Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Identificação:
Carga Horária:
90 minutos.
Bibliografia utilizada:
- Capez, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1; parte geral (arts 1º a 120). 11ª.
ed. Rev. e atual. – São Paulo; Saraiva, 2007.
- Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte geral, volume 1 – 11ª. ed.
Atual. – São Paulo; Saraiva, 2007.
- Prado, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro, parte geral: arts. 1º a 120. 8ª ed.
rev. atual. e ampl. – São Paulo: editora Revista dos Tribunais, 2008. Vol. 1.
- Greco, Rogério. Código Penal comentado, 2ª ed. – Niterói – RJ. Ímpetus, 2009.
Ementa:
Objetivos:
CONTEÚDO:
1. INTRODUÇÃO;
2. PERGUNTAS FREQÜENTES:
3. NOTAS PRELIMINARES:
3.7 Direito Penal Material (ou Substantivo) X Direito Penal Formal (ou Adjetivo);
3.9 Direito Penal Comum X Direito Penal Especial X Legislação Penal Especial
(Extravagante);
5. REVISÃO
3
1. INTRODUÇÃO
O fato que contraria a norma de Direito, ofendendo ou pondo em perigo um bem alheio
ou a própria existência da sociedade, é um Ilícito jurídico, que pode resultar em
algumas conseqüências.
- Ilícitos Administrativos;
- Ilícitos Civis;
- Ilícitos Penais.
Já o ilícito Civil poderá acarretar àquele que o praticou uma reparação civil, por
exemplo, indenizar, consertar, devolver, dar, não fazer, etc. Sua diretriz geral está
disciplinada pelo CC, 927, caput1.
Muitas vezes, porém, essas sanções civis (ou administrativas) se mostram insuficientes
para coibir a prática de ilícitos jurídicos graves, que atingem não apenas interesses
individuais, mas também bens jurídicos relevantes, em condutas profundamente lesivas
à vida social.
São os ilícitos penais (que é o que nos interessa) que são tratados por um segmento do
ordenamento jurídico que detém a função de selecionar os comportamentos humanos
mais graves e prejudiciais à coletividade, capazes de colocar em risco valores
fundamentais para a convivência social, e descrevê-los como infrações penais,
cominando-lhes, em conseqüências, as respectivas sanções.
Essa agressão merece ser apurada e, se for o caso, o agressor responsabilizado. Quem
faz isso é o Estado.
O faz através de um poder-dever que se chama ‘jus puniendi’. (ou seja, o poder-dever de
punir).
1
CC, 927: „Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo‟.
4
2. PERGUNTAS FREQÜENTES:
3. NOTAS PRELIMINARES
À reunião das normas jurídicas pelas quais o Estado proíbe determinadas condutas, sob
ameaça de sanção penal, estabelecendo ainda os princípios gerais e os pressupostos para
a aplicação das penas e das medidas de segurança, dá-se o nome de Direito Penal.
Como vimos, esses valores fundamentais são denominados bens jurídicos e sua origem
encontra fundamento, principalmente, no texto constitucional2.
Com o Direito Penal objetiva-se tutelar os bens que, por serem extremamente valiosos,
não do ponto de vista econômico, mas sim político, não podem ser suficientemente
protegidos pelos demais ramos do Direito.
Quando dissemos ser político o critério de seleção dos bens a serem tutelados pelo
Direito Penal, é porque a sociedade, dia após dia, evolui.
Em virtude dessa constante mutação, bens que outrora eram considerados de extrema
importância, e, por conseguinte, carecedores da especial atenção do Direito Penal, hoje,
já não merecem ser por ele protegidos.
Como exemplo, pode-se citar a Lei 11.106/05, que derrogou, excluiu a expressão
“mulher honesta” da redação dos artigos 2153 – posse sexual mediante fraude - e
2164 – atentado ao pudor mediante fraude - do CP.
2
CF, 5º: „Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...)‟.
3
CP, 215; „Ter conjunção carnal com mulher, mediante fraude: pena – reclusão de 1 a 3 anos‟. (redação
anterior: „ter conjunção carnal com mulher honesta, mediante fraude: pena – reclusão de 1 a 3 anos).
7
Como mulher honesta entende-se não só a de conduta moral sexual irrepreensível, com
também aquela que ainda não rompeu com o minimum de decência exigido pelos bons
costumes (Nelson Hungria).
Outro exemplo foi a ab-rogação do CP, 2175. Seja porque o legislador entendeu que a
virgindade não mais merece a proteção do Direito Penal, seja por que entendeu que a
integridade da mulher deverá ser protegida de outra forma.
Por fim, cita-se, também, como exemplo, a ab-rogação do CP, 240 (adultério), que tinha
como objeto jurídico a organização jurídica da família e do casamento.
O Direito Penal somente pode dirigir os seus comandos legais, mandando ou proibindo
que se faça algo, ao homem, pois somente este é capaz de executar ações com
consciência do fim.
Assim, o objeto das normas penais é a conduta humana, ou seja, a ação ou omissão
dirigida a uma determinada finalidade.
É ciência normativa: ou seja, tem por objeto o estudo da norma, da lei, do Direito
positivo, como dado fundamental e indiscutível em sua observância obrigatória. Não se
preocupa, portanto, com a verificação da origem do crime, dos fatos que levam à
4
CP, 216: „Induzir alguém, mediante fraude, a praticar ou submeter-se á prática de ato libidinoso diverso da
conjunção carnal: Pena, reclusão de 1 a 2 anos‟. (redação anterior: Art. 216 - Induzir mulher honesta, mediante
fraude, a praticar ou permitir que com ela se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal: pena, reclusão
de 1 a 2 anos).
5
CP, 217: „Seduzir mulher virgem, menor de 18 (dezoito) anos e maior de 14 (catorze), e ter com ela
conjunção carnal, aproveitando-se de sua inexperiência ou justificável confiança: Pena - reclusão, de 2 (dois) a
4 (quatro) anos‟.
8
Tem caráter finalista: é dizer, visa a proteção de bens jurídicos fundamentais, como
garantia de sobrevivência da ordem jurídica.
Talvez a primeira indagação que venha à mente do leitor quando inicia o estudo do
Direito Penal seja a propósito de sua própria denominação.
Por que Direito Penal e não Direito Criminal ou outra denominação qualquer?
Criticava-se a expressão Direito Penal porque esta dava ênfase à pena, reclamando-se da
carga eminentemente repressiva trazida pela expressão. Ora, dizem os críticos, o infrator
não deve apenas sofrer uma repressão, mas, também, o Estado deve preocupar-se em
recuperá-lo para restituí-lo ao convívio social.
Para outros, a expressão Direito Criminal seria mais adequada, já que seria mais
abrangente (nem tanto, pois não abrange as contravenções penais), relacionada que está
com o principal objeto de estudo da matéria, ou seja, o crime, alongando-se a seus
efeitos jurídicos, um dos quais é a pena.
Mas os Estados também poderão fazê-lo (desde que na forma do parágrafo único7, do
mesmo artigo).
6
CF, 22, I: „Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual,
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho‟.
7
Parágrafo único do CF, 22: „Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo‟.
9
Sem embargo, não se descarta o uso do vocábulo Criminal em nosso sistema jurídico.
Por exemplo: o local onde tramitam ações de natureza penal chama-se Vara Criminal;
o recurso interposto em virtude de uma decisão proferida por um juízo monocrático é
dirigido e submetido ao crivo de uma Câmara Criminal; o advogado que milita na
seara penal é conhecido como advogado criminalista, etc.
Direito Penal Objetivo é o conjunto de normas editadas pelo Estado definindo crimes
e contravenções, isto é, impondo ou proibindo determinadas condutas sob a ameaça de
sanção, bem como todas as outras normas que cuidam de questões de natureza penal,
v.g., excluindo o crime, isentando de pena, explicando determinados tipos penais.
Nestes termos, evidentemente que o Direito Penal é Direito positivo, na medida em que
a sua obrigatoriedade não depende da anuência dos destinatários, mas da vontade estatal
soberana que o impõe, e o seu cumprimento está garantido pela coerção, aliás, com a
sua forma mais eloqüente, que é a pena.
Direito Penal Subjetivo é a possibilidade que tem o Estado de criar e fazer cumprir
suas normas, executando as decisões condenatórias proferidas pelo Poder Judiciário. É o
chamado Jus Puniendi, ou seja, o poder de punir. Se determinado agente praticar um
fato típico, antijurídico e culpável, abre-se ao Estado o dever-poder de iniciar a
Persecutio criminis in judicio, visando alcançar um decreto condenatório.
Assim, podemos considerar o Direito Penal Objetivo e o Direito Penal Subjetivo como
duas faces de uma mesma moeda. O primeiro, como o conjunto de normas que, de
alguma forma, cuida de matéria de natureza penal; o segundo, como o dever-poder que
tem o Estado de exercer o seu direito de punir caso as normas por ele editadas venham a
ser descumpridas.
3.7 Direito Penal Material (ou Substantivo) X Direito Penal Formal (ou Adjetivo)
Por sua vez, o Direito Penal Formal (ou Adjetivo), é aquele composto por normas
procedimentais que permitem a aplicabilidade do Direito Penal Material, ou seja, serve
de instrumento de aplicabilidade do Direito Material. É o Direito Processual Penal.
É o ramo do Direito que trata da execução das penas aplicadas pelo Judiciário. Também
referenciado por alguns doutrinadores com a denominação de Direito de Execução
Penal.
3.9 Direito Penal Comum X Direito Penal Especial X Legislação Penal Especial
(Extravagante)
A diferença entre Direito Penal Comum e Direito Penal Especial surge na doutrina com
sentidos diversos.
Uma primeira diferenciação diz que o Direito Penal Comum refere-se à parte Geral8 do
CP enquanto que Direito Penal Especial refere-se à parte Especial9 do CP.
8
Que vai do artigo 1º ao 120 do Código Penal.
9
Que vai do artigo 121 ao 361 do Código Penal.
11
Trabalhista. Já no Direito Penal Comum, a norma não demanda aplicação por órgãos da
Justiça Especial, mas sim por órgãos da Justiça Comum (Federal ou Estadual).
A Legislação Penal Extravagante, por sua vez, é constituída por aquelas normas que não
estão contidas no corpo do Código, mas que dispõem, também, de matéria penal.
Por esta expressão procura-se determinar a crítica das instituições vigentes e preparo de
sua reforma, consoante os ideais jurídicos que se vão formando à medida que o
ambiente histórico-cultural sofre modificações.
Para uns, a Política Criminal é ciência. Para outros (maioria), no entanto, não é ciência
autônoma, é apenas uma técnica ou método de observação e análise crítica do Direito
Penal. Um método de trabalho.
Muitas vezes, porém, essas sanções civis se mostram insuficientes para coibir a prática
de ilícitos jurídicos graves que atingem não apenas interesses individuais, mas também
bens jurídicos relevantes, em condutas profundamente lesivas à vida social.
Portanto, a proteção de bens jurídicos não se realiza só mediante o Direito Penal, senão
que nessa missão cooperam todo o instrumental do ordenamento jurídico.
O Direito Penal é, inclusive, a última dentre todas as medidas protetoras que devem ser
consideradas, quer dizer que somente se pode intervir com o Direito Penal quando
falhem outros meios de solução social do problema – como a ação civil, os
regulamentos de polícia, as sanções não penais, etc.
Por isso se denomina a pena como a „ultima ratio da política social‟ e se define sua
missão como proteção subsidiária de bens jurídicos.
Resumindo, vale dizer que o Direito Penal deve ser o último recurso, um remédio
último, cuja presença só se legitima quando os demais ramos do Direito revelarem-se
incapazes de dar a devida tutela a bens de relevância para a própria existência do
homem e da sociedade.
Além de atuar somente quando os demais ramos do Direito não foram suficientes para
reprimir e/ou corrigir a conduta ilícita, o Direito Penal somente irá proteger
determinados bens jurídicos.
De outra sorte, nem tudo interessa ao Direito Penal, mas tão-somente uma pequena
parte, uma limitada parcela de bens que estão sob sua proteção, e, dentre estes, por
vezes, ainda não os tutela de todas as lesões; intervém somente nos casos de maior
gravidade, “protegendo um fragmento” dos interesses jurídicos. Por isso é fragmentário.
Assim, não é a totalidade dos bens jurídicos que merecem a proteção do Direito Penal,
mas sim, a penas fragmentos, parcelas, desta totalidade. Aqueles bens jurídicos que não
toleram agressão, posto que considerados essenciais ao convívio em sociedade.
Dito de outra forma, o ordenamento jurídico se preocupa com uma infinidade de bens e
interesses particulares e coletivos. Como ramos desse ordenamento jurídico temos o
Direito Penal, o Direito Civil, o Direito Administrativo, o Direito Tributário, etc.
Contudo, nesse ordenamento jurídico, ao Direito Penal cabe a menor parcela no que diz
respeito à proteção desses bens. Ressalta-se, portanto, sua natureza fragmentária, isto é,
nem tudo lhe interessa, mas tão-somente uma pequena parte, uma limitada parcela de
bens que estão sob a sua proteção, mas que, sem dúvida, pelo menos em tese, são os
mais importantes e necessários ao convívio em sociedade.
13
Exemplos:
- Já o CP, 16311, que protege o patrimônio, somente o faz se houver uma agressão
dolosa, deixando que as agressões culposas que causem dano ao patrimônio de outrem
sejam resolvidas de outra forma, em geral, pelo Direito Civil.
10
CP, 129, caput: „ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1
(um) ano‟.(...); §6º- Se a lesão é culposa: Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
11
CP, 163: „destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou
multa‟.
14
e) Lei nº. 7.209/1984 – com esta lei foi revogada, tão-somente, a parte
geral do Código Penal de 1940.
A parte geral do Código é destinada à edição das normas que vão orientar o intérprete
quando da verificação da ocorrência, em tese, de determinada infração penal.
Enfim, por força do CP, 12, a parte geral ocupa-se de regras que são aplicadas não só
aos crimes previstos no próprio Código Penal, como também, a toda legislação
extravagante, isto é, àquelas normas que não estão contidas no corpo do Código, mas
que dispõem, também, de matéria penal.
5 REVISÃO
01. Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do
Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a
quem os pratica;
07. O Direito Penal objetivo é o conjunto de normas editadas pelo Estado definindo
crimes e contravenções, bem como todas as outras normas que cuidam de
questões de natureza penal;
09. Direito Penal Material (ou substantivo) é aquele composto por normas que
gravitam em torno do crime, sujeito ativo e sujeito passivo, localizadas no
Código Penal. É o Direito Penal propriamente dito.
10. Direito Penal Formal (ou Adjetivo), é aquele composto por normas
procedimentais que permitem a aplicabilidade do Direito Penal Material, ou seja,
serve de instrumento de aplicabilidade do Direito Material. É o Direito
Processual Penal.
11. O Direito Penal deve atuar somente quando os demais ramos do Direito não
foram suficientes para reprimir e/ou corrigir a conduta ilícita, daí seu caráter
subsidiário;
12. Não são todos os bens jurídicos que estão sob a proteção do Direito Penal,
somente os considerados mais importantes e necessários ao convívio em
sociedade, daí o caráter fragmentário (ou mínimo) do Direito Penal;
14. O Código Penal é dividido em duas partes: parte geral e parte especial;
16. Por força do CF, 22, § único, os Estados poderão legislar sobre Direito Penal,
desde que sejam autorizados por lei complementar federal e sobre questões
específicas.