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Gestão

e
Liderança

Dr. Rubens Muzio


Janeiro / 2017
Professor Autor: Dr. Rubens Muzio / Ms. André L. Borges
Coordenadoria de Ensino a Distância: Gedeon J. Lidório Jr
Projeto Gráfico e Capa: Mauro S. R. Teixeira
Revisão: Éder Wilton Gustavo Felix Calado

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por:

Rua: Martinho Lutero, 277 - Gleba Palhano - Londrina - PR


86055-670 Tel.: (43) 3371.0200
SUMÁRIO

Unid. - 01 Definição e Mitos da Liderança...............................................05

Unid. - 02 Tipos de Liderança no AT.........................................................11

Unid. - 03 Liderança no NT.......................................................................19

Unid. - 04 Modelos Atuais de Liderança..................................................27

Unid. - 05 Estilo de Liderança...................................................................35

Unid. - 06 A Espiritualidade do Lider......................................................43

Unid. - 07 Caráter e Qualidades dos Líderes Cristãos............................51

Unid. - 08 Cuidado Pastoral e Liderança.................................................57

Unid. - 09 Treinamento de Novos Líderes e o Desenvolvimento de


Equipes.................................................................................................................63

Unid. - 10 A Gestão na Liderança.............................................................71

Unid. - 11 Gestão: Planejamento...............................................................79

Unid. - 12 Gestão: Organização.................................................................85

Unid. - 13 Gestão: Direção.........................................................................91

Unid. - 14 Gestão: Monitoramento ou Controle.....................................99

Unid. - 15 Autoconhecimento..................................................................107

Unid. - 16 Liderança frente ao tempo, finanças e conflitos..................115

03
04 Gestão e Liderança
Gestão e Liderança
Unidade - 01
Definições e Mitos da Liderança

Introdução

Bem-vindo à disciplina Gestão e Liderança.


Nesta unidade vamos introduzir o tema da liderança
reconhecendo os grandes desafios quanto a sua definição
bem como seus mitos. No século 21, reina uma crescente
preocupação e constante confusão com respeito a liderança,
no entanto, é raro encontrar-se um bom líder. Isso fica
claro quando olhamos ao redor para a política, a empresa, o
comércio, os esportes, a igreja, e assim por diante. O mundo
contemporâneo é complexo e multifacetado, tornando
a função da liderança algo imprevisível, estressante e
complexo.

Objetivos

Tratar dos seguintes assuntos:

1. Definições básicas e mitos da liderança;


2. Liderança e a natureza da influência.

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Definições básicas
Antes de aprofundar a discussão eu quero apontar alguns mitos e
gostaria de refutá-los imediatamente:
Liderança não é gerência. O líder influencia enquanto o gerente
concentra-se na organização e manutenção de sistemas e processos. O
gerente não consegue alterar a direção, nem mudar as estruturas.
Liderança não é empreendedorismo. Nem todo empreendedor ou
vendedor é um bom líder. Ele pode conseguir persuadir ou vender bem,
mas não necessariamente influência de maneira permanente.
Liderança não é informação. O melhor líder é aquele que possui maior
conhecimento e inteligência? Isso não é automático. Bons PhD, professores
universitários, acadêmicos e teólogos podem se tornar péssimos líderes e
coordenadores. Inteligência não implica em capacitação para liderança.
Liderança não é pioneirismo. O primeiro que aceita o trabalho não é
geralmente o que melhor lidera. O bom líder pode não estar à frente mas
fazer parte da discussão ao redor da mesa e influenciar outros.
Liderança não é posição. Achar que liderar é ter uma posição de
destaque é um grande equívoco. Não é a posição que faz o líder. O líder
faz a posição. Quantas vezes pastores saíram de suas denominações,
perderam sua posição e prédios, mas levaram centenas de membros para
a nova igreja?
O líder cristão tem como propósito supremo glorificar Deus
realizando os Seus alvos na terra, expandindo o Seu Reino e não apenas
seus interesses e ministérios. Liderança implica em firmar valores firmes,
esclarecer a missão e visão da organização, buscar excelência, eficiência
e eficácia, olhar para o futuro com esperança e capacitar e multiplicar
discípulos que alcancem o seu potencial. Os líderes são responsáveis não
apenas pelo presente mas pelo futuro. Reflita sobre algumas definições
e conceitos básicos da liderança que nos ajudam a compreender seu
propósito:
• “A primeira responsabilidade do líder é definir a realidade”. Max
DePree
• “A primeira e última tarefa do líder é manter a esperança viva.

06 Gestão e Liderança
Nunca negando as dificuldades, eles devem manter a confiança
perfeita”. John W. Gardner
• “A primeira responsabilidade do líder é estabelecer uma visão
correta e compartilhada”. Lovett H. Weems
• “Para ser um bom líder, você precisa ser um bom seguidor”.
Truett Cathy
• “Um líder é alguém que influencia as pessoas a tomar um curso
de ações”.
• “Líder é alguém capacitado e responsabilizado por Deus, para
influenciar Seu povo rumo aos Seus objetivos para eles”.
• “Líderes são pioneiros. Eles são pessoas que se aventuram
em território inexplorado. Eles nos guiam a novos destinos,
frequentemente desconhecidos. Pessoas que lideram são os
soldados na campanha por mudança. Líderes nos levam a outros
lugares.” James M. Kouzes e Barry Z. Posner.
Foi pensando em todas as responsabilidades da liderança, que
George Barna1 descreveu os cinco atributos chaves da liderança, nos quais
focaremos por diversas vezes neste curso:
O líder mobiliza
Seu foco é influenciar pessoas
Dirigida pelos alvos e objetivos
Mantém direção em comum com aqueles que confiam nele
Tem pessoas dispostas a segui-lo
O líder tem capacidades e responsabilidades para influenciar um
específico grupo de pessoas a alcançarem os propósitos de Deus para eles.
Liderança tem tudo a ver com o esforço de exercer conscientemente uma
influência especial dentro de um grupo no sentido de levá-lo a atingir
metas de permanente benefício que atendam às necessidades reais do
grupo.

Líderes em Ação (United Press, 1999)


1

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Liderança e Influência:
O ministério da liderança é um movimento cíclico de dar e receber
influências. Neste movimento, a autoridade interior é a base para isso (1 Tm
4:12; 3:1-8; Tt 1:5-9), enquanto que a posição externa e delegada dá ao líder
uma plataforma de influência. A liderança tem a ver com a influência em
quatro áreas específicas:
Modelo. As pessoas são influenciadas, inicialmente, pelo que veem.
Isso é facilmente observável em relação aos filhos. Não importa o que
digamos para eles fazerem, a inclinação natural deles será imitar o que estão
vendo. Quando você encontra um líder digno de confiança e com boas
qualidades é positivo, você o procura como um influenciador para a sua
vida. E, quanto mais passa a conhecer o líder, maior será a capacidade de
influência dele sobre você. Uma exceção à esta regra são celebridades. Tais
pessoas, devido a sua exposição na mídia, tem a capacidade de influenciar
aqueles que se expõem aos meios de comunicação nos quais aparecem,
embora nunca tenha havido um encontro entre os dois lados. É algo que
pode também ser feito à distância.
Motivação. Para o líder causar um impacto realmente significativo na
vida das pessoas, ele tem que estar próximo delas. E, isso nos traz à motivação.
O líder torna-se uma influência motivadora quando encoraja as pessoas, e
se comunica com elas no nível emocional. Com isso, ele constrói pontes
de relacionamento e aumenta a confiança. Quando as pessoas sentem-se
bem com o seu líder e com eles mesmos, quando estão com o líder, o nível
de influência dele aumenta significativamente. Ele começa a observar um
impacto positivo em suas vidas.
Mentoria. Para que esse impacto aumente ainda mais e prolongue-se
por um longo tempo, o líder tem de mover-se para o estágio seguinte de
influência, ou seja, a mentoria. Mentoria é o derramar da vida do líder na
vida das outras pessoas para ajudá-las a alcançar o seu potencial. O poder da
mentoria é tão forte que o líder pode, na realidade, ver, com os seus próprios
olhos, a mudança ocorrendo na vida daqueles que ele está influenciando.
Multiplicação. Outro importante aspecto da influência que o
líder alcança sobre outras vidas é multiplicando. Na qualidade de um

08 Gestão e Liderança
influenciador, você pode ajudar as pessoas que está influenciando a se
tornarem influenciadoras positivas nas vidas de outras, e a passarem
adiante, não somente o que receberam de você, mas também o que
aprenderam por si mesmas. Poucas pessoas chegam a este estágio de
influência, embora todos, em geral, tenham o potencial para chegarem
lá. Isso exigirá uma série de outros fatores que trataremos adiante, e
também exigirá tempo. Você pode ser um modelo para grupos, mas,
para formar multiplicadores, você terá de trabalhar com as pessoas,
individualmente.

Níveis de Liderança
No que diz respeito aos níveis de liderança, John Maxwell
desenvolveu o conceito dos cinco níveis diferentes de liderança.
1. Posição. Neste nível de liderança, as pessoas seguem o líder,
porque têm de fazê-lo, pois ele tem autoridade. Neste nível, a influência
do líder não ultrapassa as linhas que descrevem suas atividades na sua
posição em particular.
2. Permissão. Neste nível de liderança, a palavra-chave é
relacionamento. As pessoas não seguem o líder por causa da sua
autoridade declarada (sua posição), mas porque querem fazê-lo. Este
nível permite que o ambiente seja alegre e descontraído. Entretanto,
é possível que a longa permanência neste nível, sem passar para os
seguintes, possa provocar uma acomodação generalizada nas pessoas
que encontravam-se, inicialmente, muito motivadas.
3. Produção. Neste nível de liderança, a palavra-chave é resultado.
As pessoas seguem o líder pelo que ele tem feito pela organização,
pelo seu sucesso. Elas gostam do líder e do que ele está fazendo. Os
problemas são resolvidos com pouco esforço, devido ao momento que
estão vivendo.
4. Desenvolvimento das pessoas. Neste nível de liderança, a
palavra-chave é reprodução. As pessoas seguem o líder pelo que ele
tem feito por elas. Este é o nível no qual ocorre o crescimento a longo
termo. O compromisso do líder em desenvolver novos líderes garante
um crescimento continuado da organização e das pessoas. Faça tudo

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que possa para alcançar este nível, e permaneça nele.
5. Personalidade. Neste nível, a palavra-chave é respeito. As
pessoas seguem o líder por causa do que ele é (integridade), do que ele
faz (convergência) e do que ele representa (celebração).

Conclusão

Deus está buscando líderes fiéis (1 Sm 13:14, Jr 5:1, Ez


22:30). Quando ele encontra uma pessoa segundo o seu coração e
comprometida com o seu Reino ele o usa ilimitada e criativamente.
Veja por exemplo: Moisés, Gideão, Davi, Samuel, Pedro, Paulo,
Calvino, Lutero, Wesley, Adoniram Judson, Charles Spurgeon, Billy
Graham e milhares de outros santos e sábios. Deus está chamado
pessoas segundo o seu coração. Você é uma delas?

10 Gestão e Liderança
Gestão e Liderança
Unidade - 02
Tipos de liderança no Antigo Testamento
Dr. Willian Lace Lane

Introdução

Nesta unidade vamos identificar e analisar alguns


tipos de liderança no Antigo Testamento, de acordo com a
instituição que representam ou lideram. No AT encontramos
importantes instuições do povo de Deus, dentre elas, a
estrutura dos clãs e tribos, o templo, o reino e a sociedade
em geral. Cada uma dessas instituições tinha sua estrutura
de liderança com suas características peculiares. Queremos
observar em linhas gerais algumas dessas características.

Objetivos

1. Identificar os tipos de liderança no AT;

2. Reconhecer as principais características de cada


tipo de liderança;

3. Ser motivado a aplicar tipos diferente de liderança


de acordo com a natureza do cargo ou da responsabilidade.

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Tipos de liderança no Antigo Testamento
Naturalmente, há diversos tipos de liderança na Bíblia, particularmente
no AT. Pessoas são chamadas para exercerem responsabilidades no âmbito
político, na vida religiosa do povo, na família, e no meio social. Apesar de
indivíduos se identificarem particularmente com um ou outro tipo, de certo
modo, eles se entrelaçam uns aos outros. Frequentemente o rei tinha uma
liderança religiosa e social também. Por isso, temos que ver esses tipos não
como campos completamente distintos, mas como expressões de liderança
no tipo de cargo que ocupavam. Rapidamente, gostaria de destacar alguns
desses tipos de liderança.
A importância dessa discussão é perceber que o povo de Deus
no AT era formado através
de diversas organizações ou
instituições. Na longa história
do povo de Israel, o povo se
organizoudemaneiradiferente
em épocas diferentes. No
início da formação do povo,
principalmente no período
patriarcal e até a entrada na
Fonte: Depositphotos
terra prometida, a estrutura
organizacional do povo girava em torno dos “chefes” (lit. “cabeças”)
dos clãs ou tribos. Depois da morte de Josué, a liderança se concentra
em um juiz que raramente conseguiu liderar todas as tribos. Esses juízes
surgiam pelo carisma em situação especial de opressão do inimigo. Eles
libertavam o povo e passavam a governar aquela tribo ou grupo de tribos.
O período da monarquia possibilitou, pelo menos durante os reinados de
Davi e Salomão, uma liderança política centralizada. Durante todo esse
tempo, havia também a liderança religiosa dos sacerdotes e dos profetas,
e a liderança social dos sábios e juízes. Portanto, há diferentes tipos de
liderança em diferentes épocas e diferentes instituições.
Esse estudo pode nos ensinar e despertar para o fato de que na igreja,
e na sociedade como um todo, há também diversos tipos de liderança.
Precisamos saber reconhecer esses tipos de liderança e implementar ações
correspondentes.

12 Gestão e Liderança
1. Tipos de liderança bíblica
1.1. Política
As principais formas de liderança política em Israel são os
juízes e reis. No livro de Juízes, vemos claramente que os juízes eram
homens e mulheres revestidos do Espírito de Deus para libertar o
povo da opressão estrangeira. Frequentemente, tinham também a
função religiosa de eliminar a idolatria. De todo modo, eram pessoas
designadas por Deus.
Os reis se tornaram também a principal forma de liderança
política em Israel depois dos juízes. É impressionante que na história
dos reis em 1-2Reis e 1-2Crônicas, eles são julgados também por seu
caráter, isto é, se durante o reinado “fizeram o mau” ou “fizeram o bem”
diante do Senhor. Além do caráter, essa era também uma avaliação
sobre o quanto eles observaram e fizeram o povo guardar a aliança
com Deus de adorar somente a Deus. Em geral, o rei que destruia os
altares pagãos recebia uma avaliação positiva, mas aquele que tinha
feito proliferar a idolatria recebia nota negativa.
Os reis dos povos também eram frequentemente usados por
Deus para exercer juízo contra sua nação. Deus chama Ciro, rei da
Pérsia, como o seu ungido (Is 45.1). Na verdade, Ciro foi aquele que
possibilitou o retorno dos exilados para Jerusalém e o que colaborou
para que o templo fosse reconstruído.

1.2. Religiosa
A liderança religiosa de Israel era exercida principalmente
pelos sacerdotes, através dos ritos e celebrações. Há vários aspectos
dessa liderança, alguns positivos, outros negativos. De maneira
geral, os sacerdotes estavam associados a um santuário ou altar e,
posteriormente, ao templo. No templo, esse ofício se torna mais
sofisticado e passa a ter diversas funções, dentre elas os encarregados
do templo, juízes, oficiais, porteiros, instrumentistas e músicos (1Cr
23.2-5; cf. caps. 24 – 26). Por estarem ligados ao templo, sua função
principal era tanto de líder de adoração e culto, como de preservação

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do templo, manutenção de registros, segurança do tesouro do templo,
e preservação das coisas sagradas. Podemos ver dentre essas funções
aspectos tanto religiosos propriamente, quanto administrativos,
didáticos e diaconais.
Em geral, o sacerdote é visto como um mediador, aquele que
oficia o sacrifício em favor de indivíduos e família perante Deus. Por
outro lado, ele também é responsável em trazer da parte de Deus a
mensagem para o povo. Um
aspecto importante de sua
liderança é o de cuidador. Nem
sempre isso fica claro, mas o
sacerdote era responsável em
determinar quem estava doente
ou cerimonialmente impuro
e prover o restabelecimento
da pessoa. Levítico 13 e 14
relacionam várias situações de
enfermidade que precisava ser
verificada pelo sacerdote. Templo de Salomão- Fonte: Wikimedia Commons
No entanto, no período da monarquia, o sacerdote passa a ter
uma liderança negativa. Ele está preso aos interesses do rei, por isso,
não age como mediador entre Deus e o povo e, sim como defensor e
legitimador dos interesses do estado. Assim, ele perde sua autonomia
e sua liderança religiosa. Na verdade, ele continua um líder religioso,
porém, apenas para efeito de cumprir rituais e arrecadar ofertas para
o templo, as quais, em última instância, eram destinadas aos projetos
do estado.
Por causa disso, a liderança do sacerdote é frequentemente vista
de maneira negativa. Sua religiosidade refletia mais os interesses
institucionais do que a experiência com Deus e o bem estar do povo.
Em Amós 7.10-17 vemos nitidamente o papel do sacerdote Amazias
como defensor dos interesses e do “santuário do rei”. Ainda que se refira
ao reinado do Norte, Israel, em Jerusalém, não foi muito diferente.
Diante disso, há outros que exercem liderança religiosa. Estes
são os profetas. Pode se dizer que a principal liderança religiosa em
Israel não parte do status quo, da classe religiosa sacerdotal, mas dos

14 Gestão e Liderança
profetas, que muitas vezes atuavam independentemente do templo e
na periferia. Provavelmente, estes são os principais responsáveis pela
grande maioria do que temos registrado no AT. Além dos escritos dos
profetas, as grandes narrativas da história do povo foram formadas,
influenciadas, organizadas e compiladas pelos profetas.
A principal característica da liderança profética era de
confrontação da realidade com os termos da aliança. Os profetas, muito
mais do que anunciar coisas futuras, eram responsáveis por apontar os
pecados do povo, chamá-lo ao arrependimento, anunciar o juízo de
Deus, mas também de propagar consolo, esperança e confiança em
Deus. Eles exerciam uma liderança religiosa através da pregação, não
através do ritual, como os sacerdotes.
Os sábios também exerciam algum tipo de liderança religiosa,
embora de modo muito mais informal. Eles são, contudo, responsáveis
por boa parte dos Escritos, ou os livros poéticos, do AT. O rei tinha
muitas vezes sábios conselheiros, no entanto, muitos sábios estavam
associados aos profetas ou às estruturas dos clãs ainda existentes,
mesmo durante a monarquia.
A liderança religiosa no AT tinha a função cúltica, a função
profética e a da sabedoria. Apenas por essas funções, podemos
perceber tipos diferentes de liderança religiosa. Cada uma delas têm
suas características.

1.3. Social
Quando falamos da liderança social, pensamos em lideranças
espontâneas que influenciavam de algum modo as pessoas na
comunidade. Nem sempre esse tipo de liderança estava associado a
um cargo, ofício ou função na organização político-religiosa na nação.
Outras vezes, líderes políticos e religiosos exerciam também uma
liderança social.
Penso aqui, principalmente, em dois grupos específicos: os
sábios e os anciãos. Os sábios muitas vezes eram grupos organizados e
até associados à corte real, mas em geral, tratava-se de uma liderança
informal e espontânea. Os sábios representavam um modo de ver a
vida, entender os acontecimentos e buscar soluções. Eles lideravam

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por meio de seus ensinamentos e conselhos. Percebe-se, em muito
do que eles ensinavam, pouca referência à aliança, aos atos salvíficos
de Deus e aos grandes temas da redenção. Eles buscavam modos de
aplicar a lei, não de forma ritualista e legalista,
mas no cotidiano da vida da comunidade.
Além dos sábios, os “anciãos”
ou “chefes” do povo exerciam uma liderança
informal na comunidade. Muitas vezes esses
grupos até formavam um tipo de tribunal
para deliberações do cotidiano, resolução de
conflitos etc (Rt 4.2, 9-11; 1Sm 8.4). Apesar desse
grupo ser mais comum no período anterior à
Monarquia, antes da centralização do poder no
aparato do Estado, eles continuaram existindo
Fonte: Wikimedia Commons e muitas vezes eram decisivos em apoiar ou não
as intenções de um rei (1Rs 8.1,3; 12.8, 13; 2Rs 23.1). Eles exerciam
uma liderança informal no campo religioso, político, judicial e social,
mas tudo indica que eles estavam mais próximo, por isso, muitas vezes
os reis dependiam de seu apoio para manter a coesão do povo e a “
“governabilidade”.

1.4. Familiar
A liderança familiar no AT se verifica principalmente naqueles
casos em que o pai de família exercia influência sobre seus filhos e netos
de modo a manter a família unida e em foco. Naturalmente, lembramos
dos patriarcas e de algumas das principais figuras da história do AT
(Noé, Abraão, Jacó, José, Davi, Salomão). Nem sempre esses chefes
de família foram bem sucedidos em preservar sua família unida nem
em evitar que os descendentes se desentendessem. Contudo, exerciam
liderança importante.
Um bom exemplo de líder familiar foi Jó. Na introdução do
livro de Jó nos é contado que seus filhos gostavam de se reunir nas
casas uns dos outros e que passado o período das festas Jó os convidava
para um sacrifício e os “santificava” (Jó 1.5). Assim, Jó como pai ocupa

16 Gestão e Liderança
uma liderança espiritual sobre seus filhos.
Outro exemplo completamente inesperado de liderança familiar
é a de Rute, uma moabita, viúva de um israelita, pobre, sem filhos,
sem terra e tendo de rebuscar espigas no campo de um fazendeiro.
Apesar dessa condição, ela é a única mulher na Bíblia chamada de
“mulher virtuosa” ('eshet hayil – Rt 3.11). Ela exerce uma liderança
impressionante não só em relação à sua sogra, também viúva, mas em
relação à linhagem de Davi e, consequentemente, do Messias, Jesus
Cristo (Rt 4.13-22).
Estes são alguns tipos de liderança que encontramos no AT. Eles
nos ajudam a perceber como a liderança envolve diversas áreas. Não
é diferente hoje. Contudo, nas diversas áreas da liderança percebe-se
um enfoque comum em buscar preservar a integridade da aliança com
Deus, do coração íntegro, do caráter segundo a vontade de Deus.

Conclusão

Através do estudo da liderança no AT, vemos algumas marcas


essenciais da liderança e, principalmente, a importância que se dava à
liderança. Ser um líder não era pouca coisa, era algo que envolvia uma
vocação divinamente conferida e uma liderança para transformação.
O líder tinha um claro objetivo de promover uma transformação na
sociedade, mas essa promoção nunca podia ser confundida com um
projeto pessoal do líder, sempre estava ligada à obediência aos intentos
de Deus.

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Anotações
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18 Gestão e Liderança
Gestão e Liderança
Unidade - 03
Liderança no Novo Testamento

Introdução

Espero que você tenha percebido os modelos de


liderança no Velho Testamento. Já falamos que o líder
tem capacidades e responsabilidades para influenciar um
específico grupo de pessoas a alcançarem os propósitos de
Deus para eles. E Ninguém melhor que Jesus Cristo para
nos ensinar sobre liderança. A sua vida na Palestina, suas
palavras e ações, demonstra como a vida deveria ser vivida.
É essencial que o líder cristão foque seu chamado, sua vida
e ministério na pessoa de Cristo. Todo aquele que deseja
liderar em qualquer parte do mundo tem por certo que a
pessoa de Jesus, seu estilo e vida, é o modelo com o qual
devemos comparar nosso estilo de vida.

Objetivos

1. Compreender a natureza da liderança a partir da


vida de Jesus Cristo, sua encarnação, morte, ressurreição,
ascensão e segunda vinda.

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Jesus é e será sempre nosso modelo
Deveríamos observar mais atentamente o estilo de vida de
Cristo. Sua encarnação e humildade de nascimento em Nazaré, sua
paciência e dedicação como marceneiro, seu longo período de jejum
e solitude após o batismo, suas noites de oração após longos períodos
de ensino e antes da tomada de decisões importantes, seu silêncio
diante das acusações dos inimigos, sua paciência, misericórdia e amor
com o povo simples, seu sacrifício na cruz do calvário! Tudo isso nos
encoraja a uma liderança mais eficaz, mais robusta, mais saudável. O
mero conhecimento do evangelho sem a prática da vida evangélica
de Jesus produzirá líderes flácidos e frouxos. A liderança deve se
expressar em estratégias práticas de uma vida semelhante a Jesus, no
dia a dia de nossa existência. Não adiantará nada o conhecimento dos
ensinamentos de Cristo se não imitarmos o seu comportamento.
A mensagem do evangelho é a própria pessoa de Cristo. Paulo,
em Fp 1:21 mostra que as implicações disso são imensas: Porquanto
para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. O ponto de partida e
chegada da história é Jesus. Em 1Co 15:14, Paulo afirma o seguinte:
“E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa pregação e vã a vossa fé”. Sem
Jesus não há cristianismo. As implicações disso são imensas! O Novo
Testamento narra a vida, morte e ressurreição de Jesus como ações
que revelam a paixão de Deus pela humanidade, cujo propósito é sua
própria glorificação. (Cl 1:27, Ef 1). A mensagem do evangelho é a
própria pessoa de Cristo (1Co 1:23, 5:7, 15:3).

Uma liderança impactada pela Encarnação de


Jesus Cristo
O que significa encarnação? Em Jo 1:14, Jesus se tornou carne
e habitou (fez seu tabernáculo) entre nós. “Tornar-se carne” mostra
sua identificação com a humanidade. Ele tornou-se igual a gente. Ele
decidiu viver entre homens, não como Deus, mas restringindo-se a
todas as limitações do corpo humano. É neste ato da intro-missão
de Deus na história humana que a missão realmente começa. A
encarnação de Jesus é o clímax de um longo processo em que o Senhor

20 Gestão e Liderança
atravessa as portas da eternidade, penetrando dentro da história da
humanidade. Jesus se encarnou missionalmente. Jesus mergulha a si
mesmo na cosmovisão da época. Ele cresce e vive como judeu, assimila
a cultura do oriente médio, conhece seus valores, estuda sua Tora,
compreende suas crenças, engaja-se em diversos assuntos relevantes à
maior parte das pessoas. Jesus demonstra que devemos nos encontrar
missionariamente com a cultura. O Deus-homem entra no mundo,
vive uma vida de serviço e sacrifício, enfrenta tentações, experimenta
o luto, raiva, angústia e morre uma morte humana.
As implicações são tremendas! Esta postura de Cristo demonstra
que as condições histórica, cultural e social das pessoas e cidades não
são de menos importância que a missão da igreja. Como podemos
obedecer a Jesus, desenvolvendo um estilo de liderança encarnacional?
Como podemos nos relacionar melhor com as pessoas, inserindo-nos
em seu contexto, compreendendo suas circunstâncias e entendendo
suas fraquezas e inseguranças com o mesmo sentimento de graça que
havia em Jesus?

Um estilo de liderança impactado pela Morte de


Jesus Cristo
Sem a cruz, o Cristianismo é apenas outra forma de experiência
religiosa ou espiritualidade do tipo nova era. O cristianismo é diferente
de todas as outras religiões. Paulo afirma que o amor de Deus por nós
é comprovado e confirmado na morte de Cristo pelos pecadores (Rm
5:8 e 2 Co 5:14). Na cruz, o ser humano lembra-se da tragicidade da
vida. A morte revela que nossos modelos de vida são falhos, nossos
resultados são ambíguos, nosso sucesso é passageiro, nossa fama é
transitória e nenhum deles leva à perfeição que buscamos. Morte é o
sinal externo que comprova que nenhuma das nossas realizações se
encaixa no reino de Deus. A cruz é a única opção, a única alternativa
que conecta céus e terra, que une ideal e realidade. A cruz é a perfeita
combinação da ira de Deus com seu amor e misericórdia. A cruz é
o marco histórico que revela ambos os atributos: a severidade da ira
de Deus diante do pecado e a profundidade de seu amor compassivo
através do sacrifício substitutivo de Jesus.

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A cruz revela simultaneamente a quantidade do nosso pecado
contra Deus e a quantidade do seu amor para conosco. Ela é o lugar
onde todo ser humano, sem exceção, é aceito como amado de Deus,
tornando-se objeto de sua graça. A cruz é o lugar da expiação, lugar
onde o pecado é perdoado. O único centro da história da humanidade.
A igreja é portadora desta visão e somente ela pode levar as nações
à verdadeira unidade de propósito. A cruz simboliza o sofrimento.
Sofrimento é um aspecto do cristianismo evidentemente negligenciado,
mas indispensável na compreensão de nossa missão neste mundo.
Quando Jesus enviou seus discípulos em missão, ele mostrou a eles
suas mãos e pés (Lc 24:39, 40). Eles compartilhariam não somente sua
missão, mas também sua paixão. Vivemos esse evangelho somente
quando nos identificamos como comunidade que vive diariamente sob
o impacto da cruz. Somente quando a igreja se esvazia de si mesma,
sacrificando-se, amando com sinceridade, perdoando e curando,
humilhando-se com vulnerabilidade e morrendo diariamente, ela
poderá conquistar e atrair a Jesus.

Um estilo de liderança impactado pela


Ressurreição de Jesus
A mensagem do evangelho é estéril sem ela, 1Co 15:14, “e, se
Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também
é vã a vossa fé” (Rm 8:11, Cl 3:1). Sem a ressurreição, a mensagem
da cruz é incompleta e ilusória. Enquanto na cruz a missão reflete o
sacrifício, perdão, fraqueza e sofrimento do Cristo, na ressurreição ela
demonstra a vitória, grandeza, vida e poder do Messias. A jornada não
termina com a morte. Essa apenas abre passagem para a vida eterna. A
ressurreição, a igreja promove o Cristo ressuscitado como rei e senhor.
A ressurreição ressalta a presença do reino. Mateus, Marcos e Lucas
sustentam que o Reino desfruta de uma posição central no ministério
da igreja. Várias parábolas são dedicadas a esse tema - Mt 5:19; 6:33;
9:35; 13:24, 31; 18:3; Mc 9:1, 10:15 e 17; Lc 6:20; 9:2, 11; 12: 31, por
exemplo. Jesus veio trazer o Reino de forma mais extraordinária e
perceptível. Participamos na grande obra de trazer o máximo possível
do reino de Cristo na terra. Roger Mitchell chama isso do elemento

22 Gestão e Liderança
reino. “A obra do reino não é tanto tirar as pessoas da terra e levá-las
para o céu, mas trazer o quanto pudermos do céu nesta terra e nas
pessoas”. O reino avança quando a igreja se compromete com justiça,
paz, retidão e amor. Ações por justiça e paz social neste mundo não
se tornam temas secundários, mas sim centrais à missão da igreja.
Embora a igreja seja imperfeita, ela tem o potencial de refletir em seus
ministérios e programas muitos dos valores do reino.

Um estilo de liderança impactado pela ascensão


de Jesus Cristo
Para o braço reformado do cristianismo, a igreja encontra-se entre
ascensão e escatologia, entre a partida de Jesus e seu retorno. Em Atos
1, verso 11, a mensagem dos anjos foi: “Varões galileus, por que ficais
aí olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para o céu,
há de vir assim como para o céu o vistes ir”. Ele foi visto subindo e será
visto descendo. O espaço entre a ascensão e retorno, entre a primeira
e a segunda vida de Cristo deve ser preenchido pelo testemunho da
igreja. Para que isso ocorra, o Espírito desce na festa de Pentecostes e a
igreja entra no mundo como comunidade do Espírito: “mas recebereis
poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas,
tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samária, e até os confins
da terra” (At 1:8).
O Espírito Santo é Espírito missionário! Sem ele, a missão será
missão impossível. Como os discípulos poderiam realizar a Grande
Comissão instituída por Cristo? O Espírito é quem os capacita (Rm
8:9, 11, 13, 14; Gl 5:16-25). O Espírito é quem labuta pelo discipulado
das nações. (2Tm 1:14; 1 Ts 3:5). O Espírito de Deus é o grande
missionário e somente com seu domínio sobre o campo da colheita
e sobre os trabalhadores da seara poderemos esperar sucesso na
tarefa de tornar Cristo conhecido de todos os povos. Sem o Espírito,
o melhor planejamento estratégico fracassará. Devemos administrar,
organizar, planejar, treinar e liderar profundamente conscientes de
nossa dependência seu poder e presença.

23
Um Estilo de Liderança impactado pela segunda
vinda de Cristo

Jesus prometeu que o fim não viria até que o evangelho do reino
fosse pregado a todas as nações (Mt 24:14). Essa seção profética dos
evangelhos já foi chamada de “pequeno apocalipse”. Haverá guerras,
sofrimento, perseguição e outras tribulações que muitos interpretarão
como sinais dos tempos. Falsos cristos edificarão seus impérios. Falsos
profetas oferecerão as bênçãos de uma nova era diferente da história
de Jesus. Entretanto, isso não é o fim de todas as coisas. O evangelho
precisa ser pregado a todas as nações. Todos devem ter a oportunidade
de arrepender-se e crer na realidade do reino de Deus. Milhões serão
martirizados por amor ao evangelho.
O clímax da história é o evento escatológico. Naquela hora, os
incalculáveis atributos de Deus - sua graça, poder, majestade, amor
e sabedoria - serão revelados. Até lá, estamos somente a caminho.
Não há espaço para ansiedade com nossas falhas e vaidade com nosso
sucesso. Há somente espaço para fidelidade no testemunho do Jesus,
crucificado e ressurreto. Nele, o propósito da história cósmica foi
revelado. A lógica da missão é esta: o verdadeiro sentido da história
humana foi descoberto em Cristo. Portanto, a questão do sentido e
objetivo da história não pode ser evitada. A vinda de Jesus nos dá
coragem para assumirmos uma nova atitude diante da história e
sociedade. Escatologia é a única opção capaz de conferir real significado
à história humana.

Conclusão

É óbvio que a intenção de Jesus não era criar um sistema religioso.


De outra feita, Deus teria escrito um compêndio teológico semelhante
à Dogmática de Barth. Seu ensino não foi meramente intelectual.
Deus entregou seu Filho. Sua mensagem veio em forma humana,

24 Gestão e Liderança
encarnada em vida e ação, com lágrimas, sangue e suor de seu Filho.
Por essa razão, a mensagem do evangelho não poderia ser reduzida a
abstrações, teorias, estratégias e sistemas. A mensagem de Deus é o
próprio Jesus Cristo.

Referências Bibliográficas

MUZIO, Rubens. O DNA da Liderança Cristã. São Paulo, Editora Mundo


Cristão, 2007.
Newbigin, Lesslie.. The Gospel in a Pluralist Society. Grand Rapids,
Michigan: Eerdmans Publishing Company, 1989.

25
Anotações
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26 Gestão e Liderança
Gestão e Liderança
Unidade - 04
Modelos Atuais de Liderança

Introdução

O que significa ser um bom líder nos dias de hoje?


Vários modelos atuais foram emprestados dos símbolos
sociais que tem mais proeminência na cultura brasileira. O
líder virou treinador, técnico ou couch, empreendedor ou
estrategista, marketeiro, empresário, mestre ou doutor. A
maioria deles apresenta aspectos positivos e continuarão a
influenciar o modus operantis da igreja. Mas há vantagens e
desvantagens para cada uma das tendências. Até que ponto
as igrejas foram e devem ser influenciadas pelas formas
contemporâneas de liderança?

Objetivos

1. Expor e ter atitude crítica diante dos modelos


atuais de liderança que incluam os paradigmas da imitação,
do profissionalismo, do gerenciamento, da tecnologia, do
marqueteiro, do entretenimento e da psicologização.

27
O paradigma da repetição
Se você visitar uma livraria evangélica em sua cidade, você notará
que muitos dos livros encontrados nas prateleiras são traduções de
livros americanos (e europeus). Não faltam aos pastores e líderes
oportunidades para clonagem. Ao alcance de um simples telefonema ou
link da internet estão centenas de modelos importados que descrevem
“como fazer” bem, ferramentas ministeriais, verdadeiros pacotes
para reprodução e kits para repetição. As ferramentas da Internet
capacitaram os americanos a disseminarem mundialmente sua própria
literatura e cursos, frequentemente às custas de negar que seu pessoal
desenvolvesse um material que refletisse mais adequadamente sua
individualidade cultural. Como isso tudo afeta o líder? O líder-clone
acaba investindo boa parte de seu tempo na busca de uma receita
mágica, ignorando as tradições, a cultura brasileira e seu contexto.
O missiologista urbano, Ray Bakke, chama isso de Mentalidade de
Franchising do McDonald.1 Em círculos evangélicos, muitas visões e
planos são copiados da Igreja WilllowCreek, de Bill Hybels. Muitas
outras congregações procuram surfar pelas ondas de sucesso de Rick
Warren, pastor da Igreja com Propósitos, de Saddleback, Califórnia,
G12, de César Castelhano, na Colômbia, Batista da Lagoinha, em Belo
Horizonte e várias outras.
A reprodução de um modelo que deu certo em outro lugar sem
a adaptação ao contexto local pode trazer resultados desastrosos. A
duplicação ou clonagem de um protótipo de igreja de uma comunidade
para outra, ou de uma cidade para outra, traz tremendos obstáculos.
Para começar, os dados demográficos do IBGE são diferentes de região
para região: o número de homens, mulheres, jovens, crianças e idosos.
Também são diferentes a história e fatores sociais da cidade como:
analfabetismo, riqueza e pobreza, drogas e violência. Por isso, muitos
dos protótipos bem sucedidos que vem dos Estados Unidos e Europa,
falharão ao serem adaptados ao contexto das igrejas brasileiras.

Ray Bakke, The Urban Christian )Downers Grove: Intervarsity Press, 1989), 23
1

28 Gestão e Liderança
O paradigma do profissionalismo
Uma outra tendência que afeta os diversos estilos de liderança é
o professionalismo religioso. O pastor-profissional deve ser um experto
formado para desempenhar determinadas tarefas administrativas e
funções técnicas. Ele é um profissional em meio a outros profissionais.
Em meio a tantas conferências e workshops, ministérios e programas
eclesiásticos, permeia o sentimento de que pastorear é funcionar como
profissional da igreja. As escolas de MBA e livros de administração
agora substituem os livros de teologia clássica, influenciando os
seminários de liderança e ditando as regras de como ser um bom
pastor.
Consciente ou inconscientemente, uma das motivações para o
profissionalismo é ganhar mais dinheiro. Afinal de contas, o pastor
é “pago” para pregar, “pago” para visitar, “pago” para aconselhar,
“pago” para administrar e assim por diante. Alberto Tapia entende que
nesse tipo de contexto há uma marcante dependência do pastor. Ele é
pago para fazer isso ou aquilo: visitar, dirigir os cultos, cantar, pregar,
consolar os enfermos e mil outras tarefas a mais que a congregação
lhe impõe. Seu ministério se limita a que o grosso da congregação
concorra mais ou menos com regularidade aos cultos que a igreja
celebra, contribua economicamente e aceite uma visita pastoral em
alguma circunstância especial.2
O pastorado não é uma mera profissão; é um chamado para servir
o Rei. Ser pastor é ser vocacionado para profetizar mensagens que,
apesar de serem enviadas pelo Senhor, por vezes, serão impopulares e
desagradáveis, causando descontentamento e aborrecimento. Os dias
do pastor-profissional estão contados.

O paradigma da empresa e administração


Especialmente nos últimos 20 anos, a igreja tem adotado padrões
empresariais e valores organizacionais e sociológicos. Afinal de contas,
a igreja precisa crescer! A estrutura das igrejas tem se orientado para
produtividade, eficiência, estatística e sucesso. Na prática, essa tendência
2
Tapia, Alberto Tuang, Hacia una pastoral paulina, Publicaciones INDEF, San Jose (Costa Rica), 1975,
p. 92

29
reduz a igreja a uma série de ministérios administrados pela habilidade de
um bom gestor que mantém eficácia; uma organização designada para a
realização de certos objetivos. Muitas das igrejas avaliam sua performance a
partir das estatísticas, elogiam seus excelentes resultados financeiros a partir
da reengenharia e são alavancada por eficientes estratégias de comunicação
de massa que se aproveitam do crescente processo de globalização
econômica. A liderança pastoral, primeiramente administrativa requer
dos líderes que sejam geradores de novos programas e gestores hábeis que
mantenham a ordem e façam tudo andar “redondinho”
Na igreja-empresa, o líder tende a ser avaliado pela produtividade
e resultado especialmente em duas áreas: aumento do número de fiéis e
arrecadação dos dízimos e ofertas. A igreja então será administrada como
uma série de departamentos humanos e estruturas seculares que necessitam
apenas de um bom gerenciamento. A forma de a igreja funcionar, sua
eclesiologia operacional, acabará se baseando fundamentalmente em
conceitos da gestão de empresas. Eventualmente a igreja perderá a visão de
sua real identidade como comunidade social.

O paradigma da tecnologia
O líder-técnico é influenciado pela tecnologia atual e preocupa-se
especialmente com o caráter funcional da igreja, ou seja, suas funções e
ministérios. A igreja é avaliada por aquilo que ela faz e não por aquilo que
ela é. O importante é diagnosticar as fraquezas da igreja e depois aplicar
as técnicas e ferramentas certas para corrigir o problema e revitalizar o
ministério.3 Inconscientemente, o líder acredita que pode manipular o
ambiente ao seu redor e chegar aos resultados desejados se tão somente
utilizar corretamente as técnicas e ferramentas ministeriais. Ele pensa que,
se usar os instrumentos certos, misturados a uma boa dose de esforço e
dedicação, a “receita” irá funcionar. Esta percepção antropocêntrica tem se
tornado a visão reinante. Isso é facilmente comprovado pelos numerosos
seminários, conferências e workshops que oferecem aos líderes métodos
de “como” aplicar técnicas e habilidades em diferentes contextos que nada
diferenciam daquelas utilizadas em ambientes não-cristãos. Alguns líderes,
verdadeiros gurus do sucesso, atraem para os seus workshops centenas de
Van Gelder, The Essence.
3

30 Gestão e Liderança
famintos acólitos desejosos de uma iniciação nas técnicas mais atualizadas.
Querem saber “como fazer” para ______________ (preencha o espaço em
branco) e tentarão reproduzir em suas igrejas.
Essa mentalidade pode também levar à ilusão que meras técnicas e
novos programas irão trazer o sucesso. A tentação é grande para buscar
pastores que realizem grandes ministérios em outras bandas e a tentativa
de adotá-los como protótipos para se reproduzirem em nosso local. A
impressão que fica é que o Reino de Deus pode ser alcançado através de
genialidade e capacidade humana. A percepção que muitos pastores e líderes
têm é que sempre existirá uma técnica certa para cumprir a missão da igreja
local em seu contexto, existirão sempre estratégias e métodos infalíveis para
se chegar ao objetivo desejado pela igreja.

O paradigma do consumismo e marketização


Sem dúvida, o marketing tem transformado a natureza da igreja.
Ela tem sido vista apenas como uma instituição que provê bens e serviços
em um mercado cada vez mais competitivo e consumista. Assim sendo,
elas tornam-se economias religiosas, verdadeiros mercados, repletos de
“crentes clientes”, produtoras dos bens religiosos que competem entre si
para atrair os consumidores em potencial. Muitas delas passaram desde
então a disputar a fidelidade de seus membros, desenvolvendo estratégias
de propaganda e marketing para garantir sua permanência. Muitas
vendem bens religiosos e serviços em um competitivo varejão religioso.
Membros e não-membros são vistos como consumidores. Diante de
tantos produtos religiosos e opções eclesiásticas, lamentavelmente o
crente-cliente se vê com toda a liberdade para utilizar critérios próprios na
escolha da melhor igreja ou religião. Os critérios são semelhantes àqueles
utilizados na escolha de um restaurante ou pizzaria: prazer, sabor, gosto,
qualidade do produto e atendimento, promoções, boa propaganda, etc.
O líder-marketeiro precisa, portanto, apelar aos desejos emocionais e
espirituais que já existem na mente dos seus ouvintes. Mas será que a
igreja existe apenas para ajudar seus membros a descobrirem seus dons,
expandirem seus ministérios, enfim, a ajudarem uns aos outros a terem
uma vida melhor aqui na terra ou ela tem propósitos mais amplos dentro
da cosmovisão da vinda do Reino de Deus em Cristo?

31
O paradigma do entretenimento
Muitos dos cultos e missas parecem apresentações teatrais,
verdadeiros espetáculos para serem assistidos. O perfil de um bom
líder-ator deve misturar o treinamento em relações humanas com a
simpatia e carisma de um showman. O líder sério e compenetrado
dificilmente se torna popular entre seus membros. Cada vez mais
frequentemente, o pastor deve ser um bom animador de auditório.
O líder-ator aprende as melhores técnicas e sabe trabalhar com as
emoções do público; ele é cuidadoso com sua presença, preocupado
com as variações e tons de voz, atento aos gestos e a sua performance.
O culto-entretenimento raramente produz um senso de
identidade e continuidade na vida da igreja e no pastor-ator. Ele
tende a deixar as pessoas confusas sobre quem elas são: clientes,
consumidores e ouvintes ou membros do corpo de Cristo e discípulos
de Cristo. O crescimento é instável. A igreja perde sua identidade
como comunidade da aliança. Sua transformação em clube, multidão
ou organização converte seus membros em expectadores que, ao lado
de muitos outros, assiste a um jogo de futebol, comendo cachorro-
quente e pipoca, e criticando todos os passos dos 22 jogadores
(presbíteros, diáconos, pastores e missionários) que se esforçam para
marcar um gol.

O paradigma da Psicologização
A pós-modernidade fortaleceu a dimensão terapêutica da cultura
global. Percebe-se, já há várias décadas, uma transição do caráter
protestante que enfatizava a salvação unicamente em Cristo para uma
cultura motivacional de salvação na terapia, na autossatisfação e na
autorrealização desse mundo. Jesus e sua graça não são mais suficientes
para esse mundo complexo. Precisa-se de ajuda. Exemplo disso é a
mais que obsessiva preocupação com a saúde física e emocional. Essa
busca constante por terapia, cura, vida livre da dor como a maior
necessidade da geração atual tem trazido muita insegurança aos
conceitos de pecado e salvação na igreja.
A pressão é enorme para que os líderes concentrem seu

32 Gestão e Liderança
ministério na prática pseudo-terapêutica. Pastores tornam-se clínicos
ou conselheiros responsáveis meramente pelo cuidado pastoral das
crises e direção espiritual na resolução dos problemas pessoais e sociais.
As pregações mais populares não são as exposições sólidas e profundas
dos textos bíblicos, mas sim os cursos de cinco passos para uma vida
feliz e cheia de paz, seis princípios para um casamento feliz e ideal, sete
passos para uma vida profissional bem-sucedida e próspera. Tudo isso
acentua um evangelho reducionista e secularizado que apenas supre
necessidades individuais e enfraquece a relação pessoal com Deus
em Cristo. O fato do religioso buscar apenas uma melhor autoestima
como centro de sua existência, gera graves distorções na identidade da
igreja. A tendência moderna de ver a igreja em termos de indivíduos
em busca de saúde mental, pessoas extremamente vulneráveis às mais
diversas crises de autoestima, está distante anos-luz da visão igreja
como comunidade de fiéis às promessas de Deus.4

Conclusão

Talvez o elemento unificador de todas as tendências seja o


eclesiocentrismo, a centralização dos projetos e ministérios em torno
da própria igreja, como instituição, a enxergar-se como sendo mais
importante que o mundo ao seu redor. O esforço do líder se centraliza
na formação de uma igreja maior e melhor. A igreja torna-se um fim
em si mesma, deixando de ser meio, sinal, instrumento do Reino. Em
vez de ser responsável por cumprir sua missão e realizar os propósitos
redentores de Deus, a igreja acaba voltando-se para o cumprimento de
seus próprios projetos.
Como esses modelos de contemporâneas de liderança estão
influenciando o seu ministério?

4
Lamin Sanneh, Encountering the West: Christianinty and the Global Cultural Process (Maryknoll,
NY: Orbis Books, 1993), p. 221

33
Referências Bibliográficas

AMORESE, R. M. Igreja & Sociedade: O Desafio de ser Cristão no Brasil do


Século XXI. Viçosa, MG.: Editora Ultimato, 1998.
BAKKE, Ray. The Urban Christian. Downers Grove: Intervarsity Press,
1989.
CLAPP, Rodney. A Peculiar People: The Church as Culture in a Post-
Christian Society. Downers Grove, Illinois: InterVarsity Press, 1996.
MUZIO, Rubens. O DNA da Liderança Cristã. São Paulo, Editora Mundo
Cristão, 2007.
HUNSBERGER, George R. “The Newbigin Gauntlet: Developing a
Domestic Missiology for North America.” Missiology: An International
Review nº 4 (October 1991): 391-407.
PETERSON, Eugene. Working the Angles: the Shape of Pastoral Integrity.
Grand Rapids, MI: Eerdmans Publishing Company, 1987.
STEUERNAGEL, Valdir, ed. Igreja: Comunidade Missionária. São Paulo,
SP: ABU, 1978.
TAPIA, Albero Guang. Hacia una Pastoral Paulina. San José, Costa Rica:
Publicaciones INDEF, 1975.
VALERIO, Ruth, “A World Gone Bananas. Globalization and Economics.”
In One World or Many; ed. by Richard Tiplady. Pasadena, CA: William
Carey Library, 2003.

34 Gestão e Liderança
Gestão e Liderança
Unidade - 05
Estilos de Liderança

Introdução

Um dos aspectos mais importantes dessa unidade é


ajudá-lo a descobrir o seu próprio estilo de liderança. Que
tipo de líder Deus deseja que você seja?

Objetivos

1. Reconhecer os principais estilos de liderança;

2. Ampliar sua compreensão sobre os diversos estilos.

35
Estilos de Liderança
Bill Hybells, no seu livro Liderança Corajosa, fala sobre vários
estilos de líderes: visionário, direcional, estratégico, gerencial,
motivacional, pastoral, formador de equipes, empreendedor,
reformista e consensual. Contudo, existem várias maneiras diferentes
de abordar esta questão de estilos de liderança. Veja alguns exemplos
de ações e modelos diferentes de liderança:
Liderar por tarefa. O líder organiza e define as funções dos
membros do grupo (liderados); explica que atividades cada um deve
fazer, e quando, onde e como as tarefas devem estar realizadas. Este
tipo de liderança caracteriza-se por pretender estabelecer modelos
de organização bem-definidos, que incluem canais de comunicação e
maneiras de ter o trabalho realizado.
Liderar focado nos relacionamentos. Os líderes mantem um
relacionamento pessoal entre ele mesmo e os liderados, através da
abertura de canais de comunicação, provendo apoio sócioemocional,
e facilitando ações.
Liderar com determinação. É um estilo de liderança situacional,
usado com seguidores que são incapazes ou não-desejosos de assumir
responsabilidades para fazer algo, e são então julgados incompetentes
ou sem merecer confiança. O estilo é caracterizado por uma direção
e supervisão clara e específica, ou seja, alta ênfase em tarefas, e baixa
ênfase em relacionamentos.
Liderar com participação. É um estilo de liderança usado com
seguidores que são habilitados, mas não-desejosos de fazer o que o
líder quer. É caracterizado por um estilo não-diretivo e apoiador,
no qual o líder e os seguidores compartilham no processo decisório,
fazendo com que as principais funções do líder sejam as de facilitador
e comunicador.
Liderar com delegação. É um estilo de liderança usado com
seguidores que são hábeis e desejosos de fazer o que o líder quer. É
caracterizado por uma baixa ênfase em relacionamentos de apoio e
uma alta mas não diretiva, ênfase em tarefa pelo líder.

36 Gestão e Liderança
No entanto, é importante observar que a liderança varia entre
uma conduta mais autoritária e uma conduta mais liberal. Temos a
tendência de imaginar que um bom líder é aquele que impõe suas
ideias, mantém-se focado em seus objetivos e faz com que as pessoas o
sigam. Na verdade esse é apenas um dos estilos de liderança.
1. Liderança Autocrática. Esse estilo de liderança tende a ser
centralizador. Ao mesmo tempo em que pode trazer certa segurança
ao grupo de liderados, pode desenvolver certa dependência do líder
e desmotivar a iniciativa dos indivíduos. As pessoas podem ter
dificuldades de agir sozinhas e tomar decisões até para questões menores
sem consultar o líder. Em geral, líderes autocráticos estão focados nas
tarefas e metas, procurando alcançar a todo custo seus objetivos; por
isso, nem sempre se preocupam com o processo de fortalecimento da
equipe. Veja algumas características do comportamento do líder de
estilo autocrático:

• O líder é quem determina o que fazer e como fazer;

• Não diz nem explica o que os liderados devem fazer depois;

• As ordens são dadas passo a passo;

• Elogios e críticas são estritamente pessoais;

• Relaciona-se com o grupo só para dar “ordens”.


Segundo Maximiano (2000), quanto mais concentrada a
autoridade no líder, mais autoritário seu comportamento ou estilo.
Infelizmente o estilo autocrático pode degenerar, transformando-se em
autoritarismo, arbitrariedade, despotismo e tirania. Alguns membros
do grupo passam a depender completamente do líder. Quando este
está ausente, o trabalho tende a cair de produção, não progredindo
com a mesma intensidade. Os comportamentos do grupo podem se
tornar conflituosos e agressivos.

37
2. Liderança Democrática. O líder democrático é visto como o
meio termo entre o autocrático e o liberal. Veja algumas características:
• Líder discute com os liderados sobre o que fazer e como fazer;
• Atribui responsabilidade de decisão aos liderados;
• Os objetivos das tarefas são antecipadamente discutidos,
definidos e explicados aos liderados;
• Deixa que os liderados optem por várias maneiras de agir,
desde que justifiquem suas escolhas;
• É visto como um membro do grupo;
• Permite que os liderados escolham o grupo de trabalho e a
divisão das suas tarefas;
• Ao elogiar e criticar, se atém aos fatos e não às pessoas. Age
com imparcialidade.
O benefício desse estilo de liderança é o envolvimento do grupo.
Suas relações com o líder são mais livres e espontâneas. Quanto mais
as decisões forem influenciadas pelos integrantes do grupo, mais
democrático é o comportamento do líder. Sabemos que quando as
pessoas não participam do processo de decisão, muitas vezes, não
se empenham com tanto afinco. Os comportamentos democráticos
envolvem alguma espécie de influência ou participação dos liderados
no processo de decisão ou de uso de autoridade por parte do dirigente.
O trabalho pode progredir de maneira mais suave e contínua,
mantendo-se assim, mesmo na ausência do líder.
3. Liderança liberal. Ser liberal implica na decisão de abdicar
deliberadamente do poder de tomar determinadas decisões, que são
delegadas para os liderados. O líder transfere sua autoridade para
os liderados, conferindo-lhes o poder de tomar decisões. Quanto
mais o líder delegar decisões para os liderados, mais liberal é o seu
comportamento. Em contraste com líder autocrático, na liderança
liberal:
• Liberdade aos liderados sobre o que fazer e como fazer;
• Cada um decide como quer;
• Omite-se em relação às tarefas;
• Quase não interfere no comportamento dos liderados;

38 Gestão e Liderança
• Críticas e elogios somente se for indagado.
Se de um lado esse estilo de liderança possibilita o desenvolvimento
pessoal e criatividade dos liderados, por outro lado, pode se tornar
ineficaz, não valorizando o alcance de metas e objetivos. O trabalho
progride desordenadamente e sem muita eficiência. Além disso,
muitas vezes pessoas lideradas por esse estilo se sentem perdidas sem
um direcionamento. Embora haja considerável atividade, a maior
parte dela é improdutiva.

Liderança Situacional
Qual é o melhor estilo de liderança? Muitos pesquisadores e
praticantes da administração vêm fazendo essa pergunta. É preciso
ter consciência de que as circunstâncias nas quais estamos envolvidos
definem o estilo de liderança que devemos desenvolver. Precisamos
considerar que as pessoas não são iguais, logo os estilos de liderança
também serão diferenciados de acordo com o contexto. Desta forma,
podemos dizer que situações requerem um estilo de liderança que
envolva flexibilidade e adaptabilidade, podendo variar de acordo com
as necessidades da organização e da época. A liderança situacional
ressalta, como o próprio termo já diz, a análise crítica de cada situação
e das pessoas ou grupos envolvidos.
Na década de 1960, Robert Blake e Jane Mouton desenvolveram
um modelo simples de liderança, que utiliza dois eixos fundamentais:
a preocupação com as pessoas e a preocupação com as tarefas.
Aqueles focados exclusivamente em fazer o trabalho e alcançar
os objetivos, é provável quem, a médio ou longo prazo, se torne
impopular, especialmente numa organização voluntária como a
igreja. Por outro lado, aqueles unicamente preocupados com a pessoas
e suas necessidades, formarão um “clube” bem acolhedor, mas nada
realmente acontece! Um estilo de liderança fraco, despreocupado
com pessoas e com projeto levará ao pior dos dois mundos. Nosso
alvo deve ser um modelo de liderança ao longo do eixo diagonal de
integração e equilíbrio entre as necessidades das tarefas a serem feitas
e das necessidades das pessoas.

39
Veja o gráfico abaixo:

Embora esse estilo de liderança forte em pessoas e forte em tarefas


possa ser a abordagem desejada a longo prazo, diferentes situações
exigirão que você utilize uma variedade de estilos, em momentos
diferentes. O modelo de liderança situacional foi desenvolvido por
Blanchard1 nos Estados e identifica quatro diferentes estilos de
liderança baseados no envolvimento com o projeto e no envolvimento
com as pessoas, em relação a um ponto no tempo.
Estilo 1 (S1) é chamado de estruturação. O líder demonstra elevado
envolvimento com a execução da tarefa, mas baixo envolvimento
nos relacionamentos. Por exemplo, quando um incêndio irrompe,
preocupação com a tarefa de esvaziar um prédio de forma segura e
ordenada é primordial. Pedir às pessoas para conversar em pequenos
grupos e refletir sobre como se sentem sobre a perspectiva de serem
consumidos pelas chamas será claramente inútil. Você simplesmente
terá que levar todos para fora do prédio o mais rápido possível. Espero
que tenham saídas de incêndios regularizadas.
Blanchard et al., Leadership and the One Minute Manager.
1

40 Gestão e Liderança
Estilo 2 (S2) é o estilo mentoria, no qual o líder fica ao lado das
pessoas e usa seu exemplo e encorajamento, para ajudá-los a realizar
tarefas ministeriais. Um exemplo disso é um técnico de time de futebol,
que fornecerá ajuda técnica nos treinamentos, mas também estará ao
lado do campo, incentivando os jogadores para dar o seu melhor. Um
bom técnico tem a capacidade de treinar para as tarefas e ao mesmo
tempo incentivar as pessoas a pensarem por si mesmas.
Estilo 3 (S3) é um estilo apoiador, no qual o líder fornece o
incentivo, em um nível mais alto, se envolvendo com a visão geral da
obra, ajudando a trabalhar através de direção de nível superior e de
soluções para questões importantes, mas permitindo que as tarefas do
dia a dia sejam conduzidas por outros líderes.
Estilo 4 (S4) refere-se ao líder que permanentemente delega
tarefas e responsabilidades aos membros da equipe, demonstrando
um baixo envolvimento com as tarefas e com os relacionamentos.
Um exemplo de tal estilo é o modelo episcopal (bispo) de liderança
que permite que seus líderes executem suas funções da maneira que
desejarem.

Conclusão

Pode-lhe parecer que estilos S2 e S3 sejam os melhores para


a liderança cristã. Afinal, devemos sempre manter um alto nível de
relacionamento, não deveríamos? Mas nem sempre isso é apropriado.
Como líderes cristãos, devemos sempre ter uma alta consideração
as pessoas e manter relacionamentos de qualidade com eles. Isso é
prática pastoral e um resultado claro e direto de amor ao próximo. No
entanto, o estilo de liderança situacional é apropriado para diferentes
situações que envolvem tarefas e projetos organizacionais e não
somente relacionamentos.

41
Referências Bibliográficas

BARNA, G. Líderes em Ação. Campinas, SP, United Press, 1999


SANDERS, O.J. Liderança Espiritual. São Paulo, Editora Mundo Cristão, 1997.
CLINTON, Robert. Etapas na vida de um líder. Londrina, Editora Descoberta,
2000.
EIMS, L. A Formação de um Líder. São Paulo, Editora Mundo Cristão, 1998.
HYBELS, B. Liderança Corajosa. São Paulo, Editora Vida, 2002.
MAXWELL, J. As 21 Irrefutáveis Leis da Liderança. São Paulo, Editora Mundo
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_________ Becoming a Person of Influence. Nashville. Thomas Nelson, 1997.
_________ Developing the Leader within you. Nashville. Thomas Nelson, 1993.
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MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Introdução à Administração. São
Paulo, Editora Atlas, 2000.

42 Gestão e Liderança
Gestão e Liderança
Unidade - 06
A Espiritualidade do Líder

Introdução

Nesta unidade, introduzirem o assunto da


espiritualidade do líder. Todo líder cristão precisa ser
um bom cristão. Isso pode soar simples e elementar, mas
quando olhamos ao redor percebemos que a espiritualidade
do líder evangélico parece estar comprometida.
Espiritualidade, nos dias de hoje, é uma palavra popular
que, ao ser pronunciada, todos começam a aplaudi-la.
Entretanto, a palavra é resistente a uma definição precisa
pela variedade de sentidos e pelas controvérsias entre os
acadêmicos.1 Frequentemente, os estudiosos olham para
a pintura exterior da teologia cristã e suas estruturas, mas
se esquecem onde está a energia interior e a vitalidade do
cristianismo. A vida cristã saudável deveria ser o centro da
herança evangélica.

Objetivos

1. Conceituação, elementos básicos e importância


da Espiritualidade Cristã para o líder cristão.


1
McGrath, Christian Spirituality.

43
Espiritualidade Carnal
A conversão ao cristianismo deveria levar necessariamente a uma
vida nova, à mudança de atitudes: velhos vícios são abandonados e uma
nova linguagem é aprendida. O novo convertido experimenta fortes
emoções, sente o amor de Deus e entrega sua vida a Ele. Entretanto, por
mais válidas e abençoadoras que sejam essas experiências espirituais,
elas não demonstram conhecimento profundo da graça salvadora
e da pessoa de Deus. Reverência a Deus, dedicação à igreja e fortes
emoções religiosas não florescem nos campos daquela espiritualidade
que é regada pela água da vida, pela alegria do Espírito e pelo amor
genuíno descoberto na cruz de Jesus. Ou seja, pessoas com aparência
espiritual podem estar vazias da graça de Deus.
Isso faz com que muitos dos crentes, participantes das
igrejas brasileiras, manifestem alguns tipos de pecados religiosos
dissimulados, estilos de carnalidade com fachada de espiritualidade.
É comum para aqueles que invejavam o carro importado ou a casa do
colega de trabalho desejarem agora as mesmas coisas através de uma
oração de posse, decretando prosperidade do Filho de Deus. Aqueles
que anteriormente ambicionavam o cargo ou comissão do chefe do
departamento, agora aspiram, humilde e avidamente, ao título de
diácono ou a posição de liderança (pastor, bispo, apóstolo, etc.) com
toda a voracidade do mercado de trabalho. Embora não exagerem
mais na quantidade de bebida alcoólica (comida em excesso parece
ser liberado nas igrejas, em geral) a glutonaria ambiciosa dos dons
espirituais e cargos ministeriais mantém os desejos carnais bem vivos
e ativos. É claro que tudo isso se disfarça com tanta sutileza passando
despercebido para a maioria dos evangélicos, frequentadores dos
cultos, sendo imperceptível até mesmo para os pastores e líderes.
Esses são apenas alguns exemplos do que poderia ser chamado de
espiritualidade carnal ou carnalidade espiritual. Tais atitudes, embora
sutis e inconscientes, corroem a comunidade cristã como câncer,
devorando sua vitalidade de dentro para fora.
Há uma grande quantidade de atividade religiosa no mundo
energizada pela natureza humana e pelo próprio diabo. A natureza
humana pode ser facilmente mascarada e encoberta pela espiritualidade

44 Gestão e Liderança
das pessoas. Padrões e atitudes que aparentemente têm cara e jeito de
cristianismo podem encobrir uma carnalidade nos níveis mais íntimos
das intenções e desejos do coração. O próprio Jesus disse que o joio é
muito parecido com o trigo (Mt 13:24-27). Quase todos os períodos de
crescimento e avivamento na história da igreja comprovam que o trigo
do evangelho fora cercado pelo joio das atividades carnais e elementos
enraizados nos pecados do orgulho, vaidade, impureza, divisões,
soberba, lascívia, etc. Da mesma maneira, o joio está misturado no
coração de todas as pessoas. O pecado se mistura em diversas doses
e combinações dentro do coração, diluindo os elementos da fé,
amor e santidade, implantados após a conversão pelo Espírito Santo.
Ninguém é capaz de identificar e separar completamente o que vem de
Deus daquilo que vem dos próprios desejos do coração humano. Há
tantas combinações entre o bem e o mal, entre virtude e vício, entre
aspirações por santidade e desejos da carnalidade. Nenhum cristão
pode ter certeza absoluta que suas experiências sejam puramente
experiências espirituais, sem que estejam poluídas pelo pecado ou
misturadas à natureza humana. Nas terras do coração, as sementes da
maldade fertilizam lado a lado com as sementes da Palavra.

Espiritualidade Superficial
Observemos a superficialidade das conversões. John Stott, no 1º
Congresso de Lausanne, descreveu com ousadia a igreja africana da
seguinte forma: como um grande rio, com milhares de quilômetros de
extensão e centímetros de profundidade. Apesar de milhões tornarem-
se cristãos e demonstrarem um entusiasmo superficial e alegria
contagiante, os corações não foram profundamente afetados com o
evangelho. O Brasil, com seus 45 milhões de membros e 250 mil templos
evangélicos, deve constantemente avaliar se o crescimento acelerado
está sendo acompanhado com profundidade teológica, substância
espiritual, maturidade no discipulado e transformação comunitária.
Falando na International Consultation on Discipleship, para 400
líderes de 90 organizações de 54 países, em 1999, Stott reafirmou que
a igreja está crescendo com força, mas em muitos lugares o problema
é que o crescimento não tem profundidade (Oosterhoff, 1999, p. 1).

45
Sem dúvida, fizemos um ótimo trabalho como obstetras da
evangelização, parteiros espirituais, gerando milhões de novos-crentes,
introduzindo-os ao leite materno da fé cristã. Entretanto, a liderança
evangélica demonstra grandes dificuldades no conhecimento de Deus,
no aprofundamento das dinâmicas da fé, na mortificação do pecado
e no processo de transformação pessoal e comunitário. O evangélico
brasileiro ainda crê e pratica um cristianismo infantil, bastante
rudimentar, sem consciência da abrangência do pecado. Muitos
cristãos brasileiros foram superficialmente evangelizados e praticam
o sub-cristianismo do aceitar-Jesus e das 12 lições de discipulado,
desde que lhes garanta a entrada no trem celestial. Com os cultos de
entretenimento e suprimento de necessidades, o crente continua a
viver um estilo de vida pouco tocado pelos valores do evangelho, cuja
semente não penetra nos terrenos mais profundos do coração humano
e da sociedade brasileira.
Qual a influência da igreja evangélica na sociedade brasileira?
Assista a TV e perceba que, apesar dos muitos programas evangélicos,
o sensacionalismo popular dos shows de televisão e a mentalidade
competitiva e derrotista do Big Brother Brasil revelam uma cultura
cada vez mais brutal, sensual, animalesca e enamorada de sequestros
e da violência. Corrupção e oportunismo impregnam as estruturas de
poder, inclusive a política evangélica. Não estaria longe dos princípios
do reino de Deus a igreja defensora da cobiça, incentivadora dos
valores materiais, protetora do forte, do famoso, do rico e do belo, e
desvalorizadora do fraco, da viúva, do velho e do pobre?

Elementos da Espiritualidade
Por estas e outras razões, o líder cristão deve vivenciar sua
espiritualidade cristã, assimilando pessoalmente a missão salvífica de
Cristo, progredindo diariamente em santidade e crescendo na vida
cristã.
A espiritualidade Cristã combina a doutrina com a devoção.
Ela é uma disciplina teoria e prática, ciência e arte. Por um lado, a
espiritualidade tem um forte elemento doutrinário, da crença nas
doutrinas bíblicas da redenção, da aliança, da eleição, do negar-se a

46 Gestão e Liderança
si mesmo, da mortificação do pecado e assim por diante. Os protestantes
abordam a espiritualidade como resultado da justificação pela fé e da
justiça de Cristo que nos foi imputada. Por outro lado, a espiritualidade tem
o elemento devocional, o prático, uma forma de viver as doutrinas com
autenticidade, energia, intensidade, efetividade e fervor. Espiritualidade
tem a ver com nossa experiência com Deus e a transformação das nossas
vidas como consequência dessa experiência. Espiritualidade brota da
síntese da fé com a vida.
Espiritualidade é a parte da teologia que estuda as verdades das
Escrituras focando na experiência interior e no ministério santificador
do Espírito Santo. Espiritualidade tem a ver com crescimento espiritual,
transformação, piedade, devoção e santidade. Espiritualidade aborda
diretamente a jornada da santificação e o desenvolvimento da vida cristã.2

Prática da Espiritualidade
Entretanto, a santificação não se torna simplesmente um
alvo de vida, mas sim o solo, o terreno da verdadeira vida cristã. A
espiritualidade cristã tem a ver com as práticas cristãs que cultivam
a santidade no chão fertilizado pelo Espírito. Quando buscamos
ao Senhor em adoração, meditamos na sua Palavra, oramos com
intensidade e vivemos em comunhão com seu povo, com isso, estamos
cultivando o solo do coração.
O líder deve estudar profundamente as atividades vitais que
levam ao crescimento e maturidade na vida cristã. Ele precisa identificar
as causas do crescimento, os estágios necessários ao compromisso e
desenvolvimento, bem como os meios pelos quais a graça de Deus se
manifesta na vida do discípulo de Cristo.
Deveríamos observar mais atentamente o estilo de vida de
Cristo. Sua encarnação e humildade de nascimento em Nazaré, sua
paciência e dedicação como marceneiro, seu longo período de jejum e
solitude após o batismo, suas noites de oração após longos períodos de
ensino e antes da tomada de decisões importantes, seu silêncio diante
das acusações dos inimigos, sua paciência, misericórdia e amor com o
2
Kloosterman, “Studying Spirituality in a Reformed Seminary a Calvinist Model,” 126. Also Gordon,
Evangelical Spirituality, Fick, “John Calvin and Postmodern Spirituality.”

47
povo simples, seu sacrifício na cruz do calvário! Tudo isso nos encoraja
a uma liderança mais eficaz, mais robusta, mais saudável. O mero
conhecimento do evangelho sem a prática da vida evangélica de Jesus
produzirá líderes flácidos e frouxos. A liderança cristocêntrica deve se
expressar em estratégias práticas de uma vida semelhante a Jesus, no
dia a dia de nossa existência. Não adiantará nada o conhecimento dos
ensinamentos de Cristo se não imitarmos o seu comportamento.
Pensemos na vida de Jesus: há três áreas bem distintas na vida
cristã que ele praticou com afinco e dedicação: oração, leitura bíblica e
discipulado. São atos silenciosos, sem glamour, sem celebridade, sem
o big, sem o marketing, sem a mídia. Eugene Petterson nos lembra que
são áreas de atenção. Na oração estamos atentos perante Deus. Lendo
as Escrituras, estamos atentos a voz e ação de Deus em dois mil anos
de história no Oriente Médio. No discipulado (direção espiritual),
atentamos aquilo que Deus está fazendo na pessoa que compartilha
sua história comigo. A comunhão com Cristo nos leva a oração e ao
amor. O amor pelas pessoas nos leva a sensibilidade: sentimos a dor,
somos afetados pelo sofrimento do outro. Não nos acostumamos mais
com a miséria, com a injustiça, com a dor, com a desonestidade, com a
violência, com a imoralidade e assim por diante. Se o amor nos torna
mais sensíveis ao sofrimento dos outros, também somos levados a orar.
Choramos, sofremos pelo perdido. Me lembro quando missionário
no Canadá, num período em que chorava todas as noites pela cidade
de Toronto, pelos imigrantes de centenas de etnias, pelos muitos não
alcançados daquela cidade. Não faço isso com tanta frequência.
Poucos nos pressionam para que vivamos e cresçamos nessas
três áreas. Poucos se impressionam se as praticamos. É possível ser
um líder de sucesso, próspero e conhecido no mundo evangélico sem
exercitá-las. É possível agradar aqueles que pagam nossos salários
sem experimentá-las. Como quase ninguém nota quando estamos
fazendo isso direito, elas são áreas negligenciadas pela maioria dos
líderes. Existe uma grande trama no mundo para eliminar a oração, as
Escrituras e o discipulado das nossas vidas.

48 Gestão e Liderança
Conclusão

Nos preocupamos muito com nossa autoimagem, nossa


aparência, nos medimos pelo sucesso, programas, prédios e números,
impacto econômico e influência política. Enchemos nossa agenda
com reuniões e compromissos para não sobrar tempo em solitude
e repouso diante de Deus, ou ponderar sua Palavra ou sentar-se
tranquilo e despreocupadamente com um amigo. O verdadeiro
sucesso não é medido pelo nosso endereço, pelo tamanho de nossa
casa, pelo tipo de carro, pelo prestígio na mídia evangélica. O lugar
onde medimos sucesso é na eternidade. Devemos nos perguntar: “O
que estamos fazendo aqui que realmente permanecerá e quais dos
nossos investimentos atuais farão a diferença lá no céu”? Priorizemos
a santificação e a comunhão com Cristo.

49
Anotações
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50 Gestão e Liderança
Gestão e Liderança
Unidade - 07
Caráter e Qualidades dos Líderes Cristãos

Introdução

Nesta unidade, você será desafiado a pensar sobre


seu caráter e várias qualidades da liderança cristã. Você
deve considerá-las com atenção. Leia e medite em todos os
versos bíblicos. Procure obedecer a Deus e tudo aquilo que
Ele diz em sua Palavra. Boa leitura!

Objetivos

1. Conhecer algumas qualidades necessárias do líder


cristão;

2.
Relacionar essas qualidades aos desafios
enfrentados no ministério.

51
Barreiras da liderança
Precisamos desenvolver nosso ministério tendo como alvo
finalizar bem a corrida e completar a missão que Deus nos deu. Gaste
tempo refletindo sobre o fim de sua vida. O que você deseja que os
outros relembrem de você? Há várias barreiras que impedem o líder
de terminar bem sua vida. As principais são as seguintes:
Finanças. Líderes, particularmente aqueles que ocupam funções
de influência, tomam decisões importantes sobre finanças. A falta de
integridade nesta área certamente conduzirá a um controle impróprio
do uso do dinheiro. Numerosos líderes são tentados e caem nesta área.
Exemplos: Gideão (Juízes 8) e Ananías e Safira (Atos 5).
O Abuso do poder. É necessário poder para que as coisas aconteçam.
Mas existem fontes diferentes de poder. Há o poder legítimo, que advém
da posição. Há o poder coercivo, que existe como resultado da ameaça
da força. Há a autoridade espiritual, que resulta em uma influência
poderosa sobre as pessoas. No entanto, o abuso do poder, especialmente
quando ele se manifesta em vantagens e privilégios, pode se transformar
em uma barreira para se terminar bem. Exemplos: A usurpação do
privilégio Sacerdotal, feita por Uzias (2 Cr 26).
Orgulho. Quando autocentralizado na soberba, vaidade,
narcisismo e arrogância, ele pode levar o líder à queda. O orgulho
pode conduzir, facilmente, a decisões equivocadas e comportamento
pecaminoso. Exemplo: Davi, ao recensear o povo (1 Crônicas 21).
Problemas Sexuais. Relacionamentos sexuais ilícitos tem sido a
causa da queda de inúmeros líderes, desde os tempos bíblicos, até os
dias atuais. A resposta de José para a mulher de Pontifar, em Gênesis
39, deveria servir como um modelo para responder a este tipo de
tentação. Exemplo: O pecado de Davi com Bateseba (2 Sm 11).
Relacionamentos Familiares. Problemas entre cônjuges, ou entre
pais e filhos tem, com frequência, destruído o ministério dos líderes.
Exemplos: Eli e seus filhos (1 Sm 2-4); Salomão e suas esposas (1 Rs 11).
Estagnação. Líderes que são competentes no ministério tendem
a estagnar em seu crescimento. O que era sua força (competência no

52 Gestão e Liderança
ministério) torna-se uma fraqueza. É possível ministrar em um nível
de competência sem a presença do Espírito Santo. Em outras palavras,
eles têm desenvolvido algumas habilidades ministeriais que podem
ser usadas sem a presença ativa de Deus. Exemplo: Davi, na parte final
do seu reinado, antes da revolta de Absalão (2 Sm 15 – 18).

Qualidades do líder cristão


A Palavra de Deus apresenta várias qualidades para o líder
cristão. Sabemos que muitos desses princípios bíblicos influenciaram
as teorias modernas da liderança. Entretanto, devemos ser cuidadosos
para observar que as definições das palavras e certos conceitos
utilizados nos livros de liderança de empresas vão muito além daquilo
que a Palavra de Deus afirma. Sejamos cuidadosos e busquemos
o sentido original. Gostaria de selecionar algumas das qualidades
bíblicas do líder cristão.
Fé, Confiança e Dependência de Deus (Pv 16.3; Mt 6.34). Todos os
seguidores de Cristo devem aprender a confiar em Deus por proteção e
direção. Apesar dos nossos dons e habilidades para cuidar das pessoas
e administrar problemas, dependemos completamente de Deus. Como
muitos livros de liderança falam: raramente o líder tem controle sobre
as coisas. O que eles lideram é geralmente grande demais para ser
controlado. Líderes cristãos dependem de Deus. Alvos e objetivos,
estratégias e políticas representam afirmações de fé e não somente
ideias humanas. A ansiedade do líder que não confia plenamente em
Deus é uma das falhas mais comuns na liderança.
Motivação correta: amor e preocupação pelo Reino e pelos interesses
das pessoas (Mt 5.8; Lc 10.27; 1 Pe 4.8, Fl 2.3-4). Nossa motivação
principal deveria ser a glória de Deus. Isso é difícil especialmente para
os líderes. Os líderes tendem a usar uma dose extra de testosterona que
os tornam mais competitivos, mais ansiosos para provar algo e mais
desejosos pelo poder. Frequentemente, isso encobre suas inseguranças
e medos. Quanto mais o líder compreende as verdades do Reino,
menos insegurança ele terá. Líderes mais velhos e maduros tendem a
se preocupar menos com sua própria glória e ministério.

53
Serviço (Mt 20.25-28). Deus é amor; e por isso seu Filho veio
para servir. Servir faz parte do caráter imutável de Deus. E, portanto,
todos os discípulos de Cristo devem ser servos. Amar o próximo não
significa ser bonzinho, camarada e sociável para com ele, mas, sem
dúvida, requer servir o próximo e se comprometer com tudo aquilo
que for melhor para ele. A grandeza no Reino de Deus é o serviço.
Somos grandes quando nos humilhamos, quando servimos, quando
não nos preocupamos conosco, mas com a glória de Deus. O líder é
chamado para ser servo. A verdadeira grandeza da liderança não está
na manipulação, coerção e controle, mas no servir aos outros.
Perseverança (Pv.24.10; Hb 12.1-2). Nada no mundo pode ser
alcançado sem perseverança, persistência e determinação. Boas
ideias não são adotadas automaticamente. Ideias exigem paciência. A
maior parte das realizações bem sucedidas no mundo (e na liderança)
exigiram um elevado grau de perseverança. Líderes são agentes de
mudança. As pessoas resistem às mudanças. A maioria das coisas leva
mais tempo para acontecer do que o planejado inicialmente. Líderes
precisam calcular previamente os custos e manterem firmes a direção
sem desistirem no meio do caminho.
Paciência (Pv 16.32; 25.15). Líderes estão “lá na frente” liderando.
Com frequência, eles enxergam para onde ir e começam a mover-
se naquela direção. Mas como as pessoas não gostam de mudança,
eles não estão conscientes da necessidade da partida. O líder, terá que
esperar pelos atrasados, por aqueles que se movem lentamente. Além
disso, os líderes estão também debaixo da autoridade de outros líderes
e precisarão aguardar a decisão deles quanto a questões mais amplas da
organização. Parte da função do líder resume-se em trazer mudanças,
novas perspectivas, opiniões, valores e cultura organizacional. Todas
essas são questões que produzem tensão e resistência. O líder precisa
ter paciência para não perder a sanidade.
Disposição ao sofrimento e sacrifício (Mt 5.11,12). No reino de
Deus, a liderança irá requerer de nós um alto custo. Não há liderança
sem cruz. Quando os líderes sofrem por algo que é certo, eles ficam
tristes. A tristeza é humana. Os líderes são geralmente criticados
pelas costas. Dói muito quando descobrimos que as pessoas estão

54 Gestão e Liderança
falando mal de nós. Mas as pessoas são assim e continuarão a fazer isso.
Os líderes tendem a ficar na defensiva e não reconhecem suas falhas.
Transparência, acessibilidade e resposta graciosa à crítica irão ajudar a
enfrentar as crises.
Disciplina pessoal (1 Co 9.25-27, Pv 23.29-30). Sem essa
qualidade, todos os dons e talentos permanecerão atrofiados e não se
desenvolverão. Antes de conquistar o mundo, precisamos conquistar
nós mesmos. Pessoas preguiçosas e desorganizadas nunca se elevam
a posições de verdadeira liderança. No mundo de hoje, temos muitas
demandas e compromissos. O líder geralmente tem mais ainda. É
comum ele se justificar ao negligenciar sua saúde, família, casamento e
filhos. É comum ele dizer que não tem tempo para sua vida devocional.
Seu relacionamento com Deus permanece superficial. Há pecados
e fraquezas que precisam ser tratadas com energia, mortificação e
autonegação.
Humildade. (Mt 5.3; Pv 25.6,7) O orgulho espiritual é um
sentimento muito comum entre os líderes. Eles se esquecem que tudo
o que tem vem de Deus e que todas as posições que ocupam foram
apontadas pelo Senhor. Líderes são frequentemente homenageados,
honrados e exaltados. São admirados, insubstituíveis, importantes. Se o
líder não tiver um profundo sentimento da sua própria pecaminosidade
ele começará a acreditar nisso. Tudo o que temos e somos, nossos dons
e talentos são resultado da ação de Deus.
Prestação de contas a comunidade (Pv 27.17, Hb 13.17). É comum
ouvirmos a história de algum líder que se tornou poderoso e famoso
e depois fugiu com o dinheiro ou com a secretária do ministério.
Invariavelmente, eles pararam de prestar contas para alguém e não estão
envolvidos numa comunidade local. Por sermos fracos, precisamos
de amigos sinceros, de pessoas que façam perguntas difíceis. O líder
precisa estar envolvido num grupo de amigos com os quais possa abrir
o coração e confessar seus pecados. Nos esquecemos que a queda de um
líder afetará dezenas de outras pessoas que são influenciadas por ele.
Honestidade (Pv 21.6, Mt 5.37). Muitos líderes brincam com a
verdade, alterando-a, aumentando-a, distorcendo-a de acordo com
seus interesses pessoais. Embora pensem que não estejam mentindo,

55
eles omitem elementos cruciais da verdade, utilizam palavras
com sentidos ambíguos e enganam aqueles que estão ao seu redor.
Eventualmente alguém descobre o erro e as coisas ficam complicadas.
Os discípulos de Jesus devem ser honestos, senão sua credibilidade
será destruída. As pessoas não seguem aqueles em quem não confiam.
Competência (Pv 22.29). Essa é uma das qualidades mais comuns
nas listas dos livros sobre liderança. Quando o líder não é competente,
muitos sofrem. Devemos buscar fazer tudo com excelência e dedicação,
como que para o Senhor.
Santidade (Pv 28.28, Hb 12.14). Tratamos sobre isso no capítulo
sobre a espiritualidade. Fomos chamados para uma vida de santificação
em Cristo. Somos discípulos de Jesus e devemos nos espelhar nele,
vivendo com integridade e obediência a Palavra de Deus.

Conclusão

Essa não é uma lista completa, mas apenas aqueles itens que
considero estar entre as mais importantes. Os lideres devem exercitar
essas qualidades numa atmosfera de graça e dependência de Deus.
Liderar não é algo que possamos fazer sem que sejamos realmente
cristãos. O que as pessoas realmente estão buscando são pessoas que
sejam e não apenas que façam. O que nós somos, como lideramos, flui
do nosso ser interior. Enquanto reconciliados com Cristo, seu Espírito
está trabalhando em nós, transformando nosso caráter, fazendo-nos
mais semelhantes a Ele. Cresçamos em todas essas qualidades! Sejamos
imitadores de Cristo.

56 Gestão e Liderança
Gestão e Liderança
Unidade - 08
Cuidado Pastoral e Liderança

Introdução

Frequentemente o estudo de liderança é dominado


pelos objetivos, visão, missão, organização e planejamento.
Como estamos vendo neste curso, muitos desses aspectos
são elementos fundamentais de uma boa liderança. No
entanto, liderança também envolve pessoas em uma
relação de cuidado e não apenas como equipe motivada
para alcançar metas. Por isso, queremos tratar nesta aula
do assunto do cuidado pastoral.

Objetivos

1. Definir o cuidado Pastoral e sua importância;

2. Principais funções e recursos do cuidado


pastoral.

57
Cuidado Pastoral e Liderança
O ser humano, convive com problemas, esse é um fato
incontestável. Nas igrejas, nas cidades, nas famílias, na sociedade,
os problemas estão presentes, desde o Éden, num crescente em
intensidade e complexidade, até os dias atuais.
A Bíblia contém histórias de pessoas com problemas. Lemos
nos evangelhos, relato após relato, Jesus indo ao encontro de pessoas
necessitadas: uma mulher em adultério; um discípulo envergonhado;
uma criança rejeitada; pessoas doentes, dentre outros. Ele, que é o
exemplo maior do cristão, passou muito tempo falando com estas
pessoas, em grupos ou em contato face a face. Dois mil anos depois, as
histórias podem variar, as situações também, o contexto ser diferente,
mas o problema continua sendo o mesmo: seres humanos que precisam
de ajuda. A ajuda às pessoas na Bíblia não é apresentada como uma
opção, mas como um mandamento.
Paulo em Gálatas 6:2 diz: “levai as cargas uns dos outros e assim
cumprireis a lei de Cristo”. Assim, como nos tempos de Jesus, nas nossas
comunidades hoje, convivemos com pessoas nestas mesmas situações.
Muitas vezes, estamos ao lado de alguém com dores emocionais e
problemas, os mais diversos, e não somos devidamente preparados e
sensíveis, para acolher e ajudar de forma eficaz essas pessoas.
O ministério de cuidado pastoral é exercitado em inúmeras
ocasiões. Em cada circunstância humana concebida, o cuidado
pastoral auxilia no alívio, cura e restauração da perplexidade, da dor,
da ausência de propósito e da incrível quantidade de sofrimento que
todas as pessoas experimentam no decorrer da vida.
O cuidado pastoral é realizado por pessoas com sabedoria
e autoridade suficiente para atuarem como representantes da fé
cristã. Eles podem ocupar cargos especiais na igreja como pastores
e presbíteros. Entretanto, em muitos casos, o cuidado pastoral é
realizado pelos leigos, no ministério um a um e também em grupos
pequenos.
Acima de tudo, o cuidado pastoral visa a cura e crescimento
da pessoa em seus relacionamentos. Quando falamos no crescimento
devemos analisá-lo em suas várias dimensões: Restauração da mente,

58 Gestão e Liderança
revitalização do corpo, renovação dos relacionamentos íntimos,
aprofundamento da relação com a natureza, crescimento em relação
ao propósito da vida e revitalização do relacionamento com Deus.
O cuidado pastoral é direcionado para as pessoas atribuladas.
Quando um indivíduo reconhece que seu problema é complexo e sente
que não tem os recursos próprios para solucioná-lo, ele se abre para
pedir ajuda e buscar o socorro e sabedoria encontrada no cristianismo.
O cristianismo trará sentido para a vida através de uma relação sadia
com o Pai e criador, através do seu filho Jesus Cristo.
As quatro funções principais do cuidado pastoral consistem
em curar, apoiar, guiar e reconciliar. Essa divisão entre as funções tem
afeito de classificação, mas não representam separação ministerial.
Obviamente as funções poderão se misturar no aconselhamento de
uma pessoa ou casal.
1. Curar é a função em que o pastor ou cristão ajuda a pessoa
debilitada a encontrar uma condição de saúde integral com
a consciência de que essa restauração visa também levá-la
a um novo nível de espiritualidade. Cura pastoral envolve
a recuperação de uma doença específica, mas também se
distingue pelo fato de que a cura é um avanço para a alma avaliar
sua experiência com o seu significado espiritual. O cuidado
pastoral busca utilizar e integrar instrumentos psicológicos e
teológicos diante da situação humana que o levem a ser curado.
2. Apoiar consiste em ajudar a pessoa ferida a suportar e
transcender a circunstância quando a restauração da situação
ou recuperação da doença é impossível ou remotamente
provável. A função de apoio normalmente encampa os
instrumentos da compaixão. Entretanto, vai muito além da
mera resignação, pois procura buscar o crescimento espiritual
pela perseverança diante das experiências dolorosas.
3. Guiar consiste no auxílio às pessoas perplexas a tomarem
decisões entre cursos alternativos de pensamento e ação,
especialmente quando essas escolhas afetarão o presente e o
futuro da pessoa. As próprias experiências anteriores e valores

59
pessoais serão os critérios e recursos para tais decisões. Em
outros momentos, o conselheiro poderá propor novos valores
e critérios para as escolhas a serem feitas.
4. A função de reconciliar visa estabelecer o relacionamento
quebrado entre homens e entre Deus e o homem. Raramente,
o amor a Deus poderá ser separado do amor ao próximo e
vice-versa. Isso quer dizer que no cuidado pastoral dificilmente
separamos entre a necessidade de restaurar relacionamentos
quebrados entre homens e a necessidade da restauração do
relacionamento com Deus. O perdão, através da confissão, é a
maneira clássica do cristianismo buscar a reconciliação.
Frequentemente na igreja, os melhores líderes são conhecidos
por sua determinação e vontade de superar desafios. Esses nem sempre
estão atentos ou se preocupam com as necessidades dos indivíduos.
Eles estão mais focados nos projetos e desafios do grupo. Por outro
lado, sempre há nas igrejas e organizações pessoas que valorizam
os relacionamentos e as relações de cuidado e ajuda mútua. Essas
se preocupam com as necessidades dos indivíduos e se interessam
mais nos processos, não só nos objetivos. Por causa da diferença de
interesses e estilos, não é raro observar certa tensão ou desarmonia
entre esses estilos de pessoas. A pessoa que tem o dom do cuidado
pastoral muitas vezes é visto como um líder fraco, um “não líder” isto
é, ele não tem dom de liderança, supondo que dom de liderança seja
aquele estilo de liderança visionário e agressivo. Muitos inclusive se
conformam por não ter o “dom de liderança”. No entanto, o cuidado
pastoral é também um meio de liderar.
No seu livro The Use and Neglect of Pastoral Resources, Paul
W. Pruyser trata dos recursos que os pastores e líderes dispõe:
1. Iniciativa pastoral. Qualquer pastor pode iniciar uma
conversa ou visita ao membro da igreja e muitas outras
pessoas relacionadas a eles.
2. Conversas pastorais. São conversas com propósitos, que
podem se adaptar à troca de pensamentos que buscam
sentido na vida em meio à confusão, barulho e complexidade

60 Gestão e Liderança
da vida. Podem acontecer em qualquer lugar.
3. Convocação Pastoral. Quer ele seja chamando para adoração
ou organizando outros eventos litúrgicos, o líder invoca a
presença de Deus. Ao evocar a presença de Deus nos encontros
de homens, o pastor ou líder age como representante ou
símbolo de valores espirituais, como um emissário de Deus.
4. Cuidado Pastoral ou situações de “kairos”. Há eventos como
nascimento, casamento, batismo, e outros que conclamam
à celebração. Esse tipo de cuidado pastoral simboliza a
santidade e beleza da vida. A vida tem propósito, providência
e um processo padronizado ao invés de um aglomerado de
eventos sem significado algum.
5. Cuidado Pastoral em situações de crises. O pastor fala às
necessidades mais profundas do ser humano, em tempos de
morte, divórcio, desemprego, solidão, ansiedade e assim por
diante.
6. Aconselhamento Pastoral. O pastor utiliza-se da Palavra de
Deus, da meditação temática bíblica, da oração, do perdão,
da graça e do amor cristão para abençoar as pessoas.
7. O uso pastoral dos sacramentos e meios de graça. Apoiar
aqueles que batizaram ou consagraram seus filhos a levarem
essa promessa a sério, a permanecer fiéis e perseverantes na
fé, na participação da Ceia do Senhor, a manter a lealdade e
fidelidade conjugal e a experimentar a graça e santificação
através do uso de outros meios da graça.
8. O uso pastoral da pregação e do ensino. A Palavra de Deus é
comunicada, compreendida e aplicada através de uma relação
interpessoal entre o pregador e a congregação, entre mestres
e alunos.
9. Ministério Pastoral de capacitação. O pastor capacita leigos ao
maior envolvimento nos ministérios da igreja encorajando os
seus esforços.
10. O pastor por si mesmo é uma pessoa autêntica e íntegra.

61
Conclusão

Em essência, o cuidado pastoral envolve guiar, nutrir, curar,


aliviar, reconciliar pessoas consigo mesmas, com Deus e com os
outros. Uma liderança nessa perspectiva coloca como objetivos não
só alcançar metas e implementar ações planejadas, mas também
promover o crescimento, amadurecimento e restauração de pessoas.
Talvez o maior desafio desse tipo de “ação” é que são difíceis de serem
mensuradas e de os resultados serem computados. Justamente, por
isso, nem sempre são devidamente reproduzidos em relatórios de
cumprimento de metas e resultados.

62 Gestão e Liderança
Gestão e Liderança
Unidade - 09
Treinamento de Novos Líderes e o
Desenvolvimento de Equipes

Introdução

Nesta unidade falaremos sobre a importância do


processo de seleção e desenvolvimento de líderes. O
desenvolvimento e mentoria de novos líderes é uma função
prioritária para pastores e líderes.

Objetivos

1. Compreensão das Qualidades e importância do


treinamento de novos líderes.

63
Como Reconhecer Possíveis Novos Líderes
O estabelecimento da igreja é o esforço de equipes, trabalho em
conjunto de homens e mulheres que se aplicaram com dedicação ao
ministério. Deus nos direciona ao trabalho em equipe. Paulo sempre
fora acompanhado por pessoas diferentes em viagens diferentes:
Barnabé, João Marcos, Timóteo, Lucas, Tito e dezenas de outros.
Há muitas vantagens para isso, entre elas, a prestação de contas, a
distribuição e equilíbrio entre os dons espirituais do corpo, o balanço
das forças de poder e autoridade, o encorajamento e suporte mútuo,
a sinergia do esforço multiplicado, o apoio e sustento espiritual da
oração, o companheirismo e irmandade, e assim por diante. Algumas
qualidades básicas dos membros de uma equipe:
• Amor a Deus e a sua obra
• Temente a Deus e fiel a Palavra
• Vida de oração e ministérios fortes
• Família e relacionamento conjugal estáveis
• Alta valorização e convicção da missão e ministério da igreja
local
• Dons espirituais, especialmente na área apostólica-
missionária, liderança, administração, fé, ensino, pregação e
evangelismo
• Treinamento bíblico prático e adequado
• Habilidade para trabalhar em equipe
• Ser ensinável
Alguns líderes não resistirão aos rigores, sofrimentos e estresse
envolvidos no desenvolvimento da igreja. Alguns desistem quando
faltam recursos financeiros ou não há crescimento. Outros abandonam
o barco quando a oposição espiritual torna-se ferrenha ou há discórdias
dentro do time. Outros ainda, quando as tentações, provações, questões
de saúde e solidão batem a porta. É fato corriqueiro que membros da
liderança se desanimam e se afastam, retiram-se ou deixam a equipe.

64 Gestão e Liderança
João Marcos abandonou a equipe na primeira viagem missionária de
Paulo (At 13:13). Paulo ficou tão desapontado com sua desistência que
recusou terminantemente recebê-lo de volta na equipe seguinte, em At
15:37-38. A situação entre Barnabé e Paulo tornou-se tão insuportável
que resultou na partição da equipe em dois times. Problemas como
esses devem ser enfrentados com a convicção da soberania de Deus e
seu controle absoluto para dispor nossas vidas conforme determinar e
fazer com que tudo coopere para o bem daqueles que o amam. Textos
como as epístolas Paulinas de Timóteo e Tito nos desafiam. Medite,
estude e aplique as seguintes características de 1 Timóteo 3 e Tito 1:
• Marido de uma só mulher
• Moderado
• Sensato
• Respeitável
• Hospitaleiro
• Apto para ensinar
• Não deve ser apegado ao vinho
• Nem violento
• Amável
• Pacífico
• Não apegado ao dinheiro
• Deve governar bem sua própria família
• Não pode ser recém-convertido

John Maxwell, ao abordar este tema em Developing the Leaders


Around You diz que, entre as qualidades a serem buscadas em um líder
em potencial, incluem-se as seguintes:
Positividade: A habilidade de trabalhar e ver pessoas e situações
de uma maneira positiva.
Servidão: A disposição de se submeter e seguir o líder.

65
Potencial de Crescimento: Uma fome por crescimento e
desenvolvimento pessoal; a capacidade de crescer junto com o trabalho.
Perseverança: A determinação de terminar o trabalho
completamente e com consistência.
Lealdade: O desejo de sempre colocar o líder e a organização
acima dos seus desejos pessoais.
Resistência: A capacidade de aguentar firme diante dos problemas.
Integridade: Confiabilidade e um sólido caráter; palavra e vida
consistentes.
Visão: A capacidade de ver toda a organização e suas necessidades.
Disciplina: O desejo de fazer o que for preciso, não importando
o seu estado de espírito.
Gratitude: Uma atitude de agradecimento, que transforma-se em
um modo de vida.”
Dennis Wrong, em seu livro: Power: Its Forms, Bases and Uses,
menciona os seguintes indicadores a serem procurados em líderes em
potencial:
Disponibilidade: Disponibilidade é importante. Ela demonstra a
disposição e interesse pelo que está acontecendo. Em geral, este tem se
tornado o critério mais comum de seleção de liderança.
Sucesso no mundo: Um segundo indicador comum é o status e
sucesso da pessoa no mundo. O pensamento é o de que: Se eles são
bem-sucedidos nos negócios, deverão ser bons líderes para a igreja.
Habilidades: As habilidades, sejam talentos naturais, habilidades
adquiridas ou dons espirituais, são indicadores muito positivos de
potencial de liderança.
Um espírito ensinável: Por isso, entende-se a atitude positiva que
a pessoa demonstra à instrução dada pelo professor.
Relacionamentos: Frequentemente, o relacionamento com o líder,
ou alguma pessoa importante da igreja, pode tornar-se um critério
importante de seleção.” (1979:138).

66 Gestão e Liderança
Treinamento de Liderança
Sempre que se está preparando um programa de treinamento, uma
pergunta que se faz é esta: “Quanto treinamento eu preciso prover para
estas pessoas?” Líderes operam em níveis variados de responsabilidade.
Obviamente, aqueles líderes com maior responsabilidade precisarão
de mais treinamento. Deus desenvolve o líder, no decorrer de sua vida,
em três áreas básicas: Formação de Caráter; Formação Ministerial;
Formação Estratégica. Com relação à formação de caráter, sabemos
que cada líder precisa de um treinamento completo que inclua os
testes da obediência, Palavra e Integridade e a prática das disciplinas
espirituais. Formação ministerial refere-se ao desenvolvimento das
ferramentas ministeriais necessárias para um líder ser eficaz na tarefa
que Deus tem para ele. As características pessoais únicas de uma
pessoa (personalidade, dons e sentido de destino) ajudam a definir
ou formar o tipo de função e ferramenta que ela precisará adquirir no
seu ambiente de treinamento. Formação Estratégica interessa-se com
a articulação, explicação e clarificação dos valores que fortalecem o
ministério. Ela tem a ver com o porquê fazemos as coisas que fazemos,
e da maneira como fazemos.
Equipes cristãs devem buscar simetria e equilíbrio em três
áreas específicas: maturidade espiritual, uma personalidade centrada
(resolvida) e habilidade ministerial.
A plantação e o desenvolvimento de igrejas envolvem grandes
confrontos espirituais (Ef 6:12-13) tornando necessário o constante
revestimento com a armadura de Deus (Ef6:14-18), bem como o
crescimento e maturação na fé, amor e vida cristã. Os membros da equipe
devem ter profunda convicção da perdição humana e seu afastamento
de Deus. Devem buscar centralidade e prioridade da igreja nos planos
de Deus, bem como almejar prioridade no sacerdócio universal e no
serviço (diaconia) cristão com convicção a respeito do chamado de Deus
para a transformação da nação. Quando tratamos de personalidade
resolvida estamos incluindo a compreensão e maturação quanto ao
temperamento (sanguíneo, colérico, melancólico e fleumático e suas
diversas combinações), habilidades psicológicas inerentes, áreas de
paixão e prazer, estilos de relacionamento e aplicação ao trabalho.

67
Testes psicológicos, como o Myers-Briggs, o DISC e equivalentes
auxiliam muito no autoconhecimento. Uma pessoa extremamente
tímida ou com dificuldades para ser transparente ou falar em público o
que pensa, dificilmente plantará ou pastoreará uma igreja com sucesso.
Habilidades ministeriais são capacidades, dons e talentos que ajudam
na equipe, como estratégias evangelísticas, habilidades para ensino e
pregação, aconselhamento pastoral, habilidade musical, conhecimento
de computação, conhecimento administrativo e assim por diante.
Certas habilidades são imprescindíveis para o líder: pregação, ensino e
direção dos cultos na língua do povo alvo; liderança e treinamento em
evangelismo; administração, organização e planejamento estratégico;
aconselhamento e treinamento na resolução de conflitos.

Conclusão

Quero finalizar com algumas perguntas para confronto mútuo


que utilizamos como direcionamento para reflexão pessoal e espiritual
durante nossas reuniões de equipe dos missionários na Sepal (Servindo
Pastores e Líderes):
1. Você tem sido uma testemunha da grandeza de Jesus Cristo,
com suas palavras e ações, em sua casa, trabalho ou faculdade?
Quando foi a última vez que você testemunhou de Cristo?
2. Como anda sua área sexual?
3. Homem - você tem sido intencionalmente exposto a material
sexualmente sedutor (TV, revista, internet, filmes, etc)
ou se entretido com pensamentos sexuais impróprios?
Mulher - você tem intencionalmente desejado se apresentar
sensualmente para “provocar” alguém, com as suas roupas,
conversas e atitudes?
4. Você tem faltado com integridade nos seus relacionamentos
financeiros ou cobiçado algo que pertence a outro? Você tem
gerido seu orçamento com responsabilidade?

68 Gestão e Liderança
5. Você tem sido generoso (a), compassivo (a) e amável em
seus relacionamentos (pais, irmãos, esposo(a), namorado(a),
colegas de trabalho ou faculdade, a faxineira, o moço do
elevador, etc)?
6. Você tem se dado a um comportamento que poderá não se
livrar e lhe causar escravidão (mentir, falar palavrão, assistir
muita televisão, comida, dormir muito ou pouco, achar que
você não vale nada e ninguém te quer, etc)?
7. Você tem permanecido com raiva, amargura ou ressentimento
de alguém?
8. Como estão seus compromissos? Você é pontual? Tem gasto
bem o seu tempo? Tem equilibrado bem o tempo de trabalho
com família, estudo, tempo para você, e tempo para Deus?
9. Você tem sido alimentado (a) pela Palavra de Deus? Tem tido
um tempo exclusivo a sós com Deus? Compartilhe o texto que
você está lendo se a resposta for afirmativa.
10. Você tem sido completamente honesto comigo e com Deus?

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Anotações
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70 Gestão e Liderança
Gestão e Liderança
Unidade - 10
A Gestão na Liderança

Introdução

A partir desta unidade, falaremos mais especificamente


sobre gestão e introduziremos as ferramentas do
planejamento, organização, direção e monitoramento.

Objetivos

1. Compreender como a crescente insatisfação dos


líderes é causada pelo excesso de atividades e estresse
ministerial;

2. Necessidade de capacitação da liderança nas


ferramentas gerenciais;

3. Entender a importância e significado do


planejamento, organização, direção e monitoramento.

71
A Gestão na Liderança
“Com sabedoria se constrói a casa, e com discernimento se consolida.
Pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e
agradável”
(Provérbios 24:3-4)
A falta de treinamento gerencial me preocupa desde que comecei
a pastorear minha primeira igreja. Me disseram que eu era ingênuo e
que a gente aprende com a vida. Além do mais, o gerenciamento era
visto como um substituto para a direção do Espírito Santo. Entretanto,
estava trabalhando ao lado de um excelente administrador e planejador
o que me instigou a avançar em meus estudos. Ao seu lado, percebi
as necessidades legais da igreja e ministério. Com o crescimento da
igreja, entre os problemas mais urgentes estavam itens como:
• Adquirir e gerenciar propriedades.

• Administrar e investir os fundos da igreja.

• Garantir a isenção do imposto de renda junto aos órgãos de


receita.

• Observar as leis e direitos trabalhistas como os de


aposentadoria e assistência médica.

• Assegurar sua autoridade para dar efeito civil a um casamento.

• Declarar às autoridades as doações em dólares recebidas de


igrejas e amigos do exterior.

• Satisfazer exigências contábeis para garantir uma boa


prestação de contas dos fundos e bens.

Muitos líderes precisam se adaptar ao ministério sem o


treinamento formal em gerenciamento e liderança. Lindgren relatou,
num estudo sobre as igrejas americanas, que 40% do tempo de um
pastor é gasto em trabalhos administrativos e 10% em atividades

72 Gestão e Liderança
organizacionais. Ele citou a conclusão de Richard Niebuhr: “qualquer
investigação atual do papel do pastor encontrará uma crescente
proeminência das responsabilidades administrativas”. De fato, existe
um ressentimento e uma inquietação da parte dos líderes devidos a
esse “Frankenstein eclesiástico”, que é a distração dos seus esforços e
do seu tempo da pregação e oração. As descobertas de Lindgren são
apoiadas pelo estudo de Hennepin sobre os líderes eclesiásticos de
Mineápolis, EUA, tal como se apresenta abaixo:

A evolução na liderança pastoral


O pastor ou ministro pode se tornar um líder capacitado no
gerenciamento? Falamos numa das unidades anteriores sobre diversas
tendências que influenciam o ministério pastoral nos dias de hoje:
profissionalismo, modelos e sistemas empresariais afetam a igreja
como organização, o desenvolvimento tecnológico e o crescimento
das grandes igrejas. Você está sendo diariamente desafiado a aprender
novas competências, habilidades, receber treinamento e adquirir
ferramentais ministeriais. Creio que um líder pode se sentir realizado
em seu desenvolvimento, além de poder ser bem sucedido. Mas o
ponto de partida é reconhecer a sua necessidade de se tornar um líder
maduro com o treinamento gerencial. Isso o deixará aberto para fazer
o que é necessário para vencer os seus novos desafios.
Nessa perspectiva de liderança, o líder natural cristão tem talentos
e habilidades concedidos por Deus – são a matéria-prima a partir da
qual outras coisas podem ser construídas. Esse líder pode desenvolver
tais talentos/dons para que eles se tornem ferramentas excelentes
para o ministério. Na verdade, o desenvolvimento de dons através do
treinamento não se trata apenas de bom senso natural, mas se mostra
também como uma demonstração lógica da existência de tais dons.
Se alguém é mestre, então existe um motivo maior para ser treinado e
se tornar um mestre melhor. Um pastor de igreja tem múltiplos dons.
O treinamento, no entanto, exige trabalho duro. Ele deve ser
prioritário. Leva tempo. Mas sempre é possível encontrar tempo para

73
as coisas importantes. Ele pode ser caro. Mas se a educação é cara, a
ignorância custa ainda mais. Então, as novas habilidades ou filosofias
de ministério devem ser uma disciplina de vida, usadas para a glória de
Deus. Tudo o que não é utilizado é perdido. O conhecimento aplicado
multiplicará os resultados e abrirá novas perspectivas para o Senhor,
as quais não podiam ser percebidas antes.
Você está ocupado demais, sem tempo para aprender? Leve esse
assunto ao Senhor. Recebemos do Espírito Santo capacidade e poder
(Atos 1:8) para sermos mais do que capazes de completar a carreira.
Quem fracassa em se adaptar está fadado ao fracasso. E essa não é uma
opção sensata.

Compreendendo a gestão
Há várias razões bíblicas pelas quais um ministro deve aprender
como fazer uma boa gestão ministerial. Lembre-se que se você não
gerenciar, você será gerenciado pelos seus problemas! Gênesis 1:28:
“Deus os abençoou, e lhes disse: ‘Sejam férteis e multipliquem-se!
Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre
as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra’”. Além
disso, para desenvolver outros líderes e lhes dar oportunidades para
servir você precisa saber lidera-los. Êxodo 18:21: “Mas escolha dentre
todo o povo homens capazes, tementes a Deus, dignos de confiança
e inimigos de ganho desonesto. Estabeleça-os como chefes de mil, de
cem, de cinquenta e de dez”. Veja também Efésios 4:11-12. Finalmente,
um bom gerenciamento ministerial e melhor administração do seu
tempo lhe capacitará a se concentrar em sua tarefa primária. Êxodo
18:19: “Agora, ouça-me! Eu lhe darei um conselho, e que Deus esteja
com você! Seja você o representante do povo diante de Deus e leve a
Deus as suas questões”.
Profissionais e estudantes divergem em suas definições
mais restritas da gestão. Alguns utilizam o termo de maneira
intercambiável com liderança e administração. No entanto, encontro
muitos elementos comuns entre os estudantes em suas discussões

74 Gestão e Liderança
de gerenciamento. Trata-se de um conjunto de funções que utilizam
recursos organizacionais tanto com eficiência (utilização mínima
de recursos) quanto com efetividade (maximização dos resultados)
para realizar objetivos. Esse será o tema da presente aula. A partir da
definição acima, existem quatro componentes, a saber:
• Objetivos – a visão do que a organização estabelece para ser
alcançado; a lógica da existência da corporação.
• Funções – referem-se às funções gerenciais de planejar,
organizar, liderar e controlar.
• Recursos – incluem a força de trabalho disponível, os custos
homem/hora, materiais, máquinas, informações (tecnologia,
métodos e conhecimentos) e poder espiritual. O último é,
obviamente, reconhecido apenas nos círculos teológicos. Deus
afirma que: “Mas receberão poder” (At 1:8). Neemias também
dizia: “O Deus dos céus fará que sejamos bem-sucedidos. Nós,
os seus servos, começaremos a reconstrução” (2:20).
• Processo – a maneira eficiente (fazer corretamente o trabalho)
e efetiva (fazer o trabalho correto) de alcançar os resultados.
O gerenciamento ministerial lida com todos esses elementos,
com a supervisão total da organização. Mas o líder que gerencia
a organização é alguém que se especializa em realizar as funções
universais de gerenciamento, a saber, planejar, organizar, liderar e
controlar (POLC)1.
Esses são alguns dos conceitos mais úteis para o ministério. É claro
que essas nomenclaturas para o trabalho gerencial não são novas2. A
abordagem sistêmica para o gerenciamento nos oferece não somente os
agrupamentos lógicos do trabalho, extremamente úteis, mas também
nos capacita a enxergar o todo e as partes correspondentes. Abaixo
existe uma explicação das funções do trabalho gerencial – planejar,
organizar, liderar e controlar:

Robbins, 1988: 8-12.


1

Louis A. Allen, Professional Management: New Concepts and Proven Practices (London: McGraw-
2

Hill Book Company, 1973), 48.

75
Planejar: o trabalho que um líder realiza para predeterminar o
curso da ação. Planejar pode ser visto como um conjunto de decisões
tomadas no presente, baseadas no passado, para alterar o futuro. Na
verdade, um plano é um conjunto de decisões gerenciais: uma decisão
sobre como visualizar o futuro, uma decisão sobre o conjunto de ações
a serem tomadas, uma decisão sobre quais dados serão utilizados.
Atividades envolvidas: oração, estimativas, desenvolvimento das
estruturas missionais, planejamento de ações:
Organizar: o trabalho que um líder realiza para ordenar e
relacionar o trabalho a ser feito pela organização, de forma que ele
possa ser desempenhado efetivamente pelas pessoas. Atividades
envolvidas: desenvolver uma estrutura organizacional, estabelecer
funções, desenvolver relacionamentos, delegar trabalhos.
Liderar ou dirigir: o trabalho que um líder realiza influenciando
pessoas para que elas tomem ações efetivas. Atividades envolvidas:
clarificara a visão, estabelecer valores, determinar a estratégia,
desenvolver o alinhamento, comunicar, motivar, decidir, desenvolver
equipes e capacitar pessoas.
Controlar: o trabalho que um líder realiza para avaliar e revisar
o trabalho em progresso e para avaliar os resultados alcançados. O
“controlar” não pode ser separado do “planejar”. Na verdade, as melhores
formas de controlar são: (1) planejar, (2) um comprometimento com
a visão e (3) a crença num sistema de valores. Atividades envolvidas:
desenvolver padrões de performance, relatórios de performance,
avaliar a performance e corrigir a performance.

Conclusão

Assim, cada pessoa tem cinco funções, ou seja, planejar, organizar,


liderar, controlar e executar seu trabalho técnico reservado (algo que
somente você pode fazer).

76 Gestão e Liderança
Referências Bibliográficas

ALLEN, Louis A. Professional Management: New Concepts and Proven


Practices. London: McGraw-Hill Book Company, 1973
BRINER, B. Os Métodos de Administração de Jesus. São Paulo, Nexo
Editorial, 1997
BROWNING, Don. System Sensitive Leadership. Joplin. College Press
Publishing, 2000
EGSTROM, T. Como se Forma um Líder Cristão. Rio de Janeiro, Editora
Núcleo, 1984.
GAYOTTO, M.L.C. Líder de Mudança e Grupo Operativo. Petrópolis,
Editora Vozes, 1996.
GEORGE, Carl. Leading and Managing your Church. Old Tappan. Fleming
Revel Company, 1987.
MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à Administração. São Paulo, Editora
Atlas, 2000
MUZIO, Rubens. O DNA da Liderança Cristã. São Paulo, Editora Mundo
Cristão, 2007
VENCER, Jun. Traduções das palestras realizadas várias vezes no Brasil pela
Sepal / DAWN, 2008.

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Anotações
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78 Gestão e Liderança
Gestão e Liderança
Unidade - 11
Gestão: Planejamento

Introdução

Nesta unidade, trataremos da importância do


planejamento e das principais características de um
planejamento eficaz.

Objetivos

Compreender as atividades do planejamento:


previsões, desenvolvimento de objetivos, programação,
cronograma e orçamento.

79
A importância do planejamento
Por que planejar é importante? Não deveríamos apenas
confiarmos em Deus e em sua visão? Essa é uma preocupação de alguns
obreiros cristãos. Por um lado, ela é válida, pois precisamos ter certeza
de estarmos realizando o plano de Deus. Afinal de contas, ele não diz
que “sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, planos de
fazê-los prosperar e não de lhes causar dano” (Jr 29:11)? No ambiente
das empresas, muitas vezes ouvimos a voz dos seres humanos, e vemos
apenas a visão. Existe uma necessidade de se esperar no Senhor, de se
colocar diante dele. Por outro lado, devemos amar a Deus de todo o
nosso entendimento (Mc 12:30). Honramos a Deus ao utilizarmos a
nossa mente para o seu serviço. Além do mais, isso nos capacita a evitar
as armadilhas dos julgamentos precipitados e as ações sem direção. O
perigo nessa discussão está na perspectiva de “um ou outro”. Ela deve
mudar para “ambos”. Paulo planejava, certamente sob muita oração,
desenvolver uma campanha evangelística na Ásia Menor, mas a visão
do macedônio veio a ele (Atos 16). Obviamente, em tal situação, é
preciso obedecer antes a Deus do que aos homens (Atos 5:29). Mesmo
assim, a visão de Deus para nós pode vir em termos gerais. Ainda
é necessário planejar os detalhes para implementar a sua visão. O
planejamento feito sob oração e na dependência do Espírito Santo não
precisa contradizer a vontade de Deus. Para um planejamento desses
ser possível, é evidente que seus meios e fins não podem ser contrários
à Palavra de Deus, que ele deve utilizar os melhores dados disponíveis
e que sejam aplicados os melhores princípios de planejamento.

As atividades do planejamento
Como alguém pode saber que realizou um planejamento efetivo?
A função gerencial de um planejamento tem uma série de atividades:
previsões, desenvolvimento de objetivos, programação, cronograma,
orçamento, desenvolvimento de políticas e desenvolvimento de
procedimentos.
1. Previsões. É o trabalho realizado pelos líderes para estimar
e prever condições e eventos futuros, além das necessidades e

80 Gestão e Liderança
oportunidades associadas a esses. Trata-se de olhar para frente sem se
esquecer de olhar para dentro e para trás. Há uma série de bons livros
que lidam com previsões e tendências1. Naisbitt e Aburdene, em seus
livros sobre as megatendências, apontam alguns fatores:
• O boom econômico global.
• O renascimento nas artes.
• A emergência de um socialismo de livre mercado.
• Estilos de vida globais e nacionalismos culturais
• A privatização do estado de bem-estar.
• A ascensão dos países asiáticos do Pacífico.
• A década das mulheres na liderança.
• A era da biologia.
• O reavivamento religioso do terceiro milênio.
• O triunfo do indivíduo2.
Dentre as lições bíblicas que me ajudaram a formular a minha
visão sobre o tema, há uma passagem do Antigo Testamento: “da tribo
de Issacar, 200 chefes que sabiam como Israel deveria agir em qualquer
circunstância” (1Cr 12:32). Ela se desenvolveu como um conceito em
gerenciamento conhecido como o “Fator Issacar”. Esse texto, tomado
no contexto dos conflitos entre Davi e os filisteus, apresenta uma
estratégia realmente muito boa. O Senhor dá a Davi a sua ordem para a
batalha: a infantaria – soldados a pé com escudos e espadas; a artilharia
– lanças, arcos e flechas; e, por fim, os estrategistas – os homens de
Issacar. Creio que podemos observar o Fator Issacar nas guerras dos
dias de hoje, seja no Iraque, Afganistão ou Síria. A artilharia (aviões,
tanques, canhões e mísseis) “suaviza” as defesas do inimigo antes que
as tropas terrestres sejam enviadas. Mas a ordem da batalha é definida
na sala de guerra dos estrategistas militares. Em certo sentido, gostaria
de fazer alusão a nós como os estrategistas “que sabem como devemos
agir em qualquer circunstância” (uma necessidade muito veemente)
e que ajudam o nosso povo a decidir o que fazer. Também estamos
engajados numa guerra, a espiritual. Precisamos estar conscientes
1
Alvin Toffler, Future Shock; Tome Sine, McDo etc.
2
John Naisbitt, Patricia Aburdene, Megatrends 2000.

81
das tendências, mas também precisamos discernir o que Deus está
fazendo.
O processo de previsão começa com a criação de uma força
tarefa de pessoas que possam fazer a análise externa do contexto e/ou a
interna da organização ou igreja local. A abrangência da análise externa
inclui forças que causam impacto direto sobre a organização, tais como:
competidores, fatores religiosos, sociais (inclusive demográficos),
políticos, econômicos ou tecnológicos. A análise interna lida com
o estado, os recursos e o potencial atual da organização. A partir da
análise ambiental, que inclui as tendências dessas forças internas e
externas, necessidades e oportunidades são identificadas. Prioridades
são estabelecidas e planos são desenvolvidos.
2. Objetivos. Existem três tipos de objetivos: central, crítico e
específico. O objetivo central é a declaração do propósito geral para
a existência da organização. Os objetivos críticos – administrativos
e técnicos – são as grandes categorias de trabalho necessárias para
realizar o objetivo central. Os objetivos específicos são as categorias
detalhadas de trabalho necessárias para realizar os objetivos críticos.
Esses objetivos são baseados uns nos outros.
Um objetivo central típico responde às seguintes questões:
1. Missão: qual é a missão e a visão da organização?
2. Propósito: qual é a responsabilidade da sua posição no
cumprimento da missão da organização?
3. Produtos e serviços: que produto ou serviço deve ser
oferecido aos beneficiários externos e internos para garantir
que a organização continue e realize as tarefas para as quais
ela existe?
4. Clientes e beneficiários: quem utilizará os produtos ou
serviços?
5. Alcance: onde os produtos e serviços serão oferecidos a
clientes e beneficiários?
6. Funcionários: qual será o compromisso da organização com
os seus funcionários?

82 Gestão e Liderança
7. Mantenedores: quem são os “acionistas” que apoiam a
organização?
8. Comunidade: como a organização deve se relacionar ou
trabalhar com outras forças na comunidade, de setores
como o governo, entidades civis, empresas e organizações
religiosas?
9. Funcionalidade: que estrutura organizacional precisa estar
presente para que todos esses compromissos sejam atendidos?
10. Prestação de contas: a quem vocês prestam contas quanto aos
seus compromissos?
3. Plano de Ação. Além da descrição da missão, outro importante
documento para um líder é um plano de ação. Existem quatro
elementos que precisam ser definidos antes que continuemos com o
desenvolvimento de um plano de ação:
1. A programação é o trabalho que os gerentes realizam para
estabelecer as etapas que devem ser seguidas para que um
objetivo seja alcançado.
2. A pessoa responsável é aquela que tem como tarefa realizar
determinado trabalho atribuído a ela.
3. O cronograma é uma tarefa que os gerentes realizam para
estabelecer uma sequência temporal para os passos do
programa.
4. O orçamento é uma tarefa que os gerentes realizam para
alocar recursos necessários para alcançar um objetivo dentro
de um período específico de tempo.3
Para se desenvolver um plano de ação, o seguinte roteiro pode
servir de auxílio:
1. Afirme os seus objetivos específicos. Isso pode ser feito ao
se revisar e analisar cada objetivo crítico e cada parâmetro
de performance. Identifique as necessidades e determine o
esforço requerido para manter uma performance contínua.
Ibid, 9-3.
3

83
2. Registre por escrito os parâmetros de cada objetivo. Um
bom padrão deve ser alcançável, “final” (com uma data de
encerramento), de compreensão e aceitação garantidas pelo
restante da equipe.
3. Identifique os passos do programa que são necessários para
alcançar os seus parâmetros. Identifique as ações concretas
necessárias para alcançar um objetivo específico. Perceba que
a declaração dos parâmetros para o seu objetivo específico lhe
oferecerá um guia para a maioria dos passos concretos, mas
não para todos. Coloque as ações em sequência e especifique
o que deve ser feito.
4. Determine o orçamento. Estabeleça os custos de cada objetivo
específico e passo do programa. Equalize os custos de
conseguir os dados com a importância destes. Negocie como
for preciso. Estabeleça uma relação com o orçamento geral.

Conclusão

Mesmo o melhor dos planejamentos precisa ser revisado


regularmente. Isso permite o monitoramento e avaliação do progresso
e que ocorram as correções necessárias devido a variações e desvios. A
revisão também permite que a organização encare as mudanças. Em
todos os casos, precisamos sempre nos lembrar que os nossos melhores
planejamentos devem ser dedicados ao Senhor, mas Ele é totalmente
livre para modificá-los.

84 Gestão e Liderança
Gestão e Liderança
Unidade - 12
Gestão: Organização

Introdução

Nesta unidade falaremos sobre organização e como ela


possibilita a um grupo trabalhar juntos mais efetivamente
para que os objetivos sejam alcançados.

Objetivo

Compreender a organização, bem como as estruturas


e níveis organizacionais e também o processo de delegação
de tarefas.

85
Gestão: Organização
Louis Allen define organizar como “a atividade realizada pelo
administrador para arranjar e relacionar o trabalho realizado, de uma
forma que ele possa ser desenvolvido mais efetivamente pelas pessoas”1.
Tais atividades são: desenvolver a estrutura organizacional, alocar as
pessoas, definir os relacionamentos e delegar responsabilidades.

Desenvolvendo a estrutura organizacional


A evidência de uma estrutura organizacional é um organograma
que deve refletir os compromissos de serviço e funcionais da
organização, tal como eles são expressos pelo objetivo central. A
estrutura deve ser desenhada de maneira a esclarecer quem deve fazer
quais tarefas e quem é responsável pelos resultados; a remover os
obstáculos à performance causados pela confusão e incerteza quanto
às responsabilidades; e a fornecer redes de tomada de decisões e
comunicações que reflitam e apoiem os objetivos do empreendimento.
Trata-se de tornar efetiva a cooperação humana. Há dois modelos
organizacionais comuns.
O primeiro é chamado de formal, ou seja, há uma estrutura
intencional de papéis num empreendimento formalmente organizado.
Há pelo menos dois tipos de estruturas dentro desse modelo formal:
funcional e divisional. A estrutura funcional é organizada nos termos dos
diferentes tipos de tarefas a serem realizadas. Uma ONG (organização
não-governamental) comum, por exemplo, teria a sua organização
estruturada em torno de certas funções: assistência e reabilitação,
desenvolvimento comunitário, educação, pesquisa e avaliação etc. A
estrutura divisional é organizada em termos dos resultados a serem
alcançados pelas tarefas. Normalmente, as organizações funcionais
evoluem em direção a estruturas divisionais como um resultado do
crescimento e diversificação do trabalho. O segundo modelo é o
da organização informal. É uma rede de relações pessoais e sociais
não estabelecida ou exigida pela organização formal, mas que surge
espontaneamente entre pessoas que se associam umas com as outras.
1
Louis A. Allen, Professional Management (New York: McGraw-Hill Book Company, 1973), 52.

86 Gestão e Liderança
Exemplos de organizações informais dentro de organizações formais
são tribos urbanas, redes sociais, clubes de tênis, etc. Na igreja, as
organizações informais podem ser vistas facilmente em movimentos
de apoio a missionários ou de intercessão, ou em associações auxiliares
como as de homens, mulheres ou jovens.
Com respeito à organização eclesiástica, existem três formas
básicas de estruturas:
1. O modelo episcopal, em sua forma original, era uma
concentração monárquica de poder em um bispo sobre uma igreja
local. Posteriormente, o modelo se desenvolveu para a forma de um
bispo diocesano que presidia um território de igrejas locais (diocese).
As igrejas Católica Romana e Ortodoxa utilizam esse modelo, além da
Igreja Anglicana da Inglaterra, da Metodista e das Luteranas na Suécia
e Estados Unidos.
2. O modelo congregacional tem origens puritanas e batistas.
O teólogo batista A. H. Strong afirma que a visão congregacional é
uma “democracia absoluta”. Aos membros é dada a autoridade para
selecionar os seus líderes. Nas Filipinas, esse modelo assumiu a forma
de um grupo corporativo.
3. O modelo episcopal-congregacional é uma síntese dos dois
modelos discutidos acima. O ministro é o líder respeitado da igreja,
com poderes tanto reconhecidos quanto limitados pela congregação,
através de uma liderança eleita. Trata-se de um equilíbrio sensível de
poderes. O elemento fundamental é o senhorio de Jesus Cristo sobre a
Igreja e a Sua autoridade, que emana da Palavra de Deus.

Níveis organizacionais
Ao desenvolver uma estrutura, é importante refletir sobre o
número de níveis organizacionais (a hierarquia da organização).
Quanto maior a igreja ou organização, mais níveis ela constrói e mais
burocrática ela se torna. Os níveis organizacionais podem ser vistos
também como camadas de tomada de decisões dentro da organização.
Pelo menos três problemas são comuns em organizações que possuem
muitos níveis em sua hierarquia:

87
• Os níveis são caros. Com o aumento de níveis, mais esforços
e recursos são devotados à administração devido ao
acréscimo de administradores, de pessoal para assisti-los e
da necessidade de se coordenar atividades departamentais,
além dos custos com instalações para esse pessoal.
• Os níveis complicam a comunicação. A organização tem
uma maior dificuldade de comunicar seus objetivos, planos
e políticas verticalmente, descendo através de seus muitos
níveis. Da mesma maneira, eles também complicam a
comunicação da “linha de frente” para os altos comandantes.
• Os níveis complicam o planejamento e o controle. Um plano que seja
definido e completo nos níveis mais altos, perde sua coordenação
e claridade quando subdividido nos níveis mais baixos.
Teoricamente, não há um limite para o número de subordinados
que um administrador pode supervisionar efetivamente. No entanto,
é preciso compartilhar um pouco da natureza da divindade para se
fazer todas as coisas e, ainda assim, fazer um trabalho excelente. O
reconhecimento dessa limitação humana básica deve estar no começo
da expansão do raio de controle de uma pessoa e do decréscimo dos
níveis organizacionais por questões de economia e produtividade. Um
líder pode expandir o seu raio de controle através de uma cultura de
treinamento, multiplicação, experiência, sistematização e delegação. A
experiência nos mostra que uma “estrutura simples”, em contraste com
uma “estrutura burocrática”, é muito melhor. Pela primeira expressão
queremos dizer “que a estrutura é pequena em complexidade, com
pouca formalização e tem sua autoridade centrada numa única
pessoa. Essa estrutura simples é uma organização ‘horizontal’, que
normalmente tem apenas dois ou três níveis verticais, sendo um
corpo menos rígido de empregados e que tem um indivíduo em quem
a autoridade para a tomada de decisões é centralizada” 2. Ela é rápida,
flexível, não é cara para se manter e as responsabilidades são claras. Uma
das “grandes fraquezas é que se mostra efetiva apenas em organizações
pequenas. Ela se torna inadequada com o crescimento da organização.
2
Stephen P. Robbins, Management: Concepts And Applications (New Jersey: Prentice-Hall
International, Inc., 1988), 249.

88 Gestão e Liderança
Sua baixa formalização e alta centralização resultam numa sobrecarga
de informações no topo. Com o crescimento do tamanho, a tomada de
decisões se torna mais lenta e pode acabar se tornando paralisadora,
já que um único executivo tenta tomar todas as decisões” 3. Por essa
razão, uma organização em crescimento precisa se preparar bem para
uma estrutura mais complexa, mas também minimizar os perigos de
uma estrutura burocrática. Um bom princípio para se desenvolver
uma estrutura dessas seria: “tão simples quanto puder, tão complexa
quanto for necessário”.

Delegação de tarefas
A delegação, em certo sentido, é a própria alma do gerenciamento.
Afinal de contas, gerenciar é conseguir que as coisas sejam feitas através
das pessoas. Na verdade, essa é a essência do verdadeiro discipulado,
como foi exemplificado na vida e ministério de Jesus Cristo. Para
realizar a Grande Comissão, ele treinou doze discípulos! A igreja
primitiva praticava a divisão de tarefas. Durante os seus primeiros
anos, os membros elegeram diáconos “para servir as mesas”, de forma
que os apóstolos pudessem se concentrar na oração e na pregação
da Palavra (At 6). O resultado foi o rápido crescimento da igreja.
Conseguir lidar bem com a delegação é indispensável para se ter um
efeito multiplicador no ministério. Elementos essenciais da delegação:
• Definir as responsabilidades. A delegação deve definir
claramente a tarefa a ser delegada para determinada posição,
ou seja, não para determinada pessoa. O superior deve
garantir compreensão e aceitação a respeito do resultado
esperado e dos parâmetros de performance para se garantir
tal resultado. Ele deve explicar os objetivos e oferecer todas
as informações necessárias para alcançá-los. O voluntário,
por sua vez, tem o direito de compreender e aceitar a tarefa.
Ele deve enxergar o quadro geral e compreender que o seu
trabalho contribui com o todo.
• Conceder autoridade. Conceder autoridade é “dar poderes a
uma outra pessoa para agir pelo líder. É uma transmissão de
3
Ibid., 250.

89
direitos formais para que a pessoa atue em nome de outra.
A delegação garante os direitos e poderes correspondentes a
uma posição. O voluntário pode, de maneira legítima, exercer
tais direitos e poderes ao realizar a tarefa delegada a ele.
• Estabelecer a prestação de contas. Diz respeito à obrigação da
pessoa de realizar a sua responsabilidade compreendida e
aceita dentro dos limites da sua autoridade. O líder deve checar
os relatórios do voluntário e oferecer conselhos e instruções,
mas não deve interferir nos detalhes da tarefa. A pessoa, por
sua vez, deve prestar contas acerca da realização das suas
tarefas somente para quem lhe delegou tal responsabilidade.
O líder deve oferecer instruções e fazer ajustes a partir de um
julgamento macroscópico”.
A responsabilidade final pelo trabalho, no entanto, permanece
com aquele que delega. Portanto, a pessoa que delega precisa ficar
acima do processo de delegação, já que ela nunca pode abdicar da
responsabilidade pela conveniência da delegação. Para se evitar o
perigo de que o chefe esteja constantemente espiando por cima dos
ombros de sua equipe, um plano de ação é necessário. Isso pode
oferecer os termos da delegação e estabelecerá a confiança e segurança
entre ambas as partes.

Conclusão

A sabedoria elementar, comprovada pela prática e pelo sucesso, é


que uma boa liderança é a arte de influenciar pessoas e fazer as coisas
acontecerem através delas e para a glória de Deus. Ao compreender
uma boa liderança gerencial, é possível apreciar o ensino de Paulo
sobre a igreja como um corpo, com uma cabeça, mas muitas partes.
Você, como líder, deve se apropriar das provisões de Deus para a
sua obra e, mais especificamente, trabalhar conjuntamente com os
dons dos outros. Isso permite que, como líder de uma equipe ou
organização, você mesmo se especialize, e que os outros busquem o
desenvolvimento de seus próprios dons.

90 Gestão e Liderança
Gestão e Liderança
Unidade - 13
Gestão: Direção

Introdução

Temos visto como os líderes influenciam e conseguem


que as coisas sejam feitas através das pessoas. Mas enquanto
o líder natural utiliza a sua habilidade, carisma pessoal e
intuição naturais, o líder gestor vai além disso. Ele adquire
a habilidade de planejar, organizar, controlar e direcionar.
O fato de que ela tem o dom de liderança não garante
automaticamente que terá a habilidade de liderar com o
máximo os seus dons.

Objetivos

1. Definir direção como uma das principais funções


da liderança;

2. Compreender as diversas atividades da direção.

91
Gestão – Direção
As atividades da direção incluem esclarecer a visão, determinar
a estratégia, estabelecer valores, tomar decisões, comunicar e motivar.
Falaremos sobre cada uma delas.
1. Esclarecer a visão
Um líder lidera as pessoas para “algum lugar”. A estrada tem
importância. A pessoa é um líder porque tem um futuro em vista.
Os livros sobre liderança nos anos 1990 falavam constantemente da
visão como uma marca distintiva do líder. James M. Kouzes e Barry Z.
Ponser, em seu livro sobre o desafio da liderança, afirmam que a visão
“é uma visão ideal e exclusiva do futuro”. Eles continuam dizendo que a
palavra visão é visual, futurista, denota um padrão de excelência, sugere
uma qualidade de exclusividade e implica uma escolha de valores. Ela
permite que os líderes enxerguem o futuro possível mais além do que
as outras pessoas, que sejam melhores que os outros na identificação de
oportunidades e possibilidades e em saber como responder a eventos
vindouros ou situações prováveis. É um sentir instintivo ou uma
presciência antecipatória para o que ainda não está presente, um tipo de
conhecimento intuitivo ou consciência das coisas antes de sua existência
ou ocorrência. É, portanto, uma capacidade espiritual de alguém que,
a partir de uma perspectiva cristã, carrega consigo um potencial ou
abertura para a inspiração e revelação (1Co 2:9-13). Nesse sentido, os
líderes são basicamente proativos. Warren Bennis, em seu livro sobre o
processo de tornar-se um líder, afirma: “competência ou conhecimento,
sem visão e virtude, produz tecnocratas”. Novamente, a visão é a essência.
Portanto, o líder cristão é um visionário. Stephen Covey (em
Liderança baseada em princípios) fala do planejamento começando
“com a mente focada no fim”. O líder gestor constantemente procura
por algo novo. O líder não é alguém que fica olhando para o próprio
umbigo. Uma característica distintiva de um visionário na revelação
bíblica é que, antes de ter uma visão do mundo, ele tem primeiro uma
visão de Deus e de si mesmo. Podemos tomar como exemplos o profeta
Isaias (6:1-7), o formidável Ezequiel (1:1-2), o missionário-teólogo

92 Gestão e Liderança
Paulo (At 9:1-7) ou o discípulo amado João (Ap 1). As suas visões de
Deus, gravadas a fogo em suas mentes, transformaram as suas vidas
de forma que nada podia detê-los. Essas visões alargaram as suas
vidas e a perspectiva que tinham do mundo. Deram-lhes um senso de
transcendência. O fato é que cada líder deve ter uma visão pela qual
valha a pena morrer, antes de ter uma vida pela qual realmente valha a
pena viver. Eles perseveram nos mais duros julgamentos e testes. Não
são pessoas que desistem. Dizem que Thomas Edison afirmou certa
vez: “Conheço 9.999 métodos que não funcionam”. Mas ele continuou
trabalhando, e deu ao mundo o bulbo elétrico que ilumina as cidades
dos homens.
Uma visão que não abranja todo o mundo para Jesus Cristo
não é grande o suficiente. Seguindo o pensamento paulino: Deus para
Cristo, Cristo para a Igreja, a Igreja para o mundo, o mundo para Deus,
através de Cristo e por seu Espírito. É preciso uma paixão inflamada
pelas nações do mundo – um compromisso para garantir que o
evangelho seja ouvido por cada pessoa, a Bíblia seja disponibilizada
para cada família, uma igreja local seja plantada em cada povoado e a
paz e justiça estejam em cada sociedade.

2. Determinar a estratégia
Os líderes cristãos precisam ser estratégicos e sistêmicos em seu
pensamento. A questão é: somos prisioneiros de nossos sistemas ou
somos prisioneiros de nossos pensamentos? Os líderes cristãos devem
evitar a armadilha de pensarem que fazer uma maior quantidade da
mesma coisa é melhorar. Eles precisam ter um quadro conceitual que
lhes sirva como parâmetro das ações, de forma que eles possam fazer
mais e melhor.
Para pensar estratégica e sistematicamente é preciso ser como
os filhos de Issacar, que “compreendiam os tempos” (1Cr 12:32). Os
líderes cristãos devem se reengajar na sociedade e recuperar o seu senso
de história. Eles precisam ter uma cosmovisão cristã. A vocação cristã
deve ser aplicada à realidade dos eventos presentes. Dessa forma, um
líder cristão deve lidar com a totalidade das necessidades humanas, e
com os homens e mulheres das suas comunidades.

93
3. Estabelecer Valores
A visão, apesar de indispensável para a liderança, deve ser
qualificada por valores. São os valores básicos de um líder que
determinarão o bem ou o mal que um visionário pode causar. Os
valores, filosofia ou princípios de um líder visionário constituem uma
parte essencial da concretização de sua visão. Afinal de contas, as
convicções determinam o comportamento. Isso é importante, porque
o líder sempre deixa suas pegadas na areia do tempo e sua imagem na
vida de incontáveis pessoas. No entanto, ao longo do seu próprio tempo
de vida, ele precisa institucionalizar os valores numa organização, de
forma que eles se tornem uma cultura, uma forma de agir, uma forma
de comportamento.
Quando Cristo vocaciona líderes para o ministério cristão, ele
pretende desenvolvê-los até o máximo de seus potenciais. Cada um
de nós, exercendo a liderança, somos responsáveis por continuarmos
nos desenvolvendo em acordo com o processo de Deus em nossas
vidas. Os líderes precisam desenvolver uma filosofia de ministério
que, ao mesmo tempo, honre os valores bíblicos de liderança, abrace
os desafios dos tempos em que vivem e se adeque aos seus dons e
desenvolvimentos pessoais singulares, a fim de serem produtivos ao
longo de todo o tempo de suas vidas.
Os líderes cristãos precisam ter clareza quanto aos seus valores
centrais ou aos que eles transmitem a outros. Os nossos valores são
produtos de nossas convicções mais profundas que moldam o nosso
caráter. Eles precisam estar fundamentados na Palavra de Deus.

4. Motivação
A motivação é a atividade do líder de “inspirar, encorajar e
impelir pessoas que tomam determinadas ações”1. É o que faz as
pessoas quererem trabalhar ao invés de serem obrigadas a trabalhar.
Uma das tarefas fundamentais do líder é maximizar a frutificação
das pessoas. Isso implica uma combinação entre dons e ministério.
Trata-se de um processo constante de auto desafio diante de Deus para
alcançar as estrelas, mesmo que o seu brilho esteja além do alcance
Louis Allen Associates, 1983; 15-5.
1

94 Gestão e Liderança
das mãos. No entanto, a verdadeira liderança não é embarcar em algo
que pertença à próxima geração, ou a eras vindouras. Como William
Carey disse: “Espere grandes coisas de Deus. Faça grandes coisas
para Deus”. É somente ao seguirmos esse princípio que poderemos
encontrar regozijo e realização nesta vida.

5. Comunicação
Comunicação é a atividade dos gerentes de “criar compreensão
entre as pessoas para que elas possam agir efetivamente” 2. Trata-se do
processo de transferir significado. Homens e mulheres são seres sociais
e foram criados para comunicar. Essa atividade é necessária para a
vida e para que possamos funcionar na sociedade. O nosso Deus está
no negócio da comunicação. Todas as coisas da criação estão tentando
comunicar a sua presença e amor. A encarnação de Jesus Cristo, o
nosso Senhor, é Deus se comunicando com a humanidade. A Palavra
se fez carne (Jo 1:14).
Como a gestão é conseguir que as coisas sejam feitas através
das pessoas, como esses outros podem saber o que se espera deles e
como podem ser motivados para realizar sua tarefa, de forma que a
organização alcance os seus objetivos? A resposta é pela comunicação.
Ela é a transferência correta de sentido de uma mente para outra.
Quando um sentido inexato é recebido, através da comunicação, por
um parceiro, estamos lidando com uma má informação (informação
equivocada) ou desinformação (não há informação recebida), que
levam ambas a um mal-entendido.
A comunicação exige uma língua compartilhada. Por exemplo,
Neemias, reconhecendo que seu povo estava espalhado demais, e
precisando reagrupá-lo em qualquer ponto para encarar o inimigo,
disse às pessoas que, sempre que elas ouvissem o som da trombeta, elas
deveriam se reunir ali (Ne 4:19-20). Como as palavras não carregam
sentido em si mesmas, o sentido de uma palavra deve ser compartilhado
pelas pessoas para que verdadeiramente possam se entender. Paulo
disse que, “se a trombeta não emitir um som claro, quem se preparará
para a batalha?” (1Co 14:8). E ainda, a comunicação é uma experiência
Louis Allen Associates, 1983; 15-5.
2

95
compartilhada. Jesus compartilhou a nossa humanidade e “passou por
todo tipo de tentação” (Hb 4:15).
Dessa forma, a comunicação pode ser verbal, não-verbal
(como a linguagem corporal) ou por escrito. Uma forma poderosa
de comunicação não-verbal foi quando Ezequiel rapou o cabelo e
a barba, dividindo-os em três partes, significando três formas de
julgamento (Ez 5). Quando uma pessoa se comunica, sempre haverá
ruídos que atrapalham a transferência de sentido; por exemplo, a
raiva. E é necessário ter disciplina para se ouvir e não apenas escutar
as palavras; prestar atenção ao que as palavras dizem, e não apenas
“vê-las”. Essa atividade gerencial é fundamental para se coordenar
atividades organizacionais e mobilizar as pessoas na direção de seus
objetivos.
O objetivo da comunicação, portanto, é encontrar o campo
dinâmico das mensagens, essa área em que dois ou mais indivíduos
compartilham algo em comum e utilizam símbolos que evocam
significados comuns.

6. A Tomada de Decisões
A tarefa de tomar decisões “para se chegar a conclusões e
julgamentos necessários para a ação das pessoas” 3 é responsabilidade
do líder. Algumas pessoas tomam decisões utilizando a sua intuição,
os seus sentimentos mais profundos. Especialmente para os
empreendedores, tal atitude pode ser a que mais lhes ajuda. É preciso
dizer que esses sentimentos mais profundos não são tão ilógicos
quanto as pessoas podem pensar. Deus espera que as pessoas o amem
de toda a sua mente. Ele é o Logos, de quem a nossa lógica para a
tomada de decisões deve vir. Um resumo de muitos métodos lógicos
é oferecido abaixo, e pode ter aplicação numa miríade de situações.
O necessário é que a pessoa utilize o seu pensamento rigoroso para
resolver um problema da melhor maneira possível diante do conjunto
de fatos e do tempo disponível.
3
Louis Allen Asscoiates, 1983; 15-5.

96 Gestão e Liderança
Defina o problema por escrito
Verifique os fatos
Desenvolva critérios/parâmetros
Desenvolva soluções alternativas
Avalie as soluções
Selecione a melhor opção
Desenvolva um plano de ação
Execute o plano de ação
Avalie e tome tantas ações corretivas quanto necessário
Ofereça reconhecimento e recompensas quando necessário

Conclusão

Pense em formas práticas como você poderia esclarecer melhor


a visão, determinar a estratégia com mais eficiência, estabelecer valores
com mais clareza, tomar decisões lógicas, comunicar e motivar melhor
sua equipe.

97
Anotações
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98 Gestão e Liderança
Gestão e Liderança
Unidade - 14
Gestão: Monitoramento ou Controle

Introdução

Não se assuste com a palavra “controle”. Sei que ela


constrói uma série de imagens negativas associadas a um
vigilante ou um fiscal. Para alguns, controlar significa uma
pessoa dominando a outra. Outros relacionam a ideia com
o sistema militar, em que um oficial fica “dando ordens”
para soldados infelizes, ou ainda a ditadores tiranos e
burocratas que ficam gritando para que um subordinado
obedeça aos seus caprichos. Essas ideias não se aplicam ao
monitoramento ou controle gerencial.

Objetivo

1. Definição do monitoramento gerencial, suas


vantagens, atividades e tipos de controle.

99
Gestão: Monitoramento ou Controle
O monitoramento gerencial é “o trabalho de checar o trabalho
em progresso e completá-lo” 1. Para Olan Hendrix, “uma vez que um
objetivo tenha sido identificado, que os relacionamentos tenham sido
determinados, os poderes e autoridades para a tomada de decisões
tenham sido claramente definidos, é preciso garantir que todos
estejamos caminhando para a mesma direção e trabalhando em
harmonia”2. O monitoramento envolve disciplina. É muito frequente
que, na obra cristã, a disciplina não esteja muito presente num local
de trabalho. Existe muito individualismo. A expressão “é preciso”, em
nossa obra, muitas vezes não está presente. Nesse sentido, “as forças de
controle gerencial nos forçam a colocar o ‘é preciso’ de volta ao nosso
trabalho” 3.
Para Louis Allen, “o monitoramento significa dirigir alguma coisa
para a direção em que ela deveria estar caminhando”4. Isso envolve
“determinar para onde você quer ir, observar para verificar se você
está no curso e no tempo corretos e dar ordens, quando necessário,
para corrigir quaisquer variações”.5 Essa atividade de monitoramento
é necessária, porque mesmo os melhores planos podem dar errado. “O
controle é “o elo final da corrente funcional de gerenciamento”6.
Planejamento e Monitoramento são “inseparáveis. Qualquer
tentativa de controlar sem planos fica sem sentido, pois não é possível
que as pessoas tenham certeza se estão indo para onde queriam ir (o
resultado do controle da tarefa) a menos que elas saibam para onde
querem ir (parte da tarefa do controle). O planejamento, portanto, é
que estabelece os parâmetros para o monitoramento.

1
Olan Hendrix, Management For The Christian Worker (Michigan: Quill Publications, 1977), 112.
2
Ibid, 113.
3
Ibid, 115.
4
Louis A. Allen, Management And Organization (Quezon City: Phoenix Press, Inc.), 44.
5
Ibid,45.
6
Ibid, 472.

100 Gestão e Liderança


De fato, planejar e controlar são os dois lados de uma mesma
moeda. E, na verdade, a melhor forma de monitorar é planejar.
Sem objetivos ou planos, o monitoramento não é possível, pois a
performance precisa ser comparada com algum critério estabelecido.

As vantagens do controle
1. A performance é mensurada, seja quantitativa ou
qualitativamente.
2. Existe a garantia de que os objetivos organizacionais sejam
alcançados.
3. As recompensas são mais justas quando ligadas à performance.
4. Ele permite que os gerentes deleguem efetivamente.
5. Ele encoraja os investimentos dos mantenedores.
6. Ele permite uma análise rigorosa dos problemas e, portanto,
abre caminho para decisões melhores.
7. Acontece uma melhor mordomia e alocação de recursos.
8. Ele ajuda a desenvolver o autocontrole, um alto sentimento
de que o trabalho pertence àquelas pessoas e, portanto, uma
maior motivação e performance.

101
Atividades de controle
A função gerencial de controle tem quatro atividades: parâmetros
de performance, medição da performance, avaliação da performance e
correção da performance.
1. Parâmetros de performance. Antes da implementação de qualquer
programa, convém perguntar: o que a liderança espera do programa, e
como o seu sucesso será julgado? Podemos dizer de outra maneira: como a
pessoa pode saber se o trabalho foi bem feito? Quais resultados esperados
justificariam a alocação de recursos organizacionais? A melhor maneira
é que o líder desenvolva “marcos válidos, compreensíveis e aceitáveis de
medição do trabalho durante o avanço do mesmo” 7. Na prática, contudo,
os parâmetros podem ser dos seguintes tipos: “(1) parâmetros físicos,
(2) parâmetros de custo, (3) parâmetros de capital, (4) parâmetros de
rendimento, (5) parâmetros programáticos, (6) parâmetros intangíveis, (7)
metas como parâmetros, e (8) planos estratégicos como pontos de controle
para o controle estratégico” 8. É importante perceber que “cada objetivo,
cada meta dos muitos programas de planejamento, cada atividade desses
programas, cada política, cada procedimento e cada orçamento se torna um
parâmetro a partir do qual a performance real ou esperada será medida” 9.
2. Medição da performance. Medir ou mensurar o trabalho em
progresso exige que “sejam mantidos registros do trabalho durante o seu
progresso, de forma que a performance possa ser comparada com os marcos
aplicáveis” 10. A partir dos registros, são realizados relatórios do progresso ou
dos resultados da atividade.
3. Avaliação da performance. Com base nos relatórios das medições, faz-
se uma comparação entre o padrão e a performance para determinar variações
e desvios. Essa atividade envolve a interpretação, e “não apenas a comparação
do real com o padrão, mas também a identificação de discrepâncias ou
variações e a análise de por que tais variações aconteceram” 11.

7
Allen, 45.
8
Ibid.
9
Ibid, 396.
10
Allen, 45.
11
Ibid.

102 Gestão e Liderança


4. Correção da performance. Com base na avaliação, faz-se uma
análise da variação ou desvio para que as causas possam ser identificadas e
as correções apropriadas sejam realizadas. Os líderes podem corrigir desvios
ao redesenhar seus planos ou modificar seus objetivos ou então, podem
corrigir os desvios ao exercer a sua função organizadora, através de uma
realocação ou esclarecimento de tarefas. Eles ainda podem implementar
correções ao contratar mais pessoal, ao selecionar e treinar melhor os seus
subordinados ou, em último caso, através daquela medida extrema de
modificação do pessoal – demiti-los. Ou ainda, podem efetuar correções
ao exercerem uma melhor liderança – oferecendo uma explicação mais
completa da tarefa ou utilizando técnicas mais efetivas de liderança.
Para “trazer de volta” um trabalho que deu errado ou se desviou do
seu curso desejado, o líder precisa decidir o que é necessário para que se
produzam os resultados esperados. É somente ele (ou ela) que pode dar
as ordens”. Um dos mais completos gráficos de processo de controle foi
sistematizado por Stephen P. Robbins e é reproduzido abaixo:12

Robbins, 1988; 478.


12

103
Tipos de controle

Para que o controle seja mais efetivo, ele deve ser implementado
em diferentes níveis e momentos da operação ou atividade. Robbins
sugere três desses controles: “o primeiro tipo é chamado controle por
antecipação, o segundo é o controle no andamento e o terceiro é o
controle por feedback” 13. O controle por antecipação evita problemas
previsíveis. É realizado por um gerente antes que o problema aconteça.
Esse tipo de controle é importante porque “permite que o gerente evite
problemas, ao invés de solucioná-los posteriormente” 14. O controle no
andamento é utilizado, como o próprio nome sugere, “enquanto uma
atividade está em progresso”15. Se um problema é descoberto durante a
atividade, ou mesmo se houver um atraso na correção, o custo pode ser
mantido num mínimo. O melhor método utilizado para esse controle
é a supervisão direta, pois o gerente supervisiona diretamente os seus
subordinados e realiza as correções necessárias quando um problema
é descoberto. O controle por feedback é realizado depois da ação. O
elemento central é o próprio feedback. Evidentemente, essa atividade
posterior não afeta a questão de que os danos já aconteceram. Um
bom exemplo disso é o ditado “não adianta chorar o leite derramado”.
O valor do feedback é que ele oferece aos líderes importantes
informações sobre quão efetivo foi o planejamento” e, além disso, que
ele “pode aumentar a motivação dos funcionários”.16 Se o feedback
mostrar pouca variação entre o parâmetro e a performance real, então
o planejamento foi acurado. Se a variação for grande, ou se houver
desvios significativos, então a informação pode ajudar a fazer com que
os novos planos sejam mais acurados.

13
Ibid, 479.
14
Robbins, 1988; 479.
15
Ibid.
16
Ibid.

104 Gestão e Liderança


Conclusão

Muitos cristãos abominam o conceito de monitoramento em


igrejas e organizações (ainda que o aceitem como ferramenta para
a eficiência em suas companhias seculares). A lógica do controle
gerencial está no fato de que, sendo uma organização um grupo de
indivíduos trabalhando juntos para alcançar objetivos comuns, como
esses indivíduos podem trabalhar juntos a menos que haja alguém que
coordene o seu trabalho e garanta que estão todos caminhando na
mesma direção? Sem controle, haverá anarquia e ineficiência. Cada
um estará fazendo o que é bom aos seus próprios olhos.

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105
Anotações
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106 Gestão e Liderança


Gestão e Liderança
Unidade - 15
Autoconhecimento

Introdução

Autoconhecimento é uma sadia introspecção: a


observação de si mesmo. É um processo mental e espiritual
consciente que analisa a própria vida: pensamentos,
sentimentos, desejos e sensações. Faça disso o seu objetivo:
conhece a si mesmo, consciente que essa talvez seja a lição
mais difícil do mundo.

Objetivos da Unidade

1. Compreender a importância do autoconhecimento - a


descoberta dos dons espirituais, paixão, temperamento e
personalidade – para o desempenho eficaz da liderança.

107
Autoconhecimento
A vida cristã nos ajuda a responder a estas questões sob três
dimensões ou pontos de vista diferentes: psicológico, pessoal e
teológico.
Sob a bandeira da dimensão psicológica, há três motivos principais
que nos levam à busca do autoconhecimento : Autodesenvolvimento, a
necessidade de precisão e a busca pela coerência. Autodesenvolvimento
quer dizer simplesmente que queremos melhorar para nos sentir bem
conosco mesmos. Desejamos maximizar os sentimentos positivos e
minimizar os estados emocionais negativos. Ansiamos por uma boa
autoimagem, desejamos viver e pensar em condições favoráveis.
Queremos saber a verdade sobre nós mesmos, buscamos precisão.
Temos a necessidade de ser exatos, precisos, de entender melhor
a realidade, saber o que realmente gostamos ou não, do que temos
prazer ou não. Isso reduz a incerteza, a perplexidade, a hesitação e
a insegurança. Saber o que está acontecendo pode ajudar a alcançar
seus objetivos, da mesma forma que saber que não se pode fazer algo
particularmente bem feito protegerá você de perseguir um sonho que
desembocará num beco sem saída, terminando em fracasso.
Finalmente, procuramos informações e damos as boas-vindas
àquilo que é consistente com o que acreditamos ser verdade sobre nós
mesmos. Queremos coerência. Da mesma forma, evitamos e rejeitamos
informações que sejam incongruentes ou estejam desconexas com
nossas crenças. Este fenômeno também é conhecido como teoria da
autoverificação.
Há também uma dimensão pessoal no autoconhecimento .
Cada ser é um centro único de experiência. Você, meu leitor, é uma
pessoa exclusiva, excepcional e singular diante de Deus e da história,
em relação aos outros e em relação a sua vida interior! Suas opiniões,
expectativas, sonhos e experiências combinadas não poderão ser
substituídas nem vivenciadas por ninguém. O autoconhecimento
representa esse aspecto singular da vida humana: fomos criados por
Deus individualmente, de forma especial, não como objetos numa
linha de produção da fábrica de carros ou computadores.
Finalmente buscamos nos conhecer melhor sob o ponto de

108 Gestão e Liderança


vista teológico. As convicções que explicam ou interpretam o final da
minha história são “teológicas” sob qualquer prisma, quer eu consiga
expressá-las ou não. Você percebe como o conhecimento da vida em
relação a Deus requer algo mais do que conceitos teóricos doutrinários
e frequentar uma igreja? É um conhecimento que nasce nas entranhas
da experiência pessoal desde a infância. Ele está envolvido em
algumas emoções reveladas e outras escondidas. Como temos falado,
o resultado do verdadeiro autoconhecimento é a descoberta da
realidade da alma e da realidade de Deus como os dois pólos de um
mesmo relacionamento. Quem sou eu? Por que estou aqui? Qual é a
razão do meu viver? Quero alcançar algo na vida? Desejo chegar a
algum lugar? Desejo conquistar algo?
Através do autoconhecimento percebemos que o homem é uma
criatura caída e decadente. O pecado não só nos alienou de Deus,
mas também de nós mesmos. O fruto do pecado é a doença da alma
e a desintegração do caráter. O corpo, antes puro e perfeito, agora é
inflamado pelos impulsos pecaminosos. A vontade, permanentemente
inclinada para o mal, não escolhe seguir o caminho do bem que gostaria
e deveria. A mente oposta às emoções, que por sua vez mostram-se
desobedientes e desordenadas. O homem caído não é mais um ser
equilibrado e centrado, mas instável, inconstante, distraído pelas
paixões e impulsos cegos e sem forças para obedecer a Deus (Rm. 5:6).
O cristão também é uma criatura redimida. Louvado seja o
Senhor por isso! Ele é um daqueles por quem Cristo se deu por fiador
no pacto eterno da redenção; pagando suas dívidas; entregando
Sua vida para livrá-lo da culpa do pecado. O cristão é uma criatura
redimida-regenerada: uma nova pessoa em Cristo. Um novo princípio
de vida foi implantado de tal forma que desejos novos, uma vontade
diferente, propósitos e valores espirituais se estabelecem dentro dele.
A regeneração faz do coração do homem um campo de batalha, como
Paulo descreve sabiamente em Gl. 5:16-26, no qual onde a carne (o
velho homem) incansavelmente contesta a supremacia do espírito
(o novo homem). Infectados pelo pecado, estamos agora sendo
transformados pelo Espírito e libertos por Jesus. Agora vivemos livres
também do poder do pecado. Redenção em Cristo é o coração da fé
cristã. Amor a Cristo é o coração da devoção cristã.

109
A importância de boas avaliações
Quais são suas áreas fortes, dons, talentos e competências? Quais
são suas áreas fracas e limitações? Em sua soberania, Deus decidiu
quais ferramentas ele iria nos dar para realizar seus propósitos em
nossa vida. Estaremos limitados se tentarmos atuar em outras áreas,
experimentando dons que não possuímos. Isso não quer dizer que
você não deva obedecer o evangelho, como por exemplo, evangelizar,
porque não acha que tenha o dom de evangelista. Evangelizar é nossa
responsabilidade. E assim por diante.
É importante conhecer suas limitações. Isso poderá evitar o
esgotamento ministerial. Se você estiver trabalhando em áreas que
não tenham a ver com seus dons e talentos por um longo período
de tempo, você se cansará rapidamente. Você precisa investir a maior
parte do seu tempo fazendo aquilo que Deus lhe capacitou a fazer. Isso
resultará em mais eficiência. Você será mais eficaz e trabalhará melhor,
se cansando menos. Se você conhecer melhor seus dons e talentos,
você poderá focar mais tempo neles. As principais áreas de avaliação
para o líder são dons, paixão, temperamento e personalidade.

Quais são os seus dons espirituais?


Leia e estude as listas dos dons espirituais em 1 Co 12, Rm 12,
Ef 4 e 1 Pe 4, dentre outras. Essas são as habilidades (carismas)com as
quais Deus nos abençoou para o Ministério. Qual é o seu mix de dons?
Os líderes geralmente têm um “combo” de 3-5 dons. Alguns mais
claramente distinguíveis que outros. Qual é o seu nicho ministerial?
Considerando a combinação dos seus dons qual seria a principal área
de atuação ministerial? Fazendo isso, você poderá glorificar melhor a
Deus e honrá-lo com o seu serviço.

Qual é a sua paixão?


Paixão é a capacidade dada por Deus de sentir-se atraído a uma
causa, ideia, visão ou pessoas por um período de tempo. A paixão é
importante pois lhe dá direção e visão para seu ministério e uso dos
seus dons. Você pode ter o dom de evangelismo, mas você não irá

110 Gestão e Liderança


simplesmente distribuir folhetos na rua, pois sua paixão lhe direciona
para trabalhar com crianças carentes. A paixão é importante também,
pois produz motivação. A motivação energiza, dá coragem para
enfrentar obstáculos, persistir e perseverar. Alguns elementos na
paixão:
Paixão envolve fervor, um conceito emocional. É um sentimento
que esquenta o interior, um desejo no fundo do coração de fazer algo
que Deus lhe disse.
Paixão tem um objeto, algo que lhe atrai. Isso pode ser um grupo
étnico, o órfão, a viúva, o perdido, o pobre e assim por diante. Pode ser
uma causa como aborto, direitos sociais, família, opressão, corrupção,
drogadição. Pode ser uma área geográfica, um país, uma tribo urbana,
a região sertaneja, etc.
Paixão fica com a pessoa por um longo período de tempo. Não
confunda isso com desejos e interesses pessoais.
Paixão se desenvolve geralmente com um forte senso de necessidade
que fala.

Qual é o seu temperamento?


Além de identificar seus dons espirituais e paixão, você necessidade
conhecer seu temperamento. O temperamento é a face exposta da
sua personalidade. O modelo tradicional dos quatro temperamentos
(colérico, sanguíneo, fleumático e melancólico) popularizado pelo
Tim LaHaye lhe ajudará1. Você compreenderá melhor a si mesmo,
suas necessidades e gostos, virtudes e defeitos. A avaliação dos
temperamentos poderá aprofundar seu autoconhecimento e daqueles
com quem você se relaciona. Abaixo está um breve resumo que lhe
ajudará a descobrir seu temperamento ou temperamentos:
O sanguíneo caracteriza-se pela vivacidade, alegria, receptividade
e extroversão. Detesta a solidão e ama a multidão. Nunca faltam amigos
para o sanguíneo. Ele toma decisões onde predominam mais emoções
do que a razão. As debilidades do sanguíneo podem ser indisciplina e
LaHaye, Tim. “Temperamentos controlados por el Espíritu.” Miami, Florida: Unilit (1990).
1

111
vontade fraca, instabilidade emocional, inquietude e desorganização,
egoísmo e insegurança.
O colérico caracteriza-se pela agilidade, ardência, ativismo,
praticidade, vontade e opinião forte, autossuficiência e decisão. Para
ele a vida é atividade. Não necessita de meio ambiente que o estimule.
Planeja atividades úteis de forma instantânea e acertada. Não vacila
perante a pressão da opinião alheia. Não se assusta com as adversidades.
Sua determinação e tenacidade o fazem bem sucedido naquilo que
os outros fracassam. É um líder naturalmente forte. Sua intuição o
faz avançar ao objetivo sem medir as dificuldades. As debilidades do
colérico: tende a ser dominante e autoritário. É extremamente crítico,
causando problemas de relacionamento. Pode ferir as pessoas com
intenção; raras vezes aceita mudança. Dificilmente é neutro, sempre é a
favor ou contra. Pode ser cruel e sarcástico, frio e sem afeto, insensível
e sem consideração, insistente e obstinado.
O melancólico é o mais rico de todos: analítico, talentoso,
perfeccionista, abnegado, sensível e introvertido. Pode ser fiel amigo,
mas espera que as pessoas aproximem-se dele. Sua excepcional
capacidade analítica o faz diagnosticar com exatidão obstáculos e
perigos em qualquer projeto. Descobre o sentido da vida, entregando-
se ao sacrifício pessoal ou elegendo uma vocação difícil. Tende
a ser metódico e persistente. É o temperamento com mais alto
coeficiente de inteligência, criatividade e imaginação com tendência
ao perfeccionismo. As debilidades do melancólico abrangem o
negativismo, o pessimismo e o egocentrismo. Ofende-se facilmente
por qualquer detalhe. Seu talentoso cérebro é terreno fácil para
pensamentos negativos. Por vezes, dá lugar a amargura. Desilude-se
com facilidade. Dificilmente perdoa e ao perdoar não esquece. Pode
ser temperamental, depressivo e antissocial.
O fleumático caracteriza-se pela tranquilidade, serenidade,
lentidão e equilíbrio. Raramente se ira. Para ele a vida é uma experiência
agradável, sem emoção, evitando comprometer-se além da capacidade.
Parece não se agitar nunca. Possui uma combinação muito positiva de
habilidades. Não lhe faltam amigos. Tende a ser um espectador das

112 Gestão e Liderança


coisas evitando o que não é rotina diária. Possui coração compassivo,
mas raras vezes demonstra seu verdadeiro sentimento. Não se oferece
para ser líder, espera que o convoquem. É um pacificador nato. É
um mestre em tudo o que requer paciência meticulosa e persistência
da rotina diária. É organizado e jamais esta desprevenido. Tende a
trabalhar sob pressão sendo extremamente confiável. As debilidades
do fleumático: desinteresse, lentidão, ociosidade, falta de ambição.
Pode se tornar mesquinho e avarento. Ele é teimoso, teimoso, teimoso.
Quase nunca enfrenta outra pessoa, tampouco se nega a fazer algo.
Contudo simplesmente manipula as coisas, com toda a amabilidade
e sem traumas, para tudo resultar em seu modo de ver a situação.
Indeciso. Esconde um coração temeroso.

Conclusão

Há vários testes de personalidade utilizados por organizações


e empresas que poderão lhe ajudará a compreender melhor a si
mesmo, dentre eles o Myers-Briggs Temperament Inventory (MBTI).2
Se o psicólogo pedir para você desenhar uma casa e uma árvore
no seu consultório, isso pode ser algo um tanto assustador. Mas há
um lado bem mais positivo. Não apenas descobrimos o que está
errado conosco como também o que está certo, o que é bom, o que
é digno, o que tem valor. Nem todos os testes procuram desvendar
anormalidades psicológicas ou comportamentos disfuncionais. Os
testes de personalidade não são mágicos, nem 100% exatos, contudo,
tratam-se de ferramentas eficazes na compreensão dos nossos traços
pessoais e reais motivações interiores.

2
http://www.inspiira.org/

113
Anotações
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114 Gestão e Liderança


Gestão e Liderança
Unidade - 16
Liderança frente ao tempo, finanças e conflitos

Introdução

Nessa unidade falaremos sobre o tempo, finanças e


conflitos. Uma boa liderança está ligada em gerenciar bem
esses três aspectos que mencionamos acima. Referente ao
tempo, todos nós temos a mesma quantidade de dias na
semana. Todos nós temos as mesmas 24 horas de tempo
por dia. Mas por que algumas pessoas parecem produzir 10
vezes mais que outras? Você sabe administrar o seu tempo,
ou melhor, você sabe administrar sua vida? No que diz a
respeito à finanças precisamos constantemente pensar como
utilizamos nossos recursos e como lidamos com questões
financeiras das instituições que desenvolvemos nossa
liderança. Perante essas demandas cabe ressaltar que algo
que nunca líder estará ausente é dos conflitos, e para ser um
bom líder precisa saber como exercer a sua liderança frente
a vários conflitos que podem surgir. Conflitos esses que
podem ser provenientes de questões financeiras, relacionais,
e também provenientes da dinamicidade do tempo.

Objetivos

1. Conscientizar-se da importância do gerenciamento


do tempo;
2. Orientações para uma melhor administração
financeira ;
3. Desenvolver ferramentas e técnicas para a
resolução individual e comunitária de conflitos.

115
1. Administração do Tempo ou da Vida?
Santo Agostinho afirmou, em suas Confissões, que discutir o
tempo é algo muito complicado, pois o tempo parece ser, quando
não tentamos discorrer sobre ele, algo simples, que todos conhecem.
Basta, porém, tentar teorizar sobre isso para que nos vejamos diante
de grande confusão.
A maior parte das pessoas reconhece que, embora gostaria de
fazê-lo, não sabe administrar bem o seu tempo, pois se vê diante
de uma série de empecilhos que dificultam e parecem mesmo
impossibilitar o bom uso do tempo. Esses empecilhos, verdadeiros
ladrões do tempo, são de várias naturezas. Os principais são de ordem
institucional (administrativa, ambiental) e de ordem pessoal. Estes
são os empecilhos mais difíceis de vencer. Mesmo que os obstáculos
institucionais sejam removidos, nossas possibilidades de administrar o
tempo serão poucas se os empecilhos pessoais não forem conquistados.
Geralmente concluímos (erradamente) que o problema está mais nos
outros do que em nós mesmos. Reconheça alguns dos ladrões do seu
tempo e busque mudar para que a cada dia mais possa progredir e
crescer em sua vida, ministério, liderança.
A verdade é que administrar o tempo é saber usá-lo para
fazer aquelas coisas que você considera importantes e prioritárias,
profissional ou pessoalmente. Administrar o tempo é organizar a sua
vida de tal maneira que você obtenha tempo para fazer as coisas que
realmente gostaria de estar fazendo, profissional e pessoalmente, e
que possivelmente não vem fazendo porque anda tão ocupado com
tarefas urgentes e de rotina (muitas delas não tão urgentes nem tão
prioritárias) que não sobra tempo.
Frente a isso, algo que não podemos deixar de abordar é sobre a
liderança financeira que temos que exercer.

2. Liderança Financeira
Temos grandes dificuldades para definir metas específicas com
relação às finanças. É comum a falta de organização na conquista
dos sonhos financeiros ou na realização de mudanças pessoais
significativas. A sensação das pessoas e organizações é que sempre está

116 Gestão e Liderança


faltando dinheiro. E talvez isso seja verdade. O que leva geralmente as
pessoas e igrejas a terem sucesso em seu planejamento financeiro é a
solidez de suas estratégias e discernimento em relação aos objetivos
com relação ao dinheiro.
Como líder você deve ser capaz de administrar as finanças
pessoais e organizacionais. O orçamento é o processo de alocar recursos
para alcançar certos objetivos que expressem os sonhos em reais (R$).
Orçamento é a maneira de expressar a história da igreja ou organização
– seu passado, presente e, acima de tudo, o desejo para o futuro.

2.1. Liderança Financeira organizacional


O orçamento procura alocar antecipadamente recursos para
cada ministério, em particular. Uma comissão de líderes experientes
poderá auxiliar na sua preparação, respondendo as seguintes questões:
1. Qual é nossa situação presente? Analisar os padrões de
contribuição do passado e do presente. Olhar para os dízimos
e ofertas dos últimos 5 anos. Determinar a porcentagem de
aumento ou decréscimo que é esperada.
2. Qual é nosso potencial? Estudar o potencial atual de
contribuição. Determinar quais passos devem ser dados para
melhorar a contribuição financeira.
3. Desenvolva uma proposta que desafie a igreja. Estudar os
programas e estratégias orçamentárias necessárias para o
futuro da igreja. Existem áreas que precisam ser adicionadas
ou subtraídas? Quaisforam as despesas do anoanterior? Ajuste
os valores para as várias áreas a fim de produzir uma projeção
razoável daquilo que a igreja terá capacidade de realizar.

3. Liderança frente a Conflitos


O tema “Resolução de Conflitos” é um tema frequentemente
negligenciado nos Seminários e Faculdades teológicas bem como nas
igrejas e organizações. Logo no início da vida cristã, apesar de surpresos
e espantados, descobrimos que a igreja não é um lugar perfeito, sem

117
conflitos, pelo contrário, o nível de raiva, inimizade e antagonismo é
semelhante ou superior a vários outros grupos sociais. A não ser que
tenhamos uma forte capacidade relacional ou treinamento específico
em resolução de conflitos, estaremos constantemente vulneráveis a
eles. Por outro lado, o bom treinamento na resolução de conflitos será
a melhor medicina de prevenção contra o crescimento do conflito
destrutivo e poderá salvar seu ministério, profissão e até mesmo a
família e o casamento. A maneira pela qual os cristãos se comportam
diante do conflito é crítica e tem consequências espirituais. Aquele que
diz que tem a luz, mas continua odiando o seu irmão permanece nas
trevas (1 Jo 2.9). De acordo com G. W. Garvin, “Saber resolver conflitos
é um dos princípios mais importantes no crescimento da igreja”.
Logo depois que você se tornou cristão, você começou a assistir
conflitos e desacordos na igreja que foram desde a cor azul ou verde
das paredes da sala de aula das crianças até os colossais confrontos
entre os líderes evangélicos na mídia nacional. As épocas que em os
conflitos acontecem na igreja loca são bem previsíveis: nas festividades
de Páscoa, e Natal, durante as campanhas de ofertas, na ausência ou
acréscimo de novos pastores, na mudança do estilo de liderança, com a
entrada de muitos casais jovens, na construção de um novo prédio, em
mudanças na família pastoral, quando acontece a perda significativa
de membros ou aumento significativo de membros.
Igrejas são capazes de tornar-se instituições opressoras e uma boa
parte do seu tempo como líder será gasto na resolução de problemas
internos e aconselhamento de pessoas. A partir desse momento
daremos algumas orientações sobre resoluções de conflitos

O Processo de Resolução de Conflitos


Aproxime-se do conflito como uma oportunidade ao invés de
fugir dele.Comece a ler sobre o assunto (não apenas como defender
os seus argumentos) e, se possível, busque treinamento específico. Dê
todos os passos necessários para resolvê-los. Não tente ignorar, negar ou
simplesmente não fazer nada. Isso será destrutivo para todo o grupo. O
problema não irá desaparecer e poderá ser agravar. Deus não nos livra
da existência dos conflitos mas nos sustém em meio a eles, se mesmo

118 Gestão e Liderança


imperfeitos buscarmos ser responsáveis diante das situações de conflito.
Estabeleça regras claras para o processo, ou seja, diretrizes
iniciais de engajamento no conflito. Aqui estão algumas sugestões
práticas para uma comunicação mais eficaz:
• Identifique o problema. Saber qual é exatamente o centro da
questão facilitará a discussão. Não é algo tão simples assim,
pois os conflitos tendem a incluir um emaranhado de tópicos.
Entre em acordo sobre o assunto a ser discutido. Ouça para
compreender não para refutar.Esforce-se para engajar-se
num objetivo em comum.
• Escolha o momento certo para argumentação. Se a intensidade
emocional for elevada e não permitir uma argumentação
racional e pacífica, espere a hora certa. Tome um banho,
respire fundo, ore um pouco. Vá esfriar a cabeça. Reflita sobre
os melhores horários para trazer assuntos delicados à mesa.
• Escolha o melhor local. Procure um local neutro, sem
interrupções, para que, com tranquilidade, você possa
apresentar o problema.
• Comece com um elogio. A discussão será mais pacífica se
você começar com uma sentença positiva, destacando algum
aspecto positivo da pessoa ou grupo. O elogio encoraja uma
resposta mais honesta e sensível.
Comece com o assunto e permaneça no assunto. Temos a tendência
para ampliar a discussão para outros temas e avançar fronteiras
vizinhas. Seja específico e volte imediatamente ao cerne da questão.
Seja específico ao citar exemplos ou outras opiniões. Parafraseie o que
você ouviu de outro antes de responder-lhe.
• Não desenterre o passado. A tendência, no ápice da discussão
será trazer ferimentos antigos e relembrar velhas mágoas.
Não traga o passado à mesa de diálogo novamente.
• Não seja traiçoeiro, como o boxeador que ataca por baixo da
cintura. Todos tem suas áreas vulneráveis. Na luta limpa, não
se ataca as áreas sensíveis.

119
• Leve o outro a sério, sem ridicularizar, ri ou ironiza-lo. Leve
a conversa a sério. Toda opinião tem valor e não é estúpida.
• Expresse sua raiva sem exagero. A raiva ou ira não é pecado
em si mesma quando você não permitir que ela se acumule
em seu coração se transformando em ressentimento ou ódio.
A raiva poderá ser pecado quando for expressa de forma
abusiva. Expresse sua raiva de maneira apropriada apenas
dando nome aos sentimentos do seu coração. Compartilhar
fatos e sentimentos. Seja responsável com seus sentimentos.
• Não se torne passivo-agressivo. O passivo agressivo não reage no
momento certo, mas ofende por meios indiretos, descontando
depois, armando por trás, falando mal. Desafie as ideias e
comportamento dos outros, não suas motivações e valor.
• Evite rótulos humilhantes e palavrões. Isso destruirá quaisquer
chances da discussão terminar em reconciliação.
• Evite a triangulação, incluindo alguém na conversa quando
desnecessário, com o fim de aumentar sua chance de ganhar
o argumento. Fale por si mesmo não por outros. Não use:
‘pessoas estão dizendo ...’ Dê fatos e cite nomes.

Conclusão

O tempo é o recurso fundamental que Deus lhe deu para viver;


a matéria prima básica de todas as atividades, obras e projetos.
Não desperdice sua vida. Quando o tempo termina, acaba a vida.
Prolongar a duração de nossa vida não é algo sobre o qual tenhamos
muito controle. Vive minuto a minuto consciente do seu valor e faça
tudo para a glória de Deus. No que tange aos recursos financeiros,
temos que saber que eles são fundamentos bons desde que aja uma
boa administração financeira fundamentada em uma teologia bíblica.
Contudo, no que diz respeito aos conflitos reconheça que os conflitos
são oportunidades construtivas para crescimento pessoal, interpessoal
e congregacional.

120 Gestão e Liderança

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