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ELOGIOS A o pedido divino

“O livro O Pedido Divino, de Steve Shadrach, está destinado a ser um


dos sólidos clássicos na área de sustento pessoal. Todo obreiro cristão e
executivo de missões precisa incluí-lo em seu currículo de treinamento
sobre o assunto. Como afirma Steve, estamos mobilizando pessoas, e não
dinheiro. O Pedido Divino o ajudará a ajudar suas lentes da fé para ver
claramente que o patrimônio líquido de Deus não mudou desde a cria-
ção do mundo, e Ele está comprometido a custear Sua própria missão.”
ELLIS F. GOLDSTEIN – Diretor Nacional de Desenvolvimento de Parcerias
Ministeriais de Cru, o ministério da Cruzada Estudantil nos Estados
Unidos

“Cheio de ferramentas práticas e base bíblica, O Pedido Divino tira o nosso


foco dos nossos temores e o direciona à fé na provisão abundante de Deus.
Shadrach nos inspira à excelência, coragem e humildade. Um recurso in-
dispensável para qualquer pessoa envolvida em levantar sustento!”
TOM LIN – Vice-presidente e diretor de Urbana, InterVarsity Christian
Fellowship

“Eu e milhares de pessoas em nossa equipe fomos impactados pelas


sugestões inspiradoras de Steve de como levantar recursos para avançar
o reino de Deus. Destranque o cofre das bênçãos de Deus para você e
seu ministério. Leia este livro!”
COACH LES STECKEL – Presidente/CEO, Fellowship of Christian Athletes

“Pedir sustento é um aspecto do ministério que muitos cristãos não dese-


jam ardentemente. Steve Shadrach ameniza aquilo que pode ser um dos
momentos mais tensos para um futuro servo de Deus. Seu conteúdo é
bíblico e traz a experiência de muitos anos de ministério.”
TOMMY NELSON – Pastor senior, Denton Bible Church

“Depois de vinte e cinco anos vivendo de sustento, eu finalmente recebi


este treinamento e compreendi quanta coisa eu estava fazendo errado!
As sugestões práticas de Steve e seus pontos de vista desafiadores pro-
duzem resultados. Sempre recomendo seu curso para aqueles que estão
entrando no trabalho cristão em tempo integral. Agora esse mesmo
curso está disponível em formato escrito. Este livro é leitura obrigatória
para qualquer pessoa levantando sustento para servir ao Rei!
BOB SJOGREN – Presidente, UnveilinGLORY
“O livro O Pedido Divino, é excelente e envolvente. Steve Shadrach
constrói uma base bíblica sadia para a obra de levantar sustento minis-
terial. Os estudos e a experiência de Shadrach como “missionário de fé”
torna o livro cativante. O Pedido Divino é fiel à visão de sustento e bem
prático quanto à nossa parte e como ela funciona. Todos os que estão
no ministério precisam ler este livro. Se todo cristão o fizesse, haveria
dinheiro suficiente para sustentar os propósitos de Deus no mundo.”
DENNIS GAYLOR – Diretor Nacional, Chi Alpha Campus Ministries, USA

“Leitura obrigatória para todo missionário. Steve apregoa a clara ver-


dade de que Deus financiará plenamente cada parte do chamado que
você confiou a Ele. Steve também mostra como fazê-lo, fornecendo a
base bíblica para entendermos a provisão de Deus e os passos práticos
e seguros que podem capacitar qualquer pessoa a fazer sua parte: con-
fiar e ver essa provisão se tornar realidade. Isso é possível até para um
introvertido como eu.
MIKE D. RIGGINS – Coordenador de Posicionamento Estratégico, North
American Mission Board, SBC
“O Pedido Divino é bíblico, prático e relevante. Ele vai revolucionar sua
caminhada e o trabalho de construir e manter uma equipe de desenvol-
vimento de parcerias que cause o máximo impacto em sua vida, família
e ministério.”
DAVE MEYERS – Diretor of Desenvolvimento, Missão Novas Tribos USA

“Conheço Steve Shadrach há mais de vinte e cinco anos, e ele tem se


concentrado em levar o evangelho a mais e mais pessoas ao redor do
mundo. Sua paixão e compromisso estão em treinar obreiros com ex-
celentes ferramentas teocêntricas para financiar seus ministérios. Essas
ferramentas têm beneficiado obreiros do mundo todo, incluindo muitos
de Cruzada Estudantil. O Pedido Divino é um recurso excelente.”
MIKE HEARON – Global Resource Team, Cruzada Estudantil

“Mandamos todos os nossos plantadores de igrejas para o treinamento


de Steve sobre levantar sustento pessoal. Em O Pedido Divino, Steve
equipa, capacita e inspira. Ele pensou em cada detalhe do que você pre-
cisa fazer. Se você for ler apenas um livro sobre como levantar sustento,
O Pedido Divino é indispensável!”
DR. BOB ROWLEY – Igreja Evangélica Livre da América
“Já li este livro duas vezes, e não enjoo dele. Você vai acabar dizendo, Por
favor, Deus, me dê a honra de levantar sustento.”
DR. TODD AHREND – Diretor Internacional, The Traveling Team

“Cada pessoa na terra precisa encontrar Jesus Cristo e a salvação que


Ele oferece. Isso significa que o mundo precisa de trabalhadores real-
mente convertidos na colheita, além de estarem plenamente capacita-
dos e supridos. Steve Shadrach, em O Pedido Divino, fornece um cha-
mado profundamente bíblico e poderosamente convincente para que os
missionários nunca estejam sós. Chamados por Deus e acompanhados
por Ele, estaremos totalmente equipados quando contarmos com as
orações e todo o apoio financeiro de que precisamos para compartilhar
sem reservas o evangelho.”
CURTIS MARTIN – Fundador e Presidente, FOCUS-Fellowship of Catholic
University Students
©2013, de Steve Shadrach
Título do original
The God Ask
edição publicada pela CMM Press Inc.,
P.O. Box 3556, Fayetteville, AR, 72702. www.cmmpress.org

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por


Organização Palavra da Vida

PROIBIDA A REPRODUÇÃO POR QUAISQUER MEIOS, SALVO EM BREVE


CITAÇÕES, COM INDICAÇÕES DA FONTE.

Todas as citações bíblicas foram extraídas da Nova Versão Internacional (NVI), ©2001,
publicada por Editora Vida, salvo indicação ao contrário. Todos os grifos são dos autores.

Coordenação editorial: Igor da Silva Miranda


Edição: Jonas Nardes Braga
Revisão: Tatiana Raia Bonassi Ribeiro
Consultoria e Revisão Técnica:
Diagramação e capa: Jônatas Jacob - jcjacob.com

1a Edição: 2017

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Shadrach, S. –
O Pedido Divino / Steve Shadrach; tradução Jonas Nardes Braga; Atibaia :
Organização Palavra da Vida, 2017.
Título original: The God Ask
Bibliografia
ISBN (completar)

1. Missões 2. Sustento missionário 3. Evangelização I. Título

números CDD-números
Índice para catálogo sistemático
1. Missões : sustento missionário numerozinhos
Dedicado a meus amigos
e colegas de trabalho:

SCOTT MORTON
The Navigators

ELLIS GOLDSTEIN
Cru, o ministério da Cruzada Estudantil
nos Estados Unidos

DONNA WILSON
InterVarsity Christian Fellowship

BETTY BARNETT
JOCUM

MIKE RIGGINS
North American Mission Board (SBC)

&
Vários outros homens e mulheres fiéis que têm
ajudado pessoas a cumprir a Grande Comissão,
treinando gerações de obreiros em como iniciar o
ministério e levantar seu sustento pessoal.
“Oh, Deus, para a Tua glória,
enche as nações com obreiros
espiritualmente sadios,
visionários e com sustento completo,
para que cumpram a Grande Comissão.”
“Quando clamei,
tu me respondeste;
deste-me força
e coragem.”
Salmo 138.3 – NVI
CONTEÚDO
PREFÁCIO 15
PARTE 1: PODE IR! 17
1. O Botão 19
2. Os Maiores Obstáculos 27
3. 100% em 100 Dias 35
4. Novos Paradigmas 41
5. Aposte Tudo 49

PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS 57


6. Os Ministros de Deus no Antigo Testamento 59
7. A Visão de Neemias 67
8. Jesus e o Sustento 75
9. Paulo, o Mobilizador 83
10. Uma Equipe Mantenedora 91

PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO 97


11. Você Não Consegue. Deus Consegue 99
12. Escolhendo uma Paixão 109
13. Digno do Salário 117
14. Transplante de Tesouros 129
15. Levantamento Visionário de Sustento 135
16. O Poder de Pedir 143

SEÇÃO 4: PREPARE-SE PARA IMPACTAR 153


17. Maximizando Sua Frutificação 155
18. Tempestade de Nomes 165
19. Dinheiro e Bom Senso 173
20. Vestindo Seu Cinto de Utilidades 181
21. Montando Sua Agenda 191
SEÇÃO 5: CHEGOU A HORA 199
22. Entrando na Zona de Conflito 201
23. Construindo Pontes 209
24. Compartilhando a Visão 217
25. Terminando Bem 227
26. Você Precisa da Igreja 235

SEÇÃO 6: ALIMENTE SEU REBANHO 245


27. As Três Leis da Contribuição 247
28. O Banco de Amor 257
29. Linhas de Comunicação 265
30. Floresça! 275
31. O Dia D 285

APÊNDICES 289
1. Catorze Tarefas para os Primeiros Trinta Dias 293
2. 100 Dias de Devocionais Sobre Sustento 299
3. Estudos Bíblicos Sobre Sustento 303
4. Deus: Proprietário e Provedor 305
5. Exemplos Bíblicos de Custeio Ministerial 307
6. Entendendo Seus Parceiros Ministeriais 311
7. Semelhança com Cristo na Busca por Sustento 315
8. Planilhas para Levantamento de Sustento 317
9. Levantamento de Sustento em Comunidades Negras Americanas 331
10. Levantando Sustento em Outros Países 337
11. Cinco Princípios para Levantar Fundos para Organizações
Junto a Doadores Significativos 339
12. Acessando a Rede “Negócios Como Missão”: Sua Próxima
Geração de Parceiros Ministeriais 343
13. Levantamento de Sustento e Suas Emoções 345
14. Mídia Social: Conheça Suas Limitações ou Ela o Limitará 349
15. Recursos Disponíveis para o Levantamento de Sustento 353

Sobre o Autor 361


Agradecimento 363
PREFÁCIO
Steve Shadrach acertou em cheio com O Pedido Divino!
Ao ler este livro, percebi que, mais do que um livro, ele é uma lição de
vida, da parte de um dedicado praticante do evangelho. Quando mais eu
lia, mais ficava interessado; sem perceber, comecei a pensar em pessoas a
quem podia pedir sustento neste ano, até nesta semana. E fui motivado a
ministrar com mais profundidade a meus mantenedores.
Uma das marcas de um bom livro é estimular os leitores não somente
a pensar ou sentir alguma coisa, mas também a fazer algo. Steve é um ta-
lentoso motivador. Mas O Pedido Divino fará mais do que apenas motivar;
quer você esteja apenas começando a levantar seu sustento, quer já seja um
“veterano”, as ferramentas práticas deste livro o ajudarão a ter êxito. Até os
apêndices serão úteis, com suas planilhas, planos de ação, estudos bíblicos e
uma lista de recursos para o caso de você se deparar com algum obstáculo.
Steve não é um mero teórico que acredita que este plano pode funcionar.
O que ele colocou no papel é aquilo que já pratica há anos.
Outro destaque deste livro é sua fundamentação bíblica. As táticas que
Steve sugere tem forte respaldo na Palavra. Suas abordagens estão dire-
tamente ligadas a princípios bíblicos e exemplos da vida de personagens
como Jesus, Neemias e Paulo. Prepare-se para encontrar líderes da Bíblia
que enfrentaram os mesmos desafios que você.
Steve, muito obrigado por este livro. E a você, meu amigo missionário,
desejo as mais ricas bênçãos de Deus em sua busca diligente pelo ministério
de levantar sustento. É o evangelho que está em jogo.
Scott Morton
Gestor Internacional de Captação de Recursos
The Navigators
Parte 1

PODE IR!
Jesus preparou o caminho e abriu a porta.
Vamos entrar juntos.
1

O Botão
Ser o filho de um homem de negócios em Dallas, no Texas, teve suas vantagens
e desvantagens. Meu pai enfrentou a chamada Grande Depressão, o que o
levou a inculcar nos três filhos a perspectiva de vencer pelos próprios esfor-
ços. Eu era o filho do meio. Trabalhar duro, suprir a família e se aposentar
cedo foram os valores que ele exemplificou com sua vida. Meus diligentes
irmãos se especializaram no mundo dos negócios com o alvo de ficarem
milionários até os trinta anos. Todos nós presumimos que eu seguiria a
tradição de buscar o mundo do trabalho para alcançar o “sonho americano”
e sua segurança financeira. Mas eu conheci a Cristo e me senti chamado ao
ministério de tempo integral. Depois de quatro anos ministrando a jovens
universitários na igreja, eu estava pronto para começar uma organização de
ministério no campus universitário e, é claro, levantar meu próprio sustento.
No começo, meu pai e eu tivemos que vencer a norma social de que
buscar sustento é uma forma disfarçada de mendicância. Outro fator que
atrapalhava era observar muitos ministros cristãos sem sustento, que mais
pareciam nômades maltrapilhos. Naqueles dias, quando minha filosofia
sobre levantar sustento estava em formação, eu certamente teria aprovei-
tado muito um livro como este. Porém, como eu só tinha um chamado do
Senhor e uma visão ministerial, fiz um levantamento das minhas “posses”:
dinheiro para um mês e meio, uma esposa grávida, três filhos pequenos,
muitas contas a pagar e, para ser modesto, uma profunda e esmagadora
sensação de urgência.
20 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

Eu não estava em pânico, mas definitivamente era um homem bastante


motivado, e que tinha uma missão. Eu maquinei uma estratégia em quatro
partes, que consistia de:
• Encontrar-me pessoalmente com cada pessoa que eu conhecia
• Compartilhar minha visão de ministério
• Pedir àquelas pessoas que se juntassem à minha equipe de mantene-
dores mensais
• Fechar a boca e ouvir o que elas responderiam

Esses quatro passos simples resumem o grande e glorioso “segredo” de


levantar sustento. Se você se sente suficientemente seguro a respeito de algo
e está preparado para confiar totalmente em Deus, você vai encontrar uma
maneira de atingir seu objetivo. Um mês e meio depois, eu tinha meu sus-
tento completo e estava pronto para começar meu ministério e pagar todas
as contas. Nesse meio-tempo:
√ Eu orei desesperadamente? Com certeza.
√ Confiei em Deus para cada passo do processo? Sim.
√ Dependi totalmente da força que vem dEle, e não de mim mesmo?
Até onde eu saiba, sim.
√ Dei a Ele a honra e a glória pelos resultados? Sem dúvida.

Desde 1986, minha família tem vivido e ministrado por causa da gene-
rosidade e dos constantes investimentos de outras pessoas que acreditaram
em Deus e em nós. Ao olhar para trás, posso dizer que não queremos vi-
ver de outra forma. Mas agora, minha empolgação é por você. É você que
está para entrar num dos períodos mais desafiadores da sua vida. Levantar
sustento não vai limitá-lo nem atrasá-lo; vai liberá-lo! Talvez sua vida e mi-
nistério nunca mais serão os mesmos. Quer você seja um novato no levan-
tamento de sustento ou um veterano em busca de uma “reciclagem”, espero
poder ajudar. Se você estudar bem este material e aplicá-lo diligentemente,
não há por que você não ir logo para o campo missionário, com todo o
sustento de que precisa.

VOCÊ PRECISA DAR DURO


Eu era o único homem da minha família que não praticava salto com
vara nem era um velocista – todos os meus irmãos tinham um físico inve-
jável. Eu costumava passar as férias da faculdade trabalhando num acam-
pamento, aconselhando junto a atletas de grandes universidades. Sim, eu
O BOTÃO 21

tentava acompanhá-los, mas os genes que determinam altura e velocidade


passaram longe da minha constituição genética. Mais tarde, quando come-
cei a estudar no seminário, troquei qualquer tipo de exercício físico pelo es-
forço desesperado por tirar notas suficientes em Grego. No final de feverei-
ro, eu lembrei que tinha prometido a Spencer, um amigo de acampamento,
que correria uma maratona com ele em Forth Worth.
Quando eu e outros quatro mil “corredores” aparecemos naquela ma-
nhã fria e chuvosa de sábado no Texas, lembrei que não tinha treinado
nenhum dia nos últimos oito meses! “Pra quê?”, pensei eu, achando-me um
experiente e indestrutível guerreiro de vinte e quatro anos. É claro que eu
não ia me desgastar por uma insignificante maratona de 42 quilômetros.
Sem saber nada de corridas de longa distância nem do conceito de “carga
de carboidratos”, imaginei que a melhor coisa era manter o estômago vazio;
por isso naquela manhã comi apenas uma rosquinha e tomei uma xícara
de café.
Com o tiro de largada, eu, ingênuo, larguei na frente de todo mundo,
achando que seria um dos primeiros finalistas. Eu olhava para a multidão
atrás de mim e pensava, “Vocês vão correr ou não?” Mas não demorou cinco
minutos até que eu caísse na real, diminuísse a velocidade, e hordas de cor-
redores começassem a me ultrapassar. Foi um milagre eu ter sobrevivido aos
35 quilômetros, quando bati de frente com o famoso “muro”. Três vezes, os
médicos que estavam ali para socorrer corredores exauridos me alcançaram
para me chacoalhar e perguntar se eu conseguiria terminar a corrida.
Naquela competição eu tive bastante tempo para pensar em minha
vida. Com os pulmões quase explodindo e cada osso e músculo gritando de
dor, meu único pensamento era, “Como eu pude ser tão tolo e arrogante de
pensar que conseguiria terminar uma maratona sem ter treinado?”. Acabei
a maratona; na verdade foi ela que acabou comigo. Fiquei sem andar direito
por semanas: cada osso parecia deslocado, cada músculo em frangalhos.
Eu era como um velho se arrastando pelo campus.

A LONGO PRAZO: TREINE AGORA


Levantar sustento é como uma maratona. Se você acha que o Senhor
quer você servindo em tempo integral por vários anos, você precisa de trei-
namento. Seja ensinável, prepare um plano e busque o conselho de pessoas
que já têm sustento completo. Faça isso antes de começar a corrida. Os pró-
ximos três, seis ou nove meses vão parecer uma corrida de curta distância,
com sua agenda diária cheia de orações, ligações e encontros, manhã, tarde
22 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

e noite. Aceite, porém, o fato de que você está na primeira linha de uma
maratona: a tediosa e constante tarefa de construir e manter uma equipe
saudável e duradoura de parceiros de ministério.
Se você quer ser bem-sucedido em levantar
sustento para o seu ministério, e por que não, para
“A vontade de vencer
não é nada até que a vida, você precisa fazer o que é necessário. A ma-
você tenha vontade de neira de você abordar esse processo afetará sua vida,
se preparar.” ministério, casamento e família. Estabeleça pa-
Um campeão da drões elevados para si mesmo. Os dividendos serão
Maratona de Boston surpreendentes, se você estiver disposto a investir
sua própria vida agora, e de modo pleno!

SEU PRESENTE ESTADO EMOCIONAL


Como você se sente quanto a levantar seu sustento, neste momento?
Cheque suas emoções: o que você acha da assustadora ideia de pedir às
pessoas que invistam em você e no seu ministério? Qual ponto da escala
representa sua atitude?1

Resistência---Fardo Opressivo---Parte do Trabalho---Privilégio---Engajamento

RESISTÊNCIA: Você detesta a ideia de pedir dinheiro? No mínimo,


você a vê como um “mal necessário”?
FARDO OPRESSIVO: Você não detesta a ideia, mas a recebe como
um peso esmagador sobre os ombros.
OSSOS DO OFÍCIO: Levantar sustento não é bom nem ruim, é neu-
tro. Se a organização ou agência missionária exige, vamos fazer.
PRIVILÉGIO: Convidar e envolver pessoas na extensão e na expansão
do reino de Deus é nobre e honroso. Sua atitude é positiva.
ENGAJAMENTO: Você não vê a hora de começar e se sente a todo
vapor.
Independente de onde você esteja nessa escala, você tem a disposição
de caminhar para a direita? Se eu conseguir empurrar seu estado emocional
um ou dois pontos na escala, eu me sentirei bem-sucedido.
Eu mesmo já tive todas as emoções da escala. Na verdade, há dias em
que eu tenho múltiplas personalidades lutando entre si, variando entre a
1
Peguei este esquema de um curso ministrado por Scott Morton, dos Navigators: 4:10 Solution
Support Raising Training Sessions, em Colorado Springs, março de 2000. Ele o chamou de
“Barômetro de Aceitação do Levantador de Sustento”. Bom nome!
O BOTÃO 23

resistência e o engajamento. Não se sinta só. O Senhor está com você. Pedir
que Deus opere em seu favor antes, durante e depois de cada encontro afe-
tará profundamente você e a pessoa com quem você conversar.

O PEDIDO DIVINO
Tom Stickney e eu conversamos bastante sobre levantar sustento.
Na época, ele estava lutando por isso na base da sua missão, no Quênia.
Stickney tem alcançado universitários do leste da África por anos. Quando
ele começou a compartilhar comigo sua perspectiva, eu me senti desafiado.
Ele disse, “Eu fui chamado para ser fiel, mas não é minha tarefa levantar os
recursos. É tarefa de Deus. Meu chamado, meu ministério, a pessoa a quem
peço, os recursos dela, tudo é de Deus. Por isso, quando vou me encontrar
com alguém para tentar levantar recursos, lembro a mim mesmo que não é
um pedido do Tom. Antes, é um pedido divino”. Fascinante! Eu nunca con-
segui tirar da cabeça essa ideia com relação a sustento. Em cada encontro
marcado, há três pessoas presentes: você, seu possível mantenedor e Deus.
E é assim que o esquema se desdobra.

O PAPEL DE QUEM LEVANTA O SUSTENTO


Stickney descreve o poder dessa abordagem. “Eu sou apenas um me-
diador que tenta conectar o povo e
os recursos de Deus com o plano
dEle. Isso desfaz toda a pressão. O Deus
Senhor chama alguns de nós para
serem missionários no Quênia, e Pede
pergunta
onde
outros para ministrar a universitá- provisão
investir
rios nos Estados Unidos. Outros,
talvez, vão usar terno e gravata e
passar a vida investindo capital e
possível
comprando imóveis. Uma vez que Obreiro Convida a invistir mantenedor
entendemos que estamos todos no
mesmo jogo, o resultado é um só.
Nós apenas desempenhamos o papel que Deus nos designou, cumprindo
fielmente o Seu propósito para a nossa vida.”
Nós vamos até Ele para suprir nossas necessidades, nossos recursos, nos-
so combustível para o ministério. Oramos e pedimos a Ele antes de pedir a
qualquer outra pessoa. Falamos com Deus sobre os recursos dEle antes de
falar com qualquer pessoa sobre os recursos dela. Esse tipo de levantamen-
to de sustento tem como propulsora uma visão, num mundo guiado por
24 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

orçamentos. Ele acontece no sentido vertical, e não no horizontal. Eu não


ouso somente me dirigir ao doador e pedir. Eu sempre peço primeiro a Deus.

O PAPEL DO POSSÍVEL DOADOR


1Crônicas 29.14 confirma a fonte de todo recurso. “Mas quem sou eu,
e quem é o meu povo para que pudéssemos contribuir tão generosamente
como fizemos? Tudo vem de ti, e nós apenas te demos o que vem das tuas
mãos”. O relacionamento de dar e receber não acontece entre o mantene-
dor e o obreiro, mas entre o mantenedor e o próprio Deus. O doador não
apenas responde ao nosso pedido. Ele também precisa pedir a Deus que
mostre onde Ele quer que o doador invista. Raymond Harris, executivo de
Dallas e autor de The Heart of Business: Solomon’s Wisdom for Success in Any
Economy (O Coração do Negócio: a sabedoria de Salomão aplicada ao sucesso em
qualquer economia), defende que nós, os crentes, não somos mordomos do
nosso dinheiro. Um mordomo é alguém que lida com o dinheiro de outra
pessoa. Todos nós administramos o dinheiro de Deus.
Consequentemente, é o Senhor que também pede a cada pessoa que você
aborda. Isso garante que a doação não seja casual nem irregular, mas fruto
de obediência e boa mordomia. Harris acredita que a mordomia bíblica re-
quer uma dupla responsabilidade. Primeiro, precisamos dar com regularidade
e sacrifício. Isso responde a questão de quanto dar, questão que todo mundo
parece focar. A segunda responsabilidade é tão crucial quanto a primeira. O
mordomo deve ser estratégico quanto a onde investir seus recursos, buscando
maximizar seu “retorno sobre investimento” espiritual.

O PAPEL DE DEUS
Minha conversa com Tom Stickney seguiu a mesma linha: “Não sou eu
pedindo que a pessoa contribua, é Deus quem pede”, ele compartilhou. Se
o Senhor decidir relocar as porções e mover alguns recursos da conta da
pessoa para a minha, é decisão dEle. É por isso que eu não preciso ficar ner-
voso diante de um encontro, nem me sentir derrotado ou rejeitado quando
a pessoa decide não contribuir.”2
Confiar no poder de Deus pode exercer sobre nós um efeito tranqui-
lizador. É Deus quem está no controle de todo o processo. Não se trata
apenas de uma pessoa pedindo dinheiro a outra. Trata-se da vontade e de-
cisão soberana de Deus ao transferir Seus recursos de um lado para outro,
da forma que Ele quiser. Ele sabe exatamente a quantia que reservou para
a humanidade como um todo, e para cada pessoa individualmente, tostão
2
De um e-mail que troquei com Tom Stickney em 12 de novembro de 2012.
O BOTÃO 25

por tostão. Como qualquer outro investidor, Ele também está buscando
o melhor “retorno sobre investimento”. O Senhor é totalmente capaz de
colocar em nossa conta a quantia certa, no momento certo, para financiar
as despesas certas.

O BOTÃO
Infelizmente, a maioria dos obreiros cristãos não sabe nada sobre esses
princípios. Você não faz ideia o que os crentes, em sua sinceridade, chegam
a cogitar para levantar sustento. Eles sonham com um tio-avô que morre
de repente e deixa para eles milhões, ou vão escondidos a casas de apostas,
apostar na loteria. “Pronto, levantei meu sustento!” Não quero nem falar
daqueles que já foram a cassinos e apostaram no jóquei.
E você? Qual a sua situação ideal? Se você pudesse apertar um bo-
tão mágico para fazer entrar em sua conta um salário completo todos os
meses, até o final da vida, você apertaria? Imagine que assim você poderia
se concentrar apenas em Deus e no ministério, sem ter que gastar tempo
e dinheiro com viagens, encontros, informativos, etc. A resposta é óbvia;
qualquer pessoa em sã consciência apertaria o botão, certo? Eu já fiz essa
pergunta a milhares de obreiros cristãos; cerca de 95% deles deram um sor-
risinho e levantaram a mão, prontos para apertar o botão ao menor sinal do
apresentador de TV. Minha oração, porém, é que, quando você acabar de ler
este livro, sua real escolha não seja apertar o botão, mas juntar-se à fileira dos
convictos que não querem viver nem ministrar de outra forma.
Isso está tão arraigado em mim que já não tenho vontade de ir a lugar
algum sem saber que posso contar com a minha equipe de apoio. De fato,
eu tenho medo de começar qualquer empreendimento ministerial sem eles!
Eu não sou tolo. Eu preciso das orações deles. Preciso do seu encorajamen-
to. Preciso prestar contas a eles. E me recuso a trocar o levantamento do
meu próprio sustento por qualquer quantia em dinheiro que seja, ou por
uma suposta “segurança”. Se você também consegue chegar a essa mesma
conclusão e convicção, creio que você sempre terá sucesso em levantar seu
sustento.
2

Os Maiores

Obstáculos
Desde que eu e minha esposa nos casamos, temos recebido alunos universi-
tários para morar conosco. Nossa estratégia sempre foi comprar ou cons-
truir uma casa bem grande perto de um grande campus e escolher a dedo
rapazes ou moças cristãos para morarem com nossa família. O motivo?
Queremos investir nesses universitários para treiná-los como obreiros para
o cumprimento da Grande Comissão. Quando o Filho de Deus visitou a
terra, de coração partido Ele clamou: “A colheita é grande, mas os trabalha-
dores são poucos” (Mt 9.37).
Nossa percepção, por vezes, é de que as pessoas não são espiritual-
mente responsivas, mas esse versículo afirma exatamente o oposto. As
pessoas estão perdidas e necessitando desesperadamente da verdade. A
solução é mais trabalhadores: indivíduos que assumirão a responsabilida-
de pessoal de ceifar essa vasta colheita e completar a tarefa da evangeli-
zação mundial.

O MAIOR OBSTÁCULO
Se a maior necessidade são mais trabalhadores, qual o maior obstáculo
para que essa necessidade seja suprida? Em minha experiência ao longo dos
anos, a barreira mais comum para se levantar obreiros cristãos de tempo in-
tegral são questões financeiras. Dr. Ralph Winter, fundador do U.S. Center
for World Mission, calculou que todo mês, mais de 20.000 americanos
28 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

buscam oportunidades de fazer parte de várias agências de todo o país,


contudo apenas uma pequena fração (cerca de 1%) chega a uma atribuição
ministerial de longo prazo.3 Por quê? Tenho observado ao longo dos anos
que, embora essas pessoas possam se sentir conduzidas ao ministério e este-
jam muito empolgadas em ler as informações daquela agência missionária,
elas simplesmente “travam” quando se defrontam com uma pequena frase
escondida nas entrelinhas: “Cabe ao missionário levantar o próprio susten-
to”. Surpresas e em choque, essas pessoas abaixam a cabeça, dão meia-volta
e vão embora em silêncio.
Creio que até 90% dessas 20.000 pessoas respondem dessa manei-
ra a essa pequena, mas aterrorizante cláusula, por medo ou por não sa-
berem como levantar sustento. Isso é trágico. George Verwer, fundador da
Operação Mobilização, concorda: “Estimo que há mais de 100.000 jovens
que já fizeram um compromisso com algum tipo de serviço missionário,
mas 95% deles não chegarão a trabalhar com missões. Nós não somos ca-
pazes de ajudá-los a envolver suas igrejas e seus pais no levantamento dos
recursos financeiros de que necessitam.”4 Temos que resolver esse problema.
Precisamos descobrir uma maneira de liberar esses milhares de indivíduos
com potencial de mudar o mundo.
Assim como eu, talvez você também tenha sido tentado a abandonar seu
chamado, quando descobriu que a sua organização missionária não tinha ne-
nhum pote de ouro escondido, para pagar o seu salário. Mas você fez diferente:
você pegou a estrada menos percorrida. Você não somente tomou a importante
decisão de seguir a direção do Senhor para você – buscar um ministério de
tempo integral; você está dando o segundo passo, ainda mais extraordinário:
comprometer-se a levantar seu sustento. Que o Senhor o abençoe!

É A SUA VEZ
Scott Morton, dos Navigators, afirma: “Se você não identificar espe-
cificamente seus obstáculos a levantar 100% do seu orçamento, você irá
sabotar aquilo que Cristo quer fazer, e correrá o risco de desenvolver um
planejamento financeiro descuidado.”5 E quanto a você? Pense em alguns
3
Essas duas estatísticas foram tiradas de uma citação do doutor Ralph Winter, em 1985.
Quando dou palestras nos Estados Unidos, tomo a liberdade de arredondar o número de entre-
vistados para 20.000 por causa do significativo crescimento populacional, bem como do número
de agências e organizações missionárias e oportunidades.
4
De um e-mail que troquei com George Verwer em 2009.
5
Scott Morton, Funding Your Ministry (Colorado Springs, CO: NavPress, 2007), p. 5.
OS MAIORES OBSTÁCULOS 29

obstáculos que você já experimentou (ou teme experimentar) a conseguir


100% do seu sustento. Algumas dificuldades que as pessoas costumam le-
vantar são:

PERSONALIDADE
“Eu sou uma pessoa calada, introvertida. Não sou do tipo ‘vendedor
ambulante’, e é por isso que eu não consigo.”

ATITUDE
“Eu não estou tão certo de que Deus é grande o suficiente ou de que
eu e minha família merecemos levantar todo esse dinheiro. Eu me sinto um
coitado.”

FALTA DE CONTATOS
“Eu moro numa cidade pequena, faço parte de uma igreja pequena e
não conheço muitas pessoas. Não vou conseguir.”

MEDO
“Se eu pedir dinheiro a alguém, vou afetar totalmente minha amizade
com a pessoa. Tenho medo de ser rejeitado.”

POUCO TREINAMENTO
“O único treinamento que recebi na área de levantar sustento foi uma
breve palestra sobre como escrever cartas circulares, além de um modelo de
formulário para mandar às pessoas a cada três meses. Eu não sei por onde
começar!”

FALTA DE APOIO DA FAMÍLIA


“Meu cônjuge e meus pais têm vergonha por eu pedir dinheiro às pes-
soas. Eles acham que isso as fará perder o respeito por mim.”

NÃO SE SINTA SÓ
Victor Hugo, famoso ativista francês e autor de Os Miseráveis, escreveu,
“O futuro tem muitos nomes: para o preguiçoso ele chama-se Impossível.
Para o medroso, é o Desconhecido. Mas o corajoso o abraça dizendo: ‘Este
é meu Desafio’”. As pessoas levantam todo tipo de motivo para dizer a si
mesmas e aos outros por que não vão conseguir levantar sustento. Leia,
como exemplo, este anúncio:
30 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

Oportunidade: Igreja em processo de desenvolvimento no Meio-


Oeste procura pastor. Os candidatos devem ter curso superior e, de
preferência, ensino teológico. Espera-se que o futuro pastor peça aos
membros da igreja um adiantamento de salário e do dinheiro para des-
pesas com a mudança. Esse processo levará aproximadamente um ano
e meio, durante o qual o pastor e sua família deverão viver “pela fé”. Os
interessados nessa empolgante oportunidade deverão entrar em conta-
to solicitando um formulário de dez páginas.

Se você visse esse anúncio numa revista cristã, daria risada e checaria
para ver se não era 1o de abril. Você riria da “empolgante oportunidade”,
achando que ninguém em pleno juízo atenderia a um anúncio tão ultrajan-
te. Mas sabe de uma coisa? Você atendeu.
Você atendeu a esse anúncio aparentemente insano e enganoso. Troque
a palavra “pastor” por missionário, capelão ou qualquer outra função que
você ocupe, e veja como o anúncio descreve o caminho que você escolheu.
Mas não se sinta só. Milhares de outras pessoas já passaram por isso. Só
porque você é o primeiro da sua família ou igreja a levantar o próprio sus-
tento não quer dizer que você é uma aberração.
Nossa cultura pode tentar nos empurrar para um emprego ou ministé-
rio “de verdade”, que pague um salário de verdade, mas a ideia de obreiros
cristãos recebendo um salário garantido todo mês é um conceito predomi-
nantemente ocidental e denominacional dos últimos cem anos. A massa de
obreiros cristãos que trabalham em tempo integral pelo mundo todo são
missionários que vivem “por fé”. Em outras palavras, eles não recebem um
lindo comprovante de pagamento a cada mês. Em vez disso, vivem e minis-
tram sustentados pelas constantes ofertas que recebem de outras pessoas.

VOCÊ COMETEU ALGUM ERRO?


Se você já agiu sem sabedoria ao levantar seu sustento, não se martirize.
Quando um profissional do golfe faz uma má jogada, tenta não permitir que
ela acabe com sua rodada; antes, reflete, aprende com o erro e concentra toda sua
energia mental em fazer da próxima tacada a melhor. Eu já cometi muitos
erros. Meu consolo está na afirmação de Charles Swindoll: “Nunca é tarde
demais para começar a fazer o que é certo”.6 Lamentações 3.23 diz que a
6
Charles Swindoll, Great Days with the Great Lives: Daily Insight from Great Lives of the Bible
(Nashville, TN: Thomas Nelson Inc, 2006).
OS MAIORES OBSTÁCULOS 31

misericórdia de Deus é nova a cada manhã. Sou muito grato ao Senhor, por
me permitir começar de novo todos os dias.
Assim, quaisquer que tenham sido as burrices ou negligências que
você já cometeu com um mantenedor, não se desespere. Talvez você precise
procurar novamente mantenedores de quem você realmente não gostava,
com quem não se correspondeu devidamente ou de quem se aproximou de
maneira mais impessoal, e apenas dizer: “Lamento não ter dado a você o
devido valor. Você me perdoa? Percebi isso depois que recebi uma instrução
melhor de como me relacionar com meus mantenedores; é por isso que, de
agora em diante, quero tratar você como um valioso parceiro de ministério.
Você está disposto a me dar uma segunda chance?” Você vai se surpreender
como eles podem ser perdoadores!

PREPARE-SE PARA UMA BATALHA ESPIRITUAL


Nossa guerra não é contra carne e sangue.
Levantar sustento é uma tarefa espiritual. Ela não “A única preocupação
diz respeito a técnicas, personalidade, nem mesmo do diabo é impedir os
cristãos de orar. Ele ri
a experiência. O Senhor é o único que pode mudar
do nosso labor e zom-
o coração de uma pessoa para fazê-la contribuir. ba da nossa sabedoria,
Deus faz isso, mas Ele escolheu nos usar como ins- mas estremece quando
trumentos para esse fim. Se eu não estiver seguindo oramos.”7
o Senhor, cheio do Seu Espírito, a última coisa que Samuel Chadwick,
conseguirei fazer é pegar o telefone e marcar um escritor e ministro
encontro com um possível mantenedor. Se eu esti-
ver espiritualmente vazio, não há como sentar diante de alguém e fingir que
sou um embaixador de Cristo. Se há qualquer pecado ou fortaleza espiritual
em minha vida, devo confessar e me arrepender.7
Para mim, levantar sustento é entrar numa batalha espiritual. É um dos
maiores desafios da minha vida. Às vezes, sinto o conflito todos os dias, e
até de hora em hora. Satanás intensificará seus ataques durante esse período
crítico, quando estamos vulneráveis. “Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o
inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem
possa devorar” (1Pedro 5.8, grifo nosso). Entenda que você entrou para o
topo da lista dos “Mais Procurados” do inimigo. O objetivo dele não é ape-
nas distraí-lo, mas devorá-lo!
7
Edward McKendree e Harold Chadwick, E M Bounds: The Classic Collection on Prayer (Alachua,
FL: Bridge Logos Foundation, 2002).
32 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

Imagine se o diabo pudesse achar uma brecha na sua vida nesse frágil
momento de decisão. E se ele pudesse impedir você de conseguir 100%
do seu sustento e perseverar no ministério? Pense em quantas vidas você
não alcançaria para Cristo, porque o inimigo conseguiu colocar você “para
escanteio”. É por isso que você deve “guarda[r] o coração, porque dele pro-
cedem as fontes da vida” (Provérbios 4.23 – ARA, grifo nosso). Se eu não
mantiver minha mente e meu coração fixos no amor e no poder de Cristo,
serei uma vítima, em vez de vencedor. Não se engane. A força da sua ca-
pacidade de levantar sustento com as pessoas está diretamente ligada ao seu
relacionamento particular com Deus.
Andrew Knight, um professor de captação de recursos da Cruzada
Estudantil, confessa, “Diremos a nós mesmos qualquer coisa que nos im-
peça de levantar sustento, até uma mentira. Porém, essas mentiras vêm de
Satanás. João 8.44 ensina que ele é ‘mentiroso e pai da mentira’. Vamos
combater esse pensamento substituindo a informação falsa por conteúdo
correto. Adote uma mentalidade baseada em Romanos 12.2: ‘Não se amol-
dem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua
mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agra-
dável e perfeita vontade de Deus’”.8 Em última análise, cabe a nós deixar a
verdade ou a mentira nos controlar e determinar nosso destino.
Se você decidir começar essa jornada sozinho, você provavelmente se
tornará uma “baixa”, na sua vida com Deus e no levantamento do seu sus-
tento. Em 1792, quando William Carey estava para dedicar toda sua vida à
Índia, o famoso missionário inglês recrutou seus melhores amigos crentes
para sustentá-lo. Ele disse: “Eu desço até o fundo, se vocês segurarem firme
a corda”. Ele estava disposto a dar sua vida para alcançar os perdidos, caso
sua equipe de sustento orasse, contribuísse e se comprometesse a enviar car-
tas de encorajamento. Foi isso que aconteceu, e o resultado dessa parceria
foram quarenta anos de grande impacto.
É óbvio que a necessidade é grande. Os obstáculos são significativos. As
desculpas são muitas. O inimigo espreita. Ao longo da jornada, você passará
por muitos momentos de solidão, quando pensará em desistir. No fim, tudo
se resume a você e Deus, e às respostas que você dará às perguntas: Jesus
é o Senhor da sua vida? Foi Ele quem chamou você para essa obra? Você
dependerá da força do Senhor para se levantar, seguir em frente e assumir
a equipe de sustento completa e saudável que o Senhor quer lhe confiar?
8
CoSTART Manual for Support Raising, por Andrew Knight, p. 8.
OS MAIORES OBSTÁCULOS 33

“[A]quele que está em vocês é maior do que aquele que está no mundo” (1Jo
4.4). Para essa grande tarefa, você vai precisar fazer o pedido divino.
3

100% em

100 DIAS
Certa vez fizemos uma pesquisa informal com as cem maiores agências missio-
nárias do mundo. A pergunta era, “Quanto tempo levaria, em média, para
a sua equipe levantar 100% do próprio sustento?”9 A resposta variava entre
um ano e meio a dois anos.
Quando falo desse prazo enorme nos Estados Unidos, pergunto tam-
bém, “E quanto a você? Você gostaria de passar um ano e meio a dois anos da
sua vida levantando sustento?” A resposta é sempre um sonoro “não”. Então,
quem é responsável por criar a longa e autoimposta aflição de levantar sus-
tento? Ela normalmente começa quando o missionário recém-chegado na
agência pergunta a seu supervisor: “Quanto tempo normalmente demora
para alguém levantar sustento?”. Sem levar em conta que a pessoa se en-
contra num frágil momento de decisão, o experiente veterano responde, in-
diferente: “Humm… cerca de um ano e meio”. Com esse prazo firmemente
consolidado em sua alma, aquele novato vai cuidadosamente diminuir o
ritmo a fim de não fugir da regra!
Por outro lado, muitos dos que passam pelo nosso treinamento ficam
chocados quando sugiro que eles podem conseguir 100% do sustento em
100 dias. Quando o rei Artaxerxes perguntou a Neemias quanto tempo ele
9
Durante as conferências missionárias Urbana, realizadas pela InterVarsity Christian Fellowship
em 2003, 2006 e 2009, membros da equipe BodyBuilders foram de estande a estande fazendo
essa pergunta ao representante das agências missionárias. Podemos notar algum progresso, pois
na primeira conferência, a resposta chegava a quase dois anos, e em 2009 a um ano e meio.
36 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

levaria para terminar seu projeto de reconstrução do templo, o servo fiel


respondeu com um “prazo” (Ne 2.6). E se Neemias tivesse dado uma res-
posta mais espiritual, como “Quando Deus quiser”? Tenho impressão que
o rei não ficaria impressionado. Detalhe: Neemias conseguiu a façanha de
terminar a obra em apenas cinquenta e dois dias.
Se você quiser adotar um prazo tão curto quanto cinquenta e dois dias
para levantar todo o seu sustento, você vai precisar cumprir cinco exigên-
cias. O obreiro cristão precisa buscar:
• O treinamento certo
• A perspectiva certa
• A abordagem certa
• A prestação de contas certa
• Estar disposto a trabalhar em tempo integral10

Se unirmos muito trabalho duro às bênçãos de Deus, creio que a maio-


ria dos obreiros cristãos será capaz de levantar seu sustento em três a seis
meses, ou no máximo um ano.

TOMANDO A FRENTE
Eu não sei quanto tempo normalmente sua equipe leva para levantar
todo o sustento de que ela precisa, mas gostaria de ao menos concordar que
não adotássemos um ano e meio a dois anos como padrão. E se você que-
brasse o paradigma em sua agência missionária? E se você estabelecesse um
novo ritmo ao buscar com diligência e paixão o alvo de conseguir todo seu
sustento em três, seis ou nove meses, em vez do longo e cômodo prazo de
um a dois anos? Deus poderia usar você para revolucionar toda sua organi-
zação missionária e traçar um novo rumo para o seu ministério!
Você acredita que Deus deseja que os obreiros cristãos vão logo para o
campo missionário, e com sustento completo? Você pode estar pensando,
“Talvez… mas 100% em 100 dias?”. Não fique chocado. O pastor Steven
Furtick afirma, “Se o tamanho da sua visão não o intimida, há grande chan-
ce de ela ser um insulto a Deus”.11 Por isso o meu desafio de você completar
10
Para mais informações sobre como fazer a transição de se dedicar parcialmente a levantar sus-
tento até todo seu tempo (e ainda pagar suas contas), leia o capítulo 22 do meu livro ViewPoints:
Fresh Perspectives on Personal Support Raising. O capítulo se chama Full or Part-time Support
Raising: Which Approach ir Right for You? (Levantar Sustento em Tempo Parcial ou Integral: qual
a melhor abordagem para você?).
11
Steven Furtick, Sun Stand Still: What Happens When You Dare to Ask God for the Impossible
(Random House Digital Inc., 2010), p. 7.
100% EM 100 DIAS 37

essa tarefa em 100 dias não é nenhum truque, mas também não é garantido.
Alguém pode lhe dizer que 100% em 100 dias é impossível, mas para Deus
nada é impossível.
Mesmo assim, não posso dizer que você falhou caso leve mais do que
100 dias. Compartilho esse conceito para esticar sua fé e oferecer outro
padrão para seus alvos de oração e busca por sustento. Você pode optar por
duzentos ou até trezentos dias para levantar tudo o que precisa. Isso não
é necessariamente ruim, pois o mais importante é fazer como Neemias e
definir uma data para começar e para terminar – por você mesmo e por seu
mantenedor.12 Obviamente, aqueles que estão arrecadando quantias maio-
res ou levantando sustento em tempo parcial vão levar mais tempo. Apenas
não deixe que aquilo que as pessoas chamam de tempo “normal” controle
você. Quebre o paradigma. Deus irá à sua frente.
Acredite ou não, conheço alguém que conseguiu 100% do sustento em
duas semanas! “Como?”, você pode perguntar. Essa pessoa marcou setenta
encontros em duas semanas! Na verdade, ninguém lhe deu uma resposta
negativa! Você lhe diria “não? Se você soubesse de alguém tão organizado,
tão dedicado, tão responsável e esforçado, você não se sentiria motivado a
investir nessa pessoa? E não se engane: A maneira de alguém lidar com o
levantamento do próprio sustento é um grande indicador de como ela vai
conduzir seu ministério.

A MAIOR PREPARAÇÃO PARA O MINISTÉRIO


Você compreende que o mesmo material necessário para se começar
um ministério do zero é também exigido para quem busca uma equipe
completa de mantenedores? Você tem:
• Fé em Deus e convicção do seu chamado?
• Muito amor pelas pessoas?
• Ímpeto de se preparar adequadamente?
• Disposição de planejar e administrar seus compromissos?
• Uma firme ética de trabalho?
• Fidelidade em dar seguimento a todos os seus compromissos?
12
Alguns instrutores de captação de recursos estabelecem “prazos de encorajamento” para estimu-
lar a pessoa a alcançar diferentes marcos. Por exemplo, se o prazo estipulado para levantar sustento
fosse oito meses: 25% em dois meses seria “um bom começo”; 50% em quatro meses seria um “acho
que você vai conseguir”; 75% em seis meses faria o instrutor dizer que agora que Deus os trouxe
até aqui, concentrem-se na “reta final” (não se, mas quando chegarem aos 100%); se conseguissem
sustento completo no prazo, comemorariam com um jantar fora. É claro que você vai querer come-
morar os 100% independente do prazo, quer eles tenham conseguido antes ou depois.
38 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

• A irredutível tenacidade de jamais desistir, qualquer que seja o obs-


táculo ou dificuldade?

Esses requisitos são indispensáveis para o sucesso em levantar sustento,


assim como para o ministério de forma geral. Os dois últimos merecem
ainda mais atenção. Um compromisso radical com a fidelidade, fruto do
Espírito, realmente produz resultados. Há exemplos bíblicos e históricos
de gente que nunca desistiu, mesmo em meio a reveses intransponíveis.
Há diversas passagens que nos exortam a sermos perseverantes e resolutos
em nossa fidelidade a Deus e às pessoas.
• Provérbios 20.6: “Muitos se dizem amigos leais, mas um homem fiel,
• quem poderá achar?”
• Lucas 16.10 “Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito”

É incrível como perseverar durante todo esse processo de levantar sus-


tento serve de treinamento e preparação para toda a nossa vida e ministé-
rio – mais ainda do que qualquer aula ou currículo. Eu creio tanto que o
Senhor não quer que percamos essas lições que, se um bilionário me ofe-
recesse pagar o salário de toda a minha equipe, eu educadamente recusaria.
Sim, eu consideraria dispor esse fundo para outros projetos ministeriais,
mas não privaria minha equipe do incrível crescimento espiritual de levan-
tar o próprio sustento. Eu também não roubaria de milhares de doadores
a recompensa eterna de serem abordados por nossos missionários com o
desafio de investir no Reino de Deus.

O MAIOR PRÉ-REQUISITO PARA O MINISTÉRIO


Anos atrás, quando uma das nossas organizações estava apenas come-
çando, decidimos começar a subsidiar nossa equipe. Nossa racionalização
era que a economia ia mal, as igrejas estavam sem dinheiro e o novo pessoal
era muito jovem. Consequentemente, estabelecemos um plano de arrecada-
ção gradual, pelo qual os missionários levantariam um terço do sustento no
primeiro ano, dois no segundo e o restante no terceiro ano. Fizemos tenta-
tivas e adaptações aqui e ali, mas nunca funcionou. Assim que o subsídio se
esgotava, o membro da equipe saía de fininho. Percebemos, então, que faz
parte da natureza humana levantar apenas o sustento que precisa levantar.
Essa forma de facilitar a vida dos crentes pode gerar uma dependência que
não é saudável.
100% EM 100 DIAS 39

Percebemos que a situação tinha chegado ao limite quando um mem-


bro do conselho declarou, “Se um missionário nosso não tem a disposição
nem a capacidade de levantar todo seu sustento ‘do zero’, como podemos
esperar dele a disposição e a capacidade de começar e estabelecer um minis-
tério ‘do zero’? Levantar todo o sustento deveria ser um pré-requisito para
entrar para a nossa equipe!”. Uau! Aquilo nos convenceu de forma defini-
tiva. Desde então, nosso propósito tem sido não oferecer nenhum subsídio.
Em nossa experiência temos visto que, quando uma organização requer
de seu pessoal que levante todo o sustento de que
precisa, ela também está atraindo líderes fortes – e “Sentimentos não são
às vezes afastando os fracos. fatos. Você não tem
Quanto tempo vai levar para você conseguir que acreditar em tudo
o que diz a si mesmo!”13
todo seu sustento? A resposta está dentro do seu
coração, e normalmente é uma profecia autorreali- Rick Warren,
pastor e escritor
zável. Se você se permitiu acreditar que o processo
vai durar um ou dois anos, o que você acha? É isso
que vai acontecer! Mas por que se trancar nesse pensamento? Suba mais
alto, estabeleça alvos mais elevados, junte todas as suas forças e abrace novos
desafios. Mostre ao Senhor, à sua família, aos seus amigos, aos colegas de
trabalho e a possíveis mantenedores que você vai se esforçar para concluir
essa tarefa em bem menos tempo. Por quê? Porque você está levando muito
a sério a ideia de começar logo o seu ministério, e plenamente suprido!13
Alguns cristãos começam a levantar sustento incertos de que é isso que
Deus realmente quer. Por isso, a atitude deles é, “Se essa for a vontade de
Deus para mim, ele vai mandar o dinheiro”. Essas pessoas raramente che-
gam ao campo missionário, pois todo mundo que precisa levantar sustento
encontra em sua jornada momentos de desânimo, quando as coisas não
dão certo e vem o desejo de desistir. Nesses momentos de vulnerabilidade,
nunca tente decidir se Deus realmente o chamou. Em vez disso, continue
firmado na certeza do chamado que você já tem.
Um obreiro assumiu o objetivo de levantar pelo menos 1% de todo seu
sustento por dia, em 100 dias. Isso o deixou tão motivado em suas aborda-
gens que as pessoas faziam qualquer esforço para participar de seu grupo de
mantenedores e ajudá-lo a atingir sua cota diária. Ele conseguiu todo seu
sustento em menos de 100 dias! Porém, para alcançar esse tipo de resultado,
você vai precisar de novos paradigmas. Como o que vou contar agora.
13
Rick Warren, tweet de 12 de agosto de 2012, https://twitter.com/RickWarren/sta-
tus/234817891684470785 (link indisponível).
40 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

UMA HISTÓRIA REAL: 100% EM 92 DIAS


Kristin é uma mulher solteira na equipe do ministério de mobilização
acadêmica Every Ethne. Ela se preparou para participar de um treinamento
de dois dias sobre captação de recursos. Ela garantiu dez amigos para orar
fielmente por ela enquanto levantava seu sustento, e recrutava um deles por
semana para prestar contas. Os resultados foram:
• Depois de se preparar adequadamente, Kristin começou a buscar
sustento em 29 de junho.
• Ela enviou 180 cartas ou e-mails, seguidos por ligações telefônicas.
• Ela passou 39 horas no telefone marcando encontros.
• 29 pessoas não quiseram se encontrar para conversar. 101 aceitaram
e se encontraram individualmente com Kristin.
• Dos 101 encontros, 60 pessoas assumiram um compromisso mensal,
22 deram ofertas únicas e 19 disseram não.
• Ela conseguiu 100% do planejado em 1 de outubro (não apenas pro-
messas, mas o dinheiro na mão!)

Por que essa não pode também ser sua história?


4

Novos

PARADIGMAS
Não é de admirar que Kate não conseguia levantar todo seu sustento. Cada vez
que ela pegava no telefone para fazer uma ligação marcando uma conversa,
uma tempestade de dúvidas inundava sua mente. Ela tinha certeza que a
pessoa não aceitaria sentar para conversar, e imaginava uma lista de razões.
Ela se achava demasiadamente jovem, inexperiente e tímida. Ela era uma
administradora, não uma missionária de campo. Ela não tinha se formado
na faculdade, nem estudado num seminário. As pessoas sabiam que seus
pais tinham dinheiro e poderiam bancá-la. Sua reputação antes de se tornar
cristã a atormentava constantemente. Ela tinha sérias dúvidas se era bíblico
pedir sustento, e ninguém tinha tirado um tempo para mostrar a ela como
fazê-lo. Ela se sentia totalmente inadequada.
Assim como Kate, todos nós temos uma música triste, que começa a
tocar no fundo da nossa mente quando pensamos em levantar sustento.
Essas melodias nos enfraquecem, e por isso precisam ser substituídas por
outras mais novas e saudáveis. Quer você seja um veterano em levantar
sustento ou esteja ainda no estágio inicial de considerar o ministério de
tempo integral, você pode ser tentado a “ligar o som” e ouvir as músicas
erradas. Eu entendo. A decisão de simplesmente começar, e sair em bus-
car de sustento é enorme. Às vezes, ajuda adotar um novo paradigma, um
novo padrão ou modelo de ação. É hora de você se comprometer a permi-
tir que as verdades das Escrituras deem forma a esse novo paradigma, no
42 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

lugar da opinião das pessoas e das suas próprias percepções e experiências.


Precisamos nos certificar de que estamos cantarolando a melodia certa.

DÊ UM SALTO DE FÉ
O escritor e sociólogo Tony Campolo fez uma pesquisa com um grande
número14 de pessoas de mais de noventa e cinco anos, na qual perguntou: se
você pudesse refazer sua vida, o que faria diferente? Uma das três respostas
mais frequentes era que aqueles idosos teriam assumido mais riscos. Ao re-
fletir sobre isso, decidi que não queria um dia olhar para trás e lamentar que
fui cauteloso demais e que fiquei no camarote vendo outras pessoas darem
o máximo de si, enquanto eu não fiz o mesmo.
Dar um passo de fé para levantar seu sustento poderá transformar sua
vida para sempre, e certamente estabelecerá um precedente. John Eldredge,
em seu excelente livro Dare to Desire, compartilha: “Deus engendrou o
mundo para que só funcione quando abraçamos o risco como tema da nos-
sa vida, quando vivemos por fé. Todas as nossas tentativas de encontrar uma
vida mais segura e de viver pelas expectativas dos outros acaba matando a
alma”.15 Em seguida, faz uma pergunta penetrante, “Se você tivesse a per-
missão de fazer o que realmente deseja, o que faria? Não pergunte como;
essa pergunta neutraliza o desejo. Como nunca é a pergunta certa. Como é
uma pergunta incrédula, que significa ‘Se eu não tiver uma visão clara do
que está adiante, não correrei o risco’”.16
Você lembra como Hebreus 11.1 define fé? “Ora, a fé é a certeza da-
quilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.” A definição do
dicionário para a palavra “esperança” significa “um desejo alimentado pela
expectativa de cumprimento”. Não, você ainda não tem diante de si um
time inteiro de fiéis mantenedores. Você ainda parece longe da realidade de
40, 60 ou mais de 80 indivíduos e duas, quatro ou mais de seis igrejas em
parceria com você para investirem regularmente. Mas é aí que entram a fé e
a esperança. Não deixe ninguém extinguir sua determinação de levantar ra-
pidamente todo seu sustento, dizendo coisas negativas como, “Não alimen-
te muito as esperanças”. Quando você e eu cremos em Deus para aquilo
14
Palestra de fevereiro de 2006, para a Convenção Nacional de Pastores em San Diego, Califórnia.
A maioria das respostas à pergunta se encaixa em três categorias: 1) Refletir mais, 2) Arriscar
mais, e 3) Fazer coisas que durem após minha morte.
15
John Eldredge, Dare to Desire: An Invitation to Fulfill Your Deepest Dreams (Nashville, TN:
Thomas Nelson Inc, 2002).
16
Ibid.
NOVOS PARADIGMAS 43

que ainda não conseguimos ver nem experimentar, Ele desenvolve em nós
a segurança, a convicção e a “expectativa de cumprimento” de que Ele fará.
Portanto, nunca devemos pronunciar a fraca frase, “se eu levantar meu
sustento”, mas somente a frase forte e confiante, “quando eu levantar”.
Eu tento não deixar minha mente se distrair com a possibilidade de fracas-
so. Eu nem mesmo a considero. Eu queimei todas as minhas pontes, todas
as minhas rotas de fuga e desculpas; minha única opção é seguir em frente,
a toda velocidade! Por isso, não falo que não consegui todo meu sustento;
apenas falo que consegui 71% dele e que avanço a todo vapor! Você pode
sentir que está no meio de uma frenética corrida de cem metros rasos, mas
na verdade você está à frente de uma maratona. Minha oração é que você
dedique os próximos dez, vinte ou até mais de quarenta anos convidando
outras pessoas a serem seus parceiros de ministério, investindo financeira-
mente e em oração.
Peço a Deus que você mude a forma de olhar para si mesmo. Peço que
você passe a se ver como um “recrutador cheio do Espírito Santo”, com-
prometendo-se a passar o resto da vida convidando as pessoas a investirem
tempo, talentos e tesouros no cumprimento da Grande Comissão em todo
o planeta. Eu creio que o Espírito Santo é um recrutador. Ele passa todo
Seu tempo convencendo, desafiando e persuadindo pessoas a empenharem
a vida e os recursos na pessoa e nos propósitos de Jesus Cristo. Se estiver-
mos cheios do Espírito, nós nos uniremos a Ele nesse eterno propósito de
envolver pessoas no ministério, para a glória de Deus.

COLOQUE SEU FOCO EM JESUS


Hebreus 12 nos chama a “[ter] os olhos fitos em Jesus, autor e consu-
mador da nossa fé” (Hb 12.2). É isso que me ajuda a levantar de manhã e
a lidar com os desafios e dificuldades. A cada manhã, eu reflito sobre uma
pintura em meu escritório que retrata a cena de Apocalipse 7.9. Cristo, o
Cordeiro de Deus, está sentado no trono no céu, e crentes de toda tribo,
língua, povo e nação O adoram por toda a eternidade. Esse é o clímax de
toda a história, a linha de chegada, o último exame para mostrar pelo que
trocamos nossa vida. Meu alvo não é apenas estar lá e adorar o Cordeiro
pessoalmente, mas dedicar minha vida a levar o máximo de pessoas comigo!
E eu sei que esse também é o seu desejo; você não tem a intenção de
aparecer no cenário de Apocalipse 7.9 sozinho. Aqueles que você levou a
Cristo ou discipulou estarão ao seu lado, além daqueles que eles levaram
a Cristo e discipularam. Além disso, todos os crentes que oraram por você
44 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

ou investiram financeiramente em você e em seu ministério o acompa-


nharão. Eles também estarão com você em volta do trono. Eles foram fiéis
em prover os meios pelos quais você pôde alcançar outros. No que diz
respeito aos galardões eternos que receberemos, essas pessoas também não
participam da emoção? Elas têm todo o direito de estar ao nosso lado,
gozando do amor de Jesus e do incrível fruto que Ele produziu em e por
meio de todos nós. Esse é realmente um trabalho de equipe, uma parceria
de ministério.
Nós não podemos terminar essa obra sozinhos. É por isso que o Senhor
a projetou de forma a envolver três pessoas na edificação do Seu reino, e
para isso Ele nos chamou. Você pode estar se sentindo só, mas o Senhor
Deus está do seu lado, limpando o caminho para você a cada passo. Ele é
a primeira pessoa. A segunda é você. Você precisa ser um fiel parceiro de
Deus, e fazer sua parte. Para isso, tome cuidado para não esquecer o terceiro
parceiro de equipe: seus mantenedores. Você pode achar que eles não estão
tão interessados, mas estão. Eles oram e investem financeiramente em você
e no seu ministério porque se importam.
O rei Salomão afirma em Eclesiastes 4.9 que é melhor serem dois do
que um. Mas no versículo 12 ele vai além, e diz que, se é bom serem dois,
três é ainda melhor. “Um cordão de três dobras não se rompe com facili-
dade”. Isso me faz visualizar uma corda longa e grossa, bem tecida e firme,
que nunca se parte nem deixa na mão. Em minha mente, uma dessas do-
bras representa o próprio Deus. A segunda dobra é você. E a terceira? Seus
notáveis parceiros de ministério. Se você decidir entrelaçar para sempre
essas três pessoas essenciais, a corda será tão forte e resistente que o levará
direto para a eternidade! Decida hoje focar Apocalipse 7.9 como linha de
chegada, e trabalhe de forma a chegar lá. Junte-se a Deus, dedicando sua
vida a convidar outras pessoas a lançarem as sortes com você, para atingir
a linha de chegada com uma mul-
tidão de parceiros eternamente
Deus gratos por você tê-los incluído em
seu ministério.
Pede
pergunta É aqui que entra a proposta
onde
provisão
investir deste livro. Haverá encontros em
que será mais apropriado sacar
este diagrama de forma humilde
possível
e respeitosa para mostrar a um
Obreiro Convida a invistir mantenedor possível mantenedor os papéis
das três pessoas envolvidas no
NOVOS PARADIGMAS 45

processo. Tenho amigos que gostam de fazer assim, para em seguida per-
guntar, “Eu sei que você pede que Deus lhe mostre onde investir. Se investir
em nós e em nosso ministério se encaixa em seus alvos de contribuição,
ficaríamos honrados com sua parceria, ajudando com uma quantia mensal
de 100 a 250 dólares17”.

NOVATO OU VETERANO?
Se você está apenas começando no ministério, você pode estar no meio
de uma crise de fé e medo – principalmente medo do desconhecido. Com
certeza, tudo isso é uma grande e empolgante novidade, mas provavelmente
há também uma mistura de total terror!
Se você é um veterano no ministério e tem se esquivado já há um bom
tempo, seu medo provavelmente não é do desconhecido, mas do que você já
conhece! Em outras palavras, você sabe exatamente quais são os desafios de
se conseguir e manter 100% do sustento, e isso já mexeu muito com você.
Talvez ficar sem sustento por muito tempo tenha limitado seu ministério
ou atrapalhado a alegria do seu casamento. Talvez isso tenha afetado nega-
tivamente a visão que seus filhos têm do ministério ou de levantar sustento.
Mas não desista!
Anos atrás, durante um treinamento que eu dei, um homem de ses-
senta anos começou a chorar. Durante o intervalo, perguntei se estava bem,
e se eu tinha dito algo que o aborreceu. Ele olhou para baixo, depois sus-
surrou, “Não, eu só queria ter recebido esse treinamento há trinta anos.
Eu teria poupado meu casamento e minha família de muita tensão e so-
frimento!” Por todos esses anos, uma das minhas maiores motivações em
equipar obreiros cristãos a conseguir sustento completo é ajudar a fortalecer
o casamento e o lar deles.
Howard Hendricks dizia que até 90% dos divórcios se devem, ao me-
nos em parte, a pressões financeiras.18 Isso é grave, mas eu creio que Deus
quer que você viva e ministre com sustento completo e não tenha que expe-
rimentar a esmagadora pressão financeira que tantos casais enfrentam. Você
não acha que o casamento dos ministros em tempo integral já tem pressões
o bastante, além do fardo das dificuldades financeiras?
17
Nota do Tradutor: Este livro foi escrito primeiramente para o público americano. A adaptação
de moeda e valores pode ser feita pelo leitor de outras culturas, sem prejuízo para a interpretação
do conteúdo.
18
Howard Hendricks – anotações de aula de outono de 1982 para a matéria Lar Cristão, no
Seminário Teológico de Dallas.
46 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

LEVANTAR SUSTENTO EM TEMPO PARCIAL OU INTEGRAL?


Uma decisão que talvez você precise apresentar ao Senhor é se você
vai se concentrar totalmente em compor sua equipe de sustento ou fazê-lo
em tempo parcial, sem deixar de estudar ou trabalhar. Quando um novo
obreiro decide que, para se concentrar em conseguir sustento, não vai mais
depender de uma entrada regular para pagar as contas, pode ser chamado
de tolo ou fanático por colegas, familiares e líderes espirituais – especial-
mente se não têm nenhuma outra fonte aparente de renda. Esses obreiros
sentem o chamado ao ministério, mas ficam divididos entre dois mundos –
não querem abrir mão de uma fonte antes de ver outra fonte fluindo. Como
resultado, seus esforços se resumem a tentar encaixar algumas conversas na
sua agenda semanal de trabalho. Esse plano parece ser o mais “sensível”,
mas tem sérias desvantagens. Algumas delas são:

O PRAZO PARA CONSEGUIR SUSTENTO COMPLETO PODE DOBRAR OU TRIPLICAR


Alguém que dedique todo seu tempo a levantar sustento consegue mar-
car dez a trinta conversas por semana com possíveis mantenedores. Mas al-
guém que continua dedicando as melhores trinta ou quarenta horas da
semana aos estudos ou a um trabalho secular não terá tempo nem energia
para marcar e comparecer a dez encontros. O trabalho de seis meses pode
facilmente se estender a um ano e meio ou dois. Também tenho percebido
que a taxa dos que “caem fora”, isto é, aqueles que desistem de continuar
levantando sustento, é consideravelmente maior entre os que se dedicam à
tarefa em tempo parcial.

VOCÊ E OS SEUS MANTENEDORES PERDERÃO O SENSO DE URGÊNCIA


Doadores hesitam em tomar parte no sustento de alguém a não ser
que percebam que o novo missionário realmente precisa de ajuda. Por quê?
Por que doadores desejam investir em ministério; eles não estão interessados
em participar de campanhas de levantamento de fundos, nem em engordar
a conta de alguma organização visando um ministério que ainda nem existe.
Poucos são tocados a participar fervorosamente de uma equipe de sustento
a não ser que sintam estar sustentando um homem (ou mulher) que já está
“no ministério”, trabalhando diligentemente com um único objetivo.
Uma ideia ousada que algumas pessoas adotam ao levantar sustento é
marcar um encontro com alguns amigos íntimos e com possíveis mante-
nedores mais significativos, e compartilhar com eles o enorme passo de fé
que você está pensando em dar. Compartilhe seu desejo de abrir mão do seu
emprego e salário para se dedicar exclusivamente a levantar todo o sustento
NOVOS PARADIGMAS 47

de que precisa para ir logo para o campo missionário. Ao demonstrar a eles


sua coragem e sacrifício, você ganhará credibilidade para pedir que consi-
derem se tornar seus parceiros, ofertando, desde já, um valor significativo.
Esse dinheiro cobrirá seu custo de vida e dará a você uma janela de três, seis
ou nove meses para se concentrar em levantar sustento.
Eu sei que parece aterrorizante e irracional abrir mão de “algo certo”
para tentar agarrar o que ainda não se vê. Mas se Deus levar você a isso, seu
caminho pode exigir passos maiores de fé nos próximos anos. O antropólo-
go Ralph Blum desafia: “Toda pessoa terá na vida pelo menos um momento,
que se ela perceber e aproveitar, mudará para sempre seu destino. Esse mo-
mento poderá ser um desafio a um salto de mãos vazias no escuro”.19 As ve-
zes em que eu me arrisquei nesse tipo de passo de fé foi quando vi Deus se
manifestar com mais frequência.

PRÓS E CONTRAS DE UM CÔNJUGE QUE TRABALHA FORA


Será que você deve levantar todo o seu sustento, uma vez que você tem
um marido ou esposa que trabalha e tem a própria renda? Sua agência
missionária pode ter sua própria política, ou a decisão pode cair nas suas
mãos e do seu cônjuge. Eu creio absolutamente que o marido e a esposa
são “dignos do seu salário”, mas saiba que há doadores que hesitam em dar
quando a pessoa é casada com alguém bem empregado e que ganha bem.
Eles podem questionar se há uma necessidade legítima de levantar outro
sustento completo quando o casal já tem uma renda substancial.
Outro fator é que você pode não se sentir tão motivado a levantar todo
seu sustento, por saber que há um segundo salário no qual se apoiar. Alguns
doadores preferem contribuir com um casal em que ambos os cônjuges pas-
sam a maior parte do tempo trabalhando no ministério. Essa pode ser a
condição ideal, que pode ser útil processo de levantar sustento, mas não
precisa ser a norma.20
Lembre-se: em tudo isso, o paradigma mais inovador e eficaz que você
e eu podemos abraçar está em Salmo 138.3: “Quando clamei, tu me res-
pondeste; deste-me força e coragem”. A cada momento do dia, precisamos
ir ao Senhor do universo e pedir a Ele. Ele irá na nossa frente. Ele nos
libertará. Ele Se mostrará poderoso. Ele nos dará tudo que precisamos.

19
Ralph Blum, The Book of Runes (New York: Macmillan, 2008), p. 135.
20
Para obter mais ajuda sobre o assunto, leia o capítulo 24 de ViewPoints.
5

Aposte

TUDO
O ano era 1517, e Hernando Cortez e seus três navios de soldados saíram da
Espanha para conquistar o México. Quando, por fim, eles chegaram na
baía do México, pequenos barcos transportaram os soldados até a praia,
onde se preparariam para marchar até a capital do império asteca e der-
rotar as forças do rei Montezuma. Quando todos os soldados estavam
na praia, Cortez fez sinal para que alguns homens remassem de volta
aos navios. Enquanto os soldados olhavam, sua curiosidade se transfor-
mou em horror quando os soldados acenderam tochas e as arremessaram
no convés dos três navios. Os soldados ficaram mudos, de boca aberta
e olhos arregalados, entendendo que nunca mais veriam seu país e suas
famílias. Eles não tinham mais escolha a não ser dar meia volta, seguir
Cortez para o coração da batalha, esmagar o inimigo e vencer a guerra.
Não havia retorno. Eles tinham que apostar todas as fichas que tinham,
ou não apostar nada.
O mesmo acontece conosco. Satanás, o mundo e até sua própria car-
ne lhe dirão que você não consegue levantar sustento, ou que você não
deve levantar sustento. Não acredite nessas mentiras. Elas são o engano
do diabo, do mundo e da carne. A palavra “impossível” é usada como
desculpa para as pessoas desistirem ou se esconderem. Agora é a hora de
se livrar de qualquer rota de fuga. Encare a tarefa com coragem e aposte
tudo. Considere estas duas perguntas cruciais:
50 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

• Por quanto tempo você pretende servir num ministério de tempo


integral?
• Quão saudável e eficaz você quer que seja o seu ministério?

A primeira pergunta é legítima. Você pode pensar em servir por um ou


dois anos, ou pelo resto da vida! Qualquer que seja o seu mandato, todos nós
queremos que nosso ministério seja saudável e eficaz. Por que são poucos os
que alcançam esse padrão? Porque as decisões que tomamos nos primeiros
estágios de planejamento do nosso trabalho acabam formando o DNA a
longo prazo do nosso ministério. Estas são as escolhas que definirão qual
dos dois legados você vai deixar.

UM MINISTÉRIO BREVE E DE POUCO IMPACTO


Imagine pessoas construindo torres e fossos na areia da praia, criando
com as mãos uma pequena obra-prima, que os outros vão parar para olhar,
sorrir, apontar… e ir embora. Orgulhosos de sua realização, aqueles cons-
trutores de castelos tiram uma foto e voltam para o hotel, sem compreender
que todos os seus esforços desaparecerão completamente com o quebrar das
ondas. Fácil veio, fácil foi embora. Mesmo que alguém diga que foi diver-
tido enquanto durou.

UM MINISTÉRIO PROLONGADO E DE FORTE IMPACTO


Pense agora numa companhia construindo um enorme arranha-céus.
Eu me lembro de uma construção no centro de Dallas que deveria ter mais
de oitenta andares. Por um ano, ouvi todo tipo de equipamento pesado de
terraplanagem, sem ver qualquer sinal do arranha-céus. Por fim, não aguen-
tei a curiosidade e me aproximei para olhar por um buraco na alta cerca de
madeira ao redor do local. Deu para ver que eles tinham cavado um buraco
bem fundo; parecia um buraco de oitenta andares! Eles também tinham
cavado e instalado um labirinto de enormes colunas de ferro, e derramado
uma quantidade enorme de concreto.
Fiquei me perguntando se era necessário todo aquele trabalho preli-
minar. Em meu pensamento, aquilo ia ficar debaixo do chão, invisível para
quem morasse no prédio ou o visse de fora. Ninguém vai ver nem saber que
está lá. Por que gastar mais tempo e esforço cavando e preparando o alicerce
quando se pode subir a real estrutura? Se eu fosse o empreiteiro, e não sou-
besse nada de construção, teria coçado a cabeça, olhado ao redor para ver se
o terreno estava plano e dito para os trabalhadores, “Tá bom, pessoal, vamos
APOSTE TUDO 51

começar o primeiro piso!” Quando terminasse “Quando Deus quer fazer


meu edifício de aço e vidro, tenho certeza que um cogumelo, Ele demora
os funcionários que estivessem trabalhando no seis horas. Quando quer
fazer um carvalho, demora
octogésimo sétimo andar não apreciariam mui-
sessenta anos. Qual você
to meu plano quando a primeira rajada de ven- quer ser?”21
to o derrubasse!21 Rick Warren,
pastor e escritor

COMECE PENSANDO NO FINAL


Você quer que seu ministério seja um arranha-céus para Cristo, ainda
de pé daqui a várias gerações, ou prefere um insignificante e breve castelo
de areia, que as ondas do mar facilmente lançam no esquecimento? Daqui a
trinta anos, o que você quer ver quando olhar para trás e observar sua vida,
seu ministério e sua equipe de sustento? Como você medirá seu sucesso?
Haverá remorsos? Algo que você desejará ter feito diferente? A sabedoria
nos ensina a começar pensando no final.
Creio que o Senhor nos dá uma tremenda liberdade sobre que tipo de
homem ou mulher de Deus nós vamos nos tornar, e sobre quão profundo
e amplo será o futuro impacto do nosso ministério. Boa parte dessas con-
quistas está diretamente ligada a termos uma equipe de sustento estável e
duradoura. Por essa razão, você precisa começar imediatamente a trabalhar
em seu projeto pessoal, ministerial e de montar sua equipe de sustento.
Agora é o melhor momento e a melhor oportunidade para você cavar fun-
do, estabelecer o alicerce e dar sustentação a uma vida de serviço a Deus.
Por outro lado, no que diz respeito a desenvolver convicções bíblicas e
estabilidade na busca por sustento, você não pode ficar impaciente, inclina-
do à abordagem “construa agora, cave depois”. Se você não tiver disposição
para investir nesse caro e lento processo de lançar alicerces, temo que você
venha a se arrepender. Mark Stephens, diretor estadual da Fellowship of
Christian Athletes em Maryland, coloca da seguinte forma: “Todo mundo
sonha ter um ministério empolgante e impactante. Nós entramos para esta
equipe para ver o Senhor nos usar de maneira poderosa, e é arrebatador ver
isso acontecer. Mas primeiro o mais importante. Antes de começar a mi-
nistrar às pessoas em tempo integral, precisamos nos submeter ao trabalho
duro de bastidores, ao suor e lágrimas que não prevíamos em nossos sonhos.
21
Rick Warren, 10 Key Points to Remember in 2012, http://pastors.
com/10-key-points-to-remember-in-2012/.
52 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

A preparação vem sempre antes da corrida.22 Meu principal objetivo neste


livro é checar como vai sua preparação. Peço encarecidamente que você não
comece amanhã mesmo a marcar encontros. Pare, faça um levantamento do
que você tem, e dedique vários dias, ou até semanas, a orar, planejar preparar
e ensaiar tudo o que você precisa.
Um amigo meu costumava dizer, “Se você
“A profundidade do cuidar da profundidade da sua vida e ministério,
alicerce que você
Deus cuidará do alcance. Se você se concentrar na
lançar determinará a
força e a altura da sua raiz, Ele produzirá o fruto”. Nossa vida, ministério
estrutura nos próxi- e busca por sustento começam e terminam com o
mos anos.” Senhor. Não temos outro lugar para ir, nem outra
Mick Ukleja, pessoa a quem recorrer, a não ser Ele… e somente
escritor americano Ele. Por isso, a primeira coisa a fazer é consagrar
nossa própria vida a Deus. Por que você não plane-
ja um isolamento de um ou dois dias para orar e expressar sua total depen-
dência do Pai? Assim como Jesus, você pode ter seus quarenta dias no de-
serto, preparando-se para lutar com o inimigo, ou sua noite no Getsêmane
para entregar sua vida e direitos à agenda de Deus para você. A eficácia do
seu esforço de levantar sustento com as pessoas está diretamente relacionada
à força da sua intercessão particular com Deus.23

O PONTO DE PARTIDA É A ORAÇÃO


“Quando ouvi essas coisas, sentei-me e chorei. Passei dias lamentan-
do-me, jejuando e orando ao Deus dos céus. […] ‘Senhor, que os teus
ouvidos estejam atentos à oração deste teu servo e à oração dos teus servos
que têm prazer em temer o teu nome. Faze com que hoje este teu servo
seja bem-sucedido, concedendo-lhe a benevolência deste homem.’” (Ne 1.4,
11) Como Neemias, a quantidade de tempo que eu gasto em oração pode
indicar se estou confiando em Deus ou em mim mesmo. Às vezes, eu co-
meto a tolice de achar que minha presença com alguém é mais poderosa e
transformadora do que a presença de Deus. A prova disso é que posso passar
duas horas conversando com alguém sobre sustento e me divertir muito.
No entanto, se você me pedir para passar apenas dois minutos orando pela
pessoa, parece uma eternidade! Só esse fato já me diz onde a verdadeira
22
Tirado de uma troca de e-mails com Mark Stephens, Diretor Estadual da FCA em Maryland,
em 5 de dezembro de 2012.
23
Mick Ukleja e Robert Lorber, Who Are You? What Do You Want?: Four Questions That Will
Change Your Life (Nova Iorque: Penguin, 2009).
APOSTE TUDO 53

batalha é vencida ou perdida. O que quer que façamos ao levantar sustento,


não podemos negligenciar a oração.
Salmo 62.11 diz, “o poder pertence a Deus”. Por mais que eu gostaria de
pegar com as mãos o coração de alguém e incliná-lo para Deus, só o Senhor
pode fazê-lo. Seja testemunhando ou levantando sustento, nossa persuasão
e eloquência são limitadas. É por isso que o executivo Tim Howington,
que sustenta muitos obreiros cristãos, sugere que passemos um minuto em
oração para cada dez minutos que passaremos com um mantenedor.24 “Fale
com Deus sobre os homens antes de falar com os homens sobre Deus” era
a prática do escritor e evangelista Bill Bright.25
Quem poderia imaginar que o Pai ia querer fazer Sua obra em resposta
às nossas orações? Não existe maior incompatibilidade do que o privilégio
que temos de ser parceiros de Deus na concretização do Seu plano. Basta
lembrar quem é o sócio-gerente! Recentemente, terminei uma lista de pes-
soas que quero abordar neste mês. Algumas estão sendo convidadas pela
primeira vez para se tornarem meus mantenedores mensais. Outras estão
sendo chamadas para retomar o sustento, e alguns doadores mais regulares
eu convido para aumentar a quantia. Meu plano está todo em ordem, ex-
ceto por um detalhe menor. Eu não apresentei meus pedidos a Deus, como
ordena Filipenses 4.5, 6. O Senhor irá na nossa frente para abrir portas e
corações, mas quer que primeiro peçamos a Ele. Se você rogar ao Senhor
de forma intencional e específica, no fim você terá um bocado de orações
respondidas… e uma equipe completa de mantenedores.

CHAMADO, TESTEMUNHO E VISÃO


Certa vez, fiz uma linha do tempo da minha vida espiritual, como parte
de uma tarefa de mentoreamento. Foi maravilhoso repassar como Deus me
atraiu a Si. Eu me lembrei de quando e como tomei a decisão de seguir fiel-
mente a Jesus Cristo. Refleti sobre as mudanças radicais que Ele operou em
mim ao longo dos anos. Você também deveria fazer isso antes de mergulhar
de cabeça em suas atividades de sustento. Para certificar-se de que você está
marchando de acordo com as ordens de Deus como general, você precisa:

Tirado de conversas com Tim Howington, ex-membro da equipe de capelania universitária da


24

Mobilização Estudantil, hoje executivo cristão e discípulo no noroeste do Arkansas.


25
Tirado do livreto “Have You Made the Wonderful Discovery of the Spirit-Filled Life”, dispo-
nível em www.cru.org.
54 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

CONFIRMAR SEU CHAMADO


Relembre as semanas e meses em que o Senhor o moldou e falou com
você sobre sua vida, carreira, objetivos e paixões. Pense nas diferentes pes-
soas, ministérios e experiências que Ele usou para influenciar você naque-
le período formativo. Havia passagens ou promessas específicas na Bíblia
que o Espírito usou para conduzir você ou para confirmar que Ele estava
lhe chamado para o ministério? Repasse essas passagens, medite nelas e as
transforme em orações ao Senhor. Por fim, faça uma lista das várias opções
de emprego ou ministério que você chegou a considerar e avalie por que
você teve tanta certeza quanto ao caminho a tomar.

PENSE COM CUIDADO SOBRE SEU TESTEMUNHO


Olhe com atenção para seu testemunho pessoal de como você veio a
Cristo e do processo de responder ao convite de Deus para dedicar todo
seu tempo à obra dEle. Você vê alguma relação entre as duas coisas? Por
exemplo, se você veio a Cristo ou foi impactado quando cursava a faculda-
de, isso seria parte do motivo de você querer fazer parte de um ministério
com estudantes? Se houver qualquer paralelo entre quando e como você foi
tocado por Cristo e o ministério no qual você está para embarcar, registre.
Assim, quando chegar a hora de compartilhar sua história com as pessoas,
seus possíveis mantenedores serão capazes de entender com clareza como
seu chamado e visão são uma progressão natural e uma consequência da sua
própria experiência. De maneira simples e visual, ajude-os a ligar os pontos.
As luzes vão se acender para eles, deixando claro por que você tem tanta
paixão por esse trabalho específico.

ESBOCE SUA VISÃO


No capítulo 2 de Neemias, o rei Artaxerxes tinha várias perguntas para
Neemias sobre quando e como ele pretendia começar e terminar sua tarefa.
Com base no que ele respondeu, fica claro que o copeiro do rei já tinha
calculado a oração e o tempo de planejamento necessários para dar ao rei
respostas concretas. Ele já tinha pensado cuidadosamente em cada aspecto
do seu trabalho, para em seguida passar para a árdua tarefa de regar todos
os detalhes com muita oração. Que modelo para tomarmos como ponto de
partida! Vá para um lugar reservado, levando consigo a declaração de visão,
missão e principais valores da sua agência ou organização missionária. Leve
também seus alvos ministeriais específicos, sua estratégia e descrição de
trabalho. Passe algumas horas examinando, pensando e orando sobre cada
detalhe. Você precisa compreender totalmente sua visão e abraçá-la como
APOSTE TUDO 55

um todo, bem como cada detalhe menor. Você concorda com tudo? Há um
completo acordo entre mente e coração?
Você nunca convencerá alguém sobre a probidade e a estratégia de
algo, se você ainda se pega tendo dúvidas! Entender sua própria visão é a
chave para compartilhá-la com outros. Talvez você deva criar uma página
na internet com as perguntas mais frequentes, listando todos os possíveis
questionamentos que as pessoas podem fazer durante seus encontros, com
a melhor resposta para cada um deles. Prepare-se
para as perguntas mais simples e básicas, mas esteja “A vida começa onde
preparado também para as mais diretas e obtusas – termina sua zona de
conforto.”26
elas vão aparecer.26
Ao dedicar seu tempo e esforço a fazer es- Todd Ahrend, diretor
internacional de The
ses exercícios de fundamentação, você ganhará
Traveling Team
um novo senso de autoridade, confiança e desti-
no. Artaxerxes observou em seu servo um homem
comprometido a pagar, no âmbito particular, o preço da eficácia, da exce-
lência e da integridade. De igual modo, seus mantenedores precisam sentir
que seu chamado e visão são ordens claras de Deus para você “marchar”,
e não um impulso caprichoso. Eles precisam ver que você orou, pensou e
está convicto!
E se você é um marido levantando sustento, não se esqueça deste im-
portante componente do que significa “apostar tudo”. 1Timóteo 5.8 ensina
que, se um homem não provê para sua própria família, ele “negou a fé e é
pior que um descrente”. À luz disso, Ellis Goldstein, Diretor Nacional de
MPD with Cru, faz um desafio pessoal, “Maridos, quero pedir que vocês
assumam um compromisso irrevogável para com suas esposas. Prometam
a elas, ‘No nosso casamento, eu fiz o voto de cuidar de você e suprir suas
necessidades. Deus nos chamou para servi-lO e para levantar nosso susten-
to. Eu renovo minha decisão de confiar no Senhor ao levar nossa família a
construir uma equipe de sustento saudável e duradoura. Trabalharei manhã,
tarde e noite para que nossa família possa servir ao Senhor e ter todos os re-
cursos para isso. Não permitirei que nada interfira nesse propósito. Não ar-
ranjarei desculpas. Darei tudo de mim’”. Talvez você já tenha feito essa
promessa à sua esposa. Se não fez, faça. Deus e sua esposa serão honrados.
Todos esses princípios e questões podem ser úteis ao discernir o cha-
mado e a visão que Deus tem para você, mas haverá muitas outras questões,
temores, conflitos e obstáculos que você terá que apresentar ao Senhor em
26
Citação de Todd Ahrend, que ele escreveu no comentário do primeiro manuscrito deste livro,
do qual é editor.
56 PEÇA A DEUS // PARTE 1: PODE IR!

períodos longos e ininterruptos de intercessão. Se você é casado, esses re-


tiros de oração devem incluir marido e esposa. Ambos precisam estar na
mesma página, com a mesma mente e coração, unidos diante do Pai. Façam
isso antes de entrarem no burburinho de dedicar todo seu tempo a levantar
sustento, para que possam ter onde se segurar durante a jornada desafiadora
(embora empolgante) que os espera.
Começar sua carreira com sólidas convicções vindas do próprio Deus
sobre o que Ele tem para a sua vida e ministério fará uma tremenda diferen-
ça na sua busca por sustento. O que pode lhe dar a liberdade e a confiança
para fazer a obra de Deus? Somente a Palavra de Deus. Só ela tem o poder
de libertá-lo. Por isso, vamos nos saturar das Escrituras a fim de descobrir o
que o Senhor diz sobre levantar sustento. Você verá que valeu a pena.
Parte 2

GRANDE FÉ,
GRANDES PEDIDOS
Deus nos chama para adquirir sabedoria bíblica.
Permita que Ele, e não o mundo, molde a sua
perspectiva.
6

Os Ministros de Deus

NO ANTIGO
TESTAMENTO
Quando você estiver conversando com alguém para pedir sustento, enfrentará
uma das batalhas mais penosas e humilhantes da sua vida. Talvez ela acon-
teça num encontro com aquele executivo que você teve a “sorte” de agarrar
para uma reunião. Você passou dias se preparando para o que acredita que
vai ser um tempo caloroso e acolhedor. Você se preparou com todo o es-
mero e vai poder finalmente compartilhar sua visão ministerial. Você tem
fé que esse homem vai ser a pessoa com recursos pela qual você tem orado,
alguém que vai injetar muito dinheiro no seu trabalho.
Na hora marcada, você sobe até o último andar e é recebido pela secre-
tária, que lhe oferece uma bebida e pede que você se sente e espere. Trinta
minutos depois do horário em que a reunião deveria começar, a secretária
obedientemente anuncia, “O senhor Jones vai recebê-lo agora”. Ela faz você
entrar na sala do chefe com a reverência de um local sagrado, e o acomoda
numa pequena cadeira em frente a uma mesa gigantesca. Enquanto o ocu-
pado executivo termina sua ligação telefônica, você contempla o escritório
enorme e observa os diplomas, prêmios, a luxuosa mobília e, é claro, a enor-
me janela que permite ao homem contemplar seu amplo reino empresarial.
Por fim, ele se vira e olha você de cima para baixo. Nos dois próximos
60 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

minutos do “privilégio” de estar com ele, você será fulminado pelas seguin-
tes perguntas:
1. “Como você conseguiu meu nome?”
1. “Você faz parte de qual grupo mesmo?”
1. “Por que você está aqui?”
1. “O que você disse que precisa?”

Você mal respondeu à primeira pergunta e já é interrompido pela


próxima. Seus dois minutos se esgotam e ele sai apressado para a pró-
xima reunião. Antes, porém, entrega um cheque de cinquenta dóla-
res num envelope escrito “caridade”. Deseja boa sorte e vai embora.
Sozinho em sua cadeira e mexendo sua bebida no copo, você tenta
entender o que acabou de acontecer. Com sua autoestima lá embaixo,
você tenta passar pela secretária sem ser notado; ela olha para você com
um ar de pena.
De volta à segurança e à tranquilidade do seu quarto, você lambe as
feridas e tenta, de alguma forma, ressuscitar suas esperanças e sonhos
estilhaçados. Naquele estado, ao levantar a cabeça para se olhar no es-
pelho, você está certo que merece na testa uma tatuagem de “perdedor”.
É como se tudo e todos estivessem dizendo: “pare de se sujeitar a esse
sofrimento”, “desista de levantar sustento”, “arranje um emprego, como
uma pessoa normal”. É nesse momento que vem a tentação de criar
uma rota de fuga em sua mente, com uma história espiritual de como
o Senhor lhe mostrou que não deveria ir para o ministério, mas seguir
em outra direção.

AS ENCRUZILHADAS DA VIDA
É nesse momento crítico que seu chamado é provado e a batalha
pelo controle da sua vida e do seu futuro é vencida ou perdida. Você pode
desistir e tomar outro rumo. Ou você pode deixar que o Senhor use esse
tipo de experiência para fortalecer sua convicção. Neste caso, o resultado
é que você jamais desistirá da paixão por cumprir o propósito dEle. O que
fará a diferença nesses momentos de tanto sofrimento? Seu sucesso ou
fracasso depende de você buscar, no estudo das Escrituras, a convicção de
que pedir às pessoas que invistam em seu ministério é algo bom, correto
e bíblico!
Você tem dedicado tempo para estudar de forma objetiva, indutiva e
abrangente o que as Escrituras dizem sobre esse assunto, antes de formar
OS MINISTROS DE DEUS NO ANTIGO TESTAMENTO 61

suas crenças e abordagem? Se a resposta é não, você precisa decidir o que


vai controlá-lo, antes de embarcar nessa aventura. Medo de fracassar ou de
ser rejeitado? A opinião das pessoas? Experiências do passado? A Palavra
de Deus?
Se você estiver disposto a planejar o tempo de que precisa para real-
mente entender os princípios bíblicos que estamos para explorar, eles lhe
darão um alicerce oculto, “abaixo da superfície”, que resistirá ao teste do
tempo e das tribulações. A maioria dos obreiros cristãos já tem uma opinião
formada sobre levantar sustento, a favor ou contra. Porém, Scott Morton,
professor de captação de recursos da organização The Navigators, exorta:
“Se você não gastar pelo menos vinte horas estudando o que a Bíblia diz
sobre esse assunto, como saberá que não está simplesmente regurgitando o
ponto de vista dos seus pais, da sua igreja, ou pior: do mundo?”27

CONVICÇÕES BÍBLICAS
Conversas como a que descrevi acima nos tiram do sério, mas a minha
oração é que você tenha várias delas a fim de perseverar na confiança em
Deus. Em 1885, missionários americanos na Índia mandaram cartas para
seu país de origem suplicando por mais pessoas: “Mandem mais obreiros
para o campo. Certifiquem-se que eles tenham experiência tanto no su-
cesso quando no fracasso; isso nos dará a certeza de que eles vão perseve-
rar”. Não tenha medo dos revezes nem dos supostos fracassos. Eles podem
muito bem ser um trampolim para o sucesso! De agora em diante (e pelos
próximos cinco, dez, vinte ou mais de trinta anos!), o que vai manter você
no comando do seu ministério e da busca por sustento? CONVICÇÕES
BÍBLICAS Convicções não são apenas aquilo que você crê, mas aquilo que
você faz! O Dr. Adrian Rogers defende que a melhor forma de se construir
convicções reais e duradouras é ler, estudar e meditar nas mesmas passagens
da Bíblia muitas e muitas vezes, até que elas finalmente penetrem na sua
corrente sanguínea e se tornem parte do seu DNA.
Para que a nossa visão seja equilibrada, precisamos entender que alguns
dos exemplos bíblicos que vamos estudar são apenas uma descrição de um
modelo antigo de levantar sustento, e não necessariamente uma receita que
devamos seguir hoje. Por isso leia, avalie, ore e faça uso daquilo que você
acredita que Deus quer para você!
27
Retirado de anotações para palestra ministrada no curso de captação de recursos 4:10 Solution
School em Glen Eyrie, na base dos Navigators, em outubro de 2000.
62 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

OS MINISTROS DE DEUS NO ANTIGO TESTAMENTO


Foi o próprio Deus que planejou o conceito de “ministros de tempo
integral” e providenciou um sistema para mantê-los supridos. Ao observar
o exemplo dos levitas, podemos aprender princípios atemporais e aplicá-los
em nossos dias.

SEPARADOS PARA O SERVIÇO DE DEUS (NÚMEROS 1.1-3, 47-53)


Depois que os hebreus saíram do Egito, o Senhor falou com Moisés em
Números 1.1-3 e mandou reunir todos os homens “de vinte anos para cima”
a fim de prepará-los para a batalha. Centenas de milhares daqueles jovens
vigorosos estavam esperando aquele dia com ansiedade. Não era preciso
fazer um alistamento obrigatório, pois todos estavam ávidos por obedecer
a Deus e limpar a Terra Prometida de seus habitantes idólatras. Por essa
razão, pode parecer estranho que um grupo específico tenha sido deixado
de fora daquele poderoso exército de seiscentos mil homens. Números 1.47
diz, “As famílias da tribo de Levi, porém, não foram contadas juntamente
com as outras”. Como assim? Será que alguém não contou direito ou fez
uma brincadeira sem graça? Eles estavam para serem excluídos de um dos
maiores planos de batalha de toda a história.
O Senhor revelou por que Ele não envolveria os levitas no comba-
te. Deus tinha um papel completamente diferente para aqueles jovens, um
plano que Ele revelou a Moisés em Números 1.50-54: “designe os levitas
como responsáveis pelo tabernáculo que guarda as tábuas da aliança”. A ta-
refa deles de ficar para trás e montar e desmontar coisas não parecia tão
importante quanto derrotar os filisteus. Mas mesmo que todos estivessem
confusos, o Senhor estava no controle. Mal sabiam os levitas que aquele
era apenas o primeiro dia do plano que Deus tinha para Seu povo ao longo
da história: santificar e separar certos indivíduos para representá-lO, para
servi-lO e para conduzir Seu povo em adoração e evangelização.
Da mesma maneira, se você está começando seu ministério, não se sin-
ta um cidadão de segunda classe. Você também é parte desse legado, como
alguém que foi separado para o serviço do Senhor. E para ajudar os levitas
– e a nós – a entender essa nova atribuição ministerial, o Senhor incluiu um
“Manual do Sustento Levita” em Números 18.

DIGNOS DE RECEBER PAGAMENTO POR CAUSA DO SEU TRABALHO


(NÚMEROS 18.20, 21, 31)
Havia aproximadamente cinquenta mil levitas perambulando no
acampamento, sem saber exatamente o que fariam em sua nova função.
OS MINISTROS DE DEUS NO ANTIGO TESTAMENTO 63

Alguns devem ter achado aquela tarefa indigna. Outros provavelmente se


encheram de dúvida e desânimo. A primeira pergunta que deve ter ocu-
pado a mente deles foi, “Como nós vamos ganhar nosso sustento?” Talvez
você esteja se perguntando a mesma coisa. Mas antes que aqueles levitas
pudessem ter qualquer utilidade para toda a nação de Israel, o Senhor teria
o trabalho extra de prepará-los adequadamente, inculcando naqueles jovens
o tipo de perspectiva e prática que os capacitaria a cumprir seu papel de
servos e sacerdotes altruístas para o povo.
Deus tinha que quebrá-los antes de moldá-los; por isso disse a Arão
e aos levitas, “Você não terá herança na terra deles, nem terá porção entre
eles; eu sou a sua porção e a sua herança entre os israelitas”. Essa declaração
deve ter sido outro golpe para os levitas, pois os privava de outro sonho:
ter seu próprio pedaço de chão na Terra Prometida. Agora eles teriam que
depender somente de Deus para seu sustento diário e sua segurança a longo
prazo. Tenho certeza que aquele foi um momento sombrio, pois os levitas
tiveram que contar o custo do tipo de sacrifício que Deus requer de Seus
representantes.
Uma vez lançado o alicerce da dependência plena e permanente em
Deus, não dava para voltar atrás. Sabendo que agora eles tinham o coração
nos propósitos de Deus, ele podia mostrar a eles como sustentaria a vida
e o ministério deles. O Senhor disse, “Dou aos levitas todos os dízimos em
Israel como retribuição pelo trabalho que fazem ao servirem na Tenda do
Encontro” (Números 18.21, grifo nosso).
Deus repete esse conceito em Números 18.31, ao dizer aos levitas o que
fazer com a oferta recebida dos israelitas: “Vocês e suas famílias poderão co-
mer dessa porção em qualquer lugar, pois é o salário pelo trabalho de vocês
na Tenda do Encontro”. Eles eram dignos de receber uma renda exatamente
por causa do seu trabalho. Os dízimos e ofertas que o Senhor lhes daria por
meio dos israelitas eram simplesmente o fruto do seu dedicado trabalho no
ministério. Eles não estavam exigindo nada, pois para Deus, eles mereciam.
Talvez você conheça alguém que vive arranjando desculpas, dizendo
que não consegue levantar sustento por não saber falar para muitas pessoas,
por não ter um vídeo de divulgação do próprio ministério, ou por ser jovem
ou velho demais. Mas Deus projetou esse sistema de modo que eu e você
mereçamos nosso sustento simplesmente como “salário pelo trabalho”, e
por nenhum outro motivo. Não por causa de nossa sagacidade, preparo,
personalidade extrovertida ou porque preparamos apresentações chamati-
vas. O Antigo e o Novo Testamento ensinam que nós simplesmente somos
dignos do nosso salário.
64 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

DAR E RECEBER É VERTICAL, NÃO HORIZONTAL (NÚMEROS 18.8, 24)


O primeiro semestre de Lições de Ministério 101 continuou para os
levitas na medida em que Deus Se sentiu compelido a lhes ensinar a dife-
rença entre a economia do mundo e a dEle. O mundo está focado apenas
em comprar e vender. Nós, como filhos de Deus, precisamos gostar de dar e
receber. Antes, porém, que os levitas pudessem ensinar e servir como exem-
plo desse princípio tão importante, eles tinham que interiorizá-lo. Arão, o
sumo sacerdote, deveria supervisionar o recebimento das dádivas e ofertas
trazidas pelos israelitas. Deus lhe garantiu, “todas as ofertas sagradas que
os israelitas me derem, eu as dou como porção a você e a seus filhos” (Nm
18.8). Mais adiante, no verso 24, o Senhor acrescenta, “Em vez disso, dou
como herança aos levitas os dízimos que os israelitas apresentarem como
contribuição ao SENHOR”.
Este era o trajeto da provisão de Deus: O Senhor supria os israelitas
com comida, animais e dinheiro para que eles pudessem dar o dízimo e de-
volvê-las verticalmente a Deus. Da mesma maneira, os levitas não deveriam
depender horizontalmente dos outros israelitas para seu sustento, mas olhar
para cima e receber aqueles dízimos e ofertas verticalmente, “descendo” do
próprio Deus. Quer se tratasse de um “doador israelita” ou um “receptor
levita”, o Senhor queria que todos entendessem que é Ele quem supria
todas as suas necessidades. Nós somos fortemente tentados a esperar que
os outros supram nossas necessidades; contudo, se queremos levantar nosso
sustento, precisamos também olhar para cima, mais do que para o lado.

AS PRIMEIRAS E MELHORES DÁDIVAS PERTENCIAM AOS LEVITAS


(NÚMEROS 18.12, 13)
Deus queria que os levitas entendessem que eles não estavam sendo
rebaixados a uma vida de pobreza e miséria, destinados a viver para sempre
recolhendo migalhas. Muito pelo contrário. O Senhor tinha decidido que
Seus representantes receberiam “o melhor” do azeite, vinho e grãos, junto
com “os primeiros frutos da terra”. E embora fossem os israelitas que ofer-
tavam, o Senhor deixou claro quem era a verdadeira fonte de tudo: “Dou a
você”, Ele disse. De fato, só nesse capítulo, Deus declara doze vezes que é
Ele quem está dando. Ezequiel 44.30 e outras passagens bíblicas reforçam
o plano de Deus de suprir plenamente os seus obreiros.
Sou grato a Deus por Ele ter instituído um excelente pacote de benefí-
cios para Seus empregados. Porém, com o tempo, algo deu muito errado, e
os desejos do “fundador da empresa” não estão sendo cumpridos. Ainda que
OS MINISTROS DE DEUS NO ANTIGO TESTAMENTO 65

esse conceito de dar a primeira e melhor parte aos levitas tivesse o propósito
de se tornar um valor fundamental para a nação, ele logo foi perdendo a
força, até chegar no estado atual. E se a sua experiência for parecida com
a minha, concordará que a maioria das pessoas religiosas espera que os mi-
nistros devem ser pessoas humildes – e falidas! Consequentemente, muitos
obreiros cristãos não recebem a primeira e melhor parte, mas a última e pior.
Se interpretarmos corretamente o que Deus estava pensando quando
projetou e implementou esse plano de financiamento, precisamos reconhe-
cer que a intenção dEle era cobrir de modo pleno e excelente todas as ne-
cessidades de um levita e sua família. E o fato de o povo de Deus talvez
não contribuir como Ele deseja não muda Seu plano e propósito de prover
completamente para aqueles que O servem em tempo integral. Paulo men-
ciona o caráter imutável de Deus ao escrever: “se somos infiéis, ele perma-
nece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo” (2Tm 2.13).
Qual a razão de muitos crentes não darem a primeira e melhor parte
da sua renda para obreiros cristãos? Talvez seja porque nós, ao buscarmos
sustento, os condicionamos a não fazê-lo! Se nós não pedirmos a Deus nem
tivermos a expectativa de que Ele nos dará a primeira e melhor parte, nunca
teremos coragem de pedir a melhor parte das pessoas, nem esperaremos
que elas nos deem. Será que as ofertas minguadas de alguns doadores não
são apenas a resposta deles à nossa expectativa pequena e à nossa atitude de
“coitados”? Por isso, vamos abandonar essa atitude e colocar nossa mente
e coração no nosso grande Provedor, Jeová-Jirê, e crer que Ele quer suprir
todas as nossas necessidades.

O DÍZIMO DAS OFERTAS RECEBIDAS (NÚMEROS 18.25, 26)


Uma das últimas lições sobre sustento que Deus tinha para aqueles
(agora) supridos líderes de louvor tinha a ver com a responsabilidade que
eles mesmos tinham de contribuir. Agora que eles já sabiam como cada um
deles seria recompensado, o Senhor se dirige a eles e declara de forma dire-
ta, “Agora é a vez de vocês”. Se os levitas quisessem ensinar à nação de Israel
por que e como contribuir de modo sacrificial, eles tinham que primeiro
ser exemplos do princípio. Assim que aqueles sacerdotes receberam dos is-
raelitas as dádivas prescritas, o Senhor os instruiu a “apresentar um décimo
daquele dízimo como contribuição pertencente ao SENHOR” (Nm 18.26).
Nós podemos ficar tão confortáveis na posição de quem só recebe
que esquecemos que Deus também quer a nossa participação no méto-
do que Ele projetou, de dar ao mesmo tempo em que se recebe. Antes de
66 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

começar a pedir às pessoas que invistam


substancialmente em nós, é sábio fazer
“Se existe medida maior de um
homem do que o que ele faz, um levantamento do quanto nós mesmos
essa medida é o que ele dá.”28 doamos para o Reino. Eu não creio que o
Senhor vá mover o coração de alguém para
Robert South,
clérigo inglês investir sacrificialmente em mim e no meu
ministério se eu também não estiver fazen-
do o mesmo. Às vezes, ficamos confusos e
enganamos a nós mesmos, achando que tudo o que Deus espera de nós é
o nosso tempo. Isso não é verdade. Ele quer nosso tempo, nossos talentos,
nosso tesouro, e na verdade, quer também que determinemos o ritmo da
contribuição. O primeiro princípio de liderança sempre será: Nunca peça
para alguém fazer algo para o qual você não sirva como exemplo.28
O exemplo dos levitas nos dá uma boa noção de como Deus enxerga
Seus obreiros. O Senhor os separou com honra e dignidade, garantindo que
eles fossem plenamente supridos. Esse mandamento se estenderia por todo
o Antigo Testamento e surgiria de novo no Novo Testamento. Mas primei-
ro vamos descobrir como Deus proveu para Neemias. Ele foi um homem
cuja grande fé produziu grandes pedidos.

28
John C Maxwell, tweet de 19 de fevereiro de 2012 (indisponível).
7

A Visão de

NEEMIAS
Em 586 a.C., o rei Nabucodonosor conquistou Judá. Ele trouxe para a Babilônia
os melhores e mais brilhantes judeus, para que servissem em seu reino.
Nabucodonosor foi profundamente impactado pela fé que Daniel e seus
amigos hebreus tinham no Senhor. Cerca de 142 anos depois (444 a.C.),
o cetro de autoridade passou para o rei Artaxerxes. Este não foi apenas o
homem mais poderoso da Pérsia, mas de todo o mundo. Aparentemente,
ele aprendeu com seus antecessores, pois também tomou para seu círculo
mais íntimo um rapaz judeu muito capaz, e lhe concedeu significativa res-
ponsabilidade e liberdade. Mal sabia o rei como seu copeiro era um homem
de visão.

UM HOMEM FERVOROSO E QUE SE AFLIGIA POR UMA CAUSA (NEEMIAS


2.1-3)
O livro de Neemias registra a aflição do seu choro, sua oração e seu
jejum, em resposta à notícia de que o povo e as posses de Jerusalém estavam
em grande angústia. Ele intercedeu por quase quatro meses antes de abor-
dar o rei com sua visão ministerial e seu pedido por recursos. Conforme os
dias passavam, ele ficava cada vez mais aflito com a assoladora devastação
da sua terra natal. Mesmo nunca tendo mostrado tristeza na presença do rei,
naquele dia ele não pôde mais esconder seu coração partido. “Por que o seu
rosto parece tão triste, se você não está doente?”, perguntou o rei (Ne 2.2).
68 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

Ao ouvir aquela pergunta, o jovem servo ficou instantaneamente para-


lisado, pois todos no reino conheciam a regra. Não mostrar um rosto feliz
na presença do rei incorria em pena de morte (Et 4.2). Parece, porém, que
Neemias acreditava tanto em sua causa, que estava disposto a morrer por
ela. Por isso ele assumiu o maior risco que poderia correr na vida e disse ao
rei e à rainha exatamente por que estava tão aflito. Ele começou a descrever
a completa desolação da sua amada Jerusalém. Ele falava com toda emoção,
não para tentar manipular o rei, mas apenas para derramar seu coração
diante de alguém disposto a ouvir.
Quanto você se comove pelo ministério para o qual o Senhor o cha-
mou? Se você está levantando sustento para alcançar pessoas sem nunca
ter chorado por suas necessidades mais urgentes, você precisa voltar para
o seu cantinho de oração e orar. Se você e eu nos importamos profunda e
genuinamente com as pessoas, o Senhor poderá usar isso para falar à mente
e coração dos nossos doadores. Ellis Goldstein, diretor do treinamento para
captação de recursos de toda a equipe do ministério Cru, concorda, “Deus
nos projetou de modo que reagimos e decidimos com nosso intelecto e
emoções. Ao passar a sua visão, apele para os dois.”29

RECONHEÇA QUEM REALMENTE PROVÊ O DINHEIRO E A CORAGEM


(NEEMIAS 2.4)
Que alívio deve ter sido para Neemias ouvir do rei, “O que você gosta-
ria de pedir?” em vez de “Cortem a cabeça dele!” Sabiamente, Neemias não
apresentou imediatamente seu plano e proposta meticulosos, mas fez uma
pausa e orou ao “Deus dos céus”. E ainda que todo o capítulo 1 descreva seu
pedido silencioso por abertura e receptividade da parte do rei, Neemias ain-
da queria reconhecer rapidamente quem era o “Grande Provedor”, fazendo
um último pedido a Deus antes da hora da verdade. Embora as Escrituras
nunca indiquem claramente a qual tribo de Israel Neemias pertencia, ele
olhou para o alto com o mesmo espírito dos levitas, reconhecendo que dar
e receber era uma transação vertical, e não horizontal.
Assim como Neemias entendeu que aquela oportunidade era parte
do plano soberano de Deus, nós também precisamos reconhecer publica-
mente, “Se não for o SENHOR o construtor da casa, será inútil trabalhar
na construção” (Sl 127.1). É por isso que regamos em oração cada pessoa,
cada telefonema e cada conversa pessoal que marcamos. Mesmo não nos
29
Retirado de anotações para treinamento ministrado à equipe de MPD (Desenvolvimento de
Parcerias Ministeriais) da Cruzada Estudantil, em Daytona Beach, Flórida, em fevereiro de 2000.
A VISÃO DE NEEMIAS 69

reunindo com poderosos reis para pedir sustento, ainda dependemos to-
talmente do poder de Deus. Nossa confiança não está em torcer o braço
das pessoas, convencer com nossa lábia, exibir nossa parafernália, ou usar a
última tecnologia.

A ABORDAGEM HUMILDE GANHA RESPEITO (NEEMIAS 2.5)


“Se for do agrado do rei” – foi assim que Neemias começou sua conver-
sa com Artaxerxes. Ele não fez exigências nem reivindicou qualquer direito
com base no seu tempo de trabalho. Neemias foi amável, bondoso e reve-
rente; ele apresentou uma atitude de submissão. Gosto muito disso, mas por
que o rei poupou seu triste servo da pena de morte e, em vez disso, mostrou-
-se ávido por ouvir e responder? Porque Neemias construiu um currículo de
fidelidade ao longo dos anos. A segunda frase que saiu da boca de Neemias
foi “se o seu servo puder contar com a sua benevolência”. Ele podia contar
com a benevolência do rei? Tudo indica que sim, pois do contrário ele já
estaria morto!
Artaxerxes, que reconhecia de imediato um bom investimento, perce-
beu que Neemias era um homem que planejava seu trabalho… e trabalhava
seu plano. Mais adiante, veremos como Neemias coletou os recursos e ma-
teriais necessários, viajou para Jerusalém, mobilizou o povo e levantou os
muros, os portões e os ânimos. Mesmo enfrentando obstáculos e inimigos
em todo o processo, ele completou o projeto em tempo recorde: cinquenta
e dois dias! Com certeza, sua credibilidade como servo diligente abriu ca-
minho para qualquer pedido que ele pudesse fazer.
Que tipo de credibilidade você tem nos ambientes e com as pessoas
que você pretende contatar para levantar sustento? Há algo que você pre-
cise “consertar”, para restabelecer uma boa reputação? Anos atrás, eu estava
aconselhando uma jovem que ia começar seu ministério. Ela voltou para
sua cidade natal para levantar sustento, mas depois de quatro meses de
trabalho duro, só tinha conseguido 10%. O motivo de ela ter conseguido
marcar poucas conversas para falar sobre sustento foi que ela e a família
deviam dinheiro a várias pessoas na cidade. Eu disse que ela precisava vol-
tar, conseguir um emprego, trabalhar e pagar cada centavo que devia, para
assim recuperar sua credibilidade e começar a pedir sustento. E foi exata-
mente o que ela fez.
Vamos orar para que cada um de nós desenvolva um hábito de conti-
nuidade nos compromissos que assumimos. Ao longo dos anos, Neemias
demonstrou tanto trabalho duro e integridade que ganhou o respeito do rei,
70 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

um respeito duradouro. Seu lema era: promessa feita, promessa cumprida.


Se você não tem uma história como essa, talvez seja a hora de começar a
construí-la.

PEÇA, E ESPERE UMA RESPOSTA (NEEMIAS 2.5-9)


Certa vez, a Universidade Cornell realizou um estudo, para o qual es-
palhou pesquisadores pelo país para sentarem no fundo das salas de aula
com um cronômetro e um bloco de notas. Eles precisavam determinar
quanto tempo, em média, os professores davam para os alunos responde-
rem alguma pergunta. Os pesquisadores constataram que o tempo médio
que os professores ficavam em silêncio para que os alunos respondessem era
menos de um segundo, após terem feito a pergunta! A maioria dos profes-
sores estava tão mal preparada em suas perguntas – ou tinha tanto medo do
silêncio – que imediatamente se adiantava para repetir, reformular ou até
responder a própria pergunta. Um absurdo. “Como matar a participação na
sala de aula com um simples passo.”
Parece que Neemias foi ensinado de forma diferente: além de com-
parecer perante o rei com pedidos bem formulados, estava determinado a
esperar o quanto fosse para deixar o rei falar. É difícil ver isto no texto, mas
este foi o primeiro pedido de Neemias: “que ele me deixe ir à cidade onde
meus pais estão enterrados, em Judá, para que eu possa reconstruí-la” (Ne
2.5). Neemias foi direto ao ponto, e o mais importante: ele soube colocar
um ponto final em seu pedido. Ele orou e pensou exatamente no que pedir
ao rei, e mesmo nervoso, foi capaz de desabafar e esperar a resposta. É certo
que deve ter sido assustador olhar diretamente para o rei e vê-lo olhando
para você, mas Neemias estava decidido a deixar bem claro que era a vez
do rei falar!
Ele obviamente recebeu um “sim” de Artaxerxes, mas ainda não sabia
quanta ajuda que o rei estava disposto a dar. Por isso, Neemias levou consi-
go uma lista de pedidos específicos, que acompanhariam seu pedido inicial.
O capítulo 2, versículos 7 e 8, revela seu nível de preparação e coragem:
• Versículo 7 – Ele pediu que o rei escrevesse cartas para entregar a ofi-
ciais estrangeiros e obter permissão para passar por seus territórios.
A resposta foi sim.
• Versículo 8 – Em seguida, ele pediu que o rei enviasse uma carta ao
depósito de madeira mais próximo, solicitando todo o material para
a reconstrução dos muros e portões, e até para uma casa para si. Mais
uma vez, a resposta foi sim.
A VISÃO DE NEEMIAS 71

Se queremos ter sucesso em nossos esforços, precisamos preparar com


seriedade nossas perguntas e ensaiá-las antes. Quando estivermos cara a
cara com nosso possível parceiro de ministério, teremos que exercitar a co-
ragem e o autocontrole de pedir e esperar uma resposta. Se for apropriado,
peça novamente e espere. Peça e espere, peça e espere. Não tenha medo do
silêncio. Essa é uma maneira clara de honrar a pessoa e deixar claro que é
a vez dela falar.

OUTRAS LIÇÕES DE NEEMIAS


ESTABELEÇA DATAS ESPECÍFICAS PARA COMEÇAR E TERMINAR
“Quanto tempo levará a viagem? Quando você voltará?”, perguntou o
rei (Ne 2.6). Neemias já tinha orado e pensado em cada detalhe de seu pla-
no, de modo que qualquer pergunta que o rei fizesse, ele poderia responder
de forma rápida e detalhada. Não há nenhuma vantagem em ir à casa do
nosso contato para pedir sustento, mas dar respostas obscuras e até místicas
para perguntas básicas e razoáveis. Neemias tinha datas precisas para come-
çar e terminar seu projeto. Além de transmitir a Artaxerxes um espírito de
urgência, deu também ao rei a confiança de que seu jovem copeiro tinha ha-
bilidades organizacionais que iam além de ficar provando vinho e comida.

ESTEJA ABERTO A RECEBER OFERTAS DE DESCRENTES


Quando estudo a Bíblia, não fico com a impressão de que Artaxerxes
seguia o único Deus verdadeiro. Assim como Daniel e seus amigos influen-
ciaram Nabucodonosor, o governante anterior, Neemias impressionou este
rei com seus atos e sua vida piedosa. Levantar sustento pode ser uma ótima
ferramenta de testemunho, se entendermos que, para os descrentes verem
realmente Jesus em nós, precisamos nos aproximar deles.
Um estudo de caso: Chris era um calouro quando se inscreveu para
uma das nossas viagens missionárias à Malásia. Seus principais obstáculos
para levantar os 3.500 dólares exigidos eram não fazer parte de uma igreja
local e não ter nenhuma família ou amigos cristãos a quem pedir. Por isso,
ele foi até duas outras fraternidades além da sua, e pediu que eles o adotas-
sem como projeto filantrópico. Todos concordaram, ele levantou sustento
e desenvolveu um ministério poderoso entre estudantes malásios naquele
verão. Quando voltou, fez uma apresentação a cada uma das fraternidades,
mostrando, foto por foto, os jovens muçulmanos que viviam escravos do
pecado, mas foram perdoados e libertos por Cristo.
72 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

Chris usou sua “necessidade” de recursos como pretexto para exercer


uma incrível influência espiritual sobre aquelas fraternidades. Mais tarde,
ele começou a fazer estudos bíblicos em cada uma delas e levou várias pes-
soas a Cristo. Você nunca sabe o que o Senhor pode fazer, e você pode ser a
única luz na escuridão dessas pessoas. Talvez você pense, “Eu nunca pediria
a um descrente para participar da minha equipe de sustento”. Bem, às vezes
não é tão simples saber quem é ou não é um verdadeiro cristão. Eu me re-
cuso a fazer o papel do Espírito Santo e determinar antecipadamente como
Deus vai usar meus esforços de levantar sustento para impactar as pessoas.
Posso contar o critério que eu uso para decidir quem incluir na minha lista
de pessoas a contatar? Cada pessoa que eu conheço ou de quem ouvi falar
em toda a minha vida.
Todas se qualificam, independente dos seus contextos religiosos. Eu não
vou negar a ninguém a oportunidade de investir nos propósitos eternos de
Deus, nem a possibilidade de ser impactado nesse processo. Coloque-os na
sua equipe. Torne-se amigo deles e ore por eles. Exponha-os à sua vida e
ministério usando vários meios de comunicação. Aguarde e veja o Senhor
trabalhar. Você pode querer adotar a perspectiva de Billy Sunday, o conhe-
cido evangelista dos anos 20. Ele estava disposto a aceitar e fazer uso de
ofertas de descrentes, e dizia, “Eu tomo o dinheiro do diabo, lavo no sangue
do Cordeiro e gasto no Reino!”30 Mas é preciso discernimento: pode haver
alguém que, pela própria má fama ou pela forma como ganha dinheiro, aca-
be manchando o seu testemunho, caso as pessoas saibam que ele participa
do seu sustento.

PEÇA QUANTIAS APROPRIADAS


É óbvio que Neemias pensou bem e planejou todos os detalhes de cada
passo que daria, o que impressionou muito o rei. Sua ousadia não se limitou
a suas orações e planos, mas se estendeu a seus pedidos. Depois de passar
bastante tempo de joelhos, ele se levantou e começou a planejar. Neemias
tinha consciência que seu projeto era grande como os projetos de Deus, e
por isso exigiria recursos igualmente grandes. Ao perceber o que o rei era
capaz de fazer, ele queria ter certeza de que seu pedido seria proporcional
à capacidade do doador. Se você sabe que alguém pode financiar todo seu
projeto, você não vai pedir apenas 100 dólares mensais. E mesmo que a
vida daquele jovem copeiro estivesse por um fio, ele não podia deixar de
30
Steve Shadrach, “Asking Non-Believers for Support: Is It Wrong?” Support
Raising Solutions Newsletter (setembro de 2007): http://supportraisingsolutions.org/
asking-non-believers-for-support-is-it-wrong/.
A VISÃO DE NEEMIAS 73

compartilhar o sonho que crescia em seu coração.


Por essa razão, Neemias deu um passo ainda maior “Não faça planos
de fé e pediu um presente do tamanho dos presen- pequenos. Ele não vão
mover o coração dos
tes de Deus. Por quê? Porque ele tinha a convicção homens.”31
de que grandes visões requerem grandes quantias
Elton Trueblood,
em dinheiro.31
escritor e teólogo
Por que você e eu não podemos ser Neemias
dos tempos modernos? Por que não podemos se-
guir seu exemplo de ousadia em nossas orações e pedidos? Será que sua vi-
são é suficientemente grande e convincente a ponto de atrair as pessoas, só
porque não querem ficar de fora de algo especial? Neemias foi um homem
que ousou sonhar grandes sonhos e correr grandes riscos, a ponto de pedir
a gente rica e influente que investisse capital de risco na realização daque-
les sonhos. Contra todas as possibilidades, aquele humilde copeiro, exilado
numa terra distante, pediu a Deus e creu nEle para o impossível. E quanto
a você? Você será o Neemias desta geração?

31
Steve Shadrach, The Fuel and the Flame (The BodyBuilders Press, 2012), p. 102.
8

Jesus e o

sUSTENTO
Inconcebível. Já é difícil imaginar o Filho de Deus, Rei dos reis e Senhor dos
senhores, rebaixando-Se a ponto de deixar a glória celestial para Se envol-
ver por um tempo com as atividades banais de nós, mortais. Seria também
o caso de acreditar que o Deus soberano e onipotente deliberadamente
escolheu depender de depravados terráqueos para Seu sustento?
Pois foi isso que Ele fez.

LUCAS 8.1-3
“Depois disso Jesus ia passando pelas cidades e povoados proclamando
as boas novas do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele, e também al-
gumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças:
Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído sete demônios; Joana,
mulher de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras.
Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus bens” (Lucas 8.1-3, grifo
nosso).

OUTRAS PESSOAS CONTRIBUÍRAM COM JESUS E SEU MINISTÉRIO


As pessoas ao redor de Jesus viam Sua paixão, Sua missão e Sua equipe,
e sentiam o desejo de investir. Elas queriam liberá-lO para que Se ocupasse
apenas com Sua obra, aonde quer que fosse. Seus possíveis doadores podem
ter a mesma mentalidade e o desejo de ver o que você tem realizado em
76 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

sua vida e ministério. Você não precisa se vangloriar diante deles; se apenas
compartilhar humildemente como o Senhor tem lhe permitido impactar
vidas, eles verão que você tem um bom “retorno sobre investimento”. O me-
lhor indicador daquilo que você vai realizar é aquilo que você já realizou.
Jesus e Seus discípulos recebiam ajuda continuamente. O sustento fi-
nanceiro que recebiam não provinha de doações de fundações, da sinagoga
local, nem de doadores significativos. Não, a lista de Lucas cita três doa-
doras específicas, mas também “muitas outras. Essas mulheres ajudavam a
sustentá-los com os seus bens” (Lc 8.3). Não se tratava de ofertas pontuais,
mas de sustento contínuo. A palavra “ajudavam” aqui implica, na língua
original, uma ação contínua, repetida vez após vez. Esse é um dos versículos
que destacamos para recomendar que você concentre quase todos os seus
esforços em pedir a indivíduos ou a casais que invistam – e não deixe de
pedir que contribuam todo mês.32

ELES DECIDIRAM DEPENDER DOS OUTROS


Jesus poderia ter feito diferente e arranjado cambistas para O acompa-
nhar em todo lugar: era só abrir a caixa registradora e acabava o problema do
dinheiro. Isso teria atraído uma multidão! Então por que o supremo Senhor
do universo, capaz de gerar trilhões em dinheiro com um estalar dos dedos,
decidiu que esse era o melhor método para levantar sustento? A resposta é:
porque o negócio de Jesus não era independência, mas interdependência.
Em outras palavras, Ele queria começar a depender, ao mesmo tempo, de
Deus e das pessoas à Sua volta. Ele estava dando início a uma misteriosa
e interligada rede chamada “Corpo de Cristo”. É com essa rede que Deus
quer operar, em e por meio de nós, para a edificação e o sustento uns dos
outros e da Sua obra ao redor do mundo. Mesmo que esse conceito seja
totalmente contrário à atitude americana orgulhosa que diz “Não preciso
de ninguém!”, temos que admitir que foi Jesus quem o concebeu, motivo
pelo qual é melhor praticá-lo.
Se Jesus Se dispôs a financiar dessa forma Seus gastos pessoais e minis-
teriais, o que estou deixando transparecer se eu não tiver a mesma atitude?
Scott Morton concorda com essa ideia: “Se fosse errado ser sustentado por
ofertas de outras pessoas, Jesus Cristo não teria adotado essa prática em Seu
32
Estudos anuais demonstram que cerca de 75 % das doações que acontecem anualmente nos
Estados Unidos são feitas por indivíduos. Os outros 25 % vêm de instituições, fundações e heran-
ças. Eu o encorajaria a seguir essa regra de ouro e compor pelo menos 75 % do seu sustento com
indivíduos. O restante pode vir de igrejas, fundações e recursos institucionais de contrapartida.
Fonte: Giving USA Foundation. Mais informações em www.givingUSAreports.org.
JESUS E O SUSTENTO 77

próprio ministério. Se Jesus Se tornou vulnerável a ponto de ser sustentado


pelos outros, eu e você precisamos nos dispor a fazer o mesmo.”33

JESUS MINISTRAVA ÀS PESSOAS EM TEMPO INTEGRAL


A Bíblia não traz nenhum registro de Jesus voltando à carpintaria
depois que começou Seu ministério. Ele não tentou trabalhar em tempo
parcial para Se sustentar, mas em vez disso Se concentrou totalmente na
Sua missão, dependendo de Deus e das pessoas para que cobrissem Seus
gastos pessoais e ministeriais. O apóstolo Paulo não nos dá nenhuma indi-
cação de quando ou onde Jesus disse isto, mas em algum momento durante
Seu ministério público, Ele falou, “o Senhor ordenou àqueles que pregam o
evangelho, que vivam do evangelho” (1Co 9.14). Jesus não apenas ensinou,
mas serviu como exemplo para esse princípio. Talvez você já tenha pensa-
do que levantar o próprio sustento é escolha de cada ministro de tempo
integral, mas não é. Na verdade, Jesus deu uma ordem para que fizéssemos
dessa forma.
Você pode dizer, “Eu não passo de um administrador que trabalha no
próprio escritório, em casa. Eu não trabalho pregando o evangelho”. A ver-
dade, porém, é que você prega, não apenas a seus amigos e vizinhos, mas
em e por meio do ministério do qual faz parte. Independente da função que
você desempenha, 1Coríntios 9.14 se aplica a todos nós que fazemos parte
de um ministério que busca exaltar a Cristo e expandir o Reino de Deus.

PRINCÍPIOS DO MINISTÉRIO DE CRISTO EM LUCAS 10


No início de Lucas 8, Jesus explica a Seus homens como Ele queria que
eles levantassem sustento e cumprissem seu ministério. Na verdade, um dos
objetivos de tudo o que Jesus fez era ensinar Seus discípulos a fazerem o
mesmo. Por isso, no começo de Lucas 9, Ele envia os doze para a primeira
saída ministerial deles e explica como deveriam levantar o próprio sustento.
Quando chegamos a Lucas 10, Jesus envia outros setenta dos Seus soldados
para a primeira atribuição ministerial deles e os reúne para um minicurso
mais detalhado de como levantar sustento. O Salvador não apenas praticou
o que pregava, custeando suas despesas pessoais e ministeriais com o que
as pessoas ofertavam; Ele também treinou e preparou outras gerações que
seguiram Seu exemplo.
33
Scott Morton, Funding Your Ministry (Colorado Springs, CO: NavPress, 2007), p. 40.
78 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

LUCAS 10.1-7
“Depois disso o Senhor designou outros setenta e dois e os enviou dois a
dois, adiante dele, a todas as cidades e lugares para onde ele estava prestes a ir.
E lhes disse: ‘A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Portanto,
peçam ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para a sua colheita.
Vão! Eu os estou enviando como cordeiros entre lobos. Não levem bolsa,
nem saco de viagem, nem sandálias; e não saúdem ninguém pelo caminho.
Quando entrarem numa casa, digam primeiro: Paz a esta casa. Se houver
ali um homem de paz, a paz de vocês repousará sobre ele; se não, ela voltará
para vocês. Fiquem naquela casa, e comam e bebam o que lhes derem, pois
o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem mudando de casa em casa.”

NÃO FAÇA SOZINHO


Jesus sabiamente dividiu os discípulos em duplas, para promover en-
corajamento e prestação de contas entre eles. O Senhor sabia que eles iam
precisar um do outro, e que o trabalho em equipe renderia mais do que eles
conseguiriam fazer sozinhos. Esse é um princípio essencial, tanto em em-
preendimentos ministeriais quanto ao levantar sustento. Se você é casado,
envolva seu cônjuge o máximo que ele queira e possa. Afinal, é provável que
seu marido ou esposa se torne seu maior apoio. Faça de tudo para envolver
seu cônjuge e/ou família: encarregue-o de um telefonema, chame para ir
com você a um encontro para pedir sustento, encarregue-o de registrar as
ofertas recebidas ou de escrever informativos e mensagens de agradecimen-
to. Se você é solteiro, traga para junto de si alguns amigos ou discípulos que
possam se juntar a você.
Por que fazer algo sozinho, se você pode fazer com mais alguém? Tenha
em mente o princípio de Salomão de que melhor é serem dois do que um,
“porque têm melhor paga do seu trabalho” (Ec 4.9 – ARA). O dia em que
você estiver diante de uma mesa com centenas de cartas para dobrar até
tarde da noite, sem ninguém para ajudar, perceberá que ainda não aplicou
esse princípio direito.

PREPARE-SE PARA A REJEIÇÃO


Jesus alertou Seus discípulos sobre serem rejeitados: “Eu os estou en-
viando como cordeiros entre lobos” (Lc 10.3). Eles deviam ir e procurar
alguém hospitaleiro na próxima cidade. Quando encontrassem o “homem
de paz” que lhes daria abrigo e comida, “a paz de vocês repousa[ria] sobre
ele” (Lc 10.6). O Mestre chegou a deixar com os setenta uma imprecação,
JESUS E O SUSTENTO 79

para ser usada caso alguma cidade se recusasse a lhes dar apoio (Lc 10.10-
16). Parece tentador, mas eu não recomendo.
Você se lembra da primeira vez que compartilhou com sua família que
ia para um ministério de tempo integral e levantaria o próprio sustento?
Talvez os seus pais e familiares tenham ficado orgulhosos no começo, por
você estar fazendo a “obra de Deus”. Quando, porém, descobriram que no
lugar de receber o tradicional salário você teria que “pedir” aos outros o que
seria sua renda, mudaram de atitude e passaram a olhar para você como um
extraterrestre, não como parte de uma família de respeito.
Talvez eles tenham se sentido céticos, envergonhados ou completa-
mente indignados, achando que algum grupo maligno estava tentando se
aproveitar do seu querido e inocente filho ou filha. Chocados com o fato
de que aquele ministério não seria como uma instituição (com uma fonte
mágica de renda para o salário de todos), eles começaram a usar o argu-
mento de que você deveria suprir adequadamente sua família. Sem falar do
desanimador discurso, “Não ouse pedir a nenhum dos nossos amigos do
clube de campo!”
Sim, às vezes as pessoas de quem você mais espera apoio e empolgação
são as que mais farão oposição ao rumo que você está tomando. Quer seja o
pastor da sua igreja, desapontado porque você decidiu não trabalhar na deno-
minação, quer seja sua irmã descrente, que tem certeza de que levantar susten-
to faz parte dos rituais de iniciação de alguma seita, você provavelmente ex-
perimentará uma resistência inicial daqueles que estão mais próximos a você.

ESTEJA DISPOSTO A FALAR COM PESSOAS QUE VOCÊ NÃO CONHECE


Jesus enviou os discípulos em duplas, de porta em porta, para pedir a es-
tranhos a comida e o abrigo de que precisavam para cumprir seu ministério
naquela cidade. O Mestre não revelou em quais casas e portas eles teriam
que bater antes de encontrarem um anfitrião disposto a atendê-los. O que
Ele disse foi o que dizer em cada casa em que entrassem. “Paz a esta casa”
(Lc 10.5). Os discípulos foram instruídos a seguir em frente, batendo de
porta em porta e esperando para ver qual chefe de família seria receptivo
ao pedido deles por ajuda. Jesus queria que eles tivessem uma grande fé,
mas sabia que o segredo para isso era colocá-los em situações nas quais eles
teriam que fazer grandes pedidos.
Rick creu em Cristo no último ano da faculdade, e não tinha nenhum
amigo ou parente cristão, assim como não tinha igreja. Ainda por cima, ele
era muito inseguro e desajeitado com as pessoas. Rick queria participar de
80 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

uma viagem missionária à Indonésia com o nosso ministério, mas não tinha
uma base de contatos para levantar os 3.500 dólares de que precisava. Por
isso, colocou seus óculos geek e sua gravata e saiu de porta em porta, de
andar em quase todos os prédios comerciais da cidade. Ele pedia para falar
com o dono ou o diretor, dizia quem era, qual seu ministério, e pedia 75,
100 ou 150 dólares para sua missão de ajudar universitários indonésios a
ter um relacionamento pessoal com Deus. Ele conseguiu todo o valor com
gente que nem conhecia!
Rick se sentiu tão entusiasmado em alcançar estudantes indonésios
que, após se formar, quis se dedicar a isso em tempo integral; agora, porém,
a agência lhe disse que era necessário levantar 4.600 dólares por mês. Mais
uma vez, ele conseguiu o dinheiro, quase todo com pessoas que não conhe-
cia antes. Quando Rick chegou para começar seu ministério, conheceu uma
jovem que também era missionária naquele país. Eles se apaixonaram, se
casaram e decidiram passar a vida ministrando na Ásia. Hoje, mais de vinte
anos depois e com quatro filhos, o casal precisa levantar mais de 10.000
dólares mensais para cobrir todas as suas despesas pessoais e ministeriais.
Como você pode imaginar, mais uma vez ele conseguiu a quantia pedindo
a pessoas desconhecidas.
Recentemente, conversei com um conhecido líder de missões que tra-
balhou com Rick por muitos anos. Sem eu perguntar, ele contou: “Em trin-
ta anos de ministério, nunca conheci ninguém melhor do que Rick para
levantar e manter o próprio sustento”. Eu pensei, “Se Rick, com todas as
suas supostas deficiências e obstáculos, consegue sair em busca de toda uma
equipe de sustento desconhecidos, a partir do zero, qualquer pessoa conse-
gue. Não há desculpas!”
E quanto a você? Você está disposto a ir a qualquer lugar e abordar
qualquer pessoa que lhe permita falar do seu ministério e da oportunidade
que ela tem de investir? Você está preparado para se despir de qualquer
noção de orgulho e amor-próprio a fim de abraçar o mesmo tipo de paixão,
urgência, coragem, humildade e trabalho duro de Rick? Eu oro para que
sua resposta seja sim.

CONSTRUA RELACIONAMENTOS DURADOUROS


“Fiquem naquela casa, e comam e bebam o que lhes derem […] Não
fiquem mudando de casa em casa” (Lc 10.7). Jesus ordenou aos discípulos
que, quando eles encontrassem um “homem de paz” que os hospedasse,
deveriam ficar ali, aceitar sua hospitalidade e usar aquela casa como base de
JESUS E O SUSTENTO 81

operação. Esse conceito reforça a filosofia de levantamento de sustento que


proponho, de que cada um de nós deveria orar e buscar pessoas que se iden-
tifiquem fortemente conosco e com nosso ministério a ponto de começar a
contribuir e continuar conosco por bastante tempo.
Os discípulos não foram ensinados a levantar sustento nas sinagogas,
atrás de ofertas de amor, nem vendendo quitutes na feira, nem mesmo fa-
zendo as pessoas assinarem “cartões de compromisso de oferta”34 em reu-
niões do conselho. Em vez disso, eles deveriam ir às casas das pessoas e
convidá-las pessoalmente a se tornarem parceiras. Conforme o ministério
crescia e eles ficavam mais tempo naquela casa, tenho certeza de que o
relacionamento entre as duas partes também se aprofundava. Eu não creio
que esse método de sustento foi uma ideia de última hora da parte de Jesus.
Antes, foi uma estratégia cuidadosamente planejada para que o amor por
Cristo e Sua obra estivesse crescendo no coração de pessoas influentes, em
cada cidade.

OS TRABALHADORES MERECEM SER SUSTENTADOS


Como Jesus poderia justificar essa forma de “parasitismo religioso” da
parte dos Seus discípulos? Não seria um péssimo testemunho se eles saís-
sem mendigando de porta em porta, em vez de procurar emprego e ganhar
seu próprio sustento? Pare que, na mente de Deus, um trabalho “espiritual”
é tão válido e merecedor de compensação quanto qualquer forma de tra-
balho físico ou mental. Por isso Jesus repete para nós o mesmo princípio
que era verdadeiro para os levitas. “Fiquem naquela casa, e comam e bebam
o que lhes derem, pois o trabalhador merece o seu salário” (Lucas 10.7,
grifo nosso).
Mesmo que aqueles seguidores de Cristo tenham ficado constrangi-
dos no começo por viver do sustento dos outros, eles foram relembrados
do exemplo que Jesus deixou em Lucas 8. Eles não deveriam ir para as
ruas como pedintes, com uma cara de fome e uma roupa esfarrapada. No.
Aqueles homens estavam dando duro como representantes do Salvador.
Jesus, por Sua vez, queria que eles vissem que seu trabalho era tão nobre,
importante, eterno e digno de plena compensação quanto o de um fazen-
deiro, um ferreiro ou um comerciante. Eles podiam andar de cabeça ergui-
da, cientes de que sua missão e a forma como eram custeados eram corretas,
34
Nota do Tradutor: Nos Estados Unidos, é comum o uso de cartões que a pessoa assina com-
prometendo-se a contribuir financeiramente com uma causa, missão, etc.
82 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

santas e bíblicas. Outros versículos que trazem esse mesmo ensinamento


são Mateus 10.10, 1Timóteo 5.18 e 1Coríntios 9.14.
O Deus encarnado veio à terra e escolheu viver e ministrar sustentado
pelas constantes doações de indivíduos. Que você e eu possamos fazer a
mesma escolha.
9

Paulo,

O MOBILIZADOR
Ninguém fez mais pela igreja primitiva do que o apóstolo Paulo. Três viagens
pela Ásia e inúmeros convertidos, discípulos e igrejas plantadas. Tudo isso
enquanto era perseguido. Tudo enquanto era sustentado pelos outros. Há
muito que podemos aprender com a maneira de Paulo lidar com a questão
de financiar sua própria vida e ministério. Parece que, em todo lugar, Paulo
buscava mobilizar pessoas e levantar recursos para levar o evangelho aonde
este ainda não tinha chegado. Agora vamos ver como ele fazia isso.

PAULO, O FAZEDOR DE TENDAS?


Talvez alguém responda ao seu pedido por sustento: “Por que você não
vai e faz seu ministério da maneira bíblica?” Essas pessoas estão convictas
que Paulo era um fazedor de tendas e não pedia sustento. “Ele se bancava, e
você deveria fazer o mesmo!” Antes de você se deixar levar por essa ideia e
sucumbir diante de um sentimento de culpa, olhe para o Novo Testamento
e entenda que há apenas três cidades onde Paulo fez tendas, sempre tendo
em mente um objetivo ministerial específico:

TESSALÔNICA (2Tessalonicenses 3.8, 9)


Apesar de ter passado apenas duas ou três semanas com aquela jovem
igreja, Paulo percebeu imediatamente que seus membros eram preguiçosos
e até usavam a preocupação com a segunda vinda de Cristo como desculpa
84 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

para não trabalhar. Como resultado, Paulo sentiu a necessidade de demons-


trar com seu exemplo o que significava trabalhar duro.

ÉFESO (Atos 20.33, 34)


O ministério de Paulo em Éfeso fez com que seus convertidos paras-
sem de comprar ídolos da deusa Diana. Consequentemente, se ele tivesse
aceitado ajuda financeira dos crentes efésios, seria acusado de prejudicar o
negócio de milhares de ourives porque queria se livrar “da concorrência”,
em busca de lucro pessoal. Ele escolheu abrir mão de ser sustentado por um
breve tempo a fim de proteger seu testemunho e ganhar os perdidos.

CORINTO (Atos 18.4, 5)


Paulo fez tendas por um tempo – o que o permitia pregar apenas aos
sábados. Mas quando Silas e Timóteo chegaram com ajuda financeira, ele
imediatamente fez a transição de fazer tendas para fazer discípulos, devotan-
do todo seu tempo à pregação. Em 1Coríntios 9, Paulo defende com zelo
seu direito de ser sustentado pelos coríntios. No entanto, diante da imaturi-
dade deles (que incluía acusar Paulo de pregar com interesses financeiros),
ele decidiu se sustentar por um breve tempo, a fim de não ser “reprovado”.
Mais tarde, em 2Coríntios 11.7-9, Paulo questiona sua própria abordagem
de não pedir sustento e desabafa: será que cometi um erro ao ministrar aos
coríntios sem pedir nenhuma ajuda financeira?
Quando Paulo arranjava um trabalho “normal”, ele o fazia por amor ao
evangelho. Em última análise, está claro que o modo de operação preferido
do apóstolo sempre foi o ministério de tempo integral. Nós deveríamos ter
a mesma convicção que Paulo: ele estava disposto a qualquer coisa para
espalhar o evangelho, incluindo fazer umas tendas de vez em quando. Não
queremos de maneira nenhuma depreciar pastores bivocacionados ou mis-
sionários em países fechados, onde eles não podem permanecer sem um
emprego reconhecido. Muitas dessas pessoas têm, em seus países de ori-
gem, equipes que as apoiam financeiramente.

PAULO CRIA QUE MERECIA SUSTENTO PESSOAL E MINISTERIAL


É difícil encontrar um trecho das cartas de Paulo em que ele pareça irado
ou defensivo, mas em 1Coríntios 9.1-18 parece que temos uma espingarda de
cano duplo, carregada de ira e explicações! Paulo estava cansado de todas as
falsas acusações que recebeu da carnal igreja de Corinto. Uma das alegações
recorrentes dos coríntios era que o apóstolo pregava o evangelho para ficar
rico. Paulo passa a maior parte desse capítulo apresentando uma base bíblica
PAULO, O MOBILIZADOR 85

e lógica pela qual ele e outros obreiros cristãos merecem receber sustento fi-
nanceiro. Primeiro, ele faz uma série de perguntas retóricas que expõem a hi-
pocrisia dos coríntios. Em seguida, ele se dispõe a provar que tem o direito de
viver e ministrar dependendo das ofertas deles, e não de um trabalho secular.
Nos versículos 7 a 10, Paulo usa várias metáforas para demonstrar sua lógica:
• O soldado tem o direito de ter suas despesas pagas.
• O fazendeiro deve poder comer do fruto do seu trabalho.
• O pastor deve poder beber do leite do próprio rebanho.

O apóstolo chega a lançar mão de dois conceitos do Antigo Testamento


para sustentar seu argumento: O boi que está debulhando não deve ser
amordaçado (1Co 9.9) – a implicação é que ele precisa ser bem alimenta-
do a fim de continuar trabalhando. O sacerdote que serve no templo deve
participar do sacrifício (v. 13) – a implicação é que, se os judeus certamente
cuidavam de seus líderes espirituais, os cristãos não deveriam perceber isso
e fazer o mesmo? Ellis Goldstein dá aulas sobre levantamento de sustento
com base no Antigo e no Novo Testamento. Ele defende: “Pode parecer di-
ferente, mas os princípios são os mesmos”. Para ele, o ponto principal é que
a Bíblia é consistente em ensinar que “a comunidade contribui para aqueles
que foram chamados para o ministério de tempo integral”.35
Toda essa mistura fascinante de perguntas, ilustrações e versículos em
1Coríntios 9 leva ao verdadeiro argumento do versículo 14, onde Paulo
recita a ordem de Jesus para que os obreiros cristãos vivam do sustento de
outras pessoas. “Da mesma forma, o Senhor ordenou àqueles que pregam
o evangelho, que vivam do evangelho” (1Co 9.14). Fica claro que nós deve-
mos seguir o exemplo de Jesus e de Paulo e buscar parcerias com doadores
que possibilitem o cumprimento do nosso ministério.

PAULO SENTIA-SE CULPADO POR NÃO PEDIR


Quando Paulo questionou os coríntios sobre seu direito de ser sustentado
por eles (2Co 11), ele também estava debatendo consigo mesmo. “Será que co-
meti algum pecado ao humilhar-me a fim de elevá-los, pregando-lhes gratui-
tamente o evangelho de Deus?” (2Co 11.7). Paulo está “pensando em voz alta”,
questionando se fez a coisa certa ao ministrar aos coríntios… sem pedir que
investissem em seu trabalho. Interessantemente, é nesse modelo que muitos de
nós operam. Levantamos sustento com familiares, amigos e igrejas, e partimos
para ministrar num lugar onde as pessoas ainda não vão nos sustentar.
35
Ellis Goldstein, e-mail pessoal em resposta a leitura e avaliação do manuscrito deste livro.
86 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

Parece que Paulo avaliava a situação de cada cidade para decidir como
se sustentaria em cada lugar. Nesse caso, a carnalidade e a confusão dos
coríntios e dos seus falsos profetas era evidente. Ao mesmo tempo em que
alguns insultavam Paulo por achar que ele pregava para ganhar dinheiro,
outros, sabendo que ele não era remunerado, tentavam minar sua credibi-
lidade pelo fato de ele não cobrar para pregar! Na cultura grega, o valor de
uma mensagem estava atrelado ao preço que seu orador cobrava para falar.
Paulo tentava andar numa linha tênue entre esses dois grupos, com suas
constantes acusações.36

PAULO USAVA SUA COMUNICAÇÃO E SUAS VIAGENS PARA LEVANTAR


SUSTENTO
Em 57 d.C., enquanto ainda estava em Corinto, Paulo escreveu uma
longa carta à igreja de Roma, uma cidade que ele nunca tinha visitado. Ele
redigiu essa obra-prima da teologia por vários motivos: seu antigo padrão
de intercessão pelos crentes (Rm 1.9, 10), seu desejo de dar aos cristãos da-
quele local uma explicação detalhada do evangelho (Rm 1.15), e o intuito
de levantar sustento entre eles (Rm 15.20-29). No capítulo 15 de Romanos,
ele afirma que já havia pregado o evangelho em toda a região onde estava,
e que agora sentia-se impelido a ir para o ocidente encontrar novos grupos
não alcançados. No versículo 24 ele escreve: “planejo fazê-lo quando for à
Espanha. Espero visitá-los de passagem e dar-lhes a oportunidade de me
ajudarem em minha viagem para lá, depois de ter desfrutado um pouco da
companhia de vocês”.
Certa vez, meu pastor pregou o seguinte sobre Romanos: “Paulo escre-
veu aos crentes em Roma uma apresentação clara e convincente do evan-
gelho, a fim de prepará-los para sua visita e conseguir o apoio deles em
sua viagem para pregar o evangelho na Espanha. Faz tempo que considero
Romanos uma carta escrita para levantar sustento.”37

PAULO PEDIA SUSTENTO PARA O BENEFÍCIO DO DOADOR


Mesmo que, ao que tudo indica, Paulo não tinha um lar ou um pla-
no de aposentadoria, ele gozava de uma paz e satisfação sobrenaturais que
36
Para mais informações, New International Commentary on the New Testament, Second Epistles to
the Corinthians, por Philip E. Hugues, Eerdmans Publishing, p. 383.
37
Retirado de anotações para sermão pregado na Conway’s Fellowship Bible Church. Ao ensinar
Romanos de 2004 a 2012, ele inseriu essa declaração de propósito da carta em seu gráfico da carta
aos Romanos.
PAULO, O MOBILIZADOR 87

poucos de nós desfrutam, a ponto de declarar: “Não estou dizendo isso


porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer cir-
cunstância” (Fp 4.11). Ele era grato aos crentes pelo sustento financeiro,
mas não pedia porque tinha necessidades. Ele coloca da seguinte forma:
“Não que eu esteja procurando ofertas, mas o que pode ser creditado na
conta de vocês” (Fp 4.17).
Paulo entendia o poder do pedido divino, sabendo que a conta bancária
do Pai celestial estava cheia de gloriosas riquezas capazes de suprir várias
vezes tudo de que ele precisava. Em última análise, Paulo não precisava de
nada. Sua motivação para pedir visava estritamente o bem dos filipenses.
No caso deles, a maior preocupação de Paulo era ajudá-los a entender o que
significava contribuir verticalmente. Eles precisavam aprender a olhar para
cima e pedir eles mesmos a Deus, buscando direção sobre quem deveria rece-
ber seus investimentos. Quer os crentes entendessem ou não, Paulo estava
lhes fazendo um enorme favor ao ajudá-los a transferir um pouco dos seus
tesouros terrenos para a conta celestial que possuíam. Ele lhes garantiu que,
como resultado de sua generosidade, Deus certamente supriria todas as suas
necessidades a partir do Seu “banco” no céu (Fp 4.19).
É por isso que eu gosto tanto do título que Steve Rentz dá a Paulo.
Rentz é um experiente professor de captação de recursos do ministério
Cru. Ele chama Paulo de “transplantador de tesouros”.38 Um dos principais
chamados da vida de Paulo não era apenas mobilizar pessoas, mas também
levantar recursos para a extensão e a expansão do Reino. Ele estava disposto
a arriscar relacionamentos bem como sua própria vida para pedir e desafiar
pessoas a dar; não para ele, mas para a obra de Cristo por meio dele. Paulo
buscava formar essa mesma marca de altruísmo em seus parceiros mais
influentes. Vemos isso em sua exortação de despedida a Tito: “Providencie
tudo o que for necessário para a viagem de Zenas, o jurista, e de Apolo, de
modo que nada lhes falte” (Tt 3.13).
Precisamos nos comprometer a passar o resto da nossa vida como
“transplantadores de tesouros”, ajudando as pessoas a deixar a mentalidade
de comprar e vender para a de dar e receber. A primeira é temporal, humana
e horizontal, enquanto a última, por ser projeto de Deus, é eterna e vertical.
Vamos ajudar os crentes a transferir enormes porções de seus lucros terre-
nos para suas contas bancárias no céu. Vamos permitir que eles desfrutem
para sempre essas recompensas e dividendos que se multiplicam. Vamos
38
Steve Rentz, retirado de anotações para treinamento ministrado à equipe de MPD
(Desenvolvimento de Parcerias Ministeriais) da Cruzada Estudantil, em Daytona Beach, Flórida,
em fevereiro de 2000.
88 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

nos comprometer a despertar outros que tenham a mesma mentalidade


sacrificial.

VOCÊ É UM MOBILIZADOR
Como o apóstolo Paulo, você e eu deveríamos nos concentrar em mo-
bilizar pessoas e recursos para a pessoa e os propósitos de Jesus Cristo. Nós
somos mais do que gente que levanta sustento; nós levantamos sustenta-
dores! Joe Michie, diretor criativo do Centro de Mobilização Missionária,
entende seus esforços para levantar sustento principalmente como mobili-
zação de pessoas. Quando ele convida as pessoas a se tornarem parceiras de
ministério que oram e contribuem, seu intuito é ajudá-las a:
• Ver mais sentido em seu trabalho diário
• Desempenhar um papel vital na obra do Reino, papel que elas não
vislumbravam nem imaginavam ser possível
• Viver de modo mais estratégico, encorajando-as a desenvolver alvos
para suas doações
• Ser parceiras não apenas da pessoa, mas do seu ministério
• Orar, além de contribuir

De fato, o que Joe faz é buscar maneiras de começar a discipular seus


mantenedores. Ele ora por oportunidades de expandir a visão das pessoas,
ampliando o conhecimento delas sobre o que Deus está fazendo ao redor
do mundo. Ele encoraja seus mantenedores a pedir a seus grupos da comu-
nidade e a suas igrejas que adotem um grupo de povo ainda não alcançado.
Joe tenta ajudá-los a encontrar maneiras práticas
“Você não está le- de orar por povos específicos de todo o mundo. Ele
vantando sustento,
mas sustentadores.
mostra aos mantenedores oportunidades de servir
Tecnicamente, somos em viagens missionárias de curto prazo. Joe está
‘levantadores de sus- apenas tentando atraí-los para níveis mais profun-
tentadores’. Estamos dos de um estilo de vida de “cristãos do mundo”.39
levantando pessoas,
E quanto a você? E se você começasse a ver a
não dinheiro.”39
si mesmo como um mobilizador? Alguém que não
Andrew Knight, pro- apenas muda as finanças das pessoas de um banco
fessor de captação de
para outro, mas que muda o coração delas, de um
recursos da Cruzada
Estudantil foco nas coisas temporais para as eternas. Não se
satisfaça em se tornar apenas um transplantador de
39
Retirado do excelente manual da Cruzada Estudantil para levantamento de sustento coSTART,
de Andrew Knight, p. 31.
PAULO, O MOBILIZADOR 89

tesouros, mas se esforce ainda mais para mobilizar seus mantenedores a


buscarem os propósitos do Reino. Abrace o fato de que você e eu somos
apenas mobilizadores da linha de frente. Com isso, nossos esforços para
levantar sustento envolvem entrar diariamente nas trincheiras e marcar
“encontros de mobilização” com indivíduos, buscando alinhar Deus, Seu
povo e o ministério que você recebeu dEle. Você é um levantador de susten-
tadores, cheio do Espírito Santo. Se você quiser alcançar esse tipo de pers-
pectiva, poder e resultado, sem dúvida você vai precisar fazer regularmente
o pedido divino.
10

Uma Equipe

MANTENEDORA
Às vezes, pedir parece muito contrário ao espírito humano. A maior parte de
nós foi criada num ambiente onde o ato de pedir é considerado uma fra-
queza. Nós podemos ser muito autossuficientes, sem precisar de nada de
ninguém. Essa atitude pode até ser tipicamente humana, mas não faz parte
do que significa ser cristão. Precisamos colocar na cabeça não apenas que
não há nada errado em pedir, mas que pedir é algo bom. Pedir é bíblico.
Esse e outros conceitos fazem parte de um completo arsenal de passagens
bíblicas que nos ajudarão a construir nosso alicerce. Se você ainda está se
perguntando: “Será que Deus realmente não vê nada de mal em pedir sus-
tento?”, talvez estes versículos resolvam suas dúvidas.

DEUS EXIGIU QUE OS HEBREUS TOMASSEM A INICIATIVA


Você pode fazer as seguintes perguntas: Se Deus é minha fonte de
sustento, por que eu preciso ir até as pessoas para pedir recursos? Por que o
sustento não aparece automaticamente? No deserto, estava claro que era o
Senhor quem provia para os hebreus. Mesmo assim, Ele exigiu que o povo
saísse todos os dias para recolher o maná. Essa “parceria” entre Deus e nós
é o modo pelo qual Ele opera no levantamento de sustento, bem como no
ministério – e na vida em geral.
Pela ação de Deus, o faraó permitiu que Moisés e os hebreus aban-
donassem a escravidão do Egito e fossem adorar no deserto. Êxodo 11.2
92 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

e 12.35 descrevem como o Senhor sabia que os israelitas precisariam de


matéria bruta para construir e mobiliar a arca e o tabernáculo. A ordem
de Deus a Moisés era dizer à multidão que pedisse aos egípcios roupas e
artigos de prata e ouro, quando partissem para a Terra Prometida. Apesar
do medo, eles obedeceram. Mesmo sendo um povo descrente, idólatra e
afligido pelas pragas, os egípcios deram aos israelitas tudo o que eles pedi-
ram. Isso é incrível.

O SENHOR MANDOU ELIAS PEDIR


Alguém pode abordar você com o texto de 1Reis 17.1-7 e dizer: “Você
não deveria forçar as pessoas a lhe dar dinheiro. Tudo o que Elias fez foi
sentar e pedir a Deus que suprisse tudo o que ele precisava, mandando
corvos com comida e água para ele. Pare de perturbar as pessoas e con-
fie em seus próprios esforços. Deixe com Deus e descanse!” Tenho certeza
que quem diz isso tem boas intenções; apenas não leu o restante do texto.
O trecho seguinte (1Rs 17.8-16) relata como Deus mandou Elias terminar
de comer, levantar-se e ir para Sidom. Lá ele deveria pedir a uma viúva o
último bocado de comida que ela tinha para si e seu filho.
Você conseguiria fazer isso, se estivesse no lugar do profeta? Depois
de uma boa refeição, eu me sentiria culpado demais para ir até o centro
da cidade e me aproximar de uma viúva macilenta com seu filho jovem
e faminto. Eu nem consigo me imaginar falando: “Senhora, com licença.
Percebi que a senhora e o seu filho estão para comer seu último pedaço de
pão antes de morrer; a senhora se importaria se eu comesse esse pão no
lugar de vocês?” A questão é: mesmo que o Senhor tenha prometido ao pro-
feta e à viúva que supriria suas necessidades, não é maravilhoso que Deus
ainda exija que Elias encontre a mulher, aproxime-se dela, e por fim peça
seu alimento? Se ele obedecesse, Deus teria bênçãos abundantes reservadas
para todos os envolvidos.
Qual é o papel de Deus e qual é o nosso? Às vezes é difícil discernir.
Porém, Mike Congrove, missionário e captador de recursos no Sudão, acre-
dita que, da nossa parte, é essencial termos iniciativa e trabalharmos duro.
“Deus cuida das aves do céu. Há muita minhoca no chão, mas elas não
voam para o bico do passarinho! Os pássaros estão sempre em movimento,
sempre procurando.” Como resultado, Congrove descreve sua abordagem
para levantar sustento como o “triângulo de ferro”: cartas, ligações e con-
versas pessoais. Ele afirma: “Não há um caminho mais fácil. O milagre se
UMA EQUIPE MANTENEDORA 93

encontra em enfrentar todo o processo”.40 Sabemos que a Bíblia ensina a


doar porque ouvimos muitos sermões sobre isso. Mas ela também ensina
que devemos tomar a iniciativa de pedir. De fato, só no Novo Testamento
a palavra “pedir” aparece 147 vezes. Eu diria que esse é um dos grandes
assuntos da Bíblia. Considere o que diz Tiago 4.2. Não temos porque não
pedimos.

PEDINDO PARA SUPRIR OUTRAS PESSOAS


A carta pessoal de João a Gaio, um líder da igreja, tinha como propó-
sito motivá-lo a mostrar hospitalidade a Demétrio, um pregador itineran-
te, que provavelmente era também o portador da carta. O apóstolo estava
escrevendo uma carta de recomendação a Gaio, em favor de seu colega de
ministério: “Você fará bem se os encaminhar em sua viagem de modo agra-
dável a Deus” (3Jo 6). Assim, a recomendação que João faz do caráter e do
ministério de Demétrio era a base do apelo: “É, pois, nosso dever receber
com hospitalidade irmãos como esses, para que nos tornemos cooperadores
em favor da verdade” (3Jo 8). Esse é um exemplo clássico de um crente pe-
dindo recursos a outro crente, a fim de suprir uma terceira pessoa e ajudá-la
a cobrir suas despesas pessoas e ministeriais.

ENSINANDO A CONTRIBUIÇÃO GENEROSA MAIS DO QUE O DÍZIMO


O que Deus tinha em mente quando disse a Israel: “Tragam o dízimo
todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa”? Esse
versículo (Ml 3.10) é a passagem em que os pastores mais se apoiam para
exortar a igreja a direcionar seu dinheiro para a igreja. É verdade que os
judeus deviam levar 10% dos grãos e colocá-lo no depósito do templo, mas
será que podemos avançar milhares de anos com essa prática e torná-la
obrigatória aos crentes de hoje? Não há dúvidas que esse texto é uma descri-
ção da situação dos israelitas daquela época; minha dúvida é se estamos in-
terpretando corretamente as Escrituras quando o usamos como uma pres-
crição de tudo o que obrigatoriamente fazemos em termos de contribuições
financeiras. Eu sou a favor de identificarmos “princípios eternos” no Antigo
Testamento, mas não devemos pensar que todos os mandamentos e leis de
Israel se aplicam à igreja.
40
E-mail de Mike Congrove, membro da Equipe de Empower Sudan (www.empowersudan.org)
de 27 de fevereiro de 2013. Mike participou de um de nossos Boot Camps em 2005; desde então,
ele tem sustento completo.
94 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

2Coríntios 9.7 resume o que Deus tem em mente para nossa prática de
ofertar. “Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar
ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.” Nossa contribuição
financeira debaixo da graça não deveria ir além de qualquer coisa que faría-
mos se estivéssemos debaixo da Lei? Em outras palavras, o desejo deveria
ser uma motivação maior do que a obrigação. Segundo meu pastor, o resul-
tado disso é que, se você estiver concentrado em dar apenas 10% à igreja,
não dê 10%. Dê 9% ou 11%! A tese dele é que Deus está mais interessado
em nosso coração e em nossas motivações do que em mostrar que sabemos
usar uma calculadora.
É por isso que meu foco tem sido ensinar os crentes a contribuir ge-
nerosamente, em vez de simplesmente dar o dízimo. Dar o dízimo pode se
tornar um tipo de obrigação legalista, uma tarefa que você marca numa lista
de afazeres, e não o alegre privilégio que Deus planejou para quem contri-
bui. Além disso, o escritor Randy Alcorn diz que 10% deveria ser apenas o
ponto de partida para os cristãos. Ele compara o dízimo com as rodinhas
que as crianças usam na bicicleta para aprender a andar. Elas só servem no
começo; com o passar do tempo, nossa generosidade deveria ir muito além
dos 10%. Eu concordo com ele.41
Recentemente, um cristão maduro e conhecedor das Escrituras com-
partilhou comigo que dá os primeiros 10% de sua renda para a igreja e o
que sobra para missionários. Quando eu perguntei de onde ele havia tirado
essa fórmula, ele fez uma longa pausa e reconheceu que era um simples
“hábito cultural” que ele formou ao longo dos anos, não um mandamento
bíblico – até onde ele sabia. É óbvio que essa questão pode gerar muitos
debates acirrados, mas o meu apelo é que nós deixemos de lado nossa visão
viciada de cristãos ocidentais e estudemos de forma honesta e objetiva as
Escrituras. Isso nos permitirá verificar o que Deus realmente ensina aos
crentes do Novo Testamento.

VELHO VERSUS NOVO


Neste momento, tenho em minha escrivaninha uma boa quantidade
de comentários bíblicos que insistem em tentar encontrar algum consen-
so entre os eruditos da Bíblia. A discussão esquenta ainda mais quando
41
Para uma leitura adicional sobre esse assunto controverso, mas importante, leia o livro de
Randy Alcorn, Money, Possessions, and Eternity, especialmente páginas 181-183, sobre “Graça,
Lei e Dízimos” (título do capítulo, não traduzido). Randy acredita que algumas pessoas usam
esse conceito de “contribuição debaixo da graça” como desculpa para não contribuir generosa nem
consistentemente – ou para nem contribuir!
UMA EQUIPE MANTENEDORA 95

o assunto são os dízimos e as ofertas do Antigo


“Precisamos
Testamento. Eles eram obrigatórios ou opcionais?
desesperadamente
23% do total? 24,5%? 33%? Chegavam a 50%? investigar quanto do
Um dos motivos pelos quais Jesus veio e nos dei- nosso entendimento do
xou o Novo Testamento é para que nós parásse- evangelho é cultural e
mos de julgar uns aos outros com base em regras e quanto dele é bíblico.”42
regulamentos.42 David Platt,
Mesmo que algumas pesquisas demonstrem pastor e escritor
que a maioria dos evangélicos crê que a Bíblia não
requer dízimos, meu compromisso é ensinar as pessoas a dar muito mais do
que 10% e a fazer tudo de coração, inclusive doar. Minha motivação não é
diminuir o valor que as igrejas recebem, mas aumentá-lo. Porém, precisamos
reconhecer que os obreiros em tempo integral, que foram “enviados” e pre-
cisam levantar o próprio sustento, também fazem parte do corpo de Cristo.
Dar a eles também é dar para a “igreja”.
Como ex-pastor, eu queria poder dizer que o Novo Testamento ensina
claramente que você deve dar a décima parte à sua igreja local. Pedro, Paulo
e Tiago silenciam completamente a questão, e o próprio Jesus só toca no as-
sunto duas vezes, em Mateus 23.23 (Lc 11.42) e Lucas 18.12. Nos dois ca-
sos, Ele só menciona o tema para condenar os líderes religiosos que davam
importância exagerada ao dízimo! Eu e minha esposa damos muito mais
do que 10% para a obra do Senhor, e o primeiro cheque que preenchemos
todo mês vai para a nossa igreja local. Porém, não fazemos isso porque a
Bíblia ordena.
Em vez de nos restringir com fórmulas e percentuais, Deus nos dá vá-
rios princípios poderosos no Novo Testamento, aos quais devemos recorrer
para fundamentar nossa contribuição. Apresento pelo menos quatro:
• Dar sacrificialmente: como a viúva pobre em Lucas 21.1-4
• Dar consistentemente: como foi dito aos coríntios em 1Coríntios
16.2
• Dar com alegria: como foi dito aos efésios em Efésios 5.1, 2
• Dar com discrição: como foi dito aos discípulos em Mateus 6.1, 2

Nós realmente colhemos o que plantamos. Veja, por exemplo, as verda-


des contidas em Mateus 6.33. Se buscarmos primeiro a Deus e Seu reino,
“todas essas coisas [nos] serão acrescentadas”. Ao longo de todos esses anos,
eu e minha esposa temos experimentado o princípio de que é impossível

David Platt, Radical: Taking Back Your Faith from the American Dream (New York: Random
42

House Digital, Inc., 2010).


96 PEÇA A DEUS // PARTE 2: GRANDE FÉ, GRANDES PEDIDOS

dar demais para Deus. Quando a economia entrou em crise, nós esperamos
uma queda no nosso sustento. Mas, conforme nossas contribuições pessoais
para nossa igreja e para outras pessoas aumentaram, aumentou também a
quantia que recebíamos. O Senhor continua nos mostrando que nada O
afeta, nem afeta o banco celestial que Ele preside. Nem mesmo os altos e
baixos da economia. Eu sei por experiência pessoal que, se formos fiéis em
investir sacrificialmente no Reino, Deus terá grande alegria em multiplicar
essas bênçãos e em mandá-las de volta.
Eu espero que você tenha crescido em seu entendimento do que a
Bíblia ensina sobre dinheiro, contribuições e levantamento de sustento.
Um entendimento fundamentado na Bíblia tem o poder de ampliar a sua
fé e os pedidos que faz a Deus e às pessoas. Ele também dará a base para
uma perspectiva correta sobre sua busca por sustento, de modo a honrar o
Senhor. Opiniões, percepções e experiências precisam se submeter à verda-
de da Palavra de Deus. Nosso sucesso depende de usarmos as lentes certas
para enxergar Deus, o ministério, nós mesmos, nossos mantenedores, o di-
nheiro e o ato de pedir sustento.
Parte 3

O PRIVILÉGIO
SECRETO
A maior honra de levantar sustento é ter como
parceiros Deus e uma equipe de mantenedores.
11

Você Não Pode.

Deus Pode
No clássico filme Coração Valente, de Mel Gibson, o jovem William Wallace vê
seu pai, irmão e muitos outros escoceses serem massacrados por soldados
ingleses. Diante da visão dos corpos ensanguentados e sem vida, William
sente o desejo de sair imediatamente em busca de vingança. Porém, seu
tio Argyle, que acaba de se tornar o responsável pelo garoto, o faz parar e
compartilha um pouco de sua sabedoria. “Primeiro, aprenda a usar isto”,
diz o tio, tocando William na cabeça. “Depois eu lhe ensino a usar isso”, ele
acrescenta, apontando a espada do menino.
Já ouvi de treinadores na área de captação de recursos que eu demoro
demais para ensinar a mecânica e as técnicas de como se levantar sustento.
A verdade é que, depois de treinar milhares de obreiros, cheguei à conclusão
que não é tanto por não terem uma boa técnica que ministros abandonam
seu chamado e fracassam em levantar sustento, ou se arrastam por décadas,
estressados e sem sustento completo. É mais uma questão de mente e cora-
ção. Por isso, nossos seminários sobre levantamento de sustento duram dois
encontros de nove horas, com vinte e quatro horas obrigatórias de preparo
prévio. Quase toda a preparação e bem mais da metade do treinamento em
si mexem com a cabeça e o coração do obreiro. Em outras palavras, nossa
convicção é que primeiro devemos ajudar cada obreiro a entender a vali-
dade bíblica de se levantar sustento. Com base nisso, fazemos de tudo para
dar a eles uma perspectiva saudável de Deus, do ministério, de si mesmos e
de seus mantenedores.
100 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

Se com este livro eu conseguir lhe passar uma convicção bíblica e a


atitude correta, a batalha está quase ganha. Por isso, peço que você seja
paciente enquanto eu “bato na tecla” dos conceitos mais básicos. Não pule
para a parte técnica; eu vou acabar chegando nas melhores e mais compro-
vadas estratégias e práticas. Também vou compartilhar os principais erros
que as pessoas cometem ao levantar sustento. Mas acredite: se você não
compreender totalmente o “por que” por trás do “como”, você nunca enten-
derá nem experimentará a proposta deste livro.

O PODER DA PERSPECTIVA
Se para as gerações anteriores o momento em que o tempo parou foi o
bombardeio de Pearl Harbor ou o assassinato do presidente John Kennedy,
talvez a imagem que mais impactou o mundo nos últimos anos foi o cha-
mado “11 de setembro”. Até hoje nos Estados Unidos, obreiros apontam
para esse ataque terrorista quando falam do seu sucesso ou fracasso em
conseguir sustento. Eles dizem, “Desde o 11 de setembro, com a quebra
da bolsa de valores, as pessoas foram tomadas pelo medo e começaram a
estocar. Elas não querem nem sentar para conversar sobre sustento, menos
ainda contribuir!”43
Ao mesmo tempo, há também quem diga, “Deus tem usado essa tra-
gédia de modo maravilhoso. As pessoas percebem que relacionamentos são
mais importantes que bens materiais. Elas querem se doar e dar seu dinhei-
ro a algo que realmente tenha valor. Com isso, ficam empolgadas em fazer
parte da minha equipe de sustento”. Quando ouço
“Nós não podemos os dois lados da história, olho com surpresa, coço a
mudar nosso passado
nem como as pessoas
cabeça e me pergunto, “E agora, o que é verdade?”
vão agir. Não podemos A resposta é que tudo depende da sua perspectiva.
mudar o inevitável. Sim, diante das situações da vida nós podemos
A única coisa que ter uma atitude do tipo “pobre eu”. Quando a ado-
podemos fazer é tocar
a única nota que
tamos, acabamos determinando nosso próprio des-
temos, que é a nossa tino, com nosso constante negativismo e as profe-
atitude. A vida é 10% o cias autorrealizáveis que deixamos tomar conta do
que acontece comigo e nosso pensamento. Você está preocupado demais
90% como eu reajo.”43
com algum desafio ou circunstância ameaçadora,
Chuck Swindoll, porque podem impedi-lo de ir logo para o campo
pastor e escritor
missionário – e com sustento completo?
43
William P. Dillon, People Raising (Chicago: Moody Publishers, 1993), p. 60.
VOCÊ NÃO PODE. DEUS PODE 101

Nós temos uma escolha. Todos os dias, temos que decidir se vamos
encarar nossos supostos obstáculos como impedimento para nosso alvo de
100% do sustento ou, num ato de vontade, escolher usá-los como pedras nas
quais pisar para chegarmos ao alvo. Quando Paulo nos exorta a “levar cativo
todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo”, ele se refere também
a uma mentalidade pequena, a viver focado no próprio umbigo e a atitudes
catastróficas que somos tentados a adotar. A minha oração é para que Deus
transforme o seu coração de modo que você passe a ver a tarefa de levantar
sustento como uma oportunidade, e não uma obrigação; um privilégio, e
não um prerrequisito pra o ministério. Oro para que você encontre a alegria
de se tornar parceiro de Deus e das pessoas de forma tão singular.
Quais lentes você usa quando olha para a tarefa de levantar sustento?
Todos nós colocamos certas lentes que usamos para ver todas as outras
coisas. Consequentemente, nossa perspectiva também levará as cores das
lentes que escolhemos. Todos nós temos nossa própria dose de “visão em
túnel”. Vemos as coisas de certa forma porque achamos que estamos certos.
Se considerássemos que outra perspectiva era melhor, nós a adotaríamos,
certo? Não necessariamente; às vezes mudar é um processo bastante do-
loroso. De fato, mudar a si mesmo é praticamente impossível. Você não
consegue, mas Deus consegue!
Nosso sucesso ou fracasso depende das lentes que escolhemos. Anos
atrás, dois vendedores chegaram a uma ilha para vender sapatos. Logo
mandaram uma mensagem de volta para o escritório – um vendedor tinha
a perspectiva correta, o outro não. Este último afirmou em seu telegrama:
“Dez mil aborígenes, todos descalços. Estou voltando”. O outro fez di-
ferente e escreveu, com sua boa perspectiva: “Dez mil aborígenes, todos
descalços. Mandem dez mil pares”.
Posso testemunhar que, quando as pessoas ganham a perspectiva corre-
ta sobre a busca por sustento, elas experimentam uma mudança tão radical
que voltam totalmente diferentes para suas famílias, amigos e colegas de
trabalho. A transformação as afeta por inteiro e é percebida por todos.
Quando você passa por uma mudança assim tão revolucionária, você
começa a olhar para a vida de forma diferente. Você olha para Deus e o
mundo de forma diferente. Você olha para sua família e amigos de forma
diferente. Você olha para o dinheiro e o ministério de forma diferente. Você
olha para seus mantenedores e para o levantar sustento de forma diferente.
Por isso permita que Deus jogue fora suas deploráveis lentes humanas e
coloque no lugar as lentes perfeitas que Ele tem para você. O resultado é
que tudo vai mudar.
102 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

A ESTRADA ADIANTE
Nos próximos capítulos, lidaremos com as seguintes questões:
• Como você vê Deus?
• Como você vê seu ministério?
• Como você vê a si mesmo?
• Como você vê seus mantenedores?
• Como você vê o dinheiro?
• Como você vê o ato de pedir?

Adotar lentes bíblicas para responder cada uma dessas perguntas é es-
sencial no desenvolvimento da perspectiva correta e de uma equipe saudável
de mantenedores. Conforme fazemos um levantamento das nossas várias
perspectivas, Deus pode querer fazer alguma cirurgia em nosso coração. Se
for o caso, deixe que Ele faça. Comece com a oração: “Ó Senhor, peço que
me mostre se, de alguma forma, estou fora do caminho. Eu quero ser uma
pessoa ensinável. Abra a minha mente e o meu coração. Dê-me coragem
para olhar para dentro de mim e permitir que o Senhor opere as mudanças
que achar necessárias. Se há algo de que eu preciso me arrepender, ou algu-
ma crença que precisa se tornar convicção, eu clamo: Espírito Santo, dê-me
humildade e poder para mudar. Em nome de Jesus.”

NOSSA VISÃO DE DEUS


De onde vem seu entendimento sobre quem Deus é? Dos seus pais?
Da escola dominical? Talvez da televisão e filmes? Há pessoas que veem
Deus como um policial pronto para “chegar junto” ao menor sinal de deslize.
Outras o veem como um Papai Noel celestial, que quer nos sentar em seu
colo toda manhã e, com uma risada alegre, atender prontamente nossa lista
de desejos. Há ainda aqueles que informalmente se referem a Ele como “o
cara lá de cima”. No entanto, o ponto de partida para qualquer perspectiva
saudável é uma visão apropriada de quem é esse Deus grande e soberano. As
lentes que colocamos para ver nosso Deus afetarão profundamente nosso
relacionamento com Ele, e qualquer outra área da nossa vida – especial-
mente nossos esforços para levantar sustento. Para entendermos melhor o
coração e as mãos doadoras de Deus, precisamos crer nas seguintes verdades.

ELE ESTÁ DISPOSTO


“Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e
cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2.3, 4). Certamente, o Senhor
VOCÊ NÃO PODE. DEUS PODE 103

quer trazer para o aprisco cada “ovelha perdida”, muito mais do que eu e
você queremos. Nós sabemos falar bonito, mas Ele apostou Sua vida nisso!
Ele anseia por ver sua vida e ministério frutificarem.

ELE É CAPAZ
“Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pe-
dimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós” (Ef 3.20).
Nosso Deus santo e maravilhoso não está apenas disposto, mas é também
capaz de fazer acima e além de qualquer coisa que possamos compreender
ou até imaginar! Esse é um bom versículo-chave para você memorizar em
sua jornada em busca de sustento: ele será a âncora a mantê-lo firme nos
dias escuros e tempestuosos!
Quando estamos no púlpito, pregamos um Deus ilimitado, mas quan-
do o assunto é financiar ministérios, achamos que Ele trabalha com um
orçamento apertado. Será que Deus tem uma árvore de dinheiro, mas que
não cobre todos os investimentos que Ele tem a fazer? Ele até consegue
repartir um pouquinho para esta igreja, outro tanto para aquele ministério,
alguma coisa para esta pessoa… chega, porém, a hora em que Ele tem que
dizer, “Sinto muito, filho, minha conta chegou ao limite e eu não posso
pegar de volta o que já dei por aí. Você pode voltar amanhã?” Deus não é
um mão de vaca mesquinho! Essa “mentalidade de escassez” é o que deixa
os ministérios impotentes, afirma Ellis Goldstein (Ministério Cru). Ellis
crê que “O patrimônio líquido de Deus não mudou desde o dia em que Ele
criou o mundo!”44
Deus promete suprir todas as necessidades daqueles que aprenderam
que Ele é o dono de tudo. E como Ele vai fazer isso? “De acordo com as
suas gloriosas riquezas” no céu (Fp 4.19). O Senhor tem uma fonte inesgo-
tável de recursos, e Ele não é ganancioso nem sovina. Como afirma Andy
Stanley, “Você é convidado a acessar os recursos inexauríveis de Deus”, e
Ele tem prazer em dar a Seus filhos o que eles pedem.45

TEMPESTADES OU COPOS D’ÁGUA?


Ao longo dos anos, dois clássicos que têm dado forma à minha visão
bíblica de quem Deus é são os livros Seu Deus é Pequeno Demais, de J. B.
44
Parte do texto de recomendação que Ellis Goldstein fez deste livro, enviada por e-mail em 20
de fevereiro de 2013.
45
Andy Stanley, Visioneering: God’s Blueprint for Developing and Maintaining Personal Vision
(New York: Random House Digital, Inc., 2012).
104 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

Phillips e Mais Perto de Deus, de A. W. Tozer. A premissa de Phillips é que,


quando nossos problemas e lutas avultam em nossa mente, demonstram
que temos uma visão vergonhosamente pequena do nosso grande Deus.
Em outras palavras, se levantar oito mil dólares por mês parece um Monte
Everest, você pode estar precisando desesperadamente de uma “reforma”
em sua mentalidade.
A. W. Tozer foi um conhecido pastor e escritor de Chicago, no século
XX. Quando jovem, ele ia todos os dias até uma das praias mais próximas e,
das quatro às seis da manhã, prostrava-se com o rosto na areia para apenas
“pensar sobre Deus”. Sua premissa era: “Aquilo que
“Descobri que toda vem à nossa mente quando pensamos sobre Deus
obra de Deus tem três
estágios; o primeiro é o
provavelmente é o que há de mais importante so-
impossível, o segundo bre nós”.4647
é o difícil e o terceiro é Nós podemos honrar ou desonrar a Deus –
o concluído.”47
tudo depende de crermos ou não em Suas pro-
Hudson Taylor, messas. Por exemplo, em Jeremias 33.3, o Senhor
fundador das Missões
no Interior da China,
declara, “Clame a mim e eu responderei e lhe direi
em 1865 coisas grandiosas e insondáveis que você não co-
nhece”. Quando lemos esse texto, apenas concor-
damos com a cabeça e o ignoramos, ou paramos e confiamos no que Deus
falou? Podemos render ao Senhor nosso maior elogio ou insulto, se aceitar-
mos o que Ele declara ser verdade… e agirmos de acordo.
Uma maneira de verificar se temos uma perspectiva saudável do nosso
Deus é conferir o que pedimos a Ele. Pegue sua última lista de oração desta
semana e verifique rapidamente se ela não está cheia de pequenos pedidos
insignificantes. Se estiver, pare um pouco e tente olhar para a situação da
perspectiva de Deus. Ele gosta quando levamos a Ele as “pequenas coisas”,
mas o que Ele quer mesmo é uma oportunidade de Se mostrar poderoso
em nosso favor. Por isso, prove-O. Teste-O. Ele está esperando. O Senhor
anseia por pedidos proporcionais à Sua capacidade de fazer; o tipo de ora-
ção que, quando Ele responde, a única explicação plausível é reconhecer-
mos que foi Deus quem fez. Como vão suas orações? Elas têm o impacto
de tempestades ou de copos d’água? De fato, o tamanho das nossas orações
indica o tamanho do nosso Deus.
46
A.W. Tozer, The Knowledge of the Holy (Fig, 1961).
47
David J. Scott, The Pebble and the Tower (Xulon Press, 2007), p. 201.
VOCÊ NÃO PODE. DEUS PODE 105

HONRA OU DESONRA
Diz a lenda que, após uma batalha particularmente longa e brutal, o
grande imperador francês Napoleão finalmente conquistou com seu exérci-
to uma disputada e populosa ilha do Mediterrâneo. Pouco depois, enquanto
ele e seus generais bebiam para saborear a vitória, um jovem oficial se apro-
ximou. O soldado fez uma reverência, e Napoleão lhe perguntou o que que-
ria. O soldado encarou Napoleão e disse, “Senhor, dê-me esta ilha”. Todos
os outros generais começaram a rir e zombar do jovem, até que Napoleão
se voltou para um deles para pedir uma caneta, e a outro um papel. Para
surpresa deles, Napoleão redigiu uma escritura da ilha, assinou e entregou
ao humilde, mas ousado, soldado. “Como o senhor pôde fazer isso?”, um ge-
neral perguntou, relutante. “Que direito esse homem tinha de receber esta
enorme ilha, depois de todo o trabalho que tivemos para conquistá-la?” “Eu
a dei a ele”, respondeu Napoleão, “porque ele me honrou com a magnitude
do seu pedido”.48
Quando penso em meu próprio relacionamento com Deus e nas súpli-
cas que apresento a Ele, tenho que ser honesto. Nem sempre eu O honro
com a magnitude dos meus pedidos. Eu quero que minha vida de ora-
ção demonstre fé o suficiente para se assemelhar
ao impacto e “coice” de uma escopeta, mas o que “A coisa mais difícil
acontece às vezes é que ela só dá conta de umas de entender sobre a
cuspidinhas! H.D. McCarty, meu pastor na época oração é por que Deus
da faculdade, costumava dizer, “Quando eu chegar colocaria esse tipo de
no céu, não quero ser culpado diante de Deus e das poder nas mãos de
pessoas como nós.”49
pessoas por pedir de menos”. Nem eu. Eu não que-
ro Deus me olhando nos olhos e dizendo, “Por que Ron Dunn,
escritor e evangelista
você não me pediu mais? Por que não pediu mais
aos outros?” Eu quero começar agora, para um dia
dar a Ele uma resposta que O satisfaça.49
Eu e minha família moramos no Arkansas, onde fica o quartel-general
da rede WalMart. Seu fundador, Sam Walton, era o tipo de pessoa que
dirigia uma caminhonete velha com o cachorro na parte de trás. Agora
imagine se um dia, ao sair para o trabalho numa manhã de neblina, eu visse
um carro velho não conseguir fazer a curva, descer a ribanceira e começar a
48
Steve Shadrach “Asking Big: Does It Offend or Affirm?” Support Raising Solutions Newsletter
(March 2006): http://www.supportraisingsolutions.org/resources/itemid/83/moduleid/4998/
asking-big-does-it-offend-or-affirm
49
Ron Dunn, Don’t Just Stand There, Pray Something (Grand Rapids, MI: Zondervan, 2001),
p. 38.
106 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

afundar no rio. O esperado era que eu parasse, descesse imediatamente do


meu carro e corresse para entrar na água e tentar salvar o motorista. E se eu
achasse o caminhão já submerso, com um homem de idade caído atrás da
roda, a ponto de se afogar? Eu mergulharia, puxaria o homem até a margem
e aplicaria uma reanimação cardiorrespiratória para revivê-lo.
Digamos que o homem acordasse, sentasse e dissesse, “Você salvou mi-
nha vida! Você sabe quem eu sou? Sou Sam Walton, o homem mais rico
do mundo. Quero lhe dar um prêmio: vou sacar meu talão de cheques e lhe
passar um cheque nominal, com a quantia que você me pedir”. Com a caneta
na mão, ele aguarda minha resposta, e insiste, “Quanto você quer que eu
lhe dê?” Eu penso, “Sou ou não sou um cara de sorte?”. Olho ao redor, vejo
que horas são e digo, “Bem, senhor Walton, são sete e meia da manhã, e eu
estou com um pouco de fome. Tem um McDonald’s aqui perto, e eu acho
que gostaria de um lanche. Pode me dar uns cinco dólares”. Atônito, ele
fala: “Cinco dólares? Só isso? Eu nunca assinei um cheque com um valor
tão baixo, mas se é o que você quer…” Ele preenche o cheque, me dá, se vira
e vai embora.
O que sua família e amigos diriam se você lhes contasse essa história?
Eles o cumprimentariam por sua sorte ou perguntariam como estava o lan-
che? É claro que não! Eles exclamariam, “Você tá de brincadeira, né? O
bilionário mais rico do mundo se dispôs a lhe dar um cheque de qualquer
valor, e você só pede míseros cinco dólares? Você ficou louco?”

A PERSPECTIVA SUPERIOR
Marcos 10 relata uma conversa de Jesus com Seus discípulos dizendo,
“Novamente ele chamou à parte os Doze e lhes disse o que haveria de lhe
acontecer” (Mc 10.32). No mínimo, aquela era a segunda, terceira ou quarta
vez que Jesus reunia os discípulos para tratar do mesmo assunto.50 Ele deve
ter sentido que eles ainda não tinham entendido, e precisavam que Jesus
repassasse de novo o que estava para acontecer em Seus últimos dias. Em
ordem cronológica, mais uma vez o Senhor revê a traição do Filho do ho-
mem, Seu julgamento, condenação, zombarias, açoites, crucificação, e por
fim, “Três dias depois ele ressuscitará” (Mc 10.34). Ainda assim, o Senhor
não obteve a resposta esperada.
Em vez de demonstrarem simpatia ou gratidão, Tiago e João se apro-
ximaram de Jesus e exigiram, “Mestre, queremos que nos faças o que va-
mos te pedir” (Mc 10.35). Eu fico impressionado que Jesus não os tenha
50
Uma das vezes em que Jesus fez isso foi um capítulo antes, em Marcos 9.30-32.
VOCÊ NÃO PODE. DEUS PODE 107

repreendido por tamanha ingratidão. Mesmo diante de repetido egoísmo,


o Salvador responde graciosamente no verso 36, “O que vocês querem que
eu lhes faça?” Essa era uma de Suas perguntas favoritas. No versículo 51
do mesmo capítulo, Jesus a faz novamente, a um homem num contexto
totalmente diferente.
Eu creio que Jesus está fazendo essa mesma pergunta agora, para você.
Ele nos convida a fazer o pedido divino – a Ele, diretamente. Ele já assinou
um cheque nominal, e só está esperando que você diga o valor. Eu não estou
falando de dinheiro; estou falando do que você tem pedido a Deus. Você vai
crer nEle para as coisas grandes ou não vai? Você vai esticar sua fé e decidir
que vai começar a pedir ao Senhor aquilo que Ele é capaz de fazer? Você
e eu temos nas mãos a oportunidade da nossa vida: em simplicidade e hu-
mildade, podemos escolher honrá-lO com a magnitude dos nossos pedidos.
Como você vê seu Deus determinará seu sucesso em levantar sustento.
Você e eu não podemos ter um relacionamento pessoal com Deus sem uma
perspectiva correta de quem Ele é. Esse relacionamento forma o âmago de
cada área da nossa vida. A visão e a paixão que me motivam diariamente a
fazer qualquer coisa só podem ser encontradas nEle. Em João 15, Jesus diz,
“sem mim vocês não podem fazer coisa alguma”. Nada. Eu sou tolo só de
alimentar a ideia de depender de minha própria inteligência, dons ou habi-
lidades. Sustento completo, impressionantes resultados ministeriais, todas
as pompas de uma vida bem-sucedida só aumentam o nosso vazio quando
não vêm do Senhor. Tentar levantar nosso sustento à parte do poder dEle é
completa loucura. Nem tente fazer isso.
12

Escolhendo uma

Paixão
Eu e minha esposa temos tido a alegria de trabalhar com milhares de estudan-
tes da faculdade, com quem já tivemos inúmeras conversas sobre o que
eles vão fazer, à medida que se aproximam da formatura. Até então, eles
costumavam se sentir seguros por saber que voltariam para mais um ano
letivo. Agora, porém, que estão para ser expulsos do ninho, eles sentem a
grande necessidade de orar, pedir conselhos, correr atrás das opções e tomar
decisões. Quando converso com esses jovens de até vinte e cinco anos, gosto
de fazer uma pergunta incomum. “Se você pudesse fazer qualquer coisa com
sua vida, o que faria? Por apenas um instante, pare de pensar em quem paga
a sua faculdade, no que seus pais querem ou na pressão do seu namorado ou
namorada. Não se imponha limites nem parâmetros. Coloque no papel o
que você gostaria de fazer com a sua vida caso você pudesse escolher.”
A maior parte desses jovens nunca se permitiu pensar de forma tão
aberta e livre. Eles foram condicionados a operar debaixo de certas ex-
pectativas exteriores ou limitações autoimpostas.
Há muitas coisas na
Alguns ficam tanto tempo sentados, olhando para vida que vão chamar
a folha de papel em branco que lhes entreguei, que sua atenção, mas pou-
chego a pensar que eles vão surtar! No fim, aca- cas vão ganhar seu
coração. São estas que
bam recebendo uma inspiração e começam a es-
vocês devem buscar
crever, entusiasmados. Terminam com um sorriso com diligência!
e me entregam o papel para eu dar uma olhada.
110 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

Para quase todos, devolvo a folha, olho bem nos olhos deles e digo em voz
baixa, “Faça isso”.
Aqueles jovens têm razão para estarem tão empolgados com aquele
rumo específico, aquela causa ou vocação que eles colocaram no papel: foi
Deus quem colocou aquilo no coração deles. “Deleite-se no SENHOR, e
ele atenderá aos desejos do seu coração” (Sl 37.4). “Vocês estão se deleitan-
do no Senhor?”, pergunto aos que vão se formar. “Tenho certeza que estou
buscando”, eles respondem. A minha conclusão é, “Então vocês acabam de
escrever os seus desejos do coração. É hora de ir atrás deles”. Simples ou
idealista demais? É bem possível que o meu entendimento de como ajudar
alguém a descobrir o rumo de Deus para sua vida seja bem mais “aberto”
do que o normal, mas acredito que esse exercício atinge o âmago do enten-
dimento que cada um de nós deve ter quanto ao que foi designado a fazer.

SEGUNDA ETAPA: VIVENDO A GRANDE COMISSÃO


Nosso ponto de partida e de chegada é sempre o Senhor Jesus. Dito
isso, podemos construir sobre esse alicerce na medida em que ganhamos um
entendimento radical, mas ao mesmo tempo sábio, da obra que o Senhor
nos chamou a fazer. Você já deu passos enormes de fé. É Deus quem está
fazendo todas as peças se encaixarem, mas Ele está usando você para isso.
Preencher um formulário e comparecer a uma entrevista para um cargo
ministerial foi a parte fácil. Agora vem a segunda etapa. Quando damos
esse enorme passo que estou descrevendo, ele determina o curso de toda a
nossa vida e ministério. É um marco e tanto, um território que conquista-
mos. Um avanço da nossa fé sobre nossos medos mais íntimos. Enfrentar e
conquistar esse desafio vai preparar você para os gigantes que virão depois.
Digamos que, contra todas as possibilidades, você se dispôs, confiou
em Deus e, mesmo sem ter um centavo, levantou todo o seu sustento. Agora
você pode atender sua atribuição e começar a planejar o seu ministério.
Alguém sugere que você prepare uma reunião semanal na qual ensinará
princípios de liderança bíblica aos treinadores das escolas de ensino mé-
dio da cidade51. Ao mesmo tempo, você conta com pessoas importantes
na sua vida dizendo as razões pelas quais não vai dar certo. Da sua parte,
tudo o que você consegue pensar é em como Deus operou poderosamen-
te por seu intermédio para levantar todo o seu sustento e lhe dar vitória
51
Nota do tradutor: Nos Estados Unidos, as escolas de ensino médio costumam ter seus times
esportivos que participam de várias competições. Nesse contexto, o técnico de cada escola se torna
um líder muito influente entre os alunos.
ESCOLHENDO UMA PAIXÃO 111

sobre os temores que enfrentou no caminho. Você “Arrisque mais do que


ora e decide dar outro passo de fé: agora você vai os outros consideram
até a maior escola de ensino médio da cidade para seguro. Importe-se
mais do que os outros
conversar pessoalmente com o técnico de esportes
consideram sábio.
daquela escola. Você pergunta se ele e sua equipe Sonhe mais do que os
não querem ser os primeiros a se envolver. outros consideram
Por que você não decide agora fazer com que prático. Espere mais
esse tipo de atitude e ação se torne a regra para to- do que os outros consi-
deram possível.”
das as suas futuras decisões, seja no âmbito pessoal,
familiar, financeiro ou ministerial? Decidir buscar Cadete do exército
americano
esse tipo de paixão ao levantar sustento transbor-
dará para todas as áreas da sua vida e ajudará o seu
ministério a focar o que é mais importante. A Grande Comissão precisa ser
sua principal paixão e sua causa mais importante. Se existisse causa maior,
eu a seguiria, e ficaria desapontado se você não fizesse o mesmo. É por isso
que assumi o compromisso de oferecer treinamento apenas a ministros da
Grande Comissão. Refiro-me aos grupos que estão envolvidos em uma ou
mais destas atividades bíblicas para a expansão do Reino:
• Evangelizar: ganhar pessoas para Cristo
• Estabelecer: edificá-las na fé
• Equipar: treiná-las para que ganhem outros para Cristo e os edifi-
quem na fé
• Exportar: enviá-las para que reproduzam o processo

Deus nos colocou no ministério para que a edificação do corpo de


Cristo na terra acontecesse dessa maneira.

CHAMADO POR DEUS


Quando Robbie Knievel, filho do infame dublê Evil Knievel, realizou
um salto de 70 metros de moto sobre um trecho do Grand Canyon, um
repórter lhe perguntou como ele veio a escolher aquela profissão. Robbie
respondeu simplesmente, “Todo mundo tem um chamado. Este é o meu”.
Sim, Robbie, todo mundo tem um chamado, mas não precisa ser uma mis-
são suicida! O chamado que recebemos do Senhor não é um salto no escu-
ro, mas para a luz. Algumas pessoas acham que ninguém está qualificado
para o ministério em tempo integral enquanto não vir uma luz do céu, com
o som de trombetas, choros, calafrios e um climático ato de entrega acom-
panhado por um frio da barriga no meio da noite.
112 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

Quer a sua experiência tenha sido como a de Paulo na estrada de


Damasco, quer você tenha apenas tomado uma decisão lógica de dar todo o
seu tempo e energia para a obra do Senhor, você ainda tem uma inabalável
convicção, vinda do próprio Deus: esse é o ministério que Ele quer que você
cumpra. Você precisa encará-lo como um pacote, dentro do qual levantar
sustento é tanto parte do seu chamado quanto seu ministério de fato. O
escritor e líder de ministério Chuck Colson expressa a seriedade da nossa
tarefa, “Nós não estamos envolvidos em alguma prática filantrópica vaga.
Estamos lidando com a vida e a morte. E é melhor nós seguirmos adiante
com esse negócio de proclamar o evangelho”.52

CONVENCIDO DA VISÃO
Em algum momento da sua vida, alguém vai aparecer com uma opor-
tunidade de investimento, garantindo que você vai dobrar o seu dinheiro se
investir apenas 50.000 dólares junto com dez outros investidores. Segundo
a pessoa, não tem como você sair perdendo. Pois bem, a primeira pergunta
que você precisa fazer é, “Quanto do seu dinheiro você está investindo?” Se
o seu proponente não estiver investindo uma quantia significativa, não está
convencido da própria visão. Como alguém pode ser tão ingênuo a ponto
de tentar convencer alguém a investir dinheiro num projeto, se ele mesmo
não está disposto a investir? Esse conceito se aplica também ao seu mi-
nistério. Se você não estiver convicto, não conseguirá vendê-lo aos outros.
Precisamos dar o exemplo para as pessoas que estamos liderando ou ten-
tando influenciar. Em outras palavras, se eu quero que meus mantenedores
se identifiquem com meu ministério, eu mesmo preciso sentir que acredito
totalmente nele. Helen Keller disse, “A pior tragédia que pode acometer
uma pessoa é ter olhos, mas não ter visão”.53
Se o ministério no qual você está entrando é apenas algo que lhe parece
interessante ou que lhe dá prazer, ou ainda uma forma de ajudar pessoas
necessitadas por alguns anos antes de começar sua “carreira de verdade”, re-
ceio que você enfrentará um esforço descomunal quando começar a buscar
mantenedores comprometidos. Se você não crer com toda a sua alma que
sua visão vem de Deus e é o movimento mais estratégico que você pode
fazer, não achará muita receptividade nas pessoas que abordar. Elas poderão
52
Dan and Dave Davidson and George Verwer, God’s Great Ambition (Downers Grove, IL:
InterVarsity Press, 2004).
53
Da seção “World Christian Quotes” de www.thetravelingteam.org.
ESCOLHENDO UMA PAIXÃO 113

até fazer uma doação de caridade, mas poucas se sentirão tocadas a investir
e a se tornar parceiras de ministério.

ABRACE SEU DESTINO


A Palavra de Deus é a vontade de Deus, e o Senhor nos deu muito mais
liberdade do que imaginamos – liberdade para discernir e implementar Sua
ordem de marchar. Ele coloca em cada um de nós uma “inclinação” espe-
cial, uma paixão: se nós a trouxermos à tona e a buscarmos diligentemente,
experimentaremos grande senso de realização e bênção em nossa vida e
ministério. Você terá uma motivação que vem de dentro, e a probabilidade
de ser bem-sucedido aumentará exponencialmente se você estiver fazendo
aquilo que mais deseja na vida. E se isso exigir levantar seu sustento, a
receptividade será notável, pois os doadores poderão sentir um pouco da
autenticidade da sua empolgação, propósito e noção de destino. Às vezes,
quando discipulo alguém que quer se dedicar ao ministério em tempo in-
tegral, arranjo para a pessoa algumas entrevistas em companhias de amigos,
para empregos com salários fabulosos na área em que ela se formou. Eu
não quero que ela vá para o ministério como “opção padrão”, mas porque
crê firmemente que Deus a chamou para isso. Ao dar a alguém a chance de
recusar incríveis oportunidades de empregos e salários, consigo o efeito de
solidificar suas convicções. Acho que nunca encontrei alguém que se arre-
pendeu de escolher paixão no lugar de prosperidade.

SUSTENTANDO O PESSOAL DA ADMINISTRAÇÃO


Neste ponto, você pode estar dizendo, “Você
“Se você não consegue
não está entendendo. Eu trabalho na administra- fazer coisas grandes,
ção da nossa organização. Como eu vou conseguir faça as pequenas, de
levantar meu sustento? Eu não estou trabalhando maneira grande.”54
em outro país ou no campus de uma universidade. Napoleon Hill,
Eu passo o dia numa escrivaninha de escritório, escritor americano
trabalhando com projetos”. Mais uma vez, é tudo
uma questão de perspectiva. Dependendo de como você encara seu minis-
tério, você pode atingir seus objetivos ou destruir suas próprias chances de
obter todo seu sustento.54
Não acredite na conversa que rola por aí de que o pessoal de TI ou do
administrativo não consegue levantar sustento e precisa viver de salário.
54
Cleophus Jackson, Reprogram Your Mind for Success and Happiness (iUniverse, 2011), p. 152.
114 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

Recentemente, recebemos em nossa equipe um cara de trinta e oito anos do


tipo quietão, que trabalha com tecnologia. Ele fez o treinamento sobre le-
vantar sustento, voltou para casa e pediu a seis casais que investissem alguns
recursos iniciais, para que pudesse sair do emprego e se concentrar na busca
do seu sustento. Ele entrou de cabeça, viajando por diferentes cidades, mar-
cando conversas e pedindo humildemente às pessoas que participassem de
sua equipe de sustento. Depois de dois meses e meio, ele passou dos 100%
com grande sobra, e estava se preparando para vender sua casa e vir morar
na nossa sede.
Conta-se a história de um jornalista que perguntou a três pedreiros
trabalhando numa catedral o que eles estavam fazendo. O primeiro deu um
sorriso malandro e respondeu, “Estou levantando uma parede”. O segundo
sorriu com a pergunta e disse, “Estou construindo uma igreja”. O terceiro,
porém, se levantou, ergueu as mãos para o céu e anunciou, “Estou glori-
ficando a Deus!” Os três homens estavam fazendo exatamente a mesma
coisa, mas com perspectivas radicalmente diferentes. Do mesmo modo, já
conversei com várias pessoas que trabalhavam em equipes administrativas
e tinham os mesmos cargos, mas estavam a mundos de distância na forma
como enxergavam seus papéis. Pense, por exemplo, em como três adminis-
tradores com a mesma descrição de tarefas veem sem próprio papel.
Funcionário 1: “Eu respondo e-mails e atendo ligações o dia todo.”
Funcionário 2: “Eu ofereço apoio administrativo para toda a equipe.”
Funcionário 3: “Eu sou fundamental na ponte que faço entre nossa
base e uma equipe de mais de duzentos missionários na Ásia Central. Nossa
missão é plantar cinco mil igrejas entre os perdidos até o ano 2025. Como
coordenador de recursos, forneço todas as ferramentas e informações de
que os missionários precisam para desenvolver um ministério estratégico de
evangelismo e discipulado de base entre povos não alcançados, em lugares
onde a maioria nunca sequer ouvir falar de Jesus! Para nós será uma honra
poder tê-lo como parceiro nesse ministério tão importante.”
Três pessoas diferentes, todas com o mesmo título e função. Só uma
teve suas lentes ministeriais transformadas para enxergar seu chamado com
os olhos de Deus, e não com seus próprios olhos. Só uma encara a tarefa de
levantar sustento como um privilégio secreto. Só uma tem sustento com-
pleto. O valor de uma equipe administrativa é incalculável, pois é essen-
cial para o funcionamento do ministério. Mesmo assim, alguns líderes de
ministério não reconhecem esse valor. Consequentemente, quem compõe
esse tipo de equipe aprende a não dar valor a si mesmo. O resultado é que,
ESCOLHENDO UMA PAIXÃO 115

quando olham nos olhos de um possível doador, acham difícil crer que real-
mente cumprem um papel importante.
Não permita que a importância do seu ministério seja determinada
por sua família, amigos, parceiros de equipe ou doadores. Elimine as vozes
de autocomiseração que ressoam no fundo da sua mente. Olhe para cima
e obtenha um vislumbre celestial da obra grande e gloriosa que o Grande
Comandante tem para você. Mesmo que aparentemente você opere “na re-
taguarda”, não se engane: você é tão essencial quanto qualquer outro mem-
bro do exército de Deus. Você está dando duro para cumprir o compromis-
so que recebeu do céu, e biblicamente você merece seu sustento.
Se você acredita que está na posição mais estratégica que poderia estar
e que foi Deus quem o chamou para ocupá-la, suas convicções virão à tona
quando você sentar com alguém para pedir sustento. Qualquer que seja a
sua descrição de tarefas, ela não é tão importante quanto uma visão bem
arraigada e a paixão por cumpri-la. Muito disso está ligado a como você vê
a si mesmo. Portanto, talvez você precise fazer uma autoavaliação. Esse tipo
de autoexame pode ser doloroso, mas com certeza será útil.
13

Digno do

Salário
Matthew tinha boa aparência e formação, falava bem, exercia uma boa lide-
rança, estava envolvido com o discipulado de pessoas e queria entrar para
a nossa missão. Quando ele e sua esposa (que também era uma pessoa
muito capacitada) se dispuseram a levantar seu sustento, estacionaram na
metade do valor de que precisavam. Por achar que eles eram um ótimo
investimento e um casal ao qual queríamos dar apoio, eu lhe disse que
minha família queria fazer parte da sua equipe de mantenedores mensais.
“Não”, ele protestou, “vocês estão envolvidos com muitas outras pessoas
que precisam de apoio no ministério”. Eu concordei com o que ele disse,
mas insisti que tínhamos certeza que queríamos fazer parte do seu grupo
de mantenedores; já havíamos até decidido quanto íamos dar. Novamente
ele se esquivou, dizendo, “Há outros obreiros sensacionais nos quais você
precisa investir”. Frustrado, falei, “Eu até já assinei o primeiro cheque.
Nós vamos fazer parte da sua equipe de sustento!” Mais uma vez ele rejei-
tou nossa intenção, por isso olhei nos seus olhos e perguntei, “Matthew,
você é um bom investimento?” Ele parou e desviou o olhar. Depois res-
pirou fundo e falou em voz baixa, “Eu não sei”. Se nem mesmo ele se via
como um bom investimento, como convenceria os outros? Não é à toa
que meu amigo Matthew estava tendo dificuldade para completar seu
sustento. Ele não cria de fato no que Jesus afirma em Lucas 10.7, que “o
trabalhador merece o seu salário”.
118 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

COMO DEUS VÊ VOCÊ?


• Por um momento, olhe para cima e imagine que você está olhando
para a face de Deus.
• O que Ele pensa DE VOCÊ agora?
• Como Ele vê você neste momento?
• Ele o ama de modo completo e incondicional… ou com base em
algum tipo de desempenho?
• O Senhor já pagou por todos os seus pecados (do presente, passado
e futuro) e o perdoou?
• Ele já fez de você um filho e membro da sua família eterna?
• Ele tem um plano específico para a sua vida, plano de abundância e
bênçãos?

Se eu não tiver certeza de que Deus me ama e perdoa de maneira


completa, como posso me amar ou me perdoar – ou amar e perdoar os
outros? Neil Anderson escreveu vários livros voltados a ajudar as pes-
soas a se verem como Deus as vê.55 Ele nos exorta a meditar sobre nossa
posição em Cristo até que a compreendamos plenamente. Ele asseve-
ra, “Entender sua identidade em Cristo é absolutamente essencial para
o seu sucesso em viver uma vida cristã vitoriosa”.56 Ele ressalta que a
Bíblia nos chama de pecadores algumas vezes, mas se refere a nós como
santos outras centenas de vezes! Temos uma decisão a tomar. Podemos
escolher ver a nós mesmos como pecadores corrompidos, aviltados e
derrotados, ou nos ver como Deus nos vê em Efésios 1.4: “santos e
irrepreensíveis”.
Ter uma autoimagem saudável não é pensar mais ou menos de nós
mesmos do que deveríamos. É simplesmente olhar para nós mesmos
como Deus olha. Se conseguirmos fazer isso, tomaremos posse da mais
saudável e equilibrada autoimagem que existe: a autoimagem bíblica.
E ela tem tudo a ver com todas as áreas da vida, incluindo o seu su-
cesso ou fracasso em levantar sustento. Uma das principais perguntas
que alguém pode responder sobre si mesmo é também a mais simples:
“Quem sou eu?” Antes de você se apresentar ou apresentar seu minis-
tério a alguém, você precisa ter estabelecido exatamente quem você é
em seu coração. Jesus crê que você é digno do seu salário. Você também
crê nisso?
55
Alguns livros de Anderson: The Bondage Breaker, Victory Over the Darkness, Steps to Freedom in
Christ, Who I Am in Christ, entre outros.
56
Neil Anderson e David Park, Ultimate Love (Eugene, OR: Harvest House, 2006), p. 214.
DIGNO DO SALÁRIO 119

COMO VOCÊ VÊ A SI MESMO?


Nós projetamos para os outros aquilo que pensamos sobre nós mesmos.
Se eu não tiver confiança nem respeito por mim mesmo, as pessoas vão per-
ceber e não vão confiar muito em mim, nem me respeitar. Definitivamente,
nós ensinamos às pessoas como elas devem nos tratar, e se você pensar mal
de sua personalidade, aparência, dons, habilidades ou experiência, isso ficará
dolorosamente óbvio para a pessoa a quem você pedir sustento. Estudos
indicam que até 93% da nossa comunicação com as pessoas não está nas
palavras que falamos, mas nos sinais não verbais que transmitimos. Nossas
expressões, comportamento, nossos olhos, ombros e mãos, nosso nível de
entusiasmo, intensidade e animação revelam o que está realmente aconte-
cendo dentro de nós.57 Afinal, Provérbios 23.7 ensina, “Porque, como ima-
gina em sua alma, assim ele é” (Almeida Revista e Atualizada – ARA).
Na Bíblia, um dos maiores exemplos disso está em Números 13.
Os  doze espias foram até a Terra Prometida para observá-la antes de a
nação de Israel entrar e tomar posse daquilo que recebera de Deus. Josué
e Calebe voltaram prontos para a invasão. Os outros dez espias voltaram
aterrorizados com os gigantes que havia no lugar. Em Números 13.33, eles
confessaram, “diante de quem parecíamos gafanhotos, a nós e a eles”. Por
que os gigantes viram os espias como gafanhotos? Ora, porque os próprios
espias se viam assim. Em vez de confiar em Deus, acreditar em Sua promes-
sa e avançar com coragem, foram paralisados pelo medo.58
Como você vai lidar com a situação de entrar no escritório de um gi-
gante dos nossos dias, alguém como o intimidador
executivo no topo do seu próprio arranha-céus, que “No momento em que
você altera sua per-
lhe concedeu cinco minutos do seu precioso tem-
cepção de si mesmo e
po? Se você tiver uma “mentalidade de gafanhoto” do seu futuro, você e
a respeito de si mesmo e de seu ministério, ele per- seu futuro começam a
ceberá imediatamente. Ele vai espantar você como mudar.”58
um inseto, dizendo, em essência, “Saia do meu Marilee Zdenek,
escritório, gafanhoto!” Eu não estou falando que fundadora da empresa
você tem que ser convencido, arrogante, invadindo Right-Brain Resources
a casa ou o escritório das pessoas com a altivez de
57
Albert Mehrabian, pesquisador científico em Desenvolvimento de Recursos Humanos, estu-
dou o impacto comparativo de nossas palavras, voz e comunicação não verbal. Nossas palavras
correspondem a apenas 7% de todos nossos esforços de comunicação. Nossa inflexão vocal cor-
responde a 38%; comunicação não verbal, como gestos, expressões faciais, linguagem corporal, etc.
Correspondem a 55%.
58
Marilee Zdenek, Inventing the Future (New York: McGraw-Hill, 1988).
120 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

um pistoleiro. Com a ajuda de Deus, você precisa acabar com a autopercep-


ção negativa que nos paralisa.
O segredo para isso é encher nossa mente com as Escrituras e aceitar
como verdade o que Deus diz sobre nós e nosso chamado. Fico pensando
se, após serem sentenciados a quarenta anos de peregrinação no deserto por
causa da sua incredulidade, os dez espias e o restante da nação de Israel não
quiseram poder voltar no tempo para enfrentar os gigantes, como Deus
havia mandado.59

VOCÊ É UM BOM INVESTIMENTO?


Quando Matthew, nosso novo membro da equipe, rejeitou pela terceira
vez minha tentativa de me tornar um de seus mantenedores, eu entendi
que precisávamos conversar. Passamos duas horas abrindo nosso coração
na mais pura sinceridade. Embora ele tivesse todos os motivos para se sen-
tir confiante quanto a si mesmo e seu ministério, ele não se sentia digno.
Ele estava deixando a temível “mentalidade de gafanhoto” controlar seu
pensamento. A nossa mentalidade vai determinar se vamos pedir ofertas
mensais de cinquenta dólares, cem dólares, duzentos dólares, trezentos dó-
lares ou até mais. Obreiros cristãos que não se veem como dignos de um
investimento significativo pedirão quantias menores, ou nem mencionarão
um valor.
Os americanos certamente entendem esse conceito de investimento.
Mais da metade dos cidadãos americanos estão investindo na bolsa de valo-
res. Se você solicitasse informações de vários fundos de investimento, logo
receberia folders brilhantes e coloridos gabando o sucesso daqueles fundos
e suas taxas de retorno superiores ao mercado. Seus gráficos de rendimento
sempre apontam para cima, para seduzi-lo a enviar todo mês um cheque e
investir em um de seus fundos de “retorno garantido”, sem risco. O prin-
cipal objetivo deles é convencer você que eles têm um bom ROI (retorno
sobre investimento).
Assim como fazem ao buscar investir nas ações com melhor ROI, os
seus amigos passam você pela mesma peneira quando sentam do outro lado
da mesa para ouvi-lo pedir sustento. De forma inconsciente, eles estão ava-
liando sua aparência, atitude, visão, entusiasmo e material de apresentação,
tentando discernir que nível de conforto eles têm em adotar você como um
novo investimento na “carteira de doações” deles. Enquanto você apresenta
sua missão, alvos e impacto estimado, você está tentando garantir a seu
59
Na verdade, os dez espias incrédulos foram feridos no capítulo seguinte, em Números 14.36.
DIGNO DO SALÁRIO 121

amigo que, se ele direcionar alguns dólares estratégicos para você e seu
ministério, o retorno celestial será excelente. Assim como no mundo dos
negócios uma pessoa cria um plano de desenvolvimento e procura um ban-
co para obter financiamento, nós estamos montando um plano de desen-
volvimento ministerial, pelo qual estamos começando o nosso ministério
do zero e apresentando-o a potenciais investidores.
Alguém pode pensar, “Isso soa muito mundano. As pessoas não deve-
riam dar simplesmente porque Deus manda, independente de eu me atrasar
para uma conversa, cometer erros de digitação em meu material ou de eu
gaguejar na apresentação?” Por mais que eu quisesse lhe garantir que todo
encontro que você terá será com cristãos comprometidos com um entendi-
mento bíblico de “dar verticalmente”, não é o que vai acontecer. A maioria
das pessoas vai contribuir por uma motivação horizontal, pelo menos no
começo. O que vai impressioná-las é a sua aparência, o que você diz, como
você se apresenta – é isso que vai fazer com que queiram investir. Boa parte
de como elas verão você depende de como você vê a si mesmo. E como você
vê a si mesmo está baseado em como você percebe que Deus vê você.

ENFRENTE SEUS MEDOS


Todos nós temos medos. Seu maior adversário pode ser você mesmo.
A Bíblia diz que Deus é por nós. Satanás ou as pessoas não têm poder sobre
um filho de Deus. A única pessoa que pode arruinar você é você mesmo!
Timóteo, o jovem pastor de Éfeso, estava enfrentando lutas, quando
recebeu uma carta de Paulo, seu mentor havia dezessete anos. O apóstolo
Paulo estava para morrer, e como queria encorajar seu jovem discípulo uma
última vez, escreveu, “Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de
poder, de amor e de equilíbrio” (2Tm 1.7). Timóteo estava lutando com sua
timidez e com a tendência a se envergonhar do Senhor, do evangelho, e
até do próprio Paulo. Timóteo se sentia isolado e estava se deixando recuar
diante dos obstáculos e da oposição de crentes e descrentes. Em essência, o
tema da exortação final de Paulo a Timóteo era: enfrente seus medos.
Larry Crabb, em seu livro Encouragement, escreve, “Todos nós temos
camadas de temores que cobrem nosso ‘verdadeiro eu’. Elas são mecanis-
mos de defesa”.60 Nós gravitamos na direção daquilo que é seguro e confor-
tável, e fugimos ou evitamos coisas que assustam e intimidam. Mesmo que
isso faça parte da natureza humana, ainda assim é uma forma deplorável

Dr. Larry Crabb e Dr. Dan Allender, Encouragement; The Key to Caring (Grand Rapids, MI:
60

Zondervan, 1990).
122 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

de atuar. Ao levantar sustento, bem como em qualquer outra área da vida,


temos que tomar uma decisão praticamente todos os dias. Vamos deixar
que o medo nos domine, ou vamos enfrentar nossos medos e fazer o que
temos receio de fazer?
Numa pesquisa realizada com cem condecorados com a Medalha de
Honra (a maior homenagem que um soldado americano pode receber por
sua coragem), foi-lhes questionado, “O que é coragem?” Eu achei que a
resposta deles seria, “Não ter medo”, mas não foi. Todos eles chegaram a
ter muito medo, a ponto de ficarem mortos de medo. Eles confessaram
que o coração quase saía pela boca quando avançavam pelas selvas do
Vietnã, sabendo que podiam ser atacados e mortos a qualquer momento.
Consequentemente, sua definição de coragem não foi ausência de medo.
Para eles, a definição de coragem foi seguir em frente e “fazer o que você
tem medo de fazer.” Eles deliberadamente tomaram decisões arriscadas que
os levaram a enfrentar seus medos, e não fugir deles.
Tenho observado obreiros cristãos muito corajosos na hora de pre-
gar, compartilhar o evangelho num avião ou entregar um folheto na rua.
Quando, porém, precisam sentar com um possível mantenedor para apre-
sentar sua visão ministerial, eles recuam. Tenho visto gente grande ficar
paralisada de medo em conversas sobre sustento. Por que isso? Por que
a ideia de sentar frente a frente com outro ser humano e pedir a ele que
invista em nós e em nosso ministério dá frio na espinha? Minha conclusão
é que 99% dos obreiros cristãos têm medo de pedir dinheiro. O que sobra
são mentirosos!

A PERGUNTA DE OURO
Levantar sustento é como dar seu testemunho pessoal. Pense nos passos
necessários em ambas as atividades: 1. Criar a necessidade. 2. Compartilhar
a solução. 3. Provocar uma decisão. Mesmo com a possibilidade de rejeição,
a conclusão dos dois esforços é: você está disposto a fazer a “pergunta de
ouro”? Após apresentar o evangelho a alguém, a sequência mais importante
de palavras é a parte em que você pede à pessoa que tome uma decisão. Para
alguns, o ato de pronunciar essas palavras pode ser uma experiência terrível.
“Você gostaria de receber Jesus Cristo como senhor e salvador da sua vida,
agora?” É tão difícil continuar olhando nos olhos da pessoa, fechar a boca
e esperar uma resposta. Por quê? Porque ela pode dizer “não”, e eu detesto
ser rejeitado! Assim, permito que o fator medo dê forma à minha teologia,
racionalizando a necessidade de perguntar às pessoas se querem receber
DIGNO DO SALÁRIO 123

a Cristo. Minha desculpa é que Deus tem poder para salvar a pessoa sem
precisar de minhas perguntas.
Os medos que enfrentamos no evangelismo são como os que experi-
mentamos ao levantar sustento. Como resultado, muitos obreiros vão se
limitar a pedir a grupos de pessoas (e não a indivíduos), mandar cartas e
cartões de compromisso de oferta, e colocar em seu blog um link de “faça
sua doação”. Até aqueles que conseguem fazer abordagens individuais a
doadores podem não chegar ao ponto de verbalizar a pergunta de ouro.
“Senhor Smith, seria uma honra ter o senhor e sua família investindo em
nosso ministério. Gostaria de saber o que acha de nos ajudar com um valor
mensal de 100 ou 150 dólares.” Assim como no evangelismo pessoal, ao
levantar sustento nós também precisamos fazer o pedido divino; depois,
porém, precisamos ter coragem para convidar as pessoas a responder – e
deixar que respondam!
Por que muitos obreiros decidem não pedir de forma direta e pessoal?
Eles vêm com todo tipo de desculpa teológica ou filosófica, quando, no
fundo, acho que o problema é o medo da rejeição. Eu também não gosto de
deixar as pessoas desconfortáveis, por isso faço a pergunta de ouro da forma
mais casual e amigável possível. Mesmo assim, não deixo de fazer.
Pense nisso. Como obreiro, se eu não consigo fazer uma simples per-
gunta de ouro no evangelismo, como vou conseguir fazê-la ao levantar sus-
tento? Nesse caso, eu não tenho nem o direito de fazê-la! Se você acha
difícil pedir às pessoas que façam parte da sua equipe de sustento, você
deveria avaliar como você tem se saído ao perguntar às pessoas se elas que-
rem crer em Cristo e recebê-lO como salvador. Se você conseguir romper
as barreiras do medo e da fé no seu testemunho, experimentará uma injeção
de adrenalina e a coragem para enfrentar seus medos na busca por sustento.
Quando você estiver acostumado a fazer a pergunta de ouro ao comparti-
lhar o evangelho, fazê-la para levantar sustento se tornará fácil.
Observação: Você já percebeu a relação que há entre quantas pessoas
você convida para crer em Cristo e quantas pessoas aceitam? Quanto mais
você pergunta, é mais provável que você receba respostas positivas. Agora
pense: a mesma relação existe quando você convida alguém para investir em
você e em seu trabalho.

TUDO COM EXCELÊNCIA


É bem comum, quando estou dirigindo por uma interestadual, ter que
parar por causa de reparos na estrada. Normalmente, vejo grupo de cinco
124 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

ou seis funcionários de pé, escorados em suas ferramentas, enquanto uma


pessoa trabalha. Depois de um tempo, eles trocam de lugar e o próximo
trabalha enquanto os demais continuam a conversa. A minha impressão
é que eles não estão conversando sobre as melhores opções da engenharia
para o reparo da pista, mas estão falando de futebol e contando piadas. Eles
não parecem ver a si mesmos como “profissionais” trabalhando com um alto
padrão de excelência.
Também tenho observado alguns SEALS, a força especial da mari-
nha americana. Mesmo que não tenham tido o mesmo tipo de criação ou
educação que os construtores da estrada, os SEALS se portam de maneira
completamente diferente. Eles exigem de si mesmos e dos que estão ao seu
redor um nível inacreditável de profissionalismo e excelência. Quando ava-
lio a minha vida e a dos obreiros com quem tenho trabalhado em todos
esses anos, tenho que perguntar, “Estamos operando mais como os caras do
departamento de estradas ou como SEALS?”
Será que temos estabelecido como meta atingir um alto nível em nosso
trabalho, a fim de dar glória a Deus, ser um testemunho para o mundo e
alcançar nossos objetivos? Temos a disposição de fazer o que for necessário
para completar a tarefa que o Senhor nos designou? Ou estamos apenas
batendo o cartão todos os dias, tocando nosso trabalho com base em fazer
o tempo passar? Se entendemos que somos filhos do Rei, generais no exér-
cito de Deus e treinados para combater uma guerra espiritual, precisamos
pensar, falar e agir de acordo! Por quê? Porque em tudo o que fazemos e
aonde quer que vamos, representamos Jesus, nossa família, nosso ministério
e a nós mesmos. O pastor Bill Hybels, em seu livro Honest to God?, ensina,
“Obreiros deveriam ser a epítome de qualidades de caráter como autodis-
ciplina, perseverança e iniciativa. Eles deveriam ser automotivados, alertas,
dispostos, organizados e diligentes. Seus esforços deveriam resultar em um
trabalho da mais alta qualidade”.61
Certa vez, o escritor Robert Lewis perguntou numa palestra para lí-
deres cristãos, “Por que deveríamos deixar o mundo se sobressair a nós em
qualquer área que seja?”62 O grupo ficou desconcertado. Seu alerta é que nós
nos conformamos que o mundo nos ultrapasse na qualidade do material,
tecnologia e programas que produz. Os incrédulos têm todo os recursos
financeiros e expertise, e nós não temos. Certo? Lewis nos desafiou a pensar
61
Bill Hybels, Honest to God?: Becoming an Authentic Christian (Grand Rapids, MI: Zondervan,
1992), p. 140.
62
Retirado de uma palestra realizada na Fellowship Bible Church de Little Rock, para líderes de
ministério, incluindo líderes leigos. Aproximadamente, outono de 2006.
DIGNO DO SALÁRIO 125

e nos ajudou a entender que os crentes deveriam ter um padrão bem mais
elevado do que instituições seculares. Nós não podemos justificar uma ati-
tude de inferioridade ou um meio-termo naquilo que fazemos e apresenta-
mos para um mundo que nos observa atentamente. Puxa, como eu preciso
mudar minha maneira de pensar!

FALE-ME SOBRE A SUA ÉTICA DE TRABALHO


Esse tipo de busca por excelência nos motiva a levantar cada manhã e
sacrificar o melhor do nosso tempo e energia para trabalhar “de todo o co-
ração, como para o Senhor” (Cl 3.23). Parece que obreiros cristãos estão en-
tre as pessoas de pior reputação, vistos pelas pessoas como se não passassem
de aproveitadores preguiçosos. De onde elas tiraram essa impressão? Nós,
que dependemos do sustento que vem dos outros, podemos contribuir para
esse conceito. Temos a tendência de ver a nós mesmos como trabalhadores
autônomos: definimos nossos objetivos, nossa agenda e nossos prazos, mas
praticamente não prestamos conta a ninguém. É claro que não estou defen-
dendo nos tornarmos workaholics63, mas será que não deveríamos trabalhar
tanto ou mais do que pessoas que estão enfrentando oito, nove, dez e até
doze horas de trabalho por dia para conseguir mandar para nós 100 ou 200
dólares por mês e, com isso, nos liberar para cumprir nosso ministério?
Se os seus mantenedores pudessem conferir as horas que você dedica
todo dia e toda semana ao seu ministério, eles se sentiriam bem por investir
em você? Ou se perguntariam se você não está tirando vantagem do sacri-
fício e da generosidade deles? Não dê a quem o sustenta nenhuma razão
para pensar que você não é digno do seu salário. Um bom exercício nesse
sentido seria pegar seus objetivos, agenda e prazos e apresentá-los a alguns
dos seus mantenedores que trabalhem no mundo dos negócios. Peça que
sejam extremamente sinceros quanto ao que acham da sua ética de trabalho.
Talvez você não goste do que vai ouvir!

CHORAMINGAR PODE SER TÓXICO


Muitos ministérios cristãos estão contaminados com pessoas que vi-
vem reclamando do preço das coisas, de como elas não têm o que querem ou
de como seu orçamento é apertado. Vivem afogadas num oceano de descon-
tentamento, e nem se dão conta disso. Esses choramingos revelam que a
pessoa está se revirando num mar de autocomiseração e se manifestam em:
63
Nota do Tradutor: pessoas viciadas em trabalho.
126 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

• Piadas sarcásticas — “Eu acho que meu marido só vai me levar para
jantar fora de novo nas bodas do Cordeiro!”
• Indiretas — “Estamos esperando um aumento para consertar o
ar-condicionado.”
• Comparações — “É claro que eu gostaria de poder colocar meus filhos
numa escola cristã, como os filhos do meu vizinho.”

Eu ranjo os dentes quando ouço um desses chorões responder a elo-


gios com sua ladainha depreciativa. Eles sentem a necessidade de infor-
mar às pessoas que usam roupas de bazar, que compraram algum ele-
trônico com a restituição do imposto de renda e que passaram horas na
internet até achar um desconto para a viagem de férias. Em vez de usar
suas cartas circulares e comunicados para falar da sua visão e das vidas
que estão sendo transformadas, eles manipulam a simpatia dos seus doa-
dores inserindo disfarçadamente seu choramingos entre os pedidos de
oração. Normalmente, é assim que funciona: “Orem para que Deus supra
o dinheiro para o tratamento dentário das crianças”. “Ajudem-nos a orar
por um computador.” “Orem para que os fundos da missão cheguem até
1 de dezembro.”
No mundo, há muita gente que tenta impressionar os outros com o
quanto gastam em coisas; obreiros cristãos, por outro lado, parecem se or-
gulhar do pouco que gastam! Ouça uma conversa bem comum em reuniões
da equipe ministerial:
Membro da equipe 1: “Bonita a sua camisa.”
Membro da equipe 2: “Gostou? Paguei dez dólares no Wal-Mart.”
Membro da equipe 1: “Tudo isso? Peguei a minha por três dólares,
num bazar!”
Membro da equipe 3: “Esbanjadores carnais! A minha eu encontrei
num saco de roupas para doação.”
Essa atitude de “coitado” rouba de nós a dignidade que nossa posição
nos confere e passa para os nossos mantenedores a imagem de que so-
mos um bando de pedintes. Em vez de ir até as pessoas e lhes apresentar
a oportunidade de investir em nosso ministério, racionalizamos, colo-
camos a culpa nas circunstâncias e começamos a negar a dignidade da
nossa posição. Normalmente, fazemos isso quando estouramos o limite
do cartão de crédito e começamos a descer o terreno escorregadio de pe-
gar dinheiro emprestado. Outras consequências tóxicas dos choramingos
podem incluir:
DIGNO DO SALÁRIO 127

UMA DISPOSIÇÃO MINISTERIAL CONTAMINADA


Quando as pessoas estão mais preocupadas com seu dinheiro, suas ne-
cessidades, suas lutas, perdem gradualmente o foco da visão. Se levarmos
nossa família a se concentrar mais em participar de sorteios de supermer-
cado e em economizar alguns centavos do que em ganhar o mundo para
Cristo, estamos claramente fora do rumo.

UM ENTENDIMENTO DISTORCIDO DA ESPIRITUALIDADE


Essa “teologia da pobreza” é a razão pela qual alguns obreiros dirigem
o mesmo carro velho há vinte anos, e se orgulham disso! Choramingos de
autocomiseração são uma cepa estranha da doença chamada justiça própria.

DIFICULDADE DE RECRUTAR MAIS PESSOAS PARA COMPOR A EQUIPE


A maneira mais rápida de afastar possíveis candidatos da sua equipe é
injetar neles uma dose pequena, mas letal, dos nossos choramingos. As pes-
soas querem fazer parte de uma equipe forte – espiritual, social, emocional
e, é claro, financeiramente.
A forma como você vê a si mesmo vai determinar o seu sucesso ao
levantar seu sustento. Se lá no fundo acreditamos que pedir sustento é um
tipo de mendicância, nós nos veremos como mendigos. Nossa atitude e
autoimagem ficarão claras e evidentes para todos ao nosso redor. Não é de
admirar que as pessoas nos vejam como mendigos: nós as ensinamos a nos
enxergar assim. Se seus possíveis mantenedores não o virem trabalhando
duro e com excelência, ou se ouvirem de você a mínima dose de choramin-
gos, ou ainda se perceberem que seu foco está nas suas necessidades, e não
sua visão ministerial, eles não vão querer investir. Se, porém, discernirem
que você é uma pessoa que recebeu uma missão do próprio Deus, disposta a
fazer qualquer sacrifício para cumprir a Grande Comissão, eles vão querer
atender suas expectativas e embarcar na sua equipe de sustento, dispostos a
dar quantias significativas. Se eles sentirem que você não vê o levantamento
de sustento como um fardo, mas como um privilégio secreto, eles também
vão contribuir porque querem, e não porque se sentem constrangidos.
Eu sei que viver de sustento tem sua dose de desgastes e pressões, mas
a solução é planejar um orçamento saudável, levantar pelo menos 100% do
que você precisa e decidir colocar um fim em todo choramingar. Agora que
já discutimos como nossos mantenedores podem olhar para nós, vamos
aprender como Deus quer que nós olhemos para eles.
14

Transplante de

TESOUROS
Madre Teresa sempre era questionada sobre qual seria a maior fonte de
sofrimento no mundo. Sua resposta era: solidão. E ela estava certa. Mesmo
em meio a milhões de pessoas a perder de vista, vivemos num mundo soli-
tário. Quando você entra no escritório de um executivo, pode achar que ele
é uma pessoa resolvida e de sucesso, mas na maior parte dos casos, trata-se
de alguém que se sente só. Muitos desses executivos gostariam de estar
pessoalmente ligados a alguém que tem um verdadeiro sentido e direção na
vida, alguém com visão e paixão e que os inclua em seus empreendimentos.
Acredite ou não, muitos dos seus mantenedores têm inveja de você. Em
algum momento da vida, eles podem ter percebido que vender um bilhão
de produtos não lhes deu a emoção que esperavam da vida. Sucesso nem
sempre equivale a significado. O patrimônio líquido dessas pessoas pode ser
cem vezes maior que o seu, mas elas têm seus ressentimentos, e no fundo
gostariam de ter o mesmo ímpeto, zelo e noção de propósito eterno que
você tem.
Nunca veja a si mesmo como inferior ou menos valioso do que as pes-
soas a quem você pede sustento. O fato de elas gozarem de prestígio e
poder aos olhos do mundo não significa nada. Quer parar de se intimidar
diante de encontros com pessoas de alto nível? Decida olhar para elas como
amigos, colegas de equipe e parceiros de ministério. Resolva em seu coração
que esse processo não diz respeito primeiramente a levantar recursos, mas
a levantar amigos! É um ministério de relacionamentos. É isso que Betty
130 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

Barnett, da JOCUM ( Jovens Com Uma Missão), comunica de maneira tão


eficaz em seu livro sobre levantar sustento, Friend Raising (Levantamento de
Amigos). Essa grande verdade me faz pensar em quatro aspectos da busca
por sustento:

O ENVOLVIMENTO DE OUTRAS PESSOAS NA GRANDE COMISSÃO


Esse é um privilégio que Deus quer que ofereçamos a todo cristão. Se
o convite para participar não vier de você, talvez nunca venha de outra pes-
soa. Já vimos como Paulo se enxergava como um
“Precisamos encarar transplantador de tesouros, pedindo que as pessoas
a busca por sustento contribuíssem não por causa das suas necessidades,
como um prêmio tão mas porque as doações que faziam seriam “credita-
grande que retê-la de das” na conta delas no céu (Fp 4.17). Quando pedi-
possíveis parceiros
mos, fazemos isso pelo bem das pessoas, e não pelo
é prestar um grande
desserviço a eles.” nosso bem! Graças a Deus eu tenho meu sustento
completo, e com uma boa sobra. Por que, então,
Andrew Knight,
professor de captação
continuo marcando reuniões para pedir sustento
de recursos da aos outros? Simplesmente porque não quero privar
Cruzada Estudantil ninguém da chance de dar e, com isso, participar
do estabelecimento da Igreja no mundo. Se os seus
mantenedores são verdadeiros filhos de Deus, eles já têm uma conta ban-
cária ativa no céu. O que fazemos é ajudá-los a investir e gozar dos juros
acumulados por toda a eternidade. De fato, se eu conheço uma pessoa, mas
nunca a convidei para participar desse investimento eterno, sinto-me cul-
pado, pois não fui um amigo verdadeiro.64
Em Mateus 6.20, Jesus nos ordena, “acumulem para vocês tesouros nos
céus”. Cada um de nós tem, então, duas contas bancárias, uma terrena e
outra celestial. Ao buscar mantenedores, fazemos com eles o trabalho de
um corretor de investimentos particular, alguém que mostre ao possível
cliente as vantagens de transferir o máximo de seu suado dinheiro do banco
local para o eterno. Eles podem não agradecer agora por você insistir em
marcar um tempo para conversar, ou pela forma como se expôs pedindo que
se comprometessem com determinada quantia. Um dia, porém, eles serão
eternamente gratos por você tê-los incluído e por sua persistência.
Eu estou apenas especulando, mas pode ser que parte da sua alegria e
galardão no céu seja encontrar outros crentes que virão lhe agradecer por
64
Retirado do excelente manual para levantar sustento coSTART, de Andrew Knight, para a
equipe da Cruzada Estudantil, página 15.
TRANSPLANTE DE TESOUROS 131

ter sido a única pessoa que lhes possibilitou investir nas coisas de Deus. Se
isso acontecer, talvez eles apontem na direção de uma “agência bancária”
celestial e digam, “Eu fui tão tolo e míope na terra. O tesouro eterno que
tenho no céu seria muito menor se você não tivesse se exposto e me desa-
fiado a contribuir. Muito obrigado!”

AS PESSOAS NÃO APOIAM NECESSIDADES; APOIAM SONHOS


A única coisa que você tem que provavelmente seus possíveis mante-
nedores não têm é uma visão e uma estratégia ministerial. Então, não fale
do seu orçamento; fale da sua visão. O que você faria se, ao mencionar seu
orçamento, alguém dissesse, “Olha, calhou de eu estar com meu orçamento
aqui também”, e começasse a comparar valores? Quem tivesse a entrada
maior sustentaria o outro. Na melhor das hipóteses, seria um clássico caso
de pensamento horizontal; na pior, uma forma de socialismo cristão.
É por isso também que você vai fracassar se comunicar a seus mante-
nedores algum tipo de crise financeira. Eles podem até atender sua súplica
desesperada, mas vai ser uma única vez. Se você sequer sugerir que precisa
de outra ajuda emergencial, eles vão concluir ou que você precisa aprender a
usar melhor seu dinheiro ou que precisa se mexer e conseguir mais mante-
nedores. Pessoalmente, quando tenho algum tipo de “necessidade” imedia-
ta, eu a levo primeiro a Deus e, se for apropriado, em oração abordo um ou
dois mantenedores mais próximos, que conhecem minhas motivações e me
acompanham de perto o suficiente para me socorrer. Quando, um membro
antigo de equipe ministerial tem uma necessidade legítima, é aceitável que
seu supervisor envie um pedido pontual aos seus mantenedores.
Os seus mantenedores estão interessados em seu ministério, mas antes
eles estão inconscientemente doando a você. Eu costumo colocar da se-
guinte forma: as pessoas contribuem com pessoas – que tenham uma causa
justa. Por mais que você esteja animado com seu ministério, tome cuidado
para não bombardear as pessoas com informações demais. Você poderia
passar horas explicando cada pequeno aspecto dos seus alvos e estratégias
de impacto. Não torture seus mantenedores. Eles vão lhe conceder algum
tempo para ouvir pinceladas visionárias do que você está fazendo, mas lem-
bre que eles estão contribuindo por sua causa. Eles apreciam sua dedicação
em alcançar gente sem-teto para o Senhor, mas quase todos os seus man-
tenedores ainda contribuiriam financeiramente se você tivesse escolhido
ministrar em presídios ou orfanatos.
132 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

Enquanto sua causa for bíblica e as pessoas verem a relação entre o


seu trabalho e a transformação de vidas, você está seguro. Esteja preparado
para cavar mais fundo, caso a pessoa faça perguntas durante uma conversa
sobre sustento; de outra forma, prepare um material de apresentação que
seja simples, poderoso e agradável aos olhos. Ele também precisa enfatizar
pessoas que tiveram a vida transformada e tocar apenas algumas das facetas
marcantes, visionárias e empolgantes do seu trabalho.

TORNE-SE UM “CORRETOR DE BÊNÇÃOS”


Muitos obreiros gastam tempo e energia demais tentando reduzir des-
pesas pessoais e ministeriais. Por conta disso, você pode achar que 100 dó-
lares é muito dinheiro. Meu apelo é que você não projete sobre as pessoas
aquilo que você ganha ou gasta! A maioria dos obreiros cristãos tem algum
tipo de mentalidade de pobreza que é diferente do pensamento de um ame-
ricano normal. Um americano pode gastar cem dólares com a família numa
única noite de cinema. 100 dólares pode ser o tanque cheio do seu SUV, ou
a mensalidade da TV a cabo, ou uma rodada no campo de golfe. A maioria
das pessoas que você aborda para falar sobre sustento não se considera rica,
mas se você as comparar com o resto do mundo, verá que são muito ricas.
Se você está levantando sustento nos Estados Unidos, as estatísticas a
seguir podem ser animadoras. Todo ano, a USA Giving Foundation publica
um relatório de quanto os americanos doam por ano. O total está bem aci-
ma dos 300 bilhões de dólares, caminhado para 400 bilhões nos próximos
anos. Dessas centenas de bilhões anuais que os americanos doam, o maior
recipiente dessas contribuições (mais de 33%) são causas religiosas, muito
mais do que doações destinadas à área de educação, saúde ou outras.65
Em outras palavras, tem muito tesouro para ser transplantado. Nós so-
mos a nação mais rica e generosa da história. Nós, americanos, designamos
a maior parte das nossas doações de caridade a organizações religiosas. Isso
significa que nunca houve um tempo ou um lugar melhor para se levantar
sustento do que agora, e nos Estados Unidos da América. Quando paro
para pensar na amplitude dessa pequena mas incômoda verdade, tenho que
reconhecer que ela acaba com minhas desculpas para não conseguir meu
sustento completo.
Um dos principais temas da Bíblia é que “fomos abençoados para aben-
çoar”. Se já houve uma nação abençoada na história da humanidade, essa
65
As estatísticas anuais da USA Giving Foundation podem ser encontradas em www.givingU-
SAreports.org.
TRANSPLANTE DE TESOUROS 133

nação é a nação americana. Deus derramou sobre nós Sua rica abundância
por um motivo – não para a acumularmos para nós mesmos, mas para a re-
passarmos a um mundo perdido e necessitado. Nos Estados Unidos, quan-
do um obreiro pede a várias pessoas que contribuam, está apenas facilitando
para elas o cumprimento do mandato bíblico de passar adiante as bênçãos
que receberam. Você é apenas o mensageiro, o atravessador, ou aquilo que
um especialista em levantar sustento chama de “corretor de bênçãos”.

NÃO SE ESQUEÇA DE ENVOLVER AS ESPOSAS


Em minha mentalidade tipicamente masculina, que só consegue pen-
sar em uma coisa de cada vez, passei mais de vinte e cinco anos correndo
atrás de sustento como se as únicas pessoas que importassem fossem eu e o
meu possível mantenedor. Como fui tolo e limitado em meu pensamento
ao negligenciar totalmente as esposas!
Muitas vezes, a esposa é mais espiritual do que o marido e tem um
coração mais receptivo a Deus, a você e a seu ministério. Qualquer que
seja o nível espiritual de cada cônjuge, é comum o marido compartilhar ou
até delegar totalmente à esposa a decisão de quanto doar, e para quem. Ela
bem pode ser a “Secretária do Tesouro” da família, não apenas prestando
contas de como vão as contribuições, mas de fato dizendo sim ou não a
cada pedido por recursos. Além disso, ela pode ser a parte mais relacionável
e comunicativa do casal. Em outras palavras, será que eu acredito mesmo
que quando mando um e-mail com notícias para um mantenedor, ele corre
para casa para mostrá-lo à mulher e aos filhos? É claro que não.
Eu sei que você vai abordar um grande número de pessoas solteiras
ao levantar seu sustento, mas a maior parte delas será gente que tem um
emprego, um salário e um casamento. Por isso, apresento aqui algumas mu-
danças que eu e minha esposa adotamos a fim de garantir que estávamos
incluindo marido e esposa em nossos pedidos por recursos:
• Carol entra em contato individualmente com as esposas e pede que
preencham uma planilha com informações pessoais. Depois, ela pas-
sa as informações dessas planilhas (como contato, nome dos filhos e
pedidos de oração) para um caderno, para que possamos felicitar o
casal por aniversários ou outras datas, e orar por eles.
• Passamos a enviar nossos e-mails informativos para a esposa, e não
só para o marido.
• De vez em quando, Carol liga ou manda uma mensagem de texto
para as esposas, para coletar pedidos de oração pessoais.
134 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

• Quando envio um ocasional recado ou presentinho para o marido,


Carol faz o mesmo com a esposa.
• Todo mês, eu e Carol tiramos meio dia para orar, e dedicamos parte
do tempo a interceder pelos nossos mantenedores. Em seguida, nós
os informamos que oramos por eles.
• Quando um mantenedor tem um filho, Carol borda o nome do bebê
numa roupinha e envia para a mãe da criança.
• Ela usa várias mídias sociais para se manter em contato com as espo-
sas, de modo que participemos da vida familiar uns dos outros.
• Para mães de crianças pequenas, Carol envia material didático com
temas missionários, como forma de ajudá-las a cultivar uma visão
missionária nas crianças.

Se você é casado ou solteiro, talvez nossa lista não sirva para você.
Experimente chamar seu cônjuge ou outros obreiros da sua equipe para
uma tempestade cerebral, e procurem maneiras divertidas e criativas de ga-
rantir que estejam conectados com seus mantenedores, maridos e esposas.
Lembre-se de que “onde estiver o seu tesouro, ali também estará o seu cora-
ção” (Lc 12.34). Vocês já está transplantando um pouco do tesouro terreno
deles para suas contas celestiais. Deus usará isso para abrir o coração deles
para você e seu ministério. A partir daí, se amorosamente e em oração você
tocar o coração desse marido (e especialmente da esposa), você terá ganha-
do mantenedores para toda a vida.
Apenas saiba que seu sucesso ou fracasso depende de como você vê
seus mantenedores. Adote lentes que o ajudem a vê-los como companhei-
ros de equipe e amigos. Gosto muito de como ministérios como a Cruzada
Estudantil se referem a seus mantenedores como “parceiros de ministério”.
Essa é uma maneira perfeita de descrever pessoas tão preciosas. Você pode
chamá-los de doadores, mantenedores ou colaboradores; o que você não
pode é tratá-los como um caixa eletrônico: algo que você acessa todo mês
para expelir o dinheiro do qual você precisa. Esse tipo de atitude “sangues-
suga” é garantia de desastre. Lembre: mantenedores são parceiros de minis-
tério. Manuseie-os com o devido cuidado.
15

Levantamento Visionário

De Sustento
Jesus falou mais sobre dinheiro do que sobre qualquer outra coisa. Mais do que
sobre o céu e o inferno. Como se não bastasse dois terços das parábolas
tratarem de dinheiro, esse tema é discutido mais de 2300 vezes na Bíblia.
A maneira como vemos o dinheiro e lidamos com ele é um dos barômetros
da nossa vida espiritual. Dois dos maiores recursos humanos que o Senhor
emprestou para nós durante nossa curta estadia na terra são o tempo e o
dinheiro. Se alguém conferisse a sua agenda e despesas, chegaria a quais
conclusões sobre seus valores e prioridades?
Quer você esteja fazendo compras, pesquisando para trocar de carro,
planejando uma viagem, comprando um laptop ou experimentando uma
calça nova, qual é a pergunta que todo mundo faz várias vezes ao dia, espe-
cialmente ministros cristãos?
“Quando custa?”
É esse filtro que você e sua família estabeleceram para cada oportu-
nidade familiar ou ministerial, e para todos os bens e serviços que possam
adquirir? Você está cansado de ter essa pergunta dominando cada deci-
são? Saiba que Deus nunca quis que vivêssemos nesse tipo de escravidão.
Com isso não estou pregando um evangelho da prosperidade, equiparan-
do as bênçãos de Deus a riquezas. O que quero é que você fuja do outro
extremo e não caia numa “espiritualidade da pobreza”: achar que dirigir
um carro velho e rodado é mais piedoso do que um último modelo da
136 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

Honda. Precisamos encontrar uma maneira equilibrada e bíblica de viver e


ministrar.

O QUE CONDUZ SUA VIDA?


Dinheiro não é bom nem ruim, é neutro. Mesmo assim, ele tem “o
poder inato de atrair e enganar”, de acordo com Scott Morton. O amor ao
dinheiro pode ser a raiz de males de todos os tipos, mas o dinheiro também
pode ser usado para a glória de Deus e o avanço do Reino. Quanto a nós,
creio que Deus deseja:
• Que sejamos livres da escravidão ao dinheiro;
• Que não estejamos presos a nenhuma limitação temporal;
• Que encaremos o dinheiro como uma simples ferramenta no cum-
primento dos propósitos dEle.

Ao longo dos anos, os Estados Unidos têm se envolvido em mui-


tas guerras. Fico pensando no nosso Secretário de Defesa sentado com
os principais generais da nação para planejarem a estratégia da próxima
batalha. Não dá para imaginar um daqueles líderes militares reclamando,
“Cara, esses aviões são muito caros: mais de um milhão de dólares cada!
Não existe uma marca genérica que possamos comprar de algum ataca-
dista local?”
O objetivo deles não é economizar dinheiro, é ganhar a guerra, a qual-
quer custo. Parece óbvio que eles estão dispostos a gastar o que for neces-
sário para alcançar a vitória. Em contraste, você e eu fomos recrutados
para uma batalha maior do que qualquer país já tenha enfrentado. Como
bons soldados de Cristo Jesus, abraçamos o maior conflito de todas as
eras, o embate entre Deus e Satanás, a luta eterna pelas almas de cada
homem e mulher que existem. Essa guerra espiritual invisível e de bas-
tidores tem consequências imanentemente mais amplas do que qualquer
batalha humana.
E quanto a você? Você está totalmente comprometido e correndo
para a linha de frente para enfrentar o inimigo? Você tem como alvo
ser, fazer e gastar o que for preciso para ganhar essa guerra? Alistar-se
no exército de Jesus Cristo significa que Ele é nosso comandante, e a
nossa ordem de marchar é “fazer discípulos de todas as nações”. Significa
que somos conduzidos por nossa visão, e não nosso orçamento, e que
confiaremos em Deus para suprir tudo de que viermos a necessitar para
concluir o trabalho.
LEVANTAMENTO VISIONÁRIO DE SUSTENTO 137

Bill Bright, o falecido fundador da Cruzada Estudantil, reunia to-


dos os anos seus principais líderes, de várias partes do mundo. Cada um
trazia suas propostas de estratégia ministerial para o ano seguinte, de
modo que o time todo pudesse avaliar e orar junto pelos planejamentos.
A única regra era que ninguém podia falar sobre dinheiro ou custos antes
de terminarem as apresentações. Só então eles começavam a calcular os
custos de cada parte do planejamento, faziam as contas, oravam e afir-
mavam, sem rodeios, “Para conseguir o que cremos que Deus tem para
nós neste ano, precisamos nos mexer e levantar 289 milhões de dólares.
Vamos lá!” Você percebe por que centenas de pessoas em todos esses anos
ofertaram muitos milhões de dólares ao doutor Bright e seu ministério?
Elas nunca sentiram que ele era conduzido por orçamentos, mas apenas
por sua visão.
Se as pessoas sentirem que o alcance da sua visão é apenas levan-
tar o próprio sustento, você terá dificuldades em montar uma equipe de
sustento. No fundo, se alcançar 100% é o que domina o seu pensamento
no lugar da sua visão ministerial, elas não vão querer investir. Se, porém,
sentirem que você enxerga o sustento completo como apenas uma pedra
na qual você pisa para chegar à sua principal visão, elas vão querer compor
sua equipe de modo substancial. Avalie seu coração. Atingir 100% do seu
orçamento é apenas um meio para atingir seu objetivo ou o objetivo em
si mesmo?

SALVAR ALMAS OU ALGUNS CENTAVOS?


Nós, obreiros cristãos, somos muito bons em focar os copos d’água em
vez das tempestades, certo? Ficamos confusos a ponto de pensar que, de
alguma forma, podemos economizar dinheiro para Deus. Gastando tempo
demais preenchendo cupons, juntando centavos e vasculhando cada ba-
zar de fundo de quintal e cada brechó num raio de oitenta quilômetros.
Conheço muitos crentes que parecem estar mais interessados em salvar um
dólar do que uma alma. Eles ficam mais empolgados em encontrar um bom
desconto do que em fazer um discípulo.
Eu não quero, no final da minha vida, encontrar Deus face a face e só
poder dizer, com orgulho: “Senhor, economizei bastante dinheiro para Ti!”
Tenho a impressão que Deus vai balançar a cabeça, surpreso, e responder,
“Economizar para mim? Você só pode estar brincando! Por que você não se
concentrou nas coisas que eu lhe ordenei que fizesse? Meu banco celestial
está muito bem, cheio de riquezas. Por que você trocou tanto do seu valioso
138 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

e insubstituível tempo na terra por algo tão temporal e renovável como di-
nheiro?” Rick Warren coloca da seguinte forma, “Tempo é mais importante
que dinheiro. Você sempre pode ganhar mais dinheiro, mas o seu tempo é
fixo. Use dinheiro para economizar tempo”.66
Eu sei que é difícil calcular esse tipo de coisa, mas existe algo ainda mais
importante do que frugalidade. É “estrategicidade”! Viver e ministrar para a
glória de Deus é infinitamente mais importante do que qualquer busca trivial
na qual possamos nos meter. Penso que especialmente nós, homens, somos
culpados por arrastar nossa esposa e filhos para essa busca incessante e esse
ciclo vicioso de apertar o cinto e lançar mão de subterfúgios numa tentativa
desespera de economizar nas coisas mais básicas. Chegamos a espiritualizar
essa mentalidade de sobrevivência afirmando que estamos vivendo um estilo
de vida estratégico “de tempos de guerra”, quando na verdade nos torna-
mos cegos, cegamos nossa família e estamos totalmente alheios à verdadeira
guerra! A solução? Tirar os olhos das nossas supostas “necessidades”, olhar
atentamente para o Senhor e levantar todo o nosso sustento; não apenas para
cobrir nosso orçamento, mas para cumprir nossa visão.67
Concordo plenamente com Donna Wilson, da InterVarsity, quando ela
nos exorta a “não entrar numa cultura de materialismo e consumismo”.68 Eu
respeito cristãos que intencionalmente vivem abaixo dos seus recursos a fim
de redirecionar mais recursos para o Reino. O que acontece, porém, é que
muitos obreiros pensam que estão comprometidos com um estilo de vida
de tempos de guerra, quando na verdade estão apenas vivendo um estilo de
vida de simplicidade. Tenho certeza que você já viu pessoas ou publicações
dando forte ênfase a uma vida simples, às vezes chamando a si mesmas de
“minimalistas”. Eu as admiro por tentar cortar da sua vida o excesso de
entulho, mas algumas acreditam que, fazendo isso, estão de alguma forma
servindo a Deus.
Eu gostaria de pedir a essas pessoas que levassem essa ideia para um
nível acima, do temporal para o eterno, e tentassem determinar a real moti-
vação por trás da simplicidade que adotaram. Veja algumas diferenças entre
obreiros que adotaram um estilo de vida simples e outros que vivem como
se estivessem em tempos de guerra.
66
Rick Warren, tweet de 6 de agosto de 2012, https://twitter.com/RickWarren/
status/232675836090785793.
Alan fazia parte da equipe Crown Financial Ministry quando participou de um de nossos Boot
67

Camps. Esta citação é da folha de avaliação que ele preencheu.


68
Retirado de um e-mail de 16 de julho de 2012, no qual Donna revisou e comentou o manus-
crito deste livro.
LEVANTAMENTO VISIONÁRIO DE SUSTENTO 139

Estilo de Vida Simples Estilo de Vida de


Tempos de Guerra
Quem conduz é o orçamento Quem conduz é a visão
Sempre pergunta qual o preço das Sempre pergunta qual a vontade
coisas de Deus
Força motivadora: suprir as Força motivadora: expandir o reino
próprias necessidades de Deus
Prioridade: economizar Prioridade: ganhar almas
Alvo: Quanto consigo Alvo: Quanto preciso gastar para
economizar? vencer a batalha?
Prepara um orçamento baixo para Prepara um orçamento alto para
não ter que levantar uma grande maximizar a frutificação da família
quantia e do ministério
Dá mais valor ao dinheiro que ao Dá mais valor ao tempo que ao
tempo dinheiro
Sua visão pequena atrai pequenas Sua visão grande atrai grandes
doações doações
Os mantenedores sentem pena dos Os mantenedores admiram os
obreiros obreiros e desejam imitá-los
Sente que a falta de recursos é um Sente que a abundância de
impedimento para sua família e recursos confere liberdade a sua
ministério família e ministério
Vê a tarefa de levantar sustento Vê a tarefa de levantar sustento
como um mal necessário como uma incrível oportunidade
Centrado no homem Centrado em Deus
Conclusão: os recursos de Deus Conclusão: os recursos de Deus
são limitados são ilimitados

Como você vê a si mesmo, o dinheiro e a busca por sustento determina


como você lida com seus possíveis mantenedores. Você é um mendigo ou
um crente, alguém que crê em Deus para financiar seu ministério e suprir
todas as suas necessidades? Se você confiar e buscar a Ele em primeiro
lugar, Ele promete cuidar das suas necessidades e que “todas essas coisas
lhes serão acrescentadas” (Mt 6.33). Contudo, muitos cristãos inverteram
as coisas.

UMA PERCEPÇÃO PASTORAL


Por oito anos, Charlie Loften viveu e ministrou com base em ofertas,
antes de ir para o seminário e se tornar pastor. Hoje ele e sua igreja são
140 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

procurados por muitos obreiros em busca de sustento. A perspectiva e a ati-


tude que eles trazem quando sentam para pedir sustento são muito óbvias.
Loften descreve as duas maneiras pelas quais você pode tentar motivar as
pessoas a entrar para sua equipe de sustento:

POR MEIO DE CULPA E PRESSÃO


Você chega até seu possível mantenedor desesperado, exausto e desa-
nimado. Você começa a falar de como é difícil levantar sustento e de como
você ainda tem muito a fazer. Conta histórias que sugerem que você está
pobre, passando necessidade. Você acha que está comunicando para as pes-
soas que está sofrendo nobremente pela causa e fazendo sacrifícios que ou-
tras pessoas não fariam. Na realidade, tudo o que você está fazendo é apelar
para a consciência delas, fazendo com que se sintam culpadas e pensem,
“Estes pobres missionários estão morrendo de fome e entrando em dívidas,
e eu posso fazer alguma coisa pra ajudá-los”.
A vantagem dessa estratégia é que ela geralmente dá certo. As pessoas
respondem a culpa, e respondem rápido. A (significativa) desvantagem é
que esse é um motivador muito superficial e de curta duração. As pessoas
tendem a se ressentir daquilo que fizeram por culpa. Elas também só se
sentem compelidas a contribuir quando você estiver desesperado. Se você
conseguir colocar suas finanças nos trilhos, elas se sentem desobrigadas de
ajudar. Nesse caso, as pessoas não estão interessadas em investir em seu
ministério, mas em ajudar você a sobreviver.

COMPARTILHANDO SUA VISÃO


O que você quer fazer? O que Deus colocou em seu coração? O que
você espera ver o Senhor fazer em e por meio de você? Que diferença ver-
dadeira o seu ministério fará na vida das pessoas que você está alcançando
– e acima de tudo no quadro maior de alcançar o mundo para Cristo? Se
as suas respostas para essas perguntas forem satisfatórias, você conseguirá
despertar o coração e a imaginação do seu possível mantenedor. As pessoas
respondem a uma visão. É certo que elas têm muitas causas ou indivíduos
a quem ajudar financeiramente; o que elas têm falta é da sensação de que
estão participando de algo que realmente vai fazer diferença no mundo.
Você pode dar isso a elas? É mais difícil e demorado, mas se você conse-
guir mostrar a essas pessoas o que Deus está fazendo por meio de você – e
a diferença que o seu ministério está fazendo –, o investimento pessoal e
financeiro delas vai crescer cada vez mais.
LEVANTAMENTO VISIONÁRIO DE SUSTENTO 141

Alguns obreiros ficam paralisados de medo e enxergam a tarefa de le-


vantar sustento como um grilhão preso ao tornozelo. Eles colocaram na ca-
beça que, “Se ao menos tivéssemos mais dinheiro, poderíamos realizar nosso
ministério como devemos, e ainda supriríamos as necessidades da nossa
família”. Não estou com isso recomendando uma existência cara e luxuo-
sa, cheia de confortos e conveniências. Estou apenas tentando ajudar cada
obreiro, cada missionário, cada pessoa que levanta seu sustento a se pergun-
tar por quê. Por que estou vivendo do jeito que vivo? Estou tentando econo-
mizar dinheiro para não ter que levantar mais recursos ou para cumprir os
propósitos de Deus na terra? Continuemos na batalha e não nos deixemos
desviar. Busque aplicar a exortação de Paulo ao jovem Timóteo, “Nenhum
soldado se deixa envolver pelos negócios da vida civil, já que deseja agradar
aquele que o alistou” (2Tm 2.4).
Sendo assim, qual o seu papel nessa batalha eterna e de alcance mun-
dial, na qual o Senhor nos envolveu? Você se vê como um líder no exército
de Deus, disposto a levantar o valor que for necessário para triunfar sobre
Satanás e seus estratagemas? Como você percebe a si mesmo e seu papel
determinará se você ficará contente em apenas viver um estilo de vida hu-
milde, tranquilo, “simples” – ou se você decidirá erguer os olhos, expandir
sua visão e adotar um estilo de vida agressivo e descarado, de alguém que
vive em tempos de guerra.

QUANTO DINHEIRO DEVERÍAMOS LEVANTAR?


Essa é a pergunta que foi feita a Scott Morton durante um dos nossos
treinamentos. Sua resposta foi breve, mas profunda. “Levante o suficiente
para maximizar a frutificação da sua família e ministério”. E isso vai variar
de pessoa para pessoa. Maximizar a frutificação poderá implicar colocar
seus filhos numa escola particular, ou comprar um computador superpo-
tente, ou tirar uma semana de férias todo ano com a família para renovar
e recarregar as forças. Quaisquer que sejam as aplicações, não deveríamos
julgar os outros por fazerem escolhas diferentes das nossas. Será que deve-
mos andar com um carro velho e detonado ou com o último SUV que saiu?
Provavelmente nem uma coisa nem outra, mas quem vai ajudá-lo a decidir
é Deus, e não as expectativas e padrões dos outros.
A maioria das organizações estabelece um valor que sua equipe preci-
sa levantar, ou pelo menos margens de valor. Normalmente, elas também
permitem certa flexibilidade. Isso lhe dará a liberdade de levantar sustento
para despesas do ministério, viagens, número de filhos, ajustes no custo de
142 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

vida e aposentadoria.69 Alguns grupos permitem até que você levante um


adiantamento para comprar uma casa, montar uma poupança para pagar a
faculdade dos filhos ou cobrir gastos com uma possível adoção. Ao mon-
tar seu orçamento, não comece imaginando um valor, para depois tentar
sem sucesso espremer todas as suas despesas para que caibam nele. Em vez
disso, adote a abordagem proposta por Bill Bright, ore e coloque no papel
cada item do qual vai precisar para maximizar a frutificação da sua família
e ministério. Só então você vai estabelecer um custo para cada coisa, fazer a
soma e chegar ao seu “número santo”: o valor total pelo qual você vai conti-
nuar orando buscando alcançar – podendo até arrecadar mais.
Precisamos desenvolver uma nova mentalidade, pela qual nossos bens
materiais e nosso dinheiro se tornem meras ferramentas para a glória de
Deus e a expansão estratégica do Seu reino. Deixe o estilo de vida simples
para assumir um estilo de vida de tempos de guerra, e com isso levante todo
o recurso necessário para vencer essa batalha. Deixe para trás os dias em
que você era levado pelo seu orçamento e adote um futuro no qual quem
manda é a sua visão.

69
Um relatório recente do governo comprovou que uma família de renda média gasta cerca de
235 mil dólares em gastos com crianças até que os filhos tenham dezessete anos. A implicação
disso é que, se você pretende constituir família, é melhor você levantar bastante sustento!
16

O poder

DE PEDIR
Mudanças de paradigmas é algo difícil. Depois que o cimento de uma filosofia
inadequada sobre sustento tenha secado em sua mente, ele não pode ser
misturado novamente. Só uma marreta para removê-lo, e é isso que você vai
fazer. Ao final deste capítulo, vou pedir que você assuma um último e de-
finitivo compromisso: planejar toda a sua estratégia para levantar sustento
tendo em mente um único tema central. Seu foco será:

PEDIR PESSOALMENTE A INDIVÍDUOS


QUE INTEGREM SUA EQUIPE DE MANTENEDORES
MENSAIS E ESPERAR UMA RESPOSTA

PEDIDOS DE CASAMENTO
Antes de começar, vamos simular uma pesquisa entre mulheres casadas
ou num relacionamento de noivado. Creio que você vai gostar. Mulheres
casadas, tentem se lembrar de como o seu marido fez seu pedido de casa-
mento (presumindo nossa cultura ocidental, na qual quem faz o pedido é o
homem). Há diversos meios de comunicação disponíveis para um homem
pedir a uma mulher que se torne sua esposa. Leia as opções abaixo e pense
no método que seu marido decidiu usar:
Aparelho de fax: Se vocês se casaram nos anos 80, talvez seu amado
quis impressioná-la com a última tecnologia da época, e mandou
144 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

um fax com o pedido de casamento. Talvez numa folha cheia de


coraçõezinhos.
Carta: Talvez seu marido era um graduado em Literatura que quis cor-
tejá-la com uma prosa apaixonada. Por isso ele mandou uma carta
pedindo-a em casamento – encharcada de colônia, é claro.
E-mail: Talvez seu noivado tenha acontecido na década de 90, e seu
parceiro pensou que poderia impressionar você com seu novo lap-
top. Por isso ele fez o pedido de casamento por e-mail, com alguns
emoticons amarelos e saltitantes no final… para selar o acordo.
Telefone: Talvez seu cônjuge era uma pessoa ocupada, sem tempo para
um encontro pessoal. Nesse caso, ele ligou para convencê-la a se
casar com você, sussurrando palavras belas e de afeição. Talvez ele
tenha usado um aplicativo específico de smartphone, que tinha aca-
bado de baixar.
Mensagem de celular: Talvez seu amado dominasse a arte de mandar
mensagens de texto enquanto dirige, digitando “Vc quer ksar comi-
go?” Talvez ele tenha achado que seria legal escrever no seu mural
da rede social um pedido romântico, para que seus amigos vissem e
dissessem, “Owwww, que fofo!”
E aí, qual dessas cinco alternativas seu marido usou na época do noiva-
do? Ops, esqueci uma; me desculpe.
Face a face: Eu sei que essa abordagem é um tanto antiquada, mas talvez
seu marido seja do tipo fora de moda, que quis fazer um pedido
pessoal de casamento. Acho difícil, mas é bom mencionar.
Então, senhoras, qual foi a abordagem que seu marido usou? É claro
que foi a última! Na verdade, se ele tivesse escolhido qualquer outro méto-
do, provavelmente você teria respondido com um sonoro “Não!”
As mulheres adoram descrever seu pedido de casamento – como o noi-
vo delas planejou o encontro dos dois a sós. No momento certo, ele olhou
carinhosamente nos olhos da noiva, fez a pergunta que formulou com tanto
cuidado e fechou a boca, para esperar a resposta. Se esses mesmos caras apli-
cassem esse mesmo método para levantar sustento, rapidamente lotaríamos
um estádio com obreiros cristãos de sustento completo.
Quer seja um pedido de casamento, a necessidade de confrontar um
adolescente rebelde, ou a tarefa de compartilhar o evangelho – se é impor-
tante, você faz face a face. Quando escolhemos essa abordagem mais direta
e pessoal, comunicamos duas verdades cruciais à pessoa: 1) Você é muito im-
portante para mim, e 2) Aquilo que eu tenho para dizer é muito importante.
O PODER DE PEDIR 145

Ao levantar sustento, podemos definitivamente optar por outras op-


ções mais rápidas e simples. Contudo, nesse caso, nossa escolha transmitirá
uma mensagem clara: a pessoa a quem supostamente estamos pedindo para
ser nossa parceira de ministério não significa muito para nós. Além disso,
passaremos também que aquilo que temos a dizer – a nossa mensagem –
não tem muito valor. Por que pegar um atalho e deixar que uma carta, um
telefonema, uma refeição, um blog ou um cartão faça para nós o serviço
de pedir? Não é de admirar que o possível mantenedor não se sinta hon-
rado. Atalhos não apenas encurtam distâncias, encurtam também o nosso
sustento.

A ABORDAGEM QUE VOCÊ ESCOLHE


Talvez você pense que é uma pessoa muito ocupada para adotar a abor-
dagem pessoal. Talvez você se ache um bom comunicador, capaz de con-
vencer grandes grupos de pessoas a fazerem parte da sua equipe de sustento.
Esta pesquisa realizada por Scott Morton com cem membros da equipe dos
Navigators é algo para se pensar. Aqueles homens e mulheres fizeram 7800
pedidos por sustento, usando quatro métodos diferentes:
• Fizeram seu pedido ao falar para um grupo. O resultado é que so-
mente 9% dos presentes passaram a sustentar aquele obreiro.
• Mandaram cartas. O estudo mostrou que 14% dos destinatários
contribuíram.
• Mandaram uma carta e ligaram em seguida. 27% acabaram
contribuindo.
• Face a face: 46% das pessoas que eles abordaram pessoalmente se
tornaram seus parceiros financeiros. A minha experiência, e a daque-
les a quem treinei, é que cerca de metade das pessoas que você aborda
pessoalmente se juntará à sua equipe de sustento.70

Há ainda uma importante ressalva que esse estudo nem sempre revela.
Os 9%, 14%, e 27% listados acima normalmente representam compromis-
sos bastante frágeis e superficiais, ao passo que os 46% que embarcam na
equipe por conta de uma conversa pessoal são muito mais profundos e con-
fiáveis. O fator que passa despercebido é este: a maneira como você faz para
garantir um novo mantenedor será um forte indicativo:
• Da quantia que darão
• Da consistência da doação
70
Scott Morton, Funding Your Ministry (Colorado Springs, CO: NavPress, 2007), p. 68.
146 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

• Da longevidade da doação

Quando escolhemos uma rota menos pessoal, podemos conseguir uma


adesão, que por vezes revela ser um compromisso superficial e de pouca
duração, de uma pequena quantia, ou numa base bastante inconsistente.
Se você se comprometer com uma abordagem mais amorosa e individual,
como se estivesse fazendo um pedido de casamento, a pessoa sempre vai se
lembrar do respeito, sensibilidade, coragem e consideração que você de-
monstrou. Eles vão prontamente se dispor a puxar o talão de cheques e
se comprometer com doações significativas — e por bastante tempo. No
encontro pessoal, acontece um compromisso verbal que, por sua vez, cria
uma “troca de expectativas” inesquecível ao seu interlocutor.
Em tempos de tantas facilidades tecnológicas, é tentador usar uma op-
ção mais rápida e indolor. Até o apóstolo João se viu nesse dilema, mas
decidiu em seu coração que a abordagem pessoal com seus discípulos era
indispensável. Ele compartilhou, “Tenho muito que lhes escrever, mas não
é meu propósito fazê-lo com papel e tinta. Em vez disso, espero visitá-los e
falar com vocês face a face, para que a nossa alegria seja completa” (2Jo 12).
A maioria das pessoas com quem me encontrei face a face quando
comecei a buscar sustento ainda está na minha equipe de mantenedores
mensais. Elas continuam a contribuir sem atraso, e até aumentam a quantia
de tantos em tantos anos. Eu não estou em busca de meros mantenedores.
Eu quero mantenedores para a vida toda! Como um pedido de casamento,
a maneira como você pede faz toda a diferença. Por favor, ao convidar as
pessoas para se tornarem mantenedores, honre-as com abordagens pessoais.
E se acontecer de a economia sofrer uma reviravolta, a ponto de forçar
seus parceiros de ministério a reajustar, de forma geral, suas contribuições?
Bem, nesse caso eles podem até diminuir um pouco de suas contribuições
de caridade ou para organizações, mas o último compromisso que aban-
donarão será com você. Por quê? Porque você os olhou nos olhos, e houve
uma troca clara de expectativas. Pedir pessoalmente aos seus parceiros de
ministério é absolutamente a melhor maneira de salvaguardar sua equipe
de sustento da recessão, nos inevitáveis altos e baixos que nossa frágil eco-
nomia parece experimentar.

PEDIR É A CHAVE
A razão para indivíduos contribuírem com causas ou pessoas em par-
ticular quase sempre é a mesma: alguém pediu. O poder de um simples
pedido ficou claro para mim certa vez, numa conversa com um mantenedor.
O PODER DE PEDIR 147

Ele era um bem-sucedido gerente de vendas, que ganhava mais de 250 mil
dólares por ano, vendendo equipamentos cirúrgicos para médicos e hos-
pitais. Naquela semana ele entrevistaria dezoito pessoas para três cargos
de vendedor. Falei com ele novamente uma semana depois, e perguntei se
tinha conseguido escolher três pessoas a quem ofereceria o emprego.
Ele respondeu sem rodeios, “Eu não ofereci o emprego a nenhuma
delas”.
“O quê?”, perguntei. “Nenhum deles se qualificou para ser um
vendedor?”
“Não, não é isso”, ele respondeu. “Alguns deles tinham qualificações até
demais, como presidentes de companhias que vieram para a entrevista por
causa do salário.”
Sem entender nada, perguntei mais uma vez, “Mas… se vários deles se
qualificavam – até demais, como você disse –, por que você não os contratou?”
Tranquilo, ele respondeu, “Porque nenhum deles me pediu o cargo. Eles
passaram os quarenta e cinco minutos da entrevista falando de emprego,
renda, regalias, falaram até de férias. Mas nenhum deles me disse, ‘Eu res-
peito muito esta empresa e seus produtos, e posso vendê-los muito bem.
Você poderia me contratar?’”
Meu amigo concluiu, “Se uma pessoa não consegue nem pedir um
emprego numa simples entrevista, como eu vou esperar deles que procu-
rem médicos e gerentes de hospitais e peçam que efetuem a compra dos
nossos itens?”
Eu estava chocado.
O mesmo princípio se aplica a levantar sustento. Você quer que a pes-
soa sentada do outro lado da mesa se torne parceira do seu ministério?
Você quer que ela invista em você e seu ministério? Se a resposta é sim, você
precisa pedir que ela se comprometa.
Uma abastada senhora católica estava morrendo de câncer, e foi visi-
tada todos os dias pelo padre, nos seus últimos meses. Ele fez isso porque
se preocupava com ela, mas também porque achava que, uma vez que a
mulher não tinha filhos, deixaria sua fortuna para a paróquia local. Quando
ela faleceu, após seu funeral, o padre compareceu à leitura do testamento,
mas para sua completa surpresa, a mulher não deixou nada para sua pró-
pria igreja, da qual fora um membro fiel durante toda sua vida. Em vez
disso, deixou todo seu dinheiro para uma organização evangelística local.
Perplexo, o padre localizou o líder da organização e o encheu de perguntas.
“Quem é você?” “Como você conhecia minha paroquiana?” “Por que ela
deixou toda sua fortuna para vocês, e não para nossa igreja?” “Bem,” admitiu
148 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

o homem, “eu realmente não a conhecia. Um dia, porém, vi um artigo no


jornal e fui visitá-la no hospital. Pedi que considerasse fazer uma doação
para o nosso ministério, para que sua vida e legado fossem lembrados nas
vidas que seriam tocadas por Cristo. Foi tudo o que eu fiz”. Sem ter o que
dizer, o padre foi embora, chocado e triste – ele presumiu cegamente que
suas orações e cuidados diários pela mulher resultariam em ela deixar suas
riquezas para a paróquia que amava. Foi doloroso constatar que seu grande
erro foi presumir, em vez de pedir.
Essa história também ilustra que nossas motivações, foco e olhar devem
estar “fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hb 12.2), e não nas
pessoas. Conheço alguns obreiros que têm um conceito deformado e não
bíblico de dar e pedir. Às vezes a pessoa que está buscando sustento sente
como se tivesse que negociar ou “fazer por merecer” a oferta, ou tentar re-
tribuir a generosidade do mantenedor. Paulo trata desse pensamento hori-
zontal em Gálatas 1.10, “Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou
a de Deus?” É essa pressão que leva obreiros cristãos a fazer o tipo de oferta,
“Estamos muito felizes por você ser nosso mantenedor. Por favor, avisem se
precisarem de uma babá ou de alguém para cortar sua grama. É o mínimo
que podemos fazer”. Ora, o que é isso? Essas pessoas estão investindo em
você para que você se dedique totalmente a impactar o mundo para Cristo
– não para terem um pastor particular ou para receberem favores!

PEDIR POUCO PODE OFENDER


Eu não entro para a equipe de sustento de ninguém se a pessoa não
estiver disposta a empregar seu tempo e esforços para se encontrar comigo
pessoalmente e pedir. “Ronnie” veio à minha casa e fez um trabalho sensa-
cional ao apresentar sua visão de alcançar estudantes e ver seu ambiente
universitário se tornar uma plataforma de lançamento para atingir o mundo
com o evangelho. Eu fiquei profundamente impressionado e estava pronto
para participar. Ao final da sua fala, ele me olhou nos olhos e pediu, de
forma solene, “Para que possamos impactar esse campus com o evangelho
e ver centenas de estudantes sendo enviados como obreiros para alcançar
o mundo, gostaria de pedir que você e sua esposa se tornassem parceiros,
investindo 35 dólares por mês”. Como se seguisse as regras de um manual,
ele acabou de perguntar, fechou a boca e ficou esperando minha resposta.
Fiz de tudo para não rir. Minha mente estava revirando com todo tipo
de pensamento e emoções. Eu estava constrangido por causa do Ronnie.
Pensei, “Isso é tudo o que você está pedindo? Isso é tudo o que vale a sua
O PODER DE PEDIR 149

visão, segundo você?” Eu não estava apenas lutando com aquelas questões,
eu estava me sentindo um tanto quanto ofendido. Será que ele achou que
eu era muito pobre ou mesquinho, que não podia ou não queria dar mais?
Eu e minha esposa concordamos, mas só demos o valor exato que ele pe-
diu, quando teríamos dado mais. Aquele obreiro de bom coração, mas sem
muito discernimento, teve medo de me ofender pedindo mais. Acabou
ofendendo por pedir pouco. Quando você pede bastante, está dizendo ao
seu mantenedor que acredita que ele tem condições e generosidade para
compartilhar o que tem.
Em contraste, uma moça me pediu uma reunião para falar sobre sus-
tento, durante uma refeição numa conferência. Sua apresentação do minis-
tério foi boa, nada muito profundo: nem chegava perto da visão e paixão
que Ronnie tinha demonstrado. Na hora de pedir, ela também me olhou
nos olhos e disse, “Steve, seria uma honra ter você e sua esposa em nossa
equipe de mantenedores mensais. O que você acha de investir duzentos dó-
lares mensais em mim e em meu ministério?” Ela também ficou esperando
minha resposta, mas desta vez um tipo totalmente diferente de pensamen-
tos e emoções tomaram conta de mim. Pensei, “Isso é significativo. Você
deve realmente acreditar que você e seu ministério valem duzentos dólares
por mês. Além disso, você deve achar que eu tenho condições e generosida-
de para atender seu pedido!”
Eu nunca vou esquecer o respeito e estima que ela demonstrou ao se
encontrar comigo pessoalmente e pedir uma quantia significativa. Se ela
fizer um bom trabalho de apreciação e comunicação conosco, e ocasional-
mente pedir um aumento, um dia podemos atender sua expectativa e lhe
dar 200 dólares todo mês!
Você tem medo de pedir demais? Se pedir, lembre-se que você pode
sempre diminuir o valor para uma faixa que seja mais confortável ao doador.
Pense um pouco: Quanto você acha que você e seu ministério realmente
valem por mês? Cem dólares? Duzentos dólares? Trezentos? Quinhentos
ou mais? Eu oro para que você decida “pedir grande”, a Deus e às pessoas.
Se o fizer de forma humilde, sensível e em oração, elas não se sentirão ofen-
didas. De fato, você provavelmente as afirmará e honrará com a magnitude
do seu pedido.

PESQUISA SOBRE ENCONTROS PESSOAIS


Parece que toda semana eu escuto alguém dizer, “Não sei quanto a você,
mas na minha cidade todo mundo está sem dinheiro, assim como na minha
150 PEÇA A DEUS // PARTE 3: O PRIVILÉGIO SECRETO

igreja e em outros círculos de relacionamento. Todo mundo está precisando


de dinheiro”. Eu tendo a discordar. Creio que o que as pessoas estão rece-
bendo é um fluxo constante de apelos por mala-direta e um bombardeio
de e-mails, convites a banquetes para angariar fundos e ligações telefônicas
fortuitas. Mesmo assim, aposto que a maioria dos seus possíveis parceiros
de ministério nunca experimentou a abordagem que estou recomendando.
Quer uma prova?
Pense em todo o curso da sua vida e tente lembrar se já teve esta expe-
riência alguma vez:
1. Alguém liga pedindo para conversar pessoalmente sobre sustento;
2. Essa pessoa se encontra com você;
3. Ela lhe apresenta sua visão ministerial;
4. Pede para você entrar para sua equipe de mantenedores mensais,
contribuindo com uma quantia específica ou dentro de uma margem
de valor;
5. A pessoa fica esperando sua resposta.

Eu já entreguei essa pesquisa a milhares de cristãos adultos. 90% deles


admitem que não tiveram essa experiência nenhuma vez! Ora, pode ser que
você faça parte dos prezados 10% que tiveram um encontro personalizado
sobre sustento e entendem o quanto ele é poderoso. Mais provavelmente,
você faz parte dos 90% “não iniciados”, com pensamentos negativos em sua
mente, criando justificativas pelas quais as pessoas não vão contribuir ou
não podem contribuir. É um crime que um homem ou mulher de setenta
anos, crente há mais de cinquenta anos, passe toda a vida sem ter tido a
experiência simples, mas poderosa, que acabo de descrever. É uma tragédia
privá-los dessa oportunidade única na vida. Seu convite para que invistam
pode ser a única chance que terão de olhar para o alto, fazer o pedido divino
e buscar sabedoria para como e onde deverão encaminhar suas contribui-
ções financeiras. Não deixe de fazê-lo.

HORA DO COMPROMISSO
Há várias gerações, um exército se preparava para a batalha. Suas fileiras
estavam cheias de milhares de homens saudáveis, capazes de esmagar qual-
quer oponente. Seus líderes os proveram com as melhores armas e passaram
anos treinando cada regimento para lutar até a morte uma guerra corpo a
corpo. A tribo de Efraim se achava particularmente corajosa. Contudo, ao
chegar o dia em que o inimigo apareceu sobre a colina, o coração daqueles
O PODER DE PEDIR 151

soldados derreteu dentro deles – quando deveriam se lançar adiante e travar


combate com o inimigo. Em vez de avançar corajosamente com suas flechas
“fisgando”, eles deram meia volta e fugiram aterrorizados. Assim o salmista
os descreve no Salmo 78.9 (NIV): “Os homens de Efraim, flecheiros arma-
dos, viraram as costas no dia da batalha”.
Apesar de bem treinados e aparelhados, aqueles homens desistiram no
momento mais crítico. No nosso caso, não ousamos investir mais tempo
orando, planejando, orçando, organizando, desenvolvendo e aprimorando
ferramentas, listando e ranqueando centenas de nomes, se você não estiver
disposto a se comprometer agora mesmo a fazer abordagens pessoais, pe-
dindo sustento mensal e dando a elas a oportunidade de responder.
Eu não quero que você se engane como os homens de Efraim, nem jo-
gue fora o seu tempo ou o de outra pessoa. O privilégio secreto de levantar
sustento que abordamos neste livro contém cinco compromissos inegociá-
veis, que você precisa assinar:
• Você se compromete a fazer o pedido divino antes de convidar as
pessoas a investir?
• Você se compromete a abordar indivíduos ou casais em busca de
sustento?
• Você se compromete a de fato pedir a esses indivíduos que se tornem
seus parceiros ministeriais?
• Você se compromete a pedir face a face?
• Você se compromete a fechar a boca e deixar que as pessoas respon-
dam ao seu pedido?

E então? Você é capaz de assinar embaixo?


Parte IV

PREPARE-SE PARA
IMPACTAR
A vontade de conseguir não é nada sem a
vontade de planejar.
17

Maximizando Sua

Frutificação
Nosso despertamento aconteceu em 1988, às dez horas de uma noite quente
de primavera. Eu e minha esposa estávamos passando de moto por uma
ruela de uma cidadezinha no México, quando fomos atingidos de lado por
um carro que avançou o sinal vermelho. Carol foi jogada longe e sofreu
vários ferimentos graves. Eu a resgatei, fiz sinal para um táxi e a levei para o
que achava ser um hospital. O lugar, na verdade, era um postinho de saúde
bem sujo e sem equipamentos, com um “doutor” jovem e sem experiência,
que ainda por cima não falava inglês. Quando ele viu dois ossos saindo do
tornozelo da minha esposa, ficou chocado. Quando ele se virou para mim
e encolheu os ombros como se dissesse “não posso fazer nada”, entendi que
tinha nas mãos um sério problema. Fiquei até tarde da noite ligando para
amigos médicos nos Estados Unidos e fui informado que, se não conseguis-
se levar rapidamente Carol para um centro de trauma, ela poderia ter uma
gangrena e perder a perna. Contratei um jatinho munido de equipamentos
médicos para nos levar de volta a Houston, onde ela seria operada no tor-
nozelo, clavícula e do pulmão em falência.
As cirurgias foram um sucesso, mas nossos problemas estavam apenas
começando. Essa tragédia desencadeou uma jornada para que eu abrisse os
olhos e visse quão frágeis, despreparados e tolos nós éramos, no que diz res-
peito às nossas finanças. Receber a conta de 7.300 dólares das despesas com
o jatinho – que o seguro médico não cobriu – foi um choque. Acrescente
a isso o fato de que tínhamos cinco estudantes universitários comendo
156 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

e morando conosco. Tínhamos ainda quatro filhos, nas idades de três anos,
dois anos, um ano, e um bebê de três meses, que dependiam de uma mãe
acamada, incapaz de sequer se mexer.
Sem economias, investimentos nem fundos de emergência, convence-
mos as prestadoras de cartão de crédito a nos dar mais tempo e parcelas
menores. Depois de atingir o limite de crédito do nosso cartão por causa de
saques e supermercado, decidimos parar de ajudar missionários. Foi então
que as coisas começaram realmente a ir de mau a pior. Clamamos a Deus e
compramos um livro de Larry Burkett, para entender como o Senhor que-
ria que lidássemos com nossas finanças e saíssemos do buraco financeiro
em que estávamos. Como conseguimos isso?

PASSO A PASSO
RETOMAMOS NOSSAS DOAÇÕES
Nós nos comprometemos a dar pelo menos os primeiros 10% de todas
as nossas entradas para a obra do Reino. Esse seria nosso primeiro cheque
preenchido a cada mês. Uma decisão inquestionável e inegociável.

DETERMINAMOS QUE LIQUIDARÍAMOS NOSSA DÍVIDA DO CARTÃO DE CRÉDITO


Prometemos ao Senhor que, se Ele nos ajudasse a cancelar nossa enor-
me dívida até o Natal, nunca mais pagaríamos um único centavo de juros
do cartão. Deus nos deu esse livramento usando várias fontes inesperadas, e
por Sua graça nunca mais apelamos para pagar o mínimo do cartão e deixar
o restante para depois.

COMEÇAMOS UM PLANO DE POUPANÇA MENSAL


Separamos outros 10% da nossa renda para outras emergências e des-
pesas mais significativas.Começamos uma nova estratégia de investimento,
pela qual nos prepararíamos para o nosso futuro e para a faculdade dos
nossos filhos.

MONTAMOS UM ORÇAMENTO
Foi a primeira vez no nosso casamento que estabelecemos em porme-
nores um planejamento financeiro mensal. Decidimos exatamente onde,
quando e como gerenciaríamos nossos recursos.
Nós não somos especialistas, mas se sua casa não está financeiramen-
te em ordem, você também precisa de um despertamento, de preferência
menos catastrófico que o nosso. Se neste momento você se encontra num
MAXIMIZANDO SUA FRUTIFICAÇÃO 157

buraco financeiro, seja porque você mesmo o cavou ou porque “jogaram” você
nele (como no meu caso), tome nota dos cinco passos que listei acima. E,
ao começar, tenha em mente:

OS PERIGOS DAS DÍVIDAS


Alguns explicam a própria situação dizendo, “Há dívidas boas e dívidas
ruins”. Eu concordo e discordo. Tradicionalmente, comprar e vender uma
casa é uma decisão sábia, pois esse é um investimento que tende a valori-
zar. Muitos obreiros cristãos financiaram suas casas para poderem ser bons
mordomos e conquistar uma estabilidade a longo prazo. Algumas pessoas
se prejudicaram com esses financiamentos, talvez porque “cresceram os
olhos”, mais do que o bolso podia, e compraram uma casa chique demais,
sem os recursos financeiros para bancá-la. Se você quer se proteger da es-
cravidão financeira, lembre-se de Provérbios 22.7: “O rico domina sobre o
pobre; quem toma emprestado é escravo de quem empresta”.
Outra forma de dívida são os programas de financiamento da faculdade.
Mais e mais, alunos estão terminando seus estudos com quantias enormes
para pagar. Mesmo que, normalmente, as parcelas mensais sejam razoáveis
e com poucos juros, ainda representam um esforço gigantesco para muitos.
Há jovens que, apesar de sentirem-se atraídos ao ministério, adiam atender
seu chamado até que tenham pago todas as suas prestações da faculdade.
Isso pode parecer nobre, mas não representa um pensamento claro sobre
a situação. Você está escolhendo não seguir o chamado de Deus para sua
vida pelos próximos cinco anos, por causa de míseros 429 dólares por mês,
com juros de 4%? Meu conselho para qualquer pessoa que esteja pagando
faculdade é acrescentar esse valor no sustento total que precisa levantar e
não olhar para trás, nunca. Se, durante uma conversa sobre sustento, acon-
tecer de alguém pedir para ver seu orçamento e a pessoa perceber que você
incluiu uma mensalidade de faculdade, ela não vai criticar você, mas elogiar.
Ela vai ficar impressionada que você encarou uma faculdade e agora está
sendo fiel em terminar de pagá-la.
Pessoalmente, gosto de fazer uma distinção clara entre financiamento
educacional e outras dívidas de consumo. Se você tem parcelas da faculdade
para pagar, eu aconselharia você a não deixar que isso o atrase um único dia
em levantar seu sustento e entrar no ministério. Por outro lado, se você tem
dívidas do cartão de crédito, eu recomendo enfaticamente que você ainda
não peça sustento às pessoas. Primeiro liquide essas dívidas arranjando um
segundo ou terceiro emprego, se necessário. Disponha-se a tomar medidas
158 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

extremas para acabar de uma vez com ela. Ore considerando fazer um voto
a Deus de nunca mais ter que pagar um centavo que seja de juros de cartão
de crédito.

UMA CONSCIÊNCIA LIMPA QUANTO AO SEU PADRÃO DE VIDA


Quanto um cristão deveria ganhar com seu trabalho, e qual deveria ser
nosso padrão de vida? As regras não escritas desse jogo parecem dizer que
tudo bem se a equipe de liderança de uma igreja tiver um nível de vida mais
elevado do que missionários que dependem de sustento – especialmente
tratando-se de igrejas grandes. Talvez isso aconteça porque, lá no fundo, os
crentes veem levantar sustento como se fosse pedir esmolas. No pensamen-
to das pessoas, quem pede esmolas deve receber o mínimo para sobreviver.
Eu queria muito descobrir quem inventou esse padrão duplo. Mesmo as-
sim, tem algo que eu admiro naqueles que escolhem operar nos limites de
um orçamento frugal e austero.
Eu gosto tanto de economizar quanto qualquer outra pessoa, mas vou
falar mais uma vez: creio que cristãos que seguem uma visão devem ir além
de um mero e humanista estilo de vida simples; eles devem abraçar um es-
tilo de vida de tempos de guerra, conforme Deus ordenou. A fim de vencer
a batalha espiritual global para a qual o Senhor nos arregimentou, nós não
deveríamos viver como mendigos, focados em quão pouco podemos gastar;
antes, devemos olhar para nosso Grande Comandante e Provedor Celestial
e perguntar, “Quanto o Senhor quer que eu gaste para vencer essa guerra?”
Afinal, tempo sempre vale mais que dinheiro.
Eu me lembro de uma conversa que tive com um obreiro cristão que
estava levantando seu sustento em Dallas. Ele mencionou que estava para
ter uma conversa com um possível mantenedor, em Charlotte. Seu plano
era pegar um ônibus para visita-lo, numa viagem de dois dias de ida e dois
de volta. Eu fui direto no ponto e perguntei, “Por que você não pega um
avião? Não deve levar mais do que duas horas!” A resposta dele foi: “Porque
assim eu economizo algum dinheiro”. Fiquei atônito, sem saber o que falar;
eu estava constrangido por aquela pessoa. Tive vontade de gritar: “Você vai
trocar quatro dias da sua vida e, com isso, demorar em atender seu chamado
ministerial só para economizar algum dinheiro?” Eu não acredito!
Eu quero desafiar você a se preparar verdadeiramente para impactar.
Ao começar a preparar seu plano financeiro, certifique-se de que seu norte
é sua visão, e não seu orçamento. Você pode fazer isso usando o princípio
de Morton como parâmetro de decisão: levante todo o recurso de que você
MAXIMIZANDO SUA FRUTIFICAÇÃO 159

precisa para maximizar a frutificação da sua família e ministério. Coloque-


se diante do Senhor e pergunte a Ele o que isso representa para a sua vida,
sua família e seu ministério. E isso varia de pessoa para pessoa. Em oração,
termine de calcular o valor que definitivamente reflete suas sinceras con-
vicções quanto ao que significa “maximizar a frutificação” para você. E faça
isso de consciência limpa. Não deixe que as pessoas o façam se sentir culpa-
do ou constrangido a adotar o padrão delas.71
Tenha em mente que você precisa equilibrar essa perspectiva com a or-
ganização à qual está se filiando. Eles podem ter um valor exato que reque-
rem de cada obreiro. Nesse caso, vale a pena procurar seu supervisor e, com
humildade e respeito, apelar mostrando que certos aumentos são essenciais
para que você realmente proveja para sua família e ministério. A maior parte
das instituições permite certa flexibilidade, dando à equipe uma margem
de valor que possibilita ao obreiro arrecadar mais, caso queira ou necessite.
Especialmente quando há uma variação no custo de vida entre as diferentes
cidades onde os obreiros moram.

ARRECADE MAIS DO QUE APENAS 100%


Não use “maximizar a frutificação” como uma cortina de fumaça, para
justificar uma vida luxuosa. Ao mesmo tempo, não estabeleça como alvo o
mínimo dos mínimos, de modo que você tenha que se arrastar até a linha de
chegada, desmaiar na marca dos 100% e dar graças a Deus porque a tortura
acabou. Essa abordagem lamentável ficará óbvia para todos e tornará muito
mais difícil sequer levantar o necessário.
Em minha experiência, é sábio levantar mais do que 100% do sustento
e manter o excedente na sua conta, como uma sobra. Por quê?
• Porque se acontecer de algum mantenedor desistir, você terá perdas.
• Porque você vai ter mantenedores que vão falhar por meses.
• Porque surgirão emergências inesperadas ou “oportunidades divinas
de ministério”.
• Porque você pode querer transferir alguns fundos “excedentes” da sua
conta para a conta de outro obreiro ou para outro projeto de alguma
organização com a qual você se identifica.
• Porque sua visão ministerial vai crescer a cada ano, exigindo mais
dinheiro.
71
Para saber mais o que significa “maximizar a frutificação” da sua família ou ministério, confira
o capítulo 5 de ViewPoints: “Standard of Living: What Should It Be for Christian Workers?”
160 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

PREPARANDO SEU ORÇAMENTO


Pegue sua calculadora, suas contas, sua família e seus alvos e planos mi-
nisteriais. E esteja ciente que maridos e esposas normalmente têm maneiras
diferentes de abordar o planejamento financeiro. Deus criou as mulheres
com um instinto de provisão e cuidado, pelo qual elas precisam de esta-
bilidade e segurança. O guru financeiro Dave Ramsey costuma perguntar
aos maridos, “Você proporcionou estabilidade financeira para sua esposa
a ponto de ela não estressar?” O dinheiro que você arrecadou é suficiente
para acalmar os temores e estresses dela? Nós, homens, por outro lado, pa-
recemos gravitar no sentido do que é mais essencial. Esse contraste é real,
portanto prepare-se para discussões profundas e para terem que se ajustar
um ao outro, conforme os dois se tornam um também no orçamento.
Consequentemente, inclua todos os essenciais no seu orçamento, inclu-
sive economias e investimentos; não os despreze como se fossem opcionais
ou “não espirituais”. As Escrituras estão cheias de versículos nos encorajan-
do a economizar para o futuro, para os filhos e para emergências, bem como
passagens cruciais que falam da importância de investir. Por exemplo:
• Economizar: Observe a formiga, preguiçoso, reflita nos caminhos
dela e seja sábio! Ela não tem nem chefe, nem supervisor, nem go-
vernante, e ainda assim armazena as suas provisões no verão e na
época da colheita ajunta o seu alimento. (Pv 6.6-8)
• Investir: O homem bom deixa herança para os filhos de seus filhos,
mas a riqueza do pecador é armazenada para os justos. (Pv 13.22)

Eis um exemplo para nos fazer pensar por que devemos economizar e
investir. Recentemente foram publicados dados que mostram o custo pro-
vável de um curso universitário em 2030, com base na taxa de inflação.
Naquele ano, o preço médio de uma faculdade particular será algo em torno
de 130.428 dólares por ano, e uma universidade pública custará pelo menos
41.220 dólares por ano. A implicação dessas informações é que, se você
pretende mandar os filhos para a faculdade um dia, é melhor começar a
economizar agora!72
72
Valores fornecidos pelo presidente dos consultores da Cruzada Estudantil, Kal Chany, que
escreveu o livro Paying for College Without Going Broke (publicado por Princeton Review, 2011).
Eu fiz as contas usando meus próprios valores e descobri que, se eu tivesse outro filho em 2012, e
quisesse economizar o total de quatro anos de faculdade pública (incluindo alojamento e pensão),
teria que separar 450 dólares todo mês pelos próximos dezoito anos. Esses valores sofrem uma
taxa de inflação anual de 6% para despesas de faculdade e um retorno sobre investimento de 8%
anuais. Mais informações em www.campusconsultants.com.
MAXIMIZANDO SUA FRUTIFICAÇÃO 161

Você quer ter uma consciência limpa quanto ao seu orçamento, e não
deseja inflá-lo além do que é sábio ou necessário. Paulo lida com esse as-
pecto da integridade financeira: “Queremos evitar que alguém nos critique
quanto ao nosso modo de administrar essa generosa oferta, pois estamos
tendo o cuidado de fazer o que é correto, não apenas aos olhos do Senhor,
mas também aos olhos dos homens” (2Co 8.20, 21). Precisamos ter o mes-
mo cuidado de Paulo.
Pare um pouco e examine a planilha de orçamento presente nos apên-
dices deste livro. Por que tantos itens na categoria “despesas”? Por que in-
cluir categorias como vitaminas, animais de estimação e material escolar?
Porque a vida é assim! Essas são despesas reais que você vai ter, e é melhor
se preparar para elas em seu orçamento. Além delas, há uma miríade de
outros itens essenciais que você fará bem em não omitir. Por exemplo:

FUNDOS PARA LEVANTAMENTO DE SUSTENTO


De quanto tempo e dinheiro você acha que precisa para conseguir
100% do seu sustento? Enquanto você monta o seu orçamento pessoal e
ministerial, não se esqueça de criar um documento separado listando to-
das as possíveis viagens, refeições, ligações, gastos com correio e impressão,
enfim: todo e qualquer item do qual você precise para levantar completa-
mente seus sustento com excelência. Uma vez que você tenha a relação e
o valor total, ore e aborde algumas pessoas. Peça que considerem assumir
todo o seu orçamento ou parte dele, como uma forma de “concentração de
gastos” ministeriais, ajudando a sua equipe de sustento a se fortalecer, em
longo prazo.

FUNDOS PARA COMEÇAR O MINISTÉRIO


Você também terá despesas quando finalmente for atender sua nova
atribuição ministerial e começar a trabalhar. A lista é longa: mudar todas as
suas coisas para outro lugar, montar seu local de trabalho, colocar seu equi-
pamento para funcionar, abastecer-se de suprimentos de escritório, pagar o
primeiro aluguel e gastos da casa, fazer cartões de visita, gastar com ligações
de celular, comprar material para o ministério. Quer você seja um jovem
solteiro que só precisa de 2.500 dólares mensais para começar ou alguém
que precisa gastar 75.000 dólares para se mudar permanentemente com sua
família para outro continente, não deixe de fazer seu orçamento. Algumas
pessoas que você abordar não vão se comprometer mensal nem anualmente,
mas estarão dispostas a ajudá-lo a começar. Em menor quantidade, algumas
162 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

delas vão querer se tornar doadores regulares além de contribuir para esse
seu fundo inicial – mas você precisa pedir.

PROJETOS DE CUSTEIO INDIVIDUAL


Entenda que há outras maneiras muito boas de as pessoas se torna-
rem parceiras de ministério, além de ofertas mensais ou anuais de dinheiro.
Enquanto pensa no seu orçamento, considere listar certos itens que possam
ser do interesse de mantenedores específicos. Por que não orar e trabalhar
em “projetos ministeriais” que você possa apresentar a pessoas estratégicas
em seu sustento? Diferente de uma mentalidade “tamanho único”, uma for-
ma criativa de valorizar aqueles que apoiam o seu ministério é dando a eles
maior participação e um senso real de parceria com você e no que você faz:
Lista Um: Considere todas as suas necessidades pessoais e ministeriais,
seus gastos e oportunidades em potencial. Faça uma lista de possíveis pro-
jetos de custeio que sejam lógicos e independentes, e que você possa legiti-
mamente apresentar a indivíduos, casais, igrejas ou empresas.
Lista Dois: Imprima uma lista abrangente de todos os seus mantenedo-
res atuais, bem como dos que já foram e os que podem vir a ser. Coloque-a
do lado da Lista Um. Para cada projeto, olhe com atenção os nomes da
Lista Dois e peça a Deus direção e sabedoria para decidir quem poderia
se interessar em financiar cada oportunidade. Tente relacionar itens com
pessoas que já têm envolvimento ou relação com aquele projeto. Identifique
um número menor de indivíduos que possam fazer doações “em espécie”,
como consultas médicas, materiais de construção ou materiais de infor-
mática, como forma de sustentar você. Escreva, telefone ou, melhor ainda,
marque uma conversa pessoal para colocar sua proposta na mesa, na frente
da pessoa.

MEUS PROJETOS E PEDIDOS


Eu precisava de um modelo de carro mais recente e confiável para o
meu ministério. Eu poderia ter emprestado dinheiro ou usado nossas eco-
nomias, mas por que desperdiçar uma oportunidade esplêndida de envolver
um ou dois mantenedores que agarrariam a oportunidade de suprir uma
necessidade tão importante? Eu orei, pensei e liguei para um doador de
longa data, que por acaso acabara de vender algumas ações naquela manhã
e não sabia o que fazer com o lucro. Ele não só mandou a quantia neces-
sária para pagar o novo veículo, como também mandou a mais para que eu
liquidasse as prestações do outro carro!
MAXIMIZANDO SUA FRUTIFICAÇÃO 163

Anos atrás, comecei um curso de graduação que todo ano me fazia


pegar um avião para Denver, alugar um carro e um quarto de hotel, pa-
gar refeições, mensalidade e livros; depois pegava outro avião de volta para
casa. Cada viagem/período de aulas me custava 3.000 dólares. De repente
percebi como ficaria caro todo aquele programa. Por isso orei por todos da
minha lista de doadores regulares e periódicos, pensando em quem poderia
ter interesse em me ajudar com aquele tipo de treinamento. No aeroporto
mesmo selecionei três nomes, escrevi uma carta para cada um detalhando
o que era o curso, por que estava fazendo, quanto custava cada viagem para
assistir às aulas e perguntando a cada um dos três se poderia ser meu patro-
cinador. Telefonei para cada um deles para responder suas perguntas e ver o
que decidiriam. O primeiro homem respondeu, “Diga-me a data e o banco
para eu começar a fazer os depósitos”. Ele pagou cada centavo dos meus
estudos por oito anos. Fui obrigado a contatar os outros dois e prometer
que logo pensaria em outros projetos que pudessem envolvê-los!
Em vez de abordar indivíduos com esse tipo de pedido, eu poderia ter
escolhido o caminho mais rápido, fácil e menos arriscado: anunciar minha
necessidade numa carta circular: “Se alguém quiser me ajudar com meus
gastos do seminário, favor mandar dinheiro!” ou “Participe dos Fundos para
o Carro do Steve!” ou o método super discreto de esconder um apelo desses
em “Pedidos de Oração” de comunicados. Eu até poderia ter recebido algu-
mas reles doações de caridade, mas o dano maior teria sido feito. Na mente
da maioria das pessoas, eu teria me colocado no mesmo nível dos mendigos
do bairro. Além disso, os três mantenedores que responderam meus pedidos
personalizados (carro, gastos do seminário) nunca teriam contribuído se só
tivessem visto meus apelos numa circular geral ou num formulário para ser
preenchido via e-mail.
Se, em sua busca por sustento, você decidir recorrer a essa abordagem
mais geral e impessoal, que trata as pessoas “por atacado”, saiba que ela vai
fazer com que seus amigos e doadores sintam-se meras pessoas sem nome
e rosto, no meio de um enorme rebanho que você tenta descuidadamente
levar a um curral. Você não quer passar essa ideia, quer?

BUSQUE PARCEIROS EXECUTIVOS


Há uma poderosa obra do Espírito varrendo nossa nação e indo além,
conhecida como “Business as Mission”, BAM ou Negócios como Missões.
O mundo mudou muito no que diz respeito a leigos desejosos de impactar
diretamente as nações para Cristo. Esses homens e mulheres se tornaram
164 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

“revolucionários” espirituais.73 Para eles, não é suficiente sentar-se num


banco de igreja, ofertar para obras de reforma e expansão, e ficar recebendo
as pessoas na entrada dos cultos. Elas querem fazer mais, pois reconhecem
que, pessoalmente, eles têm recursos, ideias e experiência que podem ofe-
recer a um mundo perdido. Esses BAMers (como são chamados) podem
causar um impacto imediato e transformador na vida das pessoas. Eles que-
rem suas próprias impressões digitais em toda essa obra de evangelização do
mundo – afinal, Jesus a entregou a todos nós, e não apenas a obreiros cristãos
vocacionados.74
Muitos donos de negócios estão procurando um ministério ou um mis-
sionário de quem possam se tornar parceiros. Eles desejam apresentar seus
próprios lucros e expertise e ajudar a abrir portas para o evangelho. Pense
nas pessoas da sua base de contatos que estão ligadas ao mundo dos negó-
cios e observe as que já têm uma visão do tipo BAM. Procure-as, bem como
outros que você acha que estariam abertos a esse conceito, e apresente uma
proposta de como eles poderiam adotar financeiramente você e sua organi-
zação como parceiros ministeriais. Temos várias pessoas que nos abençoam,
ao mesmo tempo em que são abençoadas, por nos darem uma porcentagem
dos rendimentos contínuos da empresa. Um dono de negócios até chegou a
me procurar recentemente, com uma proposta de parceria!
Deus quer que você, sua família e seu ministério sejam frutíferos.
Permita que a sua visão determine seu orçamento, e não que o orçamento
limite a sua visão. Uma elaboração cuidadosa e em oração da sua estratégia
financeira, incluindo identificar projetos e pessoas que precisam fazer parte
de um custeio mais especializado, pode ser uma maneira criativa e divertida
de apresentar oportunidades de investimento. Não deixe de envolver seus
amigos, família, todo mundo. Comece agora mesmo a estender seu pensa-
mento para pensar nas centenas de pessoas que precisam figurar na sua lista
de contatos. É hora de fazer uma tempestade cerebral de nomes!

73
De acordo com o livro Revolution, de George Barna, publicado por Tyndale House Publishers
em fevereiro de 2006. Leia principalmente o capítulo 2, sobre a nova geração de revolucionários
tentando ser a igreja que Cristo nos comissionou a ser.
74
Para conhecer vários modelos de BAM, bem como leigos, empresas e pastores discutindo e
promovendo BAM, acesse: businessasmissionnetwork.com.
18

Tempestade

de Nomes
Jake era do tipo animado, querido, que parecia conhecer todas as pessoas em
todos os lugares. Sim, ele era jovem, mas tinha uma network muito boa.
Quando sentiu-se chamado ao ministério, começamos a discutir levanta-
mento de sustento. Ele precisava começar a fazer uma tempestade cere-
bral de possíveis contatos, aquilo que alguns chamam de “tempestade de
nomes”. Fiquei espantado quando ele me disse que não conseguia pensar
em ninguém, por isso mandei que voltasse à sua cidade natal e dirigisse
em cada rua, listando nomes de pessoas de quem se lembrava. Ele voltou
com quarenta nomes, incluindo seu técnico da liga secundária, o prefeito
e o açougueiro, para quem havia trabalhado. Levei-o até a sede da sua fra-
ternidade e examinamos os quadros com fotos das turmas da sua época.
Registramos mais quarenta nomes. Passamos pela lista de ex-alunos da fra-
ternidade da qual participou na faculdade e encontramos outros cinquenta.
Cutucá-lo ajudou a estimular sua mente, abrindo uma comporta de círculos
concêntricos de amigos e contatos que ele fizera ao longo dos anos. E ele
nem tinha se dado conta disso.
Frequentemente interajo com pessoas na equipe de ministérios de
tempo integral, e elas conseguem pensar em pouquíssimas pessoas para
colocar em sua lista de contatos. Eu queria poder dizer a elas, “Você está
me dizendo que tem quarenta e três anos de idade, dezesseis de ministé-
rio e só consegue pensar em setenta e seis contatos que podem se tornar
166 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

mantenedores? Eu acho que você ama o ministério; é das pessoas que você
não gosta!”
Antes de partirmos para o como fazer, deixo um pensamento que tem
a ver com casamento e networking: Se você se casou há menos de três anos,
você ainda está em lua de mel, certo? Independente de quem foi ao seu
casamento, sua lista de convidados se torna valiosíssima, uma vez que eles
queiram ajudar o jovem casal a começar com o pé direito. Muitos vão acei-
tar conversar e entrarão para sua equipe de sustento. Uma dica aos solteiros:
se possível, faça um casamento enorme. Não dá para saber se isso não vai se
tornar uma grande vantagem um dia!

REGISTRE E RETENHA
Agora é a sua vez. Assim que você e seu supervisor estiverem confor-
táveis quanto ao orçamento que você planejou, é hora de botar as mãos na
massa e fazer uma extensa tempestade de nomes. Você tem muito trabalho
a fazer, por isso separe um bom tempo para isso na sua agenda. Peça ao
Senhor energia, perseverança, criatividade e uma boa memória – você vai
precisar refazer cada estágio da sua vida toda. Tente se lembrar de cada
nome do seu passado.
Consiga um bom software de base de dados, que permita a você re-
gistrar e acessar de forma rápida e fácil qualquer informação relevante dos
seus contatos. Encontre um programa desenvolvido para ajudar obreiros
cristãos a levantar sustento,75 que além de gerenciar informações de conta-
tos, possibilite rastrear suas doações, gerar gráficos e relatórios, fazer mala
direta, mostrar quando alguém deixou de ofertar, alertar você para mandar
uma mensagem de gratidão ou cartão de aniversário, agendar tarefas. Você
pode encontrar uma lista de excelentes opções nos apêndices desde livro, na
seção Recursos Atuais.

TRANSFORME VELHOS AMIGOS EM NOVOS MANTENEDORES


Separe metade de um dia para criar uma linha do tempo completa
da sua vida. Pense em cada ano, desde sua infância até hoje. Reconstitua e
anote todas as atividades, clubes, equipes, igrejas, empregos, comunidades
e classes dos quais já participou um dia. Após fazer uma lista exaustiva
75
Eu recomendo TntMPD, o programa gratuito desenvolvido para ajudar toda a equipe da
Cruzada Estudantil a levantar sustento. www.tntware.com. Faça o download e instale essa ferra-
menta fantástica que o ajudará a registrar e acompanhar todas as suas informações de contatos e
ofertas.
TEMPESTADE DE NOMES 167

de todas essas categorias, comece a escrever tantos


Tempestade cerebral:
nomes quantos você é capaz de contatar hoje. Tire Não existe ideia ruim
da gaveta todas as fotos dos tempos da escola, para
Tempestade de nomes:
refrescar sua memória. Não exclua uma pessoa só Não existe nome ruim
porque ela não era muito próxima, não era cristã,
ou porque você não a vê faz um bom tempo. Apenas coloque o nome dela
na lista. Não arranje justificativas nem abra exceções, como se elas não qui-
sessem ouvir de você.
Você pode pensar, “Você está brincando. Não tem como eu procurar uma
colega da oitava série para pedir sustento. Eu não a vejo faz dezesseis anos!
Mesmo que eu soubesse como encontrá-la, assim que eu fizesse contato ela
ia perceber que eu só quero seu dinheiro”. Eu entendo perfeitamente sua
preocupação. Já ouvi de obreiros que a solução que encontraram para esse
dilema foi primeiro convidar o velho amigo para um café ou uma partida de
boliche, para tentar refazer a ligação antes de pedir alguma coisa. Em minha
opinião, essa é a pior coisa que você poderia fazer! Mesmo que você leve um
ano, cinco refeições juntos e várias partidas de boliche até finalmente tocar
no assunto de sustento, o ceticismo inicial do seu amigo vai se confirmar,
quanto às suas motivações. Eles vão pensar no mesmo instante, “Aham,
agora entendi porque você me procurou!”
Alguns de vocês não vão conseguir nem setenta e seis pessoas para
colocar na lista. Costumo fazer uma estimativa de que cada pessoa tem
cerca de mil amigos e conhecidos; desses mil que você já conheceu ou en-
controu na vida, estimo que você manteve contato com cerca de sessenta.
Estou certo que esses sessenta vão para a sua lista de contatos, mas aposto
que você deixou de fora a maioria dos novecentos e quarenta com quem
não manteve contato. Então, o que aconteceria se você voltasse, tentasse
restabelecer contato com pessoas da lista dos novecentos e quarenta, mas
alguém respondesse, “Sinto muito, não tenho interesse em encontrá-lo de
novo”. O que você teria perdido? Absolutamente nada! Sim, se você quiser,
você pode deixar-se abater, fechar-se em casa e ficar deprimido, mas você
pode simplesmente mandar aquele nome de volta para o arquivo “perdi
contato” – onde ficou por dezenove anos – e avançar para o próximo nome!
Quando tento me reconectar com alguém do passado, gosto de compor
uma carta personalizada antes de telefonar ou mandar um e-mail. Coloco
a pessoa a par da minha vida: minha conversão a Cristo, como vai minha
família e trabalho, e conto como Deus tem me conduzido para este minis-
tério estratégico. Só então incluo algo semelhante a isto:
168 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

Alguns de vocês não vão conseguir nem setenta e seis pessoas para
colocar na lista. Costumo fazer uma estimativa de que cada pessoa tem
cerca de mil amigos e conhecidos; desses mil que você já conheceu ou en-
controu na vida, estimo que você manteve contato com cerca de sessenta.
Estou certo que esses sessenta vão para a sua lista de contatos, mas aposto
que você deixou de fora a maioria dos novecentos e quarenta com quem
não manteve contato. Então, o que aconteceria se você voltasse, tentasse
restabelecer contato com pessoas da lista dos novecentos e quarenta, mas
alguém respondesse, “Sinto muito, não tenho interesse em encontrá-lo de
novo”. O que você teria perdido? Absolutamente nada! Sim, se você quiser,
você pode deixar-se abater, fechar-se em casa e ficar deprimido, mas você
pode simplesmente mandar aquele nome de volta para o arquivo “perdi
contato” – onde ficou por dezenove anos – e avançar para o próximo nome!
Quando tento me reconectar com alguém do passado, gosto de compor
uma carta personalizada antes de telefonar ou mandar um e-mail. Coloco
a pessoa a par da minha vida: minha conversão a Cristo, como vai minha
família e trabalho, e conto como Deus tem me conduzido para este minis-
tério estratégico. Só então incluo algo semelhante a isto:
Tenho a responsabilidade e o privilégio de levantar todo o meu
sustento pessoal e operacional antes de dar início ao meu minis-
tério. Tenho orado e pensado nas principais pessoas que partici-
param da minha vida ao longo dos anos. Por isso, neste momento
ao mesmo tempo empolgante e assustador da minha vida, estou
voltando ao passado e pedindo a velhos amigos como você que me
permitam compartilhar a visão ministerial e os alvos financeiros
que o Senhor tem me dado. Sei que faz muito tempo que nós não
nos vemos, mas em algum momento nós fomos importantes na
vida um do outro. Talvez você não possa se juntar a mim e investir
nesse meu novo empreendimento, mas seria uma honra comparti-
lhar minha história com você e saber como vão as coisas depois de
todos esses anos. Posso ligar para você na semana que vem e verifi-
car se podemos nos encontrar em algum momento? Estou ansioso
por restabelecer o contato.
Isso é assim tão assustador? Qual a pior coisa que pode acontecer se
você chegar a telefonar para a pessoa? A melhor coisa é que um velho ami-
go pode se tornar um novo mantenedor!76
76
Para mais ajuda sobre esse assunto, e sobre como retomar o contato com amigos do passado,
confira o capítulo 18 de ViewPoints: “How Old Friends Can Become New Supporters”.
TEMPESTADE DE NOMES 169

VOCÊ VAI PERDER UM AMIGO


Vá em frente e aceite em seu coração que, ao levantar sustento, você
tem a grande probabilidade de perder algum amigo. Você fica bem com
isso? Assim como quando testemunhamos do evangelho, sempre há al-
guém que se aborrece ao ser abordado. Todo mundo tem suas opiniões for-
madas a respeito de pedir dinheiro; em suas viagens para levantar sustento,
você está fadado a se deparar com uma ou outra pessoa que vai se ofender
com o que você está fazendo e não vai mais querer ser seu amigo. Pense um
pouco: será que essa pessoa era mesmo sua amiga? Infelizmente, conheço
gente que vai conceber toda sua filosofia e abordagem de levantar sustento
em torno da remota possibilidade de ofender alguém ou de ser rejeitado.
Não cometa esse erro.

MÍDIAS SOCIAIS: O NOVO MELHOR AMIGO DE QUEM LEVANTA SUSTENTO


Outra maneira de você gerar muitos nomes novos é acessar as redes
sociais da Internet. Ao passo que antes era estranho contatar alguém que
fez parte de uma fase anterior da sua vida, hoje é normal e até legal localizar
alguém que participou das mesmas competições escolares, um professor de
matemática do colegial, um amigo da faculdade ou um ex-vizinho de três
cidades atrás. Participar de vários grupos nas mídias sociais e “mandar um
pedido de amizade” para as pessoas pode criar uma abertura natural para
você restabelecer o relacionamento, atualizar informações sobre sua vida
e sua família, compartilhar fotos e lembranças ou avisar quando você for
passar por aquela cidade. Muitas vezes, isso pode facilmente levar a uma
oportunidade de compartilhar sobre seu ministério e alvos financeiros.
Agora mesmo, minha filha adolescente está verificando cada “amigo”
que tenho nas mídias sociais e criando uma planilha de nomes, cidades
natais e endereços de e-mail, para depois mandar um e-mail personalizado
para cada pessoa. Isso para checar se eles têm interesse em receber periodi-
camente nossos e-mails com notícias do ministério.

RECRUTE COLEGAS DE EQUIPE PARA AJUDÁ-LO


Peça a seus pais, amigos antigos e ao seu cônjuge que olhem para sua
linha do tempo e ajudem a preencher as lacunas. Eles o farão lembrar de
outros grupos ou atividades dos quais você participou, e poderão acres-
centar outros nomes de pessoas relacionadas a você ou a eles mesmos, no
passado. Se você for casado, faça com seu cônjuge o mesmo exercício de
linha do tempo, agrupamentos e tempestade de nomes. Desenterre todos
170 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

os periódicos das escolas nas quais estudou, listas de membros das igrejas
pelas quais passou até agora, e até álbuns de fotos que possam estimular sua
memória a ajudá-lo a listar centenas de nomes de grupos de jovens, reu-
niões da empresa, retiros, formandos do segundo grau, viagens missionárias
e associações do bairro. Quando o assunto é tempestade de nomes, não se
torne um cavaleiro solitário. Invente maneiras criativas de envolver outras
pessoas. Estas são outras duas formas de você multiplicar seus esforços além
do que você pode fazer sozinho:

COMITÊS EXECUTIVOS
Tenho um amigo próximo que criou um comitê executivo, por meio
do qual ele e sua esposa recrutaram doze mantenedores com quem se en-
contrariam uma vez por mês, enquanto levantavam sustento. O propósito
era orar por eles, levantar novos nomes, marcar conversas pessoais, e pro-
mover encorajamento e prestação de contas. Algumas daquelas pessoas até
criaram um segundo comitê em outra cidade, onde também concentraram
seus esforços. Qualquer que seja o nome que você dê ao seu grupo, tente
mantê-lo ativo até você alcançar 100% do seu sustento. Se você der a esses
mantenedores iniciais uma boa descrição de funções e os valorizar, eles fi-
carão com você até o fim.

HOMENS OU MULHERES ESTRATÉGICOS


Enquanto se prepara para impactar, você pode pedir a outros irmãos
e irmãs em Cristo que se juntem a você. Procure um ou dois homens ou
mulheres estratégicos, que vão se colocar ombro a ombro com você. Ajude-
os a perceber e compreender o âmbito mais amplo do desafio financeiro e
ministerial que você tem diante de si. Eles precisam estar dispostos a fazer
o que for necessário para fazer você começar logo o seu ministério, e ple-
namente suprido. Um antigo membro da nossa equipe descobriu a melhor
pessoa para ser seu “homem estratégico”, e essa pessoa acabou contatando e
canalizando 180 novos contatos para ele. Você nunca sabe quem pode ser a
pessoa estratégica para levar você a um grande avanço – não até você pedir!

IDENTIFIQUE INFORMAÇÕES DE CONTATOS


Com o advento da Internet, é assustador como podemos coletar in-
formações tão detalhadas de vários possíveis mantenedores. Todo tipo de
tecnologia tem sido desenvolvido para nos ajudar a encontrar e conectar
mais facilmente uns com os outros. Descubra quais são, estude-as e as use.
TEMPESTADE DE NOMES 171

Posso contar uma improvável história de sucesso que aconteceu comi-


go alguns anos atrás, quando decidi encontrar um velho amigo da faculda-
de. Eu não falava com ele havia sete anos, mas pesquisei seu nome na web
e descobri que ele estava morando num subúrbio de Minneapolis. Seu en-
dereço e telefone não estavam listados, mas as informações de alguém que
morava perto. Liguei para esse vizinho, perguntei se um novo casal havia se
mudado recentemente para aquele quarteirão, confirmei que se tratava do
meu amigo e pedi à pessoa que desse um recado ao meu amigo. Na semana
seguinte, consegui conversar com ele por telefone. Ele e a esposa entraram
para nossa equipe de sustento com 150 dólares por meio, e há poucos anos
dobraram o valor. Não apenas isso, renovamos nossa amizade, eles se tor-
naram parceiros de ministério e nosso relacionamento está mais agradável
do que nunca.

DICAS FINAIS
É bom convidar diferentes igrejas locais para fazerem parte da sua equi-
pe de apoio. No entanto, é possível que alguém se oponha a você convidar
a igreja ou os amigos dessa pessoa para que contribuam para um ministério
que vai acontecer longe dali. Eles podem dizer: “Como você pode levantar
dinheiro de um grupo de pessoas para ministrar a outro grupo, em outro
local? Não são as pessoas desse outro local que devem sustentar você?” Sim,
idealmente isso é verdade. Mas há várias exceções na Bíblia. Paulo recebeu
dinheiro de outras igrejas distantes a fim de poder ministrar em Corinto,
Tessalônica e Éfeso (At 18.1, 2Co 11.7, 8, 1Ts 2.9, 2Ts 3.8, At 20.34).77
As pessoas sempre me perguntam, “Quantos nomes eu devo ter em
minha lista de contatos?” O máximo possível, no mínimo várias centenas.
Conheço um rapaz de vinte e um anos que foi contratado para trabalhar
numa firma de corretagem de estoque. Eles exigiram que ele levasse para
seu primeiro dia de trabalho mil nomes com informações de contato.
Aquele seria o ponto de partida para ele construir sua clientela. Ele não
poderia copiar nomes de uma lista telefônica; precisavam ser pessoas que
77
Vários textos bíblicos apoiam esse conceito, incluindo a expressão “nos seus primeiros dias no
evangelho” (Fp 4.15, 16). Ele se refere claramente à primeira pregação de Paulo na Macedônia,
cerca de dez anos antes da escrita da carta. Aqueles crentes de Filipo eram mantenedores de
Paulo de longa data, durante todo o tempo em que ele viajou plantando igrejas em outras regiões.
2Coríntios 11.9 descreve como Silas e Timóteo foram da Macedônia a Corinto para levar a
Paulo os recursos supridos pela igreja dos filipenses, de modo que o apóstolo pudesse passar de
um ministério em tempo parcial para o tempo integral, entre os coríntios (At 17.14, 15). Mais
informações nas páginas 114 a 115 de Philippians: Triumph in Christ, de John F. Walvoord.
172 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

ele de alguma forma havia conhecido ou encontrado, em seus poucos vinte


e um anos de vida. Pense numa tempestade de nomes: aquele cara deu duro
para fazer sua lista. Espero que estejamos mais comprometidos em alcançar
o mundo para Cristo do que outras pessoas estão em vender ações e títulos.
Tudo vai depender do quanto você leva a sério alcançar sustento com-
pleto. Tudo vai depender do quanto você está disposto a regar em oração
todo o processo, fazendo grandes pedidos divinos, o tempo todo e o dia
inteiro. O quanto você está dedicado a gastar longas e árduas horas fazendo
sua linha do tempo, tempestade de noves e pesquisas de Internet? Quanto
você tem da indispensável disposição de fazer o que for necessário para
construir uma ampla base de contatos pela qual começar?
E aí? Você ainda está disposto a fazer o que for necessário?
19

Dinheiro e

bom senso
Bart era um atleta de destaque na faculdade. Ele presumiu que poderia se
poupar do árduo e obrigatório processo que todo mundo enfrenta ao
buscar sustento completo. Nós trouxemos esse jovem líder para a nossa
equipe, junto com sua esposa, e lhes proporcionamos um ótimo treina-
mento sobre sustento. Mas Bart tinha outros planos. Ele já tinha deci-
dido que as centenas de horas em ligações, viagens e encontros pessoais
com mantenedores era algo desnecessário. Em vez disso, ele cria que
Deus estava mandando escolher cem dos seus principais contatos no
estado, para uma abordagem individual. Num único dia, ele enviou uma
carta para todos os cem, pedindo a mesma quantia mensal e incluin-
do um envelope selado para que mandassem logo o primeiro cheque.
Confiante de que todo o dinheiro começaria a entrar em questão de dias,
ele sentou-se, orou e ficou de olho na caixa de correios. Implorei a ele
que não seguisse esse plano, mas ele dizia, “Não, Deus mandou que eu
fizesse assim!” Minha vontade era dizer, “Não, Ele não mandou”, mas
isso não seria espiritual.
Três meses depois, bateram à porta do meu escritório. Bart, cuja
postura era normalmente de extrema autoconfiança, agora estava calado
e com um olhar desanimado. Parecia um pouco mais ensinável, ao me
contar que somente dois da sua lista dos “Top 100” haviam respondido,
ainda por cima com ofertas únicas. Bart estava confuso e abatido. Agora
ele estava aberto a ser ajudado. Encorajei-o a voltar aos cem contatos
174 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

e marcar conversas individuais com cada um; ele até tentou, mas não
se sentia bem diante da carta que mandara antes. Consequentemente,
nunca conseguiu montar uma equipe de sustento. Depois de mancar
financeiramente por três anos, ele e sua esposa desiludida finalmente
partiram para um trabalho e salário “de verdade”. Fiquei muito triste: se
havia alguém capaz de facilmente montar uma equipe, era Bart. Mas em
vez disso ele escolheu atalhos e uma abordagem “tamanho único”. Esse
foi o seu fracasso.
Nós não podemos nos permitir cortar caminho na nossa preparação.
“Falhar em planejar é planejar falhar”, diz o ditado. Por isso, antes de co-
meçar, “Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão
bem-sucedidos” (Pv 16.3). Neste estágio do processo, você e sua família,
amigos e principais mantenedores já devem ter computado muitos dias e
até semanas esquadrinhando cada fragmento da vida, cada pedaço de ati-
vidade na qual você já se envolveu, cada lugar onde já morou, trabalhou,
estudou, jogou e congregou em toda a sua vida. Você já pode humildemente
recuar com um senso de satisfação, confiante que fez um trabalho completo
e exaustivo de tempestade de nomes. Nesse caso, você tem tudo para come-
çar com o pé direito.

PRIORIZE NOMES
Agora que sua tempestade de nomes já criou uma grande enxurrada, como
organizá-los? Quem você deve abordar primeiro, e quem vem depois?
Como saber o que pedir? A primeira coisa que você deve fazer é dividir
sua enorme lista em grupos de pessoas com prioridade alta, média e baixa.

PRIORIDADE ALTA
Pessoas que você está quase certo que se tornarão parceiros no seu sus-
tento, provavelmente indivíduos com quem você tem alguma relação natu-
ral, dada por Deus. Elas se importam com você pessoalmente, ou têm uma
forte paixão pela sua causa, ou foram influenciados por sua organização ou
agência no passado.

PRIORIDADE MÉDIA
Trata-se dos contatos que você não tem certeza se vão contribuir. A
chance é de 50%. Se você orar, escolher a rota da abordagem pessoal e fizer
um excelente trabalho de apresentação e pedido, pode ser que Deus os im-
pulsione para entrar para sua equipe de sustento.
DINHEIRO E BOM SENSO 175

PRIORIDADE BAIXA
Esses contatos são as pessoas que você está certo que não vão querer
contribuir, mas mesmo assim você vai manter o nome deles na lista. Nunca
se sabe; você pode alcançar 100% do seu sustento sem pedir a nenhum de-
les. Ainda assim, alguns de nós vão ter que trabalhar com todas as três listas,
bem como bateladas de indicações, até conseguirem sustento completo.

DISCRIMINE QUANTIAS DIFERENTES A PEDIR


Determinar a quantia ou a faixa de valor a pedir não é uma experiência
mística, na qual o valor aparece ao lado de cada nome assim que a pessoa
do outro lado do telefone diz “alô”. Comece com as pessoas da sua lista de
prioridade alta e ore por cada uma delas. Peça sabedoria a Deus. Considere
compor uma lista de fatores que devem pesar ao analisar a situação de cada
pessoa. Eis algumas sugestões:

SEU RELACIONAMENTO COM A PESSOA


Este item é extremamente importante. O quanto você a conhece? O
quanto ela conhece você?

A PAIXÃO DELA POR SUA CAUSA


O quanto a pessoa tem interesse naquilo que você faz? Conheci um
jovem que odiava ter que levantar sustento, mas pelo fato de estar planejan-
do ajudar órfãos na África, conseguiu todo o dinheiro de que precisava em
tempo recorde. Todo mundo quis participar!

QUANTO ELA JÁ OFERTOU


Esse contato já contribuiu substancialmente com você ou outra pessoa
ou grupo que você conhece? Se sim, esse é um sinal do que a pessoa pode
ou vai fazer no futuro.

EM QUE ÁREA A PESSOA TRABALHA


Provavelmente você não pedirá a seu cabeleireiro tanto quanto pedirá
ao seu amigo que é cirurgião ortopédico. Por exemplo, nunca peça a alguém
que ganha por hora menos do que 75 dólares por mês. Você sempre pode
baixar o valor depois, mas nunca comece pedindo menos do que isso.

O ESTILO DE VIDA DA PESSOA


Este fator pode ser o mais enganoso. A pessoa pode morar numa man-
são e dirigir um Lexus, e ainda assim estar afundada em dívidas.
176 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

O NÍVEL DE MATURIDADE CRISTÃ E DO ENTENDIMENTO QUANTO A CONTRIBUIR


Eu me sinto mais propenso a pedir uma quantia maior quando a pes-
soa é alguém que anda com Cristo e compreendeu o conceito bíblico de
contribuir. Em outras palavras, trata-se de alguém que vê ofertar como um
privilégio “vertical”, em vez de uma obrigação “horizontal”.
Pode haver outros fatores que você queira incluir. Lembre-se de repetir
esse processo com cada pessoa da sua lista de prioridade média, e com a lista
de prioridade baixa, se for necessário. Você pode conseguir todo seu susten-
to com seus contatos de prioridade alta e média, e eu oro para que consiga!

Se você precisa levantar 6.000 dólares como sustento mensal,


e se metade das suas abordagens pessoais resultam em novos
doadores, quais são as quantias que você precisa pedir?

Doação Reais Abordagens


Média Doadores Pessoais

U$ 40/mês 150 300

U$ 50/mês 120 240

U$ 60/mês 100 200

U$ 75/mês 80 160

U$ 100/mês 60 120

U$ 125/mês 48 96

U$ 150/mês 40 80

U$ 200/mês 30 60

Observação: Se você quer passar o resto da vida batalhando


por sustento completo, continue pedindo quantias pequenas!

Nunca peça a um profissional ou a um casal de dupla renda menos


do que 100 dólares por mês. Você pode pensar “100 dólares? Você está
brincando! É muito dinheiro. Ninguém na minha igreja ou na minha ci-
dade vai dar tudo isso!” Eu tendo a discordar. Você pode estar vivendo uma
existência espartana agora mesmo e já aprendeu cinquenta e oito maneiras
de fazer um cachorro quente, mas abra os olhos para realidades atuais. Eu
sei que toda noite os pessimistas financeiros transmitem seus prognósticos
DINHEIRO E BOM SENSO 177

agourentos na TV a cabo, mas vamos admitir: Nos últimos duzentos anos,


os americanos ganharam mais dinheiro e doaram mais dinheiro do que
qualquer outro grupo na história do planeta. Todos os anos, confiro os da-
dos que são publicados de quanto ganha cada profissão e da frequência dos
aumentos salariais. Não importa em qual lugar dos Estados Unidos você
vive; comparado com o resto do mundo, você certamente tem um monte
de gente rica ao seu redor. Faça o favor de não projetar sobre os demais
americanos o quanto 100 dólares representa para você.

ERROS COMUNS AO PEDIR


DIZER A SI MESMO QUE CERTAS PESSOAS NÃO PODEM OU NÃO QUEREM DAR
Por exemplo, o que você acha de pedir sustento aos seus colegas re-
cém-formados? Não dá para fazer isso, certo? Eles acabaram de sair da fa-
culdade! Pois saiba que essa é a melhor hora para pedir. Não apenas porque
é a primeira vez na vida que eles vão ter o próprio dinheiro (NOTA DO
TRADUTOR), mas também porque você os estará ajudando a definir seus
padrões de contribuição. De fato, tenho como colegas de equipe um casal
que abordou vários amigos enquanto ainda estavam todos na faculdade.
Fiquei espantado em saber como aqueles estudantes contribuíram sacri-
ficialmente. Aquilo me fez entender que qualquer pessoa é um candidato a
entrar para sua equipe de sustento.

PEDIR A MESMA QUANTIA A TODOS


“Bart,” o atleta do começo do capítulo, foi ingênuo a pensar que levan-
taria rapidamente seu sustento pedindo 25 dólares a cem pessoas. As pes-
soas gostam de ser tratadas individualmente. Elas apreciam que você pense
nelas, ore por elas e faça seus pedidos de forma personalizada. Precisamos
regar em oração todo esse processo e cada possível parceiro de ministério,
buscando a sabedoria de Deus para pedir exatamente dentro da faixa que
cada um pode dar.

PEDIR MUITO POUCO


Se alguém olhar seus registros de doações, poderá dizer muita coisa
sobre como você faz para levantar sustento. Seus comprovantes financeiros
contêm os fatos: quando vejo várias entradas de menos valor no extrato de
alguém, pergunto àquele obreiro quanto ele pediu em cada encontro como
valor mensal. Normalmente, eles abaixam a cabeça e respondem baixinho,
“50 dólares para cada”, ou confessam, “Eu nem falei de um valor”. Ops, má
178 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

escolha. Tenho visto que quem levanta sustento geralmente recebe o que
pede. Se você decidir pedir 50 dólares por mês às pessoas, a média de doa-
ções de todos os seus mantenedores será de 40 dólares. Se você pedir 100
dólares por mês a cada pessoa, a média será de 85 a 90. Se você pedir 150
dólares, vai receber em média 130, e assim por diante.

NÃO PEDIR
Possíveis doadores não têm o poder de ler a mente. Você precisa dar
a eles alguma ideia do que quer que eles façam! Eles ligam a TV e veem
um apresentador religioso pedir ofertas de 19,95 dólares. Ao mudar de ca-
nal, outro apresentador pede doações de 500 dólares para um novo projeto.
Depois de dez anos e centenas de conversas que já tive para pedir sustento,
apenas duas vezes alguém me interrompeu antes de eu ser mais específico, e
disse, “Não sugira um valor. Vamos orar e você saberá”. Os demais aprecia-
ram grandemente eu ser mais específico no que estava pedindo.
Às vezes percebo alguém em nossa equipe que tem um doador que
ajuda esporadicamente, falhando um mês aqui e outro ali. Nesses casos,
pergunto ao obreiro, “Você conversou pessoalmente com essa pessoa?” Um
tanto quando envergonhados, a resposta comum é admitir que eles apenas
falaram por telefone com o mantenedor, mandaram uma carta ou e-mail,
ou expuseram o projeto num contexto de grupo. Quase sem exceção, uma
conversa individual e face a face é a alternativa que gera um compromisso
mensal mais significativo, consistente e duradouro.

UMA POSSÍVEL EXCEÇÃO


OK, e se a pessoa a quem você quer pedir sustento realmente mora lon-
ge – muito longe? Você pode estar pensando, “Você está me dizendo que
eu devo comprar uma passagem de avião, alugar um carro e um quarto de
hotel numa cidade a mais de três mil quilômetros só para tomar um café
com meu colega do segundo grau, sendo que ele pode ou não decidir me
ajudar com 75 dólares por mês?” Não, não é isso que estou pensando.
Vou falar mais disso no final do capítulo 25, mas se um amigo seu está
tão longe de onde você mora, ou de qualquer das cidades aonde você pla-
neja ir para buscar sustento, será sábio fazer seu pedido por carta ou e-mail.
Depois disso, faça uma ligação telefônica ou por videoconferência, para po-
der responder perguntas, saber o que a pessoa está fazendo e ouvir o que ela
decidir. Se, porém, menos de 90% de todos os seus pedidos não são feitos de
modo pessoal, eu diria que você provavelmente está fazendo as coisas pela
DINHEIRO E BOM SENSO 179

metade, tomando o caminho mais fácil, ou enchendo-se de desculpas para


não viajar e conversar pessoalmente com seus futuros mantenedores.
Ocasionalmente, existe a pessoa que mora bem longe mas que, se você
dedicar tempo e dinheiro para ir vê-la, vai entrar para sua equipe de sus-
tento, e com uma quantia bem significativa. Anos atrás, minha viagem de
mais de três mil quilômetros para ver um amigo e compartilhar sobre nosso
ministério comunicou que tanto ele quanto minha mensagem eram impor-
tantes. Consequentemente, ele se tornou meu maior investidor financeiro.
Posso garantir a você que ele não é o tipo de pessoa que assumiria um
compromisso desses por telefone ou e-mail! Novamente: ao tomar decisões
relacionadas a levantar seus sustento, certifique-se de estar sendo conduzi-
do por sua visão, nunca por seu orçamento.
Orar por todas as pessoas da sua lista e considerar quando, como e o
que pedir dá bastante trabalho. Pedir a Deus significa que você está bus-
cando diligentemente a sabedoria dEle em cada passo do caminho. Sempre
escolha a abordagem mais pessoal possível, ao convidar alguém para juntar-
-se à sua equipe de sustento. O Senhor o guiará para pedir a quantia certa,
da forma certa, às pessoas certas. Eu garanto.
20

Vestindo seu cinto

de Utilidades
Tonya era uma garota brilhante. Suas habilidades com as pessoas estavam acima
da média, e ela sabia disso. Antes de decidir se dedicar ao ministério em
tempo integral, havia escolhido a profissão de telemarketing, e era boa nisso.
Ela passou pelo nosso treinamento obrigatório sobre levantar sustento, mas
não prestou atenção nem fez anotações. Presumiu que, com seus talentos e
pano de fundo, poderia pular muito do trabalho pesado – como ela o cha-
mava – e simplesmente começar a procurar as pessoas para pedir. Ela pen-
sava, “Quem precisa de roteiros, apostilas, ou apresentações de PowerPoint
quando Deus já lhe deu uma personalidade tão cativante?” Em vez de le-
var dias e dias preparando-se meticulosamente e
treinando com cuidado as várias ferramentas que Se você se preparar
hoje, tem boas chances
lhe pediram para desenvolver, ela decidiu se lançar de não ter que reparar
sozinha na tarefa. Para ela, aquela seria uma aven- amanhã.
tura grandiosa de confiança e fé. Para os outros era
tolice, arrogância até.
Assim que ela começou, numa cidade diferente, vieram os obstáculos.
Em toda parte, as pessoas olhavam confusas e faziam perguntas que não
tinham respostas. Suas previsões otimistas de sucesso instantâneo viraram
um pesadelo. As pessoas não apareciam aos encontros porque ela não con-
firmava de antemão. Algumas delas não se impressionavam com seu estilo
desconexo e impensado de explicar seu ministério. Outras duvidavam da
182 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

credibilidade da sua organização e planos, uma vez que ela não preparara
nenhum material de divulgação mais profissional.
Humilhada, Tonya teve que voltar ao lápis e papel. Ela chamou seu
supervisor, e juntos debruçaram-se sobre a prancheta para avaliar e plane-
jar; em seguida, ela se escondeu em seu apartamento por dez dias, fazendo
nada além de orar, planejar, preparar e praticar. Comprometa-se a lançar o
fundamento apropriado antes de fazer aquela primeira ligação ou ter sua
primeira conversa. O propósito aqui é que, ao começar, você já tenha uma
visão geral e uma fundamentação lógica para as ferramentas básicas das
quais vai precisar. Ao se preparar para impactar, estas são as três partes
principais do processo.

FERRAMENTA 1: UM ROTEIRO PARA O QUE VAI FALAR AO TELEFONE


Trabalhe com afinco nisso. Escreva e reescreva. Pratique com outras
pessoas. Pergunte o que acharam. Como soa? Breve demais? Longo de-
mais? Você pode realmente se prejudicar, caso não se prepare adequada-
mente. Por mais que pareça algo básico, tenha esse script em frente de você
durante suas primeiras quarenta ou cinquenta ligações – até que você esteja
acostumado e confortável com o que pretende comunicar que não precise
mais de ajuda. Ao criar um roteiro para o que vai falar ao telefone, entenda
que você pode falar demais ou de menos em sua primeira ligação:
• Falar demais: “Estou ligando para você porque quero saber se pode-
mos nos ver pessoalmente. Quero me encontrar com você para pedir
que se comprometa com meu sustento, entrando para minha equipe
de sustento com uma ajuda mensal de 100 a 150 dólares.”
• Falar de menos: “Eu, bem, queria dar uma passada aí e, ummm, ter um
pouco de comunhão com vocês, e também falar do nosso ministério,
sabe, um pouco das nossas necessidades, mas principalmente para
passar um tempo com vocês e trocar uns pedidos de oração.”
• Falar o suficiente: “Gostaria muito de poder sentar com você e falar
um pouco da minha visão ministerial e dos meus alvos financeiros.
Como vou estar na sua cidade daqui a uns dias, pensei se você não
teria um horário na sua agenda no meio da manhã ou da tarde de
quinta ou sexta, que pudesse me encaixar.”

Cuidado: Quanto mais você falar de dinheiro, maior a probabilidade


de eles quererem responder já durante a ligação, em vez de aceitarem sentar
para uma conversa pessoal. O único propósito da ligação é conseguir esse
VESTINDO SEU CINTO DE UTILIDADES 183

encontro! Ao mesmo tempo, você não quer abrir mão da sua integridade.
Não mencionar finanças pode soar enganoso, como uma tática do tipo “fis-
gar e trocar”. Isso não é bom para a sua credibilidade.

FERRAMENTA 2: SUA APRESENTAÇÃO MINISTERIAL


Você pode querer incorporar tudo isso num portfólio ministerial: uma
pequena pasta, fichário ou caderno, com cada página protegida dentro de
uma folha plástica. Contrate alguém com habilidades em design gráfico, para
criar documentos impactantes e visualmente agradáveis. Ideias para incluir
em seu portfólio: página de rosto, visão ministerial e declaração de missão,
história e panorama da organização, necessidades ou problemas que seu mi-
nistério atende, relato de alguém que foi impactado pelo ministério, sua his-
tória pessoal ou sua jornada espiritual, fotos do seu ministério, seu papel e
objetivos, uma tabela com sugestões de oferta, folha de resposta/compromis-
so, e uma lista de referências por outras pessoas. É importante também colo-
car um apêndice com maiores explicações, se necessário. Seu portfólio deve,
por fim, incluir uma declaração de fé, seu orçamento e lista de mantenedores.
É bom usar tecnologia na sua apresentação, mas não exagere. Algumas
pessoas estão tão encantadas com suas longas apresentações de computador
e todos os penduricalhos que a informática oferece, que o resultado pode dis-
trair demais. Em vez de a conversa ser um momento de o obreiro comparti-
lhar abertamente seu relacionamento e visão, ela acaba reduzida ao mantene-
dor suportar o obreiro enquanto este desfila com um clique uma batelada de
slides perfeitos. Você não quer sobrecarregar seu interlocutor, mas destacar
o que há de mais empolgante e visionário no seu ministério. Sua explicação
detalhada do que faz pode se estender por horas, mas em vinte ou trinta
minutos o sorriso educado da maioria das pessoas vai dar lugar a um olhar
vítreo. As partes da sua apresentação às quais você deve se dedicar são:

SEU TESTEMUNHO E CHAMADO


Escreva uma versão longa do seu testemunho pessoal e do seu chamado
para o ministério. Condense os dois em três frases sucintas. Se houver algu-
ma relação entre como ou quando você veio a Cristo e o ministério para o
qual Deus o está chamando, destaque isso na sua apresentação.

SUA VISÃO MINISTERIAL


Quer você seja um missionário de linha de frente, quer faça o trabalho
administrativo nos bastidores de uma organização, concentre-se em desta-
car os aspectos mais panorâmicos da sua visão geral. Ajude seus parceiros
184 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

ministeriais a levantar os olhos, dando-lhes uma visão panorâmica do im-


pacto eterno do ministério para o qual Deus o chamou. Ajude-os a ver
como seria estratégico para eles direcionar algumas das suas ofertas para
esse ministério transformador. Mostre sempre como o seu ministério é par-
te da tarefa de alcançar o mundo para Cristo. Por mais que seja bíblico levar
pessoas a Cristo e fazer discípulos, essa ainda é uma visão muito pequena.
Se os seus objetivos não estão de alguma forma relacionados a alcançar o
mundo todo para Jesus, expanda-os! Precisamos abraçar Sua ordem de fazer-
mos discípulos de todas as nações (Mt 28.18-20).

UM RELATO DE ALGUÉM QUE TEVE A VIDA TRANSFORMADA PELO SEU MINISTÉRIO


Identifique alguém que foi impactado por você ou por sua organização.
Compartilhe o nome e uma foto da pessoa com seu possível mantene-
dor. Qual a única coisa que ele vai guardar depois que vocês conversarem?
O  rosto e a história daquela vida transformada. Qual a principal razão
para ele decidir investir em você? Acreditar que outras pessoas terão a vida
transformada por seu intermédio. Para a maioria das pessoas, “retorno sobre
investimento” significa vidas sendo transformadas, não apenas atingir alvos
ministeriais numéricos. Uma boa ideia é filmar em seu smartphone um tes-
temunho de um minuto de alguém que foi impactado pelo seu ministério e
mostrar o vídeo em suas conversas pessoais. Simples, mas muito poderoso.
A história de uma vida transformada é uma boa transição para o pedido
em si. Você demonstrou poderosamente que seu ministério diz respeito
a transformar a vida das pessoas, e agora você quer convidar seu possível
mantenedor a se tornar seu parceiro.

O PEDIDO
Ao marcar suas conversas, você vai precisar decidir de antemão se vai
convidar cada pessoa para se juntar à sua equipe de sustento ou apenas orar
por essa possibilidade. Há uma grande diferença. Como você pode ima-
ginar, eu recomendo que, durante o encontro, você convide a pessoa para
entrar para sua equipe, e deixe-a responder. Essas pessoas já responderam
muitas perguntas e pedidos na vida; elas vão saber lidar com o seu! Você
deu duro para conseguir esse encontro: trocou quatro ou cinco telefonemas,
aceitou remarcar a conversa, e agora tem preciosos quarenta minutos senta-
do diante dessa pessoa tão ocupada. Não os desperdice. E definitivamente
não presuma que terá outra oportunidade tão rápido. Use seus quarenta
minutos por tudo o que eles valem! Seus possíveis doadores sabem por que
você está lá. Você não escondeu nada deles. Vá em frente e convide-os para
VESTINDO SEU CINTO DE UTILIDADES 185

sua equipe. Depois fique quieto e espere a resposta. Você pode confiar no
Senhor que seu pedido será ouvido, e que Ele é plenamente capaz de dire-
cionar a resposta da pessoa. Depois que você a convidar para que invista e
se torne um parceiro ministerial, é entre ela e o Senhor.
Mas vamos admitir: a parte mais difícil da conversa é esse pedido face
a face. Às vezes, a sensação é como encarar seu pai bravo, depois de você ter
aprontado alguma! Se pelo menos houvesse uma terceira pessoa presente,
para aliviar um pouco da pressão. Bem, lembre-se de que o próprio Deus
está presente. Mas além dEle, pense no portfólio ministerial que você trou-
xe. Ele permite que você e a pessoa não fiquem apenas olhando um para o
outro, mas possam também olhar seus documentos. No meu caso, quando
chega a hora de fazer o pedido, mostro à pessoa os gráficos de Níveis de
Contribuição. São eles:

NÍVEL DE CONTRIBUIÇÃO MENSAL


Quase sempre, meu pedido
é composto de um único ele-
mento: um compromisso men- Junte-se ao time!
sal. Mostrar esse gráfico e pedir $ 750
uma quantia específica ou den- $ 500
tro de uma faixa de valor não $ 300
é um ultimato agressivo. Pelo $ 200
contrário: de forma amorosa, $ 100
relacional e sensível, eu estou $ 75

apenas dando início ao diálogo. TOTAL: 43 doadores ...................................... $ 7200 por mês

O gráfico serve como ponto de


partida para a conversa: olhando para ele, a pessoa consegue ver se pode dar
mais ou menos do que o que é sugerido.

NÍVEL DE CONTRIBUIÇÃO ANUAL


Talvez a pessoa com quem $ 10,000
você está conversando receba
$ 5000 $ 5000
um pagamento mais esporá-
dico e não possa assumir um $ 2500 $ 2500 $ 2500
compromisso mensal. Nesse
$ 1000 $ 1000 $ 1000 $ 1000
caso, tenha à mão um gráfico
do tipo anual. Sugira uma ou $ 500 $ 500 $ 500 $ 500 $ 500

duas quantias anuais específi-


cas e pergunte se a pessoa está Parcerias Anuais de Doação
186 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

disposta a assumir esse compromisso anualmente. Eu sempre pergunto


qual a melhor época do ano para lembrar a pessoa dessa oferta, e marco em
meu calendário para entrar em contato naquela data do ano.

NÍVEL DE CONTRIBUIÇÃO PARA A IGREJA


Talvez você tenha algumas
igrejas que deseja abordar. Elas $ 800
também não fazem ideia do que
você quer com elas, a não ser $ 600 $ 600
que você fale. Leve um gráfico
de contribuição para a igreja e $ 400 $ 400 $ 400
apresente-o ao pastor ou presi-
$ 200 $ 200 $ 200 $ 200
dente do conselho de missões.
A contribuição pode ser mensal Parcerias Mensais de Doação
ou anual.
Trabalhe com afinco nesses
gráficos. Pense com calma sobre os diferentes níveis, para que sejam tanto
desafiadores quanto realistas. Se você estiver levantando apenas 3.000 dóla-
res por mês, o nível mais alto de doação mensal deveria ser 250 dólares. Se
você estiver levantando 6.000 dólares, tenha um ou dois blocos de 500 dó-
lares mensais. Se você estiver levantando 10.000 dólares mensais ou mais,
inclua pelo menos uma oportunidade de 1.000 dólares. Dependendo do
valor que você estiver levantando, eu recomendo pelo menos trinta blocos
de doação no seu gráfico, mas não mais do que cinquenta. As pessoas vão
gostar que você coloque diante delas um desses gráficos, por dois motivos:
• Elas querem fazer parte de uma equipe
Elas não querem apenas ser um número de conta bancária. Elas que-
rem ser parte de uma equipe, a sua equipe. Elas perceberam que você pen-
sou com calma, orou e fez um pedido personalizado. Você mostrou qual o
papel específico que elas podem desempenhar e como elas se encaixam de
forma estratégica.
• Elas querem fazer a parte delas
O gráfico ajuda as pessoas a aferir qual parte do todo elas devem as-
sumir. Quando olham para ele, a mente delas começa a trabalhar com os
percentuais, para determinar qual porção do todo é responsabilidade delas.
A despeito dos seus recursos, um compromisso de 500 dólares mensais soa
como um valor muito alto para alguém que só ganha 3.000 por mês. Talvez
elas não querem que você desenvolva uma dependência delas que não é
sadia. Esse mesmo doador, porém, é capaz de justificar um compromisso
VESTINDO SEU CINTO DE UTILIDADES 187

mensal de 500 dólares ou mais para alguém em busca de 6.000 a 10.000


dólares por mês. Por quê? Porque querem ajudá-lo, querem estar na sua
equipe, querem fazer você chegar aos 100%, mas também estão tentando
discernir qual o papel delas. Os gráficos de Níveis de Contribuição são úteis
para isso.

O FECHAMENTO
A quinta e última parte de montar seu portfólio é o fechamento. Como
você vai encerrar a conversa? Você precisa ser muito específico com relação
a quais exatamente são os próximos passos para você e para o doador. Faça
um fluxograma e escreva para onde você vai querer conduzir a conversa,
com base na resposta que a pessoa der. Por exemplo, se ela disser:
“Sim, queremos fazer parte da sua equipe.”
• Estabeleça a quantia mensal ou anual com a qual ela vai se
comprometer.
• Estabeleça quando ela vai querer começar.
• Estabeleça como ela vai começar a contribuir:78 cheque, transferência
eletrônica ou cartão de crédito. (Pergunte se ela já pode decidir isso
agora ou deseja confirmar depois. Nesse caso, você volta a entrar em
contato.)
• Decida se você também vai pedir uma contribuição para os fundos
que você está levantando para começar seu ministério.
• Peça recomendações, se achar necessário.
• Entregue sua última carta circular, atualize suas informações de con-
tato e agradeça.

“Não, eu não posso fazer parte da sua equipe de mantenedores mensais.”


• Verifique se não é mais apropriado baixar o valor do compromisso
mensal.
• Pergunte se a pessoa teria interesse em dar uma olhada no seu gráfico
de Contribuição Anual.
• Pergunte se a pessoa teria interesse em dar uma oferta única para os
fundos que você está levantando para começar seu ministério.
• Peça recomendações, se achar necessário.
• Entregue sua última carta circular e agradeça.
78
Minha estimativa é que mais da metade dos doadores americanos não está contribuindo via
talão de cheque, mas via transferência eletrônica, ou online, via cartão de crédito ou débito.
188 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

• Pergunte se a pessoa teria interesse em receber suas circulares e se


encontrar com você dentro de um ano, para conversarem sobre seu
ministério e a possibilidade de participar do seu sustento.

“Talvez. Deixe-me pensar e conversar com meu cônjuge.”


• Encoraje a pessoa e marque um horário específico dentro de dois ou
três dias para ligar de volta e verificar o que ela decidiu.
• Entregue sua última carta circular, pegue as informações de contato
da pessoa e agradeça.
Se você tem pessoas que disseram que entrariam para sua equipe de
sustento com 100 dólares mensais, mas depois de três meses ainda não
começaram a dar, não fique bravo. A primeira coisa que você tem que fazer
é avaliar se você foi suficientemente intencional e específico, no telefone
ou pessoalmente, com relação ao que, quando, onde e como elas deveriam
começar a contribuir.

FERRAMENTA 3: UM ROTEIRO PARA A PRÓXIMA LIGAÇÃO TELEFÔNICA


Se na conversa que teve, você convidou as pessoas a entrarem para sua
equipe de sustento, e elas, por sua vez, pediram mais tempo para tomar uma
decisão, você precisa telefonar novamente para dar continuidade ao pro-
cesso. Durante essa ligação, você pode agradecer pelo encontro e continuar
a construir um relacionamento. Porém, os dois principais propósitos para
uma continuidade bem preparada com alguém que precisa de mais tempo
para decidir são:

PARA GARANTIR QUE A PESSOA TOME UMA DECISÃO


Cerca de metade das pessoas responderão na própria conversa pessoal.
A outra metade dirá que precisa orar mais, falar com o marido ou esposa,
ou ainda verificar como vai o próprio orçamento.

PARA DEIXAR CLARO QUAIS SÃO OS PRÓXIMOS PASSOS AO COMEÇAR A


CONTRIBUIR
Se, ao desligar o telefone você sentir que deixou algo meio nebuloso,
vai acabar lamentando depois. Agora que você ficou radiante porque seu
amigo decidiu se tornar parceiro no seu sustento, deixe bem claro qual o
valor a contribuir, quando começar, qual o método de pagamento e como ga-
rantir de fato a primeira doação. Eu encorajo que, para o primeiro cheque,
você passe na casa ou escritório do mantenedor. Você pode até querer sacar
seu laptop ou smartphone, entrar na parte “Contribua” do seu site, virar o
VESTINDO SEU CINTO DE UTILIDADES 189

computador para a pessoa e deixar que ela digite suas informações, clique
“enviar” e entre oficialmente na sua equipe.
Eu sei que todos esses detalhes podem deixar você confuso ou parecer
que é coisa demais. Eu entendo. Se você pedir a plenitude e a capacitação
do Espírito enquanto você, com fidelidade e consistência, ora, prepara e
pratica, você verá Deus ir à sua frente. Lembre-se que Ele quer ver seu
sustento aumentando, mais ainda do que você!
Observação: Nos capítulos 22 a 26, oferecerei bem mais detalhes práti-
cos para a primeira ligação, os encontros e a continuidade.
21

Montando sua

Agenda
Quando eu comecei a levantar meu sustento, planejei ir de carro de Arkansas
para Kansas City: uma viagem de seis horas. Naquela semana, foquei mi-
nha atenção em outras coisas e não marquei nenhum outro compromisso.
Pensei comigo mesmo, “Eu sei que ainda não tenho nenhuma conversa
marcada, mas conheço esses caras. São meus amigos. Tenho certeza que va-
mos conseguir nos falar. Tenho que confiar em Deus!” Com esse pensa-
mento ao mesmo tempo positivo e difuso, saí confiantemente em viagem.
Ao chegar em Kansas City, comecei os telefonemas: um amigo estava fora
da cidade, outro estava recebendo visita da família,
um terceiro estava doente, ainda outro havia troca- “Quaisquer falhas das
do de número, e a derrocada continuou. Depois de quais já ouvi falar,
percorrer a minha lista inteira, eu ainda não tinha quaisquer erros que
nenhuma conversa marcada. Senti-me tão tolo que cometi, quaisquer toli-
ces que já testemunhei
queria gritar, “Nunca mais eu faço isso!” Entrei no
na vida pública ou
carro e peguei a estrada de volta..79 privada, foram todos
O que eu fiz não foi um bom exemplo de como consequência de agir
gerenciar sua agenda ao levantar sustento: passe sem pensar.” 79
seis horas dirigindo para Kansas City. Fique uma Bernard Baruch,
hora fazendo ligações telefônicas. Dê meia vol- executivo americano
ta e dirija por seis horas para casa. Esse meu erro
79
Stewart Levine, The Book of Agreement: 10 Essential Elements for Getting the Results You Want
(San Francisco: Berrett-Koehler Publishers, 2002), p. 213.
192 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

gritante de previsão e planejamento me custou muito tempo e dinheiro. Eu


não tenho talento para administração nem sou muito organizado. Eu luto
muito com detalhes. Levantar sustento representa uma lista com milhares
de afazeres. Mesmo que gerenciar nossa própria vida não seja algo que vem
naturalmente, é fundamental que demos um gás a mais, se quisermos con-
cluir a tarefa.

SUAS DATAS PARA COMEÇAR E TERMINAR


Não saia correndo para levantar sustento. Certifique-se de ter todo o
treinamento que puder ter. Algumas pessoas se acham tão perspicazes que
seria constrangedor submeterem-se a um treinamento completo sobre le-
vantar sustento. Outras se veem como tão espertas que seria uma perda de
tempo fazer mais um treinamento sobre o assunto. Muitas vezes o alcance
do seu impacto é determinado pela profundidade da sua preparação.
Por isso, escolha com cuidado suas datas para começar e terminar sua
busca por sustento. Isso implica um tempo prolongado com Deus, oran-
do por si mesmo, por seus mantenedores, sua apresentação e seus resulta-
dos. Gaste o tempo necessário para aperfeiçoar todas as suas ferramentas.
Empenhe-se em ensaiar várias vezes o que vai falar em cada ocasião, e peça
a alguém um retorno objetivo de como você está se saindo. Reúna todos os
seus dados e planos num único lugar e de modo organizado. Elabore um
cronograma para todo o processo. Pague o preço antes de começar, e as
pessoas verão, ouvirão e sentirão sua preparação, excelência e profissiona-
lismo. Elas ficarão impressionadas, e Deus usará isso a seu favor. Elas vão
pensar, “Se esse missionário fez um trabalho tão excelente de preparação
para levantar seu sustento, ele vai aplicar o mesmo nível de dedicação ao
ministério. Quero ser parceiro desse tipo de obreiro”.
As pessoas querem saber dos prazos de projetos. Artaxerxes pergun-
tou quando Neemias terminaria seu projeto, e ele deu ao rei um “prazo”
(Ne 2.6). As pessoas não se impressionam quando a resposta que recebem
para perguntas específicas é o exagero espiritual de um “Quando o Senhor
quiser”. Por isso, seja realista e determine qual deve ser sua data final. Não
estabeleça duas semanas, mas também não faça durar dois anos! Eu en-
corajo os obreiros a buscar um período de três a seis meses, dependendo
do valor que precisam levantar e do tempo que estão dedicando a isso:
parcial ou integral. Não planeje levar todo esse tempo, mas se você acabar
terminando em um ano a um ano e meio, não se sinta fracassado. Isso não é
necessariamente um sinal de que você é preguiçoso ou desorganizado. Pode
MONTANDO SUA AGENDA 193

haver circunstâncias atenuantes que estão além do seu controle. O principal


é: não desista até ter pelo menos 100% do sustento, e disponha-se a fazer o
que for necessário para chegar lá!
Associe sua data final a um alvo ministerial ou a algum evento futuro.
Se nos Estados Unidos o semestre começa em 25 de agosto, e você quer
estar presente para ajudar os alunos com suas mudanças e começar a falar
de Cristo, estabeleça como data final o dia 10 de agosto. Se você quer par-
ticipar de um enorme evento para treinamento de pastores que o seu mi-
nistério está para realizar no Brasil, essa será sua data final. Se seu possível
parceiro de ministério sente que sua ardente paixão é alcançar aqueles alu-
nos calouros, mais do que alcançar 100% do sustento, é bem mais provável
que eles vão investir em você agora, e não depois.

MONTE SEU CALENDÁRIO PARA LEVANTAR SUSTENTO


Idealize como dever ser uma agenda semanal. Priorize suas viagens
para buscar sustento. Planeje-as detalhadamente; isso o poupará de muitas
dores de cabeça.

ENTENDA A CARGA HORÁRIA SEMANAL


Assim que você definir sua data para começar e terminar, você saberá
de quantas semanas dispõe para levantar seu sustento. Divida o valor total
pelo número de semanas para determinar quanto você precisa levantar a
cada semana. Por exemplo, digamos que você quer levantar 6.000 dólares
mensais em vinte semanas:
se dedicar todo o seu tem-
po a isso, toda semana terá Amostra de Carga Horária
que levantar uma média de Levantar 6.000 dólares mensais em 20
300 dólares. semanas
Dependendo do que 720 ligações telefônicas
você pedir, digamos que a 240 solicitações de conversas pessoais
média de compromissos 120 pedidos face a face
mensais seja de 100 dó- 60 compromissos
lares. Para esse valor, você
vai precisar de sessenta novos parceiros mensais para chegar no orçamento
de 6.000 dólares. Minha observação ao longo dos anos é que praticamente
metade das pessoas que você aborda pessoalmente entram para sua equipe.
Consequentemente, você precisará de pelo menos 120 conversas pessoais
para receber sessenta respostas “sim”.
194 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

Para cada encontro que conseguir marcar, você precisará normalmente


pedir a duas pessoas. A fim de obter essas 120 conversas pessoais, você
provavelmente precisará pedir diretamente, face a face ou pelo telefone, a
pelo menos 240 indivíduos. Mesmo que a nossa sociedade e a tecnologia
tenham evoluído tanto, com tantos meios de comunicação disponíveis, é
mais difícil do que nunca entrar em contato com alguém para sequer ter a
chance de pedir uma conversa pessoal! Você fará uma média de três tenta-
tivas por pessoa até conseguir falar com ela. Isso significa que aquelas 240
solicitações de encontros exigirão de você pelo menos 720 telefonemas.
Precisamos encarar a realidade da carga horária diária, semanal e men-
sal que temos diante de nós. Os valores acima são para a pessoa séria e
dedicada à tarefa. Alguns de vocês terão que aumentar esses números.

PRIORIZE AS CIDADES QUE VOCÊ VAI VISITAR


Quando montar seu calendário para levantar sustento, pegue os nomes
da tempestade cerebral e coloque-os num mapa do país. Comece com os
nomes de prioridade alta. Marque no mapa onde mora cada um deles. Faça
o mesmo com os nomes das listas de prioridade média e baixa, usando
uma marca diferente para cada categoria. Quando terminar, você deverá ter
centenas de nomes e uma mistura de marcas por todo o mapa. Pegue uma
caneta e desenhe círculos ao redor das concentrações maiores. Essas são as
cidades que você vai visitar. Nos apêndices há uma amostra de um mapa
dos Estados Unidos, marcado com prioridades.
Qual cidade você deve visitar primeiro, e quais devem vir depois? Eu
não procuro apenas a quantidade de contatos numa cidade, mas também
a qualidade. Se numa cidade eu tivesse trinta nomes, mas a maioria fosse
gente de prioridade média ou baixa, eu daria prioridade a uma cidade com
apenas quinze nomes, cuja maioria fosse de prioridade alta. Agende-a pri-
meiro, marcando todas as datas e viagens pertinentes. Comece com a sua
data de início e fim, depois alterne as demais semanas entre levantar sus-
tento em sua cidade e viajar a outras cidades para fazê-lo.

PLANEJANDO VIAGENS DE CARRO


Depois da minha desastrosa ida a Kansas City, decidi que sempre que
fizesse alguma viagem para levantar sustento, eu antes trabalharia diligen-
temente para encher minha agenda antes de sair de casa. Naquele dia, for-
mulei um plano que tem servido bem a mim e a outras pessoas. Gosto de
ir a uma cidade, dar o meu máximo nela e voltar para casa. O tempo ideal
para ficar numa cidade específica é três a quatro dias. Percebi que, quando
MONTANDO SUA AGENDA 195

vou passar menos tempo num lugar, as pessoas se mostram mais dispostas
a fazer um esforço para se encaixar na minha agenda apertada; elas sabem
que vou embora logo. Se, porém, eu disser a elas que vou ficar entre uma e
duas semanas, elas não veem um motivo urgente para marcar logo uma reu-
nião, respondendo, “Só venha para a minha cidade, e vamos achar uma hora
para conversar”. Constatei que obreiros em busca de sustento vão conseguir
apenas um ou dois encontros por dia se ficarem por mais tempo numa úni-
ca cidade. Isso tem um impacto negativo em você e nas pessoas com quem
senta para conversar sobre sustento.

CENÁRIO 1:
Você marcou um encontro às 20h30 no Starbucks com Larry, um velho
amigo do segundo grau, que agora tem seu próprio negócio. Ele diz, “Que
bom que você está na cidade. Já conseguiu dar uma passada no novo sho-
pping? Já foi jogar golfe, ou ver o time de futebol americano?”
Você responde, “Não, ainda não consegui”.
“Por que não?” Larry pergunta. “O que você fez o dia todo?”
“Bem, deixe-me ver. Às seis da manhã eu fui tomar café com Terry
Jones, para conversarmos sobre meu sustento; no meio da manhã tomei
um cafezinho com o pastor Strauss; almocei com um executivo que me foi
indicado por outro mantenedor; agora estou vindo de um jantar com um
casal que queria ouvir sobre minha visão ministerial. Não tive muito tempo
para passear na cidade, pois você é meu quinto compromisso de hoje.”
Larry não sabe o que falar. O que deve estar se passando em sua mente?
“Esse cara leva a coisa a sério!”

CENÁRIO 2:
Às oito da noite você se encontra com Rachel, uma forte indicação
feita por um mantenedor, para comerem alguma coisa. Depois de se co-
nhecerem melhor, Rachel fala, “Já sei que você está na cidade para levantar
sustento para seu ministério. Conseguiu algum encontro bom hoje?”
Você para, baixa os olhos e balbucia, “Ahmm, sim foi um bom dia. Mas
eu, bem, eu não consegui nenhuma conversa pessoal hoje.”
“Entendo. O que você fez durante o seu dia na cidade?”, ela pergunta.
“Hoje? Bem, eu dormi até mais tarde, tive um tempo devocional muito
bom. Depois fiz um pouco de exercícios, li um pouco e passei um tempo na
biblioteca, colocando algumas coisas em dia.
“Então eu sou sua única conversa de hoje?”, ela questiona sem rodeios.
“Acho que sim”, você responde, sem graça.
196 PEÇA A DEUS // PARTE IV: PREPARE-SE PARA IMPACTAR

Rachel também não sabe o que falar, mas por outro motivo. O que deve
estar se passando em sua mente? “Esse cara precisa arranjar um emprego!”
Por quanto tempo você empregaria um vendedor que se achasse bem-
-sucedido por fazer uma ou duas ligações por dia? Conheço muitos obrei-
ros que, na busca por sustento, ficariam tortos de tanto dar tapinhas nas
próprias costas, gabando-se de marcar uma média de uma ou duas conver-
sas por dia!
Mesmo que eu trabalhe e ore tenazmente para preencher cada dia da
minha busca por de sustento com seis encontros, muitas vezes tenho que
me contentar com três a cinco conversas pessoais. Raramente tenho seis
compromissos num único dia, mas não por falta de iniciativa ou empenho.
Estive no Texas recentemente, e consegui catorze encontros em três dias.
Um colega de trabalho conseguiu dezesseis encontros durante uma viagem
de três dias para Little Rock. Então, por favor, não se avalie pelo padrão dos
outros. Não compare a humilde ética de trabalho de outros obreiros com a
sua. Você estabelece seu ritmo.

MARCANDO ENCONTROS
Ao planejar suas viagens, escreva o nome das pessoas de prioridade
alta, média e baixa daquela cidade. Ore por cada uma delas e classifique-as
de acordo com a disposição que você espera de cada uma quanto a investir
em você e seu ministério. Avalie quem do topo da lista é mais difícil de se
conseguir para uma conversa pessoal, com base na agenda lotada de cada
um. Concentre-se neles primeiro. Em seguida, contate a segunda pessoa
mais difícil de negociar uma vaga em seu calendário, e depois a terceira.
Monte sua agenda de viagens em torno desses indivíduos. Deixe por último
aqueles velhos amigos, dispostos a ver você a qualquer momento do final
dos seus esforços de agendamento. Eles o amam tanto que vão lhe permitir
encaixá-los em qualquer brecha. Enquanto você liga, manda e-mail ou uma
mensagem de texto a cada pessoa da sua lista – enquanto você monta sua
agenda diária –, entenda que é um desafio e tanto equilibrar pessoas, com-
promissos e viagens. Esteja preparado para fazer reajustes de última hora,
de pessoas e compromissos, em cada cidade e todos os dias.
Sim, eu quero lotar todos os meus dias com encontros, mas gosto tam-
bém de deixar um ou outro espaço no final da minha estadia em cada lugar,
tendo em vista “encontros divinos”. O motivo? E se numa tarde, durante
uma conversa com um velho conhecido, ele ficar empolgado e exclamar, “Eu
não tinha ideia de que era isso que você está fazendo. Por quanto tempo
MONTANDO SUA AGENDA 197

você vai ficar na cidade? Eu quero que meu sócio ouça exatamente o que
você me expôs. Você tem algum espaço na sua agenda antes de ir embora?”
É ou não é um “encontro divino”? É claro que sim!
Em contraste, conheço um monte de pessoas que adotam apenas o
conceito de encontros divinos. Em outras palavras, elas não planejam de
antemão suas viagens e conversas pessoais. Elas simplesmente aparecem na
cidade e ficam zanzando por três dias, crendo que Deus vai fazer aparecer as
pessoas certas na hora certa. É óbvio que devemos ouvir o Espírito quando
Ele nos direciona ou redireciona, mas não consigo acreditar que o Senhor
vai abençoar nossa indisposição de trabalhar com afinco. Não há justificati-
va para a preguiça. Nossa consciência sempre nos entrega.
Planejar e marcar encontros e conversas é uma tarefa que consome
muito do nosso tempo, energia, paciência e ânimo. Mas não há descul-
pas. Conheço obreiros levantando sustento que dizem que o verão é ruim
para marcar encontros porque as pessoas estão viajando. O outono não é
bom porque as escolas estão voltando às aulas, com todo tipo de ativida-
des. Novembro e dezembro, é claro, não dá, pois as pessoas saem de férias.
Na verdade, essas pessoas conseguem eliminar o ano todo, se quiserem.
O fato é que todos os dias do ano são uma ótima ocasião para convidarmos
pessoas a investirem seus recursos para impactar o mundo. Só depende da
sua perspectiva.
Parte 5

Chegou A HORA
Desça da arquibancada, siga até a pista e corra a
corrida para a qual Deus o está chamando.
22

Entrando na Zona

de Conflito
A porta do escritório está fechada. O café está esfriando na caneca. O olhar de
Chris está sobre o telefone em cima da mesa. Ele já planejou e orou, mas
está paralisado de medo. Seu olhar agora parece se voltar para algum lugar
lá fora, através da janela. Seu estômago começa a revirar. Ele arruma nova-
mente a mesa. O café esfriou. Ele deveria fazer uma atividade física. Sim.
“Por que não começar hoje?”, ele pensa. Coloca o tênis de corrida e se dirige
à porta. Sua esposa percebe e não entende nada. Ela achou que ele ia passar
a manhã dando telefonemas.
Talvez você consiga se identificar. É a primeira tarde em que você vai
para o escritório, tranca a porta e decide não sair enquanto não tiver alinha-
do pelo menos oito conversas pessoais. Já mandou uma circular com notí-
cias, uma batelada de e-mails preparando para a conversa, e está finalmente
pronto para fazer suas primeiras ligações marcando conversas para pedir
sustento. Só que você está muito nervoso e começa a fazer qualquer outra
tarefa da sua lista, exceto a mais importante: ligar para as pessoas.
É aqui que a batalha começa; chegou a hora de correr. Você e eu pode-
mos ser as pessoas de mais oração e planejamento de todas, mas agora é a
prova de verdade. Enfrentaremos os gigantes da nossa mente, caminhare-
mos em direção aos nossos medos, e rejeitaremos a passividade e a procras-
tinação? Cada vez que pegamos o telefone para fazer uma ligação, cada vez
que batemos à porta de alguém para uma conversa sobre sustento, cada
vez  que olhamos no fundo dos olhos da pessoa e fazemos a pergunta de
202 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

ouro, estamos decidindo enfrentar a batalha. Agora que estamos para en-
trar na parte mais prática do levantamento de sustento, eu convido você a
se comprometer, logo de início, a ser um homem ou mulher que: depende
totalmente de Deus em oração; importa-se de maneira profunda e pessoal
com cada vida que você cruza; e por fim, apega-se com persistência a uma
atitude do tipo “eu consigo, não vou desistir”.
Você está pronto?
Eu sei que a maneira como você marca um encontro vai depender mui-
to da sua idade. Missionários mais jovens podem contatar seus amigos da
mesma idade por mensagem de texto ou pelas mídias sociais. Um ou outro
vai usar e-mail. Para a maioria, o método escolhido será uma ligação te-
lefônica, especialmente se o seu contato é consideravelmente mais velho
que você. Procure identificar e usar o meio mais eficaz de se conectar com
seu potencial mantenedor, quando for marcar uma conversa. Esse é o fator
determinante no que diz respeito aos meios de comunicação usados, e não
apenas por ser o mais rápido, mais fácil ou menos intimidador.

PREPARAÇÃO DO CORAÇÃO E DA MENTE


O telefone não é seu inimigo; ele pode ser seu amigo, se você permitir.
Ore antes de começar. Peça que Deus lhe dê entusiasmo, clareza e coragem.
Peça que Ele vá à sua frente, que as pessoas atendam o telefone e que se
mostrem receptivas a você e ao seu pedido para encontrá-las pessoalmente.
Tenha em mãos seu script do que falar no telefone. Mesmo que você te-
nha sido um exímio representante de telemarketing, não se apoie em sua
eloquência, especialmente nas primeiras vinte a trinta conversas, nas quais
você aperfeiçoará exatamente o que quer dizer. Seu sucesso ou fracasso em
levantar sustento depende de como você lida com aqueles poucos minutos
de ligação. Faça de tudo para que a experiência seja maravilhosa para todos.
Você vai ligar para dezenas de pessoas de cada vez. Escolha um método
confiável para registrar as informações que você recolhe em cada ligação.
Durante meus telefonemas, posso descobrir que não vou poder almoçar
com um amigo porque ele vai levar o filho de doze anos para uma partida
de baseball, ou talvez não possamos tomar café da manhã juntos porque ele
vai viajar com a esposa para comemorarem os vinte
Tinta fraca é ainda anos de casamento. Nesses casos, quando eu final-
melhor que uma mente conseguir me sentar com esse amigo para
memória forte. comer alguma coisa e falar sobre sustento, a me-
lhor coisa a não perguntar a ele é, “E aí, Joe. Você
ENTRANDO NA ZONA DE CONFLITO 203

me disse que tem família?” Não faça isso! Você tem que perguntar como o
filho dele foi na partida de baseball. Pergunte se a esposa gostou do hotel
onde ficaram, e das refeições. Você está tentado construir um relaciona-
mento com a pessoa; registre, armazene e repasse cada informação coletada
antes de cada conversa. Isso o ajudará a estabelecer um vínculo forte.

A ZONA DE BATALHA PARA QUEM LEVANTA SUSTENTO


É essencial que você encontre o lugar certo de onde fazer suas ligações
telefônicas. Encontre um escritório, um quarto, um local tranquilo onde
você possa fechar a porta e ter períodos ininterruptos de tempo. Eu gosto
de tirar blocos de duas a três horas para me concentrar exclusivamente em
fazer ligações. Preciso de concentração total. Uma vez feita a primeira liga-
ção com a primeira conversa marcada, entro na zona de batalha. Nada pode
me parar. Sou um homem que recebeu uma missão de Deus! Não vou pa-
rar até que tenha marcado aqueles oito compromissos que estabeleci como
meta. Sim, quando comecei eu estava um pouco nervoso, mas agora não há
outro lugar onde eu queira estar, marcando conversas com as pessoas.
Discernir o melhor horário também é crucial. Eu não tenho medo de
ligar para a casa, o escritório ou o celular da pessoa – ligo para qualquer
número que eu conseguir. Quero ser sensível e sábio, mas ao mesmo tempo
não permito que nenhuma música paranoica fique tocando no fundo da
minha mente, sussurrando coisas como, “Você vai incomodar a pessoa”, ou
“Eles estão monitorando suas ligações”. Tento usar de discernimento quan-
to a qual horário é melhor para ligar. Se meu contato é alguém de meia-i-
dade ou mais velho, não é sábio ligar para ele antes das oito da manhã ou
depois das nove da noite. Normalmente, ligo mais cedo para casais com
filhos pequenos, depois para casais sem filhos, e deixo as últimas ligações
para os solteiros. Quando ligo para um possível mantenedor no seu local de
trabalho, normalmente tento fazê-lo entre nove e onze e meia da manhã, ou
entre a uma e meia e as quatro e meia da tarde. Manhãs de sexta-feira são
um ótimo horário para contatá-los e conseguir um espaço na sua agenda
para a semana seguinte.

FECHANDO ENCONTROS
Gosto de ter minha agenda aberta na minha frente, de modo que eu
possa saber exatamente quais são meus horários vagos. Mesmo que eu
não tenha nenhum compromisso alinhado, não digo à pessoa, “Minha
semana está vaga. Estou livre a qualquer horário. Quando você quer
204 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

marcar nossa conversa?” Se eu fizer isso, a primeira coisa que o outro vai
pensar é, “Não tem nenhum compromisso marcado na semana? Tá mau,
hein?” Uma abordagem melhor seria sugerir alguns horários específicos,
mas expressar flexibilidade. Eu reparto meu dia em seis possíveis horários
para conversar:
Café da manhã
Nesse horário, você pode se encontrar com as pessoas antes de elas irem
para o serviço. Se você pagar o café, num local perto de onde elas trabalham,
o resultado normalmente é um negócio fechado.
No meio da manhã
Uma boa hora para encontrar-se com pastores, executivos, donos de
negócios e donas de casa. Muitas dessas pessoas têm flexibilidade para con-
versar por vinte a quarenta e cinco minutos, em casa ou no escritório.
Almoço
Esse tempo, normalmente, é reservado para trabalhadores com tempo e
flexibilidade suficientes para sair para almoçar. Porém, não deixe de levá-los
de volta ao trabalho no horário.
No meio da tarde
As mesmas sugestões do meio da manhã.
Jantar
Separe esse horário para pessoas solteiras ou casais com quem você
deseja ter um tempo mais descontraído.
De noite
Encontrar-se com um velho amigo ou conhecido mais jovem às oito e
trinta da noite para comer alguma coisa é uma boa pedida se você quer co-
locar as coisas em dia e falar sobre seu ministério visando levantar sustento.
E, é claro, fins de semana podem ser uma ótima ocasião para planejar
conversas pessoais, uma vez que as pessoas costumam ter uma agenda mais
flexível aos finais de semana.

DECIDA ONDE SE ENCONTRAR COM A PESSOA


Antes de dar o seu telefonema, pense bem onde seria o melhor lugar
para estabelecer uma conexão com essa pessoa. Pense em questões como:
O quanto eu a conheço? Onde ela se sentiria mais confortável? Eu quero
tentar me encontrar com marido e esposa? Quanto tempo eu espero que
ela me dê? Qual a diferença de idade entre nós? Esses fatores precisam ser
considerados antes de você sugerir um local de encontro. Alguns lugares
possíveis são:
ENTRANDO NA ZONA DE CONFLITO 205

Em casa
Eu detesto me convidar para a casa de alguém, menos ainda para uma
refeição. Contudo, eu convido pessoas para a minha casa, para falar do meu
ministério e das oportunidades de parceria. Encontrar-se em sua casa ou
na casa da pessoa é algo que normalmente reservamos para alguém a quem
conhecemos bem. Uma visita domiciliar também costuma ser mais flexível,
e pode durar até uma hora. Nunca deve passar de duas.
No escritório
A maioria dos donos de negócios, executivos e gerentes de empresas
tem uma agenda bem mais livre, a ponto de permitir que você apareça
no local de trabalho deles para uma conversa de vinte ou trinta minutos.
Apesar disso, seja pontual e respeite seus limites de tempo; tente nunca
extrapolar quarenta e cinco minutos.
Num restaurante ou cafeteria
Este ambiente é apropriado para aqueles que desejam passar um tempo
fora de casa ou do escritório. Pague sempre a conta, de modo a não con-
tribuir para a ideia errada de que não passamos de mendigos à espera de
qualquer coisa gratuita.
Se você for casado, ou a pessoa com quem você vai se encontrar, seja
cauteloso em encontros com pessoas do sexo oposto. Não marque uma con-
versa a sós em lugares fechados, nem saiam para comer num restaurante.
Nem tanto por uma questão de tentação, isso os protegerá da acusação de
comportamento impróprio.

O QUE DIZER AO TELEFONE


Não passe vergonha nem corra o risco de não conseguir marcar uma
conversa por não estar preparado para a ligação. Tenha um roteiro diante de
si, que siga estas diretrizes:

ESTABELEÇA UM VÍNCULO
“Alô, é o senhor Smith?”
“Senhor Smith, aqui é o Steve Shadrach. Como o senhor está?”
“O senhor teria um minuto para conversar?”
“Conheci seu filho e sua filha na última reunião de jovens. Gostei mui-
to deles. Você e sua esposa estão de parabéns.”

MARCANDO O ENCONTRO
“Senhor Smith, na semana passada eu mandei uma carta falando do
meu ministério. O senhor conseguiu lê-la? Entendeu a proposta?”
206 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

“Eu estive orando e pensando em pessoas com quem gostaria de com-


partilhar um pouco da minha visão ministerial e alvos financeiros. Pensei
no senhor.”
“Eu estarei na sua cidade nesta semana, na quinta e na sexta-feira. O
senhor teria uma brecha de vinte ou trinta minutos na sua agenda para me
encaixar? Pode ser no meio da manhã ou da tarde desses dias. Posso ir ao
seu escritório.”

CONFIRMANDO O LOCAL E O HORÁRIO


“Nove e meia da manhã, na quinta, está ótimo. O senhor está no prédio
Halter, certo?”
“Sala 206? Entendi. Excelente, eu sei onde fica. Eu bato lá uns dois
minutos antes das nove e meia.”
“Muito obrigado. Até mais!”

SABEDORIA E ATITUDE
Não fale demais sobre dinheiro, ou eles vão tentar responder já por
telefone. Não fale de menos sobre dinheiro, ou eles se sentirão enganados.
Lembre-se das duas expressões-chave para alcançar o equilíbrio: visão mi-
nisterial e alvos financeiros. Para mim, elas cumprem o propósito de informar
que vamos conversar sobre dinheiro e sobre contribuir, sem falar demais e
espantar a pessoa antes mesmo de encontrá-la pessoalmente.
Perceba que eu não pergunto se a pessoa gostaria de conversar. Seja
confiante e presuma que ela gostaria de ver você pessoalmente e ouvir sua
visão ministerial. Pergunte apenas qual dia e horário seria melhor para ela.
A sua atitude é contagiante. As pessoas vão saber pela sua voz e atitude se
você acha mesmo que vai conseguir um horário com elas. Se nossa postura
durante o telefonema for de abatimento, desânimo ou derrota, passaremos
a impressão de que somos mendigos de mãos estendidas, certos da rejeição.
Não é de admirar que não consigamos marcar conversas pessoais.
O outro caminho é sorrir durante a ligação. Dê risada, se for apropria-
do. Dê às pessoas um gostinho da visão, paixão e alegria que você tem no
Senhor e no seu trabalho. Deixe-as sentir que você está motivado a conta-
giá-las com sua empolgação. Talvez você nem conheça a pessoa com quem
está falando no telefone. Por que não começar agora mesmo a se entrosar e
a construir uma amizade? Assim, quando se encontrarem pessoalmente, a
conversa será apenas uma continuidade de um relacionamento entre duas
pessoas que já estão conectadas.
ENTRANDO NA ZONA DE CONFLITO 207

Observação: Gosto muito do roteiro que os Navigators oferecem aos


membros de sua equipe; é uma excelente alternativa: “Minha primeira res-
ponsabilidade ministerial é reunir uma equipe de amigos que se tornarão
parceiros com suas orações e apoio financeiro. Enquanto pensava em quem
gostaria de ter em minha equipe, foi natural pensar em você. Você teria um
tempo na próxima semana em que eu poderia aparecer e fazer uma visita de
45 minutos a uma hora? Assim eu poderia lhe passar todos os detalhes”.80

COMECE COM AMIGOS E FAMILIARES


Antes de você começar a atirar com balas de verdade, passe um tempo
praticando no estande de tiro. Pegue seus dois melhores amigos, dois cole-
gas de ministério e dois amigos dos seus pais que viram você crescer. Peça
para praticar com cada um deles. Faça-os prometer que serão extremamen-
te sinceros com você: ligue para eles e pratique a primeira ligação que você
faria para marcar uma conversa pessoal. Ouça suas sugestões. Revise seu
script. Pratique mais e mais vezes, muitas vezes, na verdade! Depois do seu
primeiro dia fazendo ligações de verdade, retome suas sessões de treinamen-
to a fim de fortalecer sua confiança e aperfeiçoar sua fala.
Os primeiros encontros que você quer marcar não devem ser com es-
tranhos. Não podem ser com o milionário superocupado, protegido por três
camadas de secretárias. Comece com pessoas que conhecem e amam você.
Mas leve a sério cada ligação. Faça da mesma forma com todas as pessoas;
não pule nenhuma etapa. Os primeiros telefonemas lhe permitirão aperfei-
çoar sua abordagem. Eles abrirão a trilha na qual você seguirá pela estrada,
quando tiver que fazer as ligações mais difíceis.
Quando você abordar membros da sua família em busca de sustento,
seja sábio. Se sentir que isso pode estragar seu relacionamento com eles ou
prejudicar uma chance de compartilhar o evangelho, espere e apenas ore,
pedindo a Deus que eles venham a tocar no assunto.
Vai acontecer de você falar com alguém que definitivamente não vai
querer conversar pessoalmente. Talvez a pessoa esteja numa semana ruim;
talvez ela tenha uma aversão a encontros e reuniões. O mais provável é
que ela nunca teve uma conversa pessoal com um missionário buscando
sustento – daí o medo do desconhecido. Se depois de várias tentativas, al-
guém não concordar em se encontrar pessoalmente, pergunte educadamen-
te se a pessoa se importa de ouvir você falar do seu ministério, por telefone
80
Steve Shadrach, tweet de 11 de junho de 2012, https://twitter.com/SteveShadrach/
status/212295115304210438.
208 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

mesmo. Transforme uma experiência potencialmente negativa em positiva.


Em cinco minutos, compartilhe sua visão e seus alvos financeiros. Pergunte
se a pessoa entendeu tudo e se tem alguma dúvida. Pergunte também se ela
está disposta a se tornar um parceiro ministerial, entrando para sua equipe
de sustento com 75, 100 ou até 150 dólares mensais. Em algum momento,
feche a boca e espere a resposta. Só Deus sabe o que Ele mesmo pode fazer!

QUANDO A SITUAÇÃO FICA DIFÍCIL


O que fazer quando você fica azedo e desmotivado em sua jornada
em busca de sustento? Como você “sacode a poeira e dá a volta por cima”?
Mike, do ministério de mobilização missionária SevenNine, compartilha
suas percepções. Mike, que tem seu sustento completo, conta: “Quando eu
e minha esposa levantávamos nosso sustento, por vezes sentimos que nada
podia nos deter, e que Deus fazia tudo acontecer muito rápido. Outras ve-
zes, parecia que tínhamos atingido um muro de concreto. Tinha dias em
que cada ligação rendia um encontro marcado, mas então vinham períodos
sem qualquer encontro, novo mantenedor ou ligação retornada. Todos os
nossos esforços pareciam em vão, não tínhamos para onde ir. Foi então
que minha esposa me ajudou a entender que, por mais que essas fases nos
deixem sem ânimo ou vigor, elas não são ruins ou erradas. Apenas fazem
parte do pacote”.
Mike continua, “Sim, passávamos quase todos os dias trancados num
quarto, fazendo o trabalho pesado que tínhamos que fazer; contudo, des-
cobrimos que apenas aguentar o tranco dos dias ruins nem sempre resolvia.
Às vezes, buscávamos o Senhor em oração e humildemente reconhecíamos
nossa fraqueza e decepção. Ao abrirmos o coração para Ele, Ele sempre Se
mostrava rápido em nos levantar o ânimo por meio de uma nova oferta, ou
simplesmente dizendo, ‘Minha graça é suficiente para vocês. Creiam que
eu farei tudo isso passar.’ Aprendemos a amar as fases difíceis, pois elas nos
forçavam a subir no colo de Deus, permitir que Ele visse nossas lutas, e con-
templar em temor enquanto Ele Se colocava na brecha e fazia aquilo que
não podíamos fazer sozinhos”. É muito bom saber disso. Quando chega a
hora da corrida, mas nossa motivação está lá embaixo, tudo o que podemos
fazer é o pedido divino e seguir em frente. Ele honrará nossa decisão de nos
apoiarmos na fé, e não em nossos sentimentos.
23

Construindo

Pontes
Talvez eu não devesse ser tão transparente, mas já houve vezes em que, a ca-
minho de um encontro ou tentando dar início a uma conversa sobre susten-
to, eu fiquei paralisado de medo. Lembro-me de já ter dado dez voltas num
quarteirão antes de criar coragem para sair do carro, dirigir-me à casa do
contato e bater à porta. Outra vez, eu estava no escritório de um abastado
advogado e político de renome, a quem pediria uma vultosa doação anual.
Comecei a usar meu portfólio para tentar esconder as mãos e as pernas, que
tremiam incontrolavelmente. Eu só estava esperando o momento em que
aquele homem ia me expor, dizendo, “Filho, você precisa ir ao banheiro?
É no final do corredor!”81
O segredo para enfrentar seus medos é caminhar na direção deles e
nunca se esquecer de fazer o pedido divino antes
“Deus nunca usa al-
mesmo de entrar no local do encontro. Confie
guém grandemente,
no poder do Espírito Santo e nas promessas da até que o tenha testado
Palavra. Ir até o fim nesse tipo de cenário assus- profundamente.” 81
tador será uma das maiores preparações que você A. W. Tozer,
terá para o ministério e para a vida. Não usurpe o escritor e evangelista
que Deus quer fazer em sua vida esquivando-se das
conversas mais difíceis. Esqueça o discurso “estou
fora da minha zona de conforto”. Persevere com paciência, e comece sua

81
A. W. Tozer, Root of the Righteous (Wilder Publications, Limited, 2010), Capítulo 39.
210 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

coleção de histórias de guerra. Um dia você poderá compartilhá-las com


outros obreiros que estiverem iniciando a busca por sustento e que pre-
cisem de encorajamento e de ter alguém como exemplo. Abaixo, algumas
dicas essenciais.

SAIBA AS REGRAS DO JOGO


Seja pontual. Descubra o local com antecedência. Salve o mapa no seu
computador ou smartphone. Considere fatores como o tempo de pegar um
trânsito lento, achar onde estacionar, ficar perdido e encontrar o escritório
ou cafeteria. Se você disser a alguém que o encontro é no restaurante às
12:15 h, não apareça 12:20 h, não importa o que aconteça. A pessoa pode
até estar lá, mas nesse caso você tem um ponto contra você. Pontualidade
pesa muito no levantamento de sustento, pois revela seu nível de fidelidade
e maturidade para com a pessoa com quem vai se encontrar.
Use roupas apropriadas. Quando estiver no campus, durante seu minis-
tério com universitários, você pode usar uma roupa mais descuidada, pier-
cing no lábio, deixar à mostra a tatuagem do braço e chamar todo mundo
de “cara”. Numa conversa pessoal com um casal de sessenta anos, é sábio
colocar uma calça cáqui comportada e uma camisa social de manga compri-
da. Recolha a louça, trate-os sempre por “senhor” e “senhora”.
Você pode responder, “Mas eu tenho que ser eu mesmo. Não vou mu-
dar quem eu sou”. Em vez disso, adote a abordagem de 1 Coríntios 9.19-23,
onde vemos Paulo disposto a se adaptar. Ele compartilha, “Tornei-me tudo
para com todos”, na tentativa de alcançá-los, aproximando-os de Cristo.
Em nossas conversas pessoais, precisamos saber quando insistir um pouco
mais, e quando não insistir. Vamos buscar ser sempre maduros em nossa
disposição de nos ajustar rumo a uma maior eficácia no alcance de pessoas –
seja no evangelismo, seja ao levantar nosso sustento. “Tá ligado?”
Aperfeiçoe seu contato visual e sorrisos. Como diz um certo provérbio,
“os olhos são a janela da alma”. Na maioria das culturas, as pessoas gostam
quando você olha nos olhos delas quando você – ou elas – falam. O que
você pensa quando alguém vem lhe oferecer algo, mas não olha nos seus
olhos? Ou a pessoa não está falando a verdade ou está receosa e insegura do
que diz. Richard Moss reforça essa verdade, “A maior dádiva que você pode
dar a alguém é a pureza da sua atenção”.82 Sendo assim, quer você esteja
falando ou ouvindo, olhe nos olhos!
82
Extraído de um tweet de 4 de maio de 2012, por John Maxwell, escritor especialista em lide-
rança. Moss é escritor e palestrante (RichardMoss.com).
CONSTRUINDO PONTES 211

Outra forma sutil de revelarmos nossa insegurança é depender demais


de recursos externos. Há obreiros que ficam folheando páginas e páginas de
seu portfólio ou apresentação de slides, até entediar o potencial mantene-
dor. Leve consigo uma apresentação bem preparada, e breve, em papel ou
no computador, mas não deixe que ela domine todo o seu tempo com seu
mantenedor. Levantar sustento é uma questão de visão e relacionamento;
antes de tudo, o encontro precisa ser olhos nos olhos, seu coração conec-
tando-se ao do outro. Seu sorriso e calor humano transmitindo à pessoa o
amor de Cristo.

HORA DA REFEIÇÃO
Tenha bons modos. Isso pode soar muito básico, mas a maneira como
você se comporta durante uma refeição diz muito. Onde e como sentar-se,
quais talheres usar, não falar de boca cheia, tudo isso é muito importante.
Deixe a outra pessoa pedir primeiro, e na sua vez, não peça a “Travessa
Magistral de Mariscos do Senhor Netuno”! Você é quem mais vai falar, por
isso peça um prato pequeno: você não está ali para comer.
Sempre pague pela refeição. Quebrar esse antigo costume é a pior for-
ma de “choramingo”. Já não é ponto pacífico que a pessoa que estende um
convite para jantar é quem paga a conta? Por que, então, essa prática básica
é violada com tanta frequência por obreiros em busca de sustento? Quando
o garçom traz a conta, esticamos o braço numa fingida tentativa de pegar,
dizendo, “Deixe que eu pago”. Lá no fundo, nós queremos que a outra pessoa
pague a conta. Não é de admirar que as pessoas nos tratem como mendigos;
nós as ensinamos assim!
Deixar que os outros paguem nossa conta geralmente prejudica – e
muito – o nosso trabalho. Por quê? Porque muitas pessoas acham que re-
solver seu problema de 25 dólares no restaurante é a forma de eles ajudarem
no seu sustento. Não é! Levantar sustento não diz respeito a uma refeição
de 25 dólares. O que está em jogo é se essa pessoa vai se tornar um parceiro
ministerial duradouro, investindo 75, 150 ou 300 dólares por mês em você
e no seu trabalho. Quando eu percebo que vai haver uma disputa sobre
quem vai pagar a conta, peço licença para ir ao banheiro e, na volta, passo
no caixa e pago a conta. Isso tem o efeito benéfico de implodir, na men-
te de vários executivos controladores, a ideia de que obreiros cristãos não
passam de gente pobre e necessitada. Pagar as contas coloca você e ele no
mesmo patamar: não é o rico homem de negócios que está direcionando
alguns trocados para o rapaz sem sustento. Se estou certo em minha leitura
212 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

de Filipenses 4.7, aquela refeição, na verdade, sou eu fazendo a ele um fa-


vor ao ajudá-lo a redirecionar seu tesouro terreno para seus investimentos
celestiais.
Observe que pode haver uma exceção para essa regra básica. Se você é
uma moça de vinte e três anos, e convidou um casal mais velho para jantar a
fim de lhes apresentar seu ministério, não brigue com o homem sobre quem
vai pagar a conta. Essa pode ser uma das ocasiões nas quais um costume
deve prevalecer sobre outro.

PONTES DE RELACIONAMENTO
Quando eu me sento para comer com alguém, não começo imediata-
mente a falar do meu ministério. Gosto de passar algum tempo conhecendo
a pessoa. Algumas me permitem fazer isso mais do que outras. Quanto a
mim, tentarei ao máximo começar a cultivar um relacionamento com ela.
O que eu faço é:

PROCURO PONTOS DE ENTRADA NA VIDA DA PESSOA


Assim que entro na casa ou escritório de alguém, ligo imediatamente
minha antena em busca de qualquer foto, troféu, animal de estimação, livro,
diploma, prêmio – qualquer coisa que possa me introduzir seus interesses,
atividades e, especialmente, sua família. As pessoas adoram falar sobre si
mesmas; se demonstrarmos interesse genuíno e soubermos como conduzir
a conversa, em pouco tempo nos tornamos amigos.

INICIE CONVERSAS COM PERGUNTAS


Jesus era mestre em fazer perguntas. Eu passei um mês fazendo mi-
nhas devocionais nos Evangelhos, estudando cada vez que Jesus fez uma
pergunta. Houve vezes em que ele fez perguntas para responder outra per-
gunta! Nós também precisamos nos tornar exímios perguntadores. Isso vai
ser muito útil no levantamento do nosso sustento, no ministério, e na vida
em geral.

COMECE COM PERGUNTAS FECHADAS


Sempre começo por manter a conversa com perguntas leves, fechadas
e voltadas a fatos. “Essa é a foto da sua família?”, ou “Estou olhando seu
diploma. Quando você esteve na universidade?”. Ou “Pelo jeito, você foi
técnico de futebol. Você ajuda algum dos seus filhos nos esportes?” ou ain-
da “Qual o nome e a idade dos seus filhos?” Informalidades conduzem a
CONSTRUINDO PONTES 213

conversas mais sérias. Perguntas superficiais podem abrir o caminho para


outras mais profundas.

PASSE PARA AS PERGUNTAS ABERTAS


Você ganhou o direito de passar gradualmente para perguntas mais
abertas, substanciais e voltadas a emoções: “Quais são seus sonhos para seus
filhos?” “Quais perigos você enfrenta com o crescimento deles?” “Quais são
as maiores necessidades e problemas do mundo hoje, a seu ver?”

CONECTE SEU MINISTÉRIO AOS INTERESSES DA PESSOA


Você já fez muitas perguntas boas. Já ouviu com atenção: olhos, ouvi-
dos, coração. Já aprendeu todo tipo de informação sobre essa pessoa e seu
mundo. Agora você sabe o bastante para fazer uma suave transição para o
compartilhar da sua vida e ministério. Tente encontrar os denominadores
comuns entre o que ela revelou e você (e seu trabalho). Esse princípio de
ouvir primeiro e falar depois vem de Provérbios 18.13, “Quem responde
antes de ouvir comete insensatez e passa vergonha”.
Depois de fazer perguntas, ouvir muito e construir um vínculo, é a sua
vez de fazer a maior parte do compartilhar. Ele vai incluir:
• Seu testemunho pessoal
• Seu chamado para o ministério
• Sua visão ministerial
• Testemunho de alguém que teve a vida transformada
• Pedido de um compromisso de contribuição
• Encerramento com definição clara dos próximos passos

Cobriremos os dois primeiros neste capítulo e os demais nos dois ca-


pítulos seguintes.

SEU TESTEMUNHO PESSOAL


“Senhor Smith, um motivo pelo qual eu me identifico com os receios
do senhor quanto aos seus filhos é que eu mesmo cresci com todos os tipos
de medo. Eu tinha medo de morrer, medo do que as pessoas pensavam de
mim, medo de ser rejeitado. Aos dezessete anos, um homem me conduziu à
fé em Cristo. Entendi, então, que não precisava mais temer, pois Deus já me
amava completamente. Ele me ajudou a vencer meus medos. Agora quero
passar a vida compartilhando essas bênçãos e ajudando outros adolescentes
com problemas a vencer seus medos com o amor de Cristo.”
214 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

Quando compartilhar seu testemunho, inclua estes três ingredientes:


fale de como era sua vida antes de se tornar cristão. Depois, fale das circuns-
tâncias que o levaram a confiar em Cristo como seu Senhor e Salvador. Por
fim, inclua algumas mudanças que Ele tem feito na sua vida desde então.
No meu caso, gosto de recitar a breve oração que ofereci ao Senhor no dia
em que O convidei para entrar em minha vida. Dessa forma, a pessoa pode
ir embora sabendo ao menos como receber a Cristo, caso deseje. Você nun-
ca sabe quando uma conversa sobre sustento pode se tornar uma conversa
evangelística!
Faça algo breve, mas poderoso. Um jovem que me abordou em busca
de sustento apresentou todo o material que havia preparado, então pediu
um retorno. Tudo estava maravilhoso, exceto que ele passou vinte minu-
tos dando seu testemunho pessoal. Ele poderia ter condensado tudo em
dois ou três minutos; se eu tivesse alguma pergunta, ou se quisesse que ele
discorresse mais sobre algum detalhe, eu diria. No seu caso, prepare seu
testemunho e toda a sua apresentação de modo a destacar apenas os pontos
empolgantes e visionários da sua vida e ministério. Você poderia falar por
horas e compartilhar cada detalhe, mas novamente: depois dos primeiros
vinte minutos, trinta, no máximo, você precisa começar a relaxar, fazer a
transição para o pedido e deixar a pessoa voltar para a vida dela.

SEU CHAMADO PARA O MINISTÉRIO


Depois de você ter ouvido bastante sobre a vida da pessoa e compar-
tilhado brevemente seu testemunho pessoal, é hora de mostrar como tudo
isso está relacionado ao seu chamado para o ministério que está buscando.
“Eu louvo a Deus por Ele ter me conduzido para este ministério. Mas en-
tendo que, agora, o ciclo está se completando. Assim como minha vida foi
impactada por um operário que bateu à minha porta um dia e me levou
a Cristo, quero ajudar jovens em conflito a começar um relacionamento
com Cristo.”
Se a pessoa tiver falado algo sobre a família ou os filhos, você pode
também fazer a relação: “E as esperanças e sonhos que o senhor comparti-
lhou sobre seus filhos, senhor Smith, são os mesmos que Deus deseja para
os milhares de jovens que perambulam pelas ruas da Índia todas as noites.
Eles estão desesperadamente perdidos e carentes de perdão e esperança.
Creio que Deus gostaria muito de usar a minha vida e a sua para tocar a
vida desses jovens de maneira poderosa”.
CONSTRUINDO PONTES 215

Fale de como e quando Deus dispôs seu coração para buscar essa obra
específica, e se for o caso, faça a relação entre seu chamado para esse minis-
tério e o seu testemunho. Isso pode ajudar o seu mantenedor a ligar todos
os pontos quanto à natureza e à razão de você fazer o que está fazendo.

OUTRAS DICAS
Torne o encontro um diálogo, não um monólogo. Fale de tantas coisas
boas que o seu ouvinte não vai conseguir não interromper com perguntas.
O ideal é que ele faça as perguntas, mas mesmo que não faça, você ainda
precisa criar momentos na conversa em que tentará extraí-las. Tente fazer
a conversa fluir em ambas as direções. Perguntas preguiçosas, e às vezes
condescendentes, como “Faz sentido?” podem ser trocadas por outras mais
honrosas e estimulantes, como “Quais são alguns dos problemas que nossos
jovens enfrentam hoje, na sua opinião?”
Conduza sua história de acordo com sua audiência. Conheça seu pú-
blico: você está falando com uma pessoa madura, um presbítero de longa
data ou membro de um conselho de missões? Ou trata-se de um parceiro
comercial do seu tio, alguém que nunca frequentou igreja? Não presuma
que você pode usar terminologia religiosa com as pessoas. “Nosso intuito é
contextualizar o evangelho pela plantação de igrejas multiplicadoras entre
grupos de povos não alcançados na janela 10/40” pode não ser apropriado
para falar a alguém que não tem um diploma em missiologia. Você vai ter
que baixar um pouco o registro do seu linguajar em muitos dos seus encon-
tros. Use linguagem comum, de modo que as pessoas possam compreen-
der a ideia básica do que você está fazendo. “Queremos ajudar os jovens
a se tornar pessoas íntegras e completas, como Deus as projetou para ser.
Queremos prepará-las pessoal, moral e espiritualmente, para que possam
ter bons casamentos e famílias, afetando positivamente a próxima geração.”
É preferível, mas nem sempre possível, ter marido e esposa presentes
no encontro. Quando Neemias compareceu perante o rei, ele observou com
maestria, “estando presente a rainha” (Ne 2.6). Assim como Neemias estava
compartilhando sua visão e pedido com marido e esposa, é sábio tentarmos
conversar com ambos os cônjuges. Embora em nossa cultura presumamos
que quem toma as decisões é o marido, tenho visto que muitas das escolhas
ligadas à contribuição financeira do casal vêm da esposa. No entanto, em
termos práticos, é irreal querer sincronizar a agenda do marido e da esposa
em cada uma das conversas pessoais que você marcar.
216 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

Se você é recém-casado, sente-se com seu cônjuge e converse sobre os


papéis e as expectativas de cada um antes de começarem a buscar sustento.
Isso os poupará de conversas bem mais difíceis, mais tarde. Se a atitude do
seu cônjuge for, “Querido(a), levantar sustento é tarefa sua”, não vai dar
certo. Os dois precisam assumi-la. Façam o possível para trabalhar como
equipe, com todo o coração e alma. Seus mantenedores perceberão a unida-
de do casal, e ficarão impressionados.
Nunca use a expressão “oferta única” em seu material de apresentação.
Eu sei que ela é amplamente usada por missionários em todos os lugares,
mas é uma das piores ideias que se pode comunicar. Dá a entender que a
contribuição pode ser feita uma única vez, para nunca mais se repetir. Em
seu lugar, use expressões como: oferta especial, oferta inicial, qualquer coisa
que não seja oferta única! Por quê? Porque acredito que a primeira oferta é
apenas o começo de uma duradoura parceria ministerial.
Tenha em mente que levantar sustento não é uma questão de dinheiro.
Não é uma questão sua e de suas necessidades. É uma questão de visão e
relacionamentos. O que mais importa para seu possível mantenedor não
é sua declaração de missão ou seus alvos para os próximos cinco anos; é a
conexão de coração para coração entre você e ele, que acontece enquanto
ele observa sua visão, paixão e autenticidade. Faça boas perguntas, ouça e
busque relacionar os interesses e preocupações do mantenedor com o seu
ministério. Ele realmente vai querer ser seu parceiro. Construa pontes e dê
a ele a chance de fazê-lo.
24

Compartilhando

a Visão
Carol e eu estávamos no limite. Financeiramente, não podíamos ser parceiros
de mais nenhum obreiro. Foi quando recebemos uma ligação de Marshall.
Ele estava indo para a Índia, evangelizar estudantes, e queria ter uma con-
versa comigo. Eu fico impressionado com qualquer pessoa que dedique
tempo e esforço para contatar e conversar pessoalmente com um potencial
doador. É algo que demonstra coragem, excelência e me faz pensar que o
que a pessoa tem a compartilhar é mesmo importante.
Embora Marshall tivesse apenas vinte e dois anos, ele puxou sua ca-
deira para perto da minha na varanda e me conduziu pela apresentação do
seu portfólio. Estava cheio de fotos sobre como ele conheceu o Senhor,
seu ministério com estudantes, e sua paixão pela Índia. Ele explicou como
lhe parecia estratégico se concentrar em alcançar com o evangelho os dez
milhões de universitários indianos.
Ao fazer a transição para o pedido, ele se inclinou para a frente, olhou
nos meus olhos e afirmou, com calma, “Senhor Shadrach, seria uma grande
honra ter o senhor e sua família como meus parceiros, enquanto eu entrego
a minha vida para ajudar esses estudantes hindus a conhecer o amor de
Cristo. Gostaria de saber se o senhor estaria disposto a fazer o investimen-
to mensal de 100 dólares, ou até de 150 dólares, para eu poder dar início
ao meu ministério?” Com o rosto bem perto do meu, ele fez silêncio. Eu
olhava para ele e ele me olhava, esperando. Estava claro que era minha vez
de falar. Ele foi tão educado e confiante que me deixou responder. Eu estava
218 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

tão fascinado que mal conseguia falar: balbuciei alguma coisa sobre ter que
falar primeiro com minha esposa.
Assim que cheguei em casa, fui direto falar com Carol, anunciando,
“Eu sei que não podemos assumir mais nenhum compromisso mensal, mas
nós temos que ajudar com o sustento de Marshall!” A combinação de sua
presteza em abordar um intimidador homem mais velho, sua percepção das
enormes necessidades espirituais daquele país, e por fim seu convite íntimo
e pessoal para que me juntasse a ele eram simplesmente irresistíveis. Estou
dentro!
Mesmo que alguém possa dizer que eu e minha esposa chegamos ao
nosso limite de contribuições, no último mês entramos para mais duas
equipes de mantenedores. Dobramos também a quantia que damos a um
terceiro missionário. Definitivamente, não estávamos planejando aumentar
nossas doações, então por que o fizemos? Por uma simples razão: cada um
daqueles três indivíduos nos contatou pessoalmente, insistiu em conseguir
um encontro, conversou pessoalmente conosco e… pediu. Quer seja con-
vidando alguém para receber a Cristo, para se casar com você ou para se
tornar um parceiro de ministério, eu creio que há pode no pedido.
Pode ser assustador escolher alguém para correr atrás, em busca de uma
conversa sobre sustento. Você coloca em risco seu relacionamento com essa
pessoa e se expõe a uma possível rejeição. Colocar todas as cartas na mesa e
fazer o pedido tem um efeito hipnotizador no seu ouvinte. Cria um vínculo
de confiança e respeito entre quem faz e quem ouve o pedido. Nada disso
pode acontecer por telefone, e-mail, carta ou numa apresentação para um
grupo de pessoas. Portanto, vamos agora ser mais abrangentes e destrinchar
as partes de uma apresentação da visão missionária e do pedido.

VISÃO MINISTERIAL
Após construir uma ponte de relacionamento e compartilhar seu tes-
temunho e chamado, faça a transição para compartilhar sua visão. É sem-
pre bom oferecer um pouco de contexto que ajude o ouvinte a entender o
propósito e alcance da agência com a qual você trabalha. Inclua um visual
simples mostrando a fundação, o líder, o público-alvo, a área geográfica que
a organização prioriza, e algumas estatísticas do impacto da organização.
Esse olhar mais panorâmico do seu trabalho ajudará seu potencial mante-
nedor a entender o quadro maior e ver como você e seu papel se encaixam.
Concentre-se na sua visão de ministério. Ela é o coração e a alma de
toda a conversa. Ore por ela, aprimore, revise, encene, permita que ela entre
COMPARTILHANDO A VISÃO 219

no fundo da sua mente e coração. Estas são as seis perguntas básicas que
você precisa responder para seu potencial mantenedor. Incluo algumas
respostas, junto com algumas amostras de roteiro, usando um hipotético
membro de equipe trabalhando num campus e em busca de sustento.

POR QUÊ?
Qual a justificativa bíblica e prática da sua visão?
“2Pedro 3.9 expressa o coração de Deus no sentido em que Ele não
quer ‘que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento’.
A razão de Cristo vir ao mundo foi buscar e salvar o perdido. É por isso
que ministramos. A maioria dos quase 17 milhões de alunos universitários
espalhados pelos 3500 campi dos Estados Unidos estão em trevas espiri-
tuais, sem conhecer nem experimentar o amor e perdão que Jesus tem para
eles. João 14.6 confirma que o único caminho para o Pai é por meio de
Jesus, e eu me sinto impelido a compartilhar a mensagem transformadora
do evangelho com esses estudantes, desesperadamente carentes da verdade
e de esperança.”

QUEM?
Quem será impactado e transformado por esse ministério?
“Universitários compõem um pequeno percentual da população mun-
dial, mas de várias formas, são a fatia mais poderosa da humanidade. Eles
são e continuarão sendo líderes em cada faceta da sociedade. Alcançar o
campus de hoje é estratégico para se alcançar o mundo amanhã. Os jo-
vens de dezoito e vinte e cinco anos estão tomando hoje as decisões mais
importantes da vida. Se pudermos ajudá-los a se entregar a Jesus Cristo e
mentoreá-los na direção certa, podemos determinar o curso deles para a
vida toda.”

ONDE?
Onde eles moram ou trabalham?
“Minha atribuição é para ministrar na Universidade do Arkansas (UA),
em Fayetteville. É um campus de 25 mil alunos, entre eles atletas, membros
de fraternidades e associações de moças, alunos residentes e estrangeiros.
O único denominador comum entre eles é que todos estão precisando de-
sesperadamente de um relacionamento pessoal com Cristo. Esse é o motivo
para eu dizer não a qualquer outra proposta de carreira a fim de me dedicar
totalmente a isso. Quero ajudar esses estudantes a conhecer o Senhor e se
tornar discípulos totalmente entregues a Jesus.”
220 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

O QUÊ?
Qual a sua estratégia para levar a cabo a visão?
“Eu passarei todos os dias e o dia todo nos dormitórios, fraternidades,
no centro de convivência dos alunos e no complexo esportivo, conversan-
do com eles. Construirei relacionamentos, pregarei o evangelho, começarei
pequenos grupos de estudo bíblico e, se Deus permitir, os levarei a Cristo.
Então, eu os fortalecerei na fé e os equiparei para serem líderes e obrei-
ros cristãos. Como você sabe, Jesus ordenou que fizéssemos discípulos, em
Mateus 28. Quero cumprir aquilo que está no coração de Deus, no campus
da UA.”

COMO?
Qual o seu objetivo e como você pretende medir seu sucesso?
“Queremos começar um movimento de estudantes no campus até que
tenhamos uma impactante reunião com vários alunos estabelecida no local.
Para nós, a verdadeira medida do sucesso é quantos estudantes perdidos
podemos ganhar para Cristo, quantos recém-convertidos podemos ajudar
a se tornar seguidores maduros de Cristo, e por fim quantos deles podemos
treinar para se tornarem também obreiros. Se pudermos formar pelo me-
nos dez agentes de transformação por ano, que dediquem a vida para fazer
discípulos, cremos que a verdadeira diferença será sentida na eternidade.”

VOCÊ?
Qual o seu papel específico no cumprimento dessa visão?
“Meu papel é o de um missionário entre os alunos. Faço parte de uma
equipe que firmou um compromisso mínimo de três anos, para alcançar
os alunos da UA. Vou morar perto da faculdade com um grupo de rapazes
da fraternidade que estão envolvidos no ministério. Meus alvos específicos
serão as fraternidades Sig Ep e Lambda Chi. Juntas, elas representam cerca
de trezentos e vinte cinco dos alunos mais influentes do campus. Se puder-
mos ver alguns desses líderes terem um encontro radical com Cristo, isso
poderá transformar completamente os rumos do corpo discente. Mas  eu
tenho que dizer a verdade: às vezes é assustador entrar nas sedes dessas
fraternidades. Peço oração.”
Observação: Gosto muito do que Casey e sua equipe do ministério
SevenNine fazem em seus encontros para pedir sustento. Após mostrarem
um folheto explicando seu ministério, levam a pessoa até um espaço em
branco, onde o obreiro risca um diagrama mostrando em quais partes do
mundo estão os não alcançados, e como os crentes podem se mobilizar para
COMPARTILHANDO A VISÃO 221

alcançá-los. Isso prende tanto a atenção, que o potencial mantenedor não


consegue tirar os olhos da apresentação personalizada que está vendo surgir
diante de si.

RELATO DE UMA VIDA TRANSFORMADA


O momento da transição para o pedido é uma boa hora de fazer uma
parada e inserir o testemunho de alguém cuja vida Deus transformou.
“Posso compartilhar uma história de uma vida transformada? Rory era um
dos maiores festeiros do campus, e estava a ponto de se tornar alcoólatra.
Ao chegar ao fundo do poço, veio a uma das nossas reuniões e entregou sua
vida a Cristo. Sua mudança de rumo foi tão dramática e instantânea que ele
começou a compartilhar seu testemunho com todas as pessoas. Atualmente,
ele está namorando uma moça cristã, e se prepara para nossos estudos bíbli-
cos devorando sua Bíblia. Muitos dos membros da nossa fraternidade que-
rem saber como podem experimentar a mesma nova vida em Cristo. Você
tem tempo para assistir a este vídeo de um minuto que eu gravei no meu
celular? É o próprio Rory falando de como Jesus transformou sua vida.”

PEDIDO DE UM COMPROMISSO DE CONTRIBUIÇÃO


Este pode ser o momento de você desenhar o triângulo “O Pedido
Divino” e mostrar o seu papel, o papel da pessoa e o papel de Deus naquela
conversa, na decisão de contribuir e na parceria ministerial. Porém, não
espere demais até fazer a transição para pedir. É difícil para alguns, mas não
precisa ser. Você pode discretamente passar da terceira pessoa do discurso
(Rory) para a primeira: “Senhor Smith, no começo do semestre que vem
haverá três mil alunos novos se mudando para aquele campus, muitos deles
tão perdidos quanto Rory. Eu quero estar lá para alcançá-los para Cristo.
Mesmo assim, eu não posso nem me mudar para lá antes de conseguir
100% do meu sustento. Isso significa que eu tenho apenas 53 dias e 1.950
dólares mensais entre mim e todos aqueles alunos. Este gráfico que preparei
mostra os vários níveis de contribuição que estou pedindo a meus parceiros
de ministério. Tenho orado e considerado qual valor devo lhe apresentar;
pode ser muito ou pouco, mas gostaria que o senhor considerasse investir
em meu ministério na faixa dos 100 dólares mensais, ou talvez 150. O que
o senhor acha? Algum desses valores serviria para o senhor?”
Neste estágio do pedido, as pessoas parecem gostar de duas coisas: 1) a
ideia clara do que estou pedindo a elas, e 2) a honra e dignidade que con-
firo a elas quando fecho a boca e deixo que respondam a minha pergunta.
222 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

Embora eu use as palavras “considerar” ou “sugerir” em meu pedido, meu


silêncio e contato visual sempre deixam claro que estou esperando uma
decisão. Em outras palavras, fica óbvio para qualquer pessoa que é a vez
dela falar!
John Maisel, fundador dos Ministérios East-West, compartilha sua
percepção, “Da mesma forma que Satanás nunca quer que você pergunte à
pessoa se ela quer receber a Cristo, assim também o ‘pai da mentira’ nunca
quer que você convide as pessoas a apoiá-lo em seu trabalho de comparti-
lhar o amor de Cristo. Quando entendemos isso, ficamos menos propensos
a fugir. Deus está fazendo Sua obra e Se deleita em usar nossas circunstân-
cias para mostrar Seu poder. Temos que ficar firmes contra nosso inimigo
e resistir à tentação de cair fora.”83 Sim, sua garganta vai secar. Seu coração
vai bater acelerado. Você vai querer desviar os olhos dos olhos da pessoa.
Mas não amoleça; a “pergunta de ouro” precisa ser feita!
Eu também gosto de deixar a pessoa do outro lado da mesa confortável,
mas ainda preciso fazer um convite gentil, terno e caloroso para que entre
para minha equipe de sustento com um valor mensal, ou pelo menos uma
faixa de valor. Então espero. A pessoa pode olhar para você e para o gráfico
com os níveis de contribuição. Seja como for, ela precisa de liberdade para
responder sem você ficar tão inseguro com uns instantes de silêncio, a pon-
to de interromper toda hora com uma versão diferente do mesmo pedido.

LIDANDO COM AS OBJEÇÕES


Prepare-se para todo tipo de resposta à sua pergunta de ouro. Algumas
serão mais fáceis de lidar, outras menos. As mais comuns são:
“Eu não posso dar tudo isso.”
“Eu entendo, senhor Smith. Alguns dos nossos mantenedores entra-
ram para a equipe com 50 ou 75 dólares mensais. Algum desses valores
ficaria mais confortável para o senhor no momento?”
“Eu preciso orar/falar com meu cônjuge e/ou fazer umas contas.”
“Eu entendo, senhor Smith. Isso é sábio. Permita-me assumir a tarefa
de ligar novamente. Sei que o senhor é uma pessoa ocupada, mas já perce-
beu que eu estou me dedicando totalmente a isso. Vejamos, hoje é quinta-
-feira; o que acha de eu telefonar de novo na terça de manhã, neste mesmo
horário, para saber o que o Senhor lhe mostrou? Pode ser nesse horário?”
83
Steve Shadrach, “Front Door-Back Door: Why Do People Leave Your Organization?” Support
Raising Solutions Newsletter (Abril de 2006), http://www.supportraisingsolutions.org/resources/
itemid/82/moduleid/4998/front-doorback-door-why-do-people-leave-your-org.
COMPARTILHANDO A VISÃO 223

“Eu não posso assumir um compromisso mensal.”


“Eu entendo, senhor Smith, mas isso não é um problema. Eu tenho
vários parceiros de ministério que fazem um investimento anual. Veja este
gráfico Nível de Contribuição Anual. De novo, não sei se é muito ou pouco,
mas ajudaria muito se o senhor considerasse ajudar com o valor de 1000
dólares por ano, ou até 1500. O que o senhor acha? Um desses valores fica-
ria bom para o senhor?
“Eu já ajudo a minha igreja.”
“Isso é muito bom, senhor Smith. Eu também contribuo para a minha
igreja e encorajo a todos os crentes a fazer o mesmo. De forma alguma estou
pedindo que o senhor deixe de dar qualquer valor que seja para a sua igreja
local, mas seria uma grande honra tê-lo como mantenedor. Além da contri-
buição que faço para minha igreja, eu e minha esposa investimos em vários
missionários todo mês. Eu sei que todos temos um limite, e queremos que
nossos recursos atinjam ministérios estratégicos. O senhor não gostaria de
assumir um compromisso mensal de 50 ou 75 dólares, e com isso nos ajudar
a alcançar aqueles alunos novos a partir do início do semestre?”
Uma objeção é um sinal amarelo. Preste atenção, mas não deixe que ela
o assuste ou faça parar. A maioria das pessoas, mesmo os cristãos, nunca ti-
veram uma conversa como a que estão tendo com você agora. Esse encontro
pode gerar todos os tipos de respostas, frutos do nervosismo. Você terá que
ter calma para discernir se a pessoa está mostrando um sinal vermelho, in-
dicando “pare, não insista”, ou se trata-se apenas de uma luz amarela, indi-
cando que você pode continuar apresentando, com sensibilidade, sua visão e
a oportunidade de contribuição, até receber um “não” definitivo. Não deixe
que o medo ou a paranoia tomem conta de você.

QUANDO VOCÊ RECEBE UM “NÃO”


“Eu entendo, senhor Smith. Ficou alguma dúvida ou pergunta que eu
poderia responder a respeito de mim ou do meu ministério?”
“Mesmo não podendo entrar para meu grupo de mantenedores agora,
o senhor estaria aberto a fazer uma oferta especial para os fundos que estou
levantando para começar o meu ministério? Preciso levantar 7500 dólares
até o início do semestre, para poder me mudar para o campus, montar meu
escritório e começar a trabalhar. O que acha de 200 ou 300 dólares, ou ain-
da outro valor para me ajudar neste início?”
“O senhor foi muito generoso em me dar trinta minutos do seu tempo.
O senhor se importaria se eu o colocasse na minha lista de contatos e lhe
224 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

enviasse notícias periódicas? Seria uma honra saber que o senhor as está
lendo e orando por nosso ministério.”
“Agora que o senhor já tem uma boa noção do que eu e minha família
vamos fazer no próximo ano, tem algum problema se eu voltar a vê-lo daqui
a um ano para falar sobre o ministério que estou desenvolvendo e sobre a
possibilidade de sustento?”
É bem provável que o “senhor Smith” diga sim ao seu pedido de
enviar informativos e de voltar a conversar em um ano. Por quê? Porque
ele crê que, assim que você sair por aquela porta, ele nunca mais vai ouvir
falar de você. Essa tem sido a experiência dele com outros obreiros cris-
tãos. Se você realmente seguir à risca o que disse, mandando cartas cir-
culares, escrevendo recados de vez em quando, pedindo que ele também
envie motivos de oração, etc., adivinhe? Daqui a um ano, você pode ter
subido para o topo da lista dele, caso ele tenha um aumento de renda ou
alguém que ele já ajuda saia do ministério. Talvez seja otimismo demais
da minha parte, mas eu sempre acho que, atrás de cada “não”, sempre há
um “sim” escondido!

QUANDO VOCÊ RECEBE UM “SIM”


“Isso é muito bom, senhor Smith, muito obrigado. Seu investimento
de 150 dólares mensais farão uma tremenda diferença. O senhor me colo-
cou 150 dólares mais perto daqueles novos alunos, no começo do semestre!
Fale para sua esposa filhos como fiquei feliz de tê-los como meus parceiros
de ministério.”
“Senhor Smith, posso pedir mais uma coisa? Gostaria muito que o
senhor já providenciasse a primeira doação, para que eu pudesse incluir o
valor dela no meu alvo de sustento. Posso lhe mostrar as opções de oferta,
para que o senhor escolha a que achar melhor?”
Depois de dar boas-vindas a seu novo mantenedor e receber seu com-
promisso de contribuição, você vai querer se concentrar nos detalhes. Tenha
consigo algum tipo de gráfico mostrando as várias opções de contribuição,
desde preencher um cheque naquele momento a configurar algum tipo de
débito automático a opções de cartão de crédito online. Você pode sacar seu
laptop ou tablet e oferecer à pessoa para que ela digite seus dados e comece
a contribuir naquele instante.
A forma como você finaliza o encontro é crucial. Se o mantenedor se
dispõe a sustentá-lo, mas você lamentará mais tarde se só falar, “Glória
a Deus. Bem-vindo à minha equipe de sustento. A gente se fala!”. Você
COMPARTILHANDO A VISÃO 225

precisa ser a pessoa que toma a iniciativa e mostra exatamente quais são os
próximos passos. Não vá embora sem deixá-los bem claro na sua mente e
na do mantenedor.

OUTRAS DICAS
Se você ficar confuso, volte aos princípios básicos. Durante seus encon-
tros, as pessoas surgirão com comentários ou perguntas descabidos. Mesmo
que não seja a intenção delas, suas observações poderão tirá-lo do eixo e
fazê-lo perder a linha de pensamento naquilo que está tentando comunicar.
Tenha sempre em mente estes três princípios básicos, enquanto luta para
conseguir apresentar seu ministério:
• Quem você é (Seu testemunho e chamado.)
• O que você faz (Sua visão ministerial.)
• O que você quer (Seu pedido e encerramento da conversa.)

Só faça um pedido por vez; não se trata de uma pergunta de múltipla


escolha. Enfrente cada encontro com o alvo principal de pedir à pessoa que
entre para sua equipe mensal. Caso ela não possa, sugira o time anual. Se ela
ainda não puder, sugira os fundos para início do seu ministério. Se mesmo
assim ela não puder ajudar, pergunte se você pode procurá-la de novo em
um ano. Mas faça apenas um pedido, uma decisão por vez. Você nunca vai
saber o que ela está disposta a fazer, não enquanto não perguntar.
Há prós e contras em usar cartões de compromisso de oferta. Conheço
alguns treinadores de sustento que encorajam os missionários a usar esse
recurso como um lembrete silencioso ao potencial mantenedor. Nesse caso,
o cartão fica lá, na mesa da pessoa, enquanto ela ora e considera se deve
ou não entrar para sua equipe. Eu entendo a ideia, mas não a ponto de me
convencer a recomendar o uso de cartões. O meu princípio é simples: eu
não quero que nada faça o pedido no meu lugar.
Sem substitutos, sem mediador. Eu quero me encontrar com a pessoa.
Eu quero fazer o pedido. Eu quero ouvir a decisão e fazer com que dê a
primeira oferta. Em outras palavras, não quero ser um lembrete silencioso;
eu quero ser um lembrete, não silencioso! Eu não ligo se um obreiro car-
rega consigo um cartão de visitas com suas informações básicas, para dar
a um novo mantenedor. Isso é diferente de um cartão de compromisso de
contribuição. Algumas organizações exigem que sua equipe inclua essas
informações com a primeira contribuição do doador.
226 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

UMA CONVERSA DE TRINTA MINUTOS


Se você tem meia hora para uma conversa sobre sustento, como você
deve dividir seu tempo? Minha sugestão é:
• Conecte ao coração (12 minutos)
Estabeleça um vínculo (6 minutos)
Faça uma ponte para o mundo da pessoa (4 minutos)
Compartilhe seu chamado e testemunho (2 minutos)
• Exponha a visão (18 minutos)
Quem somos: história da organização e crescimento do movi-
mento (3 minutes)
O que eu faço: minha estratégia e alvos ministeriais, meu papel
específico, história de uma vida transformada (6 minutos)
O que eu quero: compartilhe a oportunidade de investir, peça que
a pessoa decida o valor ou faixa de valor da oferta (4 minutos)
Fechamento: peça que a pessoa indique outros possíveis mantene-
dores, agradeça pelo tempo dedicado (5 minutos)
25

Terminando

Bem
Sarah entrou esfuziante no meu escritório. Ela estava tão empolgada: 80% do
sustento levantado em apenas três meses! Eu a parabenizei, e até usei o
exemplo dela numa palestra que dei sobre sustento. Foi então que algo
estranho aconteceu. Em poucos meses, recebi um demonstrativo do nosso
supervisor financeiro. Conferi os relatórios mensais de toda a nossa equipe.
Sarah tinha recebido apenas 750 dólares naquele mês, uma diferença gri-
tante dos 80% que ela tinha falado. Liguei para ela e a chamei para conver-
sar. O que aconteceu foi que ela tinha recebido vários “sim” em suas conver-
sas, mas poucos daqueles novos mantenedores começaram a contribuir de
fato. Infelizmente, a história de Sarah será a sua, caso você ache que é chato
pedir ao seu novo doador que comece a dar ali mesmo, durante o encontro.
Também não pense que é estranho voltar ao escritório ou à casa da
pessoa uma segunda vez, a fim de pegar o primei-
ro cheque ou comprovante de depósito. De outra
A pior forma de
forma, como você vai conseguir que ela comece a comunicação são
contribuir? Orando esperando e torcendo para que as conclusões
o dinheiro chegue? E se o mantenedor não mandar precipitadas, seguidas
nada em um, dois, três meses? Esta é a mensagem de perto pelo e-mail!
de voz que Sarah, exasperada, mandou para o man-
tenedor que ainda não tinha contribuído: “Éééé,
desculpe incomodar, mas você disse que entraria para a minha equipe de
228 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

sustento. Por que você ainda não começou a contribuir?” Horrível! Depois
disso, ela recorreu a e-mails. Nada de resposta.
Lembre-se: se você se achar frustrado com alguém que ainda não co-
meçou a contribuir, não se permita chegar ao ponto de ficar bravo com a
pessoa. Noventa por cento das vezes, a culpa não é dela, mas sua! Você é que
não foi suficientemente claro sobre quais seriam exatamente os próximos
passos na doação, incluindo datas.

TELEFONANDO
Para aqueles que precisam de mais tempo para dar uma resposta, es-
tabeleça um dia e hora para você voltar a ligar. Eles podem não estar acos-
tumados com obreiros que dão duros, são específicos e vão até o fim em
seus compromissos. Por que não surpreendê-los e quebrar o estereótipo?
Exatamente no dia e hora que você prometeu telefonar, telefone! Quer você
se sinta inclinado a isso ou não, seja fiel em dar continuidade. Fale mais de
uma vez em qual dia e hora você vai ligar, para que a pessoa entenda que a
ligação será um tipo de encontro, durante o qual você espera uma resposta
decisiva. Isso ajudará a pessoa a não fazer pouco-caso do seu pedido e liga-
ção – e da resposta que ela tem que dar.
Brad, um membro novo da nossa equipe que conseguiu 100% em qua-
tro meses, compartilha esta observação: “Eu não quero esperar demais para
ligar cobrando uma decisão. Quanto mais tempo eu dou à pessoa, amenizo
o senso de urgência e fica mais difícil fazer com que atendam o telefone.
Portanto, ligue exatamente no dia e hora em que você prometeu ligar!” Eu
concordo. As chances de ela se comprometer com seu sustento começam
uma queda livre se você esperar mais de dois ou três dias para ligar de novo,
dando prosseguimento ao processo. Encare essa ligação como um “encon-
tro por telefone” que você tem que marcar com a pessoa. Se só der sinal de
ocupado, continue ligando no mesmo dia até falar com ela. Por quê? Porque
vocês dois se comprometeram a ter uma conversa por telefone naquele dia
e horário. E você sempre honra seus compromissos!

PERSEVERANÇA PARA RECONECTAR


Na maior parte das vezes, o que mais você vai receber são mensagens de
voz da pessoa e da secretária eletrônica. Isso é frustrante. Eu sempre continuo
ligando até que ela atenda e me diga o que decidiu. Por quê? Porque eu pro-
meti ligar. Pode levar duas, quatro, seis, oito ligações até conseguir falar com
ela; tudo bem. Eu não deixo minha mente ser dominada por inseguranças
TERMINANDO BEM 229

de que a estão me evitando, cada vez que veem pelo número que sou eu. É
por isso que não me importo de ligar de novo em diferentes horários, dia e
noite, para todos os números que eu tiver. Se eu não conseguir por telefone,
não ligo de aparecer no escritório, na casa ou até na igreja da pessoa, se for
apropriado. Por quê? Porque eu prometi, e sempre cumpro o que prometo.

DEIXANDO RECADOS
Às vezes eu deixo um recado, mas nunca peço que me liguem de volta.
Sempre presumo o melhor motivo pelo qual a pessoa não estava presente
quando telefonei. E sempre assumo a responsabilidade por ligar de novo –
todas as vezes. Já houve algumas vezes em que, depois de meses tentando
falar com a pessoa, acabei dizendo, “Senhor Smith, eu não sei porque não
conseguimos mais nos falar. Eu prometi que ligaria de novo, e quero cum-
prir o que prometi. Seria uma honra tê-lo como mantenedor. Se o senhor
puder me ligar e dizer o que pretende fazer, eu agradeço. Muito obrigado”.
Mesmo assim, não fique surpreso se não receber mais resposta. Faz parte.
Você fez o que estava ao seu alcance.

ROTEIRO DA LIGAÇÃO
Quando consigo falar com a pessoa, digo o seguinte:
“Senhor Smith, aqui é Steve Shadrach. Como o senhor está?”
“Foi muito bom ter conversado com o senhor na quinta. Mais uma vez,
obrigado por separar um tempo para mim.”
“O senhor vai lembrar que eu prometi ligar novamente hoje de manhã,
para ver se o senhor tinha mais alguma pergunta sobre o meu ministério
e para saber o que Deus lhe mostrou quanto a investir em mim e em meu
ministério. O senhor conseguiu decidir o que pretende fazer?”

PROPÓSITO DA CONTINUIDADE
Se uma pessoa quer entrar para sua equipe de sustento, começa a parte
difícil: fazer com que ela comece a contribuir de fato. Você pode tentar fazer
isso por telefone, mas é muito mais eficaz falar pessoalmente. Há três mo-
tivos para lhe fazer uma visita.

GARANTIR A PRIMEIRA DOAÇÃO


Quando ligo de novo para a pessoa e recebo um sim, digo, “Que bom,
senhor Smith, muito obrigado. Sua ajuda mensal de 100 dólares vai fazer
uma diferença enorme. Glória a Deus”.
230 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

“Senhor Smith, o senhor estaria disposto a começar a contribuir já nes-


te mês, para que eu pudesse incluir sua oferta no meu alvo financeiro? Isso
para mim seria muito bom. Posso lhe fazer uma visita de no máximo dez
minutos, para mostrar quais são as opções de oferta? Assim o senhor pode-
rá escolher a que achar melhor e eu posso mostrar também como funciona
o processo de recibo. Qual seria uma boa hora, ainda nesta semana? O que
acha de quinta, por volta das dez horas, ou sexta à tarde? Garanto que serei
rápido.”

MOSTRAR O PROCESSO DE RECIBO


Esse pode ser outro bom motivo para você aparecer. Leve uma cópia fí-
sica ou eletrônica de um recibo para mostrar ao mantenedor, e esteja pronto
para responder qualquer pergunta.

PEDIR INDICAÇÕES
Se você pretende pedir que a pessoa indique outros possíveis mantene-
dores, a melhor hora para isso é no final desta segunda visita.

ESTRATÉGIA DE INDICAÇÕES
Utilizar essa abordagem pode fazer de você um mestre em networking.
Em Neemias 2, o copeiro do rei não estava tão seguro sobre o quanto
Artaxerxes queria ajudar. Mas ele ia descobrir! Com sagacidade, Neemias
implementou o “efeito dominó”: primeiro aproximou-se do rei e conquis-
tou o compromisso daquele que era a pessoa de maior influência. Depois
pediu a Artaxerxes seu endosso e referências. Neemias pegou aquelas cartas
de referência e as entregou às próximas pessoas de maior influência – os
governadores das províncias. Depois de contar com os “sim” do rei e go-
vernadores, estava quase certo que o terceiro em influência – o gerente da
madeireira – lhe daria tudo o que pedisse.
Foi assim que Olga, uma ucraniana de vinte e quatro anos, usou suas
indicações. Ela veio para os Estados Unidos precisando levantar 2700 dó-
lares de sustento mensal para cobrir seu orçamento e de mais duas pessoas.
Ela não conhecia ninguém e seu visto duraria vinte e um dias. Um ame-
ricano, parceiro de equipe, compartilhou com ela o contato de quarenta
referências que ele tinha, para servir como ponto de partida. Olga ficou tão
empolgada que levantou todo o valor usando apenas as indicações, e indi-
cações de indicações. Cumprindo o que havia prometido, antes de partir da
América, ela deu ao rapaz da equipe quarenta novas indicações. Vamos falar
sobre indicações:
TERMINANDO BEM 231

VOCÊ VAI PRECISAR PEDIR INDICAÇÕES?


Para algumas pessoas, é desnecessário pedir referências, pois já têm
centenas de contatos de diferentes estágios da vida, que podem convidar
para sua equipe de sustento. Outras terão que montar uma estratégia de pe-
dir indicações, até conseguirem todo o sustento. Talvez elas já conversaram
com todos os contatos de alta, média e baixa prioridade, mas ainda estão
com o sustento incompleto. Pedir indicações pode ser sua única opção.
Alguns ministérios acreditam tanto em pedir indicações que orien-
tam todos da sua equipe a fazê-lo, sempre. Mike Hearon, diretor regional
da Cruzada Estudantil, treina sua equipe a fazer primeiro a “pergunta de
ouro”, para garantir um compromisso mensal. Em seguida, no final de cada
encontro, eles devem fazer a “pergunta de prata”, aquela que garantirá um
bocado de referências.

O MOMENTO CERTO DE PEDIR


Se você for pedir indicações, o momento de fazer isso fará toda a diferen-
ça. Quando vou me encontrar com alguém para pedir sustento, normalmen-
te me concentro em pedir que a pessoa se torne um mantenedor mensal. Fico
firme em apresentar um pedido por vez e conseguir uma decisão por vez. Por
isso, não fale: “Sim, eu gostaria de tê-lo como mantenedor, e também queria
que você me desse nomes de pessoas que posso contatar”. Isso confunde as
pessoas. Se você lhes der múltiplas escolhas, elas escolherão a menos dolo-
rosa. O momento de pedir indicações é depois de elas decidirem contribuir, e
depois de decidirem o valor. Só então você menciona mais uma forma de elas
o ajudarem: fornecendo contatos que conseguirem lembrar na hora.84

A ATITUDE CERTA
Você pode realmente estragar tudo, se pedir
“O preguiçoso deixa
indicações da forma errada ou com a pessoa errada. acontecer. O sábio faz
Algumas dicas são: Amplie sua forma de pensar. acontecer.”84
Antes de contatar quem você ainda não conhece, Rick Warren,
você contatou diligentemente cada um que você pastor e escritor
conhece? Você deu duro em lembrar e alistar cada
nome de pessoas que você conhece e com quem já teve alguma interação?
Uma estratégia de sucesso para indicações requer de você um senso de ur-
gência. Assim como Olga, você está disposto a ir a qualquer lugar e falar
84
Rick Warren, tweet de julho de 2012, http://tweetwood.com/RickWarren/
tweet/213326161747517440 (indisponível).
232 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

com qualquer pessoa sobre seu ministério e sobre participar da sua equipe
de sustento? Há pessoas que são orgulhosas (ou preguiçosas) demais para
fazer o que precisam fazer para começar no ministério. Pedir indicações é
crucial para você expandir sua lista e multiplicar exponencialmente seus
contatos.
Seja positivo e grato. Espere uma boa resposta quando pedir indica-
ções. Creia em Deus e acredite que você e seu ministério valem um investi-
mento significativo. Agradeça ao Senhor e a cada um que confia em você o
bastante para fazer indicações. Trate cada pessoa com muito cuidado; caso
você sinta uma forte reação negativa quando mencionar indicações, seja
sábio, sensível e esteja disposto a recuar um pouco.

A ABORDAGEM CERTA
Não improvise na hora de pedir referências. Escreva o que vai falar
e pratique. Peça a opinião de alguém e pratique de novo. Faça seus dez
primeiros encontros com pessoas que, depois de decidirem quanto a contri-
buir, verão com bons olhos você pedir que elas apontem outras pessoas para
você abordar. Quer você peça indicações no primeiro ou segundo encontro,
o que costumo dizer é:
“Senhor Smith, antes de eu ir embora, posso pedir outra ajuda muito
importante? Mesmo querendo completar meu sustento para atender logo
meu compromisso ministerial, estou limitado no número de pessoas que
conheço nesta região. O senhor consegue pensar rapidamente em pessoas
que o senhor e sua família conhecem, gente com o mesmo interesse pela
salvação dos perdidos, e cujos nomes eu poderia anotar? Eu gostaria muito
de poder me sentar com elas e compartilhar meu ministério, assim como
fiz com o senhor.”

AJUDE A PESSOA A PENSAR EM NOMES


O fato de seu contato não lhe passar nenhum nome não significa ne-
cessariamente que ele está “podando” você; talvez ele só precise refrescar a
memória. Se você puder, fazer mais uma lição de casa: se o seu contato faz
parte de uma igreja, pequeno grupo ou algum clube, você pode mencionar
esses ambientes, um por vez, para ver se os nomes começam a surgir. Por
exemplo, ao falar com um advogado, você pode levar uma lista de outros
advogados da cidade para ele dar uma olhada nos nomes. Isso o ajudará a
encontrar outros em seu campo de atuação que podem estar abertos para
uma conversa. Se ele lhe der apenas nomes, peça também o número de
telefone e o endereço.
TERMINANDO BEM 233

RECRUTE A PESSOA PARA RECOMENDAR VOCÊ


Você nunca sabe o quanto a pessoa ou casal está disposta a fazer por
você enquanto não pede. Como um segundo pedido, Neemias deu ao rei
informações específicas quanto ao que incluir em suas cartas de referência.
Neemias, então, manteve as cartas consigo, e foi ele quem decidiu onde e
como elas seriam enviadas. Se a pessoa estiver disposta a lhe passar alguns
nomes, use seu discernimento quanto à maneira mais eficaz de entrar em
contato com eles. Crie um e-mail ou carta que o mantenedor que o está
recomendando envie individualmente para os amigos dele. (Obviamente,
ele vai querer olhar a carta e mexer em alguma coisa, antes de aprová-la.)
Na hora certa, quando você estiver pronto para contatar essas indicações,
peça ao mantenedor que envie os e-mails ou cartas. Coordene o tempo
certo, para que em alguns dias você possa começar a fazer ligações e marcar
os encontros.

TRIÂNGULOS DE CONFIANÇA
Faça uma lista de alguns amigos íntimos e associados. Depois que você
tiver se encontrado com esses indivíduos e garantido que eles se comprome-
teram a ajudar, faça um segundo pedido: “Quem você conhece o suficiente
para dizer que aceitaria um encontro comigo, só porque você pediu?” Essa
pergunta provavelmente renderá bons nomes e conversas, pelo triângulo
de confiança criado, no qual a credibilidade do seu amigo para com aquela
pessoa foi agora estendida a você.
Se você dividiu sua lista de contatos em alta, média e baixa prioridade, a
tendência é que uma indicação de alguém da categoria alta seja melhor que
a de alguém da média; o mesmo acontece entre a média e a baixa. Priorize
de acordo.

FAZENDO PEDIDOS À DISTÂNCIA


O que você faz com alguém que mora tão longe que não dá para con-
versar pessoalmente? Não seja a pessoa que racionaliza: “Eu moro aqui
em Dallas, uma hora de trânsito pesado até Fort Worth. Eu só vou ligar
ou mandar um e-mail”. Se acontecer de você ter um contato distante e
sem muitos recursos financeiros, visitá-lo pode não ser um bom exercício
de mordomia do seu tempo e dinheiro. Nesse caso, mande uma carta ou
e-mail, para dar um alô e falar da sua vida e ministério. Ofereça detalhes
do seu alvo de sustento e do seu desejo de convidá-lo para sua equipe de
234 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

mantenedores mensais. Inclua algum panfleto explicando seu trabalho e


informe o dia em que você pretende telefonar.
Quando esse contato receber suas informações, ligue e coloque as no-
tícias em dia. Verifique se ele recebeu sua carta ou e-mail. Pergunte se ele
tem dúvidas. Verifique se ele chegou a orar e tomar uma decisão quanto a
entrar para sua equipe. Em caso afirmativo, certifique-se de ser bem espe-
cífico quanto aos próximos passos para começar. Informe também as opções
de oferta. Normalmente, digo algo como, “Hoje é dia 15, e você disse algo
sobre começar neste mês. Isso é muito bom! Amanhã, vou colocar no cor-
reio um envelope com alguns selos; se você conseguir preencher um cheque
(caso essa seja a sua opção) e mandá-lo até o dia 25, eu devo recebê-lo até o
dia 1. Se eu não o receber até o dia 10, é porque aconteceu algo com ele nos
correios. Mas eu ligo, muito obrigado!”

NÃO SE ATENHA A UM HORÁRIO FIXO DE TRABALHO


Não dá para bater cartão nessa fase de levantar sustento. Vai ter dias
em que você começará com uma reunião às seis da manhã e só chegará em
casa às onze da noite, depois de um dia cheio de encontros e conversas. Sua
agenda pode ser tão irregular que precisa ser flexível. Autodisciplina é es-
sencial nesses dias. O tempo livre entre uma reunião e outra pode ser usado
para escrever cartas, marcar encontros, mandar mensagens de gratidão ou
lembrete, orar, fazer uma ligação, até ler ou fazer exercício físico. Ficar ocio-
so, por qualquer motivo que seja, pode ser fatal. Seus doadores não sentirão
que você tem uma missão. Não negligencie alguns dias para um descanso
“sabático” durante sua jornada para levantar sustento. É essencial que você
tire tempo para ficar a sós com Deus, descansar e retomar o foco.
26

Você precisa

da Igreja
Leonel conheceu o Senhor quando estava na faculdade. Ele começou a compar-
tilhar sua fé, fazer discípulos e se preocupar com a pregação do evangelho
pelo mundo. Depois de se formar, casou-se e se inscreveu para entrar numa
agência missionária e começou a levantar sustento. Além de pedir a fa-
miliares e amigos que entrassem para sua equipe de sustento, ele também
procurou a igreja na qual foi discipulado. Era uma velha igreja tradicional,
com um mapa-múndi na entrada. No mapa, havia foto de uma centena de
missionários que a igreja sustentava, com 200 dólares mensais cada um.
A  igreja estava muito orgulhosa do número de obreiros que saiu do seu
meio, e também de quanto dinheiro enviava a cada um deles todo mês.
Mas Leonel entrou na história, comparecendo a uma reunião do de-
partamento de missões da igreja, que acontecia todo domingo à tarde.
A reunião estava cheia de homens mais velhos querendo logo resolver os
assuntos para poderem ir para casa assistir futebol. Eles apoiaram Leonel
e mostraram que iam sustentar aquele jovem, em reconhecimento de que
ele havia começado sua vida cristã ali. Leonel apresentou seu material, mas
percebeu que os homens estavam bocejando, ansiosos para que ele termi-
nasse logo. Por isso, passou logo ao pedido: “Eu tenho que levantar 4600
dólares de sustento mensal, para ir para a China. Como minha igreja de
origem, quero pedir a vocês que entrem para minha equipe de sustento com
metade do meu orçamento: 2300 dólares por mês.”
236 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

No momento em que Leonel falou “2300 dólares por mês”, todo mun-
do virou a cabeça na direção dele, de olhos arregalados. Gaguejando, dis-
seram, quase em uníssono: “B-b-bem, sim, Leonel, nós… nós queremos
ajudar você. Mas você sabe que, na nossa igreja, todo mundo recebe 200 dó-
lares por mês. É, é assim que nós sempre fazemos”. Acalmando-os, Leonel
respondeu, “Eu entendo, mas será que vocês podem pelo menos considerar
meu pedido em oração?” Ops. Aquilo despertou uma nova série de falatório
sem sentido: um monte de velhos tentando embotar o pedido de Leonel
com um monte de justificativas de impossibilidade. Leonel deixou a reu-
nião e, mais tarde, ouviu de um amigo que estivera presente: “Puxa, hoje
sim nós tivemos uma reunião do departamento de missões, depois que você
saiu. Você mexeu com os circuitos do nosso ‘nós sempre fazemos assim’!”
Quando Leonel voltou no domingo seguinte, o departamento declarou,
unânime: “Vamos lá, 50% do seu orçamento. Contribuiremos com 2300
dólares por mês”.
Você, porém, pode estar pensando que a sua igreja nunca terá o de-
sejo ou as condições de assumir esse nível de sustento. Bem, se a igreja de
Leonel, travada em sua rotina como era, dispôs-se a reconsiderar seus an-
tigos procedimentos, talvez a sua também o faça. Muitas vezes, não temos
porque não pedimos.
Desafio você a pedir a sua igreja de origem de 20 a 50% do seu orça-
mento. O que de tão ruim pode? “Sentimos muito, mas não podemos ajudar
com tanto. Será que 15% ajuda?” Com certeza! Eles nunca se esquecerão
da coragem que você demonstrou. Eles o respeitarão por pedir aquilo que
ninguém mais ousou pedir, e estarão dispostos a aumentar o valor no futuro,
uma vez que você realmente acredita que seu ministério é um investimento
estratégico. Deus pode muito bem surpreendê-lo, se você estiver disposto a
arriscar tudo ao pedir “grande”. Uma ressalva: depender de uma única igreja
para uma porção tão grande do seu sustento tem os seus possíveis contras.
Se o pastor ou as finanças da igreja mudarem, ou se eles decidirem incor-
porar exigências indevidas ao seu sustento, sua equipe de mantenedores
pode ser afetada. Por isso, tenha discernimento e continue trabalhando para
aumentar o número de indivíduos que contribuem mensalmente.

COMO NÃO LEVANTAR SUSTENTO COM IGREJAS


Se o apóstolo Paulo tinha congregações locais investindo em seu tra-
balho, por que nós também não podemos? Há uma maneira certa e uma
errada de fazer isso. Tenho visto obreiros cristãos tomar ações desesperadas
VOCÊ PRECISA DA IGREJA 237

de todo tipo para conseguir sustento completo. Alguns não estão dispostos
a marcar encontros pessoais para pedir sustento. Em vez disso, decidem
tentar a abordagem do apelo em massa às igrejas do país.
Missionários gastam tempo demais preparando pacotes enormes com
carta de apresentação, panfletos, vídeos, cartões de compromisso e envelope
selado para devolução. Eles os enviam para centenas de igrejas de uma vez,
crendo piamente que cada pastor está ansioso para
abrir, ler e responder de pronto com uma vulto- Ir até pessoas que
sa oferta do orçamento voltado para missões. Essa você conhece sempre
dá mais fruto do que
não é uma boa abordagem.
abordar igrejas que
No fim, alguns descobrem que essa forma ve- você não conhece.
lha e custosa de spam não dá resultados, e deci-
dem pegar a estrada. Achando que têm o dom da persuasão de massas, eles
amontoam a família no banco de trás do carro e vão de cidade em cidade,
igreja em igreja, pregando apaixonadamente sobre o próprio ministério.
Esperam que as congregações lhes deem gordas ofertas de amor. Depois de
um ou dois anos, tudo o que receberam mal cobriu os custos de hospeda-
gem, alimentação, combustível e manutenção do carro. Pior de tudo é que
eles ainda estão longe de ter uma sólida equipe de mantenedores mensais.
O que lhes restou é um carro surrado e uma família desgastada. Eu enten-
do que algumas denominações preferem que seus obreiros saiam viajando
para espalhar a visão por outras igrejas locais, mas o desgaste imposto aos
missionários pode ser significativo.

COMO LEVANTAR SUSTENTO COM IGREJAS


Trabalhe de forma mais intencional e inteligente, não de forma mais
pesada. Desenvolva uma estratégia para conseguir parceria de igrejas, mas
não vá longe demais. Conheço um homem que veio se gabar de ter cem
igrejas participando do seu sustento; o problema era que todas davas apenas
25 dólares por mês. Algumas tinham até algumas condições predefinidas:
ele deveria pegar um avião para participar da conferência missionária da
igreja (pagando do próprio bolso). Outro obreiro tinha como condição en-
viar extensos relatórios financeiros anuais, justificando o sustento recebido.
Outros ainda são solicitados a planejar e receber viagens missionárias de
curto prazo, de grupos da igreja.
Além do mais, como alguém é capaz de manter contato e envolvimen-
to interessado com tantas congregações e suas lideranças? É impossível.
Nós devemos ter algumas igrejas na nossa equipe, mas precisamos ser mais
238 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

sábios e estratégicos com relação a quais igrejas convidamos e como as con-


vidamos para serem igrejas parceiras. Algumas ideias:

COMECE COM SUA IGREJA DE ORIGEM


O melhor lugar para começar é com sua igreja de origem. Se você não
tem uma, arranje! Mas escolha sabiamente. Sim, escolha uma que vai abra-
çar seu ministério e pedidos de sustento. A propósito, onde está o versículo
que diz que você só pode ter uma igreja de origem? Junto com a igreja na
qual você está envolvido no momento, que tal a igreja na qual você cresceu?
Por que ela também não pode ser sua igreja de origem? E que tal aquela
da qual você participou quando estava na faculdade, ou na qual você serviu
por dez anos antes de se mudar de cidade? Muito provavelmente, essas
congregações são as que mais vão comprar a ideia de se tornarem parceiras.
Faça-lhes esse favor.

COMPARTILHE COM O PASTOR


Comece assim. Você não vai querer que seu pastor ouça por outros que
você vai para o ministério ou que está levantando sustento na igreja dele.
É muito melhor que ele saiba diretamente de você, bem no começo do pro-
cesso. Ele pode não conhecer bem sua agência missionária ou seu conceito
de levantar sustento. Ele pode ser uma das poucas pessoas que vão pedir
para conferir seu orçamento. Tenha-o sempre em mãos.
Pergunte quais são os passos para se candidatar ao sustento da igreja.
Honre-o buscando seus conselhos e direcionamento. Se você quiser o apoio
do seu pastor, é melhor demonstrar que se apoia nele, em certa medida.
Ouça o que ele diz, e tente seguir. Buscá-lo primeiro, e de forma pessoal,
pode levá-lo a lhe dar alguma informação de bastidores sobre como abordar
o departamento de missões da igreja, em busca de sustento.
Pergunte quais pessoas da igreja ele recomenda você abordar: ele vai lhe
dar bons nomes. Ligar para alguém e dizer, “O pastor recomendou que eu
conversasse com você” tem muito peso. Anos atrás, meu pastor respondeu
um pedido desses dando-me apenas um nome: um executivo de destaque
que eu não conhecia pessoalmente. Em nosso encontro, seu ceticismo se
transformou em extrema generosidade, ao saber que o pastor havia indicado
o nome dele. Bingo!
Convide seu pastor para entrar para sua equipe de sustento; isso vai
ser divertido. Ligue para ele e peça uma conversa para compartilhar sobre
sua visão ministerial e seus alvos financeiros. Visto que você é uma de suas
ovelhas, ele é obrigado a recebê-lo para um encontro, certo? Ao apresentar
VOCÊ PRECISA DA IGREJA 239

sua visão ministerial, convide-o para sua equipe. Ele ficará surpreso e per-
guntará, sem entender direito: “Você está pedindo para ser sustentado pela
igreja, é isso?” “Sim, pastor, eu vou procurar o departamento de missões
para receber o apoio financeiro da igreja. Hoje, porém, estou falando com
você. Seria uma tremenda honra e uma forma de estreitar nossos laços se
você e sua família entrassem para minha equipe de mantenedores mensais.”
Seu pastor não vai saber o que fazer com a conversa. Ele já foi procurado
centenas de vezes por obreiros querendo sustento da igreja, mas essa será a
primeira vez que ele será abordado pessoalmente.
Independente do que ele responda, é ganhar ou ganhar. Se ele disser
“sim” e se tornar um mantenedor mensal, pense no peso de credibilidade
que isso lhe conferirá ao abordar outras pessoas. E se ele disser que não
pode, pelo menos se sentirá motivado a recomendar você, oferecendo-se
para dar nomes, falar com a igreja e escrever uma carta de referência.
Eu nem sei dizer quantos pastores já encontrei que nunca foram soli-
citados como mantenedores de um missionário, apesar de pastorearem por
décadas. Que tragédia! Comece com o pastor principal, passe para o pastor
auxiliar, e assim por diante na fila de liderança. Encontre-se pessoalmente
com cada um da equipe pastoral. Eles vão comentar uns com os outros,
“Você é o próximo!”; não tem problema. Apenas faça. Cada um desses lí-
deres merece uma experiência única na vida de ter esse tipo de conversa e
oportunidade de investir num obreiro da Grande Comissão. É algo que
pode mudar o curso da vida deles.

FALANDO PARA GRUPOS


Exerça domínio próprio quando for solicitado a falar ou fazer apelos
para grupos. Você certamente será convidado a se dirigir a classes de escola
dominical, cultos públicos e lanches à noite. Eu não estou dizendo para
você recusar; apenas tente discernir quais convites você deve aceitar e como
você vai apresentar o seu ministério. Só porque você foi convidado para
apresentar seu pedido de sustento para a classe mais abastada de EBD da
cidade, não se empolgue demais. Ellis Goldstein acredita que pedir para
grandes grupos não se compara à eficácia de pedir um a um. Ele costuma
citar seu famoso princípio, “O desafio de todos é o desafio de ninguém”.85
Por isso, quando pedirem para você falar para um grupo, aplique esse prin-
cípio básico em todo o seu processo de decisões. Não faça nada diante de
85
Ellis pegou essa citação de seu mentor em levantamento de sustento, Steve Rentz, mas ela está
na Internet há anos.
240 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

um grupo que possa de alguma forma atrapalhar você de conseguir conver-


sas individuais. Um bom exemplo:

CENÁRIO 1: CONVITE PARA PEQUENOS GRUPOS


É o caso de classes de escola dominical, grupos nos lares ou lanches
oferecidos por amigos. Se você decidir aceitar, chegue cedo e fique até tar-
de, conhecendo e cumprimentando a todos, guardando os nomes e esta-
belecendo um vínculo. Quando chegar a hora de fazer a sua apresentação,
não tome uma hora nem despeje toda sua visão ministerial nas pessoas.
Use cinco minutos para agradecer, se apresentar, dizer o nome do seu mi-
nistério e terminar com um versículo chave e uma breve história de alguém
que teve a vida transformada pelo impacto do seu ministério. Tudo isso em
cinco minutos!
Em seguida, faça a transição para “Tem muita coisa que eu gostaria de
falar sobre nossa visão ministerial, organização e alvos financeiros. Meu de-
sejo é fazer isso de forma mais pessoal, com cada um de vocês. Eu sei que
vocês são pessoas ocupadas, por isso seria uma honra para mim se me ar-
ranjassem algum espaço em sua agenda. Se vocês me derem um tempo de
vinte a trinta minutos nos próximos dias, posso falar com mais detalhes da
obra para a qual o Senhor tem me guiado”.
Depois disso, você pode escolher entre duas opções:
• Entregue cartões de contato
“Se vocês não se importam, gostaria de passar para vocês este cartão-
zinho. Se vocês quiserem, peço só que escrevam seu nome e número de
telefone, e eu farei de tudo para entrar em contato com cada um para checar
qual seria uma boa hora para conversarmos pessoalmente. Desde já, agra-
deço pela oportunidade.” Ao recolher os cartões, você terá cerca de quinze
contatos, de um grupo de trinta pessoas. Desses quinze, você conseguirá
seis ou sete conversas pessoais. Dessas conversas sairão dois ou três mante-
nedores mensais e dois ou três ofertas especiais. Estas, por sua vez, poderão
se tornar ofertas anuais, se você der uma boa continuidade.
• Entre em contato com todos
“Quero fazer de tudo para voltar a falar com quantos de vocês eu con-
seguir, e marcar uma conversa pessoal com cada um. Se vocês não se impor-
tam, nas próximas duas semanas eu devo entrar em contato. Mais uma vez,
obrigado.” Você vai precisar pedir ajuda de alguém do grupo ou do diretor
da escola dominical, para que pegue todos os nomes e números de telefone.
Com tudo em mãos, ore, planeje e comece a telefonar.
VOCÊ PRECISA DA IGREJA 241

As vinte horas que você gasta planejando um chá para levantar susten-
to poderiam ser usadas com mais sabedoria – e renderiam frutos melhores
de sustento fiel e contínuo – se você as trocasse por vinte e uma conversas
pessoais de uma hora cada. Nem dá para comparar. Se o seu ministério já
planeja algum tipo de banquete anual, não use esse evento tanto para le-
vantar sustento, como para conhecer pessoas, cumprimentá-las e pegar suas
informações de contato. As cem pessoas que comparecerem ao evento não
vão apenas pagar os 100 dólares da refeição. Não, agora cada uma delas vai
receber uma visita pessoal de um membro da equipe convidando-a para sua
equipe de mantenedores mensais, doando 100 dólares por mês! Em outras
palavras, use qualquer reunião que você organizar como um meio para um
fim, e não o fim em si mesmo. E qual é esse fim? Encontros individuais.
Pedidos individuais.

CENÁRIO 2: CONVITE EM CULTO PÚBLICO


Resista à oferta do pastor de usar uma oportunidade de falar à con-
gregação para revelar seus planos e alvos ministeriais. Use a divulgação de
cinco minutos que descrevi acima, e sente-se. Ou use a sessão toda, mas
compartilhe uma mensagem da Bíblia que destaque passagens importantes
sobre o interesse de Deus pelos perdidos. (Da mesma forma, você pode usar
todo o tempo de aula de um dos pequenos grupos que descrevi para trans-
mitir uma mensagem visionária da Palavra de Deus.)
Se você decidir ir em frente e apresentar toda sua visão ministerial ou
fazer um apelo para um grupo de qualquer tamanho, minará sua própria
capacidade de marcar encontros individuais com a maioria dos presentes.
Mais tarde, ao tentar ligar para eles para marcar uma conversa, eles natu-
ralmente dirão, “Por que precisamos conversar? Eu ouvi os detalhes do seu
trabalho. O que mais teríamos para falar?”
Você também vai se arrepender se fizer o tradicional anúncio: “Se al-
guém quiser saber mais sobre o nosso ministério, assine esta folha na saída”.
Se quatro pessoas das quinhentas presentes assinarem seu papel, como você
vai conseguir abordar as outras 496 de maneira ética? E caso consiga, eles
vão pensar, “Por que você está ligando? Eu não assinei seu papel!”

DESAFIOS ESPECÍFICOS NA ABORDAGEM DE IGREJAS


Como ex-pastor, ainda me lembro das exigências que muitas pessoas
me impuseram. Ao longo dos anos, tenho tido a oportunidade de interagir
com milhares de pastores diferentes, de praticamente todas as denomina-
ções, por quem tenho um grande respeito. Tenho observado que as pressões
242 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

de conduzir a igreja e elaborar orçamentos realistas podem impactar a in-


terpretação que um pastor faz de certas passagens bíblicas. Essa constante
tensão financeira pode influenciar sua atitude para com ministérios parae-
clesiásticos e pessoas buscando sustento.86 Estes são os três desafios que
você pode enfrentar ao abordar igrejas:

IGREJAS DENOMINACIONAIS
Tendo eu mesmo pastoreado uma igreja denominacional, conheço as
limitações impostas à liderança dessas igrejas, de financiarem apenas pro-
gramas e pessoas associados oficialmente à denominação. Fico assustado
com o olhar desesperado (e até decepcionado) de jovens e zelosos missioná-
rios que voltam às suas igrejas em busca de sustento, apenas para serem dis-
pensados por conta de seu chamado para um trabalho não denominacional.
Tudo o que você pode fazer é ir até a liderança da igreja e apresentar seu pe-
dido de sustento. Se eles não puderem prover fundos do próprio orçamento,
isso ao menos pode dispô-los a autorizar você a abordar os membros da
igreja individualmente.

FÓRMULAS DE CUSTEIO ALTAMENTE ESTRUTURADAS


É encorajador que muitas igrejas estão pensando cuidadosamente so-
bre como podem distribuir suas contribuições financeiras de modo mais
estratégico. Porém, nem sempre Deus Se permite encaixar nessas bem-in-
tencionadas categorias e percentuais! Antes de procurar sua igreja por sus-
tento, vale a pena tentar descobrir como eles dividem seus recursos e quais
86
Eu cresci numa igreja denominacional, me converti por meio de um ministério paraeclesiás-
tico, me envolvi com ambos nos anos da faculdade, estudei num seminário denominacional e,
mais tarde, em outro, não denominacional. Fui pastor universitário e pastor de missões por anos
numa igreja denominacional, comecei um ministério paraeclesiástico, fui presbítero na plantação
de uma igreja não denominacional, servi em todo tipo de papel de liderança de igreja. Fundei e
liderei várias organizações paraeclesiásticas, prestei consultoria a centenas de grupos eclesiásticos
e paraeclesiásticos, e até comecei (e terminei, depois de sete anos!) um Doutorado em Ministério
no Seminário de Denver, sobre “Liderança Executiva Eclesiástica e Paraeclesiástica”. Cheguei
à conclusão de que muitas das divisões entre os crentes foram criadas pelos homens. Minha
eclesiologia é bem ampla: creio que aos olhos de Deus só há dois grupos de pessoas, aquelas que
fazem parte da família de Deus e aquelas que não fazem. O Espírito Santo está mobilizando um
grupo para alcançar o outro! Para mais informações sobre esse assunto, leia meu artigo: “Church
and Parachurch: Friend or Foe?” em www.thetravelingteam.org/articles/church-and-para-chur-
ch-friend-or-foe. Também o artigo do doutor Ralph Winter, sobre irmandades e modalidades
(“The Two Structures of God’s Redemptive Mission”, por Dr. Ralph Winter, em Perspectives on
the World Christian Movement, publicado por William Carey Library, 2010) esclarecerá o assunto.
Eu (e o Senhor!) temos muito amor por todos os crentes, em todos os tipos de grupos e identida-
des. Deus quer muito que trabalhemos juntos, mostrando ao mundo como é a unidade em Cristo,
e que sejamos generosos em compartilhar todos os recursos que Ele nos confiou.
VOCÊ PRECISA DA IGREJA 243

os ministérios que apoiam e não apoiam. Na sua apresentação, destaque


os aspectos do seu ministério que se encaixam no tipo de trabalho que o
departamento de missões está comprometido em financiar.

LIDERANÇAS CONTROLADORAS
Há pastores que costumam pensar em termos de “minha igreja”, “meu
povo” e “meu orçamento”, como se ele estivesse edificando sua própria igre-
ja, e não a de Cristo. Tenho certeza que eles têm boas motivações para isso,
mas você pode querer estar preparado para apresentar alternativas criativas.
Por exemplo, se eles fizerem você escolher entre aceitar o sustento da igreja
ou abordar individualmente seus membros, qual você deve escolher? Prefira
sempre escolher indivíduos, mas acho que você nem vai precisar escolher.
No seu lugar, eu diria ao líder da igreja:
“Irmão, eu preciso ter a minha igreja local em minha equipe de susten-
to. Como eu vou poder abordar outras igrejas e pessoas se minha própria
igreja não estiver por trás do meu ministério? Vai quebrar minhas pernas.
Além disso, tenho outro dilema: eu tenho um bom relacionamento com as
pessoas da igreja, e elas estão só esperando que eu as procure para que sejam
meus mantenedores. Se eu não fizer isso, elas vão ficar contrariadas! Eu en-
tendo o raciocínio por trás da política da igreja, de impedir que estranhos
venham usar nosso rol de membros para pedir dinheiro. Posso lhe mostrar
um plano que tenho, para ver o que você acha? Esta é uma lista dos trinta e
dois casais da igreja com os quais tenho um relacionamento bem próximo,
e que estão esperando eu entrar em contato. Eu prometo não pedir sustento
a nenhum membro que não esteja nesta lista sem antes lhe pedir permissão.
Posso fazer dessa forma?”

DICAS FINAIS
Crie uma versão personalizada do gráfico Níveis de Contribuição,
para apresentar em seu tempo com o departamento de missões das igrejas.
Mostrar como eles podem se encaixar em sua equipe básica de igrejas man-
tenedoras com uma ajuda mensal ou anual deixará bem claro para eles qual
papel desempenhar.
Encontre pessoas que o recomendem e defendam, em várias igrejas.
Você pode espalhar pelas igrejas pacotes coloridos de divulgação, mas os
resultados serão decepcionantes. Por isso, o melhor a fazer é pegar sua lista
completa de contatos, ore e examine os nomes, a fim de decidir quais deles
têm um envolvimento e uma influência significativos em suas igrejas locais.
Mande um recado para eles, pedindo que conversem sobre você com as
244 PEÇA A DEUS // PARTE 5: CHEGOU A HORA

pessoas que influenciam as decisões em cada congregação. Tente descobrir


com eles quais são os passos para conseguir uma parceria de sustento, antes
de fazer seu pedido à igreja. Isso vai aumentar muito sua chance de sucesso.
Você pode não perceber, mas está a um ou dois contatos de distância
de centenas de igrejas potencialmente significativas. Não baseie toda sua
estratégia de sustento em visitar cada igreja do país, mas ter o apoio de
algumas dessas igrejas mais importantes pode fazer uma boa diferença. O
Senhor já preparou algumas delas para serem parceiras no seu ministério.
Seu trabalho é descobrir quais são.
Parte 6

ALIMENTE SEU
REBANHO
A vida é fundamentada em relacionamentos.
Precisamos ser intencionais, para sermos
relacionais.
27

As três leis da

Contribuição
Foi Gavin que me deu a notícia de que estava deixando nossa equipe. Foi difícil
vê-lo partir. Nos últimos cinco anos, ele assumiu um ministério que estava
definhando e o fez alcançar milhares de pessoas. Estudantes se convertiam,
passavam por um processo de discipulado e eram enviados para pregar a
outros. Mas agora Gavin ia embora. Seu chamado mudou? Era o Senhor
que o estava relocando? Fiz algumas perguntas, mas não estava preparado
para o que ia ouvir. Gavin, que levantara seu sustento em tempo recorde,
me disse algo que me deixou surpreso. Ele perdera metade dos seus man-
tenedores nos últimos anos. Ele soube ganhá-los, mas não soube mantê-los
nem valorizá-los.
Não deixe a história de Gavin se tornar a sua história. Sim, ore e traba-
lhe duro para levantar seu sustento. Junte suas coisas e vá para o seu campo
missionário. Seu relacionamento com seus mantenedores é forte. Você está
empolgado, eles também. Eles ficaram entusiasmados ao ouvir sobre o seu
incrível ministério, e ao ouvir que são membros estratégicos da sua equipe
de sustento. Você prometeu compromisso em sua parceria ministerial: disse
que oraria por eles e os manteria informados e envolvidos. Sim, as expec-
tativas que criamos nessa lua de mel são altas, mas alguns de nós acabam
prometendo demais e entregando de menos. Não é assim?
No livro Raving Fans (Animando os Fãs), Blanchard e Bowles descre-
vem como empregados podem deixar os clientes de uma empresa tão satis-
feitos que eles se tornam seus fãs animados. A lealdade gerada na clientela
248 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

é tão forte e duradoura que eles nunca vão sequer pensar em buscar a con-
corrência.87 Isso me leva a fazer as mesmas perguntas com relação a meus
mantenedores: como posso tratá-los de tal maneira que eles nunca queiram
sair da minha equipe? E quando alguém perguntar, eles sempre darão um
bom relatório de mim e meu ministério, e da maneira como me importo
com eles.
E se você resolvesse em seu coração que vai sempre entregar mais do
que promete a seus novos mantenedores? Estabeleça como você vai honrar
e valorizar seus parceiros de ministério de modo que eles nunca pensem em
redirecionar seu dinheiro para outra pessoa. Se isso lhe parece desafiador,
vamos descobrir como tornar nossos mantenedores “fãs animados”.
Eu tenho um tio que olha para mim e balança a cabeça, em reprovação.
Ele não consegue entender por que eu escolhi viver com uma receita apa-
rentemente pequena e fixa. O que ele também não entende é que eu tenho
o emprego mais seguro que existe! A maioria das pessoas acredita que seu
diploma, esforços e a supostamente inquebrável economia americana são
garantia de um bom emprego e de estabilidade a longo prazo. Durante
os anos em que dependi de sustento de outros, já recebi muitas ofertas de
emprego, muitas para ganhar bem mais do que ganho hoje. Muito mais.
É claro que toda segurança e estabilidade vêm de Deus, e de Deus
somente. Contudo, humanamente falando, aquela valorizada posição de
executivo com um escritório com vista para duas ruas, placa de metal com
o nome e salário de seis dígitos é como a semente de grama que plantei
ontem em meu jardim: pode ir embora no primeiro sopro de vento. É to-
talmente diferente do que sinto em minha equipe de sustento. Você conhe-
ce pessoas que hesitam em saltar de um trabalho secular seguro, com seu
salário mensal, para entrar no ministério em tempo integral e levantar um
sustento incerto? Ajude-os a rever sua perspectiva. Esse pode ser o passo
mais estável, seguro e garantido que elas já deram na vida.
No meu caso, Deus tem dado a mim e à minha esposa mantenedores
mensais e anuais que moram em partes diferentes do país e trabalham em
vários setores da indústria. Se posso dar um conselho de corretor da bolsa
de valores, eu diria para você tentar desenvolver um “portfólio” diversi-
ficado de mantenedores. Quando a economia está pegando meus man-
tenedores de certa região do país, os que moram no outro lado estão em
melhores condições, e podem contribuir. Se meus doadores que trabalham
em bancos precisam diminuir a ajuda por um ou dois anos, meus parceiros
87
Ken Blanchard and Sheldon Bowles, Raving Fans: A Revolutionary Approach to Customer
Service (New York: HarperCollins, 1993).
AS TRÊS LEIS DA CONTRIBUIÇÃO 249

da indústria de energia podem estar em condições de injetar fundos extras


em nossa conta.
Temos cerca de cinquenta parceiros mensais e trinta que são anuais ou
doam ofertas especiais. Temos três igrejas em nossa equipe mensal, mas elas
não ajudam com muito. Por que gostamos de uma equipe desse tamanho?
Bem, esse é o tamanho que conseguimos abraçar e cuidar da maneira de-
vida. Graças a Deus, nós os ganhamos, mas agora precisamos ser fiéis em
mantê-los e valorizá-los. Para isso, tenha em mente alguns princípios:

MANTENHA E CULTIVE SUA EQUIPE


O que você deve fazer depois que alcança 100% do seu sustento? Bem,
algumas pessoas vão cochilar no sofá, acordar com um espasmo, enxugar o
suor da testa e exclamar, “Nossa, que bom que acabou!” Não acabou; está
apenas começando! Você apenas completou os primeiros cem metros da
sua maratona. Aquela corrida de velocidade que durou de dois a dez meses
agora se transforma numa estável corrida de longa distância, e você precisa
achar seu ritmo para continuar.
Nosso foco agora é manter e cultivar. O dicionário Webster define
manutenção como “a conservação de propriedade ou equipamento”. Nada
muito empolgante. Mas se aplicarmos esse conceito às nossas equipes de
doadores, manutenção passa a ser “o processo de se comunicar regularmen-
te com os mantenedores e demonstrar reconhecimento”. Para “cultivo”, o
Webster traz “preparar ou desprender o solo para a produção de colhei-
tas; estimular o crescimento de; aprimorar por trabalho, cuidado e estudo”.
Para nossos propósitos, vamos usar a palavra para significar “o processo
de envolver e estabelecer relacionamentos vitalícios com seus atuais man-
tenedores, bem como preparar outras pessoas para que se tornem novos
mantenedores”.
Todo grande time esportivo tem tanto uma boa defesa quanto um
bom ataque. Manutenção é nossa defesa. Deus nos deu esses mantene-
dores; precisamos agora nos apegar a eles e tentar desenvolver relacio-
namentos verdadeiros com esses parceiros preciosos. Não ore por novos
mantenedores se você não tem cuidado bem dos que Deus já lhe deu.
Seguindo a mesma ideia, cultivo é nosso ataque. Precisamos continua-
mente aumentar a quantidade e a qualidade do nosso rebanho. Nosso
alvo deve ser uma equipe mais saudável e forte a cada mês e ano. Além
do mais, John Patton, diretor operacional do Centro para Mobilização
Missionária, busca “influenciar e ministrar àqueles que me sustentam,
250 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

ajudando-os a ver como seu investimento está causando um impacto


eterno. Gosto de desafiá-los a se envolver pessoalmente, e a orar e doar
mais”.

AS TRÊS LEIS DA DOAÇÃO


O experiente consultor na área de captação recursos William
McCownkey criou um breve panorama do processo inteiro de sustento.
Ele o chama de ganhar, manter e valorizar.88

Ganhar
Até este ponto, meu foco tem sido conseguir pessoas para minha equi-
pe de sustento. Você começou pedindo 100, 200 ou 300 dólares mensais. É
possível que você tenha que diminuir um pouco seus pedidos para se ade-
quar ao orçamento de uma ou outra pessoa. Mesmo que aquele mantenedor
só possa participar do seu sustento com 25 ou 50 dólares por mês, tudo
bem, pelo menos você o tem na sua equipe. Já é um começo!

Manter
Ganhar pessoas para sua equipe é só a primeira etapa; o próximo passo
rumo a uma equipe saudável é mantê-las comprometidas com você e seu
ministério.

Valorizar
Trata-se do cultivo regular dos seus atuais mantenedores para que, em
intervalos periódicos, eles passem a investir mais.
Vamos tratar do passo “ganhar”, e deixar o manter e valorizar para os
próximos dois capítulos.

GANHAR
Quais são as principais razões para as pessoas se juntarem à sua equipe
de sustento? Somos diferentes uns dos outros e atraímos o investimento das
pessoas por vários motivos. Para alguns, a razão é:

Fazer parte de algo que vale a pena

88
Steve Shadrach, “Successful Support Raising in a Suffering Economy” Support Raising
Solutions Newsletter (Dezembro de 2008), http://www.supportraisingsolutions.org/resources/
newsletter-viewer/itemid/47/successful-support-raising-in-a-suffering-economy.
AS TRÊS LEIS DA CONTRIBUIÇÃO 251

As pessoas contribuem para boas causas – e outras não tão boas – mas
ao observar sua missão e paixão, compreendem que esse pode ser um inves-
timento eterno.

Participar substitutivamente
Elas adorariam poder elas mesmas cumprir o ministério, mas sentem que
devem ficar e contribuir, para ver o trabalho sendo realizado por meio de você.

Atingir um propósito que querem ver concretizado


Elas querem ver um orfanato sendo construído em Zâmbia, ou um
ministério para jovens acontecer na escola dos filhos. Por isso, contribuem.

Alcançar ou manter um senso de valor pessoal


É por isso que as pessoas dão grandes quantias a universidades e hos-
pitais: para deixar um legado tangível.

Porque amam a Cristo


Elas obedecem ao Senhor contribuindo com seu sustento.

Porque amam você


Elas viram você crescer, ou você influenciou a vida dos seus filhos com
o evangelho. Estas são as pessoas mais próximas a você.

Para receber uma bênção


Alguns doadores são motivados pelo retorno. Entendem que ele nem
sempre é financeiro, mas creem que o que quer que Deus dê em retorno,
virá em abundância.

Para alcançarem segurança financeira


Às vezes algumas pessoas, especialmente aquelas que são donas de
grandes recursos, fazem uma oferta para conseguirem um abatimento no
imposto de renda. Preferem dar para você a dar para a Receita Federal.

Sentem necessidade
Essa é uma característica inata, parte da constituição dos seres huma-
nos. Cristãos ou não, as pessoas sentem-se alegres e realizadas em dar algo
aos outros.

Porque alguém pediu


De todos os estudos que já vi, esta sempre é a razão principal pela qual
as pessoas entram para a sua equipe. Na busca por sustento, como em tantas
outras áreas da vida, nós simplesmente não recebemos porque não pedimos.
252 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

MANTENEDORES E SUAS PAIXÕES DE CONTRIBUIÇÃO


Passe tempo conhecendo cada um dos seus parceiros ministeriais. Você
pode até perguntar como eles gostam de contribuir. Seja como for, ore, pen-
se e discirna que tipo de doadores eles são. Você perceberá algumas caracte-
rísticas singulares, que colocarão seus mantenedores em um destes grupos:

Alguns são iniciantes


Eles amam ajudar pessoas ou projetos em seu início de carreira.
Desejam prover o capital necessário para um novo ministério ou iniciativa.
Estes são os primeiros que você deve abordar: eles vão gostar – e contribuir.

Alguns são finalizadores


Estes apreciam a satisfação de ajudá-lo a chegar na reta final. Deixe-os
saber que só faltam 10% para você completar seu sustento, ou caso faltem
2500 dólares para você pagar determinada conferência. Eles não vão deixar
passar a oportunidade de empurrá-lo rumo à linha de chegada.

Alguns são voltados para projetos


Estes são aqueles que não estão tão interessados em entrar para sua
equipe mensal, nem em se comprometer com uma quantia anual. O que
eles querem é que você lhes apresente um projeto ministerial. Por isso, ore
de forma específica e busque personalizar sua apresentação para que se en-
caixe nos interesses e condições financeiras do doador. Quer seja a compra
de Bíblias para pedreiros numa base ou a abertura um poço na África, esses
doadores gostam de ver a descrição, o motivo e o custo financeiro de deter-
minada oportunidade. Eles doam para suprir aquela necessidade e seguem
em frente – esperando, é claro, pelo próximo projeto empolgante e visioná-
rio que alguém vai lhes apresentar.

Alguns são impulsivos


Quando alguém lhes apresenta um desafio urgente e tocante, este gru-
po gosta de ser o “apagador de incêndios”. Eles querem saber quais são as
necessidades de última hora e emergências. Se você tiver o cuidado de não
abusar desses preciosos doadores, eles podem ser sua “válvula de escape”, ao
longo do seu ministério.

Alguns são doadores programados


Aborde-os antes de 1 de janeiro, pois uma vez que eles tenham um valor,
a ajuda está garantida pelos próximos doze meses. Tenho um mantenedor
AS TRÊS LEIS DA CONTRIBUIÇÃO 253

que não deixou de contribuir um mês sequer, em dezenove anos. Ele come-
çou doando U$ 41,53 todo mês; aumentou para U$ 76,17; mais tarde subiu
para U$ 132,91. Hoje, depois de vários aumentos, ele nos ajuda com U$
462,52 por mês. Se você pedir um aumento antes de começar o ano fiscal,
é negócio fechado.

Alguns são, na maioria das vezes, doadores anuais


Estes gostam de contribuir uma vez por ano com o seu ministério,
quase sempre em dezembro. Tenho certeza que você conhece pessoas que
fazem doações adicionais, e por vezes expressivas, nessa época do ano. Para
muitos obreiros que dependem de mantenedores, de 30 a 40% de todo o seu
sustento entram em dezembro. É por isso que você precisa ter uma sólida
estratégia de pedidos de fim de ano. Todo dia 1 de novembro, comece a
pensar e orar sobre quem você pode procurar no final do mês ou começo de
dezembro, para receber doações pontuais, mas significativas.89

Alguns querem usar seus negócios para abençoar você


Pense em donos de empresas ou firmas que possam querer usar seus
lucros, produtos ou conhecimento para expandir o Reino; convide-os a se
tornarem parceiros ministeriais. Nos Estados Unidos, donos de empresas
cristãos são verdadeiros gigantes adormecidos, só esperando para serem
acordados!

Alguns podem querer ser seu “homem-chave”


Ore pelas pessoas da sua lista de mantenedores e procure nela indiví-
duos que se importam com você e sua causa. Crie uma descrição de tarefas
bem clara e prática, sobre como eles podem ajudá-lo a conseguir sustento
completo e mantê-lo. Marque um encontro com cada um e apresente sua
visão ministerial, sua necessidade de um homem-chave (ou mulher), e a
descrição de tarefas deles. Certifique-se de que eles têm uma boa reputação
na comunidade. Escolha pessoas com uma boa rede de contatos e rela-
cionamentos. Essa prática poderá dar um bom impulso nos seus esforços
para levantar sustento. Além de contribuir financeiramente, parte da tarefa
deles pode ser acompanhá-lo em conversas pessoais e marcar encontros e
reuniões para você.
89
Em média, instituições de caridade recebem 41% das suas contribuições anuais entre o final de
novembro e o ano novo, de acordo com um estudo realizado em 2011 pelo Charity Navigators
Holiday Giving Guide.
254 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

EQUIPES DE DOADORES “ÂNCORA”


Scott Morton, em seu livro Funding Your Ministry, usa a palavra “ânco-
ra” para descrever uma oferta mais substancial que você pode buscar como
compromisso mensal ou anual.90 Eu mesmo já experimentei fazer isso com
minha equipe de sustento: pedi a minha esposa que fizesse um relatório das
ofertas que recebemos nos últimos três anos. Eu queria saber quem tinha
dado uma oferta de 500 dólares ou mais naquele período. O resultado foi
uma grande mistura de doadores regulares, anuais e esporádicos, candida-
tos a se juntar a uma equipe que eu e minha esposa estávamos lançando:
Doadores Âncora de 2500 Dólares Anuais”.
Identifiquei quem tinha dado uma oferta de 500 dólares a 2 mil dólares
nos últimos três anos, e orei para que Deus mostrasse os cinco que eu deve-
ria convidar para dar pelo menos 2500 dólares por ano. Entrei em contato
com cada um, e eles se sentiram empolgados, até honrados, em partici-
par. Perguntei em qual mês eu deveria telefonar para lembrá-los da oferta.
Alguns dos nossos melhores candidatos a doadores âncora são aqueles que
já são regulares em sua equipe mensal, mas que também têm condições de
dar uma oferta anual expressiva.
A experiência foi tão positiva que decidimos expandi-la e identificar
mantenedores que doaram entre 2500 a 5000 dólares nos últimos três anos.
Mais uma vez orei e escolhi cinco pessoas para convidar para minha mais
nova equipe de “Doadores Âncora de 500 Dólares Anuais”. A maioria
aceitou, sentindo-se privilegiada por cumprir um papel tão importante em
nosso ministério. O que fez toda a diferença foi orar por eles e abordá-los
individualmente, com um convite para que se tornassem doadores âncora.
Você também verá a diferença, mesmo que peça ofertas anuais menores ou
maiores que as que eu pedi.
Matt Burns, diretor-geral do programa de estudos Perspectivas, usa
muito essa abordagem. Funcionando de forma semelhante ao gráfico
“Níveis de Contribuição”, ele desenha um porta-aviões em suas anotações e
pede ao potencial doador que embarque com ele para uma viagem de mo-
bilização missionária pelo mundo. O papel de copiloto ele mostra a alguém
disposto a investir 20 mil dólares por ano. Quatro lugares do avião são para
os “homens da asa”, que se comprometerão com uma oferta anual de 10
a 15 mil dólares. Os lugares do convés ele mostra para dez mantenedores
que se juntarão a ele com ofertas anuais de 3 a 5 mil dólares, e vinte lugares
para completar a “equipe de combustível”. Ele entende que compromissos
90
Scott Morton, Funding Your Ministry (NavPress, 2007).
AS TRÊS LEIS DA CONTRIBUIÇÃO 255

mensais são uma forma mais sustentável de montar uma boa equipe, mas
combina os pedidos mensais com esses pedidos anuais mais sólidos. Matt
acredita tanto no poder de conversas pessoais que já chegou a voar de
Londres a Dubai para abordar doadores âncora de destaque.
A pergunta é: o quanto você acredita nessa estratégia?
28

O banco

de Amor
Ele a conheceu numa cerimônia de casamento, e ficou interessado no mesmo ins-
tante. Foi conversar com ela, mas ela ia se mudar na semana seguinte para
um lugar a 1600 quilômetros de distância, para começar a faculdade. Pegou
seu número de telefone e a convidou para sair. Ela não aceitou o convite.
Ele continuou procurando-a e fez um novo convite. Mesma resposta. Depois
de dois anos, ela finalmente concordou em saírem juntos. Ele já tinha tudo
planejado para que fosse perfeito, não somente o primeiro encontro, mas
muitos outros. Finalmente, ele a pediu em casamento, e ela aceitou. Hoje, dez
anos depois, ele ainda lhe traz flores. Ainda planeja e prepara cada saída espe-
cial. Isso porque ele tem um lema: não prometa demais e entregue de menos.
Um lema excelente, tanto para o casamento quanto para levantar sustento.
Quando um novo mantenedor entra em sua equipe, seu banco de amor
está cheio de “pontos de amor”. Não tem como errar. Porém, se ano após
ano tudo o que você faz são saques em vez de depósitos, vai chegar a hora
em que a conta vai ficar no vermelho. Não é de admirar que aquele parceiro
saia da equipe: não sobrou nada no relacionamento! Tiramos o dinheiro
dele todo mês, mas não investimos nada de volta, em sua vida, família ou
caminhada cristã.
Um final desastroso para um começo brilhante é algo que pode aconte-
cer no casamento e em nossa equipe de sustento. Sofreremos as consequên-
cias de não exercer sabedoria e presciência, e de não dedicar tempo a man-
ter e cultivar nossos mantenedores. Mas o que estamos tentando cultivar?
258 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

Relacionamentos. Como num casamento, precisamos lembrar que é para


a vida toda. Se você tão somente valorizar e se mantiver em contato com
seus mantenedores ao longo do tempo, eles permanecerão com você até nos
piores momentos, mesmo que você mude de agência missionária. No meu
caso, ainda tenho comigo 85% dos meus mantenedores iniciais.
O segredo é continuar investindo na vida da nossa equipe de sustento.
Na última tarde de domingo, passei duas horas escrevendo um recado em li-
vros sobre viver radicalmente para Cristo, que comprei para cada marido da
nossa equipe. Enquanto isso, Carol enviava a cada esposa uma cópia do livro
Através dos Portais do Esplendor, de Elizabeth Elliott, também com uma dedi-
catória escrita à mão. Custa tempo e dinheiro, mas é algo que demonstra que
nos importamos com nossos mantenedores, e não apenas com o dinheiro deles.

POR QUE AS PESSOAS PARAM DE CONTRIBUIR


Estou pensando aqui nos “mantenedores faltosos”, aqueles que contri-
buíam regularmente, mas por algum motivo, pararam de ajudar. Olhando
os levantamentos informais que fiz ao longo dos anos, cheguei a algumas
estimativas. De cada cem doadores que caíram fora:

Quatro se mudaram ou morreram


Às vezes não ficamos sabendo quando um mantenedor foi morar em
outro lugar e parou de contribuir. Enquanto eles estão fazendo a transição
de bancos e readaptando suas finanças, nós também precisamos rastreá-los
e fazer os ajustes necessários para que eles continuem contribuindo.

Quinze decidiram que estariam mais bem servidos em outra organização


Eles não estão descontentes com você, apenas decidiram contribuir
com outro missionário. Pessoalmente, prefiro não desistir dessas pessoas.
Continuo valorizando-os e envolvendo-os no que faço, na esperança que
voltem a fazer parte da minha equipe, um dia. Uma vez membro, sempre
membro! Isso afeta a maneira como eu os vejo e trato.

Quinze estão insatisfeitos com sua organização ou agência


Daqueles cem mantenedores faltosos, quinze estão descontentes por
algum motivo. Talvez eles esperassem fazer parte da sua equipe, mas em
vez disso recebem todo mês um apelo do presidente da sua organização
pressionando-os a contribuir para diferentes projetos. Isso os cansou e os
fez querer sair.
O BANCO DE AMOR 259

Sessenta e seis acham que você não se importa mais com eles
A maioria daqueles doadores deixa de doar porque acha que você não
liga mais para eles. E a verdade é que eles podem ter razão. Que mancada!
Muitas vezes o que aconteceu foi que eles ficaram sem receber notícias por
meses. Você criou na cabeça deles uma expectativa de que a parceria seria
extremamente empolgante, com notícias constantes do campo missionário.
Acabou que as coisas não saíram bem como você havia descrito; prometer
demais e entregar de menos pode acabar com sua equipe.

QUANDO UM DOADOR FALHA


Advinha o que a maioria dos obreiros faz quando um doador regular
deixa de mandar dinheiro por dois, três, quatro meses ou mais? É difícil
dizer ao certo, mas o que a maioria faz é: absolutamente nada. Pode ser que,
por não registrarem regularmente as entradas, não perceberam que a pessoa
não doou. Ou, se perceberam, preferem não fazer nada. Esse tratamento
silencioso de apenas orar e esperar que a pessoa volte a contribuir é a pior
maneira de lidar com a situação.
O que você acha que se passa pela cabeça de um doador mensal que,
tendo contribuído financeiramente por anos, parou de doar e ficou meses
sem receber nenhuma mensagem? Ele vai deduzir que, ou você não perce-
beu, ou não se importa. Ele vai pensar que a oferta que faz é insignificante ou
desnecessária. Por isso, se você tem um doador faltoso, não evite a situação
nem negue que ela está acontecendo; com oração e tato, faça alguma coisa.
Tome a iniciativa de descobrir o que aconteceu. O que você tem a perder?
Quando um de nossos doadores mensais deixa de mandar dinheiro por
dois meses, eu telefone no começo do terceiro mês, e nunca deixo chegar no
quarto. Digo, “Olá, Douglas. Que bom que consegui falar com você. Queria
saber como vocês estão. Estava olhando minhas entradas e percebi que vo-
cês, que tem nos ajudado fielmente há tanto tempo, ficaram sem contribuir
nos últimos dois meses Fiquei preocupado: está tudo bem com vocês?”
90% das vezes eles respondem, “Puxa, sinto muito. Acabamos de nos
mudar”. Ou “Trocamos de banco”. Eu digo, “Não tem problema; fico feliz
em saber que está tudo bem. Você acha que vai conseguir retomar? O que
acha de mudar para algum sistema de transferência eletrônica automática?
A maioria dos meus mantenedores tem feito assim, parece mais fácil para
todos”. Algumas vezes, aconteceu de eu perguntar se estava tudo bem e a
resposta ser uma longa pausa, seguida de algo como, “Eu não queria contar,
mas Brooke e eu nos separamos”. Essa não. Agora a ligação não é mais uma
260 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

questão de meros 100 dólares de oferta; é uma questão de ajudar um amigo


a salvar seu casamento. A maior motivação para eu ligar para um doador
faltoso é que estou mais preocupado com ele do que com seu dinheiro.

ATITUDES ERRADAS PARA COM OS MANTENEDORES


Qual lente você está usando para ver seus parceiros de ministério?
Você está arranjando justificativas para não se comunicar nem investir ne-
les? Olhe para estas quatro desculpas e verifique se você não precisa que o
Senhor lhe ajude a corrigir sua atitude.

Não tenho tempo


Você é uma pessoa ocupada, cheia de grandes responsabilidades. Tem
compromissos com sua família, igreja e comunidade. Como você vai con-
seguir rodar todos esses pratos ao mesmo tempo em que cuida da pesada
logística de levantar sustento? Talvez você se sinta esgotado e pressionado
por viver negociando uma variedade de obrigações. Eu entendo. Porém, al-
gumas coisas na vida nós simplesmente não podemos nos dar ao luxo de não
fazer. Se o Senhor o chamou para realizar esse ministério e para levantar
sustento, essa deve ser uma de suas prioridades. Nós sempre teremos difi-
culdade com o tempo. Os dias sempre parecem curtos demais. É um desafio
equilibrar todas essas áreas com a busca de sustento, mas por favor: aprenda
a fazê-lo, e faça bem feito.

Não tenho dinheiro


Resposta errada. Lembre que quem conduz seu ministério é sua visão, e
não seu orçamento. Estabeleça qual é a vontade de Deus para sua vida e mi-
nistério e levante o sustento necessário para cumpri-la. Crie um orçamento
inicial, depois permanente, que cubra todas as suas despesas de viagens,
refeições e ligações telefônicas que você vai fazer até levantar todo seu sus-
tento. Mantenha-se dentro desse orçamento! Isso lhe dará a liberdade de
cultivar seus parceiros ministeriais mês após mês, ano após ano. Acrescente
esse controle no seu orçamento maior. Não permita que dinheiro seja o
fator determinante.

Eu não sou bom em manter contato


“Esse não é meu dom espiritual”, alguém me disse. Eu tive que dar
risada: não sabia que esse era um dom espiritual; achava que era uma deci-
são que tomamos! Quando me importo de verdade com alguém, continuo
O BANCO DE AMOR 261

tomando a iniciativa de me manter em contato. Certo? Aplique a Regra de


Ouro na busca de sustento: fazer aos outros o que você quer que lhe façam.
Vou falar a verdade: eu e minha esposa participamos do sustento mensal
de muita gente. Se tratássemos nossos mantenedores como somos tratados
por algumas pessoas que sustentamos, teríamos perdido nossa equipe há
muito tempo.

Se eles tivessem compromisso, não deixariam de contribuir


Essa é a desculpa mais ingênua. Nós não podemos esquecer as pessoas
e esperar que continuem nos sustentando. Você sabia que, só nesta semana,
seus mantenedores foram procurados por três diferentes organizações sem
fins lucrativos, das milhões que existem no país? Se não nos importarmos
com nossos mantenedores, alguém vai se importar! Essas instituições estão
prontas para seduzi-los e tomá-los de nós. Elas torcem para que sejamos
negligentes, para que possam se beneficiar da nossa lamentável atitude de
abandono e descaso.

ORE POR SEUS MANTENEDORES


Existe demonstração maior de amor pelos seus parceiros do ministério
do que coloca-los diante de Deus em oração, com suas necessidades? Isso
comunicará a eles que você realmente se importa, e Deus usará suas orações
para trabalhar na vida deles, e também para fortalecer seu vínculo espiritual.
É bem provável que você seja a única pessoa que intercede por eles regular-
mente. Quando orar:

Faça pedidos específicos


Minha esposa e eu estamos fazendo uma experiência: separamos uma
hora da semana para telefonar para os nossos mantenedores. Usamos uma
lista – ela liga para as esposas e eu para os maridos. Comunicamos três ideias,
às vezes apenas com uma simples mensagem de voz: pensamos em vocês;
somos gratos por sua amizade e parceria ministerial; mande alguns pedidos
específicos de oração para que possamos orar durante o próximo mês.
Toda a nossa equipe recebe meio dia por mês, para não fazer nada além
de orar. Intercedemos por nossas famílias, equipe, ministérios, e também
por nossos mantenedores. Quando eu e minha esposa estamos nos pre-
parando para nosso meio dia de oração, juntamos todos os pedidos que
recebemos de nossas ligações. Às vezes mandamos um e-mail aos nossos
mantenedores pouco antes do nosso tempo de oração, para coletar pedidos
262 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

mais específicos. Oramos em voz alta citando-os pelo nome, e enviamos


uma mensagem dizendo que acabamos de levar os pedidos deles a Deus,
em oração. Isso nos faz sentir uma ligação mais íntima com aqueles que nos
sustentam, e creio que seja algo mútuo.

Ore por paixão, visão e por contribuições generosas


Paulo ora para que os olhos do coração dos efésios sejam iluminados.
Peça a Deus que abra a mente dos doadores e mude sua perspectiva, para
que possam ver e sentir com clareza como Deus está trabalhando no seu
ministério e por meio dele. Peça ao Senhor que dê a cada um dos seus man-
tenedores a paixão por se envolver de forma prática no ministério com pes-
soas. Peça ao Senhor que faça as empresas deles prosperar, para que possam
doar mais para a obra de Deus. Meus parceiros ministeriais sempre pedem
que eu ore por reuniões específicas ou possíveis negócios e transações que
venham a fazer a companhia se desenvolver e aumentar significativamente
seus lucros. Acrescento esses pedidos à minha lista de oração, e oro de for-
ma específica.

MANTENHA SUA EQUIPE SAUDÁVEL E VIBRANTE


Como você mantém sua equipe de sustento saudável e crescendo, por
bastante tempo? Como você cria “fãs animados” em seus mantenedores?
Duas dicas: a primeira envolve a mente, e a segunda, o coração.
Mantenha registros detalhados
Eu uso um software para acompanhar todos os meus mantenedores,
de modo que sei quem está contribuindo anualmente, mensalmente, es-
poradicamente, ou só quando solicitado. Todo ano eu registro os inves-
tidores do nosso ministério, do maior ao menor. Aprendi da pior forma
que não devo tratar todos da mesma maneira. Às vezes, a necessidade de
comunicação aumenta conforme aumenta o investimento. A pessoa que
doa 400 dólares por mês tem mais interesse em saber que seu investi-
mento está valendo a pena do que quem manda apenas 25 dólares. Para
poder ter todas as informações sobre novos mantenedores, envio a eles
por e-mail um formulário para que preencham e mandem de volta. Esse
formulário inclui aniversário de casamento e de cada membro da famí-
lia, nome dos filhos, informações de contato, de qual igreja fazem parte,
quais são suas principais atividades e pedidos de oração. Colocamos os
formulários dentro de um caderno e intercedemos por eles em nosso
meio dia de oração.
O BANCO DE AMOR 263

Cultive um coração grato


Lucas 17 descreve três leprosos que foram purificados por Jesus.
Você lembra quantos voltaram para dizer obrigado àquele que os curou?
Somente um. Incrível! Gosto de pensar que eu seria aquele que voltaria
para demonstrar gratidão, mas é difícil conhecer nosso coração. Precisamos
aprender a ser consistentes em dizer “obrigado”. Já vimos colegas de equipe
perder seus mantenedores e até deixar o ministério, só porque não eram
capazes de agradecer com sinceridade a seus mantenedores, pelo apoio ge-
neroso que recebiam.

Se não somos gratos a nossos mantenedores, provavelmente não somos gratos


a Deus.
Todos nós temos uma necessidade básica de reconhecimento, inclusive
nossos mantenedores. O escritor John Maxwell concorda, “Encorajamento
é como oxigênio para a alma”.91 Um pouco de reconhecimento gera muitos
resultados benéficos, e é por isso que eu exorto todos que levantam sustento
a “agradecer antes de receber”. Estabeleça a disciplina de, sempre que re-
ceber uma oferta ou aumento especial, entre em contato nas próximas 48
horas. Na verdade, eu faço isso nos próximos trinta segundos após descobrir
a oferta, para aproveitar esses lampejos de gratidão. Eles rendem ligações
leves e descontraídas.
Posso contar o que a maioria dos obreiros faz quando recebem uma
oferta ou aumento especial? Nada. Inacreditável! Não fazer nada é a pior
coisa que você pode fazer. O que você acha que se passa pela cabeça da
pessoa que envia uma oferta nova ou especial, mas não recebe nenhum sinal
de você por semanas? Cerca de um ano atrás, mandamos 500 dólares a um
obreiro a quem nunca déramos nada, mas sabíamos que estava precisando
de sustento. Embora nos falemos com certa frequência, ele nunca mencio-
nou a oferta. Será que recebeu? Será que fez diferença? Não tem como eu
saber, mas também não posso deixar de pensar que é por isso que ele está
precisando de sustento: ele não consegue parar para expressar gratidão um
só momento! Ele vai continuar com dificuldades financeiras, pois aquela
primeira oferta vai acabar se tornando a única!
Se você escolher o caminho menos trilhado – cuidar de verdade das
pessoas preciosas que o Senhor lhe presenteou –, descobrirá que elas tam-
bém tomarão uma decisão: acompanhar você pela vida toda. Deus está
91
John Maxwell, Failing Forward (Nashville: Thomas Nelson, 2007), p. 1.
264 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

levantando parceiros que invistam em você. Você precisa ser grato, a Deus
e a eles.
29

Linhas de

Comunicação
Eu recebi. Duas vezes por semana, vinham os e-mails. Nós os estávamos susten-
tando como plantadores de igrejas, mas eu comecei a me perguntar se eles
estavam realizando algum ministério de verdade. Seus constantes e-mails
vinham recheados de notícias e fotos das atividades dos filhos, suas ex-
cursões de final de semana em família e os altos e baixos emocionais de
adotarem uma criança nativa. Aquilo estava nos cansando. Eu queria que
soubessem que nós nos interessávamos e orávamos por eles, mas não tinha
coragem de dizer, “Mandem menos e-mails, mas falem mais sobre seu mi-
nistério”. Comunicar é importante, mas comunicar bem é ainda melhor!

COMPROMETA-SE A SE COMUNICAR COM REGULARIDADE


Quando nós realmente nos importamos com aqueles que se sacrificam
para que possamos ministrar, fazemos de tudo para manter contato. Alguns
ministérios até pedem que seus obreiros se comuniquem de alguma forma
com seus mantenedores, todo mês. Pode ser uma carta circular, uma ligação,
um cartão-postal ou qualquer outro meio, encorajo você a falar com seus
mantenedores pelo menos de dois em dois meses. Os benefícios são:

MAIOR PRESTAÇÃO DE CONTAS E LEALDADE


Você tem menos chance de dormir até mais tarde na segunda-feira
e passar a tarde vendo TV quando é obrigado a prestar algum relatório
266 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

dos frutos do seu ministério a seus mantenedores. Saiba que muitos deles
levantam às seis da manhã e trabalham de quarenta a sessenta horas por
semana, para ganhar o dinheiro que enviam todo mês. Pensar nisso deveria
produzir em nós uma ética de trabalho bem consistente! Cada contato que
você faz com seus mantenedores os prende mais forte em você. Onde esti-
ver o seu tesouro, estará o seu coração, e cada vez que você se empenha em
falar com seus mantenedores, estreita o vínculo que há entre vocês, constrói
uma relação de lealdade e cria um laço duradouro de fidelidade.

PRAZER EM SEUS MANTENEDORES


Decida agora mesmo que você vai gostar dos seus parceiros de minis-
tério. Deus nos deu a ordem de amar uns aos outros, não de gostar. Faça o
propósito de não os encarar como um mal necessário. Você vai abraçá-los,
não apenas tolerá-los, na escolha de ter prazer neles. Este é o maior elogio
que você pode fazer a alguém: mostrar que gosta de estar com eles. Você
não está mantendo contato com seus parceiros de ministério porque pre-
cisa, mas porque quer. Peça que o Senhor transforme seu coração, se pas-
sar tempo com seus mantenedores não é algo que o atrai naturalmente.92
Eu e minha família sempre moramos perto
“Nós, cristãos, precisamos do campus para que pudéssemos ministrar aos
estar mais envolvidos em alunos e tê-los morando conosco. Atualmente,
dar e receber do que em nossa casa fica na esquina do estádio. Em dia
comprar e vender!”92 de jogo, transformamos nosso jardim num es-
Betty Barnett e Earl Pitts, tacionamento. Na nossa rua, torcedores pagam
treinadores da JOCUM de 30 a 125 dólares por vaga! Se tivéssemos
lugar para sessenta carros, provavelmente fa-
ríamos 2 mil dólares por jogo. Mas Carol e eu decidimos que valeria a
pena abrir mão de lucrar com estacionamento para, em vez disso, apreciar
a companhia dos nossos mantenedores. Estamos tentando ver o quadro
maior, crendo que Deus vai honrar quem coloca amizade e hospitalidade
acima de ganhos de curto prazo.
Por mais que você queira, nem todo mantenedor vai se tornar seu
melhor amigo ou sair de férias junto com a sua família. Por mais que você
tente estabelecer um vínculo, pode ser que eles só queiram enviar dinheiro
para sua causa, sem se envolver pessoalmente. Algumas pessoas se ressen-
tem com isso, mas precisamos deixar que o doador defina qual será o re-
lacionamento. Continue a procurá-los e valorizá-los, mas não force nada.
92
Betty Barnett, Friend Raising, (YWAM Publishing, 2002).
LINHAS DE COMUNICAÇÃO 267

RECEBENDO NA EQUIPE
O que você faz quando alguém se torna mantenedor? Tenha um plano.
Aliste todos os passos necessários para mostrar ao novo mantenedor quais
são as opções de oferta, como começar a doar, como funcionam os reci-
bos, enfim, responda toda e qualquer pergunta. Você vai querer ter todas
as informações deles, para começar a entrar em contato. Como já mencio-
nei, você pode conseguir esses dados dando-lhes algum tipo de ficha para
preencher. Mande logo um bilhete de gratidão. Por que não fazer algo es-
pecial, que comunique como você está animado e agradecido por tê-los na
sua equipe? Se houver um livro ou CD do qual você gosta, e que pode servir
de encorajamento, envie para eles, com um cartão escrito à mão. Faça uma
tempestade cerebral de maneiras criativas de fazê-los sentirem-se parte do
seu ministério.

COMPROMETA-SE A COMUNICAR BEM


Quando for planejar os métodos que usará para se comunicar regular-
mente com seus mantenedores, não volte ao erro de se deixar levar pelo seu
orçamento. Não fique pensando quanto custa enviar uma carta ou presente.
Decida que você será conduzido por sua visão: pergunte o que você pode
fazer para ser mais eficaz em alcançar seus parceiros ministeriais. Use todas
estas possibilidades:

ABORDAGEM PESSOAL
Aproveite qualquer oportunidade que tiver de estar pessoalmente com
cada um de seus mantenedores. Marque pelo menos uma refeição ou lanche
por semana com diferentes doadores. Não planeje nada – preocupe-se ape-
nas em estar com a pessoa e colocar a conversa em dia. Ao final do ano, você
terá se conectado com cinquenta e dois parceiros de ministério. Fazendo
isso, prometo que seus mantenedores vão começar a se enxergar não apenas
como doadores, mas amigos. Quando você viajar para os lugares onde eles
moram, não se esqueça de ligar marcando um encontro. A maioria deles
nunca teve a experiência de ter um missionário procurando-os para con-
versar. Não fique surpreso se seu convite os deixar surpresos! Observação:
se você está ministrando em outro continente ou se seus mantenedores
moram muito longe, por que não agendar conversas de quinze minutos
pela Internet, com um mantenedor por semana, a fim de fazer contato e
atualizá-los sobre seu ministério?
268 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

NO CONTEXTO DE PEQUENOS GRUPOS


Nós já viajamos para outras cidades e planejamos uma pequena recep-
ção informal na casa de um de nossos mantenedores. Ligamos antecipada-
mente para confirmar quem participaria. Já organizamos uma reunião de
final de semana num parque da cidade, onde os adultos podiam conversar
enquanto as crianças brincavam. Outros montam com sucesso outros ti-
pos de eventos, como pequenas refeições ou banquetes, onde podem fazer
uma apresentação mais formal do ministério. Programas como esses podem
oferecer o local ideal para um atual doador levar um amigo, apresentá-lo a
você, e com isso introduzi-lo a uma subsequente ligação e conversa sobre
sustento.

RECADO ESCRITO À MÃO


Eu estava pensando muito em determinado executivo, e por isso man-
dei-lhe um cartão-postal, dizendo que estava orando por ele. Dias depois,
recebo um cheque de 5 mil dólares. Logicamente, escrevi de novo para
agradecer. Ele disse, “Coloquei seu cartão no meu espelho do banheiro, para
lembrar toda manhã que alguém está orando por mim”. Um simples cartão-
-postal representou tanta coisa para aquele próspero executivo, acostumado
com todas as pompas do sucesso financeiro? Vivemos num mundo solitário.
Por isso, eu o encorajo a estar sempre em contato com os mantenedores da
sua equipe. Você verá que vale a pena.

TELEFONE, E-MAIL, MENSAGEM DE TEXTO


Com tantas outras urgências na vida, comunicar-se regularmente com
seus mantenedores requer compromisso. Quando estou em viagem, em vez
de ouvir música, aproveito o tempo para ligar para uma lista de mante-
nedores. Nesse tempo, consigo fazer até trinta ligações breves ou mandar
mensagens de voz. É tão fácil dizer, apenas, “Greg! Estou dirigindo, agora, e
pensei em você e na sua família. Quero que saiba que somos gratos por sua
amizade, e por ser nosso parceiro ministerial. Para nós, isso é muito impor-
tante e encorajador. Quando desligar, vou orar por todos vocês. Mais uma
vez, obrigado!” Viu só? Levou trinta segundos! É provável que essa vai ser a
única vez que eles vão receber uma mensagem dessas de algum missionário
que sustentam. Como ficarão motivados!
Use um serviço de e-mail para criar um modelo de carta personalizada,
com links, fotos e vídeos. Prefira um que lhe permita saber quem abriu
aquela correspondência. A cada seis meses, eu imprimo uma lista de todos
que têm aberto meus e-mails e circulo as pessoas que eu nunca procurei por
LINHAS DE COMUNICAÇÃO 269

sustento. Isso sempre me deixa com uma boa lista de novos nomes para os
quais telefonar!
Sempre me pego mandando mensagens de texto a meus mantenedores,
pedindo que orem por uma conversa evangelística que estou para ter com
um universitário, uma reunião na qual vou falar, ou pedindo que eles man-
dem seus pedidos. Às vezes, minhas mensagens são a continuação de uma
conversa sobre um filho deles que está doente. E a lista continua. É algo
fácil, rápido e geralmente mais fácil de se responder do que uma ligação
telefônica.

MÍDIA SOCIAL
Onde ela vai parar? Aonde estamos indo com
“Se você não está
toda essa tecnologia? Como acompanhá-la sem engajado em mídias
ser atropelado por esse trem descarrilado? Se você sociais, você não é um
acha difícil acompanhar todas as novas opções de comunicador; cada
mídia social que surgem a cada dia, saiba que você indivíduo tem uma
marca online.” 94
não está só. Pesquisas da Netpop Research revelam
que 82% de todos os usuários de mídias sociais são Marcus Messner,
professor de
pessoas de dezoito a quarenta e dois anos.93 Você
Jornalismo na Virginia
também tem abraçado esse “tsunami”? Estas são Commonwealth
algumas dicas do que fazer e do que não fazer na University)
sua busca por sustento.94

Faça: Explore as diferentes opções.


Faça muitas perguntas, experimente algumas coisas. Veja o que funcio-
na para você.

Não faça: Não pense que as mídias sociais são o segredo para um sus-
tento completo.
Elas podem ser muito boas para um primeiro contato ou para manter
alguém informado sobre sua vida e ministério, mas para quem está cons-
truindo uma equipe de sustento de longo prazo, nada substitui o pedido
face a face. Em nossa era de alta tecnologia, há ocasiões em que precisamos
insistir em ser “alto contato”. Adote a abordagem pessoal.
93
Mais informações em NetPopResearch.com.
94
Steve Shadrach “Do’s and Don’ts of Using Social Media in Support Raising” Support
Raising Solutions Newsletter ( June 2011): http://www.supportraisingsolutions.org/newsletter/
itemid/1632/moduleid/
270 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

Faça: Use mídias sociais para projetos de curto prazo.


Existe espaço para você colocar aquele botão “Faça sua Doação” numa
página da Internet. Rápido e fácil, esse pode ser o meio de você conseguir
aquelas doações menores que o farão passar o valor de 3.250 dólares do qual
você precisa para chegar àqueles órfãos no Haiti.

Não faça: Não abuse dos seus mantenedores com excesso de comunicação.
Você pode cansar seus parceiros de ministério se mandar muitas men-
sagens, e-mails, links, vídeos e blogs. Comece a desenvolver uma estratégia
de mídias sociais, mas não deixe que ela se transforme em um circo!

Faça: Use mídias sociais em seus encontros individuais para buscar


sustento.
Em vez de desperdiçar dez minutos num lengalenga sobre como seu mi-
nistério é especial, mostre um vídeo de alguém que teve a vida transformada
pelo evangelho. Ou clique na página social do seu ministério, para mostrar
postagens de casais que foram restaurados. Vivemos num mundo bastante
visual e narrativo; se você puder mostrar, em vez de apenas contar, qual tipo
de retorno eterno as pessoas receberão, elas vão fazer de tudo para entrar em
sua equipe.

Não faça: Não faça nenhuma postagem tola nas mídias sociais.
Se você usar as redes sociais para reclamar da vida, fazer comentários
políticos, postar fotos das férias, saiba que todos os seus mantenedores po-
derão ver. Não poste nada que possa ser pedra de tropeço e manchar sua
credibilidade.

DIAS E OFERTAS ESPECIAIS


Lembre-se de datas como aniversários, inclusive de casamento. Quanto
mais envelhecemos, menos as pessoas lembram de nossas datas especiais.
Por isso, levo sempre comigo minha lista de datas importantes, e não fico
uma semana sem telefonar, mandar uma mensagem, um e-mail ou um car-
tão de aniversário a vários mantenedores. Você também deve se importar
a ponto de se lembrar das datas especiais dos seus mantenedores. Não se
esqueça também dos filhos. Quando demonstramos interesse pelos filhos
de alguém, a pessoa jamais esquece.
LINHAS DE COMUNICAÇÃO 271

Eu e minha esposa temos nos desenvolvido na arte de fazer balas de


caramelo. São deliciosas! Anos atrás, começamos a mandar caramelos para
nossos mantenedores, no Natal: cento e cinquenta caixas todo dia 1 de de-
zembro. Carol fica no fogão, apurando e dando instruções, enquanto o res-
tante de nós corta, embala, anexa recados e fotos e corre para a agência de
correios. Requer bastante tempo, energia e dinheiro, mas vale muito a pena.
Certo mantenedor, que nos ajuda com mil dólares todo ano, comentou,
“Você sabe por que eu mando mil dólares todo ano, não sabe?” “Não, por
quê?” “Por causa dos caramelos!”, ele falou. Dei risada e respondi, “Nós ain-
da mandaríamos o doce, se você não mandasse a oferta”. “Sim, eu sei”, ele
respondeu. “Mesmo assim eu mando, só para ter certeza!” É claro que ele
estava brincando, mas o simples enviar um presentinho é uma demonstra-
ção tangível de nosso amor e consideração por ele e sua esposa. Gastamos
dinheiro com os ingredientes e envios, mas só aquela oferta de mil dólares
paga quase tudo.

CARTAS CIRCULARES
Seus mantenedores querem receber notícias. Se você estabelecer pa-
drões saudáveis de comunicação com eles, será como “água fresca para a
garganta sedenta”, de acordo com Provérbios 25.25. Alguns dos seus par-
ceiros ministeriais guardarão cada carta que você enviar com notícias. Quer
sua prática seja enviar cópias de papel, quer envie e-mails, veja o que outras
pessoas estão fazendo e imite o que houver de melhor. Por ora, vamos pen-
sar nos pontos fracos e fortes de cartas circulares. Inclua qualquer um dos
elementos abaixo e assine seu próprio atestado de óbito.

Sinal de socorro
Mensagens do tipo “Se você não nos ajudar, nós vamos falir!”, podem
dar certo uma vez, mas na segunda vai levantar sérias dúvidas sobre sua
capacidade de levantar sustento e cuidar das suas finanças. Nunca faça isso.

Levantar sustento por meio de indiretas


Em vez de convidar pessoalmente as pessoas a entrar em sua equipe de
sustento, você insere algumas dicas sutis em seus pedidos de oração, na es-
perança que funcionem como uma mensagem subliminar que desperta nas
pessoas o desejo intenso de mandar dinheiro! Pior ainda é enviar envelopes,
para fazer o seu trabalho de pedir. Nesse sentido, o fim da picada é mandar
um envelope selado, na tentativa de arrancar uma oferta de culpa.
272 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

Todas as notícias da família


Por mais que você esteja empolgado com o desempenho esportivo dos
seus filhos, seus mantenedores não estão investindo em você porque que-
rem esse tipo de informação. Periodicamente, fale algo sobre a família em
suas cartas, mas foque seu progresso ministerial e a transformação de vidas.

Palavras demais
Uma carta composta apenas de texto cansa os mantenedores e não terá
muitos leitores, se não tiver também alguma foto, legenda, gráfico ou espaço
em branco.

Choramingos
Mandar fotos da sua perua velha, compartilhar que seus filhos ganha-
ram roupas usadas dos vizinhos, ou explicar que ficaram sem plano de saúde
nos faz parecer mendigos e diminui a honra do nosso chamado ministerial.
Esses são os principais exemplos que uso do que não fazer em cartas
circulares. Se, porém, sua intenção é tornar seus mantenedores em “fãs ani-
mados”, o caminho é:

Peça permissão
Pergunte se eles gostariam de receber uma correspondência periódica;
assim eles não a considerarão lixo eletrônico. Isso também pode abrir portas
com aqueles que ainda não são mantenedores.

Persevere num padrão de excelência


Uma carta bem escrita e elaborada fala muito sobre nós e sobre o mi-
nistério que desenvolvemos. Esse é um dos motivos para contarmos sempre
com um revisor capacitado e exigente. Não seja mesquinho: uma carta im-
pressa em cores aumenta em 60% o público leitor. Vale a pena.

Fale da sua visão


Certifique-se de que os títulos, fotos, relatos e pedidos de oração te-
nham como foco sua visão ministerial. Mesmo quando falo da família, ten-
to destacar o ministério dos meus filhos, e não suas notas na escola. Quero
que as pessoas entendam que estamos nessa como família, e que elas estão
recebendo sete pelo preço de um com seu investimento mensal.

Destaque relatos de vidas transformadas


LINHAS DE COMUNICAÇÃO 273

Cada carta circular deveria incluir uma foto e relato de alguém que foi
impactado pelo evangelho, mas não precisa ser sempre alguém que você
levou a Cristo. Basta ser alguém que você impactou. Seus mantenedores
estão fazendo investimentos espirituais, e querem ver os dividendos. Gosto
de mostrar esse tipo de carta a minha família, para despertar visão e paixão
no coração dos meus filhos.

Simplifique
Nivele por baixo: presuma que seus mantenedores não sabem nada do
seu ministério, e que é a primeira vez que eles leem a respeito. Não os con-
funda nem tente impressionar usando jargão evangélico, acrônimos ou o
tipo de linguagem interna que só seus colegas de trabalho entendem.

OUTROS ITENS ESSENCIAIS EM CIRCULARES


Decida a frequência
Seus mantenedores precisam ouvir de você
pelo menos a cada dois meses; mensalmente, de- O propósito de
cartas circulares é
pendendo da organização. Muitos missionários,
compartilhar sua
quando estão na fase de levantar sustento, mandam visão e transformar a
apenas e-mails, mas isso não é bom. E-mails po- vida das pessoas.
dem ser filtrados como spam. Endereços de e-mail
mudam o tempo todo. Pense também em como sua própria caixa de e-mail
vive cheia. Muito daquilo que você recebe, você nem abre, muito menos lê.
Comprometa-se a compor pelo menos três circulares impressas por ano,
e preencha os espaços com e-mails de notícias. Atualizações em mídias
sociais podem ser recursos adicionais, mas não substitutos. Manter-se no
radar das pessoas significa uma chance maior de elas continuarem orando
e investindo.

Mapeie os temas
Por que não planejar, com um ano de antecedência, uma agenda
de temas para você seguir? Assim você não tem que ficar quebrando a
cabeça, todo mês, sobre o que vai escrever para mandar em três dias! No
ano passado, entrevistei, a cada mês, uma pessoa que foi impactada pelo
nosso ministério. Enviei sua história e foto num e-mail mensal chama-
do Uma Única Vida para Entregar. A reação das pessoas foi muito boa,
pois elas puderam ver claramente o retorno sobre investimento para
suas doações.
274 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

Misture ingredientes de qualidade


Não comece dizendo “Faremos três reuniões de estudo bíblico no pró-
ximo trimestre”. Escreva com empolgação e suspense, para prender as pes-
soas: “Enquanto andava pelo terceiro andar, o cheiro de pizza de pepperoni
pairava no ar, saindo do quarto 338. Fui abrindo a porta e enfiando o meu
nariz, quando…” Puxa, aonde você vai com essa história? Escreva de modo
a deixar as pessoas ansiosas para receber novidades e lê-las a cada mês.
Transmita em forma de história, não apenas informações emboloradas.

Um recado à equipe da administração e bastidores


O fruto que o Senhor levanta por meio do seu ministério é também
o seu fruto. Nunca ceda à ideia de que você não tem boas notícias para
compartilhar com seus mantenedores. Sim, pode ter sido um missionário
no campo quem realmente resgatou um grupo de órfãos em Zâmbia. Mas
quem orou foi você. Foi você quem correu atrás de toda a papelada para
trazê-los para a equipe e orientá-los. Foi você quem ajudou a projetar o
material que os ajudou a levantar sustento, e quem planejou a viagem deles
para a África. É você quem fornece a comunicação e as ferramentas sema-
nais de que precisam para permanecer no campo missionário e continuar
resgatando órfãos. Você é tão essencial para o ministério como um todo
naquele país como a equipe que está lá.
Portanto, colete relatos de pessoas transformadas pelo ministério da
sua equipe, e use-as em suas cartas circulares. Não se concentre em notícias
do escritório ou nos detalhes do seu trabalho. Em vez disso, publique fotos
e testemunhos de como Cristo está impactando a vida das pessoas. Mostre
a seus mantenedores a maneira incrível como o investimento deles está se
multiplicando, o Reino está avançando e Deus está sendo glorificado.
Você aceita o compromisso de se importar de fato com seus mantene-
dores? Agora que você os ganhou para sua equipe de sustento, mantenha-os,
comunicando-se regularmente e comunicando-se bem. Você fortalecerá
seu vínculo; eles, por sua vez, se apegarão a você e permanecerão na sua
equipe, pela vida toda!
30

Floresça!
Eu me lembro do dia em que minha perspectiva mudou. E o responsável foi
Scott. Ele entrou para minha equipe de sustento com 100 dólares mensais.
Tudo estava indo muito bem, até que ele perdeu seu emprego numa cor-
retora e teve que começar de novo em outra. Nesse meio-tempo, ele pediu
para me ver. Enquanto dirigia até o local do encontro, eu me preparava para
ouvir que ele deixaria de ajudar.
Assim que nos sentamos, ele falou, “Eu tenho sido seu mantenedor há
mas de dois anos, e você nunca pediu que eu aumentasse a contribuição.
Nunca. Por quê?” Eu fiquei chocado. Não sabia o que responder. Comecei
a gaguejar, tentando sair com uma resposta. Por fim, ele quebrou o silêncio
e disse, enfático: “Então, peça!”
Nervoso, respondi, “O que você acha de, talvez, bem, aumentar sua
oferta atual?”
“Quanto você quer que eu aumente?”, ele falou alto.
“Ah, sim, bem.” Eu travei, e depois falei, timidamente, “Que tal, talvez,
o que você acha, subir de 100 para 200 dólares?”
“Ok, quando você quer que eu comece?”, ele disparou.
“Pode ser este mês?”
Pensei que ele tinha terminado de me fritar, mas continuou, “Me fale:
no ano que passou, para quem mais você pediu um aumento de sustento?”
“No-no último ano?” Falei devagar, para ganhar tempo. “Bem, eu andei
bem ocupado no último ano. Deixe-me ver…” Estava na cara que eu não
conseguia pensar em ninguém. Ele me fez prometer que entraria em con-
tato com pelo menos dois mantenedores por mês, nos próximos seis meses,
a quem pediria um aumento.
276 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

Comecei a telefonar para vários parceiros de ministério a quem eu nunca


pedi um aumento – eles me ajudavam com o mesmo valor por anos. Depois
de contar como eu estava, falei: “Sabe, você faz parte da minha equipe de
sustento desde sempre, contribuindo fielmente com 75 dólares, sem falhar.
O problema é que, em todos esses anos, eu nunca pedi um aumento, nem
uma vez. Por isso, estava pensando o que você acha de aumentar a oferta?”
Cada um deles reagiu com uma gargalhada. “É claro que sim! Eu só
não aumentei porque achei que você não precisava,
Você erra 100%
afinal, você nunca pediu!” Em cada uma daquelas
das tentativas que
nunca faz. Em outras
conversas, o Senhor estava de novo tentando fazer
palavras: a resposta é entrar na minha cabeça e coração: “Não temos…
sempre não… até você porque não pedimos”. Parece que eu tenho que rea-
pedir! prender a lição a cada vez.

BENEFÍCIOS DE SE PEDIR UM AUMENTO


Além de acrescer sua entrada, há outras vantagens significativas em
valorizar seus mantenedores a ponto de aumentarem a doação. Geralmente,
nós não pedimos porque achamos que é ingratidão ou pretensão pedir mais.
Quando pensamos assim, projetamos esses sentimentos negativos sobre
nossos doadores. Donna Wilson, da InterVarsity, concorda: “Nosso maior
receio em pedir um aumento é sermos acusados de ingratidão, mas eu creio
que um pedido de atualização ou aumento é uma proposta que não tem
como dar errado”.95 Todos nós precisamos melhorar nessa área tão crítica.
Pense nos benefícios de fazer um “upgrade” nos seus mantenedores:96

Você tem outra oportunidade de estar com eles.


Qualquer contato que você tenha com seus mantenedores pode melho-
rar seu relacionamento e conexão.

Você pode agradecer.


Você os está visitando para pedir um aumento, mas vai querer saturar
toda a conversa com muita gratidão pelo apoio que já recebe deles. Criar ou-
tra oportunidade de expressar essa gratidão não tem como ser ruim, certo?

Donna Wilson, diretora-assistente para o desenvolvimento da InterVarsity, citando Shannon


95

Marion, Diretor Nacional de Campo da IVCF.


96
Esta lista de benefícios foi extraída principalmente de Donna Wilson e do material de trei-
namento que ela usa para a equipe de IVCF. Essa excelente treinadora tem dois artigos na seção
Apêndices deste livro.
LINHAS DE COMUNICAÇÃO 277

Você os educa.
Pedir um sustento adicional informa que nossas necessidades aumen-
tam com o tempo. Isso é lógico e faz todo o sentido, mas é algo que nunca
passa pela cabeça das pessoas! Muitas delas recebem aumento na própria
folha de pagamento; depois, quando vão dar o dízimo, aumentam o valor
que já dão ou procuram novas oportunidades de doar. Faz sentido para os
doadores que o seu orçamento pessoal também aumente com o custo de
vida, assim como aumentam seus planos e orçamento ministerial.

Você os prepara para contribuições futuras.


Um pedido de aumento pode ser uma transação positiva, mesmo quan-
do o doador declina. Geralmente, não é o caso de ele não querer dar; qua-
se todos aumentariam a oferta, se sentissem que têm condições para isso.
Agora que você os abordou para pedir um aumento no sustento, seu pedido
entra na sua lista mental de futuras necessidades a financiar. Já tive par-
ceiros de ministério que declinaram o aumento apenas para fazê-lo algum
tempo depois, sem ser solicitados. Uma vez que eu já tinha tirado um tem-
po para compartilhar a oportunidade, eles aumentaram quando puderam.
O que tenho observado ao longo dos anos é que a maioria dos doadores
só vai aumentar o sustento quando alguém pedir. Em sua vida ocupada, essa
necessidade nunca lhes ocorre, até que eu ou você entre no mundo deles e
lhes mostre essa realidade.

A CHAVE PARA AUMENTOS É UMA BOA MANUTENÇÃO


Pode haver mantenedores a quem você pode pedir um aumento de-
pois de um ano a um ano e meio de participação no seu sustento, mas eu
normalmente gosto de esperar algo perto de dois anos. Muito disso tem a
ver com seu relacionamento com eles e como você tem se comunicado e
expressado gratidão. Mantê-los informados e valorizados é o segredo para
se conseguir boas respostas ao pedir um aumento.
Se você fizer apenas o básico de mandar cartas circulares e ligar ou
escrever periodicamente para dizer “obrigado”, fará mais do que 80% dos
obreiros fazem com seus doadores. A maioria das organizações e pessoas
agradece de forma impessoal, ou nem agradece. Recados de gratidão co-
municam que você é uma pessoa grata que valoriza aquela parceria. Todo
ano, avalie cada um dos seus atuais mantenedores, considerando estas
três perguntas:
278 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

Quem poderia aumentar neste ano?


Considere candidatos todos aqueles que têm contribuído fielmente por
um ano, dois anos ou mais, mas ainda não receberam um pedido de aumen-
to. Se o relacionamento de vocês se aprofundou, ou se eles demonstraram
um interesse crescente em seu ministério, são candidatos ainda mais fortes.
Se eles participaram de algum evento que lhes permitiu ver o seu ministério
de perto, ou se a renda deles aumentou, esses são indicativos de que é hora
de “valorizá-los”.

Quanto eles podem aumentar?


Normalmente peço 50 a 100% de aumento – às vezes mais, às vezes
menos, dependendo da situação e do discernimento que o Senhor me der
no momento.

Qual a melhor abordagem?


É óbvio que a melhor coisa é uma conversa pessoal. Em segundo lu-
gar, vem uma ligação telefônica, com ou sem uma carta ou e-mail antes.
Mandar uma carta ou e-mail sem telefonar faz mais mal do que bem. Soa
como arrogância e fala de consideração.
Além do que seus mantenedores já estão ofertando, pedir uma oferta
para um projeto especial pode ser uma maneira de levá-los a um envol-
vimento maior na obra. Pode ser que um mantenedor que não se sente
confortável em aumentar sua ajuda mensal se disponha a dar uma oferta
especial para atender uma necessidade ou projeto específico.

AS MOTIVAÇÕES SÃO UM FATOR CRUCIAL


Assim como o pedido inicial, o pedido de aumento não deve ser moti-
vado pela necessidade, em primeiro lugar, mas pela visão. Carol e eu partici-
pamos de várias equipes de mantenedores mensais. Quando um obreiro me
pede um aumento, fico de olho em dois sinais:97

Fruto ministerial
A mão de Deus está sobre o ministério dessa pessoa? Ela é eficaz? Ela
é capaz de me mostrar um registro dos seus frutos? Em outras palavras,
por que eu devo investir mais no ministério de alguém que não está se
97
Estas duas perguntas, bem como o script para pedir aumento, vêm principalmente de Sean
Vollendorf, diretor de campus da Student Mobilization.
LINHAS DE COMUNICAÇÃO 279

mostrando fiel no investimento inicial? É claro que levo em consideração se


a pessoa ministra num campo que possa ser considerado “solo pedregoso”.

Pedido motivado pela visão


Só confirmo o aumento quando vejo uma nova visão ou uma reformu-
lação da grande visão original. O oposto de pedidos orientados pela visão
são os pedidos que são orientados por necessidade.

PREPARANDO O PEDIDO DE AUMENTO


Este é uma amostra do que eu diria no telefone ou por e-mail, ao mar-
car uma conversa pessoal com um mantenedor para pedir um aumento.
“Nos últimos dias, eu e Carol fizemos um levantamento do que Deus
tem feito por meio do nosso ministério de plantação de igrejas, nos últimos
três anos. É maravilhoso ver todas as pessoas que tiveram a vida tocada,
para a glória de Deus. Começamos a pensar em pessoas com quem gosta-
ríamos de entrar em contato, e nos lembramos de vocês.
Gostaria de convidar vocês para um almoço, e conversar sobre duas coi-
sas. Primeiro, quero agradecer pessoalmente e atualizá-lo sobre o tremendo
impacto que suas ofertas generosas têm causado. Esses três últimos anos
foram incríveis, e gostaria de lhe contar alguns relatos do campo. Você tem
sido tão consistente em contribuir todo mês nesses anos, uma tremenda
bênção para Carol e eu. Muito obrigado por sua fidelidade e generosidade!
Em segundo lugar, para continuar edificando sobre o ministério dos
últimos três anos, estamos expandido o nosso impacto para os próximos
três anos. Neste semestre, estou levantando uma quantia significativa de
recursos para financiar esse movimento de expansão. Ficaria honrado em
lhe oferecer uma refeição para conversarmos sobre minha visão ministerial
e alvos financeiros, e para ver o que o Senhor pode lhe mostrar. O que você
acha de um almoço na quinta ou na sexta? Tenho flexibilidade de horário
e local.”
Pedir aumento a uma igreja é bem semelhante: você só precisa entrar
em contato com o pastor ou o líder do departamento de missões da igreja –
quem quer que tome as decisões. Compartilhe com eles os frutos passados e
o que você tem em mente para o futuro… e faça seu pedido!

FOCO ANUAL NA EXPANSÃO DA EQUIPE DE SUSTENTO


Peça a seu supervisor se você pode ter uma, duas ou até três sema-
nas por ano para não fazer nada além de manter sua equipe de sustento
280 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

saudável e crescendo. Não é um tempo de férias, mas de trabalho duro!


Escolha períodos do ano em que seu ministério está em “baixa”, no sentido
de menos correria ou trabalho. Ore e planeje bem como vai usar esse tempo,
para que, durante ele, você possa:

MANTER ATUAIS MANTENEDORES


Além da tonelada de ligações telefônicas que você vai fazer para seus
mantenedores para colocar as notícias em dia, tente planejar viagens para
regiões onde há uma concentração de parceiros de ministério. Não deixe
mensagens apenas; fale pessoalmente com eles no telefone, encontre-se com
eles. Encha sua agenda de refeições e reuniões, com indivíduos e grupos.
Valorize-os, encoraje-os, mantenha-os a par da sua vida e ministério. Para
conseguir essas coisas de modo eficaz, sua equipe não pode ser grande de-
mais. Lembro-me de um cara se orgulhando de ter uma equipe de 300
mantenedores. Não há nada de que se orgulhar nisso! Como alguém pode
cuidar de verdade de uma equipe tão grande?9899

VALORIZE MANTENEDORES ESPECÍFICOS


“100% importa, pois
Planeje com antecedência. Discirna a quais
não dá para comparar doadores você vai pedir aumento, e quanto vai pe-
‘florescendo no minis- dir que aumentem. Nunca improvise. Informe que
tério’ com ‘estou me você pensou e orou sobre isso. Você pode compar-
virando’.” 99
tilhar, “Estamos pedindo que Deus supra outros
Joe Michie, diretor 1000 dólares mensais no próximo semestre, an-
criativo do Centro
tes de retomarmos o trabalho. Temos orado para
para Mobilização
Missionária
que dez dos nossos atuais parceiros se disponham
a aumentar cerca de 100 dólares em suas ofertas
mensais. Alguns poderão dar mais, outros menos. Ficaríamos honrados se
você considerasse ser um desses dez. Você estaria aberto a aumentar seu
investimento mensal em nosso ministério?”

CONVIDE NOVOS AMIGOS PARA SUA EQUIPE


Depois que você consegue seu sustento completo, parte da pressão vai
embora. Desse momento em diante, quando você se encontrar com alguém,
98
Algumas igrejas vão exigir que você preencha extensos relatórios anuais para continuar rece-
bendo sustento; outras vão pedir que você volte todo ano para participar da conferência missio-
nária; às vezes, igrejas pedem que o missionário atue como um tipo de equipe adjunta, atendendo
responsabilidades da igreja. Tenha cuidado e discernimento!
99
Retirado de discussões da equipe do Centro para Mobilização Missionária.
LINHAS DE COMUNICAÇÃO 281

pode simplesmente passar um tempo conhecendo-o, sem a necessidade de


logo marcar uma conversa sobre sustento. Nos próximos doze meses, en-
contre quantas pessoas conseguir e estabeleça o máximo de relacionamen-
tos, perguntando apenas se gostariam de receber suas cartas circulares. Não
peça nada além disso. Mantenha uma lista crescente de novos contatos.
Quando chegar a hora de chamar gente nova para sua equipe, basta você
ligar e dizer, “Shelby, na semana que vem, vou parar um pouco com meu
trabalho nas áreas pobres da cidade para convidar novos amigos para mi-
nha equipe de sustento. Foi muito bom conhecer você melhor no ano que
passou. Estava pensando se você aceitaria que eu lhe pagasse um almoço
e lhe apresentasse minha visão ministerial e meus alvos financeiros para o
ano que vem. Quem sabe se o Senhor não quer você participando do nosso
ministério, de alguma forma?”
Assim, esse tempo que você tira anualmente para se dedicar ao seu
sustento é apenas o ápice da manutenção e cultivo que você exerceu du-
rante o ano. Você orou, mandou informações, encorajou, telefonou, visitou
e escreveu para seus atuais e possíveis mantenedores nos doze meses que
passaram. Este período de uma a três semanas se torna o momento mais
natural para você pedir a amigos que entrem para sua equipe ou aumentem
sua oferta mensal ou anual. Você consegue: estabeleça seus alvos, trabalhe
duro e confie em Deus.
Neste ponto, você já conseguiu perceber que levantar sustento é um
compromisso constante, e requer um investimento consistente de tempo
semanal. Por que você não considera dar o dízimo do seu tempo a seus
mantenedores? Seus parceiros de ministério dão duro para lhe dar uma
porcentagem da sua renda; por que não tentar ser recíproco e dar a eles o
dízimo do seu tempo? Em outras palavras, ao fim de cada ano e quando a
poeira baixar, como será ter dedicado 90% do seu tempo a seu ministério
imediato, mas 10% do seu tempo total para orar por sua equipe de sustento,
comunicar-se com seus parceiros e encorajá-los?100 Será que é pedir mui-
to? Não, se você reconhece que tem agora dois rebanhos. É claro que você
precisa pastorear seu ministério pessoal, mas não se esqueça de outro gru-
po igualmente importante e necessitado: seus mantenedores. Enxergue-os
como amigos e parceiros para toda a vida.
100
No curso de um mês ou ano, quando a poeira baixar, você terá gasto cerca de 10% do seu tempo
focado em seus mantenedores, isto é, orando por eles, visitando-os, telefonando, mandando notí-
cias, etc. Por exemplo, se você trabalhou por 50 horas na última semana, poderia ter dedicado, de
alguma forma, cerca de cinco horas a seus parceiros de ministério.
282 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

DICAS FINAIS
Encontre pessoas que vão recomendar você.
Continue a avaliar todos os seus contatos para escolher qualquer pessoa
que queira realmente se colocar ao seu lado e ajudá-lo com sua equipe de
sustento. É certo que muitos dos seus doadores são líderes em suas igrejas
locais, e recomendariam você, se você pedisse. Passe para eles todas as infor-
mações de que vão precisar sobre você e seu ministério, e eles a levarão para
as pessoas e grupos certos, representando você em seus pedidos de sustento.
Pense bem se não há entre seus parceiros de ministério alguém que faça
parte do conselho de alguma instituição ou trabalhe para uma empresa que
já tenha um programa de assistência social, pelo qual todas as doações que
fizerem serão dobradas.

Olhe primeiro dentro da equipe.


O sustento adicional do qual você precisa pode estar dentro da sua
equipe de sustento. Se você ainda não completou seu sustento, ou se seu
orçamento ministerial aumentou, considere isto: quando você chegar em
85, 90 ou 95% de completar seu sustento, haverá pessoas ou igrejas que po-
derão se dispor a aumentar o compromisso mensal ou anual que já fizeram.
Eles só precisam saber quanto falta para você cruzar a linha de chegada. Em
outras palavras, pode ser que você nem precise abordar gente nova. Em vez
disso, concentre-se primeiro em identificar e pedir a certos mantenedores
que você já tem que aumentem seu investimento para que você possa logo
atender seu compromisso ministerial, plenamente suprido.
Em um de nossos seminários, Sean Vollendorf, diretor de campus da
Student Mobilization, ficou muito empolgado em pedir um aumento a seus
mantenedores. Ele foi para casa e começou imediatamente a ligar e se en-
contrar com vários deles. O resultado? Depois de uma semana, ele já tinha
conseguido mais de 1200 dólares mensais!

Peça alto no começo.


Durante seus primeiros esforços para levantar sustento, tente se manter
focado em pedir valores mais altos em seus encontros. Se a pessoa acei-
tar, glória a Deus, mas mesmo que eles não consigam atender seu pedido,
sempre se lembrarão de quanto você pediu. É comum acontecer de eles
aumentarem suas doações mais tarde, de iniciativa própria ou atendendo a
um pedido seu. À luz do seu pedido inicial, pedidos posteriores de aumento
não serão ofensivos nem chocantes, mas esperados.
LINHAS DE COMUNICAÇÃO 283

Se você já fez um bom trabalho de orar, informar e demonstrar con-


sideração a seus parceiros, a maioria deles ficará feliz quando você voltar
para pedir um aumento. Você fez investimentos regulares neles; agora eles
têm o privilégio de retribuir. É por isso que é crucial ganhar e manter seus
mantenedores. Ao longo dos anos, conforme sua vida, ministério e despesas
crescerem, você ficará agradecido por ter adotado uma estratégia consisten-
te de aumento anual. Lembre-se de que grandes visões requerem grandes
quantias em dinheiro. Peça ambos a Deus.
31

O dia

D
O ano era 1944, e Hitler e seu regime nazista ameaçavam conquistar toda a
Europa. A única esperança de pará-los parecia ser os soldados ameri-
canos e ingleses reunidos na Inglaterra na noite anterior, esperando o
sinal verde para cruzarem o canal rumo à França. As cadeias estavam
repletas de soldados desertores que tinham se recusado a lutar ou tenta-
do suicídio. O motivo? Todos sabiam muito bem que os nazistas haviam
passado dois anos fortalecendo as praias da Normandia com abrigos
protegidos por metralhadoras, minas e cercas de arame. As perdas se-
riam significativas.
Ao amanhecer, as barcas americanas que levavam os soldados se
aproximaram da praia, e as enormes rampas de carga se abriram para
deixar os homens sair e nadar até a batalha. No entanto, o que aconteceu
foi que eles foram massacrados pelos alemães. Por horas, praticamente
todos os soldados americanos caíram mortos ou paralisados de medo de
entrar na incessante linha de fogo nazista. Alguns estavam com tanto
medo que se escondiam, deitavam-se em posição fetal e choravam cha-
mando a mãe.
Por fim, um oficial já traumatizado pela guerra juntou coragem para
reunir seus soldados aterrorizados. O coronel George Taylor ficou de pé
no meio da água vermelha de sangue e gritou para sua desolada unidade:
“Homens, há só dois tipos de soldado nesta praia; os que morreram e os que
286 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

ainda vão morrer. Agora, vamos invadir essa praia!”101 Sua visão e determi-
nação reanimaram os soldados, e pelas próximas cinco horas eles subiram o
morro, passando por cima de cadáveres até abrirem uma brecha, pela qual
os Aliados puderam entrar, ganhar a batalha, e por fim a guerra. Taylor
tomou uma decisão do tipo “agora ou nunca”: ou ele tomava a ofensiva ou
esperava seus inimigos o aniquilarem. Aquela pode ter sido a hora mais
decisiva de toda a 2a Guerra Mundial.
Assim como aqueles soldados naquele junho sangrento, há gerações
atrás, temos também uma pergunta “agora ou nunca” para responder: “Vou
ficar na água, paralisado na praia, ou vou arriscar tudo para levantar e correr
para onde a batalha está acontecendo?” Deus nos concede uma breve janela
de oportunidade para fazer nossa vida valer a pena. Vamos desperdiçá-la?
Arranjaremos desculpas para não buscar diligentemente o plano de Deus
para nós, até cumpri-lo? Ou deixaremos que o medo, a distração ou a apatia
nos roubem a vitória?
Se você quiser realmente cumprir o chamado de Deus para sua vida,
precisará lutar com essas perguntas até achar a resposta. Não dê meia-volta.
Você não vai se arrepender de ter seguido em frente. Hoje é seu Dia
D, o momento mais decisivo da sua vida.

CORRA PARA A BATALHA


Você e eu temos um inimigo invisível determinado a nos destruir, um
milhão de vezes mais diabólico que Hitler. Satanás fará de tudo para distrair,
interromper, ou acabar de uma vez conosco. Você é um seguidor de Cristo
e um oficial em tempo integral no exército de Deus. Sua presente respon-
sabilidade é juntar os recursos necessários para entrar na guerra. Você en-
frentará todo tipo de obstáculo. Satanás ficará sabendo das suas intenções.
Seu objetivo é edificar o reino de Deus. Por você estar decidindo mobilizar
pessoas, orações e recursos, todo o inferno vai se rebelar. O inimigo virá
contra você como nunca fez até agora. De fato, agora mesmo, “O Diabo, o
inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem
possa devorar” (1Pe 5.8).
Ao avançar em suas atividades diárias de buscar sustento, verá que
nem sempre a vontade de Deus é o caminho mais fácil e tranquilo. Na
verdade, pode ser o contrário. Se uma porta se fechar, não se afaste dela

Steve Shadrach, “Evangelism: The Cutting Edge of Your Ministry” Campus Ministry
101

Blog (February 2012), www.campusministrytoolbox.org/campus-ministry-blog/


evangelism-the-cutting-edge-of-your-ministry/.
O DIA D 287

educadamente, presumindo que “foi Deus quem fechou”. Não, em nome de


Jesus você precisa insistir, irrompendo obstáculos e sabendo que temos um
inimigo que se opõe a cada passo!

LEMBRE-SE DO DIAGRAMA “O PEDIDO DIVINO”


Tenha em mente o diagrama e os diferentes papéis nele representados.
Revise e se apegue às verdades bíblicas que ele comunica. Quando estiver
em dúvida, lembre-se que você não está simplesmente pedindo dinheiro
a homens. Não, você está pedindo ao próprio Deus que vá à sua frente
e direcione mente, coração e finanças do seu potencial mantenedor. Seu
apelo face a face não é um pedido horizontal, mas vertical. Entenda que,
quando você abre a boca para falar, está apenas convidando alguém para
investir na obra de Deus, por meio
de você. Ao mesmo tempo em que
você espera de Deus a sua provi- Deus
são, também encoraja seu amigo a
pedir a Deus que lhe mostre quais Pede
pergunta
onde
devem ser seus alvos de contribui- provisão
investir
ção. Nosso diagrama, devidamente
entendido e aplicado, é uma expe-
riência poderosa para as três pes- possível
soas envolvidas. E pode se tornar Obreiro Convida a invistir mantenedor
um belo triângulo de confiança.

O PODER DA ESCOLHA
Levantar sustento requer que você sempre opere na sua “zona de des-
conforto”. E isso é bom para você. Se não escolher levantar sustento, nunca
experimentará a alegria plena e as bênçãos de ter uma equipe de mantene-
dores. Você precisa trocar o “eu deveria” pelo “eu quero”, a fim de descobrir
o que Deus tem para quem decide fazer seu ministério dependendo do
sustento de outros. Já aprendemos em 1Coríntios 9.14 que essa é uma or-
dem de Deus. Por que, então, ficamos relutantes e indispostos, alimentando
atitudes ruins quanto a levantar sustento? Deixemos Deus nos transformar,
para abraçarmos com alegria Sua vontade para nossa vida.
Será que o Senhor trabalhou no seu coração a ponto de você agora en-
xergar a busca de sustento não como uma obrigação, mas como uma opor-
tunidade? Não como um problema, mas um privilégio? Um prazer, e não
um fardo? Saiba que, se você está levantando sustento porque mandaram
288 PEÇA A DEUS // PARTE 6: ALIMENTE SEU REBANHO

você fazer isso, enfrentará muitas dificuldades, e pode não durar no ministé-
rio. Minha esperança é que a sua perspectiva tenha mudado, que você tenha
chegado ao ponto de decidir sair para levantar todo seu sustento, do zero.
Por fim, uma última pergunta:
Se você pudesse apertar um botão mágico e ter um salário mensal ga-
rantido pelo resto da vida – sem precisar mexer com as intimidadoras e
demoradas tarefas que delineei neste livro –, você o apertaria?
Nem eu.
APÊNDICES
Coletamos e criamos muitas ferramentas e
recursos úteis para ajudá-lo a custear totalmente
seu ministério.
CONTEÚDO
dos Apêndices

1. Catorze Tarefas Para os Primeiros Trinta Dias


2. 100 Dias de Devocionais Sobre Sustento
3. Estudos Bíblicos Sobre Sustento
Deus: proprietário e provedor
Exemplos bíblicos de custeio ministerial
Entendendo seus parceiros ministeriais
Semelhança com Cristo na busca por sustento
4. Planilhas de Levantamento de Sustento
Projeto de Orçamento Mensal e Anual
Tempestade de Nomes
Planilha de Contatos (tempestade de nomes)
Onde estão localizados seus potenciais mantenedores? (Mapa)
Esboço de Telefonema
Registro de Conversas
Informações Pessoais
Plano de Comunicação Ministerial
Planilha Mensal de Prestação de Contas
Acordo de Prestação de Contas
5. Levantamento de Sustento em Comunidades Negras Americanas
6. Levantamento de Sustento em Outros Países
7. Cinco Princípios Para Levantar Fundos para Organizações Junto a
Doadores Significativos
8. Acessando a Rede “Negócios Como Missão”: sua próxima geração de
parceiros ministeriais
9. Levantamento de Sustento e Suas Emoções
10. Mídia Social: Conheça Suas Limitações ou Ela o Limitará
11. Recursos Disponíveis Para o Levantamento de Sustento
CATORZE TAREFAS
PARA OS PRIMEIROS
TRINTA DIAS
Steve Shadrach

Um dos momentos de maior aprendizado dos meus vinte anos foi quando
criei coragem para fazer a meu pai uma pergunta muito perigosa: “Pai, qual
área da minha vida eu deveria escolher para melhorar?” Eu tinha certeza
que ele ia titubear, pensar por alguns dias e me procurar para falar que não
tinha recomendação nenhuma a fazer para este filho impecável. Qual foi
minha surpresa, quando ele respondeu de imediato: “Ah, essa é fácil: você
vive procrastinando!” Ouvindo aquilo, dei um sorriso confiante e respondi:
“Obrigado, pai. Vou começar a trabalhar nessa área amanhã de manhã”.
Bem, essa história é verdadeira, menos a última parte. Eu não lembro
como eu reagi, mas meu pai estava certo. Eu não sou um bom planejador, e
costumo lutar com minhas motivações. Meu pai tinha um lema verdadeiro:
“Começar já é metade da batalha”; quer seja um programa de atividades fí-
sicas, quer seja sentar para começar a ligar pedindo sustento, dar o primeiro
passo pode criar o impulso do qual precisamos para entrar no ritmo.
Eu vivo criando listas de afazeres, como esta, que me faz sair da poltro-
na e me mostra passos práticos para começar meus esforços para levantar
sustento. Algumas destas dicas você já conhece, mas o que costumo fazer
quando estou para me lançar em busca de sustento é:

1. Ter certeza de que orei por mim mesmo


Certa vez, fiz um retiro de oração só para ficar a sós com Deus e rever
meu chamado e alguns textos bíblicos que Ele havia me dado. Sondei meu
coração e entreguei a Ele todas as áreas de pecado e resistência. Estudei
a fundo passagens que me dão base bíblica para pedir sustento para meu
ministério. Orei pelo meu plano de levantamento de sustento e por todos
294 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

os nomes da minha lista, entregando tudo ao senhorio de Cristo. Já pedi


para ser cheio do Espírito Santo e conduzido por Deus a cada passo. Agora
estou pronto para começar, abraçar meu destinatário e “cumprir meu mi-
nistério”. Observação: Se você é casado, é sábio fazer tudo isso com o seu
cônjuge.

2. Ter um plano e um parceiro de prestação de contas firmes.


Agora que já me reportei à minha autoridade celestial, é hora de fi-
nalizar um compromisso detalhado com minha autoridade terrena: meu
parceiro de prestação de contas. Eu me encontrarei com essa pessoa,
olharei direto em seus olhos e prometerei ser firme, honesto e trans-
parente numa prestação de contas que incluirá enviar por e-mail uma
planilha semanal a cada segunda-feira, às nove da manhã. Em seguida,
ligarei às dez para deixar meu parceiro fazer qualquer pergunta que quei-
ra sobre minhas atividades para levantar sustento, minha vida pessoal,
minha agenda – tudo!

3. Comprometer-me a conseguir 100% do sustento dentro do prazo


estabelecido.
Eu tenho meu alvo de sustento tão fixo na mente que não vou parar
enquanto não tiver ao menos chegado a esse valor. Também já decidi a data
final, de modo que posso olhar para cada pessoa com quem converso e dizer
exatamente quantos dias e quanto dinheiro faltam para eu completar meu
sustento. Isso dá a eles e a mim um senso maior de urgência.

4. Garantir um “fundo acumulado” para as despesas que terei ao le-


vantar sustento.
Eu tenho uma lista de todos os possíveis gastos de minha jornada para
levantar sustento. Isso me possibilita montar minha equipe de mantene-
dores com excelência, eficácia e visão. Já pedi a uma ou várias pessoas que
impulsionassem meu ministério e investissem capital para que eu pudesse
criar uma equipe de sustento saudável e duradoura. Com esses fundos em
minha conta bancária, posso agora começar meu primeiro mês (e os que
virão depois), decidindo cada viagem, refeição e decisão material com base
no que é mais estratégico, e não em como cortar gastos.

5. Reunir-me com meu comitê executivo.


Recrutei um grupo de seis a doze amigos/mantenedores que se en-
contrarão comigo para ouvir um relatório do meu progresso em conseguir
CATORZE TAREFAS PARA OS PRIMEIROS TRINTA DIAS 295

100% do sustento. Eles se comprometeram a me encontrar a cada trinta


dias para orar, me encorajar, indicar nomes de potenciais mantenedores e
ouvir minha prestação de contas. Pedi a eles que fizessem o que for necessário
para me manter no caminho, e rumo ao sustento completo até minha data
final. Tivemos uma reunião inaugural, na qual eles fizeram uma oração “de
envio”, para começar minha jornada.

6. Finalizar todo meu material de divulgação.


Depois de conferir o material de outras pessoas para ver o que elas
estão fazendo de melhor, consegui algúem da área de design gráfico para
projetar um breve portfólio descrevendo minha visão ministerial, bem
como uma apresentação de PowerPoint simples, que eu possa levar no meu
laptop, para os encontros. Filmei com meu smartphone pelo menos uma
entrevista marcante de um minuto, de uma pessoa cuja vida foi impactada
pelo nosso ministério. Mostrarei tudo isso aos meus possíveis doadores,
aqueles interessados em investir em alguém que está fazendo diferença na
vida das pessoas.

7. Ensaiar os telefonemas, conversas iniciais e o acompanhamento.


Já considerei atentamente e pratiquei bastante cada aspecto das minhas
ferramentas para levantar sustento. Recrutei vários amigos para receber mi-
nha ligação pedindo uma conversa pessoal. Conduzi-os pela conversa de
apresentação exatamente como eu faria num encontro real, encerrando com
um pedido específico por um compromisso mensal. Esperei a resposta deles.
Ensaiei também um segundo telefonema para checar se conseguiram to-
mar uma decisão. Pratiquei fazer uma visita para mostrar como eles podem
começar suas doações mensais, e para pedir indicações de outros nomes. A
cada passo, estimulei cada uma das minhas “cobaias” a serem extremamente
sinceras comigo sobre todos os aspectos verbais e não verbais da minha
abordagem. Observação: vale a pena filmar a si mesmo para se avaliar.

8. Definir meu calendário para minha busca de sustento.


Após dividir minhas centenas de contatos em prioridade alta, média e
baixa, marquei cada um deles num mapa do país. Circulei as cidades onde
eles estão mais concentrados e priorizei aonde irei em primeiro, segun-
do, terceiro lugar, etc. Marcar o tempo de cada saída em meu calendário
principal me ajuda a saber de antemão em quais semanas estarei na minha
própria cidade – falando com gente local – e quando estarei fora, visitando
amigos, familiares e igrejas de outras cidades.
296 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

9. Criar minha lista dos dez principais nomes.


Já reguei minha lista de nomes com muita oração, principalmente
aqueles que já conheço há anos, e que creio que desejarão uma parceria.
Classifiquei quem deverá demonstrar mais desejo de entrar para minha
equipe de sustento de forma significativa. Essa pessoa será o alvo de meu
primeiro encontro. Em seguida, quem eu sinto que virá depois em seu an-
seio por investir no que eu faço? Vasculhei todos meus contatos de prio-
ridade alta até achar a terceira pessoa, a quarta, etc., numa lista de dez.
Conversar com essas pessoas logo de início me fará começar bem, com uma
sucessão de consistentes “eu aceito”. A lista aumenta: acrescentarei o nú-
mero 11 depois que conversar com o 1; 12 depois do 2, e assim por diante.

10. Preencher minha primeira semana de ligações para marcar con-


versas pessoais.
Montei meu horário para acordar todo dia às seis da manhã e ter um
tempo com Deus na Palavra e em oração. Meu intuito é crescer no meu re-
lacionamento com Ele e ter certeza de que estou buscando minha alegria no
Senhor, e não no ministério ou nos resultados de minha busca por sustento.
Em seguida, orarei por todos os nomes a quem vou telefonar naquele dia,
pedindo sabedoria, clareza e favor da parte de Deus. Às oito e meia, começo
minhas ligações, com o objetivo de marcar, no mínimo, cinco encontros por
dia. Sei que isso levará horas e horas de ligações e mensagens de texto até
conseguir falar com a pessoa e confirmar horário e local, mas vou ficar firme
até conseguir os cinco. Dez encontros marcados seria ótimo!

11. Preencher minha segunda semana com encontros e ligações.


Por saber que minha agenda vai ficar uma loucura, refaço o compro-
misso de acordar cedo e ter meu tempo devocional. Trabalhei duro para
preencher meus dias com conversas pessoais: no mínimo três, mas de olho
em quatro ou cinco. Entre esses encontros e durante aquela noite, usarei
cada minuto livre para telefonar a pessoas que quero alcançar na semana
seguinte. Não quero deixar que a ociosidade ocupe qualquer espaço da mi-
nha agenda.

12. Preencher cada semana com encontros e ligações.


Eu sei que a maneira como gastarei minha primeira semana afetará a
segunda, e assim por diante. Por essa razão, não quero a mínima trégua ou
concessão em meus alvos, ritmo ou planejamento. Eu me comprometerei
a ocupar cada dia (cinco a seis dias por semana) com ligações, encontros,
CATORZE TAREFAS PARA OS PRIMEIROS TRINTA DIAS 297

segundas ligações, e outras atividades de administração e correspondência.


Toda segunda-feira de manhã eu me reportarei ao meu parceiro de prestação
de contas, a meu planejamento semanal e a um telefonema. Ficarei focado
até ter o mínimo de 100%.

13. Enviar atualizações semanais.


Produzirei uma carta circular, eletrônica e de papel, para enviar a todos
da minha lista de e-mails no dia 5 de cada mês, informando-os do meu
progresso no mês anterior. Terei como foco minha visão ministerial e uma
foto com relato de “Uma Vida Transformada” pelo meu ministério. Quero
que todos os envolvidos tenham sempre diante de si visão e pessoas impac-
tadas. Não haverá nenhum choramingo ou mendicância em meus materiais
de divulgação e correspondências.

14. Parar um dia para reavaliar e recarregar as forças, antes de reto-


mar o processo!
Ao fim de cada mês, tirarei um segundo dia de folga (além do meu
“sábado”) para descansar, avaliar e buscar um retorno de outros obreiros
que tiveram sucesso em levantar seu pleno sustento. Ajustarei meus pla-
nejamentos de acordo e me prepararei para outro mês de cair na estrada
com tudo! Entendo que, quanto mais eu estiver focado em orar e confiar
em Deus, trabalharei com mais afinco, terei um senso maior de urgência,
transmitirei mais paixão e visão, e mais o Senhor me usará para tirar as
pessoas da apatia.
Espero que estas dicas sejam úteis. Eu creio que se você adotar este tipo
de atitude e prática (e manter-se nelas), olhará depois dos primeiros trinta
dias e ficará surpreso com o que Deus fez por seu intermédio. Depois de
dois meses, você estará atônito. Mas você precisa crer que consegue. Não
procrastine, como eu fiz; do contrário, seja como meu pai, para quem “co-
meçar já é metade da batalha”. Corra para ela!
100 DIAS DE
DEVOCIONAIS SOBRE
SUSTENTO102
Disponível em www.thegodask.org/extras.

2Coríntios 5.7 Quais são suas incertezas? Peça que Deus o guie para superar esses pos-
síveis obstáculos.
1Timóteo 4.8 Que tipo de piedade você precisa que o Senhor lhe dê para levantar
sustento?
Êxodo 25.1-40; 35.21 Como a verdadeira busca de recursos é um ministério espiritual?
Tiago 1.2-4 Levantar sustento é uma dura jornada, mas creia que o Senhor o
conduzirá.
1Timóteo 6.6-12; Você está se deixando conduzir por seu orçamento ou sua visão? Como
Hebreus 13.5 “choramingos” desonram a Deus?
Provérbios 19.21 Você entregou a direção a Deus ou ainda está tentando tomar o volante?
Mateus 5.43-48 Ore por pessoas que possam estar se opondo ao seu levantamento de
sustento.
Romanos 11.33-36; Liste as áreas nas quais os recursos de Deus são ilimitados.
Filipenses 4.19
2Timóteo 3.12 Seu dia está difícil? Isso acontece quando estamos fazendo a obra do
Senhor. Aperte os cintos!
Atos 20.35 Como dar pode ser mais abençoador que receber?
Eclesiastes 4.9-12 Você já recrutou colegas ou um comitê executivo para ajudá-lo a levantar
sustento?
Lucas 8-10 Como Jesus e Seus discípulos viviam e ministravam com base no sustento
que recebiam?
Números 13.32, 33 Você vê a si mesmo como Deus o vê?
Tito 1.12; Provérbios 5.3 Você está sendo diligente em sua agenda diária, ou está se deixando do-
minar pela preguiça? Organize-se!
Filipenses 4.5, 6 Apresente a Deus todos os seus pedidos. Pelo que você deveria pedir, mas
não está pedindo?
Colossenses 3.23-24; Por que e como Deus honra nosso trabalho diligente?
Romanos 12.11
Efésios 4.31, 32 Como você lida com um “não”? Encare-o como uma oportunidade!
Tiago 5.16 Você já pediu ao seu cônjuge ou melhor amigo que orasse por você hoje?
Salmo 46.10 Aquiete-se diante do Senhor. Ouça o que Ele está falando. O que Ele
está lhe dizendo?
Provérbios 4.23 Quais áreas do seu coração você precisa guardar, para não cair em pecado?
Guarde-as!

Sou grato a Rachel Turner e Kyle Mathews, do Centro de Mobilização Missionária, pelo exce-
102

lente trabalho de montar esta lista.


300 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

Tiago 1.5-8 Como Deus pode lhe dar clareza quanto ao valor exato ou média de valor
a pedir?
Provérbios 22.7; Você tem alguma dívida? Ore por qualquer dívida atual e peça que o
Salmos 37.21 Senhor o livre de dívidas futuras.
Filipenses 1.3-11 Você já orou e agradeceu a Deus por seus doadores hoje? Apresente cada
um deles a Deus em oração.
1Coríntios 9.14 Você sente que tem uma justificativa para depender do sustento fornecido
por outras pessoas? Com base em quê?
2Coríntios 9.5-15 Liste os resultados da generosidade. Você dá com alegria?
Esdras 7.10; 2Coríntios Quais princípios bíblicos você pode aplicar à maneira como levanta seu
4.2 sustento?
João 15.5 Peça que o Senhor o encha com Seu Espírito e com Suas palavras neste
dia.
Mateus 19.26 Como você vai lidar com o desânimo?
Tiago 4.6; Seu orgulho o faz tropeçar? Como?
1João 2.16
Isaias 40.28-31 Ore por força e energia renovadas na sua busca por sustento.
1Coríntios 9.15-27 Por que você está entrando no ministério cristão de tempo integral? O
que você pretende conseguir?
Isaias 55.8, 9 Ore por um “encontro divino” hoje. Deixe o Senhor falar com você.
Lucas 16.10 Quais são as pequenas coisas nas quais você precisa ser mais fiel? Seja fiel,
e Deus lhe dará coisas maiores!
Isaías 40.31 Descanse na soberania de Deus. Ele conhece suas lutas e sofrimentos.
Provérbios 25.25 Deixe seus mantenedores a par das suas notícias. Compartilhe com eles
algumas vitórias recentes.
Neemias 1 O que você pode aprender com a forma como Neemias orou e planejou?
1Tessalonicenses 2.10-13 Que tipo de ministério você pode ter na vida das pessoas com quem vai
conversar sobre sustento?
Lucas 12.22-26 Você está confiando mais em Deus que em seus recursos? O que o impede
de fazê-lo?
Provérbios 22.7 Cite alguns motivos para nos esforçarmos a fim de nunca contrair dívidas?
Efésios 3.20 Você acredita que é possível conseguir 100% em 100 dias?
Filipenses 1.1-11 Quem são as pessoas que se importam a ponto de serem poderosos guer-
reiros de oração em seu favor?
1Pedro 5.8 Em quais áreas você é vulnerável ao inimigo? Recorra ao poder de Cristo
contra ataques espirituais.
Lucas 12.29-31 O que o está motivando hoje?
1Crônicas 29.1-20 Escreva num papel seus maiores bens materiais. Consagre todos a Deus.
Lucas 6.38 Lidere pelo exemplo. Quanto você tem sustentado outros obreiros?
Atos 4.32-36 Você tem orado para que seus mantenedores tenham a mente mais volta-
da para o Reino, por meio do seu ministério?
1Coríntios 9.9-15 Por que receber sustento é um “direito” bíblico que Deus lhe concedeu?
Provérbios 30.7-9 Avalie o que você fala. Você está envolvido em choramingos?
Provérbios 6.6-11 Você está procrastinando? Trabalhe para conseguir 100% o quanto antes,
para poder também se doar 100% ao ministério, o quanto antes.
Filipenses 4.10-20 Por que pedir sustento é, na verdade, uma forma de demonstrar amor e
fazer um favor às pessoas?
Salmo 37.4 Você está deixando suas emoções o controlarem? Cite algumas maneiras
de você “deleitar-se” no Senhor.
100 DIAS DE DEVOCIONAIS SOBRE SUSTENTO 301

Lucas 12.13-33 Você já lidou adequadamente com todas as fortalezas que o dinheiro pode
estabelecer contra você e sua família?
1Coríntios 10.31 Liste áreas da sua vida que você pode consagrar ao Senhor hoje.
Atos 20.24 Faça uma lista de todas as pessoas com quem você compartilhou seu tes-
temunho ou o evangelho desde que começou a levantar sustento.
3João 8 Como encarar a busca de sustento como um ministério pode ajudar as
pessoas a se tornarem seus “cooperadores em favor da verdade”?
Gálatas 6.9 Liste algumas maneiras pelas quais você pode ser tentado a perder a espe-
rança. Entregue-as a Deus e comece de novo.
Mateus 6.25-34 Qual é o seu trabalho e qual é o trabalho de Deus?
1Coríntios 15.58 Qual o seu chamado? Você está firme e inabalável nele?
Efésios 6.10-19; 1Reis Você está evitando pedir sustento, pedindo, em vez disso, orações? Seja
17.8-16 corajoso!
Lucas 5.5-7 Você já confiou totalmente no Senhor para suprir todas as suas necessida-
des, mesmo em tempos de lutas e dificuldades?
Tiago 1.6-8 Em quantas conversas sobre sustento você confiou em Deus para fazer a
“pergunta de ouro”?
Provérbios 15.22 Você buscou conselhos piedosos em sua busca de sustento?
Romanos 13.8 Você tem algum tipo de dívida a acertar com alguém?
Números 18.21-24 Por que e como Deus exigiu que os levitas dependessem das doações dos
israelitas?
Provérbios 27.23-27 Você tem um bom orçamento e o segue com fidelidade?
Colossenses 1.9 Ore para que o coração dos seus doadores se volte para o término da
Grande Comissão.
Tiago 4.2 Você está pedindo sustento a Deus, bem como aos outros?
1Pedro 5.10 Como Deus vai usar as dificuldades e obstáculos que você está enfrentan-
do para torná-lo mais parecido com Jesus?
Provérbios 6.6-8 Por que é sábio economizar para o futuro? O que você pode aprender
com as formigas?
Romanos 15.20-24; Como você pode enfatizar a grandeza da sua visão, em vez de suas
Colossenses 1.28, 29 “necessidades”?
2Coríntios 2.17 Você está sendo sincero e direto em suas conversas?
1Coríntios 9.24 Como você está confiando em Deus para tirá-lo da sua zona de conforto
e levá-lo a completar seu sustento?
3João 5-8 Sua vida é irrepreensível? Se seus mantenedores perceberem um histórico
piedoso, sentirão o desejo de contribuir.
Hebreus 12.1-3 O que significa olhar fixamente para Jesus? O que o impede de fazê-lo?
Lucas 14.28-33 Quão bem preparado você está para seus encontros?
Josué 1.1-9 Anote seus temores e entregue cada um deles a Deus. Peça coragem para
seguir em frente.
Efésios 4.29 Você está transmitindo graça aos outros, mesmo a quem se recusa a aju-
dá-lo com seu sustento?
Deuteronômio 7.9 Você tem agradecido ao Senhor por toda Sua fidelidade até aqui?
Colossenses 3.14 Você perdeu alguma amizade enquanto buscava sustento? Esta é uma boa
hora para orar por essa pessoa.
João 15.16 Separe um tempo mais longo para orar especificamente pelo fruto que
você produz, na busca de sustento e no ministério.
1Coríntios 2.9-16 Como você pode buscar a mente de Cristo enquanto levanta sustento?
Salmo 27.1; 2Timóteo 1.7 Do que você tem medo? Ore por seus temores. Entregue-os a Deus, men-
cionando-os de forma específica.
302 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

Mateus 7.7, 8 Você já pediu a Deus uma porta aberta hoje? Esteja disposto a entrar,
caso Ele abra!
Provérbios 19.27 A quem você está ouvindo, ao Deus soberano ou ao astuto e mentiroso
Satanás?
Mateus 6.21 Como pedir sustento a descrentes pode mover o coração deles para Deus?
Filipenses 2.14-16 Reflita sobre as diferentes maneiras pelas quais levantar sustento é uma
bênção.
2Coríntios 5.20; Efésios Como você se encaixa no plano maior de Deus?
2.10
Levítico 18.8, 24 As pessoas estão doando a você ou a Deus?
Neemias 2.1-9 Qual é a sua visão ministerial? Como você a apresenta a seus
mantenedores?
2Coríntios 8.8-14 Você tem orado por forças para terminar bem?
Provérbios 20.4 Como você pode trabalhar com mais afinco para atender logo sua atri-
buição ministerial?
Salmo 46.1 Você desistiu? Sente-se travado? Clame àquele que é seu socorro presente
em tempos de tribulação.
1Timóteo 5.17, 18 Você se vê como um bom investimento? Você é digno do seu salário?
1Tessalonicenses 5.18 Você tem agradecido a Deus pelas ofertas pequenas, assim como agradece
pelas maiores?
Salmo 32.8 O Senhor o trouxe até aqui; confie nEle para levá-lo até o final.
2Timóteo 4.1-8 Como você pode aumentar seu senso de urgência para chegar mais rápido
aos 100%?
Atos 1.8 Como sua vida e ministério estão ligados a ganhar o mundo para Cristo?
Salmo 66.16-20 Você está empolgado por completar seu sutento? Compartilhe sua alegria,
contando às pessoas o que Deus tem feito!
Romanos 5.3-5 Pense nos altos e baixos da sua busca por sustento nos últimos 100
dias. Agradeça a Deus por todas as tribulações e triunfos que você
experimentou.
Apocalipse 7.9 Linha de chegada. O que você terá para mostrar como fruto da sua vida
e ministério naquele dia?
ESTUDOS BÍBLICOS
SOBRE SUSTENTO 103

Seu sucesso ou fracasso dependerá de você ter ou não ter estudado as


Escrituras e adquirido a firme convicção de que continuar pedindo às pes-
soas que invistam no seu ministério é algo bom, correto e bíblico.
Você tem dedicado tempo para estudar de forma objetiva, indutiva e
abrangente o que as Escrituras dizem sobre esse assunto, antes de formar
suas crenças e abordagem? Se a resposta é não, você precisa decidir o que vai
controlá-lo, antes de embarcar nessa aventura. Medo de fracassar ou de ser
rejeitado? A opinião das pessoas? Experiências do passado? Ou a Palavra
de Deus? Confira quatro estudos bíblicos que o ajudarão a examinar e en-
tender o que a Palavra tem a dizer sobre levantar sustento.

Sou grato a Scott Morton e aos Navigators por me permitirem adaptar parte do material usado
103

em 2010 para treinamento da sua equipe, “Biblically Funding the Work of God”.
DEUS: PROPRIETÁRIO E
PROVEDOR

Crie um documento separado e confira cada passagem com cuidado,


registrando suas observações, interpretações e aplicações. Conforme
avança, marque sua Bíblia com três cores diferentes, ao observar: 1)
Quando Deus provê algo, 2) Quando um doador dá algo, ou 3) Quando
um recebedor recebe algo.

A. O rei Davi e o templo


Estude com atenção 1Crônicas 29.1-20
1. Liste os recursos oferecidos para a construção do templo. (vv. 2, 3)
2. Além do material, que outro tipo de recursos foi pedido ao povo que
ofertasse? (v. 5)
3. Quando os líderes contribuíram, por que o povo se alegrou? (v. 9)
4. No verso 12, o que Davi diz que vem de Deus e está em Suas mãos?
Como você acha que ele desenvolveu essa convicção?
5. No verso 14, o rei faz uma pergunta e a responde no 16. Qual é a
pergunta e a resposta?
6. Estude o versículo 17 e reflita sobre a relação que há entre contribui-
ção e integridade.
7. Como o fato de saber que Deus é quem provê todas as coisas deveria
influenciar alguém a ser generoso?
8. Como essa passagem – bem como o entendimento de que Deus é a
fonte de todas as coisas – afetará sua busca pessoal por sustento?

B. A Perspectiva do Apóstolo Paulo


Estude com atenção 2Coríntios 9.5-15
1. De acordo com o verso 7, como a pessoa deve decidir o que doar?
2. Por que você acha que Deus se agrada mais de alguém que dá com
alegria? (v. 7)
306 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

3. Encontre e aliste todos os resultados da generosidade nos versículos


6, 10-15. Agora divida o processo de contribuição entre o que ele produz
para os doadores, os receptores e o próprio Deus.
4. Com base nessa passagem, qual a relação entre semear e ceifar?
5. Pense numa situação em que você contribuiu a) relutantemente, b)
por compulsão, e c) com alegria. Como você se sentiu a cada vez?
6. Reescreva o verso 8 em suas próprias palavras. Quais partes são mais
significativas para você? Como essa verdade afetará sua busca por sustento?

C. Passagens Diversas
Leia com atenção cada versículo e registre sua resposta a: Qual a
ideia principal em cada passagem, quanto a Deus ser a fonte e o prove-
dor de todas as coisas?
1. Levítico 25.23
2. Deuteronômio 8.1-10
3. Deuteronômio 8.11-20
4. Salmo 24.1
5. Salmo 37.25-29
6. Provérbios 3.9
7. Eclesiastes 5.18-20
8. Ageu 2.6-9
9. Mateus 6.19-21, 24
10. Atos 17.24-28
11. Romanos 8.32
12. 1Timóteo 6.6-10

Resumo: Depois de estudar todas as passagens desta lista, resuma


suas próprias convicções bíblicas sobre Deus ser o seu provedor. Como
isso afetará sua busca por sustento?
EXEMPLOS BÍBLICOS DE
CUSTEIO MINISTERIAL

Crie um documento separado e confira cada passagem com cuidado,


registrando suas observações, interpretações e aplicações. Conforme
avança, marque sua Bíblia com três cores diferentes, ao observar: 1)
Quando Deus provê algo, 2) Quando um doador dá algo, ou 3) Quando
um recebedor recebe algo.

A. Os levitas
Estude com atenção Números 18
1. Descreva o trabalho dos levitas e como ele era diferente do trabalho
das outras tribos.
2. Descreva como Deus pretendia suprir as necessidades dos levitas.
3. Como o seu entendimento da intenção de Deus em suprir plena-
mente Seus ministros do Antigo Testamento afeta sua visão de Deus e de
Seus desejo de suprir suas necessidades hoje?

B. Neemias
Estude com atenção Neemias 1.1–2.9
1. Descreva o quanto Neemias acreditava em sua missão.
2. Como Neemias se preparou para sua conversa com o rei?
3. Como obreiros em busca de sustento, o que podemos aprender com
Neemias sobre oração, preparação, coragem e sobre como pedir?

C. Jesus
Estude com atenção Lucas 8.1-3
1. Descreva o método pelo qual Jesus e Sua equipe eram sustentados.
2. De todas as formas que Jesus poderia ter escolhido para custear Suas
despesas pessoais e ministeriais, por que você acha que Ele escolheu essa?
3. De que maneira entender que o Filho de Deus escolheu ser sustenta-
do pelas constantes ofertas de pessoas afeta nossa perspectiva e abordagem
ao custeio de nossa própria vida e ministério?
308 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

D. Os discípulos
Estude com atenção Lucas 9.1-6; 10.1-9
1. Que exemplo Jesus deu em Lucas 8.1-3 que seria útil aos discípulos
ao serem enviados em Lucas 9 e 10?
2. Por que Jesus queria primeiro que os discípulos achassem um an-
fitrião que lhes fornecesse abrigo, antes de começarem seu ministério na
cidade?
3. Em Lucas 10.7, Jesus mandou Seus discípulos ficarem num lugar só
e ministrarem com base no sustento e hospitalidade do seu anfitrião. Por
quê? O que Ele quis dizer ao declarar que o “trabalhador é digno do seu
salário”?
4. Jesus entende que você merece receber pleno sustento. Como isso
afeta sua maneira de ver a si mesmo e a tarefa de levantar sustento?

E. O apóstolo Paulo
Estude com atenção Atos 18.1-5; 1Coríntios 9.1-14; Romanos
15.20-24
1. Com base em Atos 18, qual o modo de operação favorito de Paulo:
fazer tendas e pregar uma vez por semana ou viver de sustento e pregar
diariamente? Por quê?
2. Com base em 1Coríntios 9, descreva o argumento que Paulo usou
para defender por que ele e outros obreiros cristãos merecem ser sustenta-
dos pelos outros.
3. A maioria dos obreiros apenas considera a opção de depender de
sustento dos outros para viver e ministrar, ou talvez ore a respeito. Contudo,
1Coríntios 9.14 parece indicar que essa é uma ordem de Jesus. Como você
interpreta esse texto, e por quê?
4. De acordo com o texto de Romanos 15, por que Paulo estava para
visitá-los? Como o fato de Paulo fazer um apelo direto e pessoal afeta sua
compreensão e abordagem na busca por sustento?
5. Com base nessas passagens, aliste alguns princípios ou lições apren-
didos com Paulo e que podem ser aplicados à sua convicção e prática do
levantamento de sustento.

F. Outros
Estude com atenção estes versículos e registre o principal pensa-
mento e aplicação quanto à sua filosofia ou prática de levantar sustento.
1. Deuteronômio 12.10-12
2. 1Samuel 30.7-10, 21-25
EXEMPLOS BÍBLICOS DE CUSTEIO MINISTERIAL 309

3. 1Coríntios 15.58
4. Gálatas 6.6
5. 1Timóteo 5.17, 18
6. 3 João 1.5-8
O Senhor sustenta Seus ministros de diferentes maneiras. Neste gráfi-
co, aliste uma observação de maior importância para cada exemplo estuda-
do, e extraia uma aplicação que possa ajudá-lo em sua busca por sustento.

Exemplo Principal Observação Possível Aplicação

Os levitas

Neemias

Jesus

Os discípulos

Paulo

Outros

Resumo: Como resultado de estudar todas as passagens desta tabe-


la, quais serão seus próximos passos específicos na preparação ou imple-
mentação da sua busca por sustento?
1.

2.

3.

4.
ENTENDENDO
SEUS PARCEIROS
MINISTERIAIS

Crie um documento separado e confira cada passagem com cuidado,


registrando suas observações, interpretações e aplicações. Conforme
avança, marque sua Bíblia com três cores diferentes, ao observar: 1)
Quando Deus provê algo, 2) Quando um doador dá algo, ou 3) Quando
um recebedor recebe algo.

A. A viúva pobre
Estude com atenção 1Reis 17.1-16
1. Quais são as diferentes maneiras de Deus suprir observadas nessa
passagem?
2. Deve ter sido muito difícil para Elias pedir a comida da viúva pobre.
Nesse caso, por que você acha que Deus pediu que o profeta o fizesse?
3. O que você acha que Elias, a mulher e o filho aprenderam com essa
experiência?
4. O que podemos aprender sobre confiar em Deus, abordar pessoas de
baixa renda e sobre Deus abençoar nossos mantenedores pelo investimento
sacrificial deles em nós?

B. O rei rico
Estude com atenção Neemias 2.1-9
1. Liste as perguntas que o rei fez a Neemias. Por que você acha que
ele as fez?
2. Neemias criou uma série de pedidos a fazer ao rei. Seu plano era
fazer um pedido, esperar a resposta, fazer o segundo pedido, esperar a res-
posta, e assim por diante. Por que você acha que ele usou essa abordagem?
3. Quem estava sentado ao lado do rei? Você acha que essa pessoa teve
alguma influência na atitude ou decisão do rei?
312 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

4. Por que você acha que o rei deu tudo e até mais do que Neemias
pediu?
5. O que podemos aprender com essa passagem sobre abordar possíveis
doadores mais significativos?

C. A mulher extravagante
Estude com atenção Marcos 14.1-9
1. Por que você acha que a mulher contribuiu com tamanha abundância?
2. Em vez de condená-la, como fizeram os outros, por que Jesus a hon-
rou quanto ao uso que ela decidiu fazer do seu dinheiro?
3. Para Jesus, o feito extravagante da mulher foi um ato de adoração.
Como pedir que nossos mantenedores deem sacrificialmente pode, na ver-
dade, facilitar que eles cresçam em adoração?
4. Como podemos ajudar nossos mantenedores a entender que, quando
dão, não estão dando a nós nem ao nosso ministério, mas ao próprio Deus?

D. A igreja lutadora
Estude com atenção 2Coríntios 8.1-15
1. Qual era a condição financeira das igrejas da Macedônia? (vv. 1-4)
2. Por que Paulo pediu a essas igrejas que contribuíssem, mesmo sendo
financeiramente desprovidas?
3. Quais são alguns propósitos de se contribuir, listados nos versículos
7-15?
4. Como esse texto bíblico nos afeta quanto a quais igrejas e pessoas
devemos abordar em busca de sustento? E quanto aos valores que devemos
pedir?

E. Os amigos generosos
Estude com atenção Filipenses 4.10-20
1. No começo, os filipenses se preocuparam com Paulo, mas ainda não
haviam contribuído. Por quê? (v. 10)
2. Nos versos 15 e 16, aqueles crentes contribuíram várias vezes com
Paulo, de modo que ele pôde ministrar em outros lugares. O que isso im-
plica para obreiros que levantam sustento numa cidade ou país específico, a
fim de ir ministrar em outro lugar?
3. Por que Paulo pede que os filipenses deem, ao mesmo tempo em que
afirma não ter necessidade alguma?
ENTENDENDO SEUS PARCEIROS MINISTERIAIS 313

4. Depois de estudar o verso 17, como podemos dizer que, na verdade,


estamos fazendo um favor a nossos mantenedores, quando pedimos que
invistam na obra de Deus por meio de nós?
5. No versículo 19, como Paulo podia prometer com confiança que
Deus supriria tudo de que os generosos filipenses precisassem?
6. Como nossos pedidos e as doações dos nossos mantenedores são
afetados pelo entendimento de que a conta bancária de Deus está sempre
cheia?

F. Outros
Estude com atenção estes versículos e registre o principal pensa-
mento e aplicação quanto ao entender seus mantenedores e ajudá-los a
se tornar parceiros por meio de suas doações.
1. Atos 20.35
2. Romanos 12.1-13
3. 2Coríntios 1.15, 16
4. Filipenses 1.1-7

Resumo: Depois de estudar todas as passagens desta lista, escreva


um parágrafo explicando qual será seu entendimento e tratamento dos
seus mantenedores como verdadeiros parceiros ministeriais – algo que
você recebeu do próprio Deus.
SEMELHANÇA COM
CRISTO NA BUSCA POR
SUSTENTO

“A obra de Deus, feita da maneira de Deus,


nunca carece da provisão de Deus.”
Hudson Taylor, missionário na China

Crie um documento separado e confira cada passagem com cuidado,


registrando suas observações, interpretações e aplicações.

A. Obedecendo a seu chamado


Estude com atenção estas passagens:
1. Êxodo 3.1-15; 4.1-8
2. Isaías 6.1-10
3. Jonas 1.1-3; 3.1-5
4. João 14.10-14
5. Atos 13.1-5
6. 1Timóteo 4.9-16
7. 1Pedro 4.7-11

O que cada uma dessas passagens (e outras referências cruzadas que


você tenha anotado) ensina sobre nosso chamado ao ministério?

Qual é o seu chamado ministerial e qual a base bíblica que você usa
para apoiá-lo?

B. Vencendo seus medos


Estude com atenção estas passagens:
1. Josué 1.1-9
2. 1Samuel 17
3. Isaías 41.10
316 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

4. Mateus 6.25-34
5. Mateus 14.22-33
6. 2Timóteo 1.5-14
7. Hebreus 12.1-3

O que cada uma dessas passagens (e outras referências cruzadas que


você tenha anotado) ensina sobre enfrentar seus medos e vencê-los no
poder de Deus?

Que tipo de temores você espera enfrentar ao levantar sustento?


Como você buscará o Senhor e Sua Palavra para ajudá-lo a vencê-los no
poder de Deus?

C. Administrando seu sustento


Estude com atenção estas passagens:
1. Salmo 37.21-26
2. Salmo 112
3. Provérbios 6.6-11
4. Provérbios 10.2-5
5. Provérbios 14.23
6. Provérbios 22.7-9
7. Eclesiastes 4.8-10
8. Mateus 6.19-24
9. 2Coríntios 9.5-15
10. 1Timóteo 6.6-12; 17-19
11. 1Pedro 5.2-4

O que cada uma dessas passagens (e outras referências cruzadas que


você tenha anotado) ensina sobre como Deus quer que os crentes admi-
nistrem as finanças que Ele supre?

Torne pessoal. Anote os princípios bíblicos pelos quais você ope-


rará com relação a dar, gastar, economias, dívidas e outras questões
financeiras.
PLANILHAS PARA
LEVANTAMENTO DE
SUSTENTO

Já treinamos milhares de obreiros cristãos por meio de nossos “Campos


de Treinamento para a Busca de Sustento”. Nesta seção, você encontra-
rá diversas planilhas que usamos nas preparações de nossos campos de
treinamento. Esperamos que sejam úteis. Planeje seu trabalho, e trabalhe
sobre o que planejou. Você poderá encontrar muitas destas planilhas em
TheGodAsk.org/Extras
318 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

Projeto de Orçamento Mensal e Anual


(Deixe-se conduzir por sua visão, e não por seu orçamento!)

ENTRADAS MENSAL ANUAL % ECONOMIAS/INVESTIMENTOS MENSAL ANUAL %

Salário dela (bruto) R$_______ R$_______ ___ Emergências (pagamento de


R$_______ R$_______ ___
3-6 meses)

Salário dele (bruto) R$_______ R$_______ ___ Entrada para casa própria R$_______ R$_______ ___

Bônus R$_______ R$_______ ___ Educação (sua ou dos filhos) R$_______ R$_______ ___

Aluguel R$_______ R$_______ ___ Outros investimentos de


R$_______ R$_______ ___
aposentadoria

Dividendos R$_______ R$_______ ___ Veículos R$_______ R$_______ ___

Lucro R$_______ R$_______ ___ Outros R$_______ R$_______ ___

Ofertas recebidas R$_______ R$_______ ___ Total R$_______ R$_______ ___

Negócios em casa R$_______ R$_______ ___

Honorários R$_______ R$_______ ___ CARRO/TRANSPORTES

Outros R$_______ R$_______ ___ Prestações R$_______ R$_______ ___

Total bruto de entradas R$_______ R$_______ ___ Seguro R$_______ R$_______ ___

Impostos R$_______ R$_______ ___

SAÍDAS MENSAL ANUAL % Combustível R$_______ R$_______ ___

DOAÇÕES R$_______ R$_______ ___ Manutenção R$_______ R$_______ ___

Igreja R$_______ R$_______ ___ Estacionamento R$_______ R$_______ ___

Outros R$_______ R$_______ ___ Outros R$_______ R$_______ ___

Total R$_______ R$_______ ___ Total R$_______ R$_______ ___

ABATIMENTOS DO GOVERNO FILHOS

Previdência R$_______ R$_______ ___ Mesada R$_______ R$_______ ___

Imposto de renda R$_______ R$_______ ___ Babá R$_______ R$_______ ___

Total R$_______ R$_______ ___ Aulas R$_______ R$_______ ___

Mensalidade escolar R$_______ R$_______ ___

BENEFÍCIOS Outros R$_______ R$_______ ___

Seguros (vida, plano de


R$_______ R$_______ ___ Total R$_______ R$_______ ___
saúde, etc.)

Previdência privada R$_______ R$_______ ___

Benefícios R$_______ R$_______ ___ VESTUÁRIO

Outros R$_______ R$_______ ___ Adultos/pais R$_______ R$_______ ___

Total R$_______ R$_______ ___ Filhos R$_______ R$_______ ___

Lavanderia R$_______ R$_______ ___

Total R$_______ R$_______ ___


PLANILHAS PARA LEVANTAMENTO DE SUSTENTO 319

EDUCAÇÃO E PROFISSIONAL Mensal Anual % SAÚDE

Mensalidades R$_______ R$_______ ___ Consultas dentárias R$_______ R$_______ ___

Livros e materiais didáticos R$_______ R$_______ ___ Consultas médicas R$_______ R$_______ ___

Desenvolvimento pessoal R$_______ R$_______ ___ Medicamentos R$_______ R$_______ ___

Total R$_______ R$_______ ___ Total R$_______ R$_______ ___

MINISTÉRIO (INCLUINDO
ENTRETENIMENTO/SOCIAL LEVANTAR SUSTENTO/ Mensal Anual %
MANUTENÇÃO
Hobbies R$_______ R$_______ ___
Cópias/suprimentos R$_______ R$_______ ___
Academia/recreação R$_______ R$_______ ___
Refeições R$_______ R$_______ ___
Cinema/teatro/TV a cabo R$_______ R$_______ ___
Correios R$_______ R$_______ ___
Férias/viagens/eventos R$_______ R$_______ ___
Equipamentos R$_______ R$_______ ___
Total R$_______ R$_______ ___
Website/Internet R$_______ R$_______ ___

Viagens R$_______ R$_______ ___


ALIMENTAÇÃO
Presentes R$_______ R$_______ ___
Supermercado R$_______ R$_______ ___
Vários R$_______ R$_______ ___
Comer fora/restaurantes R$_______ R$_______ ___
Total R$_______ R$_______ ___
Almoços R$_______ R$_______ ___

Total R$_______ R$_______ ___


VÁRIOS

Tarifas bancárias R$_______ R$_______ ___


OUTROS SEGUROS
Cabeleireiro R$_______ R$_______ ___
Pensão por invalidez R$_______ R$_______ ___
Presentes R$_______ R$_______ ___
Saúde (além do oferecido pela
R$_______ R$_______ ___ Dinheiro na carteira R$_______ R$_______ ___
entidade empregadora)
Vida (além do oferecido pela
R$_______ R$_______ ___ Outros R$_______ R$_______ ___
entidade empregadora)
Total R$_______ R$_______ ___ Total R$_______ R$_______ ___

MORADIA TOTAL DE ENTRADAS

Financiamento ou aluguel R$_______ R$_______ ___ Menos todas as despesas R$_______ R$_______ ___
Seguro patrimonial/ Excedente ou deficit R$_______ R$_______ ___
R$_______ R$_______ ___
contra acidentes
Impostos R$_______ R$_______ ___ Presentes R$_______ R$_______ ___

Móveis/decoração R$_______ R$_______ ___ Dinheiro na carteira R$_______ R$_______ ___

Contas (Água/luz/gás) R$_______ R$_______ ___ Outros R$_______ R$_______ ___

Telefones (fixo e celular) R$_______ R$_______ ___ Total R$_______ R$_______ ___

Jardinagem/ferramentas R$_______ R$_______ ___


Mantimentos/artigos de VALOR QUE VOCÊ
R$_______ R$_______ ___ R$_______ R$_______ ___
higiene PRECISA LEVANTAR
Manutenção e reparos R$_______ R$_______ ___
*Lembre-se de levantar o suficiente para maximizar a frutificação da
Animais de estimação R$_______ R$_______ ___ sua família e ministério!

Vários R$_______ R$_______ ___

Total R$_______ R$_______ ___


320 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

Plano de Ação Para Levantar Sustento104


Valores e datas:
Total de despesas mensais $ _______ por mês
Total de sustento mensal levantado $ _______ por mês
Total de sustento mensal a levantar $ _______ por mês
Total de dinheiro a levantar (ofertas especiais para começar o ministério) $ _______ por mês
Data para eu começar a levantar meu sustento _______________
Data para eu terminar de levantar sustento, com o mínimo de 100% _______________
Após alcançar sustento completo, data em que planejo me mudar para
o campo missionário _______________

Fases:
Fase 1: levantar $ __________ mensal e $ __________ de dinheiro até __________ (data)
Fase 2: levantar $ __________ mensal e $ __________ de dinheiro até __________ (data)
Fase 3: levantar $ __________ mensal e $ __________ de dinheiro até __________ (data)

Resumo de Atividades Fazer até Expectativa de Sustento


Levantado
1. $
2. $
3. $
4. $
5. $
6. $
7. $
8. $
9. $
10. $
11. $
12. $
13. $
14. $
15. $
16. $
17. $

Apelos pessoais Total: $


____________________

Ministério ao público: Contatos antes do treinamento: _________ Agora: _________

Agenda de e-mails JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Circulares/
Assuntos

Alguns destes conceitos foram adaptados do material de Scott Morton e do treinamento 4:10
104

Solution School para a equipe de The Navigators.


PLANILHAS PARA LEVANTAMENTO DE SUSTENTO 321

Tempestade de Nomes105
Parentes e amigos da família Colegas/contatos de trabalho

Vizinhos Amigos de outras cidades

Amigos da faculdade “Amigos” de redes sociais

Amigos de onde você cresceu Pessoas a quem ministrou

Amigos de lugares onde morou, igrejas e Amigos de sociedades ou organizações


trabalhos por onde passou esportivas

Conhecidos da igreja Outros

Conhecidos da escola dominical Observação: Faça de tudo para conseguir


pelo menos 200 a 800 nomes.

Conhecidos de outras igrejas

Em todos esses anos, vi várias versões deste material na Cruzada Estudantil e em The
105

Navigators.
322
Planilha de Contatos (tempestade de nomes)
Quem convidarei? Onde mora? Qual seu telefone? Quando farei o pedido? O que pedirei? Observações

Anita e Ken Forth Worth, TX 888-999-5555 21 de setembro $ 100-150 mensais


PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES
Onde estão localizados seus potenciais mantenedores?
PARA AJUDÁ-LO A PLANEJAR SUAS VIAGENS
PLANILHAS PARA LEVANTAMENTO DE SUSTENTO

Marque com um X onde


moram seus possíveis
mantenedores.

Dica: cada local com


duas ou três pessoas
merece uma visita.
323
324 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

ESBOÇO DE TELEFONEMA
Use o espaço abaixo para criar seu próprio esboço de ligação.
INTRODUÇÃO: (saudação)
ESBOÇO DE
TELEFONEMA
(AMOSTRA)

“Alô, aqui é… Posso falar


com…?”

“Aqui é (seu nome), da (sua


agência missionária).”

“Jim, você tem um minuto para


TRANSIÇÃO: (dê o motivo da sua ligação) conversarmos? Agora é uma boa
hora?”

“Você está bem?… Conseguiu


ler o e-mail que mandei semana
passada?” “Você ficou com
alguma dúvida? Fez sentido o
que escrevi?”

“Deus tem nos dado uma


oportunidade empolgante e
O PEDIDO: (peça um encontro para apresentar sua estratégica de impactar pessoas
visão ministerial e alvos ministeriais) para Cristo. Jim, seria uma
grande honra poder me sentar
com você e compartilhar o que
Deus tem nos mostrado.”

“Eu estarei na sua cidade daqui


a uns dias. Será uma passagem
rápida, para apresentar minha
visão ministerial e meus
alvos financeiros. Será que
poderíamos nos encontrar no
meio de uma manhã ou tarde de
ENCERRAMENTO: (seja claro quanto aos detalhes,
quinta ou sexta-feira?”
orientações e datas)
“Sexta, às dez e quinze da
manhã? Perfeito. Você está em
Halter Building, 206, certo?
Sei exatamente onde fica. Já
anotei no meu calendário, e
vou bater na sua porta um
pouquinho antes das dez e
quinze, ok? Quero muito ver
você, Jim. Bom dia, e até sexta.”
Registro de Conversas, Compromissos de Sustento e de Mantenedores Mensais e Anuais
Mantenedores mensais e anuais Resultados Continuidade

Data para ligar Mandar um Oferta


Nome Sobrenome Tipo Data do pedido Valor pedido Indeciso Não Mensal Anual Oferta especial Comentários
novamente “obrigado” recebida

Gordon e Jill Smith Mensal $ 250 $ 200 X X


PLANILHAS PARA LEVANTAMENTO DE SUSTENTO

Total mensal e anual $ 200 $0

Ofertas especias Resultados Continuidade

Data para ligar Mandar um Oferta


Nome Sobrenome Tipo Data do pedido Valor pedido Indeciso Não Mensal Anual Oferta especial Comentários
novamente “obrigado” recebida

Para
Al e Susie Jones início de $5000 $5000 X X Passar para pegar a oferta
ministério
325

Total de oferta especial $5000 $0


326 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

Informações Pessoais106
Sua parceria e amizade são muito importantes para nós! Por isso, pedimos que você nos
mantenha atualizados, para que possamos orar e nos importar de forma mais específica.

Nome Cônjuge

Endereço

Cidade Estado CEP

E-mail E-mail do cônjuge

Celular Celular do cônjuge

Trabalho

Profissão Empresa

Aniversário Aniversário do cônjuge

Filhos

Aniversário dos filhos

Você tem e usa alguma destas mídias sociais? Gostaria de receber nossas atualizações por meio
delas, ocasionalmente?

Facebook Twitter

LinkedIn Website/Blog

Mensagem de texto Skype

Como podemos orar por você de forma bem específica?

Você tem alguma sugestão sobre como podemos ser mais eficazes em nosso ministério?

106
Adaptado com permissão do material de treinamento coSTART, de Andrew Knight.
PLANILHAS PARA LEVANTAMENTO DE SUSTENTO 327

Plano de Comunicação Ministerial107


Preencha a tabela com seus planos e ideias para o próximo ano de ministério. Inclua possíveis
tópicos e ideias para suas cartas circulares.

Contato/ Presente
Carta/cartão Visita/ligação
Circular geral ligação para especial/
para doador para doador
igreja livro

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

107
Adaptado do manual iNFO School, de The Navigators, Parte 7, p 33.
328
Planilha Mensal de Prestação de Contas108
Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Orientação: Registre o total na coluna da semana. Use a mesma planilha, semana após semana, e encaminhe-a por e-mail para seu parceiro de prestação de contas.
Busca de conversas pessoais
Ligações para marcar conversas
Cartas ou e-mails para marcar conversas

Conversas
Pessoais
Pessoais com pedido específico
Pedidos por carta/e-mail/telefone

Indicações
Indicações
Indicações contatas por terceiros

Horas gastas levantando sustento Incluindo planejar, escrever, telefonar e conversar pessoalmente.
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo

Novo sustento
Compromissos mensais
Compromissos anuais
Fundos para começar o ministério
Ofertas especiais

Situação do sustento
Orçamento mensal
Valor mensal levantado
% mensal levantado
PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

108
Adaptado de John Patton, diretor operacional do Centro para Mobilização Missionária.
PLANILHAS PARA LEVANTAMENTO DE SUSTENTO 329

Acordo de Prestação de Contas109


Compromisso do Obreiro:
1. Preencherei meu relatório de prestação de contas de forma completa e honesta, toda semana.
2. Comprometo-me a lhe enviar meu relatório toda semana, no prazo que combinamos ou antes.
3. Comprometo-me a telefonar para você em seguida, toda semana, no prazo que combinamos ou
antes.
4. Comprometo-me a seguir completamente tudo o que você pedir que eu faça.
5. Eu lhe autorizo a me fazer qualquer tipo de pergunta.
6. Concordo em seguir plenamente estes compromissos até alcançar 100% do meu sustento.
7. Informarei se você disser ou fizer algo que me magoe ou contrarie. Eu o cobrarei de perto.
8. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para alcançar meus alvos semanais, sem arranjar
desculpas.
9. Confiarei em Deus para suprir todas as minhas necessidades. Comprometo-me a não incorrer
em dívidas.
10. Escreverei um e-mail ou carta de oração toda semana enquanto levantar sustento, e lhe mandarei
uma cópia.

Diante de Deus, da minha família, dos meus colegas de trabalho, do meu ministério, meus doadores, meu
parceiro de prestação de contas e de mim mesmo: serei fiel a estes compromissos e trabalharei e orarei de todo
coração, alma e mente, até conseguir 100% do sustento.

__________________________ ___________________________ ____________


Assinatura do obreiro Assinatura do cônjuge Data

Compromisso do Parceiro de Prestação de Contas:


1. Sempre esperarei o melhor de você.
2. Eu lhe cobrarei com frequência quanto aos alvos e compromissos que assumimos juntos.
3. Orarei regularmente por você, e com você, quando possível.
4. Estarei disponível para nossos encontros por telefone. Se surgir um imprevisto, ligarei ou mandarei
um e-mail para remarcarmos.
5. Informarei se você disser ou fizer algo que me magoe ou contrarie. Eu o cobrarei de perto.
6. Eu me sentirei livre para fazer qualquer tipo de pergunta.
7. Estou disponível para você fazer qualquer tipo de pergunta.
8. Eu me alegrarei na provisão de Deus e celebrarei com você.

Diante de Deus, da minha família, deste obreiro e de mim mesmo: de todo coração, alma e mente, serei fiel a
estes compromissos até que esta pessoa consiga 100% do seu sustento.

__________________________ ____________
Assinatura do parceiro Data

Sugestão de categorias para alvos semanais de prestação de contas:

1. Número de ligações feitas


2. Número de pessoas a quem pediu uma conversa pessoal
3. Número de conversas pessoais
4. Número de novos parceiros ministeriais
5. Quantia de novo sustento mensal
6. Quantia de novas ofertas anuais ou especiais
7. Número de novas indicações
8. Número de horas gastas com sua busca por sustento

109
Algumas destas ideias vêm do acordo usado por Ellis Goldstein e a Cruzada Estudantil.
LEVANTAMENTO
DE SUSTENTO EM
COMUNIDADES NEGRAS
AMERICANAS
Donna Wilson

CULTURA E A BUSCA POR SUSTENTO


A cultura influencia praticamente todas as áreas da nossa vida – como
pensamos, nos comunicamos, quais são nossos costumes, práticas, com-
portamento, crenças, relacionamentos, etc. Por isso, quando entramos no
mundo da busca por sustento, precisamos entender que ele também se
desenvolveu dentro de um determinado contexto cultural. A captação de
recursos teve origem nos primeiros anos dos Estados Unidos, quando os
recursos econômicos estavam principalmente nas mãos da maioria cultural
masculina e branca. Isso não é algo ruim, mas precisamos saber que nossos
princípios de captação estão fundamentados nesse contexto cultural.
Muito da sociedade americana também tem esse contexto como base, e
todos nós aprendemos a funcionar dentro dele. Quando, porém, um missio-
nário de uma cultura não maioritária começa a buscar sustento nos Estados
Unidos, ele pode experimentar uma dissonância cultural com as técnicas
padrões de captação de recursos. E mais importante: doadores de uma cul-
tura não maioritária podem se sentir desrespeitados e até ofendidos, se a
cultura deles não for levada em conta na hora de pedir.
Precisamos entender que doadores de comunidades negras são extre-
mamente generosos e costumam dar um percentual muito maior de suas
entradas do que seus equivalentes na cultura maioritária. Contudo, o ato
de contribuir em comunidades negras costuma ser visto de forma bem di-
ferente. Ele normalmente acontece dentro da família – esta definida de
332 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

maneira bem mais ampla que na cultura branca, e frequentemente envol-


vendo doações “em espécie” (como refeições, hospedagem ou cuidado dos
filhos, tudo de forma gratuita). Essa tradição de cuidar uns dos outros signi-
fica que a maior parte das doações acontece dentro da própria comunidade,
e as escolhas são feitas no contexto de um grupo maior, e não das necessi-
dades de uma única pessoa. Enquanto a cultura branca se orgulha de seu
individualismo e autossuficiência, comunidades negras consideram a inter-
dependência como um valor importantíssimo. Daí, decisões sobre doações
costumam ser tomadas tendo em vista a comunidade maior.
Comunidades negras também tendem a ser mais hierárquicas e pater-
nalistas que a cultura maioritária. A cultura branca aprecia a informalidade
e evita qualquer comportamento que coloque uma pessoa acima da outra.
Por outro lado, comunidades negras encaram idade, sexo e status social
como realidades a serem reconhecidas e honradas. Por exemplo, pode ser
impróprio para um jovem missionário abordar um velho membro da comu-
nidade e pedir dinheiro de forma direta, uma vez que esse tipo de familia-
ridade pode aparentar falta de respeito.

LEVANTANDO RECURSOS NO CONTEXTO AFRO-AMERICANO


O dado mais importante a se entender num contexto afro-americano
é o papel central da igreja negra na cultura negra. A despeito de toda uma
história de opressão, os afro-americanos têm sobrevivido e prosperado por
causa da sua fé e de suas igrejas. Como resultado, a maior parte das doações
feitas por eles vai para a igreja, implicando que uma parceria com igrejas
negras é um elemento fundamental para se levantar recursos entre a co-
munidade negra. Contudo, a maior parte das missões e ministérios parae-
clesiásticos norte-americanos é dirigida por líderes da cultura maioritária.
Nossa triste história de relações entre raças demonstra que confiança ainda
é uma questão muito difícil, mesmo em contextos cristãos.
Igrejas negras às vezes querem saber como os negros se beneficiarão
do ministério para o qual estão contribuindo, e se esses recursos chegarão
de fato ao missionário negro que estão sustentando. “Devolver” e “exaltar
a raça” são valores importantes na comunidade negra. Consequentemente,
é importante para o missionário levantando sustento relacionar seu minis-
tério à comunidade negra e, particularmente, à mocidade negra que repre-
senta o futuro.
Além do mais, compromissos de oferta e ofertas mensais não fazem parte
da tradição da maioria das igrejas negras, no que diz respeito a contribuição.
LEVANTAMENTO DE SUSTENTO EM COMUNIDADES NEGRAS AMERICANAS 333

Doadores afro-americanos tendem a doar de modo espontâneo e não pla-


nejado: quando estão diante de alguma necessidade ou dificuldade, con-
tribuem generosamente, mas naquele momento. Não é raro que uma oferta
seja levantada duas, três ou até quatro vezes numa igreja negra para atender
diferentes necessidades da comunidade. Para o missionário negro, isso pode
indicar que ele vai ter que aparecer regularmente para pregar e apresentar
uma necessidade (para a qual se levantará a oferta), ou ter uma pessoa mais
velha e de respeito, que possa fazer isso por ele com regularidade. Por cau-
sa da natureza hierárquica dessa comunidade, é fundamental conseguir o
apoio financeiro de pastores, executivos ou líderes respeitados na comuni-
dade. Se esses líderes negros estiverem dispostos a apoiar e recomendar seu
ministério, confirmarão a credibilidade e confiança vitais ao levantamento
de sustento.
Reconhecer a íntima relação que existe entre oferta e serviço na comuni-
dade específica é outro elemento importante no engajamento bem-sucedido
de doadores negros. Eles consideram muito mais valioso doar conhecimento,
habilidades e tempo; por isso, identificar maneiras de os afro-americanos
contribuírem por meio do serviço pode ser o primeiro passo rumo ao sus-
tento financeiro.

LEVANTANDO RECURSOS NO CONTEXTO ÁSIO-AMERICANO


Um dos valores culturais distintos que devem ser considerados ao se
levantar recursos num contexto ásio-americano é o valor cultural de não
“queimar o filme”. Culturas orientais valorizam relacionamentos harmôni-
cos e se dar bem com todas as pessoas. Ouvir um “não” gera um incômodo,
pois a pessoa que disse “não” foi colocada na posição de dizer que não pode
atender uma necessidade, pedido ou expectativa. Do outro lado, a pessoa
que pediu sente vergonha de ter colocado a outra na desconfortável posição
de ter que dizer não. Assim, para evitar a desarmonia no relacionamento e
a possibilidade de “queimar o filme”, a comunicação tende a acontecer de
forma indireta, em vez de direta.
Doadores ásio-americanos representam um amplo espectro de comu-
nicação direta e indireta, com base em vários fatores:
1. Descendência étnica (leste asiático, sul asiático, sudeste asiático)
2. Status relativo (idade, posição, status socioeconômico, sexo)
3. Nível de identidade cultural (primeira geração nos Estados Unidos,
segunda geração)
334 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

4. Relacionamento com quem recebe a oferta (nível de amizade ou re-


lacionamento entre as famílias)

Cada um desses fatores pode mudar o grau de abertura para se fazer


pedidos diretos ao se levantar sustento.
Por exemplo, um ásio-americano mais velho e de primeira geração está
bem acostumado com comunicação indireta e responde a uma comunica-
ção não verbal de um pedido por recursos. Contudo, um ásio-americano de
segunda ou terceira geração está mais acostumado com a linguagem direta
da cultura americana, e fica mais confortável diante de um pedido mais
direto.
Saber quando pedir de forma aberta e direta é uma sutil habilidade
transcultural. O obreiro ásio-americano que é eficaz em sua busca por sus-
tento deve desenvolver as ferramentas de uma abordagem direta e indire-
ta, bem como a sensibilidade de saber quando fazer o pedido apropriado.
Métodos de pedido indireto incluem cartas com pedidos de oração e outras
correspondências em massa, e-mail, ter alguém que peça em seu lugar, pá-
ginas no Facebook, mensagens de texto por celular, e apresentações para
grupos.
A cultura ásio-americana também é relacional, voltada para o grupo e
hierárquica. A maioria das coisas acontece por meio de relacionamentos/
networks/conexões/guanxi.110 Ásio-americanos gostam de sustentar pes-
soas que conhecem. Asiáticos são leais à comunidade, por isso se alguém
que eles conhecem e em quem confiam apresenta você ou fala do seu mi-
nistério, você deixa de ser um estranho e tem mais chances de receber o
sustento deles. Além do mais, a natureza hierárquica deles significa que há
respeito pelos mais velhos e os líderes. Quando um líder ou influenciador
ásio-americano mais velho fala de você e seu ministério, o resultado pode
ser significativo na comunidade. Identificar alguém que fale de você e que
tenha reconhecimento e longevidade na comunidade é uma necessidade
crítica de quem levanta recursos em contextos ásio-americanos.

LEVANTANDO RECURSOS NO CONTEXTO LATINO


A cultura latina ou hispânica, assim como a ásio-americana, é relacional,
voltada para o grupo, hierárquica e indireta; levantar sustento com latinos
requer habilidades semelhantes. O respeito é um fator muito importante.

guanxi (n.) Conceito social chinês baseado na troca de favores, no qual relacionamentos pes-
110

soais são considerados mais importantes do que leis e acordos escritos.


LEVANTAMENTO DE SUSTENTO EM COMUNIDADES NEGRAS AMERICANAS 335

Ao cultivar relacionamentos na comunidade latina, é crucial que você honre


questões de autoridade e idade, contatando primeiro as pessoas certas. Se
você é jovem ou mulher, pode precisar de um homem mais velho para con-
ferir respeito à sua apresentação.
Outro elemento cultural importante é confianza, confiança; quem está
envolvido é quase tão importante quanto qual é o ministério. Latinos são
muitos dispostos a ajudar, mas você precisará construir confiança, usando
membros da comunidade que o defendam e apoiem. Na igreja latina, o
pastor é a principal figura de autoridade, motivo pelo qual é fundamental
que você dedique tempo a estabelecer um relacionamento com ele. Latinos
também dão muita importância ao serviço e a retribuir algo que receberam.
Buscar maneiras de envolver doadores latinos como voluntários em seu
ministério é uma forma excelente de construir confiança e abrir as portas
para uma parceria financeira.
Relacionamentos desempenham um papel muito importante na comu-
nidade latina, e as pessoas estarão mais dispostas a contribuir com alguém
que conheceram pessoalmente do que como resposta a um telefonema ou
carta. Essa orientação doméstica e comunal fornece à pessoa que levanta
sustento a oportunidade de edificar sobre as firmes redes já existentes na
comunidade latina. Identifique pessoas que podem atuar como construtores
de pontes entre você e a comunidade. Essa valorização de relacionamentos
e honra também significa que você deverá evitar qualquer ação que crie al-
guma desarmonia relacional. Visto que os latinos sabem que dizer não para
você seria extremamente desonroso, eles também tendem a falar de forma
indireta. O obreiro precisa estar ciente dessas nuances de comunicação di-
reta e indireta ao pedir sustento.
Levantar recursos em culturas indiretas costuma demorar mais. Tentar
apressar o processo de relacionamento pode enviar mensagens negativas
ao potencial mantenedor latino. Para que eles percebam sua paixão e visão,
você terá que contar histórias. E terá que separar tempo para celebração,
conforme avança rumo a seus alvos. Doadores latinos geralmente desvalori-
zam reconhecimento, mas são fortemente motivados pela oportunidade de
ajudar os outros; é importante tirar tempo para comunicar a eles que estão
fazendo diferença. Eles notarão seu investimento no relacionamento com
eles e responderão com generosidade!
Donna Wilson é diretora nacional de Treinamento para Captação de
Recursos e diretora associada em InterVarsity Christian Fellowship.
LEVANTANDO SUSTENTO
EM OUTROS PAÍSES

Com a bondosa ajuda de Ellis Goldstein e Mickey Booth, da Cruzada Estudantil,


pedi a cinco experientes treinadores que enviassem dicas na área de recur-
sos, de cinco partes do mundo. Confira os links abaixo em www.thegodask.
org/extras e encontre dicas práticas para a região onde você está levantando
sustento:
1. Raising Personal Support in Africa, por Kafah Nkanjoh Mekwi
2. Raising Personal Support in Asia, por Ricky Magno
3. Raising Personal Support in India, por Ramesh Gupta
4. Raising Personal Support in Latin America, por Armando Tamayo
5. Raising Personal Support in Eastern Europe, por Eugene Simonov

Muito obrigado a cada um desses homens. Eles estão servindo a Cristo


de forma poderosa, comprometidos em despertar trabalhadores para Cristo
e em ajudá-los a alcançar seu pleno sustento.
CINCO PRINCÍPIOS PARA
LEVANTAR FUNDOS
PARA ORGANIZAÇÕES
JUNTO A DOADORES
SIGNIFICATIVOS
Steve Shadrach

Anos atrás, no início do nosso ministério, almocei com o fundador de uma


grande empresa de caminhões. Ele compartilhou que as pessoas que con-
fiaram nele o suficiente para investir 5 mil dólares em 1964, quando ele
não passava de um reles caminhoneiro, valiam agora 16 milhões de dóla-
res! Eu respondi, de imediato, “É exatamente isso que estou lhe pedindo.
Mesmo que sejamos pequenos e estejamos no começo, cremos que aqueles
que apostarem em nós agora como investidores iniciais colherão dividendos
enormes e significativos, conforme o ministério cresce e se multiplica”. Não,
eu não recebi uma resposta afirmativa aos 10 mil dólares que pedi naquele
dia, mas a experiência fez parte do treinamento de que eu precisava sobre
como pedir a doadores de peso.
Se você é um líder no seu ministério, pode fazer mais do que apenas
levantar seu próprio sustento. Conseguir 100% do sustento para sua equipe
pode ser apenas o primeiro passo; o passo dois é levantar dinheiro para sua
agência ou organização missionária, que pague aluguel, contas, trabalho ad-
ministrativo, tecnologia, equipamentos, etc. Alguém tem que cuidar desse
“fundo geral”, e se você está num papel de liderança, esse alguém pode ser
você. Para alguns, há ainda um terceiro passo, além do sustento pessoal e
do fundo geral. Você também pode ser responsável por levantar recursos
para projetos especiais. Considere essas tarefas como privilégio, e não um
340 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

fardo, pois você vai pedir quantias maiores a doadores mais significativos.
Lembre: grandes visões requerem grandes quantias em dinheiro!
Assim como o ministério em si, levantar sustento é uma questão de re-
lacionamento. Espero que você tenha como prática de vida construir mui-
tos relacionamentos, e com todo tipo de pessoa. Esforce-se para alcançar
pessoas nas escolas, bairros, igrejas e comunidades das quais já fez parte um
dia. Assim como Paulo assumiu o compromisso de se fazer de tudo para
com todos, aprenda a construir pontes de relacionamento com pessoas de
diferentes credos, personalidade e nível socioeconômico.
Um motivo para isso é que nunca se sabe quem vai acabar ganhando
muito dinheiro, que possa ser investido no Reino. Se você viver o bastante
para conhecer muitas pessoas e construir relacionamentos, tem chance de
que algumas delas acabem se tornando investidores significativos do seu
ministério. Tem gente que diz que eu contribuo com muitas pessoas porque
conheço muita gente rica, mas não é isso. O fato é que passei minha vida
esforçando-me para amar, servir e alcançar todo tipo de pessoa – incluindo
pessoas ricas e generosas!
Depois de ler Tiago 2.1-10, eu não quer dar uma preferência pecami-
nosa a pessoas abastadas, mas precisamos reconhecer que a maioria delas
são um grupo à parte. É melhor reconhecermos isso se vamos nos conectar
a elas e seus recursos para completar a Grande Comissão. Muitas dessas
pessoas pensam, falam e agem de maneiras difíceis de entender. Mesmo
assim, considere estas cinco dicas:

ELES PROVAVELMENTE VÃO QUERER CONTRIBUIR ANUAL OU


ESPORADICAMENTE
A maioria dos doadores de peso não querem perder tempo sacando
dinheiro ou preenchendo cheques com frequência, mas prefere dedicar uma
única oferta maior e anual a você e seu projeto. Deixe sempre a porta aberta
para poder voltar no ano seguinte ou para apresentar um novo projeto.

APRESENTE UM “PROJETO MINISTERIAL”


Essas pessoas estão acostumadas a terem diante de si homens de ne-
gócios apresentando “oportunidades de investimento”, como construir con-
domínios ou ações em alta. Elas acharão revigorante ver um projeto de uma
página que canalize seus recursos para o Reino, com dividendos eternos.
CINCO PRINCÍPIOS PARA LEVANTAR FUNDOS PARA ORGANIZAÇÕES 341
JUNTO A DOADORES SIGNIFICATIVOS

A PRIMEIRA OFERTA MAIOR QUE FIZEREM PODERÁ SER UMA FORMA DE


FAZER UMA EXPERIÊNCIA
Às vezes, doadores significativos querem ver o que você vai fazer com
aquela primeira oferta, quando e como vai agradecer, e que tipo de relatório
fará nos meses seguintes. Estão em busca de um excelente ROI (retorno
sobre investimento), e se sentirem bem quanto a você, seu trabalho e a ma-
neira como você os tratou, é provável que venham outras ofertas de peso.
Do contrário, a primeira oferta terá se tornado a infame oferta única.

INVISTA NELES A FIM DE QUE SE JUNTEM A UMA EQUIPE ANUAL DE


DOADORES
Se eles já deram uma oferta de 1000 ou 2000 no passado, por que não
pedir que se tornem parte de uma nova equipe que você está formando, na
qual cada pessoa investirá pelo menos 2500 dólares por ano para sua orga-
nização? Ofertas únicas maiores podem justificar a criação de uma equipe
básica de doadores que contribuam com 5 ou 10 mil dólares anuais. Alguns
de vocês pedirão compromissos de 25 a 250 mil dólares (ou mais!), para os
fundos gerais da agência ou para projetos ministeriais específicos.

VALORIZE, INFORME E ENVOLVA-OS EM SUA VIDA E MINISTÉRIO


Eu entendo que nem todos esses doadores vão querer ser seus melhores
amigos e tirar férias com a sua família, mas isso não significa que você não
possa orar por eles, com gratidão, e tentar crescer em sua amizade. Eles
têm uma agenda cheia e podem ser meio indiferentes, mas lá no fundo eles
o respeitam e estão muito alegres em serem parceiros de alguém que tem
visão e paixão por aquilo que realmente importa.
Donna Wilson, da InterVarsity, começa cada conversa (e relaciona-
mento) já com um plano de longo prazo em mente. Ela tenta “convidar
doadores que têm interesse e condições de passar para outro nível de con-
tribuição”. Por exemplo, ela gradualmente os passará de “ofertas de apoio
” para “ofertas significativas”, ou de “ofertas significativas” para “ofertas de
liderança”. Dessa forma, ela é “intencional em envolver o doador no minis-
tério de modo a criar um senso de posse”.
Assim, por uma questão de integridade, eu vou para esse tipo de encon-
tro sabendo bem o que vou pedir. Essa oferta será usada no meu sustento
pessoal? Na minha reserva geral? Ou será destinada a um projeto ministe-
rial específico? Se a pessoa dizer “use como achar necessário” sem designar
um propósito para a oferta, eu a uso no meu fundo geral ou num projeto
342 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

especial, nunca em minha própria conta. Essa prática guarda o meu coração
irrepreensível.
Peça a Deus a ousadia de ganhar as pessoas para sua equipe, o cui-
dado e a preocupação de mantê-los nela, a criatividade e persistência de
valorizá-los gradualmente para que deem mais e mais, conforme cresce a
sua visão ministerial.
Acessando a Rede
“Negócios Como
Missão”: sua próxima
geração de parceiros
ministeriais
Steve Shadrach

Brad era um cristão em crescimento, bom marido, pai e membro de igreja. Ele
também era um ocupado dono de empresa, mas acabou achando tempo
para se inscrever no curso Perspectivas no Movimento Cristão Mundial, aten-
dendo à insistência dos amigos. Ele achou que sabia muito a respeito de
Deus, do Reino e de missões, até fazer o curso. Sentindo-se humilhado
(mas incrivelmente motivado), ele fez algumas mudanças radicais em sua
vida e negócios. Mesmo ganhando muito, decidiu que ia começar a viver
com até 100 mil dólares, e pediu a cada um de seus executivos que fizesse
o mesmo. Se eles estivessem dispostos, teriam o privilégio de entrar para
sua “equipe estratégica”, escolhendo ministérios ao redor do mundo para se
tornarem parceiros e investirem milhões de dólares de lucros empresariais
na Grande Comissão. Brad e sua equipe estão causando um impacto tre-
mendo, e mesmo no meio de uma economia tumultuada, eles têm visto seus
negócios dobrar, em cada um dos últimos cinco anos. Acho que não dá para
ser generoso demais com Deus…
Não se surpreenda com a história de Brad; o Senhor está levantando
leigos do mundo todo que tiveram seus olhos abertos para um propósito
mais eterno para sua vida e empresas. Há uma obra poderosa do Espírito
varrendo nossa nação com uma proposta totalmente diferente: a chama-
da “Business as Mission” (“Negócios como Missões”), ou BAM. O mun-
do mudou muito no que diz respeito a profissionais que querem impactar
344 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

diretamente o mundo para Cristo. Eles se tornaram “revolucionários”, de


acordo com o livro Revolution, de George Barna. Não estão mais satisfeitos
em apenas sentar-se num banco de igreja, ofertar para obras de reforma
e expansão, e ficar recebendo as pessoas na entrada dos cultos. Não, eles
querem fazer mais, pois reconhecem que têm recursos, ideias e experiência
para oferecer a um mundo perdido, repleto de oportunidades e necessida-
des não supridas. Estão cansados de ser ignorados e subutilizados nessa
grande aventura. Eles não se contentarão com nada menos do que suas
próprias digitais na tarefa de terminar a Grande Comissão.
Muitos desses revolucionários são donos de empresas que finalmente
entenderam o mandato de fazer discípulos de todas as nações. Eles desen-
volveram um grande interesse em ser bons mordomos de seus próprios lu-
cros e expertise para abrir as portas para o evangelho. Hoje há dezenas de
milhares de executivos na missão divina de tornarem-se parceiros de um
ministério ou missionário ou de criarem seu próprio plano de como suprir
as necessidades físicas e espirituais que veem diante de si. Como você pode
se conectar com essa rede influente de pessoas que vão transformar o mun-
do na próxima geração? Apresento cinco ideias de como educar e envolver
esses potenciais parceiros de ministério:
1. Acesse www.businessasmissionnetwork.com, estude os vários mode-
los de BAM e conecte-se a leigos, empresas e pastores que estão discutindo
BAM.
2. Compre um dos excelentes livros disponíveis sobre BAM e presen-
teie executivos que você conhece, para ajudá-los a entender como podem se
tornar uma “empresa da Grande Comissão”. A Amazon dispõem de vários
títulos.
3. Pense em todos os seus contatos relacionados ao mundo dos negó-
cios que já têm uma visão e objetivos do tipo BAM, ou que possam estar
abertos ao conceito. Monte uma proposta de como eles podem adotar fi-
nanceiramente você e sua organização como parceiros ministeriais.
4. Recrute pequenos grupos de donos de negócios para visitarem você
no seu campo de trabalho. Assim eles poderão ver a obra e propor várias
ideias de como usar seus recursos numa parceria com você.
5. A pesquisa nacional de Core4Research revelou que ex-alunos de
Perspectivas aumentaram suas doações para missões em 32%! Tente recrutar
cada um dos seus atuais (ou potenciais) mantenedores para fazer esse curso,
e veja seu sustento multiplicar. (www.Perspectives.org)
LEVANTAMENTO DE
SUSTENTO E SUAS
EMOÇÕES
Donna Wilson

Doug tinha excelentes habilidades de apresentação, uma boa lista de clientes


em potencial, e uma paixão sincera pelo ministério, o que deixou seu coach
perplexo por ele não progredir em sua busca por sustento. Por fim, Doug
admitiu: “Eu tenho vergonha de pedir dinheiro às pessoas”.
Sentimentos são complexos. Costumam ter muitas camadas, e podem
surgir do nada. Frequentemente, os sentimentos não dizem respeito sobre
levantar sustento em si, mas sobre sofrimento e inseguranças abrigados no
íntimo da pessoa, agitados pelo processo da busca por sustento, até virem
à superfície das suas emoções. Sentimentos podem paralisar até mesmo o
missionário mais qualificado. Passar de um lugar de medo para um lugar de
confiança no levantamento de sustento é um processo de formação espiri-
tual que envolve reflexão, oração e um remodelar das nossas crenças mais
arraigadas. Requer a capacidade de confiar no Espírito de Deus para operar
durante nossa busca por sustento e transformar nosso coração e mente para
que se conformem à imagem de Cristo.

PRIMEIRO IDENTIFIQUE SUAS EMOÇÕES E O QUE AS GOVERNA


Isso pode ser mais difícil do que parece. Medo, vergonha, indignidade,
culpa, constrangimento e outras emoções frequentemente vêm de experiên-
cias da mocidade, quando ainda não temos os recursos para processá-las.
Valores da família, práticas eclesiásticas ou a opinião de uma figura de au-
toridade são fatores que contribuem para nossos sentimentos inconscientes
sobre dinheiro. Por exemplo, é comum eu ouvir missionários questionarem
se é bíblico levantar sustento. Depois de estudar as Escrituras, eles podem
levantar um segundo questionamento, e um terceiro quando o segundo é
346 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

sanado. Cada um, na verdade, é uma cortina de fumaça que serve de disfarce
para as emoções negativas que a pessoa está tentando evitar.

EM SEGUIDA, TRATE AS CRENÇAS IMPRECISAS QUE ALIMENTAM ESSAS


EMOÇÕES
Estas, normalmente, são áreas do inconsciente onde precisamos que
as verdades das Escrituras desafiem nossos temores a respeito de Deus, de
nós mesos e das pessoas. Esses temores podem ser mentiras sobre nós nas
quais somos tentados a acreditar. Às vezes, nós as absorvemos apenas por
viver numa cultura saturada de valores seculares. Estamos constantemente
sendo tirados do foco, e precisamos ser realinhados à perspectiva de Deus.
O estudo das Escrituras e a oração são as melhores ferramentas que temos
para tratar esses sentimentos. As quatro áreas de crença onde nossa postura
emocional pode criar uma barreira ao nosso sustento são:

CRENÇAS A RESPEITO DE DINHEIRO E BENS MATERIAIS


Ao levantar sustento, podemos ser tentados a pensar: “Tenho que con-
vencer as pessoas a me dar parte do dinheiro delas”. Contudo, um enten-
dimento bíblico da questão seria: “Estou convidando pessoas a devolver a
Deus parte dos Seus recursos para a Sua obra” (uma paráfrase de 1Crônicas
29.14-16).

CRENÇAS A RESPEITO DO ATO DE DAR


Dependendo do nosso contexto, podemos ver contribuição financeira
como algo bom que pessoas boas fazem depois de terem pago todas as suas
contas e satisfeito todas as suas necessidades/desejos. Ou talvez tenhamos
crescido com a ideia de que dar é uma forma de alcançar algum tipo de
benefício econômico (redução de impostos, assistência médica, favores pú-
blicos, melhores negócios). A visão bíblica do ato de dar é que ele acontece
primeiro para Deus, quando reconhecemos que Ele é o dono de tudo. Deve
ser feito das nossas “primícias”, e não das sobras (Pv 3.9).

CRENÇAS A RESPEITO DE VALOR PESSOAL


A cultura norte-americana nos ensina que nosso valor está naquilo que
possuímos ou realizamos, e esse valor se reflete em nossa posição social
ou salário. Nossa família e amigos podem não considerar o ministério um
“trabalho de verdade”, por não apresentar esses indicativos tradicionais. As
Escrituras, porém, nos ensinam que nosso valor vem de Deus e Seu amor
DOS APÊNDICES CONTEÚDO 347

por nós. As Escrituras nos descrevem como amigos, filhos e herdeiros do


Rei (Rm 8.14-17).

CRENÇAS A RESPEITO DE COMO O MINISTÉRIO DEVERIA SER CUSTEADO


Há pessoas que encaram o levantamento de sustento como uma inven-
ção secular, algo em que os cristãos não deveriam se envolver, mesmo que
Jesus e Seus discípulos tenham sido sustentados pelas ofertas de outros (Lc
8.1-3). Em poucas ocasiões Paulo escolheu se sustentar, mas quase sempre
ele era sustentando pelo cuidado de seus doadores (Fp 4.14-16). Ele cria
que os ministros merecem ser sustentados, e em 2Coríntios 8, 9 ele até se
envolve num esforço para levantar sustento para os cristãos de Jerusalém.

POR ÚLTIMO, BUSQUE O ENCORAJAMENTO E O REFORÇO DE UMA


COMUNIDADE CRISTÃ
Ao lidar com esses sentimentos e lutas, lembre que as Escrituras sem-
pre afirmam nossa necessidade de operar no contexto de um corpo de cren-
tes. Isso é particularmente verdade na busca por sustento. Quando barreiras
emocionais se infiltrarem em sua busca por sustento, encontre parceiros de
oração, encorajadores espirituais e amigos dispostos a reafirmar a verdade
em sua vida, conduzindo-o de volta a uma perspectiva bíblica. “Viver na
verdade de Deus é a única maneira de acabar com uma autocrítica debili-
tante, mesmo quando ela tem algum fundo de verdade.” É assim que João
define a questão em 1João 3.18-20.

Donna Wilson é diretora nacional de Treinamento para Captação de


Recursos e diretora associada em InterVarsity Christian Fellowship.
MÍDIA SOCIAL:
CONHEÇA SUAS
LIMITAÇÕES OU ELA O
LIMITARÁ
Andrew Knight

Hoje, as mídias sociais existem principalmente para fins de entreteni-


mento, e ensina sutilmente as pessoas a criar atalhos para a construção de
relacionamentos, em vez de estimular conexões pessoais e íntimas. A mídia
social pode ser um complemento valioso na busca por parceiros de sustento
e aumentar a longevidade dessa parceria. No entanto, se não for bem usada,
poderá ter consequências desastrosas para você e seu sustento.

TUDO O QUE EU REALMENTE PRECISAVA SABER APRENDI NO


MINISTÉRIO
Levantar sustento me faz lembrar de dois importantes valores no mi-
nistério: relevância e relacionamentos. O apóstolo Paulo os exemplificou ao
se fazer “de tudo para com todos”. Você precisa refletir esses valores ao usar
as mídias sociais em sua busca por sustento. Captar recursos não é apenas
um meio para o ministério, mas o ministério em si. Para determinar sua
necessidade de uma estratégia de mídia social ou a eficácia dela, faça estas
duas perguntas:
1. Você navega nas mesmas correntes de mídia social que sua base de doadores?
Uma estratégia de mídia social é relevante na medida em que a base
de doadores têm uma presença nas mídias sociais que se sobrepõe à do
missionário.

2. Sua base de contatos e sua equipe de sustento estão crescendo, em números


e relacionamentos?
350 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

Sua estratégia de mídia social é relacional na medida em que está co-


nectando você de forma mais profunda aos seus atuais doadores, ao mesmo
tempo que o ajuda a cultivar relacionamento com potenciais novos doadores.

TRÊS PERGUNTAS PARA ALAVANCAR SUA ESTRATÉGIA DE MÍDIA SOCIAL


1. Começando uma estratégia: Onde está a maior parte da sua base de
doadores?
Localize seus doadores dentro do cenário das redes sociais. Trabalhe
para encontrar os veículos de rede social de seus doadores atuais e poten-
ciais, e crie uma presença ministerial exatamente onde eles transitam nas
mídias sociais.
Sua base de sustento está concentrando sua presença em alguns lugares
mais do que em outros, por isso vá fundo em uma ou duas dessas redes
principais, em vez de abordar todas superficialmente.

2. Ganhando novos mantenedores: Você usa a mídia social para ganhar


contatos ou mantenedores?
Essa pergunta determina se você está retardando o processo de relacio-
namentos enquanto levanta sustento. Mídias sociais deveriam ser usadas
para aumentar sua lista de contatos, mas não se pode depender delas para
gerar parceiros consistentes de sustento. Nada pode tomar o lugar de de-
safios pessoais, olhos nos olhos, mas elas podem ser usadas para marcar
conversas sobre sustento. Algumas ideias:
Vasculhe seus sites de redes sociais e busque novos nomes e rostos para
aumentar sua rede de sustento.
Pode ser difícil encontrar informações de contato de possíveis mante-
nedores. Muitos colocam suas informações em sites de redes sociais, para
que todos vejam. Se esse não for o caso, use o site para mandar mensagens
diretas a eles.
Além de pedir aos mantenedores que indiquem pessoas ao final de uma
conversa, peça que façam uma varredura num site de mídia social e conec-
tem você a essas pessoas por meio dessa rede.
Se você se sente desconectado da vida e dos interesses de um potencial
mantenedor, pesquise sobre ele num desses sites de mídia social, antes de
telefonar.

3. Aumentando sua base de sustento: Você entende como usar mídias so-
ciais no cultivo constante da sua equipe de sustento?
MÍDIA SOCIAL: CONHEÇA SUAS LIMITAÇÕES OU ELA O LIMITARÁ 351

Cada veículo de mídia social foi criado para propósitos específicos, e


nem todos terão o mesmo bom desempenho em todas as frentes. Alguns
foram projetados para fotos, outros para expressão pessoal, alguns para co-
municação e outros apenas para as pessoas se conectarem. Ao estreitar sua
abordagem e estratégia de uso das mídias sociais, certifique-se de usá-las da
forma para a qual foram criadas, e ajuste-as para o levantamento de susten-
to. As duas principais categorias de mídia social são:
Veículos de mídia de disseminação de informação foram projetados para
permitir que você se comunique com as pessoas usando formatos criativos,
claros e concisos. Nessa lista estão blogs, textos, mensagens de fotos, men-
sagens de redes sociais, sites de vídeos, clientes de e-mail e chats de vídeo
ou e-mail. Uma das suas principais responsabilidades ao levantar sustento
será enviar atualizações a sua equipe de sustento e mantê-la informada e
envolvida em sua visão. Para isso, você precisa disseminar informação com
regularidade e relevância.
Veículos de mídia de coleta de informação foram projetados para mantê-lo
informado sobre a localização, opiniões ou comentários das pessoas. Estes
incluem transmissões de áudio, postagens, microblogging e atualizações de
status. Você não conseguirá pastorear eficazmente sua equipe de sustento
se não estiver informado sobre a vida diária daqueles que a compõem. Leia,
pesquise e siga os sites de mídia social que possam lhe fornecer uma visão
interna da vida dos seus mantenedores. Isso também proverá informações
para que você ore por eles, os aconselhe e encoraje.

DICAS FINAIS
• Esteja disponível: Seus mantenedores conseguem achar você e in-
formações sobre seu ministério a qualquer momento e em qualquer
lugar? 95% dos doadores querem poder ler sobre você antes de con-
tribuir. Providencie um site ou blog onde as pessoas possam entrar
em contato com você ou pesquisar sobre você.
• Seja pessoal: Use as redes sociais para se lembrar de aniversários, datas
importantes e eventos significativos da vida dos seus mantenedores.
• Seja único: Encontre maneiras novas e criativas de informar e envol-
ver seus mantenedores em sua missão. Envie vídeos com atualizações
ao vivo. Use fotos em e-mails formatados com capricho. Faça per-
guntas específicas ou peça a opinião deles por meio de uma pesquisa
online. Peça que assinem listas online de oração ou que orem por
352 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

povos específicos. Considere também usar mensagens de SMS para


pedir orações urgentes em tempo real.
• Seja consistente: A mídia social tornou mais fácil para missionários
no campo manterem suas equipes de sustento bem informadas.
Mesmo sem ter desculpas, missionários estão perdendo sustento por
falta de atualizações regulares. Modelos para circulares eletrônicas e
e-mails permitem publicar atualizações atraentes, de qualquer lugar
do mundo!
• Seja grato: Gratidão vai longe. Ainda que uma cartinha enviada pelo
correio tenha um toque pessoal, na correria você pode rapidamente
agradecer usando uma rede social. Um texto, mensagem, e-mail, pos-
tagem, foto ou um breve vídeo feito pelo smartphone e enviado para
seu mantenedor são maneiras de agradecer a Deus e ao povo dEle
pelas necessidades supridas.

Andrew é diretor regional da Cruzada Estudantil em Minneapolis. Há dez


anos ele ministra com base no sustento que recebe de outras pessoas, alcançando
estudantes universitários para Cristo, e diligentemente mantendo seus doadores
informados. Para isso, ele usa uma variedade de ferramentas de mídia social!
RECURSOS DISPONÍVEIS
PARA O LEVANTAMENTO
DE SUSTENTO

ORGANIZAÇÃO E CONTROLE DE SUSTENTO


A. Tnt MPD é um programa gratuito para gerenciar seu relaciona-
mento com seus parceiros ministeriais, disponível em árabe, holandês, in-
glês, francês, alemão, japonês, coreano, português, russo, chinês simplifica-
do, espanhol e tai. É usado por mais de 8 mil missionários em doze línguas,
representando mais de cem organizações missionárias. Eles também dis-
põem de outros aplicativos para ajudar ministérios a dar apoio a suas equi-
pes com informações atualizadas de doação.: DonorWise, um sistema de
processamento e emissão de recibos para doações, voltado para ministérios
de pequeno e médio porte; TntMPD. DataServer, um sistema projetado
para oferecer a usuários de TntMPD um acesso quase em tempo real às
informações de doação fornecidas por seus ministérios. Disponível para
Mac e PC. (www.tntware.com)
B. Karani é um novo software baseado em nuvem semelhante a
TntMPD, que pode ajudá-lo a gerenciar todos seus contatos e levantamen-
to de recurso num único lugar online. Armazene e gerencie a informação
de todos os seus contatos: e-mails, listas de endereço, números de telefone
e mais. Rastreie cada interação com seus contatos, incluindo ligações, pe-
didos, cartas, notas de agradecimento e encontros. (www.Karani-App.com)
C. Friend Files é gratuito e projetado para ajudá-lo a se manter em
contato com seus mantenedores. Mantenha também uma lista atualizada
de nomes, endereços, números de telefone e e-mails; rastreie contribui-
ções e analise seu sustento; imprima listas e etiquetas de endereço. (Faça o
download para Microsoft Access em www.PeterNoonan.net)
D. Donor Manager é um programa gratuito para Windows, feito para
ajudar missionários a rastrear informações sobre seus parceiros ministeriais.
354 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

Roda em Microsoft Windows (98, 2000, NT, XP, Vista e Windows 7) e em


Mac (usando Parallels, Crossover ou outro emulador) e em Linux, usan-
do WINE. Recursos: mantenha uma lista atualizada de nomes, endereços,
números de telefone, endereços de e-mail, websites e informações da famí-
lia; importe fotos para cada mantenedor; rastreie e analise contribuições e
gere relatórios; imprima etiquetas de endereço, envelopes, e mescle arquivos
para mala direta; envie e-mails em massa para seus parceiros ministeriais.
(www.DonorManager.com)
E. Mission Hub é um novo sistema online para continuidade de con-
tato, que você pode usar para coletar informações de todos os seus mante-
nedores e manter contato. Também pode ser usado para organizar e manter
contato com todos os seus grupos ministeriais e pessoas, no campus ou
na cidade que você está tentando alcançar. Faça o download Android ou
iPhone e acesse de qualquer lugar. Inclui um tutorial simplificado em vídeo.
(www.missionhub.com)

RASTREIO DE INFORMAÇÕES DE CONTATO


A. Zabasearch é um site que busca e combina informações diferentes
de pessoas residentes nos Estados Unidos, incluindo nomes, endereços an-
tigos e atuais, números de telefone e ano de nascimento, e permite ao usuá-
rio pesquisar em outros mecanismos de busca com essas informações para
recuperar outros dados, como fotos de satélite para endereços específicos.
(www.zabasearch.com)
B. Anywho é um serviço gratuito para encontrar pessoas, que procura
em listas telefônicas e conta com busca de CEP, buscas reversas e funções
de mapeamento. (www.anywho.com)
C. Google Maps é um globo e mapa virtual, bem como um programa
de informações geográficas. Oferece uma visão das ruas com casas e bairros,
permitindo procurar qualquer endereço e aproximar a visualização o quan-
to desejar. (maps.google.com)
D. Batch Geo permite à pessoa gerar uma planilha ou base de dados
com todos os nomes e endereços de contatos, e copiá-los para seu próprio
programa, criando instantaneamente um mapa colorido do Google, com
recursos de zoom e marcação de local de residência. Uma maneira gratuita
e simples de ver onde seus contatos estão agrupados e quais cidades você
precisa visitar em suas viagens em busca de sustento. (www.batchgeo.com)
RECURSOS DISPONÍVEIS PARA O LEVANTAMENTO DE SUSTENTO 355

SERVIÇOS DE GRUPO DE E-MAIL PARA COMUNICAÇÃO COM


MANTENEDORES
A. Mail Chimp é um sistema gratuito de e-mail em massa que lhe
permite customizar circulares, integrar suas redes sociais e rastrear resul-
tados em tempo real (quem abriu, links clicados, etc.). Geralmente usado
para e-mails legítimos, como para assinantes de listas de e-mail, é capaz de
desmarcar como spam seus e-mails para que não vão para a caixa de lixo
eletrônico dos seus destinatários. Funciona como sua própria plataforma
pessoal de publicação. (www.mailchimp.com)
B. Constant Contact oferece modelos personalizáveis e edição com
um clique; Suporte gratuito por telefone, e-mail e chat; listas de e-mail com
segurança baseada em permissão; links para Facebook e Twitter; verificador
anti-spam; coleta estatísticas de mídias sociais; sincroniza com outros apli-
cativos. (www.constantcontact.com)
C. iContact.com é mais que uma loja conveniente de recursos para
e-mail e mídia social; é também um serviço de e-mail marketing. Você
pode melhorar sua estratégia de marketing online com a ajuda de seus con-
selheiros de estratégia, ou recorrer à equipe de serviços de design deles para
lidar com seus projetos de design de e-mail, grandes ou pequenos. (www.
icontact.com)
D. Vertical Response é um website de e-mail marketing e mídia social
que permite a você agrupar e personalizar toda sua lista de e-mails, fazer
pesquisas online, marketing de eventos, enviar cartões-postais por mala di-
reta, e ampliar e gerenciar suas listas de doadores. Esses recursos também
o ajudarão a coordenar seus empreendimentos de mídia social. (www.ver-
ticalresponse.com)

PRODUÇÃO E ENVIO DE MATERIAL PARA ATIVIDADES DE LEVANTAMENTO


DE SUSTENTO
A. Missionary Tech Team é um ministério com base nos Estados
Unidos dedicado a ajudar obreiros cristãos com diferentes necessidades
logísticas. Eles têm uma equipe de designers que podem criar banners,
mostruários, literatura, acessórios, impressão em vinil, estandes, serviços
gráficos e de computação, e um catálogo de todos os seus recursos para o
ministério. (www.techteam.org)
B. Creative Plus concebe e produz cartões de oração customizados
com foto, ímãs, cartões-resposta, marcadores de livros, cartões de visita,
bem como mostruários para você levar a eventos. (www.creativeplus.com)
356 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

C. Magnet Street tem criado ímãs de alta qualidade por décadas, e


oferece ajuda pessoal para a escolha de designs, ferramentas e o apoio de
que você precisa para personalizar e capturar sua mensagem. (www.mag-
netstreet.com)
D. Discount Photographic Imagination cria e imprime cartões de
oração, ímãs, cartões-postais de oração, marcadores de livros de oração e
cartões de visita de oração. (www.dpimagine.com)
E. Amazing Mail cria e imprime cartões-postais personalizados com
fotos, folders, folhetos, cartões de visita, cartões-resposta, e cartões come-
morativos. Eles também podem ajudá-lo a criar uma base de dados para
suas listas, mantendo-a organizada e eficaz. Eles podem enviá-las a qual-
quer lugar do mundo. (www.amazingmail.com)
F. Chalk Line oferece uma vasta gama de serviços de comunicação com
mantenedores, como criação e impressão de cartas de oração, cartões-pos-
tais, circulares, envelopes, lembrancinhas, ímãs e cartões com foto. Fazem o
serviço de dobrar, envelopar e selar suas cartas, e enviam para outras partes
do mundo. (www.ChalkLine.org)
G. Mission Center International serve obreiros cristãos imprimindo
e enviando circulares e outras literaturas por um custo baixo. Você pode
enviar camera-ready copy, com fotos e artes pelo correio ou e-mail, ou pode
deixar que eles façam esse trabalho por você. Imprimem, envelopam, ende-
reçam e enviam todo tipo de material. (www.missioncenterusa.com)
H. Prayer Letters é um ministério cristão que busca ajudar missioná-
rios a se comunicar com seu público. Oferecendo um serviço totalmente
online de impressão e envio, seu foco é velocidade, simplicidade e flexibi-
lidade. Oferecem ainda ajuda para gerenciar sua lista de contato, dicas de
escrita de cartas e até revisam o que você escreveu. (www.prayerletters.com)
I. Missions Linked é dirigido por cristãos e oferece uma ampla gama
de serviços, incluindo design e impressão customizados de cartões de ora-
ção, circulares (cópia física e digital, para e-mail), folhetos, flyers, papéis de
carta, ímãs, mostruários, websites, e até fixação de marcas para o seu minis-
tério. (www.missionslinked.com)
J. Vista Print é uma antiga companhia que cria e imprime cartões de
visita, convites/anúncios, cartões-postais, etiquetas de endereço, folhetos,
ímãs, calendários, cartazes/banners, websites, e até camisetas e bordados
personalizados. (www.vistaprint.com)
K. Cardstore permite criar cartões simples e divertidos, bem como
convites, anúncios, etc., no seu próprio computador, personalizados com
sua própria saudação e fotos à sua escolha. Escreva o que quiser e tenha seu
DOS APÊNDICES CONTEÚDO 357

cartão enviado diretamente para qualquer lugar nos Estados Unidos pelo
preço de um selo. Cardstore pode até acrescentar sua assinatura digital.
(www.cardstore.com)
L. Shutterfly permite que você insira e organize suas fotos para trans-
formá-las num álbum de fotos com encadernação profissional e impressas
em papel de alta qualidade. Esses álbuns servem como um ótimo portfólio
ministerial portátil. Você também pode criar um website customizado e
gratuito para compartilhar seus vídeos e fotos com todos seus mantenedo-
res, com endereço web próprio. (www.shutterfly.com)

PROGRAMAS PARA PRODUÇÃO DE MÍDIA


A. Prezi é semelhante a PowerPoint ou Keynote, mas com muito mais
apelo visual e movimento. É um software para apresentação baseado em
nuvem (SaaS) e uma ferramenta para contação de histórias, com o qual
você pode explorar e compartilhar ideias numa tela virtual, com recursos
de zoom. Permite ainda ver amostras e tutoriais em inglês e espanhol, im-
portar arquivos de Powerpoint, vídeos e imagens, criar e exibir sua própria
apresentação de Prezi usando um iPad. (www.prezi.com)
B. Animoto é gratuito e permite escolher facilmente fotos e vídeos de
serviços como Facebook, Flickr, Picasa, Instagram (ou carrega-los do seu
computador), para em seguida acrescentar suas próprias palavras e música
e criar um vídeo pessoal emocionante. Você pode escolher as músicas da
coleção que o serviço oferece ou da sua própria biblioteca. Compartilhe
seus vídeos facilmente, pelo Facebook, Twitter, Pinterest, YouTube, e-mail,
ou usando o aplicativo para smartphone. Você pode até baixar seu vídeo e
gravá-lo em DVD. (www.animoto.com)
C. Beyond Bullet Points é um website de treinamento que oferece cur-
sos online sobre como usar com mais eficácia seu programa de PowerPoint
(ou outras ferramentas de apresentação). Conta com blogs, eventos ao vivo,
circulares mensais e outros recursos, alguns gratuitos. (www.beyondbulle-
tpoints.com)
D. Presentationzen é um website fascinante e cheio de artigos, recur-
sos, links, vídeo clips, etc., sobre como tornar sua apresentação ministerial
mais interessante e envolvente para seus potenciais mantenedores. Rejeita o
modelo de apresentação como palestra e força você a pensar numa varieda-
de de métodos criativos de como tornar sua mensagem e visão compreen-
síveis a seus ouvintes. (www.presentationzen.com)
358 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

E. Slide Shark é um aplicativo gratuito para iPad que permite bai-


xar, visualizar e compartilhar apresentações de PowerPoint para usar em
suas conversas sobre sustento. Ele mantém transições, animações, fontes,
gráficos e cores, tem uma edição que oferece pacote para vários usuários
e opções de apresentação em vídeo online e para dispositivos móveis, com
recurso de aprimoramento por voz. (www.slideshark.com)

OUTROS LIVROS E RECURSOS (TODOS ESTÃO DISPONÍVEIS EM


AMAZON.COM)
A. A Spirituality of Fund-raising por Henri Nouwen, Upper Room
Publishing.
B. Getting Sent: A Relational Approach to Support Raising por Pete
Sommer, InterVarsity Press.
C. Friend Raising: Building a Missionary Support Team That Lasts por
Betty Barnett, YWAM Publishing.
D. Funding Your Ministry por Scott Morton, NavPress (Scott também
tem um excelente website com vários recursos: www.ScottMorton.net.)
E. More Than Money, More Than Faith por Paul I. Johnson, Pleasant
Word Publishing.
F. People Raising: A Practical Guide to Raising Support por William P.
Dillon, Moody Publishers
G. Funding the Family Business: A Handbook for Raising Personal Support
por Myles Wilson (www.fundingthefamilybusiness.org)
H. ViewPoints: Fresh Perspectives on Personal Support Raising por Steve
Shadrach, The BodyBuilders Press.
I. How to Write Missionary Letters por Alvera Mickelsen, Media
Associates International.
J. Cross-cultural Partnerships: Navigating the Complexities of Money and
Missions por Mary T. Lederleitner, IVP Books.
K. Global Mission Handbook: A Guide for Crosscultural Service por Steve
Hoke e Bill Taylor, IVP Books.
L. Biblical Financial Study por Crown Financial Ministries.
M. Your Money Counts: The Biblical Guide to Earning, Spending, Saving,
Investing, Giving, and Getting Out of Debt por Howard Dayton, Tyndale
House Publishers.
N. The Third Conversion por R. Scott Rodin, Kingdom Life Publishing.
O. The Treasure Principle por Randy Alcorn, Multnomah Press.
DOS APÊNDICES CONTEÚDO 359

P. Writing Exceptional Missionary Newsletters por Sandy Weyeneth,


William Carey Library Publishing.
Q. The Sower: Redefining the Ministry of Raising Kingdom Resources por
R. Scott Rodin e Gary G. Hoag, ECFA Press.
R. People Raising Monthly Newsletter. Gratuito e repleto de dicas exce-
lentes. (Assine em www.peopleraising.com).
S. Support Raising Solutions Monthly Newsletter. Gratuito e escrito por
vários treinadores veteranos na área de levantar sustento. (Assine em www.
supportraisingsolutions.org).

OUTROS CURSOS SOBRE LEVANTAMENTO DE SUSTENTO


A. KingdomCome Training é dirigido por ex-missionários da
Wycliffe, que usam videoconferências para dar treinamento a grupos pe-
quenos sobre como preparar e apresentar seus pedidos de sustento. Curso
totalmente à distância que pode se estender das dezoito horas iniciais a
três semanas de treinamento. Oferece ainda um programa constante de
coaching e prestação de contas, que busca ajudar seus clientes a conseguir
100% do sustento. (www.kingdomcometraining.com)
B. Cruzada Estudantil para Cristo oferece ajuda na busca por sus-
tento (incluindo excelentes mensagens em áudio sobre como ter a atitude
certa), em inglês e em várias outras línguas. (www.dmpdccc.org)
C. Friend Raising DVD por Betty Barnett, YWAM Publishing. (1
disco, 1 sessão).
D. People Raising DVDs por Bill Dillon, Moody Publishing. (5 discos,
5 sessões).
SOBRE O AUTOR

Dr. Steve Shadrach nasceu e cresceu em Dallas, no Texas, onde recebeu


a Cristo aos dezoito anos por meio do ministério de Atletas em Ação e
Fellowship of Christian Athletes. Frequentou a igreja presbiteriana e a
Primeira Igreja Batista de Highland Park. Steve entrou para a Universidade
do Arkansas no outono de 1973, tornando-se participante da fraternidade
Phi Gamma Delta. Envolveu-se com a Cruzada Estudantil, The Navigators
e a Igreja Batista Universitária durante a faculdade. Trabalhou nos acam-
pamentos Kanakuk do Missouri no verão, como conselheiro e chefe dos
conselheiros. Após se formar, estudou no Seminário Teológico Batista do
Sul, antes de se transferir para o Seminário Teológico de Dallas, o qual
completou em 1983. Casou-se naquele ano com Carol Vahey, também de
Dallas. Mudaram-se para Fayetteville, onde Steve se tornou pastor adjunto
da Igreja Batista Universitária, servindo sob a liderança de H.D. McCarty.
Ele e Carol tiveram quatro filhos enquanto moravam e serviam junto ao
campus da Universidade do Arkansas. Começaram também os Projetos de
Treinamento de Verão Kaleo, trouxeram Perspectivas no Movimento Cristão
Mundial para o Arkansas, e organizaram o ministério estudantil Student
Mobilization (StuMo).
In 1986, Steve saiu da equipe pastoral da igreja para trabalhar em
tempo integral com StuMo. Ele, Carol e a equipe fundadora começaram
ministérios em campi nos estados do Arkansas, Oklahoma, Misissippi, e
em Cracóvia, na Ucrânia. Em 1995, a família Shadrach passou um ano na
Ucrânia, ajudando a consolidar um ministério estudantil de longo prazo
naquele país; de lá trouxeram uma bebezinha de um orfanato, como parte
da família. No final da década de 1990, Steve e Todd Ahrend deram início
ao ministério The Traveling Team e aos seminários missiológicos Day of
Discovery (hojenow NVision). Após entregar a liderança de StuMo para
uma geração seguinte, em 2000, Steve e John Patton deram início a The
Body Builders, a fim de oferecer recursos e treinamento prático a ministé-
rios cristãos, agências e igrejas pelo mundo. Além de NVision, as ferramen-
tas que eles oferecem incluem os Boot Camps for Personal Support Raising e
362 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

o livro The Fuel and the Flame, para equipes que ministram em universida-
des e líderes estudantis.
In 2004, Steve também se tornou Diretor de Mobilização no U.S.
Center for World Mission, e junto com Dave Flynn, supervisionou por
oito anos a expansão do curso Perspectivas no Movimento Cristão Mundial
no mundo todo. Durante esse tempo, ajudou a fundar o ministério de mo-
bilização estudantil Every Ethne, com Andy Kampman, o ministério de
mobilização internacional SevenNine, com Casey Morgan, e o ministério
Campus Ministry Toolbox, com John Allert. Em 2012, os vários ministérios
nos quais Steve servia se solidificaram sob o ministério The Body Builders.
A organização passou a se chamar Centro de Mobilização Missionária,
com o objetivo de envolver, equipar e conectar crentes do mundo todo com
seu papel mais estratégico no cumprimento da Grande Comissão.
Steve concluiu um curso de Mestrado em Estudos Bíblicos no
Seminário de Dallas e um Doutorado em Liderança Executiva Eclesiástica
e Paraeclesiástica, no Seminário de Denver. Ele e Carol têm cinco filhos
adultos, um neto, e ainda moram perto do campus da Universidade do
Arkansas. Continuam hospedando e ministrando a alunos da faculdade.

Links de ministérios
• stumo.org • perspectives.org • cmtbox.org
• thetravelingteam.org • everyethne.org • 79online.org
• mobilization.org • supportraisingsolutions.org • cmmpress.org
AGRADECIMENTO

Eu não tenho para onde ir a não ser para o próprio Jesus Cristo. Ele é o ponto
central e o sustentador da minha vida e futuro. Sou um dos homens mais
abençoados do planeta por ter minha esposa Carol e nossa família ao nosso
lado. Minha riqueza ultrapassa qualquer valor monetário. Obrigado por
sua paciência comigo enquanto eu lutava para escrever este livro, nos últi-
mos cinco anos. Tenho a mais pura alegria por trabalhar com a equipe do
Centro de Mobilização Missionária. Deus está atuando por meio de cada
um de vocês, e em vocês também. Sinto-me privilegiado em ser socorri-
do por vocês! Scott Morton, de The Navigators e Ellis Goldstein, de Cru,
são meus principais mentores no assunto de levantar sustento. Eles sempre
são honestos comigo, fazendo dessa a minha definição de amizade. Muito
obrigado a Tim Howington, que torcia meu braço toda semana, para que
eu terminasse este livro. Sou muito grato também a Todd Ahrend, que
trabalhou para dar forma ao manuscrito como se fosse um peru de Ações
de Graças. Eu o chamo de “O Cortador”, e o amo por isso. Outros edito-
res voluntários que contribuíram com um excelente retorno foram John
Patton, Christina Jerrett, Kyle Mathews, Andrew Knight, Micah May, e
vários outros leitores, cujas sugestões de alterações eu aceitei. Meu ami-
go e missionário queniano Tom Stickney foi quem apareceu com o título
O Pedido Divino111, para este livro. No princípio, achei estranho, depois fas-
cinante, e por fim profundo. Obrigado a meus confiáveis assistentes Laura
McDowell e Rachel Turner, por seu incansável serviço. Sou grato a Joe
Michie e Ian Frasier, pela idealização e criatividade em construir a iden-
tidade deste livro. Que Deus multiplique seu trabalho árduo e excelente.
Minhas apreciações a Karen Pickering, de BookVillages, pelo pastoreio pa-
ciente deste livro, ao longo dos seus vários estágios até a conclusão. Àqueles
que endossam publicamente este livro, obrigado; tenho um enorme respeito
por cada um de vocês. Aos milhares que fizeram nosso curso e a quem
111
Nota do Tradutor: O título em inglês não é, literalmente, O Pedido Divino, mas uma criação do
referido missionário, que não pode ser traduzida literalmente. Transmite, porém, a ideia de que
pedir sustento é algo que fazemos endossados por Deus e em dependência dEle.
364 PEÇA A DEUS // PARTE IV: APÊNDICES

tivemos o privilégio de ensinar, no mundo todo: aprendi com vocês mais


do que vocês comigo. Por último, uma palavra à minha equipe pessoal de
sustento: vocês realmente são nossos parceiros vitalícios, meus e de minha
esposa. Vocês têm estado conosco, se sacrificado, orado e tornado possível
todo o nosso trabalho. Quando começamos a buscar sustento em 1986, nós
também pedimos a Deus uma equipe como vocês, que durasse por toda a
eternidade. O Senhor respondeu nossas orações, em grande estilo! Faremos
uma grande festa no céu para celebrar todo o fruto que Jesus produziu em
nós e por meio de nós. Vocês receberão a mesma recompensa que a nossa.
Muito obrigado!

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