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Números reais
Autores
aula
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Reitor
José Ivonildo do Rêgo
Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz
196 p.
ISBN:
CDD 515
RN/UF/BCZM 2009/66 CDU 517
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida
sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
VERSÃO DO PROFESSOR
Apresentação
a aula 02 - Conjuntos Finitos e Enumeráveis estudamos várias propriedades dos
N conjuntos , e , por exemplo, que eles são infinitos e enumeráveis. Nesta aula
iremos estudar o conjunto dos números reais . Vamos entender o que significa
ser um corpo ordenado completo. Será que , e também são corpos ordenados
completos? E é infinito e enumerável? Resumindo, qual a diferença e qual a relação entre
esses conjuntos?
Objetivos
Esperamos que ao final desta aula você seja capaz
de argumentar o que significa ser um corpo ser
ordenado completo. Saiba demonstrar e aplicar al-
gumas propriedades dos números reais bem como
(x + y) + z = x + (y + z) e (xy)z = x(yz);
x+0=x e x.1 = x;
A todo conjunto que tem bem definida estas duas operações satisfazendo todas as pro-
priedades acima chamamos de corpo, sendo assim, é um corpo.
Atividade 1
Verifique se no conjunto dos números naturais as operações de adição e multiplicação
estão bem definidas e conclua se N é um corpo ou não.
Atividade 2
Verifique se o conjunto dos números inteiros Z é um corpo.
Atividade 3
Verifique se o conjunto dos números racionais Q é um corpo.
Exemplo 1
Mostre que x.0 = 0, ∀x ∈ .
Seja x ∈ . Temos x = x.1, pela existência do elemento neutro na multiplicação, e
x.1 = x(1 + 0), pela existência do elemento neutro na adição. Pela distributividade, temos
x(1 + 0) = x.1 + x.0 = x + x.0 ⇒ x = x + x.0. Somando (−x) em ambos os membros,
temos x + (−x) = x + (−x) + x.0 ⇒ 0 = x.0. Logo, x.0 = 0, ∀x ∈ .
Exemplo 2
Mostre que se xy = 0, então ou x = 0 ou y = 0.
Suponhamos y = 0. Assim, ∃y −1 ∈ tal que yy −1 = 1. Logo,
xy = 0 ⇒ (xy)y −1 = 0y −1 ⇒ x(yy −1 ) = 0 ⇒ x = 0.
A operação que a cada par x, y ∈ associa x−y será chamada subtração, e a operação
x
que a cada par x ∈ , y ∈ − {0} associa será chamada divisão.
y
Observação 1
x x
Note que só fará sentido se y = 0, pois = xy −1 , e só existe y −1 para y = 0.
y y
Exemplo 3
Mostre que o inverso aditivo de um número real é único.
Suponha que x ∈ possua dois inversos aditivos y, z ∈ . Logo, x + y = 0 e
x + z = 0. Assim,
x + y = 0 = x + z ⇒ (x + y) + y = (x + z) + y
⇒ 0 + y = (x + y) + z = 0 + z
⇒ y = z.
Exemplo 5
Mostre que x(−y) = −(xy).
xy + x(−y) = x(y + (−y)) = x0 = 0, ou seja, xy + x(−y) = 0. Logo, pela unicidade
do elemento inverso, temos x(−y) = −(xy).
Exemplo 6
Mostre que −(−x) = x.
Note que −(−x) é o inverso aditivo de −x. Como −x + x = 0, temos x = −(−x),
pela unicidade do inverso aditivo.
Exemplo 7
Mostre que x = y ⇔ −x = −y.
Inicialmente, mostremos que x = y ⇒ −x = −y.
x + (−x) = 0 ⇒ y + (−x) = 0 ⇒ y + (−y) + (−x) = 0 + (−y) ⇒ −x = −y.
Para mostrar que −x = −y ⇒ x = y, basta observar que
−x = −y ⇒ −(−x) = −(−y) ⇒ x = y.
Exemplo 8
Mostre que (x − y)(x + y) = x2 − y 2 .
x2 − y 2 = xx − yy = xx + xy − xy − yy = x(x − y) + y(x − y) = (x − y)(x + y).
Exemplo 9
Mostre que se x2 = y 2 , então x = y ou x = −y.
x2 + (−y 2 ) = y 2 + (−y 2 ) = 0 ⇒ x2 − y 2 = 0 ⇒ (x − y)(x + y) = 0.
Disso, temos (x − y) = 0 ⇒ x = y ou (x + y) = 0 ⇒ x = −y.
então x + y ∈ + e xy ∈ + .
3. −x ∈ +.
Exemplo 10
Mostre que todo número real x = 0 tem quadrado positivo.
x∈ − {0} ⇒ x ∈ + ou x ∈ −.
Monotonicidade da multiplicação: Se x < y, então, para todo número real z > 0, tem-se
xz < yz; porém, se z < 0, tem-se xz > yz.
Monotonicidade da multiplicação
Demonstração
Se x < y, então, para todo número real z > 0, tem-se xz < yz; porém, se z < 0,
tem-se xz > yz.
Caso 1: z > 0.
Hipóteses: x < y e z > 0.
Tese: xz < yz.
De x < y, existe w ∈ + tal que y = x + w, e de z > 0, existe p ∈ + tais
que z = 0 + p. Assim, y − x ∈ + e z ∈ + , que implicam z(y − x) ∈ + , isto é,
zy − zx ∈ + ⇒ zy − zx > 0 ⇒ zy > zx.
Caso 2: z < 0.
Hipóteses: x < y e z < 0.
Tese: xz > yz.
De x < y e z > 0, temos y − x ∈ R+ e −z ∈ + ⇒ (y − x)(−z) ∈ + ⇒
−yz + xz ∈ + ⇒ xz − yz ∈ + ⇒ xz > yz.
Atividade 4
Mostre que a relação de ordem x < y é transitiva.
Atividade 5
Mostre que vale a tricotomia da relação de ordem x < y.
Exemplo 11
Mostre que se x < x e y < y , então x + y < x + y .
De x < x e y < y , temos x − x ∈ + e y − y ∈ +. Assim,
x − x + y − y ∈ +
⇒ x + y − (x + y) ∈ +
⇒ x + y > x + y.
Exemplo 12
Mostre que se 0 < x < x e 0 < y < y , então xy < x y .
Por hipótese, temos as seguintes informações:
De x ∈ + e y − y ∈ +, temos x(y − y) ∈ +, e de y ∈ + e x − x ∈ +,
x(y − y) + y (x − x) ∈ +
⇒ xy − xy + y x − y x ∈ +
⇒ y x − xy ∈ +
⇒ y x > xy.
Exemplo 13
1
Mostre que se x > 0, então > 0.
x
Sabemos que x > 0 ⇒ x = 0 ⇒ x2 ∈ +. Assim,
x 1 1
x−1 = 1.x−1 = xx−1 x−1 = x(x−1 )2 ∈ +
⇒ ∈ +
⇒ ∈ +
⇒ > 0.
x2 x x
Atividade 6 1
Mostre que se x < 0, então < 0.
x
Vamos mostrar que o conjunto dos números reais contém outros conjuntos numéri-
cos conhecidos.
O exemplo 10 afirma que o quadrado de qualquer número real diferente de zero é posi-
tivo portanto 1 = 12 ∈ + , ou seja, 1 é positivo. Note que 1 < 1 + 1 < 1 + 1 + 1 < · · · ,
ou seja, 1 + 1 ∈ + , 1 + 1 + 1 ∈ + ,... , e podemos concluir que ⊂ + . Mas + ⊂ ,
portanto ⊂ .
Sabemos que 0 ∈ e acabamos de ver que todo número natural é um número real, ou
seja, n ∈ implica em n ∈ . Como é um corpo, temos que n possui um inverso aditivo
−n ∈ e podemos concluir que ⊂ .
m
Também podemos afirmar que = | m ∈ , n ∈ − {0} ⊂ . Acabamos de
n
ver que todo número inteiro também é um número real, portanto, m ∈ . Como n ∈ −{0},
m
então n ∈ − {0}; assim, ∃n−1 ∈ e mn−1 ∈ o que implica em ∈ . Logo, para
n
m
todo q = ∈ , temos q ∈ , isto é, ⊂ .
n
Exemplo 15
Desigualdade de Bernoulli
Para todo número real x ≥ −1 e todo n ∈ , tem-se (1 + x)n ≥ 1 + nx.
Seja x um número real qualquer tal que x ≥ −1, ou seja, x = −1 ou x > −1.
(1 + (−1))n ≥ 1 + n(−1) ⇒ 0 ≥ 1 − n.
1 − (k + 1) = 1 − k − 1 < 1 − k ≤ 0 ⇒ 1 − (k + 1) ≤ 0.
Agora que sabemos o que significam x > 0 e x < 0, podemos definir o valor absoluto
(ou módulo) de um número real:
⎧
⎪
⎨ x, se x > 0;
|x| = 0, se x = 0;
⎪
⎩
−x, se x < 0.
Demonstração
De |x| = max{x, −x}, temos:
Exemplo 16
|x| é o único número maior que ou igual a zero tal que |x|2 = x2 .
Que |x| ≥ 0 segue da definição. Para mostrar que |x|2 = x2 , basta observar que
xx, se x ≥ 0;
|x|2 = |x||x| =
−x(−x), se x < 0.
Atividade 7
Mostre que se x, y ≥ 0 e x2 = y 2 , então x = y.
Teorema 1
Se x, y ∈ , então |x + y| ≤ |x| + |y| e |xy| = |x||y|.
Demonstração
Sejam x, y ∈ . Sabemos que |x| = max{x, −x} ⇒ |x| ≥ x e que |y| = max{y, −y}
|y| ≥ y. Assim, |x| + |y| ≥ x + y. De modo análogo, temos |x| ≥ −x e |y| ≥ −y, e também
|x| + |y| ≥ −x − y = −(x + y). Logo,
|x| + |y| ≥ x + y e |x| + |y| ≥ −(x + y) ⇒ |x| + |y| ≥ max{x + y, −(x + y)} = |x + y|.
Teorema 2
Sejam a, x ∈ eδ∈ +. Tem-se:
Demonstração
Parte 1. |x − a| < δ ⇒ a − δ < x < a + δ.
Da hipótese, temos:
Da hipótese, temos:
Atividade 8
Mostre que se a, x ∈ eδ∈ +, então
|x − a| > δ ⇒ x < a − δ ou x > a + δ.
Com relação aos intervalos, o teorema 2 diz que x fatisfaz |x − a| < δ se, e somente
se, x satisfaz a − δ < x < a + δ, ou seja, x ∈ (a − δ, a + δ).
Interpretação geométrica de
Imagine como uma reta e cada elemento x ∈ como um ponto desta reta.
distância = |y-x|
x y
Atividade 9
Mostre que se a distância de x a y é δ, então a distância de −x a −y também é δ. Como
corolário, conclua que a distância de x a 0 é a mesma que de −x a 0.
|x-a|
x
a –s a a +s
Até o momento, vimos que quaisquer que sejam x, y ∈ , temos x < y, x > y ou
x = y. A um corpo com esta propriedade chamamos corpo ordenado, isto é, somos ca-
pazes de dizer quem é maior que quem. Em outras palavras, existe uma relação de ordem
bem definida entre seus elementos.
Atividade 11
Mostre que não existe y ∈ tal que x ≤ y, ∀x ∈ .
Exemplo 17
O conjunto X = (−∞, 7) é limitado superiormente?
Sim, pois existe 8 ∈ tal que x ≤ 8, ∀x ∈ X. Logo, 8 é cota superior de X. Note que
10 também é cota superior de X, já que x ≤ 10, ∀x ∈ X.
Atividade 12
Seja X ⊂ limitado superiormente. Mostre que se b é cota superior de X, então
qualquer número real c ≥ b também é cota superior de X.
Se c é cota superior de X ⊂ , então podemos afirmar que qualquer número real b < c
também é cota superior de X? Não! Considere X = (−∞, 4] = {x ∈ |x ≤ 4}. O número
4 é cota superior de x, mas 2 < 4 não é cota superior de X, pois existe 3 ∈ X tal que 2 < 3.
S2. Se c ∈ é tal que x ≤ c, ∀x ∈ X, então b ≤ c. Isso significa que qualquer outra cota
superior de X é, obrigatoriamente, maior que ou igual a b.
S2 . Se d < b, então d não é cota superior de X, ou seja, existe x ∈ X tal que x > d. Isso
significa que nenhum número menor que b pode ser cota superior de X.
S2 . Qualquer que seja ε > 0, b − ε não é mais cota superior de X, ou seja, ∃x ∈ X tal que
x > b − ε.
Dizer que é completo significa dizer que todo subconjunto X de limitado superior-
mente possui supremo.
Exemplo 18
Considere X = (−∞, 4]. Encontre b = sup X.
Note que X = ∅ e X é limitado superiormente, pois existe 10 ∈ tal que x ≤ 10, ∀x ∈
X. Mostremos que b = 4 satisfaz S1 e S2.
Para todo x ∈ X, temos x ≤ 4. Assim, 4 é cota superior de X, isto é, 4 satisfaz S1.
Seja c ∈ tal que c ≥ x, ∀x ∈ X. Temos c ≥ 4, pois 4 ∈ X. Logo, c ≥ b, isto é, c satisfaz
S2. Portanto, b = 4 = sup X.
Como ε > 0 tomado foi qualquer, 4−ε não é mais cota superior de X, para todo ε > 0.
Portanto, 4 satisfaz S2 .
Atividade 13
Seja X = (1, 2) ∪ (2, 4] ∪ [7, 9]. Encontre b = sup X.
Definição 2
Seja X ⊂ limitado inferiormente e não-vazio. Chama-se ínfimo de X ao número
d ∈ que é a maior das cotas inferiores de X, e denota-se d = inf X. Em outras palavras,
ao número d ∈ que satisfaz:
I2. Se c ∈ é tal que c ≤ x, ∀x ∈ X, então c ≤ d. Isso significa que qualquer outra cota
inferior de X é, obrigatoriamente, menor que ou igual a d.
I2 . Se c > d, então c não é cota inferior de X, ou seja, existe x ∈ X tal que x < c. Isso
significa que nenhum número maior que d pode ser cota inferior de X.
I2 . Qualquer que seja ε > 0, d + ε não é mais cota inferior de X, ou seja, ∃x ∈ X tal que
x < d + ε.
c + (−3) c + (−3)
−3 < <c⇒x= ∈ X e x < c,
2 2
isto é, c não seria cota inferior de X. Logo, c ≤ −3 e, portanto, d = −3 = inf X.
Atividade 14
Mostre que se X é limitado superiormente, então −X = {y ∈ | − y ∈ X} é limitado
inferiormente.
Atividade 15
Mostre que se b = sup X, então −b = inf(−X).
Teorema 3
São verdadeiras as seguintes afirmações:
1. ⊂ não é limitado superiormente;
1
2. Se X = |n ∈ , então inf X = 0;
n
3. Dados a, b ∈ +, existe n ∈ tal que na > b.
Demonstração
Item 1.
Hipótese: ⊂ .
Tese: não existe cota superior para .
Item 2.
1 1 1
Hipótese: X = ,n ∈ = 1, , , ... .
n 2 3
Tese: inf X = 0.
Agora, mostremos que para todo c > 0, c não é cota inferior de X. Dado c > 0, temos
1 1
> 0, isto é não é cota superior de , pois é ilimitado superiormente. Assim,
c c
1 1 1
∃n ∈ tal que n > ⇒ nn−1 c > n−1 c ⇒ c > ,
c c n
1
ou seja, existe x ∈ X, x = , tal que x < c. Logo, c não é cota inferior de X.
n
Como c > 0 tomado foi qualquer, temos que, para todo c > 0, c não é cota inferior de
X. Portanto, inf X = 0.
Item 3.
Hipótese: a, b ∈ +.
Atividade 16
Demostre a equivalência entre os itens do teorema anterior, ou seja, mostre que 1 im-
plica 2, 2 implica 3 e 3 implica 1.
Demonstração
Hipótese: I1 ⊃ I2 ⊃ · · · .
Tese: ∃e ∈ tal que e ∈ In , ∀n ∈ , ou equivalentemente, ∃e ∈ tal que e ∈ In .
n
I1 ⊃ I2 ⊃ · · · ⇒ [a1 , b1 ] ⊃ [a2 , b2 ] ⊃ · · · ⇒ a1 ≤ a2 ≤ · · · e b1 ≥ b2 ≥ · · · .
Será que aj ≤ bk , ∀j, k ∈ ? Note que aj > bk não ocorre para nenhum j, k ∈ .
Caso ocorresse, teríamos j > k, pois para j ≤ k temos a1 ≤ a2 ≤ · · · ≤ aj ≤ ak ≤ bk .
Entretanto, se aj > bk para algum j > k, então bj ≥ aj ≥ bk , e isso é absurdo, pois da
hipótese temos bj ≤ · · · ≤ bk ≤ · · · ≤ b2 ≤ b1 . Logo, aj ≤ bk , ∀j, k ∈ .
Observe que [f, e] ⊂ In . De fato,
n
x ∈ [f, e] ⇒ f ≤ x ≤ e
⇒ aj ≤ sup Y = f ≤ x, ∀j ∈ , e
x ≤ e = inf X ≤ bj , ∀j ∈
⇒ aj ≤ x ≤ bj , ∀j ∈
⇒ x ∈ [aj , bj ], ∀j ∈
⇒ x∈ In .
n
Note que [f, e] = ∅, pois no mínimo [f, e] = {e} é um intervalo degenerado. Portanto,
∃e ∈ tal que e ∈ In , ∀n ∈ .
Demonstração
Mostraremos que não existe uma função f : → sobrejetiva e, conseqüentemente,
f : → bijetiva.
Se f (2) ∈
/ I1 , temos I2 = I1 .
Se f (2) ∈ I1 , temos:
⎧
⎪
⎪ a1 + f (1)
⎨ a1 , , se f (2) = a1 ;
2
[a2 , b2 ] = I2 =
⎪
⎪ f (1) + b1
⎩ , b1 , se f (2) = a1 .
2
/ I2 ou f (3) ∈ I2 .
Para f (3), também temos duas possibilidades: f (3) ∈
Se f (3) ∈
/ I2 , temos I3 = I2 .
Se f (3) ∈ I2 , temos:
⎧
⎪
⎪ a2 + f (2)
⎨ a2 , , se f (3) = a2 ;
2
[a3 , b3 ] = I3 =
⎪
⎪ f (2) + b2
⎩ , b2 , se f (3) = a2 .
2
Note que I1 ⊇ I2 ⊇ I3 ⊇ · · · . Logo, existe x ∈ In . Se x ∈ In , então
n
f (1), f (2), ..., f (n) ∈
/ In e, conseqüentemente, f (1), f (2), ..., f (n) = x. Como x ∈ In ,
n
temos x = f (n), ∀n ∈ . Portanto, f não é sobrejetiva, demonstrando o teorema.
Demonstração
Hipótese: I é um intervalo não-degenerado, isto é, I = {c}.
Tese: I é não-enumerável.
Considere
ϕ : (−1, 1) −→ (a, b)
1
x −→ [(b − a)x + a + b]
2
Note que ϕ é bijetiva.
Considere também
ψ: −→ (−1, 1)
x
x −→
1 + |x|
Note que x > 0 > y ⇒ ψ(x) > ψ(0) > ψ(y). Considere, agora, ψ(x) = ψ(y) (x e y
tem o mesmo sinal e x, y = 0).
Se x, y > 0, temos:
x y
ψ(x) = ψ(y) ⇒ = ⇒ x(1 + |y|) = y(1 + |x|)
1 + |x| 1 + |y|
⇒ x + x|y| = y + y|x| ⇒ x + xy = y + yx
⇒ x = y.
Se x, y < 0, temos:
x y
ψ(x) = ψ(y) ⇒ = ⇒ x(1 + |y|) = y(1 + |x|)
1 + |x| 1 + |y|
⇒ x + x|y| = y + y|x| ⇒ x − xy = y − yx
⇒ x = y.
Logo, ψ é injetiva.
0
Se y = 0, então existe 0 ∈ tal que = ψ(0) = 0 = y.
1−0
Logo, ψ é sobrejetiva.
√ √ m
Suponha que 3 é racional, isto é, existem m ∈ e n ∈ − {0} tais que 3 = .
√ n
Assim, 3n = m ⇒ 3n2 = m2 ⇒ m|3n2 ⇒ 3|m2 . Isto significa que 3 é fator primo de
decomposição de m2 . Logo, 3|m e, conseqüentemente, a quantidade de 3 na decomposição
de m2 é par. Temos então duas possibilidades para 3: (a) 3 é fator primo de n ou (b) 3 não é
fator primo de n.
√
Portanto, 3 é irracional.
Resumo
Nesta aula aprendemos que é um corpo ordenado completo e não enumerável. Apli-
camos vários dos axiomas de corpo e a relação de ordem para demonstrar propriedades
interessantes e bem conhecidas dos números reais. Estudando a completeza de aprende-
mos os conceitos de supremo e ínfimo de conjuntos.
Autoavaliação
Usando o fato de ser um corpo, prove:
1) a unicidade do elemento neutro da adição, ou seja, se x + a = x para todo x ∈ então
a = 0.
d) sup(cA) = c.sup(A) se c ≥ 0
√
10) Mostre que 2 não é um número racional.
Referências
FIGUEIREDO, Djairo Guedes de. Análise I. Rio de Janeiro: LTC, 1996.
LIMA, Elon Lages. Análise Real, Volume 1.Rio de Janeiro: Instituto de Matemática Pura e
Aplicada, Coleção Matemática Universitária, 1989.
MORAIS FILHO, Daniel Cordeiro de. Um convite à Matemática. Campina Grande: EDUFCG,
2007.
EMENTA
Conjuntos finitos, enumeráveis e não-enumeráveis. Números reais. Cortes de Dedekind. Sequências e séries
de números reais. Topologia da reta. Limites de funções. Funções contínuas. Sequências e séries de funções.
Panorama histórico.
AUTORES
AULAS
03 Números reais
06 Séries numéricas
07 Limite de funções
08 Funções contínuas
09 Funções deriváveis
10 Máximos e mínimos
Impresso por: Gráfica
12
2º Semestre de 2009