Você está na página 1de 2

Me chamo Hariagi Borba Nunes e sou graduada em história licenciatura pela

UFRGS, também recentemente Mestra em educação pela mesma instituição. Já


participei, durante o trajeto acadêmico, de inúmeras pesquisas científicas, ensino e
aprendizagem em escolas, dando oficinas, estágios e monitorias. Atualmente dou
aula de história como professora voluntária no cursinho popular Transenem, que
tem como prioridade o acolhimento, financeiro e psicológico, de pessoas lgbt em
situação de vulnerabilidade que queiram acabar o ensino médio e ingressar em uma
universidade pública.
Acredito fazer-se imprescindível falar um pouco dos outros espaços que
também me formaram além do universitário pois também construíram a pessoa que
sou, meus desejos e comprometimentos com as lutas sociais.
Durante minha juventude participei ativamente das oficinas de teatro popular
Terreira da Tribo. Este grupo baseia-se na ação educativa do teatro popular,
priorizando o acesso gratuito a oficinas e peças teatrais. Concentram-se em bairros
afastados e precarizados normalmente desprovidos de investimentos em artes e
cultura pelos órgãos públicos. Foi em uma dessas oficinas, no bairro guajuviras em
Canoas, que entrei em contato com o grupo, que através dos encontros semanais
nos proporcionavam práticas de autoestima, coragem, interação e comunicabilidade
que - conjuntamente com acesso a informações, livros, filmes e conversas - nos
auxiliaram a formação de um pensar crítico e coletivo sobre nós mesmos e sobre o
mundo. Depois de muitos anos retornei ao grupo para participar da oficina de teatro
de rua e ação direta, onde criamos uma peça para apresentar na rua, mais
especificamente, nos bairros marginalizados da cidade.
Também friso minha participação nos anos de 2013 a 2016 na organização
de um coletivo feminista anarquista de ação direta, no qual fazíamos assistência
autônoma a mulheres que vinham sofrendo agressões, abusos e maus tratos de
seus companheiros ou familiares. Rodas de conversa, participação de atividades
que elas organizavam e assistência burocrática em relação a denúncias
institucionais de violências eram algumas das coisas que fazíamos. Esses
processos de acolhimento davam-se mais na Vila Dique e em alguma partes da
morro Maria da Conceição. Este último, mais especificamente, durante a ocupação
das escolas de 2016, nos momentos de trocas e debates com as meninas de uma
escola pública.
Por essa série de composições é que acredito a educação fazer sentido na
minha vida, não só como profissão a seguir mas também como prática de vida, de
luta e mobilização do que acredito e vivo. Entendo que a transmissão de
conhecimentos está amparada com a preocupação do professor, ou indivíduo do
ensinamento e da aprendizagem, com a realidade que seu interlocutor está inserida.
Levando em consideração as condições que afetam a vida do sujeito que está
aluno, sendo esta relação de escuta, cuidado, atenção, afeto e principalmente uma
relação de troca, diálogos e comunicação saudável, respeitando o tempo e o
processo de apreensão do outro. Assim, compreendo que o trabalho de educador
social, enquanto profissional e indivíduo, é imprescindível para colocar em diálogo a
assistência social e suas burocracias de maneira humanizada, sensível e
confortante para quem está vulnerável ou em alguma situação de precarização.
Este diálogo cobra que o educador seja uma pessoa disposta a ouvir, conversar e
compreender o outro da maneira mais sensível e acolhedora, resguardando também
os compromissos éticos e políticos com o trabalho e a comunidade de sua atenção.
Acredito que ouvir, acolher e transformar talvez seja a forma mais plural e
diversa de mudar a realidade social e imagética de outras pessoas, estando
presente de maneira amigável e acolhedora, frisando que somente o contato sincero
é potencializador de mudanças concretas.
Acredito que minha trajetória acadêmica e cultural pode contribuir para o
diálogo e comunicação e assim expandir realidades através da educação, história,
práticas teatrais, musicais e corporais.

Você também pode gostar