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2ª AULA: A FILÁUCIA
Com o pecado original entra a desordem no mundo (pela tentação do demônio e pela
desobediência do homem).
O homem que antes era perfeito, após a queda, tem em si implantadas três raízes para
o pecado: a libido amandi, a libido possidendi e a libido dominandi. Essas três realidades têm
origem numa raiz mais profunda que é o amor desordenado por si mesmo – A FILÁUCIA.
FILÁUCIA: φιλία + αὐτός (grego) ou amor + sui (latim) → geralmente traduzida por EGOÍSMO.
A pessoa que tem um amor próprio saudável olha a si mesmo e se remete a Deus . A
pessoa que tem um amor próprio desordenado olha a si mesma, mas não transcende seu
pensamento para Deus.
Aristóteles afirmava que “o homem mau não deve ser um amante de si mesmo, visto
que obedecerá às suas paixões vis e assim prejudicará tanto a si mesmo quanto aos seus
semelhantes” (Ética a Nicômaco, IX, 8). Porém, o filósofo, ao examinar o homem, reconhece
também a necessidade de uma “filáucia boa”. Aristóteles, iluminado pela razão, consegue
chegar às mesmas conclusões do que é ensinado nas Sagradas Escrituras.
A FILAÚCIA LEVA À AUTODESTRUIÇÃO (Jo 15, 4-5???). No amor filaucioso quanto mais
a pessoa procura a felicidade, mais ela se destrói.
“Dois amores fundaram, pois, duas cidades, a saber: o amor próprio levado até o
desprezo de Deus, a terrena; o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial” (De
Civitate Dei, XIV, 28).
“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-
me” (Lc 9, 23). Deus quer que nós abracemos nossa cruz para nos ensinar a amar.
Aprender a amar passa pela renúncia aos nossos caprichos, interesses, vontades, para
que possamos servir a Deus e ao próximo. Renunciando a nós mesmos podemos alcançar o
amor virtuoso.
Amar a Deus sobre todas as coisas põe ORDEM no amor e é a própria terapia para as
doenças espirituais.
Referências: Centúrias sobre a Caridade, II, 59: PG 90, 419; Ibidem, III, 56: PG 90, 436; Gn 1, 26;
Mt 22, 39; Ética a Nicômaco, IX, 8; Padre Paulo Ricardo: Um Olhar que Cura. São Paulo: Editora
Canção Nova, 2008. p. 22; Santo Agostinho, In epistolam Iohannis ad Parthos, II, 11: PL 35,
1995; 1 Jo 2, 16.17; Santo Agostinho, De Civitate Dei, XIV, 28; Lc 9, 23; Mt 16, 25.