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DIREITO ADMINISTRATIVO

AGENTES PÚBLICOS
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SUMÁRIO

1. Conceito ........................................................................................................................................................ 4
2. Classificação ................................................................................................................................................... 4
a) Agentes políticos .............................................................................................................................................4
b) Servidor estatal...............................................................................................................................................4
b.1) Servidor público ....................................................................................................................................................... 4
b.2) Servidor de ente governamental de direito privado .............................................................................................. 5
b.3) Particulares em colaboração: .................................................................................................................................. 5
3. Acessibilidade/Admissão ................................................................................................................................ 5
- Nomeação ...................................................................................................................................................... 17
- Estabilidade .................................................................................................................................................... 22
- Sistema Remuneratório................................................................................................................................... 24
Teto Remuneratório...................................................................................................................................................... 25
Subtetos......................................................................................................................................................................... 26
4. Seguridade Social ......................................................................................................................................... 32
I. Aposentadoria dos servidores públicos ........................................................................................................... 34
II. Regime Próprio de Previdência Social – RPPS ................................................................................................. 36
II.1 Proventos ................................................................................................................................................................ 36
II.2 Emendas Constitucionais – Histórico ..................................................................................................................... 37
III. Modalidades de Aposentadoria .................................................................................................................... 38
III.1. Aposentadoria por invalidez: ............................................................................................................................... 39
III.2 - Aposentadoria compulsória: ................................................................................................................................ 40
III.3. Aposentadoria Voluntária .................................................................................................................................... 44
III. 4. Aposentadoria Especial ....................................................................................................................................... 44
III.5. Regime Complementar ......................................................................................................................................... 52
5. ESTUDO DA LEI Nº 8.112/90 ......................................................................................................................... 53
1. Agente público .............................................................................................................................................. 53
2. Regime jurídico único .................................................................................................................................... 60
3. Cargo público ................................................................................................................................................ 65
4. Emprego público ........................................................................................................................................... 68
5. Função .......................................................................................................................................................... 68
6. Cargo de confiança (cargo em comissão) ........................................................................................................ 69
7. Cargo Público – Classificação: ........................................................................................................................ 70
8. Formas de Provimento .................................................................................................................................. 70
9. Direitos ......................................................................................................................................................... 77
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1. Remuneração e vencimento ..................................................................................................................................... 77
2. Vantagens .................................................................................................................................................................. 87
2.1. Indenizações ........................................................................................................................................................... 88
2.2. Gratificações e adicionais ...................................................................................................................................... 90
3. Férias ......................................................................................................................................................................... 91
4. Licenças ..................................................................................................................................................................... 92
5. Afastamentos ............................................................................................................................................................ 92
MATERIAL EXTRA: .......................................................................................................................................... 106
1. Regime Previdenciário do Servidor Estatutário. Normas e Princípios Constitucionais. O Novo Regime
Previdenciário. ................................................................................................................................................ 106
1.2 Cálculo dos Benefícios ............................................................................................................................... 108
1.2.1. Aposentadorias do RPPS................................................................................................................................... 108
1.3. Espécies de aposentadoria: ....................................................................................................................... 108
1.4. Pensão por morte do RPPS ....................................................................................................................... 111
1.5. As regras de transição............................................................................................................................... 112
DISPOSITIVOS PARA CICLO DE LEGISLAÇÃO ..................................................................................................... 116
BIBLIOGRAFIA INDICADA ................................................................................................................................ 116
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ATUALIZADO EM 02/06/2019

AGENTES PÚBLICOSi

1. Conceito

Todo aquele que exerce função pública, com ou sem remuneração, seja de forma temporária ou
permanente.

2. Classificação

a) Agentes políticos
Aqueles que manifestam a vontade do Estado. Estão no comando de cada um dos poderes. Comando do
poder executivo, legislativo e judiciário. Ex. Prefeito e vice, Governador e Vice, auxiliares imediatos do poder
executivo (Ministros de Estado, Secretário estaduais e municipais), incluindo Ministros e Conselheiros dos Tribunais
de Contas. Em relação aos magistrados e membros do MP, o STF diz que são agentes políticos não pelas escolhas,
mas pela manifestação da vontade estatal (mas, há divergência doutrinária). De qualquer forma, o agente político é
titular de cargo público, por isso estão no regime jurídico administrativo (chamado de regime legal e também de
regime estatutário) – não significa dizer que vão seguir a lei 8112, mas que há previsão em lei (ex. LOMAN,
Executivo - CF).

b) Servidor estatal
É todo aquele que atua no Estado, seja na administração direta ou indireta. Se ele presta serviço em
pessoa jurídica de direito público é servidor público. Se atua em pessoa jurídica de direito privado (EP/SEM) é
chamado de servidor de ente governamental de direito privado.

b.1) Servidor público


O texto original falava em regime jurídico único. A EC 19/98 instalou o regime múltiplo (dependia da lei de
criação – se criasse cargo seria estatutário, se fosse emprego - CLT). O STF decidiu em sede cautelar (ADI 2135) que
essa regra (Art. 39) é formalmente inconstitucional. Voltamos ao regime jurídico único. Os efeitos são ex nunc. A

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo
(setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura
identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o
número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do
conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente
citados.
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partir do julgamento não pode mais. O regime jurídico tem que ser único naquela ordem política. União – regime
jurídico único.

b.2) Servidor de ente governamental de direito privado


Titular de emprego. Regime trabalhista/CLT/contratual. É empregado. Equiparação ao serviço público – I.
Teto remuneratório, salvo no caso em que não há repasse para custeio. II. Prestam concurso público. III. Estão
sujeitos ao regime de não acumulação. IV. Sujeitos à lei 8429/92 – improbidade administrativa. V. sujeitos a lei
penal – art. 327 CP. VI. Remédios constitucionais.

Dispensa – imotivada, diferentemente do servidor público. TST súmula 390 – não tem estabilidade art. 41.
OJ 247. ECT dispensa motivada. STF () – esses empregados não tem realmente estabilidade do art. 41, mas se a
EP/SEM for prestadora de serviço público, elas terão regime híbrido – concurso público – dispensa motivada
(processo administrativo). Se entro com impessoalidade e isonomia, saio da mesma forma.

Dica:
# regime legal, regime jurídico administrativo, estatutário = cargo público = PJDPúblico.
# regime contratual, regime trabalhista, celetista = emprego = PJDPúblico* e PJDPrivado**.
*PJDPúblico = Servidor Público ou Empregado Público
**PJDPrivado = Servidor de Ente Governamental de Direito Privado ou Empregado

b.3) Particulares em colaboração:


Equiparam-se aos servidores. Concurso público. Categorias:
 Requisitados ex. mesário, jurado, serviço militar obrigatório
 Voluntário ex. agente honorífico ( HELY), sponte própria
 Prestam serviços em concessionárias e permissionárias
 Delegação de função art. 236 CP
 Particulares que praticam atos oficiais ex. saúde, ensino

3. Acessibilidade/Admissão

É ampla. Brasileiros mais estrangeiros na forma da lei EC 19/98. Concurso público2 – processo seletivo que
privilegia a meritocracia, em homenagem ao princípio da impessoalidade e da isonomia.

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A prova do TRF4/2016 considerou correta a seguinte alternativa em sede de concurso público: “Os candidatos em concurso
público não têm direito à prova de 2ª (segunda) chamada, nos testes de aptidão física, em razão de circunstâncias
pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, salvo contrária disposição editalícia”.
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Obs.: diferencia-se do concurso modalidade de licitação que serve para escolha de trabalho técnico,
artístico, científico, em que a contraprestação é um prêmio.

* Exceções ao concurso:
→ mandatos eletivos;
→ cargos em comissão – livre nomeação e exoneração;
→ contrato temporário – excepcional interesse público (art. 37, IX, CF);
→ agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias (art. 198, CF);
→ hipóteses expressas na CF:
* Ministro do STF (Nomeação de Cunho Político);
* Cargos nos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE);
* Quinto Constitucional;
* Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas;

Obs.: a CF fala que os agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias se submetem a
processo seletivo. A hipótese em comento foi regulamentada pela Lei n. 11.350/2006, que dispõe que será um
processo seletivo de provas, ou provas e títulos. Logo, uma crítica é feita: se a CF não falou em processo seletivo
simplificado e a lei regulamentadora fala em processo seletivo de provas ou provas e títulos, não seria, então, caso
de concurso público? Não é o que tem prevalecido. O que prevalece é que, de fato, não se trata de concurso, mas
processo seletivo.

#ATENÇÃO - O art. 236, § 3º, da CF é uma norma constitucional autoaplicável. Logo, mesmo antes da edição da Lei
nº 8.935/94, ela já tinha plena eficácia e o concurso público era obrigatório como condição não apenas para
ingresso na atividade notarial e de registro, como também nos casos de remoção ou permuta. As normas estaduais
que admitem a remoção na atividade notarial e de registro independentemente de prévio concurso público, são
incompatíveis com o art. 236, § 3º, da Constituição, razão pela qual não foram por essa recepcionadas. O prazo
decadencial de 5 anos, de que trata o art. 54 da Lei nº 9.784/99, não se aplica à revisão de atos de delegação de
serventias extrajudiciais editados após a CF/88, sem o atendimento das exigências prescritas no seu art. 236. Assim,
se uma pessoa assumiu uma serventia notarial ou registral sem concurso público após a CF/88, este ato poderá ser
anulado mesmo que já se tenham passado mais de 5 anos. A decisão que anula o ato de investidura em serventia
notarial e registral sem concurso público não viola o direito adquirido nem a segurança jurídica. STF. 1ª Turma. MS
29415/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 27/09/2016 (Info 841)

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: É válido ato do CNJ que, ao dar plena aplicabilidade ao art. 31 do ADCT,
decide pela invalidade dos atos administrativos de nomeação de todos os titulares de cartórios privatizados que
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tenham ingressado no cargo após 5 de outubro de 1988, data de promulgação da CF em vigor. As pessoas que
assumiram as serventias judiciais depois da CF/1988, em caráter privado, não têm direito líquido e certo de nelas
permanecerem, qualquer que seja a forma de provimento. Há flagrante inconstitucionalidade a partir do momento
em que assumem cargo em serventia que deveria ser estatizada. Isso porque é inconstitucional o provimento de
pessoas para exercerem a função de titular de serventias judiciais, com caráter privado (serventias judicias
privatizadas / não estatizadas), após a CF/88. O art. 31 do ADCT é autoaplicável, de modo que é obrigatória a
estatização das serventias judiciais à medida que elas fiquem vagas. O prazo decadencial do art. 54 da Lei nº
9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal. STF. 1ª Turma. MS
29323/DF, MS 29970/DF, MS 30267/DF e MS 30268/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre
de Moraes, julgados em 12/2/2019 (Info 930).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ #IMPORTANTE É constitucional a remarcação de curso de


formação para o cargo de agente penitenciário feminino de candidata que esteja lactante à época de sua realização,
independentemente da previsão expressa em edital do concurso público. STJ. 1ª Turma. RMS 52.622-MG, Rel. Min.
Gurgel de Faria, julgado em 26/03/2019 (Info 645).

- Requisitos do Concurso:
Deve haver previsão na lei da carreira;
Compatibilidade com as atribuições do cargo;
Previsão no edital.

O candidato a cargo público pode ser eliminado em exame médico admissional, ainda que a lei que
discipline a carreira não confira caráter eliminatório ao referido exame. Isso porque a inspeção de saúde é exigência
geral direcionada a todos os cargos públicos federais, conforme previsto na Lei nº 8.112/1990:
Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo público:
VI – aptidão física e mental

Portanto: para ser eliminatório, é necessário que o teste esteja previsto na lei específica da carreira?
 Teste físico: sim;
 Teste psicotécnico: sim;
 Exames médico: não.
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*#NOVIDADELEGISLATIVA: Decreto nº 9.739, de 28.3.2019 - Estabelece medidas de eficiência organizacional para
o aprimoramento da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, estabelece normas sobre
concursos públicos e dispõe sobre o Sistema de Organização e Inovação Institucional do Governo Federal - SIORG.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA - Não é possível a aplicação retroativa da regra de limitação de títulos de pós-


graduação trazida pela Resolução CNJ nº 187/2014 para concursos abertos antes dela, sob pena de afronta à
segurança jurídica. A criação de critério “ad hoc” de contagem de títulos de pós-graduação, depois da abertura da
fase de títulos, implica violação à segurança jurídica. O STF também entendeu que não foi legítima essa nova
interpretação dada pela comissão do concurso de não mais aceitar diplomas de especializações cursadas
simultaneamente. Isso porque a redação originária da Resolução 81/2009/CNJ não previa qualquer limitação para a
contagem de títulos de especialização, muito menos dispunha sobre formas de evitar a sobreposição e acumulação
de certificados. Logo, esse novo critério imposto pela banca, depois de o concurso ter se iniciado, ofendeu o
princípio da impessoalidade, pois permitiu o favorecimento de alguns candidatos em detrimento de outros. STF. 1ª
Turma. MS 33.406/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 6/9/2016
(Info 838).

#OUSESABER #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O STJ já decidiu que destoa dos princípios da proporcionalidade e


razoabilidade o ato que exclui do certame candidato que possui nome negativado em cadastro de restrição
creditícia, já que nem ações penais ou inquéritos policias em curso como regra possuem o condão de eliminar o
candidato, com maior razão a simples inscrição no SPC/SERASA também não detém essa capacidade. Vejamos
julgado:
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. INABILITAÇÃO NA FASE DE INVESTIGAÇÃO SOCIAL. EXISTÊNCIA DE
INQUÉRITOS POLICIAIS, AÇÕES PENAIS EM ANDAMENTO OU INCLUSÃO DO NOME DO CANDIDATO EM SERVIÇO DE
PROTEÇÃO AO CRÉDITO. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. É desprovido de razoabilidade e
proporcionalidade o ato que, na etapa de investigação social, exclui candidato de concurso público baseado no
registro deste em cadastro de serviço de proteção ao crédito. (RMS 30.734/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ,
QUINTA TURMA, julgado em 20/09/2011, DJe 04/10/2011)

*#OUSESABER: É legal a impossibilidade de recurso contra alterações nos gabaritos preliminares prevista em
concursos públicos? Firmado com supedâneo na orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal e do
Superior Tribunal de Justiça tem-se que é LÍCITA a regra editalícia que veda a interposição de novo recurso
administrativo contra o gabarito definitivo porque não viola o princípio do contraditório e, tampouco, do amplo
direito de defesa. Deve-se considerar que já foi elaborado um gabarito provisório, no qual os candidatos poderem
se insurgir contra as posições adotadas pela banca. Vejamos entendimento do STF sobre o tema:

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Para mais informações, vide: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D9739.htm
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1. A modificação de gabarito preliminar, anulando questões ou alterando a alternativa correta, em decorrência do
julgamento de recursos apresentados por candidatos não importa em nulidade do concurso público se houver
previsão no edital dessa modificação.
2. A ausência de previsão no edital do certame de interposição de novos recursos por candidatos prejudicados
pela modificação do gabarito preliminar não contraria os princípios constitucionais do contraditório e da ampla
defesa. (Negritei). (MS 27260, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. CÁRMEN LÚCIA,
Tribunal Pleno, julgado em 29/10/2009, DJe-055 DIVULG 25-03-2010 PUBLIC 26-03-2010 EMENT VOL-02395-02 PP-
00454 RTJ VOL-00216- PP-00332)

DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO DO CONSELHO NACIONAL


DE JUSTIÇA QUE INVALIDOU CRITÉRIO ESTABELECIDO PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE PERNAMBUCO PARA
AFERIÇÃO DE TÍTULOS DE ESPECIALIZAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO VOLTADO À OUTORGA DE DELEGAÇÕES DE
NOTAS E REGISTROS. DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA. 1. A criação de critério ad hoc de contagem de títulos de pós-
graduação, após a abertura da fase de títulos e da apresentação dos certificados pelos candidatos, constitui
flagrante violação ao princípio da segurança jurídica e da impessoalidade. 2. Impossibilidade de aplicação
retroativa da Resolução nº 187/2014 do CNJ ao presente concurso, em respeito à modulação dos efeitos efetuada
pelo CNJ e aos precedentes desta Corte sobre a matéria. 3. Denegação da segurança, com revogação da liminar
anteriormente deferida e prejuízo dos agravos regimentais. MS N.33.406-DF. REDATOR P/ O ACÓRDÃO: MIN.
ROBERTO BARROSO (Info 846)

#IMPORTANTE #DEFENSORIAPÚBLICA: O art. 93, I, da CF/88 exige três anos de atividade jurídica para os
candidatos nos concursos da Magistratura. Essa exigência pode ser estendida para os concursos da Defensoria
Pública. No entanto, é indispensável a edição de uma lei complementar prevendo isso (art. 37, I e art. 134, § 1º, da
CF/88). Enquanto não for editada lei complementar estendendo a exigência dos três anos para a Defensoria Pública,
continua válida a regra do art. 26 da LC 80/94, que exige do candidato ao cargo de Defensor Público apenas dois
anos de prática forense, computadas, inclusive as atividades realizadas antes da graduação em Direito. Desse modo,
não é possível que Resolução do Conselho Superior da Defensoria Pública (ato infralegal) exija três anos de
atividade jurídica depois da graduação para os concursos de Defensor Público. STJ. 2ª Turma. REsp 1.676.831/AL,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 05/09/2017 (Info 611)

#SELIGANASSÚMULAS -
Limite de Idade - é possível limitação de idade para fins de concurso público, conforme art. 7°, XXX, da CF, além de
compatibilidade com a natureza das atribuições do cargo (Súmula 683, STF). Saliente-se que o art. 7°, XXX, da CF,
prevê que a limitação da idade deve estar prevista em lei.
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Repercussão Geral – RE 600885: a discussão tinha como base o art. 142, §3°, X, da CF, que exige que os requisitos
devem estar previstos em lei, enquanto a Lei n. 6.880/80 prescreve que os requisitos devem estar previstos em
regulamento. O STF decidiu que a referida lei não foi recepcionada pela nova norma constitucional. Contudo, o STF
modulou os efeitos da decisão da não recepção da lei, com manutenção dos concursos fundados em regulamento
(art. 10, da Lei n. 6.880) até o dia 31 de dezembro de 2011.
Súmula nº 683, STF: o limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX,
da CF, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.

Reserva de vagas para pessoas com deficiência: - Súmula 552-STJ: O portador de surdez unilateral não se qualifica
como pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos. STJ. Corte Especial.
Aprovada em 04/11/2015.

*#OUSESABER: A CF/88, sobre o tema da previsão de reserva de vagas para pessoas com deficiência, dispõe: Art. 37
(...) VIII — a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
definirá os critérios de sua admissão.
No âmbito federal, foram estabelecidas regras no art 5º, parágrafo segundo, da Lei 8.112/90 e do art. 37 do Decreto
3.298/99. Cumpre à cada Estado editar normas também para assegurar tal reserva de vagas para as pessoas com
deficiência. Quanto ao enquadramento portador de surdez unilateral nas vagas para deficientes, a súmula do STJ foi
editada com base no Decreto 3.298/99, editado para regulamentar a Lei 7.853/99, a qual dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração das Pessoas com Deficiência. Em seu art. 4º, o Decreto assim define a deficiência
auditiva: Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias: II —
deficiência auditiva — perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por
audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296/2004).
Pelo fato, então, de o decreto estabelecer que deve ocorrer a perda bilateral, e não apenas a unilateral, e em razão
do princípio da legalidade, não deve o portador de surdez unilateral concorrer nas vagas reservadas às pessoas com
deficiência, segundo o STJ.

#OUSESABER: O STF entendeu que: “não há qualquer violação a direito líquido e certo por parte da autoridade
coatora em selecionar os candidatos melhores classificados em número razoável, como ocorreu no presente caso,
para prosseguimento nas demais fases do certame, não se observando, no caso, qualquer afronta o percentual de
5% legalmente previsto, para reserva de vagas destinadas aos portadores de deficiência. (Ag.Reg. em MS
30.195/DF). Resumidamente, é plenamente possível haver a imposição de cláusula de barreira para
prosseguimento em fases subsequentes de concurso público, ainda que se trate de candidatos portadores de
necessidades especiais.
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#SELIGANASÚMULA - Psicotécnico: previsão em lei + critérios objetivos + garantia de recurso
Súmula nº 686, STF: só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.
Súmula nº 684, STF: “é inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público”.
Súmula nº 685, STF: é inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem
prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual
anteriormente investido.
Súmula nº 266, STJ: o diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na
inscrição para o concurso público.

#IMPORTANTE #DEOLHONAJURISPRUDENCIA (julgados sobre concursos públicos):

É legal a cláusula de edital que prescreva que as atividades do cargo de perito datiloscopista são de nível médio,
desde que, à época da publicação do edital do concurso para o referido cargo, haja previsão legislativa estadual
nesse sentido. STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 32.892-RO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
17/12/2015 (Info 576).

Ainda que o requisito da idade mínima de 18 anos conste em lei e no edital de concurso público, é possível que o
candidato menor de idade aprovado no concurso tome posse no cargo de auxiliar de biblioteca no caso em que ele,
possuindo 17 anos e 10 meses na data da sua posse, já havia sido emancipado voluntariamente por seus pais há 4
meses. STJ. 2ª Turma. REsp 1.462.659-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1º/12/2015 (Info 576).

Em ação ordinária na qual se discute a eliminação de candidato em concurso público – em razão da subjetividade
dos critérios de avaliação de exame psicotécnico previstos no edital – a legitimidade passiva será da entidade
responsável pela elaboração do certame. Ex: o Estado do ES abriu concurso para agente penitenciário. O CESPE foi
contratado para realizar as provas. João inscreveu-se no certame e foi aprovado nas provas teóricas, tendo sido,
contudo, reprovado no exame psicotécnico. Diante disso, João quer ajuizar ação ordinária questionando os critérios
de avaliação do exame psicotécnico previstos no edital sob o argumento de que eles eram subjetivos. Essa ação
terá que ser proposta contra o Estado do ES (e não contra o CESPE). STJ. 1ª Turma. REsp 1.425.594-ES, Rel. Min.
Regina Helena Costa, julgado em 7/3/2017 (Info 600).

*O STF, em recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, firmou a seguinte tese: "Não compete ao
Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos
candidatos e notas a elas atribuídas" (RE 632.853). Do voto condutor do mencionado acórdão, percebe-se que a
tese nele constante buscou esclarecer que o Poder Judiciário não pode avaliar as respostas dadas pelo candidato e
as notas a eles atribuídas se for necessário apreciar o conteúdo das questões ou os critérios utilizados na correção,
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exceto se flagrante a ilegalidade. Ao analisar uma prova para o cargo de assessor do MPRS, o STJ decidiu anular uma
das questões discursivas pelo fato de que ela possuía um grave erro no enunciado, o que prejudicou o candidato na
elaboração de sua resposta. No enunciado da questão constou a expressão “permissão de saída”, mas na verdade o
examinador queria saber sobre a “saída temporária”, tanto que a resposta padrão do gabarito envolvia este
segundo instituto. Houve, portanto, uma troca dos conceitos. A própria comissão examinadora reconheceu que
houve o erro no enunciado, mas afirmou que isso não atrapalhou os candidatos e, por isso, manteve as notas. O
STJ, contudo, não concordou com isso e anulou a questão. Se a própria banca examinadora reconhece o erro na
formulação da questão, não se pode fechar os olhos para tal constatação ao simplório argumento de que referido
erro não influiria na análise do enunciado pelo candidato. Vale ressaltar que o STJ afirmou que esta anulação não
contraria o que decidiu o STF no julgamento do RE 632.853 por duas razões: 1) o candidato não está buscando que
o Poder Judiciário reexamine o conteúdo da questão ou o critério de correção para decidir se a resposta dada por
ele está ou não correta. Em outras palavras, não se quer que recorrija a prova. O que o impetrante pretende é que
seja reconhecido que o enunciado da questão apresenta um erro grave insuperável. 2) o STF decidiu que, em regra,
não é possível a anulação de questões de concurso, salvo se houver ilegalidade a permitir a atuação do Poder
Judiciário. Em outras palavras, existe uma “exceção” à tese fixada no RE 632.853. E, no presente caso, estamos
diante de uma flagrante ilegalidade da banca examinadora. STJ. 2ª Turma. RMS 49.896-RS, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 20/4/2017 (Info 603).

*A banca examinadora do certame, por ocasião da divulgação dos resultados das provas, deve demonstrar, de
forma clara e transparente, que os critérios de avaliação previstos no edital foram devidamente considerados, sob
pena de nulidade da avaliação. As informações constantes dos espelhos de provas subjetivas representam a
motivação do ato administrativo, consistente na atribuição de nota ao candidato. Essa motivação deve ser
apresentada anteriormente ou concomitante à prática do ato administrativo, pois caso se permita a motivação
posterior, isso pode dar ensejo para que se fabriquem, forjem ou criem motivações. Não é legítima a conduta da
banca examinadora de divulgar o espelho de provas com a motivação das notas após ser contestada na via judicial
ou administrativa. Destaque-se também que não há fundamentação válida se a banca apenas divulga critérios
muito subjetivos e a nota global dos candidatos, desacompanhados do padrão de resposta e das notas atribuídas
para cada um dos critérios adotados. STJ. 2ª Turma. RMS 49.896-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 20/4/2017
(Info 603)

*A simples alteração na ordem de aplicação das provas de teste físico em concurso público, desde que anunciada
com antecedência e aplicada igualmente a todos, não viola direito líquido e certo dos candidatos inscritos. Ex: o
edital inicial dizia que, no dia da prova de esforço físico, o teste de equilíbrio seria o primeiro e a corrida o último;
depois foi publicado um novo edital alterando a ordem. STJ. 1ª Turma. RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina,
julgado em 13/6/2017 (Info 608).
13
*#DEOLHONAJURIS #STF #DIZERODIREITO: Os candidatos possuem direito à segunda chamada nos testes físicos
em concursos públicos? REGRA: NÃO. Os candidatos em concurso público NÃO têm direito à prova de segunda
chamada nos testes de aptidão física em razão de circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de
força maior, salvo se houver previsão no edital permitindo essa possibilidade. STF. Plenário. RE 630733/DF, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/5/2013 (repercussão geral) (Info 706). EXCEÇÃO: as candidatas gestantes
possuem. É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época de sua
realização, independentemente da previsão expressa em edital do concurso público. STF. Plenário. RE 1058333/PR,
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/11/2018 (repercussão geral) (Info 924). #IMPORTANTE

* #IMPORTANTE #DEFENSORIAS: É inconstitucional a contratação, sem concurso público, após a instalação da


Assembleia Constituinte, de advogados para exercerem a função de Defensor Público estadual. Tal contratação
amplia, de forma indevida, a regra excepcional do art. 22 do ADCT da CF/88 e afronta o princípio do concurso
público. STF. 1ª Turma. RE 856550/ES, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 10/10/2017 (Info 881).

*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF: É inconstitucional lei que preveja a possibilidade de o indivíduo


aprovado no concurso público ingressar imediatamente no último padrão da classe mais elevada da carreira. Essa
disposição afronta os princípios da igualdade e da impessoalidade, os quais regem o concurso público. Por essa
razão, o STF declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 18 da Lei nº 8.691/93. STF. Plenário. ADI 1240/DF, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/2/2019 (Info 932).

*#OUSESABER #ADVOCACIAPÚBLICA: Certo ou Errado? Conforme entende a AGU, o termo a quo do prazo
decadencial para impetração de Mandado de Segurança, no qual se discuta regra editalícia que tenha
fundamentado eliminação de candidato em concurso público é a data de publicação do edital, por ser este
entendimento mais favorável à Administração.
ASSERTIVA ERRADA!
Amigos, analisando a Súmula nº 79 da AGU constatamos que:
Súmula n.º 79 - O termo inicial do prazo decadencial para impetração de Mandado de Segurança, no qual se discuta
regra editalícia que tenha fundamentado eliminação de candidato em concurso público, é a data em que este toma
ciência do ato administrativo que determina sua exclusão do certame.
Sendo assim, nota-se que o erro da questão está na parte final do item quando é dito que o termo a quo do prazo
decadencial para impetração de Mandado de Segurança é a data de publicação do edital, quando o certo é a data
em que este toma ciência do ato administrativo que determina sua exclusão do certame.
14
*#NOVIDADELEGISLATIVA #DIZERODIREITO: foi publicada a Lei nº 13.656/2018, que isenta determinados
candidatos do pagamento de taxa de inscrição em concursos públicos federais.
Quem tem direito à isenção no pagamento da taxa de inscrição?
1) os candidatos que pertençam a família inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), do
Governo Federal, cuja renda familiar mensal per capita seja inferior ou igual a meio salário-mínimo nacional;
2) os candidatos doadores de medula óssea em entidades reconhecidas pelo Ministério da Saúde.

Essa isenção vale para quais concursos?


Concursos públicos para cargo efetivo ou emprego permanente em órgãos ou entidades da administração pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União.
Assim, a isenção somente vale para concursos federais.
Essa isenção abrange concursos da:
• Administração Pública direta (exs: Ministério da Saúde, Polícia Federal)
• Autarquias (ex: INSS);
• Fundações (ex: FUNAI, Universidades);
• Empresas públicas (ex: caixa econômica federal);

• Sociedades de economia mista (ex: Petrobrás);


• Poder Legislativo federal (Câmara dos Deputados e Senado Federal)
• Órgãos do Poder Judiciário federal (exs: Justiça Federal, Justiça do Trabalho, STJ, STF);
• Ministério Público da União;
• DPU;
• AGU.

A isenção abrange o que? O que o candidato está dispensado de pagar?


A taxa de inscrição.

Cumprimento dos requisitos


O cumprimento dos requisitos para a concessão da isenção deverá ser comprovado pelo candidato no momento da
inscrição, nos termos do edital do concurso.

Informação falsa
O candidato que prestar informação falsa com o intuito de usufruir da isenção estará sujeito a:
a) cancelamento da inscrição e exclusão do concurso, se a falsidade for constatada antes da homologação de seu
resultado;
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b) exclusão da lista de aprovados, se a falsidade for constatada após a homologação do resultado e antes da
nomeação para o cargo;
c) declaração de nulidade do ato de nomeação, se a falsidade for constatada após a sua publicação;
d) responsabilização penal.

Informação deve constar no edital


O edital do concurso deverá informar sobre a isenção de que trata a Lei nº 13.656/2018 e sobre as sanções
aplicáveis aos candidatos que venham a prestar informação falsa.

Vigência
A Lei nº 13.656/2018 entrou em vigor no dia de sua publicação (02/05/2018).
A isenção prevista nesta Lei não se aplica aos concursos públicos cujos editais tenham sido publicados
anteriormente à sua vigência.

E os concursos estaduais, distritais e municipais?


A Lei nº 13.656/2018 não abrange concursos estaduais, distritais e municipais. Isso porque uma Lei federal não
poderia conceder isenção em tais casos, sob pena de violação à autonomia estadual, distrital ou municipal.
Assim, as isenções relacionadas a esses concursos devem ser previstas em leis do respectivo Estado/DF ou
Município.
No Acre, por exemplo, em 2015, foi editada lei concedendo isenção do pagamento da inscrição para concursos
públicos aos candidatos que forem doadores de sangue ou doadores de medula óssea.

*#OUSESABER: É legítima a utilização de outros critérios, além da autodeclaração, no sistema de cotas raciais de
concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública
direta e indireta? SIM! Segundo o art. 2º da Lei nº 12.990/2014, poderão concorrer às vagas reservadas a
candidatos negros aqueles que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição no concurso público.
Inobstante o reconhecimento da constitucionalidade desse critério principal pelo STF, a Suprema Corte afirmou ser
possível que a Administração Pública faça também um controle heterônomo, sobretudo quando houver indício de
fraude, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e que sejam garantidos o contraditório e a ampla
defesa. (STF. Plenário. ADC 41/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017). Constituem exemplos desse
controle heterônomo a exigência de análise presencial da autodeclaração; exigência de apresentação de fotos pelos
candidatos; formação de comissões com composição plural para entrevista dos candidatos em momento posterior
à autodeclaração, etc.
16
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Em 2001, foi editada uma lei estadual criando cargos e organizando a Polícia
Civil do Estado do Amazonas. Nesta Lei foi previsto que, na estrutura da Polícia Civil, haveria cargos de Delegado de
Polícia e de Comissário de Polícia. Ainda em 2001, foi realizado um concurso público, com provas específicas para
cada um desses cargos, e os aprovados nomeados e empossados. Contudo, em 2004, houve duas leis modificando o
cargo de Comissário de Polícia.
• a primeira delas afirmou que Comissário de Polícia seria autoridade policial, juntamente com o Delegado de
Polícia, equiparando a remuneração dos dois cargos.
• a segunda lei, transformando o cargo de "Comissário de Polícia" em "Delegado de Polícia".
Essas duas leis foram impugnadas por meio de ADI. Em 2015, o STF decidiu que elas são INCONSTITUCIONAIS
porque representaram burla à exigência do concurso público. As referidas leis fizeram uma espécie de ASCENSÃO
FUNCIONAL dos Comissários de Polícia porque transformaram os ocupantes desses cargos em Delegados de Polícia
sem que eles tivessem feito concurso público para tanto. No caso concreto os Ministros entenderam que, quando o
cargo de Comissário de Polícia foi criado, ele possuía diferenças substanciais em relação ao de Delegado de Polícia,
o que impediria a transformação, mesmo sob o argumento de ser medida de racionalização administrativa. Foram
opostos embargos de declaração contra a decisão. Em 2018, o STF acolheu os embargos e aceitou modular os
efeitos da decisão proferida na ADI 3415. Além disso, o Tribunal determinou ao Estado do Amazonas que promova,
no prazo máximo de 18 meses a contar da publicação da ata de julgamento (07/08/2018 a abertura de concurso
público para o cargo de Delegado de Polícia. O Ministro Relator Alexandre de Moraes afirmou que mais de 70
delegacias de polícia ficariam sem delegados e que a população amazonense é que sofreria as consequências. Além
disso, na decisão dos embargos os Ministros esclareceram que são plenamente válidos os atos praticados nos
cargos de Delegado de Polícia que serão afastados STF. Plenário.ADI 3415 ED-segundos/AM, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 1º/8/2018 (Info 909).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Os Defensores Públicos NÃO precisam de inscrição na OAB para
exerceram suas atribuições. O art. 3º, § 1º, da Lei 8.906/94 deve receber interpretação conforme à Constituição de
modo a se concluir que não se pode exigir inscrição na OAB dos membros das carreiras da Defensoria Pública. O art.
4º, § 6º, da LC 80/94 afirma que a capacidade postulatória dos Defensores Públicos decorre exclusivamente de sua
nomeação e posse no cargo público, devendo esse dispositivo prevalecer em relação ao Estatuto da OAB por se
tratar de previsão posterior e específica. Vale ressaltar que é válida a exigência de inscrição na OAB para os
candidatos ao concurso da Defensoria Pública porque tal previsão ainda permanece na Lei. STJ. 2ª Turma. REsp
1.710.155-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 01/03/2018 (Info 630). #IMPORTANTE

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas
tem direito subjetivo à nomeação caso surjam novas vagas durante o prazo de validade do certame, haja
17
manifestação inequívoca da administração sobre a necessidade de seu provimento e não tenha restrição
orçamentária. STJ. 1ª Seção. MS 22.813-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/06/2018 (Info 630).

- Prazo de Validade:
Prazo de validade é de até 02 anos, prorrogável por uma única vez, e por igual período. A
prorrogação deve ser dar durante o prazo de validade. A decisão de prorrogação é discricionária (conveniência e
oportunidade do interesse público).
Não há direito adquirido à prorrogação do prazo de validade. Assim, o STF decidiu que a
prorrogação pode ser revogada, desde que o prazo não tenha começado a fluir.

*#OUSESABER: É possível prorrogar a validade de concurso público já expirado o seu prazo inicial? Sobre o prazo de
concurso público, cabe lembrar a disposição constitucional sobre o tema. Vejamos: art. 37 – III – o prazo de validade
do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. A respeito do indagado, o STF já
emitiu posicionamento em sentido negativo. Vejamos: Impossibilidade de prorrogar a validade do concurso quando
já expirado o seu prazo inicial. [AI 452.641 AgR, rel. min. Nelson Jobim, j. 30-9-2003, 2ª T, DJ de 5-12-2003].

*Jurisprudência em teses – STJ – Edição nº 115:


1) A Justiça do Trabalho não tem competência para decidir os feitos em que se discutem critérios utilizados pela
administração para a seleção e a admissão de pessoal em seus quadros, uma vez que envolve fase anterior à
investidura no emprego público.
2) Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas visando a obtenção de prestações trabalhistas, nas
hipóteses em que o trabalhador foi admitido na administração pública pelo regime celetista, antes da Constituição
Federal de 1988 e sem concurso público.
3) As contratações temporárias celebradas pela administração pública, na vigência da Constituição Federal de 1988,
ostentam caráter precário e submetem-se à regra do art. 37, inciso IX, não sendo passíveis de transmutação de sua
natureza eventual pelo decurso do tempo.
4) Não ocorre a decadência administrativa prevista no art. 54 da Lei n. 9.784/1999 em situações de evidente
inconstitucionalidade, como é o caso de admissão de servidores sem concurso público.
5) Não é possível estender a estabilidade excepcional do art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
- ADCT aos servidores contratados sem concurso público após a promulgação da Constituição Federal de 1988.
6) A contratação de servidores temporários ou o emprego de servidores comissionados, terceirizados ou
estagiários, por si sós, não caracterizam preterição na convocação e na nomeação de candidatos advindos de
concurso público, tampouco autorizam a conclusão de que tenham automaticamente surgido vagas correlatas no
quadro efetivo, a ensejar o chamamento de candidatos aprovados em cadastro de reserva ou fora do número de
vagas previstas no edital.
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7) Ocorrida a vacância na titularidade da serventia extrajudicial na vigência da atual Constituição Federal, o
provimento de novo titular deve ser realizado por meio de concurso público, nos termos do art. 236, § 3º, da
CF/1988.
8) O direito à liberdade de crença, assegurado pela Constituição, não pode criar situações que importem
tratamento diferenciado - seja de favoritismo, seja de perseguição - em relação a outros candidatos de concurso
público que não professam a mesma crença religiosa.
9) É ilegítima a previsão de edital de concurso público que exige o prévio registro na Delegacia Regional do Trabalho
como condição para que os graduados em Letras ou em Secretariado Bilíngue exerçam a atividade de Secretário-
Executivo.
10) A investigação social em concursos públicos, além de servir à apuração de infrações criminais, presta-se a
avaliar idoneidade moral e lisura daqueles que desejam ingressar nos quadros da administração pública.
11) Em concursos públicos, a inaptidão na avaliação psicológica ou no exame médico exige a devida
fundamentação.
12) É indevida a acumulação de proventos de duas aposentadorias, de cargos públicos não acumuláveis na
atividade, ainda que uma delas seja proveniente do reingresso no serviço público mediante aprovação em
concurso, antes da Emenda Constitucional n. 20/98.

- Nomeação
A regra é de que o candidato tem mera expectativa de direito à nomeação. Porém, em algumas
hipóteses, o candidato tem direito subjetivo à nomeação. Vejamos:

1. Preterição do Candidato (Súmula 15, STJ)


2. Administração celebra vínculos precários
3. Aprovação dentro do número de vagas (RG – RE 598099)
4. Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e
ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos
termos acima. STF. Plenário. RE 837311/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/12/2015 (repercussão
geral) (Info 811)

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #OLHAOGANCHO

CONCURSO PÚBLICO: A posse ou o exercício em cargo público por força de decisão judicial de caráter provisório
não implica a manutenção, em definitivo, do candidato que não atende a exigência de prévia aprovação em
concurso público (art. 37, II, da CF/88), valor constitucional que prepondera sobre o interesse individual do
candidato, que não pode invocar, na hipótese, o princípio da proteção da confiança legítima, pois conhece a
19
precariedade da medida judicial. Em suma, não se aplica a teoria do fato consumado para candidatos que
assumiram o cargo público por força de decisão judicial provisória posteriormente revista. STF. 1ª Turma. RMS
31538/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 17/11/2015 (Info 808). STF.
Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014 (repercussão geral) (Info 753).

O mero surgimento de vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo não gera direito subjetivo à
nomeação do candidato aprovado fora do número de vagas, cabendo a ele demonstrar, de forma inequívoca, que
houve preterição arbitrária e imotivada por parte da administração pública. No caso concreto, o STF entendeu que
isso não ficou comprovado. Assim, para o Tribunal, a situação não se enquadra nas hipóteses previstas no RE
837311/PI. STF. 1ª Turma. RMS 31478/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin,
julgado em 9/8/2016 (Info 834)

Situação 1: o candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital de concurso público tem direito
subjetivo à nomeação quando o candidato imediatamente anterior na ordem de classificação, aprovado dentro do
número de vagas, for convocado e manifestar desistência. Ex: eram 10 vagas e João passou em 11º lugar; ocorre
que o 10º colocado foi convocado e desistiu de assumir; João tem direito subjetivo de ser nomeado. Em suma, tem
direito subjetivo à nomeação o candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital, mas que passe a
figurar entre as vagas em decorrência da desistência de candidatos classificados em colocação superior.
Situação 2: o candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital de concurso público tem direito
subjetivo à nomeação quando o candidato imediatamente anterior na ordem de classificação, embora aprovado
fora do número de vagas, for convocado para vaga surgida posteriormente e manifestar desistência. Ex: João fez
um concurso público para o cargo de Procurador do Estado, cujo edital previa 10 vagas, tendo sido aprovado e, na
classificação final, ficou em 12º lugar. Os 10 candidatos aprovados nas primeiras posições foram nomeados e
empossados. Um ano depois, é aprovada uma lei criando uma nova vaga para o cargo de Procurador do Estado.
Pedro, o candidato aprovado em 11º lugar no concurso, foi convocado para tomar posse no cargo, mas, por ter
outros interesses, acabou desistindo de assumir. STJ. 1ª Turma. AgRg no ROMS 48.266-TO, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 18/8/2015 (Info 567). STJ. 1ª Turma. AgRg noRMS 41.031-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 18/8/2015 (Info 567).
- Exceções: O STF, ao analisar o tema em sede de repercussão geral, identificou hipóteses excepcionais em que a
Administração pode deixar de realizar a nomeação de candidato aprovado dentro do número de vagas, desde que
se verifique a ocorrência de uma situação com as seguintes características (RE 598.099/MS, Pleno, DJe de
3/10/2011):
 Superveniência: os eventuais fatos ensejadores de uma situação excepcional devem ser necessariamente
posteriores à publicação do edital do certame público;
 Imprevisibilidade: a situação deve ser determinada por circunstâncias extraordinárias, imprevisíveis à
época da publicação do edital;
20
 Gravidade: os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente graves, implicando
onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras do edital;
 Necessidade: a solução drástica e excepcional de não cumprimento do dever de nomeação deve ser
extremamente necessária, de forma que a Administração somente pode adotar tal medida quando absolutamente
não existirem outros meios menos gravosos para lidar com a situação excepcional e imprevisível.
- O candidato aprovado fora do número de vagas não tem direito subjetivo à nomeação, mesmo que surjam ou
sejam criadas vagas durante o prazo de validade do concurso. Assim, o fato de terem sido criados novos cargos
enquanto ainda vigente o concurso não obriga, por si só, a Administração a nomear o candidato aprovado fora do
número de vagas. Somente existe direito subjetivo à nomeação dos candidatos aprovados dentro do número de
vagas inicialmente previsto no instrumento convocatório, restando à Administração o exercício do seu poder
discricionário para definir pela conveniência de se nomear os candidatos elencados em cadastro de reserva.
Tampouco obriga, a princípio, a administração a prorrogar o prazo de validade do concurso, ato discricionário,
submetido ao juízo de oportunidade e conveniência administrativas. (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1263916/PR, Rel.
Min. Castro Meira, julgado em 14/08/2012).
- Exceção: O candidato aprovado fora do número de vagas do edital adquire direito subjetivo à nomeação caso
consiga comprovar que: surgiram novas vagas durante o prazo de validade do concurso público; e existe interesse
da Administração Pública e disponibilidade orçamentária para preencher essas vagas.

A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à qual atribuída eficácia
retroativa, não gera direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam se houvesse ocorrido, a
tempo e modo, a nomeação. STF. Plenário. RE 629392 RG/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/6/2017
(repercussão geral) (Info 868).

* #IMPORTANTE: O STF, em sede de repercussão geral, fixou a seguinte tese: Na hipótese de posse em cargo
público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização, sob fundamento de que deveria ter
sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante. STF. Plenário. RE 724347/DF, rel.
orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 26/2/2015 (repercussão geral) (Info
775). Esse entendimento do STF aplica-se mesmo que o erro tenha sido reconhecido administrativamente pelo
Poder Público (e não por decisão judicial). Assim, a nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público
não gera direito à indenização, ainda que a demora tenha origem em erro reconhecido pela própria Administração
Pública. STJ. 1ª Turma. REsp 1.238.344-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 30/11/2017 (Info 617).

* #IMPORTANTE: A desistência de candidatos melhor classificados em concurso público convola a mera expectativa
em direito líquido e certo, garantindo a nomeação dos candidatos que passarem a constar dentro do número de
vagas previstas no edital. STJ. 1ª Turma. RMS 53.506-DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 26/09/2017
21
(Info 612). STJ. 2ª Turma. RMS 52.251/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 05/09/2017. STF. 1ª
Turma. ARE 1058317 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 01/12/2017.

*#JURISEMTESES4 #STJ:

1) o poder judiciário não pode substituir a banca examinadora do certame e tampouco se imiscuir nos critérios de
atribuição de notas e de correção de provas, visto que sua atuação se restringe ao controle jurisdicional da
legalidade do concurso público e da observância do princípio da vinculação ao edital.

2) a divulgação, ainda que a posteriori, dos critérios de correção das provas dissertativas ou orais não viola, por si
só, o princípio da igualdade, desde que os mesmos parâmetros sejam aplicados uniforme e indistintamente a todos
os candidatos

3) o provimento originário em concurso público não permite a invocação do instituto da remoção para
acompanhamento de cônjuge ou companheiro, em razão do prévio conhecimento das normas expressas no edital
do certame.

4) a administração pública pode anular, a qualquer tempo, o ato de provimento efetivo flagrantemente
inconstitucional, pois o decurso do tempo não possui o condão de convalidar os atos administrativos que afrontem
a regra do concurso público.

5) a investidura em cargo público efetivo submete-se a exigência de prévio concurso público, sendo vedado o
provimento mediante transposição, ascensão funcional, acesso ou progressão.

6) na hipótese de abertura de novo concurso público dentro do prazo de validade do certame anterior, o termo
inicial do prazo decadencial para a impetração do mandado de segurança por candidatos remanescentes é a data
da publicação do novo edital.

7) a nomeação ou a posse tardia de candidato aprovado em concurso público, por força de decisão judicial, não
configura preterição ou ato ilegítimo da administração pública a justificar uma contrapartida indenizatória, salvo
situação de arbitrariedade flagrante.

8) a nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de decisão judicial, à qual atribuída
eficácia retroativa, não gera direito às promoções e às progressões funcionais que alcançariam caso a nomeação
houvesse ocorrido a tempo e a modo.

4
ttp://www.stj.jus.br/internet_docs/jurisprudencia/jurisprudenciaemteses/Jurisprud%EAncia%20em%20teses%20103%20-
%20Concurso%20P%FAblico%20-%20IV.pdf
22
9) a vedação de execução provisória de sentença contra a fazenda pública inserida no art. 2º-b da lei n. 9.494/1997
não incide na hipótese de nomeação e de posse em razão de aprovação em concurso público.

10) a contratação de servidores sem concurso público, quando realizada com base em lei municipal autorizadora,
descaracteriza o ato de improbidade administrativa, em razão da ausência de dolo genérico do gestor público.

11) o titular da conta vinculada ao FGTS tem o direito de sacar o saldo respectivo quando declarado nulo seu
contrato de trabalho por ausência de prévia aprovação em concurso público. (súmula n. 466/stj) (tese julgada sob
o rito do art. 543-c do cpc/1973 – tema 141)

*#STF #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #DIZERODIREITO: O CNJ não pode substituir a banca examinadora


do concurso na escolha das questões, na correção de provas e nas atribuições de notas. Assim, ao Conselho é
defeso (proibido) substituir o critério valorativo para escolha e correção das questões pela Banca Examinadora
nos concursos públicos.
O CNJ pode, no entanto, substituir, anular ou reformar decisões da banca do concurso que firam os
princípios da razoabilidade, da igualdade, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade. Isso
porque a discricionariedade da banca de concurso não se confunde com arbitrariedade. Se houver desrespeito aos
princípios constitucionais da administração pública, será possível a plena revisão da decisão pelo Conselho.
Ex: o CNJ pode anular decisão do Tribunal de Justiça que, em concurso de cartório, deu interpretação
equivocada a determinado item do edital, e conferiu pontuação indevida a certos candidatos na fase de títulos. A
pontuação conferida pela Comissão no TJ violava à Resolução do CNJ que regulamenta os concursos de cartório.
Neste caso, o CNJ atuou dentro dos limites constitucionais do controle administrativo. STF. 1ª Turma. MS 33527/RJ,
rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/3/2018 (Info 895).

- Estabilidade

Aquisição
Previsão legal – art. 41, CF.
Requisitos (EC n. 19/98):
Prévia Aprovação em Concurso Público
Nomeação em Cargo Efetivo
03 anos de exercício
Avaliação Especial de Desempenho
23
Obs.: estabilidade para emprego público é uma matéria divergente. Contudo, prevalece o entendimento de que
somente titulares de cargos efetivos possuem estabilidade, ou seja, a partir da EC n. 19/98 os empregados públicos
perderam o direito a adquirir estabilidade.

Perda
Avaliação Periódica de Desempenho (EC 19/98) – Regulamentação por LC
Processo Administrativo Disciplinar
Processo Judicial com Transito em Julgado
Racionalização da Máquina Administração (art. 169, CF).

Obs.: Estágio Probatório


Redação original da CF/1988 – 2 anos de exercício para adquirir estabilidade.
Art. 20, da Lei n. 8.112/90 – 24 meses (estágio probatório).
EC n. 19/98 – 3 anos de exercício para adquirir estabilidade (art. 41, CF).
*#OUSESABER: A compatibilidade entre deficiência e funções do cargo só pode ser avaliada durante estágio
probatório.
Segundo decidiu a Segunda Turma do STJ, “de acordo com as disposições do Decreto n. 3.298, de 20 de dezembro
de 1999, a avaliação entre as atribuições do cargo e a deficiência do candidato somente deveria ser feita por equipe
multiprofissional durante o estágio probatório” (AgInt no RMS 51307, Rel. Min. Francisco Falcão).

* Se a estabilidade e estágio probatório forem reconhecidos como institutos dependentes, ambos devem
ter o mesmo prazo, ou seja, 03 anos. Para quem adota essa visão, o art. 20, da Lei n. 8.112/90, não foi recepcionado
pela nova regra da CF trazida pela EC n. 19/98 (não é materialmente competente) – AGU, STF, STJ.

* Se a estabilidade e estágio probatório forem reconhecidos como institutos independentes, ambos


podem ter prazos distintos, permanecendo a estabilidade alcançada em 03 anos e o estágio probatório com
duração de 24 meses. Logo, quem adota essa posição entende que o art. 20, da Lei n. 8.112 foi recepcionado pela
CF – Congresso Nacional.

Art. 19 do ADCT da CF/88 O ADCT da CF/88 previu que os servidores públicos que estavam em exercício há
pelo menos 5 anos quando a Constituição Federal foi promulgada, deveriam ser considerados estáveis mesmo que
não tivessem sido admitidos por meio de concurso público. Desse modo, quem ingressou no serviço público, sem
concurso, até 05/10/1983 (5 anos antes da CF/88) e assim permaneceu, de forma continuada, tornou-se estável
com a edição da CF/88. Trata-se, contudo, de regra excepcional e que somente vigorou para esses casos.

Veja a redação do dispositivo: Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da
24
promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma
regulada no art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço público. (...) § 2º — O disposto neste
artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos de confiança ou em comissão, nem aos que a lei
declare de livre exoneração, cujo tempo de serviço não será computado para os fins do "caput" deste artigo, exceto
se se tratar de servidor. § 3º — O disposto neste artigo não se aplica aos professores de nível superior, nos termos
da lei.

#DEOLHONOJULGADO: O art. 19 do ADCT da CF/88 previu que os servidores públicos que estavam em exercício há
pelo menos 5 anos quando a Constituição Federal foi promulgada, deveriam ser considerados estáveis, mesmo não
tendo sido admitidos por meio de concurso público. Desse modo, quem ingressou no serviço público, sem
concurso, até 05/10/1983 e assim permaneceu, de forma continuada, tornou-se estável com a edição da CF/88. É
inconstitucional Constituição estadual ou lei estadual que amplie a abrangência do art. 19 do ADCT e preveja
estabilidade para servidores públicos admitidos sem concurso público mesmo após 05/10/1983 (5 anos antes da
CF/88). STF. Plenário. ADI 1241/RN, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/09/2016 (Info 840). O STF decidiu,
contudo, modular os efeitos da decisão. A Lei 6.697/94, do RN, foi declarada inconstitucional. Logo, como
consequência dessa decisão, todos os servidores públicos que estivessem nessa situação deveriam ser exonerados
imediatamente. Ocorre que o STF entendeu que isso iria gerar graves consequências para o funcionamento da
Administração Pública estadual que, de uma hora para outra, ficaria privada de centenas de servidores. Diante
disso, a Corte decidiu que a decisão somente teria eficácia a partir de 12 meses contados da data da publicação da
ata de julgamento. Nesse período, haverá tempo hábil para a realização de concurso público, nomeação e posse de
novos servidores, evitando-se, assim, prejuízo à prestação do serviço público de ensino superior na URRN. Além
disso, o STF ressalvou dos efeitos da decisão os servidores que já estejam aposentados e aqueles que, até a data de
publicação da ata do julgamento, tenham preenchido os requisitos para a aposentadoria. Em outras palavras, se a
pessoa se aposentou (ou reuniu os requisitos para se aposentar com base na Lei 6.697/94), ela terá direito de
continuar aposentada (ou se aposentar) mesmo essa lei tendo sido declarada inconstitucional.

- Sistema Remuneratório
Modalidades
a) Remuneração (Vencimentos) = Salário Base (Vencimento) + Parcela Variável
b) Subsídio = Parcela Única
→ Chefes do Executivo e Vices, Auxiliares Imediatos do Poder Executivo;
→ Membros do Poder Legislativo – SF, DF, DE, Vereadores;
→ Membros da Magistratura e Membros do MP;
→ AGU, Procuradores e Defensores;
→ Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas;
25
→ Polícias

*#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA: O art. 39, § 4º, da Constituição Federal não é incompatível com o pagamento de
terço de férias e décimo terceiro salário. Os agentes políticos, como é o caso dos Prefeitos e Vice-Prefeitos, não
devem ter um tratamento melhor, mas também não podem ter uma situação pior do que a dos demais
trabalhadores. Se todos os trabalhadores em geral têm direito a um terço de férias e têm direito a décimo terceiro
salário, não se mostra razoável que isso seja retirado da espécie de servidores públicos (Prefeitos e Vice-Prefeitos).
STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em
1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852).

Obs.: procuradores municipais não são remunerados por subsídios.


Obs.: cargos de carreira PODEM receber subsídios.
Obs.: é possível o pagamento fora do subsídio das verbas indenizatórias (diárias, ajuda de custo,
transporte) e as verbas do art. 39, §3°, CF (art. 7°, CF).

A fixação e modificação da remuneração devem ser feitas por meio de lei.


Exceções:
I. Congresso Nacional fixa por meio de Decreto Legislativo a remuneração dos seus membros, do
Presidente e Vice Presidente da República e Ministros de Estados (art. 49, CF).
II. Câmara Municipal fixa por meio de Decreto Legislativo a remuneração dos seus membros.

*#OUSESABER: Servidor público está sendo processado criminalmente. É possível reduzir os seus vencimentos em
razão disso, com base em previsão legal? Segundo o STF, não! Previsão nesse sentido ofende a presunção de
inocência e a irredutibilidade de vencimentos. Ainda, temos que, mesmo que se preveja que ocorrerá a devolução
dos valores caso ele seja absolvido, não é possível tal previsão. Vejamos: A redução de vencimentos de servidores
públicos processados criminalmente colide com o disposto nos arts. 5º, LVII, e 37, XV, da Constituição, que abrigam,
respectivamente, os princípios da presunção de inocência e da irredutibilidade de vencimentos. Norma estadual
não recepcionada pela atual Carta Magna, sendo irrelevante a previsão que nela se contém de devolução dos
valores descontados em caso de absolvição. [RE 482.006, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 7-11-2007, P, DJ de 14-
12-2007.] (ARE 776.213 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 19-8-2014, 2ª T, DJE de 4-9-20140, AI 723.284 AgR, rel. min.
Dias Toffoli, j. 27-8-2013, 1ª T, DJE de 23-10-2013).

Teto Remuneratório
26
O teto remuneratório foi inserido pela EC n. 19/98. Criou, porém, apenas o teto geral que é o valor
recebido pelos ministros do STF. A EC n. 41/03 criou subtetos. Vejamos (art. 37, XI, CF): XI - a remuneração e o
subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional,
dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão
exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito
do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos
Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável
este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: O direito à percepção de VPNI não impede a sua eventual absorção pelo
subsídio e do mesmo modo, não inviabiliza a aplicação do teto constitucional, que inclui a vantagem de caráter
pessoal no cômputo da remuneração do servidor para observância do teto. STJ. 1ª Turma. RMS 33744-DF, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, julgado em 05/04/2018 (Info 624).

*#DEOLHONAJURIS #STF #DIZERODIREITO: Incide o teto remuneratório constitucional aos substitutos interinos de
serventias extrajudiciais. STF. 2ª Turma. MS 29.039/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/11/2018 (Info 923).

Subtetos
i) Âmbito da União = Ministro do STF
ii) Âmbito dos Estados
Poder Executivo = Governador
Poder Legislativo = Deputado Estadual
Poder Judiciário = Desembargador (90,25% do subsídio do Ministro do STF)
ADI 3854 = 90,25% é limite de remuneração do cargo de desembargador.
Obs.: promotor, procurador de justiça, procurador de estado e defensores públicos estaduais possuem
como subteto o subsídio do desembargador.
iii) Âmbito dos Municípios = Prefeito

*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF: A expressão "Procuradores", contida na parte final do inciso XI do art. 37


da Constituição da República, compreende os procuradores municipais, uma vez que estes se inserem nas funções
27
essenciais à Justiça, estando, portanto, submetidos ao teto de 90,25% (noventa inteiros e vinte e cinco centésimos
por cento) do subsídio mensal, em espécie, dos ministros do STF. STF. Plenário. RE 663696/MG, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 28/2/2019 (Info 932). #IMPORTANTE

#OUSESABER: O STF, no julgamento do ARE 652777, em sede de repercussão geral, entendeu ser POSSÍVEL a
publicação pela Administração Pública dos vencimentos de servidores públicos na Internet, inclusive por meio de
relação nominal. Confira-se: Ementa: “CONSTITUCIONAL. PUBLICAÇÃO, EM SÍTIO ELETRÔNICO MANTIDO PELO
MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, DO NOME DE SEUS SERVIDORES E DO VALOR DOS CORRESPONDENTES VENCIMENTOS.
LEGITIMIDADE. 1. É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos
nomes dos seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. 2. Recurso
extraordinário conhecido e provido”. A controvérsia relaciona-se ao embate entre o direito fundamental ao acesso
à informação e o direito fundamental à inviolabilidade da intimidade e da vida privada. Entendeu a Suprema Corte
que as informações em questão são de INTERESSE DA COLETIVIDADE, estando a sua divulgação em consonância
com o PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE que rege a Administração Pública. O agente público, ao ingressar nos quadros da
Administração, tem a sua esfera de privacidade MITIGADA, não podendo pretender gozar da mesma proteção dada
ao cidadão comum.

#DEOLHONAJURISPRUDENCIA - SERVIDORES PÚBLICOS. PISO SALARIAL NACIONAL DE PROFESSORES. A Lei nº


11.738/2008, em seu art. 2º, § 1º, ordena que o vencimento inicial das carreiras do magistério público da educação
básica deve corresponder ao piso salarial profissional nacional, sendo vedada a fixação do vencimento básico em
valor inferior, não havendo determinação de incidência automática em toda a carreira e reflexo imediato sobre as
demais vantagens e gratificações, o que somente ocorrerá se estas determinações estiverem previstas nas
legislações locais. STJ. 1ª Seção. REsp 1.426.210-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 23/11/2016 (recurso
repetitivo) (Info 594).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O art. 4º da Lei nº 11.738/2008 estabelece que os professores deverão
cumprir sua jornada de trabalho da seguinte forma: • 2/3 da carga horária é para atividades de sala de aula; e • 1/3
da carga horária pode ser utilizado para atividades extraclasse (ex: preparação das aulas, reuniões pedagógicas,
reuniões com os pais etc.). Em alguns Estados, a hora-aula do professor não é de 60 minutos, mas sim de 50
minutos (se diurna) ou 45 minutos (se noturna). Esses 10 ou 15 minutos que sobram como intervalo são
considerados como atividades de interação com os educandos (e não como atividades extraclasse). Assim, o
cômputo dos 10 ou 15 minutos que faltam para que a “hora-aula” complete efetivamente uma “hora de relógio”
não pode ser considerado como tempo de atividade extraclasse dos profissionais do magistério. STJ. 2ª Turma. REsp
1.569.560-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, Rel. Ac. Min. Og Fernandes, julgado em 21/06/2018 (Info 644).
28
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: A Constituição do Estado do Ceará prevê que deverá ser assegurada
isonomia salarial para docentes em exercício, com titulação idêntica, respeitando-se o grau de ensino em que
estiverem atuando. O STF decidiu que essa regra é constitucional e que não ofende o art. 37, XIII, da CF/88. Isso
porque não há, no caso, equiparação salarial de carreiras distintas, considerando que se trata especificamente da
carreira de magistério público e de docentes com titulação idêntica. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: São inconstitucionais os arts. 154, § 2º; 167, XII e XIII, §§ 1º e 2º; e 174, da
Constituição do Estado do Ceará, e os arts. 27 e 28 do seu ADCT. Tais dispositivos tratam de remuneração e direitos
de servidores públicos, que, por não encontrarem similares na CF/88, somente poderiam ser veiculados por meio
de lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo. São previsões específicas que não tratam da organização e
estruturação do Estado-membro ou de seus órgãos, mas que versam sobre o regime jurídico de servidores públicos.
STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: A Constituição do Estado do Ceará previa que deveria ser assegurado “aos
servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações, isonomia de vencimentos para cargos
de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.” O STF
decidiu que é inconstitucional a expressão “das autarquias e das fundações”. Isso porque a equiparação
remuneratória entre servidores, a teor da redação originária do art. 39, § 1º, da CF/88, restringiu-se aos servidores
da administração direta, não mencionando os entes da administração indireta, como o faz a norma impugnada.
Além disso, o dispositivo estadual não foi recepcionado, em sua integralidade, pela redação atual do art. 39 da
Constituição Federal, na forma EC 19/1998. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018
(Info 907).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Foi instituído, no Tribunal de Justiça de São Paulo, o pagamento de uma
verba pela atuação em 2ª instância de magistrados de 1ª instância. Em outras palavras, o juiz era convocado para
atuar nos processos do Tribunal e, em razão disso, recebia uma verba que ficou conhecida como “auxílio-voto”. O
CNJ, em procedimento de controle administrativo (PCA), considerou a verba irregular, por suposta ofensa ao teto
constitucional, e determinou a devolução dos valores recebidos pelos juízes. O STF cassou a decisão do CNJ.
Argumentos: 1) A decisão do CNJ violou o devido processo legal administrativo e os princípios do contraditório e da
ampla defesa. Isso porque os magistrados não foram notificados para apresentação de defesa escrita, além de não
terem participado da instrução processual. A decisão proferida pelo Conselho surpreendeu a todos os envolvidos.
Além disso, o PCA no qual o CNJ decidiu pela irregularidade da verba foi instaurado para tratar sobre assunto
29
completamente diverso. 2) A verba paga aos magistrados de 1ª instância que atuaram nos processos do Tribunal de
Justiça foi regular, considerando que baseada no art. 124 da LC 35/79 (LOMAN). Essa convocação de juízes para
atuar no Tribunal é válida e não viola a CF/88. Como essa convocação de juízes é válida (compatível com a CF/88), é
natural que seja devido o pagamento de um valor como forma de “recomposição patrimonial dos magistrados,
dado o exercício extraordinário de atribuições transitórias desempenhadas acumuladamente com a jurisdição
ordinária”. De igual modo, como se trata de uma verba prevista em lei, fica afastada qualquer alegação de má-fé.
Como a verba em questão servia para pagar os magistrados por um serviço extraordinário, elas não estavam
abrangidas pelo subsídio. STF. 2ª Turma. MS 29002/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/8/2018 (Info 910).

*#DEOLHONAJURIS #STF #DIZERODIREITO: Não deve ser determinada a devolução de valores recebidos de boa-fé
por servidor público, percebidos a título precário no período em que liminar produziu efeitos. É desnecessária a
devolução dos valores recebidos por liminar revogada, em razão de mudança de jurisprudência. Também é
descabida a restituição de valores recebidos indevidamente, circunstâncias em que o servidor público atuou de
boa-fé. STF. 1ª Turma. MS 32.185/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13/11/2018 (Info 923).

- Competência para julgamento das ações


Se o servidor for do regime legal (estatutário) a justiça comum é competente.
Se o agente é do regime contratual (celetista) a justiça trabalhista é competente.

A discussão voltou a surgir com a EC n. 45/04 (art. 114, I, CF). Contudo, na ADI 3395, o STF reafirmou que
o estatutário é da justiça comum e celetista da justiça do trabalho. E os contratos temporários? O STF (Repercussão
Geral – RE 573.202) decidiu que os contratos temporários são regidos por regime jurídico administrativo especial.
Logo, a competência para julgamento é da justiça comum.

- Acumulação (art. 37, XVI e XVII e art. 38, ambos da CF)


XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas,
direta ou indiretamente, pelo poder público;

Atividade + Atividade = horário compatível + teto remuneratório + hipóteses da atividade.


XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
30
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas;

Conceito de cargo técnico para fins do art. 37, xvi, “b”, da CF/88
#IMPORTANTE – A CF/88 permite a acumulação de um cargo de professor com outro técnico ou científico (art. 37,
XVI, “b”). Somente se pode considerar que um cargo tem natureza técnica se ele exigir, no desempenho de suas
atribuições, a aplicação de conhecimentos especializados de alguma área do saber. Não podem ser considerados
cargos técnicos aqueles que impliquem a prática de atividades meramente burocráticas, de caráter repetitivo e que
não exijam formação específica. Nesse sentido, as atividades de agente administrativo, descritas como atividades
de nível médio, não se enquadram no conceito constitucional. [STF. 1ª Turma. RMS 28497/DF, rel. orig. Min. Luiz
Fux, red. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado em 20/05/2014]

Não é possível a acumulação de dois cargos públicos quando a soma da carga horária referente aos dois cargos
ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais. STJ. 2ª Turma. REsp 1.565.429-SE, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 24/11/2015 (Info 576).

*#OUSESABER: A acumulação de cargos públicos remunerados pode resultar em jornada superior a 60h semanais?
A proibição de acumulação de cargos públicos remunerados e suas exceções estão postas na CF: Art. 37. XVI - é
vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários,
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
04/06/98) a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de
dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; Pergunta: e se essa
acumulação resultar em jornada superior a 60h semanais, seria possível a acumulação? Consoante entendimento
do STJ, MS 19.336-DF, e inclusive modificando entendimento anterior, é vedada a acumulação de cargos públicos
quando a soma da carga horária referente aos dois cargos ultrapassar o limite máximo de sessenta horas
semanais. Razões: 1) Necessidade de interpretação de modo restritivo da acumulação; 2) Atendimento ao
princípio da eficiência; 3) Necessidade de manutenção da higidez física e mental do servidor.
*#NOVIDADE #SELIGA: A posição atual e majoritária é no sentido de que é possível a acumulação de cargos mesmo
que a jornada semanal ultrapasse 60h: A acumulação de cargos de profissionais da área da saúde, prevista no art.
37, XVI, da CF/88 não se sujeita ao limite de 60 horas semanais prevista em norma infraconstitucional, pois inexiste
tal requisito na Constituição Federal. O único requisito estabelecido para a acumulação é a compatibilidade de
horários no exercício das funções, cujo comprometimento deverá ser aferido pela administração pública. STF. 1
Turma. RE 1.094.802 AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 11/5/2018. #POLEMICO

*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF#IMPORTANTE: É possível a acumulação de cargos mesmo que a jornada


semanal ultrapasse 60h!!! A acumulação de cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no art. 37,
31
XVI, da CF/88, não se sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional, pois inexiste tal
requisito na Constituição Federal. O único requisito estabelecido para a acumulação é a compatibilidade de horários
no exercício das funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela administração pública. STF. 1ª Turma. RE
1176440/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 9/4/2019 (Info 937). STF. 2ª Turma. RMS 34257 AgR, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/06/2018. STJ. 1ª Seção. REsp 1767955/RJ, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 27/03/2019.

*#DEOLHONAJURIS #STJ #DIZERODIREITO: A acumulação de cargos públicos de profissionais da área de saúde,


prevista no art. 37, XVI, da CF/88, não se sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em norma
infraconstitucional, pois inexiste tal requisito na Constituição Federal. O único requisito estabelecido para a
acumulação é a compatibilidade de horários no exercício das funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela
administração pública. STF. 1ª Turma. RE 1.094.802 AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/5/2018.
STF. 2ª Turma. RMS 34257 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/06/2018. STJ. 2ª Turma. REsp
1.746.784-PE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 23/08/2018 (Info 632).

*#IMPORTANTE: Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a


incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados,
afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público. Ex: se
determinado Ministro do STF for também professor da UnB, ele irá receber seu subsídio integral como Ministro e
mais a remuneração decorrente do magistério. Nesse caso, o teto seria considerado especificamente para cada
cargo, sendo permitido que ele receba acima do limite previsto no art. 37, XI da CF se considerarmos seus ganhos
globais. STF. Plená rio. RE 612975/MT e RE 602043/MT, Rel. Min. Marco Aurelio, julgados em 26 e 27/4/2017
(repercussão geral) (Info 862).

Aposentado + Aposentado= hipóteses da atividade.

Aposentado + Atividade
a) hipóteses da atividade;
b) mandato eletivo;
c) cargo em comissão
d) anterior EC 20/98 – direito adquirido para acumulação interior

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: A Constituição do Estado do Ceará previa que o servidor, ao se aposentar,


deveria receber, como proventos, o valor pecuniário correspondente ao padrão de vencimento imediatamente
superior ao da sua classe funcional, e, se já ocupasse o último escalão, faria jus a uma gratificação adicional de 20%
32
sobre a sua remuneração. O STF decidiu que essa previsão não era considerada materialmente inconstitucional à
época da edição da Carta, uma vez que a superação da remuneração em atividade era tolerada na redação original
da CF. Porém, essa regra não foi recepcionada pela EC 20/98 que proibiu a superação do patamar remuneratório da
atividade e a impossibilidade de incorporação da remuneração do cargo em comissão para fins de aposentadoria
(art. 40, §§ 2º e 3º, da CF/88). STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907).

Atividade + Mandato Eletivo


Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
sua remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada
a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados como se no
exercício estivesse.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: O Auditor Fiscal do Trabalho, com especialidade em medicina do trabalho,


não pode cumular o exercício do seu cargo com outro da área de saúde. STJ. 1ª Turma. REsp 1.460.331-CE, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/04/2018 (Info 625).

4. Seguridade Social

A União manterá plano de seguridade para os seus servidores e dependentes. Compreendem as seguintes
garantias: o servidor terá direito à aposentadoria, ao auxílio natalidade (concedido pelo nascimento do filho,
inclusive natimorto e parto múltiplo – quantia equivalente ao menor vencimento do serviço público, acrescido de
50% por nascituro), ao salário família (cônjuge ou companheiros, filhos até os 21 anos de idade ou estudante até 24
anos, ou filho inválido em qualquer idade), licença para tratamento de saúde do servidor* (com base em perícia
médica, sem prejuízo da remuneração), licença maternidade (durante 120 dias, com remuneração a contar do
primeiro dia do 9º mês ou do dia do parto em nascimento prematuro, podendo a licença ser prorrogada por mais
60 dias, a pedido da servidora. Em caso de natimorto ou aborto, a servidora tem licença gestante por 30 dias. A
amamentação pode ser realizada em 1h de descanso), licença paternidade (5 dias).
33

A licença que exceder a 120 dias no período de 12 meses, a contar do primeiro dia de afastamento, é
preciso ser analisada por junta médica.

*#IMPORTANTE: O art. 210 da Lei nº 8.112/90, assim como outras leis estaduais e municipais, prevê que o prazo
para a servidora que adotar uma criança é inferior à licença que ela teria caso tivesse tido um filho biológico. De
igual forma, este dispositivo estabelece que, se a criança adotada for maior que 1 ano de idade, o prazo será menor
do que seria se ela tivesse até 1 ano. Segundo o STF, tal previsão é inconstitucional. Foi fixada, portanto, a seguinte
tese: Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores ao prazo da licença-gestante, o mesmo valendo
para as respectivas prorrogações. Em relação à licença-adotante, não é possível fixar prazos diversos em função
da idade da criança adotada. STF. Plenário. RE 778889/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/3/2016
(repercussão geral) (Info 817). “Não existe fundamento constitucional para tratar de forma desigual a mãe gestante
e da mãe adotante, assim como não há razão para diferenciar o adotado mais velho do mais novo. Desse modo, se
a Lei prevê o prazo de 120 dias de licença-gestante, com prorrogação de mais 60 dias, tal prazo (inclusive com a
prorrogação) deverá ser garantido à mulher que adota uma criança (não importando a idade).”

Há também licença por acidente em serviço, tendo o servidor direito a remuneração integral e ao
tratamento. O servidor tem direito à assistência à saúde e garantia de condições individuais e ambientais
satisfatórias de trabalho.O dependente tem direito a pensão vitalícia e temporária, auxilio reclusão, auxilio funeral e
assistência à saúde.

#ATENÇÃO - Apenas concursos federais! As pessoas que tenham participado de operações bélicas durante a
Segunda Guerra Mundial, assim como seus dependentes, possuem direito a uma pensão especial prevista no art.
53, II e III, do ADCT da CF/88 e na Lei 8.059/90.A pensão especial é devida ao ex-combatente. Quando ele morre, a
pensão é revertida para os seus dependentes (art. 6º da Lei). O art. 5º da Lei 8.059/90 prevê o rol de dependentes
que têm direito ao benefício e nele não inclui o menor sob guarda. Mesmo com essa omissão, o STJ entendeu que,
na hipótese de morte do titular de pensão especial de ex-combatente, o menor de 18 anos que estava sob sua
guarda deve ser enquadrado como dependente para efeito de recebimento da pensão especial. Isso porque o art.
33, § 3º do ECA prevê que a guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins
e efeitos de direito, inclusive previdenciários. Além disso, dispensa-se o exame de eventual dependência
econômica, visto ser presumida por força da guarda do menor pelo instituidor do benefício. STJ. 1ª Turma. REsp
1.339.645-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 3/3/2015 (Info 561). STJ. 2ª Turma. REsp 1.550.168- SE, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/10/2015 (Info 572).
34
A CF/67 e a CF/88 (antes da EC 20/98) não proibiam que o militar reformado voltasse ao serviço público e,
posteriormente, se aposentasse no cargo civil, acumulando os dois proventos. Ex: João foi reformado como
Sargento do Exército em 1980. Voltou ao serviço público e se aposentou como servidor da ABIN (órgão público
federal), concedida em 1995. Essa acumulação de proventos é possível. O art. 11 da EC 20/98 proibiu,
expressamente, a concessão de mais de uma aposentadoria pelo regime de previdência dos servidores civis. No
entanto, este dispositivo não vedou a cumulação de aposentadoria de servidor público com proventos de militar.
Sendo possível a cumulação de proventos, é também permitido que o dependente acumule as duas pensões. Ex.:
Em 1996, João faleceu e Maria, sua esposa, passou a receber duas pensões por morte, uma decorrente de cada
vínculo acima explicado. STF. 2ª Turma. MS 25097/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/3/2017 (Info 859)

I. Aposentadoria dos servidores públicos

Existem dois regimes: o regime próprio de previdência social e regime geral de previdência social.

O RGPS está previsto nos artigos. 201 e seguintes da CF – administrado pelo Ministério da Previdência e
mantido pelo INSS. Quem estuda esse regime é o direito previdenciário.

Quem se aposenta pelo RGPS são os empregados privados, assim como os empregados públicos (pessoa
jurídica de direito público – celetista), os servidores de entes governamentais de direito privado (administração
pública indireta de direito privado – sociedade de economia mista e empresa pública), os contratados
temporariamente e os titulares de cargos em comissão.

A questão da aposentadoria dos cargos em comissão foi discutida na ADI 2024 – o STF manteve a
orientação de que tais cargos se submetem ao RGPS, apesar de serem estatutários.

Por sua vez, o RPPS está previsto no art. 40 da CF. É estudado pelo Direito Administrativo.

Quem se aposenta pelo RPPS são os servidores públicos titulares de cargos efetivos e vitalícios.

Obs.: os notariais são particulares que colaboram com o Estado. Assim, não perdendo a qualidade de particular,
recebem apenas delegação de função (art. 236, CF), e, portanto, se aposentam pelo RGPS. Estão fora, inclusive, da
aposentadoria compulsória.

#DEOLHONAJURIS - Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF aos titulares de
serventias judiciais não estatizadas, desde que não sejam ocupantes de cargo público efetivo e não recebam
35
remuneração proveniente dos cofres públicos. STF. Plenário. RE 647827/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
15/2/2017 (repercussão geral) (Info 854).

Obs.: os militares de âmbito federal possuem um regime diferenciado próprio (nem RPSS, nem RGPS) – eles não se
aposentam propriamente, mas entram em reserva remunerada. O custeio é realizado completamente pelo Estado.

#OUSESABER - O servidor que trabalhou como "aluno-aprendiz" pode utilizar este período como tempo de
serviço para fins de aposentadoria? Sim, no entanto, para isso é necessário que ele apresente certidão do
estabelecimento de ensino frequentado. Tal documento deve atestar a condição de aluno-aprendiz e o
recebimento de retribuição pelos serviços executados, consubstanciada em auxílios materiais diversos. Com a
edição da Lei nº 3.353/59, passou-se a exigir, para a contagem do tempo mencionado, a demonstração de que
a mão de obra foi remunerada com o pagamento de encomendas. O elemento essencial à caracterização do
tempo de serviço como aluno-aprendiz não é a percepção de vantagem direta ou indireta, mas a efetiva
execução do ofício para o qual recebia instrução, mediante encomendas de terceiros. Como consequência, a
declaração emitida por instituição de ensino profissionalizante somente comprova o período de trabalho caso
registre expressamente a participação do educando nas atividades laborativas desenvolvidas para atender aos
pedidos feitos às escolas. STF. 1ª Turma. MS 31518/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2017 (Info
853).

A redação originária do art. 192, I, da Lei nº 8.112/90 previa que o servidor público federal, ao se aposentar,
deveria receber, como proventos, a remuneração da classe superior a que pertencia. Esse art. 192 foi
revogado em 1997, pela Lei nº 9.527. Determinado Juiz Federal completou os requisitos para se aposentar em
1994. No entanto, optou por continuar trabalhando até 2010, quando pediu a aposentadoria. O STF entendeu
que, como ele preencheu os requisitos para se aposentar em 1994, ou seja, antes da Lei nº 9.527/97, ele teria
direito à regra prevista no art. 192, I, da Lei nº 8.112/90. Logo, ele, ao se aposentar como Juiz Federal, tem
direito de receber os proventos como se fosse Desembargador Federal (classe imediatamente superior àquela
em que ele se encontrava posicionado). STF. 1ª Turma. MS 32726/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o
ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2017 (Info 853).

*#OUSESABER: A demora excessiva na análise de pedido de aposentadoria por parte da Administração gera direito
à indenização ao servidor. Certo ou errado? O STJ já analisou situação análoga a esta e decidiu que a demora
excessiva na análise de pedido de aposentadoria por parte da Administração gera direito à indenização ao servidor,
posto que este tem que permanecer trabalhando até a data da decisão administrativa definitiva. Vejamos o julgado:
... I. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que a demora injustificada da Administração
em analisar o requerimento de aposentadoria - no caso, mais de 1 (um) ano - gera o dever de indenizar o servidor,
36
que foi obrigado a permanecer no exercício de suas atividades. Precedentes: STJ, REsp 968.978/MS, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 29/03/2011; AgRg no REsp 1.260.985/PR, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJe de 03/08/2012; REsp 1.117.751/MS, Rel. Ministra ELIANA CALMON,
SEGUNDA TURMA, DJe de 05/10/2009 (AgRg no Resp 1469301/SC). Ressalta-se que este julgamento não é isolado,
podendo ser citado também o entendimento exposto no AgInt no AREsp 483.398/PR, de 11/10/2016. Item correto!

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: O art. 3º, § 7º, da Lei nº 12.618/2012 e o art. 92 da Lei nº 13.328/2016
previram que os servidores titulares de cargos efetivos da União (inclusive magistrados, membro do MP e do TCU)
poderiam aderir, até o dia 29/07/2018, aos planos de benefícios administrados por entidades fechadas de
previdência complementar. Duas associações de magistrados ingressaram com ação requerendo a prorrogação
deste prazo. O STF, contudo, negou o pedido. O deferimento do pleito representaria indevida manipulação de
opção político-normativa do Parlamento. Ao STF, à semelhança do que ocorre com as demais Cortes
Constitucionais, cabe exercer o papel de legislador negativo. É sua a relevante função de extirpar do ordenamento
jurídico normas incompatíveis com a Lei Maior, devendo, exatamente por esse motivo, atuar com parcimônia. Não
há, sob o ângulo material ou formal, qualquer traço de incompatibilidade direta com a Constituição Federal. STF.
Plenário. ADI 4885 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 27/6/2018 (Info 908).

II. Regime Próprio de Previdência Social – RPPS

O ato de aposentadoria é ato complexo, pois depende de duas manifestações de vontades que ocorrerão
em dois órgãos diferentes. Depende da manifestação da Administração a que está vinculado o servidor + a
manifestação do Tribunal de Contas.

Súmula Vinculante nº 3: nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-se o


contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão.

Em tese, o tribunal de contas não precisaria dar o contraditório e a ampla defesa ao administrado, que já
era garantido perante a Administração. Temperando a vinculante n. 3, recentemente, o STF fez uma revisão da
interpretação da súmula, entendendo que se o tribunal de contas demorar demais para julgar a matéria deverá dar
ao administrado contraditório e ampla defesa (passados 05 anos) – j. MS 24781.

II.1 Proventos
Quando o servidor se aposenta (se torna inativo) passa a receber proventos.
37
A contagem do tempo não pode ser feita em duplicidade. A contagem de tempo é feito pelo tempo
de contribuição – regime contributivo.
Ademais, o princípio da reciprocidade vai permitir que o que foi contribuído para o RPPS poderá ser
aproveitado no RGPS (e vice versa).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos
proventos de aposentadoria do servidor público, tais como terço de férias, serviços extraordinários, adicional
noturno e adicional de insalubridade. STF. Plenário. RE 593068/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
11/10/2018 (repercussão geral) (Info 919).

*#DIZERODIREITO #JURISPRUDÊNCIA #STF: Ao editar o art. 7º da Lei nº 9.717/98 e o Decreto nº 3.788/2001, a


União extravasou a competência legislativa para a edição de normas gerais sobre previdência social. A União
extrapolou os limites de sua competência legislativa na edição da Lei nº 9.717/98, ao impor sanções decorrentes da
negativa de expedição de Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP). STF. 1ª Turma. ACO 3134 TP-AgR/DF,
Rel. Min. Roberto Barroso, red. p/ ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/12/2018 (Info 928).

II.2 Emendas Constitucionais – Histórico

→ No texto original de 1988


Para o servidor público se aposentar bastava preencher um único requisito: tempo de serviço.
A CF não falava em limite de idade e tempo de contribuição.
→ EC n. 20∕98
A EC n. 20∕98 substituiu o tempo de serviço, passando a tratar como requisitos para aposentadoria
o limite de idade e o tempo de contribuição.
Instituiu o regime contributivo de repartição simples. Ou seja, todos contribuem para a mesma
conta, e, todos retiram da mesma conta.

Obs.: Os servidores que na data da emenda n. 20/1998 já preenchiam os requisitos para aposentadoria foi
reconhecido a eles o direito adquirido de se aposentar pela regra antiga. Por outro lado, os servidores que entraram
no serviço público após a EC 20/98 devem se aposentar de acordo com a regra nova (idade + tempo de
contribuição). É importante salientar que a regra nova também atinge quem entrou no serviço antes da EC n. 20/98,
mas na data desta não tinha atingido os requisitos para aposentadoria – não há direito adquirido a regime legal.
Com efeito, foi criada uma regra de transição (facultativa) para estes servidores (art. 8, da EC n. 20).

Regra de transição (art. 8 da EC n. 20/98):


38
Aplicável, facultativamente, aos servidores que entraram antes da EC n. 20/98, mas que não preenchiam
os requisitos da regra velha.
Idade (intermediária) – 53 anos, homens; 48 anos, mulher.
Tempo de contribuição + Pedágio

Proventos integrais:
35 anos de contribuição, homens; 30 anos de contribuição, mulher.
Pedágio: 20% do que faltava para o servidor se aposentar na data da emenda. Ex.: servidor do sexo
masculino que na data da emenda já tinha contribuído por 15 anos. Faltavam 20 anos de contribuição. O pedágio
corresponde a 04 anos (20% sobre 20 anos de contribuição). Assim, para se aposentar o servidor precisará ter 53
anos e 39 anos de contribuição (35 anos de contribuição + 04 anos de pedágio).

Proventos proporcionais:
30 anos de contribuição, homem; 25 anos de contribuição, mulher.
Pedágio: 40 % sobre o tempo que faltava para o servidor se aposentar. Ex.: servidor do sexo masculino
que na data da emenda já tinha contribuído por 15 anos. Faltavam 15 anos de contribuição. O pedágio corresponde
a 06 anos (40% sobre 15). Assim, para se aposentar o servidor precisa ter 53 anos e 36 anos de contribuição.

Abono de permanência da EC n. 20:


Tem natureza de isenção de contribuição e foi concedido aos servidores que na data da EC n. 20/98 já
preenchiam os requisitos, mas continuaram trabalhando. Evitar a debandada geral.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊCIA: A ocupação de novo cargo dentro da estrutura do Poder Judiciário, pelo titular do
abono de permanência, não implica a cessação do benefício. Ex: determinada pessoa ocupa o cargo de
Desembargador do Trabalho e está recebendo abono de permanência; se ela for promovida ao cargo de Ministro
do TST, terá direito de continuar recebendo o abono, não sendo necessário completar cinco anos no cargo de
Ministro para requerer o benefício. STF. 1ª Turma. MS 33424/DF e MS 33456/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 28/3/2017 (Info 859)

*O abono de permanência insere-se no conceito de remuneração do cargo efetivo, de forma a compor a base de
cálculo da licença-prêmio não gozada. STJ. 1ª Turma. REsp 1.514.673-RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em
7/3/2017 (Info 600)

III. Modalidades de Aposentadoria


39
1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os
seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
41, 19.12.2003)
I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou
aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 88, de 2015)
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e
cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes condições: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de
contribuição, se mulher; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao
tempo de contribuição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

As emendas seguintes não alteraram os requisitos para concessão de aposentadoria.

III.1. Aposentadoria por invalidez:


Proventos proporcionais, salvo se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
grave, contagiosa ou incurável5, na forma da lei.

*Os efeitos financeiros das revisões de aposentadoria concedida com base no art. 6º-A da EC 41/2003, introduzido
pela EC 70/2012, somente se produzirão a partir da data de sua promulgação (30/3/2012). STF. Plenário. RE
924456/RJ, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (Info 860).
Atenção: não confundir direito a proventos integrais com direito à integralidade: Quando se diz que o servidor
tem direito a proventos integrais, o que se está afirmando é que esse benefício não será calculado com base no
tempo de contribuição do servidor. Se a aposentadoria é com proventos proporcionais, significa dizer que no
cálculo incidirá uma fórmula matemática que consiste no número de anos de contribuição efetivamente cumpridos
dividido pelos anos de contribuição exigidos para se aposentar com proventos integrais. Isso fará com que a
aposentadoria com proventos proporcionais seja inferior à aposentadoria com proventos integrais. Vale ressaltar,

5
A prova do TRF4/2016 considerou correta a seguinte alternativa: “É taxativo o rol de doenças graves na Lei do Regime
Jurídico Único para efeito de aposentadoria por invalidez permanente com proventos integrais.”
40
no entanto, que dizer que a aposentadoria será com proventos integrais não significa afirmar que o valor do
benefício será igual à remuneração que era recebida pelo servidor na atividade. Quando se fala em direito à
integralidade, ou princípio da integralidade, aí sim o que se está afirmando é que o servidor terá direito a 100% da
remuneração da ativa, ou seja, o benefício será igual ao que ele recebia na atividade.
Como se vê, portanto, a EC 41/2003 endureceu o tratamento para os servidores que se aposentarem por invalidez,
mesmo que decorrente de doença grave. Os proventos, mesmo sendo "integrais" (e não proporcionais), devem ser
calculados com base na média aritmética dos 80% dos maiores salários de contribuição. Isso faz com que o servidor,
a depender do caso, tenha uma grande diminuição no momento da aposentadoria. Viram como proventos integrais
é conceito diferente de integralidade?
Posteriormente, foi editada a EC 70/2012 prevendo que: - se o servidor ingressou no serviço público antes da EC
41/2003 e - tornou-se inválido após a EC 41/2003 - ele terá novamente direito à integralidade (terá direito de
receber a aposentadoria no mesmo valor da última remuneração em atividade). Importante chamar a atenção para
o fato de que a EC 70/2012 restabeleceu o direito à integralidade, mas não de forma geral e sim apenas para
aqueles servidores que ingressaram antes da EC 41/2003. Assim, o que ela fez foi prever uma regra de transição: 
Para aqueles que ingressaram no serviço público até a EC 41/2003: foi restabelecido o direito à integralidade, ou
seja, a aposentadoria por invalidez, em caso de doença grave, será igual ao valor da última remuneração em
atividade (não importando quando ocorreu a invalidez).  Para aqueles que ingressaram no serviço público após a
EC 41/2003: continuam sem ter direito à integralidade. Os proventos serão calculados com base na média dos 80%
dos maiores salários de contribuição. Essa previsão do art. 2º da EC 70/2012 que proibiu o pagamento retroativo é
válida? SIM. A retroatividade não é possível sem a indicação de uma fonte de custeio para fazer frente aos novos
gastos, pois pode representar um desequilíbrio atuarial com implicações negativas no pacto federativo. É proibida a
aplicação retroativa de norma previdenciária sem fonte de custeio. Trata-se do chamado princípio da contrapartida,
que tem por objetivo garantir a situação econômico-financeira do sistema de Previdência. Esse princípio vincula
tanto o legislador quanto o administrador público, responsável pela aplicação das regras. Dessa forma, a regra
prevista na parte final do art. 2º da EC 70/2012 é válida e deverá ser aplicada.

III.2 - Aposentadoria compulsória:


70 anos de idade – proventos proporcionais.

#ATUALIZAÇÃOLEGISLATIVA
Qual é a idade da aposentadoria compulsória no serviço público?
ANTES DA EC 88/2015:
70 anos (para todos os casos).

DEPOIS DA EC 88/2015:
41
• REGRA: continua sendo 70 anos.
Os servidores públicos, sejam eles federais, estaduais ou municipais, de qualquer dos Poderes, incluindo
magistrados de Tribunais de 2ª instância, continuam se aposentando compulsoriamente aos 70 anos de idade.

• EXCEÇÃO 1: a Lei Complementar poderá prever que a aposentadoria compulsória seja ampliada para 75 anos,
segundo critérios que ela fixar e para todos ou determinados cargos do serviço público.
Veja a nova redação do inciso II do § 1º do art. 40 dada pela EC 88/2015:
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados (...):
(...)
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou
aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;

Essa parte final do inciso II é norma constitucional de eficácia limitada, dependendo de lei para produzir todos os
seus efeitos.

• EXCEÇÃO 2: para os Ministros do STF, dos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE, STM) e do TCU a idade da
aposentadoria compulsória já é agora 75 anos mesmo sem Lei Complementar. A regra já está produzindo todos os
seus efeitos.

Veja o art. 100 que foi acrescentado no ADCT da CF/88 pela EC 88/2015:
Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição
Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União
aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da
Constituição Federal.

PLS 274/2015
Com o objetivo de regulamentar essa parte final do inciso II do § 1º do art. 40 da CF/88 (acima transcrito), o
Senador José Serra (PSDB/SP) propôs projeto de lei complementar (PLS 274/2015) ampliando para 75 anos a
aposentadoria compulsória de todos os servidores públicos.
O projeto foi votado e aprovado pelo Congresso Nacional, tendo sido encaminhado para sanção da Presidente da
República.

VETO AO PROJETO APROVADO


Ocorre que a Presidente da República VETOU o PLS 274/2015 aprovado, conforme mensagem publicada no Diário
Oficial da União de 23/10/2015.
42
As razões invocadas para o veto foram jurídicas, tendo a Presidente afirmado que o projeto aprovado seria
inconstitucional porque a iniciativa para tratar sobre o tema seria exclusiva do chefe do Poder Executivo, nos
termos do art. 61, § 1º, II, da CF/88.

DERRUBADA DO VETO
Em 01/12/2015, o Congresso Nacional decidiu rejeitar (derrubar) o veto, nos termos do art. 66, § 4º da CF/88.
Como o veto não foi mantido, o projeto foi novamente enviado para a Presidente da República (art. 66, § 5º), que o
promulgou, transformando-o na Lei Complementar nº 152/2015, que iremos agora analisar.

LEI COMPLEMENTAR Nº 152/2015


O que prevê a LC 152/2015?
Determina que a idade da aposentadoria compulsória passa a ser de 75 anos para todos os servidores públicos.

Quem está abrangido pela LC 152/2015? Quais entes?


A aposentadoria compulsória aos 75 anos vale para:
I - os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas
suas autarquias e fundações;
II - os membros do Poder Judiciário;
III - os membros do Ministério Público;
IV - os membros das Defensorias Públicas;
V - os membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas.

A LC 152/2015 aplica-se também aos servidores policiais, ou seja, integrantes da Polícia Civil, da Polícia Federal e da
Polícia Rodoviária Federal? Eles também terão direito de se aposentar somente aos 75 anos?
SIM. O art. 3º da LC 152/2015 revogou o inciso I do art. 1º da LC 51/85 que trata sobre a aposentadoria dos
servidores públicos policiais. Com isso, eles também passam a se aposentar compulsoriamente com 75 anos.

Compare:
Idade da aposentadoria compulsória dos integrantes da Polícia Civil, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária
Federal:
Antes da LC 152/2015 – 65 anos
Atualmente – 75 anos

Regra especial para os servidores do Serviço Exterior Brasileiro


43
A LC 152/2015 previu uma regra especial de transição para os diplomatas e servidores do Itamaraty que trabalham
no exterior, como oficiais e assistentes de chancelaria. Veja:
Art. 2º (...) Parágrafo único. Aos servidores do Serviço Exterior Brasileiro, regidos pela Lei nº 11.440, de 29 de
dezembro de 2006, o disposto neste artigo será aplicado progressivamente à razão de 1 (um) ano adicional de
limite para aposentadoria compulsória ao fim de cada 2 (dois) anos, a partir da vigência desta Lei Complementar,
até o limite de 75 (setenta e cinco) anos previsto no caput.

O servidor aposentado compulsoriamente receberá proventos integrais ou proporcionais?


Proporcionais ao tempo de contribuição.

Como vimos acima, o projeto que deu origem à LC 152/2015 foi vetado pela Presidente da República em
23/10/2015, tendo o veto sido rejeitado e a LC 152/2015 publicada em 04/12/2015. Diante disso, indaga-se: os
servidores que foram obrigados a se aposentar compulsoriamente aos 70 anos depois do veto (23/10/2015) e antes
da LC (04/12/2015) poderão pedir para retornar ao serviço público sob o argumento de que o veto foi derrubado?
NÃO. A aposentadoria compulsória se perfaz no momento do implemento da idade e o ato administrativo que
formaliza a concessão é meramente declaratório. Em outras palavras, a pessoa se aposenta compulsoriamente no
dia em que completa a idade-limite.
Some-se a isso o fato de que a rejeição de um veto não produz efeitos retroativos. A rejeição de um veto
obriga que o projeto aprovado seja promulgado, transformando-se em lei. No entanto, essa lei somente passa a
vigorar quando publicada. Assim, a LC 152/2015 somente entrou em vigor no dia 04/12/2015, data de sua
publicação. Apenas neste dia foi instituída a aposentadoria compulsória aos 75 anos para os servidores públicos em
geral.
Concluindo: o servidor que completou 70 anos no dia 03/12/2015 está aposentado compulsoriamente,
independentemente de qualquer outra providência por parte da Administração Pública. O ato administrativo de
concessão da aposentadoria somente irá declarar esse fato já ocorrido. Por outro lado, quem completou 70 anos de
idade no dia 04/12/2015 pode continuar no serviço publico até atingir 75 anos.

A LC 152/2015 é uma lei editada pelo Congresso Nacional. Ela poderia ter tratado sobre a aposentadoria de
servidores dos Estados, do DF e dos Municípios?
SIM. A Lei Complementar mencionada pelo art. 40, § 1º, II, da CF/88 (com redação dada pela EC 88/2015) deveria
ser realmente, como o foi, uma lei complementar nacional, ou seja, editada pelo Congresso Nacional.
O STF possui entendimento consolidado no sentido de que, embora a competência para legislar sobre a previdência
dos servidores públicos (RPPS) seja concorrente, a União tem a competência para editar a lei complementar que
funcionará como norma de caráter nacional para regulamentar a matéria.

ADI PROPOSTA PELA AMB E ANAMATRA


44
No mesmo dia em que foi publicada, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), em conjunto com a
Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), ingressaram com uma ADI no STF contra a
LC 152/2015 (http://www.amb.com.br/novo/?p=25780). O ponto questionado pelas entidades refere-se à
aposentadoria compulsória dos membros do Poder Judiciário. Segundo trecho da petição inicial, “Na parte que toca
aos magistrados, não poderia o Poder Legislativo ou o Poder Executivo dar início à proposta legislativa de lei
complementar ou ordinária para tratar do limite de idade de aposentadoria”. Os servidores ocupantes de cargo
exclusivamente em comissão não se submetem à regra da aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da
CF, a qual atinge apenas os ocupantes de cargo de provimento efetivo, inexistindo, também, qualquer idade limite
para fins de nomeação a cargo em comissão. Ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, não há óbice
constitucional a que o servidor efetivo, aposentado compulsoriamente, permaneça no cargo comissionado que já
desempenhava ou a que seja nomeado para cargo de livre nomeação e exoneração, uma vez que não se trata de
continuidade ou criação de vínculo efetivo com a Administração. STF. Plenário. RE 786540/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 15/12/2016 (repercussão geral) (Info 851).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Não viola o princípio da isonomia o implemento de regra de transição de


aposentadoria dos servidores integrantes do Serviço Exterior Brasileiro (Lei nº 11.440/2006), como está previsto no
parágrafo único do art. 2º da LC 152/2015, considerando-se as peculiaridades da carreira, as necessidades do
Estado e a ordem constitucional vigente. STJ. 1ª Seção. MS 22.394-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
9/11/2016 (Info 596).

III.3. Aposentadoria Voluntária


→ 10 anos no serviço público e 05 anos no cargo público.
→ Com proventos integrais:
Homens = 60 anos de idade + 35 anos de contribuição.
Mulheres, 55 anos de idade + 30 anos de contribuição.
→ Com proventos proporcionais (não há limite de contribuição)
Homens = 65 anos de idade.
Mulheres = 60 anos de idade.

III. 4. Aposentadoria Especial


#OUSESABER: Cuidado com a pegadinha: Segundo entendimento do STF (MI 833/DF), é sim possível que o
legislador venha a estabelecer o direito à aposentadoria especial aos oficiais de justiça, com base no art. 40, § 4º,
II, da CF/88. O que NÃO existe – e aí está a pegadinha – é um direito subjetivo dos oficiais de justiça a essa
aposentadoria especial, tendo em vista que apenas EVENTUALMENTE estão expostos a situações de risco no
exercício de suas funções. Há, portanto, DISCRICIONARIEDADE do legislador quanto à edição de lei complementar
que garanta esse direito aos oficiais, não se podendo falar em omissão se tal lei não for elaborada. De outro lado, se
45
fosse o caso de uma atividade perigosa por sua própria natureza, com periculosidade INERENTE ao ofício (ex.
policiais), aí sim haveria o dever do legislador de elaborar uma lei garantindo o direito à aposentadoria especial, sob
pena de ser caracterizada uma omissão inconstitucional.

 Professor com exclusividade no magistério no ensino infantil, fundamental e médio.


Com proventos integrais
Homens = 55 anos de idade e 30 anos de contribuição.
Mulheres = 50 anos de idade de 25 anos de contribuição.

Obs.: a matéria está disciplinada na Lei n. 11.301∕2006. A questão foi objeto de controle de constitucionalidade (ADI
3772). Consolidou-se a constitucionalidade de que o professor não perde a exclusividade quando exerce também
atividades dentro da escola (ex. diretor, coordenador).

 Aposentadoria especial acrescentada pela EC. 47∕05


Obs.: ainda dependem de regulamentação.
Servidor com Deficiência.
Servidor que exerça atividade de risco.
Servidor que exerça atividade em condições especiais (saúde e integridade física).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: Aposentadoria especial é aquela cujos requisitos e critérios exigidos do


beneficiário são mais favoráveis que os estabelecidos normalmente para as demais pessoas. A CF/88 prevê que os
servidores que exerçam atividades de risco têm direito à aposentadoria especial, segundo requisitos e condições
previstas em lei complementar (art. 40, § 4º, II, “b”). Diante da ausência de legislação específica, não cabe ao Poder
Judiciário garantir aposentadoria especial (art. 40, § 4º, II, da CF/88) às guardas municipais. A aposentadoria
especial não pode ser estendida aos guardas civis, uma vez que suas atividades precípuas não são inequivocamente
perigosas e, ainda, pelo fato de não integrarem o conjunto de órgãos de segurança pública relacionados no art. 144,
I a V, da CF/88. STF. Plenário. MI 6515/DF, MI 6770/DF, MI 6773/DF, MI 6780/DF, MI 6874/DF, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgados em 20/6/2018 (Info 907). #IMPORTANTE

→ EC n. 41∕03
31 de dezembro de 2003.
Tramitava ao mesmo tempo a PEC paralela para emendar a EC n. 41/03.
Manteve o sistema contributivo de repartição simples.
Acrescentou a contribuição dos inativos.
Inserção de forma expressa do princípio da solidariedade – art. 40, caput, da CF .
46
Cotização dos entes.
- Revogação do princípio da integralidade.
Inserção do princípio da média da vida laboral (art. 40, §1º, 3º e 17°).

Obs.: o período de remuneração utilizada para média da vida laboral apenas será contabilizado quando houver
incidência de contribuição. Assim, se houver isenção em determinado período, este não será utilizado para cálculo
da média da vida laboral.

* O princípio da paridade (princípio do espelho) foi substituído pelo princípio da preservação do valor real
(conservação do valor aquisitivo): Art. 40, § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes,
em caráter permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei.

Teto de proventos igual ao do RGPS:

A EC n. 20/98 já tratava de regime complementar a ser implementado por LC. Por sua vez, a EC n. 41/2003
substituiu a regra acima, exigindo para a criação de regime complementar lei ordinária. Assim, apesar da previsão
do teto já existir, a sua aplicação estava condicionada à criação de regime complementar, que foi instituído, por sua
vez, pela Lei n. 12.618/2012 (ordinária). Vale salientar que o regime complementar depende da criação de
fundações.

Obs.: o legislador criou o regime complementar por lei ordinária, bem como seu regramento. Assim, já há discussão
no STF (ADI 4893) acerca da sua constitucionalidade, pois, muitos ensinam que correta está a criação por lei
ordinária, mas o seu regramento deveria ser realizado por lei complementar – suposta violação do art. 40, §15º e
202, CF.

Contribuição dos inativos

Art. 40, § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que
trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social
de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.

Art. 149, § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores,
para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior
à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União.
47
Devem pagar contribuição os inativos anteriores ou posteriores a EC n. 41/2003 que superem o teto da
RGPS, ou seja, a base de cálculo é 11% apenas sobre o que ultrapassar o limite do RGPS.

Obs.: como dito acima a contribuição atinge os aposentados antes e depois da EC, pois não há direito adquirido a
regime legal (ADI 3105).

Servidores que na data da EC n. 41/03 já preenchiam os requisitos seguem a regra velha. Servidores que
entraram após a EC n. 41/03 devem observar a regra nova.

Duas Regras de Transição:


Aqueles que entraram antes da EC n. 41/03
Aqueles que entraram antes da EC n. 20/98 (revogou o art. 8º, da EC n. 20/98).

→ EC n. 47/2005 (PEC Paralela)

Trouxe uma nova transição (alternativa) para quem entrou antes da EC n. 20/98. Criou a aposentadoria
especial (deficiente, atividade de risco e atividades que coloquem em risco a integridade e saúde) – essa matéria
depende de LC que ainda não foi regulamentada. Assim, os servidores que desenvolvem atividade em condições
especiais discutem essa questão e levam a matéria ao STF. O STF discutiu essa matéria no MI 721 e 758
esclarecendo que enquanto a matéria não for disciplinada, deve ser aplicada para tais servidores a lei do regime
geral de previdência social (Art. 57, §3º, da Lei n. 8.213/91).

§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto


Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado.

Porém, o administrador não tem como aplicar a regra, pois não está adequada a Lei n. 8.213.

→ EC n. 70
Nova regra de transição.
Os servidores que ingressaram no serviço público até 31 de dezembro de 2003 tem a possibilidade de
aposentadoria por invalidez com integralidade e paridade.

Cenário Atual:
Regras de Transição
48
1. Regra Velha (Art. 8º, da EC n. 20/98) – serve para aqueles que entraram antes da EC 20/98.
2. Regra Nova – serve para aqueles que entraram após a EC n. 20/98.
3. Regra de Transição

a) art. 8, da EC n. 20/98.
b) art. 2º, da EC n. 41/2003 - servidores que entraram antes da EC n. 20/98.
Revogou o art. 8, da EC 20.
Idade:
53 anos de idade - homem
48 anos de idade - mulher

Contribuição para Aposentadoria Integral:


35 anos de contribuição – homem
30 anos de contribuição – mulher
+ Pedágio de 20% do que faltava para aposentadoria na data da emenda.
* sem integralidade e sem paridade

Redutor constitucional:
A cada ano que o servidor antecipar na idade (60/55 anos) sofrerá desconto na remuneração (até 2005 –
desconto de 3,5% por ano, a partir de 2006 – desconto de 5% por ano).

c) art. 3º, da EC n. 47/05 - servidores que entraram antes da EC n. 20/98.


* com integralidade e paridade.
A cada ano que se ultrapassa no limite da contribuição (35/30 anos) desconta-se um ano de idade
(60/55 anos).

d) art. 6º, da EC n. 41/2003 – servidores que entraram antes da EC n. 41/2003.


* com integralidade e paridade, desde que respeitados os seguintes requisitos:
→ 20 anos no serviço público, 10 anos na carreira e 05 anos no cargo.
→ 60 anos de idade, 35 de contribuição: homem.
→ 55 anos de idade, 30 anos de contribuição: mulher.
Obs.: o servidor pode garantir integralidade e paridade mesmo com mudança de cargo desde que não
haja interrupção.

e) EC n. 47/200 criou, ainda, a aposentadoria especial (deficiente, atividade de risco e atividades que
coloquem em risco a integridade e saúde).
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*#DIZER O DIREITO: #JURISPRUDÊNCIA:


SÚMULA VINCULANTE 33-STF:
Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do Regime Geral de Previdência Social sobre
aposentadoria especial de que trata o artigo 40, parágrafo 4º, inciso III, da Constituição Federal, até edição de lei
complementar específica.

ENTENDENDO O SENTIDO DA SV 33-STF:

O que é aposentadoria especial?


Aposentadoria especial é aquela cujos requisitos e critérios exigidos do beneficiário são mais favoráveis que os
estabelecidos normalmente para as demais pessoas.

Quem tem direito à aposentadoria especial no serviço público?


Onde estão previstos os requisitos e
Quais servidores têm direito?
condições mais favoráveis?
Professores exclusivos do magisério infantil e dos ensinos
Na própria CF/88.
fundamental e médio (art. 40, § 5º).
Servidores que sejam portadores de deficiência (art. 40, § 4º, I).
Servidores que exerçam atividades de risco (art. 40, S4º, II). A CF exige que seja editada uma lei
complementar.
Servidores que exerçam atividades sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física (art. 40, § 4º, III).
Logo, com exceção dos professores, a CF/88 exige a edição de uma LEI COMPLEMENTAR definindo os critérios para
a concessão da aposentadoria especial aos servidores públicos. A Lei deverá, inclusive, elencar as carreiras que se
encontram em situação de risco ou cujas atividades prejudiquem a saúde ou integridade física.

Essa lei complementar já foi editada?


NÃO.

O que acontece, já que não existe a LC?


Como ainda não há a referida lei complementar disciplinando a aposentadoria especial do servidor público,
o STF reconheceu que o Presidente da República está em “mora legislativa” por ainda não ter enviado ao Congresso
Nacional o projeto de lei para regulamentar o art. 40, § 4º, III da CF/88.

Diante disso, o STF, ao julgar o Mandado de Injunção n.° 721/DF (e vários outros que foram ajuizados
depois), determinou que, enquanto não for editada a LC regulamentando o art. 40, § 4º, III, da CF/88, deverão ser
aplicadas, aos servidores públicos, as regras de aposentadoria especial dos trabalhadores em geral (regras do
Regime Geral de Previdência Social - RGPS), previstas no art. 57 da Lei nº 8.213/91.

Assim, se o servidor público exerce suas atividades em condições insalubres, poderá requerer
aposentadoria especial e a Administração Pública deverá analisar o requerimento com base nos requisitos do RGPS
trazidos pelo art. 57 da Lei n.° 8.213/91. Veja o que diz a referida Lei:
50
Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver
trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20
(vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.
§ 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art. 33 desta Lei, consistirá numa renda mensal equivalente
a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício.

Logo, os servidores públicos que exerçam atividades sob condições especiais que prejudiquem a sua saúde
ou integridade física (art. 40, § 4º, III da CF/88) terão direito de se aposentar com menos tempo de contribuição que
os demais agentes públicos.

Ex: a CF/88 prevê que o servidor homem possa se aposentar, voluntariamente, com 60 anos de idade e 35 anos de
contribuição (art. 40, § 1º, III, a da CF/88). No entanto, se o servidor público tiver trabalhado durante 25 anos sob
condições insalubres, poderá ter direito à aposentadoria especial, nos termos do art. 40, § 4º, III da CF c/c o art. 57
da Lei nº 8.213/91.

Vale ressaltar que a SV 33-STF somente trata sobre a aposentadoria especial do servidor público baseada no
inciso III do § 4º do art. 40 da CF/88 (atividades sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física), não abrangendo as hipóteses do incisos I (deficientes) e II (atividades de risco).

Em rápidas linhas, é esse o sentido da SV 33-STF.

Espero que eu tenha conseguido me desincumbir do dever de ser claro e que você tenha entendido, mas
reconheço que não é um assunto fácil.

Agora, se você quiser/precisar aprofundar um pouco mais o tema, continue lendo abaixo. Faço, porém, um
alerta: vai ficar mais difícil.

APROFUNDANDO O TEMA:

As regras do RGPS aplicam-se aos servidores públicos apenas “no que couber”
A SV 33-STF afirma expressamente que as regras do RGPS sobre aposentadoria especial aplicam-se ao
servidor público, no que couber. Em outras palavras, nem todas as normas do RGPS serão cabíveis para a
aposentadoria especial do servidor público.

Um importante exemplo de regra que é válida para a aposentadoria especial no RGPS, mas não se aplica
aos servidores públicos é a CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM TEMPO COMUM.

Imagine a seguinte situação:


A lei prevê a aposentadoria especial para aqueles que trabalharam durante 25 anos em condições
insalubres.
Maria trabalhou, em uma empresa privada, durante 20 anos em atividades especiais (trabalho exposto a
radiação) e 6 anos em atividade comum (não insalubres). Logo, não terá direito à aposentadoria especial, que exige
25 anos de atividades especiais para o caso de radiação (item 1.1.4 do Decreto nº 53.831/64).

Poderá ela somar os 20 anos de atividades insalubres com os 6 anos de atividades comuns? SIM.
51
Ao converter estes 20 anos de atividades especiais em tempo de atividades comuns, haverá algum tipo de
acréscimo (contagem de tempo diferenciada)?
SIM. O tempo de trabalho exercido sob condições especiais consideradas prejudiciais à saúde ou à
integridade física será convertido em “tempo comum” (exercido em atividade comum) e nesta conversão vão ser
aplicados alguns índices matemáticos que farão com que o tempo se torne maior. Ex: 20 anos = 7.300 dias de
tempo comum. No entanto, como esses 20 anos foram prestados em atividade especial, para serem convertidos em
tempo comum, eles devem ser multiplicados por 1,2. Assim, teremos 7.300 x 1,2 = 8.760.
Logo, 7.300 dias trabalhados sob o regime especial podem se transformar em 8.760 dias caso este período
de tempo especial seja convertido em tempo comum.

No exemplo que demos acima, Maria trabalhou 20 anos (7.300 dias) em atividades especiais e 6 anos (2.190
dias) em atividade comum. Logo, não conseguirá a aposentadoria especial (que exige 25 anos de atividade
especial).
Maria irá, então, somar os períodos para ver se consegue a aposentadoria comum (não especial).
Os 7.300 dias trabalhados irão virar 8.760 dias.
Dessa forma, ela irá somar 8.760 + 2.190 = 10.950 dias (30 anos) para fins de aposentadoria.

Onde está previsto este índice de conversão de 1,20?


Os índices de conversão de “tempo especial” em “tempo comum” estão previstos no art. 70 do Decreto nº
3.048/99. Ressalte-se que há outros índices, além deste de 1,20 e eles irão variar de acordo com a atividade
especial (obs: há muitas polêmicas sobre isso, mas elas não interessam para o que estamos discutindo aqui).

Feitos os esclarecimentos acima, indaga-se: os servidores públicos que exerçam atividades sob condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física (art. 40, § 4º, III da CF/88) podem se valer destes
índices para fazer a conversão do “tempo especial” trabalhado em “tempo comum”?
NÃO. O STF afirmou que não se extrai da norma contida no art. 40, § 4º, III da CF/88 que exista o dever
constitucional de que o Presidente da República e o Congresso Nacional editem uma lei, em favor dos servidores
públicos, prevendo contagem diferenciada para quem trabalhou parte de sua vida em atividades insalubres e, ao
final, averbe (registre e some) este período de forma maior para fins de aposentadoria.

Em outras palavras, para o STF, o art. 40, § 4º, III não garante necessariamente aos servidores este direito à
conversão com contagem diferenciada de tempo especial em tempo comum. O que este dispositivo garante é
apenas o direito à “aposentadoria especial” (com requisitos e critérios diferenciados).

Dessa feita, não se pode aplicar as regras de conversão do tempo especial em tempo comum, previstas para
os trabalhadores em geral (RGPS), para os servidores públicos, considerando que a lei que vier a ser editada
regulamentando o art. 40, § 4º, III da CF/88 não estará obrigada a conceder este fator de conversão aos servidores.
Foi assim que decidiu o STF. Confira:

“(...) A concessão do mandado de injunção, na hipótese do art. 40, § 4º, da Lei Fundamental, reclama a
demonstração pelo Impetrante do preenchimento dos requisitos para a aposentadoria especial e a impossibilidade
in concrecto de usufruí-la ante a ausência da norma regulamentadora.
2. O alcance da decisão proferida por esta Corte, quando da integração legislativa do art. 40, § 4º, inciso III, da
CRFB/88, não tutela o direito à contagem diferenciada do tempo de serviço prestado em condições prejudiciais à
saúde e à integridade física.
52
3. Não tem procedência injuncional o reconhecimento da contagem diferenciada e da averbação do tempo de
serviço prestado pelo Impetrante em condições insalubres por exorbitar da expressa disposição constitucional.
Precedentes. (...)
STF. Plenário. MI 3788 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24/10/2013.”

Daí, o enunciado da SV 33 dizer, corretamente, que aplicam-se ao servidor público, no que cober, as regras
do RGPS.

INFORMAÇÃO ADICIONAL: APOSENTADORIA ESPECIAL DE DEFICIENTE E LC 142/2013

A SV 33-STF somente trata sobre a aposentadoria especial do servidor público baseada no inciso III do § 4º
do art. 40 da CF/88 (atividades sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física).

Infelizmente, as hipóteses de aposentadoria especial de servidores deficientes (inciso I) e que exercem


atividades de risco (inciso II) não foram objeto da SV.

Vale ressaltar que, no dia 09/11/2013, entrou em vigor a LC 142/2013, regulamentando o § 1º do art. 201
da CF/88 no tocante à aposentadoria da pessoa com deficiência segurada do RGPS.

Em princípio, o regime jurídico da LC 142/2013 não se aplicaria aos servidores públicos, porque a referida Lei é
restrita ao RGPS (trabalhadores em geral, filiados ao regime administrado pelo INSS). No entanto, como a Lei
Complementar de que trata o art. 40, § 4º, I, da CF/88 ainda não foi editada, o STF, em um mandado de injunção,
reconheceu que o Presidente da República está em “mora legislativa” por ainda não ter enviado ao Congresso
Nacional o projeto de lei para regulamentar o art. 40, § 4º, I da CF/88 (aposentadoria especial para servidores
deficientes). Com base nisso, determinou que sejam aplicadas aos servidores públicos portadores de deficiência os
critérios e condições previstos nesta LC 142/2013. Nesse sentido: STF MI 5126-DF, DJe 02/10/2013.

III.5. Regime Complementar


Inserido pela Lei n. 12.618/2012. O teto de proventos passa a ser aplicado para os servidores que
entraram no serviço após a criação das fundações do regime complementar. O teto somente será aplicado aos
servidores que entrarem a partir da criação da fundação do regime complementar – 11% sobre o teto do RGPS. Se
ele quiser receber mais do que o teto, contribuirá para o regime complementar.
A contribuição pelo servidor para o regime complementar não tem limite.
Por sua vez, o ente público também contribui para o regime complementar, porém, com o limite de 8,5%
sobre a parcela que exceder o teto.
Os servidores anteriores ao regime complementar podem aderir ao este no prazo de 24 meses da criação.

Obs.: a mudança de cargo após a instituição do regime complementar garante ao servidor que fuja do teto (e do
regime complementar) se não houver interrupção.

Obs.: Entidades Fechadas de Previdência Complementar


53

Possuem caráter de fundação pública com regime jurídico de direito privado. A ADI 4893 discute a
natureza das entidades. Cada Poder terá a sua fundação. Contudo, por ato conjunto das autoridades, os Poderes
podem reunir os servidores. Ex.: fundação do executivo e legislativo no âmbito federal.

Essas fundações compõem a administração indireta.O quadro de pessoal das fundações é de empregado
(CLT + Concurso). Possuem Conselho Deliberativo e Conselho Fiscal. A gestão é feita pela Diretoria Executiva
(composta por representantes dos poderes e servidores ocupantes de cargos efetivos escolhidos pelos pares). A
sede dessa fundação para o âmbito federal é o DF. Ex.: FUNPRESP (Executivo) e FUNPRESP (Judiciário).

5. ESTUDO DA LEI Nº 8.112/90

1. Agente público

Dois são os requisitos para a caracterização do agente público: um, de ordem objetiva, isto é, a natureza
estatal da atividade desempenhada; outro, de ordem subjetiva: a investidura nela. (C.A)

Agente público é aquele que exerce função pública, seja de forma temporária ou permanente, com ou sem
remuneração, independentemente do tipo de vínculo.

Na classificação dos agentes públicos temos:

i. Agentes políticos: representam a vontade do Estado, comandam cada um dos Poderes. Estão
sujeitos a regime legal (regime jurídico-administrativo), exemplo: chefe do Poder Executivo (Presidente,
Governador e Prefeito), auxiliar imediato do Poder Executivo (Ministros, Secretários), membros do Poder
Legislativo, magistrados, membros do Ministério Público, Conselheiros dos Tribunais de Contas. Não se submetem à
Lei nº 8.112/90.

“Não se sujeitam às regras comuns aplicáveis aos servidores públicos e geral; a eles são aplicáveis normalmente as
regras constantes da Constituição, sobretudo as que dizem respeito às prerrogativas e à responsabilidade política”.

Celso Antônio não inclui magistrados, membros do Ministério Público e dos Tribunais de Contas na
categoria dos agentes políticos; também não o faz José dos Santos Carvalho Filho, que os chama de servidores
especiais; R.F. já os integra.
54
“Apesar das divergências doutrinárias, entendo acertado o posicionamento de Hely, para quem os agentes
políticos são os componentes do governo nos seus primeiros escalões, no exercício de atribuições constitucionais.
Em tal categoria se enquadram os Chefes do Executivo e seus auxiliares diretos, os membros do Legislativo, do
Judiciário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas, bem como os representantes diplomáticos. Celso
Antônio e Maria Sylvia adotam uma posição mais restrita, incluindo como agentes políticos apenas os Chefes do
Executivo e seus auxiliares diretos, além dos membros do Legislativo” - extraído do roteiro de estudo n. 8, de
autoria do Des. Luiz Alberto Gurgel de Faria.

A designação ‘servidor público’, já hoje, tem alcance mais restrito do que dantes. Não é mais adequada para
abarcar também os empregados das entidades da Administração Indireta de Direito Privado, porquanto sob a
rubrica constitucional ‘Dos servidores públicos’ (que substituiu, desde a Emenda Constitucional 19, de 4.6.98, a
rubrica ‘dos servidores públicos civis’), é visível que só estão considerados os integrantes de cargo ou emprego nas
pessoas jurídicas de Direito Público.

Apesar da divergência doutrinária, o STF, no RE 228.977, entendeu que eles são agentes políticos.

ii. Servidor estatal: é todo aquele que atua na Administração Direta ou Indireta. Subdivide-se em
servidor público (atua em pessoa jurídica de direito público. pode ser estatutário ou celetista) e servidor de ente
governamental de direito privado (atua em pessoa jurídica de direito privado – são titulares de emprego, com
regime trabalhista, CLT). O empregado público está excluído da incidência da Lei nº 8.112/90.

1. [servidores públicos] compreendem as seguintes espécies:


a. Servidores titulares de cargos públicos na Administração Direta (anteriormente denominados
funcionários públicos), nas autarquias e fundações de Direito Público da União, dos Estados, do DF e dos
Municípios, assim como no Poder Judiciário e na esfera administrativa do Legislativo;
b. Servidores empregados das pessoas supra-referidas. (C.A)
c. Temporários

#OUSESABER: É possível a modificação de atribuição de servidores públicos por intermédio de portaria? Não!
Segundo o STF, as atribuições de um servidor público é um tema regido por lei, razão pela qual não pode ser aceita
a sua alteração por meio de simples portaria. Vejamos: Contraria direito líquido e certo do servidor público a
alteração, por meio de portaria, das atribuições do cargo que ocupa. A inexistência de direito adquirido a regime
jurídico não autoriza a reestruturação de cargos públicos por outra via que não lei formal. [MS 26.955, rel. min.
Cármen Lúcia, j. 1º-12-2010, P, DJE de 13-4-2011.]
55
2. [Servidores das pessoas governamentais de Direito Privado] são os empregados de empresas públicas,
sociedades de economia mista e fundações de Direito Privado instituídas pelo Poder Público, os quais estarão
todos, obrigatoriamente, sob regime trabalhista: É O EMPREGADO PÚBLICO.

#ATENÇÃO: emprego público – celetista – às vezes se refere aos servidores da Adm. direta que obedecem à CLT
(que adentraram antes da obrigatoriedade do regime jurídico único), e outras vezes aos empregados da Adm.
indireta.

Tratando da Lei 9.962/00 – empregado público da ADM DIRETA: O contrato só pode ser rescindido quando
houver: 1) prática de falta grave, tal como relacionado no art. 482, da CLT; 2) acumulação ilegal de cargos,
empregos ou funções públicas; 3) necessidade de redução de quadro, no caso de excesso de despesa, como
previsto no art.169 da CF; 4) insuficiência de desempenho apurada em processo administrativo. Essas regras
indicam que não só ficou excluída a hipótese de resilição unilateral do contrato por parte do Estado-empregador,
não sendo assim aplicável nesse aspecto o art.479 da CLT, mas também que é vinculada à atividade da União no
que tange às hipóteses de desfazimento do vínculo: em nenhuma hipótese a rescisão contratual poderá dar-se ao
mero alvedrio da Administração Federal, decorrente de valoração de conveniência e oportunidade.

A lei exclui da observância de tais exigências a extinção dos contratos de servidores firmados com base na
regra da autonomia da gestão, de que trata o art.37, §8º. CF. Significa dizer que é mais frágil o vínculo trabalhista
nesta hipótese e que, em relação a tais contratações, será viável o exercício do direito à resilição unilateral do
contrato pela União, ainda quando o motivo tenha fundamento em razões de natureza discricionária.

O dirigente de empresa pública ou sociedade de economia mista (pessoas qualificadas como de Direito
Privado), ainda quando sejam elas meramente exploradoras de atividade econômica, também podem ser
enquadrados como ‘autoridade’ no que concerne a atos expedidos para cumprimento de normas de Direito Público
a que tais entidades estejam obrigadas, como, ‘exempli gratia’, os relacionados às licitações públicas que
promovem. (C.A). Nesse sentido, temos a Súmula n. 333 do STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado
em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.

§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta
poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por
objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - o prazo de duração do contrato; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
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II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
dirigentes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - a remuneração do pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

O STF entende que a despeito de o empregado público de prestadora de serviço público não gozar de
estabilidade sua demissão deve ser motivada, como noticiado no Informativo nº 699.

#OLHAOGANCHO - Servidores de empresas públicas e sociedades de economia mista, admitidos por concurso
público, não gozam da estabilidade preconizada no art. 41da CF, mas sua demissão deve ser sempre motivada.
Essa a conclusão do Plenário ao, por maioria, prover parcialmente recurso extraordinário interposto pela Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT contra acórdão do TST em que discutido se a recorrente teria o dever de
motivar formalmente o ato de dispensa de seus empregados. Na espécie, o TST reputara inválida a despedida de
empregado da recorrente, ao fundamento de que “a validade do ato de despedida do empregado da ECT está
condicionada à motivação, visto que a empresa goza das garantias atribuídas à Fazenda Pública” [...] o dever de
motivar o ato de despedida de empregados estatais, admitidos por concurso, aplicar-se-ia não apenas à ECT, mas
a todas as empresas públicas e sociedades de economia mista que prestariam serviços públicos, em razão de não
estarem alcançadas pelas disposições do art. 173, § 1º, da CF, na linha de precedentes do Tribunal.

*#ATENÇÃO: O Supremo Tribunal Federal definiu, nesta quarta-feira (10/10/2018), a necessidade de motivação
para que a Empresa de Correios e Telégrafos demita funcionários, fixando a tese em Repercussão Geral. Os
ministros discutem recurso apresentado pela empresa pedindo modulação dos efeitos de decisão anterior da
corte. De acordo com a tese definida no julgamento, a "ECT [Empresa de Correios e Telégrafos] tem o dever
jurídico de motivar, em ato formal, a demissão de seus empregados". Pela decisão, não é necessária a abertura de
processo administrativo, basta apresentação da justificativa.6

Servidores públicos comuns são aqueles a quem incumbe o exercício das funções administrativas em geral
e o desempenho das atividades de apoio aos objetivos básicos do Estado. Formam a grande massa dos servidores,
podendo ser estatutários ou trabalhistas. Os estatutários podem ser divididos em duas subcategorias: (1)
servidores de regime geral, aqueles que se submetem ao regime geral contido no estatuto funcional básico; (2)
servidores de regime especial, aqueles em que o estatuto funcional disciplinador se encontra em lei específica.

Servidores públicos especiais são aqueles que executam certas funções de especial relevância no contexto
geral das funções do Estado, sendo, por isso mesmo, sujeitos a regime jurídico funcional diferenciado, sempre

6
Para saber mais: https://www.conjur.com.br/2018-out-10/stf-correios-podem-demitir-funcionarios-houver-
motivacao
57
estatutário e instituído por diploma normativo específico, organizador de seu estatuto. Pela inegável importância
de que se reveste sua atuação, a Constituição contempla regras específicas que compõem seu regime jurídico
supralegal. Nessa categoria é que nos parece coerente incluir Magistrados, os membros do Ministério Público, os
Defensores Públicos, os membros dos Tribunais de Contas e os membros da Advocacia Pública (Procuradores da
União e dos Estados-Membros).

iii. Particular em colaboração: exerce função pública (exemplo: mesários, jurados, particulares
voluntários, concessionário, delegados de função, etc).Esta terceira categoria de agentes é composta por sujeitos
que, sem perderem sua qualidade de particulares – portanto, de pessoas alheias à intimidade do aparelho estatal
(com exceção única dos recrutados para o serviço militar) – exercem função pública, ainda que às vezes em caráter
episódico. Clássico exemplo desses agentes são os jurados, as pessoas convidadas para serviços eleitorais, como os
mesários e os integrantes de juntas apuradoras e os comissários de menores voluntários. São também
considerados agentes particulares colaboradores os titulares de ofícios de notas e de registro não oficializados (art.
236, CF) e os concessionários e permissionários de serviços públicos.

Obs.: A súmula vinculante 13 – nepotismo - não alcança os serviços extrajudiciais de notas e registros – CLT. Podem
ser funcionários de cartórios.

Obs: contratação por tempo determinado. Tratando do art. 37, IX, CF: - a lei estabelecerá os casos de contratação
por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público; diz a Constituição
que a lei estabelecerá os casos de contratação desses servidores. Assim dizendo, só se pode entender que o
constituinte pretendeu caracterizar essa relação funcional como de natureza contratual. Não obstante essa
qualificação, a lei instituidora do regime certamente poderá incluir algumas normas que mais se aproximem do
regime estatutário. O que não poderá, obviamente, é fixar outra qualificação que não a contratual. O STJ, aliás, já
teve a oportunidade de decidir, em processo de conflito de competência, que esse tipo de contratação ‘não revela
qualquer vínculo trabalhista disciplinado pela CLT’, sendo, pois, da Justiça Federal a competência para dirimir
questão de pagamento de verbas quando for ré a União Federal.

#DEOLHONAJURISPRUDENCIA - CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. SERVIÇO


EXCEPCIONAL DE INTERESSE PÚBLICO. REGIME ESTATUTÁRIO. CONFIGURAÇÃO. CONTRATO REGIDO PELAS
NORMAS DE DIREITO PÚBLICO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. Compete à Justiça Federal processar e
julgar ação ordinária proposta por servidor público federal, contratado por prazo determinado, nos termos da
legislação que disciplina a contratação para atender excepcional interesse público.2. Tendo o agente sido
contratado por tempo determinado, para suprir necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 37,
IX, CR), não compete à Justiça do Trabalho processar e julgar a ação, eis que a relação jurídica estabelecida entre as
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partes deve ser regida pelas normas de Direito Administrativo e não pelas normas de Direito do Trabalho.
Precedentes do STJ. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 2ª Vara de Ponta Grossa-PR, o
suscitante. (CC 79.007/PR, Rel. Ministro CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO),
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12.09.2007, DJ 01.10.2007 p. 210)

O STF definiu o tema: Repercussão Geral: Contratação Temporária e Competência da Justiça Comum.
O Tribunal, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal Superior
do Trabalho - TST que entendera ser competente a Justiça do Trabalho para julgar pretensão deduzida pela
recorrida, admitida como professora, pelo Estado do Amazonas, sob o regime de contratação temporária prevista
em lei local (Lei 1.674/84). Na espécie, a recorrida ajuizou reclamação trabalhista, na qual pleiteia o
reconhecimento de vínculo trabalhista e as verbas dele decorrentes, ao fundamento de que teria sido contratada
pelo regime especial da Lei 1.674/84, mas que, em decorrência das prorrogações sucessivas desse contrato, esse
vínculo teria se transmudado automaticamente num vínculo celetista. Aplicou-se a orientação fixada pelo Supremo
em vários precedentes no sentido de que compete à Justiça Comum estadual processar e julgar causas instauradas
entre a Administração Pública e seus servidores submetidos ao regime especial disciplinado por lei local editada
antes da CF/88 com fundamento no art. 106 da CF/67, na redação que lhe conferiu a EC 1/69. Asseverou-se que
esse entendimento foi reafirmado em inúmeros precedentes, já sob a égide da vigente Carta Magna. Enfatizou-se,
ademais, que várias decisões vêm sendo prolatadas no sentido de que o processamento de litígio entre servidores
temporários e a Administração Pública perante a Justiça do Trabalho afronta a decisão do Pleno na ADI 3395
MC/DF (DJU de 10.11.2006), na qual referendada cautelar que suspendeu liminarmente toda e qualquer
interpretação conferida ao inciso I do art. 114 da CF, na redação dada pela EC 45/2004, que inclua, na competência
da Justiça do Trabalho, a apreciação de causas que sejam instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele
vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo. RE 573202/AM, rel. Min.
Ricardo Lewandowski, 21.8.2008. (RE-573202).

Repercussão Geral: Contratação Temporária e Competência da Justiça Comum


Mencionou-se, também, o que afirmado no julgamento da Rcl 5381/AM (DJE 8.8.2008), no sentido de que, depois
da decisão proferida na ADI 2135 MC/DF (DJE de 7.3.2008), que suspendera os efeitos da EC 19/98 para retornar ao
regime jurídico único, não haveria como, no sistema jurídico-administrativo brasileiro constitucionalmente posto,
comportar esse tipo de contratação pelo regime da CLT. Por fim, asseverou-se que a prorrogação indevida no
contrato de trabalho de servidor temporário não transmuda esse vínculo original, de natureza tipicamente
administrativa, num vínculo trabalhista. Aduziu-se que a prorrogação do contrato, nessas circunstâncias, seja ela
expressa ou tácita, em que se opera a mudança do prazo de vigência deste, de temporário para indeterminado,
pode até ensejar nulidade ou caracterizar ato de improbidade, com todas as consequências que isso acarreta, mas
não alterar a natureza jurídica do vínculo. Vencido o Min. Marco Aurélio que afirmava que a competência seria
definida pela causa de pedir e pelo pedido, e, tendo em conta que, no caso, a recorrida ajuizara uma reclamação
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trabalhista, evocando, a partir do princípio da realidade, a existência do vínculo empregatício, reputava ser da
Justiça do Trabalho a competência para dirimir o conflito de interesses. Outros precedentes citados: RE 130540/DF
(DJU de 18.8.95); RE 102358/MG (DJU de 28.9.84); RE 136179/DF (DJU de 2.8.96); RE 215819/RS (DJU de 28.5.99);
RE 367638/AM (DJU de 28.3.2003); CJ 6829/SP (j. em 15.3.89); Rcl 4903 AgR/SE (DJE de 8.8.2008). RE 573202/AM,
rel. Min. Ricardo Lewandowski, 21.8.2008. (RE-573202)

Funcionário de fato é aquele cuja investidura foi irregular, mas cuja situação tem aparência de legalidade.
Em nome do princípio da aparência, da boa-fé dos administrados, da segurança jurídica e do princípio da presunção
de legalidade dos atos administrativos reputam-se válidos os atos por ele praticados, se por outra razão não forem
viciados.

Os agentes de fato podem ser agrupados em duas categorias: os agentes necessários; e os agentes
putativos. Teoria da aparência – convalidação – terceiro de boa-fé.

a. Agentes necessários são aqueles que praticam atos e executam atividades em situações
excepcionais, como, por exemplo, as de emergência, em colaboração com o Poder Público e como se fossem
agentes de direito.
b. Agentes putativos são que desempenham uma atividade pública na presunção de que há
legitimidade, embora não tenha havido investidura dentro do procedimento legalmente exigido. “Tem ele direito à
percepção da remuneração, mesmo se ilegítima a investidura, não estando obrigado a devolver os respectivos
valores”.

Note-se, porém, que o agente de fato jamais poderá usurpar a competência funcional dos agentes públicos
em geral, já que este tipo de usurpação da função pública constitui crime previsto no art. 328 do Código Penal.
Usurpação de função – se passar por um agente público – ato inexistente.

O servidor público trabalha na pessoa jurídica de direito público, especificamente, na Administração Direta,
autarquias e fundações públicas de direito público.

“Alguns autores consideram agentes públicos as pessoas contratadas por meio de contrato de locação civil de
serviços. Com a máxima vênia, lamentamos divergir. É que o vínculo nesse caso é meramente contratual e não
traduz uma relação permanente de trabalho.”
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2. Regime jurídico único

Regime jurídico é o conjunto de regras de direito que regulamentam determinada relação jurídica.

A Constituição Federal, na sua redação originária, estabelecia que os servidores deveriam estar submetidos
a regime jurídico único. No Brasil, predominou o regime estatutário, mas em alguns Estados foi escolhido o regime
celetista. A União escolheu o regime estatutário, promulgando a Lei nº 8.112/90.

Em 1998 foi introduzida no Brasil a EC nº 19, que alterou o art. 39, CF, abolindo o regime jurídico único. Foi
autorizado o regime múltiplo, de acordo com a lei de criação. A definição do regime passa a ser estabelecida
através da lei de criação (se criar cargo o regime será estatuário, se criar emprego o regime é celetista). Então, em
uma mesma pessoa jurídica poderia haver dois regimes.

No liame da função pública, composto sob a égide estatutária, o Estado, ressalvadas as pertinentes
disposições constitucionais impeditivas, deterá o poder de alterar legislativamente o regime jurídico de seus
servidores, inexistindo a garantia de que continuarão sempre disciplinados pelas disposições vigentes quando de
seu ingresso. (C.A). É entendimento pacífico no STF a inexistência de direito adquirido a regime jurídico.

Que atividades seriam estas, passíveis de comportar regime trabalhista, se a lei assim decidir? Só poderiam
ser aquelas que – mesmo desempenhadas sem as garantias específicas do regime de cargo – não comprometeriam
os objetivos em vista dos quais se impõe o regime de cargo como sendo o normal, o prevalente.

Não se ignora que foram admitidas levas de servidores sob regime de emprego para funções diversas das
indicadas e que não comportariam dito regime. Cite-se, a guisa de exemplo, a Lei 9.986, de 18.7.00, que
inconstitucionalmente estabeleceu o regime de emprego público para o pessoal das agências reguladoras
(suspensão na ADIn 2.310-1-DF, Rel. Min. Marco Aurélio).

Contudo, o STF decidiu na ADI 2135, em sede cautelar, que o art. 39 padecia de inconstitucionalidade
formal (vício de procedimento). Assim, o texto originário voltou a vigorar, definindo, novamente, o regime jurídico
único, seja celetista, seja estatutário. A decisão cautelar, em regra, tem efeitos ex nunc.

A Lei nº 8.112/90 é aplicada a servidor público titular de cargo7. Tratando-se de emprego, o regime será
trabalhista, contratual, regido pela CLT.
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#OUSESABER - Crítica de Celso Antônio à Lei 8.112: “Aliás, a sobredita lei não apenas instituiu tal regime como o
geral, aplicável a quaisquer servidores púbicos titulares de cargo público na órbita da União, mas, também,
conforme dantes se disse, inconstitucionalmente, colocou sob sua égide servidores não concursados que haviam
sido admitidos pela legislação trabalhista e transformou seus empregos em cargos públicos, independentemente do
tempo de serviço que tivessem (art.243 e §1º.) Nisto afrontou, à general, tanto o art.37, II, da Constituição, que
exige o concurso público de provas ou de provas e títulos para acesso a cargos públicos, quanto ofendeu
ostensivamente o art.19 e §1º. do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Este último conferiu
estabilidade à data da promulgação da Constituição, mas não autorizou mudanças em seu regime jurídico e muito
menos permitiu sua preposição em cargos públicos, pois, pelo contrário, estabeleceu que sua efetivação
dependeria de concurso público”.

Regime estatutário
 Pluralidade normativa – cada ente com o seu
 Relação não contratual – não há direito à inalterabilidade da situação funcional
 Iniciativa de lei de competência privativa do chefe do executivo
 Desafia lei ordinária e não complementar
 Competência da Justiça Comum – Estadual ou Federal

Regime Trabalhista
 Unicidade normativa – todos os entes obedecem a CLT
 Natureza contratual
 Ocorrendo alteração para o regime estatutário (é opção do servidor), deve o ente respeitar todos os
direitos funcionais adquiridos pelo servidor sob o regime celetista.
 Competência da Justiça do Trabalho

Regime de emprego público – lei federal 9.962/00


 Nada mais é senão a aplicação do regime trabalhista comum às relações entre Administração e
servidor trabalhista. Aplicação primária da lei e subsidiária da CLT.
 Incidência: PESSOAS FEDERATIVAS, AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS FEDERAIS.
 Prévia aprovação em concurso público de provas ou provas e títulos
 Rescisão contratual – falta grave; acumulação ilegal; insuficiência de desempenho apurada em
processo administrativo. Não há hipótese de resilição unilateral, como na CLT.
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ATENÇÃO: NÃO CONFUNDIR COM O EMPREGADO PÚBLICO DAS SEM E EP – SÓ HÁ INCIDÊNCIA DA CLT.

Regime especial – temporários


 Depende de lei própria do ente federativo
 Prazo determinado + necessidade tem de ser temporária + interesse público excepcional
 É um contrato administrativo de caráter funcional
 Não revela qualquer vínculo trabalhista – Justiça comum
 Se não houver a lei – relação de emprego - Justiça do Trabalho
 Longa permanência do vínculo temporário (sucessivas prorrogações) – STF diz que não vira relação
de emprego. Continua sendo competente a Justiça Comum.
 A união publicou a sua lei – 8.745: calamidade, surtos endêmicos, assistência e emergências em
saúde pública, recenseamentos, admissão de professores estrangeiros.

#ATENÇÃO #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA

E possível que, com fundamento no inciso IX, a Administração Pública contrate servidores temporários para o
exercício de atividades de caráter regular e permanente ou isso somente é permitido para atividades de natureza
temporária (eventual)?
O STF entende que o art. 37, IX, da CF/88 autoriza que a Administração Pública contrate pessoas, se concurso
público, tanto para o desempenho de atividades de caráter eventual, temporário ou excepcional, como também
para o desempenho das funções de caráter regular e permanente, desde que indispensáveis ao atendimento de
necessidade temporária de excepcional interesse público, (ADI 3068, Rei. p/Ac. Mm. Eros Grau, Tribunal Pleno,
julgado em 25/08/2004).
Para saber se é legítima a contratação com base no art. 37, IX, deverão ser analisados dois aspectos: a) a
necessidade da contratação deve ser transitória (temporária); b) deve haver um excepcional interesse público que a
justifique.
Exi: a atividade de um médico em um Estado possui natureza permanente (regular), considerando que é dever do
ente estadual prestar saúde à população (art. 196 da CF/88). Em regra, os médicos devem ser selecionados por
meio de concurso público. Ocorre que se pode imaginar situações em que haja uma necessidade temporária de
médicos em número acima do normal e de forma imediata, o que justifica, de forma excepcional, a contratação
desses profissionais sem concurso público, por um prazo determinado, com base no inciso IX. É o caso de uma
epidemia que esteja ocorrendo em determinada região do Estado.
Em resumo, mesmo em atividades públicas de natureza permanente, como as desenvolvidas nas áreas de saúde,
educação e segurança pública, é possível, em tese, a contratação por prazo determinado para suprir uma demanda
eventual ou passageira.
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Segundo o Mm. Joaquim Barbosa, o inciso IX do art. 37 impõe duas limitações ao administrador público:
. Limitação formal: exigência de uma lei que regulamente o tema;
. Limitação material: exigência de que essa lei descreva as hipóteses em que será permitida a contratação, o tempo
máximo determinado e qual é a necessidade temporária de excepcional interesse público que a justifica.
Processo seletivo simplificado
A contratação com base no inciso IX ocorre sem a realização de prévio concurso público.
A lei, no entanto, pode prever critérios e exigências a serem observadas pelo administrador no momento de
contratar. Ex: a Lei n.° 8.745/93, que rege o tema em nível federal, exige que os profissionais a serem contratados
sejam submetidos a uma espécie de processo seletivo simplificado (art. 32), ou seja, um procedimento mais simples
que o concurso público, no entanto, por meio do qual se possa selecionar os melhores candidatos à função e de
maneira impessoal.
Nada impede também que a lei não preveja nem mesmo o processo seletivo simplificado.
No âmbito federal, por exemplo, a contratação para atender às necessidades decorrentes de calamidade pública,
de emergência ambiental e de emergências em saúde pública prescindirá de processo seletivo.
Vínculo especial de direito administrativo
O vínculo jurídico entre o servidor contratado temporariamente (art. 37, IX) e o Poder Público é um vínculo de
cunho administrativo.
Apesar de existirem opiniões doutrinárias em sentido contrário, o STF já decidiu que a lei municipal ou estadual que
regulamente o art. 37, IX não pode estabelecer que o regime a ser aplicado seja o celetista.
Não ocupam cargo ou emprego público
Os servidores temporários contratados sob o regime do art. 37, IX, não estão vinculados a um cargo ou emprego
público, exercendo apenas uma função administrativa temporária (função autônoma, justamente por não estar
vinculada a cargo ou emprego).
Administração direta ou indireta de qualquer dos Poderes
A contratação de servidores temporárias pode ocorrer tanto na Administração direta como na Administração
indireta.
No âmbito federal, a Lei n.° 8.745/93 regulamentou a contratação apenas para a administração direta e para as
autarquias e fundações federais, deixando de fora as empresas públicas e as sociedades de economia mista.
Apesar de ser mais comum de ocorrer no Poder Executivo, saiba que também é possível a contratação por tempo
determinado no âmbito dos Poderes Legislativo e Judiciário.

#OLHAOGANCHO - Lei que prevê hipóteses genéricas de contratação temporária é inconstitucional. Lei que
autoriza contratação temporária para projetos educacionais ordinários é inconstitucional. O STF afirmou que, em
tese, é possível a contratação temporária por excepcional interesse público (art. 37, IX, da CF/88) mesmo para
atividades permanentes da Administração (como é o caso de professores). No entanto, o legislador tem o ônus de
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especificar, em cada circunstância, os traços de emergencialidade que a justificam. As alíneas "a, b, c, d, e" preveem
a contratação temporária caso o titular se afaste para gozar de licenças ou para fazer cursos de capacitação. O STF
reputou que tais hipóteses são constitucionais já que elas descrevem situações que são alheias ao controle da
Administração Pública, ou seja, hipóteses que estão fora do controle do Poder Público e que, se este não tomasse
nenhuma atitude, poderia resultar em desaparelhamento transitório do corpo docente. Logo, para tais situações
está demonstrada a emergencialidade. A alínea "f" previa que poderia haver a contratação temporária para suprir
"outros afastamentos que repercutam em carência de natureza temporária". O STF entendeu que esta situação é
extremamente genérica, de forma que não cumpre o art. 37, IX, da CF/88. O parágrafo único do art. 3º autoriza a
contratação temporária para que a Administração Pública pudesse implementar "projetos educacionais, com vista à
erradicação do analfabetismo, correção do fluxo escolar e qualificação da população cearense". O STF entendeu
que esta previsão também é inconstitucional porque estes são objetivos corriqueiros (normais, ordinários) da
política educacional. Desse modo, esse tipo de ação não pode ser implementado por meio de contratos episódicos
(temporários), já que não constitui contingência especial a ser atendida. STF. Plenário. ADI 3721/CE, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 9/6/2016 (Info 829).

OUSESABER - Alcance da vedação contida no art. 99, III, da Lei 8.745/93


No âmbito da administração pública federal, é vedada a contratação temporária do mesmo servidor antes de
decorridos 24 meses do encerramento do contrato anterior. Tal regra está prevista no art. 92, III, da Lei n.°
8.745/93.
O STJ decidiu, no entanto, que é possível nova contratação temporária, também com fundamento na Lei
8.745/1993. precedida por processo seletivo equiparável a concurso público, para outra função pública e para
orgão scm relação de dependência com aquele para o qual fora contratado anteriormente, ainda que a nova
contratação tenha ocorrido em período inferior a 24 meses do encerramento do contrato temporário anterior.
Ex: Carlos, após ser aprovado em processo seletivo simplificado, foi contratado temporariamente, com base na Lei
n.° 8.745/93, para prestar serviços técnicos na ANATEL. Cinco meses após acabar seu contrato temporário, Carlos
participou de novo processo seletivo simplificado, desta vez para prestar outro tipo de serviço temporário (também
com base na Lei n.° 8.745/93), agora para o Ministério da Saúde. Carlos foi aprovado e, mesmo não tendo se
passado 24 meses do último vínculo, ele tem direito de ser contratado. (STI. 21 Turma. REsp 1.433.037-DF. ReI. Mm.
Humberto Martins. julgado em 25/2/20 14).

*São inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da CF/88, a autorização legislativa genérica para contratação
temporária e a permissão de prorrogação indefinida do prazo de contratações temporárias. STF. Plenário. ADI
3662/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/3/2017 (Info 858).
65
* No âmbito da administração pública federal, é vedada a contratação temporária do mesmo servidor antes de
decorridos 24 meses do encerramento do contrato anterior. Tal regra está prevista no art. 9º, III, da Lei nº 8.745/93:
Art. 9º O pessoal contratado nos termos desta Lei não poderá: III - ser novamente contratado, com fundamento
nesta Lei, antes de decorridos 24 (vinte e quatro) meses do encerramento de seu contrato anterior, salvo nas
hipóteses dos incisos I e IX do art. 2º desta Lei, mediante prévia autorização, conforme determina o art. 5º desta
Lei. O STF, ao analisar um caso concreto envolvendo a contratação temporária de professores, decidiu que essa
regra é constitucional e fixou a seguinte tese: “É compatível com a Constituição Federal a previsão legal que exija
o transcurso de 24 (vinte e quatro) meses, contados do término do contrato, antes de nova admissão de
professor temporário anteriormente contratado.” STF. Plenário. RE 635648/CE, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
14/6/2017 (repercussão geral) (Info 869).

#OUSESABER: O STJ decidiu pela possibilidade de cumulação de proventos de aposentadoria de emprego público
com remuneração proveniente de exercício de cargo temporário, conforme consta do informativo n° 559.
Conforme aduz o artigo 118, §3°, da Lei 8.112/90, tem-se por proibida a percepção de vencimento de cargo ou
emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas
remunerações forem acumuláveis na atividade. Pois bem, o Tribunal Cidadão enfatizou que a vedação contida
nesse dispositivo diz respeito apenas à acumulação de proventos de aposentadoria com remuneração de cargo ou
emprego público efetivo, categorias nas quais não se insere a função pública exercida por força de contratação
temporária, a qual é preenchida via processo seletivo simplificado, nos moldes da Lei 8.745/1993. A esse respeito, é
importante destacar que este diploma normativo estabelece, em seu artigo sexto, a proibição de contratação de
“servidores temporários” que já sejam servidores da Administração direta ou indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, bem como de empregados ou servidores de suas subsidiárias e controladas, veja-
se: Art. 6º É proibida a contratação, nos termos desta Lei, de servidores da Administração direta ou indireta da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como de empregados ou servidores de suas
subsidiárias e controladas.
Por último, o STJ destacou que o empregado público pertence ao RGPS, não se aplicando, portanto, o disposto no §
10 do art. 37 da CF, segundo o qual: "É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes
do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos
acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre
nomeação e exoneração".

3. Cargo público

É a mais simples e indivisível unidade de competência. Submete-se ao regime legal (regime jurídico-
administrativo), sendo criado por lei, com número certo, denominação própria e competência definida em lei. O
66
cargo só está presente na pessoa jurídica de direito público. Os serviços auxiliares do Poder Legislativo não são
criados por lei, apenas por resolução da Casa Legislativa.

Nomeação é o ato administrativo que materializa o provimento originário.

Acerca da ascensão e transferência, vide Súmula 685 do STF (É inconstitucional toda modalidade de
provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu
provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.). Em face do art. 37, inciso II, o
STF já se manifestou pela inconstitucionalidade de algumas formas de provimento derivado, tais como a ascensão e
a transferência, o que resultou na revogação dos incisos II I e IV do art. 8º da Lei nº 8.112/90 (extraído do roteiro de
estudo n. 9, de autoria do Des. Luiz Alberto Gurgel de Faria).

No liame da função pública, composto sob a égide estatutária, o Estado, ressalvadas as pertinentes
disposições constitucionais impeditivas, deterá o poder de alterar legislativamente o regime jurídico de seus
servidores, inexistindo a garantia de que continuarão sempre disciplinados pelas disposições vigentes quando de
seu ingresso. É entendimento pacífico no STF a inexistência de direito adquirido a regime jurídico.

#DOUTRINA - um exemplo: suponha-se que o estatuto do servidor, quando este foi nomeado para o cargo,
contemplasse uma licença para estudar no exterior. Nada impede que o Poder Público extinga a licença
posteriormente, por entender inconveniente à Administração. O servidor no tem direito adquirido à manutenção
da referida licença no estatuto funcional;

Não obstante, a lei estatutária contempla vários direitos individuais para o servidor. A aquisição desses direitos,
porém, depende sempre de um suporte fático ou, se se preferir, de um fato gerador que a lei expressamente
estabelece. Se se consuma o suporte fático previsto na lei e se são preenchidos os requisitos para o seu exercício, o
servidor passa a ter direito adquirido ao benefício ou vantagem que o favorece.
Vejamos um exemplo: suponha-se que o estatuto funcional do servidor, quando de seu ingresso no serviço público,
admitisse adicional de tempo de serviço, conferindo o percentual de cinco por cento dos vencimentos para cada
período de cinco anos de efetivo exercício (quinquênios). Não tem o servidor direito adquirido à permanência do
adicional; em outras palavras, a Administração pode extingui-lo. Se a extinção se der, para exemplificar quando o
servidor já tiver 11 anos de serviço, a norma terá sofrido alteração, mas terá ele direito adquirido ao percentual de
dez por cento, porque a essa altura se terá completado o fato gerador do direito à percepção desse percentual: o
exercício das funções pelo período de dois quinquênios. Caso a extinção ocorra quando o servidor conte apenas
com dois anos de efetivo exercício, nenhum direito terá, porquanto não se terá consumado nem o faro gerador do
primeiro percentual, qual seja, o exercício da função por cinco anos. A situação aqui é de mera expectativa,
diferente da anterior, em que o fato realmente se consumou, originando a aquisição do direito.
67
Em se tratando de nova Constituição, a doutrina dominante registra que não há a garantia do direito adquirido
contra seus mandamentos, visto que ela inaugura outra ordem jurídica, sucedendo a anterior, e tem incidência
imediata sobre as situações nascidas sob a égide da Constituição antecedente.
Diversa, contudo, é a situação de alteração da Constituição por Emenda Constitucional.

Obs.:
 Criação, extinção e transformação de cargos – competência do CN.
 Extinção quando vagos – decreto do Chefe do Executivo
 Transformação sem aumento de despesa é mera reorganização administrativa – não precisa de lei.
 Câmara dos Deputados e Senado Federal – resolução, sem sanção do Presidente  A criação e extinção de
cargos públicos da Câmara e do Senado se dá por resolução, e não por lei, como é a regra geral.

*#RESUMO
Objeto Iniciativa Instrumento
Criação de cargos no Executivo Presidente da República Lei
Criação de cargos no Legislativo Mesa de cada uma das Casas Resolução
Criação de cargos no Judiciário Tribunais Lei
Aumento dos vencimentos dos Presidente da República Lei
cargos do Executivo
Aumento dos vencimentos dos Mesa de cada uma das Casas Lei
cargos do Legislativo
Aumento dos vencimentos dos Tribunais superiores (âmbito Lei
cargos do Judiciário federal)
Revisão geral anual dos servidores Presidente da República Lei
de todos os poderes (art. 37, X)
Criação de cargos no Ministério Procurador-Geral da República Lei
Público e respectivo aumento dos
vencimentos

Em nosso entender, contudo, essa reorganização tem limites para o Administrador, sendo vedado, a
pretexto de executá-la, alterar tão profundamente a estrutura funcional do órgão que dela possa resultar a sua
desfiguração, com extinção de carreiras e criação de novos cargos, sem que haja autorização legal. Da mesma
forma, não pode um ato administrativo mudar atribuições dos cargos para os quais seus titulares se habilitaram por
concurso: isso refletiria desvio de finalidade e, indiretamente, retrataria transformação do cargo. Alterações dessa
natureza somente podem perpetrar se por meio de lei formal, como já se decidiu corretamente.
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“Inadmissível compelir o Poder Executivo, por meio de ação civil pública, com preceito cominatório de obrigação
de fazer. O STJ também já proclamou que ‘a decisão judicial que intervém na administração pública determinando
a contratação de servidores públicos em caráter precário é flagrantemente ilegítima’”.

4. Emprego público

É a unidade de competência com encargo (núcleo de encargo permanente). Conforme leciona o professor
Rafael Carvalho Rezende de Oliveira, em seu livro Curso de Direito Administrativo, o regime trabalhista é o regime
próprio dos agentes públicos que ocupam empregos nas entidades com personalidade jurídica de direito privado,
da Administração Pública Indireta. Trata-se da aplicação do regime de pessoal das empresas privadas às entidades
revestidas de caráter privado.
Não será pautado exclusivamente pela CLT, pois esses empregados estarão submetidos a princípios e
regras constitucionais relativas aos agentes públicos em geral.
Atualmente, esse regime possui aplicação restrita, em decorrência da decisão do STF, que concedeu liminar
em ação direta de inconstitucionalidade, para declarar inconstitucional a redação conferida ao art. 39 da CRFB.
Com essa decisão, voltou a vigorar o Regime Jurídico Único para as pessoas de direito público.
Assim, ainda resta aplicável ao pessoal contratado à época em que não havia essa obrigatoriedade. Isto é, o
regime estatutário convive com outros regimes: notadamente o regime celetista dos empregados públicos
contratados à época da vigência da EC 19//1998 ao art. 39 da CRFB, bem como o regime especial, aplicável aos
servidores temporários (art. 37, IX, da CRFB).

5. Função

É um conjunto de atribuições e responsabilidades atribuídas a um servidor. Também é criada por lei.


Atualmente, na CF, a uma função especial permitida de confiança, servindo à direção, cheia ou assessoramento. A
função de confiança só pode ser atribuída aos que tem cargo efetivo.
As funções públicas são plexos unitários de atribuições, criados por lei, correspondentes a encargos de
direção, chefia ou assessoramento, a serem exercidas por titular de cargo efetivo, da confiança da autoridade que
as preenche.

As atribuições decorrentes da função de confiança resultam em acréscimo remuneratório, devido as


maiores responsabilidades. É por isso que alguns denominam de função gratificada.

Todo cargo tem função, mas nem toda função pressupõe cargo.
69

Obs. servidor que realiza outras funções não designadas para o seu cargo – desvio de função.
“Na verdade, o desvio de função não se convalida, a não ser em situações excepcionais autorizadas em lei, mas o
servidor deve ser indenizado, quando couber, pelo exercício das funções do outro cargo, e a autoridade
administrativa deve ser responsabilizada pela anomalia, inclusive porque retrará improbidade administrativa”.

6. Cargo de confiança (cargo em comissão)

Também é utilizado para direção, chefia e assessoramento, podendo ser exercido por qualquer pessoa,
atendidos os requisitos mínimos. É cargo de livre nomeação e livre exoneração (ad nutum). A Constituição reservou
um número mínimo para que sejam nomeados os servidores de carreira para garantir a continuação do serviço
público.

Obs.: a lei não pode criar cargos dessa natureza para funções permanentes ou de rotina administrativa. Assim
decidiu o STF na ADI 3.602, j. 14.4.2011, em hipótese na qual foram criados cargos em comissão de períto-médico,
auditor de controle interno, produtor jornalístico, e outros do gênero.

OBS. NOMENCLATURAS:
 Função gratificada, gratificação de função, função de confiança – são funções específicas de direção,
chefia ou assessoramento que acarretam uma vantagem pecuniária. Só pode ser exercida por servidores ocupantes
de cargo efetivo.
 Cargo em comissão, função comissionada, cargo de confiança– podem ser ocupados por servidores
ocupantes de cargo efetivo ou não.

Não obstante, afigura-se flagrantemente a criação de cargos em comissão em número excessivo e


desproporcional ao quantitativo dos cargos efetivos, fato que denuncia claramente o propósito de favorecimento
de alguns poucos apaniguados, frequentemente por interesses políticos. Da mesma forma, é inconstitucional a lei
que cria cargos em comissão com atribuições incompatíveis com o regime de livre nomeação e exoneração, isto é,
funções que não sejam de direção, chefia ou assessoramento. Revela-se ainda ilegítima a transformação de cargos
na qual se permita reenquadramento indiscriminado dos servidores, sem critério de adequação relativamente aos
requisitos (natureza de funções, escolaridade etc.) do cargo novo e do cargo transformado, ensejando privilégios
por via oblíqua.
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7. Cargo Público – Classificação:

 Quanto à posição estatal


a) Cargo de carreira: é o cargo que possui plano de ascensão funcional; 1ª classe, 2ª classe.
b) Cargo isolado: não há oportunidade de crescimento na carreira.

 Quanto à sua vocação para retenção (garantia de permanência)


a) Cargo em comissão: ocupação provisória. Baseado na confiança, de livre nomeação e
exoneração. Não há garantia de permanência;
b) Cargo efetivo: ocupação permanente. Depende de concurso público e há garantia de
permanência. É pressuposto para estabilidade. Se o servidor tem cargo efetivo é preciso de processo
administrativo ou judicial ou avaliação negativa de desempenho (EC 19/98)
c) Cargo vitalício: a perda do cargo vitalício depende de processo judicial (magistrados,
membros do Ministério Público e Conselheiros dos TC).Pode ser por processo administrativo se for antes
dos dois anos. A vitaliciedade é estabelecida na CF e somente por EC pode ser criada nova hipótese.

Obs.: A expressão emprego público é utilizada para identificar a relação funcional trabalhista, assim como se tem
usado a expressão “empregado público” como sinônima da de servidor público trabalhista. Para bem diferenciar as
situações, é importante lembrar que o servidor trabalhista tem função (no sentido de tarefa, atividade), mas não
ocupa cargo. O servidor estatutário tem o cargo que ocupa e exerce as funções atribuídas ao cargo.

*#SELIGANAPECULIARIDADE #MP: Na hipótese de membro de Ministério Público Estadual praticar falta


administrativa também prevista na lei penal como crime, o prazo prescricional da ação civil para a aplicação da
pena administrativa de perda do cargo somente tem início com o trânsito em julgado da sentença condenatória
na órbita penal. STJ. 2ª Turma. REsp 1.535.222-MA, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 28/3/2017 (Info 601).

8. Formas de Provimento

Provimento significa o preenchimento do cargo público. Pode ser subdividido em duas categorias:
provimento originário e provimento derivado.

i. Provimento Originário – não há vínculo anterior com o mesmo estatuto.


ii. Provimento Derivado Vertical - (é aquele em que há plano de elevação funcional, com ascensão na
carreira), exemplo: promoção. Derivado – há vínculo anterior com o mesmo estatuto.
71
iii. Provimento Derivado Horizontal (há mudança de cargo, mas sem elevação funcional), exemplo:
readaptação.
iv. Provimento Derivado por Reingresso (é o retorno do servidor para a mesma carreira)

#SELIGANASÚMULA - Súmula 685: é inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor
investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a
carreira na qual anteriormente investido.8

Formas de provimento:

a) Nomeação: atribuição de um cargo a um servidor. Com a posse, há aceitação do cargo com o


compromisso de bem servir. É nesse momento que a relação jurídica é constituída (investidura- POSSE). O
servidor tem 30 dias para tomar posse, que se não for feita no prazo legal, ficará sem efeito. Após, o servidor
tem 15 dias para entrar em exercício (com o exercício passa a ter direito à remuneração).Se não o fizer, o
servidor será exonerado. O candidato nomeado tem direito à posse (Súmula 16 STF). Há nomeação para cargo
efetivo e há nomeação para cargo em comissão.
b) Promoção: sai de uma classe para outra no âmbito da sua carreira. Ascensão – servidor vai da maior
classe de sua carreia para a menor de carreira diversa. Transferência – servidor vai para classe de mesmo nível
em carreira diversa. NÃO é mais possível ocorrer a transferência nem a ascensão.

Cessão do servidor – empréstimo temporário. É discricionário. Não há direito subjetivo dos servidores. Pode ser
com ônus (ele paga a remuneração) ou sem ônus para o cedente (cessionário arca com a remuneração).

c) Reintegração: acontece quando comprovada a ilegalidade da desinvestidura do servidor (exemplo:


ilegalidade da demissão). O retorno pode ocorrer por processo judicial ou administrativo para cargo de origem.
Se o cargo for transformado, o servidor vai retornar para o resultado da transformação. Vai receber todas as
vantagens do período em que esteve afastado (art. 28, da Lei nº 8.112/90);

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: São imprescritíveis as ações de reintegração em cargo público


quando o afastamento se deu em razão de atos de exceção praticados durante o regime militar. Vale ressaltar,
contudo, que a imprescritibilidade da ação que visa reparar danos provocados pelos atos de exceção não implica no
afastamento da prescrição quinquenal sobre as parcelas eventualmente devidas ao autor. Não se deve confundir
imprescritibilidade da ação de reintegração com imprescritibilidade dos efeitos patrimoniais e funcionais dela
decorrentes, sob pena de prestigiar a inércia do Autor, o qual poderia ter buscado seu direito desde a publicação da

8
#FICADEOLHO: Caiu na 2ª fase da DPE/AC – 2017 (CESPE)
72
Constituição da República. Em outras palavras, o recebimento dos “atrasados” ficará restrito aos últimos 5 anos
contados do pedido. STJ. 1ª Turma. REsp 1.565.166-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 26/06/2018 (Info
630). #IMPORTANTE

d) Recondução: acontece quando ocorrer a reintegração do antigo ocupante do cargo ou quando for
inabilitado no estágio probatório de outro cargo. O servidor retornará ao cargo anterior (de origem) se estiver
vago, caso esteja ocupado retornará para cargo equivalente vago. Não havendo cargo equivalente vago, ele
ficará em disponibilidade e será remunerado proporcionalmente ao tempo de serviço (art. 29, da Lei nº
8.112/90); a reintegração e a recondução são garantias do servidor estável, OU SEJA, não sendo estável ele pode
ser exonerado caso o servidor volte por meio da reintegração.

#ATENÇÃO #OLHAOGANCHO
SERVIDORES PÚBLICOS
Inaplicabilidade do direito à recondução do art. 29, I, da Lei 8.112/90 a servidor público estadual
Se a legislação estadual não prevê a recondução, é possível aplicar a Lei 8.112/90 por analogia? NÃO. Não é possível
a aplicação, por analogia, do Instituto da recondução previsto no art. 29,1, da Lei 8.112/1990 a servidor público
estadual na hipótese em que o ordenamento jurídico do Estado for omisso acerca desse direito. Segundo a
jurisprudência do STJ, somente é possível aplicar, por analogia, a Lei 8.112/90, aos servidores públicos estaduais e
municipais se houver omissão, na legislação estadual ou municipal, sobre direito de cunho constitucional e que seja
autoaplicável e desde que tal situação não gera o aumento de gastos. Ex: aplicação, por analogia, das regras da Lei
8.112/90 sobre licença para acompanhamento de cônjuge a determinado servidor estadual cuja legislação não
prevê esse afastamento (RMS 34.63(YAC, ReI. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em
18/10/2011). Nesse exemplo, o STJ reconheceu que a analogia se justificava para proteção da unidade família, valor
protegido constitucionalmente (art. 226 da CF/88). No caso da recondução, contudo, não é possível a analogia
porque esse direito não tem cunho constitucional. STJ. 21 Turma. RMS 46.438-MG, Rei. Mm. Humberto Martins,
julgado em 16/12/2014 (Info 553).

e) Aproveitamento: é o retorno do servidor em disponibilidade. O servidor fica em disponibilidade


quando o seu cargo é extinto por ser considerado desnecessário. É disponibilidade remunerada. (art. 30 a 32, da
Lei nº 8.112/90);

Obs. Instituto da disponibilidade


 Extinção do cargo (lei) OU declaração de desnecessidade (STF - lei).
 Incidência – servidores: estatutários e trabalhistas (empregados públicos)
73
 Efeitos: servidor percebe remuneração proporcional ao tempo de serviço (e não ao tempo de
contribuição) + dever da Administração em promover o seu aproveitamento em cargo
compatível.

f) Reversão: acontece quando insubsistentes os motivos da aposentadoria por invalidez, declarado


por junta médica. A última forma de provimento por reingresso é a reversão. Esse tipo de reingresso é
específico para o servidor inativo e se consuma mediante a ocorrência de duas situações funcionais:
1. o restabelecimento, por laudo médico, de servidor aposentado por invalidez; ou
2. vi cio de legalidade no ato que concedeu a aposentadoria.

Também cabe reversão a pedido do servidor, mas no interesse da Administração (art. 25, da Lei nº
8.112/90) – acrescentado por MP de 2001. José considera inconstitucional.

“No entanto, sem embargo dessa óbvia linha de teorização, nova legislação federal, alterando a Lei n 8.1
12R990 (Estatuto dos Servidores Federais), passou a admitir a reversão no interesse da administração”, desde que:
(1) haja solicitação da reversão; (2) a aposentadoria tenha sido voluntária e concedida nos cinco anos anteriores ao
pedido; (3) o servidor fosse estável quando se aposentou; (4) haja cargo vago. Pelas novas regras, a reversão dar-se-
á no mesmo cargo em que o servidor se aposentou ou naquele que resultou de eventual transformação. Se o cargo
estiver provido, o servidor ficará como excedente até a ocorrência de vaga.

Em nosso entendimento, tais normas são flagrantemente inconstitucionais. Como já se enfatizou, a


aposentadoria extingue a relação estatutária e acarreta a vacância do respectivo cargo, não se podendo admitir a
ressurreição da relação jurídica definitivamente sepultada. Por outro lado, esse tipo de reversão rende ensejo a que
o servidor, depois de abandonar o serviço público, resolva simplesmente desistir de sua inatividade e voltar ao
mesmo cargo, deixando sempre fluido e instável o quadro funcional.

Não cabe mais a readmissão. O mesmo se pode dizer da antiga readmissão, forma anterior de reingresso
pela qual o servidor, depois de deixar o serviço público, requeria o retomo direto a seu cargo, sem aprovação em
concurso público, ficando a critério da Administração aceitar ou não o pedido. Hoje tal forma é vedada pelo mesmo
arc. 37, II, da CF e sua aceitação implicaria conduta constitucionalmente vedada.

g) Readaptação: servidor ocupa cargo diverso que se compatibiliza com a limitação ocorrida em sua
capacidade física ou psíquica.

São formas de reingresso – reintegração, reversão e aproveitamento.


74
Formas de Deslocamento

Ficam dentro do mesmo quadro. Diferentemente do provimento derivado.


1. Remoção: é o deslocamento do servidor de acordo com as necessidades do serviço. Pode
ser uma remoção de ofício ou a pedido (art. 36, da Lei nº 8.112/90);]

* O art. 36 da Lei nº 8.112/90 trata de três hipóteses de remoção:

1) de ofício, “no interesse da Administração” e mesmo que contra a vontade do servidor (inciso I);
2) a pedido do servidor e “a critério da Administração” (inciso II) e
3) a pedido do servidor “independentemente do interesse da Administração” (inciso III) nas estritas hipóteses das
alíneas “a”, “b” e “c”.

* #IMPORTANTE #PACIFICOU: Pedro e Soraia, casados entre si, são servidores públicos federais lotados em Recife.
É aberta uma vaga em Salvador para o cargo de Pedro. Este concorre no concurso de remoção e consegue ser
removido para a capital baiana. Soraia terá direito de ser removida junto com Pedro, com fulcro no art. 36,
parágrafo único, III, “a”? O servidor que é transferido de localidade a pedido, após concorrer em concurso de
remoção, gera para seu cônjuge o direito subjetivo de também ser transferido para acompanhá-lo,
independentemente do interesse da Administração? NÃO. O servidor público federal somente tem direito à
remoção prevista no art. 36, parágrafo único, III, "a", da Lei nº 8.112/90, na hipótese em que o
cônjuge/companheiro, também servidor, tenha sido deslocado de ofício, para atender ao interesse da
Administração (nos moldes do inciso I do mesmo dispositivo legal). STJ. 1ª Seção. EREsp 1.247.360-RJ, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, julgado em 22/11/2017 (Info 617).

#OLHAOGANCHO: O filho de membro do Ministério Público do Trabalho tem, em razão da mudança de domicílio de
seu pai para tomar posse no cargo de Desembargador Federal do Trabalho, direito a ser transferido para instituição
de ensino superior congênere, nos termos do art. 49 da Lei nº 9.394/96, c/c art. 1º da Lei nº 9.536/97. STJ. 2ª
Turma. REsp 1.536.723-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 13/10/2015 (Info 571).

#OUSESABER: No EREsp 1.157.628-RJ, julgado em 07/12/2016 e publicado no DJe de 15/02/2017, a Corte Especial
do STJ decidiu que: "A 'teoria do fato consumado' não pode ser aplicada para consolidar remoção de servidor
público destinada a acompanhamento de cônjuge, em hipótese que não se adequa à legalidade estrita, ainda que
tal situação haja perdurado por vários anos em virtude de decisão liminar não confirmada por ocasião do
julgamento de mérito". No mesmo sentido, o STJ já havia se manifestado no acórdão paradigma, o AgRg no REsp
1.453.357-RN, segundo o qual "a teoria do fato consumado visa preservar não só interesses jurídicos, mas
75
interesses sociais já consolidados, não se aplicando, contudo, em hipóteses contrárias à lei, principalmente
quando amparadas em provimento judicial de natureza precária".

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
A “teoria do fato consumado" não pode ser aplicada para consolidar remoção de servidor público destinada a
acompanhamento de cônjuge, em hipótese que não se adequa à legalidade estrita, ainda que tal situação haja
perdurado por vários anos em virtude de decisão liminar não confirmada por ocasião do julgamento de mérito. Em
outras palavras, se a pessoa consegue uma decisão provisória garantindo a ela a remoção e, posteriormente, esta
decisão é revogada, esta remoção terá que ser desfeita mesmo que já tenha se passado muitos anos. Não se aplica
a "Teoria do Fato Consumado" em relação a atos praticados sob contestação das pessoas envolvidas, que o
reputam irregular e manifestam a existência da irregularidade nas vias adequadas, ainda que, pela demora no
transcurso do procedimento destinado à apuração da legalidade do ato, este gere efeitos no mundo concreto.
Verificada ou confirmada a ilegalidade, o ato deve ser desfeito, preservando-se apenas aquilo que, pela
consolidação fática irreversível, não puder ser restituído ao status quo ante. Se a Administração Pública, mesmo
após a decisão liminar, continuou questionando no processo a legalidade da remoção do servidor/autor, não se
pode aplicar a teoria do fato consumado, devendo o ato ser desfeito, salvo se tivesse havido uma consolidação
fática irreversível (ou seja, se não fosse mais possível voltar ao "status quo ante"). STJ. Corte Especial. EREsp
1.157.628-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 7/12/2016 (Info 598).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: É constitucional a previsão legal que assegure, na hipótese de transferência


ex officio de servidor a matrícula em instituição pública, se inexistir instituição congênere à de origem. Ex: Paulo é
servidor público federal, lotado em Recife (PE), onde faz faculdade de Medicina em uma universidade particular. Ele
é transferido de ofício, para Rio Branco (AC). Suponhamos, hipoteticamente que em Rio Branco, as universidades
privadas lá existentes não possuem o curso de medicina. Neste caso, Paulo teria direito a uma vaga no curso de
Medicina da universidade pública. Fundamento legal: art. 1º da Lei nº 9.536/97. STF. Plenário. RE 601580/RS, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 19/9/2018 (repercussão geral) (Info 916).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A Lei nº 12.855/2013, que instituiu a Indenização por Trabalho em
Localidade Estratégica, é norma de eficácia condicionada à prévia regulamentação, para definição das localidades
consideradas estratégicas, para fins de pagamento da referida vantagem. STJ. 1ª Seção. REsp 1.617.086-PR, Rel.
Min. Assusete Magalhães, julgado em 28/11/2018 (recurso repetitivo) (Info 641). FUCS alteradas: Direito
Administrativo: 14. Responsabilidade Civil do Estado
76
2. Redistribuição: deslocamento do servidor em razão de uma reorganização dos quadros
(normalmente quando extingue órgão ou entidade), art. 37, da Lei nº 8.112/90.
3. Substituição: depende da Lei de Organização da carreira (art. 38 e 39, Lei nº 8.112/90);

Desinvestidura:
a) Demissão: é pena, sanção pela prática de infração grave;
b) Exoneração: o servidor deixa o cargo, é um desligamento sem caráter punitivo. Ocorre a
pedido do servidor; ou quando o servidor tomou posse em 15 dias e não entrou em exercício; ou
exoneração “ad nutum” nos cargos em comissão; ou quando for inabilitado no estágio probatório; ou nos
casos de excesso de despesa com pessoal (art. 169, CF); ou na acumulação ilegal de cargos, escolhendo o
servidor o cargo que quer permanecer.Se estiver de boa-fé haverá exoneração, se ficar comprovada a má-fé
será demitido.

Com a desinvestidura ocorre a vacância do cargo (art. 33, da Lei nº 8.112/90). Hipóteses de vacância:
 Exoneração
 Demissão
 Promoção
 Readaptação
 Aposentadoria
 Falecimento do servidor
 Posse em outro cargo inacumulável

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não
poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali
previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites.
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei
complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes
providências: I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de
confiança;
II - exoneração dos servidores não estáveis.

Atualmente vige a Lei Complementar 101, de 4.5.2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal,
cujo art.19 fixou, para a União, o limite de tais dispêndios [despesa com pessoal ativo e inativo, nos termos do
77
art.169 da CF] em 50% da receita corrente líquida (a qual é definida no art.2º., IV, dessa lei), e para Estados, DF e
Municípios em 60%. (C.A)

A determinação da perda dos cargos por parte dos servidores estáveis, com indenização correspondente a
um mês de remuneração por ano de serviço, parece-nos flagrantemente inconstitucional, por superar os limites do
poder de emenda. (C.A)

#OUSESABER: O que é desenquadramento no Direito Administrativo? Em tempos de crise financeira e


orçamentária em alguns Estados da Federação, faz-se necessário falar em desenquadramento, que nada mais é do
que a exoneração de servidores públicos, com o espoco de adequar as despesas com pessoal ao limite da Lei de
Responsabilidade Fiscal. Ressalta-se que se trata de medida dura e que, portanto, a CF veda a criação de cargo,
emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos, bem como prevê uma
indenização para os servidores estáveis à época da exoneração.

9. Direitos
1. Remuneração e vencimento
 Direito à remuneração (vencimentos) - Subdivide-se em duas modalidades diferentes:
remuneração/vencimentos (vencimento/salário base + parcela variável*) ou subsídio (parcela única). O
subsidio é auferido pelos chefes do Executivo, vices e auxiliares imediatos, membros do Poder Legislativo,
magistrados, membros do Ministério Público, ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas, AGU,
policiais e cargos de carreira organizados com elevação funcional. Fora do subsídio, é admitido o
pagamento de garantias do art. 39, §3º, CF, e das verbas indenizatórias (exemplo: diária, transporte etc.).
 Depende das condições de cada servidor.

Incorporações: vantagem percebida por determinado tempo que é incorporado ao vencimento base.
“Exemplifique-se com a hipótese em que o servidor incorpora o valor correspondente a 50% do vencimento de

cargo em comissão, se nele permanecer dez anos ininterruptamente. Ou com a incorporação do valor
correspondente a certa gratificação funcional se esta for percebida no mínimo por cinco anos. Seja como for, esse
valor incorporado terá a natureza jurídica de vantagem pecuniária, por ser diverso da importância percebida em
razão do cargo, mas, em última análise, reflete verdadeiro acréscimo na remuneração do servidor por seu caráter
de permanência. Consumado o fato q a lei definiu como gerador da incorporação, o valor incorporado constituirá
direito adquirido do servidor, sendo, portanto, insuscetível de supressão posterior. No havendo lei que contemple
de forma expressa a incorporação, o servidor não tem direito a esse tipo de vantagem. Deve consignar-se, por
oportuno, que a parcela incorporada só constitui direito do titular enquanto sujeito ao regime jur1dico dentro do
qual se operou a incorporação.”
78

§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII,
XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do
cargo o exigir.
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às
de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência
social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer
fim;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;(Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
idade, cor ou estado civil;

A Emenda Constitucional nº 19/98 criou o teto remuneratório (parâmetro do Ministro do STF) e a Emenda
Constitucional nº 41/03 criou o subteto remuneratório de cada esfera de poder.

“Primeiramente, sujeitam-se ao teto remuneratório qualquer tipo de remuneração dos servidores, além de
proventos e pensões, percebidas cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
natureza. Entretanto, não serão computadas no referido teto as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.

Há algumas parcelas, porém, que, por sua especial natureza, podem gerar remuneração superior ao teto.
Como exemplos, o décimo terceiro salário, o terço constitucional de férias, o adiantamento de férias, o trabalho
extraordinário de servidores, o abono de permanência em serviço (art. 40, S 19, CF).
79
A Constituição determinou, ainda, que o teto remuneratório deve ser observa do, da mesma forma, por
empresas públicas e sociedades de economia mista e suas subsidiárias, quando receberem recursos das pessoas
federativas a que estão vincula das, com o objetivo de pagamento de despesas com pessoal ou com custeio em
geral (art. 37, S9, CF). Significa, pois, que a remuneração paga por tais entidades. Quando dotadas de recursos
próprios para despesas de pessoal, não está sujeita ao limite fixado para os demais empregados.”

Obs. A EC 41/03 mandou que fossem reduzidas todas as remunerações que ultrapassassem o teto, desrespeitando
o direito adquirido. STF considerou constitucional: “O STF, entretanto, parece não ter adotado esse entendimento
e. consequentemente, jogou por terra a garantia constitucional da irredutibilidade Para tanto, considerou
abrangida pelo teto (e, pois, redutível) a gratificação de tempo de serviço. quando se sabe que se trata de vantagem
que o servidor incorpora pro tempore, configurando-se como direito adquirido. Reduzir tal tipo de vantagem é o
mesmo que reduzir a remuneração - isso contra mandamento expresso na Carta da República.”

#JURIS - TETO REMUNERATÓRIO As vantagens pessoais do servidor também devem respeitar o teto, mesmo que
sejam anteriores à EC 41/2003. STF. Plenário. RE 606358/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/11/2015
(repercussão geral) (Info 808).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Não é possível a extensão a servidores públicos civis da majoração de
vencimentos, no percentual de 45%, concedida a servidores militares, a título de reestruturação de cargos, com
base na Lei nº 8.237/91 e no princípio da isonomia dos índices revisionais disciplinados na redação original do art.
37, X, da Constituição Federal. O reajuste de vencimentos concedido aos integrantes das Forças Armadas, à base de
45%, pela Lei nº 8.237/91, não configurou um aumento geral na remuneração dos servidores militares que
autorizasse, com fundamento no art. 37, X, da CF/88, a extensão aos servidores civis. STF. 2ª Turma. RE 229637/ SP,
rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 6/11/2018 (Info 922).

#OUSESABER -
Inconstitucionalidade de lei estadual que vincula remuneração dos Deputados Estaduais ao subsídio dos
Deputados Federais.
E inconstitucional lei estadual que estabelece que a remuneração dos Deputados Estaduais será um percentual
sobre o subsídio dos Deputados Federais. Tal lei viola o princípio da autonomia dos entes federativos.
STF. Plenário. ADI 3461/ES, Rei. Mm. Gilmar Mendes, julgado em 22/5/2014.
Como é fixado o subsidio dos Deputados Estaduais?
O subsídio dos Deputados Estaduais é estabelecido pela Assembleia Legislativa por meio de lei estadual. O valor do
subsídio deverá ser de, no máximo, 75% daquilo que é pago aos Deputados Federais e Senadores: Art. 27 (...) § 2° 0
subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no
80
máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, observado o que
dispõem os arts. 39, 49, 57, 79, 150, II, 153, Ill, e 153, § 2, I.

#SELIGANASÚMULA:
Súmula Vinculante 4: Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como
indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão
judicial.
Súmula Vinculante 6: Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as
praças prestadoras de serviço militar inicial.
Súmula Vinculante 15: O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público não incide sobre oabono
utilizado para se atingir o salário mínimo.
Súmula Vinculante 16: Osartigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da Constituição, referem-se ao
total da remuneração percebida pelo servidor público.
Súmula Vinculante 20: A Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa – GDATA, instituída pela
Lei nº 10.404/2002, deve ser deferida aos inativos nos valores correspondentes a 37,5 (trinta e sete vírgula
cinco) pontos no período de fevereiro a maio de 2002 e, nos termos do artigo 5º, parágrafo único, da Lei nº
10.404/2002, no período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o
artigo 1º da Medida Provisória no 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta) pontos.

#JURISPRUDÊNCIA - SUSPENSÃO CAUTELAR DE GRATIFICAÇÃO SUPOSTAMENTE INDEVIDA Durante o processo


administrativo instaurado para apurar a legalidade de determinada gratificação, a Administração Pública pode
determinar, com fundamento no poder cautelar previsto no art. 45 da Lei nº 9.784/1999, a suspensão do
pagamento da verba impugnada até a decisão definitiva do órgão sobre a sua validade no âmbito do procedimento
aberto. STF.2ª Turma.RMS 31973/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 25/2/2014 (Info 737).

Irredutibilidade da remuneração (art. 37, XV, CF; art. 41, §3º - estendeu aos servidores públicos regidos pela
legislação trabalhista – emprego público). A remuneração não pode ser reduzida, salvo para adequação ao teto.
Não se incluem as gratificações e adicionais de caráter transitório.

#JURISPRUDÊNCIA - Lei estadual de 2007 fixou aumento na remuneração dos servidores públicos estaduais. A Lei
entrou em vigor na data de sua publicação, mas estabeleceu que os efeitos financeiros desse aumento seriam
contados somente a partir do primeiro dia do ano seguinte. Ocorre que, antes que chegasse a data prevista como
início do reajuste, a referida Lei foi revogada por uma outra. O STF entendeu que esta Lei revogadora é
inconstitucional por violar o direito adquirido (art. 5º, XXXVI, da CF/88) e o princípio da irredutibilidade dos
vencimentos (art. 37, XV). A Lei que concedeu o reajuste entrou em vigor na data de sua publicação. Apenas os
81
efeitos financeiros é que foram postergados para o dia 1º/1/2008. No momento em que a Lei entrou em vigor, os
servidores passaram a ter direito adquirido ao reajuste, ainda que os efeitos financeiros somente fossem em data
futura. STF. Plenário. ADI 4013/TO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 31/3/2016 (Info 819).

O art. 1º da Lei nº 10.698/2003 concedeu reajuste aos servidores públicos federais de todos os Poderes, porém em
percentuais diferentes. A diferença entre o maior e o menor reajuste foi de 13,23%. Os servidores que receberam o
menor percentual alegaram que o mencionado art. 1º representou uma revisão geral anual, tendo, no entanto,
violado o art. 37, X, da CF/88, considerando que foi feita com índices diferentes, o que não é permitido por esse
dispositivo constitucional. Diante disso, pediram que fosse concedida a incorporação dos 13,23% em sua
remuneração. A 1ª Turma do TRF1 (órgão fracionário do Tribunal) concedeu a incorporação pedida. Para o STF,
esta decisão violou as súmulas vinculantes 10 e 37. A 1ª Turma do TRF1, mesmo sem dizer isso expressamente, fez
um controle de constitucionalidade do art. 1º da Lei nº 10.698/2003 concluindo que este dispositivo incidiu em
inconstitucionalidade por omissão parcial. No entanto, como se trata de órgão fracionário do TRF, houve violação
ao art. 97 da CF/88 e da SV 10: "Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário
de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte." Além disso, houve violação da SV 37: "Não cabe ao Poder
Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de
isonomia." STF. 2ª Turma. Rcl 14872, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 31/5/2016 (Info 828).

O término da incorporação dos 11,98%, ou do índice obtido em cada caso, oriundo das perdas salariais resultantes
da conversão de cruzeiro real em URV, na remuneração do servidor, deve ocorrer no momento em que a carreira
passa por uma restruturação remuneratória. STJ. 3ª Seção. EREsp 900.311-RN, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
22/2/2017 (Info 598).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O reajuste geral de 28,86%, concedido pelas Leis nº 8.622/93 e
8.627/93, não pode ser compensado pelas novas gratificações criadas pela Lei nº 9.654/98. STJ. 1ª Seção. EREsp
1.577.881-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 27/06/2018 (Info 631). #CONCURSOSFEDERAIS

*#IMPORTANTE!
#STJ #DEOLHONAJURISPRUDENCIA #DIZERODIREITO: O índice de correção monetária previsto no art. 1º-
F da Lei 9.494/97 (TR) não pode ser aplicado para condenações impostas à Fazenda Pública O art. 1º-F da Lei nº
9.494/1997 (com redação dada pela Lei nº 11.960/2009), para fins de correção monetária, não é aplicável nas
condenações judiciais impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza.
82
Os juros de mora previstos no art. 1º-F da Lei 9.494/97 podem ser aplicados para condenações impostas à
Fazenda Pública, com exceção de matéria tributária O art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997 (com redação dada pela Lei nº
11.960/2009), na parte em que estabelece a incidência de juros de mora nos débitos da Fazenda Pública com base
no índice oficial de remuneração da caderneta de poupança, aplica-se às condenações impostas à Fazenda Pública,
excepcionadas as condenações oriundas de relação jurídico-tributária.

Servidores e empregados públicos


As condenações judiciais referentes a servidores e empregados públicos sujeitam-se aos seguintes
encargos: a) até julho/2001: juros de mora: 1% ao mês (capitalização simples); correção monetária: índices
previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal, com destaque para a incidência do IPCA-E a partir de
janeiro/2001; b) agosto/2001 a junho/2009: juros de mora: 0,5% ao mês; correção monetária: IPCA-E; c) a partir de
julho/2009: juros de mora: remuneração oficial da caderneta de poupança; correção monetária: IPCA-E.

“Assim, se um servidor trabalhista, por exemplo, é transposto para o regime estatutário, passando a
ocupar cargo e, em consequência, deixando de receber algumas vantagens inerentes ao regime contratual, sua
remuneração nominal não pode ser reduzida. A Administração deverá remunerá-lo com o valor do vencimento do
cargo somado à parcela que venha a completar o antigo salário, parcela essa a ser paga como direito pessoal
irretirável e dotada de natureza remuneratória.

Por outro lado, a ampliação da jornada de trabalho pode provocar ofensa ao princípio da irredutibilidade
remuneratória. Se a jornada alcança certo número de horas semanais — por exemplo, 30 horas — e o regime passa
a ser de 40 horas, a essa ampliação deve corresponder o aumento da remuneração para o fim de ficar adequada ao
novo regime. A persistência do vencimento anterior, diante do aumento da jornada, vulnera o aludido princípio.

Não custa sublinhar, por correlato com a garantia da irredutibilidade remuneratória, que é vedado à
Administração efetuar descontos nos vencimentos dos servidores, a não ser quando haja consentimento expresso
por parte destes ou quando a Lei expressamente o preveja, estabelecendo percentual máximo e razoável para o
desconto e sempre garantindo o direito ao contraditório e à ampla defesa. Fora daí, o desconto será abusivo e
ilegal, sujeito à anulação pelo Judiciário.”

Salário mínimo – remuneração não pode ser inferior.


Obs. revisão remuneratória – lei específica, anual, geral.
- Ausência de lei – incondicionalidade por omissão, mas não pode o Judiciário determinar a revisão.
- Índico de reajuste – Súmula 681 STF
83

“Tal interpretação parece emanar dos dizeres da Súmula 681 do STF: “é inconstitucional a vinculação do
reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária”. A
inconstitucionalidade reside, em nosso entender; na circunstância de Estados e Municípios estarem automática e
permanentemente tre1ados aos índices federais de correção”.

- Revisão geral x específica: “No que concerne ao realinhamento da remuneração dos servidores, cumpre
distinguir a revisão geral da revisão especial. Aquela retrata um reajustamento genérico, calcado
fundamentalmente na perda de poder aquisitivo do servidor em decorrência do processo inflacionário; esta atinge
apenas determinados cargos e carreiras, considerando-se a remuneração paga às respectivas funções no mercado
comum de trabalho, para o fim de ser evitada defasagem mais profunda entre as remunerações do servidor público
e do empregado privado. São, portanto, formas diversas de revisão e apoiadas em fundamento diversos e
inconfundíveis.

A distinção entre revisão geral e revisão específica tem relevância também no que diz respeito à iniciativa
da lei que tiver tais objetivos. Tratando-se de revisão geral, a iniciativa da lei compete ao Presidente da República e
aos demais Chefes do Executivo, conforme estabelecem os arts. 37, X e 61, S P. II, “a”, da CF. As revisões específicas
porém dependem de lei cuja iniciativa compete à autoridade dirigente em cada Poder.”

#OUSESABER
STF – Informativo 721
Conversão monetária: competência e irredutibilidade de vencimentos
O direito de servidor público a determinado percentual compensatório em razão de incorreta conversão
do padrão monetário — de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor - URV — decorre exclusivamente dos
parâmetros estabelecidos pela Lei 8.880/94, e o quantum debeatur deve ser apurado no momento da liquidação de
sentença. Ademais, esse percentual não pode ser compensado ou abatido por aumentos remuneratórios
supervenientes e deve incidir até reestruturação remuneratória de cada carreira, que, ao suprimir o índice, não
poderá ofender o princípio da irredutibilidade de vencimentos. Essa a conclusão do Plenário, que proveu
parcialmente recurso extraordinário no qual se discutia a conversão dos vencimentos de servidora pública estadual,
tendo em conta a diferença de padrões estabelecidos entre a Lei 8.880/94 e a Lei 6.612/94, do Estado do Rio
Grande do Norte. No mérito, explicou-se que a Lei 8.880/94, instituidora do Plano Real, regulara a conversão do
Cruzeiro Real em URV, parâmetro viabilizador da criação do Real. Afirmou-se que, no momento da conversão,
inúmeros servidores públicos teriam sido prejudicados em decorrência dos critérios adotados, haja vista o
decréscimo em seus vencimentos. Destacou-se haver casos específicos em que o prejuízo teria sido ainda maior, em
decorrência de leis estaduais que teriam modificado os parâmetros de conversão firmados pela lei nacional.
Sublinhou-se o art. 22, VI, da CF (“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: ... VI - sistema monetário
84
e de medidas, títulos e garantias dos metais”) e aduziu-se que essa competência privativa da União seria tema
pacífico. Asseverou-se que a Lei 8.880/94 trataria de sistema monetário, ao passo que seu art. 28 cuidaria da
conversão da remuneração de servidores públicos de maneira geral, e não apenas federais. Assim, salientou-se o
caráter nacional dessa norma. Concluiu-se que estados-membros e municípios não estariam autorizados a legislar
sobre a matéria em detrimento do que previsto na Lei 8.880/94. Demonstrou-se que esse entendimento estaria de
acordo com a jurisprudência da Corte. No caso, apontou-se que a Lei potiguar 6.612/94 não poderia ter disciplinado
a conversão do padrão monetário a ser observado em relação aos servidores estaduais de forma distinta daquela
disposta na Lei 8.880/94. Portanto, seria formalmente inconstitucional. Assim, a Corte declarou. incidente tantum, a
inconstitucionalidade da referida Lei 6.612/94, do Estado do Rio Grande do Norte.
Reputou-se que a simples conversão de padrão monetário seria distinta de aumento da remuneração, pois
naquele caso os vencimentos permaneceriam no mesmo patamar, conforme precedentes do STF. Assim, nos
termos do art. 169, § 1º, I e II, da CF, a concessão de vantagem ou aumento de remuneração é que dependeriam de
prévia dotação orçamentária. No particular, não se cuidaria de qualquer dessas duas hipóteses, porquanto a
incorporação do índice compensatório representaria apenas medida a evitar perda remuneratória, e não acréscimo
nos vencimentos. Rememorou-se que o índice de 11,98% fora reconhecido aos servidores federais no âmbito do
Legislativo, do Judiciário e do Ministério Público (ADI 2323 MC/DF, DJU de 20.4.2000). No caso do Executivo
Federal, por exemplo, o servidor não teria direito ao aludido percentual, nos termos do que já decidido pela Corte.
Sublinhou-se que o direito a diferença decorrente da conversão do Cruzeiro Real em URV incidiria quando o cálculo
considerasse valor discrepante do correspondente à data do efetivo pagamento, conforme também já reconhecido
pelo STF. Explicitou-se que a incorporação de determinado índice decorrente de conversão equivocada seria
medida legítima e necessária, sob pena de a supressão originar ofensa ao princípio da irredutibilidade da
remuneração dos servidores públicos. Eventual exclusão do índice durante período em que não alterada a estrutura
remuneratória do servidor representaria medida ofensiva ao direito adquirido. Consignou-se que esse índice seria
devido em decorrência de equívoco na conversão da moeda, o que não impediria seu acúmulo com índice de
aumento posterior concedido a servidores para assegurar poder de compra. Entretanto, a incorporação do índice
compensatório não poderia subsistir quando a carreira tivesse sofrido reestruturação, pois o percentual não
poderia permanecer indeterminadamente. Assim, por exemplo, com a entrada em vigor da Lei 10.475/2002, a
reestruturar as carreiras dos cargos efetivos da Justiça Federal, os valores das parcelas decorrentes de decisões
administrativas e judiciais teriam sido absorvidos pela nova tabela de vencimentos. Nesse sentido, a possibilidade
de o regime jurídico de servidor público sofrer alterações obstaria a tese de que o montante compensatório
devesse ser mantido indefinidamente. Portanto, seria correto vedar a compensação desse percentual com
aumentos supervenientes concedidos a servidores públicos. RE 561836/RN, rel. Min. Luiz Fux, 25 e 26.9.2013.

A CF veda a equiparação e a vinculação da remuneração do servidor (art. 37, XIII, CF) – vinculação à
remuneração de outro cargo ou vinculação ao salário mínimo. A remuneração é fixada por lei.
85
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: A Constituição do Estado do Ceará previa que os escrivães de entrância
especial teriam seus vencimentos fixados de modo a não exceder a 80% do que fosse atribuído aos juízes da
entrância inferior, aplicando-se o mesmo limite percentual para os escrivães das demais entrâncias. O STF decidiu
que essa regra é inconstitucional por violar o art. 37, XIII, da CF/88, que proíbe a vinculação ou equiparação de
quaisquer espécies remuneratórias de pessoal do serviço público e também por violar a iniciativa legislativa do
Poder Judiciário (art. 96, II, “b”, da CF/88). STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018
(Info 907).

Descontos: falta sem motivo justificado (é possível a compensação de faltas); atrasos (proporcional ao
atraso), consignação em folha de pagamento (a critério da administração e com autorização do servidor), débito ao
erário (débito do servidor pode ser até cinco vezes o valor da remuneração – prazo de 60 dias para o pagamento se
for demitido ou exonerado. Se não for pago nesse prazo será inscrito na dívida ativa).

A remuneração do servidor não pode ser objeto de penhora, arresto e sequestro, salvo se for débito
alimentar.

Obs. Pagamento com atraso = dívidas de valor – correção monetária e juros de mora. Sobre os juros não incide I.R.
(natureza indenizatória).
Obs. Pagamento a maior = é descabido o desconto, quando constatada a boa-fé do servidor.

* A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de
greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a
compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do Poder Público. (STF, Info 845).

*Não se mostra razoável a possibilidade de desconto em parcela única sobre a remuneração do servidor público
dos dias parados e não compensados provenientes do exercício do direito de greve. STJ. 2ª Turma. RMS 49.339-SP,
Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 6/10/2016 (Info 592)

* #ATENÇÃO #CONCURSOSFEDERAIS: As Leis nº 8.112/90 e 10.820/2003 preveem que, se o servidor público civil
fizer um empréstimo consignado, o limite máximo de descontos que ele poderá autorizar que sejam feitos em sua
remuneração é de 30% (mais 5% se forem despesas com cartão de crédito). Esse limite não se aplica para os
militares. Isso porque os militares estão submetidos a um regramento específico previsto na MP 2.215-10/2001,
que permite que seja descontado até 70% da remuneração dos militares para pagamento de empréstimos
consignados. Desse modo, os descontos em folha, juntamente com os descontos obrigatórios, podem alcançar o
86
percentual de 70% das remunerações ou dos proventos brutos dos servidores militares. STJ. 1ª Seção. EAREsp
272.665-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 13/12/2017 (Info 618)

* A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos
celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas. STF. Plenário. RE 846854/SP, rel. orig.
Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info 871).

*#OUSESABER: A greve é um direito entabulado constitucionalmente, no artigo 37, inciso VII, da CF/88. Trata o
citado artigo de norma constitucional de eficácia limitada, pois inexiste para o agente público lei regulamentando o
procedimento para a instauração de greve. Diante da omissão legislativa, o STF pacificou o entendimento, por meio
dos MIs n. 708, 670, aplicando analogicamente a Lei nº 7783/1989 ao caso, visando a efetivar este direito. De
acordo com o novel entendimento do Supremo à luz do REXT 693456/RJ, o desconto em folha de pagamento dos
servidores públicos passa a ser consectário lógico da suspensão do vínculo funcional decorrente da instauração dos
movimentos grevistas. Não se deve admitir que, na reivindicação de direitos, o movimento paredista prejudique as
atividades de outros setores e extirpe os cidadãos dos direitos fundamentais que circundam o exercício pleno de
suas atividades. Assim, a possibilidade do desconto passa a ser regra geral , sendo despicienda a prévia decretação
de ilegalidade da greve para tal fim, somente sendo vedado quando a paralisação dos serviços for decorrente de
conduta ilícita imputável ao Poder Público, como o atraso de salários. Em que pese a prevalência que deve ser
conferida às soluções consensuais dos conflitos em torno do direito de greve, NÃO há norma cogente à luz da
legalidade estrita (art.37/CF/88) que vincule o Poder Público em condicionar eventual desconto dos dias não
trabalhados por servidores grevistas à frustração prévia de medidas compensatórias ofertadas, conforme
entendimento do Supremo Tribunal Federal. (RE 693456/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 27/10/2016) Neste sentido,
entende-se que a compensação dos dias não trabalhados como meio mais brando que o desconto salarial está no
âmbito da discricionariedade administrativa, sendo portanto terreno insidiável ao Poder Judiciário. Por fim, é
imperioso salientar que não se mostra razoável a possibilidade de desconto em parcela única sobre a
remuneração dos dias parados e não compensados provenientes do direito de greve, sendo legítimo o
parcelamento nas folhas de pagamento vindouras, conforme entendimento recente do STJ. (RMS 43.339-SP).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: O Governador da Bahia editou um decreto prevendo que, em caso de greve,
deverão ser adotas as seguintes providências: a) convocação dos grevistas a reassumirem seus cargos; b)
instauração de processo administrativo disciplinar; c) desconto em folha de pagamento dos dias de greve; d)
contratação temporária de servidores; e) exoneração dos ocupantes de cargo de provimento temporário e de
função gratificada que participarem da greve. O STF decidiu que este Decreto é constitucional. Trata-se de decreto
autônomo que disciplina as consequências — estritamente administrativas — do ato de greve dos servidores
públicos e as providências a serem adotadas pelos agentes públicos no sentido de dar continuidade aos serviços
públicos. A norma impugnada apenas prevê a instauração de processo administrativo para se apurar a participação
87
do servidor na greve e as condições em que ela se deu, bem como o não pagamento dos dias de paralisação, o que
está em consonância com a orientação fixada pelo STF no julgamento do MI 708. É possível a contratação
temporária excepcional (art. 37, IX, da CF/88) prevista no decreto porque o Poder Público tem o dever
constitucional de prestar serviços essenciais que não podem ser interrompidos, e que a contratação, no caso, é
limitada ao período de duração da greve e apenas para garantir a continuidade dos serviços. STF. Plenário. ADI
1306/BA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/6/2017 (Info 906).

2. Vantagens

 Vantagens: podem ser indenizações (não se incorpora à remuneração do servidor) ou


gratificações e adicionais. O valor de cada verba indenizatória será fixado em regulamento.

“As vantagens pecuniárias devem ser acrescidas tomando como base o vencimento do cargo. Não podem

os acréscimos pecuniários ser computados nem acumulados para o efeito da percepção de outros acréscimos.

Depois de algumas hesitações nos Tribunais, pacificou-se o entendimento de que o cálculo de


gratificações e outras vantagens pecuniárias não incide sabre o abono que serve para complementar o vencimento
do servidor a fim de alcançar o valor do salário-mínimo — o qual, como foi visto, considera a remuneração do
servidor, e não seu vencimento-base. Em nosso entender, essa não foi a melhor decisão. Se o referido abono é
parcela remuneratória necessária para alcançar o salário (remuneração) e mínimo do servidor, a remuneração final
é que deveria constituir a base de cálculo para a incidência das vantagens pecuniárias, e no apenas o valor do
vencimento-base, inferior ao salário-mínimo constitucional. A orientação, como se pode inferir, prejudica
justamente os servidores de menor padrão remuneratório, o que espelha flagrante injustiça.

Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedado adotar-se o salário-mínimo como indexador de


base de cálculo das referidas parcelas, quando percebidas pelos servidores púbicos (e também pelos empregados
em geral). Assim, por exemplo, não pode a lei fixar que o adicional de insalubridade (ou qualquer outro adicional)
tenha como base de cálculo dois salários-mínimos, nem que seja reajustado com base na elevação do salário-
mínimo. Por outro lado, é também vedado que o Judiciário profira decisão com o objetivo de substituir o aludido
indexador, já que, por linha transversa, estaria criando vantagem sem fundamento legal.”

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ #OLHAOGANCHO: O termo inicial do adicional de insalubridade a que faz jus o
servidor público é a data do laudo pericial. STJ. 1ª Seção. PUIL 413-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
11/04/2018 (Info 624).
88
#ATENÇÃO: Concursos federais: Independentemente da categoria profissional, todos os servidores da União, civis e
militares, e os empregados de entidades paraestatais de natureza autárquica que operam, de forma habitual,
diretamente com raios X e substâncias radioativas, próximo às fontes de irradiação, têm o direito à redução da
duração máxima da jornada de trabalho de 40 para 24 horas semanais prevista no art. 1º da Lei nº 1.234/50. STJ. 2ª
Turma. AgInt no REsp 1.569.119-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2016 (Info 581).

2.1. Indenizações

Na verdade, não são vantagens. Não integram a remuneração. Não incide I.R. nem contribuição social.

a) Ajuda de custo é a indenização paga ao servidor quando é deslocado no interesse da


Administração Pública. É paga durante o período de 03 meses. Restituir se não se deslocar em 30 dias.

#OUSESABER: A fixação de limitação temporal para o recebimento da indenização prevista no art. 51, I, da Lei
8.112/1990, por meio de normas infralegais, não ofende o princípio da legalidade. STJ. 1ª Seção. REsp 1.257.665-CE,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 8/10/2014 (recurso repetitivo) (Info 569).
- O art. 52 da Lei nº 8.112/90 determina de forma expressa que os critérios para a concessão da ajuda de custo
sejam regulamentados por norma infralegal. Confira: Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: I - ajuda de
custo; (...) Art. 52. Os valores das indenizações, assim como as condições para a sua concessão, serão estabelecidos
em regulamento.

b) Diária: se o deslocamento é eventual ou temporário, o servidor tem direito à diária


(compensar o afastamento da sede de forma transitória). A diária depende de regulamento, de regra da
carreira.
c) Transporte: é uma verba indenizatória por estar o servidor executando o serviço com o
carro pessoal. Destina-se a compensar as despesas com a utilização de veículo próprio para prestação do
serviço. Ex. Oficial de Justiça.
d) Auxílio-moradia: serve para compensar despesas com aluguel ou hotel. Nem todas as
carreiras têm direito ao auxílio-moradia. É pago no prazo de um mês da comprovação da despesa. Art. 60-B,
Lei nº 8.112/90. Limitado a 25% da remuneração do servidor. Se tiver apartamento funcional, o servidor
tem que fazer uso dele.
89
9
#OUSESABER: O auxílio alimentação se estende aos servidores inativos? NÃO!!!! A resposta da controvérsia em
comento - que já era objeto da súmula 680 do STF - foi recentemente cristalizada na súmula vinculante n. 55
segunda a qual "o direito ao auxílio alimentação não se estende aos servidores inativos". Isso se dá em razão do
auxílio ter natureza de verba indenizatória "propter officium", posto que se destina a cobrir os custos de
alimentação que o servidor deve arcar durante a jornada de trabalho. Assim, não há razão jurídica para
fundamentar a sua extensão para os inativos. A mesma lógica já foi usada pelo STF para afastar pleito de
procuradores de justiça aposentados que desejavam seguir recebendo auxílio moradia na inatividade, muito
embora a SV se limite ao auxílio refeição.

#SELIGANASÚMULA - Súmula vinculante 55: O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores
inativos. STF. Plenário. Aprovada em 17/03/2016, DJe 28/03/2016.
Obs.: trata-se da conversão em súmula vinculante da antiga súmula "comum" 680 do STF.

#OUSESABER #INFO. 839/STF – 2016


Servidor que recebeu auxílio-moradia apresentando declaração falsa de que havia se mudado para outra cidade
terá que ressarcir o erário e devolver os valores recebidos mesmo que já se tenha passado mais de 5 anos desde a
data em que o pagamento foi autorizado. STF. 1ª Turma. MS 32.569/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ o ac.
Min. Edson Fachin, julgado em 13/09/2016 (Info 839).
Vejamos os comentários do Dizer o Direito:
Quais os argumentos invocados pelo STF para a decisão? Os Ministros ficaram divididos. A 1ª Turma do STF
é composta por 5 Ministros, que votaram assim: • Ministros Marco Aurélio e Luiz Fux: votaram pela concessão do
mandado de segurança com base no princípio da segurança jurídica e por não vislumbrarem a ocorrência de má-fé
da servidora. • Ministro Edson Fachin: votou pela denegação do mandado de segurança. Defendeu que deveria ser
aplicado o art. 37, § 5º da CF/88, que, em sua visão, prevê a imprescritibilidade das ações de ressarcimento
propostas pelo Estado contra o agente que tenham causado prejuízos ao erário. Além disso, afirmou que analisar se
a servidora estava ou não de boa-fé é algo que significa reexame de fatos e provas e, portanto, não pode ser
tratado em mandado de segurança, sendo necessária a propositura de uma ação ordinária. • Ministros Roberto
Barroso e Rosa Weber: votaram pela denegação do mandado de segurança. Sustentaram, no entanto, uma tese
diferente do Min. Fachin. Para os Ministros Barroso e Weber, no caso concreto ficou caracterizada a evidente má-fé
da servidora, considerando que ela já residia em Brasília (DF) há muitos anos e simulou que havia se mudado do Rio
de Janeiro para lá com o objetivo de receber o benefício. Assim, como ficou provada a má-fé, não se aplica o prazo
de 5 anos do art. 54, caput, da Lei nº 9.784/99 por causa da parte final do dispositivo: Art. 54. O direito da
Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

9
#FICADEOLHO: Caiu na 2ª fase da DPU – 2017 (CESPE).
90
Não confundir com o que foi decidido no RE 669069/MG: No RE 669069/MG, um julgado que foi bastante
comentado, o STF decidiu que é "é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito
civil." (STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 3/2/2016. Info 813). Dito de outro modo,
se o Poder Público sofreu um dano ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja ser ressarcido, ele deverá ajuizar
a ação no prazo prescricional previsto em lei. Vale ressaltar, entretanto, que essa tese não alcança prejuízos que
decorram de atos de improbidade administrativa que, até o momento, continuam sendo considerados
imprescritíveis (art. 37, § 5º). Desse modo, o caso decidido no RE 669069/MG, por envolver "ilícitos civis" não se
aplica à situação acima explicada, que tratava de uma conduta administrativa da servidora que, em tese, poderia
até mesmo configurar improbidade administrativa.

2.2. Gratificações e adicionais

As gratificações e adicionais incorporam-se ao vencimento do servidor, nos casos e condições indicados em


lei.
a) Gratificação por função de direção, chefia e assessoramento: a função de confiança
depende de lei específica e define o seu valor.
b) Gratificação natalina: 1/12 da remuneração mensal do servidor por cada mês trabalhado. O
pagamento deve ser feito até o dia 20 de dezembro de cada ano. É possível receber o 13º salárioparcelado.
c) Adicional por atividade insalubre, perigosa e penosa: o trabalho deve ser habitual nessas
condições especiais. É preciso de lei específica para regulamentar a situação.
d) Adicional por serviço extraordinário (hora extra): é remunerada com acréscimo de 50%. O
horário extraordinário não pode ser realizado todos os dias, tem que ser feito fora do normal. A hora extra
é limitada por duas horas a cada jornada.
e) Adicional noturno: é o horário entre as 22h às 05h. É paga com acréscimo de 25% da hora
normal. A hora trabalhada corresponde a 52,30 da hora normal.
f) Adicional de férias: corresponde a 1/3 da remuneração do período das férias.
g) Gratificação por encargo de curso ou concurso: pago ao servidor que ministra curso
(instrutor), compõe a banca examinadora de concurso ou é fiscal do concurso.

#ATENÇÃO - HORA EXTRA. GRATIFICAÇÃO NATALINA. SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS. O adicional pela prestação
de serviço extraordinário (hora extra) não integra a base de cálculo da gratificação natalina dos servidores públicos
federais, pois não se enquadra no conceito de remuneração do caput do art. 41 da Lei n. 8.112/1990. , Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 28/9/2010.
91
Não há garantia à continuidade de recebimento de adicional por tempo de serviço em percentual superior àquele
previsto em legislação posterior sob o fundamento de direito adquirido. STF. Plenário. MS 22423/RS, rel. orig. Min.
Eros Grau, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/11/2015 (Info 809).

* A decisão judicial que concede a servidor público a gratificação de 13,23% prevista na Lei nº 10.698/2003 afronta
a súmula vinculante 37, mesmo que o julgador fundamente sua decisão no art. 37, X, da CF/88 e no art. 6º da Lei nº
13.317/2016. Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores
públicos sob o fundamento de isonomia. STF. 1ª Turma. Rcl 25927 AgR/SE e Rcl 24965 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 31/10/2017 (Info 884). STF. 1ª Turma. Rcl 24965
AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/11/2017 (Info 886).

3. Férias

30 dias de férias, podendo ser acumulada por no máximo dois períodos, salvo casos previstos em lei
específica. Se o trabalho é realizado com Raio-X ou substâncias radioativas é concedido 20 dias consecutivos de
férias a cada seis meses, sendo vedada a acumulação.

O período aquisitivo é de 12 meses e o pagamento das férias deve ser feito com 2 dias de antecedência do
início do período de férias. O pagamento das férias também pode ser feito de forma parcelada, em até três
parcelas, a pedido do servidor e no interesse da Administração Pública.

Em caso de exoneração, o servidor tem direito à indenização do período de férias, recebendo


proporcionalmente ao tempo trabalhado (1/12 para cada mês de exercício).

A interrupção das férias do servidor pode ocorrer por calamidade pública, por comoção interna, para
trabalhar no Júri, em caso de serviço militar, justiça eleitoral ou necessidade do serviço declarada pelo chefe.

#OLHAOGANCHO: Maria, servidora pública, estava grávida. A criança nasceu em março/2015. A partir daí, ela
começou a usufruir a licença-maternidade (que é de 180 dias). Em setembro/2015, a servidora retornou ao
trabalho. Quando voltou a trabalhar, Maria foi até o departamento de recursos humanos do órgão e explicou o
seguinte para a diretora do setor: "minhas férias estavam marcadas para julho/2015. Ocorre que neste período eu
estava de licença-maternidade. Logo, minhas férias foram interrompidas e eu quero agora remarcar esse período
de férias referente a julho/2015 para dezembro/2015." O pedido de Maria poderá ser aceito? NÃO. A Lei nº
8.112/90 não assegura à servidora pública o direito de usufruir, em momento posterior, os dias de férias já gozados
em período coincidente com o da licença à gestante. Ao contrário do que afirma Maria, houve sim o gozo das férias,
92
ainda que ao mesmo tempo em que ela fazia jus à licença-maternidade, visto que a referida licença não é causa
interruptiva das férias. STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS 39.563-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
6/8/2015 (Info 566).

4. Licenças

i. Licença por doença em pessoa da família: doença de cônjuge, companheiro, pais e filhos,
madrasta, padrasto, enteado ou dependente (registrado no assento funcional). A cada período de 12 meses, tem
direito à licença de 60 dias, consecutivos ou não, mantida a remuneração do servidor; e até 90 dias, consecutivos
ou não, sem remuneração. O início do período de 12 meses é computado a partir da data de concessão da primeira
licença.
ii. Licença por afastamento do cônjuge ou companheiro deslocado por interesse da Administração
Pública: o cônjuge ou companheiro foi deslocado para outro ponto do território nacional ou do exterior ou para
exercício de mandato eletivo. Sem remuneração. É possível exercício de cargo provisório.
iii. Licença para serviço militar: depende lei específica e, após a conclusão do serviço militar, o servidor
tem até 30 dias para descanso, mas sem remuneração.
iv. Licença para atividade política: é concedida da escolha na convenção partidária até a véspera do
registro da candidatura, sem remuneração. Após o registro da candidatura até 10 dias depois da eleição, a licença é
concedida pela Justiça Eleitoral, com remuneração.
v. Capacitação: a cada 5 anos, o servidor poderá gozar de licença de até 3 meses para participar de
curso de capacitação profissional, recebendo a sua remuneração.
vi. Licença para tratar de interesses particulares: é concedida por até 3 anos, sem remuneração. Não
pode ser concedida durante o estágio probatório. O vínculo subsiste.
vii. Licença para mandato classista: é concedida para o exercício de mandato em órgão de
representação de classe (confederação, federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato, entidade de
fiscalização profissional ou gerência de sociedade cooperativa constituída por servidores). A licença tem o prazo de
duração do mandato, sem remuneração. A reeleição só é admitida uma única vez.

5. Afastamentos

a) Servir em outro órgão ou entidade: para cargo em comissão, função de confiança ou em hipóteses
previstas em lei específica. O ônus da remuneração é do cessionário, mantendo o ônus do cedente quando as
demais questões. Se o servidor for para empresa pública ou sociedade de economia mista, quem vai pagar é o
órgão cedente, mas garante-se o reembolso por parte do cessionário.
b) Para mandato eletivo: se afasta e depois retorna ao cargo de origem.
93
c) Participação em curso de pós-graduação (stricto sensu): depende do tipo de programa exercido
(afastamento por 03 anos para o mestrado, desde que conte com três anos de exercício no cargo; afastamento de
04 anos para o doutorado ou pós-doutorado, desde que conte com quatro anos de exercício no cargo).
d) Para estudo ou missão no exterior: concedido por até 04 anos, devendo voltar ao serviço por
tempo igual ao que ficou afastado.

 Concessões:
a) Um dia de folga em caso de doação de sangue.
b) Dois dias de folga para o alistamento eleitoral.
c) Oito dias em caso de casamento ou de falecimento de cônjuge, companheiro, pais, madrasta,
padrasto, filhos, enteados, menor sob sua guarda, irmãos.
d) Direito a horário especial, previsto para o servidor estudante, com regime de compensação de
horas.
e) Direito a horário especial, previsto para o servidor portador de deficiência, não sendo necessário o
regime de compensação de horas.
f) Direito a horário especial quando o servidor tem cônjuge, filho ou dependente deficiente, com
regime de compensação de horas.
g) Direito a horário especial para servidor que participa de curso ou concurso (instrutor, participante
de banca examinadora ou fiscal).
h) O servidor tem direito à matrícula em instituição congênere, independente de vaga, quando é
deslocado por interesse da Administração Pública. Essa concessão se estende ao cônjuge, aos filhos e enteados e ao
menor sob sua guarda.

SERVIDORES FEDERAIS COM DIREITO A HORÁRIO ESPECIAL

O servidor terá que


Situação
fazer compensação?

SIM
Será exigida
1) Servidor que for ESTUDANTE
compensação de
(deverá ser comprovada a incompatibilidade
horário, respeitada a
entre o horário escolar e o da repartição)
duração semanal.

2) Servidor com DEFICIÊNCIA


NÃO precisa compensar.
(deverá ser comprovada a necessidade por junta médica oficial)

NÃO (novidade da
3) Servidor que tiver CÔNJUGE, FILHO
Lei 13.370/2016)
ou DEPENDENTE com DEFICIÊNCIA.
94

SIM
4) Servidor que atuar como INSTRUTOR em curso de formação, de Será exigida
desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído no compensação de
âmbito da administração pública federal. horário a ser efetivada
no prazo de até 1 ano
SIM
5) Servidor que participar de BANCA EXAMINADORA ou de
Será exigida
comissão para exames orais, para análise curricular, para correção
compensação de
de provas discursivas, para elaboração de questões de provas ou
horário a ser efetivada
para julgamento de recursos intentados por candidatos.
no prazo de até 1 ano

#NOVIDADELEGISLATIVA: A Lei nº 13.370/2016 alterou o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112/90 A alteração imposta foi
a seguinte:
Antes da Lei 13.370/2016 ATUALMENTE

O servidor que tivesse CÔNJUGE, FILHO ou Com a mudança, o servidor que tenha
DEPENDENTE com DEFICIÊNCIA já possuía CÔNJUGE, FILHO ou DEPENDENTE com
direito a horário especial, mas precisava fazer DEFICIÊNCIA possui direito a horário especial,
compensação de horário. sem necessidade de fazer compensação.

As regras acima alteradas pela Lei 13.370/16 aplicam-se aos servidores públicos estaduais e municipais?
Depende. Os servidores públicos estaduais ou municipais só terão direito a horário especial nas condições acima
expostas se isso for previsto na respectiva lei estadual ou municipal. Exemplo: a Lei Complementar 053/2001, do
Estado de Roraima, concede aos servidores públicos estaduais regras de horário especial semelhantes às que estão
previstas na legislação federal. Vale ressaltar que, se não houver previsão na respectiva lei, entendo que o servidor
público estadual ou municipal não terá direito a horário especial, não sendo possível invocar, por analogia, a Lei nº
8.112/90, sob pena de violação à autonomia administrativa dos entes.

 Tempo de Serviço

A apuração é feita em dias, convertida em anos, sendo considerado um ano o período de 365 dias. Existem
duas regras diferentes: a) período computado para todos os efeitos (exemplo: exercício de uma vantagem); b)
período computado apenas para fins de aposentadoria (exemplo: algumas licenças; trabalho exercido na iniciativa
privada; tiro de guerra). Art. 102 e 103, Lei nº 8.112/90.

É vedada a contagem cumulativa de serviço prestado no exercício de cargos distintos.

 Direito de petição
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É o direito de pedir e obter uma resposta. O prazo prescricional tem como termo inicial a ciência do ato ou
publicação da decisão e é de 05 anos no caso de demissão, cassação ou que afetem direitos patrimoniais e créditos
da relação de trabalho. Para os demais casos, o prazo é de 120 dias.

Obs. se a ADM reconhece o débito após o prazo prescricional, considera-se como ato de renúncia. Em
consequência, o prazo prescricional conta do ato do reconhecimento–STJ/2012.

 Seguridade Social

A União manterá plano de seguridade para os seus servidores e dependentes. Compreendem as


seguintes garantias: o servidor terá direito à aposentadoria, ao auxílio natalidade (concedido pelo nascimento do
filho, inclusive natimorto e parto múltiplo – quantia equivalente ao menor vencimento do serviço público, acrescido
de 50% por nascituro), ao salário família (cônjuge ou companheiros, filhos até os 21 anos de idade ou estudante até
24 anos, ou filho inválido em qualquer idade), licença para tratamento de saúde do servidor* (com base em perícia
médica, sem prejuízo da remuneração), licença maternidade (durante 120 dias, com remuneração a contar do
primeiro dia do 9º mês ou do dia do parto em nascimento prematuro, podendo a licença ser prorrogada por mais
60 dias, a pedido da servidora. Em caso de natimorto ou aborto, a servidora tem licença gestante por 30 dias. A
amamentação pode ser realizada em 1h de descanso), licença paternidade (5 dias).

*A licença que exceder a 120 dias no período de 12 meses, a contar do primeiro dia de afastamento, é
preciso ser analisada por junta médica. Se a servidora adotar criança com até 1 ano, tem licença de 90 dias, se tiver
mais de 1 ano, terá licença de 30 dias. Há também licença por acidente em serviço, tendo o servidor direito a
remuneração integral e ao tratamento. O servidor tem direito à assistência à saúde e garantia de condições
individuais e ambientais satisfatórias de trabalho. O dependente tem direito a pensão vitalícia e temporária, auxilio
reclusão, auxilio funeral e assistência à saúde.
*#NOVIDADELEGISLATIVA #SELIGA: A Lei nº 13.717, de 24 de setembro de 2018 alterou a Lei nº 13.109, de 25 de
março de 2015, para modificar o prazo da licença-paternidade do militar, no âmbito das Forças Armadas.10

#OUSESABER: Para fins de concessão da pensão por morte de servidor público federal, a designação do beneficiário
nos assentos funcionais do servidor é prescindível se a vontade do instituidor em eleger o dependente como
beneficiário da pensão houver sido comprovada por outros meios idôneos. STJ. 2 Turma. REsp 1.486.261-SE, Rei.
Mm. Herman Benjamin, julgado em 20/11/2014 (Info 553).

10
Para saber mais: https://www.dizerodireito.com.br/2018/09/licenca-paternidade-dos-militares-passa.html
96
#JURISPRUDÊNCIASQUESEGUEM #SELIGANASÚMULA

DENÚNCIA ANÔNIMA É possível a instauração de processo administrativo com base em “denúncia anônima”? SIM.
Segundo o STJ, não há ilegalidade na instauração de processo administrativo com fundamento em denúncia
anônima, por conta do poder-dever de autotutela imposto à Administração e, por via de consequência, ao
administrador público. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1307503/RR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
06/08/2013.

*#SÚMULAS #STJ:

Súmula 591: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente
autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.

Súmula 592: O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa nulidade se
houver demonstração de prejuízo à defesa.

PROVA EMPRESTADA É possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, de prova emprestada


validamente produzida em processo criminal? SIM. A jurisprudência do STJ e do STF são firmes no sentido de que é
admitida a utilização no processo administrativo de “prova emprestada” do inquérito policial ou do processo penal,
desde que autorizada pelo juízo criminal e respeitados o contraditório e a ampla defesa. STJ. 1ª Seção. MS
17.472/DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 13/6/2012. Este “empréstimo” da prova é permitido mesmo
que o processo penal ainda não tenha transitado em julgado? SIM. É possível a utilização, em processo
administrativo disciplinar, de prova emprestada validamente produzida em processo criminal, independentemente
do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Isso porque, em regra, o resultado da sentença proferida
no processo criminal não repercute na instância administrativa, tendo em vista a independência existente entre as
instâncias. STJ. 2ª Turma. RMS 33.628-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/4/2013 (Info 521).

UTILIZAÇÃO NO PAD DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA DECRETADA NO JUÍZO CRIMINAL É possível utilizar, em


processo administrativo disciplinar, na qualidade de “prova emprestada”, a interceptação telefônica produzida em
ação penal, desde que devidamente autorizada pelo juízo criminal e com observância das diretrizes da Lei nº
9.296/1996. (Lei de Interceptação Telefônica). STJ. 1ª Seção. MS 16.146-DF, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em
22/5/2013. (não divulgado em Info)

DEFESA TÉCNICA Súmula Vinculante nº 5 do STF: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição.

AUSÊNCIA DE ALEGAÇÕES FINAIS Após o relatório ter sido produzido pela comissão, ele deverá ser apresentado ao
servidor processado para que este possa impugná-lo? Existe previsão na Lei nº 8.112/90 de alegações finais a serem
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oferecidas pelo servidor após o relatório final ter sido concluído? NÃO. Segundo entende o STJ, NÃO é obrigatória a
intimação do interessado para apresentar alegações finais após o relatório final de processo administrativo
disciplinar. Isso porque não existe previsão legal nesse sentido. STJ. 1ª Seção. MS 18.090-DF, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 8/5/2013. (Info 523) IMPOSSIBILIDADE DE APROVAÇÃO DO RELATÓRIO FINAL POR SERVIDOR
QUE PARTICIPOU DAS INVESTIGAÇÕES O servidor que realizou a sindicância pode também determinar a instauração
de processo disciplinar, designando a comissão processante, e, ao final dos trabalhos, aprovar o relatório final?
NÃO. O STJ decidiu que o servidor que participou das investigações na sindicância e concluiu que o sindicado havia
cometido a infração disciplinar, tanto que determinou a instauração do PAD, não pode, posteriormente, ser a
autoridade designada para aprovar o relatório final produzido pela comissão no processo administrativo, uma vez
que ele já formou seu convencimento no sentido da culpabilidade do acusado. STJ. 3ª Seção. MS 15.107-DF, Rel.
Min. Jorge Mussi, julgado em 26/9/2012 (Info 505).

APLICAÇÃO DA PENA DE DEMISSÃO, EM PAD, PELA PRÁTICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA É possível a


demissão de servidor por improbidade administrativa em processo administrativo disciplinar. Infração disciplinar
grave que constitui ato de improbidade é causa de demissão do servidor, em processo administrativo,
independente de processo judicial prévio. STJ. 3ª Seção. MS 14.140-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/9/2012
(não divulgado em Info).

SERVIDOR JÁ PUNIDO NÃO PODE SER NOVAMENTE JULGADO PARA AGRAVAR SUA PENA Depois do servidor já ter
sido punido, é possível que a Administração, com base na autotutela, anule a sanção anteriormente cominada e
aplique uma nova penalidade mais gravosa? NÃO. A decisão administrativa que põe fim ao processo administrativo,
à semelhança do que ocorre no âmbito jurisdicional, possui a característica de ser definitiva. Logo, o servidor
público já punido administrativamente não pode ser julgado novamente para que sua pena seja agravada mesmo
que fique constatado que houve vícios no processo e que ele deveria receber uma punição mais severa. Assim, a
anulação parcial do processo administrativo disciplinar para adequar a penalidade aplicada ao servidor, consoante
pareceres do órgão correspondente, ensejando aplicação de sanção mais grave ofende o devido processo legal e a
proibição da reformatio in pejus. STJ. 3ª Seção. MS 10.950-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 23/5/2012 (não
divulgado em Info). Tal posicionamento tem por base a Súmula 19 do STF, que dispõe: “É inadmissível segunda
punição de servidor público, baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira.” INTIMAÇÃO DO
PROCESSADO Em processo administrativo disciplinar não é considerada comunicação válida a remessa de telegrama
para o servidor público recebido por terceiro. STJ. 3ª Seção. MS 14.016-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 29/2/2012.

EXCESSO DE PRAZO PARA CONCLUSÃO DO PAD É pacífica a jurisprudência do STJ no sentido de que o excesso de
prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar não gera, por si só, qualquer nulidade no feito. O
excesso de prazo só tem o condão de macular o processo administrativo se ficar comprovado que houve fundado e
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evidenciado prejuízo, pois não há falar em nulidade sem prejuízo (pas de nulitésansgrief). STJ. 2ª Turma. RMS
33.628-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/4/2013 (Info 521).

NÃO SE APLICA O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NO CASO DE INFRAÇÃO DISCIPLINAR Deve ser aplicada a
penalidade de demissão ao servidor público federal que obtiver proveito econômico indevido em razão do cargo,
independentemente do valor auferido (no caso, eram apenas R$ 40,00). Isso porque não incide, na esfera
administrativa, o princípio da insignificância quando constatada falta disciplinar prevista no art. 132 da Lei
8.112/1990. STJ. 1ª Seção. MS 18.090-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 8/5/2013 (Info 523).

PAD E DESTITUIÇÃO DE CARGO EM COMISSÃO Deve ser aplicada a penalidade de destituição de cargo em comissão
na hipótese em que se constate que servidor não ocupante de cargo efetivo, valendo-se do cargo, tenha indicado
irmão, nora, genro e sobrinhos para contratação por empresas recebedoras de verbas públicas, ainda que não haja
dano ao erário ou proveito pecuniário e independentemente da análise de antecedentes funcionais. STJ. 1ª Seção.
MS 17.811-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 26/6/2013 (Info 526).

PRESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA Para infrações disciplinares praticadas por servidores públicos: A regra
geral do prazo prescricional para a punição administrativa de demissão é de 5 anos, nos termos do art. 142, I da Lei
nº 8.112/90, entre o conhecimento do fato e a instauração do processo administrativo disciplinar. Quando o
servidor público comete infração disciplinar também tipificada como crime, somente se aplicará o prazo
prescricional da legislação penal se os fatos também forem apurados em ação penal. Se não há notícia de apuração
criminal, deve ser aplicado o prazo prescricional de 5 (cinco) anos, previsto no art. 142, I da Lei nº 8.112/90. Para
outras infrações administrativas apuradas pela Administração Pública: Aplica-se o mesmo raciocínio acima exposto.
Desse modo, a pretensão punitiva da Administração Pública em relação à infração administrativa que também
configura crime em tese, somente se sujeita ao prazo prescricional criminal quando instaurada a respectiva ação
penal. STJ. 1ª Turma. REsp 1.116.477-DF, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 16/8/2012 (Info 502).

TERMO INICIAL DO PRAZO PRESCRICIONAL Para que o prazo prescricional tenha início, é necessário que a
irregularidade praticada pelo servidor chegue ao conhecimento da autoridade competente para instaurar o PAD ou
o prazo já se inicia caso outras autoridades do serviço público saibam do fato? O prazo de prescrição da pretensão
punitiva estatal começa a fluir na data em que a irregularidade praticada pelo servidor tornou-se conhecida por
alguma autoridade do serviço público, e não, necessariamente, pela autoridade competente para a instauração do
processo administrativo disciplinar. STJ. 1ª Seção. MS 20.162-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em
12/2/2014 (Info 543).

ART. 170 DA LEI 8.112/90 É INCONSTITUCIONAL O art. 170 da Lei nº 8.112/90 é compatível com a CF/88? NÃO. O
art. 170 da Lei nº 8.112/1990 é INCONSTITUCIONAL. Para o STF, esse dispositivo viola os princípios da presunção de
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inocência e da razoabilidade, além de atentar contra a imagem funcional do servidor. STF. Plenário. MS 23262/DF,
rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/4/2014 (Info 743).

Tema muito importante!!! Pode ser cobrado também na prova discursiva: Art. 170. Extinta a punibilidade pela
prescrição, a autoridade julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor.

INDEPENDÊNCIA DAS INSTÂNCIAS Não deve ser paralisado o curso de processo administrativo disciplinar apenas em
função de ajuizamento de ação penal destinada a apurar criminalmente os mesmos fatos investigados
administrativamente. As esferas administrativa e penal são independentes, não havendo falar em suspensão do
processo administrativo durante o trâmite do processo penal. STJ. 1ª Seção. MS 18.090-DF, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 8/5/2013 (Info 523).

CONDENAÇÃO PELO TRIBUNAL DE CONTAS INDEPENDE DO RESULTADO DO PAD Se o servidor público responder a
processo administrativo disciplinar e for absolvido, ainda assim poderá ser condenado a ressarcir o erário, em
tomada de contas especial, pelo Tribunal de Contas da União. STF. 1ª Turma. MS 27867 AgR/DF, rel. Min. Dias
Toffoli, 18/9/2012 (Info 680).

PAD É INDEPENDENTE EM RELAÇÃO À AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA As punições aplicáveis no PAD são
independentes em relação às sanções determinadas na ação judicial de improbidade administrativa, não havendo
bis in idem caso o servidor seja punido nas duas esferas. STJ. 1ª Seção. MS 15.848/DF, Rel. Min. Castro Meira,
julgado em 24/04/2013.

POSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO IMEDIATA DE PENALIDADE IMPOSTA EM PAD Determinado servidor público federal
recebeu pena de demissão em processo administrativo disciplinar contra si instaurado. O servidorinterpôs recurso
administrativo com a decisão proferida. Ocorre que, antes mesmo de ser julgado o recurso, a Administração Pública
já cessou o pagamento da remuneração do servidor e o afastou das funções. É possível que a sanção aplicada seja
desde logo executada mesmo que ainda esteja pendente recurso interposto no âmbito administrativo? SIM. É
possível o cumprimento imediato da penalidade imposta ao servidor logo após o julgamento do PAD e antes do
julgamento do recurso administrativo cabível. Não há qualquer ilegalidade na imediata execução de penalidade
administrativa imposta em PAD a servidor público, ainda que a decisão não tenha transitado em julgado
administrativamente. STJ. 1ª Seção. MS 19.488-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 25/3/2015 (Info
559).

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR E SÚMULA VINCULANTE 14 STF A SV 14 NÃO pode ser aplicada para os
casos de sindicância, que objetiva elucidar o cometimento de infrações administrativas. Pela simples leitura da
súmula percebe-se que a sindicância não está incluída em seu texto já que não se trata de procedimento
100
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária. STF. 1ª Turma. Rcl 10771 AgR/RJ, rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 4/2/2014 (Info 734).

As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não configuram prova ilícita
quando relacionadas com aspectos "não pessoais" e de interesse da Administração Pública e da própria
coletividade, especialmente quando exista, nas disposições normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua
destinação somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre monitoramento e
acesso ao conteúdo das comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou instruir procedimento
administrativo. STJ. 2ª Turma. RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015 (Info 576).

1. Diante do transito em julgado de sentença penal condenatória que decreta a perda do cargo público, a
autoridade administrativa tem o dever de proceder à demissão do servidor ou à cassação da aposentadoria,
independentemente da instauração de processo administrativo disciplinar, que se mostra desnecessária. Isso
porque qualquer resultado a que chegar a apuração realizada no âmbito administrativo não terá́ o condão de
modificar a forca do decreto penal condenatório.
2. Em consequência, nesses casos, não há falar em contrariedade ao devido processo legal e aos princípios
constitucionais da ampla defesa e do contraditório, já plenamente exercidos nos rigores da lei processual penal,
tampouco na ocorrência de prescrição da pretensão punitiva do Estado ou de bis in idem, sendo esta ultima oriunda
de eventual apuração, na esfera administrativa, do ilícito praticado.
3. Do administrador não se pode esperar outra conduta, tendo em vista a possibilidade de, em tese, incidir no crime
de prevaricação ou de desobediência, conforme for apurado, segundo os arts. 319 e 330 do Código Penal. O fato
poderá́, ainda, constituir ato de improbidade administrativa, conforme art. 11, II, da Lei 8.429/92.
4. Qualquer modificação dos efeitos da sentença condenatória, bem como a extensão de qualquer beneficio ou
vantagem, deve ser buscada e solucionada na própria esfera penal. Em mandado de segurança impetrado contra
ato que, em cumprimento à sentença que decreta a perda da função pública, aplica a servidor público a pena de
cassação de aposentadoria, não cabe a reforma da decisão proferida no juízo criminal. (RMS 22.570/SP, Rel.
Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 18/03/2008, DJe 19/05/2008)

Não constitui requisito legal para a concessão de pensão por morte à companheira que a união estável seja
declarada judicialmente, mesmo que vigente formalmente o casamento. Assim, é possível o reconhecimento de
união estável de pessoa casada que esteja comprovadamente separada judicialmente ou de fato, para fins de
concessão de pensão por morte, sem necessidade de decisão judicial neste sentido. STF. 1ª Turma. MS 33008/DF,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/5/2016 (Info 824).
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“A exoneração de servidor público aprovado em concurso público e ainda em estágio probatório não prescinde do
procedimento administrativo específico, descabendo, contudo, a instauração de processo administrativo disciplinar
com todas as suas formalidades”. (Informativo 418 do STJ)

“A sindicância prescinde de contraditório ou ampla defesa, visto ser procedimento inquisitorial prévio à acusação e
ao PAD, fase a tramitar sem a presença obrigatória de acusados.(atenção: essa conclusão somente ocorrerá no caso
de sindicância investigativa, ou seja, aquela que conclui pelo arquivamento, ou pela instauração do PAD. Se for
hipótese de sindicância investigativa e punitiva, aquela que aplica pena de advertência ou pena de suspensão de até
30 dias, será necessário respeitar o contraditório e a ampla defesa” (Informativo 419 do STJ)STJ: Não é nulo
processo administrativo disciplinar – PAD conduzido por servidores que não possuam estabilidade no atual cargo
que ocupam, desde que já tenham adquirido a estabilidade no serviço público. A Lei n. 8.112/1990, ao disciplinar o
exercício do servidor em estágio probatório (art. 20, §§ 3º, 4º e 5º, Lei n. 8.112/1990) não veda sua participação em
comissão de sindicância ou disciplinar. MS 17.583-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 12/9/2012. 1ª SEÇÃO. INFO 504.

Apenas o presidente da Comissão (e não os demais membros) precisarão ser ocupantes de cargo efetivo superior
ou de mesmo nível, ou ter ível de escolaridade igal ou superior ao do indiciado. Terceira Seção. MS 14.797-DF, Rel.
Min. Og Fernandes, julgado em 28/3/2012.

O art. 170 da Lei n. 8.112/90 prevê que, mesmo estando prescrita a infração disciplinar, é possível que a prática
dessa conduta fique registrada nos assentos funcionais do servidor. O STF e STJ entendem que esse art. 170 é
INCONSTITUCIONAL por violar os princípios da presunção de inocência e da razoabilidade. STF. Plenário. MS
23262/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/4/2014 (Info 743). STJ. 1ª Seção. MS 21.598-DF, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 10/6/2015 (Info 564). - Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: I – em 5 (cinco) anos,
quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo
em comissão; II – em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; III – em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. -
O status de inocência deixa de ser presumido somente após decisão definitiva na seara administrativa, ou seja, não
é possível que qualquer consequência desabonadora da conduta do servidor decorra tão só da instauração de
procedimento apuratório ou de decisão que reconheça a incidência da prescrição antes de deliberação definitiva de
culpabilidade.

DIREITO ADMINISTRATIVO. INAPLICABILIDADE DA APOSENTADORIA COMPULSÓRIA POR IDADE ASERVIDOR


PÚBLICO OCUPANTE EXCLUSIVAMENTE DE CARGO EM COMISSÃO.

Não é aplicável a regra da aposentadoria compulsória por idade na hipótese de servidorpúblico que ocupe
exclusivamente cargo em comissão. Com efeito, a regra prevista no art. 40, § 1º, II, da CF, cujo teor prevê a
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aposentadoria compulsória do septuagenário, destina-se a disciplinar o regime jurídico dos servidores efetivos, não
se aplicando aos servidores em geral. Assim, ao que ocupa exclusivamente cargo em comissão, aplica-se, conforme
determina o § 13 do art. 40 da CF, o regime geral de previdência social, no qual não é prevista a aposentadoria
compulsória por idade. , Rel. Min. Castro Meira, DJe 26/4/2013.

Não é obrigatória a intimação do interessado para apresentar alegações finais após o relatório final de processo
administrativo disciplinar. Isso porque não existe previsão legal nesse sentido. Precedentes citados: RMS 33.701-SC,
Primeira Turma, DJe 10/6/2011; e MS 13.498-DF, Terceira Seção, DJe 2/6/2011. , Rel. Min. Humberto Martins,
julgado em 8/5/2013.

É possível utilizar, em processo administrativo disciplinar, na qualidade de “prova emprestada”, a interceptação


telefônica produzida em ação penal, desde que devidamente autorizada pelo juízocriminal e com observância das
diretrizes da Lei 9.296/1996. Precedentes citados: MS 14.226-DF, Terceira Seção, DJe 28/11/2012; e MS 14.140-DF,
Terceira Seção, DJe 8/11/2012. , Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 22/5/2013.

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS. PROFISSIONAIS DE SAÚDE.


ART. 37, XVI, "C", DA CF/88. COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS. LIMITAÇÃO OBJETIVA. AUSÊNCIA DE AMPARO
LEGAL. AFRONTA À CONSTITUIÇÃO. AFERIÇÃO DA COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS APÓS O ATO DE
APOSENTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SEGURANÇA JURÍDICA. NÃO PROVIMENTO.

1. A Constituição Federal prevê a hipótese de acumulação de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
saúde, havendo compatibilidade de horários e observância ao teto remuneratório do funcionalismo público.
2. Por padecer de amparo legal e afrontar a Constituição da República, não pode prevalecer a estipulação, pela
União, de uma carga horária máxima de 60 (sessenta) horas semanais, devendo ser analisado em cada caso se o
exercício das atividades passíveis de serem acumuladas na Administração Pública sofre o empecilho decorrente da
incompatibilidade de horários. (Precedentes do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e deste
Tribunal).
3. Na hipótese vertente, o cancelamento do ato de aposentação da apelada, para que esta pudesse optar pela
redução da carga horária, implicaria em grave ofensa à segurança jurídica, tendo em vista o exercício dos dois
cargos conjuntamente por mais de vinte e cinco anos, sem que a Administração aferisse a compatibilidade de
horários. Nesse diapasão, tendo a servidora passado à inatividade, tal questionamento, feito somente agora,
afigura-se inoportuno.
4. Apelação e remessa oficial desprovidas. (PROCESSO: 00062811420124058200, APELREEX26401/PB, RELATOR:
DESEMBARGADOR FEDERAL EDÍLSON NOBRE, Quarta Turma, JULGAMENTO: 05/03/2013, PUBLICAÇÃO: DJE
07/03/2013 - Página 340)
103
No caso em que o servidor público foi impedido irregularmente de acumular dois cargos públicos em razão de
interpretação equivocada da Administração Pública, o Estado deverá ser condenado e, na fixação do valor da
indenização, não se deve aplicar o critério referente à teoria da perda da chance, e sim o da efetiva extensão do
dano causado, conforme o art. 944 do CC. STJ. 2ª Turma. REsp 1.308.719-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 25/6/2013 (Info 530).

#GUARDEISSO: Para fins de concurso, a informação que devemos guardar é a seguinte:


O prazo para que o servidor público proponha ação contra a Administração Pública pedindo a revisão do ato de sua
aposentadoria é de 5 anos, com base no art. 19 do Decreto 20.910/1932. Após esse período, ocorre a prescrição do
próprio fundo de direito. STJ. 1 Seção. Pet 9.156-Ri, ReI. Mm. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 28/5/2014 (Info
542).

Prazo Tipo de infração


5 anos Se a sanção for Demissão ou congêneres (cassação de
aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo
em comissão)
2 anos Se a sanção for suspensão
180 dias Se a sanção for advertência
O mesmo prazo da prescrição penal (art. 109, CP) Se a infração administrativa praticada dor prevista como
crime.

No âmbito de ação disciplinar de servidor público federal, o prazo de prescrição da pretensão punitiva estatal
começa a fluir na data em que a irregularidade praticada pelo servidor tornou-se conhecida por alguma autoridade
do serviço público, e não, necessariamente, pela autoridade competente para a instauração do processo
administrativo disciplinar. STJ. Id Seção. MS 20.162-DF, Rei. Mm. Arnaldo Esteves Lima. julgado em 12/2/2014 (Info
543).

#IMPORTANTE!! Os herdeiros devem restituir os proventos que, por erro operacional da Administração Pública,
continuaram sendo depositados em conta de servidor público após o seu falecimento. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp
1.387.971-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/3/2016 (Info 579). - O STJ possui entendimento
pacífico no sentido de que é incabível a restituição ao erário dos valores recebidos de boa-fé pelo servidor público
em decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei por parte da Administração Pública. Em virtude do
princípio da legítima confiança, o servidor público, em regra, tem a justa expectativa de que são legais os valores
pagos pela Administração Pública, porque jungida à legalidade estrita. Assim, diante da ausência da comprovação
da má-fé no recebimento dos valores pagos indevidamente por erro de direito da Administração, não se pode
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efetuar qualquer desconto na remuneração do servidor público, a título de reposição ao erário. STJ. 1ª Seção. REsp
1.244.182-PB, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/10/2012 (recurso repetitivo). - Súmula 249 do TCU: É
dispensada a reposição de importâncias indevidamente percebidas, de boa-fé, por servidores ativos e inativos, e
pensionistas, em virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de
autoridade legalmente investida em função de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato
administrativo e do caráter alimentar das parcelas salariais. - Vale ressaltar, no entanto, que, segundo a posição
majoritária no STJ, este mesmo entendimento deve ser aplicado nos casos em que o servidor recebe as quantias
indevidas por força de erro operacional da Administração.” (...) Esta Corte firmou entendimento no sentido de não
ser devida a devolução de verba paga indevidamente a servidor em decorrência de erro operacional da
Administração Pública, quando se constata que o recebimento pelo beneficiado se deu de boa-fé, como no caso em
análise. (...)”. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1560973/RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 05/04/2016. - Os
salários ou proventos do servidor possuem natureza alimentar somente em relação ao próprio servidor. Se ele já
morreu, tais valores são considerados como herança e herança não é remuneração nem aposentadoria. Logo, não é
uma verba alimentícia. Pelo princípio da saisine, com a morte, houve a transferência imediata da titularidade da
conta bancária da falecida aos seus herdeiros e os valores que foram nela depositados (por erro) não tinham mais
qualquer destinação alimentar. Logo, por não se estar diante de verbas de natureza alimentar, não é nem mesmo
necessário analisar se os herdeiros estavam ou não de boa-fé ao sacar o dinheiro. A boa-fé aqui não importa. Os
herdeiros têm o dever de restituir as quantias porque eles não possuem nenhum direito sobre as verbas. O
fundamento aqui para que ocorra a devolução está baseado no princípio da proibição do enriquecimento sem
causa, previsto no art. 884 do CC

#OUSESABER: Se o candidato tomou posse por força de decisão judicial precária e esta, posteriormente, é
revogada, ele perderá o cargo, mesmo que já o esteja ocupando há muitos anos. Não se aplica, ao caso, a teoria do
fato consumado. Nesse sentido: STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014
(repercussão geral) (Info 753). A situação será diferente se ele se aposentou antes do processo chegar ao fim.
Imagine que o candidato tomou posse no cargo por força de decisão judicial precária. Passaram-se vários anos e
ele, após cumprir todos os requisitos, aposentou neste cargo por tempo de contribuição. Após a aposentadoria, a
decisão que o amparou foi reformada. Neste caso, não haverá a cassação de sua aposentadoria. Nas palavras do
STJ: quando o exercício do cargo foi amparado por decisões judiciais precárias e o servidor se aposentou, antes do
julgamento final de mandado de segurança, por tempo de contribuição durante esse exercício e após legítima
contribuição ao sistema, a denegação posterior da segurança que inicialmente permitira ao servidor prosseguir no
certame não pode ocasionar a cassação da aposentadoria. STJ. 1ª Seção. MS 20.558-DF, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 22/2/2017 (Info 600).
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*Em regra, não produzem fato consumado a posse e o exercício em cargo público decorrentes de decisão judicial
tomada à base de cognição não-exauriente. Em outras palavras, não se aplica a teoria do fato consumado para
candidatos que assumiram o cargo público por força de decisão judicial provisória posteriormente revista. Trata-se
do entendimento firmado no RE 608482/RN (Tema 476). A situação é diferente, contudo, se a pessoa, após
permanecer vários anos no cargo, conseguiu a concessão de aposentadoria. Neste caso, em razão do elevado grau
de estabilidade da situação jurídica, o princípio da proteção da confiança legítima incide com maior intensidade.
Trata-se de uma excepcionalidade que autoriza a distinção (distinguish) quanto ao leading case do RE 608482/RN
(Tema 476). STF. 1ª Turma. RE 740029 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 14/8/2018 (Info 911).

A jornada de trabalho do MÉDICO servidor público é de 4 horas diárias e de 20 horas semanais, nos termos da Lei
nº 12.702/2012. A jornada de trabalho do ODONTÓLOGO servidor público é de 6 horas diárias e de 30 horas
semanais, nos termos do DL 2.140/84. Essas regras acima explicadas não se aplicam no caso de médicos e
odontólogos que ocupem cargo em comissão ou função de confiança, considerando que, neste caso, terão que
cumprir a jornada normal de trabalho. STF. 2ª Turma. MS 33853/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/6/2017
(Info 869).
106

MATERIAL EXTRA:

1. Regime Previdenciário do Servidor Estatutário. Normas e Princípios Constitucionais. O Novo Regime


Previdenciário.

Base normativa: art. 40 da CFRB/88 e as alterações promovidas pelas ECs 03/1993, 20/1998, 41/2003 e
47/2005.

EC 03/1993: passou a exigir contribuição dos servidores públicos ao RPPS. Antes, o benefício
previdenciário concedido ao servidor público era tido como um benefício de natureza estatutária ou administrativa
e dependia apenas do vínculo funcional e do tempo de serviço prestado ao Estado. Por isso, não se exigia
contribuição.

Art. 40, da CRFB/88: trata do regime de previdência social aplicável aos titulares de cargos efetivos da
União, Estados, DF e Municípios, incluídas suas autarquias e fundações.

O RPPS não contempla servidores públicos ocupantes apenas de cargos em comissão (art. 40,§ 13, da CFRB/88), os
servidores temporários contratados com base no art. 37, inciso IX , da CFRB/88(art. 40,§ 13, da CFRB/88) e titulares
de serventias extrajudiciais (notários e registradores) (STF,Plenário, ADI 4639/GO e ADI 4641/SC, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgados em 11/03/2015).

O regime tem caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do servidor ativo, do ente público,
dos inativos e dos pensionistas, observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial do
sistema. Não importa apenas o tempo de serviço do servidor, mas o tempo de efetiva contribuição, sendo vedado
ao legislador o estabelecimento de algum tempo de contribuição fictício.

A contribuição da União é regulamentada na Lei 10.887/2004: corresponde ao dobro da contribuição do


servidor ativo, cuja arrecadação será contabilizada em conta específica. A União deverá cobrir, ainda, eventuais
insuficiências financeiras para pagamento dos benefícios.

Contribuição dos servidores ativos: A contribuição social do servidor público ativo de qualquer dos Poderes da
União, incluídas suas autarquias e fundações, para a manutenção do respectivo regime próprio de previdência
social, será de 11%, incidentes sobre a sua remuneração (art. 4º da Lei 10.887/2004).
107
Não é possível a instituição de alíquotas progressivas para a contribuição previdenciária dos servidores públicos
para o RPPS, sob pena de ofensa ao princípio da vedação à utilização de qualquer tributo com efeito de confisco
(STF, RE 346197 AgR/DF, 1ª Turma,Rel. Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 16/10/2012).

Contribuição dos aposentados e pensionistas: obrigatória a partir da EC 41/2003. A contribuição incide sobre
aposentadorias e pensões, concedidas pelo RPPS, que superem o limite máximo para os benefícios do RGPS, com
percentual igual ao estabelecido para os servidores ativos (11%). É constitucional a cobrança de contribuição
previdenciária sobre aposentadorias e pensões do RPPS, não havendo que falar em direito adquirido, de modo
que todos devem se sujeitar ao novo regramento, inclusive aqueles já beneficiários de aposentadorias e pensões,
quando da entrada em vigor da EC 41/2003 (STF, ADI 3105/DF , Rel. Min. ELLEN GRACIE Rel. p/ Acórdão Min.CEZAR
PELUSO, julgamento em 18/08/2004; e ADI 3128/DF, Rel. Min. ELLEN GRACIE Rel. p/ Acórdão Min. CEZAR PELUSO,
julgamento em 18/08/2004).

O art. 4º da EC 41/03: estabelecia uma contribuição maior para os que já fossem aposentados ou
pensionistas ou tivessem direito adquirido ao benefício, ao tempo de sua publicação: a contribuição incidiria sobre
o que ultrapassasse 50% do teto do RGPS para beneficiários dos Estados, Distrito Federal e Municípios e 60%, para
os da União. Para o STF, essa discriminação é inconstitucional, devendo a contribuição ser idêntica, em qualquer
caso, e incidir sobre aquilo que ultrapassar o teto do RGPS. As alíquotas cobradas pelos Estados, Distrito Federal e
Municípios, tanto de seus servidores quanto de seus aposentados e pensionistas não poderão ser inferiores à
cobrada pela União (art. 149, §1º,da CFRB/88, com redação dada pela EC 41/2003).

Aposentado ou pensionista portador de doença incapacitante: a contribuição incidirá apenas sobre as


parcelas de aposentadorias em pensões que superem o dobro do teto do RGPS, na forma da lei(art. 40, §21, da
CFRB/88, incluído pela EC 47/2005).

Abono de permanência (art. 40, §19, incluído pela EC 412003): O servidor que completar os requisitos
para aposentadoria voluntária não proporcional (art. 40,§1º, inciso III, a), da CFRB88), mas que decidir continuar em
atividade, fará jus a um abono correspondente à dispensa do pagamento da contribuição previdenciária. Também,
têm direito a esse abono (EC 41/2003) os servidores que: a) ingressaram no serviço público antes da EC 20/1998 e
que, podendo requerer aposentadoria voluntária, nos termos da regra de transição prevista no art. 2º da EC
41/2003, não o façam; b) tinham direito adquirido à aposentadoria na data da publicação da EC 41/2003 e
permaneçam na ativa.
108
Obs.: O abono de permanência insere-se no conceito de remuneração do cargo efetivo, de forma a compor a base
de cálculo da licença-prêmio não gozada. STJ. 1ª Turma. REsp 1.514.673-RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado
em 7/3/2017 (Info 600)

É vedada a existência de mais de um regime próprio para os titulares de cargos efetivos e de mais de
uma unidade gestora (art. 40,§20, da CFRB/88) no âmbito de cada ente federado, à exceção do regime de
previdência dos militares, que deve ser disciplinado em lei própria.

Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada
a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo(art. 40, §6º, da
CFRB/88).

É vedada a adoção de critérios diferenciadores para concessão de aposentadoria para os abrangidos


pelo RPPS, ressalvados os definidos em lei complementar para os servidores: a) portadores de deficiência; b) que
exerçam atividades de risco; c) cujas atividades sejam exercidas em condições especiais que prejudiquem a saúde
ou integridade física. (art. 40,§4º, da CFRB/88).

1.2 Cálculo dos Benefícios

1.2.1. Aposentadorias do RPPS

A lei em vigor no momento da concessão da aposentadoria é que definirá o valor dos proventos (STF, RE
359043-AgR, Rel. Min. Min. Eros Grau, julgado em 03/10/2006, 2ª Turma).

1.3. Espécies de aposentadoria:

a) Aposentadoria por invalidez (art. 40, § 1º,inciso I da CFRB/88): Ocorre quando o servidor público for
acometido por uma situação de invalidez permanente, atestada por laudo médico, que demonstre que ele está
incapacitado de continuar trabalhando.

Proventos: em regra, o servidor aposentado por invalidez receberá proventos proporcionais ao tempo de
contribuição. Exceção: ele terá direito a proventos integrais se a invalidez for decorrente de: a) acidente em
serviço;b) moléstia profissional; ou c) doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei. A concessão de
aposentadoria por invalidez com proventos integrais exige que a doença incapacitante esteja prevista em rol
taxativo da legislação de regência. O art. 41, § 1º, I, da CFRB/88 é claro ao exigir que a lei defina as doenças e
moléstias que ensejam aposentadoria por invalidez com proventos integrais. Logo, esse rol legal deve ser tido como
109
exaustivo (taxativo) (STF, Plenário. RE 656860/MT, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 21/08/2014).Na esfera
federal, o art 186, §1º, da Lei 8112/1990 estabelece o rol (taxativo) de doenças consideradas graves, contagiosas
ou incuráveis para efeitos de aposentadoria por invalidez.

Forma de cálculo dos proventos da aposentadoria por invalidez: os proventos serão calculados tendo
como base as contribuições dos servidores e sua apuração considerará a média aritmética simples das maiores
remunerações, utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a que esteve
vinculado, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo (Lei 10.887/2004). Todos os
valores de remuneração, considerados para o cálculo dos proventos, serão devidamente atualizados na forma da lei
(art. 40,§17, da CFRB/88). Os proventos não podem exceder a remuneração do servidor no cargo em que se deu a
aposentadoria.

Aposentadoria por invalidez e EC 70/2012: a) os servidores efetivos que tenham ingressado no serviço
público até a data da publicação da EC 70/2012 (31/12/2012) terão os proventos de sua aposentadoria por
invalidez calculados com base na remuneração do cargo efetivo em que se der a aposentadoria; e não das demais
contribuições vertidas para o RGPS ou RPPS; e b) as aposentadorias por invalidez dos servidores que ingressaram no
serviço público depois da data da publicação da EC 70/2012 (31/12/2012) serão revistas na mesma proporção e na
mesma data, sempre que a remuneração dos servidores ativos for modificada (princípio da paridade), sendo esta
regra aplicável às pensões por morte decorrentes dessas aposentadorias.

b) Aposentadoria voluntária (art. 40, § 1º,inciso III, da CFRB/88): Ocorre quando o próprio servidor
público, mesmo tendo condições físicas e jurídicas de continuar ocupando o cargo, decide se aposentar. A
aposentadoria voluntária pode ser com proventos integrais ou proporcionais, dependendo do tempo de
contribuição que o servidor tiver no serviço público.

b.1) Aposentadoria voluntária por idade: idade de 65 anos, se homem, ou de 60, se mulher. Os
proventos serão proporcionais ao tempo de contribuição.

b.2) Aposentadoria voluntária por idade e tempo de contribuição: Para fazer jus a essa aposentadoria é
necessário: a) tempo mínimo de 10 anos de efetivo exercício no serviço público; b) tempo mínimo de 5 anos no
cargo efetivo em que se dará a aposentadoria; e c)30 anos de contribuição, se mulher, e 35 anos de contribuição, se
homem ; e d) 55 anos de idade, se mulher, e 60 anos de idade, se homem. Os proventos serão integrais. Quanto ao
item “b)”, não é necessário que os cinco anos de efetivo exercício no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria
sejam ininterruptos (STF, RE 591467-AgR,Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/04/2012).
110
Forma de cálculo dos proventos da aposentadoria voluntária: Os proventos serão calculados tendo como
base as contribuições dos servidores e sua apuração considerará a média aritmética simples das maiores
remunerações, utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a que esteve
vinculado, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo (Lei 10.887/2004). Todos os
valores de remuneração, considerados para o cálculo dos proventos, serão devidamente atualizados na forma da lei
(art. 40,§17, da CFRB/88).Os proventos não podem exceder a remuneração do servidor, no cargo em que se deu a
aposentadoria.

c) Aposentadoria compulsória (art. 40, § 1º,inciso II, da CFRB/88): Atingida determinada idade, o
servidor público, independentemente de ainda possuir condições físicas e mentais de continuar exercendo o cargo,
deve ser obrigatoriamente aposentado. Há aqui uma presunção absoluta de que, a partir daquela idade, o
rendimento físico e mental do servidor público sofre um decréscimo e, por razões de interesse público, ele será
aposentado, mesmo que, por sua vontade, ainda quisesse continuar no serviço público.

Idade limite: a EC 88/2015 aumentou de 70 para 75 anos a idade limite para a aposentadoria
compulsória. A EC 88/2015 aumentou imediatamente para 75 anos a idade da aposentadoria compulsória para os
cargos de Ministros do STF, dos Tribunais Superiores e do TCU, independentemente de qualquer intermediação
legislativa (art. 100 ao ADCT).A EC 88/2015 autorizou que fosse editada Lei Complementar aumentando para 75
anos a idade da aposentadoria compulsória para os demais servidores públicos. Em 03/12/2015, foi publicada a LEI
COMPLEMENTAR Nº 152/2015 aumentando a idade da aposentadoria compulsória para 75 anos de todos os
servidores públicos de todos os poderes dos entes federados.

Princípio da integralidade: garantia de que o servidor público, quando se aposentasse, receberia o mesmo
valor que já auferia na sua última remuneração. Tal garantia foi extinta pela EC 41/2003.

Forma de cálculo dos proventos da aposentadoria compulsória: os proventos serão proporcionais e


calculados na forma da Lei 10887/2004.

d) Aposentadoria especial do servidor público: como ainda não foi editada a lei complementar
regulamentadora do art. 40, §4º, inciso III, da CFRB/88, o STF firmou entendimento de que: “Aplicam-se ao servidor
público, no que couber, as regras do regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata
o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica.”(Súmula
Vinculante 33). Esta súmula abrange apenas as hipótese em que o servidor trabalhou exposto a condições
especiais prejudiciais à sua saúde e a integridade física; não sendo aplicável aos casos do servidor com deficiência
ou que trabalhou exposto a atividades de risco.
111
Conversão do tempo especial em comum para aposentadoria do servidor público: a Súmula Vinculante
33 não garantiu aos servidores o direito à conversão do tempo especial em comum para fins de aposentadoria.
Para o STF, não se extrai da norma contida no art. 40, § 4º, inciso , III da CFRB/88 o dever constitucional de que o
Presidente da República e o Congresso Nacional editem uma lei prevendo contagem diferenciada para quem
trabalhou parte de sua vida em atividades insalubres e, ao final, averbe (registre e some) este período de forma
maior para fins de aposentadoria(STF, MI 3162 ED/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/09/2014).

e) Aposentadoria do servidor com deficiência: Foi editada a Lei Complementar 142/2013,


regulamentando a aposentadoria especial para os segurados com deficiência filiados ao RGPS.

Em princípio, o regime jurídico da LC 142/2013 não se aplicaria aos servidores públicos, porque a referida Lei é
restrita ao RGPS (trabalhadores em geral, filiados ao regime administrado pelo INSS). No entanto, como a Lei
Complementar de que trata o art. 40, § 4º, I, da CF/88 ainda não foi editada, o STF, em um mandado de injunção,
reconheceu que o Presidente da República está em “mora legislativa” por ainda não ter enviado ao Congresso
Nacional o projeto de lei para regulamentar o art. 40, § 4º, I da CF/88 (aposentadoria especial para servidores
deficientes). Com base nisso, determinou que sejam aplicadas aos servidores públicos portadores de deficiência os
critérios e condições previstos nesta LC 142/2013. Nesse sentido: STF MI 5126-DF, DJe 02/10/2013.

f) Aposentadoria do professor: Ao professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício


das funções de magistério na educação infantil, no ensino fundamental ou no ensino médio, haverá redução e cinco
anos tanto na idade quanto no tempo de contribuição, para homens e mulheres. Tempo de serviço prestado fora
da sala de aula: são consideradas funções de magistério aquelas exercidas por professores e especialistas em
educação no desempenho de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica,
incluídas, além da docência, as de direção e unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico, na
forma do art. 1º da Lei 11301/2006, norma validada pelo STF(ADI 3.772, julgada em 29/10/2008). A Súmula 726 do
STF (“Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de serviço prestado fora da
sala de aula.”) não se aplica, pois, àqueles que desempenham funções de direção e unidade escolar e as de
coordenação e assessoramento pedagógico.

1.4. Pensão por morte do RPPS

A pensão por morte é um benefício previdenciário concedido aos dependentes do servidor público
quando este morre, desde que preenchidos os requisitos legais. Com a EC 41/2003, foi criado um “redutor” para as
pensões que superem o teto do RGPS. A renda corresponderá ao valor da totalidade dos proventos do servidor
falecido ou o total de sua remuneração no cargo efetivo em que se deu o óbito, até o limite máximo estabelecido
112
para os benefícios do RGPS, acrescido de 70% da parcela excedente a este limite. Esta nova regra aplica-se às
pensões concedidas com base em óbitos ocorridos a partir de 21/06/2004, data em que entrou em vigor a Lei
10887/2004, em homenagem ao princípio tempus regit actum. A EC 41/2003 também extinguiu o princípio da
paridade, o qual consistia numa garantia que os servidores públicos aposentados possuíam segundo a qual todas as
vezes que havia um aumento na remuneração recebida pelos servidores da ativa, esse incremento também deveria
ser concedido aos aposentados. Assim, o princípio da paridade enunciava que os proventos deveriam ser iguais à
remuneração da ativa. Os pensionistas (os dependentes dos servidores públicos falecidos beneficiados com pensão
por morte) também tinham direito à paridade. A regra da paridade estava prevista no art. 40, § 8º, da CFRB/88,
incluído pela EC 20/1998. No lugar da paridade instituiu-se o chamado “princípio da preservação do valor real”,
previsto no art. 40, § 8º, da CFRB/88, segundo o qual os proventos do aposentado devem ser constantemente
reajustados para que seja sempre garantido o seu poder de compra. Em homenagem ao princípio tempus regit
actum, os pensionistas de servidor falecido após a EC 41/2003, em regra, não têm direito à paridade com servidores
em atividade. Exceção: fazem jus à paridade os pensionistas de servidor falecido posteriormente à EC 41/2003 caso
a situação do instituidor da pensão se enquadre na regra de transição prevista no art. 3º da EC 47/2005(STF,
Plenário, RE 603580/RJ com repercussão geral, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/05/2015).

* #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O acordo de partilha de pensão por morte, homologado judicialmente, não altera
a ordem legal do pensionamento, podendo, todavia, impor ao órgão de previdência a obrigação de depositar
parcela do benefício em favor do acordante que não figura como beneficiário perante a autarquia previdenciária.
STJ. 2ª Turma. RMS 45.817-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, julgado em 26/09/2017
(Info 618).

1.5. As regras de transição


As principais regras de transição são:

APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA (por tempo e idade)


Art. 2º da EC 41/03
Ingresso no Serviço Público anterior à EC. Nº 20, completando as exigências
após a EC 41.

Categorias HOMENS MULHERES


Critérios Integral Integral
Idade Mínima 53 anos 48 anos
Tempo Mínimo no cargo 05 anos 05 anos
Tempo de Contribuição 35 anos 30 anos
113
Tempo de pedágio 20% sobre o tempo 20% sobre o tempo
faltante para faltante para completar o
completar o tempo tempo de contribuição em
de contribuição em 16/12/98
16/12/98
Tempo Mínimo no -0- -0-
Serviço Público
Redução dos proventos para cada Aplicação do FATOR Aplicação do FATOR
ano antecipado, nos termos do REDUTOR, para cada REDUTOR, para cada ano
art. 2º da EC. 41/03 ano que faltar para que faltar para atingir a
atingir a idade de 60 idade de 60 anos, homem e
anos, homem e 55, 55, mulher: 3,5% (para
mulher: 3,5% (para quem completar os
quem completar os requisitos até dez/05) e 5%
requisitos até )para quem completar a
dez/05) e 5%) para partir de 1º/jan/06)
quem completar a
partir de 1º/jan/06)
Base de Cálculo Médias das Médias das Contribuições a
Contribuições a partir de jul/94
partir de jul/94
Forma de Reajuste Sem paridade Sem paridade

#OUSESABER - Os Magistrados, membros do Ministério Público e dos Tribunais de Contas, se homem, terão o
tempo de serviço até 16/12/98 contado com acréscimo de 17%. Magistério, na Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Médio, se homem, terá o tempo de serviço até 16/12/98 contado com acréscimo de 17%. Se
mulher, o acréscimo será de 20%. Ressalvada a opção pela Regra Geral do Artigo 40 da Constituição Federal

ABONO DE PERMANÊNCIA para o servidor que, a partir de 01/01/04, tenha completado as exigências para a
aposentadoria (quadro acima), e optou por permanecer em atividade, até completar a exigência para a compulsória
- §5º, art. 2º da EC 41.

APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA (por tempo e idade)


Art. 6º da EC 41/03
Ingresso no Serviço Público anterior à EC. Nº 41, completado as exigências a
114
partir de 01/01/04.

Categorias HOMENS MULHERES


Critérios Integral Integral
Idade Mínima 60 anos 55 anos
Tempo Mínimo no cargo 05 anos 05 anos
Tempo de Contribuição 35 anos 30 anos
Tempo Mínimo de Carreira 10 anos 10 anos
Tempo Mínimo no 20 anos 20 anos
Serviço Público
Base de Cálculo Última Remuneração Última Remuneração
Forma de Reajuste Com paridade Com paridade

Nas Aposentadorias ESPECIAL de Magistério, será reduzido 5 anos na Idade e no Tempo de Contribuição - § 5º do
art. 40 da CF. Ressalvada a opção pela Regra Geral do art. 40 da CF, ou pela Regra de Art. 2º da EC. 41.

APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA (por tempo e idade)


Art. 3º da EC 47/05
Ingresso no serviço público até 16/12/98, completando as exigências a partir
de 01/01/2004.

FÓRMULA 85/95
Categorias HOMENS MULHERES
Critérios Integral Integral
Tempo Mínimo no
25 anos 25 anos
Serviço Público
Tempo Mínimo de
15 anos 15 anos
Carreira
Tempo Mínimo no
05 anos 05 anos
Cargo
Tempo de Tempo de
Idade Idade
Contribuição Contribuição
36 59 31 54
Tempo 37 58 32 53
Idade 38 57 33 52
115
39 56 34 51
40 55 35 50
41 54 36 49
Base de Cálculo Última remuneração Última remuneração
Forma de Reajuste Com paridade Com paridade

Obs.: Na tabela acima, no que se refere tempo/Idade, aplicou-se a REDUÇÃO de IDADE prevista no art. 3º,
III da EC 47/05, relativamente aos limites do art. 40, § 1º, III, alínea “a”, da CF, de um ano de idade para cada ano
de contribuição que exceder o tempo mínimo previsto (não aplicável para benefícios especiais, ex.: professores).

Obs.: Fórmula 85/95 – Significa que, cumprido o estabelecido no quadro acima, o tempo de contribuição
+ idade, deve ser = 85 para mulheres e = 95 para homens.

Ressalvado o direito de opção à aposentadoria pela Regra Geral do art. 40 da CF ou pelas Regras
estabelecidas pelos arts. 2º e 6º da EC. 41/03.

Revisão de benefício previdenciário concedido pelo RPPS: O prazo para que o servidor público proponha ação
contra a Administração Pública pedindo a revisão do ato de sua aposentadoria é de cinco anos, com base no art.
1º do Decreto 20.910/1932. Após esse período ocorre a prescrição do próprio fundo de direito (STJ. 1ª Seção. Pet
9.156-RJ, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 28/05/2014).

ATENÇÃO:
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Não ocorre a prescrição do fundo de direito no pedido de concessão de
pensão por morte, estando prescritas apenas as prestações vencidas no quinquênio que precedeu à propositura da
ação. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.269.726-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 13/03/2019 (Info 644).
#IMPORTANTE

1.6. O sistema de previdência complementar

A previsão para instituição de um regime de previdência complementar foi trazida pela EC 20/98, que
acrescentou o §14 ao art. 40 da CFRB/88. Ao instituir o regime de previdência complementar para os servidores de
cargos efetivos, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios poderão fixar o limite máximo do RGPS para o
pagamento de aposentadorias e pensões do RPPS. Esse regime de previdência complementar: a) deverá ser
instituído por lei de iniciativa do Poder Executivo; b) será instituído por intermédio de entidades fechadas; c) terá
natureza pública; e d) somente poderá adotar modalidade de contribuição definida.
116

Para os servidores que tiverem ingressado antes da criação do regime de previdência complementar só
se aplicará este regime mediante prévia e expressa opção. Aos servidores que mudarem de cargo efetivo não será
aplicado o novo regime, desde que não ocorra interrupção do vínculo funcional com qualquer ente federado, visto
que não há qualquer restrição constitucional nesse sentido.

No âmbito federal, foi editada a Lei 12.618/2012 instituindo a previdência complementar dos servidores
efetivos federais da Administração Direta e Indireta de todos os Poderes da União.

DISPOSITIVOS PARA CICLO DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO
CF Art. 37
Lei 8.112/90 Integralmente

BIBLIOGRAFIA INDICADA

CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador: Juspovidm, 2015.

FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2014.

Informativos do Dizer o Direito;

Anotações Pessoais.

i
Este material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas, referências e trechos de doutrina,
informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas, artigos de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de
estar em constante processo de atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.

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