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Vol 05 Completo PDF
Vol 05 Completo PDF
VOLUME V
CONSOLIDANDO POSIÇÕES
NA MINERAÇÃO
Banco de
Desenvolvimento de
Minas Gerais
BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE MINAS GERAIS S.A. - BDMG
Conselho de Administração
José Augusto Trópia Reis - Presidente
Murilo Paulino Badaró - Vice-Presidente
Edgard Martins Maneira
Elvira Fonseca Garcia
Fábio Proença Doyle
José Pedro Rodrigues de Oliveira
Diretoria
Murilo Paulino Badaró - Presidente
Francisco José de Oliveira - Vice-Presidente
José Lana Raposo
Ignácio Gabriel Prata Neto
Júlio Onofre Mendes de Oliveira
Coordenação do Projeto
Tadeu Barreto Guimarães - Coordenação Geral
Marco Antônio Rodrigues da Cunha - Coordenação Executiva
Marilena Chaves - Coordenação Técnica
Editoração de Textos
IDM / Técnica Composição e Arte
Criação da Capa
Fernando Fiúza de Filgueiras
Revisão e Normalização
Dila Bragança de Mendonça
Elzira Divina Perpétua (Coordenação)
Marlene de Paula Fraga
Raquel Beatriz Junqueira Guimarães
Vicente de Paula Assunção
Virgínia Novais da Mata Machado
CDU: 338.92(815.1)
CONSOLIDANDO POSIÇÕES
NA MINERAÇÃO
Autor do Volume
Germano Mendes de Paula
(Doutor e Professor do Instituto de Economia da
Universidade Federal de Uberlândia - UFU)
Coordenação do Projeto
Tadeu Barreto Guimarães
Marco Antônio Rodrigues da Cunha
Marilena Chaves
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................ 13
5. FERRO ................................................................................................................................................................................... 61
5.1. Mercados consumidores .......................................................................................................................................... 61
5.2. Tendências da demanda .......................................................................................................................................... 62
5.3. Reservas mundiais .................................................................................................................................................... 63
5.4. Reservas brasileiras .................................................................................................................................................. 64
5.5. Produção mundial .................................................................................................................................................... 64
5.6. Produção brasileira .................................................................................................................................................. 65
5.7. Balança comercial brasileira ................................................................................................................................... 66
5.8. Processo de consolidação ....................................................................................................................................... 67
5.9 O Caso MBR ............................................................................................................................................................. 70
5.10. A Situação das pequenas mineradoras ................................................................................................................. 70
5.11. Preços ......................................................................................................................................................................... 72
5.12. Perspectivas .............................................................................................................................................................. 72
6. OURO ...................................................................................................................................................................................... 75
6.1. Mercados consumidores .......................................................................................................................................... 75
6.2. Tendências da demanda .......................................................................................................................................... 75
6.3. Reservas mundiais .................................................................................................................................................... 75
6.4. Reservas brasileiras .................................................................................................................................................. 76
6.5. Produção mundial .................................................................................................................................................... 76
6.6. Produção brasileira .................................................................................................................................................. 77
6.7. O caso Mineração Morro Velho ............................................................................................................................ 79
6.8. Balança comercial brasileira ................................................................................................................................... 80
6.9. Processo de consolidação ....................................................................................................................................... 80
6.10. Preços ......................................................................................................................................................................... 82
6.11. Perspectivas .............................................................................................................................................................. 83
7. ZINCO .................................................................................................................................................................................... 85
7.1. Mercados consumidores .......................................................................................................................................... 85
7.2. Tendências da demanda .......................................................................................................................................... 86
7.3. Reservas mundiais .................................................................................................................................................... 86
7.4. Reservas brasileiras .................................................................................................................................................. 87
7.5. Produção mundial .................................................................................................................................................... 87
7.6. Produção brasileira .................................................................................................................................................. 87
7.7. Balança comercial brasileira ................................................................................................................................... 88
7.8. Escala de produção .................................................................................................................................................. 89
7.9. Os casos CMM e Paraibuna de Metais ................................................................................................................. 89
7.10. Preços ......................................................................................................................................................................... 90
7.11. Perspectivas .............................................................................................................................................................. 91
8. NÍQUEL ................................................................................................................................................................................ 93
8.1. Mercados consumidores .......................................................................................................................................... 93
8.2. Tendências da demanda .......................................................................................................................................... 93
8.3. Reservas mundiais .................................................................................................................................................... 94
8.4. Reservas brasileiras .................................................................................................................................................. 94
8.5. Produção mundial .................................................................................................................................................... 94
8.6. Tecnologia HPAL ..................................................................................................................................................... 94
8.7. Produção brasileira .................................................................................................................................................. 95
8.8. Balança comercial brasileira ................................................................................................................................... 96
8.9. Escala de produção .................................................................................................................................................. 96
8.10. O caso Mineração Serra da Fortaleza ................................................................................................................... 97
8.11. Preços ......................................................................................................................................................................... 98
8.12. Perspectivas .............................................................................................................................................................. 99
CONSOLIDANDO POSIÇÕES
NA MINERAÇÃO
CAPÍTULO 1
O CENÁRIO INTERNACIONAL
BDMG
40 anos
Introdução
Os minerais podem ser também divididos de acordo como sua forma prioritária de
comercialização:
minerais com valor unitário suficientemente elevado, para serem vendidos no mercado
global (por exemplo, ouro, diamante, cobre e alumínio);
minerais com valor unitário suficientemente elevado, para serem comercializados em
mercados regionais; ou seja, embora sejam verificados fluxos de exportação e importação,
sua comercialização não é verdadeiramente global (calcário);
minerais com baixo valor unitário, o que limita sua comercialização, principalmente ao
âmbito doméstico (areia e brita).
Na TAB. 1, observa-se a grande diversidade em termos do volume produzido e do preço
médio de venda entre alguns minerais. Os agregados ou materiais para construção (como areia e
brita) constituem-se, de longe, nos minerais com os maiores volumes de produção, ultrapassando
15 bilhões de toneladas por ano. No contexto dos minerais metálicos ferrosos, destaca-se o minério
de ferro (com produção de aproximadamente 1 bilhão de toneladas), o mesmo acontecendo com
o alumínio no que tange aos minerais metálicos não-ferrosos. Por outro lado, apenas 162 toneladas
de platina e outros metais raros são produzidos anualmente no mundo.
1
As duas primeiras seções deste capítulo baseiam-se no estudo intitulado Breaking New Ground: Mining, Minerals, and Sustainable
Development, elaborado no âmbito do projeto The Mining, Minerals and Sustainable Development, ou simplesmente MMSD. Ele foi
desenvolvido pelo International Institute for Environment and Development (IIED), sob encomenda do World Business Council for
Sustainable Development (WBCSD), tendo sido divulgado em abril de 2002.
no ano 2000, aproximaram-se de US$ 17 milhões por tonelada, enquanto os do carvão e rocha
fosfática atingiram US$ 40 por tonelada. Numa visão mais abrangente, os produtos siderúrgicos
podem ser considerados as commodities minerais mais importantes em termos do volume de vendas
anuais, seguidos pelo carvão. Esses foram os dois únicos minerais ou metais cujas vendas
ultrapassaram US$ 100 bilhões no ano 2000. Cobre, alumínio, zinco, ouro e ferro, por exemplo,
estavam no patamar de 10 a 100 bilhões de dólares de vendas anuais, ao passo que as da fluorita
foram de US$ 565 milhões.
TABELA 1
BDMG
40 anos
africanos, asiáticos e sul-americanos. Neste continente, a representatividade das exportações
minerais (não-energéticos) alcançou 43% no Chile, 40% no Peru e 23% na Bolívia.
Algumas experiências merecem ser destacadas. Na África do Sul, por exemplo, as exportações
de produtos minerais (incluindo os energéticos) correspondem a 31% do total das vendas externas
do país e geram cerca de 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB). No Brasil, esses valores são
estimados, respectivamente, em 32% e 8,5% (TAB. 2)2. Ainda na América do Sul, a mineração
representa 3,6% do PIB na Bolívia, 10,3% no Chile e 5,5% no Peru. Embora os Estados Unidos
possuam o maior setor mineral do mundo, menos de 0,5% do PIB provém diretamente da extração
mineral. É essencial destacar que essas estimativas são apenas indicativas, pois não necessariamente
compartilham dos mesmos critérios para sua elaboração. A bem da verdade, nem sempre os critérios
utilizados são explicitados, inviabilizando eventuais ajustes. Acredita-se que, para os vários países
que constam da TAB. 2, inclusive o Brasil, estão sendo considerados não apenas a produção
mineral propriamente dita, mas também o primeiro estágio da transformação industrial, como
produtos siderúrgicos, por exemplo.
TABELA 2
2
Pinheiro (2002, p. 5) aponta que, ao se levar em conta a primeira etapa de transformação industrial, a indústria mineral alcança
participação de 8,3% do PIB (cerca de US$ 46 bilhões). Portanto, pelo menos no caso brasileiro, a estimativa considera algum
estágio de processamento industrial. Machado (2002, p. 3), por sua vez, aponta que o valor total da produção mineral
brasileira, em 2000, incluindo petróleo e gás natural, foi de US$ 9,3 bilhões. Todavia, o valor da primeira transformação de
produtos minerais (cimento, ferro-gusa, aço e sua ligas, metais, produtos semimanufaturados e químicos) atingiu US$ 50,5
bilhões no mesmo ano.
TABELA 3
BDMG
40 anos
envolvendo a Anglo American e a De Beers; a RTZ e a CRA; a Anglo American e a Anglogold.
Dentre as empresas adquiridas nessas dez megatransações, quatro eram diversificadas, três
especializadas em alumínio, uma em diamante, outra em níquel e a última em ouro. Apenas uma
transação foi decorrente de privatização: a da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em 19973.
TABELA 4
VALOR
ADQUIRENTE ADQUIRIDA ATUAÇÃO ANO (US$ milhões)
1 BHP Billiton Diversificada 2001 14.500
2 Anglo American De Beers Diamante 2001 11.400
3 Alcoa Reynolds Alumínio 1999 4.600
4 Alcan Algroup Alumínio 2000 4.400
5 RTZ CRA Diversificada 1995 4.000
6 Alcoa Alumax Alumínio 1998 3.800
7 Anglo American Minorco Diversificada 1998 3.700
8 Inço Voisey's Bay Níquel 1995 3.300
9 Consórcio CVRD Diversificada 1997 3.150
10 Anglo American Anglogold Ouro 1998 3.100
FONTE: Ericsson, 2002.
TABELA 5
1994 1997
% %
EMPRESA EMPRESA
1 ANGLO AMERICAN 8,5 ANGLO AMERICAN 8,0
2 RTZ 5,4 RIO TINTO 5,5
3 ESTADO DO BRASIL** 2,9 BHP 4,3
(Continua...)
3
O Consórcio Brasil, liderado pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), foi o vencedor do leilão de privatização da CVRD,
em maio de 1997. Integrado ainda por fundos de pensões (Previ, Petros, Fundação CESP e Funcef) e instituições financeiras
(Opportunity e Nations Bank), ele arrematou 42% das ações ordinárias da CVRD por US$ 3,338 bilhões (MELLO, 2000, p. 94).
1994 1997
% %
EMPRESA EMPRESA
4 BHP 2,8 CVRD 3,3
5 ESTADO DO CHILE** 2,4 ESTADO DO CHILE** 2,5
6 GENCOR 1,9 PHELPS DODGE 1,6
7 ESTADO DA MALÁSIA** 1,4 NORANDA 1,6
8 FREEPORT MCMORAN 1,3 FREEPORT MCMORAN 1,5
9 BARRICK GOLD 1,3 ASARCO 1,4
10 PHELPS DODGE 1,2 CYPRUS AMAX 1,3
TOTAL 29,2 TOTAL 31,0
FONTE: Daffós, 1997; Roskill, 1999.
NOTA: * exclui minerais energéticos
** Estado do Brasil (principalmente CVRD), Estado do Chile (Codelco e Enami) e
Estado da Malásia (principalmente Malaysia Mining).
TABELA 6
2000 2001
% %
EMPRESA EMPRESA
1 ANGLO AMERICAN 6,2 ANGLO AMERICAN 6,1
2 RIO TINTO 4,3 RIO TINTO 4,3
3 BHP BILLITON 2,5 BHP BILLITON 3,4
4 CVRD 2,3 CVRD 2,9
5 NORILSK NICKEL 2,1 NORILSK NICKEL 2,1
6 CODELCO 1,9 CODELCO 1,9
7 PHELPS DODGE 1,4 NEWMONT** 1,9
8 GRUPO MEXICO 1,3 PHELPS DODGE 1,4
9 NEWMONT 1,3 BARRICK 1,4
10 ... … GRUPO MEXICO 1,3
TOTAL 23,3 TOTAL 26,7
FONTE: Ericsson, 2002.
NOTA: * exclui minerais energéticos.
** já considerando a aquisição da Normandy pela Newmont.
BDMG
40 anos
dez maiores ultrapassa 55%, atingindo quase 80% no caso do estanho. Num passado recente,
ferro e ouro, os dois mais relevantes minerais de Minas Gerais, vêm passando por um intenso
processo de F&A em âmbito mundial, tema que será retomado nos capítulos 5 e 6, respectivamente.
Uma última implicação do processo de F&A na mineração mundial refere-se à diminuição dos
gastos com exploração mineral, tema discutido na próxima seção.
TABELA 7
4
O texto literal é: The increase in M&A activity becomes even more significant when compared to the present decline in
exploration expenditure (
) M&A is a way of avoiding the costly, risky and long exploration phase of a mine project. The
deeper and more remotely new orebodies are located, the riskier this phase becomes and M&A will become more attractive to
companies that can afford them.
GASTOS MUNDIAIS COM EXPLORAÇÃO MINERAL POR REGIÃO, 1996-2001 (US$ MILHÕES)
BDMG
40 anos
e Venezuela (US$ 6 milhões). CEPAL (1999, p. 62) também destaca que, para o ano de 1998, a
CVRD foi responsável por 37% dos investimentos em exploração mineral no Brasil.
BNDES (1999a, pp. 7-8) analisa os gastos em exploração mineral do ponto de vista da
nacionalidade da empresa. Considerando o período 1996-98, as empresas canadenses foram
responsáveis por 28,5% dos dispêndios totais, seguidas das australianas (24,5%), norte-americanas
(16,8%), européias (14,2%), africanas (8,7%), latino-americanas (4,7%) e asiáticas (2,3%). Assim,
enquanto a América Latina é o lugar preferencial nos gastos em exploração mineral, as empresas
sediadas na região são responsáveis por menos de 5% dos dispêndios totais, denotando uma
estratégia pouco agressiva, ao menos em minerais metálicos não-ferrosos.
Em suma, três são as características básicas da mineração mundial: a) uma grande diversidade
em termos de volume movimentado, do valor unitário e do alcance da comercialização entre os
minerais, o que se reflete também na heterogeneidade da importância econômica da atividade
mineral entre os países; b) um intenso processo de alterações patrimoniais, reforçando a participação
de mercado das empresas líderes; c) uma retração no volume despendido em exploração mineral.
CONSOLIDANDO POSIÇÕES
NA MINERAÇÃO
CAPÍTULO 2
O CENÁRIO BRASILEIRO
E DE MINAS GERAIS
BDMG
40 anos
2. Cenário brasileiro e de Minas Gerais
5
Existe uma controvérsia sobre as razões que motivaram os investimentos do grupo Arbed na siderurgia brasileira. Pelaéz (1970,
p. 195), por exemplo, argumenta que o objetivo era obter, com o tempo, concessões de jazidas de ferro, que inicialmente haviam
beneficiado grupos ingleses e norte-americanos. Santos (1986, p. 185-189) apresenta uma outra interpretação: que o objetivo era
evitar a exportação maciça de minérios de ferro pela Itabira Iron, ao se demonstrar a viabilidade de uma siderurgia brasileira à base
de carvão vegetal. Com isso, evitar-se-ia a concorrência dessa virtual exportação com as vendas de minério que o Arbed fazia a
partir de suas minas na Lorena.
BDMG
40 anos
participação do capital estrangeiro. Isto é usualmente considerado como um fator decisivo para o
surto de desenvolvimento de grandes projetos, tais como: Minerações Brasileiras Reunidas (MBR),
Samitri e Ferteco (minério de ferro), Alcoa (alumínio), Companhia Brasileira de Mineração e
Metalurgia (CBMM, nióbio) e Sama (amianto) ver BDMG (1989, p. 26).
Esta breve recapitulação não seria completa sem citar o Projeto Ferro Carajás, da CVRD. A
reserva de minério de ferro de Carajás foi descoberta em 1967. Todavia, somente em 1978, um
ano após a retirada da siderúrgica norte-americana United States Steel do projeto, é que se iniciou
sua viabilização, com a construção de um trecho ferroviário de 82 quilômetros de São Luiz em
direção à mina (Marques, 1992, p. 21). O Projeto Ferro Carajás começou a operar em fevereiro de
1985, atingindo a capacidade nominal de 35 milhões de toneladas anuais em 1987, sendo
praticamente todo voltado às exportações. O custo do investimento total do Ferro Carajás foi de
US$ 3,5 bilhões. Em linhas gerais, esse projeto permitiu à CVRD consolidar-se como líder mundial
da exportação de minério de ferro.
QUADRO 1
critério de quantidade de minério, seja pelo de minério contido. Tendo em vista os propósitos
deste diagnóstico, preferiu-se analisar prioritariamente as chamadas reservas medidas. Essa opção
decorreu do fato de que, para as reservas medidas, dispõe-se de informações relativas à quantidade
de minério, ao teor médio e, por conseqüência, à quantidade de minério contido. Minas Gerais
desempenha papel proeminente em termos de reservas medidas de metais ferrosos, pelo critério
do minério contido, em: lítio (100% do total brasileiro, de ambligonita e espodumênio), berílio
(98%), zinco (89%), titânio (87%, de anatásio), nióbio (73%, de pirocloro), chumbo (67%), ferro
(59%) e ouro (48%). Merece também destaque a participação do Estado nas reservas de monazita
(16%) e manganês (15%). Por outro lado, destaca-se que em três importantes minerais metálicos
a participação estadual nas reservas brasileiras é bastante reduzida: alumínio/bauxita (4%), níquel
(2,5%) e cobre (praticamente nula).
TABELA 9
BDMG
40 anos
Em função da natureza desses minerais, parece adequado analisar mais detidamente a importância
relativa de Minas Gerais, pelo critério de quantidade de minério. O Estado apresenta uma posição
de destaque em: enxofre e ocre (100% do total brasileiro), agalmatolito, ardósia, bário, grafita e
quartzo/cristal (acima de 90%). Porém, em termos daqueles minerais mais relevantes
economicamente, é fundamental citar que Minas Gerais detém 61% das reservas medidas brasileiras
de rocha fosfática, 18% das de calcário e 15% das de pedras britadas.
A importância relativa de Minas Gerais no âmbito das reservas medidas de gemas e diamantes
é mostrada na TAB. 11. No ano 2000, a participação estadual foi equivalente a 96% das reservas
nacionais de diamantes e a 91% das de gemas.
TABELA 10
TABELA 11
6
Outra evidência da importância relativa do Estado na mineração brasileira é que, durante o período 1990-2000, Minas Gerais
representou cerca de 20% dos requerimentos de pesquisa, registros de licença e permissão de lavra garimpeira do País. O Estado
detém cerca de 25% das concessões de lavra e 12% dos licenciamentos brasileiros (Abreu, 2001, p. 48-49). Para uma análise mais
aprofundada da questão da legislação minerária, bem como dos regimes de registro de licenciamento e de extração, de permissão
de lavra garimpeira e de autorização de pesquisa e concessão de lavra, ver SEME (2001).
BDMG
40 anos
VALOR DA PRODUÇÃO MINERAL EM MINAS GERAIS E NO BRASIL, 1990-1999
(R$ MILHÕES, VALORES CONSTANTES DE 1999)*
É bem verdade que a manutenção do posto de maior produtor mineral do País por parte de
Minas Gerais está mais relacionada ao desempenho insatisfatório da mineração brasileira do que
propriamente a um grande dinamismo da mineração estadual. De fato, conforme se observa na TAB.
12, o valor da produção mineral do País, em 1999, foi 8% inferior ao registrado em 1990, em termos
reais. No mesmo período, o valor da produção mineral do Estado registrou um incremento de 6%.
Em função da natureza eminentemente heterogênea da mineração, é necessário analisar a evolução
da produção física do Estado por substâncias minerais. De acordo com Abreu (2001), observou-se o
crescimento da produção em 21 substâncias, com destaque para bauxita, chumbo, cromita, minério de
ferro, pirocloro (nióbio), água mineral, fosfato e grafita. Por outro lado, 18 substâncias minerais
contabilizaram redução da produção, dentre elas, argila, cassiterita (estanho), manganês, níquel e zinco.
A TAB. 13 mostra a evolução da produção estadual de minerais metálicos, seja em quantidade
física, seja em valores monetários, ao longo do período 1990-1999. Percebe-se, mais uma vez, uma
grande dispersão em termos de desempenho. No extremo positivo do espectro, observa-se o
crescimento da produção do lítio (2241% em termos de quantidade, e 572% em valores financeiros)
e chumbo (305% e 143%, respectivamente). No extremo negativo, verifica-se a retração da produção
de níquel (91% e 19%, respectivamente), cassiterita (90% em ambos critérios) e zinco (73% e 83%,
respectivamente). Nos casos do níquel e zinco, a queda da produção foi relacionada ao encerramento
das atividades da Mineração Morro do Níquel S.A. e da Mineração Areiense S.A. (MASA).
TABELA 13
Em 1990, cinco substâncias minerais (ferro, ouro, zinco, bauxita e níquel) eram responsáveis por
98% do valor da produção de minerais metálicos de Minas Gerais. Nove anos depois, apesar da relação
dos cinco principais minerais metálicos ter-se alterado para ferro, ouro, zinco, níquel e pirocloro (nióbio),
conjuntamente, eles continuaram a representar 98% do total do Estado. Essa situação está fortemente
correlacionada ao bom desempenho do minério de ferro, que incrementou em 25% sua produção física,
e em 34% seu valor financeiro. Conseqüentemente, a participação do ferro no valor da produção de
minerais metálicos, em Minas Gerais, cresceu de 64,8% (em 1990) para 82,8% (em 1999).
No que tange à evolução dos preços reais, das 15 substâncias minerais apresentadas na TAB.
13, para os quais se dispõe de dados comparáveis, apenas cinco registraram elevação do preço médio
[cromita, djalmaíta, ferro, níquel, pirocloro (nióbio)]. Seis outras contabilizaram quedas de preço
médio (bauxita, chumbo, lítio, manganês, ouro e zinco). Os preços dessas commodities são tipicamente
cíclicos (em termos nominais), com tendências, a longo prazo, de redução de preços reais. Os três
casos remanescentes [cassiterita (estanho), prata e tantalita] apresentaram preços reais similares em
1990 e 1999, o que não descarta a possibilidade de que tenham flutuado entre o intervalo.
Abreu (2001) apresenta também informações sobre a evolução da produção física e do valor da
produção de minerais não-metálicos, em Minas Gerais, ao longo da década de 1990. Uma primeira
diferença dos minerais metálicos é o fato de o valor da produção mineral ter regredido 7% (TAB. 14).
As quedas mais pronunciadas, segundo esse critério, foram registradas nas seguintes substâncias minerais:
sílex (100%), argila (79%), feldspato e pirofilita (76% cada). Por outro lado, constatam-se importantes
incrementos no valor da produção mineral de leucita (360%), água mineral (80%) e cianita (72%).
TABELA 14
PRODUÇÃO E VALOR DA PRODUÇÃO DE MINERAIS NÃO-METÁLICOS
EM MINAS GERAIS 1990-1999
BDMG
40 anos
PRODUÇÃO E VALOR DA PRODUÇÃO DE MINERAIS NÃO-METÁLICOS
EM MINAS GERAIS 1990-1999
No ano de 1990, três substâncias minerais (calcário, fosfato e água mineral) foram
responsáveis por 79% do valor da produção de minerais não-metálicos em Minas Gerais. Em
1999, as mesmas três substâncias tinham ampliado a sua participação para 86%, caracterizando
uma substancial concentração. Essa tendência poderia ter sido mais intensa, não fosse a trajetória
de preços do calcário e do fosfato. Enquanto a produção física do calcário cresceu 33%, o valor
da produção deste mineral regrediu 19% no Estado, ao longo do período 1990-1999. Assim,
observou-se uma queda do preço unitário em torno de 39%. Fenômeno similar foi observado
com o fosfato, que ampliou a produção física em 31%, mas, combinado com uma retração de
3% do valor da produção mineral, perfez uma involução do preço unitário de aproximadamente
26%. Aliás, a queda de preço real foi uma característica marcante para a maioria dos minerais
não-metálicos. Das 15 substâncias minerais listadas na TAB. 14, para as quais esses valores
podem ser comparados, 12 registraram involução de preços reais. As quatro exceções foram:
água mineral, cianita, ocre e pirofilita.
Abreu (2001, p. 48) chama atenção para o fato de que o substancial crescimento do valor
da produção dos agregados para a construção civil em Minas Gerais, ao longo da década de 1990,
decorreu da legislação das áreas de lavras existentes, o que permitiu capturar uma estatística mais
próxima da realidade. Se não bastasse isso, os valores para areia e pedras britadas, os dois principais
agregados para construção, são estimados a partir do consumo aparente de cimento. Tendo em
conta essas ressalvas, observa-se um aumento representativo da produção de areia, brita e pedras
ornamentais (TAB. 15). Além disso, registre-se que, nesses três produtos, observou-se um aumento
do preço unitário. A ardósia é outro caso importante, pois, apesar da redução da quantidade
(42%), contabilizou expressivo incremento no valor da produção (354%).
TABELA 16
7
É nessas substâncias minerais que se concentra a atuação das grandes empresas. No Brasil, a indústria mineral é fortemente
concentrada nas mãos de poucas empresas. De acordo com Pinheiro (2002, p. 6), mais de 90% do faturamento do setor mineral
provêm de menos de 20 empresas.
CONSOLIDANDO POSIÇÕES
NA MINERAÇÃO
CAPÍTULO 3
INVESTIMENTOS NA MINERAÇÃO
BRASILEIRA E DE MINAS GERAIS
3. Investimentos na mineração brasileira e de
BDMG
40 anos
Minas Gerais
TABELA 17
INVESTIMENTOS NA MINERAÇÃO BRASILEIRA, 1978-2000 (US$ MILHÕES)*
BDMG
40 anos
INVESTIMENTOS NA MINERAÇÃO BRASILEIRA, 1978-2000 (US$ MILHÕES)*
8
CEPAL (1999, p. 64) indica que, no período de 1990-1997, o Brasil recebeu cerca de 24% de todos os investimentos realizados
na mineração latino-americana. Se, de um lado, foi largamente superado pelo Chile (51% do total), de outro, ficou bem à frente
de Argentina (10%), Peru (12%) e México (3%). A bem da verdade, os dados contemplam apenas esses cinco países, não
incluindo, por exemplo, a Venezuela.
período 1990-2001, decorre de três causas principais: a) o insuficiente conhecimento da geologia brasileira;
b) a estratégia adotada pela CVRD durante os anos 1990, que teria sido baseada em: reforçar a
competitividade nas áreas de atuação tradicionais; prosseguir no levantamento geológico de
oportunidades minerais; ampliar os novos investimentos em mineração de forma cautelosa; c) a baixa
atratividade ao investimento, na percepção de empresas privadas, que seriam mais avessas ao risco e
mais exigentes em termos de rentabilidade do que as estatais. Essa baixa atratividade, por sua vez, seria
resultado da saturação do mercado mundial dos produtos minerais em que o Brasil tem vantagens
competitivas, da evolução desfavorável do mercado interno e das baixas taxas de rentabilidade.
TABELA 18
Contudo, foi identificado pelo menos um erro nos dados relativos aos investimentos em
mineração em Minas Gerais, no ano de 2000. Após retificado esse dado, os investimentos são
reduzidos para R$ 374 milhões, valor mais próximo da média histórica registrada no triênio 1997-
1999. Mesmo fazendo esse ajuste, a participação do Estado no total dos investimentos em
mineração no País, nos quatro anos analisados, seria de 43%.
Em termos prospectivos, é bastante provável que a participação relativa de Minas Gerais
no total dos investimentos em mineração no País venha diminuir. Isto é uma decorrência dos
volumosos recursos que a CVRD pretende desembolsar para levar adiante seis projetos de
cobre, na região de Carajás (Pará). De fato, pode-se afirmar que esses são os únicos projetos
BDMG
40 anos
brasileira e, por conseqüência, a pauta de exportação de produtos minerais do País e também
(de modo negativo) a participação relativa de Minas Gerais no contexto da mineração brasileira.
Estima-se que, quando os seis projetos estiverem funcionando, eles gerarão exportações da
ordem de US$ 1,2 bilhão por ano.
O QUADRO 3 apresenta algumas informações relativas aos projetos de cobre da CVRD
em Carajás. Destaque-se, inicialmente, que o total dos investimentos atingem expressivos US$
2,6 bilhões. De modo geral, os projetos contemplam produção de cobre associada a ouro (com
exceção do projeto intitulado 118). Quanto ao produto final, três prevêem a fabricação de
concentrado (Sossego, Cristalino e Alemão), ao passo que os dois remanescentes (118 e Salobo)
devem produzir catodo9. Deve-se ressaltar que apenas o projeto Sossego já teve sua análise de
viabilidade concluída, ao passo que os cinco demais ainda se encontram em fase de pré-análise.
Em média, a vida útil das jazidas de cobre, da CVRD em Carajás, é de 20 a 25 anos, com
exceção de Salobo, com 35 anos.
QUADRO 3
FONTE: CVRD.
NOTA: * em mil toneladas por ano.
** em toneladas por ano.
9
Com um teor metálico que varia normalmente entre 0,7% e 2,5%, o minério de cobre é submetido a britagem, moagem, flotação
e secagem, obtendo-se o concentrado, cujo teor de cobre contido já alcança 30%. O catodo é um produto com elevado grau de
pureza (99,9% de cobre contido) ver BNDES (2001, p. 67).
TABELA 19
CONSOLIDANDO POSIÇÕES
NA MINERAÇÃO
CAPÍTULO 4
A DIMENSÃO SISTÊMICA DA
COMPETITIVIDADE NA MINERAÇÃO
4. A dimensão sistêmica da
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40 anos
competitividade na mineração
Ferraz, Kupfer & Haguenauer (1995, p. 10-13) diferenciam três grupos de fatores que afetam
a competitividade de determinada atividade: empresariais, estruturais e sistêmicos. Os fatores
empresariais são aqueles sobre os quais a empresa detém poder de decisão e podem ser controlados
ou modificados por meio de condutas ativas. A capacitação tecnológica em processos e produtos e
os métodos de organização da produção são exemplos dos fatores empresariais da competitividade.
Os fatores estruturais são aqueles sobre os quais a capacidade de intervenção da empresa
é limitada pela mediação do processo de concorrência, estando assim apenas parcialmente sob
sua área de influência. Taxas de crescimento do mercado, grau de verticalização setorial e a exposição
ao comércio internacional servem como exemplos dos fatores estruturais da competitividade.
Os fatores sistêmicos são aqueles que constituem externalidades para a empresa, sobre os
quais ela detém escassa ou nenhuma possibilidade de intervenção, tais como taxa de câmbio,
carga tributária, apoio fiscal ao risco tecnológico, políticas de preservação ambiental, disponibilidade
de infra-estrutura, etc. No caso da mineração brasileira e de Minas Gerais, quatro são os fatores
sistêmicos da competitividade mais relevantes: a) a questão tributária; b) os instrumentos de
apoio à atividade; c) os investimentos estatais em conhecimento geológico; d) a política ambiental.
visão de Mackenzie (1998), sistemas fiscais regressivos tendem a exercer seu impacto mais
forte nas margens do investimento, resultando em distorções e ineficiências econômicas. A
taxação baseada na rentabilidade seria a estrutura mais progressiva para a política fiscal,
seguida da taxação baseada no lucro. No outro extremo do espectro, a taxação incidente
sobre o capital é a mais regressiva, seguida da estrutura de imposto incidente sobre a receita.
O QUADRO 4 mostra os tipos de tributação da mineração, aplicados em 1997, em dez
países da América do Sul. Os componentes do imposto de renda e da participação
governamental no lucro são os mais progressivos, dado que não existem exemplos de taxação
baseada na lucratividade da mineração no Continente. O imposto sobre capital, existente em
quatro países (Argentina, Colômbia, Peru e Venezuela), é o mais regressivo. O Chile tem um
sistema fiscal unificado, com um único componente de imposto de renda. Existem dois ou
três tipos de impostos em cada país, com exceção da Venezuela, onde os quatros tipos estavam
em vigor em 1997.
QUADRO 4
Mackenzie (1998) também indica que royalties governamentais estão vigentes em oito países
da América do Sul, excetuando Chile e Peru. Esses royalties, por serem baseados na receita, são
regressivos, uma vez que incidem mais pesadamente nas situações marginais ou não-econômicas,
tornando-se menos onerosos em circunstâncias mais lucrativas. No caso brasileiro, destaca-se a
Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), criada pela Constituição em 1988 e
regulamentada a partir de 1991. Ela tem a função de compensar a União, o Estado e o Município
pela exploração do subsolo (Abreu, 2001, p. 51).
Para Mackenzie (1998), o regime chileno de tributação é mais progressivo, em função de
ser baseado exclusivamente sobre o lucro. No Peru, o regime fiscal é quase inteiramente baseado
sobre o lucro. Ele cita que vários países têm grandes componentes de impostos regressivos,
especialmente aqueles baseados na receita das companhias. Esses países, em ordem de importância,
são Bolívia, Colômbia, Guyana, Brasil, Guiana Francesa e Equador. Essa característica regressiva
explicaria o impacto substancial que os regimes fiscais nesses países têm, em tornar depósitos
potencialmente econômicos em não-econômicos, depois dos impostos.
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40 anos
Latina (CEPAL), que examinou a distribuição da incidência de tributos nos países da América Latina,
no decorrer da vida útil dos projetos. Foram verificados dois padrões bem distintos. De um lado, no
Chile e na Argentina, a carga de tributos é relativamente baixa, ao longo de todo o período de
implementação e construção, e aumenta após o aparecimento de lucros operacionais. De outro lado,
no Brasil e Venezuela, há acentuada incidência de tributos, desde o início da implementação dos
projetos; mesmo que parte deles venha a ser recuperada posteriormente, sua incidência nos estágios
iniciais tem evidente custo financeiro e conseqüente impacto na taxa interna de retorno. Entre esses
tributos estão os tributos sobre compras de equipamentos e materiais, tais como o Imposto de
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tributos sobre gastos com pessoal e taxas de ocupação
de áreas. Ratifica-se, assim, que o regime tributário brasileiro para a mineração apresenta algumas
características negativas comparativamente ao de outros países do Continente.
TABELA 20
da participação relativa do ferro. Em 1996, por exemplo, essa substância correspondia a 69,0% do
ICMS arrecadado com a atividade mineral no Estado, sendo que, no ano 2000, esse valor já tinha
crescido para 80,4%. Nesse último ano, calcário (4,5% do total), pedras britadas (2,7%), agalmatolito
(2,3%), grafita e alumínio/bauxita (2,0% cada) e rocha fosfática (1,6%) foram os que mais arrecadaram
ICMS (TAB. 21). Outras substâncias importantes na pauta mineral do Estado, como ouro, zinco,
níquel e nióbio, não teriam recolhido ICMS, segundo as informações obtidas junto ao DNPM.
TABELA 21
ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA DA MINERAÇÃO EM MINAS GERAIS
SUBSTÂNCIAS SELECIONADAS - 2000
ICMS CFEM
(US$ mil) % (US$ mil) %
Ferro 26.512 80,4 24.715 76,7
Ouro 0 0 1.574 4,9
Rocha Fosfática / Apatita 541 1,6 1.421 4,4
Níquel 0 0 1.398 4,3
Calcário 1.484 4,5 885 2,7
Zinco 0 0 554 1,7
Nióbio (Pirocloro) 0 0 97 0,3
Agalmatolito 753 2,3 112 0,3
Pedras Britadas 886 2,7 3 0
Alumínio (Bauxita) 644 2,0 50 0
Outros 2.163 6,6 1.443 4,5
TOTAL 32.983 100,0 32.252 100,0
FONTE: ABREU, 2001; DNPM.
NOTA: * R$ constantes de 1999.
Por sua vez, a arrecadação da CFEM, em Minas Gerais, vem apresentando maior estabilidade.
A média do período 1991-2000 foi de R$ 43 milhões (TAB. 21). Como está instituída, a CFEM
tem a forma de um royalty ad valorem. O seu marco legal determina que a compensação financeira
pela exploração de recursos minerais, para fins de aproveitamento econômico, será de até 3%
sobre o valor do faturamento líquido resultante da venda do produto mineral, obtido após a última
etapa do processo de beneficiamento adotado, e antes de sua transformação industrial.
O fato de que as alíquotas da CFEM serem distintas para as diversas substâncias minerais
impacta, obviamente, a distribuição geográfica de sua arrecadação. De acordo com o DNPM,
existem atualmente quatro alíquotas em vigor, quais sejam: a) para pedras preciosas, pedras coradas
lapidáveis, carbonados e metais nobres; b) para ouro (1%), quando extraído por empresas
mineradoras, sendo os garimpeiros isentos; c) para ferro, fertilizante, carvão e outras substâncias
minerais; c) para alumínio, manganês, sal-gema e potássio (3%). A CFEM é distribuída da seguinte
forma: 65% para municípios; 23% para os estados e o Distrito Federal; 12% para o DNPM, que,
por sua vez, destina 2% à proteção ambiental nas regiões mineradoras, por intermédio do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
Informações obtidas junto ao DNPM mostram que Minas Gerais é o maior arrecadador
da CFEM, com cerca de 43,5% do total obtido ao longo dos anos 1996-2000. Observa-se que
essa proporção é bastante superior à verificada para o ICMS (25,0%). Da mesma forma, a
proporção dos outros estados é bastante distinta, sobressaindo-se o Pará (27,2%), Goiás (5,4%),
São Paulo (4,3%) e Bahia (3,3%).
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40 anos
ferro mais uma vez ocupa o primeiro lugar, com 76,7% do total arrecadado no ano 2000, sendo
seguido de ouro (4,9%), rocha fosfática (4,4%), níquel (4,3%), calcário (2,7%) e zinco (1,7%).
Constata-se que o perfil de arrecadação da CFEM se aproxima mais da repartição do valor do
produto mineral do Estado, comparativamente ao ICMS. De todo modo, a TAB. 21 mostra ainda
que esses dois tributos tiveram arrecadação em Minas Gerais muito similar no ano 2000, ao passo
que, em 1992, o ICMS gerava uma receita equivalente a 6 vezes àquela obtida com a CFEM10 .
Acentua-se, desse modo, uma forte involução da capacidade arrecadatória do ICMS em relação à
atividade mineral no Estado.
10
No início dos anos 1990, o ICMS mineral no Estado do Pará representava 16% de todo o ICMS estadual; em 1999, esse índice
caiu para menos de 5% (Silva, 2002, p. 23). Segundo dados dessa autora, durante o período 1991-2000, enquanto o ICMS do
setor mineral regrediu de aproximadamente R$ 60 milhões para menos de R$ 10 milhões, a receita arrecadada no Estado com a
CFEM cresceu de uns R$ 15 milhões para quase R$ 40 milhões.
11
BUITELAAR (2001) apresenta uma série de estudos sobre arranjos produtivos minerais na América Latina. Uma das
principais conclusões do estudo é que, em termos gerais, as aglomerações minerais latino-americanas competem em produtos
padronizados (commodities), sobre as bases de eficiência produtiva e baixos custos. A atividade mineral desenvolveria
vantagens locais estáticas, sobretudo sob a forma de infra-estrutura especializada, mas poucas vezes desenvolveria vantagens
locais dinâmicas em termos de inovação.
perfazendo um total de R$ 6,34 milhões. Desse subtotal, o montante direcionado a Minas Gerais
foi de R$ 1,06 milhões (16,6%), sendo apenas suplantado por projetos relativos à Amazônia Legal
(42,5%) e de caráter nacional (18,5%) ver Machado (2002, p. 31). Dentre eles, de particular
importância para o melhor conhecimento da situação das pequenas e médias minerações no Estado,
encontra-se o projeto Identificação, Caracterização e Classificação de Arranjos Produtivos de
Base Mineral e de Demanda Mineral no Brasil. Infelizmente, não foi possível ter acesso aos
resultados, mesmo que preliminares, deste estudo.
No que tange à questão do financiamento, existem várias linhas para um empreendimento
mineral no Estado. Esses recursos podem ser segmentados conforme o porte da empresa solicitante,
ou seja, de um lado, micro e pequena empresa, de outro, empresa de médio e grande porte. Outra
diferenciação importante diz respeito aos repasses de recursos, seja do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou FINEP versus fundos estaduais. Com relação
a esses últimos, além de linhas de créditos genéricas, tais como o Geraminas e o Pró-Indústria,
existe o Fundo de Desenvolvimento Minero-Metalúrgico (FDMM).
A título de ilustração, a linha BNDES Automático prevê um financiamento de 50%
a 80% do valor dos investimentos, com dois anos de carência e amortização em até cinco
anos. O custo do financiamento é de taxa de juros de longo prazo (TJLP) acrescida de 4 a
6,5% ao ano. Já no caso do FINAME, linha do BNDES destinada exclusivamente à aquisição
de máquinas e equipamentos, o limite do financiamento é de até 80% dos investimentos,
com dois anos de carência e amortização em até três anos. O custo do financiamento é similar
ao BNDES Automático. Em ter mos de programas estaduais, tendo o B ANCO DE
DESENVOLVIMENTO DE MINAS G ERAIS (BDMG S/A) como agente financeiro, o PROIM financia
até 50% dos investimentos. Com carência de até três anos e amortização em até cinco anos,
o programa prevê taxas de juros de 6% ao ano, além da variação monetária do Índice Geral de
Preços do Mercado da Fundação Getúlio Vargas (IGP-M). Finalmente, no caso do FDMM, as
taxas de juros, os prazos de carências e de amortização são as mesmas do PROIM, mas o teto
do financiamento é de 90% dos investimentos (Lage, 2002). O BDMG é agente financeiro,
tanto do BNDES quanto dos fundos estaduais.
Na região do Estado que é considerada parte do Nordeste Legal, é possível obter recursos
também junto ao Banco do Nordeste (BNB). No caso específico de minerais não-metálicos, são
várias as linhas de financiamento disponíveis: a) Programa de Apoio ao Setor Industrial do Nordeste;
b) Programa Nordeste Competitivo; c) Programa de Apoio às Micro e Pequenas Empresas; d)
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico; e) Programa de Financiamento à
Conservação e Controle do Meio Ambiente, entre outros.
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40 anos
conhecimento geológico do País, não teriam sido atenuados pelo comportamento das empresas
privadas, uma vez que os grupos privados nacionais fizeram escassos investimentos em pesquisas
geológicas, e menos ainda fizeram as empresas estrangeiras, mesmo antes de serem, eventualmente,
tolhidas por dispositivos constitucionais em 1988. Na sua visão, a CVRD (e a sua controlada
Docegeo) tem-se constituído uma expressiva exceção. Nos últimos 30 anos do século passado, a
CVRD realizou um grande e bem-sucedido programa de pesquisa no território brasileiro,
identificando novas reservas e, principalmente, acumulando substanciais conhecimentos da geologia
brasileira e um grande portfolio de direitos minerários, a serem ainda pesquisados e desenvolvidos.
No âmbito das instituições estatais, a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM)
realiza trabalhos de pesquisa geológica básica, mas possui sérias limitações orçamentárias. Ela
dispõe de um acervo de pesquisas geológicas já concluídas, que tentou leiloar, mas a iniciativa
despertou pouco interesse, uma vez que seu acervo compõe-se de informações pouco detalhadas.
O DNPM é tradicionalmente o responsável por pesquisas básicas no Brasil e pelo controle e
fiscalização das atividades de pesquisa e lavra e tratamento de substâncias minerais, mas tem
sofrido diversas reestruturações nos últimos anos. Alguns estados têm em sua estrutura empresas
e/ou órgãos de pesquisa geológica e mineral, como Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do
Sul. No entanto, atualmente, face à crise fiscal-financeira que enfrentam, essas estruturas estão
hibernadas, quando não totalmente desativadas e desmontadas (Soares, 2002, p. 15).
Diante desse quadro pouco animador, merece destaque positivo a atuação da Companhia
Mineradora de Minas Gerais (COMIG). De fato, a empresa concluiu recentemente o levantamento
aerogeofísico de seis áreas do território do Estado, consideradas de maior potencial para ocorrências
de depósitos de minerais. O levantamento cobriu aproximadamente 78 mil quilômetros quadrados,
o equivalente a 13% do território do Estado. Iniciado em 1999, esse projeto requereu R$ 5,8
milhões em investimentos. As áreas selecionadas e as respectivas potencialidades minerais
encontram-se no QUADRO 5.
Minas Gerais também tem empreendido uma série de ações relativas ao mapeamento geológico
básico, com o desenvolvimento dos projetos Espinhaço, Leste, São Francisco e Sul de Minas.
QUADRO 5
O Projeto Espinhaço foi fruto do convênio realizado entre a Secretaria Estadual de Minas
e Energia (SEME), a Comig e o Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), no ano de 1994. Ele mapeou na escala 1:100.000 a região da Serra do Espinhaço,
equivalente a 12% do território do Estado. Como resultado do projeto, estão disponíveis 23 mapas
diamante, gemas coradas, água mineral, bauxita, cianita, grafita, ferro, manganês, lítio e rochas
ornamentais, dentre outros.
O Projeto Leste, concluído mais recentemente, constituiu-se do mapeamento geológico na
escala 1:100.000, cobrindo uma área de 90 mil quilômetros quadrados, na divisa com Espírito
Santo e Bahia. Esse território abriga o maior distrito mundial de pegmatito, rico em pedras preciosas
(Brasil Mineral, 2002, n. 230, p. 16). O projeto requereu recursos totais de R$ 5,5 milhões, sendo
R$ 1,1 milhão da COMIG, e o restante do Ministério das Minas e Energia. Das 1.527 ocorrências
minerais cadastradas, 950 referem-se a pegmatitos, fonte dos principais bens minerais explorados
na região, tais como berilo-gema, turmalina, crisoberilo, feldspato, quartzo, mica, minerais de
nióbio, tântalo, estanho e lítio. Além dessas substâncias minerais, foram também estudadas
ocorrências de rochas ornamentais (granitos), grafita, calcário, ouro e tungstênio.
O Projeto São Francisco, com mapeamento geológico nas escala 1:100.000 e 1:250.000,
deve ser concluído em dezembro de 2002. É um resultado da parceria da SEME, COMIG e CPRM.
Ele engloba uma área de 220 mil quilômetros quadrados, na região centro-ocidental do Estado, e
analisará o potencial geológico e hídrico de 40% do território de Minas Gerais (Brasil Mineral,
2002, n. 230, p. 16). A COMIG está investindo R$ 3,2 milhões no projeto, que teve também a
participação da CPRM, que liberou recursos de R$ 5,5 milhões. A região estudada inclui a Província
Mineral Bambuí e o Grupo Paranoá, hospedando importantes jazidas de zinco, chumbo e ouro, na
faixa Vazante-Paracatu, e de fosfato, na região de Patos de Minas. Bambuí também possui as
maiores jazidas de calcário e ardósia do Brasil, além de ocorrências de argila aproveitadas para a
indústria cerâmica.
O Governo Estadual e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) começaram também
o mapeamento da região Sul, em escala 1:100.000. Ele cobre uma área de aproximadamente
64.000 quilômetros quadrados, já excluídas as folhas 1:100.000 mapeadas pela CPRM. Apesar de
ser considerado uma área de baixo potencial, considera-se relevante o mapeamento para completar
as informações geológicas básicas do Estado (Brasil Mineral, 2002, n. 230, p. 16). A COMIG deve
investir R$ 1,1 milhão nesse projeto. Dessa forma, o Estado vem-se beneficiando da melhor
situação financeira da COMIG, o que, por sua vez, decorre da receita de direitos de exploração,
principalmente do nióbio, fosfato e água mineral12.
12
A COMIG foi criada em 1990, a partir da mudança da denominação social da antiga Companhia Agrícola de Minas Gerais
(CAMIG), que incorporou na mesma oportunidade a Metais de Minas Gerais S.A. (METAMIG) e, posteriormente, a Águas
Minerais de Minas Gerais (HIDROMINAS). No caso do nióbio, existe uma conta de participação nos lucros entre a Comig e a
Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), que concede 25% de participação nos lucros operacionais da CBMM
à Comig. No caso de fosfato, a jazida localizada em Araxá foi arrendada, em abril de 1972, à Serrana (pertencente ao grupo
BUNGE), por um prazo de 50 anos. A Comig também arrenda a jazida de calcário localizada em Arcos para a Mineração
Corumbá, bem como a unidade de produção de feldspato em Governador Valadares para a Prominex Mineração Ltda.
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40 anos
defasagem temporal de aproximadamente dez anos. No caso brasileiro, essa evolução pode ser
dividida em quatro fases. A primeira data do início do século XX e abrange uma legislação dispersa
e pontual, destinada a proteger o direito privado em conflitos de vizinhança, que se constituiu de
um prolongamento ou adaptação das normas sanitárias ou higienistas do século XIX. A segunda
fase da política reguladora iniciou-se na década de 1960, com o estabelecimento de leis destinadas
a prevenir e controlar os impactos ambientais e recompor a qualidade do meio ambiente.
Os anos de 1980 marcam o começo da terceira fase, na qual a visão setorial e fragmentada
adotada para tratar da defesa do meio ambiente passou a ser considerada ineficiente, sendo
substituída por uma visão integrada e holística. A Constituição de 1988, inclusive, possui um
capítulo exclusivamente dedicado ao meio ambiente, além de diversos outros artigos que tratam
das obrigações da sociedade e do Estado para com o meio ambiente. Desde a década de 1990,
pode-se afirmar que a legislação ambiental brasileira encontra-se em sua quarta fase. Esse estágio
está relacionado a um processo de revisão que objetiva a implantação do conceito de
desenvolvimento sustentável, não só na legislação ambiental, como também na política pública e
empresarial e na estrutura administrativa. Observa-se a preocupação com o preenchimento de
algumas lacunas, bem como o início do processo de consolidação e eliminação de duplicação da
legislação ambiental (Barreto et al, 2001, p. 28-31).
A avaliação do referido relatório no que diz respeito à legislação ambiental brasileira é que
o arcabouço regulatório criado no Brasil, apesar de bastante completo, é disperso. Em outras
palavras, falta uma consolidação ou codificação. Da mesma forma, ainda existe muito a ser feito
no que tange ao aprimoramento da legislação ambiental na direção da sua desburocratização,
diminuição do conflito de competências e duplicação. No caso particular de Minas Gerais, uma
das principais reclamações do setor produtivo é a necessidade de solicitação de licenças junto a
três órgãos distintos - Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Instituto Estadual de
Florestas (IEF) e Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) - com evidentes impactos sobre
o tempo de obtenção.
Em relação aos impactos ambientais da mineração, Barreto et al (2001, p. 47-49) destacam
importantes peculiaridades comparativamente a outros setores econômicos. Primeiro, o objeto da
atividade mineral é a extração de um recurso natural, ao contrário dos outros setores, que
simplesmente os incorporam à sua atividade produtiva. Segundo, esse recurso natural é ainda
considerado como não-renovável pela sociedade, o que transforma o setor mineral, do ponto de
vista ambiental, muito visado. Terceiro, em função de que o objeto da atividade mineral é o
próprio recurso mineral, é impossível a recuperação da área com base no principio da reconstituição,
uma vez que o que foi retirado (o minério) não poderá ser reposto. Quarto, o tipo de impacto
ambiental gerado pelo setor mineral, particularmente o visual, é substancial. De fato, a relevância
desse tipo de impacto está relacionada à sua localização, ou seja, à sua distância ou proximidade
das áreas não urbanas. Este aspecto ganha importância, dado que grande parte das minerações se
localiza em áreas praticamente virgens em termos de ocupação física pelo homem, tornando o
impacto visual ainda mais visível.
Barreto et al (2001, pp. 49-50) segmentam três tipos de empresas atuantes na mineração
brasileira, do ponto de vista tecnológico (com evidentes impactos sob a forma da gestão ambiental).
A primeira classe corresponde a empresas de padrão global. Constituem-se de empresas de grande
porte, que se dedicam à mineração de ferro, produção de bauxita e alumínio, de fertilizantes, e
mesmo de minerais industriais, sendo que a esmagadora maioria delas opera com tecnologias no
nível do estado-da-arte. São empresas que desde sua instalação já foram projetadas e construídas
levando-se em conta a melhor tecnologia disponível. São companhias competitivas e, ao longo de
lidam de modo adequado com a questão ambiental. Como exemplo, a CVRD investiu cerca de
US$ 28,5 milhões em controle ambiental em suas atividades, em 2000.
Aliás, pelo menos doze empresas do setor mineral brasileiro já possuem o certificado de
qualidade ambiental ISO 14.001: Alcan Alumínio do Brasil (Unidade Ouro Preto); Companhia
Brasileira de Metalurgia e Mineração CBMM (Centro de Desenvolvimento Ambiental); Companhia
Siderúrgica Nacional CSN (Mina de Casa de Pedra); CVRD (Centro de Desenvolvimento Mineral/
Minas Gerais, Minas de Minério de Ferro e Manganês de Carajás/Pará, Terminal Marítimo de
Ponta da Madeira em São Luís/Maranhão, Minas de Minério de Ferro de Alegria, Córrego do Meio
e Morro Agudo/Minas Gerais; Complexo Portuário e Industrial de Tubarão/Espírito Santo; Minas
de Minério de Ferro de Timbopeba, Fazendão e Brucutu/Minas Gerais); Fertilizantes Serrana;
Rio Paracatu Mineração, Mineração Serra Fortaleza, Mineração Corumbaense Reunida (controladas
da Rio Tinto Brasil); Pedrita Planejamento e Construção; Sama Mineração de Amianto; Samarco
Mineração; e V&M Mineração (Brumadinho).
A segunda classe é composta por empresas que produzem outros minerais industriais, ou
que operam pedreiras de rochas ornamentais ou mesmo para agregados da construção civil. Salvo
algumas pedreiras para agregados, que se encontram em padrões internacionais por sua produção
e competitividade, essas companhias foram constituídas, em sua maioria, por meio de associações
de pequenos capitais e baixa tecnologia, tendo ainda um grande caminho a percorrer para poderem
se colocar em padrões globais (inclusive ambientais). Talvez, nessa categoria, dever-se-iam incluir
algumas minerações de ferro de pequeno porte, que apresentam dificuldades financeiras para
arcar com programas ambientais. No caso específico de Minas Gerais, não se pode esquecer do
acidente ocorrido, em junho de 2001, com a barragem de contenção de rejeitos da Mineração Rio
Verde, localizada no distrito de São Sebastião das Águas Claras, município de Nova Lima, na
Grande Belo Horizonte. Não bastasse ter provocado graves danos ao meio ambiente, provocou a
morte de três pessoas (Gazeta Mercantil, 5 de junho de 2002).
A terceira classe corresponde a empresas que se dedicam à produção de gemas e os garimpos,
que abrangem um vasto universo de depósitos garimpáveis. Apesar de relevantes, do ponto de
vista social e mesmo em termos da produção mineral brasileira, elas geralmente carecem de
tecnologia apropriada.
É claro que as empresas que se encontram nas duas últimas categorias apresentam problemas
ambientais mais severos, em função de como foram constituídas e pelos métodos empregados.
Por fim, face à exaustão dos recursos minerais, deve-se atentar para o problema do fechamento
de minas. Barreto et al (2001, p. 50-59) citam três casos recentes bem-sucedidos de fechamentos
de minas: Mineração Manati (pertencente a Rio Tinto e dedicada à produção de ouro); Mineração
Camaquã (CBC, cobre) e Minerações Brasileiras Reunidas (CAEMI, ferro). Por outro lado,
constatam-se alguns casos de sucesso apenas parcial, com destaque para a mina Serra do Navio,
de manganês, de propriedade da ICOMI.
Na verdade, a mina de Águas Claras deverá ser paralisada em setembro de 2002. A MBR
planeja gastar cerca de US$ 14 milhões para fazer a desativação completa das instalações de
extração e beneficiamento, além da recomposição das áreas de lavra e de movimentação do produto
beneficiado. O tempo estimado para esse projeto é de dois anos. A empresa já começa a pensar
numa destinação a ser dada à área, que inclui uma reserva florestal preservada (Mata do Jambeiro),
que continuará sob seus cuidados. O objetivo é criar um empreendimento, que será discutido com
a comunidade, com foco em serviços - centro de convenções, shopping center, hotelaria etc. Para a
mina Mutuca, em Nova Lima, que encerrou operações em novembro de 2001, o fechamento da
BDMG
40 anos
aberta até o final de 2003. Prevê-se que o tempo necessário para a recuperação seja de 20 anos
(Valor, 25 de março de 2003).
No caso da mina Serra do Navio, persistem divergências entre a empresa e o Governo do
Estado do Amapá relativas à contaminação da região com arsênio a partir de resíduos deixados
pela empresa. Esses resíduos estariam contaminando o solo, a água e o ar, e afetando a saúde da
população local. Além disso, até o momento, não está definida uma solução para o impacto social
que o fechamento da mina de Serra do Navio causou na região (Barreto et al, 2001, p. 58-59).
De uma forma geral, também na questão ambiental, reproduz-se a questão da
heterogeneidade, tão característica da mineração. Reforçando o argumento, não apenas a capacitação
técnica (incluindo a gestão ambiental) é diversa, como o resultado do fechamento de minas apresenta
resultados diferentes. Deve-se também ressaltar que na visão do Instituto Brasileiro de Mineração
(IBRAM), o marco regulatório ambiental não constitui um obstáculo ao desenvolvimento da
atividade. Aliás, segundo essa instituição, a preocupação não deveria ser a criação de novas leis,
mas a aplicação da legislação em vigor. Seria também importante que se avançasse mais na
elaboração de normas voluntárias, o que constituiria um avanço em relação à filosofia comando-
controle que ainda hoje predomina no marco regulatório ambiental. Por fim, deve-se tentar
simplificar o trâmite burocrático relativo às autorizações ambientais.
Dessa forma, pode-se apontar que, no que tange às questões sistêmicas mais relevantes
para a maioria das substâncias minerais, os maiores problemas se restringem ao tipo de tributação
(regressivo, na concepção de Mackenzie), na burocratização do sistema de autorizações
ambientais e na (in)capacidade das pequenas mineradoras em arcar com programas mais
abrangentes de proteção ambiental.
CONSOLIDANDO POSIÇÕES
NA MINERAÇÃO
CAPÍTULO 5 ao 11
OS SEGMENTOS DE MERCADO
MAIS REPRESENTATIVOS
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40 anos
5. Ferro
QUADRO 6
SEGMENTOS DE
MERCADO PRODUTOS SETORES CONSUMIDORES
Laminados Chapas Grossas Tubos com costura, automotivo (veículos pesados),
Planos construção civil, máquinas agrícolas e rodoviárias, indústria mecânica
Comuns Bobinas Laminadas Tubos com costura, automotivo,
(ao Carbono) a Quente construção civil, botijões de gás e eletro-eletrônico
Bobinas Laminadas Automotivo, tubos com costura, eletro-eletrônico, eletrodomésticos,
a Frio embalagens e recipientes, construção civil
Chapas Galvanizadas Automotivo, construção civil, eletrodomésticos, tubos com costura
Folhas-de-Flandres Embalagens (latas)
Laminados Vergalhões Construção Civil
Longos Comuns Perfis Construção Civil (estruturas metálicas, linhas de transmissão,
(ao carbono) serralherias), máquinas agrícolas e rodoviárias, indústria mecânica
Barras Automotivo, máquinas agrícolas e rodoviárias, trefilarias, construção
civil (serralherias), eletro-eletrônico, indústria mecânica e cutelaria
Fio-máquina Trefilarias
Laminados Planos Especiais Eletro-eletrônico, cutelaria, tubos com costura e utilidades domésticas
Especiais Longos Especiais Automotivo, trefilarias e eletro-eletrônico
Tubos Sem Costura Instalações para extração e refino de petróleo, química e petroquímica
A siderurgia pode ser considerada uma indústria madura, pois, ao longo do período 1975-
2001, a taxa de crescimento mundial anual foi de apenas 1,1%. Isso, muito provavelmente, foi
inferior ao crescimento da população mundial no mesmo período. O GRÁFICO 1 mostra a evolução
da produção mundial de aço bruto e de dois insumos utilizados na sua fabricação que demandam
minério de ferro: ferro-gusa, de um lado; ferro diretamente reduzido (ou DRI) e ferro briquetado a
quente (HBI), de outro.
GRÁFICO 1
Além da relativa estagnação do volume de aço bruto produzido, duas outras tendências
dificultaram o crescimento da demanda por minério de ferro. Em primeiro lugar, a melhoria do
rendimento integrado, em parte explicado pela maior difusão do lingotamento contínuo, reduziu a
geração de rejeitos ao longo do processo de fabricação do aço. Assim, para se fabricar uma tonelada
de produto final (laminado), requer-se, atualmente, uma menor quantidade de insumos.
Um segundo fator que desestimulou o crescimento do consumo de minério de ferro foi o
incremento da relevância das aciarias elétricas. A produção mundial de aço bruto em aciarias elétricas
cresceu de 20,2% (em 1978) para 27,9% (em 1990) e ainda para 35% (em 2001). Esse tipo de
equipamento é utilizado em dois tipos de usinas: semi-integradas (também denominadas mini-mills) e
integradas à redução direta. Nas primeiras, a sucata é a matéria-prima principal, em substituição ao
minério de ferro, enquanto nas usinas integradas à redução direta, consome-se minério de ferro para
a produção de DRI e HBI. Todavia, apesar do vertiginoso crescimento recente da produção de DRI
e HBI, evoluindo de 17,8 (em 1990) para 39,3 milhões de toneladas (em 2001), a sua importância
ainda é pouco expressiva em termos de produção de ferro primário. Portanto, o impacto líquido da
maior difusão de aciarias elétricas é negativo em termos de demanda de minério de ferro.
BDMG
40 anos
negativo sobre a demanda de minério de ferro. Porém, para a mineração de ferro brasileira e de Minas
Gerais, é necessário examinar o chamado transoceânico de minério de ferro. Este compreende o
conjunto de empresas mineradoras que embarcam minério de ferro em navios com destino ao mercado
internacional. Estão excluídas as exportações através dos Grandes Lagos do Canadá para os Estados
Unidos e vice-versa, as exportações por vias internas na Europa Ocidental e as exportações da
Comunidade de Estados Independentes para os países do Leste Europeu (Souza, 1991, p. 6).
O comércio transoceânico de minério de ferro, particularmente em 2001, apresentou uma
alta taxa de crescimento, como conseqüência de as importações chinesas terem aumentado 70%
em comparação com o ano anterior. Segundo as estimativas mais recentes da CVRD, líder mundial
do produto, as importações transoceânicas de minério de ferro da China devem ainda crescer
46,7% entre 2001 e 2005. Todavia, o mercado total deve registrar um crescimento bem menor
(12,2%), ainda que superior ao previsto para o incremento da produção de aço bruto (7,4%) ver
Faria (2002, p. 6-7). Esse deslocamento entre a produção de aço bruto e comércio transoceânico
de ferro é, mais uma vez, explicado pelo mercado chinês, onde se constata a rápida substituição
do suprimento do mineral doméstico (de baixo teor) pelo internacional (australiano, brasileiro e
indiano, em grande medida). Isso é particularmente importante para a indústria brasileira, uma
vez que, atualmente, 75% das vendas destinam-se ao mercado internacional. Conseqüentemente,
apenas 1/4 das vendas são direcionadas às siderúrgicas e produtoras independentes de ferro-gusa
(usualmente, denominadas de guseiros) localizadas no Brasil.
TABELA 22
TABELA 23
BDMG
40 anos
PRODUÇÃO MUNDIAL DE MINÉRIO DE FERRO POR PAÍS, 1997-2001 (MILHÕES DE TONELADAS)
13
Verdugo (2000, p. 51-52) destaca que a origem da produção de pellets encontra-se associada à exploração de um tipo de magnetita (a
taconita), de baixo conteúdo de ferro e maior dureza, existente no nordeste dos Estados Unidos. Além disso, pode-se diferenciar as
pelotas do tipo ácido e básico. As pelotas ácidas foram, historicamente, as primeiras a serem produzidas. Nessa categoria, encontra-se boa
parte da produção atual da Comunidade dos Estados Independentes, Estados Unidos e Canadá. Já as pelotas básicas correspondem a um
produto de segunda geração, que se diferencia da anterior por conter grande parte do fundente necessário no alto-forno. Esse melhoramento
foi adaptado principalmente por plantas de pelotização cujas produções eram destinadas às siderurgias européia e japonesa.
e pellet feed. Em 2001, foram produzidos no País 37,3 milhões de toneladas de pelotas, dos quais
63% pela CVRD e suas coligadas, 10% pela Ferteco (atualmente, também controlada pela CVRD)
e 27% pela Samarco (uma joint-venture 50:50 entre a CVRD e a BHP).
14
As principais barreiras à entrada na mineração de ferro não são tecnológicas, mas de duas outras naturezas: a) de caráter institucional
(direitos de lavra); b) relativas ao volume de capital, face ao montante necessário para a implementação das minas e, principalmente,
da infra-estrutura de escoamento da produção. O segmento caracteriza-se por ser intensivo em capital, sendo que os investimentos,
usualmente, contemplam três atividades: mina e usina de beneficiamento, transporte (ferrovia ou mineroduto) e instalações portuárias.
BDMG
40 anos
A mineração, como um todo, está passando por um intenso processo de consolidação, em
particular, nos negócios de ferro e ouro (seção 1.3). O QUADRO 7 apresenta as principais alterações
patrimoniais na indústria mundial de minério de ferro no período 1997-2001. Em janeiro de 1997,
a empresa australiana North, que já controlava a Robe River, anunciou o acordo para a compra de
59,3% da Iron Ore of Canada (IOC) por US$ 230 milhões. Essa participação foi adquirida junto
à Bethlehem Steel (37,6%) e à National Steel (21,7%), ambas siderúrgicas norte-americanas, que
receberam US$ 145 milhões e US$ 85 milhões, respectivamente. A North justificou a aquisição
pela complementaridade comercial, pois os principais clientes da Robe River estavam localizados
na Ásia, ao passo que os da IOC, na América do Norte e na Europa.
QUADRO 7
7% desse mercado; c) a plena integração das operações da Socoimex com o corredor de transporte
EFVM/Porto de Tubarão. Após a aquisição, a produção da mina de Gongo Soco elevou-se
consideravelmente, de 4,5 para 7 milhões de toneladas.
Também em maio de 2000, a CVRD adquiriu o controle acionário da Samitri junto à Cia.
Siderúrgica Belgo-Mineira (controlada pelo grupo luxemburguês Arbed). Com um investimento
de US$ 525 milhões, a CVRD comprou 63,06% do capital total, e 79,27% do capital votante da
Samitri. A empresa também assumiu a dívida consolidada da Samitri, que atingia, em dezembro
de 1999, US$ 398 milhões. Por outro lado, a CVRD ganhou, inicialmente, o controle de 51% das
ações da Samarco. Contudo, ela comprometeu-se a vender 1% dessa empresa, por US$ 8,2 milhões,
para a empresa australiana BHP, que já era proprietária de 49% da Samarco. Com isso, a Samarco
passou a ser uma joint-venture 50:50, entre a CVRD e a BHP (Gazeta Mercantil, 31 de maio de 2000).
Em setembro de 2000, a CVRD comprou, mediante uma oferta pública, mais 36,13% das ações
da SAMITRI, por US$ 180 milhões, passando a deter 99,18% do capital total da empresa.
A Samitri operava quatro minas de ferro em Minas Gerais (Alegria, Morro Agudo, Córrego
do Meio e Andrade), com uma capacidade de produção anual de 17,5 milhões de toneladas. No
negócio, a última mina (com capacidade de 900 mil toneladas) foi desmembrada da Samitri,
continuando a ser controlada pela Belgo-Mineira. Já a Samarco possui e opera duas plantas de
pelotização na Ponta de Ubu, no Espírito Santo, com capacidade de 12 milhões de toneladas. A
empresa produz ainda cerca de 2 milhões de toneladas anuais de pellet feed. De acordo com a
CVRD (2000), as principais vantagens da aquisição da Samitri/Samarco foram:
(a) substituição das minas de Capanema e Timpopeba, cuja exaustão é prevista para 2004/
2005; (b) adiamento de 2005 para 2011 das operações da mina de Brucutu, com redução
de custos e de despesas de capital; (c) substituição, no fornecimento para o complexo de
pelotização de Tubarão, do minério de ferro de Carajás pelo do complexo de Alegria, com
substancial diminuição de custos de transporte. Em complementação, a CVRD e a BHP
poderão reestruturar e racionalizar a exploração do complexo de minério de ferro de Alegria,
objetivando redução de custos e melhoria de qualidade dos produtos da Samarco.
A aquisição mais importante na indústria mundial de minério de ferro foi, entretanto, o
take-over hostil da North Ltd. levado a cabo pela mineradora britânica Rio Tinto (controladora da
Hamersley, na Austrália). Em junho de 2000, a Rio Tinto declarou que já tinha adquirido 14,5%
das ações da North e que estava promovendo uma oferta pública de ações da North ao preço
unitário de 3,80 dólares australianos. Após uma disputa com a Anglo American, a Rio Tinto
realizou uma segunda oferta, com um preço 25% superior ao da proposta original15. No final de
agosto/2000, a Rio Tinto terminou a oferta, passando a controlar mais de 98% das ações ordinárias
da North. O valor total da transação foi estimado em US$ 1,94 bilhão, sendo que US$ 1,71 bilhão
foi gasto na aquisição de 85,5% do capital da North, lembrando que a Rio Tinto já detinha 14,5%
anteriormente. A North possuía interesses nas indústrias de minério de ferro, urânio, fibra de
madeira, zinco, cobre e ouro. No que se refere ao ferro, ela detinha 53% da Robe River, localizada
na Austrália, e 56,1% da IOC.
15
A Anglo American vem tentando ingressar no mercado de minério de ferro pelo menos desde 1997, quando perdeu o leilão de
privatização da CVRD. Apenas em 2002, ela conseguiu adquirir participações acionárias nas duas minerações de ferro da África
do Sul (Kumba Resources e Assmang). No período março a abril de 2002, a Anglo American comprou 20,1% das ações da Iscor.
Adquiriu também 34,9% da Avmin, que lhe garante uma participação indireta de 17,6% na Assmang. A vantagem é que as minas
de Sishen e Beeshoek são próximas (72 quilômetros), favorecendo uma reestruturação das operações. Por outro lado, a Kumba
Resources detém apenas 4,5% do mercado mundial transoceânico de minério de ferro. Embora ela seja a quarta maior empresa
nesse mercado, sua dimensão é substancialmente menor do que as líderes CVRD, Rio Tinto e BHP Billiton.
BDMG
40 anos
50% das ações da Gulf Industrial Investment Co. (GIIC), junto à empresa estatal Kuwait Petroleum
Corp. (KPC), pelo valor de US$ 183 milhões. A GIIC, localizada no Bahrain, possui e opera uma
das maiores plantas independentes de pelotização de minério de ferro do mundo, com capacidade
de produção anual de 4 milhões de toneladas (Faria, 2000, p. 6)16.
Em abril de 2001, a CVRD adquiriu a Ferteco junto a Thyssen Krupp Stahl, por US$ 566
milhões. A empresa também assumiu uma dívida de US$ 131 milhões. A Ferteco é a terceira maior
produtora de minério de ferro do Brasil, com capacidade de produção de 15 milhões de toneladas
por ano. Ela opera duas minas de ferro (Fábrica e Córrego do Feijão) e possui uma pelotização de
4 milhões de toneladas, todas localizadas em Minas Gerais. Duas das principais vantagens dessa
transação para a CVRD foram: a) a qualidade do lump para redução direta da mina de Córrego do
Feijão: b) a possibilidade de duplicar a pelotização existente, a um custo substancialmente menor
ao da construção de uma planta greenfield, que já estava em estudos por parte da CVRD. Além
disso, a Ferteco possui 10,5% do capital total da MRS Logística, ferrovia que liga os estados do
Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, e 100% do Terminal Portuário de Sepetiba. Assim, com
a compra, a CVRD passou a ter participação em outro corredor de transporte de minério de ferro.
Por fim, em dezembro de 2001, CVRD e Mitsui passaram a dividir o controle do capital
votante da Caemi. Na verdade, essa transação começou, em fevereiro de 2001, quando os irmãos
Mário e Guilherme Freiring assinaram um contrato de compra e venda de 20% do capital total e
60% do capital votante da Caemi com a BHP, por US$ 332 milhões. Com isso, a empresa australiana
saiu vencedora da disputa com a CVRD por uma diferença de apenas US$ 2 milhões. Entretanto, a
Mitsui exerceu o direito de preferência, em abril de 2000, invalidando o acordo, e negociou 50% do
capital votante da Caemi com a CVRD, por US$ 280 milhões. A Caemi é proprietária de 85% das
minerações de ferro MBR (Brasil) e 50% da QCM (Canadá). Essa transação somente foi aprovada
pela Comissão Européia com a condição de que a Caemi venda os seus 50% das ações da QCM.
No Brasil, as aquisições da Socoimex, Samitri/Samarco, Ferteco e Caemi ainda não foram
aprovadas pelas autoridades antitruste. Se elas forem aceitas e supondo que a única condição
imposta seja a obrigatoriedade do consórcio CVRD-Mitsui se desfazer de 50% das QCM, a
participação das três maiores empresas no comércio transoceânico de minério de ferro (CVRD,
Rio Tinto e BHP-Billiton) passaria de 47,5% (em 1996) para 72% (com base nos dados do ano
2001). Em termos de produção, a participação das três maiores empresas alcançaria
aproximadamente 30%. Em suma, um mercado bastante concentrado.
Em termos da perspectiva da mineração de ferro em Minas Gerais, são duas as principais
implicações desse intenso processo de consolidação. Do ponto de vista positivo, a maior produtora
do Estado, a CVRD, assegurou sua posição de proeminência, em termos mundiais, e conseguirá
otimizar ainda mais a utilização do corredor EFVM-Porto de Tubarão. Portanto, reforça-se a posição
competitiva da empresa, num negócio no qual economias de escala e eficiência logística são
essenciais à sobrevivência. Adicionalmente, as aquisições elevaram as reservas da CVRD em
Minas Gerais de 22 para 60 anos de lavra (Valor, 19 de junho de 2002). De acordo com Faria
(2002, p. 20), a produção do Sistema Sul deve crescer de 71,4 milhões de toneladas em 2001, para
88 milhões de toneladas em 2010.
16
A aquisição da GIIC aumentou ainda mais a participação da CVRD no mercado de pelotas. Considerando a produção das plantas
de pelotização próprias e joint-ventures instaladas no Porto de Tubarão (25 milhões de toneladas), a Samarco (12 milhões de
toneladas) e a GIIC (4 milhões), totalizam-se 41 milhões de toneladas. Além disso, uma outra planta de pelotização, de 6 milhões
de toneladas, em construção em São Luiz, Maranhão, entrou em operação em meados de 2002. O custo da planta propriamente
dita foi de US$ 187,5 milhões, ao passo que na infra-estrutura do projeto (mina, ferrovia e porto) foram investidos mais US$ 167
milhões, totalizando um dispêndio de capital de US$ 355 milhões.
que a empresa adiasse investimentos de reposição das minas mais próximas da exaustão. Combinado
com a prioridade já discutida pelos projetos de cobre em Carajás, é compreensível que os
investimentos atuais da empresa em mineração de ferro em Minas Gerais não sejam muito
expressivos. Os projetos correntes envolvem a expansão da minas de Gongo Soco, de 7 para 9
milhões de toneladas anuais, incluindo a instalação de uma planta de concentração de itabirito
(no valor de US$ 3 milhões), além da ampliação da capacidade do complexo de Alegria, de 10 para
12 milhões de toneladas anuais (US$ 3,7 milhões). No que tange aos projetos futuros, destaca-se
o desenvolvimento da mina de Fábrica Nova para substituir Capanema, com capacidade de 10
milhões de toneladas anuais, devendo entrar em operação em 2006, a um custo de US$ 35 milhões.
Além disso, registre-se o desenvolvimento da mina de Brucutu, de 8,4 milhões de toneladas (em
2006) para 20 milhões de toneladas (em 2010), no valor de US$ 67,3 milhões. Em suma, a pressão
para que a CVRD desenvolvesse novas minas de ferro em Minas Gerais, face à exaustão de minas
em operação, foi diminuída com suas aquisições.
Dos US$ 213 milhões da segunda fase do projeto da MBR, US$ 36 milhões são destinados
à ampliação da capacidade de embarque do terminal marítimo de Guaíba (Rio de Janeiro), que
ganhará novos equipamentos, como empilhadeiras e reviradores de vagões. A parte mais importante
dos investimentos, entretanto, priorizam o complexo Tamanduá, que inclui as minas de Tamanduá
e Capitão do Mato e a usina de beneficiamento de Vargem Grande. No final de 2003, quando for
concluída a segunda fase das obras da usina de Vargem Grande, a mineradora aumentará sua
capacidade, de 26 para 32 milhões de toneladas, das quais a metade é proveniente do complexo
Tamanduá. O restante provém da mina do Pico, localizada em Itabirito, aliás, a primeira atividade
de mineração da MBR, em operação desde a década de 1940.
No que tange ao complexo Tamanduá, parte significativa das inversões será destinada à
instalação de uma correia transportadora de longa distância, interligando as minas de Tamanduá e
Capitão do Mato à usina de beneficiamento em Vargem Grande. Além disso, a empresa também
está duplicando o terminal ferroviário Andaime, em Rio Acima, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte. Outra parte dos recursos será destinada à mina de Capão Xavier, em fase de
licenciamento ambiental, que deverá entrar em operação em 2003 (Gazeta Mercantil, 6 de junho de
2002). Cogita-se que, em 2006, a MBR já terá elevado sua capacidade para 36 milhões de toneladas.
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40 anos
três dificuldades principais, embora não necessariamente nesta ordem. Primeiro, as mineradoras
de ferro de pequeno porte possuem dificuldades para arcar com os crescentes custos dos
programas ambientais. Embora se possa até considerar que o episódio da Mineração Rio Verde,
em 2001, tenha sido apenas um acidente, no sentido estrito da palavra, é notório que a capacidade
tecnológica e gerencial (e os seus conseqüentes impactos na questão ambiental) é bastante
diferenciada entre empresas de grande e pequeno porte (seção 1.4).
Segundo, o processo de consolidação acaba aumentando o poder de barganha das grandes
empresas remanescentes quando essas adquirem minério com vistas à revenda no mercado
internacional. Vale lembrar que a Ferteco, principalmente nos anos precedentes à sua aquisição,
para aumentar a utilização do então recém-inaugurado Terminal de Sepetiba, comprava minério
das pequenas empresas em larga escala.
Naturalmente, a combinação desses três fatores aponta para o fato de que a mineração
de ferro, de pequeno porte, no Estado, pode trilhar um caminho de involução a longo prazo.
Levando em conta só os riscos ambientais decorrentes, isso já seria suficiente para se transformar
em objeto de política pública. Faria (2002, p. 24), inclusive, aponta que o desafio da mineração
de ferro em Minas Gerais é o aproveitamento dos finos gerados e estocados na região da Serra
Azul / Itatiaiuçu.
Existe uma tecnologia, pouco discutida até o momento, que poderia se constituir num
suporte à pequena mineração de ferro em Minas Gerais. Trata-se do processo Hybrid Pellotized
Sinter (HPS), já utilizado em pelo menos duas siderúrgicas japonesas. Mais ainda, a Belgo-Mineira
está implantando essa tecnologia em sua usina integrada de João Monlevade, a um custo de
US$ 18 milhões, devendo entrar em operação em dezembro de 2002. De uma forma sumária, a
tecnologia HPS corresponde à micropeletização do sinter feed, utilizando-se de discos de
pelotização. É importante destacar que o objetivo da empresa é aproveitar toda a sua capacidade
instalada da Mina de Andrade, que se localiza a apenas 12 quilômetros da usina siderúrgica.
Portanto, esse projeto não representará uma demanda adicional para as pequenas mineradoras
do Estado. Por outro lado, a Açominas, atualmente, cogita investimento similar, que poderia
favorecer principalmente as mineradoras do Vale do Paraopeba. Adicionalmente, as próprias
mineradoras poderiam cogitar um projeto dessa natureza, sob a forma de consórcio. Para o
Estado, investimentos nessa tecnologia teriam duas vantagens: a) garantiriam uma sobrevida às
pequenas empresas; b) seriam uma forma de aproveitamento dos finos acumulados ao longo do
tempo, uma vez que as pequenas mineradoras somente vendem o minério granulado e, assim,
ajudariam na redução do passivo ambiental.
O minério de ferro não pode ser considerado uma commodity, por vários motivos. Primeiro, o
preço varia de acordo com as características positivas (ferro contido) e negativas do minério
(fósforo, alumina e sílica). De fato, os preços são cotados na unidade US$ cents per iron unit (c/
u), que significa o preço em dólares norte-americanos da tonelada de ferro puro. Segundo, os
preços são fixados em bases anuais, mesmo para contratos superiores a um ano, sendo negociados
diretamente entre vendedores e compradores. O benchmark é, usualmente, obtido das negociações
entre os grandes players, seja entre as mineradoras australianas e as siderúrgicas japonesas, seja
entre as mineradoras brasileiras e as siderúrgicas alemãs. Tradicionalmente, as negociações iniciam-
se em novembro e finalizam-se em janeiro (Monteiro, 1998a, p. 11). Todavia, excepcionalmente
em 2002, as negociações somente foram concluídas em maio.
O GRAF. 2 mostra a evolução de preços (Carajás Lump, Carajás Fines e pelotas) da CVRD
para o mercado europeu, no período 1986-2002. Como se observa, nesses 17 anos, apesar do
caráter cíclico, os preços nominais não mostram uma tendência nítida nem de crescimento, nem
de redução. Naturalmente, em termos de preços reais, a tendência é naturalmente de queda. Faria
(2002) mostra dados que permitem concluir que, no período 1980-2001, os preços de exportação
de finos para o mercado europeu involuiu a uma taxa média anual de 1,8%. Por outro lado,
diferentemente dos outros minerais metálicos, o minério de ferro não sofre a volatilidade
praticamente diária, como as commodities, mantendo-se estável por um ano.
GRÁFICO 2
5.12. Perspectivas
Sinteticamente, pode-se afirmar que:
as perspectivas da demanda mundial de minério de ferro são razoáveis, compatíveis com
o crescimento lento da siderurgia. Por outro lado, o comércio transoceânico de minério
de ferro deve crescer a um ritmo anual de 2,9% até 2005, em grande medida em função
BDMG
40 anos
minério de ferro são direcionadas ao mercado mundial;
Brasil e Austrália devem se manter como maiores produtores e exportadores mundiais de minério
de ferro. Aliás, nos últimos anos, a posição hegemônica desses dois países tem se acentuado;
a mineração de ferro mundial e a brasileira passou por um intenso processo de consolidação.
As aquisições favoreceram as empresas a otimizar a infra-estrutura logística e mesmo a
adiar o desenvolvimento de novas minas para substituir as minas mais próximas da exaustão;
no que tange às grandes mineradoras de ferro que operam no Estado de Minas Gerais, o
setor é extremamente competitivo internacionalmente. As empresas dispõem de recursos
minerais de alta qualidade (alto teor de ferro contido) e excelentes corredores de exportação
(ferrovia/porto). Pode-se afirmar que é um segmento de mercado sem problemas
estruturais de competitividade;
a situação das pequenas mineradoras não é tão favorável quanto a das grandes, seja pelo
crescente custo dos programas ambientais, pelo aumento do poder de barganha das grandes
empresas quando compram minério para revenda e pelo deslocamento do pólo guseiro
para a região de Carajás. Assim, além de apoiar os projetos das grandes empresas para
ampliação de capacidade (como os que vêm sendo feitos pela MBR), é importante examinar
em detalhe a tecnologia HPS, que está sendo implantada pela Belgo-Mineira;
a vantagem da tecnologia HPS, pelo menos em termos conceituais, é de que ajudaria a
reduzir as pilhas de minério fino das pequenas mineradoras (o que representa um grande
passivo ambiental), além de ajudar na ampliação do mix de produtos, melhorando,
conseqüentemente, a competitividade dessas empresas.
BOX 1
suficientes para aproximadamente 20 anos, no ritmo atual de produção. Esses dados não levam
em consideração a guarda do ouro como um ativo financeiro. Destaque-se ainda que o ouro é um
dos poucos metais que ocorre na natureza em estado ativo.
TABELA 24
PRODUÇÃO MUNDIAL DE OURO POR PAÍS, 1997-2001
BDMG
40 anos
PRODUÇÃO MUNDIAL DE OURO POR PAÍS, 1997-2001
nos estados do Pará e Mato Grosso foram os grandes responsáveis pela produção brasileira de ouro.
De fato, no período 1978-1988, eles responderam por 87% do total. A partir de 1989, com a exaustão
dos depósitos superficiais, a queda do preço do ouro no mercado doméstico e as crescentes pressões
ambientais, a produção garimpeira começou a declinar, atingindo apenas 12 toneladas em 1998.
Nessa ocasião, 43% do ouro garimpado eram provenientes do Pará; 29% do Mato Grosso; 22% de
outros estados da Região Norte e 3% de Goiás (BNDES, 2000a, p. 39). A tendência de redução da
produção dos garimpos ainda continua presente, tanto que, em 2000, ela totalizou apenas 8 toneladas.
Por outro lado, a produção do setor formal de mineração aumentou consideravelmente,
tanto em termos absolutos quanto relativos. Ela passou de 4 toneladas em 1978 (quando
representava 18% da produção brasileira) para 23 toneladas em 1988 (20%) e 39 toneladas em
1992 (51%). Desde então, a produção formal vem se mantendo no patamar de 40 toneladas.
Todavia, em face da diminuição da produção garimpeira, a sua participação cresceu para 84%.
A produção industrial de ouro no Brasil é concentrada em praticamente quatro empresas, que
são responsáveis por 98% do total do segmento. Com exceção da CVRD, elas são controladas ou
associadas a grandes grupos internacionais de mineração. No caso da CVRD, a empresa iniciou suas
atividades de ouro em 1984 e atualmente opera duas minas: Fazenda Brasileiro (Bahia) e Itabira
(Minas Gerais), sendo que apenas a Fazenda Brasileiro é subterrânea. Essa é uma situação bastante
diversa da verificada em 1996, quando a empresa estava operando sete minas, sendo que cinco já
foram exauridas: Rio Machado e Maria Preta (em 1997), Almas e Caeté (em 2000) e Igarapé Bahia
(em julho de 2002) ver QUADRO 8. Assim, em Minas Gerais, a empresa passou de três para
apenas uma mina. A participação do Estado na produção de ouro da CVRD regrediu de 9%, em
1988, para algo próximo a 4%, em 2001. Até 2003, a mina Itabira também deve se exaurir. Assim, a
produção de ouro da CVRD deve cair de 16 toneladas em 2001 para 9,5 toneladas em 2002 e ainda
para 5,5 toneladas em 2003. Ela vai se concentrar em Fazenda Brasileiro (Bahia) e nos projetos de
ouro associado ao cobre no Pará. Dos seis projetos em análise, cinco possuem ouro, estimando-se
que possam produzir cerca de 22,9 toneladas por ano a partir de 2007 (ver seção 3.3).
QUADRO 8
EMPRESA UF 94 95 96 97 98 99
CVRD Almas TO ... ... 0,7 0,6 0,5 0,6
Caeté MG ... ... 0,3 0,5 0,4 0,6
Fazenda Brasileiro BA 4,6 4,7 5,4 5,4 5,3 5,2
Igarapé Bahia PA 7,0 10,1 10,3 10,6 11,2 11,1
Itabira MG 0,5 0,4 0,7 0,6 0,7 0,6
Maria Preta BA 0,5 0,5 0,2 ... ... ...
Rio Machado MG 0,8 0,5 0,4 ... ... ...
AngloGold Morro Velho MG 7,4 7,0 7,3 7,5 6,9 6,5
AngloGold / TVX Serra Grande GO 3,9 3,9 4,0 3,9 4,5 4,4
Rio Tinto / TVX Rio Paracatu MG 5,3 5,1 5,2 4,9 5,8 6,1
Eldorado Gold São Bento MG 3,2 3,2 3,1 3,3 3,4 3,9
Paranapanema Caraíba BA 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4
William Resources Jacobina BA 1,3 1,4 1,3 1,7 1,3 ...
Santa Elina Santa Elina MT 0,8 0,6 0,9 - - -
Pequenas Minas - - 4,0 3,1 1,1 0,5 0,5 0,5
TOTAL 39,7 41,0 41,3 39,9 40,9 39,9
FONTE: BNDES, 2000a; Gazeta Mercantil.
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40 anos
para os negócios de ouro, que será tratado na próxima seção. O terceiro maior produtor é a Rio
Paracatu Mineração, uma associação entre a Rio Tinto (51%) e a TVX (49%). Aliás, os dois
sócios atualmente possuem um litígio sobre direito de preferência. A Rio Tinto acusa a TVX de
quebrar o acordo de acionistas ao incluir 24,5% da Rio Paracatu entre ativos que vendeu para a
australiana Normandy, sem observar a cláusula de direito de preferência, prevista na Lei das
Sociedades Anônimas. Do ponto de vista produtivo, a Rio Paracatu Mineração vem produzindo
cerca de 6 a 7 toneladas de ouro anuais. Destaque-se que a empresa opera com um dos índices
mais baixos de teor de ouro no mundo, senão o menor. Em 2001, por exemplo, o teor médio foi de
0,45 grama por tonelada de material tratado (Gazeta Mercantil, 22 maio 2002). Os recursos da Rio
Paracatu são suficientes para pelo menos 17 anos de operação, supondo o ritmo atual de produção.
O quarto maior produtor brasileiro de ouro é a São Bento Mineração, que opera uma mina
subterrânea desde 1987. Em julho de 1996, a empresa canadense Eldorado Gold comprou a empresa,
que pertencia à sul-africana Gencor. O ritmo de produção tem oscilado entre 3 e 4 toneladas anuais.
O complexo de mina e metalurgia da empresa situa-se em Santa Bárbara (Minas Gerais). A Eldorado
Gold já assinou uma carta de intenções para que a planta metalúrgica da São Bento possa processar
o minério da AngloGold extraído numa área contígua. Ela também assegurou uma opção de compra,
em dezembro de 2001, para adquirir 100% do projeto Brumal junto à CVRD. A grande vantagem é
que a distância entre Brumal e a planta metalúrgica da São Bento é pequena (5 quilômetros),
aproveitando-se também do fato de que está operando com capacidade ociosa. A São Bento investirá
US$ 1,5 milhão no programa de prospecção, a ser completado em dois anos e meio. Pelo acordo, a
venda por US$ 5 milhões depende apenas da comprovação, pela São Bento, de que a jazida tem
capacidade de produção entre 8 e 15,5 toneladas (Gazeta Mercantil, 10 de dezembro de 2002).
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40 anos
40% da produção ocidental. De fato, a participação das três maiores empresas regrediu de
61,2% (em 1975) para 24,7% (em 2000). Concomitantemente, a participação das dez maiores
caiu de 80,7% para 57,4% (Ericsson, 2002, p. 18).
Todavia, quando o ponto inicial da análise é 1990, a situação é bastante diferente, ao se
constatar um intenso processo de consolidação. De acordo com a Metals Economics Group, teriam
ocorrido 146 transações patrimoniais na indústria mundial do ouro, no período 1990-99, totalizando
negócios de US$ 28,3 bilhões. Assim, a participação de mercado das quinze maiores produtoras
mundiais cresceu de 41%, em 1990, para 50%, em 2001 (Gold Fields Mineral Services, 2002, p.
31). Em face das recorrentes transações, envolvendo principalmente empresas mineradoras
especializadas em ouro, constata-se uma mudança significativa no ranking das maiores produtoras
mundiais, entre 1992 e 2001 (QUADRO 9). De especial importância é o crescimento da Newmont
Mining, que, por exemplo, adquiriu a Santa Fé Gold, em 1997, por US$ 2,1 bilhões. A Barrick, que
mais do que quadruplicou sua produção no período considerado, comprou a Lac Minerals em
1994 por US$ 1,6 bilhão. Nos últimos dois anos, destacam-se as fusões entre a Barrick Gold e a
Homestake, entre a Goldfields e a Delta Gold (dando origem a AurionGold) e entre a Newmont,
a Franco-Nevada e a Normandy. Esta última transação foi concluída em fevereiro de 2002,
permitindo que a Newmont ultrapasse a AngloGold como maior produtora mundial. Espera-se
que a Newmont venha a produzir 237 toneladas em 2002, o que equivaleria a 9% da produção
mundial (Gold Fields Mineral Services, 2002, p. 31).
QUADRO 9
1992 2001
EMPRESA PAÍS PRODUÇÃO EMPRESA PAÍS PRODUÇÃO
Anglo American África do Sul 275 AngloGold África do Sul 217
Gold Fields África do Sul 123 Barrick Canadá 191
Gencor África do Sul 75 Newmont Estados Unidos 168
Placer Dome Canadá 61 Gold Fields África do Sul 117
Homestake Estados Unidos 57 Rio Tinto Reino Unido 111
JCI África do Sul 51 Placer Dome Canadá 86
Newmont Gold Estados Unidos 49 Freeport McMoRan Estados Unidos 82
Rand Mines África do Sul 44 Normandy Austrália 76
American Barrick Canadá 41 Harmony Gold África do Sul 71
Anglovaal África do Sul 40 Ashanti Goldfields Gana 52
Rio Tinto Zinc Reino Unido 39 Durban África do Sul 32
Lac Minerals Canadá 34 Buenaventura Peru 32
Western Mining Austrália 26 Kinross Gold Estados Unidos 29
Echo Bay Canadá 24 WMC Austrália 26
Newcrest Austrália 24 Newcrest Austrália 22
TOTAL 973 TOTAL 1.313
FONTE: BNDES, 1996a; GOLD FIELDS MINERAL SERVICES, 2002.
No caso brasileiro, como já comentado, a Mineração Morro Velho, a São Bento Mineração
e a Rio Paracatu Mineração, registraram mudanças na composição acionária, desde 1996. Nesta
última, as alterações foram decorrentes da alteração do controle acionário da TVX. Em abril de
1999, a Normandy comprou 49,9% da TVX Gold, por US$ 187 milhões, para formar uma joint-
venture denominada TVX Normandy Americas. Essa associação passou a controlar participações
Rio Paracatu Mineração (Brasil), 50% da New Britannia e 32% da Musselwhite (Canadá). Na
ocasião, a Normandy também adquiriu uma participação de 10% na TVX por US$ 24 milhões.
Como fruto da joint-venture, o capital da Rio Paracatu passou a ser dividido da seguinte forma: Rio
Tinto (51%), TVX (24,5%) e Normandy (24,5%). No início de 2002, a Newmont Mining adquiriu
a Normandy, por US$ 2,8 bilhões, tornando-se a maior empresa mundial do setor. Com a transação,
por conta da joint-venture entre a TVX e a Normandy, a Newmont passou a deter 24,5% da Rio
Paracatu Mineração (Gazeta Mercantil, 22 de maio de 2002).
Adicionalmente, em junho de 2002, a Kinross Gold, terceira maior produtora de ouro do
Canadá, fechou acordo para comprar a Echo Bay Mines e a TVX Gold, por cerca de US$ 1,56
bilhão (em troca de ações). A nova mineradora vai se chamar New Kinross e vai englobar todos os
ativos das três empresas. Também está prevista a aquisição, por US$ 180 milhões, de ações que a
Newmont possuía em uma associação com a TVX. A New Kinross vai possuir minas na Rússia,
Grécia, Canadá, Chile e Brasil, onde deve herdar os ativos da TVX. Atualmente a mineradora
possui duas jazidas no País, em associação com a Rio Tinto, em Paracatu, e com a AngloGold, em
Crixás (Valor, 11 de junho de 2002). A New Kinross produzirá 62 toneladas anuais de ouro.
6.10. Preços
De acordo com a Metals Economics Group, o preço médio anual do ouro regrediu de US$ 383 por
onça, em 1990, para US$ 360 por onça, em 1993. Ao longo do triênio 1994-1996, ele se manteve ao redor
do patamar de US$ 385 por onça. Desde então, constata-se uma nova queda, uma vez que os preços
médios foram de US$ 331 por onça (em 1997), US$ 294 por onça (1998) e US$ 279 por onça (em 1999).
O GRAF. 4 mostra a evolução dos preços mensais do ouro, na Bolsa de Londres, no período compreendido
entre janeiro de 1998 e agosto de 2002. Como se observa, esses preços têm oscilado entre US$ 250 e 320
por onça. O ápice de preço nos últimos anos foi registrado em junho de 2002.
GRÁFICO 4
PREÇOS MENSAIS DO OURO, JANEIRO DE 1998 A JUNHO DE 2002 (US$ / ONÇA)
BDMG
40 anos
De um modo geral, pode-se apontar que:
verifica-se uma ligeira recuperação de preços ao longo de 2002, mas ainda distante dos
patamares observados entre 1994-1996. Na verdade, constata-se que aumentos de
produção têm implicado quedas mais que proporcionais de preços, comprometendo a
rentabilidade do negócio a longo prazo. Por outro lado, a pressão baixista de preços
constitui um forte estímulo à intensificação de fusões e aquisições (principalmente entre
empresas especializadas nesse segmento);
em termos da produção nacional de ouro, é necessário diferenciar a trajetória do segmento
informal (garimpo) do formal (empresas). O primeiro vem reduzindo gradativamente
sua produção desde 1988, passando a desempenhar um papel meramente secundário na
oferta total do País. A produção industrial, ao contrário, vem se mantendo praticamente
estável desde o início da década de 1990. Apesar da exaustão de várias minas, as
companhias vêm conseguindo compensar a produção com novas minas ou reabertura de
antigas. No entanto, entre 2002 e 2007, a produção brasileira deve regredir, como resultado
da exaustão das minas de Igaparé Bahia e Itabira. Somente em 2007, quando os novos
projetos de ouro, combinado com cobre, da CVRD em Carajás, entrarem em operação, a
perda dessas minas será compensada;
no que tange à produção de ouro em Minas Gerais, as minas de Itabira (CVRD) e Velha
(AngloGold) devem se exaurir no biênio 2002-2003. No caso da mina Velha, ela será
substituída por quatro outras na região de Belo Horizonte. Mais importante, a Mineração
Morro Velho está estudando a possibilidade de investir US$ 140 milhões para duplicar a
capacidade da mina Cuiabá, de 5 para 10 toneladas. Esse é o maior projeto de ouro em
análise no Estado. A São Bento Mineração também estuda um projeto de menor
envergadura, Brumal, para otimizar o uso de suas instalações atuais.
FONTE: American Iron and Steel Institute (AISI), Japan Iron and Steel Federation (JISF) e Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS)
O consumo mundial de zinco deve ampliar-se de 8,92 para 10,87 milhões de toneladas, entre
2000 e 2006, resultando numa taxa anual de crescimento de 3,3%. Ao mesmo tempo, a produção
brasileira deve aumentar de 187 para 250 mil toneladas, isto é, haverá um incremento anual médio
de 5,0%. No que se refere aos principais países consumidores de zinco, destacam-se a China (17,0%
do total mundial), os Estados Unidos (13,4%), Japão (7,4%), Alemanha (6,2%) e Coréia do Sul
(4,7%). A participação brasileira é de aproximadamente 2,1% do consumo mundial (CRU, 2002a).
As altas taxas de crescimento da demanda brasileira de zinco são uma decorrência de vultosos
investimentos que as empresas siderúrgicas estão fazendo no segmento de chapas galvanizadas
(QUADRO 10). No período 2000-2003, quatro novas linhas de galvanização entrarão em operação
na siderurgia brasileira, aumentando a capacidade instalada do produto de 1,22 (em 1999) para
2,71 milhões de toneladas (em 2003). Duas delas, UNIGAL e GALVASUD, começaram a operar no
último trimestre de 2000, ao passo que as duas remanescentes, CISA e Vega do Sul, têm seus start-
ups previstos para 2003.
QUADRO 10
BDMG
40 anos
As reservas brasileiras medidas e indicadas de zinco (mais uma vez em termos de zinco
contido) são da ordem de 5,2 milhões de toneladas, o que corresponde a 1,2% do total mundial.
As reservas seriam, então, suficientes para pouco mais de 50 anos de operação. Jesus (2001, p.
119) aponta que 86,2% das reservas brasileiras estão localizadas nos municípios de Vazante e
Paracatu, ambos no noroeste de Minas Gerais. O minério existente nos depósitos de Vazante é
oxidado, com teores de zinco variando entre 16,0 e 39,0%. O minério de Paracatu é do tipo
sulfetado, com teores de zinco entre 5,0 e 5,2%. Rio Grande do Sul (com 8,5% das reservas),
Bahia (2,4%), Paraná (1,9%), Pará (1,0%) e Mato Grosso completam a lista dos Estados com
jazidas de zinco.
Levantamentos recentes indicam que a mina do município de Vazante, da Companhia
Mineira de Metais (CMM, controlada do grupo VOTORANTIM), possui reservas medidas de 3 milhões
de toneladas de zinco contido e que a do município de Paracatu detém reservas de 600 mil toneladas
do minério (Gazeta Mercantil, p. 1). Assim, essas reservas seriam suficientes para operação de pelo
menos mais 41 e 22 anos, respectivamente.
A posição de destaque de Minas Gerais em termos da mineração de zinco deve ser, inclusive,
ampliada, uma vez que os grupos MINMET (de origem irlandesa) e VOTORANTIM estão investindo
em pesquisas de novas jazidas no Estado. O primeiro grupo está despendendo US$ 5 milhões na
região de Coromandel, Alto Paranaíba, enquanto o segundo estuda novas jazidas na região de
Vazante (Gazeta Mercantil, p. 1). Aliás, a ampliação da exploração de zinco no noroeste do Estado
pode ser um dos principais benefícios dos projetos de levantamento aerogeofísico e do mapeamento
geológico do Projeto São Francisco, coordenados pela COMIG.
para a unidade metalúrgica, localizada em Três Marias, também em Minas Gerais. Essa empresa
produziu, no mesmo ano, 110,7 mil toneladas de zinco metálico. Por sua vez, a Paraibuna fabricou,
em sua unidade metalúrgica instalada em Juiz de Fora, Minas Gerais, 81,1 mil toneladas de zinco
metálico (Jesus, 2001, p. 119).
Em termos retrospectivos, vale a pena lembrar que a Mineração Morro Agudo entrou em
operação em 1995, sendo hoje totalmente controlada pela CMM/VOTORANTIM. Por outro lado, a
Companhia Ingá, pertencente à família Barreto, com mina de zinco em Vazante, Minas Gerais, e
unidade metalúrgica em Itaguaí, Rio de Janeiro, entrou em concordata em 1996 e teve sua falência
decretada em abril de 1998 (BNDES, 1998, p. 24). Essa empresa chegou a produzir 74 mil toneladas
de zinco contido, o que expressa sua importância no passado.
QUADRO 11
BDMG
40 anos
zinco apresenta uma situação de déficit comercial. Embora isso seja negativo em termos de balança
de pagamentos, de outro lado, estimula investimentos, principalmente quando também se
consideram as maiores taxas de crescimento aqui registradas em relação ao resto do mundo. De
fato, o zinco encontra-se entre os minerais que apresentam as melhores perspectivas de crescimento
de produção em Minas Gerais.
17
A CMM é a única produtora brasileira de minério de chumbo, no município de Paracatu. O País deixou de produzir chumbo
primário desde a desativação em 1995, da Plumbum Mineração e Metalurgia (Grupo Trevo). A CMM exporta toda a sua
produção de chumbo. Ela está investindo US$ 6,5 milhões, com o objetivo de aumentar a produção anual, de 13 mil para 16 mil
toneladas de concentrado de chumbo (Gazeta Mercantil, 15 jun. 2001).
7.10. Preços
O preço do zinco eletrolítico é bastante cíclico, à semelhança do que acontece com outras
commodities. A referência de preço é a LME sendo que a trajetória dominante vem sendo a retração
de preços. De fato, os preços passaram do patamar de US$ 1.100 por tonelada, em janeiro de
1998, para US$ 930 por tonelada, em janeiro do ano subseqüente. Depois, eles se recuperaram,
até atingir US$ 1.200 por tonelada, em setembro de 2000. Desde então, eles voltaram a cair,
atingindo US$ 750 por tonelada em dezembro de 2001 (GRAF. 6). De acordo com BNDES (1998,
p. 18), constatou-se que, na década de 1990, preços abaixo de US$ 1.100 por tonelada não
remuneram adequadamente os grandes investimentos em mineração de zinco.
GRÁFICO 6
BDMG
40 anos
Sucintamente, pode-se apontar que, a despeito da queda de preços, a longo prazo:
as perspectivas da indústria mundial do zinco são muito boas, em termos de crescimento
de demanda, em grande medida devido ao incremento da produção de chapas galvanizadas.
Estima-se que a produção mundial cresça a um ritmo de 3,3% ao ano, entre 2000 e 2006;
as perspectivas da indústria brasileira do zinco são ainda melhores, levando-se em
consideração que, apesar do incremento recente da fabricação de chapas galvanizadas
no País, a importância relativa desse material no total dos produtos siderúrgicos encontra-
se muito distante dos níveis verificados, por exemplo, nos Estados Unidos e Japão. Mais
ainda, o País ainda apresenta déficit comercial no segmento, o que deve estimular mais
investimentos no setor;
Minas Gerais é responsável por 100% da produção nacional de zinco. Não apenas a
CMM e a Paraibuna acabaram recentemente programas de investimento, mas também a
CMM cogita ampliar novamente sua escala produtiva. Se não bastasse isso, as principais
pesquisas geológicas de zinco no País concentram-se no Estado;
a produção nacional e de Minas Gerais deve crescer 5,0% ao ano, no período 2000-2006.
Talvez essa projeção possa ser, inclusive, subestimada, a depender do volume de
investimento que o grupo Votorantim venha a realizar na recém-adquirida Paraibuna.
Portanto, trata-se de um mineral com boas perspectivas, sendo remotas, na atualidade, as
possibilidades de investimentos nesse segmento fora do Estado.
18
A produção de aço inoxidável na Acesita teve início em 1977, mas ele ocupava apenas 17% do mix produtivo da empresa em
1992, quando a siderúrgica mineira foi privatizada. Devido à produção do inox ter saltado de 100 para 300 mil toneladas anuais,
ele passou a representar 37% do mix. Com a nova configuração, a Acesita pretende produzir, a partir de 2003, 470 mil toneladas
ao ano de aço inoxidável (ou 57,2% da produção). A empresa poderá, no futuro, destinar toda a capacidade da aciaria para a
produção do aço inoxidável (Metalurgia & Materiais, 2002, v. 58, n. 519, p. 144-152).
BDMG
40 anos
tecnologia ainda encontra-se em uma fase inicial de difusão. Na Austrália, três projetos que se
baseiam no processo HPAL entraram em operação em 1998: Murrin Murrin, Cawse e Bulong. A
capacidade inicial conjunta dos três projetos foi de 65 mil toneladas, o que demandou investimentos
de US$ 955 milhões. Num primeiro momento, estimou-se que o custo de produção do HPAL
poderia ser até 75% inferior aos dos métodos tradicionais de processamento do minério laterítico
(Gazeta Mercantil, 13 dez. 2000). Atualmente, as expectativas são de que essa diferença possa
atingir o patamar de 15%, igualando aos custos incorridos no processamento do minério sulfetado.
QUADRO 12
A mina da CNT localiza-se em Niquelândia (Goiás), com uma capacidade anual instalada
de 17,5 mil toneladas. De acordo com Silva (2001a, p. 89), em 2000 a CNT produziu 17.233
toneladas de níquel contido no carbonato, que foi transportado para São Miguel Paulista (São
Paulo), onde ele foi processado em 16.906 toneladas de níquel eletrolítico. A Codemin, por
sua vez, fabricou, em Niquelândia, 6.347 toneladas de níquel contido em ligas de ferro-níquel.
8.475 toneladas de níquel contido no matte (concentrado de níquel). Portanto, as três referidas
empresas demonstram grandes diferenças em termos de grau de estrutura produtiva. O níquel
eletrolítico possui de 99,8% a 99,9% de níquel contido, ao passo que esse valor no matte de
níquel é da ordem de 52%, e no ferro-níquel, de 28% a 30%.
No que tange à evolução da produção brasileira de níquel, constata-se um expressivo
crescimento, que evoluiu de 18,2 para 31,7 mil toneladas ao longo do período 1997-2000. EsSe
incremento é ainda mais substancial, ao se relembrar que a Mineração Morro do Níquel, controlada
pela Anglo American, e que operava a mina homônima, localizada em Pratópolis (Minas Gerais),
após produzir por 35 anos, teve suas reservas exauridas em 1998 (Metal Bulletin, 8 maio 2001).
BDMG
40 anos
(Goiás), cujas jazidas foram descobertas na década de 1960 e os direitos minerários foram vendidos
pela Inco para a Anglo American em 1998. Esta decidirá, até meados de 2002, se investirá US$
800 milhões neste projeto, que viria a substituir a CODEMIN. Esta caminha para a exaustão de suas
reservas nos próximos cinco ou seis anos. Barro Alto é um projeto dimensionado para pelo menos
40 mil toneladas de ferro-níquel e geraria receita anual na casa de US$ 400 milhões (Valor, 1º fev.
2002). As reservas de Barro Alto são estimadas em 48 milhões de toneladas, com um teor de
1,75% de minério contido, o que seria suficiente para mais de 20 anos de operação.
A CVRD também está cogitando investir US$ 700 milhões no Projeto Vermelho, localizado
em Carajás, Estado do Pará, com a utilização do processo HPAL. O depósito possui reservas
provadas e prováveis de 220 milhões de toneladas, com teor de 0,9% de níquel contido.
Provavelmente, o estudo de pré-viabilidade ficará pronto em outubro de 2003, o estudo de
viabilidade em dezembro de 2004, e a entrada em operação em dezembro de 2007. A produção
anual esperada é de 45 mil toneladas de níquel e 2.100 toneladas de cobalto.
Mesmo projetos do tipo brownfield envolvem um montante significativo. A CNT está
investindo US$ 50 milhões para elevar a sua produção de 17,5 para 21 mil toneladas anuais a
partir de 2004. Esse investimento inclui também o aumento da produção de cobalto eletrolítico
de 850 para 1.200 toneladas anuais, lembrando que a CNT é a única produtora desse metal na
América do Sul.
19
Na verdade, a Outokumpu acaba sendo uma exceção em termos do grau de verticalização na indústria, pois além de possuir mina
de níquel, também fabrica aços inoxidáveis. A mina de Harjavalta, produtora de níquel e cobre, começou a ser explorada na
década de 1950. A empresa passou a produzir ferro-cromo em 1968 e aços inoxidáveis em 1976, representando, dessa forma, uma
integração vertical para frente (De Paula, 1998, p. 364). Aliás, a divisão de aços inoxidáveis da Outokumpu se fundiu com a
Avesta Sheffield, no final do ano 2000, dando origem à Avesta Polarit.
útil do empreendimento. Mesmo assim, já elaborou o projeto de fechamento da mina, que consumirá
pelo menos US$ 6 milhões. A empresa ainda não definiu qual a destinação dos ativos após a
exaustão da mina, mas cogita, entre outros, a possibilidade de utilizar o smelter para tratar outros
metais, como o cobre.
Deve-se, contudo, acentuar que possuir uma mina sem a refinaria não é uma situação peculiar
na indústria. Segundo levantamento próprio a partir de dados primários da consultoria britânica
CRU International, isto também aconteceria, pelo menos, com a PT Inco (Indonésia) e a Selebi-
Philwe (Botswana). A capacidade nominal do projeto Serra da Fortaleza é de 20 mil toneladas
anuais de matte de níquel, ou 10 mil toneladas de níquel contido.
8.11. Preços
O níquel eletrolítico é uma típica commodity, tendo seus preços cotados na LME.
Considerando o período compreendido entre janeiro de 1998 e agosto de 2002, constata-se
uma trajetória bastante instável. Em 1998, por exemplo, o preço médio mensal recuou do
patamar de US$ 5.500 por tonelada, em janeiro, para US$ 3.900 por tonelada, em outubro,
perfazendo uma retração de 29%. Desde então, o preço se recuperou até atingir US$ 10.300
por tonelada em março de 2000 e, posteriormente, regrediu para US$ 4.800 por tonelada em
outubro de 2001. Finalmente, em agosto de 2002, o preço médio cash do níquel na LME era
de US$ 6.700 por tonelada (GRAF. 7).
GRÁFICO 7
BDMG
40 anos
Resumidamente, pode-se afirmar que:
as perspectivas da demanda mundial do níquel são boas, tendo em vista a alta taxa de
crescimento (4,2% ao ano, no período 2000-2006), prevista para a produção de aço
inoxidável. Ressalte-se que o incremento não tende a ser homogêneo entre os países,
sendo mais intenso nos chamados países em desenvolvimento;
as perspectivas de demanda brasileira do níquel são muito boas, ao se considerarem os
investimentos que a Acesita vem realizando para aumentar a produção de aço inoxidável;
o crescimento da produção brasileira do níquel requer a substituição de minas próximas
da exaustão, seja da CODEMIN, seja da Serra da Fortaleza. No primeiro caso, prevê-se a
exaustão num prazo de aproximadamente seis anos. Isto constitui uma pressão adicional
para a Anglo American levar adiante o projeto Barro Alto. É bem verdade que a empresa
pode decidir importar ferro-níquel da Venezuela, onde inaugurou, em 2001, o projeto
Loma de Níquel. Recentemente, a CVRD anunciou que estava considerando o projeto
Vermelho, que visa a produzir 45 mil toneladas de níquel, a um custo de US$ 700 milhões;
no caso da Mineração Serra da Fortaleza, a única mina de níquel em atividade em Minas
Gerais, prevê-se que ela venha se exaurir dentro de, no máximo, 5 anos. Conseqüentemente,
a possibilidade de verticalização, por meio da implantação de uma refinaria, encontra-se
prejudicada;
as possibilidades de um novo projeto greeenfield no Estado são baixas, ao se levar em
conta que a dimensão das reservas conhecidas são pequenas em comparação com o
tamanho usual dos novos empreendimentos. Reforçando o argumento, o tamanho médio
das empresas que atuam nesse mercado é grande e elas se dedicam, principalmente, a
projetos de grande envergadura;
a médio prazo, Minas Gerais deve consolidar sua posição de maior consumidor brasileiro
de níquel. Por outro lado, após a exaustão da Mineração Serra da Fortaleza, existem
poucas possibilidades de que esta substância mineral seja extraída no Estado.
20
No que tange ao consumo de nióbio em superligas, 61% destinam-se à fabricação de turbinas aeronáuticas e outros usos
aeroespaciais, 15% à produção de turbinas estacionárias (geradores) e 24% a diversas aplicações (BNDES, 2000c, p. 4).
BDMG
40 anos
Estimativas do U.S. GEOLOGICAL SURVEY indicam que a produção mundial do nióbio, em
2001, te-se-ia mantido no mesmo patamar do ano anterior. De acordo com Crowson (2001, p.
286), a produção mundial em 1999 foi de 23.690 toneladas (em termos de nióbio contido), sendo
que o Brasil manteve a liderança histórica, com 88,9% do total. A produção canadense foi
equivalente a 10,0% do total mundial, ao passo que Austrália (0,6%), Ruanda (0,3%) e Nigéria
(0,1%) completaram a lista dos produtores mundiais do nióbio.
A indústria do nióbio é um negócio com dimensões relativamente pequenas. De acordo
com Crowson (2001), o valor da produção do nióbio, em 1999, foi estimado em US$ 224 milhões.
Trata-se de um pequeno valor em comparação, por exemplo, com o zinco (US$ 9,02 bilhões) e o
níquel (US$ 6,21 bilhões), mas bastante superior ao do tântalo (US$ 45 milhões).
QUADRO 13
A INDÚSTRIA MUNDIAL DO FERRONIÓBIO, 2000
MINERAÇÃO CATALÃO
EMPRESA CBMM NIOBEC
DE GOIÁS
Controlador GRUPO MOREIRA ANGLO-AMERICAN CAMBIOR (50%),
SALLES (55%), (100%) MAZARIN (50%)
MOLYCORP (45%)
Início das Operações 1961 1977 1976
Localização Araxá Catalão e Ouvidor Oka
das Minas (Minas Gerais) (Goiás) (Québec, Canadá)
Tipo do Minério Pirocloro Pirocloro Pirocloro
Tipo de Operação da Mina Céu Aberto Céu Aberto Subterrânea
Tempo de Vida da Mina Alguns Séculos 30 anos 16 anos
Localização da Usina Araxá Catalão Oka (Québec,
de Metalurgia (Minas Gerais) (Goiás) Canadá)
Produção (toneladas
em nióbio contido) 15.477 2.741 2.170
Faturamento (US$ milhões) 213 38 32
Exportações /
Faturamento (%) 95 100 -
Número de Empregados 269 319 185
FONTE: BRASIL MINERAL, DNPM; Empresas; SILVA, 2001b; Metal Bulletin; Exame Maiores e Melhores, Balanço Anual da Gazeta Mercantil
5
A mina e a usina de concentração da Mineração Catalão de Goiás iniciaram suas operações em 1976, sendo que no ano
subseqüente foi inaugurada a planta de ferronióbio. A década de 1980 foi marcada pela ampliação da planta e pelo aumento da
produção, que saltou de 1.000 toneladas anuais, em 1977, para 2.300 em 1989, e ainda para 3.500 em 1992. Com a implantação
do Projeto Boa Vista, em junho de 2000, a produção anual de ferronióbio passou a ser de 5.200 toneladas. Em outubro de 2000,
a Anglo American passou a controlar integralmente a empresa (OLIVEIRA, 2002).
6
Em novembro de 2000, foi anunciada a alteração do controle acionário da NIOBEC. Por US$ 31 milhões, a Mazarin comprou
os 50% da empresa que pertenciam à TECK (Metal Bulletin, 27 nov. 2000). Em 2001, apesar de uma greve, a NIOBEC aumentou
sua produção em 38,5% em relação ao ano anterior.
toneladas na forma de óxido de nióbio. A empresa destinou 94,5% de sua produção ao mercado
externo naquele ano. As exportações de ferronióbio da CBMM atingiram 14.630 toneladas de
nióbio contido, resultando em exportações de US$ 194,2 milhões. A Mineração Catalão de Goiás,
por sua vez, produziu 4.123 toneladas de ferro-ligas, o equivalente a 2.741 toneladas de nióbio
contido (Silva, 2001b, p. 87). Toda a produção dessa empresa foi exportada, gerando exportações
de US$ 37,9 milhões. Portanto, essa atividade mineral, mesmo atendendo à totalidade da demanda
interna, é fortemente direcionada ao mercado externo.
De acordo com BNDES (2000c, p. 4), na indústria brasileira de ferro-ligas, o ferronióbio
vem se destacando como o único produto a apresentar crescimento real no volume produzido,
tanto no curto, quanto no longo prazo. Ele apresentou um crescimento praticamente contínuo
durante a década de 1990, passando de 13 para 27 mil toneladas exportadas, em 1990 e 1998,
respectivamente. Em termos financeiros, as receitas das vendas externas passaram de US$ 111
para US$ 242 milhões, representando sozinho cerca de 43% do valor das exportações brasileiras
de ferro-ligas. Adicionalmente, seu preço variou positivamente em 6,14% no período 1990-1998,
atingindo em média US$ 8.787 por tonelada nesse último ano.
TABELA 25
BDMG
40 anos
Desse total, US$ 45 milhões foram gastos na implantação da tecnologia pirometalúrgica, em
substituição ao processo anterior de lixiviação, garantindo economia de custos e melhor qualidade
do processo produtivo. Isso também permitiu a ampliação da capacidade de produção de concentrado
de nióbio de 50 para 84 mil toneladas anuais. Em termos de produtos finais, a capacidade instalada
de ferronióbio subiu de 30 para 45 mil toneladas anuais (QUADRO 14). Expandiu-se a capacidade
de óxido de nióbio de alta pureza, de 2.400 para 3.000 toneladas, bem como a de níquel-nióbio e de
ferronióbio grau vácuo, de 800 para 1000 toneladas anuais. Apenas a capacidade instalada de óxido
de nióbio grau óptico (150 toneladas anuais) e a de nióbio metálico (60 toneladas anuais) mantiveram-
se inalteradas. Mesmo assim, cabe ressaltar que, para 2003, a capacidade de nióbio metálico será
expandida para 210 toneladas anuais, a um custo de US$ 7 milhões.
Como já mencionado, a CBMM é a única a atuar tanto no segmento de ferronióbio quanto de
óxido de nióbio. De fato, deve-se enfatizar que a empresa possui o mix de produtos mais amplo do
mercado, incluindo: ferronióbio standard (que começou a ser produzido em 1964), óxido de nióbio
alta pureza (1980), níquel-nióbio e ferronióbio grau vácuo (1982), nióbio metálico (1989) e óxido de
nióbio grau óptico (1998). Em face da recorrente verticalização e ampliação do mix de produtos,
desde 1981, a CBMM não vende mais o concentrado de nióbio no mercado. Adicionalmente, dentro
do objetivo global de aumentar a dimensão do mercado, a empresa mantém um programa de assistência
e desenvolvimento técnico de mercado nas diversas partes do mundo. Nessas e nas atividades de
pesquisa e desenvolvimento, a empresa geralmente investe cerca de 2% do seu faturamento anual.
QUADRO 14
óxidos com capacidade para tratar 2.000 toneladas de liga por ano, que é atualmente capaz de
produzir 100 toneladas de tântalo, 250 toneladas de óxido de nióbio e 1.000 toneladas de ferronióbio.
Estima-se que essa planta gere um faturamento de US$ 25 milhões anuais, distribuídos entre US$
12 milhões com o tântalo, US$ 4 milhões com o óxido de nióbio e US$ 9,3 milhões com o ferronióbio
(Brasil Mineral, 2000, n. 186). No primeiro semestre de 2001, a Mamoré produziu 4,9 mil toneladas
de estanho metálico, 21 toneladas de óxido de tântalo, 71 toneladas de óxido de nióbio e mais 49
toneladas de ferronióbio (Gazeta Mercantil, 6 ago. 2001). Apesar da pequena dimensão, a Mamoré
poderá aumentar seu envolvimento com o negócio do nióbio, como conseqüência do projeto
Rocha Sã, em sua mina de Pitinga (Amazonas). Assim, pode-se esperar que, a médio prazo, o
número de produtores mundiais de ferronióbio se eleve.
9.10. Preços
Segundo BNDES (2000c, p. 7), de todas as aplicações do nióbio, apenas para os
supercondutores, cujo consumo não atinge 2% da demanda mundial desse metal, não existem
substitutos diretos. Para todas as demais aplicações, o nióbio sofre a concorrência técnica do
vanádio, titânio, molibdênio, tungstênio e tântalo que, isoladamente ou combinados em certas
proporções, podem conferir ao produto que os contém características próximas àquelas transmitidas
pelo nióbio. Assim, a possibilidade de novos entrantes e de metais concorrentes acabam por limitar
uma elevação mais significativa de preços, mesmo num contexto de alta concentração de mercado.
De fato, os preços do nióbio são bastante estáveis, o que o diferencia muito do
comportamento cíclico e instável de outros minerais, como níquel e zinco, para citar apenas dois
exemplos. De fato, os preços do ferronióbio têm mostrado poucas alterações ao longo de duas
décadas. Eles aumentaram gradualmente, de US$ 10 por quilograma de nióbio contido em 1977
para US$ 15 por quilograma de metal contido na segunda metade da década de 1990 (GRAF. 9).
GRÁFICO 9
BDMG
40 anos
do ferronióbio, algo bastante peculiar em produtos minerais metálicos. Ao longo do período 1988-
2000, não foram observadas grandes oscilações. A liga ferronióbio apresentou um crescimento de
20,84% em valores nominais e um decréscimo de 7,97% em termos reais. Por sua vez, o óxido de
nióbio teve um crescimento de 37,88% em valores nominais e 5,01% em reais. Quando se considera
que a comercialização do ferronióbio e do óxido de nióbio é realizada diretamente pelas empresas
produtoras e não por meio de bolsa de mercadorias, ratifica-se que o nióbio não se comporta
como uma commodity.
Adicionalmente, no caso da CBMM, a comercialização e a distribuição dos produtos são
realizadas por meio de subsidiárias localizadas em Dusseldorf (Alemanha), Pittsburgh (Estados
Unidos) e Tóquio (Japão), nesse último em associação com a trading company japonesa Nissho Iwai.
Cada uma das empresas mantém estoque para suprir o mercado de suas regiões por três meses,
garantindo estabilidade de fornecimento e entregas just-in-time. Isto é, naturalmente, coerente com
o fato de que, no ano 2000, a distribuição geográfica de nióbio foi a seguinte: Europa (37%),
América do Norte (34%), Japão (19%) e demais países (10%) ver Heisterkamp & Carneiro
(2001, p. 3).
9.11. Perspectivas
De um modo sucinto, pode-se afirmar que:
as perspectivas do crescimento da demanda de nióbio são boas, podendo-se acreditar
que ele mantenha o ritmo histórico de 2,6% ao ano;
considerando o caso brasileiro, tanto a CBMM (Minas Gerais) quanto a Mineração Catalão
de Goiás (Goiás) recentemente concluíram expansões. No caso da primeira, contemplou-
se não apenas a ampliação da produção de ferronióbio standard, mas também de outros
produtos de maior valor agregado. Adicionalmente, a capacidade ociosa mundial na
produção de ferronióbio é da ordem de 40%. Assim, não existe nenhuma razão objetiva
para esperar uma nova rodada de investimento das empresas já atuantes no mercado;
mesmo com a possibilidade de novos ingressantes na indústria mundial do nióbio, é
sensato esperar que Minas Gerais, por intermédio da CBMM, venha manter sua posição
de liderança nessa indústria, mesmo a longo prazo.
implantação de novos projetos, acabou estimulando que as reservas fossem exploradas por um
número relativamente pequeno de empresas. Conforme se observa no QUADRO 15, apenas cinco
companhias controlam as minas de fosfato em operação no País. A bem da verdade, o número é
ainda menor, tendo em vista que Fosfértil e Ultrafértil são pertencentes ao mesmo grupo econômico.
QUADRO 15
RESERVAS
Medida Indicada Inferida
EMPRESA LOCALIZAÇÃO Minério Teor P2O5 TIPOLOGIA
FOSFÉRTIL Tapira / MG 265.000 7,90 335.000 637.073 Ígnea
Patos de Minas / MG 232.111 12,79 73.708 106.085 Sedimentar
ULTRAFÉRTIL Catalão / GO 100.000 9,00 56.000 100.000 Ígnea
BUNGE Araxá / MG 103.055 14,88 87.570 186.726 Ígnea
Jacupiranga / SP 61.200 5,50 125.280 ... Ígnea
COPEBRÁS Catalão / GO 40.000 13,00 80.000 ... Ígnea
GALVANI Lagamar / MG 3.463 22,31 2.717 6.751 Sedimentar
FONTE: FOSFÉRTIL, 2000, p. 19
A maioria dos depósitos brasileiros de rocha fosfática está relacionada aos ambientes geológicos
onde ocorreu intensa atividade vulcânica, representando os denominados depósitos ígneos. Incluem-se
nessa categoria as reservas de Tapira e Araxá (Minas Gerais) e Catalão (Goiás). Aliás, são nessas mesmas
regiões que também se concentram os depósitos de nióbio. No caso particular de Tapira, as reservas
seriam suficientes para 80 anos de produção, guardado o ritmo atual. Por outro lado, depósitos de origem
sedimentar ocorrem no Nordeste, mas também em outras regiões, como nos municípios de Patos de
Minas e Lagamar (Minas Gerais). Porém a reserva de fosfato em Lagamar deve se exaurir em 2003.
TABELA 26
BDMG
40 anos
PRODUÇÃO MUNDIAL DE ROCHA FOSFÁTICA, 1997-2000 (MIL TONELADAS)
QUADRO 16
53,9% do ácido fosfórico brasileiro. Copebrás e Ultrafértil, ambas localizadas em Goiás, foram
responsáveis conjuntamente por outros 29,1%, ao passo que a Bunge produziu os 17% remanescentes.
Ressalte-se que, atualmente, a Bunge está investindo aproximadamente US$ 30 milhões na
construção de uma unidade de ácido fosfórico em Araxá, com capacidade de 350 mil toneladas
anuais. O objetivo é aproveitar toda a rocha fosfática beneficiada na própria unidade. Hoje metade
do adubo fabricado na unidade da companhia em Cubatão, com rocha trazida de Araxá, retorna ao
Brasil Central. Com o investimento, a Bunge passará a utilizar todo o minério extraído em Araxá
localmente. Por outro lado, a unidade de Cubatão passará a importar o concentrado fosfático.
Assim, com a nova unidade, a Bunge reduzirá o custo dos fertilizantes vendidos no Centro-Oeste
e em outras áreas de cerrado (Brasil Mineral, 2001, n. 192, p. 8).
BDMG
40 anos
privatizada em agosto de 1992. Na ocasião, o ganhador do leilão foi o consórcio denominado
Fertifós, que adquiriu 68,5% da empresa. A composição acionária inicial do consórcio Fertifós era
a seguinte: IAP, Manah, Solorrico e Cooperativa Agrícola de Cotia/CAC (17,3% cada), Fertibrás
(12%), Fertiliza (10%) e Takenaka (7%). O restante era dividido em um pool denominado AMA-
Brasil, composto por 9 misturadoras e a Fertipar/Beker. Em função das dificuldades financeiras
da CAC, esta vendeu sua participação para IAP, Manah e Solorrico, sendo que cada uma passou a
deter 23% do capital da Fertifós (De Paula e Ribeiro, 1995, p. 415).
Nas privatizações da Goiásfértil, em outubro de 1992, e da Ultrafértil, em junho de 1993,
a adquirente foi a Fosfértil. Já o controle acionário da Arafértil foi dividido em partes iguais pela
Serrana e pela Fertisul. Essas duas empresas detinham 66,6% do capital da Arafértil e com a
privatização compraram os outros 33,3%. Essa era a situação em meados da década de 1990. A
outra grande produtora, Copebrás, já era controlada pela Anglo American.
Em 1996, a Bunge adquiriu os 50% da Ipiranga-Serrana e os 50% da Arafértil que não lhe
pertenciam, passando a controlar as duas empresas totalmente. No ano seguinte, ela comprou a IAP.
Com isso, não apenas aumentou sua participação no mercado de adubos, mas passou a deter ações
do consórcio Fertifós. Em 1998, a Bunge adquiriu a Elekeiroz e um terço da Takenaka. Em 2000,
a Manah e o restante da Takenaka. Após todas essas operações, a Bunge passou a deter 52% do
Fertifós. Já a Cargill adquiriu a Solorrico, em 1999, e a Fertiza, em 2000. Como essas duas empresas
faziam parte do Fertifós, a Cargill acabou tendo acesso a 33% do consórcio (Faria, 2001, p. 33-36).
A Fertibrás, de capital nacional, possui uma participação de 10% do Fertifós. Esse consórcio controla
69,9% da Fosfértil que, por sua vez, detém 99,9% da Ultrafértil. Em suma, apesar de não ter se
verificada nenhuma alteração patrimonial na Fosfértil e Ultrafértil diretamente, a composição de seu
controlador, o consórcio Fertifós, foi bastante alterada ao longo do período 1997-2000. Faria (2001,
p. 40) estima que a Bunge, juntamente com Fosfértil/Ultrafértil, dominavam 75,9% e 84,6% da
produção brasileira de concentrado fosfático e ácido fosfórico em 2000, respectivamente.
Nos Estados Unidos, ao longo da década de 1990, o preço anual do concentrado fosfático
manteve-se ao redor de US$ 40 por tonelada, embora eventualmente se constate oscilações de
grande magnitude, como a queda de 20,5% em 1994, em comparação com o ano anterior. Por
outro lado, durante o triênio 1997-1999, os preços se mantiveram praticamente estáveis, em US$
39 por tonelada.
No caso brasileiro, ao contrário, verifica-se uma elevação tendencial dos preços em dólares
correntes. De fato, ao longo dos anos 1990, os preços anuais médios de concentrado fosfático
passaram de US$ 47 por tonelada, no início da década, para US$ 71 por tonelada, em 2000. O
ápice, no entanto, ocorreu em 1998, quando os preços atingiram US$ 85 por tonelada. Os fabricantes
brasileiros se beneficiam do alto custo de internação desse insumo, em particular no Centro-Sul,
onde se constata a maior demanda por fertilizantes fosfatados.
10.11. Perspectivas
Genericamente, pode-se apontar que:
as perspectivas mundiais de fosfato são insatisfatórias, tendo em vista a estagnação e
mesmo o declínio da produção global;
as perspectivas brasileiras do fosfato, ao contrário, são muito boas, ao se considerar a
elevada taxa de crescimento da demanda, capitaneada pelo aumento da produção de
soja. Mesmo diante da desvantagem competitiva decorrente dos menores teores de minério
contido e dos maiores custos de processamento, os fabricantes brasileiros são protegidos
por altos custos de internação. Essa proteção é ainda maior na área do cerrado, onde se
localizam as maiores produtoras de concentrado fosfático do País;
as perspectivas do fosfato em Minas Gerais são também muito boas, pois combinam as
maiores minas em funcionamento e grandes reservas. A produção de concentrado
fosfático, a longo prazo, tende a crescer, mesmo com a exaustão das reservas de Lagamar.
Supondo que as ampliações de capacidade predominarão em relação a projetos greenfield,
o Estado tende a manter seu papel de hegemonia nesse mineral.
23
No âmbito das produtoras de calcário e dolomita para a indústria siderúrgica, destaca-se a Mina da Bocaina, localizada em Arcos,
de propriedade da CSN. Ela encontra-se em operação desde 1975 e emprega atualmente 96 pessoas. Em 2001, ela produziu 1,5
milhões de toneladas de minério beneficiado.
24
O Brasil produziu 6,2 milhões de toneladas de cal em 2000. Com isso, ocupou o posto de sétimo maior produtor mundial, com
5,3% do total fabricado. Desse total, cerca de 72% da produção nacional foram de cal virgem e 28% de cal hidratada. Em termos
regionais, 90,5% da produção brasileira se concentra na região Sudeste, seguida da Nordeste (3,9%), Sul (3,8%), Centro-Oeste
(1,3%) e Região Norte (0,5%). Também em 2000, os maiores produtores de cal virgem foram: Minas Gerais (39,3%), Rio de
Janeiro (22,8%), Espírito Santo (16,6%), São Paulo (13,4%) e Bahia (4,6%). Já os maiores produtores de cal hidratada foram:
São Paulo (61,7%), Minas Gerais (23,4%) e Rio Grande do Sul (6,7%). É importante salientar que uma parcela considerável da
produção de cal virgem continua fortemente atrelada à indústria siderúrgica, mais precisamente 39,1% da produção brasileira do
produto no ano 2000 (Parahyba, 2001, p. 37).
projetando um consumo para este ano de 36 milhões de toneladas. Portanto, no curto prazo, constata-
se a reversão da trajetória de crescimento da demanda registrada até 1999.
Uma informação importante sobre o mercado brasileiro de cimento é o fato de que o chamado
consumo formiga (o autoconstrutor, que realiza a própria obra, ou pedreiros contratados para pequenos
reparos) representa cerca de 60% do total demandado no País (Brasil Mineral, 2000, n. 187, p. 14). Em
termos de consumo regional, no ano 2001, São Paulo foi responsável por 29,4% do total brasileiro, à
frente de Minas Gerais (11,3%), Rio de Janeiro (9,3%), Paraná (5,8%) e Rio Grande do Sul (5,5%) ver
TAB. 27, que mostra os principais estados produtores e consumidores de cimento no Brasil em 2001.
TABELA 27
BDMG
40 anos
No caso do Brasil, as exportações e importações de cimento vêm correspondendo a menos
de 1% do consumo do produto. Assim, naturalmente, a exemplo do fosfato, a indústria de
cimento (e, do calcário, por conseqüência) é fortemente direcionada ao atendimento do mercado
doméstico. Portanto, seria de se esperar uma forte correlação entre a produção e o consumo de
cimento no País.
BNDES (2002, p. 47) enfatiza que, na década de 1970, a produção brasileira de cimento
apresentou um crescimento substancial, passando de 9,0 para 27,2 milhões de toneladas. No
início dos anos 1980, ela reduziu para o patamar de 20 milhões de toneladas, recuperando-se aos
níveis de 25-26 milhões de toneladas entre 1986 e 1994. Face ao crescimento acentuado, como
conseqüência do Plano Real, as empresas promoveram grandes investimentos, permitindo que a
produção atingisse 40 milhões de toneladas no biênio 1998-1999. Em 2000 e 2001, a indústria
produziu 39,6 e 38,9 milhões de toneladas, respectivamente.
Em relação à produção regional, BNDES (2002, p. 49) aponta que a produção de cimento
sempre foi bastante concentrada nas regiões Sudeste e Sul. Em 1994, por exemplo, essas duas
regiões concentravam 73% da produção brasileira, estabilizando-se no patamar de 74% em 1997,
mas regredindo para 68% em 2000. No ano de 2001, Minas Gerais foi o maior produtor nacional,
com uma produção equivalente a 22,7% do total, superando São Paulo (18,3%), Paraná (10,3%),
Rio de Janeiro (7,0%) e Distrito Federal (5,1%), conforme TAB. 27.
A última coluna da TAB. 27 mostra a diferença entre a produção e o consumo de
cimento no Brasil, no ano 2001. Constata-se que Minas Gerais contabilizou um grande
superávit, sendo que a produção estadual foi um pouco superior ao dobro do consumo. Em
São Paulo, a situação foi praticamente inversa, uma vez que esse Estado registrou um déficit
de 4,1 milhões de toneladas.
Holcim (Suíça) e Cemex (México), que possuem capacidades anuais de aproximadamente 160, 135 e
78 milhões de toneladas, respectivamente. As empresas Heidelberg/CBR (Alemanha), com capacidade
anual de cerca de 75 milhões de toneladas, e Italcementi/CF (Itália), com capacidade anual ao redor de
60 milhões de toneladas, ocupam o quarto e quinto lugares entre os maiores produtores mundiais. O
grupo brasileiro Votorantim adquiriu duas fábricas no Canadá e outra nos Estados Unidos, junto ao
grupo Lafarge, por US$ 728 milhões. Com isso, passou a controlar uma capacidade global de 25 milhões
de toneladas, posicionando-se como sexto produtor mundial (BNDES, 2002, p. 40-58).
No Brasil, o processo de consolidação também tem sido bastante intenso. O QUADRO 17
mostra a participação relativa das dez maiores empresas produtoras de cimento no Brasil em 1994
e 2001. Em primeiro lugar, destaca-se o fato de que a participação conjunta das cinco maiores
empresas atuantes na indústria passou de 66% para 80%. Desde 1994, de acordo com BNDES
(2002, p. 56), o setor vem passando por um processo de reestruturação com duas vertentes
principais: a) o crescimento e o fortalecimento dos grandes grupos, com a saída dos pequenos; b)
o incremento da participação de empresas estrangeiras, reflexo da maior internacionalização da
indústria em âmbito mundial. Assim, as empresas estrangeiras, atraídas pelo potencial do mercado
brasileiro (déficit habitacional, perspectivas de grandes obras e retomada de crescimento
econômico), passaram a ver com interesse o mercado nacional, acirrando a competição com os
grupos nacionais e promovendo a aquisição de grupos menores e menos capacitados.
QUADRO 17
1994 2001
EMPRESA % EMPRESA %
1 VOTORANTIM 40 VOTORANTIM 42
2 JOÃO SANTOS 11 JOÃO SANTOS 12
3 BERNAND 5 CIMPOR 9
4 CIMINAS (LAFARGE) 5 HOLCIM 9
5 CAMARGO CORRÊA 5 CAMARGO CORRÊA 8
6 MAUÁ (LAFARGE) 5 LAFARGE 8
7 CHAMPALIMAUD 4 CP CIMENTO 5
8 PARAÍSO (HOLDERBANK) 4 SOEICOM 3
9 SERRANA (BUNGE Y BORN) 4 ITAMBÉ 2
10 MATSULFUR 4 CIPLAN 2
TOTAL 83 TOTAL 100
FONTE: BNDES ,2002b; SNIC
Dois grupos nacionais, Votorantim (com unidades instaladas em São Paulo, Minas Gerais e
Rio de Janeiro) e João Santos (com atuação concentrada nas regiões Nordeste e Norte), ainda são os
principais produtores de cimento do País. Mas a terceira, quarta e sexta posições são ocupadas por
empresas estrangeiras: Cimpor (Portugal), Holcim (Suíça) e Lafarge (França). As atividades da Cimpor
no Brasil começaram em 1997, com a aquisição da Companhia de Cimento do São Francisco (Cisafra,
hoje conhecida como Campo Formoso, na Bahia). Em julho de 1997, a empresa adquiriu mais três
outras fábricas junto à Serrana (grupo Bunge): Candiota e Nova Santa Rita (Rio Grande do Sul) e
Cajati (São Paulo). E, setembro de 1999, comprou as três plantas que pertenciam ao grupo Brennand:
a Companhia de Cimento Goiás (localizada em Cesarina, Goiás), a Companhia de Cimento Atol
BDMG
40 anos
180, p. 26). Em 2001, a Cimpor anunciou a construção de uma nova fábrica, com capacidade anual
de 800 mil toneladas e investimentos de US$ 70 milhões, a ser erguida ao lado da antiga Cisafra, e
com previsão de entrada em operação em 2002 (Brasil Mineral, 2001, n. 196, p. 21).
O então grupo Holderbank adquiriu a Cimento Paraíso, em julho de 1996, junto à família
Severino da Silva. No ano seguinte, fundiu essa empresa com a Ciminas, que já era de sua
propriedade, passando a se denominar Holdercim e, mais recentemente, Holcim. A Lafarge ampliou
sua participação no mercado nacional com as compras da Cimento Mauá, da Matsulfur, da
participação acionária na Cimento Tupi, e da Cimento Maringá (BNDES, 2002, p. 57). A Lafarge
ainda construiu uma nova planta, com capacidade de 800 mil toneladas anuais em Arcos (Minas
Gerais), que entrou em operação em 1999, a um custo de aproximadamente US$ 75 milhões.
11.9. Preços
BNDES (2002, p. 53-54) aponta que, no ano 2000, os preços da tonelada de cimento
variaram entre US$ 28 e US$ 125. Os menores preços são praticados na Ásia, sendo que na
Indonésia, China e Índia eles oscilaram entre US$ 28 e 35 por tonelada. Na América Latina, a
dispersão é bem maior, variando de US$ 45 por tonelada (Brasil), US$ 80 por tonelada (Argentina)
e US$ 125 por tonelada (México e Venezuela, que, aliás, são os que apresentam os maiores preços
dentre os países com dados disponíveis).
CONSOLIDANDO POSIÇÕES
NA MINERAÇÃO
CAPÍTULO 12
PEQUENAS E MÉDIAS
MINERADORAS
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40 anos
12. Pequenas e médias mineradoras
QUADRO 18
QUANTIDADE PRODUZIDA
MINAS NÚMERO %
(em tonelada/ano)
Pequena de 10.000 a 100.000 1.244 73,0
Média de 100.000 a 1.000.000 379 22,2
Grande > 1.000.000 81 4,8
FONTE: MACHADO, 2002, p. 3
Federação e Região. Observa-se que Minas Gerais é suplantado em número de minas por São Paulo,
onde se verifica uma proporção maior de médias e pequenas minas, na maioria das vezes especializadas
em agregados para construção civil. Um ponto importante a se destacar é de que, apesar de Minas
Gerais possuir 15,7% de todas as minas, esse índice chega a 51,9% no caso das grandes minas. Isto
é, o Estado concentra grandes empreendimentos minerais, conforme foi analisado nos capítulos 5 a
11. Minas Gerais detém ainda 24,5% das médias minas e tão somente 10,7% das pequenas minas.
Pinheiro (2002, p. 3) mostra informações interessantes em relação ao tamanho das minas no
País. Do total, apenas 9,7% são de substâncias metálicas e, por conseqüência, 90,3% de substâncias
não-metálicas (dos quais 80% estão ligadas à cadeia produtiva da construção civil). Segundo o mesmo
autor, existiam no Brasil, em 1999, 402 minas de areia e cascalho (23,6%), contra 388 de pedras
britadas (22,8%), 305 de calcário (17,9%) e 237 de argilas (13,9%). Do outro lado, o ferro, que gera o
maior valor da produção mineral do País, possuía apenas 58 minas (ou 3,4% do total). Assim, deve-se
ressaltar que as pequenas e médias mineradoras concentram-se em substâncias minerais não-metálicas,
particularmente na cadeia produtiva da construção civil e voltada ao atendimento do mercado doméstico.
Isso é praticamente o oposto do verificado com as grandes mineradoras, que se focalizam em substâncias
minerais metálicas, com maior ênfase na cadeia produtiva da siderurgia e voltada para o mercado
internacional (ou pelo menos operam como se estivessem atendendo clientes mundiais).
Barboza (2002, p. 4), aparentemente utilizando dados de 1998, aponta que as pequenas
minerações no País respondem por 5% do valor da produção e 10% do volume de emprego formal.
Já as médias minerações corresponderiam a 14% e 24%, respectivamente. Portanto, as grandes
empresas seriam responsáveis por 81% do valor da produção e 66% do volume de emprego formal.
No caso de Minas Gerais, pelos motivos acima apontados, é de esperar que esses valores para as
grandes empresas sejam ainda maiores.
Se, de um lado, o maior desenvolvimento da pequena mineração não necessariamente possui
a capacidade de alterar a composição econômica da atividade mineradora de um país ou Estado, ela
pode e deve ser encarada como um instrumento de política de desenvolvimento regional e inclusão
social. Nesse sentido, Vale (2002, p. 20-25) enumera alguns objetivos que justificam o apoio à
mineração de pequeno porte no mundo: a) promover o desenvolvimento sustentável; b) atenuar os
desequilíbrios regionais; c) minorar os fluxos migratórios; d) alavancar o desenvolvimento de
comunidades rurais; e) encorajar a capacidade empreendedora local; f) combater a pobreza e a miséria.
TABELA 28
REGIÃO/UF CLASSES
Grandes Médias Pequenas TOTAL
NORTE 9 17 33 59
Amazonas 3 2 4 9
Amapá 1 1 0 2
Pará 4 9 15 28
Rondônia 1 3 3 7
Tocantins 0 2 11 13
NORDESTE 5 36 158 199
Alagoas 0 4 3 7
Bahia 1 9 38 48
(Continua...)
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40 anos
PORTE DAS EMPRESAS DE MINERAÇÃO NO BRASIL, POR ESTADO, 1999
REGIÃO/UF CLASSES
Grandes Médias Pequenas TOTAL
Ceará 1 2 42 45
Maranhão 0 3 18 21
Paraíba 1 5 18 24
Pernambuco 0 9 20 29
Piauí 0 0 11 11
Rio Grande do Norte 0 1 3 4
Sergipe 2 3 5 10
SUDESTE 50 240 615 905
Espírito Santo 1 6 16 23
Minas Gerais 42 93 133 268
Rio de Janeiro 2 24 116 142
São Paulo 5 117 350 472
SUL 9 54 355 418
Paraná 2 12 66 80
Rio Grande do Sul 3 29 179 211
Santa Catarina 4 13 110 127
CENTRO-OESTE 8 32 83 123
Distrito Federal 1 2 6 9
Goiás 5 13 36 54
Mato Grosso do Sul 2 6 30 38
Mato Groso 0 11 11 22
TOTAL 81 379 1.244 1.704
FONTE: MACHADO, 2002, p.6
Vale a pena, então, enfatizar quais são as principais características e deficiências das pequenas
e médias mineradoras no Brasil. Como já mencionado, o foco tradicional é voltado à produção de
minerais não-metálicos. Trata-se de uma atividade pulverizada, com predominância de controle
acionário familiar e com baixo nível de articulação cooperativa. Os empreendimentos são
predominantemente fruto de iniciativas individuais, baseadas no saber empírico e com reduzido
conhecimento geológico e tecnológico. Essas empresas possuem um baixo poder de barganha
junto aos consumidores. E, por último, porém não menos importante, a inserção competitiva
dessas empresas baseia-se em atividades independentes, com baixo nível de integração na cadeia
produtiva. Este último tema será retomado na seção 12.4.
No que diz respeito às carências das pequenas e médias mineradoras, Barboza (2002, p. 10-
13) aponta que é freqüente o emprego de instrumentos gerencialmente inadequados para a atividade.
Observa-se a falta de conhecimento quanto à geologia do bem mineral, ao seu condicionamento
e às reservas. Da mesma forma, em relação à caracterização tecnológica, constata-se o baixo nível
de conhecimento das características físico-químicas do minério e das matérias-primas. Para essas
empresas falta sintonia para com o mercado, ao gerarem produtos inadequados quanto à constância
de padrão e especificações de qualidade demandadas pela indústria de transformação. No quesito
ambiental, os resultados tendem a ser insatisfatórios, seja pelo desconhecimento, seja pela
incapacidade efetiva de atendimento aos preceitos normativos visando à preservação da qualidade
ambiental. Adicionalmente, faltam mecanismos institucionais adequados ao apoio do pequeno e
médio minerador. E, se não bastasse, a informalidade da produção é elevada.
Num esforço de apresentar uma visão mais desagregada das pequenas e médias mineradoras,
seja em termos de segmentos de mercados, seja no aspecto regional, foram levantadas e analisadas
as informações preliminares da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho
e Emprego, para o ano de 2001. Antes de apresentar tais dados, é necessário mencionar uma
ressalva acerca do grau de informalidade, que é notório na maioria dos segmentos nos quais
preponderam as pequenas e médias mineradoras. Dois exemplos parecem ser suficientes para
ilustrar a informalidade de algumas desses segmentos.
Estima-se que, no Brasil, os dados oficiais acerca do segmento de rochas ornamentais e de
revestimento correspondem a apenas 30% da realidade de mercado. A situação é ainda mais grave
no caso específico da ardósia. Pelos dados do Anuário Mineral Brasileiro, editado pelo DNPM,
existiriam apenas duas empresas de lavra de ardósias no Brasil, quando na realidade são 55 somente
em Minas Gerais. No Estado, contabilizam-se 28 centros ativos de extração em oito municípios
(Peiter et al, 2001, p. 29 e 140). Por sua vez, Zenha (2000) elaborou um diagnóstico da produção
de pedras britadas em Goiás e Distrito Federal. O autor concluiu que, das 52 atividades de
mineração levantadas, apenas 28 (ou 53,8% do total) estavam legalizadas junto ao DNPM; 17 (ou
32,7%) estavam em fase de legalização/regularização, e 7 (ou 13,5%) estavam ilegais, não
possuindo nenhum registro do DNPM.
Guardada essa ressalva, a TAB. 29 mostra a geração de empregos formais na mineração
do Estado, com dados preliminares da RAIS de 2001. O critério utilizado para diferenciar o
porte das empresas foi o do SEBRAE, que assume que as micros e pequenas empresas industriais
possuem até 99 empregados; que as médias possuem de 100 a 499 empregados; e as grandes,
500 ou mais empregados. Em primeiro lugar, cabe registrar que a desagregação de mercado é
relativamente pequena, contemplando apenas nove segmentos. De todo modo, verifica-se que
pedras, areia e argila, conjuntamente, geram o equivalente a 90% do emprego direto formal
observado na mineração de ferro. Mais importante, enquanto 66% dos empregos na mineração
de ferro encontram-se nas grandes empresas, 86% dos empregos de pedra, areia e argila derivam
de pequenas companhias. Enfatize-se que esses agregados para a construção civil são responsáveis
por 59% dos empregos formais das minerações de pequeno porte em Minas Gerais.
TABELA 29
EMPREGOS DIRETOS FORMAIS NA MINERAÇÃO EM MINAS GERAIS, POR TIPO DE MINÉRIO, 2001
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Estado. A TAB. 30 mostra a distribuição espacial da geração de empregos formais das pequenas
mineradoras no Estado. Constata-se que 33% desses empregos encontram-se na Região Metropolitana
de Belo Horizonte, sendo seguido pela região Sul/Sudeste (19,2%), Oeste (11,4%) e Zona da Mata
(8,1%). É também interessante ressaltar que pedra, areia e argila, bem como outros minerais não-
metálicos são os únicos segmentos que estão presentes nas doze mesorregiões do Estado.
Já a TAB. 31 apresenta o mesmo tipo de informação, tendo por base a mineração de médio
porte (conforme o critério de número de empregados adotado pelo SEBRAE). Mais uma vez,
verifica-se a concentração dos empregos na Região Metropolitana de Belo Horizonte, embora a
intensidade seja ainda maior (78%). Além disso, é bastante reduzido o número de empresas, no
caso, 22, que se enquadram como médias empresas pelo método adotado. Não por acaso, em sete
das doze mesorregiões, não foi encontrada nenhuma média empresa.
Para finalizar esta seção, merecem ser citadas as principais aglomerações produtivas de
minerações de pequeno e médio porte no Estado: a) produção de ardósia, em Papagaios; b) de
quartzito, em São Tomé das Letras; c) de ferro, na Serra Azul / Itatiaiuçu; d) de argila, em
Coromandel e Monte Carmelo; e) de granitos, em Itapecerica e em Medina; f) de gemas e jóias, em
Teófilo Otoni e Governador Valadares25 .
25
Para maiores detalhes sobre o tema dos arranjos produtivos locais, inclusive os de base mineral, em Minas Gerais, ver Capítulo 2,
do Volume 5.
128
TABELA 30
EMPREGOS DIRETOS FORMAIS EM PEQUENAS MINERADORAS EM MINAS GERAIS, POR MESORREGIÕES, 2001
Campo das
Vertentes
Vale do Mucuri
Sul/ Sudeste
Metropolitana de
Belo Horizonte
Triângulo Mineiro e
Alto Paranaíba
Oeste
Jequitinhonha
Zona da Mata
Vale do Rio Doce
Norte
Total
Noroeste
Central Mineira
EMPREGOS DIRETOS FORMAIS EM MINERADORAS MÉDIAS EM MINAS GERAIS, POR MESORREGIÕES, 2001
Campo das
Vertentes
Vale do Mucuri
Sul/ Sudeste
Metropolitana de
Belo Horizonte
Triângulo Mineiro e
Alto Paranaíba
Oeste
Jequitinhonha
Zona da Mata
Vale do Rio Doce
Norte
Total
Noroeste
Central Mineira
QUADRO 19
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40 anos
SUBSTÂNCIAS MINERAIS: CADEIAS PRODUTIVAS, PRINCIPAIS APLICAÇÕES, PERSPECTIVAS DE
CRESCIMENTO E IMPACTO AMBIENTAL
NOTA: Elaboração própria, a partir de informações obtidas junto ao BDMG; SEME ,1999.
Adicionalmente, buscou-se investigar, para cada substância mineral, qual era o tipo de
empresas que aí operavam (QUADRO 20). Três esclarecimentos são necessários. Primeiro, o
critério de segmentação por porte das empresas seguiu a classificação do BNDES, ou seja: a)
microempresa: receita operacional bruta anual de até R$ 900 mil; b) pequena empresa: receita
operacional bruta anual entre R$ 900 mil e R$ 7,875 milhões; c) média empresa: receita
operacional bruta anual entre R$ 7,875 e R$ 45 milhões; d) grande empresa: receita operacional
bruta anual acima de R$ 45 milhões. Segundo, esse exercício foi realizado a partir da experiência
dos entrevistados, o que pode implicar alguma imprecisão na margem. Terceiro, foi necessário
incluir as sete substâncias minerais já discutidas nos capítulos 5 a 11, passando a se contemplar,
então, 31 substâncias minerais. Desse total, as grandes empresas atuam em 10 segmentos; as
médias, em 23; as pequenas, também em 23 (embora a distribuição não seja idêntica à das
médias empresas), e as microempresas, em 11.
BDMG
40 anos
na mesma substância mineral, especializam-se em determinados tipos de consumidores
(por exemplo, ferro, no sentido de que as pequenas mineradoras atendem prioritariamente
aos produtores independentes de ferro-gusa ou guseiros);
interstício: o mercado é totalmente dominado pelas micro, pequenas e médias mineradoras,
pois a sua dimensão econômica é tão pequena que não motivam o interesse por parte das
grandes empresas (constituem-se na maioria dos casos, podendo-se tomar o exemplo da
brita e areia para construção como ilustração).
O QUADRO 21 apresenta a inserção competitiva das micros, pequenas e médias empresas
de mineração do Estado no que tange ao relacionamento com as grandes empresas. Constata-se que
as primeiras somente não atuam em três substâncias minerais (nióbio, níquel e zinco). No mais, em
17 substâncias minerais, as empresas em consideração adotam uma estratégia de interstício. Ou seja,
dominam o mercado, face ao desinteresse da grande mineração. Daí pode-se retirar duas conclusões
importantes. Ou essas substâncias minerais são exploradas pelas micro, pequenas e médias empresas,
ou tais recursos ficarão sem aproveitamento econômico. Adicionalmente, esses segmentos se tornam
um reduto dessas companhias, garantido pela não-competição com as grandes mineradoras.
Nessa avaliação qualitativa, constatou-se a estratégia de nicho por parte das micro, pequenas
e médias em apenas cinco casos (calcário, caulim, ferro, fosfato e talco), o que denota a dificuldade
de competir com grandes corporações, numa atividade intensiva em capital, mesmo tentando se
isolar do confronto direto por meio da especialização em clientes determinados. No que tange à
estratégia de complementaridade com a grande empresa, verificou-se essa opção em somente
quatro experiências (bauxita, ferro, granito e ouro). Assim, a possibilidade de agregação de valor
por meio da maior independência operacional das empresas de menor porte é remota, face ao
volume de investimento necessário, com a óbvia exceção do granito.
O QUADRO 21 mostra também que em sete casos (água mineral, bauxita, calcário,
diamantes e gemas, ferro, manganês e ouro), as micro, pequenas e médias empresas concorrem
diretamente com a grande corporação. Aqui a sobrevivência a longo prazo das companhias menores
é colocada mais à prova. Mencione-se também que em ferro é a única substância mineral no qual
se constatou simultaneamente três tipos de inserção competitiva: competição e complementaridade
com a grande empresa, e nicho.
QUADRO 21
ESTRATÉGIA
Competição Complementa-
SUBSTÂNCIA com a Grande ridade com
MINERAL Empresa Grande Empresa Nicho Interstício
Agalmatolito X
Água Mineral X
Ardósia X
Areia para Construção X
Areia Industrial X
Argila X
Brita X
Bauxita X X
(Continua...)
ESTRATÉGIA
Competição Complementa-
SUBSTÂNCIA com a Grande ridade com
MINERAL Empresa Grande Empresa Nicho Interstício
Calcário X X
Cassiterita X
Caulim X
Diamante e Gemas X
Feldspato X
Ferro X X X
Filito X
Fosfato X
Grafita X
Granito X
Lítio X
Manganês X
Mármore X
Mica X
Nióbio
Níquel
Ouro X X
Quarzito X
Quartzo X
Serpentinito X
Talco X
Tantalita X
Zinco
NOTA: Elaboração própria, a partir de informações obtidas junto ao BDMG.
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40 anos
dos projetos típicos dos minerais industriais é bastante inferior à constatada nos minerais analisados
nos capítulos 5 a 11. Entretanto, apesar da menor importância relativa de cada projeto
individualmente, ao se considerar o conjunto deles, a situação não será necessariamente a mesma.
Ainda segundo Ciminelli (2002, p. 50-51), a descrição clássica do termo minerais
industriais incorpora todas as rochas e minerais inclusive os sintéticos , predominantemente
não-metálicos, que, por suas propriedades físicas ou químicas, e não pela energia gerada ou
pelos metais extraídos, podem ser utilizados em processos industriais, de modo geral, com
múltiplas funções, com maior ou menor valor agregado, ou como aditivo, diretamente, como
extraído, ou após beneficiamento e processamento.
Ciminelli (2002, p. 52) diferencia os minerais industriais físicos e químicos, embora essa
separação não seja necessariamente excludente. A lista dos primeiros é bastante extensa, consistindo
de: areia e cascalho; agregados de baixo peso; amianto; atapulgita; baritas; bentonita; carbonato
de cálcio; caulim; cimento; diatomita; dolomita; gipsita; mica; nefelina/sienito; perlita; pedra pome;
sílica; pedra britada; pedra; talco; vermiculita; wollastonita. O maior número deles são aplicados
como minerais estruturais (inclusive os agregados para construção civil) e como cargas e extensores.
Por sua vez, os minerais industriais químicos são mais utilizados, como a própria denominação
indica, como insumos para as indústrias química e cerâmica. Dentre eles, destacam-se: argilas;
baritas; bauxita; boro; bromina; cal; calcário; carbonato de sódio; caulim; cromita; dolomita; enxofre;
feldspato; fireclay; fosfatos; fluorita; gipsita; ilmenita e rutilo; lítio; magnesita; potássio; sal;
sulfato de sódio; talco; turfa; wollastonita. Desses últimos, fosfatos e calcários já foram abordados
nos capítulos 10 e 11, respectivamente.
A mesma fonte, todavia, adverte que essa lista poderia ser ampliada, ao se incluir: a)
outras espécies minerais produzidas artificialmente, como as sílicas especiais e os pós-cerâmicos;
b) minerais e rochas de ocorrência regional restrita, como no caso do agalmatolito em Minas
Gerais 26 ; c) minerais modificados, como argilas ativadas e caulim calcinado; d) resíduos
inorgânicos e subprodutos como fosfogesso e cenosferas; e) rochas ornamentais e de revestimento
para construção civil.
Uma importante característica dos minerais industriais é o fato de poderem ser utilizados
em diversas aplicações, possibilitando a maior agregação de valor. De acordo com Ciminelli (2002,
p. 51), os preços podem variar 1000% ou mais entre dois produtos derivados de um mesmo
concentrado ou precursor mineral. O autor destaca também que, além da otimização dos parâmetros
convencionais de competitividade atrelados à liderança de custos, consagrados na gestão de
processos, operações, logística e controle ambiental das commodities (metálicas ou não-metálicas),
no caso dos minerais industriais, pode-se ampliar a competitividade pela diferenciação dos produtos
por intermédio da agregação de parâmetros técnicos, de desempenho e serviços.
O QUADRO 22 mostra alguns dos principais minerais industriais e suas respectivas
aplicações. Em termos dos minerais, calcário, dolomita e cal são os mais versáteis, ao terem um
uso importante na construção, na produção de cimento e cal, vidros, refratários, na indústria
química, na agricultura, como cargas, na pelotização e como fundentes metalúrgicos. São ainda
26
A empresa Lage Minérios (LAMIL), mineradora que explora uma jazida de agalmatolito em Pará de Minas, estaria registrando um
crescimento anual de 10%. As atividades de lavra tiveram início em 1940, no entanto, só em 1958 a LAMIL foi fundada como
empresa de mineração, implantando, em 1970, sua primeira unidade industrial de beneficiamento (Reis, 2001, 48). Ela produz
atualmente 65 mil toneladas de agalmatolito por ano, frente a uma capacidade instalada de 84 mil toneladas. A referida taxa de
crescimento é baseada no preço do agalmatolito, que, em algumas aplicações, como na produção de celulose, pode representar
uma economia de 50% em comparação com o talco (Valor, 5 nov. 2001).
lamas de perfuração. A bentonita, por sua vez, é demandada intensamente na pelotização, como
moldes de fundição, clarificantes e lamas de perfuração. Observa-se também que a flexibilidade
dos minerais industriais estimula a competição entre eles. Por exemplo, aponta-se que as indústrias
de tintas podem utilizar talco, agalmatolito ou caulim, como pigmentos para branqueamento,
substituindo parcialmente o dióxido de titânio que, por ser o melhor pigmento existente para essa
função, também é o mais caro (Brasil Mineral, 1999, n. 178).
No que tange aos principais consumidores, o maior destaque recai sobre a construção
civil, que consome, de modo importante, areais siliciosas, argilas comuns, calcário, dolomita,
cal e rochas ornamentais. Indústria química, cerâmica e vidros também são importantes
consumidores de vários minerais industriais. BNDES (1996b, p. 2-3) observa que a importância
relativa dos materiais de construção no consumo total de minerais industriais depende do grau
de desenvolvimento do país. De fato, nos países em desenvolvimento, existe uma grande
preponderância dos materiais de construção em relação aos demais minerais industriais,
estimando-se que representem mais de 70% do consumo total. Por sua vez, os utilizados como
cargas e extensores seriam responsáveis por 15%, e os fertilizantes e químicos, por outros 15%.
Nos países industrializados, esses valores seriam de 50%, 25% e 25%, respectivamente. Portanto,
a sofisticação dos minerais industriais seria positivamente relacionada com o nível de
desenvolvimento econômico do país.
QUADRO 22
Lamas de Perfuração
Fundentes Metalúrg.
Moldes de Fundição
Jóias / Decoração
Ótica e Eletrônica
Indústria Química
Cargas (Filler)
Cimento e Cal
Clarificantes
Construção
Peletização
Refratários
Agricultura
Pigmentos
Abrasivos
Cerâmica
Filtrantes
Vidros
Amianto v m v
Areias Silicosas l v m l v v m l v v l v m
Argilas: Comum l l l
Caulim l m m v l
Bentonita m m m l l l l
Barita m m l m m m l
Bauxita, Cianita e Correlatos m m m l v m m m m
Calcário, Dolomito e Cal l m l l l l l l l l m m m m m
Compostos Nitrogenados v l
Cromita l l m m
Diamante l l m
Diatomiota m m m v l m
Enxofre l
Evaporitos: Boratos e Outros m v l
Feldspato e Nefelina/Sienito l l v m m
Fluorita m m l l m m
Fosfato m v l
(Continua...)
BDMG
40 anos
APLICAÇÕES DOS MINERAIS INDUSTRIAIS
Lamas de Perfuração
Fundentes Metalúrg.
Moldes de Fundição
Jóias / Decoração
Ótica e Eletrônica
Indústria Química
Cargas (Filler)
Cimento e Cal
Clarificantes
Peletização
Construção
Refratários
Agricultura
Pigmentos
Abrasivos
Cerâmica
Filtrantes
Vidros
Gemas e Pedras Coradas l m
Gipsita e Anidrita v l m m v v m m
Grafita v m m
Halita l
Ilmeniota, Rutilo e Zirconita m m v m l
Magnesita l m m m
Minerais de Potássio l l
Minerais de Lítio m v v m
Muscovita v m m m
Quartzo v l
Rochas Ornamentais l v
Talco e Pirofilita v m l m m
Tório e Terras Raras m v
Vermiculita m m v
Zeólitos v
FONTE: DONADELLO, 1994 reproduzido por CIMINELLI, 2002, p. 53-55.
Legenda: l Uso Importante
m Uso Ocasional
v Uso Adicional
Valverde (2001, p. 25) ressalta que os recursos em agregados para a indústria da construção
civil são abundantes no Brasil. De um modo geral, os grandes centros consumidores encontram-se
em regiões geologicamente favoráveis à existência de reservas de boa qualidade. A participação dos
tipos de rochas utilizadas na produção de pedra britada é a seguinte: granito e gnaisse (85%); calcário
Ainda segundo Valverde (2001, p. 25), os principais locais de produção de areia são
várzeas e leitos de rios, depósitos lacustres, mantos de decomposição de rochas, arenitos e
pegmatitos decompostos. No Brasil, 90% da areia é produzida em leitos de rios.
Aproximadamente 2.000 empresas se dedicam à extração de areia, na grande maioria, pequenas
empresas familiares, gerando uns 45 mil empregos diretos. Areia e pedra britada caracterizam-
se pelo baixo valor e por grandes volumes produzidos. O transporte responde por cerca de 2/
3 do preço final do produto, o que impõe a necessidade de produzi-las o mais próximo possível
do mercado, que são os aglomerados urbanos. Naturalmente, areia e pedras britadas não
registram exportações e importações.
No ano 2000, o Brasil produziu 238 milhões de metros cúbicos (ou 380 milhões de
toneladas) de agregados para construção civil. Desse total, 97,3 milhões de metros cúbicos
(155,8 milhões de toneladas) são representados por pedras britadas, e 141,1 milhões de metros
cúbicos (226 milhões de toneladas), por areia. O Estado de São Paulo respondeu por 32,3%
da produção nacional, sendo seguido por Minas Gerais (12%), Rio de Janeiro (9%), Paraná
(7%), Rio Grande do Sul (6,4%) e Santa Catarina (3,9%) ver Valverde (2001, p. 25).
Abreu (2001) estimou que a produção de areia e pedras britadas em Minas Gerais,
durante o período 1990-1999, tenha se elevado em torno de 110%. Vale ressaltar que tal
estimativa foi baseada no consumo do cimento, o que parece bastante apropriado. De fato, a
pulverização de mercados, a dispersão geográfica e a informalidade dificultam a existência de
informações mais apuradas.
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PRODUÇÃO DE ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTO NO BRASIL, 2000
QUANTIDADE(TONELADAS) PARTICIPAÇÃO(%)
Granitos 2.964.280 56,7
Mármores 959.800 18,3
Ardósias 450.000 8,6
Quartzitos Foliados 281.000 5,4
Pedra Micarema 182.000 3,5
Quartzitos Maciços 63.700 1,2
Pedra Cariri 60.000 1,1
Arenitos 49.000 0,9
Basaltos 39.120 0,7
Pedra Sabão / Serpentinito 38.500 0,7
Pedra Morisca 3.600 0,1
Outros 137.600 2,6
Total 5.228.600 100,0
FONTE: PEITER et al, 2001, p.25.
TABELA 33
ao redor de Papagaios e São Tomé das Letras, respectivamente. No caso de Papagaios, estima-se,
inclusive, que a produção e a comercialização de ardósia seja responsável por 85% da economia
do município. Como indicado na seção 12.3, nesses dois casos constatam-se altos impactos
ambientais da atividade mineradora. Na avaliação de Grossi Sad, Chiodi Filho & Chiodi (1998),
os principais problemas ambientais da atividade minero-industrial de ardósias em Minas Gerais
decorrem de três fatores: a) o reduzido índice final de aproveitamento da lavra e do beneficiamento,
o que é comum aos outros centros mundiais de produção; b) a baixa agregação de valor aos atuais
produtos, o que diminui a capacidade de investimento empresarial; b) o não-aproveitamento do
material refugado na lavra e no beneficiamento, para usos industriais diversos.
Os mesmos autores identificam os principais impactos ambientais do segmento de ardósia,
no Estado, a saber: a) grandes cavas geradas para extração; b) pilhas de bota-fora das lavras e
unidades de beneficiamento próximas, contendo estéril e rejeitos; c) resíduos sólidos (cacos e
aparas) do beneficiamento, nas zonas urbanas e suas proximidades dos municípios produtores; d)
efluentes líquidos portadores do pó da serragem e calibração, gerados nas proximidades das pedreiras
e zonas urbanas dos municípios.
A TAB. 33 também demonstra que Minas Gerais possui grande representatividade em termos
da geração direta de emprego (21%) e do número de marmorarias (17%). Por outro lado, sua
importância relativa em número de teares e número de serralherias é bastante reduzida, da ordem
de 4% do total brasileiro.
No ano de 2000, as exportações brasileiras de rochas ornamentais e de revestimento atingiram
US$ 271,5 milhões, contra importações de apenas US$ 21,9 milhões. Peiter et al (2001, p. 19) ressaltam
a importância da agregação de valor por meio das atividades de processamento. De fato, as exportações
de chapas polidas geram uma receita de três a quatro vezes maior, por metro cúbico, que a venda em
bloco. Por sua vez, a venda de produtos finais permite gerar uma receita de seis a dez vezes maior,
por metro cúbico, que a venda em bloco. Algumas informações denotam a reduzida participação
brasileira na exportação de produtos de maior valor agregado. Em 1999, o país deteve 4,9% do
volume físico do intercâmbio mundial de rochas ornamentais e de revestimento. Contudo, essa
participação foi 9,9% em blocos de granitos, 5,6% em ardósias, 1,4% nas rochas processadas de
mármore e granito e 0,3% nas exportações de blocos de mármores (Peiter et al, 2001, p. 25).
Desde 1998, as exportações de rochas ornamentais e de revestimento de Minas Gerais, em
peso e em valor, são declinantes. Isso é particularmente verdadeiro para granitos, que têm seus
negócios centrados na venda de blocos para grandes compradores italianos. Essa queda foi atenuada
pelo grande incremento nas vendas externas das ardósias e quartzitos foliados, que, em 2000, já
representaram 47,9% das exportações minerais de rochas (Peiter et al, 2001, p. 27).
BDMG
40 anos
O valor da produção brasileira de diamantes, em termos conservadores, é estimado em US$ 45 milhões.
BNDES (1999b, p. 1-2) cita estimativas do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos
(IBGM), segundo o qual o Brasil representaria cerca de 35% da produção mundial de gemas,
excetuando-se diamantes, safiras e rubis. Entretanto, num mercado com comércio internacional
estimado em US$ 1,5 bilhão, o País participaria com apenas US$ 80 milhões, demonstrando o
grande potencial de expansão. Contudo, o segmento de gemas apresenta diversos entraves. A
exportação, mascarada em números pela alta informalidade presente no setor, concentra-se nos
produtos de baixa agregação de valor, como pedras preciosas em bruto. O setor caracteriza-se
ainda por uma grande pulverização de participantes (garimpeiros, lapidários etc.), em todos os
estágios de sua cadeia produtiva e ainda pela pequena verticalização das empresas.
No que tange à produção de diamantes em Minas Gerais, ao longo dos últimos 25 anos, o
ápice foi verificado no biênio 1990-1991, quando atingiu aproximadamente 300 mil quilates. Desde
então, a produção vem se reduzindo significativamente, até atingir cerca de 35 mil quilates em 1997-
1998 (SEME, 1999, p. 52). Avaliação similar é encontrada em Abreu (2001), embora com números
distintos. Para esse autor ver TAB. 16 , a produção de diamantes no Estado regrediu de 57 para
19 mil quilates, no período 1990-1999, perfazendo uma involução de 66%. No que tange às esmeraldas,
a produção estadual diminuiu de 45 para 30 mil gramas, respectivamente, implicando uma retração
de 32%. Em termos do valor da produção, diamantes registram uma queda de 65%, e esmeraldas, de
30%. Adicionalmente, o valor da produção de outras gemas, que são estimados a partir das exportações
oficiais, teria aumentado 15% entre 1990-1999.
Diante da falta de informações fidedignas sobre o segmento de gemas, foram entrevistados
técnicos do BDMG, com o objetivo de elaborar o QUADRO 23. Nele constam estimativas
indicativas da produção de Minas Gerais, das mais diversas gemas. Excluindo diamantes, avalia-
se que o Estado seja responsável por 80% da produção nacional de gemas. Além disso, conta com
a maior variedade de produtos, ressaltando que o topázio imperial só é encontrado, em termos
mundiais, em Minas Gerais. Constata-se uma substancial dispersão não só quanto à produção,
mas também em termos dos preços de referências. Em todos os casos, as empresas que operam
nesse segmento possuem menos de 100 empregados.
QUADRO 23
ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO ANUAL DE GEMAS EM MINAS GERAIS
Gerais, no período 1997-2001. Essas exportações não incluem o chamado Documento Especial
de Exportações (DEE), que são vendas no mercado interno a não-residentes no País, em moeda
forte. Embora os valores absolutos não sejam tão expressivos, o Estado responde por cerca de
40% das exportações brasileiras. Analisando mais detidamente as informações, constata-se um
aumento significativo das exportações de rubis, safiras e esmeraldas lapidadas. Aliás, é exatamente
nesses produtos que a representatividade do Estado é maior: em 2001, foram equivalentes a
89,6% das exportações brasileiras. Por outro lado, as exportações de diamantes em bruto e lapidados
regrediu consideravelmente.
QUADRO 24
EXPORTAÇÃO DE DIAMANTES E GEMAS DE MINAS GERAIS, 1997-2001 (US$ MIL)
BDMG
40 anos
habitante/ano, ao passo que na Itália e França essa relação atinge 140 e 120 litros, respectivamente.
Apesar de o Brasil deter quase 15% das reservas mundiais de água doce disponível no
planeta, em 2000 o País registrou um déficit comercial de US$ 441 mil, no que tange à água
mineral (Salim, 2001, p. 28). É bem verdade que as importações são residuais em termos de
volume, representando cerca de 0,4% do consumo doméstico.
No Brasil, no ano 2000, cerca de 250 engarrafadoras de água mineral estavam em operação.
Havia aproximadamente de 180 a 200 fontes ativas e entre 180 e 300 novos pedidos de lavra.
Ressalte-se que a informalidade é muito grande no setor, cabendo destacar que parte do crescimento
apresentado nos últimos anos pode ser atribuída à legalização de muitas empresas que passaram a
constar nas estatísticas oficiais (BNDES, 2000d, p. 139-140).
O mercado de água mineral é bastante segmentado e regionalizado. Observa-se também
que ele está passando por um processo de desconcentração, pois em 1996 eram 13 grupos
empresariais que detinham 50% do mercado; em 2000, esse número aumentou para 21. Contudo,
o líder de mercado continua sendo o grupo Edson de Queiroz (proprietário das marcas Indaiá e
Minalba, com 18,4% da produção brasileira, no ano 2000), sendo seguido de Ouro Fino (3,5%)
ver TAB. 34, que mostra a participação relativa das doze maiores empresas brasileiras do
segmento nos anos de 1996, 1998 e 2000. A Perrier/Nestlé também atua no novo segmento de
águas mineralizadas (ou águas purificadas adicionadas de sais), com a marca Pure Life, cuja
estratégia de comercialização se baseia em um preço entre 5% e 10% menor do que as águas
minerais (BNDES, 2000d, p. 138-139).
TABELA 34
CONSOLIDANDO POSIÇÕES
NA MINERAÇÃO
CAPÍTULO 13
VISÃO DE FUTURO E
PROPOSIÇÕES DE POLÍTICAS
BDMG
40 anos
13. Visão de futuro e proposições de política
de níquel seja desenvolvido no Estado. As melhores perspectivas são para zinco e fosfato,
que apresentam déficit na balança comercial, ou seja, a produção doméstica pode crescer
às custas da diminuição das importações. Por sua vez, quanto a ferro e nióbio, no qual o
Estado se destaca internacionalmente, as perspectivas de crescimento da produção tendem
a ser mais moderadas;
ao perfil das empresas: a mineração em Minas Gerais é controlada por empresas de
grande porte, nível classe mundial, que operam com as melhores tecnologias disponíveis,
inclusive do ponto de vista ambiental. A estrutura de mercado predominante é de
oligopólios homogêneos, nos quais existem poucos players em cada segmento no Estado:
um em ferro, quatro em ouro, um em zinco, um em níquel, um em nióbio, dois em fosfato
e cinco em calcário para a produção de cimento;
ao impacto do processo de consolidação: fusões e aquisições têm sido um fator
determinante, nos últimos anos, nas atividades mundiais de ferro, ouro e cimento. No caso
de Minas Gerais, destacam-se as aquisições da CVRD na mineração de ferro e do grupo
VOTORANTIM na de zinco. Considerando o primeiro caso, a empresa se beneficia da extensão
da vida útil de suas reservas e da melhor utilização de sua eficiente logística de transporte
(ferrovia/porto). Em compensação, a pressão para desenvolver novas minas de ferro no
Estado tende a diminuir. No segundo caso, a aquisição da Paraibuna por um grupo mais
capitalizado financeiramente pode facilitar a ampliação do nível de investimentos;
à orientação comercial: nos minerais metálicos analisados em profundidade (ferro, ouro,
zinco, níquel e nióbio), a orientação comercial predominante é o atendimento ao mercado
internacional. A exceção é o zinco, que, embora seja voltado ao mercado doméstico,
opera como se fosse direcionado ao internacional. No que se refere aos dois principais
minerais não-metálicos (fosfato e calcário para a fabricação de cimento), eles são voltados
para o atendimento ao mercado nacional;
à competitividade em custos: dificilmente um setor direcionado ao atendimento do
mercado internacional pode sobreviver sem custos muito competitivos. De fato, dentre
essas sete substâncias minerais, todas, com exceção do fosfato, possuem custos adequados
ao seu mercado. No caso do fosfato, que é voltado ao mercado interno, os altos custos de
internação do produto importado, combinados com a verticalização para frente (na
produção de fertilizantes fosfatados), são suficientes para a manutenção da atividade,
que apresenta custos bem superiores ao benchmarking mundial;
à exposição diante da volatilidade de preços no mercado internacional: das sete
substâncias principais, apenas ouro, zinco e níquel são commodities, que apresentam
trajetórias de preços cíclicos. No ferro, predomina uma situação atípica no cenário mundial
(compartilhada com o carvão), de reajustes anuais. No que se refere ao nióbio, a empresa
líder tenta manter os preços mais ou menos estáveis, o que é garantido pelo pequeno
número de empresas que operam no segmento de ferronióbio em escala mundial. Fosfato
e calcário para a produção de cimento aproximam-se da formação de preços industriais,
sob oligopólio (tipo mark-up). Ou seja, a vulnerabilidade às flutuações de preços no mercado
internacional não é muito relevante para a mineração do Estado como um todo;
à dependência da demanda doméstica: de um modo geral, os mais dependentes da
economia brasileira são fosfato e calcário para a fabricação de cimentos, que se inserem
nas cadeias da agricultura e construção civil, respectivamente. Um crescimento
sustentado da economia brasileira beneficiaria mais rapidamente esses setores e, em
BDMG
40 anos
provavelmente nessa ordem).
à substituição de minas em processo final de exaustão: tanto no ouro e, principalmente,
no ferro, as empresas vêm investindo para substituir as minas em fase de exaustão. Em alguns
casos, isso até implica aumento da capacidade instalada. A exceção, já mencionada neste
capítulo, é níquel. Portanto, para pelo menos a próxima década, ferro, ouro, zinco, nióbio,
fosfato e calcário devem continuar a possuir presença marcante na mineração do Estado.
Esse diagnóstico, embora não possa ser caracterizado como excessivamente otimista, mostra
que o Estado, na produção de minerais metálicos e de alguns não-metálicos, possui empresas de
grande porte, que utilizam as melhores tecnologias disponíveis (inclusive as ambientais). Mais,
ainda, para essas sete substâncias minerais, não se constataram deficiências quanto à
competitividade estrutural, nem tampouco empresarial. Conseqüentemente, a área de atuação de
políticas públicas restringe-se à dimensão da competitividade sistêmica. Para essas grandes
empresas, aliás, não há muito o que fazer para estimular investimentos no Estado, uma vez que
contam com acesso a financiamento internacional, bem como possuem capacitação gerencial,
tecnológica e ambiental. Se não bastasse, os investimentos previstos pelas grandes mineradoras
no Estado são predominantemente do tipo brownfield, ou seja, ampliação e otimização dos ativos
já em operação. Para elas, porém, seria importante que:
o Estado, por meio da COMIG, continuasse investindo no mapeamento aerogeofísico e no
mapeamento básico, que vem se traduzindo num diferencial de atração de investimentos
frente a outras Unidades da Federação;
o aparato institucional de meio ambiente, que hoje compreende a FEAM, o IEF e o IGAM,
fosse simplificado, de tal forma que a lentidão do processo burocrático fosse diminuída.
perspectivas de crescimento, ao passo que outras cinco possuem uma situação média, e as seis
restantes (cassiterita, feldspato, manganês, mica, talco e tantalita), uma perspectiva desfavorável;
os impactos ambientais: para 17 das 24 substâncias minerais examinadas os impactos
ambientais foram considerados médios. Apenas em dois casos, água mineral e lítio, eles
foram avaliados como baixos. E para cinco substâncias minerais (ardósia, areia para
construção, argila, diamante e gemas, quartzito) foram tidos como de alto impacto ambiental;
inserção competitiva pela estratégia de interstício: considerando um total de 31 substâncias
minerais (as 24 nas quais as pequenas são mais relevantes e as sete nas as grandes empresas
preponderam), verificou-se a estratégia de interstício em 17 delas. Isto é, as empresas de
menor porte dominam o mercado face ao desinteresse da grande mineração. Assim, elas
correm um risco menor de não serem competitivas por falta de economia de escala;
inserção competitiva pela estratégia de nicho: apenas em cinco substâncias minerais
(calcário, caulim, ferro, fosfato e talco) constatou-se a estratégia de nicho. Isso é uma
forte evidência da dificuldade de as micro, pequenas e médias companhias competirem
com grandes empresas, numa atividade intensiva em capital, mesmo tentando se isolar
do confronto direto por meio da especialização em clientes determinados;
inserção competitiva pela estratégia de complementaridade à grande empresa:
nesta opção, a empresa de menor porte é subcontratada pela grande corporação ou
depende dela para processar seu produto. Apenas quatro casos encaixam-se nesse tipo:
bauxita, ferro, granito e ouro;
inserção de competição com a grande empresa: em sete substâncias minerais (água
mineral, bauxita, calcário, diamantes e gemas, ferro, manganês e ouro), as micro, pequenas
e médias empresas concorrem diretamente com a grande corporação, o que dificulta sua
sobrevivência no longo prazo, a não ser num contexto de mercado com alta taxa de
crescimento, apropriação de inovações tecnológicas por parte das empresas de menor
porte ou mesmo a manutenção do alto grau de informalidade.
As micro, pequenas e médias mineradoras no Estado apresentam deficiências nas três
dimensões da competitividade: empresarial, estrutural e sistêmica. As proposições de propostas
devem, assim, tentar minorar essas fragilidades e caminham nas seguintes direções:
no âmbito da competitividade empresarial:
treinamento gerencial, visando à redução do empirismo que domina a gestão dessas empresas;
regularização empresarial, uma vez que a própria informalidade dificulta o conhecimento
do mercado por parte das empresas atuantes;
estímulo/pressão para adoção de tecnologias com menor impacto ambiental, buscando reduzir os
impactos negativos da mineração em relação à sociedade;
agregação de valores, em particular nos segmentos de granito, ardósia e gemas (melhorando
as capacitações de beneficiamento e acabamento).
CALCÁRIO /
FERRO OURO ZINCO NÍQUEL NIÓBIO FOSFATO CIMENTO
Mundo Mercado Consumidor Siderurgia Joalheria Siderurgia Siderurgia Siderurgia Agricultura Constr. Civil
Crescimento Demanda Pequeno Médio Grande Grande Médio Muito Pequeno Médio
Nível Atual Reservas Muito Grande Pequeno Grande Muito Grande Muito Grande Muito Grande Muito Grande
Processo Consolidação Muito Grande Muito Grande Pequeno Médio Muito Pequeno Muito Pequeno Grande
Comportamento Preços Reajuste Anual Volátil Volátil Volátil Estável Estável Estável
Perspectivas Boas Ruins Boas Boas Boas Ruins Boas
Brasil Crescimento Demanda Médio Médio Grande Grande Médio Grande Pequeno
Nível Atual Reservas Muito Grande Médio Grande Grande Muito Grande Muito Grande Muito Grande
Posição Ranking Mundial 1º 12º 13º 9º 1º 7º 6º
Balança Comercial Grande Grande Pequeno Pequeno Grande Grande Equilibrada
Superávit Superávit Déficit Superávit Superávit Déficit
Orientação Comercial Mercado Mercado Mercado Mercado Mercado Mercado Mercado
Internacional Internacional Doméstico Internacional Internacional Doméstico Doméstico
Processo Consolidação Muito Grande Médio Muito Grande Muito Pequeno Muito Pequeno Grande Grande
Investimentos Recentes Grandes Pequenos Grandes Grandes Muito Grandes Grandes Grandes
Perspectivas Boas Boas Muito Boas Muito Boas Boas Muito Boas Ruins
Capítulo 13 - Visão de futuro e proposições de políticas
Minas Nível Atual Reservas Muito Grande Médio Grande Muito Pequeno Muito Grande Muito Grande Muito Grande
Gerais Posição Ranking Brasileiro 1º 1º 1º 2º 1º 1º 1º
Processo Consolidação Muito Grande Médio Muito Grande Muito Pequeno Muito Pequeno Grande Médio
Investimentos Recentes Grandes Pequenos Grandes Grandes Muito Grandes Grandes Grandes
Competitividade Atual Muito Grande Média Média Média Muito Grande Grande Grande
Competitividade Futura Muito Grande Média Média Muito Pequena Muito Grande Grande Grande
Principal Problema Pequenas - - Exaustão das Novos - -
Mineradoras Reservas Entrantes
Perspectivas Boas Boas Muito Boas Péssimas Boas Muito Boas Boas
NOTA: Elaboração Própria; optou-se por analisar as variáveis e atributos por cinco níveis: ótimo/muito grande, muito bom/grande, bom/médio, ruim/pequeno, péssimo/muito pequeno.
151
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Frederico Penido de Alvarenga - Secretário de Estado do Planejamento e Coordenação Geral - SEPLAN
José Augusto Trópia Reis - Secretário de Estado da Fazenda - SEF
Mauro Santos Ferreira - Secretário de Estado de Recursos Humanos de Administração - SERHA
Murilo Paulino Badaró - Presidente do Banco de Desenvolvimento S.A. - BDMG
Consultor Especial
João Camilo Penna
Consultores Orientadores
Antônio Barros de Castro
Caio Márcio Marini
Clélio Campolina Diniz
João Carlos Ferraz
Luis Aureliano Gama de Andrade
Paulo Roberto Haddad
O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S.A. BDMG, agradece a todos aqueles que, de forma direta e indireta,
contribuíram para o enriquecimento da obra Minas Gerais do Século XXI, através de suas participações em Workshops e
no Seminário de Integração.
Agradece ainda, a todas as Instituições públicas e privadas, que auxiliaram na construção dos diversos volumes que
compõem este Estudo.