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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


CURSO DE ZOOTECNIA
PROFESSOR MARCOS KOITI KONDO

GÊNSE, MORFOLOGIA E
CLASSIFICAÇÃO DO SOLO

NOTAS DE AULA

JANAÚBA – MINAS GERAIS


SETEMBRO DE 2008
Universidade Estadual de Montes Claros
Curso de Zootecnia – Gênese, Morfologia e Classificação do Solo - Prof. Marcos Koiti Kondo

SUMÁRIO
Fatores de conversão para unidades do sistema internacional (si) e outras unidades ......................................................... 1
1. Introdução....................................................................................................................................................................... 3
1.1. Importância e objetivos da disciplina ...................................................................................................................... 3
1.2. Histórico da pedologia............................................................................................................................................. 4
2. A terra: composição, estrutura, dinâmica e equilíbrio do planeta................................................................................... 6
3. O solo como parte essencial do meio ambiente .............................................................................................................. 9
4. Material de srcem do solo ........................................................................................................................................... 10
minerais e rochas .......................................................................................................................................................... 12
4.1. Rochas ígneas ........................................................................................................................................................ 13
4.2. Rochas sedimentares.............................................................................................................................................. 13
4.3. Rochas metamórficas............................................................................................................................................. 14
5. Fatores de formação do solo ......................................................................................................................................... 20
5.1. Material de srcem................................................................................................................................................. 20
5.2. Relevo.................................................................................................................................................................... 21
5.3. Clima ..................................................................................................................................................................... 22
5.4. Organismos............................................................................................................................................................ 24
5.5. Tempo.................................................................................................................................................................... 25
6. Processos de formação do solo ..................................................................................................................................... 27
6.1. Processos básicos de formação do solo ................................................................................................................. 27
6.2. Processos gerais de formação do solo.................................................................................................................... 29
7. Perfil do solo e horizontes ............................................................................................................................................ 33
horizontes diagnósticos superficiais ............................................................................................................................. 37
horizontes diagnósticos subsuperficiais........................................................................................................................ 38
8. Propriedades morfológicas do solo............................................................................................................................... 42
8.1. Cor ......................................................................................................................................................................... 42
8.2. Textura e classe textural ........................................................................................................................................ 45
8.3. Estrutura................................................................................................................................................................. 46
8.4. Porosidade ............................................................................................................................................................. 47
8.5. Cerosidade ............................................................................................................................................................. 48
8.6. Consistência........................................................................................................................................................... 49
8.7. Cimentação ............................................................................................................................................................ 50
8.8. Nódulos e concreções minerais.............................................................................................................................. 50
8.9. Profundidade e espessura dos horizontes............................................................................................................... 51
9. Propriedades físicas do solo..........................................................................................................................................53
9.1. O solo como sistema trifásico................................................................................................................................ 53
9.2. Constituição física ................................................................................................................................................. 55
propriedades físicas do solo.......................................................................................................................................... 56
9.3. Textura do solo ...................................................................................................................................................... 59
9.4. Estrutura................................................................................................................................................................. 63
9.5. Porosidade ............................................................................................................................................................. 67
9.6. Densidade .............................................................................................................................................................. 67
9.7. Compacidade ......................................................................................................................................................... 67
9.8. Água do solo.......................................................................................................................................................... 71
10. Química do solo.......................................................................................................................................................... 75
10.1. Origem das cargas elétricas do solo..................................................................................................................... 75
10.2. Ph......................................................................................................................................................................... 77
10.3. Capacidade de troca de cátions (ctc).................................................................................................................... 78
10.4. Composição química e estrutura dos minerais de argila...................................................................................... 80
11.11.1.
Classificação
Objetivosde dasolos.................................................................................................................................................
classificação.................................................................................................................................... 84 83
11.2. Principais classes de solos brasileiros.................................................................................................................. 84
11.3. Solos com b textural ............................................................................................................................................ 92
11.4. Solos com b latossólico........................................................................................................................................ 92
11.5. Solos pouco desenvolvidos.................................................................................................................................. 93
11.6. Solos hidromórficos............................................................................................................................................. 94
11.7. Solos com b incipiente, b nítico, a chernozêmico, material orgânico e b plânico................................................ 95
11.8. Correlação entre o sistema atual e diferentes sistemas de classificação de solos ................................................ 99
11.9. Solos e ambientes brasileiros............................................................................................................................. 101
12. Referências bibliográficas: ....................................................................................................................................... 106
anexos............................................................................................................................................................................. 107
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anexo 1 - exemplo de classificação de um perfil de solo................................................................................................ 108


anexo 2 – chaves para classificação até o 3º nível (grande grupo) ................................................................................. 113
anexo 3 – atributos diagnósticos..................................................................................................................................... 129
anexo 4 – outros atributos............................................................................................................................................... 136
anexo 5 – classes de profundidade dos solos.................................................................................................................. 138
anexo 6 – grupamentos texturais .................................................................................................................................... 139
anexo 7 – classes de drenagem ....................................................................................................................................... 140
anexo 8 – classes de reação ............................................................................................................................................ 141
anexo 9 – escala de decomposição de von post .............................................................................................................. 142
anexo 10 – símbolos alfabéticos utilizados para a representação das classes de 1º, 2º, 3º e 4º níveis categóricos ......... 143
anexo 11 – simbologia para as classes de 1º, 2º, 3º e 4º níveis categóricos.................................................................... 144
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FATORES DE CONVERSÃO PARA UNIDADES DO SISTEMA INTERNACIONAL (SI) E


OUTRAS UNIDADES
Para converter a Coluna 1 (unidades do SI) Coluna 2 (outras unidades) Para converter a
coluna 1 em coluna 2 em
coluna 2, coluna 1,
multiplique por: multiplique por:
Condutividade Elétrica
10 Siemen por metro, S/m Milimho por centímetro, mmho/cm 0,1
Concentrações
0,1 Grama por quilograma, g/kg Grama por 100 gramas (%) 10
1.000 Grama por quilograma, g/kg Miligrama por decímetro cúbico 0,001
(considerando-se
do solo de 1,00akg/dm
densidade
3 aparente
), mg/dm 3

2.000 Grama por quilograma, g/kg Quilograma por hectare (considerando- 0,0005
se um hectare com 2.000 t, 0-20 cm e
densidade ap. de 1,00 kg/dm3), kg/ha
0,001 Quilograma por hectare, kg/ha Tonelada (métrica) por hectare hectare 1.000
(considerando-se um hectare com 2.000
t, 0-20 cm e densidade ap. de 1,00
kg/dm3), t/ha
1 Centimol de carga por quilograma Miliequivalente por 100 g, meq/100 g 1
(CTC), cmolc/kg
10 Centimol de carga por quilograma Milimol de carga por quilograma, 0,1
(CTC), cmolc/kg mmolc/kg
0,1 Grama por quilograma, g/kg Porcentagem, % 10
1 Megagrama por metro cúbico, Mg/m3 Grama por centímetro cúbico, g/cm3 1
1 Miligrama por quilograma, mg/kg Partes por milhão, ppm 1
Comprimento
4,5454 Metro,
Metro, m PalmoSesmaria
(22 cm – (Brasil)
Brasil) 0,22
1,51 x 10-4 m Légua 6.600
0,4545 Metro, m Braça (10 palmos - Brasil) 2,2
0,621 Quilômetro, km (103 m) Milha (mile), mi 1,609
1,094 Metro, m Jarda (yard), yd 0,914
3,28 Metro, m Pé (foot - 12 polegadas), ft 0,3048
1,0 Micrômetro, m (10-6 m) Mícron (micron),  1,0
3,94 x 10-2 Milímetro, mm (10-3 m) Polegada (inch), in 25,4
10 Nanômetro, nm (10-9 m) Ângstrom (Angstrom), Å 0,1
Área
0,0001 Metro quadrado, m2 Hectare, ha 10.000
0,4132 Hectare, ha Alqueire paulista (5.000 braços2), alq 2,42
0,2066 Hectare, ha Alqueire mineiro/carioca/ 4,84
goiano/alqueirim (10.000 braços2)
0,3673 Hectare, ha Alqueire do norte (Brasil) 2,7225
Hectare, ha Alqueire baiano (Brasil)
0,1033
0,05165 Hectare, ha Alqueirão (Brasil) 9,68
19,36
2,2957 Hectare, ha Tarefa baiana (30 braços2 - Brasil) 0,4356
2,47 Hectare, ha Acre 0,405
247 Quilômetro quadrado, km2 (103 m)2 Acre 4,05 x 10-3
0,386 Quilômetro quadrado, km2 (103 m)2 Milha quadrada, mi2 2,590
2,47 x 10-4 Metro quadrado, m2 Acre 4,05 x 103
10,76 Metro quadrado, m2 Pé quadrado, ft2 9,29 x 10-2
1,55 x 10-3 Milímetro quadrado, mm2 (10-6 m)2 Polegada quadrada, in2 645
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Para converter a Coluna 1 (unidades do SI) Coluna 2 (outras unidades) Para converter a
coluna 1 em coluna 2 em
coluna 2, coluna 1,
multiplique por: multiplique por:

Volume
6,10 x 104 Metro cúbico, m3 Polegada cúbica, in3 1,64 x 10-5
2,84 x 10-2 Litro, L (10-3 m3) Bushel, bu 35,24
1,057 Litro, L (10-3 m3) Quarto (líquido), qt 0,946
3,53 x 10-2 Litro, L (10-3 m3) Pé cúbico, ft3 28,3
0,265 Litro, L (10-3 m3) Galão 3,78
33,78 Litro, L (10-3 m3) Onça (fluido), oz 2,96 x 10-2
2,11 Litro, L (10-3 m3) Pinta (fluido), pt 0,473
9,73 x 10-3 Metro3, m3 Acre-polegada 102,8
35,3 Metro3, m3 Pé cúbico, ft3 2,83 x 10-2
Massa
1,7144 x 10-5 Quilograma, kg Quintal (Brasil) 58.328
0,0681 Quilograma, kg Arroba (Brasil) 14,689
2,20 x 10-3 Grama, g (10-3 kg) Libra, lb 454
3,52 x 10-2 Grama, g Onça (avdp), oz 28,4
2,205 Quilograma, kg Libra, lb 0,454
10-2 Quilograma, kg Quintal (métrico), q 102
1,10 x 10-3 Quilograma, kg Ton (2000 lb), ton 907
1,102 Megagrama, Mg Ton (U.S.A.), ton 0,907
Rendimento (produção)
2,42 Quilograma por hectare, kg/ha Quilograma por alqueire paulista 0,4132
4,84 Quilograma por hectare, kg/ha Quilograma por alqueire mineiro 0,2066
2,7225 Quilograma por hectare, kg/ha Quilograma por alqueire do norte 0,3673
9,68 Quilograma por hectare, kg/ha Quilograma por alqueire baiano 0,1033
19,36 Quilograma por hectare, kg/ha Quilograma por alqueirão 0,05165
0,893 Quilograma por hectare, kg/ha Libra por acre, lb/acre 1,12
2,24 Metro por segundo, m/s Milha por hora 0,447
Temperatura
1,00(K-273) Kelvin, K Celsius, ºC 1,00(ºC+273)
(9/5 ºC)+32 Celsius, ºC Fahrenheit, ºF 5/9 (ºF–32)
Transpiração e Fotossíntese
3,60 x 10-2 Miligrama por metro quadrado segundo, Grama por decímetro quadrado hora,
2
27,8
mg/m s g/dm2 h
-3 Miligrama (H2O) por metro quadrado Micromol (H2O) por centímetro
5,56 x 10 180
segundo, mg/m2 s quadrado segundo, mol/cm2 s
-4
10 Miligrama por metro quadrado segundo, Miligrama por centímetro quadrado 104
mg/m2 s segundo, mg/cm2 s
35,97 Miligrama por metro quadrado segundo, Miligrama por decímetro quadrado hora, 2,78 x 10-2
Mg/m2 s Mg/dm2 h
Conversão de Nutrientes de Plantas
Elementar Óxido
2,29 P P2O5 0,437
1,20 K K2 O 0,830
1,39 Ca CaO 0,715
1,66 Mg MgO 0,602
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1. INTRODUÇÃO
O solo é base de toda a vida terrestre, estando presente praticamente em todo local na Terra,
onde o ser humano habita. Sua predominância como fator limitante à ocupação humana destaca a
importância de seu estudo, tanto para fins de exploração agropecuária (como a indicação de áreas
com maior potencial de produção vegetal), quanto para obras de engenharia e construções rurais.
Os primeiros seres humanos que habitaram a Terra viviam da extração direta de alimento
produzido pela natureza: frutos, sementes, folhas, raízes e animais encontrados mortos. Bem mais
tarde, desenvolveram a arte da caça, implicando na invenção de armas primitivas (com ossos,
pedras e madeira) como maças, machados, facas e lanças. Posteriormente, algumas plantas
utilizadas como alimento, puderam ser reproduzidas nas proximidades de suas moradias, por meio
do plantio de mudas
desenvolvimento e (manejo)
da lavra sementes.doPorém, os princípio
solo, cujo resultados
foi positivos surgiram
a base de toda somentede após
a tecnologia o
manejo
dos solos agrícolas existente nos dias atuais.
Em geral, quando enumeramos os elementos da natureza que são vitais para nós, pensamos
no ar, na água e nos alimentos. Com exceção dos peixes e outros produtos comestíveis retirados dos
mares e rios, é do solo que se srcinam os vegetais terrestres e, indiretamente, os animais que nos
fornecem carne, leite e inúmeros derivados que constituem a base da alimentação da maior parte
dos povos.

1.1. IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS DA DISCIPLINA


Ao longo da história o solo tem sido um elemento bastante familiar ao ser humano, que dele
sempre dependeu para satisfazer suas necessidades básicas de locomoção, abrigo e alimentação.
Assim, os conceitos de solo são quase tão variados quanto as atividades humanas que nele se
desenvolvem e, sem dúvida, cada indivíduo tem uma concepção mais identificada com suas
próprias atividades e interesse, mas, quase sempre, muito pouco relacionada com o conhecimento
da natureza do próprio solo.
Por quê estudar Solos na Zootecnia?
Solo como base para o desenvolvimento de plantas : toda planta necessita de uma base de
sustentação física, sendo o solo necessário para a adequada fixação do sistema radicular.
Solo como fonte de nutrientes para plantas : o fornecimento de grande parte dos elementos
essenciais (aqueles sem os quais nenhuma planta pode sobreviver), excetuando-se aqueles oriundos
da atmosfera (inclusive nitrogênio, no caso de leguminosas fixadoras de N 2) ocorre via solo, assim,
a fertilidade influi diretamente na espécie de vegetação predominante em determinado local.
Solo como indicador do uso mais adequado: deve-se observar qual solo se adapta melhor
para cada ocupação da terra, evitando-se problemas como alagamento, baixa capacidade de suporte
animal (em solos menos férteis), erosão, etc.
O solo é o meio no qual as culturas se desenvolvem para produzirem fibras e madeiras,
formas de energia renovável (álcool, por exemplo) e, acima de tudo, alimento para atender a
crescente demanda decorrente da explosão populacional.

quandoAanalisamos
necessidade do incremento
alguns números: na produção de alimentos pode ser mais bem compreendida
A humanidade levou 1.830 anos para atingir o 1º bilhão de habitantes, 100 anos para o 2º
bilhão, 30 anos para o 3º bilhão e, no ano 2.000, aproximadamente 7,2 bilhões de pessoas na face da
Terra, sendo estimados para o ano 2.025, 8,3 bilhões de habitantes. Para atender a essa crescente
demanda da produção de alimentos, a FAO/ONU, estima que é necessário: a) aumento de 60% da
produtividade das culturas nos países em desenvolvimento e b) incorporar cerca de 200 milhões de
novos hectares ao processo produtivo, principalmente nas regiões tropicais do globo.
Se por um lado, a situação é preocupante quanto ao aumento da população, possivelmente
nenhum outro país tropical como o Brasil, tem tantas perspectivas positivas de aumento da
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produtividade das culturas e de expansão da área cultivada para a produção de alimentos, tanto para
o consumo interno como para produzir excedentes exportáveis.

1.2. HISTÓRICO DA PEDOLOGIA1


Ao longo da história o solo tem sido um componente da natureza bastante familiar ao
homem, que dele sempre dependeu para satisfazer as suas necessidades básicas de locomoção,
abrigo e alimentação.
Quando começou a cultivar seu alimento, ao invés de simplesmente apanhá-lo, o
conhecimento da natureza do solo assumiu importância crescente para seu bem-estar.
Um dos primeiros relatos sobre estudos de solos ocorreu há aproximadamente 4.000 anos
2 3
atrás, onde o engenheiro
Posteriormente, chinês
vários gregos Yu classificou
e romanos alguns solossuas
também escreveram de considerações
acordo com asobre
cor solos,
e estrutura
sob os.
pontos de vista teórico e prático.
A srcem das primeiras observações de caráter científico sobre solos ocorreu provavelmente
com Aristóteles (384-322 A. C.) e seu sucessor, Teofrastus (372-287 A. C.) considerando o papel
do solo na nutrição das plantas. Escritores romanos continuaram a discussão sobre conceitos
similares aos dos gregos, incluindo-se nesse grupo: Cato (234-149 A. C.), Varro (116-27 A. C.),
Virgílio (70-19 A. C.), Columela (aproximadamente 45 D. C.) e Plínio (23-79 D. C.).
Após a queda do império romano, foi somente no período do Renascimento, que houve, em
1563, por Bernardo de Palissy (1499-1589) a publicação do livro “Uso de sais na agricultura”, onde
ele descrevia o solo como fonte de nutrientes minerais para as plantas.
Van Helmont, em 1629, propôs que a nutrição de plantas ocorreria somente por água. Já no
século XIX, A. Thaer sugeriu que plantas assimilariam matéria orgânica diretamente pelas raízes.
Em 1840, Justus von Liebig (1803-1873) publicou “Química aplicada à agricultura e fisiologia” no
qual ele afirmava que plantas assimilariam nutrientes minerais do solo, propondo o uso de
fertilizantes minerais na agricultura. Considerou o solo como um reservatório passivo de nutrientes
vegetais.
No meio do século XIX, muitos cientistas alemães, incluindo Ramann e Fallou,
desenvolveram a agrogeologia, que vislumbrava o solo como um manto de rocha intemperizada.
Fallou sugeriu o termo “pedologia” para o estudo do solo e de sua gênese, o qual significaria a
teoria geológica da ciência do solo, sendo distinto de “agrologia” que seria a prática agronômica da
ciência do solo.
Na Rússia, Lomonosov (1711-1765) escreveu e lecionou sobre solos, considerando-os como
algo mais evoluído do que um corpo estático. Em 1883 V. V. Dokuchaev (1846-1903) publicou um
relatório de um estudo de campo sobre Chernossolos4, no qual ele aplicava princípios de morfologia
a solos, descrevendo os principais grupos e produzindo a primeira classificação científica de solos,
além de desenvolver métodos de mapeamento do solo no campo e cartografia do solo no
laboratório.
Dokuchaev é considerado o fundador científico da geografia e gênese do solo. Além disso,
em 1886, ele propôs que a palavra “solo” fosse utilizada como um termo científico, referente a
“aqueles horizontes5 srcinados de rochas, que diariamente ou quase que diariamente mudam suas
1
pedologia: (1) parte da Ciência do Solo que trata da srcem, morfologia, distribuição, mapeamento e classificação dos
solos. (2) sinônimo de Ciência do Solo. (3) estudo do solo no seu habitat.
2
cor (do solo): normalmente considerada como uma das características morfológicas dos horizontes do solo. Sua
determinação é feita pela comparação de amostras de solo com tabelas especiais, dentre as quais pode ser citada a de
Munsell , atualmente a mais usada. A cor possui três componentes: croma, matiz e valor.
3
estrutura (do solo): agregação de partículas primárias do solo em unidades compostas ou agrupamento de partículas
primárias, que são separadas de agregados adjacentes por superfícies de fraca resistência. São classificadas quanto a
forma, tamanho e grau de distinção, respectivamente em tipo, classe e grau.
4
Chernossolo: solo com horizonte A bastante escuro, espesso, rico em matéria orgânica e com teores altos de cálcio
trocável. Ocorre em climas sub-úmidos frios sob uma vegetação de pradaria (média e alta).
5
horizontes (do solo): seções de constituição mineral ou orgânica, aproximadamente paralelas à superfície do terreno,
parcialmente expostas no perfil do solo e dotadas de propriedades geradas por processos formadores do solo que lehe
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5

características6 sob a influência ativa da água, ar e várias formas de organismos vivos e mortos”.
Definiu que o solo é um corpo formado por evolução natural, sob a influência de cinco fatores, dos
quais ele considerou a vegetação o mais importante.
K. D. Glinka (1867-1929) e S. S. Neustruyev (1874-1928) novamente enfatizaram o
conceito de solo como uma superfície geológica própria, uma crosta intemperizada que exibe
feições zonais correspondentes a zonas climáticas.
V. R. Williams (1863-1939) desenvolveu o conceito de gênese do solo como um processo
essencialmente biológico, predominando sobre o geológico. Ele enfatizou a fitociclagem (remoção
de nutrientes do solo pelas plantas e o retorno para a superfície na forma de folhas, liteira e raízes
mortas), que possibilitaria um aumento progressivo da fertilidade do solo, sendo que esse fenômeno
seria mais efetivo em pastagens.
P. E. Müller, em 1878, escreveu uma monografia sobre o húmus do solo, elucidando o
caráter biológico da gênese de solos florestais. Em 1912, Gedroiz introduziu o conceito de troca de
7
cátions nos solos.
Nos EUA, E. W. Hilgard (1833-1916), geólogo e cientista do solo, publicou trabalhos sobre
solos alcalinos e a relação entre solos e clima.
C. F. Marbut (1863-1935), então diretor do U. S. Soil Survey (Serviço de Levantamento de
Solos dos EUA) chamou a atenção dos cientistas norte-americanos para os estudos de Glinka e
Dokuchaev, iniciando os estudos sobre classificação de solos nos EUA em 1927.
Hans Jenny (1941) publicou o livro “Fatores de Formação do Solo”, um grande tratado
falando dos cinco fatores que governam a gênese do solo, que perdura até os dias atuais.
No Brasil, tem-se no IAC (1888-1893), os primeiros trabalhos científicos sobre o
esgotamento das terras e a maneira de corrigi-las.
F. W. Dafert e A. B. U. Cavalcanti apresentaram “As terras do Estado de São Paulo” com
análises químicas e físicas e uma tentativa de metodização das denominações vulgares dos solos.
Procuraram também definir, dentro dessas classes, as propriedades8 físicas e químicas. A adubação
já era uma preocupação e diversas considerações foram apresentadas neste trabalho.
O primeiro livro brasileiro sobre solos provavelmente foi “Elementos de Agrologia9” escrito
por Gustavo Dutra em 1897.
Os estudos sobre solos foram desenvolvidos por outras instituições, destacando-se o Instituto
de Química, do Rio de Janeiro e a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, de Piracicaba.
Em 1947, é fundada a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), a qual lançou o
primeiro volume da Revista Brasileira de Ciência do Solo (RBCS) em 1977, a qual vem sendo
regularmente publicada até hoje.

conferem características de inter-relacionamento com outros horizontes componentes do perfil, dos quais se diferenciam
em virtude de diversidade de propriedades resultantes da ação da pedogênese.
6
característica (do solo): atributo intrínsecos do solo que pode ser medido ou estimado, servindo para sua definição,
independentemente do meio ambiente (ex.: textura do solo, cor do solo, etc.).
7
troca de cátions: intercâmbio entre cátions da solução do solo e os adsorvidos na superfície de qualquer material
carregado negativamente como colóides de argila ou orgânicos.
8
propriedade (do solo): atributo relativo ao comportamento do solo, resultante da interação entre as características e o
meio ambiente (ex.: retenção de água, densidade do solo, etc.).
9
agrologia: ramo da ciência que trata do conhecimento da terra nas suas relações com a agricultura.
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6

2. A TERRA: COMPOSIÇÃO, ESTRUTURA, DINÂMICA E EQUILÍBRIO DO PLANETA


A Terra srcinou-se há 4,5 bilhões de anos, ocorrendo intensos fenômenos geológicos ao
longo de todo esse período, que srcinaram a sua topografia e estrutura atual, permitindo a srcem
da vida (Quadro 2.1).

Quadro 2.1. Escala geológica do tempo.


ERAS PERÍODOS ÉPOCAS TEMPO EM ANOS CARACTERÍSTICAS
Cenozóica Quaternário Holoceno 11.000 Homem
Pleistoceno 1.000.000

Plioceno 12.000.000
Mioceno 23.000.000 Mamíferos e fanerógamas
Terciário Oligoceno 35.000.000
Eoceno 55.000.000 Cadeias montanhosas
Paleoceno 70.000.000
Mesozóica Cretáceo 135.000.000 Dobramento moderno
Jurássico 180.000.000 (Andes, Himalaia, etc.)
Triássico 220.000.000
Paleozóica Permiano 270.000.000 Rochas sedimentares
Carbonífero 350.000.000
Devoniano 400.000.000
Siluriano 430.000.000
Ordoviciano 490.000.000
Cambriano 600.000.000
Pré-cambriana superior Algonquiano
(Proterozóica)
Pré-cambriana média Mais de dois bilhões
Pré-cambriana inferior Arqueano Aproximadamente Resfriamento superficial
(Arqueozóica) (início da Terra) 4,5 bilhões do magma

Rochas magmáticas e
metamórficas
Escudos cristalinos
Origem da litosfera

Observando a superfície do globo no seu conjunto, pode ser observado um grande número
de regiões naturais, em cujo interior, constituindo a paisagem, tem-se a ação de forma recíproca e
inseparável dos diferentes elementos físicos e biológicos.
Cada uma dessas regiões distingue-se das outras pelas seguintes características:
 Modelo topográfico;
 Cobertura vegetal;
 Solos;
 Regime climático;
 Altitude;
 Idade das superfícies.
Cada uma das características acima pode ser estudada separadamente, porém, seria difícil
dissociá-las inteiramente:
paisagens naturais é o conjunto
que possuem relaçãodos seuscom
direta efeitos conjugados
a estrutura que dará
geológica lugar às diferentesa
e conseqüentemente,
10
geomorfologia .
A importância da geomorfologia na formação dos solos tem sido destacada por muitos
cientistas que estudam a paisagem, sendo que, no Brasil, uma das mais antigas superfícies
geomorfológicas é a Sul Americana (Figura 2.1).

10
geomorfologia: ramo da geologia física que estuda as formas do relevo terrestre atuais e investiga a sua srcem e
evolução.
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7

Figura 2.1. Perfil dos padrões da superfície Sul Americana.

Vários ciclos geomorfológicos ocorreram no Brasil, os quais podem ser visualizados na


figura 2.2.

Figura 2.2. Principais ciclos geomorfológicos que ocorreram no Brasil.

O solo forma algo como se fosse a pele do planeta Terra, é a interseção da litosfera, biosfera,
atmosfera e hidrosfera; é, de certa forma, um fenômeno de superfície e, como tal, variável a
pequenas distâncias; exige estudo detalhado para ser mais bem compreendido nas suas funções
dentro das ecorregiões e como sinalizador das propriedades e limitações dos ecossistemas.
Assim, a dinâmica do planeta pode ser traduzida pela existência de um ecossistema
extremamente entrelaçado, que pode ser simplificado em três níveis tróficos básicos:
 Produtores (autótrofos);
 Consumidores
Decompositores.(heterótrofos);
A composição do ecossistema possui duas partes:
1. Organismos vivos em comunidade (biocenose);
2. Fatores abióticos que atuam sobre a biocenose (biótopo).
Em um contexto ambiental, o solo é a base para os processos ecológicos. É parte integrante
e essencial do biótopo (conjunto de fatores estreitamente ligados e atuantes sobre os organismos
vivos) (Figura 2.3).
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8

Figura 2.3. Interação biótopo-biocenose.

 O solo está ligado à base da cadeia alimentar, já que os produtores (vegetais) nele se
desenvolvem;
 O solo está ligado aos consumidores, fornecendo-lhes os produtores;
 O solo está ligado aos decompositores, responsáveis pela reciclagem dos elementos.
A biosfera pode ser caracterizada através da constituição da atmosfera, hidrosfera e
pedosfera (representada pelo solo). Cada uma destas divisões é, em grande parte, composta pelas
reações e co-ações ecológicas dos organismos e pela interligação dos ecossistemas e dos ciclos
básicos entre eles.
Sem a vida, a Terra teria provavelmente uma crosta com ar e água e especialmente um solo
inteiramente diferente do atual. Dessa forma, o solo não é apenas um fator do ambiente, mas
também é produzido
organismos, por ele.de Osrcem.
sobre o material solo, em geral, é o resultado líquido da ação do clima e dos
O equilíbrio do planeta pode ser definido na seguinte citação: “tudo começa e termina no
solo”, sendo que a vida depende da energia do solo e dos elementos contidos na água e no ar, mas,
sobretudo, depende do solo, como suporte essencial.
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9

3. O SOLO COMO PARTE ESSENCIAL DO MEIO AMBIENTE


Solos são corpos naturais, tridimensionais, multifásicos, multicomponentes e multivariáveis
que apresentam, verticalmente e horizontalmente, diferentes graus de anisotropia 11 em relação às
suas características físicas, químicas e biológicas, ocupando uma posição definida na paisagem.
A soma de conjuntos de características físico-químicas permite o agrupamento destes
indivíduos em classes, possibilitando a sua estratificação (classificação, organização, etc.) em
grupos com propriedades relativamente homogêneas e, conseqüentemente, categorias com
potenciais de utilização para diversos fins (objetivos).
Para a adequada compreensão do papel do solo no ambiente, deve-se observá-lo como fator
ecológico. Por ecologia, entende-se que é o estudo das relações entre organismos e o meio
ambiente. As plantas que nos fornecem alimentos, fibras, madeiras e substâncias medicinais
dependem dos fatores ecológicos: clima, solo e biota (organismos). Neste último fator está inclusa a
atividade humana. O solo, por sua vez, é função de combinações de clima, organismos, material de
srcem (rocha) e tempo.
A disponibilidade de água, nutrientes e ar nos solos varia bastante, condicionando uma
produtividade diferente das culturas, quando os outros fatores são considerados constantes.
Assim, com o tetraedro (Figura 3.1) pode-se visualizar, esquematicamente, as inter-relações
de dependência dos quatro vértices.
ORGANISMOS

INFLUÊNCIA DOS A SPECTOS


SOCIOECONÔMICOS

SOLO CLIMA
Figura 3.1. Inter-relações representadas pelo tetraedro.

No no
a) tetraedro da figura
tetraedro, 3.1, pode-se
os vértices observar
da base os seguintes
representam os aspectos:
fatores ecológicos: clima, solo e
organismos;
b) no vértice superior estão representados os aspectos socioeconômicos que podem se
relacionar aos três fatores ecológicos da base;
c) as arestas do tetraedro representam as inter-relações respectivas. Por exemplo: a aresta do
tetraedro que liga clima e aspectos socioeconômicos quer representar as relações entre estes dois
vértices especificamente, ou seja, a influência dos fatores climáticos sobre os aspectos
socioeconômicos;
d) as faces do tetraedro apresentam um nível maior de inter-relações, isto é, entre três
vértices. Por exemplo: no triângulo (face) clima-solo-aspectos socioeconômicos é facilmente
perceptível a inter-relação, em linhas gerais, no quadro que se presencia atualmente, por exemplo,
entre as áreas do Planalto Atlântico (no sul do ES, RJ e mesmo no Nordeste, etc.) e o Brasil
subárido;
e) o sólido, o tetraedro representa as inter-relações globais. Nossas preocupações não
chegam, muitas vezes, a passar das inter-relações unidimensionais, isto é, entre dois vértices
(representados por uma linha) e algumas vezes sem dimensão alguma (um ponto). No entanto, os
fatos se encontram inter-relacionados em todo o sólido (três dimensões);
f) como os fatores nos vértices do tetraedro podem sofrer mudanças, alterando seu campo de
inter-relações com os outros fatores, poder-se-ia adicionar, extra tetraedro, um outro fator: tempo;
g) o fator tempo, como se verá posteriormente, poderá alterar as inter-relações solo-
organismos-aspectos socioeconômicos para grande parte do território brasileiro nos próximos
decênios.

11
anisotropia: qualidade de certas substâncias ou corpos de apresentarem variações de uma determinada propriedade
conforme a direção que se examine. O perfil do solo tem anisotropia vertical devido à presença de horizontes
pedogenéticos; a passagem lateral de um tipo de solo para outro produz anisotropia horizontal.
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10

4. MATERIAL DE ORIGEM DO SOLO


O solo é uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas,
tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos, que ocupam a maior parte
do manto superficial das extensões continentais do nosso planeta, contém matéria viva e podem ser
vegetados na natureza, onde ocorrem. Ocasionalmente podem ter sido modificados por atividades
humanas.
Quando examinamos a partir da superfície, consistem de seções aproximadamente paralelas
(denominadas horizontes ou camadas) que se distinguem do material de srcem inicial, como
resultado de adições, perdas, translocações e transformações de energia e matéria (processos) e tem
a habilidade de suportar o desenvolvimento do sistema radicular de espécies vegetais, em um
ambiente
Asnatural.
alterações pedológicas demonstradas pelos materiais do solo revelam contraste com o
substrato rochoso ou seu resíduo mal decomposto, expressando diferenciação pedológica em
relação ao pré-existente.
O solo tem como limite superior a atmosfera. Os limites laterais são os contatos com outras
espécies de solos vizinhos, ou com afloramentos de rocha, materiais detríticos12 inconsolidados,
aterros ou terrenos sob espelhos d’água permanente. O limite inferior do solo é difícil de ser
definido. Normalmente, o solo passa gradualmente no seu limite inferior para rocha dura ou
materiais saprolíticos13 que não apresentam sinais de atividade animal, vegetal ou qualquer outra
atividade biológica. O solo contrasta com o material subjacente pelo decréscimo de constituintes
orgânicos, alteração e decomposição dos constituintes minerais, observando-se um ganho de
propriedades mais relacionadas ao substrato rochoso ou material de srcem não consolidado.
A seqüência básica de solos é a seqüência de idade (cronosseqüência). Por exemplo (Figura
4.1):
Neossolos - Cambissolos - Solos com B textural - Latossolos14

 Mais novos Mais velhos 

Figura 4.1. Solos de diferentes idades, de acordo com o relevo.

Três parâmetros são considerados mais importantes para o processo de intemperismo da

rocha de srcem:
12
material detrítico: depósito sedimentar de detrito (material produzido pela desintegração e/ou decomposição de
rochas ou restos orgânicos, capaz de ser transportado do seu local de srcem e depositado).
13
material saprolítico: formado por saprolito (manto de alteração de rochas constituído essencialmente de uma
mistura de minerais secundários e primários derivados de rochas ígneas, metamórficas e sedimentares pela ação do
intemperismo químico e que mantém vestígios de estrutura srcinal da rocha, sendo comumente reconhecido como um
produto de alteração da rocha in situ, isovolumétrico e denominado como horizonte C).
14
Latossolo: do latim later, tijolo. O Latossolos são solos muito velhos, profundos como os de Brasília, que apresentam
em geral, baixa fertilidade natural e topografia bastante suavizada; apresentam pouca diferenciação no teor de argila
com a profundidade, sem minerais primários facilmente intemperizáveis e com estrutura tipicamente granular,
semelhante à terra de formiga, dando ao solo um aspecto arenoso. A cor vermelho-acinzentada (arroxeada) de
Latossolos desenvolvidos de rochas basálticas, com a estrutura já descrita, lembra pó de café.
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11

a) Composição química ou mineralógica;


b) Estrutura ou fábrica;
c) Granulometria.
As rochas ricas em minerais máficos (escuros) são, em princípio, mais facilmente
intemperizáveis do que as ricas em minerais félsicos (claros), mas, mesmo aí, a estrutura ou fábrica
pode inverter essa ordem (Figura 4.2).
Minerais máficos são comuns em rochas escuras, como basalto, diabásio, etc., tais como:
olivinas, anfibólios, piroxênios e biotita, todos com altos teores de Fe, Mg e elementos-traços15.

Figura 4.2. Influência da estrutura da rocha de srcem na idade relativa dos solos (no atual Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -
EMBRAPA, 2006), o Litossolo, Podzólico Vermelho-Amarelo e Terra Roxa Estruturada
são denominados: Neossolo Litólico, Argissolo Vermelho-Amarelo e Nitossolo
Vermelho, respectivamente).

Considerando-se a rocha de srcem, têm-se alguns aspectos interessantes:


a) Elementos químicos como Ca, Mg e K podem ser removidos com facilidade das rochas,
ou podem ser concentrados, como Fe e P e elementos-traços. Solos srcinados de rochas

b) máficas tendem
Teores de a ser amais
B tendem ser ricos em em
maiores Fe, solos
P, Co,oriundos
Cu e Zn,de
e mais pobres
rochas em B
pelíticas16 e Mo;
. O B é mais
concentrado nos sedimentos de srcem marinha;
c) Solos srcinados de rochas psamíticas 17 e graníticas tendem a ser mais arenosos (rochas
ricas em quartzo).
d) Rochas pelíticas são ricas apenas em K, sendo pobres em Ca, Mg e P. Devido à presença
de Al na muscovita e no feldspato, solos jovens dessas rochas têm alto teor de Al
trocável. Solos mais velhos, devido a gibbsita 18, há menores teores de Al trocável.
e) Dependendo do cimento, rochas psamíticas (arenitos) podem srcinar solos muito ricos.
Exemplo: arenito Bauru, com cimento calcário.

Quando se consideram as propriedades de um solo novo para um solo velho, tem-se a


seguinte tendência (Quadro 4.1):

15
elemento-traço: presente em pequena quantidade no solo, de difícil mensuração pelos métodos atuais de análise
química.
16
pelítica: do grego pelos, lama, lodo; rocha sedimentar de textura fina (pelito) ou rocha metamórfica, derivada de um
pelito.
17
psamítica: do grego psammos, areia; rocha sedimentar de textura intermediária (psamitos), como o arenito.
18
gibbsita: mineral monoclínico, de composição Al(OH) 3. Constituinte principal de muitas bauxitas e componente
importante da fração argila de muitos Latossolos. O termo é uma homenagem a George Gibbs, mineralogista norte-
americano. Também conhecida como hidrargilita, do grego hidro, água, e argilos, argila branca, descoberta pela
primeira vez nos Urais. A gibbsita aparentemente dificulta o arranjo da caulinita face a face: ela age como uma cunha,
desorganizando o arranjo das partículas.
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12

Quadro 4.1. Tendência das propriedades de um solo novo e um solo velho.


Propriedade Solo novo Solo velho
Argila19 2:1 1:1 e óxidos
Silte20 aumenta diminui
Areia21 diminui aumenta (principalmente quartzo)
Profundidade diminui aumenta
Permeabilidade diminui aumenta
Minerais fornecedores de nutrientes aumenta diminui

Assim, a idade de um solo influi grandemente na variação das suas propriedades, porém,
esta variação está também relacionada com o material de srcem, o qual pode ser constituído por
minerais e/ou rochas, além de outros materiais.

MINERAIS E ROCHAS

Mineral: composto inorgânico natural com propriedades físicas, químicas e cristalinas definidas
(dentro dos limites do isomorfismo).

Rocha: (1) estritamente, qualquer agregado ou massa de matéria mineral formado naturalmente,
coerente ou não, constituindo uma parte essencial e mensurável da crosta terrestre. (2)
ordinariamente, qualquer massa de matéria mineral consolidada ou coerente, formada
naturalmente. (3) um agregado natural de um ou mais minerais (inclusive vidro e matéria
orgânica) que constitui parte essencial da crosta terrestre e é claramente individualizado.

Rocha leucocrática: rochas claras, contendo entre 0 e 30% de minerais de coloração escura.
Rocha contendo
mesocrática: rochas
entre de coloração
30 e 60% de mineraisintermediária
de coloraçãoentre as leucocráticas e as melanocráticas,
escura.
Rocha melanocrática: rochas escuras, contendo entre 60 e 90% de minerais de coloração escura.
O termo textura, utilizado neste tópico, é definido como o aspecto menor da rocha e diz
respeito ao tamanho, forma, arranjo e distribuição dos seus componentes mineralógicos (Figura
4.3).

Figura 4.3. Principais tipos de textura encontradas em rochas: (a) equigranular – tipo de textura em
que a maioria dos grãos tem aproximadamente o mesmo tamanho; (b) porfirítica – alguns
cristais diferem visivelmente em tamanho com relação aos demais; (c) orientada – ocorre
em rochas metamórficas. Neste tipo de textura, há certo paralelismo dos cristais lineares;
(d) clástica
minerais, – tipo de textura
arredondados de rochas
ou angulosos, sãosedimentares emum
cimentados por quematerial
fragmentos de rochas ou
mais fino.

19
argila: fração do solo menor que 0,002 mm em diâmetro equivalente.
20
silte: também conhecido como limo. É a fração do solo maior que 0,002 mm e menor que 0,05 mm (Escala
Americana) ou 0,02 mm (Escala Internacional ou de Atterberg) em diâmetro equivalente.
21
areia: fração do solo com partículas de diâmetro entre 0,05 e 2,00 mm (Escala Americana) e entre 0,02 e 2,00 mm
(Escala Internacional ou de Atterberg).
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13

4.1. ROCHAS ÍGNEAS


Rocha ígnea ou magmática: aquela produzida pelo resfriamento (solidificação ou consolidação)
do magma. Conforme a posição em que se deu o resfriamento, distinguem-se em intrusivas e
extrusivas.
Rocha ígnea intrusiva: rocha que se consolidou a partir do magma sob a superfície da terra. Possui
uma subdivisão, em plutônicas e hipoabissais.
Rocha ígnea intrusiva plutônica: rocha ígnea que se consolidou nas partes profundas da
litosfera com constituintes normalmente sendo equigranulares. Caracteriza-se pela
apresentação de cristais bem desenvolvidos.
Rocha ígnea intrusiva hipoabissal: rocha intermediária entre plutônica e vulcânica,

Rochadistingüindo-se
ígnea extrusivapelo modoformada
: rocha de ocorrência
a partir(dique) e pelana
do magma textura (porfirítica
superfície ou microgranular).
terrestre. Subdividem-se
em vulcânicas e piroclásticas.
Rocha ígnea extrusiva vulcânica: rocha formada a partir da consolidação do magma sobre a
superfície terrestre, com textura porfirítica, podendo conter vidro em quantidade variável.
Rocha ígnea extrusiva piroclástica: rochas constituídas de fragmentos provenientes de atividade
vulcânica explosiva.
As rochas ígneas podem ainda ser classificadas de acordo com o conteúdo de sílica (SiO 2),
que se correlaciona também com a composição do magma parental em:
a) rochas ígneas ácidas: acima de 66% de SiO2 (granito, riolito, etc.);
b) rochas ígneas intermediárias: 52 a 66% de SiO2 (diorito, sienito, monzonito, etc.);
c) rochas ígneas básicas: 45 a 52% de SiO2 (gabro, basalto, etc.);
d) rochas ígneas ultrabásicas: abaixo de 45% de SiO 2 (peridotito).

4.2. ROCHAS SEDIMENTARES


Rocha sedimentar: (1) rocha formada pela deposição de sedimentos transportados pela água, ar ou
geleiras, entre outros. Os sedimentos podem consistir de fragmentos de rocha ou partículas de
vários tamanhos, remanescentes de produtos de animais ou plantas, produtos da ação química
ou evaporação ou de misturas destes materiais. O depósito de sedimentos consolida-se ao
transformar-se em rocha sedimentar. (2) srcinam-se da destruição de todas as rochas
existentes na superfície da crosta terrestre, e o material oriundo desse processo pode ser
transportado e depositado em outro, seguindo-se sua transformação em rocha definitiva.
Conforme sua gênese, podem ser clásticas, químicas e orgânicas.
Rocha sedimentar clástica: formada de fragmentos de outras preexistentes.
Rocha sedimentar química: formada pela precipitação de sais contidos em solução.
Rocha sedimentar orgânica: formada pelo acúmulo de matéria orgânica de natureza diversa.
A classificação dos principais tipos de sedimentos clásticos ou detríticos e as rochas
sedimentares correspondentes encontram-se no quadro 4.2.
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14

Quadro 4.2. Principais tipos de sedimentos clásticos e rochas sedimentares correspondentes,


segundo o tamanho do grão.
Nomes dos sedimentos ou rochas
Grupos principais Granulometria sedimentares Constituição*
(mm) Sedimentos não Rochas sedimentares
consolidados consolidadas
Sedimentos de granulometria > 200 Matacões Conglomerados Fr, C
grossa ou psefitos 200 a 20 Calhaus e brechas
20 a 2 Cascalho
Sedimentos de granulometria 2 a 0,2 Areia grossa Arenitos grosseiros Q
média ou psamitos 0,2 a 0,02 Areia fina Arenitos finos Q
Sedimentos de granulometria 0,02 a 0,002 Silte Siltitos AM
fina ou pelitos < 0,002 Argila Argilitos AM
22
* Fr = fragmentos de rocha; C= matriz cimentante; Q = quartzo; AM = argilominerais

4.3. ROCHAS METAMÓRFICAS


Rocha metamórfica: (1) rochas que se formaram por recristalização parcial ou total de outras
rochas (ígneas, metamórficas ou sedimentares), srcinando-se novos minerais e novas
texturas, sem ocorrer fusão da rocha, em resposta a mudanças pronunciadas de temperatura,
pressão e/ou ambiente químico, em profundidade. (2) decorrente das transformações sofridas
pelas rochas por ação da pressão e temperatura, sem que, contudo, sofram fusão. As
alterações das rochas que ocorrem na superfície não são consideradas como transformações
metamórficas.

O metamorfismo regional desenvolve-se em regiões da crosta terrestre com vigência de


pressõesO orientadas (cisalhantes)
metamorfismo e temperaturas
de contato elevadas.
desenvolve-se ao redor de corpos intrusivos ígneos, onde
temperatura e soluções gasosas são os principais agentes metamórficos. O quadro 4.3 apresenta as
espécies metamórficas comuns.
Nas rochas metamórficas, devido às condições de recristalização mineralógica orientada,
ocorre a formação de texturas típicas, tais como xistosidade e textura gnáissica (daí o termo
gnaisse), ou seja, segregação de bandas milimétricas a decimétricas ou mais de minerais máficos
em textura xistosa (lepidoblástica e nematoblástica) e bandas de minerais quartzo-feldspáticos
(minerais félsicos) em textura granoblástica. Entretanto, o termo gnaisse, quando utilizado
isoladamente, refere-se às rochas gnáissicas de composição granítica.

Quadro 4.3. Correlação entre rochas srcinais e rochas metamórficas correspondentes.


Rocha Original Rocha metamórfica correspondente
Gênese Classificação Grau metamórfico crescente
Argilito/Siltito Ardósia  Filito  Mica-xisto  Gnaisse Granulito
Sedimentar Arenito Quarzito
Calcário Mármore

Granito (riolito) Mica-xisto  Gnaisse  Migmatito  Granulito ácido


Magmática Gabro (basalto) Anfibólio-xisto  Anfibolito  Granulito básico
Piroxenitos, dunitos Talco (serpentina)-xisto  Granulito ultrabásico

22
argilomineral: composto basicamente de silicato de alumínio hidratado, podendo conter outros elementos como Mg,
Fe, Ca, Na, K, Li e outros, com estrutura cristalina constituída de camadas ou de fibras (ex.: caulinita, montmorilonita,
etc.).
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15

Nos quadros 4.4 e 4.5 estão resumidas as rochas mais comuns que ocorrem no sudeste do
Brasil.

Quadro 4.4. Características texturais e mineralógicas das principais rochas cristalinas (magmáticas e
metamórficas).

Componentes Características Rocha


Textura equigranular, com quartzo

Feldspato, mica, quartzo e Leucocrática, muito quartzo, cinza rósea ou Granito


hornblenda vermelha, granulação milimétrica ou superior
Feldspato, biotita e Leucocrática, cor cinza-claro Sienito
hornblenda
Hornblenda e feldspato Melanocrática, cor cinza-claro Anfibolito
Calcita ou dolomita Cor branca, rósea, cinza-escuro; efervescência com Calcário
HCl a frio; microcristalina; riscável facilmente pelo
canivete
Idem, idem Idem, idem; macrocristalina; efervescência com HCl Mármore
a quente

Textura porfirítica, sem quartzo

Fenocristais de feldspato, Melanocrática, cor preta; massa fundamental Basalto


piroxênio ou hornblenda compacta
Idem, idem Cor preta ou avermelhada quando alterada; rica em Meláfiro ou
cavidades vazias (vesicular) ou preenchidas basalto
(amigdaloidal)

Textura orientada-gnáissica, xistosa

Feldspato, mica e quartzo Leucocrática, macrogranular, xistosidade regular; Gnaisse


pouca divisibilidade
Mica e quartzo Leucocrática, macro ou microgranular; xistosidade e Micaxisto
divisibilidade boa
Biotita, sericita, clorita e Cor cinza-escuro; xistosidade excelente; Filito
quartzo divisibilidade muito boa; microgranular; sedosa ao
tato
Quartzo e mica (pouca) Cor clara; xistosidade fraca ou ausente; áspera ao Quartzito
tato

Quadro 4.5. Características texturais e mineralógicas das principais rochas sedimentares.


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16

Componentes Características Rocha


Sedimentares de srcem clástica

Predominam seixos Cimento arenoso, às vezes calcífero Conglomerado


arredondados maiores que
2,0 mm
Grãos entre 2,0 e 0,02 mm, Grão arredondados, às vezes angulosos; cimento de Arenito
geralmente de quartzo cores variáveis; um tanto friável; áspera ao tato; às
vezes estratificada em amostras; geralmente clara
Grãos entre 0,02 e 0,002 Pouco áspera; um tanto friável; às vezes Argilito
mm estratificada em amostra; em geral, clara
Idem, idem Foliada ou bem estratificada; escura Folhelho
Silte e argila Camadas claras e escuras alternadas Varvito
Silte, argila e areia fina Alternação cíclica de rochas de diferentes Ritmitos
granulometrias; camadas escuras, cinzas e brunas
Seixos arredondados e Sem estratificação; cor cinza; seixos de todos os Tilito
angulosos; tamanhos tamanhos, freqüentemente estriados
variáveis, muita matriz

Seixos
tamanhodeecomposição,
forma variáveis Muita matrizcinza,
cores claras, argilosa; siltosa ou
amarelada, arenosa, cinza;
avermelhada; bem Diamictito
consolidada em afloramentos

Sedimentares de srcem química

Calcita Efervescência com HCl a frio Calcário


Dolomita Efervescência com HCl a quente Dolomito
Calcedônia Compacta; cor cinza-escuro; avermelhada; o Sílex
canivete deixa traço; fratura conchoidal

Sedimentares de srcem orgânica

Pirobetuminoso Insolúvel no éter; à chama em tubo de ensaio, Rocha


produz vapores inflamáveis e condensado pirobetuminosa
betuminoso
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17

Decomposição das rochas - intemperização

A intemperização das rochas envolve processos físicos de desagregação, tais como: variação
de temperatura, congelamento da água, esfoliação, decomposição esferoidal, destruição orgânica,
bem como transformações químicas que determinam alterações mineralógicas e químicas,
envolvendo globalmente, os processos de hidrólise, oxidação, carbonatação, hidratação e
quelação.

a) Hidrólise: conseqüência da dissociação parcial da água em íons H + e OH-, a hidrólise


processa-se principalmente nos silicatos complexos de Ca, Mg, K, Na, Al e Fe. Os íons OH- se
associam aos cátions metálicos e se concentram nos oceanos, dando uma reação alcalina. Os íons
H+ combinam-se com os silicatos de alumínio hidratado, dando srcem aos argilominerais, que são
pouco solúveis. Assim, na terra, fica a reação ácida e no mar, a alcalina.
Exemplo:
Mg2SiO4 (forsterita) + 4H2O  2Mg2+ + 4OH- + H4SiO4

b) Oxidação: é a decomposição química que envolve perda de elétrons. Qualquer elemento


da rocha, como o ferro ou o manganês, por exemplo, ao se combinar com o oxigênio, oxida-se. A
pirita, FeS2 se oxida em óxido de ferro hidratado, goethita23, FeO(OH). O ferro metálico (Fe) se
oxida em sulfeto (FeS), que, oxidando, forma a pirita.
Exemplo:
Fe2SiO4 (faialita) + ½O2 + 2H2O  Fe2O3 (hematita24) + H4SiO4

c) Carbonatação: é a combinação do íon carbonato, CO 32- ou do íon bicarbonato, HCO3-


com o cálcio, magnésio e ferro dos minerais, alterando-os. Por exemplo, tem-se a água
combinando-se com o gás carbônico para formar ácido carbônico, que reage com a dolomita,
formando bicarbonatos de cálcio e magnésio (relativamente solúveis), possibilitando a lixiviação25
desses cátions.
Exemplo:
CaCO3 + H2O + CO2  CaCO3 + H2CO3  Ca(HCO3)2

d) Hidratação: é a combinação da água com certos compostos.


Exemplo:
CaSO4 (anidrita) + 2H2O  CaSO4.2H2O (gipsita)

A presença de água no mineral é indicada pelo grupo OH -, como na caulinita26,


Al8(Si8O20)(OH)16 ou por nH2O, como na gipsita.
A hidratação ocorre junto com processos de carbonatação, hidrólise e oxidação.

e) Quelação: é a retenção de íon, usualmente metálico, dentro de uma estrutura, em forma


de anel, de um composto químico, com propriedade quelante (ou complexante), sendo o húmus o
composto quelante mais freqüente no solo. Assim, o íon retido fica impedido de se ligar ou
combinar com outras substâncias em solução.

23
goethita: oxidróxido de ferro, -FeOOH. É responsável pela coloração amarela dos solos. O termo é uma
homenagem a Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), poeta, dramaturgo, novelista e filósofo alemão.
24
hematita: óxido de ferro, -Fe2O3. É responsável pela coloração vermelha dos solos, devido seu alto poder
pigmentante. O termo é derivado do grego haima, atos, sangue.
25
lixiviação: dissolução e remoção dos constituintes de rochas e de solos.
26
caulinita: grupo de argilominerais do tipo 1:1 com estrutura de filossilicato, formados pelo empilhamento regular de
folhas silicato tetraédricas e folhas hidróxido octaédricas. A etimologia do termo indica a sua srcem baseada no monte
Kaoling (kao, alto; ling, monte), perto de Jauchu Fa, na China, de onde se extraiu o primeiro caulim.
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18

Exemplo:
NH3 NH3 NH3

Co

NH3 NH3 NH3

A intemperização da rocha pode ser estudada também a partir das mudanças de composição
durante os vários estágios de decomposição. Os seus minerais, quando expostos à superfície da
terra, apresentam uma resistência variável à decomposição. Na figura 4.4 tem-se a série de
estabilidade de minerais em face da meteorização (Goldich, 1938, citado por Moniz, 1972),
mostrando que ela é semelhante à ordem de cristalização de Bowen (1928) (Figura 4.5), na qual os
primeiros minerais a se formarem pela consolidação do magma são os menos estáveis, devido à
grande diferença entre as condições físico-químicas do meio em que se cristalizaram e as do meio
ambiente.
Minerais máficos Minerais félsicos
 
Olivina Bytonita
 
Augita Labradorita
 
Hornblenda Oligoclásio
 
Biotita Albita
 
Feldspato Potássico

Moscovita

Quartzo
Figura 4.4. Série de estabilidade dos minerais (a estabilidade cresce de cima para baixo).

Série descontínua Série contínua


(minerais máficos) (minerais félsicos)
Olivina Anortita
 
Piroxênio (Hiperstênio) Bytonita
 
Piroxênio (Augita) Labradorita
Fe/MG crescendo
 
Anfibólio Andesina
 
Biotita Albita
 
Quartzo Feldspato Potássico

Zeólita
Figura 4.5. Diagrama de cristalização de Bowen (1928) (a cristalização cresce de cima para baixo).
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19

As reações genéricas de alteração dos minerais mais comuns nas rochas seguem, então, a
série de estabilidade dos minerais. Exemplos:
Olivina  serpentina
Piroxênio  anfibólio  biotita
Biotita  vermiculita
Mica máfica  ilita  vermiculita  montmorilonita
feldspato  mica branca  caulinita  gibbsita

Para um melhor esclarecimento dos processos que ocorrem na rocha durante sua
decomposição e as transformações que ocorrem no próprio solo, é apresentada no quadro 4.6, a
seqüência de meteorização dos principais minerais de diâmetro inferior a 0,002 mm.
Quadro 4.6. Seqüência de meteorização de minerais com diâmetro inferior a 0,002 mm (os minerais
da fração argila mais freqüentes nos solos tropicais aparecem nos últimos quatro estádios).

Estádio de meteorização Composição mineralógica


1 Gipsita
2 Calcita
3 Olivina e Hornblenda
4 Biotita
5 Albita
6 Quartzo
7 Moscovita
8 Vermiculita
9 Montmorilonita
10
11 Caulinita
Gibbsita
12 Hematita
13 Anatásio e Rutilo
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20

5. FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO


No estudo do solo, é comum adotar-se linguagens matematizadas, as quais, pela capacidade
de síntese, em muito facilitam o entendimento dos mesmos. Uma das linguagens matematizadas
mais utilizadas nos meios acadêmicos, e de grande aceitação, é a de Jenny (1941), conforme
expressa a seguir:

Solo = f (m, cl, o, r, t ...)

onde:
m = material de srcem
cl
o ==organismos
clima
r = relevo
t = tempo

[m, cl, o, r, t] = fatores de formação do solo

Antes da análise individual de cada um dos fatores, é conveniente lembrar que eles são
estreitamente interdependentes, funcionando de forma inter-relacionada. Cada um dos fatores
influencia e é influenciado por todos os outros. Se uma propriedade se altera, muitas outras também
são modificadas. Por exemplo: solos oriundos de material de srcem composto predominantemente
por quartzo (como o granito leucocrático) possuem geralmente alta capacidade de infiltração de
água, boa aeração e textura arenosa; caso tenha-se redução da quantidade de quartzo, pode-se
reduzir a infiltração de água, aumentar a compactabilidade e dificultar o trabalho de máquinas de
movimentação do solo, embora, quase sempre, tem-se também uma maior capacidade de retenção
de íons, refletindo em melhor fertilidade natural do solo.

5.1. MATERIAL DE ORIGEM


Material de srcem é o material intemperizado, não consolidado, de natureza mineral ou
orgânica que deu ou vai dar srcem ao sólum 27 por processos pedogenéticos. É a matéria-prima que
existiu e deu lugar à formação dos solos como atualmente se apresentam.
O material de srcem não é necessariamente uma rocha consolidada, principalmente nas
zonas tropicais, onde a intensa meteorização e conseqüentemente as avançadas alterações dos
constituintes iniciais tornam difícil a sua identificação.
Existem quatro principais grupos de material srcinal:
a) Rochas e sedimentos inconsolidados “in situ28”: afloramentos rochosos e sedimentos
não consolidados, recentes, ou seja, rocha strictu sensu e sedimentos, como as rochas
cristalinas e aluviões.
b) Produtos de alteração de rochas “in situ” : espessas camadas formadas em zonas
tropicais úmidas sob cobertura vegetal protetora, fracamente perturbadas. São comuns

sobre
os granito, xistos e rochas básicas e, raramente, sobre rochas muito resistentes como
quartzitos.
c) Produtos de alteração remanejados: evidenciados pelas linhas de pedra “stone-lines”
ou restos de couraça laterítica29. As causas principais deste remanejamento são a erosão,
a fauna e a flora.

27
sólum: parte superior e pressupostamente mais intemperizada do perfil do solo compreendendo os horizontes A e B.
28
in situ: que está em seu lugar natural ou normal.
29
laterita: termo utilizado para designar material rico em óxidos de ferro, pobre em húmus, que endurece
irreversivelmente quando exposto ao ar.
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21

d) Produtos de pedogênese30 anterior: semelhante ao caso anterior, porém, com


proveniência neste caso, de materiais superficiais que já sofreram alteração
pedogenética. Esses materiais podem ter sido transportados por coluviamento ou erosão,
como podem também ter sido remanejados quase in situ, sob a influência da fauna e da
flora. Podem também ser solos antigos, submetidos atualmente a novos processos
pedogenéticos diferentes daqueles que os formou.
O material de srcem, qualquer que seja sua fonte, tem primordial importância em muitos
atributos dos solos, entre os quais se destacam a textura, a cor, a composição química e
mineralógica. Assim, materiais de srcem de constituição arenoquartzosa (arenitos, coberturas
superficiais arenosas) vão srcinar, em qualquer condição climática, solos de textura arenosa, muito
porosos, com pequena capacidade de retenção de umidade e baixa fertilidade (exceto os solos que
tenham tido adição de constituintes alienígenas favoráveis, como os detritos conchíferos, presentes
no litoral). Por outro lado, solos oriundos de rochas como o diabásio, basalto, diorito, micaxisto,
mármore e ardósia, sob condições de clima quente e úmido e em terrenos de topografia suave,
tendem a dar srcem a solos profundos e argilosos com variada composição química e
mineralógica.

5.2. RELEVO
O relevo refere-se às formas de terreno que compõem uma paisagem. Sua ação principal
consiste na dinâmica da água, seja no sentido vertical (infiltração), seja no sentido lateral (“run-
off”), assim como indiretamente sobre a temperatura e radiações.
A ação do relevo sobre as águas pluviais é apresentada esquematicamente na figura 5.2.1.
Quase toda a água, em relevo pouco movimentado, infiltra no solo com pouca perda por
escorrimento lateral (Figura 5.2.1-a), havendo a tendência de formação de solos profundos,
notadamente os Latossolos. Em relevos deprimidos (Figura 5.2.1-b), há a recepção das águas
fornecidas pela precipitação direta e aquelas oriundas das vertentes vizinhas, ocasionando
freqüentemente o aparecimento de solos hidromórficos. Em relevos muito acidentados, há grande
perda da precipitação por escorrimento lateral, favorecendo os processos erosivos e dificultando o
desenvolvimento de perfis profundos, tendendo à formação de Neossolos (Figura 5.2.1-c).

(a) (b) (c)

Figura 5.2.1. Ação do relevo sobre as águas pluviais (precipitação). (a) em relevo plano ou suave
ondulado as águas de precipitação encontram condições adequadas para drenar
externamente e também para infiltrar no solo; (b) em relevo deprimido há
preferencialmente acúmulo de água; (c) em condições de relevo fortemente movimentado
há maior drenagem que infiltração de água no solo.

O relevo condiciona também as variações de temperatura diurnas, sendo mais amplas nas
altitudes superiores, havendo maior radiação. Além disso, a orientação das vertentes tem efeito
também sobre a quantidade de radiação, precipitação e ventos recebidos.

30
pedogênese: (1) a maneira pela qual o solo se srcina com especial referência aos fatores e processos responsáveis
pelo seu desenvolvimento. (2) uma divisão da Ciência do Solo voltada para o estudo da formação do solo.
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22

Pode-se reconhecer três zonas na paisagem, conforme os processos predominantes:


a) Zonas de exportação: constituídas pelos relevos acidentados e rebordos de planaltos,
onde predominam processos de remoção e transporte de material.
b) Zonas de passagem: situam-se nas bordas das zonas de acúmulo, onde as vertentes são
suficientes para impedir acumulações, mas insuficientes para permitir erosão.
c) Zonas de acúmulo: superfícies deprimidas que se enriquecem em sedimentos sólidos e
em constituintes relativamente móveis (sesquióxidos31, colóides32 silicatados e sais
solúveis) sujeitos a condições desfavoráveis de drenagem.
As zonas muito aplainadas não se enquadram, naturalmente, em nenhuma das situações
acima citadas. Nessas regiões, o relevo não permite nem a remoção, nem o enriquecimento,
excetuando-se a erosão eólica. Estas zonas muitas vezes, cobriram-se de materiais alterados,
produtos de pedogênese múltipla, sofrida durante as variações climáticas. São as partes centrais dos
planaltos ainda não entalhados pela erosão.

5.3. CLIMA
Clima é o conjunto de fenômenos meteorológicos (temperatura, precipitação pluviométrica,
vento, etc.) que caracterizam o estado médio da atmosfera e a sua evolução em um determinado
local.
Os elementos climáticos mais influentes na pedogênese são: temperatura, precipitação
pluviométrica, vento, deficiência e excedente hídrico. Deve-se lembrar que há uma nítida diferença
entre clima atmosférico e clima do solo ou pedoclima. A alteração do material de srcem ou rocha
pela atividade climática e microrganismos pode srcinar diferentes composições do sólum
(horizontes A+B) de acordo também com o relevo predominante (Figura 5.3.1).

Figura 5.3.1. Interações clima-material de srcem-organismos-relevo na pedogênese. (a) as


profundidades do “sólum” (horizonte A+B) podem ser diferentes, mesmo quando a
topografia é a mesma, dependendo da atividade do bioclima e da resistência da rocha; (b)
fixos estes, a profundidade depende do declive.

Temperatura
A temperatura depende em grande escala da latitude do ponto no globo terrestre, porque a
determinação da radiação máxima nesse ponto é calculada através da multiplicação da constante
solar pelo cosseno da latitude.

31
sesquióxido: óxidos, hidróxidos e oxidróxidos de ferro e alumínio. O termo sesquióxido vem do latim sesqui,
abreviação de sexisque (um e meio), mais óxido: óxido que contém uma vez e meia mais oxigênio que o protóxido,
alumínio ou ferro. Um solo rico em sesquióxidos tem altos teores de ferro e alumínio (Fe e Al ou Fe2O3 e Al2O3).
32
colóide: substância em estado de fina subdivisão, cujas partículas estão entre 10-4 e 10-7 de diâmetro. Está contido na
fração argila do solo.
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23

A atividade bioquímica nos processos pedogenéticos possui uma velocidade de reação


máxima em uma temperatura ideal.
As regiões mais adequadas às influências pedogenéticas de srcem biológica estão
localizadas nas áreas intertropicais úmidas, onde a cobertura vegetal protetora alivia os extremos de
temperatura, traduzindo-se assim por:
 altos teores de argila em relação ao silte;
 alterações dos minerais primários, srcinando argilas do tipo caulinítico e sesquióxidos
de ferro e alumínio;
 espessura das camadas de alteração;
 amplitude de certos processos como metabolismo da matéria orgânica e mobilização e
acúmulo de óxidos de ferro livre.
A amplitude das variações diárias e estacionais da temperatura do solo diminui com a
profundidade, limitando-se na maior parte das vezes aos 50 cm iniciais (variações diárias) e 200 cm
(variações estacionais).
Temperaturas elevadas (acima de 45ºC) podem inibir a atividade biológica. Tal fato pode
ocorrer em climas semi-árido ou árido. As zonas extremamente frias ou com inverno intenso
também reduzem a atividade biológica através do congelamento da água no solo.
As regiões de baixa e média altitude, com clima mais seco e variações diurnas e estacionais
acusando amplitudes maiores, as camadas alteradas são menos profundas e o grau de alteração,
menor devido à menor disponibilidade de água. A adição de matéria orgânica no solo é menos
importante que nas regiões úmidas.
Nos planaltos, o clima mais seco e as temperaturas menos elevadas concorrem para uma
diminuição generalizada dos fenômenos de alteração, contribuindo também para solos pouco
alterados e solos orgânicos não hidromórficos.
Assim, observa-se, nas regiões tropicais, uma condição de intemperismo três vezes superior
à das regiões temperadas e até nove vezes superior à condição das regiões árticas, tendo-se o
processo de hidrólise como fator principal (mas não o único).
Precipitação e evapotranspiração
A água fornecida pela chuva possui dois papéis bem distintos no solo:
a) É integrante dos constituintes recém formados do solo: matéria orgânica, argilas, óxidos
hidratados;
b) É um importante agente transportador, seja por drenagem externa, percolação ou como
solução vascular das plantas e componente de todo organismo vivo do solo.
Sempre que há água excedente, há uma intensificação dos processos pedogenéticos,
principalmente devido ao processo de lixiviação. Assim, somente a pluviosidade não fornece
elementos suficientes para o estudo da pedogênese, sendo necessário o balanço hídrico para o
cálculo da água excedente.
A água que percola no solo depende, além das características de porosidade e estrutura do
solo, das formas do relevo (condicionantes das perdas laterais) e das condições climáticas.
A evapotranspiração excessiva, gerando déficit hídrico, pode levar à formação de solos
salinos, pelo movimento ascendente da água, que deposita cátions básicos e alcalinos (Na +) na
superfície, elevando o pH.
A precipitação excessiva, superando a evapotranspiração, nas regiões de clima tropical e
subtropical úmido, pode causar lixiviação, muitas vezes excessiva, de cátions alcalinos e básicos,
causando acidez. Tal fenômeno, pode ser explicado pela água circundante dos minerais em processo
de hidrólise que está sendo renovada continuamente, removendo os cátions liberados. Se houver
interrupção da lixiviação, a reação é bloqueada e o mineral subsiste.
É o processo de hidrólise, aliado ao de dissolução que a solução do solo age sobre os
minerais das rochas, materiais de srcem e horizontes do perfil do solo, alterando os minerais
primários e promovendo o transporte seletivo dos elementos liberados e neoformados, que de um
horizonte para outro, quer mesmo para fora do perfil, rumo aos lagos, rios e oceanos.
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24

Ventos
Os ventos agem diretamente sobre o balanço hídrico dos solos, pela sua ação removedora da
umidade atmosférica sobre o mesmo, favorecendo os fenômenos de ascensão capilar e
ressecamento das camadas superficiais.
Atuam também sobre as coberturas vegetais, modificando o clima, transportando as massas
de ar quente ou frio, pelos efeitos abrasivos e erosivos, pela contribuição nos processos de adições
(sais, poeiras, areias, etc.) e de remanejo mecânico.

5.4. ORGANISMOS
Os organismos compreendem a microflora, macroflora, microfauna, macrofauna, e o ser
humano, que atuam sobre ou dentro do solo, como agentes pedogenéticos. Os microrganismos
(bactérias, fungos, actinomicetos33 e algas), raízes de plantas e animais viventes no solo são
exemplos desses organismos.
Tem-se, no quadro 5.4.1 uma estimativa do número relativo e da biomassa (peso por unidade
de volume ou área de solo) de grupos de organismos que ocorrem comumente em solos de regiões
de clima temperado.

Quadro 5.4.1. Microrganismos comuns em solos.


Organismos Valores comuns da camada superficial dos solo*
Número por m2 Biomassa em kg.ha-1**
________________________________
Microflora ________________________________
13 14
Bactérias 10 – 10 400-4000
Actinomicetos 1012 – 1013 400-4000
10 11
Fungos
Algas 10
109 –– 10
1010 500-5000
50-500
________________________________ _______________________________
Microfauna
Protozoários 109 – 1010 15-150
Nematóides 106 – 107 10-100
Outros 103 – 105 15-150
*Considera-se normalmente uma profundidade de 15 cm. **Base em peso vivo.

Cobertura vegetal
A cobertura vegetal contribui para a atenuação da agressividade do clima e a amplitude das
variações térmicas e hídricas, criando condições mais favoráveis às atividades biológicas. Porém, há
uma grande variação de sua influência sobre a pedogênese em função de sua estrutura e tipo. Sabe-
se, por exemplo, que há reduções superiores a 80% da radiação solar em condições de cobertura
vegetal densa.
A cobertura vegetal fornece também ao solo a matéria orgânica bruta, que srcinará ácidos
húmicos e outros compostos com ações específicas sobre o material de srcem. Essa matéria
orgânica bruta varia sua influência de acordo com a forma de adição ao solo: a vegetação
graminóide, fornece maior quantidade de material em profundidade, devido ao seu sistema
radicular; a vegetação de grande porte contribui com a adição na superfície do solo.
O remanejamento mecânico efetuado nos vazios deixados pelas raízes que se decompõem,
assim como aqueles devidos à queda de árvores, influem nos processos de homogeneização dos
perfis.

33
actinomiceto: termo não taxonômico aplicado a um grupo de organismos com características intermediárias entre as
bactérias simples e os fungos verdadeiros.
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25

Fauna
A fauna possui papel diferenciado de acordo com o tipo de solo, sofrendo também grande
influência da porosidade e estrutura do solo. Nos solos hidromórficos, seu papel é discreto, porém,
em solos da região dos Cerrados, tem-se na ação de térmitas (cupins) uma das grandes contribuições
para a pedogênese, através da construção de ninhos com vários metros de altura e de base. Esta
atividade traduz-se no solo pela criação de galerias e pelo transporte de material, homogeneizando
os perfis.
A fauna age também pela subdivisão dos materiais grosseiros (folhas, galhos, etc.),
facilitando o ataque microbiano.

Ser humano
A influência do ser humano na pedogênese pode ser observada nas perturbações intensas das
camadas de solo, resultantes dos trabalhos de construção de estradas, modificações do pedoclima
devido às irrigações e drenagens, introdução de plantas, uso de agrotóxicos, manejo do solo, etc.
Porém, há de se ressaltar a alteração do clima pela atividade humana, onde, por exemplo,
observa-se a elevação da temperatura média do planeta, com conseqüências diretas sobre a
pedogênese.

5.5. TEMPO
De todos os fatores de formação do solo, o tempo é o mais passivo, pois não adiciona e nem
exporta material, muito menos gerando energia. Porém, sabe-se que o estado do sistema solo não é
estático, varia com o tempo.
Há uma clara distinção entre a idade e a maturidade de um solo. Um solo pode ter pequena
idade absoluta e ser bem mais maduro que outro com idade absoluta bem maior. A idade absoluta é
a medida dos anos passados desde o seu início de formação até o momento, enquanto maturidade é
a evolução sofrida pelo mesmo em igual período.
A estimativa do grau de maturidade ou idade relativa dos solos é baseada na diferenciação
de horizontes. Na prática, aceita-se que quanto maior o número de horizontes e maior sua espessura,
mais maduro é o solo (é uma inferência, não constituindo uma teoria definitiva).
Para Jenny (1941), um solo alcança sua maturidade quando se tem um equilíbrio entre o
tempo e a característica selecionada do solo, ou seja, uma característica do solo está em equilíbrio
com o meio quando suas propriedades não mudam mais com o tempo, isto é quando:
s = 0
t
onde: s = variação de uma característica qualquer do solo (igual a zero)
t = variação do tempo

Tem-se, na figura 5.5.1 a expressão gráfica da relação acima para diferentes solos, onde o
equilíbrio é alcançado quando a curva se torna e permanece horizontal, indicando que a relação de
mudança é insignificante. Observa-se também na mesma figura, que solos distintos, em igual
período de tempo, podem apresentar estágios de evolução diferente.
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26

Figura 5.5.1. Características do solo em função do tempo, correlacionadas com o grau de


maturidade. O solo I alcança o amadurecimento mais cedo que o solo II.

Nas regiões tropicais, tem-se predominantemente o solo I, pois as velocidades de reação,


como foi visto anteriormente, são maiores que nas outras regiões, e os solos normalmente alcançam
sua maturidade em menor tempo que aqueles das regiões de latitudes mais elevadas (solo II).
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27

6. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO


6.1. PROCESSOS BÁSICOS DE FORMAÇÃO DO SOLO
No item 5, foram abordados os fatores de formação do solo, seus efeitos específicos mais
marcantes e também o alto grau de interdependência destes. Dessa forma, tem-se a necessidade de
admissão da existência de processos pedogenéticos bastante complexos, também com alto grau de
interdependência.
Na formação dos solos ocorrem reações físicas, químicas e biológicas que determinam os
diferentes horizontes com suas características peculiares.
São admitidos quatro processos, considerados básicos (Quadro 6.1.1).

Quadro 6.1.1. Tipos de processos de formação do solo e exemplos.


Processo Exemplos
Transformação Ruptura da rede cristalina dos minerais primários
Gênese dos minerais de argila34
Decomposição da matéria orgânica
Remoção Lixiviação de elementos para o lençol freático
Erosão
Translocação Eluviação35 de matéria orgânica, argila silicatada e óxidos do horizonte A para o
B
Movimentação de material dentro do perfil em outras direções
Adição Incorporação de matéria orgânica ao solo
Sedimentação ligeira

Transformação
É toda modificação química, física ou biológica dos constituintes do solo, sejam eles
residuais, neoformados ou importados. O processo de transformação constitui talvez o mais sedutor
e complexo dos processos de pedogênese, sendo sua ação responsável pela organização de
horizontes de grande importância, tais como os horizontes Bw característicos dos Latossolos.
Os mecanismos que promovem as alterações físicas (cristalização dos sais, ação mecânica
das raízes) e químicas (dissolução, oxidação, hidrólise), as seqüências e índices das alterações, neo-
síntese das argilas, transformações e síntese de compostos orgânicos e produtos orgânico-minerais,
são alguns dos vários estudos relacionados com este processo.

Remoção
Refere-se ao processo pelo qual os constituintes do solo deixam o perfil. Algumas remoções
ocorrem pela superfície e outras em profundidade.
A partir da superfície, tem-se a exportação pelas colheitas que incluem todos os elementos
oriundos do solo que participam da formação dos tecidos vegetais e que são transportados nas
partes colhidas dos vegetais; remoção pelo fogo através da queima dos tecidos vegetais, grande
quantidade de material residual é solubilizado, perdendo-se nas águas de percolação lateral ou
interna, ou aindaremoção
por exemplo); pelo arraste mecânico
pelas nas enxurradas,
enxurradas ação do vento
nas áreas declivosas, ou volatilização
sempre (nitrogênio,
que a intensidade de
precipitação superar a capacidade de infiltração de água no solo – é um dos fenômenos mais ativos

34
mineral de argila: material fino normalmente cristalino, constituinte do solo e de outros depósitos terrosos, com
partículas dentro da fração argila, isto é, com diâmetro equivalente inferior a 0,002 mm. A denominação mineral de
argila está relacionada com a pequena dimensão das partículas e independe de sua composição química ou
mineralógica, ao contrário de argilomineral que se refere a um conjunto de minerais com uma determinada composição
e estrutura cristalina.
35
eluviação: remoção de material do solo, em suspensão ou em solução, de qualquer (quaisquer) horizonte(s) ou
camada(s). Usualmente a perda de material em solução é descrita pelo termo lixiviação.
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28

na pedogênese e na morfogênese; remoção pelo vento em áreas com fraca cobertura vegetal e
atingidas por ventos fortes, tendo pouca expressão no Brasil.
As remoções que ocorrem em profundidade, são as migrações da solução do solo que
ocorrem sob o efeito da gravidade em direção ao lençol freático. É uma continuação do processo de
transporte seletivo, ocorrendo quando o solo está saturado através dos grandes poros, fendas e
bioporos, etc. Normalmente são estudados através do uso de lisímetros. Um bom exemplo de
remoção em profundidade são as perdas de bases do solo.
Tem-se também como processo de remoção as migrações laterais cujo exemplo típico é a
formação das bancadas lateríticas pela movimentação de substâncias dissolvidas na solução dos
solos, em declive, com o ressurgimento em algum ponto da encosta onde há oxidação e
endurecimento de alguns dos compostos, como o ferro, por exemplo.

Translocação
A translocação compreende todo transporte seletivo no interior dos perfis, seja de
constituintes residuais, seja de neoformação, ou importados, e sua deposição em certos níveis dos
mesmos. Sua importância reside na individualização dos horizontes e, conseqüentemente, dos perfis
do solo.
Esse processo ocorre nos poros do solo, efetuando-se principalmente por intermédio de:
a) Solução livre do solo: de forma intensa nas fendas deixadas após períodos de
ressecamento, nos grandes poros e nos canais oriundos da decomposição de raízes
grossas, sendo minimizada nos macro e microporos do solo (depende da solubilidade das
substâncias transportadas). A cerosidade e o incremento de argila do horizonte A para o
B, srcinando o Bt (B textural) é um exemplo típico.
b) Soluções vasculares dos vegetais: os sistemas radiculares retiram certas substâncias de
profundidades maiores do solo, trazendo-as para as camadas superficiais, reciclando os
elementos do solo, porém, devido à respiração celular, há grande perda de água por
evapotranspiração. Caso os elementos retidos na parte aérea dos vegetais sejam
adicionados ao solo, tem-se o processo a seguir (adição).
c) Movimentos dos seres vivos: é o transporte realizado por seres vivos que se processa no
interior do perfil do solo. A atividade de térmitas (cupins) é um exemplo de como a
atividade de um grupo de insetos pode contribuir sobremaneira na formação de solos,
através da construção de galerias subterrâneas, com transporte de material em vários
sentidos, homogeneizando o perfil.

Adição
Considera-se adição tudo aquilo que entra no perfil do solo, vindo do mundo exterior por
qualquer mecanismo. Segundo o agente de transporte, temos os seguintes tipos de adição:
a) Adição eólica: ocorrem na superfície do solo, através do transporte efetuado pelo vento,
diretamente proporcional à sua velocidade e inversamente ao peso das partículas
transportadas. Normalmente são transportados pelo vento: poeiras, cinzas vulcânicas,
cinzas de queimadas, sais, etc.
b) Adição por precipitação pluvial: possui importância devido à adição da própria água,
constituinte dos seres
adição de materiais vivos e de
dissolvidos oualguns minerais do solo, além de ser responsável pela
carreados.
c) Adição por difusão: ocorre em virtude da variação da proporção de ar:água nos poros do
solo, de acordo com a umidade, promovendo um fluxo contínuo e bilateral do ar,
alterando a dinâmica de adição de oxigênio, nitrogênio e gás carbônico.
d) Adição pelo movimento interno da água: através do lençol freático, pelos movimentos
internos de drenagem e pela ascensão capilar, dentro do perfil. A presença de solos
salinos, está ligada à flutuação do lençol freático e ascensão capilar, principalmente nos
climas áridos.
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29

Há ainda outras formas de adição: adição pelos rios, adição pelos mares, adições
coluvionares, etc.

6.2. PROCESSOS GERAIS DE FORMAÇÃO DO SOLO


Um processo de formação do solo é uma complexa seqüência de eventos, incluindo reações
complicadas e rearranjamentos comparativamente simples de material, que afetam intimamente o
solo no qual ocorrem. Numerosos eventos podem ocorrer simultaneamente ou em seqüência,
reforçando ou contrapondo um ao outro. Por exemplo, tem-se o processo de dessilicatização, com a
retirada de sílica do solo pela água e sua conseqüente intensificação pela lixiviação.
A seguir,
os processos são apresentados
básicos, alguns
descritos no item processos gerais de formação do solo, os quais envolvem
anterior.

Podzolização
Consiste na translocação de material do horizonte A, acumulando-se no horizonte B. Caso o
material translocado seja matéria orgânica e óxidos de Fe e de Al, algo que acontece normalmente
quando o material é pobre em argila (quartzito ou arenito pobre ou sedimentos quartzosos, por
exemplo) e a drenagem é deficiente, tem-se um solo com B espódico (ou podzol). Normalmente,
esses solos ocorrem nas regiões frias do planeta, com vegetação de coníferas, mas, no Brasil, em
virtude de condições locais, como ao longo das áreas de restinga, trechos de Platôs Litorâneos, no
chamado Leque do Taquaril (Pantanal) e em trechos do rio Negro na Amazônia (AM e RR), tem-se
a formação de horizonte espódico, mesmo em condições de temperatura mais elevada.
Caso o material translocado seja argila silicatada (material de srcem geralmente mais
argiloso), que se deposita nas superfícies dos agregados do horizonte B e forma a cerosidade, tem-
se um solo com B textural (Bt).
Assim, conclui-se que:
a) Solos que sofreram o processo de podzolização têm os horizontes bem diferenciados,
provocados pela translocação;
b) Solos com B espódicos são bastante pobres e bastante ácidos, uma vez que a vegetação,
ao se decompor, provoca grande acidez ao solo, além de serem oriundos de material de
srcem pobre;
c) Solos com B textural são mais férteis que os com B espódico, apresentando mais argila
no horizonte B do que no horizonte A;
d) Como normalmente solos com B espódico e B textural situam-se em relevo
movimentado, tendem a ser facilmente erodíveis36, devido ao material arenoso e menos
estruturado do horizonte A. No caso do B textural, ainda tem-se um agravante, que é a
maior dificuldade de infiltração de água imediatamente abaixo do A, devido à diferença
de textura.

Latolização
Esse processo consiste na remoção de sílica e de bases do perfil, após transformação
(intemperismo) dosnaminerais
horizonte B, como constituintes. Praticamente não há translocação de material para o
podzolização.
Solos srcinados dessa classe de processos são aqueles com horizonte B latossólico, sendo
os mais desenvolvidos (velhos) da crosta terrestre. Normalmente ocupam as superfícies mais
elevadas (planaltos) em relação à paisagem circundante.
Assim, conclui-se que:

36
erodível: diz respeito a suscetibilidade de um solo à erosão. Expresso por termos, tais como: altamente erodível,
ligeiramente erodível, etc.
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30

a) Latossolos são solos profundos, com pouca diferenciação entre horizontes, bastante
intemperizados, com argilas de baixíssima atividade, pouca retenção de bases e virtual
ausência de minerais primários facilmente intemperizáveis;
b) Devido à lixiviação da sílica e de outros elementos, há um enriquecimento relativo em
óxidos de Fe e de Al (Figura 6.2.1). Estes, como agentes agregantes e a gibbsita, em
particular, que evita o ajuste face a face da caulinita, ao final do processo desenvolvem a
macroporosidade, dando à massa do solo um aspecto maciço poroso (esponjoso),
formada de estrutura granular muito pequena, resistência à erosão, maciez (quando seco)
e alta friabilidade37 (úmido), facilitando o trabalho de mecanização do solo, mesmo
depois das chuvas (Figura 6.2.2).

Al
O
Si

Tetraedro de Si e O Octaedro de Al e O

Na

Caulinita (1:1) Smectita (2:1)


Figura 6.2.1. Argilominerais do solo e seus componentes.

Figura 6.2.2. Modelo de estruturação do solo, com participação de gibbsita (A) e hematita e goethita
(B), na fração argila (Ferreira, 1999).
Hidromorfismo

37
friabilidade: qualidade de consistência do solo. Facilidade de desagregação do material de solo, quando úmido.
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31

Quando se tem uma condição de saturação dos poros do solo por água, na maior parte do
tempo, tem-se a predominância do processo de hidromorfismo, ligado ao arejamento deficiente, que
condiciona uma decomposição lenta da matéria orgânica, provocando seu acúmulo e um ambiente
de redução (baixo potencial de oxi-redução), que transforma Fe e Mn em formas reduzidas
(solúveis), facilitando sua migração ou a toxidez para as plantas.
A ausência de Fe (III) (Fe oxidado) ou a presença de Fe (II) (Fe reduzido) faz com que o
solo tenha o aspecto acinzentado, esverdeado ou azulado (gleizado – cores cinzentas) abaixo da
camada de matéria orgânica (a coloração esverdeada ou azulada geralmente indica presença de Fe
(II)). Dessa forma, infere-se o seguinte:
a) Solos hidromórficos estão localizados nas depressões, onde se tem o acúmulo de
material (zona de acúmulo);
b) Quando drenados, natural ou artificialmente, podem apresentar deficiência de Fe e Mn,
que são levados para fora do alcance das raízes. O Mn é reduzido mais rapidamente que
o Fe, porém é reoxidado mais lentamente.

Halomorfismo
O halomorfismo é um processo no qual há concentração de sais, fornecendo ao solo certas
características peculiares. Os solos halomórficos ou salinos localizam-se em depressões onde possa
ocorrer excesso de sais e de água temporariamente. Os sais são trazidos das elevações
circunvizinhas pela enxurrada ou pelo lençol freático. Muitas vezes também o local é rico em sais
por causa de depósitos marinhos.
Se o excesso de sais é removido, ficando muitos íons sódio (Na) adsorvidos 38 nas argilas,
tem-se um solo alcalino (Planossolo Nátrico – nova classificação ou Solonetz – antiga
classificação). Se o Na é removido e substituído pelo H, tem-se o
Assim, tem-se algumas observações:
a) Sais e hidrogênio são floculantes39, portanto, quanto maior a presença destes elementos,
maior macroporosidade será encontrada no solo;
b) Devido à ação dispersante do Na, tem-se normalmente maior eluviação (translocação) de
argila do horizonte A para o B, em condições de alta concentração desse íon;
c) Quanto mais Na, maior o pH (alcalinidade) e quanto mais H, menor o pH (acidez).

Outros processos gerais de formação do solo


No quadro 6.2.1 são apresentados outros processos gerais de formação do solo e ainda um
comparativo entre os processos já vistos.
Quadro 6.2.1. Processos gerais de formação do solo e sua relação com processos básicos.
Processo geral Processo básico Descrição
Eluviação Translocação Movimento de material para fora de uma porção do perfil
do solo, como no horizonte E álbico
Iluviação Translocação Movimento de material para dentro de uma porção do
perfil do solo, como no horizonte B textural
Lixiviação (depleção) Remoção Termo genérico, utilizado para a lavagem ou eluviação de
materiais solúveis do sólum
Enriquecimento Adição Termo genérico, para adição de material a um corpo de
solo
Erosão, superficial Remoção Retirada de material da camada superficial de um solo
Acúmulo Adição Adição de partículas minerais na superfície de um solo,
38
adsorção: processo pelo qual átomos, moléculas ou íons são retidos na superfície de sólidos por intermédio de
ligações químicas ou físicas. Ex.: adsorção de cátions por colóides carregados negativamente.
39
floculação: precipitação da fase dispersa de um colóide, pela reunião de partículas individuais, formando pequenos
grumos ou agregados. Usado comumente com referência à fração argila do solo.
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32

via eólica, hídrica ou humana


Descalcificação Translocação Reações que removem carbonatos de cálcio de um ou
mais horizontes do solo
Calcificação Translocação Processos que incluem acúmulo de carbonato de cálcio
em horizontes do solo.
Salinização Translocação Acúmulo de sais solúveis com sulfatos de cálcio,
magnésio, sódio e potássio em horizontes salinos
Dessalinização Translocação Remoção de sais solúveis de horizontes salinos do solo
Alcalinização Translocação Acúmulo de íons Na nos sítios de troca em um solo
Dealcalinização Translocação
Lixiviação de íons Na e sais de horizontes salinos
Lessivagem Translocação
Migração mecânica de pequenas partículas minerais do
horizonte A para o horizonte B de um solo, produzindo
horizontes B relativamente ricos em argila
Pedoturbação Translocação Ciclagem de materiais por via biológica e ciclos de
umedecimento e secagem, homogeneizando o sólum em
diferentes graus
Podzolização Translocação, Migração química de Al e Fe e/ou matéria orgânica,
transformação resultando na concentração de sílica na camada iluviada.
Dessilicatização Translocação, Migração química de sílica para fora do sólum e
(ferralitização, transformação conseqüente concentração de sesquióxidos (goethita,
ferritização, alitização) gibbsita, etc.), com ou sem formação de camadas
endurecidas (laterita, plintita endurecida) e concreções
Decomposição Transformação Rompimento da estrutura molecular de minerais e
materiais orgânicos
Síntese Transformação Formação de novas partículas de minerais e espécies
orgânicas
Melanização Adição, Escurecimento de material composto por minerais
translocação félsicos, através da incorporação de matéria orgânica
Leucinização Translocação Embranquecimento de horizontes do solo por retirada de
material orgânico escuro
Mineralização Transformação Formação de material oxidado oriundo da decomposição
de matéria orgânica
Gleização Translocação, Redução do Fe sob condições anaeróbicas (lençol freático
transformação superficial) com a produção de cores azuladas e
esverdeadas, com ou sem variações de amarelo, marrom
ou preto, oriundas de concreções de ferro e manganês.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, M.M.; FERNANDES, B. & CURI, N. Mineralogia da fração argila e estrutura de
Latossolos da região Sudeste do Brasil. R. Bras. Ci. Solo, 23:507-514, 1999.
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33

7. PERFIL DO SOLO E HORIZONTES


O solo, quando examinado a partir da superfície, possui seções aproximadamente paralelas,
que são denominadas horizontes ou camadas, distintas do material de srcem, em função dos
diversos processos pedogenéticos: transformações, remoções, translocações e perdas. A camada
difere do horizonte pelo fato de o conjunto de suas propriedades não ser resultante ou então pouco
influenciada pela atuação de processos pedogenéticos.
Os diferentes horizontes, quando dispostos de forma natural no campo, de forma sobreposta,
apresentando anisotropia predominantemente vertical, formam o perfil de solo que constitui a
menor porção da superfície da terra, apresentando três dimensões e um volume mínimo que
possibilite o estudo da variabilidade dos atributos, propriedades e características dos horizontes ou
camadasA do solo,
parte além demais
superior, seu material de srcem,
intemperizada em alguns
do perfil casos.
do solo, correspondente aos horizontes A+B
denomina-se sólum. O material inconsolidado de rochas intemperizadas, de qualquer material de
srcem, que recobre extensas áreas da superfície terrestre, denomina-se regolito (Figura 7.1).

Figura 7.1. Perfil de solo hipotético, contendo o regolito, sólum e a rocha.

Nas condições de clima tropical úmido (Brasil), a atividade biológica e os processos


pedogenéticos normalmente ultrapassam profundidades maiores que 200 cm. Porém, por questões
práticas de execução de trabalhos de campo, principalmente, o limite fixado para o estudo do solo é
de 200 cm, exceto quando:
a) O horizonte A exceder a 150 cm de espessura, passando-se o limite para 300 cm, ou;
b) No perfil, estiver presente o horizonte E, cuja espessura somada a do A seja igual ou maior
que 200 cm, passando-se o limite para 400 cm.
Os horizontes ou as camadas podem ser de natureza mineral40 ou orgânica41, sendo
simbolizados por: O, H, A, E, B, C, F e R. Por definição, A, E e B sempre são horizontes, enquanto
O, H, C e F podem ser horizontes ou camadas, conforme a sua evolução pedológica e R é
exclusivamente camada. Algumas características dos horizontes A, B e C e da camada R são
apresentadas no quadro 7.1.

40
horizonte mineral: seção constituída dominantemente por material mineral, apresentando menos de 12% de carbono
orgânico se a fração mineral tiver 60% ou mais de argila, ou menos que 8% de carbono orgânico se a fração mineral não
tiver argila; ou valores intermediários de carbono orgânico proporcionais aos conteúdos intermediários de argila.
41
horizonte orgânico: seção constituída por material orgânico, em proporção superior ao especificado para o horizonte
mineral.
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34

Quadro 7.1. Algumas características e implicações dos horizontes ou camadas do perfil de solo
acima da rocha fresca.

Horizontes Interpretação
A Mais escuro e mais rico em matéria orgânica. Tende a ser mais bem expresso nas áreas
mais elevadas, menos quentes, ou com deficiência de drenagem. É nele que o contato
com a maioria das plantas e animais faz-se mais intenso. Há, em geral, mais raízes,
mais microrganismos, mais vida.

B É o horizonte, em geral, mais argiloso e menos erodível de todos. Se sua estrutura é


granular, bem expressa, como em alguns Latossolos, é muito suscetível à erosão em
sulcos. Apesar da menor presença de raízes em relação ao horizonte A, em algumas
épocas do ano, essas raízes são as únicas a absorverem água e nutrientes.

C Tende a ser o menos argiloso, mais silte, mais erodível e de coloração menos
homogênea dos horizontes. Dependendo da profundidade em que se encontra, algumas
raízes podem chegar até ele, sendo válida a mesma situação do horizonte B.

R Rocha fresca, ainda não intemperizada. É impermeável e tende a limitar o lençol


freático. As raízes penetram somente através das fraturas. Possui minerais com
nutrientes ainda a liberar. A liberação tende a ser maior quanto mais quente for o
clima, menor for o fragmento da rocha fresca e mais próxima estiver da superfície.

Os vários horizontes e camadas componentes de um perfil de solo nem sempre são evidentes
e nem sempre têm limites bem definidos. Em depósitos geológicos muito recentes, tais como
material aluvial depositado às margens de rios, lagos e encostas íngremes muito erodidas,

horizontes genéticos podem não


se individualizam serintensamente,
mais distinguíveis. sendo,
À medida
em que
seusaprimeiros
formaçãoestágios,
do solo prossegue, os
distinguíveis
somente através do estudo analítico de amostras em laboratório. Posteriormente, os horizontes se
tornarão mais evidentes no campo.
Por outro lado, solos tropicais, tais como os Latossolos, por serem muito evoluídos e
bastante profundos, possuem menor diferenciação de horizontes, sendo, às vezes, difícil a separação
destes sem um exame mais minucioso. Novas técnicas como a micromorfologia desempenham um
papel importante no estudo da variabilidade dentro dos diferentes horizontes dos Latossolos, antes
considerados totalmente homogêneos.
O reconhecimento e a delimitação de horizontes e camadas, de um perfil de solo no campo,
deve considerar as diferenças morfológicas, perceptíveis entre as combinações de atributos
presentes em cada uma das seções. A cor, a textura, a estrutura, a consistência, a cerosidade, a
presença de nódulos e concreções, a espessura dos horizontes, a nitidez e conformação dos limites
entre eles, são os principais atributos examinados, sendo registrados nas descrições morfológicas de
perfis de solos.
Nem todas as características inerentes aos horizontes e, conseqüentemente, identificadoras
dos perfis,
exemplo são observáveis
a saturação e/ou
por bases 42 quantificáveis mediante o exame morfológico. Tem-se como
e por alumínio, porcentagem de argila, teor relativo de matéria
orgânica, presença de carbonatos e de sais solúveis, compostos de enxofre, proporção relativa de
minerais primários facilmente intemperizáveis, teor e a natureza dos óxidos de ferro presentes e a
constituição mineralógica dominante na fração argila.
Os perfis de solo são estudados geralmente em barrancos de estradas, trincheiras e outras
condições onde se tenha exposição das seções do solo de forma adequada, porém, cuidados devem
42
saturação por bases: representada por V%, é a proporção na qual o complexo de adsorção de um solo está saturado
por cátions alcalinos e alcalino-terrosos, expressa em porcentagem, em relação à capacidade de troca de cátions pela
fórmula: V% = {(Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+) x 100}/(Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+ + Al3+ + H+).
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ser observados, tais como a incidência de raios solares, chuva, tempo de exposição do perfil às
intempéries (deve-se, neste caso, retirar e descartar uma camada vertical de material para melhor
visualização), e ainda se o perfil é truncado ou não (quando há perda de parte ou de todos os
horizontes superficiais ao B, ou inclusive, parte deste último). A identificação do perfil truncado
pode ser realizada através de comparação do perfil suspeito com um perfil de mata virgem, por
exemplo, nas mesmas condições pedológicas (relevo, tipo de solo, declive, etc.).
O “corpo de solo” é o seu perfil, consideradas suas dimensões laterais, e o menor volume
chamado de “solo” é o pedon. O conjunto de pedons é denominado polipedon (Figura 7.2).

Figura 7.2. Pedon e polipedon.

Na figura 7.3, tem-se um perfil de solo hipotético, com descrições sucintas dos horizontes
mais comuns. Devido à particularidade da gênese de cada horizonte, não ocorrem todos
simultaneamente em um mesmo perfil, mas todo perfil contém algum(ns) deles.

Figura 7.3. Perfil de solo hipotético, contendo a maior parte dos horizontes principais.

Na figura 7.4 podem ser observados os perfis de alguns solos encontrados no Brasil e seus
respectivos horizontes.
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Figura 7.4. Perfis hipotéticos ilustrando diferentes horizontes e camadas: A – Argissolo, B –


Latossolo, C – Espodossolo (antigo Podzol), D – Planossolo Nátrico (antigo Solonetz), E
– Gleissolo, F – Neossolo (antigo Solo Litólico).

As várias combinações de letras maiúsculas dos horizontes com as minúsculas, sufixos e


sinais (Quadro 7.2) identificam ambientes peculiares, subdividindo as classes identificadas pelas
letras maiúsculas em ambientes mais específicos. Alguns desses ambientes na forma de camadas ou
estratos paralelos à superfície são conhecidos como horizontes diagnósticos.
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37

Quadro 7.2. Sufixos e sinais convencionais para distinções subordinadas de horizontes e camadas
principais.

Símbolo Definição
a Propriedades ândicas
b Horizonte enterrado
c Concreções
d Acentuada decomposição do material orgânico
e Escurecimento da parte externa dos agregados por matéria orgânica não associada a
sesquióxidos
f Plintita
g Glei
h Acumulação iluvial de matéria orgânica
i Incipiente desenvolvimento de horizonte B
j Tiomorfismo
k Presença de carbonatos
k Acumulação de carbonato de cálcio secundário
m Extremamente cimentado (consolidação)
n Acumulação de sódio
o Material orgânico mal ou não decomposto
p Aração ou outras pedoturbações
q Acumulação de sílica
r Rocha branda ou saprolito, aplicável ao horizonte C
s Acumulação iluvial de sesquióxidos com matéria orgânica
t Acumulação de argila silicatada
u Modificações e acumulações antropogênicas
v Características vérticas
x Cimentação aparente, reversível
w Intensa alteração com inexpressiva acumulação de argila, com ou sem concentração de
sesquióxidos
y Acumulação de sulfato de cálcio sob forma de gipsita (gipso)
z Acumulação de sais mais solúveis em água que o sulfato de cálcio
‘ Símbolo que qualifica o segundo horizonte repetido na mesma seqüência
“ Idem terceiro horizonte

A seguir, serão apresentados os horizontes diagnósticos superficiais e subsuperficiais,


utilizados no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006).

HORIZONTES DIAGNÓSTICOS SUPERFICIAIS

Horizonte hístico
É definido pela constituição orgânica, resultante de acumulações de resíduos vegetais
depositados superficialmente, ainda que, no presente, possa encontrar-se recoberto por horizontes
ou depósitos minerais e mesmo camadas orgânicas mais recentes.
O horizonte hístico apresenta coloração escura e constitui-se de camadas superficiais
espessas em solos orgânicos ou de espessura maior ou igual a 20 cm quando sobrejacente a material
mineral. Mesmo após o revolvimento da parte superficial do solo (ex.: por aração), os teores de
matéria orgânica, após mesclagem com materiais minerais, mantêm-se elevados.
Este horizonte compreende materiais depositados nos solos sob condições de excesso de
água (horizonte H), por longos períodos ou todo o ano, ainda que no presente tenham sido
artificialmente drenados, e materiais onde não é observada influência recente de ambiente de
saturação por água (turfeiras e horizonte O), condicionada por má drenagem do perfil.

Horizonte A chernozêmico
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Horizonte mineral superficial, relativamente espesso, de cor escura, com alta saturação por
bases e macio quando seco. Presente em Chernossolos desenvolvidos em pradarias e os srcinados
em superfícies geomórficas recentes sobre rochas básicas ou calcário, em climas com prolongada
estação seca.

Horizonte A proeminente
As características do horizonte A proeminente são comparáveis àquelas do A chernozêmico,
no que se refere a cor, teor de carbono orgânico, consistência, estrutura e espessura; diferindo,
essencialmente, por apresentar saturação por bases (V%) inferior a 65%. Normalmente é ácido.

Horizonte A húmico
Horizonte mineral superficial de cor escura com valor 43 e croma44 4,0 ou menor, saturação
por bases (V%) inferior a 65% e que apresenta conteúdo de carbono orgânico inferior ao limite
mínimo para caracterizar o horizonte hístico. Presente em Latossolos húmicos, em condições de
topo quase plano ou no sopé das elevações, e em Gleissolos.

Horizonte A antrópico
É um horizonte formado ou modificado pelo uso contínuo do solo, pelo homem, como lugar
de residência ou cultivo, por períodos prolongados, com adições de material orgânico em mistura ou
não com material mineral, ocorrendo, às vezes, fragmentos de cerâmicas e restos de ossos e
conchas. É semelhante ao A chernozêmico, porém, com maior conteúdo de fósforo. Presente em
solos conhecidos como Terras Pretas de Índios, formados em áreas submetidas a longo tempo de
cultivo e fertilização ou “fundos de quintal” de antigas aldeias indígenas.

Horizonte A fraco
Horizonte mineral superficial fracamente desenvolvido, seja pelo reduzido teor de colóides
minerais ou orgânicos (teor de carbono orgânico inferior a 0,60%) ou por condições externas de
clima e vegetação, como as que ocorrem na zona semi-árida com vegetação de caatinga
hiperxerófila. Possui cores claras e pouco desenvolvimento da estrutura. Presente em Neossolos
Quartzarênicos (antigas Areias Quartzosas) e Luvissolos (antigo Solo Bruno Não Cálcico).

Horizonte A moderado
São incluídos nesta categoria os horizontes superficiais que não se enquadram no conjunto
das definições dos demais seis horizontes diagnósticos superficiais.
Em geral, o horizonte A moderado difere dos horizontes A chernozêmico, proeminente e
húmico pela espessura e/ou cor e do A fraco pelo teor de carbono orgânico e estrutura, não
apresentando ainda os requisitos para caracterizar o horizonte hístico ou o A antrópico. É o mais
comum nos solos não hidromórficos brasileiros.

HORIZONTES DIAGNÓSTICOS SUBSUPERFICIAIS

Horizonte B latossólico
Horizonte mineral subsuperficial, com os constituintes evidenciando avançado estágio de
intemperização, através da alteração quase completa dos minerais primários menos resistentes ao
intemperismo e/ou de minerais de argila 2:1, seguida de intensa dessilicatização, lixiviação de bases
e concentração residual de sesquióxidos, argila do tipo 1:1 e minerais primários resistentes ao
intemperismo. Em geral é constituído por quantidades variáveis de óxidos de ferro e de alumínio,

43
valor (da cor): clareza relativa ou intensidade da cor, que é, aproximadamente, uma função da raiz quadrada da
quantidade total de luz.
44
croma (da cor): pureza relativa, intensidade ou saturação de uma cor. É diretamente relacionada à dominância de
determinado comprimento de onda da luz.
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39

minerais de argila 1:1, quartzo e outros minerais mais resistentes ao intemperismo, podendo haver a
predominância de quaisquer desses materiais. Apresenta aumento de argila pouco expressivo entre
os horizontes A e B numa distância máxima de 30 cm. Os valores limites do gradiente textural
(razão da média de argila dos horizontes B/A, excluindo o BC) são:
a) ≤ 1,5 se o horizonte A tem mais de 40% de argila, ou
b) ≤ 1,7 se o horizonte A apresentar teor de argila variando de 15 a 40%, ou
c) ≤ 1,8 se o horizonte A possui menos de 15% de argila.
Morfologicamente, em geral, a estrutura tem o aspecto maciço poroso, desfazendo-se em
granular forte pequena ou muito pequena, e a consistência úmida friável ou muito friável.

Horizonte B textural
Horizonte mineral subsuperficial com textura franco arenosa ou mais fina (mais que 15% de
argila) onde houve incremento de argila (fração < 0,002 mm), orientada ou não, desde que não
exclusivamente por descontinuidade, resultante de acumulação ou concentração absoluta ou relativa
decorrente de processos de iluviação e/ou formação in situ e/ou herdada do material de srcem e/ou
infiltração de argila ou argila mais silte, com ou sem matéria orgânica e/ou destruição de argila no
horizonte A e/ou perda de argila no horizonte A por erosão diferencial. O conteúdo de argila do
horizonte B textural é maior que o do horizonte A e pode, ou não, ser maior que o do horizonte C.
Este horizonte pode ser encontrado à superfície se o solo foi parcialmente truncado por erosão. Os
limites do gradiente textural (razão da média de argila dos horizontes B/A, excluindo o BC)
possuem os seguintes valores:
a) > 1,5 se o horizonte A tem mais de 40% de argila, ou
b) > 1,7 se o horizonte A apresenta teor de argila variando de 15 a 40%, ou
c) > 1,8 se o horizonte A possui menos de 15% de argila.
Quando ocorrem revestimentos por cerosidade, a quantidade e o grau de nitidez são menos
expressivos do que no horizonte B nítico.

Horizonte B incipiente
Horizonte subsuperficial, subjacente ao A, Ap ou AB, que sofreu alteração física e química
em grau não muito avançado, porém suficiente para o desenvolvimento de cor ou de estrutura, e no
qual mais da metade do volume de todos os suborizontes não deve consistir em estrutura da rocha
srcinal. Para ser diagnóstico, o horizonte B incipiente deve possuir, no mínimo, 10 cm de
espessura.

Horizonte B nítico
Horizonte mineral subsuperficial, não hidromórfico, textura argilosa ou muito argilosa, com
pequeno ou ausente incremento de argila do horizonte A para o B, insuficiente para caracterizar o B
textural. Possui superfícies reluzentes (“shiny peds”) dos agregados, descritas a campo como
cerosidade moderada ou forte.

Horizonte B espódico
Horizonte mineral subsuperficial que apresenta acumulação iluvial de matéria orgânica e
compostos de alumínio,
com acumulação com
iluvial de presença
matéria ou não
orgânica de ferro iluvial.
e alumínio, com ouPossui espessura mínima de 2,5 cm,
sem ferro.

“Ortstein”
É um horizonte B espódico, contínuo ou praticamente contínuo, cimentado por matéria
orgânica e alumínio, com ou sem ferro, ocupando 50% ou mais da área do horizonte e com 2,5 cm
ou mais de espessura.

Horizonte plíntico
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40

Caracteriza-se pela presença de plintita em quantidade igual ou superior a 15% e espessura


de pelo menos 15 cm. É um horizonte mineral B e/ou C com um arranjamento de cores vermelhas e
acinzentadas ou brancas, com ou sem cores amareladas ou brunadas, formando um padrão
reticulado, poligonal ou laminar. A coloração é usualmente variegada, com predominância de cores
avermelhadas, bruno-amareladas, amarelo-brunadas, acinzentadas e esbranquiçadas. Forma-se em
terrenos com lençol freático alto, ou com restrição temporária à percolação de água.

Horizonte litoplíntico
Camada consolidada contínua ou praticamente contínua, endurecida por ferro ou ferro e
alumínio, com ausência ou pequena quantidade de carbono orgânico. Difere do B espódico
cimentado (ortstein) por conter pouca ou nenhuma matéria orgânica.

Horizonte Glei
Horizonte mineral subsuperficial ou eventualmente superficial, com 15 cm ou mais de
espessura, caracterizado por redução de ferro em função do ambiente estagnado por água. Possui
cores neutras, em função do regime de umidade redutor, virtualmente livre de oxigênio dissolvido
em razão da saturação por água durante todo o ano, ou pelo menos por um longo período, associada
à demanda de oxigênio pela atividade biológica.

Horizonte E álbico
Horizonte mineral normalmente subsuperficial, no qual a remoção ou segregação de
material coloidal e orgânico progrediu a tal ponto que a cor do horizonte é determinada pela cor das
partículas primárias de areia e silte, ao invés do revestimento nessas partículas. Possui no mínimo
1,0 cm de espessura.

Fragipã
Horizonte mineral subsuperficial, com 10 cm ou mais de espessura, usualmente de textura
média ou algumas vezes arenosa ou raramente argilosa. Possui conteúdo de matéria orgânica muito
baixo, maior densidade do solo em relação aos horizontes subjacentes e é aparentemente cimentado
quando seco, tendo consistência dura, muito dura ou extremamente dura. O fragipã impede a
penetração das raízes e da água no horizonte em que ocorre.

Duripã
Horizonte mineral subsuperficial, com 10 cm ou mais de espessura, com grau variável de
cimentação por sílica, podendo ainda conter óxido de ferro e carbonato de cálcio. Apresenta
consistência muito firme ou extremamente firme quando úmidos e são sempre quebradiços, mesmo
depois de prolongado umedecimento. É mais resistente que o fragipã, sendo impeditivo também à
penetração das raízes e da água.

Horizonte cálcico
Horizonte de acumulação de carbonato de cálcio, normalmente no horizonte C, porém, pode
ocorrer no B ou A. Possui espessura mínima de 15 cm.

Horizonte petrocálcico
Horizonte cálcico que sofreu obturação com carbonatos e cimentado, sendo contínuo,
endurecido, maciço. É o horizonte cálcico em avançado estágio de desenvolvimento.

Horizonte sulfúrico
Possui 15 cm ou mais de espessura e é composto de material mineral ou orgânico, com valor
de pH de 3,5 ou menor, causado pelo ácido sulfúrico. Ocorre normalmente como resultado de
drenagem artificial e da oxidação de materiais minerais ou orgânicos ricos em sulfetos. Altamente
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41

tóxico para as plantas, forma-se também como resultado da mineração de superfície, construção de
estradas, dragagem ou outras operações de terra.

Horizonte vértico
Horizonte mineral subsuperficial, com argilas que se expandem e contraem, conforme o
ambiente torna-se mais ou menos úmido, respectivamente. Em função dessa característica, possui
superfícies de fricção (“slickensides”) em quantidade razoável (comum).

Horizonte B plânico
Tipo especial de horizonte B textural, subjacente a horizonte A ou E e precedido por uma
mudança textural abrupta. Horizonte adensado, com teores elevados de argila dispersa e pode ser
responsável pela retenção de lençol de água suspenso, de existência temporária.
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42

8. PROPRIEDADES MORFOLÓGICAS DO SOLO


8.1. COR
A cor do solo é a característica mais facilmente perceptível, sendo usada no Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006) para a distinção de algumas subordens (2º
nível categórico do sistema).
A matéria orgânica e os compostos de Fe são os principais agentes responsáveis pela cor dos
solos, atuando sobre um fundo de cor branca, normalmente fornecido pelos silicatos.

Drenagem

tendo-seAbasicamente
drenagem (condição de reduzida,
três formas: umidade oxidada
predominante) altera
hidratada a dinâmica
e oxidada do ferro no sistema,
desidratada:

Fe(II) Fe(III) Fe(III)


Cinzento Amarelo Vermelho
(reduzido) FeOOH Fe2O3
Goethita (Gt) Hematita (Hm)
(oxidado hidratado) (oxidado desidratado)

Em condições de excesso de água o ambiente é de redução, havendo, nesta condição, Fe(III)


Fe(II), predominando o cinza (gleização), formando a tabatinga (do tupi taba, casa, e tinga,
branca, argila ou barro branco), presente sob a camada rica de matéria orgânica dos solos
hidromórficos. Normalmente, a cor cinzenta pode ser dada também pela ausência de ferro oxidado,
Fe(III). Além disso, a cor cinzenta pode estar misturada com outras cores, formando um
mosqueado45 (plintita) ou variegado.
O manganês e o cobalto são elementos de comportamento semelhante ao do ferro. É de se
esperar, portanto, que os solos “gleizados” (cinzentos), quando mais bem drenados (natural ou
artificialmente), sejam muito pobres nesses elementos, provocando deficiências do Mn e do Fe nas
plantas, e do Co nos animais. Na condição de encharcamento (ambiente de redução), é de se esperar
que existam muitos elementos em solução, ainda não arrastados por lixiviação, podendo até serem
tóxicos nestas situações.

Matéria orgânica
Apesar de certas restrições geográficas, a relação entre cor escura e matéria orgânica é
razoável, porém, não se pode generalizar tal condição.
Os Latossolos, ricos em óxidos, tendem a ter colorações que não refletem seu conteúdo de
matéria orgânica, havendo a mesma coloração (vermelho-escuro, por exemplo) para diferentes
níveis de matéria orgânica.
A maior responsável por tal fato é a hematita, um pigmento muito ativo: apenas cerca de 1 a
2% de hematita finamente pulverizada é suficiente para dar tonalidade avermelhada ao solo. Dessa
forma, em solos com ausência de hematita, predomina a relação entre cor escura e matéria orgânica.
Por
teor outro lado, orgânica.
de matéria solos como os Vertissolos apresentam colorações muito escuras, mesmo com baixo

Forma e conteúdo de Fe
O conteúdo de hematita (Hm) tende a estar refletido na intensidade da cor (Figura 8.1.1)

45
mosqueado: pontos ou manchas de cor ou tonalidade diferente entremeadas com a cor dominante da matriz de um
horizonte do solo. Pode ocorrer em vários horizontes ou camadas de solo, especialmente em zonas de flutuação do
lençol freático (drenagem imperfeita), podendo ser também decorrente de variações no material de srcem.
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43

Figura 8.1.1. Relação entre a taxa hematita (Hm)/hematita + goethita (Gt) e o matiz úmido de
horizontes B de Latossolos do Sudeste e do Sul do Brasil.

Em regiões com período seco pronunciado (sul do Planalto Central, grande parte dos
Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, etc.) há boa relação entre cor vermelha e
conteúdo de óxidos de ferro. Em áreas com umidade mais bem distribuída, sem período seco
pronunciado (parte da Amazônia, litoral sul da Bahia, planalto sul-rio-grandense, etc.), os solos
tendem a ser amarelados, independentemente do seu teor de óxidos de ferro.
Os solos derivados de rochas máficas (basaltos, diabásios, anfibolitos, etc.) tendem a ter
cores vermelho-escuras, refletindo a presença de hematita, ao passo que, em função do grande
poder pigmentante da hematita, os solos amarelos não a contêm.
Assim, solos derivados de rochas máficas serão mais vermelhos que solos srcinados de
rochas mais pobres em Fe. Quando se tem o bioclima muito seco, não há liberação rápida de Fe a
partir dos minerais primários (intemperização lenta), reduzindo a coloração vermelha. Quando o
bioclima é muito ativo, havendo muita umidade durante longos períodos e grande atividade
biológica (efeito da matéria orgânica, principalmente nos horizontes superficiais), o solo tenderá a
ser mais amarelado, em função da formação de goethita, a qual tende a predominar também nas
zonas de acúmulo (áreas depressionais, de pior drenagem, atualmente ou no passado). Dessa forma,
rochas semelhantes poderão srcinar solos mais vermelhos no Planalto Central e mais amarelos no
Rio Grande do Sul e na Amazônia.

Fixação46 de P
Os Latossolos, ricos em óxidos de Fe e de Al, fixam bastante P, impedindo a liberação deste
nutriente para a solução do solo. Solos srcinados de minerais máficos (ricos em Mg e Fe) possuem
normalmente alto teor de óxidos de Fe, fixando mais P do que solos srcinados de material pobre
em minerais máficos (arenito sem cimento ferruginoso, por exemplo).
Porém, a presença de gibbsita, Al(OH)3 com elevada capacidade de adsorção de P, pode
compensar a ausência de óxidos de Fe.
Deve-se sempre considerar a textura, simultaneamente ao conteúdo de óxidos de Fe e de Al,
pois, sob mesmas condições, solos mais argilosos apresentam maior fixação de P do que solos mais
arenosos (restringindo-se a solos afins).
Fertilidade geral
Normalmente, solos escuros, mais vermelhos, tendem a ter melhor fertilidade geral. Os solos
mais vermelhos, mais ricos em óxidos de Fe, têm, em geral, maiores teores de elementos-traço e de
fósforo total.

46
fixação: processo ou processos que ocorrem no solo, pelo qual certos elementos químicos essenciais ao
desenvolvimento vegetal são convertidos a uma forma praticamente insolúvel, como por exemplo, a fixação de fósforo
em solos ricos em Fe2O3.
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44

Os solos desferrificados são pobres em relação aos elementos-traço, o que leva à conclusão
que cupinzeiros esbranquiçados tendem a indicar baixos teores de Fe no material de srcem. Já em
áreas de rochas basálticas, devido ao elevado teor de Fe a ser reduzido, dificilmente tem-se a
expressão da cor cinzenta.

Sistema de cores
O sistema de cores utilizado em solos é aquele desenvolvido por Albert Henry Munsell
(Boston, EUA), em 1915, baseia-se na distribuição das cores ao longo de um círculo (Figura 8.1.2).
Observa-se que o autor buscou distribuir todos os pigmentos ou matizes (hue) das cores visíveis (R
– red, Y – yellow, G – green, B – blue e P – pink) ao longo de um eixo central, conhecido como
valor (value), que indica a tonalidade ou a contribuição do branco (% em relação ao preto) na
composição da cor final (varia do preto – 0 ao branco puro - 10). A intensidade do matiz é fornecida
pelo croma, que indica a contribuição do matiz (varia de 0 a 20) na cor final.

Figura 8.1.2. Árvore de cores de Munsell, composto pelos diferentes matizes, valores e croma.

Em 1946, o Soil Survey Color Commitee do Departamento de Agricultura dos Estados


Unidos solicitou e aprovou a Carta de Cores de Solo Munsell, com 264 cores, de 7,5R a 5Y
(Munsell Color Co., Inc.) (Figura 8.1.3). Eventualmente pode-se encontrar cartas de cores do matiz
5R a 5Y.
100,0 100,0
a) b)
87,5 VE 87,5
RM
EL
75,0 HO 75,0

M
E 62,5 62,5
G
A
T
R N 50,0 50,0
O E
L C
R
A O 37,5 37,5
V P O
EL
25,0 AR 25,0
AM
12,5 12,5

0,0 0,0
5R 7,5R 10R 2,5YR 5YR 7 ,5YR 10YR 2,5 Y 5Y
MATIZ
CROMA
Figura 8.1.3. a) Folha do matiz 2,5YR da Carta de Cores de Solo Munsell; b) respectiva distribuição
do matiz, do vermelho (R - red) ao amarelo (Y – yellow).

Observando-se a folha do matiz 2,5YR da Carta de Cores de Solo Munsell (Figura 8.1.3a),
verifica-se que o valor aumenta de baixo para cima e o croma da esquerda para a direita. O matiz
varia de 100% vermelho (5R) a 100% amarelo (5Y), tendo-se diversos matizes intermediários
(Figura 8.1.3b).
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45

Assim, observando-se o gráfico da figura 8.1.3b, por exemplo, para um matiz 7,5YR (eixo
das abscissas), a contribuição (ordenadas) da cor vermelha é de 37,5% e a cor amarela contribui
com 62,5%.
A cor é determinada na amostra dos horizontes em condição seca e úmida, triturada ou não.

8.2. TEXTURA E CLASSE TEXTURAL


A fase sólida mineral do solo é constituída de partículas de diferentes tamanhos: argila, silte,
areia, cascalho, calhau e matacão. A textura refere-se à proporção das frações argila, silte e areia.
As frações maiores que areia são referidas como pedregosidade (cascalho, calhau e matacão).

solo. O A texturaembora
quartzo, de um seja
soloum
depende damuito
mineral rocharesistente
de srcemquando
e do grau de intemperização
de tamanho (idade)
maior do que cercadode
0,05 mm de diâmetro é, no entanto, pouco resistente se ocorre nas frações argila e silte. Tende a se
concentrar em muitas rochas sedimentares – arenitos (rochas psamíticas).
Solos srcinados de rochas psamíticas apresentam altos teores de areia e baixos teores de
argila. Por outro lado, solos derivados de rochas de textura fina (argilitos, folhelhos, ardósias, etc. –
rochas pelíticas), apresentam baixo teor de areia e alto teor de argila.
Materiais grosseiros, resistentes ao intemperismo, como quartzo e material cimentado por
óxidos de ferro, não são ativamente destruídos pelo intemperismo, nem removidos do sistema pela
erosão, resultando em camadas cascalhentas à superfície do solo, as quais podem ser posteriormente
cobertas por novo material, formando um leito de cascalhos (“stone-lines”). Caso sejam
arredondados, indicam atividade abrasiva por movimentação de água no passado.
A composição granulométrica (proporção de diferentes classes de partículas) geralmente é
determinada por tamisação (peneiragem) para a fração areia. Para as partículas menores, utiliza-se a
sedimentação diferencial das partículas, conforme seu tamanho.
A textura é representada pelo triângulo textural (Figura 8.2.1), onde se tem, nos vértices do
triângulo, 100% da fração correspondente, que decresce paralelamente à base que lhe é oposta.
O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006) recomenda o uso do
triângulo textural simplificado (Figura 8.2.1a) para análises de campo. Caso seja necessário maior
detalhamento, faz-se a determinação em laboratório das quantidades de cada fração, utilizando-se
então o triângulo textural do Soil Survey Manual (Figura 8.2.1b).
A classe textural franco (Figura 8.2.1b) não possui predominância marcante de nenhuma das
frações. Posicionando-se aproximadamente no meio do polígono pentagonal, tem-se diferentes
quantidades das frações: a argila, por ser mais reativa, ocorre em menor quantidade (20%),
enquanto areia e silte correspondem a 40% cada.
A fração argila, pela sua atividade, fornece seu nome a várias classes de textura, isto é, das
treze classes, sete levam o nome argila ou argilosa na sua denominação.
A avaliação da textura a campo, é feita através do tato, pela sensação ao esfregar um pouco
de solo entre os dedos. A areia provoca sensação de aspereza, o silte de sedosidade e a argila de
pegajosidade. Uma determinação a campo, pode obedecer aos limites de argila do Sistema
Brasileiro de Classificação de Solo (EMBRAPA, 2006): < 15% de argila – textura arenosa, 16 a
35%
muitode argila – textura média, 36 a 60% de argila – textura argilosa e > 60% de argila – textura
argilosa.

Grau de intemperização do solo


As partículas do tamanho de areia e silte, sob a ação do intemperismo, transformam-se em
argila que é geralmente mais resistente e menos rica em reserva de nutrientes (na sua constituição)
do que o material que lhe deu srcem. Os minerais resistentes ficam na fração areia e a fração silte
fica sendo o ponto de máxima instabilidade. Assim, somente solos mais novos apresentam alto teor
de silte, o qual é mínimo nos Latossolos. Exceção deve ser feita para o silte srcinado de material
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46

estéril (horizonte C intemperizado), formado a partir de flocos de caulinita, o qual não pode indicar
adequadamente o grau de intemperização do solo.
A relação silte/argila abaixo de 0,15 indica solos muito intemperizados. Além disso, o silte é
responsável pelo encrostamento do solo, devendo-se manter solos com elevado teor de silte
cobertos na maior parte do tempo.
O capim colonião, em função de seu hábito de crescimento (em touceiras), eleva a
suscetibilidade do solo à erosão (principalmente se forem siltosos), expondo-o à ação direta da
chuva e posterior encrostamento. Para tanto, deve ser manejado corretamente, mantendo-se sempre
o solo coberto.
0 0
100 100

90
10 90
10

20 20
a) A
80 b) A
80
MUITO
IL
P
IL MUITO
P
30
O
30
O
G ARGILOSA R G ARGILOSO R
R 70 C R 70 C
A E A E
E 40
N E 40
N
D 60 A
T D 60
T
A
M G M G
E E E E
G 50 G 50
M M
TA 50 D TA 50 ARGILA D
N ARGILOSA E N ARGILA
E
E 60
S E SILTOSA 60
S
C IL C ARGILA IL
R 40 T R 40
ARENOSA T
O E O FRANCO FRANCO E
P P 70
70
ARGILO
FRANCO ARGILOSO
30 30 SILTOSO
ARGILO
80
ARENOSO
80 20
20
MÉDIA SILTOSA FRANCO
FRANCO
90 FRANCO SILTOSO 90
10 10 A RE
IA ARENOSO
0 SILTE 0
10
FRA
10
ARENOSA AREIA N CA
01 01 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
00 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 00

PORCENTAGEM DE AREIA PORCENTAGEM DE AREIA

Figura 8.2.1. Triângulos texturais. a) Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA,


2006);
UNIDOS,b) 1959,
Sistema Norte Americano segundo o Soil Survey Manual (ESTADOS
1993).

8.3. ESTRUTURA
As partículas primárias (argila, silte e areia) geralmente se encontram agrupadas, formando
partículas maiores (agregados), dando ao solo a sua estrutura (Figura 8.3.1).
Se a massa do solo for coerente e não apresentar estrutura definida, diz-se que o solo é
maciço. Caso a massa se apresente solta, denomina-se de grãos simples.

.
Figura 8.3.1. Tipos de estrutura do solo: a) laminar; b1) prismático; b2) colunar; c1) blocos
angulares; c2) blocos subangulares e d) granular.

O agregado é a união de partículas primárias do solo, mas que não apresentam superfície de
fraqueza quando submetidos a uma determinada pressão, isto é, o agregado se quebra sem uma
determinada forma e tamanho, produzindo fragmentos de conformações não específicas. O
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47

fraturamento é ao acaso. A manipulação de torrões para distinção do tipo de unidade estrutural deve
ser feita com cuidado para que não haja alteração de sua morfologia. Para tanto, deve-se procurar
calmamente selecionar, com os dedos, separar e distinguir os agregados de estrutura.
Uma estrutura como a dos Latossolos oxídicos, que aparenta pó de café, é muitas vezes
descrita como maciça, porosa, formada de grânulos muito pequenos (microestrutura granular).
Assim, pode-se considerar que:
a) os óxidos de Fe e de Al, a matéria orgânica e o excesso de sais tendem a produzir
microestrutura granular;
b) a expansão e contração de todo o material, mais ou menos rico em argila, quando exposto a
ciclos de umedecimento e secagem, quando em meio mais conservador de umidade, tende a
destruir a estrutura granular, dando srcem à estrutura em blocos, em função de uma
deformação plástica dos agregados;
c) nos Latossolos oxídicos, a infiltração de água tende a ser maior no horizonte B do que no
horizonte A. O oposto ocorre quando a argila é mais ativa (material 2:1), em função da
presença de matéria orgânica na superfície, elevando a proporção de macroporos;
d) devido à estrutura granular, o horizonte Bw (B latossólico) tende a ser mais facilmente
erodível, em função da pequena coesão entre os grânulos (forma semelhante a esferas).
Assim, a erodibilidade de Latossolos só não é mais evidente devido à ocorrência de tais
solos em superfícies bem suaves (baixa declividade).

8.4. POROSIDADE
Todo solo possui poros, mas seu número, tamanho, distribuição e continuidade são variáveis
conforme o solo.
Ao se examinar a massa do solo com atenção, principalmente quando com o auxílio de uma
lupa, percebe-se que existem pequenos vazios naquela massa. Ao lhe adicionar água, esta se infiltra
com maior ou menor rapidez.
Os poros do solo são divididos em duas classes: microporos e macroporos, menores e
maiores do que cerca de 0,05 mm de diâmetro, respectivamente.
Assim, espera-se que um solo argiloso (muitas partículas < 0,002 mm) apresente grande
microporosidade e um solo arenoso (muitas partículas > 0,05 mm) apresente grande
macroporosidade.
Como visto anteriormente, as partículas primárias (argila, silte e areia) podem unir-se
formando partículas maiores, os agregados, isto é: partículas primárias unidas em um agregado
(Figura 8.4.1).

Figura 8.4.1. Formação de microporos e macroporos através da agregação de partículas de


diferentes tamanhos.
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48

O sistema radicular dos vegetais, pela sua dimensão, pode se desenvolver melhor através dos
macroporos, tal fato contribui para um maior efeito da compactação 47 sobre o desenvolvimento
radicular (Figura 8.4.2).

Figura 8.4.2. Solo antes e depois de compactado, reduzindo a proporção de macroporos, com
elevação da microporosidade, que leva a água e nutrientes até as raízes.

Os agentes agregantes das partículas primárias incluem a matéria orgânica, Ca, óxidos de Fe
e de Al, que contribuem para o arejamento e infiltração de água. Os agentes desagregantes, como o
Na, a compactação e a puddlagem (orientação das argilas, sob a ação de implementos agrícolas, em
solos trabalhados quando os teores de água são muito elevados) têm o efeito inverso, prejudicando o
crescimento radicular.
A água é retida com mais força nos poros menores, nos poros maiores, a própria gravidade
retira a água. Assim, solos argilosos tendem a armazenar mais água que solos arenosos, embora a
disponibilidade desta água para as plantas muitas vezes seja limitada.
Dessa forma, a compactação do solo pode ser benéfica, desde que esteja em níveis
adequados, para a elevação da capacidade de armazenagem de água em solos com problemas de
déficit hídrico. Porém, a compactação em excesso pode criar situações adversas: menor infiltração
de água, maior erosão, menor crescimento de raízes, menor taxa de difusão de alguns elementos
como o fósforo, entre outros.

8.5. CEROSIDADE
É a película, formada durante alguns milênios, sobre os agregados dos horizontes
subsuperficiais, oriunda da deposição de argila iluviada dos horizontes superficiais. A cerosidade
pode ser formada também pelo rearranjo na superfície dos blocos, por exemplo.
Além das argilas silicatadas, outras substâncias podem depositar-se sobre os agregados,
recebendo o nome genérico decutãs. A cerosidade é o cutã argilã. Os revestimentos compostos de
manganês, ferro e matéria orgânica, recebem a denominação de mangã, ferrã e orgã,
respectivamente. A própria expansão e contração (horizonte vértico) pode dar um arranjo especial
(orientado) às partículas de argila do próprio agregado, no contato entre eles.
A cerosidade é uma característica típica do horizonte nítico (um tipo de B textural na
classificação anterior), o qual não possui gradiente textural expressivo, podendo também estar
presente no B textural do novo sistema de classificação, não sendo considerada a característica
principal, pois neste caso, tem-se a elevação expressiva do teor de argila em profundidade.
As raízes das plantas encontram algum obstáculo com a cerosidade, porém, esta película tem
importância na difusão de elementos como o P e o K.
Assim, pode-se fazer as seguintes comparações:
a) os blocos, através da contração (quando o solo está secando), tendem a se separar uns dos
outros sempre no mesmo lugar. Dessa forma, a cerosidade é a resultante de um processo
acumulativo;
b) a atividade biológica tende a destruir a cerosidade, tornando-se predominante na parte
inferior do perfil, principalmente em solos ricos em óxidos de Fe e de Al;
47
compactação: diminuição do volume do solo ocasionada por compressão, causando um rearranjamento mais denso
das partículas do solo e conseqüente redução do espaço poroso. A compactação resulta da ação antrópica, ao contrário
do adensamento que é um fenômeno natural.
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49

c) devido ao empacotamento das partículas no interior dos blocos, em função da cerosidade,


tem-se a predominância de macroporos entre os blocos, havendo aí o desenvolvimento das
raízes.

8.6. CONSISTÊNCIA
A coesão (atração das partículas entre si) e a adesão (atração das partículas por um outro
corpo), sob várias condições de umidade, dá a consistência ao solo. A consistência tem implicações
diretas no seu manejo (Figura 8.6.1).

sólido semi-sólido plástico líqui do

LC LP LL
friabilidade plasticidade viscosida de

Figura 8.6.1. Estados de consistência do solo e seus respectivos limites de umidade: LC – limite de
contração, LP – limite de plasticidade e LL – limite de liquidez.

Solos muito plásticos e muito pegajosos (normalmente com minerais 2:1, e/ou horizonte
vértico) apenas podem ser trabalhados (arados, gradeados, etc.) em amplitude estreita de umidade.
Os Latossolos podem ser trabalhados em maior amplitude de umidade. Em solos mais
plásticos e mais pegajosos, de lugares mal drenados (agora ou srcinalmente) por exemplo, deve-se
ter mais cuidado com o conteúdo de água no solo por ocasião dos trabalhos de manejo, a fim de
evitar dificuldades no seu preparo e a puddlagem (Quadro 8.6.1).

Quadro 8.6.1. Relações gerais entre organização microscópica das partículas de argila, condições
em que ocorrem e seu efeito na consistência.
ORGANIZAÇÃO
Partículas bem organizadas, Partículas mal organizadas,
aumento de coesão e adesão diminuição de coesão e adesão
_______________________________
_______________________________
_______________________________
_______________________________
____________________________________________________________
Agentes _____________________________________________________________________
Compressão Presença de altos teores de óxidos de Al, Fe e matéria
Uso de máquinas, tendo o solo elevado teor de água orgânica
Argila com alta área específica Argila com baixa área específica (caulinita)
Ciclos de expansão-contração
_________________________________________
Condições em que ocorrem com freqüência ___________________________________________
Solos desferrificados, cinzentos, pobres em matéria Solos de natureza latossólica

orgânica
Solos menos intemperizados, pobres em matéria Solos com altos teores de matéria orgânica e cálcio
orgânica
________________________________________________________
Efeitos na consistência_______________________________________________________
Aumento de dureza, plasticidade, pegajosidade Aumento de friabilidade

A análise do perfil, deve envolver a determinação da consistência nos três estados de


umidade: seco, úmido e molhado. Um solo macio (seco), muito friável (úmido), pouco plástico e
pouco pegajoso (molhado), indica riqueza em óxidos de Fe e de Al, como é o caso geral dos
Latossolos. Por outro lado, um solo duro (seco), firme (úmido), muito plástico e muito pegajoso
(molhado), permite inferir que se trata de um solo pobre em R 2O3 (óxidos de Fe e de Al), bem
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50

provido de argilas com maior capacidade de troca catiônica, menos intemperizado e menos pobre
em nutrientes.
Quanto mais argiloso um solo, maiores as forças de coesão e de adesão. Para solos com o
mesmo teor de argila, quanto mais jovem, maiores serão também as forças de coesão e adesão.
O material muito rico em agentes desorganizadores não é bom para cerâmica comum, pois o
barro é amassado para elevar a sua coesão, assim, as argilas dos Solos Hidromórficos, pobres em
Fe, são geralmente as mais procuradas para isto.
Para o enchimento de vasos de mudas, deve-se priorizar a presença de agentes
desorganizadores, evitando-se o endurecimento do solo e a restrição ao crescimento das raízes.
Porém, caso haja excesso de desorganização, o torrão formado facilmente se romperá, dificultando
o transplantio.
Se o solo for argiloso, mas muito friável, desmanchando-se com facilidade sob qualquer teor
de água, então, deve possuir alto teor de agentes desorganizadores. Pode-se tratar de um solo muito
velho (Latossolo). Os solos cinzentos, por serem pobres em Fe, se forem friáveis, porosos e
argilosos, possuem alto teor de gibbsita, ocorrendo normalmente nos chapadões do Planalto Central,
em geral associados ao microrrelevo de murundus, relacionados às veredas48.

8.7. CIMENTAÇÃO
A cimentação ocorre através de agentes cimentantes das partículas do solo que impedem que
os torrões se desmanchem na água. Refere-se à consistência quebradiça e dura do material do solo,
determinada por qualquer agente cimentante que não seja mineral de argila, tais como: carbonato de
cálcio, sílica, óxido ou sais de ferro ou alumínio.
A cimentação não se altera com o umedecimento, persistindo a dureza e quebrajosidade do
material mesmo quando molhado. Sua classificação relaciona a resistência ao rompimento da massa
cimentada: fracamente cimentado, fortemente cimentado e extremamente cimentado.
As camadas cimentadas têm o nome genérico de pan (inglês) e pã (português). Como os pãs
têm, como comportamento típico, a restrição à movimentação de água e penetração de raízes, esse
termo tem sido também aplicado a horizonte que não tem, necessariamente, qualquer agente
cimentante mas que tem comportamento, quanto à água e raízes, semelhante ao dos pãs típicos.
Assim, horizontes B argilosos, contrastantes com horizontes A bastante arenosos, têm sido
chamados argipãs (claypans).
Outros exemplos de pãs são: fragipã, quebradiço, ortstein, “ironstone”, plintita, laterita ou
canga (plintita endurecida) e duripã.

8.8. NÓDULOS E CONCREÇÕES MINERAIS


São corpos cimentados que podem ser removidos intactos dos solos. Suas composições
variam de materiais parecidos com aqueles de solos contíguos (vizinho) até substâncias puras de
composição totalmente diferente do material vizinho.
As concreções distinguem-se dos nódulos pela organização interna. Concreções têm a
simetria interna organizada em torno de um ponto, de uma linha ou de um plano. Nódulos carecem

de uma organização interna ordenada (Figura 8.8.1).

48
vereda: várzea ou clareira de vegetação rasteira, com palmáceas. É um ambiente típico do Cerrado brasileiro.
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51

a) b)

Figura 8.8.1. Esquema evidenciando a diferença entre nódulos (a) e concreções (b) no solo.

8.9. PROFUNDIDADE E ESPESSURA DOS HORIZONTES


Uma vez feita a separação dos horizontes ou camadas, mede-se a espessura de cada
horizonte ou camada, procurando-se fazer coincidir o zero (0) da trena com o topo do horizonte
superficial (excluindo-se os horizontes O em H) e procede-se a leitura como no exemplo da figura
8.9.1, expressando as medidas em cm e classificando a mesma (vide anexo 5)
a) b)
Profundidades: Profundidades:
Horizonte A: 0-30 cm Horizonte A: 0-30 cm
Horizonte B: 30-60 cm Horizonte B: 30-70 cm
Horizonte C: 60-80 cm Horizonte C: 70-120 cm
Comando R: 120-130 cm
Espessuras:
Horizonte A: 30 cm Espessuras:
Horizonte B: 30 cm Horizonte A: 30 cm
Horizonte C: 20 cm B: 40-60
Horizonte C: 30-50 cm
Comando R: 10 cm

c) d)
Profundidades: Profundidades:
Horizonte A: 0-30 cm Horizonte O1: 5-3 cm
Horizonte B: 30-50 cm Horizonte O2: 3-0 cm
Horizonte C: 50-100 cm+ Horizonte C: 60-80 cm

Espessuras: Espessuras:
Horizonte A: 30 cm Horizonte O1: 2 cm
Horizonte B: 20 cm Horizonte O2: 3 cm
Horizonte C: 50 cm+

Figura 8.9.1. Medida das profundidades dos horizontes: a) separação plana ou horizontal; b)
separação ondulada, irregular, descontínua ou quebrada; c) horizonte C medido em parte;
d) medição de baixo para cima dos horizontes O ou H.

Depois de determinada a profundidade e a espessura dos horizontes do perfil, faz-se a


anotação das transições entre horizontes. A classificação das transições pode ser: abrupta, clara,
gradual ou difusa, variando com o grau de distinção. Quanto à topografia, podem ser classificadas
em diferentes tipos, conforme a figura 8.9.2.
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A A A A

AB
AB AB AB
B1
B2
BC BC
B B B

C
C C C
C
a) b) c) d)
Figura 8.9.2. Transições entre os horizontes segundo a topografia: a) horizontal ou plana; b)
ondulada ou sinuosa; c) irregular; d) descontínua ou quebrada.
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53

9. PROPRIEDADES FÍSICAS DO SOLO


Física do Solo
É a ciência que trata do estado e movimento de todas as formas da matéria no solo e ainda
com os fluxos e transformações da energia no solo.
O estudo da Física do Solo, como ciência fundamental, procura o entendimento dos
mecanismos que governam o comportamento do solo e seu papel na biosfera, incluindo processos
inter-relacionados como a troca de energia terrestre e os ciclos da água e materiais transportáveis no
campo. Já o estudo como ciência aplicada, procura o manejo adequado do solo através da irrigação,
drenagem, conservação do solo e água, preparo, aeração e controle da temperatura do solo, bem
como o uso do material do solo para fins de engenharia.
A Física
propriedades sãodoatributos
Solo estuda as características
que podem e propriedades
ou não ser alterados com ofísicas do solo.do
uso e manejo Assolo.
características
Assim: e
 Características: são atributos intrínsecos ao objeto, que servem para defini-lo,
independentemente do meio ambiente (ex.: textura do solo).
 Propriedades: são atributos relativos ao comportamento do objeto, resultantes da
interação entre as características e o meio ambiente (retenção de água, densidade do solo,
etc.).

9.1. O SOLO COMO SISTEMA TRIFÁSICO


Constituição do solo
O solo é constituído de minerais, poros ocupados por ar e água e material orgânico, onde se
tem a atividade biológica presente na sua forma mais intensa (Figura 9.1.1).

Figura 9.1.1. Constituição hipotética do solo, com sua fase líquida (água), gasosa (ar) e sólida
(material mineral e material orgânico).

Material Mineral (fase sólida que constitui a matriz do solo)


O material
(partículas menoresmineral pode ser constituído
que 2 micrômetros de partículas
de diâmetro de tamanhos
equivalente) variáveis,
até matacões e lajes desde argila
de tamanho
bastante grande. No Brasil, tem-se predominantemente dois sistemas de classificação
granulométrica: USDA e o ISSS (Quadro 9.1.1):
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54

Quadro 9.1.1. Tamanho das partículas do solo.


Frações USDA (EUA) ISSS (Atterberg)
Diâmetro (mm)
Matacões > 200 > 200
Calhaus 200-20 200-20
Cascalhos 20-2 20-2
Areia muito grossa 2-1 -
Areia grossa 1-0,5 2-0,2
Areia média 0,5-0,25 -
Areia fina 0,25-0,10 0,2-0,02
Areia muito fina 0,10-0,05 -
Silte
Argila 0,05-0,002
< 0,002 0,02-0,002
< 0,002

Fração argila
É plástica e pegajosa quando úmida, sendo dura e muito coesa quando seca, alta
higroscopicidade49, elevada superfície específica, alta CTC, poros muito pequenos, evidente
contração e expansão devido ao processo de umedecimento e secagem, forma agregados com outras
partículas. É a fração que mais influencia o comportamento físico do solo. Sua superfície é
carregada predominantemente por cargas negativas. Essas cargas negativas são neutralizadas por
uma nuvem de cátions, formando assim uma dupla camada elétrica.

Fração silte
É sedosa ao tato, apresentando ligeira coesão quando seca, poros de tamanho intermediário,
ligeira ou baixa higroscopicidade, superfície específica com valor intermediário, capacidade de
troca iônica baixa.

Fração areia
É solta, com grãos simples, não formando agregados, não plástica, não podendo ser
deformada, não pegajosa, não higroscópica, poros grandes, não coesa, pequena superfície
específica, capacidade de troca de cátions praticamente ausente.

Material orgânico (fase sólida)


Constituído de matéria orgânica, que são substâncias amorfas que se unem aos grãos
minerais, servindo muitas vezes de ponte entre eles para a formação de agregados e por organismos
vivos, componentes da fauna do solo.

Ar do solo (fase gasosa)


O ar do solo é necessário para a respiração das raízes e da fauna do solo (Figura 9.1.2).
Normalmente possui mais dióxido de carbono e menos oxigênio do que o ar atmosférico. Preenche
os espaços porosos não ocupados por água. Os espaços porosos maiores são mais facilmente
preenchidos por água, assim, solos arenosos ou com boa agregação possuem maior capacidade de
aeração.

49
higroscópico: material ou substância, que tem grande afinidade pelo vapor de água, sendo capaz de retira-lo da
atmosfera ou de qualquer mistura gasosa.
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55

Figura 9.1.2. Interface gasosa solo-atmosfera e fluxo de O2 e CO2 no solo.

Água doÉ solo


a fase(fase líquida)
líquida, na qual existem substâncias dissolvidas, devendo ser chamada de solução
do solo (Figura 9.1.3). A água e o ar do solo variam em composição tanto no tempo quanto no
espaço.

Figura 9.1.3. Equilíbrio dinâmico que ocorre no solo.

9.2. CONSTITUIÇÃO FÍSICA


Como visto anteriormente, o solo é constituído por três fases: sólida, líquida e gasosa.
Sólida (matriz do solo): sua organização determina a geometria do espaço poroso;
Líquida (solução do solo): varia na composição do solo em função do tempo e do espaço;
Gasosa (ar do solo): varia na composição do solo em função do tempo e do espaço.
Podemos observar ainda que:
 Sistema monofásico: volume de água congelada completamente; solução de água e
cloreto de sódio (NaCl)
 Sistema bifásico: volume de gelo e água não congelada;
As análises realizadas com o solo desagregado, normalmente utilizam a Terra Fina Seca ao
Ar (TFSA)
líquida e a Terra
na TFSE. Fina Seca em Estufa (TFSE), cuja diferença consiste na inexistência da fase
Assim:

TFSA: terra que passa na peneira de 2,00 mm de abertura, seca ao ar.


TFSE: terra que passa na peneira de 2,00 mm de abertura, seca em estufa a 105-110ºC.
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PROPRIEDADES FÍSICAS DO SOLO


Relações de Massa e Volume

a) Densidade de partículas ou densidade real ou densidade específica real (Dp)

É a relação entre a massa do solo seco (105-110 ºC) e o volume dos sólidos:
M
Dp  s
Vs
Dp = densidade de partículas (g/cm3 ou Mg/m3)
Ms = massa do solo seco (g ou Mg)
Vs = volume do solo seco (cm3 ou m3)

A densidade de partículas (característica do solo) possui importante relação com os minerais


componentes do solo. É a massa (ou peso) de uma unidade de volume dos sólidos do solo,
dependendo diretamente da composição química e da estrutura cristalográfica da partícula mineral,
limitando-se a uma faixa de 2,60 a 2,75 g/cm3 para a maioria dos solos minerais (devido à
constituição por quartzo – 2,65 g/cm 3, feldspato – 2,50 a 2,80 g/cm 3, micas – 2,70 a 3,30 g/cm3 e
apatita – 3,10 a 3,30 g/cm3), ou valores maiores, caso seja verificada a presença de minerais de
maior densidade. A matéria orgânica (densidade < 1,50 g/cm 3) exerce grande influência na
densidade de partículas reduzindo seu valor, principalmente nas camadas superficiais do solo.
A densidade de partículas é um parâmetro importante para a determinação de outras
características e propriedades do solo, tais como: textura (altera o tempo de sedimentação),
porosidade total, altura de sólidos, classificação de minerais, entre outros. Sua determinação pode
ser feita através do método do balão volumétrico o pelo método do picnômetro.

Densidade de partículas pelo método do balão volumétrico

Materiais utilizados
 balança analítica (± 0,001 g);
 estufa elétrica (± 105ºC);
 dessecador;

 balão
buretavolumétrico
(50 mL); (50 mL ou 100 mL);
 álcool etílico.

Metodologia
1. Aferir o volume do balão volumétrico com a bureta, anotando o valor encontrado (Lb).
2. Pesar 40,000 g de TFSE e transferir a mesma para o balão volumétrico de 100 mL.
3. Preencher a bureta com álcool etílico, até a marca do zero.
4. Transferir 50 mL de álcool etílico para o balão volumétrico contendo a TFSE.
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57

5. Agitar o balão volumétrico durante 1 minuto, facilitando a penetração do álcool nos


capilares dos agregados do solo.
6. Deixar em repouso por 15 minutos e completar o volume do balão volumétrico com
álcool etílico, realizando-se a leitura na bureta (LTFSE).
7. Determinar o volume de TFSE através da expressão:
VTFSE = Lb - LTFSE
8. Calcular a densidade de partículas (Dp) através da expressão:
40 g TFSE
Dp =
VTFSE

b) Densidade do solo (Ds)

É a relação entre a massa do solo seco (105-110 ºC) e o volume total do solo:
M
Ds  s
VT
Onde:
Ds = densidade do solo (g/cm3 ou Mg/m3)
Ms = massa do solo seco (g ou Mg)
VT = volume total do solo (cm3 ou m3)

A densidade do solo reflete o arranjamento das partículas do solo, dependendo, portanto, da


estrutura do solo, da umidade do solo, da compactação do solo, do manejo, etc. Normalmente varia
de 0,90 a 1,5 g/cm3.

Determinação através de métodos destrutivos e não-destrutivos.


Métodos destrutivos: Método do anel volumétrico
Método do torrão parafinado
Métodos não destrutivos: Sonda de nêutrons
Sonda de absorção de raios gama

Aplicações:
a) Utilizada no cálculo da porosidade total;
b) Permite inferir sobre as condições de compactação do solo e conseqüentemente sobre o
impedimento mecânico.

c) Porosidade total do solo ou volume total de poros (VTP)

É a porção do volume do solo não ocupada por sólidos.


V
VTP  v
VT
ou,
  Ds 
VTP  1 -   100
  Dp 

Aplicações:
a) Armazenamento e movimento de água no solo;
b) Estudos sobre o desenvolvimento do sistema radicular;
c) Resistência mecânica do solo;
d) Fluxo e retenção de calor.
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c.1) Distribuição de poros por tamanho

A distribuição de poros por tamanho é função da textura e da estrutura.


A porosidade total pode ser dividida em: porosidade não capilar ou macroporosidade (poros
com diâmetro maior ou igual a 0,05 mm) e porosidade capilar ou microporosidade (poros com
diâmetro menor que 0,05 mm).

Determinação:
Mesa de tensão
Funil de buchner

c.2) Porosidade livre de água (poros bloqueados)

São macroporos que não receberam água durante a saturação.

Poros bloqueados = VTP calculado – VTP determinado


Onde,
  Ds 
VTP calculado  1 -   100
  Dp 
VTP determinado = umidade de saturação . Ds

d) Umidade do solo

Pode ser expressa à base de peso ou a base de volume.

d.1) Umidade à base de peso ou umidade gravimétrica (U)

É a relação entre a massa de água e a massa de solo seco:


M
U  H2O 100
Ms
Onde,
U = umidade à base de peso ou umidade gravimétrica (% ou g/g)
MH2O = massa de água (g)
Ms = massa de solo seco (g)

d.2) Umidade à base de volume ( )

É a relação entre o volume de água e o volume total da amostra:


θ VH O 100
2

VT
Onde,
= umidade à base de volume (% ou cm3/cm3)
VH2O = volume de água (cm3)
VT = volume total da amostra de solo (cm3)
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Uma outra forma de se expressar a umidade à base de volume:

= U . Ds

Onde:
= umidade à base de volume (% ou cm3/cm3)
U = umidade à base de peso ou umidade gravimétrica (%)
Ds = densidade do solo (g.cm3)

9.3. TEXTURA DO SOLO


A textura do solo é uma importante característica do solo, utilizada no estudo da gênese,
morfologia e classificação de solos. Além disso, permite inferir sobre a fertilidade (solos argilosos
tendem a ser mais férteis que solos arenosos) e o nível de conservação do solo (solos arenosos são
altamente permeáveis à água, mas podem também ser mais suscetíveis à erosão hídrica).
Latossolos oxídicos normalmente possuem muita argila floculada, altamente resistente à
dispersão química e física, que se traduz em níveis elevados de silte nesses solos, quando da
realização da análise granulométrica.
Já o silte encontrado em solos jovens (Cambissolos), com o impacto da gota da chuva, gera
encrostamento, impermeabilizando a superfície do solo, causando escorrimento superficial da água.
Tal fenômeno pode ser evitado com a cobertura permanente do solo, dificultando a dispersão física
e química das partículas.
A textura do solo está relacionada intimamente com a área ou superfície específica do solo.
Quanto maior o teor de argila, maior a área específica e maior a intensidade dos fenômenos
relacionados (Quadro 9.3.1).

Quadro 9.3.1. Área específica e capacidade de troca de cátions (CTC) de diferentes partículas do
solo.
Partícula Área específica (m2/g) CTC (cmol/kg)
Caulinita (1:1) 10-20 3-15
Ilita (2:1) 70-120 10-40
Vermiculita (2:1) 300-500 100-150
Silte < 0,1 Baixo
Areia fina < 0,1 Muito baixo
Areia grossa < 0,01 Extremamente baixo

Como se observa no quadro 9.3.1, a fração que mais influencia o comportamento físico do
solo é a argila. A sua superfície é carregada predominantemente por cargas negativas. Essas cargas
negativas são neutralizadas por uma nuvem de cátions. As cargas da superfície da partícula mais os
cátions neutralizantes formam a dupla camada elétrica.

A nuvem de cátions consiste de uma camada mais ou menos fixa na proximidade da


superfície da partícula chamada camada de Stern, e uma camada difusa se estendendo até uma certa
distância da superfície da partícula (Figura 9.3.1).
A atração de um cátion a uma micela de argila carregada negativamente, geralmente
aumenta com o aumento da valência do cátion. Assim, cátions di ou trivalentes são mais atraídos do
que monovalentes.
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Figura 9.3.1. Concentração iônica e a teoria da dupla camada de Stern (o gráfico indica a redução da
concentração iônica com o aumento da distância da superfície da argila).

Os cátions monovalentes ficam hidratados, longe da micela de argila, com grande diâmetro,
formando uma dupla camada espessa, causando dispersão (Na+). A presença de cátions Al3+ e Ca2+,
por exemplo, causa floculação.
A ordem de preferência da troca de cátions é a seguinte:
Al3+ > Ca2+ > Mg2+ > K+ > Na+ > Li+

Determinação da textura do solo

a) Teste de campo
O uso do tato, mesmo sendo subjetivo e sujeito a erros, deve observar as seguintes
características:
 Areia: sensação de atrito, aspereza. A fração areia é solta, com grãos simples, não
plástica, não pode ser deformada, não pegajosa, não higroscópica, predominam
macroporos na massa, não coesa, pequena área específica, CTC praticamente ausente;
 Silte: sedosidade. Apresenta ligeira coesão quando seco, poros de tamanho
intermediário, ligeira ou baixa higroscopicidade, superfície específica com valor
intermediário, CTC baixa;
 Argila: plasticidade e pegajosidade. A argila é plástica e pegajosa quando úmida, dura e
muito coesa quando seca, alta higroscopicidade, elevada superfície específica, alta CTC,
predomínio de microporos, contração e expansão, forma agregados com outras
partículas.
A análise através do tato, deve se basear nos diferentes teores de argila para a classificação
textural do solo (Quadro 9.3.2).
Quadro 9.3.2. Classes texturais do solo de acordo com o teor de argila (EMBRAPA, 1999).
Teor de argila Classe textural
Menor ou igual a 15% Arenosa
16 a 35% Média
36 a 60% Argilosa
Maior que 60% Muito argilosa
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b) Análise textural ou mecânica ou granulométrica

É a análise realizada em laboratório, fornece a distribuição quantitativa das partículas


unitárias menores que 2,0 mm. Envolve as seguintes etapas:

b.1) Pré-tratamento
Utiliza-se o pré-tratamento para a eliminação dos agentes cimentantes, íons floculantes e sais
solúveis, buscando uma maior dispersão da amostra de solo.
 Solos com teor de matéria orgânica superiores a 5%, faz-se a remoção (oxidação) da
M.O. com peróxido de hidrogênio (H 2O2);
 Óxidos de Fe e Al são retirados com solução ditionito-citrato-bicarbonato de sódio
(prática questionável em solos tropicais, ricos em óxidos);
 Carbonatos são retirados com ácido clorídrico;
 Sais solúveis são retirados por diálise.
b.2) Dispersão
Destrói os agregados do solo, transformando-os em partículas individualizadas em
suspensão.
 Método químico: NaOH ou hexametafosfato de sódio + carbonato de sódio, conhecido
como calgon;
 Método mecânico: agitação suave e demorada ou agitação violenta e rápida;
 Ultra-som
b.3) Separação das frações do solo
Areias são separadas por tamisação (peneiramento), já o silte e a argila são separados pelo
tempo de sedimentação, através da Lei de Stokes:
t= 9.h.  2
2(Dp-Df).g.r

Onde,
t = tempo de sedimentação (s)
h = profundidade de coleta (cm)
 = viscosidade da água (centipoises)
Dp = densidade de partículas (g/cm3)
Df = densidade da água (ou do fluido) (g/cm 3)
g = aceleração gravitacional no laboratório (g/s2)
r = raio da menor partícula a se sedimentar (0,0001 cm)

Quadro 9.3.3. Tempo aproximado de sedimentação requerido por partículas de solo em água para a
profundidade de 10 cm.

AreiaPartícula
muito grossa Diâmetro
2,0 (mm) Tempo de0,03
sedimentação
s
Silte 0,05 4,5 min
Argila 0,002 7,7 h
Argila ultrafina 0,0000002 860 anos

A análise textural pode ser realizada através do método da pipeta ou método do hidrômetro
de Bouyoucos.
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62

O método da pipeta baseia-se na coleta de uma alíquota da suspensão da qual foi


previamente separado a areia e determina-se, através de pesagem do material seco, a porcentagem
de argila contida nas amostras de solo. O silte é determinado por diferença.
O método do hidrômetro de Bouyoucos baseia-se na concentração de argila na suspensão da
qual foi previamente separado a areia. O silte é determinado também por diferença.

Método do hidrômetro de bouyoucos

O método de análise textural sugerido por Bouyoucos (1927) é usado quando se deseja uma
análise rápida dos separados do solo, sem que seja necessária grande precisão. Este método

normalmente
material é o mais (silte
em suspensão utilizado em análises
e argila) de rotina. O densidade
confere determinada método baseia-se no Com
ao líquido. princípio de de
a ajuda queumo
hidrômetro, Bouyoucos relacionou as densidades com o tempo de leitura e com a temperatura,
calculando com estes dados as porcentagens das partículas.
A realização da análise textural sem a adição de NaOH possibilita a obtenção do Índice de
Floculação (IF), que representa a capacidade de floculação das argilas no solo. Valores elevados do
IF indicam a formação de agregados estáveis e solos mais friáveis, permitindo melhor
desenvolvimento radicular e aeração, em função de uma melhor porosidade do solo. Solos ácidos,
ricos em Al são geralmente floculados. Cálcio e magnésio são floculantes, reduzindo o efeito tóxico
de altas concentrações de Al.

Materiais utilizados
 balança analítica ( 0,001 g);
 agitador Hamilton Beach;
 água destilada;
 NaOH 1N;
 peneira n.º 270 (0,053 mm);
 provetas (1.000 e 250 ml);
 béquer (250 ml);
 estufa elétrica ( 105ºC);
 dessecador;
 hidrômetro;
 termômetro (ºC);
Metodologia
1. Pesar uma dada quantidade de TFSA que corresponda a 50 g de TFSE, transferindo-a
para o copo metálico do agitador, adicionando-se água destilada até a cobertura da
amostra.
2. Posteriormente, adicionar 10 ml de NaOH 1N, mantendo-se em repouso por 15 min.
3. Completar o volume do copo com água destilada até cerca de um terço de sua altura,
sendo então submetida à agitação durante cerca de 10 min a 12.000 rpm.
4. Passar toda a suspensão através da peneira 0,053 mm, para a proveta de 1.000 mL, cujo
volume deve ser completado com água destilada.
5. A fração areia deve ser colocada em béquer previamente tarado e identificado. Secar a
105-110ºC e determinar seu peso seco após esfriar em dessecador.
6. Determinar a temperatura da suspensão na proveta de 1.000 mL e calcular o tempo de
sedimentação da menor partícula de silte (diâmetro = 0,002 mm ou 0,0002 cm e raio r =
0,0001 cm), através da expressão:
9.h. 
t=
2(Dp-Df).g.r 2
Onde:
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t = tempo de sedimentação (s)


h = profundidade de coleta (5 cm)
 = viscosidade da água (centipoises)
Dp = densidade de partículas (g/cm3)
Df = densidade da água (ou do fluido) (g/cm 3)
g = aceleração gravitacional no laboratório (978,4221 g/s2)
r = raio da menor partícula a se sedimentar (0,0001 cm)

7. Após a homogeneização com agitador próprio, deixar a amostra t horas em repouso, e


coletar a suspensão a uma profundidade de 5 cm, transferindo-a para a proveta de 250
mL.
8. Colocar o hidrômetro, e fazer a leitura da argila; determinar a temperatura da suspensão
logo após a retirada do hidrômetro.
a) Adicionar 0,2 à leitura do hidrômetro para cada grau acima de 68ºF (temperatura de
calibração do hidrômetro).
b) Subtrair 0,2 da leitura do hidrômetro para cada grau abaixo de 68ºF.

Temperatura
9
o
F=  Co  32
5 
o 5 o
C = ( F - 32)
9
9. Com a leitura corrigida do hidrômetro, calcular a porcentagem de argila.
10. Com os resultados da areia total e da argila, calcular por diferença a porcentagem do
silte.
11. Determinar a classe textural.
12. Repetir todo o processo anteriormente citado, retirando-se apenas o NaOH,
determinando a porcentagem de argila dispersa em água (ADA).
13. Por fim, calcular o Índice de Floculação (IF), através da seguinte equação:
arg ila total -ADA
IF   100
argila total

9.4. ESTRUTURA
“Estrutura do solo refere-se à agregação das partículas primárias do solo em unidades
compostas ou agrupamentos de partículas primárias, que são separadas de agregados adjacentes
por superfícies de fraca resistência” (Soil Survey Manual, 1951).

“Estrutura do solo é o arranjamento das partículas do solo e do espaço poroso entre elas;
incluindo ainda o tamanho, forma e arranjamento dos agregados formados quando partículas
primárias se agrupam, em unidades separáveis” (Marshall, 1962).
Assim, de acordo com as definições acima, compreende-se que a estrutura do solo é
basicamente o arranjamento (agregação) das partículas do solo, influenciado por fatores físicos,
químicos e biológicos. O pré-requisito para a agregação é que a argila esteja floculada. Entretanto,
não é suficiente, devendo haver a existência de substâncias cimentantes. Mas nem sempre esses dois
fatores explicam plenamente o aparecimento dos variados tipos de estrutura pois todos os fatores de
formação do solo influenciam a estrutura.
Em geral, a estrutura dos solos pode ser dividida conforme o tipo, classe e grau:
 Tipo: blocos, prismática, granular e laminar;
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 Classe: muito pequena, pequena, média, grande e muito grande;


 Grau: sem estrutura – grãos simples ou maciça;
com estrutura – fraca, moderada ou forte
Quanto ao tamanho, tem-se a divisão dos agregados em macroagregados (diâmetro > 1,0
mm) e microagregados (diâmetro < 1,0 mm).

Fatores que afetam a formação de agregados:


 Cátions: alteram a espessura da dupla camada iônica, causando floculação (Ca 2+, Mg 2+)
ou dispersão (Na+);
 Matéria orgânica: atua como agente cimentante;
 Sistema de cultivo e sistema radicular: o modo e a freqüência do cultivo e tráfego, além
das raízes que comprimem os agregados, separando-os dos adjacentes; a absorção de
água provoca desidratação diferencial, contração e abertura de numerosas e pequenas
trincas; os exsudatos radiculares e a morte contínua de raízes (pêlos radiculares) são
precursores dos cimentos húmicos; a umidade elevada provoca deformações plásticas
pelo cultivo, com excesso de compactação e destruição dos agregados, já o solo muito
seco tende a ser pulverizado pelo preparo;
 Organismos: através de metabólitos secretados pela fauna do solo, tem-se a cimentação
dos agregados.

Fatores que provocam a destruição de agregados:


 Impacto das gotas de chuva: provoca a desagregação, com o salpico e encrostamento do
solo, levando à erosão;
 Preparo excessivo do solo: pode causar compactação excessiva e/ou pulverização (o
ideal é o preparo na zona de friabilidade do solo);
 Aumento da concentração de Na+ relativo a Ca2+ e Mg2+, causando dispersão;
 Temperaturas altas que causam oxidação da matéria orgânica.
As partículas do solo podem se agregar conforme a mineralogia predominante, havendo um
rearranjo conforme a presença de hematita e/ou goethita, principalmente em Latossolos. Ferreira
(1999) apresentou diferentes modelos de estruturação de Latossolos que diferem do modelo clássico
de Emerson (1959), conforme pode ser observado na figura 9.4.1.

a) Emerson (1959)
A = quartzo – matéria orgânica – quartzo
B = quartzo – matéria orgânica – argila
C = argila – matéria orgânica – argila
C1 = face – face
C2 = canto (lado) – face
C3 = canto - canto

b) Ferreira et al. (1999)


Latossolo caulinítico
A = caulinita
B = óxidos de Fe (Hematita e Goethita)
C = matéria orgânica
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c) Ferreira et al. (1999)


Latossolo gibbsítico
A = gibbsita
B = óxidos de Fe (Hematita e Goethita)

Figura 9.4.1. Modelos de estruturação do solo.

Determinação
A estrutura do solo pode ser avaliada através da determinação de algumas propriedades
físicas do solo, tais como:
 Densidade do solo
 Porosidade total
 Distribuição dos poros por tamanho
 Condutividade hidráulica do solo saturado (Ks)
 Estabilidade de agregados

Ferreira (1988), observando a estrutura do solo, fez algumas observações a respeito das
propriedades acima (Quadro 9.4.1):

Quadro 9.4.1. Diferenças das propriedades físicas de Latossolos cauliníticos e gibbsíticos.

Latossolo
Caulinítico Ds
Aumenta % Macroporos
Diminui Ks
Diminui DMG
Diminui
Gibbsítico Diminui Aumenta Aumenta Aumenta

As diferenças acima, justificam-se na análise micromorfológica. Os Latossolos cauliníticos


possuem a distribuição dos grãos de quartzo em relação ao plasma, eminentemente porfirogrânica,
isto é, os grãos estão envolvidos num plasma denso, contínuo, com pouca tendência ao
desenvolvimento de microestrutura, implicando no surgimento de estrutura em blocos.
Já os Latossolos gibbsíticos possuem a distribuição dos grãos de quartzo em relação ao
plasma seguindo o padrão “agglutinic”, isto é, apresentam desenvolvimento de microestrutura com
predomínio de poros de empacotamento composto, implicando no surgimento de estrutura granular.

Caracterização da estrutura do solo


A estrutura do solo pode ser caracterizada pelos seguintes métodos:
 Método direto, realizado no campo (morfologia) ou em laboratório, através da
microscopia;
 Método indireto, variam de acordo com o objetivo da análise: peneiramento dos
agregados secos para verificar os efeitos da erosão eólica na estrutura do solo e
peneiramento úmido para verificar os efeitos da erosão hídrica na estrutura do solo.
O procedimento destas análises consiste em passar os agregados previamente
homogeneizados em tamanho, em um conjunto de peneiras de diâmetros: 2,0; 1,0; 0,5; 0,25 e 0,10
mm de abertura, imersos em água ou não (Figura 9.4.2).
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Figura 9.4.2. Aparelho de oscilação vertical.

Índices utilizados para expressar a distribuição dos agregados por tamanho

Diâmetro médio geométrico (DMG)

DMG = 10X
 (n log d)
X=
n
Onde,
n = % dos agregados retidos em uma determinada peneira
d = diâmetro médio de uma determinada faixa de tamanho do agregado (mm)

Diâmetro médio em peso (DMP)


n
DMP = n d
i=1
i i

Onde,
ni = % dos agregados retidos em uma determinada peneira (decimal)
di = diâmetro médio geométrico de uma determinada faixa de tamanho de agregados (mm)
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Exercício:
1) Calcular o diâmetro médio geométrico e o diâmetro médio em peso para a seguinte
condição:

Classe de tamanho Peneiramento seco Peneiramento úmido


de agregado (mm) Solo virgem Solo cultivado Solo virgem Solo cultivado
0,0-0,10 10% 30% 20% 50%
0,10-0,25 10% 25% 25% 25%
0,25-0,5 15% 20% 20% 15%
0,5-1,0 20% 11% 15% 7%
1,0-2,0 25% 9% 15% 3%
2,0-4,0 20% 5% 5% 0%
Discutir os resultados.

9.5. POROSIDADE
Como já visto anteriormente, nas relações de massa e volume do solo, a porosidade pode ser
determinada através da obtenção do volume total de poros (VTP) através da marcha analítica (VTP
determinada) ou através do cálculo da expressão:
  Ds 
VTP calculado  1 -   100
  Dp 
A diferença entre ambos os valores fornece os poros bloqueados, que normalmente ocorrem
no solo, devido às interrupções dos canais e à oclusão de bolhas de ar dentro de agregados maiores.
Deve-se relembrar que a porosidade é função da textura e da estrutura do solo. O estudo da
porosidade é realizado normalmente através do uso da mesa de tensão, do funil de buchner e dos
extratores de placa porosa. Maiores detalhes sobre a porosidade serão discutidos no item 12 (Água
do Solo).

9.6. DENSIDADE
A densidade do solo também já foi vista nas relações de massa e volume do solo. Deve-se
relembrar que o estudo da densidade do solo fornece parâmetros associados diretamente à estrutura
do solo. Solos compactados, com alto grau de empacotamento, normalmente possuem maior
densidade do solo.

9.7. COMPACIDADE
O estudo da compacidade (compactação) do solo baseia-se no princípio que a compactação
em excesso é prejudicial à maioria das plantas, dificultando o desenvolvimento radicular e
reduzindo a produção.
Para o diagnóstico da compactação no campo, tem-se as seguintes observações:
Solo
- Presença de crostas;
- Aparecimento de trincas nos sulcos de rodagem do trator;
- Zonas endurecidas no solo;
- Empoçamento de água;
- Erosão hídrica excessiva;
- Presença de antigos resíduos vegetais, parcialmente decompostos;
- Necessidade maior de potência das máquinas de cultivo.
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Planta
- Baixa emergência;
- Variação no tamanho;
- Folhas amarelecidas;
- Sistema radicular superficial e horizontal;
- Raízes mal formadas e/ou tortas.

Métodos para avaliar a compactação do solo

Ensaio de compressão uniaxial

Consiste na aplicação de uma carga sobre o solo (corpo de prova), em um único sentido
(uniaxial) anotando-se a deformação ocorrida depois de determinado tempo. Assim, há a redução do
volume ocupado pelo solo (VT), com a manutenção da mesma massa (Ms), elevando
conseqüentemente, a densidade do solo (DS). Com o incremento da carga aplicada, tem-se maiores
reduções e maiores Ds, respectivamente. Plotando-se a Ds com o logaritmo da pressão aplicada,
tem-se a curva de compressão do solo (Figura 9.7.1).

a) b)

Figura 9.7.1. a) célula de compressão utilizada no ensaio de compressão uniaxial e b) curva de


compressão do solo.

A curva de compressão do solo divide as deformações da estrutura do solo em regiões


recuperáveis e não recuperáveis, regiões elásticas e plásticas, respectivamente. Caso a pressão
aplicada por um equipamento agrícola qualquer sobre o solo, esteja na região recuperável (elástica),
não haverá compactação adicional do solo; caso a pressão aplicada esteja na região não recuperável
(plástica), haverá deformação permanente da estrutura do solo, gerando compactação adicional. A
pressão que divide estas duas regiões (recuperáveis e não recuperáveis) é chamada de pressão de
preconsolidação ( p).
Como a pressão de preconsolidação é a divisora das duas regiões, qualquer pressão aplicada
ao solo, que esteja acima da pressão de preconsolidação, com certeza, acarretará aumento da
compactação do solo.

Resistência à penetração (RP)

A resistência à penetração do solo é verificada através de penetrômetros e penetrógrafos,


que são inseridos no solo a partir da aplicação de uma carga sobre os mesmos. Fornecem a
resistência à penetração, a partir de dinamômetros ou células de carga (Figura 9.7.2ab). Outros
modelos de penetrômetro são aqueles denominados de penetrômetros de impacto, cuja aplicação da
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carga, através de sucessivos golpes com um soquete, permite simultaneamente a identificação da


resistência à penetração (também conhecido como penetrômetro de Stolf).
A expressão dos valores de resistência à penetração somente tem validade quando
comparados com a umidade do solo no momento da penetração, uma vez que é altamente
dependente da quantidade de água no solo. Para tanto, deve-se medir a umidade do solo e,
posteriormente, plotar os valores contra a resistência à penetração (RP) (Figura 9.7.2c).
a) b) c)

Figura 9.7.2. a) penetrômetro de cone; b) penetrômetro de bolso e c) Gráfico da resistência à


penetração (RP) versus umidade gravimétrica (U).

Ensaio de Proctor

O ensaio de Proctor consiste em compactar o solo (três ou cinco camadas), em um cilindro


de volume conhecido (1.000 ou 2.300 cm3), usando um soquete de peso conhecido (2,5 ou 4,5 kgf),
variando o número de golpes (25, 28, 36 ou 60 golpes), obtendo assim diferentes níveis de energia
de compactação.
Esse ensaio permite obter a curva de compactação do solo, a qual é representada por um
gráfico no qual plota-se no eixo das abscissas os valores de umidade e no eixo das ordenadas os
valores de densidade do solo (Ds). No ponto de máxima da curva de compactação, tem-se a
densidade do solo máxima e a umidade ótima de compactação, para uma determinada energia de
compactação (Figura 9.7.3). Embora seja relativamente simples a sua execução, o ensaio de Proctor
possui restrições, devido principalmente à destruição da estrutura do solo, pelos sucessivos golpes
com o soquete.

Figura 9.7.3. Curva de compactação do solo.


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Consistência do solo

É a manifestação das forças de adesão e coesão que atuam no solo em função da umidade.
As forças de adesão ocorrem entre corpos de diferentes naturezas, como as forças que ocorrem entre
as partículas do solo e as moléculas de água. As forças de coesão ocorrem entre corpos de mesma
natureza, como as forças que ocorrem entre as partículas do solo.
A crescente utilização de máquinas agrícolas levou à maior incidência de tráfego nas áreas
cultivadas. Muitas vezes, esse tráfego é feito sem que haja um controle da umidade do solo, que
indicaria o momento ideal de preparo das áreas. A umidade adequada localiza-se acima do limite de
contração e abaixo do limite de plasticidade, sendo denominada friabilidade. A determinação da
faixa de friabilidade do solo pode contribuir para uma maior sustentabilidade estrutural do solo,
informando a umidade ideal para o preparo do solo (Figura 9.7.4).

Figura 9.7.4. Estados de consistência do solo e a variação da faixa de friabilidade em função do tipo
de solo (Vertissolo e Latossolo).

Determinação dos limites de consistência do solo (liquidez, plasticidade e contração)


O limite de liquidez é determinado usando-se o aparelho de Casagrande. Equivale à umidade
do solo que preencheu a cápsula com 25 golpes do aparelho (Figura 9.7.5).

Figura 9.7.5. Aparelho de Casagrande: 1. vista de cima da amostra colocada na cápsula metálica
depois de feito o corte com o cinzel; 2. corte A-B; 3. corte C-D antes da determinação
(aplicação dos golpes); 4. corte C-D após o fechamento do corte.
O limite de plasticidade é determinado pela confecção (rolando-se o solo com a mão sobre
uma placa de vidro esmerilhada) de um cilindro de 3 mm de diâmetro e comprimento mínimo de 50
mm. Quando o cilindro começar a apresentar fissuras, interrompe-se o ensaio e determina-se a
umidade do solo do cilindro. Após o mínimo de 3 repetições, faz-se a média aritmética simples das
repetições, obtendo-se o limite de plasticidade.
O limite de contração é obtido mediante a determinação da massa e do volume de uma
amostra seca em estufa (105-110ºC). Essa umidade é o limite abaixo do qual a maior parte dos solos
não apresenta redução de volume.
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9.8. ÁGUA DO SOLO


A água é uma das mais importantes substâncias da crosta terrestre. Nas formas líquida e
sólida, cobre mais de 2/3 da superfície do planeta, e, na forma gasosa, é constituinte da atmosfera,
estando presente em toda parte.
A água é uma substância essencial à agricultura, pois é de vital importância para as plantas.
A água utilizada pelas plantas fica armazenada no solo, a partir do qual é fornecida às plantas de
acordo com suas necessidades. Entretanto, a recarga natural deste reservatório é variável, devido a
variabilidade na distribuição das chuvas.
Todavia, o uso de irrigação tem contribuído para minimizar a variabilidade da recarga de
água do solo pelas chuvas. Assim, o conhecimento de seu comportamento em relação ao sistema
solo-planta-atmosfera
indiretamente. é essencial para estudos visando a produção vegetal e a animal,

Retenção de água pelo solo

O solo tem a propriedade de atrair e reter a água no estado líquido e em forma de vapor. A
molécula de água apresenta uma distribuição assimétrica de carga, a qual gera um dipolo elétrico
que é responsável por uma série de propriedades físico-químicas, como, por exemplo: solvente
universal, adsorção sobre superfície sólida e hidratação de íons e colóides.
Como o solo apresenta cargas elétricas, as moléculas de água se orientam para serem retidas.
Nesta interação solo-água, verifica-se a influência de forças de adsorção (coesão e adesão) (Figura
9.8.1a).
Além destas forças, a água do solo pode ser retida por capilaridade. A capilaridade atua na
retenção de água na região de baixa sucção (solo úmido). Na região de alta sucção (solo seco), as
forças de adsorção passam a dominar o fenômeno de retenção de água do solo (Figura 9.8.1b),
surge então um componente do estado de energia potencial da água no solo, o potencial mátrico ou
matricial.

a) b)

Figura 9.8.1. Interação água-solo. a) forças de coesão (H2O-H2O) e adesão (H2O-argila). b) retenção
da água nos capilares do solo.

Potencial mátrico (m)


Sabe-se que a água desloca-se sempre da região de maior energia para a região de menor
energia. O potencial mátrico é um dos componentes do potencial total da água no solo, que ainda
possui: potencial gravitacional, de pressão, matricial e osmótico (energia potencial).
Como normalmente o potencial mátrico é negativo, para se evitar confusões, pode-se
chamá-lo de sucção.
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Fatores que afetam a retenção de água pelo solo

Textura e tipo de argila


Solos argilosos normalmente retêm mais água do que solos arenosos. Exceção deve ser feita
aos Latossolos com alto teor de óxidos de Fe e Al, cuja microestrutura granular contribui para o
comportamento típico de solos arenosos, mesmo possuindo alto teor de argila. Além disso, solos
com argila 2:1 retém mais água do que solos com argila 1:1. A retenção de água a altas sucções
(maiores que 1 atm) é influenciada pela textura e superfície específica, sendo o fenômeno de
adsorção o dominante na retenção de água.

Matéria orgânica
A matéria orgânica aumenta a capacidade de retenção de água do solo diretamente e
indiretamente através da melhoria das condições físicas do solo, devido a sua influência na estrutura
do solo.

Estrutura do solo
A retenção de água a baixa sucção depende do fenômeno de capilaridade e distribuição do
tamanho de poros, sendo grandemente afetada pela estrutura do solo. O manejo inadequado do solo
pode causar compactação do solo com conseqüente destruição da estrutura do solo o que diminuirá
a retenção de água a baixa sucção.

Classificação da água no solo

A água no solo é classificada em:

Água gravitacional
 Quantidade acima da capacidade de campo
 Localizada nos macroporos
 Permanência efêmera no solo
 Removida facilmente pela drenagem (ação gravitacional)
 Provoca lixiviação no solo
 Água retida no solo sob sucção abaixo de 0,1 atm
Água capilar
 Quantidade compreendida entre a umidade higroscópica e a capacidade de campo
 Localizada nos microporos
 Parcialmente permanente no solo
 Não removida pela drenagem
 Água retida no solo sob sucção entre 0,1 e 31 atm
 Atua como solução do solo

Água higroscópica
 Localizada próximo da superfície das partículas do solo
 Permanente no solo
 Removida apenas no estado de vapor
 Água retida no solo sob sucção entre 31 e 10.000 atm.
A classificação acima já não possui a mesma validade atualmente, uma vez que toda água do
solo é afetada pela gravidade da terra e não somente parte da água como sugerido acima. Entretanto,
ainda possui valor didático.
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Determinação da curva característica de água do solo ou curva de retenção

A curva característica de água do solo é a representação gráfica das relações umidade-


potencial matricial. Os aparelhos utilizados para a determinação da curva característica de água do
solo são a unidade de sucção (0-0,1 atm), através do funil de Buchner e extratores de placa porosa
(0,1-1,0 atm e 1,0 a 20,0 atm) (Figura 9.8.2).

a) b)

Figura 9.8.2. a) funil de Buchner e b) extrator de placa porosa.

O princípio de funcionamento do funil e do extrator é o mesmo, ou seja, a continuidade dos


poros, onde há uma passagem de água da amostra de solo para os poros da placa (Figura 9.8.3).

Figura 9.8.3. Princípio da continuidade dos poros.

As características da curva de retenção de água são específicas para cada solo, podendo
ocorrer variações entre horizontes de um mesmo perfil do solo. Para altas umidades, há
predominância de fenômenos capilares, ligados à densidade e estrutura do solo. Para baixos teores
de umidade há predominância de fenômenos de adsorção, ligados à textura e área específica do
solo. Desde que a distribuição dos poros quanto ao tamanho não varie no tempo, a curva
característica de água do solo é única, não sendo necessária sua determinação anualmente.
A representação é feita em papel monolog (logaritmo somente nas ordenadas), permitindo
uma maior faixa de interesse, principalmente para a irrigação. Assim, pode-se estimar o potencial
matricial conhecendo-se a umidade ou vice-versa (Figura 9.8.4).
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a) b)

Figura 9.8.4. Variações de curvas características de água. a) diferenças entre um solo compactado e
um solo agregado; b) solo argiloso com distribuição de poros mais homogênea do que o
solo arenosos, onde predominam macroporos.

O mesmo princípio utilizado na obtenção da curva característica, é aplicado diretamente na


irrigação, através do uso do tensiômetro que indica a sucção na qual o solo se encontra (máximo de
0,85 atm). Assim, pode-se planejar o momento ideal para a irrigação através da verificação do
potencial mátrico do solo diretamente no campo (Figura 9.8.5).

Figura 9.8.5. Tensiômetro com nível de mercúrio.


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10. QUÍMICA DO SOLO


10.1. ORIGEM DAS CARGAS ELÉTRICAS DO SOLO
É na fração argila onde ocorrem muitos fenômenos químicos. Um deles é a troca iônica, um
dos mais importantes fenômenos para a humanidade50, depois da fotossíntese.
Na natureza, existem duas cargas: positiva e negativa. A fração argila e outras frações como
silte, por exemplo, em menor quantidade, podem apresentar essas duas cargas. A maioria dos solos
na crosta terrestre apresenta o número de cargas negativas maior do que o número de cargas
positivas, sendo chamados de solos eletronegativos. Existem, no entanto, somente entre os
Latossolos, alguns solos que apresentam o número de cargas positivas maior que o número de
cargas negativas, sendo chamados de solos eletropositivos (Figura 10.1.1).

Figura 10.1.1. Relação entre idade dos solos e balanço de cargas elétricas.

As cargas negativas presentes na superfície dos minerais de argila e da matéria orgânica, são
2+ 2+ + +
capazes
adsorvidosde podem
adsorver
ser íons com cargas
substituídos, isto é,opostas
trocados(cátions):
uns pelosCaoutros.
, MgA esse
, K fenômeno
, H etc. Estes
dá-se ocátions
nome
de troca de cátions, e ao conjunto das cargas negativas dá-se o nome de capacidade de troca
catiônica (CTC ou T), que é normalmente expressa em cmol c/dm3 de solo ou meq/100 g de solo.
Ao somatório das bases, Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+ dá-se o nome de soma de bases (SB), via de regra
expressa em cmolc/dm3 ou meq/100 g de terra fina ou meq/100 cm3 de terra fina.
A fração argilosa do solo é composta principalmente de argilas silicatadas e oxídicas
(óxidos, termo inclusivo para óxidos, hidróxidos e oxidróxidos, de Fe e de Al).
As argilas silicatadas se formam pelo arranjo de tetraedros de sílica e octaedros de Al.
Normalmente, as argilas dos solos possuem predomínio de cargas negativas, as quais
permitem a Capacidade de Troca de Cátions. Estas cargas são o resultado de uma ou mais reações
distintas, descritas a seguir.

Cargas negativas
As cargas elétricas negativas da argila surgem principalmente a partir de três situações:
a) Substituição isomórfica: é a maior fonte de cargas negativas para argilas 2:1. Parte do
silício nas lâminas tetraédricas é substituído por íons de tamanho similar, como o Al 3+.
Da mesma maneira, o Mg2+ ou o Fe2+ substitui o Al3+ no octaedro das lâminas de argila,
havendo a sobra de uma carga negativa, sem alterar a estrutura cristalina do mineral.
Outros exemplos de substituição isomórfica são: Fe3+ por Mg2+; K+ por Na+ ou Ca2+.
A substituição isomórfica é controlada em função do:
50
Os fenômenos encontram-se de tal forma inter-relacionados que pode não haver muito sentido em dizer-se que um é
mais importante do que o outro. Um exemplo: quase não se fala na importância da floculação, isto é, da precipitação
dos colóides em suspensão – a limpeza da água suja. As águas do rio Amazonas, não fosse esse fenômeno, sujariam o
oceano, alterariam a atividade biológica, as trocas gasosas (por exemplo, absorção de CO 2) e isso modificaria, talvez, a
vida na Terra.
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76

 Tamanho do cátion, cujo raio iônico deve ter, no máximo 15% de


diferença entre os íons a serem substituídos (quanto maior a
diferença, maior a dificuldade de ocorrer a substituição
isomórfica);
 Carga do cátion, com o máximo de uma unidade de diferença.
Caso a carga seja diferente, deve ocorrer outra substituição para
que haja equilíbrio elétrico (Figura 10.1.1).

Figura 10.1.1. Dimensões relativas de íons encontrados no solo.

b) Quebra (beirada) das lâminas dos octaedros e tetraedros : como as lâminas de argila
não possuem dimensão ilimitada, tem-se, no ponto de ruptura, a formação de cargas
elétricas.
c) Dissociação de hidroxilas nos vértices do sólido, na estrutura dos octaedros : é uma
fonte importante de cargas negativas, principalmente para argilas 1:1 e para os óxidos de
Fe e Al, além dos colóides orgânicos:
OH  O- + H+

Cargas positivas
Predominam cargas positivas em solos latossolizados. A sua srcem está também ligada à
dissociação de hidroxilas dos compostos de Fe e de Al, e dos octaedros das argilas silicatadas.
Tem-se a seguinte reação:
Meio ácido: ROH + H +  R+ + H2O
Meio alcalino: ROH + OH-  RO- + H2O

Troca iônica
A troca iônica é: “o processo reversível pelo qual íons retidos na superfície de uma fase
sólida são substituídos por quantidade equivalente de outros íons, que estejam numa fase líquida ou
ligados a outra fase sólida, em contato com a primeira”.
A disponibilidade dos nutrientes no solo para as plantas é controlada por um complexo de
interações de fatores físicos, químicos e biológicos. Os íons do solo estão em equilíbrio dinâmico
entre as formas solúveis, trocáveis e não trocáveis.
A adsorção de íons é uma propriedade típica de substâncias com elevada superfície
específica. Colóides (constituintes da fração argila) têm carga elétrica efetiva negativa, mas
possuem, eventualmente, algumas cargas positivas (Figura 10.1.2).

Alguns processos químicos e físicos relacionados com a troca


iônica:
 Intemperização de minerais;
 Absorção de nutrientes pelas plantas;
 Expansão e contração de argilas;
 Lixiviação de eletrólitos;
 Fixação de fósforo.
Figura 10.1.2. Dimensões relativas de íons encontrados no solo.

No solo, os cátions mais importantes são: Ca2+, Mg2+, H+,


K , Na e NH4+. Os ânions mais importantes são: SO 42-, Cl-, NO3-,
+ +

H2PO4-, HPO42-, HCO3- e ânions de ácidos húmicos.


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77

10.2. pH
O pH do solo é utilizado principalmente para medir a acidez do solo. A acidez refere-se à
concentração do íon hidrogênio, representado pelo símbolo H+. A concentração do ácido é indicada
em mol/L onde 1 mol é igual a 6 x 1023 íon H+. Esta unidade de medida é adequada para soluções
com altas concentrações de ácidos ou de bases. Entretanto, para baixas concentrações de ácido
(0,000001 mol/L de H+) torna-se difícil a leitura e a interpretação dos resultados. Devido a este fato,
a acidez é medida em unidades de pH, onde:

log
pH =  -log  H + 
H+ 
 
A escala de pH em solução aquosa varia de zero a 14, porque o produto das concentrações
de [H+] e [OH‾] a 25°C é constante e igual a 10-14, sendo 7 o ponto neutro [H+] = [OH‾], abaixo de 7
ácido [H+] > [OH‾] e acima de 7 alcalino [OH‾] > [H+]. Um fato a ser considerado é a escala
logarítmica do pH: alteração de uma unidade de pH representa 10 vezes a alteração na concentração
do ácido. Por exemplo: uma solução no pH 3 contém 10, 100 ou 1.000 vezes mais íon H+ do que as
soluções no pH 4, 5 ou 6, respectivamente.
Para o solo, o pH indica a concentração do íon H+ na solução. Como o íon H+ no solo está
em equilíbrio dinâmico entre as formas trocáveis e solúveis, o eletrodo de pH determina apenas a
concentração do íon H+ em solução, sem referir-se ao H+ adsorvido no solo (Figura 10.2.1).

Figura 10.2.1. Diagrama de equilíbrio iônico no solo.

O solo apresenta uma propriedade de resistência às alterações no pH devido ao equilíbrio


entre as formas de H+ adsorvido e solúvel. A neutralização do H + solúvel implica no deslocamento
do H+ adsorvido para a solução, para manter o equilíbrio eletroquímico. Este fenômeno é conhecido
como poder
orgânica, tampãoque
indicando do os
solo. O poder
grupos ácidostampão de acidez
da matéria pode
orgânica sãoaumentar com compostos
os principais o teor de matéria
do solo
responsáveis pela manutenção do equilíbrio entre as formas adsorvidas e solúveis de H+.
O pH da maioria dos solos produtivos varia entre os valores de 4,0 a 9,0. Os graus de acidez
e de alcalinidade para esta amplitude de pH são mostrados na figura 10.2.2.
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78

Figura 10.2.2. Faixas de acidez e alcalinidade encontradas na maioria dos solos agrícolas.

Um ácido é uma substância que libera íons hidrogênio (H+). Quando saturado com H+, um
solo comporta-se como um ácido fraco51. Quanto mais H+ for retido no complexo de troca maior
será a acidez do solo. O alumínio também age como um elemento acidificante e ativa o H+. Os íons
básicos, tais como Ca2+ e Mg2+, tornam o solo menos ácido (mais básico).

10.3. CAPACIDADE DE TROCA DE CÁTIONS (CTC)


A CTC, ou CEC, do inglês “cation exchange capacity”, é a capacidade do solo de adsorver
cátions. Way (1850) foi quem primeiro verificou a existência de uma troca de cátions no solo,
através do experimento que resultou na seguinte reação:
Solo-Ca + 2NH4+  (NH4)2-solo + Ca2+

A CTC é uma forma de quantificar as cargas negativas do solo associadas à argila e matéria
orgânica. A CTC total do solo pode ser dividida em permanente ou fixa, e variável ou dependente
de pH. A CTC permanente ou fixa está associada à argila em função da substituição isomórfica. A
CTC variável ou dependente de pH está associada à argila (grupos hidroxílicos expostos) e à
matéria orgânica (grupos carboxílicos e fenólicos expostos). Há uma grande variação da CTC de
acordo com a superfície específica do material em questão (Quadro 10.2.1).

Quadro 10.2.1. Variação do CTC de acordo com a natureza do elemento.


Elemento CTC
Húmus 200
Vermiculita 100-150
Montmorilonita 70-95
Ilita 10-40
Caulinita 3-15
Sesquióxidos 2-4

Assim, cátions adsorvidos são disponibilizados para as plantas através da troca com íons H+
gerados pela respiração radicular. Para a absorção de ânions, há liberação de íons OH- ou HCO3-.

51
Ácido com baixo grau de dissociação, ou seja, baixa liberação de íons H +.
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A CTC é relacionada com a superfície e a carga das argilas, pela equação:

CTC = S x 

Onde,
S = superfície específica das argilas
p = densidade de cargas superficiais

A CTC do solo é obtida através da somatória dos cátions trocáveis (mEq) em 100 g de solo,
que é equivalente à unidade cmol kg -1 solo.

Assim:
Cátions (mEq/100 g solo) Ânions (mEq/100g solo)
Na+ = 5 Cl- = 0,8
+
K =5 HCO3- = 0,2__
Ca2+ = 10 ânions = 1,0
Mg2+ = 10
H+ = 5 .
cátions = 35
Dessa forma: CTC = cátions - ânions
CTC = 35 – 1,0
CTC = 34 mEq/100g solo

Atividade das argilas


Refere-se à capacidade de troca de cátions (conhecida como valor T) da fração argila. A
atividade alta (Ta) é considerada para valores iguais ou superiores a 27 cmolc/kg de argila e a
atividade
A baixa (Tb) édas
atividade utilizada
argilaspara valores inferiores
é utilizada a esse,classes
para distiguir sem correção paraexceto
de solos, carbono.
quando, por
definição, somente solos de argila de atividade alta ou somente de atividade baixa sejam
compreendidos na classe em questão (este critério não é aplicado para solos das classes texturais
areia e areia franca).
Para essa distinção, é considerada a atividade das argilas no horizonte B, ou no C, quando
não existe B.

Análise química

Os resultados de análise química do solo, para fins de fertilidade, englobam alguns valores
da CTC:
Valor S ou SB
É a soma de bases trocáveis, calculado em cmol c/dm3 de TFSA (com uma casa decimal de
precisão), de acordo com a expressão:
S = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+

Valor T ou CTC a pH 7,0


É a soma das bases trocáveis (S ou SB) mais a acidez potencial (H+Al), calculado em
cmolc/dm3 de TFSA (com uma casa decimal de precisão), de acordo com a expressão:
T = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+ + H+ + Al3+ ou, como S = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+, tem-se:
T = S + (H+Al)
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Valor t ou CTC efetiva


É a soma das bases trocáveis (S ou SB) mais a acidez trocável (Al 3+), calculado em
cmolc/dm3 de TFSA (com uma casa decimal de precisão, de acordo com a expressão:
t = S + Al 3+

Valor V
É o índice de saturação por bases do valor T (CTC total), calculado em porcentagem
(número inteiro), de acordo com a seguinte expressão:
100 S
V=
T
Caso V seja maior ou igual a 50%, o solo é considerado eutrófico, caso seja inferior a 50%,
o solo é denominado distrófico. Alguns horizontes do solo são diferenciados conforme o V seja
maior ou menor que 65% (horizonte A chernozêmico,

Valor m
É o índice de saturação por alumínio trocável ou % de Al3+ na CTC efetiva do solo calculada
em porcentagem (número inteiro), de acordo com a seguinte expressão:
100 Al3+
m=
S + Al3+

10.4. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ESTRUTURA DOS MINERAIS DE ARGILA


O solo possui minerais em todas as suas frações (areia, silte e argila), que podem ser
subdivididos em:
a) minerais primários, remanescentes da rocha ou sedimento que deu srcem ao solo
(presentes principalmente na fração silte e areia);
b) minerais secundários,
intemperismo (presentesformados a partirnadefração
principalmente minerais preexistentes
argila), pela ação(1:1),
como a caulinita do
haloisita (1:1), ilita (2:1), clorita (2:1), vermiculita (2:1), esmectita (2:1) e alofanas
(amorfa).
Os minerais componentes da fase sólida do solo (as duas outras são a líquida e a gasosa) têm
como característica comum o fato de serem, em grande parte, cristalinas, o que torna possível a
identificação de cada uma das espécies minerais presentes, mesmo em mistura, com o auxílio da
difração dos raios X52.
A fração argila dos solos é composta essencialmente (mas não somente) de:
a) silicatos hidratados de alumínio, cristalinos e amorfos (argilominerais e alofanas,
respectivamente), resultantes de alterações dos minerais silicatados que constituem
acima de 93% dos minerais das rochas;
b) óxidos e hidróxidos de alumínio, ferro e titânio.
Os compostos acima não ocorrem somente na fração argila, podendo ser encontrados
também nas frações superiores a 0,002 mm.

Estrutura de silicatos
O íon Si4+ tem raio iônico de 0,39 Å e apresenta um número de coordenação 53 4, formando
tetraedros de silício (com 4 oxigênios), que constitui a unidade básica para o estudo dos minerais

52
difração dos raios X: método de análise não destrutivo da fração argila do solo. Baseia-se no uso de raios X para a
identificação do arranjo dos átomos ou íons em planos cristalográficos. Cada espécie mineral é caracterizada por um
arranjo específico de seus átomos constituintes, criando planos atômicos característicos que geram difração (reflexão)
dos raios X.
53
número de coordenação: é o número de íons de carga contrária em torno de um íons central. Os ânions, por terem
raio iônico maior, distribuem-se ao redor do cátion. Para que certo cátions se combine com certo arranjo de ânions, é
preciso que o diâmetro do cátion não seja superior ao espaço livre deixado pelos ânions. Assim, tem-se para diferentes
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81

silicatados (vide Figura 6.2.1). Os seguintes tipos de arranjamento dos tetraedros de silício são
possíveis nos minerais primários formadores da fração argila dos solos:

Nesossilicatos (neso = ilha): tetraedros isolados de composição (SiO 4)4-.


As ligações tetraedro/tetraedro se fazem por meio de metais, fazendo com
que os tetraedros pareçam estar ilhados entre metais. Os exemplos mais
comuns são minerais do grupo da olivina, como a forsterita - Mg2(SiO4) e a
faialita - Fe2(SiO4). Os cátions Mg2+ e Fe2+ unem os tetraedros isolados.

Sorossilicatos (soro = par): combinação de dois tetraedros de silício, que


se ligam a outros pares de tetraedros por meio de metais. Sua composição é
(Si2O7)6-. Um exemplo é a thortveitita - Sc2(Si2O7).

Ciclossilicatos (ciclo = círculo): apresentam 3, 4, 6 ou 8 tetraedros de


(SiO4)4- ligados em forma de anel, sendo que cada tetraedro compartilha
dois oxigênios com os tetraedros vizinho (dois oxigênios comuns ao
tetraedros adjacentes), de composição (Si3O9)6-, (Si4O12)8-, (Si6O18)12- ou
(Si8O20)8-. Exemplo: wollastonita - Ca3(Si3O9) e berilo - Be3Al2(Si6O18).

Inossilicatos (ino = corrente): os tetraedros de


silício formam cadeia simples que se ligam entre
si por meio de metais, ou dupla, por meio do
compartilhamento de oxigênios, de composição
(Si2O6)4- e (Si4O11)6-, respectivamente. Exemplos
Cadeia simples são o diopsídio - CaMg(Si2O6) e tremolita -
Ca2Mg5(Si8O22).(OH)2.

Cadeia dupla

números de coordenação, seus respectivos arranjos: 3 – triangular; 4 – tetraédrico; 6 – octaédrico; 8 – cúbico; 12 –


hexagonal. 4 e 6 são os números de coordenação mais comuns em solos.
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82

Filossilicatos (filo = lâmina): apresentam três


oxigênios do tetraedro compartilhados, formando
uma camada contínua, segundo duas direções do
espaço, de composição (Si4O10)4-. A grande
maioria dos argilominerais pertence a esse grupo
de silicatos (pirofilita - Al2(OH)2Si4O10 e talco -
Mg3(OH)2Si4O10, além de micas como a
muscovita – KAl2[AlSi3O10](OH)2, biotita –
K(Mg,Fe)3(OH,F)2Si3AlO10, lepidolita –
K2Li3Al3(OH,F)4Si8O20, além dos minerais de
argila: caulinita – Al4Si4O10.(OH)8,
montmorilonita - Al Si O .(OH)4, ilita –
4 8 20
K2Al4Si6Al2O20.(OH)4 e vermiculita.

Tectossilicatos (tecto = engradamento):


apresentam um arranjo tridimensional, onde
todos os oxigênios do tetraedro de silício estão
compartilhados com outros tetraedros. A
composição básica é SiO2. Os exemplos mais
comuns são o quartzo – SiO 2 e os feldspatos
como o ortoclásio – KSi3AlO8 (feldspato
potássico), albita – NaSi3AlO8 (feldspato sódico)
e a anortita – CaSi2Al2O8 (feldspato cálcico).

Alofanas ou material amorfo


Ao contrário dos silicatos, que apresentam uma estrutura cristalina definida, a alofana
apresenta seus constituintes (alumina, sílica e água principalmente) combinados ao acaso, sem
apresentar uma repetição periódica deles nas três dimensões do espaço.

Hidróxidos e óxidos de alumínio e ferro


Devido à grande intensidade de decomposição química de rochas e sedimentos das regiões
tropicais, ocorre uma concentração daqueles elementos que apresentam menor solubilidade, como o
ferro e o alumínio, principalmente. Tais elementos concentram-se na forma de hidróxidos e óxidos
mal cristalizados, e não devem ser considerados como materiais amorfos.
Os óxidos e hidróxidos de alumínio e ferro são comumente denominados livres e apresentam
um único número
coordenação, de coordenação
denominados combinados- . 6.
Os Diferenciam-se daqueles
argilominerais são com
exemplos mais
deste de um
último, tipo são
os quais de
aluminossilicatos hidratados, com, pelo menos, dois números de coordenação (4 e 6).
Exemplos: gibbsita - Al2O3.3H2O ou Al(OH)3, hematita – Fe2O3 e goethita – Fe2O3.H2O.
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83

11. CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS


A classificação é um meio de comunicação. As palavras que identificam uma classe de solo
(ou de qualquer objeto) representam uma síntese de tudo o que se sabe sistematicamente sobre os
solos que pertencem àquela classe. As classificações de solos estão ainda longe da perfeição relativa
das classificações botânicas, zoológicas, etc., no entanto, grandes progressos têm sido realizados
nos últimos anos. E isto pode ter implicações práticas: há um esforço, apenas começando, mas que
desperta muita esperança, para se estudar a transferência de tecnologia agrícola de um país
intertropical para o Brasil, por exemplo, devendo-se considerar uma definição melhor do sistema
ecológico, tornando a classificação taxonômica de solos insubstituível.
A FAO publicou em 1974, com revisões em 1988 e 1994, o mapa de solos do mundo. Trata-
se detrabalho,
esse um trabalho básicouma
usou-se paraclassificação
um melhor entendimento dos problemas
especial de solos, da “geografia
a classificação da FAO.daOfome”.
sistemaPara
de
classificação mais bem trabalhado é o dos Estados Unidos (Soil Taxonomy), mas este é pouco
desenvolvido no que se refere a algumas classes de solos que ocorrem nos trópicos. Assim, cada
país tende a ter um sistema de classificação próprio que mais se ajuste às suas condições; ao mesmo
tempo, procura, nas publicações principais, estabelecer relações com as classes nos outros dois
sistemas: FAO e Soil Taxonomy.
O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) (EMBRAPA, 2006) é um
referencial taxonômico para uso de pesquisadores, técnicos, professores, estudantes e profissionais
envolvidos na pesquisa de solos. O atual sistema é resultante de aperfeiçoamentos contínuos ao
longo de várias gerações de estudiosos da Ciência do Solo no Brasil, sintetizando, no estágio atual,
a experiência e resultados de pesquisa de campo e laboratórios nas linhas de morfologia, física,
química e mineralogia de solos. É o produto de uma parceria bem sucedida entre a Embrapa Solos e
instituições nacionais de ensino, pesquisa e planejamento. Cerca de 25 instituições participaram
desta empreitada, envolvendo cerca de 65 representantes destas instituições, fundamentais no
processo de reformulação do sistema, conceituações, definições e organização geral da
classificação.
A classificação de solos no Brasil iniciou-se em 1947 e baseava-se nos conceitos americanos
sintetizados em publicações de 1938 e revisados em 1949. Do início da classificação, até os dias
atuais, várias mudanças ocorreram quanto aos conceitos srcinais, nomenclatura e definições de
classes.
No período entre 1978 e 1997 foram elaboradas aproximações sucessivas do sistema de
classificação: 1ª aproximação (1980), 2ª aproximação (1981), 3ª aproximação (1988) e a 4ª
aproximação (1997), compreendendo discussões, organização, circulação de documentos para
críticas e sugestões, assim como a divulgação entre participantes e a comunidade científica em
geral.
O sistema atual (1999) teve como ponto de referência a 3ª aproximação (1988) e as seguintes
publicações: Mapa mundial de suelos (FAO, 1990), Référentiel pédologique français e Référentiel
pédologique (Association Française pour L’Étude du Sol, 1990 e 1995), Keys to soil taxonomy
(Estados Unidos, 1994 e 1998) e World reference base for soil resources (FAO, 1994 e 1998). A
última edição do sistema de classificação é, à luz de novos conhecimentos e pesquisas geradas no
país e no exterior,
aproximação (1997).o resultado de uma intensa revisão dos parâmetros e critérios utilizados na 4ª
O sistema atual (SiBCS) inova completamente a estrutura do sistema, tendo-se chegado ao
tipo desejável de classificação hierárquica, multicategórica, descendente e aberta para inclusão de
novas classes à medida que o país vai sendo mais bem conhecido.
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11.1. OBJETIVOS DA CLASSIFICAÇÃO


A classe de solo traz muitas informações a respeito do ambiente para as raízes, também
sobre o comportamento a respeito de impedimentos à mecanização, erodibilidade, infiltração de
água, etc. Se, além do nome central da classe, houver informações sobre o relevo e vegetação
srcinal, o teor de informações aumenta muito, emergem novas informações e interações peculiares
de cada classe.
Assim, os propósitos da classificação de solos são:
a) Organizar os conhecimentos, contribuindo para a economia de pensamento;
b) Salientar e entender relações entre indivíduos e classes da população que está sendo
classificada;
c)
d) Relembrar propriedades
Aprender novas relaçõesdos objetos classificados;
e princípios dentro da população que está sendo classificada;
e) Estabelecer grupos ou subdivisões (classes) de objetos sob estudo, de uma maneira útil
para propósitos práticos aplicados em:
 predizer o comportamento;
 identificar os melhores usos;
 estimar a produtividade;
 prover objetos ou unidades para pesquisa e para extensão, bem como possibilitar a
extrapolação dos resultados de pesquisa ou de observações.

11.2. PRINCIPAIS CLASSES DE SOLOS BRASILEIROS


Da forma que está estruturado, o SiBCS permite a classificação de todos os solos do
território nacional em seis níveis categóricos diferentes (Ordem, Subordem, Grande Grupo,
Subgrupo, Família e Série), correspondendo, cada nível, a um grau de generalização ou detalhe
definidos. À Ordem corresponde o nível mais genérico de classificação, distinguindo verdadeiras
províncias de solos e à Série correspondendo o nível mais detalhado e preciso de classificação,
separando unidades bastante homogêneas, precisamente definidas e abrangendo pequenas áreas do
terreno. Entre a Ordem e a Série, variam os graus de abstração, nesta seqüência, diminuindo o grau
de generalização e aumentando o grau de especificação e detalhe.

1º NÍVEL CATEGÓRICO ORDEM

2º NÍVEL CATEGÓRICO SUBORDEM E


H O
L Ã
A Ç
T A
E
D IC
3º NÍVEL CATEGÓRICO GRANDE GRUPO F
I
O S
A S
T A
N L
E C
4º NÍVEL CATEGÓRICO SUBGRUPO M A
U N
A

5º NÍVEL CATEGÓRICO FAMÍLIA

6º NÍVEL CATEGÓRICO SÉRIE

A classificação de solos tem aplicações práticas principalmente em levantamentos de solos,


constituindo a fonte permanente de conhecimento para este ramo de atividade técnica. Além dos
levantamentos, a classificação é útil para referenciar, precisamente, pontos de amostragem de solos,
rochas, plantas, materiais genéticos, facilitando a extrapolação de resultados experimentais de
manejo, conservação e fertilidade de solos.
A classificação do solo em pontos de amostragem, associada ao georreferenciamento
(latitude, longitude e altitude), é uma ferramenta poderosa para o conhecimento de segmentos da
paisagem ou do território como um todo, constituindo uma informação indispensável na
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estruturação de bases de dados e para os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) para fins de
estudos ambientais.
Nesta linha de organização, interpretação e integração da informação, a classificação de
solos, do ponto de vista do planejamento territorial, desempenha importante papel na segmentação
de paisagens, identificando áreas de maior potencial para fins de utilização e ocupação e áreas
impróprias ou não recomendadas, contribuindo desta forma para a preservação ambiental e uso
adequado de ecossistemas, dos quais, o solo, é um componente básico.
O novo sistema é estruturado com base em características de gênese do solo e propriedades
pedogenéticas que imprimem marcas distintas em cada tipo de solo conhecido.

Classes do 1º nível categórico (ordens)


No caso das ordens, neste sistema, em algumas classes estão agrupados solos que, na
classificação anteriormente em uso na Embrapa Solos, constituíam classe individualizada nos
levantamentos de solos no país. É o caso dos Neossolos, a qual agrupa no 1° nível categórico os
solos chamados de Regossolos, Solos Litólicos, Litossolos, Solos Aluviais e Areias Quartzosas.
As diversas classes no 1° nível categórico foram separadas pela presença ou ausência de
atributos, horizontes diagnósticos ou propriedades que são características passíveis de serem
identificadas no campo mostrando diferenças no tipo e grau de desenvolvimento de um conjunto de
processos que atuaram na formação do solo. Assim, a separação das classes no 1° nível categórico
teve como base os sinais deixados no solo, pela atuação de um conjunto de processos que a
experiência indica terem sido os dominantes no desenvolvimento do solo. Ressalte-se que a
ausência dessas características no solo também foi empregada como critério para separação de
classes neste 1° nível categórico.
As características diferenciais que refletem a natureza do meio ambiente e os efeitos (sinais)
dos processos de formação do solo, dominantes na gênese dele, são as que devem ter maior peso
para o 1° nível categórico, porque estas propriedades têm o maior número de características
acessórias.
No caso específico dos Organossolos, as características diferenciais tiveram por objetivo
diferenciá-los dos solos constituídos por material mineral. Assim, as propriedades a serem utilizadas
devem contribuir para:
 diferenciá-los dos solos minerais;
 indicar seu potencial de modificação quando drenados e/ou cultivados;
 prever a qualidade do substrato mineral e/ou resíduo mineral;
 selecionar características diferenciais que mudem pouco ou muito lentamente com o uso e
manejo, além de permitir a predição do seu comportamento e potencial agrícola (características
diferenciais com grande número de características acessórias).

Classes do 2º nível categórico (subordens)

As classes foram separadas por propriedades ou características diferenciais que:


 refletem a atuação de outros processos de formação que agiram juntos ou afetaram os processos
dominantes e cujas características foram utilizadas para separar os solos no 1° nível categórico;
ou,
 ressaltam as características responsáveis pela ausência de diferenciação de horizontes
diagnósticos; ou,
 envolvem propriedades resultantes da gênese do solo e que são extremamente importantes para
o desenvolvimento das plantas e/ou para outros usos não agrícolas e que tenham grande número
de propriedades acessórias; ou,
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 ressaltam propriedades ou características diferenciais que representam variações importantes


dentro das classes do 1° nível categórico.

Classes do 3º nível categórico (grandes grupos)

As classes foram separadas por uma ou mais das seguintes características:


 tipo e arranjamento dos horizontes;
 atividade de argila; condição de saturação do complexo sortivo por bases ou por alumínio, ou
por sódio e/ou por sais solúveis;
 presença de horizontes ou propriedades que restringem o desenvolvimento das raízes e afetam o
movimento da água no solo.

Classes do 4º nível categórico (subgrupos)

As classes foram separadas por uma das seguintes características:


 representa o conceito central da classe (é o típico);
 representa os intermediários para o 1 °, 2° ou 3° níveis categóricos;
 representa os solos com características extraordinárias.

Classes do 5º nível categórico (famílias)

O 5° nível categórico do sistema de classificação deverá ser definido com base em


propriedades físicas, químicas e mineralógicas e em propriedades que refletem condições
ambientais.
Neste nível agregam-se as informações de caráter pragmático, para fins de utilização
agrícola e não agrícola dos solos, compreendendo características diferenciais para distinção de
grupamentos mais homogêneos de solos.
O 5° nível categórico deverá ser usado em levantamentos de solos semidetalhados ou
detalhados.

Classes do 6º nível categórico (séries)

O 6° nível categórico é a categoria mais homogênea do sistema, correspondendo ao nível de


“série de solos”, que deverá ser utilizada em levantamentos detalhados.
A definição de classes neste nível deverá ter por base características diretamente
relacionadas com o crescimento de plantas, principalmente no que concerne ao desenvolvimento do
sistema radicular, relações solo-água-planta e propriedades importantes nas interpretações para fins
de engenharia e geotécnica.
Para os nomes das classes do 6° nível categórico deverão ser utilizados nomes próprios,
geralmente referenciados a lugares onde a série foi reconhecida e descrita pela primeira vez, desta
maneira evitando-se o emprego de um nome descritivo, o que levaria a uma grande dificuldade de
distinção em relação às famílias.

Recomendações gerais
 nas subordens (2° nível categórico) sugere-se que sejam usados critérios que permitam
discriminar de maneira precisa aquelas classes anteriormente individualizadas nos
levantamentos de solos no país (classificação anteriormente utilizada pela Embrapa Solos);
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 horizontes subsuperficiais, entre os quais, fragipã, duripã, cálcico, sulfúrico e caráter sálico e
carbonático, quando presentes em determinadas classes de solos devem ser discriminados no 3°
nível categórico; sugere-se que o caráter abrupto e ácrico sejam usados neste nível categórico;
 horizontes subsuperficiais que são definidores de classes principais de solos, tais como:
latossólico, incipiente, espódico, plíntico, glei e vértico, quando ocorrerem em posição não
diagnóstica no perfil, serão considerados no 4° nível categórico. Sugere-se que as características
solódica e com carbonato sejam utilizadas neste nível categórico. Usar sempre o típico (conceito
central da classe) no 4° nível categórico;
 características diagnósticas, tais como: sódica, salino e carbonática, serão consideradas no 3° e
4° níveis categóricos em função da posição (profundidade) em que ocorrem, no perfil do solo.

Visão geral do sistema

Uma visão geral do sistema mostra 14 classes no nível de Ordem (1º nível categórico), 44
classes no nível de Subordem (2º nível), 150 classes no nível de Grande Grupo (3º nível) e 580
classes no nível de Subgrupo (4º nível). No 5º e 6º níveis, Família e Série, respectivamente, o
número de classes é imprevisível no momento, dependendo da intensidade de levantamentos
semidetalhados e detalhados que venham a ser executados nos anos futuros.
As novas classes do sistema, apenas do 1º nível categórico (Ordem) e a correspondência
aproximada com as designações empregadas na classificação que vinha sendo utilizada, são
mostradas a seguir:
 Argissolos: solos com horizonte B textural e argila de atividade baixa, conhecidos
anteriormente como Podzólico Vermelho-Amarelo, parte das Terras Roxas Estruturadas e
similares, Terras Brunas, Podzólico Amarelo, Podzólico Vermelho-Escuro. Conceito:
compreende solos constituídos por material mineral, que têm como características diferenciais
argila de atividade
horizonte baixa
superficial, e horizonte
exceto o hístico,Bsem
textural (Bt), imediatamente
apresentar, abaixo deestabelecidos
contudo, os requisitos qualquer tipopara
de
serem enquadrados nas classes dos Planossolos, Plintossolos ou Gleissolos.
 Cambissolos: solos com horizonte B incipiente, assim designados anteriormente. Conceito:
compreendem solos constituídos por material mineral, com horizonte B incipiente subjacente a
qualquer tipo de horizonte superficial, desde que em qualquer dos casos não satisfaçam os
requisitos estabelecidos para serem enquadrados nas classes Vertissolos, Chernossolos,
Plintossolos ou Gleissolos. Têm seqüência de horizontes A ou hístico, Bi, C, com ou sem R.
 Chernossolos: solos escuros, ricos em bases e carbono. Anteriormente designados por
Brunizem, Rendzina, Brunizem Avermelhado, Brunizem Hidromórfico. Conceito: compreende
solos constituídos por material mineral que tem como características discriminantes, alta
saturação por bases, argila de atividade alta e horizonte A chernozêmico sobrejacente a um
horizonte B textural, B nítico, B incipiente, ou horizonte C cálcico ou carbonático.
 Espodossolos: solos conhecidos anteriormente como Podzóis. Conceito: compreende solos
constituídos por material mineral com horizonte B espódico subjacente a horizonte eluvial E
(álbico ou não), ou subjacente a horizonte A, que pode ser de qualquer tipo, ou ainda, subjacente
a horizonte hístico com menos de 40 cm de espessura. Apresentam, usualmente, seqüência de
horizontes A, E, Bh, Bhs ou Bs e C, com nítida diferenciação de horizontes.
 Gleissolos: solos com horizonte glei, conhecidos como Glei Húmico ou Pouco Húmico,
Hidromórfico Cinzento, Glei Tiomórfico. Conceito: compreende solos hidromórficos,
constituídos por material mineral, que apresentam horizonte glei dentro dos primeiros 50 cm da
superfície do solo, ou a profundidades entre 50 e 125 cm, desde que imediatamente abaixo de
horizontes A ou E (gleizados ou não), ou precedidos por horizonte B incipiente, B textural ou C
com presença de mosqueados abundantes com cores de redução. Exclui-se da presente classe,
solos com características distintivas dos Vertissolos, Espodossolos, Planossolos, Plintossolos ou
Organossolos.
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 Latossolos: solos com horizonte B latossólico, anteriormente tinham a mesma designação.


Conceito: compreende solos constituídos por material mineral, com horizonte B latossólico
imediatamente abaixo de qualquer um dos tipos de horizonte diagnóstico superficial, exceto H
hístico.
 Luvissolos: solos ricos em bases, B textural, correspondendo aos Brunos não Cálcicos,
Podzólicos Vermelho-Amarelos Eutróficos e similares. Compreende solos minerais, não
hidromórficos, com horizonte B textural ou B nítico, com argila de atividade alta e saturação por
bases alta, imediatamente abaixo de horizonte A fraco ou moderado, ou horizonte E.
 Neossolos: solos pouco desenvolvidos, anteriormente designados por
Litossolos, Aluviais, Litólicos, Areias Quartzosas e Regossolos. Conceito: compreende solos
constituídos por material mineral ou por material orgânico pouco espesso com pequena
expressão dos processos pedogenéticos em conseqüência da baixa intensidade de atuação destes
processos, que não conduziram, ainda, a modificações expressivas do material srcinário, de
características do próprio material, pela sua resistência ao intemperismo ou composição
química, e do relevo, que podem impedir ou limitar a evolução desses solos.
 Nitossolos: solos com horizonte nítico, correspondendo Terra Roxa Estruturada e Similar, Terra
Bruna Estruturada e Similar, alguns Podzólicos Vermelho-Escuros. Conceito: compreende solos
constituídos por material mineral, com horizonte B nítico (reluzente) de argila de atividade
baixa, textura argilosa ou muito argilosa, estrutura em blocos subangulares, angulares ou
prismática moderada ou forte, com superfície dos agregados reluzente, relacionada a cerosidade
e/ou superfícies de compressão.
 Organossolos: solos orgânicos, conhecidos anteriormente por Solos Orgânicos, Semi-
Orgânicos, Turfosos, Tiomórficos. Conceito: compreende solos pouco evoluídos, constituídos
por material orgânico proveniente de acumulações de restos vegetais em grau variável de
decomposição, acumulados em ambientes mal a muito mal drenados, ou em ambientes úmidos
de altitude elevada, que estão saturados com água por poucos dias no período chuvoso, de

 coloração preta,
Planossolos: cinzenta
solos com muito
grandeescura ou marrom
contraste e com
textural, elevados
estrutura teores de carbono
prismática, presençaorgânico.
de sódio,
anteriormente designados por Planossolos, Solonetz Solodizado, Hidromórfico Cinzento.
Conceito: compreende solos minerais imperfeitamente ou mal drenados, com horizonte
superficial ou subsuperficial eluvial, de textura mais leve, que contrasta abruptamente com o
horizonte B imediatamente subjacente, adensado, geralmente de acentuada concentração de
argila, permeabilidade lenta ou muito lenta, constituindo, por vezes, um horizonte pã,
responsável pela detenção de lençol d’água sobreposto (suspenso), de existência periódica e
presença variável durante o ano.
 Plintossolos: solos com plintita, conhecidos como Laterita Hidromórfica, Podzólicos Plínticos,
Latossolos Plínticos. Conceito: compreende solos minerais formados sob condições de restrição
à percolação da água, sujeitos ao efeito temporário de excesso de umidade, de maneira geral
imperfeitamente ou mal drenados, que se caracterizam fundamentalmente por apresentar
expressiva plintização com ou sem petroplintita ou horizonte litoplíntico, na condição de que
não satisfaçam os requisitos estipulados para as classes dos Neossolos, Cambissolos, Luvissolos,
Argissolos, Latossolos, Planossolos ou Gleissolos.
 Vertissolos: solos com propriedades provenientes de argilas expansíveis. Anteriormente tinham
a mesma designação. Conceito: compreende solos constituídos por material mineral
apresentando horizonte vértico e pequena variação textural ao longo do perfil, nunca suficiente
para caracterizar um horizonte B textural. Apresentam pronunciadas mudanças de volume com o
aumento do teor de umidade no solo, fendas profundas na época seca, e evidências de
movimentação da massa do solo, sob a forma de superfície de fricção (slickensides). Podem
apresentar microrrelevo tipo gilgai e estruturas do tipo cuneiforme que são inclinadas e formam
ângulo com a horizontal. Estas características resultam da grande movimentação da massa do
solo que se contrai e fendilha quando seco e se expande quando úmido, tornando-se muito
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plástico e muito pegajoso, devido à presença de argilas expansíveis ou mistura destas com
outros tipos de argilominerais.
No primeiro nível categórico (ordem) os nomes das classes são formados pela associação de
um elemento formativo com a terminação “ssolos”. São apresentados a seguir os nomes das classes,
seus respectivos elementos formativos e os seus significados (Quadro 11.2.1).

Quadro 11.2.1. Classes de solos, seus elementos formativos e termos utilizados para sua
memorização.
Classe Elemento formativo Termos de conotação e de memorização
Argissolo Argi Podzólico. Horizonte B textural Tb

Cambissolo Cambi Cambiar. Horizonte B incipiente


Chernossolo Cherno Chernozêmico. Preto, rico em bases
Espodossolo Espodo Spodos. Horizonte B espódico
Gleissolo Glei Glei. Horizonte glei
Latossolo Lato Latosol. Horizonte B latossólico
Luvissolo Luvi Saturado. Acumulação de argila Ta
Neossolo Neo Novo. Pouco desenvolvimento
Nitossolo Nito Nítido. Horizonte B nítico
Organossolo Organo Orgânico. Horizonte H ou O hísticos
Planossolo Plano Plânico. Horizonte B plânico
Plintossolo Plinto Plintita. Horizonte plíntico
Vertissolo Verti Vértico. Horizonte vértico

Para a adequada correlação entre as classes do SiBCS e a classificação anteriormente


utilizada, pode-se utilizar o quadro 11.2.2. Porém, deve-se ressaltar que nem sempre a
correspondência é direta, sendo indispensável, sempre, reclassificar o perfil.
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Quadro 11.2.2. Nomes de alguns solos mais conhecidos no antigo sistema e seus prováveis
correspondentes no novo sistema.
Antigo Sistema Novo Sistema
Terra Roxa Estruturada Nitossolo Vermelho (distroférrico, distrófico, eutrófico, dependendo de
análises)
Latossolo Roxo Latossolo Vermelho (acriférrico, distroférrico, eutroférrico,
dependendo de análises)
Bruno Não Cálcico Luvissolo Crômico órtico

Latossolo Vermelho -
Escuro Latossolo Vermelho (ácrico, distrófico, eutrófico, depende de análises)
Latossolo UNA Latossolo Amarelo ou Vermelho-Amarelo (acriférricos, distroférricos,
dependendo de análises)
Rendzina Chernossolo Rêndzico (lítico, saprolítico)
Brunizem Avermelhado Chernossolo Argilúvico
Podzólico Vermelho - Nitossolo Vermelho (distrófico, distroférrico, eutrófico, eutroférrico)
Escuro (PE) ou Argissolo ou Luvissolo
Terra Preta do Índio Latossolo (ou Argissolo) Amarelo coeso antrópico
Solonchak Gleissolo Sálico (sódico, órtico)
Solos Salinos de Mangue Gleissolos Sálicos sódicos (geralmente)

Solos Tiomórficos Gleissolo Tiomórfico


Solonetz Solodizado Planossolo Nátrico (sálico, órtico, carbonático...)
Areias Quartzosas Neossolos Quartzarênicos (órticos ou hidromórficos)
Solos Aluviais Neossolos Flúvicos
Laterita Hidromórfica Plintossolo Pétrico, Argilúvico ou Háplico
Solos Litólicos Neossolos Litólicos

Uso dos termos háplico, órtico e típico

Háplico
Quando necessário, é usado sempre no 2o nível categórico (Subordem). Háplico significa -
"o mais simples". Em uma chave taxonômica é aquela classe ou indivíduo que não apresenta a(s)
característica(s) que qualifica(m) classes ou indivíduos que lhe antecedem na seqüência da chave.

Órtico
Quando necessário, é usado sempre no 3 o nível categórico (Grande Grupo). Órtico significa
"verdadeiro", "o mais comum". No 3o nível as classes são separadas com base em características
diagnósticas definidas por tipo e arranjamento de horizontes, atividade da argila, saturação por
bases ou por alumínio ou por sódio ou por sais solúveis, entre outras. A inexistência de
característica diagnóstica prevista na seqüência leva a classe, por exclusão, ao Grande Grupo
"órtico".
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Típico
Usado sempre no 4o nível categórico (Subgrupo). Típico significa que o solo não possui
características extraordinárias ou intermediárias em relação a outras classes. O típico representa o
conceito central da classe, geralmente não definido, por desconhecimento de todas as classes
existentes.

Nenhum destes termos é definido por características próprias, constituindo sempre aquelas
classes ou indivíduos reconhecidos por exclusão, segundo a lógica utilizada na chave de
classificação do SiBCS.

A Grafia de nomes de classes de solos é padronizada como na Revista Brasileira de Ciência do


Solo
A padronização da grafia do nome das classes de solos é feita conforme a Revista Brasileira
de Ciência do Solo, utilizando-se letra maiúscula somente nas primeiras letras dos nomes, por
exemplo (Quadro 11.2.3):

Quadro 11.2.3. Grafia recomendada para as classes de solos (exemplos).


Ordem (1º nível) Subordem (2º nível) Grande grupo (3º nível) Subgrupo (4º nível)
Latossolo Vermelho ácrico típico
Neossolo Flúvico Ta eutrófico vértico
Argissolo Amarelo distrófico plíntico

Esta forma é considerada mais estética e também mais utilizada em textos clássicos sobre
solos no Brasil e em periódicos internacionais. O SiBCS preconiza letras minúsculas a partir do 3o
nível categórico. Todas as classes do 3º e do 4º níveis categóricos devem ter o sufixo “ ico” no fim
do nome, como nos exemplos acima.

Para da
designação as classe:
classes grupamento
do 5º nível textural,
categórico (famílias),desugere-se
distribuição cascalho ae seguinte seqüência
concreções na
no perfil,
constituição esquelética do solo, tipo de horizonte A (que não tenha sido utilizado em outros níveis
categóricos), mineralogia, saturação por bases, saturação por alumínio, teor de ferro, caráter
alofânico, características especiais pedogenéticas ou decorrentes do uso, profundidade do sólum
(horizonte A+B) e reação do solo. O nome do solo no 5º nível categórico (família), é formado
adicionando-se ao nome de subgrupo, os qualificativos pertinentes, com letras minúsculas e
separados por vírgula, por exemplo: Latossolo Vermelho acriférrico típico, textura argilosa
cascalhenta, endoconcrecionário, A proeminente, gibbsítico – oxídico, aniônico (Congresso...
1995, folha 37, perfil XXV CBCS-6).
As classes do 6º nível categórico (séries) são definidas a partir de nomes de acidentes
geográficos, cidades, distritos, regiões, rios, pessoas ou termos geográficos que se destaquem na
paisagem. A criação, definição e conceituação de séries requer intenso trabalho de correlação de
solos em nível nacional e interinstitucional.
No Brasil, a série de solos nunca foi utilizada formalmente, isto é, definida, conceituada,
correlacionada e designada por nome próprio, em nível nacional. No entanto, o sistema de
classificação
classificação ededeve
solos permite
ter os limitesatingir estedefinidos
da classe nível. Série
como épara
umordens,
nível subordens,
categórico grandes
do sistema de
grupos,
subgrupos e famílias. A série é uma subdivisão da família, isto é, uma família pode ter um grande
número de séries.
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11.3. SOLOS COM B TEXTURAL


Argissolos

São solos constituídos por material mineral, cujas características diferenciais são a argila de
atividade baixa e horizonte B textural (Bt), imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte
superficial, exceto o hístico, não apresentando, contudo, os requisitos estabelecidos para serem
enquadrados nas classes dos Planossolos, Plintossolos ou Gleissolos.
Parte dos solos desta classe apresenta um evidente incremento no teor de argila, com ou sem
decréscimo, do horizonte B para baixo no perfil. A transição entre os horizontes A e Bt é
usualmente clara, abrupta ou gradual.
São deouprofundidade
avermelhadas amareladas, evariável, desde forte
mais raramente, a imperfeitamente
brunadas ou acinzentadas.drenados,
A texturadevaria
cores
de
arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt, sempre havendo
aumento de argila daquele para este.
São forte a moderadamente ácidos, com saturação por bases alta, ou baixa,
predominantemente cauliníticos e com relação molecular Ki variando de 1,0 a 2,3, em correlação
com baixa atividade das argilas.
Definição - solos constituídos por material mineral com argila de atividade baixa e horizonte
B textural imediatamente abaixo de horizonte A ou E, e apresentando, ainda, os seguintes
requisitos:
 horizonte plíntico, se presente, não está acima e nem é coincidente com a parte superficial do
horizonte B textural;
 horizonte glei, se presente, não está acima e nem é coincidente com a parte superficial do
horizonte B textural.
Abrangência - nesta classe estão incluídos os solos que foram classificados pela Embrapa
Solos como Podzólico Vermelho Amarelo argila de atividade baixa, pequena parte de Terra Roxa
Estruturada, de Terra Roxa Estruturada Similar, de Terra Bruna Estruturada e de Terra Bruna
Estruturada Similar, todos com gradiente textural necessário para B textural, em qualquer caso
Eutróficos, Distróficos ou Álicos, e mais recentemente o Podzólico Vermelho-Escuro, com B
textural e o Podzólico Amarelo.

11.4. SOLOS COM B LATOSSÓLICO


Latossolos

São solos constituídos por material mineral, com horizonte B latossólico imediatamente
abaixo de qualquer um dos tipos de horizonte diagnóstico superficial, exceto H hístico.
São solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como resultado de
enérgicas transformações no material constitutivo (salvo minerais pouco alteráveis). Os solos são
virtualmente destituídos de minerais primários ou secundários menos resistentes ao intemperismo, e
têm capacidade
carbono, de troca
comportando de cátions
variações desdebaixa,
solosinferior a 17 cmolc/kg
predominantemente de argila com
cauliníticos, sem correção
valores depara
Ki
mais altos, em torno de 2,0, admitindo o máximo de 2,2, até solos oxídicos de Ki extremamente
baixo.
Variam de fortemente a bem drenados, embora ocorram variedades que têm cores pálidas, de
drenagem moderada ou até mesmo imperfeitamente drenados, transicionais para condições de maior
grau de gleização.
São normalmente muito profundos, sendo a espessura do sólum raramente inferior a um
metro. Têm seqüência de horizontes A, B, C, com pouca diferenciação de horizontes, e transições
usualmente difusas ou graduais. Em distinção às cores mais escuras do A, o horizonte B tem
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aparência mais viva, as cores variando desde amarelas ou mesmo bruno-acinzentadas até
vermelho-escuro-acinzentadas, nos matizes 2,5YR a 10YR, dependendo da natureza, forma e
quantidade dos constituintes - mormente dos óxidos e hidróxidos de ferro - segundo
condicionamento de regime hídrico e drenagem do solo, dos teores de ferro na rocha de srcem e se
a hematita é herdada dele ou não. No horizonte C, comparativamente menos colorido, a expressão
cromática é bem variável, mesmo heterogênea, dada a natureza mais saprolítica. O incremento de
argila do A para o B é pouco expressivo, e a relação textural B/A não satisfaz os requisitos para B
textural. De um modo geral, os teores da fração argila no sólum aumentam gradativamente com a
profundidade, ou permanecem constantes ao longo do perfil. Tipicamente, é baixa a mobilidade das
argilas no horizonte B, ressalvados comportamentos atípicos, de solos desenvolvidos de material
arenoso quartzoso, de constituintes orgânicos ou com ∆pH positivo ou nulo.
São, em geral, solos fortemente ácidos, com baixa saturação por bases, distróficos ou Álicos.
Ocorrem, todavia, solos com média e até mesmo alta saturação por bases, encontrados geralmente
em zonas que apresentam estação seca pronunciada, semi-áridas ou não, como, também, em solos
formados a partir de rochas básicas.
São típicos das regiões equatoriais e tropicais, ocorrendo também em zonas subtropicais,
distribuídos, sobretudo, por amplas e antigas superfícies de erosão, pedimentos ou terraços fluviais
antigos, normalmente em relevo plano e suave ondulado, embora possam ocorrer em áreas mais
acidentadas, inclusive em relevo montanhoso. São srcinados a partir das mais diversas espécies de
rochas, sob condições de clima e tipos de vegetação os mais diversos.
Definição - solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B latossólico,
imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A, dentro de 200 cm da superfície do solo ou
dentro de 300 cm, se o horizonte A apresenta mais que 150 cm de espessura.
Abrangência - nesta classe estão incluídos todos os Latossolos, excetuadas algumas
modalidades anteriormente identificadas, como Latossolos plínticos.

11.5. SOLOS POUCO DESENVOLVIDOS


Neossolos

São solos constituídos por material mineral ou por material orgânico pouco espesso com
pequena expressão dos processos pedogenéticos em conseqüência da baixa intensidade de atuação
destes processos, que não conduziram, ainda, a modificações expressivas do material srcinário, de
características do próprio material, pela sua resistência ao intemperismo ou composição química, e
do relevo, que podem impedir ou limitar a evolução desses solos.
Possuem seqüência de horizonte A-R, A-C-R, A-Cr-R, A-Cr, A-C, O-R ou H-C sem atender
contudo aos requisitos estabelecidos para serem enquadrados nas classes dos Chernossolos,
Vertissolos, Plintossolos, Organossolos ou Gleissolos. Esta classe admite diversos tipos de
horizontes superficiais, incluindo o horizonte O ou H hístico, com menos de 30 cm de espessura
quando sobrejacente à rocha ou a material mineral.
Alguns solos têm horizonte B com fraca expressão dos atributos (cor, estrutura ou

acumulação
horizonte de minerais secundários e/ou colóides), não se enquadrando em qualquer tipo de
B diagnóstico.
Definição - solos constituídos por material mineral ou por material orgânico com menos de
30 cm de espessura, não apresentando qualquer tipo de horizonte B diagnóstico e satisfazendo os
seguintes requisitos:
 ausência de horizonte glei, exceto no caso de solos com textura areia ou areia franca, dentro de
50 cm da superfície do solo, ou entre 50 cm e 120 cm de profundidade, se os horizontes
sobrejacentes apresentarem mosqueados de redução em quantidade abundante;
 ausência de horizonte vértico imediatamente abaixo de horizonte A;
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 ausência de horizonte plíntico dentro de 40 cm, ou dentro de 200 cm da superfície se


imediatamente abaixo de horizontes A, E ou precedidos de horizontes de coloração pálida,
variegada ou com mosqueados em quantidade abundante, com uma ou mais das seguintes cores:
 matiz 2,5Y ou 5Y; ou
 matizes 10YR a 7,5YR com cromas baixos, normalmente iguais ou inferiores a 4, podendo
atingir 6, no caso de matiz 10YR;
 ausência de horizonte A chernozêmico conjugado a horizonte cálcico ou C carbonático.
Abrangência - nesta classe estão incluídos os solos que foram reconhecidos pela Embrapa
Solos como: Litossolos e Solos Litólicos, Regossolos, Solos Aluviais e Areias Quartzosas
(Distróficas, Marinhas e Hidromórficas). Solos A-C com caráter sálico pertencem à classe dos
Gleissolos, pois todos os Solonchaks (identificados no país) têm horizonte glei.
Pertencem ainda a esta classe solos com horizonte A ou hísticos, com menos de 30 cm de
espessura, seguidos de camada(s) com 90% ou mais (expresso em volume) de fragmentos de rocha
ou do material de srcem, independente de sua resistência ao intemperismo.

11.6. SOLOS HIDROMÓRFICOS


Gleissolos

São solos hidromórficos, constituídos por material mineral, que apresentam horizonte glei
dentro dos primeiros 50 cm da superfície do solo, ou a profundidades entre 50 e 125 cm desde que
imediatamente abaixo de horizontes A ou E (gleizados ou não), ou precedidos por horizonte B
incipiente, B textural ou C com presença de mosqueados abundantes com cores de redução.
Exclui-se da presente classe, solos com características distintivas dos Vertissolos, Espodossolos,
Planossolos, Plintossolos ou Organossolos.
O solo desta classe é permanente ou periodicamente saturados por água, salvo se
artificialmente drenados. A água de saturação ou permanece estagnada internamente, ou a saturação
é por fluxo lateral no solo. Em qualquer circunstância, a água do solo pode se elevar por ascensão
capilar, atingindo a superfície do mesmo.
Caracterizam-se pela forte gleização, em decorrência do regime de umidade redutor, que se
processa em meio anaeróbico, com muita deficiência ou mesmo ausência de oxigênio, devido ao
encharcamento do solo por longo período ou durante todo o ano.
O processo de gleização implica na manifestação de cores acinzentadas, azuladas ou
esverdeadas, devido a compostos ferrosos resultantes da escassez de oxigênio causada pelo
encharcamento. Provoca, também, a redução e solubilização de ferro, promovendo translocação e
reprecipitação dos seus compostos.
São solos mal ou muito mal drenados, em condições naturais, que apresentam seqüência de
horizontes A-Cg, A-Big-Cg, A-Btg-Cg, A-E-Btg-Cg, AEg-Bt-Cg, Ag-Cg, H-Cg, tendo o horizonte
A cores desde cinzentas até pretas, espessura normalmente entre 10 e 50 cm e teores médios a altos
de carbono orgânico.
O horizonte glei, que pode ser um horizonte C, B, E ou A, possui cores dominantemente
mais azuis
Sãoque 10Y,
solos quedeocasionalmente
cromas bastante baixos,
podem terpróximos do neutro.
textura arenosa (areia ou areia franca) somente nos
horizontes superficiais, desde que seguidos de horizonte glei de textura franco arenosa ou mais fina.
Afora os horizontes A, H ou E que estejam presentes, a estrutura é em blocos ou prismática
composta ou não de blocos angulares e subangulares. Quando molhado, o horizonte apresenta-se,
em geral, com aspecto maciço.
Podem apresentar horizonte sulfúrico, cálcico, propriedade solódica, sódica, caráter sálico,
ou plintita em quantidade ou posição não diagnóstica para enquadramento na classe dos
Plintossolos.
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São solos formados em materiais srcinários estratificados ou não, e sujeitos a constante ou


periódico excesso d'água, o que pode ocorrer em diversas situações. Comumente, desenvolvem-se
em sedimentos recentes nas proximidades dos cursos d'água e em materiais colúvio-aluviais sujeitos
a condições de hidromorfismo, podendo formar-se também em áreas de relevo plano de terraços
fluviais, lacustres ou marinhos, como também em materiais residuais em áreas abaciadas e
depressões. São eventualmente formados em áreas inclinadas sob influência do afloramento de água
subterrânea (surgentes). São solos formados sob vegetação hidrófila ou higrófila herbácea, arbustiva
ou arbórea.
Definição - Solos constituídos por material mineral, com horizonte glei dentro dos primeiros
50 cm da superfície, ou entre 50 e 125 cm desde que imediatamente abaixo de horizonte A ou E, ou
precedido por horizonte B incipiente, B textural ou horizonte C com presença de mosqueados
abundantes com cores de redução e satisfazendo, ainda, os seguintes requisitos:
 ausência de qualquer tipo de horizonte B diagnóstico acima do horizonte glei;
 ausência de horizonte vértico ou plíntico acima do horizonte glei ou coincidente com este;
 ausência de horizonte B textural com mudança textural abrupta;
 ausência de horizonte hístico com 40 cm ou mais de espessura.
Abrangência - esta classe abrange os solos que foram classificados pela Embrapa Solos
como Glei Pouco Húmico, Glei Húmico, parte do Hidromórfico Cinzento (sem mudança textural
abrupta), Glei Tiomórfico e Solonchak com horizonte glei.

11.7. SOLOS COM B INCIPIENTE, B NÍTICO, A CHERNOZÊMICO, MATERIAL


ORGÂNICO E B PLÂNICO
Cambissolos

qualquerSãotipo
solos
de constituídos por material
horizonte superficial, mineral,
desde que emcom horizonte
qualquer dos Bcasos
incipiente subjacente osa
não satisfaçam
requisitos estabelecidos para serem enquadrados nas classes Vertissolos, Chernossolos, Plintossolos
ou Gleissolos. Têm seqüência de horizontes A ou hístico, Bi, C, com ou sem R.
Devido à heterogeneidade do material de srcem, das formas de relevo e das condições
climáticas, as características destes solos variam muito de um local para outro. Assim, a classe
comporta desde solos fortemente até imperfeitamente drenados, de rasos a profundos, de cor bruna
ou brunoamarelada até vermelho escuro, e de alta a baixa saturação por bases e atividade química
da fração coloidal.
O horizonte B incipiente (Bi) tem textura franco-arenosa ou mais argilosa, e o sólum,
geralmente, apresenta teores uniformes de argila, podendo ocorrer ligeiro decréscimo ou um
pequeno incremento de argila do A para o Bi. Admite-se diferença marcante do A para o Bi, em
casos de solos desenvolvidos de sedimentos aluviais ou outros casos em que há descontinuidade
litológica.
A estrutura do horizonte Bi pode ser em blocos, granular ou prismática, havendo casos,
também, de estruturas em grãos simples ou maciça.

que nãoHorizonte com


satisfaça os plintita exigidos
requisitos ou com gleização pode estar
para ser incluído presentedos
nas classes emPlintossolos
solos destaou
classe, desde
Gleissolos,
ou que se apresente em posição não diagnóstica com referência à seqüência de horizonte do perfil.
Alguns solos desta classe possuem características morfológicas similares às dos solos da
classe dos Latossolos, mas distinguem-se destes por apresentar uma ou mais das características
abaixo especificadas, não compatíveis com solos muito evoluídos:
 4% ou mais de minerais primários alteráveis ou 6% ou mais de muscovita na fração areia total;
 capacidade de troca de cátions, sem correção para carbono, ≥ 17 cmolc/kg de argila;
 relação molecular SiO2/Al2O3 (Ki) > 2,2;
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 teores elevados em silte, de modo que a relação silte/argila seja > 0,7 nos solos de textura média
ou > 0,6 nos de textura argilosa, principalmente nos solos do cristalino; e
 5% ou mais do volume do solo constando de fragmentos de rocha semi-intemperizada, saprólito
ou restos de estrutura orientada da rocha que deu srcem ao solo.
Definição - solos constituídos por material mineral, que apresentam horizonte A ou hístico
com espessura < 40 cm seguido de horizonte B incipiente e satisfazendo os seguintes requisitos:
 B incipiente não coincidente com horizonte glei dentro de 50 cm da superfície do solo;
 B incipiente não coincidente com horizonte plíntico;
 B incipiente não coincidente com horizonte vértico dentro de 100 cm da superfície do solo; e
 não apresente a conjugação de horizonte A chernozêmico e horizonte B incipiente com alta
saturação por bases e argila de atividade alta.
Abrangência - esta classe compreende os solos anteriormente classificados como
Cambissolos, inclusive os desenvolvidos em sedimentos aluviais. São excluídos dessa classe os
solos com horizonte A chernozêmico e horizonte B incipiente com alta saturação por bases e argila
de atividade alta.

Chernossolos

São solos constituídos por material mineral que tem como características discriminantes, alta
saturação por bases, argila de atividade alta e horizonte A chernozêmico sobrejacente a um
horizonte B textural, B nítico, B incipiente, ou horizonte C cálcico ou carbonático.
São solos normalmente pouco coloridos (escuros ou com tonalidades pouco cromadas e
matizes pouco avermelhados), bem a imperfeitamente drenados, tendo seqüências de horizontes
A-Bt-C ou A-Bi-C, com ou sem horizonte cálcico, A-C carbonático, A-R cálcico ou carbonático,
sem apresentar, contudo, requisitos para serem enquadrados nas classes dos Vertissolos,
Planossolos ou Gleissolos.
É admitida, nesta classe, a presença de gleização ou de horizonte glei, assim como de
propriedade sódica, superfície de fricção e mudança textural abrupta, desde que com expressão
insuficiente, quantitativa e qualitativamente, ou em posição não diagnóstica quanto à seqüência de
horizontes no perfil, para serem enquadrados nas classes dos Vertissolos, Planossolos ou Gleissolos.
São solos moderadamente ácidos a fortemente alcalinos, com relação molecular Ki
normalmente entre 3,0 e 5,0, argila de atividade alta, com valor T por vezes superior a 100
cmolc/kg de argila, saturação por bases alta, geralmente, superior a 70%, e com predomínio de
cálcio ou cálcio e magnésio, entre os cátions trocáveis.
Embora sejam formados sob condições de clima bastante variáveis e a partir de diferentes
materiais de srcem, o desenvolvimento destes solos depende da conjunção de condições que
favoreçam a formação e persistência de argilominerais 2:1, especialmente do grupo das esmectitas,
e de um horizonte superficial rico em matéria orgânica e com alto conteúdo de cálcio e magnésio.
Definição - solos constituídos por material mineral, que apresentam A chernozêmico
seguido por:
 horizonte B incipiente, B textural ou B nítico, com argila de atividade alta e saturação por bases
alta; ou
 horizonte cálcico ou com caráter carbonático, coincidindo com o horizonte A chernozêmico
e/ou com horizonte C, admitindo-se entre os dois, horizonte Bi com espessura < 10 cm; ou
 contato lítico desde que o horizonte A chernozêmico contenha 15% ou mais de carbonato de
cálcio equivalente.
Abrangência - estão incluídos nesta classe a maioria dos solos que foram classificados pela
Embrapa Solos como Brunizem, Rendzina, Brunizem Avermelhado, Brunizem Hidromórfico.
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Nitossolos

São solos constituídos por material mineral, com horizonte B nítico (reluzente) de argila de
atividade baixa, textura argilosa ou muito argilosa, estrutura em blocos subangulares, angulares ou
prismática moderada ou forte, com superfície dos agregados reluzente, relacionada a cerosidade
e/ou superfícies de compressão.
Estes solos apresentam horizonte B bem expresso em termos de desenvolvimento de
estrutura e cerosidade, mas com inexpressivo gradiente textural.
Esta classe não engloba solos com incremento no teor de argila requerido para horizonte B
textural, sendo a diferenciação de horizontes menos acentuada que aqueles, com transição do A para
o B clara ou gradual e entre suborizontes do B difusa. São profundos, bem drenados, de coloração
variando de vermelho a brunada.
São, em geral, moderadamente ácidos a ácidos, com saturação por bases baixa a alta, às
vezes álicos, com composição caulinítico - oxídica e por conseguinte com argila de atividade baixa.
Podem apresentar horizonte A de qualquer tipo, inclusive A húmico, não admitindo,
entretanto, horizonte H hístico.
Definição - solos constituídos por material mineral, que apresentam horizonte B nítico com
argila de atividade baixa, imediatamente abaixo do horizonte A ou dentro dos primeiros 50 cm do
horizonte B.
Abrangência - nesta classe se enquadram solos que foram classificados, na maioria, como
Terra Roxa Estruturada, Terra Roxa Estruturada Similar, Terra Bruna Estruturada, Terra Bruna
Estruturada Similar e alguns Podzólicos Vermelho-Escuros, Podzólicos Vermelho-Amarelos, como,
por exemplo, os perfis 10 e 11 do International Soil Classification Workshop (1978).

Organossolos

São solos pouco evoluídos, constituídos por material orgânico proveniente de acumulações
de restos vegetais em grau variável de decomposição, acumulados em ambientes mal a muito mal
drenados, ou em ambientes úmidos de altitude elevada, que estão saturados com água por poucos
dias no período chuvoso, de coloração preta, cinzenta muito escura ou marrom e com elevados
teores de carbono orgânico.
Em condições sujeitas a altas taxas de recepção de água (maiores que as causadoras de
gleização), a formação dos solos é dominada pela acumulação de material orgânico sobre a
superfície. Onde quer que os horizontes ou camadas superficiais permaneçam saturados de água na
maior parte do ano, os processos de alteração mineral e translocações de produtos secundários são
“substituídos” pela acumulação de matéria orgânica sobre as seções superficiais e formação de
“peat”.
Comumente apresentam um horizonte H ou 0 hístico sobre camadas orgânicas constituídas
por material orgânico do tipo sáprico ou fíbrico com grande proporção de resíduos vegetais em grau
variável de decomposição.
Apesar da relevância dos constituintes orgânicos, estes solos apresentam materiais minerais
em proporções variáveis,
Usualmente sendo
são solos sempre elevados
fortemente os teores de carbono
ácidos, apresentando orgânico.de troca de cátions e
alta capacidade
baixa saturação por bases, com esporádicas ocorrências de saturação média ou alta. Podem
apresentar horizonte sulfúrico, materiais sulfídricos, caráter sálico, propriedade sódica ou solódica,
podendo estar recobertos por deposição pouco espessa (< 40 cm de espessura) de uma camada de
material mineral.
Ocorrem normalmente em áreas baixas de várzeas, depressões e locais de surgentes, sob
vegetação hidrófila ou higrófila, quer do tipo campestre ou florestal. Ocorrem também em áreas que
estão saturadas com água por poucos dias (menos de 30 dias consecutivos) no período das chuvas,
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situadas em regiões de altitude elevada e úmidas durante todo o ano, estando normalmente assentes
diretamente sobre rochas.
Definição - solos constituídos por material orgânico em mistura com maior ou menor
proporção de material mineral e que satisfazem um dos seguintes requisitos:
 solos que estão saturados com água no máximo por 30 dias consecutivos por ano, durante o
período mais chuvoso, e apresentando horizonte 0 hístico, sobrejacente a um contato lítico ou
sobrejacente a material fragmentar constituído por 90% ou mais (em volume) de fragmentos de
rocha (matacões, calhaus e cascalho) e que apresentam um dos seguintes requisitos:
 30 cm ou mais de espessura, quando sobrejacente a um contato lítico; ou
 40 cm ou mais de espessura; ou
 60 cm ou mais de espessura se 50% ou mais do material orgânico consiste de restos de ramos
finos, raízes finas, cascas de árvores e flores, parcialmente decompostos e com diâmetros
menores que 2 cm.
 solos saturados com água durante a maior parte do ano, na
 maioria dos anos (ou artificialmente drenados), e apresentando uma das seguintes espessuras:
 60 cm ou mais, se 50% ou mais do material orgânico é formado por fibras de esfagno e/ou sua
densidade aparente (úmida) é <0,15 g/cm3; ou
 40 cm ou mais, quer se estendendo em seção única a partir da superfície, quer tomado,
cumulativamente, dentro dos 80 cm superficiais.
Abrangência - nesta classe estão incluídos os Solos Orgânicos, Semi-Orgânicos, Solos
Tiomórficos de constituição orgânica ou semi-orgânica e parte dos Solos Litólicos Turfosos com
horizonte O hístico com 30 cm ou mais de espessura.

Planossolos

São solos
subsuperficial minerais
eluvial, imperfeitamente
de textura mais leve, ouquemal drenados,
contrasta com horizonte
abruptamente com osuperficial
horizonte ou
B
imediatamente subjacente, adensado, geralmente de acentuada concentração de argila,
permeabilidade lenta ou muito lenta, constituindo, por vezes, um horizonte pã, responsável pela
detenção de lençol d’água sobreposto (suspenso), de existência periódica e presença variável
durante o ano.
Podem apresentar qualquer tipo de horizonte A ou E, e nem sempre horizonte E álbico,
seguidos de B plânico, tendo seqüência de horizonte A, AB ou A, E (álbico ou não) ou Eg, seguidos
de Bt, Btg, Btn ou Btng.
Característica distintiva marcante é a diferenciação bem acentuada entre os horizontes A ou
E e o B, devido à mudança textural abrupta entre os mesmos, requisito essencial para os solos desta
classe. Decorrência bastante notável, nos solos quando secos, é a exposição de um contato paralelo
à disposição dos horizontes, formando limite drástico, que configura um fraturamento muito nítido
entre o horizonte A ou E e o B.
Tipicamente, um ou mais horizontes subsuperficiais apresentam-se adensados, com teores
elevados em argila dispersa, constituindo, por vezes, um horizonte pã, condição essa que responde
pela restrição à percolação de água, independente da posição do lençol freático, ocasionando
retenção de água por algum tempo acima do horizonte B, o que se reflete em feições associadas
com umidade.
É típico do horizonte B a presença de estrutura forte grande em blocos angulares,
freqüentemente com aspecto cúbico, ou então estrutura prismática ou colunar, pelo menos na parte
superior do referido horizonte.
Por efeito da vigência cíclica de excesso de umidade, ainda que por períodos curtos, as cores
no horizonte B, e mesmo na parte inferior do horizonte sobrejacente, são predominantemente pouco
vivas, tendendo a acinzentadas ou escurecidas, podendo ou não haver ocorrências e até predomínio
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de cores neutras de redução, com ou sem mosqueados, conforme especificado para o horizonte B
plânico.
Solos desta classe podem ou não ter horizonte cálcico, caráter carbonático, fragipã, duripã,
propriedade sádica, solódica, caráter salino ou sálico. Podem apresentar plintita, desde que em
quantidade ou em posição não diagnóstica para enquadramento na classe dos Plintossolos.
Os solos desta classe ocorrem preferencialmente em áreas de relevo plano ou suave
ondulado, onde as condições ambientais e do próprio solo favorecem vigência periódica anual de
excesso de água, mesmo que de curta duração, especialmente em regiões sujeitas a estiagem
prolongada, ainda que breve, e até mesmo sob condições de clima semi-árido.
Nas baixadas, várzeas e áreas de depressões, sob condições de clima úmido, estes solos são
verdadeiramente solos hidromórficos, com horizonte que é ao mesmo tempo glei e de concentração
de argila. Entretanto, em zonas semi-áridas e, mesmo em áreas onde o solo está sujeito apenas a um
excesso d’água por curto período, principalmente sob condições de relevo suave ondulado, não
chegam a ser propriamente solos hidromórficos.
Definição - solos constituídos por material mineral com horizonte A ou E seguido de
horizonte B plânico e satisfazendo, ainda, os seguintes requisitos:
 horizonte plíntico, se presente, não está acima e nem coincide com o horizonte B plânico;
 horizonte glei, se presente, coincide com o horizonte B plânico ou ocorre abaixo do mesmo.
Abrangência - esta classe inclui os solos que foram classificados como Planossolos,
Solonetz-Solodizado e Hidromórficos Cinzentos que apresentam mudança textural abrupta.

11.8. CORRELAÇÃO ENTRE O SISTEMA ATUAL E DIFERENTES SISTEMAS DE


CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS
Para uma adequada interpretação das características de solos classificados em outros
sistemas (Soi Taxonomy e FAO), faz-se necessária a correlação entre a nomenclatura utilizada pelo
SiBCS e aquela determinada em outros países.

Sistema Americano de Classificação de Solos ( Soil Taxonomy)

É um sistema similar em estrutura e um pouco diferente em nomenclatura, sendo


considerado o mais bem elaborado. Tem seis níveis categóricos: ordem, subordem, grande grupo,
subgrupo, família e série. Nesta mesma direção (ordem  série), ocorrem: menor grau de abstração
(menor generalização), maior homogeneização de classes, maior número de previsões a respeito do
comportamento das classes, etc. O quadro 11.8.1 fornece alguns subsídios básicos a respeito do
nível categórico mais genérico deste sistema de classificação.

Quadro 11.8.1. Nomes das ordens da Soil Taxonomy, elementos formativos e sua derivação.
Ordem Elemento formativo Derivação
Alfisol alf Relativamente rico nesses elementos: Al e Fe
Andisol and Japonês – ando, solo escuro
Aridisol id Latim – aridus, seco
Entisol ent Ent, de recente; lembra solos jovens
Gelisol el Material gélico, gelo
Histosol ist Grego – histos, tecido
Inceptisol ept Latim – inceptum, início
Mollisol oll Latim – mollis, macio
Oxisol ox Francês – oxide, óxido
Spodosol od Grego – spodos, cinzas de madeira
Ultisol ult Latim – ultimus, último
Vertisol ert Latim – verto, inventer
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A Soil Taxonomy ainda está muito incipiente em relação a solos tropicais, existindo
problemas como:
 a aplicação do regime hídrico e térmico do solo, na carência de dados precisos, torna sua
separação, mesmo em alto nível categórico, muito problemática;
 a Soil Taxonomy dá muito pouca ênfase ao solo como corpo tridimensional; há muita ênfase no
perfil e pouca ênfase na paisagem;
 a Soil Taxonomy dá pouca ênfase na cor do solo;
 a Soil Taxonomy é de difícil leitura até para aqueles cuja língua nativa é o inglês.
Embora muitos conceitos expressos na Soil Taxonomy sejam usados no Brasil, isto é feito
apenas parcialmente. Algumas diferenças são:
 os Latossolos (ao contrário dos Oxisols) não incluem os solos de drenagem muito deficiente.
Aliás, há tendência de alguns solos hidromórficos constituírem uma classe à parte;
 os solos srcinários de rochas máficas no SiBCS são distinguidos dos desenvolvidos de outras
rochas;
 no SiBCS a vegetação é usada para caracterizar freqüentemente as condições climáticas (como
fase);
 na atividade da fração argila, no Brasil, desconta-se com muita propriedade a contribuição da
matéria orgânica, enquanto na Soil Taxonomy isto não é feito.

O sistema de classificação de solos FAO-Unesco

Em 1974, a Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO)


publicou seu Mapa Mundial de Solos. A elaboração do mapa envolveu coleções e correlações de
informações de solos de todo o planeta. Inicialmente, as classes consistiram de 26 agrupamentos
principais
nível). de solos (primeiro nível) compreendendo um total de 106 unidades de solo (segundo
Em 1990, uma revisão foi publicada e um terceiro nível hierárquico de subunidades de solo
foi introduzida para dar suporte a levantamentos de solos em grande escala. As subunidades não
foram definidas individualmente, mas foram fornecidas as diretrizes para sua identificação e
nomenclatura. Este fato converteu o Mapa Mundial de Solos em um sistema aberto, globalmente
aplicável, conhecido como “Sistema de Classificação de Solos FAO-Unesco”. No quadro 11.8.2
tem-se uma correlação aproximada entre os três sistemas estudados, devendo-se ressaltar que para
uma adequada comparação entre os sistemas, é necessária a reclassificação realizada diretamente no
perfil do solo em questão.

Quadro 11.8.2. Nomes das ordens no sistema FAO-Unesco, Soil Taxonomy e SiBCS (aproximação).
FAO Soil Taxonomy SiBCS (aproximação)
Acrisols Ultisols Argissolos
Andosols Andisols -
Anthrosols
Arenosols Arents
Psamments -
Neossolos Quartzarênicos
Calcisols Calci- great groups Chernossolos Rêndzicos
Cambisols Inceptisols Cambissolos
Chernozems Cryolls Chernossolos
Ferralsols Oxisols Latossolos
Fluvisols Fluvents Neossolos Flúvicos
Gleysols Aquic suborders Gleissolos
Greyzems Cryolls -
Gypsisols Gyps- suborders, great groups -
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Histosols Histosols Organossolos


Kastanozems Ustolls -
Leptosols - Neossolos Litólicos
Lixisols - -
Luvisols Alfisols Luvissolos
Nitisols Ultisols and Alfisols Nitossolos
Phaeozems Udolls Organossolos
Planosols Albic sub-order Planossolos
Plinthosols Plinthic great groups Plintossolos
Podzols Spodosols Espodossolos
Podzoluvisols Glossic great groups -
Regosols Orthents, Psamments Neossolos Regolíticos
Solonchaks Salic great groups Gleissolos
Solonetz Natric great groups Planossolos
Vertisols Vertisols Vertissolos

11.9. SOLOS E AMBIENTES BRASILEIROS


A distribuição geográfica do recurso solo no Brasil e seus problemas relativos à utilização
podem ser definidos em função de Domínios Pedobioclimáticos, diferente da expressão Domínio
Morfoclimático, uma vez que se considera o solo como um corpo tridimensional, com ênfase na
geografia de todas as características do solo, e não apenas na da pedoforma.

Domínio Pedobioclimático da Amazônia

Área coberta por florestas equatorial e tropical (Figura 11.9.1). A floresta com muitas
palmáceas (babaçu) começa na divisa do AM/PA, para leste. Há cerrado nas transições, nas divisas
do Brasil ao norte e em direção ao Planalto Central ao sul. São comuns Latossolos Amarelos e
Argissolos Amarelos álicos (alta saturação por Al), pobres em Fe e de baixíssima capacidade de
troca catiônica. Nas áreas de ruptura do declive das elevações e nos locais de drenagem mais
deficiente são comuns os solos com plintita. Há solos ricos, relacionados com os aluviões dos rios
que são influenciados pelos sedimentos dos Andes, nas áreas de intrusões de rochas máficas e
alguns locais da ilha de Marajó.

Figura 11.9.1. Domínio pedobioclimático da Amazônia.

Os Latossolos e Argissolos são tipicamente cauliníticos e goethíticos e possuem um


horizonte A delgado. A riqueza química encontra-se ligada à vegetação. A queima faz aumentar
temporariamente o teor de nutrientes na superfície; as colheitas decrescem a níveis não
compensadores a partir do terceiro ano.
Plantas perenes nativas ou cultura especial, como pimenta-do-reino, é que se têm mantido
melhor. As pastagens de braquiárias (exceção ao braquiarão, mais exigente em nutrientes) têm-se
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saído bem. No Sul do Pará o colonião vai razoavelmente bem, desde que se lhe apliquem cerca de
50 kg de P2O5/ha, após cinco anos da instalação da pastagem. O uso de reservas extrativistas, no
entanto, parece ser o mais adequado para muitas áreas, e quase a única opção para algumas outras.

Domínio do Subárido Nordestino

Esta é uma área rebaixada em relação às chamadas serras, como Martins, Araripe etc.
(Figura 11.9.2). O Seridó do Rio Grande do Norte e da Paraíba é um bom exemplo. Aí, nessas
áreas, percebem-se duas pedopaisagens distintas: a de intensa remoção de sedimentos, associada aos
afloramentos de rochas (inselbergs) ou em nível abaixo destes, formando elevações menores; e a
outra pedopaisagem que expressa acúmulo de sedimentos, estando mais próxima ao piso do vale.
Os Neossolos Litólicos e Luvissolos formam a primeira pedopaisagem, enquanto a segunda está
associada a solos com B textural ou B solonétzico. Pastagem e algodão arbóreo são os usos
principais. A cultura de vazantes, inclusive com o capim andrequicé [Echinochlea colunum (L.)
Link], é um exemplo marcante de convivência com as condições regionais. O capim-panasco
(Aristida adscensionis L.) é bastante comum nos Luvissolos. Os solos são rasos e pedregosos.

Figura 11.9.2. Domínio pedobioclimático das depressões interplanálticas subáridas do Nordeste,


revestidas por caatingas.

A falta de água controla a produção, mas, mesmo aí, a fertilidade do solo é fundamental. As
elevações (chapadas ou serras) dessa região constituem transição das áreas de caatinga (nas áreas
rebaixadas) para o cerrado do Planalto Central (Araripe) ou Mar de Morros Florestados já mais
próximo do litoral (Borborema).

Domínio dos Mares de Morros Florestados

Esta área acompanha uma faixa ao longo da costa brasileira até o Nordeste (a Zona da Mata)
(Figura 11.9.3).
O nome "Mar de Morros" é porque a região, vista de uma posição mais alta, lembra as ondas
do mar. A vegetação é dominantemente subperenifólia. Essa área é tipicamente gnáissico-granítica
e os solos apresentam relevo bastante acidentado. O horizonte C é em geral muito profundo e os
solos são geralmente pobres em nutrientes. Apesar do relevo acidentado, os Latossolos são muito
resistentes à erosão (têm permeabilidade acentuada e ainda alguma coerência entre os grânulos). Os
deslizamentos de terra são, no entanto, comuns, em razão do contraste entre o horizonte B, argiloso,
estreito, e o horizonte C, muito profundo, pouco coerente, muito siltoso, com grandes lâminas (silte
e areia) de caulinita. pastagens (capim gordura) e lavouras de café, nos solos mais pobres, e
pastagens de colonião e jaraguá e culturas anuais, nos solos melhores (e com maior A), constituem
o padrão geral de utilização. A cana-de-açúcar ocupa alguns desses solos. Essa área
pedobioclimática, em função da pluviosidade maior, mas também do profundo manto de alteração
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(maior armazenamento de água), intensamente dissecado, e com eficiente cobertura vegetal, é muito
bem provida de pequenos cursos de água. As implicações disto para uso ainda não foram
devidamente exploradas.

Figura 11.9.3. Domínio pedobioclimático dos Mares de Morros Florestados.

Domínio do Cerrado

No domínio do cerrado (Figura 11.9.4) as grandes chapadas e os trechos mais suaves são
formados por Latossolos com teores de Fe e gibbsita maiores que os da Amazônia; a
permeabilidade e a espessura do horizonte A são também maiores. O Neossolo Quartzarênico é
também comum. Nos trechos acidentados, geralmente com substrato de rochas pelíticas pobres, os
solos são muito rasos, quase que sem horizonte A, freqüentemente cascalhentos e muito
encrostados. O período seco é pronunciado, a umidade relativa é baixa e venta muito.

Figura 11.9.4. Domínio pedobioclimático do cerrado.

Grandes insumos na forma de corretivos, fertilizantes etc. têm incorporado muitas áreas de
pastagem nativa pobre ao processo produtivo.
O uso de máquinas, em poucos anos, tem compactado bastante o solo. Há muito
“reflorestamento” com eucalipto e algum plantio de café.
Os Neossolos Flúvicos e Gleissolos associados aos cerrados, em terreno relativamente mais
acidentado (rochas pelíticas), têm altíssimo teor de Al trocável, como os da área de Brasília.
Nas bordas das chapadas ocorre a tapiocanga, muito usada como piso de estrada.
Ao longo das linhas de drenagem (parte mais baixa da paisagem) existem florestas-galerias.
Nas transições para regiões mais secas, como no sul do Piauí, há transições para caatingas.
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Domínio do Planalto das Araucárias

Ocupam partes do Norte do Estado do Rio Grande do Sul até o Nordeste do Paraná (Figura
11.9.5). A temperatura é mais baixa que em outras regiões do Brasil. A deficiência de água é
também menor.
Os solos possuem altos teores de matéria orgânica e altos teores de Al trocável nos trechos
mais suaves. Porém, nos entalhamentos dos vales há também solos muito férteis.
A araucária é mais expressiva em alguns trechos de Santa Catarina, mas há gradações para
os campos que lhe estão geograficamente associados. Nessas áreas, trigo e soja têm sido bastante
cultivados.

Figura 11.9.4. Domínio pedobioclimático do Planalto das Araucárias.

Domínio das Pradarias Mistas

Esta área corresponde à Campanha do Rio Grande do Sul (Figura 11.9.5). Aí os solos
apresentam
subtropicais. um relevo áreas
Há grandes suave, sendocom
de solos cobertos por devegetação
problemas drenagem.graminóide
Há um períodoe matas-galerias
seco no verão
(janeiro e fevereiro). A menor precipitação nessa época (a mais quente) e a pouca profundidade do
solo trazem problemas acentuados de falta de água. Os solos tendem a ser bastante escuros,
apresentando com freqüência argilas de alta atividade (Vertissolos, Chernossolos ou solos afins).
Latossolos com horizonte A escurecido ocupam as elevações. As pastagens extensas usadas para
gado de raças européias e o relativo vazio populacional humano são característicos.

Figura 11.9.5. Domínio pedobioclimático das Pradarias Mistas.

Mais sobre os Domínios Pedobioclimáticos

Obviamente estes domínios pedobioclimáticos são muito amplos. Há áreas ainda de grande
significância, que podem apresentar caracteres transicionais entre domínios ou mesmo apresentar
características peculiares (Figura 11.9.6).
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Figura 11.9.6. Domínio pedobioclimático transicionais.


Nesse contexto estão as áreas basálticas e areníticas com vegetação srcinal de floresta,
desde o sul do Planalto Central até o domínio da floresta com araucária, nos estados sulinos. Por
outro lado, o Pantanal constitui uma unidade à parte, onde o período de grande umidade (outubro a
março) é alternado com seca pronunciada (abril a setembro), e onde à vegetação dos campos
(formando as pastagens nativas) adicionam-se paisagens diferentes, identificadas por nomes
relacionados às plantas dominantes ou expressivas (carandazal, paratudal, piuval, buritizal, acurizal,
pindaibal, pirizal, pajonal etc.
Os Gleissolos, embora variáveis no tempo e no espaço no seu grau de deficiência de
oxigênio, constituem a principal expressão pedológica. Mas há comumente áreas transicionais para
cerrado, floresta e caatinga. Outra variação são os campos altimontanos, como os existentes no
Quadrilátero Ferrífero, outras porções do Espinhaço e também no Sul de Minas, Serra da Canastra
etc. Seus solos são pobres e geralmente rasos, expressando a pobreza das rochas de srcem, como
quartzitos (como o Pico do Itacolomi) e rochas pelíticas pobres (filitos e micaxistos), estes de
pedoformas maisossuaves
Há, sob nos contornos,
critérios mesmo quando
de reconhecimento o relevo (desnível)
dos domínios é muito pronunciado.
pedobioclimáticos, uma situação
peculiar na parte centro-setentrional de Roraima. Aí as pedopaisagens se assemelham, em muitos
aspectos, mais ao Pantanal do que à Amazônia. É tipicamente um ambiente conservador. No
entanto os solos daquela região, na maioria distróficos (Latossolos Amarelos), estão sob vegetação
de cerrado. Porém localmente, nas áreas de afloramento de rochas cristalinas ácidas o efeito
conservador do sistema se manifesta e, assim, sob a mesma fitofisionomia são encontrados
Planossolos Nátricos.
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12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


BOWEN, N.L. The evolution of the igneous rocks. Princeton, N.J., Princeton University Press,
1928.
MONIZ, A.C. (Coord.). Elementos de pedologia. São Paulo, USP/Polígono, 1972. 459p.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Sistema brasileiro de
classificação de solos. 2. ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006. 306 p.
JENNY, H. Factors of soil formation. New York, McGraw-Hill, 1941. 281p.
MONIZ, A.C. (Coord.). Elementos de pedologia. São Paulo, USP/Polígono, 1972. 459p.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Sistema brasileiro de
classificação de solos. 2. ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006. 306 p.
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ANEXOS
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ANEXO 1 - EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO DE UM PERFIL DE SOLO


Para Classificar: Seguir Seqüência Lógica na Chave
Perfis, com descrições morfológicas, dados analíticos, dados do ambiente identificação de
horizontes diagnóticos superficiais, subsuperficiais, atributos diagnósticos (atividade das argilas,
V%, alumínio, gradiente textural....etc.) são indispensáveis.

Ficha de Descrição de Perfil de Solo


Perfil nº n/a
Número de campo: IIPRJ 2
Fonte: Anais da II Reunião de Classificação, Correlação de Solos e Interpretação de Aptidão Agrícola.
Data: 16.08.82
Classificação anterior: PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb distrófico abrúptico A moderado textura
média/argilosa fase floresta tropical subcaducifólia relevo suave ondulado.
Unidade de n/a
mapeamento:
Localização, município, 1km após portão da UFRRJ, em direção à rodovia Presidente Dutra, entrando à direita 2,2km
estado e coordenadas: em estrada secundária. Itaguaí, RJ. Coordenadas: 22º45 S. e 43º41"W.Gr. Folha Paracambi.
Situação, declive e corte de arruamento (loteamento), em terço inferior de colina, com 7% de declive e sob
cobertura vegetal sobre vegetação de gamíneas.
o perfil:
Altitude: 45 metros.
Litologia, formação associação de biotita - gnaisses, gnaisses granitóides, facoidais, porfiroblásticos e migmatitos.
geológica e cronologia: Pré - Cambriano.
Material srcinário: produto de decomposição das rochas supracitadas, afetadas superficialmente por cobertura de
retrabalhamento pouco distinta.
Pedregosidade: não pedregosa.
Rochosidade: não rochosa.
Relevo local: suave ondulado.
Relevo regional:
Erosão: suave ondulado.
laminar moderada.
Drenagem: moderadamente drenado.
Vegetação primária: floresta tropical subcaducifólia.
Uso atual: área de loteamento.
Descrito e coletado por: Camargo, Ney Tavares, Mauro, Eliezer, J.L. Souza e Olmos.
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Descrição Morfológica
Ap 0-14 cm, bruno - acinzentado muito escuro (10YR 3/2, úmido) e bruno - acinzentado (10YR 5/2, seco); franco -
argiloarenosa; moderada a forte muito pequena a média granular e grãos simples; ligeiramente dura, muito
friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; transição ondulada e clara.
E 14-30 cm, bruno - amarelado (10YR 5/5, úmido) e bruno muito claro-acinzentado (10YR 7/4, seco); franco -
argiloarenosa pouco cascalhenta; fraca pequena a média granular com aspecto maciço poroso; muito dura,
muito friável, ligeiramente plástica e pegajosa; transição ondulada e clara.
2Bt1 30-45 cm, vermelho (2,5YR 4/6, úmido) e vermelho (2,5YR 5/8, seco), mosqueado comum médio e
proeminente com cor semelhante ao horizonte superior e alguns cinzentos; argila; moderada muito pequena a
média blocos subangulares e angulares; cerosidade moderada e forte nas superfícies verticais; muito dura,
friável, plástica e muito pegajosa; transição ondulada e gradual.
2Bt2 45-88 cm, vermelho
cerosidade (2,5YRde4/8,
e alguns pontos úmido) semelhante
coloração e amarelo - ao
avermelhado (4YR
horizonte A2; 6/8, seco),
argila; mosqueado
moderada pequenadecorrente de
a média blocos
subangulares; cerosidade pouca e fraca a forte nas superfícies verticais; muito dura, friável, plástica e pegajosa,
transição ondulada e gradual.
2BC 88-108 cm, vermelho - amarelado (5YR 5/7, úmido) e amarelo - avermelhado (5YR 7/6, seco), mosqueado
pequeno e difuso de cores avermelhadas relacionadas a decomposição de minerais primários; franco - argilosa;
moderada pequena a média blocos subangulares; cerosidade pouca e fraca; muito dura, friável, plástica e
pegajosa; transição ondulada e gradual.
2C 108-130 cm, amarelo - avermelhado (5YR 6/8, úmido) e amarelo - avermelhado (5YR 7/8, seco), mosqueado
comum pequena e proeminente amarelo - claro-acinzentado (2,5Y 7/4) e bruno muito claro-acinzentado (10YR
8/4) e pouco pequeno e distinto vermelho (2,5YR 5/8); franco - argilosa; fraca pequena e média blocos
subangulares; dura, muito friável, plástica e pegajosa; transição descontínua e clara, localmente abrupta.
2Cr1 130-147 cm, coloração variegada, composta de branco (2,5Y 8/2), amarelo - claro - acinzentado (2,5Y 7/4),
amarelo (10YR 7/7), amarelo - avermelhado (5YR 7/7) e vermelho (2,5YR 5,5/8); franco; saprolito de
migmatito com estrutura e textura srcinais semiconservadas; dura, muito friável, plástica e ligeiramente
pegajosa; transição ondulada e gradual.
2Cr2 147-190+, amarelo - claro-acinzentado (2,5Y 7/5, úmido) e cinzento - claro (2,5Y 7,5/2, seco), mosqueado
comum médio e distinto bruno (2,5Y 8/2) e amarelo (10YR 7/8) e pouco pequeno e proeminente vermelho
(2,5YR 4/8); franco; saprolito de decomposição com estrutura e textura srcinais semiconservadas; dura, muito
friável, plástica e ligeiramente pegajosa.
Raízes: abundantes no Ap, comuns no E, poucas no 2Bt1e raras no 2Bt2.
Observações:
- a transição entre o horizonte E e 2Bt1 se apresenta como muito estreitos horizontes AB e BA;
- presença de linha de pedra pouco evidente na parte inferior do horizonte E;
- muitos poros muito pequenos, pequenos e médios no Ap e E; e poros comuns, muito pequenos e pequenos e poucos
médios nos demais horizontes.
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nálises Físicas e Químicas


Perfil nº
Amostra de laboratório: 82.1551/58
Número de campo: IIPRJ 2
Frações da Composição granulométrica
Densidade
Horizonte amostra total da terra fina Argila Grau de
Relação g/cm3 Porosidade
g/kg g/kg dispersa flocu-
silte/ cm³
Profun- Areia Areia fina Silte Argila em água lação argila /100 cm³
Símbol Calhaus Cascalho Terra fina g/kg %
didade grossa 0,2-0,05 0,05-0,002 <0,002 Solo Partículas
o >20 mm 20-2 mm 2 mm
cm 2-0,2 mm mm mm mm
Ap 0-14 0 20 980 500 140 160 200 140 30 0,80 1,38 2,43 43
E -30 20 90 890 500 130 150 220 160 27 0,68 1,53 2,50 39
2Bt1 -45 0 60 940 350 80 130 440 120 73 0,30 1,32 2,50 47
2Bt2 -88 0 30 970 310 50 210 430 0 100 0,49 1,57 2,50 37
2BCt -108 0 40 960 330 70 250 350 0 100 0,71 1,55 2,50 38
2C -130 0 20 980 320 100 270 310 0 100 0,87
2Cr1 -147 0 50 950 260 180 320 240 0 100 1,33
+
2Cr2 -190 0 20 980 350 130 340 180 10 94 1,89 1,56 2,50 37

Complexo sortivo Valor V Saturação P


Hori- pH (1:2,5)
cmolc/kg (sat. por bases) por alumínio assimlável
zonte 2+ 2+ + + 3+ +
Água KCl 1N Ca Mg K Na Valor S (soma) Al H Valor T (soma) % % mg/kg
Ap 5,7 4,4 2,6 0,4 0,18 0,03 3,2 0,0 2,5 5,7 56 0 <0,5
E 5,0 3,7 1,0 0,1 0,03 0,02 1,2 0,4 1,6 3,2 38 25 <0,5
2Bt1 5,1 3,8 1,3 0,2 0,04 0,05 1,6 0,7 2,0 4,3 37 30 <0,5
2Bt2 5,3 3,8 1,0 0,5 0,02 0,09 1,6 1,0 1,7 4,3 37 38 <0,5
2BC 5,1 3,5 1,0 0,2 0,02 0,07 1,3 1,7 1,3 4,3 30 57 <0,5
2C 5,1 3,4 0,8 0,3 0,03 0,09 1,2 2,4 1,0 4,6 26 67 <0,5
2Cr1 5,2 3,5 0,6 0,4 0,04 0,10 1,1 2,3 0,9 4,3 26 68 <0,5
2Cr2 5,2 3,3 0,8 0,03 0,16 1,0 4, 1 1,0 6,1 16 80 <0,5

Relações moleculares
Ataque sulfúrico Fe2O3 Equivalente
C (orgânico) N Relação g/kg SiO2 SiO2
Horizonte Al2O3 livre de CaCO3
g/kg g/kg C/N Al2O3 R2O3
Fe2O3 g/kg g/kg
SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5 MnO (Ki) (Kr)

Ap
E 12,3
5,2 1,2
0,7 10
7 90
111 63
84 15
18 2,6
3,0 2,43
2,25 2,11
1,97 6,57
7,29 9,3
2Bt1 5,0 0,6 8 208 170 35 6,4 2,08 1,84 7,61 21,7
2Bt2 2,8 0,6 5 252 205 48 7,7 2,09 1,82 6,75 28,2
2BCt 2,5 0,5 5 255 205 48 7,3 2,13 1,85 6,67
2C 1,7 0,4 4 242 193 43 7,0 2,13 1,87 7,03 15,0
2Cr1 1,0 0,3 3 209 164 35 5,0 2,17 1,91 7,34
2Cr2 0,8 0,3 3 231 176 47 6,7 2,23 1,91 5,87

Pasta Sais solúveis (extrato 1:5) Constantes hídricas


saturada cmolc/kg g/100g
Saturação
Horizonte por sódio C. E. do extrato Umidade Equivalente
Água Umidade Umidade
% mS/cm Ca2+ Mg2+ K+ Na+ HCO3- CO32- Cl - SO42- 1/100 de
% 1/30MPa 1,5MPa
25ºC MPa umidade
Ap 20,0 14,1 9,7 17,0
E 20,2 13,8 9,2 16,0
2Bt1 29,4 23,2 17,7 24,9
2Bt2 34,2 27,0 18,5 30,1
2BCt 35,6 22,3 16,7 28,0
2C 34,0 22,5 15,1 26,6
2Cr1 Relação textural: 28,2

2Cr2 2,1 24,6


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nálise Mineralógica das Frações Cascalho e Areia


Perfil nº
Amostra de laboratório: 82.1551/58
Número de campo: IIPRJ2
Material e concr. Feldspato e material
Horizonte Quartzo Muscovita Turmalina Biotita alternada Ilmenita Zircão Detritos e carvão
hemat. e goethítica argiloso claro
AREIA GROSSA
Ap 100% tr tr tr
AE 100% tr tr
2Bt1 100% tr tr tr tr
2Bt2 100% tr tr tr tr tr
2BC 100% tr tr tr tr
2C 99% 1% tr tr tr
2Cr1
2Cr2 89%
98% tr 10%
1% tr tr 1%
1%
AREIA FINA
Ap 100% tr tr tr tr tr tr tr
AE 100% tr tr tr tr tr tr tr
2Bt1 99% tr 1% tr tr tr tr tr
2Bt2 89% 1% tr tr 10% tr tr
2BC 79% 1% tr tr 20%
2C 69% 1% tr 30%
2Cr1 79% 1% tr 20%
2Cr2 69% 1% 30%
CASCALHO - Quartzo em maior proporção, traços de concreções hematíticas, limoníticas; material argiloso claro, feldspato, muscovita, turmalina.
CALHAUS - 100% quartzo.

Análise Mineralógica da Fração Argila por Difratometria de Raios X


Horizonte 2Bt2 caulinita
Horizonte 2BC caulinita

Micromorfologia
Horizonte 2Bt1 1. Matriz - S
1.1. Grãos doaoEsqueleto
distribuídos acaso por-toda
Os grãos angulosos
a matriz e subangulosos,
- S do solo, com absoluta
não apresentando predominância
disposição preferencialde
emquartzo,
relaçãosão
a qualquer
referencial. Os grãos são geralmente corroídos. A distribuição dos grãos em relação ao plasma é "porphyroskelic".
1.2. Plasma - É amarelo - avermelhado (7,5YR 7/8) com mosqueado difuso e abundante vermelho (2,5YR 5/8) luz
plana, sendo bruno - oliváceo (2,5Y 4/4) a bruno - acinzentado - escuro (2,5Y 4/2) com mosqueado difuso e
abundante vermelho - escuro (2,5YR 3/6) à luz polarizada. Apresenta aspecto contínuo, com fábrica tipo "masepic".
1.3. Vazios - São dos tipos "vughs", câmaras, canais e vazios.
2. Caracteres Pedológicos
São comuns "argilans" e "ferri - argilans" de iluviação em torno de canais e de "vughs". São abundantes "argilans"
de tensão.
Existem nódulos sesquioxídicos difusos comuns e abundantes.
Observam-se também pápulas de caulita.
Horizonte 2C 1. Matriz - S
1.1. Grãos do esqueleto - São angulosos e subangulosos. Encontram-se distribuídos ao acaso, sem nenhuma
disposição preferencial com relação a qualquer referencial da matriz- S. A distribuição dos grãos em relação ao
plasma é "porphyroskelic".
1.2. Plasma - É amarelo - avermelhado (7,5YR 6/8) à luz plana, sendo bruno - avermelhado - escuro e vermelho -
escuro (10R 3/6) à luz polarizada, com abundantes zonas de birrefringência amarelas (10YR 7/8) e vermelhas (10R
5/8) correspondentes a biotitas alternadas com mistura ferruginosa. O plasma é altamente misotrópico devido à
presença de biotita, formando uma estrutura semelhante à "Ommisepic" de Brewer. O plasma apresenta-se
predominante contínuo.
1.3. Vazios - Canais, câmaras e "craze planes".
2. Caracteres Pedológicos
Foram observados alguns "argilans" de iluviação, bem como algumas pápulas cauliníticas.
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SEQUËNCIA DE CLASSIFICAÇÃO DO PERFIL APRESENTADO ACIMA - PASSO A


PASSO (EXEMPLO UTILIZANDO O SiBCS - EMBRAPA, 2006):
Identificar, preliminarmente, atributos e horizontes diagnósticos e outros atributos referentes ao
perfil a ser classificado, com base na descrição morfológica e dados analíticos, para facilitar entrada
na chave para Ordens, Subordens, Grandes Grupos e Subgrupos.
Atributos Diagnósticos:
 O perfil é constituído, essencialmente, por material mineral;
 A atividade da fração argila é baixa (< 27 cmolc/kg de argila);
 Saturação por bases: valor “V” é menor que 50% no horizonte B;
 (22%),
Mudança textural
dentro abrupta:
de uma o teor
distância de argila
vertical  7,5docmhorizonte 2Bt1
e transição (44%) é o dobro do horizonte E
clara;
 Caráter crômico: o perfil apresenta na maior parte do horizonte B (excluído BC) matiz mais
vermelho 7,5YR e croma maior que 4, caracterizando presença de caráter crômico.
 Cor e teor de óxidos de ferro: o perfil apresenta cores vermelhas e vermelho amareladas na
maior parte do horizonte B (exclusive BC) e é hipoférrico - teor de Fe2O3 < 80g/kg de solo (p.
41 do SiBCS, Embrapa, 2006).
Outros Atributos:
 O perfil apresenta cerosidade comum, moderada e forte no horizonte 2Bt1 (ver descrição
morfológica) e pouca, fraca a forte em 2Bt2
 Relação silte/argila: baixa no horizonte B (< 0,50)
 Minerais alteráveis: o horizonte 2Bt2 apresenta 10% de minerais alteráveis na fração areia fina
(biotita alterada), representando menos de 4% de minerais primários na terra fina.
 Reação do solo: pH < 5,6 – ácido

Horizonte Diagnóstico
A espessura, teorSuperficial
de carbono orgânico e cor permite enquadrar em horizonte A moderado
(ver definição de horizontes diagnósticos superficiais)
Horizonte Diagnóstico Subsuperficial
O perfil tem horizonte "E", relação textural B/A de 2,1, logo, horizonte B textural, conforme
p.49-65 do SiBCS (EMBRAPA, 2006) ou Cap. 7 desta apostila.
Classificação do Solo
Das páginas 93 a 99 do SiBCS (ou Anexo 2 desta apostila) tem-se a chave para as Ordens,
vê-se que o perfil não se enquadra em nenhuma das classes definidas na seqüência da chave e
somente na última classe (ou a primeira desta apostila), Argissolos (solos com B textural e argila de
atividade baixa), se enquadra o perfil a ser classificado. A chave para Argissolos encontra-se no
capítulo 5 do SiBCS (EMBRAPA, 2006) (ou Anexo 2 desta apostila). Chave para o 2º nível dos
Argissolos: entrando-se na chave e seguindo a seqüência, vê-se que o perfil enquadra-se em
Argissolos Vermelho (cor 2,5YR nos primeiros 100 cm do horizonte Bt, inclusive BA). Definida a
classe de 2º nível, vai-se para a chave de 3º nível categórico: entra-se em Argissolos Vermelhos (p.
103) (ou p. desta apostila) e verifica-se que o perfil se enquadra em Argissolos Vermelhos
distróficos (classe 4.4), por apresentar baixa saturação por bases nos primeiros 100 cm do horizonte
B;
Vai-se para as classes do 4º nível categórico (p.113), o perfil se enquadra na classe 4.4.4,
Argissolo Vermelho distrófico abrúptico (Subgrupo), por apresentar mudança textural abrupta.
Assim, a seqüência utilizada para a classificação foi: Argissolo (ordem)  Argissolo
Vermelho (subordem)  Argissolo Vermelho distrófico (grande grupo)  Argissolo Vermelho
distrófico abrúptico (subgrupo).
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ANEXO 2 – CHAVES PARA CLASSIFICAÇÃO ATÉ O 3º NÍVEL (GRANDE GRUPO)


(Conforme o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, 1999, excluída a ordem ALISSOLOS)

ARGISSOLOS
Solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B textural com argila de
atividade baixa imediatamente abaixo do horizonte A ou E, e satisfazendo, ainda, os seguintes
requisitos:
 horizonte plíntico, se presente, não está acima e nem é coincidente com a parte superior
do horizonte B textural;
 horizonte glei, se presente, não está acima e nem é coincidente com a parte superior do
horizonte B textural.

Classes do 2º nível categórico (subordens)

1 Argissolos Acinzentados
Solos com matiz mais amarelo que 5YR e valor 5 ou maior e croma < 4 na maior parte dos
primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).
2 Argissolos Amarelos
Solos com matiz mais amarelo que 5YR na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte
B (inclusive BA).
3 Argissolos Vermelho-Amarelos
Solos com matiz 5YR ou mais vermelho e mais amarelo que 2,5YR na maior parte dos
primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).
4 Argissolos Vermelhos
Outros solos com matiz 2,5YR ou mais vermelhos nos primeiros 100 cm do horizonte B
(exclusive BC).

Classes do 3º nível categórico (grandes grupos)

1 Argissolos Acinzentados
1.1 Argissolos Acinzentados distróficos
Solos com saturação por bases baixa (V < 50%), na maior parte dos primeiros 100 cm do
horizonte B (inclusive BA).
12 Argissolos Acinzentados eutróficos
Outros solos com saturação por bases alta (V ≥ 50%), na maior parte dos primeiros 100 cm
do horizonte B (inclusive BA).
2 Argissolos Amarelos
2.1 Argissolos Amarelos distróficos
Solos com saturação por bases baixa (V < 50%), na maior parte dos primeiros 100 cm do
horizonte B (inclusive BA).
2.2 Argissolos Amarelos eutróficos
Outros solos com saturação por bases alta (V ≥ 50%), na maior parte dos primeiros 100 cm
do horizonte B (inclusive BA) (Embrapa, 1977-1979, v.1, p.474, perfil 119).
3 Argissolos Vermelho-Amarelos
Universidade Estadual de Montes Claros
Curso de Zootecnia – Gênese, Morfologia e Classificação do Solo - Prof. Marcos Koiti Kondo
114

3.1 Argissolos Vermelho-Amarelos alumínicos


Solos com caráter alumínico na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive
BA) (Brasil, 1973e, p.156, perfil 150).
3.2 Argissolos Vermelho-Amarelos distróficos
Solos com saturação por bases baixa (V < 50%). na maior parte dos primeiros 100 cm do
horizonte B (inclusive BA). (Embrapa, 1977-1979, v.1, p.357, perfil 75).
3.3 Argissolos Vermelho-Amarelos eutróficos
Outros solos com saturação por bases alta (V ≥ 50%), na maior parte dos primeiros 100 cm
do horizonte B (inclusive BA).

4 Argissolos Vermelhos
4.1 Argissolos Vermelhos distróficos
Solos com saturação por bases baixa (V < 50%), na maior parte dos primeiros 100 cm do
horizonte B (inclusive BA).
4.2 Argissolos Vermelhos eutroférricos
Solos com saturação por bases alta (V ≥ 50%), e teores de Fe2O3 (pelo H2SO4) de 18% a <
36%, na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA). (Embrapa, 1984,
tomo 2, p.553, perfil complementar 71).
4.3 Argissolos Vermelhos eutróficos
Outros solos com saturação por bases alta (V ≥ 50%), na maior parte dos primeiros 100 cm
do horizonte B (inclusive BA).

CAMBISSOLOS

Solos constituídos por material mineral com horizonte B incipiente imediatamente abaixo
do horizonte A ou horizonte hístico com espessura inferior a 40 cm.

Classes do 2º nível categórico (subordens)

1 Cambissolos Hísticos
Solos com horizonte O hístico com menos de 40 cm de espessura, ou menos de 60 cm
quando 50% ou mais do material orgânico for constituído de ramos finos, raízes finas, casca
de árvores e folhas, parcialmente decompostos (Ghani & Rocha, 1997, perfil 3; Brasil,
1973e, p.330, perfil 48).
2 Cambissolos Húmicos
Solos com horizonte A húmico.
3 Cambissolos Háplicos
Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores.

Classes do 3º nível categórico (grandes grupos)

1 Cambissolos Hísticos
1.1 Cambissolos Hísticos alumínicos
Universidade Estadual de Montes Claros
Curso de Zootecnia – Gênese, Morfologia e Classificação do Solo - Prof. Marcos Koiti Kondo
115

Solos com alto conteúdo de alumínio extraível (Al3+ ≥ 4 cmolc/kg de solo) na maior parte do
horizonte B (inclusive BA) (Brasil, 1973e, p.330, perfil 48).
1.2 Cambissolos Hísticos distróficos
Outros solos com baixa saturação por bases (V < 50%) na maior parte do horizonte B
incipiente (inclusive BA).
2 Cambissolos Húmicos
2.1 Cambissolos Húmicos aluminoférricos
Solos com alto conteúdo de alumínio extraível (Al3+ ≥ 4 cmolc/kg de solo) e teor de Fe2O3
(pelo H2SO4 de 18% a < 36% na maior parte do horizonte B (inclusive BA).
2.2 Cambissolos Húmicos alumínicos
Solos com alto conteúdo de alumínio extraível (Al3+ ≥ 4 cmolc/kg de solo) na maior parte do
horizonte B (inclusive BA) (Embrapa, 1984, tomo 2, p.629, perfil 74; Brasil, 1973e, p.324,
perfil 47).
2.3 Cambissolos Húmicos distroférricos
Solos com baixa saturação por bases (V < 50%) e teores de Fe 2O3 (pelo H2SO4) de 18% a <
36% na maior parte do horizonte B (inclusive BA).
2.4 Cambissolos Húmicos distróficos
Outros solos com saturação por bases baixa (V < 50%) na maior parte do horizonte B
(inclusive BA).
3 Cambissolos Háplicos
3.1 Cambissolos Háplicos alumínicos
Solos com caráter alumínico na maior parte do horizonte B (inclusive BA) (Embrapa, 1984,
tomo 2, p.660, perfil complementar 113).
3.2 Cambissolos Háplicos carbonáticos
Solos com caráter carbonático ou horizonte cálcico dentro de 100 cm da superfície do solo.
(Embrapa, 1977-1979, v.2. p.773, perfil 234; v.2, p.781, perfil 238).
3.3 Cambissolos Háplicos sálicos
Solos com caráter sálico dentro de 100 cm da superfície do solo (Embrapa, 1977-1979, v. 2,
p.775, perfil 235).
3.4 Cambissolos Háplicos sódicos
Solos com caráter sódico dentro de 100 cm da superfície do solo.
3.5 Cambissolos Háplicos distroférricos
Solos com baixa saturação por bases (V < 50%) e teores de Fe 2O3 (pelo H2SO4) de 18% a <
36% na maior parte do horizonte B (inclusive BA) (Embrapa, 1984, tomo 2, p.633, perfil
76).
3.6 Cambissolos Háplicos eutroférricos
Solos com alta saturação por bases (V ≥ 50%) e teores de Fe2O3 (pelo H2SO4) de 18% a <
36% na maior parte do horizonte B (inclusive BA).
3.7 Cambissolos Háplicos perférricos
Solos com teor de Fe2O3 (pelo H2SO4) ≥ 36% na maior parte do horizonte B (inclusive BA).
3.8 Cambissolos Háplicos Ta eutróficos
Solos com argila de atividade ≥ 27 cmolc/kg de argila e alta saturação por bases (V ≥ 50%)
na maior parte do horizonte B (inclusive BA) (Brasil, 1971b, p. 301, perfil 37).
3.9 Cambissolos Háplicos Ta distróficos
Universidade Estadual de Montes Claros
Curso de Zootecnia – Gênese, Morfologia e Classificação do Solo - Prof. Marcos Koiti Kondo
116

Outros solos com argila de atividade ≥ 27 cmolc/kg de argila e baixa saturação por bases (V
< 50%) na maior parte do horizonte B (inclusive BA) (Departamento Nacional da Produção
Mineral, 1976, v.12, p.254, perfil 16).
3.10 Cambissolos Háplicos Tb eutróficos
Solos com argila de atividade < 27 cmol c/kg de argila e alta saturação por bases (V ≥ 50%)
na maior parte do horizonte B (inclusive BA) (Embrapa, 1977-1979, v.2, p.791, perfil 242).
3.11 Cambissolos Háplicos Tb distróficos
Outros solos com argila de atividade < 27 cmolc/kg de argila e baixa saturação por bases (V
< 50%) na maior parte do horizonte B (inclusive BA) (Embrapa, 1984, tomo 2, p.533, perfil
77).

CHERNOSSOLOS

Solos constituídos por material mineral, que apresentam horizonte A chernozêmico


seguido por:
 horizonte B incipiente, ou B textural, ou B nítico, todos com argila de atividade alta e
saturação por bases alta; ou
 horizonte cálcico ou caráter carbonático, coincidindo com o horizonte A chernozêmico
e/ou com horizonte C, admitindo-se entre os dois, horizonte B incipiente com espessura
< 10 cm; ou por
 contato lítico desde que o horizonte A chernozêmico contenha 15% ou mais de
carbonato de cálcio equivalente.

Classes do 2º nível categórico (subordens)

1 Chernossolos Rêndzicos
Solos com horizonte A chernozêmico seguido por:
 horizonte cálcico ou caráter carbonático, coincidindo com o horizonte A chernozêmico
e/ou com horizonte C, admitindo-se entre os dois, horizonte Bi com espessura < 10 cm;
ou
 contato lítico desde que o horizonte A chernozêmico contenha 15% ou mais de
carbonato de cálcio equivalente.
2 Chernossolos Ebânicos
Solos que apresentam o caráter ebânico na maior parte do horizonte B (inclusive BA).
3 Chernossolos Argilúvicos
Outros solos com horizonte B textural ou B nítico, imediatamente abaixo do horizonte A
chernozêmico.
4 Chernossolos Háplicos
Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores.

Classes do 3º nível categórico (grandes grupos)

1 Chernossolos Rêndzicos
1 .1 Chernossolos Rêndzicos líticos
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117

Solos com contato lítico dentro de 50 cm da superfície do solo. (Embrapa, 1975b, p.324,
perfil 73).
1 .2 Chernossolos Rêndzicos saprolíticos
Outros solos que não se enquadram na classe anterior.
2 Chernossolos Ebânicos
2.1 Chernossolos Ebânicos carbonáticos
Solos com caráter carbonático ou horizonte cálcico, dentro de 100 cm da superfície do solo.
(Embrapa, 1980¡, perfil 01; Brasil, 1973e, p.263, perfil 148).
2.2 Chernossolos Ebânicos órticos
Outros solos que não se enquadram na classe anterior. (Embrapa, 1980j, perfil 06;
Congresso... [1991?], p.9, perfil 06).
3 Chernossolos Argilúvicos
3.1 Chernossolos Argilúvicos férricos
Solos com teor de Fe2O3 (pelo H2SO4 ≥ 18% na maior parte do horizonte B (inclusive BA)
(Embrapa, 1984 tomo 2, p.560, perfil 68; Brasil, 1973e, p.191, perfil 25; Embrapa, 1980b,
p.39, exame 31).
3.2 Chernossolos Argilúvicos carbonáticos
Solos com caráter carbonático ou horizonte cálcico dentro de 120 cm da superfície do solo.
3.3 Chernossolos Argilúvicos órticos
Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores.
4 Chernossolos Háplicos
4.1 Chernossolos Háplicos férricos
Solos com teor de Fe2O3 (pelo H2SO4) ≥ 18% na maior parte do
horizonte B (inclusive BA).
4.2 Chernossolos Háplicos carbonáticos
Solos com caráter carbonático ou horizonte cálcico dentro de 120 cm da superfície do solo.
4.3 Chernossolos Háplicos órticos
Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores.

GLEISSOLOS

Solos constituídos por material mineral com horizonte glei imediatamente abaixo de
horizonte A, ou de horizonte hístico com menos de 40 cm de espessura; ou horizonte glei
começando dentro de 50 cm da superfície do solo; não apresentam horizonte plíntico ou vértico,
acima do horizonte glei ou coincidente com este, nem horizonte B textural com mudança textural
abrupta coincidente com horizonte glei, nem qualquer tipo de horizonte B diagnóstico acima do
horizonte glei.

Classes do 2º nível categórico (subordens)

1 Gleissolos Tiomórficos
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118

Solos com horizontes sulfúricos e/ou materiais sulfídricos, dentro de 100 cm da superfície
do solo.
2 Gleissolos Sálicos
Solos com caráter sálico (CE ≥ 7 dS/m), dentro de 100 cm da superfície do solo (Embrapa,
1980h, p.273, perfil GB-45).
3 Gleissolos Melânicos
Solos com horizonte H hístico com menos de 40 cm de espessura, ou horizonte A húmico,
proeminente ou chernozêmico.

4 Gleissolos
Outros solosHáplicos
que não se enquadram nas classes anteriores

Classes do 3º nível categórico (grandes grupos)

1 Gleissolos Tiomórficos
1.1 Gleissolos Tiomórficos hísticos
Solos com horizonte H hístico com menos de 40 cm de espessura (Reunião... 1995, p.42,
perfil 8-ES)
1.2 Gleissolos Tiomórficos húmicos
Solos com horizonte A húmico.
1.3 Gleissolos Tiomórficos órticos
Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores.
2 Gleissolos Sálicos
2.1 Gleissolos Sálicos sódicos
Solos com caráter sódico dentro de 100 cm da superfície do solo. (Embrapa, 1980h, p.328,
perfil GB-57).
2.2 Gleissolos Sálicos órticos
Outros solos que não se enquadram na classe anterior
3 Gleissolos Melânicos
3.1 Gleissolos Melânicos alumínicos
Solos com caráter alumínico na maior parte dos primeiros 120 cm a partir da superfície do
solo (Embrapa, 1980h, p.255, perfil GB-41; p.263, perfil GB-29).
3.2 Gleissolos Melânicos distróficos
Solos com baixa saturação por bases (V < 50%) na maior parte dos primeiros 120 cm a
partir da superfície do solo.

3.3 Gleissolos
Solos com Melânicos carbonáticos
caráter carbonático dentro de 120 cm a partir da superfície do solo (Embrapa,
1975b, p.294, perfil 63).
3.4 Gleissolos Melânicos eutróficos
Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores. (Brasil, 1973e, p.385, perfil 75).
4 Gleissolos Háplicos
4.1 Gleissolos Háplicos Ta alumínicos
Solos com argila de atividade alta (T ≥ 27 cmolc/kg de argila) e caráter alumínico na maior
parte dos primeiros 120 cm a partir da superfície do solo (Embrapa, 1975a, p.357, perfil 61).
Universidade Estadual de Montes Claros
Curso de Zootecnia – Gênese, Morfologia e Classificação do Solo - Prof. Marcos Koiti Kondo
119

4.2 Gleissolos Háplicos Ta distróficos


Solos com argila de atividade alta (T ≥ 27 cmolc/kg de argila) e baixa saturação por bases
(V < 50%) na maior parte dos primeiros 120 cm a partir da superfície do solo (Embrapa,
1976c, p.250, perfil 38).
4.2 Gleissolos Háplicos Tb distróficos
Solos com argila de atividade baixa (T ≥ cmolc/kg de argila) e baixa saturação por bases (V
< 50%) na maior parte dos primeiros 120 cm a parte da superfície do solo (Embrapa, 1976c,
p.250, perfil 38).
4.3 Gleissolos Háplicos Ta carbonáticos
Solos com argila de atividade alta (T ≥ 27 cmolc/kg de argila) e caráter carbonático na maior
parte dos primeiros 120 cm a partir da superfície do solo.
4.5 Gleissolos Háplicos Ta eutróficos
Solos com argila de atividade alta (T ≥ 27 cmolc/kg de argila) e alta saturação por bases (V
≥ 50%) na maior parte dos primeiros 120 cm a partir da superfície do solo.

4.6 Gleissolos Háplicos Tb eutróficos


Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores.

LATOSSOLOS

Solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B latossólico


imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A, dentro de 200 cm da superfície do solo ou
dentro de 300 cm, se o horizonte A apresentar mais que 150 cm de espessura.

Classes do 2º nível categórico (subordens)

1 Latossolos Brunos
Solos com matiz mais amarelo que 2,5YR no horizonte BA ou em todo horizonte B, e
apresentando os seguintes requisitos:
 horizonte A espesso com mais de 30 cm de espessura, com teores de carbono orgânico
acima de 1%, inclusive no horizonte BA;
 textura argilosa ou muito argilosa em todo o horizonte B;
 alta capacidade de retração do solo com a perda de umidade evidenciado pelo
fendilhamento acentuado em cortes de barrancos, expostos ao sol por curto espaço de
tempo (uma semana ou mais), formando uma estrutura do tipo prismática.
2 Latossolos Amarelos
Solos com matiz mais amarelo que 5YR na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte
B (inclusive BA).
3 Latossolos Vermelhos
Solos com matiz 2,5YR ou mais vermelho na maior parte dos primeiros 100 cm do
horizonte B (inclusive BA).
4 Latossolos Vermelho-Amarelos
Outros solos com matiz 5YR ou mais vermelhos e mais amarelos que 2,5YR na maior parte
dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).
Universidade Estadual de Montes Claros
Curso de Zootecnia – Gênese, Morfologia e Classificação do Solo - Prof. Marcos Koiti Kondo
120

Classes do 3º nível categórico (grandes grupos)

1 Latossolos Brunos
1.1 Latossolos Brunos ácricos
Solos com caráter ácrico dentro de 150 cm da superfície do solo.
1.2 Latossolos Brunos alumínicos
Solos com o caráter alumínico na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B
(inclusive BA) (Brasil, 1973e, p.58, perfil 27).
1.3 Latossolos Brunos distróficos
Outros solos com baixa saturação por bases (V < 50%) na maior parte dos primeiros 100 cm
do horizonte B (inclusive BA).
2 Latossolos Amarelos
2.1 Latossolos Amarelos coesos
Solos com um ou mais horizontes com espessura mínima de 30 cm, que não satisfaz os
critérios para fragipã ou duripã, compreendendo o horizonte AB e/ou BA, e/ou parte do Bw,
os quais quando secos são muito resistentes à penetração do martelo pedológico ou trado e
que não apresentam uma organização estrutural visível (são maciços) e que se desfaz em
agregados com consistência a seco, no mínimo, dura, sendo normalmente muito dura, e às
vezes extremamente dura. A consistência úmida varia de friável a firme; a densidade do
solo deste horizonte é mais elevada que os horizontes subjacentes. A saturação por bases é
baixa (V < 50%), o teor de Fe2O3 (pelo H2SO4) é menor que 8% e o Ki é 1,7 ou maior, isto
é, são cauliníticos.
2.2. Latossolos Amarelos acriférricos
Solos com caráter dentro de 150 cm da superfície do solo e teores de Fe2O3 (pelo H2SO4) de
18% a < 36% na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).
2.3 Latossolos Amarelos ácricos
Solos com caráter ácrico dentro de 150 cm da superfície do solo.
2.4 Latossolos Amarelos distroférricos
Solos com saturação por bases baixa (V < 50%) e teores de Fe 2O3 (pelo H2SO4) de 18% a <
36% na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).
2.5 Latossolos Amarelos distróficos
Solos apresentando baixa saturação por bases (V < 50%) na maior parte dos primeiros 100
cm do horizonte B (inclusive BA)
2.6 Latossolos Amarelos eutróficos
Outros solos apresentando alta saturação por bases (V ≥ 50%) na maior parte dos primeiros
100 cm do horizonte B (inclusive BA).
3 Latossolos Vermelhos
3.1 Latossolos Vermelhos perférricos
Solos com saturação por bases baixa (V < 50%) e teores de Fe 2O3 (pelo H2SO4) ≥ 36% na
maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).
3.2 Latossolos Vermelhos aluminoférricos
Solos com caráter alumínico e teores de Fe 2O3 (pelo H2SO4) de 18% a < 36% na maior
parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA) (Brasil, 1973e, p.70, perfil RS-
16).
3.3 Latossolos Vermelhos acriférricos
Universidade Estadual de Montes Claros
Curso de Zootecnia – Gênese, Morfologia e Classificação do Solo - Prof. Marcos Koiti Kondo
121

Solos com caráter ácrico dentro de 150 cm da superfície do solo e teores de Fe2O3 (pelo
H2SO4) de 18% a < 36% na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive
BA).
34 Latossolos Vermelhos distroférricos
Solos com saturação por bases baixa (V < 50%) e teores de Fe 2O3 (pelo H2SO4) de 18% a <
36% na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).
3.5 Latossolos Vermelhos eutroférricos
Solos com saturação por bases alta (V ≥ 50%) e teores de Fe 2O3 (pelo H2SO4) de 18% a <
36% na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).
3.6 Latossolos Vermelhos ácricos
Solos com caráter ácrico dentro de 150 cm da superfície do solo.
3.7 Latossolos Vermelhos distróficos
Solos com saturação por bases baixa (V < 50%) na maior parte dos primeiros 100 cm do
horizonte B (inclusive BA).
3.8 Latossolos Vermelhos eutróficos
Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores (Brasil, 1973h, v.2, p.81, perfil
20)
4. Latossolos Vermelho-Amarelos
4.1 Latossolos Vermelho-Amarelos acriférricos
Solos com caráter ácrico dentro de 150 cm da superfície do solo e teores de Fe 2O3 (pelo
H2SO4) de 18% a < 36% na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive
BA).
4.2 Latossolos Vermelho-Amarelos ácricos
Solos com caráter ácrico dentro de 150 cm da superfície do solo.
4.3 Latossolos Vermelho-Amarelos distroférricos
Solos com saturação por bases baixa (V < 50%) e teores de Fe 2O3 (pelo H2SO4) de 18% a <
36% na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).
4.4 Latossolos Vermelho-Amarelos distróficos
Solos com saturação por bases baixa (V < 50%) na maior parte dos primeiros 100 cm do
horizonte B (inclusive BA).
4.5 Latossolos Vermelho-Amarelos eutróficos
Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores.

NEOSSOLOS

Solos pouco evoluídos e sem horizonte B diagnóstico.

Classes do 2º nível categórico (subordens)


1 Neossolos Litólicos (Solos Litólicos)
Solos com horizonte A ou O hístico com menos de 40 cm de espessura, assente diretamente
sobre a rocha ou sobre um horizonte C ou Cr ou sobre material com 90% (por volume), ou
mais de sua massa constituída por fragmentos de rocha com diâmetro maior que 2 mm
(cascalhos, calhaus e matacões) e que apresentam um contato lítico dentro de 50 cm da
Universidade Estadual de Montes Claros
Curso de Zootecnia – Gênese, Morfologia e Classificação do Solo - Prof. Marcos Koiti Kondo
122

superfície do solo. Admite um horizonte B, em início de formação cuja espessura não


satisfaz a qualquer tipo de horizonte B diagnóstico.
2 Neossolos Flúvicos (Solos Aluviais)
Solos derivados de sedimentos aluviais com horizonte A assente sobre horizonte C
constituído de camadas estratificadas sem relação pedogenética entre si, apresentando
ambos ou um dos seguintes requisitos
 decréscimo irregular do conteúdo de carbono orgânico em profundidade, dentro de 200
cm da superfície do solo; e ou
 camadas estratificadas em 25% ou mais do volume do solo, dentro de 200 cm da
superfície do solo.
3 Neossolos Regolíticos (Regossolosl
Solos com horizonte A sobrejacente a horizonte C ou Cr; admite horizonte Bi com menos
de 10 cm de espessura, e apresenta contato lítico a uma profundidade maior que 50 cm, e
ambos ou um dos seguintes requisitos:
 4% ou mais de minerais primários alteráveis (menos resistentes ao intemperismo) na
fração areia grossa ou areia fina, porém referidos a 100g de TFSA em algum horizonte
dentro de 200 cm a partir da superfície; e/ou
 5% ou mais do volume da massa do horizonte C ou Cr, dentro de 200 cm de
profundidade, apresentando fragmentos de rocha semi-intemperizada, saprólito ou
fragmentos formados por restos da estrutura orientada da rocha (pseudomorfos) que deu
srcem ao solo.
4 Neossolos Quartzarênicos (Areias Quartzosas)
Outros solos com seqüência de horizontes A-C, sem contato lítico dentro de 50 cm de
profundidade, apresentando textura areia ou areia franca nos horizontes até, no mínimo, a
profundidade de 150 cm a partir da superfície do solo ou até um contato lltico;
essencialmente quartzosos, tendo nas frações areia grossa e areia fina 95% ou mais de
quartzo, calcedônia e opala e, praticamente, ausência de minerais primários alteráveis
(menos resistentes ao intemperismo).

Classes do 3º nível categórico (grandes grupos)


1 Neossolos Litólicos
1.1 Neossolos Litólicos hísticos
Solos com horizonte O hístico com menos de 30 cm de espessura, ou menos de 40 cm
quando 50% ou mais do material orgânico, excluindo as partes vivas, é constituído por
ramos finos, raízes finas, cascas de árvores e folhas parcialmente decompostos. (Ghani &
Rocha, 1997, perfil 4).
1.2 Neossolos Litólicos húmicos
Solos
examecom
15). horizonte A húmico com menos de 50 cm de espessura (Embrapa, 1980c, p.41,
1.3 Neossolos Litólicos carbonáticos
Solos com alta saturação por bases (V ≥ 50%), sem horizonte A Chernozêmico, e com 15%
ou mais de carbonato de cálcio equivalente no horizonte A e/ou C.
1.4 Neossolos Litólicos psamíticos
Solos com textura arenosa em todos os horizontes, dentro de 50 cm da superfície do solo.
1.5 Neossolos Litólicos eutróficos
Universidade Estadual de Montes Claros
Curso de Zootecnia – Gênese, Morfologia e Classificação do Solo - Prof. Marcos Koiti Kondo
123

Solos com alta saturação por bases (V ≥ 50%) em todos os horizontes dentro de 50 cm da
superfície do solo (Brasil, 1973e, p.337, perfil RS-38).
1.6 Neossolos Litólicos distróficos
Outros solos com baixa saturação por bases (V < 50%) em pelo menos um horizonte dentro
de 50 cm da superfície do solo (Brasil, 19739, p.364, perfil RS-78).
2 Neossolos Flúvicos
2.1 Neossolos Flúvicos sálicos
Solos com caráter sálico dentro de 100 cm da superfície do solo.
2.2 Neossolos Flúvicos sódicos
Solos com caráter sódico dentro de 100 cm da superfície do solo.
2.3 Neossolos Flúvicos carbonáticos
Solos com caráter carbonático ou horizonte cálcico dentro de 120 cm da superfície do solo.
2.4 Neossolos Flúvicos psamíticos
Solos com textura arenosa em todos os horizontes dentro de 120 cm da superfície do solo.
2.5 Neossolos Flúvicos Tb distróficos
Solos com argila de atividade baixa (T < 27 cmolc/kg de argila) e saturação por bases baixa
(V < 50%) na maior parte dos primeiros 120 cm da superfície do solo.
2.6 Neossolos Flúvicos Tb eutróficos
Solos com argila de atividade baixa (T < 27 cmolc/kg de argila) e saturação por bases alta
(V ≥ 50%) na maior parte dos primeiros 120 cm da superfície do solo.
2.7 Neossolos Flúvicos Ta eutróficos
Outros solos com argila de atividade alta (T ≥ 27 cmolc/kg de argila) e saturação por bases
alta (V ≥ 50%) na maior parte dos primeiros 120 cm da superfície do solo.
3 Neossolos Regolíticos
3.1 Neossolos Regolíticos psamíticos
Solos com textura arenosa em todos os horizontes dentro de 120 cm da superfície do solo ou
até um contato lítico.
3.2 Neossolos Regolíticos distróficos
Solos com saturação por bases baixa (V < 50%) na maior parte dos primeiros 120 cm da
superfície do solo ou até um contato lítico.
3.3 Neossolos Regolíticos eutróficos
Outros solos com saturação por bases alta (V ≥ 50%) na maior parte dos primeiros 120 cm
da superfície do solo ou até um contato lítico.
4 Neossolos Quartzarênicos

4.1 Neossolos
Solos com Quartzarênicos hidromórficos
presença de lençol freático elevado durante grande parte do ano, na maioria dos
anos, imperfeitamente ou mal drenados e apresentando um ou mais dos seguintes requisitos:
 horizonte H hístico; e/ou
 saturação com água permanente dentro de 50 cm da superfície do solo; e/ou
 presença de lençol freático dentro de 150 cm da superfície do solo, durante a época
seca; e/ou
 presença do lençol freático dentro de 50 cm de profundidade, durante algum tempo, na
maioria dos anos (ou artificialmente drenados) e satisfazendo a um ou mais dos
seguintes requisitos:
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 croma zero;
 matiz 10YR ou mais vermelho com valor (úmido) de 4 ou maior e croma 1;
 matiz 10YR ou mais vermelho com croma 2 ou menor e mosqueados (ou
acumulação de ferro e/ou manganês) provenientes de redução e oxidação do ferro
e/ou manganês;
 matiz 2,5Y ou mais amarelo, com croma 3 ou menor e mosqueados (ou áreas de
acumulação de ferro e/ou manganês), provenientes de redução e oxidação destes
elementos;
 matiz 2,5Y ou mais amarelo e croma 1 ou menor;
 matizes 5GY, ou 5G, ou 5BG ou 5B; e/ou
 presença de ferro reduzido em quantidade capaz de desenvolver uma cor vermelha
intensa, com o emprego do indicador químico alfa, alfadipiridil (Childs, 1981).
4.2 Neossolos Quartzarênicos órticos
Outros solos que não se enquadrem na classe anterior.

NITOSSOLOS

Solos constituídos por material mineral que apresentam horizonte B nítico, com argila de
atividade baixa imediatamente abaixo do horizonte A ou dentro dos primeiros 50 cm do horizonte
B (Embrapa, 1984, tomo2, p.441, perfil 56).

Classes do 2º nível categórico (subordens)


1 Nitossolos Vermelhos
Solos com matiz 2,5YR ou mais vermelho na maior parte dos primeiros 100 cm do
horizonte B exclusive BA).
2 Nitossolos Háplicos
Outros solos que não se enquadram na classe anterior.

Classes do 3º nível categórico (grandes grupos)


1 Nitossolos Vermelhos
1.1 Nitossolos Vermelhos distroférricos
Solos com saturação por bases baixa (V < 50%) e teores de Fe 2O3 (pelo H2SO4 de 15% a <
36%, na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).
1.2 Nitossolos Vermelhos distróficos
Solos comBsaturação
horizonte (inclusivepor bases baixa (V < 50%), na maior parte dos primeiros 100 cm do
BA).
1.3 Nitossolos Vermelhos eutroférricos
Solos com saturação por bases alta (V ≥ 50%) e teores de Fe 2O3 (pelo H2SO4) de 15% a <
36%, na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).
1.4 Nitossolos Vermelhos eutróficos
Outros solos com saturação por bases alta (V ≥ 50%), na maior parte dos primeiros 100 cm
do horizonte B (inclusive BA).
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125

2 Nitossolos Háplicos
2.1 Nitossolos Háplicos alumínicos
Solos com o caráter alumínico, na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B
(inclusive BA) (Embrapa, 1984, tomo 2, p.441, perfil 56).
2.2 Nitossolos Háplicos distróficos
Solos com saturação por bases baixa (V < 50%), na maior parte dos primeiros 100 cm do
horizonte B (inclusive BA).
2.3 Nitossolos Háplicos eutróficos
Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores. (Embrapa, 1977-1979, p.476,
perfil 120; p.516, perfil 138).

ORGANOSSOLOS

Solos constituídos por material orgânico, que apresentam horizonte O ou H hístico com
teor de matéria orgânica ≥ 0,2 kg/kg de solo (≥ 20% em massa), com espessura mínima de 40 cm
quer se estendendo em seção única a partir da superfície, quer tomado, cumulativamente, dentro
de 80 cm da superfície do solo, ou com no mínimo 30 cm de espessura, quando sobrejacente a
contato lítico.

Classes do 2º nível categórico (subordens)


1 Organossolos Tiomórficos
Solos que apresentam horizonte sulfúrico e/ou materiais sulfídricos dentro de 100 cm da
superfície do solo.
2 Organossolos Fólicos
Solos que estão saturados por água, no máximo por 30 dias consecutivos por ano, durante o
período mais chuvoso, e que apresentam horizonte O hístico com acumulação de material
orgânico, excluindo as partes vivas, constituído de galhos finos, raízes finas, cascas de
árvores, parcialmente decompostos, compreendendo no mínimo 30 cm de espessura quando
sobrejacente a contato lítico ou fragmentos de rocha ou com no mínimo 40 cm de espessura,
quando ocupando os interstícios de material constituído por fragmentos de rocha.
3 Organossolos Mésicos
Solos que apresentam teor de meteria orgânica entre 0,20 e < 0,65 kg/kg de solo e Ds > 0,15
Mg/dm3.
4 Organossolos Háplicos
Solos que apresentam teor de matéria orgânica ≥ 0,65 kg/kg de solo e Ds ≤ 0,15 Mg/dm3.
Classes do 3º nível categórico (grandes grupos)
1 Organossolos Tiomórficos
1.1 Organossolos Tiomórficos fíbricos
Solos que apresentam material orgânico constituído de fibras, facilmente identificável como
de srcem vegetal na maior parte dos horizontes ou camadas dentro de 100 cm da superfície
do solo. Têm 40% ou mais de fibras esfregadas por volume, e índice pirofosfato igual a 5 ou
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126

maior (exceto quando o volume de fibras for igual ou superior a 75%). O material fíbrico é
usualmente classificado na escala de decomposição de von Post nas classes 1 a 4, e
apresenta cores (pelo pirofosfato de sódio) com valores e cromas de 7/1, 7/2, 8/1, 8/2 ou 8/3
(Munsell soil color charts, 1994, p.10YR).
1.2 Organossolos Tiomórficos húmicos
Solos que apresentem matéria orgânica parcialmente alterada por ação física e bioquímica,
em estágio de decomposição intermediário e que não satisfaz os requisitos para caracterizar
os materiais fíbrico ou sáprico, na maior parte dos horizontes ou camadas dentro de 100 cm
de superfície do solo. O teor de fibra esfregada varia de 17 a < 40% por volume. O material
hêmico é usualmente classificado na escala de decomposição de von Post na classe 5 ou 6.

1.3 Organossolos Tiomórficos


Solos que apresentam sápricos
matéria orgânica em estágio avançado de decomposição na maior
parte dos horizontes ou camadas dentro de 100 cm da superfície do solo. O teor de fibras
esfregadas é menor que 17%, por volume, e o índice pirofosfato é menor ou igual a 3. O
material sáprico é usualmente classificado na escala de decomposição de von Post na classe
7 ou mais alta, e apresenta cores (pelo pirofosfato de sódio) com valores 7 ou menores,
exceto as combinações de valor e croma de 5/1, 6/1, 6/2, 7/1, 7/2, ou 7/3 (Munsell soil color
charts, 1994, p.10YR).
2 Organossolos Fólicos
2.1 Organossolos Fólicos fíbricos
Solos que apresentam material orgânico constituído de fibras, facilmente identificável como
de srcem vegetal, na maior parte dos horizontes ou camadas dentro de 100 cm da
superfície do solo.
3 Organossolos Mésicos
3.1 Organossolos Mésicos hêmicos
Solos que apresentam matéria orgânica parcialmente alterada por ação física e bioquímica,
em estágio de decomposição intermediário e que não satisfaz os requisitos para caracterizar
os materiais fíbrico ou sáprico, na maior parte dos horizontes ou camadas dentro de 100 cm
da superfície do solo.
3.2 Organossolos Mésicos sápricos
Solos que apresentam matéria orgânica em estágio avançado de decomposição na maior
parte dos horizontes ou camadas dentro de 100 cm da superfície do solo.
4 Organossolos Háplicos
4.1 Organossolos Háplicos fíbricos
Solos que apresentam material orgânico constituído de fibras, facilmente identificável como
de srcem vegetal, na maior parte dos horizontes ou camadas dentro de 100 cm da
superfície do solo. (Kãmpf & Schneider, 1989, p.230, unidade Torres 4).
4.2 Organossolos Háplicos hêmicos
Solos que apresentam matéria orgânica parcialmente alterada por ação física e bioquímica,
em estágio de decomposição intermediário e que não satisfaz os requisitos para caracterizar
os materiais fíbrico ou sáprico, na maior parte dos horizontes ou camadas dentro de 100 cm
da superfície do solo. (Kãmpf & Schneider, 1989, p.230, unidade Barcelos 1).
4.3 Organossolos Háplicos sápricos
Solos que apresentam matéria orgânica em estágio avançado de decomposição na maior
parte dos horizontes ou camadas dentro de 100 cm da superfície do solo. (Kãmpf &
Schneider, 1989, p.230, unidade Caldas 1).
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PLANOSSOLOS

Solos constituídos por material mineral com horizonte A ou E seguido de horizonte B


plânico e satisfazendo, ainda, os seguintes requisitos:
 horizonte plíntico, se presente, coincide com um destes dois horizontes;
 horizonte glei, se presente, coincide com o B plânico.

Classes do 2º nível categórico (subordens)


1 Planossolos Nátricos
Solos apresentando caráter sódico no horizonte B plânico, ou no horizonte C desde que a
parte superior do horizonte B tenha a soma Mg2+ + Na+ permutáveis > Ca2+ + H+.
2 Planossolos Hidromórficos
Solos com horizonte glei coincidindo com o horizonte B plânico.
3 Planossolos Háplicos
Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores.

Classes do 3º nível categórico (grandes grupos)


1 Planossolos Nátricos
1.1 Planossolos Nátricos carbonáticos
Solos com caráter carbonático ou horizonte cálcico dentro de 120 cm da superfície do solo.
(Embrapa, 1977-1979, v.2, p.871, perfil 273).
1.2 Planossolos Nátricos sálicos
Solos que apresentam caráter sálico (CE ≥ 7 dS/m), dentro de 100 cm da superfície do solo.
(Embrapa, 1975b, p.279, perfil 58).
1.3 Planossolos Nátricos órticos
Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores.
2 Planossolos Hidromórficos
2.1 Planossolos Hidromórficos sálicos
Solos com caráter sálico dentro de 100 cm da superfície do solo.
2.2 Planossolos Hidromórficos eutróficos
Solos com alta saturação por bases (V ≥ 50%), na maior parte do horizonte B (inclusive
BA). (Brasil, 1973e, p.254, perfil RS-15).
2.3 Planossolos Hidromórficos distróficos
Outros solos com saturação por bases baixa (V < 50%), na maior parte do horizonte B
(inclusive BA) (Ramos, 1970, p.3B, perfil UFRRJ 8).
3 Planossolos Háplicos
3.1 Planossolos Háplicos carbonáticos
Solos com caráter carbonático ou horizonte cálcico dentro de t00 cm da superfície do solo.
3.2 Planossolos Háplicos sálicos
Solos com caráter sálico dentro de 100 cm da superfície do solo.
3.3 Planossolos Háplicos eutróficos
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128

Solos com alta saturação por bases na maior parte do horizonte B (inclusive BA) (Brasil,
1973e, p.250, perfil RS-109).
3.4 Planossolos Háplicos distróficos
Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores.
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ANEXO 3 – ATRIBUTOS DIAGNÓSTICOS

MATERIAL ORGÂNICO
É aquele constituído por compostos orgânicos, podendo comportar proporção varivelmente
maior ou menor de material mineral, desde que satisfaça os requisitos que se seguem:
Doze por cento ou mais de carbono orgânico (expresso em peso), se a fração mineral contém
60% ou mais de argila; 8% ou mais de carbono orgânico, se a fração mineral não contém argila;
valores intermediários de carbono orgânico proporcionais a teores intermediários de argila (até
60%), isto é, % de C ≥ 8 + (0,067 x % de argila), tendo por base valores de determinação analítica
conforme o método adotado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Solos da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa Solos).
Em qualquer caso, o conteúdo de constituintes orgânico impõe preponderância de suas
propriedades sobre os constituintes minerais.
Critério derivado de FAO (1974) e Estados Unidos (1975)

MATERIAL MINERAL
É aquele formado, essencialmente, por compostos orgânicos, em vários estágios de
intemperismo. O material do solo é considerado material mineral quando não satisfizer os requisitos
exigidos para material orgânico (item anterior).
Critério derivado de Estados Unidos (1975) e FAO (1974).

ATIVIDADE DA FRAÇÃO ARGILA (VALOR T)


Refere-se à capacidade de troca de cátions (valor T) correspondente à fração argila,
calculada
27 cmolc/kgpela
deexpressão: T x 100/%
argila e atividade baixade(Tb),
argila. Atividade
valor inferioralta (Ta)sem
a esse, designa valorpara
correção igual ou superior a
carbono.
Este critério se aplica para distinguir classes de solos, exceto quando, por definição, somente
solos de argila de atividade alta ou somente de argila de atividade baixa sejam compreendidos na
classe em questão. Este critério não se aplica a solos das classes texturais areia e areia franca.
Para essa distinção é considerada a atividade das argilas no horizonte B, ou no C, quando
não existe B.
Critério derivado de Estados Unidos (1975).

SATURAÇÃO POR BASES (VALOR V%)


Refere-se à proporção (taxa percentual) de cátions básicos trocáveis em relação à capacidade
de troca determinada a pH 7. Alta saturação especifica distinção de solos com saturação por bases
igual ou superior a 50% e baixa saturação especifica distinção de solos com saturação por bases
inferior a 50%.
Estes critérios se aplicam para distinguir classes de solos, exceto quando, por definição,
somente solos de alta saturação, ou somente de baixa saturação, sejam compreendidos na classe de
solo.
Para as distinções é considerada a saturação por bases no horizonte diagnóstico
subsuperficial (B ou C). Na ausência destes serão definidos critérios de acordo com as
características de cada classe de solos.
No caso de solos ricos em sódio trocável, o valor da saturação não deve ser levado em
consideração devido à presença desse elemento que é nocivo à maioria das plantas cultivadas, além
de provocar condições físicas desfavoráveis nos solos. Também o valor da saturação não deve ser
levado em conta nos solos altamente intemperizados (tendentes a/ou com saldo de cargas positivas).
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CARÁTER ALUMÍNICO
Refere-se à condição em que os materiais constitutivos do solo se encontram em estado
dessaturado e caracterizado por teor de alumínio extraível >_ 4 cmolc/kg de solo, além de apresentar
saturação por alumínio ≥ 50% e/ou saturação por bases < 50%.
Para a distinção de solos mediante este critério é considerado o teor de alumínio extraível no
horizonte B.

MUDANÇA TEXTURAL ABRUPTA


Mudança textural abrupta consiste em um considerável aumento no conteúdo de argila
dentro de pequena distância na zona de transição entre o horizonte A ou E e o horizonte subjacente
B. Quando o horizonte A ou E tiver menos que 20% de argila, o conteúdo de argila do horizonte
subjacente B, determinado em uma distância vertical ≤ 7,5 cm, deve ser pelo menos o dobro do
conteúdo do horizonte A ou E. Quando o horizonte A ou E tiver 20% ou mais de argila, o
incremento de argila no horizonte subjacente B, determinado em uma distância vertical ≤ 7,5 cm,
deve ser pelo menos de 20% a mais em valor absoluto na fração terra fina (por exemplo: de 30%
para 50%, de 22% para 42%).
Critério derivado de FAO (1974).

CARÁTER SÓDICO
O termo sódico é usado para distinguir horizontes ou camadas que apresentem saturação por
sódio (100 Na+/T) ≥ 15%, em alguma parte da seção de controle que defina a classe.
Critério derivado de Estados Unidos (1954).

CARÁTER SOLÓDICO
O termo solódico é usado para distinguir horizontes ou camadas que apresentem saturação
por sódio (100 Na+/T) variando de 6% a < 15%, em alguma parte da seção de controle que defina a
classe.
Critério derivado de FAO (1974).

CARÁTER SALINO
Propriedade referente à presença de sais mais solúveis em água fria que o sulfato de cálcio
(gesso), em quantidade que interfere no desenvolvimento da maioria das culturas, expressa por
condutividade elétrica do extrato de saturação igual ou maior que 4 dS/m e menor que 7 dS/m (a
25°C), em alguma época do ano.
Critério derivado de Estados Unidos (1951; 1954).

CARÁTER SÁLICO
Propriedade referente à presença de sais mais solúveis em água fria que o sulfato de cálcio
(gesso), em quantidade tóxica à maioria das culturas, expressa por condutividade elétrica no extrato
de saturação maior que ou igual a 7 dS/m (a 25°C), em alguma época do ano.

CARÁTER CARBONÁTICO
Propriedade referente à presença de 15% ou mais de CaCO 3 equivalente (% por peso), sob
qualquer forma de segregação, inclusive concreções.
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Critério derivado de Estados Unidos (1975).

CARÁTER COM CARBONATO


Propriedade referente à presença de CaCO3 equivalente (% por peso), sob qualquer forma de
segregação, inclusive concreções, igual ou superior a 5% e inferior a 15%; esta propriedade
discrimina solos sem caráter carbonático, mas que possuem horizonte com CaCO 3.
Critério conforme o suplemento do Soil Survey Manual (Estados Unidos, 1951).

PLINTITA
É uma formação constituída de mistura de argila, pobre em carbono orgânico e rica em ferro,
ou ferro e alumínio, com quartzo e outros materiais. Ocorre comumente sob a forma de mosqueados
vermelho, vermelho-amarelado e vermelho-escuro, com padrões usualmente laminares, poligonais
ou reticulados. É caráter inerente às formações dessa natureza transformarem-se irreversivelmente,
por consolidação, sob o efeito de ciclos alternados de umedecimento e secagem, resultando na
produção de material geralmente nodular. Quanto à gênese, a plintita se forma pela segregação de
ferro, importando em mobilização, transporte e concentração final dos compostos de ferro, que pode
se processar em qualquer solo onde o teor de ferro for suficiente para permitir a segregação do
mesmo, sob a forma de manchas vermelhas brandas. A plintita não endurece irreversivelmente
como resultado de um único ciclo de umedecimento e secagem. Depois de uma única secagem, ela
se reumedece e pode ser dispersa em grande parte por agitação em água com agente dispersante.
No solo úmido a plintita é suficientemente macia, podendo ser cortada com a pá. Após sofrer
endurecimento irreversível, essa formação não é mais considerada plintita, mas reconhecida como
material concrecionário ferruginoso semiconsolidado ou consolidado (ironstone) que vem a ser
reconhecido como petroplintita. Tais concreções podem ser quebradas ou cortadas com a pá, mas
não podem ser dispersas
A plintita por agitação
é um corpo distintoem
de água comrico
material agente
em dispersante.
óxido de ferro, e pode ser separada das
concreções ferruginosas consolidadas (“ironstone”) que são extremamente firmes ou extremamente
duras, sendo que a plintita é firme quando úmida e dura ou muito dura quando seca, tendo diâmetro
> 2mm e podendo ser separada da matriz, isto é, do material envolvente. Ela suporta amassamento e
rolamento moderado entre o polegar e o indicador, podendo ser quebrada com a mão. A plintita
quando submersa em água, por espaço de duas horas, não esboroa, mesmo submetida a suaves
agitações periódicas, mas pode ser quebrada ou amassada após ter sido submersa em água por mais
de duas horas.
As cores da plintita variam nos matizes 10YR e 7,5YR, estando comumente associadas a
mosqueados que não são considerados como plintita, como os bruno-amarelados,
vermelho-amarelados ou corpos que são quebradiços ou friáveis ou firmes, mas desintegram-se
quando pressionados pelo polegar e o indicador, e esboroam na água.
A plintita pode ocorrer em forma laminar, nodular, esferoidal ou irregular.
Critério derivado de Estados Unidos (1975) e Daniels et ai. (1978).

PETROPLINTITA
Material normalmente proveniente da plintita, que sob efeito de ciclos repetitivos de
umedecimento e secagem sofre consolidação irreversível, dando lugar à formação de concreções
ferruginosas (“ironstone”, concreções lateríticas, canga, tapanhoacanga) de dimensões e formas
variáveis (laminar, nodular, esferoidal ou irregular) individualizadas ou aglomeradas.
Critério derivado de Sys (1967) e Daniels et ai. (1978).
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CARÁTER PETROPLÍNTICO
Horizonte constituído de 50% ou mais, por volume, de petroplintita, que são concreções de
ferro ou ferro e alumínio, numa matriz terrosa de textura variada ou matriz de material mais
grosseiro, identificado como horizonte Ac, Ec, Bc ou Cc.
O horizonte com caráter petroplíntico, para ser diagnóstico, deve apresentar no mínimo 15
cm de espessura.
Critério derivado de Reunião... (1979b), FAO (1990; 1994) e Embrapa (1988a).

SUPERFÍCIE DE FRICÇÃO “SLICKENSIDES”

Superfície alisada e lustrosa, apresentando na maioria das vezes estriamento marcante,


produzido pelo deslizamento e atrito da massa do solo causados por movimentação devido à forte
expansibilidade do material argiloso por umedecimento. São superfícies tipicamente inclinadas, em
relação ao prumo dos perfis.
Critério conforme Estados Unidos (1975).

CONTATO LÍTICO
Termo empregado para designar material subjacente ao solo (exclusive horizonte
petrocálcico, horizonte litoplíntico, duripã e fragipã). Sua coesão é de tal ordem que mesmo quando
úmido torna a escavação com a pá reta impraticável ou muito difícil e impede o livre crescimento
do sistema radicular, o qual fica limitado às fendas que por ventura ocorram. Tais materiais são
representados pela rocha sã e por rochas sedimentares parcialmente consolidadas (R), tais como
arenito, siltito, marga, folhelhos ou ardósia, ou por saprólito pouco alterado (CR).54

MATERIAIS SULFÍDRICOS
São aqueles que contêm compostos de enxofre oxidáveis e ocorrem em solos de natureza
mineral ou orgânica, localizados em áreas encharcadas, com valor de pH maior que 3,5, os quais, se
incubados na forma de camada com 1 cm de espessura, sob condições aeróbicas úmidas
(capacidade de campo), em temperatura ambiente, mostram um decréscimo no pH de 0,5 ou mais
unidades para um valor de pH 4,0 ou menor (1:1 por peso em água, ou com um mínimo de água
para permitir a medição) no intervalo de 8 semanas.
Materiais sulfidricos se acumulam em solo ou sedimento permanentemente saturado,
geralmente com água salobra. Os sulfatos na água são reduzidos biologicamente a sulfetos à medida
que os materiais se acumulam. Materiais sulfídricos, muito comumente, se acumulam em
alagadiços costeiros, próximos a foz de rios que transportam sedimentos não calcários, mas podem
ocorrer em alagadiços de água fresca se houver enxofre na água. Materiais sulfídricos de áreas altas
podem ter se acumulado de maneira similar no passado geológico.
Se um solo contendo materiais sulfídricos for drenado, ou se os materiais sulfídricos forem
expostos de alguma outra maneira às condições aeróbicas, os sulfetos oxidam-se e formam ácido
sulfúrico. O valor de pH, que normalmente está próximo da neutralidade antes da drenagem ou
exposição, pode cair para valores abaixo de 3. O ácido pode induzir a formação de sulfatos de ferro
e de alumínio. O sulfato de ferro, jarosita, pode segregar, formando os mosqueados amarelos que
comumente caracterizam o horizonte sulfúrico. A transição de materiais sulfídricos para horizonte
sulfúrico normalmente requer poucos anos e pode ocorrer dentro de poucas semanas. Uma amostra
54
O termo saprólito refere-se a material resultante do intemperismo, mais ou menos intenso da rocha e que ainda
mantém a estratificação srcinal da mesma e pode apresentar qualquer dureza compatível com esta condição de rocha
semi-alterada e conseqüentemente variados graus de limitações ao livre desenvolvimento do sistema radicular. O
símbolo CR deverá ser empregado no saprólito escavável com pá reta com dificuldade moderada. As classes de
dificuldade de escavação estão de acordo com as definições de Estados Unidos (1993, p.184).
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133

de materiais sulfídricos submetida à secagem ao ar à sombra, por cerca de 2 meses com


reumedecimento ocasional, torna-se extremamente ácida.
Apesar de não haver especificação de critério de cor para materiais sulfídricos, os materiais
de solo mineral (ou da coluna geológica) que se qualificam como sulfídricos apresentam, quase
sempre, cores de croma 1 ou menor (cores neutras N). Por outro lado, materiais de solo orgânico
sulfídrico comumente têm croma mais alto (2 ou maior). Os valores são 5 ou menores, mais
comumente 4 ou menor. Os matizes são 10YR ou mais amarelos, ocasionalmente com matizes
esverdeados ou azulados. Materiais sulfídricos geralmente não têm mosqueados, exceto por
diferentes graus de cinza ou preto, a não ser que estejam iniciando um processo de oxidação, o qual
pode causar a formação de óxidos de ferro em fendas ou canais.
Critério derivado de Estados Unidos (1994), Fanning et ai. (1993) e Kãmpf et ai. (1997).

CARÁTER ÁCRICO
O termo ácrico refere-se a materiais de solos contendo quantidades iguais ou menores que
1,5 cmolc/kg de argila de bases trocáveis (Ca2+, Mg2+, K+ e Na+) mais AI3+ extraível por KCI 1 N e
que preencha pelo menos uma das seguintes condições:
 pH KCI 1 N igual ou superior a 5,0; ou
 ∆pH positivo ou nulo.
Critério derivado de FAO (1994) e Estados Unidos (1994).

CAULINÍTICOS E OXÍDICOS
A relação molecular SiO2/(Al2O3 + Fe2O3), Kr é usada para separar solos cauliníticos e
oxídicos, conforme especificações a seguir:
 solos cauliníticos: Kr maior que 0,75;
 solos oxídicos: Kr igual ou menor que 0,75.
Critério derivado de Resende & Santana (1988).

CARÁTER EPIÁQUICO
Este caráter ocorre em solos que apresentam lençol freático superficial temporário resultante
da má condutividade hidráulica de alguns horizontes do solo. Esta condição de saturação com água
permite que ocorram os processos de redução e segregação de ferro nos horizontes que antecedem
ao B e/ou no topo deste.
Um solo apresenta caráter epiáquico se ele é, temporariamente, completamente saturado com
água na superfície, a menos que tenha sido drenado, por um período suficientemente longo para
possibilitar o aparecimento de condições de redução (isto pode variar de alguns dias nos trópicos a
algumas semanas em outras áreas), exibindo padrões de cores provenientes de estagnação de água.
As condições de redução são evidenciadas por:
 valor de rH na solução do solo de 19 ou menos; ou
2+
 presença
o de Fe
cor azul demonstrada
escura pelo resultante
bem definida, aparecimento de:
da borrifação, com solução 1% de cianida
férrica de potássio (K3Fe(lll)(CN)6), na superfície de uma amostra partida e
recentemente exposta ao ar e naturalmente molhada, em condições de campo; ou
o cor vermelha forte desenvolvida após borrifação, com solução 0,2% de dipiridil em
10% de ácido acético, de uma amostra partida recentemente e exposta ao ar e
naturalmente molhada, em condições de campo.
 os padrões de cores provenientes de água estagnada na superfície do solo apresentam
mosqueados nas superfícies dos elementos de estrutura (ou na matriz do solo) de acordo
com os seguintes itens:
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 mais claros (uma unidade ou mais em valor na escala Munsell) do que as partes não
reduzidas; ou
 mais pálidos (uma unidade ou menos em croma na escala Munsell), e o interior dos
elementos de estrutura (ou partes da matriz do solo) é mais vermelho (uma unidade
ou mais de matiz do solo) e mais claro (uma unidade ou mais em croma), do que as
partes não reduzidas;
 o croma dominante na superfície das unidades estruturais ou na matriz do solo
sempre aumenta com a profundidade.
O padrão de mosqueado pode ocorrer abaixo do horizonte A ou da camada arável (horizonte
Ap), ou imediatamente abaixo de um horizonte E, topo do horizonte B, ou no próprio horizonte E.
O padrão de distribuição das características de redução e oxidação, com concentrações de
óxidos de ferro e/ou manganês no interior dos elementos estruturais (ou na matriz do solo se os
elementos de estrutura estão ausentes), constitui uma boa indicação do caráter epiáquico.
Critério derivado de FAO (1998).

CARÁTER CRÔMICO
O termo crômico é usado para caracterizar as modalidades de solos que apresentam, na maior parte
do horizonte B, excluído o BC, predominância de cores (amostra úmida) conforme definido a
seguir:
 matiz 7,5YR ou mais amarelo com valor superior a 3 e croma superior a 4; ou
 matiz mais vermelho que 7,5YR com croma maior que 4.

CARÁTER EBÂNICO
Termo utilizado para individualizar classes de solos de coloração escura, quase preta, na
maior parte do horizonte diagnóstico subsuperficial com predominância de cores conforme definido
a seguir:
 para matiz 7,5 YR ou mais amarelo:
o cor úmida: valor < 4 e croma < 3
o cor seca: valor < 6
 para matiz mais vermelho que 7,5YR:
o cor úmida: preto ou cinzento muito escuro (Munsell)
o cor seca: valor < 5

CARÁTER PLÁCICO
O caráter plácico (do grego plax, pedra chata, significando um fino pã cimentado) é um
horizonte fino, de cor preta a vermelho escuro que é cimentado por ferro (ou ferro e manganês),
com ou sem matéria orgânica. Este horizonte constitui um impedimento a passagem da água e das
raízes das plantas. O horizonte plácico deve atender aos seguintes requisitos:
 matéria
o horizonte é cimentado
orgânica, ou endurecido
acompanhados ou não depor ferroagentes
outros ou ferro e manganês, com ou sem
cimentantes;
 o horizonte é contínuo lateralmente, exceto por fendas verticais espaçadas de, pelo
menos, 10 cm através das quais pode haver penetração do sistema radicular;
 o horizonte tem uma espessura mínima de 0,5 cm e, quando associado com materiais
espódicos, a espessura é < 2,5 cm.
Critério derivado de Estados Unidos (1998).
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COR E TEOR DE ÓXIDOS DE FERRO


O uso de limites de matiz de cor (com base na proporção de hematita e goethita) para
diferenciar classes de solos foi estabelecido em amostras de Latossolos (Kämpf et al., 1988). Este
estudo, juntamente com os de Ker (1995) e Dick (1986), mostra que é possível estabelecer até 3
classes; a diferenciação de um maior número de classes é dificultada pela saturaç``ao da cor
vermelha quando a razão Hm/Hm+Gt é > 0,5. As classes possíveis indicadas na Reunião... (1988)
não incluem o teor de ferro e são:
 Classe de solos amarelos: com matiz mais amarelo que 5YR (relacionados à razão
Hm/Hm+Gt < 0,2);
 Classe de solos vermelho-amarelos: com matiz 5YR ou mais vermelho e mais amarelo
que 2,5YR (relacionados à razão Hm/Hm+Gt de 0,6 a 0,2); e
 Classe de solos vermelhos: com matiz 2,5YR ou mais vermelho (relacionados à razão
Hm/Hm+Gt > 0,6).
O emprego dessas três classes associadas ao teor de óxidos de ferro (Fe 2O3 do ataque
sulfúrico) possibilita uma melhor separação das classes de solo. A inclusão do teor de óxidos de
ferro permite separar os solos em:
 Hipoférrico: solos com baixo teor de óxidos de ferro (abaixo de 8%);
 Mesoférrico: solos com médio teor de óxidos de ferro (variando de 8 a 18%);
 Férrico: solos com alto teor de óxidos de ferro (variando de 18 a 36%), sendo o termo
férrico aplicado também na classe dos Nitossolos para solos que apresentem teores de
Fe2O3 (pelo H2SO4) ≥ 15%; e
 Perférrico: solos com muito alto teor de óxidos de ferro (teores maiores que 36%).

GRAU DE DECOMPOSIÇÃO DO MATERIAL ORGÂNICO

Os
 seguintes
material atributos estão sendo
orgânico-fibrico utilizados orgânico,
- material na classe dos Organossolos:
constituído de fibras55, facilmente
identificável como de srcem vegetal. Tem 40% ou mais de fibras esfregadas 56, por
volume, e índice do pirofosfato igual a 5 ou maior. Se o volume de fibras for 75% ou
mais, por volume, o critério do pirofosfato não se aplica. O material fíbrico é usualmente
classificado na escala de decomposição de von Post nas classes 1 a 4 (Apêndice E).
Apresenta cores, pelo pirofosfato de sódio, com valores e cromas de 7/1, 7/2, 8/1, 8/2 ou
8/3;
 material orgânico-hêmico - material orgânico em estágio de decomposição
intermediário entre fíbrico e sáprico. O material é parcialmente alterado por ação física e
bioquímica. Não satisfaz os requisitos para material fíbrico ou sáprico. O teor de fibra
esfregada varia de 17 a 40%, por volume. O material hêmico é usualmente classificado
na escala de decomposição de von Post na classe 5 ou 6;
 material orgânico-sáprico - material orgânico em estágio avançado de decomposição.
Normalmente, tem o menor teor de fibras, a mais alta densidade do solo e a mais baixa
capacidade de retenção de água, no estado de saturação. É muito estável, física e
quimicamente, alterando-se muito pouco no decorrer do tempo, a menos que drenado. O
teor de fibra esfregada é menor que 17%, por volume, e o índice do pirofosfato é igual a
3von
ou Post,
menor.naOclasse
material sáprico
7 ou mais éalta.
usualmente classificado
Apresenta na escala
cores, pelo de decomposição
pirofosfato de
de sódio, com
valores menores que 7, exceto as cores 5/1, 6/1, 6/2, 7/1, 7/2, ou 7/3.
Critério derivado de Estados Unidos (1998).

55
Fibra - é definida como o material orgânico que mostra evidências de restos de plantas, excluídas as partes vivas,
retido em peneira de abertura 100 mesh (0,149 mm de diâmetro). Excetuam-se os fragmentos lenhosos que não podem
ser amassados com os dedos e são maiores que 2 cm na menor dimensão.
56
Fibra esfregada - refere-se à fibra que permanece na peneira de 100 mesh após esfregar, cerca de 10 vezes, uma
amostra de material orgânico entre o polegar e o indicador.
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ANEXO 4 – OUTROS ATRIBUTOS


Estes atributos, por si só, não diferenciam classes de solos, mas são características
importantes na definição de horizonte diagnóstico.

CEROSIDADE
São películas muito finas de material inorgânico de naturezas diversas, orientadas ou não,
constituindo revestimentos ou superfícies brilhantes nas faces de elementos estruturais, poros, ou
canais, resultantes de movimentação ou segregação de material coloidal inorgânico (<0,002 mm);
quando bem desenvolvidos são facilmente perceptíveis, apresentando aspecto lustroso e brilho
graxo, sendo as superfícies dos revestimentos usualmente livres de grãos desnudos de areia e silte.
Comumente a parte constituída pela cerosidade, quando resultante de iluviação, contrasta com a
matriz sobre a qual está depositada (parte interna dos elementos estruturais), tanto em cor, como em
brilho e aparência textural. Nas saliências das arestas produzidas ao partir-se o agregado estrutural,
podem se tornar expostos bordos de fratura de películas argilosas de recobrimento de agregado,
perceptíveis por exame de seção transversal em lupa de dez ou sessenta aumentos.
Critério derivado de Estados Unidos (19751.

SUPERFÍCIE DE COMPRESSÃO
São superfícies alisadas, virtualmente sem estriamento, provenientes de compressão na
massa do solo em decorrência de expansão do material, podendo apresentar certo brilho quando
úmidas ou molhadas.
Constitui feição mais comum a solos de textura argilosa ou muito argilosa, cujo elevado teor
de argila ocasiona algo de expansibilidade por ação de hidratação, sendo que as superfícies não têm
orientação preferencial inclinada em relação ao prumo do perfil e usualmente não apresentam essa
disposição.

GILGAI
É o microrrelevo típico de solos argilosos que têm um alto coeficiente de expansão com
aumento no teor de umidade.
Consiste em saliências convexas distribuídas em áreas quase planas ou configuram feição
topográfica de sucessão de microdepressões e microelevações.
Critério conforme Estados Unidos (1975).

AUTOGRANULAÇÃO “SELF-MULCHING”
Propriedade inerente a alguns materiais argilosos manifesta pela formação de camada
superficial de agregados geralmente granulares e soltos, fortemente desenvolvidos, resultantes de
umedecimento e secagem. Quando destruídos pelo uso de implementos agrícolas, os agregados se
recompõem normalmente pelo efeito de apenas um ciclo de umedecimento e secagem.
Critério conforme Estados Unidos (1975).

RELAÇÃO SILTE/ARGILA
Obtida dividindo-se a porcentagem de silte pela de argila, resultantes da análise
granulométrica. A relação silte/argila serve como base para se ter uma idéia do estágio de
intemperismo presente em solos de região tropical. É empregada em solos de textura franco arenosa
ou mais fina e indica baixos teores de silte quando apresenta, na maior parte do horizonte B, valor
inferior a 0,7 nos solos de textura média ou inferior a 0,6 nos solos de textura argilosa. Essa relação
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137

é utilizada para diferenciar horizonte B latossólico de B incipiente, quando eles apresentam


características morfológicas semelhantes, principalmente para solos cujo material de srcem
pertence ao cristalino.

MINERAIS ALTERÁVEIS
São aqueles instáveis em clima úmido, em comparação com outros minerais, tais como
quartzo e argilas do grupo das caulinitas, e que, quando se intemperizam, liberam nutrientes para as
plantas e ferro ou alumínio. Os minerais que são incluídos no significado de minerais alteráveis são
os seguintes:
 minerais encontrados na fração menor que 0,002 mm (minerais da fração argila): inclui
todas as argilas do tipo 2:1, exceto a clorita aluminosa interestratificada; a sepiolita, o
talco e a glauconita também são incluídos neste grupo de minerais alteráveis, ainda que
nem sempre pertencentes à fração argila;
 minerais encontrados na fração entre 0,002 a 2 mm (minerais da fração silte e areia):
feldspatos, feldspatóides, minerais ferromagnesianos, vidros vulcânicos, fragmentos de
conchas, zeólitos, apatitas e micas, que inclui a muscovita que resiste por algum tempo à
intemperização, mas que termina, também, desaparecendo.
Critério derivado de FAO (1990) e Estados Unidos (1994).
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ANEXO 5 – CLASSES DE PROFUNDIDADE DOS SOLOS


As classes de profundidade são qualificadas pelos termos raso, pouco profundo e muito
profundo. Estes termos são empregados para designar condições de solos nas quais um contato
lítico ou um nível de lençol de água permanente ocorra, conforme limites especificados a seguir:
 Raso: ≤ 50 cm de profundidade
 Pouco profundo: > 50 cm e ≤ 100 cm de profundidade
 Profundo: > 100 cm e ≤ 200 cm de profundidade
 Muito profundo: > 200 cm de profundidade
Os aplicadas
genéricas termos usados para qualificar
a descrições as classes
generalizadas de profundidade
de solos, dos solos são
não sendo qualificativas de denominações
características
distintivas de taxa.
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ANEXO 6 – GRUPAMENTOS TEXTURAIS


Grupamento textural é a reunião de uma ou mais classes de textura. São utilizados os
seguintes grupamentos texturais:
 Textura arenosa - compreende as classes texturais areia e areia franca.
 Textura média - compreende classes texturais ou parte delas, tendo na composição
granulométrica menos de 35% de argila e mais de 15% de areia, excluídas as classes
texturais areia e areia franca.
 Textura argílosa - compreende classes texturais ou parte delas, tendo na composição
granulométrica de 35% a 60% de argila.
 Textura muito argilosa - Compreende classe textural com mais de 60% de argila.
 Textura siltosa - Compreende parte de classes texturais que tenham menos de 35% de
argila e menos de 15% de areia.
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ANEXO 7 – CLASSES DE DRENAGEM


Referem-se à quantidade e rapidez com que a água recebida pelo solo se escoa por
infiltração e escorrimento, afetando as condições hídricas do solo - duração de período em que
permanece úmido, molhado ou encharcado.
Segundo critérios derivados do Soil Survey Manual (Estados Unidos, 1951) e
implementados na Reunião Técnica de Levantamento de Solos (1979b), as classes de drenagem
distinguidas são qualificadas conforme as especificações a seguir:
 Excessivamente drenado - a água é removida do solo muito rapidamente; os solos com
esta classe de drenagem são de textura arenosa.

Fortemente
 de drenagemdrenado - aporosos,
são muito água é removida
de texturarapidamente do solo;
média a arenosa e bemospermeáveis.
solos com esta classe
 Acentuadamente drenado - a água é removida rapidamente do solo; os solos com esta
classe de drenagem são normalmente de textura argilosa a média, porém sempre muito
porosos e bem permeáveis.
 Bem drenado - a água é removida do solo com facilidade, porém não rapidamente; os
solos com esta classe de drenagem comumente apresentam textura argilosa ou média,
não ocorrendo normalmente mosqueados de redução, entretanto, quando presente, o
mosqueado é profundo, localizando-se a mais de 150 cm da superfície do solo e também
a mais de 30 cm do topo do horizonte B ou do horizonte C, se não existir B.
 Moderadamente drenado - a água é removida do solo um tanto lentamente, de modo que
o perfil permanece molhado por uma pequena, porém significativa, parte do tempo. Os
solos com esta classe de drenagem comumente apresentam uma camada de
permeabilidade lenta no solum ou imediatamente abaixo dele. O lençol freático acha-se
imediatamente
de água, atravésabaixo do solum lateral
de translocação ou afetando
internaa ou
parte inferior
alguma do horizonte
combinação B, por
dessas adição
condições.
Podem apresentar algum mosqueado de redução na parte inferior do B, ou no topo do
mesmo, associado à diferença textural acentuada entre A e B, a qual se relaciona com
condição epiáquica.
 Imperfeitamente drenado - a água é removida do solo lentamente, de tal modo que este
permanece molhado por período significativo, mas não durante a maior parte do ano. Os
solos com esta classe de drenagem comumente apresentam uma camada de
permeabilidade lenta no solum, lençol freático alto, adição de água através de
translocação lateral interna ou alguma combinação destas condições. Normalmente,
apresentam algum mosqueado de redução no perfil, notando-se na parte baixa indícios de
gleização.
 Mal drenado - a água é removida do solo tão lentamente que este permanece molhado
por uma grande parte do ano. O lençol freático comumente está à superfície ou próximo
dela durante uma considerável parte do ano. As condições de má drenagem são devidas a
lençol freático elevado, camada lentamente permeável no perfil, adição de água através
de translocação lateral interna ou alguma combinação destas condições. É freqüente a
ocorrência de mosqueado no perfil e características de gleização.
 Muito mal drenado - a água é removida do solo tão lentamente que o lençol freático
permanece à superfície ou próximo dela durante a maior parte do ano. Solos com
drenagem desta classe usualmente ocupam áreas planas ou depressões, onde há,
freqüentemente, estagnação de água. Geralmente, são solos com gleização e,
comumente, horizonte hístico.
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ANEXO 8 – CLASSES DE REAÇÃO


Referem-se às distinções de estado de acidez ou alcalinidade do material dos solos.
Segundo critérios adotados pela Embrapa Solos, as classes distinguidas são qualificadas
conforme especificações a seguir:

Classes pH (solo/água 1:2,5)


Extremamente ácido < 4,3
Fortemente ácido 4,3 - 5,3
Moderadamente ácido 5,4 - 6,5
Praticamente neutro 6,6 - 7,3
Moderadamente alcalino 7,4 - 8,3
Fortemente alcalino > 8,3
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ANEXO 9 – ESCALA DE DECOMPOSIÇÃO DE VON POST


Escala de decomposição de von Post (Stanek & Silc, 1977) esse teste de campo consiste em
apertar uma mão cheia de material orgânico molhado e observar a cor da solução Uquida que
impregna a mão e os dedos, a natureza das fibras e a proporção do resíduo da amostra srcinal que
fica retido na mão. Dez classes são definidas:
1. Não decomposta - estrutura vegetal srcinal quase inalterada; amostra espremida na mão
libera somente água clara (não apresenta cor pelo pirofosfato).
2. Ligeiramente decomposta - estrutura vegetal srcinal facilmente identificável; amostra
espremida na mão libera água de cor clara (bruno-amarelada).
3. Muito fracamente decomposta - estrutura vegetal srcinal identificável; amostra
espremida na mão libera água de cor turva e nenhum material orgânico passa entre os
dedos e o resíduo que fica na mão não é lamacento.
4. Fracamente decomposta - estrutura vegetal srcinal dificilmente identificável; amostra
espremida na mão libera água turva e nenhum material orgânico passa entre os dedos e o
resíduo restante é muito pouco lamacento.
5. Moderadamente decomposta - estrutura vegetal srcinal pouco visível, reconhecível mas
não identificável; amostra espremida libera água turva de cor brunada e algum material
orgânico passa entre os dedos e o resíduo restante é pouco lamacento.
6. Bem decomposta - estrutura vegetal srcinal é não reconhecível, porém fica mais
evidente no resíduo deixado na mão do que no material orgânico não espremido; cerca
de 1 /3 do material orgânico passa entre os dedos e o resíduo restante é muito lamacento.
7. Fortemente decomposta - estrutura vegetal srcinal quase indistinta; cerca da metade do
material orgânico passa entre os dedos.
8. Muito fortemente decomposta (ou extremamente decomposta) - estrutura vegetal srcinal
indistinta; cerca de 2/3 do material orgânico passa entre os dedos e o resíduo, quase
completamente resistente à decomposição, consiste de filamentos de raízes e material
lenhoso.
9. Quase completamente decomposta - estrutura vegetal srcinal quase irreconhecível;
quase todo o material orgânico passa entre os dedos, como um material lamacento
homogeneizado (esponjoso).
10. Completamente decomposta - estrutura vegetal srcinal irreconhecível; todo o material
orgânico passa entre os dedos.

As classes de 1 a 4 são classificadas como material orgânico fíbrico; as classes 5 e 6 são


classificadas como material orgânico hémico; e as classes de 7 a 10 são classificadas com material
orgânico sáprico.
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ANEXO 10 – SÍMBOLOS ALFABÉTICOS UTILIZADOS PARA A REPRESENTAÇÃO


DAS CLASSES DE 1º, 2º, 3º E 4º NÍVEIS CATEGÓRICOS

1º NÍVEL 2º NÍVEL 3º NÍVEL


P Argissolos AC Acinzentado af aluminoférrico
C Cambissolos B Bruno b argila atividade baixa
M Chernossolos C Crômico ou Cromado c concrecionário
E Espodossolos D Rêndzico d distrófico
G Gleissolos E Ebânico df distroférrico
L Latossolos F Pétrico e eutrófico
T Luvissolos G Hidromórfico ef eutroférrico
R Neossolos H Húmico f férrico
N Nitossolos I Hístico m fíbrico
O Organossolos J Tiomórfico g hidromórfico
S Planossolos K Cárbico h húmico
F Plintossolos L Lítico u hiperespesso
V Vertissolos M Melânico y hêmico
N Nátrico i hístico
O Fólico k carbonático

P Hipocrômico l lítico
Q Quartzarênico lf litoplíntico
R Regolítico n sódico
S Ferrocárbico o órtico
T Argilúvico p pálico
U Flúvico j perférrico
V Vermelho q psamítico
VA Vermelho-Amarelo r saprolítico
X Háplico s sáprico
Y Mésico t argilúvico
Z Sálico v argila atividade alta

w ácrico
wf acriférrico
x coeso
z sálico ou salino
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144

ANEXO 11 – SIMBOLOGIA PARA AS CLASSES DE 1º, 2º, 3º E 4º NÍVEIS


CATEGÓRICOS
Esta lista de símbolos tem como objetivo estabelecer um padrão de simbolização das novas
classes do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) (EMBRAPA, 2006), para serem
utilizados nos levantamentos de solos em todo o país.
O Comitê Executivo de Classificação definiu os símbolos e propõe sua utilização até o 3°
nível. Para o 1° e 2° níveis categóricos, adotam-se letras maiúsculas e para o 3° nível letras
minúsculas. Assim, a primeira letra maiúscula representa o 1° nível, a segunda maiúscula o 2° nível
e a terceira, minúscula, o 3° nível categórico. Deve ser entendido que cada nível é independente e,
desta forma, cada letra em cada nível tem seu próprio significado. Esperamos, desta maneira,
uniformizar
legendas de amapas
notação
ou de classessugeree-se
tabelas, de solos para todos
utilizar os usuários
números do sistema.
arábicos, para o 4°Para composição
nível categóricodee
fases das unidades de mapeamento, após o símbolo alfabético, seqüencialmente, para separar as
unidades no mapeamento de solos.

ARGISSOLOS - P

2º nível categórico
1 Argissolos Acinzentados - PAC
2 Argissolos Amarelos - PA
3 Argissolos Vermelho-Amarelos - PVA
4 Argissolos Vermelhos - PV

3º nível categórico
1 Argissolos Acinzentados
1.1 Argissolos Acinzentados distróficos - PACd
1.2 Argissolos Acinzentados eutróficos - PACe
2 Argissolos Amarelos
2.1 Argissolos Amarelos distróficos - PAd
2.2 Argissolos Amarelos eutróficos - PAe
3 Argissolos Vermelho-Amarelos
3.1 Argissolos Vermelho-Amarelos alumínicos - PVAa
3.2 Argissolos Vermelho-Amarelos distróficos - PVAd
3.3 Argissolos Vermelho-Amarelos eutróficos - PVAe
4 Argissolos Vermelhos
4.1 Argissolos Vermelhos distróficos - PVd
4.2 Argissolos Vermelhos eutroférricos - PVef
4.3 Argissolos Vermelhos eutróficos - Pve
CAMBISSOLOS - C

2º nível categórico
1 Cambissolos Hísticos - CI
2 Cambissolos Húmicos - CH
3 Cambissolos Háplicos - CX
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3º nível categórico
1 Cambissolos Hísticos
1.1 Cambissolos Hísticos alumínicos - CIa
1.2 Cambissolos Hísticos distróficos - CId
2 Cambissolos Húmicos
2.1 Cambissolos Húmicos aluminoférricos - CHaf
2.2 Cambissolos Húmicos alumínicos - CHa
2.3 Cambissolos Húmicos distroférricos - CHdf
2.4 Cambissolos Húmicos distróficos - CHd
3 Cambissolos Háplicos
3.1 Cambissolos Háplicos alumínicos - CXa
3.2 Cambissolos Háplicos carbonáticos - CXk
3.3 Cambissolos Háplicos sálicos - CXz
3.4 Cambissolos Háplicos sódicos - CXn
3.5 Cambissolos Háplicos distroférricos - CXdf
3.6 Cambissolos Háplicos eutroférricos - CXef
3.7 Cambissolos Háplicos perférricos - CXj
3.8 Cambissolos Háplicos Ta eutróficos - CXve
3.9 Cambissolos Háplicos Ta distróficos - CXvd
3.10 Cambissolos Háplicos Tb eutróficos - CXbe
3.11 Cambissolos Háplicos Tb distróficos - CXbd

CHERNOSSOLOS - M

2º nível categórico
1 Chernossolos Rêndzicos - MD
2 Chernossolos Ebânicos - ME
3 Chernossolos Argilúvicos - MT
4 Chernossolos Háplicos - MX

3º nível categórico
1 Chernossolos Rêndzicos
1.1 Chernossolos Rêndzicos líticos - MDl
1.2 Chernossolos Rêndzicos saprolíticos - MDr
2 Chernossolos Ebânicos
2.1 Chernossolos Ebânicos carbonáticos - MEk
2.2 Chernossolos Ebânicos órticos - MEo
3 Chernossolos Argilúvicos
3.1 Chernossolos Argilúvicos férricos - MTf
3.2 Chernossolos Argilúvicos carbonáticos - MTk
3.3 Chernossolos Argilúvicos órticos - MTo
4 Chernossolos Háplicos
4.1 Chernossolos Háplicos férricos - MXf
4.2 Chernossolos Háplicos carbonáticos - MXk
4.3 Chernossolos Háplicos órticos - MXo
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ESPODOSSOLOS - E

2º nível categórico
1 Espodossolos Cárbicos - EK
2 Espodossolos Ferrocárbicos - ES

3º nível categórico
1 Espodossolos Cárbicos
1.1 Espodossolos Cárbicos hidromórficos - EKg
1.2
1.3 Espodossolos
Espodossolos Cárbicos
Cárbicos hiperespessos
órticos - EKo - EKu
2 Espodossolos Ferrocárbicos
2.1 Espodossolos Ferrocárbicos hidromórficos - ESg
2.2 Espodossolos Ferrocárbicos hiperespessos - ESu
2.3 Espodossolos Ferrocárbicos órticos - ESo

GLEISSOLOS - G

2º nível categórico
1 Gleissolos Tiomórficos - GJ
2 Gleissolos Sálicos - GZ
3 Gleissolos Melânicos - GM
4 Gleissolos Háplicos - GX
3º nível categórico
1 Gleissolos Tiomórficos
1.1 Gleissolos Tiomórficos hísticos - GJi
1.2 Gleissolos Tiomórficos húmicos - GJh
1.3 Gleissolos Tiomórficos órticos - GJo
2 Gleissolos Sálicos
2.1 Gleissolos Sálicos sódicos - GZn
2.2 Gleissolos Sálicos órticos - GZo
3 Gleissolos Melânicos
3.1 Gleissolos Melânicos alumínicos - GMa
3.2 Gleissolos Melânicos distróficos - GMd
3.3 Gleissolos Melânicos carbonáticos - GMk
3.4 Gleissolos Melânicos eutróficos - GMe
4 Gleissolos Háplicos
4.1 Gleissolos Háplicos Ta alumínicos - GXa
4.2 Gleissolos Háplicos Ta distróficos - GXvd
4.3 Gleissolos Háplicos Ta carbonáticos - GXvk
4.4 Gleissolos Háplicos Ta eutróficos - GXve
4.5 Gleissolos Háplicos Tb distróficos - GXbd
4.6 Gleissolos Háplicos Tb eutróficos - GXbe
Universidade Estadual de Montes Claros
Curso de Zootecnia – Gênese, Morfologia e Classificação do Solo - Prof. Marcos Koiti Kondo
147

LATOSSOLOS - L

2º nível categórico
1 Latossolos Brunos - LB
2 Latossolos Amarelos - LA
3 Latossolos Vermelhos -LV
4 Latossolos Vermelho-Amarelos - LVA

3º nível categórico
1 Latossolos Brunos
1.1 Latossolos Brunos ácricos - LBw
1.2 Latossolos Brunos alumínicos - LBa
1.3 Latossolos Brunos distróficos - LBd
2 Latossolos Amarelos
2.1 Latossolos Amarelos coesos - LAx
2.2 Latossolos Amarelos acriférricos - LAwf
2.3 Latossolos Amarelos ácricos - LAw
2.4 Latossolos Amarelos distroférricos - LAdf
2.5 Latossolos Amarelos distróficos - LAd
2.6 Latossolos Amarelos eutróficos - LAe
3 Latossolos Vermelhos
3.1 Latossolos Vermelhos perférricos - LVj
3.2 Latossolos Vermelhos aluminoférricos - LVaf
3.3 Latossolos Vermelhos acriférricos - LVwf
3.4 Latossolos Vermelhos distroférricos - LVdf
3.5 Latossolos Vermelhos eutroférricos - LVef
3.6 Latossolos Vermelhos ácricos - LVw
3.7 Latossolos Vermelhos distróficos - LVd
3.8 Latossolos Vermelhos eutróficos - LVe
4 Latossolos Vermelhos-Amarelos
4.1 Latossolos Vermelho-Amarelos acriférricos - LVAwf
4.2 Latossolos Vermelho-Amarelos ácricos - LVAw
4.3 Latossolos Vermelho-Amarelos distroférricos - LVAdf
4.4 Latossolos Vermelho-Amarelos distróficos - LVAd
4.5 Latossolos Vermelho-Amarelos eutróficos - LVAe

LUVISSOLOS - T

2º nível categórico
1 Luvissolos Crômicos - TC
2 Luvissolos Hipocrômicos - TP

3º nível categórico
1 Luvissolos Crômicos
1.1 Luvissolos Crômicos carbonáticos - TCk
1.2 Luvissolos Crômicos pálicos - TCp
Universidade Estadual de Montes Claros
Curso de Zootecnia – Gênese, Morfologia e Classificação do Solo - Prof. Marcos Koiti Kondo
148

1.3 Luvissolos Crômicos órtico - TCo


2 Luvissolos Hipocrômicos
2.1 Luvissolos Hipocrômicos carbonáticos - TPk
2.2 Luvissolos Hipocrômicos órticos – TPo

NEOSSOLOS - R

2º nível categórico
1 Neossolos Litólicos (Solos Litólicos) - RL

2 Neossolos Flúvicos (Solos Aluviais) - RU


3 Neossolos Regolíticos (Regossolos) - RR
4 Neossolos Quartzarênicos (Areias Quartzosas) - RQ

3º nível categórico
1 Neossolos Litólicos
1.1 Neossolos Litólicos hísticos - RLi
1.2 Neossolos Litólicos húmicos - RLh
1.3 Neossolos Litólicos carbonáticos - RLk
1.4 Neossolos Litólicos psamíticos- RLq
1.5 Neossolos Litólicos eutróficos - RLe
1.6 Neossolos Litólicos distróficos - RLd
2 Neossolos Flúvicos
2.1 Neossolos Flúvicos sálicos - RUz
2.2
2.3 Neossolos
Neossolos Flúvicos
Flúvicos sódicos - RUn- RUk
carbonáticos
2.4 Neossolos Flúvicos psamíticos - RUq
2.5 Neossolos Flúvicos Tb distróficos - RUbd
2.6 Neossolos Flúvicos Tb eutróficos - RUbe
2.7 Neossolos Flúvicos Ta eutróficos - RUve
3 Neossolos Regolíticos
3.1 Neossolos Regolíticos psamíticos - RRq
3.2 Neossolos Regolíticos distróficos - RRd
3.3 Neossolos Regolíticos eutróficos - RRe
4 Neossolos Quartzarênicos
4.1 Neossolos Quartzarênicos hidromórficos - RQg
4.2 Neossolos Quartzarênicos órticos – RQo

NITOSSOLOS - N

2º nível categórico
1 Nitossolos Vermelhos - NV
2 Nitossolos Háplicos - NX

3º nível categórico
1 Nitossolos Vermelhos
1.1 Nitossolos Vermelhos distroférricos - NVdf
Universidade Estadual de Montes Claros
Curso de Zootecnia – Gênese, Morfologia e Classificação do Solo - Prof. Marcos Koiti Kondo
149

1.2 Nitossolos Vermelhos distróficos - NVd


1.3 Nitossolos Vermelhos eutroférricos - NVef
1.4 Nitossolos Vermelhos eutróficos - NVe
2 Nitossolos Háplicos
2.1 Nitossolos Háplicos alumínicos - NXa
2.2 Nitossolos Háplicos distróficos - NXd
2.3 Nitossolos Háplicos eutróficos - NXe

ORGANOSSOLOS - O

2º nível categórico
1 Organossolos Tiomórficos - OJ
2 Organossolos Fólicos - OO
3 Organossolos Mésicos - OY
4 Organossolos Háplicos - OX

3º nível categórico
1 Organossolos Tiomórficos
1.1 Organossolos Tiomórficos fíbricos - OJm
1 .2 Organossolos Tiomórficos hêmicos - OJy
1.3 Organossolos Tiomórficos sápricos - OJs
2 Organossolos Fólicos
2.1 Organossolos Fólicos fíbricos - OOm
3 Organossolos Mésicos
3.1 Organossolos Mésicos hêmicos - OYy
3.2 Organossolos Mésicos sápricos - OYs
4 Organossolos Háplicos
4.1 Organossolos Háplicos fíbricos - OXm
4.2 Organossolos Háplicos hêmicos - OXy
4.3 Organossolos Háplicos sápricos - OXs

PLANOSSOLOS - S

2º nível categórico
1 Planossolos Nátricos - SN
2 Planossolos Hidromórficos - SG
3 Planossolos Háplicos - SX

3º nível categórico
1 Planossolos Nátricos
1.1 Planossolos Nátricos carbonáticos - SNk
1.2 Planossolos Nátricos sálicos - SNz
1.3 Planossolos Nátricos órticos - SNo
2 Planossolos Hidromórficos
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Curso de Zootecnia – Gênese, Morfologia e Classificação do Solo - Prof. Marcos Koiti Kondo
150

2.1 Planossolos Hidromórficos sálicos - SGz


2.2 Planossolos Hidromórficos eutróficos - SGe
2.3 Planossolos Hidromórficos distróficos - SGd
3 Planossolos Háplicos
3.1 Planossolos Háplicos carbonáticos - SXk
3.2 Planossolos Háplicos sálicos - SXz
3.3 Planossolos Háplicos eutróficos - SXe
3.4 Planossolos Háplicos distróficos - SXd

PLINTOSSOLOS - F

2º nível categórico
1 Plintossolos Pétricos - FF
2 Plintossolos Argilúvicos - FT
3 Plintossolos Háplicos - FX

3º nível categórico
1 Plintossolos Pétricos
1.1 Plintossolos Pétricos litoplínticos - FFlf
1.2 Plintossolos Pétricos concrecionários distróficos - FFcd
1.3 Plintossolos Pétricos concrecionários eutróficos - FFce
2 Plintossolos Argilúvicos
2.1 Plintossolos Argilúvicos alumínicos - FTa
2.2
2.3 Plintossolos
Plintossolos Argilúvicos
Argilúvicos distróficos
eutróficos --FTe
FTd
3 Plintossolos Háplicos
3.1 Plintossolos Háplicos distróficos - FXd
3.2 Plintossolos Háplicos eutróficos - FXe
Universidade Estadual de Montes Claros
Curso de Zootecnia – Gênese, Morfologia e Classificação do Solo - Prof. Marcos Koiti Kondo
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VERTISSOLOS - V

2º nível categórico
1 Vertissolos Hidromórficos - VG
2 Vertissolos Ebânicos - VE
3 Vertissolos Cromados - VC

3º nível categórico
1 Vertissolos Hidromórficos
1.1 Vertissolos Hidromórficos sódicos - VGn
1.2 Vertissolos Hidromórficos sálicos - VGz
1.3 Vertissolos Hidromórficos carbonáticos - VGk
1.4 Vertissolos Hidromórficos órticos - VGo
2 Vertissolos Ebânicos
2.1 Vertissolos Ebânicos sódicos - VEn
2.2 Vertissolos Ebânicos carbonáticos - VEk
2.3 Vertissolos Ebânicos órticos - VEo
3 Vertissolos Cromados
3.1 Vertissolos Cromados sálicos - VCz
3.2 Vertissolos Cromados sódicos - VCn
3.3 Vertissolos Cromados carbonáticos - VCk
3.4 Vertissolos Cromados órticos - VCo

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