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LIBERTAS FACULDADES INTEGRADAS – DIREITO

Vanessa Ribeiro do Prado

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

FICHAMENTO

São Sebastião do Paraíso/MG

2019
FICHAMENTO

CARVALHO, Marco César de. Seguridade Social: proteção da concepção à


morte. In: Revista de Direito do Trabalho – ano 39, vol. 150 – mar-abr. 2013.

A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa


dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social, tal como previsto no art.
194, caput, da CF/88, em cumprimento aos objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil, para a construção de uma sociedade livre, justa
e solidária, que de desenvolva, erradicando a pobreza e a marginalização,
reduzindo as desigualdades sociais e regionais. (p. 290)

(...) A Seguridade social foi constituída a partir de um sistema de ampla


proteção social, ou seja, através de um pacto social que compreende a
Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde. (p. 291)

E tal pacto social dá-se exatamente porque o dever constitucional é imposto


tanto aos poderes públicos quanto à própria sociedade, num conjunto integrado
de ações destinadas a assegurar os direitos relativos a saúde, a previdência e
à assistência social, formando o tripé no qual a Seguridade Social se assenta.
(p. 291)

Muito mais então que um programa de caráter indicativo, o ser humano é o


objeto daquele rol de direitos fundamentais, os quais o Estado reconhece e
protege visando o bem comum dos indivíduos que o integram. (p. 295)

(...) desde a concepção do ser humano, ou seja, desde o zigoto que é a


primeira célula decorrente da união do óvulo com o espermatozoide, e que este
caminhe para a concretização da vida, que é o nascimento de uma pessoa
concreta nativiva (teoria “natalista”), a Seguridade Social já o protegerá. (p.
298)

(...) antes mesmo do nascimento com vida, a maternidade já é assegurada pela


Seguridade Social através do salário-maternidade, substitutivo do salário-de-
contribuição ou do rendimento da segurada, concedido por tempo determinado
àquelas que derem à luz ou adotarem criança. (p. 299)

Instituído pela Lei 4.266/1963 e previsto no art. 201, IV, da Carta Magna,
embora impropriamente denominado salário, o salário-família é benefício
previdenciário devido ao segurado em razão da existência de dependentes
menores do trabalho de baixa renda, dando-lhe condições de propiciar o
sustento e a educação de seus filhos. (p. 301)

(...) o salário-maternidade protege o ser humano antes mesmo do seu


nascimento, iniciando 28 dias antes do parto, ou seja, antes mesmo da pessoa
adquirir sua personalidade civil – o que já justifica, ao menos em parte, o tema
deste artigo – enquanto o salário-família irá proteger os filhos menores de até
14 anos, dando-lhe melhores condições de sustento e educação, com o
pagamento de valor adicional ao salário de seus pais. (p. 303)

Previdência Social é o seguro social. É ela que substitui a renda do


segurado/contribuinte caso ele perca a capacidade laborativa (por doença,
acidente de trabalho, maternidade, reclusão, velhice ou morte). Apenas tem
direito à Previdência Social quem contribui. (p. 303)

Já a Assistência Social é prestada para todos aqueles que dela necessitarem,


independentemente de ter ou não contribuído para o INSS. O Benefício
Assistencial ao Idoso ou Portador de Deficiência (LOAS) é um clássico
exemplo de assistência social. O beneficiário pode recebê-lo mesmo que não
tenha pagado nada para a Previdência Social, bastando preencher os
requisitos legais (hipossuficiência e idade avançada ou deficiência). (p. 304)

No que se refere à Saúde, como os próprios governos noticiam, “é direito de


todos e dever do Estado”. Em outras palavras: todos têm direito à saúde, não
precisando ter contribuído com nenhum centavo para isso. (p. 304)

Portanto, dos três elementos que compõem a Seguridade Social, apenas a


Previdência Social exige contribuição. (p. 304)

A cobertura liga-se à contingência ou ao objeto, e está legal e previamente


definida (critério objetivo), abrangendo todas as etapas: prevenção, proteção e
recuperação do segurado/beneficiário. Já a universalidade do atendimento
refere-se aos sujeitos ativos da relação jurídica de proteção social, portanto, a
todos os nacionais, os quais têm direito a algumas das formas de proteção
fornecida pela Seguridade Social (critério subjetivo). (p. 305)

Pela uniformidade, trabalhadores urbanos e rurais têm o mesmo direito ao


plano de proteção social. E, pela equivalência, o valor das prestações deve ser
proporcionalmente igual, ou seja, os beneficiários devem ser os mesmos,
porém o valor da renda mensal é equivalente, mas não igual, porque urbanos e
rurais têm formas diferentes de contribuição para o custeio da seguridade. (p.
305)

A seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços é


representada pelo binômio contingência X atendimento/prestação social. (p.
305)

A irredutibilidade do valor dos benefícios garante reajustes para manter o poder


de compra do benefício previdenciário/assistencial. (p. 305)

(...) sobre o caráter democrático e descentralizado da administração mediante


a gestão quadripartite (...) advém da formulação de políticas públicas para a
Seguridade Social, com participação dos trabalhadores, dos empregadores,
dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. Já a descentralização
significa que a Seguridade tem um corpo administrativo distinto da estrutura
institucional do Estado brasileiro, o que se dá através do Instituto Nacional do
Seguro Social – INSS, que é uma autarquia federal encarregada da execução
da legislação previdenciária. (p. 307)

A saúde tem seu fundamento constitucional nos arts. 196 a 200 da CF/1988,
sendo um direito fundamental de todos, então, é sem dúvida um dever do
Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (p.
309)

O Sistema Único de Saúde é, por definição constitucional, um sistema público,


nacional e de caráter universal, baseado na concepção de saúde como direito
de cidadania e nas diretrizes organizativas de: descentralização, com comando
único em cada esfera de governo; integralidade do atendimento; e participação
da comunidade. A implantação do SUS não é facultativa e as respectivas
responsabilidade de seus gestores – federal, estaduais e municipais – não
podem ser delegadas. O SUS é uma obrigação legalmente estabelecida. (p.
310)

Na Lei 8.213/1991 – PBPS estão todas as normas que regem a relação jurídica
entre segurados, dependentes e a Previdência Social, contendo os benefícios e
serviços que lhe são garantidos, ou seja, é através desta lei que a Seguridade
Social repara a consequência-necessidade decorrente das contingências
(eventos) cobertos por ela. E estas contingências cobertas pelo PBPS estão
enumeradas no art. 1º da Lei 8.213/1991 – PBPS, ou seja: incapacidade, idade
avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles
de quem dependiam economicamente. (p. 312)

Mas conforme prevê o art. 201, cáput, da CF/1988, a Previdência Social é


organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação
obrigatória. A expressão regime geral se dá porque vinculada a todos os
trabalhadores da iniciativa privada, o qual é gerido pelo Instituto Nacional do
Seguro Social – INSS. (p. 312)

O sistema brasileiro é misto, porque tanto para os trabalhadores da iniciativa


privada, como para os servidores públicos, prevê, além da previdência pública,
a previdência complementar (privado), esta regida pelo sistema de
capitalização. (p. 313)

Assim, o trabalhador que é segurado obrigatório, porque filiar-se ao regime ele


independe de sua vontade, ou o segurado facultativo, aquele que não tem
filiação obrigatória mas que objetiva contribuir para o regime a fim de obter os
benefícios previstos em lei, necessitam se inscreverem. A inscrição é, assim, o
ato de ingresso no regime previdenciário. (p. 313)

Dado o caráter contributivo da Previdência Social, uma vez inscrito no regime


geral, a contribuição é compulsória, de maneira que não há benefício sem a
contrapartida do segurado. (p. 314)

O direito subjetivo às prestações da Assistência Social precisa do


preenchimento de requisitos legais previstos na Lei 8.742/1993 – Lei Orgânica
da Assistência Social – LOAS, sendo prestada a todos aqueles que
necessitarem, e tal como na saúde, independe de contribuição para o custeio
da seguridade social. (p. 315)

As contingências alcançadas pela Assistência Social são: a proteção à família,


à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças e
adolescentes carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a
habilitação e a reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a
promoção de sua integração à vida comunitária; a garantia de um salário
mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que
comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la
provida por sua família, conforme dispuser a lei. (p. 315)

E, para efetiva concretização do welfare state, através de ações sociais que


protejam e defendam os cidadãos, a Assistência Social tem papel
relevantíssimo e ímpar dentre os benefícios prestados aos cidadãos, porque
atende exatamente a população mais miserável, ou seja, os idosos e
deficientes com renda familiar ínfima. (p. 318)

A fim de cumprir o preceito constitucional, o legislador infraconstitucional


estabeleceu que para atender as contingências de doença, invalidez, morte e
idade avançada (inc. I do art. 201 da CF/1988), criaram-se as coberturas pelo
auxílio-doença, auxílio-acidente, a aposentadoria por invalidez, a pensão por
morte e as aposentadorias por tempo de contribuição, por idade e a especial,
respectivamente. (p. 320)

Para compreender a proteção à maternidade, especialmente à gestante, além


da garantia de emprego à gestante, criaram-se o salário-família e o salário-
maternidade. (p. 320)

Para a proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário criou-


se o Programa de Seguro-Desemprego, através da Lei 7.998, de 1990, que
também instituiu o Fundo de Amparo ao Trabalho – FAT. (p. 321)

Para os dependentes dos segurados de baixa renda, foram assegurados tanto


o salário-família quanto o auxílio-reclusão, este como um benefício devido aos
dependentes do segurado recolhido à prisão em regime fechado, durante o
período em que estiver preso tem que estar na faixa considerada de baixa
renda, ou seja, cujo salário-de-contribuição seja igual ou inferior a R$ 971,78,
nos termos do art. 5º da Portaria Interministerial MPS/MF n. 15 de 10.01.2013.
(p. 321)

Finalmente, foi assegurada a pensão por morte ao segurado, homem ou


mulher, ao seu respectivo cônjuge ou companheiro e dependentes, observado
o seu disposto no §2º do art. 201 da CF/88 que assegura que nenhum
benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho
do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. (p. 321)

Como o sistema de uma ampla proteção social, a Seguridade Social, e mais


especificadamente a Previdência Social amparam não somente seus
segurados, mas também os dependentes destes, através do salário-família, do
auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda, e da
pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro
e dependentes. (p. 322)

A relação jurídica entre estes dependentes e o INSS somente se instaura


quando deixa de existir a relação jurídica entre o INSS e o Segurado, seja por
sua morte ou prisão, não sendo prevista a cobertura simultânea do segurado e
seu dependente. (p. 323)

Críticas há ao chamado Estado Providência – welfare state, (...) a crítica se


deveu à situação econômica dos países Europeus, sem dúvida, porém, e por
aqui, o custeio da Seguridade Social está igualmente previsto em nossa
Constituição Federal, tanto pelo custeio direto, através das contribuições
sociais (art. 195 da CF/88) e contribuição para o Programa de Integração
Social – PIS e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor
Público – Pasep (art. 239, CF/88), quanto pelo custeio indireto, através de
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios. (p. 325)

Então, recursos há e o custeio vem se mostrando adequado e até mesmo


superavitário. Portanto, a Seguridade Social que foi constituída a partir de um
sistema de ampla proteção social, ou seja, através de um pacto social que
compreende a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde, criada a
partir de um dever constitucional, deve ser entendida como um mecanismo
importante para a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, que se
desenvolva, erradicando a pobreza e a marginalização, reduzindo as
desigualdades sociais e regionais. (p. 326)

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