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Abstract: The article brings into focus the relationship between theory and practice,
emphasizing issues such as the politics of education, educational policies, public man-
agement, educational management, school management, democratic management, and
basic education. As fields of endeavor of public interest, policies and management
come to light in the different government levels, including the school, where public
educational policies are reconstructed and re-invented. This understanding is particu-
larly relevant in a context where an agenda of quality education for all is discussed.
Keywords: Educational policies, educational management, school management.
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Texto elaborado para apresentação na mesa-redonda: “Políticas e Gestão da Educação
Básica”. IV Seminário Regional de Política e Administração da Educação do Nordeste e
V Encontro Estadual de Política e Administração da Educação do Rio Grande do Norte,
promovidos pela Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE),
em Natal, RN, 09 de novembro de 2006.
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“Passei pela experiência e a experiência é uma terrível professora”. Do filme Terra de Sombras,
de Richard Attenborough (tradução livre).
POLÍTICA, POLÍTICAS
O título desta mesa redonda destaca as ‘políticas’, que são uma dimensão da
‘política’ de educação. Nesse sentido, não existem ‘políticas’ sem ‘política’. Esta, por
sua vez, é uma manifestação da política social. Ou, para usar as palavras de Freitag,
“a política educacional não é senão um caso particular das políticas sociais” (1987).
Sobre a diferença entre ‘política’ e ‘políticas’ de educação, é oportuno retomar algo
do que dizem os teóricos sobre o tema:
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Nessa perspectiva, cabe destacar algumas iniciativas voltadas para a formação de gestores
escolares: o PROGESTÃO (Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolares),
do CONSED (Conselho Nacional de Secretários de Educação); o Escola de Gestores, do
Ministério da Educação e a Coleção Gestão Escolar, da Secretaria de Educação Básica do
Estado do Ceará. Vale mencionar também as publicações organizadas pelo Núcleo de Estudos
de Política e de Gestão da Educação da UFRGS.
Sob esse ponto de vista, a análise da(s) política(s) de educação requer uma
compreensão que não se contenta com o estudo das ações que emanam do Poder
Público em suas diferentes esferas (União, Estados, Municípios). Esta deve alcançar
a escola e seus agentes e, num movimento de ida e volta, procurar apreender como as
idéias se materializam em ações, traduzindo-se, ou não, na gestão educacional e escolar.
E, já que tocamos no assunto, é hora de buscar elementos para explicitar os “conceitos
mais simples” relativos à gestão, matéria sobre a qual há muito por explorar.
GESTÃO
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O acesso a essa discussão me foi propiciado pelo programa “Senior Executives in State and
Local Government”, da Kennedy School of Government, da Universidade de Harvard, do
qual participei em julho de 2005.
Gestão educacional
De acordo com a Constituição e a LDB, a gestão da educação nacional se
expressa através da organização dos sistemas de ensino federal, estadual e municipal;
das incumbências da União, dos Estados e dos Municípios; das diferentes formas de
articulação entre as instâncias normativas, deliberativas e executivas do setor educa-
cional; e da oferta de educação escolar pelo setor público e privado.
No âmbito do Poder Público, a educação é tarefa compartilhada entre a
União, os Estados, o Distrito Federal (DF) e os Municípios, sendo organizada sob
a forma de regime de colaboração (CF, Art. 211 e LDB, Art. 8º). As competências
e atribuições dos diferentes entes federativos foram explicitadas através de Emenda
Constitucional (EC n. 14/96, Art. 3º) e detalhadas pela LDB (Art. 9°, 10, 11, 16,
17, 18 e 67). A educação básica, que discutiremos em maior detalhe adiante, é uma
atribuição dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
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Parte das considerações aqui apresentadas sobre gestão educacional, gestão escolar e ges-
tão democrática foram anteriormente exploradas no artigo “Educação e gestão: extraindo
significados da base legal”, publicado originalmente no livro Novos paradigmas de gestão escolar,
da Secretaria da Educação Básica do Estado do Ceará (2005) e, posteriormente, republicado
no livro Gestão escolar democrática: concepções e vivências, organizado pelas professoras Maria
Beatriz Luce e Isabel Letícia Pedroso de Medeiros (2006).
Gestão escolar
A gestão escolar, como o próprio nome diz, refere-se à esfera de abrangência
dos estabelecimentos de ensino. A LDB de 1996 foi a primeira das leis de educação
a dispensar atenção particular à gestão escolar, atribuindo um significativo número
de incumbências às unidades de ensino.7 Esta perspectiva assinala um momento
em que a escola passa a configurar-se como um novo foco da política educacional
(Vieira; Albuquerque, op. cit.).
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Dermeval Saviani tem discutido esses temas com profundidade em seus estudos. Vale a
pena conferir, do autor: Política e educação no Brasil: o papel do Congresso Nacional na legislação do
ensino (1987) e A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas (1997).
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São as seguintes as incumbências atribuídas aos estabelecimentos de ensino em lei: “elabo-
rar e executar sua proposta pedagógica; administrar seu pessoal e seus recursos materiais e
financeiros; assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; velar pelo
cumprimento do plano de trabalho de cada docente; prover meios para a recuperação de
alunos de menor rendimento; articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos
de integração da sociedade com a escola; informar os pais e responsáveis sobre a freqüência
e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica” (LDB,
Art. 12, Incisos I a VII).
Gestão democrática
A gestão democrática é um dos temas mais discutidos entre os educadores,
representando importante desafio na operacionalização das políticas de educação
e no cotidiano da escola. Tal como os temas tratados anteriormente – a gestão
educacional e a gestão escolar – sua base legal remonta à Constituição de 1988 que
define a “gestão democrática do ensino público, na forma da lei” como um de seus
princípios (Art. 206, Inciso VI). No mesmo sentido também se expressa a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, que detalha o caput do artigo da Constituição, que
utiliza os termos “na forma desta Lei”, acrescentando as palavras “e da legislação
dos sistemas de ensino” (Art. 3º, Inciso VIII).
O detalhamento da gestão democrática é estabelecido em lei, através de dis-
positivo que define os limites à expressão deste “valor público”, determinando que
EDUCAÇÃO BÁSICA
PARA FINALIZAR
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Para aprofundar essa reflexão, conferir Braslavsky, op. cit. p. 21-37.
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