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Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida sob quaisquer meios existentes
sem a autorização por escrito dos organizadores.
Este livro foi escrito por autores brasileiros e portugueses em suas línguas nativas. Em respeito a este fato, os
organizadores optaram por manter a linguagem dos capítulos tal como foi escrita.
Comitê Editorial
Prof.ª Dr.ª Fernanda Ribeiro Universidade do Porto - Portugal
Prof. Dr. George Leal Jamil Universidade FUMEC, Minas Gerais, Brasil
Prof. Dr. José Luiz de Freitas Júnior Faculdade de Tecnologia SENAI de Desenvolvimento
Gerencial – Goiás – Brasil
Prof.ª Dr.ª Maria Helena Guimarães Escola de Economia e Gestão,
Universidade do Minho – Portugal
Prof. Dr. Manuel Ennes Ferreira Instituto Superior de Economia e Gestão,
Universidade Técnica de Lisboa – Portugal
Prof. Dr. Manoel Pereira da Costa Diretor de Educação e Tecnologia SESI/SENAI
Goiás – Brasil
Prof. João Francisco da Silva Mendes Faculdade de Tecnologia SENAI de Desenvolvimento
Gerencial – Brasil
Prof. Dr. Fernando Colmenero Ferreira Universidade da Madeira, Portugal
Prof. Dr. Edson Luiz Riccio Universidade de São Paulo, Brasil
G333
CDD 020
Sumário
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
GESTÃO DA INFORMAÇÃO
Capítulo 1 A gestão da informação como área transversal e interdisciplinar:
Diferentes perspetivas e a importância estratégica da “tipologia
informacional”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Armando Malheiro da Silva
Capítulo 2 A gestão da informação e da comunicação na gestão da crise
e do desastre: O caso do turismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Vítor Hugo Gonçalves; Fernando Colmenero Ferreira
Capítulo 3 Comércio Electrónico B2B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Paulo Rita
Capítulo 4 E-B2G – negócio a governo eletrónico: Enquadramento
e evolução dos portais corporativos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Pedro Campos
Capítulo 5 O papel das bases de dados como repositório de conhecimento
escondido: Caso de estudo de um projeto de fidelização
no sector petrolífero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Filipe Mota Pinto
INOVAÇÃO
Capítulo 6 A dinâmica das hélices triplas na inovação e na valorização dos
territórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
André Magrinho; Joaquim Ramos Silva; Mário Franco
Capítulo 7 Barreiras à inovação em pme de base tecnológica:
Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment”. . . . . . . . . . . 189
Patrícia Salvado; Tatiana Miraldes; Mário Franco; .Francisco A. S. Almeida
Capítulo 8 Construindo a interação entre universidade e empresas:
O que os atores pensam sobre isso? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211
Carla Conti de Freitas; Yara Fonseca de Oliveira e Silva; .Julia Paranhos;
Lia Hasenclever; Renata Lèbre La Rovere
Capítulo 9 Influência de padrões de inovação tecnológica da Política
de regulação ambiental no desempenho econômico
e socioambiental da indústria de lacticínio em Goiás – Brasil . . 221
Francisco A. S. Almeida; Isak Kruglianskas; Carla Conti de Freitas
Capítulo 10 O impacto da Inovação Aberta vs Fechada no desempenho das
empresas portuguesas: Resultados tendo por base o CIS 2008. 239
Pedro Nuno Ferreira; Mário Franco
Capítulo 11 Perspectivas da inovação de marketing em serviços médicos:
Um estudo exploratório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 269
Sebastião Lázaro Pereira; Moisés Ari Zilber; .Leninne Guimarães Freitas
logística
Capítulo 12 Logística: Uma breve introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293
Joana Dias; Maria do Céu Marques
Capítulo 13 Logística inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323
Catarina Delgado
Capítulo 14 Logística e redes: Influências nas cidades . . . . . . . . . . . . . . . . 343
Christiano de Oliveira Silva; Suzana Ribeiro Lima Oliveira;
Patrícia de Oliveira Lacerda
Capítulo 15 Logística e transportes: Desafios e oportunidades
da intermodalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 355
Maria do Sameiro Carvalho
Capítulo 16 Gestão responsável da cadeia logística . . . . . . . . . . . . . . . . . . 385
Catarina Delgado; Manuel Castelo Branco
Capítulo 17 O Modelo Kaizen Lean Total Flow Management:
A prática da logística moderna. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411
Euclides A. Coimbra
Capítulo 18 O que é a logística interna?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 439
Eduardo Martins
Capítulo 19 Portos de Leixões e de Nacala: Um exercício de não comparação
e de valorização da gestão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 469
João Pedro Matos Fernandes
Capítulo 20 Problemas de localização no contexto das atividades logísticas. 501
Joana Dias; Maria do Céu Marques
Capítulo 21 Uma abordagem baseada em ontologias para a área
da logística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 533
Moisés Lima Dutra; William Barbosa Vianna; Márcio Matias;
Adilson Luiz Pinto
Autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 561
Prefácio
I
nicialmente quero dizer que me sinto honrado com o convite para escrever
o prefácio deste volume IV da Coletânea Luso-Brasileira, denominada Ges-
tão da Informação, Inovação e Logística organizada pelos colegas Francisco
Alberto Severo de Almeida, Armando Malheiro da Silva, Mário José Batista
Franco, Pedro Quelhas Brito e Carla Conti de Freitas. Vários são os motivos
dessa honraria, entre os quais cito os mais importantes: A temática deste vo-
lume da coletânea “Gestão da Informação, Inovação e Logística”, que une três
campos que têm estado entre os meus temas de pesquisa; a amizade e compar-
tilhamento de temas de pesquisa que de longa data mantenho com seus orga-
nizadores; o inegável sucesso da obra, que chega agora em seu quarto volume
demonstrando não só efetiva continuidade das pesquisas como a preocupação
com qualidade e atualidade dos temas; o consistente e frutífero relacionamento
entre as instituições envolvidas; a real valorização e intensificação das relações
acadêmicas e culturais entre Brasil e Portugal com visível geração de resultados
concretos e valiosos.
7
Este volume está dividido em três blocos – a) Gestão da Informação, com cin-
co capítulos, b) Inovação com seis capítulos e c) Logística, também com dez capítu-
los. Cada capítulo, de renomados autores, é independente um do outro e ao mesmo
tempo se interligam pela natureza do tema.
Os capítulos do primeiro bloco abordam temas importantes da atualidade como
a Gestão da Informação, o Comércio Eletrônico, o Governo Eletrônico e o papel das
Bases de Dados. Interessante que o capítulo que trata da crise e do desastre tenha sido
um dos primeiros capítulos do livro. Assim como em Hannah Arendt, uma “crise” não
é algo negativo, mas algo que força a reflexão e alimenta a busca por novos significados
para a realidade. Os autores abrem esta coletânea mostrando que o objetivo do texto
não é simplesmente apresentar conteúdos, mas convidar o leitor a uma reflexão em
busca de novos significados. E isso é feito pelos capítulos que se seguem ao longo de
toda a obra. O segundo bloco, da Inovação, apresenta artigos sobre as Hélices Triplas,
as Barreiras na Inovação, a Interação entre Universidade e Empresas, Políticas Públicas,
Inovação Aberta versus Fechada e Inovação em Marketing em Serviços Médicos.
O terceiro bloco de Logística aborda os temas da Gestão Responsável, do mo-
delo Kaizen, de Logística Interna, e Problemas de Localização. Também traz um texto
muito interessante sobre o sucesso do Porto de Leixões em Portugal, narrado por
João Pedro Matos Fernandes.
Conforme ressalta Malheiro no capítulo 1, a Informação é um “conjunto es-
truturado de representações mentais e emocionais codificadas e modeladas com/
pela interação social, passíveis de serem registradas num qualquer suporte material
e, portanto, comunicadas de forma assíncrona e multidireccionada” e “para ser co-
municada, a informação adquire a forma de documento, mas não se confunde com
ele, embora os nossos sentidos (visual e táctil) nos permitam perceber o documento
como um artefato inseparável (e simbiótico) do mentefato (informação). Perceber a
subtil, mas fundamental, diferença entre o conteúdo e o continente, entre o suporte e
a “substância de sentido” registada nele, cria legitimidade epistémica à CI”.
Acredito que os leitores hão de concordar comigo que os textos foram selecio-
nados pelos organizadores de forma cuidadosa, a fim de que fossem relevantes tanto
para o público acadêmico quanto profissional. Por fim, concluo dizendo que esta
coletânea é um documento onde a sutil diferença entre o “conteúdo e o continente”,
como em Paul Otlet, se faz presente.
A
publicação do volume IV da COLETÂNEA LUSO-BRASILEIRA consolida a
exitosa prática de integração no campo da pesquisa entre a Universidade do
Porto – Portugal, a Universidade Estadual de Goiás e a Faculdade de Tecno-
logia SENAI de Desenvolvimento Gerencial. A integração de instituições educacionais
é, por si, um sinal de maturidade e compromisso com a disseminação da produção de
seus estudos e pesquisas. Quando esse trabalho se efetiva no campo da pesquisa cien-
tífica, enaltece-se e concretiza-se o verdadeiro espírito da Academia: produzir conhe-
cimento e estimular sua aplicabilidade no processo produtivo do mercado de trabalho,
provocando mudanças que impulsionam a competitividade dos empreendimentos na
dimensão da globalização. Neste sentido, as instituições de ensino desejam e necessi-
tam conhecer, por aproximação e cooperação, os desafios dos empreendimentos para
que elas sejam instituições indutoras do espírito inovador, ajudando a enfrentar e a
superar as pressões tecnológicas que a concorrência moderna impõe. Nunca o mundo
do trabalho – a empresa – necessitou tanto da Universidade e nem esta teve tantas con-
dições concretas de demonstrar sua real importância com seus serviços de pesquisa.
9
A temática da presente Coletânea guarda perfeita coesão e não poderia ser
mais atual e, certamente, mais útil.
A gestão da informação, como conjunto de estratégias que visam identificar as
necessidades informacionais, mapear os fluxos formais de informação nos diferentes
ambientes das organizações, sua coleta, análise, organização, armazenagem e disse-
minação subsidia, efetivamente, as atividades desenvolvidas dia-a-dia e fundamenta
a tomada de decisão nas empresas. Como dizia Drucker: “ o mundo dos gestores tem
sido turbulento,... certamente até muito turbulento, mas nunca como nos últimos
anos, ou como será nos mais próximos.” Por isso a gestão da informação é fundamen-
tal para que as organizações se utilizem da informação com vistas à maximização dos
resultados e ao alcance dos objetivos organizacionais, detectando novas oportunida-
des, defendendo-se das ameaças da concorrência e criando vantagens competitivas
reais e contínuas. A quantidade, diversidade e velocidade da informação, bem como
a rapidez com que é difundida e superada exige um processo de gestão mais eficiente
do que em qualquer época da história humana.
A pesquisa da informação prospectada e administrada cientificamente esti-
mula a inovação nos mais diferentes campos das ciências, da arte, da cultura e da
produção de bens e serviços, necessários e úteis à vida das pessoas. O espírito inova-
dor é inerente à sobrevivência do homem, em todos os tempos, mas particularmente
quando o contexto cultural das civilizações desencadeia o estado de concorrência
contínua e a corrida pela competitividade como forma de ganho, no sentido mais
amplo em que possa ser entendido ou interpretado. Esta é a própria razão de luta na
evolução da história humana: buscar respostas para os problemas que o desafiam.
O espírito de curiosidade e inquietude diante dos mistérios, as oportunidades de
sucesso, os impulsos para atender necessidades concretas e gerar melhores condições
de vida para sua felicidade e bem-estar provocam continuamente a criatividade e
inventividade. É fato histórico e regionalmente bem comprovado que a Academia,
com seus métodos científicos de pesquisa, voltados para situações concretas, sempre
fomentou a inovação e estimulou o desenvolvimento científico, tecnológico e cultu-
ral, verdadeiros alicerces da competitividade e da melhoria de vida, na sua totalidade.
Outro tema de relevante significado e interesse é a logística, porquanto pro-
move o gerenciamento e desenvolvimento da produção desde a aquisição de insu-
mos até a entrega ao consumidor final. Por isso, possui importância estrutural para
as organizações modernas, pois proporciona um sistema de gestão que estimula a
competitividade no mercado e qualidade ao consumidor final. O estudo atual da lo-
Introdução 11
Gestão
da Informação
gestãoda
informação
A
epistemologia prática, assim designada por Jayme Paviani para significar a
articulação de problemas epistemológicos e metodológicos, dentro de um
horizonte comum e, neste sentido, a sua função consistiria “em explicitar os
pressupostos e a finalidade da ciência de modo articulado com as regras, os procedi-
mentos e os instrumentos de pesquisa. Por isso, sua contribuição, além de reflexiva,
é programática” (PAVIANI, 2009, p. 21), e tem estado subjacente ao esforço feito na
Universidade do Porto, Portugal, de delimitação precisa e sintética (unindo preocu-
pações teóricas à dimensão prática da pesquisa) do campo da Ciência da Informação.
E daí a definição em uso: “Ciência social que investiga os problemas, temas e casos re-
lacionados com o fenómeno info-comunicacional, perceptível e cognoscível, através
da confirmação ou negação das propriedades inerentes à génese do fluxo, organiza-
ção e comportamento informacionais” (SILVA, 2006, p. 141). É, ainda, a ciência que,
mantendo viva a tradição documental e prática que herda de disciplinas anteriores
15
como a biblioteconomia, a documentação e a arquivística, estuda o ciclo informacio-
nal na sua plenitude e transversalidade: origem, coleta, organização, armazenamento,
recuperação, interpretação, transmissão, transformação e utilização da informação.
E a informação define-se como? Tem sido definida de vários modos e pontos
de vista. No meio de tanta variedade de definições, optamos por assumir uma defi-
nição que permita explorar operatoriamente o objeto fixado: “Conjunto estruturado
de representações mentais e emocionais codificadas (signos e símbolos) e modeladas
com/pela interação social, passíveis de serem registadas num qualquer suporte ma-
terial e, portanto, comunicadas de forma assíncrona e multidireccionada” (SILVA,
2006, p. 150).
Para ser comunicada, a informação adquire a forma de documento, mas não se
confunde com ele, embora os nossos sentidos (visual e táctil) nos permitam perceber
o documento como um artefato inseparável (e simbiótico) do mentefato (informação).
Perceber a subtil, mas fundamental, diferença entre o conteúdo e o continente, entre
o suporte e a “substância de sentido” registada nele, cria legitimidade epistémica à CI.
Desde a década de sessenta do séc. XIX (G.I.T, 1961-62; Harold Borko, 1968)
e, mais tarde, na década de 90 (Yves Le Coadic, 1994), que a definição de CI passou a
incluir, pontualmente, a referência às propriedades. Na definição exposta e em uso na
Universidade do Porto, elas aparecem e, sobretudo, foram elencadas em livro prepa-
rado para servir de base Teórica e fundamentadora da Licenciatura em Ciência da In-
formação que começou a ser lecionada no ano letivo de 2001-2002 (SILVA; RIBEIRO,
2002). São seis: estruturação pela ação; integração dinâmica; pregnância; quantificação;
reprodutividade e transmissibilidade. E as propriedades são, de algum modo, caracte-
rísticas intrínsecas e “universais” do fenómeno info-comunicacional. E é em relação
com este fenómeno humano e social que o objeto da CI (definida atrás) se (re)constrói.
As “etapas” do ciclo/processo info-comunicacional (objeto de estudo ou cons-
tructo), atrás enumeradas, formam o objeto da CI e podem ser distribuídas por três
grandes grupos ou áreas de “estudo” especializadas: a produção do fluxo informacio-
nal; a organização e representação da informação; e o comportamento informacional
(SILVA, 2006). Esta tripartição do objeto da CI começou com uma ambiguidade que
foi sendo enfrentada e, em princípio resolvida, e que se prendia com a inclusão da
gestão de informação. A ligação deste tópico, chamemos-lhe, para já, assim, à CI trans
e interdisciplinar, desenvolvida no Porto, nunca ofereceu dúvidas, tanto mais que ao
ser profunda e até radicalmente repensado e reformulado o modelo formativo, plas-
mado nos Cursos de Especialização em Ciências Documentais, que se mantiveram
Clarificando ainda mais, para rematar este item inicial, pode dizer-se que a
GI corresponde por inteiro ao cariz de ciência social aplicada com que a CI trans e
interdisciplinar é definida e apresentada, ou seja, consiste, assim, na dimensão aplica-
cional da CI, atravessando todas as áreas do campo de estudo desta ciência e sendo,
também, composta por outras abordagens científico-técnicas diferentes, mas com-
plementares e enriquecedoras.
Sendo, para nós, evidente que um gestor de informação deve ter uma forma-
ção de base em CI, pois é este o modelo formativo seguido na Universidade do Porto,
o seu desenvolvimento profissional e a sua especialização no plano científico e tec-
nológico exigem que agregue competências através do aprofundamento de outras
disciplinas e saberes como a Sociologia das Organizações, a Economia e Gestão, a
Gestão Estratégica, o Desenvolvimento Empresarial, os Sistemas de Informação e a
Informática de Gestão, pois todas elas, além de outras, se acham imbricadas na ativi-
dade complexa e dinâmica de GI.
Podemos dizer que todos nós possuímos este conhecimento, mas é difícil
de explicá-lo e isto se deve à nossa experiência de vida, aos conhecimentos
que adquirimos com o passar dos anos, ou seja, é um conhecimento que
está dentro de nós. Possivelmente a melhor forma de transmiti-lo seja atra-
vés da comunicação oral, no contato direto com as pessoas, da convivência,
da convivência e das interações com os grupos que participamos.
O conhecimento tácito opõe-se ao conhecimento explícito, sistematizado,
que pode ser formalizado em textos, desenhos, diagramas, etc. ou guar-
Seguindo ainda a súmula que fazem Cláudio Henrique Schons e Marília Da-
miani Costa, Nonaka e Takeuchi comentam que as habilidades e aprendizagens, ex-
traídos do meio externo, são modificadas, enriquecidas e traduzidas, no sentido de se
ajustarem à identidade e auto-imagem da organização:
K(S) + δK = K (S + δS)
δI
Retenha-se, para já, um aspeto muito interessante: os autores alemães, sem por
em causa a perspetiva da “gestão do conhecimento organizacional/consultoria”, onde
os inserimos, consideram a categorização, em conhecimento tácito e explícito, sim-
plista e redutora, sublinhando que elas estão “fortemente interligadas”. Sublinham,
também, que conhecimento pressupõe a capacidade de (re)ligar e compreender, o
que deixa implícita uma forte remissiva para a importância neste processo das ca-
pacidades/faculdades (cognitivas e emocionais) do cérebro e mentais. Uma abertura
óbvia para a terceira perspetiva a abordar neste item.
Vejamos, entretanto, a segunda que designamos de “fenomenológica e infor-
macionalista”, espelhando o perfil formativo e profissional do bibliotecário e profes-
Gestão 13
Inteligência Artificial 10
Engenharia 8
Medicina 4
Títulos de Revistas Nº
Além das revistas e das empresas de consultoria, projetadas nos seus websites,
Wilson “espreitou” ainda as escolas de gestão, mais precisamente os seus cursos em
gestão de conhecimento, não tendo sido difícil encontrar patentes dificuldades de
definição e de distinção acerca deste conceito operatório. Na Stuart Graduate School
of Business do Illinois Institute of Technology, gestão do conhecimento é equivalente
ou sinônimo de sistemas especializados, no apoio à decisão e tecnologias de software
relacionado. No George Mason University School of Management, a gestão do conhe-
cimento integra os sistemas de gestão de informação e os sistemas que gerem o fluxo
da informação. Na University of Kentucky’s Gattan College of Business and Economics,
o conceito em foco é definido como a invenção, a melhoria, a integração, o uso, a
administração, a avaliação e os impactos de uma variedade de técnicas baseadas em
computador, para se gerir o conhecimento (ou seja, representá-lo e processá-lo) e que
têm sido e continuarão a ser concebidas para complementarem inatas capacidades de
gestão do conhecimento humano. Na McCombs School of Business at the University
Eu não vejo nenhuma razão para mudar minhas opiniões, como resultado
da análise realizada para esta revista, mas eu gostaria de acrescentar que,
de acordo com a retórica da “gestão do conhecimento”, “mente” se torna
“administrável”, o conteúdo da mente pode ser capturado ou descarregado
e é realizado o sonho do contador de pessoas sem taxas de produção, de
distribuição e de vendas – o “conhecimento” está agora no banco de dados,
recuperável a qualquer momento. Isso pode ser utopia para alguns, mas
não para muitos. Felizmente, como a maioria das utopias, não pode ser
realizado.
Esta análise de “gestão do conhecimento” pode não ter muito significado
para o mundo da prática de negócios, onde a literatura acadêmica raramen-
te é lida e quando muito filtrada através do “livro-de-aeroporto”. Alguém
MÓDULOS
Notas
(1) Dicionário eletrônico de terminologia em Ciência da Informação. url: http://www.ccje.ufes.br/arquivologia/
deltci/ (consultado 4-1-2013). Os verbetes que se acham on line foram publicados em SILVA, 2006, p.137-
167). Vale a pena extratar dos dois verbetes mencionados – Gestão de Informação e Gestão de Conhecimento
– o essencial das definições elaboradas e assumidas: “Gestão de Informação (...) Em Ciência da Informação,
a componente científica ganha um relevo considerável e a Gestão da Informação converte-se numa das três
áreas de estudo que se prolongam nos ramos disciplinares de aplicação teórico-prática, como o arquivístico.
Ao tornar-se área de estudo dá-se o seu natural cruzamento ou interação com as outras áreas que intervêm
conjuntamente no que respeita ao tratamento com a Organização e representação da Informação e no que
respeita ao uso com o Comportamento Informacional” (SILVA, 2006, p.149); e “Gestão de Conhecimento”.
(...) Em Ciência da Informação interessam as práticas e as técnicas desenvolvidas como sendo de gestão de
conhecimento que, afinal, são pura e simplesmente práticas e técnicas de gestão, de organização e de uso da
informação numa entidade mais ou menos complexa”. (SILVA, 2006, p.149)
(2) Karl Polanyi (1886-1964) foi autor, entre outras, de A Grande Transformação (1ª Ed. 1944), cuja edição
portuguesa de 2012 apresenta um prefácio do economista Joseph Stiglitz, uma introdução por Fred Block e
ensaios introdutórios por Diogo Ramada Curto, Nuno Domingos, Miguel Bandeira Jerônimo e Rui Santos
(Lisboa: Edições 70. ISBN 978-972-44-1660-1). Sobre os dois irmãos e, em especial, o seu posicionamento
face ao fascismo e ao comunismo ver CONGDON, Lee. Between brothers: Karl and Michael Polanyi on
fascism and comunism. url: http://www.missouriwestern.edu/orgs/polanyi/TAD%20WEB%20ARCHIVE/
TAD24-2/TAD24-2-fnl-pg7-13-pdf.pdf (consultado 4-1-2013).
(3) O website do Professor Tom Wilson é: http://informationr.net/tdw/ (consultado 8-1-2013).
(4) Ver: http://informationr.net/ (consultado 8-1-2013).
(5) Karl Sveiby tornou-se consultor e com base na Austrália, mas trabalhando globalmente, e no seu we-
bsite foi condensando uma grande quantidade de informações sobre o assunto, embora a sua principal
preocupação seja agora com a medida de “ativos intangíveis” e outros aspectos do “capital intelectu-
al”. Um artigo escrito originalmente em 1996, observa que “gestão do conhecimento” consiste de dois
“trilhos”: o “TI-track”, que é a gestão de informações, e o ‘track pessoas’, que é a gestão de pessoas
(Sveiby, 2001a). Outra parte do site, no arquivo de Perguntas Frequentes, Sveiby responde a pergunta,
Referências
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o desafio da interação com conceitos paralelos. In SANTOS, Sílvio Aparecido dos; GUIMARÃES,
António Teordoro Ribeiro; GASPAR, Marcos António; e ALMEIDA, Francisco Alberto Severo de
(org.). Fronteiras da administração 3. São Goiânia: Contato. ISBN 978-859-9586-35-8. p. 43-77.
CAMPOS, Maria Luíza de Almeida (2001). Linguagem documentária: teorias que fundamentam sua
elaboração. Niterói, RJ: Editora da Universidade Federal Fluminense. ISBN 85-228-0319-6.
CASTRO, António; MELO, Cecília; SEABRA, Pedro; COSTA, Ricardo M. (coord.) (2011). O Curso de
Licenciatura na U. Porto: dez anos de actividade pedagógica e científica. Porto: Faculdade de Letras e
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. ISBN 978-972-8932-75-6.
CHAUMIER, Jacques (1973). As Técnicas documentais. Mem Martins: Publicações Europa-América;
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CHOO, Chun Wei (2003). Gestão da informação para a organização inteligente: a arte de explorar o
meio ambiente. Lisboa: Editorial Caminho SA. ISBN 972-21-1506-5.
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CÔRTES, Pedro Luiz (2010). Administração de sistemas de informação. São Paulo: Editora Saraiva. 1º
ed. 2ª tiragem. ISBN 978-85-02-06450-8.
A gestão da informação
e da comunicação na gestão da crise
e do desastre: O caso do turismo
Vítor Hugo Gonçalves
Fernando Colmenero Ferreira
1 Introdução
59
a quantidade de informação recolhida, tratada e disseminada, e consequentemente
maior o impacto e efeito dai resultantes, a médio e a longo prazo.
Este capítulo oferece uma abordagem integrada e estratégica particularmente
sobre duas formas. Primeiro, pela sintetização da literatura a partir de uma ampla
gama de perspetivas teóricas (de crise nas relações públicas, comunicação, de gestão
do conhecimento, etc.), propondo ainda uma visão integrada, tomando uma aborda-
gem de gestão e planeamento estratégico para o tema, examinando as grandes etapas
numa crise e do ciclo de vida dos desastres. É na verdade deveras importante tentar
integrar essas áreas, muitas vezes bem distintas, por forma a melhor auxiliar a com-
preensão e o desenvolvimento futuro do conhecimento. Focalizar-nos-emos particu-
larmente nas crises associados a destinos turísticos.
Seguidamente o trabalho evoluirá tal como começa, evolui e termina na crise
ou desastre, ou seja, quando a prevenção e o planeamento não suportam e não estão
à altura da ação, tendo em conta os riscos a que estamos sujeitos e a vulnerabilidade
a que nos submetemos. Dar-se-á início à preparação para as atividades de resposta e
à própria resposta, destacando aqui desde já a importância da comunicação. A fase
final será a da recuperação que culmina com a reposição ou melhoria do estado an-
terior à crise ou desastre incorporando o eventual tratamento do conhecimento e
aprendizagem resultante da informação gerada por aqueles eventos.
Este tema será ainda dividido em dois elementos distintos. Primeiro, o plane-
amento estratégico organizacional para prevenir ou reduzir as hipóteses das crises
induzirem complicações, com recurso à monitorização e ao planeamento. Com re-
curso a técnicas de previsão quantitativa ou qualitativa e recorrendo a brainstorming
por parte da organização, poder-se-á melhorar a compreensão dos tipos de riscos e
possíveis estratégias de resposta. A segunda parte expõe os passos de mitigação ou
prevenção do pré-desastre para aliviar ou prevenir um evento perigoso e seus possí-
veis impactos. Essa informação pode então ajudar a prevenção através da redução da
exposição a riscos, aumentando a resiliência ou melhorando a deteção de sinais para
reduzir a probabilidade de uma crise ou desastre ocorrerem ou evoluírem.
Existem duas grandes fases interrelacionadas referentes à prevenção e planea-
mento de desastres de acordo com Kim e Lee (1998, p. 191): a prevenção e mitigação;
e a preparação da fase pré-desastre. A preparação pré-desastre envolve o desenvol-
vimento de planos de emergência, sistemas de alerta e outras atividades adotadas
antes de um desastre ser despoletado, por forma a facilitar na sua gestão. Ao nível
organizacional, devem ser desenvolvidos planos de contingência anticrise, incluindo
Devido à natureza caótica das crises e afins, e devido à incerteza e falta de in-
formação que os rodeia, apesar da necessidade óbvia, poucas vezes será simples para
os gestores compreender e controlar os impactos destes incidentes.
A teoria da complexidade e do caos pode fornecer alguma informação sobre a
gestão da crise e do desastre (Pelling, 2003). Estas teorias surgiram como uma escola de
pensamento para descrever o quão complexo é o funcionamento dos sistemas (McKer-
cher, 1999), e de acordo com Pelling (2003) pode fornecer uma estrutura para reunir
diversos elementos e abordagens para a gestão de desastres. Faulkner (2001) indica que
as crises e os desastres ilustram situações caóticas e revelam as inter-relações comple-
xas entre sistemas humanos e naturais. Compreender a relação entre causa e efeito e as
implicações das decisões e ações é um processo complicado. Isto é ilustrado no caso
da Febre Aftosa, que começou com uma crise no sector agrícola e terminou como um
desastre por via da forma como foi tratado (Miller e Ritchie, 2003).
A teoria do caos é o estudo da complexidade, que explora não-linearidade de
sistemas complexos. Sistemas lineares são sistemas fechados, como computadores e
aviões, enquanto os sistemas abertos são não-lineares podendo interagir e se mistu-
rar entre si, como os seres humanos, os sistemas climáticos e a natureza. Estes são
imprevisíveis, a dinâmica e o futuro não é determinado pelo passado, o que torna
a previsão de futuros desastres naturais, especialmente devido às alterações climá-
ticas, extremamente difícil (Becken e Hay, 2007). No caso da investigação em turis-
mo, Faulkner e Russell (2000) notam, que apesar de ter sido utilizado um paradigma
newtoniano, a filosofia de pesquisa está mais sintonizada com sistemas estáveis e,
6 Conclusão
Referências
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Becken, S. and Hay, J. (2007). Tourism and Climate Change: Risks and opportunities. Clevedon:
Channel View Publications.
Paulo Rita
O
comércio electrónico business to business (B2B) que consiste nas tran-
sacções entre empresas conduzidas na Internet, extranets, intranets ou
redes privadas é hoje uma realidade de grande dimensão. Actualmente,
50% ou mais das vendas B2B de muitas empresas são realizadas online e o comér-
cio electrónico B2B constitui o dobro das vendas Business to Consumer (B2C)
devendo atingir no final de 2013 e de acordo com a Forrester Research US$ 559
biliões de dólares.
Num estudo recente conduzido pela Oracle em 2013 que entrevistou respon-
sáveis de plataformas de e-commerce B2B, uma vez estabelecido este constitui uma
forma de fazer negócios com sucesso mediante a criação de condições para fornecer
uma experiência positiva aos seus clientes. Existe o reconhecimento de surgirem pos-
síveis conflitos ao nível do canal mas tal risco é assumido como necessário a fim de
se obterem os benefícios associados ao comércio electrónico B2B designadamente
em termos de geração de receitas. Os standards definidos no contexto B2C estão a
influenciar significativamente a abordagem seguida em B2B, mormente no que con-
109
cerne a características tais como personalização, catálogos online e optimização em
motores de busca (search engine optimization, SEO).
Os principais tipos de transacções e actividades B2B incluem sell-side, buy-si-
de e exchanges. Os mercados electrónicos privados focam uma empresa em termos
das suas necessidades de compra (buy-side ou relação many-to-one) ou de venda
(sell-side ou relação one-to-many). Existem ainda os exchanges que são mercados
electrónicos públicos na medida em que sendo propriedade duma organização ou
consórcio permitem a participação de múltiplos compradores e vendedores numa
relação many-to-many.
O comércio electrónico B2B passou por várias fases de desenvolvimento desde
que surgiu em 1995. Inicialmente foi orientado para publicar informação sobre as
empresas e seus produtos e para os promover na Web. Posteriormente, foram criados
mecanismos para permitir a efectivação de encomendas directas online B2B e foram
lançados leilões também a nível B2B.
No início do século XXI foram desenvolvidos os primeiros mercados electróni-
cos públicos envolvendo exchanges entre múltiplas empresas vendedoras e comprado-
ras e os estados de diversos países começaram igualmente a participar neste mercado.
Para além das características associadas a personalização de sites e customização de
produtos (bens ou serviços) a 4ª fase de comércio electrónico B2B trouxe melhorias ao
nível da cadeia de abastecimento (supply chain) no âmbito duma abordagem multi-
-canal, o desenvolvimento de tecnologias de marketing relacional (CRM – customer
relationship management) bem como a introdução do mobile commerce. A fase actual
acrescenta novas tecnologias de RFID (Radio Frequency IDentification), sistemas de
inteligência artificial e redes sociais relacionados com o comércio electrónico B2B.
Ao nível buy-side ou de e-procurement, uma empresa relaciona-se com os
seus fornecedores para aquisição de matérias primas, componentes ou serviços. Na
perspectiva sell-side, a empresa vende os seus produtos a clientes organizacionais seja
directamente ou através de retalhistas (e-tailers) via catálogos online ou leilões. A
empresa tem ainda a possibilidade de desenvolver acções colaborativas com interme-
diários (exchanges, directorias ou distribuidores electrónicos) e serviços de suporte
ao nível logístico, de aprovisionamento, de sistemas de pagamento, segurança elec-
trónica e gestão de relacionamentos com parceiros (PRM-partner relationship ma-
nagement). A segurança assume lugar de relevo pois dados os montantes transaccio-
nados no mercado B2B é imprescindível garantir condições que permitam aumentar
a confiança neste ecosistema.
Pedro Campos
1 Redes colaborativas
U
ma rede colaborativa (CN) é uma aliança constituída por diferentes entida-
des, tais como organizações e pessoas). Estas entidades são geralmente geo-
graficamente distribuídas e heterogéneas em termos cultura, capital social,
e objetivos, mas que colaboram de forma a melhor atingir os objetivos comuns ou
compatíveis da rede e as respetivas interações são suportadas por rede de computa-
dores (Camarinha e Hafsarmidesh, 2005). A base desta visão de redes colaborativas
tem a sua origem em Williamson (1975), que estabeleceu o estudo dos custos de
transação em Economia e defendeu que as empresas industriais devem fazer maior
uso dos bens e serviços adquiridos externamente e não dos fornecidos internamente.
Essas ideias de externalização tiveram um impacto mais evidente com a expansão da
onda de “ terceirização “ na década de 1980.
115
A externalização ou “outsourcing” tornou-se um assunto muito atrativo para
as empresas quando estas tiveram que reduzir os custos gerais de organização e eli-
minar os ineficientes serviços internos. Nesta linha de desenvolvimento, a ideia de
empresa virtual / organização virtual começou a ter adeptos nos investigadores li-
gados a redes de empresas, tendo os conceitos associados às redes colaborativas vir-
tuais amadurecido seguramente durante as últimas décadas. Segundo Camarinha e
Hafsarmidesh (2005), algumas das primeiras referências introduzindo os primeiros
termos como organização virtual, empresa virtual, ou corporação virtual iniciaram-
-se na década de 1990, incluindo os trabalhos Davidow & Malone (1992); Introna,
Mais e Cushman (1999); Walton & Whicker (1996).
2 Portais/mercados eletrónicos
E-B2G – negócio a governo eletrónico: Enquadramento e evolução dos portais corporativos 117
para identificar as empresas que interagem através de meios eletrônicos, geralmente
na Internet. São exemplos de mercados eletrónicos a livraria online Amazon (www.
amazon.com), a rede Wal Mart (um shopping online com uma vasta seleção de arti-
gos eletrónicos, mobílias, videojogos, artigos de bébés, – www.walmart.com) e, mais
recentemente a rede chinesa Jingdong (www.jc.com), com um elevado crescimento
que a torna neste momento num dos portais de comércio eletrónico mais acedido no
mundo interiro.
Segundo Wand e Archer (2004), os mercados eletrónicos passaram por várias
gerações. A primeira geração de mercados eletrónicos teve como objetivo criar mer-
cados mais competitivos, eliminando algumas interações entre compradores e forne-
cedores. Deu-se, entretanto, o salto para a segunda geração numa busca da melhoria
da fiabilidade dos modelos de negócio. Esta segunda geração permitiu a colocação
preencher algumas lacunas, tal como a colocação e acompanhamento on line de en-
comendas, a contratação eletrónica de serviços de logística, etc. Contudo, algumas
empresas continuaram sem querer investir o suficiente nestes serviços e, por isso,
alguns mercados eletrónicos B2B entraram na terceira geração, através do aumento
das possibilidades colaborativas de modo a garantir as relações corporativas de longo
prazo com os parceiros de negócio.
Os Sistemas de informação inter-organizacionais eletrónicos melhoraram a
forma como os compradores e vendedores fazem a troca de informações sobre pre-
ços e ofertas de produtos (Oppel et al., 2001). Hoje em dia, os mercados eletrónicos
estão a tornar-se cada vez mais populares como forma de impulsionar os negócios.
Emergindo nos diferentes setores da atividade económica, os mercados eletrónicos
suportam a troca de bens e serviços de diferentes tipos, com e para diferentes tipos de
atores, seguindo diferentes princípios de arquitetura organizacional (Grieger, 2003).
A maioria dos investigadores e observadores admitiam que os mercados ele-
trónicos dominariam a paisagem dos negócios. No entanto, temo-nos apercebido
que o panorama não é tão próspero assim. A dimensão da cadeia de fornecedores
de um mercado eletrónico é, muitas vezes negligenciada e mal gerida e as operações
logísticas básicas prejudicam o volume de negócios e as receitas.
O presente estudo não se debruça sobre os problemas relacionados com os
mercados eletrónicos, nomeadamente em termos de problemas de logística, centran-
do-se num tipo especial de portais eletrónicos vocacionados para a prestação de ser-
viços junto dos governos: os portais verticais. A tabela a seguir mostra a classificação
dos mercados eletrónicos, de acordo com os tipos de relações existentes em termos
E-B2G – negócio a governo eletrónico: Enquadramento e evolução dos portais corporativos 119
Autoeuropa e os seus fornecedores para a compra de materiais e serviços.
O objetivo deste mercado eletrónico é reduzir as tarefas administrativas,
acelerar processos e melhorar a precisão do planeamento e a colaboração
com os fornecedores.
Os portais corporativos
Nas modalidades G2B (ou B2G), o governo utiliza portais corporativos no seu
processo de relacionamento com os demais agentes económicos. Uma vez que muitos
dos portais desenvolvidos nestas circunstâncias estão vocacionados para empresas do
mesmo ramo de atividades, os portais em causa podem designar-se por vortais B2G.
A modalidade B2G também pode incluir serviços de aprovisionamento ele-
trónico (e-procurement services), nos quais as empresas conhecem as necessida-
des de compra dos organismos do estado e procuram responder com propostas
de negócio. O local virtual do mercado B2G pode ser mantido por uma empresa
que coordena o o trabalho em colaboração com um organism do estado. Segundo
Blinn et al (2011) as administrações públicas transformam-se em fornecedores de
serviços orientados para os clientes. Por essa razão, a disponibilidade de serviços
G2B (e-services) está a aumentar.
Na Europa, existem várias atividades B2G eletrónicas (e-B2G) a decorrer. Um
dos pontos de partida populares das empresas na economia em rede é a fatura ele-
trónica. Estimativas para 2013 apontam par aum número de faturas entre governo e
empresas na ordem dos 16 biliões de faturas por anos, das quais 3.2 biliões (ou seja,
20%) são eletrónicas. Alguns projetos nesta area incluem:
Nos Estados Unidos existem vários exemplos de portais eletrónicos B2G, tais
como:
E-B2G – negócio a governo eletrónico: Enquadramento e evolução dos portais corporativos 121
e barcos. Pequenas empresas podem aprender sobre o que as agências do
governo exigem, quais as suas expectativas de preço e sobre como se tornar
um fornecedor.
FHA conexion – Federal Housing Administration, ou FHA, é uma divisão
do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos EUA, de-
senvolveu o sistema de B2G FHA conexion. Os corretores podem ligar-se
aos dados da FHA sobre empréstimos para habitação que são subscritos
pela agência. O sistema fornece os credores hipotecários um processo mais
eficiente para a obtenção de informações sobre empréstimos FHA, elimi-
nando entradas duplicadas, padroniza nomes de marcas e facilita as tarefas
de organização e recuperação de dados.
Vortal.gov
COMPRASNET
E-B2G – negócio a governo eletrónico: Enquadramento e evolução dos portais corporativos 123
Exemplos de portais corporativos na área logística
O portal Fedbizopps.gov
E-B2G – negócio a governo eletrónico: Enquadramento e evolução dos portais corporativos 125
Figura 2 – Exemplo de propostas disponíveis no
portal Fedbizopps.gov no dia 4 Outubro de 2013
4 Comparações Internacionais
E-B2G – negócio a governo eletrónico: Enquadramento e evolução dos portais corporativos 127
Tabela 2 – Indicadores utilizados no Waseda
University International e-Government Ranking 2013
5 Conclusões
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E-B2G – negócio a governo eletrónico: Enquadramento e evolução dos portais corporativos 129
gestãoda
informação
1 Introdução
A
tualmente as organizações atuam em ambientes caracterizados pela incons-
tância, elevada competitividade e pressão no desenvolvimento de novas
abordagens ao mercado e aos clientes. Nesse contexto, o acesso à informa-
ção, o suporte à tomada de decisão e a partilha de conhecimento tornam-se essen-
ciais para o desempenho organizativo.
O sucesso empresarial assenta cada vez mais em melhores negócios com os
clientes existentes e não numa mera acumulação de compradores. Desta forma, a
lealdade dos clientes tornou-se no objectivo estratégico prioritário das empresas, que
focalizam a sua atenção na carteira de clientes. Esta tornou-se o grande indicador de
posicionamento estratégico das empresas, mais relevante do que a quota de mercado.
Conseguir a verdadeira lealdade do cliente parece ser o factor-chave para ga-
nhar quota de mercado, desenvolver e sustentar uma vantagem competitiva (Pri-
tchard et al., 1999).
131
A gestão da carteira de clientes exige, em primeiro lugar, uma capacidade para
criar e desenvolver relações diferenciadas consoante a natureza dos clientes. Esta
simples asserção tem duas implicações importantes. Por um lado, cada cliente deve
ser encarado como um caso específico, com características, necessidades e expectati-
vas próprias. Por outro lado, a “customização” da relação é uma forma de diferenciar
a capacidade competitiva da empresa e, consequentemente, de acrescentar valor.
O facto da actuação das organizações face aos seus clientes se estar a tornar
mais individualizada, introduz importantes alterações no modelo de gestão. Essas
alterações resumem-se numa frase simples: mais do que gerir recursos é necessário
gerir relações (Brito e Lencastre, 2000). Este parece ser o grande paradigma do ma-
rketing na era digital.
Actualmente, começa a tornar-se claro que não basta as empresas terem capa-
cidade para agir: mais do que isso é fundamental que saibam interagir. Obviamente,
uma abordagem mais relacional e interactiva exige o recurso a conceitos e instru-
mentos de gestão diferentes daqueles que tradicionalmente vêm sendo utilizados
pelos responsáveis de marketing. De acordo com Brito e Lencastre, gerir relações
envolve os programas de lealdade de clientes, as bases de dados (data warehouse e
data mining), o investimento em relações, a gestão da carteira de clientes e a imple-
mentação de uma política de marketing individualizado. Por outras palavras, envolve
a adopção do Marketing Relacional através da prática do CRM.
O CRM é o conceito mais comum para descrever a passagem da abordagem
focada na transacção para a abordagem focada na relação. Todavia, O CRM conti-
nua a assumir-se mais como uma plataforma tecnológica ao serviço do Marketing
Relacional, definido, de forma basicamente consensual, como o desenvolvimento
e consequente manutenção de uma relação de carácter duradouro, reciprocamente
proveitosa e satisfatória com os interlocutores estrategicamente mais significativos
para a organização (Buttle, 1998; Wilson, 1995; Smith, 1998).
O presente trabalho cruza as tecnologias e sistemas de informação (em par-
ticular a exploração e descoberta de conhecimento em bases de dados), com o ma-
rketing (especificamente o database marketing) recorrendo a um exemplo real de
aplicação para melhor exemplificação e demostração.
Peter Drucker (Drucker, 2001) ao afirmar existir apenas uma definição válida
para objectivos de negócio: os clientes, exprimiu de um modo simples, o elemento
nuclear das organizações comerciais contemporâneas.
De acordo com uma das primeiras definições que surgiram para definir ma-
rketing de relacionamento, referiam-no como a estratégia para atrair, manter e pro-
porcionar relações com os clientes (Berry, 1983). O termo CRM surgiu posterior-
mente, como uma versão marketing de relacionamento, que inclui um conjunto de
actividades de carácter mais tecnológico. Ambas as designações são usadas indife-
renciadamente em muita literatura (Arndt, 2001).
Atualmente, as organizações procuram atuar de modo dinâmico nos mercados
competitivos de modo, a captar e manter os seus clientes. O CRM encontra-se des-
crito como uma estratégia de organização (Kotler, 2002), ou como uma ferramenta
e processo de trabalho (Gray, 2001). Berry Linnoff além da ligação do CRM ao ma-
rketing de relacionamento, apresenta-o com um significado similar a one-to-one ma-
rketing, sugerindo ainda sinónimos como real-time marketing ou customer intimacy
(Linoff, 1997). Existem ainda autores que argumentam que o CRM deve ser aborda-
do como um conceito de gestão, particularmente de gestão de relacionamentos com
os clientes e não como um produto ou uma tecnologia (Berson, 1999).
A permuta de informação entre o cliente e a organização torna-se mutuamente
benéfica, na medida em que os consumidores fornecem informações em troca de um
serviço personalizado que satisfaça as suas necessidades individuais (Linoff, 2000).
Esta abordagem coloca a utilização das TI, num contexto de CRM, como elemento
fundamental, sempre que se deseje estabelecer relacionamentos com os consumido-
res numa base individual e usar a informação disponível para tratar os consumidores
de forma diferenciada.
O CRM combina as políticas e técnicas de marketing com as tecnologias de in-
formação, nomeadamente na utilização e exploração das BD – processos de Database
Marketing (DBM) ou simplesmente de DCBD. A utilização das BD num contexto de
CRM aparece reforçado por Berson quando explicitamente afirma que o CRM consiste
na análise dos dados criados pela relação entre a organização e o cliente (Berson, 1999).
Cliente
Dados
Gestão Relação
Objectivos
Actualmente o CRM é considerado, por alguns autores, como uma das abor-
dagens mais sofisticadas e eficientes, para promover o aumento da rentabilidade dos
clientes (Bretzke, 2005; Brown, 2000; Burnett, 2001). A estratégia de CRM consiste
em adquirir melhor conhecimento sobre os clientes, antecipar as suas expectativas
e necessidades, fornecer serviços personalizados, e diferenciar-se dos concorrentes
(Peppers, 1999; Bretzke, 2005). Através de uma melhor compreensão das necessida-
des dos clientes, é possível a segmentação do mercado, identificando onde podem ser
construídas relações lucrativas permanentes (Linoff, 2000). A principal premissa do
CRM é de que os clientes tomarão as suas decisões de compra baseadas no relacio-
namento que têm com os seus fornecedores e, em troca da sua preferência, desejam
reconhecimento, valor, qualidade e respeito.
Saliente-se, por último, que o CRM passa também pela gestão integrada dos re-
cursos internos, construindo as condições necessárias para a criação de relações de
Curva
Ciclo Vida do
Cliente
Tempo à
USO
BASES DE DADOS
Pré- Interpretação
Modelação
Selecção Processamento Transformação Avaliação
Dados
Dados Dados Dados Padrões
Trabalho PréProcessedos Transformados Conhecimento
Transacções
Fontes com dados relativos a clientes
Análise Dados
Avali ção
ação
Processamento
Promoções
a
Aplic
Pré-
Dados
Impressos Clientes
Organização - Cliente
Dados
Marketing
M ão
od aç
el form
aç ns
ão
Financeiros
Tra
Conhecimento
Clientes
Programa de Fidelização
Transacções
Análise Dados
Avali ção
ação
Processamento
Promoções
a
Aplic
Pré-
Actividade
Impressos Clientes
Organização - Cliente
Dados
Marketing
M
o
çã
od
ma
el
r
sfo
aç
n
ão
clientes
Tra
Conhecimento
Clientes
Programa de Recuperação
Definição de Objectivos
Uma vez definida a tipificação dos objectivos, neste caso, como “classificação”,
o passo seguinte requer um trabalho de análise detalhada os dados constantes na base
de dados. Este trabalho focará e avaliará, entre outro tipo de análises, a qualidade
dos dados (valores omissos), a descrição dos dados (exº, intervalo de valores aceites,
unidades, escala de valores,…) entre outras.
As funções usadas:
Modelação
:WorkingDataSet(?ds)^ hasModelingObjectiveType(?mo)^
hasModelSelection(?wds,?mo)^
hasAlgorithmClass(?alg,?mo)hasAlgorithm (?alg)
hasAlgorithm indica o conjunto de algoritmos disponíveis em função dos
dados seleccionados e objectivos definidos.
hasAlgorithmParameter, serve para a especificação técnica do algorit-
mo (exº redes neuronais, determinar se funciona em backpropagation ou
forwardpropagation, número de camadas e quantidade de nós)
(?m): modelo resultante da utilização do algoritmo
has Algorithm(?alg)^
hasAlgorithmParameter(?alg,?pSet)^
workingData(wds) hasModel(?alg,?m)
Neste caso foram usados dois modelos estatísticos disponíveis no WEKA sof-
tware toolkit, o SVM (Support Vector Machine) e o teste Qui-Quadrado (Chi-squa-
red test).
Aplicação e Avaliação
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157
inovação
André Magrinho
Joaquim Ramos Silva
Mário Franco
1 Enquadramento
A
s preocupações atuais em matéria de competitividade e do consequente re-
forço da cadeia de valor das economias e das empresas e, bem assim, a pro-
blemática da inovação e da atratividade dos territórios e das regiões, confe-
rem particular acuidade a um conjunto de reflexões que se inscrevem na teoria das
hélices triplas (Triple Helix). Trata-se de uma abordagem que valoriza a criação de
espaços de cooperação estratégica entre a indústria (e demais setores da economia), a
universidade (e demais centros de saber) e os governos e as suas instituições (Ranga,
2008). Tão importante quanto o desempenho individual dos vários agentes, e das
suas esferas de competência, no processo de inovação e na competitividade, é, tam-
bém, o ecossistema em que se respalda, facilitando (ou não) a interação entre espaços
de competência e geração de consensos ou espaços de cooperação estratégica em
torno de objetivos estratégicos comuns.
159
Nas últimas duas décadas assiste-se a alterações substantivas do conceito de
inovação, passando de um significado mais estreito de inovação de produtos e pro-
cessos para uma aceção mais ampla de inovação organizacional e de mercado. A
análise do processo inovador, antes focado na produção linear de novos saberes e
novos produtos, também foi objeto de mudanças significativas, relevando atualmente
o desenvolvimento de novas formas de produzir, aplicar e difundir o conhecimento,
como, por exemplo, as parcerias tecnológicas e os espaços de cooperação, estabeleci-
dos entre empresas, as universidades e os governos, incluindo as instituições públicas.
No que se refere aos modelos de inovação tecnológica, Berkhout, Hartmann,
Duin e Ortt (2006) desenvolveram o modelo cíclico da inovação, com a finalidade
de elaborar um instrumento para a reforma contínua da ciência e da indústria. Esse
modelo reflete a dinâmica dos processos económicos e inovadores, e a sua interação
cíclica é a base para o controle da inovação e uma pré-condição para a flexibilidade
operacional e a sustentabilidade. Uma característica fundamental do modelo é que a
ciência não está no começo de uma corrente cuja extremidade é o mercado. Ambos,
ciência e mercado, são partes de um processo criativo que não tem nenhum ponto
fixo de início ou terminus, ou seja, no modelo cíclico da inovação, as descobertas
científicas e as mudanças do mercado influenciam-se mutuamente, continuamente
e de maneira cíclica.
Acolher e incorporar as novas propostas do processo inovador, enfrentar a
concorrência internacional e promover inovações tecnológicas e, de um modo geral,
favorecer o acesso ao conhecimento, afiguram-se tarefas complexas mas decisivas
para as empresas e para os diferentes países e regiões se afirmarem competitivamente
no contexto da economia do conhecimento.
Esses desafios são tanto mais relevantes quanto é sabido que existe uma
preocupação acrescida por parte das empresas com a propriedade intelectual, com a
necessidade de fixação de doutores e mestres no sector empresarial e de ultrapassar
a escassez de inovações (Freeman, 1991; Edler, Krahmer, & Reger, 2002; Cassiolato
& Lastres, 2005).
Todas as formas geradoras de sinergias para superar o atraso tecnológico, os
défices de inovação e demais fragilidades da cadeia de valor das empresas são positi-
vas, sendo uma dessas formas a cooperação dos sectores produtivos com a academia.
Neste quadro a atuação das empresas enquanto instituições geradoras e difusoras de
conhecimento e tecnologia ganha relevância acrescida. O investimento nas parce-
rias e em estratégias colaborativas entre centros de investigação e desenvolvimento
Ranga (2011), apresenta esta evolução da hélice tripla para a 3ª fase, relevando
a transformação das esferas em espaços: espaço de inovação, espaço de conhecimen-
to e espaço de consenso. Este marca a alteração qualitativa, conforme figura infra.
Consensus Space
State
Industry Academia
Knowledge Space
Propriedade Royalties
2 resultados
dos
Invenção
Resultados da 3 Protecção Prova de
(resultados de PI princípio Empresas
com aplicação) spin-off
investigação
Publicação dos
Incubadoras
resultados
1 Financiamento
Novas empresas
privado
Financiamento
público Invstigação em Novos produtos
colaboração e serviços
ALENTEJO CENTRAL
UNIVERSIDADE ÉVORA - SPIN OFF S ,
COLABORAÇÕES COM GRANDES EMPRESAS
& PME
INOVISA
COLABORAÇÕES: Chiratecnics
CQE-
Exemplos PROGADO Centro
Química Évora
Centro
LUSIAVES Geofísica
Évora
Biomelhora
DILOP
FERTIPRADO
Clamitec ICAAM
PETROGAL-
biocombustíveis
ADUBOS DE
PORTUGAL
152
Estes fatores que são decisivos para atrair empresas multinacionais para Por-
tugal, exigem a dinamização de Hélices Triplas. Trata-se de uma condição para se
fomentar e atrair empresas inovadoras no País, permitindo em conjunto gerar o Vo-
lume e Variedade que as “vagas exportadoras” exigem para serem transformadoras
da economia.
6 Conclusões
1 Introdução
F
oi desde a Revolução Industrial que as empresas começaram a perceber que a
tecnologia era o motor fulcral do seu desenvolvimento e progresso. O protago-
nismo de Schumpeter (1934), na Teoria Evolucionista, foi o ponto de partida
para o contributo da problemática da inovação, a qual foi desenvolvida posterior-
mente por outros autores (OCDE, 2009). Schumpeter (1942) afirmou que a inovação
nas pequenas e médias empresas (PME) deveria ser o veículo mais comum para os
avanços tecnológicos e, consequentemente, para o desenvolvimento económico. Nes-
te estudo seguiu-se a definição de PME, como aquela empresa que emprega menos de
duzentos e cinquenta trabalhadores e volume de vendas igual ou inferior a cinquenta
milhões de euros anuais e um balanço total igual ou inferior a quarenta e três milhões
de euros (Comissão 2003/361/ CE, de 6 de Maio de 2003).
A inovação é entendida como a implementação sustentável de melhorias e de
novas ideias, que acompanha o avanço e o desenvolvimento da tecnologia (Dearing,
189
2000). Atualmente, os países e as empresas estão sujeitos a uma grande rivalidade e
competição, quer nos mercados nacionais, quer internacionais, o que é proporciona-
do pela globalização, pelo que têm de se adaptar a esta nova realidade e à incerteza
inerente (Ireland e Hitt, 1999). As PME têm de ser assim inovadoras e orientadas
para a tecnologia, já que esta é uma “arma” privilegiada da competitividade. Tal como
afirma Porter (1998), “a inovação é a única forma de promover e sustentar uma van-
tagem sobre a concorrência”.
Com a crise que se faz sentir desde 2008, maior é o nível de competição nos
mercados mundiais, uma vez que as economias dos países emergentes crescem mais
rápido do que as dos países europeus. Desta forma, as PME precisam de apostar em
produtos e serviços de maior qualidade, mais tecnológicos e inovadores.
Segundo Demirbas et al. (2011), as PME desempenham um papel crucial nas
economias nacionais uma vez que apresentam uma elevada representatividade, bem
como habilidade para reagir rápido às mudanças tecnológicas, e às de mercado. Con-
tudo, apesar da importância que é associada às PME, existem algumas barreiras que
constituem um entrave quer à inovação, quer à adoção de tecnologias.
Segundo um estudo realizado pela IDC (2010), relativamente ao caso portu-
guês, é notório um atraso tecnológico face às congéneres europeias bem como um
desempenho abaixo da média dos países da União Europeia (UE-27). No que diz
respeito à inovação, em termos globais, os dados do Innovation Union Scroreboard
(2011) indicam que Portugal se posiciona abaixo da média da EU-27, contudo, no
que concerne à inovação de produtos e processos é possível verificar que as PME se
encontram com uma média nacional de 47,73% que supera a média da UE. (34,18%).
Dada a atualidade desta temática, o objetivo principal deste estudo é não só
abordar a inovação e a base tecnológica da PME, como um todo, mas sim interligar
estes dois conceitos com as barreiras à inovação e à tecnologia que as empresas se
deparam no seu processo de desenvolvimento. Além disso, pretende-se apurar quais
são as estratégias que as PME adotam para minorar os impactos que essas barreiras
causam na vida económica da empresa.
Relativamente à estrutura deste trabalho, na primeira parte, ponto 2, é apre-
sentada uma breve revisão de literatura que aborda a temática da inovação, das PME
de base tecnológica e das barreiras à inovação. Neste ponto, são abordados conceitos
e definições, e é feita a interligação entre os mesmos. No ponto 3 é apresentada a
metodologia utilizada para a realização do presente estudo. No ponto 4 são expos-
tos os resultados obtidos através da investigação realizada em campo, bem como a
2 Revisão da literatura
Cada vez mais, novos desafios são colocados às empresas, quer a nível exter-
no, quer interno fazendo-se sentir em todos os nichos de mercado, como é o caso
da concorrência. Assim, as PME têm de apostar na inovação dos seus recursos de
modo a tornarem-se mais atrativas para os clientes. Como afirma Drucker (1985),
“a inovação é a ferramenta dos empresários, que consiste no molde de exploração da
mudança e consequentemente transformação de oportunidades de negócios”. Este
autor salienta ainda, que “a inovação tem de ter a capacidade de se erguer como uma
disciplina, capaz de ser aprendida e praticada”. Inovar vai além da criatividade. Inovar
é criar novas coisas, onde se transformam ideias em produtos. Como é citado por
Sarkar (2007), “inovar significa ter uma ideia nova ou, por vezes, aplicar as ideias de
outros de uma forma original e com eficácia”.
O termo “inovação” foi sofrendo algumas mudanças ao longo do tempo, visto
que numa primeira fase estava associado à evolução tecnológica, como é o caso das
tecnologias de informação (TIC) e ao desenvolvimento de base tecnológica. Mais
recentemente, quando se aborda esta temática existe a tendência de se relacionar a
inovação com o conhecimento e o desenvolvimento de equipamentos ou processos
diferenciadores (Silva, 2008).
A inovação ocorre em dois níveis de atuação, um primeiro nível interno que
engloba os vários colaboradores e departamentos da empresa, como é o caso da I&D,
distribuição, marketing e produção, enquanto que a nível externo estão presentes
atividades fora da empresa, isto é, clientes, fornecedores, instituições financeiras,
instituições de formação e instituições geradoras de conhecimento (Kaufmann e
Todtling, 2002).
Posto isso, a aprendizagem e o acumular de conhecimentos são fundamentais
para o sucesso da empresa. Para Carayannis et al. (2006), “a principal fonte de criação
da inovação deriva do capital humano, ou seja, quando o conhecimento é bem aplica-
do dá valor à empresa e permite-lhe obter mais e melhores resultados”.
Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 191
PME de base tecnológica
Nos últimos anos, as PME de base tecnológica têm mantido uma forte dinâmi-
ca de crescimento, e desempenhado um importante papel no desenvolvimento eco-
nómico e social de um país, uma vez que contribuem com inovações em produtos de
grande potencial no mercado, estimulam o processo de desenvolvimento da ciência
e da tecnologia e criam empregos (Barbosa de Moraes et al., 2011). Como descreveu
Teece (2007), as PME para poderem acompanhar e aproveitar as oportunidades que
surgem no mercado devem estar constantemente atentas e desenvolver capacidades
dinâmicas (Teece, 2007), que as ajudem a enfrentar as constantes mudanças e pres-
sões do mercado (Spiegel e Marxt, 2012). Segundo Teece et al. (1997), capacidades
dinâmicas entendem-se como a habilidade da empresa de integrar, construir e recon-
figurar competências internas e externas face a ambientes rapidamente mutantes, ou
seja, a capacidade da empresa atingir novas formas de vantagem competitiva.
Hoje em dia é cada vez mais complicado definir o conceito de empresa
de base tecnológica, uma vez que todas as empresas utilizam tecnologia para
a produção e comercialização dos seus produtos (Damodaran, 2009). As PME
de base tecnológica são empresas que estão comprometidas com o desenvol-
vimento e produção de novos produtos e/ou processos, nos quais aplicam
sistematicamente conhecimentos técnico-científicos e tecnologias avançadas
(Chen et al., 2009). Estas empresas possuem um forte conhecimento tácito e
especializado detido por poucas pessoas e concentrado em áreas limitadas do
saber. Os recursos humanos são altamente qualificados e trabalham constan-
temente em equipas (Tiwari e Buse, 2007).
Ao incorporarem um elevado grau de conhecimento tecnológico e ao
desenvolverem atividades de pesquisa em I&D, as PME de base tecnológica
criam consequentemente um maior número de inovações, o que as torna em-
presas empreendedoras e flexíveis por excelência (Serra et al., 2008).
Este tipo de PME apresenta várias atitudes e comportamentos face à
tecnologia e à modernização, como são descritos no quadro 1.
A crescente sofisticação e exigência dos clientes colocam novas exigências a
este tipo de PME quer a nível interno quer externo, desde a formação dos recursos
humanos, ao foco na qualidade/design, passando pelo risco e pelos padrões tecno-
lógicos constantemente voláteis. Por outro lado, a necessidade de diferenciação dos
produtos exige novos investimentos (Simões, 1997).
Fonte. Adaptado a partir de Simões (1997) e Bozkaya e Van Pottelsberghe De La Potterie (2008)
Barreiras à Inovação
Apesar das PME serem mais flexíveis à mudança e responderem mais rápido
ao mercado, por vezes, a aposta na inovação é difícil, devido à pouca experiencia e
à falta de recursos (Kaufmann e Todtling, 2002). As barreiras à inovação incidem
sobre problemas e dificuldades que surgem às PME ao longo do complexo e delicado
processo de inovação. Estas barreiras impedem o desenvolvimento da capacidade de
inovar e podem surgir por vários motivos (Demirbas et al., 2011).
Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 193
A maioria dos autores procede à sua categorização em barreiras internas e ex-
ternas (Hadjimanolis, 2003; Guijarroetal, 2009). As internas são barreiras que nas-
cem dentro da própria empresa e as externas são barreiras que surgem a partir da
envolvente da empresa (Stanislawsky e Olczak, 2010).
Para ser mais fácil identificar as barreiras à inovação, foram divididas no Qua-
dro 2 entre internas e externas e categorizadas de quatro formas distintas consoante
a área onde ser inserem.
Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 195
PME muitas vezes encontram no desenvolvimento das suas inovações podem preju-
dicar o processo de internacionalização.
Barreiras ao Financiamento
Barreiras ao Conhecimento
Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 197
Como afirma Romijn e Albaladejo (2002), as empresas que apresentam maiores ní-
veis de qualificação dos RH, têm uma maior capacidade tecnológica interna.
Um dos principais desafios que se colocam atualmente às PME está relaciona-
do com o processo de absorção do conhecimento, que é transmitido rapidamente e
em grande escala, o que constitui assim uma barreira à inovação. Segundo Baldwin
e Lin (2002), as principais barreiras à inovação estão relacionadas com as competên-
cias organizacionais, a assimetria de informação e a gestão dos recursos humanos.
A aposta na formação contínua dos trabalhadores e consciencialização para
a mudança, impõe-se cada vez mais as PME. Por outro lado, a falta de qualificação
e formação técnico profissional constitui uma das barreiras mais críticas ao desen-
volvimento, à cooperação, e à endogeneização associada aos processos de criação e
adoção de tecnologias e, consequentemente, à inovação (Barrau, 2000).
Um dos pontos negativos que se faz sentir nas PME é o elevado grau de rota-
tividade dos recursos humanos, uma vez que estes não ficam vinculados à empresa,
e constantemente procuram novas oportunidades de emprego, o que impede assim
maiores níveis de empenho e motivação. Segundo Krogh e Nonaka (2001), existem
quatro principais barreiras que dificultam a troca de conhecimento, sendo elas:
3 Metodologia
4 Resultados e discussão
Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 199
Aplicação da inovação pela Inklusion Entertainment
Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 201
Natureza e Estrutura Organizacional
O Mercado
Restrições Financeiras
Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 203
Por outro lado, ainda nas palavras de João Dias, “as PME de base tecnológica
ao desenvolverem sofware, jogos de vídeo e aplicações, são vistas em Portugal como em-
presas que não fazem trabalho sério” o que confere descrédito a este tipo de actividade
pelas entidades de financiamento portuguesas. Com a crise macroeconómica que se
vive em Portugal neste momento, as PME têm dificuldade em ter financiamento ex-
terno pois a hipótese de falhar por não conseguir responder às pressões do mercado
é mais provável (Matias, 2009; OCDE, 2009a).
5 Conclusões e implicações
Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 205
a burocracia, regras e normas, que constituem entraves à capacidade inovadora, já
que o registo de patentes é bastante dispendioso e demoroso.
No que diz respeito às PME de base tecnológica, a aposta deve passar pela
incrementação de processos inovadores e no desenvolvimento de produtos, de modo
a atingir mercados. Para que esse investimento seja possível têm de dispor de meios
financeiros suficientes, pelo que muitas das vezes têm de recorrer a créditos junto de
entidades financeiras. Apesar de existirem linhas de apoio financeiro para as PME,
nem sempre é fácil a sua obtenção especialmente quando se trata de empréstimos a
longo prazo, constituindo assim uma barreira dificilmente superável.
Relativamente à PME estudada, a Inklusion Entertainment Lda., apresenta al-
gumas barreiras que estão inerentes à adoção de inovação, passando pela limitação
de recursos monetários, pouco apoio das instituições financeiras a projetos inovado-
res bem como a falta de qualificação dos recursos humanos. Apesar disso, a empresa
tem vindo a fazer esforços para ultrapassar essas dificuldades através da qualificação
dos seus recursos humanos, criação de parcerias com a Microsoft, participação em
várias competições de produtos inovadores como é o caso da Imagine Cup 2013 e
pela crescente preocupação na divulgação da empresa, proporcionada pelo estabele-
cimento de lojas online.
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Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 209
inovação
A
configuração atual do contexto capitalista promove uma sociedade dinâmi-
ca e globalizada em que o conhecimento ganha importância como um fator
de produção. A universidade é chamada a contribuir para o desenvolvimen-
to local e o grande desafio, nesse contexto de incerteza, é ampliar a relação entre as
universidades e o setor produtivo em busca de maior autonomia econômica e social.
Nesse capítulo, discute-se o relacionamento entre a universidade e as empresas
a partir da percepção dos atores da Universidade Estadual de Goiás/Brasil (UEG) e
das empresas locais do setor de turismo e se essa relação contribui para a solução de
problemas e para inovação diante da seguinte questão: como se dá o relacionamento
entre UEG e as empresas locais?
No Brasil, os incentivos para a inovação vêm da Lei de Inovação (2004) que
regula a relação entre as universidades e o setor privado e motiva esse estudo. Essa
referência legal legitima a investigação conjunta, permitindo que os pesquisadores
permaneçam na universidade e que as empresas complementem seus investimentos
internos em P&D.
211
A hipótese é que os atores centrais da universidade e das empresas em Goiás
perceberam a urgente necessidade de se considerar o papel interativo da universi-
dade em uma sociedade cada vez mais baseada no conhecimento e de estabelecer
parcerias que contribuam para o desenvolvimento local. Assim, a universidade foi
redirecionada para considerar um novo papel econômico, educacional, política e so-
cial a partir de um diálogo entre esses atores (LUNDVALL, 2002, 2007).
Este capítulo apresenta um estudo de caso (Yin, 2001) com duas perspectivas:
a da universidade e a das empresas de turismo. Optou-se, ainda, por uma abordagem
qualitativa e descritiva e por teorias evolucionistas sobre o processo de inovação.
Na primeira parte, apresenta-se a descrição e análise de questionários e en-
trevistas com os principais atores centrais da UEG – diretores, professores e coorde-
nadores de ensino, pesquisa e extensão acerca da sua percepção do relacionamento
entre a UEG e as empresas locais. Na segunda parte, apresenta-se a descrição e a
análise das entrevistas com os atores centrais das empresas locais do setor do turis-
mo – gerentes de hotéis – de duas regiões turísticas de Goiás, a fim de compreender
a percepção dos atores das empresas sobre o relacionamento entre o setor e a UEG.
Construindo a interação entre universidade e empresas: O que os atores pensam sobre isso? 213
universidade. Os coordenadores de ensino e de extensão apontam para o convênio
com o projeto de pesquisa. Portanto, entende-se que a prestação de serviço e convê-
nios com o projeto de pesquisa são consideradas estratégias para o relacionamento e
que o desenvolvimento de equipamentos, transferência de tecnologia e desenvolvi-
mento de software, por exemplo, não se constituem estratégias para esse tipo relacio-
namento nessa universidade.
As entrevistas com os atores oferecem mais explicações sobre o tipo de relação
entre UEG e empresa. Para os professores, esse relacionamento pode ser formal ou
informal e, frequentemente, ocorre a partir da atividade considerada mais importan-
te: o ensino, indicando que esse relacionamento ocorre a partir da difusão do conhe-
cimento e da formação de recursos humanos.
Assim, os diferentes atores acreditam que as atividades de ensino, especial-
mente, a de estágio supervisionado, motivam a interação da UEG com a empresa lo-
cal. Eles também destacam que a área de conhecimento dos professores pode definir
essa interação, desde que atenda ao interesse da empresa local. Este tipo de relação
é estabelecido por relações sociais informais na comunidade local que permitem a
confiança entre as partes interessadas e estabelecem uma cultura de aprendizagem
entre os pares cooperativamente. Mesmo que isso ocorra de forma esporádica, a rela-
ção com a empresa local é uma condição que tem sido parte da história da instituição,
mesmo com infraestrutura frágil e sem formalidade.
Na atividade de estágio supervisionado, considera-se que a aquisição do co-
nhecimento prático combinado com a teoria facilita a aprendizagem, aumenta o nível
de conhecimento e é visivelmente mais significativa para alcançar autonomia e criar
uma rede de contatos essenciais para a vida profissional.
O desenvolvimento de atividades em parceria com as empresas é definido por
competências, equipamentos e laboratórios que devem estar disponíveis para a realiza-
ção dos projetos, pois são fatores preponderantes para promover ou dificultar o tipo de
relacionamento com a instituição. Constata-se que o interesse pelo relacionamento é
mútuo, pois tanto o pesquisador que visa à produção e difusão do conhecimento quan-
to a empresa que visa ao lucro são atendidos. As áreas de engenharia e agronomia, por
exemplo, realizam pesquisas aplicadas e desenvolvem atividades de ensino e pesquisa
na forma de consultoria, treinamento e transferência de conhecimento para o desen-
volvimento local e são consideradas potenciais atividades empresariais.
Outras percepções sobre a interação da UEG com as empresas locais po-
dem ser identificadas a partir das atividades de pesquisa e de extensão como cur-
Construindo a interação entre universidade e empresas: O que os atores pensam sobre isso? 215
dade e empresa. O setor do turismo tem mostrado uma crescente importância eco-
nômica no estado e o desenvolvimento da capacidade de inovação dos trabalhadores
do setor pode ocorrer a partir da interação e do relacionamento com a universidade.
Entre as empresas do setor do turismo, foram consideradas aquelas relacio-
nadas aos meios de hospedagem, hotéis e pousadas. Foram entrevistados gestores
dos hotéis de duas regiões turísticas do Estado: a Região das Águas e a Região do
Ouro. Embora haja uma proximidade geográfica, as duas regiões têm características
diferentes: a Região das Águas oferece turismo de massa e a Região de Ouro oferece
turismo de experiência. Ambas acreditam que a sazonalidade é uma das dificulda-
des do setor e investem no potencial da região como uma atração turística, sendo as
águas termais na Região das Águas e a história, a cultura e a culinária local na Região
de Ouro.
A partir da análise das informações obtidas nas entrevistas com os principais
atores das empresas sobre o relacionamento entre a UEG e as empresas do setor,
destaca-se a formação do profissional que pode contribuir para a inovação no setor.
Para os atores centrais das empresas, a formação no ensino superior é importante e
desejável. Os gerentes de hotéis consideram que esta formação contribui para a qua-
lificação profissional, mas destacam que a rotina de trabalho não ajuda a formação
de pessoas que trabalham em hotéis porque a jornada de trabalho concorre com o
horário dos cursos na UEG.
Especialmente na Região das Águas, a formação do profissional do setor de
turismo aconteceu em cursos técnicos de nível médio e não no ensino superior. Esse
fato implica na criação de conhecimento, já que não é uma prática eficaz para discus-
sões sobre as decisões e inovações do setor. Assim, o setor tem dificuldade em con-
tratar e valorizar os profissionais de nível superior e a maioria contrata trabalhadores
não qualificados e incentiva o trabalho informal.
Neste sentido, os hotéis costumam contratar trabalhadores não qualificados e
profissionais de outras áreas para fazer as atividades da forma como a empresa ne-
cessita. Como resultado, entende-se que, mesmo quando os trabalhadores do setor
frequenta uma universidade, esta parece não atender às necessidades do setor uma
vez que o conhecimento teórico não está relacionado às demandas das empresas.
Por outro lado, na Região de Ouro, o relacionamento entre a UEG e as empre-
sas pode ajudar na contratação de profissionais, pois incentiva a inclusão do profis-
sional nessas empresas locais. Neste caso, porque a comunidade reconhece e valoriza
o profissional formado na região. Os gerentes afirmam que os empresários do setor
Construindo a interação entre universidade e empresas: O que os atores pensam sobre isso? 217
3 Considerações finais
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Construindo a interação entre universidade e empresas: O que os atores pensam sobre isso? 219
inovação
1 Introdução
O
arcabouço regulador do Estado, mediante ação de controle e comando ou
por intermédio de aplicação de instrumentos econômicos ou também em
razão de acordos internacionais ou regionais, induz a uma sistemática in-
tervenção no sistema de produtivo das Empresas, seja pela via de investimento em
infraestrutura para atender às demandas dos órgãos do sistema ambiental ou pela
necessidade em modernizar métodos e processos produtivos com vista a atender aos
padrões ambientais para uso e conservação dos recursos naturais. Cada vez mais a
sociedade e os governos e os mercados estabelecem tendências de consumo para no-
vos produtos que atendam aos padrões ambientais (Exame, 2008).
Segundo Porter e Linde (1995) lideres de negócios e ambientalistas tem focado
o impacto das regularmentações ambientais em custos estáticos e ignoram o mais
importante que é o equilibrio dos beneficios da produtividade com inovação. Por
isso, a importância e a necessidade de investimento em ciência e tecnologia para bus-
221
car a inovação de produtos, métodos e processos industriais que sejam menos impac-
tantes ao meio ambiente.Dai o destaque para empresas do porte da General Eletric e
da Wal-Mart com estratégias para portfólio de produtos verdes, e também, empresas
como a Super-Bac, especializada em biotecnologia para tratamento de resíduos ou a
Floresta, fabricante de cosméticos orgânicos, que adotam e desenvolvem práticas de
gestão relacionadas às suas atividades empresariais em respeito aos princípios do de-
senvolvimento sustentável (Exame, 2008). Para Nath e Hristozova (2005) a ciência e
tecnologia tem trazido imensos benefícios, embora ainda estejamos pagando um alto
preço pela degradação do ambiente e este preço é intensificado e frustante pelo mo-
desto grau de desenvolvimento sustentável global. Segundo Almeida, Kruglianskas
e Guimarães (2008), as empresas que adotam como estratégia a produção sustentá-
vel estão preparadas para a nova realidade e prontas para atender às exigências do
mercado.
Todavia, políticas públicas ambientais e ações governamentais são elemen-
tos que, direta ou indiretamente, podem exercer influência no desempenho empre-
sarial econômico e socioambiental das firmas. As firmas buscam estabelecer uma
relação de interação com o ambiente sob o prisma da sustentabilidade. Por outro
lado, a aplicação da legislação ambiental por parte das empresas traz no seu bojo
uma série de investimentos ligados ao ciclo de vida dos produtos, podendo impac-
tar os orçamentos das firmas. Entretanto, associado a esses investimentos, há tam-
bém melhoria de produtividade pelas práticas de gestão e de métodos e processos
de produção, via inovação tecnológica, que elevam a qualidade dos produtos. Tais
fatores podem,também, de forma direta ou indireta, influir na competitividade das
firmas. Neste contexto, pretende-se buscar resposta para a seguinte questão: padrões
de inovação tecnológica da politica de regulamentação ambiental guardam alguma
associação com o desempenho econômico e socioambiental das empresas de benefi-
ciamento e industrialização de leite e derivados no Estado de Goiás?
Portanto, este capítulo apresenta o resultado de uma pesquisa que buscou, me-
diante aplicação de pesquisa empírica no segmento de lacticínio, abrir novas frontei-
ras de conhecimento em relação à compreensão das questões ambientais, em espe-
cial, se padrões de inovação tecnológica expressas em políticas públicas ambientais
e as ações do poder público, fundamentadas no marco regulatório e normativo do
Estado, exercem influências no desempenho econômico e socioambiental das em-
presas de beneficiamento e industrialização de produtos lácteos e seus derivados no
Estado de Goiás-Brasil.
Fonte: Almeida,Francisco Alberto Severo, Isak Kruglianskas, Antonio Teodoro Ribeiro Guimarães, Estratégia
Empresarial e Sustentabilidade: uma Visão Prospectiva sobre o Econegócio, XXI Congreso Internacional de la
Sociedad Latino Americana de Estratégia, Universidad Diego Portales, Faculdad de Economia y Empresa,
2008, Meio eletrônico (Pendrive)
4 Resultado da Pesquisa
Tabela 10: Matriz de validação da dimensão Instrumentos institucionais de regulação direta no mercado
Coeficiente
Grau de Alfa Grau de
Item do Questionário Itens da questão de correlação
associação Cronbach Consistência
de Person
Fonte : Autor
Fonte : Autor
Fonte : Autor
Fonte : Autor
Fonte : Autor
Coeficiente F
Grupo de
Hipótese Calculado Crítico Decisão
Hipótese Significância
Fo Fc
Grupo II - Associação entre instrumentos institucionais de
Fonte : Autor
Nivel de sigficância de P d 0,05
Tabela 59 : Matriz de correlação múltipla das variáveis dependentes, com seus componentes agrupados, de desempenho econômico e socioambiental para os elementos do indicador da variável
independente instrumentos institucionais de regulação direta no mercado, em nivel de significância de 5%
Redução de poluentes Positiva fraca 0,006538 Positiva baixa 0,006538 Positiva baixa 0,006538 Positiva baixa 0,006538
Métodos e processo de produção Positiva fraca 0,007061 Positiva baixa 0,007061 Positiva baixa 0,007061 Positiva fraca 0,007061
VI 2.1
Emissão de substâncias poluidoras Positiva fraca 0,007780 Positiva baixa 0,007780 Positiva baixa 0,007780 Positiva baixa 0,007780
Fonte : Autor
5 Conclusões do estudo
Referências
ALMEIDA, Francisco Alberto Severo, Kruglianskas, Isak e Guimarães,Antonio Teodoro Ribeiro.
Estratégia Empresarial e Sustentabilidade: uma Visão Prospectiva sobre o Econegócio. In: XXI Congreso
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10
1 Introdução
A
s empresas organizam processos para a geração de inovação com o intuito
de lançar novos produtos e serviços, desenvolver novos processos ou no-
vas configurações organizacionais e atuar em novos mercados. Ao estudar o
processo de inovação, autores como Dodgson, Gann, e Salter (2006) salientam que,
durante muito tempo, esse processo foi desenvolvido com foco quase em exclusive
nos recursos internos, havendo pouca interação e acesso ao conhecimento externo.
Conforme destaca Rothwell (1994), os primeiros estágios do processo de inovação,
alcançados até a década de 1980, foram realizados de maneira eminentemente inter-
na à empresa para gerar a inovação, desenvolver o produto e comercializá-lo.
Hage e Hollingsworth (2000) destacam a crescente complexidade tecnológica
no desenvolvimento de novos produtos, fazendo as empresas tenham necessidade de
aceder a conhecimentos externos através da cooperação com outros agentes. Ches-
brough (2003) designou essa mudança de perspetiva com o termo “inovação aberta”
239
em alternativa ao modelo dominante “inovação fechada. A abertura do modelo fe-
chado de inovação é imperativa, sobretudo pelo aumento da velocidade no lança-
mento de novos produtos, originados pela crescente redução dos seus ciclos de vida
(Chesbrough, Vanhaverbeke, & West, 2006). Ao abrir-se para o ambiente externo,
a empresa poderá aceder a conhecimentos relevantes para o processo de inovação
(Chesbrough, 2003).
O modelo de inovação aberta sugerido por Chesbrough (2003) destaca a ten-
dência para as empresas gastaram cada vez menos em I&D mas compensando o de-
sinvestimento com recurso a fontes externas de inovação. Apesar desta abordagem
estratégica ser pertinente, o trabalho de Chesbrough ainda não foi muito explorado
com recurso a grandes bases de dados, e quando explorado, as investigações têm in-
cidido apenas sobre o sector industrial (Laursen & Salter, 2004, 2006).
Definido o problema em redor desta temática, o objetivo primordial deste
artigo é de efetuar uma revisão da literatura, incidindo sobre o papel e as funções
dos Contabilistas de Gestão, o impacto da inovação aberta vs. inovação fechada no
desempenho das empresas portuguesas, tanto para a setor da indústria, como para
dos serviços, durante o período de 2006 a 2008. Em conformidade com o objetivo
exposto e com os parâmetros delineadores da investigação, impõe-se uma questão
primordial para a qual é necessário encontrar resposta:
As atividades de I&D realizadas dentro da empresa, a aquisição externa de
I&D, a cooperação, os subsídios e, fazer parte de um grupo empresarial influenciam
o desempenho das empresas portuguesas?
Para apresentar as reflexões teóricas e as evidências empíricas de modo a facili-
tar a compreensão do leitor, o artigo está estruturado da seguinte forma: inicialmen-
te, apresentam-se o enquadramento teórico sobre o campo de estudo, abordando-se
os conceitos de inovação fechada, inovação aberta, processo de inovação, e desem-
penho empresarial. Na sequência, explica-se a metodologia e os dados estatísticos.
Em seguida descreve-se a estimação do modelo e os resultados empíricos. Por último
apresenta-se as conclusões, limitações e recomendações para futuros estudos.
O processo de inovação
A partir dos anos 80, para fazer face as limitações do Modelo Linear da Inova-
ção surge o Modelo Interativo de Inovação (Figura 2), proposto por Kline e Rosen-
berg em 1986, reforça a ideia qua as empresas desempenham um papel determinante
no processo de inovação. Inclui as atividades inovadoras e elementos de pesquisa e
conhecimento de mercado. Este modelo é mais completo que o linear, visto que o
fluxo da pesquisa para a inovação também está considerado. Este modelo considera
o mercado como fator estruturante dos fluxos, a inovação não existe se não houver
mercado. Neste sentido, o modelo destaca a interação entre oportunidades de merca-
do, conhecimentos e capacidades da organização, permitindo uma interação entre os
diferentes elos da cadeia (Kline & Rosenberg, 1986).
No modelo interativo, o centro da inovação é a empresa. Ele combina intera-
ções no interior das empresas e interações entre as empresas individuais e o sistema de
Ciência e Tecnologia mais abrangente em que elas operam. A inovação é atividade da
empresa. Da empresa derivam as iniciativas que vão possibilitar a inovação, partindo-
-se de necessidades do mercado, apoiando-se no conhecimento científico já existente
ou procurando um novo. A I&D não são consideradas a base da inovação, a abordagem
sequencial é considerada somente como um dos seus percursos. A sequência linear en-
tre Ciência, Tecnologia & Inovação é apenas umas das possibilidades para se alcançar a
inovação. A relação entre pesquisa científica e tecnologia segue não somente um, mas
vários outros percursos, e a pesquisa científica ou tecnológica podem interferir em di-
versos estágios do processo de inovação (Kline & Rosenberg, 1986). Pelo menos quatro
percursos da inovação são identificados no modelo interativo:
As pessoas talentosas do setor traba- Nem todas as pessoas talentosas do setor trabalham para nós.
lham para nós. Necessitamos trabalhar com pessoas talentosas dentro e fora da
empresa.
Para lucrar com o I&D, nós devemos I&D externo pode criar valor significativo. I&D interno é neces-
pesquisar, e desenvolver nós mesmos. sário para garantir uma porção deste valor.
Se nós mesmos realizarmos as nossas Nós não temos que necessariamente originar a pesquisa para
pesquisas, conseguiremos chegar pri- obter lucro com ela.
meiro ao mercado.
A empresa que levar primeiro a inova- Construir um melhor modelo de negócio é melhor que levar pri-
ção para o mercado, será a vencedora. meiro para o mercado.
Se criarmos as maiores e melho- Se nós fizermos o melhor uso das ideias internas e externas,
res ideias no nosso setor, seremos seremos vencedores.
vencedores.
Devemos proteger a nossa Proprieda- Devemos nós beneficiar de outros usos da nossa Propriedade
de Intelectual (PI) de maneira que os Intelectual (PI) e devemos adquirir PI sempre que for vantajoso
nossos competidores não se benefi- para o nosso modelo de negócio.
ciem com nossas ideias.
Neste novo paradigma, no qual o ambiente externo pode e deve ser considera-
do pelas estratégias de inovação, os departamentos de I&D internos deixaram de ser
a única fonte de inovação para as organizações, que precisam de inovar com rapidez
cada vez maior. Sendo assim, a inovação passa a fazer parte de um fluxo que tanto
pode ser do ambiente interno como externo e vice-versa, num processo de coopera-
ção Chesbrough (2003).
Desempenho empresarial
Para este estudo empírico iremos estabelecer o que se pretende medir no de-
sempenho da empresa, para em seguida definir as respetivas medidas adequadas que
avaliem o que se quer medir.
A relação entre a inovação e o desempenho empresarial tem sido explorada
por diversos autores (Dosi, 1988; C Freeman, 1982; Klomp & Van Leeuwen, 2001).
As empresas inovadoras, independente de quais forem as atividades inovado-
ras, devem apresentar um melhor desempenho, quando comparado com empresas
que não inovam (Marques & Monteiro-Barata, 2006).
Chaney, Devinney, e Winer (1991) sustentando a importância da inovação
para as empresas, referem que muitas análises empíricas têm demonstrado uma rela-
Embora seja a variável dependente que se utiliza com maior frequência na área
da gestão, o ‘desempenho empresarial’ não é um constructo simples, e a sua operacio-
nalização ainda não é consensual (Combs, Crook, & Shook, 2005).
Por se tratar de um constructo complexo, diversas são as formas usadas para
mensurar a inovação, no desempenho da empresa. Por exemplo, Pavitt e Steinmuller
(2002) referem que é muito difícil avaliar o valor das atividades tecnológicas, antes
da sua incorporação nos produtos e da comercialização no mercado. Uma das razões
apontada para esta dificuldade é a falta de um modelo que relacione o desempenho
das empresas, com as seguintes fases do processo de inovação:
0=Variação negativa
Variação das Durante o período de 2006 a 2008, existiu variação no volume
ou nula; 1=Variação
vendas de vendas?
positiva
Grupo
A empresa faz parte de um grupo de empresas 0= Não; 1= Sim
empresarial
Ao analisar as três equações estimadas pelo modelo SURE, para todos os seto-
res de atividade, de forma agregada, verificamos o seguinte: (1) a variável ‘Intensidade
em I&D’, correspondente à fase de input de inovação, é influenciada positivamente,
Referências
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11
1 Introdução
A
bordar marketing e inovação no setor de saúde envolve contemplar três
grandes variáveis que os termos encerram, a saber, a importância do setor
de serviços na economia, as enormes demandas que a área de impõe aos
ofertantes que atuam no mercado, e, por fim, as características do que seja inovação
de marketing em saúde.
De acordo Padovesi e Franco (2013) o setor de serviços responde por 67%
do PIB – Produto Interno Bruto. Este crescimento que é ascendente desde, segun-
do Corrêa e Gianese (2009) é resultado, dentre outros, de fatores como a melhoria
na distribuição de renda e consumo, lazer, mudanças demográficas e tecnológicas
e a própria busca por competitividade por parte de todos os setores da economia
e que descobriram nos serviços uma possibilidade estratégica. Desse percentual,
segundo dados de 2009, o último ano analisado e divulgado pelo IBGE, cerca de
9% do PIB brasileiro teve como destino os serviços voltados à saúde, um percentu-
269
al significativo se comparado a outros segmentos particulares da economia. Com
esta representatividade e que, prevê-se, tende a manter-se em ascensão, acirra-se a
disputa por uma fatia deste mercado por parte dos ofertantes de serviços ligados
à saúde.
Abre-se uma fresta para abordar que mesmo diante da aparente nobreza mes-
siânica da atividade proferida por profissionais, associação de classe, políticos etc.,
o mercado também é uma arena de competidores e, dessa forma, cada um tem que
pensar estrategicamente para não ser tragado pelo concorrente. Para se ter uma di-
mensão dos negócios, dados de uma pesquisa do Instituto Datapopular, divulgada
pelo jornal Folha de S.Paulo, dão conta de que em 2013 os gastos com saúde deve
movimentar R$ 169 bilhões, sendo R$ 48 bilhões em serviços e R$ 52 bi em remédios.
Se há dinheiro e oportunidades lá estão as empresas e os profissionais para capitanear
estas cifras por meio de seus serviços/produtos. No entanto há, como dito, muitos
profissionais em empresas com os mesmos objetivos, a questão central então é, como
se destacar no mercado? Como estabelecer vantagem competitiva?
Há, do ponto de vista da administração, ferramentas capazes de responder a
estas indagações e, essas, dentro da configuração dos serviços, podem ter como su-
portes: o marketing e a inovação.
Esse é o contexto em que a pesquisa se desenvolveu, procurando oferecer uma
contribuição à área da Administração e da Saúde, tendo como objetivo conhecer o
nível de satisfação dos clientes de serviços médicos privados da cidade de Rio Verde,
GO, com foco na inovação de marketing. Assim, as questões-chave que este estudo
buscou responder foram: (1) O que é inovação de marketing? (2) Qual o cenário dos
serviços médicos na cidade de Rio Verde, Goiás? O estudo está estruturado em duas
seções que servem como base teórica do estudo: o marketing para serviços médicos e
a inovação de marketing. Em seguida, são relatados os procedimentos metodológicos
que dão base ao estudo e depois os dados da pesquisa são apresentados e discutidos.
Por fim, as conclusões reúnem as principais implicações da pesquisa, discutem limi-
tações e sugerem estudos futuros.
5 Resultados e discussão
2%2%
7%
Mensal
Trimestral
Semestral
30%
Anual
59%
Por necessidade
Para boa parte da população pesquisada, aquilo que julga ser mais importante
em uma consulta é o fato de ser bem atendida, tanto pela recepção do consultório
ou clínica, quanto pelo profissional. Importante salientar que apenas 1,8% disse se
importar com o preço da consulta. No comparativo entre homem e mulher, percebe-
-se que os homens se preocupam menos com o preço da consulta se comparado às
respostas femininas.
O que chama a atenção aqui é o fato dos respondentes acharem que quando
percebem amabilidade, atenção e valorização dos serviços prestados, evidenciando
o atendimento personalizado e a reputação do profissional, o preço é o fator menos
preocupante. Estas foram as características mais ressaltadas pelas pessoas, mesmo
as cooperadas de algum plano de saúde, cerca de 80%, que quando perguntadas por
quais motivos pagariam uma consulta, afirmaram, ainda que com outras palavras,
mas usando uma das respostas: “quando minhas expectativas são superadas, não me
preocupo com o preço pedido, a qualidade no atendimento, é fator-chave”.
Toma-se aqui o pensamento de Andrade (2005) ao analisar a qualidade nos
serviços de saúde, a excelência inclui contato durante a execução da consulta e dos
auxiliares, desde o primeiro encontro até o último. O autor reforça que não há como
dizer que um médico ou organização de saúde entrega serviço de qualidade se seus
olhares não estiverem voltados para as diferentes interfaces do cliente, quase que de
forma individualizada.
Assim, Novaes (1996 apud Andrade, 2005) reforça que para garantir a qua-
lidade dos serviços de saúde é necessário trabalhar algumas variáveis, tais como a
qualidade técnica dos profissionais da recepção, o uso eficiente dos recursos, a mini-
mização de riscos; a satisfação do cliente em suas demandas, expectativas e acessibili-
dade aos serviços de saúde. Andrade (2005) afirma que a estrutura física e de pessoal
representam outra face do problema. O autor avigora que a qualidade técnica dos
profissionais depende do fator humano, já que é uma qualidade subjetiva. “A quali-
dade subjetiva muitas vezes é ignorada porque torna-se difícil especificar padrões de
qualidade para os itens relacionados ao comportamento humano. Mas a qualidade
objetiva depende da qualidade subjetiva e vice-versa” (Andrade, 2005, p. 13).
Minadeo (2010), nesse sentido, diz que prestar um bom serviço satisfaz e
transforma o lucro em algo justo. Para ele “é um conjunto de pequenos detalhes que
faz a diferença” (MINADEO, 2010, p. 150) e não adianta pensar em todos os detalhes
ou fazer um alto investimento em propaganda e/ou equipamentos se o cliente, ao
chegar no consultório ou clínica, for mal atendido. É nesse foco no cliente que Albre-
cht (1991, p. 30 apud Minadeo, 2010, p. 161) relata que hospitais e clínicas tendem a
se tornar lava-rápido humano, ou seja,
Equipamentos
233 145 87 465 47% 29% 17% 93% 31%
médicos
Produtos
109 123 115 347 22% 25% 23% 69% 23%
farmacêuticos
Hospitais/Clínicas
83 83 89 255 17% 17% 18% 51% 17%
bem equipados
Combate às
– 23 32 55 0% 5% 6% 11% 4%
enfermidades
Procedimentos
– 15 29 44 0% 3% 6% 9% 3%
diferenciados
Diagnósticos mais
– 16 25 41 0% 3% 5% 8% 3%
precisos
Atendimento
– 3 16 25 0% 1% 3% 4% 2%
diferenciado
Atualização dos
– 5 15 18 0% 1% 3% 4% 1%
médicos
Pontualidade no
– 5 11 16 0% 1% 2% 3% 1%
atendimento
Outros – 2 5 3 0% 0% 1% 1% 0%
6 Conclusão
Referências
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Universidade Gama Filho, 2005. Disponível em: <www.fundacaounimed.org.br/.../Germano%20
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CORRÊA, Henrique Luiz; GIANESI, Irineu G. N. Administração estratégica de serviços: operações para
a satisfação do cliente. São Paulo: Atlas, 2009.
291
l og í sti c a
12
Joana Dias
D
e que falamos quando falamos de logística? Não existe uma única definição
possível, podendo optar‑se por definir este conceito de forma mais ou me-
nos abrangente. Neste capítulo irá tentar introduzir-se este tema tão vasto,
com a identificação das principais áreas que compõem a logística, tentando mostrar
até que ponto é que a logística faz parte do nosso dia-a-dia sem que nos apercebamos
disso. Na realidade, na maior parte das vezes, só nos damos conta dos processos lo-
gísticos quando há uma rutura de stock do produto que queríamos adquirir, ou uma
encomenda que tínhamos feito não chega na hora marcada. Não se pretende tratar de
forma exaustiva os assuntos abordados, nem tal seria possível neste número limitado
de páginas, mas antes lançar sementes para que os leitores possam, recorrendo depois
a outras fontes, aprofundar os assuntos aqui tratados.
293
1 Introdução
Tendo em conta esta definição, vemos que existe uma relação umbilical entre logís-
tica e cadeia de aprovisionamento. A cadeia de aprovisionamento corresponde a todas as
atividades relacionadas com os fluxos e transformação de bens e serviços desde o início
da sua produção até ao consumidor final, e também todos os fluxos de informação as-
sociados (Figura 2). A logística está intimamente relacionada com a gestão desta cadeia
de aprovisionamento. No entanto, muitas vezes, estes conceitos são percecionados com
algum nível de confusão. Afinal logística é igual a cadeia de aprovisionamento?
Nos nossos dias, os custos associados com as atividades logísticas têm um sig-
nificativo impacto nas economias nacionais. Veja-se, por exemplo, o valor destes cus-
tos como uma percentagem do produto nacional bruto de alguns países (Figura 7).
2 O serviço ao cliente
(adaptado de http://us.havaianas.com/front/custom-flip-flops/).
A incerteza
4 Os problemas de transporte
Modos de transporte
Problemas de transportes
(http://www.carrefour.com/cdc/responsible-commerce/our-commitment-to-the-environment/reducing-
logistics-impact/).
5 Os problemas de localização
Quando se pretende localizar uma nova loja, ou uma nova fábrica, são três os
aspetos mais importantes a ter em conta: localização, localização, localização!
Os problemas de localização dizem respeito às decisões a tomar relativamente
ao número, ao local e à dimensão dos serviços a localizar, sendo que por serviço se
deve entender qualquer equipamento pertencente à cadeia de aprovisionamento. São
decisões que se caracterizam por implicarem, normalmente, grandes investimentos
e serem difíceis de reverter.
Os problemas de localização mais comuns no âmbito da cadeia de aprovisio-
namento são os problemas de localização discreta: problemas em que são definidas a
priori as potenciais localizações para os equipamentos. Trata-se, por isso, de resolver
um problema combinatório: encontrar a melhor combinação de localizações, den-
tro do conjunto de potenciais localizações, em que melhor poderá representar coisas
tão diferentes como a minimização do custo ou a maximização da acessibilidade. É
possível considerar restrições muito distintas, como sejam, restrições de capacidade,
restrições orçamentais, restrições ao número máximo ou mínimo a abrir.
6 Conclusão
Neste capítulo tentou dar-se um panorama geral acerca do que pode ser en-
globado no conceito de logística. Optou-se por destacar aquelas que se consideram
ser as grandes áreas da logística: gestão de existências, problemas de transporte e
problemas de localização. Aquilo que norteia as decisões a tomar na cadeia de apro-
visionamento é a qualidade de serviço que se deseja garantir. Assim, e cada vez mais,
o cliente encontra-se no centro do planeamento logístico.
Muitas outras áreas da logística se poderiam ter considerado. Questões, por
exemplo, relacionadas com o empacotamento que têm uma relação direta com os
problemas de transporte (veja-se, por exemplo, a importância que uma empresa
como o IKEA dá à questão das embalagens dos seus produtos), ou os problemas
relacionados com o layout de armazéns, fábricas ou lojas.
Para que muitos dos modelos aflorados possam ser utilizados, são necessá-
rios dados. Hoje em dia, a obtenção de dados é cada vez mais fácil e barata, graças à
proliferação, por exemplo, de sistemas de Customer Relationship Management. Pode,
também, muitas vezes ser necessário fazer previsões associadas à procura futura, ou
ao preço de matérias-primas.
As dinâmicas sociais e as alterações no comportamento e preocupações do
consumidor, juntamente com o avanço cada vez mais pronunciado das tecnologias
de informação, fazem com que a estrutura das cadeias de aprovisionamento se vá
adaptando a novas realidades. Terminamos este capítulo com uma possível visão da
cadeia de aprovisionamento do futuro (The Global Commerce Initiative, 2008): to-
dos os participantes na cadeia partilharão informação. Após a produção, os produtos
serão enviados para armazéns colaborativos, partilhados por vários fornecedores.
Também o transporte se fará de forma colaborativa a partir destes armazéns, dimi-
nuindo o impacto ambiental.
Aquilo que realmente faz a diferença é conseguir alcançar uma cadeia de apro-
visionamento fiável, ágil e flexível.
(copyright Capgemini / The Consumer Goods Forum, reproduzido com autorização (The Global Commerce
Initiative, 2008)
Referências
D. M. Lambert and M. C. Cooper, “Issues in Supply Chain Management,” Industrial Marketing
Management, vol. 29, no. 1, pp. 65–83, Jan. 2000.
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S. Chopra and P. Meindl, Supply Chain Management, Strategy, Planning and Operation. 2012.
D. Simchi-Levi, P. Kaminsky, and E. Simchi-Levi, Designing and Managing the Supply Chain: Concepts,
Strategies and Case Studies. 1999.
M. Javidan, “Global supply chain for the blue jeans.”.
J. P. Costa, J. Dias, and P. Godinho, Logistica. Imprensa da Universidade de Coimbra, 2010.
C. Binkley, “How Green Is My Sneaker?,” 2010. [Online]. Available: http://online.wsj.com/article/SB1
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[Accessed: 23-May-2013].
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Available: http://www.forbes.com/sites/theyec/2011/12/28/why-customer-service-is-the-new-
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J. Van Belle, P. Valckenaers, and D. Cattrysse, “Cross-docking: State of the art,” Omega, vol. 40, no. 6,
pp. 827–846, Dec. 2012.
The Global Commerce Initiative, “2016 Future Supply Chain,” 2008.
13
Logística inversa
Catarina Delgado
1 Aspectos introdutórios
O
conceito de cadeia logística tem evoluído com o passar dos anos. Numa pri-
meira fase era sinónimo de transporte e distribuição, tendo-se como objeti-
vo planear e gerir todos os processos de forma a garantir a entrega do pro-
duto final no local e no tempo certos, de acordo com as especificações fornecidas pelo
cliente. Numa segunda fase, passou a também incluir os processos de aprovisiona-
mento, produção, gestão de stocks, os quais permitem transformar matérias-primas e
componentes em produtos a serem distribuídos aos clientes finais. Pretendia-se que
todo o planeamento e gestão, para além de dar resposta às necessidades dos clientes,
fossem feitos tendo como critério adicional a minimização dos custos logísticos to-
tais. Numa terceira fase, foi incluída a própria gestão das relações com os fornecedo-
res e clientes, numa abordagem integrada, designada de uma forma mais ampla por
gestão da cadeia de abastecimento e tendo como objetivo principal a criação de valor
para o cliente (Ballou, 2004). Finalmente, numa quarta fase, ainda recente, passou-se
323
a englobar também, na visão de cadeia logística, os fluxos inversos de materiais, ou
seja os retornos, a pontos mais a montante da cadeia logística, de produtos, matérias-
-primas ou embalagens.
Com a inclusão destes fluxos inversos, a cadeia logística passou a ser vista
como um sistema em ciclo fechado (Moura, 2006), isto é, um sistema realimenta-
do. Tal significa que, no limite, o volume de materiais, componentes, embalagens e
produtos finais a circular em sentido inverso pode ser igual (mas não superior) ao
volume de materiais, componentes, embalagens e produtos finais que antes circulou
no sentido direto da cadeia logística, a fim de satisfazer os pedidos dos clientes. Essa
seria a situação ideal em que todos os elementos usados para a produção, transpor-
te e distribuição dos produtos seriam reaproveitados e, de uma forma ou de outra,
reintroduzidos na cadeia logística, a fim de evitar o gasto de mais recursos e a fim de
evitar a produção de resíduos que contaminem o ar, a água ou o solo ou que acabem
em aterros. Infelizmente, ainda é relativamente baixo o nível de realimentação das
cadeias logísticas, o que se traduz na existência de resíduos.
Assim, uma grande parte do interesse da implementação de canais de logística
inversa prende-se com a recuperação dos produtos em fim de vida e a preocupação
de o fazer com um mínimo impacto ambiental. Reprocessamento, reutilização e reci-
clagem são três atividades do foro da logística inversa que também pertencem ao foro
da logística verde e da gestão de resíduos. No entanto, convém não confundir estes
três conceitos: a devolução de um produto avariado, mas coberto pela garantia, por
exemplo, é uma atividade de logística inversa que nada tem a ver (pelo menos dire-
tamente) como os objetivos da logística verde, de redução dos impactos ambientais,
nem com gestão dos resíduos, tal como medidas que visem uma redução no gasto de
água ou de eletricidade são do foro da logística verde, mas já não da logística inversa
ou da gestão dos resíduos.
Neste momento, muitas empresas começam (por imposições legislativas, em
alguns casos, por pressões da sociedade, noutros, ou até por estarem a desenvolver
um maior grau de consciência relativamente à sua responsabilidade ambiental e so-
cial) a responsabilizar-se pelo ciclo de vida dos seus produtos e a terem um papel
ativo na gestão dos seus produtos em final do ciclo de vida. A possibilidade de extrair
valor destes ou de seus componentes é uma opção interessante para as empresas, que
as leva a repensar o próprio desenho de produtos e a utilização de certos tipos de
matérias-primas. No entanto, pensar na reciclagem como uma solução interessante a
nível de valorização e a nível ambiental pode ser uma falácia (Leonard, 2010), já que
2 Logística Inversa
O termo Logística Inversa começou a ser usado na década de 90, tendo sido
definido pelo conselho dos profissionais de gestão da cadeia logística como o conjun-
to de atividades logísticas levadas a cabo em situações de reduções na fonte, recicla-
gem, substituição, reutilização e eliminação de materiais e resíduos (Brito e Dekker,
2002). Com o passar dos anos, esta definição foi sendo alterada e adaptada de forma
Benefícios evidenciados
Por estar muitas vezes erradamente associada a falhas (no produto, no plane-
amento ou no serviço), há quem diga que, num mundo ideal, a logística inversa não
deveria existir. Nada está mais longe da verdade…
Num mundo de negócios globais, em que é possível enviar produtos de qual-
quer ponto do mundo para qualquer outro ponto do mundo, é importante haver um
sistema bem pensado para lidar com as devoluções de produtos que acontecem e que
se devem não à má qualidade do serviço ou dos produtos entregues mas a erros do
cliente (por exemplo, por se ter enganado em referências) e à flexibilidade que cada
cliente cada vez mais espera ter em ver ao vivo os produtos, poder experimentá-los,
se possível, e escolher então os que mais se adequam ao seu caso, devolvendo os
restantes. Isto é tanto mais importante quando estamos a falar de vendas de vestuá-
rio, calçado e acessórios, mas cada vez mais se aplica a outros setores. Por exemplo,
é muito comum, entre as empresas que comercializam próteses ou equipamentos
médicos a serem usados em operações enviar vários tamanhos/ formatos, para que
se possa escolher o mais adequado dado as especificidades do caso. Os que não são
utilizados são devolvidos.
Também no comércio tradicional, a logística inversa pode funcionar como fa-
tor diferenciador. As lojas cada vez mais são adeptas de conceder aos clientes “perío-
dos de reflexão após a compra”, cada vez mais alargados (algumas lojas dão prazo de
30 dias após a compra), permitindo a devolução desses produtos desde que estejam
em boas condições de conservação, com as embalagens originais e sem quaisquer
danos. O produto é então reembalado e reintroduzido no stock da loja, a fim de ser
comercializado. Lojas que garantam tais níveis de serviço possuem uma vantagem
competitiva face às que não permitem ou que permitem mas dificultam o processo
de devolver um produto em bom estado. O revés da medalha é que, apesar da enorme
variabilidade das devoluções, começam-se a detetar padrões de comportamento en-
tre os consumidores, principalmente no setor da eletrónica de consumo: as televisões
que se compram para assistir aos campeonatos desportivos e que são prontamente
Desenho e implementação
Consideremos uma cadeia de lojas, com loja online. As decisões a tomar para
configurar da forma mais adequada os afluxos inversos são variadas e a vários níveis:
Barreiras e dificuldades
Algumas métricas são importantes para a boa gestão dos fluxos inversos:
1) % de devoluções, isto é de artigos devolvidos (e, sempre que possível
subdividir em percentagem total, percentagem por tipo de causa e
percentagem por ponto de origem, na cadeia logística). Se a percentagem de
é um valor demasiado alto, convém perceber se o problema será do desenho
do produto ou da embalagem; se há problemas criados no transporte
Observações finais
A logística inversa é, nos dias de hoje, uma das partes importantes de uma
cadeia logística integrada. Nesta, os canais diretos têm como objetivo principal fazer
chegar o produto ao cliente final, no local e no momento em que o cliente precisa de
o obter. Já os canais inversos têm um objetivo quase complementar: fazer chegar o
produto das mãos das mãos de um distribuidor ao produtor ou das mãos do cliente
final ao produtor, a um distribuidor (para que o revenda) ou a uma empresa que trate
da sua eliminação ou da sua valorização em final de vida.
A importância da logística inversa para uma empresa deve ser tanto maior
quanto maior a preocupação da empresa com a sua vantagem competitiva e qua-
lidade dos produtos e serviços, uma vez que uma componente importante destes
sistemas de logística inversa é o apoio à gestão da qualidade. Ter uma boa estrutura
de logística inversa permite assegurar a rápida identificação e recolha de produtos
Referências
Álvarez-Gil, M., Berrone, P., Husillos, F. e Lado, N. (2007). Reverse logistics, stakeholders’ influence,
organizational slack, and managers’ posture. Journal of Business Research, 60(5), pp. 463-473.
Ballou, R. (2004). Business Logistics/ Supply chain management. Prentice Hall.
Bowersox, D. e Closs, D. (1996). Logistical management – the integrated supply chain process. McGraw-
Hill.
Brito, M. e Dekker, R. (2004). A framework for reverse logistics. Springer Berlin Heidelberg.
14
Logística e redes:
Influências nas cidades
1 Introdução
O
Brasil é um país que nas últimas décadas vem ganhando expressão econô-
mica mundial. O poder público tem investido em vários setores e a resposta
a tais investimentos tem sido em curto prazo. O país é destaque na produção
de grãos, de carne, e na atualidade tem apresentado um quadro energético de elevado
padrão, sendo possível identificar uma autossuficiência considerando o potencial fa-
vorecido pelo petróleo (pré-sal), biocombustíveis (biodiesel e etanol) e instalação de
hidroelétricas. É um país de dimensões continentais, necessitando de um sistema de
redes adequado e adaptado aos diversificados produtos que são obras do trabalho es-
pecializado por diferentes setores que impulsionam a economia do país. Conta com
um sistema de redes com investimento voltado, principalmente, para o transporte
rodoviário, sendo imprescindível aperfeiçoar e modernizar a logística dos demais
transportes, para atender às demandas oriundas de cada setor e assim potencializar o
desenvolvimento econômico do país.
343
Considerando que a logística e as redes se tornaram um dos gargalos do siste-
ma econômico brasileiro, objetiva-se com o presente trabalho analisar alguns aspec-
tos da realidade agroindustrial brasileira, no que tange à importância das redes e da
logística para o fortalecimento e expansão das cidades.
O Brasil possui uma capacidade econômica produtiva muito grande devido
em grande parte, às condições de clima, relevo e à incorporação de técnicas de cor-
reção de solo, de mecanização agrícola e de melhoramento genético de plantas – es-
tas características atraíram e expandiram o agronegócio e assim transformaram sua
paisagem. O Brasil nas últimas décadas vem expandindo sua economia, cada vez
mais atraindo investidores no setor de produção agroindustrial, e um dos fatores
relevantes para a efetivação desta, é a adequação e modernização da logística e das
redes (Ballou, 2007).
Sistemas de redes e de logística eficazes compõem um sistema atrativo aos
olhos de grandes indústrias de vários segmentos que constituem um complexo pro-
dutivo, desde parte de uma cadeia que compõe apenas um segmento e/ou circuito
completo que inicia produzindo a matéria prima, até o término do ciclo, com a mer-
cadoria pronta para o consumidor final.
A palavra logística é oriunda do radical grego logos, que significa razão. Impli-
ca também em “a arte de calcular” ou “a manipulação dos detalhes de uma operação”
(HARA, 2005, p.17). Aplicada estrategicamente, desde a década de 1940, relacionava-
-se com todo o processo de aquisição e fornecimento de materiais como: fardas, re-
médios, movimentação de pessoal, armamentos, munições, enfim, todo suprimento
necessário para o cumprimento dos objetivos, durante a Segunda Guerra Mundial;
foi utilizada pelas Forças Armadas norte-americanas para atender os objetivos de
combate da época.
Inicialmente não se ouvia falar neste termo no meio mercadológico, somente
no meio militar e com finalidades específicas. Mas como todo conflito não é compos-
to apenas de coisas ruins, a logística veio encontrar novas aplicações, servindo como
uma ferramenta de desenvolvimento mercadológico abrangendo todo segmento de
mercado de maneira estratégica como diferencial na luta pela minimização dos cus-
tos que sempre reflete no preço final do produto ou serviço.
A dimensão alcançada pela logística é abrangente e dinâmica, pois, dentro de
cada especificidade, seja ela no campo, na cidade e em qualquer tempo ou lugar, ela
funciona como sustentação do planejamento de vida de um indivíduo, em todos os
aspectos, passando por diversos segmentos comerciais ou produtivos, públicos ou
privados, alcançando até o alto escalão de governo nas três esferas. A aplicabilidade é
irrestrita, pois as estratégias nascem do imaginário (abstrato) para serem consolida-
das na praticidade da execução das demandas, empregada a toda ciência ou necessi-
dades que compõem a vida cotidiana.
Conforme aponta Ballou (2007), a definição de logística a priori era limitada
ao transporte, gestão de armazéns, controle de estoques, integração de marketing
e gestão da cadeia de suprimentos. Posteriormente, o autor redefiniu logística com
maior abrangência, tratando de todas as atividades de movimentação e armazena-
gem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima
até o ponto de consumo final, assim como os fluxos de informação que colocam os
produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequa-
dos aos clientes a um custo razoável, com o menor tempo e com melhor qualidade. É
colocar à disposição a mercadoria ou serviço desejado, no lugar adequado, no tempo
esperado e nas condições almejadas, ao mesmo tempo em que fornece a maior con-
tribuição possível de redução dos custos às empresas.