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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

FACULADE DE HISTÓRIA

DISCIPLINA: HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE

DISCENTE:

LEDIANE ARAUJO PIRES

Análise crítica do texto: “O presente como história: escrever a


história de seu próprio tempo” de Eric Hobsbawm

BELÉM/PA

ABRIL/2018
O PRESENTE COMO HISTÓRIA: ESCREVER A HISTÓRIA DE SEU
PRÓPRIO TEMPO (Eric. J. Hobsbawm)

O presente texto do autor Eric. J. Hobsbawm nasceu a partir de uma conferencia


realizada no museu de artes de São Paulo no ano de 1995. O autor inicia dizendo que
toda história é história contemporânea com uma fantasia. Por qual motivo o autor faz tal
afirmação? Para mostrar como é difícil para um historiador escrever historia do seu
próprio tempo e com ele não foi diferente.
O autor destaca três importantes problemas que dificultam a escrita do
historiador sobre seu próprio tempo, o primeiro seria “O problema de gerações”, o
segundo problema diz respeito “a mudança de perspectiva em relação a medida que a
historia progride ” e o terceiro problema exposto por Hobsbawm seria “escapar dos
pressupostos que a maioria de nos compartilha”.
A partir desses três problemas elaborados pelo autor, ele conta o que o levou a
refletir sobre a história do seu próprio tempo, então ele destaca como pressuposto para
tal reflexão os episódios corridos em Sarajevo, que culminaram com a 1º guerra
mundial e no mesmo local ocorreu o colapso dos regimes socialistas da União
Soviética. Tais fatos que o levaram a escrever um dos seus livros mais conhecidos “A
era dos extremos: O breve século XX 1914-1921” segundo ele a sua vida coincide com
o período escrito em tal obra.
Segundo suas reflexões, uma experiência individual de vida também pode ser
coletiva, por mais que tal afirmativa seja paradoxal ela pode ser verdadeira, pois para o
autor não reconhecermos os marcos histórico mais importante tanto nacional como
mundial em que vivenciamos em nossas vidas, mas não o reconhecemos por estar
vivenciando tal momento, mas pelo fato de aceitarmos um consenso, reconhecemos um
fato como marco.
Hobsbawm diz que seu ponto de vista foi constituído por meio de suas
experiências vividas por exemplo em Viena dos anos 20 quando ainda criança, tempos
esses que relaciona-se com a ascensão de Hitler em Berlim, essa foi a conjuntura que
determinou suas posições políticas e seu interesse por história, então o autor afirma que
por esse fato seu ângulo de visão se torna diferente do de outros historiadores, logo para
o Hobsbawm escrever sobre fatos que ocorreram em seu próprio tempo, tem suas
vivencias pessoais moldando a forma dessa escrita e isso é inevitável, além do mais para
o historiador a diferença entre gerações pode levar a divisão dos homens.
E ele explica o motivo de tal declaração, segundo ele seus alunos sentem certo
espanto quando ele conta que se lembra do dia em que Hitler se tornou chanceler, ou
seja, há por parte desses alunos um estranhamento, pois para a maioria esse e outros
acontecimentos vividos por Hobsbawm esta num passado distante, segundo o autor é
como se fossem eventos pré-históricos, porém para o autor é como se o passado ainda
estivesse sendo parte do seu presente, pois tais fatos ainda viviam nele.
Segundo o autor, o século XX foi à época mais revolucionária da historia de
homens e mulheres, pois tiveram suas vidas mudadas de uma forma profunda e drástica
em um tempo tão curto, e as gerações que não viram como era o mundo antes, tem
dificuldade em perceber isso intuitivamente, mas os historiadores que viveram e fizeram
historia do seu próprio tempo segundo Hobsbawm, sabem que o passado é país.
O autor passa a destacar o efeito que a passagem dos anos e séculos faz sobre a
perspectiva de um historiador, citando, por exemplo, os acontecimentos do século XX,
segundo o qual esse período curto viveu modificações drásticas, experimentando uma
era dourada de curto período e passando para uma era de grandes crises. Logo, segundo
o autor a historia do século XX escrita na década de 90 não só é, como deve ser escrita
diferente de qualquer outra historia anteriormente, pois as mudanças ocorridas não estão
diretamente ligadas a forma de pensar do historiador, mas aos fatos ocorridos que
acabam por obrigar este a mudar sua perspectiva e isso o autor falar que aconteceu com
ele, fazendo o seguinte questionamento: Um historiador que escrever daqui a 50 anos
verá nosso século por este prisma? Até pode ser que sim, mas provavelmente segundo
Hobsbawm esse historiador estará menos a mercê dos movimentos do que aqueles que
os vivenciaram e essa é a difícil condição do historiador do seu próprio tempo.
Para Hobsbawm o primeiro passo dado para se refletir sobre nossa história do
tempo presente é de que estávamos enganados, e que talvez não tenhamos entendido
algo direito, pois segundo ele a experiência fundamental de quem viveu estes séculos é
o engano e surpresa, citando-se como exemplo, pois passou a maior parte de sua vida
esperançosa com a causa comunista iniciada com a Revolução de outubro, porém foi
frustrado. Mas segundo ele, nada aguça mais a mente de um historiador do que uma
derrota.

REFERENCIA BIBLIOGRAFICA
HOBSBAWM. Eric J. “O presente como história: escrever a história de seu próprio
tempo”. Novos estudos CEBRAP, nº 43, Nov. 1995, pp. 103-112.

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