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Reflexões e Propostas
Seminário realizado em maio de 2009
Organização:
Marcelo Sampaio Carneiro
Manuel Amaral Neto
Katiuscia Fernandes Miranda
Relações entre Empresas, Governos e
Comunidades na Amazônia Brasileira
Reflexões e Propostas
Seminário realizado em maio de 2009
Organização:
Marcelo Sampaio Carneiro
Manuel Amaral Neto
Katiuscia Fernandes Miranda
Belém, 2010
Relações entre Empresas, Governos e
Comunidades na Amazônia Brasileira
reflexões e propostas
Seminário realizado em maio de 2009
Organização:
Marcelo Sampaio Carneiro
Manuel Amaral Neto
Katiuscia Fernandes Miranda
realização apoio
Copyright © 2010 by IEB
organizadores
Marcelo Sampaio Carneiro
Manuel Amaral Neto
Katiuscia Fernandes Miranda
revisão de texto
Gláucia Barreto
impressão
Gráfica e Editora Alves
Esta publicação foi possível por meio do generoso apoio dos Estados Unidos através da Agência dos Estados Unidos da
América para o Desenvolvimento Internacional (USAID). O conteúdo é de responsabilidade dos autores e não reflete neces-
sariamente a visão da USAID ou do Governo dos Estados Unidos.
Sumário
Siglas e Abreviaturas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Sessões Temáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Mesa-redonda 1: Acordos entre empresas e comunidades: análise de
processos de comercialização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.1. Associação em Áreas de Assentamento no Estado do
Maranhão (Assema). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.2. Comunidade Santo Antonio e sua relação comercial com a
empresa Maflops. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.3. Cooperativa Mista da Flona Tapajós (Coomflona) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.4. Experiência PPP/GTZ – Projeto Cacau Nativo do Purus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Mesa-redonda 2: Processos de certificação como base para a
realização de acordos entre empresas e comunidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.1. Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de
Lago do Junco/MA (Coppalj) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.2. Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru
(Comaru/Amapá). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.3. Rede Ecovida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.4. Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.5. Avaliação de conformidade para produtos de extrativismo
da Amazônia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Mesa-redonda 3: O reconhecimento dos direitos de propriedade de
conhecimentos tradicionais em acordos entre empresas e comunidades. . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.1. Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de
Esperantinópolis/MA (Coppaesp). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.2. Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado (Reca). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.3. Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.4. Acordos entre empresas e comunidades e a atuação do
Ministério Público Estadual do Pará. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Mesa-redonda 4: O papel do Estado na promoção de acordos entre
empresas e comunidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.1. Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.2. Secretaria de Agroextrativismo – MMA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.3. Serviço Florestal Brasileiro (SFB). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.4. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
resultados e propostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
referências BIBLIOGRÁFICAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Siglas e Abreviaturas
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
6
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
cpt Comissão Pastoral da Terra
embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
fase Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
fetagri Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará
fetraf Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar
flona Floresta Nacional
fSc Conselho de Manejo Florestal (Do inglês Forest Stewardship Council)
gret Grupo de Pesquisa e Intercâmbios Tecnológicos (Do francês Groupe de Recherche et
d’echanges Technologiques)
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Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
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Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
dos com planos de manejo. Finalmente,
para as comunidades, que são o lado
menos favorecido e empoderado dessa
relação, o principal atrativo são as faci-
lidades de acesso a mercado para seus
produtos.
Esta publicação apresenta as pro-
postas e reflexões do seminário. Na pri-
Ao longo dos anos, as relações en- meira parte apresentamos os objetivos
tre empresas, comunidades e Governos principais do evento, bem como a me-
na Amazônia brasileira, baseadas no in- todologia desenvolvida para o alcance
teresse em explorar produtos florestais coletivo dos objetivos propostos e o per-
madeireiros e não madeireiros, vêm se fil do público participante. Na segunda,
tornando cada vez mais recorrentes. reproduzimos as apresentações das ex-
Para conhecer as percepções dos movi- periências que foram convidadas para
mentos sociais sobre essas relações, o o seminário, divididas conforme os pai-
Instituto Internacional de Educação do néis temáticos: i) acordos entre empre-
Brasil (IEB), por meio de seu Programa sas e comunidades: análise de proces-
de Manejo Florestal Comunitário, reali- sos de comercialização; ii) processos de
zou em Santarém, no período de 29 a 31 certificação como base para a realização
de maio de 2010, o seminário “Relações de acordos entre empresas e comunida-
entre Empresas, Governos e Comuni- des; iii) o reconhecimento dos direitos
dades na Amazônia Brasileira”. Os re- de propriedade de conhecimentos tra-
sultados do seminário mostram que as dicionais em acordos entre empresas e
questões que envolvem as relações co- comunidades; e iv) o papel do Estado na
merciais entre comunidades e empresas promoção de acordos entre empresas e
na Amazônia são amplas e cobrem um comunidades. A terceira parte apresen-
leque bastante variado de temas. No que ta os resultados das discussões com o
se refere aos atrativos para o estabeleci- conjunto dos convidados, que foram
mento da parceria, por exemplo, para o posteriormente aprofundadas em gru-
governo, representa a oportunidade de pos menores a partir de alguns eixos
dar vazão às políticas públicas voltadas indicados pela mediadora do debate.
à temática. Para as empresas, a parceria A quarta e última parte apresenta uma
facilitará o acesso a conhecimentos tra- reflexão, à luz das discussões do semi-
dicionais de processos de extração de nário, sobre a percepção da sociedade
essências e aromas e a oportunidade de civil com respeito às relações entre em-
manejar áreas públicas destinadas a co- presas e comunidades para a promoção
munidades e, assim, disponibilizar no do manejo de recursos naturais madei-
mercado produtos madeireiros legaliza- reiros e não madeireiros.
9
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
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debater a relação entre comunidades e sentantes de associações comunitárias
1
A ideia de realização de um levantamento sobre os diferentes tipos de acordo entre empresas e comunidades
na Amazônia nasceu após a realização do I Seminário Certificação Florestal e Movimentos Sociais na Amazô-
nia (GTNA/Fase/Imazon, 2003), apoiado pelo Cese e IEB. O seminário enfocou, dentre outras questões, um
tipo específico de acordo, aquele estabelecido por comunidades que realizam manejo florestal (madeireiro e
não madeireiro) e que buscam, por meio da certificação, o acesso a mercados que remuneram melhor o resul-
tado de seu trabalho.
11
Os representantes dessas enti- (14%), Manaus (4%) e Apuí (3%). Ou-
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
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metodologia do Meio Ambiente e dos Recursos Na-
2
Essas questões foram inspiradas nas perguntas do levantamento sobre as relações entre empresas e comuni-
dades realizado por Mayers & Vermeulen (2003).
13
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
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Momentos de discussão nos trabalhos de grupo. Fotos: Arquivo IEB.
As experiências foram organizadas em seções temáticas, a saber:
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Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
meSa-redonda 1:
acordoS entre empreSaS e comunidadeS:
análiSe de proceSSoS de comercialiZação
3
O Ceftbam é também o principal articulador do Território da Cidadania do Baixo Amazonas, instrumento
da política de desenvolvimento territorial do governo federal, que deve coordenar os esforços das políticas
públicas voltadas para o fortalecimento da agricultura familiar e da produção agroextrativista.
16
1.1. associação em áreas de cas; iii) produção agroextrativista; e iv)
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lações: avançar na conquista de
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
dos: o aumento da renda familiar, o em- (babaçu) que fica escasso em alguns meses
poderamento econômico e político das do ano; as grandes derrubadas e queima-
famílias agroextrativistas e a garantia de das dos babaçuais; o assédio dos atraves-
mercado com preço justo; o que vem es- sadores nas comunidades pela compra de
timulando as famílias a permanecerem amêndoas a preço baixo; a possibilidade
em suas comunidades de origem. Ainda de contaminação química dos babaçuais
como fruto dessa atuação na comercia- localizados em propriedades privadas.
lização, as cooperativas que a Assema Procuramos também refletir e
assessora (Coppalj, Coopaesp) se fortale- identificar, para trazer para esse encon-
cem e tornam-se referência para a iden- tro, os principais impactos sociais e am-
tidade dos produtores agroextrativistas bientais nas relações que mantemos nes-
– entre os quais estão as quebradeiras e ses processos de comercialização com
agricultores – e ajudam na diversificação empresas. A relação tem desdobramen-
da produção familiar. tos sociais a partir da política própria
Nessa experiência na mediação da cooperativa junto a seus associados.
de processos de comercialização nós en- Como parte da relação com as empresas
frentamos muitos problemas difíceis de do comércio justo a Assema (em parce-
esquecer, pois, é a partir da identificação ria com a Coppalj) vem incentivando o
desses problemas que a gente pode en- desenvolvimento do projeto das roças
contrar alternativas para sua solução. Os orgânicas com a proposta de eliminar o
principais problemas identificados são: a uso do fogo e de produtos químicos na
sazonalidade do produto comercializado atividade agrícola de seus associados.
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1.2. comunidade Santo antonio agricultura. Uma situação bastante dife-
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Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
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Comunidades do Assentamento Moju I e II. Fotos: Arquivo IEB.
empresa Maflops, vamos dizer que para Anual) a ser explorada. Nós constatamos
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A segunda etapa é a elaboração 50 famílias por associação, vamos ter em
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
Exemplo de LAR (Licença Ambiental Rural) de uma comunidade com exploração florestal no PA
Moju.
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licenciador. Então, isso é o licenciamen- conforme o volume que foi extraído des-
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temente que a natureza desequilibrada podem mostrar e negociar o volume de
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dessa relação faz com que, ao final, a as- madeira que possuem, podem inclusive
sociação cresça muito pouco, ou seja, ela pedir um adiantamento para a empresa
está numa camisa de força que a impos- compradora através dessas atividades
sibilita de se autonomizar. Obviamente, de exploração. Mas isto não ocorrerá de
se a associação possui uma pequena par- um dia para o outro, pois o nível de or-
ticipação nesse processo, se ela não assu- ganização comunitária tem que ser sufi-
me as responsabilidades, o controle da cientemente sólido. Pensamos que essa
operação florestal fica nas mãos da em- primeira parte poderia ser financiada
presa, inclusive os pagamentos dos colo- por um crédito do tipo Reforma Agrária
nos, que são realizados pela Maflops. ou Pronaf (Programa Nacional de For-
Há uma dúvida sobre a sustenta- talecimento da Agricultura Familiar). Fi-
bilidade ambiental desse arranjo, pois zemos um levantamento de quanto cus-
uma vez que a madeira foi retirada de taria por colono e chegamos a valores de
uma vez, o que vai acontecer durante os R$ 6 mil a R$ 8 mil. O que isso significa?
25 anos que seguem? Uma outra coisa é Que é incompatível com os créditos que
que o conjunto dessa relação é feito por o Incra fornece atualmente como crédi-
meio de um contrato, ou seja, o contra- tos de Reforma Agrária para as famílias
to abrange toda a relação até efetivada nos assentamentos, ou seja, se a políti-
a exploração – desde a documentação ca pública proporcionasse esse crédito
dos colonos até o preço que vai ser pago para as organizações dos assentados,
para cada um, deixando fora o período eles teriam essas autorizações (Autef) na
seguinte, quando a associação sozinha mão e poderiam negociar com as empre-
se responsabiliza pela manutenção da sas de forma completamente diferente.
floresta explorada até o novo ciclo de A relação com a empresa mudaria com-
corte. pletamente. Mas é evidente que isto exi-
Para melhorar essa relação, nós giria um trabalho de assistência técnica
estamos discutindo a elaboração de uma de forma a consolidar a organização dos
proposta, seguindo um pouco a experi- assentados. Também exigiria um trata-
ência que a Coomflona está implemen- mento reforçado do controle que as as-
tando: seria cortar um processo em dois, sociações deveriam ter sobre essas ativi-
fazendo uma primeira etapa até a emis- dades, porque não é só estabelecer um
são das Autorizações de Exploração contrato de exploração, teria que ter um
Florestal (Autef) a fim de permitir que meio de monitorar, verificar o volume
as comunidades negociem um contrato realmente explorado, saber negociar a
unicamente de venda e de exploração. venda da madeira e o custeio de explo-
Isto porque, com a Autef na mão, eles ração.
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1.3. cooperativa mista da flona de Flonas, os órgãos governamentais
Comunitários trabalhando no projeto de manejo florestal da Flona do Tapajós. Fotos: Suelen Cruz
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para fazê-la, mas conseguimos. Hoje nós devido às exigências contratuais para o
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
estamos com o estoque de madeira ain- pregão, que reprovou todas as empresas
da do ano passado, com cerca de 1.400 interessadas em participar. Nós fizemos
metros cúbicos, o que talvez nos leve a uma carta para a chefia da Flona, o ICM-
perder alguma madeira branca que fi- Bio (Instituto Chico Mendes de Conser-
cou junto com as outras madeiras. vação da Biodiversidade), em Santarém,
Então, o nosso objetivo dentro da pedindo que eles revissem o processo de
Flona, hoje, é trabalhar de maneira sus- pregão. Foi então que o gestor da Flona
tentável, respeitando o meio ambiente, liberou a venda da madeira por meio de
dando oportunidade aos comunitários e uma negociação direta com as empresas
beneficiando as comunidades que fazem interessadas.
parte dela e que hoje são da cooperativa. Duas empresas de Santarém ven-
A Coomflona possui 160 sócios coopera- ceram o processo para a compra da ma-
dos. deira e se combinaram em dividir a pro-
dução. Porém somente uma delas até
a relação comercial agora assumiu o compromisso e pagou
Hoje, nós fazemos contrato com pela madeira. Por isso que é importante
algumas empresas. Nós trabalhamos um contrato com a empresa, como acon-
somente com as máquinas terceirizadas teceu nos primeiros anos de exploração.
e toda a mão de obra utilizada para a Por exemplo, em 2007, não havia cláusu-
exploração são comunitários coopera- las no contrato que estabelecessem que a
dos. Por isso vendemos nossa madeira empresa fosse obrigada a ficar com toda
ainda na floresta, pois dependemos do a madeira do romaneio. Assim, quando
adiantamento das empresas para alugar chegou a hora de explorar, a empresa
os maquinários necessários à exploração escolheu somente a madeira que era de
florestal. Porém, temos encontrado difi- interesse comercial para ela e nós fica-
culdades na relação comercial com essas mos com 50% da nossa madeira em pé,
empresas. praticamente toda a madeira branca.
Para vender a madeira nós traba- Para a elaboração do contrato des-
lhamos num sistema de pregões. Vender te ano (2009) nós tivemos a ajuda de vá-
madeira por meio de pregões é uma exi- rias entidades que nos apoiam no proces-
gência que precisamos cumprir por tra- so de comercialização da madeira, como
balhar em área pública. Assim, a gente o projeto “Floresta em Pé”, que partici-
tem que fazer os pregões exigidos pelo pou da elaboração do contrato e do edi-
Ibama e dar entrada em uma transferên- tal e nos acompanhou em todo o proces-
cia para a sociedade. so de negociação com a empresa. Esses
Para a comercialização da ma- são nossos principais obstáculos ainda,
deira de 2008, nós fizemos três pregões mas eu tenho certeza que a partir des-
e não conseguimos vender a madeira ses encontros que estão acontecendo nós
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vamos ter outros caminhos que possam presa alemã de chocolates chamada Ha-
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com essa empresa de chocolates da Ale- mento é feito de forma descentralizada
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
manha, a Hachez, que demonstrou inte- pelos produtores – cada produtor faz o
resse em iniciar um projeto para explo- seu beneficiamento sem muito cuidado
ração de cacau nativo. no processo. Então o cacau da Amazô-
nia é considerado no mercado como de
a questão da qualidade e do segunda qualidade, inferior, com um
beneficiamento centralizado preço consequentemente baixo.
do cacau Então, tendo o conhecimento sobre
Como vocês sabem, o cacau é um esses estudos que mostravam esse poten-
produto originário da bacia Amazônica. cial, nós, na cooperativa, decidimos fazer
Existem diversos estudos que mostram um beneficiamento centralizado. Então
que o cacau nativo tem o potencial de o que a cooperativa faz? Ela compra os
ser um produto de qualidade superior, frutos das comunidades ribeirinhas, leva
seja pelo seu teor de gordura, seja pelo para algumas centrais de beneficiamento
ponto de fusão da manteiga, seja pelo nas quais se usa todo o critério e rigor ne-
sabor e aroma – que também estão re- cessários para que o produto tenha boa
lacionados à região. No entanto, a qua- qualidade.
lidade do cacau depende, também, de Porém, antes de se implantar essa
um processo de beneficiamento, isto é, o estrutura, a cooperativa fez um proje-
cacau tem potencial para ser de primeira to para essa empresa alemã para fazer
qualidade, mas se o beneficiamento não um levantamento do potencial produ-
for perfeito ele perde a qualidade. Isto tivo do cacau nativo na região. Então,
é o que acontece com parte importante um engenheiro florestal fez um levan-
do cacau produzido na Amazônia: Pará, tamento e constatou que existe um po-
Rondônia e Amazonas, cujo beneficia- tencial grande nas áreas de ocorrência
28
de cacau – foi identificada a existência atuação da cooperativa, se você for con-
29
muito lucrativo. Então, nós havíamos Mas nós ainda vamos certificar para con-
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
conversado com a empresa, que nos seguir mais um diferencial para o produ-
disse: “se vocês produzirem 100 tonela- to da cooperativa, procurando ampliar
das de cacau nós compramos, não tem a oferta de cacau de qualidade para o
limite, pode produzir o tanto que quiser mercado consumidor. A ideia é ampliar
que a empresa compra”. Nesse caso não os locais e entidades que fornecem cacau
existe problema de ausência ou limita- nativo. Então a ideia é tentar consolidar
ção do mercado, existe o problema da essa cadeia produtiva, cuja vulnerabili-
cooperativa conseguir estruturar uma dade atualmente está justamente nessa
oferta para atender essa demanda. variação que existe por conta da oscila-
ção no fornecimento da matéria-prima.
a parceria público-privada Os outros objetivos a serem alcan-
Em 2007 foi feita uma parceria çados com a parceria público-privada
público-privada para ajudar a fortale- são: promover a segurança alimentar
cer essa cadeia produtiva, pois havía- dos beneficiados, principalmente na es-
mos identificado problemas sérios de tratégia de diversificar a base alimentar;
variabilidade de escala e de variação a articulação de parcerias institucionais
de preço. A parceria estabeleceu alguns para promover projetos de educação e
objetivos para enfrentar esses proble- saúde para essas comunidades ribeiri-
mas. Um dos principais é revitalizar a nhas; e a divulgação do projeto.
cultura do cacau nativo por meio do Os parceiros dessa parceria pú-
manejo do cacau da mata e do plantio blico-privada são: a Cooperar, GTZ,
– com o manejo você chega a duplicar a Empresa Hachez, Instituto Regenwald,
produção do cacau em dois anos e esta- Universidade de Freiburg da Alema-
biliza o nível de produção, diminuindo nha, Ufac (Universidade Federal do
a variação. A parceria público-privada Acre), CNPq (Conselho Nacional de
então apoiou a adoção dessas técnicas Desenvolvimento Científico e Tec-
(manejo, plantio diversificado, SAFs) e nológico), Idam (Instituto de Desen-
promoveu um processo de capacitação volvimento Agropecuário e Florestal
de técnicos e extensionistas da região Sustentável do Estado do Amazonas),
para poder apoiar a extensão florestal Ceplac (Comissão Executiva do Plano
com esse produto. da Lavoura Cacaueira), MDA (Minis-
A parceria público-privada apoiou tério do Desenvolvimento Agrário) e a
também a certificação orgânica do cacau, Agência de Desenvolvimento Susten-
que era um objetivo inicial, antes da Ha- tável do Amazonas com o Ministério
chez colocar esse selo de produto silvestre. da Integração Nacional.
30
meSa-redonda 2:
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Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
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cooperativa funciona nos povoados por A questão do preço. O preço agre-
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Aí é que entra a questão da im- querem que as famílias agroextrativis-
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
portância da certificação. Nós vamos fa- tas tenham o direito livre de ida e vinda
lar um pouco melhor disso. Começando para a coleta do babaçu.
pela questão da embalagem. Nós temos Um último tema que quero tratar
todo um cuidado com a questão da hi- diz respeito à questão da consolidação
giene do produto, fazemos um acompa- de mercados. Nós avaliamos que ainda
nhamento para que esse produto seja atuamos em um nicho de mercado, no
certificado porque nós temos dificulda- mercado do comércio justo e solidário.
des em nos adequar às diretrizes impos- Precisamos unir forças, juntar mais os
tas pelo IBD (Instituto Biodinâmico). braços para que a gente possa carregar
Essa dificuldade está relacionada com isso aí. E também ampliar a capacidade
o fato de que os certificadores (IBD), de beneficiamento dos subprodutos do
quando vão fazer a avaliação, compa- babaçu – o óleo, o azeite, o mesocarpo, o
ram um pequeno estabelecimento des- sabonete, a torta e o artesanato.
se com uma grande empresa, que tem
toda a estrutura de mudar as coisas de 2.2. cooperativa mista de produtores
repente. extrativistas do rio iratapuru
Apesar dessas dificuldades vou (comaru/amapá)
mostrar também quais as oportunida- apresentado por
des que a certificação traz. Temos que márcio andré de freitas
ter uma organização bem solidificada,
então, é nisso que estamos trabalhando, Eu vou contar um pouco da his-
para que ela venha a se solidificar para tória da união das famílias que foram se
avançar e agregar valor de forma que a localizar na boca do rio Iratapuru e que
gente possa ficar não somente no baba- fundaram a Comaru. Antigamente, as
çu, mas trabalhar outras formas de be- famílias moravam em suas colocações às
neficiamento do produto. margens do rio Iratapuru. Com a cria-
Para finalizar, quero tratar dos de- ção da cooperativa elas passaram a se
safios que enfrentamos nessas relações. concentrar apenas na boca do rio Irata-
O primeiro grande desafio que precisa- puru. Esta é uma foto feita por satélite
mos trabalhar é diminuir as queimadas mostrando que uma parte da vila fica lo-
por meio da agroecologia. Outro desafio calizada às margens do rio e a outra fica
é a diminuição do uso de agrotóxicos mais acima.
nas lavouras, pois há uma persistência Falo agora da estrutura da co-
do pessoal, que parece ter facilidade de operativa. No início, a Comaru traba-
querer trabalhar com o agrotóxico. Mais lhava apenas com a venda de biscoito
um grande desafio é continuar com a para merenda escolar, por meio de um
política do livre acesso aos babaçuais, convênio que possuía com a Prefeitura
já que os fazendeiros do Maranhão não de Belém.
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A fundação da cooperativa ocor- castanha comprada pela cooperativa,
35
2.3. rede ecovida acontecia aos domingos, não dava conta
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
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os principais aprendizados ecologia como ferramenta para o desen-
37
• O pedido se dá na reunião do núcleo combinados. Além disso, temos pres-
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
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2.4. instituto de manejo e certificação internacional que desenvolve padrões
39
como é o processo de guma denúncia de descumprimento dos
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técnico para as comunidades. Essa fal- olhamos para essas questões. A comuni-
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mente do complemento de renda. Com estrada mal feita ou de uma derrubada
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o manejo, ainda que mal feito, entra di- realizada de forma inadequada por uma
nheiro para as famílias, existe a geração empresa na área certificada de uma co-
de empregos e serviços, pois, muitas munidade, eu vou aplicar a ação correti-
vezes as comunidades, as famílias são va na comunidade e não na empresa. E
envolvidas diretamente no manejo. Ou- como será resolvido esse problema? Eu
tro aspecto positivo é indireto e trata-se acho que esse tema de responsabilidade
da capacitação e do conhecimento. Só legal do plano de manejo e da certificação
o fato de estar envolvido no processo é um tema central para nossa discussão.
de manejo florestal que a empresa está Outra questão que a gente obser-
executando já se adquire conhecimento, va é o processo de formalização dessa
e ele também traz elementos de capaci- exploração realizada pela comunidade,
tação para as comunidades. O manejo a burocracia da certificação. De fato, a
gera, também, um espaço para tomada certificação exige a utilização de alguns
de decisão em grupo, isto é, todo esse papéis, como formulários, o registro das
processo de acordo faz com que a comu- atividades do manejo feito pela comuni-
nidade se sente em uma mesa para con- dade, que deve passar por um processo
versar, para expor as questões, para re- de formalização. Não tem jeito, não dá
solver em grupo e, também, uma maior para ser feito de outra maneira.
valorização da floresta, que é o primeiro No caso da avaliação das ques-
impacto positivo. Então, o que eu tentei tões ambientais, nós olhamos bastante
abordar, ainda que de forma resumida, para os impactos da exploração florestal
foi a questão da organização social. Para na fauna e na flora, seja o manejo de um
nós essa é a principal causa de sucesso produto madeireiro ou não madeireiro.
ou de insucesso de uma comunidade, Verificamos todas as questões referentes
da evolução do manejo florestal em uma à legalidade do manejo no que diz res-
comunidade, seja para produto madei- peito à obtenção das licenças ambientais
reiro ou não madeireiro. Portanto, para e analisamos os mecanismos de contro-
a realização de acordos, as responsabi- le da produção, que estão relacionados
lidades da comunidade e da empresa com a rastreabilidade dos produtos.
devem estar muito bem definidas, isto é, No que diz respeito ao componen-
deve ser bem estabelecido qual o papel te econômico do manejo, nós analisamos
de cada uma nesse acordo. a viabilidade do manejo, isto é, verifica-
Quem é o responsável legal pelo mos se aquela certificação, se aquele em-
plano de manejo junto à Sema, ao órgão preendimento está sendo viável econo-
estadual ou ao Ibama? Quem é o respon- micamente ou se, para aquela situação,
sável legal pela certificação? Bem, se hou- eventualmente, qual a utilidade da cer-
ve um problema, por exemplo, de uma tificação. Essa é uma análise que precisa
42
ser feita. Precisamos verificar como está maior for o número de instituições en-
43
2.5. avaliação de conformidade para sua segunda metade voltava igualmente
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
44
conformidade também confere garan- esses produtos chegam no mercado sem
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a produtividade vai vir daquele hecta- te vê que nos ambientes por onde a gen-
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
46
lhamos com a agricultura familiar, com tem outros valores além do econômico.
47
internacional também. Primeiramente, de vela, de isqueiro, de caixa d’agua de
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
meSa-redonda 3:
o reconHecimento doS direitoS de propriedade de
conHecimentoS tradicionaiS em acordoS
entre empreSaS e comunidadeS
48
mercialização. E finalmente chegamos Bom, agora vou falar da história
49
sa muito nova que estava chegando a Depois dessa discussão, que du-
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nossa região. Quando chegou a propos- rou o ano inteiro, a gente descobriu que
ta de que pessoas com menos de dezoito havia um recurso maior para ser colo-
anos não poderiam trabalhar, foi uma cado nesse contrato, que era a questão
explosão no meio da comunidade entre do patrimônio genético acessado para
o pessoal que estava produzindo: “Mas desenvolver a pesquisa científica. Nós
isso é um absurdo porque isso aqui é soubemos da existência da Medida Pro-
um trabalho que tem que ser repassado visória n° 2.186, de 2001, que obriga uma
de pai para filho, para a família, porque empresa que quer acessar um produto,
não pode perder esse conhecimento, um patrimônio genético, desenvolver
essa tradição”. O pessoal da Natura che- pesquisa, a se legalizar primeiro, fazer
gou mais com calma e, de dezoito anos, um contrato de anuência prévia. Nós
baixou um pouco mais para ir tentando então começamos essa discussão sa-
acalmar a gente. Então eles trouxeram a bendo que havia mais valor, que era o
engenheira de trabalho e aí foram con- patrimônio genético associado também
gregando engenheiro de trabalho, médi- ao conhecimento tradicional por se tra-
co, para saber se aquele trabalho era re- tar de uma população tradicional. Nessa
almente de risco, que era proibido para discussão a gente não tinha segurança
pessoas com menos de dezoito anos de- sobre a qual valor se ia chegar. Mas com
senvolver. É certo que a gente levou um o apoio da assessoria, que começou a
tempo nessa discussão até chegar a um buscar recursos para verificar isso, bus-
consenso de que a gente ia aceitar isso car conhecimento para ver aonde che-
num contrato. gava essa discussão, a gente chegou ao
Aos poucos a gente foi buscando número. Esse número começou a passar
assessoria. Nós recebemos a assessoria de R$ 1 milhão, valor que deixou todos
da equipe técnica da Assema, envolve- meio espantados.
mos mais a assessoria do MIQCB, o Mo- Quando a gente começou a con-
vimento Interestadual das Quebradeiras cordar sobre o número, aí veio a ques-
de Coco, que é o órgão de organização tão da forma de fazer o repasse, isto é,
maior da defesa da quebradeira, de re- como repassar esse valor dos benefícios
presentação delas. Foram então se con- sobre o acesso ao patrimônio genético
gregando mais pessoas nessa discussão e sobre o conhecimento tradicional as-
e então começamos a discutir o contrato sociado. Nós então começamos a dizer
e também a questão da participação no que esse recurso tinha que ser passado
lucro. Fomos então discutir a participa- como indenização porque a Natura, ini-
ção no lucro por meio da repartição de cialmente, antes de acessar o patrimônio
benefícios, mas ninguém tinha certeza para a pesquisa, não tinha feito o termo
de um número: eram R$ 30 mil que de- de anuência prévia. Nós então começa-
pois passaram para R$ 100 mil. mos a dizer: “esse recurso tem que ser
50
passado para a cooperativa como inde- melhor”. Nós tivemos muita sorte com
51
quebradeiras de coco babaçu, de apoio discussão. A gente, formalmente estava
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
52
Estado de Rondônia. Fica na divisa do beneficiada por nós mesmos, 60 mil qui-
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ela só quer a certificada e, nós, certifica- só certificado, e no outro dia será o con-
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
dos, temos todas as áreas, mas não con- vencional. São menos famílias só que
seguimos o selo ainda para todas. Nós a produção é mais certificada do que
temos trinta áreas certificadas. Além da convencional. Nós temos dificuldade
manteiga certificada, a gente vende tam- ainda para trabalhar, para separar tudo,
bém para a Natura o óleo de castanha, que mas nós já temos uma estrutura grande,
também é dos produtores certificados, e com tudo de congelamento, câmara fria
o convencional, que é extraído da mata, grande, tudo separado, tudo com nome,
pois por enquanto a Natura não trabalha para não dar problema. É mais ou me-
com nossos outros produtos, como pal- nos isso, a gente vende principalmente
mito, cupuaçu. Esse óleo que é extraído a manteiga e o óleo da castanha, sendo
da mata não entra como certificado por- tudo certificado.
que se o nosso grupo é certificado, o sí- O contrato com a Natura já está
tio todo, eu não posso tirar a castanha da com três anos, desde quando ela veio fa-
mata. Lá na mata, a castanha é todinha zer o pedido para os contatos para certi-
natural, não tem química, mas se sai da ficação, que foi feita pelo Imaflora, a pe-
casa de quem está irregular porque tem dido da Natura. Foi a Natura que veio,
lixo jogado, queima plástico e queima o viu a nossa manteiga e fez os contatos.
lixo, mesmo não tendo química, essa cas- Ainda não conseguimos o selo para to-
tanha não pode ser certificada. A Natura dos os dez produtos que nós trabalha-
compra também a castanha certificada, mos, mas queremos certificar tudo.
mas este ano ela só pediu duas toneladas
de óleo porque já havia comprado muito. 3.3. movimento de mulheres das
A Natura nos paga um preço bom pela ilhas de belém
manteiga – a convencional ela não está apresentado por
querendo. Nós só vendemos a manteiga, adriana lima
mas queremos vender também os nossos
outros produtos. O Movimento de Mulheres das
Está para sair o selo orgânico des- Ilhas de Belém é uma associação que
sas trinta famílias. Os outros estão se existe há dez anos e conta, hoje, com ses-
preparando para que o Reca seja todo senta associados, dos quais 45 são mu-
certificado – fica mais fácil para trabalhar lheres. A nossa sede fica na Ilha de Co-
porque nós temos que dividir tudo, pois tijuba, uma das ilhas que pertencem ao
quando a gente despolpa o cupuaçu, que município de Belém e um dos trabalhos
é o nosso forte, tem que separar tudo nas que desenvolvemos é com a empresa
câmaras frias, em caixas diferentes, com Natura.
repartições dentro da câmara para não Em 2004, quando iniciamos, nós
ser misturado. Nos dias que nós traba- trabalhávamos com produção de doce
lharmos com cupuaçu certificado, será de frutas tropicais, então nós procura-
54
mos as universidades e os órgãos públi- Solabia. O caso com a empresa Solabia
55
som. Com o projeto dessa repartição de Sobre os principais impactos des-
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
56
vel. Mas a importância do produto orgâ- 3.4. acordos entre empresas e
57
O uso dos conhecimentos tradi- sidade. Portanto, não obtiveram também
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
58
para o debate em torno dos direitos dos biodiversidade, levando em conta todos
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nais relevantes à conservação e à utiliza- cionais associados, demarcando a neces-
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
60
dades voltadas à elaboração de produtos para citar um dado, entre janeiro de 2001
meSa-redonda 4:
o papel do eStado na promoção de acordoS
entre empreSaS e comunidadeS
61
de Colonização e Reforma Agrária). O Esses dutos anteriormente eram reves-
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
Ideflor também participou desta mesa- tidos com folhas de alumínio ou cobre,
redonda, mas por motivos técnicos não e agora estão sendo revestidos com essa
foi possível transcrever sua apresenta- tecnologia dessas esteiras com as folhas
ção e, consequentemente, disponibilizá- de carnaúba. Com essa nova tecnologia
la neste documento. a Petrobrás já teve uma economia de R$
700 mil e, durante a fase de execução do
4.1. companhia nacional de projeto, ela comprou mais de 35 mil es-
abastecimento (conab) teiras desses extrativistas de carnaúba a
apresentado por um preço de R$ 7,00.
paulo oliveira O que aconteceu? Com o fim do
projeto, a Petrobrás lançou, agora, um
Vou começar falando de nossa edital para adquirir essas esteiras e a
atuação na questão dos mercados insti- gente sabe que já têm empresas ofertan-
tucionais. Nós pensamos que esse mer- do nessa licitação esteiras a R$ 3,50, en-
cado institucional, que é um mercado no quanto que a cooperativa vendia para a
qual o governo entra fazendo a compra Petrobrás a um valor de R$ 7,00. Então,
diretamente com o produtor extrativista, o MMA já está em negociação com a Pe-
é fundamental. Ele é importante princi- trobrás para que ela não abaixe o preço
palmente para os grupos que estão mais de compra desse produto, que ele conti-
frágeis do ponto de vista da sua gestão, nue a R$ 7,00 para que as mulheres que
da sua associação, da sua cooperativa, fazem essas esteiras consigam obter pelo
ou seja, do ponto de vista do empreen- menos um salário mínimo ao mês.
dedorismo, da gestão administrativa, fi- Nessa ação nós procuramos esti-
nanceira, comercial. mular a responsabilidade social dessas
Nós também temos pensado em empresas para que, ao comprarem um
outros mercados, em outros mecanis- produto agroextrativista, elas não remu-
mos que possam ser utilizados para ad- nerem somente o valor da matéria-prima
quirir esses produtos. Só para citar um ou o custo de produção, mas que nesse
exemplo de negociação, nós estamos preço estejam embutidos outros elemen-
fazendo agora uma com a Cooperativa tos como os serviços ambientais, os ele-
Carnaúba Viva, que abrange os Estados mentos de ordem cultural. Grande parte
do Ceará e do Rio Grande do Norte, a desses produtos advém de um processo
partir de um projeto da Petrobrás am- de conhecimento tradicional constituído
biental. Nesse projeto, eles desenvol- ao longo de muitos anos, então, é im-
veram uma tecnologia de produção de portante que esses valores, sejam eles
esteiras com folha de carnaúba que a culturais, ambientais ou sociais, sejam,
Petrobrás está usando para recobrir du- de fato, garantidos nos preços ofertados
tos que conduzem óleos, vapores, gás. por essas empresas.
62
No sentido de fortalecer esse di- dades tradicionais, as estatísticas oficiais
63
demanda por produtos ambientalmen- em situação de vulnerabilidade alimen-
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
64
tancial nos recursos disponíveis para a ções do setor produtivo apontam para a
65
de Vigilância e Inspeção Sanitária), SFB comunidades e empresas; às ações atu-
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
(Serviço Florestal Brasileiro), Incra, o se- almente desenvolvidas pelo SFB em as-
tor empresarial, as agências de fomento sentamentos; às propostas para normati-
e a sociedade civil organizada. zação da relação assentados e empresas;
Essa abordagem sistêmica, parti- e ao Decreto de Política de Manejo Flo-
cipativa e descentralizada é que propicia restal Comunitário e Familiar e Plano
um ambiente favorável para o desenvol- Anual de Manejo Florestal Comunitário
vimento de planos de trabalho específi- e Familiar.
cos e a construção de uma visão estra- Em primeiro lugar buscamos pon-
tégica de apoio e fomento aos arranjos tuar que a questão do manejo florestal
produtivos locais e regionais, entenden- em assentamentos e parcerias entre co-
do que, somente assim, as Cadeias de munidades e empresas ganha, cada vez
Produtos da Sociobiodiversidade e os mais, a necessidade de olhares atentos
extrativistas serão fortalecidos. Nos dois por serem os assentamentos as florestas
anos iniciais do Plano, 2009 e 2010, es- públicas mais ameaçadas de deixarem
tão sendo priorizadas ações específicas de ser florestas. O seu ritmo de criação
relacionadas às cadeias da castanha- se torna mais rápido do que a capacida-
do-brasil e do babaçu. Essa estratégia de de acompanhamento. Mas ao mesmo
estabelece a instalação de instâncias de tempo acompanhar o que está aconte-
governança ao nível nacional, estadual e cendo se faz imprescindível, exigindo
local, compartilhadas entre todos os re- de nós vigor e criatividade para a inven-
presentantes que atuam nos mais diver- ção e reinvenção de formas competentes
sos elos das cadeias. de resguardar não só as florestas, mas
seus produtos e sua população. Neste
4.3. Serviço florestal brasileiro (Sfb) caso, prioritariamente aquela população
apresentado por organizada em assentamentos que, por
márcia muchagata serem áreas regularizadas, sofrem forte
assédio do setor madeireiro e padecem
Participamos do Seminário Rela- de outras fragilidades e apelos externos.
ções entre Empresas, Governos e Comu- Daí a razão de enxergarmos a realização
nidades na Amazônia Brasileira, ocorri- de parcerias como um dos caminhos vi-
do em Santarém entre 28 e 30 de 2009, áveis para se lidar com o problema.
representando o SFB. Na mesa-redonda Na base dessa atuação está a Lei
que tratou sobre “o papel do Estado na de Gestão de Florestas Públicas (Lei nº
promoção de acordos entre empresas e 11.284/2006), que instituiu a criação
comunidades”, buscamos apresentar as do próprio SFB e determina que as áre-
políticas florestais desenvolvidas pelo as que eram florestas públicas em 2006
SFB. Demos enfoque ao manejo flores- devem continuar públicas e florestas.
tal em assentamentos e parcerias entre Dessa forma, a partir desta data não po-
66
deriam mais ser criados assentamentos etapas a serem seguidas para a explora-
67
simples possível. Na normatização do Distrito Federal; deve consultar a Cona-
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
MFC pode, ainda, ser definido o papel flor (Comissão Nacional de Florestas) e
de parceiros, como o Serviço Florestal, a CGFLOP (Comissão de Gestão de Flo-
seus equivalentes estaduais etc. Por fim, restas Públicas) e; deve ser concluído até
propomos que os PAs com áreas indivi- o dia 31 de julho do ano anterior ao seu
duais também sejam objeto de normati- período de vigência.
zação, em condições bastante diferencia- O Plano terá como referência o al-
das dos de uso coletivo. A preocupação cance de metas até 2011 em relação aos
deve ser com a conformidade ambiental seguintes indicadores:
e o impacto sobre o conjunto do assen- • Área de floresta com destinação co-
tamento. Quanto ao Decreto de Política munitária;
de Manejo Florestal Comunitário e Fa- • Área de floresta comunitária com ma-
miliar consideramos importante a fami- nejo florestal;
liaridade com o teor do documento que • Número de famílias manejando flo-
define, no Artigo 5, que são manejadores restas;
florestais comunitários e familiares, des- • Valor da produção florestal comuni-
de que pratiquem o manejo florestal nos tária.
termos do artigo 4º: os povos e comuni- Para cada um dos indicadores
dades tradicionais, conforme disposto foram estabelecidas metas para serem
no Decreto nº. 6.040/2007; e os agricul- cumpridas até 2011. Com relação à área
tores familiares, conforme definidos no de floresta com destinação comunitária
art. 3º da Lei nº. 11.326/2006. que atualmente tem 127,5 milhões de
O Decreto estabelece, em seu Ar- hectares, pretende-se chegar a 140 mi-
tigo 9, a realização do PAMFCF (Plano lhões. A área de floresta comunitária
Anual de Manejo Florestal Comunitá- com manejo florestal tem 2,4 milhões de
rio e Familiar), plano este que define as hectares e deve chegar a 4 milhões ao
ações, atividades e prazos para imple- final do prazo. Já o número de famílias
mentação da Política Nacional de Ma- manejando florestas deve aumentar 50%
nejo Florestal Comunitário e Familiar no em relação a 2008 e o valor da produção
ano em que vigorar. florestal comunitária deve crescer 25%
O PAMFCF deve ser elaborado de em relação ao mesmo período.
forma participativa, em conjunto com os Assim, a estrutura do PAMFCF
órgãos envolvidos na Política, sob coor- inclui objetivos, metas, ações e escopo
denação do MMA; deve conter a descri- para 2011.
ção de todas as ações a serem implemen- Já as ações previstas para o perío-
tadas naquele exercício pelas diversas do compreendido entre 2010 e 2011 são
entidades do governo relacionadas ao as seguintes:
objeto desta política; deve considerar os • Fortalecimento organizacional (socie-
planos dos Estados, dos municípios e do dade civil);
68
• Fortalecimento institucional (gover- 4.4. instituto nacional de colonização
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Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
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Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
já está lá e os reconhece, seja população plo, ele rompeu o contrato que tinha an-
tradicional ou não tradicional, e aí virou teriormente e está tentando trabalhar o
um assentamento – em todo o eixo da manejo de forma comunitária, ou seja,
Transamazônica é esta a realidade. eles mesmos vão, com aquela microsser-
Voltando ao caso da empresa e dos raria que possuem, beneficiar a madeira
comunitários; no geral, o que acontece? e vendê-la – eles vão extrair e vender a
A experiência que nós temos é que che- madeira na própria comunidade organi-
ga a empresa madeireira com uma tec- zada, não é isso? A intenção é essa, toma-
nologia, conhecimento, e encontra uma ra que dê para chegar até o fim.
associação de pessoas pobres que ainda Do ladinho, Virola Jatobá tem um
nem estão no processo produtivo e, em contrato com uma madeireira, sendo
muitos casos, constituíram recentemente que esse contrato, inclusive, já apresen-
a associação. A tendência é que haja uma ta alguns problemas etc. Lá no Pacajá
relação de exploração, um tipo de relação há um outro tipo de empresa que quer
muito desigual. Por isso que é importante chegar no assentamento através do re-
a mediação do Poder Público. Com essa florestamento com paricá e trabalhando
mediação os assentados podem elaborar com os colonos numa espécie de inte-
o plano de manejo comunitário, então, a gração. Percebam que neste caso envol-
exploração de madeira passa a ter outra ve o plantio de espécies florestais, que é
natureza, contando com a mediação por outra modalidade.
parte de algum ente do Poder Público – Bom, eu acho também que – essa
pode ser o Incra, o SFB, pode ser uma do- discussão é fora do contrato – o mais im-
bradinha, seja o que for – é fundamental, portante é o seguinte: a gente tem clareza
sob pena de não funcionar. da fragilidade organizativa dos assenta-
Outra coisa, também, em que eu mentos, o que significa que a chegada de
acho que a gente não pode cair: nós não uma empresa para fazer contrato com
podemos estreitar muito a nossa visão da esses assentados precisa ter alguma me-
coisa, eu acho que tem que experimentar diação do Poder Público, mesmo porque
muitas formas para o plano de mane- são terras e florestas públicas, e, por essa
jo florestal comunitário. A forma que o razão, sem dúvida nenhuma deve ter o
PDS Esperança está tomando, por exem- aval, no mínimo, do Poder Público.
71
Os questionamentos propostos
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
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Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
grupo 2 Impactos • Legalidade do contrato;
Madeireiro: • Fortalecer a organização
• Comunidade perde autonomia sobre a área. É social;
alijada do processo produtivo. • Inserir o Estado como regu-
Não madeireiro: lador;
• Recurso natural passa a ser protegido; • Separar o que é dever do
• Fomenta a organização social; Estado e o que é objeto do
• Aumenta a percepção do valor do produto; contrato.
• A comunidade faz parte do processo produtivo.
grupo 3 Aspectos positivos • Análise dos impactos gera-
• Geração de renda; dos com o acordo;
• Organização social; • Transparência nos diversos
• Preservação e uso racional da floresta; elos da cadeia produtiva
• Melhoria da qualidade de vida; (contratos);
• Diversificação da produção e garantia de venda • Repartição justa dos benefí-
dos produtos. cios;
Aspectos negativos • Atendimento das exigências
• Enfraquecimento social pela dependência; legais;
• Destruição dos recursos naturais com a explora- • Acordos devem ser direcio-
ção excessiva; nados para o desenvolvimen-
• Concentração em poucos produtos e comprado- to da sustentabilidade da
res. comunidade;
• Empresa deve fazer investi-
mentos socioambientais extra
preço (responsabilidade);
grupo 4 Impactos Sociais
• Melhoria na qualidade de vida;
• Infraestrutura (escola e saneamento básico);
• Experiência para firmar novos contratos;
• Melhores condições de trabalho.
Impactos Ambientais
• Diminuição do uso de agrotóxicos;
• Diminuição do desmatamento;
• Aumento de áreas reflorestadas;
• Educação ambiental;
• Certificações ambientais orgânicas.
grupo 5 Aspectos positivos
• Maior fortalecimento das organizações sociais;
• Aumento na renda familiar;
• Introdução de novos conhecimentos por meio de
capacitação;
• Maior valorização dos recursos naturais;
• Introdução de tecnologia apropriada.
Desafios
• Retratar no contrato o “tempo da comunidade”;
• Prever medidas mitigadoras durante o processo;
• Não firmar toda a produção em um único contra-
to;
• Levantamento das instituições envolvidas;
• Considerar o tempo da comunidade para formu-
lação do contrato;
• Considerar a variação da produção.
73
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
grupo 6 • Em Juruti a relação com a Alcoa não tem sido • Analisar cada cláusula do
positiva – problemas ambientais com as estradas e contrato na hora do acordo;
os igarapés; • Levantamento de mercado
• Para a Coomflona, em Belterra, uma empresa para confrontar com as espé-
preferia fazer contato com algumas pessoas em cies inventariadas;
detrimento das relações contratuais com a coope- • Histórico das empresas (é
rativa; confiável ou não);
• Relações sem transparência geram desconfiança • Transparências das ativida-
entre os comunitários e as lideranças, assim como des de exploração da empre-
com as empresas (Anapú e Porto de Moz). sa com a comunidade;
• Capacitação das comunida-
des para realizar o acompa-
nhamento.
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Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
grupo 3 Vantagens:
• Agrega valor e dá confiabilidade;
• Organização da produção;
• Amadurecimento comunitário;
• Amplia mercado;
• Proporciona mudanças de hábitos.
Desvantagens:
• Serviço caro e burocrático;
• Tradução das diretrizes não adequadas às realidades regionais;
• Desafios e custos do controle comunitário;
• Cria nichos e restringe o mercado;
• Limitação nas culturas tradicionais.
grupo 4 • Ganho ou manutenção de mercado ou preço;
• Promove a qualidade do produto;
• Garantia de uso dos recursos para as próximas gerações;
• Incentiva a organização coletiva das comunidades para a produção;
• A produção é influenciada para fatores climáticos incontroláveis;
• Dependência das leis de oferta no preço dos produtos.
grupo 5 • Necessidade de agregar valor ao produto;
• Capacitação das famílias para atingir o mercado interno e externo;
• Reconhecimento dos valores culturais, ambientais, sociais e econômicos.
Vantagens:
• Produtos livres de atravessadores e de agrotóxicos;
• Distribuição proporcional e justa da sobra de produção entre cooperados;
• Zoneamento da propriedade;
• Fortalecimento das relações entre famílias;
• Reconhecimento dos valores de cada produtor;
• Organização social interna;
• Capacitação ambiental e controle.
grupo 6 • Maior facilidade para comercialização para o mercado externo;
• O certificado dá origem ao produto;
• O produtor quer diminuir os intermediários e ter maior lucro;
• A certificação, hoje, não atende os interesses das comunidades, mas um nicho de
consumidores;
75
participantes as diversas políticas pú- milton (cnS)
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
blicas que estão sendo articuladas e/ Importância do relato feito por li-
ou implantadas no âmbito de cada ins- deranças comunitárias sobre as experi-
tituição governamental estadual e fe- ências que estão em andamento.
deral. Dentre as políticas apresentadas,
destacam-se: clariça (WWf-apuí)
1. Decreto que institui a Política Nacio- Discussão sobre marco legal do
nal de Manejo Florestal Comunitário manejo florestal comunitário como pon-
e Familiar; to forte do seminário.
2. Grupo de trabalho para discutir a ela-
boração de Instrução Normativa do manoel rodrigues (coppaesp)
Incra para disciplinar o manejo flores- Identificou nas discussões vários
tal em assentamentos; elementos que permitirão o desenvol-
3. Programa de Aquisição de Alimen- vimento de ações no seu local de atu-
tos; ação.
4. Cadeias da Sociobiodiversidade –
Preço mínimo; raimundo ermínio (coppalj)
5. Política federal de articulação dos Elogiou a amplitude da represen-
Territórios da Cidadania. tação presente no seminário e destacou a
No último dia do seminário foi necessidade de pressão sobre os órgãos
realizada uma plenária com os repre- governamentais para maior efetividade
sentantes das entidades presentes para das políticas discutidas no evento.
a avaliação dos debates realizados e a
discussão das perspectivas de continui- gilson (transamazônica –
dade em seminários posteriores. Str de altamira)
Na avaliação foi destacada a novi- Destacou o intercâmbio de expe-
dade dos temas discutidos, a boa quali- riências como o ponto forte e registrou
dade das exposições e a abrangência das com destaque a presença de jovens no
apresentações realizadas. Cada interven- seminário.
ção destacou um aspecto mais marcante
do seminário, conforme descrito abaixo: Jorge (pa moju – aprocosma)
Ressaltou a importância da pre-
gilberto (reca) sença de técnicos do Incra no evento e
Contato com novas discussões, o problema da morosidade da chegada
que serão transmitidas aos companhei- da ação governamental nos assenta-
ros de organização. mentos.
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maria alaídes (assema) Ao longo do debate surgiram
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da pelos produtores agroextrativistas do mente na relação entre empresas e co-
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rando uma Instrução Normativa que visa O compromisso das instituições
Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
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Relações entre Empresas, Governos e Comunidades na Amazônia Brasileira - Reflexões e Propostas
COSTA, Wanderley M. Utilização dos ROSS-TONEN, M.A.F; et al. (2008) Fo-
recursos florestais madeireiros. um pro- rest-related partnerships in Brazilian
jeto para a amazônia no Século XXi: Amazonia: there is more to sustainable
desafios e contribuições. Brasília: Cen- forest management than reduced im-
tro de Gestão e Estudos Estratégicos, pact logging. forest ecology and mana-
2009. gement (article in press).
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“Este livro apresenta as contribuições dos representantes de organizações comunitárias, agências gover-
namentais e entidades de mediação presentes no seminário “Relações Empresas, Governos e Comunidades na
Amazônia Brasileira”, realizado em maio de 2009, em Santarém, Pará. A publicação está dividida em quatro par-
tes. Na primeira apresentamos os objetivos principais do evento, a metodologia desenvolvida para o alcance dos
objetivos propostos e o perfil do público participante. Na segunda reproduzimos as experiências apresentadas
no seminário. A terceira parte mostra os resultados das discussões com o conjunto dos convidados. E a quarta
e última parte apresenta uma reflexão, à luz das discussões do seminário, acerca dos tipos de relações que têm
sido estabelecidas entre empresas, governos e comunidades para a promoção do manejo de recursos madeireiros
e não madeireiros na Amazônia brasileira”. Este livro foi publicado pelo Instituto Internacional de Educação do
Brasil (IEB) por meio do seu programa de Manejo Florestal Comunitário.
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