Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Dora2
RESUMO:
PALAVRAS-CHAVE
1
Graduando do curso de Artes Cênicas Licenciatura – Grade curricular Teatro e Dança - da
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UUCG, Bailarino da Luminis Cia de Dança, da
Cia Contempurban e do grupo e danças urbanas Expressão de Rua. Atuante no Grupo de
pesquisa GPED – CRI(s)ES. E-mail: Luizkhalaf@gmail.com.
2
Dora, A AVENTUREIRA.
INTRODUCAO
“Meu corpo é música. Espero que
quem assistir, escute.”
- Luiz Khalaf
Dança e Musica. Dois corpos que estão em constante correspondência, mas que
ao mesmo tempo, mantém as suas peculiaridades. Discutir cada linguagem é abrir um
campo de possibilidades, visto que a dança e a musica são desenvolvidas através das
relações. Como exemplo podemos falar sobre a chuva. Quando está chovendo,
conseguimos sentir o som ao tocar o telhado da casa, que proporciona um suavizar das
tensões e normalmente no despertar do sono. Esse desfadigar do corpo acionado pela
sonoridade da chuva pode ser explicado - de acordo com estudos da musicoterapia3 –
devido ao fato da água em movimento e a sua colisão transportar o individuo que esta
escutando, diretamente a memórias afetivas embrionárias como o momento de gestação
do feto dentro da cavidade amniótica 4 . Partindo desse exemplo, temos a chuva,
compondo uma sonoridade que estimula memórias, e que a partir desse estimulo
ocasiona uma sensação ao corpo que reverbera um novo estado.
3
Conforme definição atualizada da World Federation of Music Therapy (WFMT), em 2011,
"Musicoterapia é a utilização profissional da música e seus elementos, para a intervenção em ambientes
médicos, educacionais e cotidiano com indivíduos, grupos, famílias ou comunidades que procuram
otimizar a sua qualidade de vida e melhorar suas condições físicas, sociais, comunicativas, emocionais,
intelectuais, espirituais e de saúde e bem estar. Investigação, a educação, a prática e o ensino clínico em
musicoterapia são baseados em padrões profissionais de acordo com contextos culturais, sociais e
políticos”.
4
A cavidade amniótica é o espaço situado entre o pólo embrionário e o trofoblasto, aparecendo na
gestação ainda no estágio de blastocisto, aproximadamente três semanas após a data da última
menstruação. Com o evoluir da gestação essa cavidade cresce e envolve o embrião, podendo ser
visualizada através do ultra-som endovaginal a partir de cinco ou seis semanas, e cresce até obliterar a
cavidade coriônica com cerca de 12 semanas. Nas primeiras semanas de gestação, o líquido amniótico é
um simples ultrafiltrado do plasma materno. Pequenas moléculas ou solutos como sódio, potássio e uréia
passam facilmente pela membrana. (DERTKIGI; CECATTI; CAVALCANTE; BACIUK; BERNARDO,
2005)
atravessamentos conhecidos que a musica consegue causar ao corpo, devido ao fato das
diferentes relações que cada corpo desenvolve com determinados sons. Existem duas
esferas que englobam a relação de corpo-sonoridade que desenvolvo nessa pesquisa.
Escutar e deixar-se escutar. Sobre a primeira esfera Rodrigues (2007) menciona que
dentro da trilha sonora o conceito de sonoridade,
O que nos tornamos quando deixamos esta simbiose entre Musica e Dança
acontecer? Porque meu corpo e estimulado através da musica? Quais os caminhos que a
musica motiva, instiga ou provoca ao corpo? Como transformar processos de
composições livres, espontâneos ou de improvisação através do contato da musica ao
corpo em experimentos concretos? Como acessar novamente esses lugares de
composição em dança que acontecem da relação musica e corpo?
Desenvolve-se um processo colaborativo entre corpo e musica, e as sonoridades
nos encaminham para encontros outros, mas sempre direcionados a lugares, fazendo
com que o corpo estimule-se ao toque das ondas sonoras. Rodrigues (2007) menciona
que dentro do processo de escuta – especificamente sobre trilhas sonoras - a
composição do todo se da através da troca, e das relações que acontecem entre ouvinte
e sonoridade. Nessa mesma questão, o ator-bailarino de acordo com Luigi Nono
(2016), descreve essas potencias da escuta em música nos seus escritos dentro do teatro
musical5 como uma catarse6, onde as linguagens entram em colisão e se misturam -
Música, Dança e Teatro - em busca de uma organicidade através do processo
colaborativo que instigue o publico no despertar de sensações especificas.
5
6
Um caminho ainda nebuloso, onde não existe métodos ou formulas pré-
7
dispostas, mas investigação dos processos coreo(bio)graficos , onde podemos
transformar uma simples contagem no metrônomo em dança, e a composição dos
movimentos criados em musica. Neste lugar de questionamentos e descobertas, utilizo
de meu processo de composição musical, intitulado Teoria das Cores 8 (Musica e
Poesia), onde aprofundo um pouco sobre as transformações pessoais através das
experivivencias9 e como resultado, procuro desenvolver um experimento cênico “Teoria
das Cores – Estações do Corpo) para investigar a simbiose que acontece na busca de
transformar movimentos em musica através do ritmo corporal, e a musica enquanto
desafio que transporta meu corpo nesse lugar desconhecido de estimulo - investigativo.
PRIMAVERA
Aprendendo a conhecer
A primavera chega ao meu corpo em forma
de musica, ENTÃO, EU DANÇO.
- Luiz Khalaf
Podemos pegar um lápis e desenhar uma linha reta, e sem parar o percurso dessa
linha, começar a subir e descer, desenhando montanhas criando figuras de ondas.
Basicamente temos dois lugares representados, o da inatividade e o do movimento.
7
8
9
10
Dentre desse fluxo, podemos caracterizar o som como um movimento complementar,
que somente funciona através das relações entre sonoridades e silencio.
O som é presença e ausência, e está, por menos que isso apareça permeado de
silêncio. Há tantos ou mais silêncios quantos sons no som, e por isso se pode
dizer, com John Cage, que nenhum som teme o silêncio que o extingue. Mas
também, de maneira reversa, há sempre som dentro do silêncio: mesmo
quando não ouvimos os barulhos do mundo, fechados numa cabine à prova
de som, ouvimos o barulhismo do nosso próprio corpo produtor/receptor de
ruídos (WISNIK, 2017, p.20)
Dentro desse jogo entre inatividade e movimento, e possível encontrar o que dentro da
musica intitula-se o pulso11. O batimento cardíaco e um exemplo claro, de fluxo de
pulsação onde a freqüência do corpo entra em sincronismo, algo que podemos
esclarecer quando evidenciamos que o coração mantém, através da necessidade
fisiológica na organicidade do organismo seu pulso rítmico12.
Quando abordamos sobre o sincronismo entre musica e dança, devemos
esclarecer que ambas as linguagens possuem suas peculiaridades. Schroeder (2008)
discorre sobre as relações em comum que existem entre a musica e a dança, e a
necessidade do sincronismo através de seus ritmos - musical e corporal –, e que apesar
de se auxiliarem, as buscam são individuais, e os elementos como tempo, intensidade e
caráter são utilizados a partir das especificidades de cada linguagem. (SCHROEDER,
2000).
Como exemplo, podemos colocar um bailarino ao escutar as sonoridades de um
instrumento especifico, e deixar que o mesmo investigue as possibilidades de
composição corporal através do ritmo musical 13 . Nesta execução de movimentos
utilizando-se do estimulo sonoro, faz com que o bailarino consiga repetir através do seu
ritmo corporal, o padrão musical14 mesmo que a sonoridade que esteja o estimulando
entre em pausa. Um corpo em movimento aumenta a sua freqüência cardíaca, assim
também como a sua altura melódica15.
O corpo entra em simbiose com a musica no momento em que funciona através
de uma relação de colaboração através das ondas sonoras em colisão ao seu corpo.
Visto que a musica e a única linguagem que não dispõe de fronteiras, e estimula através
das suas freqüências16 um lugar que chamamos de “sentir a musica”
11
12
13
14
15
16
O Budista em transe ao som de gongos e sinos, o índio que participa da
atividade musical coletiva de sua tribo, o jovem ocidental da civilização
urbana que adentra uma discotheque apontam para essa maneira de ouvir. É o
momento em que a música se plasma ao corpo. (MORAES, 1983, p.63).
Essa variável da influencia que a musica causa ao corpo esta relacionada diretamente
aos estados emocionais, ou seja, relacionado a cada experiência pessoal, que direciona a
percepção musical para emoções especificas. Considerada como um instrumento de
dialogo não verbal, a musica acaba selecionando caminhos de encontros do individuo
consigo mesmo e também com o espaço ao qual ele se relaciona.
Assim, dentro de duas categorias, a influencia da musica se comporta em dois
aspectos, o sedativo e o estimulante. Dentre do aspecto sedativo, o individuo consegue
relaxar com a sonoridade, ou entrar em estados de contemplação com redução de
freqüências corporais, como o caso da respiração ou batimento cardíaco, o que no caso
das musicas estimulantes acontece ao contrario, fazendo com que o corpo entre em um
lugar de ativação, onde as freqüências corporais aumentam quase como um estado de êxtase.
(WEIGSDING, 2014)
VERÃO
Aprendendo a fazer
Dança livre
Contato improvisação
ritmica
Consigo observar, desde meu primeiro encontro com dança, a minha relação
com a musica se intensificando cada vez mais, meus trabalhos acadêmicos acabam por
serem abraçados por melodias e sonoridades, muitas vezes estranhas aos processos
tradicionais esperados ate por minhas próprias expectativas. Dentro da disciplina de
composição coreográfica, no ano de 2018, começo a desenvolver e conhecer olhares
outros para o meu processo de encontro à dança e ao mesmo tempo em que vejo as
minhas ligações fortes com a musica.
notas com tonalidades diferentes, caso contrário temos uma linha exatamente reta,
sem altos ou baixos. Uma parada cardiorespiratória. Conhecer essa sonoridade do
próprio corpo, é conhecer o outro. Conhecer seu corpo, é respeitar-se. Reconhecer
que um “Sí bemol (Bb)” tem suas vibrações e que um “Dó Maior(C)”, tem as suas
próprias nuances, mas que ambos formam um cor única quando colocados juntos. Commented [DR3]: Vc está trazendo muitas ideias ao
mesmo tempo....
coreográficos, que sou tantas coisas dentro de uma. Uma das melhores foi descobrir o
quanto meu corpo é música dentre as improvisações coreográficas dentro e fora das
disciplinas.
repetição se vê as novas possibilidades de cada célula coreográfica. Assim, percebe-se Commented [DR14]: ???
nova repetição. (MILLER, 2012, p.104) Estímulo e reação com ênfase na música
revisitados a medida que são experimentados e repetidos vão ganhando novas
configurações. A segurarmos um material em mãos, estamos desencadeando escolhas,
que fazem parte da organização desse caos, que muitas vezes nos mostra como
potencial criador.
INVERNO
Aprender a conviver
Cores preenchidas de vazio... Mas o vazio é
como o silencio. Às vezes nada. Às vezes tudo.
- Luiz Khalaf
OUTONO
OUTONO
Aprendendo a ser