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POR DENTRO DA ATIVIDADE DE

GABINETE

MÓDULO I - POR DENTRO DA ATIVIDADE DE GABINETE

Site: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB

Curso: Organização de Gabinete Parlamentar - Turma 01

Livro: POR DENTRO DA ATIVIDADE DE GABINETE

Impresso por: Jackeline Monteiro Sousa

Data: segunda, 3 Ago 2015, 10:38


Sumário
MÓDULO I - POR DENTRO DA ATIVIDADE DE GABINETE

Unidade 1 - Organização política do poder legislativo

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Unidade 2 - O gabinete e a sociedade: interesse público x política; eficácia e eficiência

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Unidade 3 - O gabinete administrativo e o legislativo

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Unidade 4 - O gabinete político e o processo de comunicação social

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Unidade 5 - Planejamento estratégico para o gabinete parlamentar

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Exercício de Fixação - Módulo I


MÓDULO I - POR DENTRO DA ATIVIDADE DE
GABINETE

Ao final deste módulo o aluno será capaz de:

. Conhecer aspectos políticos, administrativos, comunicacionais,


pessoais, coletivos que interferem nas atividades de gabinete.
Unidade 1 - Organização política do poder
legislativo

Essas  são  questões  cujo  conhecimento  é  bastante  importante  para  os  que  atuam  na
atividade  de  apoio  e  assessoramento  político  que  se  desenvolve  num  gabinete
parlamentar.

Saiba  você  que  a  organização  politico­administrativa  interna  de  um  gabinete


parlamentar  encontra­se  intrinsecamente  associada  à  natureza  da  missão  que  se
desenvolve  em  uma  Casa  Legislativa.  Para  melhor  compreender  os  processos  de
trabalho  que  se  realizam  nesse  ambiente,  torna­se  indispensável  conhecer  alguns
fundamentos do Estado brasileiro.

Um  deles  refere­se  ao  que  seja  o  Poder  Legislativo.  Outro  diz  respeito  ao  Pacto
Federativo. Vamos estudá­los, então!

Diz o artigo segundo da Constituição Federal de 1988 que são Poderes da União,
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Em  rápidas  palavras,  podemos  afirmar  que  o  Brasil  adota  uma  administração  pública
baseada  na  separação  de  poderes.  É  assim  para  evitar  a  tendência  dominadora,  e
antidemocrática,  que  resultaria  de  uma  excessiva  concentração  de  poder,  e  de  suas
graves consequências para o sistema político nacional.
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Nessa divisão, cabe ao Executivo a administração do Estado, com o


provimento de serviços pelo Poder Público, à luz das leis e das decisões
da justiça.

Ao  Poder  Judiciário  compete  julgar  a  aplicação  das  leis,  resolvendo


controvérsias,  garantindo  a  necessária  estabilidade  e  equilíbrio  nas
relações entre os cidadãos, e também entre o Estado e a sociedade.

Ao  Poder  Legislativo,  por  fim,  cumpre  elaborar  o  ordenamento  jurídico,  que  servirá  de
regra para a sociedade de maneira ampla, para a atuação do Executivo e de parâmetros
para as decisões do Judiciário. 

O  Brasil  é  um  Estado  democrático  de  direito,  onde  imperam  as  leis.  Cabe  ao  Poder
Legislativo  elaborar  essas  leis,  que  devem  ser  coerentes  e  consistentes  entre  si  e,
principalmente, devem atender aos interesses da sociedade.

Veja o que afirma a Constituição acerca das leis:

Note  que,  devido  à  diversidade  e  complexidade  de  interesses  e  necessidades  dos


brasileiros, torna­se inviável a adoção do modelo de Estado unitário no Brasil que, sob
uma  única  administração  centralizada,  seja  capaz  de  prover  cobertura  a  todas  as
necessidades das pessoas, desde água, esgoto e luz nas ruas de suas casas; passando
pelos  transportes;  educação;  saúde;  habitação;  uso  sustentável  do  meio  ambiente;
relações  com  países  vizinhos  e  comércio  exterior;  direitos  humanos,  direito  do
consumidor; etc., etc., etc..
Por essa razão, o Estado brasileiro é dividido em instâncias administrativas, que são os
entes federados, e, para cada um, existe uma representação do Poder Legislativo. Isso
significa  afirmar  que  possuímos  leis  federais,  que  regulam  as  relações  da  União,  leis
estaduais, que são internas a cada Estado e, por fim, leis municipais, que dizem respeito
às necessidades específicas de cada um dos municípios brasileiros.
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É  a  Constituição  Federal  que  define  a  estrutura  política  e


administrativa  do  Estado  brasileiro  –  que  estabelece  a  divisão  do
Poder  Legislativo  em  três  esferas  –  Federal,  Estadual  e  Municipal,
como segue:

   
Aqui você já consegue compreender que dessa estrutura resulta uma diversidade de leis
que  devem  ser,  necessariamente,  compatíveis  entre  si.  Esse  ordenamento  jurídico  é
dinâmico e deve ser atualizado, sempre que necessário, em face da natureza mutante,
típica da sociedade de um país.

No  Brasil,  o  Legislativo  também  fiscaliza  as  ações  do  Executivo,  dentre  outras
atribuições.  É  composto  por  representantes  eleitos,  aos  quais  são  denominados
parlamentares, ou legisladores. Esse é o sistema representativo.

Você considera que haja algo que difira o legislador do cidadão comum?

O  legislador  é,  na  verdade,  um  cidadão  comum  que  foi  escolhido  pelos  demais  para
representá­los  no  Legislativo.  Foi  eleito,  teve  votos  suficientes  para  compor  a
representação  de  uma  Casa  de  Leis.  O  legislador,  ou  parlamentar,  desfruta  de  certas
prerrogativas, que visam garantir­lhe liberdade e autonomia de opinião, palavra e voto,
como o foro privilegiado para julgamento por crime que lhe seja imputado. Está sujeito,
contudo, às leis que elabora, devendo obedecê­las, pela própria força da lei, e também
para dar o bom exemplo.

A  equiparação  do  parlamentar  ao  cidadão  comum,  à  luz  da  lei,  é  uma  conquista  que
amadureceu  com  o  fortalecimento  da  democracia  brasileira.  Contudo,  nem  sempre  foi
assim.
  
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A  obediência  à  lei  é  algo  que  deve  ser  absolutamente  observado  no  gabinete
parlamentar.  Valer­se  da  posição  parlamentar  para  prevalecer  indevidamente  é  falta
grave,  que  pode  vir  a  ser  apurada  pelas  corregedorias,  ou  conselhos  de  ética,  das
Casas. Esses são órgãos internos que investigam e propõem punições políticas, como a
perda de mandato por desvios de conduta de parlamentares, por exemplo.

Diz­se  do  Poder  Legislativo  como  sendo  o  parlamento,  posto  que  seja  de  sua  própria
natureza a discussão e o confronto de ideias, sendo franqueada a palavra e o direito ao
contraditório  a  todas  as  correntes,  ou  partidos  políticos,  que  se  encontrem
representadas num Parlamento, sejam elas majoritárias ou não.

É  no  estatuto  do  partido  político  que  se  percebe  seu  posicionamento  ideológico,  se
liberal  ou  socialista,  se  de  direita  ou  de  esquerda.  Muitas  vezes,  contudo,  percebe­se
que a matriz ideológica desaparece no debate parlamentar, posto que as necessidades
sociais  transcendam,  muitas  vezes,  à  ideologia.  Exemplo  disso  seria  o  debate  de
emenda à Constituição que altere a idade mínima de ingresso na escola. No debate de
matéria dessa natureza deve­se levar em conta o que seja melhor para a criança, e não
as rivalidades partidárias. Outro exemplo seria o de projeto de lei municipal que afete o
ordenamento urbano do município, que deve priorizar o que seja melhor para a região e
seus  habitantes,  e  não  a  ideologia  política  do  autor,  ou  das  forças  antagônicas  da
Câmara.
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Como  você  deve  saber,  o  Legislativo  Federal  é


composto  por  Senado  e  Câmara  dos  Deputados,
sendo  o  Senado  conhecido  como  Casa  Revisora,
podendo  ser,  também,  Casa  iniciadora  do
processo legislativo, a partir de projetos de lei de
autoria  de  Senadores,  por  exemplo.  Essa  é  uma
representação bicameral, em que uma das Casas
revisa as proposições da outra, antes que sejam
remetidas à sanção presidencial, convertendo­se
em leis federais.

A razão de existir do Senado no Brasil está na necessidade de equilíbrio da federação.
Todo  Estado  federado  necessita  de  um  Senado,  que  tem  a  finalidade  de  garantir
igualdade  às  unidades  da  federação,  independentemente  das  riquezas,  nível  de
desenvolvimento, ou população que apresentem. Não há federação real que sobreviva à
inexistência de um Senado. Trata­se de Casa que promove o equilíbrio federativo.

Os  poderes  legislativos  estadual  e  municipal  são  unicamerais.  Para  esses  não  há
instância revisora.

Destaque­se  que  inexiste  hierarquia  de  qualquer  espécie  entre  os  legislativos  federal,
estadual  e  municipal.  Suas  produções  legislativas  são  independentes  e  restritas  à
competência legislativa de cada instância. Não cabe a um dos níveis qualquer atribuição
de fiscalização, ou controle, sobre os atos legislativos dos demais. É o Poder Judiciário
que  controla  a  legalidade,  e  a  constitucionalidade,  da  produção  legislativa  dessas  três
instâncias. Dessa forma, pode­se afirmar que o Presidente de uma câmara municipal é
um chefe de Poder, tal qual o é o Presidente do congresso nacional.
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Cada Estado possui 3 senadores, brasileiros natos, com 35 anos, ou mais. É assim para
afirmar­se maior equilíbrio ao pacto federativo, posto que todos eles possuam a mesma
quantidade de senadores.

A  atual  composição  partidária  do  Senado  Federal,  resultante  das  eleições  de  2014,  na
qual 1/3 das cadeiras foram renovadas, pode ser conhecida ao se clicar aqui. 

Para  as  demais  representações  legislativas,  visando  garantir  as  presenças  ideológicas
mais amplas nas casas, a eleição é proporcional. Isso pode fazer com que um vereador
com menos votos, por exemplo, conquiste uma vaga na câmara municipal, deixando de
fora candidato que tenha tido votação mais expressiva.

A razão de ser do Poder Legislativo se fundamenta já nos artigos primeiro e segundo da
Constituição Federal, que dizem: 

I ­ a soberania;

II ­ a cidadania;

III ­ a dignidade da pessoa humana;

IV ­ os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V ­ o pluralismo político.

Parágrafo  único.  Todo  o  poder  emana  do  povo,  que  o  exerce  por  meio  de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
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Note, então, que do termo estado democrático de direito, se depreende que nossas leis
representam fundamentos para o funcionamento da sociedade e do Estado, válidas para
todos os brasileiros, sendo o Poder Legislativo exercido por representantes eleitos.

Acerca  do  federalismo  brasileiro,  pode­se  afirmar  que  este  date  da  proclamação  da
república.  Até  então,  o  Brasil  era  uma  monarquia  constitucional  representativa,  com
Estado  unitário,  como  se  observa  no  seguinte  fragmento  da  Constituição  de  1824
(preservada a ortografia original):

Do Imperio do Brazil, seu Territorio, Governo, Dynastia, e Religião.

Art.  1.  O  IMPERIO  do  Brazil  é  a  associação  Politica  de  todos  os  Cidadãos
Brazileiros.  Elles  formam  uma  Nação  livre,  e  independente,  que  não  admite  com
qualquer  outra  laço  algum  de  união,  ou  federação,  que  se  opponha  á  sua
Independencia.

Art. 2. O seu territorio é dividido em Provincias na fórma em que actualmente se
acha, as quaes poderão ser subdivididas, como pedir o bem do Estado.

Art. 3. O seu Governo é Monarchico Hereditario, Constitucional, e Representativo.

Art.  4.  A  Dynastia  Imperante  é  a  do  Senhor  Dom  Pedro  I  actual  Imperador,  e
Defensor Perpetuo do Brazil.

Copiando  o  modelo  federativo  norte  americano,  assim  dispôs  a  primeira


constituição republicana, de 1891:

Art.  1º  ­  A  Nação  brasileira  adota  como  forma  de  Governo,  sob  o  regime
representativo, a República Federativa, proclamada a 15 de novembro de 1889, e
constitui­se,  por  união  perpétua  e  indissolúvel  das  suas  antigas  Províncias,  em
Estados Unidos do Brasil.

Art.  2º  ­  Cada  uma  das  antigas  Províncias  formará  um  Estado  e  o  antigo
Município  Neutro  constituirá  o  Distrito  Federal,  continuando  a  ser  a  Capital  da
União, enquanto não se der execução ao disposto no artigo seguinte.
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Por fim, a inclusão do município como ente federado se deu com a Constituição de 1988,
como segue:

Art.  1º  A  República  Federativa  do  Brasil,  formada  pela  união  indissolúvel  dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui­se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
I ­ a soberania;

II ­ a cidadania;

III ­ a dignidade da pessoa humana;

IV ­ os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V ­ o pluralismo político.

Com a República, então se passou à forma federativa do Estado. A inclusão dos municípios
dentre os entes federados decorreu de um movimento denominado municipalismo, que
influenciou a constituição de 1988, que passou a compreender a União, Estados, Municípios
e Distrito Federal, como componentes autônomos da federação, num chamado pacto
federativo.

Segundo este movimento, caberia ao município a responsabilidade por tudo aquilo que
lhe  fosse  possível  prover,  e  administrar,  em  termos  de  gestão  pública.  A  grande
dificuldade  decorrente  desse  novo  modelo  foi  o  fato  de  que  transferência  igual  de
recursos,  em  termos  da  distribuição  dos  tributos,  deixou  de  acontecer  da  forma  que
seria necessária.

Assim diz a Constituição Federal:

Art. 30. Compete aos Municípios:

I – legislar sobre assuntos de interesse local.
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Como são três as categorias de entes federados, as estruturas político­administrativas
foram subdivididas.  Presidência da República – Governo Estadual – Prefeitura Municipal
representam a divisão do Poder Executivo nas três esferas da federação.
   
Para o Poder Legislativo, igual subdivisão se deu: Congresso Nacional (composto por
Câmara dos Deputados e Senado Federal) – Assembleia Legislativa Estadual – Câmara
Municipal.

Quanto aos representantes eleitos para compor o Poder Legislativo, temos: o deputado
federal  e  o  senador  –  Congresso  Nacional;  o  deputado  estadual  –  Poder  Legislativo
estadual; o vereador – Poder Legislativo municipal.

A representação legislativa do Distrito Federal se chama Câmara Legislativa, para onde
são  eleitos  os  deputados  distritais.  No  pacto  federativo,  o  Distrito  Federal  se  equipara
ao  Estado.  Há  no  Brasil  26  Estados  e  1  Distrito  Federal,  perfazendo  27  Unidades  da
Federação. Essa é a razão de haver 81 senadores da república (27 x 3 = 81).

O Município, embora seja um ente federado, não é chamado de unidade da federação,
designação  que  cabe  apenas  a  estados  e  DF.  A  União  é,  dos  entes  federados,  o  único
que administra e garante a soberania nacional, conceito associado à autodeterminação
e  defesa  do  País  perante  os  demais  outros.  Estados  e  municípios  possuem  autonomia
administrativa e legal.

Quanto  à  lei  máxima  de  cada  ente  federado,  temos:  Constituição  Federal  –  União;
Constituição  Estadual  –  Estado;  Lei  Orgânica  Municipal  –  Município.  É  necessário,
contudo,  observar­se  a  hierarquia  e  a  compatibilidade  dessas  legislações,  de  forma  a
assegurar­se  a  necessária  estabilidade  do  pacto  federativo,  ou  seja:  A  Lei  Orgânica
deve  estar  em  conformidade  com  a  Constituição  Estadual  e  a  Constituição  Federal.  A
Constituição Estadual deve estar em conformidade com a Constituição Federal.

Embora inexista hierarquia entre os entes federados, o processo de elaboração das leis
deve sempre respeitar a seguinte hierarquia: 
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Por  fim,  veja  o  que  diz  o  artigo  37,  da  Constituição  Federal,  acerca  dos  princípios  da
administração, integralmente válidos para o gabinete parlamentar:

Art.  37.  A  administração  pública  direta  e  indireta  de  qualquer  dos  Poderes  da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e [...].

  

Agora que chegamos ao fim desta primeira lição, é bom que você reflita acerca de sua
importância como agente de Estado em todo esse processo aqui descrito. Seu trabalho
de gabinete dá suporte ao funcionamento de todo um modelo republicano constituído.

Busque  conhecer  bem  a  Constituição  Federal,  a  Constituição  Estadual  e  a  Lei


Orgânica Municipal. Tenha sempre perto de você esses textos, que devem ser sempre
lidos,  referenciados  e  obedecidos.  Assim,  você  estará  mais  capacitado  a  exercer  uma
assessoria parlamentar competente e focada em resultados.

Pense  sobre  a  real  importância  desses  conceitos  para  o  seu  se  dia­a­dia  de  trabalho
no Legislativo.
Unidade 2 - O gabinete e a sociedade: interesse
público x política; eficácia e eficiência

Agora  que  já  conhecemos  os  fundamentos  da  organização  do  Poder  Legislativo  e  do  Pacto
Federativo, passaremos a uma abordagem mais próxima da atividade diária de um gabinete
parlamentar.  Vamos  estudar  sua  interação  com  a  sociedade  e  a  supremacia  do  interesse
público perante o aspecto político da atividade. Conceituaremos eficiência e eficácia na rotina
de trabalho que se desenvolve no assessoramento parlamentar direto, buscando aplicar esses
conceitos na vida real.

Um  dos  aspectos  mais  aparentes  da  atividade  de  gabinete  parlamentar  é  a  interação
com a sociedade. As pessoas, de uma maneira geral, desconhecem a finalidade de uma
casa  de  leis,  o  que  as  fazem  buscá­la  com  uma  infinidade  de  demandas  muitas  vezes
distanciadas das reais possibilidades e da missão de um parlamentar.

Exemplos  típicos  são  as  constantes  e  variadas  solicitações  que  diariamente  chegam  ao
gabinete. Pedidos de emprego, passagens, cestas básicas, bolsas de estudo, apoio junto
ao  Judiciário,  etc.  Note  que  nada  disso  está  diretamente  relacionado  à  missão  de
legislar  e  fiscalizar  o  Executivo.  São  demandas  que,  contudo,  devem  ser  consideradas
pelo gabinete, no planejamento do mandato.
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Deve­se, então, levar em conta os seguintes aspectos:

Os canais de comunicação com a sociedade devem ser bem trabalhados. Correio
eletrônico, correspondências postais, atendimento ao telefone, recepção a quem
chega pessoalmente no gabinete, triagem das solicitações recebidas, espaço na
agenda  do  parlamentar  para  atender  ao  público,  devem  ser  serviços  muito  bem
conduzidos e priorizados.

Todas  as  demandas  devem  ser  acolhidas  com  respeito,  pois  se  tratam  de  reais
necessidades  das  pessoas.  Nada  de  menosprezar  os  mais  humildes,  ou
considerar  absurdo  o  que  se  solicita.  O  atendimento  deve  ser  acolhedor,
atencioso, interessado. Dependendo do nível de demanda, cabe haver assessoria
dedicada exclusivamente a essa tarefa.

Devem­se  contabilizar  as  demandas.  Numerosos  pedidos  por  bolsas  de  estudo,
por  exemplo,  podem  apontar  por  necessidade  de  políticas  públicas  mais
consistentes  na  área  da  educação.  Aí  sim  se  chega  à  missão  do  parlamentar  –
promover o bem­estar social pela atividade legislativa.

As  pessoas  devem  ter  respostas  para  suas  solicitações.  Falar  a  verdade,  sem
promover falsas expectativas. Uma assessoria bem preparada no atendimento ao
público consegue ter empatia, que significa ser capaz de se colocar no lugar do
outro  (e  se  fosse  comigo?);  ter  objetividade,  o  que  auxilia  o  cidadão  a  buscar
alternativas viáveis às suas necessidades.
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Todas  as  mensagens  de  correio  eletrônico,  que  não  sejam


“lixo”, devem ser respondidas. Igual cuidado se deve ter com o
que  chegar  por  correio  postal.  Convites  que  não  puderem  ser
atendidos devem ser agradecidos, o mesmo com mensagens de
felicitação e incentivo.

O  parlamentar  deve  receber  um  relatório  diário  com  as  ligações  e  visitas
recebidas no gabinete, e dar retorno, dentro das possibilidades.

Mensagens  com  críticas  devem  ser  consideradas  em  seu  fundo  de  verdade.
Devem, igualmente, ser respondidas. Muitas vezes o cidadão está desinformado
e  necessita  ser  esclarecido  sobre  eventuais  situações  políticas  das  quais
discorde.

Convém  que  haja  no  gabinete  alguém  que  redija  correspondências,  conforme  o
estilo e perfil político do parlamentar. Esse é o chamado “ghost writer”, que é um
perfil profissional muito específico, e raro, na lida legislativa. Essa pessoa elabora
as  respostas  que  serão  assinadas  pelo  político.  Deve,  portanto,  com  correção
gramatical, empregar seus termos e hábitos de comunicação. Deve impregnar o
texto  com  a  personalidade  do  parlamentar.  Essa  habilidade  se  assimila  com  o
tempo, por observação do político.

De  fato,  a  via  de  contato  do  parlamentar  com  a  sociedade  representa  um  processo
administrativo  da  mais  acentuada  relevância,  com  forte  impacto  na  opinião  pública,
esteja seguro disso!

Não há equívoco em trabalhar o atendimento ao cidadão como se este fosse um cliente
do  gabinete,  e  como  se  entre  os  gabinetes  da  Casa  houvesse  competitividade  na
conquista desse cliente.

Um  cidadão  mal  atendido  certamente  baterá  na  porta  ao  lado,  onde  possivelmente
encontrará  melhor  resposta  ao  seu  anseio.  Isso,  indubitavelmente,  atingirá  a  imagem
política do titular, com reflexos imediatos em sua relação com a população.
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Mas,  falando­se  em  processo  administrativo,  há  que  se  considerar  o  gabinete
parlamentar  como  sendo  um  local  onde  se  faz  política,  inobstante  o  fato  de  ser  uma
unidade  da  administração  pública.  Isso  significa  que  o  gabinete  não  deve  atuar  à
semelhança  de  uma  representação  partidária,  ou  de  entidade  organizada  de
determinado setor.

No gabinete deve ser atendido, necessariamente, o seguinte (grifos nossos):

Guarde bem estes dois trechos da legislação brasileira. Imprima­os e os deixe afixados
em local sempre visível do gabinete!

Sob  este  aspecto,  a  situação  do  gabinete  parlamentar  é  bastante  delicada,  posto  que
seja  muito  tênue  e  sutil  a  interface  entre  a  política  e  a  gestão  pública  na  área.  Quem
atua  nessa  atividade  deve  conhecer  os  fundamentos  da  Administração  Pública  e
possuir percepção política.

Agir  com  impessoalidade  significa  dedicar­se  por  igual  aos  interesses  da  sociedade,
desconsiderando,  naquilo  que  diz  respeito  à  atividade  parlamentar,  família,  amizades,
religiões, etc., inclusive em seu aspecto administrativo. Observe, outrossim, que todos
esses  princípios  são  perfeitamente  compatíveis  com  o  aspecto  político,  que  atende  ao
cidadão  e  prioriza  a  Supremacia  do  Interesse  Público.  Dessa  forma,  a  política  e  o
interesse público se harmonizam e se complementam.

Este  é,  quem  sabe,  o  aspecto  mais  desafiador  para  a  atividade  de  gabinete.  Devem,
tanto  o  parlamentar  quanto  a  equipe,  ser  capazes  de  distinguir  situações  e  colocar
limites bem definidos naquilo que acontece dentro de um gabinete.
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O terceiro e último ponto que abordaremos nesta lição refere­se a dois conceitos muitas
vezes confundidos pelas pessoas, que são o de eficácia e de eficiência.

Em breves palavras:

  
Eficácia  significa  atingir  objetivos,  sem  preocupar­se  com  os  meios  para  tanto
empregados.

Eficiência  significa  atingir  objetivos  com  economia  e  racionalidade  de  recursos.  Neste
conceito, consideram­se os meios empregados para o atendimento dos resultados.

Eficácia tem a ver com o cumprimento de metas e objetivos. Eficiência guarda relação
com o emprego dos meios e recursos despendidos para o cumprimento dessas metas.
Este acaba sendo um critério um pouco subjetivo, onde se analisa tempo, quantidade de
pessoas envolvidas, insumos, custos, etc.

Em  caso  afirmativo,  saiba  que  essas  suas  preocupações  fazem  de  você  um  assessor
mais propenso à eficiência dos processos de trabalho. Contudo, se, para você, as coisas
estão  dando  certo,  sem  maiores  preocupações  com  racionalidade,  sua  atitude  é  a  de
uma pessoa apenas eficaz, ainda.
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Uma pessoa eficiente consegue aproveitar melhor seu tempo, tem maior produtividade,
acarreta  economia  de  insumos,  como  material  de  expediente,  enfim,  é  um  profissional
mais  preparado  para  atuar  em  qualquer  atividade  que  envolva  a  necessidade  de  alto
desempenho, o que é o caso do assessoramento parlamentar.

Um servidor meramente eficaz é aquele que cumpre com seu dever, visando o salário
do  final  do  mês.  Não  contribui  com  a  melhoria  nos  processos  de  trabalho,  limita­se  à
rotina  preestabelecida,  não  inova,  não  busca  soluções  melhores  e  diferenciadas  em
termos  de  maximização  de  resultados.  Este  é,  tipicamente,  o  burocrata,  no  sentido
pejorativo da palavra. Nada contra a burocracia de Max Weber, pelo contrario. O modelo
burocrático tornou possível o Estado moderno!

No  gabinete,  a  escolha  irrefletida  de  servidores  efetivos  ou  comissionados  pode
dificultar  que  haja  eficiência  nos  processos  de  trabalho.  A  pessoa  que  assessora  o
parlamentar na área da estratégia de mandato deve estar muito atenta a isso. Todos os
servidores  devem  apresentar  atitudes,  comportamentos,  habilidades,  competências  e
conhecimento  que  favoreçam  os  melhores  e  maiores  resultados.  Afinal,  exercer  um
excelente mandato é a aspiração de todo parlamentar.

Muito  mais  do  que  mera  definição  teórica,  para  o  servidor  público  a  eficiência  é  um
mandamento. É assim desde a promulgação da emenda constitucional 19, que incluiu o
princípio da eficiência dentre os que regem a Administração Pública. Veja acima o artigo
37 da Constituição brasileira. Isto se deu no contexto da reforma do Estado, proposta na
década de 1990. Veja o seguinte exemplo:
 

A secretaria de estado da saúde deve adquirir / receber determinados remédios em três
meses. Em três meses os remédios estavam entregues – Houve eficácia.

Nesse processo de compra, que foi probo, em face do prazo exíguo, gastou­se além do
estimado.  Houve  eficácia,  porém,  não  houve  eficiência,  posto  que  se  gastou  além  do
previsto. Pode ter havido falta de planejamento, com antecipação da necessidade. 
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O conceito de eficiência é mais abrangente que o de eficácia. É possível ser eficaz sem
ser  eficiente  (caso  da  compra  dos  remédios).  Quanto  ao  contrário,  ou  seja,  ser
eficiente, sem ser eficaz, entende­se essa como possibilidade inaceitável, embora haja
autores  que  afirmem  sua  viabilidade.  Aqui  é  preferível  apelar  à  Constituição,  que  nos
impõe a eficiência como obrigação.

Ainda problematizando os conceitos eficiência e eficácia, considere o seguinte exemplo:

Certo  órgão  de  governo  tem  setor  de  atendimento  ao  cidadão  em  que  são  feitos,  em
média,  300  atendimentos  por  dia.  Ao  chegar,  a  pessoa  pega  uma  senha  e  lê  um  belo
cartaz na parede que diz:

   
“Nesta agência você será atendido em, no máximo, 20 minutos.”

Do  outro  lado  do  balcão  há  uma  equipe  de  10  atendentes  treinados  e  equipados  com
sistema  de  informação  em  computador.  A  meta  de  20  minutos  é  cumprida,  o  que
contribuiu  com  a  credibilidade  do  órgão  perante  a  sociedade.  As  pessoas  saem
satisfeitas, consideram­se bem atendidas, tudo de bom.

Porém,  certo  dia  houve  mudança  gerencial.  O  novo  gestor  entendeu  que,  com
treinamento, sete atendentes conseguem cumprir essa meta de 20 minutos de espera,
o que liberará três servidores para outras atividades, também necessárias.

Assim se deu. Aconteceu o treinamento, reduziu­se o número de atendentes para sete.
Ainda assim, o tempo de espera foi reduzido para 19 minutos!

Se, pelo contrário, com as medidas tomadas o tempo tivesse aumentado, extrapolando
os  20  minutos  de  espera,  a  meta  teria  deixado  de  ser  cumprida,  não  fazendo  sentido
falar­se em eventual eficiência, resultante da realocação das três pessoas. E o pior de
tudo,  o  serviço  prestado  ao  cidadão  teria  se  degradado,  com  perda  de  credibilidade  –
  isso um bom gestor deve considerar trágico!
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Agora  que  encerramos  o  conteúdo  teórico  de  nossa  Unidade,  recapitulemos  os
seguintes pontos aqui abordados:
Unidade 3 - O gabinete administrativo e o
legislativo

A este ponto de nosso estudo, a partir dos conceitos assimilados, já somos capazes de
compreender  duas  áreas  importantes  da  lida  no  assessoramento  parlamentar.  A
primeira delas diz respeito ao processo administrativo do gabinete.

Administrar  é  agir,  interferir.  Engana­se  o  gestor  que  considera  ser  suficiente  passar
orientações  e  aguardar  resultados,  que  estes  virão.  É  preciso,  por  parte  do  chefe  de
gabinete,  envolvimento,  compromisso  e  esforço  constantes  ao  lado  da  equipe  –
dissemos “ao lado” e não “à frente”.

A  outra  área  está  diretamente  ligada  à  atividade  fim  do  mandato,  que  é  a  produção
legislativa, a qual ocorre no Processo Legislativo. Para que as coisas andem bem nessa
área,  é  preciso  haver  alguém  no  gabinete  que  compreenda  aspectos  de  técnica
legislativa, que é a forma como são escritas as leis; de juridicidade, que é a adequação
do  projeto  de  lei  ao  ordenamento  jurídico  vigente;  e  de  constitucionalidade,  que  é  o
atendimento  dos  preceitos  constitucionais,  dentre  outros  conceitos,  que  buscaremos
compreender nesta lição.

O  Processo  Administrativo  compreende  todos  os  serviços  e  aspectos  inerentes  ao


funcionamento do gabinete, como escritório de trabalho. Nesse processo é disciplinado
o  horário  de  funcionamento;  a  jornada  de  trabalho  dos  servidores  e  funcionários
terceirizados;  a  logística  de  expedição  e  triagem  de  correspondências;  o  controle  de
material  de  expediente;  mobiliário;  equipamentos  de  informática;  copa;  serviços  de
manutenção; serviços gerais; recepção; dentre outros.

É  pelo  processo  administrativo  que  o  gabinete  se  comunica  com  as  áreas  de  apoio  da
Casa, acionando os setores que prestam suporte ao trabalho realizado.

Exemplo  típico  é  a  coleta  rotineira  e  diária  de  correspondências  endereçadas  ao


gabinete. Nesse caso, o funcionário do gabinete diariamente se dirige ao local da Casa
em que são deixadas as correspondências pelos Correios, pegando o que seja destinado
ao gabinete. Mesma providência deve acontecer com a correspondência que é expedida.

Outro  exemplo  é  o  provimento  do  gabinete  com  água  mineral,  café,  açúcar,  etc.,  em
que se buscam esses materiais periodicamente no setor devido.
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Dicas ao gestor de RH:

Ouça  as  pessoas.  Reserve  espaço  para  que  elas


conversem  com  você,  que  digam  suas
necessidades.

Seja  educado.  Grosserias  e  gestos  infelizes


demonstram sua insegurança e despreparo para a
função.

Jamais fale mal de um membro da equipe para outro.

Não  leve  problemas  da  equipe  ao  parlamentar.  Para  ele,  a  administração  do
gabinete deve ser despercebida, a menos que fato grave necessite da decisão de
instância política.

Quando necessário, seja uma ponte entre a equipe e o parlamentar.

Busque  promover  o  desenvolvimento  da  equipe,  por  meio  de  capacitação  nas
rotinas  e  recursos  de  trabalho,  bem  como  no  desenvolvimento  emocional  de
grupo. Que a equipe cresça, e você com ela!

Delegue  confiança  e  responsabilidade.  Acompanhe  as  coisas  sem  interferir  ou


demonstrar desconfiança na capacidade e no sentido ético das pessoas.

A  todo  o  momento  não  dê  ordens,  ou  cobre  as  pessoas.  Trabalhe  com  um
cronograma  de  atividades  com  tarefa  (o  que  fazer?),  prazo  (quanto  tempo?)  e
meta (qual o resultado?). Seja flexível e hábil nas necessidades de repactuação.

Seja  sincero  e  firme.  Contudo,  reserve  espaço  para  a  mudança  de  rumo.  Afinal,
tudo na vida evolui, inclusive o chefe.

Faça  reuniões  periódicas  (quinzenais).  Nelas,


converse com o grupo sobre a rotina do gabinete,
coloque  as  pessoas  para  falarem  umas  com  as
outras,  provoque  o  grupo  a  dar  sugestões  e  as
considere.  Seja  explícito  naquilo  que  é  esperado
de  cada  membro,  e  que  todos  saibam  disso,
sempre demonstrando confiança e fé nas pessoas.

Observe  e  respeite  o  perfil  das  pessoas.  Delegue  a  elas  tarefas  para  as  quais
estejam  preparadas,  tenham  afinidade,  e  desempenhem  satisfeitas  com
qualidade.  Senão,  o  trabalho  se  torna  um  castigo,  e  os  problemas  começarão  a
surgir.
Leia  bastante  sobre  Gestão  Estratégica  de  Pessoas.  Esta  é  uma  moderna
disciplina da Administração que muito contribui com a formação de equipes e de
gestores.

Boa sorte!!!
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Como  vimos  na  lição  anterior,  vale  recordar  que  outro  aspecto  relevante  do  Processo
Administrativo é a recepção do gabinete, porta de entrada para as pessoas que buscam
o parlamentar. Deve­se buscar treinar quem atue na área em técnicas de atendimento
ao  público,  e  também  nos  recursos  de  informática  que  sejam  disponíveis,  como
agendas, cadastros de contatos, etc.

Ter simpatia, agilidade, saber sorrir e atender bem ao cidadão que busca o gabinete é a
premissa de quem atua numa recepção.

Acerca  do  Processo  Administrativo  como  um  todo,  é  importante  que  haja  servidores
exclusivamente  dedicados  à  atividade,  posto  que  aí  fica  a  base  de  tudo  o  mais  que
acontece em um gabinete parlamentar.

São perfis profissionais adequados à atividade administrativa:

Enfim,  o  processo  administrativo  realiza  a  infraestrutura  necessária  para  que,  no


gabinete,  transcorram  o  Processo  Legislativo,  o  Processo  Político  e  o  Processo  de
Comunicação Social, culminando com a atividade do parlamentar como um todo.
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Agora  que  já  sabemos  um  pouco  sobre  o  funcionamento  administrativo  do  gabinete,
como  atua  perante  as  demandas  da  sociedade,  se  relaciona  com  o  meio  externo  e  dá
suporte  ao  trabalho  político  do  parlamentar,  passaremos  à  investigação  do  Processo
Legislativo  que  acontece  em  uma  casa  de  leis  e  de  que  forma  o  gabinete  pode  atuar
com maior eficiência nessa atividade tão essencial.

Uma  lei  é  uma  regra  geral,  aceita  e  aplicada  indistintamente  pelas  instituições  e  pela
sociedade.  A  lei  serve  para  garantir  direitos  de  grupos  menos  protegidos,  regulando
relações nas quais, na sua ausência, se estabeleceria a desigualdade cruel, que decorre
da  diversidade  de  poder  dos  agentes  sociais,  especialmente  no  campo  da  economia.
Uma sociedade sem leis tenderia ao estado de barbárie, onde prevaleceria a vontade e
o poder do mais forte.

As leis regulam as relações entre os indivíduos, os grupos e o Estado em situações nas
quais sua ausência incorreria em risco para a harmonia social, por exemplo.

Outro  aspecto  a  ser  considerado  é  que,  do  nível  de  necessidade  por  produção
legislativa, percebe­se o grau de desenvolvimento de uma sociedade.
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Ilusão  que  se  tem  acerca  da  produção  legislativa  é  de  que  a  lei  resolve  tudo.  Nada
disso!

Uma  lei  jamais  resolverá  dilema  para  o  qual  a  própria  sociedade  ainda  não  encontrou
solução.  Por  isso,  o  debate  legislativo  na  casa  de  leis  deve  ter  a  ampla  participação
social e dos grupos envolvidos. Senão, a lei será letra morta.

Para a elaboração das leis, o parlamentar deve contar com uma assessoria de processo
legislativo  que  conheça  bem  a  Constituição  Federal,  a  Constituição  Estadual,  a  Lei
Orgânica  do  Município,  o  que  varia  conforme  a  instância  da  federação,  e  o  Regimento
Interno da Casa.

É  no  regimento  interno  que  se  encontra  o  ritual  de  funcionamento  da  produção
legislativa, com todos os passos e instâncias decisórias aí existentes.

Caso  a  resposta  seja  'não',  sugerimos  que  você  converse  com  seu  parlamentar  e  o
mobilize  para  que  esse  vazio  legal  seja  logo  preenchido.  Isso  garantirá  a  segurança
jurídica tão necessária ao Poder Legislativo.

De uma maneira geral, o processo legislativo compreende 5 fases, quais sejam:

elaboração – construção do projeto de lei, a partir de demandas recebidas, ou
de  iniciativa  própria  do  parlamentar,  em  conformidade  com  as  leis
(constitucionalidade e juridicidade) e com a técnica legislativa. Essa etapa deve
considerar eventuais resistências políticas e buscar equacioná­las, de forma que
o projeto passe por tramitação legislativa mais tranquila.

apresentação  –  formalização  da  iniciativa  perante  e  Mesa  Diretora  da  casa


legislativa.

despacho  –  deliberação  do  presidente  da  Casa  quanto  ao  caminho  que  a
proposição  percorrerá  em  sua  tramitação.  O  despacho  varia  em  conformidade
com a estrutura da Casa e o tipo da matéria.
instrução – tramitação legislativa propriamente dita, com relatorias, audiências
públicas, diligências e demais recursos legislativos disponíveis.

deliberação / votação – deliberação dos parlamentares acerca do projeto, que
pode  ser  pela  aprovação  como  se  encontra,  aprovação  com  alterações
(emendas), ou pela rejeição.

Em  seguida  o  projeto  segue  para  o  chefe  do  Executivo  sancioná­lo  (colocá­lo  em
vigência),  ou  vetá­lo.  O  veto  pode  ser  integral  ou  parcial,  sendo  deliberado
posteriormente pelo Legislativo.
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Este  é  um  roteiro  que  se  aplica,  de  forma  geral,  aos  legislativos  federal,  estadual  e
municipal.  De  nossa  primeira  lição  você  deve  se  recordar  que  no  legislativo  federal,
contudo,  há  duas  casas  (Senado  e  Câmara).  Isso  acrescenta  a  etapa  revisora  do
processo, em que uma casa revisa as iniciativas da outra.

Além  de  realizar  este  acompanhamento  interno  e  estar  sempre  ligado  nos  anseios  da
sociedade, o que deve ser refletido na produção legislativa do parlamentar, a assessoria
legislativa  deve  ter  conhecimento  da  técnica  legislativa,  que  é  a  forma  com  que  se
redigem as leis.

  
Pretendendo disciplinar este aspecto da elaboração legal, a Constituição brasileira, em
seu artigo 59, estabeleceu que a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis
federais seriam reguladas por lei específica – a Lei Complementar nº 95, de 1998.

  
Esta  importante  legislação  federal  serviu  de  base  para  a  elaboração  de  manuais  de
técnica legislativa, dentre os quais, o do Senado Federal.

 
Tanto o manual do Senado, quanto a própria LC nº 95, de 1998, são indicações de leitura
complementar ao final desta lição.
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Diz a boa técnica legislativa que, na redação da lei, se deve:

Usar as palavras e as expressões em seu sentido comum, salvo quando a norma
versar  sobre  assunto  técnico,  hipótese  em  que  se  empregará  a  nomenclatura
própria da área em que se esteja legislando.

Usar frases curtas e concisas.

Construir  as  orações  na  ordem  direta,  evitando  preciosismo,  neologismo  e


adjetivações dispensáveis.

Buscar  a  uniformidade  do  tempo  verbal  em  todo  o  texto  das  normas  legais,
dando preferência ao tempo presente ou ao futuro simples do presente.

Usar os recursos de pontuação de forma judiciosa, evitando os abusos de caráter
estilístico.

Articular  a  linguagem,  técnica  ou  comum,  de  modo  a  ensejar  perfeita


compreensão do objetivo da lei e a permitir que seu texto evidencie com clareza
o conteúdo e o alcance que o legislador pretende dar à norma.

Expressar  a  ideia,  quando  repetida  no  texto,  por  meio  das  mesmas  palavras,
evitando o emprego de sinonímia com propósito meramente estilístico.

Evitar o emprego de expressão ou palavra que confira duplo sentido ao texto.

Usar apenas siglas consagradas pelo uso, observado o princípio de que a primeira
referência no texto seja acompanhada de explicitação de seu significado.

Grafar por extenso quaisquer referências a números e percentuais, exceto data,
número de lei e nos casos em que houver prejuízo para a compreensão do texto.

Indicar,  expressamente  o  dispositivo  objeto  de  remissão,  em  vez  de  usar  as
expressões ‘anterior’, ‘seguinte’ ou equivalentes;

Conhecer detalhes na LC nº 95, de 1998.
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Unidade 4 - O gabinete político e o processo de
comunicação social

Agora  que  acabamos  de  conhecer  um  pouco  da  área  legislativa  do  gabinete,  cabe­nos
lançar  a  atenção  sobre  a  força  que  direciona  essa  atividade.  Legislar  em  que  direção?
Para quem? Com que objetivo? Atuar o modo legislativo de forma individual, ou coligada
em grupo? A preferência legislativa adotará o caminho da intervenção, ou da liberdade
social (esquerda / direita)?

Na verdade, a resposta a essas e outras questões encontra­se na definição de política.
Veja o que diz a Wikipedia:

Política  ­  A  arte  ou  ciência  da  organização,  direção  e  administração  de  nações  ou
Estados; aplicação desta arte aos negócios internos da nação (política interna) ou aos
negócios  externos  (política  externa).  Nos  regimes  democráticos,  a  ciência  política  é  a
atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua
militância.

Demanda Social­­­­­­­­­­ Articulação Política­­­­­­­­­­ Política Pública

O  aspecto  político  da  atividade  de  gabinete  tem  a  função  de  elo  entre  a  demanda  da
sociedade,  e  a  realização  da  política  pública,  por  meio  do  entendimento  que  o
parlamentar  estabelece  com  os  setores  sociais,  empresariado,  órgãos  de  governo,
dentre os mais diversos agentes políticos existentes.
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São atividades do processo político:

Acompanhar a agenda do parlamentar.

Acompanhar as pautas das frentes parlamentares.

Acompanhar as pautas do plenário e das comissões.

Acompanhar o parlamentar no plenário e nas comissões.

Acompanhar  o  político  em  reuniões,  audiências,  eventos  e  nas  atividades  do


mandato, dando andamento às providências decorrentes.

Articular­se  com  as  assessorias  de  parlamentares  e  da  liderança  do  bloco,  para
efeito de orientação de voto e de políticas partidárias.

Atuar com as áreas de apoio legislativo da Casa.

Atuar conjuntamente com a assessoria legislativa e a assessoria de comunicação
do gabinete.

Apoiar a atuação do titular em Comissões Parlamentares de Inquérito.

Atuar nas políticas do mandato em suas variadas agendas.

São perfis de uma assessoria política de gabinete:

Conhecer e estar alinhado com o pensamento político do titular.

Desfrutar da confiança e proximidade do parlamentar.

Lidar bem com situações novas e inesperadas e com a falta de rotina.

Ter arrojo e iniciativa para a proposição de soluções.

Conhecer o processo legislativo da Casa.

Engana­se  quem  considera  a  atividade  político­parlamentar  como  tão  somente  o


processo  de  construção  das  políticas  públicas  e  dos  embates  partidários  e  ideológicos
que  se  travam  no  campo  da  situação/oposição.  Este  é  o  viés  mais  institucional  da
atividade.

Há na atividade política do gabinete o viés de atenção social, que se reflete diretamente
no  contato  do  parlamentar  com  os  cidadãos,  com  a  sociedade  organizada  e  com  os
poderes constituídos.
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É  imprescindível  que  a  organização  da  agenda  política  do  mandato  contemple  a


necessária atenção do político com as festas regionais, encontros, solenidades, visitas a
entidades  e,  inclusive,  para  um  convívio  direto  e  cotidiano  com  as  pessoas  de  uma
maneira geral. Esse é um cuidado que deve ser tomado pela assessoria que organiza a
agenda política do parlamentar.

Não  basta  ser  bem  relacionado  com  as  autoridades  constituídas  –  governador,
secretariado, prefeitos, vereadores, dentre outros – se o cidadão é relegado ao segundo
plano.  O  parlamentar  que  se  ocupa  demais  com  a  estrutura  de  governo  e  se  esquece
das pessoas sem cargos deve ser trazido à realidade pela assessoria mais próxima, com
tato e sutileza.

Para tudo isso, existe a necessidade de comunicação precisa e qualificada, o que está
diretamente  ligado  ao  relacionamento  do  parlamentar  com  a  sociedade.  Esta
preocupação com a comunicação visa à conquista de legitimidade e apoio por parte do
povo ao qual representa.

Surge desta necessidade mais um processo de trabalho do gabinete, que diz respeito à
assessoria de imprensa – o Processo de Comunicação.

De nada adianta ao parlamentar atuar em conformidade com suas bandeiras ideológicas
e de apoio popular, se ele não conseguir comunicar isso muito bem à sociedade. Aliás,
esse  tem  sido  um  desafio  muito  presente  no  Poder  Legislativo  –  manter  a  sociedade
bem  informada  e  esclarecida  acerca  daquilo  que  ocorre  na  Casa.  A  informação  precisa
da  atividade  parlamentar  contribui  sobremaneira  com  a  melhoria  de  qualidade  da
atividade política de maneira geral, uma vez que todos que se dedicam a isso buscarão
conquistar opinião pública favorável.

Uma  informação  precisa  favorece  o  melhor  controle  social  pelo  conhecimento  do


cidadão, o que acaba por impor acentuada melhoria nos trabalhos, uma vez que o povo
bem informado é capaz de cobrar resultados e posturas.
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Mídia das fontes

As  assessorias  de  imprensa  parlamentares  estão  se  tornando  tão  arrojadas  que
passaram, elas próprias, a produzir e transmitir notícias de seus gabinetes para públicos
próprios, ou mesmo para os veículos tradicionais de comunicação. Agora, em vez de vir
o veículo buscar a notícia, é a própria fonte da informação que a gera e difunde, naquilo
que ficou conhecido como “mídia das fontes”.

Assim  coloca  o  professor  Francisco  Sant’Anna  (p.  25),  no  artigo  intitulado  Mídia  das
Fontes: o difusor do jornalismo corporativo acerca do assunto:
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Marketing político

A propaganda política, a pesquisa de opinião, as relações públicas, a agenda política, a
definição dos públicos estratégicos, a mídia e a persuasão são elementos de construção
da opinião pública, que compõem o marketing político.

Esse conceito, muito comum de ser ouvido em épocas que antecedem às eleições, deve
ser  considerado  e  trabalhado  pela  assessoria  de  comunicação  ao  longo  de  todo  o
mandato. Assim, a carreira política adquire consistência, amadurecimento.

Cabe  ao  marketing  político  do  parlamentar  garantir  que  a  ação  do  político  esteja  bem
colocada  perante  a  sociedade,  tendo  como  retorno  as  informações  que  sirvam  de  eixo
para  o  alinhamento  político  do  mandato.  O  parlamentar  deve  considerar  em  sua  lida
legislativa aquilo que a assessoria apura em termos de opinião e tendência social.

Tipicamente  associado  à  campanha  eleitoral,  o  marketing  político  serve  para  construir


convencimento público acerca da atuação do parlamentar. Suas idéias, projetos de lei,
iniciativas institucionais, se bem trabalhadas em termos das ferramentas de marketing
político, contribuem sobremaneira para a aceitação e apoio popular. Assim, as políticas
públicas decorrentes dessas iniciativas  contarão com maior consideração e relevância.

Veja a definição da Wikipedia para marketing político:
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Redes Sociais: Facebook e Twitter

Uma  rede  social  é  um  recurso  da  Internet  no  qual  grupos  de  pessoas  se  conectam
voluntariamente  umas  com  as  outras  em  razão  de  identidades  e  interesses  comuns.  Podem
ser  redes  de  relacionamento,  como  o  caso  do  orkut  e  do  facebook,  ou  redes  profissionais,
como o linkedin. Nelas, as pessoas postam comentários e trocam informações. É tudo muito
simples e rápido de utilizar.

Basta  ter  um  computador  ligado  à  Internet  e  pronto,  a  pessoa  pode  se  cadastrar  em
uma  rede  social,  escolher  os  grupos  dos  quais  deseja  participar,  obter  e  repercutir
informações.

Veja o que diz a Wikipedia sobre as redes sociais: 

O  emprego  de  redes  sociais  no  assessoramento  parlamentar  tem  se  tornado  cada  dia
mais comum. Nele, a assessoria cria e administra o perfil do parlamentar na rede social,
nela postando comentários acerca da atividade política do mandato.

A  rede  social  acaba  representando  um  bom  canal  de  retorno  quanto  à  popularidade  e
aceitação do parlamentar. O número de mensagens recebidas, a quantidade de pessoas
que compõem a rede, bem como o teor daquilo que é postado pelos membros, serve de
subsídio para uma auto­avaliação de desempenho político do mandato.
Esta peculiaridade da construção coletiva leva a um conceito novo na comunicação, que
é  o  de  Capital  Social  –  o  conjunto  de  habilidades,  atribuições  e  conhecimentos  que
permitem a um indivíduo influenciar as opiniões dos outros.
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Para o emprego eficiente das redes sociais no assessoramento parlamentar, devem­se
tomar alguns cuidados: 

Ter regularidade nas postagens;

As  informações  devem  ser  postadas  quase  que  de  imediato  ao  acontecimento
dos fatos;

Comunicar a identidade do parlamentar no teor das mensagens, com simplicidade
e honestidade;

Ter agilidade. Pessoas mais jovens costumam ter esse perfil;

Ser  capaz  de  lidar  de  forma  inteligente  com  opiniões  diversas  e  críticas,  que
serão respondidas na rede, em público;

Postar não apenas fatos, mas opiniões, reflexões e pensamentos políticos;

Empregar  o  recurso  como  estratégia  de  formação  de  opinião  e  conquista  de


espaço político;

Considerar  a  rede  social  como  um  investimento  no  futuro,  de  médio  a  longo
prazo.

Mensagens  de  twitter  podem  ser  remetidas  por  mensagem  de  celular  (SMS,  ou
torpedo).  Assim,  o  próprio  parlamentar  pode  postar  mensagens  onde  quer  que  esteja,
por meio do celular.

Considere que as redes sociais são recursos muito interessantes, devendo­se levar em
conta, contudo, que a efetividade depende de quem é o público alvo dessas redes. De
nada adianta muita elaboração nessa área, se o público do parlamentar não tem acesso
à Internet em maior escala, como é o caso típico das regiões interioranas do País. 
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YouTube

“Broadcast  yourself  –  Transmita  você  mesmo”,  foi  a  chamada  publicitária  empregada


para  difundir  mais  um  importante  recurso  da  Internet  –  o  YouTube,  que  é  um  site  de
livre acesso onde as pessoas colocam vídeos produzidos por elas próprias. 

Não  resta  dúvida  de  que  este  é  um  recurso  que  pode  dar  grande  visibilidade  ao
parlamentar,  especialmente  com  a  disponibilidade  atual  de  equipamentos  de  gravação
de  vídeo,  como  máquinas  fotográficas  digitais  e  celulares  que  permitem  gravar
flagrantes da atividade parlamentar, com imediata exposição na Internet.

O alcance desse tipo de mídia é relativo, posto que ainda não chegue à grande massa
da  população,  embora  seja  cada  dia  mais  comum  para  as  pessoas  terem  acesso  à
Internet em suas casas, inclusive com acesso de alta velocidade.
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São perfis de uma assessoria de imprensa, ou comunicação: 

Ter agilidade no processo de elaboração e divulgação de notícias.

Conhecer bem e atuar no jornalismo político.

Ter boa redação jornalística.

Manter uma forte rede de contatos com as mídias regionais, especialmente com
os colunistas dos veículos de comunicação.

Ser  capaz  de  pautar  o  parlamentar  com  temas  de  momento  para
pronunciamentos e entrevistas.

Conhecer bem as redes sociais e demais recursos de comunicação disponíveis na
Internet.

 
Unidade 5 - Planejamento estratégico para o
gabinete parlamentar

A partir desta visão ampla que tivemos dos processos que ocorrem no gabinete parlamentar,
cabe,  a  este  ponto,  abordar  a  forma  com  que  tudo  isso  deve  ser  planejado  e  posto  para
funcionar, de forma que a organização “gabinete” atenda a objetivos pré­definidos e cumpra
sua missão.

Por  tratar­se  de  atividade  política,  muitos  tendem  a  considerar  que  o  gabinete  não
comporta  planejamentos  de  médio  ou  longo  prazo,  posto  que  a  política  é  atividade
marcada  pelo  inusitado  e  pela  mudança  de  rumos.  Contudo,  a  despeito  dessa
peculiaridade  organizacional,  de  forma  alguma  o  gabinete  prescinde  de  um  plano
estratégico  que  seja  realizável,  embora  tenha  dentre  suas  características  mais
marcantes a necessária flexibilidade e acomodação às contingências políticas.

Outra premissa que deve ser levada em consideração quando se fala de planejamento
para  a  área    é  o  fato  de  que  o  gabinete  é  uma  instância  do  Poder  Público,  ou  seja,
devem ser necessariamente considerados, e atendidos, os princípios constitucionais da
Administração  Pública,  já  mencionados  em  unidades  anteriores,  que  são:  legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
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Fora  isso,  um  planejamento  estratégico  para  o  gabinete  parlamentar  segue  os  moldes
aplicáveis às demais organizações que, da prática de planejar a estratégia para atingir
objetivos,  muito  crescem  e  se  beneficiam  em  termos  de  vantagem  organizacional  e
competitiva.

Para  Henry  Mintzberg  et  al.  (2003),  cientista  da  administração  moderna,  estratégia  é
uma  maneira  de  se  pensar  o  futuro,  para  se  tomar  decisões,  de  forma  integrada  e
articulada a resultados. Essa concepção de estratégia condiz perfeitamente com o jogo
de xadrez, em que o jogador estrategista pensa o futuro na busca de seu objetivo, que
é o de vencer seu adversário, conforme os procedimentos definidos, que são as regras
do jogo.

Conforme  a  Wikipedia,  “o  planejamento  estratégico  é  um  processo  gerencial  que  diz
respeito  à  formulação  de  objetivos  para  a  seleção  de  programas  de  ação  e  para  sua
execução,  levando  em  conta  as  condições  internas  e  externas  à  organização  e  sua
evolução  esperada.  Também  considera  premissas  básicas  que  a  organização  deve
respeitar para que todo o processo tenha coerência e sustentação.”

A estratégia é o patamar mais elevado da cadeia decisória, sendo antecedida pelo nível
tático  e,  mais  abaixo,  pelo  operacional.  Considerando  a  contingência  política,  elaborar
um  planejamento  estratégico  para  o  gabinete  é  um  trabalho  do  grupo,  com  apoio  de
facilitador  externo,  que  deve  envolver  a  todos  os  que  nele  atuam,  principalmente  o
próprio parlamentar. Planejar uma estratégia de gabinete sem a participação do titular
do  mandato  seria  esforço  inútil.  Deixar  de  planejar  a  estratégia  de  futuro  implica  em
enorme gasto de energia com tarefas pequenas e desarticuladas, o que leva à perda de
tempo e desperdício de talento.
Executar  um  planejamento  estratégico  significa  transmutar  do  planejado,  ou  virtual,
para o concreto, ou real.
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Vamos agora sugerir missão, valores e visão de futuro para o gabinete: 

Missão:  Possibilitar  o  pleno  e  abrangente  exercício  do  mandato  parlamentar,  em


conformidade com os preceitos legais, visando à efetiva e fiel representação popular.

Valores: Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Visão de futuro: Ser referência na atividade político­legislativa, abraçando com altivez
as causas populares, de forma a fortalecer nos cidadãos a convicção da importância do
Poder Legislativo para a cidadania e qualidade de vida dos brasileiros.

Perceba que na declaração de missão estão respondidas algumas questões relevantes:

   
Note que a declaração de missão é um tanto visionária, impossível de ser atendida no
curto prazo, o que garante maior longevidade ao planejamento estratégico.

Todos aqueles que atuam na atividade, isso em qualquer de seus processos de trabalho,
devem fazê­lo com foco no cumprimento da missão.

Acerca  da  declaração  de  valores,  estes  se  tratam  de  princípios  éticos  inflexíveis,  que
devem  garantir  o  alinhamento  das  missões  individuais  de  cada  funcionário,  na  direção
do planejamento realizado. 
Por  fim,  a  visão  de  futuro  representa  a  meta  final  a  que  se  destina  o  gabinete
parlamentar. É onde se pretende chegar pelo esforço organizado, contínuo e empenhado
de todos.
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Rapidez nas decisões: Considerando que uma estratégia bem definida deixa claro
o rumo que se deve adotar, o processo decisório passa a ser mais simplificado e
rápido.

Melhoria na comunicação interna: As mensagens trocadas entre os membros da
equipe  passam  a  ser  mais  bem  compreendidas,  em  face  do  pressuposto
estratégico existente.

Melhor  conhecimento  do  ambiente  político­administrativo  que  permeia  a  casa


legislativa.

Meritocracia nas escolhas de gestores: Necessariamente a escolha do gestor da
equipe  deve  se  dar  em  função  de  sua  capacidade  de  liderar  e  conhecimento  do
“negócio”. Negócio aqui significa a atividade a que se dedica o gabinete.

Mais  delegação:  O  gestor  sente  mais  confiança  numa  equipe  com  propósitos
alinhados, estando mais propenso à delegação de responsabilidade e confiança.

Alinhamento dos comportamentos individuais em função da estratégia coletiva: O
gabinete  passa  a  ter  personalidade  própria,  posto  que  todos  que  o  compõem
adotam atitudes afinadas, sem perda de personalidade ou lapso de autonomia.

Mais  motivação:  Funcionários  que,  no  planejamento  estratégico,  sejam


considerados  como  capital  humano  do  mandato  tendem  a  adotar  postura  de
maior comprometimento profissional.

Capacitação  continuada  da  equipe:  Capacitação  deve  ser  um  dos  objetivos
estratégicos,  com  indicadores.  As  escolas  do  legislativo  possuem  estrutura  e
competência para a realização de cursos voltados às necessidades específicas da
área.

Mais conhecimento do ambiente externo em que se insere o gabinete, e também
do interno, com definição bem estabelecida de responsabilidades.

Melhor visão individual do todo que representa o mandato parlamentar. Pessoas
que sabem onde a organização “gabinete” pretende chegar, e por meio de quais
valores,  conduzem  a  si  mesmas  de  forma  mais  adequada  e  produtiva,  com
engajamento e foco no resultado – Essa é a chamada Consciência Coletiva.

Mais  qualidade  de  vida  no  trabalho  –  As  pessoas  se  sentem  mais  felizes
trabalhando  em  um  ambiente  bem  planejado  e  que  prioriza  o  bem  estar  dos
funcionários  (qualidade  de  vida  no  trabalho  deve  ser  um  dos  objetivos
estratégicos).
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Além destas vantagens pontuais e internas ao ambiente do gabinete, esteja seguro de
que  o  mandato  como  um  todo  sairá  muito  beneficiado  com  o  planejamento.  Isso  se
refletirá  em  um  contato  mais  franco  e  propositivo  com  a  sociedade,  implicando  em
maior base de apoio popular, o que decorrerá naturalmente da estratégia adotada.

Para  que  se  consiga  realizar  um  planejamento  estratégico  que  seja  aplicável  e  efetivo
em seus propósitos, há que se contar com algumas condições indispensáveis:

Encerramos  aqui  nosso  estudo  sobre  planejamento  estratégico  organizacional  para  a


atividade  de  gabinete  parlamentar.  Com  ele,  a  área  conquistará  grandes  resultados,  posto
que  a  mobilização  coletiva  de  todos,  em  torno  das  metas  estratégicas  definidas,  contribui
sobremaneira com a qualidade do mandato.

Para tanto, é necessário pleno envolvimento do parlamentar, e da equipe, em um clima
organizacional  que  seja  propício  à  modernização,  à  capacitação  e  ao  aperfeiçoamento
dos processos de trabalho.
Exercício de Fixação - Módulo I
Parabéns! Você chegou ao final do Módulo I do curso  Organização
de Gabinete Parlamentar.

Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que você faça


uma releitura do conteúdo e resolva os Exercícios de Fixação. O
resultado não influenciará na sua nota final, porém, o acesso aos
Módulos seguintes está condicionado à resolução e envio das
respostas.

Lembramos, ainda, que a plataforma de ensino faz a correção


imediata das respostas!

Para ter acesso aos Exercícios de Fixação, clique aqui.

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