteis se não forem obedecidas
regras básicas de segurança.
As seguintes regras são básicas e devem ser cumpridas permanentemente por todo
o pessoal quando trabalhando com ou nas proximidades de alta tensão:
1. CONSIDERE CUIDADOSAMENTE O RESULTADO DE CADA AÇÃO A SER
EXECUTADA. Nlro há razão, em absoluto, para um indivíduo correr riscos ou colocar
em perigo a vida do seu semelhante.
2. AFASTE-SE DE CIRCUITOS ALIMENTADOS. Não substitua componentes
nem faça ajustagens dentro de equipamento com a alta tensão ligada.
3. NÃO FAÇA REPARO SOZINHO. Tenha sempre ao seu lado uma pessoa em
condições de prestar primeiros socorros no caso de uma emergência.
4. NÃO CONFIE NOS INTERLOQUES nem dependa deles para a sua proteção.
Desligue sempre o equipamento. Não remova, não coloque em curto-circuito nem inter-
fira com a ação dos interloques, exceto para reparar a chave.
5. NÃO DEIXE O SEU CORPO EM POTENCIAL DE TERRA. Certifique-se de
que você não está com o seu corpo em potencial de terra, isto é, com o corpo em contato
direto com partes metálicas do equipamento, particularmente quando estiver fazendo
ajustagens ou medições. Use apenas uma das mãos quando estiver reparando equipa-
mento alimentado. Conserve uma das mãos nas costas.
6. NÃO ALIMENTE QUALQUER EQUIPAMENTO QUE TENHA SIDO MO-
LHADO. O equipamento deverá estar devidamente seco e livre de qualquer resíduo
capaz de produzir fuga de corrente antes de ser alimentado.
As regras acima, associadas com a idéia de que a tensão não tem favoritismos e que o
cuidado pessoal é a sua maior segurança, poderão evitar ferimentos sérios ou talvez a morte.

TRABALHO EM CIRCUITO ALIMENTADO

Como regra geral , não se deve efetuar reparo em circuito alimentado. Quan do, por
motivo de emergência ou porque seja considerado necessário, um equipamento tiver que
ser reparado em condiçlfo de operação, o reparo deverá ser executado por pessoal expe-
riente e de preferência sob a supervisão de um suboficial chefe de equipe. Todas as pre-
cauções conhecidas devem ser tomadas. O local deverá ser devidamente iluminado. O
técnico deverá ficar totalmente isolado de terra e utilizar apenas uma das mãos na exe-
cução do reparo. Auxiliares deverão ficar em condições de desligar as chaves principais
de alimentação de maneira que o equipamento possa ser rapidamente desalimentado
em caso de necessidade. Um homem devidamente instruído na aplicação de primeiros
socorros para choque elétrico deve ficar à disposição durante todo o período de duração
do reparo.

Terra dos equipamentos


Um terra inseguro ou que tenha sido feito de maneira incorreta é mais pe rigoso
do que a não existência de terra. Um terra imperfeito é perigoso porque não oferece
qualquer proteção e cria uma falsa condiçlfo de segurança. Uma fiação incorreta para terra
é perigosa porque um dos lados da linha e o lado de terra são intercambiáveis, fazendo
com que a carcaça fique alimentada com a tensão da linha ao ser ligada a tomada. Assim,
o utilizador poderá receber um choque , a menos que por pura chance a ligação na tomada
fique correta. Para segurança, já que nem todos os instrumentos ou ferramentas possuem

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terra seguro e porque há uma tendênCia de o técnico ignorar o uso de um fio terra, está
sendo desenvolvido um sistema de três fios padronizados no qual um é o terra. Desta
forma, o terra passa a ser parte do cabo de alimentação. Como o plugue só pode ser ligado
a um receptáculo em que um dos pinos é terra, a segurança será perfeita.
Todas as novas ferramentas usam um fio verde como terra. Esse fio é ligado ã car-
caça do metal da ferramenta e o extremo oposto fecha com o terra no receptáculo. Esse
fio verde de nenhuma forma deverá fazer contato com os fios preto e branco que trazem a
tensão de alimentação para o equipamento. Se o equipamento ainda não for dotado
com o sistema de terra automático, o técnico deve providenciar, antes de alimentar a
ferramenta ou equipamento, um fio terra externo ligando-o da carcaça para um ponto
finne de terra. O fio terra deve ser ligado antes de alimentar e desligado depois de desali-
mentar o equipamento.

Precauções de segurança para baterias


O principal perigo relacionado com as baterias é a possibilidade da queima pelo
ácido quando se.manipula o eletrólito. As queimaduras podem ser evitadas mediante o
uso de protetores para os ollios, luvas, aventais e botas de borracha. As botas e aventais
devem ser usados apenas quando as baterias estão sendo preparadas com novo eletrólito;
é boa prática usar sempre óculos protetores quando trabalhar com baterias para evitar a
queima dos ollios motivada por respingos do ácido. Assoalhados de madeira, se con-
servados em boas condições, são úteis para evitar quedas e choques ao operar os equipa-
mentos elétricos de carga.
( Um perigo em potencial na manipulação com baterias é a possi bilidade de explosão
devido à ignição do gás hidrogênio liberado pelo eletrólito quando a bateria está em
regime de cargaJ A possibilidade de explosão aumenta quando a bateria é carregada pelo
processo de carga rápida. Fumar ou produzir chamas é proibido nos compartimentos de
carga das baterias e a relação de carga deve ser tal que evite uma rápida liberação do hidro-
gênio. Os fabricantes recomendam que os regimes de carga das suas baterias sejam segui-
dos ã risca e que o compartimento de carga seja dotado de um sistema de exaustão.
Deve ser tomado cuidado especial pelo técnico no sentido de evitar produzir curtos-
circuitos durante o tempo de carga, ao testá-la, ou na sua manipulação. O gás hidrogênio
acumulado durante a carga é altamente explosivo e uma centelha produzida por um
curto-circuito poderá facilmente produzir a ignição do gás, ocorrendo então urna forte
explosão que causará danos ao pessoal e ao equipamento.
A remoção e instalação de baterias devido ao seu peso e características físicas da
construção que dificultam a sua manipulação, exigem cuidados extremamente especiais.
Há possibilidade de o ácido derramado causar danos ao equipamento ou ferir o pessoal;
assim como o perigo de uma explosã'o que pode ser causada pelo gás liberado durante a
carga, mas ainda presente no compartimento. O técnico que manipula baterias deve
cumprir rigorosamente todas as precauções de segurança determinadas para esse tipo
de serviço.

Precauções com produtos químicos


Fluidos voláteis são líquidos que evaporam rapidamente em temperaturas relativa-
mente baixas. Nas considerações que se seguem, o termo fluidos voláteis será usado de
maneira geral, incluindo-se os gases pressurizados que podem escapar dos envoltórios de
armazenamento. Com relação ã segurança, dois tipos principais de gases sã'o considerados:
(1) os que sâ"o explosivos e (2) os que são tóxicos.

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Vapores explosivos
Combustíveis, álcool, materiais de pintura, vernizes isolantes, certos produtos de
limpeza e muitos outros gases industriais produzem vapores que são potencialmente
explosivos quando acumulados em compartimento fechado. O perigo relacionado com
esse material depende do PONTO DE IGNIÇÃO do líquido. O ponto de ignição é a mais
baixa temperatura na qual o líquido libera vapor que se acumula em quantidade sufi-
ciente para formar uma mistura combustível com o ar ambiente. Apesar de o oxigênio
líquido não ter ponto de ignição, o efeito explosivo é o mesmo. Qualquer material capaz
de oxidar se toma altamente explosivo na presença do oxigênio líquido.
O ponto de ignição varia para cada material específico. O pessoal que manipula
materiais voláteis deve familiarizar-se com .as características do material com que tra-
balha. Deve-se conhecer, principalmente , o seu ponto de ignição assim como a concen-
tração que constituirá mistura combustível.
Uma regra geral de segurança relacionada com vapores explosivos é providenciar
adequada ventilação ambiente para evitar o acúmulo de vapor ou dispersar o vapor acu-
mulado antes de operar qualquer equipamento elétrico no compartimento. A presença
ou ausência de odores não é indicação confiável do perigo iminente, já que a sensibili-
dade de detetar odores varia sensivelmente entre as pessoas.

Vapores tóxicos
Alguns líquidos, após evaporar, produzem vapor altamente danoso às pessoas.
O tetracloreto de carbono, por exemplo, é um solvente bastante eficiente, um exce-
lente material para limpeza e extinção de fogo, mas produz um vapor tão tóxico que o
seu emprego, em qualquer setor, é extritamente proibido na Marinha. Outros materiais
são também ou proibidos ou de uso bastante limitado. Na maioria dos casos, as precau-
ções de segurança previstas para um determinado material são dadas em forma escrita
na própria embalagem. Essas precauções devem ser seguidas à risca. Deve-se usar mate-
rial substituto sempre que possível.
A segurança requer que todo o pessoal se familiarize com o perigo produzido pelo
emprego de todos os materiais. Os materiais tóxicos e vapores podem ser facilmente
detectáveis ou podem ser completamente indetectáveis. Podem atuar lentamente ou quase
instantaneamente. Causam desconforto, danos temporários, invalidez permanente ou
mesmo a morte. Podem ou não ser explosivos em aditamento à sua toxidade. Os vapores
tóxicos produzem dor de cabeça, tontura, náuseas e uma sensação geral de doença. Eles
podem causar uma gradual redução de interesse, energia e atenção, assim como incons-
ciência. O sistema respiratório, visão e pele podem ser afetados de maneira temporária
ou permanente. Causam paralisia ou a morte. Todo o pessoal deve estar alertado para o
fato de não se expor de maneira prolongada aos vapores, particularmente em condições
desconhecidas e inseguras.

Espaços confmados
Quando o pessoal operar em espaço confmado deve-se providenciar adequada
ventilação ambiente. A ventilação deve incluir oxigênio para a respiração normal, refri-
geração para evitar a exaustão pelo calor, movimento e extração do ar, para o caso de
vapor acumulado, e uma fonte adicional ou alternativa de ventilação para uso imediato
no caso de emergência. Quando um homem, por qualquer razão, entra em espaço éon-
finado, devem ser tomadas providências antecipadas para a sua retirada rápida em caso
de acidente ou em caso de emergência. Essas providências incluem o emprego de cordas

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de segurança para localizaçã"o e retirada. Deve ser previsto um meio de comunicaçã'o
permanente de modo que o pessoal engajado conheça, em qualquer instante, as condições
existentes dentro e fora do espaço confinado. Um homem de segurança deve ficar perma-
n!!ntemente atento verificando as condições do compartimento e o estado do homem
no seu interior. Esse homem deve estar preparado para prestar auxílio adicional e assistir
ao que opera no interior do ambiente.
Os espaços confmados tendem a acumular fumaça, de maneira que as condições
devem ser verificadas antes da entrada. Quem entra em um compartimento fechado deve
também verificar as condições que for encontrando e manter o pessoal externo infor-
mado. O homem de segurança deve manter contato permanente com o homem no interior
e ser informado por este de qualquer condição anormal existente.
O equipamento a ser usado pelo pessoal que trabalha em espaço confmado é maté-
ria de considerável importância. A iluminaçã"o deve ser suficiente para que ele tenha per-
feita visã"o total do que está fazendo.Os cabos de iluminaçã"o deverão estar perfeitamente
isolados de maneira a evitar-se a possibilidade de choque (os espaços confmados são
comumente bastante quentes e uma lâmpada produz calor adicional, de maneira que a
transpiração se torna um problema bastante sério). Quando possível, deve-se usar equi-
pamento à prova de explosã'o e roupas protetoras assim como máscaras nos casos em
que se suspeita da presença de fumaça tóxica.

Prevençã'o contra incêndios elétricos


· A limpeza geral da área de trabalho e do equipamento elétrico é essencial na pre-
venção de incêndios elétricos. Óleo, graxa e poeira de carbono podem entrar em ignição
por meio de uma centelha elétrica.Por isso, todos os equipamentos elétricos e eletrônicos
devem ser conservados absolutamente limpos e livres de substâncias combustíveis.
Trapos de limpezaoutros materiais inflamáveis utilizados devem ser colocados
em latas de lixo metálicas devidamente tampadas.
As latas de tintas, vernizes, detergentes ou qualquer solvente volátil devem, quando
nã'o em uso, ficar tampadas. Esse material deve ser armazenado em um compartimento
separado, ou em um compartimento à prova de fogo, isto é, bem ventilado e não exposto
a calor excessivo ou aos raios diretos do sol.

Extinção de incêndios
No caso de incêndio elétrico, as seguintes providências devem ser imediatamente
tomadas:
1. Desalimente o circuito.
2. Acione o alarme de incêndio.
3. Controle ou extinga o incêndio usando o extintor próprio disponível.
4. Comunique a ocorrência ã autoridade responsável.
(pª-!!. a extinçã'o de incêndio elétrico, use um extintor com C02 (dióxido d- bono)
e dirija o jato para a base da chamNão deve ser usado, de forma alguma, Tetra- cloreto de
Carbono para extinção de incêndio, porque o tetracloreto se transforma em fosgênio
(um gás venenoso) quando em contato com metais quentes e, mesmo ao ar livre, é
criada uma condição de perigo. A aplicação de água nos incêndios elétricos é perigosa.
Não deverão ser usados extintores de espuma, já que a espuma é eletricamente
condutiva.
No caso de incêndio em cabo elétrico no qual as chamas isolantes internas entram
em combustã'o, 0 único método positivo para evitar que o fogo se propague ao longo de

13
toda a extensã'o do condutor é cortar o cabo nos dois extremos queimados. A energia
deve ser desligada e o cabo deverá ser seccionado com um machado que tenh.1 cabo de
madeira ou com um cortador de cabo devidamente isolado. Separe em seguia os extre-
mos cortados.
Quando os retificadores de selênio se queimam, liberam uma substância denomi-
nada dióxido de selênio que apresenta odor fético bastante forte. A fumaça é venenosa
e não deve ser respirada. Se um retificador se queimar, desligue o equipamento e ventile
imediatamente a área.·Espere o retificador esfriar antes de tentar a sua substituição.
Se possível remova o equipamento para o ar livre. Não toque no retificador enquanto
ele estiver aquecido, pois haverá o perigo de queima e absorção do composto através
da pele.
Os incêndios provocados por madeira, papel, pano ou explosivos deverão ser com-
batidos com água. A água tem açã'o efetiva, baixo custo e segurança de manuseio.
Os jatos sólidos de água não são eficazes no combate aos incêndios produzidos
por óleo, gasolina, querosene ou tintas porque essas substâncias flutuam e continuam
a queimar na superfície da água. Além disso, o jato espalha o material em combustão
aumentando a área do incêndio. Por essas razões, esses tipos de incêndios são normal-
mente combatidos com espuma ou água na forma de neblina.

PRECAUÇÃO DE SEGURANÇA
NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS ELÉTRICAS
_;:;.orno precaução geral, certifique-se de que as ferramentas usadas estão dentro dos
padrões determinados pela Marinha com relação à qualidade e tipo e empregue-as apenas
nos trabalhos para os quais forem projetadas. Todas as ferramentas no serviço ativo
deverã'o ser mantidas em perfeitas condições de funcionamento. Todas as ferramen tas
avariadas deverão ser encaminhadas para reparo ou substituição.
Quando usar uma perfuradora portátil, segure-a firmemente durante a operação
para evitar trepidação e resvalo capaz de causar ferimentos ou avaria no material ou na
ferramenta. Use brocas perfeitas e afiadas devidamente afixadas na máquina. É impor-
tante que a broca se ajuste perfeitamente ao seu alojamento. O ponto de perfuração
deverá ser bem definido e se o material for metal deve-se marcar com um punção o ponto
antes de iniciar a perfuração.
Ao selecionar uma chave de fenda para trabalho no setor de eletricidade certifique-
se de que a mesma é do tipo com cabo isolado. Uma chave de fenda não deve ser usada
como punção ou formão. A extremidade deve ter largura e espessura suficien te para se
ajustar perfeitamente ao rasgo na cabeça do parafuso.
Para retirar fusíveis use saca-fusível do tipo e tamanho correto para o serviço.
O ferro de soldar é uma ferramenta que apresenta perigo iminente de incêndio e
é uma fonte potencial de queimaduras. Suponha sempre que um ferro de soldar está
quente. Nunca repouse o ferro em outro ponto que não seja o seu repouso de metal.
Não agite o ferro quente para remover resíduos de solda da sua ponta, pois gotas da solda
poderão atingir e queimar pessoas nas proximidades ou cair dentro do equipamento e
provocar um curto-circuito. Segure a peça a ser soldada com alicate apropriado. Para
limpar o ferro, coloque um trapo sobre uma superfície e passe o ferro sobre o trapo. Não
segure o trapo na mão para limpar o ferro. Desligue sempre o ferro de soldar quando
você tiver que se ausentar do local mesmo que por período de tempo curt o. A ausência
poderá se prolongar de maneira imprevista.

14
Ferramentas elétricas portáteis
Todas as ferramentas portáteis deverão ser cuidadosamente inspecionadas antes de
serem utilizadas para se verificar o seu estado de limpeza, lubrificação e condições de
funcionamento. As chamas de alimentação ou de controle deverão funcionar perfeita-
mente e o cabo de alimentação deverá estar perfeito. A carcaça de qualquer ferramenta
elétrica deverá ser ligada ã terra. As ferramentas elétricas que produzem centellia não
deverão ser utilizadas em compartimentos que contenham vapores inflamáveis, gases,
líquidos e sólidos explosivos.
Certifique-se de que o cabo de alimentação não entrará em contato com qualquer
superfície cortante , o cabo de alimentação não deverá fazer dobras nem poderá ser
deixado em locais onde possa ser pisado ou receber peso inadvertidamente. Deverá..er
evitado contato com óleo, graxa, produtos quínúcos ou superfícies aquecidas. Quando
avariados, deverão ser totalmente substituídos e não emendados e cobertos com fita
isolante. Ao desligar o equipamento da tomada, puxe o plugue e não o cabo.

Máquinas instaladas
O traballio elétrico diário requer o emprego de um certo número de máquinas fixas
com instalação permanente. Em aditamento ãs precauções para o uso de ferramentas, há
algumas outras a serem observadas com relação ãs máquinas pesadas de instalação fixa
na oficina. As mais importantes são:
1. Nunca opere uma máquina com as proteções previstas para segurança removidas.
2. Nunca opere equipamento mecânico ou elétrico a menos que esteja devidamente
familiarizado com o seu funcionamento e função dos controles.
3. Certifique-se, antes de ligar uma máquina, se a área está livre para a operação da
mesma.
4. Não tente nunca consertar uma máquina emperrada sem antes desligar a alimen-
tação geral.
S. Ao içar máquinas pesadas ou manobrar qualquer peso, mantenha o pessoal afas-
tado e guie o material com cabos a ele ligados.
6. Nunca ligue uma máquina a uma tomada sem se certificar de que a tensão
na tomada é a mesma indicada para o seu funcionamento na placa de identificação da
máquina.

PERIGOS ELÉTRICOS

Todo o pessoal que opera equipamento elétrico deve ser constantemente alertado
para os perigos a que estão expostos ao manipular o equipamento, assim como ser capaz
de prestar primeiros socorros ao pessoal ferido. A instalação, operação e manutenção de
equipamentos elétricos requer a imposição de um severo código de segurança. Qualquer
descuido por parte do operador ou do técnico de manutenção pode resultar em ferimento
grave ou a morte por choque elétrico, quedas, queimaduras, objetos projetados, etc.
Depois que o acidente ocorre, as investigações quase que invariavelmente mostram que
ele poderia ter sido evitado se fossem cumpridos certos requisitos simples de precauções
e procedimentos com os quais o pessoal deveria estar familiarizado.
Cada homem que opera e mantém equipamento elétrico deve considerar ser sua
responsabilidade pessoal ler e se familiarizar com as normas de segurança preconizadas
nas publicações de segurança e nos manuais dos equipamentos antes de acionar qualquer

15
dispositivo elétrico.:e essa a responsabilidade individual: identificar e eliminar condi-
ções de insegurança que causam os acidentes.

Choques
O choque elétrico é uma sensaç!To trepidante, descontrolada, resultado do contato
direto com circuitos elétricos ou dos efeitos do relâmpago. A vítima comumente se sente
como se tivesse recebido um súbito assopro.Se a tensão e a corrente resultante forem su-
ficientemente altas, a vítima poderá ficar inconsciente. Fortes queimaduras poderão ser
produzidas na pele no ponto de contato. Poderão ocorrer espasmos musculares, fazendo
com que a vítima involuntariamente se agcure ao aparelho ou fio que causou o choque,
impedindo a sua libertaç!To.
O seguinte procedimento é recomendado para resgatar e cuidar as vítimas de cho-
que elétrico:
l. Remova imediatamente a vítima do contato elétrico sem colocar em risco a
sua própria vida. Desligue antes o circuito elétrico. Isso pode ser feito: (1) desligando
a chave geral se ela ficar nas proximidades; (2) cortando os cabos de alimentação do
equipamento com um machado isolado tomando o cuidado de proteger os olhos do
clar!To que será produzido; e (3) utilizando uma vara isolada, cordas, cinto, casaco, cober-
tor ou outro qualquer material não condutor de eletricidade para remover a vítima.
2. Verifique se a vítima está respirando. Deite-a em posição confortável e afrouxe
as suas roupas no pescoço, busto e cintúra para que ela respire livremente. Proteja-a
de exposição ao frio e observe-a cuidadosamente.
3. Evite que a vítima se movimente. Após o choque o coração fica bastante fraco
e qualquer esforço muscular ou atividade por parte do paciente pode resultar em colapso
cardíaco.
4. Não dê â vítima qualquer estimulante para tomar ou cheirar. Solicite o compa-
recimento imediato de um médico e não deixe a vítima até que ela fique sob cuidados
médicos adequados.
5. Se a vítima, após o choque, não estiver respirando, será necessário aplicar res-
piração artificial sem qualquer retardo. A respiraç!To artificial deve ser aplicada mesmo
que a vítima aparente já estar sem vida.
NÃO PARE A APLICAÇÃO DE RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL ATÉ QUE UMA
AUTORIDADE DECLARE A VfTIMA MORTA.
Para conhecer os diversos procedimentos de aplicação de respiração artificial e
tratamento de queimaduras procure o oficial a que você está subordinado e ele provi-
denciará aulas de adestramento extra para você.

Queimaduras e ferimentos
Na administração de primeiros socorros para queimaduras, o propósito é aliviar
as dores, criar condições as mais favoráveis possíveis, evitar infecção e afastar a possi-
bilidade de choque que freqüentemente acompanha as queimaduras de natureza séria.
Informações detalhadas dos processos de tratamento para os vários tipos de queima-
duras silo dadas nas aulas de adestramento regularmente ministradas ao pessoal militar
no serviço ativo. Caso você ainda nllo tenha recebido tais conhecimentos, comunique
o fato ao oficial encarregado da sua divisllo e ele providenciará aulas extras de adestra-
mento.
Ferimentos de menor importância deverllo ser lavados imediatamente com sabllo

16
e água limpa, enxugados e tratados com um antisséptico não irritante normalmente en-
contrado nas caixas de primeiros socorros. Se necessário, cubra o ferimento com uma gaze.
Os ferimentos profundos ou de grande extensão devem ser tratados apenas pelo pessoal
da saúde. Nesse caso, cubra simplesmente o ferimento com uma gaze seca e fixe-a com
esparadrapo.
Tendo em vista que a vida de uma pessoa acidentada depende da presteza da aplica-
ção correta dos primeiros socorros, todo o pessoal deve estar familiarizado com o material
a ser empregado e os procedimentos a serem cumpridos para cada caso.

PRECAUÇÕES DE SEGURANÇA

Não se precipite ao trabalhar em circuitos elétricos ou em equipamentos eletrô-


nicos. Estude cuidadosamente os esquemas e diagramas de fiação do sistema completo
anotando quais os circuitos que devem ser desalimentados além do circuito de alimen-
tação geral. Lembre-se que os equipamentos freqüentemente possuem mais de uma
fonte de energia. Certifique-se de que TODAS as fontes estão desalimentadas antes de
iniciar o reparo. Não tente reparar equipamento alimentado a menos que seja extrema-
mente necessário. Tenha em mente que a ação de desligar os circuitos de alimentação
primária abrindo-se as chaves de alimentação não desalimenta totalmente o equipamento.
Uma fonte de perigo que é freqüentemente negligenciada -algumas vezes com resultados
trágicos - são as tensões de entradas de equipamentos elétricos de outras unidades tais
como sincros, circuitos de controle remoto, etc. Por exemplo, a operação de desalimen-
tar a chave de alimentação de uma antena radar, desalimenta realmente os circuitos da
antena no que conceme ã sua operação, mas não retira a tensão de alimentação dos mo-
tores sincros. Além disso, o regate de uma vítima de choque produzido por alimentação
de unidade remota é sempre dificultada devido ao tempo necessário para se chegar a essa
unidade a fim de desligá-la. Por isso, DESLIGUE TODAS AS CHAVES DE ALIMENTA-
ÇÃO DE TODAS AS UNIDADES antes de iniciar o reparo no equipamento.
Lembre-se de que a tensão de alimentação de 115 volts não é baixa e relativamente
pouco perigosa. Essa tensão é a que tem causado, mais do que qualquer outra, o maior
número de vítimas fatais na Marinha.
Não trabalhe sozinho em circuitos de alta tensão. Tenha sempre ao laáo um auxi-
liar em condições de prestar socorro em caso de emergência. O homem de segurança deve
conhecer também os circuitos e chaves que controlam a alimentação do equipamento
6 deverá ser instruído no sentido de desligar as chaves imediatamente caso algo imprevisto
ocorra.
Esteja sempre atento ao aproximar-se de linhas ou circuitos de alta tensão. Use luvas
de borracha quando necessário e fique sobre tapetes de borracha para se isolar da terra.
Lembre-se que nem todos os tapetes de borracha são bons isolantes.
Equipamentos dotados com partes móveis de pontas metálicas, tais como escova
e vassoura, não devem ser usados nas proximidadd e e circuitos de alta tensão com super-
fície exposta.
Informe todas as estações sobre os circuitos que estão em reparo.
Conserve as roupas, mãos e pés secos se possível. Quando for necessário trabalhar
em locais molhados ou úmidos, fique sobre uma plataforma de madeira e coloque um
tapete de borracha sobre a plataforma. Use ferramentas isoladas e lanternas isoladas
do tipo moldado quando trabalhar em partes elétricas expostas.
Não use roupas folgadas em excesso nem deixe que partes do seu vestuário fique

17
em condições de, ao se inclinar, entrar em contato com os circuitos elétricos. É proi-
bido ao homem que opera ou mantém circuitos elétricos usar sapatos com fivela de
metal. Deve-se de preferência usar sapatos com solado não condutivo.
Quando trabalhar em equipamento elétrico, o técnico deve antes remover todos
os anéis, relógio de pulso, braceletes, correntes, etc.
Zíper a botões metálicos representam um perigo ao técnico caso entrem em con-
tato com o circuito.
Não trabalhe em circuito alimentado a menos que absolutamente necessário.
Certifique-se de que foram afixados avisos d eterminando que sejam mantidas desliga-
das as chaves de alimentação. Remova os fusív is como segurança adicional.
Use apenas uma das .mãos para acionar chaves. Conserve as tampas dos compar-
timentos de chaves permanentemente fechadas, exceto quando reparando o circuito
ou substituindo fusíveis. Use um saca-fusíveis para remover os fusíveis, certificando-se
antes de que o circuito está desligado.
Todas as chaves principais de alimentação, durante o reparo deverão ficar abertas
com um aviso esclarecendo: ESTE CIRCUITO ESTÁ EM REPARO E NÃO DEVE SER
LIGADO EXCETO POR ORDEM EXPRESSA DO .. . (segue-se o nome da pessoa res-
ponsável pelo reparo).
Avisos de alerta e proteçã'o na forma de tela devem ser providenciados para evitar
que o pessoal entre em contato acidental com circuitos de alta tensão.
Não use as mãos desprotegidas para remover componentes aquecidos. Use luvas
de asbestos se necessário.
Use uma barra de curto-circuito similar à mostrada na figura 1-1 para descarregar
toda a carga acumulada de alta tensão. Antes de tocar um capacitor ou qualquer parte
de um circuito que se saiba estar ligado a um capacitor, mesmo que o circuito tenha
sido desalimentado há algum tempo, descarregue o capacitor ligando o seu lado vivo
para terra.

Haste de bronze Punho isolado


e gancho

1'4'" g•;•p a •v•p•p•M•Q *'il

Fig.1 1. - Barra de curto-circuito

Certifique-se de que o equipamento elétrico com o qual trabalha é dotado com fio
terra. Faça terra comum entre o equipamento de teste usado e o equipamento sob teste.
Desligue a alimentação antes de ligar a garra do fio teste a qualquer parte do cir-
cuito.
Não segure as ponteiras do teste ao efetuar medidas de tensão acima de 300 volts.
Desalimente o circuito, faça a conexão das ponteiras e alimente novamente o circuito
para efetuar a mediÇ[o.

18
EDUCAÇÃO DE SEGURANÇA

A segurança é responsabilidade de todo o pessoal. É obrigação de cada homem


na Marinha exercer precauções no sentido de que ninguém seja ferido nem seja o mate-
rial destruído. As informações de segurança são apresentadas em diferentes formas.
Por exemplo: (1) material escrito, corno o apresentado neste capítulo; (2) boletins de
segurança ;(3) lcituras;(4) filmes;(5) aulas de adestramento e (6) posters.
Nas oficinas deve ser enfatizada a necessidade de plena segurança. Uma das ma-
neiras é por meio do emprego de posters. Alguns slro de natureza geral e outros se refe-
rem a tipos específicos de serviços. Os posters deverão ser afixados em ãreas freqüen-
tadas pelo pessoal e substituídos periodicamente.

19
1BHJOB FN #SBODP

�o
Ca pítulo 2

Conceitos Fundamentais da Eletricidade

('A palavra "elétrico" é, na realidade, uma palavra derivada do grego e que significa
ÂMBARl O âmbar é um mineral translúcido (semitransparente, amarelado) o qual, em
sua foa natural, é composto de resina fossilizada. Os antigos gregos usavam as palavras
"força elétrica" para se referirem às misteriosas forças de atração e repulsão demons-
tradas pelo âmbar, quando ele era esfregado com um pano. Eles não compreendiam a
natureza fundamental desta força. Eles não podiam responder à pergunta, aparente-
mente simples - o que é a eletricidade? Esta pergunta permanece ainda sem resposta.
Embora você possa definir eletricidade como " uela força quee os elét0011S::, isto seria o
mesmo que definir um motor como "aquela força que move um automóvel".
Você descreveu o efeito, não a força.
Nós, presentemente, sabemos pouco mais do que sabiam os antigos gregos acerca
da natureza fundamental da eletricidade, mas passos tremendos foram dados no sentido
de dominá-la e usá-la. Laboriosas teorias, concernentes à natureza e comportamento da
eletricidade, foram desenvolvidas e ganharam larga aceitação, em virtude de suas aparentes
veracidades e demonstradas funcionalidades.
Ao longo dos anos, vários cientistas descobriram que a eletricidade parece se com-
portar de maneira constante e previsível em dadas situações, ou quando sujeitas a deter-
minadas condições. Estes cientistas, como Faraday, Ohm, Lenz e Kirchhoff, para citar
apenas alguns, observaram e descreveram as características previsíveis da eletricidade
e da corrente elétrica, sob a forma de certas regras. Estas regras recebem comumente
o nome de "leis". Assim, embora a eletricidade em si nunca tenha sido definida com
clareza, sua natureza previsível e sua forma de energia facilmen te utilizável tomaram-na
uma das mais largamente empregadas fontes de energia dos tempos modernos. Pelo
aprendizado das regras ou leis aplicáveis ao comportamento da eletricidade , e apren-
dendo os seus métodos de produção, controle e uso, você terá "apreendido" eletrici-
dade , sem nunca ter determinado sua identidade fundamental.

A MOLÉCULA

Urna das mais antigas e, provavelmente, a mais geralmente aceita teoria, referente
ao uxo da corrente elétrica, é aquela que compreende o movimento de elétrons. Isto é,
a TEORIA ELETRONICA. Elétrons são partes extremamente pequenas ou partículas
de matéria. Para estudar os elétrons, você deve, conseqüentemente, estudar a natureza
estrutural da matéria em si. (Qualquer coisa tendo massa e inércia e que ocupa uma
porção do espaço é composta de matéria.) Para estudar a estrutura fundamental ou
composição de qualquer tipo de matéria, ela deve ser reduzida às suas frações f unda-
mentais.

21
Considere que a gota de água da figura 2-1 (A) foi reduzida sempre a sua metade.
Continuando o processo durante um longo tempo, você poderia obter eventualmente a
menor partícula possível de água - a molécula. Todas as moléculas são compostas de
átomos.
/ Uma molécula de água (H2 O) é composta de um átomo de oxigênio e dois átomos
de hidrogênio/ conforme apresentado na figura 2-1 (B).Se a molécula de água fosse ainda
mais subdividida, restariam somente átomos dissociados de oxigênio e hidrogênio e a
água não mais existiria como tal. Este exemplo ilustra o seguinte fato: a molécula é a
menor partícula à qual a substância pode ser reduzida e ainda ser chamada pelo mesmo
nome. Isto se aplica a todas as substâncias -líquidas, sólidas e gasosas.
Quando moléculas inteiras slfo combinadas ou separadas umas das outras, a mu-
dança é geralmente chamada de mudança FfsiCA. Em uma mudança QUíMICA, as
moléculas da substância são alteradas de tal forma que resultem em novas moléculas.
A maioria das mudanças quúnicas envolvem íons positivos e negativos e, desta forma,
slfo de natureza elétrica. Toda matéria é dita ser essencialmente elétrica em forma pura.

divisão de uma molécula de água


gota d'água H2 0
!A) (B)

Fig.2 1. - A matéria é constituída de moléculas.

O ÁTOMO

No estudo da quúnica, toma-se logo aparente que a molécula está longe de ser
a última partícula na qual a matéria pode ser dividida. A molécula de sal pode ser decom-
posta em substâncias radicalmente diferentes - sódio e cloro. Estas partículas, que cons-
tituem as moléculas, podem ser isoladas e estudadas separadamente. Elas slfo chamadas
ÁTOMOS.
O átomo é a menor partícula que forma aquele tipo de material chamado um
ELEMENTO. O elemento retém suas características quando subdividido em átomos.
Mais de 100 elementos já foram identificados. Eles podem ser arranjados em uma tabela
de peso crescente e podem ser agrupados em famílias de materiais que têm propriedades
similares. Este arranjo é chamado de TABELA PERIÓDICA DOS ELEMENTOS.
A idéia que toda matéria é composta de átomos data de mais de 2000 anos e é
devida aos gregos. Muitos séculos se passaram antes que o estudo da matéria provasse que a
idéia básica da estrutura atômica fosse correta. Os físicos exploraram o interior do
átomo e descobriram nele muitas subdivisões. O âmago do átomo é chamado NúCLEO.
A maior parte da massa do átomo está concentrada no núcleo. Este é comparável ao

22
sol no sistema solar, em tomo do qual os planetas giram. O núcleo contém PRÓTONS
(cargas carregadas positivamente) e lTfRONS que são eletricamente neutros.
A maior parte do peso do átomo está nos prótons e neutrons no núcleo. Girando
em tomo do núcleo estão uma ou mais partículas menores de carga elétrica negativa.
São os ElÉTRONS. Normalmente, existe um próton para cada elétron no átomo inteiro.
A c-arga positiva resultante do núcleo é contrabalanceada pela carga negativa resultante
dos elétrons que giram em torno do núcleo. ASSIM, O ÁTOMO É, ELETRICAMENTE,
NEUTRO.
Os elétrons não caem dentro do núcleo, muito embora eles sejam fortemente
atraídos para ele. Seu movimento evita isso, da mesma forma como os planetas são
impedidos de se dirigirem para o sol em virtude de suas forças centrífugas de rotação.

HIDROG NIO lffiLIO Lfno

OXIG NIO FL ÜOR


Fig.2·2.- Estru twa atômica dos elementos.

O número de prótons, que é normalmente o mesmo número de elétrons, deter-


mina a espécie do elemento em questã'o. A figura 2-2 mostra um desenho simplificado
de diversos átomos, baseado na concepçã'o de elétrons planetários que descrevem órbitas
em tomo do núcleo.
Por exemplo, o hidrogênio apresenta um ncleo que consiste de 1 próton em tomo
do qual gira t elétron. O átomo de hélio tem um núcleo contendo 2 prótons e 2 nêutrons
com 2 elétrons circundando o núcleo. Próximo do outro extremo da lista de elementos
está o cúrio (não mostrado na figura), um elemento descoberto em 1940 que tem 96 pró-
tons e 96 elétrons em cada átomo. l

23
A Tabela Periódica dos Elementos é uma disposição ordenada dos elementos,
segundo a ordem crescente do número atômico (número de elétrons planetáóos) e tam-
bém de peso atômico (número de prótons e nêutrons no núcleo). As váóas espécies de
átomos apresentam massas distintas ou pesos, um em relação ao outro. O elemento
que mais se aproxima da unidade (significado 1) é o hidrogênio cujo peso atômico é
1,008 quando comparado com o oxigênio, cujo peso atômico é 16.(0 hélio tem um
peso atômico de aproximadamente 4, o lítio 7, o flúor 19 e o néon 20, conf ?rme mos-
trado na figura -2.
A figura 2-3 é uma somação pictórica da discussão que foi até agora apresentada.
A matéria visível à esquerda da figura é reduzida primeiramente a uma de suas moléculas
básicas e então, posteriormente, a um dos átomos da molécula. O átomo é então reduzido
às suas partículas subatômicas, os prótons, os hêutrons e os elétrons. As partículas sub-
atômicas são elétricas por natureza. Quer dizer, elas são as partículas de matéria mais
afetadas por uma força elétrica. Enquanto que a molécula inteira ou um átomo inteiro
são eletricamente neutros, a maior parte das partículas subatômicas não são neutras
(com exceção do nêutron). Os prótons são inerentemente positivos e os elétrons são
inerentemente negativos. São essas características próprias que fazem as partículas sub-
atômicas sensíveis à força elétrica.
Quando uma força elétrica é aplicada a um meio condutor, tal como um fio de
cobre, os elétrons das órbitas externas do átomo de cobre são arrancados de suas órbitas

MATtRJA

...................A
....................

r e'
EÚTRONS
-- e '

,- e e e
MOLECULA
, e e
e e e
MUITAS MOLtcULAS PRóTONS

NtUTRONS

MArtRJA VlSfVEL COMPOSTO ÁTOMO I


\
,_

Fig.2-3. - Divisão da matéria visível em suas partículas elétricas

24
e impelidos através do fio. O sentido do movimento do elétron é determinado pelo sen-
tido da força impulsora. Os prótons não se movem, principalmen te porque eles são
extremamente pesados. O próton do mais leve elemento, o hidrogênio, é aproximada-
mente 1850 vezes mais pesado que um elétron. Ent[o, é o relativamente leve elétron
que é mais prontamente movido pela eletricidade.

Condutores, semicoodutores e isolantes

As substâncias que permitem o livre movimento de um grande número de elétrons


S[o chamadas CONDliTORES. O cobre em fio é considerado um bom condutor porque
possui muitos elétrons livres. A energia elétrica é transferida através dos condutores por
meio do movimento de elétrons livres que emigram de átomo para átomo dentro do
condutor. Cada elétron move-se uma distância muito pequena até o átomo vizinho, onde
ele substitui um ou mais elétrons, deslocando-os para fora de suas órbitas. Os elétrons
substituídos repetem o processo em outros átomos próximos até que o movimento seja
transmitido através do comprimento total do condutor. Quanto maior o número de elé-
trons que se movem em um material submetido à aplicação de uma força, melhores
serão as qualidades condutoras desse material. Um bom condutor é aquele que apre-
senta uma fraca oposição ou baixa resistência ao fluxo de corrente. Entre os metais
mais conhecidos como condutores estão a prata, o cobre e o alumúlio. O melhor con-
dutor é a prata seguida do alumúúo e cobre. Entretanto, o cobre é o mais usado por
ser mais barato. A habilidade de um material em conduzir eletricidade depende tam-
bém das suas dimensões.
Em contraste com os bons condutores, algumas substâncias como a borracha, o
vidro e a madeira seca possuem muito poucos elétrons livres. Nesses materiais, grandes
quantidades de energia devem ser despendidas a fim de libertar os elétrons da influência
do núcleo. Substâncias contendo muito poucos elétrons livres são chamados CONDU-
TORES POBRES, NÃO-CONDliTORES ou ISOLANTES. Não há, evidentemente, uma
linha divisória fixa entre condutores e isolantes. Existe, pelo menos, algum movimento
de elétrons em todas as matérias. Os eletricistas simplesmente usam os melhores con-
dutores como fios para conduzir corrente e os condutores mais pobres como isolantes
para evitar que a corrente seja desviada dos fios.
Enumerados a seguir estão alguns dos melhores condutores e isolantes, dispostos
em concordância com suas respectivas capacidades de conduzir ou de resistir ao fluxo de
elétrons.

Condutores Isolantes
Prata Ar seco
Cobre Vidro
Alummio Mica
Zinco Borracha
Latão Amianto
Ferro Baquelite

Semicondutores são materiais que não sendo bons condutores, não são tampouco
bons isolantes. O germânio e o silício são substâncias semicondutoras. Esses materiais,
devido às suas estruturas cristalinas, podem, sob certas condições, se comportar como
condutores e, sob outras, como isolantes. Com o aumento da temperatura, um número
limitado de elétrons fica disponível para condução.

25
ELETRICIDADE ESTÁTICA

Em estado natural ou neutro, cada átomo pertencente a uma porção de matéria


apresentará o número apropriado de elétrons orbitando em tomo dele. Conseqüente-
mente, a porção total de matéria, composta de átomos neutros, será também eletrica-
mente neutra. Neste estado, diz-se que ela possui "carga zero" e não atrairá nem repelirá
outra matéria em suas prox.inúdades. Os elétrons não abandonarão o corpo carregado
neutramente, nem nele penetrara-o, se esse corpo entrar em contato com outros corpos
neutros. Se , entretanto, um número qualquer de elétrons for removido dos átomos de
um corpo de matéria, lá restarão mais prótons que elétrons, e o corpo inteiro de matéria
tomar-se-á eletricamente positivo. Desde que o corpo carregado positivamente entre em
contado com outro corpo que possua carga normal ou que tenha uma carga negativa
(elétrons em demasia), uma corrente elétrica fluirá entre eles. Os elétrons deixarão o
corpo carregado mais negativamente e entrarão no corpo positivo. O fluxo de elétrons
continuará até que ambos os corpos tenham cargas iguais.
Quando dois corpos de matéria que têm cargas desiguais estão próximos um do
outro, uma força elétrica é exercida entre eles em virtude de suas cargas desiguais. Con-
tudo, desde que eles não estejam em contato, suas cargas não podem se igualar. A exis-
tência de tal força elétrica, onde a corrente não pode circular, é denominada eletrici-
dade estática. "Estática" quer dizer "sem movimento". Esse fenômeno é também cha-
mado de FORÇA ELETROSTÁTICA.
Um ·dos processos mais táceis de criar uma carga estática é através do método de
fricÇ[o. No método de fricção, dois pedaços de matéria são esfregados, um contra o
outro, e os elétrons sã'o "arrancados" de um deles e entram no outro. Se forem usados
materiais bons condutores, será muito difícil obter uma carga perceptível em qualquer
um deles. A razão disso é que correntes de equalização circularão facilmente nos con-
dutores e entre os materiais condutores. Estas correntes igualam as cargas ã medida que
elas sã'o criadas. Uma carga estática é mais fácil de ser obtida esfregando-se um material
isolante duro com um isolante macio ou felpudo. Os elétrons sã'o arrancados de um dos
materiais e entram no outro material. Isto é ilustrado na figura 24.
Quando o bastã'o duro de ebonite é esfregado com uma camurça, o bastão acumula
elétrons. Sendo que ambas, a camurça e a ebonite, são condutores pobres, uma pequena
corrente de equalizaçã'o pode circular e uma carga eletrostática é formada. Quando a carga
é suficientemente grande, correntes de equalização circularã'o, a despeito da pobre con-
dutividade do material. Estas correntes causarão centelhas visíveis, se vistas na escuridão,
e produzirão estalidos.

Corpos carregados
Uma das leis fundamentais da eletricidade diz que CARGAS IGUAIS SE REPELEM
e que CARGAS DIFERENTES SE ATRAEM. Uma carga positiva e uma negativa, sendo
opostas, tendem a se mover, uma em direção à outra. No átomo, os elétrons negativos sã'o
atraídos pelos prótons positivos do núcleo. Esta força atrativa é balanceada pela força
centrífuga do elétron, causada pela sua rotação em tomo do núcleo. Como resultado,
os elétrons permanecem em órbita e não são atirados de encontro ao núcleo. Os elétrons
se repelem entre si, em virtude de suas cargas negativas iguais, e os prótons se repelem
entre si por causa de suas cargas positivas iguais.

26
Cargas positivas e negativas estão presentes
em quantidades iguais no bastão e na camurça

\
(8)
\
\ \\
"\ \\'·
Os elétrons são transferidos
da camurça para o bastão

Fig.24.- Produção de eletricidade estática pela fricção.

A lei dos corpos carregados pode ser demonstrada por uma experiência simples.
Duas bolas de rolha ou polpa de papel sã'o suspensas, próximas uma da outra, por fios
de linha, como mostrado na figura 2-5.
Se o bastã'o de ebonite for esfregado de forma a se obter nele uma carga negativa
e, em seguida, ele for encostado na bola da direita, como mostra a parte (A) da figura ,
o bastão comunicará sua carga negativa à bola. Quando forem soltas, as duas bolas se
atrairã'o, conforme mostrado na figura. Elas se atrairão e permanecerão em contato até
que a bola da esquerda adquira uma porção da carga negativa da bola da direita. Nesse
instante, elas se afastarão uma da outra, tal como na parte (C) da figura, já que as cargas
serão iguais. Se cargas positivas forem colocadas em ambas as bolas, parte B da figura,
elas se afastarão.

Lei de Coulomb relativa às cargas


A grandeza da força de atração ou de repulsão que age entre dois corpos eletrica-
mente carregados, no espaço livre, depende de duas coisas: (1) das duas cargas, e (2)
da distância entre elas. A relação entre carga e distância, para a força eletrostática, foi

27
descoberta e estabelecida por um cientista francês chamado Charles A. Coulomb. A Lei
de Coulomb estabelece que CORPOS CARREGADOS SE ATRAEM OU SE REPELEM
ENTRE SI, COM UMA FORÇA QUE É DIRETAMENTE PROPORCIONAL AO PRO-
DUTO DE SUAS CARGAS E É INVERSAMENTE PROPORCIONAL AO QUADRADO
DA DISTÂNCIA ENTRE ELES.

Cargas dife- Cargas iguais


rentes se se repelem
atraem

(A) (8) (C) .


Fig. 2-S. - Reação entre corpos carregados.

Campos elétricos
O espaço entre corpos carregados e em tomo deles no qual sua influência é sentida,
é denominado CAMPO ELÉTRICO DE FORÇA. O campo elétrico é sempre limitado a
objetos materiais e se estende entre cargas positivas e negativas. Ele pode existir no ar,
vidro, papel ou no vácuo. CAMPO ELETROSTÁTICO e CAMPO DIELÉTRICO são
outros nomes usados para denominar essa região de força.
Os campos de força se espalham no espaço, circundando seus pontos de origem e,
em geral, DIMINUEM EM PROPORÇÃO AO QUADRADO DA DISTÂNCIA DE SUA
FONTE.
O campo em tomo de um corpo carregado é geralmente representado por linhas
que são chamadas LINHAS ELETROSTÁTICAS DE FORÇA Essas linhas são imaginá-
rias e são usadas simplesmente para representar a direção e grandeza do campo. Por
convenção, as linhas do campo eletrostático são representadas sempre saindo da carga
positiva e entrando na carga negativa. A figura 2-6 ilustra o uso das linhas para repre·
sentar o campo em tomo dos corpos carregados. A parte (A) representa a repulsão de
corpos carregados com a mesma carga e seus campos associados. A parte (B) representa a
atração entre corpos carregados com cargas opostas e seus campos associados.

Fig.2-6.- Linhas de força


( A) eletrostática. (8)

28
MAGNETISMO

Uma substância é dita imantada se ela apresenta a propriedade do magnetismo -


isto é , se ela tem poder de atrair substâncias, tais como ferro, aço, níquel ou cobalto,
que são conhecidas como MATERIAIS MAGN TICOS. Uma agulha de coser, de aço,
magnetizada por um processo a ser descrito posteriormente, apresenta dois pontos de
máxima atração (um em cada ext remidade) e nenhuma atração no centro. Os pontos
de máxima atração são chamados PÓLOS MAG TICOS. Todos os ímãs têm sempre
dois pólos. Se a agulha for suspensa pelo centro, de tal forma que possa girar livremente
no plano horizontal em tomo do seu centro, ela se fixa em uma direção aproximada
norte-sul. O mesmo pólo apontará sempre para o norte e o outro apontará sempre para o
sul. O pólo magnético que aponta para o norte é chamado PÓLO NORTE e o outro,
PÓLO SUL.
Um CAMPO MAGNÉTICO existe em tomo de uma simples barra magnética.
O campo consiste de linhas imaginárias, ao longo das quais age uma FORÇA MAGNÉ-
TICA. Estas linhas emanam do pólo norte do ímã e entram no pólo sul, voltando ao
pólo norte através do próprio ímã, formando circuitos fechados.
Um CIRCUITO MAGN TICO é um caminho ou percurso completo através do
qual as linhas de força magnética podem ser estabelecidas sob a influência de uma força
de magnetização. A grande maioria dos circuitos magnéticos é composta de materiais
magnéticos a fim de manterem o fluxo magnético. Esses circuitos são semelhantes ao
CIRCUITO ELÉTRICO, que é um caminho completo através do qual a corrente é forçada
a circular sob a influência de uma força eletromotriz.
Os ímãs podem ser convenientemente divididos em três grupos.
1. IMÃS NATURAIS, encontrados em estado natural, sob a forma de minério
chamado magnetita.
2. IMÃS PERMANENTES, barras de aço endurecido (ou alguma forma de liga,
como o alnico) que tenham sido permanentemente magnetizados.
3. ELETROIM ÃS, compostos de núcleos de ferro doce em tomo dos quais são
enroladas bobinas de fio isolado. Quando uma corrente elétrica circula através da bobina,
o núcleo se toma imantado. Quando a corrente pára de circular, o núcleo perde a maior
parte do seu magnetismo.
Os ímãs permanentes e os eletroímãs são algumas vezes denominados IMÃS ARTI-
FICWS, para distingui-los dos ímãs naturais.

hnãs naturais
Por muitos séculos, sabia-se que certas pedras (rnagnetita, Fe 3 04) tinham a capa-
cidade de atrair pequenos pedaços de ferro. Em virtude de muitas destas melhores pedras
(ímãs naturais) terem sido encontradas em Magnésia, na Ásia Menor, os gregos chamaram à
substância MAGNETITA ou MAGN TICA.
Antes disso, os antigos chineses observaram que, quando pedras semelhantes eram
suspe nsas livremente ou flutuavam em substância leve em um receptáculo de água, elas
tendiam a assumir a posição aproximada norte-sul. Provavelmente, os navegadores chi-
neses usaram pedacinhos de magnetita, presos em madeira e flutuando dentro de um
vaso com líquido, funcionando como bússolas rudimentares. Naquela época, não era
conhecido que a própria Terra age como um ímã, e aquelas pedras eram encaradas com

29
considerável temor supersticioso. Em virtude de pedacinhos desta substância serem
usados como bússolas de navegação, elas eram chamadas LOADSTONE (ou lodestone),
que quer dizer "pedras guias".
Os ímãs naturais são também encontrados nos Estados Unidos, Noruega e Suécia.
Um únã natural, mostrando l! força atrativa nos pólos, é _apresentado na figura 2-7 (A).

IÍnãs artificiais
Os únãs natt'rais não apresentam valor prático, pois os ímãs permanentes, de
formato mais conveniente e mais potentes, podem ser produzidos artificialmente. Os
ímãs permanentes comerciais são feitos de aços especiais e ligas - por exemplo, o alnico,
feito principalmente de alumínio, níquel e cobalto. O nome é formado pelas duas primei-
ras letras dos três elementos principais com os quais ele é composto. Um ímã artificial
é mostrado na figura 2-7 (B).

(A)
NATURAL ARTIFICIAL

Fig. 2-7. - (A) línã natural, (B) línã artificial

Uma barra de ferro, aço, ou liga, pode ser imantada, inserindo-se-a dentro de uma
bobina de fio isolado e fazendo-se passar uma forte corrente contínua através da bobina,
como mostrado na figura 2-8 (A). Este aspecto do magnetismo é abordado mais adiante
no capítulo. A mesma barra pode também ser imantada, se ela for atritada durante certo
tempo com urna barra magnética, conforme mostrado na figura 2-8 (B). Ela então adqui-
rirá a mesma propriedade magnética que tem o ímã usado para induzir o magnetismo.
Mais precisamente, haverá dois pólos de atração, um em cada extremidade. Este processo
produz um ímã permanente por INDUÇÃO, quer dizer, o magnetismo é induzido na
barra pela influência da barra magnética que utilizamos para atritá-la.
Os ímãs artificiais podem ser classificados como "permanentes"ou "temporários",
dependendo da capacidade em reter sua força magnética após a remoção da força de
magnetização. Aços duros e certas ligas são relativamente difíceis de serem imantadas,
e diz-se que têm uma BAIXA PERMEABILIDADE, em virtude das linhas de força não
penetrarem facilmente ou se distribuírem, elas mesmas, prontamente, através do aço.
Uma vez imantados, entretanto, esses materiais retêm uma grande parte de sua força
magnética e são chamados lMÃS PERMANENTES. Os ímãs permanentes são usados
extensivamente em instrumentos elétricos, medidores, receptores de telefone, alto-

30
falantes de ímãs pennanentes e em magnetos. Por outro lado, substâncias que são facil-
mente imantáveis - tais como o ferro doce e o aço-silício temperado - são ditas terem
uma ALTA PERMEABILIDADE. Tais substâncias retêm somente uma pequena p e
de seu ma etismo após a remoção da força magnetizante e, assim, são chamados IMAS
TEMPORARIOS. O aço-silício e materiais semelhantes são usados em transformadores,
onde o magnetismo é variado constantemente, e em geradores e motores, onde as intensi-
dades dos campos podem ser variados com facilidade.
O magnetismo que pennanece em um ímã temporário após a remoção da força
magnetizante é chamado MAGNETISMO RESIDUAL. O fato dos ímãs reterem uma
quantidade, ainda que pequena, de magnetismo, é um fator importante no estabeleci-
mento da tensão nos geradores CC auto-excitados.

(A)
MtTODO DA BOBINA

Fig.2-8. - Métodos para


produção de ímãs artificiais.
MtTODO POR ATRITO

Natureza do magnetismo
Uma teoria popular do magnetismo considera o alinhamento molecular do ma-
terial. Essa teoria é conhecida como Teoria de Weber e afirma que todas as substâncias
magnéticas são constituídas de pequenos ímãs moleculares. Todos os materiais não
magnetizados têm as forças magnéticas das suas moléculas magnéticas neutralizadas
pela molécula magnética adjacente, eliminando-se assim qualquer efeito magnético.
Um material imantado apresenta todas as moléculas magnéticas alinhadas de maneira
que o pólo norte de cada molécula aponta para uma direção e o pólo sul para a direção
oposta. Um material com as d uas moléculas assim alinhadas apresenta efetivamente um
pólo norte e um pólo sul.
A figura 2-9 (A) ilustra a teoria de Weber onde uma barra de aço foi magnetizada
por fortes batidas. Quando uma barra de aço é batida diversas vezes por um ímã, man-
tendo-se a barra sempre na mesma direção, a força magnética do ímã faz as moléculas

31
BARRA SENDO IMANTADA

BARRA IMANTADA

(A) (8)
Fig. 2·9. - (A) Moléculas de ímã, (B) fmã seccionado.

da barra se alinharem, trartsformando a barra de aço em um ímã. A polaridade do ímã


produzido depende do sentido da força magnética aplicada sobre as moléculas magne-
tizadas ao acaso.
Algumas afirmações da teoria de Weber são confirmadas quando se corta um ímã
em duas metades. Verifica-se que as duas partes resultantes, isoladamente, apresentam
pólos norte e sul, conforme mostrado na figura 2-9 (B). As polaridades de cada ímã são
marttidas. Se o ímã for totalmente dividido até à última molécula, teoricamente ela
apresentará também pólos norte e sul, já que todas as partes têm características mag-
néticas.
Uma outra justillcativa para esta afirmação resulta do fato de que, quando uma
barra imantada é mantida fora do alinhamento com o campo da terra e é repetidamen-
te abalada, aquecida ou exposta a um potente campo alternado, o alinhamento mole-
cular é desfeito e o íma- se toma desmagnetizado. Por exemplo, os instrumentos de
medidas elétricos tomam-se imprecisos se os seus ímãs permanentes perderem parte
do seu magnetismo em virtude de violentos choques ou de exposição a campos mag-
néticos opostos.

Teoria domínio
Uma teoria mais moderna do magnetismo é baseada no giro orbital do elétron.
Do estudo da estrutura atômica, sabe-se que toda matéria é constituída de átomos e
que cada átomo contém um ou mais elétrons orbitais. Os elétrons orbitam em várias
camadas e subcamadas dependendo da sua distância do núcleo. A estrutura do átomo
foi anteriormente comparada com o sistema solar. Os elétrons correspondem aos pla-
netas que giram em tomo do sol. Além de girarem em tomo do sol, os planetas giram
em tomo do seu eixo. Acredita-se que os elétrons também tenham um movimento de
rotação como os planetas. ·
Foi provado experimentalmente que um elétron apresenta um campo magné-

32
tico com o seu campo elétrico. A presença de campo magnético em um átomo é deter-
núnado pelo número de elétrons que se deslocam em um dado sentido. Se o átomo
tem iguais números de elétrons girando em direções opostas, os campos magnéticos que
envolvem os elétrons se cancelam e o átomo é desmagnetizado. Entretanto, se houver
mais elétrons girando em um sentido do que no outro, o átomo fica imantado. Um átomo
tal como o ferro, com um número atômico de 26, é dotado de 26 prótons no seu núcleo
e 26 elétrons orbitais. Se 13 elétrons giram no sentido horário e 13 giram no sentido anti-
horário, os campos em oposição se cancelam. Quando mais de 13 giram no mesmo sen-
tido, o átomo fica imantado. Um exemplo de imantação do átomo de ferro é mostrado
na figura 2-10. Observe que nesta ilustração específica, os campos magnéticos do ferro
em todas as camadas se cancelam exceto na camada M. Como ilustrado, há 15 elétrons
girando em um sentido e apenas 11 elétrons no sentido oposto. Desta forma, os 4 elétrons
sem oposição fazem com que o átomo do ferro se transforme num ímã infinitamente
pequeno. Quando um determinado número de átomos são agrupados para formar urna
Número de elétrons N. d •
. ero. e1etrons
. \ um e
Guandnoen t tdo Núcleo (;Girando no sen tido
antt-horano horário

8
+ 26 ;
K L M

"' '
N

3 3
5 1

1 1

Elétrons livres
Fig. 2-10. - Át o mo de ferro.

barra, ocorre urna interação entre as forças magnéticas dos vários átomos. A pequena
forÇa magnética do campo que envolve um átomo afeta o átomo adjacente produzindo
um pequeno campo de átomos com campos magnéticos paralelos. Esse grupo, de 10 1 :' a
1015 átomos imantados, com os seus pólos orientados no mesmo sentido são conhecidos
como DOMíNIO. Em um domínio há um campo magnético intenso sem a influência de
qualquer campo magnético externo. Considerando que 10 milhões de domínios ocupam I
milímetro cúbico, aparentemente, cada material magnético é feito de um grande
número de domínios. Os domínios de qualquer substância estão permanentemente iman-
tados até à saturação mas ficam desorientados no material. Assim, o intenso campo mag-
nético de cada domínio é neutralizado por forças magnéticas opostas de outros domínios.
Quando um campo externo é .aplicado numa substância magnética, os domínios se
alinham com o campo externo. Como os domínios estão imantados até à saturação, a
intensidade de imantação do material é determinada pelo número de domínios alinhados
pela força magnetizante.
33
Barra imantada
(A)
(8)
Fig.2-11.- Linhas de força magnética.

Campos magnéticos e linhas de força


Se uma barra imantada for mergulhada em limalhas de ferro, a maioria das par-
tículas de limalha será atraída para as extremidades da barra, mas nenhuma limalha será
atraída para o centro do ímã'. Conforme mencionado previamente, as extremidades do
ím[, onde a força atrativa é maior, sâ'o chamadas PÓLOS do ímã. Utilizando-se uma
bússola, pode-se observar a linha de direção da força magnética em vários pontos próxi-
mos ao ím[. A própria agulha da bússola é um ímã. A extremidade norte da agulha
aponta sempre para o pólo sul, S, como mostrado na figura 2-11 (A), e, então, o sentido
de direção (em relação à polaridade da barra imantada) é também indicado. No centro, a
agulha da bússola se orienta em uma direção que é paralela à barra imantada.
Quando a bússola é colocada sucessivamente em diversos pontos nas proximida-
des da barra imantada, a sua agulha se alinha com o campo em cada posição. O sentido
do campo é indicado pelas setas e representa o sentido para o qual o pólo norte da agulha
apontará quando a bússola for colocada nesse campo. Assim, a linha ao longo da qual
wna agulha imantada se orienta é chamada LINHA DE FORÇA MAGN TICA. Con-
forme mencionado anteriormente, assume-se que as linhas de força magnética emanam
do pólo norte do ímã', passam pelo espaço exterior próximo e entram no pólo sul. As
linhas de força entã'o passam do pólo sul para o pólo norte, por dentro do ímã, a fim
de formarem um ''loop" fechado. Cada linha de força forma um ''loop" independente
e não se une ou cruza com outras linhas de força. As linhas de força entre os pólos de
um ímã em forma de ferradura são mostradas na figura 2-11 (B).
Apesar de as linhas de força magnética serem imaginárias, através de uma versão
simplificada muitos fenômenos magnéticos podem ser esclarecidos supondo-se que as
linhas magnéticas apresentam certas propriedades. As linhas de força podem ser com-
paradas com tiras elásticas que se estendem para fora quan do uma força é aplicada e
se contraem quando a força é removida. As características das linhas magnéticas podem
ser descritas conforme abaixo:
1. As linhas de força magnéticas são contínuas e sempre formam circuitos fechados.
2. As linhas de força magnéticas nunca se cruzam.
3. As linhas de força magnéticas paralelas no mesmo sentido se repelem. As linhas

34
de força em oposição tendem a se unirem uma com a outra e formarem linhas únicas
posicionadas em um sentido que é determinado pelos pólos magnéticos que as produzem.
4. As linhas de força magnéticas tendem a se encontrar. Dessa forma, as linhas
existentes entre dois pólos opostos fazem com que os pólos sejam atraídos um de encon-
tro ao outro.
5. As linhas de força atravessam todos os materiais, sejam eles magnéticos ou não.
O espaço que circunda um ímã, no qual a força magnética age, é denominado
CAMPO MAGNÉTICO. Michael Faraday foi o primeiro cientista a visualizar o campo
magnético como sendo deformável e consistindo de linhas de força uniformemente dis-
tribuídas. O número total de linhas em tomo de um ímã é denominado FLUXO MAG-
NÉTICO. O fluxo, em um circuito magnético, corresponde à corrente em um circuito
elétrico.
O número de linhas de força por unidade de área é chamado DENSIDADE DE
FLUXO e é medido em linhas por polegada quadrada ou em linhas por centímetro
quadrado. A densidade de fluxo é expressa pela equação:
<I>
B=-
A
onde B é a densidade de fluxo, <I> (phl grego) é o número total de linhas de fluxo e A é
a área da seção reta do circuito magnético. Se A for expresso por centímetro quadrado
B o será por linhas em centímetro quadrado, ou GAUSS. O termo FLUXO é freqüente-
mente usado nos livros. Entretanto, o magnetismo não é encarado como sendo uma cor-
rente de partículas em movimento, mas, simplesmente, um campo de força que se exerce
no espaço.
Uma representação visual do campo magnético em torno de um ímã pode ser
obtido colocando-se uma placa de vidro sobre um ímã e espalhando-se limalha de ferro
sobre o vidro. As partículas de limalha se dispõem, elas próprias, em caminhos definidos
entre os pólos.
Esta disposição das limafr.as mostra a configuração do campo magnético em torno
do ímlr, como aparece na figura 2-12.
O campo magnético em tomo de um ímã de configuração simétrica possui as
seguintes propriedades:
1. O campo é simétrico, a menos que perturbado por outra substância magnética.
2. As linhas de força possuem direção e são representadas como se saíssem do
pólo norte e entrassem no pólo sul.

Fig.2·12.- Desenho do campo magnético de um ímã.

35
/

Repulsão Repulsão Atração

Fig. 2-13. - Leis da atração e repulsão.

Leis de atração e repulsão


Se uma agulha imantada for suspensa próximo de um ímã, como na figura 2-13,
verificar-se-á que um pólo sul repele o outro pólo sul, ao passo que um pólo norte repele
o outro pólo norte. Pólos opostos, entretanto, se atrairão. Assim, as duas primeiras leis
de atração e repulsão magnéticas são:
1. Pólos magnéticos IGUAIS se REPELEM.
2. Pólos magnéticos DIFERENTES se ATRAEM. '
As configurações do fluxo entre pólos DIFERENTES adjacentes de um ímã, indi-
cados por linhas, são mostradas na figura 2-14 (A). Uma configuração similar para pólos
adjacentes IGUAIS é mostrada na parte (B) da figura. As linhas não se cruzam em ne-
nhum ponto e se repelem.
A figura 2-15 mostra a configuração do fluxo (indicado por linhas) em tomo de
duas barras magnéticas colocadas próximas e paralelas entre si. A figura 2-15 (A) mostra
a configuração do fluxo quando os pólos diferentes estão adjacentes, e a figura 2-15 (B)
mostra a configuraçã'o do fluxo quando os pólos iguais são adjacentes.
A TERCEIRA LEI de atração e repulsão magnéticas estabelece efetivamente que
a força de atração ou repulsão que existe entre dois pólos magnéticos decresce rapida-
mente ã medida que os pólos se afastam um do outro. A força de·atração ou repulsão
varia diretamente com o produto das intensidades dos pólos separados e inversamente
com o quadrado da distância que separa os pólos magnéticos, desde que os pólos sejam
bastante pequenos para serem considerados como pontos. Por exemplo, se a distância
entre dois pólos norte é aumentada de 2 pés para 4 pés, a força de repulsão entre eles
é diminuída a um quarto do seu valor original. Se, por outro lado, a intensidade de um
dos pólos for dobrada, permanecendo constante a distância, a força entre os pólos será
dobrada. ·

36
Pólos dífe ntes se auaem

(A)

'

Unhas de força
Pólos iguais se repelem

(8)
Fig. 2-14.- Linhade força entre pólos iguais e dife ren tes.

l'ldlfo do Ouxo - Atnçio l'lddo do Ouxo - Repubfo

(A) (B)

Fig.2-15.- Configwaçõcs do fluxo de barras magnéticas adjacentes e paralelos.

37
O magnetismo terrestre
Como já foi dito, a Terra é um grande íma:, e circundando-a está o campo mag-
nético produzido pelo magnetismo terrestre. As polaridades magnéticas da Terra são as
indicadas na figura 2-16. Os pólos geográficos são também mostrados em cada extremi-
dade do eixo de rotaça:o da Terra. O eixo magnético não coincide com o eixo geográfico
e, desta forma, os pólos magnéticos e geográficos não estão no mesmo lugar sobre a super-
fície da Terra.
Os antigos usuários da bússola encaravam a extremidade da agulha da bússola que
aponta na direção aproximadamente norte como sendo um pólo norte. A outra extremi-
dade foi encarada como um pólo sul. Em alguns mapas, o pólo magnético da Terra, para
o qual o pólo norte da agulha apontava, foi designado como pólo magnético. Esse pólo
magnético foi obviamente chamado cfe pólo norte , em virtude de sua proximidade com
o pólo norte geográfico.

Fig. 2-16. - Pólos magnéticos da tena.

Quando se soube que a Terra era um ímã e que pólos opostos se atraíam, foi
necessário denominar o pólo magnético localizado no hemisfério norte como PÓLO
SUL MAGNÉTICO e o pólo magnético localizado no hemisfério sul como PÓLO NORTE
MAGNtTICO. A razã"o das denominações foi arbitrária. Obviamente, a polaridade da
agulha da bússola que aponta para o norte deve ser oposta â polaridade do pólo magné-
tico terrestre ali situado.
Como já determinado, assumiu-se que as linhas de força magnética saem do pólo
norte de um ímã e entram no pólo sul como circuitos fechados. Em virtude da terra
ser um ímã, as linhas de força emanam de seu pólo norte magnético e entram no pólo sul
magnético como loops fechados. A agulha da bússola se orienta de tal forma que as linhas
de força terrestre entram no seu pólo sul e deixam o seu pólo norte. Dado o motivo do
pólo norte da agulha ser definido como a extremidade que aponta em direção norte,
segue-se que o pólo magnético nas vizinhanças do pólo magnético geográfico é, na ver-
dade, um pólo sul magnético, e vice-versa.

38
Em virtude de os pólos magnéticos e geográficos não coincidirem, uma bússola
(exceto em algumas posições na terra) apontará para uma direção (geográfica) verda-
deira. Quer dizer, ela não se alinhará segundo urna linha de direção que passe pelos pólos
geográficos norte e sul, mas sim segundo uma linha de direção que faz um ângulo com
aquela. Este ângulo é chamado o ângulo de VARIAÇÃO ou DECLINAÇÃO.

Blindagem magnética
Não existe um ISOLANTE conhecido para o fluxo magnético. Se um material
não magnético for colocado em um campo magnético, não haverá mudança apreciável
no fluxo - isto é , o fluxo penetra no material não magnético. Por exemplo, uma placa
de vidro colocada entre os pólos de um ímã em forma de ferradura não exercerá nenhum
efeito apreciável no campo, embora o vidro em si seja um bom isolante em um circuito
elétrico. Se um material magnético (por exemplo, ferro doce) for colocado em um campo
magnético, o fluxo pode ser reorientado a fim de se aproveitar a maior permeabilidade
do material magnético, como mostrado na figura 2-17. Permeabilidade é a qualidade
de uma substância que determina a facilidade com que ela pode ser magnetizada.

Fig.2-17.- Efeitos de uma substância magnética em um campo magné tico.

O mecanismo sensível de instrumentos elétricos e medidores pode ser influenciado


por campos magnéticos espúrios que causarão erros em suas leituras. Em virtude dos
mecanismos dos instrumentos não poderem ser isolados contra o fluxo magnético, é
necessário empregar algum processo de dirigir o fluxo em tomo do instrumento. Isto
é feito colocando-se um invólucro de ferro doce, chamado REDE ou BLINDAGEM
MAG TICA, em tomo do instrumento. Tendo em vista que o fluxo se estabelece mais
facilmente através do ferro (mesmo que o trajeto seja mais longo) do que através do
ar dentro do invólucro, o instrumento é efetivamente blindado, conforme é mostrado na
figura 2.18.

Materiais magnéticos
Os estudos anteriores sobre magnetismo classificavam os materiais simplesmente
como magnéticos ou não magnéticos. Atualmente se classificam as substâncias em três
grupos: paramagnéticas, diamagnéticas e ferromagnéticas.
Os materiais PARAMAGNÉTICOS são aqueles que se magnetizam pouco, mesmo

39
quando sujeitos a um forte
campo magnético. Essa ligeira
magnetização é feita no mes-
mo sentido do campo magne-
tizante. São paramagnéticas
as substâncias: alumínio, cro-
mo, platina e ar.
As substâncias DIA-
MAG TICAS podem tam-
bém ficar ligeiramente ã influ-
ência de um forte campo.
Estas substâncias, quando
ligeiramente imantadas, ficam
magnetizadas em em sentido
oposto ao campo magne-
tizante. Algumas substâncias
diarnagnéticas são o cobre, a
prata, o ouro e o mercúrio.
As substâncias paramag-
néticas e diamagnéticas apre-
sentam uma muito baixa per-
meabilidade. As paramagnéti-
I,Ferro doce
cas têm permeabilidade pou-
co maior do que 1. As subs-
tâncias diamagéticas têm per-
meabilidade menor do que 1.
Em virtude da dificuldade em
1111111 se magnetizarem, as substân-
cias paramagnéticas e diamag-
Fig. 2-18. - Blindagem magnética. néticas são consideradas, para
flns práticos, como materiais não magnéticos.
O grupo mais importante de materiais que encontram aplicação na eletricidade e
eletrônica é o das substâncias FERROMAGNTICAS. As substâncias ferromagnéticas
são relativamente fáceis de serem imantadas. Estão nesse grupo o ferro, aço, cobalto,
alnico e perrnalói, sendo os dois últimos ligas metálicas. O alnico consiste de alumínio,
níquel e cobalto. Essas novas ligas podem ser intensamente imantadas. O alnico pode, ao
imantar, adquirir força magnética capaz de levantar um peso quinhetas vezes superior ao
seu.
Os materiais ferromagnéticos apresentam uma alta permeabilidade. Entretanto,
conforme previamente afirmado, um material tal como o aço usado para fazer um ímã
permanente, é considerado como tendo uma permeabilidade relativamente baixa quando
comparado com outras substâncias ferromagnéticas.

Formatos dos ímãs


Em virtude do grande número de aplicações, os ímãs slfo fabricados com diversos
formatos e tamanhos. De um modo geral, entretanto, os ímãs slfo encontrados sob três
classificações gerais:barra, ferradura e anel.
O ímlf em barra é mais comumen te usado nas escolas e laboratórios para o estudo

40
das propriedades e efeitos do magnetismo. No teste anteriormente descrito a barra foi
útil na demonstração dos efeitos magnéticos.
Um outro tipo de ímã é circular e usado como núcleo de memória dos computa-
dores. Uma aplicação comum para o ímã temporário em anel é como blindagem de
instrumentos elétricos.
O formato do ímã mais freqüentemente usado nos equipamentos elétricos e ele-
trônicos é o de ferradura. O ímã ferradura é similar ao ímã em barra. Apenas o seu for-
mato difere. O ímã em ferradura a presenta uma intensidade de campo muito maior do
que o em barra do mesmo tamanho em virtude da proximidade dos seus pólos. A intensi-
dade magnética de um pólo é sensivelmente aumentada devido à concentração do campo
magnético em área reduzida. Os instrumentos de medida elétrica usam freqüentemente
ímãs com formato de ferradura.

Cuidado com os ímãs


Uma peça de aço que foi imantada pode perder muito da sua imantação por ma-
nuseio inadequado. Se agitado ou aquecido, ocorrerá um desalinhamento dos domfuios,
resultando na perda de imantação. Se o ímã de um medidor for alterado, a indicação
elétrica não será precisa. Dessa forma, deve-se tomar certas precauções ao utilizar os
instrumentos de medida. Submeter o instrumento a forte agitação ou a alta temperatura
avariará o instrumento.
Um ímã pode enfraquecer pela perda do fluxo. Assim, quando guardados, deve-se
evitar excesso na dispersão do fluxo magnético. Um ímã ferradura deve ser guardado
com um dispositivo na forma de barra para unir os pólos. Com a barra entre os pólos,
o fluxo flui continuamente através do ímã e haverá dispersão no espaço.
Para armazenar os ímãs, o mesmo princípio deve ser adotado. As barras devem
ser guardadas sempre aos pares com o pólo norte de um ímã fazendo contato com o
pólo sul do outro. Isso permite que seja mantido um circuito fechado para o fluxo, evi-
tando-se a sua dispersão.
O estudo de eletricidade e magnetismo, assim como as suas interações, será feito
de maneira mais completa posteriormente. O estudo de magnetismo até este ponto
foi feito para esclarecer certos termos e significados tais como "polaridade", "campos",
"linhas de força", etc. Apenas uma relação fundamental entre magnetismo e eletrici-
dade será discutida neste capítulo. Essa relação se refere ao magnetismo quando usado
para gerar tensão e será estudada a seguir.

DIFERENÇA DE POTENCIAL

A força que ocasiona o movimento de elétrons livres em um condutor, fomando


uma corrente elétrica, é chamada (1) força eletromotriz (FEM), (2) tensão ou (3) dife-
rença de potencial. Quando existe uma diferença de potencial entre dois corpos carre-
gados que são ligados por um condutor, os elétrons fluirão ao longo do condutor. Esse
fluxo de elétrons se fará do corpo carregado negativamente para o corpo carregado
positivamente, até que as duas cargas sejam igualadas e que não mais exista diferença
de potencial.
Uma analogia desta ação é mostrada através dos tanques de água ligados por um
tubo com válvula, como representado na figura 2-19. Inicialmente, a válvula está fechada e
toda a água está contida no tanque A. A pressão da água sobre a válvula é máxima.
Quando a válvula é aberta, a água escoa através do tubo de A para B, até que o seu nível

41
se tome o mesmo em ambos os tanques. A água, então, pára de circular no tubo por-
que não há mais diferença de pressão da água entre os dois tanques.
A circulação de corrente em um circuito elétrico é diretamente proporcional ã
diferença de potencial através do circuito, da mesma forma como a circulação de água
através do tubo da figura 2-19 é diretamente proporcional ã diferença do nível de água
nos dois tanques.
Urna lei fundamental da corrente elétrica diz que A CORRENTE É DIRETA-
MENTE PROPORCIONAL À TENSÃO APLICADA.

Fig. 2-19.- Analogia hidláulica da diferença elétrica de potencial.

Métodos primários para a produção de tensão


Presentemente, há seis métodos comumente usados para produzir força eletro-
motriz. Alguns desses métodos são mais largamente usados do que outros. Os métodos
de utilização de cada fonte de energia serão discutidos, e suas mais comuns aplicações
serão citadas. O que segue é uma relação dos seis métodos mais comuns de produ ão
de tensão:
1. FRICÇÃO - Tensão produzida friccionando-se dois materiais.
2. PRESSÃO - (Piezoeletricidade) -Tensão produzida por pressão mecânica exer-
cida sobre os cristais de certas substâncias.
3. CALOR - (Termoeletricidade) - Tensão produzida pelo aquecimento de uma
união Gunção) onde dois metais diferentes são postos em contato.
4. LUZ - (Fotoeletricidade) - Tensão produzida fazendo-se incidir luz sobre
substâncias fotossensitivas.
5. AÇÃO QUÍMICA - Tensão produzida por reação química em uma célula de
bateria.
6. MAGNETISMO - Tensão produzida em um condutor quando o mesmo se
move dentro de um campo magnético, ou quando um campo magnético se move em
relaçã"o ao citado condutor, de tal maneira que ele corte as linhas de força magnética
do campo.

Tensão produzida por fricção


Este é o processo menos usado dos seis métodos de produzir f.e.m. Sua aplicação
principal é nos geradores de Van de Graf, empregados em alguns laboratórios para pro-
duzir altas tensões. Como regra, a eletricida4e de fricção (algumas vezes denominada
estática) é prejudicial. Por exemplo, um avião voando acumula cargas elétricas resul-

42
tantes da fricção entre a sua estrutura e o ar que passa. Essas cargas interferem algumas
vezes com a comunicação de rádio e, em algumas circunstâncias, podem mesmo causar
avarias física<> â aeronave. Você provavelmente já recebeu choques desagradáveis resul-
tantes de eletricidades por fricção, quando atritando a roupa em uma cobertura seca
de poltrona, ou caminhando sobre um tapete seco e, em seguida, entrando em contato
com um outro objeto.

Tensão produzida por pressão


O processo de produção de f.e.m. por pressão emprega o fenômeno denominado
piezoeletricidade. A tensão é obtida mediante a compressão ou distensão de cristais
de certas substâncias. Para estudar esta forma de eletricidade você deverá primeira-
mente entender o significado da palavra "cristal". Em um cristal, as moléculas sã"o dis-
postas de maneira ordenada e uniforme. Urna substância em seus estados cristalino e
não cristalino é mostrada na figura 2-20.
Com o intuito de simplificar, considere que as moléculas desta substância par-
ticular são esféricas. No estado não cristalino, parte (A) da figura, as moléculas são
dispostas irregularmente. No estado cristalino, parte (B) da figura, as moléculas são
dispostas de maneira regular e uniforme. Isto ilustra a diferença física mais importante
entre as formas de matéria cristalina e não-cristalina. Matéria cristalina natural é rara.
Um exemplo de matéria que é cristalina em sua forma natural é o diamante, que é car-
bono cristalino. A maioria dos cristais é manufaturado.
A Cristal de quartzo
V comprimido

1 ::c;;:;::;::E:;·:=:·;;::·=1:=+ ==!-J.'::. '


Molécula de matéria não cristalina
(A) (C)
Cristal de quartzo
c;:::===:;::;:::::i=l descomprimido
+ :F==:::::;;:-, Fluxo de
C::::==:::;;:= elétrons

Molécula de matéria cristalina


(B} (O)
Fig.2-20.- (A) Estrutura não cristalina, (B) Estrutura cristalina
(C) Compressão de um cristal, (D) Descompressão de um cristal

Cristais de certas substâncias, tais como o sal de Rochelle ou o quartzo, apresen-


tam características elétricas peculiares. Essas características ou efeitos são denomina-
das "piezoelétricos". Por exemplo, quando um cristal de quartzo é comprimido, con-
forme é mostrado na figura 2-20 (C), os elétrons tendem a se mover através do cristal.
Essa tendência cria uma diferença elétrica de potencial entre as duas faces opostas do
cristal. (As razões fundamentais para essa ação são desconhecidas. Entretanto, a ação

43
é previsível e, assim, utilizável). Se um fio externo é conectado enquanto a pressão e
a f.e.m. estão presentes, os elétrons circularão. Se a pressão é mantida constante, o fluxo
de elétrons continuará até que as cargas se igualam. Quando a força é removida, o cris-
tal é descomprinúdo e imediatamente dá origem a uma força elétrica em direção oposta,
como mostrado na parte D da figura. Dessa forma, o cristal é capaz de converter força
mecânica, seja ela pressão ou tensão, em força elétrica.
A capacidade de potência de um cristal é extremamente pequena. Contudo, eles
são úteis em virtude de sua grande sensibilidade ãs variações de força mecânica ou ãs
alt ações de temperatura. Devido a outras características não mencionadas aqui, os
cristais são mais largamente empregados em equipamentos de comurucação.

Tensão produzida pelo calor


Quando um pedaço de metal , tal como o cobre, é aquecido em uma extrenúda-
de , os elétrons tendem a se mover, afastando-se da extrenúdade aquecida, e se dirigem
para a extrenúdade mais fria. Isto é verdadeiro para a maioria dos metais. Entretanto,
em alguns, tal como o ferro, a ação é contrária e os elétrons tendem a se mover EM
DIREÇÃO ã extrenúdade quente. Essas características são ilustradas na figura 2-21.
As cargas negativas (elétrons) movem-se no cobre no sentido de se afastarem da região
quente, e no ferro, no sentido daquela região. Elas passam do ferro para o cobre através
da junção quente, e do cobre, através do medidor de corrente, para o ferro, pela junção
fria. Este dispositivo é geralmen te denorrúnado de termocuplo (par termoelétrico).
Os pares termoelétricos apresentam capacidades de potência algo maiores que

Fig. 2-21. - Produção de tensão pelo calor.

44
Passagem de lu.z
em camada semi- Fluxo de
Fonte transparente e elétrons
de luz fotoelétrons
coletados \
O dode aa
cobre fotos- '---+---.:r....;_--.o...
sensível
Camada de cobre
puro (8)

Fig.2-22.- Produção de tensão pela luz.

os cristais, mas sua capacidade ainda é muito pequena, se comparada com algumas outras
fontes de energia. A tensão termoelétrica em um termopar depende, principalmente,
da diferença de temperatura entre as junções quente e fria. Conseqüentemente larga-
mente empregado para medir temperatura e, como instrumento sensível ao calor, em
equipamento automático de controle de temperatura. Os pares termoelétricos geral·
mente podem ser submetidos a muito maiores temperaturas que os termômetros comuns,
tais como os tipos de mercúrio ou de álcool.

Tensão produzida pela luz


Quando a luz incide sobre a superfície de uma substância, ela pode deslocar elé-
trons de suas órbitas nos átomos superficiais da substância. Isso ocorre porque a luz,
como qualquer força de movimento, possui energia.
Algumas substâncias, normalmente metálicas, são muito mais sensíveis ã luz do
que outras. Quer dizer, maior número de elétrons será deslocado e emitido da super-
fície de um metal altamente sensível, com uma determinada quantidade de luz, do
que o número de elétrons que será emitido de uma substância menos sensível. À me-
dida que perde elétrons, o metal fotossensível (sensível à luz) torna-se carregado posíti·
vamente, e urna força elétrica é criada. A tensão produzida desta forma é denominada
"tensâ'o fotoelétrica".
Os materiais fotossensíveis mais comumente usados para produzir urna tensão foto·
elétrica são vários compostos de óxido de prata ou óxido de cobre. Um dispositivo com·
pleto que opera segundo o princípio fotoelétrico é chamado de "célula fotoelétrica". Há
muitos tamanhos e tipos de células fotoelétricas em uso, cada uma das quais servindo a
um fun especial para o qual foi projetada. Aproximadamente todas, entretanto, possuem
alguns detalhes básicos das células fotoelétricas, mostrados na figura 2-22.
A célula mostrada na parte (A) da figura possui' uma superfície fotossensível cur·
vada, cujo foco é um ânodo central. Quando a luz, vinda de uma direção como mostrada,
incide sobre a superfície fotossensível, esta emite elétrons na direção do ânodo. Quanto
mais intensa for a luz, maior será o número de elétrons emitidos. Quando um fio é ligado
entre o filamento e a parte posterior ou lado negro, os elétrons acumulados fluirão para
esse lado. Esses elétrons, eventualmente, passarão através do metal do refletor e substi-
tuirão os elétrons que deixam a superfície fotossensível. Dessa maneira, a energia lumi-
nosa é convertida em um fluxo de elétrons, e urna corrente utilizável é desenvolvida.
A célula mostrada na parte (B) da figura é constituída de camadas. Urna placa-

45
base de cobre puro é coberta com óxido de cobre fotossensível. Uma camada adicio-
nal de metal é colocada sobre o óxido de cobre. Essa camada adicional serve para dois
propósitos:
1. Ela é EXTREMAMENTE fina, a fim de permitir a penetração da luz até o
óxido de cobre.
2. Ela também acumula os elétrons emitidos pelo óxido de cobre.
Um fio conectado externamente completa o caminho para os elétrons, da mes-
ma forma que na célula tipo refletor. A tensão da fotocélula é utilizada conectando-se
os fios externos a algum outro dispositivo que a amplifica (aumenta) até um nível utilizá-
vel para o fim que se desejar.
A capacidade de potência da fotocélula é muito pequena. Contudo, ela reage às
variações de intensidade de luz em tempo extremamente curto. Essa característica toma a
fotocélula muito útil na detecção ou controle preciso de um grande número de pro-
cessos ou operações. Por exemplo, a célula fotoelétrica, ou alguma forma de princípio
fotoelétrico, é usada em câmeras de televisão, reprodução do som cinematográfico,
controle de processo automático de manufatura, travas de porta, alarmes automáticos,
etc.
Tensão produzida por ação qu ímica
Até este ponto, foi mostrado que os elétrons podem ser removidos dos átomos
a que pertencem e postos em movimento pela energia derivada de uma fonte de fric-
ção, pressão, luz ou calor. Em geral, essas formas de energia não alteram as moléculas
das substâncias atuantes no processo. Isto é, nesses processos, não são adicionadas,
retiradas ou divididas as moléculas das matérias envolvidas no processo. A ação envolve
tão-somente elétrons.
Quando as moléculas de urna substância são alteradas, a ação é conhecida como
QUJMICA. Por exemplo, se as moléculas de uma substância se combinam com átomos
de outra substância, ou se ela cede alguns dos seus átomos, a ação é de natureza quími-
ca. Tal ação sempre altera o nome e as características da substância afetada. Assim,
quando átomos de oxigênio do ar entram em contato com o feno-que não possua camada
protetora e são por ele absorvidos, o ferro se "oxida", a substância se altera, e surge
a ferrugem. Neste caso, as moléculas do ferro se alteraram por ação química.
Em alguns casos, quando átomos são adicionados ou retirados das moléculas de
urna substância, a mudança química fará com que a substância adquira uma carga elé-
trica. O processo de produção de tensão por ação química é usado em baterias e será
discutido no Capítulo 3 desta coletânea.

Tensão produzida pelo magnetismo


Os ímãs ou dispositivos magnéticos são usados em milhares de aplicações. Uma
das aplicações mais freqüentes e útil é na produção de grandes quantidades de energia
elétrica, utilizando-se, no processo, uma fonte de energia mecânica. A potência mecâ-
nica pode ser fornecida por diferentes fontes, tais como máquinas a diesel ou a gaso-
lina, turbinas hidráulicas ou a vapor. A conversão final dessas fontes de energia em eletri-
cidade é feita por geradores que empregam o princípio da indução eletromagnética. Esses
geradores, de diversos tipos e tamanhos, serão discutidos posteriormente neste livro.
O importante, no momento, é conhecer os princípios fundamentais de TODOS os gera-
dores que utilizam a indução eletromagnética.
Três condições são essenciais para que seja produzida f.e.m. por meio do mag-

46
netismo. Vore poderá aprendê-las bem porque as encontrará com bastante freqüência.
1. Deve existir um CONDUTOR, no qual a tensão será produzida.
2. Deve existir um CAMPO MAGN:eTICO nas proximidades do condutor.
3. Deve haver MOVIMENTO RELATIVO entre o campo e o condutor. O con-
dutor deve ser movido de maneira a cortar as linhas de campo magnético, ou o campo
magnético deverá ser movido de maneira que suas linhas de força sejam cortadas pelo
condutor.
De acordo com essas condições, quando um ou mais condutores ATRAVESSAM
um campo magnético, de forma tal que cortam as suas linhas de força, os elétrons que
estão NO INTERIOR do condutor sã'o impelidos em um ou outro sentido. É criada,
desta forma, uma força elétrica ou tensão.
Observe, na figura 2-23, a presença de três condições necessárias à produção da
tensão.
1. Há um campo magnético entre os pólos do únã.
2. Há um condutor (um fio de cobre).
3. Há movimento relativo. O fio move-se para a frente e para trás CORTANDO as
linhas de força.
Na parte (A) da figura, o condutor se move NO SENTIDO DO LEITOR No con-
dutor, elétrons fluem da esquerda para a direita criando uma diferença de potencial entre
os extremos. Tal fato é provocado por uma força eletromotriz (FEM) induzida magnetica-
mente e que exerce sua ação sobre os elétrons do cobre. A extremidade direita do con-
dutor torna-se negativa e a esquerda, positiva. Na parte (B) da figura, o condutor parou
de se mover e desaparece a tensão. Na parte (C), o condutor se desloca no sentido con-
trário. Novamente uma tensão é induzida, desta feita com polaridade trocada. Os elé-
trons se movem da direita para a esquerda. Observe que urna inversão na direção do
movimento do condutor provoca uma inversão no deslocamento de elétrons no condutor,
invertendo assim a polaridade da tensa-o induzida.
Se o circuito elétrico for fechado por meio de um condutor externo, como é mos-
trado na figura na parte (D), elétrons fluirão no terminal negativo para o terminal positivo
do condutor. O fluxo de elétrons será mantido enquanto houver diferença .de potencial.
Observe que a tensão induzida poderia também ser produzida mantendo-se estacionário
o condutor e deslocando-se o campo magnético para frente e para trás.
Em capítulos posteriores desta coletânea, sob o título de "Geradores", vore estu-
dará os aspectos mais complexos da produção de energia elétrica, usando-se movimento
mecânico e o magnetismo.

CORRENTE ELÉTRICA

O deslocamento ou fluxo de elétrons no condutor é denominado CORRENTE


ELÉTRICA. Nos estudos antigos da eletricidade assumiu-se erroneamente que a cor-
rente era produzida pelo movimento de elétrons do potencial positivo para o potencial
negativo. Essa suposição denominada "fluxo convencional da corrente", marcou pro-
fundamente a mente de muitos cientistas, técnicos e autores. Conseqüentemente, essas
polaridades para o fluxo de corrente são indicadas em muitos livros textos e esse con-
ceito de movimento dos elétrons deve ser compreendido. Foi provado que o sentido
de movimento dos elétrons é de uma região de potencial negativo para urna região de
potencial menos negativo, ou seja, potencial mais positivo. Vários termos poderão ser

47
encontrados neste e em outros livros se referindo ao fluxo de corrente. Os termos
corrente, fluxo de corrente, fluxo de elétrons, corrente de létrons, etc. podem ser usados
para descrever o mesmo fenômeno. Entretanto, o leitor deverá compreender que, inde-
pendentemente do termo usado, o movimento dos elétrons será sempre de um potencial
negativo para um potencial positivo.
A corrente elétrica é geralmente classificada como sendo de dois tipos: (1) cor-
rente contínua (CC) e (2) corrente alternada (CA). A corrente contfuua flui sempre
no mesmo sentido ao passo que a corrente alternada periodicamente inverte o sentido.
Esses dois tipos de corrente serão estudados em detalhe neste manual. A fim de deter-
minar a quantidade de elétrons que fluem em um determinado condutor, é necessário
seja adotado uma unidade de medida para esse fluxo. O termo AMP RE foi adotado
e é usado como unidade de medida para expressar o fluxo de elétrons. Seu símbolo é

Sentido do
movimento (8)

(C) (O)

Fig. 2-23. - Tensão produzida pelo magnetismo.

48
o L O fluxo de corrente é medido em amperes. Um ampere pode ser definido como
sendo o fluxo de 6,28 X 10 18 elétrons passando por um determinado ponto do con-
dutor.
Uma unidade de quantidade de eletricidade é deslocada no circuito elétrico quan-
do flui um ampêre de corrente durante o tempo de 1 segundo. A unidade é equivalente
a 6,28 X 10 18 elétrons e é denominada COULOMB. O coulomb está para a eletricidade
assim como o litro está para a água. O súnbolo para o coulomb é Q. O fluxo de corrente
em ampthes e a quantidade de eletricidade que se move no circuito guardam um fator
comum de tempo. Assim, a quantidade de carga elétrica, em coulombs, que se move
através do circuito é igual ao produto da corrente em ampêres, I, e a duração do fluxo em
segundos t. Expresso na forma de equação:

Q=It

Por exemplo, se uma corrente de 2 ampêres flui em um circuito durante 10 segun-


dos, a quantidade de eletricidade deslocada !10 circuito é de 2 X 10 ou 20 coulombs.
Inversamente, a corrente pode ser expressa em termos de coulombs e o tempo em segun-
dos. Assim, se 20 coulombs se d locar em um circuito no tempo de 10 segundos, a cor-
rente será de 20/10 ou 2 amperes. Observe que o fluxo de corrente em amperes se refere à
razão do fluxo em coulombs ou de segundos. Uma corrente de 2 amperes é equivalente ao
fluxo de 2 coulombs por segundo.

RESISTtNCIA

Todos os materiais oferecem uma certa resistência ou oposição à passagem da


corrente elétrica. Bons condutores, tais como o cobre, prata e alumínio, oferecem pou-
quíssima resistência. Condutores pobres ou isolantes, tais como o vidro, a madeira e
o papel, oferecem alta resistência ao fluxo de corrente.
O tamanho e o tipo do material a ser usado como fio em um circuito elétrico é
escolhido de maneira a manter tão baixa quanto possível a resistência elétrica. Dessa
maneira, a corrente pode fluir facilmente pelo condutor, como a água flui pelo cano que
liga os dois tanques da figura 2-19. Se a pressão da água permanecer constante, o fluxo
de água no cano dependerá do quanto a válvula está.aberta. Quanto menor a abertura,
maior será a oposição ao fluxo e menor a razão de vazão em litros por segundo.
No circuito elétrico, quanto maior o diâmetro do fio, menor a resistência elétrica
ao fluxo de corrente. Fazendo analogia com a água, a oposição no condutor é equiva-
lente ao atrito no cano. Essa fricção mecânica é semelhante ã resistência elétrica. A
resistência do cano à passagem da água depende (I) do comprimento do cano, (2) do
diâmetro do cano e (3) da natureza das partes internas do cano - lisa ou corrugada.
Similarmente, a resistência elétrica dos condutores depende (I) do comprimento do
condutor, (2) ·do diâmetro do condutor e (3) do material com que é feito o condu-
tor -cobre, alumínio, etc.
A temperatura também afeta a resistência dos condutores elétricos. Na maioria
dos condutores - cobre, alumínio, ferro, etc. - a resistência aumenta com o aumento
da temperatura. O carbono é uma exceção. No carbono, a resistência ôhnúca diminui
com o aumento da temperatura. Certas ligas de metais, tais como o manganês e o cons-
tantan, têm uma resistência que não se altera apreciavelmente com a mudança de tem-
peratura.

49
A resistência relativa de diversos condutores, de mesmo comprimento e diâmetro,
é dada na tabela abaixo, usando-se a prata como referência de valor igual a 1. Os outros
metais são relacionados na ordem ascendente de resistência.

Prata.... ........... . ............ . .. . 1


Cobre ...... ......... ...... . ........ . 1,08
Ouro .................. . ............ . 1,4
Alumínio.................. .......... . 1,8
Platina.. . ........................ . . . . 7,0
Chumbo . . .......................... . 13,5

A resistência no circuito elétrico é expressa pelo símbolo R. Componentes elé-


tricos fabricados especialmente para apresentarem uma resistência defmida, são cha-
mados RESISTORES. A resistência é medida em OHMS. Um ohm é definido como a
resistência de um elemento do circuito que permite a passagem constante de corrente
igual a um ampere (1 coulomb por segundo) quando é aplicada ao circuito uma força
eletromotriz constante cujo valor é igual a um (I) volt.

CONDUTÁNCIA

A eletricidade é um estudo que freqüentemente é explicada em termos de opostos.


O termo exatamente oposto da resistência é a condutância. A condutância (G) é a capa-
cidade de um material deixar passar elétrons. A unidade da condutância é o mho, que
é "ohm" de trás para diante. Ao passo que o símbolo da resistência é a letra grega n
(omega), e o da condutância é U, omega de cabeça para baixo. A relação entre a resis-
tência e a condutância é recíproca:

1 1
R =- e G=-
G R

Se a resistência de um material é conhecida, a divisão de um por seu valor dará a con-


dutância. Analogamente, se a condutância é conhecida, dividindo-se um por seu valor,
dará a resistência.

50
Ca pítulo 3

Baterias

As baterias são dispositivos acumuladores de energia que encontram grande apli·


cação como fonte de tensão CC em automóveis, lanchas, aeronaves, navios, sistemas
telefônicos e em equipamentos portáteis de iluminação. Em alguns casos, elas são usa·
das como a única fonte de potência. Em outros, constituem a fonte secundária de
energia.
Uma bateria consiste de diversas pilhas montadas em 'um recipiente comum e
ligadas entre si, para funcionar como fonte de energia elétrica.

A PILHA

Uma pilha é um dispositivo que transforma energia quúnica em energia elétrica.


A pilha mais simples, conhecida como pilha galvânica ou voltaica, é mostrada na figura
3-1. Ela consiste de uma barra de carbono (C) e urna barra de zinco (Zn) suspensa em
uma solução de água (H2 0) e ácido sulfúrico (H2 S04 ).
A pilha é a unidade fundamental da bateria. Urna pilha simples consiste de duas
tiras ou eietrodos localizados dentro de um recipiente que contém, também, a sol ução
eletrolítica.

Eletrodo
Os eletrodos são os condutores pelos quais a corrente deixa ou retoma ao ele·
trólito. Na pilha simples, os eletrodos são as tiras de carbono e zinco mergulhados no
eletrólito. Na pilha seca (figura 3-2), os eletrodos são a haste de carbono no centro,
e o invólucro de zinco que envolve todo o conjunto.

O Eletrólito
O eletrólito é a solução que age sobre os eletrodos nele localizados. O eletrólito
pode ser urna solução salgada, ácida ou alcalina. Na pilha galvânica simples e na bateria
para automóveis o eletrólito é de forma líquida. Nas pilhas secas o eletrólito é pastoso.

Pilhas primárias
São chamadas pilhas primárias as do tipo em que a ação química destrói um dos
eletrodos, normalmente o negativo. Quando isso ocorre, o eletrodo deve ser substituído
ou toda a pilha é jogada fora. No tipo da pilha galvânica, quando a ação química destrói
o eletrodo de zinco, substitui-se o zinco e troca-se a solução eletrolítica. No caso das
pilhas secas, é usualmente mais barato comprar urna nova pilha. Algumas pilhas são
fabricadas de maneira a poderem ser recarregadas.

51
Pilhas secundárias
Sã'o chamadas pilhas secundárias aquelas nas quais os eletrodos e a solução eletro-
lítica sã"o alteradas pela açã'o quínúca que se pro ssa quando a pilha fornece corrente.
Essas pilhas podem ser restauradas para a condição original fazendo-se fluir uma cor-
rente elétrica em sentido oposto ao da corrente de descarga. As baterias tipo acumula-
dor usadas nos automóveis sã'o um exemplo comum de pilha secundária.

ABATERIA
Uma bateria consiste de duas ou mais pilhas ou elementos localizados em um
recipiente comum. As pilhas sã'o ligadas entre si em série, em paralelo, ou em qualquer
forma de combinação série e paralelo; dependendo da quantidade de tensão ou cor-
rente que se necessite. As ligações das pilhas em uma bateria será discutida oportuna-
mente neste capítulo.
Ação química nas baterias
Se um condutor é ligado externamente entre os eletrodos de uma pilha, pressio-
nados pela diferença de potencial entre os eletrodos, fluirão elétrons de zinco (eletrodo
negativo) através o condutor externo para o eletrodo de carbono (positivo), retomando
pela solução para o eletrodo de zinco. Decorrido um curto período de tempo, o zinco
começa a se desgastar devido à ação de "queima" do ácido. Se o zinco for envolto em
oxigênio, ele se queima (oxida-se) como um combustível. Sob esse aspecto, a pilha é
semelhante a uma fornalha quínúca na qual a energia fornecida pelo zinco é transfor-
mada em energia elétrica ao invés de energia calorífica.
A grandeza de tensã'o entre os eletrodos depende do material que entra na sua
fabricação e da composição da soluçã'o eletrolítica. A diferença de potencial entre os
eletrodos de carbono e de zinco imersos em uma solução de ácido sulfúrico e água é
de aproximadamente 1,5 volts.
A corrente que uma pilha primária pode fornecer depende da resistência do cir-
cuito completo, incluída a resistência da própria pilha. A resistência interna da pilha
primária depende do tamanho e espaçamento dos eletrodos, e da resistência da solu-
çã'o. Quanto maiores os eletrodos e menor o espaço entre eles (sem se tocarem), me-
nor será a resistência interna da pilha e maior a quantidade de corrente que p,oderá ser
fornecida à carga. -.........
Quando flui corrente pela pilha, o zinco gradualmente se dissolve na solução e
o ácido é neutralizado. Uma equaçã'o química é às vezes usada para mostrar a ação
quínúca que se processa. Os símbolos na equação representam os diferentes materiais
que sã'o usados. O símbolo para o carbono é C e para o zinco, Zn. A equação é quanti-
tativa e equaciona o número de partes dos materiais usados antes e depois da oxidação
do zinco. Deve ser recordado, no Capítulo 2, que a matéria é composta de átomos e
moléculas, sendo o átomo a menor parte de um elemento e a molécula a menor parte
de um composto.
Um composto é a combinação quínúca de dois ou mais elementos no qual as pro-
priedades físicas do composto são diferentes dos elementos que o compõem. Por exemplo,
urna molécula de água, H 2 O, é composta de dois átomos de hidrogênio, H2 , e um átomo
de oxigênio, O. Tanto o hidrogênio Como o oxigênio são gases, mas quando combinados
como indicado acima, eles formam a água, um líquido. Por outro lado, o ácido sulfúrico,
H2 S04, e água, H2 O, formam uma mistura (não um composto) porque a identidade
de ambos os líquidos é preservada quando são misturados.

52
Quando uma corrente flui através de uma pilha primária com eletrodos de carbono
e zinco em uma soluçã"o de ácido sulfúrico e água, a reação química que se processa pode
ser expressa como:

Zn + H2 S04 + H2 O ZnS04 + H2 O + H2 t
descarga
A expressão indica que conforme a corrente flui, uma molécula de zinco se com-
bina com uma molécula de ácido sulfúrico para formar uma molécula de zinco sulfa-
tado (ZnS04) e uma molécula de hidrogênio (H2 ). O zinco sulfatado se dissolve na
soluÇ[o e o hidrogênio aparece como bolhas de gás em torno do eletrodo de carbono.
Com a contin uação do fluxo de corrente, o zinco é gradualmente consumido e a solução
muda para zinco sulfatado e água. O eletrodo de carbono não entra na mudança quí-
mica, fornecendo, tã"o-somente, em percurso de retomo para a corrente.
No processo de oxidaçã"o do zinco, a soluçã"o cria íons positivos e negativos que
se movem em direções opostas na soluÇ[o (figura 3-1). Os íons positivos são íons de
hidrogênio que aparece.Jl:! em tomo do eletrodo de carbono (terminal positivo). Eles
sã"o atraídos para o eletrodo pelos elétrons livres do zinco que estão retomando para a
pilha através da carga externa e do terminal positivo de carbono. Os íons negativos
são íons so4 que aparecem em tomo do eletrodo de zinco. Os íons posi tivos de zinco
entram na solução em tomo do eletrodo de zinco e combinam com os íons negativos
S04 para formar o sulfato de zinco, ZnS04 , uma substância branco-acinzentada que
se dissolve na água. No mesmo instante em que os íons positivos e negativos estão se
movendo em direções opostas na solução, elétrons se deslocam através o circuito exter-
no do terminal negativo de zinco, através da carga e de volta ao terminal posi tivo de
carbono. Quando o zinco é todo consumido, a tensão da pilha é reduzida a zero. Não

Zinco
tZ)n...-._ 1

Fig. 3-1. - Pilha voltaica simples. Fig.3-2. - Pilha seca, vista seccionada.

53
há diferença apreciável de potencial entre o zinco sulfatado e o carbono em uma solu-
ção de zinco sulfatado e água.

Polarização
A ação quínúca que se processa na pilha (figura 3-1), enquanto flui corrente, causa
a formação de bolhas de lúdrogênio na superfície do eletrodo positivo de carbono até
que toda a superfície é tomada. Essa ação é chamada POLARIZAÇÃO. Parte dessas
bolhas vêm ã superfície da solução e escapam para o ar. Entretanto, a maior parte perma-
nece no eletrodo até que não haja mais espaço disponível para essa formação.
A ação do lúdrogênio preso no eletrodo positivo é a de criar uma força eletro-
motriz em direção oposta ã da pilha, aumentando assim a resistência interna efetiva,
reduzindo a capacidade de corrente e diminuindo a tensão nos bornes da pilha.
Uma pilha altamente polarizada não apresenta saída útil. Há diversas maneiras
para evitar a polarização ou para eliminá-la após a ocorrência. O método mais simples
consiste em remover o eletrodo de carbono e limpá-lo, eliminando assim as bolhas.
Quando o eletrodo é recolocado no eletrólito, a f.e.m. e a corrente ser!io novamente
normais. Este método não é prático porque a polarização ocorre rapidamente e de ma-
n'eira contfuua na pilha voltaica. Uma forma comercial de pilha voltaica, conhecida
como pilha seca, emprega, como parte do material do eletrodo de carbono, uma subs-
tância rica em oxigênio que por ocasião da polarização se combina quimicamente com
o Iúdrogênio formando água (H2 0). Um dos melhores agentes despolarizantes usados
é o dióxido de manganês (Mn02 ) que fornece oxigênio suficiente para combinar com
todo o lúdrogênio de maneira que a pilha fica praticamente livre de polarização.
A ação química que se processa pode ser expressa como:

O dióxido de manganês combina com o hidrogênio para formar água e uma forma
reduzida de óxido de manganês. Assim é eliminada a f.c.e.m. de polarização e a tensão nos
bomes e a corrente de saída são mantidas em níveis normais.

Ação local
Quando o circuito externo é aberto, a corrente cai a zero e teoricamente cessa toda
ação química dentro da pilha. Entretanto, o zinco comercial contém muitas impurezas
tais como ferro, carbono, chumbo e arsênio. Essas impurezas formam pequenas pilhas
dentro do eletrodo de zinco que provocam correntes entre o zinas impurezas. Dessa
maneira, o zinco é oxidado ainda que a pilha esteja com o circuito externo aberto. A
destruição do zinco com o circuito aberto é denominada AÇÃO LOCAL. Por exemplo,
conforme mostrado na figura 3-3, existe urna pequena pilha local em uma placa de
zinco contendo impurezas de ferro. Fluem elétrons entre o zinco e o ferro e a solução
em torno da impureza se ioniza. Os íons negativos so4 combinam com os íons posi-
tivos Zn para formar ZnS04 • Assim, o ácido é dissolvido na solução e o zinco é des-
truído.
A ação local pode ser evitada utilizando-se zinco puro (o que n!io é prático);
banhando-se a placa de zinco com mercúrio, ou adicionando uma pequena percentagem
de mercúrio durante o processo de fabricação. O tratamento do zinco por meio de mer-
cúrio é chamado AMALGAMENTO do zinco. Como o mercúrio é 13,6 vezes mais pesa-
do do que o mesmo volume de água, pequenas partículas de impurezas, com relativa-

54
mente pouco peso quando com-
parado com o mercúrio, emer-
gem para a superfície do mercú-
rio. A remoção dessas impurezas
do zinco evita a ação local. O
mercúrio não é afetado pelo áci-
do e mesmo quando a pillia está
fornecendo corrente para a car-
ga, o mercúrio continua a agir
sobre as impurezas fazendo-as vi-
rem à superfície do eletrodo de
zinco e flutuarem na superfície
do mercúrio. Esse processo au-
menta razoavelmente a vida da
pillia primária.

Fig.3-3. - Ação local no eletrodo de zinco.

TIPOS DE BATERIAS

O desenvolvimento de novos e diferentes tipos de baterias na última década foi


tão rápido que é virtualmente impossível ter-se um completo conhecimento de todos
os diversos tipos hoje em uso. Os desenvolvimentos mais recentes são as pilhas de prata-
zinco, níquel-cromo, níquel-cádmio, prata-cádmio, magnésio-perclorato de magnésio,
mercúrio, térmica, e bateria ativada pela água:

A pilha (primária) seca


A pilha seca é assim denominada porque o eletrólito não se encontra em estado
líquido. Na realidade, o eletrólito é uma pasta úmida. Se o eletrólito secar, a pilha não
mais terá capacidade para transformar energia química em energia elétrica. O nome
PILHA SECA, dessa maneira, não é rigorosamente correto no sentido técnico.

Características físicas da pilha seca


As características de um tipo comum de pilha seca são mostradas na figura 34.As
partes internas da pilha estão localizadas no invólucro cilfudrico de zinco. O zinco do
invólucro serve como eletrodo negativo da pilha. O invólucro é revestido com um mate-
rial não condutor tal como papel mata-borrão para isolar o zinco da pasta. Um eletrodo
de carbono é inserido no centro e serve como terminal positivo da pilha. A pasta é uma
mistura de diversas substâncias. Sua composição varia segundo o fabricante. Geralmente a
pasta contém alguma combinaçã"o das seguintes substâncias: cloreto de amônia (sal
amoníaco), carvão mineral, carbono moído, dióxido de manganês, cloreto de zinco,
grafite e água.
Essa pasta, que é alojada entre o carbono e o papel mata-borrão, serve também
para suportar o eletrodo de carbono no centro da pilha. No processo de injeção da pasta,

55
um pequeno espaço para expansão é deixado na parte superior. A pilha é então selada
com um cartão saturado de asfalto.
Os eletrodos são ligados a bomes especiais que pemútem a ligação conveniente
da pilha com o circuito externo.
Como ao invólucro de zinco são unidos eletrodos, ele deve ser protegido com um
material isolante. É prática comum fabricarem pilhas alojadas em cilindros e papelão.

Ação química na pilha seca


A pilha seca (figura 34)fundamentalmente igual â pilha voltaica simples {pilha não
seca), descrita previamente, no que concerne à ação química interna. A ação da água
e do cloreto de amoníaco na pasta, em conjunto com os eletrodos de zinco e car- bono,
produz a tensão na pilha. Dióxido de manganês é adicionado para reduzir a polari- zação
quando flui corrente, e o cloreto de zinco reduz a ação local quando a pilha está inativa.
O papel mata-borrão tem a finalidade de evitar um contato inicial direto entre o
eletrólito e o envoltório fazendo com que esse contato se processe lentamente me-
diante flltragem. A pilha é hermeticamente selada para evitar a entrada de ar, o que
provocaria a secagem do eletrólito. Todo o cuidado deve ser observado a fim de evitar a
quebra desse selo.

Características elétricas das pilhas padrão


Um dos tamanhos mais populares e de freqüente emprego é o tamanho número 6.
Tem aproximadamente 2 1/2 polegadas de diâmetro e 6 de comprimento. A tensão é
de 1,5 volts quando nova e diminui conforme a pilha envelhece. Quando a tensão cai
para menos do que 0,75 amperes, 1,2 volts, dependendo das necessidades do circuito,
a pilha é usualmente posta fora de serviço. A quantidade de corrente que uma pilha
pode fornecer e ainda prestar serviços satisfatórios, depende do período de tempo em
que a corrente é solicitada. Por exemplo, se uma pilha número 6 é usada em um rádio
portátil , ela fornecerá corrente constante durante muitas horas. Sob essas condições,
a corrente não deverá exceder de 1/8 amperes, estando dentro da capacidade de cor-
rente constante dessa pilha. Se essa mesma pilha é solicitada a fornecer corrente ocasio-
nalmente , durante curtos períodos de tempo, ela poderá fornecer corrente de alguns
amperes sem sofrer sobrecarga. Conforme diminui o tempo de descarga da pilha e o
intervalo de tempo entre as descargas aumenta, a disponibilidade de corrente para cada
descarga é progressivamente maior, até a quantidade em que a pilha estará fornecendo
corrente em curto-circuito.
O teste de corrente em curto-circuito é outro meio de avaliar as condições de
uma pilha seca. Uma pilha nova, quando curto-circuitada por um amperímetro, não
deverá fornecer corrente inferior a 25 amperes. Uma pilha, para permanecer em serviço,
não deve fornecer menos do que 10 arnpêres quando curto-circuitada.

Características das pilhas tamanho unitário


Outro tamanho popular de pilha seca é o tamanho D, que tem 1 3/8 polegada de
diâmetro e 2 3/4 de comprimento. Esta pilha é também conhecida como pilha unidade.
A sua aplicação mais comum é nos jactares elétricos e em instrumentos de testes. A ten-
são da pilha tamanho D é também de 1,5 volts quando nova. Uma pilha descarregada
pode expandir o vapor. A corrosão e vazamento das pilhas gastas podem estragar o jactor,
instrumentos ou qualquer outro dispositivo que as utilizam. A fun de evitar essa ação,
alguns fabricantes envolvem o recipiente de zinco da pilha em urna blindagem de aço.

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Terminal
positivo

Terminal
negativo

Gaxeta de papel
s. tumdo com
Câmara de afalto
expansão

Arrucl3 de
isolament o
Mistura
despolarizante

Elé trodo
de carbon o

Ca rtão
'C parador
I nvólucro
de zinco

Invólucro

Fig. 3-4. - Vista seccionada de urna pilha seca.


57
Estocagem
A pilha que não é colocada em uso, gradualmente se deteriora em virtude da lenta
açfo química interna (ação local) e da mudança no grau de umidade dos elementos.
Entretanto, essa deterioração é usualmente muito lenta se a pilha for annazenada com
determinados cuidados. Pilhas de qualidade e tamanho grande tal como a número 6 têm
uma vida de estocagem igual a um ano ou mais. Pilhas de tamanhos menores têm pro-
porcionalmente vidas mais curtas que vão até a alguns meses. Se as pilhas forem annaze-
nadas em local frio, a vida na condição de estocagem aumenta sensivelmente. Assim,
para minimizar a deterioração, as pilhas devem ser estocadas em locais refrigerados (- 12 a
1,6 °C).

PILHAS DE MERCÚRIO
Com o advento dos programas espaciais e desenvolvimento de pequenos trans-
ceptores e equipamentos miniaturizados, tomou-se necessária a produção de uma fonte de
potência com tamanho reduzido. Tais equipamentos necessitam de uma pequena bateria
que seja capaz de fornecer o máximo de potência elétrica por unidade de volume sob
condições de temperatura variável e em regime de descarga constante. A bateria de
mercúrio, um dos menores tipos de baterias, atende a esses requisitos.
As atuais baterias de mercúrio sâ"o fabricadas com três estruturas básicas. O tipo
anodo bobinado (figura 3-5 A) é dotado com uma fita de zinco corrugado e papel absor-
vente enrolado de maneira a formar urna pastilha. O zinco é misturado com mercúrio
{10%) e o papel impregnado com o eletrólito que o faz dilatar e produzir uma pressão
de contato positivo.
Na pilha tipo pó prensado (figura 3-5 B e C), o pó de zinco é misturado antes
de ser prensado na forma final. A porosidade da mistura permite impregnação com
oxidação em profundidade no processo de descarga. É usada uma estrutura dupla para
o envoltório nas pilhas de tamanho maior. O espaço entre o envoltório interno e extern o
permite a passagem de gases gerados por um incorreto balanceamento químico ou impu-
rezas presentes no interior da pilha. Com essas características físicas, se ocorrer exces-
siva pressão do gás, a compressão no selo da parte superior permite que o gás escape
para o espaço entre os dois envoltórios. Um tubo de papel cobre o envoltório interior
de maneira que qualquer líquido transportado pela descarga do gás será absorvido, man-
tendo a estrutura de resistência ao vazamento. A liberação de gás em excesso automa-
ticamente fecha o seio da pilha.
NOTA: Tem ocorrido explosões de considerável potência com baterias de mer-
cúrio quando postas em curto-circuito. Cuidados especiais devem ser tomados no sen-
tido de assegurar a não ocorrência de curto-circuito acidental.
A ação química total pela qual a pilha de mercúrio produz eletricidade é dada
pela seguinte fórmula química:

ZnO+H2 0 +Hg

Esta ação, a mesma dos outros tipos de pilhas, é um processo de oxidação. O


eletrólito alcalino está em contato com o eletrodo de zinco. O zinco se oxida (Zn muda
para ZnO), tomando átomos de oxigênio das moléculas de água do eletrólito. Tal fato
provoca o aparecimento de íons positivos de hidrogênio que se movem na direção da
pastilha de óxido de mercúrio, causando a polarização. Esses íons de hidrogênio absor-
vem oxigênio do óxido de mercúrio (mudando HgO para Hg). Quando uma molécula

58
externo
Ânodo em espiral
de zinco e -.J.::fP!Jt#lllttt1
absorvente com
eletrólito alcalino

Pilha com ânodo


em espiral
(A)

Envoltório
interno

Mancal de
adaptação
Envoltório
externo
Pilha com estrutura
em disco
(B)

Face da pilha
superior

externo

Envoltório
interno

de zinco

Estrutura cilíndrica
(C)
Fig.3-S.- Pilhas de mercúrio.

59
de água é destruída no eletrodo negativo, uma molécula é produzida no eletrodo posi-
tivo mantendo constante a quantidade de água. Com a absorção de oxigênio, o eletrodo
de zinco acumula elétrons em excesso o que o toma negativo. Desprendendo oxigênio,
o eletrodo de óxido de mercúrio perde elétrons tomando-se positivo. No estado de des-
carga, o eletrodo negativo é óxido de zinco e o eletrodo positivo é mercúrio comum.

Combinação de pilhas
Geralmente um dispositivo alimentado â bateria requer mafs energia elétrica do
que uma única pilha pode fornecer. O dispositivo pode necessitar maior tensão, maior
corrente ou, em alguns casos, maior tensão e corrente. Sob tais condições, é necessário
combinar ou interligar diversas pilhas. para atender a essas necessidades. Pilhas ligadas
em série fornecem maior tensão, ao passo que pilhas ligadas em paralelo apresentam maior
capacidade de corrente. Para fornecer a potência adequada quando se necessita de maior
potência do que uma única pilha pode fornecer, deve-se interligar uma rede de pilhas
numa combinação série-paralelo.

Fig. 3-6. - Pilhas de reserva.

Pilha de reserva
A pilha de reserva é um tipo de pilha na qual os elementos são conservados secos
até o momento de uso. Nessa ocasião, o eletrólito é admitido e a pilha começa a pro·
duzir corrente. Teoricamente, isso significa que uma pilha de reserva pode ser estocada
por tempo indetenninado antes de ser ativada.
Um novo tipo de pilha de reserva (fig. 3-6) é a pilha de manganês alcalina de tama-
nho padrão D (pilha para jactor elétrico). A pilha de reserva apresenta uma alta eficiência
sobre uma ampla faixa de temperatura e capacidade de fornecer momentaneamente
pulsos de alta corrente da ordem de 12 a 15 ampêres.
A pilha de reserva é fabricada sob o estado de completamente seca com o ele-
trólito mantido em um contentar plástico no interior da pilha. Quando armazenada

60
em condição de não ativada, a vida efetiva da pilha é superior a 10 anos. Para ativar a
pilha, o mecanismo de ativação é girado de 35° para qualquer sentido. A ação libera
um émbolo preso por mola que quebra o envoltório de plástico do eletrólito. A con-
tinuação da rotação permite que seja ativado o mecanismo que remove o disp<)Sitivo,
transformando a pilha no modelo comum. Um dispositivo de segurança é incorporado
para evitar ativação acidental durante o transporte ou manuseio.
O tempo para ativação é de aproximadamente 2 segundos quando a pilha não
está ligada à carga. Sob condições de carga igual a 4 ohms, o tempo de ativação (para
atingir 1,35 volts) é menor do que 5 segundos aos 70 °F (21 °C) e menor do que 30
segundos a 30 °F (- 1 °C).
A pilha é projetada de maneira a nlro ser sensível à posição durante a ativação
ou período de descarga, podendo ser, depois de ativada, usada como qualquer pilha
pómá.ria. Após ser ativada, a pilha poderã ser estocada durante aproximadamente dois
anos menos do que a pilha padrão alcalina.
As pilhas de reserva são utilizadas para iluminação de emergência e equipamentos
de comunicações, dispositivos militares especiais e outro qualquer uso onde o requisito
de armazenagem por longo período de tempo é de capital importância.

1!1 . 2!1 3!1 4!1

Fig.3-7. - (A) Vista de pilhas ligadas em série, (B) esqu ma de ligação em série.

Pilhas ligadas em série


Suponha que uma carga requer tensão de 6 volts e uma capacidade de corrente
igual a 1/8 de ampêre. Como uma pilha fornece 1,5 volts, obvi nte, mais do que uma
pilha será necessária. Para obter o maior potencial, as pilhas são ligadas em série como
mostrado na figura 3-7 (A).
Em um circuito série de pilhas, o eletrodo negativo da primeira pilha é ligado ao
eletrodo positivo da segunda, o eletrodo negativo da segunda ao eletrodo positivo da
terceira e assim sucessivamente. Os terminais positivo da primeira pilha e negativo da

61
última pilha servem como terminais de tomada de tensão total da bateria. Dessa ma-
neira, o potencial é reforçado de 1,5 volts para cada pilha da série. Como há quatro
pilhas, a tensão nos terminais de série será l ,5 X 4 = 6 volts. Quando ligada à carga,
fluirá através da carga e cada pilha de bateria, uma corrente de 1/8 ampere. Dessa forma,
precisaremos de quatro dessas pilhas ligadas em série para alimentar com 6 volts essa
nossa carga em particular.

Pilhas ligadas em paralelo


Suponha que urna determinada carga necessite somente 1,5 volts mas drene uma
corrente de 1/2 ampêre. Suponha que uma pilha fornece somente 1/8 ampêre, para
atender aos requisitos de carga as pilhas deverão ser ligadas em paralelo como mostrado
na figua 3-8 (A). Na ligação em paralelo, todos os eletrodos positivos são ligados a uma

Fig.3-8. - (A) Vista de pilhas


ligadas em paralelo, (B) esquema
de ligação em paralelo.

rr-rr---r--- AMP........---.

carga

(B)

linha e todos os eletrodos negativos a uma outra linha. Não há necessidade de ser ligada
mais do que uma pilha entre as duas linhas. Assim, a tensão entre as linhas será igual
à de qualquer pilha, ou seja, I ,5 volts. Entretando, cada pilha, contribuindo com 1 /8
ampêre, fornecerá uma corrente total 1/8 X 4 = 1/2 ampêre, o que atende perfeitamente
às exigências da carga. Assim, quatro pilhas em paralelo têm capacidade para alimentar
urna carga que requeira 1/2 ampêre a 1,5 volts.

I AMP
I I I I 2
l AMP l AMP l AMP lAMP

-- -- -- -
carga
Fig.3-9. - Pilhas ligadas em --
série-paralelo. -- --

62
Pilhas ligadas em série-paralelo
A figura 3-9 mostra uma rede de baterias fornecendo potência para uma carga
que requer maior tensã'o e corrente do que pode ser fornecida por uma única bateria.
Para atender a exigência de 4,5 volts, três pilhas de 1,5 volts cada são ligadas em série.
Para atender a exigências de 1/2 ampere, quatro desses grupos-série são ligados em para-
lelo, cada grupo-série fornecendo 1/8 ampere.

Pilhas secundárias
As pilhas secundárias funcionam segundo os mesmos princípios das pilhas pri-
márias. Diferem tão-somente no fato de que podem ser recarregadas, o que não acon-
tece com as primárias. Alguns materiais da pilha primária sã'o destruídos no processo
de transformação de energia química em energia elétrica. Na pilha secundária os ma-
teriais são simplesmente transformados de uma forma para outra durante a descarga.
As pilhas secundárias descarregadas podem ser recuperadas (carregadas) forçando-se a
passagem, através da piJha, de uma corrente elétrica de uma outra fonte em direção opos-
ta à corrente de descarga.
As baterias tipo acumulador consistem de um determinado número de pilhas
secundárias ligadas em série. A rigor, essas baterias não acumulam energia elétrica. São,
na verdade, fontes de energia química que produzem energia elétrica. Existem vários
tipos de piJhas para as baterias tipo acumulador. A do tipo ácido-chumbo que produz
uma f.e.m. de 2,2 volts por pilha; a do tipo níquel-ferro-álcali; e a tipo níquel-cadmium-
álcali. Os dois últimos tipos produzem uma f.e.m. de 1,2 volts por pilha e a de prata-
zinco que produz uma f.e.m. de 1,5 volts por pilha. Desses tipos, a de maior emprego
é a do tipo ácido-chumbo que será descrita inicialmente.

BATERIAS DE ÁCIDO-CHUMBO

A bateria de ácido-chumbo é um dispositivo eletroquímico que armazena energia


química até que ela seja liberada na forma de energia elétrica. Os materiais ativos no
interior da bateria reagem quimicamente para produzir um fluxo de corrente contfuua
sempre que um dispositivo de consumo elétrico for ligado aos terminais da bateria.
Essa corrente é produzida por reaçã'o química entre o material ativo das placas (ele-
trodos) e o eletrólito {ácido sulfúrico). A bateria de ácido-chumbo é de grande emprego
em todo o mundo. As partes de uma bateria desse tipo são mostradas na figura 3-10 e
serão discutidas nos parágrafos que se seguem:

Características f ísicas da bateria


A bateria de ácido-chumbo consiste de um certo número de pilhas ligadas de
maneira a se obter a tensã'o desejada. Cada pilha produz aproximadamente 2 volts.
A piJha consiste em uma cuba de borracha dura, plástico ou material betuminoso
na qual são inseridos os elementos da pilha que consistem de duas placas de chumbo
identificadas como placas positiva e negativa (figura 3-11). As placas são isoladas entre
si por separadores (comumente feitos de plástico, borracha ou vidro) e submersas em uma
solução de ácido sulfúrico (eletrólito).
Há uma grande variedade de placas usadas nas baterias de ácido-chumbo. Placas
empastadas, blindadas, Gould, lronclad e outros sã'o os tipos mais comuns. Cada uma

64
dessas placas foi projetada para atender a um fim específico. O tipo mais comum, a
placa empastada, será discutida a seguir.
A placa empastada é feita aplicando-se uma pasta de chumbo oxidado a uma
grade (fig. 3-12) feita com uma liga de chumbo e antimônio. A grade é feita de ma-
neira a dar às placas resistência mecânica, manter em posição o material ativo e per-
mitir adequada condutividade para a corrente elétrica produzida pela ação química.
O material ativo, óxido de chumbo, é aplicado às grades na forma de uma pasta e sub-
metido a um processo de secagem. As placas são a seguir submetidas a um processo
eletroquímico que converte o material ativo das placas positivas em peróxido de chum-
bo esponjoso. Isso é feito emergindo as placas em uma solução eletrolítica e fazendo
fluir entre elas uma corrente elétrica no sentido correto. Esse tipo de placa é relativa-
mente leve quando comparado com os outros tipos de placas que são mais resistentes e
duráveis.
Após a sua formação, as placas são montadas em grupos de placas positivas e placas
negativas. O grupo de placas negativas tem sempre uma placa a mais do que o grupo de
placas posítivas, de maneira que o grupo positivo tem sempre uma placa negativa lhe
fazendo face para a ação química. Isto evita que a expansão e contração que ocorre
nas placas positivas seja a mesma de ambos os lados evitando-se um curto acidental.
Os grupos são a seguir montados com separadores e passam a constituir os elementos
da pilha. Os separadores são ranhurados no sentido vertical em uma face e lisos na outra.
A face ranhurada é montada de frente para a placa positiva para permitir a livre circula-
ção do eletrólito em tomo do material ativo.

Abertura para
enchimento

Terminal para

Fig.3·10. - Bateria de ácido-chumbo.

63
As placas positivas de Grupo de Grupo de
peróxido de chumbo e as pla- placas placas
cas negativas de chumbo es- positivas negativas
ponjoso constituem o mate-
ria] ativo da bateria. Entretan·
to, esses materiais, sozinhos
no interior da cuba, não pro-
duzem ação química, a menos
que haja um percurso para in·
teração entre ambos. O ele-
trólito tem como função for-
necer o percurso para a inte-
ração e transferir a corrente
elétrica no interior da bateria.
A cuba da bateria é o
receptáculo para as pilhas que
no conjunto formam a bate-
ria. A maioria das cubas é Elemento parcialmente montado
construída com borracha en· Fig. 3·11. - Elemen to da pilha.
durecida, plásticos ou compo-
sição betuminosa que são re-
sistentes ao ácido e choques
mecânicos e capazes de su-
portar condições climáticas
extremamente adversas. A
maioria das baterias é mon- ---------
-- --
-- -- -- -- -=.
-
-
= .= .

---------- 1
tada de maneira comparti-
mentada, ficando em cada
compartimento uma pilha. A
parte inferior da cuba é do-
,

-----------_.·i
tada de batentes moldados
que suportam os elementos e

----...··-----
durante o uso da bateria.
A tampa de cobertura da bateria é
comumente feita do mesmo material da cuba.
A tampa é dotada de uma abertura para a saída dos
ter· minais dos elementos ativos
fornecem espaço para sedi-
mentação das partes do mate-
rial ativo que se desagregam

66
-----------.- -...-..;
Fig.3·12. - Construção das placas.
de cada pilha e uma outra onde é atarraxada uma tampa especial para ventilação.
Os conectares das pilhas são usados para ligar as pilhas de maneira a ficarem em
série aditiva. O elemento de cada pilha é localizado de maneira que o terminal nega-
tivo da pilha seguinte seja fisicamente localizado em posição adjacente ao terminal posi-
tivo da pilha seguinte. Os conectares devem ter diâmetro suficiente para transportar a
corrente de demanda da bateria em superaquecimento.
Os plugues de ventilação são fabricados com vários desenhos para funcionar em

65
conjunto com a tampa de ventilação, permitindo o escape dos gases e ao mesmo tempo
impedindo o vazamento do eletrólito. Um plugue de ventilação típico usado nas bate-
rias de automóveis é mostrada na figura 3-10.
Algumas baterias utilizam um tipo de plugue de ventilação à prova de respingos,
o que t'orna possível colocar a bateria em qualquer posição sem que ocorra vazamento
do eletrólito (veja figura 3-13). Esse tipo é de largo emprego nas aeronaves.
O composto de selagem, geralmente feito de uma substância betuminosa, é usado
para formar um selo
entre a tampa da pi-
lha e a cuba. O com-
posto é também re-
sistente ao ácido e
deve suportar as vi-
brações e aquecimen-
tos previstos. O com-
posto da selagem não
deve derreter com as (A)
altas temperaturas do
verão e nem trincar
nas baixas tempera-
turas de inverno. As
baterias que usam cu-
ba de poliestireno
usam um cimento de
poliestireno como
selo.
Os terminais da
saída de uma bateria
de ácido-chumbo são
normalmente distin-
tos pelo seu tamanho
físico e marcas de
1. Aberturn para 3. Passagem de gás
fabricação. O termi- ventilação 4. Passagem de gás
nal positivo marcado 2. Peso de chumbo 5. Bloqueador
(+)é maior do que o
terminal negativo
marcado (-). Fig. 3-13. - Plugue de ventilação à prova de respingos.

Operação da bateria
Na condição de carregada, os materiais ativos na bateria de ácido-chumbo sã'o
peróxido de chumbo (usado na placa positiva) e chumbo esponjoso (usado na placa
negativa). O eletrólito é uma mistura de ácido sulfúrico e água. A densidade (acidez)
do eletrólito é medida em termos da sua gravidade específica: a relaçã'o entre o peso
de um dado volume de eletrólito e o peso de um igual volume de água pura. O ácido
sulfúrico concentrado tem uma gravidade específica de cerca de 1,830 e a água pura,
1,000. Na soluçã'o, a água e o ácido são misturados em proporção de maneira a se obter
a densidade desejada. Por exemplo, um eletrólito para ter densidade de 1,210 requer
aproximadamente uma parte de ácido concentrado para cada quatro partes de água.

66
Em uma bateria carregada, as placas positivas são constituídas de peróxido de
chumbo puro e as placas negativas sa-o de chumbo puro. Na condição de completa-
mente carregada, todo o ácido se encontra na solução eletrolítica de maneira que a
densidade da solução eletrolítica é máxima. Os materiais ativos de ambas as placas posi-
tivas e negativas são porosos e têm propriedades de absorção semelhantes ãs esponjas.
Os poros são saturados com a solução eletrolítica na qual estão imersos. Con-
forme a bateria se descarrega, o ácido, em contato com as placas, deixa a solução e
forma uma combinação química com o material ativo das placas transformando-a em
sulfato de chumbo. Com a continuação da descarga, mais e mais as placas se sulfatam
e menor é a quantidade de ácido na solução eletrolítica. O conteúdo de água na solu-
ção vai ficando progressivamente maior com relação ao conteúdo de ácido. Como con-
seqüência, a densidade diminui gradualmente durante a descarga.
Quando a bateria está sendo carregada, ocorre o inverso. O ácido depositado nas
placas sulfatadas retoma ao eletrólito. Uma carga em excesso não aumenta a densidade
para maior do que a original. Quando a bateria estiver completamente carregada, o ma-
terial da placa positiva será novamente peróxido de chumbo puro e o da placa negativa,
chumbo puro.
A reação entre as placas e o eletrólito produz a energia elétrica. Quando uma
molécula do ácido sulfúrico sai do eletrólito, uma parte dela combina com as placas
negativas do chumbo esponjoso. Isso a toma negativa e ao mesmo tempo provoca a
sulfatação do chumbo. A parte restante da molécula do ácido sulfúrico, perdendo elé-
trons, se transforma em um íon positivo. O íon migra através a solução eletrolítica
para a placa oposta de peróxido de chumbo, dela tomando elétrons. Essa ação neutra-
liza os íons positivos formando a água comum. Essa ação também, em virtude da reti-
rada de elétrons, toma positiva a placa de peróxido de chumbo. No processo, essa placa
também se sulfata.
A ação descrita é representada mais detalhadarnente pela seguinte equação química:

O lado esquerdo da equação representa a pilha carregada e o lado direito representa


a pilha descarregada.
Na condição de carregada, a placa positiva contém peróxido de chumbo, Pb0 2 ,
a placa negativa é composta de chumbo puro, Pb, e a- solução contém ácido sulfúrico,
H2 S04 • Na condição de descarregada, ambas as placas contêm sulfato de chumbo, PbS0 4
e a solução contém água, H 2 O. Com o progresso da descarga, o conteúdo de ácido do
eletrólito é cada vez manor porque é usado na formação do sulfato de chumbo e a den-
sidade diminui. Quando é atingido o ponto em que uma grande parte do material ativo
foi transformada em sulfato de chumbo, a pilha não mais fornece corrente suficiente
para uso prático. Nesse ponto, diz-se que a pilha está descarregada (figura 3-14 (C)).
Como a quantidade de ácido sulfúrico que se combina com as placas em qualquer ins-
tante da descarga é diretamente proporcional aos amperes-horas (produto da corrente
em ampere pelo tempo em horas) da descarga, a densidade do eletrólito é um guia na
determinaça-o do estado de descarga da pilha de ácido-chumbo.
Se a pilha descarregada for ligada convenientemente a uma fonte de carga de
corrente contínua cuja tensão seja ligeiramente maior do que a da pilha, uma corrente
fluirá em sentido oposto ao da corrente de descarga e a pilha se recarregará (figura 3-14
(D))- O efeito da corrente de carga será o de fazer retomar ambas as placas de chumbo
sulfatadas negativas e positivas ã sua forma ativa original de peróxido de chumbo e

67
chumbo esponjoso respectivamente. Ao mesmo tempo, o sulfato retoma ao eletrólito
provocando, como resultado, o aumento na densidade. Quando todo o ácido retoma
ao eletrólito, a densidade será máxima e igual à original. A pilha estará então completa-
mente carregada e pronta para ser novamente utilizada.

ácido sul-
fúrico
HzSO
água H2o

Peróx
esponjoso de chumbo
Pb PbOz

(A) - Canegada (B) - Descarregando Diminuição do


Diminuição no
chumbo esponjoso peróxido de chum-
aumento no bo - aumento no
sulfato de chumbo sulfato de chumbo
t Pb + PbSO. PbO, + PbS0 4

I Solução
1- ...

:
..
Mínimo de
HzSO'I

I Máximo de
H20

(D) -Carregando lC) - Descarregada


Aumento do Aumento de Mínimo de Mínimo de
chumbo esponjoso peróxido de chum- chumbo esponjoso peróxido de chum-
diminuição do bo -diminuição do máximo de sulfato bo - máximo de
sulfato de chumbo sulfato de chumbo de chumbo sulfato de chumbo
PbS04 + Pb PbSO.+ PbO, PbSO.+ Pb PbS04 + PbO,
W5ff Chumbo esponjoso iillPeróxido de chumbo $ Sulfato de chumbo
Fig. 3-14. - Ação química na pilha ácido-chumbo.

É importante lembrar que a adição de ácido sulfúrico em uma pilha descarregada


não a recarrega. A adição do ácido aumenta tão-somente a densidade do eletrólito e não
converte a placa de chumbo sulfatado em material ativo (chumbo esponjoso e peróxido
de chumbo) e conseqüentemente não a traz para a condição de carregada. Para isso, con-
forme explicação, há necessidade de se fazer fluir através da pilha uma corrente de carga.
Quando uma pilha se aproxima da condição de plena carga, a placa negativa libera
gás hidrogênio, H2 , e a placa positiva libera gás oxigênio, 02 • Essa ação ocorre em vir-
tude de a corrente de carga ser maior do que a quantidade necessária para retirar a peque-
na quantidade remanescente de sulfato de chumbo das placas no final de carga. A cor-

68
rente em excesso ioniza a água do eletrólito. Essa ação é necessária a fim de assegurar
carga total da pilha.

Gravidade específica
A relação entre o peso de um certo volume de um determinado líquido e o peso
do mesmo volume de água pura é chamada gravidade específica ou densidade do líquido.
A gravidade específica da água pura é 1,000. O ácido sulfúrico tem uma gravidade espe-
cífica de 1,830; Jogo, o ácido sulfúrico é 1,830 vezes mais pesado do que a água. A gravi-
dade específica da mistura do ácido sulfúrico e água varia entre 1,000, água pura e 1,830,
ácido puro.
Quando uma bateria do tipo acumulador se descarrega, o ácido sulfúrico se esgota
e o eletrólito gradualmente se converte em água. Essa ação fornece um meio para se
determinar o estado de descarga da pilha. A solução eletrolítica comumente usada nas
baterias tem uma densidade de 1,350 ou menos. Geralmente, a densidade das soluções
eletrolíticas usadas nas baterias portáteis na Marinha têm valores entre 1,210 e 1,220.
Há exceções. A densidade do eletrólito usado nas baterias de submarinos, quando car-
regadas, se situa entre 1,250 e 1,265 e nas baterias de aeronaves esse valor fica entre
1,285 e 1,300 quando completamen te carregadas.

Hidrômetro
A gravidade específica de um eletrólito é medida utilizando-se um hidrômetro.
No hidrômetro tipo seringa (figura 3-15), uma porção do eletrólito da bateria é aspi-
rada para o interior de um tubo de vidro por meio de uma pera de borracha presa na
parte superior do hidrômetro.
O flutuador do hidrômetro consiste de um tubo de vidro oco, vedado em ambos
os extremos, e com um peso em um desses extremos. Uma escala calibrada em gravidades
específicas é colocada no eixo axial ao longo do corpo do flutuador. O flutuador do
hidrômetro é colocado no interior da seringa de vidro e o eletrólito a ser testado é aspira-
do para a seringa ficando o flutuador imerso na solução. Quando a seringa é mantida na
posição vertical, o flutuador mergulha na solução até uma certa profundidade. A quanti-
dade de haste livre do flutuador que emerge do líquido depende da densidade da solução.
Quanto maior for a gravidade específica da solução, maior será a flutuação. A leitura feita
na escala da haste ao nível do líquido é a densidade do eletrólito na seringa.
A Marinha usa dois tipos de hidrômetro com escalas diferentes. O hidrômetro
tipo A é usado nas baterias de submarinos e tem dois flutuadores com escalas de 1,960
a 1,240 e de 1,120 a 1,300. O hidrômetro tipo B é usado com as baterias portáteis e-
baterias de aeronaves. A escala do hidrômetro tipo B tem valores entre 1,100 e 1,300.
NOTA: Os hidrômetros deverão ser nivelados diariamente com água fria para evitar
perda de precisão. Os hidrômetros usados para as baterias estocadas só devem ser usados
para aquele flm.

Correções
A densidade do e1etrólito é afetada pela sua temperatura. Quando aquecido, o ele-
trólito se expande, fica menos denso e a gravidade específica diminui. Se resfriada, a solu-
ção eletrolítica se contrai, fica mais densa e a densidade aumenta. O eletrólito em ambos
os casos é o mesmo. O efeito da temperatura é no sentido de distorcer a leitura.
Todas as baterias-padrão da Marinha usam a temperatura de 80 °F (26,6 °C) como

69
temperatura normal para a qual a
leitura da densidade deve ser cor-
rigida. Para essa correção, adicione
4 pontos ã leitura da densidade
para cada 10 °F acima de 80 op, e
Descarregado subtraia 4 pontos para cada 10 °F
abaixo de 80 op_ O eletrólito de
urna pilha deve estar no nível nor-
mal quando da leitura. Se o nível
estiver abaixo do normal, não
haverá fluido suficiente para a
imerslro do flutuador. Se o nível
estiver acima do normal, há excesso
de água. O eletrólito enfraquece e
a leitura é baixa. A leitura será
imprecisa se for feita logo após
a adiÇ[o de água, pois a água
tende a permanecer na super-
fície do eletrólito. Quando se
adiciona água para normalizar
o ni\:el, antes de se tentar qual-
quer leitura, a bateria deve ser
submetida ã condição de carga pelo
menos durante urna hora para mis-
turar o eletrólito.

Correção da densidade
Somente o pessoal autorizado
nos navios-oficina ou nas bases
poderá adicionar ácido às baterias.
Nunca deve ser adicionada a uma
bateria soluÇ[o com densidade
acima de 1,350. Se a densidade
de qualquer elemento estiver acima
da normal, ela poderá ser trazida
para os limites corretos mediante a
retirada de um pouco da solução e a
adiÇ[o de água destilada. A bateria
deverá em seguida ser submetida à
carga durante uma hora e novamen-
te deve ser verificada a densidade.
O processo deve ser repetido até
que se obtenha a leitura desejada.

Preparação da solução eletroütica


O eletrólito de uma bateria
Fig. 3-15. - Hidrômetro tipo "B". completamente carregada contém

70
cerca de 38 por cento de ácido sulfúrico de peso ou cerca de 27 por cento do volume.
Na preparação da solução só poderá ser usado ácido sulfúrico e água destilada que estejam
dentro das especificações determinadas pela marinha. Podem ser adquiridas baterias novas
que vêm acompanhadas de ácido sulfúrico concentrado com gravidade específica de 1,830
ou solução eletrolítica com densidade igual a 1,400, aos quais deve-se adicionar água des-
tilada para se obter a densidade desejada. A vasilha utilizada para a diluição do ácido na
preparação do eletrólito deve ser de vidro, louça, borracha ou de chumbo.
Na preparação da solução, SEMPRE ADICIONE O ÁCIDO À ÁGUA e nunca
despeje água no ácido. O ácido deve ser adicionado à água vagarosamente e com bas-
tante cuidado para evitar aquecimento excessivo e respingos· perigosos. Com uma vareta
não metálica, misture continuamente o ácido com a água para evitar que o ácido, mais
pesado, se deposite no fundo. Quando o ácido concentrado é diluído na água, a solução
fica bastante quente.

Tratamento de queimaduras com ácido


Se o ácido ou a solução eletrolítica de uma bateria entrar em contato com a pele,
a área afetada deverá ser imediatamente lavada com bastante água fresca. Em seguida,
aplique um ungüento tal como vaselina, ácido bórico, ou uma pomada à base de zinco.
Na impossibilidade de aplicar tais medicamentos, espalhe sobre a área afetada uma fina
camada de óleo lubrificante limpo. Bastante água deve ser utilizada quando da lavagem.
Água em pouca quantidade apenas aumentará a extensão da queimadura.
O ácido respingado nas roupas pode ser neutralizado com amônia diluída ou com
solução de bicarbonato de sódio e água.

Capacidade
A capacidade de uma bateria é medida em ampêre-horas. Como previamente men-
cionado, a capacidade em ampêre-hora é igual ao produto da corrente em ampêre e o
tempo em horas durante o qual a bateria fornece corrente. A capacidade ampêre-hora
varia inversamente com a corrente de descarga. O tamanho de um elemento é deter-
minado geralmente por sua capacidade em ampêre-horas. A capacidade de um elemen-
to depende de diversos fatores, sendo os mais importantes: (1) a área das placas em
contato com o eletrólito; (2) a quantidade e a densidade do eletrólito; (3) o tipo de
separadores; (4) as condições gerais da bateria (grau de sulfatação, firmeza das placas,
empeno dos separadores, sedimentos localizados no fundo da cuba, etc.); e (5) o limite
final de tensão.

Oassificação
As baterias tipo acumulador, na Marinha são classificadas segundo as suas capaci-
dades de descarga em ampêre-hora. Todas as baterias, exceto as usadas em aeronaves
e em sistemas amplificadores de som e em receptores, são classificadas como tendo
uma razão de descarga igual a 20 horas. Isto é, se uma bateria com carga plena é com-
pletamente descarregada durante um período de 20 horas, ela tem razão de descarga
de 20 horas. Assim, se uma bateria pode fornecer 20 ampêres continuamente durante
20 horas, a bateria t classificada como tendo uma capacidade de 20 X 20 ou 400 ampêre-
horas. Dessa maneira, a razão de 20 horas é igual â corrente média que a bateria é capaz
de fornecer sem interrupção durante essas 20 horas. (NOTA: As baterias de aeronaves
são classificadas segundo uma razão de descarga para 1 hora). Há baterias de aeronaves
com razão de descarga igual a 6 e 10 horas.

71
Todas as baterias-padrão usadas na Marinha fornecem 100 por cento da sua capa-
cidade disponível se descarregadas em 20 ou mais horas. Se a descarga se der numa
razão maior, a capacidade disponível fica reduzida. Quanto mais rápida for a descarga,
menor será a capacidade ampere-hora da bateria.
O limite baixo de tensã'o, como especificado pelo fabricante, é o limite abaixo do
qual pouquíssima energia útil pode ser obtida da bateria. Por exemplo, no final de um
teste de descarga em 20 horas numa bateria portátil usada na Marinha, a leitura de tensão
obtida nos bornes de saída com a bateria ligada à carga é cerca de 1,75 volts por ele-
mento e a densidade do eletrodo é cerca de 1,060. No final de uma carga, a leitura de
tensão obtida enquanto a bateria está sendo carregada é entre 2,4 e 2,6 volts por ele-
mento. A gravidade específica do eletrólito, corrigida para a temperatura de 80 °F, é
en tre 1,210 e 1,220. Nos climas de 40 °F ou menos, pode ser obtida autorização para
aumentar a gravidade específica para 1,280. Outras baterias com gravidade específica
normal maior também podem ser aumentadas.

Teste de descarga
O teste de descarga é o melhor processo para se determinar a capacidade de uma
bateria. A maioria dos quadros elétricos para carga de baterias possui os elementos
necessários para efetuar os testes de descarga. Se o equipamento não é disponível a
bordo, um navio tênder ou uma base terrestre poderá efetuá-lo. Testes semestrais
de descargas devem ser efetuados para a verificação da capacidade. Devem também ser
efetuados testes de descarga sempre que o eletrólito em qualquer elemento, após a
carga, não possa ser trazido para no mínimo 10 pontos de densidade de carga plena
ou quando se verificar que um ou mais elementos têm tensão menor do que a normal
após uma carga de equalização.
Um teste de descarga deve ser sempre precedido de uma carga de equalização.
Imediatamente após a carga de equalização, a bateria deve ser submetida ao teste de
descarga numa razão de 20 horas ou até que ou (1) e tensão total da bateria caia para
um valor igual a 1,75 vezes o número de elementos em série, ou (2) a tensão em cada
elemento individual caia para 1,65 volts. A razão de descarga deve ser constante durante
o teste. Como as baterias na Marinha são classificadas para 20 horas/capacidade, a razão
de descarga de uma bateria com capacidade igual a 200 ampere/hora é 200/20 ou 10
amperes. Se a temperatura do eletrólito no início da carga não for exatamente 80 °F,
o tempo de duração da descarga deve ser corrigido para a temperatura efetiva da bateria.
Urna bateria com 100 por cento da sua capacidade descarrega numa razão de 20
horas durante as 20 horas do teste sem atingir o seu limite baixo de tensão. Se a bateria
ou um dos seus elementos atinge esse limite antes de concluído o tempo total. de 20
horas, a descarga deve ser imediatamente interrompida e a percentagem da capacidade
deve ser determinada pela equação:
Ha
C=-X 100
Ht

onde C é a porcentagem da capacidade em ampere-hora. Ha é o total de horas de descarga


e Ht o total de horas para a capacidade de 100 por cento. A data para cada teste de des-
carga deverá ser registrada na folha de registro da bateria.
Por exemplo, uma bateria de 6 volts, 200 amperes/hora fornece uma corrente
média de 10 amperes 20 horas. No final desse período, a tensão da bateria cai para
5,25 volts. Em um teste posterior, a mesma bateria fornece uma corrente média de

72
10 amperes durante somente 14 horas. A descarga foi interrompida nesse tempo por-
que verificou-se que a tensã'o em um elemento caiu para 1 ,65 volts. A percentagem
da capacidade da bateria pode ser calculada como:
14
C=-= 100 = 70 por cento.
20

Assim, a nova capacidade ampere-hora dessa bateria é reduzida para 0,7 X 200 =
= 140 amperes-hora.

Estado da carga
Depois que uma bateria é completamente descarregada a partir da sua carga total
na razão de 20 horas, a densidade cai 150 pontos, ou seja, para aproximadamente 1,060.
A redução do número de pontos por ampere-hora na densidade pode ser determinada
para cada tipo de bateria. Para cada ampere-hora tomado da bateria, uma determinada
quantidade de ácido é removida do eletrólito ou se agrega às placas.
Por exemplo, se uma bateria se descarrega de carga plena para o limite de baixa
tensâ'o numa razão de 20 horas e se a bateria fornece 100 amperes-hora com uma queda
em pontos na gravidade específica igual a 150, há uma queda de 1,5 pontos na gravidade
específica para cada ampere-hora fornecido (150/100). Se a redução na gravidade espe-
cífica por ampere-hora é conhecida, a queda em gravidade específica pode ser calculada
em qualquer instante, para qualquer número de ampere-hora fornecido a uma deter-
minada carga. Por exemplo, se 70 amperes-hora são fornecidos pela bateria numa razão
de 20 horas ou outra qualquer, a queda na densidade será 70 X 1,5, ou seja, 105 pontos.
Inversamente, se a queda por ampere-hora na gravidade específica e a queda total
forem conhecidas, os amperes-hora fornecidos pela bateria à carga poderão ser determi-
nados. Por exemplo, se a gravidade específica de uma bateria completamente carre-
gada é 1,210 e cai para 1,150 após ser parcialmente descarregada, a queda na densi-
dade é 1,21O - 1,150, ou 60 pontos e o número de amperes-hora fornecido pela bate-
ria foi 60/1,5 = 40 amperes-hora. Dessa maneira, o número de amperes-hora descarre-
gados de uma bateria pode ser determinado observando-se os três itens que se seguem:
(I) gravidade específica quando a bateria está completamente carregada; (2) gravidade
específica após a descarga da bateria; e (3) redução da gravidade específica por ampere-
hora.
A tensão por si só não é urna indicação segura do estado de carga de urna bateria
exceto quando ela está próxima ao limite baixo de tensão na descarga. Durante a des-
carga a tensão cai. Quanto maior a razão de descarga, mais baixa será a tensão nos bor-
nes de saída. A tensão medida com o circuito aberto (bateria sem fornecer energia a
urna carga) não tem grande significado, já que a variação entre as condições de comple-
tamente carregada e completamente descarregada é bem pequena, cerca de 0,1 volt
por elemento. Entretanto, uma tensão anormalmente baixa indica sulfatação ou outra
deterioração séria nas placas.

Tipos de cargas
Os seguintes tipos de cargas podem ser dados nas baterias do tipo acumulador,
dependendo do estado da bateria. (I) carga inicial , (2) carga normal, (3) carga de equa-
lização, (4) carga de manutenção (flutuação), e (5) carga de emergência.

73
Carga inicial
Quando uma nova bateria é adquirida seca, as placas estão em condição de des-
carregadas. Após a adição da solução eletrolítica é necessário dar uma condição de carga
ãs placas. Isso é feito submetendo-se a bateria a uma CARGA INICIAL com razão de
variação longa e baixa. A carga deve ser dada de acordo com as instruções fornecidas
pelo fabricante juntamente com cada bateria. Se as instruções não são disponíveis, con-
sultas deverão ser feitas para se obter informações detalhadas.

Carga normal
Carga normal é a carga de rotina, dada de acordo com as especificações do fabri·
cante durante o seu ciclo normal de operação e visa retomar a bateria descarregada a
sua condição de carga. A seguinte seqüência deve ser observada:
I. Detemúne a corrente de carga inicial e final da bateria de acordo com as ins·
truções que a acompanham;
2. Adicione, se necessário, água aos elementos;
3. Ugue a bateria ao quadro de carga e certifique-se de que as ligações estão limpas
e firmes;
4. Ligue o circuito de carga e ajuste a corrente através da bateria ao valor requerido
para a corrente inicial;
S. Verifique de hora em hora a densidade e a temperatura do eletrólito dos ele-
mentos;
6. Quando a bateria começa a desprender gases, reduza o valor da corrente final
de carga.
A carga normal é completada quando a densidade dos elementos estiver dentro
dos limites de 5 pontos (0,005) da densidade obtida por ocasião da carga anterior de
equalização.

Carga de equalização
A carga de equalização é um prosseguimento da carga normal, feita durante um
determinado período de tempo numa razão de carga fmal. Ela é dada a fim de assegurar
a completa dessulfatação das placas e retomo de todo o ácido para o eletrólito, trazendo
a sua densidade ao máximo. A carga de equalização continua até que densidade de todos
oe elementos, corrigida a temperatura, permaneça constante durante um período de
4 horas. As leituras deverão ser feitas de meia hora em meia hora.

Carga de manutenção (flutuação)


A bateria pode ser mantida à plena carga se ligada a uma fonte de carga que tenha
uma tensão dentro dos limites de 2,13 a 2,17 volts por elemento de bateria. Nas cargas
de manutenção (flutuação) a razão de carga é determinada mais pela tensão da bateria
do que por um valor definido de corrente. A tensão é mantida entre 2,13 e 2,17 volts
por elemento com a média a mais próxima possível de 2,15 volts.

Carga de emergência
Cargas de emergência são dadas quando uma bateria deve ser recarregada no me-
nor espaço de tempo possível. A carga começa com uma razão bem mais alta do que a
usada para carga normal. Esse tipo de carga é raramente usado, já que todos os equipa-

74
mentos operados a bateria devem ter baterias de reserva carregadas e , principalmente, pelo
fato de que tal tipo de carga pode causar avaria na bateria.

Razão de carga
A razão de carga das baterias na Marinha é especificada na ficha de controle de
vida da bateria. Se o equipamento para carregar a bateria não dispõe de capacidade
para carregar na razão necessária, deve-se usar o equipamento disponível que mais se
aproxime da capacidade exigida. Entretanto, a razão não deve ser alta demais a ponto
de provocar gaseificação violenta. NÃO PERMITA NUNCA QUE A TEMPERATURA
DO ELETRÚLITO EM QUALQUER ELEMENTO ULTRAPASSE 125 °F (51,6 °C).

Tempo de carga
A carga deve continuar até que a bateria esteja completamente carregada. Lei-
turas freqüentes da densidade devem ser feitas durante a carga. Essas leituras deverão
ser corrigidas para a temperatura de 80 °F, e comparadas com a leitura antes da bateria
ter entrado em carga. Se o aumento da densidade em pontos por ampere-hora é conhe-
cido, o tempo aproximado em horas necessário para completar a carga será:

Aumento da gravidade
necessário, em pontos, para completar a carga

Aumento, em pontos, Razão de carga


na gravidade específica X em ampere
por ampêre-hora

Gaseificação
Quando uma bateria está sendo carregada, uma parte de energia é dissipada na
eletrólise da água no eletrólito. Assim, a placa negativa libera hidrogênio e a placa posi-
tiva libera oxigênio. Esses gases borbulham no eletrólito e vêm à tona onde entram em
contato com o ar na parte superior do elemento.
Uma gaseificação violenta, quando é dada a carga inicial, é indicação de que a razão
de carga está muito alta. Se a razão não for muito grande, uma gaseificação regular, que
se desenvolve com o progresso da carga, indica que a bateria se aproxima da condição
de completamente carregada. A mistura de hidrogênio e ar pode ser perigosamente
explosiva. NÃO DEVE SER PERMITIDO FUMAR E PRODUZIR CENTELHAS OU
CHAMAS NAS PROXIMIDADES DAS BATERIAS QUANDO ESTÃO SENDO CAR-
REGADAS.

BATERIAS DE NÍQUEL-CÁDMIO

As baterias de níquel-cádmio são superiores em qualidade quando comparadas com


as baterias de ácido-chumbo. Há tipos de bateria de níquel-cádmio que são física e
eletricamente cambiável com as baterias de ácido-chumbo, mas há tipos que constituem
unidades seladas com plugue e receptáculo padrão. Este tipo de bateria requer menor
manutenção do que as baterias de ácido-chumbo.

75
As baterias de níquel-cádmio e as de ácido-chumbo têm capacidades iguais para
razões de descarga rápida; a bateria de níquel pode:

1. Ser carregada em menor tempo.


2. Fornecer maior quantidade de potência.
3. Permanecer inativa em qualquer estado de carga por tempo indeterminado e
conservar a carga total quando armazenada por um longo período de tempo.
4. Ser carregada e descarregada um número ilimitado de vezes sem desgaste apre-
ciável.
5. Ter substituída apenas uma das pilhas, caso ela se avarie, permanecendo as
demais em serviço.
Devido às suas superiores características, as baterias de níquel-cádmio estão tendo
grande aplicação no campo militar que normalmente exige uma bateria com grande
razão de descarga. Um exemplo é a bateria usada em aeronaves.
Algumas baterias de ácido-chumbo são equipadas com o mesmo conector e recep-
tácolo de conexão rápida usado nas baterias de níquel. Deve-se sempre verificar a placa
de identificação para identificar se a bateria é de ácido-chumbo, níquel-cádmio ou prata-
zinco, já que fisicamente a aparência poderá ser a mesma (figura 3-16).
As placas das baterias de níquel-cádmio são construídas com pó de níquel pulveriza-
do sobre urna tela de fio niquelado. Os materiais ativos (hidróxido de níquel na placa posi-
tiva e hidróxido de cádmio na placa negativa) são eletricamente afixados à estrutura básica
das placas. Os separadores são constituídos de lâminas de plástico, nylon ou um tipo
especial de celofane e montados como se fossem núcleo das placas (veja a figura 3-17).
A fabricação da placa pulverizada da pilha é feita por um processo metalúrgico
de pulverização. O pó de níquel Carbonil é comprimido suavemente em um molde e
em seguida submetido a uma temperatura de 866 °C em um fomo de superaquecimento
ou a urna súbita corrente de grande valor. Ambos os processos fazem com que os grãos
do níquel se soldem nos pontos de contato, obtendo-se assim uma placa porosa que é
aproximadamente 80 por cento orifícios e 20 por cento níquel sólido. As placas são
então impregnadas com os materiais ativos. A seguir, as placas são mergulhadas em uma
solução com sais de níquel, obtendo-se dessa forma as placas positivas e em uma solu-
ção com sais de cádmio, obtendo-se as placas negativas. Os banhos são repetidos até
que as placas fiquem impregnadas com a quantidade de mãterial ativo para a capaci-
dade desejada.
O eletrólito usado nas baterias de níquel-cádmio é constituído de uma solução
na qual 30 por cento de peso é uma solução de hidróxido de potassa e água destilada.
Quimicamente falando, essas quantidades são exatamente o oposto da solução de ácido
sulfúrico usado nas baterias de chumbo. Da mesma forma como nas baterias de chumbo,
há limitações na concentração da solução eletrolítica que pode ser usada nas pilhas de
n íquel-cádmio. A gravidade específica da solução não deve ficar fora dos limites de
1.240 a 1.300 aos 21 °C. O eletrólito na bateria de níquel-cádmio não faz reação quí-
mica com as placas como o eletrólito da bateria de chumbo. O eletrólito serve tão-so-
mente como condutor de corrente entre as placas. Dessa forma, as placas não se dete-
rioram nem a gravidade específica do eletrólito muda apreciavelmen te. Por essa razão,
não é possível determinar-se o estado de carga de uma bateria de níquel-cádmio pela
medição da densidade do eletrólito com um hidrômetro, nem é possível determinar-se
o estado de carga com um teste de tensão porque é uma característica ineren te perma-
necer a tensão constante durante 90 por cento do ciclo de descarga.
Não há necessidade de ventilação externa, pois o desprendimento de gases neste

76
tipo de bateria é praticamente zero. Como precaução de segurança, entretanto, a bate-
ria é dotada com válvulas de escape nos orifícios de enchimento de cada pilha (figura
3-18) a fim de liberar qualquer excesso de gás que se forme se na bateria for dada carga
incorreta.

Determinação do estado de carga


Até o presente não há um processo rápido e simples para se deternúnar o exato
estado de carga. Na bateria de uma aeronave, o único processo prático é medir a tensão
da bateria em circuito aberto. Se a tensão no circuito aberto exceder I ,4 volts por pilha
e a tensão total da bateira for 26 volts (normalmente 28 volts) ou mais, pode-se adrni-

Envoltório

contato
<A>

Fig.3-17. - Pilha.de níquel-cádmio.

(8)

Fig. 3-16.- (A) Bateria


de níquel-cádmio,
( B) Bateria de ácido-
chumbo.

Fig. 3-18. - Válvula de segurança


no terminal negativo das pilhas.

77
tir que a bateria está totalmente carregada. Se a tensã'o por pilha for menor do que 1
volt sob condições de plena carga, ou a tensão total sob plena carga for menor do que
25 volts, pode-se admitir que a bateria está com apenas 10 por cento de carga e deve
ser recarregada.
Na oficina de baterias, ambos os processos para determinação de estado de carga
podem ser usados. O processo de potencial constante consiste em ligar a bateria a uma
fonte de potencial constante de 28,5 volts ± 0,3 volts e observar a corrente de carga.
Se a corrente de carga cair a 3 ampêres ou menos dentro do período de 5 minutos, a
bateria está carrega da. O processo de descarga consiste em ligar à bateria uma c a
que consuma 15 ampêres durante 5 minutos. Se a tensão não cair abaixo de 22 volts
durante o período de descarga, a bateria pode retornar ao serviço após urna breve carga.
A capacidade disponível em ampêres-hora não pode ser determinada com preci-
são. Assim, é recomendável que as baterias, cuja disponibilidade de carga for conhecida,
sejam descarregadas até o ponto determinado pelo fabricante de 1,1 volt e em seguida
recarregada de acordo com as instruções. Esse processo evitará uma possível avaria da
pilha por excesso de carga.

Carga
As baterias de níquel-cádmio devem ser preferencialmente carregadas a uma tem-
peratura ambiente de 21 a 27 °C. Não se deve permitir que a temperatura de uma bateria
em carga exceda 38 °C sob pena de ser excedida a capacidade de carga e produção de
gases. Na oficina, um termômetro deve ser colocado entre as pilhas localizadas no centro
de maneira que o bulbo do termômetro fique localizado abaixo da superfície da pilha.
Sempre que a temperatura atingir 38° ou mais, deve ser interrompida a carga.
A razã'o de carga de uma bateria de níquel depende de dois fatores:
1. tensã'o de carga;e
2. temperatura da bateria.
Nos climas quentes onde a temperatura do ar ao nível do solo atinge 32 °C ou
mais, a bateria pode ser adequadamente carregada com 27 volts. Nos climas temperados,
com temperatura variando desde 2 a 27 °C, a bateria pode ser satisfatoriamente carre-
gada em regime de 27,5 volts. Nos climas frios e gelados, a bateria requer uma tensão
de carga igual a 28,5 volts.
As baterias de níquel foram projetadas e construídas para operar sem o despren-
dimento de gases. A tensão de carga deve ser mantida abaixo da tensão de gaseificação
(aproximadamente 29,4 volts a 26 °C), para se obter longa vida da bateria. Dessa for-
ma, os dispositivos de carga com tensão constante nas oficinas de bateria devem ser ajus-
tados para um máximo de 28 volts. Sob nenhuma circunstância a tensão deve exceder
28,5 volts.
Se a bateria for nova, siga as instruções do fabricante que acompanham cada bate,
ria para dar a carga inicial. Se possível , a bateria deve ser carregada pelo método de
potencial constante.
Para dar carga com potencial constante, mantenha a bateria sob 28 volts durante
4 horas ou até que a corrente caia para um valor inferior a 3 ampêres. Não permita que
a temperatura da bateria exceda 38 C.
Para dar a carga com corrente constante, inicie a carga com 10 ou 15 ampêres e
continue até que a tensão atinja 28,5 volts. Reduza a seguir a corrente para um nível
de 4 ampêres e continue a carga até que a tensão da bateria atinja 28,5 volts ou até que
a temperatura chegue a 38 °C e a tensão comece a declinar. ·

78
NW1ca adicione eletrólito a menos que a bateria esteja totalmente carregada. Per-
mita que a bateria permaneça carregada durante um período de 3 a 4 horas antes de
acrescentar água destilada para trazer o eletrólito ao nível correto. Deve ser usado hidrô-
metro ou uma seringa para introduzir a água destilada. A água deve ser em quantidade
suficiente para cobrir a parte superior das placas. A solução deve ser então misturada
com a água para evitar, nos climas frios, um processo de congelamento da água.

Precauções de segurança
O eletrólito usado nas baterias de níquel-cádmio é o hidróxido de potassa (KOH).
Tal solução é alcalina e tem grande poder de corrosão, devendo portanto ser manipu-
lada com os mesmos cuidados adotados para a solução de ácido sulfúrico (H 2 S04 ).
O pessoal responsável pelos trabalhos de carga das baterias deve sempre usar luvas de
borracha, aventais de borracha e óculos protetores nas operações de reparo e carga das
baterias. Se o eletrólito respingar na pele ou na roupa, a área afetada deve ser imediata-
mente lavada com bastante água ou se possível com vinagre, suco de limão ou uma solu-
ção de ácido bórico. Se a área afetada for os olhos ou a face, submeta a região ao trata-
mento indicado e apresente-se imediatamente ao médico para exame e tratamento espe-
cializado.
Na oficina de bateria, a parte de baterias de níquel-cádmio deve ser um comparti-
mento isolado, separado da parte de baterias de ácido-chumbo.

BATERIAS DE PRATA E ZINCO

As baterias de prata e zinco são de largo emprego em aplicações militares e em


algumas aplicações industriais nas quais as suas características particulares são sufici-
entemente importantes para justificar o seu preço relativamente alto.
As baterias de prata-zinco foram desenvolvidas para atender a um objetivo prin-
cipal e a um objetivo secWldário. O objetivo principal foi assegurar uma grande quanti-
dade de potência elétrica para operações de emergência. O objetivo secWldário foi desen-
volver um tipo de bateria de pouco peso. Uma bateria leve de prata-zinco é capaz de
fornecer tanta corrente quanto urna bateria de chumbo ou de níquel de peso várias
vezes maior.
As baterias de prata tem tensão nominal de operação igual a 24 volts, obtidas
de dezesseis pilhas de 1,5 volts. Os níveis do eletrólito das pilhas devem ser verifica-
dos e ajustados periodicamente. Os outros requisitos de operação que podem ser con-
siderados como manutenção são as operações de recarga da bateria e a conservação da
superfície exposta das pilhas em condições razoáveis de limpeza.

Características
Em virtude da sua extremamente pequena resistência interna, a bateria de prata-
zinco é capaz de descarregar em razões de até 30 vezes a sua razão ampere-hora nor-
mal. A baixa resistência interna (0,0003 ohms por pilha) se deve principalmente à exce-
lente condutividade das suas placas, do pequeno espaçamento entre elas (possível em
virtude da pequena quantidade de eletrólito que possa ser usada) e pelo fato de que a
composição (e conseqüentemente a condutividade) do eletrólito não varia durante a
descarga. A condutividade interna da bateria aumenta durante a descarga. A condutivi-

79
dade interna da bateria aumenta durante a descarga conforme as placas positivas alteram
de óxido de prata para prata metálica.
A grande capacidade elétrica por unidade de peso e espaço é resultado de um menor
espaçamento, do grande grau de utilização do material ativo e da ausência de pesadas
grades de suporte da matéria ativa nas placas. As baterias de prata-zinco são capazes de
produzir seis vezes mais energia por unidade de peso e volume do que qualquer outro
tipo de bateria. As pilhas de prata são produzidas com capacidades que vão desde déci-
mos de ampêres-hora até milhares de ampêres-hora.
Uma boa regulação de tensão é obtida em virtude das características de tensão
relativamente constante de descarga. A tensão nos terminais é essencialmente constante
durante todo o processo de descarga em razões altas tais como de 2 ou 3 horas.
As baterias de zinco apresentam um ciclo de vida em serviço menor do que as
baterias de outros tipos mas, comparativamente, considerando a sua capacidade por uni-
dade de peso e espaço, ela tem vida tão longa quanto a bateria de níquel-cádmio, por
exemplo.

Operação
As características de construção e as reações eletroquímicas que se processam
nas baterias de prata-zinco são de certa forma semelhantes ãs que ocorrem na bateria
de níquel. Quando sob as condições de plena carga, as placas positivas são constituídas
de óxido de prata e as placas negativas de zinco. Conforme a bateria se descarrega, as
placas positivas se transformam em prata metálica e as placas negativas se oxidam. Assim,
quando a bateria está descarregando, os elétrons fluem saindo do cátodo (placas nega-
tivas) para o ânodo (placas positivas) pelo circuito externo.
O eletrólito, hidróxido de potassa em solução aquosa, é constituído de potassa (K)
e íons de hidróxido (OH) que serve somente para transportar a carga elétrica entre as
placas. Dessa forma, a condução eletrônica ou metálica no circuito externo é contra-
balanceada pela condução iônica ou condução eletrolítica através do eletrólito de ma-
neira a manter a transferência de carga de entrada e saída de cada elemento igual.
Como nos outros tipos de pilhas alcalinas e diferentemente das pilhas de ácido-
chumbo, o eletrólito não participa das transformações químicas e, dessa forma, a sua
gravidade específica não se altera com o estado de carga da pilha. Enquanto as placas
estiverem cobertas, a capacidade elétrica da bateria independe da quantidade de eletró-
lito presente.
Em geral, as baterias de prata-zinco requerem manutenção semelhante, sob diver-
sos aspectos, ãs requeridas pelas baterias de ácido-chumbo. O método de teste de tensão
com o circuito aberto é o processo pelo qual se determina o estado de carga da bateria.
Deve ser usado um testador de bateria de prata-zinco ou um voltímetro com divisão
de escala de 0,1 volt com precisão para testar a tensão em circuito aberto da bateria.
Se ,a leitura for inferior a 25,6 volts, remova a tampa da bateria e inspecione a parte
superior verificando se há ocorrência de corrosão ou pilhas avariadas. Se houver qual-
quer avaria, remova e substitua a bateria.

Carga
A bateria de prata-zinco é comumente entregue na condição de seca. Deve ser
usado apenas o eletrólito especial que acompanha cada bateria nova. Alguns tipos de
bateria podem usar eletrólito que contém aditivos especiais. O uso de outros eletrólitos
podem prejudicar a bateria. O eletrólito deve ser conservado em um invólucro fechado

80
e à prova de álcalJs sob pena de absorver dióxido de carbono do ar e se deteriorar. Devem
ser seguidas à risca as instruções para o processo de entrada do eletrólito. (NOTA: As
baterias que não serão usadas dentro de trinta dias devem ser armazenadas em estado
seco).
As baterias de prata são sensíveis ao excesso de tensão durante o processo de carga
e podem se avariar caso a tensão exceda 2,05 volts por pilha. Devem ser tomadas precau-
ções no sentido de evitar que o equipamento de carga seja ajustado precisamente para
cortar a corrente em 28,7 volts.
Quando o processo de carga não é monitorado automaticamente ou periodica-
mente, um sistema de corte de tensão deve ser usado para interromper a corrente de
carga quando a tensão atinge a tensão de 28,7 volts.
Se possível, a carga deve ser fei ta na temperatura ambiente de 15 a 32 °C, e a
temperatura da bateria durante o processo de carga não deve exceder 65 °C medido
na conexão intercelular.
Apesar das baterias de prata não gerarem qualquer gás perigoso durante o processo
de carga e descarga normal, elas liberam gases de oxigênio e hidrogênio durante os pro-
cessos de supercarga. Todos os tampos de ventilação e plugues de borracha esponjosa
devem ser removidos dos orifícios de ventilação durante as operações de carga. Se o ele·
trólito começar a vazar pelos orifícios de ventilação ou se ocorrer excessivo desprendi-
mento de gases a indicação é de que está ocorrendo superaquecimento, devendo a carga
ser interrompida durante 8 horas para permitir o resfriamento da bateria. Após a carga,
as baterias devem permanecer inativas durante pelo menos 8 horas.
O nível do eletrólito de cada pilha de bateria deve ser verificado após a carga e
completado com água destilada caso esteja baixo ou removido o excesso caso esteja alto.
As precauções de segurança relativas às baterias de prata são as mesmas indicadas
para as baterias de níquel.

BATERIAS DE PRATA-CÁDMIO

Um dos mais recentes desenvolvimentos no setor de baterias é a bateria de prata-


cádmio. Geralmente os requisitos mais importantes para avaliação e desenho de uma
bateria slfo relativos à sua alta densidade de energia armazenada, boa regulação de tensão,
longa vida sob condições de armazenagem, repetição dos ciclos de operação e duração
sob condições normais de serviço. A bateria de prata-cádmio foi projetada para atender
a todos esses requisitos. A bateria de prata-cádmio apresenta o dobro de duração sob
condições de armazenagem quando comparada com a bateria de prata-zinco. Essa carac-
terística mais a característica de boa regulação de tensão toma a bateria de prata-cádmio
um elemento altamente desejável que se soma à família das baterias. As limitações apre-
sentadas incluem mais baixa tensão por pilha do que as demais baterias recarregáveis e
o seu alto custo inicial.

81
1BHJOB FN #SBODP

83
Capítulo 4

Circuitos Série CC

CIRCUITO ELÉTRICO SIMPLES

Sempre que duas cargas diferentes são ligadas por meio de um condutor é com-
pletado o circuito para o fluxo de corrente. A corrente, na forma de elétrons, fluirá
da carga negativa para a carga positiva conforme ilustrado no Capítulo 2.
O circuito elétrico é um caminho condutivo completo que não consiste tão-so-
mente do condutor, mas indui, também, o percurso interno da fonte de tensão. A cor-
rente , após fluir no circuito externo, entra no terminal positivo, passa pela fonte , e
emerge no terminal negativo. A figura 4-1 mostra, como exemplo, um circuito elétrico
simples formado por urna pilha e uma lâmpada ligadas por meio de condutores.
A corrente flui do terminal negativo (-) da bateria, passa pela lâmpada, entra
no terminal positivo (+) e através da bateria passa do terminal positivo para o termi-
nal negativo completando o circuito. Enquanto esse percurso não for interrompido,
o circuito é fechado e flui corrente. Se o circuito for interrompido em QUALQUER
ponto, o circuito abre e cessa o fluxo de corrente (veja a figura 4-1 B).
A corrente no circuito externo é o movimento de elétrons na direção indicada
pelas setas (do terminal negativo, através da lâmpada, para o terminal positivo) (veja
a figura 4-1 A). O fluxo de corrente no circuito interno da pilha é o movimento simul-
tâneo, em direçã"o oposta, de íons positivos de hidrogênio na direção do terminal posi-
tivo, e de íons negativos na direçã"o do terminal negativo.

Represen tação esquemática


Um ESQUEMA é um diagrama no qual são usados símbolos para representar os
vários componentes elétricos. Esses símbolos são usados com o propósito de facilitar
o desenho e a sua compreensão. Sob esse aspecto, os símbolos esquemáticos auxiliam
o técnico da mesma forma que a taquigrafia auxilia a estenógrafa. Nos capítulos ante-
riores foram apresentados os símbolos esquemáticos para pilhas e resistores. Esses sím-
bolos serã"o agora usados para analisar os circuitos da figura 4-1.
Um diagrama esquemático do circuito básico é mostrado na figura 4-2. A bateria
é identificada pelas letras símbolos Ebb, e a lâmpada do circuito é identificada R 1 •
Como na realidade o filamento da lâmpada não deixa de ser um fio resistor, o símbolo
convencional de resistor será usado nesta análise. Deve ficar registrado, entretanto, que a
lâmpada possui um símbolo esquemático e não é representada, normalmente, como um
resistor. O símbolo padrão para lâmpada será apresentado oportunamente.
No estudo da eletricidade e eletrônica, muitos dos circuitos analisados consistem
principalmente de componentes resistivos especialmente projetados. Como afirmado
previamente, esses componentes sã"o denominados resistores. Para efeito de análise, o
componente resistivo será um resistor físico. Entretanto, o componente resistivo P.Oderia
ser qualquer um dos muitos dispositivos elétricos.
Uma volta fechada de fio ng"o é, propriamente , um circuito. Uma fonte de ten-
são deve ser incluída para completar o circuito elétrico. Em qualquer circuito elétrico
onde elétrons se movem, em uma volta fechada, estão sempre presentes: corrente, ten-
são e resistência. O percurso físico para o deslocamento da corrente é o que, efetiva-
mente, se chama O CIRCUITO. Sua resistência controla a quantidade de corrente que
fluí. Conhecendo-se duas das três quantidades, tais como a tensão e a corrente, a ter-
ceira (resistência), pode ser determinada matematicamente mediante a aplicação da
LEI de Ohm.

LEI DE OHM

No século dezenove, um filósofo alemão, Georg Simon Ohm, provou, experimen-


talmente, a constante proporcionalidade entre a corrente elétrica, a tensão e a resis-
tência. Essa relação é denominada Lei de Ohm e é expressa literalmente como:
"A corrente em um circuito é DIRETAMENTE proporcional ã tensão aplicada
e INVERSAMENTE proporcional ã resistência do circuito". Na forma de equação a
Lei de Ohm é expressa como:

E
1= - (4-1)
R

onde: r = corrente em amperes


E = tenslio em volts
R = resistência em Ohms.

I
I
I
I
' ....... .-'I

RI

IA) ( Bl
Fechado Aberto

Fig.4-1. - (A) Circuito elétrico


simples (fechado);
(B) Circuito elétrico Fig.4 2.- Diagrama esquemático de um cir-
simples (aberto). cuito básico.

84
Se duas quantidades da equação (4-1) forem conhecidas, a terceira pode ser facil-
mente determinada. Por exemplo, a figura 4-3 mostra um circuito com um valor de resis-
tência igual a 1,5 ohm e uma fonte de tensão com valor de 1 ,5 volt. Qual a corrente que
flui no circuito?
Dados: E = 1 ,5 volt
R= 1,5 ohm
I= ?
E 1,5
Solução: I=-= -= 1amp.
R 1,5
Para observar o efeito da tensão na
RI
corrente do circuito, o problema anterior 1.5f1
será resolvido usando-se o dobro da tensão.
Dados: E = 3 volts
R = 1,5 ohms
I= ?
E 3
Solução: I = -= -= 2amp.
R 1 ,5 I=?
Observe que dobrando o valor da
tensão a corrente do circuito também do- Fig. 4-3. - Determinação da corrente em um
bra. A corrente é diretamente proporcio- circuito básico.
nal à tensão aplicada e variará do mesmo fator que variou a tensão.
Para verificar a afirmação de que a corrente é inversamente proporcional à resis-
tência, suponha que o resistor na figura 4-3 tem um valor de 3 ohms.

Dados: E = I ,5 volts
R= 3 ohms
I= ?
E 1,5
Solução: I = -= - = O 5 am...Dre
R 3 ' r-
Comparando essa corrente de 0,5 amperes com- resistência de 3 ohms e a corrente
de 1 ampere obtida com resistor de 1,5 ohm, verifica-se que dobrando a resistência,
ocorre urna redução para a metade do valor anterior. A corrente no circuito é inversa-
mente proporcional à resistência do circuito.
Em diversas aplicações, a corrente é conhecida e a quantidade desconhecida é a
resistência ou a tensão. Para resolver um problema no qual a corrente e a resistência
são conhecidas, a fórmula básica da lei de Ohm deve ser transposta para determinar E
conforme se segue:
E
Equação básica: IR= R (4-1)

Multiplicando-se ambos os termos da equação por R:


ER
IR = T
IR = E
E = IR (4-2)

85
Para transpor quando nã'o se conhece a resistência:
E
Equaçã'o básica: I = - (4-1)
R
Multiplicando-se ambos os termos da equação por R:
EJ(
IR=-
J(
IR= E

Dividindo ambos os termos da equação por I:


IR
-=-
E
j I
E
R= (4-3)
I
Exemplo: Qual a tensão necessária para acender uma lâmpada que requer 1 ampere
de corrente sabendo-se que sua resistência é de 10 ohms?
Primeiro, esquematize o circuito como mostrado na figura 4-4 incluindo todas as
informações dadas.

Dados:
R = 10 ohrns I = 1 ampere E= ?
Solução:
E = IR = 1 X 10 = 10 volts.
Exemplo: Quando uma fonte de 10 volts é ligada a um circuito, flui uma corrente
de 5 amperes. Qual a resistência do circuito?

Dados:
E = 10 volts I= 5 amperes E= ?
Esquematize e identifique o circuito como na figura 4-5.
Solução:
E 10
R = -= -= 2 ohms (4-3)
I 5
Apesar de as três equações representativas da Lei de Ohm serem relativamente
simples, elas são provavelmente as mais importantes de todas as equações elétricas. As
três equações e a lei que elas represen tam devem ser perfeitamente compreendidas antes
de iniciar qualquer estudo mais avançado.

Análise gráfica
Um dos métodos mais valiosos de investigação ã disposição do técnico é o da
análise gráfica. Nenhum outro método fornece um meio mais rápido e conveniente
para observar as características de um dispositivo elétrico.
A primeira providência na construçã'o de um gráfico consiste em fazer urna tabela
de informações relativas ao gráfico. A informação para a tabela pode ser obtida experi-

86
RL -E
IOn -=-1ov

I = la I= 5a
1---- -- -i A,___ ......__ -(A ,__ _,
_.
Fig. 4-5. - Determinação da resistência em um
Fig. 4-4.- Determinação da tensão em um circuito básico.
circuito básico.

mentalmente por medidas de labora-


tório com o dispositivo sob análise,
ou, teoricamente, através de uma sé-
rie de cálculos. O segundo processo
será o utilizado.
Suponha que se pretenda veri-
ficar as características do circu ito
mostrado na fig. 4-6 usando-se a
Lei de Ohm e o método gráfico.
Como há três variáveis, E, I e R , a
serem consideradas, pode-se construir E R
três gráficos.
Na construção de qualquer grá-
fico de quantidade elétrica é prática
comum va riar uma quantidade de
uma determinada forma e registrar as
variações que ocorrem na segunda
quantidade. A quantidade que é in-
tensionalrnente variada denomina-se
variável independente e é plotada no
eixo X. A segunda quantidade que
varia como resultado da variação na
primeira qu antidade é denominada
Fig.4-ó. - Três variáveis no circuito série.
variável dependente e é plotada no
eixo Y. Quaisquer outras qu an tida-
des envolvidas são mantidas constao-
tes.
No circuito da figura 4-6 a resistência ficará fixa (constante) e a tensão (variável
independente) será variada. A variação resultante na corrente (variável dependente) será
então plotada.
87
Para facilitar a coleta de infor-
(Eixo Y) R= IO.n mações, urna tabela de valores é levan-
tada conforme mostrado na figura -7.
I Essa tabela mostra R em um valor
emAmpêres E I constante de 10 ohms enquanto E va-
ria de O a 20 volts em cinco etapas. Pe-
2.0

r
la aplicação da Lei de Ohm, os valores
o 0.0 de corrente na coluna dois da tabela
1.5 pode ser calculada para cada valor de
tensão na coluna um. Quando a tabela
5 0.5 está completa, a informação é usada
1.0

7! / para construir o gráfico da figura 4-7.


Por exemplo, quando a tensão aplicada
0.5 lO 1.0 ao resistor de 10 oluns é 10 volts, a
corrente é um ampêre. Esses valores de
correntes e tensão determinam o ponto
0.0 5 lO 15 20 15 1.5 no gráfico. Quando todos os pontos
E em Volts são plotados, urna linha é traçada unin-
(Eixo X) 20 2.0 do todos os pontos. Essa curva é deno-
minada característica volt-ampêre para
um resistor de 1O oluns. A curva mos-
Fig.4-7. - Característica volt-ampêre. tra os valores de corrente através do
resistor para qualquer valor de tensão
entre O e 20 volts.
Uma característica importante de um resistor fixo é mostrada no gráfico da figura
4-7. Como a curva característica volt-ampêre é uma linha reta, conclui-se que igual varia-
ção da tensão no resistor produz igual variação de corrente através do resistor. Porque a
característica é uma linha reta, diz-se que o resistor fixo é um dispositivo linear. O gráfico
mostra também uma importante característica da lei básica; a corrente varia diretamente
com a tensão aplicada se a resistência for constante.
Se a tensão através da carga for mantida em um valor constante, a corrente atra-
vés da carga dependerá tão-somente da resistência efetiva da carga. Por exemplo, se a
resistência for 12 ohrns, a corrente será 12/12 ou 1 ampere. Se a resistência for reduzida
para a metade, a corrente dobrará de valor. Se a resistência for dobrada, a corrente cairá
para a metade. Em outras palavras, a corrente varia inversamente com a resistência.
Se a resistência da carga for reduzida em etapas de 2 ohrns a partir de 12 e con-
tinuar até 2 ohrns, a corrente através da carga será: 12/10 = 1,2 amperes; 12/8 = 1 ,5
amperes; 12/6 = 2 amperes e assim por diante. A relação entre a corrente e a resistên-
cia deste exemplo é mostrada no gráfico da figura 4-8 cuja equação é:
12
1= -
R
O numerador da fração, neste exemplo, representa o valor constante de 12 volts.
Conforme R diminui de valor, a corrente aumenta. O exemplo ilustra urna segunda rela-
ção importante da lei. A corrente varia inversamente com a resistência.
Se a corrente através da carga for mantida constante em 5 amperes, a tensão atra-
vés da carga dependerá da resistência e variará diretamente com ela. A relação entre a
tensão e a resistência é mostrada no gráfico da figura 4-9. Os valores de resistência são
plotados horizontalmente no eixo X para a direita da origem, e os valores de tensão são

88
Ampêres
(I) Volts
(E)
6
50
5
40
4
30
3
20
2
10
1

o 2 4 6 8 10 Ohms (R)
o 2 4 6 8 10 12 Ohms (R)

Fig. 4-8. - Relação entre a corrente e a resis- Fig. 4-9.- Gráfico de tensão versus resistência
tência. com corrente constante.

plotados na vertical ao longo do eixo Y acima da origem. O gráfico é uma linha reta
que representa a equaçã'o E = SR. O fator 5 representa a corrente de 5 ampêres que é
constante_ neste exemplo. Dessa maneira, urna terceira relaçã'o importante é ilustrada.
A TENSAO através do componente VARIA DIRETAMENTE COM A RESIST:eNCIA
EFETIVA DO COMPONENTE, desde que a corrente, através desse componente, seja
mantida constante.

Aplicação da Lei de Ohm


A equaçã'o básica (4-1) pode ser transposta para solucionar resistência se os valo-
res de tensão e corrente forem conhecidos, ou para tensão se forem conhecidos os valo-
res de corrente e resistência.
E
R=- e E = IR.
I
Por exemplo, se a tensão através de um elemento elétrico for 50 volts, e se a cor-
rente através desse elemento for 2 ampêres, a resistência do elemento será 50/2 ou 25
ohrns. Da mesma maneira, se a corrente através o elemento for 3 ampêres e se a resis-
tência do elemento for 0,5 ohm, a queda de tensão através do elemento será 3 X 0,5 =
= 1 ,5 volts. ·
A equação (4-1) e suas transposições podem ser obtidas rapidamente com o auxí-
lio da figura 4-10. O círculo contendo E, I e R é dividido eqt duas partes com o E acima
da linha e IR abaixo da linha. Para determinar a quantidade conhecida, cubra essa quan-
tidade com o dedo. A localização das outras duas letras descobertas indicará a operação
matemática a ser executada. Por exemplo: para determinar a corrente, I, tape com o
dedo essa letra. As letras restantes indicam que E deve ser dividido por R. Para deter-
minar E, tape a letra E e a operação indicada será a multiplicação de I por R. Para deter-
minar R, a operação será dividir E por I.

89
Recomenda-se ao aluno principiante não se apegar muito ao uso dos diagramas
facilitantes apresentados. Os diagramas apenas complementam o conhecimento do mé·
todo algébrico. A álgebra é a chave básica na solução dos problemas elétricos, e a impor·
tância do seu conhecimento não deve ser relegada a segundo plano.

Fig.4.10. - Lei de
Ohm em forma
de diagrama.

POTeNCIA ELÉTRICA E ENERGIA

Potência
A potência, seja ela elétrica ou mecânica, refere-se à razão de produção de t rabalho.
Diz-se que é executado um trabalho sempre que uma força provoca o movimento de uma
massa. Se uma força mecânica é usada para levantar ou mover um peso, um trabalho
estará sendo executado. Entretanto, a força exercida SEM CAUSAR movimento, tal
como uma mola comprimida entre dois objetos fixos, não constitui trabalho.
Foi dito anteriormente que a tensão é uma força elétrica, e que essa tensão força
a passagem de urna corrente em um circuito fechado. Entretanto, quando existe tensão
entre dois pontos e nã"o flui corrente, nenhum trabalho é executado. A situação é seme-
lhante à da mola comprimida. Somente quando a tensão provoca o movimento de elé·
trons é que estará sendo executado um trabalho. A RAZÃO instantânea em que o traba·
lho é executado chama-se potência elétrica e a sua unidade de medida é o WATI.
Uma quantidade total de trabalho pode ser executada em quantidades diferentes
de tempo. Por exemplo: urna determinada quantidade de elétrons pode ser deslocada de
um ponto a outro em um segundo ou em uma hora, dependendo da razão em qe são
movidos. Em ambos os casos, o trabalho total executado é o mesmo. Entretanto, quan-
do o trabalho é executado em tempo curto, a wattagem, ou RAZÃO DE POTENCIA
INSTANTÂNEA, é maior do que quando a mesma quantidade de trabalho é execu-
tada em um período de tempo maiÕr.
Como afirmado, a unidade básica de potência é o WATT e é igual à tensão aplicada
ao circuito mutiplicada pela corrente que flui nesse circuito. Isso representa a razão,
em qualquer instante, de execução de trabalho pelo movimento de elétrons no circuito.
O símbolo P indica potência elétrica. Assim, a fórmula de potência é: P = El. E é a ten-
são e I é a corrente que flui no resistor ou no circuito cuja potência está sendo medida.
A quantidade de potência mudará quando a tensão, a corrente, ou ambos, mudarem.
Essa relação é mostrada no gráfico da figura 4-11.
Observe a figura. A resistência é de 1 ohm e não se altera. A tensão E é aumentada
em etapas de 1 volt entre O a 8 volts. Pela aplicação da Lei de Ohm, a corrente I é deter-
minada em cada etapa de tensão. Por exemplo, quando E é 1 volt, a corrente I é:
E 1
I = -= -= 1 ampere (4·1)
R 1

90
A potência P, em watts, é determinada aplicando-se a fórmula básica de potência
P = E X I. Onde E = 1 volt, I = 1 ampêre, então P é
P = EI P=IXl P = 1 watt

Entretanto, quando E é 2 volts, e I é 2 ampêres:

P = EI P =2 X 2 P = 4 watts

É importante observar que quando a tensão é dobrada de 1 para 2 volts, a potência


quadruplica de I para 4. Isso ocorre porque a tensão dobrada duplica também a corrente,
fazendo com que a potência quadruplique.

P = EI P = EX2 X IX2
P = (I X 2) X (1 X 2)
P= 2X2
P = 4 watts.

Isto mostra que a potência, em um circuito de resistência fixa, varia numa razão
quadrática quando se varia a tensão aplicada. Assim, a fórmula básica P = EI pode tam-
bém ser escrita como: E2
P= -
R
Para melhor ilustrar a relação quadrática entre a potência e a tensão observe no grá-
fico que a potência é o quadrado da tensão (quando a resistência é I ohm). Pé 4 watts
quando a tensão é 2 volts. Quando a tensão é dobrada para 4 volts, Pé 16 watts e quando
E dobra de 4 para 8 volts Pé igual a 64 watts. Quando a resistência for de qualquer outro
valor diferente de I ohm, a potência não será exatamente o quadrado da tensão em
QUANTIDADE, mas mesmo assim variará numa razão quadrática. Lndependentemente do
valor da resistência, desde que ela se mantenha fixa, QUANDO A TENSÃO DOBRA, A
POTI:.NCIA DOBRA DUAS VEZES. QUANDO A TENSÃO É REDUZI DA À METADE,
A POTI:.NCIA CAI PARA A METADE DA METADE.
P WATTS

vv
64-F===f==t==t===F=t===F::::::f=

I VMt I
comE
l (VMiávR (fixo)
-8 volts · l.ll/
P=EXl
/ P=E X I
16-:!1--+--f---+-"'*-+- +--1-
//
+ - -i-1-.--z<""'--Tl--i4:---=-T --6 --e I Ampêres
O 2 3 4 5 6 7 8 E Volts
Fig.4.11. - Gráfico de potência em função da
variação de tensão e corrente.

91
Outra importante relação pode ser observada na figura 4-11. Até aqui, a potência
foi calculada com os elementos tensão e corrente (P = El), e com tensão e resistência
(P = E2 /R). Observe na figura 4-11 que a potência também varia com o quadrado da
corrente da mesma maneira que ocorreu com a tensão. Assim, uma outra fórmula de
potência, usando os fatores corrente e resistência, pode ser utilizada.

Note que a resistência R é um fator multiplicador em uma fórmula (P = I2 R), e


em outra é um fator divisor (P = E2 /R). Isso ocorre porque ambas as fórmulas são substi-
tuições da fórmula original P = El. O equivalente I da Lei de Ohm é E/R Substituindo-
se o I na fórmula original, verifica-se que:

P = EI (44 )
P = E X E/R
P = E2 /R {4-5)

Em aditamento, o equivalente de E na Lei de Ohm é IR. se esse equivalente subst i-


tuir E na fórmula original, a fórmula de potência pode ser expressa como:

P = EI
P = (IR)I
P = I2 R (4-6)

Nos parágrafos precedentes e na figura 4-11 foi mostrado como as variações de


tensões aplicadas em um resistor de valor fixo causam variação na corrente e na potência
do circuito. Observe, agora, a figura 4-12. Nesse circuito a tensão E é fixa em 1O volts e
a resistência R é um fator variável (a seta cortando o símbolo da resistência indica que é
um resistor do tipo variável).
Quando a resistência R é ajustada em 1 ohm, a corrente I é 10 ampêres e a potência:

P = 12 R (4-6)
P = 102 R = 100 X 1 = 100 watts.

Quando a resistência é dobrada para 2 ohms, a mesma operação mostrará que a


potência cairá para a metade, ou seja, 50 watts, como é mostrado no gráfico. Subse-
qüentemente, redobrando a resistência para 4 e depois para 8 ohms, verifica-se que a po-
tência irá caindo para 25 e 121/2 watts respectivamente. Na operação inversa, começando
com a resistência em máximo, 10 ohms, a potência será 10 watts e dobrará para 20 watts
quando a resistência for reduzida para 5 ohms.
Nas figuras 4-11 e 4-12 a corrente e a potência foram forçadas a variar em função
da tensão, no primeiro caso, e da resistência, no segundo caso. Na figura 4-13, entre-
tanto, a corrente é mantida constante. Isso pode ser feito aumentando-se ou reduzindo-se
a tensão e a resistência na mesma proporção. Aumentada a tensão, a corrente tenderia a
aumentar. Entretanto, aumentando-se a resistência na mesma proporção, a corrente é
trazida para o seu valor original. As variações de potência são LINEARES com essas
mudanças, isto é, a potência varia etapa por etapa com a tensão. A resistência variando,
manterá a corrente constante a despeito da variação na tensão. Em qualquer ponto do
gráfico, a tensão dividida pela resistência dará uma corrente de 1 ampere. Fosse mantida

92
P Watts
100 P Watts
lO

I varia inversamente 8

50
I (fiXE$
com R
variável

· · ,...:-·A st------ 7('

,
r
25 Ez
2o
........
12
I'o
,L, I IAmpêres
o 10 5 3.33 2.5 1.66 1.42 1.25 1.11
2 3 4 5 6 7 8 9 10 R Rc.siSt. 4 5 6 9 I E Volts
• s 6 7 a 9 10 R Resist.

Fig.4.12. - Gráfico de potência em função da Fig.4.13.- Gráfico de potência em função da


variação da resistência e corrente. variação de tensão e resistência.

a resistência fixa e permitida a variação da corrente, a potência não mais seria linear como
mostra o gráfico e variaria numa razão quadrática.
Até esse ponto, quatro das mais importantes quantidades elétricas básicas foram
discutidas: E, I, R e P. É de capital importância a perfeita compreensão das relações
entre estas quantidades. Você deverá entender perfeitamente como cada uma dessas
quantidades controla ou é controlada pelas outras no circuito elétrico. Essas relações
serão explanadas nos parágrafos que se seguem. Compare cuidadosamente cada afirma-
ção com a sua fórmula associada. Verifique a veracidade de cada fórmula aplicando-as
nos gráficos das figs. n'?s 4-11, 4-12 e 4-13 (a figura associada é indicada logo a seguir
da afirmaçã'o).

1. Potência, relacionada com E e I:


P=EXI (fig. 4-11)

A fórmula indica que a potência é o produto de E multiplicado por I, indepen-


dente dos seus valores individuais. Se E ou I variar, mantido que seja o valor resistivo,
P variará proporcionalmente. Se ambos, E e I, variarem, P variará numa razão quadrática.

2. Potência relacionada com I e R:


P= 12 R (fig. 4-12)

A fórmula indica que se R for mantido constante e I variado, P variará com o


quadrado de I, porque I aparece como uma quantidade elevada ao quadrado. Se I for
mantido constante e R variado, P variará numa razão direta e proporcional com R por-
que esse é um multiplicador na fórmula.

3. Potência, relacionada com E e R:


P= E2 /R (fig. 4-13)

93
A fórmula indica que, se R for mantido constante e E variado, P varia com o
quadrado de E porque este aparece como uma quantidade elevada ao quadrado. Se
E for mantido constante e R variado, P variará numa razão inversa mas proporcional
a R porque este é um divisor na fórmula.
Nos parágrafos precedentes, P foi expresso em termos de pares alternados das
outras três quantidades básicas E, I e R. Na prática, você deverá ser capaz de expressar
qualquer das três quantidades básicas, assim como P em função das demais.
A figura 4-14 é um sumário das doze fórmulas básicas que você deve conhecer.
As quatro quantidades básicas E, I, R e P estão no centro da figura. Adjacentes a cada
quantidade estão três fórmulas, cada uma expressando essa quantidade em função das
outras duas. Se você verificar, verá que se trata de urna simples transposição de termos
das fórmulas básicas.

Fig.4.14. - Sumário de
fórmulas básicâs.

Dispositivos elétricos em termos de potência


As lâmpadas incandescentes, os ferros de soldar e os motores elétricos são exemplos
de dispositivos elétricos que normalmente são expressos em potência. A wattagem de um
dispositivo expressa a razão de conversão de energia elétrica em qualquer outra forma de
energia tais como luz, calor, movimento etc.
Por exemplo: uma lâmpada de 100 watts produz uma luz mais brilhante do que
uma lâmpada de 75 watts porque converte mais energia elétrica em luz. Os ferros de
soldar de maiores wattagens convertem mais energia elétrica em calor do que os de me-
nores wattagens.
Se a wattagem normal de um determinado aparelho for excedida, o aparelho se
aquecerá em excesso e provavelmente sofrerá avarias. Por exemplo: se uma lâmpada de
100 watts e llO volts for ligada a uma fonte de 220 volts, a corrente na lâmpada será

94
o dobro da corrente normal. Em se dobrando o valor da corrente, a potência quadruplica,
e a lâmpada, feita para 100 watts, não dissipará os 400 watts exigidos e se queimará
imediatamente.

Capacidade de dissipação de potência nos dispositivos elétricos


Além de indicar a habilidade de conversão de energia e produção de trabalho,
a wattagem indica o limite de operação dos dispositivos. Esses limites de potência geral-
mente são dados na forma de wattagens e correntes máximas e múúmas ãs quais os
dispositivos deverão normalmente operar. Nos casos em que não há limite específico para a
tensão de operação, o limite é dado diretamente em watts.

Resistores
Os resistores são um exemplo típico de tais dispositivos. Podem ser usados em
qualquer circuito independentemente da tensão aplicada. Entretanto, haverá uma cor-
rente máxima permissível para cada tensão aplicada. O produto da tensão e da corrente
que flui pelo resistor não deve exceder. em nenhum instante, a wattagem indicada.

Símbolo de
resistor

Fig.4.15. - Resistores de diferentes wattagens.

Assim, os resistores, além da sua resistência ôhmica, têm, também, uma capaci-
dade limite de dissipação de potência. Existem resistores de mesmo valor resistivo com
diversas wattagens. Os resistores de carbono, por exemplo, são comumente fabricados
para dissipar 1/3, 1/2, 1 e 2 watts (veja fig. 4-15). Quanto maior for o tamanho físico
do resistor, maior será a sua capacidade de dissipação de potência, já que uma maior
quantidade de matéria absorverá e irradiará calor mais facilmente.
Quando se necessita de resistores que dissipem mais do que 2 watts, empregam-se
resistores de fio. Tais resistores são fabricados para dissipar potências entre 5 e 200
watts. Há tipos especiais para dissipar potências maiores do que 200 watts.

Fusíveis
Quando a corrente elétrica passa através de um resistor, a energia elétrica é trans-
formada em calor. Tal fato aumenta a temperatura do resistor. Se a temperatura for
excessiva, o resistor se queimará. No caso de um resistor de fio, o metal se derreterá

95
e abrirá o circuito interrompendo a passagem da corrente. Esse efeito é usado como
uma vantagem nos dispositivos denominados fusíveis.
Os fusíveis são, efetivamente, resistores de metal com baixo valor resistivo. Eles
são feitos para "queimar" e abrir o circuito quando a corrente exceder um valor prede-
terminado. Quando a potência consumida pelo fusível aumenta, a temperatura excessiva
derrete o metal e o circuito abre. Na prática, os fusíveis são ligados como na figura 4-16.

Pilhas totalizando 6 volts

Fig.4-16. - Circuito de
fusível simples.

Chave

Observe que toda a corrente que flui através do resistor de carga com 29 ohms
deve passar, também, pelo fusível de 1/2 ampere, 1 ohm. Sob condições normais, a
resistência total deverá ser 29 + 1 = 30 ohms. Ao ser fechada a chave, a corrente que
flui no circuito será:
I= E/R I= 6/30 I = 0,2 ampere
Esse valor de corrente é menor do que a corrente limite do fusível e o circuito
não abre, funcionando normalmente. Entretanto, se um condutor de baixa resistência,
figura 4-16 letra a, for ligado colocando em "curto-circuito" o resistor de 29 ohms,
somente o fusível de 1 ohm ficará·no circuito recebendo os 6 volts das pilhas. A cor-
rente, em virtude da mudança de resistência do circuito, altera, e seu novo valor será:
I = E/R I= 6/1 I= 6 amperes
Uma corrente de 6 amperes fará com que o fusível de meio ampere se queime
abrindo o circuito.
Há, presentemente, uma grande variedade de tipos e tamanhos de fusíveis. A figura
4-17 mostra três dos tipos mais comuns. O capítulo 14 desta coletânea fará um estudo
mais profundo sobre fusíveis.

Energia
Energia é definida como sendo a força que produz trabalho. Há dispêndio de
energia quando um trabalho é executado, em virtude da necessidade de ser m3J!tida,
durante determinado tempo, uma força multiplicada pela distância através da qual essa
força atua para produzir o trabalho. Essa é a definição mecânica.

96
Em eletricidade, a energia total dispendida é igual ao trabalho executado mul·
tiplicado pelo tempo dispendido. Assim, a energia W é igual à potência P multiplicada
pelo tempo t.
Uma equação para energia é obtida multiplicando-se ambos os termos da equação
(44) pelo fator comum de tempo t, e equacionando a expressão para energia W

W = Pt
W = Elt (4-7)

De maneira semelhante, ambos os termos das equações 4-5 e 4-6 podem ser mul·
tiplicados pelo fator tempo t, e expressos na forma de energia :
E2
W=-• t (4-8)
R
e W = 12 R • t (4·9)

Nas equações (4·7), (4-8) e (4-9), E é expresso em volts, I em amperes. Se o tempo t


for expresso em horas, W será expresso em watts-hora. Se o tempo t for expresso em
segundos, W será expresso em watts-segundo ou Joule (1 joule é igual a 1 watt-segundo).
Como Q = lt (onde Q é em Coulomb, I em amperes e tem segundos), é possível substituir
Q por lt na equação (4-7) resultando a expressão de energia como sendo:

W=QE (4-10)

onde W é a energia em joules ou watts-segundo, Q é a quantidade em coulombs, e E em


volts. (Como discutido no capítulo 2, Q é o símbolo para Coulomb e expressa uma me-
dida de quantidade de elétrons. O Q é na eletricidade o que o litro é para a água).

Fusíveis de cartucho de vidro

.
,, Fusíveis de cartucho fusível
Fig.4.17. - Tipos de
fusíveis.

A energia elétrica é comprada e vendida em unidades de kilowatts-hora (3600 X


X 103 joules), e é totalizada nas grandes centrais geradores em termos de megawatts-
hora (3600 X 106 joules). Por exemplo, se a demanda média durante um período de
10 horas é de 70 megawatts, a energia total fornecida é 70 X 10 ou 700 Megawatts·
horas. Essa quantidade de energia é equivalente a 700 X 1000 = 700.000 kilowatts-
horas, ou ainda 700 X 3600 X 106 = 2.520.000 X 106 joules. A unidade mais prática
para uso depende da quantidade de energia envolvida. Neste exemplo, a unidade mais
prática seria o Megawatt-hora.
97
CARACTERÍSTICAS DO CIRCUITO SÉRIE

Confonne mencionado previamente , um circuito elétrico é um percurso completo


através do qual fluem elétrons saindo do temúnal negativo da fonte de tensão, passando
pelos condutores, pela carga ou cargas, e de volta para o terminal positivo da fonte. Um
circuito é, desta fonna, constituído de uma fonte de tensão, dos condutores de ligação
e da carga.
Se o circuito é ligado de maneira a existir ayenas um percurso pata o fluxo de
elétrons, diz-se que o circuito é um CIRCUITO SERIE. Dessa fonna, um circuito série
é definido como um circuito que apresenta apenas um caminho para o fluxo de corrente.
A figura 4-18 mostra um circuito série dotado de diversas lâmpadas.

Resistência
Observe a figura 4-18. A corrente, no circuito série, para completar ou fechar o
circuito elétrico deve fluir através de cada uma das lâmpadas inseridas no circuito. Assim,
cada lâmpada apresenta uma resistência adicional ao circuito. Em um circuito série, A
RESISttNCIA TOTAL (RT) DO CIRCUITO É IGUAL À SOMA DAS RESISttNCIAS
INDNIDUAIS. Na fonna de equaça'o, isso pode ser expresso como:

{4-11)

OBSERVAÇÃO: O índice n indica qualquer número de resist.ências adicionais que podem


aparecer na equação.
Exemplo: Três resistores de 1O ohms, 15 ohms e 30 ohms são ligados em série e
conectados a uma bateria cuja FEM é 110 volts (fig. 4-19). Qual é a resistência total?

Lâmpada

RI
IOn

Lâmpada R2
IIOv 15n

R3
Lâmpada 30n.

Fig.4.19.- Determinação de resistência total


Fig. 4.18.- Circuito série. em um circwto série.

98
Dados: R1 1O ohms,
R2 = 15 ohms,
R3 = 30 ohms,
RT = ?
Solução: RT = R1 + Rz + R3
RT = 10 + 15 + 30
RT = 55 ohms.

Em algumas aplicações, a resistência total do circuito é conhecida e o problema


consiste em determinar o valor de uma das resistências. A equação (4-11) pode ser trans-
posta para obter-se o valor da resistência desconhecida.

RI
IOn

R2
Rr IOn.
40n.

R3

Fig.4.20.- Determinação do valor de um Fig.4.21.- Corrente no circuito série.


resistor no circuito série.

Exemplo: A resistência total de um circuito com três resistores é 40 ohrns (figura


4-20). Dois resistores são de 10 ohrns.Calcule o valor do terceiro resistor.
Dados: RT = 40 ohms
R 1 = 10 ohrns
R2 = 10 ohrns
R3 =?
Soluça-o: RT = R 1 + R2 + R 3 (4-11)
Subtraindo (R1 + R2 ) de ambos os tennos da equação:
R3 = RT -R 1 - R2
R 3 = 40 - 1O - 1O
R3 = 40 -20
R3 = 20 ohrns
Corrente
Como há apenas um caminho para a corrente no circuito série, a mesma corrente
deve fluir através de cada elemento do circuito. Para determinar a corrente através do
circuito série basta conhecer a corrente que flui em um elemento.
O fato de que flui a mesma corrente em qualquer parte do circuito pode ser cons-
tatada pela inserção de um amperúnetro nos vários pontos do circuito confonne mos-
trado na figura 4-21. Cada medidor indicará o mesmo valor de corrente.

99
Tensão
Conforme afirmado anteriormente, a queda de tensão através do resistor no cir-
cuito básico é a tensão total através do circuito e é igual à tensão aplicada. A tensão
total através do circuito série é também igual â tensão aplicada, mas consiste da soma
de duas ou mais quedas de tensão individuais. Em qualquer circuito série, a SOMA das
quedas de tensões nos resistores deve ser igual à tensã'o da fonte. Essa afirmação pode
ser provada pelo exame do circuito mostrado na figura 4-22. Nesse circuito, o potencial
de fonte (ET) de 20 volts é aplicado no circuito série que consiste de dois resistores
com 5 ohrns. A resistência total do circuito é igual à soma das resistências individuais,
ou seja, 10 ohms. A corrente no circuito pode ser determinada pela ui de Ohm:
ET 20
I= - = - = 2
ampêres
RT 10
Sabendo·se que o valor de cada resistor é 5 ohrns e que a corrente em cada resis-
tor é de 2 ampêres, pode-se calcular a queda de tensão através dos resistores. A tensã'o
E 1 através do resistor R 1 é:

E1 = IR 1 = 2 amp X 5 ohrns = 10 volts

Como R2 apresenta o mesmo valor ôhmico de R 1 e dá passagem à mesma cor-


rente, a queda de tensã'o através de R 2 é também 10 volts. A soma das duas quedas
de tensão dá um total exato de 20 volts, igual, portanto, ã tensão aplicada. Para o cir-
cuito série:

(4·12)

Exemplo: Um circuito série consiste de três resistores com valores iguais a 20 ohrns,
30 ohms e 50 ohrns respectivamente. Determine o valor da tensã'o aplicada em cada com-
ponente, considerando que a corrente que flui no resistor de 30 ohms é 2 amperes.
Para resolver, é desenhado o circuito-diagrama mostrado na figura 4-23.
RI

20.n
RI
5.n

- Er
-=- 20v = E=7

R2
5.n
son

R3
Fig. 4.22.- Cálculo da resistência total no cir- Fig.4-23. - Determinação da tensão aplicada
cuito série. no circuito série.

10
0
Dados: R1 = 20 ohms
R2 = 30 ohms
R3 = 50 ohms
I = 2 ampêres
Soluça-o: Como se trata de um circuito série, a mesma corrente flui através de
todos os resistores. Usando a Lei de Ohm, pode-se deternúnar a queda de tensã'o através
de cada um dos três resistores.
E1 = 40 volts
E2 =60 volts
E3 = 100 volts
Urna vez conhecidas as quedas de tensões, a queda total de tensã'o ou tensão total
aplicada pode ser determinada.
ET = E1 + E2 + E3 (4-12)
ET = 40V + 60V + 100V
ET = 200 volts.

OBSERVAÇÃO: Na Lei de Ohm, as quantidades usadas na equação DEVEM ser tornadas


da MESMA parte do circuito. No exemplo acima, a tensã'o através de R 2 foi calculada
usando-se a corrente que flui em R2 e o valor resistivo de R2 •
Deve ser enfatizado que a diferença de potencial através de um resistor perma-
nece constante porque ela é uma medida da quantidade de energia necessária para des-
locar uma unidade de carga de um ponto para outro. Se a fonte produzir energia elé-
trica tã'o rapidamente como ela é consumida na resistência, a diferença de potencial
através do resistor se manterá em um valor constante. O valor dessa tensão é determi-
nado pela tensã'o aplicada e a relaçã'o proporcional das resistências do circuito. As que-
das de tensões que ocorrem em um circuito série sã'o diretamente proporcionais às resis-
tências através das quais ela aparece. Isso é motivado pelo fato de fluir a mesma cor-
rente em todos os resistores. Assim, quanto maior for o valor resistivo, maior será a
queda de tensão através do componente.

Potência
Cada um dos resistores no circuito série consome potência que é dissipada na
forma de calor. Como essa potência deve ser fornecida pela fonte, a potência total for-
necida deve ser igual em quantidade à potência consumida pelas resistências do cir-
cuito. No circuito série a potência total (PT) é igual à SOMA das potências individuais
dissipadas em cada resistor.

(4-13)

Exemplo: Um circuito série consiste de três resistores com valores de 5, 10 e 15


ohms. Determine a dissipaçã'o total de potência sabendo-se que é aplicado ao circuito
120 volts (veja a figura 4-24).
Dados: R1 = 5 ohms
R2 = 10 ohms
R3 = 15 ohms
E = 120 volts

101
Solução: e detenninada, inicialmente, a resistência total.
'RT = R, + Rz + R3 (4-11)
RT = 5 + 10 +15 = 30 ohms.
Sabendo-se o valor da resistência total e a tensão aplicada, calcula-se a corrente.
ET 120
I = - = --= 4 amperes
RT 30
Usando-se as fórmulas de potência, as potências individuais podem ser calculadas:
P1 = I2 R 1 = (4)2 X 5 = 80 watts (4-6)
P2 = 12 R2 = (4)2 X 10 = 160 watts
P3 = J2R3 = (4) X 15 = 240 watts
2

Para detenninar a potência total:


PT = P, + P2 + P3 (4-13)
PT = 80 + 160 + 240 = 480 watts
Para conferir o resultado pode-se calcular a potência fornecida pela fonte:
Pronte = I ronte X Eronte
Pronte = 4 X 120 = 480 watts.
A potência total é igual â soma das potências individuais dissipadas.

RI
5.n

R2
IO.n

R3
15.n

Fig.4.24.- Determinação da potência total


no circuito série.

10
2
REGRAS PARA OS CIRCUITOS SÉRIE CC

Os fatores importantes que governam as operações de um circuito série são rela-


cionados abaixo. Esses fatores foram agrupados como regras para facilitar o aprendizado.
As regras deverão ser perfeitamente compreendidas antes de iniciar o estudo de teoria
mais avançada.
1. A corrente que flui em um circuito série é a mesma em qualquer componente.
2. A resistência total de um circuito série é igual â sorna das resistências individuais.
3. A tensão total através do circuito série é igual ã soma das quedas individuais de
tensão.
4. A queda de tensão em um resistor no circuito série é proporcional ao seu valor
resistivo.
5. A potência total dissipada em um circuito série é igual ã soma das potências indi-
viduais dissipadas.

FI RI
5n

-=- Ebb R2
-=- 90v IOn

R3
SI 15n

Fig.4.25.- Determinação de vários valores


no circuito série.

Análise geral do circuito


A fim de estabelecer um procedimento para solucionar circuitos série, o exemplo
que se segue será resolvido determinando-se todos os valores.
Exemplo: Três resistores de 5, 10 e 15 ohms são ligados em série a urna bateria
de 90 volts. Determine todos os valores do circuito (figura 4-25).

103
A resistência total deve ser inicialmente determinada. Em seguida, a corrente poderá
ser calculada e depois as quedas de tensa-o e potências dissipadas.
RT = R, + R1 + RJ
RT= 5+10+ 15
RT = 30ohms
Ebb 90
I = -- = - = 3 ampêres
RT 30
E 1 = IR 1 = 3 amp X 5 oh ms = 15 volts
E2 = IR2 = 3 amp X 10 ohms = 30 volts
E3 = IR3 = 3 amp X 15 ohms = 45 volts
P 1 = IE1 = 3 amp X 15 V = 45 watts
P2 = IE, = 3 amp X 30 V= 90 watts
P3 = IE3 = 3 amp X 45 V= 135 watts
PT = ETI = 90 V X 3 amp = 270 watts

RI
10.0.

R2
IO .O.

Fig.4.26.- Cálculo de
valores no circuito
R3
série. I
50 .0.
O. 5a
R4
30.0.

Resolva, sozinho, o problema que se segue. Se encontrar dificuldade, estude nova-


mente este capítulo e faça nova ten tativa.
Exemplo: Quatro resistores, R 1 = 10 ohms, R2 = 10 ohms, R3 =50 ohms e R.. =
= 30 ohms sa'o ligados em série a uma bateria. A corrente que flui n o circuito é 0,5
ampêres (figura 4-26). Dete rmine:
a) Qual a tensa-o da bateria?
b) Qual a tensão em cada resistor?
c) Qual a potência dissipada em cada resistor?
d) Qual a potência total dissipada?
Confira os seus resultados com os resultados dados no fmal deste capítulo.

10
4
Um fator importante a ser considerado quando se aplica a Lei de Ohm a um circuito
série é considerar se os valores usados são de um determinado componente ou se se
referem a um valor total. Quando as informações disponíveis no problema permitem
o emprego da Lei de Ohm para se detenninar os valores totais, isso deve ser feito. Para
determinar a resistência total:
Er
Rr=-
IT
Para determinar a tensão total:
Er= ITX RT
Para determinar a corrente total:
Er
Ir = -
Rr
OBSERVAÇÃO: Em um circuito série, IT é igual a I. Entretanto, deve-se ter em mente
uma distinção entre IT e I particularmente nos circuitos que serão estudados no futuro
em outros circuitos.
Para calcular qualquer quantidade (E, I, R ou P) associada com qualquer resis-
tor, os valores usados na fórmula devem ser obtidos de cada resistor em particular. Por
exemplo, para determinar o valor de uma resistência desconhecida, devem ser usadas
a tensão através desse resistor e a corrente que por ele flui.

LEI DE KIRCHHOFF PARA TENSÃO

Em 1847, Kirchhoff ampliou o emprego da Lei de Ohm desenvolvendo um con-


ceito simples relativo às tensões presentes no circuito série. A Lei de Kirchhoff para
tensão determina que: "A soma algébrica das tensões instantâneas das forças eletro-
motrizes e das quedas de tensão em qualquer circuito fechado é zero".
Pelo uso da Lei de Kirchhoff muitos dos problemas de difícil ou impossível solu-
ção pela Lei de Ohm podem ser facilmente resolvidos. A aplicação correta da Lei per-
mite que o circuito fechado seja equacionado e calculados os valores desconhecidos.

Polaridade da tensão
Para aplicar a Lei de .Kirchhoff para ·tensão deve-se antes compreender o signi-
ficado de POLARIDADE.
No circuito da figura 4-27, a corrente flui no sentido contrário ao da rotação
dos ponteiros de um relógio devido à posição de ligação da fonte Ebb· Observe que
o extremo de baixo do resistor R 1 pelo qual entra corrente é marcado com o sinal NEGA-
TNO (- ). O extremo de cima, pelo qual sai a corrente, é marcado com o sinal POSITI-
VO(+). Essas marcas de polaridade são usadas para mostrar que o lado de R 1 por onde
entra a corrente está em um potencial negativo maior do que o lado em que sai a cor-
rente. O ponto A é mais negativo do que o ponto B. O ponto C que está no mesmo
potencial do ponto B é identificado como negativo. Isso indica que o ponto C, apesar
de positivo com relação ao ponto A, é mais negativo do que o ponto D. Não faz sen-
tido afirmar que um ponto é positivo ou negativo se não for dado o ponto de referência
COM RELAÇÃO A.

105
A Lei de Kirchhoff para tensão pode ser escrita na forma de equação como:

Ea + Eb + Ec +...En = O (4-14)

onde Ea, Eb etc. são as quedas de tensões e a fonte de FEM presentes no circuito fechado.
Para armar a equação proceda da seguinte forma:
1. Suponha uma deternúnada direção para o fluxo de corrente para o circuito
fechado. (A direção correta é preferencial mas não necessária.)
2. Considerando a direção suposta, polarize todos os resistores através dos quais
a corrente flui. O lado de entrada da corrente é negativo e o lado de saída é positivo.
3. Polarize corretamente qualquer fonte de tensão incluída no circuito.
4. Partindo de qualquer ponto do circuito, escreva a grandeza e a polaridade da
tensão através de cada componente.
S. Entre com as tensões e respectivas polaridades encontradas ao acompanhar
o circuito na equação (4-14) e resolva para a quantidade desejada.
Exemplo: Três resistores são ligados através de uma fonte de 50 volts. Qual a
tensão através do terceiro resistor, sabendo-se que a queda de tensão no primeiro resis-
tor é 25 volts e no segundo 15 volts?

r-
+
RI

c
+ El
25v

+
= Eb b
+ 8 = +
EA
E2
15v
50v
A

L,_
R2

Fig.4.27. - Polaridades das tensões.


l Ex +

Fig. 4.28. - Determinação da tensão incógnita


no circuito série.

Solução: Desenhe um diagrama conforme mostrado na figura 4-28. Suponha em


seguida uma direção para o fluxo de corrente, conforme mostrado. Considerando a cor-
rente, polarize cada lado de cada resistor assim como os terminais da fonte de tensão.
Partindo do ponto A, registre a tensão e a polaridade de cada componente. Partindo do
ponto A, essas tensões devem ser:
Fórmula básica:

Ea + Eb + Ec ... En = O (4-14)

10
6
Do circuito:

(+Ex) + (+) + (+ E1 ) + (- EA)= O

Substituindo os valores:
+ Ex + 15 + 25 - 50 = O
+Ex - 10 = O
Ex -lO = O
Ex= 10 volts.

Usando o mesmo processo, pode-se resolver um problema no qual a corrente é des-


conhecida.
Exemplo: Um circuito possui uma fonte de alimentação com 60 volts que alimenta
três resistores de 5, 10 e 15 ohms. Determine o valor da corrente.

+ EI
Rl=5.n

+
+ R2=10n
-=-EA
-6ov E2

Fig.4.29.- Sentido
correto da corrente.
+ A

Soluçã'o: Esquematize e identifique o circuito conforme mostrado na figura 4-29.


Estabelaça a direçã"o do fluxo de corrente e polarize os componentes. Em seguida, par-
tindo de qualquer ponto (o ponto A é o escolhido neste exemplo), escreva a equação.
Equação básica:
Ea + Eb + Ec + ... En =O (4-14)
+ E2 + E1 -EA + E3 =O
Como E= IR
+ IR2 + IR1 - EA + IR3 = O

107
Substituindo Ós valores:
+ 101 +51 -60 + 151=o
301 = 60
301 = 60
I= 60/30
I = 2 amperes

Como a corrente obtida pelo cálculo acima é de valor positivo, a direção de cor·
rente admitida inicialmente foi correta. Para mostrar o que ocorre se for admitida inicial·
mente uma direçâ"o invertida, o mesmo problema será resolvido mas admitindo-se agora
que a corrente flui em direçâ"o contrária.
O circuito é redesenhado mostrando a nova direção da corrente e as polaridades
dos componentes (figura 4-30).
Partindo do ponto A:
-E3 -EA -E1 - E2 = O
-IR3 -EA - IR, -IR2 = O
-151-60 - 51 -101 =o
-301 = 60
301 =- 60
I = - 60/30 = -2 amperes

Observe que a GRANDEZA da corrente é a mesma. A polaridade, entretanto, é


NEGATN A. A polaridade negativa simplesmente indica que a direção assumida inicial-
mente estava errada. Caso fosse necessário continuar usando a corrente em outros cál·
culos neste circuito, a polaridade negativa teria que ser mantida para efeito de cálculo.

EI +
RI= 5.n

+ R2=1 0.n
-=- EA E2
-sov
Fig.4.30.- Sentido
incorreto da +
corrente.

10
8
Fontes em série aditiva e subtrativa
Em muitas aplicações práticas um circuito poderá ter mais do que uma fonte.
As fontes de FEM que forçam o fluxo de corrente na mesma direção sa"o consideradas
como em SRIE ADITNA e suas tensões se somam. As fontes de FEM que tendem a
forçar a corrente em direções opostas esta-o em S RIE SUBTRATN A e a tensa-o efe-
tiva é a dife rença entre as tensões em oposição. Quando as duas fontes em oposição são
inseridas no circuito, o fluxo de corrente e a sua direção sa"o determinados pela fonte
maior. Exemplos de fontes em série aditiva e subtrativa são mostradas na figura 4-31.

Solução de problemas com fontes múltiplas


A Lei de Kirchhoff permite a soluça-o, de maneira simples, dos problemas que
envolvem diversas fontes ligadas ao circuito. O processo de aplicação é o mesmo utilizado
nos circuitos com uma única fonte. Isso é demonstrado pelo seguinte problema.
Exemplo: Usando a Lei de Kirchhoff para tensão, determine o valor da corrente
no circuito da figura 4-32. ·
. ------- illlllt------,
I - E2 + + RI
_G 60
= El 20v

+
+
Série aditivo -=...Ebbl
-=- 180v
..-----tlllllt------,
1 + E2 -

l
+

R2

= El RI Ebb3
I
L...-------140v 11111-+ ..J

Sério subtnlin Fig.4.32.- Cálculo da corrente no circuito


Fig. 4.31 . - Fontes aditiva e subtrativa. usando a equação da tensão de Kirchhoff.

Solução: Como anteriormente, assuma uma direção para o fluxo de corrente e


polarize os componentes no diagrama esquematizado.
A equação começará no ponto A.
Equaça-o básica:
Ea + Eb + Ec + ... En = O (4-14)
Do circuito:
- Ebb2 - Et +Ebb 1 -Ebb 3 -E2 = O
- 20 -60 I + 180 - 40 -20 I = O
109
-801 + 120= o
801-120=0
801 = 120
I = 120/80 = 1 ,5 ampêre

11
0
REFER!NCIA DE TENSÃO

Ponto de referência
Um ponto de referência é um ponto arbitrariamente escolhido com o qual todos
os outros pontos devem ser comparados. No circuito série qualquer ponto pode ser
escolhido como referência e o potencial elétrico de todos os outros pontos pode ser
determinado com relação a esse ponto de referência. No exemplo da figura 4-33, o
ponto A deve ser considerado como referência. Todos os resistores da série no circuito
mostrado são de igual valor. Dessa forma, a tensão aplicada se distribui igualmente atra-
vés de cada resistor. O potencial no ponto B é 25 volts mais positivo do que o ponto A.
Os pontos C e D são, respectivamente, 50 e 75 volts mais positivos do que o ponto A.
Se o ponto B for usado como referência (figura 4-34), o ponto D será 50 volts
positivos com relação ao novo ponto B de referência. O ponto A será agora 25 volts
negativos com relação ao ponto B.

O +75v O +50v

R3 R3

C +50v C +25v
+
+
75v 75v R2

B +25v 8 Ov

l RI

A Ov

Fig.4.33. - Pontos de referência no circuito


L RI

A -25v

Fig. 4.34.- Determinação de potenciais com


série. relação a um ponto de referência.

Ponto de terra
Como mostrado anteriormente, o ponto de referência de um circuito é sempre
considerado como sendo o de potencial zero. Como a terra é considerada ponto de
potencial zero, o termo TERRA é usado para identificar um ponto elétrico comum
de potencial zero. Na figura 4-35, o ponto A é o de referência zero, ou terra, confor-
me simbolizado. O ponto C é 75 volts positivo e o ponto B é 25 volts positivo com
relação ã terra.
Em diversos equipamentos elétricos e eletrônicos, o metal do chassi é o ponto
comum de terra para os diversos circuitos elétricos. A vantagem desse terra comum

111
aparece quando se considera o problema de economia, simplificação de esquematiza-
ção e facilidade de medição. Ao completar cada circuito elétrico o ponto comum de
zero será ligado diretamente no metal do chassi, eliminando dessa forma uma grande
quantidade de fio para retomo. Os elétrons passam pelo metal do chassi (condutor)
e alcançam outros pontos do circuito. Um exemplo de circuito com retomo por terra
é mostrado na figura 4-36.
A maioria das medições de tensão efetuadas para verificar o funcionamento dos
circuitos em equipamentos eletrônicos é feita com relação ao ponto de terra. Um fio
do medidor é ligado em terra e o outro fio se desloca para efetuar medidas nos diversos
pontos de teste.

CIRCUITOS ABERTOS E EM CURTO

Diz-se que um circuito está ABERTO quando existe uma interrupção no percurso
de condução normal da corrente elétrica. Apesar de normalmente uma chave ser utilizada
para abrir um circuito a fim de desalimentá-lo, pode ocorrer uma abertura de circuito
por avaria em componente devido à condições anormais no circuito. Para restabelecer
a condição correta de operação, o ponto aberto deve ser localizado e a causa da sua aber-
tura determinada.
Algumas Nezes uma interrupção no circuito pode ser visualizada por meio de inspe·
ção nos componentes do circuito. Componentes avariados tais como resistores queimados e
fusíveis abertos podem normalmente ser localizados pelo processo de inspeção visual.
Outros, tais como um fio aberto, mas coberto pelo isolamento, ou o elemento derretido
de um fusível vedado, não são de rápida visualização. Sob tais condições, a compreensão
dos efeitos de uma interrupção no circuito permitem ao técnico, com o emprego de um
voltímetro ou ohmímetro, localizar o componente avariado.
Na figura 4-37, o circuito série consiste de dois resistores e de um fusível. Observe
os efeitos nas condições do circuito quando o fusível abre.

C +75v RI

+
75v 8 +25v R2

L A

Fig.4.35. - Uso do símbolo de terra.


Ov
-- ---··-·--·--·-·I··---.-..---..":)-
- Olassl condutor
---

Fig.4.36. - O terra sendo usado como condutor.

11
2
O fluxo de corrente cessa, porque houve urna interrupção no percurso. Não haverá
mais queda de tensão através dos resistores. Cada extremo do circuito aberto se toma
uma extensão dos terminais da bateria e a tensa-o que aparece no ponto aberto é igual
à tensã'o aplicada no circuito.
Um circuito aberto, tal como o mostrado na figura 4-37, pode também ser localiza-
do com um ohmímetro. Para usar o ohmímetro, entretanto, o circuito deverá estar desa-
limentado. Isso é importante. Não se pode ligar um ohmímetro a um circuito quando há
tensão elétrica presente. Um ohmímetro possui fonte de alimentação própria para o seu
funcionamento, e ele se avariará se for ligado a um circuito alimentado.
O ohmímetro usado para medir um circuito série deverá indicar o valor ôhmico de
cada resistência a que for ligado. O circuito aberto, devido à sua resistência quase infinita,
não produzirá deflexão no ponteiro do ohmímetro, conforme mostrado na figura 4-38.

Qrcuito nonnal

lndicaçfo
infinita

Circuito aberto

Fjg.4.37.- Condições de circuitos normal e Fig. 4-38.- Leituras do ohmímetro em um


aberto. circuito série.

Um CURTO-CIRCUITO é um percurso acidental de baixa resistência que permite


a passagem de uma quantidade anormal de corrente. Existe uma condição de curto-cir-
cuito sempre que a resistência de um circuito ou a resistência de uma parte do circuito
cai a um valor ôhmico igual a zero. Um curto ocorre freqüentemente como resultado
de fiação incorreta ou falha de isolamento.
Na figura 4-39 um curto é motivado por ligação de fio de maneira incorreta. Obser-
ve o efeito no fluxo de corrente. Como o resistor foi substituído por um pedaço de fio
com resistência próxima de zero, praticamente toda a corrente flui através do fio e pouca
ou nenhuma corrente flui pelo resistor. Fluem elétrons através do curto, um percurso de
quàse zero resistência, através da bateria e do resistor de 10 ohms, completando o cir-
cuito. A quantidade de corrente aumenta sensivelmente porque a resistência foi alterada
de 10.010 ohrns para apenas 10 ohms. Devido à excessiva corrente que passa a fluir atra-
vés do resistor de 10 ohms, esse componente se aquece excessivamente. Incapaz de dissi-
par o calor agora aplicado, o resistor queima, abrindo o circuito.

113
EFEITO DA RESIST NCIA DA FONTE NA TENSÃO,
POT NCIA E EFICttNCIA .

Todas as fontes de FEM apresentam alguma resistência interna que fica em série
com a resistência de carga do circuito ao qual a fonte é ligada. A resistência da fonte é
geralmente indicada nos circuitos-diagramas como um resistor separado ligado em série
com a fonte. A tensão e a potên cia disponível para a carga podem ser aumentadas se a
resistência da fonte for reduzida.
Os efeitos da resistência da fonte, Rs. na tensão aplicada ã carga pode ser mostrada
pelo uso da figura 440. Na parte A da figura, o circuito está aberto e um voltímetro
ligado através da bateria indicará uma tensã'o de circuito aberto. No caso de uma pilha
seca, a tensão de circuito aberto é 1,5 volts. Na parte B, a pilha é colocada em curto-

E•I.SV Rs

R2
100

Comnte nonnal
Tenslo no Corrente de
circuito
cwtoc:ir-
aberto (A) cuíto
(B)

Cl.rgaU&ada
(C)
Corrente excessiva

Fig. 4.39. - Condições nonnais e curto-circuito. Fig.4.40.- Efeito da resistência da fonte na


tensão de carga.

ci rcuito através de um amperímetro e flui urna corrente de 30 arnperes. Nesse caso,


a tens[o da pilha se desenvolve totalmente através da resistência interna da própria
pilha. O valor da resistência interna da pilha será:
Es 1,5
a
"5
=-
I
= 30
- O 05 ohms.
'
=
Se u ma carga, RL, de 0,10 ohm for ligada ao circuito, conforme mostrado na
parte C, a corrente I, altera para:
Es 1 ,5
I = - = -- = 10 arnperes.
Rt 0,15

11
4
A tensão disponível para a carga será:

A tensão absorvida ou desenvolvida na resistência interna da pilha será:

IRs = 10 X 0,05 = 0,5 volts

Dessa forma, o efeito da resistência interna é no sentido de reduzir a tensão dis-


ponível nos terminais de saída da pilha de 1,5 volt para l volt quando ela forne·ce 10
amperes de corrente para a carga.
O efeito de resistência da fonte na potência de saída de uma fonte CC pode ser
mostrada pela análise do circuito mostrado na figura 441A. Quando há carga, um resis-
tor variável, RL, é ajustado para a posição de zero ohm (equivalente a um curto-circuito),
a corrente é limitada apenas pela resistência interna, Rs. da fonte.
A corrente de curto circuito será:
Es 100
I = -= --= 20 amperes
Rs 5
Esse é o valor máximo de corrente que pode ser solicitado da fonte. A tensão no
ponto de curto-circuito é zero e toda a tensão é absorvida pela resistência da fonte.
Se a resistência da carga, RL, for aumentada (permanecendo constante a resistência
interna da fonte), a corrente drenada da pilha diminui. Conseqüentemente, a queda de
tensão através da resistência interna diminui. A tensão aplicada na carga aumenta e se
aproxima de zero.
O TEOREMA DE MÁXIMA TRANSFERf.NCIA diz que ocorre o máximo de
transferência de potência da fonte para a carga quando a resistência da carga for igual
à resistência interna da fonte. Esse teorema é ilustrado na forma tabular e gráfica nas
partes B e C da figura 441. Quando a resistência da carga é igual a 5 ohms, condição
em que a carga fica igual à resistência interna, um máximo de 500 watts se desenvolve
na carga.
A eficiência de transferência de potência (relação entre a potência de saída e a
potência de entrada) da fonte para a carga aumenta conforme a resistência da carga
aumenta. A eficiência atinge l 00 por cento quando a resistência de carga se aproxima
de um valor relativamente alto se comparado com a resistência da fonte. A eficiência
de transferência de potência é apenas 50 por cento no ponto de máxima transferência
de potência, 5 ohms, e se aproxima de zero em valores relativamente pequenos para
resistência de' carga quando comparados com a resistência da fonte. Assim, o proble-
ma de alta eficiência e máxima transferência de potência é resolvido na forma de um
compromisso entre a baixa eficiência da máxima transferência de potência e a alta efi-
ciência de urna alta resistência de carga. Nos casos que envolvem grandes quantidades
de cargas e a eficiência é importante, a resistência da carga deve ser relativamente grande
com relação à resistência interna da fonte de maneira a manter pequena a redução de
tensão disponível para a carga. Nesse caso, a eficiência será alta. Nos casos em que o
''casamento" entre a fonte e a carga é de maior importância, como nos circuitos de
comunicações, sinal forte pode ser mais importante do que uma alta porcentagem de
eficiência. Em tais casos, a eficiência de transmissão será de apenas 50%. Entretanto, a
potência de transmissão será máxima dentro da capacidade de fornecimento da fonte.

115
Solução da figura 4-26.

Dados:
R 1 = 10 ohrns
R 2 = 10 ohms
R3 =50 ohms
Rt = 30 ohms
I = 0,5 ampere

Solução:
(a) Rr = R1 + Rz + R3 + Rt
Rr = 10 + 10 +50 + 30 = 100 ohms
ET = IRT = 0,5 X I 00 = 50
volts. (b) E1= IR1 =0,5X 10=
5volts
E2 = IR2 = 0,5 X 10= 5 volts
E3 = IR3 = 0,5 X 50= 25 volts
E4 = IRt = 0,5 X 30 = 15 volts

Conferência:
ET = E1 + Ez + E3 + E4
Er = 5+5+25+15=50volts

(c) A potência consumida por R1 é:


P1 = IE1 = 0,5 X 5 = 2,5 watts
Pz = IE2 = 0,5 X 5 = 2,5 watts
P3 = IE3 = 0,5 X 25 = 12,5 watts
P4 = IE4 = 0,5 X 15 = 7,5 watts

(d) Potência total:


PT = P1 + Pz + P3 + P4
Pr = 2,5 + 2,5 + 12,5 + 7,5
Pr = 25 watts

Conferindo:
PT = 1T 2 Ry= O,SZ X 100 = 25 W.
ou Py = IT ·Er = 0,5 X 50= 25 W.
E1z 502 2500
ou Pr = --=- -=-- = 25W.
Rr 100 100
11
6
1 _!_.-.!
_ Es=IOOV
RL

I
o
Et

o
16.6
I

20
16.6
PL
o
275.6
%EF

o
16.6
2 28.6 14.3 409 28.6
Et 3 375 12.5 468.8 375
4 44.4 11.1 492.8 44.4
5 50 lO 500 50
6 5-4.5 9.1 495.4 54.5
7 58 I 83 482.2 58.1
8 61.6 7.7 474.3 61 .6
Es = Tensão da fonte com o circuito aberto. 9 63.9 7.1 453.7 63.9
Rs = Resistência interna da fonte.
Et = Tensão nos terminais. lO 66 6.6 4356 66
RL = Resistência de carga. 20 80 4 320 80
Pt = Potência consumida na carga.
I = Corrente da fonte. 30 87 2.9 252 87
% EF = Porcentagem de eficiência. 193.6
40 88 2.2 88
(A) 50 91 1.82 165 91
Identificação do circuito e símbolos

(B)
c;; Tabela
(i) ..... V>
!:J ,C..C..:. 1-
o
"..'.-.. > :E
ti
!J:
o .....
.... c..

90
80
18
16 400 \'1.
'.....,
70 14 O ,...-'-......--
...............

f,
--- ---
60 12 300 'I
50 lO
40 8 200 v
r-1
....... -
--
........
30 6
20 4 100 I
lO 2
o
0246810 40 50

(C)
Gráfico

Fig. 4.41. -Efeito da resistência da fonte na potência de saída.


117
Capítulo 5

Circuitos Paralelos CC

A compreensão correta dos modernos equipamentos elétricos requer um desenvol-


vimento progressivo no estudo dos circuitos elétricos típicos. À dü cussão dos circuitos
série feitos no capítulo anterior adiciona-se, neste capítulo, considerações relativas aos
circuitos paralelos. Será mostrado como os princípios aplicados aos circuitos série podem
ser usados para determinar quantidades tais como tensão, corrente e resistência·nos cir-
cuitos paralelos e série-paralelos.
Junto com a progressiva introdução das teorias elétricas e características dos cir-
cuitos ocorre uma progressão correspondente no emprego de equações matemáticas e
métodos especiais para resolver os problemas. A perfeita compreensão do material apre-
sentado neste capítulo exigirá conhecimentos básicos relacionados com potência de dez,
frações, equações fracionárias e o uso de equações simultâneas.Se você domina esse setor
da matemática, volte aos cadernos da parte propedêutica e faça uma recordaçã'o da maté-
ria antes de iniciar o estudo deste capítulo.

CARACTERÍSTICAS DOS CIRCUITOS PARALELOS

Um ci rcuito paralelo é definido como um ci rcuito que apresenta mais de um per-


curso para a corrente fornecida pela fonte de tensão. Os circuitos paralelos, dessa forma,
podem ter duas ou mais resistências de carga não ligadas em série. Um exemplo de cir-
cuito paralelo básico é mostrado na figura 5.1.
lniciando na fonte de tensão (Ebb) e girando no sen tido anti-horário, dois per-
cursos completos e separados podem ser identificados por onde passam as correntes.
Um dos percursos inicia na fonte, passa pelo resistor R 1 e retoma à fonte. O outro
inicia na fonte, passa pelo resistor R 2 e retoma à fonte.

Tensão
Você viu que a tensão da fonte se divide proporcionalmente pelos resistores do
circuito. No circuito paralelo (figura 5.1), a mesma tensão está presen te através de todos
os resistores de um grupo em paralelo. Essa tensão é igual à tensão aplicada (Ebb)·Tal
afirmação pode ser expressa na forma matemática como:

(5-1)

A medição de tensão feita através dos resistores do circuito paralelo, conforme


mostrado na figura 5.2 confirma a equação (5-1). Cada voltímetro indica a mesma gran-
deza de tensão. Observe que a tensão nos resistores é igual à tensão aplicada.

117
J::n: Ebb
·4C
RI
. .>
R2>
RI R2
percurso 1

percurso 2

Fig.5-1. - Circuito paralelo. Fig. S-2. - Comparação de tensão em um cir-


cuito paralelo.

Exemplo: Suponha que a corrente q:ue flui em um resistor de um circuito paralelo


é 4,5 miliamperes e que o valor ôhrnico do resistor é 30.000 ohms. Determine a tensão
através do resistor. O circuito é mostrado na figura 5.3.
Dados:
R2 = 30Kohms
IR2 = 4,5 rniliamperes
Determine:
ER2 = ?
Ebb = ?
Solução:
ER2 = IR2 X R2 = 4,5 ma X 30.000 ohms
Expresso em potência de dez:
ER 2 = (4,5 X 10-3) X (30 X 10 3)
ER2 = 4,5 X 30 = 135 volts.
Assim:
Ebb = 135 volts.

.....b-E RI
;r bb
Fig.S-3. - Exemplo de problema em circuito
paralelo.
>

118
Determinada a tensão em um resistor (R2 ) de um circuito paralelo, o valor da
tensão da fonte (Ebb) e o potencial aplicado a todos os outros resistores em paralelo
ficam também determinados (equação 5-I ).

Divisão de corrente
A corrente em um circuito é inversamente proporcional à resistência do circuito.
Esse fato, tomado da Lei de Ohm, estabelece a relação na qual a discussão que se segue
é feita.
Nos circuitos série há a considerar apenas uma corrente. O seu valor é determinado
em parte pela resistência total do circuito. Entretanto, a corrente da fonte, em um cir-
cuito paralelo, se divide pelos diversos percursos, dependendo sua grandeza do valor da
resistência presente no circuito. A Lei de Ohm permanece inalterada. Para uma dada
tensão, a corrente varia inversamente com a resistência. O comportamento da corrente
nos circuitos paralelos será mostrado por meio de uma série de ilustrações, usando-se
como exemplos, circuitos com diferentes valores de resistência para um mesmo valor
dado de tensão aplicada.
A parte A da figura 54 mostra um circuito série básico. No circuito da figura a
corrente total deve passar por todos os resistores. O valor da corrente é determinado
conforme abaixo:
Ebb 50
lt = - - = -= 5
ampêres
RI 10
A parte B da figura mostra o mesmo resistor (R 1) com um segundo resistor (R2 )
de igual valor ôhmico ligado em paralelo. Aplicando a correta equação da Lei de Ohm,
verifica-se que a corrente tem o mesmo valor mas não se trata da mesma corrente. As
correntes individuais slfo determinadas como sendo:
Ebb 50
IR 1
= -- = - = 5 ampêres
R1 lO
Ebb 50
IR 2 = -- = - = 5 ampêres
R2 10
evidente que se cada corrente que passa pelos resistores tem a grandeza de 5
amperes, a corrente total fornecida pela fonte é de lO amperes. A distribuição da cor-
rente no circuito paralelo simples mostrado na figura 54-B é a seguinte:

Ir•IOo 12• 5o

RI Ebb RI R2
I OI\ 5011 101\ 101\

(A) b Ir• IOo

(8) o

Fig. 54.- Análise de corrente em circuito


paralelo.
119
A corrente total de 10 amperes deixa o terminal negativo da fonte e flui até o
ponto a. Como o ponto a é ponto de junção para os dois resistores, ele é chamado
junção. Na junção, a corrente total se divide em duas correntes de 5 ampêres cada. Essas
duas correntes fluem pelos respectivos resistores e se unem novamente na junção b. A
corrente total então flui da junção b de volta ao terminal positivo da fonte. Dessa for-
ma, a fonte fornece uma corrente total de 10 ampêres e cada um dos dois resistores
iguais solicitam uma metade da corrente total.
Cada percurso individual de corrente no circuito da figura 5-4-B é conhecido como
um ramo. Cada ramo conduz uma corrente que é parte da corrente total. Dois ou mais
ramos formam uma malha.
Das observações feitas, conclui-se que as características da corrente em um cir-
cuito podem ser expressas em termos da seguinte equação geral:

(5-2)

A análise da corrente nos circuitos paralelos continua com os seguintes exemplos:


Compare a parte A da figura 5-5 com a parte B da figura 5-4 referente ao exemplo
anterior. Observe que dobrando o valor resistivo do resistor R 2 no segundo ramo, não
se altera a corrente que flui no primeiro ramo. A corrente do segundo ramo, entretanto,
cai para um valor que é a metade do valor anterior. A corrente total do circuito cai para
um valor representativo da soma das duas correntes. Esses fatos podem ser verificados
como se segue:
Ebb 50
11 = -- = - =5
amperes
RI 10
Ebb 50
12 = -- = - = 2 5
am....\res
R2 20 ' r-
lt = l1 +h= 5 + 2,5 = 7,5 ampêres
Compare os dois circuitos da figura 5-5. Observe que a simples soma dos valores
ôhmicos dos resistores em ambos os circuitos são iguais, assim como a tensão aplicada
aos circuitos. Entretanto, a corrente total na parte B é duas vezes maior do que a cor-
rente total da parte A.evidente que, a maneira de ligar os resistores em um circuito,
assim como os seus respectivos valores ôhmicos, afetam o fluxo total da corrente. Esse
fato será ilustrado com maiores detalhes quando se discutir o problema resistência.

Ir=7.5o 1 2.2.5a. Ir=l5o 13= 5o.

lEbb

50v
RI

101\ 1"
R2

201\ Ebb
10.1\

RI
1 IO.n.

R2
I R3
IOfl.

120
- Ir= 1sa.
Fig.S-5.- Divisão de corrente nos circuitos
paralelos.

121
A quantidade de corrente em cada ramo do circuito e a corrente total (figura 5-5 B)
são determinadas conforme abaixo:

I, = Ebb/R 1 = 50/10 = 5 amperes


I1 = Ebb/R2 = 50/10 = 5 amperes
I3 = Ebb/R3 = 50/10 = 5 amperes
It = I 1 + I2 +h
It = Ebb/R, + Ebb/R2 + Ebb/R3
It = 50/10 + 50/10 + 50/10 = 15 amperes

A divisão de corrente em uma rede paralela é feita segundo um modelo definido.


Esse modelo é descrito pela Lei de Kirchhoff para correntes:
"A soma algébrica das correntes que chegam e saem de qualquer junção de con-
dutores é igual a zero". Essa Lei pode ser escrita como:

Ia + Ib ... + In = O (5-3)

onde Ia, Ib, etc., sâ'o as correntes que chegam e deixam a junção. As correntes que chegam
ã junção sâ'o consideradas positivas e as correntes que deixam a junção são consideradas
negativas. Na resoluçâ'o de problemas, as correntes deverão entrar na equação com os
sinais de polaridade corretos.

Exemplo: Resolva, para determinar o valor de h,o problema da figura 5-6.


I2•3a
Fig.S. - Exemplo
de problema de II•IOa
circuito.

14• 5a

Solução: As correntes são inicialmente devidamente polarizadas.


11 = + 10 amperes
I2 = 3 amperes
I3 = ? amperes
14 = - 5 amperes
essas correntes entram na equação como se segue:
Equação básica:
Ia + Ib + ... In = O (5-3)
I, + I2 + h + 14 = O
(+ I0)+(-3)+(h)+(- 5)=0
I3 + 2 =O
h = - 2 amperes
122
13 tem um valor de 2 ampêres, e o sinal negativo indica que a corrente está deixan-
do a junção.

Exemplo: Considerando a figura 5-7, resolva para determinar a grandeza e sentido


de h.
Solução:
Ia + lb + ... In = O (5-3)
r1 + r2 + 13 + 14 = o
(+ 6a) + (- 3a) + (13 ) + (- 5a) =O
13 - 2a=
O
h= 2 ampêres
A corrente 13 tem um valor de 2 ampêres e o sinal positivo indica que essa cor-
rente está chegando à junção.

I 2 = 3a

I I= Ga

Fig.5-7.- Exemplo de problema de circuito


paralelo.

Resistência paralela
A discussllo feita sobre corrente introduziu certos princípios que envolvem carac-
terísticas e efeitos de resistências nos circuitos paralelos. Será feita, a seguir, uma expla-
na-ção detalhada das características apresentadas pelas resistências quando ligadas em
paralelo. Essa explanação inicia com um circuito paralelo simples. Serão descritos diversos
processos para se determinar o valor da resistência total no circuito.
No exemplo do diagrama da figura S-8, dois cilindros de material condutivo, cada
um com resistência de 10 ohms são ligados em paralelo a uma bateria de 5 volts. É for-
mado um circuito paralelo completo composto de dois ramos e flui rá corrente como
indicado. O cálculo das correntes individuais mostram que flui meio ampêre de cor-
rente em cada resistor. A corrente total de 1 ampêre drenada da bateria chega à junção
dos resistores, flui pelos ramais, e retoma à bateria. A resistência total do circuito pode
ser determinada pela substituição dos valores de tensão e da corrente na equação derivada
da Lei de Ohm.
Et 5
Rt = -= - = 5 ohms.
lt 1
O cálculo mostra que a resistência total do circuito é 5 ohms, metade do valor
de cada. um dos resistores. Como a resistência total deste circuito paralelo é menor do
que qualquer um dos resistores no circuito, o termo "resistência total" não significa
uma simples soma dos valores ôhmicos individuais. A resistência total de resistores em

123
paralelo é também conhecida como resistência equivalente. Em alguns textos, os termos
resistência total e resistência equivalente são intercambiáveis.
Há diversos processos para se. determinar a resistência equivalente de circuitos
paralelos. O processo mais adequado para resolver um problema em particular depende
do número e valores dos resistores. Para o circuito mostrado na figura 5-8, é usada a
seguinte equação:
R
Req =-
N
onde Req = resistência equivalente
R valoc ôhrnico de um dos resistores
N = número de resistores

A equaç:ro acima só é válida para qualquer número de resistores com valores ôhrni-
cos iguais. Urna perfeita mpreensã"o do motivo pelo qual a resistência equivalente de
dois resistores em paralelo é sempre menor do que a resistência apresentada pelo menor
resistor do circuito, pode ser obtida pelo exame da figura 5-8. Os dois cilindros de 10
ohms têm volumes flXos e iguais. Se os cilindros forem combinados em um único cilindro
conforme mostrado na figura 5-9, o volume será dobrado.

la la

r r
Equivalente a
t---
dois resistores
de 10 ohms
ligados em sn
.. sv 5v paralelo

1....

la
\

Fig. 5·8. - Dois resistores iguais ligados em Fig.5-9.- Circuito paralelo equivalente.
paralelo.

Se o mprimento for mantido e o volume for dobrado, a seção será o dobro da


original. Quando a área de uma seção ·reta aumenta, a resistência ttirniriui proporcional-
mente. Neste caso, corno a seção reta é duas vezes a área original, a resistência será a me-
tade do valor anterior. Dessa forma, quando dois resistores de igual valor são ligados
em paralelo, o conjunto apresenta uma resistência total equivalente a um resistor igual à
metade de um dos resistores.

Exemplo: Quatro resistores de 40 ohms são ligados em paralelo. Qual a resistência


equivalente?
Solução:
R 40
Req = - = - = 1O ohms
N 4
124
Serã'o considerados, agora, circuitos de resistências paralelas com valores diferentes.
Considere o exemplo apresentado pelo circuito da figura 5-10.
Dados:
Rt = 3 ohms
R2 = 6 ohms
Ea = 30 volts
Valores conhecidos:
11 = 10 ampêres
12 = 5 ampêres
lt = 15 ampêres
Determine:
R equivalente
Soluçã'o:
Ea 30
Req = -- = - = 2
ohms
lt 15
Observe que a resistência equivalente de 2 ohms é menor do que o valor de qual-
quer dos resistores no circuito. Nos circuitos paralelos, a resistência equivalente será sem-
pre menor do que a menor resistência de qualquer um dos ramos.

Fig. S-10. - Exemplo de


circuito com resistores
15a diferentes em paralelo.

Método da recíproca
Em muitos circuitos, os resistores em paralelo são de valores diferentes. É interes-
sante, nesse caso, desenvolver uma fórmula para calcular rapidamente a resistência equi-
valente do circuito. Essa fórmula matemática é derivada da seguinte equação básica:

(5-2)

Substituindo I por E/R:

125
Como no circuito paralelo

Et = Et = E2 =En;
E E E E
-- = - +--+ --
Rt Rt R2 · ·· Rn
Dividindo ambos os termos por E
E E E E
-- = -- + --+ --
ERt ER1 ER 2 . . . ERn
1 1 1 1
- -=- -+--+ -
- Rt Rt R2 ... Rn
Tomando a recíproca de ambos os lados:
1 1
-1-=-----
1 1
-----
I
--+ --+ --
Rt R1 R2 ··· Rn

Simplificando:

Rt = ----- - -- (5-5)
--
1 1 1
--+--+ ... --
Rt R2 Rn
Esta fórmula é denominada "A recíproca da soma das recíprocas" e é a equação
normalmente empregada para resolver problemas para se determinar a resistência equi-
valente de circuito dotado com diversos resistores em paralelo.

Exemplo: Dado o valor de três resistores, 20 ohms, 30 ohms e 40 ohms, em para-


lelo, determine a resistência equivalente empregando a equação da recíproca (veja fig.
5-11).

:::_ RI > R2 R3 >


20n 30/\ > 40n

Fig. S-11. - Exemplo de circuito paralelo com


resistores clifercntes.
125
Solução:
Escreva a equação:

Req = -------
1 1 1
--+--+--
Rt R2 R3
Substitua com os valores

Req = -------
1 1 1
--+--+- -
20 30 40

Req = ------ -
13
=
6 4 3 120
--+--+--
120 120 120
120
Req = -- = 9 23 ohms
13 '
Alguns circuitos podem ser resolvidos de maneira mais conveniente considerando-se a
facilidade com que a corrente flui. O grau de facilidade de passagem da corrente permi-
tido por um circuito é denominado condutância (G) do circuito. A unidade de condutân-
cia é o MHO, a palavra ohm escrita ao contrário. (A unidade MHO foi substituída por
SIEMENS). A condutância de um circuito é a recíproca da resistência e pode ser deter-
minada pela seguinte fórmula:
1
G =-
R
Logo,
1
R=-
G
No circuito paralelo, a condutância total é igual à soma das condutâncias de cada
ramo.

(5-6)

Exemplo: Determine a resistência equivalente do circuito mostrado na figura


5-11 usando o método da condutância.
Solução:
1 1
-=- = OOSOmho
R1 20 '
1 1
= = O 033 mho
R2 30 '
126
1 1
G3 = - = 40
- =' O 025 mho
R 3

Gt = Gt + G 2 + G3 = 0,050 + 0,033 + 0,025 = 0,108 mho


1 1
= 9,25 ohms
0,108

Produto pela soma


Uma fórmula bastante conveniente para deternúnar a resistência equivalente de
dois resistores em paralelo pode ser derivada da equação (5-5) conforme abaixo:
1 (5-5)
Rt=-----
1 1
-+-
R, R2
MMC
Rt = ----
Rl + Rt
Rt X R2
Tomando a recíproca:
R1 X Rz
Rt =
RI+ Rl
Essa equação, denonúnada produto pela soma, é usada tão freqüentemen te que
deve ser memorizada.

Exemplo: Qual a resistência equivalente dos resistores de 20 ohms e 30 ohms liga-


dos em paralelo?
Dados:
Rt = 20ohms
R2 = 30 ohms
Sol ução:
R 1 X R2
Rt = R 1 + R2
20 X 30
Rt = = 12 ohms
20 +30

Redução do circuito paralelo


No estudo de eletricidade, é freqüen temente necessário para resolver um pro-
blema de circuito complexo, reduzi-lo para uma forma mais simples. Qualquer circuito
complexo composto de resistores pode ser reduzido a um equivalente básico composto

127
circuito original circuito equivalente

RI R2
20/\ 3().{).

(A) (8}
Fig.5-12.- Circuito paralelo com circuito equivalente.

da fonte e de uma resistência equivalente ou total. Esse processo é denominado redução


a 'W1 circuito equivalente. Um exemplo dessa redução é mostrado na figura 5-12.
O circuito mostrado na parte A da figura é reduzido para uma forma mais simples
no circuito da parte B.

Cálculo da potência total


O cálculo para determinar a potência total no circuito paralelo é essencialmente
igual ao usado para o circuito série. Como a dissipação de potência nos resistores consiste
de uma perda na forma de calor, as dissipações são aditivas, independente de como os
resistores são ligados no circuito. A potência total dissipada é igual à soma das potências
dissipadas por cada resistor. Como no circuito série, a potência total consumida pelo
circuito paralelo é:

(4-13)

Exemplo: Determine a potência total consumida pelo circuito da figura 5-13.


Solução:
PR 1 = Ebb X 1R 1
PR 1 = 50 X 5 = 250 watts
PR 2 = Ebb X IR2
PR 2 = 50 X 2 = 100 watts
PR 3 = Ebb X lR3
PR 3 = 50 X 1= 50 watts
Pt = P1 + P2 + P3 = 250 + 100 +50 = 400 watts.

Observe que a potência dissipada em um determinado ramo é determinada da


mesma maneira como a potência dissipada pelos resistores no circuito série. A potência
total (Pt) é então obtida somando-se as potências dissipadas nos resistores dos ramais
usando-se a equação 4-13.
Em virtude de, no exemplo da figura 5-13, a corrente total ser um dado do cir-
cuito, a potência total pode ser determinada pelo processo mais simples.

Pt = Ebb X lt
Pt = 50 volts X 8 amperes
Pt = 400 watts

128
Para resolver problemas em circuitos CC paralelos, considere as seguintes regras:
1. A tensão aplicada a cada ramo de um circuito paralelo é a mesma e igual à tensão
da fonte.
2. A corrente que flui em um ramo do circuito paralelo é inversamente proporcio-
nal à grandeza da resistência do ramo.
3. A corrente total de um circuito paralelo é igual à soma das correntes de cada
ramo do circuito.
4. A resistência total de um circuito paralelo é igual à recíproca da soma das recí-
procas das resistências do circuito.
5. A potência total consumida em um circuito paralelo é igual à soma das potências
consumidas pelas resistências individuais.

RAMO!!
Ebb
.. 50v
RI
IOn.
d 1 R2
251\
R3
son.

RAMOb
Ir"aa

Fig.5·13. - l:.xcmplo dt: circui to paralelo. Fig. 5-14.- Circuito paralelo típi co.

PROBLEMAS TÍPICOS DE CIRCUITOS PARALELOS

Os problemas que envolvem cálculos de resistência, tensão, corrente e potência


nos circuitos paralelos são de solução tão simples quanto os do circuito série. O proce-
dimento que se segue é a regra geral: (1) desenhe um diagrama do circuito; (2) registre
os elementos dados no problema e os elementos a serem determinados; (3) estabeleça
as equações a serem utilizadas; e (4) substitua os valores dados e efetue os cálculos para
determinar os valores desconhecidos.
Por exemplo: O circuito paralelo da figura 5-14 é composto de dois ramos "a"
e "b". O ramo "a" consiste de três lâmpadas em paralelo. Suas características são: L 1 =
= 50 watts, = 25 watts e L3 = 75 watts. O ramo "b" consiste de três lâmpadas em
paralelo com as seguintes características: L4 = 150 watts, L5 = 200 watts e L6 = 250
watts. A tensão da fonte é de 100 volts.
1. Calcule a corrente em cada lâmpada.
2. Determine a resistência de cada lâmpada.
3. Determine a corrente no ramo "a".
4. Determine a corrente no ramo "b".
5. Calcule a corrente total do circuito.
6. Calcule a resistência total do circuito.
7. Calcule a potência total do circuito.
8. Confirme o valor determinado para a potência, usando outra fórmula.

129
Solução:
I. A corrente em L1 é: I = P/E = 50/100 = 0,5 amperes
Em L2 : 25/100 = 0,25 amperes
Em L3 : 75/100 = 0,75 amperes
Em L4 : 150/100 = 1,5 amperes
Em L5 : 200/100 = 2,0 amperes
Em L6 : 250/lOO = 2,5 amperes

2. A resistência em L1 é: R = E/1= 100/0,5 = 200 ohms


Em L2 : I 00/0,25 = 400 ohms
EmL3 : 100/0,75 = 133 ohms
Em L4: 100/1 ,5 = 66,7 ohms
EmL5 : 100/2,0 50 ohms
Em L6 : I 00/2,5 = 40ohms

3. A corrente no ramo "a" é:


11 + 12 + 13 = 0,5 + 0,25 + 0,75 = I ,5 amperes

4. A corrente no ramo "b"é:


I" + 15 + 16 = 1,5 + 2,0 + 2,5 = 6 amperes

5. A corrente total do circuito é:


Ia+ lb = I ,5 + 6,0 = 7,5 amperes

6. A resistência total do circuito é:


E 100
Rt = -= - -= 13,3 ohms
lt 7,5
7. A potência total fornecida ao circuito é:
50W + 25W + 75W + 150W + 200W + 250W = 750 watts
8. A potência total é também igual a:
Pt = Elt = 100 X 7,5 = 750 watts

COMBINAÇÕES SÉRIE-PARALELO

Até este ponto foram considerados os circuitos série e paralelos separadamente.


Entretanto, o técnico raramente encontrará um circuito composto somente de com-
ponentes em série ou em paralelo. A maioria dos circuitos consiste de componentes
ligados em série e em paralelo. Um circuito desse tipo é classificado como circuito com-
binado ou circuito série-paralelo. A solução dos circuitos combinados é simplesmente

130
uma questão de aplicação das leis e regras discutidas nas partes relativas aos circuitos
série e paralelo.

Resolução de circuito combinado


Pelo menos três resistores são necessários para formar um circuito combinado.
Dois circuitos básicos série-paralelo são mostrados na figura 5-15. Na parte A da figura,
R 1 é ligado em série com a combinação paralela formada por R2 e R3 .
A resistência total, Rt, da figura 5-15 (A), é determinada em duas etapas. Primeiro,
determina-se , como abaixo, a resistência R2. 3 da combinação paralela.
R2 X R3 3X6 18
R2.3 = = = -= 2 ohms
R2 + R3 3 +6 9
A soma de R2. 3 e R, , isto é, Rt. é:

Rt = R2.3 + R 1 = 2 +2 = 4 ohms

Se a resistência total, Rt. e a fonte de tensão, Es. são conhecidas, a corrente total,
It. pode ser determinada pela Lei de Ohm. Assim, na figura 5-15 A,

It = Es/ Rt = 20/4 = 5 amperes

a
[ab
Rl
R2

3 - 12
Eab
. 2
· v,..
b ...1oJ...
Ebc
R3

t;; L-

-
z.n. Ebc 11
I)
R3 R1

t x, 6.n.
lt 1 Jx, a.n.
ltl
E1• 20v E0 • 20•

- 1111111+ -'1111111•
R, em série com a combi nação paralela de R 1 em paralelo com a combinação série de
R 2 e R, R 2 e R,
(A) (B)

Fig. 5·15. - Circu ito composto - ligações série-paralelo.

Se os valores dos vários resistores e a corrente através deles são conhecidos, as que-
das de tensão através dos resistores podem ser determinadas pela Lei de Ohm. Assim,

Eab = ltR1 = 5 X 2 = !Ovoltse ,


Ebc = lt X R2,3 =5X 2 = 10 volts

De acordo com a lei das tensões de Kirchhoff, a soma das quedas de tensão ao
longo do circuito fechado é igual à tensão da fonte. Assim,

Eab + Ebc = Es = I O + 1O = 20 volts

131
Se a queda de tensão, Ebc. através de R2,3 for conhecida, a corrente que passa nos
ramos individuais pode ser determinada como abaixo:
Ebc 10
l2 = -- = - = 3 333
amn.!.res
R2 3 ' }"'
Ebc 10
h = -- = - = 1 666
amn.!.res
R3 6 ' }"'
Conforme a Lei das Correntes de IGrchhoff, a soma das correntes que fluem nos
ramos individuais paralelos é igual à corrente total.
Assim,
12 +h = lt, ou seja, 3,333 + 1,666 = 5 amperes (aproximados).

A corrente total flui por R 1, e, no ponto "b", ela se divide pelos dois ramos na
razão inversa da resistência de cada ramo. Flui duas vezes mais corrente por R2 do que
por R 3 , porque R2 é metade da resistência de R3. Dois terços de 5 amperes, 3,333
amperes fluem em R2 , e 1,666 amperes, ou seja, um terço, fluem através de R3.
Na figura 5-15 B, R 1 está em paralelo com a combinação série de R2 e R3 . A resis-
tência total, Rt, é determinada em duas etapas. Inicialmente, determina-se a soma das
resistências de R2 e R3 conforme segue:

Em seguida, determina-se a resistência total, Rt. que é o resultado da combinação


R2,3 em paralelo com R 1 •
R2,3 X R 1 12 X 6
Rt = = = 4 ohms
R2,3+Rt 12+6
Se a resistência total , Rt, e a tensão da fonte, Es. forem conhecidas, a corrente
total, lt, pode ser determinada pela Lei de Ohm. Assim, na figura 5-15 B,
Es 20
lt = -- = -= 5 amperes
Rt 4
Como afirmado, urna parte da corrente total circula através da combinação série
de R2 e R3 e a parte restante flui através de R 1 • Em virtude de a corrente variar inversa-
mente com a resistência, dois terços da corrente total circula através de R 1 e um terço
flui através da combinação série de R2 e R3 , já que R1 é a metade de R2 + R3 .
A fonte de tensão, Es. é aplicada entre os pontos "a" e "c".
Desta forma, a corrente 11, através de R 1,é:
Es 20
11 = - = - = 3 333
amn.!.res
R1 6 ' 1"'

e a corrente 12,3 através de R2,3 é:

132
Es 20
l2,3= -- = -= 1,666 amperes
R2,3 12

133
De acordo com a lei das correntes de Kirchhoff, a soma das correntes individuais
dos ramos é igual à corrente total.

It = 11 + 12 ,3 = 3,333 + 1,666 = 5 ampêres (aprox.)


Os circuitos compostos podem ser montados com qualquer número de resistores
dispostos em numerosas combinações série e paralelo. Nos circuitos mais complicados
são usados teoremas especiais, regras e fórmulas. As fórmulas e regras são baseadas na
Lei de Ohm e provêm soluções mais rápidas para aplicações particulares. As fórmulas
para série são aplicadas às partes série do circuito e as fórmulas para paralelas são apli-
cadas às partes paralelas. Por exemplo: na figura 5-16, a resistência total, Rt, pode ser

RI R3 RI

9.JL 6.1\.

12A circuito 10.1\. 12 .J\.


original segunda
tA) simplificação
tC)
RI
2.1\.

R2 Rt 20.1\.

R6
resistência
12.JL 1!Isimplificação equivalente
tB) (O)

Fig. 5-16.- Cálculo da resistência total no


circuito composto.

determinada em três etapas lógicas. Primeiro, R 3 , e Rs (na figura 5-J 6 A) estão em


série. Há somente um caminho para a corrente, e elas podem ser combinadas, na figura
5-16 B, para formar a resistência Rs correspondente aos três resistores.

Rs = R3 ++ Rs = 5 + 9 + 1O = 24 ohrns
Segundo, Rs fica em paralelo com R2 . A resistência combinada de Rs em paralelo
com Rz é:

Rs X R2 8 X 24
Rs,z = = = 6 ohms (fig. 5-16 C)
Rs + R2 8 + 24

134
Terceiro, a resistência total, Rt , é deternúnada combinando-se os resistores R1 e
R 6 com R5,2 conforme abaixo.

Rt = R1 + R6 + R5,2 = 2 + 12 + 6 = 20 ohms
Outros circuitos compostos podem ser resolvidos de maneira semelhante. Por
exemplo, na figura 5-17, a resistência equivalente Rt pode ser deternúnada simplificando-
se o circuito em etapas sucessivas. Cõmeçando com os resistores R1 e R2 ,temos:
R1 X R 2 3X6 18
R -
l ,l - RI + R2
= --
3 +6
- =9- = 2
ohms
sendo que esse equivalente está em série com R 3 .
Os resistores R1 ,2 e R3 são então somados para dar a resistência resultante R 1,2 ,3 .

R1 ,2,3 está em paralelo com. A resistência combinada R1, 2, 3,4 é determinada como
abaixo:
R1,2,3 XR4 6X12 72
R1 2 -
' '3.4- R1, 2,3 +
= ---
6 + 12
= -= 4 ohms
18

Essa resistência equivalente está em série com Rs . Logo, a resistência total do cir-
cuito será:

Rt = R1,2,3,4 + Rs = 4 + 8 = 12 ohrns
Pela lei de Ohm, a corrente da linha, lt, é:
Es 54
lt = = = 4 5 ampe'res
- -
Rt 12 '
A corrente de linha circula através de R 5 e, desta forma, a queda de tensão E 5 é:

E5 = lt X Rs = 4,5 X 8 = 36 volts

RI

Fig. 5-17. - Circ uito


composto. Determinação R4 l.L_
L-----'\
da resis tência, tensão, 12....n..
corrente e potência.
Es
L-- _ _ _;-:....liJilll!-!-+_ __ J

54 v
134
De acordo com a lei de tensões de Kirchhoff, a soma ..das quedas de tensão através
do circuito completo é igual à tensiio da fonte. Assim, a _tensão entre os pontos "a" e
"d" é:

Ead = Es - E5 = 54 - 36 = 18 volts

A corrente emé:

14 = E4=
/ 18/12 = 1 ,5 ampêres

A resistência R1,2 ,3 dos resistores R1 e R2 em paralelo e em série com R3 , é


6 ohms. Desta forma, a corrente h através de R3 é:

Ead 18
13 = --'--- = -= 3 ampêres
Rt ,2 ,3 6
A queda de tensão E3 , em R3 , é:

E3 = 13 X R 3 = 3 X 4 = 12 volts,
e a tensão através da combinação paralela de R 1 e R2 , ou seja, Ebc, é:

Ebc = lt ,2 X R1 ,2 = 3 X 2 = 6 volts,

onde 11 ,2 é a corrente na combinação paralela de R 1 e R2 • Pela lei das correntes de


Kirchhoff, 1 1 ,2 é igual a h. A corrente 11 , em R 1 , é:

Ebc 6
I = --= = 2 am .1-"'àres '
I RI 2

e a corrente 12 , em R2 , é:
Ebc 6
12 = --= - = 1 ampêre
R2 6

Os cálculos precedentes podem ser conferidos aplicando-se as leis de tensão e cor-


rente de Kirchhoff ao circuito completo. A soma das quedas de tensão no circuito com-
pleto é igual à tensão da fonte. A tensão E5 em R5 é 36 volts, e a tensão Ead emé
18 volts. Assim :

Es = E5 + Ead = 18 + 36 = 54 volts

Da mesma forma, a queda de tensão Ebc na combinação paralela de R 1 e R2 mais


a queda de tensão E3 em R3 deve ser igual à tensão através dos pontos "a"e "d". Ebc é
6 volts e E3 é 12 volts. Desta forma:

Ead = Ebc + E3= 6 + 12 = 18 volts


135
A lei das correntes de Kirchhoff estabelece, com efeito, que a soma das correntes
dos ramos é igual à corrente da linha lt. A corrente da linha é 4,5 ampêres. Assim, a
soma de 14 e h deverá ser 4,5 ampêres, ou seja:

lt = l4 +h = 1,5 + 3 = 4,5 ampêres


A potência consumida em um elemento do circuito é determinado por meio de
uma das três fórmulas de potência. Por exemplo: na figura 5-17, a potência P 1 consu-
mida em R 1 é:
P 1 = 11 • Ebc = 2 X 6 = 12 watts
A potência P2 consumida em R2 é:
P2 = 12 • Ebc = 1 X 6 = 6 watts
A potência P3 consumida em R3 é:
P3 =h · E3 = 3 X 12 = 36 watts
A potência P4 consumida emé:
P4 = l4 • E4 = 1,5 X 18 = 27 watts
A potência P5 consurrúda em R5 é:
P5 = 15 • E5 = 4,5 X 36 = 162 watts
A potência total , Pt,-<:Onsumida no circuito é:
Pt = P, + Pz+P3+P4+P5
= 12 + 6 + 36 + 27 + 162
= 243 watts.

A potência total é também igual à corrente total multiplicada pela tensão da fonte.

Pt = lt • Es = 4,5 X 54= 243 watts

Efeitos da resistência da fonte


Os circuitos paralelos considerados até este ponto foram explanados e resolvidos
sem levarmos em conta a resistência interna da fonte. Entretanto, todas as fontes conhe-
cidas possuem resistência. Em uma bateria, a resistência está presente parcialmente pelo
fato de o eletrólito oferecer certa oposiçã"o ao deslocamento da corrente. A figura 5-18
mostra uma representação esquemática da resistência de uma fonte.
A resistência interna da fonte é identificada como (Ri) e é sempre mostrada na
forma esquemática ligada em série com a tensão da fonte. Na condição de a fonte estar
ligada a uma carga, fornecendo portanto corrente, essa resistência interna apresentará
uma queda de tensão e deve, dessa forma, ser considerada como uma parte do circuito
externo. A tensão n·os terminais A e B da bateria será sempre menor do que a tensão
gerada na bateria, já que uma parte da tensão gerada sofre queda no interior da própria
bateria.
A presença da resistência interna resulta em: (1) uma diminuição da tensão forne-
cida aos componentes elétricos que constituem a carga do circuito; (2) uma redução na

136
----, I
----1

Ri
I
I
I
1 I
I
I
I
I
RI R2
I I Er I
I I 60Jl 401\.
I I I
I (para a carga) 1-
I I -..Ebb I
I -:-Ebb :
1• 50v
I

I -

l I

L_1s--J I
L.- ---.J
I


Fig.5-18. - Bateria com resistência interna. Fig. 5-19. - Efeito da resistência da fonte no
circuito paralelo.

corrente total; e (3) um aumento na resistência total. A potência dissipada pelo circuito
é também afetada. O efeito da resistência interna no circuito é analisado usando-se o
exemplo da figura 5-19.
O circuito mostrado na figura 5-19 não pode ser classificado como um circuito
paralelo porque há uma resistência em série a ser considerada. Resolve-se o circuito da
seguinte maneira:
60 X 40 2400
-- -- = - - = 24 ohms
60 +40 100
Reduza ao circuito equivalente (figura 5-20) e calcule a resistência série total:

Rt = Ri + Req = 1 + 24 = 25 ohms

Calcule a corrente total:


Ebb 50 .
lt =- - = - = 2
amperes
Rt 25
Determine a queda de tensão em Req:

EReq = lt X Req = 2 X 24 = 48 volts

Determine a queda de tensão em Ri:

ERi = lt X Ri = 2 X 1 = 2 volts

Calcule a potência dissipada pelos resistores de carga:


137
PReq = lt X EReq = 2 X 48 = 96 watts

Calcule a potência.dissipada na resistência interna da fonte:

PRj = lt X ERi = 2 X 2 = 4 watts

138
Determine a potência total dissipada:

Pt = PReq + PRj = 96 + 4 = 100 watts

A eficiência do circuito é determinada pela seguinte fórmula:


p0
Percentagem de eficiência = -X 100
Pin
onde
P0 = potência fornecida à carga
Pin = potência fornecida pela fonte

Para o circuito da figura 5-20, a percentagem de eficiência é:


p0
Percentagem de eficiência = -X 100
Pin
96
X 100
96 +4
96
= --X 100
100
= 96 por cento

Pela relação de eficiência conclui-se que a resistência da fonte afeta a potência


fornecida à carga. A resistência da fonte afeta também a transferência de potência.
Como afirmado no capítulo anterior, ocorre o máximo de transferência da potência
quando o circuito apresenta uma eficiência de 50 por cento, ou seja, quando forem
iguais as quedas de tensões na carga e na resistência interna da fonte.

Circuitos aberto e em curto


Comparando os efeitos de circuito aberto nos circuitos série e paralelo, verifica-se
que a maior diferença reside no fato de que um circuito aberto nos circuitos paralelos
não toma totalmente inoperante o circuito, isto é, o fluxo de corrente não é reduzido
a zero como no circuito série , a menos que a condição de abertura ocorra em algum
ponto elétrico comum a todas as partes do circuito.
Um curto-circuito em uma malha paralela apresenta um efeito similar ao curto no
circuito série. De um modo geral , a condição de curto provoca um aumento na cor-
rente, e, conseqüentemente, a possibilidade de avaria nos componentes, independente-
mente do tipo de circuito.
A abertura de um circuito ou um curto, quando ocorrendo em um ramo de cir-
cuito paralelo, resultará numa mudança na resistência equivalente do circuito. Isso poderá
causar indesejáveis efeitos em outras partes do circuito devido a uma correspondente
alteração no fluxo total de corrente.
A fim de evitarem-se avarias no circuito provocadas por curto, usa-se normalmente
um fusível ou relê de sobrecarga em série com os componentes elétricos mais sensíveis,

138
r- -A---, Ir•2a Ir
'
I
+ Ri I
I li\ I
I I Req
1- I 241\ 2
1- I :=:::Ebb I Sw l R L I .c RL 2c
I Ebb
I - I + --
I+ 50v I
'>
I I c
I
!_ _
---..J Ir •2a
8
FI
Fig.5-20. - Circuito equivalente.
--------------..J
Fig. 5-21. - Exemplo de circuito protegido
por fusível.

ou em série com a fonte geral de tensão. O efeito de um curto em circuito protegido por
um fusível é mostrado na figura 5-21.
Com a chave Sw na posição 1 (como mostrado), flui uma quantidade de corrente
pelo fusível não superior à sua capacidade de corrente. Se a chave for passada para a
posição 2, um fio condutor ficará ligado em paralelo com os resistores de carga. A resis-
tência equivalente do condutor e dos resistores, todos ligados em paralelo, será menor
do que a resistência do próprio condutor. Como ainda existe um percurso fechado para
o fluxo de corrente e a resistência equivalente do circuito é efetivamente zero; a cor-
rente aumentará rapidamente. Atingindo o valor limite de capacidade do fusível, este
abre, interrompendo o fluxo de corrente. Um curto provavelmente avariará um com-
ponente do circuito a menos que o circuito esteja devidamente protegido por um fusível.
A avaria pode ocorrer na forma de queima de um resistor, destruição da fonte, ou incên-
dio em componente do circuito ou na fiação.

Divisor de tensão
Em praticamente todos os equipamentos eletrônicos, tais como rádio-receptores
e transmissores, certos aperfeiçoamentos de projeto ocorrem cada vez com mais fre-
qüência. Por exemplo, um rádio-receptor típico pode exigir tensões diferentes para vários
pontos do ciicuito. Além disso, as tensões devem proceder de uma mesma fonte de ali-
mentação primária. A maneira mais comum de atender a essa exigência, é pelo uso de
uma rede DIVISÓRIA DE TENSÃO. Um divisor de tensão típico consiste de dois ou
mais resistores ligados em série a uma fonte de alimentação. A tensão da fonte, Es.
deve ser mais alta do que qualquer uma das tensões individuais que ela deve fornecer.
À medida que a tensão primária ou da fonte é abaixada em etapas sucessivas por meio
de resistores em série, uma fração desejada da fonte pode ser derivada a ftm de atender
a cada exigência individual de tensão. Os valores ôhmicos dos resistores em série a serem
usados são ditados pelas quedas de tensão que se deseja dar.
Se a corrente total que fl ui no divisor é afetada pela colocação e retirada da carga,
as quedas de tensão em cada resistor divisor também serão afetadas.
No projeto, a corrente máxima a ser drenada da fonte pela carga determinará os
valores dos resistores que formam o divisor de tensão. Normalmente, os valores esco-
lhidos para o divisor devem permitir o fluxo de uma corrente igual a 10 por cento da

139
corrente total drenada pelas cargas externas. Essa corrente, que não flui por nenhum
dos ramos considerados cargas do divisor, é denominada corrente de sangria.
Um circuito divisor de tensã"o é mostrado na figura S-22. O divisor é ligado a uma
fonte de 270 volts e alimenta três cargas simultaneamente: (I) entre o ponto 1 e terra,
uma carga que exige 90 volts e uma corrente de 10 ma (0,001 ampêre); (2) entre o pon-
to 2 e terra, uma carga que exige ISO volts e uma corrente de 5 ma;e (3) entre o ponto
3 e terra, uma carga que exige 180 volts e uma corrente de 30 ma. As correntes, tensões,
resistências e potências nos quatro resistores divisores de tensão devem ser determinadas.
A lei das correntes de Kirchhoff, aplicada ao terminal 1, indica que a corrente no
resistor B é igual a 15 ma, correspondente à corrente que flui no resistor A mais 10 ma,
oorrespondente à corrente que flui na carga de 90 volts. Assim;

Ib = 15 + 10= 25 ma +O---.

Da mesma forma;

Ic 25 + 5 = 30 ma, e

lct = 30 + 30 = 60 ma

A lei das tensões de Kirchhoff es-


tabelece que a tensão no resistor A é
90 volts. A tensão no resistor B é:

Eb = ISO- 90 = 60 volts

A tensã"o no resistor C é: 180V

Ec = 180-150 = 30 volts CARGA


.. 8

b 150V
Ed = 270 -180 = 90 volts I MA 5 MA

Antes de resolver para várias resis-


lO
' CARGA

r
tências, deve ser recordado que na fór-
mula R = E/1, o valor obtido de R será
- >l5MA 90V
lO MA
"' A CARGA
em ohms se E for em volts e I em ampê-

entretanto, particularmente nos que es- -C':>-----4 ----+----..... ------l


tamos considerando, é válido e, conside- --
ravelmente mais prático, se fixar R em
milhares de ohms (kilohms), E em volts Fí&.S-22. - Divisor de
voltagem para determinar
e I em rrúliamperes. Nas fórmulas que se ReP.
seguem, esta convenção será observada.
140
Aplicando-se a lei de Ohm para determinar as resistências;

A resistência de A é:

Ra = Ea/Ia = 90/1S = 6ldlohms

141
A resistência de B é:

Rb = Eb/lb = 60/25 = 2,4 kilohms

A resistência de C é:

Rc = Ec/Ic = 30/30 = 1 kilohms

A resistência de D é:

R<i = Ed/ld = 90/60 = 1,5 kiloluns


As potências absorvidas pelos resistores sã"o:

A: Pa = Ea ·Ia= 90X 0,015 = 1,35 watts

B: Pb = Eb • lb = 60 X 0,025 = 1,50 watts

C: Pc = Ec • Ic = 30 X 0,030 = 0,90 watts

D: Pd = Ed • Id = 90 X 0,060 = 5,40 watts


A potência total, Pt, absorvida pelos quatro resistores é:

Pt = 1 ,35 + 1,50 + 0,90 + 5,40 = 9,15 watts

As potências absorvidas pelas cargas ligadas aos terminais sã"o:

P1 = E, ·I 1 = 90 X 0,01 = 0,9 watts

P2 = E2 • 12 = 150 X 0,005 = 0,75 watts

P3 = E3 ·h= 180 X 0,03 = 5,4 watts


A potência total fornecida às cargas é:

Pt = 0,9 + 0,75 + 5,4 = 7,05 watts


A potência total fornecida pela fonte ao circuito completo incluindo o divisor
de tensã"o e às três cargas é:

Pt = 9,15 + 7,05 = 16,2 watts


Este valor é conferido como abaixo:

Pt = E • lt = 270 X 0,06 = 16,2 watts

No problema mais complexo da figura 5-23, sã"o dados os valores das resistências
do divisor de tensã"o e deve ser calculada a corrente em R 5 .

142
A corrente de carga em R 1 é 6 ma; a corrente em R 2 é 4 ma;e a corrente em R 3 é
10 ma. A tenslro da fonte de alimentação é S10 volts.
A lei das correntes de Kirchhoff deve ser aplicada às junções a, b, c e d, para deter-
minar as expressões de corrente nos reistoresR 5 , R6 e R7 • Assim, verifica-se que a
corrente emé I+ 6 + 4 + 10 = I + 20. A corrente em R 5 é I, um valor desconhe-
cido. A corrente em R6 é I+ 6; a corrente em R7 é I + 6 + 4 =I+ 10.
A tensão empode ser expressa em termos de resistência (em kilohms) e cor-
rente (em miliarnperes) na forma S (I + 20) volts. Similarmente, a tensão em R 5 é igual
a 2S1, a tensã'o em R6 é 10(1 + 6), e a tensão em R7 é 10(1 + 10). Para determinar a
corrente desconhecida I, deve-se empregar a lei das tensões de Kirchhoff ao divisor de
tensão. A soma das tensões através de, R 5, e R7 é igual ã tensão da fonte.

S(l + 20) + 251 + 10(1 + 6) + 10(1 + lO) = S10

SI+ 100 + 251 + 101+ 60 + 101 + 100 = 510


SOl+ 260 = S10
+ 1+20
SOl= S10-260

501 = 2SO R7
10 k..t\.
I= 5 ma

R6
10 kf\

Fig.S-23. - Divisor de
voltagem para determinar
R5
Ee R. 25 kf\

R4
5kll

e
A corrente de 5 ma que circula em R5 produz uma queda de tensão igual a S X 25 =
12S volts. Como R 1 está em paralelo com R 5 , a tensão para a carga R 1 será também de
125 volts. A corrente que circula emé 5 + 20 = 2S ma e a tensão correspondente
143
emé. 5 X 25 = 125 volts. Em virtude de o ponto "d" estar em potencial de terra, o
ponto "c", por onde sai da corrente de R 5 , é 125 volts positivo em relação à terra, e o
ponto "e", por onde entra corrente no resistor. é 125 volts negativo com relação ã
terra. A corrente emé 5 + 6 = 11 ma, e a tensão em R6 é 11 X 10 = 110 volts. A cor-
rente em R1 é 5 + 10 = 15 ma, e a queda de tensão é 15 X 10 =ISO volts.
A soma das quedas de tensão no divisor é igual ã tensão da fonte:

125 + 125 + 11O + 15O = 51O volts

A potência dissipada em cada resistor do divisor pode ser calculada multiplicando-se


a tensão em cada resistor pela corrente que por ele flui. Se a corrente for expressa em
amperes, e a FEM em volts, a potência será em ampere. Assim, a potência em R4 é:

P4 = E4 • 14 = 125 X 0,025 = 3,125 watts

Da mesma forma, a potência dissipada em R 5 é: 125 X 0,005 = 0,625 watts; a


potência em R6 é: 110 X 0,011 = 1,21 watts; e em R 7 é:150 X 0,015 = 2,25 watts.
A potência total dissipada no divisor é: 3,125 + 0,625 + 1,21 + 2,25 = 7,21 watts.
A tensão aplicada à carga R1 é igual à tensão em R5 , ou seja, 125 volts. A potência
emR1 é:

P1 = E1 • l1 = 125 X 0,006 = 0,75 watts

A tensão aplicada à carga R2 é igual ã soma das quedas de tensão em R 5 e


Logo:

E2 = E5 + E6 = 125 + 11O= 235 volts

A potência na carga R2 é:

P2 = E2 • 12 = 235 X 0,004 = 0,94 watts


A tensão na carga R3 é igual â·soma das quedas de tensão em R 5 , R7 • Assim;

E3 = E5 + E6 + E7 = 1 25 + 11O + 150 = 385 volts


A potência entregue à carga R3 é:

P3 = E3 • l3 = 385 X 0,01 = 3,85 watts


A potência total nas três cargas é:

0,75 + 0,94 + 3,85 = 5,54 watts

e a potência total suprida pela fonte é igual ã soma das potências absorvidas no divisor
e pelas potências das 3 cargas, ou seja:

7,21 + 5,54 = 12,75 watts

144
A potência total pode ser conferida como abaixo:

Pt = Bt · lt = 510 X 0,025 = 12,75 watts

As resistências dos resistores de carga R 1, R2 e R3 são detemúnadas por meio da


lei de Ohm como abaixo:

R 1 = E 1/11 = 125/6 = 20,83 kohms


R2 = E2 /12 = 235/4 = 58,75 kohms, e

As variações de corrente e as conseqüentes variações de tensão nos divisores de


tensão são indesejáveis. As tensões fornecidas às cargas devem ser as mais estáveis possí-
veis. Um divisor de tensão constituído de dois resistores será projetado usando a configu-
ração da figura 5-24. A fonte de tensão é de 200 volts. Deseja-se fornecer tensões de 50

200v

,
1 8ma

F RI
aS ?

Fig.S-24. - Exemplo de 6ma


circuito divisor de
50 v R4
tensão. ?
d

lir il... R2
?

e 200 volts para duas cargas que drenam 6 e 18 rniliamperes respectivamente. Suponha
que a corrente de drenagem seja 10 por cento da corrente requerida pela carga.
A corrente requerida pelas cargas é de 24 rniliamperes. A corrente de sangria será:

lb= 1O por cento de IL

lb = 10 por cento X 24 ma

lb = 2,4 ma

lb = corrente de sangria

145
A corrente de sangria e a corrente que flui no resistor R 3 se combinam e ambas
as correntes passam pelo resistor R 1 •

IR 1 = lb + IR 3 = 2,4 + 6 = 8,4 ma
A corrente total no circuito será:

lt = 8,4 + 18 = 26,4 ma
Os valores ôhmicos dos resistores R3 edevem ser:
ER 3 50
R3 =- - = = 8,33 k.ilohrns
IR 3 6 X 10- 3

E 200
=- - = 11,I k:ilohrns
=
I 18 X 10-3

Resolvendo para R, e R 2
ER 1 150
R1 = -1-R-, = - .-X-I- _3
84 0
= 17,85 k.ilohms
ER2 50
R2 = -- = = 20,82 k.ilohms
IR2 2,4 X 10- 3

Problemas típicos de circuitos série-paralelo


Como visto nos cálculos precedentes, os problemas que envolvem as determina-
ções de tensões, corrente, resistência e potência nos circuitos série-paralelos são relativa-
mente simples. O procedimento é o mesmo como para circuitos série e circuitos paralelos;
(I) desenhe um diagrama do circuito; (2) estabeleça os valores dados e os valores a serem

RI b) R2

Ir 50.1'\. 20
a)

R3 R6
1 00.1\. 16 0.1'\.

12

14

Fig. 5-25.- Circuito série-paralelo típico.


146
determinados; (3) escolha as equações aplicáveis; e (4) substitua os valores e resolva para
os valores incógnitos. Para exercitar, resolva sozinho o problema da figura 5.25.

Determine:
1. resistência no ramo (a)
2. resistência no ramo (b)
3. resistência total
4. corrente total
5. tensões ER1 , Ea e Eb
6. correntes dos ramos (a) e (b)
7. tensões ER2 e ERs
8. correntes l1 , h,h e 14
9. tensões ER3 , Ee ER 7
1O. potência em R 8 , no ramo (a), (b) e em R1
11. potência total do circuito

Resposta:

l.Ra = 100 ohms


2. Rb= 100 ohms
3. Rt= 100 ohms
4. It = 2,5 amperes
5. ER1 = 125 volts
Ea = 125 volts
Eb = 125 volts
6. Ia = 1,25 amperes
lb = 1,25 amperes
7. ER2 = 25 volts
ER 5 = 62,5 volts
8. 11 0,625 amperes
12 = 0,625 amperes
13 = 0,625 amperes
14 = 0,625 amperes
9. ER3 = 62,5 volts
E= 100 volts
ERs = 50 volts
10. PRs = 31,25 watts
Pa = 156,25 watts
Pb = 156,25 watts
PR1 = 312,5 watts
11. Pr = 625 watts

147
Capltulo 6

Análise de Redes dos Circuitos "CC"

TÉCNICA ESPECIAL DE REDES

A resolução de circuitos, até este ponto, foi feita empregando-se a Lei de Ohm.
Exatamente como nos outros ramos da ciência, a eletrônica também emprega, na reso-
lução dos seus problemas, processos abreviados que economizam tempo e simplificam
as operações. Esses processos, entretanto, só devem ser apresentados após ter o aluno
adquirido uma bagagem teórica suficiente. Este capítulo mostrará os processos de solu-
ção que simplificam os cálculos dos circuitos complexos ou resolvem-nos por processos
especiais, já que tais problemas não podem ser resolvidos pelos processos comuns.

Análise de circuitos fechados Elementos

O processo de análise de-


nominado circuito fechado é
um método bastante prático
no qual a lei de tensão de Kir-
chhoff é a chave para a solução.
Neste processo, são armadas
duas ou mais equações que são,
em seguida, resolvidas simulta-
neamente.
A figura 6-1 mostra uma
rede composta de cinco resisto-
res e uma fonte. A rede não
será resolvida. Ela é apresenta-
da apenas com o propósito de
definir os termos e procedi-
mentos. Na resolução dos cir-
- Malha 2 Malha 3
cuitos desse tipo pela análise de
circuito fechado, admite-se a
existência de três correntes
conforme mostrado. Para cada
corrente, o fluxo é arbitraria-
mente determinado no sentido
anti-horário (o sentido verda-
deiro não é importante no Fig. 6-1.- Rede de três malhas.
momento). Cada um dos três
percursos fechados do circuito é denominado malha. Cada componente que constitui o
circuito (resistores) e forma a malha é denominado elemento.

148
Para resolver o circuito da figura 6-1, são armadas, como já afirmado, três equações,
uma para cada malha. O número necessário de equações é sempre igual ao número de
malhas. As equações são, em seguida, resolvidas simultaneamente.

Resolução típica
Nesta seção, o circuito combinado mostrado na figura 6-2 será resolvido empre-
gando-se o processo de análise do circuito fechado. Observe que o circuito é constituído
de duas malhas de maneira que serão armadas duas equações.
Inicialmente, admite-se uma corrente circulante no sentido anti-horário para cada
malha. Em aditamento, assume-se que essas correntes produzem quedas de tensão em
cada resistor do circuito. As quedas de tensão recebem polaridades deternúnadas pelo
sentido do fluxo de corrente em cada resistor. Observe que pelo resistor R 2 fluem duas
correntes em sentidos opostos. Um conjunto separado de símbolos de polaridade é usado
em R2 na representação da queda de tensão produzida por cada uma das correntes. Após
serem estabelecidas as correntes e polaridades para as quedas de tensão, pode-se armar as
equações de tensão.
Conforme o estabelecido na
lei das tensões de Kírchhoff -a so-
ma algébrica das quedas de tensão e
E D das FEM em um circuito fechado é
igual a zero - é armada uma equa-
ção para o circuito ABEF da figura
6-2.A equação é armada partindo-se
do ponto A e percorrendo o circuito
+E R2 +
R3 na direção indicada da corrente. As
- T 20.n 30A polaridades usadas para cada queda
-_40V de tensão na equação são as encon-
-+ tradas nos componetes do circuito.
Para facilitar, a polaridade da queda
a ser considerada será a do lado de
saída da corrente. Por exemplo, no
c caso de R 1 , partindo de E para F é
usada uma polaridade positiva. A
Fig. 6-2. - Exemplo de circuito. equação para o circuito ABEF é:

2011 -201z +811 -40=0 (1)

Simplificando: (2)

Observe que passando por R2 , são encontradas duas quedas de tensão com pola-
ridades opostas. Ambas as tensões (2011 e 201 2 ) são incluídas na equação.
Em seguida, é armada a equação para o circuito BCDE.

3012 + 201z - 2011 = o (3)

2011 + 5012 =o (4)

149
Novamente, observe que as duas quedas de tensão(+2012 e -201 1) entram na equação
representando R2.

(2)

- 2011 + 50h =o (4)

Para eliminar I2 , a equaçâ'o (2) é multiplicada por 5 e a equação (4) multiplicada


por 2. As equações resultantes são então somadas.

14011 - IOOh = 200 (5)


401, + 100I2 = o (6)

1001, = 200
200
I---
1- 100

I 1 = 2 amperes

Para se determinar o valor de h, a corrente de 2 amperes entra na equação (4)


substituindo I1•

- 20 X 2 + 5012 =O
-40 + 5012 =o

5012 = 40

12 = 0,8 amperes

As correntes I 1 e 12 são respectivamente 2,0 e 0,8 amperes. As quedas de tensão


podem ser determinadas pela lei de Ohm.

ER 1 = 11 X R 1

ER1 = 2 X 8 = 16 volts

A corrente que flui efetivamente em R2 é a soma algébrica das duas correntes.


As quedas de tensão em R2 e R3..-são:

ER2 = (I1 - I2) X R2


ER2 = 1,2 X 20
ER2 =·24 volts
ER3 =h X R3
ER3 = 0,8 X 30 = 24 volts

150
Circuitos com diversas fontes de tensão
Freqüentemente as redes possuem mais de uma fonte de tensão alimentando as
cargas. Apesar de o circuito parecer complicado, a solução não é mais difícil do que a
do problema anterior. O mesmo processo para a solução deve ser utilizado.
A figura 6-3 mostra um circuito com fontes múltiplas que será usado como exemplo
de solução.

+
R4 Fig. 6-3. - Circuito
7.fl com diversas fontes.

A '=B
No diagrama da figura 6-3 está novamente sendo admitida uma corrente para
cada malha que flui no sentido anti-horário, Observe que também fluem em Rz duas cor-
rentes opostas produzindo quedas de tensão com polaridades opostas. A equação para a
malha ABEF é:

+ s + 2011 - 2012 + 20 + SI1 -so = o (7)

2511 - 2012 = 25 (8)

Para a malha BCDE:

- 100 + 712 + 20 + lOh + 20h -2011 - 5 = O {9)

- 2011 + 3712 = 85 {10)

Multiplicando a equação (8) por 4 e a equação (10) por 5:

10011 - 8012 = 100 {11)


-10011 + 18512 = 425 {12)

+ 10512 = 525
525
12 = -= 5 ampêres {13)
105

151
Substituindo a corrente 12 em (8):
2511 - 20(5) = 25

2511 - 100 25

2511 125
125
11 =-=5 (14)
amperes
25
Se os valores de corrente aparecessem como negativos, a clireção assumida para
as correntes estaria incorreta. A grandeza da corrente é sempre igual. Agora que se conhe-
ce o valor da corrente, pode-se determinar as quedas de tensão.
ER1 = 11 X R1
ER 1 = 25 volts
ER2 = (11 -12 ) R2
ER2 = O volt

Como as corren tes que fluem em R2 são opostas e de grandezas iguais, não há
queda de tensão.
ER3 = 12 X R3
ER 3 = 50 volts
E= 1 2 X
ER4 = 35 volts

Circuitos equivalentes
Na análise da maioria dos ci rcuitos, a solução é voltada principalmente para o
cálculo da corrente e tensão na carga. Nesses casos, é interessante eliminar as etapas
intermecliárias para se obter cliretamente os dados que se desejam. A parte que se segue
mostrará como podem os cálculos serem abreviados e se obter a informação desejada
de maneira rápida e segura.
Examinemos o resistor de carga (RL) mostrado na figura 64. Ele é ligado a uma
chave de maneira que pode ser ligado a dois circuitos. Quando a chave está na posição
mostrada, RL está ligado ao circuito A.

64V -=- 12k


42V
Fig. 64. - Circuitos equivalentes.

152
- ·v 1
48V

153
Usando-se os processos normais, os valores de corrente de ca.rga de 2 ma e de
tensa-o de carga igual a 32 volts podem ser obtidos após uma série de cálculos. Empre-
gando-se os métodos estudados até este ponto, verifica-se a necessidade de calcular-se
a resistência total, corrente total e as várias quedas de tensão como etapas intermediárias
para se chegar ao desejado. (Uma alternativa seria resolver pelo processo de análise de
malha.)
Conservando na mente os valores de tensão e corrente de carga detemúnados
para o circuito A, suponha que a chave comute a carga RL para o circuito B. Nesse
ci rcuito simples série, a corrente e tensa-o na carga podem ser determinados facilmente.
Observe que a tensão na carga ainda é 32 volts, e que a corrente ainda é 2 rrúliampêres.
Como a tensão na carga e a corrente que flui no circuito é a mesma, independente do
circuito usado, conclui-se que o circuito A pode ser substituído pelo circuito B. Qual-
quer circuito que pode ser substituído por outro é denominado circuito equivalente.
O propósito desta seção é mostrar como se pode determinar o circuito equivalente sim-
plificado de um circuito complexo. Determinado o circuito equivalente, usa-se esse para
obter os dados que se deseja ao invés de usar o circuito complexo original. Desnecessário
se toma enfatizar as horas de trabalho que podem ser economizadas utilizando-se o
circuito equivalente.

TEOREMA DE THEVENIN
Um dos mais valiosos circuitos equivalentes é o conhecido como circuito equiva-
lente Thevenin que estabelece:
"Qualquer rede linear composta de impedância e fontes, se vista de qualquer dos
pontos da rede, pode ser substituída por uma irnpedância equivalente Zth em série com
uma fonte de tensão equivalente Eth. (O termo impedância significa qualquer oposição
ao fluxo de corrente e nos circuitos CC corresponde à resistência).
De acordo com esse teorema, qualquer circuito linear CC, independentemente
da sua complexidade, pode ser substituído pelo equivalente Thevenin mostrado na
figura 6-5.

I
Z th
lmpedãncia
Thevenin

:- Eth Terminais
Fig.6-S.- Equivalente Thevenin.
Tensão

\
Thevenin

O processo para se determinar o equivalente Thevenin é melhor explicado por


meio de um exemplo:
Suponha que se deseje, na figura 6-6 (A), determinar o circuito equivalente The-
venin. Basicamente o problema consiste em achar os valores de Eth e Zth. Essas quan-
tidades podem ser determinadas seguindo-se o seguinte procedimento:

154
Aplicação do Teorema de Thevenin
1. Desligue a seção do circui- Rl X
to considerada como carga do circui-
to (RL na figura 6-6 (A)).
2. Por um processo de medi- -=- Ea R2 v
ção ou por cálculo, determine a ten-
ção que apareceria nos terminais li-
gados à carga , estando esta fora do
y
circuito (terminais X e Y). A tensão
que aparece nesse circuito aberto (A )

(Eth). I
3. Substitua cada fonte de Rl X
I
tensão presente pela sua impedância I
interna. (Uma fonte de tensão cons-
tante, tal como uma bateria, pode ··T··· R2 1\.
ser substituída por um curto, já que I Curto

so que uma fonte de corrente cons- I y


.tante é substituída por um circuito L----
aberto (veja 6-6 (B)). (8)
4. Por um processo de medi- AAA
ção ou por cálculo, determine a "'""' X
impedância (resistência) vista pela
Z th

minais abertos da carga. Essa é a im-


-..:-E
- th
te B da figura 6-6.

lente consistindo de RL e Zth em y


série, ligado a uma fonte de tensão (C )
Eth (figura 6-6 (C)). Resolva em se-
guida, pela lei de Ohm, para deter- Fig. 6-6.- Desenvolvimento do Equivalente
minar a corrente e tensão na carga. Thevenin.

Solução típica
Na resolução que se segue, a tensão da carga será calculada inicialmente usando-se
o processo de análise de malha. Em seguida, o mesmo circuito será resolvido usando-se
o circuito equivalente Thevenin. Os dois processos poderão então ser comparados no que
conceme aos resultados obtidos e a facilidade de cálculo.
A figura 6-7 mostra um circuito com três malhas no qual a tensão de saída EL
deverá ser determinada. São determinadas inicialmente as correntes e as respectivas pola-
ódades nos elementos. As equações são armadas conforme abaixo:

A BGH: + 1011 - 10{z -110= O (15)

101, -1012 = 110 (16)

155
BCFG: (17)

-1011 + 6012 - 301s = O (18)

CDEF: + I Oh + 3013 + 3012 =O (19)

3012 +40h =o (20)

Somando a equaçâ'o (16) com a (18):

101, - 1012 = 110


-101, + '6012 - 3013 =o
5012 - 3013 = 110 (21)

Multiplicando a equação (20) por 3 e a equação 21 por 4:

- 9012 + 12013 = o
20012 -12013 = 440
= 440 (22)
12 = 4 ampêres (23)

Substituindo 12 na equaçlfo (20):

- 30(4) +4013 =o
- 120 + 4013 = o
4013 = 120
h = 3 ampêres (24)

Fig.6·7. - Exemplo de circuito.

+ + +-
-=-110V
+

A B c o
156
Substituindo a corrente 12 na equação (16):

1011 -10(4) = 110


1011 - 40 = 110
1011 = 150
r. = 15 amperes (25)

Uma vez conhecidas as três correntes, as tensões podem ser detemúnadas e totaliza-
das a zero para verificação. Se as tensões detemúnadas para um circuito fechado somarem
zero, os valores determinados de corrente estão corretos. A tensão de saída EL será:

EL = l3RL
EL = 30 volts

A maioria dos técnicos considera o processo de solução apresentado longo e cansa·


tivo. O mesmo circuito será agora resolvido usando-se o circuito equivalente Thevenin.
1. Desligue a carga como mostrado na parte A da figura 6-8.
2. Calcule Eth. a tensão que aparece nos terminais E e D, estando a carga fora do
circuito. Essa tensão é a mesma que aparece em R 3 . Como são aplicados 110 volts na
série R2 e R3 , a tensão em R3 será três quintos de 110 volts, ou seja, 66 volts. Essa é
a tensão Thevenin.
3. Substitua a fonte pela sua impedância interna. No caso, a fonte é uma bateria
(fonte de tensão constante) devendo ser substituída por um curto-circuito conforme
mostrado em B da figura 6-8. Tal ação coloca em curto os terminais da bateria e o resistor
R 1 em paralelo, resultando no circuito mostrado na parte C da figura.
NOTA: A resistência interna de urna pilha para lanterna é aproximadamente 0,005
ohm, podendo ser considerada O ohm.
A AA
H ""
G R2=20A F E G "R2 F E-

Rl ..R3 R3
110V : >
>10.n. : 30A
A B c o_ B c o_

·----
IH
I
G
AA

R2 F
-
E
.&
"'"'
z ,h
A

12A
-:i::·· :.,. Rl R3 Eth=66V RL
lOA >
I
IA c o_
·---- B
(8)
Fig. 6-8. - Dese nvolvimento do circuito equi·
valente.
(0)

155
4. Determine a resistência (Zth) que a carga verá olhando a rede dos terminais
E e D. Observe que , na parte C da figura, há dois percursos separados. Um dos percursos
é através de R2 e o outro através de R3 indicando que os resistores estão efetivamente
em paralelo. Como R 2 e R3 estã9 em paralelo, a resistência Zth é:
R2 X R 3 20 X 30
Zth = R + R3 = 20 + 30
= 12 ohms
2

5. Desenhe o circuito equivalente e ligue a resistência de carga como na parte D


da figura 6-8, incluindo os valores obtidos para Eth e Zth·Usando a lei de Ohm, deter-
mine a corrente de carga.

IL = 66/22
IL = 3 amperes

Note que a corrente que flui pela carga (h na análise de malha e IL no equiva-
lente Thevenin) são iguais.

EL = ILX RL
EL = 3 X 10
EL = 30 volts

30 volts é o mesmo valor de tensão encontrado para a carga usando-se o processo


de análise por malha. Neste ponto, considere o trabalho requerido por cada processo
para se chegar ao mesmo resultado. Uma vez aprendida as etapas usadas na aplicação do
teorema de Thevenin, este processo é bem mais simples do que os demais.

Equação do divisor de tensão


Como auxflio na aplicação do circuito equivalente Thevenin, pode-se desenvolver
uma equação que determinará a tensão na carga com um cálculo simples. O desenvolvi-
mento da equação fica para o aluno resolver como exercício.

Eth X RL
EL = ---'---- (26)
Zth + RL
Para ilustrar o emprego da equação (26), o equivalente Thevenin para o circuito
da figura 6-9 será determinado.
Como estabelecido, abre-se o circuito da carga para determinar Eth, a tensão na
carga com o circuito aberto. Com a chave aberta, não flui corrente de carga através de
RL ou R3. A tensão entre os pontos X e Zé a mesma que se desenvolve em R 2 • Aplican-
do a fórmula do divisor de tensão:

156
100 X 30
= 60 volts
50
Logo, Eth = 60 volts

Em seguida a fonte é substituida por um curto-circuito. Isso coloca R 1 e R2 em


paralelo e a impedância Zth será:
RIR2
Zth = R3 + - - --
RI + R2
20X 30
Zth =8+ 50
Zth = 20 ohms

O circuito equivalente Thevenin é desenhado conforme mostrado na figura 6-10


e a carga ligada ao equivalente. Em uma única etapa, a tensão de saída da carga pode ser
determinada:

EL = E;t::h::.X
.... RL::
Zth + RL
60 X 10
EL=---
30
EL = 20 volts

O emprego do circuito equivalente Thevenin e a equação do divisor de tensão per·


mitem a resolução rápida de ci rcuitos complexos. Essa técnica não deve ser esquecida
já que representará uma grande economia de tempo nos problemas que serão apresen·
tados nos capítulos seguintes.

AA
v v

R1=20.Jt z th = 20.1\.

-=- E 0 R2 -:.:- E t h
. 100V 30n -60

Fig.6·9.- Exemplo de circuito. Fig. 61·0.- Equivalente Thevenin para a


figura 6-9.

157
TEOREMA DE NORTON

Um outro teorema importante que pode ser usado na resolução de circuito comple-
xo é o denominado Teorema de Norton. Esse teorema é similar ao Thevenin e estabelece:
"Qualquer rede linear constituída de impedãncia e fontes, se vista de qualquer dos
pontos da rede, pode ser substituída por uma impedância equivalente Zth em paralelo
com uma fonte In de corrente equivalente".
O circuito equivalente é mostrado na figura 6-11. Observe que a impedãncia Zth
é colocada em paralela com a fonte de corrente constante. A impedãncia Zth é a mesma
impedância determinada para o equivalente Thevenin.

Fig.6-11. -Circuito
equivalente NORTON.

Para ilustrar a aplicação do teorema de Norton, um equivalente Norton será desen-


volvido para a rede mostrada na figura 6-12.
As quantidades Zth e In são determinadas conforme abaixo:
1. Desligue a carga (RL mostrada na seção A da figura 6-12).
2. Por medição ou por cálculo, determine a corrente que fluirá por um curto-cir-
cuito provocado entre os terminais de saída (terminais A e B na seção B da figura 6-12).
A corrente de curto-circuito da carga é a corrente Norton (In)-
3. Remova o curto dos terminais de carga. Substitua cada fonte presente no cir-
cuito pela sua impedância interna (a bateria da figura 6-12 C é substituída por um curto).
4. Por medição ou por cálculo, determine a impedância Zth da rede vista dos ter-
minais de saída como no equivalente Thevenin.
5. Desenhe o circuito equivalente que consiste de RL Zth e a fonte In todos em
paralelo (figura 6-12 C) e determine as quantidades desejadas.'

r- --· -R-"l>'N
3v-0A , A

_
R1•30A
I
RZ
RZ A L ........
..._ ..1Sn """ lSA

ZOA I
I
L••••.. _
I
8

(A) Circ. original com RL removido (C) Substitua fonte c/vaJor R interno
Fig. 6-12 .- Desen-
volvimento do cir-
R1 •30A A A cuito equhalente
R
NORTON.

8 8

(B) Determine a cor. de c. circuito (D) Desenhe o circ. equivalente

!58
Como auxllio na aplicação do teorema de Norton, pode-se empregar uma equa-
ção de divisor de corrente, o que permitirá determinar a corrente de carga em uma única
etapa.
In X Zth
IL = _..:.;; .......::.:c... (27)
Zth + RL
A correo te através do curto (10) na figura 6-12 B é 3 ampêres·, já que o curto coloca
R 1 diretamente Ligado na fonte. Com 10 igual a 3 amperes e Zth igual a 10 ohms, a cor·
rente IL que flui na carga é:
In X Zth
IL = (27)
Zth + RL
3 X 10
IL =
10 + 20
IL = 1 ampere

Caso se deseje determinar o equivalente Thevenin, Eth pode ser facilmente deter-
minado. Os circuitos equivalentes Thevenin e Norton se relacionam.

Eth = In X Zth (28)

Assim, Eth. para a figura 6-12, será:

Eth = In Ztb
Eth=3X10
Eth = 30 volts
Dessa forma, se qualquer dos equivalentes for conhecido, é uma simples questão
de conversâ'o a operação para se determinar o outro. Comumente se emprega o equiva-
lente Norton quando se deseja conhecer a corren te na carga e o equivalente Thevenin
quando se deseja a tensão na carga.

CIRCUITOS EM PONTE

A ponte resistiva simples


Um circuito de resistência em ponte, na sua forma mais simples, é mostrado na
figura 6-13. Dois resistores idênticos, R 1 e R2 , são ligados em paralelo através de uma
fonte de 20 volts. A rede se torna um circuito em ponte quando uma conexão em cruz
ou "ponte" é colocada entre os dois resistores.
A tensão através de ambos os resistores é reduzida na mesma razão, em virtude de
serem idênticos os resistores. Desta forma , os pontos a-a', b-b', c-e' e d-d' estão no
mesmo potencial. Se a ponte for ligada entre pontos de potência igual, como na figura
6-13 A, não circulará corrente através da ponte. Contudo, se a pont e for ligada entre
pontos de potenciais diferentes, circulará corrente do terminal mais negativo para o ter-

159
minai menos negativo, como mostrado na figura 6-13 B. Em B a corrente circula da
direita para a esquerda, de b' para d. Em (C) a corrente circula da esquerda para a direita,
de a para c'. Pode ser observado que a direção da corrente na ponte é determinada pelo
potencial relativo nos dois extremos do resistor em ponte. Quando a ponte está colocada
através de potenciais iguais e não circula corrente, diz-se que a ponte está BALANCEADA.
Quando ela está colocada através de potenciais diferentes, situação em que tende a circular

RI R2
-20v -êOv a

-15v b -15v b'

= 20VOLTS -IOv
ponte
I• O IOv c'
d'
+ - 5v

Ov Ov

( A)

RI -15v b'

= ponte
I
20VOLTS

+
-5v
;: I R2

(8)

Fig.6-13.- Pontes
'\ Iponte resistivas simples.

= 20VOLTS
RI
-lO c

+ R2

(C)

corrente, diz-se que está DESBALANCEADA. A ponte pode ser desbalanceada de qual-
quer das duas seguintes maneiras: (1) ligando-se a ponte a potenciais diferentes, ou (2)
usando-se resistores de valores diferentes, causando assim o desbalanceamento.

Ponte desbalanceada
A figura 6-14 mostra uma ponte desbalanceada em virtude do emprego de resis-
tores desiguais. Os dois ramos paralelos são R 1- e R3 -R 5 • O resistor R2 é a ponte.
A corrente e queda de tensão em cada resistor e a tensão da fonte, Es. devem ser deter-
minadas.
A corrente de 0,1 ampêre que; entra na junção "A", se divide em duas partes.
A parte que circula em R 1 , é indicada como 11 ; e a parte que circula em R3 é 0,1-1• .

160
Da mesma forma, na junção "b", 11 se divide, fluindo parte por R2 e o restante atra-
vés de R4 . A parte que circula em R 2 é designada 12 e a que circula em R4 é 11-}z. A dire-
ção da corrente através de R 2 pode ser assumida arbitrariamente.
Se o resultado indica um valor positivo para 12 , a direçãq assumida prova estar
correta. A corrente através deé 1 1-12 • Na junção "d" as correntes podem ser anali-
sadas de maneira semelhante. A corrente 12 , através de R2 se junta à corrente 0,1-11 de
R3 ;e a corrente através de R5 é 0,1-11 + 12 •

R2
c
100ft

Fig.6-14. -Ponte
O.lo 1 lO.lo

resistiva desbalanceada. d

..... ----!- 111111 -"---+-----


Es

As correntes desconhecidas 1 1 e }z podem ser determinadas estabelecendo-se


duas equações de tensão nas quais ambas as correntes aparecem. Estas equações são
resolvidas para 11 e 12 em termos de valores dados de corrente e de resistência. A pri-
meira equação de tensão é armada seguindo-se, no sentido horário, o circuito fechado
constituído dos resistores R 1, R2 e R 3• O traçado parte da junção "a" e passa por "b",
"d" e volta a "a". A soma algébrica das tensões em torno deste circuito é zero e são
expressas em termos de resistência e corrente. Indo de "a" para "b", a polaridade da
queda de tensão depende d,a direção da seta e é igual a -5011 ; a queda através de R2 ,
indo de "b" para "d", é -10012 ; e a tensão de "d" para "a" (na direção oposta à seta)
é + 70 (0,1 -11 ). A polaridade considerada é a de entrada de corrente.
Assim:

Multiplicando-se ambos os membros por -1,

5011 + 10012 -70 (0,1 -lt} =O

161
Fazendo-se a transposiç[o e simplificando:

12011 + 10012 = 7 (29)

A segunda equação de tensão é armada caminhando-se no sentido horário em


tomo do circuito que inclui os resistores R.t , R5 e R2 • Partindo-se da junção "b", o
traçado vai a "c", a "d" e de volta·a "b". A tensão através de R 4 , de "b" para "c", é
-250(11 -h); a tensão através de R 5 , de "c", para "d", é + 150(0,1 - 11 + 12 ); e
a tensão através de R2 ,de "d" para "b" é + I 0012 • Assim,

donde

40011 - 50012 = 15 (30)

As equações (29) e (30) podem ser resolvidas simultaneamente multiplicando-se


a equação (29) pelo fator 5 e então somando-se as equações para eliminar 12 como
abaixo:

4001, -50012 = 15
6001, + 50012 = 35

10001, =50
11 = 0,05 ampêre

Substituindo-se o valor 0,05 de 11 na equação (29), e resolvendo-a para h,

120(0,05) + 100h = 7
10012 = I
I2 = O,OI ampêre

Assim, a correnem R 1 é 11 = 0,05 ampêre. A corrente em R2 é I 2 = O,OI ampêre.


A corrente em R3 é O,I - I 1 = 0,1 -0,05 ou 0,05 ampêre. A corrente em Rt é I 1 - 12 =
= 0,05 - 0,01 ou 0,04 ampêre. A corrente em R 5 é 0,1 -11 +h = 0,1 -0,05 + 0,01 =
= 0,06 ampere. As tensões E 1 , E2 , E3 e E4 são discriminadas abaixo.

E 1 através de Rt é lt Rt = 0,05 X 50= 2,5 V


E2 através de R2 é I2R2 = 0,01 X IOO = 1 V
E3 através de R 3 é (0,1 -11 ) R3 = 0,05 X 70 = 3,5 volts

E4 através de Rt é Ot -I2) Rt = 0,04 X 250 = 10 volts


E5 através de R5 é (0,1 -11 + 12 ) R5 = 0,06 X 150 = 9 volts

162
A fonte de tensão, Es. é igual à soma das ondas de tensão através de R3 e R 5 ou R 1
e R4 . Assim:

Es = E1 + E4 = 2,5 + 10 = 12,5 volts


Es = E3 + Es = 3,5 + 9 = 12,5 volts
A tensão através de R 2 é a diferença entre as tensões através de R 3 e R 1 • E também
a diferença em tensão através de R4 e R5 .

A ponte de Wheatstone
Um tipo de circuito que é largamente usado para se efetuar medidas de resistência
com precisão é a ponte de Wheatstone. O diagrama do circuito de uma ponte de Wheat-
stone é mostrado na figura 6-15 (A). R 1 , R2 , e R3 são resistores variáveis de precisão e
Rx é o resistor cujo valor desconhecido de resistência deve ser determinado. Após a
ponte ter sido adequadamente balanceada, a resistência desconhecida pode ser deter-
minada por meio de uma fórmula simples. O galvanômetro G é inserido entre os termi-
nais "b" e "d" para indicar a condição de balanceamento.
Quando a ponte está adequadamente balanceada, não há diferença de potencial
entre os terminais "b" e "d", e a deflexão do galvanômetro será zero quando a chave
for fechada.
b

lxt d
/
-+
(A)
Qraaito esquemático da ponte de Wheatstone

R2 Rx

Fig.6-15.- Circui to da ponte de Wheatstone.

163
A operaçã'o da ponte é explicada em algumas etapas lógicas. Quando a chave para
a bateria é fechada, os elétrons fluem do terminal negativo da bateria para o ponto "a".
Aqui a corrente se divide como faria em qualquer circuito paralelo, uma parte dela passa
através de R 1 e R2 e o restante passa através de R3 e Rx. As duas correntes, denominadas
11 e 12 , se juntam no ponto "c"e voltam ao ternúnal positivo da bateria. O valor de 1 1 de-
pende da soma das resistências R 1 e R2 , e o valor de 12 depende da soma das resistências
R3 e Rx. Em cada caso, conforme a lei de Ohm, a corrente é inversamente proporcional
à resistência.
Os resistores R 1 , R2 e R3 sã'o ajustados de forma tal que, quando a chave do galva-
nômetro for fechada, não haja deflexã'o do ponteiro. A ausência de deflexão do pon-
teiro indica que não há diferença de potencial entre os pontos "b" e "d". Isto quer dizer
que a queda de tensão (E 1 ) através de R 1 , entre os pontos "a" e "b", é a mesma que a
queda de tensão (E3) através de R 3 entre os pontos "a" e "d". Analogamente as quedas
de tensão através de R2 e Rx (E2 e Ex) são também iguais. Expressas algebricamente:

ou

ou

Dividindo-se as quedas de tensão através de R 1 e R3 pelas quedas de tensão respec-


tivas através de R2 e Rx.

Rt R3
Simplificando, - = -
R2 Rx
R2 R3
Conseqüentemente, Rx = --
Rt

Os valores resistivos de R 1 , R2 e R3 são prontamente determinados pela leitura


do código de cores para resistores, ou por meio da leitura de diais calibrados se for usada
uma ponte tipo dial (não estudada neste capítulo).
A ponte Wheatstone pode ser do tipo cursor-régua, como mostrado na figura
6-15 (B). No circuitp cursor-régua, o fio régua (b para d) corresponde a R 1 e R3 da
figura 6-15 (A). O fio pode ser uma liga de seção reta uniforme; por exemplo prata
alemo! u nicromo, tendo uma resistência de cerca de 100 ohms. O ponto "a" é estabe-
lecido onde o cursor toca o fio. A ponte é balanceada movendo-se o cursor ao longo
do fio.
A equação para resolução de Rx na ponte cursor-régua da figura 6-15 (A) é seme-
lhante à usada na determinação de Rx. Contudo, na ponte cursor-régua, o comprimento
L 1 corresponde à resistência R 1 , e o comprimentocorresponde à resistência R 3.
Desta forma, L 1 e Lz podem ser substituídos por R 1 e R3 na equação. A resistência

164
de L1 e varia uniformemente com o movimento do cursor porque em um fio de
seção reta uniforme , a resistência varia diretamente com o comprimento. Assim, a razão
das resistências se iguala ã correspondente razão dos comprimentos. Substituindo-se L 1
epor R1 e R 3:

R2
Rx= -
-
LI
Urna régua graduada é montada por baixo do fio régua de modo que L 1 e L2
podem ser facilmente lidos em centímetros. Por exemplo, se o balanceamento é obtido
quando R2 = 150 ohms, L1 = 25 em e L2 = 75 em, a resistência desconhecida é:
75 X 150
Rx = = 450 ohms
25

FONTES EM PARALELO
ALIMENTANDO UMA CARGA COMUM

O circuito mostrado na figura 6-16 ilustra duas fontes de f.e.m., Es 1 e Es2 , com
resistências internas de 2 e 2,5 ohrns respectivamente, conectadas em paralelo e ali-
mentando uma carga de 5 ohrns. Desprezando-se a resistência da fiação, deseja-se deter-
minar a corrente fornecida por cada fonte à carga, e a corrente e tensão na carga.
O problema pode ser resolvido, estabelecendo-se duas equações de tensão nas
quais as tensões sã'o expressas em termos das correntes desconhecidas, 11 e 12 , e das
resistências e tensões conhecidas. As equaçõ'es sã'o entã'o resolvidas simultaneamente,
como nos exemplos anteriores, para eliminar uma das correntes desconhecidas. A outra
corrente desconhecida é resolvida por substituição.

r----- == ---- d
i- - .-...=b --;c
I t=Il+ I2

Rl R2
2!1 2.5n

Fig.6-16. - Fontes
paralelas alimentando - ESl
uma carga comum.
62v

165
e

166
A primeira equaçã'o de tensã'o é estabelecida, partindo-se do ponto "g" e cami-
nhando-se no sentido horário, em tomo do circuito "gabdefg". A corrente total na carga
é igual à soma das correntes das fontes, I 1 + 12 • A primeira equação de tensão é:

donde: (31)

A segunda equação de tenslfo é estabelecida partindo-se do ponto "h" e cami·


nhando-se em tomo do circuito "hcbdefh".

(32)

12 é eliminada multiplicando-se a equação (31) por 1,5 e subtraindo-se a equa·


çlfo (32) do resultado obtido na multiplicação.

10,511 + 7,512 = 93
511 + 7,512 = 60
5,511 o = 33
I1 = 6 ampêres

Substituindo-se este valor na equação (31),

7 X 6 + 512 = 62
l2 = 4 ampêres

A corrente na carga é 11 + 12 = 6 + 4 = 10 ampêres. Dessa maneira, a fonte Es 1


supre 6 ampêres, e a fonte Es2 fornece 4 ampêres.
A tensão na carga é igual à tensão desenvolvida através dos terminais "f' e "b" e
é igual à diferença entre a tensã'o de uma dada fonte e a queda de tensão interna absor·
vida na resistência interna da fonte.
Esta proposição se aplica igualmen te a cada fonte, em vi rtude de ambos estarem
em paralelo com a carga. Em termos da fonte Es 1 ,

Efb = Est - li RI
= 62 - 6X 2

=50 volts, e

167
em termos da fonte Eg2 ,

Efb = Es2 -l2 R2


= 60-4 X 2,5

=50 volts.

Uma verificação para confirmar a tensão na carga é expressar este valor em termos
da corrente e resistência da carga como se segue:

Efb = (l1 + 12 )RL


=(6 +4)5

=50 volts

CIRCUITOS DE DISTRIBUIÇÃO

Circuitos de distribuição com dois fios


Até este ponto, a queda de tensão e a potência perdida nos fios da linha que ligam
a carga e a fonte foram desprezadas. Entretanto, quando a carga está localizada a alguma
distância da fonte, a resistência da linha se torna uma parte apreciável na resistência total
do circuito e a tensão e potência perdidas na linha se tomam significantes, mesmo com
cargas moderadas.
Na figura 6-17 a carga M drena 7 ampêres através dos ternúnais "b"e "e"e o grupo
de lâmpadas em paralelo drena 5 ampêres através dos ternúnais "c"e "d". A corrente nas
linhas "bc" e "de" é de 5 amperes. A corrente nas linhas "ab" e "ef' é de 5 + 7 = 12
ampêres.

E5= 120v
Fig.6·17. - Circuito de
distribuição simples com +
dois fios.
R 1 =0.05n

Rde •0.050 d

A fonte de tensão fornece um potencial constante de 120 volts entre os pontos


"a" e "f'. A resistência dos fios "ab" e "ef' é: 2 X 0,05 = 0,1 ohm. A queda de tensão
através dos fios da linha "ab" e "ef' é: 12 X 0,1 = 1,2 V. A queda de tensão através
dos fios das linhas "bc" e "de" é de 5 X 0,1 = 0,5 volt. A tensão aplicada a M é: 120 -
- 1,2 = 118,8 volts e a tensão aplicada âs cinco lâmpadas é 118,8 - 0,5 = 118,3 volts.

166
A potência dissipada nas linhas "ab" e "ef' é igual a (12) 2 X 0,1 = 14,4 watts.
A potência absorvida pelas linhas "bc" e "de" é (5) 2 X 0,1 = 2,5 watts. A potência
total absorvida pelos fios da linha é de 14,4 + 2,5 = 16,9 watts.
A potência fornecida à carga M é 118,8 X 7 = 831,6 watts e a fornecida às 5 lâm-
padas é 118,3 X 5 = 591,5 watts. A potência total fornecida ao circuito inteiro é igual
a 16,9 + 831,6 + 591,5 = 1440 watts e é igual ao produto da tensão total aplicada e
da corrente total. Assim:

Pt = Etlt = 120 X 12 = 1440 watts

Circuitos de distribuição com três fios


Os circuitos de distribuição com três fios transmitem potência no nível de 240 volts
e a distribuem no nível de 120 volts para utilização. O sistema de corrente contínua
com 3 fios inclui um alimentador positivo, um alimentador negativo e um fio neutro, con-
forme mostrado na figura 6-18 (A). As cargas são ligadas entre o alimentador negativo
e o neutro e entre o alimentador positivo e o neutro. Quando as cargas estão desbalan-
ceadas (desiguais), flui pelo fio neutro uma corrente igual à diferença entre as correntes
nos alimentadores negativo e positivo.
No exemplo da figura 6-18 (A), a carga L 1 drena 10 ampêres, a carga L2 drena
4 ampêres e o fio neutro transporta uma corrente de 10-4 = 6 ampêres.
A direção do fluxo de corrente no fio neutro é sempre no mesmo sentido da me-
nor das correntes nos alimentadores positivo e negativo. Assim, o fluxo é para a esquerda
no fio de baixo (positivo) e também no neutro. A corrente no fio de cima (negativo) é
de 10 ampêres e a do fio de baixo é de 4 ampêres. A soma algébrica das correntes que
entram e saem da junção "c" é igual a zero. Assim,

+10 -6 -4=0

Para se achar a tensão na carga E 1 , uma equação de tensão é estabelecida, na qual


E 1 é expressa em termos de fonte de tensão Es 1 e das quedas IR no alimentador nega-
tivo e no fio neutro. A soma algébrica das tensões ao longo do circuito "fabcf' é igual a
zero. Partindo de "f' e seguindo-se no sentido horário,

+ 120 -1O X 0,5 -E1 - 6 X 0,5 = O


E 1 = 112 volts

Assim, a tensão através a carga L 1 é 112 volts. Esta tensão é menor que a tensão
da fonte , de uma quantidade igual à soma das quedas de tensão nos fios negativo (5
volts) e neutro (3 volts).
Para se determinar a tensão na carga E2 , uma equação de tensão é armada, na
qual é expressa em termos de tensão de fonte Es2 e das quedas IR no alimen tador
positivo e no fio neutro. A soma algébrica das tensões ao longo do circuito "efcde" é
zero. Partin do-se de "e"e seguindo-as no sentido horário,

120 + (6 X 0,5) - E2 - (4 X 0,5) =O

E2 = 121 volts

168
lO o b
0.511.

= Es1 = 120V Ll

lO o l
El

60
c
Neutro 0.511.

E52 = 120V L2 E2

401
-
4o
e 0.511. d
l A)
Duas cargas

b Icb l ec
e Ba g
0.20. 0.2.0 0.2fl

+
Ll L2 L3
-Es 1= 120V
El f too E2 }4o E3 f ao

Iad Ipct p ltp r.,t


a h
0.2 0 d 0.111 O.lfl f 0.2fl
+
L5 L4
-==. Es2 = 120V ES E4 f12o
'6o
Imn
- n o.3n
120
- m 0.3fl k
( 8)
Cin co cargas

Fig.6-18. - Circuitos de distribuição com três


fios.

169
No traçado do circuito de "f'' para "c", observe que o sentido é contrário ao da
seta que representa o fluxo de corrente e, desta forma, a queda de IR de (6 X 0,5) volts
é precedida por um sinal positivo (+). A tensão na carga E 2 é de 121 volts, que é 1 volt
maior que a tensão da fonte Es2 . A tensão total da fonte (Es 1 + Es2 ) é 240 volts e a
tensão total na carga (E1 + E2 ) é 112 + 121 = 233 volts. Este valor também é igual
à diferença entre a tensão total da fonte e a soma das quedas nos alirnentadores posi-
tivo e negativo, ou seja: 240-(2 + 5) = 233 volts.
Quando as cargas são balanceadas nos lados positivo e negativo do sistema de
3 fios, a corrente no fio neutro é zero e as correntes nos fios externos (positivo e nega-
tivo) são iguais. Quando as cargas são desbalanceadas, o fio neutro conduz a corrente
de desbalanceamento. A tensão aumenta no lado menos carregado. Quanto mais baixa
for a resistência do fio neutro, menor será o desbalanceamento na tensão para uma dada
carga.
Um circuito a três fios mais complicado é mostrado na figura 6-18 (B). A fonte
é de 120 volts entre cada fio externo e o neutro ou fio central. As correntes de carga
no lado superior do sistema sã"o indicadas como sendo de 10, 4 e 8 amperes respectiva-
mente para as cargas 1, 2 e 3. No lado inferior do sistema, as correntes de carga são de
12 e 6 amperes para as cargas 4 e 5 respectivamente. A fim de determinar as várias ten-
sões nas cargas é necessário determinar as correntes em cada fio externo e no fio neutro.
As resistências desses fios são indicadas, e desta forma as quedas de tensã"o e as tensões
nas cargas podem ser calculadas depois que as correntes forem determinadas.
Para calcular as correntes nas várias seções dos fios, é melhor iniciar na carga mais
afastada da fonte. As polaridades das fontes sã"o tais que os elétrons saem do terminal
negativo em "n" e voltam ao terminal p·ositivo em "b".
Assume-se que as correntes que circulam para uma junção são positivas e aquelas
que se afastam da junção são negativas. Aplicando-se a lei das correntes de K.irchhoff
na junção "h", a corrente do neutro In (circulando de "h" para "f'') é determinada
como:

12-8- lhf = o
lhf = 4 amperes

Aplicando-se a mesma regra sucessivamente às junções "fepmdc", segue-se que:

na junção "f'',

4-4- lfp= o
lfp = O ampere

na junção "e",

4 + 8 -lec =O
lec = 12 amperes
170
najunção "p",

6 +O - lpd =O

lpd = 6 ampêres

na junçã'o "m",

+ Imn- 6 -12 = O
Imn = 18 ampêres

na junçlro "d",

lad + 6 -10= O

lad = 4 ampêres

na junçã'o "c",

-lcb+ 10+12 = 0

lcb = 22 ampêres

Assim, Es 1 fornece 22 ampêres e Es2 fornece 18 ampêres. O fluxo de elétrons em


todas as partes do fio inferior é no sentido de saída da fonte, e o fluxo de elétrons em
todas as partes do fio superior é no sentido de entrada na fonte. A corrente no fio neutro
é sempre igual à diferença das correntes nos dois ramos externos, e o fluxo de elétrons é
na direçã'o da menor destas duas correntes. Assim, na figura 6-18 (B), a corrente no fio
neutro da seção "ad" é 4 ampêres, que é a diferença entre 18 e 22 amperes, e flui na
direçã'o da menor corrente na seçã'o "nm". A corrente no fio neutro na seção "pd" é
6 amperes, que é a diferença entre 18 e 12 ampêres e flui na mesma direção da de 12
amperes na seçã'o "ec". A corrente no fio neutro na seção "fp"é zero porque a corrente
em cada fio externo naquela seção é 12 amperes. A corrente no fio neutro da seção "hf"
é 4 amperes, que é a diferença entre 12 e 8 amperes e flui na direção da menor corrente
externa na seçã'o "ge".
A fim de determinar as tensões nas cargas da figura 6-18 (B), a lei das tensões de
Kirchhoff é aplicada aos vários circuitos individuais. Deste modo, para se achar a tensão
E 1 através da carga L1 , a sorna algébrica das tensões em tomo do circuito "abcda" é
igualada a zero e E1 é então facilmente determinada. Partindo de "a",

- 120 + (22 X 0,2) + E1 + (4 X 0,2) =O


E 1 = 114,8 volts

Para se determinar a tensão na carga E2 , a soma algébrica das tensões em tomo


do circuito "dcefpd" é igualada a zero. Partindo de "d",

-114,8 + (12 X 0,2) + E2 +(O X 0,1) - (6 X 0,1) = O

E2 = 113 volts

171
Para achar a tensão E3 , a soma algébrica das tensões em tomo da malha "feghf'
é igualada a zero.Partindo de "f',

-113 + (8 X 0,2) + E3 -(4 X 0,2) = O


E3 = 112,2 volts.

Para achar a tensão E4 a soma algébrica das tensões ao longo da malha "nadpfh·
kmn" é igualada a zero. A malha "mpfhkm" não pode ser usada, porque conteria das
tensões desconhecidas, E5 e E4 • Partindo de "n",

-120 -(4 X 0,2) + (6 X 0,1) +(O X 0,1)


+ (4 X 0,2) + E4 + (12 X 0,3) + (18 X 0,3) = O
E4 = 110,4 volts.

Para achar a tensão E5 , a soma algébrica das tensões em tomo da malha "nadpmn"
é igualada a zero. Partindo de "n",

-120 -(4 X 0,2) +(6 X 0,1)+ E5 +(18 X 0,3)= O


E5 = 114,8 volts.

Em cada caso, as equações usadas têm apenas uma incógnita e, desta forma, é
obtida uma solução simples. É necessário que o caminho traçado inclua uma malha
fechada completa e que todas as tensões menos uma, dentro daquela malha, sejam conhe-
cidas. A simples transposição da equação resultante fornece a tensão desejada.

172
Capítulo 7

Condutores Elétricos e Técnicas de Fiação

Tendo em vista que todo circuito elétrico utiliza condutores de um ou de outro


tipo, é essencial que se conheçam as características básicas, físicas e elétricas dos tipos
mais comuns dos condutores.
Como afirmado anteriormente, qualquer substância que permita a livre locomoção
de um grande número de elétrons é classificada como condutor. Um condutor pode ser
feito de muitos tipos diferentes de metal, mas apenas os tipos mais comuns de materiais
serão discutidos neste capítulo.
Para comparar a resistência e dimensão de um condutor com outro, um padrão
ou uma unidade de medida deve ser estabelecido. Uma unidade linear de medida con-
veniente , no que conceme ao diâmetro de um fio, é o MIL (0,001 de uma polegada), e
uma medida conveniente para medida de comprimento de um fio é o pé (foot). A uni-
dade padrão de dimensão é na maioria dos casos o MIL-PÉ (MIL-FOOT). Isto é, um
fio tem uma unidade de dimensão se tiver o diâmetro de um MIL e o comprimento de
um pé. A resistência em ohm de uma unidade de condutor de uma determinada subs-
tância é chamada de resistência específica ou resistividade específica da substância.
Uma escala numérica é conveniente para comparar diâmetros de fios. A escala
comumente usada é a AMERICAN WIRE GAGE (AWG), antiga BROWN ANO SHARPE
GAGE (B and S).

MILÉSIMO

Milésimo quadrado
O milésimo quadrado é uma unidade conveniente para medida de área de seção
de condutores quadrados ou retangulares. O milésimo quadrado é a área de um qua-
drado cujos lados têm um milésimo, como mostrado na figura 7-1 (A). Para se deter-
núnar a área da seção de um condutor quadrado em milésimos quadrados, eleva-se ao
quadrado a dimensão de um lado em milésimos. Para se determinar a área de um con-
dutor retangular em milésimo quadrado, multiplica-se o comprimento de um lado pelo
comprimento do outro; cada comprimento expresso em milésimos.
Por exemplo: determine a área de seção reta de um grande condutor retangular
de 3/8 de polegada de espessura e 4 polegadas de largura. A espessura deve ser expressa
em milésimos; logo, 3 dividido por 8 é igual a 0,375 que multi plicado por 1000 é igual
a 375 milésimos, e a largura é 4 X 1000 = 4000 milésimos. A área da seção será 375 X
X 4000 = 1500000 milésimos quadrados.

173
!---- I MIL ----i

1
IMIL

Mil quadrado Mil circular


tA) (B) Mil
quadrado
e circular
Fig. 7-1.- {A) Mil quadrado; (B) Mil circular; tC)
(C) Comparação entre mil quadrado e circular.

Milésimo circular
O milésimo circular é a unidade padrão de área da seção de um fio usado nas
tabelas inglesas e americanas referentes às dimensões de fios. Em virtude dos diâmetros
de condutores ou fios redondos usados para conduzir eletricidade poderem ter apenas
uma pequena fração de polegada, é conveniente expressar esses diâmetros em milésimos,
evitando-se assim o uso de decimais. Por exemplo: o diâmetro de um fio é expresso
em 25 milésimos em vez de 0,025 da polegada. Um milésimo circular é a área de um
círculo que tenha um milésimo de diâmetro, como mostrado na figura 7-1 (B). A área
em milésimos circulares de um condutor redondo é obtida elevando-se ao quadrado o
diâmetro expresso em milésimos. Assim, um fio tendo um diâmetro de 25 milésimos
tem uma área de 252 ou 625 milésimos circulares. Para fazer uma comparação, a fór-
mula básica para a área de um círculo é A = rr R 2 e neste exemplo a área em polegadas
quadradas é:

A = 7TR2 = 3,14 (0,0125)2 = 0,00049 polegada quadrada.


Se O é o diâmetro em milésimos, a área em milésimos quadrados será:
2
O ) 3,1416
A= 1T ( 2 = :--- X 02 = 0,7854 02 milésimos quadrados.
4

Assim, um fio com um milésimo de diâmetro tem uma área de:

A= 0,7854 X 12 = 0,7854 milésimos quadrados,

o que é equivalente a um milésimo circular. A área de seção de um fio em milésimo


circular é então determinada por :

0,785402 .
A= = 02 milésimos circulares,
0,7854

onde O é o diâmetro em milésimos. Assim, a constante 1T/4 é eliminada dos cálculos.

174
Comparando-se condutores quadrados com redondos deve ser notado que um
milésimo circular é uma unidade menor do que um milésimo quadrado e portanto há
mais milésimos circulares em uma dada área do que milésimos quadrados. A compara-
ção é mostrada na figura 7-1 (C). A área de um milésimo circular é igual a 0,7854 vezes a
área de um milésimo quadrado. Assim, para se determinar a área em milésimos circu-
lares quando esta for dada em milésimos quadrados, basta dividir a área por 0,7854.
Reciprocamente, para se determinar a área em milésimos quadrados quando esta for
dada em milésimos circulares basta multiplicar por 0,7854.
Por exemplo: um fio número 12 tem um diâmetro de 80,81 milésimos. Qual é
(I) a sua área em milésimos circulares e (2) a sua área em milésimos quadrados?

Solução:

(I) A= 02 = 80,812 = 6530mil-circular


(2) A= 0,7854 X 6530 = 5128,7 mil quadrado

Um condutor retangular tem 1,5 polegada de largura e 0,25 polegada da espes-


sura. (1) Qual é a sua área em milésimos-quadrados? e (2) Que tamanho de condutor
redondo em milésimos-circulares seria necessário para transportar a mesma corrente
conduzida pela barra retangular?

Solução:

(I) 1,5 pol = 1,5 X 1000 = 1500 mil


0,25 pol = 0,25 X 1000 = 250 mil

A= 250 X 1500 = 375000 milésimos quadrados

(2) Para transportar a mesma corrente, as áreas de seção reta dos dois condu-
tores devem ser iguais. Há mais milésimos-circulares em uma área do que
milésimos-quadrados. Assim,

375 000
A= 477000 milésimos circulares.
0,7854

Um fio em sua forma usual é uma fma haste ou ftlamento de metal treftlado. Os fios
com grande área são difíceis de serem manuseados e sua flexibilidade é então aumentada
fazendo-os na forma de malha. As malhas são usualmente fios finos torcidos uns sobre os
outros em número suficiente para, com a soma de suas áreas, formar a área que se neces-
sita no cabo. A área total em milésimos-circulares é obtida multiplicando-se a área em
milésimos-circulares de um condutor pelo número de condutores do cabo.

Pé-milésimo-circular
Um pé-milésimo-circular, como mostrado na figura 7-2, é, na realidade, uma me-
dida de volume. Uma unidade é defmida como sendo um condutor com um pé de compri-
mento e um milésimo-circular de área. Como unidade de condutor, o pé-milésimo-cir-

175
cular é muito útil na comparação entre fios feitos de diferentes materiais. Por exemplo:
a base de comparação da RESISTNIDADE (a ser discutida posteriormente) de várias
substâncias pode ser feita determinando-se as resistências de um pé-milésimo-circular
de cada uma delas.

,. 1 pé
.,
t
0.001"
t (J ) Fig. 7-2. - Pé-Mil-Circular.

Trabalhando com certas substâncias é algumas vezes mais prático usar uma outra
unidade de volume. Uma unidade de volume conveniente pode ser o centímetro cúbico.
A resistência específica da substância é a resistência oferecida por um condutor de for-
ma cúbica com I centímetro de comprimento e centímetro quadrado de área da seção.
A polegada cúbica também pode ser usada. A unidade de volume que tiver sido usada
consta das tabelas de resistências específicas.

RESIST.eNCIA ESPECIFICA
OU RESISTIVIDADE

Resistência específica ou resistividade é a resistência em ohrns oferecida por uma


unidade de volume (pé-milésimo-circular) de uma substância, à passagem de uma cor-
rente elétrica. Resistividade é a recíproca de condutividade. A substância que tiver uma
alta resistividade terá uma baixa condutividade e vice-versa.
Assim, a resistência específica de uma substância é a resistência de uma urúdade
de volume dessa mesma substância. Muitas tabelas de resistência específica são baseadas
na resistência em ohms de um volume de substância com um pé de comprimento e um
milésimo circular de área. A tempe ratura na qual a resistência foi medida é também
especificada na tabela. Se o tipo de metal do qual o condutor é feito for conhecido, a
resistência específica do metal pode ser obtida de uma tabela. A resistência específica
de algumas substâncias comuns é dada na tabela 7-1.
A resistência de u m condutor de seção uniforme varia diretamente com o produto
do comprimento pela resistência específica do condutor e inversamente com a área de
seção do condu tor. Deste modo a resistência de um condutor pode ser calculada se o
comprimento, área de seção e resistência específica da substância de que é feito o con-
dutor forem dados. Expressa na forma de equação, a resistência em ohms, R, de um
condutor será:

L
R=p-
A

onde p (rô) é a resistência específica em ohms por pé-milésimos-circular, L o compri-


mento em pés (na direção do fluxo de corrente), e A a área da seção em milésimos cir-
cular.
Por exemplo: qual a resistência de 1000 pés de fio de cobre com área de 10400
milésimos-circular (fio número 10), sendo a temperatura do fio 20 °C?

176
Solução:
A resistência específica tirada da tabela 7-1 é 10,37 ohms. Substituindo os valores
conhecidos na equação acima, a resistência R será:

L 1000
R= p- = 10 37 X --= 1 ohm
A ' 10400

aproximadamente. Se R, p , e A são conhecidos, o comprimento pode ser determinado


por simples transposição matemática. Isto tem valor em muitas aplicações. Por exem-
plo: quando se deseja localizar um terra numa linha telefônica, são usados equipamen-
tos de teste especiais, equipamentos esses que funcionam segundo o princípio de que
a resistência da linha varia diretamente com o comprimento. Assim, a distância entre
o ponto de teste e o ponto que, por avaria, está em terra pode ser calculada precisa-
mente.

Tabela 7-1 - Resistência específica

Resistência específica a 20 oc
Centímetros Mil-pé-circulaJ:
Substância cúbícos
(microhms) (ohms)

Prata ..... .. ... .... . . . 1,629 9,8


Cobre (treftlado) . . . . . . . . . . 1,724 10,37
Ouro ............. . .. . 2,44 14,7
Alumínio.. . .. . . . ... . . . . 2,828 17,02
Carbono {amorfo). ....... . . 3,8 a 4,1
Tungstênio. . ..... . ..... . 5,51 33,2
Latão ... . ......... . .. . 7,0 42,1
Aço tmole). .. .... . .. . . . . 15,9 95,8
Níquel-cromo . . . ... .. ... . 109,0 660,0

Como já foi mencionado em capítulos precedentes, a condutância (G) é o inverso


da resistência. Quando R é expresso em ohms, a condutância é expressa em rnhos. Se a
resistência é a oposição ao fluxo de corrente, a condutância é a facilidade com que a
corrente flui. A condutância em rnhos é equivalente ao número de amperes que fluí em
um condutor por volt de força eletromotriz aplicada. Expresso em função da resis-
tência específica, comprimento e área de um condutor, temos que:

A
G=-
pL

A condutância, G, varia diretamente com a área, A, e inversamente com a resis-


tência específica, p , e com o comprimento, L. Quando A é expresso em milésimos-
circular, p em ohms por pé-milésimos-circular e L em pés, G será em mhos.
177
A condutância relativa de várias substâncias é dada na tabela 7-2.

Tabela 7-2 - Condutância relativa

Condutância relativa
Substância
(Prata = 100%)

Prata . ....... . .. • . . .. . .... . 100


Cobre . . . ... . . . . ... . . .... . . . 98
Ouro ..... .. . ..... .. ..... . . 78
Alumínio.. . .. . . . . .... ..... . . 61
Tungstênio . ......... . . .. ... . . 32
Zinco . . . . ........ ... . .. . . . . 30
Platina . . . . . . ... .. ... ..... . . 17
Ferro . .. . . .. ........ · · · . · • · 16
Chumbo .. . . .. .. . .. .. . .. . . . . 15
Estanho . . . . ... . .... .. . .. .. . 9
Níquel . ..... . .. . ... .. . .. . . . 7
Mercúrio . . . . ........ . . . . . . · · I
Carbono . ...... . ... • . . . . . . . . 0,05

MEDIDAS DE FIOS

Relação entre dimensões de fios


Os fios são fabricados em tamanhos numerados de acordo com uma tabela conhe-
cida como "AMERICAN WIRE GAGE" (AWG). Como pode ser visto na tabela 7-3, na
página 1 79, o diâmetro do fio torna-se menor ã medida que o número da tabela aumenta.
O maior tamanho de fio mostrado na tabela é o 0000 e o menor é 40. Fios de tama-
nhos menores e maiores são também fabricados porém não são usados comumente na
Marinha. A relação entre o diâmetro de um número da escala e o diâmetro do número
subseqüente , em ordem ascendente de número, é uma constante igual a 1,123. A área de
seção varia segundo o quadrado do diâmetro. Assim, a razão entre a área de um número
da escala e a área do número subseqüente , em ordem ascendente de número, é o qua-
drado de 1,123, ou seja, 1,261. Como o cubo de 1 ,261 é muito próximo de 2, a área é
dobrada ou dividida por dois para cada variação de três números da escala. Como 1,261
elevado à décima potência é muito proximamente igual a 10, a área é aumentada ou
diminuída 10 vezes para cada lO números da escala.
O fio número 10 tem um diâmetro de aproximadamente 102 milésimos, uma
área de aproximadamente 10400 milésimos-circular e uma resistência de aproximada-
mente 1 ohm por cada 1000 pés. Destes dados, é possível estimar rapidamente a área e
a resistência de qualquer tamanho de fio de cobre sem ter que consultar a tabela.
Por exemplo: para estimar a área e a resistência de 1000 pés de fio número 17,
o seguinte raciocfuío pode ser usado:
O fio número 17 é três números abaixo do fio número 20. Logo, tem duas vezes
a área do fio 20. O número 20 é afastado do número 10 de dez unidades e possui então
uma área dez vezes menor. Então, a área do fio 17 é: 2 X 0,1 X 10.000 = 2.000 milé-
simos-circular. Como a resistência varia inversamente com a área, a resistência do fio
número 17 é : 10 X I X 0,5 = 5 ohms por cada 1.000 pés.
178
Tabela 7-3.- Padrões de fio de cobre maciço recozido
(American wire gage-- B & S)
Seçiio versal Ohms por 1000 pés Ohms por
milho Libras
N<? Diâmetro Mil 25• c. r,5• c. zs•c por
calibn> (mils) cin:ular
Pol'
<= n• F.) (= 149° F.) (;11 •c> 1000 pés
0000 4b0.0 212,000,0 0. 1bb 0.0500 0.0577 ·0.2ó4 ó4I.O
000 410.0 168,000.0 .13Z .0630 .07Z7 .333 508.0
00 3ó5.0 133,000.0 .105 .0795 .0917 .420 403.0
o 325.0 106,000.0 .0829 .100 .I 1 6 .528 319.0
I 289.0 83,700. 0 .0657 .126 .14ó .665 253.0
2 258.0 ()6,400.0 .0521 .159 .184 .8}9 201.0
3 229.0 52,600.0 .0413 .201 .232 1.061 159.0
4 204.0 41,700.0 .0328 .253 .292 1.335 126.0
5 182.0 33,100.0 .0260 .319 .369 1.685 100.0
ó 162.0 26,300.0 .0206 .403 .4ó5 2.13 79.5
7 144.0 20,800.0 .016 4 .508 .586 2.68 ó3.0
8 128.0 16,500.0 .0130 .641 .739 3.38 50.0
9 114.0 13,100,0 .0103 .808 .932 4.27 39.0
lO 102.0 10,400.0 ,00815 1.02 1.18 5.38 31.4
li 91.0 8,230.0 .00647 1.28 1.<18 6.75 24.9
IZ 81.0 6.530.0 .00513 1.62 1.87 8.55 19.8
13 72.0 5,180.0 .00407 2.04 2.36 10.77 15.7
14 64.0 4,110.0 .00323 2.58 2.97 13.62 12.4
15 57.0 3,2ó0.0 ,0025() 3.25 3.75 17.16 9.86
ló 51.0 2,580.0 .00203 4.09 4.73 21.6 7.82
17 45.0 2,05').0 .00161 5.16 5.9ó 27.2 6.20
18 40.0 1,620.0 .00128 ó.51 7.51 34.4 4.92
19 3ó.O 1,290.0 .00101 8.21 9.48 43.3 3.90
20 32.0 1,020.0 .000802 10.4 11.9 54.'1' 3.09
21 28.5 810.0 .000636 13.1 15.1 69.1 2.45
22 !-.25.3 ó42.0 ,000505 16.5 19.0 87,1 1.94
23 22.() 509.0 .000400 20.8 24.0 109.8 1.54
24 20.1 404.0 ,000317 26.2 30.2 138.3 I.ZZ
25 17.9 320.0 .000252 33.0 38.1 174.1 0.970
26 15.9 254.0 .000200 41,() 48.0 220.0 0.769
27 14.2 202.0 .000158 52.5 bO .b 277.0 0.610
28 12.6 160.0 .OOOI2ó 66.2 76.4 350.0 0.<184
29 11.3 127.0 .0000995 83.4 9b.3 440.0 0.384
30 10.0 101.0 .0000789 105,0 121.0 554.0 0.304
31 8.9 79.7 .0000()26 133.0 153.0 702.0 0,241
32 8.0 63.2 .00 00496 ló7.0 193.0 882.0 0.191
1.3 .7.1 50.1 .0000394 211.0 24 3.0 1,114.0 0.152
34 6.3 39.8 .0000312 26ó.O 307.0 1,4 04,0 0.120
35 5,6 31.5 .0000248 335.0 387.0 1,7ó9.0 0.095<1
3ó 5.0 25.0 .000019ó 423.0 488.0 2,230.0 0.0757
37 4.5 19.8 .0000 15ó 533.0 616.0 2,810.0 O.OóOO
38 4.0 15.7 .0000123 673.0 776.0 3,550.0 0,0476
39 3.5 .0000098
40 3,1
12.5
9.11 ooooo7s - : .ii: :! - 0.0377
O O?QQ

Um calibre de fios é mostrado na figura 7-3. Ele mede fios de número O ao nú-
mero 36. O fio cujo tamanho pode ser medido é inserido desencapado na menor ranhura
que possa acomodá-lo. O número gravado ao lado da ranhura indica o tamanho do fio
segundo a tabela AWG. A ranhura tem lados paralelos e não deve ser confundida com
a abertura circular no fundo da mesma. Esta existe apenas para pernútir o movimento
livre do fio até ao fundo da ranhura.

Fios trançados e cabos


Um FIO é uma fina haste ou filamento de metal treftlado. A definição restringe
o termo àquilo que normalmente seria entendido como fio maciço. O termo fino é
usado porque o comprimento de um fio é usualmente grande em comparação com o
diâmetro. Se um fio é recoberto com isolante ele é chamado fio isolado. Embora o ter-
mo fio refira-se apenas ao metal , inclui-se também o isolamento.

179
Um CONDUTOR é um fio
ou combinação de fios não isola-
dos um dos outros, adequados
para conduzir corrente elétrica.
Um CONDUTOR TRAN-

o
ÇADO é um condutor composto
de um grupo de fios ou de uma
combinação de grupos de fios.
Os fios em um condutor trança·
do são usualmente torcidos um
Calibre de fíos em volta do outro.
American Standard
N9281 Um CABO é um condutor
trançado (cabo de condutor
único) ou uma combinação de
condutores isolados uns dos ou-
tros (cabo de múltiplos conduto-
Fig. 7·3.- Calibre de fio. res). O termo cabo é extrema-
mente geral e na prática é usado
Fio apenas para condutores de gran-
Cond.maciço único de tamanho. Um pequeno cabo é
usualmente chamado de fio. Os
/ Cabde cond.
umco
cabos podem ser nus ou isolados.
Cond.úC\
o cabos isolados podem ser
trançado
bli n dados (cobertos) com
chumbo ou com uma armação
protetora.
A figura 74 mostra alguns
dos diversos cabos e fios usados
na Marinha.
Os condutores são traça-
dos principalmente para aumen-
tar sua flexibilidade. O arranjo
de fios trançados em camadas
Fig. 7-4.- Condutores. concêntricas é feito da seguinte
maneira:
A primeira camada de fios em tomo do centro é formada por seis condutores;
a segunda por doze condutores; a terceira por dezoito condutores e assim por diante.
Desta maneira, os cabos padrões são compostos de 1, 7, 19, 37 ou mais fios condutores.
A flexibilidade total pode ser aumentada trançando-se os condutores individuais
trançados que compõem o cabo.
A figura 7-5 mostra um cabo típico de trinta e sete condutores trançados. Mostra,
também, como a área total em milésimos circular pode ser determinada.

FATORES QUE DETERMINAM A ESCOLHA


DA DIMENSÃO DE UM CABO

Vários fatores devem ser considerados na seleção da dimensão do cabo a ser usado
para transmitir ou distribuir energia elétrica.

180
Um dos fatores é a perda de potência (12 R) permissível na linha. Esta perda repre-
senta a energia elétrica convertida em calor. O uso de condutores grandes reduz a resis-
tência e, conseqüentemente, as perdas por 12 R. Todavia, condutores grandes, em geral ,
são mais caros do que os pequenos. São também mais pesados e necessitam de suportes
mais reforçados. •
Um segundo fator é a queda de tensão (IR) permissível ao longo do condutor.
Se a fonte mantém uma tensão constante na entrada da linha, qualquer variação na carga
conectada à linha causará uma variação na corrente, o que ocasionará uma variação na
queda IR da linha. Uma grande variação na queda IR da linha ocasionará uma baixa regu-
lação de tensão para a carga. A solução óbvia será reduzir ou o R ou o I. Uma redução
na corrente baixará a potência transmitida e uma redução no R importará num aumento
do tamanho e peso do condutor. Uma solução satisfatória é geralmente alcançada man-
tendo-se as variações de tensões na carga dentro de certos limites, e limitando o peso
dos condutores.

Diâmetro de cada cond utor


tra n çado = 0,002 = 2 Mils;
Á rea de cada condutor tra nça-
do em mils circulares = 0 2 =
= 4 em. Á rea total do condu- '.. j...
=
tor em em = 4 X37 148cm. ...

Fig.7-5.- Condutor trançado.


37 condutores trançados

Um terceiro fator é a capacidade de corrente da linha. Uma corrente passando


através de urna linha gera calor. A temperatura da linha subirá até que o calor irradiado,
e por conseguinte , dissipado, fique igual ao calor gerado pela passagem da corrente.
Em um condutor isolado, a irradiação de calor é mais difícil do que em um fio nu. Assim,
para proteger o isolamento de um aquecimento excessivo, a corrente através do condutor
deve ser mantida abaixo de um certo limite. Os isolamentos de borracha deterioram-se
com temperaturas relativamente baixas. O isolamento de tecido impregnado com verniz
conserva suas propriedades isolantes em temperaturas mais altas. Outros isolantes, tais
como o asbesto ou o silício, por exemplo, são eficazes em temperaturas muito mais
altas.
Os condutores elétricos podem ser instalados em ambientes de temperatura rela-
tivamente alta, e, neste caso, o calor gerado por fontes externas toma-se uma parcela
ponderável do aquecimento total do condutor. Deve-se depois levar em consideração
este calor ao se projetar um sistema, tendo em vista que cada situação tem limitações
específicas. A máxima temperatura de trabalho de um condutor é relacionada em tabelas
e varia com o tipo de condutor e isolamento empregados.

181
Tabelas preparadas pelas companlúas de seguro dão os limites de segurança de
corrente para os vários tipos de cabos, tamanho, material e isolamento. Por exemplo:
as capacidades de transporte de corrente para condutores de cobre úrúcos trabalhando
expostos ao ar e em temperatura ambiente não superior a 30 "C são dadas na tabela 7-4.

Tabela 7-4. - Capacidade de transmissão de corrente (em amperes) para condutor único
de cobre com temperatura ambiente abaixo de 30 °C

Asbesto termplástico, Resistência ao


Borrach a ou Asbesto
Tamanho cam-enver ou Asbesto Asbesto calor ou à
tennQPiástico impregna.do umidade
cam-enver
0000 300 385 475 510 370
000 260 330 410 430 320
00 225 285 355 370 275
o 195 245 305 325 235
1 165 210 265 280 205
2 140 180 225 240 175
3 120 155 195 210 150
4 105 135 170 180 130
6 80 10.0 125 135 100
8 55 70 90 100 70
10 40 55 70 75 55
12 25 40 50 55 40
14 20 30 40 45 30
..

CONDUTORES DE COBRE VERSUS


CONDUTORES DE ALUMíNIO

Embora a prata seja o melhor condutor, seu alto preço limita o seu emprego em
circuitos especiais onde uma substância de alta condutividade é necessária.
Os dois materiais mais usados são o cobre e o alumúlio. Cada um apresenta certas
vantagens que faz o seu uso aconselhável em certas circunstâncias. Evidentemente cada
um tem também suas desvantagens.
O cobre tem maior condutividade, é mais dúctil {Pode ser trefilado), tem uma
alta resistência à tração e pode ser facilmente soldado. É mais caro e mais pesado do
que o alumfuio.
Embora o alummio tenha apenas 60% da condutividade do cobre, ele é usado em
grande escala nas linhas de transmissão de alta tensão. Sua leveza toma possível espaçar
bastante os suportes e, seu largo diâmetro, para uma determinada condutividade, re-
duz o efeito corona (descarga de eletricidade do fio quando este se encontra em alto
potencial). A descarga é maior para fios de diâmetros menores. Todavia, os condutores
de aluminio não são facilmente soldados e, devido ao grande diâmetro, para uma dada
condutividade, é anti-econômico o uso de cobertura isolante.
Uma comparação entre algumas das características do cobre e do alumínio é dada
na tabela 7-5.

182
Tabela 7-5 -Características do cobre e do alumínio

Característica Cobre Alumínio

Resistência à tração (lb/pol 2 ) 55.000 25.000

Resistência a tração para a mesma con-


dutividade Ob) 55.000 40.000

Peso para a mesma condutividade Ob) 100 48

Área para a mesma condutividade tCm) 100 160

Resistência específica {oh ms/Mil/pé) 10,6 17

COEFICIENTE DE TEMPERATURA

A resistência dos metais puros, tais como prata, cobre , alumínio etc., aumenta
com o aumento da temperatura. Contudo, a resistência de certas ligas, constantan e
manganina, por exemplo, varia muito pouco com as variações de temperatura. Os ins-
trumentos de medida usam estas ligas porque a resistência dos circuitos deve permane-
cer constante se quisermos obter medidas acuradas.
Na tabela 7-1 a resistência de um fio com um pé-milésimo-circular (resistência
específica) é dada para uma determinada temperatura, 20 °C no caso. É necessário
estabelecer uma temperatura padrão, uma vez que a resistência dos metais puros aumenta
com o aumento da temperatura e um termo de comparação não pode ser estabelecido,
a menos que a resistência de todas as substâncias a serem comparadas tenham sido me-
didas à mesma temperatura. O aumento, na resistência de um pedaço de fio, de 1 ohm
por grau acima de O °C é chamado COEFICIENTE DE TEMPERATURA DA RESIS-
T:BNCIA. Para o cobre, o valor é aproximadamente 0,00427 ohm. Para os metais puros,
o coeficiente de temperatura varia entre 0,003 e 0,006 ohrn.
Deste modo, um fio de cobre com urna resistência de 50 ohms, numa temperatura
inicial de O °C, terá um aumento em resistência de 50 X 0,00427, ou seja, 0,214 olun
para o comprimento total do fio, para cada grau de aumento de temperatura acima de
O °C. A 20 °C, o aumento na resistência é de aproximadamente 20 X 0,214 = 4,28
ohms. A resistência total a 20° é pois de 50 + 4,28 = 54,28 ohms.

ISOLAMENTO DE CONDUTORES

Para ser útil e segura, a corrente elétrica deve se r forçada a circular apenas por
onde se deseja a sua presença. Ela deve ser canalizada de uma fonte para a carga onde
produzirá o trabalho desejado. De uma maneira geral, os condutores de corrente não
devem entrar em contato entre si , com os seus suportes, nem com o pessoal trabalhando
nas suas proximidades. Por isso, os condutores são encapados ou enrolados com vários
materiais. Estes materiais têm uma resistência tão alta que, para todos os efeitos prá-
ticos, são considerados não condutores. São geralmente conhecidos como isolantes.

183
Devido ao custo e efeito enrijecedor, combinados com grande variedade de con-
dições físicas e elétricas sob as quais os condutores devem trabalhar, apenas um mí-
nimo necessário de isolamento é dado a determinado tipo de cabo para realizar deter-
minado trabalho. Por causa disto, há uma enorme variedade de condutores isolados a
fim de satisfazer os requisitos de qualquer trabalho específico.
Duas propriedades fundamentais dos materiais isolantes (borracha, vidro, asbesto,
plástico etc.), são: resistência de isolamento e rigidez dielétrica. &tas propriedades são
inteiramente diferentes e distintas.
RESIST-eNCIA DE ISOLAMENTO é a resistência às correntes de fuga através e
ao longo da superfície isolante. A resistência de isolamento pode ser medida por um
megômetro sem danificar o isolante. A informação obtida serve como guia para uma
avaliação das condições gerais de isolamento do cabo. Todavia, dados obtidos desta ma-
neira não dão urna idéia real da condição de isolamento. Isolantes secos e limpos que
possuam rachaduras ou outras falhas podem mostrar uma alta resistência de isolamento
mas não são adequados para o uso.
RIGIDEZ DIELeTRICA é a capacidade do condutor suportar diferenças de poten-
cial e é usualmente expresso como a tensão na qual o isolamento falha por pressão eletros-
tática. A máxima rigidez dielétrica pode ser mantida elevando-se a tensão aplicada a uma
amostra até que o isolamento seja destruído pela passagem de corrente através do mesmo.

Borracha
Um dos tipos mais comuns de isolante é a borracha. A tensão que pode ser apli-
cada a um par de condutores cobertos de borracha (enrolados um no outro) depende
da qualidade e da espessura da borracha usada. Na igualdade dos outros fatores, quanto
mais espessa a borracha, maior a tensão que pode ser aplicada. A figura 7-6 mostra dois

Condutor maciço coberto


de estanho

l]
f
Isolamento
de
borracha
Estanho

Condutor

Fig. 7- lsol.amento de borracha.

184
tipos de fios cobertos com borracha. Um é um condutor único, maciço, e o outro é um
cabo de dois condutores no qual cada fio trançado é coberto com isolamento de bor-
racha. Em ambos os casos a borracha serve para o mesmo propósito; confinar a corrente
ao seu condutor.
Pode ser visto na seção aurnen tada que urna fina capa de estanho separa o cobre
da borracha. Se o estanho não fosse usado, urna ação química se desenvolveria e a bor-
racha se tornaria mole e gosrnosa no ponto em que faz contato com o cobre. Quando
condutores pequenos, maciços ou trançados, são usados, enrola-se um fio de algodão
no condutor formando urna capa que o separa da borracha.

Plásticos
O plástico se tomou um dos tipos de materiais de emprego mais comum como
isolador de condutores elétricos. Possui bom isolamento, flexibilidade e qualidades resis-
tivas contra a umidade sob várias condições. Há vários tipos de plásticos para emprego
corno material isolante, sendo o termoplástico o mais comum. O isolamento com ter-
rnoplástico permite que a temperatura do condutor seja maior do que com outros tipos
de material isolante sem que ocorra avaria na qualidade isolante do material.

Cambraia envenúzada
Quando flui corrente através de um condutor, desenvolve-se nele urna determinada
quantidade de calor.Se a corrente for intensa, o calor desenvolvido pode ser considerável.
A alta temperatura gerada deve ser dissipada permitindo-se a livre ci rculação de ar em
tomo do fio. Se uma capa de isolante for usada, o calor não é removido tão facilmen te
e a temperatura pode subir consideravelmente.
A borracha é um bom isolante para tensões relativamente baixas desde que a
temperatura permaneça baixa. Muito calor fará com que mesmo a borracha da melhor
qualidade se tome quebradiça e rache. O isolamento de C AMBRAIA ENVERNIZADA
pode suportar temperaturas bem maiores do que a borracha. A cambraia envernizada
é um tecido de algodão pintado com verniz. A figura 7-7 mostra alguns detalhes de um
cabo coberto com isolamento de cambraia envernizada. A cambraia na forma de fita é
enrolada no condutor em camadas. Um composto oleoso é aplicado entre uma camada
e outra. Este composto evita que líquidos, como a água, possam inftltrar-se através do
isolamento. Ele também age corno um l ubrificante entre as camadas, permitindo que
elas deslizem uma sobre as outras quando o cabo por dobrado.
Este tipo de isolamento é usado em condutores para alta tensão associados a chaves
em subestações, casas de força e outros locais sujeitos a altas temperaturas.também
usado nas bobinas e terminais de geradores de alta tensão, e em terminais de transfor-
madores, porque não é afetado por óleo ou graxa e porque apresenta urna alta rigidez

Camadas de cambraia
envernizada
Fig.7-7.- Isolamento de
cambraia envernizada.

185
dielétrica. A cambraia envernizada e papel sã'o os dois tipos de isolamento mais usados
para tensões acima de 15.000 volts. Tais cabos são sempre cobertos com uma capa de
chumbo a fim de evitar a entrada de umidade.

Asbestos
Mesmo a cambraia envernizada pode se romper se a temperatura subir acima de
85 °C (185 °F). Quando os efeitos combinados da alta temperatura ambiente e de alta
temperatura interna, devido ã alta corrente no fio, fazem com que a temperatura total
do fio suba além dos 85 °C, deve ser usado isolamento de asbestos.
O asbesto é um bom isolante para fios e cabos que trabalham sob condições de
muito alta temperatura. Resiste ao fogo e não se altera com o tempo. Um tipo de fio
coberto com asbesto é mostrado na figura 7-8.Consiste de um condutor de cobre trança-
Malha de
Condutores asbesto

Fig.7-8.- Isolamento de
asbesto.

Feluo de
asbesto
do coberto com feltro de asbesto, o qual, por sua vez, é coberto com uma malha de
asbesto. Este tipo de fio é usado em projetores cinematográficos, lâmpadas de arco,
holofotes, terminais de elementos aquecedores etc.
Um outro tipo de cabo coberto com asõesto é mostrado na figura 7-9. Este tipo
é empregado nos terminais de motores e transformadores que algumas vezes devem
trabalhar em locais quentes e úmidos. A cambraia envernizada cobre a camada interna
de feltro de asbesto e evita a entrada da umidade. O asbesto perde suas qualidades de
isolante quando úmido e toma-se, nesse caso, um bom condutor. A cambraia envernizada
evita que isso aconteça porque é resistente ã umidade. Embora este isolamento resista
à umidade, ele nã'o deve ser usado em cabos que trabalhem imersos em água a menos
que o isolamento seja protegido por uma camada externa de chumbo.
Cambraia
envernizada Malha

Fig. 7-9.- Isolamento de


asbesto e cambraia
envernizada.

Feltro de
asbesto
186
Papel
O papel, isoladamente, tem pequeno valor como isolante, mas quando impreg·
nado com um óleo mineral de alta qualidade serve como isolamento satisfatório para
cabos de alta tensão. O óleo tem alta rigidez dielétrica e tende a evitar rompimento
no isolamento de papel quando este está inteiramente saturado. Uma fita fina de papel
é enrolada formando várias camadas em tomo do condutor que é então submetido a
um tratamento com óleo.
Cobertura
de chumbo

Fig. 7·10.- Cabos de


potência isolados com
papel.

No cabo de três condutores mostrado na figura 7-10, cada condutor é isolado


individualmente com papel e, em seguida, uma fita de metal não magnética é enrolada
sobre o isolamento. O espaço entre os condutores é preenchido com um enchimento
adequado a fim de manter o cabo redondo. Uma outra fita de metal antimagnético é
usada para apertar os três fios formando um único cabo o qual é então recoberto com
uma camada de chumbo. Este tipo de cabo é usado para tensões de 10.000 a 35.000
volts.

Seda e algodão
Em certos tipos de circuitos, tais como, por exemplo, nos circuitos de comunica·
ções, é necessário um grande número de pequenos condutores, às vezes de até várias
centenas. A figura 7-11 mostra um cabo contendo muitos condutores cada um isolado
do outro por fios de seda e algodão.

Fig.7·11.- Isolamento de
seda e de algodão.

187
O uso de seda e algodão como isolante mantém o tamanho do cabo reduzido o
suficiente para que possa ser manejado com facilidade. As fitas de seda e algodão são
enroladas em cada condutor em sentidos inversos e a cobertura é então impregnada
por um composto especial de cera.
Uma vez que o isolamento deste cabo não é sujeito a altas tensões, ele pode ser
constituído de finas camadas de seda e algodão.

&malte
O fio usado nas bobinas de medidores, relês, pequenos transformadores etc., é
denominado fio magnético. É isolado com uma camada de esmalte. O esmalte é um
composto sintético de acetato de celulose (polpa de madeira e magnésio). Na fabricação,
o fio nu é passado através de uma solução de esmalte quente e em seguida é resfriado.
Esse processo é repetido até que o fio tenha recebido de 6 a I O coberturas. O esmalte
tem uma rigidez dielétrica maior do que a da borracha para uma mesma espessura. Não
é prático para fios de grande comprimento por causa do custo e porque o isolamento
parte-se facilmente quando o fio é dobrado.
A figura 7-12 mostra um fio coberto com esmalte. O esmalte é o mais fino isola-
mento que pode ser aplicado a fios. Por isso, os fios magnéticos isolados com esmalte
fazem com que as bobinas fiquem menores. O fio esmaltado é algumas vezes coberto
com uma ou mais camadas de algodão para proteger o esmalte evitando que possa ser
ranhurado, cortado ou raspado.
Fio nu com esmalte
raspado

Cobertura
de
esmalte Fig. 7-12. - Isolamento
de esmalte

PROTEÇÃO DE CONDUTORES

Os fios e cabos são geralmente sujeitos a uso abusivo. O tipo e freqüência do abuso
depende de como e onde estão instalados, e de que maneira eles são usados. Os cabos
enterrados no solo devem resistir à umidade , abrasão e ações químicas. Os fios insta-

188
lados em edifícios devem ser protegidos contra choques mecânicos e sobrecarga. Os fios
estendidos entre cruzetas de postes devem ser mantidos bem separados de modo a não
se tocarem. Nessas instalações, a neve, o gelo, os ventos fortes etc., obrigam o uso de
cabos de alta resistência à tração e de estruturas de suportes substancialmente resis-
tentes.
Geralmente , exceto para os casos de linhas de transmissã'o sobrecarregadas, os fios
ou cabos são protegidos por uma forma qualquer de cobertura. A cobertura pode ser
algum tipo de isolante como borracha ou plástico. Sobre esta, uma cobertura externa
de malha fibrosa pode ser usada. O tipo de cobertura externa depende de como ou onde
o fio ou cabo será usado.

Malha fibrosa
O algodã'o, o linho, a seda, a juta e o raion são tipos de malha fibrosa. Elas são
usadas como cobertura externa quando os fios ou cabos não ficam expostos a pesados
esforços mecânicos. Fiações interiores para luz e força sã'o usualmente feitas com fios
isolados com borracha e cobertos com malha de algodão impregnado. Geralmente o
cabo será ainda protegido por urna cobertura externa não metálica e resistente às chamas
ou por um conduíte rígido ou flexível.
A figura 7-13 mostra um fio típico usado em eclifícios. Neste caso, duas coberturas
de malha são usadas para proteçã'o extra. A malha externa é ensopada com um composto
que resiste à umidade e às chamas.

Fig.7-13. - Cobertura de
malha fibrosa.

Borracha

A malha de algodã'o impregnada é usada como cobertura para linha aérea externa
a fim de prover proteção contra abrasão. Por exemplo, a saída de secundário de trans-
formadores para a entrada da instalação utilizadora, e da linha de alta tensão para o pri-
mário do transformador sã'o protegidos desta maneira.

Capa de chumbo
Os cabos subterrâneos e os fios que estã'o continuamente sujeitos a contato com
água devem ser protegidos por uma cobertura à prova d'água que pode ser feita por meio
de uma capa contínua de chumbo ou por uma capa de borracha moldada ao redor do
cabo.
A figura 7-14 é um exemplo de cabo chapeado com chumbo usado em cabos de
potência. O cabo mostrado é do tipo de três condutores trançados. Cada condutor é
isolado com borracha e depois coberto com uma camada de fita à base de borracha.
Os condutores são torcidos um nos outros e um enchimento de corda é aclicionado para
189
Cobertura de
Isolamento chumbo

Fig. 7-14.- Cabo


capeado de
chumbo

Enchimento Forro

formar um núcleo redondo. Sobre este núcleo é enrolado uma segunda camada de fita
chamada FORRO e, finalmente, a capa de chumbo é moldada em tomo do cabo.

Armadura metálica
A armadura metálica provê uma cobertura resistente para fios e cabos. O tipo,
espessura e espécie de metal usado para fazer a armadura depende do uso do condutor,
das circunstâncias sob as quais o condutor vai trabalhar, e quão rude será o tratamento
que se espera vá o cabo sofrer.
Quatro tipos de armaduras metálicas para cabos são mostrados na figura 7-15.
A armadura de malha de arame é usada sempre que se necessita de proteção leve e
flexível. Este tipo de armadura é usado quase que exclusivamente a bordo de navios.
Os arames são tecidos de maneira a formar uma malha metálica que pode ser de aço,
cobre ou alumfuio. Além da proteção mecânica, a malha oferece também uma blinda·

Malha de
Isolamento Enchimento

Cabo BX

Fig. 7-15.- Armaduras metálicas.

190
gem eletrostática. Isto é importante em serviços de rádio a bordo de navios, pois evita
interferência de campos parasitas.
Quando os cabos são enterrados diretamente no solo, eles podem ser danificados
por duas causas: umidade e abrasã'o. Eles sã'o protegidos da umidade por uma capa de
chumbo, e da abrasão por uma armadura de fita de aço ou armadura entrelaçada. A
cobertura de fita de aço, como mostrado na figura 7-15, é enrolada em tomo do cabo
e ent:ro coberta com um forro de juta. É conhecida como cabo PARKWAY. A cober-
tura com armadura entrelaçada pode suportar impactos melhor do que a de fita de aço.
A armadura entrelaçada tem outros usos além de subterrâneo. Na fiação interna de edi-
fícios sã'o freqüentemente usados fios com armadura entrelaçada (cabo BX) sem capa
de chumbo.
A armadura de arame é o melhor tipo de proteçã'o para suportar desgastes e forças
no sentido de rasgar. Os cabos submarinos cobertos de chumbo usualmente têm uma
armadura externa de arame. .
Nem todos os cabos têm o mesmo tipo de cobertura de proteção. Algumas cober-
turas são projetadas para suportar umidade, outras para suportar esforço mecânico, e
assim por diante. Um cabo pode ter uma combinação de vários tipos de proteção, cada
tipo provendo a proteçã'o para o qual foi projetado.

EMENDASDECONDUTORESECONEXÕES
EM TERMINAIS

Emendas de condutores e conexões são uma parte essencial de qualquer circuito


elétrico. Quando se deseja unir condutores ou quando eles devem ser ligados a uma
carga, a operação é feita por meio de emendas e conexões. É importante que as conexões
e·emendas sejam feitas de maneira adequada, uma vez que qualquer circuito elétrico
depende, para funcionar com eficiência, da perfeição e resistência das conexões. O requi-
sito básico de qualquer emenda ou conexão é de que ela deve ser tanto mecânica como
elétrica e deve ser tão forte como o próprio condutor. Materiais e mão-de-{)bra de alta
qualidade devem ser empregados para assegurar contato permanente, resistência física,
e isolamento adequado quando requerido. Os métodos mais usados de fazer emendas e
conexões serã'o a seguir discutidos. O primeiro passo para se preparar uma emenda é
preparar os fios ou condutores. O isolamento deve ser completamente removido da
extremidade do condutor e o metal exposto deve ser limpo. Na remoção do isolamento
usa-se uma faca exatamente como se se estivesse apontando um lápis. Isto é, a lâmina
da faca faz um pequeno ângulo com o fio, evitando-se feri-lo. Isto produz um aguça-
menta no corte do isolamento como mostrado na figura 7-16. O isolamento pode tam·

Fig.71·6.- Remoção do
isolamento de um fio.

191
bém ser removido usando-se um desencapador de fio (instrumento semelhante a um
alicate). Depois do isolamento ter sido removido, o fio nu deve ser raspado com as cos-
tas da faca ou então lixado com lixa fina de madeira até ficar brilhante.

Emenda ''Westem Union"


Os condutores pequenos e maciços podem ser unidos por uma conexão simples
conhecida como "EMENDA WESTERN UNION". Na maioria dos casos, os fios podem
ser torcidos com os dedos e as pontas amassadas em posição com o alicate.
A figura 7-17 mostra a confecção de uma emenda deste tipo. Inicialmente os fios
são preparados para a emenda removendo-se suficiente quantidade de isolamento e
limpando-se os fios. A seguir os fios devem ser cruzados um sobre o outro e submetidos
a uma leve torção. Um dos fios é então torcido em tomo do outro cerca de quatro ou
cinco voltas. Faz-se a mesma coisa com o outro fio. Finalmente, as extremidades dos
fios devem ser apertadas de encontro à parte reta do fio. Isto evita que a extremidade
do fio possa perfurar a fita que será enrolada em volta da emenda".

Fig.7-17.- Emenda
Westem Union.

.=:
Emenda escalonada
A união de cabos multicondutores apresenta um pequeno problema. Cada con-
dutor deve ser emendado e receber a fita isolante separadamente. Se as emendas ficarem
à mesma altura, a junta ficará muito mais grossa do que o cabo. Uma junção menor e
mais suave pode ser feita escalonando-se as emendas.
A figura 7-18 mostra como um cabo de dois condutores é unido a um cabo similar
por meio de uma emenda escalonada. Deve-se ter o cuidado de unir o fio mais comprido
de um cabo ao mais curto do outro, assim como providenciar para que as pontas sejam
torcidas e firmemente presas ao condutor.

Fig.7-18.- Emenda escalonada.

193
JW1ção rabo de rato
As fiações das instalações elétricas de edifícios e residências são usualmente alojadas
no interior de tubos de aço (conduítes). Toda vez que é necessário fazer uma ramificação
no circuito, são inseridas no conduíte caixas de junção. Um tipo de emenda usado para
ci rcuito ramificado é a junção rabo de rato que é mostrada na fig. 7-19.
Os extremos dos condutores a serem ligados devem ser preparados retirando-se
o isolamento. Os fios são então torcidos, como mostrado na figura, de maneira a ficarem
parecidos com um rabo de rato.

Fig. 7-19.- Junção rabo de rato.

J Wlção de acessórios
Esse tipo de junção é usado sempre que se deseja ligar um acessório a um circuito
de sistema elétrico onde o fio do acessório é de menor diâmetro do que o fio do sistema.
Da mesma forma que a junção tipo rabo de rato, esta junção não suporta muito esforço
mecânico.
A primeira providência é remover o isolamento dos fios a serem ligados. A figura
7-20 mostra, passo a passo, a confecção de uma junção de acessório.
Depois de os fios estarem preparados, o fio do acessório é enrolado várias vezes
em tomo do fio do sistema como é mostrado na figura. Os fios não são torcidos um no
outro como na junção rabo de rato. A extremidade do fio do sistema é então dobrada
sobre as voltas do fio do acessório. O que sobra do fio do acessório é então enrolado
em tomo da parte dobrada do fio do sistema. Solda e fita isolante completam o serviço.
Fio do
acessório
Fio principal enrolado
dob rad o

Fig. 7-20.- Junção de acessório.

192
JWtta intermediária com nó
Todas as emendas até agora consideradas são conhecidas como emendas de extre-
midade. Cada uma delas foi feita unindo-se as extremidades livres dos condutores. Toda-
via, algumas vezes é necessário unir um condutor a um fio contínuo. Tal junção é chama-
da de intermediária.
O fio principal ao qual o fio de ramificação vai ser ligado deve ter cerca de uma
polegada do seu isolamento removido. O fio da ramificação é desencapado cerca de três
polegadas. A figura 7-21 mostra uma junção intermediária com nó.

Junção intermediária com nó

Fig. 7-21. -Junção inte rmediária com nó.

O fio da ramificação .é cruzado sobre o fio principal, como mostrad o na figura,


com cerca de três quartos da porção nua estendendo-se acima do fio principal. A extre-
midade do fio é então dobrada por sobre o fio principal, trazida para baixo deste, levada
em tomo da parte inferior do fio da ramificação, e passada outra vez por cima do fio
principal formando um nó. É então enrolado em tomo do fio principal em voltas bem
apertadas e o excesso é cortado. 1
A jWtção intermediária com nó é usada quando a emenda é sujeita à tração ou
deslizamento. Quando não houver esforço mecânico, o nó pode ser dispensado.

EQUIPAMENTO DE SOLDAR

As operações de soldagem constituem uma parte vital nos procedimentos de manu-


tenção elétrica e eletrônica. Trata-se de uma habilidade manual que deve ser adquirida
por todo o pessoal que trabalha no setor elétrico. A prática é necessária no desenvolvi-
mento da técnica de soldagem. Entretanto, antes, é importante e necessário que o ope-
rador compreenda perfeitamente os seus princípios básicos. A discussão que se segue é
feita com o propósito de fornecer informações destacando aspectos importantes a
serem observados nas operações de soldagem.
Uma regra básica a ser observada é a de que tanto o "dispositivo soldador como
o material a ser soldado devem estar aquecidos â temperatura que permita o derretimento
da solda. Se a temperatura for inferior â adequada, será feita uma solda "fria". Tal solda-
gero não apresenta a necessária conexão mecânica responsável pelo esforço físico nem
a necessária condutividade elétrica. Por outro lado, se a temperatura for excessiva, pode
ocorrer avaria por queima das partes a serem soldadas. As soldas derretem a diferentes
temperaturas. Nas operações de soldagem é necessário selecionar um tipo de solda que
derreta a uma temperatura suficientemente baixa para não avariar as partes a serem sol-
dadas, qualquer outro componente , ou material nas proximidades.

194
O tempo durante o qual o material a ser soldado é submetido ãs condições de
aquecimento é tã'o importante quanto a temperatura. O isolamento dos fios condutores
e outros materiais nos equipamentos elétricos são susceptíveis de avaria por aqueci-
mento. As avarias podem ocorrer tanto por exposição à temperatura excessiva como
por exposição durante período longo mesmo que a temperatura seja reduzida. As limi-
tações de tempo e temperatura dependem de diversos fatores tais como: tipo e quanti-
dade do material , grau de limpeza, capacidade do material em suportar o aquecimento
e das características de transferência e dissipação de calor nas proximidades.

Solda
Os três graus de composição da solda geralmente usados nos trabalhos elétricos
são 40-60, 50-50 e 60-40. O primeiro número indica a percentagem de estanho enquanto
o outro indica a percentagem de chumbo. Quanto maior for o percentual de estanho,
menor será a temperatura de fusão. Da mesma forma , quanto maior a quantidade de esta-
nho, mais fluida fica a solda, menor o tempo para solidificar e mais fácil será a operação
de soldagem.
Em aditamento à solda, há necessidade da presença de um solvente para remover
qualquer película de óxido na superfície dos metais a serem soldados para que haja
fusão. O solvente permite que a solda realmente alcance o metal. Há dois tipos de sol-
ventes: solventes ácidos e breu. Os solventes ácidos são mais efetivos na limpeza dos
metais mas apresentam a desvantagem de serem corrosivos. O breu é o solvente comu-
mente usado nas operações de soldagens leves de conexão de fios elétricos. Normal-
mente, o fio de solda é fabricado com um filete de breu no.seu interior de maneira que
não há necessidade de usar-se um solvente em separado. Deve ser considerado, entre-
tanto, que o solvente não é um substituto na limpeza do metal a ser soldado. A super-
fície que vai receber a solda deve estar perfeitamente limpa.

Processos de soldagem
A limpeza é o principal requisito para uma eficiente e efetiva soldagem. A solda
não adere em superfícies sujas, graxosas ou oxidadas. Os metais, quando aquecidos, ten-
dem a oxidar rapidamente e o óxido deve ser removido antes da operação de soldagem.
A oxidação, ferrugem e sujeiras podem ser removidas por meios mecânicos tais como
raspagem ou corte com um abrasivo ou por meios químicos. As películas de graxa ou
óleo podem ser removidas com um solvente adequado. A limpeza deve ser feita imediata-
mente antes da operação.
Os componentes a serem soldados deverão ser normalmente estanhados antes de
se fazer a conexão mecânica. Após a limpeza da superfície a ser soldada, uma fina e
unifonne camada de solvente pode ser aplicada na superfície a ser estanhada para evitar
oxidação enquantô o componente estiver sendo aquecido para atingir a temperatura de
soldagem. Solda com núcleo de breu é comumente o tipo preferido nos trabalhos de
solda em circuitos elétricos, mas pode-se usar solda com solvente em separado. Um sol-
vente resinoso em separado é freqüentemente usado na operação de estanhagem dos fios
no processo de fabricação. A estanhagem é a aplicação de uma camada de solda sobre
material a ser soldado.
Nas operações de soldagem, a ação de estanhar deve cobrir apenas a área necessária.
A estanhagem ou soldagem de fios sujeitos à flexão produzem rigidez nos mesmos e pode
quebrá-los quando submetidos à vibração.

195
As superfícies estanhadas a serem soldadas devem ser ajustadas e mecanicamente
unidas de maneira a fazerem bom contato mecânico e elétrico. Não deve ocorrer movi-
mento relativo entre as partes por ocasião da soldagem. Qualquer movimento resultará
em uma conexão soldada com falha.

Ferramentas de soldar
Ferros de soldar
Todos os ferros de soldar de alta qualidade operam na faixa de temperatura entre
500 a 600 °F (260 a 315 °C). Mesmo os ferros miniatura de 25 watts, produzem essa
temperatura. A diferença importante no tamanho dos ferros não é a temperatura, mas
a inércia térmica (capacidade de o ferro gerar e manter uma temperatura satisfatória
para a soldagem durante o tempo em que está transferindo calor à junta a ser soldada).
Nã"o é prático soldar uma pesada caixa de metal com um ferro de 25 watts, mas um ferro
com essa capacidade é perfeitamente adequado para substituir um resistor de meio watt
em um circuito impresso. Um ferro com dissipação de 150 watts pode ser usado satis-
fatoriamente em um circuito impresso desde que sejam empregadas técnicas especiais
de soldagem. Uma vantagem na utilização de ferros pequenos para trabalhos leves está
no seu peso reduzido e facilidade de manuseio. O ferro possui uma ponta fma, o que
permite ser inserido em locais com pouco espaço. Apesar da sua alta temperatura, o
ferro pequeno, entretanto, nã"o tem capacidade de transferir grandes quantidades de
calor.
Alguns ferros são dotados com um termostato interno. Outros são dotados com
dispositivos de controle termostático. Esses dispositivos controlam a temperatura do
ferro mas são uma fonte constante de problemas. Um ferro de soldar bem projetado é
auto-regulável em virtude da resistência do seu elemento aquecedor aumentar com o ,
aumento da temperatura, limitando dessa forma o fluxo de corrente que passa pelo
aquecedor. Para trabalhos especiais é conveniente ter um transformador variável para
ajustagem do calor. Entretanto, para os trabalhos gerais não há necessidade de regu-
lagem da temperatura.

Ferro de soldar tipo revólver


O ferro de soldar tipo revólver ganhou grande popularidade nos últimos tempos
porque aquece e esfria rapidamente. Esse tipo de ferro é especialmente adaptado para
trabalhos de manutençã'o e reparos nos quais se requer um pequeno tempo de soldagem.
Um ferro de soldar que se mantém aquecido durante longo tempo se oxida rapidamente
de modo que é difícil mantê-lo permanentemente limpo.
Um transformador inserido no corpo do ferro fornece aproximadamente um volt
de tensão e uma alta corrente para uma ponta de cobre que atua çomo ponta de sol-
dagem. Essa ponta aquece, atingindo a temperatura de soldagem em 3 a 5 segundos e
pode superaquecer até a incandescência decorridos 30 segundos. O aquecimento é
controlado por um gatilho de maneira que o ferro aquece apenas durante o tempo em
que o gatilho fica apertado. Como o ferro opera normalmente durante certos períodos
de tempo, é comparativamente mais fácil mantê-lo limpo e bem estanhado, já que pouca
oxidaçã'o será formada. Entretanto, como a ponta é feita de cobre puro, ela é suscep-
tível de se estragar pela ação dissolvente da solda.
É necessário que a ponta esteja permanentemente estanhada a fim de permitir
uma perfeita transferência de calor. A estanhagem permite também um controle ade-

196
quado do calor para evitar o respingo térrrúco nos materiais próximos. Estanhar a ponta
de um ferro tipo revólver é uma operação relativamente difícil quando comparada com
um ferro comum. A operação será facilitada se a ponta for estanhada com solda de
prata. A temperatura na qual se forma uma fronteira entre a ponta de cobre e a solda
de prata é consideravelmente maior do que com a solda de chumbo e estanho. Esse
fato tende a reduzir a ação de esburacamento da solda sobre a ponta do ferro. Quando
a ponta fica esburacada, há necessidade de limá-la de maneira que, decorrido um certo
tempo, a ponta se acabe.
Pode facilmente ocorrer superaquecimento quando se utiliza o ferro tipo revól-
ver para soldar fiação delicada. Com uma certa prática, entretanto, a temperatura poderá
ser controlada calcando e soltando repetidamente o gatilho. Na maioria dos casos, mes-
mo a posição de BAIXA TEMPERATURA do gatilho superaquece o ferro decorridos
10 segundos. A posição de ALTA TEMPERATURA é usada apenas nos casos em que
se deseja rápido aquecimento e soldagem de conexões de grande porte.
Os ciclos de aquecimento e resfriamento tendem a folgar as porcas e parafusos
que ligam a ponta de soldar ao corpo do ferro. Quando as porcas e parafusos se afrouxam,
a resistência na conexão aumenta e a temperatura na junção aumenta. Por isso, as porcas e
parafusos deverão ser periodicamente reapertados.

Ferros de soldar com resistência


Há, presentemente, em disponibilidade, um conjunto de soldar com resistência
controlada. O conjunto consiste de um transformador que fornece 3 ou 6 volts e alta
corrente para uma ponta de aço inoxidável ou de carbono. O transformador é ligado
por uma chave de pé e desligada por um controlador eletrônico. O controlador pode
ser ajustado para un1 tempo de soldagem de 3 segundos. O conjunto é particularmente
prático para soldar cabos a plugues ou conectores similares mesmo os de tipo miniatura.
Em uso, a ponta dobrada da unidade é ajustada para suportar o conector a ser sol-
dado. Um pulso de corrente aquece-o para a estanhagem, e, após a inserção do fio, um
segundo impulso de corrente completa o serviço. Em virtude da ponta de soldagem se
aquecer durante um breve período de tempo, a queima do isolamento do fio fica gran-
demente reduzida. A maior dificuldade com o dispositivo é evitar que a ponta perma-
neça livre de corrosão. Alguns técnicos preferem usar uma lixa fina de madeira.

Ferro tipo lápis e pontas especiais


Um item praticamente indispensável é o ferro de soldar tipo lápis com o seu con-
junto de pontas (figura 7-22). Os ferros de soldar miniatura com dissipação menor que
40 watts são fáceis de serem usados e prontamente recomendados nas operações de
soldagem de circuitos impressos. Numa emergência, ferros de maior dissipação podem
ser convertidos para serem usados em equipamento miniaturizado conforme será des-
crito posteriormente neste capítulo.
Há um tipo de ferro equipado com diferentes pontas de diversos tamanhos e for-
matos. Essa característica o torna particularmente adptável a diversos tipos de serviços.
Nesse tipo, as pontas são atarraxadas no corpo do ferro e não presas por parafusos como
ocorre com os demais tipos. Esse tipo de conexão mecânica permite um excelente con-
tato com o elemento aquecedor, aumentando a eficiência de transferência de calor. É
fornecido com cada ferro um composto que deve ser passado na rosca de cada ponta.
Esse composto é aplicado sempre que uma ponta é atarraxada e toma possível e fácil a
remoção quando se pretende trocar de ponta.

197
Uma característica especial deste tipo de ferro é a existência de uma ponta especial
atarraxável com um pote que recebe uma pequena quantidade de solda e facilita esta-
nhar as pontas de cabos dotados com uma grande quantidade de fios.
As pontas intercambiáveis são de vários tamanhos e formatos para aplicações espe-
cíficas.Pode-se adquirir pontas extras para aplicações especiais.
Uma outra vantagem do ferro tipo lápis é a possibilidade de usá-lo como um flash-
light para inspeções. A ponta de soldar é removida e deve·se inserir uma lâmpada tipo
6S6 de 120 volts e 6 watts cuja rosca se adapta ao corpo do ferro.
Para soltar fios soldados usa-se uma ponta com ranhura que simultaneamente
derrete a solda e suspende a ligação. Uma ponta em concha que se adapta sobre os ter-
minais tipo pino pode ser usada para dessoldar ou soldar.
Suporte
UNGAR
universal

()h /

:>: Fig.7-22.- Conjunto de


Pontas intercam
biáveis
lí. ferro tipo lápis com
pontas adicionais.

Unidades com rosca Po ntas ··


para ferros suh- de d essoldar
minia turas

Muitos componentes tipo miniatura são de conexão múltipla, devendo todas as


conexões serem dessoldadas em uma única operação. As ligações poderão excepcional·
mente ser dessoldadas individualmente aquecendo-se a solda. Operando dessa maneira
deve-se cuidar para que a solda solta removida não se fixe em outro componente onde
poderá provocar um curto-circuito. Um método mais eficiente é utilizar as unidades com
formatos especiais para dessoldagem (figura 7-22). Selecione a ponta com tamanho e for-
mato corretos que faça contato com todos os terminais e remova as ligações em uma
única·operação.
Caso não se disponha de uma ponta adequada para um determinado serviço pode-
se improvisar uma ponta miniatura. Enrola um pedaço de fio comum e dobre o fio de
maneira a obter o formato desejado. Esse processo serve também para reduzir a tempe-
ratura na ponta quando se usa um ferro grande para remover componente em circuito
miniaturizado conforme visto na figura 7-23.
Em aditamento ao tipo de ferro e dispositivos usados, deve-se também considerar
o tipo de solda e o solvente usado. Normalmente, nos circuitos miniaturizados onde o
aquecimento é crítico, usa-se uma solda de pouco diâmetro com núcleo de resina e uma
alta relação estanho-chumbo (6040).

198
Fio n910
de cobre

Fig.7·23.- Improvisação de
ponta para reduzir a
temperatura.

Acessórios para soldagem


Outros dispositivos são necessanos para a operação de soldagens em circuitos
miniaturizados, tais como ponteiras, raspadeiras, canivetes etc. Nas operações de soldagem
são essenciais também os derivados térmicos ou componentes sensíveis à temperatura.
Alicates e pinças podem ser necessários em alguns casos mas suas eficácias são limitadas.
Um derivador perfeito de calor é mostrado na figura 7·24. O emprego do derivador tér-
mico permite soldagem dos fios de um componente sem superaquecer o componente.

Garra de cobre inserida

Fig.7-24. - Derivador de calor.

Componente a
ser protegido

Para maxuna eficácia, qualquer camada protetora deve ser removida antes de
ligar o derivador térmico. O dispositivo deverá ser ligado cuidadosamente para evitar
avaria nos fios, terminais ou componentes. O derivador deve ser afixado ao fio entre
a junta a ser soldada e o componente a ser protegido. Conforme a junta é aquecida, o
derivador absorve o excesso de calor antes que ele atinja o componente e provoque
avaria no mesmo.
Um pequeno pedaço de .cera de abelha deve ser colocado entre o componente
e o derivador. Quando a cera começa a derreter é sinal de que foi atingida a temperatura
limite. A fonte de calor deve ser removida imediatamente, mas o derivador deve perma-
necer no local. A remoção prematura do derivador permitirá que o calor retido na junção
soldada flua para o componente. O derivador deve ficar no local até esfriar ao ponto
da temperatura ambiente.

199
Outro acessório de grande valia é a seringa de sucção de solda. A figura 7-25 mos-
tra um tipo de seringa. O propósito é sugar o excesso de solda (e incidentalmente o
calor) de um determinado ponto. O único requisito de um eficiente sugador é ser dotado
com uma fonte controlada de vácuo. Um receptor de solda e uma ponteira são também
necessários ã ope ração. A ponteira deve ter condições de suportar o calor da solda der-
retida. Teflon é o material ideal, mas de difícil aquisição. Uma seringa de borracha com
ponta de vidro conta-gotas faz um excelente sugador. O conta-gotas deverá ser do tipo
cirúrgico. O tipo de vidro comum não suportará o calor.

Seri nga

Fig. 7-25.- Sugador de solda.

CONEXÕES EM TERMINAIS

São freqüentes as discussões nas oficinas relacionadas com o método correto


para se fazer conexões soldadas a terminais. Durante muitos anos foi considerado neces-
sário enrolar o fio ao terminal para prover máximo suporte mecânico. As Especificações
Gerais para Soldagens determinam que as partes a serem ligadas devem ficar unidas de
maneira a não ocorrer movimento relativo durante o processo de soldagem. A união
não deve ser tocada até que a solda esteja completamente solidificada.
Foram efetuados testes com capacitares e resistores padrões soldados a terminais
de vários tipos. As conexões foram submetidas à vibrações bem superiores às que nor-
malmente estariam sujeitas nos equipamentos elétricos e eletrônicos. As conexões foram
feitas com vários tipos de união mecânica e em diversos graus de fixação. Como resultado
destes e de outros testes, chegou-se à conclusão ser recomendável os tipos de conexão
indicados na figura 7-26. Recomenda-se enrolar três oitavos a três quartos de uma volta
completa de maneira que o fio não precise ser suportado durante a aplicação e solidifi-
cação da solda. Enrolar em excesso o fio requer maior temperatu ra para soldagem, mais
esforço sobre o componente, maior dificuldade para inspeção, maior dificuldade para
a operação de fazer e desfazer a ligação e aumento na possibilidade de quebra do com-
ponente ou terminal durante as operações. Por outro lado, um enrolamento insuflei-

200
Olh.al Toneta Garfo

Gancho Copo Tubular

Fig. 7-26.- Conexão mecânica no terminal


para a soldagem.

ente resulta em conexão fra::a deVIdo ao movimento do fio durante a operação de sol-
dagem.
As áreas a serem reunidas devem ser aquecidas até o ponto de fusão da solda, ou
ligeiramente superior. A aplicação de calor deve ser cuidadosamente controlada a fim
de evitar danos nos componentes do conjunto, no isolamento, ou no material nas proxi-
midades. A solda é em seguida aplicada sobre a área aquecida. Deve ser aplicada apenas a
quantidade necessária de solda para fazer uma conexão satisfatória, devendo ser evi-
tados excessos.
A solda não deve ser derretida sobre a ponta do ferro e em seguida aplicada sobre
a conexão. A operação correta consiste em aquecer a junção com a ponta do ferro e
aplicar a solda sobre a junção. Se a junção estiver adequadamente aquecida, a solda
derrete de maneira uniforme. Uma temperatura excessiva tende a carbonizar o solvente
impedindo a operação perfeita.
Nenhum líquido deve ser aplicado para esfriar a junção soldada. Usando ferra-
mentas adequadas e a técnica de soldagem, a junção não se aquecerá tão rapidamente
a ponto de exigir resfriamento.
Se , por qualquer razão, não for obtida uma conexão satisfatória na primeira ten-
tativa, a junção deve ser totalmente desfeita, as superfícies novamente limpas, os excessos
de solda removidos e a completa operação de soldagem deve ser repetida, exceto natural-
mente a de estanhar as partes.

201
Após a junção ter esfriado, todo o resíduo de solvente deve ser removido. Qualquer
resíduo deixado na superfície coletará sujeira e produzirá, posteriormente, um rompi-
mento dielétrico por arco. Essa limpeza é necessária mesmo quando se usa solda com
núcleo de resina.
Nenhuma conexão deve ser feita ou desfeita com o circuito ligado ou com o cir·
cuito sob teste. Descarregue sempre os capacitares do circuito antes de iniciar qualquer
operação de soldagem.

Emendas soldáveis
O emendador tipo soldável é essencialmente um tubo de metal curto. O diâmetro
interno é largo o suficiente para permitir a entrada do cabo trançado em ambos os extre-
mos após ter sido removido o isolamento dos mesmos. Esse tipo de junção é mostrado na
figura 7-27.
O emendador é inicialmente aquecido e cheio de solda. Enquanto ainda quente, a
solda é derramada no seu interior deixando a superfície interna estanhada. Quando o
condutor for desencapado, o comprimento exposto deve ser tal quebordas dos iso-

o
(A)
Interior do emendador
e extremidades dos
cabos, estanhados
Fig. 7·27. - Uso do emen·
dador sold ado.

Emendador aquecido
e condutores
inseridos

lamentos toquem o emendador ao ser inserido (veja a figura 7-27 (B)). Quando for
aplicado calor à junção e a solda derreter, o excesso de solda sairá pelos respiros e deve
ser removido limpando-se a parte externa do conector. Depois da emenda ter esfriado,
um material isolante deve ser enrollJdO ou amarrado em tomo da junção.

Alças terminais soldáveis


Além de uniões ou emendas, os condutores devem ser freqüentemente conectados
a objetos tais como motores, chaves, etc. Tendo em vista que nesses pontos termina o
condutor, tais conexões s:ro chamadas terminais. Em alguns casos é permissível dobrar
o condutor formando uma alça e colocando-a em volta do pino terminal. Quando o
pino for um parafuso, a alça é passada em volta deste. A extrenúdade do fio que forma

202
a alça deve ser dobrada da maneira mostrada na figura 7-28. Observe que quando o
parafuso ou porca de fixação for apertado ele tende também a apertar a alça.
Este método de fixação é às vezes indesejável. Quando as especificações do pro-
jeto são mais rígidas, as conexões terminais usam uma ferragem especial chamada alça
terminal. Há vários tipos e tamanhos de alças terminais. Todos são essencialmente do
tipo mostrado na figura 7-29.
Cada tipo de alça tem um tubo (luva) o qual é apertado ou soldado ao cond).ltor.
Há também uma lingüeta com um furo ou fresta para receber o pino ou parafuso ter-
minal. Para se ligar uma alça terminal a um condutor, primeiro estanha-se o interior do
tubo da alça. O condutor é desencapado e também estanhado e inserido então no tubo
da alça que deve estar aquecida. Quando montado, o isolamento do condutor deve estar
encostado à alça, não permitindo que fique exposta nenhuma parte nua do condutor.

Fig.7-28. - Conexão terminal de um con· Fig. 7·29.- Alça terminal tipo soldada.
dutor.

Conectores não soldáveis


Emendas e alças terminais que não requerem solda são mais largamente usadas
do que as que requerem soldagem. Os conectares sem solda são ligados aos seus con-
dutores por diferentes meios, porém o princípio é essencialmente o mesmo. Todos eles
são apertados firmemente no condutor. Eles provêm contato elétrico adequado, além
de grande resistência mecânica. Além russo, os conectares sem solda são mais fáceis
de montar corretamente por serem livres dos problemas resolvidos pela solda tais como
soldas frias, queima de isolamento etc.
Os conectares sem solda são feitos numa grande variedade de tipos e tamanhos
para os mais <liversos propósitos. Apenas alguns serão examinados aqui.

Emendadores sem solda

Três dos tipos mais comuns, classificados pelo seu método de montagem, são:
luva partida, luva partida cônica e de reentrâncias.

203
Emendador de luva partida
Um emendador de luva partida é mostrado na figura 7-30. Para conectar o emen-
dador no condutor, o condutor desencapado é introduzido na luva partida. Usando-se
uma ferramenta especial, o anel deslizante é forçado em direção â extrenúdade da luva.
A luva fecha-se apertando o condutor, e o anel deslizan te mantém a luva fechada.

Fig.7-30.- Emenda
tipo luva partida.

Emendador de luva partida cônica


A vista seccional de uma luva partida cônica é mostrada na figura 7-31 (A). Para
montar este tipo de emendador, o condutor é desencapado e inserido na luva partida.
A luva roscada é aparafusada no orifício cônico do corpo do emendador. À medida que
a luva penetra no orifício, a forma cônica deste aperta as aletas da luva de encontro ao
condutor. O emendador terminado (figura 7-31 (B)), deve ser coberto com um isolante.

Fig.7-31.- Emendador de

luva partida cônica.

204
t 8)

205
Emendador de reentrâncias
O emendador de reentrâncias (figura 7-32) é o mais simples dos emendadores
aqui apresentados. O tipo mostrado já vem isolado, mas tipos sem isolamento também
são fabricados. Estes são montados com ferramenta manual especial parecida com um
alicate que forma as reentrâncias. Os condutores descascados são inseridos no emenda-
dor que é entã'o apertado fortemente. A luva isolante fixa o isolamento externo do
condutor e o emendador metálico interno fixa os fios trançados nus.

Fig.7-32.- Emendador de reentrâncias.

Alças terminais sem solda


As alças terminais sem solda são usadas mais largamente do que as alças soldadas.
Elas provêm contato elétrico adequado e grande força mecânica. Além disso, as alças
sem solda são mais fáceis de serem colocadas, pois estão livres dos problemas criados
pela solda, isto é, solda fria, isolador queimado etc. Há muitas formas e tamanhos destas
alças, cada uma adequada para determinado tipo de serviço e tamanho de condutor.
Apenas alguns serão aqui examinados.
As alças são classificadas segundo seus métodos de montagem: luva partida cônica
(tipo cunha), luva partida cônica (tipo roscada) e de reentrâncias.

Alça terminal luva partida cônica (tipo cunha)


Este tipo de alça é mostrado na figura 7-33. É comumente chamada "cunhada"
em virtude da maneira pela qual segura o condutor. O condutor descascado é inserido
através do furo na luva partida. Quando a luva é forçada ou cunhada no tubo, suas aletas
fecham-se apertando o condutor fortemente.

206
Lingüeta

Fig. 7·33.- Alça


terminal luva
partida tipo
cunha.

Alça ternúnalluva partida (roscada)


Este tipo de alça (mostrado na figura 7-34) é ligado ao condutor da mesma ma-
neira que o emendador de luva partida. As aletas da luva partida roscada apertam firme-
mente o condutor à medida que esta é roscada no orifício cônico do tubo. Por esta razão,
esta alça é mais conhecida como rosca em cunha.

Fig.7-34. - Alça
terminal tipo
luva partida
roscada.

206
Alça terminal de
reentrâncias

A alça terminal de
reentrâncias é mostrada na
figura 7-35. A alça' é sim-
plesmente apertada forte- Fixador do
mente ao cond utor. Isto é isolamento ,
feito usando-se a mesma do condutor
Fixador do-- J
ferramenta usada no emen-
condutor
dador deste tipo. A alça
mostrada já vem isolada
mas é também fabricada
sem isolamento. Quando
montada, tanto o condu-
tor como o seu isolamen-
to são fl.Xados pela alça.
Fig. 7-35.- Alça terminal de reentrância.

ISOLAMENTO DA EMENDA

A etapa final que completa o trabalho é a colocação de um isolamento sobre a


emenda para cobrir o fio nu. O isolamento deve ser feito com a substância básica do
isolamento original. Normalmente usa-se uma fita com um composto à base de borracha.

Fita de borracha

O látex (borracha) é um com-


posto usado para isolar emendas.
É usado onde o isolamento origi-
nal é de borracha. A fita é aplicada
com uma leve tensã'o de modo que
cada camada pressione firmemente
a que está embaixo. Esta pressã'o
faz com que a fita de borracha
forme uma massa sólida. Quando
a aplicação estiver completa, um
isolamento similar ao original foi
restabelecido.
Entre cada camada de fita lá-
tex, quando em forma de rolo, há
uma camada de papel ou pano.
Esta camada evita que a fita se fun-
'da quando ainda no rolo. O papel
ou pano é retirado da fita e jogado
fora antes da fita ser aplicada à
emenda. Fig.7·36.- Aplicação de fita de borracha.

207
A figura 7-36 mostra a maneira correta de cobrir uma emenda com isolamento
de borracha. A fita de borracha deve ser aplicada suavemente e sob tensão de modo
que não haja espaços de ar entre as camadas. Ao aplicar a primeira can1ada, comece
no centro da emenda e não numa das extremidades. O diâmetro da junta isolada com-
pleta deve ser um pouco maior do que o diâmetro total do cabo, incluindo seu isola-
mento.

Fita de fricção
A colocação de fita de borracha sobre uma emenda restabelece o seu isolamento.
É necessário, também, restabelecer a cobertura de proteção. Com este propósito é usada a
fita de fricção. Essa fita provê também algum isolamento elétrico.
A fita de fricção é um pano de algodão que foi tratado com um composto de
borracha. É fornecido em rolos similares aos da fita de borracha, não tendo porém o
separador de papel ou pano. A fita de fricção é aplicada da mesma maneira que a fita
de borracha, porém com menor tensão.
A fita de fricção deve ser aplicada iniciando-se por cima da proteção original e
depois sobre a emenda. Enrole a fita de modo que uma se sobreponha um pouco sobre a
anterior, e prossiga até cobrir a cobertura original na outra extremidade da emenda. A
partir daí, inicia-se uma nova camada até o ponto de partida da anterior. Cortando a
fita e pressionando firmemente a extremidade, completa-se o serviço. Quando feita
com cuidado, a emenda pode sofrer o mesmo esforço mecânico sofrido pelo cabo.
Os fios â prova de intempéries não possuem isolamento de borracha. São cobertos
apenas por uma malha protetora. Neste caso não se usa a fita de borracha, a fita de fricção
é suficiente.

Fita elétrica de plástico


A fita elétrica de plástico entrou recentemente em franco uso. Possui certas van-
tagens sobre as fitas de borracha e fricção. Por exemplo, suporta tensões mais altas para a
mesma espessura. Camadas muito fmas dessas fitas suportam vários milhares de volts
sem se romperem. Todavia, para prover uma margem extra de segurança, são usadas
várias camadas numa só emenda. Como a fita é muito fina, as camadas extras não aumen-
tam excessivamente o tamanho da junção e ao mesmo tempo as camadas extras provêm a
mesma proteção oferecida pela fita de fricção. Na escolha de uma fita plástica, o custo
deve ser computado em relação aos outros fatores envolvidos.
As fitas isolantes plásticas normalmente têm uma certa elasticidade, de modo que-
se adaptam aos contornos da junção, não criando assim um volume excessivo. Esta
redução no volume de uma junção é particularmente importante em caixas de junção
onde o espaço é extremamente restrito.
Para altas temperaturas, acima de 80° centígrados, é usado um tipo especial de fita
com uma cobertura de lã de vidro.

208
Capítulo 8
Eletrotnagnetismo e Circuitos Magnéticos

As teorias fundamentais referentes a ímãs simples e ao magnetismo foram dis-


cutidas no Capítulo 2 deste curso. Aquelas discussões ocuparam-se principalmente com
aspectos do magnetismo que não eram relacionados diretamente com eletricidade - ímã
permanente por exemplo. Só se fez uma ligeira referência às formas de magnetismo que
têm relação direta com a eletricidade {tal como "a produção de eletricidade por meio do
magnetismo"). Este capítulo completa o estudo do mangetismo não abordado no Capí-
tulo 2. Em conseqüência, pode ser necessário a você rever parte do Capítulo 2 de vez
em quando. Este capítulo inicia o estudo mais avançado do MAGNETISMO QUANDO
PRODUZIDO PELO FLUXO DE CORRENTE, e o estudo estritamente relacionado da
ELETRICIDADE QUANDO PRODUZIDA PELO MAGNETISMO. No estudo da ma-
téria eletricidade, esta parte é comumente conhecida como ELETROMAGNETISMO.
Magnetismo e eletricidade básica são intimamente relacionados já que um não
pode ser estudado em toda sua extensão sem envolver o outro. Esta relação fundamental
futima aparecerá continuamente nos outros capítulos deste curso, tal como no estudo
dos geradores, transformadores e motores. Você irá se familiarizar com muitas das afini.
dades gerais entre o magnetismo e a eletricidade , tais como as seguintes:
1. O fluxo de corrente elétrica SEMPRE produzirá alguma forma de magnetismo.
2. O magnetismo é sem dúvida o meio mais comumente usado para a produção e
utilização de eletricidade.
3. O comportamento peculiar da eletricidade sob certas condições é causado por
influências magnéticas.

CAMPO MAGNÉTICO AO REDOR DO CONDUTOR

Em 1819, Hans Christian Oersted, físico dinamarquês, descobriu que existe uma
relação definida entre magnetismo e eletricidade. Ele descobriu que uma corrente elé-
trica é acompanhada de certos efeitos magnéticos que obedecem a leis definidas. Se uma
bússola for colocada nas vizinhanças de um condutor portador de corrente, a agulha
da bússcJia se alinhará em ângulo reto ao condutor, indicando, dessa forma, a presença
de uma força magnética. A presença dessa força pode ser demonstrada pela passagem
de uma corrente elétrica por um condutor vertical, que atravessa um pedaço de cartolina
horizontal, como ilustrado na figura 8-1. A grandeza e sentido da força são determinados
pela colocação da bússola em vários pontos da cartolina e observando a deflexão.
Considera-se ser o sentido da força o do pólo norte da bússola. Estas deflexões mos-
tram que existe um campo magnético de forma circular ao redor do condutor. Quando

209
a corrente flui para cima, o sentido do campo é no sentido horário, olhando-se de cima
para baixo. Se a polaridade for invertida, de maneira que a corrente flua para baixo, o
sentido do campo é o anti-horário.
A relaçã"o entre o sentido das linhas de força magnéticas ào redor de um condutor
pode ser determinada por meio da REGRA DA MÃO ESQUERDA PARA UM CON-
DUTOR Se o condutor for segurado com a mão esquerda, com o polegar estendido no
sentido do fluxo de elétrons(- para+), os demais dedos apontarão o sentido das linhas
de força magnéticas. Este é o mesmo para o qual·o pólo norte da bússola apontará, se
esta for colocada no campo magnético.

+
Bateria

-
Fig.8-1.- Campo magnético em tomo de um
condutor.

Geralmente são usadas setas nos diagramas elétricos para indicar o sentido do
fluxo de corrente ao longo do comprimento de um fio. Onde são mostradas seções
retas é usada uma vista especial da seta. Uma vista de uma seção reta de um condutor
que transporta corrente no sentido do observador é mostrada na figura 8-2 (A). O sen-
tido do fluxo de corrente é indicado por um ponto que representa a cabeça da seta.
Um condutor que está transportando corrente proveniente do observador é ilustrado
na figura 8-2 (B). O sentido da corrente é indicado por uma cruz que representa a extre-
midade posterior da seta.

Corrente fluindo Corrente fluindo para


para fora do papel dentro do papel (B)
(A)

Fig. 8-2. - Campo magnético em tomo de um


condutor. Vista detalhada.

210
Quando dois condutores paralelos conduzem corrente no mesmo sentido, os cam-
pos magnéticos que se estabelecem tendem a envolver ambos os condutores forçando a
união dos mesmos. Isso ocorre em virtude da força de atração magnética criada, con-
forme é mostrado na figura 8-3 (A). Dois condutores paralelos conduzindo correntes
em sentidos opostos são mostrados na figura 8-3 (B). O campo ao redor de um condutor
é de sentido oposto ao campo do outro condutor. As linhas de força resultantes ficam
aglomeradas no espaço entre os fios, e tendem a separá-los. Em conseqüencía, dois con-
dutores paralelos conduzindo correntes no mesmo sentido atraem-se e dois condutores
paralelos conduzindo correntes em sentidos opostos repelem-se:

Corrente fluindo no mesmo Corrente fluindo em sentido


sentido contrário
(A) (8)
Fig. 8-3. - Campo magnético em torno de dois condutores paralelos.

CAMPO MAGNtTICO EM UMA BOBINA

O campo magnético em tomo de um fio que conduz corrente existe em todos os


pontos ao longo do se u comprimento. O campo consiste de círculos concêntricos no
plano perpendicular ao fio (veja
a figura 8-1). Quando o fio reto
é enrolado em tomo de um
núcleo, como mostrado na figura
8-4 (A), ele se toma uma bobina
e o campo magnético assume
uma forma diferente. A parte A
da figura mostra a construção
de uma bobina simples com
uma vista parcialmente seccio-
nada. A parte B mostra uma vis-
ta transversal da mesma bobina.
As duas extremidades da bobina
são identificadas como a e b.
(8)
Quando a corrente passa através
do condutor bobinado, como Fig. 84.- campo magnético produzido pela
indicado, o campo magnético de corrente em urna bobina.

211
cada espira do fio se une com os campos das espiras adjacentes, como explicado em
conexão com a figura 8-3 (A). A influência combinada de todas as espiras produz um
campo bipolar semelhente àquele de uma barra de ímã simples. Uma extremidade da
bobina será o pólo norte e a outra será o pólo sul.

Polaridade de uma bobina eletromagnética


Na figura 8-2, foi mostrado que o sentido do campo magnético em tomo de um
condutor reto depende do sentido da corrente através daquele condutor. Assim, uma
inversão de corrente no condutor causa uma inversão no sentido do campo magnético
que é por ela produzido. Segue-se que a inversão de corrente numa bobina também
causa uma invers!io no seu campo bipolar. Isso é verdadeiro porque esse campo é pro- ·
duto da união dos campos das espiras individuais da bobina. Portanto, se for invertido
o campo de cada espira, conclui-se que o campo total (cainpo da bobina) será também
invertido.
Quando for conhecido o sentido do fluxo de elétrons através de uma bobina, sua
polaridade pode ser determinada pelo uso da REGRA DA MÃO ESQUERDA PARA
BOBINAS. A regra é ilustrada na fi 1ua 8-5, e é estabelecida como se segue: SEGU-
RANDO-SE A BOBINA COM A MAO ESQUERDA, E ENVOLVENDO-A COM OS
DEDOS NO SENTIDO DO FLUXO DE ELÉTRONS, O POLEGAR APONTARÁ PARA
O PÓLO NORTE.

(8)

Fig.8-5.- Regra da mão esquerda para polaridade de bobinas.

212
Intensidade do campo eletromagnético
A intensidade do campo de uma bobina depende de um certo número de fatores
que serão discutidos sob os seguintes tópicos:
1. Número de espiras do condutor;
2. Intensidade da corrente através da bobina;
3. Razão comprimento-largura (diâmetro) da bobina;e
4. Tipo do material do núcleo.

CIRCUITOS MAGNtfiCOS

Muitos aparelhos elétricos dependem do magnetismo de uma ou mais formas


para a sua operação. Para fazer esses equipamentos funcionarem de maneira eficiente,
engenheiros planejaram intrincados projetos para criar as condições magnéticas dese-
jadas. Os ímãs projetados para fazerem um determinado trabalho devem ter a intensi-
dade necessária e devem ser produzidos com percursos magnéticos ou circuitos de for-
mas e materiais apropriados.
Um circuito magnético é defmido como o caminho (ou caminhos) percorridos
pelas linhas de força magnéticas deixando o pólo norte , passando através do circuito
completo e retomando ao pólo sul. Um circuito magnético pode ser um circuito série
ou paralelo ou qualquer combinação.

LEI DE OHM EQUIVALENTE


PARA CIRCUITOS MAGNÉTICOS

A lei do fluxo de corrente no circuito elétrico é semelhante à lei para o estabeleci-


mento do fluxo no circuito magnético.
A lei de Ohm para os circuitos ELÉTRICOS estabelece que a corrente é diretamente
proporcional à tensão aplicada e inversamente proporcional à resistência oferecida pelo
circuito. É expressa matematicamente como:
E
1=-
R
A lei de Rowland para os circuitos MAGNÉTICOS estabelece, de fato, que o núme-
ro de linhas do fluxo magnético em maxwells (<1>) é diretamente proporcional à força
magnetomotriz em Gilberts (F) e inversamente proporcional à relutância (IH) oferecida
pelo circuito. A unidade de relutância comumente usada é o REL, abreviado IH. A lei é
expressa matematicamente como:
F
<I> = -
IH
A semelhança da lei de Ohm e a lei de Rowland é visível. Contudo, necessário se
toma uma explicação das unidades usadas na expressão da lei de Rowland.

213
O FLUXO MAGNÉTICO, <I> (phi), é semelhante à corrente na fórmula da lei de
Ohm, e compreende o número total de linhas de força existentes no circuito magnético.
O Maxwell é a unidade de fluxo, isto é, uma linha de força é igual a 1 maxwell. Contudo,
freqüentemente o maxwell é referido como LINHA DE FORÇA, LINHA DE INDUÇÃO
ou simplesmente LINHA.
A FORÇA MAGNETOMOTRIZ, F, ou f.m.m., comparável à força eletromotriz
na fórmula da lei de Ohm, é a força que produz o fluxo do circuito magnético. A uni-
dade prática de força magnetomotriz é o AMP RE VOLTA. Uma outra unidade de força
magnetomotriz algumas vezes usada é o GILBERT, designado pela letra F. O gilbert é a
força magnetomotriz necessária para estabelecer um maxwell num circuito magnético que
tem uma unidade de relutância (1 rei). A força magnetomotriz em gilbert é expressa em
função do ampere-volta como

F = 1,257 IN

onde F é em gilberts, I em amperes e N é o número de voltas completas do fio que envolve


o circuito.
A unidade de INTENSIDADE de força magnetizante por unidade de comprimento
é designada pela letra H, e é algumas vezes expressa em gilbert por centímetro de compri-
mento.expressa matematicamente como:
1,257 IN
H= --
Q

onde Q é o comprimento em centímetros.

A RELUTÂNCIA,. semelhante ã resistência na fórmula da lei de Ohm, é a oposi-


ção oferecida pelo circuito magnético à passagem do fluxo. A unidade de relutância,
símbolo. é a oposição ao fluxo oferecida por um centímetro cúbico de ar. A relutância
de uma substância magnética varia diretamente com o comprimento do caminho do
fluxo e inversamente com a seção reta e a permeabilidade , p., do material. A relutância é
expressa matematicamente como:
Q
=-
p.A
onde Q é o comprimento em centímetros quadrados.

A PERMEABILIDADE, designada pela letra grega mu, p., será tratada posterior-
mente. Contudo, é aqui definida para permitir uma interpretação completa da lei de
Rowland e também uma aplicação prática dessa lei. A permeabilidade é a medida de
capacidade relativa das substâncias para conduzir linhas de força magnéticas em compa-
ração com o ar. A permeabilidade do ar é tomada como sendo 1 (um). A permeabili-
dade é a relação entre a densidade do fluxo em linhas por centímetro quadrado (gauss B)
e a intensidade de força magnetizante em gilberts por centímetro de comprimento, repre-
sentada por H. A relação é expressa matematicamente como :
B
p.= -
H

214
Um outro tenno usado em circuitos magnéticos é a PERMEÂNCIA. Indicada pela
letra P, a permeância é a recíproca da relutância.
I
P =-

Valores de B, H e J.1. para substâncias magnéticas comuns são dadas na tabela 8-1.

Tabela 8-1 - B. H e J1 para materiais magnéticos comuns*

Aço laminado Aço fundido Ferro forjado Ferro fundido


B
H li H li H I' H li

3.000 1.3 2.310 2,8 1.010 2.0 1.500 5.0 600


4.000 1.6 2.500 3,4 1.177 2.5 1.600 8,.S 471
5.000 1.9 2.630 3,9 1.281 3.0 1.666 14,5 347
6.000 2.3 2.605 4 ,5 1.332 3.5 1.716 24,0 250
7.000 2.6 2.100 5,1 1.37 1 4,0 1.150 38,.S 182
8.000 3.0 2.666 5,8 J.380 4,.S 1.778 60.0 133
9.000 3,.S 2.570 6.S 1.382 5,0 1.800 89,0 IOI
10.000 3,9 2.560 7,5 1.332 5,6 1.782 124.0 80.6
11.000 4,4 2.500 9.0 1.222 6.S 1.692 166.0 66,4
12.000 5,0 2.400 I I .S 1.042 7,9 1.520 221,0 54,1
13.000 6,0 2.166 16.0 'I 813 10,0 1.300 290.0 44,8
14.000 9.0 1.558 21,.S 651 15.0 934 390.0 38.0
15.000 15 ,5 970 32.0
I 469 25,0 600 ..... .....
16.000 21.0 594 49,0 327 49,0 327 ..... .....
1 7.000 52.5 324 74,0 230 93,0 183 ..... .....
18.000 92.0 196 115.0 156 152,0 118 ..... .....
19.000 149.0 127 175.0 108 229,0 83 ..... .....
20.000 232.0 86 285.0 70
····· I ..... ..... .....
• B = densidade do Ou.o em linhas por <'< ntimetro quadrado: H= gilberts por cenlímet ro de comprimen to: li = penneabilidade:li = 8/H.

A penneância é como a condutância no circuito elétrico. É definida como sendo


a propriedade que tem um circuito magnético em permitir a passagem das linhas de
força ao fluxo magnético através do mesmo.
A comparação das unidades, símbolos e equações usados na aplicação da lei de
Ohm para circuitos elétricos e a lei de Rowland para circuitos magnéticos é dada na
tabela 8-2.

Tabela 8-2 -Comparação dos circuitos elétricos e magnéticos

Circuito elétrico Circuito magr.ético

Força ... . Volt, E, ou f.e.m. Gilberts, F, ou f.m.m.


Fluxo... . Ampere, I Fluxo, 4>, em maxweUs
Oposição. Ohms, R Relutância, .ou reis
E
Lei .... Lei de Ohm I = - Lei de Rowland, 4> = !_
' R 1,257 IN
Intensidade de força Volts por em de H= , gilberts por em de
11
comprimento
comprimento
Densi de. Densidade de corrente Densidade do fluxo - por exem-
por ex., amperes/cm 2 • plo, linhas por cm 2 , ou gauss

215
Como uma aplicação prática da lei de Rowland, consideremos que se deseja encon-
trar os amperes-voltas (IN) necessários para produzir 20.000 linhas de fluxo num anel
de AÇO FUNDIDO que tem uma área de seção reta igual a 4 centímetros quadrados e
um comprimento médio de 20 em (figura 8-6).
anel de aço
-......-- fundido
• 20.000 linhas

FMM 4 em• de seção reta

comprimento médio
do fluxo 20 em

Fig. 8-6.- Determinação dos ampêre-voltas em


um circuito magnético.

A densidade do fluxo B, é expressa por:


<I> 20.000
B= - = = 5.000 linhas/cm 2
A 4
Da tabela 8-1, o correspondente valor de H para o aço fundido é 3,9. A fórmula
para H, que foi dada previarnen te , é:

H= 1;,.257 IN
_

de onde
H
IN=
1,257
Substituindo os valores de H = 3,9 e= 20, teremos que
3,9 X 20
IN = = 62 arnpere-voltas
1 ,257

PROPRIEDADES DOS MATERIAIS MAGNÉTICOS

Permeabilidade
..
Quando um núcleo de aço temperado é usado em um eletroímã, ele produz um
ímlf mais forte do que se fosse usado um núcleo de ferro fundido. Isto é verdade porque
o aço temperado é mais facilmente influencia<!o pela força magnetizante da bobina do
que o ferro fundido. Em outras palavras, diz-se que a lâmina de aço tem maior permea-
bilidade porque as linhas magnéticas são estabelecidas mais facilmente nele do que no
ferro fundido. A razão do fluxo produzido por uma bobina quando o núcleo é de ferro
(ou qualquer outra substância) para o fluxo produzido quando o núcleo é o ar, é chamada
PERMEABILIDADE do ferro (ou de qualquer outra substância que tenha sido usada),

216
considerando que seja a mesma corrente na bobina em cada caso. A permeabilidade da
substância é portanto uma medida de capacidade relativa em conduzir linhas de força
magnética, ou sua condutividade magnética. A permeabilidade do ar é I (UM). A per-
meabilidade de materiais nlro magnéticos, tais como a madeira, o alumínio, coore e
bronze é essencialmente unitária, ou a mesma do ar.
Curvas de magnetizaçã'o para os quatro materiais magnéticos da tabela 8-1 são
dadas na figura 8-7.

20
E'"'
... I
---
o "'
-
::1
.-..- -
19
o o
aço laminado t::- t::- I--
18
cg:,

17
-,:: ::::1
_ .;.:
v -- p
ferro maleavel

., v
16
c
15
14
""I/ r aço fundido
13
1/,
12
r;
Fig. 8-7. -Curvas de
magnetização para
1
10
L-I-1--
--
quatro mat eriais ferro fundido
magnéticos. 9

8
7 /
- --
6
v
5
/
4
3
2
1

ww ro oo oo oo
Gilberts por em de comprimento

400o
380o
310o
3<0o
320o
300o
;::uoo
210 0 A
.., 240OI/
220 o
r-I- aço ammado
1\ I
:0200
Fig. 8-8. - Curvas de \ I I I
110 o /
permeabilidade. err o maleavel
..
110
E 140o
8. 120o I
100o
lOo
·"'"-l'........ ..... _ aco fundido
10o .......
400 ._ ........ I I
20 ? t--
o erro
5 10 15 w 25 50 3& 4& 50 55 e& 10 75 110
Gilberts por em de comprim ento
217
(
H
)

218
Histerese
O método mais simples de ilustraçã'o da propriedade de histerese é por meio de
um gráfico tal como o ciclo de histerese mostrado na figura 8-9.
Nessa figura, a força magnetizante está indicada em gilbetts por centímetro de
comprimento ao longo do eixo mais ou menos H, e a densidade de fluxo está indicada
em gauss ao longo do eixo mais ou menos B. A intensidade de força magnetizante , H,
aplicada por meio de uma bobina que envolve o material magnetizaote, é variada unifor-
memente ao longo de um ciclo de operaÇ[o. A força H é aumentada na direção posi-
tiva (passando corrente em um dado sentido pela bobina) até 11 gilberts por centíme-
tro. Durante esse período a densidade do fluxo, B, cresce de zero até 14.000 no ponto A.
Se A for reduzido a zero, a curva descendente da densidade de fluxo não retoma a zero
através o caminho de crescimento. Ao .invés disto, ela retoma para o ponto B, onde a
densidade de fluxo é 13.000. O fluxo magnético indicado pelo comprimento da linha OB
representa a RETENTIVIDADE da substância magnética.
Retentividade é a capacidade de uma substância manter seu magnetismo depois
de removida a força magnetizante. A retentividade é mais perceptível no aço duro e
menos no ferro doce.
O valor do MAGNETISMO RESIDUAL ou remanescente quando H foi reduzida

+B
+14 000 A

e/ 1...?
1./zlooo -7}7
I I 'l
+8 000 I / I/
17

7 Fig.8-9.- Curva de
11 +4 000 I histerese.
[1
17
·H c ./ F +H
-12 -10 -8 -6 -4 -2 o 2 4 6 8 lO 12

-4 000

J
J -8 000 1
1 17
11 -12 000 7
) c/
0...;'
/
- _... v
-14 000
-B

219
a zero, depende da substância usada e do grau de densidade de fluxo atingido. Neste
exemplo, o magnetismo residual é 13.000 gausses.
Se a corrente agora é enviada através da bobina em direção oposta, de tal forma que
a intensidade da força magnetizante seja-H, a força terá que ser aumentada até o ponto
C, para que o magnetismo residual seja reduzido a zero. A força magnetizante OC, neces-
sária para reduzir o magnetismo residual a zero, é chamada FORÇA COERCITNA. Neste
exemplo, a força coercitiva é 6 gilberts por centímetro.
Se a força magnetizante for aumentada até - 11 gilberts por centímetro, a curva
desce rá de C até O, magnetizando a amostra de material magnético com polaridade
oposta. Se a força magnetizante for reduzida outra vez a zero, a densidade de fluxo
será reduzida até o ponto E. O fluxo magnético indicado pelo comprimento da linha OE
representa a retentividade da substância magnética, como o foi' a linha OB. O magnetis-
mo residual é novamente 13.000 gauss.
Se a corrente através da bobina for novamente invertida (fluir na direção original),
a curva de magnetização deslocar-se-á até zero quando a força magnetizante for aumen-
tada até o ponto F.
Portanto, quando a força magnetizante varia ao longo de um ciclo completo, a
magnetizaçã"o resultante completa também um ciclo. Das análises anteriores é evidente
que a histerese é a propriedade da substância magnética que provoca o atraso da mag-
netizaçã"o em relação à força que a produz. O atraso da magnetização em relação à forÇa
que a produz é causado pela fricção molecular. Há necessidade de energia para mover
as moléculas (ou domínios) ao longo de um ciclo de magnetização. Se a magnetização
for invertida devagar, a perda de energia pode ser desprezível. Contudo, se a magnetiza-
ção for invertida rapidamente, como é o caso de uma corrente alternada, considerável
quantidade de energia pode ser dissipada. Se a fricção molecular for grande, como é
o caso em que se utiliza aço
temperado, as perdas podem
ser consideráveis. Um outro
I
fator que determina a perda
8 por histerese é a densidade de
6 fluxo estabelecida no mate-
• A comparação do ci-
2
clo de histerese para o aço
I I 7
2 2 mostrado na figura 8-10. A
• a medida da perda de ener-
gia por histerese no ciclo de
8 operação. Assim, como mos-
trado na figura, maior quan-
tidade de energia é dissipada
I--' na fricção molecular do aço
Gilberts/cm de comprimento Gilberts/cm de comprimento temperado do que no destem-
lA) lA) perado. É de grande impor-
Aço Temperado Aço Comum
tância, na fabricação de nú-
Fig.8-10- Comparação das curvas de histerese. cleos para transformadores e
em outras aplicações impor-
tantes onde se usa CA, o emprego de substâncias com baixa perda por histerese.

220
ELETROfMÃS

Um eletroímã é constituído de uma bobina de fio enrolado em volta de um núcleo


de ferro doce. Quando uma corrente contínua passa pela bobina, o núcleo se magnetiza
com polaridade idêntica ã da bobina. Se a corrente for invertida, as polaridades da bobina
e do núcleo também invertem.
A polaridade do eletroímã é determinada pela regra da mão esquerda da mesma
maneira que foi determinada a polaridade do solenóide da figura 8-5. Se a bobina for
segurada na mão esquerda de tal forma que os dedos se curvem ao redor da bobina no
sentido do fluxo de elétrons(- para+), o polegar apontará a direção do pólo norte.
A adição do núcleo de ferro doce provoca urna dupla alteração na bobina ou sole-
nóide. Primeiro, o fluxo magnético é aumentado em virtude do núcleo de ferro doce ser
mais permeável do que o ar. Segundo, o fluxo é mais altamente concentrado. A permea-
bilidade do ferro doce é muitas vezes maior do que a do ar, logo, a densidade do fluxo
é aumentada consideravelmente quando um núcleo de ferro doce é inserido na bobina.
O campo magnético em tomo das espiras da bobina influencia as moléculas da
barra de ferro causando, de fato, o alinhamento dos ímãs moleculares individuais, ou
domínios, na direção do campo estabelecido pela bobina. Essencialmente, o efeito é o
mesmo produzido em uma barra de ferro doce quando sujeita ã influência de um ímã
permanente.
A força magnetomotriz resultante da passagem de corrente na bobina não aumenta
o magnetismo que é inerente ao núcleo de ferro. Simplesmente reorienta os ímãs "atô-
micos" que estavam presentes antes da força magnetizante ter sido aplicada. Se um
número substancial de minúsculos ímãs são orientados no mesmo sentido, diz-se que
o núcleo está magnetizado.
Quando é usado ferro doce, a maioria dos ímãs atômicos retoma para orienta-
ções diversas depois de removida a corrente magnetizante , e o ferro é dito estar desmag-
netizado. Se for usado aço temperado, a maioria deles permanecerá no alinhamento da
direção do fluxo produzido pela passagem da corrente através da bobina, e o metal é
dito ser um ímã permanente. O ferro doce e outros materiais ferromagnéticos de alta
permeabilidade e baixa retentividade são geralmente usados nos eletroímãs.
Sabe-se, por experiência, que um pedaço de ferro doce é atraído para um ou outro
pólo de um ímã permanente. Urna barra de ferro doce é da mesma forma atraída por
uma bobina na qual flui corrente , se a bobina e a barra estão orientadas confom1e na
figura 8-11. Como mostrado na figura, as linhas de força se estendem através do ferro
doce e o magnetiza. Devido ao fato de pólos diferentes se atraírem, a barra de ferro é
puxada no sentido da bobina. Se a barra estiver livre para se mover, ela será puxada
para dentro da bobina localizando-se numa posição próxima do centro onde o campo
é mais extenso.
Os SOLENÚIDES e MAGNETOS TIPO :bMBOLO de várias formas são de largo
emprego a bordo de navios e aeronaves. Esses dispositivos são usados para operar os
mecanismos de a.limentação de holofotes de arco voltáico; para abrir circuitos interrup-
tores automaticamente quando a corrente de carga excede determinado valor; para fechar
chaves de partidas de motores; para disparar canhões; para operar válvulas inundadas,
freios magnéticos e muitos outros dispositivos.
O ímã TIPO ARMADURA também tem enormes aplicações. Neste tipo de ímã
a bobina é enrolada e isolada do núcleo de ferro. O núcleo não é móvel. Quando a cor-
rente passa pela bobina, o núcleo de ferro magnetiza-se e provoca a atração de uma

221
armadura na forma de barra de aço doce localizada próxima do eletroímã. Este tipo
de eletroímã é comumente usado em campainhas de portas, relês, receptores de tele-
fone, circuitos de sobrecarga, etc.

t
Fig.8-11. - Solenóide com núcleo de ferro.

Aplicações de eletroímãs
A campainha elétrica é um dos mais comuns dispositivos que emprega o eletro-
magnetismo. Uma campainha simples é mostrada da figura 8-12. A sua operação é expli-
cada a seguir.
Contato de
parafuso

Fig.8-12.- Campaínha elétrica.

1. Quando a chave é fechada, a corrente passa do terminal negativo da bateria,


através dos contatos, molas, as duas bobinas, e de volta ao terminal positivo da bateria.
2. Os núcleos são imantados, e a armadura de ferro doce (magnetizada por indu-
ção) é solicitada para baixo, causando, no movimento, a batida do martelo na campainha.
3. No instante em que a armadura é solicitada para baixo, o contato é interrom-
pido e o eletroímã perde seu magnetismo. A lâmina-mola puxa a armadura para cima
de forma tal que o contato é restabelecido, e a operação é repetida. A velocidade com
que o martelo é movido para cima e para baixo depende da flexibilidade da lâmina-mola
e da massa do elemento que se move.

222
As forças magnetomotrizes das duas bobinas estão em série aditiva, ocorrendo por·
tanto o dobro da magnetização do núcleo que ocorreria, se houvesse uma única bobina.

Interruptor de circuito
O interruptor de circuito, como um fusível, protege o·equipamento contra curto·
circuitos e sobrecargas. Nesse dispositivo, o enrolamento de um eletroímã é conectado
em série com o circuito da carga a ser protegida e com uma chave de contatos. O prin·
cípio de operaçã"o é mostrado na figura 8-13. Uma corrente excessiva no enrolamento

..... -
-'1111111 _.
Fonte de alimentação

Fig.8·13. - Interruptor magnético de circuito.

do ÍlTl! provoca a separação da chave, e o interruptor é aberto por uma mola. Quando
a avaria tiver sido reparada, o circuito é fechado manualmente, restabelecendo-se assim
o circuito.
Muito mais aplicações de eletroímãs serão discutidas no decorrer deste curso.
Serão abordadas suas aplicações nos geradores, motores, reguladores de tensão, relês
inversores de corrente e servomecanismos.

223
Capítulo 9

Introdução à Corrente Alternada

Os primeiros passos vacilantes no campo da eletricidade foram dados pelos cientis-


tas com imperfeições, e na maioria das vezes através de aparelhos rudimentares. Grandes
homens, como George Sirnon Ohm, tiveram que fabricar pessoalmente quase todos os
equipamentos do seu laboratório para usá-los nas suas experiências. A única fonte dis-
ponível de energia elétrica para esses cientistas era a pilha voltaica inventada alguns anos
antes. Em virtude das pilhas e baterias terem sido as únicas fontes de energia disponível,
muitos dos dispositivos elétricos antigos foram projetados para operar com CORRENTE
CONTíNuA.
Quando o uso da eletricidade se popularizou, certas desvantagens no·uso da cor-
rente contúma tornaram-se evidentes. No sistema de corrente contfuua, a tensão de ali-
mentação deve ser fornecida no nível requerido pela carga, isto é: para acender uma lâm-
pada de 240 volts, por exemplo, o gerador deve fornecer uma tensão de 240 volts. Urna
lâmpada de 120 volts não poderia ser ligada ao gerador de maneira conveniente. Um
resistor poderia ser inserido em série com a lâmpada para dar queda de tensão igual a
120 volts, mas o resistbr consumiria uma quantidade desnecessária de potência igual à
consumida pela lâmpada.
Urna outra desvantagem do sistema de corrente contfuua é a grande quantidade
de potência perdida devido à resistência nas linhas de transmissão usadas para transpor-
tar a energia da fonte geradora para as fontes de consumo. Essa perda poderia ser reduzida
substancialmente operando-se as linhas de transmissão com alta tensão e conduzindo
baixa corrente , mas isso não seria prático porque a carga teria que ser operada também
com alta tensão. Como resultado dessas dificuldades apresentadas pelo sistema CC, hoje,
praticamente, todos os modernos sistemas de distribuição de energia elétrica são feitos na
forma de CORRENTE ALTERNADA (CA). No sistema de corrente alternada, a corrente
flui ipicialmente em um sentido contrário.
\ Em virtude da corrente alternada variar, a tensão CA pode ser aumentada ou re-
duzida por um dispositivo denominado TRANSFORMADOR. Tal fato permite que a
transmissão da energia seja feita na forma de alta tensão e baixa corrente de maneira a
se obter alta eficiência na transmissão de energia. No ponto de consumo, a tensão é
reduzida para o valor de tensão desejado por meio de um transformador. Devido as suas
inerentes vantagens e versatilidade, a corrente alternada substitui a corrente contínua
em quase todos os sistemas de distribuição comercial de energia elétrica.
Existem muitos outros tipos de corrente e tensão em aditamento à corrente con-
tfuua e a corrente alternada. Se for feito um gráfico mostrando a amplitude da tensão
de saída dos bornes de uma bateria em função do tempo, o gráfico terá a aparência mos-
trada na figura 9-1 (A). A tensão CC tem amplitude constante. Algumas tensões, apesar
de manterem o mesmo sentido, mudam de nível. Um exemplo é mostrado na figura 9-1

224
]L.----- -Temp ---- ;_ Onda retangulax
M Onda dente
de serra
(A) Tensão contínua

Fig. 9·1.- Tensões de


fonnas de ondas. Onda senoidal
(B) Tensão alternada

como uma onda retangular e onda dente de serra. O gráfico obtido da plotagem dos
valores de amplitude em função do tempo é denominado FORMA DE ONDA. A figura
9-1 (B) mostra as formas de ondas elétricas mais comuns. Das formas de ondas ilustradas,
a forma de onda senoidal é a mais comum.

GERADOR CA BÁSICO

Um gerador de corrente alternada converte a energia mecânica em energia elétrica.


Na conve!Sã'o é usado o princípio da indução eletromagnética. No estudo do magnetis-
mo, foi mostrado que um condutor conduzindo uma corrente produz em tomo de si um
campo magnético. É também verdadeiro que um campo magnético variando pode pro-
duzir uma f.e.m. em um condutor. Se um condutor é submetido a um campo magnético
e se o condutor ou o campo se deslocam, uma f.e.m. é induzida no condutor.Esse efeito
é chamado induçã'o eletromagnética.

Ciclo
A figura 9-2 mostra uma espira de fio (condutor) girando, no sentido anti-horário,
dentro de um campo magnético entre os pólos de um ímã permanente. Para facilitar na
explanação, a espira foi dividida em duas metades, uma clara e a outra escura. Observe
que na parte (A), a metade escura se move no sentido paralelo às linhas de força do
campo. Conseqüentemente ocorre o inverso com a metade clara que se move em sen-
tido contrário. Como neste instante os condutores não estão cortando linhas de força,
nenhuma f.e.m. é induzida. Conforme a espira se desloca para a posição mostrada na
parte (B), mais e mais linhas de força são cortadas por unidade de tempo em virtude
do corte ocorrer cada vez mais no sentido perpendicular às linhas do campo. Na posi-
ção (B) a voltagem induzida é máxima porque o condutor corta o campo exatamente
na perpendicular.
Com a continuação da rotação para a posição (C), um menor número de linhas
é cortado. A tensão induzida decresce do seu valor máximo. Novamente, a espira está
se deslocando em sentido paralelo às linhas do campo magnético e nenhuma tensão é
induzida. A espira percorreu metade do círculo, ou seja, uma alternância, ou 180°.
A curva senoidal mostrada na parte inferior da figura representa a tensão induzida em
qualquer instante. Observe que a curva tem 360°, ou seja, duas alternâncias. Duas alter-
nâncias representam um ciclo completo da rotação.
A direção do fluxo de corrente durante a rotação de (B) para (C), quando o cir-

225
Condutorcparalelàs linhas de força
F.<.m. mfu•-'"'"n ;1.''-•• Sentido do nuxo

fu
Condutores cortando as li as
do campo no se.nttdo
perpend!c lar
F.e.m. maxuna
Condutores cortando 0
campo na perpendicular
F.e.m. máxima negativa
1
l
1
positiva I
1
Uma alternância I I
I I
t-1 -+-----(0-180")- - ----' +-- - --(1801360°)-
-
- - -
-l
ZER0 ----------- ---------7:----------- I
Um ciclo
I
I
Uma alternância
I
I
I

Fig. 9·2.- Gerador básico de corrente alter·


nada.

cuito é fechado, pode ser determinada pela REGRA DA MÃO ESQUERDA PARA
GERADORES. A regra da mão esquerda se aplica como segue:estenda a mão esquerda
de maneira que o pol gar aponte na direção do movimento do condutor e o indicador
aponte na direção do fluxo magnético. Deslocando-se o dedo médio 90° com relação ao
indicador, ele apontará na direção do.fluxo de corrente do condutor.
Aplicando a regra da mão esquerda para a metade escura da espira na parte (B),
verifica-se que a direção da corrente é a indicada pelas setas grossas. De maneira seme-
lhante, pode ser determinada a direção para a metade clara da espira. Quando a espira
é posteriormente girada para a posição mostrada na parte (D), a ação é invertida. A me-
tade escura está se movendo para cima e a metade clara está se movendo para baixo.
Aplicando-se a regra da mão esquerda mais uma vez, verifica-se que a f.e.m. induzida e
a corrente resultante é invertida. A tensão cresce ao máximo nessa nova direção confor-
me é mostrado na forma de onda senoidal. A espira finalmente retoma para a sua posição
inicial (E) em que a tensão é novamente zero. A onda da tensão induzida completou
um ciclo.
Conforme mencionado anteriormente, o ciclo é constituído de duas alternâncias
completas dentro de um período de tempo. Recentemente, a palavra hertz (Hz) foi esco-
lhida para representar o ciclo por segundo. Apesar de parecer confuso ao leitor o uso de
duas alternâncias no lugar de um ciclo e em outros casos o uso do hertz para representar
duas alternâncias por segundo, a chave para se determinar qual a palavra a ser usada é o
tempo. Um hertz é um ciclo por segundo. Dessa forma, é usado ciclo quando não há refe-
rância específica do elemento tempo e hertz (Hz) quando o elemento tempo é medido
em segundos.
Se a espira girar com velocidade constante e se a intensidade do campo magnético
for uniforme, o número de ciclos por segundo e a tensão manterão valores fixos. A rota-
ção continuada produzirá uma série de ciclos de tensão senoidal ou, em outras palavras,
uma tensfo CA. Dessa maneira, a energia mecânica é convertida em energia elétrica.
226
A espira girante da figura 9-2 é chamada armadura. A armadura pode ter diversas
espiras ou bobinas.

Freqüência
A freqüência de uma corrente ou tensão alternada é o número de ciclos completos
que ocorre em cada segundo. Conseqüentemente , a velocidade de rotação da espira deter-
mina a freqüência. Para uma única espira girante entre um campo com dois pólos, uma
revolução completa produz duas inversões de corrente. Uma rotação em cada segundo
produzirá um hertz de corrente alternada. Se houver duas rotações por segundo, a fre-
qüência será de dois hertz. Em outras palavras, a freqüência de um gerador com dois pólos
é de número igual ao de revoluções por segundo. Se a velocidade aumentar, a freqüência
aumenta.
Se um gerador de CA tem quatro peças polares, como mostrado na figura 9-3, cada
rotaçâ"o mecânica completa da armadura produz DOIS ciclos CA. Quando a metade escura
da espira passa entre os pólos Sl e N2, é induzida uma tensão que produz uma corrente
quedesloca para os anéis ligados aos extremos da espira.

Uma rotação

Fig.9·3.- Gerador CA básico com 4 pólos.

Quando a metade escura passa entre N2 e S2, a tensão induzida inverte a direção.
Outra inversão ocorre quando ela passa entre S2 e Nl. A tensão nos anéis deslizantes
sofre inversão de polaridade QUATRO VEZES para cada revolução. Em outras palavras,
para cada revolução mecânica são gerados dois ciclos de tensão alternada. Se cada rota-
ção tomar um segundo, a freqüência de saída será de dois hertz. Quanto maior o número

227
de pólos mais alta será a freqüência. A freqüência de saída de qualquer gerador CA pode
ser determinada pela fórmula:
PX r p m
f= _ . .: ._
120
onde f é a freqüência em ciclos por segundo, rpm o númerq de revoluções mecânicas
por minuto, e P o número de pólos.
Um gerador projetado para gerar tensão de 60 hertz e que tenha dois pólos, neces-
sitará uma armadura que gire com a velocidade de 3.600 rpm. Se o gerador tiver quatro
pólos, a armadura terá que girar com a velocidade de 1.800 rpm. Em ambos os casos a
freqüência será a mesma. Na prática, um gerador projetado para girar em baixa veloci-
dade tem geralmente um grande número de pólos, e um de alta velocidade terá relativa-
mente poucos pólos. Ambos devem fornecer a mesma potência, na mesma freqüência.

Período
Um ciclo de qualquer onda senoidal representa uma quantidade definida do TEMPO.
A figura 9-2 mostra dois ciclos de uma onda senoidal que tem a freqüência de 2 hertz
(Hz). Como 2 ciclos ocorrem em cada segundo, 1 ciclo deve requerer metade de 1 Se·
gundo. O tempo necessário para completar 1 ciclo da forma da onda é denominado
PERfOOO da onda. Neste exemplo, o período é de meio segundo.
Cada ciclo de forma de onda na figura 94 consiste de duas variações na forma de
impulso. O impulso que ocorre durante o tempo em que a tensão é positiva chama-se
ALTERNÂNCIA POSITIVA. O impulso que ocorre durante o tempo em que a tensão
é negativa é denominado ALTERNÃNCIA NEGATIVA. Para uma onda senoidal essas
duas alternâncias serão iguais em tamanho e forma mas de polaridades opostas.

1---- ---Segundo---

Fig.9-4.- Período da onda senoidal.

228
O período da' onda é inversamente proporcional à sua freqüência. Assim, quanto
mais alta for a freqüência (maior o número de Hz), mais curto será o período. Na forma
de equação, temos:
1
t=-
f
onde t = período em segundos
f = freqüência em hertz

Tensão gerada
Os geradores de corrente alternada são máquinas de potencial constante porque
são tracionadas a uma velocidade constante e têm uma intensidade magnética de cam-
po constante para uma determinada carga. A tensão efetiva E gerada por um único
enrolamento do gerador CA está relacionada: (1) com a intensidade total do campo
por pólo, <I> ; (2) com a freqüência, f; e (3) com o número de condutores ativos, N, no
enrolamento da armadura, conforme indicado na seguinte equação:

E = 2,22<I>fN1o·s

Por exemplo, se <I> = 2,5 X 106 , f = 60 hertz e N = 96 condutores, a voltagem gerada será:

E= 2,22 X 2,5 X 106 X 60 X 96 X 10-8

E = 320 volts

O fato de não aparecer na fórmula de tensão gerada os fatores pólos (P) e veloci-
dade (rpm) ocorre em virtude desses fatores estarem intrínsecos no fator freqüência
(f= PS/120).
O comprimento do condutor ativo que se estende sob a influência de um pólo não
aparece diretamente na fórmula porque está incluído no fator fluxo magnético total por
pólo. Quanto mais longo o condutor ativo, mais fluxo deverá haver o compri mento do
condutor e o comprimento do pólo são iguais. Por exemplo: se o comprimento do con-
dutor é dobrado, o comprimento do pólo deve, também, ser dobrado. O fluxo por pólo é ,
conseqüentemente, duplicado, o mesmo ocorrendo com a tensão gerada.

ANÁLISE DE UMA ONDA SENOIDAL DE TENSÃO

Defitúção vetorial
Conforme previamente mencionado, uma tensão ou corrente muda periodicamente
de di reção. O movimento de elétrons é inicialmente em uma direção e, decorrido deter-
minado tempo, a direção é invertida. A variação ocorre segundo uma forma de onda
senoidal. Na resolução de problemas que envolvem ondas senoidais comumente se empre-
gam linhas retas com grandezas e direções definidas chamadas VETORES.
Um vetor simples é uma linha reta que indica a grandeza e di reção de uma dada
quantidade. A grandeza da quantidade é representada pelo comprimento, em escala, da

229
linha. A direção é indicada por meio de uma seta em um dos extremos da linha, assim
como o ângulo que a mesma faz com o eixo horizontal de referência.
Por exemplo: se o ponto B (figura 9-5) se localiza a I millia a leste do ponto A, a
direção e distância de A para B pode ser representada pelo vetor "e" usando-se a escala
de 112 polegada para representar 1 millia.

Fig. 9·5.- Reprcsc n·


tação de sent ido e o
d ist ância por meio
de vetores.

s
Os vetores podem ser girados , como os raios de uma roda, para gerar ângulos.
A rotação no sentido horário é negativa e gera ângulos negativos.
A projeção vetorial Qinha pontilhada na figura 9-6) de um vetor girante pode ser
usada para representar a tensão em qualquer instante. O vetor Em representa a máxima
tensão induzida em um condutor que gira com velocidade uniforme dentro de um campo
com dois pólos (ponto 3 e 9). O vetor gira no sentido anti-horário, completando 360°
em cada rotação. A ponta do vetor descreve um círculo. A linha pendente da ponta do
vetor, perpendicular ao plano horizontal do diâmetro do círculo, é a projeção vertical
do vetor.
O círculo representa, também, o percurso do condutor girando no campo bipolar.
A projeção vertical do vetor representa a tensão gerada em qualquer instante correspon-
dente à posição do vetor girante conforme indicado pelo ângulo. O ângulo 8 representa
o instante em que a tensão gerada é considerada. A curva senoidal plotada à direita da
figura representa valores sucessivos da tensão CA induzida no condutor conforme dentro
do campo bipolar. A curva é senoidal porque os valores instantâneos da tensão induzida
são proporcionais ao seno do ângulo O formado pelo vetor e o ei xo horizontal.

Equação da onda senoidal de tensão


A curva senoidal é um gráfico da equação e = seno O onde "e" é a tensão instantâ-
nea, Em é a tensão máxima, O é o ângulo da armadura do gerador, e "seno" é uma das
funções trigonométricas mostradas na figura 9-6.
A tensão instantânea "e" depende do seno do ângulo. O valor é máximo positivo
quando o ângulo se aproxima de 90° (o seno de 90° é igual a 1). Isso ocorre porque o
condutor, nessa posição, estará cortando o campo na direção perpendicular, situáção em
que ocorre o máximo de corte das linhas na unidade de tempo. A tensão cai para zero no
ângulo de 180° porque nessa posição o condutor não corta nenhuma linha de força em
virtude de deslocar-se em sentido paralelo. A tensão é novamente máxima negativa aos
270° e zero aos 360. Por exemplo: quando 8 = 60° e Em = I 00 volts, e = 100 seno 60° =
= + 86,6 volts. Quando O = 240°, e = 100 sen 240° = - 86,6 volts.
Outra forma de equação trigonométrica para uma onda senoidal de tensão envolve
a velocidade angular do vetor girante. O termo "velocidade angular"se refere ao número
de graus (ângulos) percorrido pelo vetor na unidade de tempo. A velocidade angular é

230
N

s
Fig. 9-6. - Geração de uma tensão senoidal.

simbolizada pela letra grega ômega (w). Na prática, w é geralmente dado em termos de
radianos por segundo ao invés de graus por segundo. O radiano é um segmento da circun-
ferência de um círculo. Esse segmento é sempre igual ao comprimento do raio do círculo.
Há 1T (3,14) radianos na metade de um círculo e 2 1T (6,28) radianos na circunferência de
um círculo completo. Assim, quando um vetor de tensão completa uma volta, descre-
vendo um círculo, ele percorreu 2 1T ou 6,28 radianos. Em termos de graus, um radiano
é igual a 360°/6,28 ou 57,32°.
O número de radianos por segundo percorrido por um vetor de tensão alternada
guarda uma relação com a freqüência, podendo um ser usado para expressar a outra.
Como urna revolução de vetor é igual a um ciclo completo, cada ciclo será igual a 6,28
radianos do deslocamento do vetor. Assim sendo, uma tensão alternada cuja freqüência
é 60 hertz pode ser referida como tendo uma velocidade angular de 6,28 X 60, ou aproxi-
madamente 377 radianos por segundo. Escrita na forma de equação, a velocidade angular
é expressa como w = 21T f. Assim, em uma fórmula que envolve velocidade angular, o
termo 21T f pode ser substituído pelo símbolo w se for conveniente. Como afirmado
anteriormente, há outra forma de equação trigonométrica para a. onda de tensão que
envolve a velocidade angular de um vetor gerador.
A equação é:

e = Em seno wt

A equação é usada para determinar a tensão de um vetor girante em um dado ins-


tante. O ponto de partida ou tempo zero é comumente um ponto máximo positivo.
O fator tempo (t) é o período entre o tempo zero e o instante exato da tensão a ser
determinada. Para determinar a exata posição angular em qualquer instante multiplique
a velocidade angular (w) do vetor pelo período de tempo (t). Dividindo-se o período de
tempo t pelo período de um ciclo e multiplicando-se por 360°, a posição angular do vetor
pode ser obtida para qualquer instante. A multiplicação de Em pelo seno do ângulo ins-
tantâneo dará a tensão instantânea "e".

231
Por exemplo: considere uma tensão de 60 ciclos com valor máximo igual a 100
volts. Suponha que se deseja determinar a tensão gerada 0,00139 segundos após a tensão
ter atingido o valor máximo positivo.

seno t =seno 21Tft =seno 360 X 60 X 0,00139 =seno 30° = 0,5

A tensão instantânea "e" é:

e= Em seno 30° = 100 X 0,5 =50 volts

Existem quatro valores importantes associados com as ondas senoidais de tensão


ou corrente.
Valor instantâneo, identificado pela letra e ou i; valor máximo, identificado como
Em ou Im; valor médio, identificado como Emed ou Imed ; e valor eficaz, identificado
como E ou I.
O valor instantâneo pode ser qualquer valor entre zero e a tensão máxima, depen-
dendo do instante escollúdo, como pode ser observado pela equação: e= Em seno wt.
O valor MÁXIMO da tensão é alcançado duas vezes em cada ciclo e é o mais alto
valor instantâneo de tensão em cada ciclo. A relação entre o valor instantâneo da tensão
e o valor máximo é igual ao seno do ângulo correspondente ao instante considerado.

Amplitude de pico
Uma das características freqüentemente medidas de uma onda senoidal é sua ampli-
tude. Ao contrário da medição de CC, a quantidade de corrente alternada ou voltagem
existente num circuito pode ser medida de vários modos. Num dos métodos de medição,
mede-se a amplitude máxima tanto de alternância positiva quanto da negativa. O valor de
corrente ou voltagem obtido é denominado VOLTAGEM DE PICO ou CORRENTE DE
PICO. Para medir o valor de pico de cor-
rente ou voltagem, pode ser usado um
osciloscópio ou um instrumento de me-
dição especial (voltímetro de pico). O valor f
de pico de uma onda senoidal é ilustrado
na figura 9-7. Pico
a
pico
Amplitude pico a pico
Um segundo processo para indicar a
amplitude da onda senoidal consiste em
determinar a tensão total ou corrente total
entre os picos positivo e negativo. Esse va-
lor de corrente ou tensão é denominado
VALOR PICO A PICO (figura 9-7). Como Valor
ambas as alternâncias de uma senoidal pura pico
são idênticas, o valor da onda é máximo.
A tensão pico a pico é comumente medida
com um osciloscópio, mas alguns voltíme-
tros são dotados de escalas especiais que
j
medem a tensão pico a pico. Fig. 9-7.- Valor pico a pico.

232
Amplitude instantânea
O valor instantâneo de uma onda senoidal de tensão para qualquer ângulo de rota-
çã"o é expresso pela fórmula:

e= Em X seno e
onde e = tensão instantânea

Em valor máximo ou valor de pico da tensão

seno e = seno do ângulo em que se deseja determinar o valor instantâneo

De maneira similar, a equação para determinar o valor instantâneo da onda de cor-


rente é:
i = Im X seno e
onde i= corrente instantânea

Im = valor máximo ou valor de pico da corrente


seno e = seno do ângulo em que se deseja determinar o valor instantâneo

Valor eficaz
(ou valor rrns - Raiz Média Quadrática)
Conforme a corrente alternada ganhou popularidade, tomou-se necessário comparar a
corrente alternada com a corrente contínua. Uma lâmpada de 100 watts, por exemplo,
funciona tão bem em uma fonte
de 1 20 volts CA como em uma
fonte de 120 volts CC; pode ser
observado que uma senoidaJ de
tensão com valor de pico de 120
"V Gerador CA volts não fornece ã lâmpada a
10.1\.
mesma quantidade de energia que
uma fonte contútua de 120 volts.
Como a potência dissipada pela
1.414 amp. pico lâmpada é o resultado do fluxo de
corrente pela lâmpada, o proble-
ma se limita a determinar a ampe-
f
1,414 (l
ragem da corrente média alternada
que seja equivalente a um valor
contínuo.
A figura 9-8 mostra um cir-
cuito no qual a corrente aJternada
máxima através do resistor de I O
ohrns é 1,414 ampêres. Como a
corrente do resistor está variando
Fig. 9-8. - Circuito básico de CA. continuamente, a potência dissi-

232
pada no resistor também varia. A dissipação será múlirna quando a corrente for zero.
A variação de potência ao longo de um ciclo pode ser analisada plotando-se
curva que mostre a potência instantânea, em cada ponto do ciclo. No procedimento, a
corrente instantânea, o quadrado da corrente instantânea e a potência instantânea serão
calculadas em 10 pontos ao longo do primeiro quarto do ciclo. Os valores são mostrados
na tabela 9-1 abaixo.

Tabela 9-1 - Valores instantâneos de corrente e potência

Graus i i' p Graus i i' p

oo 0,000 0,000 0,00 50° 1,083 1,173 11,73


100 0,245 0,060 0,60 60° 1,225 1,500 15,00
20° 0,486 0,236 2,36 70° 1.329 1.766 17,66
30° 0,707 0,500 5,00 80° 1,393 1 ,940 19,40
40° 0,909 0.826 8,26 90° 1,414 2.000 20.00

Observe que a 0° a corren te instantânea (i) é zero, fazendo com que a potência
dissipada no resistor seja também zero. A 10°, a corrente instantânea é 0,245 amperes,
o quadrado da corrente é 0,060 watts. Aos 90° a corrente atinge o seu valor máximo
de 1,414 amperes, o quadrado da corrente é 2,000 amperes e a potência dissipada é
20 watts.
Durante a parte da onda de corrente entre 90° e 180° os valores são os mesmós,
apenas na ordem inversa. Assim, a 100°, o valor da corrente e potência serão idênticos
ao valor encontrado a 80°.
Usando-se os valores de i e p da tabela 9-1 pode-se construir um gráfico mostrando
como a potência varia ao longo do ciclo. Esse gráfico é mostrado na figura 9-9. Nesse
gráfico é inicialmente plotada a corrente usando-se os valores instantâneos da tabela 9-1.
Em seguida, é levantada a curva que representa os valores de i 2 e potência.
Observe que a curva de potência tem o dobro da freqüência da curva de corrente
e que TODA A POTNCIA É POSITIVA. Isso acontece devido ao fato de ocorrer dissi-
pação de calor independentemente do sentido de corrente que flui no resistor.
Como todas as alternâncias da curva de potência são idênticas, a DIA ou PO-
ttNCIA DIA é o valor médio entre os valores máximos e mínimos de potência.
Assim , a potência média dissipada no resistor de 10 ohrns é 10 watts, metade do valor de
pico de potência. Tendo em vista que a curva representativa de potência representará
também o quadrado da corrente (i2 ),a média da curva cai também entre os valores máxi-
mos e múümos de i 2 . Como a potência é proporcionada a i2 , uma corrente contmua
com o valor igual à raiz quadrada dos valores médios de i 2 produzirá a mesma potência
média da onda senóide original de corrente. Essa corrente média é denominada RMS
(Rais Média Quadrática - Root Mean Square). Um arnpere RMS de corrente alternada
é tão eficaz na produção de calor quanto uma corrente contmua de um ampere. Por
essa razão, um ampere RMS é também denominada CORRENTE EFICAZ. Na fig. 9-9, a
corrente de pico de 1,414 amperes produz a mesma quantidade de potência média
quanto a corrente de um ampere eficaz (RMS).

233
SEMPRE QUE SE INFORMA O VALOR DE UMA TENSÃO OU CORRENTE,
ENTENDE-SE QUE SE TRATA DO VALOR EFICAZ. Como os valores eficazes da
corrente alternada é o geralmente usado na vida prática, a maioria dos medidores é cali-
brada para indicar o valor eficaz da tensa-o ou corrente. Dessa forma, quando se diz que a
tensa-o para funcionamento de um televisor é de 115 volts, entende-se que se trata de
115 volts eficazes e não 115 volts de pico.
POrtNCIAlP)
--- 20 w

IAI4o
lo IO w

CURVA DE CORRENTE

Fig. 9·9. - Cwvas de corrente e potência.

Freqüentemente é necessário converter o valor eficaz para o valor de pico e vice-


versa. A figura 9-9 mostra que o valor de pico de u ma onda senoidal é I ,414 vezes o
valor eficaz. Assim,

Em = EX 1,414

onde: Em = tensão máxima


E = tensão eficaz ou RMS

Im = IX1,414

onde: Im = corrente máxima ou corrente de pico


= corrente eficaz

Ocasionalmente é necessário converter um valor de pico de corrente ou tensão para


o valor eficaz. O fator de conversa-o pode ser derivado como segue :

Em = E X 1,414

234
Multiplicando ambos os termos da equação por 1/1,414, temos:

I
Em x --= E X 1,4 I4 X
1,414 I ,414

I
Em X --=E
1,414

Dividindo I por 1,414

E=EmX Q,707

onde: E tensão eficaz

Em = tensão máxima ou tensão de pico

Similarmente para corrente, o valor eficaz pode ser determinado pela equação:

I= Im X 0,707

Valor médio
O valor médio de um ciclo completo de uma onda senoidal é zero, já que a alter-
nância positiva é exatamente igual à alternância negativa. Em certos tipos de circuitos,
entretanto, é necessário calcular o valor médio de uma alternância. Isso pode ser feito
pela adição de uma série de valores instantâneos da onda entre 0° e 180° e em seguida
dividindo-se a sorna pelo número de valores instantâneos tomados. O cálculo mostrará
que uma alternância terá um valor médio igual a 0,636 vezes o valor de pico. Na forma
de equação, diz-se que:

Emédio =Em X 0,636

onde: Emédio = tensão média de uma alternância

Em = tensão de pico ou tensão máxima

a da alternância similarmente,

Imédio = Im X 0,636

A figura 9-10 mostra uma comparação entre os vários valores que são usados para
indicar a amplitude de uma onda senoidal.

Ondas senoidais em fase


Se uma onda senoidal de tensã'o for aplicada a um resistor, a corrente resultante
também será uma corrente senoidal. Isto está conforme a Lei de Ohm que estabelece:

235
100- - ......-.. ----------,, Onda de voltagem
90-
80-
70-
6o-
50-
40-
30- Onda de corrente
20-

o- ------------,---
10-

Fig.91·0.- Vários valores usados


para indicar a amplitude da
onda senoidal. Fig.9 11. - Ondas de tensão e corrente em
fase.

"a corrente é diretamente proporcional à tensão aplicada". A figura 9-11 mostra uma
onda senoidal de tensa-o e a resultante onda senoidal de corrente superposta no mes-
mo eixo. Observe que conforme a tensa-o aumenta no sentido positivo, a corrente tam-
bém aumenta acompanhando-a. Quando a tensão inverte, a corrente também inverte.
A passagem pelo eixo zero ocorre sempre no mesmo instante. Quando duas ondas estão
precisamente sincronizadas, dize que estão EM FASE. Para estarem em fase, ambas
as ondas devem passar pelos valores máximos e mínimos ao mesmo tempo e no mesmo
sentido.
Em alguns circuitos, diversas ondas senoidais podem estar em fase. Dessa forma,
é possível ter-se duas ou mais quedas de tensão em fase e estas em fase com a corrente
do circuito.

Ondas senodiefasadas
A figura 9-12 mostra a onda de tensão E 1 começando a O (tempo 1). Conforme
a onda de tensão E 1 aumenta atingindo o seu valor de pico positivo, urna segunda onda
de tensão E2 começa a crescer (tempo 2}. Como essas ondas não passam pelos seus valo-
res máximos e mínimos no mesmo instante, existe uma DIFERENÇA DE FASE entre
as duas ondas. Diz-se entlro que as duas ondas estão defasadas. Para as ondas da figura
9-12, a diferença de fase é de 90°.
Para melhor definir essa diferença de fase entre as duas ondas usa-se o termo
AVANÇO e ATRASO. A quantidade de avanço ou atraso entre duas ondas é medida
em graus. Voltando à figura 9-12, verifica-se que a onda E2 começa 90° depois da onda
de tensâ"o E1 . Assim, a onda E2 está atrasada de 90° com relação a E 1 • Essa relação
poderia também ser descrita, afirmando-se que a onda E 1 avança 90° da onda E2 .
possível uma onda avançar ou atrasar de qualquer número de grau com relação

236
Fig.9·12.- Ondas de tensão 90° defasadas. ·

a outra, exceto 0° e 360°, condiçã'o na qual as duas ondas estarã'o em fase. Dessa forma
duas ondas podem diferir em fase de 45°, mas duas ondas defasadas de 360° estarão
em fase.
Uma relação de fase bastante comum é a mostrada na figura 9-13. As duas ondas
ilustradas apresentam uma diferença de fase igual a 180°. Observe que apesar de ambas
as ondas passarem por seus valores máximos no mesmo instante, os seus valores instan-
tâneos de tensã'o estão sempre com polaridades opostas. Se essas duas ondas forem apli-
cadas em um mesmo componente, elas apresentarã'o um efeito de cancelamento entre si.

Fig. 9-13.- Duas ondas 180° defasadas.

237
Se duas ondas forem·iguais em amplitude, a onda resultante será zero. Entretanto, se
elas diferirem em amplitude, a onda resultante terá a polaridade da onda maior e será a
diferença entre as duas.
Para determinar a diferença de fase entre as ondas senoidais, localize os pontos no
eixo de tempo nos quais as duas ondas cruzam o eixo deslocando-se na mesma direção.
O número de graus entre esses pontos de cruzamento é a diferença de fase. A onda que
cruza o eixo de tempo mais tarde (ocorre mais à direita no eixo) é a onda de atraso.

COMBINAÇÃO DE TENSÕES CA

Os vetores podem ser usados para mostrar a combinação de tensões CA de ondas


senoidais da mesma freqüência. O ângulo entre os vetores indica a diferença de tempo
entre os seus valores máximos positivos. O comprim .-11to do vetor pode representar
o valor eficaz ou o valor máximo, conforme se desejar.
As ondas senoidais de tensão geradas nas bobinas "a" e "b" do gerador elementar
(figura 9-14 (A)) estão defasadas de 90° porque as bobinas estão fisicamente posicionadas
com 90° de diferença na armadura de dois pólos. As bobinas são montadas no mesmo
eixo. Quando a bobina "a" está cortando as linhas magnéticas do campo em ângulo reto,
a bobina "b" estará se deslocando no sentido paralelo ao campo e não corta nenhuma
linha. Assim, a tensão induzida na bobina "a" é máxima quando a tensão induzida na
bobina ''b" é zero. Se a freqüência for igual a 60 hertz, a diferença de tempo entre os
90 1
valores máximos positivos das tensões será: --X-= 0,00416 segundos.
360 60
O vetor Ea avança do vetor Eb de 90° no desenho da figura 9-14 B e a onda senoi-
dal "a" avança com relaçlro à onda senoidal "b'.' de 90° conforme mostrado na figura
9-14 C. As curvas s!fo mostradas em eixos separados para identificá-las com os seus respec-
tivos geradores, mas são também mostradas em um eixo de tempo comum para se obser-
var as relações entre os seus valores instantâneos. Se as bobinas "a" e "b" forem ligadas
em série e se a tensão máxima gerada em cada bobina for 10 volts, a tensão total não
será 20 volts porque os dois valores máximos de tensão não ocorrem no mesmo instante
mas sim separados de um quarto de ciclo.
As tensões não podem ser somadas automaticamente porque estão defasadas. Entre-
tanto, esses valores podem ser somados vetorialmente.
O vetor Ec, na figura 9-14 B, representa a soma vetorial de Ea e Eb e é a diagonal
do paralelogramo cujos lados são Ea e Eb. A tensão eficaz em cada bobina é 0,707 X 10 =
= 7,07 volts (IO volts é a tens!fo máxima ou tensão de pico) e é representado pelo com-
primento dos vetores que formam os lados do paralelogramo.·A tensão eficaz da combina-
ção série é 7,07 X yl = 10 volts e é representado pelo comprimento do vetor que forma
a diagonal do paralelogramo.
A curva "c" na figura 9-14 C representa as variações da onda senoidal da tensão
total Ec desenvolvida no circuito série constituído das bobinas "a" e "b". A tensão Ea
avança da tensão Eb de 90°. A tensão Ec atrasa de Ea de um ângulo igual a 45° e avança
de Eb também de 45°.
A rotação no sentido anti-horário dos vetores é considerada uma rotação positiva,
dando assim à noção de avanço ou atraso. Dessa forma, se Ea e Eb (figura 9-14 B) girarem
no sentido horário e o movimento for observado de uma posição fixa, Ea passará primeiro
pela posição e então, 90° mais tarde, Eb passará também pela mesma posição. Eb 2trasa

238
VOUS tOV
10

-5

-lO

10 VOL.TS

c
Fig. 9-14.- Combinação de tensões CA.

239
90° de E3. Se a tensão máxima em cada bobina for 10 volts, o valor máximo da tensão
que representa a combinação será 10 X .J2 = 14,4 volts (veja a figura 9-14 C).
O ponto importante a ser combinado nesta discussão é o de que duas tensões defa-
sadas podem ser combinadas e obter-se um valor resultante pelo uso de vetores. Apesar
de terem sido usadas tensões geJadas para ilustrar esse ponto, a mesma regra é aplicável
nos casos de QUEDAS DE TENSÃO. Qualquer número de. tensões defasadas podem ser
vetorialmente combinadas desde que tenham a mesma freqüência, isto é, as ondas devem
manter uma separação fixa de graus, o que ocorre se os vetores girarem com a mesma
velocidade. Apenas a grandeza dos vetores pode diferir.

240
Capz'tulo 1O

Indutância

O estudo de indutância representa um segmento com características de desafio


mas bastante compensador para a aceitaçã'o de conceitos a serem dados no campo da
eletricidade. É um desafio no sentido de que , no início, novos conceitos estarão sendo
introduzidos. O aluno constatará , ao prosseguir neste capítulo, que esses "novos concei-
tos" são meras extensões e alargamento dos princípios fundamentais que foram adqui-
ridos previamente no estudo do magnetismo e física do elétron. O estudo de indutância é
compensador no sentido de que uma completa compreensão dessa parte permitirá
uma maior e mais sólida assimilação do funcionamento dos circuitos elétricos.
Indutância é a característica de um circuito elétrico que se faz presente pela oposi-
ção na partida, na parada, ou na variação do fluxo de corrente. A afirmação acima é de
tal importância para o estudo da indutância que deve ser repetida de uma forma mais
simplificada. Indutância é a característica apresentada por um condutor elétrico em se
opor às VAR1AÇ0ES no fluxo de corrente. Não é necessário grande procura em busca
de uma analogia física para a indutância. Qualquer pessoa que tenha tido a oportunidade
de empurrar uma carga pesada (uma roda de automóvel , por exemplo) verificou que foi
exigido um maior esforço para iniciar o movimento do que para mantê-lo. Isso ocorre
porque a carga possui a propriedade de inércia. Inércia é a característica da massa em
se opor à VARIAÇÃO na velocidade. Dessa forma, a inércia pode, em alguns casos,
dificultar, e em outros casos facilitar urna dada operação. A indutância exibe o mesmo
efeito sobre a corrente no circuito elétrico que a inércia apresenta sobre a velocidade
de objetos mecânicos. Os efeitos da indutância são em alguns casos desejáveis e em outros,
indesejáveis.
No dia 22 de setembro do ano de 1791, em Newington Butts, Londres, nascia um
homem que estava destinado a contribuir de maneira bastante efetiva para a fixação das
bases da nascente ciência da eletricidade. Esse homem, Michael Faraday, iniciou expe-
riências com a eletricidade por volta do ano 1805 enquanto trabalhava como aprendiz
de encademador. Em l 831, Faraday efetuou experiências com bobinas acopladas mag-
neticamente. Uma tensão foi induzida em uma das bobinas devido ao campo magnético
criado pelo fluxo de corrente na outra bobina. Dessa experiência, nasceu a bobina de
indução cuja teoria eventualmente tomou possível muitas das modernas invenções, tais
como o automóvel, a campainha, o rádio de automóvel, etc. Nessa experiência, Faraday
inventou também o primeiro transformador, mas como a corrente alternada ainda não
tinha sido descoberta, o transformador teve poucas aplicações práticas. Dois meses depois,
baseado em uma dessas experiências, Faraday construiu o primeiro gerador de corrente
contínua. Enquanto Faraday fazia tais experiências na Inglaterra, Joseph Henry traba-
lhava também nessas experiências em Nova Iorque. A descoberta das propriedades de

24l
auto-indução de uma bobina foram na realidade feitas por Henry antes de Faraday, razão
pela qual, em sua homenagem, a unidade de indutância é denominada HENRY.
Das experiências feitas por esses homens e muitos outros é que nasceram as leis e
teorias da indutância.

UNIDADE DE INDUTÁNCIA

A unidade para medida de indutância, L, é o HENRY, abreviado, h. Um indutor


apresenta uma indutância de 1 henry se uma f.e.m. de 1volt é induzida no indutor quan-
do a corrente nesse indutor está variando na razã"o de 1 ampere por segundo. A relação
entre a tenslro induzida, a indutância e a razão de variação da corrente com relação ao
tempo, é expressa matematicamente como:
!li
E=L-
!lt
onde E é a tenslro induzida em volts, L é a indutância em henry e !li é a variação da
corrente que ocorre na variação do tempo {!lt) em segundos. (Delta, símbolo !l, signi-
fica "variação").
O henry é uma unidade grande de indutância e é comumente encontrada apenas
nos indutores relativamente grandes. A unidade mais comum empregada é o milihenry,
rnh. Para indutores bem pequenos, a unidade prática é o microhenry, ,uh.

AUTO-INDUÇÃO

Até mesmo um pedaço reto ou retilíneo de condutor apresenta alguma indutân-


cia. Como explanado previamente , uma corrente fluindo ao longo de um condutor pro-
duz, em tomo deste, um campo magnético. Quando a corrente muda de valor, o campo
varia e induz no condutor uma f.e.m. Essa tensão induzida é denominada F.E.M. AUTO-
INDUZIDA porque é induzida no próprio condutor que conduz a corrente. A polari-
dade da f.e.m. induzida guarda uma relação definida com a direção do campo variante.
Quando a corrente em um circuito está aumentando, o fluxo magnético também aumen-
ta. Esse fluxo corta o condutor e induz nele uma f.e.m. de polaridade tal que se opõe
ao aumento da corrente e do fluxo magnético. Da mesma forma, quando a corrente
diminui, uma f.e.m. é induzidl! com polaridade tal que se opõe à reduçlro da corrente.
Esses efeitos são sumariados pela Lei de Lenz que estabelece: A F.E.M. INDUZIDA EM
QUALQUER CIRCUITODE POLARIDADE TAL QUE SE OPÕE AO EFEITO QUE
A PRODUZIU.
A indutância aumenta se o condutor for enrolado de maneira que o campo mag-
nético em tomo de cada porçlro do condutor corte outras partes desse mesmo condutor.
Isso é mostrado de maneira simplificada na figura 10-1 A. Um condutor é enrolado de
maneira que duas porções do mesmo fiquem adjacentes e paralelas. Essas porções são
denominadas condutor 1 e condutor 2. Quando a 'chave é fechada, elétrons fluem no
condutor e estabelecem um campo concêntrico em torno de TODAS as porções do con-
dutor. Para simplificação, entretanto, o campo é mostrado em um plano simples perpen-
dicular a ambos os condutores. Apesar do campo se originar simultaneamente em ambos
os condutores, considera-se como se originando no condutor 1, para se observar o efeito
242
no condutor 2. Com o aumento da corrente, o campo se expande para fora, cortando
uma porção do condutor 2. O sentido da f.e.m. induzida no condutor 2 é mostrado pela
direção das setas pontilhadas. Observe que, de acordo com a lei de l.enz, ela SE OPÕE
ã tensa-o da bateria.
A direção dessa tensã"o induzida pode ser determinada aplicando-se a regra da mão
esquerda para geradores. Essa regra é aplicada ã porção do condutor 2 que é separada e
ampliada para maior clareza, na parte A da figura. Na aplicação da regra, o polegar da
mão esquerda aponta para a direção .do deslocamento do condutor, dentro do campo.
(Nesse caso, o campo se move ou se expande em uma direção, o que é o mesmo que dizer:
o condutor se desloca em sentido contrário). O dedo indicador aponta na direção do
campo magnético. O dedo médio, estendido como mostrado, indica o sentido da tensão
induzida.
A mesma seção do condutor é mostrada, na parte B, na situação em que a chave é

Direção do campo
magnético
Direção do movimento f
relativo do condutor 1 o/
"'-... e / .' >
! ' '-. l:-..-Y #
f ç (A)
"''r'
t
I
lII
'
j.../
I
. ,. '"\:·.
Mão esquerda

Expansão
do fluxo

t Chave fechada
Corrente aumentando
Direção do campo
magnético

+ e: -;
il--.·... "'"
.p,» '
+ /.jl' '"';.)

(B)
'\ ·: ,,
''' /
/ / v·í
Mão es querda
li
,,
/),v-.-.e ,, , -
e/))c iiÕ 11. Direção do movimento
iiJ>.r0°Qi<.t- relativo do condutor
0

Fig. lG-1.- Auto-indutância.

243
aberta e o campo está entrando em colapso. Aplicada a regra da mão esquerda, pode ser
observado que a inversão do MOVIMENTO do fluxo causa uma inversão no sentido da
tensão induzida. A coisa mais importante a ser observada é que a tensão auto-induzida
se opõe à VARIAÇÃO da corrente em ambos os sentidos de crescimento ou redução.
Ela atrasa o crescimento inicial da corrente se opondo à .bateria, e atrasa a redução da cor-
rente , inserindo uma tensão que se soma à da bateria.

Fatores que afetam a auto-indutância


Diversos fatores afetam a auto-indutância de um circuito. Um fator importante
é o grau de acoplamento entre o circuito dos condutores e o seu fluxo eletromagnético.
Há pouco acoplamento entre as partes de um mesmo condutor quando se trata de um
condutor reto. Assim, a sua indutância é extremamente pequena. Os condutores se tor-
nam mais indutivos quando são enrolados de maneira a formar uma bobina conforme
é mostrado na figura 10-2. Isso ocorre em virtude de haver o máximo de acoplamento
entre espiras localizadas lado a lado.
·A indutância é ainda afetada pela maneira como a bobina é enrolada. A bobina
da figura 10-2 A é um mau indutor quando comparado com outros porque suas espiras
estão muito espaçadas, reduzindo assim o acoplamento do fluxo entre as espiras. Acresce
ainda o fato de o movimento do fl uxo ser lateral , o que reduz efetivamente o acopla-
mento em virtude de existir uma única camada de espiras. Uma bobina mais indutiva é
mostrada na parte B da figura. As espiras são mais unidas e as duas camadas se aco-
plam com um número maior de círculos do fluxo durante o movimento lateral deste.
Observe que aproximadamente todas as espi ras tais como a marcada "a" estão adja-
centes a quatro outras (sombreadas), aumentando assim o acoplamento do fluxo.
A bobina é feita ainda mais indutiva se for enrolada em três camadas e adido·
nando-se um núcleo permeável como é mostrado na figura 10-2 C.
O aumento de camadas (aumento da seção reta), aumenta o acoplamento lateral.
Observe que algumas espiras, tal como a marcada "b", é adjacente a seis outras espiras
(sombreadas). As propriedades magnéticas do núcleo de ferro doce aumenta a intensi-
dade total do fluxo da bobina, em muitas vezes, quando comparado com uma bobina
igual com núcleo de ar.
Do exposto, pode ser verificado que os fatores principais que controlam a indu-
tância de uma bobina são: (1) o número de espiras do condutor; (2) a relação da seção
reta para o comprimento da bobina; e (3) a permeabilidade do material do núcleo. A
indutância de uma bobina é afetada pela grandeza de corrente quando o núcleo é um
material magnético. Quando o núcleo é o ar, a indutância independe da corrente. Isso
será discutido nos próximos parágrafos.
Resumindo, verifica-se que em um circuito, a f.c.e.m. (força contra-eletromotriz)
é uma f.e.m. induzida. Essa tensão é induzida nos condutores do circuito não por meio
de um campo magnético externo como no caso do gerador simples de dois pólos, mas
sim por meio do campo magnético que envolve qualquer condutor que transporta cor-
rente. Qualquer variação na corrente varia a intensidade desse campo magnético, e a
resultante f.e.m. induzida, a f.c.e.m., é uma tensão auto-induzida. Na realidade, todos
os elementos em um circuito, inclusive os con·dutores de ligação, apresentam alguma
auto-indutância, mas para todos os efeitos práticos, somente os componentes proje-
tados para fazer uso dessa propriedade são conhecidos como indutores. Pode-se afir-
mar que a f.c.e.m. está presente em qualquer circuito CA, mas o seu efeito é desprezí-
vel nocircuitos de potência moderada, tal como em uma lâmpada elétrica que apre-

244
senta praticamente apenas um valor
resistivo como carga. Entretanto, o
efeito da f.c.e.m. é considerável nos
circuitos (mesmo de baixa potência)
que enpregam uma indutância como
parte da carga, tal como o primário
do transformador de força de um rá-
dio receptor comum.

Geração da força contra-eletromotriz,


lei de Lenz
Deve ser lembrado que no caso
do gerador simples, o movimento do
condutor ou do campo magnético era
necessário para induzir uma tensão.
Na auto-indutância, o equivalente ao
movimento, isto é, variação na densi-
dade do fluxo das linhas de força
magnéticas em torno do condutor, é
motivada pelo crescimento ou queda
da corrente,já que, como foi visto no
estudo de eletromagnetismo, a inten-
sidade do cam po magnético em torno
de um condutor é diretamente pro-
porcional à corrente que flui no mes-
mo. A força que estabelece as linhas
do fluxo é igual a 0,41TNI. Como 0,41T
é uma constante, o fatorNI é denomi- (B) .
nado ampêre-voltas. Qualquer varia-
ção na corren te varia o fator NI, e,
conseqüen temente, a densidade do
fluxo. Dessa forma, a auto-indutância
está constantemente presente em um
circui to CA porque a corrente varia
constantemente de valor. Nos circui-
tos CC, ela se apresenta somente nos
instantes em que estão sendo abertos
ou fechados os circuitos.
Lenz deduziu que a f. e. m. au-
to-induzida em um condutor que
conduz corrente gera uma f. c. e. m.
partindo do princípio da conservação
da energia. Se a tensão auto-induzida
não fosse uma f. c. e. m., um aumen-
(C)
to na corrente auxiliaria a tensão
aplicada, e esse aumento na tensão
aplicada, por s ua vez, tenderia a au-
mentar a corrente. Esse processo con- Fig.10-2.- Bobinas de várias indutâncias.

245
tinuaria até que a corrente atingisse uma grandeza infmitamente grande, uma condição
impossível no universo físico. Como mencionado previamente, a Lei de Lenz estabelece:
A tensão induzida tem sempre um sentido de maneira a se opor à ação que a produziu.
Assim, quando a corrente que flui em um circuito varia em valor, ela produz um campo
magnético variável que produz uma f.e.m. induzida que se opõe à variação da corrente
que a produziu. Ou, de outra forma, pode ser afirmado que quando a corrente em um cir-
cuito aumenta, a f.e.m. induzida se opõe à tensão aplicada e tende a evitar o aumento da
corrente; e quando a corrente diminui, a f.e.m.induzida auxilia a tensão da linha e tende a
evitar que a corrente diminua.
O efeito da f.c.e.m. pode ser observado experimentalmente, pelo fato de que uma
corrente alternada que flui em um indutor encontra uma força de oposição muito maior
que a sua simples resistência CC. Por exemplo, a resistência CC do primário de um trans-
formador comum de fonte de alimentação usada em um receptor típico é de aproximada-
mente 6 ohms. Como mostrado na figura 10-3, o primário é ligado diretamente à linha
de 120 volts. Pela Lei de Ohm:
E 120
I = -= - 20 amperes
R 6
=
Transformador de potência

120 VOLTS
60Hz
Primário
Resi t;CC
E Secundário

CA
'--------{7)---- - ---'
Amperometro
lleitura de 1 ampêre)

Fig.10-3. - Efeito da f.c.e.m. sobre a corrente


circulante.

Apesar da corrente calculada ser 20 amperes, uma medição da corrente no circuito


mostrará que ela é de aproximadamente 1 ampere. Pode ser dessa forma observado que
há alguma outra oposição além da resistência de 6 ohms. Essa oposição é a força contra-
eletromotriz. Se, por engano, tal receptor for ligado a uma linha de 120 volts CC, a cor-
rente no primário será efetivamente de 20 amperes e o transformador queima. A Lei de
Ohm, como estabelecida para os circuitos CC, deve ser modificada para incluir o efeito
de inércia elétrica presente nos circuitos CA.

Grandeza da força contra-eletromotriz


A grandeza da f.c.e.m. depende dos mesmos fatores que governam qualquer f.e.m.
induzida. Na análise de uma f.e.m. induzida foi mostrado que a grandeza da tensão
induzida em um condutor com comprimento igual a unidade depende do número das
linhas de força do fluxo cortadas por segundo. Esse princípio pode ser estabelecido como a
Lei de Faraday para a indução eletromagnética; A F.E.M. INDUZIDA EM QUALQUER
CIRCUITO DEPENDE DA RAZÃO DE VARIAÇÃO DO FLUXO QUE ENVOLVE O
CIRCUITO. Como não há movimento físico do condutor ou das linhas de força na auto-
indução, a razão de variação da densidade do fluxo é equivalente ao movimento. Mas,
246
como mostrado acima, no estudo de eletromagnetismo, a densidade do fluxo em tomo
do condutor é diretamente proporcional à corrente no condutor. Dessa forma, a grandeza
da tensão auto-induzida depende diretamente da razão de variação da corrente no cir-
cuito. Assim, uma rápida variação na corrente induz uma maior f.c.e.m. do que uma varia-
ção lenta de corrente. Como para CA a razão de variação da corrente depende do número
de hertz da freqüência, a f.c.e.m. depende diretamente da freqüência.
Como mencionado previamente , a grandeza total da tensão induzida depende tam-
bém do comprimento do condutor. Um condutor longo apresenta maior f.c.e.m. induzi-
da, ou maior auto-indutância do que um mais curto. Se, entretanto, um condutor longo
é enrolado na forma de uma bobina, a sua auto-indutância aumenta em virtude do aumen-
to da densidade total do fluxo. Tal bobina ou indutância é um solenóide, e, como mos-
trado no estudo do eletromagnetismo, a densidade do fluxo em tomo do mesmo pode
ser aumentado pela adição de um núcleo com material de alta permeabilidade tal como
o ferro doce. A figura 104 mostra este tipo de indutância.


b
i.
2 = comprimento
do núcleo
b X d = área da reação
reta do núcleo

Fig. 104. - indutância com núcleo de ferro.

Medição da indutância
Como mencionado previamente, a unidade de medida da indutância é o henry.
O henry é defmido como a indutância de um circuito no qual a corren e, variando de
1 ampere por segundo, induz uma f.c.e.m. de 1 volt. Como o henry é defmido em termos
de unidade prática, o fator 10-8 deve ser usado se a f.c.e.m. for em volts e a razão de
variaçã"o de corrente , em ampêres por segundo. Assim,

0 ,41T N2 J,J.A
L = X 10-8 {henry)
l

onde : L = auto-indutância de solenóide em henry

N = número de espiras da bobina

J1 = permeabilidade do núcleo em unidades eletromagnéticas

A = área de seção reta do núcleo em cm 2


I = comprimento do núcleo em em

248
A fórmula revela as seguintes relações importantes:
1. A indutância de urna bobina é proporcional ao quadrado do número de voltas.
2. A indutância de uma bobina aumenta diretamente conforme a permeabilidade
do material com o qual é feito o núcleo.
3. A indutância de uma bobina aumenta diretamente com o aumento da área da
seçã"o reta do núcleo.
4. A indutância de uma bobina diminui com o aumento do seu comprimento.
A figura 10-5 A mostra duas bobinas com número igual de voltas e diferentes áreas de
seçã'o reta. A maior bobina tem um fluxo total maior, ou menor relutância, e, conse-
qüentemente, maior indutância. A figura 10-5 B mostra duas bobinas com número igual
de voltas e a mesma área de seção reta, mas de diferentes comprimentos. A bobina mais
longa tem menor fluxo total, ou maior relutância, e, dessa forma, menor indutância.
4 Espiras 4 Espiras

Y. seção reta
(A)

r--.t-; '-1· --

(B)
Fig.10.5.- Variação da indutância em função
do tamanho do solenóide.

Deve ser observado que, para indutâncias ferromagnéticas (núcleo de ferro), a per-
meabilidade, p., do material do núcleo não é constante pois depende da grandeza da cor-
rente magnetizante. Nos circuitos CA, a corrente varia constantemente em grandeza e
periodicamente em sentido. Conseqüentemente, é introduzido um erro nos cálculos do
valor da indutância. Na figura 10-6 A, a relação entre a densidade do fluxo B e a intensi-
dade do campo H é mostrada na forma de uma curva de histerese. A relação B/H é a defi-
nição da permeabilidade. Assim, pode ser verificado desse gráfico que o valor de f.J. varia
conforme a relação B para H varia para os diferentes pontos da curva. Na figura 10-6 B é
mostrada uma curva de permeabilidade, para o aço. A permeabilidade desse material
aumenta a um valor máximo de aproximadamente 7.000 linhas por centímetro quadrado
e em seguida cai conforme a densidade do fluxo aumenta. Essa variação de p. invalida
os cálculos de indutância baseados na fórmula apresentada.
Medição da f.c.e.rn.
A fórmula para a grandeza da f.c.e.m. é :

Lli.
f.c.e.m. = - L-
t.t

249
(8)

1.aoo
1.600

14. 00

3
4> 1.200

.",'
;:3 1.000
Curva de hister.ese
e aoo
600
Curva de permeabilidade/
para o aço fundido
400
Fig. IG-6. - Variação de ll
para núcleo de ferro. 200

2.000 6.000 10.000 14.000 18.000


4.000 8.000 12.000 16.000 20.000

.
Dens1 dade do fluxo B ( Linhas }

Um exame da fórmula supõe que quanto maior a indutância ou quanto mais rápida
a razão d e variação da corrente, maior será a f.c.e.m. induzida no circuito. Por exemplo,
uma bobina de 1 henry tem uma corrente de 1 ampere. Se a corrente variar para 2 ampê-
res em 1 segundo, a força contra-eletromotriz será:

(2- 1)
f.c.e.m. = -1 X = - 1 volt

Se a variação de corrente permanecer a rnesma mas se a bobina usada tiver uma indutância
de 10 henry:

(2 - 1)
f.c.e.m. = - 10 X = -10 volts

Se a indutância permanecer como no primeiro exemplo, em 1 henry, e a corrente variar


de 1 para 2 amperes em um décimo de segundo:

(2 - 1)
f.c.e.m. =- 1 X = - 10 volts
1/10

Dos exemplos, pode ser observado que pode ser obtido um alto valor de oposição
ao fluxo de corrente a\Jmentando-se a indutância ou a variação de corrente no circuito
ou ambos. Assim, os circuitos CA de baixa freqüência, em virtude da pequena veloci-
dade de variação da corrente, geralmente emprega altos alores de indutância (núcleos

250
de ferro) para obter uma alta f.c.e.m. Os circuitos de alta freqüência, em virtude da alta
velocidade de variação da corrente , freqüentemente gera suficiente f.c.e.m. com indutân-
cia pequena e com núcleo de ar. A tabela 10-1 ilustra o crescimento da f.c.e.m. confor-
me aumenta a razão de variação de corrente. É aparente, da tabela 10-1, que, se ocorrer
uma variação de 1 ampêre instantaneamente, isto é , se Ãt = O, a tensão induzida será
infinitamente grande. Isso violaria a primeira lei de K.irchhoff que estabelece que em
qualquer instante, a tensão aplicada em um circuito deve ser igual ã soma das quedas de
tensão no circuito fechado. Certamente, se Ãt = O, a queda de tensão através da indutân-
cia seria maior do que qualquer tensão aplicada, e, por extensão, pode ser verificado que
em qualquer instante , não importa o qulro rápida seja a variação de corrente ou o valor
da indutância, a tensão induzida não pode ser maior do que a tensão aplicada. Por outro
lado, se não ocorrer variação na corrente , isto é, se Ãt for igual a infinito, o circuito seria
um circuito CC e a tensão seria zero.

Tabela 10-1 - Afmidade entre a F.C.E.M. e a freqüência

L Aí At . f.c.e.m.
henry ampêres segundos em volts

1 1 1 -1
1 1 1/2 -2
1 1 1/4 -4
1 1 1/10 - 10
1 1 1/20 - 20
1 1 l /50 - 50
1 1 1/100 -100
1 1 1/500 - 500
1 1 1/1.000. - 1.000
1 1 1/1.000.000 -1.000.000

Crescimento e queda da corrente em um circuito série LR


Quando uma bateria é ligada diretamente a uma indutância pura, a corrente cresce
até atingir o seu valor final, que será determinado pela grandeza da tensão aplicada e pela
resistência interna da bateria. A corrente cresce gradualmente, em virtude da f.e.m. con-
trária gerada pela auto-indutância da bobina. Quando a corrente começa a fluir, as linhas
magnéticas se movem para fora, cortam as espiras do indutor, e induzem na bobina uma
f.e.m. contrária que provoca um atraso no tempo que a corrente toma para atingir o valor
estabilizado. Quando a bateria é desligada, as linhas de força entram em colapso, cortando
novamente as espiras do indutor, e induzindo uma f.e.m. que tende a prolongar o fluxo
de corrente.
Um divisor de tenslro que contenha resistência e indutância pode ser ligado ao cir-
cuito por meio de uma chave especial conforme é mostrado na figura 10-7 A. Tal arranjo
é denominado circuito série LR. Quando a chave S1 é fechada (como mostrado), uma
tensão E aparece no divisor. No instante zero, uma corrente tenta fluir, mas, em virtude

249
da tensão induzida, o indutor se opõe à variação inicial da corrente. A tensão instantânea,
nesse instante, é exatamente igual à tensão aplicada da fonte E. Em virtude de a corrente,
sob essas condições, não poder fluir, não haverá tensão aplicada no resistor R. A figura
10·7 B mostra como toda a tensão é aplicada em L e nenhuma aparece em R no instante
em que S1é fechada.
Quando a corrente começa a fluir, uma tensão er aparece em R, e a tensão eL é
reduzida na mesma quantidade. O fato de a tensão através de L ser reduzida significa que
a corrente crescente, ig, está aumentando, e, conseqüentemente, havendo um aumento
na queda de tensão er. A figura 10-7 B mostra que eL fmalmente se torna zero quando
ig deixa de variar (não há auto-indução). A queda er cresce para o valor de tensão total
aplicada pela bateria E quando a corrente se estabiliza no seu valor máximo. Na condi-
ção de corrente estabilizada, somente o resistor limita a grandeza de corrente.
A indutância elétrica é como a inércia mecânica, e o crescimento de corrente em
um circuito indutivo pode ser comparado com a aceleração de uma embarcação sobre a
água. A embarcação começa a se deslocar no instante em que uma força lhe é aplicada.
Nesse instante, a sua razão de variação de velocidade (aceleração) é máxima e toda a
força aplicada é destinada a vencer a inércia do barco. Decorrido um certo tempo, a velo-

S2 fecha no instante
em que Sl abre
. 1
Aumento )52 / 'd \
l I
. SI
E
- -

IG -- -.----.._ ?R 'R
:>
de 1 Redução 1
corrente : de t E
corrente I

.t j
I

I ......
_ .,
II l
'
1 L
A
Circuito
S SI
E
.lmt..t--Fecha--
I
I
i
o -...1,--.Y..'--
x •!. 1··------'--
:1 Ci
.:c---z- j
252
.: ,---KJU-
0
,

I
10 ta B 1.

Aumento

Fig.10-7.- Aumento e redução de corrente


no circuito RL série

251
cidade aumenta (a sua aceleração diminui) e a força aplicada é usada apenas para superar
a fricç:to da água contra o casco. Conforme é atingida a velocidade normal e a aceleração
se toma zero, a força aplicada se iguala à força oposta de fricção nessa velocidade e os
efeitos da inércia desaparecem.
Quando a chave da bateria no circuito LR da figura 10-7 A é fechada, a razão de
variação de corrente é máxima no circuito indutivo. Nesse instante, toda a tensão da
bateria é usada para vencer a f.e.m. de auto-indução que é máxima em virtude da máxi-
ma variação da corrente nesse instante. Dessa maneira, a tensão da bateria é igual à
tensão no indutor e não aparece tensão no resistor. Com o passar do tempo, a tensão
no resistor aumenta e a tensão do indutor diminui na mesma proporção. A razão de
variação de corrente é cada vez menor, sendo portanto menor a f.e.m. induzida. Quando a
corrente atinge o seu valor máximo e não mais varia, a tensão no indutor cai para zero
e toda a diferença de potencial da bateria é usada para superar a resistência do circuito.
Dessa maneira, a tensão através do indutor e resistor mudam de grandeza durante
o período de crescimento da corrente da mesma maneira que a força aplicada para mover
a embarcação é dividida entre a inércia e os efeitos da fricção. Em ambos os exemplos,
a força se desenvolve, inicialmente através do efeito indutivo de inércia, e, em seguida,
através do efeito resistivo de fricção.
Quando a chave S2 é fechada (a fonte de tensão E é removida do circuito), o fluxo
que existia em tomo de L entra em colapso e o campo, ao se contrai r, induz em L uma
tensão que tem grandeza igual, mas polaridade oposta a E. A tensão eL faz com que a cor-
rente id continue a fluir através de R na mesma direç:to que fluía quando SI foi fechada.
Uma tensão er que inicialmente é igual a E se desenvolve em R. Essa tensão cai a zero
enquanto que a tensão eL através de L, devido ao colapso do fluxo, também cai a zero.

Constante de tempo L/R


O tempo requerido para a corrente no indutor aumentar a 63,2 por cento do seu
valor máximo estabelecido, ou para reduzir a 36,7 por cento desse valor, é conhecido
como CONSTANTE DE TEMPO do circuito. Um circuito LR e seu gráfico de carga e
descarga é mostrado na figura 10-8. A constante de tempo em segundos é igual à indu-
tância em henry dividido pela resistência do circuito em ohms. Um conjunto de valores é
dado na figura 10-8 A. L/R é o símbolo usado para a constante de tempo.
Duas relações úteis usadas no cálculo de constante de tempo L/R são dadas abaixo:

L (em henry)
....::....:.. = t (em segundos)
R (em ohms)
L (em rnicrohenry)
--- ---- = t (em
rnicrossegundos) R (em ohms)

A constante de tempo pode ser também definida como o tempo requerido para
a corrente no indutor crescer ou cair ao seu valor final se ela continuasse a crescer ou
cair na sua razão de variação inicial. Como pode ser observado na figura 10-8 B, a linha
tangente pontilhada OX indica a razão de variação inicial do crescimento da corrente
com relação ao tempo. Se a razão fosse mantida, a corrente atingiria o valor máximo
em L/R segundos. De maneira semelhante, a linha pontilhada YZ indica a razão de
variação da queda da corrente com relação ao tempo. A corrente cairia a zero decor-
ridos L/R segundos.

252
Aumento
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Redução
- E
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A
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2.718 L
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-60 I
-70 I
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-90 '/
-100
to
8
GRÁFICOS DE CA RGA E DESCARGA
Fig. 10-8.- Constante de tempo L/R.
253
A equação para o crescimento da corrente iL através de L é:

1 Rt )
2,718 L

onde iL é a corrente instantânea através do indutor L, E é a tensão em cada (100 volts,


no caso), R é a resistência em ohms, t é o tempo em segundos, e L é a indutância em
henry. A figura 10-8 B mostra o gráfico da equação.
Quando t = L/R, o expoente Rt/L na equação precedente é reduzido para 1. Então:

1
-- -= 0,368.
2,718
Assim:
E E
iL = -(1 -0,368) = 0,632 -
R R
Em outras palavras, quando t = L/R, iL é igual a 63,2 por cento da relação E/R
que é a corrente máxima. Quando a corrente máxima é 10 ampêres (E = 100 volts e
R = 10 ohms), a corrente em L cresce a 6,32 ampêres em L/R= 10/10, ou 1 segundo.
A equaçâ'o para a tensão na indutância eL, com o crescimento da corrente é:

1
eL = E ( )
2,718 L

O gráfico desta equação é também mostrado na figura 10-8 B. Quando t = L/R,


e eL= 0,368 E. Isto é :
eL = 0,368 X 100 = 36,8 volts

INDUf ÂNCIA MÚTUA

Defmição
Sempre que duas bobinas estão localizadas de maneira que o fluxo magnético de
uma envolve as espiras da outra, a variação do fluxo na primeira causa o aparecimento
de uma f.e.m. induzida na segunda. As bobinas apresentam INDUTÂNCIA MÚTUA.
A quantidade de indutância mútua depende da posição relativa entre as duas bobinas.
Se as bobinas estão separadas por urna distância considerável, a quantidade de fluxo
comum âs bobinas é pequena e a indutância mútua é baixa. Se as bobinas estão próxi-
mas de maneira que uma grande parte do fluxo de uma bobina envolve a outra, e se
as bobinas forem montadas em um núcleo comum, a indutância mútua aumenta consi-
deravelmente.

254
Duas bobinas próximas com os seus eixos no mesmo plano são mostradas na figura
10-9. A bobina A é ligada à bateria via chave de comutação S, e a bobina B é ligada a um
galvanômetro G.
Quando a chave é fechada (figura 10-9 A), a corrente que flui na bobina A cria
um campo magnético que envolve, também, a bobina B, induzindo nesta uma tensão
que , deslocando uma corrente, provoca uma deflexão momentânea no galvanômetro G.
Quando a corrente na bobina A atinge um valor máximo constante, o pontei ro do galva-
nômetro retoma a zero. Se a chave for aberta (figura I 0-9 B), o pon teiro do galvanô-
metro deflexiona novamente, mas em direção contrária, indicando um fluxo momentâ-
neo de corrente em direção oposta na bobina B. Esse fluxo de corrente na bobina B é
causada pela f.e.m. induzida nessa bobina produzida pelo colapso do fluxo da bobina A.

CAMPO EM EX PANSÃO CAMPO EM COLAPSO


+ t Bobina B

- ( A)
CHAVE FECHADA
- - (8)
CH AVE ABERTA
--
Fig. 10-9.- Indutância mútua.

Quando flui corrente variável na bobina A, o fluxo se expande e produz um pólo


norte próximo da bobina B. Parte do fluxo que se expande da esquerda para a direita
corta as espiras da bobina B. Esse fluxo induz uma f.em. na bobina B, que se opõe ao
crescimento da corrente e do fluxo na bobina A. A corrente na bobina B tenta estabe-
lecer um pólo norte nas proximidades da bobina A (pólos de mesmo nome se repelem).
Quando a chave é aberta, o campo magnético produzido pela bobina A entra em colapso.
O fluxo, contraindo-se , corta espiras da bobina Bem direção oposta e produz um pólo
sul próximo à bobina A (pólos diferentes se atraem). Essa polaridade auxilia o magne-
tismo da bobina A tendendo a evitar o colapso do se u campo.

Fatores que afetam a indutância mútua


A indutância mútua de duas bobinas adjacentes depende: (1) das dimensões físicas
das duas bobinas; {2) do número de espiras em cada bobina; (3) da distância entre as
bobinas; (4) da posição relativa dos eixos das bobinas;e (5) da permeabilidade do material
dos núcleos.

255
Se as bobinas sã"o situadas de maneira que todo o fluxo de uma bobina corte as
espiras da outra, a indutância mútua pode ser expressa como:

onde M é a indutância mútua em henry; N 1 e N2 o número de espiras nas bobinas I e 2


respectivamente; Sé a área do núcleo, e J.1 a permeabilidade e Q o comprimento do núcleo
em centímetros.
Se as bobinas estão localizadas de maneira que todo o fluxo de uma bobina cor-
ta todas as espiras da outra, as bobinas têm o que se chama COEFICIENTE UM DE
ACOPLAMENTO. Se todo o fluxo produzido por uma das bobinas corta somente metade
das espiras da outra, o coeficiente de acoplamento é 0,5. O coeficiente de acoplamento é
identificado pela letra K e é igual à percentagem do fluxo originado em uma bobina
que corta as espiras da outra. A rigor, o coeficiente de acoplamento nunca pode ser exata-
mente um. Todavia, o valor de K = 1 é bem aproximado em detemtinados tipos especiais
de transformadores.
A indutância mútua entre duas bobinas, L1 e L2 , pode ser expressa em função das
indutâncias individuais e do coeficiente de acoplamento K.

M = K v'L1L2
onde M é na mesma unidade das indutâncias L1 L2 •

Bobinas ligadas em série sem acoplamento magnético


Quando os indutores são bem blindados, ou estão localizados afastados de maneira
a tomar os efeitos de indutância mútua desprezíveis, a indutância de diversos indutores
ligados em série são somados da mesma maneira como é feito com os resistores em série.

onde Lt é a indutância total; L1, L2 e L3 são as indutâncias das bobinas L1 , L2 e L3 ;


e Ln significa que qualquer número (n) de indutores poderá ser usado.

Bobinas em série com acoplamento magnético


Quando duas bobinas em série estão situadas de maneira a haver acoplamento mag-
nético, a indutância combinada é determinada pela fórmula:

Lt = Lt + L2 ± 2M

onde Lt é a indutância total, L1 e Lz são as indutâncias de L1 e L2 respectivamente eM


a indutância mútua entre os dois indutores. O sinal +é usado com M quando as forças
magnetomotrizes dos dois indutores se auxiliam. O sinal - é usado para expressar que
as forças magnetomotrizes se opõem. O fator 2 se refere à influência de L 1 em L2 e de
Lz em L1 .
Se as bobinas estão dispostas de maneira que uma possa ser girada com relação à
outra e a causar uma variaçã"o no coeficiente de acoplamento, a indutância mútua pode
ser variada. A indutância total Lt pode ser variada de uma quantidade igual a 4M.

256
Bobinas em paralelo sem acoplamento magnético
A indutância total Lt de indutores em paralelo é calculado da mesma maneira
que se calcula a resistência total nesse tipo de circuito, desde que o acoplamento entre
as bobinas seja zero.

1 1 1 1 1
-=-+-+ -+... +-
Lt LI L3 Ln
onde L 1 , L2 e L3 são as indutâncias dos indutores L 1 , L2 e L3 ;e Ln significa que qual-
quer número (n) de indutores pode ser usado.

EFEITOS DA INDUTÂNCIA EM UM CIRCUITO ELÉTRICO

Reação de uma bobina ã mudança do fluxo


Até este ponto, os efeitos da indutância no circuito elétrico foram analisados como
sendo controlados somente pelo indutor em particular e para cada caso isolado. Por
exemplo, o tempo requerido para o aumento e redução da corrente no circuito mos-
trado na figura 10-7, é determinado somente pelas propriedades inerentes ao indutor L,
especificadamente , pela relação da sua indutância e resistência. O formato da curva L/R
para qualquer indutor permanece a mesma, quando a variação for deixada dependente
da razão de variação natural do indutor. Isto é, a indutância sempre apresentará a mes-
ma oposição natural a qualquer mudança na corrente ou no fluxo. Neste ponto, entre-
tanto, deve ser esclarecido que um indutor pode representar muitos graus diferentes de
reações. Isto é feito mediante o uso de meios externos para variar o fluxo que envolve o
indutor. Essas variações, tais como as variações da freqüência aplicada, usualmente não
ocorrem na mesma razão de variação natural inerente do indutor. Quando o fluxo é
variado RAPIDAMENTE por algum meio externo, a reação do indutor é muito maior
do que quando o fluxo varia vagarosamente. Isto é, a f.e.m. auto-induzida na bobina
depen de da razão de variação do fluxo envolvente com relação ao tempo.
A dependência da voltagem induzida e da reação de variação do fluxo com relação
ao tempo é demonstrada pelo simples arranjo mostrado na figura 10-10. Quando a chave

Lâmpada E
120VOLTS
c
Chave
Fig.10-10- Dependência da tensão de auto-
indução na razão da variação do fluxo.

257
é fechada, a corrente ascende para o máximo e a lâmpada brilha com a sua intensidade
normal. Se o núcleo de ferro é inserido rapidamente na bobina, o fluxo aumenta rapida-
mente em virtude do aumento de indutância da bobina e a tensão induzida se opõe,
de acordo com a lei de Lenz, ã voltagem da fonte. Nesse instante o fluxo de corrente
diminui e a lâmpada reduz momentaneamente o brilho. Se o·núcleo é retirado rapida-
mente do centro da bobina, uma porção do fluxo que havia se estabelecido em torno
da bobina entra em colapso. A tensão da resultante do colapso se opõe à redução (nova-
mente, de acordo com a lei de Lenz) em virtude da tensão induzida auxiliar a fonte de
tensão. Conseqüentemente, a lâmpada momentaneamente brilha com maior intensidade.
Quanto maior for a velocidade do movimento, maior é a variação do fluxo por uni-
dade de tempo e mais visível se toma o efeito na lâmpada.

Efeitos da indutância em um circuito CA


Quando um circuito que contém uma indutância é alimentado com corrente con-
tínua, os efeitos da bobina no circuito só aparecem quando o circuito é alimentado ou
desalirnentado (ocasiões em que ocorrem variações na corrente). Por exemplo, quando a
chave na figura 10-11 é colocada na posição 1, a indutância da bobina L causará um
atraso no tempo requerido para a lâmpada atingir o seu brilho normal. Após ser atingida
a condição de brilho normal, a indutância não afeta mais o circuito, enquanto a chave
permanecer fechada. Quando a chave é aberta, uma centelha elétrica salta através dos con-
tatos da chave. A f.e.m. que produz a centelha é causada pelo campo magnético em
colapso que corta as espiras do indutor.
Entretanto, quando o circuito indutivo é alimentado com corrente alternada, os
efeitos do indutor são contínuos e com maior intensidade do que quando alimentado
com CC. Para valores iguais de voltagens aplicadas, a corrente no circuito é menor quan-
do se aplica CA do que quando se aplica CC, como pode ser demonstrado pelo circuito
da figura 10-11. A corrente alternada·é acompanhada de um campo magnético alternado
em tomo da bobina que a corta continuadamente. Esta ação induz uma tensão na bobina
que sempre se opõe à mudança da corrente. Quando a chave está na posição 1, as lâm·
padaS brilham intensamente com a corrente contínua que circula. Com a chave na posf-

120V
Fonte CC
l

Lâmpada 120 v

120V
Fonte CA

Fig.10.11.-Efeitos relativos da indutância nos


circuitos CC e CA.

258
ção 2, apesar da tensão eficaz alternada ser de valor igual ao da contínua, as lâmpadas
brilham com pouca intensidade em virtude da oposição desenvolvida pela indutância.
A maior parte da tensão aplicada se desenvolve através de L, restando pouca tensão para
as lâmpadas.

Relação entre a tensão induzida e a corrente


Como afirmado anteriormente, qualquer mudança na corrente, seja no sentido
de ascendência ou descendência, causa na bobina uma mudança no fluxo magnético
(figura 10-12 A). Se a corrente variar numa razão senoidal, a tensão induzida também
terá a forma de uma onda senoidal.
Em virtude de a variação da corrente ser máxima quando está passando pelo valor
zero aos 0° e 360° (figura 10-12 B), (a variação do seno é maior nos ângulos próximos
de zero), a variação do fluxo é também maior nesses pontos. Conseqüentemente, a
tensão auto-induzida é máxima nesses instantes. De acordo com a Lei de Lenz, a tensão
induzida sempre se opõe à variação da corrente. Assim, quando a corrente é crescente

Fig.10.12.-Relação entre a tensão induzida e


a corrente.
no sentido positivo partindo de 0°, a f.e.m. induzida é de polaridade oposta à f.e.m.
aplicada e se opõe ã ascendência da corrente. Mais tarde, quando a corrente está decres-
cendo para o seu valor zero, aos 180°, a tensão induzida é da mesma polaridade da cor-
rente e tende a evitar a queda desta. Assim, pode ser visto que a tensão induzida atrasa a
corrente em 90°. A resistência da bobina é pequena e a principal oposição, ao fluxo da
corrente, é feita pela tensão induzida Eind·A tensão aplicada E é ligeiramente maior do
que a Emd e é diametralmente oposta como indicado no diagrama vetorial da figura
10-12 c.
Em um circuito indutivo, a corrente se atrasa de 90° com relação à tensão induzida,
em virtude de estar 180° defasada da tensão aplicada, é sempre de polaridade oposta, e
é denominada FORÇA CONTRA-ELETROMOTRIZ porque ela sempre se opõe à varia-
ção do valor da corrente.

Transiente indutivo
Foi mostrado que um indutor no qual a corrente varia se toma uma fonte de f.e.m.
e que o sentido dessa f.e.m. é tal que tende a se opor ã variação da corrente que a produz.
Como resultado dessa ação, a corrente no indutor não cresce para o seu valor total no
instante em que a chave é fechada, mas sim aumenta numa razão que depende da relação
L/R do circuito. Da mesma forma, quando a chave é aberta, a fonte removida e um c.urto·
circuito é colocado no circuito, a corrente não cai instantaneamente a zero. A redução
de corrente se processa vagarosamente segundo uma razão determinada pela relação L/R
do circuito de descarga.

259
O circuito considerado até o presente se refere às componentes ideais. Entretanto,
os componentes não são perfeitos. A chave, por exemplo, não pode ser fabricada de
maneira a passar de uma posição para outra de maneira instantânea. Isso leva à explana-
çã"o da ação da tensão induzida no INSTANTE em que a chave é aberta. Em virtude de a
tensão induzida poder crescer a valores extremamente altos apesar da tensão da bateria ser
relativamente baixa, o desenvolvimento de altas tensões induzidas quando um cir- cuito
indutivo é subitamente aberto será estudado a seguir.
Considere o círculo mostrado na figura 10-13 A, que consiste de uma bateria de
6 volts, uma chave, e uma bobina de 30 henry. O resistor R representa a resistência total
do circuito, incluindo o componente resistivo da bobina. No instante em que a chave. é
fechada (tempo zero), desenvolve-se na bobina uma tensão de 6 volts da f.c.e.m. Tal fato
é mostrado na figura 10-13 Bonde eL = 6 V em t 0 .
Como no instante zero
CHAVE a corrente, para todos os efei-
tos práticos, ainda não come-
E -- çou a fluir, não há queda de
6v -=-. tensão através do resistor.
0
to Com uma indutância de
30 henry e uma tensão de
6 volts, a razão inicial de va-
Carga Descarga riação (riv) será :
e
riv=-
L
6
riv =- = 0,2 amp/segundo
30
Decorrido o intervalo
de tempo correspondente a
5 L/ R, a corrente atinge o seu
valor final estabilizado. Para o
circuito da figura 10-13A esse
tempo será:
(A) (8) L
T= -
Fíg.10-13.- Desenvolvimento de alta tensão R
induzida. 30
T = - = 30 segundos
1
mas, o valor estabilizado é igual a
L
t = 5-= ST
R
onde:t = tempo decorrido em segundos.
Dessa forma, o valor estabilizado será atingido decorrido
5 X T= t
5 X 30 = ISO segundos

260
O campo magnético em tomo da bobina está agora totalmente estabelecido e está-
vel. A figura 10-13 B mostra que não há mais eL decorrido 5 L/R ou ST. Não deve ocorrer
variação de corrente a partir desse instante.
Quando a chave é aberta, um lado da bateria é desligado e fica interrompido o per·
curso para o fluxo de corrente. Como resultado, a corrente fornecida pela bateria cessa
imediatamente. Entretanto, a indutância da bobina se opõe ã variação. Como a corrente
fornecida pela bateria não está mais disponível para manter o campo magnético, ele
entra em colapso. Ao entrar em colapso, as linhas de força magnéticas cortam as espiras
da bobina. A expansão das linhas de força induziram na bobina uma f.e.m. com a polari·
dade mostrada na figura 10-13 A. As linhas de força em colapso induzem na bobina uma
f.e.m. com a polaridade oposta. A indutância atua, dessa forma, como uma fonte de
tensão que tenta manter o mesmo fluxo de corrente no circuito como se a bateria ainda
estivesse ligada.
O tempo de queda da corrente será o mesmo do crescimento se a relação L/R for
mantida. Para uma compreensão da mudança da constante de tempo, focalize, por um
momento, as condições existentes no circuito mostrado na figura 10·14 A.

- 6o
RI
RI
:=::. 6v 1n
- Ebb
-=- 6v In

6o

(A)
( 8)

Fig. 10-14. - Demonstração resistiva de um


pulso em circuito de alta tensão.

A corrente que flui no circuito é:

E
1= -
R
6
I =-= 6 ampêres
1
A queda de tensão através do resistor (ER) é:

ER 1 =IR
ER 1 = 6 X 1
ER 1 = 6 volts

Se fosse possível manter a bateria no valor constante de 6 volts, e por um breve


tempo, a corrente em 6 ampêres enquanto INSTANTANEAMENTE o resistor de 1 ohm

261
(R 1) fosse substituído por um outro resistor maior (R2 ) como na figura 10-14 B, a queda
de tensfo na resistência aumentaria.

ER2 = IR
ER 2 = 6 X 2000 = 12.000 volts
A condição acima é impossível de ser conseguida no circuito resistivo em discus-
são e foi aqui inserida apenas para mostrar a possibilidade de se conseguir um impulso
de grande tensão trocando-se uma baixa resistência por uma de alto valor se MOMEN-
TANEAMENTE fosse mantida a mesma corrente. Essa condição pode ser obtida no cir-
cuito da figura 10-13. No INSTANTE exato em que os contatos da chave se abrem, apa-
rece entre os contatos uma alta resistência. A ação da indutância é a de manter a cor-
rente no valor próximo ao existente anteriormente com um baixo valor resistivo, mas
o circuito agora é de alta resistência. A constante de tempo L/R para a queda de cor-
rente não é mais a original de 30 segundos. Devido" à inserção da alta resistência, a cons-
tante de tempo fica sendo apenas uma fração de segundo. Transpondo as seguintes equa-
ções e suqstituindo os valores, obtém-se uma aproximação da tensão que se desenvolve
na bobina quando o campo entra em colapso.
e
L= ---

transpondo:
Ai
e = L-
ilt

NOTA: Admitindo-se, para fim de ilustração, um ilt de 0,00001 segundo após a chave
ser aberta, a corrente cai para 5,9994 ampêres, uma variação (Ai) de 0,0006 ampêre:
Ai
e=L -
ilt

0,0006
e = 30X ---
0,00001
e= 30 X 60
e = 1800 volts
A energia contida no campo magnético em colapso deve ser dissipada em algum
lugar do circuito. A tensão desenvolvida nos contatos é suficiente para criar um arco
entre os contatos da chave. A energia é dissipada por aquecimento no arco. A energia
dissipada no arco pode queimar seriamente e destruir os contatos da chave ou romper
o isolamento da bobina. Por isso, devem ser tomadas precauções sempre que ocorrer
interrupção abrupta da corrente em qualquer circuito indutivo.
O desenvolvimento de uma grande tensão na forma de impulso com a fonte de
baixa tensão (TRANSIENTE INDUTNO) não é sempre uma desvantagem. Tal tran-
siente é comumente usado na bobina de centelha dos sistemas de ignição na maioria
dos motores a gasolina.

262
Capítulo 11

Capacitância

Todo circuito elétrico, nã'o importa a sua complexidade, apresenta não mais do
que três propriedades elétricas básicas; resistência, indutância e capacitância. Por isso,
uma completa compreensã'o de cada uma dessas propriedades básicas é uma etapa neces-
sária para o perfeito conhecimento do funcionamento de equipamentos elétricos. Os capí-
tulos anteriores apresentaram matérias relativas a resistências e indutâncias. A última
das três propriedades básicas, a capacitância, é discutida a seguir.
Dois condutores separados por um material não condutor apresenta a proprie-
dade denominada CAPACITÂNCIA porque essa combinação é capaz de armazenar uma
carga elétrica. A INDUTÂNCIA, no capítulo anterior, foi definida como a propriedade
de um circuito em se opor ãs variações na CORRENTE. A CAPACITÂNCIA é uma pro-
priedade de um circuito em se opor às variações na TENSÃO. A capacitância annazena
energia no campo ELETROSTÁTICO.

REVISÃO DE ELETROSTÁTICA

A fim de proporcionar uma clara compreensão da capacitância, o aluno deverá


estar perfeitamente familiarizado com as teorias e leis da eletrostática. Os principais
pontos do estudo de eletrostática serão rapidamente revistos nesta seção.
Quando um corpo carregado é levado a se aproximar de outro corpo carregado,
uma força presente faz com que os corpos se aproximem ou se afastem. Se os corpos
carregados estiverem carregados com cargas de mesma polaridade existirá uma força
de repulsão entre os corpos, fazendo com que se afastem. Se forem dotados com cargas
diferentes, de diferentes polaridades, haverá entre eles uma força de atração. A força
de atração ou de repulsã'o é produzida por um campo eletrostático que envolve qual-
quer corpo carregado. Se um material é carregado positivamente, haverá uma deficiên-
cia de elétrons. Se o material for carregado negativamente, haverá um excesso de elé-
trons. O campo eletrostático é representado por linhas de força desenhadas em sentido
perpendicular à superfície do corpo e mostrando a sua origem partindo do material
carregado positivamente. Cada linha de força é desenhada na forma de uma seta apon-
tando do positivo para o negativo.
A força entre as cargas é descrita pela lei de Coulomb. "A força existente entre
dois corpos carregados é diretamente proporcional ao produto das cargas e inversamente
proporcional ao quadrado da distância que os separa".
Se uma carga de teste é inserida em um campo eletrostático, ela se deslocará na
direçã'o de uma ou de outra área carregada que está produzindo o campo. A direção do
movimento dependerá da polaridade da carga de teste. Foi mostrado previamente que

263
uma carga de teste positiva colocada em um campo se desloca no sentido das setas das
linhas de força, ou seja, do positivo para o negativo. Neste caso, a carga de teste será
um elétron , e como o elétron é uma carga positiva, ele se deslocará para a carga positiva.
Em outras palavras, um elétron colocado em um campo eletrostático se desloca no sen-
tido OPOSTO ao da seta do campo, afastando·se da carga negativa e dirigindo-se para
a carga positiva. A ação descrita é mostrada na figura II-I.
Campo ele trostático

El é tron
Fig.11-1. - Movimento do elétron em um
campo ele trostático.

Se a lei de Coulomb for analisada observando a figura 11-1, verifica-se que, quanto
maior for a distância entre o elétron e a carga positiva, menor será a força de atração.
A importância da distância entre as cargas que criam o campo ficará evidente oportuna-
mente neste capítulo.
Uma característica importante das linhas de força eletrostática é que elas apresen-
tam a capacidade de atravessar qualquer material conhecido.

O CAPACITOR

A CAPACITÂNCIA é definida como sendo a propriedade de um dispositivo elé-


trico ou de um circuito em se opor à VARIAÇÃO na TENSÃO. A capacitância é tam-
bém uma medida da habilidade de duas superfícies condutoras, separadas por um mate-
rial não condutor, em armazenar uma carga elétrica. No momento, o ar será considerado
o material isolante, não condutor, entre as duas superfícies condutoras.
O dispositivo usado nos circuitos elétricos para armazenar uma carga em vi rtude
da presença do campo eletrostático é denominado CAPACITOR. (Quanto maior o capa-
cítor, maior a carga que poderá ser armazenada.)
O capacítor na sua forma mais simples consiste de duas placas de metal separadas
por ar. Foi estabelecido que um elétron livre inserido em um campo eletrostático se des-
locará para um dos corpos que produz o campo. O mesmo ocorre, com restrições, se o
elétron estiver em um estado de movimento limitado. O material entre as duas super-
fícies carregadas da figura 11-1 (ar, no caso) é composto de átomos contendo elétrons
orbitais. Como os elétrons estão presos ao núcleo, eles não podem se deslocar para a
superfície carregada positivamente. Dessa forma, o efeito resultante será uma distorção
nas órbitas dos elétrons. Os elétrons serão atraídos para a superfície positiva enquanto
uma força de repulsão os afastará da superfície negativa. Esse efeito é ilustrado na figura
11-2. Na figura 11-2 A, não há carga nas duas superf ícies e a estrutu ra do átomo não
sofre alteração na órbita dos elétrons.

264
Se houver uma diferença de carga entre as superfícies das placas, como mostrado
na figura 11-2 B, as órbitas se alongarão na direção da carga positiva.
A distorção orbital , para ocorrer, exige energia. A energia que produz a distor-
ção é transferida do campo eletrostático para os elétrons de cada átomo entre as pla-
cas carregadas. Como a energia não pode ser destruída, a energia necessária para dis-
torcer as órbitas pode ser recuperada quando os elétrons retomarem às suas posições
normais. Esse efeito é análogo ao armazenamento de energia em uma mola distendida
ou comprimida. O capacitor pode assim "armazenar" energia elétrica.
Campo

(8)
(A)

Fig.11-2. - Órbitas dos elé trons na presença


e ausência de um campo eletrostáticu.

A ilustração de um capacitor simples e seu símbolo esquemático é mostrado na


figura 11-3. Os condutores que formam o capacitor são denominados PLACAS. O ma-
terial entre as placas é denominado DIELÉTRICO. Na fig. 11-3 B, as duas linhas ver-
ticais representam os fios de conexã'o. As duas linhas verticais representam as placas do
capacitor. Observe que o símbolo esquemático (B) e o diagrama de um capacitor sim-
ples (A) são similares. Em um capacitor prático, as placas paralelas podem ser construí-
das com várias configurações (circular, retangular, etc.) mas a área da seção reta das placas
do capacitor é muito maior do que a área da seção reta dos condutores de ligação. Isso
quer dizer que há abundância de elétrons livres disponíveis em cada placa do capacitor.
Se a área da seção reta e o material de cada placa forem os mesmos, o número de elétrons
livres em cada placa deve ser aproximadamente o mesmo. Deve ser observado que há a
possibilidade da diferença entre as cargas ser suficientemente grande para causar ioniza-
ção do material isolante. Isso coloca um limite na quantidade de carga que pode ser
armazenada no capacitor.
A figura 11-3 A mostra um capacitor na sua forma mais simples. Ele consistê de
duas placas de metal separadas por uma fina camada de material isolante (dielétrico).

Condutor

>Fios

( B) _[ ,....condutor
externo

Fig.11-3. - Capaci tor c símbolo esquemático.


265
Quando ligado a uma fonte de tensão, a tensão força os elétrons para uma das placas,
tomando-a negativa, e retira elétrons da outra tomando-a positiva. Os elétrons não podem
fluir através do dielétrico que é isolante. Como há uma quantidade definida de elétrons
para "encher" ou carregar o capacitar, diz-se que ele tem CAPACIDADE. Essa carac-
terística é conhecida como CAPACITÂNCIA.

MATERIAIS DIELÉTRICOS

Os materiais diferem na sua capacidade em suportar um fluxo elétrico. Essa pro-


priedade é semelhante à permeabilidade encontrada nos circuitos magnéticos. Os ma-
teriais dielétricos ou isolantes são classificados segundo a sua habilidade em suportar
o fluxo elétrico em termos do valor denominado CONSTANTE DIELÉTRICA. Quanto
maior for a constante dielétrica (considerando os outros fatores iguais), melhor é o ma-
terial dielétrico.
O vácuo é o dielétrico padrão para efeito de referência e a ele é atribuído o valor
unitário. A constante dielétrica de um material dielétrico é também definida como sendo a
relação da capacitância de um capacitar dotado com um determinado material dielé-
trico, para a capacitância do mesmo capacitar utilizando o ar como dielétrico. Por com-
paração, verifica-se que a constante dielétrica da água pura é 81;do vidro sílex, 9,9; e do
papel parafmado, 3,5. A faixa de constantes dielétricas é bem mais restrita do que a de
permeabilidades.. As constantes dielétricas para alguns materiais comuns são dadas na
lista abaixo:

Material Constante
Vácuo . ..... . ... ..... ...... . . . . ...... . 1,0
Ar ......................... . ...... . . 1,0006
Papel parafinado .................. . ..... . 3,5
Vidro .......... .... ........... ·. · · · ·· 5 alO
Mica ................................ . 3 a6
Borracha ............... ... ... . ....... . 2,5 a 3,5
Madeira .............................. . 2,5 a8
Glicerina ............................. . 56
Petróleo. ............................. . 2
Água pura ............................ . 81

Observe a constante dielétrica para o vácuo. Como o vácuo é o padrão de referência,


a ele é atribuída a constante 1 e a constante dielétrica de todos os materiais é comparada
com a do vácuo. A constante dielétrica do ar foi determinada experimentalmente e verifi-
cou-se ser aproximadamente a mesma do vácuo. A constante do ar é também considerada
igual a um. A fórmula usada para computar os valores de capacitância usando os fatores
físicos já descritos é:
kA
c = 0,2249 (11-1)
d

onde C = capacidade , em picofarads (10-12 )

A = área de uma placa, em polegadas quadradas

266
d = distância entre placas, em polegadas
K = constante dielétrica do material isolante

0,2249 = uma constante, resultado de conversão do sistema métrico para unida-


des britânicas.

Exemplo: Determine a capacitância de um capacitor com placas paralelas que utiliza


papel parafinado como dielétrico.

Dados: K = 3,5
d = 0,05 polegadas
A = 12 polegadas quadradas.

KA
Soluçâ'o: c = 0,2249
d
3,5 X 12
c 0,2249
0,05
C = 189 picofarads

Usando a equação 11-1, é fácil visualizar os efeitos dos fatores físicos na capaci-
tância. Pode ser observado que a capacitância é uma função direta da constante dielé-
trica e da área das placas, e uma função inversa da distância entre as placas.

UNIDADE DE CAPACITÁNCIA

A capacitância é medida em uma unidade denominada FARAO. Essa unidade é


um tributo ã memória de Michael Faraday, um cientista que realizou muitas das expe-
riências eletrostáticas e magnéticas.
Descobriu-se que para um dado valor de capacitância, a relação de carga depo-
sitada em uma das placas e a tensão que produz o movimento da carga é um valor cons-
tante. Esse valor constante é uma medida da quantidade de capacitância presente. O sím-
bolo usado para identificar um capacitor é o C. A capacitância é igual a 1 farad quando
uma tensão, variando numa razão de 1 volt por segundo, produz uma corrente de carga
igual a 1 ampêre. Isso é expresso matematicamente como:

i
C= - (11·2)
.ó.e
.ó.t

onde C = capacitância, em farads

= corrente instantânea em ampêres

267
toe
-= relação de variação de tensão, em volts, em função do tempo, em
t.t segundos

A equação (11-2) pode ser mais clara se for expressa como segue:

A capacitância A corrente de carga for igual a 1 ampêre


é igual a 1 =
farad quando A voltagem muda 1 volt em I segundo

O farad pode também ser deflnido em termos de carga e tensão. Um capacitar


apresenta capacitância de 1 farad se ele armazenar I coulomb de carga quando ligado
através do potencial de 1 volt. Essa relação pode ser expressa matematicamente como:

Q
C= - (11-3)
E

onde C = capacitância em farads

Q = carga em coulombs

E = potencial aplicado em volts

Exemplo: Qual é a capacitância apresentada por duas placas metálicas separadas


por um centímetro de ar, sabendo-se que é armazenado 0,001 coulomb de carga quando
é aplicado um potencial de 200 volts ao capacitar?

Q 10 X 10"4
C = -=- --
- E 2 X 102

C = 5 X I 0"6 = 0,000005 farads ou 5 microfarads

Apesar desse valor de capacitância parecer um tanto pequeno, muitos dos circuitos
eletrônicos requerem capacitâncias de valor bem mais baixo. Conseqüentemente, o farad
é uma unidade muito grande para a maioria das aplicações. O MICROFARAD que repre-
sen ta a milionésima parte do farad (1 X 10" 6 ) é uma unidade mais conveniente. O sún-
bolo usado para expressar o microfarad é J..Ú. Nos circuitos de altas freqüências, mesmo
o microfarad é muito grande, empregando-se então o micromicrofarad (um milionésimo
de um microfarad). O súnbolo para o micromicrofarad é J.J.JJ.f.
Para evitar confusão e o emprego de prefixos dobrados utiliza-se a designação
PICOFARAD no lugar de micromicrofarad. Em potência de dez, 1 picofarad é igual
a 1 X 10.12 farad.
No emprego da equação 11-3, não se deve incorrer no erro de que a capacitância
depende da carga e da tensão. A capacitância é determinada inteiramente por fatores
físicos tais como a área das placas, espaçamento etc.

268
FATORES QUE AFETAM O VALOR DA CAPACITÃNCIA

A capacitância de um capacitor depende dos seguintes fatores:


1. Área das placas;
2. Distância entre as placas;e
3. Constante dielétrica do material entre as placas.

Esses três fatores se referem à capacitância de um capacitor de duas placas e para-


lelas entre si. A capacitância pode ser expressa matematicamente como:

kA
C=O 2249-
' d

onde C é em picofarads, A é a área de urna das placas em polegadas quadradas, d é a dis-


tância entre as placas em polegadas, e k é a constante dielétrica do material que separa as
placas.
Por exemplo: A capacitância de um capacitor com as duas placas paralelas, dielé-
trico de ar, separadas por 0,0394 da polegada e área de uma das placas igual a 15,5 pole-
gadas quadradas, é aproximadamente:

1 X 15,5
C = 0,225 = 88,5 picofarads
0,0394

Pela fórmula pode ser observado que a capacidade aumenta quando a área das
placas aumenta, diminui se o espaçamento for aumentado, e aumenta se o valor de k
aumentar.
A constante dielétrica k expressa a capacitância relativa quando é usado como
dielétrico outro material que não o ar. Por exemplo, se o dielétrico de ar de um capa-
citor for substituído por mica, a capacitância aumenta de 6 vezes porque a constante
dielétrica da mica é 6 e a do ar é 1.
Se o capacitor tiver mais do que duas placas, a capacitância é calculada multipli-
cando-se a fórmula dada por N- 1, onde N é o número de placas. As placas são inter-
caladas como é mostrado na figura 114 e o efeito é o de um aumento na capacitância
pelo fator N - 1. Na figura há 11 placas, e a capacitância é 10 vezes maior do que se
o capacitor tivesse 2 placas com a mesma área, espaçamento e material dielétrico.

Fig.11-4. - Capacitor multiplacas.

269
TENSÃO NOS CAPACITORES

Na seleç[o ou substituição de capacitores para determinado circuito, deve ser


considerado: (1) o valor da capacitância desejada, e (2) a grandeza da tensão à qual
o capacitor será submetido. Se a tensá'o aplicada através de suas placas for excessiva, o
dielétrico pode não suportar a pressão elétrica, ocorrendo então um arco entre as placas,
destruindo o dielétrico. O capacitor é então curto-circuitado e um possível fluxo de cor-
rente através do mesmo poderá danificar outras partes do equipamento. Os capacitores
possuem características de isolamento para tensões que não devem ser excedidas.
A tensão de trabalho de um capacitor é a tensão máxima que pode ser aplicada
sem qualquer perigo de arco. A tensão de trabalho depende:(1) do tipo do material usado
como dielétrico, e (2) da espessura do dielétrico.
As características de tensão de isolamento de capacitores é um fator determinante
da capacitância porque a capacitância diminui com o aumento da espessura do dielé-
trico. Um capacitor para alta tensão, com um espesso dielétrico deve ter uma grande
área de placa para ter a mesma capacitância de um similar que seja isolado para baixa
tensão usando um dielétrico delgado. As características de tensão depende também da
freqüência porque as perdas e os efeitos resultantes do aquecimento aumentam com o
aumento da freqüência.
Um capacitar que pode ser carregado com segurança a 500 volts CC, não pode ser
submetido com segurança às tensões alternadas ou contfuuas pulsantes cujas tensões
eficazes são de 500 volts. Uma tensfo alternada de 500 volts e um capacitar no qual
essa tensão é aplicada deve ter tensão de isolamento de pelo menos 750 volts. O capa-

(1)


• 1(4)
(2)

(3)

(A) Descarregado

r----•
..(2) • \
(3)
c.
Fluxo ./
+
Elétron

(B) Carregado

Fig.ll-5.- Carga no capacitar.

270
citor deverá ser selecionado de maneira que a tensão de trabalho seja pelo menos 50
por cento maior do que a mais alta tensão a ser aplicada no capacitor. A tensão eficaz e
a ação dos capacitares nos circuitos CA são analisadas em um capítulo posterior.

CARGA E DESCARGA DE UM CAPACITOR

Carga
A fim de permitir uma melhor compreensão da ação de um capacitor em con-
junto com outros componentes, a ação de carga e descarga de um circuito capacitivo
puro será analisado inicialmente. Para facilidade de explanaçã"o, o capacitar e a fonte
de tensã"o usados na figura 11-5 serão perfeitos (sem resistência interna etc.) apesar
disso ser impossível de ser obtido na prática.
Na figura 11-5 A um capacitor descarregado está ligado a uma chave de quatro
posições. Com a chave na posição 1 o circuito está aberto e nenhuma tensã"o é aplicada
ao capacitar. Cada placa do capacitor é um corpo neutro e até que uma diferença de
potencial seja aplicada no capacitar não existe campo eletrostático entre as placas.
Para CARREGAR o capacitor, a chave deve ser passada para a posição 2, o que
coloca o capacitar ligado aos terminais da bateria. Sob essas condições, o capacitor
adquire carga total instantaneamente. Entretanto, para fim de análise, a ação de carga
será considerada como se processando em etapas, cobrindo um determinado período de
tempo.
No instante em que a chave é colocada na posição 2 (figura 11-5 B), ocorrerá
um deslocamento de elétrons em todas as partes do circuito. Esse deslocamento é no
sentido de afastamento do terminal negativo para o terminal positivo da fonte. Um
amperímetro ligado em série com a fonte indicará um breve fluxo de corrente conforme
o capacitor adquire carga.
Se fosse possível analisar o movimento individual dos elétrons no surto de cor-
rente de carga, seria observada a seguinte ação (veja figura 11-6). No instante em que a
chave fecha, o terminal positivo da bateria solicita elétrons pelo condutor inferior e o
terminal negativo da bateria libera elétrons no condutor superior. No mesmo instante,
um elétron entra na placa superior do capacitor enquanto outro é forçado a sair da placa
inferior. Assim, em qualquer parte do circuito ocorre um deslocamento de elétrons na
forma de uma reação em cadeia.
Aparece uma diferença de potencial através do capacitar conforme se acumulam
elétrons na placa superior e são retirados elétrons da placa inferior. Cada elétron que
entra na placa superior faz com que a placa fique mais negativa enquanto que os elétrons
removidos da placa inferior fazem com que a placa fique positiva. Observe que a polari-

--e-
/
Elétron

\
+--0--
Fig.11-ó.- Deslocamento do elétron durante
a carga.

271
dade da tensã'o que cresce no capacitor se opõe à tensã'o da fonte. A fonte força o des-
locamento de corrente no circuito da figura 11-6 no sentido horário. A f.e.m. desen-
volvida através do capacitor, entretanto, tende a forçar uma corrente no sentido anti-
horário contrariando a fonte. Conforme o capacitor adquire carga, a tensão cresce até
que se iguala ao valor da tensa-o da fonte. Quando esse ponto é atingido, as duas tensões
se cancelam e cessa o fluxo de corrente no circuito.
No estudo do processo de carga do capaci tor deve ficar claro que NÃO flui cor-
rente através do capacitor. O material entre as placas é um isolante. Para um observador
localizado na fonte ou ao longo dos condutores do circuito, a ação tem toda a aparência
de um fluxo real de corrente mesmo que o material isolante entre as placas seja um ele-
mento interruptor do circuito. A corrente que flui em um circuito capacitivo é deno-
minada CORRENTE DE DESLOCAMENTO.
Para se compreender melhor a ação de carga, um capacitor pode ser comparado
ao sistema mecânico mostrado na figura 11-7. A parte A do diagrama mostra um cilindro
de metal que contém uma membrana flexível de borracha que bloqueia a passagem no
centro. O cilindro é carregado com esferas conforme mostrado. Se uma esfera adicional
for forçada entrando pelo lado esquerdo do tubo, a membrana se distende e uma esfera
é forçada para fora do lado direito do cilindro. Para um observador que nã'o pode ver o
interior do cilindro, a esfera aparentará ter atravessado o cilindro. Para cada bola inserida
no lado esquerdo haverá uma bola liberada no lado direito apesar de nenhuma das bolas
efetivamente atravessar o cilindro. Conforme vão sendo inseridas bolas, vai ficando mais
difícil a operaçã'o devido à tendência da membrana em voltar à sua posiçã'o original.
Se muitas bolas forem forçadas, a membrana se rompe e então qualquer quantidade de
bolas poderá ser inserida, pois elas transitarão livremente pelo interior do cilindro.

Membrana

(A)

Membrana distendida

Esferas
Fig.11-7. - Equivalente mecânico de um
capacitor.

Um efeíto similar ocorre em um capacitor quando é aplicada tensão excessiva.


Se uma quantidade excessiva de tensão é aplicada, o material isolante entre as placas se
rompe, o que permite um fluxo de corrente pelo capacitor. Na maioria dos casos, isso
destrói o capacitor.
Quando um capacitor está totalmente carregado e a tensã'o da fonte é neutralizada
pela f.c.e.m. através do capacitor, o campo eletrostático entre as placas do capacitor será
máximo. Como o campo eletrostático é máximo, a energia armazenada no dielétrico tam-
bém será máxima.

272
Quando a chave abre o circuito, como mostrado na figura 11-8 A, os elétrons na
placa superior ficam isolados. Com a chave na posição 3, o capacitor ficará carregado
indefmidamente. Neste ponto deverá ficar claro que o material dielétrico em um capa-
citar real não é perfeito e uma pequerta corrente de fuga fluirá através ·do dielétrico.
Essa corrente, eventualmente, dissipará a carga. Um capacitar de alta qualidade poderá
man-ter a carga durante meses.
Sumariando, quando um capacitor é ligado a urna fonte de tensão, flui pelo cir-
cuito um surto de corrente. Essa corrente de carga, denominada CORRENTE DE DES-
LOCAMENTO, desenvolve no capacitar urna f.c.e.m. que se opõe à tensão aplicada
pela bateria. Quando o capacitor está totalmente carregado, a f.c.e.m.será igual à tensão
aplicada e a corrente de carga cessa. Com a carga total, o campo eletrostático entre as
placas é de intensidade máxima, sendo máxima a energia armazenada. Se o capacitar
for desligado da fonte, a carga será retida por um longo período de tempo. Á retenção
da carga dependerá da quantidade de corrente de fuga que possa ocorrer. Como um
capacitar pode armazenar energia elétrica, um capacitor carregado pode atuar como
fonte.
(li•

l
-=-lOV
(3) (4)
c
+

(A) Descarregado

111•
• ..
l •
(2)

-=- lOV
(3)

\, I
c
)+
'
(B}Carregado

Fig.11-8. - Descarga do capacitor.

Descarga
Para DESCARREGAR um capacitar, as cargas em ambas as placas deverão ser
neutralizadas. Isso é feito provendo-se um percurso condutor entre as duas placas (figura
11-8 B). Com a chave na posição 4, os elétrons de excesso na placa negativa podem fluir
livremente para a placa positiva e as cargas se neutralizam. Quando o capacitar é descar-
regado, as órbitas distorcidas dos elétrons no dielétrico retomam às suas posições nor-
mais e a energia armazenada retoma ao circuito. É importante observar que um capacitor
não consome energia. A energia que o capacitar drena da fonte é recuperada quando o
capacitar se descarrega.

273
CARGA E DESCARGA DE UM CIRCUITO S RIE RC

A lei de Ohm estabelece que a tensão, através de um resistor, é igual à corrente que
flui no resistor multiplicada pelo seu valor resistivo. Isso quer dizer que urna tensão se
desenvolve através de um resistor SOMENTE QUANDO FLUI CORRENTE no circuito.
Um capacitar é capaz de armazenar ou manter uma carga de elétrons. Quando
descarregado, ambas as placas contêm o mesmo número de elétrons livres. Quando car·
regado, uma das placas contém mais elétrons do que a outra. A diferença no número
de elétrons é a medida de carga do capacitar. O acúmulo de carga cria uma tensão nos
terminais do capacitar e a carga continua a aumentar até que a tensão do capacitar se
iguale à tensão aplicada. A carga em um capacitar, em função da capacitância e tensão
é expressa como segue:

Q = CE {114)

onde Q é a carga em coulomb, C é a capacitância em farad, e E a diferença de potencial


em volt. Assim, quanto maior a tensão, maior é a carga do capacitar. A menos que seja
fornecido um percurso para descarga, o capacitar conservará sua carga indefmidamente.
Qualquer capacitar prático, todavia, tem alguma fuga através do seu dielétrico, de maneira
que a carga gradualmente escapa com o correr do tempo e o capacitar se descarregará.

51

/--:----,
I ld I
+ I Corrente ' I
Es _-=- de t des
'
l --
carga I
---
(A)
Circuito

ec
01......--L_......i._ J

IBJ
Carga
Fig.11·9.- Carga e descarga de um circuito
em série RC.
274
Um divisor de tensão contendo resistência e capacitância pode ser ligado em wn
circuito por meio de uma chave como é mostrado na figura 11-9 A. Tal arranjo chama-se
circuito série RC.
Quando a chave SI é fechada, elétrons fluem no sentido anti-horário em torno
do circuito, passando pela bateria, capacitar e resistor. O fluxo de elétrons cessa quando
C se carrega com o valor da tensão da bateria. No instante em que a corrente começa
a fluir, não há tensão no capacitor e a queda de tensa-o em R é igual ã tensão da bateria.
A;;:orrente inicial de carga, I, é portanto igual a Es/R. A figura 11-9 B mostra que no
instante de fechamento da chave, toda a tensão Es aparece em R e que a tensão através
do capacitor é zero.
O fluxo de corrente no circuito é máxima no instante zero e carrega rapidamente
o capacitor. Em virtude de a tensão no capacitor ser proporcional a sua carga, aparecerá
uma tensão ec através dos terminais do capacitor. Essa tensão se opõe à tensão da bateria.
A tensão er através do resistor é Es -ec, ou seja, igual ã queda de tensão OcR) através
do resistor. Como Es é fixa, ic diminui enquanto ec aumenta.
Esse processo de carga continua até que o capacitar esteja totalmente carregado e
a sua tensão seja igual ã da bateria. Nesse instante, a tensão através de R é zero porque ne-
nhuma corrente está fluindo no circuito. A figura 11-9 (B) mostra a divisão da voltagem
da bateria, Es, entre a resistência e a capacitância em qualquer instante durante o pro-
cesso de carga.·
Quando S2 é fechada (SI aberta) como na figura 11-9 (A), wna corrente de des-
carga id descarregará o capacitar. Em virtude de id ter uma direção oposta a ic, a tensão
através do resistor terá polaridade oposta à polaridade que teve durante o tempo de carga.
Entretanto, essa tensão tem a mesma grandeza e variará da mesma maneira. Durante a
descarga a tensão através do capacitar é igual e oposta â queda de tensão no resistor,
conforme é mostrado na figura 11-9 (C). A tensão cai rapidamente do seu valor inicial
e se aproxima vagarosamente de zero como indicado na figura.

CONSTANTE DE TEMPO RC

O tempo necessário para carregar um capacitor a 63,2 por cento da tensão máxima
ou para descarregá-lo a 36,8 por cento dessa tensão é conhecido como CONSTANTE DE
TEMPO do circuito. Um circuito RC com os seus gráficos de carga e descarga é mostrado
na figura 11-10. O valor da constante de tempo em segundo é igual ao produto da resis-
tência do circuito em ohrns e da capacitância em farads, um conjunto dos quais é dado
na figura 11-10 (A). RC é o símbolo usado para a constante de tempo.
Algumas relações úteis no cálculo da constante RC são dadas abaixo:
R (ohrns) X C (farads) = t.(segundos)
R (Megohrns) X C (p.f) = t (segundos)
R (ohms) X C (p.f) = t (jJ. segundos)
R (megohrns) X C (wf) = t (jJ. segundos)

A constante de tempo pode também ser definida como o tempo requerido para car-
regar ou descarregar um capacitor completamente se ele continuasse a carregar ou des-
carregar na sua razão de variação inicial. Como pode ser visto na figura 11-10 (B), a linha

275
I
l

Carga\,'
,.. 2
+
-=-E
-=.lOOV
Descarga

(A) Carga
ie=10 AMPtRES
emt =O

1001
• X
·Carga "( Descarga ..
90
..,.A ...... 98 99+
r-:'5 1\
80
I
I
"""' r-AA" .I 1 I
70 / \ ec"' E
I J63.2 \ t
60 2,7leRC
e
co 40
50
ec =E(l- 1 _L) 1\.
I
>30 36.8
2.11, eRc,

'
101/
20 I
\

\
r--...

...... 1'-oo..
o 1RC 2RC 3RC 4RC 5RC r Tempo -

10
9
I• 4 (1O mi ss ndos)

8
\
7
\
\ 1
6 lc = ...L
5 \ 2,718 RC
4 l\
1 ,68
3

ic
fi)
2
1
o
" U,35
........... 502 01- Tempo
...,..
r-.-
-<-21 /
-3 /
3.68
-4
-5 I
· E -1
-6 1- 'c=--
R _t_
-7 I
2, leRC
-8 I
-9
li
-10
to tl
276
(
B
)

G
r
á
f
i
c
o
s

d
e

c
a
r
g
a

d
e
s
c
a
r
g
a
Fig.
11-
10
.-
Co
nst
ant
e
de
tem
po
RC.

277
OX pontilhada indica a razão inicial da carga. Nessa razão, o capacitor se carregaria com·
pletamente em RC segundos. Da ,mesma maneira, a linha YZ indica a razão de variação
inicial da descarga. Se fosse mantida essa razão, o capacitor estaria completamente descar·
regado em RC segundos.
A equação para o crescimento da tensão ec através _do capacitor é:

onde ec é a tensão instantânea através do capacitor, E é a tensão aplicada (100 volts no


caso), t é o tempo em segundos, R é a resistência em ohrns, C a capacitância em farads
(0,000001 farad ou pf no caso), e o número 2,718, a base de logaritmo natural. A figura
11-10 (B) mostra o gráfico dessa equação.
Quando t = RC, o expoente t/RC se reduz a 1. Assim:

1
ec = E (1 - 2,718-) = O '632 E
em outras palavras, quando t = RC, ec é igual a 63,2 por cento de E, o valor máximo.
Quando o máximo é 100 volts, a tensão no capacitor cresce até 63,2 volts decorridos
RC segundos, isto é, em 10 rnicrossegundos.
A equação para a corrente de carga é:

O gráfico desta equação é mostrado na figura 11-10 (B). Quando t = RC, ic = 0,368 X
X E/R; isto é , quando t = 10 rnicrossegundos, ic = 0,368 X 100/10 = 3,68 ampêres.

GRÁFICO UNIVERSAL DE CONSf ANTE DE TEMPO

Tendo em vista que, normalmente, a tensão aplicada e os valores de R e C ou R e L


são normalmente conhecidos, pode ser feito um gráfico universal de constante de tempo
(figura 11-11). A curva A é um gráfico da tensão através do capacitor em carga. E, tam-
bém, um gráfico da corrente do indutor e da tensão através do resistor em série com o
indutor na situação de crescimento de corrente. A curva B é um gráfico simultâneo da
descarga de tensão do capacitor, corrente de carga do capacitor, corrente do indutor em
diminuição ou da tensa-o através de um resistor em série com um capacitor em carga. Os
gráficos da tensão e corrente no resistor, e da tensa-o no indutor na descarga, não são
mostrados porque envolveriam valores negativos.
A escala de tempo (escala horizontal) é graduada em função de constante de tempo
RC ou L/R, de maneira que as curvas podem ser usadas para qualquer valor de R e C ou
L e R As escalas de tensão e corrente (escalas verticais) são graduadas em frações da
tensão e corrente máxima de maneira que as curvas podem ser usadas para qualquer valor

278
1,0
.9 \ ..-4 rõ:95 0.,98 .99
"E'
:E .8
\ /
o,8 t:S:
CUrvaA
Tensão no capacitor em carga.
.7 Crescimento da corrente no indutor.
...,
c:
.6
\ {o 632 Crescimento da tensão no resistor

' I
motivada pela corrente do indutr.
i\i v
o
u 1
.,
E .5 [7\ CUrva B
,g Tensão no capaci tor em descarga.
.4 Corrente de carga no capacitor.
"c:'
"'
"O
.3 7 ' 0 ,368 Tensão no indutor pelo
crescimento na corrente.
Redução da corrente no indutor.
,g -
""'
Tensão no resistor motivada
'-"' .2 a corrente de carga no capacitor.
"'
.1
7 O 135 I I

o
1/ 05 0,02 0,01
.25 .5 .75 1 L 2 L 3 L 4 L 5 L
RC ou R RCouR RCou R RCouR RCouR
L
Constantes de tempo: RC ou R
Fig. 11-11.- Grá fico universal de constantes de tempo para circuitos RC e R L.

máximo de tensão ou corrente. Se a constante de tempo e a tensão inicial ou fmal do


circuito em análise são conhecidas, a tensão através das diversas partes do circuito pode
ser obtida das curvas para qualquer tempo após o fechamento da chave e em situações
de carga ou descarga. O mesmo se aplica no que se refere à corrente no circuito.
O problema que se segue ilustra como a carga universal de constante de tempo
pode ser usada.
No projeto de um circuito, necessita-se que um capacitor se carregue a um quinto
(0,2) do valor máximo de uma tensão, em 100 microssegundos (0,0001 segundos). Em
virtude de considerações outras, o valor do resistor deve ser 20000 ohms. Qual deve ser a
capacidade do capacitar?
A curva A é usada para determinar a constante de tempo necessária para dar 0,2 da
voltagem máxima. O tempo é menor do que 0,25 RC, aproximadamente 0,22 RC. Se 0,22
RC deve ser igual a 100 núcrossegundos, um RC completo deve ser igual a 100/0,22 =
= 455 microssegundos ou 0,000455 segundos. Assim:

RC = 0,000455

Substituindo os valores conhecidos e resolvendo para C:

o 000455
c= ' = 0,000000023 f ou 0,023 J.IÍ
20000

278 O gráfico mostrado na figura 11-10 está totalmente correto. A carga ou des-
carga não é completada decorridos 5 RC ou 5 L/R segundos. A rigor, isso só acontece rá
no inrmito, pois em cada RC, o capacitor se carrega ou descarrega de 63,2 por cento
da tensã'o restante. Entretanto, quando os valores se aproximam de 0,99 do valor máximo
(correspondente a 5·RC ou 5 L/R), o gráfico é considerado suficientemente preciso para
a maioria dos casos.

CAPACITORES EM PARALELO E EM Si!RIE

Os capacitores podem ser ligados em série ou em paralelo de maneira a oferecerem


valores capacitivos que podem ser a soma de valores individuais (em paralelo) ou menores
do que o menor dos capacitores (em série).

Capacitores em série
Um circuito com um determinado número de capacitores em série é similar, sob
certos aspectos, a um circuito de resistores em série. Em um circuito capacitivo série, a
mesma CORRENTE DE DESLOCAMENTO flui através de cada parte do circuito e a
tensão aplicada se divide entre os capacitores individualmente.
A figura 11-12 mostra um circuito constituído de uma fonte e dois capacitores
em série. Quando a chave é fechada, flui corrente no sentido indicado pelas setas no dia-
grama. Como há um único percurso para a corrente, a quantidade de corrente de carga
em movimento é a mesma em qualquer ponto do circuito. Essa corrente é de curta dura·
çã'o e fluirá até que a tensão total através dos capacitores será igual à tensão da fonte.
Como a carga (Q) é a mesma em qualquer parte do circuito:

Ot = o. = Q2 = o o o On (11·5)

C= _g_ (114)
E

Q
E=- (11-6)
C

Considerando que a soma das tensões nos capacitores deve ser igual à da fonte
(Lei de Kirchhoff):

(11-7)

---------t.,•---------
I ,, I
I C I
I T I
I 1

+-2
+ :]
I 1

I 1- I
C2

',!' rJ
Fig.11-12.- Circuito capacitivo série.

279
Substituindo a equaçã'o 11-7 em 11-6:

Ot = Ql + Ql + o o o On (11-8)
cl
Como todas as cargas sâ'o iguais (11-5), dividindo cada termo de I1-8 por Ot:
1 1 1 I
-=-+-+
Ct Ct C2
-
... Cn
(11-9)

Tomando a recíproca de ambos os termos:

1
Ct=------- (I1-10)
1 1 I
-+-+
Ct
-
C2 . .. Cn

onde Ct, C 1 etc. sâ'o em farads.


A equaçã'o 11-IO é a equaçâ'o geral usada para computar a capacitância total de
capacitores ligados em série. Observe a semelhança entre essa equação e a empregada
para determinar a resistência equivalente de resistores em paralelo. Se o circuito tiver
apenas dois capacitores, pode ser usada, como nos resistores paralelos, a fórmula do pro-
duto pela soma.

(11-11)

Onde Ct, C 1 etc. são em farads.


Como pode ser deduzido, a capacitância total de capacitores ligados em série será
sempre menor do que a menor capacitância individual.
Exemplo: Determine a capacitância total do circuito série composto de três capaci-
tores de 0,01 Jl[, 0,25 p.f, e 50.000 pf respectivamente.

Dados: C!= 0,01 p.f


C2 = o,25 p.I

c3 = 5o.ooo pf
Solução:
1
Ct= ------ (11-10)
I 1 1
-+-+-
Ct C2 c3
1
1 1 I
- - + ---+ ----
0,01 JlÍ 0,25 p.f 50.000 pf

280
Convertendo para potências de lO,
1
Ct =
1 1 1
- -+
8
+----
1 X 10- 25 X 10"8 8
5 X 10-

Ct =
100 X 106 + 4 X 106 + 20 X 106
1

Ct = 0,008 pf.

A capacitância total de 0,008 pf é ligeiramente menor do que a menor capacitância


(0,01 pf).

Capacitores em paralelo
Quando os capacitores estão ligados em paralelo, uma placa de cada capacitor é
ligada diretamente ao terminal da fonte, enquanto a outra placa de cada capacitor é
ligada ao outro terminal da fonte.

Fig. 11-13.- Circuito capacilivo paralelo.

Na figura 11-13, como todas as placas positivas e negativas dos capacitores estão
ligadas juntas, a capacitância total aparece como sendo um capacitor único com área
de placa igual à soma de todas as áreas das placas individuais. Conforme previamente
mencionado, a capacitância é uma função direta da área das placas. A ligação de capaci-
tores em paralelo efetivamente aumenta a área das placas e, conseqüentemente, a capaci-
tância.
Para os capacitores ligados em paralelo, a carga total é a soma das cargas individuais..

(11-12)

Transpondo (114)

Q=CE (11-13)

Substituindo (11-12) em (11-13)

CtE=C1E+ E+C3E (11-14)

281
Dividindo ambos os termos por E

(11-15)

onde todas as capacitâncias são na mesma unidade.


Exemplo: Detennine a capacitância total de um circuito paralelo composto de três
capacitores de 0,03 pf, 2 pf, e 0,25 pf.

Solução:
Ct =c. + c2 + c3 (11-14)
Ct = 0,03 + 2 + 0,25
Ct = 2,28 pf

Configuração série-paralelo
Se os capacitores são ligados na forma de uma combinação série e paralelo, a capaci-
tância total é detenninada pela aplicação das equações (11-10) e (11-14) aos respectivos
ramos.

Cl C2
( I
Ramol

I
I
I
I
I I
I
1-------------.....1------------ _ _...
1,

·'cr

Fig. 11 14.- Configuração capacitiva série·


paralelo.

Exemplo:Determine a capacitância total do circuito da figura 11-14.

Dados: C 1 = 0,06 pf c4 = o,oo5 pf


C2 = o,oo2 pf Cs = 0,001 pf
c3 = 3 pf Ct = ?

Solução:Simplifique o circuito separando os ramais.

282
RAMO 1 -Consiste da combinação série de C 1 e C2 •

C 1 X C2
Ramo 1: Ct 1 = (11-11)
Ct +C2
0,6 X 0,002
Ct 1 =
0,6 +0,002
0,00012
Ctt =
0,062

Ct 1 = 0,00193 J.LÍ

RAMO 2 -Consiste da combinação série-paralelo. Resolva para determinar a capaci-


tância do ramo 2 apenas. A capacitância equivalente (Ceq) da combinação paralela de
C4 e Cs deve ser determinada inicialmente pelo uso da equação (11-14) para configura-
ção paralela.

Ceq = C4 + Cs
Ceq = 0,005 + 0,001

Ceq. = 0,006 J.LÍ

O ramo 2 ficou agora reduzido a um equivalente série consistindo de C3 e as capacitâncias


equivalentes de C4 e C5 •
O circuito da figura 11-14 ficou consideravelmente simplificado e aparece como
mostrado na figura 11-15. Para ilustrar o emprego do método da recíproca, a çapacitância
total do ramo 2 é determinado a seguir usando a equação (11-10).

1
Ctz = -----
1 1
- +-.
c3 Ceq
1
Ct2 = - -- - -
1 1
-+ - ·-
3 0,006
1
Ct2 = 0,333 + 166,666

Ct2 = 0,00598 J.LÍ

NOTA: A equação (11-11) poderia também ser empregada para resolver o problema.
O problema ficou reduzido agora a uma simples combinaç!oparalela que consiste de

283
Ct 1 (capacitância du tamo 1) e Ct2 (capacitância do ramo 2). A eq ação (11·15) é em
seguida émpregada pata.determinar a capacitância total do circuito original.

Ct = Ct 1 + Ct2
Ct = 0,00193 + 0,00598

Ct = 0,00791 JJÍ
CTl = 0,00193pf

Ramo 1

Fig. 11 15.- ConfJgUraçãcr


capacitiva série-paralelo C3= 3.111 Ceg
simplificada. ( I
I
Ramo2 0,006_11f
I I
I I
1 Cr 1
I
L-------------•.f,.----- ---------·
I :

PERDA NOS CAPACITORES

As perdas que ocorrem nos capacitores podem ser atribuídas à fuga dielétrica
ou à histerese dielétrica. A histerese dielétrica pode ser definida como o efeito em um
material dielétrico semelhante à histerese nos materiais magnétic. É o resultado das
variações na orientação dos elétrons orbitais no dielétrico em virtude da inversão rápida
de polaridade da tensão. A quantidade de perda devido à histerese depende do tipo do
dielétrico usado. O vácuo revela ser o dielétrico que apresenta menor perda dielétrica
por histerese.
A fuga dielétrica ocorre em um capacitor como resultado da passagem de corrente
através do dielétrico. Normalmente, o material dielétrico impede efetivamente a passa-
gem de fluxo através do capacitor. Entretanto, apesar de a resistência do dielétrico ser
extremamente alta, uma pequenina quantidade de corrente fluirá. Comumente, essa
corrente será tã"o pequena que para todos os efeitos práticos é considerada como incon·
seqüente. Todavia, se a fuga através do dielétrico for normalmente alta, haverá uma perda
na carga e um superaquecimento no capacitor.
O fator de potência de um capacitor é determinado pela perda dielétrica. Se as
perdas sã'o mínimas e se o capacitor retoma à carga total ao circuito, ele é considerado
como um capacitor perfeito com fator de potência zero. Por isso, o fator de potência
de um capacitor é uma medida da sua eficiência.

TIPOS DE CAPACITORES

Capacitores fixos
Os capacitores fixos sã'o construídos de maneira tal que possuem um valor fixo
de capacitância que não pode ser ajustada. Eles podem ser classificados de acordo com
o tipo do material usado como dielétrico, tal como papel, óleo, mica e eletrolítico.
Um CAPACITOR DE PAPEL usa papel como dielétrico. Consiste de duas ftnas

284
lâminas de metal flexíveis separadas por um material dielétrico na forma de papel reves-
tido com cera. Os capacitores de papel comumente cobrem os valores entre 300 pico-
farads até 4 microfarads. Normalmente, a tensfo limite através das placas raramente exce-
Os
danosos da umidade e impedir corrosfo e fuga.
Há coberturas de diversos tipos para os capacitores de papel, sendo a mais simples
a que consiste de um tubo de papelão. Alguns tipos são embalados em um molde plás-
tico de grande resistência. Esses tipos sfo bastante fortes e suportam uma maior varia-
ção de temperatura do que os envolvidos em tubo de papelão. A figura 11-16 A mostra
as características de construção de .um capacitor tubular de papel. A parte B mostra um
capacitor como produto acabado.
O CAPACITOR DE MICA é feito de lâminas metálicas separadas por folhas de mica
como dielétrico. O conjunto é coberto por plástico moldado. A figura 11-17 A mostra
uma vista em corte de um capacitor de mica. A moldagem do capacitor em plástico o
protege da corrosão e avaiias das placas e do dielétrico, tornando os capacitores mecanica-
mente mais fortes. Vários tipos de terminais sfo usados para ligar os capacitores de mica
aos circuitos.
A mica é um excelente dielétrico e suporta maiores tensões do que o papel para-
finado. Os valores comuns para capacitores de mica variam entre 50 p.p.f até 0,02 pf.
Alguns capacitores de mica são mostr dos na figura 11-17 B. .
Um CAPACITOR DE CERÂMICA é assim denoptinado porque usa cerâmica como
dielétrico. Um dos tipos emprega um cilindro oco de cerâmica que serve como forma na
qual é montado o capacitor e serve também como material dielétrico. As placas consis-
tem de uma fma camada de metal depositado sobre o cilindro de cerâmica.
Mica
Isolamento Lâmina

Envoltório de
plástico
(A)

(8)
(8)
Fig. 11-16.- Capacitor de papel. Fig.11-17. - Capacitores de mica.

285
Um outro tipo de capacitor de cerâmica é fabócado na forma de um disco. Após
serem afixados os tenninais de saída, o capacitor é completamente coberto com uma
camada isolante à prova de umidade. Os capacitores de cerâmica cobrem a faixa entre
1 picofarad e 0,01 microfarad e podem ser usados sob tensões tão altas como 30.000
volts. Alguns capacitores desse tipo slo mostrados na figura 11-18.
Os CAPACITORES ELETROLÍTICOS s[o usados onde se requer um elemento de
grande capacidade. Como o nome esclarece, os capacitares eletrolítioos contêm um ele-
trólito. Esse eletrólito pode ser na forma de um líquido (capacitor de eletrólito líquido)
ou uma pasta (capacitor de eletrólito seco). Os capacitores líquidos n[o s[o mais empre-
gados devido ao cuidado exigido para evitar respingos do eletrólito.

f ·o

Fig. 11-18. - Capacitares de cerâmica

Os capacitores de eletrólito seco consistem essencialmente de duas lâminas de


metal entre as quais é colocado o eletrólito. Na maioria dos casos, o capacitor é alojado
em um cilindro de alumfuio que age como tenninal negativo do capacitor (figura 11-19).
O tenninal positivo (ou tenninais se o capacitor for do tipo múltiplo) é na forma de uma
haste tenninal na boca do cilindro. A capacidade e as tensões de trabalho e de isolamento
do capacitor geralmente vêm impressas no lado externo do cilindro de alumínio.
Como exemplo, a montagem de um capacitor eletrolítico é mostrada na figura
11-19. O contentor cilfudrico de alumfuio, envolve, normalmente, quatro capacitores.
Cada seç«o do capacitor é eletricamente independente e uma seção poderá estar boa e
uma outra defeituosa. O contentor cilfudrico é a ligação negativa comum para os ter-
minais positivos separados e marcados por símbolos, conforme mostrado na figura nú-
mero 11-19. As marcas mais comuns de identificação são a meia-lua, um triângulo, um

Papel e
eletróüto
Fig. 11-19.- Capacitor eletrolítico.

286
quadrado e um terminal sem identificação. Observando as marcas e as respectivas informa-
ções impressas, o técnico pode facilmente identificar cada seção. Internamente, o capaci-
tor eletrolítico é construído de maneira semelhante ao capacitor de papel. As placas
positivas consistem de lâminas de alumfuio cobertas com uma fma camada de óxido
que é formada por um processo eletroquímico. Essa fina camada de óxido atua como
o dielétrico do capacitor. Próximo, e em contato com o óxido, é colocada uma tira de
papel impregnada com uma pasta eletrolítica. O eletrólito atua como placa negativa
do capacitor. Uma segunda lâmina de alumfuio é em seguida aplicada de encontro ao
eletrólito para permitir contato elétrico para o eletrodo negativo (eletrólito). Com as
três camadas em contato, o conjunto é enrolado e colocado em um cilindro conforme
mostrado na figura 11-19.
Os capacitares eletrolíticos apresentam duas desvantagens. Eles são POLARIZA-
DOS e têm BAIXA RESIST NCIA DE FUGA. Se a placa positiva for acidentalmente
ligada a um terminal de fonte negativa, a fina camada de óxido se dissolve e o capacitor
se toma um franco condutor. A polaridade dos terminais é normalmente marcada no
contentor. Como os capacitores eletrolíticos são polarizados, o seu emprego se limita
aos circuitos CC ou circuitos onde uma pequena tensão CA fica superposta a uma ten-
são CC. Há capacitores eletrolíticos especiais disponíveis para certas aplicações em cir-
cuitos CA, tais como capacitores de partida para os motores CA. Os capacitores eletrolí-
ticos cobrem a faixa de 4 microfarads até diversos milhares de microfarads com uma
tenslfo limite de aproximadamente 500 volts.
O tipo de dielétrico usado e a sua espessura determinam a quantidade de tensão
que poderá, com segurança, ser aplicada ao capacitar. Se a tensão aplicada for sufici-
entemente alta para ionizar os átomos do material dielétrico, ocorre um arco entre as
placas. Se o capacitor nfo se recuperar, a sua eficácia estará comprometida. A tensão
máxima de um capacitar é denominada de TENSÃO DE TRABALHO e é indicada no
corpo do capacitor. A tensão de trabalho de um capacitar é determinada pelo tipo e
espessura do dielétrico. Se a espessura for aumentada, a distância entre as placas aumenta,
aumentando o valor de tensão que pode ser aplicado. Qualquer variação na distância
entre as placas causa uma variação na capacidade de um capacitor. Em virtude da possi-
bilidade da ocorrência de um surto de tensão (impulsos breves de grande amplitude),
deve ser considerada uma margem de segurança entre a tensão do circuito e a tensão de
trabalho do capacitor. A tensão de trabalho deve ser sempre maior do que a mais alta
tensão que possa ocorrer no circ to.
Os CAPACITORES DE ÚLEO slfo freqüentemente empregados em radiotrans-
missores onde se deseja alta potência de saída. Os capacitores de óleo são nada mais
que capacitares de papel imersos em óleo. O papel impregnado de óleo apresenta uma
alta constante dielétrica, o que permite a produção de capacitores com alto valor capa-
citivo. Muitos capacitores usam óleo com outro material dielétrico para evitar arco
entre as placas. Se ocorrer um arco entre as placas de um capacitor cheio de óleo, o
óleo tende a selar o buraco provocado pelo arco. Esse tipo de capacitor é comumente
denominado de capacitar auto-recupE;rável.

Capacitores variáveis
Capacitares variáveis são construídos de maneira que os seus valores de capaci-
tância podem ser variados. Um capacitor variável típico é o do tipo rotoHstator. Con-
siste de dois conjuntos de placas de metal arranjados de maneira que o conjunto móvel
do rotor se encaixe entre as placas do estator. Com a mudança da posição das placas

288
do rotor, o valor da capacitância é variado. Este é o tipo de capacitor comumente usado
para sintonia dos rádios-receptores (figura 11-20). Outro tipo de capacitor variável é o
"trimmer" mostrado na figura 11-21. Consiste de duas placas separadas por uma folha de
mica. Um parafuso de ajustagem é usado para variar a distância entre as placas variando,
dessa maneira, a capacitância.

Dielétrico
de mica

*- Símbolo Símbolo

Fig. 11-20. - Capacitar variável tipo rotor·estator. Fig. 11-21. - Capacitar trimmer.

CÓDIGO DE CORES PARA OS CAPACITORES

Apesar de o valor do capacitot poder ser indicado de maneira impressa no corpo


do capacitor, a maioria dos valores capacitivos é indicada pelo uso de um código de
cores. As cores usadas para representar os valores numéricos de um capacitor são as mes-
mas usadas para identificar os valores de resistência nos resistores. Há dois sistemas de
codificação por cor presentemente em uso. A Joint Army Navy (JAN) e o Radio Manu-
facture's Association (RMA).
Em cada um dos sistemas é usado uma série de pontos coloridos (ou faixas) para
identificar o valor de capacitância. Os capacitares de mica são marcados com três ou
seis pontos. Ambos os sistemas são similares, mas o sistema que adota seis marcas con-
tém mais informações a respeito do capacitor, tal como tensão de trabalho, coeficiente
de temperatura etc. Os capacitares são fabricados em vários tamanhos e formatos. Alguns
são pequenos e tubulares como os resistores e outros são moldados na forma retangular.
Uma explanação dos códigos dos capacitores é fornecida no apêndice IV.

APLICAÇÃO DOS CAPACITORES

Os capacitares são empregados de diversas maneiras nos equipamentos e circuitos


eletrônicos. Algumas das aplicações mais comuns são no bloqueio de CC, filtragem e
supressão de centelhamento.
O capacitar de bloqueio da figura 11-22 é usado em um circuito onde estão pre-
sentes, ao mesmo tempo, CC e CA e é necessário permitir a passagem da componente
alternada e bloquear a componente contínua. Isso pode ser feito usando-se um capacitar

287
de bloqueio conforme mostrado na figura. O capacitar C no diagrama permite a passa-
gem da corrente alternada e bloqueia o fluxo de corrente contfuua.
O capacitar de filtro mostrado na figura 11-23 é empregado para manter uma
tensã'o CC sem flutuações filtrando ou removendo a componente alternada ou tensão
de flutuação pela ação do capacitar em se opor a qualquer variação na tensão. Os ca-
pacitares de filtro são comumente empregados para filtrar as tensões nas fontes de ali-
mentação.

CA e CC Somente CA CR
_-_-_-:..-:.::.::::;_t>_ .,._-1( - - --jt>
Alimen-
c tação de c Carga
R
CA
R

Fig.11-22.- Capacitar de bloqueio. Fig. 11-23.- Capacitar de fJ.Jtro em uma fonte


de alimentação.

A supressão de centelhamento é obtida colocando-se um capacitar através dos con-


tatos do relé ou outro ponto qualquer sujeito a uma centelha elétrica pela abertura ou
fechamento do circuito. O capacitar minirniza os efeitos da centelha e aumenta a vida
útil dos contatos dos relés ou chaves. O capacitar do distribuidor em umistema de
ignição de automóvel é um exemplo típico.

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1BHJOB FN #SBODP

289
Cap(tulo 12

Reatância Indutiva e Capacitiva

REATÁNCIA INDliTIVA

A oposição que uma indutância oferece à variação de corrente foi denominada,


no capítulo 10, tensão auto-induzida ou f.c.e.m. e é medida em volts. Entretanto, a
oposição ao fluxo de corrente é uma forma de resistência e deve ser medida em ohms
e não em volts. Como a bobina reage às variações de corrente gerando uma f.c.e.m.,
diz-se que ela é reativa. A oposição oferecida por uma bobina é por isso conhecida como
reatância (X) e é medida em ohms. Tendo em vista o fato de existir mais do que um tipo
de reatância, é acrescentado um L para identificar uma REATÂNCIA INDliTIVA. Assim, a
oposição que uma bobina apresenta à corrente alternada é denominada reatância indu-
tiva e identificada como XL.

Fatores que afetam a reat&tcia indutiva


No capítulo 9, foi mostrado que quando uma tensão alternada é aplicada em um
indutor, ele reage de maneira a se opor ao fluxo da corrente. Essa oposição à passagem
da corrente alternada oferecida pelo indutor é denominada reatância indutiva. A oposição
que a bobina oferece 'depende da grandeza da tensão auto-induzida (Emd). O valor eficaz
dessa tensão auto-induzida ou força contra-eletromotriz é medida em volts, e é expressa
matematicamente como:

Eind = 21TfLI
onde 211' é urna constante, I é a corrente eficaz em amperes, L é a indutância em henry
e f a freqüência em hertz. A tensão induzida varia diretamente com a freqüência, com
a indutância e com a corrente.
A oposiçâ'o à passagem da corrente oferecida pelo indutor defme a sua reatância
indutiva. Essa reatância é expressa como sendo a relação entre a f.c.e.m. que se desen-
volve no indutor e a corrente que nele flui. XL = Eind/1 oferecida pelo indutor à pas-
sagem da corrente; Eind é a f.c.e.m. em volts, e I é a corrente no indutor, em amperes.
Supondo-se que a forma de onda da tensão ou da corrente seja a de uma senóide, a rea-
tância indutiva XL, em ohms, é expressa como:

XL= 21TfL

Como a reatância indutiva de uma bobina e a f.c.e.m. são correlatas, qualquer


influência sobre uma afeta também a outra. Já foi demonstrado que a f.c.e.m. em uma
bobina depende da sua indutância e da razão de variaçâ'o do fluxo que envolve a mesma.
Conseqüentemente, a reatância indutiva deve também ser afetada pelas mesmas influ-

291
ências. A razão de variação do fluxo, por unidade de tempo, depende da freqüência da
corrente no indutor. O fluxo varia mais rapidamente em altas freqüências do que em
baixas freqüências. Do exposto pode ser observado que a reatância indutiva de uma
bobina depende principalmente: (1) da INDUTÂNCIA e (2) da FREQU:f.NCIA da cor-
rente que flui na bobina.
Se a freqüência ou a indutância varia, a reatância também varia. A indutância de
uma bobina não se modifica apreciavelmente após a sua fabricação a menos que seja
uma indutância variável. Assim, a freqüência é, geralmente , o futico fator variável que
afeta a reatância indutiva de uma bobina. A reatância indutiva de uma bobina varia
diretamente com a freqüência aplicada.

POT:f.NCIA NO CffiCUITO INDUTIVO

A potência, em um circuito CC, é igual ao produto de volts por ampêres, mas, em


um circuito CA, isso só é verdade quando a carga é puramente resistiva, isto é, quando
não há componente reativo.
Em um circuito puramente indutivo, a potência verdadeira é zero (fig. 12-1). No
circuito puramente indutivo, a corrente se atrasa de 90° em relação à tensão aplicada.
A POT:f.NCIA VERDADEIRA é a potência média que realmente é consumida no circuito,
sendo que a média é tomada de um ciclo completo da corrente alternada. A POT:f.NCIA
APARENTE é o produto da tensão eficaz. Assim, na figura 12-1 (A), a potência aparente
é 100 X 10 = 1000 volt-ampêres. Entretanto, a potência absorvida pela bobina durante
o tempo que a corrente está crescendo (figura 12-1 (B)), é restituída à fonte durante o
tempo em que a corrente está decrescendo, de modo que a potência média conswnida é
zero.
O produto dos valores instantâneos da corrente e da tensão produz a curva P de
potência com freqüência dobrada mostrada na figura 12-1 (B). As áreas sombreadas
dessa curva localizadas acima do eixo X representam energia positiva e as áreas sombrea-
das abaixo do eixo representam energia negativa.
A corrente é negativa e descendente entre 0° e 90°, o campo magnético está em
colapso e a energia no campo está sendo restituída à fonte (energia negativa). O produto
de corrente negativa com tensão positiva resulta em um valor de potência negativa.
Entre 90° e 180° a corrente é positiva e ascendente. Durante esse tempo, a energia
da fonte está sendo armazenada no campo magnético crescente (energia positiva). O pro-
duto de corrente e tensão positiva é igual .à potência positiva.
Entre 180° e 270° a corrente é positiva e descendente. Novamente a energia está
sendo restituída ã fonte. O produto de corrente positiva e tensão negativa resulta em
potência negativa.
Entre 270° e 360° a corrente é negativa e ascendente. Energia (positiva) está sendo
fornecida pela fonte e sendo armazenada no campo magnético. O produto da corrente
negativa e da tensão negativa resulta em potência positiva.
Assim, quando a corrente está crescendo, a fonte fornece potência que é armaze-
nada no campo magnético. Quando a corrente está decrescendo, a potência armazenada é
devolvida ao circuito com o colapso do campo magnético. No circuito puramente
indutivo teórico mostrado na figura 12-1, a energia fornecida à carga pela fonte é igual
à potência restituída. Assim, a potência média (potência verdadeira) é zero.
A relação entre a potência verdadeira e a potência aparente em um circuito CA é
conhecida como FATOR DE POTÊNCIA. O fator de potência pode ser expresso nas for-

292
1= 10 AMPtRES
+E
+1
+P
L
-t (f)
::;;
ô
f\.; E=IOOV

_l Q
'J
X

Circuito Cwva senoidal


(A) (B)

Fig.12-1.- Potência em um circuito indutivo.

mas de percentagem ou de decimal. No indutor da figura 12-1 (A), o fator de potência é·


0/1000 = O. O fator de potência é também igual ao co-seno de 8, onde 8 é o ângulo de
fase entre a corrente e a tensã"o. O ângulo de fase entre E e I no indutor é 8 = 90°. Assimb
o fator de potência de um indutor, com perdas desprezíveis, é igual ao co-seno de 90
ou O. A potência aparente em um circuito puramente indutivo é chamada POttNCIA
REATIVA. A unidade de potência reativa é chamada VAR. A unidade é derivada das
primeiras letras das palavras volt-ampêre-reatívo.

Resistência no circuito CA
Em um circuito puramente resistivo, a corrente e a tensã"o estão sempre em fase
(8 = 0°). Veja a figura 12-2. A potência ve.rdadeira dissipada na forma de calor em um
resistor nos circuitos CA quando sã"o aplicadas tensões e correntes com forma de onda
I
+E 2000
I= IOAMPtRES +I
+P

--,- (f)
:E
%:
o
G

rv L E•lOO V o
....
a"::

-E
-1
-P
(A) (B}
Fig.12-2. - Relação entre E, 1e P em um circuito resistivo.

293
senoidal é igual ao produto da tensão e corrente eficazes. No circuito da figura 12·2 (A),
a potência absorvida pelo resistor é P = EI = 100 X 10 = 1000 watts. O produto dos
valores instantâneos de tensfo e corrente (figura 12-2 B) resulta na curva de potência, P,
o eixo da qual se desloca para a parte superior do eixo X de urna quantidade que é pro-
porcional a 1000 watts.
A potência verdadeira é:

p= Emax X Imax Emax Imax


2
= ..J2 = ..J2 = Eeflef
O fator de potência de um circuito resistivo é: co-seno 0° = 1 ou 100 por cento.
A potência aparente em um resistor é também igual à potência verdadeira. A potência
reativa em um circuito resistivo é zero.

Resistência e reatância indutiva em série


Em virtude de qualquer indutor prático ter que ser enrolado com fio que apre-
senta sempre alguma resistência, não é possível se obter urna indutância pura. A resis-
tência da bobina pode ser considerada como um resistor separado, R, em série com
um indutor L que é uma indutância pura e contém somente reatância indutiva (figura
12-3 A). A resistência no exemplo foi deliberadamente exagerada a fim de ter a mesma
grandeza da reatância indutiva para facilitar a solução trigonométrica.
Se uma corrente alternada 10 flui em um indutor, ocorre no resistor e no indutor
uma queda de tensão. A tensão Er através do resistor está em fase com a corrente, e a
queda de tensão EL, através do indutor.avança sobre a corrente de um ângulo igual a 90°
(figura 12·3 B). No exemplo, a tensão do resistor é 50 volts e a tensão através do indutor
é 86,6 volts. Estas duas tensões estão 90° defasadas como indicado na figura. A tensão
R

(A)

( 8) (c)

Fig.12·3.- Resistência e reatância indutiva


em série.

294
aplicada Eo é a hipotenusa de um triângulo retângulo cujos lados são 50 e 86,6 volts
respectivamente. Assim,

E0 = .J 502 + 86,62 = 100 volts


As curvas senoidais da corrente 10, da tensa-o aplicada, E0 , da tensão através da bobina,
EL, e da tensã'o Er através do resistor sã'o mostradas na figura 12-3 (C).

Irnpedânáa
lmpedância é a oposição total ao fluxo de uma corrente alternada em um circuito
que contenha resistência e reatância. No caso de indutância pura, a reatância indutiva,
XL, é a oposiçã'o única e total ao fluxo de corrente. No caso de urna resistência pura,
R representará a oposição total. A oposição combinada de R e XL em série ou em para-
lelo à circulação da corrente é chamada IMPEDÂNCIA. O símbolo para impedância é Z.
A impedâÍlcia de resistência em série com indutância é expressa matematicamente
como:

onde Z, R e XL são respectivamente a hipotenusa, base e altura do triângulo retângulo


onde : co-seno 8 = R/Z, seno 8 = XLfZ, e tangente 8 = XLfR. Como mencionado previa-
mente , o co-seno de 8 é igual ao fator de potência do circuito; o seno de 8 é conhecido
como fator reativo; a tangente de 8 se refere à qualidade ou Q de um circuito ou compo-
nente de um circuito. Cabe nesta altura do curso, uma recordação das funções trigono-
métricas. Essas funções, incluindo seno, co-seno e tangente dos ângulos entre 0° e 90°,
são dadas no Apêndice VIII no final do livro.

Potênáa em um circuito série contendo R e XL


A potência verdadeira de qualquer circuito é o produto da tensão aplicada, da
corrente no circuito e do co-seno do ângulo de fase entre a tensão e a corrente. Assim,
na figura 124, a potência verdadeira é: P = EI cos 8 = 100 X 7,07 (cos 45° =0,707)=
= 500watts.
1•7. 07
AMPE;RES
"::0:IE' +I
E
o +P

----, .
o
..
..J
X
I
f\.; E •lOO V.
I
I ":E'
j_ : 0:
o
-
o
o":

-I I
(A)
:. (B)
Fig.12-4. - Potência em um circuito L e R e m série.

295
A curva de potência (figura 124 B) está situada parte acima e parte abaixo do
eixo X. A parte acima do eixo representa a quantidade de potência verdadeira dissipada
no circuito, EI cos 8. A potência aparente no circuito é:100 X 7,07 = 707 volt-ampêres.
O fator de potência é:
potência verdadeira 500
cos 8 = • na.a aparente = 707 = o,707 = 70,7%
pote

A potência reativa do circuito L-R é o produto de EI seno 8, onde seno 8 é o fator


reativo. Assim, a potência reativa é: 100 X 7,07 (seno 45° = 0,707) = 500 VARS (em
atraso).

Sumário das relações entre E, Z e P nos circuitos L - R


As relações entre tensa-o impedância e potência em um circuito série L-R quando
a fonna de onda é senoidal é sumariada na figura 12-5. No exemplo, o circuito é com-
posto de um resistor com 12 ohms de resistência em série com uma reatância de 16 ohms
(figura 12-5 A). As relações de fase entre a tensão aplicada, a tensão no resistor R, e a
tensão na indutância L, são mostradas na figura 12-5 (B). A queda de tensã'o I X R através
de R é:5 X 12 = 60 volts e forma a base do triângulo retângulo. A altura do triângulo é a
queda IXL, ou seja, 5 X 16 = 80 volts através de L. A tensão aplicada representa a soma
vetorial das quedas IR e IXL e é a lúpotenusa do triângulo. Sua grandeza é 100 volts.
Todas as tensões consideradas são eficazes.
A relação entre resistência, reatância indutiva e impedância é mostrada pelos vetores
da figura 12-5 (C). A resistência de 12 ohrns faz a base do triângulo. A altura do triângulo

5 AMPERES

60\1
R
12Jl

....0
80\1
L
..o- 1X,•80V
1611
9•531'
o
lR •60\I
Circuito Tensão
(A)
(B)

., "' l1XI.'400 VARS.


·"'
'\. 0'>'.
X,•l61l
00

9 • 53 ,.
o o
R•IZ Jl I"R• 300 W
lmpedância Potência
(C) (D)

Fig. 12-S.- Relação entre E, Z e P em um cir-


cuito LR em série.

296
é representada pela reatância indutiva da bobina e tem uma grandeza de 16 oluns. A impe-
dância combinada do circuito é:

Neste triângulo, o co-seno de 8 é igual a R{ Z. Logo, co-seno 8 = 12/20 = 0,6 onde 8 =


= 53,1°.
A relação entre a potência aparente, verdadeira e reativa é mostrada na figura 12-5
(D). A hipotenusa representa a potência aparente e é igual a EI, ou seja, 100 X 5 = 500
volt-ampêres. A base representa a potência verdadeira e é igual a EI cos 8, ou 100 X 5 X
X 0,6 = 300 watts, onde 0,6 = co-seno 53,1°. A altura representa a potência reativa e é
igual a EI seno 8 , ou 100 X 5 X 0,8 = 400 VARS, onde 0,8 = seno 53,1o .
Em todos os três diagramas vetoriais os triângulos retângulos são semelliantes. A
corrente, fator comum, toma proporcional seus lados correspondentes. Assim, o triân-
gulo de tensão da figura 12-5 (B), é obtido multiplicando-se por 1 os lados correspon-
dentes do triângulo de irnpedância da figura 12-5 (C). A hipotenusa é igual à tensão
aplicada, ou seja, IZ = 5 X 20 = I 00 volts. A base é igual à tensão em R, ou IR = 5 X 12 =
= 60 volts. A altura é igual à tensão em L, ou seja, IXL = 5 X 16 = 80 volts.
A multiplicaçlro por 1 dos lados correspondentes do triângulo de tensão nos dá o
triângulo de potência da figura 12-5 (D). A hipotenusa é IZ vezes I, ou rz
2
=52 X 20 =
2
= 500 volt-ampêres, de potência aparente. A base é IR vezes 1, ou 1 R =5 X 12 = 300
watts de potência verdadeira, a altura é IXL vezes 1, ou 12 XL =52 X 16 = 400 VARS de
potência reativa.
Nos três diagramas vetoriais, o fator de potência do circuito é igual às seguintes
relações:
No diagrama de tensão:
IR 60
cos8= -= --=06
IZ 100 '
No diagrama de irnpedância:
R 12
cos8 = = -= 06
z 20 '
No diagrama de potência:
12 R 300
cos 8 = --
2
= -- = o 6
I Z 500 '

Nos três diagramas, 8 = 53,1o e o fator de potência é 60 por cento.

REATÁNCIA CAPACITIVA

A capacitância foi definida no capítulo 11 como sendo a qualidade de um circuito


em armazenar energia no seu campo elétrico. O capacitor é um dispositivo que possui a
qualidade denominada capacitância. Na sua fonna mais simples, como já foi mostrado,

297
ele consiste de duas placas metálicas paralelas separadas por um isolante denominado
DIEL TRICO. O campo elétrico consiste de linhas de força elétricas paralelas que par-
tindo de uma carga negativa em uma das placas, terminam em uma carga positiva na
outra. As cargas positivas e negativas nas placas estabelecem o campo elétrico através
do dielétrico porque este evita que essas cargas se neutralizem.

Fluxo de corrente em um circuito capacitivo


Um capacitar que está inicialmente descarregado, tende a drenar uma grande quan-
tidade de corrente quando lhe é aplicada uma tensão CC.
Durante o período de carga, a tensão no capacitar aumenta. Após o recebimento de
carga suficiente, a tensão do capacitar se iguala à tensão de fonte e o fluxo de corrente
cessa. Se uma onda de tensão CA senoidal for aplicada em uma capacitância pura a cor-
rente é máxima quando a tensão começa a aumentar a partir de zero e a corrente é zero
quando a tensão através do capacitar é máxima (figura 12-6 A). A corrente avança sobre
a tensão aplicada de 90° conforme é indicado no diagrama vetorial da figura 12-6 (B).

(B}

Fig.12.- Relação de fase entre a tensão e a


corrente em um circuito capaci tivo.

Fatores que controlam a corrente de carga


Em virtude de um capacitar de grande capacitância poder armazenar mais energia
do que um capacitar de menor capacitância, fluirá maior corrente para carregar um capa-
citar maior do que para carregar um capacitar menor, considerando o mesmo intervalo
de tempo, em ambos os casos. Em virtude ainda do fluxo de corrente depender da razão
de variação de carga e descarga, quanto maior for a freqüência, maior será a corrente por
unidade de tempo.
A corrente de carga em um circuito puramente capacitivo varia diretamente com
a capacitância, com a tensão e com a freqüência:

I = 27TfCE

onde I é a corrente em amperes, f é a freqüência em hertz, C a capacitância em farads e


E a tensão CA em volts eficazes.

298
Fórmula para a reatância capacitiva
A relação entre a tensão e a corrente eficaz no capacitor é denominada REATÂN-
CIA CAPACITIVA, Xc, e representa a oposição ao fluxo de corrente em um circuito
capacitivo com zero perdas
1
X=--
c 2rrfC

on de f é a freqüência em hertz, C a capacitância em farads e Xc a reatância capacitiva


em ohms.
Exemplo: Qual a reatância capacitiva de um capacitor que opera na freqüência de
60 hertz e tem urna capacitância de 133 J..Lf(microfarads) ou 1,33 X 10-4 f ?

1 1
Xc =- -= = 20ohms
2rrfC 6,28 X 69 X I ,33 X 10-4

Potência no circuito capacitivo


Sem tensão aplicada no capacitor, os elétrons do dielétrico localizado entre as pla-
cas do capaci tor giram em tomo dos seus núcleos respectivos em órbita circular normal.
Quando o capacitor recebe urna carga, a placa positiva repele o núcleo positivo e, ao mes-
mo tempo, os elétrons no dielétrico são pressionados para a placa por solicitação desta
e por repulsão da placa negativa. Isso distorce a órbita dos elétrons na direção da carga
positiva. Durante o ternpo em que as órbitas estão sendo alteradas, levadas da sua posi-
ção normal para a posição distorcida, há um movimento de elétrons em direção da carga
positiva. Esse movimento constitui a chamada CORRENTE DE DESLOCAMENTO no
dielétrico. Quando a polaridade das placas é invertida, a pressão sobre os elétrons é tam-
bém invertida. Se uma onda senoidal de tensão for aplicada no capacitor, os elétrons
oscilarão para frente e para trás em direção paralela às linhas de força do campo eletros-
tático. A CORRENTE DE DESLOCAMENTO é o resultado do deslocamento de elétrons
presos aos seus núcleos e a CORRENTE DE CONDUÇÃO representa o movimento de
elétrons livres.
A figura 12-7 (A) mostra um circuito capacitivo e na parte B são mostradas as
formas de onda senoidal da corrente de carga, tensão aplicada e potência instantânea.
A tensão eficaz é 70,7 ampêres. A corren te eficaz é 7,07 ampêres. Desprezando-se as
perdas, o ângulo de fase entre a corrente e a tensão é de 90°. A potência verdadeira é zero,
conforme indicado pela expressão :
P = EI cos () = 70,7 X 7,07 (cos 90° =O) = O watt

A multi!'licação dos valores instantâneos da tensão e da corrente no ciclo com-


pleto, ou 360 , nos dá a curva de potência P. Durante a primeira quarta parte do ciclo,
(0° a 90°), a tensão aplicada aumenta a partir de zero atingindo o máximo e o capacitor
recebe carga. A curva de potência é positiva durante este período e representa energia
armazenada no capacitor. Entre 90° e 180°, a tensão aplicada está caindo do máximo
para zero e o capacitor se descarrega. A curva correspondente de potência é negativa e
represen ta a energia que é retomada ao ci rcuito durante esse intervalo de tempo. O ter-
ceiro quarto do ciclo representa o período de carga em sentido negativo, e o quarto
representa a descarga e respectiva restituição de energia. Dessa maneira, pode ser obser-

299
WATTS
+E 500 p p
+1
f\ I\
400

1•7 070
</)
"'
300/ \ I 1\
o
>
zol \ E I \ I

lrX \ I \ vv

v
\V
100 lO \" ""''" v·, v·
o

o 90° 180° 270° 360°


100
200
I
r--
\ !""-r--1 X \ / I ,.,....

300 \ I E\ I
I

-E
400 \ 1/ \ 1/
-P 500 \) \)
I
Circuito capacitivo Curvas senoidais de corrente, voltagem e potência
lA) lB)

Fig.12·7.- Potência em um circuito capacitivo.

vado que a potência média absorvida pelo capacitor (considerado no exemplo como
sem perdas), é zero. A ação é semelhante à elasticidade de uma mola. Armazenar energia
no capacitor é como comprimir uma mola. Descarregar o capacitor correspondente e
descomprimir a mola, permitindo o retomo da energia armazenada por ocasião da com-
pressão.
A potência aparente no capacitor é EI = 70,7 X 7,07 = 500 volt-ampêres. A potên-
cia reativa é:

EI sen 8 = 70,7 X 7,07 (seno 90° = I)

= 500 VARS (em avanço)

300
Reatância capacitiva e resistência série
As perdas que aparecem em um circuito capacitivo podem ser representadas por
um resistor ligado em série com o capacitor como indicado na figura 12-8. Nesse exemplo,
um capacitor de 39,8 microfarad é ligado em série com um resistor (figura 12-8 A) de
20 ohms. A tensão aplicada na série RC é 134 volts e a freqüência é 100 hertz.
A reatância capacitiva nessa freqüência é:

1 1
Xc = --= = 40ohms
27TfC 6,28 X 100 X 39,8 X 10"'6

301
Relação de tensão
As tensões através de R e C estão 90° defasadas e são iguais a 60 e 120 volts respec-
tivamente, conforme é mostrado no diagrama vetorial da figura 12-8 (B). A tensão em C é
representada como IXc e é plotada no eixo vertical para baixo a fim de indicar que a
corrente avança na tensão do capacitar de um ângulo de 90°. O ângulo (J entre a ten-
são do capacitar e a corrente do circuito é representado como -90° em virtude de ser
medido no sentido horário a partir do vetor horizontal da referência OI. A tensão total é
igual à soma vetorial das quedas IR e IXc e é representada na figura como a hipotenusa do
triângulo retângulo cuja base representa. a tensão através de R, com valor eficaz de
60 volts, e a altura, a tensão através de C com valor eficaz de 120 volts. A tensão total
aplicada é a soma vetorial dessas tensões e é igual a 134 volts.

Impedância
A impedância total, Z, do circuito é:
E 134
Z= -= -= 447ohms
I 3 '
O diagrama de impedância é mostrado na figura 12-8 (C). A base do triângulo representa
a resistência R do circuito e tem uma grandeza de 20 ohms. A reatância capacitiva Xc,
é representada pela altura do triângulo e tem uma grandeza de 40 ohms. A impedância
total é representada pela hipotenusa do triângulo e tem uma grandeza de V 202 + 402 =
= 44,7 ohms que é também a relação entre a tensão aplicada e a corrente que flui no

I•3o

R•20Jl.
IR•60V

E•134V
C •39.8uf
F•100
Xc• 40 .0.
IXc•120V

Circuito Tensão
tA) lB)

Z•44.7 n

lmpedância Potência
lC) tD)

Fig. 12-8. - Reatância capacitiva e resistência


em série.

301
circuito. O diagrama de impedância num triângulo retângulo é semelhante ao triângulo
que representa as relações de tensfo na figwa 12-8 (B).

Potência
As relações de potência sfo mostradas no diagrama vetorial da figura 12-8 (D).
O diagrama é também um triângulo retângulo semelhante aos outros dois. A base repre-
senta a potência verdadeira absorvida , pela resistência do circuito e tem uma grandeza
de I2 R = 32 X 20 = 180 watts. A altura representa a potência reativa em volt-ampêres
(avanço) e tem uma grandeza de 12 Xc = 32 X 40 = 360 VARS. A potência total aparente
é:

EI = 134 X 3 = 402 volt-ampêres

Sumário das relações de E, Z e P nos circuitos RC


Como mencionado previamente, todos os três triângulos sfo semelhantes. O fator
comum no circuito é a corrente; e o ângulo de fase O, entre E e I é igual nos três diagra-
mas. Assim, o fator de potência do circuito é igual a:

IR 60
cosO=-=--= 0446 (fig. 12-8 B)
IZ 134 '

R 20
cos =-=--= 0446 (fig. 12-8 C)
O z 44•7 •

12 R 180
coso = - .- = -- = o (fig. 12-8 D)
446
I2 Z 402 •

O ângulo 8 = 63,4°é o mesmo nos trés triângulos.

A potência verdadeira é:

EI cosO= 134 X 3 X (cos 63,4° = 0,446) = 180 watts

A potência reativa é:

EI sen 8 = 134 X 3 X (sen 63,4°= 0,894) = 360 VARS

A potência aparente é:

EI = 134 X 3 = 402 volt-ampêres

302
Capz'tulo 13

Fundamentos de Corrente Alternada


Teoria do Circuito

Nos capítulos precedentes, foram feitas deftnições de termos, analisada a reatância


CA, e descritos os efeitos individuais dos indutores e capacitores. Naquela oportunidade,
foram empregados, na análise, circuitos simples de dois elementos RL e RC em circuitos
série. Neste capítulo, a matéria será abordada com maior profundidade incluindo cir·
cuitos reativos mais complexos.

RESISTeNCIA, INDUTÁNCIA E CAPACITÁNCIA EM SÉRIE

Relações entre tensões e corrente nos circuitos RLC série


Quando elementos resistivos indutivos são ligados em série, suas características
INDIVIDUAIS sã"o imutáveis. Isto é, a corrente e a tensão através do resistor estão em
fase, ao passo que a corrente e a queda de tensão através do componente reativo (assu-
mindo-se uma reatância pura) estio 90° defasadas. Entretanto, uma nova relação deve
ser considerada com a introdução de um terceiro elemento no circuito. Referimo-nos
aos efeitos relacionados com a tensão total da linha e a corrente quando são ligados em
série elementos reativos, cujas características individuais são de naturezas opostas como
é o caso da indutância e da capacitância. Tal circuito é mostrado na ftgura 13-1.
Observe , inicialmente, que a CORRENTE é a referência comum para as tensões
nos três elementos em virtude de haver uma única corrente no circuito série se do, por-
tanto, comum a esses elementos. A corrente comum é representada pela linha ponti-
lhada na ftgura 13-1 (A).
Acima de cada elemento é mostrado o vetor da tensão nesse elemento, desenhado
de maneira a mostrar a sua relação individual para com a corrente comum. A tensão
total da fonte, E, é a soma vetorial das tensões individuais de IR, IXL e IXc.
Na parte B da ftgura é mostrada a soma vetorial das tensões nos três elementos.
Como IXL e IXc sã"o defasados de 90° em relação a I, eles estã"o separados 180° um do
outro. Os vetores em direção oposta podem ser subtraídos diretamente. A tensão reativa
Ex é a diferença entre IXL e JXc. Ou, Ex = IXL - IXc = 45- 15 = 30 volts. A relação
fmal entre a tensão da linha e a corrente, vista da fonte, é mostrada na parte (C) da figura.
Se Xc fosse maior do que XL, a tcnsã"o se atrasaria ao invés de avançar. Quando Xc e
XL forem de valores iguais, não haverá reatância e a tensão da linha estará em fase com a
corrente.

lmpedância nos circuitos RLC série


A impedância apresentada pelo circuito RLC série é calculada da mesma maneira
descrita no capítulo anterior para os circuitos de dois elementos. Haverá, entretanto,

303
uma operaç§'o adicional que é achar a DIFERENÇA entre XL e Xc antes de calcular
a irnpedância total. Ao empregar a fónnula básica do teorema de PITÁGORAS para
detemúnar a irnpedância série, a reatância total do circuito deve ser representada por
uma quantidade entre parêntesis (XL - Xc). Aplicando-se essa fónnula no circuito
da figura 13-1, verifica-se que a impedância é:

z = VR2 +(XL- Xc)2 =v402 + (45 -15)2 =


= v 1600 + 900 = v2500 = 5on
A impedância do circuito série pode também ser detemúnada pelo uso da trian-
gulaçfo vetorial. No triângulo da impedância (figura 13-1 D) para o circuito série, a base
representa sempre a resistência em série, a altura representa a reatância (XL - Xc), e
a hipotenusa representa a impedância total do circuito.

J.·---- rx-.-:;--·
· cf: ·. ; ;J
...:!:o=--- I· tA
: 1ft

(A) (8)

linha E
&ov

(C ) (O)

Fig. 13·1.- Resistência, indutância e capaci·


tância ligadas em série.

Observe que, confonne a DIFERENÇA entre XL e Xc aumenta, a impedância


total também aumenta. Quando os valores de XL e Xc se igualam, os seus efeitos se
cancelam e a impedância é mmima e igual, nesse caso, ã resistência série do circuito.
Quando XL e Xc sfo iguais, as suas tensões INDMDUAIS estão defasadas de 90° com
relação à corrente , de maneira que o seu efeito, EM CONJUNTO, é zero porque são iguais
e de naturezas opostas. Dessa maneira, quando XL e Xc se igualam, a tensão da linha e a .
corrente estão em fase. Essa condição é semelhante a de um circuito puramente resistivo.
Quando essa condição é alcançada, diz-se que o circuito está em RESSONÂNCIA.

Potência nos circuitos série RLC


A potência verdadeira total nos circuitos RLC é o produto da tensão da linha pela
corrente no circuito, vezes o co-seno do ângulo entre esses fatores. Quando XL e Xc

304
são iguais, a impedância total é mínima e a corrente é máxima. Quando o fluxo de cor-
rente é máximo, o resistor está dissipando o máximo de potência. Quando XL e :XC são
desiguais, a irnpedância total aumenta e a corrente da linha diminui e defasa da tensão
aplicada. A redução da corrente e a diferença de fase criada causam uma redução na
potência verdadeira. ·

INDutÁNCIA E RESIST NCIA EM PARALEW


Se a tensão aplicada em um resistor e em um condutor ligado em paralelo tiver for-
ma de onda senoidal, as correntes nos ramos também serão senoidais. No circuito paralelo
da figura 13-2 A, a tensão aplicada, E, tem uma grandeza de 100 volts (r.m.s.). O ramo 1 é
composto de uma resistência com 2Ó ohms, e a corrente I 1 no ramo, é igual a 100/20 =
= 5 ampêres (r.m.s.). Esta corrente está em fase com a tensão E. O ramo 2 é composto de
um indutor com 0,053 henry. A freqüência de linha é 60 hertz e a REATANCIA INDU-
TIVA é: XL = 21TfL = 6,28 X 60 X 0,053 = 20 ohms. A potência verdadeira dissipada
nesse ramo indutivo é considerada desprezível {indutância pura). Dessa maneira, a cor-
rente I2 é igual a 100/20 = 5 ampêres. Esta corrente se atrasa da tensão E de um ângulo
igual a 90° (em um circuito indutivo a corrente sempre se atrasa com relação à voltagem).
A forma de onda senoidal da tensão aplicada e da corrente resultante é mostrada
na figura 13-2 (B). I 1 está em fase com E. 12 se atrasa de E de um ângulo igual a 90°.
A corrente total It se atrasa de 45° da tensão aplicada E.

Vetores de corrente
Um diagrama polar de vetores representando as três correntes e a tensão aplicada
é mostrado na figura 13-2 (C). O vetor OE, no eixo horizontal de referência, representa
o valor eficaz da tensão aplicada que é comum aos dois ramos. O vetor I 1 é a corrente
eficaz de 5 ampêres no ramo I . Esse vetor está na mesma linha do vetor OE porque a
corrente e a tensão em um circuito resistivo estão em fase. O vetor 12 representa a cor-
rente eficaz de 5 ampêres do ramo 2 e se atrasa de 90° com relação ao vetor OE. A cor-
rente I1 é chamada COMPONENTE ENERGÉTICO do circuito porque f1ui no compo-
nente resistivo, o componente que consome energia (potência verdadeira) dissipando-
se na forma de calor. 12 é chamada COMPONENTE NÃO ENERGÉTICO do circuito.
Essa corrente flui no ramo indutivo onde a potência verdadeira é zero {não há consumo
de energia) e a potência reativa é cambiada com a fonte duas vezes em cada ciclo da
tensão aplicada.
A corrente total do circuito, It, é representada pela diagonal do paralelogramo,
cujos lados são I 1 e I2 (figura 13-2 C). No exemplo, os lados têm grandeza de 5 ampêres
{rrns) e a diagonal 7,07 ampêres {rrns).
Um diagrama vetorial topográfico representando as três correntes e a tensão apli-
cada é mostrado na figura 13-2 D. Como no diagrama polar, OE é o vetor de referência.
I 1 , em fase com OE, é a base do triângul!). I 2 , guardando uma diferença de fase igual a
90° do vetor de referência OE, é a altura do triângulo, e é plotado para baixo a fim de
indicar a sua característica de atraso. A corrente resultante It é a hipotenusa do tri-
ângulo. A hipotenusa é igual à raiz quadrada da. soma dos quadrados dos lados. Assim:

1t = Ylt +I = V 52 + 52 = 7,07 ampêres

305
O ângulo de fase entre lt e E é o ângulo cujo co-seno é:

11 5
-= - = 0,707
lt 7,07
O ângulo é 45°.

Potência e fator de potência
A potência aparente, a potência verdadeira e a potência reativa no circuito para-
lelo se relacionam com a hipotenusa, base e altura do triângulo retângulo, respectiva-
mente, de maneira semelhante ã descrita no capítulo anterior. As relações entre potência
aparente, potência verdadeira e potência reativa, slio mostradas na figura 13-2 E. A hipo·
tenusa do triângulo representa a potência aparente e é igual a Elt, ou 100 X 7,707 = 707
volt-amperes. A base do triângulo representa a potência verdadeira e é igual a Elt cos 8t ,
ou 100 X 7,07 X 0,707 = 500 watts, onde 0,707 = cos 45°. A altura representa a potência
reativa e é igual a Elt sen 8t, ou 100 X 7,07 X 0,707 = 500 VARS, onde 0,707 = sen 45°.
O triângulo de potência é semelhante ao triângulo de corrente e se relaciona com este
pelo fator tensão comum (a tenslio é a mesma em todos os ramos do circuito paralelo).
Em virtude de ser o ramo 1, figura 13-2 A, puramente resistivo, e o ramo 2 pura-
mente indutivo, é absorvida potência verdadeira no primeiro e potência reativa no segun-
do. No ramo 1, a potência verdadeira é El 1 cos 8 1 , ou 100 X 5 X 1 = 500 watts, onde
1 = cos 0°. No ramo 2, a potência reativa é El2 sen 8 2 , ou 100 X 5 X 1 = 500 VARS,
onde 1= sen 90°.
A potência verdadeira no ramo 1 pode ser calculada como I• R 1 , ou 52 X 20 =
= SOO watts. A potência reativa no ramo 2 pode ser calculada como •I XLi , ou 52 X
X 20 = 500 VARS. O fator de potência total do circuito é:

P verdadeira 500
cos 8t =- - --- = --= O
707
P aparente 707 '

O fator de potência do ramo 1 é cos () 1 = cos 0° = 1, e o fator de potência do ramo 2


é cos ()2 = cos 90° =o.

Impedância do circuito série equivalente


A irnpedância combinada do circuito paralelo é:

E 100
Zt = -= --= 14,14 ohms
lt 7,07

A impedância combinada (total) é também chamada impedância do circuito série


equivalente. O circuito série equivalente, figura 13-2 F, contém um resistor e um indutor
em série que se combinam para oferecer a mesma irnpedância oferecida por um dado cir-
cuito paralelo. Assim, a corrente no circuito série equivalente é igual à corrente total do
circuito paralelo quando slio aplicadas as mesmas tensões e freqüência no circuito.
Na figura 13-2 G, a hipotenusa Zt do triângulo de impedância é 14,14 ohms e
o ângulo de fase 8t , entre a corrente total e a tensã"o da linha, é 45°. A RESISffiN-
CIA série eqÜivalente , Req. é a base do triângulo de irnpedância e é igual a Zt cos 8 ,

306
lt=7.07o Il =5o
O E
®
Jl:5o !2 =5o
E=lOOv
60Hz 2011. 2.P!l.
0.053h
91:OO

(A)
CIRCUITO DIAGRAMA TOPOGRÁFICO DE CORRENTES
Elt COS 9t = 500W
o -- ---- --------E
E

EltSIN et=500 VARS

TRIÂNGULO DE POTÊNCIA

R eq =lOJl.
E = lOO V
60HJ
XLe q= 10!1.
Leq=0.0264h

(B) (f)
CIRCUITO Sl!RIE EQUIVALENTE
FORMAS DE ONDAS SENOIDAIS
DE TENSÃO E CORRENTE
E

XL
eq=lO.Cl.

(C)
DIAGRAMA POLAR DE CORRENTES

Fig. 13-2. - Resistência e indutância em paralelo.


307
ou 14,14 X cos 45° = 10 ohms. A REATÂNCIA série equivalente XLeq é a altura do
triângulo e é igual a Zt sen Ot, ou 14,14 X sen 45° = 10 ohrns.
A indutância do circuito série equivalente é:

XL 10
l.eq = --= 0,0264 henry
27Tf 6,28 X 60

Assim, no exemplo, o resistor de 20 ohrns no ramo 1 fica em paralelo com o indutor


de 0,053 henry no ramo 2, mas a fonte "vê" o equivalente a um resistor de 10 ohms
em série com um indutor de 0,0264 henry.

Circuito equivalente de um indutor com baixa perda


As perdas no indutor com núcleo de ar ocorrem na resistência ôhmica do fio das
espiras do indutor. Se a resistência for pequena quando comparada com a reatância indu-
tiva da freqüência de operação, as perdas serã'o pequenas. A resistência da bobina atua
em série com a reatância indutiva.
Um circuito paralelo equivalente pode ser estabelecido mediante a substituição
da bobina por uma indutância de igual valor indutivo mas sem perdas em um ramo, e
inserindo-se em paralelo com a indutância sem perdas, um resistor com resistência igual
às perdas que ocorrem na bobina quando lhe é aplicada tensão em uma determinada
freqüência.
No exemplo que se segue é apresentado um circuito de baixa perda e em seguida
6 determinado o seu equivalente paralelo. Uma bobina de ·baixa perda é mostrada na
figura 13-3 (A). A indutância é de 1,59 henry e a resistência CC é de 10 ohms. A REA·
TÂNCIA INDUTIVA apresentada pela indutância na freqüência de operação de 100
hertz é:

XL= 27TfL = 6,28 X 100 X 1,59 = 1000 ohrns

O circuito série equivalente, figura 13-3 (B), é mostrado como constituído de


um resistor de 10 ohms atuando em série com uma reatância indutiva de 1000 ohms.
O triângulo de impedância é mostrado na figura 13-3 (C).
Uma bobina com baixa perda apresenta um fator de potência relativamente pe·
queno. Assim, no triângulo de impedância:

Rse 10 cosO=--
=--= 001
z 1000 '
ou 1 por cento. Como pode ser observado neste exemplo, Z é aproximadamente igual
a XL, e o co-seno de O é igual à relação Rse . Como tangente de O = XL , verifica-
XL e
1 1000
se que, neste caso, o co-seno O será igual a . Assim, tang O = --= 100 e
tangO 10
10
o FATOR DE POmNCIA será igual a--= 0,01, ou 1 por cento.
1000

309
Uma relação útil para a determinação do ângulo nos circuitos de baixa perda é
mos rada na figura 13·3 (D). Este conceito envolve a relação entre co-seno 8 expresso
em decimais e o ângulo complementar, 90°-8, expresso em radianos. A figura mostra
um círculo de raio igual à unidade, no qual, qualquer comprimento de arco BC é a me-
dida do ângulo (90°- 8) que o subentende. O comprimento do arco é igual ao ângulo
em radianos. Como 27T radianos é igual a 360°, segue-se que 1 radiano é aproximada-
mente igual a

3600 o
- - , ou57,3
27T

Assim, sabendo-se o ângulo em radianos, o ângulo 8 equivalente em graus é 8 = 57,3° X


X ângulo em radianos. .
Para ângulos maiores do que 84,3°, a tangente de 8 é maior do que 10 e o co-seno
de 8 que é igual a OA, figura 13-3 D, é aproximadamente igual ao arco BC. O arco BC é
a medida do complemento do ângulo 90 -8 e é expresso em radianos. Assim, o co-seno 8 é
aproximadamente igual ao ângulo em radianos que falta à corrente para estar exata-
mente 90° fora de fase com a tensão. Neste exemplo, o fator de potência é 0,01e assim
o ângulo que falta à corrente para ficar 90° fora de fase com a tensão (ân ulo comple·
mentar) é 0,01 radianos. Esse ângulo em graus é 57,3° X 0,01 ou 0,573 . Assim, 8 é

308
A relação descrita no exemplo precedente é expressa de maneira geral como: O
ângulo complementar (90 - 8), em radianos, é igual ao fator de potência, co-seno de 8 ,
expresso em decimal, onde a tangente de 8 é numericamente igual ou maior do que 10.
Dessa relação, pode-se c cular rapidamente o ângulo de fase entre a tensão e a corrente
nos circuitos de baixo fator de potência (baixas perdas).
O circuito paralelo equivalente para a bobina de 1,59 henry, discutido neste exem-
plo, é mostrado na figura 13-3 (E). O resistor equivalente em derivação, Rsh. tem uma
resistência de 100.000 ohrns, e o resistor é ligado em paralelo com o indutor de 1,59
henry de perda nula. Aplicada a tensão com uma dada freqüência, a corrente de entrada
para o circuito paralelo apresenta a mesma grandeza e fase, com respeito à tensão apli·
cada, como na bobina original.
100
A corrente no ramo resistivo é = 0,001 ampere, ou 1 rniliampere, e
é
100.000
representada pela base do triângulo de corrente da figura 13-3 (F). A corrente no ramo
100
indutivo é --= 0,1 ampere, ou 100 mA e é representada pela altura do triângulo.
1000
A corrente total no circuito paralelo é igual a ..J 12 +I 002 = 100 mA (aproximadamente)
e é representada pela hipotenusa do triângulo da corrente. Essa corrente atrasa da tensão
de linha de 90°- (57 f X 0,01), ou seja, 89,427°.
O triângulo de impedância do circuito série equivalente (figura 13-3 C) é seme-
lhante ao triângulo de corrente da figura 13-3 (F). Do triângulo de impedância,

Rse
cosO=--
XL

e do triângulo de corrente ,

onde 11 é a corrente energética e 12 é a corrente não energética. Assim,

lt Rse
(13.1)
12 XL

Para o ramo resistivo,

E
lt = -- (13.2)
Rsh

e para o ramo indutivo,

(13.3)

311
Substituindo-se as equações 13.2 e 13.3 na equação 13.1,

E
Rsh Rse
- {13.4)
E XL
XL
Cancelando-se E e transpondo a equação 13.4

(13.5)

No exemplo da figura 13.3, Rse = 1O ohms e XL= 1.000 ohms;logo:

1.0002
Rsh = --- = 100.000 ohms
10

As relações procedentes são suficientemente precisas para os circuitos indutivos


de baixa perda nos quais 8 é 84,3° ou maior e a tangente 8 é 10 ou maior.

Combinação de correntes defasadas de ângulos agudos


A figura 134 (A) mostra u.m circuito com dois ramos, no qual o ramo 1 tem um
fator de potência igual a 0,5 e o ramo 2 um fator igual a 0,866. A corrente no ramo 1
se atrasa da tensão aplicada de um ângulo de 60°, e a corrente no ramo 2 se atrasa da
tensão aplicada de um ângulo igual a 30°. A resistência série R 1 do ramo 1 é 10 ohms,
a reatância indutiva série, XL 1, é 17,32 ohrns, e a impedância Z 1 é:

.../ 102 + 17,322 = 20 ohrns

A resistência série R2 , do ramo 2, é 17,32 ohms, a reatância indutiva Xé 10 ohrns,


e a impedância z2 é:

O diagrama vetorial das correntes nos dois ramos e a corrente total do circuito são
mostrados na figura 13-4 (B).A corrente no ramo 1 é 1 1 = 100/20 = 5 ampêres, e é repre-
sentada pela hipotenusa do triângulo retângulo no' qual a base (componente energético),
é 5 cos 60° = 2,5 amperes, e a altura (componente não energético), é 5 sen 60° = 4,33
amperes.
A corrente no ramo 2 é 12 = 100/20 = 5 ampêres, e é representada pela hipotenusa
do triângulo retângulo cuja base (componente ener§ético), é 5 cos 30° = 4,33 ampêres,
e a altura (componente não energético), é 5 sen 30 = 2,5 amperes. A corrente total do
circuito é a sorna dos vetores 11 e 12 , e é representada pela hipotenusa do triângulo retân-
gulo resultante, cuja base é a sorna dos componentes energéticos dos ramos 2,5 + 4,33 =

310
= 6,83 ampêres, e a altura, a soma dos componentes nfo energéticos de ambos os ramos,
4,33 + 2,5 = 6,83 ampêres. Assim,

lt =v'(2,5 + 4,33)2 + (4,33 + 2,5)2 = 9,66 ampêres


O fator de potência do circuito é:

2,5 +4,33
cos 8t = 0,707
9,66

conseqüentemente, 8t = 45°.
As relações de potência do circuito sfo mostradas na figura 134 (C). A potência
aparente no ramo 1 é EI1 = 100 X 5 = 500 volt-ampêres e é representada pela hipo-
tenusa do triângulo retângulo que tem por base o vetor EI 1 cos 8 1 = 100 X 5 X cos
60° = 250 watts de potência verdadeira. A altura representa El 1 sen 8 1 = 100 X 5 X
sen 60° = 433 VARS da potência reativa..
A potência aparente no ramo 2 é EI2 = 100 X 5 = 500 volt-ampêres e é a }).ipo-
tenusa do triângulo retângulo cuja base é EI 2 cos 82 = 100 X 5 X cos 30° = 433 watts
de potência verdadeira. A altura é EI2 sen 8 2 = 100 X 5 X sen 30° = 250 VARS de
potência reativa.
A potência aparente total do circuito é a hipotenusa do triângulo resultante, cuja
base é igual à soma das potências verdadeiras, e a altura a sorna das potências reativas
nos dois ramos. Assim, a potência aparente total é:

v'(250 + 433)2 + (433 + 250)2 = 966 volt-ampêres

O circuito série equivalente , figura 134 (D), que representa a impedância com-
binada do circuito paralelo dado, tem uma impedância total, Zt, que é determinada me-
diante a divisã'o da tensfo aplicada, E, pela corrente total, lt, do circuito.

E 100
Zt =-= --= 10,35 ohms
lt 9,66

A hipotenusa do triângulo de impedância (figura 134 E) é 10,35 ohms. O tri-


ângulo de l.mpedância é semelhante ao triângulo retângulo resultante da corrente (figura
134 B), e o ângulo Bt tem a mesma grandeza em ambos. Esse ângulo é igual a 45° con-
forme determinado nos cálculos do triângulo de corrente.
A resistência série equivalente, Req. é a base do triângulo de impedância e é igual
a Zt cos Bt, ou 10,35 X cos 45° = 7,33 ohlns.
A reatância série equivalente, XI..eq. é a altura do triângulo de impedância e é
igual a Zt sen 8t , ou 10,35 X sen 45° = 7,33 ohms.
O triângulo de impedância é, também, semelliante ao triângulo resultante de potên-
cia para o circuito paralelo, figura 134 (C). O fator comum entre os dois triângulos é o
quadrado da corrente total do circuito, ltl . A base do triângulo de potência é lt2 • Req =
= (9,66)2 X 7,33 = 683 watts de potência verdadeira. Esse resultado pode ser confe-
rido pela adiçfo da potência verdadeira nos ramos 1 e 2. Assim, 250 + 433 = 683 watts

313
11=9.66a
o
RAMO Z2•20A
xu=17.32.A ® XLtlO.A
Il =5o 12•50
f\..; 91=60•
92•30•
Rl•IO.A
R2•17.32 .A

(A)
Circuito
'®, }..
Elt COS 9t =683w
A. DIAGRAMA TOPOGRÁFICO DOS
\ VETORES DECORRENTE
E

XL=7.33.A
•<t
Elt SIN 9t=683VARS
\t7.33.A

er•45•

(O)
RAMO CIRCUITO S RIE EQUIVALENTE
E
®(C)
DIAG RAMA TOPOGRÁFICO DOS VETORES
DE POTÊNCIA

oL---L.,._-- I
Req=7.33.A
(E)
DIAGRAMA DE IMPEDÃNCIA DO CIRCUITO StRIE EQUIVALENTE

Fig. 134. - Circuitos LR paralelos com correntes defasadas de 30°.

A altura do triângulo resultante de potência é lt2 • XLeq = (9,66)2 X 7,33 = 683


VARS de potência reativa. Este resultado pode ser conferido pela adiçã'o das potências
reativas em cada ramo. Assim, 433 + 250 = 683 VARS de potência reativa.
A hipotenusa do triângulo resultante de potência é lt2 • Zt = (9,66)2 X 10,35 =
= 966 volt-arnperes de potência aparente. Este cálculo pode ser verificado pela adição
vetorial da potência nos dois ramos. O produto é igual à hipotenusa do triângulo resul-
tante de potência (figura 134 C). Este produto NÃO PODE ser verificado com precisão
pela simples soma aritmética das potências já que essas quantidades não estlro em fase
entre si.

CAPACITÁNCIA E RESISfeNCIA EM PARALELO


A ação do capacitor do circuito CA foi descrita no Capítulo 11 deste livro e é aqui
novamente estudada com mais profundidade como uma introduçã'o aos circuitos RC
de potência
paralelos CA. vetdadeira.

312
Na figura 13-5 (A), uma tensão CA, com forma de onda senoidal, é aplicada em um
capacitor e uma corrente de carga de forma senoidal flui no circuito de maneira seme-
lhante à da água no sistema hidráulico analógico mostrado na figura 13-5 (B). A bomba ã
esquerda corresponde à fonte CA e o cilindro à direita corresponde ao capacitor. Se o
pistã'o da bomba é acionado por meio de uma manivela com velocidade uniforme, o
movimento resultante da água será senoidal. Esse movimento é transmitido através do
diafragma flexível no cilindro e o movimento resultante, primeiro em uma direção e
em seguida na direção oposta, corresponde ao fluxo de elétrons nos fios que ligam o
capacitor à fonte CA

Font•: :
(A>
CIRCUITOCA

Fig.13-S.- Analogia hidráulica de um capa-


citar em circuito CA.

A pressã'o mecânica no diafragma do cilindro corresponde à pressão elétrica no


dielétrico entre as placas do capacitor. Não há fluxo de elétrons pelo dielétrico da mes-
ma maneira que não flui água pelo diafragma. Um furo no diafragma permitindo a pas-
sagem da água ae um lado para o outro corresponde a um rompimento no dielétrico do
capacitor que permitirá, também, a passagem de elétrons de uma placa para outra através
do capacitor. Os elétrons fluem no circuito capacitor, causando, durante urna alternância,
o crescimento de uma carga negativa em uma das placas e uma carga correspondente posi-
tiva na outra. Na alternância seguinte a polaridade da fonte inverte e força uma inversão
de polaridade das cargas nas placas. Assim, a impedância que o capacitor oferece ao fluxo
de CORRENTE ALTERNADA pode ser relativamente pequena ao mesmo tempo em
que a resistência de fluxo de CORRENTE CONTINuA é extremamente grande.
Na figura 13-6 é apresentado um circuito composto de um resistor de 100 ohms
em paralelo com um capacitor de 15,9 microfarads com perdas desprezíveis. Os dois
ramos são alimentados por uma fonte de tensão com 100 volts CA, 100 hertz e forma
de onda senoidal. A corrente no ramo 1 é 100/100 = t" ampêre (rms). A impedãncia no
ramo 2 é composta de uma reatância capacitiva cujo componente resistivo é desprezível
(zero de perdas). A reatãncia do ramo 2 é:

1 1
100
Xç = 2rrfC = 6,28 X 100 X 15,9 X 10-6 = ohms

A corrente no ramo 2 é 100/100 = 1 ampêre (rms). As formas de ondas de tensão e cor-


rente dos ramos, assim como a corrente da linha são mostradas na figura 13-6 (B).
A corrente no ramo resistivo está em fase com a tensão aplicada e tem um valor
máximo de 1/0,707 = 1,41 ampêres. A corrente no ramo capacitivo avança da tensão
aplicada de um ângulo de 90° e também um valor máximo de 1/0,707 = 1,41 ampêres.
A corrente resultante da linha é a soma algébrica dos valores instantâneos das correntes

317
I z}.4l a ®
EI2SIN 92 =Eit SIN 9t
•100 VARS
E =lOOv Rl•lOO.!l.
100Hz 11 = la

oL-------L- ------ E
E llCOS91 E l t COS9t= lOOw
(A)
CIRCUITO (D)
TRIÂNGULO DE POT NCIA
I =1.4la
E

E•lOOv
100 Hz
Xc eq,=so.n.
ceq,= 31.8 f'f
'------=-(E-)=------J
DIAGRAMA DO CIRCUITO SRIE EQUIVALENTE

xc eq,=son

FORM AS DE ONDAS

12 =la

(F) E
":-:--;--- ( C)---- - E DIAGRAMA VETORIAL DE IMPEDÂNCIA
DO CIRCUITO seRIE EQUIVALENTE
TRIÂNGULO DE CORRENTE
Fig.13.- Análise do circuito RC paralelo.
314
dos ramos e tem um valor máximo de 2 ampêres. A corrente total, lt, avança da tensão
aplicada de um ângulo correspondente a 45°.

Vetores de corrente
Um diagrama vetorial dos valores eficazes dessas correntes é mostrado na figura
13-6 (C). A base do triângulo de corrente é 1 ampêre e representa a corrente no ramo 1.
Essa corrente está em fase com a tensão aplicada e representa o componente energético
da corrente total da linha.
A altura do triângulo é também 1 ampêre e representa a corrente no ramo 1. Essa
corrente avança em relação à tensão aplicada de um ângulo correspondente a 90°, e
representa o componente não energético da corrente total da linha.
A hipotenusa do triângulo é 1,41 ampêres e representa a corrente total da linha.
O vetor referência OE, para o triângulo de corrente é a tensão da linha, e, no cir-
cuito RC paralelo, a altura se estende :acima do vetor referência para indicar o sentido
de avanço. Essa direção é oposta à altura do triângulo de corrente do circuito paralelo RL
da figura 13-2 (D). Em ambas as figuras os vetores giram no sentido anti-horário para
indicar o avanço ou atraso da corrente com relação à tensão de linha. Em todos os cir-
cuitos monofásicos, tal como o presente, os ângulos dos vetores de corrente, na sua fase,
nunca excedem de 90° com relação ao vetor de tensão referência.
Na figura 13-2 (D), a corrente da linha se atrasa de tensão da linha de um ângulo
igual a 45° e, na figura 13-6 (C), a corrente da linha avança da tensão da linha de um
ângulo correspondente a 45°. Se houver, em um mesmo circuito paralelo indutância
e capacidade como ramos separados, as correntes nos ramos estarão 180° fora de fase
entre si. A corrente no ramo indutivo nunca se atrasará da tensão da linha de um ângulo
maior do que 90° e a corrente no ramo capacitivo nunca avançará da tensão da linha
mais do que 90°.

Potência e fator de potência


O triângulo de potência para o circuito paralelo RC é mostrado na figura 13-6 (D).
A potência verdadeira no ramo 1 é:

El1 cos8 1 = IOOX 1(cos0°= 1) = 100watts,

e forma a base do triângulo em fase com o vetor de tensão OE. A potência REATIVA
no ramo 2 é:

El2 sen 8 2 = 100 X 1 (sen 90° = I)= 100 VARS,

e é a altura do triângulo de potência, perpendicular a OE. A potência REATIVA do


ramo 1é:

El 1 sen 81 = 100 X 1 (sen 0° = O):;: O VAR,

e a potência verdadeira no ramo 2 é:

El2 cos 8 2 = 100 X 1 (cos 90° = O)= O watt.

316
A potência APARENTE do circuito paralelo RC é:

Elt = 100 X 1,41 = 141 volt-amperes,


e é a hipotenusa do triângulo de potência.
O triângulo de potência, figura 13-6 (D), é semelhante ao triângulo de corrente,
figura 13-6 (C), porque 8t tem a mesma grandeza em ambos os triângulos. O fator de
potência total do circuito, determinado pelo triângulo de corrente , é:

11 1
cos8t = -= - -=
0,707
lt 1,41

o fator de potência total do circuito, determinado pelo triângulo de potência, é:

P verdadeira 100
cos 8t = -- = 0,707
P aparente 141

A potência VERDADEIRA total do circuito, determinada pelo triângulo de potên-


cia, é:

Elt cos 8t = 100 X 1,41 (cos 45° = 0,707) = 100 watts


Este valor é igual à potência verdadeira no ramo 1.
A potência REATNA total do circuito, determinada pelo triângulo de potência, é:
Elpen 8t = 100 X 1,41 (sen 45° = 0,707) = 100 VARS

Este valor é igual à potência reativa no ramo·2.

Impedância série equivalente


A impedância total do circuito paralelo RC é:

E 100
Zt = = = 70,7 ohms
- --
lt 1,41

Como mencionado previamente, a irnpedância total é também a impedância do circuito


série equivalente (figura 13-6 E). Na figura 13-6 (F), a hipotenusa, Zt. do triângulo de
impedância, é 70,7 ohms e o ângulo de fase, 8t, entre a corrente total e a tensão da linha,
é 45°. A resistência série equivalente, Req. é a base do triângulo de impedância e a sua
grandeza é:

Req = Zt cos 8t = 70,7 (cos 45° = 0,707) = 50 ohms

A reatância equivalente , XCeq• é a altura do triângulo de irnpedância e tem uma gran-


deza de:

317
Zt sen 8t = 70,7 (sen 45° = 0,707) = 50 ohms

318
A altura é representada para baixo ao invés de para cima, como no triângulo de cor-
rente da figura 13-6 (C), para manter o sentido de avanço da corrente, considerando-se
que a rotação do vetor é no sentido anti-horário. A tensão da linha é representada pelo
vetor de referência horizontal, OE, figura 13-6 (C), e a corrente da linha é representada
pelo vetor de referência horizontal OI, figura 13-6 (F).
A capacitância em rnicrofarads do circuito série equivalente é:

106 106
Ceq = = = 31,8/JÍ
27TfXceq 6,28 X 100 X 50

Assim sendo, neste exemplo, o circuito composto de um resistor de 100 ohms (ramo 1)
em paralelo com um capacitor de 15,9 f.,lf (ramo 2) é "visto" pela fonte de tensão como
um circuito equivalente composto de um resistor de 50 ohms em série com um capacitor
de 31,8 pf (figura 13-6 E).

Circuito equivalente de um capacitor com baixa perda


A ação de um capacitor no circuito CA foi descrita como sendo semelhante ao
fluxo de água num cilindro com um diafragma flexível. O diafragma corresponde ao
dielétrico num capacitor, e as tensões mecânicas no diafragma correspondem ãs tensões
elétricas no dielétrico.
A maior parte do calor produzido deve-se ãs perdas no dielétrico. O movimento
dos elétrons nos átomos de um dielétrico sólido está representado na figura 13·7. O capa·
citor está ligado a uma fonte de voltagem CA senoidal e as condições são indicadas para
três instantes sucessivos no ciclo da voltagem CA aplicada.
Na figura 13-7 (A) a voltagem entre as placas do capacitor é positiva máxima e o
capacitor está carregado. Os átomos no dielétrico estão sujeitos a tensões elétricas que
fazem com que seus elétrons orbitais se desloquem por trajetórias que são mudadas de
circulares para elípticas. O padrão elíptico forma, em resultado da força atrativa da placa
carregada negativamente sobre o núcleo positivo, e a repulsão simultânea da placa carre-
gada positivamente sobre o núcleo negativo. Ao mesmo tempo, a placa positiva atrai os
elétrons orbitais, e a placa negativa os repele.
Na figura 13-7 (B) a carga das placas é zero e a tensão elétrica é removida do die-
létrico. Neste caso, os elétrons orbitais deslocam-se em trajetórias circulares em tomo
do núcleo, sem forças externas aplicadas a eles.
Na figura 13-7 (C) as cargas nas placas sã"o invertidas e os elétrons orbitais são de
novo levados a trajetórias elípticas. Neste caso, os prótons (o núcleo todo) sã"o deslocados
para a placa superior, as forças sendo opostas às desenvolvidas na figura 13-7 (A).
As rápidas reversões da voltagem aplicada acompanhada da mudança na forma
orbital do percurso dos elétrons de circular para elíptico e de volta à órbita circular,

- - - Prótons t+l
cÇJ. f/ Elétrons H
+ + +
(A) (I) (C)
Voltagem máx.i ma Voltagem nula Voltagem máxima
positiva negativa
Fig. 13-7.- Perdas dielétricas de um capacitor.

319
causam calor no dielétrico. A mudança na configuração da órbita é uma forma de cor·
rente chamada corrente de deslocamento pois representa deslocamento de elétrons. Essa
corrente é considerada como tendo dois componentes. Um avançado sobre a tensão de
90° e o outro, um componente energético. Os fatores que determinam a perda dielétrica
são:a tensão aplicada, a constante dielétrica, o chamado fator de potência do capacitar,
e a freqüência da tensão aplicada. Um capacit,or com dielétrico de ar não apresenta perdas
apreciáveis e o fator de potência é zero. Um capacitar de mica tendo uma constante die·
létrica igual a 7 e um fator de potência igual a 0,0001 tem relativamente pouca perda e
baixo aquecimento dielétrico em altas tensões e freqüências.
O produto da constante dielétrica e o fator de potência é chamado FATOR DE
PERDAS. O fator de perdas é baixo para os bons dielétricos que operam sem muito aque-
cimento dielétrico. O fator de perda é a melhor indicação de habilitação do material
para suportar altas tensões em altas freqüências. O fator de perdas para o capacitar de
mica previamente mencionado é de 7 X 0,0001 = 0,0007. O fator de perdas para dielé·
tricos de ar é zero porque o fator de potência é zero.
O circuito equivalente para um caP.acitor com baixo fator de potência é mostrado
na figura 13-8. O circuito é obtido assunúndo-se a existência de um capacitar com capa-
cidade igual ao capacitar original mas sem qualquer perda (fator de potência zero), ligado
(1) em s:eRIE com um resistor que representa a mesma perda de potência verdadeira
apresentada pelo capacitar original;e (2) wn capacitar de capacitância igual ao original
mas sem perdas (fator de potência zero) ligado em PARALELO com um resistor onde
..
,.......::.:.,-.....,.. {
0
9•87+

(8)
Capacitar com Circuito série
baixa perda equivalente

et =87••

(Ol Circuito
paralelo
Vetor de potência
equivalente
Fls.13-8.- Circuitos equivalentes de um
capacitar de baixa perda.

320
se desenvolve a mesma perda em potência verdadeira do capacitar original. A capaci-
tância do capacitar, neste exemplo, é de 66,4 microfarads. O fator de potência do capa-
citar é cos 8 = 0,05. A tensa-o eficaz é 200 volts e a corrente do capacitar é 5 amperes.
O circuito série equivalente é mostrado na figura 13-8 (B). Na freqüência de opera-
çã'o, 60 hertz, a reatância capacitiva é:

1 1
Xc = 2
1rfC = , X X , X _ 6 = 40 ohms (aproximadamente)
6 28 60 66 4 10

A impedância do circuito série é:

E 200
Zt = - = -- = 40
ohms lt 5

A resistência série equivalente é:

Rse = Zt cos 8t = 40 X 0,05 = 2 ohms

A base do triângulo de impedância é representada pela resistência de 2 ohms (figura


13-8 C), a altura do triângulo é representada pela reatância capacitiva de 40 ohms, e a
hipotenusa, que representa a impedância, é de aproximadamente 40 ohms.
O fator de potência do circuito é:

Rse 2
40 = o,os ,
cos 8t = =
Zt

ou 5 por cento. Neste exemplo, como no indutor de baixa perda da figura 13·3, Zt é
aproximadamente igual a Xc, e o

co-seno

Como

xc 40
tangente 8t = Rse = 2 = 20,
segue-se que

1
co-seno 8t=----
tangente 8

e o fator de potência do capacitar é:

2
-=005
40 ,

321
O ângulo cujo co-seno é 0,05 pode ser determinado de maneira bem aproximada
pela relação descrita entre o fator de potência e o ângulo complementar em radianos.
Neste exemplo, o ângulo complementar pelo qual a corrente deixa de estar 90° fora de
fase com a tensã'o é 0,05 radianos, ou seja, 0,05 X 57,3° = 2,865° e 8 = 90°-2,865° =
= 87,135°. Este ângulo é indicado em todos os diagramas vetoriais da figura 13-8 como
arredondado para 87°.
O circuito paralelo equivalente para o capacitar de 66,4 microfarads discutido neste
exemplo é mostrado na figura 13-8 (D). A resistência série equivalente e a resistência
paralela equivalente se relacionam com os circuitos dos capacitares equivalentes da mes-
ma maneira que Rse e Rsh se relacionam com os circuitos dos indutores de baixa perda
da figura 13-3. Esta relaçã'o foi definida na equação 13-5. Dessa maneira, no circuito do
capacitar,

A resittência de derivação equivalente de 800 ohms é ligada em paralelo com um capa-


citar de 66,4 microfarads com zero de perdas. Uma vez aplicadas a tensão e a freqüência
nominais, a corrente de entrada ao circuito paralelo terá a mesma grandeza e fase com
respeito à tensão aplicada como no capacitar original.
A corrente energética no ramo resistivo é:

E 200
11 = = -- = O 25 am..ares
Rsh 800 , .1:"' ,

e é a base do triângulo de corrente (figura 13-8 E). A corrente não energética no ramo
capacitivo é:

E 200
l2 = Xc = 40 = 5 amperes,
e é a altura do triângulo de corrente. A corrente total no circuito paralelo é igual a:

v'(0,35)2 + (5)2 = 5 ampêres (aproximadamente),


e é a hipotenusa do triângulo de corrente. Essa corrente avança na tensão de um ângulo
igual a 87,135°.
As relações de potência são mostradas na figura 13-8 (F). A potência verdadeira
do circuito pode ser determinada de diversas maneiras. Três métodos são mostrados
abaixo:

1. P = Elt cos 8t = 200 X 5 X 0,05 = 50 watts (figura 13-8 A).

2. P = lt 2 Rse =52 X 2 =50 watts (figura 13-8 B).

3. P = 112 Rsh = 0,252 X 800 = 50 watts (figura 13-8 D).

A potência verdadeira de 50 watts é a base do triângulo de potência (figura 13-8 F).

322
A potência reativa pode ser calculada também de diversas maneiras. Três métodos
sã'o mostrados a seguir.

1. VARS = Etltsen 8t = 200 X 5 X (sen 87° = I) = 1000 VARS (figura 13·8 A).

2. VARS = lt2 Xc =52 X 40 = 1000 VARS (figura 13-8 B).

3. VARS IlXc =52 X 40 = 1000 VARS (figura 13-8 D).

A potência reativa de 1000 VARS é a altura do triângulo de potência (figura 13-8 F).
A potência aparente do capacitar pode ser calculada como abaixo:

1. Pap = Elt = 200 X 5 = 1000 VA (figura 13-8 A).

2. Pap = lt 2 Zt = 52 X 40= 1000 VA (figura 13-8 B).

A potência aparente de 1000 volt-ampêres é a hipotenusa do triângulo de potência


(figura 13-8 F).

Combinação de correntes defasadas de ângulo agudo


Um circuito paralelo com dois ramos contendo um resistor de 75 ohrns no ramo 1
e uma combinaçã'o série de um capacitar de 79,6 microfarads e um resistor de 30 ohrns
no ramo 2 é mostrado na figura 13-9 (A). Assume-se que as perdas do capacitar estão
incluídas no resistor de 30 ohms de maneira que o fator de potência dessa parte no
ramo 2 representada pelo capacitar é zero.
A reatância capacitiva na freqüência de operação, 50 hertz, é:

1 1
Xc = --= = 40ohms
2?TfC 6,28 X 50 X 79,6 X 10"6

A impedânciado ramo 2 é a oposição combinada do resistor de 30 ohrns em


série com a resistência capacitiva de 40 ohrns e é a hipotenusa do triângulo retângulo
cuja base é 30 ohrns e a altura 40 ohrns (nlo mostrada na figura). Assim,

z2 = v'302 + 402 = 50 ohms


O fator de potência do ramo 2 é:

Rz 30
cose 2 = -= -= 06
Z2 50 '

e o ângulo de fase é 53,1°.


Os vetores de corrente para ambos os ramos slo mostrados na figura 13-9 (B).
A corrente no ramo 1 é:

E 150
11 = Z: = 7s = 2 ampêres,
323
e é uma porção da base do triângulo retângulo equivalente em fase com o valor OE da
tensão na linha horizontal de referência. A corrente está em fase com a tensão aplicada
porque nã"o há reatância presente no ramo 1.
A corrente no ramo 2 é:

E 150
12 = - = --= 3
ampêres
Z2 so
e é a hipotenusa do triângulo retângulo, cuja base é h cos 8 2 = 3 (cos 53,1o = 0,6) =
= 1,8 amperes (corrente energética) e cuja altura é h sen 8 2 = 3 (sen 53,1° = 0,8) =
= 2,4 ampêres (corrente não energética). A corrente total é a soma vetorial de 11 e h e
é a hipotenusa do triângulo retângulo equivalente cuja base é a soma aritmética das cor-
rentes do ramo 1 e do componente energético do ramo 2, ou 2 + 1,8 = 3,8 arnpêres.
A altura do triângulo equivalente é igual à corrente não energética do ramo 2 ou 2,4
ampêres. A corrente total no circuito paralelo é:

lt = .../ (3,8)2 + (2,4)2 = 4,5 arnpêres

O ângulo de fase, 8t , entre a corrente total do circuito e a tensão aplicada é o ângulo


cujo co-seno é 3,8/4,5 = 0,845. Esse ângulo é aproximadamente 32,3°. Assim, a cor-
rente total avança sobre a tensão aplicada de um ângulo igual a 32,3°.
A impedância total do circuito paralelo é:

E 150
Zt = =-4,5 = 33,3 oluns
lt

e é a hipotenusa do triângulo de impedância (figura 13-9 C). A base do t:iângtio é:

Rse = Zt cos 8t = 33,3 (cos 32f = 0,845) = 28,15 ohms


0 RH·z a= n.-----
e..32.3'

E
lmpedância série
Circuito equivalente
!A) !C)

EJ I·
.
Circuito série
equivalente
(0)
R,.•2aJSn

xe,4• H.en
Ceq,•179 t'f

Fig.13-9.- Circuito RC paralelo com conen-

323
tes defasadas de 53,1•.

326
de resistência e está em fase com o vetor referência horizontal da corrente para o cir·
cuito série equivalente (figura 13-9 D). A altura do triângulo é:

Xceq = Zt sen 8t = 33,3 (sen 32,3° = 0,534) = 17,8 ohms

de reatância capacitiva. A capacitância do circuito série equivalente, na freqüência de


50 hertz, é:
106 106
Ceq = -- = = 179 microfarads
27TfXc 6,28 X 50 X 17,8

As relações de potência são mostradas na figura 13-9 (E). A potência aparente total
do circuito é:

Elt = 150 X 4,5 = 675 volt-amperes


e é a hipotenusa do triângulo retângulo equivalente que representa o circuito paralelo
total.
A potência verdadeira no ramo 1 é:

I? R 1 = 22 X 75 = 300 watts
A potência verdadeira no ramo 2 é:

IlR2 = 32 X 30 = 270 watts

A potência verdadeira total é:

300 + 270 = 570 watts

e é a base do triângulo retângulo equivalente para o circuito completo. A potência rea-


tiva no circuito total, isto é, a potência reativa no ramo 2 é:

e é a altura do triângulo equivalente.


A potência aparente no ramo 1 é igual à potência verdadeira porque o fator de
potência é a unidade. A potência aparente no ramo 2 é:

El2 = ISO X 3 = 450 volt-amperes

e é a hipotenusa do triângulo de potência para esse ramo. A potência verdadeira de


270 watts no ramo 2 é a base do triângulo. A potência reativa de 360 VARS no ramo 2
é a altura do triângulo. O fator de potência para o ramo 2 é:

P verdadeira 270
= - = 06
P aparente 450 '

e o ângulo de fase para o ramo 2 é 8 2 = 53,1o.


323
CIRCUITO PARALELO LRC
A indutância no circuito CA causa um atraso na corrente com relação à tensão
aplicada. Transformadores e motores de indução são essencialmente indutivos por na-
tureza e o fator de potência, especialmente em cargas pequenas (quando comparadas
com grandes cargas), é relativamente baixo.
A maioria dos circuitos que transporta potências elétricas, entre a fonte e o local
de consumo o faz na forma de alta tensão e baixa corrente a fim de manter em níveis
relativamente baixos as perdas 12 R. Nos pontos em que a energia deve ser utilizada,
transformadores abaixadores reduzem a tensão para o valor requerido para o consumo.
A capacitância nos circuitos CA causa um avanço na corrente com relaçã"o à tensão
aplicada. Quando ligada em paralelo com componentes indutivos ela pode produzir um
efeito de neutralização no circuito de maneira que a corrente em atraso pode ser trazida
para a posição de em fase com a tensã"o aplicada, ou pode, dependendo da grandeza
relativa da capacitância e indutância em paralelo, fazer a corrente avançar com relação
à tensão.
A potência verdadeira do circuito é P = EI cos (); e, para qualquer quantidade de
potência a ser transmitida, a corrente I varia inversamente com o fator de potência, cos ().
Assim, a adição de capacitância em paralelo com a indutância, sob determinadas con-
dições, aumentará o fator de potência trazendo-o para próximo da unidade e tomará
possível a transmissão de potência elétrica com menor perda na linha e mellior regula-
ção de tensão.
Vetores de corrente
No exemplo da figura 13-10, o circuito paralelo tem três ramos. O ramo I con-
tém um resistor de 30 ohms, o ramo 2 consiste de um indutor de 0,0612 henry e um
resistor de 6,6 ohms. O ramo 3 contém uma capacitância de 44,3 microfarads com per-
das desprezíveis. O ci rcuito paralelo é mostrado na figura 13-1O (A). Os vetores de cor-
rente são mostrados na figura 13-10 (B).
A corrente no ramo 1 é:
E 120
11 energ = -= --= 4 ampêres
R1 30

O vetor correspondente de 4 ampêres na figura 13-10 (B), é desenhado na mesma


linha horizontal de referência em fase com o vetor de tensão em virtude de ser zero o
ângulo de fase entre a tensão e a corrente nesse ramo.
A reatância indutiva no ramo 2, na freqüência de operação, de 60 hertz é:

XL = 21rfl.. = 6,28 X 60 X 0,0612 = 23,1 ohms


A impedância no ramo 2 é:

A corrente no ramo 2, na tensão de operaçã"o de 120 volts, é:

E 120
12 = = -- = 5 ampêres
zl 24

326
e é a hipotenusa do triângulo de corrente para o ramo 2. O ângulo de fase de atraso da
corrente com relaçã'o à tensll'o aplicada é o ângulo cujo co-seno é:

R2 6,6
- =-
=0275
Z2 24 •

Este ângulo é: 8 2 = 74°. A base do triângulo de corrente para o ramo 2 é:

12 energ = 12 cos 74° = 5 (cos 74° = 0,275) = 1,38 ampêres

A altura do triângulo de corrente para o ramo 2 é:

12 nã'o enetg = 12 sen 74° = 5 (sen 74° = 0,962) = 4,8 ampêres (aprox.),

e é representado para baixo do vetor horizontal de tensão referência para indicar atraso
na corrente.
A reatáncia capacitiva no ramo 3 é:

1 1
Xc = --= = 60 ohms
21rfC 6,28 X 60 X 44,3 X 10- 6

e, considerando as perdas desprezíveis, a impedância, Z3 , do ramo, é também 60 ohms.


A corrente no ramo 3 é:

E 120
13 não energ = = -- = 2 ampêres
-z3 60

A corrente no ramo capacitivo avança da tensão de um ângulo igual a 90°. O compo-


nente nã'o energético da corrente no ramo indutivo se atrasa da tensão de um ângulo
de 90°. Assim, essas duas correntes estll'o defasadas de 180° entre si e o vetor de cor-
rente capacitiva, 13 se estende para cima, partindo da extremidade inferior do vetor que
representa o componente de corrente não energética do ramo 2.
A corrente total, lt, no circuito paralelo é a soma vetorial das correntes nos três
ramos e é representada pela hipotenusa no triângulo equivalente de corrente, cuja base é
a soma aritmética dos componentes energéticos das correntes e a altura é a soma algé-
bri.ca dos componentes nã'o energéticos das correntes. Dessa maneira, a corrente total é:

lt = ..../ (IIen + 12en)2 + (12n:en-l3fi en)2 =


= ..../ 4 + (I ,38)2 + (4,8 - 2)2 = 6,06 ampêres
O ângulo de fase 8t entre a corrente total aplicada e o ângulo cujo co-seno é a
reiaçã'o entre a soma dos componentes energéticos das correntes em todos os ramos
e a corrente total. Assim,

4 + 1,38
cos 8t =· = 0,888
6,06
325
8t = 27,5° e a corrente total do circuito se atrasa da tensão aplicada de um ângulo igual
a 27,5°.

Impedância série equivalente


A impedância total do circuito paralelo, figura 13-10 (A) é igual à tensão total do
circuito dividido pela corrente total do circuito, ou seja:

E 120
Zt = - = -- = 19,8 ohms
lt 6,06

e é a hipotenusa do triângulo de impedância, figura 13-10 (C). Esse triângulo representa


a relação de impedância existente no circuito série equivalente, figura 13-10 (D). O ângulo
de fase, 8t , do circuito série equivalente é igual ao ângulo de fase existente entre a cor-
rente total do circuito e a tensão aplicada através do circuito paralelo. A impedância do
circuito série equivalente tem a grandeza da impedância total do circuito paralelo. A base
do triângulo é:

Req = Zt cos 8t = 19,8 (cos 27,5° = 0,889) = 17,6 ohms

e representa o componente resistivq do circuito série equivalente. A altura do triângulo é:

XI..eq = Zt scn 8t = 19,8 (sen 27,5° = 0,462) = 9,16 ohms

e representa o componente da reatância indutiva do circuito série equivalente.

®
L•0.061:]_
C• 44.3f 12 i'len -13 il en •2.8o

12 •5o Fator de
potência 0%
13 •20 13 il en •2o

Circuito Vetor de corrente


(A) (8)

E•120V
60 ·

R1 q •17.6.1l
Circuito série
Vetores de impedância equivalente
CC) (D)

Fig. 13-10. - Circuito paralelo contendo L, R e C.

327
Potência e fator de potência
A potência verdadeira do ci rcuito paralelo, figura 13-10 (A) é a soma aritmética
da potência absorvida em cada ramo. A potência verdadeira no ramo 1 é:

A potência verdadei ra no ramo 2 é:

A potência verdadeira no ramo 3 é desprezível em virtude de o fator de potência do


capacitor assumir-se ser igual a zero. A potência verdadeira total é:

480 + 165 = 645 watts

A potência aparente total do circuito paralelo é o produto da corrente total do circuito


e da tensão aplicada. Dessa maneira, a potência aparente é:

Elt = 120 X 6,06 = 727,2 volt-ampéres

O fator de potência do ci rcui to paralelo é a relação entre a potência verdadeira


total e a potência aparente total. Assim, o fator de potência do circuito é:

P verdadeira 645
cos 8t = P aparente
= --= 0888
727,2 ,

Correção do fator de potência


A correção do fator de potência nos circuitos paralelos é feita colocando-se um
capaci tor de valor correto em paralelo com o circuito no ponto onde deve ser feita essa
correção. A corrente em avanço do ramo capacitivo cancela o componen te em atraso
da corren te do ramo indutivo, reduzindo, dessa maneira, a corrente total. Como men-
cionado antes, essa açã"o aumenta a eficiência de transmissã'o pois reduz a correote da
linha e conseqüentemente as perdas 11 R.
No exemplo da figura 13-11, a carga drena 10 ampêres quando nela se desenvolvem I
000 volts, e o fator de potência é de 50 por cento (0,5), em atraso (corrente atrasada em
relaçã"o ã tensão). A potência total absorvida pela carga (figura 13-11 A) é:

P = El cos 8 = 1000 X 10 X 0,5 = 5000 watts


A carga é alimentada através de uma linha que tem uma resistência de 20 ohms e a rea-
tância desprezivel. A perda de potê ncia na linha é:

l2 R = 102 X 20 = 2000 watts

A eficiência de transmissão é:

P saída 5000
- - --= -- = 7 1,4 por cento
- -
328
P saida + perdas 5000 + 2000

329
Se um capacitor com isolamento para 1000 volts, de perdas desprezíveis e corrente em
avanço de 8,66 amperes for ligado em paralelo com a carga de característica indutiva,
figura 13-11 (B), a corrente total da linha será reduzida de 10 amperes para 5 amperes.
Os vetores de corrente são mostrados na figura 13-11 (C). O componente não ener-
gético da corrente no ramo indutivo é lff energ = I sen 8 = 1O (sen 60° = 0,866) = 8,66
amperes (em atraso) e está 180° fora de fase com a corrente do capacitor de 8,66 amperes
(em avanço). Essas correntes circulam entre o capacitor e a carga indutiva e não entram
na linha. A soma vetorial da corrente no capacitor e a corrente total da carga indutiva
é igual à corrente da linha {lt = 5 amperes), e no diagrama vetorial é representada como
sendo a diagonal do paralelogramo cujos lados são representados pelas correntes nos
dois ramos. O vetor de corrente da linha, lt, está na mesma linha horizontal de referência
com o vetor da tensão da carga, indicando que a corrente da linha está em fase com a
tensão que é aplicada à combinação paralela composta da carga indutiva e do capacitor.
20/\

'''
P•
L El"lOOOw
'' \
\
1•100
FP •5o.,.. \
\
Iç•866o \
Carga indutiva \

CAl '
o\,----..:.1,,::....-_,_.=E.J,L--

201\

!•8.660
i'l en
(ATRASO)

Correção do fator de potência Vetores de corrente


C8l CCl

Fig.13-11. - Correção do fator de potência.

A redução na corrente da linha de 10 para 5 amperes, diminui a perda na linha


de 2000 watts para 5 2 X 20 = 500 watts, aumentando a eficiência de transmiss:ro de
71,4 por cento para

-- 5-
000
--= 91 por cento
5000 + 500
I! indiscutível
a melhoria na eficiência de operação da linha e da carga. A condição apre-
sentada envolve a permuta de energia entre os ramos indutivo e capacitivo, processo
esse conhecido como ressonância paralela.

REDUÇÃO DE TENSÃO COM RESISf NCIA


As vantagens e desvantagens de controlar a tensão na carga por meio de resistência
e indutância, assim como o efeito da correção do fator de potência na eficiência do cir-
cuito, são mostrados na figura 13-12.

330
Na figura 13-12 (A), a tensã'o aplicada na carga é reduzida de 100 para 50 volts
pela ação de um resistor de queda. A corrente no circuito é 10 ampêres, e a tensão através
do resistor de queda é 50 volts. Com esse arranjo, a potência de entrada para o circuito é
dividido igualmente entre o resistor e a carga. A eficiência do circuito é:

saída 500
Et = X 100 = X 100 = 50 por cento
saída+ perdas 500 + 500

Esse arranjo é um método deficiente de reduç!o de tensão.

REDUÇÃO DE TENSÃO COM INDUTÂNCIA


Na figura 13-12 (B), a tensa-o aplicada à carga é reduzida de 50 volts pela ação de
um índutor série.
Desprezando-se as relativamente pequenas perdas no índutor, a eficiência do cir-
cuito permanece alta comparada com a eficiência do circuito resistivo, mas o índutor
em série abaixa o fator de potência da unidade (100 por cento), para 0,5 ou 50 por cento.
A corrente do circuito é ainda 10 ampêres e a perda da linha entre a fonte e o índutor é
desnecessariamente alta.
Os vetores de tensão para o circuito RL são mostrados na figura 13-12 (C). A ten-
são de 50 volts na carga é a base do triângulo retângulo e está em fase com a corrente
de carga. A queda de tensão através do indutor é 86,6 volts e é a altura do triângulo
de tensão. A fonte de tensão, Es. é de 100 volts (vetor sorna das tensões da carga e do
índutor), e é a hipotenusa do triângulo. O fator de potência do circuito é:

E carga 50
cos o= = -- = o 5
E fonte 100 '

logo, O= 60°.
Na figura 13-12 (D), o fator de potência do circuito é aumentado até a unidade
pela adição de um capacitor com baixa perda que fornece uma corrente, em avanço, de
8,66 amperes. Essa corrente fornece o componente não energético da corrente ao ramo
que contém o indutor e a carga e reduz a corrente da linha de 10 para 5 ampêres.
Os vetores de corrente são mostrados na figura 13-12 (E). A corrente no capaci-
tor é de 8,66 ampêres e é representada pelo vetor que se projeta para cima do vetor
horizontal de tensão-referência para indicar um avanço de 90°. A corrente do ramo
indutivo (carga) se projeta para baixo do eixo horizontal fazendo um ângulo de atraso
igual a 60°. A soma vetorial dessas correntes é a diagonal do paralelogramo do qual as
correntes dos ramos são os lados, e é um vetor horizontal de 5 ampêres em fase com a
fonte de tensão. Assim, o fator de potência do circuito paralelo é a unidade e a corrente
da linha é reduzida de 10 para 5 ampêres.

VANTAGENS DO ARRANJO INDUTIVO


COM CORREÇÃO DO FATOR DE POTeNCIA
No exemplo considerado, a redução de tensão por meio de um indutor série e um
capacitor paralelo, permite o fornecimento, à carga, de uma tensão no nível de 50 volts
e 10 ampêres, retirando-se esses valores de uma fonte de 100 volts com um mfuimo de
perdas mesmo usando componentes reativos. A corrente da linha é mantida no valor mí-

330
lXL•866V

Fator de potência unitária


Fator de potência 50%
50% de eficiência
(A} (8)
0'---=---..
"'::-::-:-:--
Ecarga= 50V
Vetor de tensão
(C)

Ic•8.66o
(avanço)

;
,..,
I FI eria.66o

(atraso) t
Fator de potência, unidade Vetores de corrente
(D) (E)

Fig. 13·12. - Redução de tensão e redução no


· fator de potência.

nimo requerido para fornecer 500 watts de potência (50 volts-10 ampêres) para a carga,
e a eficiência do circuito é alta. O controle indutivo, sozinho, fornece o meio para se
reduzir a tensão na carga, simplesmente mudando a fase da tensão na carga com relação à
tensão aplicada. A adição do capacitor reduz a corrente na linha sem alterar a corrente na
carga, e isso reduz as perdas na linha. Com a adição do capacitor, o fator de potência do
circuito é aumentado até próximo da wúdade. Na maioria dos circuitos não é econô·
mico aumentar o fator de potência até a wúdade. Interessa sim, aumentá-lo, por exemplo,
de 50 por cento em atraso, para 85 por cento em atraso. A redução das perdas na linha
é mais pronunciada nessa faixa, e qualquer redução das perdas além dessa, não justifica
a adição de um capacitor maior, que custa relativamente caro, somente para trazer o fator
de potência de 85 por cento para a wúdade.

RESISI NCIA EFETIVA. A ENERGIA NÃO UTILIZADA.


PERDAS NOS CIRCUITOS CA

Conceito de energia relacionado com resistência


A energia armazenada no campo magnético de uma indutância pura, como resul·
tado do aumento da corrente de uma bobina, é devolvida ao circuito quando a corrente
diminui e o campo entra em colapso. De maneira semelhante, a energia armazenada no
campo elétrico de uma capacitância pura, resultado do aumento de tensão em um capa·
citor, é devolvida ao circuito quando a tensão cai a zero e o campo elétrico entra em
colapso. Conseqüentemente, em uma indutância ou capacitância pura não há perdas, ou
seja, não há consumo de energia.
Quando flui corrente através de um condutor que ofereça apreciável oposição à pas·
sagem da corrente, o fluxo é acompanhado de geração de calor. Está sendo executado

331
um trabalho para mover os elétrons através da resistência do condutor. A energia conver-
tida em calor é dissipada e n[o retoma ao circuito. Conclui-se, portanto, que os elemen-
tos reativos puros n:ro consomem energia. A energia fica armazenada no campo elétrico
ou magnético e é devolvido periodicamente ao circuito, fato que não ocorre com os ele-
mentos resistivos que a dissipa na forma de calor.
Em virtude de ser a resistência a única qúalidade de um circuito capaz de con-
sumir energia elétrica, toda a energia dispendida em qualquer circuito pode ser identi-
ficada, em termos elétricos, como sendo dissipada na resistência efetiva. A resistência
efetiva, Rca, de qualquer circuito pode ser definida como sendo a relação entre a potên-
cia verdadeira absorvida pelo circuito e o quadrado da corrente eficaz que flui no cir·
cuito, ou seja,

Quando a potência é expressa em watts e a corrente em amperes, a resistência


efetiva será em oluns. A resistência CC de um circuito, medida por um ohmímetro ou
ponte CC, pode ser considerada como menor do que a resistência CA efetiva calculada de
dados obtidos pela leitura de um wattírnetro e amperímetro.
Por exemplo, suponha que um motor drene 1 kilowatt de urna fonte de 110 volts.
A corrente de entrada é 10 amperes. A resistência efetiva calculada entre os terminais
do motor é:

p 1000
Rca = -= - -=
lOoluns
J2 102

Entretanto, a resistência CC ôlunica medida com um ohmírnetro entre os terminais do


10
motor é 0,5 ohm. Assim, neste caso, a resistência efetiva CA calculada é- , ou
seja,
0 ,5
20 vezes maior do que a resistência CC medida. Ocorre que a maior parte da energia
tomada da linha é convertida em energia mecânica e n:ro retoma ao circuito. Essa quan-
tidade de energia é computada eletricamente como sendo energia consumida pela resis-
tência efetiva CA com valor de 10 oluns.
Não importa, para a fonte de alimentaç[o, a maneira pela qual o motor dispende
a energia elétrica fornecida. A fonte "vê" o motor como sendo uma impedância,

E 110
Z = -= -- = 11 ohms
I 10
Tendo urna componente resistiva de 10 ohms.
A natureza das diversas conversões de energia que se processam dentro do motor são
importantes somente quando o motor em si é analisado. Sob esse ponto de vista, um
motor, uma lâmpada elétrica, um alto-falante, uma válvula eletrônica ou qualquer outro
dispositivo elétrico pode ser considerado como um circuito equivalente que contém os
componentes fundamentais de indutância, capacitância e resistência. A energia dispen-
dida no circuito é sempre interpretada em termos de resistência efetiva.
332
A energia dispendida em qualquer dispositivo elétrico pode ser dividida em duas
partes (1) aquela que é convertida de forma a ter aplicação útil; e {2) aquela que é con-
vertida para forma inútil. Nenhuma máquina já construída é capaz de fazer conversão
perfeita de energia, isto é, não existe máquina que não apresente perdas ao efetuar a con-
versão. Em um motor elétrico, por exemplo, existe o atrito nos rolamentos e as perdas
por aquecimento nos enrolamentos oomo resultado do fluxo de corrente através do com-
ponente resistivo existente no enrolamento.
A possibilidade de desperdício de energia nos circuitos CA é maior do que nos cir-
cuitos CC. As perdas nos circuitos CA incluem: {I) perda na resistência ôhmica;{2) perda
pelo efeito pelicular; {3) perdas por correntes parasitas;{4) perdas dielétricas; (5) perdas
por histereses magnéticas;(6) perdas por corona;e {7) perda por irradiação.

Resistência efetiva dos condutores


A resistêr.cia CA efetiva dos condutores elétricos é freqüentemente maior do que
a sua resistência CC, especialmente quando eles estão alojados em ranhuras de motores
e geradores ou quando eles são usados em circuito de alta freqüência como nos radio-
transmissores e rádio-receptores.
A corrente contínua se distribui uniformemente sobre a seção reta de um condutor
homogêneo. Por exemplo, se um condutor com uma seção reta de 1000 milésimos cir-
cular conduz um ampere de corrente contínua, flui em cada milésimo circular da seção
reta do condutor, um miliampere de corrente (um milésimo de um ampere). Todavia,
quando uma corrente em um condutor varia em amplitude (corrente alternada) essa dis-
tribuição uniforme não é mais obtida. O campo magnético que acompanha essa variação é
maior no centro do condutor do que na periferia. O campo variante induz uma tensão no
condutor, tensão essa que se opõe à mudança de grandeza da corrente. A tensão
induzida na porção central do condutor é maior do que a tensão induzida nas partes
próximas à periferia. A oposição total à passagem da corrente inclui o efeito dessa f.e.m.
induzida que é maior no centro do que nas partes periféricas do condutor. Como a cor-
rente se divide inversamente com a oposição, verifica-se que fluirá mais corrente nas
partes próximas à periferia do que no centro do condutor.
O resultado final dessa ação é uma efetiva redução na área da seção reta do con-
dutor devido ao aumento na resistência do mesmo. Essa redução na área se toma mais
profunda (1) em altas freqüências, (2) em altas densidades de corrente e (3) com altas
densidades de fluxo magnético. A ação é conhecida como EFEITO PELICULAR e repre-
senta a tendência que têm os condutores em , quando conduzindo corrente alternada,
fazê-lo na superfície do condutor, ao invés de uniformemente em toda a área da seção
reta como o faz quando conduz CC. Em virtude dessa tendência, muitos condutores elé-
tricos que operam em alta freqüência são feitos na forma de tubo para economia de peso,
já que a parte central do condutor não é utilizada para conduzir corrente. A resistência
CA de um condutor circular isolado varia, aproximadamente, com o produto da raiz
quadrada da freqüência e o comprimento do condutor, e, inversamente, com o diâmetro
desse condutor.

Resistência efetiva dos indutores


Quando um condutor é enrolado de maneira a formar uma bobina, a corrente é
concentrada nas partes internas das espiras e em uma área bem menor do que no caso
do condutor isolado reto. Esse fato implica um grande aumento na resistência efetiva.
A área na qual a corrente é concentrada diminui com o aumento da freqüência, de ma-

333
neira que a resistência efetiva aumenta com o aumento de freqüência. Quando dois ou
mais condutores conduzindo corrente alternada são dispostos de maneira que o campo
magnético de um entra em reação com o campo do outro, o campo resultante em torno
de cada condutor não fica mais uniforme. A mudança na distribuição da corrente em um
condutor, devido à ação da corrente alternada em um condutor próximo, é chamado
EFEITO DE PROXIMIDADE.
O efeito de proximidade diminui quando a separação entre os condutores aumenta.
Assim, para reduzir a resistência efetiva nas bobinas de radiofreqüência, é prática comum
espaçar as espiras de uma distância igual ao diâmetro do condutor. Isso diminui a reação
entre os campos magnéticos de espiras adjacentes e permite uma distribuição mais unifor-
me de corrente sobre uma área maior na seção reta de cada espira.
A indutância de uma bobina com núcleo de ar, operando na freqüência de 60
ciclos por segundo, é aumentada de muitas vezes quando um núcleo de aço silício larni·
nado é inserido na bobina. O aumento ocorre em virtude da alta permeabilidade das
lâminas do núcleo. Devido ao aumento na intensidade do campo, há também um aumento
no efeito pelicular. Em aditamento ao aumento desse efeito, a resistência CA efetiva será
aumentada em virtude da perda por histereses no núcleo. Assim, se a bobina é ligada a
uma fonte de potencial CA constante, a corrente na bobina diminuirá quando o núcleo
de ferro é inserido (1) por causa de um pequeno aumento na resistência efetiva e (2) um
grande aumento na reatância da bobina. Se o núcleo de aço larninado é retirado, e uma
peça maciça de aço é inserida no seu lugar, a resistência efetiva é ainda maior devido às
maiores perdas por correntes parasitas e a maior perda por histerese do aço maciço. Um
wattímetro inserido no circuito da bobina indicará esse aumento na resistência efetiva
por meio de uma maior deflexã'o do ponteiro quando o núcleo maciço é inserido subs-
tituindo o núcleo larninado.
Certos tipos de bobinas que operam em freqüência da ordem de 100 megahertz
usam núcleo de ferro polvilhado prensado a fim de limitar a resistência efetiva da bobina a
um valor satisfatoriamente baixo. As partículas de pó de ferro são separadas uma das
outras por uma camada isolante , de maneira que quando comprimidas na forma cilíndrica
e inseridas na bobina, a tensão induzida em cada partícula de ferro é tão pequena em rela-
ção à resistência do percurso para a corrente parasita que a perda por aquecimento é
desprezível. As perdas por correntes parasitas são reduzidas nas armaduras de motores
e geradores que usam condutores de tamanho grande construindo-se os condutores na
forma de lâminas isoladas uma das outras, tal como é feito com o núcleo da armadura.
Dessa maneira, pode-se reduzir a resistência efetiva dos condutores da armadura.

Resistência efetiva dos capacitores


Em capítulos anteriores desta coletânea foram analisados os circuitos equivalentes
de um capacitor com baixas perdas, e, naquela oportunidade, foram estudados os fatores
que afetam a resistência série equivalente. A resistência CA efetiva de um capacitor é
igual a sua resistência série equivalente e representa o fator que quando multiplicado
pelo quadrado da corrente eficaz de carga será igual à potência dissipada na forma de
calor no circuito do capacitor.
Como mencionado previamente , a maior parte do calor é produzido nos dielé-
tricos sólidos. Somente uma pequena quantidade de calor é dispendida nas placas. Ocorre
aquecimento no dielétrico, em virtude da corrente de deslocamento descrita na figura
13-7. Na maioria dos circuitos elétricos, o aquecimento dielétrico é uma perda inútil.
Todavia, em uma aplicação industrial, o aquecimento industrial, o aquecimento dielé-

334
trico produz serviço útil. Trata-se de um processo para colagem de lâminas de madeira
na fabricaçã"o de compensados. As lâminas devidamente preparadas com cola são compri-
midas entre as placas de um capacitor gigante e é aplicada uma tensão de alta freqüência
entre as placas. A corrente de deslocamento produz aquecimento de dentro para fora,
pennitindo secagem muito mais rápida do que o processo que envolve a aplicaçã"o externa
de vapor para a secagem.

Perda por efeito corona


A perda por efeito corona é resultado da emissã"o de elétrons da superfície de con-
dutores elétricos em alto potencial. A perda depende da curvatura da superfície dos
condutores, ocorrendo a maior emissã"o nos pontos de curva acentuada e menor nas
superfícies planas ou com grande raio de curvatura. A perda por efeito corona é fre-
qüentemente acompanhada de uma descarga luminosa azulada e um assobio audível
conforme os elétrons escapam da superfície do condutor para a atmosfera. A perda por
efeito corona aumenta com o aumento da tensã"o e diminui com o aumento da pressão
atmosférica. Esse tipo de perda é mantido em valores satisfatoriamente baixos pelo
(1) uso de condutores com grande diâmetro; (2) nã"o utilizando tensão excessivamente
alta; (3) usando superfícies polidas; (4) evitando pontas agudas dobradas e voltas; e
(5) em alguns dispositivos, como por exemplo nos capacitores de alta tensão, pelo uso
de um gás comprimido para retardar a emissã"o de elétrons.

Perdas por irradiação


A perda por irradiação não é apreciável nas freqüências baixas, 60 hertz por exem-
plo. Todavia, no campo das comunicações essa perda pode ser tomar excessiva. As ante-
nas são dispositivos irradiantes e por elas é feita a irradiação de potência na forma de
campos elétricos e magnéticos. A quantidade de potência irradiada varia com o qua-
drado da corrente de entrada na antena e com a chamada resistência de irradiação da
antena. A linha de transmissão que liga o transmissor à antena pode, sob determinadas
circunstâncias, irradiar energia, provocando, no caso, perda por irradiação.

335

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