Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Brasília – DF
2013
LUCAS DE BRITO ANDRADE
Brasília – DF
2013
Andrade, Lucas de Brito.
Qualidade de Vida no Trabalho: A Percepção dos Servidores
em um Órgão Público Federal.
Professor-Examinador Professor-Examinador
Dr. Onofre R. de Miranda Natasha Fogaça
AGRADECIMENTOS
Para chegar até aqui, não foi simplesmente o percorrer de uma estrada curta e
asfaltada, mas o de uma longa e tortuosa via cheia de barreiras e desafios a serem
combatidos.
Neste caminho percorrido até aqui, deixo os meus sinceros agradecimentos àqueles
que me ajudaram e estou certo que continuarão me ajudando.
Às minhas filhas, Ana Julia e Dara Isabel, pela paciência e entendimento que o
papai tem que estudar, trabalhar, mas sempre estará de volta para educar, abraçar,
brincar e amar.
Obrigado!
6
RESUMO
LISTA DE QUADROS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 14
2.1 Contextualização......................................................................................... 14
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 32
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42
APÊNDICES.............................................................................................................. 44
1 INTRODUÇÃO
O homem passa a maior parte do tempo de sua vida no trabalho, pelo menos mais
de 8 horas por dia, durante 35 anos da vida (CONTE, 2003). Isso significa que
grande parte de seus esforços são concentrados no trabalho. Nesse sentido, é
necessário que haja qualidade de vida no contexto do trabalho para que o indivíduo,
além de poder exercer suas atividades de forma efetiva, possa se sentir bem no
ambiente de trabalho.
A QVT não é um fenômeno que está centrado apenas no trabalhador, mas envolve,
principalmente, a organização em que está inserido (FERNANDES, 1996). Ou seja,
a organização deve procurar meios que possibilitem ou promovam o bem-estar dos
empregados em seu ambiente de trabalho.
―Não se pode falar em qualidade de produtos e serviços se aqueles que vão produzi-
los não têm qualidade de vida no trabalho‖ (FERNANDES, 1996, p.13). As
organizações devem oferecer qualidade de vida para seus funcionários para que
seus produtos ou serviços também tenham qualidade.
12
Portanto, a QVT pode ser vista como uma forma de boa gestão no sentido de a
organização oferecer boa estrutura, reconhecimento e valorização ao seu
funcionário, favorecendo a satisfação, bem-estar e desempenho de seus membros,
o que poderá favorecer resultados positivos para a organização (CONTE, 2003).
1.4 Justificativas
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Contextualização
2.2.1 Conceituação
Essa linha de pensamento tomou mais força na década de 60, época em que os
cientistas e trabalhadores pesquisaram melhores maneiras de organizar o trabalho
para amenizar estímulos e efeitos negativos sobre o trabalhador e possibilitar o seu
bem-estar geral (TOLFO, PICCININI, 2001).
6. O constitucionalismo na organização
Outro critério que o autor aborda e influencia a QVT é o papel que a organização
tem diante da sociedade. Ele questiona se o trabalhador percebe se a
organização é socialmente responsável em seus produtos, serviços, técnicas de
marketing, políticas de recrutamento etc. Caso a organização não seja bem-vista
socialmente, há uma forte possibilidade de que ―os trabalhadores depreciem o
valor de seu trabalho e carreira, que por sua vez afeta a autoestima do
trabalhador‖ (WALTON, 1973 p.16).
Essas são, portanto, as categorias que compõem e que são utilizadas por Walton
para explicar a Qualidade de Vida no Trabalho.
Quadro 1: Definições evolutivas da QVT na visão de Nadler e Lawler (1983) apud Rodrigues (1999)
FOCO
PERÍODO DEFINIÇÃO
PRINCIPAL
A QVT foi tratada como reação individual
1959/1972 Variável ao trabalho ou às consequências pessoais
de experiência do trabalho
A QVT dava ênfase ao indivíduo antes de
dar ênfase os resultados organizacionais,
1969/1975 Abordagem mas ao mesmo tempo era vista como um
elo dos projetos cooperativos do trabalho
gerencial
A QVT foi o meio para o engrandecimento
1972/1975 Método do ambiente de trabalho e a execução de
maior produtividade e satisfação.
A QVT, como movimento, visa a utilização
dos termos ―gerenciamento participativo‖ e
1975/1980 Movimento ―democracia industrial‖ com bastante
frequência, invocador como ideais do
movimento.
A QVT é vista como um conceito global e
1979/1983 Tudo como uma forma de enfrentar os
problemas de qualidade e produtividade.
20
O contexto organizacional escolhido pelos autores para validar a medida foi militar. A
escala foi construída com base no instrumento JDS e em um levantamento prévio
dos trabalhadores militares sobre aspectos favoráveis e desfavoráveis à QVT em
sua organização. Inicialmente foram formulados 55 (cinquenta e cinco) itens e, em
seguida, estes passaram por análise de juízes competentes (conteúdo), e análise de
compreensão dos respondentes (semântica).
Os autores recomendam que essa escala seja aplicada em outros contextos, mas
com as devidas alterações, pois foi validada em uma organização de cunho militar e
não é totalmente aplicável a todo tipo de organização. Apesar da popularidade do
tema no Brasil, poucas são as medidas destinadas a avaliar QVT publicadas e
validadas (DAVID, BRUNO-FARIA, 2007).
Nesta pesquisa, foi adotada a abordagem teórica a medida de David e Bruno Faria
(2007), pois os autores adotam as principais propostas e pontos de convergências
entre autores de QVT e disponibilizam um instrumento para avaliação do fenômeno.
Ferreira (2012), por exemplo, ainda não disponibilizou seu instrumento para
avaliação de QVT. A medida disponível e que abrange as percepções do trabalhador
sobre seu contexto de trabalho é a de David e Bruno-Faria (2007).
Não há muitos estudos de QVT voltados para o serviço público em comparação com
o setor privado, porém há evidências revelando que gestores públicos têm interesse
nessa temática, pois a Qualidade de Vida no Trabalho no serviço público vai
interferir diretamente nos serviços prestados à população (CAVALCANTE, 2011),
visto que trabalhadores com maior QVT tendem a ser mais satisfeitos com o trabalho
e podem produzir melhor (CONTE, 2003).
Segundo Ferreira, Alves e Tostes (2009), as ações de QVT nos Órgãos Públicos
aparecem mais na área de Recursos Humanos e setores relacionados à saúde. Isso
demonstra que a preocupação do setor público com a QVT tem como foco o
indivíduo, com ênfase na produtividade e com uma abordagem assistencialista, ou
seja, oferecimento de atividades que mascaram as causas de desgaste e fadiga dos
servidores.
Além disso, Ferreira et. al. (2009) alertam sobre diversos dilemas que gestores
enfrentam na tentativa de implementar Programas de Qualidade de Vida no
Trabalho no setor público. Podem ser citados os seguintes: a adesão dos servidores
nesses programas e a conscientização de que a QVT é uma tarefa de todos os
indivíduos, a qual leva à produtividade e bem-estar. Um bom diagnóstico de QVT,
24
Este trabalho teve como tipo de pesquisa a descritiva, porque descreveu uma
situação através da mensuração de um evento ou atividade. A natureza da pesquisa
é a quantitativa porque serão utilizados números para mensurar e representar as
variáveis da pesquisa (HAIR JR et al, 2007).
Além disso, o estudo é do tipo estudo de campo por se tratar de uma pesquisa que
foi realizada em um ambiente real, feita dentro de um contexto administrativo
relevante. O estudo de campo também proporciona uma maior probabilidade de os
resultados serem mais representativos à população e oferecer uma alta validade
externa (HAIR JR. et al, 2007).
Em Brasília, este Órgão funciona em dois prédios sendo que um é a sede, localizado
na área central da cidade e outro na Asa Norte.
Demais detalhes sobre o Órgão serão mantidos em sigilo, a fim de evitar a possível
identificação por parte do leitor.
O Órgão é composto por pouco mais de 1000 (mil) funcionários entre servidores
ativos permanentes, servidores requisitados de outros órgãos, nomeados com
cargos comissionados, servidores temporários e estagiários.
5% 4%
19%
Agente Administrativo
29% Analista Administrativo
43% Chefe de Divisão
Coordenador
Outros
A partir dos dados acima, pode-se supor que o Órgão tem múltiplas funções, o que é
explicado por ser uma organização do setor público com atividades meio e
atividades-fim, que precisa de diversificadas funções para atender às demandas que
estão propostas em legislações.
Média 5,54
Máximo 33
Ensino Médio
13%
48% Ensino Superior
25% Cursando
Ensino Superior
11% Completo
Pós-Graduação cursando
3%
O instrumento de pesquisa utilizado para avaliar a QVT foi uma escala construída e
validada por David e Bruno-Faria (2007), denominada de Escala de Indicadores de
Satisfações Contextuais (EISC), tendo sido baseada no modelo de Hackman e
Oldham (1975), operacionalizado pelo Job Diagnostic Survey (JDS) (DAVID,
BRUNO-FARIA, 2007). A princípio, O EISC continha 32 itens, sendo 27 relativos à
QVT e outros 5 relativos a dados sociodemográficos dos respondentes.
Quanto às relações interpessoais, os itens tratam das relações que existem entre
chefes e entre colegas de trabalho como indicador de satisfação com a Qualidade
de Vida no Trabalho (QVT). Quanto à segurança, os itens retratam a satisfação com
o salário, vantagens e benefícios oferecidos, assim como a segurança no trabalho.
Em relação ao ambiente físico adequado e seguro, os itens são relacionados às
condições físicas do ambiente do trabalho como iluminação, ruído, temperatura e
29
Proteção contra
18
agressão física
A remuneração paga
19
pelo Órgão
Fonte: David, Bruno Faria (2007).
Para este estudo, conforme orientação de David e Bruno-Faria (2007), alguns itens
foram ajustados. Os itens da escala original ―possibilidade de amparo à família‖,
―dieta alimentar para pessoas com problemas de saúde‖, ―os diversos auxílios
recebidos‖, ―a refeição oferecida pelo Órgão‖, ―a disponibilidade de residências
30
Visto que esses itens não fazem parte da realidade do contexto estudado, consultou-
se legislações vigentes como Lei nº 8.460/92 (auxílio-alimentação) e MP nº 2.165-
36/2001 (auxílio-transporte), e também demais serviços que são oferecidos pelo
Órgão. Logo, os itens foram alterados, respectivamente, para: ―flexibilidade do
horário de trabalho‖, ―auxílio-alimentação‖, ―auxílio-transporte‖, ―soluções oferecidas
pela intranet‖, ―serviços de servir café e água‖, ―assistência médica no Órgão‖,
―gratificação inerentes ao cargo‖, ―eventos de integração entre servidores (café da
manhã, dia do servidor, etc.)‖, ―atendimento médico no Órgão‖ e ―orientações
inerentes à saúde via correio eletrônico ou via murais‖.
Oportunidade de
15
ascensão profissional
Assistência médica no
16
Órgão
31
Gratificações inerentes
17
ao cargo
Eventos para integração
entre servidores (cafés-
18
da- manhã, dia do
servidor)
A remuneração paga
19
pelo Órgão
Cada um dos 27 itens possui uma escala de 7 pontos, que varia de 1 (fortemente
insatisfeito) a 7 (fortemente satisfeito). Os respondentes marcaram apenas uma
alternativa na escala, que julgaram mais propícia ao que está descrito em cada um
dos itens, de acordo com a avaliação dos diferentes aspectos do contexto de
trabalho.
Para analisar a confiabilidade dos itens que foram alterados, utilizou-se o alpha de
Cronbach para cada fator. Os resultados foram de 0,94 para relações interpessoais;
0,82 para segurança; 0,84 para ambiente físico adequado e seguro; e 0,80 para
segurança. Todos os valores, portanto, foram satisfatórios.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo são apresentados os resultados da análise dos dados que foram
coletados de servidores do Órgão Público Federal. Inicialmente serão apresentados
os resultados descritivos dos fatores de QVT e, logo após, os resultados das
correlações e das comparações entre os grupos de respondentes.
Os dados das médias, medianas e desvio padrões de cada fator estão na Tabela 2:
33
Ambiente físico
4,39 4,60 1,32
adequado e seguro
O fator que foi mais mal avaliado diz respeito à saúde, que apresentou uma média
abaixo do ponto médio da escala de sete pontos. Segundo Walton (1973), ao longo
do tempo as legislações se adaptaram proporcionando condições físicas
necessárias para a realização do trabalho, afinal, o servidor deve estar bem, tanto
fisicamente como emocionalmente para o bom desenvolvimento de suas funções,
aumentando, assim, a qualidade do seu trabalho.
Vale citar também como comparação o estudo de Figueira e Ferreira (2013), no qual
a maioria da amostra atribuiu como fator importante de QVT o reconhecimento e
crescimento profissional. Para o presente estudo, esse resultado equivale ao fator
segurança, que apresentou uma percepção razoavelmente positiva.
Pelo fato de a amostra ter sido, de certa forma pequena, foram conduzidos testes de
correlação bivariada de Spearman, que apresenta maior robustez com amostras
pequenas, para comparar os fatores de QVT com as variáveis contínuas ―idade‖ e
―tempo de serviço‖. Estes são apresentados na Tabela 3.
A variável ―Tempo de Serviço no Órgão‖, por sua vez, apresentou uma correlação,
apesar de baixa, positiva e significativa com o fator ―ambiente físico adequado e
seguro‖ (0,180). Com base nesse resultado, há indícios de que quanto maior o
35
Diante dos resultados de que o servidor mais antigo está mais satisfeito com o
ambiente físico em que trabalha, pode-se inferir que o tempo na organização
permitiu ao servidor desenvolver estratégias para lidar com as dificuldades relativas
a essa dimensão de QVT. Além disso, os mais novos no órgão podem ter
interessado com maiores expectativas e, portanto, avaliam mais criticamente esta
dimensão. Vale ressaltar que a associação entre as duas variáveis é fraca,
sugerindo uma tendência de diferença em relação ao tempo no Órgão.
Quanto ao fator ―ambiente físico adequado e seguro‖, pode-se inferir que as funções
agentes administrativos, chefes de divisão e coordenadores têm uma percepção
mais positiva quanto ao ambiente físico do que os analistas administrativos e
servidores com outros cargos (p<0,01). Essas constatações podem ser melhor
visualizadas no Gráfico 5.
É possível inferir que pessoas que estão investindo em sua formação e, que,
provavelmente começam a apresentar expectativas de crescimento mais elevadas,
compatíveis com novas competências adquiridas, não estão percebendo
oportunidades de crescimento profissional ou de benefícios equivalente àquilo que
esperavam receber ou que consideram adequados para a nova formação. As
aptidões e conhecimentos adquiridos tornam o servidor mais hábil e mais
competente, valorizando assim o seu trabalho e esperando maior retribuição do
Órgão.
40
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Vale destacar também que a percepção de que a QVT é pouco explorada no serviço
público, o que dificulta a comparação de resultados. É uma temática nova no setor
público e ainda falta uma política institucional e metodologias para que a QVT seja
viabilizada com eficiência.
41
Recomenda-se para próximos estudos desse tema que sejam aplicados em outras
esferas do setor público com adaptações, visto que os resultados não podem ser
generalizados para outros tipos de organização.
42
REFERÊNCIAS
HAIR JR., J. F.; BABIN, B.; MONEY, A. H.; SAMOUEL, P. Fundamentos de Métodos
de Pesquisa em Administração. Porto Alegre. Bookman, 2005, 471 p.
APÊNDICES
Apêndice A – Questionário
Neste Apêndice é mostrado o corpo do e-mail que foi encaminhado a cada um dos
servidores do Órgão Público Federal
Prezado(a) servidor(a),
Atenciosamente,
2028-1403 / 8252-8778
docs.google.com/forms/d/1p4UfrOwg2miNnrnN-
1IrgzFnBMlO7ibYznLcbneVDmc/viewform
Utilize a escala abaixo para indicar sua opinião em relação a cada item *
1- 3- 5-
4- 6- 7 - Fortemente
Fortemente 2 - Insatisfeito Levemente Levemente
Neutro Satisfeito Satisfeito
insatisfeito insatisfeito satisfeito
Compreensão da chefia em
relação aos erros dos
45
1- 3- 5-
4- 6- 7 - Fortemente
Fortemente 2 - Insatisfeito Levemente Levemente
Neutro Satisfeito Satisfeito
insatisfeito insatisfeito satisfeito
subordinados
*
3- 5-
1 - Fortemente 4- 6- 7 - Fortemente
2 - Insatisfeito Levemente Levemente
insatisfeito Neutro Satisfeito Satisfeito
insatisfeito satisfeito
Flexibilidade do horário de
trabalho
Auxílio alimentação
Auxílio transporte
Conhecimentos adquiridos
através de cursos oferecidos
pelo Órgão
Oportunidade de ascensão
profissional
Gratificações inerentes ao
cargo
*
5-
1 - Fortemente 3 - Levemente 4 - 6- 7 - Fortemente
2 - Insatisfeito Levemente
insatisfeito insatisfeito Neutro Satisfeito satisfeito
satisfeito
As condições físicas
(iluminação, ventilação, ruído
e temperatura) do local de
trabalho
A qualidade do mobiliário
existente no local de trabalho
Controle de circulação e
acesso de pessoas estranhas
no local de trabalho
*
3- 5-
1 - Fortemente 4- 6- 7 - Fortemente
2 - Insatisfeito Levemente Levemente
insatisfeito Neutro Satisfeito satisfeito
insatisfeito satisfeito
Atendimento médico no
Órgão
Orientações inerentes à
saúde via correio eletrônico
ou via murais
Orientação profissional à
atividade física
Analista Administrativo
Chefe de Divisão
Coordenador
Other:
*
Escolaridade
Ensino Médio
Ensino Superior cursando
Ensino Superior completo
Pós-Graduação cursando
Pós-Graduação completa
Other:
Muito obrigado por sua colaboração!
Não se esqueça de clicar em "Submit" abaixo para enviar as suas respostas.
Never submit passwords through Google Forms.
Powered by
This content is neither created nor endorsed by Google.
Report Abuse - Terms of Service - Additional Terms