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Temas evocados pelos estímulos

Citaremos as experiências de Rapaport, de Stein, de Bellak, nos Estados Unidos, e de Silva


estímulos
(1989),no Brasil, em relação ao levantamento das áreas que costumam ser mobilizadas pelos
do TAT.

Prancha 1 (universal): O menino e o violino —ésempre a primeira prancha a ser aplicada, pois
em geral, não representa uma situação muito ameaçadora. A personagem é uma criança, geralmente
percebida como distante do próprio sujeito, e a situação é relativamente estruturada. A temática mais
freqüenterefere-se à relação com a autoridade (pais, professor), atitude frente ao dever e também
geral-
ideal de ego (capacidade de realização, de atingir objetivos propostos). (l) O menino é forçado,
por seus
mente por seus pais, a praticar e estudar violino; comumente relatado por sujeitos dominados
fuga
pais. Diante da exigência, o menino reage com passividade, conformidade, oposição, rebelião ou
realida-
na fantasia; reação que corresponde em geral àquela do sujeito em condições semelhantes na
de.(2) Outras histórias freqüentes referem se às aspirações, objetivos, dificuldades e realizações
do herói, que comumente são produzidas por sujeitos ambiciosos.
Freqüentemente o discurso reflete, ainda, a atitude do indivíduo frente à situação de teste. Por ser
o primeiro estímulo a ser apresentado, dá margem à investigação da capacidade de adaptação do
sujeito a uma nova situação. E comum a introdução de outros personagens no relato.
Distorções aperceptivas: vê-se o menino dormindo ou cego; o violino com um das cordas que-
bradas ou se percebe mal o violino. A maior freqüência é em relação ao violino (visto como um livro,
folha de papel ou brinquedo). O violino visto como quebrado pode ser índice de uma problemática mais
séria, a ser confirmada por outros dados do protocolo.

Omissões significativas: não se vê o arco, o violino ou ambos. (Murray, 1973).


Simbolizações:(l) O herói está preocupadoporque o violino, embora toque, tem uma corda
quebrada:freqüente em sujeitos que se sentem culpados por causa da masturbação ou que padecem de
ansiedade de castração. (2) O herói fala sobre o mecanismo interno e funcionamento do violino: sujei-
tos preocupados (ansiedade de castração) ou curiosos sobre as questões sexuais.

Prancha 2 (universal): A estudante no campo —mostra as reações do herói ( a jovem em


primeiro plano e o homem no fundo) diante de um ambiente pouco cordial ou que não o estimula, evoca
a área das relações familiares, percepção do ambiente, nível de aspiração e atitude frente aos
pais (favorecido ou limitado pelo ambiente circundante). Por apresentar três personagens, pode evocar
ainda as relações heterossexuais. São freqüentes também as associações referentes aos papéis femi-
ninos (matemidade versus realização profissional) e ao conflito razão versus emoção.

Omissões: eventualmente ocorre a omissão da gravidez da figura feminina em segundo plano. Esse
estímulo favorece utilização de afastamento temporal e espacial por representar uma situação bastante
diferente da realidade urbana. Segundo pesquisa realizada por Silva (1983), essa prancha dá margem a
respostasmais estereotipadas.
TIME t)F-
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Curvado/a sobre o divã (masculina) - trata-se de estímulode


Prancha 3 (masculina - feminina):
a ser apresentado, pois o sujeito deve estar aquecido para
grande carga dranlática. Não deve ser o primeiro
abandono, desespero, depressão, suicídio. por ser
enfrentá-lo. Evoca associações referentes a tristeza,
(Murray, 1943) e por apresentar uma personagem de sexo
mais produtiva que sua equivalente feminina
para sujeitos do sexo feminino.
indefinido (Eron, 1948), sugere-se que seja usada também
hostil. (Mumy, 1973).
Distorções: Arma percebida como brinquedo ou um objeto menos

Omissão: Arma (Murray, 1973).

A jovem na porta (feminina) - abarca também a área do desespero e da culpa. O sexo e a idade são
mais definidos, o que interfere no grau de projeção. A prática tem demonstrado que a problemática evocada
é mais superficial que a de sua correspondente masculina.

Prancha 4 - (universal): A mulher que retém o homem —refere-se a histórias de conflitos


(drama do eterno triangulo amoroso, o homem, a mulher e a amante); portanto, áreas referente aos
conflitos nas relações heterossexuais (abandono, traição, ciúmes) e também aqueles relacionados
ao controle versus impulso (a mulher representando a razão, o controle; o homem representando a
ação e a impulsividade). Pode sugerir dificuldades do sujeito em sua vida matrimonial. O aspecto das
personagens pode favorecer a utilização de placagem, transformando a história em enredo de um filme
de Hollywood.

Omissão: Eventualmente é omitida a mulher ao frndo.

Prancha 5 - (universal): A senhora na porta —a mulher de meia idade descobriu uma ou mais
pessoas em atitudes que prefere ignorar. Pode evocar a imagem da mãe-esposa (protetora, vigilante,
castradora) (Murray, 1943).Eventualmente são colocados conteúdos referentes a atitudes anti-sociais,
ou, ainda, reações frente ao inesperado. É freqüente, nesta prancha, a introdução de personagens.

Distorções: a mulher vista como homem; a mulher olhando para o exterior da casa, dois quartos em
lugar de um; a lâmpada como cortina.

Prancha 6 - (masculina ): O filho que parte - refere-seà relação com a figura materna
(dependência-independência, abandono-culpa). O filho solicita a sua mãe permissão para levar a cabo
um projeto amplamente planejado; abandonar sua casa para ir trabalhar em outra cidade; casar-se ou
alistar-se no exército. Seus desejos quase sempre estão em conflitos com os da mãe.

Prancha 6 - (feminina) Mulher surpreendida - relação com a figura paterna; em geral, a filha
surpreendida pelo pai, escondendo algo; a figura masculina pode também ser percebida como parceiro011
possibilidade de contato afetivo-sexual (Silva, 1983).
MURRAY
17
HENRY A.

prancha 7 - Onasculina) Pai e filho - atitude frente à figura paterna; o pai pode ser visto como
autoritário ou como fonte de apoio e orientação. O jovem procura o velho cm busca de conselho ou ambos
discutem um problema de mútuo interesse. Eventualmente, aparecem conteúdos homossexuais. Ainda de
acordocom Murray, dá indícios das tendências anti-sociais e da atitude do sujeito frente à terapia.
prancha 7 - (feminina) Menina e boneca - Evoca a área da relação com a figura materna (que
pode ser vista como modelo, apoio ou obstáculo à satisfação das próprias necessidades) (Silva, 1983).
possibilita ainda a investigação de problemática referente à maternidade, principalmente quando há
distorção
à boneca.
ou hesitação em relação

na
prancha 8 - (masculina): A intervenção cirúrgica - trata-sede um estímulo desconcertante,
desejo de ser
seqüência. Em geral o adolescente é o herói. (l) A cena do fundo representa sua fantasia ou
histórias
médico. (2) Atirou contra a pessoa que está sobre a mesa e agora espera o resultado da operação:
sonho ou o segun-
que revelam as tendências agressivas do sujeito. A imagem pode ser percebida como um
agressividade
do plano representando uma lembrança do passado ou um projeto futuro. Abarca a área da
(hetero ou auto).

Omissão: Eventualmente é omitido o rifle.


ansiedade
Simbolizações: Se amputa uma pema da pessoa que está sobre a mesa: freqüentemente reflete
de castração.
referentes
Prancha 8 - (feminina): Mulher pensativa - estímulo bastante estático, evoca associações
comparada à da prancha 14,
aos conflitos atuais e conteúdos de devaneios. Sua interpretação pode ser
que é sensível à busca de soluções.

ao trabalho e ao
Prancha 9 - (masculina): Grupo de vagabundos - refere-se às atitudes frente
Abrange ainda as áreas
ócio,sentimentos quanto à própria capacidade e possibilidades de atuação.
da relação com o próprio grupo e homossexualidade.
culpa,
Prancha 9 - (feminina): Duas mulheres na praia - competência feminina, espionagem,
perseguição (Murray, 1943). Pode evocar também a atitude frente ao perigo, ao desconhecido, ao
real e ideal de ego,
proibido (Silva, 1983). Esse estímulo presta-se ainda à investigação da relação entre ego
cada uma das figuras representando um aspecto do sujeito.

Prancha IO - (universal): O abraço - segundo Murray (1943), a prancha evoca conflitos do casal e
de
atitude frente à separação. Segundo Eron (1953) e Silva (1983), essa prancha favorece a projeção
relações heterossexuais satisfatórias. O conteúdo tem-se mostrado mais rico quando há distorção de
conflitos
sexo das figuras. Quando não há distorção, é freqüente a ocorrência de relatos sem a presença de
(Silva, 1983).

Distorções: Idade elou sexo do homem elou da mulher. Sombras nos rostos intemretadas de outras
formas.
IS Trsn

Prancha It - (universal): Paisagem prirnitivn de pedra - trata-se de estírnulo de grande impacto


sendo uni dos mais indefinidos de toda a série. A teniática mais freqüente refere-se a atitudes frente
desconhecido, ao perigo, ao instintivo. lini geral, reflete a atitude do sujeito frente ao perigo e ao
sua maneira
de experinrntar ansiedade. ( I ) As figuras escuras (anitnais e homens) são atacadas pelo dragão, e em geral
descrevenl suas técnicas de defesa: indica o temor do sujeito frente à agressão e seus meios para vencê_la
(2) O personagem masculino pode ser um homem de ciência ou um explorador, e expressa desejosde
curiosidade e de ver coisas novas e perigosas. A presença de elementos primitivos e fantásticos favorece
uma análise simbólica, que pode revelar a atitude do sujeito frente aos conteúdos inconscientes. por outro
lado, pode levar a tclatos descritivos mais distanciados (Silva, 1983). Em casos de aplicações em 2 sessões
não se deve começar pela prancha I I. É preferível modificar-se a seqiiência e apresentá-la em terceiroou
quarto lugar na 2asessão, ou deixá-la como a última prancha aplicada na Ia sessão.

Distorções: Segundo Murray (1943), esta é a prancha que mais favorece a ocorrência de distorções
aperceptivas. Alguns exemplos são: dragão percebido como caminho; cabeça do dragão vista como cauda.
fundo percebido como cascata; superficies rochosas interpretadas como um castelo; rochas vistas como
cabeças humanas. Interpretar o grupo de pessoas como um inseto é comum e não constitui um indicador
especial.

Omissão: Dragão.
Simbolizações: O monstro freqüentemente constitui uma representação simbólica das exigências instintivas
que ameaçam o interior. As histórias que se referem a dificuldades para dominar o animal e aquelas emque
o herói é perseguido por animais somente refletem dificuldades de controlar ou adaptar-se aos impulsose
pulsões sexuais.

Prancha 12 - (masculina - infantil): O hipnotizador —O herói (em geral o homem deitado)está


dormindo e o velho vai despertá-lo, ou está hipnotizado por ele, ou está enfermo e o velho vai perguntar por
sua saúde. Comumente revelam a atitude do examinando frente aos homens adultos e seu ambiente, o papel
da passividade e da impotência em sua personalidade. Nesse sentido, pode revelar atitude frente a figuras
de autoridade, à terapia e à própria situação de teste. Tendências homossexuais também podem revelar-
se nesse estímulo (Murray, 1943).

Distorções: Em relação ao dono da mão e, em casos raros, ao sexo dos homens: o jovem podeser
visto como uma mulher por sujeitos com fortes componentes femininos.

Simbolização: As histórias nas quais o jovem deitado se deixa ou é forçado a ser hipnotizado pelo
homem mais velho freqüentementerevelam tendências homossexuais latentes ou experiências
homossexuais encobertas.
Prancha 12- (feminina): Mulher jovem e velha - Proporciona a oportunidade de expressar a atitude
frente à figura da mãe ou da filha, ao envelhecimento e ao matrimônio. Portanto,revelamas relações
mãe-filha, crítica ou aceitação do modelo materno. Ansiedade frente ao envelhecimento (Munay, 1943).

Distorção: A jovem é vista como um homem.


prancha 12—(Infantil) Bote abandonado - segundo Murray,evoca fantasias desiderativas.

prancha 13 - (adultos): Mulher na cama - Quasesempretraduz


a atitude dos sujeitos frente às
mulherese ao sexo, e às vezes sentimentos de culpa e atitude frente ao alcoolismo. (l) Histórias
mais freqüentes: temas sexuais. O homem contempla ou tem relações sexuais com sua mulher, noiva ou
amante na cama. (2) A mulher, esposa do herói, está morta ou enferma e são descritos os sentimentos do
jovem, comumente de hostilidade contra a esposa e as mulheres em geral. É um estímulo dramático, evoca
atitudesfrente às relações heterossexuais e à sexualidadeassociada à agressividade.
DistorçÕes: Grande variedade, segundo Murray (1943), incluindo especulações sobre o fundo e os
objetos que estão sobre a mesa.
Omissão: Mulher deitada.
prancha 13 - (rapazes): Menino sentado na soleira - segundoMurray,evoca as carências, solidão,
abandono e expectativas. Embora originariamente destinada a crianças, essa prancha pode ser útil em
indivíduos imamros ou muito defendidos.

prancha 13 (meninas): Menina subindo as escadas - em termos de temática mais freqüente, é


semelhante à dos meninos.

Prancha 14 - (universal): Homem na janela - os temas mais freqüentes referem-se ao autoquestio-


namento, à contemplação e à aspiração (Silva, 1983).Se o homem é visto como entrando no quarto,
pode haver conteúdos sexuais. Tendências suicidas também podem se revelar frente a esse estímulo (Murray,
1943).

Distorções: Homem percebido como mulher ou subindo.

Prancha 15 - (universal): No cemitério - evoca relação com a morte, culpa, castigo. Segundo
Murray, a pessoa morta representa alguém a quem o sujeito dirige sua agressividade.

Distorções: Homem percebido como mulher; esposas, lanterna ou livro nas mãos; lápides como platéia
de um teatro.

Prancha 16 - (universal): Em branco - como o estímulo é branco, o sujeito é levado a projetar-se


totalmente.A temática em geral refere-se às necessidades mais prementes do indivíduo ou será reflexo
da relação transferencial na situação de teste (Murray, 1943).

Prancha 17 - (masculina): O acrobata - segundo Murray, não provoca nenhum tema significativo
freqüente. As histórias refletem mais situações em que o herói é o centro das atenções. Podem estar associadas
a desejos de reconhecimento, narcisismo, exibicionismo. Reações frente a emergências também podem
se revelar.
20 TESTE
TEMÁTICA

Distorções: Do fundo; homem subindo em uma corda.

Prancha 17 —(feminina): A ponte - Com freqüência provoca (l) Sentimentos fortes de despedida
e
a tendência do sujeito em manter a esperança ou ceder ao suicídio. Os temas evocados são de frUstraçã0
depressão, suicídio (Murray, 1943).

Distorções: Ponte vista como sacada de uma casa; mulher percebida como homem; perspectivas
equivocadas.

Omissões: Mulher ou grupo de trabalhadores.

Prancha 18 - (masculina): Atacado por trás - trata-se da única prancha em que a figura masculina,
explicitamente, sofre uma agressão. A temática referente a vícios ou males fisicos tambémpodeser
evocada.

Distorções: Dono da mão (comum); expressão facial; posição e estado da pessoa ao fundo.

Simbolizações: freqüentemente denunciam tendências homessexuais latentes ou experiências encobertas


do sujeito.

Prancha 18 —(feminina): Mulher que estrangula - é a única situação em que a figura feminina é
agente do comportamento agressivo. Abarca ainda as relações entre figuras femininas, da filha,irmã,
mãe ou mulheres em geral (Murray, 1943). Aparecem sentimentos de inferioridade e reação à submissão.

Distorções: Do cunho agressivo (transformado em ajuda, apoio); da perspectiva; mais raramente,do


sexo dos personagens.

Prancha 19 - (universal): Cabana na neve —geralmente oferece dificuldade, os sujeitos a consideram


fantasmagórica. O estímulo é desconcertante e convida à fantasia. Conteúdos referentes à necessidade de
proteção e amparo frente a um ambiente inóspito são os mais freqüentes.

Simbolizações: a preocupação com os olhos (janela da cabana), denunciam sentimentos de culpado


paciente.

Prancha 20 - (universal): Só sob a luz - traduz um clima de expectativa. Pode-se considerá-la como
o fechamento do protocolo, indicando as principais aflições e perspectivas do sujeito. Neste sentido,é
importante que seja a última prancha a ser apresentada.
II. Segunda sessão
É desejável que haja um intervalo de, pelo menos,
um dia entre a primeira e a segunda sessão. Nessa
segunda parte, o procedimento é semelhante ao utilizado na anterior, salvo
num aspecto: a ênfase nas instru-
ções sobre a completa liberdade da imaginação.
Forma A: "Vamos fazer hoje o mesmo que da outra vez.
Só que agora você pode dar toda a liberdade
à sua imaginação. Suas dez primeiras histórias estavam ótimas, mas você se limitou demais aos fatos do dia-
a-dia. Agora, eu gostaria de ver do que você é capaz quando deixa de lado as realidades comuns e põe sua
imaginação para funcionar, como acontece num mito, nas histórias de fadas ou numa alegoria. Aqui está a
primeira prancha."
Forma B: "Hoje vou lhe mostrar mais algumas pranchas. Será mais fácil porque as pranchas agora são
bem melhores, mais interessantes. Você me contou ótimas histórias outro dia. Agora quero ver você fazer
algumas outras. Se puder, faça-as mais emocionantes do que as outras — como sucede num sonho ou num
conto de fadas. Aqui está a primeira prancha."
Prancha em branco — A prancha no 16 é dada com uma instrução especial: "Veja o que você pode
ver nesta prancha em branco. Imagine alguma cena aí e descreva-a em detalhe". Se o sujeito não conseguir,
o examinador deve dizer: "Feche os olhos e imagine alguma coisa". Depois que o sujeito der uma descrição
completa daquilo que imaginou, o psicólogo deve dizer: "Agora me conte uma história sobre isso".

III. Entrevista seguinte


Para interpretar é muitas vezes útil conhecer as fontes que deram origem às várias histórias. Dependen-
do das circunstâncias, esse inquérito pode ser feito imediatamente ou após alguns dias. O examinador pode
justificar suas perguntas explicando que está investigando os fatores que contribuíram para a execução dos
enredos literários ou, então, elaborar outras afirmações verossímeis para conseguir uma atitude de coopera-
ção. Em todos os casos, o sujeito é instado a tentar lembrar das fontes de suas idéias, provenham elas de
sua experiência pessoal, das experiências de amigos e parentes ou ainda de livros e filmes. Voltamos de
novo a recordar-lhe o enredo de todas as histórias significantes, estimulando-o a falar livre e abertamente.
As histórias do TAT fomecem numerosas provocações como pontos de partida para associações livres.
de ascendência-submissão; ou poderá estar procurando indícios
de ansiedade, culpa ou inferioridade; ou
poderá estar querendo seguir um sentimento enraizado até
sua origem; ou ainda pode estar querendo incluir
esses e outros traços em seu plano de estudo.
Em nossa prática, usamos uma lista abrangente de
28 necessidades (ou forças propulsoras), classifi-
cadasem conformidade com a direção ou o objetivo pessoal
imediato (motivações) de dada atividade.
Uma necessidade pode expressar-se subjetivamente como
um impulso, um desejo, uma intenção, ou,
então, objetivamente como uma tendência para um
comportamento aberto. As necessidades podem
modo que
estar fundidas de uma única ação satisfaça duas ou
mais dela ao mesmo tempo; ou uma neces-
sidadepode funcionar simplesmente como uma força útil,
subsidiária à satisfação de outra necessidade
dominante. Além das necessidades, nossa lista de variáveis
referentes ao herói inclui alguns estados inter-
nos e emoções.
A força de cada tipo de emoção manifestada pelo
herói é computada numa escala que vai de I (um) a 5
(cinco) pontos, sendo 5 a pontuação máxima para qualquer variável
numa dada história. Os critérios de força
de uma variável são intensidade, duração, freqiiência e importância no
enredo. À mais leve presença de
uma variável (por exemplo, um lampejo de irritabilidade) é dado um
ponto, enquanto para uma forma intensa
(por exemplo, uma raiva violenta) ou para a ocorrência contínua ou
repetição de uma forma mais branda (por
exemplo, discussões constantes) são dados 5 pontos. A pontuação de 2 a 4 é
dada para intensidades inter-
mediáriasde expressão. Depois das 20 histórias serem computadas dessa forma, o total dado a cada
variávelé comparado com uma pontuação padronizada (quando existir
alguma) considerando-se os sujeitos
da mesma idade e sexo, e as variáveis que estiverem muito acima ou muito
abaixo do padrão são listadas e
comparadasuma em relação à outra.

Não há espaço neste Manual para uma relação completa de todas as variáveis usadas. Será
suficiente a breve lista dada a seguir. Depois do nome de cada variável está impressa (entre parênteses)
a média correta (M.), o cômputo total e a posição (P.) dos pontos atribuídos para estudantes
universi-
tários masculinos. O algarismo em cada caso refere-se às 20 histórias com a extensão média de
trezen-
tas palavras.
O psicólogo pode usar essas variáveis sem ter de adotar qualquer teoria específica
sobre os impulsos.
Se quiser, poderá chamá-los de atitudes ou traços.

1. Agressão —(M. total 36 P. 8-52)


a) Emocional e verbal (M. 14 P. 2-29). Odiar (seja o sentimento expresso ou não em
palavras).
Zangar-se. Envolver-se numa discussão verbal; amaldiçoar, criticar, depreciar, reprovar,
censurar,
ridicularizar. Excitar agressão contra outra pessoa por meio de uma crítica em público.

b) Física, social (M. 8 P. 0-16). Lutar ou matar para se defender ou defender um objeto de
amor.
Revidar a um insulto não provocado. Lutar pela pátria ou por uma boa causa. Revidar a tuna ofensa
por meio de uma punição. Perseguir, agarrar ou aprisionar um criminoso ou inimigo.

c) Física, associal (M. 9 P. 0-17). Assaltar, atacar, machucar ou matar um ser humano ilegalmente.
Começar uma briga sem causa justificada. Revidar a uma ofensa com excessiva brutalidade. Lutar
contra autoridades legalmente constituídas. Lutar contra o próprio país. Sadismo.
d) Destruição (M. 4 P. 0-15). Atacarou matar um animal. Quebrar, esmagar, queimarou destruir um
objeto material.
28 TFSIT!

2. Ajuda-(M. 101).2-20)
Procurar auxílio ou consolo. Solicitar ou depender de alguém para ser estimulado, para ter clemência
apoio, proteção, cuidados. Ter prazer em tcceber sinnpatia, alimentação ou presentes úteis. Sentir-se
rio quando desacompanhado, nostálgico num lugar estranho, desesperado numa crise.

Neste item, está incluída também a Auto-ajuda: consolar-se, ter autopiedade. Obter algum prazerpor
meio do sofrimento. Buscar consolo na bebida e nas drogas.

3. Auto-agressão —(M. IO P. 2-25)

Recriminar-se, criticar-se, reprovar-se ou desprezar-se por cometer erros, agir tolamente ou falhar.
Soficr de sentimentos de inferioridade, culpa, remorso. Punir-se fisicamente, cometer suicídio.

4. Degradação —(M. 16 P. 6-27)

Submeter-se à coerção ou a imposições para evitar repreensões, punição, dor e morte. Sofreruma
pressão desagradável (insulto, injúria, malogro) sem fazer oposição. Confessar, desculpar-se,prometer
fazer melhor, expiar, reformar-se. Render-se passivamente a condições dificeis de serem suportadas.
Masoquismo.

5. Desvelo - (M. 14 P. 4-34)

Expressar simpatia na ação. Ser bondoso e respeitador dos sentimentos alheios, encorajar, apiedar-see
consolar. Ajudar, proteger, defender ou resgatar um objeto.

6. Dominância —(M. 17 P. 2-36)

Tentar influenciar o comportamento, os sentimentos ou as idéias alheias. Empenhar-se em alcançaruma


posição executiva. Liderar, gerir, governar. Impor, restringir, aprisionar.

7. Passividade - (M. 18 P. 3-52)


Gozar de quietude, do relaxamento, do sono. Sentir-se cansado ou preguiçoso após um pequeno esfor-
ço. Desfrutar uma contemplação passiva ou a recepção de impressões sensuais. Submeter-se aos outrospor
apatia ou inércia.

8. Realização - (M. 26P. 11-51)


Trabalhar em alguma coisa importante com energia e persistência. Empenhar-se para realizar algosério.
Adiantar-se num negócio, persuadir ou liderar um grupo para criar alguma coisa. Ambição manifestadana
ação.

9. Sexo-(M. 12 P. 0-24)

Buscar e desfrutar a companhia de pessoas do sexo oposto. Ter relações sexuais. Apaixonar-se, casar•

Outras necessidades são:


Afiliação, Aquisição, Autojustificação, Autonomia, Criação, Deferência, Excitação, Exibição, Hedonism0'
Reconhecimento, etc.
MURRAY
29
HENRY' A.

estados interiores e emoções, selecionamos os seguintes:


Da lista de
(M. 23 P. 0-42)
Abatimento
SensaÇãOde desapontamento, desilusão, depressão, tristeza, sofrimento, infelicidade, melancolia, de-
sespero.

conflito (M. 14 P. 4-29)

Estado de incerteza, indecisão ou pemlexidade. Momentânea oposição entre impulsos, necessidades,


Conflito moral. Inibições paralisantes.
desejos,objetivos.
Instabilidade emocional —(M. 18 P. 0-31)
Experimentar marcante mudança de sentimentos para com alguém. Ser vacilante, inconsistente ou instá-
vel nos seus afetos. Mostrar flutuações de humor ou de temperamento; ocorrência de exaltação e depressão
numamesma história. Ser intolerante com a uniformidade e a constância. Procurar novas pessoas, novos
interesses,uma nova profissão.

Outros estados interiores:


Ansiedade,ciúme, desconfiança, exaltação.

Além dessas necessidades e emoções, as seguintes e importantíssimasvariáveis são computadas numa


escalaque vai de —3(menos três) a +3 (mais três): Superego, Orgulho, Estruturação do Ego. Aqui, em cada
caso,o cômputo é feito com base em vários critérios operacionais.

III. Forças do ambiente do herói


O psicólogo deve observar os detalhes tanto quanto a natureza geral das situações, especialmente as
situaçõeshumanas com que se defrontam os heróis. Aqui novamente, ele deve dar destaque aos aspetos de
singularidade,intensidade efreqiiência, bem como registrar a ausência significante de certos elementos
correntes.Atenção especial deve ser dada a objetos materiais e objetos humanos (outros personagens) que
nãoconstam dos quadros, tendo, portanto, sido inventados pelo examinando. Devem-se marcar os traços
recorrentesdas pessoas com quem o herói se relaciona. São elas em sua maioria amistosas ou inamistosas?
As mulheressão menos ou mais amistosas que os homens? Quais são os traços característicos das mulheres
maisvelhas (figuras maternas) nas histórias? E os dos homens mais velhos (figuras paternas)?

Em nossa prática, utilizamos uma lista abrangente de pressões (tipos de forças ou condições ambientais),
classificadasde acordo com o efeito que possuem (ou que prometem ou ameaçam ter) sobre o herói. Em
nossa lista, mais da metade das pressões dirigidas contra o herói são tendências de atividades provenientes
de outraspersonagens; em outras palavras, são necessidades das pessoas com quem o herói lida. Compre-
endendo-se isso, não é dificil ver que o conceito de pressão pode ser ampliado para incluir a ausência de
uma pressão benéfica (falta, privação, perda, expropriação) e também para incluir distúrbios corporais aos
quaisa personalidade deve ajustar-se (dor fisica, machucados, desfiguramento, doenças). Aqui também, a
forçade cada pressão presente na história é computada numa escala de I a 5 pontos, sendo 5 0 número de
pontos mais alto para qualquer pressão em uma história. Como de hábito, os critérios para se avaliar sua
força são a intensidade, duração,freqüência e seu significado geral no emedo. Depois de classificar as
20 histórias, o cômputo total de cada pressão é comparado com a pontuação-padrão de sujeitos de deter-
minadaidade e sexo, e as pressões significantemente altas ou baixas são anotadas e examinadas uma em
relação à outra.
30 TESTEt)F.
TEMÁTICA

Não temos aqui o necessário espaço para fazer mais do que uma breve menção de algumas das
30ou
mais pressões que fazem parte do nosso esquema conceptual. Na lista de necessidades e emoções,
os
números entre parênteses referem-se à contagem média (M.) e ao número de pontos (P.) (corrigido pela
extensão média das histórias) para universitários do sexo masculino.
1. Afiliação total 29 P. 17-35)
a. Associativa (M. 14 P. 4-24). O herói tem um ou mais amigos ou companheiros. É membro de um
grupo com que tem afinidades.

b. Emocional (M. 15 P. 9-22). Uma pessoa (genitor, parente, amante) está afetuosamente ligadaao
herói. O herói tem um caso amoroso (mutuamente correspondido) ou se casa.

2. Agressão - (M. 35 P. 6-62)


a. Emocional e verbal (M. 10 P. 0-21). Alguém odeia o herói ou fica furioso com ele. Ele é criticado,
repreendido, depreciado, ridicularizado, amaldiçoado, ameaçado. Alguém o difama sem que o sai_
ba. Discussões verbais.

b. Física, social (M. II P. 0-21). O herói procede erradamente (é um agressor ou criminoso)e


alguém se defende dele, ataca em revide, persegue, aprisiona ou mata o herói. Uma autoridade
legítima (genitor, polícia) castiga o herói.
c. Física, associal (M. 12 P. 5-23). Um criminoso ou uma gangue assalta, fere ou mata o herói. Uma
pessoa começa uma luta e o herói se defende.
d. Destruição da propriedade (M. 2 P. 0-8). Alguém causa danos ou destrói os bens do herói.

3. Ajuda-(M. 15 P. 6-23)
Uma pessoa alimenta, protege, auxilia, estimula, consola ou perdoa o herói.
4. Dano (M. 5 P. 0-12)
O herói é ferido por uma pessoa (agressão), por um animal ou acidentalmente (perigo fisico). Seu corpo
é mutilado ou desfigurado.

5. Dominância —(M. 37 P. 16-60)


a. Coerção (M. IO P. 0-22). Alguém tenta forçar o herói a fazer alguma coisa. Ele fica expostoa
imposições, ordens ou a persuasões violentas.
b. Constrangimento (M. 18 P. 7-34). Uma pessoa tenta impedir o herói de fazer algo. Ele é restrin-
gido ou aprisionado.
c. Indução, sedução (M. 9 P.4-20). Uma pessoa tenta influenciaro herói (a fazer ou não fazer alguma
coisa). Por uma suave persuasão, estimulação, por hábil estratégia ou sedução.

6. Falta, perda 25 P. 9-48)


a, Falta (M. II P. 2-27). O herói carece do indispensável para viver, para ter êxito ou ser feliz. É
pobre, sem família; carece de status, influência, amigos. Não existem oportunidades de prazer ou
progresso.
b, Perda (M. 14 P. 4-24). O mesmo que no item anterior, mas aqui o herói perde algo ou alguém
(morte ou objeto querido) no decorrer da história.
31

perigo fisico —(M. 16 P. 4-34)


1
Ativo (M. 10 P. 4-20). O herói está exposto a perigos
a. fisicos ativos, provenientes de forças não-
humanas: animais selvagens, desastre de trem,
raio, tempestades no mar
bombardeios). (incluem-se também

b. Acidentes (M. 6 P. 0-16). O herói está exposto ao perigo de cair


ou afogar-se. Seu carro capota.
Seu navio afunda, o avião em que voa tem uma pane;
ele está à beira de um precipício.
Entende-se que uma só força ambiental muitas vezes consiste
na fusão de duas ou mais diferentes pressões.

Desenlace
IV.Desfecho/
0 aspecto seguinte a que o psicólogo deve dar atenção é a
comparação do poder das forças que
emanamdo herói com as forças originárias do ambiente. Quanta força (energia,
determinação, esforço sus-
tentado,competência) manifesta o herói? Qual é o poder das forças favoráveis
ou benéficas do ambiente se
comparadas às forças oponentes ou danosas? Seu caminho em direção às suas
realizações é fácil ou dificil?
Defrontadocom uma oposição, empenha-se com vigor renovado (reação contrária) ou desanima? O herói
fazcom que as coisas aconteçam ou as coisas lhe acontecem? Até que ponto ele manipula ou subjuga as
forçascontrárias e até que ponto é ele manipulado ou subjugado por elas? É ele coagido ou coage? É
predominantemente ativo ou passivo? Sob que condições consegue ter êxito,
quando outras pessoas o
auxiliamou quando se empenha por si mesmo? Em que condições fracassa?

Após cometer uma ofensa ou crime é o herói adequadamente punido? Sente-se culpado, admite, expia,
corrige-se? Ou sua má conduta é tratada como assunto sem nenhum significado moral e é permitido ao herói
"ser bem-sucedido" sem castigos ou sem conseqüências funestas? Quanto de energia dirige o herói contra si
próprio?

Considerando-se cada evento, cada interação de pressão e necessidade, do ponto de vista do herói, o
psicólogo pode avaliar a quantidade de dificuldades e frustrações experimentadas pelo protagonista, o grau
relativo de sucesso e fracasso. Que proporção há entre desfechos felizes e infelizes?

V. Temas
A interação entre uma necessidade do herói (ou fusão de necessidades) e uma pressão ambiental (ou
fusãode pressões) juntamente com o desfecho (êxito ou fracasso do herói) constitui um tema simples.
Combinaçõesde temas simples interligados, ou que formam uma seqüência, são denominados temas com-
plexos. Em sentido restrito, o termo designa a estrutura abstrata dinâmica de um episódio. Em sentido
amplo,
indica o enredo, motivação, tema, principal aspecto dramático da história.

Considerar separadamente o herói e o ambiente, como acabamos de fazer, envolve o descolamento dos
dois elementos de cada fato concreto. Isso pode ser útil, uma vez que esclarece nosso conhecimento
de
como um determinado sujeito se manifesta, por exemplo, com uma quantidade incomum de
ansiedade,
passividade e degradação. Ou no caso de seu ambiente estar povoado de muitas figuras dominantes amea-
çadoras.Mas, nesse passo, o psicólogo chegou ao ponto em que é necessário aproximar novamente
a
realidade da interpretação. Ele consegue isso tomando cada necessidade e anotando a pressão
com que esta
se combina mais freqüentemente nas histórias. Depois disso, observa com que necessidades e
emoções a

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