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O Livro de Crescimento de

Igreja
História, Teologia e Princípios

The Book of Church Growth


Thom S. Rainer

2009

Tradução: Josiane Kraft Dionisio Fonseca

1
Prefácio
Talvez mais que qualquer outro evento até hoje, a publicação de “O Livro do
Crescimento de Igrejas” marca o início da era do Movimento de Crescimento de Igrejas. Thom
Rainer executou o que muitos veteranos do crescimeto da igreja tem desejado por anos – um
bom livro para o ensino sobre o Crescimento de Igrejas.
O livro “Entendendo Crescimento de Igrejas” de Donald McGavran (Eerdmans), agora
em sua terceira edição, revisada e atualizada, continuará sendo um clássico fundamental do
movimento. Ninguém será capaz de se dizer profissional com habilidade na área sem ter lido e
assimilado esse livro. Entretanto, “Entendendo Crescimento de Igrejas” possui limitações.
Como trabalho pioneiro, reflete o que Thom Rainer chama de “A Era McGravan”, quando as
idéias de uma pessoa são estabelecidas como paradigmas básicos para que outros sigam,
portanto é limitado e obsoleto. Muito foi acrescentado ao Movimento de Crescimento de Igrejas
desde 1970, quando o livro foi publicado pela primeira vez.
A segunda geração de líderes do Crescimento de Igrejas, aqueles que estudaram
diretamente com McGravan nos anos de 1960 e 70, não possuem inclinação para escrever um
livro compreensível. Antes, escolheram dirigir suas pesquisas e escritos para áreas mais
específicas do Crescimento de Igrejas sugeridas, tanto explícita como implicitamente, pelos
escritos de McGravan. Através das contribuições da segunda geração, o Movimento de
Crescimento de Igrejas começou a amadurecer.
Thom Rainer é um notável representante da terceira geração. Ele não estudou com
McGravan ou Wagner. Não possui certificado do Seminário Fuller. Começou sua observação no
Movimento de Crescimento de Igrejas apenas como um praticante neutro na área, que não
tinha profundo interesse em ver almas ganhas para Cristo e igrejas se multiplicando. Se, em
sua opinião, os princípios do Crescimento de Igrejas ajudassem a acelerar a evangelização em
sua comunidade e no mundo, ele os adotaria. Se não, ele rapidamente procuraria por ajuda em
outro lugar.
Assim como O Livro do Crescimento de Igrejas mostra, Dr Rainer gostou do que viu.
Gostou o suficiente para decidir dedicar duas facetas de sua carreira para seguir o Crescimento
de Igrejas. Thom Rainer é uma daquelas raras combinações de estudioso e praticante. Então,
decidiu, antes de tudo, dedicar a pesquisa e os escrito de seu Ph.D. ao assunto. Segundo, ele
pessoalmente aplicou os princípios do Crescimento de Igrejas em seu ministério pastoral e,
como resultado, viu igrejas crescerem. Como pastor da Igreja Batista de Green Valley, ele viu o
número de membros chegar a 1.700 e a igreja ainda está crescendo.
Menciono isso apenas para dizer que não conheço alguém mais qualificado para
escrever o primeiro verdadeiro livro do Movimento de Crescimento de Igrejas. Sinto-me
privilegiado por conhecer Thom pessoalmente e sentir que seu coração está em Deus e Seu
Reino. Estou impressionado com a amplitude de seu trabalho. Rainer abrange a área desde
Roland Allen até livros relevantes publicados apenas dois meses antes de eu ler o manuscrito.
Esse não é um livro apenas para seminários e escolas bíblicas, mas para pastores e
líderes de igreja, independente de onde estejam e qual seja denominação religiosa. Se você
quer tirar sua igreja do ponto morto e move-la vigorosamente para frente, para a glória de
Deus, não encontrará fonte melhor que O Livro do Crescimento de Igrejas que você está
prestes a ler.
C. Peter Wagner
Seminário Teológico de Fuller
Pasadena, Califórnia

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Agradecimentos

Meus alunos da Escola Beenson Divinity em Birmingham, Alabama, sempre me ouviram


falar sobre a necessidade de um trabalho de introdução geral sobre o Movimento de
Crescimento de Igrejas. O encorajamento e força deles desempenharam um papel importante
na escrita “dO Livro”, o nome que deram ao projeto. Estou em dívida com todos meus alunos
de Beenson, os estudantes mais capazes e talentosos, com quem me associei.
Um agradecimento especial à Broadman Press e ao editor desse livro, John Landers. O
Livro do Crescimento de Igrejas foi minha primeira experiêcia em publicações com a Broadman
e não me desapontei. John Landers e seus bons assistentes acrescentaram clareza e
organização ao meu livro, enquanto me davam liberdade para expressar pensamentos e idéias.
Sou abençoado por ser pastor da Igreja Batista de Green Valley, uma igreja que tiveram
uma visão de muitas das idéias expressas nesse livro. Minha talentosa e alegre secretária,
Virginia Barksdale, contribuiu com esse livro de inúmeras maneiras. Ela me mantém organizado,
quando meu mundo seria uma desordem. Todo o maravilhoso staff da igreja de Green Valley
merece reconhecimento por se unirem a mim e por me permitir testar minhas idéias e sonhos.
Expresso minha mais profunda gratidão a todos do staff, especialmente ao grupo da essência
ministerial: Chuck Carter, Charles Dorris, Marrion (Bubba) Eubank, Tim Miller e Rhonda
Freeman.
Sem o apoio de dois de meus mentores, O Livro do Crescimento de Igrejas nunca se
tornaria realidade. Lewis A.Drummond, que agora é professor Billy Graham de evangelismo e
Crescimento de Igrejas na Escola Beenson Divinity, encorajou minha busca por pesquisar o
Crescimento de Igrejas enquanto era um aluno do doutorado no Seminário Teológico Batista do
Sul. C. Peter Wagner, que me honrou grandemente ao escrever o prefácio desse livro, tem me
dado horas de entrevistas e correspondências, e centenas de páginas de materiais pertinentes.
Ele é a razão primária de permancer convencido de que os melhores dias do Movimento de
Crescimento de Igrejas estão por vir. O leitor verá a influência do Dr. Wagner do começo ao fim
desse livro.
O Livro do Crescimento de Igrejas, de várias maneiras, é um projeto familiar. Meu irmão
Sam Ranier Jr., deu um generoso suporte técnico e um amável encorajamento ao seu
irmãozinho. Sam é realmente o escritor talentoso da família.
Peggy Dutton, mais conhecida por Peggy Sue, deve ser incluida na família Rainer. Peggy
Sue digitou todo o manuscrito, revisou o trabalho, e redigitou quando necessário. Em
incontáveis ocasiões, ela recebeu meus três filhos em sua casa, quando o pai deles precisava de
uma tempo a sós para escrever. Que essas poucas palavras possam ser uma prova de minha
profunda gratidão a Peggy Sue.
Em muitas maneiras, somos produtos de nossos anos de formação. Agradeço a Deus
por minha mãe, Nan Rainer, que nunca parou de me apoiar, nunca parou de acreditar em mim,
nunca parou de orar por mim e nunca parou de me amar. Ele tem sido uma fonte constante de
ânimo para esse livro e para minha vida. A memória de seu esposo e meu pai, Sam Rainer Sr.,
tem me fortalecido em meus momentos de fraqueza.
A maior parte do crédito desse livro, entretanto, vai para a bela dama chamada Nellie Jo
Ranier, e três presentes de Deus, chamados Sam Ranier III, Art Rainer e Jess Rainer. Meus três
garotos nunca deixaram de orar pelo papai e por tudo o que faço. Nenhum pai poderia ser mais
abençoado que eu. O amor de uma esposa foi minha motivação terrestre para continuar
escrevendo com as datas de entrega se aproximando e as pressões aumentando. Jo não foi
apenas minha primeira revisora, mas também usou sua própria habilidades em Crescimento de
Igrejas para melhorar esse livro. Com seu olho aguçado para detalhes e sua habilidade de

3
indentificar-se com o futuro leitor resultou em muitos aperfeiçoando. Agradeço a você, Jo, pelas
incontáveis horas que colocou nesse livro. Acima de tudo, obrigado por me amar e por ser me
apoiar por mais de quinze anos.
Uma palavra final. Há, mais ou menos, vinte e cinco anos atrás, em Union Springs,
Alabama, um treinador de futebol americando do colegial, chamado Joe Hendrickson me
apresentou o Salvador cuja igreja escrevo nesse livro. Nunca agradeci meu treinador pela
eterna diferença que fez em minha vida, e não sei onde ele está hoje. Talvez, de alguma
maneira, essas palavras o encontrem, treinador. Obrigado por ter se preocupado tanto com
uma criancinha faminta para contar a ela sobre o Pão da Vida.
Que Cristo edifique Sua igreja.

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Introdução

Foi um começo incomum. Eu era um estudante em uma aula de seminário, lidando com
questões contemporâneas da missão Cristã. Um dos requerimentos do curso era um trabalho
de pesquisa , e o tópico deveria ser escolhido de uma lista dada pelo professor. Entre os
assuntos naquela lista estavam duas palavras: “Crescimento de Igrejas”. Fiquei curioso. O que
o Crescimento de Igrejas tinha a ver com missão? Por que aquele tópico era uma questão
contemporânea “árdua”? Decidi escrever sobre Crescimento de Igrejas.
Esse começo incomum, porém, tomou um outro rumo quando pedi alguma bibliografia
sobre o assunto ao professor. Quase todos os livros que ele me recomendou tinha uma forte
inclinação contra o Crescimento de Igrejas. Foi minha primeira amostra de algumas das fortes
emoções que emerge desde que o Movimento de Crescimento de Igrejas começou em 1955.
Muitos pastores, funcionários da igreja, e membros leigos têm sido expostos a algum
tipo de Crescimento de Igrejas. Eles já tinham ouvido falar de C. Peter Wagner, Donald
McGravan, George Hunter ou Elmer Towns. Eles talvez já tinham ido a alguma conferência
lidando com questões críticas como pessoas que nasceram durante o baby boom, adoração
contemporânea, Igrejas CAMEO (venha e conheça os outros) ou crescimento da Escolas
Dominicais. Ainda que talvez, muitos dos interessados em Crescimento de Igrejas conhecem
pouco do “grande quadro”. O que exatamente é Crescimento de Igrejas? Como o grande
movimento começou? Onde está apoiado? Quais os principais princípios que o movimento tem
defendido por quase quarenta anos?
O objetivo desse livro é introduzir os leitores ao “grande quadro” do Crescimento de
Igrejas. O livro é dividido em três grandes seções: história, teologia e princípios. Cada seção é
independente, e também integralmente ralacionada com as outras. Aqueles com interesse na
história contemporânea da igreja podem pesquisar primeiro na história do Movimento de
Crescimento de Igrejas. Os teólogos que lerem esse livro, podem começar pela parte dois, que
lida com a teologia do Crescimento de Igrejas. Muitas das críticas contra o movimento têm sido
teológicas e, certamente, é justo perguntar se o Crescimento de Igrejas tem fundamento
teológico. Finalmente, os pragmatistas podem decidir pular as duas primeiras partes para
descobrir os princípios do crescrimento da igreja. Afinal, o movimento começou com alguém
perguntando: “Por que algumas igrejas crescem e outras não?” Crescimento de Igrejas é um
movimento pragmático, e seus princípios foram escritos anos antes de alguém escrever sobre
sua história ou teologia.
Um livro que tenta ser tão compreensível quanto este, carece em detalhes. Por exemplo,
capítulo 19 trata da liderança e do Crescimento de Igrejas, assunto de um livro inteiro de C.
Peter Wagner1. Espero que cada capítulo forneça bibliografia suficiente para aqueles desejosos
de estudar uma área em maior detalhe.
Ainda que escrito por um defensor do Crescimento de Igrejas, este livro busca
apresentar uma visão objetiva do movimento. Examinará contribuições assim como críticas.
Algumas das críticas refletem um conhecimento superficial do Crescimento de Igrejas (“Eles
apenas se interessam por números!”). Outros, talvez, tenham mérito nos primeiros anos do
movimento (“Eles parecem não se importar com interesses sociais.”).
O que mais tem me impressionado sobre os líderes do Crescimento de Igrejas,
entretanto, é a mente aberta e a vontade de mudar. Se alguma crítica foi justificada, aqueles

1
C. Peter Wagner, Liderando sua igreja ao crescimento (Ventura, CA: Reagal, 1984). Esse livro é um clássico da literatura de Crescimento de
Igrejas. Pastores, em especial, apreciarão o discernimento que Wagner dá ao papel dela no Crescimento de Igrejas.

5
líderes se ajustam adequadamente. Talvez seja o espírito pacificador e a atitude receptiva que
ganhou muitos críticos e levou o Crescimento de Igrejas a se tornar a voz de credibilidade no
evangelismo ao fim do século vinte.
Muitos anos atrás, perguntei a C. Peter Wagner o que ele esperava ser a contribuição do
Movimento de Crescimento de Igrejas. Despretensiosamente, ele respondeu que seu alvo
máximo é que o movimento glorifique a Deus. Para um passo significativo, acredito que o alvo
foi alcançado. Se este livro, em uma pequena medida, alcançar o mesmo alvo, então
descansarei com a certeza que o meu trabalho não foi em vão.

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Conteúdo

Parte I – A História do Movimento de Crescimento de Igrejas


1. A História do Movimento de Crescimento de Igrejas........................................... 09
2. Os Precursores do Crescimento de Igrejas......................................................... 13
3. Nasce Um Movimento, 1955 – 1970.................................................................. 16
4. Um Movimento se Luta e Cresce, 1970 – 1981................................................... 20
5. A Era Wagner, 1981 – 1988............................................................................. 25
6. Rumo ao Século XXI, 1988 em diante............................................................... 30

Parte II – A Teologia do Crescimento de Igrejas


7. Uma Abordagem Sistemática da Teologia do Crescimento de Igrejas.................. 36
8. Bibliologia e Crescimento de Igrejas................................................................. 42
9. Teologia e Crescimento de Igrejas.................................................................... 46
10. Cristologia e Crescimento de Igrejas................................................................. 50
11. Pneumatologia e Crescimento de Igrejas........................................................... 55
12. Angeologia e Crescimento de Igrejas................................................................. 60
13. Antropologia, Hamartiologia e Crescimento de Igrejas........................................ 64
14. Soteriologia e Crescimento de Igrejas............................................................... 67
15. Eclesiologia e Crescimento de Igrejas............................................................... 72
16. Escatologia e Crescimento de Igrejas................................................................ 79

Parte III – Princípios do Crescimento de Igrejas


17. Princípios do Crescimento de Igrejas................................................................. 84
18. Oração: O Poder Por Trás dos Princípios............................................................ 86
19. Liderança e Crescimento de Igrejas................................................................... 93
20. Laicidade, Ministério e Crescimento de Igrejas................................................... 98
21. Plantação de Igrejas e Crescimento de Igrejas................................................... 102
22. Evangelismo e Crescimento de Igrejas............................................................... 108
23. Adoração e Crescimento de Igrejas................................................................... 113
24. Encontrando as Pessoas................................................................................... 120
25. Receptividade e Crescimento de Igrejas............................................................ 125
26. Planejar, Definir Alvos e Crescimento de Igrejas................................................ 133
27. Instalações Físicas e Crescimento de Igrejas...................................................... 136
28. Assimilação, Recuperação e Crescimento de Igrejas........................................... 139
29. Pequenos Grupos e Crescimento de Igrejas....................................................... 142
30. Sinais e Prodígios e Crescimento de Igrejas....................................................... 147
31. O Movimento de Crescimento de Igrejas: Um Apêndice...................................... 155

7
Parte I
A História do Movimento de Crescimento de Igrejas

8
1
A História do Crescimento de Igrejas

Alunos como Mark se tornam fáceis de reconhecer. Mark veio à sessão de abertura da
minha aula de Crescimento de Igrejas no seminário e sentou-se na fileira de trás, chamando a
atenção. Ele absorveu tudo o que eu falava. Na terceira aula, ele já fazia muitas perguntas para
debater. Mark era o clássico cético sobre o Crescimento de Igrejas.
A minha recompensa como professor veio no final do ano. Em avaliação da classe, Mark
escreveu essas palavras: “Dr. Rainer, assisti suas aulas para cumprir o requerimento para a
formatura. Inicialmente, não tinha desejo de estudar cresimento da igreja. Por muitas razões,
minha atitude para com o Crescimento de Igrejas era muito negativo. Percebo agora, que
minha atitude era o resultado de muita informação errônea. Mesmo não tendo “comprado” tudo
sobre Crescimento de Igrejas, sinto-me muito positivo sobre as contribuições do movimento.
Obrigado por „limpar o ar‟.
Nas páginas seguintes, espero “limpar o ar” – prover informações sobre um dos mais
empolgantes desenvolvimentos no cristianismo do século XX. Nesta seção, veremos como o
movimento começou e o que levou ao seu nascimento. Veremos as distintas eras do
Crescimento de Igrejas, e os esforços e vitórias de cada era. Veremos um movimento que
entrou em uma era de maturidade, ganhando aceitação na grande comunidade evangélica.
Antes de começar essa jornada, é necessário introduzir e definir alguns termos e conceitos
básicos.

O que é Crescimento de Igrejas?

Por serem tão comuns, as palavras “Crescimento de Igrejas” causam uma certa
confusão sobre o significado preciso da frase. Quando a Sociedade Norte Americana para
Crescimento de Igrejas escreveu sua constituição, incluiu uma comprida definição de
Crescimento de Igrejas:
Crescimento de Igrejas é a disciplina que investiga a natureza, expansão, nascimento,
multiplicação, função e saúde das igrejas Cristãs enquanto se relacionam com a implementação
efetiva da incumbência de Deus para “fazer discípulos em todas as nações” (Mat. 28:18-20).
Estudantes do Crescimento de Igrejas esforçam-se para integrar os eternos princípios teológicos
com os melhores critérios das contemporâneas ciências social e comportamental, empregando
como estrutura inicial de referência, o trabalho fundamental de Donald McGravan.2

Essa definição, mesmo prolixa, inclui alguns dos princípios básicos do Crescimento de
Igrejas.
Crescimento de Igrejas é uma disciplina. Uma disciplina é uma área de estudo ou
sistema com características distintas. Crescimento de Igrejas é aceita ao redor do mundo como
uma disciplina merecedora de reconhecimento. Aulas na área são ensinadas em incontáveis
seminários e faculdades de Bíblia e cadeiras de professor de Crescimento de Igrejas têm
crescido em número. Conferências relacionadas à disciplina são realizadas todas as semanas,
em vários lugares do mundo. Consultor de Crescimento de Igrejas se tornou uma profissão
respeitada. Livros, direta ou indiretamente relacionados com Crescimento de Igrejas, poderiam
encher uma pequena biblioteca.
Crescimento de Igrejas está interessado em fazer discipulos. Não é meramente
uma ênfase em contar números. Enquanto o evangelismo, no sentido de converter pessoas, é

2
C. Peter Wagner. Strategies for Church Growth (Ventura, CA: Regal Books, 1987), 114

9
de vital interesse, o coração do Crescimento de Igrejas é fazer desses novos Cristãos discipulos
de Jesus Cristo. A maioria dos líderes do Crescimento de Igrejas considera “ser um membro da
igreja com responsbilidade” como o barômetro para o discipulado3.
Crescimento de Igrejas integra as ciências sociais e comportamentais para
ajudar a determinar como as igrejas crescem. Por exemplo, estudos demográficos são
uma das muitas ferramentas do Crescimento de Igrejas. Enquanto demografia não é,
necessariamente, um conceito bíblico, também não deixa de ser. Qualquer ferramenta ou
método que não é contrário a Bíblia pode ser utilizada em Crescimento de Igrejas.
Crescimento de Igrejas, como movimento dos dias modernos, começou com o
trabalho de Donald Mcgravan na Índia. Seu livro Bridges of God (As Pontes de Deus),
publicado em 1955, é a “certidão de nascimento” do Crescimento de Igrejas. Estudaremos
sobre ele e sua vasta contribuição por todo o livro.
Algumas tentativas têm sido feitas para simplificar a definição de Crescimento de
Igrejas. Wagner, por exemplo, disse que “Crescimento de Igrejas significa tudo que está
envolvido em trazer homens e mulheres, que não tem um relacionamento pessoal com Jesus
Cristo, à congregação e a se tornarem membros com responsabilidade”4. Mesmo essa definição
sendo concisa, falha por não mencionar as ciências social e comportamental e o fundador do
movimento, Donald Mc Gravan.
Talvez, então, podemos definir Crescimento de Igrejas sem toda a verbosidade da
primeira definição, mas com mais detalhes que a definição de Wagner: Crescimento de Igrejas
é a disciplina que procura entender , através de estudos bíblicos, sociológicos, históricos e
comportamentais, por quê as igrejas crescem ou declinam. O Crescimento de Igrejas acontece
quando a “Grande Comissão” de discípulos são colocados e evidenciados pelos responsáveis e
frutíferos membros da igreja. A disciplina começou com o trabalho fundamental de Donald
McGravan.

O Que é “O Movimento de Crescimento de Igrejas”?

Os próximos capítulos irão prover uma história e um resumo bem detalhado do


Movimento de Crescimento de Igrejas. Por agora, uma definição básica irá introduzir o termo: O
Movimento de Crescimento de Igrejas inclui todos os recursos de pessoas, instituição e
publicações dedicadas a explicar os conceitos e a prática do crescimentoda igreja, começando
com o trabalho fundamental de Donald McGravan em 1955.
No próximo capítulo veremos vários dos fatores que levaram ao nascimento do
movimento. Também veremos algumas pessoas chave que influenciaram McGravan.

Que Tipo de Crescimento é Crescimento de Igrejas?

Uma igreja pode crescer por um fator ou a combinação de três fatores. Crescimento
biológico acontece quando os membros da igreja têm filhos. Da perspectiva de Crescimento de
Igrejas, o crescimento biológico é a fonte de menos interesse, pois o recém-nascido não é um
discípulo de Cristo, como evidenciado pelo resposável, frutífero membro da igreja.
Crescimento por transferência acorre quando uma igreja cresce à custa de outra igreja.
Se uma pessoa estava inativa em sua antiga igreja, ou se uma pessoa teve pouca oportunidade
para um crescimento espritual, o crescimento pela transferência pode ser positiva pelos padrões

3
Veja a discussão de Wagner em Strategies for Church Growth, 53-54.
4
C. Peter Wagner, Your Church Can Grow, ed. Rev. (Ventura, CA: Regal Books, 1984), 14.

10
do Crescimento de Igrejas. Uma mudança como essa poderia resultar ao novo membro um
grande distanciamento do discipulado. Em contraste, muitas das igrejas que têm como fonte
primária o crescimento pela transferência são as beneficiárias da “troca de ovelhas”, o que
raramente resulta em Cristãos profundamente comprometidos.
Crescimento pela conversão acontece quando pessoas se comprometem com Jesus
Cristo como Senhor e Salvador. Esse compromisso, quando evidenciado pelo responsável
membro da igreja, é a maior preocupação das pesquisas e esforços do Crescimento de Igrejas.
Wagner e outros proponentes do Crescimento de Igrejas usam outras tipologias
populares de evangelismo e Crescimento de Igrejas ao descreverem os parâmetros do
movimento. Evangelismo envolvido em Crescimento de Igrejas é evidente em algumas de suas
definições. Uma tipologia usa quatro classificações diferentes de acordo com as pessoas que
estão sendo evangelizadas.
“E-0” ou “evangelismo-zero” acontece quando as pessoas que já são membros da igreja
são evangelizadas. Quando essas pessoas fazer um compromisso com Cristo, o evangelismo
assume seu lugar, mas a igreja não experimenta um crescimento quantitativo.
“E-1” ou “evangelismo um” éo evangelismo que acontece fora da igreja, mas dentro do
mesmo grupo cultural. Poucas barreiras precisam ser superadas quando o evangelho é
compartlhado com alguém do mesmo meio cultural do que evangelismo em culturas diferentes.
Tipicamente, a linguagem, a comida, os costumes e as experiências de vida, tanto do
evangelista quanto do receptor da mensagem do evangelho, são muito similares.
“E-2” ou “evangelismo dois” e “E-3” ou “evangelismo três” são tipos de evangelismo em
culturas diferentes. Aquele que evangeliza deve alcançar pessoas em uma cultura diferente da
sua. Tipicamente, o evangelismo “E-2” é compartilhar o evangelho com pessoas de uma cultura
diferente, mas similar. Por exemplo, americanos evangelizando pessoas da França seria
considerado “E-2”, mas, americanos evangelizando chineses, uma cultura mais distante, se
encaixaria na categoria “E-3”.
O Crescimento de Igrejas também poderia ser classificado em quatro tipos distintos de
crescimento. Crescimento interno é a maturidade espiritual dos membros. Como membros
individuais de um corpo espiritualmente maduro através da adoração, do estudo da Bíblia,
oração, serviço e manifestação dos frutos do Espírito, o corpo unido cresce em força. Nos
primeiros anos do Movimento de Crescimento de Igrejas, o crescimento quantitativo era,
virtualmente, sinônimo de Crescimento de Igrejas. Agora, escritores, como Wagner, também
incluem crescimento interno ou espiritual como uma categoria de Crescimento de Igrejas.
Crescimento de expansão é o crescimento numérico de uma congregação local. O tipo
de crescimento de expansão mais mencionado pelo Movimento de Crescimento de Igrejas é o
crescimento pela conversão. Os membros saem para o mundo, ganham pessoas para Cristo, e
trazem eles para a lista de membros da igreja.
Crescimento de ampliação é o Crescimento de Igrejas que é sinônimo de criação de
igrejas. Novos conversos da mesma cultura como a mãe igreja se reunem em novas
congregações. Evangelismo “E-1” pode resultar em crescimento de ampliação.
Crescimento de conexão também é uma forma de criar igrejas, mas os novos conversos
são de uma cultura diferente daquela do evangelizador. Tanto evangelismo “E-2” como “E-3”
podem resultar em crescimento de conexão, dependendo da distância cultural do evangelizado
e do evangelizador.

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Qual a Diferença entre Evangelismo e Crescimento de Igrejas?

Dependendo do entendimento de evangelismo, a definição de Crescimento de Igrejas


pode ter envolvimento significante com evangelismo. Por exemplo, Lewis Drummond define
evangelismo como “um esforço planejado para confrontar um descrente com a verdade sobre
Jesus Cristo e suas alegações, e para desafia-lo com a visão de leva-lo ao arrependimento a
Deus e fé em nosso Senhor Jesus Cristo, desta maneira, para a comunidade da igreja”.5
Enquanto o “crescimento por conversão”, para usar a terminologia do Crescimento de
Igrejas, é o alvo primordial do evangelismo. A definição de Drummond também inclui
“comunhão da igreja” como evidência de que o processo evangelístico está completo. Se tal
definição de evangelismo é aceita, Crescimento de Igrejas e evangelismo são bem similares. A
maioria das definições de evangelismo se preocupa apenas com a proclamação do evangelho,
com o desejo de levar alguém a Cristo. Nessa noção, evangelismo pode ou não levar ao
Crescimento de Igrejas. A igreja apenas experimentará o crescimento se a conversão leva-lo à
comunidade da igreja.
O Crescimento de Igrejas, então, na noção mais estrita da definição, é mais
compreensível que o evangelismo. Uma igreja pode experimentar o crescimento vindo do
evangelismo, mas também pode crescer pelo crescimento biológico e pela vinda de outros
Cristãos. Enquanto você ouve e lê material de defensores do Crescimento de Igrejas, notará
uma óbvia inclinação por Crescimento de Igrejas que também é crescimento do reino. Nesse
respeito, evangelismo e Crescimento de Igrejas são parentes próximos.6

Onde o Conceito de Crescimento de Igrejas Começou?

É surpreendente ver como os conceitos de Crescimento de Igrejas rapidamente se


espalharam nos últimos anos. Denominações importantes, que antes eram grandes críticos do
movimento, estão publicando materiais e livros difundindo os princípios do Crescimento de
Igrejas. Seminários estão criando cadeiras para professores dedicados ao Crescimento de
Igrejas. O movimento se tornou ansiosamente aceitável ao nível das igreja locais que
conferências e convenções sobre Crescimento de Igrejas são muito freqüentadas.
Precisamos reconhecer que os conceitos defendidos pelo Movimento de Crescimento de
Igrejas são tão antigos quanto os primeiros anos da igreja de Atos. Citar 1955 como o
“nascimento” do movimento, negligencia maiores eventos históricos como o reavivamento dos
séculos XVII e XVIII; as contribuições evangelísticas de homens como John Wesley, George
Whitefield e Charles Spurgeon; a abordagem metodológica de Charles Finney; ou o movimento
das escolas dominicais adotado pela Convenção Batista do Sul. Esses e outros fatores são
influências significantes no Crescimento de Igrejas atual. Esse livro, entretanto, foca,
especificamente, no movimento que começou com o trabalho missionário de Donald McGravan.
Onde o movimento começou? Como cresceu tão rapidamente e onde está a liderança do
movimento? Nos próximos capítulos responderemos essas e outras questões. Primeiramente,
porém, examinaremos os fatores que influenciaram e levaram ao Movimento de Crescimento de
Igrejas moderno.

5
Lewis A. Drummond, Leading your church in Evangelism (Nashville: Broadman, 1975), 21.
6
Para uma discussão mais aprofundada, veja C. Peter Wagner, “Evangelism and the Church Growth Movement” in Thom S.
Rainer, ed., Evangelism in the Twenty-First Century (Wheaton, IL: Harold Shaw, 1989). Wagner discute os aspectos da
organização, educação, teologia, preocupações sociais, eclesiologia e metodologia de duas áreas.

12
2
Os Precursores do Crescimento de Igrejas

Mesmo 1955 sendo a data reconhecida como o nascimento do Movimento de


Crescimento de Igrejas, muitos fatores precipitaram e influenciaram o movimento, anos antes
de seu início oficial. Quanto tempo antes deveríamos pesquisar para descobrirmos esses
fatores? Movimentos históricos no livro de Atos influenciaram diretamente o movimento, como
é evidenciado pelas freqüentes referências a Atos na literatura de Crescimento de Igrejas.
Esse capítulo, porém, mostrará as influências diretas de Donald McGravan, fundador do
movimento. Devemos lembrar que McGravan estava no campo missionário na Índia, quando
escreveu o livro fundamental, “The Bridges of God” (As Pontes de Deus), em 1955. Seu
entendimento do que “missão” significava, o influenciou grandemente e, eventualmente,
influenciaram o Movimento de Crescimento de Igrejas.

O Entendimento de McGravan Sobre Missões Cristãs

O que significa ser missionário? Qual é o primeiro propósito da missão Cristã?


Missiologia é um campo de estudo que examina essas e outra importantes questões sobre
missão Cristã. Alguns missiologistas colocam a muita ênfase nas boas ações: hospitais, ajuda a
agricultores e dar assistência em projetos de construção. Outros vêem a educação e a
construção de escolas como os principais trabalhos da missão. A maioria dos trabalhos
evangelísticos na missiologia dá ao evangelismo um papel proeminente, senão prioritário, nas
missões.
Evangelismo, ou uma ênfase em converter não-Cristãos a Cristo, é a maior preocupação
das missões que influenciou a abordagem de Donald McGravan, em seu chamado na Índia.
McGravan seguiu o caminho iluminado por missionários como Henry Martyn e William Carey,
que viram a salvação de almas como a prioridade das missões Cristãs. Igualmente, o
Movimento dos Estudantes Volutários, cuja influência ainda se sente no início da carreira
missionária de McGravan, enfatizado pela conversão de indivíduos como o propósito primário
das missões. Sob a liderança de John Mott, Robert Speer e Herman Rutgers, o movimento
mobilizou milhares de estudantes americanos e europeus a entregarem sua vida ao trabalho
missionário, com o alvo de “evangelizar o mundo nesta geração”.
O conceito de conversão como a tarefa primária das missões é essencial para o
pensamento do Crescimento de Igrejas. Outra importante fonte de pensamento, entretanto, é o
conceito da eclesiocentricidade, definido como uma estratégia missionária centrada na igreja.
Essa influência em McGravan é evidente em muitos escritos sobre Crescimento de Igrejas, nos
dias de hoje. Esses escritos enfatizam a importância de novos conversos se tornarem ativos na
congregação de uma igreja local. Eles salientam que o evangelismo não está completo até que
um discipulado em uma igreja local seja evidente.
Líderes missionários como Henry Venn, no século XVIII, e Rufus Anderson, no século
XIX, consideram as igrejas locais como central dos empenhos missionários. Enquanto o
evangelismo continuava sendo a tarefa central, também era crucial estabelecer igrejas nativas
para desenvolver novos crentes em discípulos da Grande Comissão. O entendimento de
McGravan da missão Cristã é duplo: primeiro, conversão do perdido; segundo, uma estratégia
centrada na igreja para o discipulado.

13
Influências de McGravan no Campo Missionário

Donald McGravan viu as mais importantes tarefas do missionário que são evangelizar o
perdido e, simultaneamente, estabelecer igrejas nativas, nas quais os discípulos podem crescer.
Enquanto servia na Índia, McGravan sentiu que deveria colocar suas crenças em ação por três
influências significativas. As duas primeiras influências eram homens com quem ele teve grande
afinidade. A terceira influência era a situação particular da missão em que estava servindo.
Roland Allen. Roland Allen foi um missiologista com propósito único. Em seu livro, The
Spontaneous Expasion of the Church and the Causes Which Hinder It (O Espontâneo
Crescimento de Igrejas e as causas que o impedem), contém o tipo de ousadia e feroz
pragmatismo que tipifica muito dos escritos do Crescimento de Igrejas nos dias atuais. Allen
corajosamente declara que a igreja em seu tempo esqueceu os métodos missionários
mostrados no Novo Testamento. A igreja, ele disse, estava negligenciando os princípios bíblicos
necessários para um Crescimento de Igrejas, enquanto seguiam métodos e tradições não
bíblicos. Uma das tradições seguidas foi criar intituições para atividades missionárias. Allen
acreditava que instituições tiravam recursos humanos e fianceiros, que poderiam ser melhor
utilizados para propagação da fé. Allen via com suspeita qualquer princípio que pudesse impedir
o Crescimento de Igrejas . Como as palavras de Allen assemelham-se aos futuros escritos de
McGravan e o Movimento de Crescimento de Igrejas!
J. Wakson Pickett. Enquanto a ousadia de Allen motivou McGravan, a pesquisa do
bispo metodista J. Wakson Pickett fez com que o pai do Crescimento de Igrejas entrasse em
ação. A pesquisa de Pickett mostrou que 134 estações missionárias no centro da Índia (onde
McGravan servia) cresceu apenas 12% em dez anos. Assustado com o lento crescimento e
poucas trocas de idéia, McGravan começou a pesquisar sobre Crescimento de Igrejas, em sua
área, vendo estatísticas desde 1918.
Quando a pesquisa de Pickett foi publicada com o nome de Christian Mass Movements in
India (Movimentos Cristãos de Massa na Índia), em 1933, McGravan se tornou um discípulo
entusiasmado, aprendendo como as pessoas se tornavam Cristãs através de movimentos de
massa. Eventualmente, os dois homens se uniram a dois outros autores em 1936 para publicar
uma pesquisa adicional em um livro entitulado Church Growth and Group Converstions
(Crescimento de Igrejas e Conversas de Grupo). McGravan escreveu a dedicação. Esse livro
precedeu o nascimento do Movimento de Crescimento de Igrejas em quase duas décadas;
ainda assim as palavras pareciam tão pragmáticas e zelosas como nos escritos do Crescimento
de Igrejas nos dias de hoje: “Dedicado aos homens e mulheres que trabalham para o
crescimento das igrejas, descartando teorias sobre o Crescimento de Igrejas que não
funcionam, e aprendendo e praticando padrões produtivos que realmente levam pessoas ao
discipulado e aumentando a Família de Deus”.7 A influência de Pickett sobre McGravan pode ser
sentida ainda hoje no Crescimento de Igrejas em pelo menos três áreas.
Abordagem pragmática. A abordagem pragmática para as missões, de Pickett, é
proclamada pelos defensores do Crescimento de Igrejas hoje: se é bíblico e se contribui para o
crescimeto da igreja, então faça.
Movimentos de massa. Pickett apresenta a McGravan os “movimentos de massa”,
que, mais tarde, McGravan chamou de “movimentos de pessoas”, porque movimentos de
massa implicam “aceitação a Cristo pelas grandes massas de maneira impensada”8. McGravan
explicou as espeficidades do movimento: “As pessoas se tornam Cristãs como se uma onda de
7 a
J. W. Pickett, A. L. Warnshuis, G. H. Sigh e D. A. McGravan, Church growth and Group conversation, 5 ed. (South Pasadena,
CA: William Carey Library, 1973). A primeira edição foi publicada em 1936.
8
D. A. McGravan, The Bridges of God (New York: Friendship Press, 1955), 13

14
decisões por Cristo limpasse a mente do grupo, involvendo muitas decisões individuais, mas
sendo meramente uma soma. Isso pode ser chamado de reação em cadeia. Cada decisão leva
a uma outra e a soma total, poderosamente, afeta todo indivíduo. Quando as condições estão
corretas, não apenas cada sub-grupo, mas o grupo inteiro preocupado decide junto”.9
Receptividade. Talvez o princípio de Crescimento de Igrejas mais claro, que veio de
Pickett para McGravan para o Crescimento de Igrejas moderna é o pricípio da receptividade.
Pessoas receptivas são aquelas que estão mais propensas a ouvir positivamente a mensagem
do evangelho como um resultado de uma crise pessoal, dislocamento social e/ou o trabalho
interno do Espírito Santo. Ambos, Pickett e McGravan, enfatizaram que recursos de pessoa,
dinheiro e energia, em um mundo com recurso limitados, deveriam ser dirigidos a pessoas que
estão mais propensas a ouvir e obedecer o evangelho de Jesus Cristo. Não negligencie pessoas
não receptivas, eles dizem, mas use a maior parte dos recursos para alcançar o maior número
de pessoas que desejam receber a Cristo.
A Situação da Missão de McGravan. McGravan foi grandemente influenciado por
Allen e Pickett. Ele se voltou a esses homens como mentores, por causa de sua grande
preocupação com a situação de sua missão em particular. Não fosse pela perspectiva triste de
seu trabalho missionário, o Movimento de Crescimento de Igrejas, como conhecemos, não seria
concebido. A discussão de sua situação na Índia, é vital para nosso entendimento dos eventos
que levaram a data de nascimento, 1955, do crecimento da igreja.
McGravan se preocupou primeiro com a situação de sua missão em particular, nos anos
de 1930, quando ele era um secretário executivo e tesoureiro da Sociedade Missionária Cristã
Unida na Índia. Suas responsbilidades incluiam a supervisão de oitenta missionários, cinco
hospitais, muitas escolas, esforços evangelísticos e uma casa de hanseníase. Apesar dos
enormes recursos gastos em sua missão, McGravan estava profundamente perturbado que,
após muitas décadas de trabalho, a missão tinha apenas de vinte a trinta igrejas, e todas elas
não estavam tendo nenhum crescimento.
McGravan deixou sua posição administrativa, e passou seus próximos dezessete anos
criando igrejas e pesquisando sobre Crescimento de Igrejas. Seu interesse aumentou ao
estudar as 145 estações missionárias na Índia. Das 145 estações, apenas 11 estavam mantendo
o ritmo de crescimento da população da Ídia! Ainda assim, nove estações tinham dobrado em
apenas três anos, a maioria com conversões de adultos. Ele se perguntava de novo e de novo:
“Como calcular crescimento e não crescimento em situações idênticas, em que,
presumivelmente, os missionários têm sido igualmente fiéis?” Questões como essas estão por
trás das pesquisas de Crescimento de Igrejas nos dias de hoje.
A situação missionária de McGravan, e a percepção de que as oportunidades para o
evangelismo estavam se perdendo a cada dia, deu-lhe a noção de urgência do dever. Foi essa
noção de urgência que o levou para fora da administração e para dentro das igrejas e das
pesquisas; seus anos de pesquisa, enfim, o levaram a escrever The Bridges of God, o livro que
sinalizou o Movimento de Crescimento de Igrejas. No próximo capítulo testemunharemos o
nascimento do Crescimento de Igrejas, e veremos os primeiros anos decisivos sob a liderança
de Donald McGravan.

9
Ibid., 12, 13

15
3
Nasce Um Movimento
(1955-1970)

Donald Anderson McGravan nasceu em Damoh, Índia, em 15 de dezembro de 1887.


Filho de pais missionários, John Grafton McGravan e Helen Anderson McGravan. Seus avós
também eram missionários. McGravan foi para a América para fazer faculdade e pós-graduação.
Em 1923, ele tinha três diplomas, e voltou aos Estados Unidos para receber o doutorado em
Filosofia, pela Universidade de Columbia, em 1936.
Após sua ordenação pelos Discípulos de Cristo em 1923, McGravan voltou para a Índia
como um missionário indicado pela Sociedade Missionária União Cristã. Sua primeira atribuição
foi superintender o sistema de escolas missionárias em Havda. Essa posição foi seguida pela
atribuição administrativa, como diretor de Educação Religiosa para a Missão da Índia e,
subsequentemente, como o secretário-tesoureiro. Sua experiência na Índia incluiu
administração hospitalar, educação, evangelismo rural, criação de igrejas e pesquisa. McGravan
també se envolveu com a tradução do Novo Testamento para o Chattisgarhee, uma língua
indiana. Ele também produziu um filme retratando a vida dos missionários, entitulado “Amor
que constrange”.
Depois de doze anos de serviço missionário, McGravan começou a se indagar sobre o
Crescimento de Igrejas. Influenciado pelos trabalhos de Pickett, o Conselho da Província da
Índia Central pediu para McGravan investigar a falta de crescimento nas igrejas indianas.
Resultado de seus estudos foi publicado em 1936 sob o título de Missões Cristãs na Índia
Central. Em 1956, o trabalho foi publicado com o novo títulode Crescimento de Igrejas e
Conversas em Grupo, a terceira edição do livro. A quinta edição do livro foi publicada em 1973.
Agora, o interesse de McGravan em Crescimento de Igrejas se transformou em paixão.
Entre 1936 e 1953, ele acumulou uma grande quantidade de idéias e pesquisas sobre
Crescimento de Igrejas. Em 1953, a esposa de McGravan tomou para si a responsabilidade pela
missão, para que ele pudesse se isolar em uma retirada para a floresta. Foi desejo dele, juntar
duas décadas de seu pensamento sobre o Crescimento de Igrejas. Mal sabia McGravan que
estava escrevendo um livro que marcaria o início de um novo e grande movimento missiológico.

As Pontes de Deus

Depois de terminar sua pesquisa, McGravan completou o manuscrito em apenas um


mês. Ele mandou seu trabalho para o Senhor Kenneth Grubb da World Dominion Press, que
pediu muitas mudanças. O problema primário expresso por Grubb era a nova terminologia no
livro. “Movimento de pessoas”, “aperfeiçoando” e “discipulando” eram termos que Grubb queria
que fossem mudados para termos de uma linguagem mais tradicional. McGravan se recusou a
fazer essas mudanças, e as primeiras palavras do vocabulário do Crescimento de Igrejas
estavam criadas. Em 1955, The Bridges of God (As Pontes de Deus) foi publicado, nascia,
então, o Movimento de Crescimento de Igrejas.
As reações ao livro foram imediatas. Resenhas negativas e positivas foram publicadas
em todos os continentes. Alguns dos mais conhecidos missiologistas receberam a publicação
com muito entusiasmo. Kenneth Scott Latourette, historiador missiológico e da igreja, escreveu
na introdução do livro: “Ao atento leitor desse livro será como um sopro de ar fresco,
estimulando-o a desafiar programas herdados e se aventurar corajosamente por caminhos
nunca antes testados. É um dos mais importantes livros sobre métodos missionários que

16
aparece em muitos anos”. George F. Vicedom elogiou: “Esse é, em muitos respeitos, um livro
revolucionário e o autor deve ser felicitado por sua coragem em escreve-lo. Ninguém
conseguirá lê-lo sem se sentir estimulado a repensar a diretriz missionária em muitas terras”.
Discussão e debate continuariam por muitos anos.
Wagner resumiu a discussão de The Bridges of God em quatro áreas principais:
teológica, ética, missiológica e processual.
O debate teológico se centrou no conceito de McGravan sobre evangelismo. Ele via o
evangelismo como mais que apenas proclamar o evangelho; insistia que a evangelização seria
incompleta até que a pessoa se tornasse um responsável discípulo de Cristo. Depois, defensores
do Crescimento de Igrejas, como C. Peter Wagner veriam membros ativos na igreja como
evidência de discipulado responsável. Em outras palavras, evangelismo efetivo poderia ser
medido por crescimento numérico da igreja.
À questão ética concerne o pragmatismo de McGravan. Ele levou a sério, e literalmente,
a ordem de Cristo de fazer discípulos. Não era suficiente jogar as sementes, e esperar que Deus
produzisse os resultados. Responsabilidade final era o lema de McGravan, e essa
responsbilidade acontece ao avaliar os resultados numéricos. Críticos dizem que um
pragmatismo com esso poderia resultar em tentativas com muita pressão para persuadir
pessoas a tomarem sua decisão ao lado de Cristo. Eles temem que as pessoas se tornem
apenas vitórias estatísticas.
A questão missiológica pode produzir o maior debate pelas próximas três décadas. A
típica abordagem Ocidental para o evangelismo era pregar um evangelho individualista e
esperar as decisões por Cristo uma a uma. McGravan observa que um maior número se tornava
Cristão tomando decisões indivíduais coletivamente: famílias, familiares, vilas, tribos, etc. Esse
processo de conversão é chamado de “Movimento de público”. McGravan percebeu que os
evangelistas mais eficazes eram aqueles que procuravam ganhar pessoas de sua própria raça,
pessoas de dentro de sua própria cultura, classe, tribo ou família. A controvérsia que surgiu
resultou do princípio da unidade homegênea. “Os homens desejam se tornar Cristãos sem ter
que cruzar barreiras sociais, lingüísticas ou de classe”. Esse princípio é um resultado para o
conceito de movimento de público.
A final e maior questão no Pontes de Deus era a questão processual. McGravan disse
que o principal dever é o discipulado, levando descrentes a ter um compromisso com Cristo e
uma comunhão ativa na igreja. McGravan também disse que o aspecto discipulando da Grande
Comissão (Mat. 28:19) era um estágio distinto e separado do passo de “ensinar todas as
coisas”, o que ele chamou de aperfeiçoando. Quando o aperfeiçoando acontece, a comunidade
como um todo começa a viver um completo estilo de vida Cristão. A prioridade de McGravan do
discipulando sobre o aperfeiçoando foi criticado nos fundamentos processual, explanatório e
ético.
As Pontes de Deus, no entanto causou seu impacto. McGravan logo foi muito solicitado
como palestrante. Ele foi convidado como professor visitante das missões em sete escolas
diferentes em um período de três anos. A mensagem do Crescimento de Igrejas começou a
alcançar um público maior.

O Movimento se Torna uma Instituição

A longevidade do Movimento de Crescimento de Igrejas pode ser atribuido, em grande


medida, ao início da institucionalização do movimento. Enquanto McGravan viaja e ensinava, ele
sonhava em fundar uma instituição que carregasse os princípios do Crescimento de Igrejas. Seu
sonho se tornou realidade em 1960, quando a Faculdade Cristã do Noroeste em Eugene,

17
Oregon o convidou para localizar seu Instituto de Crescimento de Igrejas em seu campus. O
Instituto começou em operação total em 1961. McGravan explicou os princípios do instituto.

Neste momento, a missão mundial encara um fato curioso – o conhecimento de como


as igrejas crescem é limitado. Exemplos de Crescimento de Igrejas acontecem, mas
são trancados em compartimentos lingüísticos, geográficos e denominacional. Pouco
conhecimento sobre o Crescimento de Igrejas está disponível. Poucos livros foram
publicados sobre o assunto. O que está disponível é de pequena circulação. O
aumento dos membros é uma função central da missão, mesmo que a missão
mundial não tenha um lugar de compensação para aprender sobre isso, sem ter um
lugar dedicado para pesquisas relativo a isso, nenhum centro em que missionários
aprendam as muitas, muitas maneiras que as igrejas se multiplicam, uma maneira
distinta para cada população em particular. Esse desastroso vazio em conhecimento e
treinamento impedem toda a iniciativa missionária.
O Instituto de Crescimento de Igrejas foi lançado pela Faculdade Cristã do Noroeste,
em Eugene, Oregon, EUA, com a ajuda da Sociedade Missionária Cristã Unida de
Indiana, como esforço pioneiro para preencher o vazio.

No Instituto de Crescimento de Igrejas, pioneiros no movimento começaram a


esclarecer a terminologia e os métodos. O Instituto também providenciou o incentivo para que
o movimento começasse a publicar os conceitos do Crescimento de Igrejas. Primeiro, McGravan
publicou três estudos de casos em Crescimento de Igrejas. Logo, porém, William B. Eerdmans
publicou dois livros que iniciaram a Série de Crescimento de Igrejas. O movimento começou a
chamar mais atenção ao publicar o Boletim de Crescimento de Igrejas (depois chamado de
Crescimento de Igrejas Global). Esse periódico era bimestral, uma publicação de dezesseis
páginas editado por McGravan era dedicado aos conceitos do Crescimento de Igrejas. A
resposta foi tão forte, que logo tinha mais assinantes que a tão conhecida Revista Internacional
das Missões. Essas primeiras publicações deram ao Movimento de Crescimento de Igrejas
grande visibilidade e influência e levantou a estatura do Instituto de Crescimento de Igrejas.
A Conferência de Iberville de 1963, também solidificou a influência do Crescimento de
Igrejas durante os anos do Instituto em Eugene. Essa conferência, patrocinada pelo Conselho
Mundial das Igrejas no Canadá, foi uma consulta sobre Crescimento de Igrejas. Pickett,
McGravan e Tipett foram convidados para apresentarem o ponto de vista do movimento. Muitos
participantes da conferência apoiaram, apaixonadamente, a teoria do Crescimento de Igrejas. A
Consulta, como um corpo, editou um relato formal, endossando os doze pontos do Crescimento
de Igrejas, e a aprovando os primeiros empenhos do Movimento de Crescimento de Igrejas.
Talvez, o único progresso mais importante em manter o Movimento de Crescimento de
Igrejas unido se espalhou em 1965. McGravan foi convidado para o Seminário Teológico Fuller,
em Pasadena, California. Lá ele reestabeleceu o Instituto de Crescimento de Igrejas e se tornou
o reitor fundador da Escola da Missão Mundial de Fuller. Tipett acompanhou McGravan nessa
nova aventura, e a escola da Missão Mundial e o Instituto de Crescimento de Igrejas
começaram a operar como uma instituição de graduação em Setembro de 1965.
Delos Miles afirma, “Nada de tão grande importância aconteceu com a ênfase de
McGravan no Crescimento de Igrejas quanto sua mudança para o baluarte de Fuller em
Pasadena”. A escola Fuller se tornou o lugar em que muitas das atividades de Crescimento de
Igrejas acontecem. Incluindo nas organizações e serviços na área de Pasadena está a biblioteca
de William Carey, o maior publicador de literatura do Crescimento de Igrejas no mundo,
fundado em 1969 por Ralph D. Winter; uma loja de desconto para livros de Crescimento de
Igrejas, o Crescimento de Igrejas Clube do Livro, fundado em 1970; o Instituto de Crescimento
de Igrejas Americana, fundado por Win Arn em 1973; o Instituto para Evangelismo e
Crescimento de Igrejas Charles E. Fuller, em 1976; o Centro de Missões Avançadas de Pesquisa

18
e Comunicação (MARC); um serviço de Visão Mundial da Divisão de Pesquisa e Evangelismo
Internacional; e o Centro Americano para a Missão Mundial, fundado em 1982 por Ralph Winter
para ajudar a alcançar pessoas do mundo.
O último significante desenvolvimento na era McGravan do Movimento Americano de
Crescimento de Igrejas foi escrever Understanding the Church Growth (Entendendo
Crescimento de Igrejas), que foi publicado em 1970. Wagner chamou de “a carta Magna do
Movimento de Crescimento de Igrejas”. Entendendo Crescimento de Igrejas expressa o
pensamento maduro de McGravan. O livro discute e promove a teologia, sociologia e
metodologia do Crescimento de Igrejas. Considerando que As Pontes de Deus representaram o
nascimento do movimento, Entendendo Crescimento de Igrejas trouxe a era McGravan a uma
conclusão adequada.
Embora a influência de McGravan no Crescimento de Igrejas diminuisse depois de 1970,
ele continuou fazendo significantes contribuições. McGravan deu aulas na Fuller até a idade de
83 anos; depois de se aposentar, ele manteve um planejamento ativo para escrever, pesquisar,
viajar, e falar até a sua morte em 1991. Dizer que a era McGravan terminou em 1970, com a
publicação de Entendendo Crescimento de Igrejas, não significa que a influência de McGravan
no Crescimento de Igrejas acabou. Pelo contrário, a influência do pai do Movimento de
Crescimento de Igrejas será evidente em missiologia e evangelismo por décadas. Entretanto,
desde que McGravan dirigiu sua maior atenção ao Crescimento de Igrejas nas nações de
terceiro mundo e outras áreas fora dos Estados Unidos, o Crescimento de Igrejas na América
ficaria sem liderança por aproximadamente uma década.
McGravan foi o pioneiro do Movimento de Crescimento de Igrejas, mas um evento
pioneiro deve, eventualmente, amadurecer ou morrer. Para o Crescimento de Igrejas, a
maturidade não veio rapidamente. Na próxima década, debates, crises de identidade e
dolorosas lutas aconteceriam antes que a comunidade teológica aceitasse o Movimento de
Crescimento de Igrejas e suas muitas contribuições. Examinaremos essa era no próximo
capítulo.

19
4
Um Movimento Luta e Cresce,
1970 – 1981
Os anos de 1970 foram um tempo tanto de crescimento rápido, como de um recuo
defensivo para o Movimento de Crescimento de Igrejas. Essa situação paradoxal fez com que
alguns defensores do Crescimento de Igrejas promovessem sua missão sem nenhum
constrangimento, enquanto outros usavam seu trabalho para defender os conceitos do
Crescimento de Igrejas, que estavam sendo duramente criticados. Com exceção de McGravan,
nenhum líder surgiu para ser o principal port-voz do movimento. McGravan não escrevia muito
sobre o Crescimento de Igrejas na América. Ao invés disso, seus escritos estavam focados nas
missões e Crescimento de Igrejas em outras partes do mundo.
A “gang de Pasadena” era o grupo que mais se identificava com o Crescimento de
Igrejas. Esse grupo incluia aqueles que eram membros do primeiro corpo docente da Escola de
Missão Mundial de Fuller: McGravan, Ralph Winter, Arthur Glasser, Charles Kraft, Allen Tipett e
C. Peter Wagner. Podemos colocar também nesse grupo, Win Arn, que fundou o Instituto de
Crescimento de Igrejas Americana, em 1972, e John Wimber, que se tornou o diretor fundador
do Departamento de Crescimento de Igrejas, na Associação Evangelística de Fuller (agora,
conhecido como Instituto de Evangelismo e Crescimento de Igrejas Charles E. Fuller).
Os anos de 1970 produziram alguns defensores do Crescimento de Igrejas fora de área
de Pasadena. Kent R. Hunter fundou o Centro de Crescimento de Igrejas, em 1977, em Coruna,
Indiana. Elmer Towns, que agora está na Universidade Liberty em Lynchburg, Virgínia, fez
algumas contribuições, especialmente na área de crescimento da Escola Dominical. No círculo
Batista do Sul, Charles Chaney e Ron Lewis foram co-autores do livro Design for Church Growth
(Modelo para Crescimento de Igrejas).
Outros desenvolvimentos também moldaram o Crescimento de Igrejas nos anos de
1970. Delos Miles mostra sete fatores que moldaram o Movimento de Crescimento de Igrejas. O
primeiro desenvolvimento ecumenismo evangélico. Esse tipo de ecumenismo foi melhor
exemplificado no Congresso Internacional em Evangelismo Mundial, em 1974, em Lausanne,
Suíça, e seu antecessor, o Congresso Mundial em Evangelismo que aconteceu Berlim em 1966.
Esses encontros deram início a numerosos congressos nacionais sobre evangelismo, e colocou
muitos líderes juntos pela primeira vez. Lausanne juntou muitos evangelizadores, incluindo
líderes de Crescimento de Igrejas, com o compromisso teológico feito na Convenção de
Lausanne.
De particular importância para o Movimento de Crescimento de Igrejas no novo
ecumenismo foi a plataforma acessível que agora os líderes do Crescimento de Igrejas tinham.
Os líderes do Crescimento de Igrejas tinham muita visibilidade, tanto em Lusanne como no
Comitê para Evangelização Mundial de Lausanne. Os ocasionais trabalhos publicados pelo
comitê incluia alguns dos tópicos mais discutidos na teoria de Crescimento de Igrejas.
Segundo, o relacionamento entre as superigrejas – igrejas grandes, agressivas e em
crescimento – e o Crescimento de Igrejas também infuenciaram o movimento. Essas igrejas
bem sucedidas numericamente tinham pastores de muita visibilidade que tinha uma liderança
forte. Isso foi concebido como um princípio de Crescimento de Igrejas em muitos livros na
década de 1970. As superigrejas, e seu vigoroso evangelismo e expansão, se tornaram modelos
de Crescimento de Igrejas.
Terceiro, a era de 1970 coincidiu com a era do treinamento de evangelistas. Modelos
para compartilhar o evangelho emanaram de organizações como a III Explosão Evangelística, a

20
Associação Evangelítica de Billy Graham, Cruzadas Campais para Cristo. Batistas do Sul
desenvolveram o WIN (Witness Involvement Now/ Envolvimento de Testemunhas Agora) e o
TELL (Training Evangelistic Lay Leadership/ Treinamento Evangelístico de Liderança Leiga).
Igrejas evangelísticas eram receptivas ao treinamento de testemunhas e aos preceitos do
Movimento de Crescimento de Igrejas. As duas forças se complementavam.
Quarto, Crescimento de Igrejas enfatizava o papel de equipar todos os crentes para que
fizessem o trabalho do ministério. O movimento de renovação leiga encontrou um aliado no
Movimento de Crescimento de Igrejas, já que grupos independentes como Fé ao Trabalho,
Gabinete Laico, os Companheiros e o Instituto de Renovação da Igreja se uniram a vários
grupos denominacionais com enfâse em renovação leiga.
Quinto, o impacto Neo-Pentecostal no Crescimento de Igrejas pode ser localizado nessa
era. Não apenas o Crescimento de Igrejas tocou positivamente o movimento carismático nas
principais denominações, o impacto também veio de grupos de paraigrejas10como o Full Gospel
Bussiness Man‟s Fellowship International (Companheirismo Internacional dos Homens de
Negócios pelo Evangelho Completo), Mulheres Incandescentes, PTL e o Clube 700.
Sexto, Miles também faz uma conjetura da influência da Escola Dominical no movimento
Crescimento de Igrejas. Os batistas do sul chamam a atenção pelo Crescimento de Igrejas
através da Escola Domincal na década de 1970. Há similaradades notáveis entre muitas
doutrinas do Crescimento de Igrejas e crescimento da Escola Dominical.
E, finalmente, a sétima influência que afetou o Crescimento de Igrejas na década de
1970, de acordo com Miles, foi o Movimento Kenswick. Keswick se originou na Inglaterra na
década de 1870. Enquanto Keswick focava no crescimento interno e espiritual, “Tinha grande
potencial autorizar Cristãos a se voltarem para fora em crescimento de expansão, extensão e
alcance”, isso também é um tipo de Crescimento de Igrejas.
A influência de McGravan no Crescimento de Igrejas americana chegou ao máximo em
1970 com a publicação de Entendendo o Crescimento de Igrejas. Ele fez, porém, duas
significativas contribuições na décadade 1970 que ajudaram a estabelecer, firmemente, o
Crescimento de Igrejas na América. Primeiro, em 1972, McGravan e Wagner ensinaram, em um
curso experimental de Crescimento de Igrejas feito especialmente para uma nova geração de
líderes na América. No mesmo ano, o livro The Growing Congregation (A Congregação
Crescente) de Paul Benjamim foi publicado. Wagner descreveu o livro de Benjamim como “o
primeiro esforço direto para aplicar os princípio do Crescimento de Igrejas para o contexto
americano por uma casa publicadora denominacional”.
A segunda maior contribuição de McGravan para o Crescimento de Igrejas americana na
década de 1970 foi o trabalho How To Grow a Church (Como fazer uma igreja crescer), um
livro de co-autoria com Win Arn, em 1973. O livro foi escrito com um diálogo fácil de se
entender entre McGravan e Arn. A linguagem altamente técnica do começo foi retirada, e
muitos dos princípios do Crescimento de Igrejas foram aplicados no cenário americano.
Outros eventos ajudaram a moldar o Crescimento de Igrejas nessa época. Em 1972,
Paul Benjamim fundou o Centro Nacional de Pesquisa do Crescimento, uma organização
dedicada ao Crescimento de Igrejas na América. Também em 1972, a publicação de Por que
Igrejas Conservadoras Estão Crescendo gerou muita discussão e debate. O autor era Dean
Kelley, um executivo do Conselho Nacional das Igrejas. Sua apresentação, de que as igrejas
conservadoras estavam crescendo mais rapidamente que igrejas liberais, complementou os
preceitos do Crescimento de Igrejas, mas atraiu a crítica a muitas de suas observações.

10
São movimentos de diferentes denomições que se unem para fazerem um trabalho de evangelismo e bem-estar social.

21
Apesar da abundância de escritos e influências no Crescimento de Igrejas, o movimento
falhou ao estabelecer uma identidade clara. O material do Crescimento de Igrejas começou a
ser publicado de tantas perspectivas diferentes que era difícil responder a pergunta: “Quem fala
pelo Crescimento de Igrejas?”
Outro fator crítico, a ser adicionado à confusão nos círculos de Crescimento de Igrejas,
foi a maneira como o movimento respondeu às críticas. McGravan foi o protagonista agressivo
do movimento. Seus escritos eram diretos e sem desculpas. O tom sincero e polêmico dos
pontos de vista de McGravan marcavam o ritmo em que o Crescimento de Igrejas,
corajosamente se afirmava.
No início da década de 1970, os críticos do Crescimento de Igrejas começaram a
acumular forças. Avanços estavam sendo feitos no Movimento de Crescimento de Igrejas, mas
uma quantidade significante de tempo e recursos do movimento estavam sendo dedicados a
responder às críticas. Uma amostra das críticas mostra o ambiente geral no qual o Crescimento
de Igrejas se encontrava na década de 1970.
Alguns críticos mostraram desdenho pelo tipo de evangelismo herdado dos modelos de
Crescimento de Igrejas. Comentando os conceitos da unidade homogênea, um crítico concluiu
que o Crescimento de Igrejas era “um evangelismo sem o evangelho”. Crescimento de Igrejas,
ele disse, tinha uma teologia de evangelismo “que reduzia o compromisso inicial do cristão a
um apelo inofensivo, evitando a sugestão de que para se tornar um cristão, a pessoa deve dar
as costas à ordem social que perpetua a injustiça”. A definição do Arcebispo William Temple
para evangelismo era um modelo para entre os evangelistas durante anos, mas quando
McGravan confirmou a definição, foi criticado por ter uma “descrição estreita de ...
evangelismo”.
Wagner recebeu a parte mais difícil da crítica depois que a fúria sobre Entendendo o
Crescimento de Igrejas se acalmou. Sobre abordagem de Wagner ao Crescimento de Igrejas e
seu desenvolvimento, um crítico disse, “é precariamente deficiente como uma estratégia para o
evangelismo”. Kenneth L. Smith da Colgate Rochester-Bexley-Crozier encontrou erro na
estratégia de Wagner para o evangelismo, porque se concentrava no evangelismo “na noção
estreita de „salvar almas‟”. Mais tarde, Smith caracterizou a metodologia de Wagner como “uma
mistura de absolutismo teológico (i.e. a necessidade de uma experiência de renascimento) e
ultilitarismo sociológico”.
Os anos setenta também foi a época em que Wagner começou a receber a teologia do
rápido crescimento Pentecostal mais calorosamente. Seus pontos de vista não escaparam a
percepção dos críticos. Depois que Wagner escreveu Look Out! The Pentecostals Are Coming
(Prestem Atenção! Os Pentecostais Estão Vindo), um crítico disse que “esse livro parece com
uma propaganda”.
A definição de evangelismo, ainda hoje, continua a ser um ponto de debate entre os
defensores do Crescimento de Igrejas e os outros como era debatido em 1971, data da
publicação Fronteiras na Estratégia Missionária de Wagner. Novamente, Wagner era o grande
recipiente das críticas, exemplificado por um crítico que dizia que, teologicamente, Wagner caía
“perigosamente próximo do Pelagianismo”.
Outra série de críticas de fogo rápido vieram daqueles que viam o Crescimento de
Igrejas como uma teologia desencaminhada, e sociologia, e sociologia com uma exagerada
ênfase em números. Falando em oposição ao conceito de que missão deveria enfatizar “o
verdadeiro número de almas ganhas”, Sabbas J. Killian replicou: “Se alguém continuar a olhar
para o Crescimento de Igrejas, exclusivamente, como salvação de almas, e a teologia como
alimentar pessoas com uma fórmula permitida, alguém mal poderia falar em um entendimento
de Crescimento de Igrejas hoje. Em uma situação de diáspora, números não revelam nada”.

22
Enquanto nem todos os críticos sumariamente rejeitaram a importância de um
crescimento numérico na missão, Robert K. Hundnut escreveu um repúdio do tamanho de um
livro sobre a ênfase quantitativa da abordagem a missão.
Pessoas estão deixando a igreja. Não poderia ser um sinal melhor. De fato, enquanto eles
estão deixando o rendimento da igreja está crescendo. Estava em 5.2% em 1973, de
acordo com o Conselho National de Igrejas. Isso prova que quanto mais sérios os
membros, mas vigorosa a igreja... A maioria das igrejas poderiam ser dois terços menores
e não perderiam em poder. Na maioria das igrejas, o primeiro terço estão
compromentidos, o segundo terço são periféricos, e o terceiro terço, estão fora.

Alguns antagonistas do Crescimento de Igrejas já não se irritam muito com a ênfase


quantitativa do movimento como antes, na percepção de que o Crescimento de Igrejas sozinho
reivindica exclusivo direito a essa ênfase. Em uma resenha de Entendendo o Crescimento de
Igrejas, James Scherer escreveu “[McGravan] nos faria acreditar que o aumento numérico é
rejeitado pela maioria das pessoas preocupadas com o trabalho missionário – uma visão que
muitos leitores não estão propensos a aceitar – e que ele, sozinho, se mantém fiel ao missão de
discipular as nações, enquanto outros vão atrás dos baalim das relevâncias sociais, relações
ecumênicas, testemunhas institucionais, e por aí vai.”
Ainda assim, outros rejeitam o crescimento de igrejas como um legítimo movimento
missiológico. Pouco depois de aparecer Ententendo o Crescimento de Igrejas, Killian afirmou
que ele “descorda[va] de McGravan em quase tudo”. Alfred C. Krass questionou a legitimidade
do crescimento de igrejas como um movimento.

Eles perderam as madeiras por causa das árvores, que eles nem precisavam subir. Na
tentativa de desenvolver uma psicologia de missão, uma sociologia de missão, uma
etnologia de missão, eles tinham a necessidade de começar por um ponto de partida com
cada nova síntese. Em um certo ponto, eles pegaram a disciplina secular mais relevante e
tentaram combina-la com preocupações missiológicas-teológicas reais – e raramente eles
voltam àquela disciplina secular novamente, mas trabalham, pacientemente carregando
uma imensa carga, tentando desenvolver uma nova ciência.

Outros críticos na década de 1970 tentaram aceitar as contribuições do crescimento de


igrejas; ainda que encontrassem uma série de problemas teológicos e hermenêuticos. “Uma
área problemática da teoria de crescimento de igrejas,” disse Orlando E. Costas, missiologista
do Terceiro Mundo, “é o fato de que os teóricos não são capazes de trazer um som
hermenêutico às suas aventuras teológicas.” Costas e outros críticos dizem que o Movimento de
Crescimento de Igrejas “falhou... ao interpretar o texto à luz de muitas situações do homem
contemporâneo”. A abordagem do crescimento de igrejas nas escrituras, desse modo, parecia,
talvez somente, preocupados com as corretas estratégias para os melhores resultados. Como
conseqüência, os defensores do crescimento de igrejas foram acusados de ignorar a pobreza, a
opressão, e problemas sociais, econômicos e políticos.
Como resultado da hermenêutica superficial do crescimento de igrejas que os críticos
declararam, o movimento desenvolveu um conceito de missão que era incompleto e não bíblico.
Eles acreditavam que defensores do crescimento de igrejas tinham uma missiologia limitada,
que focava apenas nos resultados e conversões e o ministério social cristão era tudo, menos
desprezado; propagação da fé ofuscando completamente o evangelho de Jesus Cristo.
Desse modo, Rodger Bassham argumentou, em 1979, que “a teologia do crescimento de
igrejas possui algumas sérias fraquezas... o conceito limitado de missão como evangelismo.” Ele
concluiu que o Movimento de Crescimento de Igrejas “parece ter negligenciado uma discussão
substancial que aconteceu nos últimos vinte e cinco anos, cujo significado de missão,
evangelismo, testemunho, serviço e salvação tem sido explorado e desenvolvido.”

23
Esse era o ambiente no qual o crescimento de igrejas trabalhava na década de 1970.
Críticos atiravam contra o movimento com mais freqüência e intensidade. As reações do
defensores do crecimento de igrejas estavam misturadas. McGravan e Wagner continuaram a
afirmar, corajosamente, as doutrinas básicas do movimento. Outros ainda estavam envolvidos
em escrever um mix de defesas e afirmações sobre o crescimento de igrejas.
Ainda, quando alguém lê uma literatura de crescimento de igrejas desse período, tem a
impressão de que o movimento estava procurando uma clara identidade e um porta-voz
proeminente. Enquanto o nome de McGravan continua sendo sinônimo do Movimento de
Crescimento de Igrejas, cada vez mais ele foi visto como o pioneiro domovimento. Ao fim da
década o movimento tinha a necessidade de encontrar alguém que tornasse as idéias básicas
de McGravan aceitáveis na comunidade missiológica e teológica em geral. Sem um novo líder, o
movimento estava em perigo de desaparecer com seu fundador, tornando-se apenas uma nota
de rodapé nos anais da história da igreja.

24
5
A Era Wagner, 1981-1988

Enquanto o Movimento de Crescimento de Igrejas estava lutando por identidade e


aceitação na década de 1970, um homem estava se levantando firmemente até o topo como
porta-voz chefe do crescimento de igrejas americanas. C. Peter Wagner é agora o professor
Donald McGravan de crescimento de igrejas no Seminário Teológico de Fuller. Considerando
que o Seminário Fuller deu ao movimento seu poder institucional, Wagner providenciou a
liderança pessoal para manter o crescimento de igrejas no primeiro plano da cristianismo
evangélico. Sua formação e peregrinação descrevem o candidato mais improvável para guiar o
Movimento de Crescimento de Igrejas a um novo século.
Um Esboço Biográfico de C. Peter Wagner
Charles Peter Wagner nasceu em 15 de agosto de 1930, em Nova York, filho de C.
Graham Wagner e Mary Lewis Wagner. Seu lar era acolhedor e amável, mas não era um lar
cristão. Religião era raramente discutida no lar dos Wagner.
Wagner passou seus primeiros anos em St. Johnsville, em Mohawk Valley de Nova York,
entre Albany e Utica. Seus ancestrais alemães vieram para a América em 1710 e se
estabeleceram em Mohawk Valley em 1735. Wagner, até seus vinte anos, continuou a tradição
da família de cultivar a terra.
Durante a Depressão, a família Mueller da Alemanha imigrou para os Estados Unidos e
comprou terras próximas da fazenda da família Wagner em St. Johnsville. O, aparentemente,
inconseqüente desenvolvimento de duas famílias morando próximas umas das outras logo
provou ser um encontro divino tanto para Wagner quanto para o Movimento de Crescimento de
Igrejas. Mesmo a família Wagner tendo se mudado para o nordeste, Peter acabaria se
encontrando com a família Mueller. Ele também conheceu a filha deles, Doris, que acabara de
se tornar cristã, um semana antes.
Esse primeiro encontro logo se tornou um firme relacionamento, levando Wagner a
propor casamento. Doris Mueller respondeu que tinha feito duas promessas a Deus que ela não
quebraria. Primeiro, ela prometera a Deus que se casaria apenas com um cristão. Segundo, ele
pediu a Deus para que fosse missionária na África. Wagner sabia muito pouco sobre o
cristianismo, e muito menos sobre o trabalho missionário, mas logo fez um compromisso com
Cristo e com o campo missionário. Ambas decisões foram genuínas, e ambas fora decisivas
para a história do Movimento de Crescimento de Igrejas.
Wagner casou com Doris Mueller em 15 de outubro de 1950, e terminou seus estudos
na Universidade Rutgers, onde se graduou em Ciências e foi eleito para o Phi Beta Kappa.
Imediatamente, os Wagner foram para a California, para mais treinamento. Wagner se
matriculou na instituição onde hoje trabalha, o Seminário Teológico Fuller, em Pasadena. Doris
prosseguiu com seu treinamento missionário na Instituto Bíblico de Los Angeles (agora,
Faculdade Biola, próximo de La Miranda). Em 1955, Wagner recebeu seu mestrado em
Divindade pelo Seminário Fuller. Ele, então, foi ordenado na igreja Bíblica de New Brunswick.
Fiéis às suas promessas, a Deus e um para com outro, os Wagner embarcaram em uma missão
pioneira de dezesseis anos.
Os Wagner serviram três anos na Bolívia. Eles foram enviados primeiro para a Missão
Índio-Boliviana (que depois mudou seu nome para Missão Evangélica dos Andes, e depois se
uniu à Missão Interior Sudan). Durante o primeiro ano, os Wagner trabalharam na floresta
tropical do leste da Bolívia, onde criaram igrejas, começaram escolas bíblicas, treinaram líderes

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indígenas, focaram em ministérios evangelísticos gerais e conduziram inúmeros trabalhos.
Durante o primeiro ano nos trópicos, Wagner soube de Donald McGravan. Com seu insaciável
apetite pela leitura (especialmente durante as longas siestas tropicais), Wagner leu um livro que
estava causando um tumulto no pensamento e na prática missionária no final da década de
1950, As Pontes de Deus de Donald McGravan. A reação inicial de Wagner é notável:

Eu li a resenha de As Pontes de Deus na revista Antropologia Prática, na qual o livro era


recomendado. Então, encomendei-o e li. Quanto mais eu lia o livro, mais eu achava que o
autor era louco. Achei que ele fosse um charlatão – realmente maluco. Nada do que ele
dizia no livro eu havia aprendido no Seminário Fuller, nas minhas aulas de missão. Tudo
era exatamente o oposto. Então, terminei a leitura e coloquei o livro na estante, como
comida de barata. Passei para outros livros e acabei esquecendo-me dele.

O segundo ano de Wagner foi no clima mais agradável de Cochamba, nos Andes. Ele
teve a vantagem de ter licença para facilitar sua educação. Entre o primeiro e segundo ano, de
1960 a 1962, Wagner voltou aos Estados Unidos, para o Seminário Princeton, onde recebeu seu
mestrado em Teologia.
Ao retornar à Bolívia, do Seminário Princeton, Wagner começou a ouvir dos ex-alunos
do Seminário Fuller que McGravan havia sido convidado para se tornar o reitor fundador da
nova Escola de Missão Mundial. A resposta de Wagner não foi nada tranqüila. “Eles convidaram
o companheiro McGravan, o louco, para ser o reitor fundador – o companheiro cujo livro virou
comida de barata. Pensei, „O que está acontecendo por aqui?‟ Então, decidi que na minha
próxima licença, que seria em 1967, me matricularia na Escola de Missão Mundial, e veria o que
esse McGravan tinha pra dizer.”
Wagner, desse modo, foi atrás de seu terceiro mestrado. Sua opinião sobre McGravan
mudou rapidamente. Ele ficou impressionado, com aquele que seria seu mentor, quase desde o
seu primeiro dia de aula. McGravan, igualmente, ficou impressionado com Wagner. Depois que
Wagner recebeu seu mestrado de Arte em Missiologia em 1968, McGravan o convidou para se
juntar ao corpo docente de Fuller ao invés de voltar para a Bolívia. Wagner, porém, sentiu a
obrigação de voltar para a Bolívia, onde ele tinha se tornado o diretor da missão. Apesar disso,
Wagner visitou Fuller em 1968, 1969 e 1970, como um professor auxiliar na Escola de Missão
Mundial. Finalmente, em 1971, Wagner se sentiu livre para responder o chamado de Deus para
se tornar um membro em tempo integral do corpo docente no Seminário Fuller, onde
permanece até os dias de hoje. Em 1977, enquanto ensinava em Fuller, Wagner completou seu
doutorado em Filosofia em Ética Social na Universidade do Sul da California. Ele focou seus
estudos no tão debatido princípio da unidade homegênea.

A Ascenção de Wagner no Movimento de Crescimento de Igrejas


C. Peter Wagner foi um dos muitos que seguiu os ensinamentos de Donal McGravan nos
anos setenta. Em 1981, porém, com a publicação de Church Growth and the Whole Gospel
(Crescimento de Igrejas e o Evangelho Completo), Wagner se tornou o porta-voz oficial do
Movimento de Crescimento de Igrejas. A publicação desse livro sozinho não o elevou ao posto
de proeminência que ele possui hoje no movimento.
Wagner e McGravan eram admiradores mútuos desde o primeiro encontro. Quando
Wagner fala de seu mentor, ele expressa uma devoção como a de uma filho para com seu pai.
Os escritos de McGravan refletem sentimentos similares em relação a Wagner, e ele estava feliz
de ser recrutado por Wagner para ensinar no Seminário Fuller.
Uma amizade unida existiu entre esses dois homens, mas a admiração profissional de
McGravan por Wagner fez muito mais para tornar o aluno em sucessor de seu professor.

26
Wagner se sobressaiu em seus estudos com McGravan, e o entusiasmo de McGravan pelos
princípios do crescimento de igrejas, chamou a atenção de seu mentor. Começando em 1971 os
dois foram colegas de corpo docente por mais de dez anos. McGravan fundou a Escola de
Missão Mundial para treinar estudantes que estavam servindo em nações de terceiro mundo. A
área de estudos se ampliou quando Wagner se uniu ao corpo docente em 1971. Sob a liderança
de Wagner, o campo de crescimento de igrejas americano começou a ganhar destaque. O
primeiro curso em crescimento de igrejas para pastore americanos foi acrescentado no outono
de 1972. McGravan e Wagner ensinaram juntos no curso experimental, que virou protótipo para
futuros cursos em crescimento de igrejas americana. Quando, em 1984, Wagner foi nomeado
professor de crescimento de igrejas Donald McGravan no Seminário Teológico Fuller, poucas
pessoas expressaram surpresa.
Sua relação com McGravan não foi o único fator de ascendência de Wagner no
Movimento de Crescimento de Igrejas. De muitas maneiras Wagner foi um agente promocional
de muita influência para o crescimento de igrejas. Ele promoveu a mensagem de crescimento
de igrejas através do ministério de ensino amplo, mantendo a grande visibilidade em muitos
círculos teológicos, missiológicos e denominacionais, e por um ministério prolífico de produção
literária.
A cada ano, centenas de alunos estudam crescimento de igrejas no Seminário Teológico
Fuller com Wagner. Um professor em tempo integral em Fuller ensina, no mínimo, vinte e
quatro unidades anualmente. Wagner, normalmente, ensina sessenta e duas unidades, todas
no campo de crescimento de igrejas.
Em 1975, a Escola Fuller de Teologia começou um novo programa de doutorado em
ministério, e Wagner foi convidado para dar aulas em um curso de crescimento de igrejas. Logo
depois, um segundo curso foi adicionado ao currículo. Agora, oitenta por cento dos estudantes
do doutorado em ministério, trabalham com crescimento de igrejas. Todos os seminários
duram, por pelo menos, duas semanas; o programa exigem dois seminários e uma dissertação.
Centenas de pastores, estudantes e líderes denominacionais são assim expostos ao
treinamento de crescimento de igrejas no programa de doutorado de ministério do Seminário
Fuller. Mesmo sendo auxiliado na carga de ensino, Wagner é a força principal no aspecto do
treinamento de crescimento de igrejas. Cerca de dois mil estudantes já estudaram com Wagner
nesse programa. Muitos desses estudantes se tornaram proponentes visíveis e ativos do
crescimento de igrejas. Além disso, os estudantes do doutorado em ministério devem enviar
dois trabalhos para publicação. Assim, a mensagem do Movimento de Crescimento de Igrejas é
multiplicada a cada dia.
O ministério de ensino de Wagner vai além do campus de Pasadena do Seminário Fuller.
Dos quatro seminários de doutorado em ministério, que ele ensina por ano, um é oferecido em
uma localidade fora da costa da California. Por causa da crescente popularidade do crescimento
de igrejas, estudantes vem de todos lugares para estudar com Wagner. Uma localidade fora do
campus para um seminário, todo ano, torna o programa mais atraente para estudantes que
moram na costa Oeste.
Outra faceta importante do ministério de ensino de Wagner é o seu serviço através do
Instituto de Evangelismo e Crescimento de Igrejas Charles E. Fuller, em Pasadena. Esse
ministério dos seminários começou quando ele se tornou diretor executivo da Associação
Evangelística Fuller em acréscimo ao cargo de professor no Seminário Fuller, em 1971. Em
1975, Wagner pediu a John Wimber para que se tornasse o diretor fundador do Instituto Fuller
para que tivessem uma instituição de consulta profissional em crescimento de igrejas. Wimber,
mais tarde, deixou o Instituto para se tornar o pastor fundador da Comunhão Cristã Vineyard e
o Ministério Internacional Vineyard. Carl George sucedeu Wimber e continua a liderar uma

27
grande ordem de ministérios através do Instituto até os dias de hoje. Wagner continua ligado
ao Instituto como consultor senior. Ele lidera os seminários de crescimento de igrejas que está
prouzindo uma nova geração de discípulos do crescimento de igrejas.
Wagner mantém viva a mensagem do crescimento de igrejas dando seminários, fazendo
conferências, comissões e encontros ao redor do mundo. Ele, normalmente, planeja pelo menos
duas viagens internacionais por ano, em acréscimo às suas viagens pelos Estados Unidos.
Peter Wagner serviu em muitas posições como proponente do crescimento de igrejas.
Ele foi um dos cinqüenta membros do Comitê de Lausanne para Evangelização Mundial, quando
foi lançado em 1974. Subseqüentemente, ele foi eleito para o Comitê Executivo, ao qual serviu
por seis anos. Por causa de seu papel proeminente em Lausanne, ele foi o presidente fundador
do Grupo de Estratégias de Trabalho de Lausanne, que procurava discobrir pessoas não
alcançadas como parte da estratégia de uma evangelização mundial. Como resultado desse
empenho, Wagner iniciou o anuário Pessoas Não Alcançadas e co-editou os primeiros três
volumes com Edward Dayton, que o sucedeu como presidente do Grupo de Estratégias de
Trabalho. A reunião de Lausanne foi um marco no aumento da influência do moderno
evangelicalismo. Primeiro, por causa do trabalho de Wagner, o crescimento de igrejas
representou um importante papel em Lausanne.
Wagner também foi prestativo na fundação da Sociedade Norte-Americana de
Crescimento de Igrejas, servindo como primeiro presidente, em 1984. Ele permanece ativo na
organização ainda hoje. Outra organização, o Instituto Americano para Crescimento de Igrejas,
em Pasadena, tem a marca da influência de Wagner também. O instituto foi concebido por Win
Arn, depois que ele freqüentou o curso experimental com Wagner e McGravan, no outono de
1972. Logo após o curso, Arn fundou o Instituto, e Wagner e McGravan foram membros da
comissão diretora. O Instituto Americano para Crescimento de Igreja é um dos comunicadores
mais influentes dos princípios do crescimento de igrejas na América do Norte.
Embora McGravan tenha sido o pioneiro do Movimento de Crescimento de Igrejas, C.
Peter Wagner tem sido o melhor homem de venda, de ensinamentos, palestras, servindo em
posições chave e viajando pelo mundo todo. Porém, seu mais importante trabalho tem sido
escrever. Ele começou seu ministério da escrita em 1956, e publicou seu primeiro livro em
1966. Wagner publicou mais de setecentos trabalhos desde 1956, incluindo quase quarenta
livros completos.
Durante a década de 1970, Wagner escreveu muitos livros explicando as aplicações
práticas das teorias do crescimento de igrejas. Sua maior contribuição nessa área foram os
livros direcionados aos pastores americanos e freqüentadores de igreja. Your Church can Grow
(Sua Igreja Pode Crescer) vendeu mais de cem mil cópias. Your Spiritual Gifts Can Help Your
Church Grow (Seus Dons Espirituais Podem Ajudar sua Igreja a Crescer) foi também de grande
sucesso. Esses livros trouxeram o crescimento de igrejas, dos campos missionários no exterior,
para casa.
Talvez, os livros mais significativos de Wagner não tenham sido seus trabalhos mais
vendidos. Uma abordagem, do tamanho de um livro, sobre o princípio da unidade homegênea,
Our Kind of People: The Ethical Dimensions of Church Growth in America (Nossa gente: As
Dimensões Éticas do Crescimento de Igrejas na América), foi publicada em 1979. A despeito
das duras críticas de muitos setores, Our Kind Of People, foi fundamental na discussão do
princípio mais controverso do crescimento de igrejas.
Apesar da crescente notoriedade de Wagner no Movimento de Crescimento de Igrejas, a
década de 1970 continuou a ser um tempo de crise e confusão. Enquanto não surgia uma
defesa definitiva dos princípios do crescimento de igrejas, a crítica golpeava o movimento com
crueldade. Essa situação desagradável terminou em 1981 com a publicação de Church Growth

28
and the Whole Gospel: A Biblical Mandate (Crescimento da Igreja e o Evangelho Completo:
Uma Ordem Divina). Como autor desse livro, C. Peter Wagner elevou-se ao topo do movimento
e ficou claramente identificado como herdeiro do lugar de McGravan nas liderança do
crescimento de igrejas. A publicação desse livro marca o início da era Wagner no crescimento
de igrejas.
Em Church Growth and the Whole Gospel, Wagner respondeu aos anos de crítica ao
movimento. O tom desse livro era muito menos polêmico que os escritos anteriores do
crescimento de igrejas. Franqueza às críticas e novos dados marcaram o livro. Falando de
interesse por visão social, Wagner disse:

“Sinto-me como um candidato à série “como minha mente mudou”. Não que eu tenha
dado uma volta de 180 graus. De fato estou certo de que alguns leitores deste novo livro
dirão que os traços de personalidade não mudam. Mas hoje, já não poderia argumentar
como fiz que “alguém procura em vão nas escrituras por um mandamento que colocaria
os cristãos no mundo com uma missão designada a criar paz e ordem, justiça e liberdade,
dignidade e comunidade.”

Wagner também demonstrou franqueza sobre futuras mudanças e desenvolvimentos:


“Percebi que ainda não estou livre das contradições teológicas, embora espero mostrar, antes
de terminar o primeiro capítulo, que resolvi os mais antigos. Algumas novas inconsistências
certamente entraram, mas ainda não estou ciente desses delizes, e espero reconhece-los em
dez anos.”
O que marca esse livro como um divisor de águas no Movimento de Crescimento de
Igrejas é a defesa de problemas críticos no crescimento de igrejas. Wagner respondeu aos
críticas que o perseguiam por anos. Ele até reconheceu uma dívida de gratidão com muitos
deles. Então, ele anunciou desculpas ao crescimento de igrejas. Enquanto Wagner percebia que
Church Growth and the Whole Gospel não agradaria todos os críticos, também ficava feliz ao
ver as objeções ao movimento diminuirem. Virtualmente, todas as críticas levantadas desde
1981 foram refeitas de objeções anteriores.
A era Wagner do Movimento de Crescimento de Igrejas começou com a publicação de
um livro em 1981 dirigido às críticas e preocupações. Seus livros de crescimento de igrejas
desde 1981 tem demonstrado sua crescente infuência e crescente contribuições ao crescimento
de igrejas. Em 1986, Wagner foi o editor primário de Church Growth: State of Art (Crescimento
de Igrejas: Estado de arte), uma enciclopédia e livro de referência sobre o Movimento de
Crescimento de Igrejas. Em 1987, ele escreveu uma breve abordagem teológica do movimento
em seu livro Church Growth Strategies (Estratégias para Crescimento de Igrejas). Esse livro
inclui discussões sobre o debate de definição-de-evangelismo e hermenêutica única do
movimento.
C. Peter Wagner ainda é reconhecido como o principal porta-voz do Movimento de
Crescimento de Igrejas nos dias de hoje. Em grande parte por causa de sua influência em
outras áreas, porém, uma nova era está tomando forma. Examinaremos essa era moderna do
movimento no próximo capítulo.
O que aconteceu no crescimento de igrejas desde que Wagner se tornou líder do
movimento? Crescimento de igrejas está em crescente reconhecimento como uma disciplina
acadêmica legítima em faculdades e seminários pelo mundo todo. Trabalhos de estudiosos
estão sendo produzidos na forma de teses e dissertações. Dúzias de livros de prática em
crescimento de igrejas surgem todo ano. Cursos de crescimento de igrejas são fundados por
toda a nação. Agora, quase quarenta anos de idade, o Movimento de Crescimento de Igreja
entrou em uma era madura e moderna. É nesse período que entraremos.

29
6
Rumo ao Século XXI, 1988 em diante
Quando terminei meus estudos do doutorado e minha dissertação em C. Peter Wagner e
o crescimento de igrejas, em 1988, estava incerto sobre o futuro do movimento. Wagner era
uma voz tão dominante que imaginei se o movimento poderia suster sua força viva depois de
sua existência. Muitos eventos recentes, porém, sugerem que o Movimento de Crescimento de
Igrejas continuará a crecer na direção do século XXI.

A Peregrinação de Sinais-e-Prodígios de Wagner

A era moderna do Movimento de Crescimento de Igrejas começou em 1988 quando


Wagner publicou um livro que demonstrou seu foco em uma faceta do crescimento de igrejas:
crescimento de igrejas sinais-e-prodígios e evangelismo poderoso. O livro tinha o título
humorado de How to Have a Healing Ministry Without Making Your Church Sick (Como ter um
ministério de cura sem deixar sua igreja doente). Esse livro explica que Deus mostra seus
poderes sobrenaturais para atrair pessoas ao evangelho. O foco central do evangelismo
poderoso é a cura divina, posto que a exposição dos poderes sobrenaturais de Deus incluem
falar em línguas, discernimento de espíritos, poderes para exorcisar demônios e outros atos
extraordinários.
A aventura de Wagner nessa área do crescimento de igrejas trouxe críticas de dois
grupos importantes. O primeiro grupo crítico dessa faceta do crescimento de igrejas
argumentava que “dons de sinais” (línguas, interpretação e curas) cessaram com a era
apostólica. Qualquer manifestação desses dons deve ser considerado falso ou até demoníaco.
Outro grupo crítico de Wagner não rejeitava a legítima manifestação dos dons de sinais,
mas acreditavam que o foco de Wagner era uma aventura ao extremo. “Ele se tornou
carismático!” alguns lamentavam. Outros se preocupavam que eles tinham deixado os
pensamentos e prática que eram tendência predominante do crescimento de igrejas. Veremos
esse problema por completo no capítulo 30. Por agora, vamos ver como Wagner chegou a esse
novo paradigma e como essa visão afetou o Movimento de Crescimento de Igrejas moderno.
Os primeiros anos cristãos de Wagner não foram tempos de franqueza nos movimentos
Pentecostais. Ele refletiu em suas primeiras crenças: “Usei a bíblia Scofield, em inglês e
espanhol, na qual as notas-de-rodapé do editor para I Coríntios 13:8 afirmava que o dons de
„sinais‟ como línguas, curas e milagres sairam de uso depois da época dos apóstolos. Acreditei
que milagres eram úteis ao espalhar a mensagem do evangelho antes de o Novo Testamento
ser escrito, mas uma vez que as escrituras canônicas estavam disponíveis, eles tornaram os
milagres absolutos.”
De fato, Wagner admite prontamente que ele era anti-Pentecostal. Ele sentia que “o
Pentecostalismo é no melhor uma desilusão e no pior uma fraude”. Porém, muitos eventos
aconteceram e o levaram a um novo entendimento de alguns ensinamentos Pentecostais.
Primeiro, Wagner foi curado de um problema perigoso, resultado de uma cirurgia no
pescoço para remoção de um cisto. A cura aconteceu da noite para o dia, depois de Wagner ir
a um culto de cura na Bolívia, só por curiosidade. Segundo, o crescimento rápido do
Pentecostalismo levou o sempre pragmático Wagner a examinar algumas igrejas Pentecostais e
carismáticas. Sua atitude mudou drasticamente. Terceiro, Donald McGravan mesmo se tornou
mais aberto ao pentecostalismo. Wagner disse “Isso, para mim, era como se fosse um
imprimátur papal. Se era certo para Donald McGravan, era certo para mim.”

30
Quarto, a influência de John Wimber foi o principal fator na mudança de paradigma de
Wagner. Wimber, o diretor fundador do Instituto de Evangelismo e Crescimento de Igrejas
Charles E. Fuller, no fim deixou o Instituto para liderar a Comunhão Cristã Vineyard, de
crescimento rápido, em Anaheim. Uma das maiores influências da Vineyard era o minstério da
cura. Wagner foi mais uma vez influenciado por um amigo próximo que tinha um crescimento
de igrejas de sinais-e-prodígios.
O último, e mais controverso fator, foi uma aula ministrada no Seminário Teológico
Fuller: “MC510 Sinais, Maravilhas e Crescimento de Igrejas”. Wagner era o professor no papel,
mas Wimber que ensinou quase tudo. As aulas expositivas eram sem nenhum acontecimento
na superfície. Depois de cada aula, porém, os alunos eram convidados para permanecer em
um “hora de ministério”, que incluia orações por cura. Apesar de a sessão adicional ser
estritamente voluntária, raramente os alunos saiam antes da hora de ministério. A cada
semana, muitos participantes da aula pediam por oração de cura, e muitos testemunhavam
curas físicas.
O curso atraiu a atenção e a controvérsia nacional. Apoiadores do seminário ficaram
preocupados se a escola “estava se tornando carismática”. Estudantes e observadores estavam
presentes em rebanho. Muitos achavam que o curso estava prejudicando a reputação de Fuller.
MC510 foi finalmente retirada do currículo em 1985. Uma força-tarefa trabalhou por oito meses,
passando pelos vários problemas da controvérsia. Na primavera de 1987, um novo curso foi
oferecido, “MC550 – O Ministério da Cura e Evangelização Mundial.” A controvérsia morreu e a
order voltou ao seminário.
Wagner escreveria sobre sua mudança teológica e sua atitude favorável a alguns
aspectos do pentecostalismo por muito anos. Finalmente, com a publicação de How to Have a
Healing Ministry Without Making your Church Sick, Wagner urgiu para que o Movimento de
Crescimento de Igrejas considerasse uma mudança de paradigma. Ainda é muito cedo para
discernir a direção do movimento como um todo nesse caso. Nesse meio tempo, o foco de
Wagner na área abriu as portas para que outros líderes do crescimento de igreja a focarem em
tópicos em voga sobre o que já havia sido escrito. Wagner, ironicamente, tem ajudado o
movimento a se tornar mais forte e com maior abrangência ao entrar em uma área
controversa.

A Era dos Praticantes11

Alguns dos novos líderes do crescimento de igrejas, diferentes de Wagner, são


praticantes ou professores testando e provando os princípios do crescimento de igrejas no
campo. Líderes pastorais como Bill Hybels, Rick Warren, Doug Murren, John Maxwell e Ed
Young têm criado igrejas que se tornaram modelos de crescimento de igrejas. Eles escrevem
livros, lideram conferências e ensinam e seminários para deixar a audiência com vontade de
ouvir e ver como o crescimento funciona na prática. Sem dúvidas, o Movimento de Crescimento
de Igrejas, com uma geração de princípios do crescimento de igrejas em operação, se voltará
aos praticantes para aprender como os princípios devem funcionar em outros cenários.

Sociólogos e Demógrafos

O Movimento de Crescimento de Igrejas depende da pesquisa para entender seu campo


em potencial desde os primeiros anos do movimento. A era moderna do crescimento de igrejas,

11
Praticantes, de acordo com a ciência cristã, são pessoas autorizadas a praticar cura.

31
porém, tem testemunhado uma explosão de informação vindo de sociólogos e demógrafos.
Algumas das informações emanaram de perspectivas cristãs, de estudos de pesquisadores
como George Gallup e George Barna. Barna e seu time de pesquisas se tornaram os favoritos
nos congressos de crescimento de igreja por toda a nação, e seus livros estão entre os mais
vendidos nas prateleiras de crescimento de igrejas.
Os defensores do crescimento de igrejas, entretanto, não estão se limitando em livros
escritos estritamente por cristãos, ou por uma perspectiva cristã. Qualquer pesquisa, que auxilie
alguém a entender as pessoas que precisam ser alcançadas por Cristo, é considerada válida
para o movimento. Livros referentes a geração lidando com “baby boomers” e “baby buster”
(pessoas que nasceram depois do baby boom), e outros grupos de pessoas se tornaram
material de leitura popular para os proponentes do crescimento de igrejas.

Consultas e Consultores

Apesar de consultas em crescimento de igrejas não ser um conceito novo, seu maior
crescimento, aparentemente, ainda está por vir. O número de consultores está crescendo
rapidamente. Lyle Schaller, reitor de consultores de igreja, focou muito de seu trabalho em
crescimento de igrejas, apesar de não se identificar com o Movimento de Crescimento de
Igrejas. Carl F. George, o diretor do Instituto de Evangelismo e Crescimento de Igrejas Charles
E. Fuller, dá consultas em crescimento para igrejas e denominções por todo Estados Unidos.
Ron Lewis é provavelmente o consultor mais conhecido entre os batistas do sul. Visões
de Crescimento de Igrejas é uma empresa de consulta fundada por Chuck Carter e eu em 1991.
Com o contínuo crescimento da mensagem de crescimento de igrejas, a demanda por consultas
e consultores sem dúvida se expadirá.

Publicações e Outras Mídias

A era moderna do crescimento de igrejas testemunhou uma explosão impressa, por


áudio, e materiais de vídeo sobre vários tópicos do crescimento de igrejas. Minha biblioteca
pessoal de livros sobre o assunto já é maior que minha biblioteca inteira de anos atrás. Alguns
livros recentes lidam com princípios gerais do crescimento de igrejas (por exemplo, Church
Growth Principles12 por Kirk Hadaway). Outros focam em aspectos específicos do crescimento
de igrejas, como o livro de George Barna que fala da necessidade de visão para crescer,
Without a Vision People Perish (Sem visão as pessoas perecem). Ainda há outros que estão
bem ligados ao crescimento de igrejas, como aqueles lidando com tendências sociológicas e
demográficas. Novamente, Barna nos dá um bom exemplo desse tipo de livro em The Frog in
the Kettle (O Sapo na caldeira).
Folhetos informativos, revistas e notícias demográficas e tendências são exemplos de
mídia impressa oferecida pelo crescimento de igrejas. Um dos meus favoritos é a revista
Growing Churches (Igrejas em Crescimento), publicada pela comissão da escola dominical da
Convenção Batista do Sul.
Materiais em áudio e vídeo também estão disponíveis. O Instituto Fuller dispõe de um
excelente áudio cassete chamado The Pastor‟s Update (As Atualizações do Pastor).
Apresentações em vídeo sobre crescimento de igrejas podem mostrar um modelo de igreja para
indivíduos interessados, por um custo razoável. A Igreja Comunitária de Willow Creek e seu
pastor Bill Hybels oferecem vídeos sobre assuntos como adoração e filosofia de ministério.

12
Princípios do Crescimento de Igrejas

32
O número de recursos de mídia sobre crescimento de igreja é desse modo uma marca
definitiva da era moderna. Com novos conceitos sendo explorados a cada ano, não há indicação
de que a corrente de materiais irá diminuir.

Um Novo Ecumenismo
Quando o Congresso Internacional de Evangelização Mundial se encontrou em
Lausanne, Suíça, em 1974, o movimento ganhou força. O movimento era evangélico e
evangelístico. O Movimento de crescimento de igrejas, bem representado em Lausanne, tem
mostrado o mesmo espírito duas décadas depois.
A era moderna do crescimento de igrejas tem unificado crentes diversos, aos quais as
prioridades são evangelizar e fazer igrejas crescer com o “discípulos da grande missão”.

A Mudança no Formato da Igreja


Talvez, o impacto mais visível do crescimento de igrejas na era moderna seja o deasafio
que trouxe aos costumes e tradições de igrejas locais. Por causa de sua influência e procura por
alcançar, de maneira eficiente, os perdidos e os sem igreja, o crescimento de igrejas está
desafiando a idéia de “Sempre fizemos isso antes”.
A nova ou revitalizada ênfase no ministério leigo está fazendo com que muitas igrejas
transfiram as responsabilidade do clero para o laico. O conceito tradicional, apesar de não
bíblico, de o clero fazer a maior parte do ministério está lentamente mudando em muitas
igrejas, mesmo que seja o crescimento de igrejas que esteja acelerando esse processo.
Mudanças na adoração estão acontecendo em diferentes medidas em diferentes igrejas
nesse novo período do crescimento de igrejas. Alguns adjetivos como “usuário-amigo”,
“contemporâneo” e “experimental” estão associados com essa nova adoração, muito para o
deleite de algumas gerações e muito para a mortificação de outras.
Essa estrutura de igreja está sendo desafiada por alguns defensores do crescimento de
igreja. O sistema de comitê, equipe tradicional, a influência de denominações e seminários e os
encontros mensais de negócio, são vistos como impedimentos para o crescimento. Alguns líderes dentro
do movimento estão insistido que “negócios comuns” devem mudar se os perdidos têm de ser
alcançados. Um dos melhores livros sobre as razões por trás dessa mudança rápida nas igrejas é o The
Seven-Day-a-Week Church (A Igreja de Sete dias por semana), de Lyle Schaller. Ele examina os fatores
teológicos e sociológicos que tem levado as igrejas à mudança. Explica o aumento das mega igrejas,
igrejas especializadas e o futuro não tão brilhante de igrejas tradicionais de domingo de manhã.
Talvez, nenhum período desde a Reforma trouxe tantas mudanças e desafios para as igrejas. As
próximas duas décadas devem ser as mais críticas na história moderna do cristianismo. Enquanto o
Movimento de Crescimento de Igrejas não causa as mudanças (como nota Schaller, uma miríade de
fatores sociológicos e teológicos estam no trabalho), o movimento está entre a responder ao mundo em
mudança. Quais são os maiores desafios que o crescimento de igrejas enfrentará em um futuro próximo?
Alguns exemplos ilustrarão o ritmo surpreendente em que essas mudanças têm acontecido no mundo.
1. O envelhecimento da geração do boom e a demanda sobre uma igreja que
enfrenta uma congregação que está envelhecendo.
2. O inacreditável ritmo da idade de informação. Será que as igrejas serão deixadas
para trás?
3. Uma nova definição de “família”. Quais são as implicações de uma igreja que
quer crescer e ministrar?
4. Aceitação social de estilos de vida que estão explicitamente proibidos pelas
escrituras.

33
5. O declínio das caridades e das contribuições das igrejas.
6. Uma nação sincrética: Cristãos, Judeus, Mulçumanos, Mormons, Hindus,
Budistas, Testemunhas de Jeová, Nova era ou culto-do-mês.
7. Antigas e novas visões: humanismo, naturalismo, misticismo, a fé judeu-cristã,
ou de caráter científico.
8. A mudança nos papeis e as visões conflitantes das mulheres no ministério.
9. O campus único, a igreja da vizinhança como um único culto no domingo de
manhã: antiguidade de gerações mais velhas.

Será que as igrejas podem responder a essas mudanças em ritmo acelerado sem perder suas
raízes teológicas, históricas e confessionais? Esse capítulo da história da igreja ainda deve ser escrito.

O Movimento de Crescimento de Igrejas: Crescente Aceitação

Por muitos anos, o crescimento de igrejas se manteve como um movimento na extremidade do


cristianismo evangélico. Trinta anos depois de seu nascimento, o movimento encontrou extensa aceitação
denominacional, prática e teológica.
Muitas denominações tem adotado alguns preceitos do crescimento de igrejas. Em minha
denominação batista, o princípio do crescimento da escola dominical precedeu e influenciou o Movimento
de Cresciemento de Igrejas. Hoje, a comissão das escolas domincais da convenção batista do sul publica
Growing Churches (Igrejas em Crescimento), um períodico mencionado anteriormente. A comissão de
missão conduz e apoia conferências de crescimento de igrejas. Os quase seis seminários oferecidos pelos
cursos de crescimento de igreja e o seminário em Nova Orleans abriram um centro de crescimento de
igrejas.
Outras denominações também carregam os princípios do crescimento de igrejas. Até algumas
denominações importantes, que eram desconfiadas do movimento, aceitaram muitos dos ensinamentos
do crescimento de igrejas.
Em nível prático, milhares de igrejas americanas tem aplicado os princípios de crescimento de
igrejas com diferentes níveis de satisfação e sucesso. O impacto prático do movimento evindenciado nas
igrejas em nível local está além das medidas.
A aceitação teológica do crescimento de igrejas está aumentando, mas questões sobre o
movimento ainda persistem. O desafio mais significantivo do crescimento de igrejas é responder essas
questões teológicas, definir claramente os parâmetros teológicos do movimento. Por causa do desejo do
crescimento de igrejas de alcançar pessoas para Cristo, “relevância” tem sido o lema. Em seu entusiasmo
por ser culturalmente relevante, estaria o movimento em perigo de se tornar biblicamente irrelevante? O
crescimento de igrejas comprometeu a doutrina da graça por insistir que “evidência” salvação é ter
“filiação responsável à igreja”? Será a mensagem do “evangelho completo” distorcida pela ênfase
exagerada no evangelismo?
Apesar de o movimento não ter começado com conjunto organizadamente definido de princípios
teológicos, o crescimento de igrejas, contrário a opinião de críticos, não é “ateológico”. Precisamos agora
examinar a teologia do Movimento de Crescimento de Igrejas. Não responderemos a todas as questões
teológicas nessa modesta tentativa de sistematizar a teologia do crescimento de igrejas, mas talvez, as
colocaremos em um foco mais claro.

34
Parte II

A Teologia Do Crescimento de Igrejas

35
7
Uma Abordagem Sistemática da Teologia de Crescimento de
Igreja

Uma abordagem teológica pode vir de várias perspectivas diferentes. Teologia bíblica
examina cada livro ou grupo de livros da Bíblia em seu contexto histórico para discernir as
doutrinas e as progressivas revelações de Deus do Gênesis ao Apocalipse. Teologia histórica
estuda as doutrinas da fé cristã e como elas têm se articulado e sido debatidas por
aproximadamente dois mil anos. Teologia contemporânea é o estudo de doutrinas únicas
desenvolvidas por cristãos recentemente. Teologia sistemática estuda os mais importantes
ensinos da fé cristã, procurando determinar seu significado para a igreja viva.
Escolhi olhar a teologia de crescimento de igrejas no contexto do maior tema doutrinal
da Bíblia. Apesar de perceber que, sistematizando a teologia do crescimento de igrejas, poderia
parecer inadequado algumas vezes, percebo também a necessidade de mostrar os
ensinamentos do movimento na luz dos principais pontos teológicos da Bíblia.

Definindo Teologia Sistemática

A palavra teologia em português é a combinação de duas palavras gregas, theos que


significa “Deus”, e logos, que significa “palavra”. O significado literal de teologia é “palavra de
Deus”, mas por que entendemos o sufixo logos como “esudo de”, podemos entender teologia,
simplesmente, como “estudo de Deus”.
“Sistemático” também tem uma origem grega no sunistano, que significa “colocado
junto”, ou “organizar”. Teologia sistemática então é a organização de fatos sobre Deus e Sua
palavra. O processo de organização, normalmente, acontece pelas doutrinas bíblicas principais.

A Primeira Teologia de Crescimento de Igrejas

Essa modesta tentativa de organizar a teologia de crescimento de igrejas se constrói em


muitas afirmações previamente articulada. Por exemplo, C. Peter Wagner citou sete preceitos
teológicos fundamentais para crescimento de igrejas:
1. A glória de Deus como o único comandante dos humanos.
2. A soberania de Deus e a responsabilidade humana.
3. A salvação acontece exclusivamente através de Deus.
4. A nobreza de Deus.
5. A autoridade das Escrituras.
6. As realidades presente e escatológica do pecado, da salvação e da morte eterna.
7. A realidade presente e futura do reino de Deus.
Nenhuma literatura moldou a teologia do crescimento de igrejas como a literatura que
emergiu do Congresso Internacional de Evangelização Mundial em Lausanne em 1974. Pelo fato
de o material de Lausanne se tão importante para o entendimento da estrutura da teologia de
crescimento de igrejas, o Acordo de Lausanne em 1974 está incluido nesse capítulo. O
crescimento de igrejas, primeiramente através do trabalho de Wagner no Grupo de Trabalho
Teológico de Lausanne, influenciou a teologia de Lausanne, que acabou afetando
profundamente a teologia de crescimento de igrejas.
Ao invés de examinar as hipóteses teológicas de Wagner ou o Acordo Teológico de
Lausanne nesse capítulo, os dogmas básicos serão considerados nos capítulos seguintes, no

36
contexto de suas respectivas doutrinas cristãs. Outros trabalhos que fazem contribuições
teológicas susbstanciais ao crescimento de igrejas incluem I Believe in Church Growth (Acredito
em Crescimento de igrejas) de Eddie Gibbs; Contemporary Theologies of Mission (Teologias
contemporâneas da Missão) de Donald McGravan e Arthur Glasser; Balanced Church Growth
(Crescimento de Igrejas Equilibrado) de Ebbie Smith; e Foundations of Church Growth
(Fundamentos do Crescimento de Igrejas) de Kent Hunter.
Ao examinarmos a teologia de crescimento de igrejas sistematicamente, a maioria dos
dogmas básicos serão sinônimos com o principal pensamento evangélico. O que coloca a
teologia de crescimento de igreja à parte, porém, é sua abordagem hermenêutica excepcional.
Entretanto, é fundamental que entendamos como a teologia de crescimento de igrejas aborda e
interpreta as Escrituras. Essa é a tarefa do próximo capítulo que trata de bibliologia.

Addendum
O Acordo de Lausanne

Introdução
Nós, membros da Igreja de Jesus Cristo, de mais de 150 nações, participantes do
Congresso Internacional de Evangelização Mundial em Lausanne, louvamos a Deus por sua
grande salvação e regozijamos na comunhão que Ele nos deu e a comunhão de um com o
outro. Estamos profundamente emocionados pelo que Deus está fazendo em nosso dia, movido
pela penitência por nossos fracassos e desafiados pela tarefa inacabada de evangelização.
Acreditamos no evangelho das boas novas de Deus para todo o mundo, e estamos
determinados por sua graça a obedecer o comando de Deus de proclamar a toda a humanidade
e fazer discípulos em todas as nações. Desejamos, então, confirmar nossa fé e nossa resolução,
e tornar público nosso acordo.

1. O Propósito de Deus
Confirmamos nossa crença no único eterno Deus, Criador e Senhor do mundo, Pai, Filho
e Espírito Santo, que governa todas as coisas de acordo com a Sua vontade. Ele chamado para
Si pessoas de todo o mundo, e enviando as pessoas para serem Seus servos e testemunhas,
para extensão de Seu reino, a construção do corpo de Deus e a glória de Seu nome.
Confessamos com vergonha que várias vezes temos rejeitado nosso chamado e falhado em
nossa missão, nos conformando com o mundo ou deixa-lo. Ainda assim nos regozijamos que
até quando nascidos por instrumentos terrenos, o evangelho continua um tesouro precioso. Na
tarefa de fazer o tesouro conhecido no poder do Espírito Santo desejamos nos dedicar mais
uma vez.
(Isa. 40:28; Mat. 28:19; Efe. 1:11; Atos 15:14; João 17:6,18; Efe. 4:12; 1Cor. 5:10;
Rom.12:2; 2Cor. 4:7)

2. A Autoridade e Poder da Bíblia


Afirmamos a divina inspiração, a total veracidade e autoridade tanto do Velho como do
Novo Testamentos das Escrituras, Palavras de Deus escritas, sem erro em tudo que afirma, e a
única e infalível regra de fé e prática. Também afirmamos que o poder da palavra de Deus ao
cumprir seu propósito de salvação. A mensagem da Bíblia é aderessada a toda a humanidade. A
revelação de Deus em Cristo e nas Escrituras é imutável. Através de Seu Espírito Santo Ele
ainda fala nos dias atuais. Ele ilumina a mente das pessoas de Deus em toda cultura para

37
compreender a verdade com renovado vigor através de seus próprio olhos e desse modo
revelar a toda a igreja mais sabedoria de Deus.
(2Tim. 3:16; Ped. 1:21; João 10:35; Isa. 55:11; 1Cor. 1:21; Rom. 1:16; Mat. 5:17, 18;
Judas 3; Efe. 1:17, 18; 3:10, 18)

3. A Supremacia e Universalidade de Cristo


Afirmamos que há apenas um salvador e um evangelho, apesar de haver uma grande
diversidade de abordagens evangelísticas. Reconhecemos que todos os homens tem algum
conhecimento de Deus, através de Sua revelação geral na natureza. Mas negamos que isso
pode salvar, pois os homens suprimem a verdade com sua iniqüidade. Também rejeitamos
como depreciador a Cristo e ao evangelho todo tipo de sincretismo e diálogo que dizem que
Cristo fala através de toda religião e ideologia. Jesus Cristo, sendo ele o único Deus-homem,
que se entregou como expiação pelos pecadores, o único mediador entre Deus e o homem. Não
há outro nome pelo qual seremos salvos.
Todos os homens estão perecendo em razão do pecado, mas Deus ama a todos e não
deseja que nenhum pereça, mas que todos devem se arrepender. Sendo assim, aqueles que
rejeitam Cristo repudiam a alegria da salvação e se condenam à separação eterna de Deus.
Proclamar Jesus como “Salvador do mundo” não é afirmar que todo homem está
automaticamente ou basicamente salvos, menos ainda dizer que todas as religiões oferecem
salvação em Cristo. Preferivelmente, é proclamar o amor de Deus por um mundo de pecadores
e convidar a todos a responderem a Ele como salvador e Senhor em um compromisso pessoal
feito de coração com arrependimento e fé. Jesus Cristo tem sido exaltado acima de qualquer
outro nome; esperamos pelo dia em que todo joelho se dobrará perante Ele e toda língua se
confessará ao Senhor.
(Gal. 1:6-9; Rom. 1:18-32; 1Tim. 2:5,6; Atos 4:12; João 3:16-19; 2Ped. 3:9; Tess. 1:7-
9; João 4:42; Mat. 11:28; Efe. 1:20,21; Fil. 2:9-11)

4. A Natureza do Evangelismo
Evangelizar é espalhar as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e
ressucitou dos mortos de acordo com as Escrituras, e sendo o Senhor que reina e agora oferece
seu perdão aos pecados e o livre dom do Espírito a todos aqueles que se arrependem e crêem.
Nossa presença cristã no mundo é indispensável para o evangelismo, e o tipo de diálogo cujo
propósito é ouvir com sensibilidade para ter entendimento. Mas evangelismo em si é a
proclamação do Cristo, histórico e bíblico, como salvador e senhor, com a visão de persuadir as
pessoas a virem pessoalmente e se reconciliarem com Deus. Ao divulgar o convite ao evangelho
não temos a liberdade de ocultar o custo do discipulado. Jesus ainda chama, aqueles que O
seguirão, para negarem a si mesmos com Sua nova comunidade. Os resultados do evangelismo
incluem obediência a Cristo, incorporação na Sua igreja e serviço responsável no mundo.
(1Cor. 15:3,4; Atos 2:32-39; João 20:21; 1Cor. 1:23; 2Cor. 4:5; 5:11,20; Luc. 14:25-33;
Marcos 8:34; Atos 2:40,47; Marcos 10:43-45)

5. Responsabilidade Social Cristã


Afirmamos que Deus é Criador e Juíz de todos os homens. Então, devemos compartilhar
Sua preocupação por justiça e reconcilação por toda a sociedade e pela liberação de todos os
homens de qualquer tipo de opressão. Já que a humanidade foi feita a imagem de Deus, todos,
sem levar em consideração raça, religião, cor, cultura, classe, sexo ou idade, temos uma
intrínseca dignidade, pois Ele deve ser respeitado, e não ser explorado. Aqui também
expressamos penitência por nossa negligência e por algumas vezes ter considerado o

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evangelismo e os interesses sociais como mutuamente exclusivo. Apesar de reconciliação com o
homem não ser reconciliação com Deus, nem é evangelismo de ação socia, nem salvação é
política de libertação, apesar disso, afirmamos que evangelismo e envolvimento sociopolítico
são partes de um dever cristão. Para ambos é necessário a expressão de nossas doutrinas de
Deus e homem, nosso amor pelo vizinho e nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da
salvação implica também na mensagem do julgamento sobre toda forma de alienação,
opressão e discriminação,e não deveríamos ter medo de denunciar o mal e a injustiça, onde
quer que existirem. Quando as pessoas recebem a Cristo, elas nascem de novo em Seu reino e
devem procurar não apenas exibir, mas espalhar a retidão no meio de um mundo de
iniqüidade. A salvação que afirmamos deve nos transformar em na totalidade de nossas
respondabilidades sociais e pessoais. Fé sem trabalho é morta.
(Atos 17:26,31; Gen. 18:25; Isa. 1:17; Sal. 45:7; Gen. 1:26,27; Lev. 19:18; Luc.
6:27,35; João 3:3,5; Tiago 3:9; Tiago 2:14-26; Mat. 5:20; 2Cor. 3:18; Tiago 2:20)

6. A Igreja e o Evangelismo
Afirmamos que Cristo manda seu povo redimido parao mundo, como Seu Pai o mandou,
e para isso é necessária uma similar penetração no mundo, profunda e custosa. Precisamos
escapar de nossos guetos eclesiásticos e permear a sociedade não-Cristã. Na missão de
sacrifício da igreja o culto de evangelismo é importante. Evangelização mundial requer que toda
a igreja leve o evangelho ao mundo todo. A igreja está bem no centro do propósito cósmico de
Deus e seu significados marcados na pregação do evangelho. Mas a igreja que prega a cruz
deve ser marcada pela cruz. Torna-se um obstáculo para o evangelismo quando de trai o
evangelho ou falta a fé viva em Deus, um amor genuíno pelas pessoas, ou uma honestidade
escrupulosa em todas as coisas, incluindo promoção e finança. A igreja é a comunidade do
povo de Deus ao invés de uma instituição, e não deve ser identificada com uma cultura em
particular, um sistema político e social ou uma ideologia humana.
(João 17:18; 20:21; Mat. 28:19,20; Atos 1:8; 20:27; Efe. 1:9,10; 3:9-11:7; Gal.6:14,
17; 2Cor. 6:3,4; 2Tim. 2:19-21; Fil. 1:27)

7. Cooperação no Evangelismo
Afirmamos que a verdade visível da igreja é o propósito de Deus. O evangelismo
também nos convoca à unidade, porque nossa união fortalece nosso testemunho, assim como
nossa desunião minam nosso evangelho e nossa reconciliação. Reconhecemos, porém, que a
união organizacional tomam muitas formas e, necessariament, não levam o evangelismo para
frente. Ainda assim nós que dividimos a mesma fé deveríamos ser mais unidos em nossa
comunhão, trabalho e testemunho. Confessamos que nosso testemunho tem sido, algumas
vezes, desfigurado por nosso individualismo pecaminoso e nossa inútil duplicação.
Comprometemo-nos a procurar uma unidade mais profunda em verdade, adoração, santidade e
missão. Encorajamos o desenvolvimento da cooperação regional e funcional para o apoio da
missão da igreja, do planejamento estratégico, encorajamento mútuo e para compartilhar
pesquisas e experiências.
(João 17:21,23; Efe.4:3,4; João 13:35; Fil. 1:27; João 17:11-23)

8. Igrejas em Parceria Evangelística


Regozijamos que a nova era missionária alvoreceu. O papel dominante das missões
ocidentais está rapidamente desaparecendo. Deus está levantando as igrejas novas um novo
grande recurso para a evangelização mundial, e assim sendo, demonstrando que a
responsabilidade de evangelizar pertence ao corpo de Cristo em sua totalidade. Todas as igrejas

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deveriam portanto pedir a Deus e a elas mesmas o que deveriam fazer para alcançar sua
própria área, e mandar missionários a outras partes do mundo. Um reavaliação de nossas
responsabilidades missionárias e nosso papel deve ser continuado. Assim, uma crescente
parceria de igrejas de desenvolveriam e o caráter universal das igrejas de Cristo será mais
exposta. Também agradecemos a Deus pelas agências que trabalham na tradução da Bíblia, a
educação teológica, a mídia de massa, a literatura cristã, o evangelismo, a missão, a
renovação da igreja e outros campos específicos. Eles também deveriam se engajar e um
constante auto-exame para avaliação de efetividade como parte da missão da igreja.
(Rom. 1:8; Fil. 1:5; Atos 13:1-3; 1Tes. 1:6-8)

9. A Urgência da Tarefa Evangelística


Mais de 2,7 milhões pessoas, o que seria mais que dois terços da humanidade, devem
ser evangelizados. Estamos envergonhados por tantas pessoas terem sido negligenciadas; isso
é uma permanente reprovação a nós e a toda a igreja. Há agora, porém, em muitas partes do
mundo, uma receptividade sem precedentes ao Senhor Jesus Cristo. Estamos convencidos de
que essa é a hora para que as agências das igrejas e para-igrejas orarem honestamente pela
salvação do mundo das pessoas inalcançadas e para lançar novos esforços para alcançar a
evangelização mundial. A redução de missionários estrangeiros e dinheiro em um pais
evangelizado pode ser, algumas vezes, necessária para facilitar o crescimento nacional de
igrejas em auto-suficiência e para liberar recursos para áreas não evangelizadas. Missionários
deveriam andar, ainda mais livremente, por todos os continentes, em um espírito de serviço
humilde. O alvo deveria ser, por todos os meios disponíveis e o mais rápido possível, de que
cada pessoa terá a oportunidade de ouvir, entender e receber as boas novas. Não podemos
esperar atingir esse alvo sem sacrifício. Todos nós estamos chocados com a pobreza de milhões
e incomodados com as injustiças que ela causa. Aqueles de nós que vivem em circuntâncias
abundantes aceitam nossa tarefa de desenvolver um estilo de vida mais simples para que possa
contribuir mais generosamente tanto para ajuda como par evangelismo.
(João 9:4; Mat. 9:35-38; Rom. 9:1-3; 1Cor. 9:19-23; Mar.16:15; Isa. 58:6,7; Tiago
1:27; 2:1-9; Mat. 25:31-46; Atos 2:44,45; 4:34,35)

10. Evangelismo e Cultura


O desenvolvimento de estratégias, para a evangelização mundial, pedem métodos
imaginativos e pioneiros. Com Deus, o resultado será o aumento de igrejas enraizadas em
Cristo e intimamente relacionada com sua cultura. A cultura deve ser testada e julgada sempre
pelas Escrituras. Por ser o homem uma criatura de Deus, algo de sua cultura é rica em beleza e
bondade. Por ser um ser caído, tudo isso é manchado pelo pecado. O evangelho não pressupõe
a superioridade de uma cultura por outra, mas avalia todas as culturas de acordo com seu
próprio critério de verdade e retidão, e insiste na moral absoluta em qualquer cultura. Todas as
missões, muito freqüentemente, exportavam, com o evangelho, uma cultura estranha, e as
igrejas, algumas vezes, entram em contato com uma cultura ao invés das Escrituras. Os
evangelistas de Cristo devem, humildemente, procurar se esvaziar de toda sua autenticidade
pessoal a fim de se tornarem servos dos outros, e igrejas devem buscar transformar e
enriquecer a cultura, tudo para a glória de Deus.
(Marc. 7:8,9,13; Gen. 4:21,22; 1Cor. 9:19-23; Fil. 2:5-7; 2Cor. 4:5)

11. Educação e Liderança


Confessamos que algumas vezes procuramos o crescimento de igrejas ao custo da
medida da igreja, e divorciamos evangelismo da educação cristã. Também reconhecemos que

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algumas de nossas missões tem sido lentas em equipar e encorajar líderes nacionais a
assumirem suas responsabilidades por direito. Ainda assim estamos compromissados aos
princípios nativos, e esperamos que cada igreja terá líderes nacionais que manifestem um estilo
cristão de liderança não em termos de denominação, mas em serviço. Reconhecemos que há
uma grande necessidade de melhorar a educação teológica, especialmente para líderes de
igreja. Em cada nação e cultura deveria existir um programa de treinamento efetivo, para
pastores e obreiros leigos, em doutrinas, discipulado, evangelismo, educação e serviço. Tal
treinamento não deveria confiar em metodologias esterotipada, mas deveria ser desenvolvida
por iniciativas criativas locais, de acordo com padrões bíblicos.
(Col. 1:27,28; Atos 14:23; Tito 1:5,9; Mar. 10:42-45; Efe. 4:11-12)

12. Conflito Espiritual


Acreditamos que estamos envolvidos em uma constante guerra espiritual com os
principados e poderes do mal, que estão buscando derrotar a igreja e frustar suas tarefas de
evangelização mundial. Conhecemos nossas necessidades de nos equiparmos com a armadura
de Deus e lutar essa batalha com as armas espirituais da verdade e da oração. Pois detectamos
a atividade de nosso inimigo, não apenas com falsas ideologias fora da igreja, mas também
dentro da igreja com falsos evangelhos que torcem as Escrituras e colocam o homem no lugar
de Deus. Precisamos de vigilância e discernimento para proteção do evangelho bíblico.
Sabemos que nós mesmos não estamos imunes do mundanismo de pensamentos e ações, para
uma rendição ao secularismo. Por exemplo, apesar dos estudos cuidadosos do crescimento de
igrejas, tanto numericamente quanto espiritualmente, são certos e válidos, mas às vezes os
negligenciamos. Em outro momento, desejoso por garantir uma resposta ao evangelho,
comprometemos nossa mensagem, manipulamos nossos ouvintes através de técnicas de
pressão e nos tornamos excessivamente preocupados com estatíscas ou até o uso desonesto
delas. Tudo isso é mundial. A igreja deve ser do mundo; mas o mundo não deve estar na
igreja.
(Efe. 6:12; 2Cor. 4:3,4; Efe. 6:11,13-18; 2Cor. 10:3-5; 1João 2:18-26; 4:1-3; Gal. 1:6-9;
2Cor. 2:17; 4:2; João 17:15)

13. Liberdade e Perseguição


É dever designado por Deus de que cada governo deva assegurar condições de paz,
justiça e liberdade no qual a igreja deve obedecer a Deus, servir o Senhor Cristo, e pregar o
evangelho sem interferência. Portanto, oramos para que os líderes das nações e apelar para
que eles garantam liberdade de pensamento e consciência e liberdade de para praticar e
propagar a religião de acordo com a vontade de Deus como demonstrado na Declaração
Universal dos Direitos Humanos. Também expressamos nossa profunda preocupação por todos
que foram injustamente aprisionados, e especialmente por nossos irmãos que estão sofrendo
por seu testemunho do Senhor Jesus. Prometemos orar e trabalhar por sua liberdade. Ao
mesmo tempo, nos recusamos a ser intimidados pelo destino deles. Deus está nos ajudando, e
nós também buscaremos nos colocar contra a injustiça e nos manter fiéis ao evangelho, seja
qual for o custo. Não esqueceremos dos avisos de Jesus de que a perseguição é inevitável.
(1Tim. 1:1-4; Atos 4:19; 5:29; Col. 3:24; Heb.13:1-3; Luc. 4:18; Gal. 5:11; 6:12;
Mat.5:10-12; João 15:18-21)

14. O Poder do Espírito Santo


Acreditamos no poder do Espírito Santo. O Pai enviou o Espírito para levar testemunhas
para Seu Filho; sem Suas testemunhas as nossas são em vão. Convicção de pecado, fé em

41
Deus, novo nascimento e crescimento cristão estão todos a Seu trabalho. Além disso, o Espírito
Santo é um espírito missionário; assim, o evangelismo deveria surgir espontaneamente em uma
igreja repleta do Espírito. Uma igreja que não é uma igreja missionária está se contradizendo e
extinguindo o Espírito. Evangelização mundial se tornará uma possibilidade realística apenas
quando o Espírito renove a igreja em sabedoria e verdade, fé, santidade, amor e poder.
Portanto, chamamos todos os cristãos para orarem pela visita do supremo Espírito de Deus e
que todo Seu fruto possa surgir em todo Seu povo e que todos Seus dons possam enriquecer o
corpo de Cristo. Somente então, toda a igreja se tornará um instrumento adequado em nas
mãos de Deus, e que toda a terra possam ouvir Sua voz.
(1Cor. 2:4; João 15:26,27; 16:8-11; 1Cor. 12:3; João 3:6-8; 2Cor. 3:18; João 7:37-39;
1Tes. 5:19; Atos 1:8; Salmos 85:4-7; 67:1-3; Gal. 5:22,23; 1Cor. 12:4-31; Rom. 12:3-8)

15. O Retorno de Cristo


Acreditamos que Jesus Cristo voltará de maneira pessoal e visível, em poder e glória,
para consumar Sua salvação e julgamento. Essa promessa de Sua volta é um incentivo a mais
para nosso evangelismo, pois lembramos das palavras dEle de que o evangelho deveria ser
pregado em todas as nações. Acreditamos que nesse ínterim, período entre a ascensão de
Cristo e Sua volta, é repleto de missões do povo de Deus, que não tem permissão para parar
antes do Fim. Também lembramos de Seus avisos do surgimento de falsos profetas e falsos
Cristos como precursores do anti-Cristo. Portanto, rejeitamos como um sonho orgulhoso e auto-
confiante a noção de que o homem algum dia construirá uma utopia na terra. Nossa confiança
cristã é de que Cristo irá aperfeiçoar Seu reino, e esperaremos com ansiedade por esse dia, e
pelo novo céu e terra no qual a retidão habitará e Deus reinará para sempre. Enquanto isso,
nos dedicamos novamente ao serviço de Cristo e do homem em feliz submissão à Sua
autoridade sobre a toda a nossa vida.
(Marc. 14:26; Heb. 9:28; Marc. 13:10; Atos 1:8-11; Mat. 28:20; Marc. 13:21-23; João
2:18; 4:1-3; Luc. 12:32; Apoc. 21:1-5; 2Ped. 3:13; Mat. 28:18)

Conclusão
Portanto, à luz de nossa fé e de nossa resolução, entramos em um acordo solene com
Deus e com cada um aqui, para orar, planejar e trabalharmos juntos para a evangelização do
mundo inteiro. Podemos chamar outros para se unirem a nós. Que Deus possa nos abençoar
ajudando-nos com Sua graça e para Sua glória seremos fiéis ao nosso acordo! Amém! Aleluia!

42
8
Bibliologia e Crescimento de Igrejas

Em bibliologia, a doutrina da Bíblia, duas palavras são freqüentemente usadas. A


primeira é a palavra “Bíblia”, que tem sua origem no grego biblion, comumente traduzido como
“livro” ou “rolo”. A planta papiro que crescia ao longo do Nilo chamava-se byblos, e era daí que
os pergaminhos eram feitos.
Uma segunda palavra é “escritura”, que é a tradução do grego graphe, que literalmente
significa “escritos”. Quando o verbo grapho ou o substantivo graphe é usado, normalmente se
refere às Escrituras. Essas Escrituras, especificamente expressado em 2 Tim. 3:16 a serem
“folêgo de Deus”, é divino em origem e revelação, completamente oficial, e sem erro em tudo o
que ensinam.
O crescimento de igrejas, reconhecidamente, utliza-se de outras fontes além da Bíblia.
Muitos dos seus princípios vem das ciências sociais e comportamentais. Apesar de o
crescimento de igrejas continuar a usar essas fontes, a estrutura e fundação do movimento
deve ser a palavra de Deus. Um perigo em potencial do entusiasmo e pragmatismo dos
princípios do crescimento de igrejas, o perigo de uma hermenêutica existe. Examinaremos essa
cilada em potencial depois de revermos alguns princípios básicos da Bíblia.

A Natureza Divina da Bíblia


O Acordo de Lausanne afirma “a divina inspiração, veracidade e autoridade das ...
Escrituras” (ênfase adicionada). A Bíblia alega sua divina origem por aproximadamente quatro
mil vezes quando declara que “Deus disse” ou “o Senhor disse”. Paulo e outros escritores do
Novo Testamento também afirmam a origem divina das Escrituras (1Cor. 14:37; 2Pedro 1:16-
21).
Por ser vista como de origem divina, a bíblia deve ser vista também como revelação de
Deus. Enquanto revelação pode ser geral, por exemplo, na manisfestação de Deus dele mesmo
na história e na natureza, a Bíblia é uma revelação especial apenas para aqueles que acreditam
e a tomam como oficial. A Bíblia então é Fôlego de Deus, assim eram escritas por pessoas que
tiveram suas palavras supervisionadas pelo Espírito Santo. Como uma conseqüência, a palavra
escrita revela exatamente e sem erros nosso entendimento de Jesus Cristo, a palavra
encarnada. A essência do crescimento de igrejas é comunicar ao mundo perdido a Palavra viva,
para que a igreja de Deus possa crescer. Apenas uma Bíblia divinamente dada poderia nos
mostrar, sem erro, a história escrita de Jesus Cristo e seus mandamentos, incluindo Seu grande
comando para “fazer discípulos de todas as nações”.

A Inspiração da Bíblia
Paul Enns define inspiração como “a supervisão do Espírito Santo sobre os escritores
para que, mesmo escrevendo de acordo com seus estilos e personalidades, o resultado fosse a
Palavra de Deus escrita – oficial, fidedigna e livre de erros em seus originais”.
Tal inspiração se aplica a toda a Escitura e suas partes. Enquanto 2 Timóteo 3:15 ou 2
Pedro 1:21 poderíamos usar para defender a inspiração das escrituras, a visão de Escritura por
Cristo, Ele mesmo, é consistente com essa perspectiva. Jesus afirmou a inspiração de todo
Antigo Testamento (Mat. 5:17-18); Ele ainda citava, com freqüência, partes do Antigo
Testamento com igual autoridade (e.g. Mat. 4:4, 7,10; Mat. 21:42; Mat. 22:44; João 10:34,
etc). Essa visão de inspiração é, as vezes, chamada de plenário verbal porque afirma a
inspiração de partes, ou das palavras reais (verbal) e a Bíblia inteira (plenário).

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O Poder da Bíblia
Porque a Bíblia é dada por Deus e inspirada por Deus, é possível cumprir o próposito de
Deus da salvação (veja o Acordo de Lausanne na conclusão do capítulo anterior, seção 2). O
escritor de Hebreus articula, claramente, o poder da Palavra de Deus: “Porque a palavra de
Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à
divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e
intenções do coração” (Heb. 4:12). Essa leitura e proclamação de que a poderosa Palavra
alcança o perdido; através dela, Deus salva aqueles que crêem (1 Cor. 1:2). O crescimento de
igrejas proclama um Salvador que é conhecido através de Sua Palavra escrita. A Palavra escrita,
em si, é poderosa, penetrando corações que podem ser acrescentado ao reino de Deus e Sua
igreja.

A Autoridade das Escrituras Sobre Todas as Outras Fontes


Nossa definição afirma que crescimento de igrejas é “uma disciplina que busca
entender, através de estudos bíblicos, sociológicos, históricos e comportamentais, o por quê
igrejas crescem ou decaem.” História, sociologia e outras ciências comportamentais devem ser
vistas como ferramentas de autoridade para o crescimento de igrejas. A Bíblia é a fonte de
autoridade do movimento.
Quando Martinho Lutero pregou suas Noventa e Cinco Teses na porta de Witterberg em
1517, ele delinou sua oposição aos abusos da igreja Católica. Lutero enfatizou sola scriptura –
Somente as Escrituras são oficiais. Nem a igreja, nem conselhos podem falar acima da
autoridade da Palavra de Deus.
Quando as ferramentas das ciências sociais são usadas para distinguir maneiras de
alcaçar mais pessoas, essas ferramentas não devem ter autoridade, mas devem ser
instrumentos que estão subjugados a autoridade das Escrituras. Líderes da Reforma
observaram que nem igrejas nem conselhos, inerentemente, do mal, mas essas organizações se
tornaram más quando abandonaram os parâmetros das Escrituras. As ferramentas do
crescimento de igrejas não são inerentemente mal; mas essas ferramentas devem sempre estar
dentro dos limites das Escrituras e subjugadas à autoridade bíblica.
Ao meu entendimento, os teólogos e praticantes do crescimento de igrejas confirmariam
o que foi dito sobre a autoridade das Escrituras. Os críticos não debatem a alta consideração do
movimento pela Bíblia. Questionamentos surgem, porém, sobre a interpretação das Escrituras.

A Hermenêutica do Crescimento de Igrejas


Bernard Ramm define hermenêutica como “a ciência e arte da interpretação bíblica. É
uma ciência por ser guiada por regras de um sistema; e é uma arte pois a aplicação dessas
regras é por habilidade, não por imitação mecânica.” O processo de interpretação bíblica
envolve o intérprete como uma pessoa completa, incluindo sua preconceitos. Uma honesta
abordagem hermenêutica deve considerar os potenciais preconceitos. Apesar de examinarmos
os potenciais preconceitos hermenêuticos do crescimento de igrejas nos capítulos dessa seção,
é apropriado ver uma grade de interpretação que representa um potencial perigo ao
movimento.
C. Peter Wagner refere-se à hermenêutica do crescimento de igrejas como algo
fenomenológico: “O crescimento de igrejas inclina-se a uma abordagem fenomenológica que
tem conclusões teológicas que são algo mais como tentativa e está aberta a revisão quando
necessário, à luz do que é aprendido com a experiência”. Talvez uma melhor descrição do que
é hermenêutica é uma direcionada pelo pragmatismo do crescimento: essas crenças que
recebem maior atenção são aquelas diretamente ligadas à melhora do crescimento da igreja.

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O melhor exemplo dessa hermenêutica pode ser encontrado no interesse perspicaz do
crescimento de ingrejas em sociologia, demografia e marketing. O movimento está usando
todas as ferramentas possíveis para alcançar sua cultura em uma base de “usabilidade”. A
justificativa bíblica para essa abordagem está em 1 Coríntios 9:22b: “Fiz-me tudo para todos,
para por todos os meios chegar a salvar alguns”.
A “adaptação” de Paulo a cultura se tornou algo como um comício nos círculos do
crescimento de igrejas. “Devemos fazer tudo o que for necessário para ganhar a audiência,
assim poderemos compartilhar Cristo!” Essa deficiência hermenêutica em potencial não é que a
passagem de Coríntios foi mal interpretada. O possível problema é que a maior parte dos
princípios do crescimento de igrejas poderiam estar baseados em apenas uma porção das
Escrituras.
Paulo diria depois aos Coríntios que mesmo vivendo no mundo, vivemos de maneira
diferente do mundo (2 Cor. 10:14). Jesus disse aos seus seguidores para serem diferentes do
mundo, para que fossem sal e luz (Mat. 5:13-14).
O crescimento de igrejas, então, deve afirmar uma hermenêutica que captura a tensão
de ser do mundo, mas não do mundo. Uma hermenêutica que tenta isolar o texto da cultura
moderna, não falará ao mundo. A Bíblia não será relevante. Entretanto, uma hermenêutica
constantemente buscando o benefício da cultura, mesmo se os resultados numéricos do
crescimento de igrejas aparecerem, podem ganhar relevância enquanto perde verdadeiros
discípulos. Podemos “ganhar” esse mundo mas fazer poucos discípulos que levem o evangelho
a outras culturas. O custo do discipulado deve permanecer na tensão com a mensagem
culturalmente relevante.
É irônico que o maior perigo teológico do crescimento de igrejas, um movimento
conservador, evangélico, é o mesmo perigo ao qual o liberalismo sucumbiu no começo do
século. As “ferramentas” da cultura não são inerentemente más, mas uma hermenêutica que
flerta com as tentações da modernidade deve ter sempre o cuidado de nunca comprometer a
essência do evangelho. No início do século o liberalismo reduziu o cristinianismo a um
evangelho social. O Movimento de Crescimento de Igrejas deve estar atento para não reduzir as
boas novas do século XXI a um mero evangelho sociológico.

45
9
Teologia e Crescimento de Igrejas

No capítulo 7, definimos teologia como o estudo de Deus, reconhecendo que a palavra é


geralmente entendida de uma maneira mais ampla, cobrindo o campo de crenças cristãs por
completo. Para distinguir o estudo geral de todas as crenças cristãs do estudo mais específico
de Deus, o Pai, o termo teologia própria é usado para designar a doutrina de Deus.
Em uma afirmação concisa, o Acordo de Lausanne afirma “a crença em um único Deus,
Criador e Senhor do mundo, Pai, Filho e Espírito Santo, que governa todas as coisas de acordo
com o propósito de Sua vontade”, (ver cap. 7). A frase afirma algumas crenças básicas sobre
Deus com pouca elaboração.

A Existência de Deus
Apesar dos muitos volumes escritos sobre a existência de Deus, o crescimento de igrejas
afirma a priori que Deus é. Enquanto teológos argumentam a existência de Deus
cosmologicamente, teleologicamente, moralmente, ontologicamente ou antropologicamente, a
pressuposição do crescimento de igrejas, de uma Escritura infalível, aceita sem questionamento
o Deus que disse “Eu sou” (Ex.3:14).
O argumento antropológico para a existência de Deus, como um exemplo, fala
diretamente sobre o Deus que criou humanos motivado por total amor. A palavra antropologia
vem do grego anthropos que significa “homem”. Chafer expressa o argumento antropológico da
seguinte maneira: “Há na composição humana traços filosóficos e morais que podem ser
seguidas ao passado para encontrar sua origem em Deus... uma força cega... nunca poderia
produzir um homem com intelecto, sensibilidade, vontade, consciência e crença inerente em um
Criador”.
Homem e mulher, então, foram criados a imagem de Deus (Gen. 1:27) para ter
comunhão perfeita com seu Criador. Enquanto o argumento antropológico aponta para a
existência de Deus, e também aponta para um Deus que deseja trazer Sua criação da morte e
do pecado e a imagem manchada da humanidade (Gen. 9:6) de volta à comunhão completa
com Ele. Tal discussão está além do foco dessa seção, mas provê uma fundação sobre a qual a
teologia do crescimento de igrejas de baseia. O Deus-que-é é também o Deus que busca
aproximar Sua criação dEle e construir Sua igreja.

Revelação de Deus
Revelação vem do grego apokalupsis, que significa literalmente “revelar” ou
“desvendar”. Revelação é a revelação de Deus, sobre Ele mesmo, para a humanidade.
Tipicamente, revelação é vista em duas categorias amplas, geral e especial.
A Revelação geral faz com homens e mulheres estejam cientes da existência de Deus
por Sua majestade e criação (Sal. 19:1-6; Rom. 1:18-21). Esse tipo de revelação faz com que a
humanidade se justifique a Deus, ficar “sem desculpas” ao reponder a Ele (Rom. 1:20).
A revelação especial é a auto-revelação de Deus mais direta e específica. Ainda que esse
tipo de revelação possa incluir vozes audíveis, manifestações visíveis (teofonia), sonhos ou
visões, revelação especial normalmente se refere a Jesus Cristo e as Escrituras. As Escrituras
foram escritas por homens que eram usados pelo Espírito Santo para que o testemunho escrito
pudesse ser perfeito e isento de erros. O testemunho de acordo com as Escrituras também
revela a Verbo vivo, Jesus Cristo.

46
A Trindade de Deus
Teologia própria reconhece que Deus se revelou como três pessoas unidas que são um
Deus. As três pessoas são o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A relação única do Filho e o do
Espírito Santo será discutida nos próximos dois capítulos. Neste capítulo focaremos em Deus, o
Pai.

Atributos de Deus
As características distintas de Deus são muitas vezes chamadas de atributos de Deus.
Há muitas variedades de classificação e categoria dos atributos de Deus. Paul Enns desenvolveu
a seguinte tabela, que mostra algumas das classificações por diferentes teológos.

Os Atributos de Deus:
Variedades de Categorização
Teológos Categorias Atributos
Henry C. Onipresença
Thiessen Onisciência
Não-moral
Vermon D. Onipotência
Doerksen Imutabilidade
Moral Santidade
Retidão e Justiça
Bondade e Misericórdia
Verdade
A. H. Strong Absoluto/Imanente Espritualmente: vida, personalidade
Infinidade: auto-existência, imutabilidade,unidade
Perfeição: Verdade, amor, santidade
Relativo/Transitivo Relacionado à tempo e espaço:
eternidade, imensidão
Relacionado à criação:
onipresença, onisciêcia, onipotência
Relacionado aos conceitos morais:
verdade e fidelidade
misericórdia e bondade (amor transitivo)
justiça e retidão (santidade transitiva)
Millard J. Erickson Grandiosidade Espiritualidade
Personalidade
Vida
Infinidade
Constância
Bondade Pureza Moral:
santidade
retidão
justiça
Integridade:
autenticidade
veracidade
fidelidade
Amor:
benevolência
graça
misericórdia
persistência
Gordon R. Lewis Metafisicamente Auto-existência
Eterno
Imutável

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Intelectualmente Onisciente
Fiel
Sábio
Eticamente Santo
Íntegro
Amável
Emocionalmente Detesta o mal
Longanimidade
Compassivo
Existencialmente Livre
Autêntico
Onipotênte
Relacionalmente Transcendente por natureza
Universalmente imanente em atividade providecial
Imanente com Seu povo na atividade redentora
William G. T. Incomunicável Shedd/Hodge: auto-existência, simplicidade, infinidade,
Shedd eternidade, imutabilidade
Charles Hodge Berkhof: auto-existência, imutabilidade, unidade, infinidade,
Louis Berkhof (perfeição, eternidade, imensidão)
Herman Bavinck Bavinck: independência, auto-suficiência, imutabilidade,
Infinidade: eternidade, imensidão (onipresença); unificação
(númerica, quantitativo)
Comunicável Shedd/Hodge: sabedoria, benevolência, santidade, justiça, compaixão,
verdade
Berkhof:
Espiritualidade
Intelectual
Conhecimento
Sabedoria
Veracidade
Moral
Bondade (amor, graça, misericórdia, longanimidade)
Santidade
Retidão
Justiça remunerativa
Justiça retribuitiva
Poder soberano
Bavinck:
Vida e Espírito
Espiritualidade
Invibilidade
Perfeição em Auto-consciência
Conhecimento, onisciência
Sabedoria
Veracidade
Natureza ética
Bondade
Retidão
Santidade
Senhor, Rei, Soberano
Vontade
Liberdade
Onipotência
Bem-aventurança Absoluta
Perfeição
Bem-aventurança
Glória

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De todos os atributos de Deus, nenhum foi mais discutido em círculos de crescimento de
igrejas que a soberania de Deus.

A Soberania de Deus
Há muitos anos atrás, um missionário na América do Sul escreveu um artigo sobre
métodos de crescimento de igrejas que ele sentia serem comprometidos com sua fé
Reformada. O escritor anônimo disse que “viu um espírito de morte chegar a uma missão
quando experimentavem a „teoria de crescimento de igrejas‟ de Donald McGravan”. Ele disse
que a teologia do crescimento de igrejas “aplica a sociologia para o domínio da criação de
igrejas e se esforçam para descobrir, por meio de estatísticas, gráficos, planilhas e até
computadores, onde os campos de colheita estão.” Ele estava frustrado porque os métodos de
crescimento de igrejas determinavam “onde missionários deviam ser colocados” e deram
“ênfase ao estabelecimento de objetivos não saudáveis”. A preocupação fundamental do
escritor era que a teologia do crescimento de igrejas “não deixam espaço para a soberania de
Deus e a espontaneidade do trabalho do Espírito.”
Soberania de Deus significa que Ele está em absoluto controle, que o que Ele ordenar
sempre acontece, e que Seu propósito divino sempre é cumprido (Efe. 1:11). Será que a
metodologia do crescimento de igrejas ignora ou nega esse atributo? Como o movimento ao
utilizar ferramentas como sociologia e demografia “feitas pelo homem” está negando que Deus
levará para Si os eleitos?
Em Sua soberania, Deus decide como Ele quer o homens e mulheres perdidos devem
ser levados ao Seu reino, aqueles escolhidos para a salvação antes da fundação do mundo (Efe.
1:4-5; 2Tim. 1:9). Um onipotente Deus poderia desenvolver qualquer meio para trazer os
perdidos para Si. O auxílio humano não é necessário para que Deus leve Seu plano adiante,
mas Deus no entanto escolheu os seres humanos como Seus intermediários. O mistério dos
meios humanos e divinos para espalhar o evangelho e fazer uma igreja crescer estão em
harmonia de acordo com a vontade soberana de Deus.
O decreto de soberania de Deus não viola o livre arbítrio do homem e não se faz
necessário buscar métodos que melhor comunicam o evangelho para que a igreja de Deus
cresça. Uma objeção como essa acontece por causa da antinomia na mente humana. Paulo
proclamou a predestinação de seu povo à salvação (Efe. 1:5-11) e ensinou a doutrina da
eleição (Rom. 1:1; 8:30; 9:11). Com igual convicção e asserção, Paulo encorajou a necessidade
da intervenção humana e pregação para que as pessoas pudessem ser salvas e que a igreja
crescesse (Atos 16:13; Rom. 10:14-15; 1 Cor. 9:16). A teologia do crescimento de igrejas não é
apenas compatível com o atributo da soberania de Deus, mas os métodos que emanam da
teologia obedecem ao Senhor soberano na difusão do evangelho de Jesus Cristo.

49
10
Cristologia e Crescimento de Igrejas
Cristologia é o estudo de Jesus Cristo. A definição de crescimento de igrejas dada no
capítulo 1 dizia que o crescimento de igrejas busca fazer discípulos da “Grande Comissão” (Mat.
28:19). Foi Cristo quem comandou a “Grande Comissão”. Por essa e por outras razões, a
doutrina de Cristo é uma doutrina central do Movimento de Crescimento de Igrejas. Muitas
afirmações básicas da Cristologia devem ser parte da mensagem de crescimento de igrejas.
Examinaremos os componentes necessários da mensagem em cada subtítulo.

Exclusividade da Salvação Através de Cristo


Jesus disse que “sobre esta pedra edificarei a minha igreja” (Mat. 16:18, ênfase
adicionada). O crescimento de igrejas está preocupado apenas com o crescimento da igreja de
Cristo. Qualquer sistema de crença que dê outras pretensões à igreja deve ser rejeitado. O
Acordo de Lausanne rejeita “como depreciativo a Cristo e ao evangelho todo tipo de sincretismo
e diálogo que implica que Cristo fala igualmente através de todas as religiões e ideologias.
Jesus Cristo, sendo ele mesmo o único Deus-homem, que se entregou como resgate dos
pecadores, é o único mediador entre Deus e o homem”. “Não há outro nome ... pelo qual
seremos salvos” (Atos 4:12). Jesus afirmaria que ninguém poderia ir ao Pai a não ser através
dEle (Cristo) (João 14:16).
Por causa da clara afirmação bíblica da exclusividade de salvação através de Cristo, o
crescimento de igrejas não pode ficar tentado a abrir a porta da salvação mais do que através
da Pessoa de Jesus Cristo. Em seu zelo pragmático, o movimento pode encontrar o crescimento
numérico mais fácil se uma definição mais ampla de salvação for oferecida. Muitos em nossa
sociedade atual estão ofendido por uma religião tão tacanha; mas qualquer crescimento que
não venha do estreito caminho de Cristo, não é crescimento de verdade.

Eternidade de Cristo
Aceitar a divindade de Cristo é aceitar a eternidade de Cristo. João se referia a Jesus
como “o Verbo”, e declarou a contínua existência de Cristo (João 1:1). Em outra passagem de
João, Jesus se refere ao Seu eterno estado declarando que “antes de Abraão nascer, Eu sou!”
(João 8:58). O escritor de Hebreus declarou que o trono de Cristo “durará para sempre e
sempre” (Heb. 1:8). Paulo, da mesma maneira, afirma a eternidade e pré-existência de Cristo
quando disse: “E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” (Col.
1:17).

O Cumprimento da Profecia
Como o Movimento de Crescimento de Igrejas busca cumprir a Grande Comissão, é
imperativo que a mensagem da pessoa de Cristo seja comunicada claramente. Quando C. H.
Dodd escreveu The Apostolic Preaching and Its Development (A Pregação Apostólica e Seu
Desenvolvimento), ele focou na palavra do Novo Testamento kerigma. Dodd enfatizou que
certas verdades cristológicas devem ser comunicadas sobre a Pessoa de Jesus Cristo. Embora o
kerigma, ou conteúdo da mensagem do evangelho, provalvelmente, não era tão rígida como
Dodd indicou, seu foco é válido a fim de que os entusiastas não percam o verdadeiro sentido do
evangelho. Entre essas verdades específicas a serem transmitidas sobre Cristo, Dodd,
consistentemente, identificou o cumprimento da profecia como uma doutrina cristológica
central.

50
O Antigo Testamento é repleto com passagens, detalhadas e específicas, apontando
para Cristo. No plano soberano de Deus, Ele determinou que o filho encarnado deveria ter um
nascimento, uma vida, um ministério e uma morte terrenos, e então ser levado à vitoriosa
ressurreição. No contexto da antiga aliança, Deus preparou Seu povo para o Messias.
A linhagem de Jesus, por exemplo, foi profetizada para incluir a linha de Abraão (Gen.
12:2), Judá (49:10) e Davi (2 Sam. 7:12-16). O primeiro capítulo descreve o cumprimento
dessa linhagem (cf. Mat. 1:1-2), assim como o nascimento de Cristo por uma virgem (Mat.
1:23) profetizado em Isaías 7:14. Até o local específico do nascimento de Jesus, Belém (cf. Mat.
2:6), é profetizado em Miquéias 5:2.
O triplo ofício de Cristo, Rei (Mat. 21:5), Profeta (Atos 3:22-23), e Sacerdote (Heb. 5:6-
10) é descrito com no Antigo Testamento com precisão (cf. Num. 24:17; Sal. 2:6; Deut. 18:15-
18; Sal. 110:4). O precursor de Jesus, João Batista (Mat. 3:3), é o cumprimento das profecias
em Isaías 40:3 e Malaquias 3:1.
Salmos 22:1 profetiza o pranto de Jesus na cruz, quando Ele levou sobre Si os pecados
do mundo (Mat. 27:46; Marc. 15:34). Salmos 22:7-8 descreve o escárnio que Cristo enfrentaria
estando na cruz (Mat. 27:39). Salmos 22:8 profetiza até as exatas palavras daqueles que
estavam ofendendo Jesus (Mat. 27:43).
A violenta morte de Jesus é profetizada em Salmos 22, que descreve perfuração das
mãos e dos pés (Sal. 22:16 cumprido em João 20:25) e indica que nenhum dos ossos de Jesus
seriam quebrados (Sal. 22:17 cumprido em João 19:33-36). Salmos 22:18 profetiza que os
soldados lançariam sorte sobre as roupas de Cristo (João 19:24). Salmos 22:24 profetiza a
oração de Jesus ao Pai, quando Sua morte se aproximava (Mat. 26:39; Heb. 5:7).
A desfiguração de Cristo está descrita em Isaías 52:14 e cumprida em João 19:1. A
dolorosa tortura e morte de Jesus está profetizada em Isaías 53:5 e se cumpre em João 19:1 e
19:18. Pedro aplica a esperança de Davi em Salmos 16:10 na ressurreição de Jesus (Atos 2:27-
28). E finalmente, Salmos 68:18 profetiza a ascensão e o fim da vida terrena de Jesus (Luc.
24:50-53; Atos 1:9-11).

Encarnação e Humanidade de Cristo


Outro componente essencial do kerigma, de acordo com Dodd, era que Jesus “nasceria
da semente de Davi”. Em outras palavras, o eterno Filho de Deus não era apenas divino, mas
levou sobre Si a natureza humana. “ O resultado é que Cristo permanece para sempre com sua
divindade imaculada, sendo assim, Ele tem eternidade anterior; mas Ele também possui
humanidade verdadeira e sem pecado em uma pessoas para sempre (cf. João 1:14; Fil. 2:7-8;
1 Tim. 3:6)”.
A doutrina da humanidade de Cristo é uma parte crítica da mensagem do evangelho
transmitida pelos proponentes do crescimento de igrejas. Apesar de Cristo não ter uma
natureza pecadora e caída, Ele era completamente humano, então Ele poderia morrer por nós
na cruz (cf. João 3:5; 4:2). Que o corpo de Cristo era dolorosamente humano ficou evidente
quando a tortura aconteceu (João 19:1), quando os pregos penetraram Seu corpo (João 19:18)
e quando sentiu sede na cruz (João 19:28).
Lucas focou a humanidade de Jesus nos primeiros capítulos de seu evangelho. Jesus
nasceu de uma mãe terrena, cresceu como uma criança, e desenvolveu em cada estágio de
vida (cf. Lucas 2:52). Mais exemplos da humanidade de Jesus são encontradas em Sua Fome
(Mat. 4:2), Seu cansaço (João 4:6), e Sua expressão de emoções humanas (Mat. 9:36; 23:37;
Luc. 19:14; João 11:34-35).

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O Nascimento Virginal
A doutrina do nascimento virgem faz uma ponte entre as doutrinas cristológicas
essenciais da humanidade de Cristo e a divindade de Cristo. Tanto Mateus como Lucas
enfatizam o papel do Espírito Santo na concepção de Maria. Jesus o homem nasceria de uma
mãe humana e um Pai divino (cf. Mat. 1:20; Luc. 1:35). Ainda que Cristo, como pessoa, exista
por toda a eternidade, a natureza humana de Cristo começou no momento da concepção de
Maria. A natureza humana de Cristo, ainda que sem pecado, experimentaria as limitações da
humanidade e sofrimento sacrificial por nossos pecados.

Divindade de Cristo
A grande heresia cristológica da história da igreja se centrou nas negações tanto da
humanidade quanto da divindade de Cristo. Ainda que o crescimento de igrejas continua a
buscar maneiras inovadoras para alcançar pessoas para Cristo, a mensagem essencial, de que
Cristo é totalmente humano e totalmente divino, deve ser transmitida de maneira clara. Os
docetistas do princípio da história da igreja negavam a humanidade de Cristo, enquanto
afirmavam a Sua divindade. Os ebionitas, ao contrário, negavam tanto o nascimento virgem
quanto a divindade de Cristo, mas enfatizava que Jesus era um profeta humano. Um legado
deixado para a teologia liberal de hoje é o ensinamento, em alguns círculos que negam a
divindade de Cristo. Enns diz, “um ataque à divindade de Cristo é o ataque ao fundamento do
cristianismo. No coração das crenças ortodoxas é o reconhecimento de que Cristo morreu uma
morte substituinte para dar a salvação a uma humanidade perdida. Se Jesus fosse apenas um
homem, ele não poderia morrer para salvar o mundo, mas por causa de sua divindade, sua
morte tem valor infinito por meio da qual ele pode morrer pelo mundo inteiro.”
Uma amostra das Escrituras demonstram, claramente, o ensinamento bíblico da
divindade de Cristo. Jesus é chamado de “Senhor e Deus” (João 20:28); “Salvador e Deus” (Tito
2:13); “Senhor” (Mat. 22:44; Rom. 10:9); e “Filho de Deus” (João 5:25). Além disso, a Bíblia
declara atributos e trabalhos de Cristo que só poderiam ser atribuídas a Deus. João 1:1 aponta
para a eternidade de Cristo. A promessa da habitação de Cristo em todos os crentes demonstra
onipresença (cf. Efe. 3:17; Col. 1:27). Jesus tem completo conhecimento do que estava
demonstrado, repetidamente, nas Escrituras. Seus discípulos se maravilharam com Sua
onisciência (João 16:30), e Jesus falou de se Seu completo conhecimento ao indicar Sua morte
(cf. Mat. 20:18-19; 26:1-2).
A divindade de Cristo também é afirmada por Sua onipotência (Mat. 28:15), Sua
imutabilidade (Heb. 13:8). Somente Ele, que é Deus, pode perdoar os pecados (Marc. 2:1-12) e
fazer milagres (cf. Mat.8:23-27; 9:18-20; 9:27-31; 14:15-21; 14:26; Luc. 5:1-11; João 2:1-11;
4:46-54; 5:1-18; 11:1-44). Jesus Cristo é totalmente Deus, e um dia, todas as pessoas
reconhecerão Sua divindade. O Acordode Lausanne afirma que “Jesus Cristo é exaltado acima
de qualquer outro nome; esperamos pelo dia quando todos os joelhos se dobrarão a Ele, e toda
língua confesse que Ele é o Senhor” (Fil. 2:9-11).

Morte de Cristo
O kerigma paulino, disse Dodd, incluia o elemento essencial de que Cristo “morreu de
acordo com as Escrituras, para nos livrar da era do mal”. Têm surgido um grande número de
teorias relacionadas à morte ou expiação de Cristo: a teoria do exemplo, a teoria comercial, a
teoria dramática, a teoria ética e a teoria do resgate. A ênfase no Novo Testamento, porém, é a
de que Cristo morreu como substituto pelos, e em favor, dos pecadores. Sua morte foi vicária,
ou em lugar de outro. As palavras de 1 Pedro 2:24 enfatiza a natureza substitutiva da morte de

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Cristo: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que,
mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.”
Verdades adicionais emergem como resultado da morte de Cristo. A idéia de que a
redenção é comprada com um preço (2 Cor. 6:20) demonstra o custo do trabalho de Cristo
para nos livrar da escravidão do pecado. (1 Cor. 7:23; Gal. 3:13; Gal. 4:5). A alegria da
reconciliação, a restauração da comunhão de Deus entre a humanidade e Ele mesmo, como
resultado da cruz (2 Cor. 5:18-20). A morte de Jesus também satisfez as exigências de um
Deus justo; isso normalmente é chamado de propiciação (cf. Rom. 3:25). Finalmente, acontece
a justificação na cruz. Deus, em Sua lei, declarou o pecador, que acredita em Cristo, justo
(Rom. 5:1).

Ressurreição de Cristo
Paulo declarou que a ressurreição era a doutrina central da fé cristã: “E, se Cristo não
ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1 Cor. 15:17). Em sua
comparação do kerigma Jerusalém (Atos 2:16) com o kerigma Paulino, Dodd enfatiza que
ambos contém o elememento essencial da ressurreição.
A ressurreição não apenas confirma a verdade da fé cristã, mas também demonstrou
que o trabalho da cruz estava completo e que muitas profecias do Antigo Testamento (e.g. Sal.
16:10) foram cumpridas por causa da ressurreição. A morte e ressurreição de Cristo também
foram parte do plano de Deus de mandar o Espírito Santo como Seu advogado na vida
daqueles que crêem.

A Ascensão de Cristo
Mesmo não sendo explícita em todas as mensagens do evangelho no Novo Testamento,
ela é um elemento importante na cristologia e a mensagem que o crescimento de igrejas deve
propagar. A ascensão de Cristo é encontrada em dois evangelhos: Marcos 16:19 e Lucas
24:51. Mais descrições da ascensão são encontradas em Atos 1:9, Efésios 4:8, Hebreus 4:14 e
1 Pedro 3:22.
A ascensão marca o fim do ministério de Cristo aqui na Terra e o início de Seu ministério
intercessório em Seu estado de glória. Por causa da ascensão, Cristo pode enviar o Espírito
Santo (João 16:17) para habitar entre aquele que crêem.

O Ministério Presente de Cristo


Sendo a Cabeça do corpo de Cristo (Col. 1:18), Cristo está, atualmente, construindo a
igreja e guiando-a. Ele é a fonte dos dons Espirituais que o Espírito Santo está administrando
(Efe. 4:8; 11:13) para a construção da igreja.
Cristo também intercede pelos crentes diante o Pai (Rom. 8:34; Heb. 7:25). Quando os
cristãos pecam, a comunhão com o Pai é quebrada. Cristo atua como nosso parakletos ou
advogado (1 João 2:1), para que nossa comunhão possa ser restaurada.

O Ministério Futuro de Cristo


O Acordo de Lausanne declara: “que Jesus Cristo retornará de forma pessoal e visível,
em poder e glória, para consumar sua salvação e julgamento. A promessa de Sua volta é
também um estímulo para nosso evangelismo, pois lembramos de Suas palavras de que o
evangelho deve ser pregado a todas as nações. Acreditamos que no ínterim, entre a ascensão
de Cristo e seu retorno, deve ser preenchido com a missão do povo de Deus, que não devem
parar antes do Fim”. A antecipação do retorno de Cristo (1 Cor. 15:51-58; 1 Tess. 4:13-18) é
mais um impulso para o crescimento de igrejas buscar a obediência à Grande Comissão, para

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que as pessoas sejam levadas a Cristo e se tornem discípulos antes que a oportunidade
evangélica não esteja mais disponível.

A Importância da Cristologia para o Crescimento de Igrejas


Vamos examinar alguns dos componentes da teologia do crescimento de igrejas, para
vermos a grande importância da cristologia.

A Teologia do Crescimento de Igrejas e as Verdades da Cristologia


1. Deus criou os seres humanas a Sua imagem (Gen. 1:26-27). Verdade
cristológica: em Sua eternidade (João 1:1), Jesus Cristo era a segunda Pessoa do Deus Triuno
que criou os humanos.
2. Os humanos caíram em pecado (Gen. 3). Verdade cristológica:
comoconseqüência do pecado, o julgamento caiu sobre a criação (Rom. 8:19-21) e a
humanidade (Rom. 5:12). Um perfeito reconciliador era necessário para pagar o preço do
pecado. Esse reconciliador é, com certeza, Jesus Cristo.
3. Deus se tornou um homem para dar a salvação ao mundo (Mat. 1:20; Luc.
1:35). Verdade cristológica: Jesus Cristo tomou sobre Si a natureza humana por causa da
humanidade pecaminosa.
4. O único Filho de Deus morreu na cruz para redimir (comprar) os pecados da
humanidade (1 Cor. 6:20). Verdade cristlógica: Cristo foi o substituto do mundo na cruz (1
Pedro 2:24).
5. Porque Ele, que era o sacrifício perfeito, ressucitou dos mortos, a vitória sobre a
morte pela humanidade foi possível. Verdade cristológica: Jesus Cristo ressucitou dos mortos
para tirar os pecados da humanidade e para dar a vitória sobre a morte (1 Cor. 15:56-57).
6. A salvação é acessível apenas através de Cristo e Seu sacrifício. Ninguém vai ao
Pai a não ser através de Cristo. Verdade cristológica: Jesus Cristo é o único caminho para a
salvação (João 14:6).
7. Compartilhar a mensagem da salvação, exclusivamente, através de Cristo é um
comando dado por Jesus. Verdade cristológica: Jesus mandou que Seus seguidores fizessem
discípulos em todas as nações (Mat. 28:19). Esse é a máxima do crescimento de igrejas.
8. Cristo voltará para estabelecer Seu reino. Verdade cristológica: a tarefa do
crescimento de igrejas e evangelismo é cada vez mais urgente para antecipar o retorno de
Cristo (1 Tess. 5:4-10).

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11
Pneumatologia e Crescimento de Igrejas

Pneumatologia é o estudo do Espírito Santo. A palavra tem origem na palavra grega


pneuma, que significa espírito. O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade. Obviamente,
não é preciso dizer, que pneumatologia é um componente de grande importância para o nosso
entendimento da teologia do crescimento de igrejas.

A Pessoa do Espírito Santo


Por razões muito extensas para discutir nessa visão geral, a terceira Pessoa da Trindade
é, às vezes, é entendida como um “isso” ao invés de “ele”. Uma das heresias mais antigas da
igreja cristã foi a negação da personificação do Espírito Santo. Arius, que foi condenado no
Conselho de Nicéia em 325 d.C., descreveu o Espírito Santo como uma força ou influência que
emana de Deus, o Pai. Ensinos dos dias modernos das Testemunhas de Jeová e do Unitarismo
trazem a influência de Arius para o século XXI.
A Bíblia é repleta com ensinamentos que confirmam a personificação do Espírito Santo.
Ele toma decisões, exercendo Sua vontade no povo de Deus. Paulo e seus companheiros
tentaram entrar em Bitínia, “mas o Espírito não lho permitiu” (Atos 16:7). O Espírito Santo, de
acordo com Efésios 4:30, é sofre com as ações orgulhosas dos fiéis. Além disso, o Espírito
Santo é uma Pessoa sábia, entendendo a mente de Deus (1 Cor. 2:11). Assim o Espírito Santo
demonstra personalidade em Seus atributos de vontade, emoções e sabedoria.
As ações do Espírito Santo também mostram as características de uma pessoa. O
Espírito ensina (João 14:26), testifica (João 15:26) e guia (João 16:13). Ele realiza algumas
ações que demonstram uma personalidade divina. O Espírito Santo condena (Gg. elegcho) ou
age como um promotor divino; nos regenera e dá nova vida (Tito 3:5); intercede em favor do
fiél (Rom. 8:26); e nos dá comandos (Atos 13:2).

O Ministério do Espírito Santo


O Espírito Santo realizou e continua realizando ministérios únicos em Seu lugar na
Divindade. Já no segundo versículo da Bíblia (Gn. 1:2), vemos o Espírito de Deus involvido no
trabalho da criação. Esse trabalho, junto com muitos outros, demonstram a divindade do
Espírito Santo.
O Espírito se envolveu em dois eventos históricos únicos que foram fundamentais para a
fé cristã. No nascimento de Jesus Cristo, Maria “achou-se ter concebido do Espírito Santo” (Mat.
1:18). O Verbo vivo (João 1:1), Jesus, foi trazido à concepção humana através ofuscação de
Maria pelo Espírito Santo. Ele supervisionou os escritores, humanos, das Escrituras para manter
a perfeição da Bíblia, sem erros e inspirada por Deus (2 Ped. 1:21).
O ministério do Espírito Santo inclui Seu batismo que une os crentes com Cristo e com
outros crentes (1 Cor. 12:13). O Movimento de Crescimento de Igrejas foca na união de todos
os crentes no corpo de Cristo. O impulso evangelístico da prática de crescimento de igrejas
nunca está completo até que uma pessoa demonstre uma participação responsável no corpo de
Cristo. Enquanto o crescimento de igrejas reconhece que o Espírito Santo habita em cristãos
carnais (1 Cor. 6:19), o movimento, no entanto, admite a perdição de uma pessoa até que um
comportamento frutífero seja evidente no corpo.
A discussão leva a outro evidente ministério do Espírito Santo, que o habitar em todos
os fiéis. Esse habitar é um dom daqueles que têm fé em Cristo (João 7:37-39). Um dom

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irrevogável ou permanente (João 14:16) concedida na salvação (Efe. 1:13). Qualquer um que
não possua o Espírito Santo é incrédulo (Rom. 8:9).
Algumas passagens do Novo Testamento (cf. 2 Cor. 1:22; Efe. 1:13) se referem ao
selamento como Espírito Santo, o que demonstra a propriedade de Deus sobre o crente.
Novamente, essa ação ou ministério do Espírito Santo ao invés de algo feito pelo crente. O selo
nos é concedido (2 Cor. 1:22) como sinal de propriedade e segurança; não foi algo ganho ou
merecido.
Outro aspecto do ministério do Espírito Santo, que tem sido objeto de muitas discussões
do crescimento de igrejas, é sobre os dons do Espírito Santo. Por causa de sua ênfase na
literatura de cresciemento de igrejas, examinaremos esse aspecto na próxima seção.

Dons do Espírito Santo


O Movimento de Crescimento de Igrejas tem focado, extensivamente, nos dons do
Espírito Santo por causa da relação deles com a separação de toda a laicidade pelo ministério.
Se os cristãos descobrissem seus dons espirituais, e os usasse para a edificação do corpo de
Cristo (1 Cor. 12:1), então a igreja cresceria naturalmente. C. Peter Wagner coloca dessa
maneira: “Não acho que exista qualquer dimensão da vida cristã que una com mais eficácia, os
ensinamentos das Escrituras com as atividades do dia-a-dia do povo de Deus, que os dons
Espirituais.” Wagner então explica que a relação dos dons com o crescimento de igrejas: “É
com seus dons espirituais que o povo de Deus pode ministrar. Então, se um pastor está
liderando um crescimento de igreja, um dos alvos essenciais da liderança é ter certeza de que
cada membro da igreja descubra, desenvolva e use seus dons espirituais.”
Dons esprituais são dons da graça concendidos ao crente pelo Espírito Santo. Eles são
“uma doação divina de uma habilidade de serviço especial a um membro do corpo de Cristo”. O
debate continua sobre a dádiva e manifestação sobre, o que alguns chamam de, “dons de
sinais”. Teólogos Dispensacionalistas, geralmente, consideram os dons de profecia, operação de
milagres, cura, línguas, interpretação de línguas, discernimento de espíritos e sabedoria são
dons concedidos e manifestados somente durante a era apostólica. Citando as palavras de
Paulo de que “quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado” (1 Cor.
13:10) e Paulo profetiza que profecias, línguas e conhecimento passarão (1 Cor. 13:8),
dispensacionalistas concluem que “porque a fundação da igreja foi estabelecida e o cânone das
Escrituras está completo [i.e. “perfeição” chegou] não há necessidade de dons.”
Alguns defensores do crescimento de igrejas se encaixariam melhor em uma categoria
melhor descrita como “dispensacionalistas práticos”. Enquanto a teologia deles pode não
concordar com a hermenêutica dispensacionalista de 1 Coríntios 13:8-10, seus escritos e prática
deixam pouco ou nenhum espaço para os “dons de sinais” mencionados no parágrafo anterior.
Um terceiro grupo de seguidores do crescimento de igrejas não declaram a dádiva e a
manifestação de todos os dons, mas também defendem que tais dons podem se manifestar em
regularmente em suas igrejas. De fato, profecia, línguas, operação de milagres, cura,
interpretação de línguas, discernimento de espíritos e sabedoria podem estar no centro da
adoração e da vida de suas igrejas. Esse grupo é geralmente chamado de ala “sinais e
prodígios” do Movimento de Crescimento de Igrejas. Esse debate e controvérsia serão
examinados no capítulo 30.
Percebendo que os teólogos podem diferir quanto ao número de dons espirituais, os
seguintes dons são os dezenove mencionados em grande parte da literatura sobre dons
espirituais. Esses dons são concedidos aos indivíduos (1 Cor. 12:11) para a edificação de toda
igreja (Efe. 4:12).

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Apostolado. A palavra apóstolo vem de duas palavras do grego: apo, que significa
“de”, e stello, que significa “enviar”. Apóstolo, portanto, é aquele que “é enviado de”. No
capítulo 21 examinaremos o tremendo impacto da “plantação” de igrejas no crescimento de
igrejas. Deus pode estar enviando cristãos com o dom do apostolado para começar novos
trabalhos. O dom do apostolado é mencionado duas vezes, ambas por Paulo, em 1 Coríntios
12:28 e Efésios 4:11. O dom do apostolado é diferente de do ofício de apóstolo.
Profecia. O dom da profecia é mencionado em três cartas de Paulo: Romanos 12:6, 1
Coríntios 12:10 e Efésios 4:11. Um profeta nas Escrituras recebeu uma revelação direta de
Deus e é dada aos seus amigos. A profecia pode ser sobre o futuro, ou pode ser uma palavra
de edificação, instrução, encorajamento, ou conforto para o presente (cf. 1 Cor. 14:3). Já que
revelação direta de Deus nas Escrituras, poderia parecer que os que possuem o dom da
profecia, nos dias de hoje, aplicariam as verdades bíblicas na sociedade contemporânea.
Operação de milagres. O dom de operar milagres (1Cor.12:10,28) parece ser um
dom usado para validar a mensagem do evangelho. É um dom mais amplo que o dom de cura.
A operação de milagres por pessoas na Bíblia, geralmente, descrita em conjunção com a frase
“sinais e prodígios” (cf. Atos 5:12). Freqüentemente, por causa dos milagres, muitas pessoas
acreditaram no Senhor (cf. Atos 5:14). Tal é a ênfase atual no movimento sinais-e-prodígios,
que vamos examina-lo no último capítulo.
Cura. O dom da cura (1 Cor. 12:9,28,30) serviu ao mesmo propósito bíblico do dom de
operar milagres, para validar a mensagem do evangelho e mostrar o Salvador. Provavelmente,
é dom mais proeminente do movimento sinais-e-prodígios.
Línguas. Outro dom validador nas Escrituras é o de línguas (1 Cor. 12:10). Paulo
declarou que ele falou em línguas (1 Cor. 14:18), mas considerado como dom inferior (1 Cor.
12:28). Todavia, disse Paulo, línguas são um “sinal” para os incrédulos (1 Cor. 14:22) para que
muitos fossem levados para Cristo.
Interpretação de línguas. Acompanhando o dom de línguas é necessário o dom da
interpretação. A adoração deve ser ordeira, declarou Paulo. Alguém deve interpretar qualquer
língua que seja falada (1 Cor. 14:28-29). O dom da interpretação (1 Cor. 12:30), então, só
pode ser exercido lado a lado com o dom de línguas.
Distinção de espíritos. A pessoa que tem o dom de distinguir espíritos (1 Cor. 12:10)
tem a habilidade, dada por Deus, para determinar se algo ou alguém é de Cristo ou não. A
exortação de João para “testar os espíritos” (1 João 4:1) obviamente tem relação aqui. Os que
possuem esse dom teriam extraordinária habilidade de discernir se um espírito de Deus ou é
um espírito do anticristo (1 João 4:3).
Conhecimento. O dom da sabedoria (1 Cor. 12:8) é a revelação sobrenatural de
algumas verdades. Muitos no movimento sinais-e-prodígios vêem esse dom exercido através de
“palavras de sabedoria” vindas direto de Deus.
Evangelismo. Já que a todos os crentes é dada a ordem evagelizar (2 Tim. 4:5), esse
dom (Efe. 4:11) muito provavelmente dá a alguns fiéis a habilidade única de proclamar as boas
novas para que pessoas correspondem em conversão e discipulado. Os que possuem o dom do
evangelismo teram a responsabilidade pelos perdidos, a habilidade de apresentar a Deus com
clareza e a alegria de ver as pessoas irem a Cristo. Wagner estima que um em cada dez
cristãos possuam o dom do evangelista, mas todos deveriam se envolver em obedecer o
comando de cumprir a Grande Comissão (Mat. 28:19-20).
Pastor-Professor. Aquele que tem o dom de pastor-professor (Efe. 4:11) exercita esse
dom tendo consideração e instruindo um grupo de cristãos. A palavra “pastor” vem do grego
poimenas que literalmente significa pastor. A palavra não é apenas usada para se referir ao

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dom, mas também é usada para se referir a Cristo como pastor da igreja toda (João
10:11,14,16; Heb. 13:20; 1 Ped. 2:25).
Professor. “Esse dom é evidenciado, claramente, na pessoa que tem a habilidade de
tomar profundas verdades bíblica e teológica e comunica-las de maneira lúcida, para que
pessoas comuns possam, rapidamente, compreende-las. Esse é o dom de ensinar. O dom foi,
consideravelmente, enfatizado nas igrejas locais no Novo Testamento pela importância de
trazer os fiéis à maturidade (cf. Atos 2:42; 4:2; 5:42; 11:26; 13:1; 15:35; 18:11, etc). O dom
de ensinar é encontrado em Romanos 12:7 e 1 Coríntios 12:28.
Serviço. Uma das palavras mais comuns no Novo Testamento é “serviço” (diakonia).
Enquanto a palavra se refere à preocupação pela necessidade dos outros em geral, também é
um dom evidenciado por aqueles que tem um extraordinário encargo de colocar os outros antes
de si mesmo (Rom. 12:7). A natureza da palavra indica um papel de subserviência voluntária.
Ajudas. Por essa palavra (grego antilempsis) ter um significado muito similar com
serviço , alguns vêem esses dois dons como idênticos. Ao mesmo tempo que existem
similaridades, o dom de serviço tem seu foco naqueles auxílios que necessitam de uma posição
de subserviência. Ajudas (1 Cor. 12:28), então, teriam um âmbito mais amplo. Sei de um
homem em minha igreja que, definitivamente, tem o dom de ajuda. Ele, constantemente, está
cuidado paraque as necessidades dos outros sejam eliminadas mas, por ser uma pessoa muito
ocupada, ele não pode ajudar pessoalmente. Aqueles que ele consegue para ajudar aos outros
pessoalmente, possuem o dom do serviço.
Fé. Como muitos outros dons, o dom da fé (1 Cor. 12:9) é uma extraordinária medida
de algo que todos os cristãos deveriam exercitar. Todos os fiéis têm fé salvadora (Efe. 2:8);
todos os fiéis deveriam ter uma caminhada diária de fé; mas apenas aqueles fiéis com o dom
da fé tem a capacidade de ver a possibilidade de Deus em uma situação aparentemente
impossível.
Exortação. A pessoa com o dom da exortação (Rom. 12:8) tem a habilidade incomum
de afetar a vontade de uma pessoa com a vontade de Deus. O dom é manifestado quando
alguém estimula outros a tomarem uma decisão específica ou consolar alguém que passou por
dificuldades.
Misericórdia. Como nossa igreja ajudou fiéis a descobrirem seus dons espirituais ,
temos visto significante crescimento pois nossos membros têm exercitado o dom da
misericórdia (Rom. 12:8). Demonstrar misericórdia é um ministério grandemente necessário no
corpo, especialmente nos dias de hoje. O número de pessoas feridas, doentes e com problemas
parece estar crescendo diariamente. As boas novas para os que possuem o dom da misericórdia
é que o ministério deles é o da alegria apesar das circunstâncias tristes em que se encontram.
Administração/liderança. Mesmo sendo palavras diferentes no Novo Testamento,
administração (grego kubernesis, 1 Cor. 12:28) e liderança (grego prohistimi, Rom. 12:8) são
sinônimas. Os que lideram pessoas com eficácia e organização exercem o dom da
administração ou liderança.
Generosidade. Generosidade aparece como outro dom “subconjunto”, assim como
cura é com milagres e serviço é com ajuda. O dom da generosidade (Rom. 12:8) é uma
específica função do dom da fé. Os que dão além daquilo que outros pensam ser possível,
possuem os olhos da fé ao compartilhar seus bens materiais com outros. Generosidade e fé não
são sinônimos. O que tem o dom da generosidade pode não ter o dom da fé além desse
âmbito; e o que tem o dom da fé pode manifesta-lo de outras maneiras.
Sabedoria. O dom da sabedoria (1 Cor. 12:8) é um dom sobrenatural do entendimento
que unifica o corpo de Cristo. Uma pessoa com esse dom pode ver o desígnio de Deus em uma

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situação que está além do entendimento de outros fiéis. Paulo mostrou esse dom ao buscar a
união da igreja de Coríntios (1 Cor. 2:6).

Enchendo-se do Espírito
O apóstolo Paulo escreveu à igreja de Éfeso: “E não vos embriagueis com vinho, em que
há contenda, mas enchei-vos do Espírito”(Efe. 5:8). O verbo é, primeiro, um comando a todos
os fiéis. Colocado de maneira simples, estamos aqui para sermos preenchidos (grego
plerousthe) ou controlados pelo Espírito através de uma submissão diária a Ele com a confissão
regular dos pecados (1 João 1:9). Segundo, é uma continuidade, um evento repetido. Não
somos preenchidos pelo Espírito em um evento único; ao invés disso, em nossa submissão
diária a Cristo e morrendo para o pecado, permitimos que o Espírito Santo nos preencha
novamente.
As implicações de se encher com o Espírito Santo pelo crescimento de igrejas são
muitas. Os que estiverem cheios do Espírito manifestarão os frutos do Espírito: amor, gozo,
paz, longanimidade, benignidade, fé, mansidão e temperança (Gal. 5:22-23). Sendo frutíferos
levaremos pessoas a Cristo e, assim como as pessoas da igreja primitiva, fiéis “apreciarão” o
favor de todo o povo (Atos 2:47). Quando os cristãos estão cheios do Espírito, o
comportamento se torna exemplar, as igrejas se unificam e toda a exaltação contagia a todos.
Não é de se admirar que na igreja de Jerusalém, “E todos os dias acrescentava o Senhor à
igreja aqueles que se haviam de salvar” (Atos 2:47).
Além disso, cristãos que estão cheios do Espírito são cristãos obedientes. Todos os
imperativos das Escrituras são um oportundade jubilosa. Fazer discípulos (Mat. 28:19) se torna
um estilo de vida, quando muitos são ganhos para Cristo e a igreja cresce diariamente.

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12
Angelologia e Crescimento de Igrejas

Tanto no Antigo Testamento quanto Novo Testamento, a palavra “anjo” significa


“mensageiro”. A palavra hebraica malak refere-se tanto a mensageiros angelical quanto
mensageiros humano. No Novo Testamento, porém, a palavra angelos refere-se, quase
exclusivamente, a criaturas celestiais que ocupam terra e céu.
Há uma década atrás, angelologia e crescimento de igrejas mal poderiam ser discutidos
juntos. Hoje, porém, a literatura de crescimento de igrejas sobre guerra espiritual, anjos não-
caídos, anjos caídos (demônios) e Satanás está crescendo mensalmente. C. Peter Wagner, mais
uma vez, está na vanguarda desse movimento. Mesmo com algumas pessoas não estando
totalmente de acordo com alguns dogmas da angelologia do crescimento de igrejas, o
movimento não pode mais ser entendido como um instrumento de planos e cálculos divinos.
Angelologia, com certeza, refere-se ao estudo dos anjos. Primeiramente, examinaremos
os anjos não-caídos, seguido dos demônios ou anjos caídos e concluir com um estudo do anjo
caído chefe, Satanás.

Anjos e o Crescimento de Igrejas


Trinta e quatro dos sessenta e seis livros da Bíblia fazem referência a anjos. Pelo
comando de Deus, os anjos foram criados (Sal. 148:2-5) como seres com o propósito primário
de servir a Cristo (Col. 1:16). Apesar de, agora, os anjos estarem em uma ordem mais alta que
a humanidade (Heb. 2:7), no fim dos tempos, a humanidade será exaltada acima dos anjos (1
Cor. 6:3).
Esses milhares de anjos (Heb. 12:22) aparentemente estão classificados em algum tipo
de ordem. Efésios 6:12 parece dar uma classificação dos anjos maus, enquanto no versículo do
livro de Judas se refere ao anjo não caído Miguel como um arcanjo. Daniel 10:13 também fala
de “príncipes chefe”, e Efésios 3:10 menciona “principados e potestades nas regiões celestes”.
Além desses, o querubim (Gen. 3:24; Ez. 1) e serafim (Isa. 6:2-3) parecem manter uma
posição como atendentes e doadores de louvor a Deus.
Enquanto alguns anjos como os querubis e serafins têm um ministério para Deus, outros
anjos tiveram e terão um ministério para Cristo. Anjos ministraram para Cristo em Seu
nascimento (Luc. 1:26-38), em Sua infância (Mat. 2:13), em Sua tentação (Mat. 4:11), em Suas
necessidades emocionais (Lucas 22:43), em Sua ressurreição (Mat. 28:5-7; Marc. 16:6-7; Luc.
24:4-7; João 20:12-13) e em Sua ascensão (Atos 1:10). Anjos também acompharão Jesus em
Sua segunda vinda (Mat. 25:31).
Os anjos têm uma função no crescimento de igrejas? Há alguma relação entre a
atividade dos anjos e a expansão do reino de Deus quando pessoas aceitam a Cristo e se
tornam discípulos na igreja? A Epístola aos Hebreus diz que todos os anjos ministram aos fiéis:
“Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles
que hão de herdar a salvação?” (Heb. 1:14). Já que são diretamente responsáveis pelos fiéis
enquanto eles buscam cumprir a Grande Comissão de Cristo, devemos concluir que os “espíritos
ministradores” têm uma função no crescimento de igrejas.
As responsabilidades de ministério e de guarda dos anjos incluem proteção física (e.g.
Sal. 34:7; Atos 5:19; 12:7-11) e provisão física (1 Reis 19:5-7). Na ocasião da libertação do
Pedro da prisão (Atos 12:7-11), a igreja estava orando pela libertação de Pedro (Atos 12:5).
Deus enviou um anjo para respoder à oração e para ser um instrumento para a liberdade do

60
apóstolo. Com que freqüência, talvez desconhecida dos fiéis, os anjos se tornam instrumentos
de Deus para responder nossas orações, inclusive para o cumprimento da Grande Comissão?
Anjos também podem ministrar aos fiéis pelo encorajamento (Atos 10:3-6). Em muitas
dessas ações, então, é possível que o ministério dos anjos encorajem fiéis a uma obediência
mais dinâmica para fazer discípulos?
A literatura de crescimento de igrejas agora incluem a guerra espiritual, que é tão
claramente discutida nas Escrituras (e.g. Efe. 6:10-18). O foco da literatura de crescimento de
igrejas até agora tem sido nos anjoa caídos (o qual veremos no parágrafo a seguir). A relação
entre crescimento de igrejas e anjos não-caídos está pronto para discussão nos ano que se
seguem.

Anjos Caídos (Demônios) e Crescimento de Igrejas


Anjos caídos, também chamados de demônios, provavelmente seguiram Lúcifer ou
Satanás em sua rebelião contra Deus. Satanás às vezes é chamado de dragão; Apocalipse 12:7
fala do “o dragão e os seus anjos”. Jesus mesmo fala de anjos caídos e seu líder como “o diabo
e seus anjos” (Mat. 25:41).
Por causa da atividade demoníaca é predominante em muito das Escrituras, podemos
conjeturar que muitos demônios têm muita liberdade, e que essa liberdade continuará até que
todas as criaturas rebeladas sejam jogadas no lago de fogo (Apoc. 20:15). Alguns demônios,
porém, estão restritos ou retido das atividades, presumivelmente por causa da enormidade de
seus pecados ou seu poder para infligir estragos (Luc. 8:31; 2 Ped. 2:4; Apoc. 9:2). Alguns
estudiosos acreditam que Apocalipse 9:3-11 descreve a libertação desses mais horrendos
demônios durante a grande tribulação.
Demônios são da mesma constituição de sua contraparte, os anjos não-caídos. Eles são
criaturas espirituais (Mat. 8:16; Luc. 10:17) que são limitadas em poder e inteligência. Apenas
Deus é onipresente, onisciente e onipotente. Apesar de os demônios terem grande poder, eles
não podem ser como Deus, nem fazer as obras de Deus (João 10:21).
As atividades dos demônios podem ser prejudicial ao crescimento de igrejas. O
Movimento de Crescimento de Igrejas, liderado por C. Peter Wagner, recentemente, tem
publicado vários trabalhos, que focam essa guerra espiritual como o maior tópico do
crescimento de igrejas. Esse foco representa uma mudança significativa para um movimento
freqüentemente acusado de ser excessivamente humano e metódico.
O que, então, os demônios podem fazer para inibir o crescimento da igreja? Eles podem
enganar tanto os crentes como os incrédulos. Os incrédulos podem ser ludibriados e enganados
e não receberem o dom da salvação através de Jesus Cristo: “o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, que é a imagem de Deus” (2 Cor. 4:4). Um crente também pode ser distraído da
obediência à Grande Comissão e à devoção sincera a Deus (2 Cor. 11:3). O apóstolo Paulo,
preocupado que a igreja de Tessalônica tivesse perdido o zêlo por espalhar o evangelho,
escreveu que as pessoas deveriam estar cientes do desencorajamento demôniaco: “Portanto,
não podendo eu também esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo que o tentador
vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inútil” (1 Tess. 3:5).
Às vezes, os demônios irão além de meramente influenciar pessoas, invadindo ou
possuindo alguém. Possessão demoníaca é comum nos evangelhos e em Atos (cf. Mat. 4:24;
8:16, 28, 33; 12:22; 15:22; Marc.1:32; 5:15, 16, 18; Luc. 8:36; João 10:21; Atos 19:13-16). O
papel do demônios, seja influência ou possessão, é manter os incrédulos longe da salvação de
Cristo e fazer com que crentes ineficentes se desviem de sua busca por uma obediência a
Cristo.

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Satanás e o Crescimento de Igrejas
O líder dos anjos caídos é Satanás, também conhecido por um grande número de outros
nomes (veja tabela). Enns, em Moody Handbook of Theology (Guia Moody de Teologia), diz “A
evidência no Novo Testamento da existência de Satanás é extensa. Todos os escritores e
dezenove dos livros do Novo Testamento fazem referência a ele (cf. Mat. 4:10; 12:26; Mar.
1:13; 3:23, 26; 4:15; Luc. 11:18; 22:3; João 13:27, etc). Cristo mesmo faz referência a Satanás
vinte e sete vezes. O fato da existência de Satanás encontra apoio na veracidade das palavras
de Cristo.”
As características dos demônios descritas anteriomente se aplicariam a Satanás.
Pareceria, porém, que Satanás manifestaria o maior poder, a maior decepção e o maior mal.
Qualquer atividade demoníaca de Satanás teria a maior intensidade. Até sua queda, Satanás
era o mais notável dos anjos: “Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em
formosura ... Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se
achou iniqüidade em ti” (Eze. 28:12, 15).
Satanás, então, lidera suas hordes demoníacas para se oporem à igreja e frustrar seu
crescimento. Qualquer verdadeira estratégia de crescimento de igrejas deve estar ciente das
batalhas espirituais que acontecem.

NOMES DE SATANÁS
Nome Significado Citação
Satanás Adversário Mateus 4:10
Diabo Caluniador Mateus 4:1
O Mal Intrinsecamente Mal João 17:15
Grande Dragão Vermelho Criatura Destrutiva Apocalipse 12:3, 7, 9
Antiga Serpente Enganador Do Éden Apocalipse 12:9
Abadom Destruição Apocalipse 9:11
Apoliom Destruidor Apocalipse 9:11
Adversário Oponente 1 Pedro 5:8
Principe dos demônios
Belzebu Mateus 12:24
(Baalzebul)
Belial Indigno (Beliar) 2 Coríntios 6:15
Controla A Filosofia Do
Deus Deste século 2 Coríntios 4:4
Mundo
Governa O Sistema Do
Príncipe Deste Mundo João 12:31
Mundo
Princípe Das Potestades Do
Controle Dos Incrédulos Efésios 2:2
Ar
Inimigo Oponente Mateus 13:28
Tentador Instiga As Pessoas À Pecar Mateus 4:3
Leva As Pessoas Para A
Assassino João 8:44
Morte Eterna
Mentiroso Perverte A Verdade João 8:44
Acusa Os Crentes Ante
Acusador Apocalipse 12:10
Deus

O Crescimento de Igrejas e a Batalha Espiritual


O Movimento de Crescimento de Igrejas pode já ter sido descrito como uma análise
sociológica, um estudo demográfico, uma inovação metodológico, um contextualização
teológica, um guia de liderança e uma aplicação estratégica. Porém, C. Peter Wagner
reconheceu a deficiência dessas ferramentas se usadas sozinhas: “Agora que essas peças estão
no lugar, como nunca estiveram antes, elas parecem para muitos como um foguete na

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plataforma de lançamento, pronto para nos levar a novas dimensões de eficácia no avanço do
reino de Deus”. Ainda assim, Wagner percebe que o crescimento de igrejas deve ser mais que
metodologias criadas pelo homem: “Mas ao mesmo tempo tem havido uma crescente
consiência de que o foguete, por si só, com toda sua tecnologia, não vai a lugar nenhum sem
combustível.
O “combustível” é o Espírito Santo e a batalha é espiritual. “Porque não temos que lutar
contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os
príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares
celestiais” (Efe. 5:12). Com essa perspectica em mente, diz Wagner, as estratégias de
crescimento de igreja são vistas sob uma luz diferente. “Se a real batalha pelo avanço do reino
de Deus é espiritual, precisamos aprender o máximo que pudermos sobre a regras da guerra,
os planos de batalha, a natureza de nosso inimigo, os recursos à nossa disposição e as
melhores táticas para empregarmos tais recursos.”
Paulo nos dá um esboço dessas táticas de guerra em Efésios 6. Ele chama essas táticas
de “a completa armadura de Deus” (Efe. 6:13). A armadura completa inclui, primeiramente,
um estilo de vida obediente e devota (“justiça... preparação... fé”, Efe. 5:14-16). Segundo,
significa um conhecimento de, compromisso com, e obediência a Palavra de Deus (“...a espada
do Espírito, que é a palavra de Deus”, Efe. 6:17). Finalmente, a armadura completa inclui a
oração (Efe.6:18). Examinaremos mais detalhadamente oração e crescimento de igrejas no
capítulo 18. Oração pode ser a chave para abrir a porta para um crescimento de igreja mundial
como nunca visto antes.

63
13
Antropologia, Harmatiologia e Crescimento de Igrejas
Duas linhas bem próximas da teologia são a antroplogia e hamartiologia. Antropologia
vem da palavra grega anthropos, que significa “homem”. Hamartiologia tem sua origem na
palavra grega hamartia, substantivo para pecado. Discutiremos a queda e o pecado da
humanidade ao estudar os dois campos da antropologia e hamartiologia.

Crescimento de Igrejas e Antropologia


O princípio do estudo da humanidade deve fazer a pergunta da origem humana. Não-
cristãs, particularmente aqueles que têm um ponto de vista teísta, normalmente vêem a origem
dos humanos como evolucionária. A evolução ateísta nega qualquer envolvimento sobrenatural
na criação do homem e da mulher. Alguns teístas acreditam em uma evolução da humanidade
que permite a supervisão de Deus no processo gradual de criação.
Criacionismo progressivo, às vezes chamado de teoria do dia-era, afirma que os dias da
criação não são dias literais, de vinte e quatro horas, mas eras. Outra teoria da criação, a teoria
do intervalo, permite um longo período de criação ao colocar um período de tempo entre
Gênesis 1:1 e 1:2. O problema com essas teorias é que elas são, no máximo, um argumento
do silêncio bíblico. Um crescente número de estudiosos bíblicos de fato acredita que as teorias
“não se montam na exegese, mas ao invés disso (são) uma tentativa de conciliar a Bíblia com
a ciência.”
Criação Fiat é a visão de que Deus criou em dias literais de vinte e quatro horas. Essa
perspectiva vê a criação como instantanêa. Rejeita qualquer forma de evolução humana, já que
a evolução negaria a singularidade do homem e mulher a imagem de Deus (Gen. 1:26).
Crescimento de Igrejas e antropologia se cruzam quando as Escrituras falam da queda
(Gen.3). Adão e Eva eram pessoas sem pecado, criadas em perfeita comunhão com Deus. Eles
tinham completa liberdade no jardim, exceto pela proibição de comer da árvore do
conhecimento do bem e do mal (Gen. 3:17-19). O resultado da desobediência de Adão e Eva foi
julgamento não apenas sobre a mulher (Gen. 3:16), o homem (Gen. 3:17-19) e toda a criação
(Gen. 3:17-18), mas também julgamento sobre toda a raça humana (Rom. 5:12). Contrário a
mentira da serpente de que Adão e Eva não morreriam, desobediência e pecado de fato
subjugou toda a humanidade a morta.
O crescimento de Igrejas foca na reconciliação entre Deus e o homem. O esforço
humano de espalhar as boas novas de Cristo, de que Ele pode vencer o pecado e a morte, é
chamado de evangelismo. Os esforços do evangelismo e o processo de fazer discípulos
frutíferos de novos conversos que podem espalhar as boas novas é prioridade do crescimento
de igrejas.

Crescimento de Igrejas e Hamartiologia

Hamartiologia, ou a doutrina do pecado, é uma doutrina crucial da teologia em geral e


do crescimento de igrejas em particular. Pecado é a desobediência às leis de Deus que, a
menos que sejam perdoados, criam um abismo irreconciliável entre Deus e a humanidade. A
natureza de Deus, que é amor, grita por reconciliação de Deus e a humanidade através do
perdão de seus pecados. Deus tornou esse perdão possível através de Seu amor ao enviar Seu
Filho Jesus Cristo (João 3:16).

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O grego hamartia significa literalmente “perdendo a marca”. Essa palavra familiar é de
longe a mais usada para pecado no Novo Testamento, com quase trezentas ocorrências. O
conceito de hamartia do Novo Testamento não é de um mero engano, mas uma ação
consciente, condenável e deliberada. O pecado é sempre contra Deus já que é o Seu padrão de
retidão que falhamos em alcançar.
Millard Erickson nota três desejos humanos naturais “que, mesmo sendo bons neles e
deles mesmos, são áreas de pontencial tentação e pecado”. O primeiro desses é o desejo de
aproveitar as coisas. Deus implantou em nós o desejo de certas coisas, algumas essenciais.
Comida, bebida, sexo e atividades prazerosas, são apenas alguns dos desejos que a maioria das
pessoas têm. Legitimamente, seguido nos limites das Escrituras, Deus deleita-se em prover os
desejos de Seus filhos (Mat. 7:7-11). Porém, além dos limites das Escrituras, o encontro com
esses desejos podem se tornar excessivos e, assim, pecados. Glutonaria, embriaguês, adultério,
fornicação e preguiça são pecados resultados de uma violação de uma diretriz bíblica
claramente estabelecida.
Um segundo desejo humano é o de obter coisas. Teremos domínio sobre o mundo (Gen.
1:28), e materiais de possessão são incentivos legítimos voltados para a diligência. “Quando,
porém, o desejo de adquirir bens mundanos se torna tão urgente que é satisfeito a qualquer
custo, até por explorar ou roubar de outros, então foi degenerado na „concupiscência dos olhos‟
(1 João 2:16).
O desejo de alcançar é a terceira área de potencial tentação e pecado. As parábolas de
Jesus sobre mordomia (e.g. Mat. 25:14-30) ilustram o mérito de realização aos olhos de Deus.
“Quando porém esse anseio transgride os limites apropriados e é perseguido ao custo de outros
humanos, se degenerou em „soberba da vida‟ (1 João 2:16).
O cristão encontra a luta com o pecado surgindo de três áreas. A primeira dessas áreas
é designada “mundo”, ou kosmos em grego. Quando mundo é usado nesse contexto, refere-se
a tudo que se opõe a Deus e Sua vontade. Aos cristãos é dito para não amar o mundo nem o
que há nele (1 João 2:15).
A carne é a segunda área de luta para o cristão. De fato, Paulo disse aos Romanos que
os incrédulos, “aqueles que vivem de acordo com a natureza pecaminosa”, são controlados pela
carne (Rom. 8:5-6). Os crentes lutam também entre o controle pelo Espírito e o controle pela
carne. Paulo experimentou e articulou sua luta muito bem: " Acho então esta lei em mim, que,
quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho
prazer na lei de Deus; Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu
entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável
homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus
Cristo nosso Senhor.” (Rom. 7:21-25).
Finalmente, o cristão luta com Satanás e seus seguidores demoníacos. Em nossa luta
com o pecado somo chamados para resistir ao diabo (Tiago 4:7) usando a completa armadura
de Deus (Efe. 6:10-18).
O pecado não deve ser considerado pequeno. A teologia do crescimento de igrejas não
deve evitar esse tópico em seus esforços para encorajar as igrejas a ser “amigável ao usuário”.
Enquanto os ensino e pregações das igrejas do crescimento de igrejas devem evitar atitudes de
julgamento e farisaicas, eles devem incluir um ensino saudável e equilibrado sobre o pecado.
Se a doutrina do pecado não for ensinada, nem crentes, nem incrédulos compreederão
a conseqüência do pecado. Para o incrédulo, pecado não perdoado resulta em eterna
condenação e morte. O pecado de conseqüências além da morte eterna. Erickson classificou
essas conseqüências em nosso relacionamento com Deus, conosco, e com outros humanos.

65
Em nosso relacionamento com outros humanos, o pecado pode levar a competitividade
insalubre (talvez entre igrejas e pastores) e, em larga escala, pode levar a guerra. O pecado
também pode afetar nossa habilidade de demonstrar empatia. “Estar preocupado com nossos
próprios desejos pessoais, reputação e opiniões, vemos apenas nossa perspectiva. O que
queremos é tão importante que não conseguimos nos colocar no lugar dos outros e ver suas
necessidades, ou ver como eles poderiam entender uma situação de alguma maneira
diferente”. Em outras palavras, não vemos os interesses dos outros porque não temos a mente
de Cristo (Filip. 2:3-5). Talvez a última conseqüência do pecado em nosso relacionamento com
os outros é uma inabilidade de amar. Uma das maiores liberdades que vem da habitação de
Deus em nós é a liberdade de colocar os outros antes de nós ao invés “mirar o número um”.
Existe uma abundância de felicidade de livramento em não mais se preocupar com nossas
necessidades, mas antes focar nas necessidades dos outros como aprendemos a amar uns aos
outros (1João 4:7).
O pecado tem efeitos devastadores no pecador também. Um dos efeitos é um poder de
escravizar, levando a hábitos e vícios. Paulo encorajou os Romanos a serem escravos da retidão
ao invés de escravos do pecad (Rom. 5:17-18). Viver em pecado pode resultar em sair da
realidade, negação, auto-decepção (cf. Mat. 7:3), insensibilidade (cf. 1 Tim. 4:2), egocentrismo
e inquietude. Certamente os efeitos do pecado na vida dos pecadores tem um efeito oposto de
“a paz de Deus, que excede todo o entendimento” (Filip. 4:7).
O pecado afeta nosso relacionamento com Deus. Seu ódio do pecado é evidente por
toda a Escritura (e.g Prov. 6:16-17; Zac. 8:17). Pecados não perdoados e não arrependidos,
para o incrédulo, resultam na morte eterna (Mat. 25:41-46). A morte física ou mortalidade
humana também é resultado do pecado (Gen. 2:17; Rom. 6:23). O crente não apenas é objeto
da morte física como o incrédulo, mas também pode romper sua comnhão com Deus, se ele ou
ela continuar com um pecado não arrependido (cf. 1 João 1:5-10).
O pecado é uma doutrina crucial da teologia em geral e do crescimento de igrejas em
particular. É por causa do pecado que necessitamos de um Salvador, então Deus elegeu Seu
Filho como cesse Salvador em um ato de puro amor (João 3:16). Tal é o coração da teologia
cristã e do Movimento de Crescimento de Igrejas: um Deus que ama e busca Se reconciliar com
a humanidade rebelde ao enviar Seu Filho Jesus Cristo que então deu o comando de que todos
os crentes deveriam fazer discípulos (Mat. 28:19). Agora, entraremos na doutrina que foca o
ato reconciliatório de Jesus Cristo por nossa salvação, a doutrina da soteriologia.

66
14
Soteriologia e Crescimento de Igrejas
A palavra “soteriologia” vem da palavra grega soterion, que significa salvação; por isso
soteriologia é o estudo da doutrina da salvação. Salvação é o resgate da humanidade, do poder
e efeitos do pecado, por Deus. Salvação, então, vem de Deus e é efetuada por Deus. Nada
podemos fazer para recuperarmos essa generosidade de Deus. “Na franqueza e amizade de
Jesus pelos pecadores, a amorosa recepção de Deus encontrou uma perfeita expressão. Nada
era necessário para recuperarmos esse favor de Deus. Esperou, ansiosamente, pelo retorno do
homem (Luc. 15:11-24). Uma indispensável preliminar foi a mundaça no homem, da rebeldia
pra a confiança inocente e vontade de obedecer.”

A Morte de Cristo e a Soteriologia


Nosso pecado causaram um abismo entre Deus e nós. Sem a remoção desse pecado,
não há reconciliação e salvação. Já que Cristo, voluntariamente, sujeitou-Se a morte na cruz
(Fil. 2:8) para trazer perdão e para a humanidade e reconciliação entre Deus e o homem, a
morte de Cristo torna-se o elemento chave em nosso entendimento de soteriologia.
Várias teorias têm sido levantadas para explicar a morte de Cristo. Um resumo dessas
teorias está na tabela desevolvida por Paul Enns na página seguinte. Cada uma dessas teorias
tem uma fraqueza significativa no âmbito de que nenhuma proposta indivdual pode ser
caracterizada como a correta visão da expiação. Não devemos dizer, porém, que não há valor
ou contribuição em algumas das visões. Por exemplo, o entendimento Sociniano da expiação,
normalmente chamado de teoria do exemplo, é herético em sua rejeição a qualquer idéia de
satisfação vicária. Ainda, algumas linhas de verdade podem ser encontradas no foco da morte
de Jesus como um exemplo de total amor por Deus e como uma inspiração aos seguidores. A
teoria governamental é fraca do ponto de vista das Escrituras quando diz que “é possível que
Deus relaxe a lei para ele não precisasse definir uma punição específica ou penalidade para
cada violação”. A teoria governamental, porém, enfatiza a seriedade do pecado e necessidade
de lidar com o pecado.
A despeito das forças de algumas visões da expiação, o entendimento mais preciso da
morte de Cristo é a idéia da substituição. Jesus morreu no lugar dos pecadores, uma morte que
foi chamada de vicária, que significa “um no lugar de outro”. Essa visão pode ser melhor
explicada por vários termos relacionados à morte de Cristo.
O primeiro desses termos é a palavra substituição em si. “Há muitas passagens que
enfatizam a expiação substitutiva de Cristo no lugar da humanidade. Cristo foi um substituto ao
Se fazer pecado pelos outros (2 Cor. 5:21); Ele levou sobre Si os pecados dos outros na cruz (1
Ped. 2:24); Ele sofreu para tirar o pecado dos outros (Heb. 9:28); Ele passou um sofrimento
horrível, tortura e morte no lugar dos pecadores (Isa. 53:4-6).”
Propiciação é outra palavra relacionada à morte substitutiva de Cristo. Significa,
literalmente, “uma cobertura para o pecado”. Essa cobertura foi necessária para satisfazer as
justas exigências de um Deus irado. A morte substitutiva de Jesus satisfez os requerimentos
para conciliação de Deus (cf. Lev. 4:35). Ao receber o dom de salvação de Cristo, o fiél pode
ser poupado da ira de Deus. “Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para
ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do
povo” (Heb. 2:17).

67
TEORIAS DA EXPIAÇÃO
Representantes Representantes
Teoria Idéia Principal Fraqueza
Originais Recentes
A santidade de Deus foi
O resgate pago a ofendida pelo pecado; a
Não existem
Resgate pago Orígenes Satanás, pois ele manteve cruz foi o julgamento de
defensores
a Satanás (184-254 d.C) o povo cativo pelo Satanás e não o
atualmente
pecado. pagamento de um
resgate.
Cristo experimentou tudo
Contradiz a
Irineu o que Adão havia
Recapitulação impecabilidade de Cristo Ninguém conhecido
(130-200 d.C.) experimentado, inclusive
(1 João 3:5).
o pecado.
O pecado roubou a honra
Eleva a honra de Deus
de Deus; a morte de
Comercial Anselmo acima de qualquer outro
Cristo honrou a Deus, Ninguém conhecido
(Satisfação) (1033-1109) atributo; ignora a
permitindo o perdão dos
expiação vicária.
pecados.
A morte de Cristo foi
A base da morte de
desnecessária para expiar Friedrich
Cristo está no amor de
Influência Abelardo o pecado; Sua morte Schleiermacher
Deus e não em Sua
Moral (1079-1142) abranda o coração do Albrecht Ritschi
santidade. Expiação vista
pecador, o que o leva ao Horace Bushnell
como desnecessária.
arrependimento.
A morte de Cristo foi
desnecessária para a Vê Cristo apenas como
Socino expiação do pecado; Sua um homem; expiação Thomas Altizer
Exemplo
(1583-1604) morte foi um exemplo de vista como Unitarianos
obediência para inspirar a desnecessária.
reforma.
Cristo sustenta o governo
Deus está sujeito a Daniel Whitby
na lei de Deus; Sua morte
mudanças; Sua lei é Samuel Clarke
Grotius foi um pagamento
Governamental colocada de lado; Deus Richard Watson
(1583-1645) simbólico; permite que
perdoa sem pagamento J. McLeod Campbell
Deus deixe a lei de lado e
pelo pecado. H. R. Mackintosh
perdoe o povo.
Cristo se encantou com
Vê a morte de Cristo
um complexo de Messias
A. Schweitzer como um acidente; nega
Acidente e acabou sendo morto Ninguém conhecido
(1875-1965) a expiação substitutiva.
por engano pelo
processo.

Redenção (grego agorazo) significa “comprar”. A palavra foi usada freqüentemente no


contexto de compra de escravos no mercado. Os escritores do Novo Testamento usavam a
palavra para se referir ao efeito da morte substitutiva de Cristo ao livrar as pessoas da
escravidão do pecado. O preço da redenção foi a morte de Cristo (1 Cor. 6:20; 7:23; Apoc.
5:9).
A palavra bíblica mais comum para perdão é aphemi, que significa literalmente “mandar
embora”. A morte de Jesus na cruz livrou ou mandou embora nossos pecados. “Em quem
temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça”
(Efe. 1:7).
O escritor de Hebreus enfocou a morte de Cristo como sacrifício (Heb. 9-10). Cristo é o
sumo-sacerdote que entrou no Lugar Santo para fazer o sacrifício final, negando a necessidade
de fazer os “mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano” (Heb. 10:1). “Assim

68
também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda
vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação” (Heb. 9:28).
Reconciliação (grego katalasso) significa “efetuar uma mudança, reconciliar”. Por causa
de nosso pecado uma separação entre Deus e a humanidade. A morte de Cristo na cruz
demonstra a iniciativa de Deus de restaurar o relacionamento. A reconciliação está disponível a
todos, mas não é eficaz a não ser que alguém receba por fé a Cristo, que tornou possível a
restauração desse relacionamento.
Um termo final é o da justificação. Justificação é um ato legal, baseado na morte de
Cristo (Rom. 5:9), através da qual Deus declara justo aqueles que têm fé em Jesus Cristo. O
dom da justificação (Rom. 3:24) envolve o perdão e a remoção de todos os pecados e salvação
da ira de Deus (Rom. 5:9). Nossa justiça não vem de nós mesmos, mas é um dom de Deus a
todos que crêem (Rom. 3:22).

As Implicações da Expiação Substitutiva


Por causa das ricas implicações da morte substitutiva de Cristo na cruz, esse
entendimento será estudado em maior detalhe. Millard Erickson fez um resumo desse assunto:
A teoria substitutiva da morte expiatória de Cristo, quando compreendida em toda sua
complexidade, é uma verdade rica e significativa. Carrega várias implicações para nosso
entendimento da salvação:

1. A teoria da substituição-penal confirma o ensinamento bíblico da total perversão


de todos os humanos. Deus não teria ido tão longe, como levar seu Filho à morte, se não fosse
totalmente necessário. O homem é totalmente incapaz de alcançar sua necessidade.
2. A natureza de Deus não é unilateral, nem há tensão entre seus diferentes
aspectos. Ele não é meramente justo e exigente, nem apenas amoroso e generoso. Ele é justo,
tanto que o sacrifício pelo pecado tinha que ser providenciado. Ele é amoroso, tanto que
providenciou que Ele fosse o sacrifício.
3. Não há outro caminho para salvação que pela graça, e especificamente, a morte
de Cristo. Tem um valor infinito a ainda cobre todos os pecados da humanidade de todos os
tempos. Um sacrifício finito, ao contrário, não cobriria nem os pecados de indivíduos que
estivesse oferecendo o sacrifício.
4. Há segurança para o crente em seu relacionamento com Deus. Pois a base do
relacionamento, a morte sacrificial de Cristo, é completa e permanente. Apesar de nossos
sentimentos mudarem, o fundamento de nosso relacionamento com Deus permanece inabalável.
5. Nunca devemos negligenciar a salvação que temos. Mesmo sendo de graça,
também é de grande valor, pois custou a Deus o sacrifício máximo. Devemos então ser gratos
pelo que Ele fez por nós; devemos ama-lo em retribuição.
“Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou
a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (1 João 4:10).

Outras considerações da Soteriologia


Antes de examinarmos as implicações da soteriologia para a teologia de crescimento de
igrejas, precisamos ver seis outras palavras bíblicas relacionadas a salvação. Eleição e
predestinação são dois termos que freqüemente causam um certo disconforto por causa da
percepção de que eles tiram nossa responsabilidade de responder. A ênfase das Escrituras,
porém, é que qualquer um que estiver perdido perde a salvação por causa de sua própria
obediência, não por causa da eleição ou predestinação. Similarmente, a responsabilidade dos
crentes de evangelizar continua sendo uma ordem. Devemos admitir que a tensão entre o livre
arbítrio humano (João 3:16-18) e a escolha soberana de Deus (Efe. 1:4). Tal tensão existe não
apenas pela contradição na Escritura, mas por causa de nossa finita sabedoria.

69
“Eleição é soberana, eterno decreto de Deus”. O decreto envolve a escolha de pessoas
de serem recebedores de graça e salvação (Efe. 1:4). “A palavra predestinação vem do grego
proorizo, que significa „assinalado com antecedência‟, e ocorre seis vezes no Novo Testamento
(Atos 4:28; Rom. 8:29-30; 1 Cor. 2:7; Efe. 1:5, 11)”. Tanto eleição, quanto predestinação são
características necessárias de um Deus soberano; mas não absolve a humanidade da ordem de
receber a Cristo, e então fazer discípulos. (Mat. 28:19)
Adoção vem do termo grego huiothesia, que é usado para descrever uma nova posição
e condição Cristã em Cristo – um filho de Deus. Ao se unir a família de Deus, e apreciando a
condição de filho (Gal. 4:5), os crentes são demovidos de sua antiga vida e levados a uma nova
vida, com todos os benefícios e privilégios a disposição de um legítimo filho do Pai.
Santificação, do grego hagiasmos, significa “tornar santo”, ou “ser separado”. Quando
nos referimos ao crente estar diante de Deus, estamos falando da santificação posicional. Por
causa da morte de Cristo na cruz, o crente é santo, ou separado, ou santo diante de Deus (cf. 1
Cor. 1:2; 2 Cor. 1:1; Efe. 1:1). Até a igreja de Corinto, com sua carnalidade abundante, foi
chamada por Paulo de “os santificados em Cristo Jesus” (1 Cor. 1:2).
O crente é sempre santo quando está diante de Deus, mas a santificação empírica do
crente varia em relação com a dedicação deste a Deus. Assim Paulo poderia ordenar que os
crentes fossem santificados ou santos: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós
também santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Ped. 1:15). Santificação final ou máxima
acontecem quando os crentes serão feitos a semelhança de Cristo, “sem mácula, nem ruga”
(Efe. 5:27).
Graça é outro importante termo no entendimento da salvação. Uma definição geral de
graça seria “a provisão do imerecido favor de Deus”. Conotações específicas de graça, porém,
devem ser compreendidas para que receber o total impacto do termo.
Graça comum refere-se ao favor de Deus garantido a toda a humanidade. Inclui as
provisões da criação: luz do sol, chuva, comida, vestes, beleza e a retenção do julgamento.
Graça especial é dada apenas aos crentes. Teólogos categorizaram graça especial como
preveniente, eficaz, irresitível, suficiente.
Graça preveniente significa que a graça vem primeiro, precendendo a iniciativa humana.
“Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro” (1 João 4:19). Graça eficaz é graça que
não falha. Graça, dada ao crente, que não será tirada, nem falhará (João 10:27-28). Graça
suficiente indica a total adequação do trabalho de Deus através de Jesus Cristo. “Portanto, pode
também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles” (Heb. 7:25). Finalmente, graça irresistível diz que a graça de Deus não
pode ser rejeitada. É Deus quem escolhe (Efe. 1:4) e provê graça a aqueles “segundo o
beneplácito de sua vontade” (Efe. 1:5).
Regeneração, mesmo sendo usada apenas duas vezes no Novo Testamento
(paliggensia, Mat. 19:28; Tito 3:5), é um importante aspecto da salvação. É a entrega da vida
de Deus a aquele que crê. É um novo nascimento em Deus, ou um nascimento do alto, ou um
segundo nascimento: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que
aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3). A regeneração do
crente resulta em uma nova natureza (2 Ped. 1:4; Efe. 4:24; 2 Cor. 5:17) e uma nova vida (1
Cor. 2:16; Rom 5:5).

O Dilema do Crescimento de Igrejas


O crescimento de igrejas surgiu de um desejo de ver homens e mulheres aceitarem a
Cristo, verem todos os benefícios da salvação, descritos nesse capítulo, concedido a um mundo
não regenerado. Na seção histórica desse livro, vimos a responsabilidade de Donald McGravan

70
pelos perdidos em sua missão na Índia. Vimos suas preocupações com o pequeno número de
pessoas convertidas e sua perplexidade ao ver que poucas igrejas estavam crescendo em um
ritmo rápido ou no máximo tinham estacionado o crescimento.
Quando McGravan começou a questionar por que algumas igrejas estavam crescendo
enquanto outras estavam em declínio, ele estava integrando duas doutrinas, soteriologia e
eclesiologia (a doutrina da igreja será examinada no próximo capítulo). McGravan queria
evidenciar que a salvação estava acontecendo, que as pessoas estavam indo a Cristo. Seu
dilema poderia ser expressado da seguinte maneira: Como saber se estamos alcançando
pessoas para Cristo? Como podemos determinar se uma decisão interna foi tomada?
Jesus disse “Por seus frutos os conhecereis” (Mat. 7:16). Paulo disse que os frutos do
Espírito são amor, alegria, paz, paciência, bondade, generosidade, fidelidade, benignidade, e
auto-controle (Gal. 5:22-23). Ainda assim, McGravan esteve diante da situação de que seria
impossível saber quantas pessoas na Índia eram cristãs. Ninguém sabia ao certo se as pessoas
estavam sendo alcançadas e se tornando discípulos (membros frutíferos). Era uma tarefa que
não podia ser quantificada, que desafiava medidas e contabilidade.
McGravan tomou uma abordagem diferente, mas falível. Salvação seria “medida” por
“filiação responsável à igreja”. Se alguém estava freqüentando a igreja e participando
ativamente na comunhão, então a probabilidade de que esse alguém fosse um cristão era alta.
Então o Movimento de Crescimento de Igrejas cresceu quando a salvação se tornou
quantificável, e as igrejas se tornaram responsáveis por seus números – em termos de
membros, freqüência, batismos e sucessivamente. Deve-se admitir que essa abordagem do
crescimento de igrejas está sujeita a erros. Entretanto, cria um nível de responsabilidade, e
essa responsabilidade mantém a igreja focada em sua tarefa primária: levar pessoas a Cristo.

71
15
Eclesiologia e Crescimento de Igrejas

Eclesiologia é o estudo da igreja. A palavra igreja é uma tradução da palavra grega


ekklesia, que significa, literalmente, “os que foram chamados”. Já que a palavra “igreja”
aparece no nome do Movimento de Crescimento de Igrejas, é importante que entendamos a
eclesiologia do crescimento de igreja. No coração do assunto está a questão: “Qual é o
propósito da igreja?” Antes de vermos esse assunto, vamos examinar algumas figuras de
linguagem usados nas Escrituras para descrever a igreja.

Imagens da Igreja
Corpo de Cristo. A metáfora do corpo foca na autoridade, unidade e universalidade.
Porque é compreensível, essa é a imagem da igreja usada com mais freqüência na Bíblia.
Autoridade no corpo de Cristo está em Cristo em Si mesmo, que é a Cabeça do corpo (Col.
1:18). Então, os crentes são os membros ou partes do corpo. Imagem do corpo também retrata
unidade, em que há muitos membros, mas um único corpo (1 Cor. 12:12). Finalmente, o corpo
também é a igreja universal e também as congregações individuais (Efe. 1:22-23). Como corpo
de Cristo, a igreja é a extensão do ministério de Cristo; a igreja deve fazer o trabalho de Cristo
(João 14:12).
Noiva de Cristo. Paulo faz uma analogia entre a relação do marido e da esposa no
casamento e Cristo e Sua noiva, a igreja (Efe. 5:23). O tema dominante dessa imagem é o
amor de Cristo pela igreja.
Povo de Deus. O quadro da igreja como o povo de Deus enfatiza a iniciativa de Deus
em escolher a igreja (2 Cor. 6:16). Como na linha abraâmica que produziu Israel, Deus
escolheu a igreja para ser seu povo (cf. Exo. 15:13).
Sacerdócio. Pedro se refere aos cristãos como sacerdócio real (1 Pedro 2:9),
enfatizando essa posição como reis e sacerdotes. Todos os crentes de hoje têm acesso direto a
Deus e podem se aproximar dEle com confiança (Heb. 4:14-16).
Rebanho. Jesus é o Pastor que ama e tem cuidado por Seu rebanho, a igreja (João
10:16). Essa imagem reconhece o gentil cuidado e o espírito sacrificial de Cristo por Sua igreja.
As ovelhas (igreja) pertencem a Cristo e estão sob Seu constante cuidado.
Templo do Espírito Santo. Crentes são o lugar de habitação do Espírito Santo.
Falando aos fiéis de Éfeso, Paulo escreveu “No qual também vós juntamente sois edificados
para morada de Deus em Espírito” (Efe. 2:22). O Espírito Santo dá à igreja unidade (Efe. 2:21),
orientação (João 16:13) e poder (Atos 4:31-33).

Governo da Igreja
A teologia do crescimento de igreja, raramente, menciona as várias formas de governos,
já que há pouca correlação entre governo da igreja e crescimento de igrejas. Na análise bíblica
de Millard Erickson no crescimento de igrejas, ele concluiu: “É seguro dizer que a evidência do
Novo Testamento é inconclusiva; em nenhuma parte do Novo Testamento encontramos um
quadro semelhante ao do sistema desenvolvido atualmente”. Erickson acredita que as primeiras
igrejas formavam estruturas governamentais que melhor se encaixavam às suas situações para
maior eficácia: “É bem provável que naqueles dias o governo da igreja não era muito
desenvolvido, de fato, as congregações locais eram grupos frouxamente ligados. Lá poderia
muito bem haver uma grande variedade de programas governamentais. Cada igreja adotava
um padrão que melhor se encaixava em cada situação individual.”

72
Minha denominação, a Convenção Batista do Sul, segue à posição de que a igreja é um
corpo autônomo e democrático. Tal perspectiva é chamada de forma de governo
congregacional. Alguns estudiosos do Novo Testamento, porém, vêem a possibilidade de outros
tipos de governo.
Examinaremos, brevemente, algumas das posições mais importantes. Em uma análise
final, o tipo de governo depende de onde reside a autoridade. Na forma episcopal de governo
de igreja , a autoridade geralmente está nas mãos do bispo (episkopos) ou bispos. Com
certeza, a forma de governo episcopal mais desenvolvida é encontrada na Igreja Católica
Romana. O bispo de Roma, o papa, é o supremo bispo.
A forma de governo presbiteriano foca no ofício chave do ancião; mas é normalmente
no corpo de anciãos mais propriamente, que no oficío individual, que a autoridade é exercida.
Paulo e Barnabé nomeavam anciãos (Atos 14:23), e Paulo convocou os anciãos de Éfeso para
estarem com ele em Mileto. “Deve ser notado... que o termo ancião (presbuterus) normalmente
ocorre no plural, sugerindo que a autoridade dos anciãos era coletiva e não individual.”
A forma congregacional de governo de igreja coloca o lugar de autoridade na
congregação local. A igreja é autônoma e democrática, com cada membro votando com igual
autoridade. Os que argumentam dizendo que o governo congregacional é normativa,
normalmente olham um exemplo do princípio da igreja, quando a igreja escolheu o sucessor de
Judas (Atos 1:15-26), e os sete homens que serviam as mesas (Atos 6:1-6).
Alguns grupos cristãos, como o Quakers (Amigos) e o Irmãos de Plymouth (Plymouth
Brethren), optaram por não terem estrutura governamental. Todas as estruturas
governamentais, como comitês, que possuem cargos, contituições, estatutos e encontro de
negócios são eliminados ou mantidos ao mínimo. Uma dependência no Espírito Santo fala
diretamente à igreja na base das tomadas de decisão.

Os Propósitos da Igreja
O coração da discussão de crescimento de igrejas é o propósito da igreja.
Normalmente, as funções da igreja são classificadas em quatro áreas:
Evangelismo. As últimas palavras de Jesus aos Seus discípulos, em todo o Novo
Testamento, foram sobre evangelismo (cf. Mat. 28:19; Atos 1:8). Obviamente, Jesus observou
que a necessidade de outros ouvirem do caminho da salvação como sendo de máxima
importância. Além disso, Jesus mandou que Seus discípulos fossem além da área de Jerusalém
para “a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.”(Atos 1:8). A mensagem do evangelho era
de urgência para alcançar quantos mais pudesse.
Discipulado. Quando Jesus deu Seu comando para evangelizar, Ele falou de “fazer
discípulos em todas as nações” (Mat. 28:19). Ele obviamente tinha em mente que a conversão
cristã era apenas o começo; o discipulado deveria seguir com o batismo, ensinamentos e
obediência (Mat. 28:19-20). Os crentes devem crescer em Cristo pela comunhão ou koinonia,
mantendo todas as coisas em comum (Atos 2:44-45). Crescimento posterior viria da instrução
(cf. Atos 18:26), pregação (1 Cor. 14:3-4) e exercício dos dons espirituais (1 Cor. 12).
Adoração. Um terceiro propósito da igreja é a adoração, o louvor e exaltação de Deus.
Adoração no princípio da igreja envolvia a igreja reunida (Heb. 10:25), freqüentemente se
encontravam em local e horário definidos, de maneira regular (1 Cor. 16:2). Elementos da
adoração incluiam a oração (Atos 12:5), leitura das Escrituras (Atos 4:24-26), cantar (Efe.
5:19), e observavam a Santa Ceia (1 Cor. 11:23-26). Adoração se tornou um assunto
importante no crescimento de igrejas, um assunto que examinaremos na seção final do
princípios do crescimento de igrejas.

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Ministério Social. Jesus nos deu um exemplo vivo de alguém que se preocupas com
as necessidades físicas e emocionais das pessoas. Tal é a essência de Sua parábola do bom
samaritano (Luc. 10:25-37). Realmente, as palavras de Jesus em Mateus 25:31 sugerem que
essa preocupação pelas necessidades dos outros seria evidência do compromisso verdadeiro de
alguém com o Salvador. O livro de Tiago nos faz breve discursos intensos que afirmam,
claramente, fé sem trabalho é morta: “E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de
mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e
não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé,
se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tiago 2:15-17). A parte final do século XX viu
evangélicos redescobrirem seu comando por preocupação social depois de reagir
exageradamente ao evangelho social do começo do século. O Movimento de Crescimento de
Igrejas, da mesma forma, lutou com sua eclesiologia, particularmente em suas tentativas de
entender o propósito da igreja.

Crescimento de Igrejas: Qual é o Propósito da Igreja?


Para entendermos a evolução da eclesiologia do Movimento de Crescimento de Igrejas,
é necessário seguir C. Peter Wagner em seu entendimento de missão (i.e. o propósito da
igreja) e evangelismo. É importante entender que, na maior parte, a eclesiologia de Wagner
continua de onde McGravan parou. Nos livros de McGravan como The Bridges of God (As
Ponter de Deus, 1955), How Churches Grow (Como as Igrejas Crescem, 1959) e Understanding
Church Growth (Entendendo Crescimento de Igrejas, 1970), ele basicamente afirmava que as
igrejas tinham um trabalho principal – multiplicar-se. Em outras palavras, o propósito da igreja
é evangelizar e tudo deve ser subordinado a isso. Hoje, a teologia de Wager, que representa a
eclesiologia do crescimento de igrejas, saiu desse conceito reduzido do propósito da igreja,
apesar de o evangelismo ainda permanecer como propósito prioritário.
O Acordo de Lausanne, o principal enunciado de fé e crença de Wagner, afirma que na
“missão da igreja de serviço sacrificial, o evangelismo é básico”, e que “a evangelização mundial
requer que toda a igreja leve o evangelho completo ao mundo todo”. A teologia de Wagner se
firma na primazia do evangelismo, mas o significado de evangelismo em sua teologia é
freqüentemente incompreendida por alguns por ser sinônimo com missão e crescimento de
igrejas. Já que sua teologia de crescimento de igrejas pressupõe a prioridade do evangelismo,
se torna imperativo entender o significado exato da palavra e o contexto em que é usada.
Primeiro, é necessário entender que a teologia de Wagner vê evangelismo como uma tarefa,
ainda que a mais urgente tarefa, na definição de missão. Então, para entender evangelismo e
sua prioridade na teologia de crescimento de igrejas, seu entendimento de missão deve ser
examinado primeiro.
O significado de missão, diz Wagner, deve ser entendido no contexto do reino de Deus.
João Batista pregou que o reino estava aberto a todos que se arrependessem dos pecados e se
entregassem a fé em Cristo. Ao pregar no deserto da Judéia, ele disse, “Preparai o caminho do
Senhor, Endireitai as suas veredas” (Mat. 3:2); mas os ensinamentos do reino no Novo
Testamento discute mais do que apenas a conversão das pessoas. Ao instruir Seus discípulos
em sua missão, Jesus disse, “E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus. Curai os
enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios;” (Mat. 10:7-8).
Wagner afirma que o significado de missão, no contexto do reino de Deus, é um ministério
holístico. “Já que é isso que Deus nos manda fazer, é disso que se trata missão”. A missão
ainda “visa o bem da pessoa em completo.”
Wagner reconhece que sua teologia de crescimento de igrejas seguiu uma trasformação
evangélica geral no entendimento de missão. Suas mudanças teológicas também foram

74
resultado de críticas contra a teologia do crescimento de igrejas, uma das mais óbvias é “a
concepção limitada de missão como evangelismo.” O Movimento de Crescimento de Igrejas, diz
Bassham, “parece ter negligenciado uma discussão substancial que aconteceu nos últimos vinte
e cinco anos, na qual o significado de missão, evangelismo, testemunho, serviço e salvação têm
sido explorados e desenvolvidos.”
Até esse século, missão era, muitas vezes, igualada ao evangelismo. Para fazer missão
era propagar a fé. Harvey Hoekstra rotulou essa função como “missão clássica,” que ele define
como “um complexo de atividades em que o propósito principal é tornar Jesus Cristo conhecido
como Senhor e Salvador, e persuadir homens a se tornarem seus discípulos e membros da
igreja responsáveis.”
O significado clássico de missão deixou pouco espaço para outras atividades além do
evangelismo. Rufus Anderson argumentou que missão é a pregação do evangelho e ganhar
conversos, depois disso “a renovação social será seguida”. Ele, explicitamente, rejeitou qualquer
propósito de missão que envolvia a “reorganização, por vários meios diretos, da estrutura desse
sistema social na qual os conversos fazem parte.”
Ao chegar ao fim do século XIX, o entendimento de missão mudou dramaticamente. O
movimento do evangelho social estava influenciando as igrejas e “missões foram
metamorfoseadas de uma simples tarefa de ganhar conversos ... a uma tarefa complexa de
participar ativamente nas benfeitoras e reconstruções sociais.”
Evangélicos começaram a montar defesas contra o evangelho social. Ao fazer isso, o
evangelicalismo estava certamente afirmando a importância do evangelismo, mas,
erroneamente, evitando qualquer reconhecimento de outros ministérios como sendo parte da
missão. “Para permitir que a ordem cultural rastejasse para dentro da definição técnica de
missão,” ele disse, “teria que ser interpretado como uma capitulação ao inimigo.”
A mudança do entendimento de missão de Wagner seguiu a mudança no
evangelicalismo em geral. Sinais de mudança foram percebidas no Congresso de Berlim em
1966, mas a mudança foi explícita no Congresso Internacional em Evangelização Mundial, em
Lausanne, Suíça, em 1974.
Wagner foi significantemente influenciado por John R. W. Sttot, que era pastor da Igreja
de Todas as Almas em Londres. Em Berlim, Sttot tinha mantido a clássica definição de missão.
Ele apresentou três sessões plenárias sobre estudos bíblicos sobre a Grande Comissão. Seu
entendimento de missão estava claro – “A missão da igreja, então, não era reformar a
sociedade, mas pregar o evangelho”.
Sttot, porém, liderou os evangélicos à redefinição do conceito de missão. Quando o
encontro de Lausanne começou, ele havia se tornado o autor chefe do Acordo de Lausanne,
que declarou “que evangelismo e envolvimento sociopolítico são parte de nosso trabalho
cristão. Para ambos, são necessárias expressões de nossas doutrinas de Deus e o homem,
nosso amor pelo vizinho e nossa obediência a Jesus Cristo.” Pouco depois de Lausanne, Sttot
publicou um livro no qual ele afirmou que a missão da igreja “inclui evangelismo e
responsabilidade social, já que ambos são expressões autênticas do amor que deseja servir ao
homem em sua necessidade.”
O entendimento de missão de Wagner seguiu um padrão similar. Em 1971, ele publicou
Frontiers in Missionary Strategy (Fronteiras em Estratégias Missionárias), no qual ele usou
missão e evangelismo alternadamente. Ele também argumentou por uma definição de missão
que fosse realmente uma definição de evangelismo de presença, proclamação e persuasão.
Depois, Wagner declarou uma mudança nesse aspecto de sua teologia.

Isso foi antes de eu ir para Lausanne e ouvir palestrantes como René Padilla, Samuel
Escobar e Orlando Costas. Fui influenciado pelo Acordo de Lausanne, os escritos de John

75
Sttot e a progressiva dinâmica do comitê de Lausanne, ao qual pertenço desde sua
fundação. Agora acredito que a missão da igreja abraça tanto as ordens culturais como as
evangelísticas. Acredito naquilo que agora está sendo chamado de “missão holística”.

Missão holística, então, disse Wagner, envolve duas ordens claras. Ele usou a
terminologia concebida por Arthur Glasser, a ordem cultural e a ordem evangelística. A ordem
cultural, às vezes chamada de responsabilidade social cristã, é a responsabilidade de todos os
cristãos. Disse Wagner: “Fazendo o bem aos outros, se nossos esforços são dirigidos aos
indivíduos ou à sociedade como um todo, é um dever bíblico, uma ordem cultural dada por
Deus.” Wagner seguiu a tendência no círculo evangélico que agora declara que tanto o
ministério social cristão quanto o evangelismo são componentes essenciais da missão.
Wagner anunciou sua transformação em um ministério mais holístico em Church Growth
and the Whole Gospel (Crescimento de Igrejas e o Evangelho Completo). Nesse livro Wagner
lamentou a era da “Grande Reversão”, uma época do século em que evangélicos reagiram
adversamente a qualquer coisa que parecesse um ministério social. Wagner dedicou um
capítulo inteiro em seu livro para o chamado aos cristãos para se envolverem em ministérios
sociais.
Depois que Church Growth and the Whole Gospel foi publicado em 1981, o Movimento
de Crescimento de Igrejas ficou conhecido como um ministério que faz mais que contar
numerous. “Não acho que nenhum de nós que vivem em fartura”, ele disse, “possam captar o
âmbito total do apuro dos pobres do mundo em nossa mente – só pode ser sentido,
parcialmente, em nosso coração.” Apesar de os pobres não terem sido negligenciados nos
primeiros escritos do crescimento de igrejas, Wagner faz uma clara descrição do apuro dos
pobres e a responsabilidade cristã nesse livro. Citando Howard Snyder, Wagner disse: “O
ensinamento é claro, consistente e persistente: De todas as pessoas e classes, Deus tem, em
especial, compaixão pelo pobre, seus atos na história confirmam isso.”
A ordem cultural apresenta a igreja com diferentes possibilidades de ministério. Wagner
classifica as diferentes oportunidades em ação social e serviço social. Ação social é o grupo de
ministérios que tentam mudar as estruturas sociais. Envolve mudanças socio-políticas. Wagner
acreditava que a igreja, normalmente, não era o melhor instrumento para efeturar a ação
social.
A igreja, porém, “não tem um opção de ser ou não envolvida no ministério social. O
estilo de vida do reino exige isso”. O ministério social é feito em obediência a Deus, que
glorifica a Deus. Pode ser ou não um meio de ganhar almas. Wagner encontrou uma
abundância de justificativas bíblicas para que faça o ministério social, ainda que pessoas sejam
ou não levadas a fé em Cristo como resultado.
Quando Wagner escreveu Church Growth and the Whole Gospel, ele já havia
estabelecido o que entendia ser o padrão bíblico para definir prioridades para os ministérios
sociais. A primeira prioridade é a família do cristão, tanto o núcleo familiar, quanto toda a
extensão familiar. Wagner citou 1 Timóteo 5:8: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e
principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.”
A segunda prioridade de Wagner para o serviço social cristão são os irmãos de fé.
Gálatas 6:10 é o texto usado para apoiar essa tese: “Então, enquanto temos tempo, façamos
bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.”
A terceira prioridade para o serviço social cristão inclui qualquer pessoas que esteja
necessitada. Wagner avisou que a terceira prioridade não é um grupo opcional para que os
cristão sirvam. “Ser uma terceira prioridade não significa que é opcional. Os pobres e famintos
e necessitados e oprimidos de todo o mundo precisam ser ajudadas por pessoas que vivem em
um estilo de vida do reino e os que aceitam a ordem cultural. Cristãos que usam essas

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prioridades bíblicas para negar responsabilidade global, como alguns infelizmente tem feito,
estão desobedecendo a Deus e deveriam se arrepender e melhorar seus modos.”

A Prioridade do Evangelho
Apesar da forte declaração de Wagner sobre a ordem cultural, ele ainda insistiu na
prioridade da ordem evangelística em sua teologia do crescimento de igrejas. Muitos, até dentro
do campo evangélico, discordaram com o que eles entendem ser uma perigosa dicotomia.
Apesar do Acordo de Lausanne, especificamente, afirmar a distinção entre evangelismo e
ministério social (artigo 5), uma minoria vocal manteve a posição chamada de “evangelismo
holístico.” Essa posição sustenta que evangelismo e ministérios sociais deveriam ser separados
como duas partes distintas da missão.
Em Growth and the Whole Gospel, Wagner observa que muitos indivíduos discordam
dele e da posição de Lausanne. Alfred Krass sentia que os evangélicos, freqüentemente,
evitavam os assuntos sociais porque eles tinham “aprendido a ler as Escrituras de uma maneira
dicotomizada entre o pessoal e o social, entre o privado e o histórico”. Krass citou o artigo 5 do
Acordo de Lausanne como um exemplo claro de uma “falsa dicotomia”. Rene Padilla, em
Response to Lausanne (Resposta a Lausanne) escrito pela minoria dissidente do Congresso de
Lausanne, disse: “Devemos repudiar como demoníaca a tentiva de dividir evangelismo e ação
social.
Wagner não estava muito animado com alegação de Padilla de que seu entendimento
de prioridade de evangelismo era “demoníaca”. Orlando Costas, cinco anos depois, chamaria
essa posição de “polarização diabólica”, “um debate inútil”, e uma “perda satânico e sem
sentido de tempo, energia e recursos.” Nesse ponto Wagner estava começando a questionar se
essas críticas pertenciam ao campo de evangelismo teológico. Ele acreditava que uma das
características distintas do liberalismo era a recusa em exaltar o espiritual sobre o físico.
Falando especificamente de Costas, Wagner disse: “Ressalto isso, não para mostrar que Costas
é um liberal, mas para explicar por que a posição dissidente de Lausanne no evangelismo
holístico não foi adotada em um grau significante pela comunidade evangélica contemporânea.
Ela vai contra a maneira como muitos evangélicos entendem sua fé.”
Wagner recusou-se em aceitar a posição do evangelismo holístico, que diz que as
ordens cultural e evangelística não podem ser separadas. Sua teologia agora pressupoe que
elas não são apenas separáveis, mas que a evangelística era a prioritária das duas. O artigo 6
do Acordo de Lausanne afirmou isso: “Na missão sacrificial da igreja, o evangelismo é
primário.” Em 1980, a Consulta em Evangelização Mundial foi realizada em Pattaya, Tailândia.
Essa reunião foi ainda mais explícita na prioridade do evangelismo: “Isso não é para negar que
evangelismo e ação social estejam integralmente relacionados, mas sim para reconhecer que
todas as trágicas necessidades dos seres humanos não é maior que sua alienação de seu
Criador e a realidade da morte eterna àqueles que se recusam a se arrepender e crer.”
Wagner diz que “isso nem é distinção nem dicotomização nem prioridade concedida é
equivalente a polarização.” Suas razões para manter uma prioridade evangelística são
pragmáticas e teológicas. Pragmaticamente, ele afirma que todas as instituições possuem
recursos de tempo, de dinheiro e de pessoal limitados. Instituições religiosas não estão isentas
das limitações de recursos. Tais limitações requerem adoção de prioridades.
Wagner acreditava que o testemunho bíblico favorece a ordem evangelística. Uma das
muitas passagens que ele cita é Mateus 10:28: “E não temais os que matam o corpo e não
podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.”
Wagner resumiu seu argumento pela prioridade do evangelho ao dizer:

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Repito que o cumprimento da ordem cultural não é opcional aos cristãos. É o comando de
Deus e uma parte da missão cristã. Mas, é verdade que, quando uma escolha tem que ser
feita na base da disponibilidade de recursos ou de valor de julgamentos, a indicação
bíblica é que a ordem evangelística seja prioridade. Nada é ou pode ser tão importante
quanto salvar almas da maldição eterna.

As Práticas Conseqüências das Prioridades


Como porta-voz do Movimento de Crescimento de Igrejas, Wagner firmemente afirmou
que a prioridade do evangelismo deve ser fundamental na teologia do crescimento de igrejas. O
sempre pragmático líder do movimento, porém, também estava preocupado com as práticas
conseqüências de tal prioridade.
Wagner observou que o registro histórico daqueles que se apegam à prioridade do
evangelismo é muito positivo. Ele aponta para o trabalho reconhecido de Timothy L. Smith
Revivalism and Social Reform (Fortalecimento da Fé e a Reforma Social). Smith descobriu que,
apesar dos muito conhecidos evangelistas e revivalistas do século XIX se apegarem a prioridade
de ganhar pessoas para Cristo, eles também foram instrumentos de massivas reformas sociais.
Outro dos muitos exemplos que ele cita é o The Social Conscience of the Evangelical (A
Consciência Social do Evangélico) de Sherwood Wirt. Wirt afirmou que o moderno movimento
missionário evangélico era um protótipo para manter a prioridade do evangelismo, também
mantendo uma forte consciência social.
Wagner concluiu que não apenas a afirmação da prioridade evangelística conduz a um
significante ministério social, mas a reversão da prioridade poderia muito bem levar a um
colapso do movimento cristão. Ele citou o caso do movimento voluntário de estudantes, no
início do século. A organização foi fundada sob um slogan: “A evangelização do mundo nessa
geração”. Mesmo assim, na década de 1940, a organização deixou de existir. Sua prioridade
original de evangelismo mudou para uma nova ênfase como relação de raça, relações
internacionais e justiça econômica. Wagner também apontou o rápido declínio de grandes
denominações como uma evidência do fracasso em entender a prioridade do evangelismo é o
golpe de morte de um movimento cristão.
Ele também acreditava que a prioridade da ordem evangelística é no fim das contas a
melhor rota para realizar os ministérios sociais. A tese de Wagner, então, é que a reversão das
prioridades, como a ordem cultural sobre a ordem evangélica ferirá a causa do evangelismo e
de muitos ministérios sociais necessitados, também.

Apesar de termos insuficientes pesquisas nessa área, sou razoávelmente certo de que as
igrejas evangélicas que dão primeira prioridade à ordem evangélica estão
verdadeiramente fazendo mais pelos pobres, os desabrigados, os explorados e os cidadão
marginalizados das cidades americanas que os mais liberais. Estude uma área
metropolitana importante e veja onde os deficientes físicos e mentais estão freqüentando
a igreja em número considerável. Localize as igrejas que possuem programas ativos e
crescentes para os surdos. Encontre igrejas dos muito pobres e veja se a teologia deles é
de pregação do evangelho, salvação de almas ou se é orientado para a ordem cultural e
preocupado em salvar as baleias ou boicotar uvas ou ilegalizando a energia nuclear. É
mais provável que tal igreja seja de uma natureza evangélica.

78
16
Escatologia e Crescimento de Igrejas

A palavra grega eschaton significa “últimas coisas”, então escatologia é o estudo das
últimas coisas. Teólogos não estão em concenso sobre a escatologia no no âmbito total da
teologia. Alguns a consideram parte de outra doutrina, como a soteriologia ou eclesiologia.
Outros teólogos a vêem igual as outras doutrinas; e ainda há outro grupo que vêem a
escatologia como a doutrina mais importante da teologia. Certamente, a escatologia é uma
doutrina importante, mas não deveria ser o tópico de total e absoluto interesse do cristão.
Antes de ser uma fonte de divindade, escatologia deveria trazer conforto e inspirar pureza e
esperança. (1 Tess. 4)

Escatologia Individual
Escatologia individual refere-se ao futuro e destino de cada indivíduo. Essa perspectiva é
contrastada com a escatologia que estuda o futuro de toda a criação, às vezes chamada de
escatologia cósmica. Normalmente, quando pensamos no futuro de cada pessoa, pensamos na
inevitabilidade da morte: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois
disso o juízo” (Heb. 9:27). Para o cristão, escatologia individual significa mais que a morte,
significa vitória sobre a morte através de Cristo (1 Cor. 15:56-57). Jesus, porém, enfatiza que a
morte física não resulta na morte eterna para o cristão: “E não temais os que matam o corpo e
não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o
corpo” (Mat. 10:28).
Apesar de existirem algumas questões sobre a possibilidade dos estados intermediários
para crentes e incrédulos, a Bíblia é clara em dizer que, para um cristão, estar fora do corpo
siginifica estar na presença de Deus (2 Cor. 5:8). Erickson concluiu que os lugares para onde
crentes e incrédulos vão na morte é o mesmo que seu lar eterno, mas a intensidade de seu
estado intermdiário é menos que seu estado final. Para o incrédulo, então, geena é o lugar final
e eterno de sua punição (Marc. 9:43, 48) depois que hades abrir mão dos mortos para o lago
de fogo (Apoc. 20:13-15). Os crentes são imediatamente levados à presença do Senhor em Seu
lugar de paz e bem-aventurança, enquanto eles esperam a ressurreição final. Erickson coloca
dessa forma:

Concluimos que na morte os crentes vão imediatamente a um lugar e condição de bem-


aventurança, e os incrédulos para uma experiência de miséria, tormento e punição.
Apesar de a evidência não ser clara, é provável que sejam esses os lugares que os
crentes e incrédulos vão depois do grande julgamento, já que a presença do Senhor (Luc.
23:43; 2 Cor. 5:8; Fili. 1:23) não parece outra coisa senão o céu. Apesar de os lugares
dos estados intermediário e final serem os mesmos, as experiências do paraíso e de
Hades são, sem dúvida, de menor intensidade do que serão ao final, já que a pessoa está
em uma condição incompleta.

Escatologia Cósmica: Pontos de Concordância


O debate excessivo sobre detalhes que envolvem a segunda vinda de Cristo,
freqüntemente, tira nosso foco das importantes verdades-chave sob as quais muitos teólogos
ortodoxos concordam. De fato, a realidade da volta de Cristo é a base da esperança cristã. A
consumação do plano de Deus para humanidade está intricadamente ligada a segunda volta de
Cristo. As Escrituras não deixam dúvidas sobre a volta de Cristo. Três exemplos diferentes
dessa promessa na Bíblia testificam a realidade desse evento. Primeiro, Jesus disse que
retornaria: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se

79
lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande
glória” (Mat. 24:30). Segundo, depois da ascensão de Jesus, dois anjos (literalmente, dois
homens de branco) lembraram os discípulos da volta de Cristo: “Os quais lhes disseram:
Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido
em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.” (Atos 1:11). Terceiro, Paulo disse
essas palavras de promessa aos tessalonicenses: “Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do
Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que
dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a
trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.” (1 Tess. 4:15-16).
Apesar de o evento do retorno de Cristo ser um coisa certa, o tempo preciso de Sua
volta não é. Jesus enfatizou a necessidade de vigilância ao invés de revelar o momento de Seu
retorno: “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho,
senão o Pai. Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo” (Mat. 13:32-33).
Uma outra área de concordância na escatologia é o evento normalmente chamado de
julgamento final. Mateus 25:31-46 provê uma vívida descrição desse evento futuro. Mostra
Jesus Cristo (o Filho do homem) como juíz sobre todos os homens (Mat. 25:32). Aqueles que
estiverem recebendo o julgamento serão dividos em dois grupos, que irão para os seus
respectivos destinos pela eternidade: “E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos
os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;” (Mat. 25:31).

Escatologia Cósmica: Pontos de Discordância


Uma exagerada quantidade de energia tem sido usada para definir os detalhes da
segunda volta de Cristo e os eventos relacionados. A discussão centra-se no hora e no milênio
ou mil anos de reinado de Cristo.
Posmilenismo é uma visão otimista de que o mundo irá melhorar. Ao pregar o evangelho,
o mundo se converterá e o mal será erradicado verdadeiramente. Depois de o evangelho fazer
seu maior impacto, Cristo irá voltar. Posmilenistas geralmente não falam especificamente de
um período de mil anos, mas de um período extenso. Cristo reinará durante esse tempo apesar
de não estar fisicamente presente. Poucos defendem essa idéia atualmente.
Premilenismo se apegam a um reinado terrestre de Cristo por mil anos; além disso,
Cristo voltará para inaugurar o milênio. Esse período será um contraste dramático aos sete anos
de tribulação que irão antecede-lo. Ao passo que a tribulação será um tempo de devastação,
sofrimento e caos, o milênio será um glorioso tempo de tranqüilidade e justiça.
Amilenistas vêem o período de mil anos de Apocalipse 20 como puramente simbólico.
Não haverá reinado literal de mil anos. Como muito do livro de Apocalipse, os amilenistas
sustentam, o milênio de Apocalipse 20 é simbólico, a o simbolismo representa o céu, onde
existe perfeita glória e felicidade.
Há concordância significativa, entre os evangélicos, de que o premilenismo é a visão
mais precisa; mas ainda há muita discordância sobre a hora que a igreja será tirada do mundo,
conhecido normalmente como o “arrebatamento.” Duas visões são normalmente apoiadas,
assim como outros pontos de vista mediadores.
Em teoria todos os premilenistas acreditam que haverá um período (muitos acreditam
que serão sete anos literais) de grandes perturbações antes de Cristo voltar.

A questão é se teremos uma vinda separada para retirada da igreja do mundo antes da
grande tribulação ou se a igreja passará pela tribulação e só depois se reunirá ao Senhor. A
visão de que Cristo levará Sua igreja para Si antes da tribulação é chamado de
pretribulacionismo; a visão de que Ele levará a igreja depois da tribulação é chamado
postribulacionismo. Há também algumas posições mediadoras.

80
Pretribulacionismo ensina que a igreja não estará presente durante os tempos difíceis da
tribulação. Pretribulacionismo cita, “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a
aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tess 5:9). A igreja, ou crentes, serão
levados ou arrebatados para a presença de Deus: “Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos
arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim
estaremos sempre com o Senhor” (1 Tess. 4:7).
A visão da pretribulação, então, fala de dois retorno de Cristo. No primeiro retorno, os
mortos em Cristo serão ressucitados e Cristo e os crentes vivendo na terra serão arrebatados.
Esse retorno irá anteceder a tribulação. No segundo retorno de Cristo, os crentes que morreram
durante a tribulação serão ressucitados e Cristo estabelecerá seu reinado de mil anos.
A característica impressionante do pretribulacionismo é sua ênfase na iminência. Já que
nenhum evento profético tem de ser cumprido antes do arrebatamento, Cristo pode voltar a
qualquer momento. Muitos sermões evangélicos proclamam essa visão, e inclusive a Bíblia fala
de vigilância entre os crentes (Mat. 25:13).
No postribulacionismo, a igreja estará presente durante a tribulação. Essa visão diz que
a ira (grego orgae) de Deus é a punição e julgamento reservado aos pecadores. Os crentes,
então, não irão experimentar a ira de Deus, mas irão experimentar a tribulação.
Postribulacionismo simplifica os eventos finais ao ensinar apenas um retorno de Cristo (ao final
da tribulação, anterior ao milênio); e há necessidade de apenas uma ressurreição dos crentes.
O postribulacionista tem dificuldade de explicar o arrebatamento descrito em 1 Tessalonicenses
4:17. George Ladd sugere que o arrebatamento seja uma “festa de boas vindas” dos crentes
que irão saudar a Cristo e então recepciona-lo para seu reinado milenar.
Posições mediadoras entre pretribulacionismo e postribulacionismo existem em
abundância. Talvez a posição mais comum fala de um arrebatamento no meio da tribulação. De
acordo com essa visão, a igreja não passará pelos anos mais severos da tribulação, os últimos
três anos e meio. Uma visão relacionada é a do arrebatamento da pré-ira, que permite a
iminência na noção de que a igreja será arrebatada em qualquer momento entre o meio e o fim
da tribulação. Outra visão fala de uma série de arrebatamentos, com grupos de crentes tirados
da terra em horas diferentes.

Escatologia do Crescimento de Igrejas


O Movimento de Crescimento de Igrejas não entrou no debate sobre os detalhes da
escatologia. Com o evangelicalismo mantendo várias posições sobre os fins dos tempos, é bom
que o movimento não tenha tomado nenhuma posição que pudesse tirar seu foco de fazer
discípulos, possivelmente cirando divisões. Isso não quer dizer que o movimento não tenha
escatologia. O Acordo de Lausanne reflete e destaca pontos de concordância.

Acreditamos que Jesus Cristo voltará de maneira pessoal e visível, em poder e glória, para
consumar Sua salvação e julgamento. Essa promessa de Sua volta é um incentivo a mais
para nosso evangelismo, pois lembramos das palavras dEle de que o evangelho deveria
ser pregado em todas as nações. Acreditamos que nesse ínterim, período entre a
ascensão de Cristo e Sua volta, é repleto de missões do povo de Deus, que não tem
permissão para parar antes do Fim. Também lembramos de Seus avisos do surgimento de
falsos profetas e falsos Cristos como precursores do anti-Cristo. Portanto, rejeitamos
como um sonho orgulhoso e auto-confiante a noção de que o homem algum dia
construirá uma utopia na terra. Nossa confiança cristã é de que Cristo irá aperfeiçoar Seu
reino, e esperaremos com ansiedade por esse dia, e pelo novo céu e terra no qual a
retidão habitará e Deus reinará para sempre. Enquanto isso, nos dedicamos novamente
ao serviço de Cristo e do homem em feliz submissão à Sua autoridade sobre a toda a
nossa vida.

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(Marc. 14:26; Heb. 9:28; Marc. 13:10; Atos 1:8-11; Mat. 28:20; Marc. 13:21-23; João
2:18; 4:1-3; Luc. 12:32; Apoc. 21:1-5; 2Ped. 3:13; Mat. 28:18)

Quais, então, seriam as implicações para a escatologia no crescimento de igrejas? As


implicações a seguir são conseqüência da escatologia pessoal e cósmica.

1. A Realidade do Céu e do Inferno. Na morte ou quando Cristo voltar, todo ser


humano será levado a um lugar de destino eterno. O destino de cada pessoa será determinado
por seu relacionamento com Cristo durante sua vida (Mat. 25:4). A tarefa mais importante em
que o crente pode se envolver é compartilhar as boas novas de Jesus Cristo para que as
pessoas tenham a oportunidade de escolher Cristo e o destino eterno do céu.
2. A Urgência da Tarefa Evangelística. Nossa vida na terra é curta, seja
finalizada pela morte ou pelo retorno de Cristo. Devemos priorizar nosso tempo, dinheiro e
esforços para evangelizarmos antes que o tempo, como conhecemos, se acabe. Nenhuma
tarefa é mais urgente que o evangelismo.
3. A Ordem de Fazer Discípulos. O crescimento de igrejas, normalmente, mede
o discipulado pelos membros de igreja responsáveis. Apesar dessa abordagem quantitativa ter
algumas fraquezas, ela foca nossa missão em fazer discípulos (Mat. 28:19). A única grande
força do Movimento de Crescimento de Igrejas, é que ele insiste que levemos os cristãos além
da conversão, ao ponto onde os crentes se tornem fazedores de discípulos. Somente pelo
envolvimento de todo o corpo de Cristo nessa urgente tarefa, podemos esperar alcançar um
mundo perdido.
4. Expandindo a Laicidade. O “clero profisional”, que é realmente um termo
errôneo, não consegue, sozinho, proclamar e encorajar o mundo da necessidade de receber a
Cristo. Todo o povo de Deus deve estar equipado para fazer o trabalhos do ministério.
5. A Necessidade de uma Liderança Centrada. Mesmo que o Movimento de
Crescimento de Igrejas não tenha um consenso nos detalhes da escatologia, sem dúvida
sabemos que Cristo irá voltar. O tempo é curto, e as igrejas devem se focar na prioridade do
evangelismo e em fazer discípulos. As igrejas devem ter líderes hábeis e fortes que possam
manter esse foco a todo o tempo.

82
Parte III

Princípios do Crescimento de Igrejas

83
17
Princípios do Crescimento de Igrejas

Há algum tempo atrás, tentei consolidar os princípios do crescimento de igrejas que


tinha aprendido por anos. Parei quando a lista se aproximou do número cem. Apesar de alguns
princípios serem sobrepostas ou relacionadas, o projeto me fez perceber o quão extenso e
detalhado o Movimento de Crescimento de Igrejas havia se tornado.
Nessa seção, examinaremos alguns dos maiores princípios do crescimento de igrejas
que surgiram nas últimas quatro décadas. Em uma tentativa de incluir tantos princípios quanto
fosse possível, cada um dos capítulos seguintes incluirão preceitos do crescimento de igrejas
agrupados em quatro grandes grupos. Ainda assim, alguns princípios podem ser omitidos. Com
o Movimento de Crescimento de Igrejas sempre buscando novas maneiras de fazer discípulos
para Cristo, o número de princípios irá crescer enquanto outros desaparecem.

Princípios do Crescimento de Igrejas versus Princípios Bíblicos


A maioria dos princípios do crescimento de igrejas nos capítulos seguintes vêm da Bíblia.
Por exemplo, examinaremos o papel da oração no crescimento da igreja. A oração é o coração
do início do crescimento de igrejas no livro de Atos. Nesse caso, o princípio de crescimento de
igrejas também é um princípio bíblico.
Alguns dos princípios, porém, não vem da Bíblia, mas ainda assim eles não são não-
bíblicos. O crescimento de igrejas identifica fatores que contribuem para a expansão das
igrejas. Se esse fatores não são contrários à Escritura, então são considerados válidos para o
trabalho de crescimento de igrejas. Um exemplo de tal princípio é a explosão de experiências
de adoração contemporânea em igrejas por toda a nação. A Bíblia não prescreve um tipo de
adoração, um estilo de música ou um método de saudar os convidados. O único requisito para
adoração é que traz glória a Deus atribuindo importância ao nome de Deus. Se muitos cristãos
estão crescendo espiritualmente e pessoas perdidas estão sendo levadas a Cristo através da
adoração contemporânea, então é um princípio merecedor de discernimento. Wagner diz,
“Como ponto de partida, o crescimento de igrejas freqüentemente olha para o „é‟ antes do
“dever”... o que os cristãos experienciam sobre o trabalho de Deus em seu mundo e em sua
vida nem sempre é precedido de uma cuidadosa racionalização teológica. Muitas a seqüência é
exatamente oposta: a teologia é baseada na experiência cristã.”

Avaliando os Princípios do Crescimento de Igrejas


Na conclusão de cada capítulo, uma avaliação do princípio de crescimento de igrejas
será dada. O princípio será avaliado à luz de sua integridade teológica, ou sua correlação com o
crescimento de igrejas, ou ambos.
A seção anterior, lidando com a teologia do crescimento de igrejas dará o fundamento
sobre o qual alguns princípios serão avalidos. A questão chave não é apenas se o princípio é
encontrado na Bíblia, mas se o princípio é contrário à Escritura.
Pode parecer incomum que alguns princípios sejam avaliados à luz da correlação com o
crescimento de igrejas. Afinal de contas, esses princípios não apareceram como resultado de
sua contribuição ao crescimento de igrejas? Nesse ponto estou em grande dívida com C. Kirk
Hadaway por sua análise dos princípios do crescimento de igrejas em Princípios do Crescimento
de Igrejas: Separando Fato da Ficção.
A tese de Hadaway é de que a observação de igrejas que estão crescendo rapidamente,
somente, não pode nos dar verdadeiro princípios do crescimento de igrejas: “Infelizmente, a

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maioria desses princípios, chaves, sinais vitais e passos para um crescimento de igrejas são
apenas intuições. Elas, geralmente, são baseadas em cuidadosa observação, e normalmente
plausíveis, mas não foram testadas ou verificadas.” Hadaway seguiu a abordagem do estudo
de caso e complementou com procedimentos de pesquisa intensa. “O problema com o estudo
de um grupo incomum, como as igrejas de crescimento mais rápido na América, é que o
pesquisador não tem como saber se as características que elas compartilham são ou não
diferentes das igrejas que não estão crescendo”. Hadaway então enfatiza : “Ademais, tal
pesquisa não provê maneira de saber qual fator produtivo do crescimento de igrejas é mais
importante que qualquer outro.”
Muitos princípios do crescimento de igrejas, observa Hadaway, são derivadas de casos
extremos, de igrejas grandes e de crescimento muito rápido. Esses princípios poderiam fazer
diferença em igrejas comuns com uma freqüência menor que cem pessoas? “A maioria das
igrejas têm a oportunidade para o crescimento, mas poucas têm o potencial para se tornarem
outra Crystal Cathedral. Pode ser que as estratégias usadas pelas igrejas de maior crescimento
da América não sejam estratégias das mais praticáveis para alcançar crescimento renovado na
maioria das pequenas congregações.” Os próximos capítulos usarão a extensa pesquisa de
Hadaway e de outros na avaliação dos princípios do crescimento de igrejas tanto
teologicamente quanto do modo prático.

Princípios do Crescimento de Igrejas e Princípios de Crescimento


Espiritual: Um Conflito?

Se os princípios do crescimento de igrejas se tornarem a ênfase, as igrejas


negligenciariam outras áreas de importância? Nos séculos passados, igrejas que enfatizaram
evangelismo e crescimento de igreja estavam sempre na vanguarda dos ministérios sociais e
ensino cristão. O registro histórico daqueles que se apegaram a prioridade do evangelismo é
muito positiva. No capítulo sobre eclesiologia e crescimento de igrejas, foi observado que as
igrejas evangelísticas do século XIX estavam entre as líderes em grande reforma social. O
mesmo pode ser dito das igrejas do crescimento de igrejas, hoje? As igrejas vigorosas e
evangelísticas desistiram algum outro aspecto chave da tarefa de crescimento de igreja para
perseguir outra estratégia de crescimento?
Talvez o aspecto mais recompensador da pesquisa de Hadway é sua conclusão de que
as igrejas de crescimento mais rápido dos dias de hoje tendem a serem líderes em outros
ministérios também. “Pesquisas recentes nos correlatos do “crescimento em fé madura” e
“educação cristã eficaz” mostrou que adultos em igrejas em crecimento tendem a indicar mais
crescimento na fé na média que adultos em igrejas que não estão crescendo.” Ademais,
Hadaway descobriu que todas as fases do ministério de “crescimento de igrejas” foram
aprimoradas. “Igrejas em crescimento também exibem maiores nivéis gerais de força e
efetividade em outras áreas da vida da igreja, como na adoração, aquecimento congregacional,
qualidade do programa de educação cristã e orientação de serviço social.”
As boas novas para os entusiastas do crescimento de igrejas é que as igrejas não
sofrem quando enfatizam um positivo crescimento numérico. Ao contrário, uma igreja crescente
cria uma atmosfera propícia ao aprimoramento de todas as outras áreas e ministérios da igreja.
Com isso em mente, se torna imperativo que descubremos aqueles princípios do crescimento de
igrejas que realmente fazem a diferença. Aplicando muitos desses princípios resultará em uma
igreja maior que alcançou mais pessoas para Deus e que os membros decobriram um
compromisso mais profundo com Deus.

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18
Oração: O Poder por Trás dos Princípios

Chegando a conclusão de escrever a dissertação de meu doutorado, muitos anos atrás,


fui deixado com a tarefa de avaliar a teologia do Movimento de Crescimento de Igrejas.
Naquele momento, a evidente deficiência que eu havia mencionado foi a falha do movimento
em desenvolver uma apreciação pela relação entre a oração e o crescimento de igrejas. A
oração foi a fonte de poder para o explosivo crescimento da igreja primitiva. Antes do
Pentecostes, o pequeno grupo de crentes “perseveravam unanimemente em oração e súplicas”
(Atos 1:14). Um fator chave nas contínuas ondas de crescimento no princípio da igreja era a
devoção dos crentes nas orações (Atos 2:42).
Em muitas ocasiões no princípio da igreja, a armadilha da oposição colocou em risco o
crescimento do cristianismo. Quando o Sinédrio ameaçou os seguidores com ações punitivas se
eles continuassem a falar sobre o “nome” (Atos 4:18), a igreja se encontrou para se unir em
oração e alcançar novos níveis de audácia evangelística (Atos 4:31). Novamente, Herodes tenta
destruir o ímpeto evangelístico através da perseguição, a igreja se uniu em oração e o
crescimento continuou (Atos 12:5): “Aqui, estavam as duas comunidades, o mundo e a igreja,
ordenadas uma contra a outra, cada um segurando uma arma apropriada. De um lado, estava a
autoridade de Herodes, o poder da espada e da segurança da prisão. Do outro lado, a igreja em
oração, a qual era o único poder que os sem poder possuem.”
As orações dos “sem poder” derrotou todas as armas do mundo. Pedro foi resgatado da
prisão por um anjo, e o evangelho continou a ser espalhado (Atos 11:11). Herodes foi abatido
pelo Senhor e morreu uma morte horrível (Atos 11:23). A ação opressora contra a igreja
continuou apenas por pouco tempo. O evangelho, por causa do poder da oração, se espalhou
desimpedida.
Já que o livro de Atos é freqüentemente usado como uma auto-defesa para os princípios
do crescimento de igrejas. Imaginava por que o movimento tinha falado tão pouco sobre o
impacto da oração no crescimento da igreja. A literatura que emanou dos primeiros anos do
Movimento de Crescimento de Igrejas era orientada por método. O leitor era, algumas vezes,
deixado com a impressão de que qualquer igreja pode crescer se os métodos certos fossem
aplicados em proporções adequadas. Os críticos perguntavam se Deus estava estava envolvido
no movimento.
Com certeza, nenhum líder do crescimento de igrejas deduzia o poder da oração, e a
dependência de Deus do crescimento de igrejas, mas a literatura não refletia tal ênfase.
Quando o movimento começou a amadurecer, a literatura começou a refletir cada vez mais
sobre o mais vital princípio do crescimento de igrejas.

Uma Mundaça na Década de 1980


C. Peter Wagner, tendo experimentado a mudança do paradigma na área dos sinais e
prodígios, começou a pesquisar as dimensões espirituais das igrejas. Ele passou vários anos
estudando a influência do sobrenatural sinais e prodígios no crescimento de igrejas. Ele colocou
suas descobertas em How to Have a Healing Ministry Without Making Your Church Sick (Como
Ter um Ministério de Cura Sem Deixar Sua Igreja Doente), em 1983. Examinaremos as
implicações do movimento de sinais e prodígios no capítulo 30. A pesquisa de Wagner o levou a
um entendimento mais profundo do papel da oração no crescimento de igrejas. Em 1992,
Wagner havia publicado o primeiro de três livros lidando com a oração no crescimento de

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igrejas. O terceiro livro se dirige especificamente a relação da oração com o crescimento da
igreja local. Outra literatura sobre crescimento de igrejas seguiram a liderança de Wagner.
George Barna escreveu um dos melhores sumários sobre esse tópico em seu livro User
Friendly Churches (Igrejas com Usabilidade). Em seu estudo em algumas igrejas de crescimento
rápido, ele viu que o ministério da oração era o ministério fundamental da igreja. A igreja
enfatizava a oração em quatro grandes áreas.
Primeira, os membros das igrejas foram expostos aos ensinamentos bíblicos sobre a
oração na vida cristã. O púlpito e os vários programas e ministérios da igreja encorajavam e
ensinavam sobre a oração. Havia pouca dúvida nas mentes dos membros da igreja que tinham
a oração como prioridade.
Segundo, os lideres de igreja, começando pelo pastor, modelavam dinâmicas vidas de
oração. Grande parte do tempo era dedicada à oração apesar da agenda cheia. Alguns pastores
passavam mais tempo orando por seus sermões que preparando suas mensagens.
Terceiro, as igrejas de crescimento rápiodo aprenderam que o louvor pelas orações
respondidas era uma parte integrante da oração. As pessoas aprenderam que a oração é
realmente eficazao ouvirem sobre muitas orações respondidas.
Quarto, as igrejas em crescimento produziam responsabilidade pela oração. A vida de
oração dos membros, os ministérios de oração da igreja e a vida de oração dos líderes eram
regularmente colocadas diante da igreja.
O crescimento de igrejas está descobrindo mais de dois novos métodos: está
descobrindo o poder por trás dos princípios e métodos. No próximo capítulo examinaremos o
crescimento do princípio de liderança e visão. Antes de discutirmos o tópico, porém, precisamos
perceber que a visão vem de Deus e deve ser resultado da vida de oração do líder.

Oração e Visão
Se uma liderança visionária é um dos componentes chave para o crescimento de
igrejas, devemos determinar como um líder desenvolve a visão. Apesar de ser o tópico do
próximo capítulo, a visão está tão ligada à oração que merece ser mencionada aqui.
A oração é indispensável para entender a visão de Deus para as igrejas. Paulo escreveu
que deveríamos buscar sabedoria e visão de Deus e não do mundo: “Ninguém se engane a si
mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.
Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os
sábios na sua própria astúcia” (1 Cor. 3:18-19). Não apenas devemos olhar além das visões do
mundo, mas também devemos olhar além das outras igrejas. Apesar de podermos, certamente,
aprender com outras igrejas em crescimento, a visão que Deus dá a uma igreja não é a mesma
que Ele dá a outra igreja. A visão de liderança deve vir diretamente, e especificamente, de
Deus.
Ao orarmos a Deus por uma visão para nossa igreja, Ele, milagrosamente, abrirá nossos
olhos para as possiblidades. Depois de muitas semanas suplicando a Deus para que me desse
uma visão para a igreja da qual sou pastor, a Igreja Batista de Green Valey em Birminham, um
grande desenvolvimento surgiu. Estava no carro com nossos quatro pastores associados,
Charles Dorris, Marion Eubank, Chuck Carter e Tim Miller. Estavámos nos dirigindo por uma
nova área povoada do condado, que não tinha nenhuma igreja com um trabalho significativo
em vista. Discutíamos a possibilidade de começar uma igreja na área, mas estávamos
preocupados pois ficava a apenas seis quilômetros de distância, tão perto que seria difícil para
uma igreja se estabelecer com uma identidade separada da igreja mãe.
Então, percebi que não tínhamos que estabelecer uma igreja com uma identidade
totalmente separada. Poderíamos começar um novo campus ao compartilharmos nossa quadra,

87
uma grande sala de comunhão, e outras instalações. Poderíamos usar algumas pessoas de
nossa equipe e dos ministérios e conseguir economia de escalas. Poderíamos trabalhar juntos
para levar recursos de pessoal, dinheiro e tempo para começarmos mais igrejas. Logo a visão
ficou clara: um grupo de igrejas trabalhando juntas sob o mesmo guarda-chuva do ministério
dedicando-se a tarefa de começar novas igrejas.
Depois, percebi que a visão que Deus me deu era semelhante, mas não idêntica, a de
algumas igrejas ao redor do mundo. Esse tipo de “plantação” de igreja é chamado de método
satélite, e estou convencido que a visão nunca seria concedida se não houvesse oração.
Também estou convencido de que essa visão nunca se tornaria realidade se a oração não fosse
fundamento da guerra espiritual que se seguiria.

Oração e Guerra Espiritual


Satanás irá se opôr a qualquer princípio de crescimento de igrejas que Deus abençoe. A
peça de veste mais importante para nos vestirmos da “completa armadura de Deus” (Efe. 6:18)
é “orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda
a perseverança e súplica por todos os santos” (Efe.6:18). Qualquer líder de igreja que tenha
visto Deus abençoar o crescimento de sua igreja, também viu a oposição dos “principados,
contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais
da maldade, nos lugares celestiais” (Efe. 6:12).
A oração deve ser o meio de pelo qual a visão de Deus para as igrejas, e deve ser
também uma das principais armas na guerra contra aqueles poderes que poderia impedir o
crescimento da igreja. A pesquisa empírica de Wagner afirmou o seguinte: “Quanto mais
profundo eu cavo além da superfície dos princípios, mais interamente convencido fico de que a
batalha real é uma batalha espiritual e que nossa principal arma é a oração.”
Em certo momento no ministério de qualquer líder de crescimento de igrejas, Satanás
irá libertar suas forças para frustrar o crescimento da igreja de Deus. A batalha pode vir de
fontes inesperadas, por exemplo, membros da igreja que estão na zona de conforto ou o nicho
de poder foi corrompido pelo crescimento da igreja. A batalha pode vir de fora da igreja, com
agências governamentais. Lyle Schaler disse que uma das maiores batalhas que as igrejas
americanas enfrentarão, no século XXI, é a aquisição de terras. Muitas agências
governamentais, locais e estaduais, estão se tornando hostis às igrejas cristãs nas questões de
zoneamento e requerimento de aquisições.
Não importa a área, a oposição virá ao líder do crescimento da igreja. Ele ou ela podem
batalhar contra a oposição com eficácia apenas com a guerra espiritual saturada com o poder
da oração. Lembre-se das palavras de Tiago: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele
fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós
de duplo ânimo, purificai os corações” (Tiago 4:7-8).

A Implementação do Ministério da Oração da Igreja


Sou sempre perguntado: “Qual é o primeiro passo que você daria para iniciar um
crescimento de igreja?” Minha resposta é consiste: Comece um ministério de oração.
Um ministério de oração será eficaz apenas se o pastor e outros líderes de igreja se
tornarem guerreiros da oração. O primeiro passo para um ministério de oração dinâminco, é
avaliar sua própria vida de oração. Estudos recentes mostraram que a média de tempo que
pastores americanos passa em oração é de quinze a vinte e dois minutos por dia. Um em cada
quatro pastores gastam menos de dez minutos em orações diariamente! Os líderes devem
colocar um ritmo ao passar um tempo de significativa qualidade e quantidade com Deus.

88
O segundo passo, em um ministério de oração eficaz, é ensinar as pessoas sobre a
prioridade bíblica da oração. Todo líder de igreja deve decidir os meios mais eficazes de ensinar
a oração. O pastor, com certeza, tem um veículo eficaz para ensinar a oração através do
púlpito. Com os pequenos grupos explodindo ao redor do mundo, esse ministério está,
rapidamente, se tornando fonte de descobrimento do poder da oração.
Em algum momento, o líder da igreja irá querer estabelecer um ministério de oração por
toda a igreja, envolvendo o máximo de pessoas possível. O ministério não deve ser apenas
outro programa da igreja. O ministério de se tornar a fonte de vida da igreja. Muitas fontes
boas estão disponíveis para o entendimento dos princípios e métodos de estabelecer um
ministério de oração. Os líderes podem consultar agências denominacionais ou outras igrejas
com um ministério de oração dinâmico. Lembre-se, porém, que devemos ser sensíveis a Deus
para um ministério compreensível que melhor se encaixará nossa situação específica. Usarei
como exemplo os componentes ministeriais de minha própria igreja, a Igreja Batista de Green
Valey. Em nossa igreja, esse ministério é liderado de maneira maravilhosa por Aulene Maxwell.
Vimos nela o que acredito ser ingredientes fundamentais de um pessoa para liderar um
ministério de oração: um espírito otimista, amável, meiga, boa habilidade em organização e,
claro, uma necessidade de orar. Aulene organizou nossa igreja em várias facetas do ministério
de oração.
1. Sala de oração intercessória. Essa sala é totalmente dedicada a oração.
Diferentes membros da igreja dedicam uma hora por semana para orar pelas centenas de
pedidos listados na sala. Essa sala também é usada durante os cultos como orações
intercessórias pelo culto.
2. Cartões de oração e prayergrams (programas de oração). Cada pessoa
em nosso culto, incluindo os visitantes, preenchem um cartão de registro, que é colocado na
cesta das ofertas. A parte de trás do cartão é um lugar para colocar os pedidos de oração.
Centenas de pedidos vem dessa maneira! Também enviamos prayergrams (programas de
oração), declarando nosso apoio àqueles em necessidade. (veja encarte.)
3. Correntes de oração. Muitas correntes de oração por telefone foram
desenvolvidas em nossa igreja.

89
Exemplo de Prayergram (Organograma de Oração)
(Igreja Batista de Green Valey, Birminham, Alabama)

PRAYERGRAM
“...Orai uns Ministério de
pelos outros...” Tiago Oração
5:16 Intercessória
1815 Patton
Chapel Road
Birminham, AL
35226
(205) 822-2173
“Orai sem Um ministério da
cessar” 1 Igreja Batista
Tessalonicenses 5:17 de Green Valey
Dr. Thom Rainer,
Pastor
“E, tudo o que
pedirdes na oração,
crendo, o recebereis.”
Mateus 21:22
“...A minha casa é
casa de oração...”
Deus Responde Lucas 19:46
as Orações

Modelo do Cartão de Registro


(Frente e verso, com espaçco para pedido de oração no verso)

Bem vindo a
Igreja Batista de Green Valey Data__________________

Dr./Sr/Sra____________________________ tel ____________________


Endereço ____________________________ apt. ______ tel. Semana
______________
Cidade ______________________________ Estado_____ cep_________________

Essa é sua...
__ Primeira vez? Fui convidado por ___________________________________
__Segunda vez? __ Terceira vez? __Visitante __Membro

Igreja em que é membro _______________________________________________


Grau de escolaridade ou grupo de idade Circule, por favor
P123456789 18-29 30-35 36-40 41-47 Solteiro(a)
10 11 Universitário 46-49 50-55 56-64 65-66+ Casado(a)

Nome dos filhos que moram com você Aniversário


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

90
(Por favor, veja o outro lado)
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Gostaria de informações sobre: Gostaria de:


__ Como se tornar Cristão __ Entregar minha vida a Deus
__ Próxima aula de filiação __ Renovar o compromisso c/ Deus
__ Crescimento espiritual __ Ser Batizado
__ Treinamento de professores __ Ser matriculado na aula de
filiação
__ Missões __ Ajuda onde necessário
__ Estudo bíblico p/ Adultos __ Matricular-me na Escola
Dominical
__ Atividades Musicais __ Unir-se à igreja
__ Atividades para solteiro __ Reservas p/ o jantar quarta a
noite
__ Atividades p/ universitários
_______________________________
__ Atividades p/ jovens
_______________________________
__ Atividades para crianças
_______________________________
Necessidade de oração_______________
_______________________________
__________________________________
________________________________
__________________________________
________________________________
__________________________________
________________________________
Gostaria de enviar uma prayergram p/
________________________________
a pessoa por orou? __S __N Se sim,
________________________________
forneça o endereço: ________________________________
________________________________
________________________________
________________________________
________________________________

4. Grupos de oração. Muitos outros grupos têm sido criados dentro dos pequenos
grupos da igreja.
5. POIPs – Parceiros de Oração Intercessória pelo Pastor. Cinquenta
pessoas dedicadas que foram chamadas para orar por ministério diariamente.
6. Ênfase na oração. Muitas vezes damos ênfase especial à oração, como um
período de vinte e quatro horas dedicado à orar e jejuar.
Finalmente, a igreja deveria ser chamada para um tempo de oração da igreja unida.
Para muitas igrejas, a consagrada hora da quarta à noite tem caído devido aos horários

91
frenéticos da família de hoje. Todavia, a igreja deveria encontrar uma hora regular para unir
todos os membros da igreja para uma oração unida.

Avaliação
O ministério da oração na igreja precisa de pouca justicativa teológica. Além disso, o
poder da oração no grande crescimento da igreja em Atos deveria motivar os líderes da igreja a
tornarem a oração uma prioridade.
A oração deveria ser primordial na igreja porque a palavra de Deus ordena. Até se não
conseguissemos encontrar nenhuma correlação positiva entre a oração e o crescimento de
igrejas, a ordem da oração requer obediência. É fascinante, porém, aprender como Deus está
trabalhando através da oração para liderar igrejas a um crescimento sem precedentes.
Observamos anteriomente os comentários de Barna sobre a prioridade da oração na igrejas em
crescimento (igrejas que antes estavam em declínio, ou em um platô, e agora estão crescendo)
e igrejas em platô. Ele percebeu que “71% de igrejas em crescimento relataram uma ênfase
no crescimento da oração nos últimos anos, se comparados com os 40% de igrejas que
continuam no platô.”
A oração é o poder por trás dos princípios. Simplesmente, não existe um princípio mais
importante em crescimento de igrejas, que a oração. As orações do início da igreja expandiram
o poder de Deus e milhares se juntaram à igreja. Aconteceu naquela época. Está acontecendo
em algumas igrejas hoje em dia. E pode acontecer na sua igreja.

92
19
Liderança e Crescimento de Igrejas
Há quase vinte anos atrás, C. Peter Wagner corajosamente proclamou um princípio de
crescimento de igrejas central: “Na América, o fator catalítico primordial para o crescimento de
uma igreja local é o pastor. Em cada crescimento, nas igrejas dinâmicas que estudei, encontrei
uma pessoa chave que Deus estava usando para fazer esse crescimento acontecer.” Wagner,
mais tarde, afirmou que um liderança pastoral forte é o primeiro de muitos sinais de saúde do
crescimento de igreja: “Sinal Vital Número Um de uma igreja saudável é um pastor que é
pensador de possibilidades e que a liderança dinâmica tem sido usada para catalizar toda a
igreja ao assunto da liderança pastoral, Leading Your Church to Grow (Liderando Sua Igreja no
Crescimento).
Há pouca dúvida de que a liderança em geral e a liderança pastoral em particular é uma
fator de grande importância no processo de crescimento de igrejas. Neste capítulo,
examinaremos muitos princípios de liderança que estão afetando o crescimento da igreja.
Podemos examinar esses princípios não apenas sob a luz de seus sucessos em crescimento de
igrejas, mas também na visão dos ensinamentos bíblicos sobre verdadeira liderança.
Em alguma consideração, implentando os princípios de crescimento de igrejas
mencionados nesse livro ou em qualquer outro lugar, resultarão da liderança focada na
obediência a Grande Comissão (Mat. 28:19). Essa dedicação sincera para alcançar pessoas deve
ser nutrido no coração do líder e passado aos seguidores.

O Pastor como Líder


Geralmente, pensamos no pastor como líder-chave para o crescimento da igreja. De
fato a responsabilidade pelo crescimento de uma igreja recai sobre o pastor responsável pela
congregação. Ainda que fatores de não-liderança como demográficos , a história da igreja e a
idade da igreja afetarão o potencial de crescimento, a liderança pastoral pode ser decisiva em
mudar uma igreja de não-crescimento para crescimento. Hadaway observa como a nova
liderança pode mudar drasticamente a cara de uma igreja: “A maioria das igrejas em
crescimento na pesquisa (59%) chamou um novo pastor no mesmo ano ou no ano anterior
antes de começarem a sair do platô.” Hadaway descobriu que um dos componentes chave da
liderança pastoral para o começo do crescimento era a visão: “Eles herdavam igrejas com
problemas e eram incapazes de forçar qualquer assunto porque não tinham ganhado o direito
de faze-lo. Ao invés disso, eles faziam o papel de catalista – compartilhando sua visão com a
igreja, ligando-a a propósitos latentes que membros ainda compartilhavam, criando a noção de
entusiasmo e dando encorajamento àqueles na igreja que poderiam ver a visão e quem estaria
disposta a trabalhar por ela.
Quando alguém pesquisa a riqueza da literatura de crescimento de igrejas sobre a
liderança pastoral, surgem várias características de pastores de crescimento. Talvez, a mais
mencionada atualmente seja a que Hadaway acabou de descrever – a visão.
Visão. Quando George Barna escreveu Without a Vision, the People Perish (Sem uma
Visão, o Povo Perece), ele mostrou o assunto mais importante da liderança pastoral,
atualmente. A sociedade e a igreja estão mudando nos dias de hoje mais rápido que em
qualquer outro tempo na história. Enquanto as verdades teológicas devem permanecer
constantes, a igreja deve se perguntar se está sendo deixada para trás pela revolução social e
tecnológica. Se o mundo não entende a igreja, se a igreja não é relevante para o mundo, então
a mensagem imutável do evangelho nunca é comunicada ao perdido.

93
Um líder de crescimento de igreja, em particular o pastor, deve seguir o plano de Deus
para a igreja, para liderar as pessoas em tempos de maior necessidade. Como um pastor
entende a visão de Deus para a igreja? O pastor deve se conhecer – seus dons, paixões,
talentos, valores, atitudes, experiências e hipóteses. Deus leva um pastor para uma igreja por
um tempo determinado e por uma determinada razão. Como Ester na Pérsia, o pastor está na
igreja “para tal tempo” (Ester 4:14). Sem dúvida, Deus usará a personalidade e os atributos e
os dons do pastor para moldar a visão. Conhecer-se é o primeiro passo de um pastor para
entender a visão de Deus.
O pastor também deve conhecer a igreja que ele serve. Muitos líderes acreditam que
conhecem seu povo e, em alguma extensão, a relação pastor-membro produz conhecimento
de um sobre o outro. Fiquei surpreso, porém, ao ver quão pouco eu conhecia sobre as pessoas
da minha igreja quando fiz duas pesquisas anonimamente em um período de dezoito meses. As
pesquisas eram extensas e foram respondidas por metade dos membros adultos da igreja. Para
mim, os resultados foram uma mistura incomum de surpresa, encorajamento, dor, confusão e
direção. Descobri que tínhamos três igrejas em uma, com dois grandes grupos mostrando
características em comum com as idades. Descobri um grupo que achava que a igreja estava se
movendo muito devagar, outro que achavam que a mudança era muito rápida, e ainda outro
que sentia que tínhamos alcaçado um bom ritmo e direção. Essas pesquisas me prepararam
para diferenciar a as reações cada vez que a igreja enfrentasse um decisão de alguma
conseqüência. A pesquisa é uma ferramenta indispensável para a visão.
Os pastores podem conhecer mais suas igrejas através de inventários de dons. Esses
inventários estão disponíveis em várias fontes diversas. Apesar de não serem ferramentas
infalíveis, os inventários dão bons indicadores da mistura de dons espirituais dos cristãos.
Examinaremos essa ferramenta no próximo capítulos.
Outra peça do quebra-cabeça da visão é aprender sobre o ambiente da comunidade e
do ministério. Informações demográficas ajudam a entender a composição estatística da nossa
comunidade, mas nossa pesquisa não deve terminar aí. Cada área ministerial tem uma
personalidade, ainda mais quando essas personalidades não sejam monolíticas. Algumas
comunidades podem ser receptivas a novos ministérios, enquanto outras não. Alguns líderes
em meu estado, Alabama, tentaram transplantar os ministérios de igrejas da Costa Oeste no
total. Os resultados, freqüentemente eram desastrosos, tanto para os pastores quanto para as
igrejas.
O elemento mais importante da visão é a oração. Um pastor que tem uma vida de
oração consistente, buscando a sabedoria de Deus, decobrirão a maravilhosa direção que Deus
planejou para a igreja.
Iniciando. Alguns livros de liderança fala que bons líderes são “proativo” ou “futuro
ativo”. Um líder de crescimento de igrejas deve iniciar ações de acordo com a visão dada por
Deus. O líder não espera algo novo acontecer; ele faz acontecer! Ser um pastor de crescimento
de igreja é trabalho duro. Toma tempo, compromisso, visão e habilidade para manter a visão
por um longa distância.
Compartilhando o ministério. Um dos obstáculos para o crescimento de muitas
igrejas é a relutância do pastor em soltar seu ministério. Há alguns anos atrás, fiz consulta para
uma igreja que a média de freqüência se mantinha em 140 por quase quinze anos. Fiquei
sabendo que esse platô coincidia com a posse do presente pastor. Não demorou muito para
que eu descobrisse a rotina desse ministério pastoral. Ele, sozinho, visitava os doentes,
ministrava aos presos, aconselhava os que tinham problemas, e até ligava para todos os
membros que faziam aniversário! Ao fazer isso, pastor privava as pessoas de seu chamado feito

94
por Deus para fazer o trabalho ministerial (Efe. 4:12) e falhava em sua tarefa de equipar o
ministério (Efe. 4:11-12).
Os pastores devem superar a insegurança que diz: “Ninguém mais pode fazer o
ministério, apenas eu!” Essa atitude reflete uma visão condescendente do trabalho leigo or um
temor que o pastor pode ter de estar falhando em seu trabalho. Alguns pastores ainda temem
perder o reconhecimento e admiração se outros fizerem seu trabalho ministerial.
“Fazendeiros”. Lyle Schaller foi o primeiro a mencionar, há quinze anos atrás, que o
pastor é como um fazendeiro. Wagner comentou: “Encaixa-se perfeitamente. Observe que em
uma igreja liderada por um fazendeiro, as ovelhas continuam sendo pastoreada, mas o
fazendeiro não o faz. O fazendeiro observa o que é feito pelos outros.” Como um pastor pode
encontrar e equipar outros para pastorearem a congregação? Embora existam muitas
respostas possíveis para essa questão, o leitor interessado pode pular para o capítulo 29 e a
discussão dos pequenos grupos. Não connheço modelo de pastorei melhor que os pequenos
grupos.
Bons mordomos. Bons líderes também são bons mordomos. A mordomia
normalmente se refere à responsabilidade a Deus com dinheiro e ganhos materiais. Os bons
líderes também devem desenvolver uma boa mordomia de seu tempo, sua vida de oração, seu
trabalho e hábitos de lazer, seus estudos da Bíblia e sua família.
Confiante, decisivo e otimista. O pastor de crescimento de igreja visionário terá que
desenvolver uma visão de Deus, por isso ele pode responder às situações com confiança e
decisão. Na verdade, a tomada de decisão irá se tornar cada vez mais fácil quando a visão e o
plano de Deus forem se aclarando. Um pastor visionário é otimista sobre o futuro porque Deus
lhe deu uma clara visão desse futuro. Há um alvo a ser alcançado e um prêmio a ser recebido
(Fili. 4:14). Barna descobriu que esses pastores visionários tinham “um espírito empreendedor
que os capacita a prever as possibilidades, conceber maneiras de fazer com essas possibilidades
se realizem, e organizar e dirigir os recursos para fazer boas coisas acontecerem... Eles tendem
a ser mais proativos que reativos.”

Os erros mais comuns de líderes de crescimento de igrejas


Tenho a maravilhosa oportunidade de de interagir com centenas de líderes de
crescimento de igrejas, especialmente pastores e outros líderes de cargos na igreja. O
Movimento de Crescimento de Igrejas tem feito uma impressão indelével em suas vidas. Eles
estão animados, visionários e otimistas. Ainda assim, os melhores líderes algumas vezes
tropeçam e até fracassam. Apesar de os erros mais comuns discutidos aqui não sejam
completos, eles são caraterísticas hereditárias da vida de muitos líderes do crescimento de
igrejas atualmente.
Lutas na vida espiritual e pessoal. Um líder de crescimento de igrejas tem
dificuldade de diminuir a velocidade. Freqüentemente, um momento de oração e na palavra de
Deus parecem como uma interrupção em uma agenda cheia. As famílias de pastores e outras
famílias de líderes são freqüentemente negligenciadas. As palavras de Paulo a Timóteo são
convenientemente esquecidas: “se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado
da igreja de Deus?” (1 Tim. 3:5).
Enquanto há muitos recursos bons para melhorar sua caminhada com Cristo, a chave
para a maioria dos pastores de crescimento de igrejas é a responsabilidade final. Tornei-me
totalmente reponsável por um pequeno grupo de homens de nossa igreja. Todos esses homens
são mais velhos que eu, e compartilham comigo áreas chave como o meu relacionamento com
Deus, minha esposa, meus filhos e outros membros da igreja. Em uma igreja, para a qual fiz
uma consulta recentemente, todos os ministérios tinham pequenos grupos de responsbilidade;

95
mas esses grupos foram criados depois que um antigo membro cometeu adultério com um
membro da igreja. Suas trágicas palavras ao pastor foram: “Se eu tivesse sido responsável...”
Agindo muito rapidamente. É extremamente difícil saber quando agir ou esperar. Se
os líderes do crescimento de igreja esperou que todos na igreja comprassem sua visão, essa
pode nunca se tornar realidade. Todavia, os pastores podem ir muito a frente de seu povo.
Carolyn Weese disse bem: “Os visionários podem prever mais ministérios e programas do que
pessoas disponíveis para esses ministérios e programas. Os visionários tendem a ir muito a
frente de seu povo que as pessoas,muitas vezes, o confundem com o inimigo. Os visionários
querem assumir os riscos. Quando eles assumem os riscos, eles se tornam vuneráveis a serem
mal entendidos, criticados ou rebaixados por membros de staff, pela liderança ou pela
congregação.”
Um líder de crescimento de igreja deve encorajar seu povo, constantemente, para ir
adiante. Ele encara o perigo de ir para a batalha sem nenhum soldado. Às vezes, paciência
pode ser o melhor, mas a virtude de maior dificuldade para um pastor de crescimento de igreja.
Falha ao se comunicar. Um líder visionário, freqüentemente estipulam cumprir a
tarefa sem se comunicar adequadamente com as pessoas na igreja. Desejando não ser
atrasado em detalhes, um pastor pode conseguir cumprir alguma faceta de sua visão, enquanto
poucas pessoas entendam seu propósito. Ele deve comunicar repetidamente a visão e como ela
será cumprida.
Ausência de persistência. Por ser o pastor visionário, normalmente, desinteressado
em detalhes, muitas idéias grandiosas nunca vão mais adiante que os sonhos do pastor. Mesmo
que o líder de crescimento de igrejas não tenha que estar envolvido em todos os detalhes, ele
deve uma grupo equipado ou líderes leigos para que o sonho se torne realidade.
“Febre da imitação”. Estudo de casos, visitas a igrejas em crescimento, seminários e
conferências liderados por pastores das megaigrejas e livros idealizando ministérios de outras
igrejas tentam muitos pastores a copiarem esses modelos em suas igrejas. Quem nunca ouviu
falar que “modelo Saddleback” ou o “modelo Willow Creek” se tornaram a base para um
ministério para a igreja? Os líderes das igrejas-modelo deveriam ser os primeiros a dizerem aos
pastores para aprenderem com suas igrejas, mas terem cuidado ao reproduzir qualquer faceta
desses modelos no contexto de sua igreja local.
Dificuldade em soltar. Um pastor de crescimento de igreja deve ter vontade de ceder
controle e envolvimento de participação ativa em todos os ministérios da igreja. Ele deve
equipar e outorgar poder a outros para fazerem o trabalho do ministério, mesmo que ele insista
que ninguém mais possa fazer o trabalho tão bem quanto ele. Quanto mais ministérios forem
compartilhado, maiores serão as oportunidades de crescimento.
Dificuldade em manter a visão viva. A liderança visionária é um trabalho mais difícil
que liderança sem visão. A liderança visionária requer comunicação constante e consistente e
persistência para medir tudo na igreja pela visão. A liderança visionária tira as pessoas da
zona de conforto e freqüentemente, como resultado, cria alguma oposição dentro da igreja.
Muitos líderes visionários tem sentido a tentação de voltar ao conforto não bíblico do status quo
ao invés de manter a visão viva.
Desencorajamento. Uma vez que o pastor entende a visão de Deus para sua igreja, a
visão se torna uma paixão que nunca deixa seu pensamento. Quando as críticas atacam a
visão, o pastor sente como se o ataque fosse pessoal. Desencorajamento é, muitas vezes,
inevitável. Além disso, a energia que deve ser gasta apenas para deixar a visão viva é
tremenda. A combustão completa é mais comum do que os pastores admitem. Sem um
relacionamento dinâmico com Deus, através de uma renovação diária com oração e tempo na
palavra de Deus, o pastor descobrirá que sua energia se acaba rapidamente. O líder deve

96
lembrar que ele pode fazer tudo, apenas, através de Cristo que lhe dá força (Fili. 4:13). A
construção do reino é uma guerra espiritual. O inimigo fará tudo o que puder para desencorajar
e destruir o pastor. A resposta do líder deve ser a colocação diária da completa armadura de
Deus (Efe. 6:10-18).

Avaliação
A maioria da literatura de crescimento de igrejas classificou a liderança como um dos
fatores de crescimento mais importante na igreja local. Inclusive Wagner e outros líderes de
crescimento de igrejas identificam liderança como um fator catalítico primordial. A evidência
estatística de Hadaway, citada anteriormente no capítulo, parece indicar uma direta correlação
entre liderança pastoral forte e crescimento de igreja.
É difícil encontrar uma relação entre crescimento de igrejas e liderança pastoral no Novo
Testamento. A dificuldade está na falta de evidência do que em qualquer evidência conflitante.
Alguém poderia argumentar com certeza bíblica, porém, que Deus tem usado forte liderança
capacitada por Ele para cumprir Seu propósito. Certamente, os exemplos de Moisés, Josué, Davi
e Neemias, no Antigo Testamento, apoiam o postulado de que a liderança tem sido uma fator
importante no cumprimento do plano de Deus.
Outro assunto importante é o tempo de permanência do pastor. Será que um pastorado
longo gera um crescimento de igreja? A maioria dos escritores sobre o crescimento de igrejas
acredita que sim. Isso não é dizer, porém, que longos pastorados produzem crescimento.
Muitas igrejas em platôs ou em declínio também foram representadas por longos pastorados.
Dois estudos indicam os anos mais produtivos do pastor. Lyle Schaller descobriu que o
maior crescimento de igrejas ocorreram nos cinco anos dos oito de um mandato de pastor. A
pesquisa de Hadaway, de pastores batistas, concluiu que os anos mais produtivos foram três de
seis. Infelizmente, a média de tempo de permanência de um pastor bastista do sul é menor que
três anos.
Ao final, concluimos que um pastor visionário é uma grande contribuição para o
crescimento de uma igreja. Esse pastor deve estar apto para manter a visão de Deus para
muito além de seus primeiros três anos de mandato, freqüentemente os anos mais difíceis, para
ver a visão se frutificar.

97
20
Ministério leigo e crescimento de igrejas

Há alguns anos atrás, comprei um livro de Greg Orden que tinha um título provocativo,
The New Reformation: Returning the Ministry to the People of God (A Nova Reforma:
Devolvendo o Ministério ao Povo de Deus). Esse título descreveu muito bem o que acredito ser
um dos mais estimulantes desenvolvimentos na igreja de hoje: um retorno à ordem bíblica para
que todos os cristãos façam o trabalho do ministério. O Movimento de Crescimento de Igreja se
centrou nesse assunto vital no princípio de sua história. C. Peter Wagner disse há quase vinte
anos atrás: “Na que diz respeito ao crescimento de igrejas, a liberação da laicidade tem aberto
fantásticas novas possibiliades. Se os leigos se tornarem estimulados com o que podem fazer
para Cristo e para sua igreja, o céu é o limite.”
Por que o retorno do ministério leigo é chamado de “Nova Reforma”? Há
aproximadamente quinhentos anos atrás, Martinho Lutero e outros começaram uma revolução
para libertar a igreja da estrutura hierarquica que tentava proibir o cristão comum de ter acesso
direto a Jesus Cristo. Com certeza, nenhuma estrutura poderia bloquear esse relacionamento
direto, mas a maioria dos cristãos naquele tempo não tinham noção da liberdade verdadeira em
Cristo. A Reforma libertou os crentes de irem a Deus através apenas de um mediador humano.
Jesus Cristo é o único sumo-sacerdote através do qual podemos ir a presença de Deus.
Greg Ogden argumenta que a Reforma nunca se completou totalmente em sua
promessa de libertar todo o povo de Deus para fazer o trabalho do ministério. Uma dicotomia
clero/laico ainda existe na mentalidade de muitos frequentadores da igreja. Para eles, o clero é
o executor do ministério – contrário ao claro ensinamento bíblico de que o povo laos de Deus
tem que fazer o ministério e o trabalho de serviço (Efe. 4:12). Para a maioria dos cristãos de
hoje, a igreja é um lugar para frequentar e onde o pastor trabalha.
A contribuição do Movimento de Crescimento de Igrejas para a libertação dos leigos é
seu questionamento pragmático constante do “como?”. Não é suficiente declarar o princípio
bíblico do ministério leigo; deve haver meios para que esse ministério aconteça. Ogden
identifica as seis maiores mudanças de paradigmas desde 1960 e que ajudaram o povo de Deus
a fazer o ministério de Deus.
Primeiro. Há um entendimento renovado do papel do Espírito Santo. A terceira pessoa
da Trindade é mais que uma verdade proposicional; Ele é o Deus vivo que se encontra com o
povo de Deus. “O trabalho do Espírito Santo inclui a mediação da direta presença de Deus para
a vida do crente.”
Segundo, o cristianismo, agora, é mais que uma fé institucional para muitos crentes.
Ser cristão significa ter Cristo em nós, uma ciência de momento-a-momento de que Cristo
reside em nossa vida, nos habilita, nos dirige e nos ama.
Terceiro, a igreja está se tornando centrada na pessoa ao invés de centrada no pastor.
A igreja está sendo entendida como um organismo vivo, na qual todo o povo (pastores e leigo
similares) contribuem para o corpo de Cristo. A renovação de pequenos grupos é um sinal
visível dessa nova mentalidade. Nesse contexto, os cristãos não são mais a platéia; eles são
participantes contribuintes do ministério.
Quarto, uma nova atenção de que todo o povo de Deus são ministros tem causado um
aumento na ênfase da descoberta e uso dos dons espirituais.

Quando a realidade da igreja como um organismo foi redescoberta, estamos descobrindo


que, no designio de Deus, todas as pessoas possuem o dom do ministérios. Ministério não
pode ser igualado ao que os líderes profissionais fazem; o ministério foi dado a todo o

98
povo de Deus. Então o papel do pastor não é manter ciúmes do ministério, mas ao invés
disso, colocar o foco nesse corpo de vários dons. Nesse processo, o povo de Deus está
descobrindo que de fato eles tem o dom para agir.

Quinto, um novo movimento ecumênico surgiu, um movimento transcendendo as


realezas denominacionais. Esse movimnto se foca em alcançar o perdido e libertar os cristãos
para responderem seu chamado, dado por Deus, para o ministério. Esse espírito evangélico,
ecumênico pode, muito provavelmente, encontrar seu ímpeto inicial sob a liderança de Billy
Graham, que deu a direção e os recursos o Congresso Internacional de Evangelização Mundial
em Lausanne, Suíça em 1974.
Sexto, a direção da adoração foi submetida a uma tal mudança que o evento da
adoração é, na mente de alguns, um nova Reforma. A Adoração está mudando de um conjunto
de performances, apenas com “atores” participando, para um conjunto de participação, em que
todo o povo de Deus dirige seu coração a Deus. Examinaremos a mundaça do paradigma da
adoração no capítulo 23.
Essa nova Reforma não é uma conclusão prévia em muitas igrejas. A idéia de pagar pelo
ministério aos invés de fazer o ministério ainda é um paradigma de muitos membro da igreja.
Para que a nova Reforma se torne uma realidade, novos papeis para o pastor e as pessoas
devem ser aceitos.

O pastor na nova reforma


No capítulo anterior, vimos o papel de um pastor do crescimento de igreja. Agora,
vamos ver, brevemente, as implicações desse papel ao libertar os leigos para que respondam
seu chamado ao ministério. Ogden está no alvo quando ele assume que a chave para a
realização da nova Reforma é uma

transformação da postura do pastor. Uma congregação tende a assimilar a personalidade,


a abordagem e a postura de seu pastor, e refletir essa identidade como a imagem
refletida em um espelho. Há uma dinâmica reativa ou uma interação entre o pastor e a
congregação. Por exemplo, se a abordagem básica de um pastor ao povo de Deus é a de
um professor-sábio, as pessoas tenderão a se tornar alunos-aprendizes. Se o pastor vê a
igreja e seu papel como um ativista social, a igreja se tornará um centro de onde as
pessoas irão trombetiar causas de justiça. Se o pastor projeta uma imagem de pai-mãe,
as pessoas se verão como crianças dependentes. Mas se a igreja for uma comunidade
ministerial, o pastor ser alguém que equipe, que habilite o povo de Deus a plenitude do
serviço.

Um pastor deve querer fazer três grandes mudanças para que possa cumprir seu papel
de “equipador”. Essas mundaças são, freqüentemente, dolorosas; para a maioria dos pastores e
leigos também, eles são fundamentalmente diferentes na “maneira que sempre fizemos”.
Proativo. Primeiro, o pastor deve perceber que ele é o princípio da mudança
necessária. A igreja não participará da nova Reforma se não tiver a liderança do pastor. Todas
as pregações, os ensinamentos e oportunidades de escrever disponíveis ao pastor devem
proclamar a nova Reforma. Enfim, o pastor deve fazer mudanças importantes na maneira de
fazer seu ministério, para que as pessoas vejam que seu compromisso é mais que apenas
palavras.
Abandonado os modelos de dependência. Ogden chama o tradicional modelo de
ministério pastoral de “modelo de dependência.” Ele vê que esse modelo é acalentado nas
mentes e ações do pastor e da congregação.
O pastor sente a pressão ser onicompetente. Ele é o estudioso que estuda; o
conselheiro que ouve e aconselha; o pastor que visita; o orador que fala; o professor que

99
ensina; o homem de negócios que administra; o que levanta fundos; o encorajador que
conforta; e o evangelista que testemunha. Ele sabe que membros diferentes de sua
congregação tem diferentes expectativas dele. De alguma maneira, enquanto se encontra com
as multifacetadas necessidades dos membros, ele deve cuidar também de sua família.
Alguns pastores temem o abandono desse modelo de dependência. Afinal de contas eles
são “os profissionais”. Pessoas leigas, sem o estudo e treinamento dos pastores, poderiam fazer
o trabalho deles? O pastor está ciente de que muitas congregações acreditam, firmemente, que
eles pagam o pastor para fazer o ministério.
Então, há a questão (pouco comentada) do ego do pastor. Muitos em nossa profissão
vivem pelos “afagos” que recebemos diariamente. Poderemos, possivelmente, tolerar o cenário
no qual pessoas leigas recebem a honra ao entrar na linha de frente do ministério? Estamos
dispostos a sermos “equipadores” por trás das cenas, que recebe pouco reconhecimento?
Ainda, há outros pastores que acalentam o modelo de dependência por culpa. Se o
pastor não estiver fazendo alguma coisa que é uma atividade orientada, será que estão fazendo
algo que valha a pena? Os pastores poderiam transferir o ministério a outros e focar a atenção
para equipar (Efe. 4:12), orar e para a Palavra (Atos 6:3-4)?
Essas realidades tornam difícil para a maioria dos pastores abandonarem o modelo de
dependência. Um líder que deseja fazer a mudança para o modelo bíblico deve estar preparado
para resistir às ondas de críticas e resistência que geralmente se seguem.
Adotando o modelo “equipador”. Examinaremos, em poucas palavras, um modelo
“equipando” para liberar os leigos para o ministério. Aceitar e implementar esse novo modelo
não acontece em poucas semanas. Paciência, força e persistência são três requisitos para o
pastor que tenta liderar seu povo a um novo paradigma que ao final resultará em uma igreja
onde o povo de Deus está no ministério, e o crescimento da igreja se torna natural como o
crescimento da igreja primitiva (Atos 6:7).

A nova Reforma realizada: o povo de Deus no ministério


A derradeira implementação de equipar e libertar requer um compromisso pastoral
longo, especialmente em igrejas bem estabelecidas na tradição. Apesar de uma nova igreja
poder se adaptar a nova Reforma em questão de meses, uma igreja centenária do centro da
cidade pode levar muitos anos para fazer uma mudança de paradigma.
Educação. O começo do processo é a educação. O pastor tem vários meios pelos quais
ele pode comunicar a mensagem de equipar e libertar a igreja. Ele deve expor a igreja ao
modelo bíblico em uma base consitente e persistente. Desaprender o modelo tradicional de
dependência exigirá tempo e paciência. O pastor deve ser cauteloso. Muitas pessoas precisam
de tempo para assimilar uma maneira, interamente nova, de pensar.
Reestruturando. Grande parte das igrejas não estão estruturadas para os leigos no
ministério. Pessoas envolvidas na igreja, freqüentemente, gastam o tempo em comitês e
comissões ao invés de estarem na linha de frente do ministério. Wagner comenta que “quando
a igreja vai crescendo se torna mais e mais de difícil controle ... e tende a multiplicar os comitês
e comissões ad infinitum.” Ao invés de dar oportunidades para o ministérios, essas estruturas
sem liderança, diz Wagner, “reduzem a igreja.”
A maioria dos pastores podem simpatizar com a minha estória de Brent. Pouco depois
que Brent foi batizado em nossa igreja, ele me chamou com uma pergunta bem direta: “O que
eu faço agora?” Brent sabia que havia mais em ser cristão, e ele queria fazer parte da ação.
Minha situação era que não havia nenhuma posição vaga em nossa igreja. Mesmo que
houvesse uma vaga, duvido que eu sugerisse que Brent a preenchesse. A estrutura falhou com
nós dois.

100
Agora, estou convencido de que a estrutura do pequeno grupo é bíblica e a melhor
maneira de mobilizar os leigos. Como Jetro aconselhou Moisés a estruturar a nação de Israel
(Exo. 18:13-27) em grupos, também os pastores deveriam estruturar a igreja. Ministério real
acontece em pequenos grupos. Pequenos grupos encorajam o ministério face a face; isso não
acontecerá em uma igreja com estrutura tradicional. Tal reorganização irá requerer tempo,
paciência e obstinação. E o pouco tempo de dor compensará o muito tempo de ganhos.
Veremos essa estrutura de pequenos grupos no capítulo 26.
Decoberta dos dons espirituais. Quando eu era pastor da igreja batista de Azalea,
em São Petesburgo, Flórida, meu pastor associado Chuck Carter e eu lideramos a igreja na
descoberta de seus dons espirituais. O processo era triplo. Primeiro, fiz uma série de pregações
sobre dons. Depois, fizemos um seminário, de um dia inteiro, que concluiu com cada
participante preenchendo um relatório de dons. O passo final foi uma entrevista do pastor com
cada um dos participantes do seminário.
Lembro-me muito bem da reação da primeira pessoa que entrevistei. Seu dom mais
proeminente era o ajuda. No relatório ela não estava nem na escala de dom de ensinar.
Quando ela viu o resultado, uma grande onda de alívio sobreveio. “Então é por isso que odeio
ensinar na Escola Dominical!” ela exclamou. Ela logo encontrou um lugar como voluntária no
escritório da igreja e se tornou uma radiante trabalhadora de Cristo
Em minha Convenção Batista do Sul, temos um plano de ministério de diaconato de
família em que cada diácono ativo é designado a responsabilidade de pastorear um certo
número de famílias. Ainda assim vi diáconos devotos ficarem frustrados por não fazerem seu
trabalho como prescrito no programa. Por que? Muitos dos diáconos não tem a mistura do dons
que os levaria para o ministério pastoral. Em outras palavras, eles estão tentando fazer um
ministério sem os recurso espirituais necessários.
Quando a descoberta dos dons espirituais acontecem em uma igreja, o resultado é
libertação e alegria. Um ministério estimulante e alegre, consequentemente, acontecem porque
as pessoas estão fazendo seu ministério de acordo com seus dons.
Repensando os dons. Os ministérios tradicionais em uma igreja são sinônimos de
programas. Se pensarmos que precisamo de mais verdades evangelísticas, instituimos um
programa evangelístico. Se buscarmos a necessidade de um maior discipulado, começamos um
programa de discipulado. Poucos líderes na igreja, então, organizaram os programas para o ano
e esperaram pelas pessoas para preencher os espaços. Não de se surpreender que esses
programas, raramente, sobrevivem mais de um ou dois em uma igreja local.
Em seu clássico livro Unleashing the Church (Libertando a Igreja), Frank Tillapaugh
descreve a situação de muitos bons membros de igrejas que imaginam se a igreja local tem
qualquer eficácia. Ele descreve um casal que perdeu o zêlo pela igreja:

Ao refletirem sobre suas experiências passadas na igreja havia pouca alegria ou


satisfação. Olhando do passado para o presente, três décadas depois, tinha sido um
desgaste deseperado. Eles haviam servido em vários comitês que pareciam nunca ter
alcançado muita coisa. Ele tinham visto pastores chegarem e irem embora. Eles viram a
igreja subir seu nível de frequencia, se manter e depois entrar em declínio. Por algum
tempo, eles ficaram desiludidos, desencorajados sobre o potencial da igreja local.

Tillapaugh lembra da fé desse casal que imaginava que seu trabalho na igreja era sem
sentido: “Mas o elemento da vida dinâmica que vem do envolvimento em um ministério
significativo era, em maior parte, carente. Muito do trabalho relacionado com a igreja parace
trivial. Horas tem sido colocadas em decisões relacionadas a construção de prédios e

101
estacionamentos. Eles passam muito tempo discutindo os negócios da igreja, mas ainda
investem pouco nas pessoas.”
Esse casal expressou os sentimentos dos incontáveis membros que se encontram em
situação semelhante. O único ministério que podem fazer na igreja é aquele que já existe no
programa da igreja.
Repensar o ministério significa permitir que as pessoas comecem ou se encaixem em
ministérios de acordo com os dons que Deus lhes deu. Se um membro tem um talento por um
ministério que não se encaixa no existente programa da igreja, ele ou ela deveriam começar
esse ministério. Tal abordagem tem riscos, mas é compatível com o crescimento da igreja
primitiva. Enquanto o apóstolo Paulo dava ensinamento doutrinário, diretrizes e líderes, ele, por
fim, deixou as igrejas que ele fundou sob os cuidados do Espírito Santo. Buscando a direção de
Deus, “com jejum e oração, ele entregou-os ao Senhor em quem eles tinham colocado sua
confiança.”
Um dos ministérios mais dinâmicos com os quais fui associado, é o Ministério do Banco
de Alimentos da igreja batista de Green Valley. É agora um dos maiores ministérios de
alimentos de Birminham, mas começou como um desejo em nosso coração de alguns membros
leigos. É liderado por um leigo. Essa equipe conta com setenta voluntários leigos. Louvo a Deus
que essas pessoas são parte da nova Reforma e que a estrutura de nossa igreja tirou vantagem
do chamado de Deus para o ministério.

Avaliação
Um dos princípios mais estimulantes do crescimento de igrejas é a libertação da
laicidade para fazer o trabalho do ministério. Implementar esse princípio significa voltar às
bases do Novo Testamento, em que a dicotomia entre clero e laico não existe. Isso requer a
aceitação do sacerdócio dos crentes pelo qual os Reformadores lutaram apaixonadamente.
Hadaway descobriu uma direta correlação entre o crescimento numérico da igreja e o
ministério significativo para a comunidade. Seus comentários são notáveis:

Está claro que as igrejas no início do crescimento (e igrejas em crescimento em geral)


tendem a ter uma presença maior em sua comunidade. Eles olham muito menos para
dentro de si e vêem o papel da igreja como pessoas que ajudam, sendo elas membros na
igreja ou não. Como resultado, as pessoas da comunidades estão cientes de que a igreja
existe e está disponível em época de necessidades. Os alvos para se fazer um ministério
para a comunidade não foram designados para produzir crescimento, nessas igrejas, mas
poderia parecer que o crescimento pode ser uma consequencia não intencional. A igreja
que ministra é vista como uma congregação aberta, de aceitação, ao invés de um restrito
clube social. Mais tarde, aqueles que receberam ajuda ou apoio e aqueles de fora que
trabalharam nos projetos do ministério em conjunto com a igreja podem estabelecer um
relacionamento com o pastor ou membros, vir a conhecer a Cristo (se ainda não
conhecem) e por consequencia participar da comunhão.

102
21
“Plantação” de Igrejas e Crescimento de Igrejas

C. Peter Wagner chama “plantação” de igrejas de “o método evangelístico mais eficaz


abaixo do céu”. Essas denominações cristãs que mais estão crescendo tem sido aquelas que
enfatizam a “plantação” de igrejas. Wagner enaltece a Igreja de Nazaré, Assembléia de Deus e
a Convenção Batista do Sul pela ênfase em “plantação” de igrejas. Wagner diz:

Não é por acidente que os batistas do sul tem se tornado a maior denominação
Protestante da América. Um de seus secredos é que eles constantemente investem
recursos substanciais de pessoal e financeiro em “plantação” de igrejas em todos os
níveis, da congregação local a associação a convenção estadual a comissão da missão em
Atlanta. Apesar disso, eles serão os primeiros a admitir que não fazem o suficiente, a cada
ano eles se esforçam para começar igrejas ou missões tipo-igrejas do que no ano
anterior. Muito do que aprendi sobre “plantação” de igrejas foi com eles.”

“Plantação” de Igrejas: O impacto no crescimento de igrejas


A “plantação” de igrejas afeta positivamente o crescimento da igreja? A resposta é um
desqualificado “sim”. O crescimento total de igrejas, que está muito relacionado com o
crescimento do reino, é melhorado. Novas igrejas têm um índice de crescimento mais alto e um
índice de conversão mais alto. Um estudo foi conduzido em igrejas de todas as denominações
em Santa Clara Valley, na California. A surpreendente conclusão estatística era que as igrejas
mais antigas estavam batizando quatro pessoas para cada cem membros, enquanto igrejas
mais novas estavam batizando dezesseis pessoas para cada cem membros!
Por que existe essa disparidade de crescimento de conversões entre igrejas novas e
antigas? Uma das razões é que as igrejas novas oferecem outra opção aos sem igreja. Sem
considerar a localização, uma igreja nova atrai um segmento de pessoas que as igrejas já
existentes não consegue alcançar. Wagner coloca dessa maneira:

Alguns planejadores de igreja tem uma aversão por começar uma igreja na mesma região
próxima de outra da mesma dominação. Isso pode ser inteligente em áreas rurais e
cidades pequenas, mas faz pouco sentido na maioria das areas urbanas atualmente. Na
mesma vizinhança, alguém pode encontrar, com frequencia, uma variedade considerável
de grupos étnicos, classes sociais e outras redes sociais, cada um desses requer um tipo
diferente de igreja. Líderes de igreja que acham que a localização geográfica é mais
importante que as redes sociais da média dos que não tem igreja na América, estão
vivendo fora da realidade.
Devemos abandonar a mentalidade competitiva que contamina muitas igrejas hoje!
Observei uma situação em que uma igreja Batista mudou de um bairro em transição dentro da
cidade para o subúrbio da mesma cidade. Pensei que um tumulto fosse acontecer! Os
desordeiros foram alguns dos membros e líderes de outras igrejas da área que gritavam que a
igreja tinha invadido o gramado deles. Tal mentalidade não é de Cristo e não é de interesse da
construção do reino. O pastor daquela igreja tinha levado a igreja em nova localização a um
estimulante crescimento, e o antigo prédio estava agora ocupado por uma megaigreja.
Devemos abandonar para sempre a mentalidade reduzida de protecionismo religioso.
“Plantação” de igrejas não é apenas benéfico para o crescimento do reino, mas também
é bom para a igreja local que é visionária o suficiente para criar uma nova igreja. Uma igreja
patrocinadora pode enviar membros e dinheiro para uma nova igreja e essa igreja
patrocinadora, inevitavelmente, vê Deus honrar esse compromisso. Esse é um entedimento

103
básico de mordomia: Deus abençoa o que damos. Estímulo é evidendte quando novas igrejas
são criadas, e esse estímulo atrai novos membros para a igreja patrocinadora.
Ainda há muitos métodos não precisam que a igreja local desista de membros e
dinheiro. Isso é verdade nos modelos satélite e multicampo, os quais examinaremos
brevemente. Os dois modelos criam extensões de uma igreja local. Um crescimento adicional
em qualquer das localizações da igreja, é um crescimento em todo o sistema.

Obstáculos a serem superados


Sem dúvida, a igreja visionária e seu líder encontrarão oposição ao tentar plantar novas
igrejas. Grande parte dessa oposição vem de problemas de atitute.
Desistindo de membros. Existe uma dor ao ver membros de igreja deixando-a por
uma nova igreja. Os membros que decidem plantar uma nova igreja são, normalmente, os mais
devotos e os melhores mordomos. A igreja patrocinadora está realmente dando o seu melhor.
Muita da resistência em começar novas igrejas vem de dor antecipada da separação. Os
membros da igreja devem captar uma visão da mentalidade de missão. O foco deve ser o
crescimento do reino ao invés de uma pequena perda que a igreja possa experimentar.
Perda de fundos. Quando uma igreja visionária tem visão suficiente para enviar um
pouco de seu povo para começar uma nova igreja, também está ciente de que está entregando
o dízimo. Isso diminui o orçamento e o fluxo de dinheiro da igreja patrocinadora. Deus, porém,
honra o compromisso de cuidar da igreja. Wagner observou um estudo em que uma igreja
patrocinadora normalmente repoe as pessoas, que foram enviadas para a nova igreja, em no
máximo seis meses. O mesmo acontece com as finanças. Ele também descobriu que esse
padrão depende muito da atitude da igreja, principalmente do pastor. “Se o pastor tem um
atitude negativa para com o processo de “plantação” de igrejas, isso pode afetar de maneira
negativa o crescimento subsequente da igreja mãe.
Custo inicial. Algumas igrejas gastam o equivalente a $500.000 para começar uma
igreja. Se tais gastos fossem uma regra, o argumento, de que altos custos iniciais tornam a
“plantação” de igrejas proibitivo, teria validade. Na Igreja Batista de Green Valley, porém,
conseguimos começar nossa primeiro campo satélite por, aproximadamente, $9.000. Já que
tínhamos recebido um presente de um trabalho de igreja por mais ou menos o mesmo valor, a
igreja não teve que tirar nenhum dinheiro de seu orçamento! Wagner descobriu que um distrito
da Asembléia de Deus na Carolina do Norte havia plantado 85 igrejas nos anos 70 por um custo
de $2.500 cada! Lyle Schaller tem dito, há muito tempo, subsídios financeiros atrasam novas
igrejas. O dinheiro necessário para pagar pessoal, terreno, construção e gastos com despesas
gerais poderia vir do crescimento da igreja ao invés da localização inicial.
Machucando outras igrejas. Muitos temem que igrejas já estabelecidas serão
machucadas se uma nova igreja for iniciada em uma área onde já existem igrejas. Já que
devemos amar outros irmãos e irmãs em Cristo, talvez a “plantação” de igrejas em uma área de
igrejas já existentes não deveria acontecer. Tal abordagem apresenta um problema já que
quase todos os lugares em áreas metropolitanas dos Estados Unidos têm muitas igrejas. A
maioria dos estudos, porém, tem identificado progressos em toda a comunidade cristã quando
novas igrejas são plantadas.
Wagner está certo quando diz que, não obstante a aprovação de outras igrejas, a tarefa
de “plantação” de igrejas não deve ser atrasada. Estou muito ciente, por minha experiência em
plantar novas igrejas, que os caprichos de todas as igrejas na área nunca serão satisfeitos.
Como então deveríamos responder? Wagner diz que devemos ama-los e plantar a igreja mesmo
assim:

104
Acredito que seja importante e benéfico aproveitar a aprovação das igrejas já existentes
quando uma nova igreja é plantada. Mas, enquando uma aprovação é um plus, não
deveria ser um pré-requisito. Assim como a parábola do pastor indica, as necessidades
dos perdidos estão em mais alta consideração do que as necessidades dos que estão
seguros na igreja. Ao aprendermos com a moderna teoria de propaganda do shopping,
duas igrejas, mesmo em grande proximidade uma da outra, alcançarão mais pessoas que
qualquer uma delas poderia esperar alcançar sozinha.

Trabalho duro. Uma preocupação de algumas pessoas das igrejas já existentes não
dita, mas muito real, é que o crescimento (ou até a manutenção) de suas igrejas seja mais
difícil com um nova igreja na área. Acredito que uma nova igreja pode levantar consciência
expandida por uma área. Mais esforço pode ser necessário para a expansão, mas assim é a
obediência a Grande Comissão (Mat.28:19).

Opções para “plantação” de igrejas


A “plantação” de igrejas será com certeza um método para o crescimento de igrejas que
irá tirar muitas pessoas de sua zona de conforto; mas o cristianismo nunca deveria ser uma fé
de negócios como sempre. A igreja primitiva estava sempre na vanguarda de alcançar pessoas
para Cristo. Até mesmo quando a perseguição veio atrás da igreja, os cristãos se espalharam
pela Judéia e Samaria. Eles compartilhavam sua fé começavam igrejas enquanto fugiam (Atos
8:1-4).
Então, como começamos as igrejas? Como um batista do sul, eu não estava
familiarizado com as muitas opções de “plantação” de igrejas que estavam disponíveis. Meu
histórico havia me exposto apenas ao tradicional método de “plantação” de igrejas. Agora, em
minha denominação, e em outras, muitas novas opções para “plantação” de igrejas sobejam.
De fato, Russel Chandler, jornalista ganhador do prêmios e escritor religioso para o Los Angeles
Times, escreveu que os batistas do sul e outros agora estão na vanguarda das novas formas de
“plantação” de igrejas: “Os Batistas do sul falam de igrejas „satélites‟. Elmer Towns, presidente
do Instituto de Crescimento de Igrejas em Lynchburg, Virginia, chama o conceito de „a
expansão geográfica da igreja distrital‟. Outros se referem a ele como a igreja do „perímetro‟.
Qualquer que seja o nome damos a essa idéia, as igrejas que estão praticando estão ritmando
os ministérios na vanguarda do milênio vindouro.” Vamos examinar algumas dessas opções
abertas para começarmos novas igrejas ao nos aproximarmos do século XXI.
Tradicional. No modelo tradicional de “plantação” de igrejas, uma igreja
patrocinadora envia um núcleo de membros para começar uma nova igreja em uma área
geográfica. A nova igreja é, normalmente, localizada a uma distância pequena da igreja
patrocinadora. O alvo para essa nova igreja é ela se tornar totalmente autônoma o mais rápido
possível. O índice de sucesso dessas novas igrejas é muito alto. Membros do núcleo são,
normalmente, dedicados doadores e trabalhadores. Por causa da boa base, as chances de
sobrevivência são excelentes. A desvantagem, especialmente em igrejas governadas
congregacionalmente, é que o sistema não tem nenhum mecanismo de responsabilidade para
que a nova igreja se torne uma igreja mãe. Por exemplo,minha igreja, batista de Green Valley,
foi iniciada pela igreja Batista Filadélfia em Birminham. Vinte e sete anos se passaram antes
que a igreja de Green Valley começasse uma nova igreja. Por que? Uma das razões primordiais
é que a igreja não era responável por nenhum grupo. Uma igreja autônoma tem suas
vantagens, mas carece de responsabilidades, o que é uma desvantagem definitiva.
Colonização. A colonização é idêntica ao modelo tradicional, com uma importante
diferença. O núcleo de membros enviados pela igreja mãe vão para uma área geográfica
diferente. Esses membros devem vender suas casas, encontrar novos empregos e mandar seus

105
filhos para novas escolas. Um nível radical de comprometimento para com a Grande Comissão é
um requisito.
Adoção. Uma igreja Batista do sul no Texas ouviu falar que três igrejas na área tinham
decidido fechar suas portas. O pastor da igreja que estava prosperando fez o compromisso de
providenciar as pessoas, os fundos e a liderança para manter as igrejas abertas. Mesmo não
tendo plantado novas igrejas, três igrejas foram mantidas vivas e o impacto foi semelhante.
Mesmo sendo mais fácil ter bêbes do que ressucitar os mortos, Deus precisa de líderes com
mentes missionárias para retornarem a vida a igrejas que estão morrendo.
Divisão de igrejas. Quando uma igreja se divide, o resultado, normalmente, é dor e
divergência para os dois lados. Deus, definitivamente, não aprova a divisão no corpo de Cristo.
Ainda assim, Deus tornar uma situação ruim em boa. Wagner trata a situação desagradável de
forma positiva:

O que podemos dizer sobre esse fenômeno? Estou certo de que Deus não aprova a
divisão de igrejas ou as causas delas citadas por McGravan e Hunter. Nem eu recordaria
de algum defensor da metodologia de divisão de igrejas como “plantação” de igrejas. É
muito melhor orar e planejar e ministrar em harmonia. Todavia, quando a poeira baixar,
tenho que acreditar que Deus amas as igrejas resultantes e as aceita como noivas de
Cristo ... Ele pode ser glorificado através do fruto de parentesco acidental.”

Satélite. Para muitos, o modelo satélite é a criação mais estimulante na “plantação” de


igrejas. John Vaughan descreve esse método em The Large Church (A Igreja Grande): “Igrejas
grandes com grupos satélites combinam o melhor de duas estratégias de crescimento ... Apesar
de muitas dessas igrejas estarem comprometidas em montar uma grande igreja central, a
maioria está da mesma maneira comprometida a penetrar e alcançar a cidade através de
pequenos grupos totalmente coordenados, na maioria dos casos, pela congregação mãe.” O
modelo satélite é semelhante ao modelo secular de branch banking. Cada nova localidade
possui um alto grau de independência, mas ainda faz parte da mesma igreja. Em outras
palavras, é uma igreja com muitas localizações. Esse método pode ser o caminho do futuro das
igrejas americanas. A nova igreja pode alcançar uma nova área, mas ainda tem todos os
recursos combinados com a igreja mãe e as outras igrejas satélite. Esse modelo também gera
responsabilidade. Cada uma das localidades cuida das outras para que comecem outras igrejas.
Essa responsabilidade mútua pela visão da “plantação” de igrejas é, provavelmente, a maior
força do modelo satélite.
Multicongregacional. O modelo multicongregacional de “plantação” de igreja
permite a “plantação” de uma nova igreja nas instalações de uma igreja já existente. Esse
modelo funciona melhor em uma área multiétnica. Uma igreja de língua inglesa, por exemplo,
compartilha suas instalações com igrejas chinesa e coreana. Cada igreja usa o prédio em
horários diferentes. Os diferentes grupos podem escolher ser autônomos ou eles podem decidir
ser subgrupos de uma só igreja, maior.
Multicampo. Esse modelo é um pouco diferente da abordagem satélite. O multicampo
se refere a uma igreja em mais de uma localidade. Diferente do modelo satélite, a igreja
multicampo tem rol de membros, um orçamento e um staff. Os dois exemplos mais conhecidos
desse modelo são a Igreja de Deus Mt Paran, em Atlanta, pastor Paul Walker; e A Igreja no
Caminho, em Van Nuys, California, pastor Jack Hayford.
Modelo de associação. Nos modelos de “plantação” de igrejas descritos previamente,
a instituição que plantava novas igrejas era a igreja local. No modelo de associação de
“plantação” de igrejas alguma outra agência além da igreja local começa uma nova igreja. Essa

106
agência pode ser denominacional, uma organização paraigreja ou pode se referir ao início de
uma igreja por indivíduos.

Avaliação
No início desse capítulo, C. Peter Wager foi citado ao descrever a “plantação”de igrejas
como o método evangelístico mais eficaz abaixo do céu. Para pastores e líderes
verdadeiramente comprometidos com o crescimento de igrejas da ordem da Grande Comissão,
“plantação” de igrejas não é uma opcional.
Examine o rápido crescimento da igreja primitiva no livro de Atos; o papel da
“plantação” de igrejas para o sucesso evangelístico é fundamental. O trabalho começou com
líderes como Paulo e Barnabé, que seguiram a liderança do Espírito Santo para começarem
novas igrejas em localidades múltiplas (cf. Atos 13:2-3). A igreja de Cristo de hoje precisa de
mais líderes e seguidores que queiram deixar o conforto de suas igrejas locais e fazer algo para
Deus. Deus está chamando igrejas bem estabelecidas para serem bons mordomos do que Deus
deu a eles. Lembre-se da essência da Grande Comissão não é “venha para minha igreja”. É
“então vão”. Devemos ir com obediência.

107
22
Evangelismo e Crescimento de Igrejas
Há alguns anos atrás, uma palavra da filosofia da ciência entrou no vocabulário do
Movimento de Crescimento de Igrejas. Paradigma, a maneira como vemos as coisas, ou nosso
modelo para o mundo, se tornou uma palavra no jargão do crescimento de igrejas. O primeiro a
usar a palavra foi Wagner quando ele disse que tinha experimentado uma mudança de
paradigma, ou uma mudança em sua visão de mundo na maneira que ele via os milagres dos
dias modernos. Sua visão do mundo anterior, uma de propensão dispensativa, não permitia
“dons de sinais” nessa era pos-apostólica. Sua nova visão de mundo afirma manifestações de
todos os dons do Espírito.
Outra mundança de paradigma está acontecendo na área do evangelismo. Por causa da
relação próxima entre evangelismo e crescimento de igrejas, essa mudança de paradigma tem
tocado todas as áreas do Movimento de Crescimento de Igrejas. De uma perspectiva pessoal,
essa mudança tem sido dolorosa. Como alguém que praticou e pregou o confrontante
evangelismo “visita surpresa”, tenho lutado com a decrescente eficácia desse método. O que
então é a mudança de paradigma no evangelismo? Talvez uma ilustração pessoal conte a
estória melhor. Mais de dez anos atrás, acompanhei um grupo da Explosão de Evangelismo que
ia de porta em porta buscando uma oportunidade de compartilhar o evangelho com um
estranho. Depois de várias visitas sem sucesso, Jim permitiu que entrássemos em seu
apartamento. Falamos sobre o plano de salvação, e Jim quis colocar Deus em sua vida. Em
duas semanas, Jim tornou sua fé pública na igreja, e logo depois foi batizado. Algumas
semanas depois, Jim fez alguns amigos na Escola Dominical e se tornou muito ativo em sua fé.
Agora, ele é um líder naquela igreja.
As boas novas da estimulante mudança de vida de Jim: de sem religião, perdido, sem
relacionamento com Cristo para um ativo, frutífero discípulo de Deus em sua igreja local. As
notícias não tão boas é que desde essa história, não presenciei mais nada semelhante. Os
grupos Explosão do Evangelismo (ou outros programas como Treinamento de Testemunho
Contínuo, da Convenção Batista do Sul) estão experimentando dificuldades de encontrar
alguém que permitam o compartilhamento de sua fé. Até aqueles que tomam a decisão de
aceitar a Cristo, raramente, se tornam membros ativos em sua igreja local. Já que o coração do
crescimento da igreja é fazer discípulos, o evangelismo que não produz discípulos, certamente
não é o tipo de evangelismo que Cristo tinha em mente quando deu a Grande Comissão. De
fato, as histórias de sucesso da Explosão de Evangelismo nas igrejas que servi são encontros
que acontecem com pessoas que já possuem um relacionamento com pessoas na igreja.
Em seu livro User Friendly Churches, que examinou as igrejas que faziam discípulos,
George Barna descobriu que o evangelismo visita-surpresa não era o fator que levava essas
igrejas que alcançavam muitas pessoas para Cristo:

Caindo nos padrões familiares e rotinas que funcionaram no passado é uma marca
registrada das igrejas estagnadas. O evangelismo visita-surpresa é dos padrões que
atraem muitas igrejas assim.
Durante três terços do século, não era incomum as igrejas criarem grupos evangelísticos
que se encontravam uma a duas vezes por semana e batiam em portas das pessoas,
tentando compartilhar o evangelho no portão das pessoas, ou nas salas das pessoas.
Porém, os tempos mudaram, e igrejas bem sucedidas crescem por terem entendido essa
mudança. Eles podem ter grupos evangelísticos, mas os esforços desse grupo é
direcionado ou para o “evangelismo de resposta” – visitar pessoas que pediram pela
visita, ou “evento de evangelismo” – produzir eventos de interesse público que incluem
algum tipo de impulso evangélico. Eles sabem que as chances de encontrar um indivíduo

108
responsivo em uma visita surpresa em sua porta é mínima. Eles sabem que sua tentativa,
de bom coração, para o serviço pode fechar a mente da pessoa para o evangelho. Dado
limite do outro, prova ser meio de uma mudança afetiva no coração da pessoa, eles
simplesmente não acreditam que a metodologia garanta o alto índice de falha.

As razões por trás do novo paradigma


Apesar da mudança de paradigma no evangelismo não ter acontecido da noite para o
dia, aconteceu em um ritmo muito rápido e muitas igrejas e cristãos não estão cientes dessa
mudança. Cinco mudanças básicas na sociedade contribuiram para a mudança. As igrejas
devem entender e responder a essas mudanças se querem ter esperança de levar um número
significativo de pessoas para Cristo no século XXI.
Os novos pagãos. Até o final dos anos 60, os cristão podiam falar a “língua de
Sião”com um nível de segurança que a maior para da América os entenderia. A maioria dos
americanos baseava seus valores em um sistema de valores Judeu-Cristão. Mesmo que com um
espaço de tempo de apenas uma geração, nossa cultura mudou radicalmente. Éticas
situacionais e liberdade pessoal se tornaram a nova base para a tomada de decisão. Certo e
errado não são mais preto e branco. O certo de alguém é o errado de outra.
Se os cristãos acreditam que a maioria das nações seguem as crenças bíblicas, eles
estão trabalhando com uma suposição falsa. A triste verdade é que os americanos são
ignorantes da Bíblia. Mesmo se decidirem que a Bíblia é sua autoridade aceita, eles sabem
muito pouco para fazerem uma grande diferença.
Uma pesquisa mostrou que, enquanto 93% dos americanos tem a Bíblia em suas casas,
apenas 12% de todos os adultos lêem todos os dias. Menos de um terço sabem que a
expressão “Deus ajuda aquele que se ajudam” não está na Bíblia. Menos da metade sabia que
Jonas é um livro da Bíblia. Não é surpresa que os não cristãos tem dificuldade em nos
entender?
Esse fenômeno explica uma das razões pelas quais as apresentações do evangelho
fazem pouco sentido para os incrédulos. Dizemos a eles que são pecadores e precisam de
perdão, mas a nova moralidade deles não entende o pecado e, se entendesse, redefiniria o
conceito. O Movimento de Crescimento de Igrejas entendeu essa realidade há vários anos
atrás, quando incorporou a escala Engel em sua literatura.
Quando James Engel da Universidade Wheaton criou uma escala linear para medir o
progresso do processo evangelístico, rapidamente, os escritores sobre o crescimento de igrejas
usaram essa ferramenta em seus trabalhos. A escala Engel representa oito passos progressivos
que um incrédulo dá antes de se tornar um crente em Jesus Cristo. A escla então mostra três
passos posteriores para a salvação.

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-8 Consciência de um ser supremo, mas falta o conhecimento do evangelho
-7 Consciência inicial do evangelho
-6 Consciência dos fundamentos do evangelho
-5 Compreensão das implicações do evangelho
-4 Atitute positiva para com o evangelho
-3 Reconhecimento de problemas pessoais
-2 Decisão de agir
-1 Arrependimento e fé em Cristo
A pessoa se regenera e e se torna uma nova criatura.
+1 Avaliação pós decisão
+2 Incorporação ao corpo
+3 Uma vida de crescimento conceitual e comportamental em Cristo

A maioria das igrejas que tem um impulso evangelístico abordam as pessoas perdidas
como se elas fossem “-4” ou “-3” na escala Engel. Essa deveria uma suposição justa há três
décadas. Hoje em dia, a maioria dos “novos pagãos” seriam um “-8” ou “-7” na escala. Se não
somos evangelistas eficazes, devemos reconhecer que as pessoas estão muito mais longe da
cruz do que estavam há algumas décadas atrás.
Desaparecimento do tempo. Barna chama o tempo de “novo dinheiro”, pois o tempo
é o mais valioso bem de consumo do americano atualmente. Inovadores em marketing
entenderam essa necessidade e nos deram microondas, fax, caixas eletrônicos, fast food,
entrega de comida em casa e lojas de conveniência. Qualquer coisa que possa economizar
nosso tempo se torna um produto de mercado.
Parte da explicação por trás da perda de tempo está número de homens e mulheres na
força de trabalho. Mais da metade de todas as mulheres trabalham fora de casa. Com maridos
e mulheres trabalhando, o tempo se torna cada vez mais escasso. O tempo passa a ser
ferozmente guardado, um bem de consumo protegido.
Nesse cenário entra um grupo evangelístico sem avisar. Mesmo se o grupo puder entrar
na casa, a resistência já foi criada. Muitos consideram isso uma invasão de privacidade ou um
roubo do tempo.
Necessidades não atendidas. Cada minuto das propagandas que bombardeiam
nossa sociedade falam de como um produto ou serviço atendem a uma necessidade. De fato,
algumas propagandas de hoje criam necessidades nas mentes dos consumidores, ao mostrar
como tais produtos podem satisfazer essas necessidades.
Evangelismo que não reconhece a fome por cumprimento não comunicarão o evangelho
com eficácia. Com certeza, a necessidade de um Salvador é a maior necessidade da
humanidade. Ainda, a maioria do tempo outras necessidades temporais devem ser realizadas
para ganhar uma audiência.
Relações quebradas. Relacionamento teste, mais conhecido como viver juntos antes
de casar, entrou em voga nos anos 60. Muitos argumentaram que isso daria tempo para que os
adultos, em comum acordo, vissem se eram, realmente, feitos um para outro. Em outras
palavras, relacionamento teste deveria resultar em casamentos mais sólidos. Estatísticas da
agência de censo, porém, acabou com esse argumento. Pessoas que viveram juntas antes de
casar, dizem as estatísticas, são mais vuneráveis ao divórcio.
Falando em divórcio, um pesquisador, recentemente, previu que de dois em cada três
casais atualmente casados se divorciaria. Já sabemos que 60% de todos os segundos
casamentos terminam em divórcio.

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As crianças são as que mais sofrem com as separações. Atualmente, um em cada cinco
lares tem um único pai com uma ou mais crianças. A tendência indica que pelo menos 60% de
todas as crianças nascidas em 1990 viverão em uma casa com um pai só. Todas as crianças
estão crescendo rapidamente. A média de idade da primeira relação sexual está caindo. Um
terço dos adolescentes que chegam a idade de dirigir possuem carro. Além disso, crianças que
moram em casa gastam menos de trinta minutos em conversas significativas com suas mães e
menos da metade desse tempo com seus pais.
Os americano de hoje são muito solitários. Além disso, nosso estilo de vida desencoraja
relacionamentos de longa duração. O evangelismo que produz crescimento real da igreja deve
entender essa profunda vontade de um relacionamento. A religião que une o abismo do
relacionamento entre homens, mulheres e crianças, consegue ganhar as multidões.
Falta de relevância. Grande parte das igrejas, hoje, são simplesmente irrelevantes
para a maioria da sociedade. A linguagem, metodologia, música, organização, instalações e
sermões normalmente não refletem o mundo em que a maioria das pessoas vivem. Uma
caminhada na igreja (se conseguíssemos leva-los até a porta da frente) seria uma viagem
nostálgica a um passado no máximo, e uma entediante irrelevância no mínimo.
As igrejas do século XXI conseguirão falar aos novos pagãos? Há um caminho para o
nosso evangelismo alcança-los sem comprometer nossa teologia? Tudo indica que podemos
buscar o perdido com mais eficácia; mas há um preço a ser pago. O preço é a dor da mudança.
Os cristãos americanos estão prontos para realizar tais mudanças, fazer a igreja diferente do
que a maioria ja viu? Vamos olhar as possíveis áreas que podem tornar nosso evangelismo
relevante ao mesmo tempo que mantemos nossa teologia.

Evangelismo que resulta em real crescimento de igrejas


Uma igreja que está querendo seguir os cinco passos deve ser avisado. Mudanças
significativas trazem significativa dor. Muitas pessoas simplesmente não entendem por que a
igreja não pode ser “da maneira como sempre foi.” Recentemente, falei com um pastor de uma
mega igreja que perdeu quinhentos membros desde que o processo de mudança começou. Ele
sabia que alguma coisa tinha que ser feita porque, apesar de estarem batizando uma média de
cem pessoas por ano, eles não estavam tocando a superfície do número de novos pagãos. Suas
perdas agora diminuiram, e eles começaram a atingir um novo grupo da população. Em três
anos de mudanças, a dor foi intensa e pessoal. Os líderes de hoje querem fazer tais sacrifícios?
As respostas a essas questões são eternas em significância.
Pequenos grupos. Não irei discutir pequenos grupos em detalhes já que esse é o
assunto do capítulo 29. A ênfase a ser dada nesse ponto, é que não há melhor ferramenta para
desenvolver o relacionamento do que os pequenos grupos. Essas igrejas que estão procedendo
deliberadamente e entusiamadamente nessa área, sem dúvida, irão ver as grandes colheitas
evangelísticas nos anos seguintes. Nossa sociedade faminta por relacionamento está querendo
entrar em lares e outros lugares “neutros”, como primeiros passos em direção a associação com
os cristãos. A sinceridade está crescendo nos pequenos grupos que não se encontra na maioria
das áreas da igreja.
Sua agenda ou a minha? Um dos mais inovadores movimentos da igreja americana
no passado foi programar os cultos para as 11 da manhã para ir de encontro das necessidades
de uma sociedade que naquela época era, predominantemente, rural. Os fazendeiros tinham
tempo para ordenhar as vacas, fazer as tarefas e ainda chegar na igreja a tempo. Infelizmente,
a maioria das igrejas hoje acredita que o culto às 11h foi uma ordem de Cristo e era praticada
pelo apóstolo Paulo. Nem precisamos dizer que não somos mais uma nação rural. Estamos
desejando fazer dramáticas mudanças nos horários e nos dias de culto e outras atividades, para

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que pudéssemos dar aos que estão sem igreja uma escolha que melhor encaixa na agenda
deles?
Relevante. Uma vez que o sem igreja entre na porta, ele se sentirá intimidado pelo o
que vão ver, ouvir e sentir? No próximo capítulo veremos as questões da adoração, a nova
porta da frente.
Um ministério que seja significativo. Os filhos do baby boom e do baby buster não
apoiarão um ministério como o que normalmente acontece nas igrejas. Os que estão fora da
igreja devem ver que, se eles tem que ser parte de uma comunidade que crê, eles serão
envolvidos em ministério que mudam vidas (revise cap.20). Eles não mais aceitarão os
monótonos encontros de comitê, conferência de negócios com um quorum de 5%, e posições
que simplesmente preencham um buraco. As pessoas de nossa sociedade querem saber que
podem tocar vidas e fazer a diferença se eles estiverem envolvidos em nossa igreja.
Um novo olhar ao treinamento de evangelismo. Apesar dos terríveis comentários
feitos anteriomente sobre o evangelismo visita-surpresa, programas como o Treinamento
Contínuo de Testemunha e o Explosão de Evangelismo terão lugar em nossa igreja. Eles não
podem, porém, ser vistos como a soma de nosso ministério evangelístico. Os cristãos precisam
de treinamento para compartilhar Cristo confiantemente e de forma convincente. Porém, os
treinees devem ser ensinados que seu treinamento só será eficaz entre as pessoas com quem
eles desenvolveram um relacionamento. Em outras palavras, treinamento de evangelismo está
na moda, mas o evangelismo visita-surpresa está fora.

Avaliação
Poucas igrejas estão alcançando os novos pagãos de nossa nação. A maioria das igrejas
está, no máximo, alcançando crianças e parentes próximos de membros da igreja. Com tristeza,
muitas igrejas está levando poucos ou ninguém para Cristo.
Repensando nossa metodologia evangelística não significa comprometer nossa teologia.
De fato, devemos ter cuidado para não confundirmos metodologia com teologia.
Por outro lado, devemos ser cuidadosos para que não diluir o evangelho com nossa
impaciência para sermos relevantes para o mundo. O pecado continua pecado. Discipulado
continua sendo levar a cruz. Os novos pagãos precisam de um Salvador. Para eles e para nós,
Jesus ainda é a única esperança.

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23
Adoração e Crescimento de Igrejas

No excelente livro de James Emery White sobre adoração, Opening the Front Door:
Worship and Church Growth (Abrindo a Porta da Frente: Adoração e Crescimento de Igrejas),
um casamento pouco provável acontece. White reconhece que ligar adoração e crescimento de
igrejas parece inapropriado:

Um colega compartilhou comigo que alguém disse a ele que falar de adoração em
relação a pessoas fora da igreja era uma “heresia”, pois adoração não tinha nada era assunto
de qualquer outra pessoa a não ser dos cristãos. Apesar de estar certo de que essa pessoa
estava bem intencionada, tal visão não está de acordo com os materiais bíblicos, e até com a
prática atual. Virtualmente, toda igreja Protestante nos Estados Unidos encerra seus cultos de
adoração com um convite ou “um chamado do altar” para a salvação. Essa é uma clara
indicação de que já estamos unindo funcionalmente adoração e crescimento de igrejas.

Enquanto adoração é a resposta dos crentes que dão glória e merecimento a Deus, o
testemunho bíblico indica que os não-crentes também estão presentes no culto de adoração.
Na primeira carta aos Coríntios, Paulo instruiu os crentes a conduzirem seus cultos de adoração
de uma maneira que os não-crentes pudessem ser afetados positivamente. Paulo, obviamente
acreditava que o culto de adoração tinha um propósito duplo para os crentes e os não-cristãos
(1 Cor. 14:23-25).
Ainda, a adoração foi ligada ao crescimento de igrejas, primeiramente, porque os cultos
têm, cada vez mais, se tornado o pontode entrada daqueles de fora da igreja, para dentro da
igreja. White comenta: “Se uma pesssoa de fora da igreja decidir investigar o envolvimento em
uma igreja local, o que é a „porta de entrada‟ pela qual ele ou ela entram? Um exame das
estatísticas da Convenção Batista do sul, a maior denominação protestante dos Estados Unidos,
sugere que a porta de entrada não é mais uma rede de pequenos grupos como a Escola
Dominical, mas mudou para o culto de adoração.”
Por que aconteceu essa mudança nas igrejas americanas? Uma primeira razão é que a
maioria das pessoas interessadas em uma igreja gostaria de “experimentar” anonimamente. É
mais fácil sumir em uma grande multidão do que em um pequeno grupo. Segundo, em uma
grande multidão aquele que busca não é colocado na situação de participar. O ambiente do
pequeno grupo pode parecer muito ameaçador ao convidado que prevê ter que ler a Bíblia,
comentar passagens bíblicas, apresentar-se ou – e o maior dos receios – orar em público.
Finalmente, nenhum compromisso é necessário em um grande grupo. O que busca tem receio
de que, se estiver em um pequeno grupo, os outros membros do grupo ficariam tentando
“registra-lo.” Ao visitar um culto de adoração, primeiro, os convidados podem avaliar a igreja
sem se sentir pressionado.

Preparo para o conflito


Antes de olharmos as mudanças que estão acontecendo no cultos de adoração na
América, devemos reconhecer o potencial conflito. Por exemplo, um enorme conflito é inevitável
quando mudanças de música são feitas. White diz, “Igrejas em crescimento que fizeram
transição para formas não tradicionais de música tem freqüentemente, como resultado,
recebido enormes críticas.” Elmer Towns diz que a maior revolução na igreja moderna está
acontecendo na adoração; mas, ele adverte, é também a fonte de maior controvérsia. Russel

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Chandler concorda que o debate vai continuar, mas a tendência está colocada: “Não há lugar
de mais dissonância que na discussão sobre o que é „apropriado‟ na música „cristã‟. Esperem o
tempo sincopado pegar ao chegarmos em 2001.”
A controvérsia e conflito, porém, irá se extender além da música. Dou uma gargalhada
ao ler uma história em quadrinhos que mostrava um desapontado membro de igreja levando
seu pastor para forca, mais para o prazer da congregação fanática. As legendas diziam, quando
um membro fala para o outro, “Eu tentei dizer para ele não mudar a ordem do culto.”
Por que as mudanças da adoração são tão controversas? Para muitos a música e os
elementos de adoração trazem boas lembranças de receber a Cristo, sentar perto dos pais e
tomar a decisão para o grande discipulado. Quando esses elementos tradicionais são mudados,
ele pode se sentir perdido ou até tristeza.
Ainda há aqueles que confundem método de adoração com teologia correta. Quando o
método ou estilo é mudado, eles exclamam que a igreja não tem sido fiel as amarras bíblicas. A
igreja, eles dizem, tem comprometido a verdade pela sedução dos carismáticos, liberais ou
secularistas.
Talvez, a explicação básica por trás do debate na adoração é que a mudança é dolorosa.
Para muitos, a igreja deve ser a força estável em um mundo de mudanças rápidas. Se a igreja,
especialmente o culto de adoração, não oferecem estabilidade, então eles sentem que nada no
mundo pode oferecer a eles uma noção de pertencimento.

Adoração no século XXI


Quais são algumas das mudanças que podemos esperar ao entrarmos em um novo
século? Antes de responder essa pergunta, devemos reconhecer que as mudanças antecipadas
acontecerão na maioria das igrejas, mas não em todas. Estilos de adoração nunca foram
monolíticos na América; e não existe razão para esperar essa mudança. O que esquecemos,
porém, é uma tendência em muitas igrejas em seguir instruções.
Por que essa tendência está acontecendo? A influência do Movimento de Crescimento de
Igrejas inspirou muitas igrejas a buscar alcançar pessoas para perguntar por que elas não vão à
igreja. As respostas são as seguintes:
1. As igrejas sempre estão pedindo dinheiro.
2. Os cultos da igreja são monótonos e sem vida.
3. Os cultos são previsíveis e repetitivos.
4. Os sermões são irrelevantes para a vida diária como ela é vivida no mundo real.
5. O pastor faz com que eu me sinta culpado e ignorante, e deixo a igreja me
sentindo pior que quando entrei.
Em outras palavras, os que não estão na igreja dizemque os cultos de adoração são a
maior barreira para que frequentem a igreja. Como consequencia, muitas igrejas começaram a
mudar, para que a “porta de entrada” possa ficar realmente aberta para os descrentes e sem
igreja.
Qualidade. O americano comum se acostumou com a qualidade: produções
pretensiosas de filmes e programas de TV; shoppings brilhantes e limpos; e negócios que
buscam melhorar seus serviços e produtos. Enquanto cristão devotos podem tolerar cultos de
adoração que não são bons, não podemos esperar que os de fora da igreja sejam tão
tolerantes. Instalações desleixadas, sistemas de som abrasivo, uma inundação de música de
orgão, bancos desconfortáveis e sermões irrelevantes são apenas algumas das distrações que
afastam os que não tem igreja, talvez para sempre. “Uma das primeiras marcas de igrejas em
crescimento é perseguir um compromisso com a excelência, uma atitude que se esforça pela
qualidade e rejeita a mediocridade.”

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Atmosfera. White identificou cinco elementos da atmosfera em uma igreja em
crescimento: celebrativa, amigável, relaxada, positiva e esperançosa. Igrejas em crescimento
tem cultos de adoração entusiasmados e celebrativos. Eles aprenderam que o verdadeiro
significado de entusiasmo é en theos, ou “em Deus”. C. Peter Wagner observou há muitos anos
atrás que a maioria dos cultos da igreja são “mais parecidos com funeral que com um festiva.”
A amizade em uma igreja, freqüentemente, começa com o líder da adoração e o pastor.
Eles dão o tom para o resto da congregação. Muitas igrejas pensam que são amigáveis; mas na
realidade, os membros da igreja são amigáveis umas com as outras, mas inamistoso com os de
fora. Temos duas maneiras em nossa igreja, pela qual medimos nossa amizade. O primeiro é
nosso hábito de sentar. Estamos sentando com as mesmas pessoas todos os domingos e
quartas? Ou estamos indo até nossos convidados e novos membros nos apresentando e
sentando com eles? Segundo, como pastor envio uma carta para todos os convidados de
nossos cultos de adoração. Incluia nas cartas um cartão já selado para resposta. Pedimos para
que o convidado complete o cartão, anonimamente, e nos envie depois de completar as três
linhas:
1. Minha primeira impressão da igreja foi __________________.
2. O culto de adoração estava _________________________.
3. Se pudesse fazer uma sugestão, seria que____________________________.
Aproximadamente 25% de nossos convidados respondem dessa maneira. Esses cartões
nos ajudam a medir nosso grau de amizade para com os de fora.
O que significa “uma atmosfera relaxada”? É importante responder essa questão, pois
dois terços das pessoas de fora da igreja querem um estilo informal de adoração. White visitou
muitas igrejas em crescimento para determinar o que essas igrejas estavam fazendo para criar
uma atmosfera relaxada:

Apesar desse trabalho não recomendar um estilo em particular, está certamente claro que
a pesquisa mostra que “formalidade e liturgia,freqüentemente, barram” o crescimento da
igreja. Não era incomum, ao visitar as igrejas, ser o único usando terno e gravata
(particularmente para os cultos de sábado à noite e domingo de manhã). Um bule de café
e rosquinhas é comum no saguão de entrada e em outras áreas comuns, antes e depois
dos cultos e da Escola Dominical, encorajando os indivíduos a perceber que estão em um
ambiente relaxado e caloroso. Há sempre uma música de fundo tocando, acrescentando a
atmosfera “relaxada” de conversas e comunhão.

Um espírito positivo de noção de expectativa melhoram a atmosfera das igrejas em


crescimento. Essas igrejas são alegres; sorrisos estão sempre nas faces das pessoas da
congregação e do coral. O foco é nas possibilidades através de Cristo (Fili. 4:13). O positivo é
acentuado porque as pessoas acreditam que Deus pode transformar vidas. Eles entram em
cada culto sentindo que Deus está fazendo algo no meio deles.
Saudando os convidados. Muitos anos atrás, fui apresentado a uma igreja em vistas
de chamar um pastor. Durante o tempo de dar boas vindas, a cada convidado era pedido que
levantasse a mão. Os poucos que se dispuseram a obedecer eram presenteados com um
“cartão de visita” e era dado um “emblema de visitante” para usarem. Então, no final do culto,
os nomes desses visitantes era lido na frente de toda a congregação, e pediam para que as
almas envergonhadas se levantassem para que os membros os identificassem. Depois,
perguntei ao comitê quantas pessoas voltavam depois da primeira visita. A resposta foi
antecipada: “Muito poucos – e não entendemos o por que.”
Se frequentamos uma igreja por algum tempo, geralmente esquecemos o disconforto de
entrar em um novo lugar. Então, se somos “o foco” como se fossemos diferentes de todos os

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outros, temos pouca vontade de voltar. Ainda assim, muitos membros não conseguem entender
por que os visitantes não voltam à sua igreja tão amigável.
Alguns princípios estão sendo seguidos em igrejas em crescimento no tratamento de
convidados. O primeiro é o princípio da anonimato. Igrejas em crescimento deixa os convidados
decidirem se querem ser identificados ou não. Por exemplo, esse capítulo inclui o mesmo cartão
de registro usado para pedido de oração do capítulo 18. Todos são convidados, visitantes e
membros, a preencher o cartão. Os convidados não são isolados ou tratados de maneira
diferente. Apenas o quadrado que eles assinalam (visitante pela primeira vez, segunda vez) no
cartão os identifica como sendo membros ou não, e eles nunca são escolhidos entre os outros
durante o culto. Já que todos colocam o cartão na cesta de ofertas, os convidados não se
sentem visíveis.
Falando das ofertas, muitas igrejas em crescimento estão fazendo uma retratação antes
das ofertas serem tiradas. Aos convidados é dito que as ofertas são especificamente para
membros e pessoas que apoiam os ministérios da igreja. Tal afirmação elimina o maior receio
nas mentes das pessoas que não são da igreja: “Tudo que interessa a eles é meu dinheiro!”
Cada faceta do culto em muitas igrejas em crescimento é planejada com a mente no
convidado. Aqueles que vem são chamados de “convidados” (“você foi convidado”) ao invés de
“visitante” (“você caiu por aqui”).
As melhores vagas de estacionamento são reservadas para os visitantes. Anúncios da
igreja e terminologia são evitados. A linguagem que os membros da igreja ouviram por toda a
vida, não fazem o menor sentido para os convidados. Fale a língua deles e seja sensível com a
sua situação e eles acabarão voltando.
Música. As tendências em música são talvez a fonte de maior controvérsia. “As pessoas
guardam seu gosto pela música, especificamente na vida da igreja, com mais cuidado que a
doutrina.” White observa quatro tendências mais importantes em música nos cultos de
adoração: “É contemporâneo e ritimado, é da melhor qualidade, há muitos dele; e tem sido
liderado e apresentado de maneiras inovadoras.” Apesar das excessões, o rock cristão
contemporâneo é o estilo que mais cresce nas igrejas em crescimento. Alguém deve lembrar
que, para a maioria dos baby boomers, o rock é forma de música tradicional.
Enquanto alguns sentem que a invasão do rock cristão nos cultos de adoração é uma
heresia, White observa que essa situação não é nova. Os hinos de Martinho Lutero não foram
nada tradicionais em sua geração: “O que Lutero fez foi tirar as melodias do „Top 40‟ do circuito
de bares de Witterburg e colocou letras cristãs. Muitos dos grandes hinos nascidos na Reforma
Protestante, como „Castelo forte‟, eram melodias que Lutero pegou, mudou as letras e colocou
na vida da igreja, para que pessoas comuns pudessem se identificar e participar.” Outro
conhecido compositor do passado tirou músicas de “fontes questionáveis” e refez as letras para
a igreja: Bach e Ira Sankey são dois exemplos. “Historicamente, a igreja sempre usou música
contemporânea e adaptou com letras cristãs. Essa era uma das dinâmicas atrás do Segundo
Grande Despertamento, especialmente na Nova Ingaterra. Colocado de maneira simples, o uso
de música contemporânea na adoração está longe de ser inovador.”
Variedade e programação. Igrejas em crescimento estão oferencendo cultos em
horários diferentes do dia, assim os de fora podem escolher o que for melhor para eles. Cultos
de adoração de domingo de manhã multiplos e cultos de semana e sábado à noite estão cada
vez mais comuns.
Dentro dos cultos, as igrejas em crescimento estão oferecendo uma variedade de mídia
e oradores. Drama, vídeo, hinos e corinhos em telões e um número de inovações na adoração
provavelmente se tornarão regras no século XXI.

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Sermões. White idetifica sete características desse estilo de pregação nas igrejas em
crescimento. A primeira dessas características é que os pregadores tem um público específico
como alvo de seus sermões. Um sermão para uma pessoa perdida será diferente de um para
um cristão maduro. Sermões para crianças, jovens e adultos terão características específicas em
cada um. A realidade do contexto de adoração é que representantes de grande parte dos
grupos alvo esteja presente para ouvir todos os sermões, para que o pregador possa decidir
qual alvo chave de cada mensagem.
Segundo, todos os sermões devem ser bíblicos. A autoridade e centralidade da Bíblia
não podem ser comprometidos. Como terceira e quarta características, esses sermões bíblicos
devem ser práticos e relevantes. O conteúdo deve falar às necessidades dos ouvintes de
maneira que faça diferença em suas vidas.
Quinto, sermões hoje em dia devemser interessantes e até divertido. Enquanto
descrições parecem fora de contexto em um culto de adoração, sermões que não prendem a
atenção dos ouvintes são inúteis, apesar de seu rico conteúdo. Nossa geração é da televisão,
filmes e entretenimento. Sermões sem vida mandam os membros e convidados em direções
diferentes.
Outra característica de um sermão em igrejas em crescimento reflete a espalhada
ignorância bíblica não apenas entre os visitantes, mas também de muitos membros regulares
também. Sermões devem ser simples, especialmente os destinados a alcançar um grande
número. Pregações e ensinos mais profundos acontecem em lugares que não os cultos de
adoração, que é feito para alcançar os que vem de fora.
Finalmente, sermões em igrejas em crescimento são positivos e encorajadores. O
mundo já tem más notícias demais. Até mesmo se a mensagem é de um sermão duro, sobre as
consequencias do pecado, pode ser comunicado sob a luz das boas novas do Perdoador de
Pecados.
O declínio dos reavivamentos. Os reavivamentos, progressivamente, foram se
tornando mais curtos durante do século XX. De acampamentos de um mês de duração, para
reavivamentos de duas semanas, para reavivamentos de oito dias, para reavivamentos de
quatro dias, agora estamos vendo o aumento dos reavivamentos de um dia. O declínio dos
reavivamentos pode ser atribuido, primeiro, a falha da igreja em fazer as pessoas irem. O
reavivamento da cidade, em anos passados, era um evento tanto social como religioso. Uma
pessoa não redimida em cultos de reavivamento,nos dias de hoje, é uma excessão ao invés de
uma idéia.
As agendas cheias de nosso povo contribuiu para o fim dos reavivamentos. Poucas
pessoas, mesmo os membros regulares, podem ou querem separar de quatro a oito noites para
irem a um reavivamento. Os cultos de adoração do século XXI irão usar eventos de um dia
como sucessores dos reavivamentos. Seminários de Planejamento financeiro, conferências para
casais, e workshops para recuração de divórcios são alguns dos evento de um dia feitos em
volta do culto de adoração.

Fazendo a transação
Um membro de uma igreja me contou da dor das mudanças que ele estava
testemunhando em sua igreja. “Sei que devemos ser relevantes e falar aos perdidos hoje,” ele
disse. “Mas doi ver a música que eu amo e a adoração que estou acostumado desaparecer do
cenário. Será que ninguém se preocupa com o que eu sinto?”
Muitos outros compartilham sua dor, especialmente aqueles que nasceram antes de
1946, o começo do baby boom. Nós que somos líderes de igreja com a mente no crescimento
de igrejas devem buscar toda oportunidade para alcançar pessoas para Cristo – mesmo se

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tivermos que mudar nosso culto de adoração. Porém, devemos também nos lembrar que
aqueles que resistem ou não gostam das mudanças são filhos de Deus também. Talvez, as
seguintes sugestões possam facilitar a dor da transição para aquelas igrejas que decidam fazer
a mudança.
Procedam ponderadamente. Muita mudança muito rápido pode ser desastrosa para
o pastor e para a congregação. As igrejas estão fazendo mundanças na adoração em um ritmo
em que as pessoas possam ajudar, irá experimentar o maior benefício. A idade média da igreja
também deve ser um fator determinante de mudança de ritmo. Lembre-se que não pode
agradar a todos. Por fim, a motivação evangelística da igreja deve ser considerada de alta
prioridade.
Ame os que discordam. Se as mudanças na adoração causarem grande discensão,
qualquer inovação será ineficaz. Para o líder, que muda a igreja gradualmente, as críticas virão.
Todo o esforço deve ser feito para manter a ordem de Cristo de amar as pessoas. “Porque esta
é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros” (1 João 3:11).
Serviços multiplos. Serviços adicionais para encontrarem as preferências de diferentes
grupos também pode dar uma solução interina que poderá durar por anos. Conheço uma igreja
que especifica tudo em seu material impresso: 9:30 – adoração contemporânea; 11:00 –
adoração tradicional.
Campos multiplos. Quando multiplos campos, como o conceito satélite discutido no
capítulo 21, são estabelecidos para projetar-se, o novo campo pode ter um louvor de estilo
alternativo. A Igreja Batista de Green Valley determinou que sua primeira igreja satélite
começaria com um louvor contemporâneo. A decisão foi baseada em em estudos demográficos
que mostraram que a média de idade da comunidade era menos de trinta anos.

Avaliação
Talvez, o maior perigo em potencial em mudar para um culto “busca-amigável” é que o
louvor possa acabar com o autêntico louvor cristão. Se, virtualmente, tudo é ajustado para o
incrédulo, os crentes não teram a oportunidade de louvar o Deus vivo. Na realidade, poucas
igrejas têm feito tal transição radical. Se o desejo é ter um culto de adoração ajustado apenas
para os incrédulos, outro culto deve ser oferecido aos cristãos.
Outra questão teológica não resolvida é a que diz respeito ao louvor em outros dias
além do domingo. Alguns diriam que, apesar de o louvor do primeiro dia não ser um ordenado
nas Escrituras, sua prática no testemunho do Novo Testamento é evidência suficiente para sua
continuação. Outros consideram a prática do louvor de domingo como uma tradição da igreja
apostólica que poderia ser mudada pelos cristãos da futuras gerações. White concluiu de um
testemunho bíblico:

O sétimo dia (Sábado) não é mais considerado como um dia especialmente observado
pelo louvor e descanso do trabalho (ver Rom. 14:5; Gal. 4:8; Atos 15:28). A ressurreição,
o coração do evangelho, aconteceu em um domingo. Quando os escritores do Novo
Testamento designaram vários dias em que o Cristo ressucitado apareceu e falou com
Seus discípulos, era informalmente em um domingo (veja Mat. 28:9; Luc. 24:13; João
20:19). E a vinda do Espírito Santo em Atos 2 aconteceu em um Pentecostes (Domingo).
Então, enquanto louvar no dia do Senhor (domingo) é uma descrição da prática da igreja
primitiva e assim é importante tomarmos nota de que em nenhum lugar está uma ordem
direta.

Talvez, o alerta mais claro que os estusiastas do crescimento de igrejas deveriam ter
cautela é o alerta de potencial compromentimento. Porque os cultos de adoração que são
relevantes para a cultura são a melhora do crescimento, o perigo é que tal adaptação cultural

118
ou contextualização possam levar ao compromisso teológico. A mensagem nunca poderá mudar
pois se trata do imutável Cristo (Heb. 13:8).

119
24
Encontrando as Pessoas

No capítulo anterior vimos o, relativamente novo, fenômeno de adoração como uma porta de
entrada para alcançar outros. Também examinamos as maneiras pelas quais podemos fazer
nossos cultos uma “busca-sensibilidade”, para que aquele convidado que vem pela primeira vez
possa voltar feliz.
Até uma igreja com um excelente culto, porém, não deve ficar esperando as pessoas
chegarem. A ênfase da Grande Comissão é para ir. O que devemos fazer para alcançar pessoas
que de outra maneira não viriam à nossa igreja?
Nesse capítulo veremos sete boas maneiras de descobrir um pretendente. Esses sete
métodos caem em duas grandes categorias: promoção da igreja e construindo relacionamentos.
Criando uma presença na comunidade, eventos especiais, marketing, procurando novos
moradores e pesquisando as necessidades são todos bons métodos de encontrar
prentendentes. Os próximos dois, porém, focam na construção do relacionamento. Treinar
membros em evangelismo estilo de vida e desenvolver pequenos grupos são a chave para
alcançar aqueles que não tem uma igreja ao entrarmos no século XXI.
Uma lista de sete maneiras de encontrar pretendentes, certamente, não é uma
abordagem completa. Esses métodos, porém, são importantes em igrejas em crescimento.
Essas abordagens, sem dúvida, mudaram nos próximos anos. O Movimento de Crescimento de
Igrejas continua a descobrir e avaliar os métodos mais bem sucedidos.

Presença na comunidade
Uma das igrejas mais notáveis, hoje, na América é a Primeira Igreja Batista de
Leesburg, Flórida, liderada pelo pastor Charles Roesel. Essa igreja é uma das líderes
consistentes em batismos na Convenção Batista do Sul. Ela tem vários ministérios comunitários
como o lar para mulheres que sofrem violência e para mães solteiras. Esses ministérios tocam
as necessidades físicas, financeiras e emocionais das pessoas na comunidade. Mais importante,
a igreja geralmente alcança as maiores necessidades espituais já que muitos que são
beneficiados pelos ministérios também aceitam a Jesus Cristo como Senhor e Salvador.
Talvez, a igreja mais mencionada como modelo de presença na comunidade é a Igreja
Batista Bear Valley em Denver. A igreja tem levado centenas de membros para o ministério. As
pessoas na igreja são constantemente lembradas de que eles são ministros e que têm liberdade
e permissão para começar ministérios sob diretrizes amplas e razoáveis.
Igrejas com uma presença na comunidade encontram pretendentes de duas maneiras.
Primeiro, aqueles que são servidos pelos ministérios comunitários são sempre pretendentes
para a salvação e para a igreja. A igreja que vê essas pessoas como pretendentes podem
descobrir que os pretendentes são “totalmente desprovidos.” A atitude de Jesus é necessária
quando a igreja está alcançando outros no estilo do Novo Testamento, ministrando “a um
destes meus pequeninos irmãos”(Mat. 25:40). Será que as igrejas estão prontas para deixar
sua zona de conforto deixando pessoas de todos os tipos entrarem em seus prédios?
Segundo, a igreja descobre pretendentes quando as pessoas da comunidade se
envolvem nesses ministérios. Há uma profunda fome no coração de muitas pessoas por tocar a
vidas e fazer a diferença. Infelizmente, a maioria das igrejas não oferecem oportunidades para
os de fora ou até membros para se envolverem na linha de frente do ministério. Se você lidera
uma igreja para um envolvimento com a comunidade que faça a diferença, a igreja será um
imã para os pretendentes.

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Eventos especiais
Eventos especiais como dias de alta presença, dias dos amigos, apresentações de Natal
e Páscoa, seminários, conferências e peças resultam em crescimento e descoberta de
pretendentes? Hadaway diz: “A resposta é sim, se usado apropriadamente.” O que é
necessário, de acordo com Hadaway, é uma sequencia, se esperamos que os eventos sejam
eficazes. As pessoas deixam de ser pretendentes em muitas igrejas porque “elas não são
visitadas rapidamente, e pessoas que foram aos eventos podem não voltar.” A igreja deve
entender o propósito do evento especial se querem alcançar as pessoas. “Se a primeira razão é
„tradição‟ , „nossos membros gostam deles‟ ou „para reavivar a igreja‟, então é improvável que
consigam um crescimento. De fato, eles podem na verdade trabalhar contra o crescimento ao
tirando a energia de membros de atividades que realmente produzam crescimento.”
As igrejas que estão descobrindo pretendentes através de eventos especiais,
normalmente, produzem um evento que é sensível aos de fora. A Igreja Independente de
Shades Mountain em Birminham, Alabama, todo ano, cria uma grande produção de Natal para a
comunidade. O ministro da música, Kim Cannon, agora divide essa produção igualmente entre
música e a encenação; no passado a música era predominante. A razão? A encenação,
especialmente uma encenação boa, busca sensibilizar. A televisão e os filmes desenvolveram
uma sociedade que é muito afetada pela mídia visual.

Marketing
Quando o livro de George Barna, Marketing the Church (Fazendo um marketing da
Igreja), foi publicado em 1988, alguns líderes cristãos expressaram preocupação de que a igreja
estava se “liquidando”a um modelo não bíblico, secular de alcançar as pessoas. O uso da
palavra “marketing” parecia inapropriado no contexto da igreja. Barna explicou que devemos
primeiro “pensar em marketing como atividades dirigidas às necessidades da audiência alvo,
por meio disso, permitir que os negócios satisfaçam seus alvos.” Se entendermos que o
“negócio” da igreja é, entre outras coisas, alcançar pessoas para Cristo, então, iremos discernir
as melhores maneiras para alcançar essas pessoas. Seja falando, anúncio de jornal, mala direta
ou outros métodos para alcançar os outros, a igreja tem que se envolver no marketing. O
problema para a maioria é a terminologia. Muito do que Barna defende, sob o nome de
marketing, é a mesma atividade que muitas igrejas chama de “alcançar pessoas”.
As abordagens tradicionais de marketing das igrejas tem sido visistas a lares, mídia
passiva (uma placa na frente na igreja), mídia passiva paga, como anúncio no jornal. A
pesquisa de Barna mostrou que essas táticas são de pequeno efeito para levar pessoas para
nossas igrejas.
Essas abordagens que parecem ter algum sucesso são os convites pessoais, pequenos
grupos e programas que vão de encontro às necessidades. Essa é minha convicção, que esses
três são tão importantes que a maioria das igrejas deveriam canalizar mais recursos nessa
direção. O pequeno grupo é tão importante que sua eficácia será discutida mais além nesse
capítulo.
Barna também vê eficácia em telemarketing e mala direta, mas o nível de sucesso
depende da qualidade do esforço: “A mala direta pode trabalhar muito bem nas igrejas. Porém,
com as residências recebendo cerca de 1.500 cartas não solicitadas por ano, precisamos de
uma carta profissional e bem arrematada para passar pelo tumulto e causar um boa impressão,
que irá alterar um padrão de comportamento estabelecido. Se suas cartas são feitas de maneira
amadora, sem dúvida você irá perder tudo. Mas se feito de maneira profissional, você poderá
surgir como um vencedor.”

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Novos moradores
Um número de igrejas descobre pretendentes através de novos moradores da
comunidade. Muitas empresas fornecem listas de recém-chegados a um custo baixo. Os recém-
chegados são, geralmente, muito receptivos a igrejas ou a fé cristã na hora do dislocamento.
Uma mudança para outra área é um “evento de crise”, um tempo em que o recém-chegado
está aberto a outras mudanças, como mundança para uma nova igreja ou para receber a
Cristo. Uma igreja que procura uma estratégia de alcançar novos residentes deve ser
persistente. Entrar em contato com mil famílias anualmente, pode resultar em dez novas
famílias para a igreja. Esse método de alcance, se usado com outras abordagens, pode prover
um fluxo estável de pretendentes.

Pesquisas
Pesquisas podem ser eficazes, se seu propósito é ir de encontro com as necessidades
dos que não estão na igreja, e se eles não violam a privacidade desses. Na próxima página está
uma cópia da pesquisa que minha igreja usa na comunidade. Os passos a seguir são os
seguintes:
1. Batemos na porta e pedimos para que a pessoa complete a pesquisa depois que
sairmos.
2. Dizemos que o propósito de nossa pesquisa é encontrar as necessidades da
comunidade.
3. Depois de completarem a pesquisa, pedimos para que deixem na maçaneta da
porta (a pesquisa tem a parte de cima com uma perfuração, o que permite que pendurem
dessa maneira).
4. Retornamos para buscar a pesquisa depois de uma hora, sem mais distúrbios ao
morador.
5. Se o morador pedir qualquer informação ou atividade, voltamos em uma hora
apropriada. Por exemplo, ficamos muito surpresos com o número de mulheres que pedindo
aulas de ginástica. Começamos oferecendo duas aulas que foram preenchidas imediatamente.
Nós, com certeza, mandamos cartas para aqueles que pediram a aula. Essas aulas
estabeleceram um ponto de entrada para a igreja para muitos que de outra maneira não viriam.
6. Mandamos uma carta de agradecimento a todos que responderam.
Temos tido muito sucesso com esse método de alcance. A chave é a habilidade de
cumpir a promessa de satisfazer as necessidades. Se o pretendente vier à nossa igreja e sentir
que não somos tudo o que dissermos ser, o abismo aumenta e a alienação é maior.

Evangelismo-estilo de vida
Esses dois métodos dependem da construção de relacionamentos. Eles não são soluções
rápidas. O pastor ou outro líder devem ver esse processo como de longo prazo. Se esses
métodos são implementados com sucesso, os benefícios não uncluem apenas o aumento de
pretendentes, mas membros da igreja mais produtivos.
Quando falamos de evangelismo-estilo de vida, nos referimos a uma vida que está
crescendo e amadurecendo em Cristo, ao deixar os feitos e palavras dessa vida levar outros a
Cristo. O que a igreja pode fazer para produzir um evangelismo-estilo de vida, em que os
membros, naturalmente, possam atrair e trazer pessoas para a igreja? Essa questão é de
grande importância já que três quartos dos membros da igreja começam a ir para a igreja
através do convite de um membro ou amigo.
Hadaway observa quatro fatores críticos em introduzir uma atmosfera que produza um
estilo de vida evangelístico. O primeiro é enfatizar a eterna importância do evangelismo: um

122
espírito aberto e evangelístico. Os membros devem ver que compartilhar sua fé é um
trasbordamento natural da vida do cristão.
Segundo, o treinamento evangelístico deve ser um ministério contínuo na igreja. Como
observado no capítulo 22, o papel do Explosão Evangelística e do Treinamento Contínuo de
Testemunho está mudando, mas isso não impede a necessidade de treinar nossos membros em
como compartilhar sua fé. O treinamento dever ser usado na vida diária dos membros.
Terceiro, nossas igrejas devem ter algo que vale a pena para os convidados que
finalmente vão à nossa igreja. Se nossos membros apreenderem o espírito do evangelismo-
estilo de vida enquanto os cultos continuarem sem vida e melancólicos, os convites para ir à
igreja vão logo se acabar, e os membros da igreja ficarão desencorajados.
Finalmente, devemos encorajar novos cristãos a compartilharem sua nova fé. Hadaway
explica:

Novos cristãos são, geralmente, mais entusiasmados sobre o seu relacionamento com
Cristo que qualquer outra pessoa, e eles tem mais contato com pessoas que não estão na
igreja. Mais adiante, a mudança repentina na vida dos novos cristãos dá, aos amigos não-
cristãos, uma dramátca evidência do poder de Deus ... O processo normalmente acontece de
forma natural, vindo do exaltação do novo cristão sobre seu relacionamento com Cristo. O que
geralmente é necessário é a “permissão” da igreja para que possa testemunhar – mesmo que o
novo crente saiba pouco da Bíblia ou sobre “as técnicas apropriada do testemunho.” A
expectativa de que todos os cristãos devam ser testemunhas por seu grande agradecimento a
Deus pode ser tudo o que é necessário para libertar os novos cristãos para compartilhar sua fé.

Pequenos grupos
No capítulo 29, quando veremos esse assunto em toda a sua extensão e potencial,
veremos os múltiplos benefícios desse ministério. Como uma ferramente para assegurar os
pretendentes, os pequenos grupos provam ser o método de alcançar pessoas do futuro. No
encontro dos pequenos grupos de nossa igreja, cada grupo deixa uma cadeira vaga na
presença de todos os membros do grupo. Essa vaga lembra os participantes que cada um
deles tem a responsabilidade de trazer outros ao grupo. Já que entrar no grupo, na maioria das
vezes, é resultado de relacionamentos no trabalho, na escola, em clube ou na vizinhança, esse
pretendentes terão uma grande probabilidade de uma dia serem totalmente assimilados na
igreja.

Os Dois Princípios Controversos: Unidade Homogênea E Receptividade


O Movimento de Crescimento de Igrejas tem recebido uma enorme quantidade de
críticas por tentar encontrar pretendentes através da homogeneidade e receptividade. Por
serem esse princípios tão controversos, usaremos o próximo capítulo inteiro para discutir e
avaliar seus papéis.

Avaliação
Igrejas que obedecem a Grande Comissão são igrejas “em movimento”, elas buscam
encontrar seus pretendentes ao invés de esperar que os pretendentes venham até elas. Apesar
de cada método discutido nesse capítulo ter seus pontos fortes, a abordagem mais bem
sucedida começa com o desenvolvimento de relacionamentos. Por que nossa sociedade está se
tornado uma sociedade de pessoas isoladas, a necessidade de um evangelismo de
relacionamento cresce a cada dia.

123
A construção de relacionamento vem do mandamento de nosso Senhor para “que nos
amemos uns aos outros” (1 João 3:11). Se um mundo sem amor puder sentir o amor
verdadeiro vindo de nossa vida, eles virão até nós. Assim como o carcereiro que não
compreendia a alegria sacrificial de Paulo e Silas, eles também nos perguntarão: “Que é
necessário que eu faça para me salvar?” (Atos 16:30).

124
25
Receptividade e Crescimento de Igrejas
Os dois capítulos anteriores lidaram com levar pessoas à igreja, o que é normalmente
chamado de “abrir a porta de entrada.” Esse capítulo seria algo como um anexo desse tema.
Estamos olhando, especificamente, a dois princípios do “abrindo a porta de entrada” que tem
trazido mais discussão debate. Deve ficar entendido que esses princípios, especialmente o
princípio da unidade homogênea, não são, necessariamente, princípios primordiais do
crescimento de igrejas. Tenho ouvido muitas críticas de que o Movimento de Crescimento de
Igrejas iguala o princípio da unidade homogênea com a totalidade do crescimento da igreja.
Pelo contrário, vejo pouca coisa sobre homogeneidade na literatura de crescimento de igrejas
atualmente.
Um livro sobre crescimento de igrejas, porém, seria incompleto se não tivesse alguma
discussão desses princípios. O leitor pode notar uma abordagem mais técnica nesse capítulo
comparado com os capítulos sobre princípios. Essa abordagem é necessária porque os críticos
devem ser ouvidos, respondidos e explicados apropriadamente.

O princípio da receptividade
Focar nas pessoas receptivas tem sido visto como uma grande contribuição para o
crescimento de igrejas. George G. Hunter III chamou a consciência e evangelização de pessoas
receptivas do crescimento de igrejas de “a maior contribuição do Movimento de Crescimento
de Igrejas para evangelização mundial dessa geração.” C. Peter Wagner acredita que “em um
dado momento certos grupos de pessoas, famílas, e indivíduos serão mais receptivos à
mensagem do evangelho que outros.” Essa perpectiva é chamada de “teoria da resistência-
receptividade.”
O pragmatismo de Wagner se torna evidente aqui. A teoria postula que os recurso de
tempo, pessoal e dinheiro deveria ser canalizado para onde há uma maior receptividade ao
evangelho. “Apesar de Deus poder intervir e indicar de maneira diferente, só faz sentido dirigir
o montante de recursos disponíveis para áreas onde há um grande número de pessoas com
maior probabilidade de se tornarem discípulos de Cristo.” Wagner não defende negligenciar
áreas resitentes, mas essas áreas deveriam receber menos recursos que as áreas receptivas.
Wagner encontra justificativas bíblicas para o princípio da receptividade no que ele
entitula de “o princípio da colheita” da Bíblia: o princípio fundamental do cultivo é a colheita. É
a visão do fruto. O alvo do fazendeiro é fazer uma colheita daquilo que plantou. Jesus admite
isso quando falou aos discípulos sobre a colheita: “Levantai os vossos olhos, e vede as terras,
que já estão brancas para a colheita” (João 4:35). Ele mencionou que em alguns casos uma
pessoa semeiam, enquanto outros colhem o fruto, mas eles se alegram juntos porque a
combinação de seu trabalho resultou na colheita (João 4:36-37).
Wagner cita a parábola de Jesus sobre o semeador que as sementes caíram em quatro
lugares (Mat.13:1-23). Apenas um dos quatro lugares era uma lugar fértil para a semente. A
semente (a palavra de Deus) que caiu em solo bom produziu fruto em grande quantidade
(Lucas 8:11). O “solo,” de acordo com essa interpretação, é “a pessoa que foi tão preparada
que eles ouvem a palavra e entendem.”
Wagner concluiu que estratégias eficazes de evangelismo tentam identificar as pessoas
mais receptivas. “Teste de solo” deveria ser usado também para avaliar a localização dos
recursos e das metodologias. Se os resultados forem bons, (por exemplo, se um crescimento
numérico for evidente) a localização significativa dos recurso deve continuar. “Se eles não

125
forem, ligações emocionais não devem evitar a inutilização de qualquer metodologia que não
estiver funcionando.”
Wagner cita o próprio ministério de Jesus. Jesus disse: “A seara é realmente grande,
mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua
seara” (Mat. 9:37-38). Wagner vê esse pronunciamento como uma clara indicação de que Jesus
ordenou a necessidade de grandes números quando a seara estiver madura. Jesus estabeleceu
uma estratégia de evangelismo para os discípulos. Em Mateus 10:11-14, Ele instruiu os
discípulos a testarem a receptividade de uma cidade. Se os discípulos não fossem bem
recebidos pelas pessoas, deveriam deixar a cidade e tirar o pó de seus pés. “Tirar o pó dos pés
era um sinal de protesto, culturalmente reconhecido, nesse caso contra o resistência do
evangelho.”
Wagner não poder ser um teológo sem também ser um ativista. Sua abordagem
pragmática ao crescimento de igrejas impede a magnificência de apenas teologizar. Ele precisa
agir sobre sua teologia. Como alguém implementa uma estratégia evangelística baseada no
princípio da receptividade?
Wagner dá crédito a Edward R. Dayton por produzir a mais usada “áxis da resistência-
receptividade.” Essa áxis já é usada pelo Grupo de Estratégia de Trabalho do Comitê de
Lausanne para Evangelização Mundial.

Escala Resitência/Receptividade

Uma estratégia de crescimento de igrejas é descobrir onde as pessoas receptivas estão


localizadas, especialmente aqueles do extremo lado direito da escala. A pesquisa de Wagner e
outros produziram três áreas onde as pessoas mais receptivas ao evangelho estão,
provavelmente, localizada.

126
Receptividade deveria ser esperada, primeiro, onde as igrejas já estão crescendo.
Apesar de tal área poder até ter um certo número de igrejas, é provável que um grande
número de pessoas que continuam fora da igreja, mas receptivas ao evangelho.
Uma segunda área provável de receptividade está onde as pessoas estão encontrando
mudanças significativas: mudança social, mudança política, mudança econômica ou mudança
psicológica. Mais que outros grupos, essas pessoas estão sucetíveis a se tornarem discípulos de
Cristo durante períodos de mundança e transição.
O terceiro maior grupo de pessoas receptivas são as massas, os trabalhadores comuns e
os pobres. Wagner disse que “a religião, normalmente, entra na sociedade pelas massas e se
desenvolve.” Excessões específicas a essa regra, porém, devem ser reconhecidas. Nos Estados
Unidos, a receptividade ao evangelho ultrapassa as linhas de classe, mas na Inglaterra, a classe
trabalhadora é mais resistente.
A estratégia de crescimento de igrejas, então, tenta canalizar os recursos para as áreas
mais receptivas. Wagner é duro ao dizer que até mesmo os campos resitentes devem receber
recursos de pessoal, tempo e dinheiro, embora um recurso menor que as áreas receptivas.

Nenhum defensor de crescimento de igrejas que conheço sugeriu que evitássemos os


resistentes. A Grande Comissão diz que devemos pregar o evangelho a toda a criatura.
Donald McGravan, desde o princípio, ensinou que deveríamos “ocupar os campos de
pouca receptividade de maneira leve.” Em muitos casos, os trabalhadores cristãos não
podem fazer nada além do que estabelecer uma presença amigável e silenciosamente
semearmos. Deus continua chamando muitos dos Seus servos para fazer apenas isso, e
eu sou um dos que apoia e encoraja isso.

Uma avaliação do princípio da receptividade


O pragmatismo do Movimento de Crescimento de Igrejas é evidente no princípio da
receptividade. Ralph H. Elliot é um crítico representante dessa filosofia. Ele essencialmente
encontra dois amplos problemas com esse princípio. Primeiro, porque os estrategistas do
crescimento de igrejas usam ferramentas sociológicas e antropológicas para determinar
receptividade, Elliot encontra pouca ênfase na soberania de Deus e no papel do Espírito Santo.
Segundo, ele acredita que a aplicação do princípio levaria a negligência dos mais necessitados,
simplesmente porque ele não são receptivos. Ele é particularmente preocupado com a
negligência da cidade e com a preferência do crescimento de igrejas pelos subúrbios.
Tais críticos estão entendendo de maneira errada o crescimento de igrejas quando
falham em ver a dependência do movimento no poder de Deus na estratégia de crescimento de
igrejas. sociologia e antropologia não deveriam ser colocadas em oposição ao trabalho e poder
do Espírito Santo. Os esforços humanos não excluem o trabalho de Deus. Certamente, há um
perigo em determinar as áreas de receptividade se o trabalho é feito em um nível puramente
humano. Wagner mesmo reconhece que é “bem possível que os servos de Deus se tornem
arrogantes e auto-confiantes e insensíveis à liderança do Espírito Santo.” Embora os perigos
existam, diz Wagner, eles “não devem nos fazer reagir além do normal e nos cegar das razões
espirituais por que planejamento estratégico inteligente para crescimento de igrejas deveria
incluir alguma predição.”
A preocupação de Elliot sobre a negligência das áreas mais necessitadas admitiu que as
áreas dos “desabrigados e impotentes” serão sempre áreas menos receptivas ao evangelho. O
princípio da receptividade não significa abandonar as classes socio-economicamente mais
baixas e com menos influência política. Pelo contrário, se as pessoas das áreas mais pobres
forem receptivas ao evangelho, o princípio pediria um maior foco de recurso naquela área.
Estrategistas de crescimento de igrejas, como Wagner, tentando cumprir a ordem evangelística,

127
“dirigir o montante de resurso disponíveis para áreas onde há um grande número de pessoas
com maior probabilidade de se tornarem discípulos de Jesus Cristo.”

O princípio da unidade homogênea


Nenhuma outra doutrina do crescimento de igrejas tem recebido uma quantidade de
críticas maior que o princípio da unidade homogênea. Wagner tem defendido o princípio da
unidade homogênea na América. Ele trouxe para si a força das críticas nos primeiros anos,
quando o Movimento de Crescimento de Igrejas ganhou força na América. Ele não é, porém, o
originador do termo, nem é o primeiro proponente do princípio dentro do Movimento de
Crescimento de Igrejas. O crédito para as duas causas vai para Donald McGravan, pai do
movimento.

A influência de McGravan
“Os homens gostam de se tornarem cristãos sem cruzar barreiras raciais, linguísticas ou
de classe.” Quando Donald McGravan começou a defender esse princípio como uma doutrina do
crescimento de igrejas, uma avalanche de críticas e debates seguiu-se. Gritos de “racismo”,
“mente-estreitada”, “exclusivista” e “manipulação psicológica” foram ouvidos como uma reação
ao tão debatido princípio. Apesar de McGravan falar da questão em 1955 em Bridges of God
(Pontes de Deus), a doutrina foi claramente expressa em Understanding Church Growth
(Entendendo Crescimento de Igrejas), em 1970. McGravan discutiu uma observação
sociológica: diferenças em seres humanos e sua cultura resultam em barreiras difíceis: “Esse
princípio afirma um fato inegável. Seres humanos constroem barreiras ao redor de sua
sociedade. Mais exatamente, poderíamos dizer que as maneiras que cada sociedade vive e fala,
veste e trabalha, de necessidade diferem de outras sociedades. A humanidade é um mosaico e
cada peça tem uma vida própria que parece estranha e geralmente não atraente para homens
e mulheres de outras peças.”
Enquanto tal observação sociológica pode ser prontamente aceita, a aplicação do
princípio para o compartilhamento do evangelho e o crescimento da igreja apresentam novas
questões. Transpor barreiras sociais e culturais são um pré-requisito para se tornar um cristão?
Uma tentativa pública de expandir os grupos cristãos homogêneos é obedecer a Deus ou uma
discriminação?
Devemos reconhecer que McGravan sempre ensinou a unidade do povo em Cristo. “O
ensinamento bíblico é bem claro ao dizer que duas pessoas em Cristo se tornam uma. Judeus
cristãos e gentios se tornaram um novo povo de Deus, parte de Um Corpo de Cristo.”
Entretanto, McGravan enfatizou que “o Corpo Único é complexo.” Falando da igreja do primeiro
século, ele diz, “Já que ambas as pessoas continuam falando línguas diferentes, a unidade não
cobre uma vasta e contínua diversidade?” McGravan, dessa maneira, urgiu que o evangelho
cruze todas as barreiras; mas isso não é o mesmo que insitir que as diferenças culturais sejam
ignoradas na formação de grupos cristão: “O princípio também está prontamente discernido
quando se trata das proclamadas as barreiras de classe e de raça. Não é preciso grande
perspicácia para ver que quando diferenças marcadas de cor, altura, salários, limpeza e
educação estão presentes, homens entendem melhor o evangelho quando expostos por
pessoas iguais a ele. Eles preferem ir à igreja em que os membros se parecem, falam e agem
de modo parecido com eles.”
Uma chave para entender a devoção de McGravan ao princípio da unidade homogênea é
encontrada na porção posterior de sua afirmação: “Eles preferem ir à igreja em que os
membros se parecem, falam e agem de modo parecido com eles.” Tanto para McGravan quanto
para Wagner, o princípio guia da teologia e da hermenêutica é o crescimento da igreja e a

128
prioridade do evangelismo. Até mesmo McGravan reconhece o potencial abuso de um
evangelismo que alcança apenas “nosso tipo de gente”:

A criação de igrejas restritas, centradas, de maneira egoísta, na salvação de seu próprio


grupo e apenas ele, não é o alvo. Tornar-se cristão nunca deveria intensificar
animosidades ou a arrogância que é tão comum a todas as associações humanas. Como
homens de um classe,tribo, ou sociedade vêm a Cristo, a igreja buscará moderar seu
etnocentrismo de várias maneiras. Ela ensinará a eles que pessoas de outros segmentos
da sociedade também são filhos de Deus. Deus amou tanto o mundo, ela dirá, que deu
seu único Filho para que todo aquele que nEle tenha a vida eterna.

McGravan ainda urgiu a implementação do princípio da unidade homogênea por razões


pragmáticas: as pessoas têm maior probabilidade de se tornarem cristãs se não precisarem
deixar seu grupo. Ainda assim ele adverte que tal princípio “não é o coração do crescimento de
igrejas”, nem deve ser usado para promover ou manter uma diretriz subjacente de segregação
ou superioridade de classe.

Wagner e o nosso tipo de povo


Apesar de McGravan ser o autor do princípio da unidade homogênea como doutrina do
crescimento de igrejas, C. Peter Wagner foi seu mais clamoroso proponente. Wagner ganhou
sua reputação com a publicação de Our Kind of People (Nosso Tipo de Povo) em 1979. Até
mesmo McGravan reconheceu que seu aluno era o que mais havia se indetificado com princípio
da unidade homogênea:

Quando o debate na América se enfureceu a respeito da exatidão da Unidade


Homogênea, C. Peter Wagner se determinou a escrever sua dissertação de doutorado na
Universidade do Sul da California, mantendo que o entendimento apropriado do conceito
é completamente cristão e muito útil no discipulando da panta ta ethne comandado no
Novo Testamento. Sua dissertação foi publicada em 1979 pela John Knox Press – livro
referência chamado Nosso Tipo de Povo. Qualquer um que queira inquirir a profundidade
da radical reviravolta em teoria de evangelismo e missão e o que o conceito causou deve
ler esse livro.

Assim que Nosso Tipo de Povo: As Dimensões Éticas do Crescimento de Igrejas foi
lançado, a teologia e a hermenêutica de Wagner foi atacado implacavelmente. Enquanto o furor
do livro sem dúvida deixou muitas pessoas constrangidas ao ler a primeira página: “Nosso Tipo
de Povo ataca o complexo de culpa do cristão que vem do movimento dos direitos civis e coloca
para descansar com uma mistura hábil de precedentes bíblicos e psicologia humana. Ao fazer
isso, Wagner transforma a afirmação de que „11 da manhã de domingo é a hora mais
segregada da América‟ de um problema que os cristãos não podem resolver, em uma
ferramenta dinâmica de garantia de crescimento cristão.” Wagner é apresentado na sobrecapa
como um “seguidor de McGravan, o fundador do movimento [que] ... é bem pesquisado em seu
estudo das implicações das congregações segregadas.”
Ao leitor esperado que deu uma olhada superficial na sobrecapa, as implicações do livro
podem parecer chocantes. Na superfície, o leitor pode ter concluido que Wagner era contra o
movimento dos direitos civis, um ardente apoiador da segregação, e provou suas afirmações
com “uma mistura hábil de precedentes bíblicos e psicologia humana.” Talvez tal linguagem,
no mínimo parcialmente, explicou algumas das emocionadas resenhas sobre o livro de Wagner,
como a resenha que proclamou que a teologia de Wagner era “Evangelismo sem evangelho”.
Em seu livro, Wagner desafiou o prevalecente consenso de muitos teológos de que a
integração de igrejas deveria ser a panacéia para as relações raciais na igreja. Linston Pope

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articulou o ponto em The Kingdom Beyond the Castle (O reino além do castelo), publicado em
1957. Nele, ele chama a igreja americana de “a instituição mais segregada da sociedade
americana.” O culto de domingo de manhã, ele lamentou, “é a hora mais segregada da
semana.” Pope argumentou que essa integração congregacional deve acontecer para refletir a
verdadeira natureza e propósito da igreja. Seu pessimismo sobre o futuro das igrejas negras
implica que nem igrejas de brancos nem de negros deveriam existir. Wagner responde que
“Pope não parece preocupado, nem ciente, das possibilidades que ele está defendendo
etnocídio da cultura negra americana.”
Outro livro influente foi escrito durante a era dos direitos civis da década de 1960.
Gibson Winter, em The Suburban Captivity of the Churches (O Cativeiro Suburbano das
Igrejas), via igrejas homogêneas, segregadas como “uma aliança profana de segregação racial
e religiosa, uma aliança que tinha como real propósito preservar comunidades residenciais
isoladas.”
Ao final da década de 1960, alguns eticistas começaram a escrever de maneiras que se
assemelhava o princípio da unidade homogênea de Wagner. Em seu livro Black Power and
White Protestants (Poder Negro e Protestantes Brancos), John Hough defende modelos de
pluralismo ao invés de dessegregação e assimilação. Hough argumentava que os modelos de
integração eram algo mais que uma integração simbólica de, predominantemente, igrejas de
brancos. O “novo pluralismo negro”, porém, mantinha a dignidade e auto-determinação das
igrejas de negros. “Deste modo”, concluiu Wagner, “o movimento dos direitos civis começou a
afetar os teólogos e eticistas, abrindo possibilidades para um entendimento e aplicação do
princípio da unidade homogênea na América.
Church Growth and the Whole Gospel (Crescimento de Igrejas e o Evangelho Completo),
como dito anteriomente, foi um livro decisivo e uma defesa definitiva no Movimento de
Crescimento de Igrejas. A apologia de Wagner falou de muitos pontos, entre eles o princípio da
unidade homogênea. Dois anos se passaram entre a publicação desse livro e Nosso Tipo de
Povo. Wagner, então, teve tempo suficiente para absorver dirigir as críticas. Depois da
publicação de Crescimento de Igrejas e o Evangelho Completo, ele refletiu sobre o tulmuto,
defendeu alguns pontos, e articulou o que ele considerava ser as questões mais salientes do
princípio da unidade homogênea. Desde então, porém, Wagner tem sido reticente a falar do
princípio. A frase “unidade homogênea” é rara nos livros recentes de Wagner. Ele acredita que
muito tempo foi disperdiçado em um princípio que certamente não é a principal doutrina do
Movimento de Crescimento de Igrejas.
Em Crescimento de Igrejas e o Evangelho Completo, Wagner fez vários comentários
sobre o princípio da unidade homogênea e seus riscos em potencial. Um deles, era o risco de
“estar, implicitamente, colocando uma selo de aprovação na segregação, discriminação,
racismo, o sistema de casta e o apartheid.” Ele observa que Ralph D. Winter fez uma
apresentação no Congresso de Lausanne, em 1974 sobre o princípio da unidade homogênea.
Algumas semanas depois, Winter ouviu que suas afirmações estavam sendo usadas na África
do Sul para demonstrar que Lausanne aprovava o apartheid. Wagner lembrava-se muito bem
da situação.
Winter estava chocado. Aprovar o aparhteid estava tão longe da mente dele que o caso
todo parecia ridículo. Mas da mesma maneira que uma faca pode ser usada como instrumento
de misericórdia em uma cirurgia, ou como um instrumento de horror em um assassinato, o
princípio da unidade homogênea pode ser usado para o bem e para o mal. Aplicado de maneira
apropriada, pode ser uma força efetiva para reduzir o racismo; aplicado erroneamente, pode
apoiar o racismo. Deve ser admitido que o princípio carrega nele um elemento de risco.

130
Wagner também reconhece que “a homogeneidade auxilia a ordem evangelística, a
heterogeneidade auxilia a ordem cultural.” Ele acredita que o evangelismo é a primeira
prioridade. “Se evangelismo ardoroso significa multiplicar igrejas homogêneas, multipliquem-se
... A ordem evangelística é mais importante que a ordem cultural.” Wagner também salienta
que crentes deveriam ser ensinados que “o povo de Deus é um em Cristo.” Essa é a mensagem
no reino Deus:

No reino de Deus, um reino de shalom, não há guerra, ódio, opressão, exploração,


racismo, xenofobia, militarismo, segregação, discriminação, ganância. As pessoas do reino
respeitam a integridade da cultura diferente da sua e se relacionar com pessoas em suas
culturas em interdependencia, amor e preocupação mútua. Eles sabem como compartilhar
sem subserviência ou paternalismo. Eles gostam das diferenças uns dos outros afirmando
uma unidade humana básica. Eles promovem os direitos humanos. Eles trabalham
diligentemente por uma sociedade aberta em que as pessoas estão livres para tomarem
suas decisões sem coerção.

Aqueles que conhecem Wagner, mesmo que discordem de seu conceito do princípio da
unidade homogênea, negam firmemente qualquer sinal de racismo ou superioridade cultural em
sua teologia ou sua vida. Porém, Wagner não tem se ajudado ou ao princípio da unidade
homogênea com frases que parecem implicar que a segregação deveria ser uma norma para os
cristãos. Talvez, se ele tivesse feito duas grandes afirmações sobre a homogeneidade, o furor
não tivesse sido tão intenso. Primeiro, evangelização rápida acontece melhor quando as
pessoas de uma cultura compartilham sua fé em Jesus Cristo com outros dentro de sua própria
cultura. Segundo, cristãos não devem insistir para que uma pessoa abandone sua cultura para
se tornar um cristão. Essa é a essência do princípio da unidade homogênea.

Uma avaliação do princípio da unidade homogênea


Muitos críticos têm reagido emocionalmente ao princípio da unidade homogênea. Nem
Wagner nem os proponentes do crescimento de igrejas são racistas ou segregacionistas, e os
críticos que fazem tais acusações não entendem nem eles nem a mensagem. O princípio da
unidade homogênea é um conceito controverso. É então importante separar a retórica
emocional para entender completamente suas implicações.
Um dos argumentos mais convincentes contra o princípio da unidade homogênea vem
de Rene Padilla em seu estudo da hermenêutica de Wagner. Padilla discorda da afirmação de
Wagner de que “a difusão do cristianismo era conseguida entre numerosas unidades
homogêneas.” De um lado, Wagner argumenta que o evangelho de fato “transcende barreiras
raciais, culturais e linguísticas, mas sua difusão continuava nas linhas de unidades
homogêneas.” Seu exemplo mais freqüentemente mencionado é dos gentios, que não tinham
que se tornar judeus para se tornarem cristãos. Enquanto Padilla reconhece esse aspecto da
difusão do evangelho, todavia, ele enfatiza que a “derrubada das barreiras que separam as
pessoas do mundo era reguardado como um aspecto essencial do evangelho, não meramente
um resultado dele.” Além disso, ele acredita que a teologia de Wagner da unidade homogênea
é uma “missiologia feita para igrejas e instituições em que a função principal na sociedade é
reforçar o status quo.”
Depois, Wagner parece, de alguma forma, concordar com Padilla, já que fala menos
sobre a unidade homogênea hoje em dia, do que quando Nosso Tipo de Povo foi publicado em
1979. Ele se arrepende de que o “princípio da unidade homogênea tenha assumido tais
proporções que seja considerado a soma e substância do Movimento de Crescimento de
igrejas.” Também é aparente que ele suavizou consideravelmente sua posição no assunto. O
tom de Nosso Tipo de Povo era que a homogeneidade era um princípio que deveria ser

131
perseguido agressivamente para assegurar o crescimento da igreja. Wagner agora diz que
homogeneidade é “descritiva, não normativa ... fenomenológica e não teológica.” O fato de que
Wagner não declara apoio teológico para uma estratégia de crescimento de homogeneidade é
significantemente diferente de sua posição em Nosso Tipo de Povo, em que uma apologia
bíblica é apresentada. Wagner afirma em Crescimento de Igrejas e o Evangelho Completo que
“o princípio da unidade homogênea é a penúltima dinâmica e não um ideal final.” Tal afirmação
é visivelmente similar a perspectiva de Padilla do princípio da unidade homogênea: “Devemos
admitir que às vezes a testemunha de congregações separadas na mesma área geográfica na
base da linguagem e da cultura podem ter aceitado como uma necessária, mas temporária,
medida pelo bem do cumprimento da missão de Cristo.”
As duas posições do princípio da unidade homogênea, que foram polarizados, tem se
movido para o centro. O conceito de Wagner do princípio como a “penúltima dinâmica” é muito
próximo da admissão de Padilla de que é “necessário, mas temporário.” A unidade homogênea
é um possível ponto de partida para o evangelismo: ninguém deveria ser obrigado a deixar sua
cultura para se tornar cristão. Ainda assim a homogeneidade não é um estado ideal. Uma vez
evangelizado, disse Wagner, “ensine os crentes de que o povo de Deus é um em Cristo.”

132
26
Planejar, Definir Alvos e Crescimento de Igrejas

Planejar e definir alvos atrapalham a soberania de Deus e a liderança do Espírito Santo?


As igrejas estão se apoiando na força humana ao invés do poder de Deus, quando elas fazem
palnejamento? Essas questões são importantes já que evidências estatísticas apoiam a tese do
crescimento de igrejas de que planejamento e definição de alvos contribuem para o
crescimento da igreja. Hadaway observa que igrejas que fazem planos para o crescimento,
normalmente experimentam crescimento. Das igrejas estudadas, 69% das igrejas em
crescimento eram igrejas que faziam planejamento, comparado com os 32% apenas de igrejas
em platô. Alguns escritores do crescimento de igrejas repetem o clichê: “Falhar ao planejar é
planejar falhar.” Vamos ver algumas das razões pelas quais os líderes estão encorajando as
igrejas a planejarem para o crescimento.

Planejando para o crescimento


C. Peter Wagner cita pelo menos seis vantagens do planejamento:
1. Aumenta a eficiência. Os recursos de Deus de tempo, energia e dinheiro são
usados de maneira melhor para a boa mordomia.
2. Permite correções no meio do percurso.
3. Une o grupo com plano e visão únicos. Cada membro do grupo entende seu
papel na visão.
4. Ajuda a medir a efetividade. O progresso é medido de acordo com os planos.
5. Torna a responsábilidade natural.
6. Pode tornar um modelo para ajudar outros.
Ter um plano, somente, naturalmente, produz crescimento? A resposta é um “sim”
qualificado. É possível que o planejamento possa ser contraprodutivo porque muito da energia
e entusiasmo pode ser usado no processo de planejamento. Esse é o porquê, urge Bill Sullivan,
a ação precisa se seguir rapidamente depois que o plano tenha sido estabelecido.
O planejamento possui vários elementos. O elemento chave é visão. No capítulo 19
examinamos o fator mais principal da liderança e como a liderança deve articular uma visão.
Dessa visão é saem os alvos, subprodutos da visão. Veremos os alvos em detalhes na próxima
seção. Depois vem as estratégias, que são os meios específicos pelos quais esses alvos serão
alcançados. Uma vez que uma estratégia específica tem sido articuladas, esse plano tem que
ser comunicado e pentercer a igreja. Torna-se “nosso plano” ao invés do plano do pastor ou
dos grupos. Finalmente, o plano deve ser avaliado e reajustado regularmente, pelo menos uma
vez por ano.
Tal processo de planejamento realmente contribui para o crescimento? Aparentemente,
a resposta é “sim.” A pesquisa de Hadaway novamente afirma o valor pragmático dessa
abordagem: “O resultado das pesquisas mostram que 85% das igrejas que tem saído do platô
têm reavaliado seus programas e prioridades durante os últimos cinco anos, comparando aos
59% de igrejas que permaneceram no platô. Similarmente, 40% de igrejas em início de
crescimento criaram planos de longo alcance, comparado com os apenas 18% de igrejas que
continuaram no platô.”
Embora haja uma forte e positiva correlação entre planejamento e crescimento, a
correlação é ainda maior com a definição de alvos. Definir alvos motiva a igreja a colocar o
plano em ação.

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Defindo alvos
Relacionado ao método de estratégia de planejamento de crescimento de igrejas tem
sua ênfase na definição de alvos. Wagner chama de “o maravilhoso poder de definir alvos.” Ele
iguala definir alvos com fé: “o esmagador consenso de indivíduos que Deus tem abençoado
com grandes, crescentes igrejas é que nada poderia ser feito sem a fé necessária para definir
os alvos. Concordo com Arthur Adams que disse, „Fé é a qualificação mais importante de um
líder. Um compromisso com algo tão forte que molda a vida do líder é contagioso.‟”
Wagner percebe que esses alvos, para contribuir com o crescimento da igreja, não pode
ser arbitrário. Sua idéia de “bons alvos” inclui cinco características.
Primeiro, alvos devem ser relevantes. Eles devem estar realcionados com as
necessidades da igreja e da comunidade. Uma igreja que define alvos tem consciência de suas
forças, fraquezas e ministérios.
Segundo, alvos devem ser mensuráveis. Um alvo vago, que não pode ser medido em
uma estrutura específica de tempo é inútil. Além disso, Wagner acredita que um sistema de
responsabilidade de ser construido em um processo de definição de alvos.
Terceiro, o alvo deve ser significante. “Evite alvos magros e aprenda a confiar em Deus
para as grandes coisas.” Muitas igrejas carecem da fé necessária para um crescimento
significante.
Quarto, o alvo deve ser controlável. “Fazer castelos no ar e definir alvos ridículos é
contraprodutivo e produz tanta frustração que algumas pessoas desistem de praticar a definição
de alvos.” Ainda assim, Wagner acredita que é melhor definir um alvo ambicioso e falhar, do
que tentar nada e ser bem sucedido.
Finalmente, alvos devem ser relacionados ao pastor e as pessoas da igreja local. As
pessoas devem demonstrar compromisso com os alvos, com seu tempo, dinheiro e energia.
Por que a definição de alvos é uma ferramenta tão importante para o crescimento de
igrejas? Como a definição de alvos levam as igrejas a crescer? Talvez, mais que qualquer outro
fator, ela dá direção a visão da igreja. Poucas igrejas tem planos, mas ainda menos igrejas
definem alvos para cumprir seus planos.
A definição de alvos, se é desafiadora e realística, pode produzir motivação e estímulo.
Os líderes precisam perceber que a maioria dos membros de nossas igrejas estão famintos por
serem parte de uma igreja que faz a diferença. Se esses membros puderem ver uma real
evidência que a igreja e sua liderança estão comprometidos com novos e desafiadores rumos, o
entusiasmo será natural e espontâneo.
A definição de alvos pode tornar uma igreja direcionada para o futuro, ao invés de ficar
atada a tradição. Tradição é saudável. Mantém-nos cientes de nossa herança e passado. Dá-
nos uma sensação de gratidão por aqueles que vieram antes de nós, e por seus feitos.
Tradicionalismo, porém, não é saudável. Faz do passado o ponto de foco e a fonte de nossa
adoração. Tira nossos olhos do que Deus pode fazer, porque escolhemos fazer da maneira que
as coisas eram feitas no passado a maneira que Deus irá trabalhar no futuro. Tradicionalismo
mata a visão porque não irá se mover do “nunca fizemos desse jeito.” Definição de alvos é a
maneira de focar e sonhar novamente.

Avaliação
A sólida evidência sugere que existe uma positiva correlação entre crescimento de
igreja, planejamento e definição de alvos. Essa avaliação deve perguntar: Tal metodologia é
biblicamente confiável? No capítulo 9, concluimos que esforços humanos para crescer uma
igreja não vai contra a teologia que afirma a total soberania de Deus. Ainda assim precisamos

134
perguntar: Esse é um modelo bíblico ou é um modelo de outra fonte, talvez do mundo dos
negócios?
Alguns críticos tem argumentado com a defesa bíblica do crescimento de igrejas da
intervenção humana sobre a difusão do evangelho. O ponto a ser considerado, porém, é a
ênfase no planejamento estratégico. É uma ordem bíblica que “não é ... opcional na vida
humana e atividade”? ou a ênfase é o resultado de uma hermenêutica pragmática que leva a
estratégia de planejamento, porque tal planejamento resulta em crescimento numérico?
Wagner nos dá alguns exemplos bíblicos de planejamento estratégico, mas sua
preocupação é mais pragmática que teológica. Ele sustenta que os cristãos devem,
primeiramente, ter uma relação adequada com Deus. Se tal relacionamento existe “estamos
livres para planejar estratégia usando os métodos e tecnologias que melhor cumprirão o
trabalho de Deus nesse mundo.” Em outras palavras, planejamento e estratégia resultarão em
crescimento numérico. Os exemplos bíblicos de planejar estratégia, que Wagner oferece, vem,
em grande parte, de Provérbios, que traz conselhos práticos para planejamentos. Ele também
diz que Paulo era um planejador pragmático em sua estratégia de alcançar os gentios.
Antes de aceitar a premissa de Wagner de que existe um “padrão bíblico de consagrado
pragmatismo [e] ... planejamento de estratégia,” é provavelmente melhor considerar
planejamento de estratégia como mais pragmático que bíblico, ao afirmar seu valor no
empenho no crescimento de igrejas. quando Wagner fala das vantagens de ter uma estratégia
para o crescimento da igreja, seus pontos são muito parecidos com os que ouvimos nos
negócios. Seus pontos não são não bíblicos, e estão preocupados com o alvo de ganhar mais
pessoas para Cristo. Suas fontes, porém, são de preocupação mais pragmática do que sólida
evidência bíblica.
Os defensores do crescimento de igrejas também acreditam que definição de alvos é
uma atividade natural para as pessoas. “Pode muito bem ser algo que Deus quis para os seres
humanos na criação.” Wagner gosta do pragmatismo da definição de alvos. Seus estudos
empíricos concluiram que “projeções de fé” tem um efeito positivo no acelerado crescimento de
igrejas. Ele freqüentemente cita a igreja Yoido Full Gospel, em Seul, a maior igreja do mundo.
Seu pastor, Paul Yonggi Cho, acredita firmemente em definição de alvos. Wagner lembra de seu
primeiro encontro com Cho em 1976, quando a igreja tinha “apenas” 50.000 membros. Em seu
primeiro encontro, Cho contou a Wagner que sua igreja tinha um alvo de 500.000 membros até
1984, centenário do protestantismo na Coréia. Instalações inadequadas foram o fator que levou
ao fracasso de alcançar o alvo em 1984, mas a igreja excedeu a marca de 500.000 membros
em 1985.
Planejamento e definição de alvos podem ser saudáveis para a igreja e seu crescimento.
Em nossos esforços entusiamados para planejar para o crescimento da igreja, porém, não
devemos nunca tentar iniciar qualquer estágio de planejamento sem antes orarmos
intensamente ao buscarmos orientação do Espírito Santo. As ferramentas para o planejamento
e a definição de alvos podem ser de tremendo benefício. Eles podem ser passos de fé; mas
precisam ser guiados cuidadosamente pelas mãos de Deus. Se tal orientação acontecer,
planejamento será um “edifício de ouro, prata, pedras preciosas” se não, o trabalho será
“madeira, feno, palha ... pelo fogo será descoberta ... se queimará”(1 Cor. 3:12-15).

135
27
Instalações Físicas e Crescimento de Igrejas

Uma das mais frequentes perguntas sobre o crescimento da igreja é a preocupação as


instalações físicas. Qual deveria ser o tamanho de nosso santuário? Quando deveríamos ter
cultos múltiplos? Precisamos construir uma espaço extra para a edução? Nossa igreja é
atrativa? Ele não é ameaçadora aos nossos convidados? Temos vagas de estacionamento
suficiente? O que devemos fazer com nosso enorme santuário?
É compreensível que os líderes de igreja façam essas perguntas. As instalações físicas,
normalmente, representam o maior investimento financeiro da igreja. Um erro nessa área pode
levar ao desastre financeiro.
Alguns líderes entendem que os ajustes nas intalações da igreja servem como a
panacéia para o crescimento da igreja. Conheço uma igreja na Flórida que sofreu som sete
anos de platô de freqüência. Eles decidiram que acrescentariam um novo espaço para
educação, e reformariam o antigo espaço na esperança de atrair mais pessoas. Depois de
investirem centenas de milhares de dólares, a freqüência estabilizou e até declinou nos meses
seguintes. Agora, a nova dívida da igreja deixou as pessoas desencorajadas e frustradas.
Apenas as instalações físicas não conseguem definir o caminho futuro de uma igreja.
Eles podem, porém, combinados com outros elementos, serem fatores contribuintes ou
prejudiciais. Neste capítulo, veremos as instalações físicas em duas perspectivas: quanto é
necessário para crescer e como a aparência afeta o crescimento.

Espaço para crescer


Um princípio, muito ouvido, do crescimento de igrejas é que, quando oitenta por cento
de qualquer instalação está em uso, é hora de providenciar mais espaço. Esse princípio básico é
aplicado normalmente em cinco áreas: estacionamento, santuário, terreno, pré-escola e espaço
para educação. Quando os grandes shoppings são contruídos, seus donos não preenchiam
todos os espaços, a não ser em dois ou três feriados. Os donos queriam que os transeuntes
soubessem que tinham vagas extras de estacionamento. Tal mentalidade é comum entre os
frequentadores da igreja nos dias de hoje. Um santuário ou estacionamento cheios mandam a
mensagem de que não há mais espaço.
Talvez, o fator de espaço mais crítico é o estacionamento. Uma vez que as vagas
estejam esgotadas, os possíveis convidados, literalmente, vão embora! Antes de colocarmos um
novo estacionamento em nossa igreja, eu vi convidados irem até nossa igreja e então irem
embora. Queria ir atrás de cada um deles! William Easum disse: “A maioria dos relacionamentos
acontecem fora da vizinhança, como no trabalho ou na academia; o caso de amor dos
americanos com o automóvel facilita para que as pessoas dirijam quinze, vinte quilometros até
uma igreja que satisfaça suas necessidades pessoais; muitas famílias vão à igreja em mais de
um carro; mais e mais, os americanos estão procurando por igrejas maiores que ofereçam
ministérios especializados.” Entretanto, se eles dirigem, devemos ter os estacionamentos.
Geralmente, uma igreja pode resolver seus problemas de espaço acrescentando cultos
adicionais – por exemplo, aulas múltiplas da Escola Dominical e múltiplos cultos de adoração.
Com certeza, com as pessoas acostumadas a opções em todas as fases de sua vida, opções no
culto são benéficas até mesmo se ainda exista espaço disponível. Ainda assim, muitas igrejas
escolheriam cultos múltiplos sem considerar as necessidades de estacionamento. Por exemplo,
uma igreja que tem dois cultos e uma Escola Dominical, ainda terá pessoas usando o
estacionamento durante a Escola dominical. Se a igreja optar por duas Escolas Dominicais e

136
dois cultos acontecendo ao mesmo tempo, nenhum problema de estacionamento será
resolvido.
Algumas igrejas estão tentando inovar os estacionamentos com veículo para transporte
entre estacionamento e igrejas ou estacionamento com manobrista. Usávamos os veículos para
tranferência enquanto nosso estacionamento não estava pronto. Ajudou, mas era uma solução
provisória.
Para aquelas igrejas que querem alcançar jovens famílias, espaço adeaquado de pré-
escola é necessário. Os pais de hoje hesitam em deixar seus filhos em salas lotadas. Easum
sugere um espaço de nove metros quadrados para cada criança de sete anos ou menos. Seis
metros quadrados é o mínimo para uma criança mais velha, um jovem ou um adulto.
Criar um novo espaço não é a resposta para fazer uma igreja crescer. Se uma igreja
constroe além de suas necessidades presentes, o excesso de espaço cria o que psicólogos
sociais chamam de “dinâmica psico-social.” A alegria de uma multidão é trocado por uma
noção de que o declínio está acontecendo, mesmo que não esteja. Esse é o caso do espaço
educacional e de adoração.
James Emery White lembra de uma igreja que estava experimentando um rápido
crescimento que excedia a de 300 membros de seu santuário. Tomaram a decisão de construir
um auditório de 1.800 lugares. Quando as pessoas se mudaram para a nova instalação, o
estado de espírito deles mudou de excitação e expectativa para desencorajamento e derrota. O
crescimento parou em alguns meses. De um ponto de vista da necessidade de crescimento,
múltiplos cultos são a melhor opção, seguido de um prédio que está um pouco adiante no
projeto de crescimento.

Aparência
A cada seis meses, peço para uma pessoa que nunca foi à nossa igreja, para entrar e
ve-la por dentro e por fora. Se possível, essa pessoa não será um membro ativo de uma igreja,
pois não nos dariam a perspectiva que uma pessoa de fora da igreja poderia dar. Peço para que
a pessoa tome notas; diga suas primeiras impressões; seja crítico onde for necessário; e faça
comentários favoráveis onde eles couberem. Minha preocupação é que nossa igreja aparente
qualidade. Uma pessoa perdida pode entrar em nossa igreja e ver que os cristãos cuidam de
suas instalações. Uma igreja desleixada transmite a idéia de atitude preguiçosa em outros
aspectos aos de fora da igreja.
A igreja deveria prestar atenção na limpeza em todas as áreas. Um consultor de
crescimento de igrejas me disse que ele pode dizer muita coisa sobre uma igreja só de entrar
em nos banheiros dela! Olhe para ela, diariamente, através dos olhos de um convidado. Nós
que estamos na igreja toda semana, acabamos nos acostumando ao carpetes desgastados e
paredes deteriorada – mas pode ser a primeira coisa que os convidados percebem.
Iluminação e som podem fazer toda a diferença na igreja, especialmente no culto de
adoração. O humor e as emoções de um culto são afetados tanto positiva quanto
negativamente pela iluminação e o som. A igreja deveria ver esses gastos com ambos como um
investimento para alcançar outros.
O conforto das pessoas que vão à igreja deveria ser outra consideração. Temos a
mensagem mais importante do universo para comunicar. Ainda assim, nossa mensagem pode
não ser ouvida se a temperatura e os assentos causem disconforto. Gosto do que James White
disse sobre a maioria dos assentos das igrejas: “Crescendo na igreja, geralmente sentia que
Deus não tinha nada a ver com a criação dos bancos da igreja. Certamente tinha sido uma
invenção do diabo para me distrais fisicamente, não podendo me concentrar no sermão.”

137
Uma igreja que quer alcançar os de fora devem ter instalações que falem de maneira
amigável a eles. As melhores vagas de estacionamento, além daquelas destinadas aos
deficentes, são resevadas para os convidados. Quando alguém estaciona na vaga dos
convidados, nossos recepcionistas colocam um cartão no parabrisa. O cartão tem o programa
de atividades de um lado e quatro balas de menta presas do outro lado. No lado da “bala” lê-
se: “Esperamos que sua visita na Igreja Batista de Green Valley deixe uma doce lembrança”
(veja o cartão na página seguinte). Nosso pessoal estaciona nas vagas mais distantes, como
exemplo aos nossos membros de que nos preocupamos com os perdido e sem igreja. Sinais
evidentes e recepcionistas amigáveis encontram nossos convidados quando eles entram na
igreja. Em tudo o que fazemos, tentamos nos colocar no lugar de nossos convidado que vem
pela primeira vez, e nos perguntamos se somos, realmente, uma igreja amigável.

Avaliação
Há uma positiva correlação, apesar de pequena, entre instalações amigáveis aos
convidados e crescimento de igrejas. Igrejas em platô ou em declínio podem culpar suas
instalações, mas é improvável que melhorar essas instalações levará uma igreja em declínio ao
crescimento. “Mas deveria ser enfatizado que qualquer tendência de colocar esperança na
habilidade de um prédio de atrair pessoas é perigosa ... As instalações de uma igreja podem ser
atrativas e bem construídas, mas o espaço deveria ser visto como um espaço que será
preechido somente pela ação dos membros da igreja, não por mera existência.
Outro fator que deve ser considerado são os pequenos grupos; um tópico que
examinaremos no capítulo 29. O momento está construindo entre as igrejas americas que
reflete uma tendência em outras nações: crescimento rápido dos pequenos grupos que se
encontram fora da igreja. Se tais grupos se tornarem comuns nas igrejas americanas, como isso
afetará os planos de construção dessas igrejas? Igrejas Batistas do Sul provavelmente
continuariam a enfatizar a Escola Dominical, e isso iria exigir a um espaço educacional no lugar.
Qual será o formato dessas igrejas que usam os pequenos grupos fora da igreja no lugar da
Escola Dominical? Para as igrejas Batistas do sul quem optar por uma ênfase na relação Escola
dominical/pequenos grupos: Qual efeito essa abordagem terá na necessidade de construção de
espaço?
A igreja está passando pelo crescimento mais rápido desde a Reforma, e essas
mudanças criam mais questões que podem responder. A forma das construções das igrejas, dos
estacionamentos e outras instalações podem mudar significativamente no século XXI. Essa
tendência deve ser observada.

138
28
Assimilação, Recuperação e Crescimento de Igrejas
Paul e Melissa se uniram à nossa igreja com grande entusiasmo. Eles se tornaram
amigos de outro jovem casal na Escola Dominical. Não conseguiam parar de falar coisas boas
sobre sua igreja. Ainda assim, nove meses depois, eles pararam de ir à igreja. Os membros da
Escola Dominical foram diligentes em manter contato com Paul e Melissa, mas a ausência
contiuou. Seis meses depois que eles pararam de ir, ficamos sabendo que eles estavam
frequentando outra igreja Batista de nossa área.
Devo admitir que machuca cada vez que perco um membro para a inatividade ou para
outra igreja. Sinto-me como um pastor que viu sua ovelha se desgarrar, talvez nunca mais
serão achadas. No caso de Paul e Melissa, estou grato por estarem ativos em outra igreja. A
maioria dos que saem abandonam todas as atividades da igreja por anos, talvez para sempre.
Depois, fiquei sabendo que Paul, que tinha metas ambiciosas em sua carreira, não havia
sido aceito na pós-graduação. Ele ficou tão envergonhado que não conseguiu encarar seus
colegas da Escola Dominical. Os membros da classe, certamente, cumpriram seu papel. O que
eles poderiam ter feito diferente? Havia qualquer coisa que pudesse ser feita para mante-los na
igreja?
Quando as igrejas buscam alcançar pessoas para sua comunhão, estão tentando abrir a
“porta da frente.” Manter esses membros na igreja, ativos e realizados, é chamado de
“fechando a porta de trás.” Manter a porta fechada é o maior problema na maioria das igrejas
hoje. Uma igreja que tem metade dos seus membros frequentes é considerada bem sucedida
na maioria dos padrões. Jesus estaria feliz com metade de Seus seguidores faltando em um
determinado momento? Mesmo se descontarmos a ausência por doença, muitíssimos membros
se afastam a cada semana. O que podemos fazer para reconquistar o espírito da igreja
primitiva, onde os cristãos “perseveravam na doutrina ... e na comunhão” e onde “todos os que
criam estavam juntos” (Atos 2:42,44)?
Como podemos assimilar novos membros, e como recuperar membros inativos? Essas
são as duas peruntas da “porta de trás.”

Assimilando novos membros


Gary McIntosh e Glen Martin, no livro Finding Them, Keeping Them (Encontrando-os,
Mantendo-os), identificam cinco estratégias para a assimilação. Amizade com outros membros
da igreja é o primeiro passo para a assimilação de um novo membro à igreja. Lyle Schaller diz
que “há uma considerável evidência que sugere que pelo menos um terço, talvez metade, de
todos os membros de igrejas protestantes não se sentem pertencentes à congregação da qual
são membros. Eles foram recebido no rol de membros, mas nunca se sentiram como se
tivessem sido aceitos no círculo de comunhão.”
Os membros da igreja, obviamente, precisam desenvolver relacionamentos com os
novos membros. Isso, raramente, é bem sucedido com programas. Ao invés disso, ênfase
regular na amizade e sinceridade motivam os membros a acolherem os recém-chegado em
seus círculo de amizade. Uma família em uma igreja que fui pastor, em Louisville, Kentucky,
convidava a maior parte dos novos membros para uma refeição em sua casa. Quando os
líderes da igreja incentivam e aplaudem tais ações, outros membros seguirão o exemplo.
Uma abordagem ainda mais bem sucedida é que a amizade comece antes de o novo
membro vir para a igreja. Se nós, como líderes da igreja, formos bem sucedidos em motivar os
membros da igreja a convidarem e trazerem seus amigos à igreja, evangelismo e assimilação
podem se tornar um passo vitorioso.

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Tão importante quanto os relacionamentos são para fechar a porta de trás, é importante
que os novos membros se tornem envolvidos no ministério da igreja. Uma revisão do capítulo
20 pode ajudar nesse ponto. Nós, líderes da igreja, estamos dando nossa permissão leiga, para
começar e se envolver no ministério? Ou o envolvimento da igreja está restrito a comitês
redundantes, em que os membros do comitê são escolhidos por um grupo escolhido?
Encorajamos ou pedimos avaliação do dom espiritual para envolver pessoas no ministério de
acordo com seus dons? Ou estamos escolhendo a June e o John para trabalharem no comitê da
cozinha porque não estão fazendo nada mais? Pregamos, ensinamos e mostramos que o
ministério é feito pelo povo de Deus, ao invés de por alguma hierarquia eclesiológica artificial?
Envolvimento ministerial, envolvimento ministerial real, é a chave para a assimilação.
No próximo capítulo examinaremos o impacto dos pequenos grupos em vários fatores,
incluindo assimilação. Por agora, é importante notar a beleza dos pequenos grupos para criar
sentimento de pertencimento. O que é “pequeno”? A maioria dos estudos diz que dez é o
tamanho de um grupo em que todos temos a oportunidade de interagir com o resto do grupo.
A Escola Dominical, então, pode operar dentro da dinâmica de um pequeno grupo, mas apenas
se a classe é pequena. Membros da igreja em classes de vinte, trinta, quarenta ou mais não
estam colhendo todos os benefícios de um pequeno grupo. Apesar de não estar ciente de
nenhum estudo nessa área, sinto que essa dinâmica dos pequenos grupos podem operar
melhor em um local fora da igreja.
A importância da visão foi muito mencionada por todo esse livro, mas não pode ser
exagerada. Uma clara visão de Grande Comissão cria uma sensação de “estar no grupo.” Quem
nunca se identificou com um time de esporte que tinha a visão de serem os melhores? Você vê
os fans usando camisas, colocando adesivos no carro, colocando nomes dos jogadores em seus
filhos. Uma dinâmica similar pode acontecer com uma igreja que tem uma visão clara e
desafiadora. Novos membros são assimilados porque se identificam com o “time” e sua visão.
A chave final para a assimilação, dizem McIntosh e Martin, é o crescimento espiritual.
Esse é o ímpeto do discipulado do Movimento de Crescimento de Igrejas. Quanto mais
profundo é o nível de discipulado, maior probabilidade da assimilação acontecer. Os líderes da
igreja devem buscar maneiras inovadoras e desafiadoras para que todos os membros tenham
oportunidades de crescer em Cristo.

Recuperação
Se as igrejas, efetivamente, integram todos os novos membros, a recuperação não
precisaria de atenção. Em um determinado ano, uma igreja perderá dois por cento de seus
membros para a morte, três por cento para a transferência e seis por cento para a reversão.
Para uma igreja de duzentos membros frequentes, até doze pessoas irão simplesmente
embora. Apesar de focarmos essa seção na recuperação daqueles que se desgarram da igreja,
devemos reconhecer que a recuperação é o mais difícil tipo de programa de alcance de
pessoas. Alguma coisa negativa precedeu a saída. O fator negativo pode ter sido um único
evento, como a disputa com outro membro da igreja. A maioria dos que abandonam, porém, o
fazem simplesmente porque ficaram entediados com a igreja já que nunca se sentiram como se
fizessem parte do corpo. Convencer essas pessoas de que a igreja ainda se preocupa e tem um
lugar para eles é, no mínimo, mais difícil.
Geralmente, a recuperação começa com um esforço sistemático para visitar cada
membro inativo. Já pensei que isso fosse impossível. Então, em antecipação ao programa de
construção, reunimos um grande grupo de membros da igreja que visitaram cada casa de
nossos membros. É maravilhoso o que podemos fazer quando estamos precisando de dinheiro!

140
O que teria acontecido se usássemos esse mesmo grupo para visitarmos os inativos
simplesmente para ministrar?
Uma palavra de cautela: aqueles que entram nos lares dos inativos devem ser muito
bem treinados e preparados. Os novos cristãos são os mais adequados para outras tarefa.
Muitas dessas visitas serão dolorosas, e as piores percepções da igreja podem ser conduzidas.
Os membros da igreja que fazem essas visitas devem estar preparados para encontrar raiva,
dor e indiferença. Eles devem ter o desejo de ouvir mais do que falar. Eles devem manter a
perspectiva de que a igreja não é tão ruim como ouviam; e devem ter um atitude como a de
Cristo que transmita a esse inativos: “Gostamos muito de você.”
A melhor oportunidade para recuperação será recuperar aqueles que expressam
indiferença pela igreja. Eles não têm barreira de hostilidade e mágoas para superar. A pessoa
inativa simplesmente não acredita que a igreja seja importante. Outras áreas da vida
ganharam maior prioridade.
A chave da recuperação aqui é encontrar alguma área da igreja pela qual o inativo não
seja indiferente. Por exemplo, alguma área do ministério da criança pode atrair o inativo. Eles
podem decidir mandar seus filhos para os corais infantis, escola bíblica de férias ou Escola
Dominical. Os pais de hoje estão muito preocupados com o bem estar de seus filhos. Se seus
filhos se evolverem na igreja, logo os pais os seguirão.
Apesar de a evidência estar delineada nesse momento, há muitas indicações que os
pequenos grupos serem bons pontos de re-entrada para os inativos, especialmente nos
encontros fora do campo da igreja. Em nossa igreja estamos vendo a possibilidade de dar o
nome de uma família inativa para cada um de nossos pequenos grupos. Se algumas famílias
voltarem para a igreja como resultado desse esforço, será um sucesso ainda maior que
qualquer coisa tentada anteriomente.
Um ponto final a ser considerado na tentativa de recuperar membros inativos: membros
inativos podem não ser cristãos. A filiação a uma igreja não é uma atestação final no livro da
vida do Cordeiro. Se os membros da igreja tentarem visitar os inativos, eles deveriam sempre
estar cientes nas oportunidades evangélicas.

Avaliação
Se entendi corretamente a parábola de Jesus sobre o filho pródigo, nosso Senhor
regozija quando um de Seus filhos volta ao “lar” (Lucas 15:11-32). Quando buscamos assimilar
novos membros, estamos tentando evitar que os “filhos” se vão. Quando buscamos recuperar
os inativos, estamos tentando fazer os “filhos” voltarem.
Apesar de os membros inativos não poderem ser esquecidos, prevenção é mais fácil que
recuperação. Um ministério de assimilação multinivelado desde o dia em que uma pessoa
expresse seu interesse em nossas igrejas, reduzirá drasticamente o número de inativos.
Infelizmente, a maioria das igrejas hoje são sobrecarregadas com burocracias que atrapalham a
assimilação e excluem os recém-chegados.
Também, os líderes devem aceitar o fato de que eles perderão alguns membros para
outras igrejas. Uma vez que a visão esteja clara, e um estilo de ministério estabelecido, as
transferências de membros é inevitável. Ao invés de ficarmos oprimidos por causa da perda,
devemos aprender a louvar a Deus por Seus filhos estarem em outra igreja, com a qual se
identificam e podem dar uma melhor contribuição. Ainda assim, alguns membros sairão porque
uma visão claramente emitida mexe em sua zona de conforto e com o status quo. Essas perdas
são razões para tristeza, pois essas pessoas consideraram o custo do discipulado e decidiram
que a cruz era pesada demais para carregar (Marcos 8:34).

141
29
Pequenos Grupos e Crescimento de Igrejas
A igreja primitiva a se encontrar nos lares dos crentes, onde eles partiam pão “” (Atos
2:46). Esse era o padrão de igreja no passado. Carl F. George previu que a igreja do futuro
poderia voltar a uma estrutura muito semelhante a igreja primitiva em Jerusalém: grande o
suficiente para ganhar milhares, mas pequena para ter um toque pessoal. “Esse é o meu
argumento,” disse George, “que os nossos modelos atuais para fazer o ministério são ineficazes
e inadequado para as oportunidades que estão vindo ao nosso encontro. Se as igrejas cristãs
devem receber a colheita das almas, que acreditamos que Deus está chamando para entrar em
Seu reino, acontecerá apenas porque as igrejas reorganizaram suas estruturas. Elas devem ser
grandes o suficiente para fazer a diferença, e ainda assim, pequenas o suficiente para cuidar.”
O conceito dos pequenos grupos é um dos tópicos mais discutidos no crescimento de
igrejas americanas atualmente. Por anos, era visto como uma estratégia se adaptava melhor
igrejas em outros países, mas o conceito dos pequenos grupos está se espalhando rapidamente
nos Estados Unidos. Não é mais visto como a aberração bem sucedida da igreja de Paul Yonggi
Cho, na Coréia do Sul. Muitos pastores e líderes de crescimento de igreja consideram pequenos
grupos um retorno aos princípios da igreja primitiva.
Um modelo dos dias modernos do poderes do pequenos grupos é a igreja na China. Os
comunistas tomaram o poder na década de 1950, expulsando todos os missionários e
perseguindo os cristão chineses que chegavam a um milhão. A maioria dos observadores
temiam que os comunistas teriam eliminado quase todos os cristãos presentes. Para a surprese
de muitos, trinta anos depois, os cristãos na China são entre trinta e cem milhões! A igreja se
multiplicou em até cem vezes! Os cristãos chineses não tinham igrejas construídas, poucos
pastores treinados e poucas bíblias. Os cristãos chineses testemunhavam sobre sua vida de
perseguição por trinta anos e atribuiam sua sobrevivência à oração e a difusão do evangelho
através de igrejas em casa – pequenos grupos.
Uma forma de pequenos grupos tem dominado o cenário da igreja americana durante
maior parte do século XX: a Escola Dominical. Apesar de nem sempre ser vista como um
pequeno grupo, os dois ministérios têm similaridades suficientes para serem considerados parte
da mesma família. Ainda assim, a Escola Dominical é um pequeno grupo no campus da igreja,
enquanto o termo “pequenos grupos” normalmente se refere a reuniões fora do campus da
igreja.

Escola Dominical

Um breve resumo histórico


O movimento da Escola Dominical se originou na Inglaterra no final de 1700. Robert
Raikes, editor do Jornal Gloucester, contratou professores para crianças pobres. O movimento
rapidamente se mudou para os Estados Unidos e foi auxiliado por outros movimentos que
promoviam a reforma social. Um pouco antes do início do século XIX, as Escolas Dominicais
haviam se espalhado por Massachusetts, Nova York, Pensilvânia, Rodhe Island e Nova Jersey.
Seu papel princípal era educar crianças, especialmente aquelas que eram empregadas de
fábricas.
Depois de 1800, o propósito da Escola Dominical se expandiu tanto para a escola quanto
para o evangelismo. O primeiro empenho nacional da Escola Dominical começou em 1824. A

142
União Americana das Escola Dominicais afirmou o propósito de organizar, evangelizar e civilizar.
A União treinou liderança, publicou literatura e formou milhares de Escola Dominicais até 1880.
Apesar do movimento da Escola Dominical ter começado educando crianças, na
América, se tornou a arma de ensino, nutrição e evangelismo da igreja para todas as idades ao
findar do século XIX. O trabalho de alcance da Escola Dominical era, especialmente, eficaz. Em
1900, cerca de oitenta por cento de todos os novos membros da igreja chegaram até ela
através da Escola Dominical.
Apesar de muitas denominações e igreja usarem efetivamente a Escola Dominical em
suas igrejas, ninguém foi tão consistentemente bem sucedido aplicando os princípios da Escola
Dominical como a Convenção Batista do Sul. No início do século XX, Arthur Flake e J. N. Barnett
comandaram o foco da Escola Dominical. Ao chegarmos no final do século, Andy Anderson e
Harry Piland estão entre os moderno profetas da Escola Dominical. Um líder reconhecido de
fora da linha Batista do sul, Elmer Towns continua a ser um líder promovendo a mensagem da
Escola Dominical nos dias atuais.
Muitos consideram a Escola Dominical a arma de ensino, nutrição e evangelismo da
igreja. Por causa de sua versatilidade e força, tem sido a “porta da frente” através da qual as
pessoas têm sido apresentadas a igreja. James White observa, porém, que a “porta da frente”
mudou da Escola Dominical para o culto. A maioria dos membros não são mais apresentados a
igreja através da Escola Dominical; o primeiro encontro deles é com o culto de adoração. Nas
igrejas Batistas do sul, a média da freqüência no culto já ultrapassa a média da freqüência da
Escola Dominical em vinte e seis por cento. A lacuna é ainda maior em muitas outras
denominações.

O futuro da Escola Dominical


Quais são as implicações para o futuro da Escola Dominical? Alguns predizem o eventual
fim da Escola Dominical. Outros afirmam que nenhuma mudança significativa acontecerá, que a
Escola Dominical será dominante e saudável como sempre. Nenhum desses cenários é provável.
Apesar da forma da Escola Dominical mude no século XXI, continuará em muitas de nossas
igrejas que mais crescem e nas mais fortes.
A Escola Dominical deveria continuar porque ela ainda é a melhor maneira de ensinar a
bíblia de maneira regular e sistemática. Enquanto os estudos bíblicos estão disponíveis em
pequenos grupos fora do prédio da igreja, a Escola Dominical oferece o modelo mais
consistente para todos os grupos de idade. As crianças são especialmente beneficiadas pela
Escola Dominical.
O modelo da Escola Dominical ainda é uma ferramenta extraodinária para o crescimento
da igreja. O método quíntuplo de Flake para crescimento de igrejas continua a ser eficaz: (1)
encontrar as pessoas; (2) fornecer espaço; (3) equipar a liderança; (4) ampliar a organização;
(5) dividir e multiplicar. A descobert de Ken Hemphil do valor da Escola Dominical para o
crescimento de igrejas veio como uma revelação para ele: “Por que deveríamos criar todo o tipo
de novas organizações, quando temos uma estimulante organização que já abraça reconhecidos
princípios de crescimento de igrejas: Escola Dominical?”
Um dos desafios que a Escola Dominical enfrenta no século XXI é a falta de espaço.
Espaço educacional pode limitar o crescimento e construir espaço adicional é custoso. Diferente
dos pequenos grupos fora do prédio da igreja, que não tem restrição de espaço, a Escola
Dominical não pode crescer mais rápido do que o espaço permite. Múltiplas Escolas Dominicais
são uma opção; mas até aí, um ponto de saturação é inevitável no rápido crescimento. Uma
alternativa é ter algumas classes da Escola Dominical fora do prédio da igreja e em outros dias

143
que não domingo. Nesses casos, a Escola Dominical começa a parecer muito com os pequenos
grupos de fora do prédio da igreja.
Outro desafio que a Escola Dominical irá enfrentar é a sua habilidade em ser uma arma
evangelística da igreja. As pessoas fora da igreja estão desejando experimentar a igreja,
inicialmente, no conforto e anonimato de um culto grande, e não em uma Escola Dominical. Os
de fora da igreja que preferem entrar em um pequeno grupo, geralmente, preferem o ambiente
menos ameaçador de uma casa ou de algum outro lugar que não a igreja.
É possível que o papel da Escola Dominical possa mudar para retenção ao invés de
alcançar os outro? Ou, para usar o vernáculo do crescimento de igrejas, será que a Escola
Dominical se tornará um método de fechar a “porta de trás” ou invés de abrir a “porta da
frente”? A força do movimento da Escola Dominical por dois séculos tem sido sua habilidade de
ajustar às mudanças do mundo enquanto permanece fiel a Palavra de Deus. De um movimento
designado a educar crianças pobres a um sistema de multipropósitos para todas as idade, a
Escola Dominical tem sido um fator dinâmico no crescimento de igrejas. Com os pequenos
grupos crescendo exponencialmente por todos Estados Unidos, seria interessante ver como os
dois movimentos se relacionarão no século XXI.

Pequenos grupos

Carl F. George, diretor do Instituto de Evangelismo e Crescimento de Igrejas Charles E.


Fuller, é um dos mais sinceros proponentes dos pequenos grupos da América. Em seu livro
Prepare your Church (Prepare sua Igreja), ele afirmou seu caso:

Acredito que menor o grupo dentro do todo – chamado por dúzias de termos diferentes,
incluindo pequenos grupos ou grupo célula – é um importante, mas pouco desenvolvido,
recurso na maioria das igrejas. É, afirmo, estrategicamente, a fundação mais significativa
para a formação espiritual e assimilação, para o evangelismo e desenvolvimento da
liderança para as funções mais essenciais que Deus chamou para a igreja ... É tão
importante que todo o restante seja considerado como secundário para sua promoção e
preservação.

Vantagens dos pequenos grupos


Que forças têm os pequenos grupos que podem não estar presentes em outros grupos
da igreja como a Escola Dominical? Uma vantagem confirmada é falta de restrições de espaço.
Pequenos grupos se encontram nas casas, escritórios, escolas ou em qualquer lugar que
pessoas se juntam. Relacionado a vantagem é a liberdade expressa por muitos participantes de
estar fora do campo da igreja. Apenas estar em um edifício da igreja pode desconfortável,
especialmente, para os que não são da igreja.
Os pequenos grupos também ajudam a desenvolver níveis de confiança mais profundos,
o que ajuda os participantes a compartilhar. Muito do que acontece nas Escolas Dominicais
tendem a ser abstratos. Podemos estudar a autoridade dos Hebreus e a rebelião dos israelitas
sem estar, na verdade, considerar onde estamos com Jesus. Os pequenos grupos nos fazem
desenvolver intimidade e compartilhar; isso pode mudar nossa vida.
Quantos líderes de igreja têm buscado, em vão, por uma maneira de assimilar novos
membros ou pretendentes? Contam-nos que o envolvimento nos ministérios e o
desenvolvimento de relacionamentos são importantes para desenvolver o sentimento de
pertencimento. Tanto ministério quanto relacionamento acontecem em um pequeno grupo.
Freqüentemente, antes de ser declarado membro da igreja, uma pessoa está bem assimilada
dentro da igreja através de um pequeno grupo.

144
Outro assunto é o cuidado pastoral. Por quase uma década, Wagner e Schaller
ensinaram que pastores devem ser “fazendeiros” cuidando dos “pastores” que cuidam das
“ovelhas.” As ovelhas são pastoreadas, mas o fazendeiro não o faz – ele cuida para que o
ministério o faça. Muitos pastores têm, entusiasmadamente, apoiam esse ministério de
pastorear, mas não têm tido muito sucesso em encontrar pastores. O método dos pequenos
grupos pode prover mais cuidado pastoral do que a maioria das igrejas já pensou ser possível.

O exemplo “New Hope”


Alguns pequenos grupos tem potencial evangelístico explosivo. Um dos ministérios de
pequenos grupos mais eficazes para o evangelismo é o da Igreja Comunitária New Hope, em
Portland, Oregon. Começado pelo pastor Dale Galloway em 1972, a igreja chegou aos cinco mil
membros. O crescimento mais rápido aconteceu depois do décimo aniversário da igreja. De
1982 a 1990, o número de membros cresceu em quatro mil. A chave para o crescimento tem
sido, os cerca de, quinhentos pequenos grupos.
Os grupos de New Hope são células TLC, que significa grupos “tender loving care” (algo
como amor e calidez). O propósito, em três frentes, do grupo TLC é discipular, evangelizar e
pastorear. A cada grupo é dado a meta de trazer uma nova família a Cristo a cada seis meses.
Galloway os motiva regularmente a darem prioridade ao evangelismo. O sistema de grupo
célula começou com um grupo para cada dez membros. Em 1990, 4.800 pessoas estavam em
freqüência semanal aos 485 grupos. A relação de um para dez continua constante por 20 anos.
Previamente nesse livro, examinamos três tipos de crescimento: transferência, biológico
e conversão. É fascinante ver o tipo de crescimento que New Hope tem experimentado.
Aproximadamente, oitenta por cento das pessoas em New Hope nunca estiveram na igreja. A
maioria deles era perdido. Os pequenos grupos tornaram a Igreja Comunitária de New Hope em
uma das igrejas mais evangelísticas da nação! A chave não é o método confrontador de ganhar
almas, mas um “evangelismo da porta lateral.” Os pequenos grupos são um “ponto de entrada”
em que é feita, primeiro, uma tentativa de “ganhar um ouvinte”. Apenas depois que o grupo
ganhe a confiança e, talvez, solucione alguma necessidade do indivíduo, é que uma
apresentação verbal do evangelho acontece.
A Igreja Comunitária New Hope tem crescido atravéz dos pequenos grupos, mas
também manteve a Escola Dominical no lugar. A Escola Dominical acontece no mesmo horário
dos cultos da manhã. A ênfase é colocada em uma forte Escola Dominical para as crianças,
apesar de existir também classes contínuas para adultos.

A estrutura dos pequenos grupos


Igrejas com pequenos grupos bem sucedidos tendem a ter uma liderança forte,
organização e responsabilidade. Algumas igrejas seguem o modelo Jetro. Em Exôdo 18:13-23, o
sogro de Moisés o ajudou a esbelecer uma organização para as necessidades dos israelitas.
Jetro organizou os dois milhões de israelitas em grupos de dez com um líder em cada grupo.
Um líder de cinquenta, então, seria líder de cinco líderes de grupos. Depois tinham os líderes de
cem e, finalmente, os líderes de mil.
Igrejas com liderança treinada, uma organização similar ao modelo de Jetro, e um
sistema de relatórios para a responsabilidade final são os modelos de pequenos grupos mais
eficazes atualmente. A Igreja Comunitária de New Hope usa cinco níveis: pessoas leigas,
pastores leigos, líderes de pastores leigos, pastores distritais e pastores sêniors. Todos os
líderes preenchem um relatório semanal sobre seu ministério. Isso promove um ministério
unificado. Nenhum pastor leigo pode continuar a ser um pastor leigo se não se submeter a esse
nível de responsabilidade através dos relatórios semanais.

145
O futuro dos pequenos grupos
Os pequenos grupos estão rapidamente se tornando a norma. Carl F. George chama
esse modelo de “sistema meta-igreja” (a palavra meta significa mudança, isso acontece para
não ser confundido com as megaigrejas). O modelo meta-igreja é aplicável a qualquer
congregação, grande ou pequena. Os requisitos, diz George, são a vontade de fazer “tanto uma
mudança de pensamento,sobre como o ministério é feito, e uma mudança de forma na
infraestrutura da igreja.”
Os pequenos grupos continuarão a crescer por todo o mundo no século XXI. O
fenômeno do pequenos grupo são resultado, em grande parte, de nossa sociedade impessoal.
Na igreja primitiva, as pessoas cuidavam umas das outras, comendo nas casa de outras
pessoas e dar amor era a norma. Hoje, os moradores da cidade não sabem nem os nomes das
famílias que moram três casas depois da sua.
Minha esposa Jo foi criada em uma fazenda no Alabama. Eu ficava maravilhado em
como sua família conhecia os vizinhos que moravam a muitos quilômetros de distância. Esses
vizinhos caminhavam até a casa dos meus sogros, Arthur Clyde e Nell King, sem cerimônias.
Havia uma intimidade entre vizinhos, independente da distância que os separava. O vizinho
estava sempre disponível para ajudar outro vizinho.
Findley Edge descreve o atual estilo de vida do americano em contraste com sua
herança rural:

Hoje, porém, em nosso ambiente urbano, com nosso estilo de vida urbano, estamos
excessivamente pertos fisicamente, mas a quilômetros de distância emocionalmente e no
relacionamento. Em nossas cidades com o tráfego intenso, com prédios de escritório e
apartamento grandiosamente altos prestes a tragar tudo que esteja abaixo deles, somos
como vermes enlatados, subindo um por cima do outro, mas nunca se tocando. Uma
família vivendo em uma cobertura, raramente, conhece a família que mora ao lado e
certamente não conhece (e não se importa de conhecer) quem mora nos outros andares.
E assim, estamos nos movendo para uma sociedade em que somo apenas um número.
Mas, eventualmente, nossa natureza se rebela contra isso. Não fomos criados para
sermos apenas um número; fomos feitas para sermos uma comunidade. Além disso, em
uma sociedade que está se tornando cada vez mais impessoal, os pequenos grupos nos
dão um ambiente em que podemos ser seres humanos em um relacionamento, e não
apenas um animal que simplesmente existe. Eu conheço e posso ser conhecido. Posso
amar e ser amado.

Avaliação
É difícil, se não impossível, discernir um tipo particular de organização de igreja nas
Escrituras. O padrão de uma igreja saudável, porém, pode ser colhido de várias passagens das
Escrituras. Atos 2:42-47 é geralmente citado como um exemplo de igreja saudável. As
características incluem ensinamento, comunhão, oração, milagres, doações, solução de
necessidades, louvor, evangelismo e assimilação. Romanos 12:10, Efésios 4:2 e 4:32
acrescentam a essa lista devoção, auto-sacrifício, humildade, generosidade, paciência, amor,
bondade, compaixão e perdão. Gálatas 6:2 inclui a caracterísitica de cuidar das dificuldades uns
dos outros: “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.” 1
Tessalonicenses 5:11 acrescenta as funções do encorajamento e edificação: “Por isso exortai-
vos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis.”
Há poucas passagens que dirige o corpo de crentes aos seus papéis dados por Deus. Ao
examinar as características da igreja acima, é difícil ver como qualquer estrutura diferente da
dos pequenos grupos possa preencher melhor as necessidades. Elas permitem que o ministério
seja de pouco em pouco, ao invés de um ou alguns membros tentando solucionar as

146
necessidades de centenas se não milhares. Cristo mesmo limitou Seu grupo ministérial
intermediário a doze. Esse é um padrão para os cristãos de hoje.
Quando falamos de pequenos grupos, ainda devemos resolver a questão do tipo de
pequeno grupo. As duas grandes áreas que mencionamos no início desse capítulo foram
pequenos grupos no campo da igreja (normalmente Escola Dominical) e pequenos grupos fora
do campo da igreja. Aparentemente, os pequenos grupos que acontecem fora do campo da
igreja são os que melhor solucionam as necessidades de nutrir, cuidado pastoral e discipulado;
a Escola Dominical é a melhor arma educacional da igreja, especialmente para as crianças.
Apesar de não poder ser afirmado com certeza, a igreja do futuro pode experimentar um
crescimento explosivo através de pequenos grupos fora do campo da igreja e prover um estudo
bíblico sistemático através dos pequenos grupos de dentro do campo da igreja, o que muitas
igrejas continuarão chamando de Escola Dominical. Uma questão ainda não respondida diz
respeito ao espaço. Se um crescimento irrestrito acontece fora do campo da igreja, como a
igreja do futuro irá lidar com a necessidade de espaço para adoração e educação no campo da
igreja? A igreja já ultrapassou outros desafios por dois mil anos. Não há motivo para acreditar
que inovações lideradas pelo Espiríto não irão vencer os desafios do século XXI.

147
30
Sinais e Prodígios e Crescimento de Igrejas
Uma história semelhante tem sido contada muitas vezes pelos entusiastas dos sinais-e-
prodígios. Essa história em particular aconteceu no início dos anos 80 na Cidade do México. Os
pais de um garoto de doze anos pediram ao evangelista e plantador de igrejas Ausencio
Gonzalez para ir com eles ao hospital para orar pelo filho deles. O garoto estava paralizado,
surdo e mudo. Os funcionários do hospital não permitiram que Gonzalez orasse no hospital
porque, mais cedo, outros pentecostais tinham perturbado alguns pacientes. O evangelista
decidiu que a criança deveria ser colocada em uma cadeira de rodas e levada para o lado de
fora do hospital.
Uma multidão se juntou na movimentada estação de metrô, quando Gonzalez
proclamou que Deus iria curar o garoto. O evangelista orou. Silenciosamente, ele disse ao
garoto, “Levante-se”. O pai lembrou Gonzalez que a criança estava surda e não poderia ouvir
sua admoestação para levantar. Para o choque da multidão, o garoto se levantou da cadeira de
rodas e começou a andar. Depois, a criança falou: “Mama, Papa”; então, ele começou a
cantar, “Cristo viene muy pronto.”
Imediatamente, na presença da grande multidão, muitos dos espectadores receberam a
Cristo como Senhor e Salvador. Outros correram para o hospital para trazer seus parentes e
amigos doentes. Muitos outros foram curados. A cada cura, a multidão comemorava. E muitos
outros entregaram sua vida a Cristo.
Esse evento e muitos outros testemunhos como esse descrevem o que agora é chamado
“evangelismo sinais-e-prodígios” ou “evangelismo de poder.” Curas, exorcimos ou outros
milagres são demonstrados com crédito e glórias dados a Jesus Cristo. Consequentemente,
muitas pessoas, diretamente afetados pelos milagres ou apenas espectadores, receberam a
Cristo nesse momento.
Essas cenas são freqüentemente descritas como semelhantes ao Pentecostes, em Atos
2, ou outros eventos da igreja primitiva. Pedro e João oraram por esses milagres: “Agora, pois,
ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia
a tua palavra; Enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios
pelo nome de teu santo Filho Jesus,” (Atos 4:29-30). Em Atos 5:12, “muitos sinais e prodígios
eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos.” O resultado? “E a multidão dos que criam
no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais” (Atos 5:14).
No capítulo 6 desse livro, vimos a peregrinação de Wagner nos sinais-e-maravilhas e a
influência que a mudança de seu paradigma teve no Movimento de Crescimento de Igrejas.
Agora, olharemos além de Wagner para determinar por que alguns líderes de crescimento de
igrejas vêem o evangelismo de poder como o método ungido por Deus para alcançar mais
pessoas para Cristo neste século e no próximo.

O fenômeno Latino-americano
“Nunca antes na história da humanidade um movimento cresceu tão rapidamente como
o crsitianismo está crescendo nos dias de hoje. Sem auxílio de forças polícas ou militares, a
mensagem do reino de Deus está rompendo fronteiras em vastas áreas da Ásia, África e
América Latina com um crescimento de igreja em seguida ... Entre os pentecostais, o
crescimento mais rápido tem acontecido na Améria Latina.” Esse fenômeno não escapou do
olhar do Movimento de Crescimento de Igrejas. Muito tempo e esforço tem sido colocado em
estudos sobre o crescimento de igreja na América Latina.

148
As estatísticas de crescimento da igreja na América Latina revelam que esse movimento
temv visto mais novo crescimento que em qualquer movimento similar na história da igreja. O
crescimento começou lentamente no início do século vinte, mas sua força tem sido fenomenal:

Número de protestantes na América Latina


1900...........................................................................................................50.000
1930.......................................................................................................1.000.000
1950.......................................................................................................5.000.000
1960......................................................................................................10.000.000
1970......................................................................................................20.000.000
1980......................................................................................................50.000.000
2000 (estimado)....................................................................................137.000.000

A maior parte do crescimento vem dos pentecostais. Na virada do século, não havia
pentecostais na América Latina. Em 1950, cerca de vinte e cinco por cento, dos cinquenta
milhões de protestantes, eram pentecostais. Hoje, com a população protestante chegando a
cem milhões, setenta e cinco por cento são pentecostais. No Chile, essa proporção está acima
dos noventa por cento.
O rápido crescimento do pentecostalismo na América Latina é citado por causa da
maneira como o movimento está crescendo. Com algumas exceções, o grande número está
vindo a Cristo por causa do evangelismo de poder. Testemunhos de curas, exorcismos e
milagres são abundantes. Como resultado, muitos aceitaram a Cristo.
Donald McGravan acreditava que o mais cético dos cristãos poderia ser convencido da
realidade do evangelismo de poder na América Latina e em outras partes do mundo:

Alguns cristãos realistas, que normalmente seriam muito céticos sobre a cura divina, tem
gradualmente aceitado campanhas de cura ao verem o grande número de pessoas
jogarem fora muletas, além dos que são curados da surdez e cegueira e curados de
problemas de coração. Eles têm visto um grande número de recentes incrédulos
regozijarem no poder de Cristo, cantando Seus louvores, ouvindo Sua palavra e orando a
Ele. Esses fatos impressionam os realistas. Finalmente, alguns cristãos acreditam que
Deus os chamou para se engajarem ativamente nas curas aos doentes, exorcisar espíritos
maus e multiplicar igrejas. Eles, deliberadamente, usaram a vigorosa fé em Deus é
abundante na campanha da cura para multiplicar fortes igrejas de cristãos responsáveis.
Todos os cristãos deveriam pensar nesse assunto e perceber que esse é um poder que
muitos de nós não usado suficientemente.

As palavras de McGravan seriam proféticas. Não apenas o evangelismo de sinais-e-


prodígios cresceu em outros países, está se tornando cada vez mais ativo e aceito nos Estados
Unidos. Um dos marcos que chamou atenção para o evangelismo de poder nos Estados Unidos
aconteceu na escola onde McGravan era reitor, Seminário Teológico Fuller em Pasadena,
California.

O legado da MC510
“Conheço apenas dois cursos de seminários que ficaram famosos,‟ disse Robert Mege,
reitor do Seminário Fuller Escola de Teologia, em um encontro do corpo docente. „Um foi o
curso sobre dogmáticos, oferecido na Basel por Karl Barth e o outro é o MC510 ensinado John
Wimber, aqui na Fuller.‟”
No capítulo 6, vimos um curso chamado “Sinais, Prodígios e Crescimento de Igrejas” -
MC510, que se tornou a aula mais controversa e publicada na história. A revista Vida Cristã

149
dedicou sua edição de outubro inteira para falar da aula; isso logo ficou conhecido como “a
edição esgotada.” O livro de Wagner Signs and Wonders Today (Sinais e Prodígios Hoje) foi
escrito sobre essa aula. A publicidade que armou causou muita preocupação de que a Fuller
tinha “se tornado carismática.” Alguns membros do corpo docente de Fuller discordavam
publicamente do conteúdo do curso, acrescentando a montanha de controvérsias. Como
consequência, MC510 foi descontinuada depois de quatro anos. Alguns meses depois, um novo
curso apareceu no catálogo para substituir o MC510. O novo curso se chamava “O ministério da
cura e evangelização mundial.”
MC510 era ensinada por Wagner e seu amigo, John Wimber, um professor adjunto no
programa de crescimento de igrejas. A aula acontecia por dez noites de segundas-feiras
consecutivas por um bimestre. Wimber dava aula por três horas relatando o fenômeno do
evangelismo de poder aos seus alunos. Wimber também vívidas ilustrações de sua própria
experiência.
A fonte primordial de controvérsia acontecia depois das aulas. Wimber chamava de
“momento de ministério voluntário”. Os alunos podiam ficar ou sair. Poucos saiam. De fato, o
momento de ministério geralmente atraía outros que não estavam matriculados no curso.
Durante esse tempo, Wimber diria “palavras de sabedoria.” Algumas vezes, os alunos que
precisassem de cura física, emocional ou espiritual, iriam para frente da classe e Wimber orava
por eles. Em outras ocasiões, pequenos grupos de oração se formariam espontaneamente, em
diferentes partes da classe.
A grande publicidade da aula, especialmente do momento de oração, fez com que
muitos membros do corpo docente recebessem telefonemas e cartas de preocupação.
Patrocinadores do Seminário Fuller começaram a questionar a direção da escola. As pressões
aumentaram durante esse preríodo de quatro anos em que o curso aconteceu. Aqueles que
tinham conhecimento da MC510 apenas por ouvir falar imaginavam que a aula tinha se
degenerado a algo como um programa de televisão de curas pela fé.
A tensão aumentou quando a escola de teologia decidiu parar de dar créditos aos alunos
pela MC510, apesar do material ser oferecido pela escola de Missão Mundial. Como uma
maneira de difundir a tensão, o superintendente da Fuller criou uma força tarefa para estudar a
MC510 e dar uma recomendação. O reitor da Escola de Missão Mundial retirou o curso do ano
acadêmico de 1985-56, enquanto a força tarefa trabalhava.
Os doze professores que se comprometeram na força tarefa eram das três escolas de
Fuller: Teologia, Missão Mundial e Psicologia. Depois de oito meses, o grupo apresentou um
documento de oitenta e duas páginas que afirmavam os milagres; afirmaram que todos os dons
espirituais operam no corpo de Cristo hoje; e claramente afirmaram que o Seminário Fuller não
era anti-carismático. O novo curso começou e a controvérsia chegou ao fim.
A MC510 foi significativa no fato de que um seminário evangélico estava oferecendo
uma aula que defendia a evangelização do mundo através do evangelismo de poder. Não
apenas muitos alunos foram influenciados por essa tese, observadores de fora também foram
influenciados pela MC510. O evangelismo Sinais-e-prodígios ganhou credibilidade em muitos
círculos evangélicos. De fato, a aceitação do evangelismo de poder por muitos evangélicos é
outro exemplo de ganhos que o movimento conseguiu. Aqueles evangélicos que aceitam as
doutrinas do evangelismo de poder são agora chamados de “a terceira onda.”

O cenário Americano: A terceira onda


A “primeira onda” de aceitação do evangelismo de poder nos Estados Unidos ficou
conhecida como o movimento pentecostal. Por muitos anos, o cristianismo evangélico olhou o
pentecostalismo como um movimento na extremidade da fé. Alguns evangélicos declararam

150
que o movimento era uma heresia. No início do século vinte, livros evangélicos geralmente
incluiam pentecostalismo em sua lista de seitas, junto com os mormons, as testemunhas de
Jeová e os cientistas cristãos.
Os excessos emocionais do pentecostalismo eram tão difíceis de aceitar como os
batismos pelo Espírito Santo, falar em línguas, cura dos doentes e expulsão de demônios. Os
pentecostais eram rotulados como “santos roladores,” e as manifestações pentecostais eram, às
vezes, atribuidas ao diabo.
A “segunda onda” de sinais e prodígios é chamada de movimento carismático. Já que os
pentecostais tinham, na maioria das vezes, suas próprias igrejas e denominações, os
carismáticos levaram as crenças para dentro das grandes denominações. O movimento fez
avanços significativos dentro da igreja católica, assim como nas denominações episcopal,
luterana, presbiteriana e metodista. Os evangélicos ainda têm dificuldade em aceitar a ênfase
do movimento do batismo do Espírito Santo e falar em línguas. Infelizmente, uma presença
carismática em algumas igrejas evangélicas resultou em purgação e divisão da igreja.
Em 1980, a terminologia da “terceira onda” começou a pegar em alguns evangélicos que
eram abertos a manifestação de todos os dons do Espírito. O ponto de partida para esses
evangélicos das duas primeiras “ondas” era sobre o batismo do Espírito Santo e dons de línguas
como sinal de autenticação. Os evangélicos da “terceira onda” acreditam que o batismo do
Espírito Santo é um evento único que acontece na salvação, quando o crente é incorporado no
corpo de Cristo (1 Cor. 12:13). Evangélicos da terceira onda não rejeitam as manifestações de
línguas na conclusão da era apostólica. Eles são diferentes dos pentecostais e dos carismáticos
que dizem que o dom de línguas é necessária evidência da salvação ou do batismo do Espírito
Santo.
Por essas razões, essencialmente, os evangélicos da terceira onda se recusam a ser
rotulados como pentecostais ou carismáticos. Wagner representa esse sentimento: “Eu, por
exemplo, prefiro que as pessoas não me chamem de carismático. Não me considero
carismático. Sou simplesmente um evangélico congregacionalista que está aberto ao trabalho
do Espírito Santo através de mim e minha igreja em qualquer lugar que Ele escolher.
Igrejas que se consideram parte da terceira onda não são monolíticas na maneira que
praticam suas crenças. Em 1987, Wagenr publicou um livro chamado How to Have a Healing
Ministry Without Making your Church Sick (Como ter um ministério de cura sem fazer sua igreja
adoecer). O tema do livro era a implementação das crenças da terceira onda, sem dividir a
igreja. Wagner cobriu uma variedade de assuntos, mas seu impulso principal foi o ministério da
cura. Realmente, a maioria das igrejas da terceira onda possui um ministério de cura de algum
tipo. Pode estar dentro do culto, acompanhado de uma efusão emocional. Ou o ministério da
cura acontece silenciosamente em uma sala dos fundos no final do culto. Algumas igrejas têm
equipes de ministério de cura ou anciãos que vão aos aflitos, oram por eles e possivelmente
ungi-los com óleo (Tiago 5:14).
O crescimento de igrejas por sinais e prodígios é bíblico? O evangelismo de poder é uma
abordagem ungida por Deus para alcançar pessoas para Cristo? Na seção final desse capítulo
examinaremos o que para muitos se tornou uma questão emocional.

Avaliação
Devemos entender, seriamente, o evangelismo de poder e seu acompanhante
crescimento de igrejas. Porque milhões de pessoas estão aceitando a Cristo através desse
movimento, ele não pode ser ignorado. Alguns afirmam ser uma efusão do poder do Espírito
Santo, um dos grandes desenvolvimentos da história. Outros o vêem como herege, seita, um
movimento que leva milhares de pessoas vuneráveis a se desgarrarem.

151
Um grupo de evangélicos, geralmente identificado com os dispensionalismo, acredita
que os dons de sinais (línguas, interpretação, profecia, etc) cessaram no final da era apostólica,
ou no início dos séculos da igreja cristã. Esses evangélicos acreditam que 1 Coríntios 13:8-10 se
refere ao fim da manifestação desses dons: “O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão
aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque, em parte,
conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em
parte será aniquilado” Esses evangélicos ensinam que “perfeição” se refere a conlusão,
fechamento do Novo Testamento. O “imperfeito” então, se refere aos dons de sinais que
“desapareceram” ou cessaram. Essa hermenêutica, então, não permite nenhum dos elementos
do evangelismo de poder.
Uma segunda perspecitiva, vê 1 Coríntios 13:8-10 de maneira diferente, mas ainda
acredita que evidências teológicas e históricas para o evangelismo de poder são fracas. John
McArthur admite que o “perfeito” deve ser algo diferente da conclusão do Novo Testamento:
“Mas parece que a coisa perfeita que Paulo tinha em mente deve ser o estado eterno – „face a
face‟ no verso 12 pode ser melhor explicado como estar com Deus no novo céu e nova terra. É
apenas na glória que saberemos como somos conhecidos (v.12).”
McArthur, porém, encontra vários problemas com o evangelismo de poder. Sinais,
prodígios e milagres são para uma época diferente, quando a autenticação era necessária.
Agora, temos a revelação das Escrituras. “Nada nas Escrituras,” ele diz, “indica que os milagres
da era apostólica deveriam continuar nas eras subsequentes.” Os apóstolos eram autenticados
por sinais miraculosos, mas os apóstolos eram únicos. Eles foram testemunhas oculares da
ressurreição, pessoalmente escolhidos por Cristo. Evangelismo de poder “não é evangelismo
nenhum.” Ele acrescenta: “A metodologia da terceira onda entorpece, seriamente, a força do
evangelho. Muitos da terceira onda estão até mesmo culpados por omitir ou corromper a
mensagem da salvação.” Finalmente, ele fala: “A estratégia evangelística da terceira onda
enfraquece a mensagem do evangelho. A ênfase está nos sinais e prodígios, e não na pregação
da Palavra de Deus.”
John Wimber é o porta-voz e defensor da terceira onda. Ele argumenta que a maior
parte do mundo ocidental tem uma visão de mundo que se recusa a ver sinais e prodígios. Uma
visão do mundo é como se vê a realidade; leva em conta as crenças, experiências e
preconceitos. Cristãos, em terras fora do ocidente, não tem problema algum com o evangelismo
de poder, que explica o explosivo crescimento da igreja na América Latina, África, China e
Coréia do Sul. Wimber diz: “Temos, parece, excluido Deus e Seu poder da teologia e todavia de
nossas igrejas. Temendo o que podemos ou não controlar ou entender, jogamos o bebê junto
com a água do banho. Dissemos, „Simplesmente não existe.‟ Quando confrontados com as
manifestações do poder de Deus, rejeitamos essas coisas com a desculpa de que elas são
divisoras demais!”
Wimber acredita que testemunhos bíblicos apoiam os sinais e prodígios hoje. “Sinais” é
encontrado setenta e sete vezes na Bíblia; e “prodígios” ocorre dezesseis vezes em conexão
com “sinais.” O livro de Atos, ele demonstra, está repleto de referências aos sinais e prodígios
como línguas (Atos 2:4,41); ressucitar mortos (Atos 9:40-42; 20:7-12); visões (Atos 10:1, 9,
47); milagres (Atos 28:3-10); cura (Atos 9:32-43); e visitas angélicas (Atos 8:26-40).
O testemunho do evangelismo de sinais e prodígios não está limitado ao livro de Atos,
diz Wimber. Depois Paulo argumentou de modo persuasivo no Areópago, apenas “poucos
homens seguiram Paulo e creram” (Atos 17:34). Em Corinto, a próxima parada, “muitos dos
coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados” (Atos 18:8). Qual foi a diferença entre as duas
visitas evangelísticas? A resposta é encontrada na primeira carta de Paulo aos Coríntios: “E eu,
irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com

152
sublimidade de palavras ou de sabedoria. ... A minha palavra, e a minha pregação, não
consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e
de poder; Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de
Deus.”(1 Cor. 2:1, 4-5). Todavia, conclui Wimber: “Parece que em Corinto Paulo combinou
proclamação com demonstração, como Cristo fez em todo o Seu ministério. A palavra e o
trabalho de Deus juntos em uma expressão da vontadade divina de Deus e Sua misericórdia,
culminando na conversão tanto de indivíduos como de grupos.”
McArthur é injusto em suas críticas de que a estratégia evangelística da terceira onda
enfraquece a mensagem do evangelho e falha na ênfase do pregação da palavra de Deus.
Wimber enfatiza que:

sinais e prodígios não salvam; só Jesus salva. O poder da salvação no evangelismo de


poder é através apenas do evangelho. “Porque não me envergonho do evangelho de
Cristo,” Paulo escreve em Romanos 1:16, “pois é o poder de Deus para salvação de todo
aquele que crê.” A afirmação do evangelho, Paulo escreve em outro lugar, é “que Cristo
morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou
ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Cor. 15:3-4).

O papel do evangelismo de poder, afirma Wimber, nunca inclui acrescentar ao


evangelho.

No evangelismo de poder, não acrescentamos ao evangelho, nem busca acrescentar


poder ao evangelho. Mas, nos voltamos a Terceira Pessoa do Deus triuno em nossos empenhos
evangelísticos, conscientemente cooperando com sua unção, dons, e liderança. Pregando e
demonstrando o evangelho são mutuamente atividades exclusivas; eles trabalham juntos, reforçam
um ao outro.

É difícil se não tolo rejeitar os mais explosivos movimentos da história (as três “ondas”)
como algo que “enfraquece a palavra de Deus.” Esse espírito sarcástico pode ser palatável se
um claro caso espiritual contra o movimento possa ser feito. Um revisor evangélico de
Charismatic Chaos (Caos Carismático), depois de encontrar significativas fraquezas teológicas
nos argumentos de McArthur, concluiu que

enquanto McArthur declara diferente, seu estilo não reflete alguém falando a uma
audiência, mas apenas para a ala que diz “amém.” Seu espírito nada pacífico e tom de
pregação excluirá muitos ouvintes. Ao invés de estimular a integridade teológica que ele
tanto espera, seu livro serve para aprofundar ainda mais as divisões já existentes na
família evangélica.

Certamente, excessos podem ser encontrados em todas as “ondas”do evangelismo de


poder. O aviso de Jesus de que não devemos pedir sinais (Mat. 12:38-39; 16:1-4; Marc. 8:11-
12; Luc. 11:16,29; 23:8-9; João 4:48) deve ter atenção. Ainda assim, uma das fraquezas mais
prejudiciais do cristianismo ocidental é nosso ceticismo sobre o sobrenatural. Deus está
trabalhando no meio de nós, mas falhamos ao não vermos e, portanto, falhamos em ter
conhecimento dEle. Os países do terceiro mundo têm, na maior parte, não tem sido afetados
por nosso ceticismo com o sobrenatural. Como consequência, o crescimento tem sido
fenomenal; milhões de vidas estão sendo eternamente mudadas.
Nem emoção descuidada, nem ortodoxia morta é o padrão do cristianismo do Novo
Testamento. Nenhum deles deveria ser nosso modelo hoje. De um lado, alguns argumentam
por uma fé firmemente fundamentada na Palavra – a Bíblia como autoridade em todos os
assuntos. De outro lado, alguns argumentam pela liberdade do Espírito, liberdade de expressão,

153
receptividade ao sobrenatural que acredita nos milagres de Deus para hoje. Por que devemos
um ao invés do outro? Por que não ortodoxia e poder? Esse parecia ser o caminho da igreja
primitiva. Que Deus possa nos conferir os sucessos evangelísticos: “E em toda a alma havia
temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. ... E todos os dias acrescentava
o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (Atos 2:43, 47).

154
Parte IV
Concluindo os Assuntos

155
31
O Movimento de Crescimento de Igrejas: Um Apêndice

O Movimento de Crescimento de Igrejas começou um homem fazendo uma pergunta:


“Por que algumas igrejas crescem e outras não?” O negócio normal não era aceitável por
Donald McGravan. Ele sabia que seu Senhor tinha ordenado que ele fizesse discípulos de todas
as nações. Ele sabia que as igrejas na Índia, onde ele servia como missionário, estava fazendo
pouco para cumprir a Grande Comissão.
Donal McGravan, C. Peter Wagner e outros líderes do crescimento de igrejas deixaram
muitos cristãos desconfortáveis. Pioneiros e bandeirantes sempre terão seus críticos; algumas
das críticas fortaleceram o movimento. Peter Wagner, especialmente, ouvia cuidadosamente,
fazia ajustes onde necessário e mantinha um espírito pacífico.
Quando o princípio da unidade homogênea era o pára-raios das críticas, foi para Wagner
que a questão foi mais pessoal. Afinal de contas, o princípio tinha sido o assunto de seu
doutorado, que se tornou um livro. Com alguns pontos válidos feitos pelos críticos, o princípio
foi reconhecido como descritivo ao invés de prescritivo. Pouco é dito atualmente sobre o
princípio da unidade homogênea.
Outros críticos descordaram do princípio da receptividade, a ênfase quantitativa do
movimento e ênfase exagerada no evangelismo sobre os outros ministérios. Hoje o foco das
críticas parecem estar no evangelismo de poder, um segmento do movimento e a eficácia dos
princípios de crescimento de igrejas e a sempre presente questão do pragmatismo. Parecia qua
as críticas mais razoáveis estavam pedindo por equilíbrio nessas áreas de controvérsia.
Por exemplo, D. A. Carson oferece uma perspectiva muito mais equilibrada do
movimento de sinais e prodígios do que o dogmatismo feroz de John McArthur. Depois de um
profundo estudo bíblico em evangelho de poder, examinando especialmente o movimento
Vineyard de John Wimber, Carson concluiu: “Mesmo que o problema seja de equilíbrio e
proporção, não acidental. Podemos agradecidamente concordar com o movimento Vineyard que
sinais e prodígios genuínos (no sentido genérico), às vezes no Novo Testamento, se tornam
ocasionais casos de crença, e eles também podem acontecer hoje. Mas nas evidências das
Escrituras, é duvidoso que esse tema esteja em qualquer lugar próximo de ser central, como
alguns pensam.”
Bill Hulk argumenta que o Movimento de Crescimento de Igrejas não está “realmente
trabalhando.” Ele apoia sua tese com estatísticas de freqüência de igrejas em declínio e
efetividades evangelísticas corroidas. Talvez, o ponto de Hull seria válida se o crescimento
tivesse completa responsabilidade pelo cristianismo evangélico na América. Poderíamos
imaginar se estas estatísticas seriam mais deploráveis se não fossem os esforços do Movimento
de Crescimento de Igrejas. Ainda assim, Hull concorda que o movimento tem dado esperança a
muitos líderes de igreja e tem sido um catalisador para a renovação. A real preocupação de Hull
é com o equilíbrio. Ele teme o “perigo de ter uma geração inteira de pastores comprometidos
com programações inteligentes ao invés das Escrituras.
Hull está certo quando pede pelo uso equilibrado das ferramentas do crescimento da
igreja.

A necessidade de alcançar um mundo machucado, e a necessidade de usar as


ferramentas inventadas pelo mundo para fazê-lo, não podem ser negados. O problema
vem quando empregamos essas ferramentas de forma não crítica, sem o cuidadoso olhar
bíblico. Quanto mais a igreja acomoda a cultura, mais ela se torna secularizada e, então,
incapaz de oferecer soluções como um mão fora de uma cultura arruinada, esticando-a

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dentro do buraco para colocar os cativos em liberdade. Uma igreja secularizada não pode
fazer discípulos porque ela mesma não é fiel serva de seu rei ressucitado.

Uma preocupação semelhante é em relação ao pragmatismo do movimento. Não


devemos ver pragmatismo como uma abordagem herdada pelo mal. Os cristãos tomam
decisões diariamente baseados no “funciona melhor” sem violar as verdades da Escrituras. O
perigo é substituir a teologia com o pragmatismo. Métodos devem ser sempre subservientes a
mensagem. Novamente, o melhor é o equilíbrio bíblico.
Como proponente do crescimento de igrejas, aprecio as preocupações dos críticos.
Nenhum movimento humano está acima do exame detalhado e da correção. Na verdade, os
críticos do crescimento de igrejas fazem um grande serviço mantendo o movimento fiel e
equilibrado.
No meio da verbosidade e das preocupações, porém, precisamos nos lembrar o que o
Movimento de Crescimento de Igrejas tem feito pelo cristianismo evangélico. Fez-nos focar
novamente na edificação do reino, fazer discípulos e ganhar os perdidos para Jesus Cristo. Fez-
nos avaliar novamente a questão: Qual é a verdadeira missão da igreja? Essa instropecção tem
sido saudável para o cristianismo evangélico. Um exame interior nos tem dado uma
preocupação exterior por fazer discípulos de todas as nações.
Meu mentor Lewis Drummond uma vez respondeu a um de meu colegas de classe, que
achava erro em todos os métodos evangelísticos apresentados na classe. Finalmente, o
professor disse, “Irmão, gosto da maneira que eles fazem evangelismo, muito mais do que a
maioria das pessoas não faz evangelismo.” Gosto da maneira como o Movimento de
Crescimento de Igrejas alcanças as pessoas em nome de nosso Salvador, muito mais que a
maneira que a maioria das pessoas não alcançam ninguém. A Deus seja a glória.

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